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Saúde

Brasil Seikyo

Matéria da Divisão Feminina

A saúde vem da sabedoria

Querida amiga, Desejamos fortemente que esteja bem, desfrutando plena saúde e ótima disposição. Em outubro, celebramos a primeira viagem de Ikeda sensei ao exterior, marco de sua grandiosa jornada em prol da paz mundial, que ocorreu em 2 de outubro de 1960. Nós, líderes de coordenadoria e acima da Divisão Feminina (DF) de todo o país, nos reunimos no Centro Cultural Campestre da BSGI, em Itapevi, SP, para um curso de aprimoramento. Na ocasião, renovamos nosso juramento seigan e carimbamos o nosso passaporte, decolando rumo à construção de uma nova era com todas as integrantes da Divisão Feminina do Brasil, sob a liderança da nossa coordenadora Selma Inoguti. Para nossa imensa alegria, recebemos uma significativa mensagem de Ikeda sensei e da sra. Kaneko, a qual compartilhamos na íntegra com você, com o sentimento de que receba este precioso direcionamento. Cada parágrafo contém um profundo significado que poderemos reler, estudar e refletir para melhor compreensão e aplicação em nossa vida. Por exemplo, ao lermos “Saibam que a árdua e sincera luta diária de vocês da Divisão Feminina, sol do kosen-rufu do Brasil, está sendo observada e louvada pelo Buda Nichiren”. Podemos sentir a profunda consideração e o enorme carinho deles, lembrando-nos de que somos o sol que ilumina e aquece a vida dos familiares, amigos e das pessoas ao nosso redor. Gostaríamos de tecer algumas reflexões sobre as palavras contidas num dos últimos parágrafos da mensagem: “Por favor, coloquem, com sabedoria, a saúde em primeiro lugar!” Você já realizou seus exames médicos? Caso não tenha feito, por favor, não deixe para depois. Sabemos da vida agitada que todas temos, porém, a saúde é essencial para que possamos cumprir nossa missão em todos os campos de atuação. Não por acaso, Ikeda sensei incluiu a “Prática da fé para manter a boa saúde e obter longevidade” nas diretrizes eternas da Soka Gakkai. Algumas de nós estão enfrentando doenças ou têm alguém por perto na batalha pela saúde. Seja qual for a enfermidade, é fundamental buscar tratamento médico e recitar daimoku para a vitória sobre a maldade da doença. Aprendemos que ficar doente não é o problema. O mais importante é não sermos derrotados pela maldade da doença, empenhando-nos pela recuperação e determinando transformar a situação. Aqui fica um convite. Vamos adquirir novos hábitos? Por exemplo, começar a caminhar, beber mais água, reduzir o açúcar, aumentar atividade física. Não precisa ser tudo ao mesmo tempo. Podemos começar com um novo hábito saudável. Para finalizar, veja este incentivo de Ikeda sensei: Uma vida saudável e longa é aquela que obtemos mediante o exercício da sabedoria. Recitar daimoku é a base para isso, pois consiste no grande remédio benéfico para os males da vida. A saúde vem da sabedoria. Dormir o suficiente é crucial para manter a saúde. Realizar sabiamente o que for necessário na vida diária para ter boa noite de sono é essencial para manter a saúde. Deitar-se o mais cedo possível e não se esgotar demasiadamente são uma expressão da sabedoria proveniente da sua determinação na fé. Também é importante orar efetivamente para ter saúde e longevidade. Orem para preservar boas condições de saúde e não permitir que a maldade da doença se aproxime de modo que possam concretizar o grande desejo que prometeram cumprir nesta existência. Orem com a determinação de permanecer saudáveis e obter vida longa em prol dos entes queridos, dos membros e do kosen-rufu. A vasta e abrangente oração para conduzir os outros à felicidade é transmitida diretamente ao Gohonzon e ativa as funções protetoras do Universo.1 Com esse poderoso incentivo do nosso mestre da vida, nós nos despedimos com a renovada determinação de alçar um grandioso voo de triunfos e vitórias! Um forte e carinhoso abraço! Divisão Feminina da BSGI Nota: 1. IKEDA. Daisaku. Século da Saúde: Sabedoria para Conquistar Boa Sorte e Longevidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023. p. 65. Florescer das cerejeiras no Centro Cultural Campestre da BSGI (jul. 2023) Mensagem do presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, e sua esposa, KanekoPara o Curso de Aprimoramento da Nova Era da Divisão Feminina da BSGI, realizado nos dias 30 de setembro e 1o de outubro de 2023, no Centro Cultural Campestre da BSGI, em Itapevi, SP1 Queridas companheiras da Divisão Feminina da BSGI, a quem estimo do fundo do meu coração! Muito obrigado pelos dedicados esforços para a realização deste curso de aprimoramento reunindo integrantes de diversas partes do país! Saibam que a árdua e sincera luta diária de vocês da Divisão Feminina, sol do kosen-rufu do Brasil, está sendo observada e louvada pelo buda Nichiren. Daishonin afirma: No caso do Sutra do Lótus, quando uma mão o segura, esta mão de imediato atinge o estado de buda, e quando uma boca o recita, esta boca é, em si, um buda. (...) Se houver cem ou mil pessoas que mantenham este sutra, todas elas, sem exceção, irão se tornar budas”.2 Haja o que houver, imbuídas de ardente coragem e de profunda esperança, avancem em prol da Lei Mística como dignas componentes da Soka Gakkai. E conduzindo as pessoas, com quem compartilham um vínculo, a uma vida triunfante de imensurável benefício e boa sorte, edifiquem a “terra da paz e da felicidade” em sua comunidade local. Minha esposa e eu nos empenharemos ainda mais na recitação do daimoku pelos seus preciosos familiares e também pelos nobres companheiros. Por favor, coloquem, com sabedoria, a saúde em primeiro lugar! Viva a rede de solidariedade da Divisão Feminina do Brasil, a mais bela e harmoniosa que existe! Em 30 de setembro de 2023 Daisaku e Kaneko Ikeda Notas: 1. Veja matéria no Brasil Seikyo, ed. 2.644, 14 out. 2023, p. 13. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 366, 2019. Relato Fazendo a diferença com alegria e gratidão Com desejo de oferecer a minha melhor versão como profissional e estar sempre conectada com as inovações da área, estou finalizando meu mestrado profissional de enfermagem, e no mês de novembro farei a defesa do meu trabalho científico com muita alegria e gratidão! Baseada nas orientações do Ikeda sensei em ser a pessoa que mais se esforça no ambiente de trabalho, recebi o comunicado que um projeto de liderança para enfermeiros que elaborei e pus em prática em meu emprego anterior foi escolhido para ser exposto durante o Congresso Brasileiro de Enfermagem em Florianópolis, evento que ocorreu no mesmo fim de semana do curso de aprimoramento em que recebemos a extraordinária mensagem do Ikeda sensei. Durante esse curso de aprimoramento, recebi a notícia de que o projeto foi apresentado por meus colegas e premiado com uma publicação. Renovei a minha decisão de contribuir ainda mais como uma cidadã e profissional exemplar, sempre em busca do aprimoramento. Muito obrigada! Renata Santoro Nakamatsu, secretária da Divisão Feminina da BSGI e responsável pela DF de regional RM Saúde, CNSP Dica de leitura Livro Século da Saúde : Sabedoria para Conquistar Boa Sorte e Longevidade. Fotos: GETTY IMAGES | BS

26/10/2023

Novo livro

Saúde, o maior tesouro

O título já diz tudo. Século da Saúde: Sabedoria para Conquistar Boa Sorte e Longevidade é a obra que chega em primeira mão para os participantes do Clube de Incentivo à Leitura (CILE), da Editora Brasil Seikyo (EBS). E também para quem deseja adquiri-lo, na versão impressa ou digital. Não haveria tempo mais propício, por conta do ambiente vivenciado pela sociedade mundial de enfrentamento das sequelas ainda persistentes da Covid-19. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), no primeiro ano da pandemia, o índice global de ansiedade e de depressão aumentou em 25%.1 Fora o sofrimento individual, a morte de entes queridos e a solidão, as preocupações financeiras foram citadas como gatilhos que levam a essas agressoras doenças mentais. A sociedade está doente. Mas aqui falaremos de vida, saúde e bem-estar, condições a que todos temos direito. De fácil leitura, em suas 128 páginas, Século da Saúde expõe justamente o conteúdo atualizado, o qual vai ao encontro dos anseios dos que vivem questões de saúde ou acompanham familiares e amigos na bata-lha contra a doença, seja física ou mental. Há um precioso conjunto de temas disposto, tendo como base a visão do buda Nichiren Daishonin, sábio do século 13, no entendimento dos “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte —, os aspectos da doença e como podemos transformá-la. Ou seja, superar cada fase da vida com máxima sabedoria. A autoria do livro é do pacifista Dr. Daisaku Ikeda, hoje aos 95 anos, exemplo de sábia existência. Ao conhecer o Budismo Nichiren aos 19 anos por intermédio do seu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, Ikeda vem dedicando seus dias a encorajar as pessoas do mundo inteiro. Ele preside a Soka Gakkai Internacional (SGI), que reú-ne cerca de 12 milhões de membros espalhados em 192 países e territórios. São dele as explanações de trechos de alguns dos principais Gosho (escritos de Nichiren Daishonin), que elucidam a força inerente a cada pessoa, capaz de fazê-las transformar “veneno em remédio”, encarar a doença e conquistar uma vida criativa. Isso porque a saúde não é simplesmente uma questão de não ocorrência de doenças. Saúde significa ter de-safios incessantes e criatividade constante. Uma vida produtiva sempre avança, revelando amplas perspectivas, isto é, uma vida verdadeiramente sã. Soma-se a isso a questão da longevidade, tema também tratado com especial cuidado por Ikeda. Uma vida criativa O budismo existe para que possamos vencer. Ele proporciona, por meio da prática da fé, uma revolução interior diretamente ligada à felicidade plena. Em um diálogo mantido com jovens médicos da Soka Gakkai, em 1994, o presidente Ikeda contextualiza: O budismo é um ensinamento para uma vida sábia. É o ensinamento para viver melhor. Aqueles que perseveram com forte fé manifestam uma infinita fonte de sabedoria e de energia vital para vencer as doenças. Essas pessoas podem maximizar a eficácia de um bom médico e de bons remédios, de forma que eles possam agir como forças protetoras. A essência do triunfo sobre a doença está em reunir a força da fé e da prática e, ao mesmo tempo, fazer uso do que a medicina tem a oferecer.2 Aos leitores ávidos de conteúdo e temas que suavizam o sentimento de impotência diante das questões de enfrentamento de doenças ou de situações adversas, o Século da Saúde cumpre o seu propósito: relaciona oração e sabedoria a fim de conduzir a uma existência saudável. E para que todos manifestem força e coragem, vivam mais e melhor, transformando nosso século de ocorrências tão avassaladoras à saúde humana em um ambiente renovado, em que a dignidade da vida volte a prevalecer. Leitura a ser absorvida e compartilhada. Sinal dos tempos. Veja aqui os kits de outubro para cada plano do CILE PLANO DIAMANTE 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 resenha sobre o livro do mês 1 brinde especial 1 marcador de páginas PLANO ESMERALDA 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 resenha sobre o livro do mês 1 marcador de páginas PLANO OURO 1 livro lançamento 1 marcador de páginas Quer fazer parte do CILE? Conheça os planos do clube de leitura e veja qual melhor se encaixa ao seu gosto. Cileiros recebem em outubro o livro Século da Saúde. Garanta o seu! Assine até 30/09/2023 e receba o kit em sua casa! Veja também o CILE Digital Acesse e leia os livros da Editora Brasil Seikyo em formato digital. Uma plataforma interativa, personalizada e cheia de funcionalidades que vai transformar sua experiência com a leitura! Você contará com uma visualização personalizada da sua estante, poderá acompanhar o avanço de suas leituras, salvar e colocar como favoritos os trechos escolhidos. Conheça agora os planos do CILE Digital, acessando o site https://ciledigital.brasilseikyo.com.br/ Notas: 1. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/2-3-2022-pandemia-covid-19-desencadeia-aumento-25-na-prevalencia-ansiedade-e-depressao-em . Acesso em: 12 set. 2023. 2. Brasil Seikyo, ed. 1.288, 10 set. 1994, p. 3.Foto: BS

21/09/2023

Grupo Coração do Rei Leão

Relacionamento familiar e a formação das crianças e dos jovens

Antes de terem amigos e relacionamentos afetivos, os filhos se espelham no modo como os pais se relacionam. É em casa que eles aprendem a amar, respeitar, prestar atenção às necessidades dos outros e a se adaptar ao jeito das pessoas com quem convivem. É esperado por eles que os pais se respeitem e saibam resolver conflitos, que ofereçam apoio e proteção, amor e atenção, e os respeitem pelo que eles, filhos, são, sem tecer comparações. Atualmente, é comum ouvir em rodas de conversa que crianças e jovens só querem saber de celulares, tablets, eletrônicos... Será mesmo? Crianças e jovens querem interagir, brincar, encontrar, agrupar. Se na própria casa eles se deparam com adultos que estão ocupados respondendo um “último” WhatsApp, um “último e-mail” e/ou visualizando posts ou postando algo nas redes sociais, dentre outros, restam às crianças e aos jovens ter o eletrônico como melhor amigo, o jogo virtual como parceiro e os vídeos contendo “conselhos/depoimentos”, às vezes inadequados. Tudo isso causa muitos danos à formação e ao desenvolvimento saudável. Por que isso ocorre na maioria dos lares? Estar junto requer esforço. Escutar requer paciência. A atribulação do dia a dia engole os adultos e o ciclo gira sem cessar. Por sermos do Grupo Coração do Rei Leão, temos total condição de interromper esse ciclo. Interromper esse ciclo significa criar estratégias para estar juntos de fato. Por exemplo, realizar pelo menos uma refeição em família sem a presença de eletrônicos nesse momento; providenciar jogos educativos e jogos de tabuleiro que exigem estratégias mesmo simples; promover diálogos; elaborar passeios (em parques, de bicicleta, que incluam práticas esportivas etc.) sem necessariamen­te envolver consumo. Muitas são as possibilidades. No início, pode até causar estranheza, mas o resultado acontece, inclusive com os maiores de idade. Certa vez, em um diálogo, perguntaram ao presidente Ikeda qual a postura dos pais com seus filhos que se sentem sozinhos devido a diversas atividades? A resposta de Ikeda sensei foi a seguinte: A questão é se os pais têm ou não o respeito dos filhos. Espero que os pais ajudem seus filhos a se orgulhar deles, explicando-lhes que estão se empenhando todos os dias pelo bem dos outros e da sociedade. Também é vital que as crianças saibam que seus pais sentem amor por elas, para que compreendam que a razão de seus pais se empenharem tanto deve-se exatamente a esse amor. Espero que os pais tenham consideração por seus filhos. Quando não houver tempo, devemos nos empenhar para deixar lembretes ou telefonar. Devemos também usar a sabedoria e criar tempo de vez em quando para passarmos um dia junto com nossos filhos. Trata-se de fazer com que eles saibam que nós nos preocupamos. O simples fato de olhar nos olhos deles cada manhã e trocar palavras de carinho faz diferença.1 Por fim, como pais e líderes, termos constantemente comprovações oriundas da prática da fé para compartilhar com os filhos. Seguramente, observando o avanço da família, crianças e jovens se sentem impulsionados a participar das atividades e dos grupos horizontais. Sensei afirma: A educação existe para os jovens. Os jovens são o futuro. A educação deve encorajá-los a perceber o potencial inato e a manifestar sua personalidade singular com entusiasmo e vigor. Além disso, deve ensiná-los a defender a dignidade da vida – para si e para os outros – de modo que conduzam uma existência de sublime valor para si e para a sociedade.2 Façamos dos momentos em família o alicerce para um mundo melhor. Cuidem-se! Matéria elaborada pelo Grupo Coração do Rei Leão da Coordenadoria Centro-Leste Paulistana (CCLP) Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.569, 26 ago. 2000, p. A3. 2. IKEDA, Daisaku. Educação Soka. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2017. p. 11. Foto: GETTY IMAGES

11/05/2023

Caderno Nova Revolução Humana

“Amor à humanidade”

PARTE 9 As montanhas dos Balcãs reluziam belas com as neves remanescentes. Cerca de duas horas e meia depois de decolar de Frankfurt, a comitiva de Shin’ichi chegou ao aeroporto de Sófia, capital da República Popular da Bulgária (posterior República da Bulgária), um país socialista no Leste Europeu. Essa visita realizava-se a convite do Comitê de Arte e Cultura da Bulgária e, para Shin’ichi, era a primeira vez nesse país. Sófia é uma cidade com muito verde cercada por montanhas. No aeroporto, a comitiva foi recebida por Milcho Germanov, ministro responsável pelos assuntos culturais e primeiro vice-presidente desse comitê. À noite, a comitiva fez uma visita de cortesia a esse ministro e, ainda, participou de uma festa de boas-vindas realizada em um hotel na cidade de Sófia. Na manhã seguinte, no dia 21, eles visitaram o mausoléu do primeiro presidente daquele país, Georgi Dimitrov, localizado na Praça 9 de Setembro (posterior Praça Battenberg), onde depositaram flores e ofereceram orações em sua memória. Na Bulgária, o dia 9 de setembro é a data comemorativa da revolução. Na sequência, visitaram o presidente do Comitê de Estado para Ciência, Progresso Tecnológico e Educação Superior, Nacho Papazov. Ele estava em período de recuperação de uma doença e, com a saúde preocupante, não participava de eventos oficiais. Shin’ichi disse-lhe: — Visitando a Bulgária, hoje viemos apenas para cumprimentá-lo e vamos nos retirar em seguida. O presidente demonstrou, então, um sorriso no rosto e manifestou: — Já estou bem. Estava aguardando o dia de hoje com muita expectativa, desejando encontrá-lo sem falta. De 1967 a 1971, ele havia servido como embaixador no Japão e, nesse período, teve oportunidade de ouvir uma palestra de Shin’ichi, ocasião em que ficou profundamente impressionado. Lembrando-se de que na época a Universidade Soka estava em construção, perguntou se ela já havia sido inaugurada. Quando Shin’ichi lhe respondeu que já haviam se passado dez anos, demonstrou alegria nos olhos. Shin’ichi mencionou que dedicaria todos os esforços para o intercâmbio entre os dois países e levantou-se para se retirar. O presidente tentou, então, segurá-lo estendendo as mãos: — Agradeço muito por sua preocupação comigo. Mas recebi autorização médica. Por favor, sente-se. Sentia-se algo inquietador. O espírito empreendedor desejando o progresso busca o diálogo. PARTE 10 Quando Shin’ichi reforçou que cuidasse bem da saúde, o pre­sidente pediu novamente que ele se sentasse, e manifestou seu sentimento de uma vez: — Tenho a mais alta estima pelas ações do presidente Shin’ichi Yamamoto, especialmente em prol da paz, dedicando-se voluntariamen­te aos intercâmbios culturais para a mútua compreensão entre as pessoas. Desde a época em que era embaixador no Japão, tinha forte expectativa de receber o presidente Yamamoto em nosso país. E, hoje, rea­lizando esse desejo, sinto uma alegria incontrolável. Como é do seu conhecimento, nosso país se localiza na península balcânica, em uma importante rota do tráfego e onde se encontram as civilizações. Por essa razão, desde a antiguidade, repetem-se os conflitos e fomos sempre dominados pelos Impérios Romano, Bizantino e da Macedônia. Também tivemos a invasão mongol e o domínio do Império Otomano durou cerca de quinhentos anos. Experimentamos ainda as privações decorrentes da Primeira e da Segunda Guerras Mundiais. Por isso, a realização da paz mundial é um forte desejo meu, ou melhor, de todo o povo da Bulgária. Na mesma medida, depositamos expectativa nas ações do presidente Yamamoto, que vem lutando em prol da paz, desejando que consiga obter um grande resultado. Essas palavras estavam repletas de sincero sentimento de ardente desejo pela paz. O presiden­te prosseguiu: — Na qualidade de presidente do Comitê de Promoção de Ciência e Tecnologia, penso que, no futuro, poderíamos estabelecer um intercâmbio entre uma universidade do nosso país e a Universidade Soka, fundada pelo presidente Yamamoto. Preocupando-se com a saúde do presidente, Shin’ichi reiterou: — Por favor, pelo bem de sua nação, cuide da sua saúde. Então, trocou forte aperto de mãos com ele. À tarde, Shin’ichi visitou o ministro Alexsander Fol, da Educação, no Ministério da Educação, e logo em seguida foi à Universidade de Sófia. Essa é a instituição federal mais antiga da Bulgária fundada em 1888. Nesse dia, estava prevista a entrega de título de doutor honoris causa em educação e em sociologia dessa universidade para Shin’ichi que faria uma palestra comemorativa. Era o terceiro título acadêmico honorário concedido a ele, depois dos diplomas da Universidade de Moscou, da União Soviética, e da Universidade San Marcos, do Peru. O intercâmbio com a intelectualidade de universidades e instituições de ensino cria uma rede de solidariedade a edificar a paz no futuro. PARTE 11 A Universidade de Sófia localizava-se na Rua Santo Kliment Ohridski. O edifício da instituição de telhado azul, construído com enormes pedras, transmitia o aspecto de tradição. O elevado teto do auditório, palco da cerimônia de outorga do título acadêmico para Shin’ichi, era formado por muitas peças esculpidas. Era um ambiente solene e majestoso. Na cerimônia, a chefe do departamento de filosofia professora Ivanka Apostolova apresentou os motivos da recomendação. E, em seguida, o reitor Ilcho Dimitrov levantou-se e entregou o certificado de doutor honoris causa escrito na antiga língua da Bulgária para Shin’ichi e trocou cumprimentos. Cerca de cem participantes, entre chefes de departamento e professores doutores ali reunidos, aplaudiram entusiasticamente. Na sequência, iniciou-se a palestra de Shin’ichi intitulada “Em Busca do Campo Verde da Fusão entre Oriente e Ocidente”. Ele mencionou que a Bulgária é uma grande terra que viveu o antagonismo, mesclando o “Leste” e o “Oeste”, do ponto de vista geográfico, histórico e espiritual. Pode-se dizer que possui a chave e o potencial para construir uma nova sociedade humana, unindo e sublimando as civilizações do Ocidente e do Oriente. Discorreu sobre o pensamento dos ensinamentos ortodoxos do Leste e da Bulgária acerca da distância entre Deus e o homem que a considera curta, sem a existência de intermediários entre as duas entidades. Ele citou ainda um trecho do poe­ma Minha Oração, do poeta revolucionário búlgaro Hristo Botev: Oh, meu Deus, verdadeiro Deus! Não o Deus que está acima, nos céus. O Deus que está em meu interior. O Deus que reside no meu coração e na minha alma.1 Aqui, Deus reside no interior do homem e não mantém distância com as pessoas. Shin’ichi falou de sua impressão sobre o pensamento de enxergar Deus no nosso interior. O fato de Deus descer do alto dos céus para as profundezas da vida do ser humano parece indicar a vontade de libertar as pessoas de todos os tipos de amarras do autoritarismo. Ele continuou a discorrer sobre Deus citado por Botev: — É um brado de amor à humanidade semelhante aos raios solares que banham brilhantemente os camponeses e as pessoas oprimidas. PARTE 12 Embora o formato seja distinto, o pensamento do poeta Botev que descobre Deus no interior do homem está ligado à ideologia do humanismo socialista adotado na Bulgária. E, ainda, lembra a visão budista do ser humano que prega a existência da mais elevada e preciosa condição de vida chamada de natureza de buda em todas as pessoas. Enfatizou que o brado de Botev, de vida ou morte, de Deus dentro do ser humano, é uma declaração de que a religião, ou qualquer outra figura, deve ser sempre voltada para o bem das pessoas. Quando a religião, a política ou, ainda, a ciência, a cultura ou a arte se esquecerem desse ponto primordial, acabarão caindo numa vertiginosa decadência. Essa era uma consistente afirmação de Shin’ichi. Em seguida, ele se referiu à Revolta de Abril, ocorrida em 1876 sob o jugo do Império Otomano. Essa exaltação do espírito étnico era uma incontrolável manifestação da vida que tentava proteger a dignidade do homem a todo o custo. Por isso mesmo, havia um importante papel a ser assumido pela Bulgária: — Enquanto não se perder a bandeira humanística que tremula na grande terra do vosso país, o caminho se abrirá amplamente rumo à sociedade humana do século 21, ultrapassando as fronteiras da etnia. Não consigo deixar de acreditar que esse será um extenso campo verde onde florescerão a paz e a cultura, unindo as civilizações do Leste e do Oeste. Por fim, referiu-se ao fato de o símbolo da Bulgária ser um leão. Expressou sua decisão de, como budista, percorrer o mundo em prol da paz e da felicidade das pessoas, tal como um leão. Concluiu sua palestra de cerca de quarenta minutos manifestando sua expectativa aos participantes: — Desejo que continuem tremulando a bandeira da liberdade, da paz e da dignidade do ser huma­no, com a bravura de um leão e indomável como um leão. Uma grande salva de palmas ecoou por todo o auditório. Solicitado a registrar suas palavras no livro em comemoração da outorga do título de doutor honoris causa, Shin’ichi Yamamoto escreveu: Será o estudo a única verdade universal do mundo? Será o estudo a verdade para influenciar a paz do mundo? Será o estudo a referência correta para os jovens do futuro? O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Nota: 1. Seleção de Poemas de Hristo Botev. Tradução: Misako Maki. Editora Kobun Sha. Ilustrações: Kenichiro Uchida

11/05/2023

Matéria da Divisão Feminina

“Poderia haver uma história mais maravilhosa do que a de vocês?”

Olá, queridas amigas! Gostaríamos de destacar um ponto importante que a Sra. Kaneko menciona em sua mensagem1 deste ano. Ela ressalta: Precisamente nesta época em que o coração de muitas pessoas se tornou frio e anestesiado, devemos escrever uma história sem paralelo que perdure pelo futuro — uma história na qual nos empenhamos pela revolução humana, auxiliamos outros a fazer o mesmo e realizamos o kosen-rufu com base na filosofia de vida do Budismo Nichiren, o qual ensina que “as pes­soas (...), sem uma única exceção, atingirão o estado de buda”. Tal história, com certeza, aquecerá o coração e iluminará a vida de todos os que virão depois de nós.2 A Sra. Kaneko cita a famosa frase que Nichiren Daishonin utilizou para enaltecer a vitória de seus discípulos, os irmãos Ikegami, que diz: “Poderia haver uma história mais maravilhosa do que a de vocês?”.3 Ela também compartilha o relato da Sra. Chieko Furu­kawa cuja coletânea de ensaios de sua autoria, intitulada Makenai Jinsei [Uma Vida Invencível], foi transmitida em série no Seikyo Shimbun no ano passado. Ultrapassar as adversidades A Sra. Chieko é filha única de uma família amorosa e feliz. Estudou numa faculdade em Tóquio, casou-se com um professor universitário promissor, compraram um terreno e começaram a construir a casa dos sonhos. A vizinhança via o casal como se fosse perfeito e feliz. De repente, tudo vira um pesadelo. O marido se apaixona por uma aluna, vai morar com ela e leva todas as economias do casal. Ele deixa de pagar as contas do financiamento da casa e ela fica sem meios de se manter. Chieko entra em depressão. Chega a alimentar-se de vegetais comestíveis que encontra no campo. Trabalha como operária e faxineira para viver. Esse é o resumo da história da Sra. Chieko Furu­kawa antes de conhecer o budismo. Quando uma mulher lhe diz que, se praticasse este budismo, conquistaria a felicidade sem falta, ela hesita. Porém, decide se converter e buscar essa felicidade que, naquela altura, era impossível. Estava com 32 anos. Com a prática, ela se divorcia do marido, vai dar aulas em Tóquio e sonha ser escritora. Em busca do sonho Ikeda sensei toma conhecimento do trabalho e do sonho da Sra. Chieko de uma matéria publicada no Seikyo Shimbun e envia incentivos a ela. Motivada por esses incentivos, ela passa a se dedicar com toda a força para se tornar escritora, sem nunca deixar de lado as atividades em prol do kosen-rufu. Sobre o que escrever? Ela decide escrever sobre mulheres extraordinárias e anônimas, que superaram dificuldades e adversidades e venceram na vida, deixando seu exemplo. Queria inspirar as pessoas com essas histórias e também encorajar a si mesma. O destino a fez cruzar com o nome Asako Hirooka, uma mulher de postura corajosa e determinada que viveu com protagonismo numa era em que as mulheres eram vistas com papel secundário e figurativo. O lema de Asako era: “Se cair nove vezes, levante-se dez!”. Em meio à árdua tarefa de levantar dados e informações dessa personagem desconhecida, Chieko manifesta seu carma de doença. Seguidamente, seu trabalho de pesquisa precisa ser interrompido para ela tratar de doenças como disautonomia, fibroma uterino e glaucoma. Eram tantos golpes duros que Chieko chega a pensar em desistir de tudo. Consideração do Mestre Ao tomar conhecimento da doença dela, o presidente Ikeda envia incentivos dizendo que, se ela orasse com toda a força, venceria a doença e transformaria a sua vida. Chieko decide vencer, e ora com todas as suas forças, enquanto prossegue participando das atividades e pesquisando sobre Asako. Ela vence a doença depois de três anos de tratamento. Em seguida, conclui sua primeira obra com oitocentas páginas manuscritas. Também converte sua mãe ao budismo e passam a morar juntas. Para sustentar a mãe, ela vende a casa que pagou com tanto custo e sacrifício, mas consegue negociá-la com um valor oitocentas vezes maior do que gastou para construí-la. Numa conversa informal com o presidente Ikeda e a Sra. Kaneko durante uma atividade, o sonho de Chieko de editar um romance se torna, enfim, realidade. Em 1989, aos 57 anos, ela lança o seu primeiro livro, Rio Tosabori, pela editora Ushio, ligada à Soka Gakkai. Depois disso, ela continua suas atividades como escritora, publica vários livros, sempre com o tema central de mulheres anônimas de grande relevância na história. Então, novamente é assolada pelo carma da doença. Ela apresenta uma osteoartrite que necessita de cirurgia. Nesse meio-tempo, Chieko perde a querida mãe repentinamente. Ela passa pela primeira cirurgia aos 62 anos e, depois de algum tempo, faz outra cirurgia para retirar a vesícula. Reconhecimento Um fato inusitado acontece 27 anos após a primeira publicação de Rio Tosabori, quando Chieko já estava com 83 anos. A obra é escolhida para ser a base do roteiro de uma novela matinal de grande sucesso de uma emissora de TV japonesa que começa a ser veiculada em novembro de 2015. Com o título de Asa ga Kita (Amanhece um novo dia), torna-se a novela de maior audiência da emissora neste século, fazendo tanto a obra de Chieko como a própria Chieko serem o centro dos holofotes. O livro Rio Tosabori é republicado e vira best-seller, chegando a ficar esgotado nas livrarias. A Sra. Chieko é convidada para inúmeras entrevistas, palestras, matérias de revistas e jornais, e seu nome passa a ser reconhecido pelo seu trabalho como excelente escritora. Sua obra serve para incentivar e inspirar inúmeras pessoas de todo o Japão. As palavras de Ikeda sensei realmente haviam se tornado realidade! Vencendo a doença Mas o carma de doença ainda não havia sido cortado. Ao perceber um caroço perto da axila e realizar exames, é diagnosticada com linfoma maligno em metástase em estágio final. Estava com 84 anos. Nessa ocasião, recebeu incentivos da Sra. Kaneko para orar como se fosse o último momento da vida, como se fosse um balanço final, um daimoku para atingir a iluminação nesta existência. Recitar muito daimoku já fazia parte da luta da Sra. Chieko, mas renova sua decisão e passa a orar conforme as palavras da Sra. Kaneko. Com o tempo, ela nota que o medo da morte desaparece. O que sente e transbor­da é gratidão. Ela começa a orar sem qualquer apego, com o coração puro, sem nenhum arrependimento. Recita daimoku com toda a força, sem vacilar, sem duvidar. Toda a sua insegurança desaparece. Descobre-se que a célula cancerígena que ela tinha poderia ser tratada com quimioterapia. Ela faz o tratamento uma vez por semana durante oito semanas. Todos temem sérios efeitos colaterais. Ela não apresenta nenhum sintoma, come normalmente e não sofre nenhum efeito colateral da quimioterapia. E vai e volta do hospital de bicicleta. Depois de um mês do fim do tratamento, ela refaz os exames e é constatado que os nódulos do linfoma haviam desaparecido. Comprovação da prática da fé Então, transcorrem-se seis anos. Nesse período, ela passa por outras cirurgias, totalizando oito. Agora, ela desfruta de muita saúde e anda de bicicleta todos os dias para fortalecer as pernas. Cuida da saúde para viver ao máximo para saldar as dívidas de gratidão com sensei e a Sra. Kaneko, atuando pelo kosen-rufu, inspirando e encorajando as pessoas, em especial os jovens, por meio de suas experiências. Em 1º de abril, ela completou 91 anos. Que história extraordinária, não é mesmo? Queridas rainhas, visando os 72 anos da Divisão Feminina no mês de junho, tendo como base firme daimoku, vamos conquistar mais vitórias, construir uma história maravilhosa em nossa vida e inspirar outras a vencer. Felicidades a todas! Forte abraço! Divisão Feminina da BSGI Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.628, 11 fev. 2023, p. 8-9. 2. Ibidem. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 522, 2020. Ilustração: GETTY IMAGES

20/04/2023

Colunista

Andropausa — cuidados para os homens

O que é a andropausa? O que acomete a saúde masculina é um tipo de hipogonadismo, ou queda do hormônio masculino pelos testículos. Quando tal queda é acentuada, esse é um fenômeno conhecido como andropausa. A testosterona sérica apresenta um declínio gradual e progressivo com o envelhecimento. Os hormônios masculinos são produzidos, em sua maioria, nos testículos e pequena porção nas glândulas suprarrenais. A produção com êxito desses hormônios está invariavelmente ligada à integridade do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, sistema que integra o hipotálamo no cérebro, a glândula hipófise, também no cérebro e as gônadas. A saúde sexual pode ser avaliada como um mecanismo que levará a conclusões sobre a saúde do homem. As dosagens anuais da testosterona, o hormônio masculino que começa a declinar a partir dos 45 e 50 anos, são de muita relevância. A diminuição dos hormônios no processo de envelhecimento do homem, sobretudo da testosterona, o principal hormônio do sexo masculino, ainda é pouco abordada entre o público em questão. A queda do hormônio masculino não acomete o homem, como a mulher, pois o distúrbio androgênico do envelhecimento masculino (DAEM) não é um processo generalizado. Segundo pesquisas científicas, 33% dos homens acima dos 60 anos sofrerão desse mal devido à diminuição da produção do hormônio masculino, testosterona. Quais são os sintomas da andropausa? A deficiência de testosterona apresenta uma variedade de sintomas e pode estar relacionada a diversas doenças. A queda hormonal pode ser caracterizada pelos seguintes sintomas: alterações de humor, cansaço, sensação de perda de energia, diminuição da libido e disfunção erétil, perda de massa óssea e massa muscular. Há ainda aumento de alguns problemas de saúde, como doença cardiovascular, diabetes, obesidade, hipertensão e aumento do colesterol. Enquanto na menopausa a mulher transitará da suficiência para a insuficiência hormonal em uma janela de meses ou poucos anos, evento sinalizado ainda pela ausência da menstruação, na andropausa os efeitos são pulverizados ao longo de dez, quinze anos e ocorrem sem qualquer aviso prévio. Os homens podem sentir uma queda importante dos níveis de testosterona a partir de 40 a 50 anos; então, verifique se está com alguns desses sintomas: falta de energia e cansaço excessivo, sentimentos de tristeza frequentes, diminuição do desejo sexual, diminuição da capacidade de ereção, ausência de ereções espontâneas pela manhã, diminuição de pelos no corpo, incluindo na barba, diminuição da massa muscular, acúmulo de gordura visceral e dificuldade de concentração e problemas de memória. É importante lembrar que a maior parte dos homens apresenta apenas alguns desses sintomas, mas é fundamental consultar um endocrinologista ou um urologista, para avaliar a saúde e prevenir problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, que também são comuns nessa fase da vida. Ao contrário da crença popular, a testosterona não é somente um hormônio sexual. Seu papel na manutenção da libido é apenas um dentre os duzentos processos nos quais ela está presente. Sim, pessoal! Embora seja mais frequente depois dos 45, temos casos de homens com 35 anos se queixando de alguns sinais. Com a andropausa, podem surgir fadiga muscular, insônia, alterações do humor, diminuição de massa corpórea, perda de libido e disfunção erétil. Nessa fase da vida, geralmente é necessário mais tempo para ereção. Mudança de hábito Você sabia que mudanças no estilo de vida podem reduzir os sintomas da andropausa? Uma dessas mudanças é ajustar a dieta. Um padrão mais plant based, rico em hortaliças e frutas, com redução no consumo de carnes vermelhas e na ingestão de carboidratos refinados. É importante ressaltar que há casos em que a dieta não é suficiente e é indicado fazer a terapia de reposição hormonal e/ou uso de fitoterápicos. Tudo depende de cada organismo. Mas, lembre-se: ela deve ser feita de forma segura, sempre com um profissional auxiliando. A boa notícia é que a alimentação adequada pode ajudá-lo a passar por essa fase mais suavemente. Algumas dicas importantes: Aumente o consumo de alimentos antioxidantes como açafrão, chá verde, azeite, frutas cítricas, frutas vermelhas, linhaça e chia, sementes como girassol/abóbora e gergelim. Folhosos verde-escuros: é excelente fonte de vitamina A, que regula as variações hormonais, além de ser rica em fibras e auxiliar nos movimentos gastrointestinais. Aveia: estimula o corpo a produzir dopamina e serotonina, ajudando a melhorar o humor. Sardinha e demais peixes gordos: ricos em ômega 3 (EPA e DHA), ajuda a regular o humor e é bastante eficaz no tratamento de pacientes com depressão. Aumente o consumo de água para minimizar a retenção de líquidos. Consuma alimentos como aveia, banana, chocolate com alto teor de cacau e castanhas. Eles elevam a produção de serotonina, aumentando a sensação de bem-estar físico e emocional. Acompanhamento médico é ne­cessário e faz toda a diferença. Fontes: https://www.minhavida.com.br/saude/temas/andropausa. Acessado 12 de abril de 2022, 21:13https://www.pfizer.com.br/noticias/ultimas-noticias/andropausa-o-que-eh-e-como-lidar

14/04/2022

Notícias

Distrito Veloso dialoga sobre saúde masculina

REDAÇÃO O dia 24 de novembro foi um marco para o desenvolvimento dos membros do Distrito Veloso, da RM Osasco Oeste (Sub. Castelo/Régis, CGSP). É que nesse dia foi realizado o Novembro Azul, encontro promovido a partir da união da Divisão Sênior (DS) com a Divisão Masculina de Jovens (DMJ) para reforçar a necessidade de cuidados com a saúde masculina, com ênfase na prevenção do câncer de próstata, tão discutidos no mês de novembro. A reunião virtual foi aberta aos participantes de todas as divisões e atraiu cerca de cinquenta pessoas. Na atividade, a palavra-chave foi “conscientização” cuja proposta era alertar sobre a importância dos cuidados com a saúde cada vez mais cedo, o que possibilita diagnósticos e tratamentos cada vez mais precoces. A interatividade, mesmo diante de um tema tão sério, foi motivada a partir da palestra do médico Ronaldo Utiyama, que esclareceu, de forma leve e direta, as principais dúvidas e mitos acerca do tema no tradicional momento “Pergunte ao Doutor”. Para Luiz Guilherme, responsável pela DMJ do Distrito Veloso, o encontro foi esclarecedor e funcionou como excelente oportunidade para obter mais esclarecimentos. “O ponto alto da atividade foi o momento de perguntas e respostas, em que vários membros da DS tiraram suas dúvidas e contaram relatos sobre os exames realizados, como o de próstata, ou relacionados a outros problemas de saúde que eles venceram. Foi um grande momento de incentivo! Muitos pediram para falar e disseram que ficaram mais tranquilos para fazer exames e decididos a se cuidar após ouvir as experiências dos veteranos da localidade”, conta Guilherme. José Luiz Venturas, responsável pela DS do Distrito Veloso, salientou que o Novembro Azul de 2021 teve um saldo positivo: “A atividade foi muito boa. Um momento de conscientização masculina na tentativa de quebrar alguns tabus da sociedade. É o segundo ano que o realizamos. Foi uma oportunidade de alertar para a prevenção ao câncer de proposta e quanto essa doença mata. Mesmo sendo um diálogo direcionado aos homens mais velhos, realizamos conjuntamente com a DMJ, para que os jovens entendam a necessidade de se cuidar”. Ele também revelou que, ao final, recebeu ligações de membros da DS decididos a agendar e fazer os exames. “Ao ouvir isso, acredito que o propósito da atividade foi alcançado. Se houve aqueles que abriram a mente e decidiram se cuidar, isso já me deixou bastante feliz”, confessa o líder.

02/12/2021

Editorial

Nobres vencedores

O mundo acaba de conhecer neste mês os vencedo­res do Prêmio Nobel 2021, tradicional condecoração que comemora 120 anos. O químico sueco e inventor da dinamite Alfred Nobel declarou em testamento seu último desejo: que sua fortuna fosse destinada a pessoas que se destacassem por descobertas e contribuições pelo bem da humanidade. Quatro anos após o seu falecimento, em 1900, foi criada a Fundação Nobel, e no ano seguinte, concedido o primeiro prêmio. Anualmente, a honraria internacional é concedida em seis categorias — medicina, física, química, literatura, paz e economia. Em 2002, Ikeda sensei recebeu das mãos de Michael Nobel, membro da família Nobel, então presiden­te da Nobel Family Society e renomado defensor de causas sociais, uma placa de bronze comemorativa gravada em 1907 com o perfil de quatro integrantes da família, incluindo o de Alfred Nobel. O presidente Ikeda afirmou: Aceitei humildemente essa distinção como representante da SGI, uma organização dedicada à paz, à cultura e à educação. O fato de eu ter recebido essa homenagem foi como se todos vocês a tivessem recebido.1 Ao lado desse presente, tesouro da família Nobel, Ikeda sensei já recebeu significativas distinções e as reparte com seus predecessores e com os preciosos membros da SGI. Ele declara qual é a honraria que recebem aqueles que se dedicam ao bem da humanidade: "Não existe glória maior ou honra mais verdadeira do que encontrar o Budismo Nichiren e abraçar o Gohonzon. Essa é uma magnífica insígnia que abrilhantará nossa vida eternamente. O budismo ensina que nossa felicidade está inextricável e indissoluvelmente ligada à dos outros, e vice-versa. Uma alegria inigualável emana ao dedicarmos corajosamente nossa vida à missão de bodisatvas da terra, lutando pela nossa felicidade e pela felicidade de outras pessoas".2 Nesta edição, no mês em que celebramos o aniversário de fundação da BSGI, Brasil Seikyo traz matéria especial sobre a atuação de seus membros, nobres vencedores, que se empenham pelo bem do próximo como “paladinos da vida que resplandecem de nobreza e de uma luz insuperável como seres humanos”.3 Ótima leitura! Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.697, 26 abr. 2003, p. A3. 2. Idem, ed. 2.404, 27 jan. 2018, p. B4. 3. Idem, ed. 1.697, 26 abr. 2003, p. A3.

14/10/2021

Saúde

Quebrando o tabu sobre a saúde mental

Nascemos para ser felizes. E, para conquistar esse objetivo, existe um caminho a trilhar: precisamos aprender a viver neste mundo repleto de desafios — bullying, pobreza, desemprego, guerras, intolerância, preconceito, autoritarismo. Independentemente da idade, da classe social, do nível de escolaridade ou do gênero, todos nós enfrentamos problemas diariamente; eles fazem parte da nossa vida. Como lidar com tudo isso? Para não ficarmos paralisados ou desanimados diante dessas questões, podemos ressignificar os acontecimentos e encontrar uma maneira de conquistar uma condição de vida de elevada satisfação. Quando temos dificuldades de lidar com as situações e sentimos angústia a ponto de interferir em nosso cotidiano, seja em pensamento, sentimento, comportamento, seja na saúde física, significa que nossa saúde mental não anda bem. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. Então, se nossa mente não é saudável, estamos com problemas de saúde. Segundo estimativas da OMS em relatório divulgado em 2017, o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo (18,6 milhões; 9,3% da população) e o quinto em casos de depressão (11,5 milhões; 5,8% da população). Esses números expressivos mostram que não estamos conseguindo lidar com os problemas e precisamos fazer algo para reverter essas estatísticas. Quando estamos com alguma doença física, vamos logo ao médico. Mas, diante de alguma questão que envolve nosso psicológico, muitas vezes deixamos para segundo plano. Existem diversos tabus em torno da saúde mental. Procurar um psicólogo para muitos pode soar como frescura ou coisa de maluco. Alguns têm dificuldades de enfrentar suas questões internas, negam a doença e criam resistência em lidar com tais problemas. Tudo isso faz com que se adie a busca por um profissional, colocando a responsabilidade em fatores externos como falta de tempo ou no fato de ser apenas para quem tem condições de pagar por terapias (há vários serviços que oferecem terapias a preços acessíveis, como atendimentos gratuitos em clínicas escolas de universidades). O preconceito que se gera em torno da saúde mental pode ser motivo de as pessoas terem dificuldades de se abrir com amigos e familiares a respeito de suas angústias e de buscar ajuda de um especialista, o que traz sérios prejuízos para a própria vida. É evidente que a solução dos problemas não está simplesmente em ir a um especialista. Por meio de técnicas científicas, um psicólogo contribuirá para o autoconhecimento, para que a pessoa encontre meios de lidar com a realidade e desenvolva capacidades e habilidades necessárias para o enfrentamento de situações conflitantes. Cada uma tem pleno potencial de conquistar a felicidade. Não podemos ignorar que a saúde mental é um problema do nosso século. Se desejamos cultivar um mundo com mais qualidade de vida, precisamos dialogar sobre esse tema.

08/01/2020

Saúde

“Unir a fome com a vontade de comer”

Comer faz parte do nosso dia a dia; é uma necessidade fisiológica. É dos alimentos que retiramos os nutrientes necessários para o funcionamento do nosso organismo. Precisamos comer para nutrir o corpo, mas muitas vezes ingerimos os alimentos sem pensar nisso, apenas para saciar a fome ou por gula. Não raro após uma refeição vem a frase “Nossa, estou explodindo!”. Depois que terminamos uma refeição, nós nos damos conta de que comemos além do que precisávamos. Devido à praticidade, muitas vezes optamos por alimentos industrializados (salgadinhos, comidas congeladas, bolachas, enlatados) e fast-foods (lanches, pizzas), alimentos com níveis reduzidos de nutrientes e ricos em gorduras e calorias. Sem falar dos corantes, conservantes e outras substâncias que podem torná-los artificialmente mais saborosos, com cheiro e cores atraentes, mas nocivos ao organismo. Saciar a fome não significa estarmos nutridos. Essa é a “fome oculta”, a carência de micronutrientes necessários para nosso corpo, em que não notamos alterações fisiológicas no organismo, mas que causa o comprometimento das etapas do processo metabólico; no sistema imunológico; e no desenvolvimento físico e mental. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que uma em cada quatro pessoas no mundo passe fome oculta. A manifestação mais evidente e comum é a anemia (falta de ferro) que atinge 1,6 bilhão de pessoas, segundo dados da última pesquisa global sobre a doença feita pela OMS em 2008. Diante desse cenário, cabe a cada um refletir sobre a importância do hábito alimentar e quanto isso pode impactar sua qualidade de vida hoje e influenciar seu futuro. Temos o poder de decidir como desejamos conduzir nossa vida. Que tal dar mais sabor à sua alimentação? Deixá-la mais saudável pode agregar valor à nossa vida e aos que estão ao nosso redor. O preparo de comidas pode ser um momento de relaxamento e até de diversão com amigos e familiares. Que tal experimentar combinações interessantes dos alimentos e montar saborosos cardápios variados? Nós temos à mão diversos livros, vídeos e sites com receitas deliciosas e dicas legais, além de vários programas de TV que nos dão muitas ideias para explorarmos amplas possibilidades gastronômicas. O costume de fazer uma refeição, por mais simples que seja, em família ou com amigos constitui o tão aguardado momento de encontro e de diálogo. Comer junto tem uma função social muito importante, segundo estudiosos e historiadores. Montanari diz em História da Alimentação: "No sistema de valores elaborado pelo mundo grego e romano, o primeiro elemento que distingue o homem civilizado das feras e dos bárbaros (que estão eles próprios ainda próximos do estado animal) é a comensalidade: o homem civilizado come não somente (e menos) por fome, para satisfazer uma necessidade elementar do corpo, mas, também (e sobretudo), para transformar essa ocasião em um momento de sociabilidade, em um ato carregado de forte conteúdo social e de grande poder de comunicação: 'Nós não nos sentamos à mesa para comer — lemos em Plutarco — mas para comer junto'".1 Sim, o ato de comer pode ser mais do que um momento de saciar a fome. Ou melhor, podemos “unir a fome com a vontade de comer”. Com pitadas de boa vontade, sabedoria e criatividade em nossa alimentação, podemos tornar nossa vida mais saudável e também prazerosa. Nota: 1. FLANDRIN, J. L.; MONTANARI, M. História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. p. 108-117.

03/12/2019

Terceira Civilização

Estudo

[65] O benefício da “purificação dos seis órgãos dos sentidos” — conquistar uma vida dinâmica e saudável

Explanação No outono de 1950, numa época em que meu mestre, Josei Toda, e eu estávamos trabalhando arduamente para resolver dificuldades nos negócios dele, registrei em meu diário: “Cada dia é uma oportunidade para realizar a revolução humana. Cada dia deve ter como foco o avanço”.1 O Budismo de Nichiren Daishonin da revolução humana, que aprendi com meu mestre, é um ensinamento de inigualável esperança. Permite-nos viver com renovada energia vital e espírito invencível dia após dia, e transformar todas as adversidades em felicidade e vitória. O meio maravilhoso para extinguir obstáculos físicos e espirituais Nichiren Daishonin escreve: “O meio maravilhoso verdadeiramente capaz de impedir os obstáculos físicos e espirituais dos seres humanos não é outro senão o Nam-myoho-renge-kyo” (CEND, v. II, p. 103). A grandiosa Lei do Nam-myoho-renge-kyo é o princípio essencial para superar as adversidades e os sofrimentos, afirma ele. Aqueles que recitam o rugido de leão do Nam-myoho-renge-kyo e agem com a poderosa energia vital jamais ficam sem saída. Daishonin promete: “A pessoa que vive com base no Sutra do Lótus atingirá o estado de buda com toda a certeza” (Ibidem, p. 38). “Prática da fé para manter a boa saúde e obter longevidade” Todos desejam uma vida realizada e saudável. De fato, “Prática da fé para manter a boa saúde e obter longevidade” é uma das “Cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai”. Em 15 de setembro de 1975, participei de uma convenção do Departamento de Médicos. Dando expressão à minha expectativa de que todos os presentes atuassem como excelentes médicos da Lei Mística, protegendo as pessoas, citei passagens dos escritos de Nichiren Daishonin e discorri sobre os ensinamentos do Buda acerca de doenças do corpo e da mente.2 Posteriormente, 15 de setembro foi designado Dia do Departamento de Médicos. A Lei Mística cura “doenças da mente” causadas pelos “três venenos” As doenças do corpo descritas por Daishonin não dizem respeito apenas a enfermidades físicas, mas também àquilo que hoje identificamos como transtornos mentais. Em contraste, as doenças da mente que ele menciona referem-se especificamente às moléstias causadas pelos assim chamados “três venenos” — avareza, ira e estupidez.3 Tais males resultam da ignorância fundamental inerente à própria vida.4 Somente o budismo pode curar essas doenças da mente ou da essência da vida, e o melhor remédio para tratá-las é o Nam-myoho-renge-kyo. Nesse sentido, como é grandiosa a missão dos integrantes do Departamento de Médicos! Recitando Nam-myoho-renge-kyo, eles não só possuem compassiva expertise médica, mas também o poderoso instrumento de transformação da vida chamado Lei Mística. Sinto-me profundamente grato aos membros do Departamento de Médicos, como também aos do Departamento de Enfermagem e a todos os membros que são profissionais da saúde, os quais se empenham de forma incansável, dia e noite, em meio à atual pandemia da Covid-19. Minha esposa, Kaneko, e eu estamos orando fervorosamente pela saúde e proteção desses preciosos bodisatvas Reis dos Remédios Soka. Prática da fé para triunfar com saúde no âmago da vida Na convenção do Departamento de Médicos, falei sobre a importância de se ir além de uma medicina meramente reativa — de tratar doenças após elas terem aparecido — passando a adotar uma abordagem mais proativa que busque prevenir doenças, tanto físicas como mentais, e promover e melhorar a saúde. Isso representa a visão da construção de uma sociedade saudável alicerçada nos princípios de respeito à vida e à dignidade humana, sociedade que faça da saúde prioridade máxima. Nesta oportunidade, analisemos o papel de nossa fé e prática budistas para triunfar com saúde no âmago da vida. Trecho do escrito 1 A Importância dos Capítulos “Meios Apropriados” e “A Extensão da Vida”5 Seja como for, o sutra conhecido como Sutra do Lótus é o bom remédio para os vários males do corpo e da mente. Portanto, afirma: “Este sutra provê um bom remédio para os males dos habitantes de Jambudvipa. Se uma pessoa enferma for capaz de ouvir este sutra, sua doença será erradicada; ela não conhecerá a velhice nem a morte” [LSOC, cap. 23, p. 330]. Expressa também: “[Uma vez que esses seres vivos ouviram a Lei], desfrutarão paz e segurança na presente existência e boas circunstâncias nas existências futuras” [LSOC, cap. 5, p. 136]. E acrescenta: “Todos os outros que o trataram mal ou com inimizade serão eliminados” [cf. LSOC, cap. 23, p. 329]. Estou copiando e enviando-lhe dois capítulos em especial, o capítulo “Meios Apropriados” e o capítulo “A Extensão da Vida”, para servir à sua proteção. Eu poderia, de fato, copiar o sutra todo, mas no momento estou muito ocupado com outros assuntos; portanto, eu me limitarei a esses dois capítulos. Cuide deles com o máximo zelo — jamais se separe deles. Embrulhe-os cuidadosamente e tenha-os sempre em sua posse. (WND, v. II, p. 747) Companheiros que dão conforto àqueles que lutam contra a doença Nichiren Daishonin redigiu A Importância dos Capítulos “Meios Apropriados” e “A Extensão da Vida” em resposta a uma carta de seu discípulo Ota Jomyo, que lhe havia escrito expressando ansiedade em relação à própria saúde. Ota Jomyo estava com 57 anos, idade tradicionalmente considerada crítica, de infortúnios no Japão. Desde o Ano-Novo até o quarto mês daquele ano, ele não vinha se sentindo bem e estava preocupado. Daishonin começa reconhecendo a inquietação de Ota Jomyo: “O senhor experimentou vários sofrimentos tanto físicos como mentais. (...) Isto [passar por tais sofrimentos], de fato, constitui a fonte primária de nossas aflições” (WND, v. II, p. 746). A calorosa empatia demonstrada por seu mestre deve ter fortalecido muito o ânimo de Ota Jomyo. Nenhum de nós pode escapar dos sofrimentos de envelhecimento, doença e morte. Aqueles que estão lutando contra doenças, ou contra grandes adversidades, muitas vezes se sentem isolados e sozinhos. É por isso que seguimos o exemplo de Daishonin e encorajamos e oramos sinceramente por aqueles que estão enfrentando dificuldades. Os membros da Soka Gakkai que recitam daimoku conosco pela nossa felicidade quando temos problemas são realmente companheiros reconfortantes na jornada da vida. Aliviar o sofrimento e conceder alegria é o primeiro passo para a transformação do destino Na carta que estamos estudando, Daishonin também escreve: “Que ensinamento secreto poderia superar o Sutra do Lótus para afastar todos os perigos e desastres que possam confrontá-lo nesta idade crítica? Pode contar com ele, sem falta! (...) Quanto a esta idade crítica que está atravessando, confie em Nichiren” (WND, v. II, p. 750). Desse modo, ele ameniza a ansiedade e o medo de Ota Jomyo em relação à própria idade crítica e às doenças, incutindo nele a convicção de que poderá gozar de saúde e longevidade. A ideia de “idade crítica e de infortúnios” não se origina dos ensinamentos budistas, mas se trata de uma tradição exclusiva do Japão. Em vez de rejeitá-la, contudo, baseando-se nas “quatro formas de pregação”6 e no preceito “adaptação aos costumes locais”,7 Daishonin vale-se dela para encorajar Ota Jomyo a se empenhar ainda com mais afinco em sua prática budista. Em outra carta, Daishonin incentiva Nichigen-nyo, discípula que havia manifestado preocupação por fazer 33 anos, idade considerada crítica para mulheres, escrevendo: “O infortúnio de seus trinta e três anos se tornará a felicidade de seus trinta e três anos (...). A senhora se tornará mais jovem e sua boa sorte se acumulará” (CEND, v. I, p. 485). Como praticantes do Budismo Nichiren, realizamos diálogos corajosos e inspiradores com o objetivo de aliviar o sofrimento e conceder alegria, despertando as pessoas que estão sofrendo para a natureza de buda inerente. Esforçamo-nos sinceramente para ajudá-las a se revitalizar, a pôr em prática o princípio de “transformação de veneno em remédio”8 e a dar o primeiro passo em sua revolução humana. Quanto maiores os desafios que enfrentamos em decorrência de doenças e adversidades, mais podemos expandir nossa condição de vida e conquistar uma vida dinâmica, saudável e transbordante de boa sorte. “O Sutra do Lótus provê um ‘bom remédio’ para aliviar os sofrimentos do corpo e da mente” Na carta para Ota Jomyo, Daishonin expressa: “Seja como for, o sutra conhecido como Sutra do Lótus é o bom remédio para os vários males do corpo e da mente” (WND, v. II, p. 747). Ele ensina que a Lei Mística é o supremo “bom remédio” para ultrapassar os sofrimentos provocados por doenças e outros distúrbios físicos e mentais. Isso porque a Lei Mística é o princípio fundamental que nos habilita a manifestar a energia vital do estado de buda. Daishonin então cita várias passagens do Sutra do Lótus para salientar o benefício e o poder da Lei Mística. A primeira assegura que o Sutra do Lótus pode eliminar a doença rapidamente: “Se uma pessoa enferma for capaz de ouvir este sutra, sua doença será erradicada; não conhecerá a velhice nem a morte” (LSOC, cap. 23, p. 330). Da perspectiva do budismo, “erradicar a doença” nesse contexto significa eliminar a “maldade da doença” que mina a energia vital da pessoa. A frase “não conhecerá a velhice nem a morte” obviamente não quer dizer que não envelheceremos nem morreremos, mas que os sofrimentos do envelhecimento e da morte não enfraquecerão ou destruirão nosso estado de buda inerente. À medida que formos avançando na idade, nós nos tornaremos cada vez mais vibrantes no espírito, e a chama da nossa fé arderá com intensidade cada vez maior, permitindo-nos concluir nossa vida de forma magnífica. Em seguida, Daishonin cita a passagem “Desfrutarão paz e segurança na presente existência e boas circunstâncias nas existências futuras” (LSOC, cap. 5, p. 136). Isso significa que a vida daqueles que se dedicam ao kosen-rufu trilhará um caminho de abundante boa sorte e benefício, não somente no presente, mas por toda a eternidade. Também encontramos a passagem: “Todos que o trataram mal ou com inimizade serão, do mesmo modo, eliminados” (cf. LSOC, cap. 23, p. 329). Essencialmente, isso quer dizer que conseguiremos vencer todos os obstáculos e funções da maldade que tentarem obstruir nossa felicidade. Quando extraímos uma poderosa energia vital por meio da recitação do rugido de leão do Nam-myoho-renge-kyo, todas as influências negativas se dispersam. Revestem-se de especial significado aqui as palavras “Se uma pessoa (...) for capaz de ouvir este sutra” (LSOC, cap. 23, p. 330). Mas isso não se refere a simplesmente ouvir de forma passiva. O fator fundamental reside em recitar Nam-myoho-renge-kyo com fé resoluta no Gohonzon da prática individual e altruística. Quando ouvimos e possibilitamos que outros ouçam esse poderoso som do Nam-myoho-renge-kyo — que o sutra descreve como “este bom remédio” (LSOC, cap. 16, p. 269) —, o incrível poder benéfico da Lei Mística se manifesta incessantemente. Abraçar o Gohonzon por toda a vida Daishonin diz a Ota Jomyo que copiou e lhe enviou os capítulos “Meios Apropriados” e “A Extensão da Vida”, do Sutra do Lótus, e o instrui a mantê-los consigo sempre. Ele explica que o Nam-myoho-renge-kyo, ensinamento capaz de conduzir todas as pessoas dos Últimos Dias a Lei à iluminação, está implícito no texto do capítulo “A Extensão da Vida”, afirmando: Essa gema de valor inestimável, a doutrina dos três mil mundos num único momento da vida, foi então colocada num invólucro indestrutível como o diamante, os cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo,9 e deixada em benefício de nós, pobres e aflitos seres humanos desta “última era”. (WND, v. II, p. 749) Por meio da nossa prática diária de recitação do Nam-myoho-renge-kyo e do gongyo, em que realizamos a leitura de partes dos capítulos “Meios Apropriados” e “A Extensão da Vida”, nós também mantemos esses capítulos conosco a todo momento. A vida daqueles que prosseguem recitando continuamente o Nam-myoho-renge-kyo está sempre una com os budas e bodisatvas das dez direções, e das três existências, e com as incalculáveis funções protetoras do universo. Seremos protegidos resolutamente, assim como assegura Daishonin ao declarar: Uma vez que os que abraçam o Sutra do Lótus são filhos do buda Shakyamuni, senhor dos ensinamentos, como poderiam Brahma, Shakra, os deuses do Sol e da Lua e as miríades de estrelas deixar de protegê-los dia e noite, de manhã e à noite? (WND, v. II, p. 750) Tanto nos momentos de sofrimento como nos de alegria, em tempos bons ou maus, aconteça o que acontecer, abracemos o Gohonzon com firme oração e vivamos junto com a Lei Mística. Ter a “fé” como fundamento A essência da oração no Budismo Nichiren reside em fazer da “fé nosso fundamento” (cf. CEND, v. II, p. 44). Toda sensei costumava dizer: Jamais hesite, nem por um momento, em sua convicção sobre o benefício da fé no Budismo Nichiren. Porém, por mais forte seja o seu poder de fé, sem o poder da prática, o poder do Buda e o poder da Lei não se manifestarão. Se reunir o grande poder da fé e aplicá-lo em sua prática de recitar e empreender esforços para realizar o shakubuku, o poder do Buda e o poder da Lei não deixarão de aparecer.10 A oração no Budismo Nichiren consiste em uma luta interior. Se alimentar dúvidas e for incapaz de agir, estará se privando de experimentar o enorme poder do Buda. A oração gera o impulso. Nossa recitação deve ser vigorosa. Juntos, recitemos um daimoku revigorante e vibrante — com a voz ressoando num ritmo que lembre um corcel galopando pelo céu — e sigamos avante em nossos esforços pelo kosen-rufu repletos de energia vital e dinamismo. Jovens de diversas localidades do país participam da quarta edição da Academia Índigo Juventude Soka do Brasil (Itapevi, SP, set. 2023) Trecho do escrito 2 Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente11 Ponto 1, sobre os benefícios do mestre da Lei. O Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente afirma: “As palavras ‘mestre da Lei’ indicam o mestre da Lei que realiza as cinco práticas. A palavra ‘benefícios’ (kudoku) indica a recompensa representada pela purificação dos seis órgãos dos sentidos.12 De forma geral, podemos dizer que, hoje, Nichiren e seus seguidores, que recitam o Nam-myoho-renge-kyo, estão efetuando a purificação dos seis órgãos dos sentidos. Portanto, estão agindo como mestres da Lei do Nam-myoho-renge-kyo e possuem grande virtude (toku)”. O elemento ku [significando “mérito”] na palavra kudoku [“benefícios”] indica boa sorte ou felicidade. Refere-se também ao mérito alcançado por eliminar o mal, ao passo que o elemento toku ou doku [significando “virtude”] refere-se à virtude que a pessoa adquire produzindo o bem. Portanto, a palavra kudoku quer dizer atingir o estado de buda na forma que se apresenta. Também significa a purificação dos seis órgãos dos sentidos. Devem compreender que a prática do Sutra do Lótus, como o próprio sutra orienta, consiste em realizar a purificação dos seis órgãos dos sentidos. (OTT, p. 147-148) “Benefícios” indicam uma condição de felicidade indestrutível Essa passagem do Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente elucida os “benefícios do mestre da Lei”. Segundo o capítulo 10, “O Mestre da Lei”, do Sutra do Lótus, um mestre da Lei é alguém que realiza as cinco práticas: abraçar, ler, recitar, expor e copiar o Sutra do Lótus. Daishonin escreve: “Os atos de abraçar o Sutra do Lótus e de recitar o Nam-myoho-renge-kyo abrangem as cinco práticas” (CEND, v. II, p. 93). Conforme essa afirmação, aqueles que recitam e propagam a Lei Mística — ou seja, aqueles que dedicam a vida ao kosen-rufu — são mestres da Lei. Quais são os benefícios que um mestre da Lei recebe? Daishonin declara: “A palavra kudoku quer dizer atingir o estado de buda na forma que se apresenta. Também significa a purificação dos seis órgãos dos sentidos” (OTT, p. 148). Com base no princípio da “possessão mútua dos dez mundos”,13 atingir o estado de buda na forma que se apresenta significa revelar a condição de vida do estado de buda exatamente como somos. A ênfase aqui repousa na expressão “na forma que se apresenta”. Nós, como mortais comuns que passam por adversidades e sofrimentos, podemos atingir o estado de buda da forma como somos. Mesmo que estejamos enfrentando alguma doença ou lidando com outros problemas ou preocupações, ainda assim podemos desfrutar a felicidade absoluta. Os “seis órgãos dos sentidos” se referem a nossos olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e mente. O benefício da “purificação dos seis órgãos dos sentidos” nos habilita a perceber, julgar e agir corretamente, livres da influência de impulsos decorrentes dos desejos mundanos. Permite-nos exercer plenamente o poder do Buda inerente à nossa vida. “Benefícios”, nesse contexto, indicam uma condição de felicidade indestrutível. Estender a mão compassivamente para as pessoas que estão sofrendo e lutar ao lado delas para abrir o caminho da felicidade de si e de outras traduz o espírito daqueles que purificam seus seis órgãos sensoriais. Vidas repletas de sabedoria e de coragem Se nossa vida for impura — ou seja, se ficarmos presos a uma condição de vida baixa —, tudo o que vermos, ouvirmos ou sentirmos será apenas reflexo dessa condição de vida, levando-nos a sofrer tanto física como mentalmente. Enquanto essa condição de vida prevalecer, não conseguiremos extinguir o ciclo de miséria e de sofrimento, e continuaremos envoltos na ignorância fundamental. No entanto, ao polirmos e purificarmos nossa vida por meio da fé na Lei Mística, enxergaremos tudo com perfeita clareza. Daishonin aponta isso, dizendo: “Agora, quando Nichiren e seus seguidores recitam Nam-myoho-renge-kyo, eles veem e compreendem os dez mil fenômenos [todos os fenômenos do universo] como se estivessem refletidos num espelho cristalino” (OTT, p. 149). Quando vencemos a escuridão inerente à nossa vida e evidenciamos nossa sabedoria de buda recitando Nam-myoho-renge-kyo, não abominamos mais a doença ou a morte, mas sim as vemos como aspectos intrínsecos da vida em si. Os “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte — transformam-se em desafios que nos habilitam a alcançar a felicidade e a cumprir nossa missão de vida. Eles se tornarão inspiradores dramas de vitória e de alegria. O benefício da “purificação dos seis órgãos dos sentidos” nos permite converter os “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte — nas “quatro nobres virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.14 Isso significa que podemos transformar tudo em uma oportunidade para criar valor. O Sutra do Lótus ensina que o bodisatva Jamais Desprezar,15 que se manteve inabalável diante de perseguições, demonstrando de forma contínua seu respeito pela natureza de buda em todos com quem se encontrava, obteve os benefícios da “purificação dos seis órgãos dos sentidos” e de “prolongar a vida”.16 Os membros da Soka Gakkai, sem se deixarem intimidar por críticas ou oposições, estão empreendendo diálogos pautados pelo respeito à vida e à dignidade de todas as pessoas. Eles são inigualáveis mestres da Lei que, com certeza, desfrutarão os mesmos benefícios do bodisatva Jamais Desprezar, de purificação dos seis órgãos dos sentidos e de prolongar a vida. O eternamente indestrutível “tesouro do coração” Num perspicaz discurso sobre a natureza da doença, o pensador suíço Carl Hilty (1833–1909) observou que, se permitirmos que o pessimismo e a amargura em relação a um destino implacável saiam de controle, eles poderão nos causar um dano muito maior do que a doença em si.17 Sem dúvida, é verdade que, quando ficamos doentes, podemos nos tornar suscetíveis a ter pena de nós mesmos e a nos entregar ao pessimismo, o que pode amplificar nosso sofrimento. Hilty também observou que, mediante o simples ato de mostrar um exemplo de paciência e de alegria em meio ao sofrimento, de possibilidade de ser feliz mesmo em tais circunstâncias, aqueles que estão lutando contra doenças podem obter conquistas maiores do que pessoas perfeitamente saudáveis.18 Há muitos exemplos de nobres indivíduos que permanecem fortes enquanto enfrentam a doença e utilizam sua experiência para transmitir grande esperança e coragem para muitos outros. Essa é a prova de sua vitória, alcançada trilhando com orgulho o caminho do kosen-rufu, a missão mais maravilhosa que existe na vida. É natural que, conforme formos envelhecendo, em alguns casos, vivenciaremos o declínio físico e as condições crônicas, mas jamais devemos permitir que isso enfraqueça nosso espírito. Daishonin expressa: “Deve se apressar em acumular o tesouro do coração e vencer sua doença o mais rápido possível” (CEND, v. II, p. 221). Em outra carta, ele escreve: “Como o Sutra Vimalakirti e o Sutra do Nirvana ensinam que as pessoas enfermas atingirão sem falta o estado de buda, não seria a doença de seu marido um desígnio do Buda?” (Ibidem, p. 202). O essencial é recitar daimoku fervorosamente e avançar com fé ainda mais forte. Tudo que acontece possui profundo significado. Analisando os fatos da perspectiva da fé e de uma vida dedicada ao caminho do bodisatva, quanto maiores adversidades a pessoa experimentou, maior a sua missão. Trata-se de um modo de vida que considera que “nenhum [tesouro] é mais valioso que o tesouro do coração!” (cf. CEND, v. II, p. 112). Em vez de nos concentrar no “tesouro do cofre” ou no “tesouro do corpo”, empenhemo-nos para cumprir nossa missão com orgulho e otimismo, acumulando o imperecível “tesouro do coração”. Se avançarmos com o nobre anseio de juramento pelo kosen-rufu, obteremos boa sorte e benefício imensuráveis. Retomando a discussão de Daishonin sobre os “benefícios do mestre da Lei”, ele afirma: “Devem compreender que a prática do Sutra do Lótus, como o próprio sutra orienta, consiste em realizar a purificação dos seis órgãos dos sentidos” (OTT, p. 148). Quando vivemos de forma positiva, com o olhar voltado para o futuro e a determinação de nunca desistir diante de obstáculo algum, irradiamos intensamente o brilho de uma condição de vida estabelecida mediante a purificação dos seis órgãos dos sentidos. Oportunidade para construir uma nova era Em resposta à pandemia da Covid-19, que se encontra em andamento atualmente, o Dr. Kevin Clements, estudioso da paz e diretor do Instituto Toda pela Paz, emitiu uma declaração. A seguir, um trecho do texto: Apesar de esta pandemia estar gerando, medo, caos e ansiedade (...), trata-se de uma oportunidade ímpar para amplas perspectivas e oportunidades para construir um mundo mais empático, mais igual, menos temível, menos poluído, e mais sintonizado com a natureza, em vez de antagônico a ela. Este é um momento de possibilidade criativa. Trabalhemos para assegurar que o que faremos emergir desta crise é um mundo apropriado para o restante deste século desafiador.19 Estou de pleno acordo com esta proposta de converter a crise sem precedentes que estamos enfrentando em oportunidade para construir uma nova era. Uma filosofia da dignidade da vida e do respeito por todas as pessoas Os desafios da pandemia da Covid-19, em conjunto com questões como mudanças climáticas, ameaçam a vida, os meios de subsistência e a dignidade das pessoas em toda parte. Mais que nunca, é importante consolidar a solidariedade de ações que transcenda as fronteiras entre as nações para vencer essas mazelas. Uma filosofia de respeito à dignidade da vida, aliada à sabedoria e à ação pautadas no respeito a todas as pessoas, é essencial para construir uma sociedade salutar e um mundo de coexistência. Atualmente, os membros da Soka Gakkai no mundo inteiro, ao mesmo tempo em que lidam com adversidades e turbulências sem precedentes, lutam juntos para compartilhar a luz da esperança e da renovação com todos. Estão agindo com base em seu juramento conjunto pela paz, inspirados pelas palavras de Daishonin: “Se o senhor se importa realmente com a segurança pessoal, deve primeiro orar pela paz e segurança nos quatro quadrantes da terra, não é verdade?” (CEND, v. I, p. 24). Na vanguarda desses esforços estão os nossos jovens bodisatvas da terra, membros da Divisão dos Jovens, que se empenham no diálogo para incentivar e apoiar os outros. Em razão disso, a tradição da Soka Gakkai de prezar cada pessoa, que tem sido transmitida de uma geração para a outra, hoje brilha cada vez mais intensamente. Sociedades saudáveis e solidárias Abraçamos a Lei Mística, o meio maravilhoso para despertar o bem inato nas profundezas da vida das pessoas. Renovemos a decisão de continuar avançando, sábia e alegremente, evocando a natureza de buda em cada pessoa, enquanto nos esforçamos para edificar sociedades saudáveis e solidárias. (Daibyakurenge, edição de setembro de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Em abril de 2008, relembrando seu venerado mestre, Daisaku Ikeda aponta a câmera para o jardim do Auditório Memorial Makiguchi, em Hachioji, Tóquio, onde resplandece o busto do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda Foto: Seikyo Pess Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2015. p. 57. 2. Na ocasião, o presidente Ikeda citou a seguinte passagem da carta Os Dois Tipos de Doença, enviada por Nichiren Daishonin a Shijo Kingo, que se encontrava em Kamakura e que, além de samurai, era médico: “As doenças dos seres humanos podem ser divididas em duas categorias gerais: a primeira compreende as doenças do corpo. As doenças físicas abrangem cento e um distúrbios do elemento terra, cento e um do elemento água, cento e um do elemento fogo e cento e um do elemento vento, totalizando quatrocentos e quatro enfermidades. Esses males podem ser curados com os remédios prescritos por médicos habilidosos como Detentor de Água, Condutor de Água, Jivaka e Bian Que. A segunda categoria diz respeito às doenças da mente, que compreendem os três venenos e as oitenta e quatro mil enfermidades. Somente um buda pode curá-las; assim, estão além do poder de cura das duas divindades e dos três ascetas, e muito mais ainda das habilidades de Shen Nong e Huang Di” (CEND, v. II, p. 184). 3. Avareza, ira e estupidez são consideradas no budismo como males fundamentais inerentes à vida, que originam o sofrimento humano. São conhecidas como os “três venenos”. 4. Ignorância fundamental: Também conhecida como “escuridão fundamental”. Ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que dá origem a todas as demais ilusões e desejos mundanos. A incapacidade de ver ou reconhecer a verdade suprema da Lei Mística, assim como os impulsos negativos que decorrem dessa ignorância. 5. Essa é a resposta de Daishonin a uma carta de Ota Jomyo, que vivia na província de Shimosa (parte das atuais províncias de Ibaraki e de Chiba). Na carta, Ota relata seus recentes sofrimentos físicos e espirituais e sua preocupação em relação à idade em que se encontrava, 57 anos, considerada a “idade crítica e de infortúnios”. Daishonin responde que os variados sofrimentos são inevitáveis, mas que o “Sutra do Lótus é um bom remédio para os vários males do corpo e da mente” (WND, v. II, p. 747). 6. “Quatro formas de pregação”: Também “quatro tipos de ensinamento”. Maneiras de os budas exporem os próprios ensinamentos descritas na obra de Nagarjuna, Tratado sobre Grande Perfeição e Sabedoria. Elas são: (1) ensinar o budismo às pessoas em termos seculares, explicando que os desejos serão realizados, estimulando-as, dessa forma, a abraçar a fé; (2) ensinar o budismo às pessoas de acordo com a capacidade de compreensão de cada uma delas, possibilitando-as acumular mais carma positivo; (3) ajudar as pessoas a abandonar as ilusões e a se libertar dos “três venenos” — avareza, ira e estupidez; e (4) revelar a verdade fundamental de forma direta, conduzindo as pessoas a percebê-la. Comparadas a essa última forma de ensinar, as três primeiras são consideradas meios provisórios. 7. Preceito “adaptação aos costumes locais” (zuiho bini, jap.): Preceito budista que expõe que, em assuntos nos quais o Buda não permitiu ou proibiu expressamente, a pessoa pode agir de acordo com o costume local, contanto que os princípios fundamentais do budismo não sejam violados. 8. “Transformação de veneno em remédio”: Empregar o poder da Lei Mística para transformar uma vida dominada pelos três caminhos dos desejos mundanos, do carma e do sofrimento numa vida que manifesta as três virtudes do corpo do Darma, da sabedoria e da emancipação. Essa expressão consta numa passagem do Tratado sobre Grande Perfeição e Sabedoria, que menciona “um grande médico capaz de transformar veneno em remédio”. 9. Myoho-renge-kyo é escrito com cinco ideogramas chineses, ao passo que Nam-myoho-renge-kyo, com sete (nam, ou namu, compreendendo dois ideogramas). Daishonin muitas vezes emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus escritos. 10. Cf. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 1. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1992. p. 151. 11. Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente: Coletânea de ensinamentos orais de Nichiren Daishonin sobre o Sutra do Lótus proferidos enquanto ele residia no Monte Minobu. Foram anotados e compilados em dois volumes por seu discípulo e sucessor Nikko Shonin. 12. Purificação dos seis órgãos dos sentidos: Também purificação dos seis sentidos ou faculdades. Isso se refere aos seis órgãos sensoriais — olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e mente — tornarem-se puros, possibilitando a compreensão correta de todos os fatos. O capítulo 19, “Os Benefícios do Mestre da Lei”, do Sutra do Lótus, explica que aqueles que abraçam e praticam o sutra adquirem vários benefícios e que, por meio desses benefícios, os seis órgãos dos sentidos tornam-se apurados e puros. 13. “Possessão mútua dos dez mundos”: Princípio que expõe que cada um dos “dez mundos” possui o potencial inerente para todos os dez. “Possessão mútua” significa que a vida não se fixa a um ou outro dos dez mundos, mas pode manifestar qualquer um dos dez — do estado de inferno ao estado de buda — a qualquer momento. O ponto fundamental desse princípio é que todos os seres, em qualquer dos nove mundos, possuem a natureza de buda. Assim, cada pessoa tem o potencial para manifestar o estado de buda, da mesma forma que um buda também possui os nove mundos, não sendo, portanto, separado ou diferente das pessoas comuns.

01/12/2023

Na prática

Como o budismo nos ajuda a superar momentos de profundo sofrimento

Todos passam por desafios A dor e o sofrimento são sensações [desconfortáveis] das quais os seres humanos certamente vão enfrentar. Como apresentado anteriormente, todos podem, a partir desses eventos, absorver, ponderar e transformar essa condição. E o desconforto pode despertar nas pessoas o senso da perseverança, a capacidade para lidar com determinadas circunstâncias e também a resiliência (habilidade de se adaptar aos dramas da vida). Para a psicóloga e pós-graduanda em Atendimento de Casal e Família na Abordagem Sistêmica, pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ana Paula Dias, é essencial que as pessoas que passam por uma situação difícil encarem o sofrimento. “Precisamos perceber que isso faz parte do mundo e vai acontecer com qualquer um. Então, devemos enfrentar e viver essa dor, porque, a partir disso, conseguimos entender o que está acontecendo. ‘Para mim, são os melhores professores da existência’”,1 revela. Ou seja, podemos, diante de uma circunstância, adquirir sabedoria emocional e espiritual, pôr em prática essa sapiência, e converter tudo em aprendizado. Por esse motivo, o budismo praticado pelos membros da Soka Gakkai Internacional (SGI) se torna um notável instrumento para reunir a sabedoria necessária para os momentos de desventura. Na sequência, vamos entender mais essa afirmação. Direcionar o coração a algo grandioso No século 13, o coração de Nichiren Daishonin se angustiava com o sofrimento do povo japonês em um período de extremas calamidades que assolavam o país — grande terremoto, peste, inundação, fome, clima anormal, e iminente guerra civil. Para imprimir esperança naquelas pessoas, Daishonin propagou o Nam-myoho-renge-kyo, com o propósito de despertar nelas força, sabedoria e coragem para que superassem tempos de grandes provações. No romance Nova Revolução Humana, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, retrata o espírito combativo e abnegado de Daishonin: — Nichiren foi um líder budista que se levantou com o propósito de salvar o Japão numa época em que a população sofria com desastres naturais e estava atemorizada sob a ameaça de uma iminente revolta interna e invasão estrangeira. Ele defendia a ideia de que os homens são a base de uma sociedade e de uma nação, e ensinou o princípio filosófico que faz com que o coração humano passe da destruição para a construção, do egoísmo para o altruísmo, da passividade para a ação, a fim de transformar o povo no protagonista da sociedade e do estabelecimento da paz perene.2 Guardada as devidas diferenças de época, atualmente, a humanidade vivencia dramas igualmente profundos. Conflitos de décadas se acentuando, mudanças climáticas e incertezas econômicas, além de eventos cotidianos enfrentados pelas pessoas como o desemprego, fragilidade na saúde física e mental, desarmonia nas relações, entre outras situações complexas. Por essa razão, os ensinamentos budistas apresentam o princípio de “transformação da fé em sabedoria” (ishin-daie, em jap.). Conforme o conceito, sabedoria é muito mais ampla e profunda que “inteligência” ou “conhecimento”. Sobre isso, o presidente Ikeda diz: “No budismo, fé significa ter um coração límpido, flexível e aberto. Fé é a função da vida humana que dispersa as nuvens escuras da dúvida, da angústia e do arrependimento e direciona o coração a algo grandioso”.Isto é, uma pessoa de fé é aquela que cultiva uma verdadeira personalidade e se mantém emocionalmente equilibrada em todos os momentos da vida, mesmo diante de uma grande dificuldade. E a fé é convertida em sabedoria quando buscamos soluções para esses impasses, não importando quantas vezes tenhamos tentado. Portanto, a fé nos torna pessoas radiantes e determinadas, e a sabedoria nos conduz à melhor resolução com a convicção de que a vitória é certeira. A seguir, vamos compreender o princípio pela perspectiva do presidente Ikeda. Emanar inabalável energia da vida Ao suportamos as adversidades, aparentemente intransponíveis, especialmente nos momentos de grande apreensão, e recitarmos daimoku com fé [acreditar no potencial inerente para transformar a situação], uma inabalável energia da vida é emanada, e manifestamos a sabedoria capaz de traçar caminho que conduz a soluções para os impasses enfrentados. Além disso, com sabedoria, tornamos essa experiência adversa em rico aprendizado. A esse respeito, Ikeda sensei afirma: O budismo ensina o princípio de “transformar fé em sabedoria”. Uma oração poderosa faz emergir sabedoria. Por favor, avance com a recitação de daimoku em primeiro lugar, acreditando em si mesma e com fé no Gohonzon mais que qualquer outra pessoa.4 Como Ikeda sensei menciona, a energia vital é importante para a transformação da fé em sabedoria. E ele vai além: O grande poeta romano Virgílio (70–19 a.E.C.) escreveu: “Não se deve dar lugar a essas adversidades, mas sim enfrentá-las ainda mais corajosamente onde quer que sua boa sorte o permitir.” Este é o segredo para afugentar a infelicidade, disse Virgílio. (...) Jean-Christophe, herói do romance de mesmo nome de Romain Rolland (1866–1944), brada: “Como é bom ser forte! Como é bom sofrer quando se é forte!” Ele também diz: “Deixe que me façam sofrer!... O sofrimento também é vida!” Uma pessoa forte, que tem uma forte energia vital, transforma todos os sofrimentos e tristezas em um elemento essencial para a felicidade. (...) Não há vida livre de sofrimentos. Em nossas atividades da SGI, em nosso trabalho e em nossa vida em geral, somos confrontados, em certo sentido, por uma contínua série de problemas e sofrimentos. Mas a Lei Mística é a Lei maravilhosa que transforma todos esses sofrimentos em elementos e causas essenciais para a felicidade. (...) Consequentemente, é importante passar por amargas dificuldades. A tristeza, a dor e as batalhas são algo que ninguém pode evitar. A única maneira de atingir a felicidade é marchar inflexivelmente. (...) O objetivo da fé é nos tornar ainda mais fortes.5 Conheceremos no trecho seguinte, a história da Cristina Serravalle, uma carioca guerreira, que extrai sabedoria do daimoku há quarenta anos. Converter fé em sabedoria e coragem Meu nome é Cristina Serravalle, mas alguns me chamam de Tina, e moro no Flamengo, bairro do Rio de Janeiro. Às vezes, perguntam-me como cheguei a essa condição de enxergar o mundo com lentes coloridas. Logo eu, que nasci de cesariana, saindo da maternidade com 900 gramas, frágil demais e com a formação dos olhos incompleta. Tinha dificuldade para engolir (disfagia) e outras sequelas. Eu me considero uma pessoa irreverente, feliz com o que a vida me proporciona. Aprendi tudo isso no budismo. Minha mãe foi a primeira a encontrar a Soka Gakkai no período em que eu estava com 26 anos e cursava letras. Isso aconteceu em 1982, e só depois de dois anos decidi me converter ao budismo, em uma data para ficar na história: 24 de agosto, a mesma data de conversão do presidente Ikeda. Na adolescência, por consequência do glaucoma, fiquei cega. No meio desse caminho, a música surgiu em minha vida. E hoje, o violão se tornou meu fiel companheiro. Nessa época, eu era muito tímida. No entanto, aos poucos, a voz quase inaudível foi ganhando força, sempre à base de muito incentivo e daimoku. A partir de então, o Nam-myoho-renge-kyo passou a ser meu canto da vitória. Nunca vi a deficiência como barreira, pois a prática budista sempre me proporcionou força e sabedoria. Por isso, após cursar letras, eu me formei também em direito. Hoje, ainda trabalho, e na área de administração de imóveis. Além disso, com o coração alegre, falo com muita naturalidade sobre o Budismo Nichiren para as pessoas. Por fim, no ano que vem completo quarenta anos de Soka Gakkai. Sigo confiante, visualizando 2030. Quero chegar lá radiante e feliz. Diante da perda da visão na juventude, praticar o Budismo Nichiren foi determinante para Cristina converter fé em sabedoria, e enfrentar com muita coragem uma nova e desafiadora circunstância de vida. No próximo trecho, Ikeda sensei apresenta diretrizes para que as pessoas manifestem plena determinação em momentos de sofrimento, tanto pela felicidade de si como das pessoas ao redor. Indicação para a vitória Oração em primeiro lugar O primeiro ponto é “toda vitória começa com a oração”. No salão principal do auditório, o qual pode ser observado pelo retrato de Makiguchi sensei e de Toda sensei, minha esposa e eu recitamos gongyo e daimoku de forma solene, manifestando gratidão à virtude da “devoção abnegada pela propagação da Lei” dos primeiros presidentes. Ao mesmo tempo, oramos sinceramente pela concretização do grande desejo do kosen-rufu mundial e pela felicidade e vitória dos precisos amigos (...) de todo o país e do mundo inteiro. Nichiren Daishonin declara: “Os benefícios do Sutra do Lótus, que venho recitando durante estes vários anos, têm de ser mais vastos que o céu”.6 É imensurável o daimoku para si e para os outros que nós, mestre e discípulos Soka, recitamos com o mesmo juramento do desejo de Daishonin, que visa o kosen-rufu e “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”. Esses benefícios são equivalentes a abraçar grandiosamente este planeta azul. Empenhar-se na prática e no estudo do budismo O segundo ponto é que toda luta pelo kosen-rufu é para a própria revolução humana. (...) Em agosto [1957], sessenta anos atrás, (...) [Toda sensei] incentivou os amigos recém-convertidos e orou para que todos pudessem experimentar a alegria da prática da fé. Na diretriz para cada um realizar sua prática da fé para conquistar a felicidade se encontra o foco perspicaz de Toda sensei. Para isso, ele nos ensinou a agir como bodisatvas da terra e a enfrentar as dificuldades. Tal como a rotação do nosso planeta Terra e da translação em volta do Sol, a revolução humana e o kosen-rufu em conjunto magnífico criam ilimitados seres humanos de valor. (...) Empenhar-se com coragem diariamente nos dois caminhos da prática e do estudo, pela ampla propagação da Lei e para “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra” — são as dinâmicas atividades da Soka Gakkai que conduzem todos a transformar o destino e a alcançar a condição de felicidade absoluta.7 Experimentar uma incrível sensação de paz e de satisfação Como vimos no decorrer da matéria, impreterivelmente todos enfrentarão desafios ao longo da jornada. Defrontá-los com resoluta determinação e ainda assim extrair importantes aprendizados — tal como mencionado pela psicóloga Ana Paula Dias — serão em decorrência de vasta condição de vida. E a prática budista é uma aliada poderosa para converter fé em sabedoria em momentos de profunda dor —, assim como a Tina fez para transformar o sabor amargo da notícia da perda da visão, em oportunidades de autoconhecimento para enfrentar e superar aquele drama. Ikeda sensei reitera que a oração em primeiro lugar, a prática e o estudo do budismo são fundamentais para que se extraia energia e sabedoria do âmago da vida: “Quando conseguimos superar um obstáculo, podemos experimentar uma incrível sensação de paz e de satisfação. Em contrapartida, essa condição de vida não chega nunca para aqueles que se esquivam das dificuldades, tentando evitar os desafios”.8 Ele diz ainda: “Em meu interior, cultivo romantismo e emoções. Com a minha sabedoria de mortal comum, não conseguirei grandes feitos. Mas, convencido de que a fé se transforma em sabedoria, recito daimoku com o coração sincero e compenetrado, e eu me esforço ao máximo pela causa da reconstrução”.9 Dessa forma, com a recitação constante do daimoku repleta de intensa fé, o estudo do budismo para compreender com profundidade a dinâmica insondável da vida e o contato com as orientações de Ikeda sensei para acalentar o coração e a mente inquietos, transforme desespero (sofrimento) em esperança, esperança em sabedoria, sabedoria em ação — e o resultado certamente será de grande progresso e importantes aprendizados. No topo: "Não há vida livre de sofrimentos. Em nossas atividades da SGI, em nosso trabalho e em nossa vida em geral, somos confrontados, em certo sentido, por uma contínua série de problemas e sofrimentos. Mas a Lei Mística é a Lei maravilhosa que transforma todos esses sofrimentos em elementos e causas essenciais para a felicidade" Foto: Getty Images Notas: 1. Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/especialistas-indicam-que-possivel-aprender-com-sofrimento-22815802.html. Acesso em: 13 out. 2023. 2. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 6, p. 88, 2019. 3. Idem. Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2001. p. 60. 4. Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 29, p. 328, 2020. 5. Brasil Seikyo, ed. 1.276, 11 jun. 1994, p. 3. 6. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 338, 2017. 7. Brasil Seikyo, ed. 2.371, 13 maio 2017, p. B2-B3. 8. Terceira Civilização, ed. 491, jul. 2009, p. 42. 9. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 74.

01/11/2023

Estudo

[54] “Transformação de veneno em remédio” — conduzir uma vida gloriosa por meio da “fé para transformar o destino”

Explanação Soka é outro nome para esperança. Significa criar valor, fazer até o sofrimento fundamental inescapável da doença se transformar de algo abominável em força propulsora para a revolução humana e o autodesenvolvimento. A palavra “Soka” personifica a filosofia para a vitória, e para vencer resolutamente todos os desafios da vida. Felicidade assegurada para quem abraça a Lei Mística Aqueles que abraçam a Lei Mística nunca acabam na infelicidade. A doença jamais nos impede de cumprir nossa missão na vida. Para nós, que recitamos Nam-myoho-renge-kyo e nos dedicamos ao kosen-rufu, a doença pode representar uma valiosa oportunidade mediante a qual passamos a irradiar nosso verdadeiro brilho. De fato, muitos membros de nossa organização ao redor do mundo venceram de forma magnífica a doença e vêm demonstrando esplêndida comprovação de suas vitórias. Ingressamos num período em que o poder benéfico da Lei Mística se propagou para cada canto do globo, e inspiradores dramas de transformação do destino dos membros se desenrolam em todos os lugares. Nossos membros em 192 países e territórios são campeões de boa sorte e benefícios que estão assentando o caminho para o “século da saúde”. Fé para transformar o grande mal em grande bem Nas cartas que o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, enviou para sua família enquanto suportava as condições brutais da prisão durante a Segunda Guerra Mundial, ele com frequência mencionava um princípio budista em particular — o benefício da “transformação de veneno em remédio”.1 Em uma delas, escreveu: Nossa fé é a mais importante. As adversidades que estamos passando agora são pequenas e insignificantes comparadas às enfrentadas por Daishonin; portanto, não devemos levá-las muito em consideração e fortalecer nossa fé mais que nunca. Recebendo vastos e ilimitados benefícios, não devemos nos ressentir dessas presentes provações. Mais tarde, vocês constatarão, assim como eu sei por experiência própria até agora, que transformaremos, sem falta, veneno em remédio, tal como os sutras e o Gosho nos ensinam.2 O presidente Makiguchi lutou resolutamente contra a opressão e a prisão injusta dele imposta pelas autoridades militaristas do Japão. Como resultado, transformou o veneno do “grande mal” que assolava a ele e a seus discípulos em remédio, abrindo o caminho para o “grande bem” representado pela confiança que a Soka Gakkai desfruta atualmente em todo o mundo. Bodisatvas da terra que se lançam em meio ao povo Podemos transformar o “veneno” dos sofrimentos e das adversidades em “remédio” que aprofunda e enriquece a nossa vida. Meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, dizia: “Externamente, às vezes, podemos parecer um ‘bodisatva da pobreza’ ou um ‘bodisatva da doença’, mas se trata meramente de um papel que estamos desempenhando no drama da vida. Na verdade, somos autênticos bodisatvas da terra! Como a vida é um grande drama, devemos sentir prazer em desempenhar o papel que assumimos e demonstrar a grandiosidade da Lei Mística”. Nesta oportunidade, por meio do princípio da “transformação de veneno em remédio”, vamos aprender sobre a sabedoria para obter saúde e longevidade. Trecho do escrito 1 A Cura da Doença Cármica3 [O oitavo volume de Grande Concentração e Discernimento de Tiantai] também diz: “Existem seis causas da doença: 1) desarmonia nos quatro elementos; 2) maus hábitos na ingestão de alimentos ou bebidas; 3) forma incorreta de realizar a meditação sentada; 4) ataque de demônios; 5) ação das maldades; e 6) efeito do carma”. (CEND, v. I, p. 659) “Por um lado, me entristece saber que está sofrendo, mas, por outro, fico feliz” A primeira passagem que estudaremos se encontra no escrito de Nichiren Daishonin A Cura da Doença Cármica. O presidente Makiguchi sublinhou vários trechos dessa carta e também fez anotações nas margens da sua reprodução dos escritos. Nessa carta, uma resposta para Ota Jomyo,4 que o havia informado de que ele tinha adoecido, Daishonin inicia dizendo: “Por um lado, me entristece saber que está sofrendo, mas, por outro, fico feliz” (CEND, v. I, p. 659). Não é difícil imaginar essas palavras dissipando as nuvens escuras do coração de Ota Jomyo e fazendo despontar o sol da coragem, inspirando-o a lutar contra a sua doença. Essa afirmação simples, porém profunda, capta a essência da visão do Budismo Nichiren sobre a doença. Oportunidade para fortalecer nossa vida Daishonin expressa sua profunda solidariedade e preocupação ao receber a notícia da doença do seu precioso discípulo, escrevendo: “Por um lado, me entristece saber que está sofrendo” (CEND, v. I, p. 659). Ao mesmo tempo, ele atribui um significado mais profundo à doença, que o leva a declarar: “Fico feliz” (Ibidem). Ou seja, Daishonin a vê como uma oportunidade para Ota Jomyo transformar seu destino. Adoecer nos oferece um desafio que pode nos habilitar a fortalecer nossa fé, intensificar nossa prática budista e aprimorar nossa vida. Quando alicerçamos nossa luta contra a doença na recitação do Nam-myoho-renge-kyo, somos capazes de estabelecer firmemente a eterna e indestrutível condição de vida do estado de buda e transformar veneno em remédio sem falta. E, por isso, consiste num motivo para se sentir “feliz”. O correto enfrentamento da doença Na passagem que estamos estudando, Daishonin cita um breve trecho de Grande Concentração e Discernimento de Tiantai,5 o qual cita que há seis causas da doença. A primeira é a “desarmonia nos quatro elementos”. Os quatro elementos são terra, água, fogo e vento, que, segundo se acreditava, compunham o universo e tudo nele, incluindo os seres humanos. A desarmonia deles se refere a condições climáticas atípicas ou distúrbios ambientais, que podem afetar negativamente nossa saúde e causar várias doenças. A segunda são os “maus hábitos na ingestão de alimentos ou bebidas”, dieta inadequada ou exageros, que acarretam doenças. A terceira, “forma incorreta de realizar a meditação sentada”, refere-se a não conduzir uma vida equilibrada. A quarta é o “ataque de demônios”. “Demônios” indicam agentes que atacam nosso corpo e geram doenças. Numa terminologia atual, abarcariam bactérias e vírus patogênicos. A quinta, “ação das maldades”, diz respeito aos vários impulsos e compulsões internas que prejudicam o funcionamento saudável de nossa mente e corpo. Também origina as aflições que nos impedem de praticar o budismo. A sexta, o “efeito do carma”, refere-se a doenças causadas pelo nosso carma, nossas ações acumuladas de existências passadas — em outras palavras, doenças que decorrem de distorções ou tendências profundamente arraigadas em nossa vida. Essas seis causas da doença representam o ápice da sabedoria conquistada pelas pessoas de muitos séculos atrás, por meio do enfrentamento da doença. Admiravelmente, também condizem com as descobertas da ciência moderna. Ao mesmo tempo que respeita a ciência médica, o budismo se concentra em ter uma compreensão correta da doença e em lidar com ela da melhor maneira, de modo que possamos descobrir um caminho para viver melhor. Nesse contexto, as quatro primeiras causas descritas nos proporcionam, em primeiro lugar, o discernimento sobre como podemos evitá-las. Gostaria, aqui, de ratificar os quatro lemas para a boa saúde que apresentei no passado: 1. Fazer um gongyo revigorante. 2. Manter um estilo de vida equilibrado e produtivo. 3. Contribuir para o bem-estar dos outros. 4. Alimentar-se de forma sábia. Dormir o suficiente e reduzir o estresse ao mínimo também são pontos importantes da sabedoria para a boa saúde nos dias de hoje. Além disso, empregar nossa prática da fé para identificar e vencer o “ataque de demônios” ou as funções da maldade — citadas como a quinta causa da doença — é fundamental para viver sabiamente, de acordo com o princípio de que “prática da fé é a própria vida diária”. Amenizar o efeito cármico e transformar o destino Daishonin, mais à frente, afirma: “As doenças da sexta causa, derivadas do carma, são as mais difíceis de curar. (...) Tais doenças só podem ser curadas pelo bom remédio do único Sutra do Lótus do buda Shakyamuni” (CEND, v. I, p. 660). Em outras palavras, quando a doença é causada pelo carma, somente o bom remédio da Lei Mística pode curá-la. Ao discorrer sobre doenças causadas pelo carma, Daishonin cita outras passagens de Grande Concentração e Discernimento do grande mestre Tiantai: “Mesmo que uma pessoa tenha cometido graves crimes (...), o efeito poderá ser amenizado nesta existência. Por isso, a doença se manifesta quando o mau carma está prestes a ser erradicado” (Ibidem, p. 659). Com base nesse e em outros escritos, Daishonin ensina que experimentamos a doença para erradicar impurezas em nossa vida e manifestar a condição de vida do estado de buda imbuída das “quatro nobres virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.6 Esse é o princípio da “amenização do efeito cármico”.7 Imediatamente após a Perseguição de Tatsunokuchi (em 1271) 8 — quatro anos antes de redigir esta carta, A Cura da Doença Cármica —, Daishonin escreveu para Ota Jomyo sobre o grande poder da Lei Mística: Se a pessoa, na presente existência, não erradicar o carma negativo acumulado desde o passado, ela experimentará o sofrimento do inferno no futuro. No entanto, se enfrentar grandes obstáculos nesta vida [pelo Sutra do Lótus], o sofrimento do inferno se desvanecerá instantaneamente. E, quando morrer, essa pessoa obterá os benefícios dos mundos humano e celestial, e também dos mundos dos três veículos [mundos dos ouvintes da voz, dos que despertaram para a causa e dos bodisatvas] e do veículo único [mundo dos budas]. (CEND, v. I, p. 207) Conquistar vastos e ilimitados benefícios Nichiren Daishonin nos garante que mesmo aqueles que estão lutando contra doenças causadas pelo carma podem superá-las por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo. Na verdade, enfrentar tal desafio constitui uma oportunidade para conquistar os vastos e ilimitados benefícios da Lei Mística. Daishonin cita as palavras do grande mestre Miaole, ou Jingxi:9 “É como uma pessoa que cai ao chão, mas impulsiona a si própria a partir desse mesmo chão para pôr-se em pé” (CEND, v. I, p. 660).10 Então, ele explica que mesmo alguém que é acometido de uma doença em decorrência de caluniar o Sutra do Lótus poderá superá-la, sem falta, abraçando a Lei Mística. Por isso, a fé, em última análise, é o fator fundamental. Daishonin assegura a Ota Jomyo que ele conseguirá prolongar seu tempo de vida contanto que permaneça firme na fé, sem poupar a própria vida (Ibidem, p. 662). Orar com a força de um avião a jato levantando voo Mesmo que fiquemos doentes, não devemos permitir que sejamos derrotados. Existem pessoas batalhando contra doenças difíceis de ser curadas que usam o limitado tempo de que dispõem para recitar Nam-myoho-renge-kyo, transmitir coragem aos outros e viver com nobre senso de missão. Procedendo dessa maneira, elas conseguem mudar o significado da doença. Com tal fé, são capazes de transformar o veneno e remédio e evidenciar a sabedoria para a saúde genuína. Embora possa parecer que nuvens escuras pairem no alto, se recitarmos Nam-myoho-renge-kyo com a força de um avião a jato levantando voo, podemos rompê-las e alcançar o céu azul acima delas, onde o sol da nossa natureza de buda brilha radiantemente. É como se depois de vagarmos perdidos na noite escura encontrássemos um campo banhado pela luz do sol, onde flores de todas as cores desabrocham, pássaros cantam e a paisagem de uma vastidão verdejante se estende diante de nós. Transformar destino em missão Os princípios da “amenização do efeito cármico” e da “transformação do destino” em essência equivalem à “transformação de veneno em remédio”. O sofrimento assume um significado totalmente diferente em nossa vida quando iluminado pela condição de vida supremamente nobre do estado de buda. É por essa razão que Daishonin diz a Ota Jomyo: “Por um lado, me entristece saber que está sofrendo, mas, por outro, fico feliz” (CEND, v. I, p. 659). Por meio da fé, podemos transformar drasticamente veneno em remédio, mudando de alguém que fica se perguntando “Por que isto está acontecendo comigo?” e lamenta o destino para alguém que pensa “Esta é a minha chance!” e encara a doença como uma oportunidade de fazer emanar de sua vida o radiante brilho do senso de missão. Trecho do escrito 2 Atingir o Estado de Buda na Forma que se Apresenta11 Com relação ao ideograma myo dos cinco ideogramas que compõem o Myoho-renge-kyo, os eruditos e mestres ofereceram várias interpretações, mas nenhuma delas vai além das ideias apresentadas nos sutras diferentes do Sutra do Lótus. A única exceção é o bodisatva Nagarjuna, que afirma em seu Tratado sobre Grande Perfeição da Sabedoria: “[O Sutra do Lótus é] como um excelente médico capaz de transformar veneno em remédio”. Essa interpretação fornecida por ele parece atingir a essência do ideograma myo. O “veneno” na passagem acima indica as duas primeiras das quatro nobres verdades — a verdade de que toda existência é sofrimento e a verdade de que o sofrimento é causado por fortes desejos egoísticos, bem como pela causa e efeito cármico que confinam os seres vivos aos sofrimentos de nascimento e de morte. Esse é, de fato, o veneno que supera todos os venenos. Mas, por meio do poder extraordinário do ideograma myo, ou “maravilhoso”, esse veneno se transforma na compreensão de que os sofrimentos de nascimento e de morte são o nirvana, de que desejos mundanos são iluminação. Esse é o bom remédio que pode transformar veneno em remédio, portanto, é denominado remédio benéfico. (WND, v. II, p. 585-586) O grandioso poder benéfico do único ideograma myo Essa passagem consta em Atingir o Estado de Buda na Forma que se Apresenta, uma das várias cartas que Daishonin escreveu para a esposa de Ota Jomyo, uma mulher de fé pura. Ele começa agradecendo os oferecimentos enviados por ela e, então, discute o conceito de “atingir o estado de buda na forma que se apresenta”.12 Essa mulher, extremamente instruída e culta, aparentemente havia perguntado a Daishonin sobre esse conceito, e ele o explana empregando o princípio da “transformação de veneno em remédio”. “O veneno que supera todos os venenos” que Daishonin menciona nessa passagem se refere à “causa e efeito cármico que confinam os seres vivos aos sofrimentos de nascimento e de morte” (WND, v. II, p. 585). Em outras palavras, é a ilusão na vida das pessoas comuns presas nos três caminhos dos desejos mundanos, carma e sofrimento.13 O fato de os mortais comuns poderem atingir o estado de buda significa que possuem o potencial para revelar essa suprema condição em sua vida, mesmo que passem pelos sofrimentos dos três caminhos. É o Myoho-renge-kyo,14 a Lei Mística, que torna isso possível, e o ideograma myo representa seu extraordinário e insondável poder benéfico — a suprema essência do que constitui o poder de transformar veneno em remédio. Os sutras diferentes do Sutra do Lótus ensinam que a pessoa só pode alcançar a iluminação erradicando os desejos mundanos, o carma e o sofrimento. Na realidade, por mais que tentemos, é impossível erradicar todos os desejos e nos abster do sofrimento. Tal tentativa apenas nos levaria à negação do nosso próprio ser e também violaria a verdade fundamental da “possessão mútua dos dez mundos”.15 Revelar nosso estado de buda lutando contra os sofrimentos A Lei Mística possibilita que mortais comuns, cuja vida é repleta de ilusão, atinjam o estado de buda exatamente como são, sem erradicar desejos e sofrimento. Recitando Nam-myoho-renge-kyo, transformamos os três caminhos dos desejos mundanos, do carma e do sofrimento nas “três virtudes” — corpo do Darma, sabedoria e emancipação.16 Mesmo que possamos nos encontrar em meio ao sofrimento, confusos ou aflitos em virtude de desejos mundanos, ao iluminarmos nossa vida com a sabedoria da iluminação, conseguimos nos mover em direção à esperança e transformar veneno em remédio. Ao reconhecermos nossos desejos mundanos e sofrimentos como eles são e os enfrentarmos, revelamos nossa natureza de buda inata e estabelecemos uma condição de felicidade. O segredo dessa transformação consiste em agir de acordo com a recomendação de Daishonin: “Sofra o que tiver de sofrer, desfrute o que existe para ser desfrutado. Considere tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida e continue recitando Nam-myoho-renge-kyo, independentemente do que aconteça” (CEND, v. I, p. 713). O carinho e a preocupação de Daishonin por seus discípulos e pelos familiares deles Em outra carta endereçada à esposa de Ota Jomyo, Nichiren Daishonin lhe diz que, em decorrência de ter feito oferecimentos ao Sutra do Lótus, ela será poupada de grandes calamidades e seus benefícios também se estenderão aos seus filhos (cf. WND, v. II, p. 722).17 Ao mesmo tempo em que expressa sincera gratidão a essa discípula e a encoraja, Daishonin também demonstra consideração por toda a família dela. De maneira semelhante, ele incentivou a monja leiga Toki quando ela se encontrava doente. Escreveu-lhe que, junto com o filho dela, Iyo-bo,18 o qual estava sendo instruído por ele nos estudos e na prática do budismo, orava por sua pronta recuperação, para que ela tranquilizasse a sua mente (cf. WND, v. II, p. 666 e CEND, v. II, p. 221-222). Quando alguém adoece, a batalha também é da família inteira. Às vezes, os familiares precisam atuar como cuidadores e podem se esgotar por causa disso. Assim, é importante que eles, do mesmo modo, cuidem também de si. Mantenham a firme convicção de que o Gohonzon está observando claramente seus esforços e que, com segurança, toda a família está sendo protegida pelo poder da Lei Mística. As pessoas que vocês amam serão protegidas, sem falta, pelos budas e bodisatvas das dez direções e das três existências. Transmitir coragem e esperança aos outros Os membros da Soka Gakkai que prosseguem dando tudo de si para cumprir a sua missão pelo kosen-rufu, enquanto enfrentam a doença, não apenas fazem a vida brilhar ao máximo, como também transmitem coragem e esperança às pessoas à sua volta. Por meio da luta contra a doença, abrem amplamente o caminho da felicidade tanto para si como para os outros. Se todas as nossas circunstâncias fossem favoráveis desde o início e jamais experimentássemos qualquer adversidade, não seríamos capazes de compreender os sofrimentos dos outros ou de lhes falar de maneira convincente sobre a grandiosidade do Budismo Nichiren. O significado da doença muda profundamente quando analisada da perspectiva da fé. Numa carta para seu jovem discípulo Nanjo Tokimitsu, Daishonin expressa: “É verdade que em sua família há alguém enfermo? Se houver, não se deve às ações dos demônios. É provável que as dez filhas demônios19 estão testando a força de sua fé” (CEND, v. II, p. 163). Escolhemos nascer neste mundo e enfrentar sofrimentos para que possamos ensinar aos outros o poder do budismo mediante nosso exemplo de lutar intrepidamente e vencer problemas e adversidades. Esse é o modo de vida de “carma adotado por desejo próprio”20 daqueles que perseveraram pelo juramento de bodisatvas da terra”. Nichiren Daishonin revelou o Gohonzon para permitir que as pessoas façam essa extraordinária mudança interior no modo como veem e desfrutam a vida. Com a própria vida, dedicada a propagar a Lei Mística suportando imensas adversidades, ele demonstrou a verdadeira grandiosidade da existência humana. Estar doente não altera a grandeza, nobreza e magnitude da nossa vida. Somos o mais precioso de todos os tesouros. Podemos, com certeza, ter uma existência repleta de esperança, de genuína felicidade e de realização. A luta incessante contra a doença é a prova da saúde Participei de um diálogo sobre saúde e vida com o Dr. René Simard, importante pesquisador sobre o câncer e ex-reitor da Universidade de Montreal, no Canadá, e com o Dr. Guy Bourgeault, eminente bioeticista e professor da mesma universidade. Nossos diálogos foram publicados num livro intitulado Ser Humano — Essência da Ética, da Medicina e da Espiritualidade. O Dr. Bourgeault apresentou um discernimento extremamente perspicaz sobre a relação entre saúde e doença, observando que saúde não consiste na completa ausência de doença, mas, mais que isso, na luta incessante do organismo para preservar um equilíbrio dinâmico em face da constante ameaça da doença.21 Dessa perspectiva, saúde pode ser denominada a condição na qual respondemos com sucesso ao desafio imposto pela “maldade da doença”. Além disso, nós, que abraçamos a Lei Mística, estamos engajados na luta incessante pelo kosen-rufu “dia após dia e mês após mês” (CEND, v. II, p. 263), e, ao procedermos assim, estamos conduzindo uma vida verdadeiramente saudável com força e profundo significado. “Não serei derrotado pela doença!”, “Aniquilarei a maldade da doença!” — quando firmamos esse juramento como bodisatvas da terra, conseguimos avançar invictos em nossa missão pelo kosen-rufu. Empenhando-nos com essa determinação inabalável, abriremos naturalmente o caminho para a genuína saúde e vitória, para uma vida emblemática das “quatro virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza. Encontrar o máximo significado na vida Em outra ocasião, o Dr. Simard destacou que as pessoas devem enfrentar a fragilidade de sua vida e lidar com a questão da melhor forma possível. Manifestou também seu apreço pelo budismo como um ensinamento que nos habilita a encarar essa realidade positivamente, em vez de fugir dela, e encontrar o máximo significado na vida.22 Como o presidente Josei Toda dizia, quando ficamos doentes, estamos interpretando o papel do “bodisatva da doença” — assumindo a forma de uma pessoa que batalha contra a doença para cumprir nossa missão como bodisatvas da terra. Uma existência de triunfo, de resplandecente missão Por abraçarmos a Lei Mística, que possui o poder de transformar veneno em remédio, não temos nada a temer em relação à doença. Irradiemos cada vez mais intensamente o brilho da esperança. Vivamos com otimismo, repletos de coragem, e façamos de cada desafio uma oportunidade para cumprir nossa missão. Recitando poderosamente o rugido de leão do Nam-myoho-renge-kyo para vencer a maldade da doença, vamos nos incentivar mutuamente, trilhando juntos uma existência vitoriosa de brilhantes realizações! (Daibyakurenge, edição de outubro de 2019) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Dr. Daisaku Ikeda é recepcionado com muita alegria em sua primeira visita ao Centro Cultural do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, fev. 1993). Foto: Seikyo Press Notas: 1. “Transformação de veneno em remédio” refere-se a empregar o poder da Lei Mística para transformar uma vida dominada pelos três caminhos dos desejos mundanos, do carma e do sofrimento numa vida que manifesta as “três virtudes” — corpo do Darma, sabedoria e emancipação. Essa expressão consta numa passagem do Tratado sobre Grande Perfeição da Sabedoria, que menciona “um excelente médico capaz de transformar veneno em remédio”. 2. Traduzido do japonês. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 10. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 278. 3. Nessa carta, que se acredita ter sido escrita no décimo primeiro mês de 1275, Daishonin afirma que o Sutra do Lótus é o “bom remédio” para todas as pessoas do mundo e tem o poder de aliviar a doença e assegurar a longevidade. 4. Ota Jomyo (1222–1283), também conhecido como Ota Kingo ou sacerdote leigo Ota, foi um discípulo leigo de Nichiren Daishonin. Junto com Toki Jonin e Soya Kyoshin, Ota foi um de seus principais seguidores na província de Shimosa (atual região norte da província de Chiba e adjacências). 5. Tiantai (538–597): Também conhecido Zhiyi, Tiantai Zhizhe, grande mestre Tiantai e grande mestre Zhizhe. Fundador da escola Tiantai na China. Suas explanações foram compiladas em obras como Profundo Significado do Sutra do Lótus, Palavras e Frases do Sutra do Lótus e Grande Concentração e Discernimento. Nessa última obra, que consiste num registro das preleções que proferiu, ele apresenta a doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida”. As citações dessa explanação são do volume 8 de Grande Concentração e Discernimento. 6. As “quatro virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza — descrevem as nobres qualidades da vida do Buda. São caracterizadas da seguinte forma: “eternidade” significa imutável e eterno; “felicidade” indica tranquilidade que transcende todo sofrimento; “verdadeiro eu” refere-se à natureza verdadeira e intrínseca; e “pureza” significa livre de ilusão ou conduta errônea. 7. “Amenização do efeito cármico”: Essa expressão, que significa literalmente “transformar o pesado e recebê-lo de forma mais leve”, consta no volume 31 do Sutra do Nirvana. “Pesado” indica o carma negativo acumulado ao longo de incalculáveis existências passadas. Como benefício de proteger o ensinamento do budismo, podemos experimentar um efeito cármico relativamente leve nesta existência, expiando, desse modo, o carma passado que normalmente nos afetaria de forma negativa não apenas nesta, mas em muitas existências futuras. 8. Perseguição de Tatsunokuchi: Tentativa fracassada, instigada por indivíduos poderosos do governo, de decapitar Daishonin sob o manto da escuridão na praia de Tatsunokuchi, nas cercanias de Kamakura, no décimo segundo dia do nono mês de 1271. 9. Miaole (711–782): Grande mestre Miaole, também conhecido como grande mestre Jingxi em homenagem à sua terra natal. Ele é reverenciado como o restaurador da escola. Seus comentários sobre as três principais obras de Tiantai intitulam-se Anotações sobre “Profundo Significado do Sutra do Lótus”, Anotações sobre “Palavras e Frases do Sutra do Lótus” e Anotações sobre “Grande Concentração e Discernimento”. 10. Extraído de Anotações sobre “Palavras e Frases do Sutra do Lótus”. 11. Escrita em 1275 e endereçada à esposa de Ota Jomyo, essa carta salienta que o ensinamento crucial sobre atingir o estado de buda na forma que se apresenta se encontra apenas no Sutra do Lótus. Daishonin também explica duas das “quatro nobres verdades” — a verdade de que toda existência é sofrimento e a verdade de que o sofrimento é causado por fortes desejos egoísticos. 12. Atingir o estado de buda na forma que se apresenta: Significa atingir o estado de buda nesta existência exatamente como a pessoa é, sem passar por infinitos éons de prática budista. 13. Três caminhos dos desejos mundanos, do carma e do sofrimento. São chamados “caminhos” porque um conduz ao outro. Os desejos mundanos, tais como ódio, avareza, ira, estupidez, arrogância e dúvida, inspiram ações que originam o mau carma. O efeito desse mau carma manifesta-se como sofrimento. O sofrimento produz mais desejos mundanos, que conduzem a mais ações errôneas, que, por sua vez, geram mais carma negativo e sofrimento. Desse modo, os três caminhos atuam para impedir que a pessoa atinja o estado de buda. 14. Daishonin frequentemente emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus escritos. 15. “Possessão mútua dos dez mundos”: Princípio de que cada um dos “dez mundos” possui o potencial para todos os outros dez dentro de si. “Possessão mútua” significa que a vida não permanece fixa em um ou em outro dos dez mundos, mas pode se manifestar em qualquer um dos estados de vida dos dez mundos — do estado de inferno ao estado de buda — a qualquer momento. O ponto importante desse princípio é que todos os seres em qualquer um dos nove mundos possuem a natureza de buda. Isso indica que a condição de vida de uma pessoa pode mudar e que todos os seres vivos dos nove mundos possuem o potencial da iluminação, enquanto um buda também possui os nove mundos e, nesse sentido, não é separado ou diferente das pessoas comuns. 16. “Três virtudes” — corpo do Darma, sabedoria e emancipação. Três atributos de um buda. O corpo do Darma indica a verdade que o Buda compreendeu; sabedoria, a capacidade para compreender essa verdade; e emancipação, a condição de ser livre dos sofrimentos de nascimento e morte. 17. Em Os Oito Infernos Gelados, Daishonin escreve: “E agora, eis uma mulher que doa um manto ao Sutra do Lótus. Em vidas futuras, ela não só se livrará dos sofrimentos dos oito infernos gelados, como também em sua presente existência será poupada de grandes calamidades. Seus benefícios serão tamanhos que se estenderão aos filhos e às filhas, de modo que eles serão agasalhados com manto sobre manto, de cores e mais cores!” (WND, v. II, p. 722). 18. Iyo-bo (1252–1317): Discípulo de Daishonin. Sua mãe era a monja leiga Toki. Quando ela se casou novamente, Toki Jonin tornou-se padrasto dele. Iyo-bo recebeu treinamento de Daishonin e é mencionado em várias cartas de Daishonin endereçadas à monja leiga Toki. 19. “Dez filhas demônios”: Demônios femininos descritos no capítulo 26, “Dharani”, do Sutra do Lótus, como “filhas dos demônios rakshasa” ou “dez filhas de rakshasa”. Nesse capítulo, elas juram proteger os devotos do Sutra do Lótus dizendo que punirão aqueles que causarem problemas a esses devotos. 20. “Carma adotado por desejo próprio”: Isso se refere aos bodisatvas, que, embora qualificados a receber as puras recompensas da prática budista, abrem mão delas e firmam o juramento de renascer num mundo impuro para salvar os seres vivos. Eles propagam a Lei Mística e passam pelos mesmos sofrimentos daqueles que nascem no mundo maléfico devido ao carma. Essa expressão se origina da interpretação de Miaole sobre relevantes passagens do capítulo 10, “O Mestre da Lei”, do Sutra do Lótus: “Rei dos Remédios, deve entender que essas pessoas abrem mão por vontade própria das recompensas que lhes são cabidas pela pureza de suas ações e, na época após eu ter entrado em extinção, por se apiedarem dos seres vivos, elas renascerão neste mundo maléfico e para poder expor amplamente este sutra” (LSOC, cap. 10, p. 200). 21. Cf. BOURGEAULT, Guy; IKEDA, Daisaku; SIMARD, René. Ser Humano: Essência da Ética, da Medicina e da Espiritualidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2012. 22. Traduzido do japonês. Artigo do Seikyo Shimbun, edição de 19 de novembro de 2016.

01/12/2022

Na prática

A chave para a boa saúde

Uma das “Cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai” é “Prática da fé para manter a boa saúde e obter longevidade” — dois pontos intrinsecamente ligados. Nosso mestre, Dr. Daisaku Ikeda, é um exemplo claríssimo de longevidade, visto que, na juventude, os médicos afirmavam que ele não chegaria aos 30 anos devido à saúde frágil. Na infância, no período da Segunda Guerra Mundial, por conta da escassez de comida, ele não se alimentava direito, fato determinante para corroer ainda mais seu vigor físico — além de sofrer de um quadro grave de tuberculose. Ikeda sensei se recorda: “A minha juventude foi sombria por ter contraído tuberculose. Era magro e não tinha condições de alimentar-me satisfatoriamente”.1 No Estudo da edição, ele reflete, com propriedade:   A doença constitui um dos “quatro sofrimentos universais” — nascimento, envelhecimento, doença e morte; não é estranha a nenhum de nós. Mas ela pode nos levar ao desespero, a desistir da vida e a perder a força para continuar vivendo. Esse aspecto da doença, que suga a vitalidade das pessoas, atuando como um “ladrão de vida”, é o que o budismo considera um “demônio”, uma “maldade” ou função da maldade.2 Desse modo, a editoria Na Prática, inspirada na postura do Mestre, apresentará a chave para manter a boa saúde, ressaltando a importância de manifestar iluminada sabedoria, a partir da prática budista, especialmente nos momentos de profundo sofrimento, em benefício não somente de si, mas também como encorajamento para as pessoas ao redor. Duas categorias da doença A definição de saúde apresentada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) está muito associada ao olhar do Budismo de Nichiren Daishonin sobre o tema. A entidade diz que talvez seja evidente uma pessoa estar saudável quando não está doente. Mas, quando se leva em conta o que pode, de fato, provocar o surgimento de doenças, a discussão é bem mais ampla.3 Considerando isso, em 1946, a OMS definiu saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou de enfermidade. A relação entre corpo e mente também é explicitada pela sabedoria budista. Seus ensinamentos classificam as doenças em duas categorias. No livro Sabedoria na Saúde, o presidente Ikeda comenta: A relação entre a mente e a doença, a mente e a saúde, é um ponto em que o budismo e a medicina convergem. Os escritos budistas também apresentam muitas formas de classificar as doenças. No Gosho, Nichiren Daishonin escreve sobre as 404 enfermidades do corpo e os 84 mil tipos de doenças da mente, sendo que os últimos surgem dos três venenos da avareza, ira e estupidez. O budismo não é simplesmente um ensino espiritual; tampouco trata-se de teoria abstrata. Ele focaliza a realidade das doenças físicas e mentais e procura amenizar o sofrimento a partir das perspectivas de sua filosofia e da medicina. Além disso, é muito natural que o budismo se preocupe em primeiro lugar com o papel da mente. E como as doenças relacionadas ao estresse aumentam, a relação entre a mente e a saúde em geral será ainda mais focalizada.4 Assim como afirmado, o ensinamento budista é um inestimável meio para amenizar o sofrimento das pessoas envoltas pela doença. O presidente Ikeda diz ainda: Muitas pessoas se sentem vulneráveis quando ficam doentes. Recitar o rugido do leão do Nam-myoho-renge-kyo é o único caminho para aniquilar as funções da maldade que minam nossa confiança. Quando nossa vida reverbera esse poderoso rugido do leão, não temos nada a temer.5 Foi reverberando o rugido do leão do Nam-myoho-renge-kyo, aliado à precaução com a saúde que Ikeda sensei pôde, ao longo da jornada da vida, vencer a maldade da doença. Por isso, podemos afirmar que a prática budista é a chave certeira para obter a sabedoria cotidiana que reflita em hábitos e postura adequados para o bom funcionamento do corpo, e em energia vital para manter sempre a atitude mental positiva. Independentemente de ser acometido pela doença do corpo ou da mente, ou alguém próximo sofra com ela, o importante é não deixar que essa adversidade subtraia a vitalidade de lutar para vencer uma grande mazela. A seguir, vamos conhecer brevemente a história de Sidney Tojer, médico, consultor do Departamento de Saúde (Depas) da BSGI e vice-coordenador da Coordenadoria Cultural da BSGI. Em momentos distintos, ele passou pelo desafio das doenças do corpo e da mente. Para a Terceira Civilização, de forma exclusiva, ele explica por que a prática budista foi fundamental para superar as difíceis situações. Depoimento Sidney Tojer Eu, como médico e praticante dos ensinamentos de Nichiren Daishonin, sempre estou atento aos conteúdos que trazem reflexão sobre os “quatro sofrimentos da vida” — nascimento, envelhecimento, doença e morte —, pois me remontam a duas experiências marcantes. A primeira e mais antiga é quando evidenciei um quadro grave de depressão. Naquele momento, experimentei a ação da “maldade da doença”, conforme mencionado pelo presidente Ikeda no Estudo da edição, que suga a energia vital, provoca o desânimo e a falta de esperança. Com os incentivos de um veterano da BSGI, comecei a desafiar a recitação de daimoku, estabelecendo um juramento de extinguir essa maldade e erradicando a depressão. Foi uma longa batalha, mas, ao me levantar com a determinação de vencer “custasse o que custasse”, consegui enfim ultrapassar essa árdua adversidade. A segunda e mais recente é que senti verdadeiramente a proteção obtida com a prática budista constante no decorrer da minha vida. Em maio deste ano (2022), tive um sério problema cardíaco que poderia ser irreversível. Estava com 97% de obstrução de uma das coronárias. Embora o quadro fosse delicado, não fui dominado pela força da maldade da doença nem fiquei abalado ou desesperado; a todo tempo eu estava convicto de que sairia ileso da grave situação. E, para minha imensa felicidade, o processo, desde a descoberta do problema até os procedimentos invasivos, transcorreu com total êxito. De acordo com os médicos, não terei nenhum comprometimento funcional. Quanta boa sorte! Como budistas, além de nos munirmos de energia vital e muita sabedoria com a recitação do daimoku, outro ponto determinante para prevenirmos qualquer tipo de doença é a procura pela medicina regularmente, assim como a busca por profissionais, quando for preciso, que cuidam da saúde mental para tratamento e prevenção. E também exercermos ações saudáveis diárias como alimentação adequada, exercícios constantes, atitude mental positiva, agir em benefícios da felicidade das demais pessoas, entre tantas outras condutas que devem ser incorporadas ao nosso dia a dia. Com a vivência do Dr. Sidney, podemos compreender ainda mais que, nos períodos de grande desafio, especialmente da doença, estar ao lado de pessoas que nos amparam — como o veterano dele, que foi importante no momento crucial da depressão —, além da prática budista constante, é essencial para que a tranquilidade e a decisão de vencer não deem lugar ao desânimo e à descrença. Apresentaremos, a seguir, trechos de orientações do presidente Ikeda6 para cuidar da mente e do corpo que podem ser postas em execução na vida diária de qualquer pessoa. Recite gongyo e daimoku com entusiasmo e vigor A boa sorte e os benefícios que extraímos ao orarmos vigorosamente são imensuráveis. Nosso corpo, coração e mente começam a exibir seu ilimitado potencial latente. Além disso, do ponto de vista médico, sentar-se ereto e respirar profundamente também são considerados muito benéficos para a saúde. O aumento da nossa capacidade respiratória beneficia nosso sistema cardiovascular. Um membro do Departamento de Profissionais da Saúde (do Japão) observou que usar a voz é uma maneira importante para aliviar o estresse. Quando as pessoas deixam de fazer uso da voz, tendem a envelhecer mais rapidamente. Sentar-se adequadamente e juntar as palmas das mãos ao recitar gongyo e Nam-myoho-renge-kyo é, em todos os sentidos, o ato mais solene e significativo, de acordo com os princípios subjacentes que governam o universo. Nosso corpo unido à nossa mente, individualmente, como microcosmo, se alinha e se funde com o ritmo fundamental do universo, o macrocosmo. Dessa forma, dia após dia, nosso ser rejuvenesce. Esse é o primeiro fundamento para a saúde e longevidade. Mantenha uma vida equilibrada Dormir o suficiente é outra base importante para a boa saúde. Não ter um sono adequado é como deixar o motor de um carro constantemente ligado. Acabará apresentando falhas ou enguiçando. Administrar o tempo com sabedoria, tentar realizar o gongyo com antecedência e ir se deitar cedo nos permitem estar preparados para iniciar a manhã seguinte revigorados. Desenvolver sabedoria e autocontrole para pôr esses procedimentos em prática beneficia a saúde. Ficar preso ao ciclo nocivo de se manter acordado até tarde, mesmo que seja por rotina ou força do hábito, dormir demais e despertar sem se sentir revigorado significam, definitivamente, não pôr a fé em prática de maneira correta na vida diária. Dedique-se à felicidade de outras pessoas A atividade física é, logicamente, um fator crucial para melhorar a saúde. [Da mesma forma,] os esforços ao contribuir para a propagação do budismo, a felicidade das outras pessoas e o bem da sociedade são uma inimaginável fonte de revitalização interior e energia para viver com ânimo. Em contraste, se paramos de agir pelos outros, considerando tais esforços um aborrecimento e nos fechamos em uma concha de vantagens pessoais e frio individualismo, então, nosso corpo e nossa mente começarão a estagnar e, em virtude disso, nos tornaremos mais suscetíveis a doenças. Precisamos nos movimentar. Quando os seres vivos, que têm a capacidade de se mover, deixam de ser ativos, começam a declinar. O mesmo ocorre com a água de um rio. Se a água parar de correr, se tornará turva e fétida. No domínio da Lei Mística, também, aqueles que abandonaram a prática por achar que contribuir para a felicidade de outras pessoas era uma tarefa tediosa são indivíduos que permitiram que a água cristalina de sua fé se tornasse turva, levando-os a estagnar espiritualmente. Tenha bons hábitos alimentares Comer em demasia pode levar à obesidade. O grande mestre Tiantai, da China, listou o ato de comer ou beber de forma imprópria como uma causa da doença. Como corrigir hábitos alimentares desequilibrados? Como, efetivamente, controlar o desejo de comer mais do que necessitamos? É exatamente aí que precisamos aplicar a sabedoria e o bom senso. De acordo com a medicina, é desejável parar de ingerir alimentos três horas antes de ir se deitar. Mas, se estiverem realmente com fome e acharem que é impossível não comer nada, prefiram vegetais ou qualquer outro alimento de baixa caloria. Estar doente não é sinônimo de fraqueza ou de derrota Certamente, todos experimentarão os “quatros sofrimentos inevitáveis da vida humana”, expostos no budismo: nascimento, envelhecimento, doença e morte. Portanto, como vimos ao longo da matéria, a doença não é sinônimo de fraqueza ou de derrota. Mesmo em uma situação de saúde adversa que possa parecer angustiante — como a apresentada pelo Dr. Sidney Tojer e o relato da juventude de Ikeda sensei —, não se entregar ao desespero e à desesperança e cultivar momento a momento a determinação da superação são a autêntica expressão de plena vitória, sempre fundamentados na prática da fé, nas orientações encorajadoras do Mestre e nos diálogos e incentivos de veteranos e amigos da organização de base. Com isso, podemos ir além de obter a saúde para nós mesmos. Ikeda sensei declara: Mesmo que os familiares não pratiquem o budismo, você deve ser esse sol da esperança que ilumina e conduz a família à felicidade absoluta. Na luta contra a doença, seja individual ou familiar, você é capaz de atingir a condição mais pura da saúde. Ore um sincero daimoku e confie na força do Gohonzon. Lute sem medo e avance com perseverança. Não aceite a derrota e jamais retroceda um passo. Se assim fizer, você certamente triunfará!7 Dessa maneira, a prática budista é a chave precisa para obtermos sabedoria e energia vital renovada, vencermos a maldade da doença, e, consequentemente, conquistarmos uma infindável boa saúde e longevidade. Além do mais, essa postura impassível poderá entusiasmar outras pessoas a não se abaterem diante da enfermidade. No topo: Presidente Ikeda passeia de bicicleta no Centro de Treinamento de Nagano (Karuizawa, Tóquio, ago. 1988). Foto: Seikyo Press. Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.805, 30 jul. 2005, p. A3. 2. Terceira Civilização, ed. 651, nov. 2022, p. 59. 3. Cf. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-me-exercitar/noticias/2021/o-que-significa-ter-saude#:~:text=Seguindo%20essa%20linha%20mais%20abrangente,com%20a%20defini%C3%A7%C3%A3o%20de%20sa%C3%BAde. 4. IKEDA, Daisaku. Sabedoria na Saúde. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2012. p. 10. 5. Terceira Civilização, ed. 651, nov. 2022, p. 61. 6. Brasil Seikyo, ed. 2.316, 19 mar. 2016, p. B1. 7. Brasil Seikyo, ed. 2.174, 15 set. 2012, p. B2.

01/11/2022

Estudo

[53] Aqueles que estão travando uma batalha contra a doença atingirão o estado de buda — vencer a maldade da doença com o rugido do leão do Nam-myoho-renge-kyo

Explanação Como seria o século 21? Quando me encontrei com o renomado químico e recebedor do Prêmio Nobel da Paz Linus Pauling (1901–1994), compartilhei com ele minha visão de como seria o século da vida. Em resposta a isso, ele disse: “Presumo que por ‘século da vida’ esteja se referindo a um século em que se preste mais atenção aos seres humanos, e a felicidade e saúde deles. (...) Nesse sentido, também acho uma boa ideia considerar o século 21 como o século da vida”.1 Saúde, elemento essencial dos direitos humanos fundamentais Todos merecem viver numa sociedade pacífica e desfrutar saúde e felicidade. Todos, incluindo os enfermos e as pessoas com deficiência, merecem viver com dignidade e se aliviar da ansiedade e da dor da doença. Todos merecem viver livres da ameaça de ambientes prejudiciais, da fome e de doenças infecciosas. No mundo atual, além da paz, a saúde constitui um elemento essencial dos direitos humanos fundamentais, e tornou-se uma questão que afeta, sobretudo, a dignidade humana. Um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) são “saúde e bem-estar” para todos. Tenho o profundo compromisso de assegurar que o século 21 seja o século da vida e também o século da saúde, nos quais cada pessoa possa brilhar e andar de cabeça erguida com orgulho e confiança, como uma nobre torre de tesouro da vida. Budismo visa solucionar os sofrimentos do nascimento e da morte Desde os primórdios do nosso movimento, a Soka Gakkai foca sua atenção, com sinceridade e seriedade, num problema humano fundamental: a doença. Evidentemente, a ciência médica continua efetuando avanços extraordinários na pesquisa sobre os sintomas e tratamento de doenças. É muito natural que respeitemos a expertise médica e façamos uso dela. A ciência médica e a fé no Budismo Nichiren não são, de modo algum, contraditórias. No período em que a Soka Gakkai estava se empenhando em levar a luz da esperança e da renovação às pessoas no Japão pós-guerra, ela era alvo de escárnio e criticada como um “bando de pobres e doentes”. Porém, meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, declarava com orgulho: “O que há de errado em ser um bando de pobres e doentes? Uma religião realmente eficaz não deve ajudar aqueles que mais estão sofrendo?”. O senso comum dita que menosprezar as pessoas por ser pobres ou doentes constitui um comportamento vergonhoso e uma afronta aos direitos humanos delas. Mas infelizmente muitos ignoraram esse fato. Uma genuína religião transmite coragem e força O problema da doença não são apenas os sintomas físicos, mas o fato de subtrair das pessoas até a esperança de viver, destruir seu meio de sustento e a sensação de bem-estar, e deixar seu futuro suspenso. Uma genuína “religião em prol das pessoas” combate a energia negativa a qual o budismo denomina “maldade da doença”, concedendo às pessoas a coragem e a força para continuar vivendo, ao mesmo tempo em que restaura sua dignidade humana. Abraçando a “felicidade para todos” como nosso objetivo maior, nós, da Soka Gakkai, nos empenhamos ao lado daqueles que sofrem à margem da sociedade — sempre nos encorajando mutuamente a superar as adversidades da vida e a celebrar nossas vitórias juntos. Essa história é o orgulho dos membros Soka, que seguiram avançando com o juramento de permanecer sempre ao lado do povo. Superando os sofrimentos do envelhecimento, da doença e da morte O budismo lida com as inevitáveis realidades humanas do envelhecimento, da doença e da morte e busca solucionar o sofrimento que elas causam. Todos querem desfrutar saúde, longevidade e encontrar a felicidade. Por essa razão, a perspectiva e o discernimento budistas sobre a vida com certeza proporcionarão uma esperança mais radiante para a humanidade. A partir desta edição, gostaria de compartilhar importantes passagens dos escritos de Nichiren Daishonin com base no tema “Rumo ao Século da Saúde: Sabedoria para Ter uma Vida Longa, Repleta de Boa Sorte e Benefício”, começando com uma conhecida passagem de O Remédio Benéfico para Todos os Males. Trecho do escrito 1 O Remédio Benéfico para Todos os Males Como o Sutra Vimalakirti e o Sutra do Nirvana ensinam que as pessoas enfermas sem falta atingirão o estado de buda, não seria a doença (...) um desígnio do Buda? A doença faz surgir em nós a determinação de entrar no caminho. (CEND, v. II, p. 202) Doença, um desígnio do Buda Nichiren Daishonin escreveu essas sinceras palavras de incentivo para a monja leiga Myoshin, que cuidava do marido enfermo, o sacerdote leigo Takahashi. 2 O presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, considerava esse trecho muito importante e sempre o citava ao encorajar os membros. A condição de saúde do sacerdote leigo Takahashi era bastante grave, e sua esposa, sem dúvida, estava extremamente preocupada. Daishonin abraça calorosamente o casal por meio dessa carta, dizendo-lhes que “os cinco ideogramas de Myoho-renge-kyo”3 são o “bom remédio para os males dos habitantes de Jambudvipa [o mundo inteiro]” (LSOC, cap. 23, p. 330), e acrescenta: “Não seria a doença (...) um desígnio do Buda? (CEND, v. II, p. 202). Tenho a certeza de que a grande compaixão de Daishonin aliviou a ansiedade deles e lhes proporcionou profundo conforto e paz de espírito. Nichiren Daishonin está nos dizendo que, ao nos depararmos inesperadamente com o sofrimento da doença, não devemos encarar o fato com repulsa. Antes, devemos considerá-la parte integrante da preciosa experiência de estar vivo, e uma etapa indispensável em nossa jornada para atingir o estado de buda nesta existência e desfrutar a felicidade eterna. Agindo dessa forma, reconheceremos o acometimento da doença como um “momento crucial” para despertar uma fé mais forte que nunca. Com esse espírito, podemos ultrapassar sem falta as provações da doença e conhecer o sabor mais profundo da vida, e, ao mesmo tempo, desenvolver um enorme crescimento pessoal. “Nascimento e morte são originalmente inerentes à própria vida” O Sutra Vimalakirti descreve uma interlocução entre Vimalakirti, seguidor leigo que se dedicava à prática do caminho do bodisatva e se encontrava acamado, e o bodisatva Manjushri, um dos principais discípulos do Buda. Manjushri visita Vimalakirti e lhe pergunta por que ele adoeceu; ao que este responde: “Como todos os seres vivos estão doentes, eu, portanto, estou doente”.4 Vimalakirti prossegue, dizendo: “A doença do bodisatva origina-se de sua grande compaixão”.5 Ele está afirmando, em outras palavras, que o espírito de bodisatva consiste em acolher a doença para compartilhar dos sofrimentos de todos os seres vivos e que proceder assim faz parte da prática do bodisatva. No Sutra do Nirvana também, o Buda assume a aparência de uma pessoa doente. Daishonin diz que isso ocorre para demonstrar “que as pessoas enfermas sem falta atingirão o estado de buda” (CEND, v. II, p. 202). Além disso, o Sutra do Lótus descreve o Buda como alguém que possui alguns males e preocupações (cf. LSOC, cap. 15, p. 254). Budas e bodisatvas, assim como todos nós, manifestam o princípio da “possessão mútua dos dez mundos”6 e, desse modo, não podem escapar dos “quatro sofrimentos universais” — nascimento, envelhecimento, doença e morte. Como Daishonin ensina, “nascimento e morte são originalmente inerentes à própria vida” (cf. OTT, p. 127). Doença é uma parte natural da vida. Adoecer não é nada do que se deva envergonhar; nem sinal de que falhamos de algum modo. No entanto, alguns podem começar a nutrir dúvidas, indagando por que ficaram doentes apesar de praticarem o Budismo Nichiren, ou censurando-se por adoecerem em determinada época. Por isso, é importante analisar os fatos da perspectiva da fé, de que a doença é “um desígnio do Buda” (CEND, v. II, p. 202). Por abraçarmos o Nam-myoho-renge-kyo, não há sofrimento cármico que não possamos ultrapassar. Não há necessidade de nos afligirmos ou termos medo. O que conta é a maneira como encaramos a doença, e a nossa determinação de como lidar com ela. O nobre espírito de buscar o budismo Daishonin escreve: “A doença faz surgir em nós a determinação de entrar no caminho” (CEND, v. II, p. 202). “A determinação de entrar no caminho” é o espírito de buscar o caminho do buda, de ingressar na órbita do estado de buda. Recitando Nam-myoho-renge-kyo e enfrentando a doença com a determinação de não sermos derrotados por ela, podemos expandir a condição de vida interior do estado de buda e conduzir uma existência mais profunda, mais forte e mais nobre. Seremos capazes, então, de experimentar o benefício de ver o verdadeiro aspecto da doença, do envelhecimento e da morte e encará-los sem medo. Discutindo o fato de que o Buda também possui alguns males e preocupações, Toda sensei disse que se o Buda não vivenciasse a doença por si mesmo, não teria empatia por aqueles que estão padecendo de enfermidades e, portanto, não poderia conduzi-los à iluminação.7 Desse modo, ele afirmou que a doença também tem um profundo significado em nossa vida. Rever nossa própria vida e nossa missão O escritor russo Liev Tolstói (1828–1910), que passou por vários problemas de saúde, observou sabiamente: “A doença deve ser encarada como condição natural da vida”.8 Acrescentou ainda: “Doença nenhuma pode impedir uma pessoa de fazer o que tem a fazer”;9 e “Uma pessoa pode cumprir seu propósito na vida tanto na doença como na saúde”.10 Em outras palavras, quando consideramos a doença como um dos sofrimentos intrínsecos à vida, podemos apreciar a verdadeira riqueza da experiência de estar vivo. O budismo vê a doença como um “fator inerente à vida” (OTT, p. 174). Ao nos defrontarmos com a doença, passamos a compreender a importância da saúde e da preciosidade da vida. Podemos rever nossa própria vida e nossa missão. Além disso, nossa determinação, forte fé e orações para lutar contra a doença transmitem coragem e esperança para as pessoas ao nosso redor. Elas demonstram a nobreza do espírito humano. Saúde e doença são inseparáveis. No Budismo Nichiren, a doença é, em si, a missão. Trecho do escrito 2 Resposta a Kyo’o11 Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo? (CEND, v. I, p. 431) “Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão” Um número incalculável de membros da Soka Gakkai travou e venceu a batalha contra a maldade da doença inspirando-se nessa passagem de Resposta a Kyo’o. Num trecho anterior desse escrito, Daishonin afirma que ele próprio estava orando “a cada minuto do dia” (CEND, v. I, p. 431) pela recuperação de Kyo’o, a pequena filha de dois discípulos leigos. Aqui, ele está encorajando os pais de Kyo’o, asseverando que doença nenhuma pode prejudicar aqueles que recitam o rugido de leão do Nam-myoho-renge-kyo; a doença será subjugada, assim como o rugido do leão amedronta todos os outros animais. Membros do Japão e do mundo inteiro, compartilhando da missão dos bodisatvas da terra, sempre despertaram a coragem e a determinação de não ser derrotados pela maldade da doença, assim como Daishonin ensina. Não há tempestades de obstáculos ou ações da maldade capazes de barrar nosso caminho direto para atingir o estado de buda, a grande estrada da felicidade e da vitória no kosen-rufu e na vida. Não permitiremos que nada obstrua nosso caminho. Contanto que continuemos recitando o rugido de leão do Nam-myoho-renge-kyo, então, de acordo com as palavras de Daishonin “O infortúnio se transformará em boa sorte” (CEND, v. I, p. 431), transformaremos, sem falta, veneno em remédio12 e transformaremos o destino.13 Disso não há dúvida alguma. Nada se iguala ao poder do rugido de leão do Nam-myoho-renge-kyo recitado por mestres e discípulos Soka. A diferença entre a doença e a maldade da doença Agora, quero reiterar que existe uma diferença entre a doença e a maldade da doença. A doença constitui um dos “quatro sofrimentos universais” — nascimento, envelhecimento, doença e morte; não é estranha a nenhum de nós. Mas ela pode nos levar ao desespero, a desistir da vida e a perder a força para continuar vivendo. Esse aspecto da doença, que suga a vitalidade das pessoas, atuando como um “ladrão de vida”, é o que o budismo considera um “demônio”, uma “maldade” ou função da maldade. Precisamos enxergar esse aspecto da maldade da doença como função da maldade e combatê-la corajosamente por meio do poder da nossa fé e prática budistas. Devemos não ser derrotados por ela. Ao lutarmos contra a maldade da doença e triunfar sobre ela, podemos revelar nosso estado de buda. O som de mestre e discípulos recitando em uníssono Quando jovem, sofria de tuberculose e tinha uma péssima condição física. Os médicos disseram que eu não chegaria aos 30 anos. Enquanto eu me empenhava na linha de frente do nosso movimento pelo kosen-rufu como discípulo de unicidade de Toda sensei e me dedicava incansavelmente a promover um renovado e vitorioso avanço, uma febre baixa e a dor crônica me afligiam o tempo todo. Sentia-me extremamente frustrado, desejando ser mais forte e saudável. Lembro-me de ter sido repreendido por Toda sensei um dia, quando realizava esforços frenéticos para ajudá-lo a solucionar os problemas dos negócios dele em meio à recessão pós-guerra. Talvez por notar como estava pálido e exausto, ele disse: “Daisaku! Você não tem um pingo de energia vital! Se sua energia vital for fraca, será derrotado!”. Ele me levou até o Gohonzon, sentou-se comigo e recitou Nam-myoho-renge-kyo com uma força que, literalmente, parecia esmurrar o demônio da doença até subjugá-lo. O daimoku dele era realmente o rugido de um leão. Estimulado pelo amor rigoroso do meu mestre, reuni nova coragem e evoquei a ilimitada energia vital de um impetuoso leão no ataque. Dessa forma, meu mestre possibilitou que eu vencesse a maldade da doença e construísse uma vida de saúde e longevidade, de modo que pudesse cumprir minha missão pelo kosen-rufu. Por isso, sou eternamente grato a ele. No Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Daishonin explana a expressão “rugido do leão”, dizendo: “O ‘rugido’ é o som de mestre e discípulos recitando em uníssono” (OTT, p. 111). A Soka Gakkai venceu todo tipo de adversidades por meio das orações de mestres e discípulos unidos na recitação do rugido do leão do Nam-myoho-renge-kyo. Todos com a condição de “os seres vivos vivem felizes e tranquilos” Toda sensei sempre oferecia orientação individual aos membros na linha de frente da organização, e abordava diretamente os problemas que eles estavam enfrentando. Ele realizava periodicamente sessões de perguntas e respostas para ouvir as preocupações de cada membro, que, com frequência, eram sobre doença. Toda sensei percebia claramente se a pessoa que fazia a pergunta estava determinada a lutar contra a maldade da doença por meio da fé. Proporcionava orientações rigorosas a qualquer um que ele sentisse não estar assumindo total responsabilidade pela situação ou demonstrasse indícios de resignação ou dúvida. Muitas pessoas se sentem vulneráveis quando ficam doentes. Recitar o rugido do leão do Nam-myoho-renge-kyo é o único caminho para aniquilar as funções da maldade que minam nossa confiança. Quando nossa vida reverbera esse poderoso rugido do leão, não temos nada a temer. Em Resposta a Kyo’o, Daishonin também expressa: “Onde quer que sua filha esteja brincando, nada de mal lhe acontecerá; ela será corajosa como o rei leão” (CEND, v. I, p. 431). Contanto que continuemos recitando o rugido de leão do Nam-myoho-renge-kyo, então, não obstante que doença, adversidade ou infortúnio encontremos, seremos corajosos “como o rei leão”. Experimentaremos uma condição de total felicidade e liberdade, conforme os dizeres da passagem do Sutra do Lótus: “Os seres vivos vivem felizes e tranquilos” (LSOC, cap. 16, p. 272).14 Pode ser difícil para uma criança tão nova como Kyo’o recitar dessa maneira. Até mesmo adultos podem achar difícil fazer gongyo e recitar daimoku quando estão no hospital ou lidando com uma doença grave. Por vezes, eles não têm outra opção a não ser orar silenciosamente em seu coração. Mas o rugido de leão do Nam-myoho-renge-kyo recitado pela família e amigos alcançará e permeará sua vida sem falta. “Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?” (CEND, v. I, p. 431), escreve Daishonin. Tenhamos profunda convicção nessas palavras. “Confie no poder do Sutra do Lótus” Ao longo de seus escritos, Daishonin incentiva muitos discípulos — homens, mulheres, jovens e idosos — em suas batalhas contra a doença. À monja leiga Toki, que havia sido tomada pelo desânimo em virtude de sua prolongada enfermidade, ele escreve: “Por ser uma devota do Sutra do Lótus, não terá morte prematura. (...) Pode confiar no poder do Sutra do Lótus para curá-la” (cf. CEND, v. I, p. 686). Prosseguindo, afirma: “Tenha a absoluta certeza de que sua doença não irá perdurar, e que sua vida se prolongará sem falta! Cuide-se e não deixe que a angústia perturbe sua mente” (CEND, v. I, p. 686). Ele a encoraja a avançar com a forte convicção de que vencerá a maldade da doença. Repreendendo duramente as tropas da maldade Quando Nanjo Tokimitsu se encontrava gravemente enfermo, Daishonin, apesar de ele próprio também estar doente, repreendeu duramente as funções da maldade que estavam importunando seu discípulo, dizendo: “Vocês, demônios, ao permitir que este homem [Tokimitsu] sofra, acaso estão tentando engolir uma espada pela ponta, abraçar um incêndio devorador ou se tornar arqui-inimigos dos budas das dez direções nas três existências?” (CEND, v. II, p. 376). Encorajado pelo impetuoso rugido de leão de Daishonin, Tokimitsu venceu a maldade da doença e teve uma vida longa dedicada ao cumprimento de sua missão em prol do kosen-rufu. A despeito das dificuldades e dos desafios que a doença possa impor, precisamos ter fé em nosso potencial e desfrutar nossa vida à plenitude até o fim. Viver com tal força e resiliência constitui, em si, a prova real da vitória no que se refere à saúde. O comportamento natural do Buda dos Últimos Dias da Lei Numa primavera em seus últimos anos de vida, quando padecia com problemas de saúde, Nichiren Daishonin recebeu algas wakame e outros presentes de um discípulo que veio visitá-lo. Numa carta expressando sua gratidão, Daishonin diz que a visita e o wakame em especial o fizeram se sentir “apto o suficiente para ir caçar um tigre ou que poderia cavalgar num leão” (cf. WND, v. II, p. 991).15 “Eu me sinto muito melhor graças a você” — como essa sincera mensagem de Daishonin deve ter emocionado e inspirado o discípulo. Por meio do seu exemplo de viver intrepidamente até o fim, Daishonin proporcionou a uma infinidade de pessoas a coragem para continuar vivendo. Esse é o comportamento natural do Buda dos Últimos Dias da Lei. A filosofia de vida budista é o farol de esperança para nossa época Ao observarmos a história da humanidade, o que constatamos, de certo modo, é uma interminável batalha dos seres humanos contra a doença. Obtivemos notável sucesso em nossos esforços para promover a saúde e a longevidade, e muitas outras doenças anteriormente incuráveis agora podem ser tratadas. O anúncio da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 1980 sobre a erradicação da varíola resplandece com um brilho especial como um dos grandes êxitos do conhecimento e da engenhosidade humana. Mas como os sofrimentos de nascimento, envelhecimento, doença e morte são inevitáveis, nossa batalha contra a doença persistirá. Muitos membros da Soka Gakkai continuaram lutando de forma invencível contra a maldade da doença e triunfaram, demonstrando a dignidade e o poder de sua vida, e estabelecendo, ao mesmo tempo, infindáveis preciosas experiências de vitória. Esse modo de vida baseado no Budismo Nichiren com certeza se tornará o farol de esperança para nossa época. Agora, mais que nunca, as pessoas estão buscando, no âmbito mais profundo, uma fonte de luz de sabedoria para a saúde — uma filosofia para conduzir uma vida saudável no verdadeiro sentido. Tornem-se campeões de saúde e boa sorte! Suscitemos de nossa vida força, sabedoria e tenacidade para viver, evidenciando também compaixão, coragem e criatividade. Sigamos em frente com firmeza de hoje para amanhã, um passo após outro, devotando nossa vida à concretização da felicidade para nós e para os demais. Minha esposa, Kaneko, e eu estaremos sempre orando fervorosamente todos os dias para que nossos amigos bodisatvas da terra, sem exceção, sejam campeões de saúde, boa sorte e felicidade, e desfrutem a vida ao máximo. (Daibyakurenge, edição de setembro de 2019) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Encontro entre o Dr. Linus Pauling, à esq., e o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, na Universidade Soka da América (Estados Unidos, fev. 1990). Foto: Seikyo Press Notas: 1. PAULING, Linus; IKEDA, Daisaku. A Lifelong Quest for Peace: A Dialogue [Uma Jornada de toda uma Vida pela Paz: Um Diálogo]. Londres: I. B. Tauris, 2009. p. 44. 2. O casal de discípulos de Nichiren Daishonin residia no distrito de Fuji, província de Suruga (atual região central da província de Shizuoka). 3. Myoho-renge-kyo é escrito com cinco ideogramas chineses, enquanto Nam-myoho-renge-kyo é escrito com sete (nam, ou namu, compreendem dois ideogramas). Daishonin frequentemente emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus escritos. 4. The Vimalakirti Sutra [Sutra Vimalakirti]. Tradução: Burton Watson. Nova York: Columbia University Press, 1997. p. 65. 5. Ibidem, p. 66. 6. “Possessão mútua dos dez mundos”: Segundo esse princípio, cada um dos “dez mundos” possui o potencial inerente a todos os dez. “Possessão mútua” significa que a vida não se fixa a um ou outro dos dez mundos, mas pode manifestar qualquer um dos dez — do estado de inferno ao estado de buda — a qualquer momento. O ponto fundamental desse princípio é que todos os seres, em qualquer dos nove mundos, possuem a natureza de buda. Assim, cada pessoa tem o potencial para manifestar o estado de buda, da mesma forma que um buda também possui os nove mundos, não sendo, portanto, separado ou diferente das pessoas comuns. 7. Cf. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 2 Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1982. p. 335. 8. TOLSTÓI, Liev. A Calendar of Wisdom [Calendário da Sabedoria]. Tradução: Peter Sekirin. Nova York: Scribner, 1997. p. 292. 9. Ibidem. 10. Ibidem, p. 132. 11. Essa breve carta foi redigida em 1273, quando Daishonin residia em Ichinosawa, na Ilha de Sado. Foi enviada a dois de seus discípulos, que escreveram a ele sobre a sua pequena filha Kyo’o, que havia adoecido gravemente. 12. “Transformação de veneno em remédio”: Princípio que expõe que uma vida dominada pelos três caminhos dos desejos mundanos, carma e sofrimento pode ser transformada numa vida que manifesta as “três virtudes” do corpo do Darma, da sabedoria e da emancipação por meio da prática da Lei Mística. Essa expressão se encontra numa passagem do Tratado sobre Grande Perfeição e Sabedoria, que menciona “um excelente médico capaz de transformar veneno em remédio”. 13. “Transformação do destino”: Conceito que expõe que até os destinos aparentemente fixos podem ser transformados para melhor por meio da prática budista correta. O Budismo Nichiren ensina que a condição de vida do estado de buda é inerente a todos os seres vivos e, ao abri-la, podemos obter a iluminação e transformar nosso destino. 14. No capítulo 16, “A Extensão da Vida”, do Sutra do Lótus, o mundo em que vivemos é descrito como um lugar “onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos” (LSOC, cap. 16, p. 272). Isso denota que o mundo saha, normalmente considerado um reino de sofrimento, é, na realidade, a Terra da Luz Eternamente Tranquila, ou o mundo do Buda, onde todos os seres vivos podem experimentar máxima satisfação. 15. Na carta As Três Esteiras, Nichiren Daishonin escreve: “Sua visita do primeiro ao quarto dia do terceiro mês me trouxe um grande alívio. A doença que me fez emagrecer tanto pareceu desaparecer e senti-me apto o suficiente para ir caçar um tigre. E graças ao wakame que me ofereceu de presente, penso que poderia cavalgar num leão” (WND, v. II, p. 991).

01/11/2022

Série

Heróis que superaram adversidades — Parte 5

São muitas as expressões que descrevem Florence Nightingale: “mãe da enfermagem moderna”, “anjo da Crimeia”, “pioneira da enfermagem”. “A missão da minha vida é salvar a humanidade”; “Sofrer pela humanidade é um privilégio” — dizia ela, enquanto vivia o turbulento drama de sua existência, repleto de vicissitudes. Nightingale nasceu em 12 de maio de 1820, como a segunda filha de um milionário da Inglaterra. Os pais dela, logo após o casamento, partiram para uma viagem de lua de mel de cerca de três anos. O nome dela é devido ao seu nascimento ter ocorrido em Florença, Itália. Sua infância e juventude foram cercadas de amor e carinho da família. Nightingale, que sempre estava vestida impecavelmente e possuía ampla gama de conhecimentos por conta dos bons estudos, era o centro das atenções nos círculos sociais. No entanto, ela sentia que algo estava errado. Seu coração não conseguia se sentir preenchido com a riqueza ou a fama. Pelo contrário, estava exausta daquele mundo cheio de vaidade e de prazeres, e sentia até repulsa em relação a si própria. “Como é o modo correto de viver?” “Qual é a missão de ter nascido neste mundo?” “A vida não é uma pradaria verdejante e de águas calmas como os nossos lares nos fazem crer” — seu dilema prosseguiu por um longo tempo. A Inglaterra naquela época (1840) vivia a “década da fome” devido às más colheitas e à Grande Recessão. Ao testemunhar a terrível realidade vivida pelos fazendeiros, ela visitou uma cabana pobre das cercanias e ajudou a cuidar de doentes e de um bebê. Paralelamente, em sua casa, tomou a iniciativa de cuidar dos avós e de uma babá que sofriam de graves enfermidades. Essas experiências a fizeram escolher o caminho da enfermagem. Ao contrário de agora, naquela época essa profissão não era reconhecida nem bem-vista na sociedade. Sua família se opôs fortemente, mas a determinação dela era inabalável. “No meu dicionário não existe a palavra ‘desistir’ (...) [A vida] é uma luta árdua, uma disputa, uma contenda contra o princípio do mal, palmo a palmo. Cada centímetro de terreno deve ser disputado.” Então, ela abandonou o ambiente afortunado que a cercava e escolheu seguir um caminho mais espinhoso. Estudando e aprendendo por conta própria, Nightingale obteve conhecimento especializado necessário para dar o primeiro passo como enfermeira. Esse verdadeiro e austero desafio começou quando ela estava na casa dos 30 anos. Florence declarou que, para a sua realização pessoal, tinha de se apoderar de tudo o que necessitava, pois nada lhe seria dado. Onde estava a fonte de sua crença? Certamente estava em seu senso de missão e em sua determinação de proteger as preciosas vidas. Em 1853, estourou a Guerra da Crimeia. Em 1854, Nightingale, que era supervisora de enfermagem em um hospital de Londres, organizou uma equipe de enfermagem de 38 pessoas e se dirigiu para a frente de batalha. O ambiente do hospital militar para o qual foi designada era precário e inadequado. Ele estava lotado de pacientes numa quantidade que excedia em muito a sua capacidade, e doenças infecciosas se espalhavam devido à falta de higiene. Além disso, os oficiais e médicos militares abertamente menosprezavam as enfermeiras e as tratavam com desdém. Elas também sofriam com abusos por parte de colegas por inveja ou ciúmes. As barreiras das provações se levantavam uma após a outra. Mas Florence Nightingale não desistiu. Ela acreditava que “As dificuldades iniciais simplesmente engrandecem a luta silenciosa e gradual; essas são as circunstâncias em que um empreendimento prospera e cresce de verdade”. Dando atenção até onde os olhos não alcançavam, ela prosseguiu em seu trabalho dedicado e incansável, em silêncio, sempre procurando coisas para fazer a partir de si mesma. Sua postura sincera tocou, por fim, o coração dos médicos e militares, que passaram a contar com sua ajuda. Preocupadas com ela, que trabalhava sem dormir e sem descansar devidamente, certa vez as pessoas à sua volta recomendaram que fosse para a cama, dizendo: “Por que não deixa isso para amanhã?”. Ela respondeu simplesmente: “Amanhã já tenho os trabalhos que preciso fazer”. A dedicação de Florence aos soldados feridos, não importando se eram inimigos ou aliados, durou dois anos. Em 1856, a Guerra da Crimeia cessou com a assinatura de um Tratado de Paz em Paris. Nightingale, que se empenhou de corpo e alma para realizar “Aquilo que é necessário fazer neste momento”, só retornou para a Inglaterra após o último paciente deixar o hospital, cumprindo suas responsabilidades até o fim. Após voltar para seu país, antes mesmo de conseguir se recuperar do extremo cansaço de seus árduos esforços, ela iniciou novas ações, dizendo: “A verdadeira batalha começa agora”. E passou a empreender esforços em prol da “reforma da enfermagem” que abriu o futuro da humanidade. “A menos que façamos progressos a cada ano, a cada mês, a cada semana estaremos ‘retrocedendo’.” O passado é passado. O futuro está logo à frente. Avante, avante! — Esse era o modo de viver de Nightingale. Reflexões do presidente Ikeda sobre Florence Nightingale O dia 21 deste mês [março] assinala a passagem do 35º aniversário do estabelecimento do Dia do Shirakabakai (integrantes da Divisão Feminina que atuam na área de enfermagem). Sempre que tinha uma oportunidade, o presidente Ikeda incentivava com todo o seu coração as componentes do Shirakabakai e do Grupo Shirakaba [da Divisão Feminina de Jovens], usando frases ou histórias de Florence Nightingale, estendendo encorajamentos também a todas as amigas das Divisões Feminina e Feminina de Jovens. Seja qual for a época, a realidade é sempre um turbilhão de problemas dos mais variados tipos. No entanto, o importante é lutar com coragem no exato local em que se encontra agora e romper os seus próprios limites. “Uma mulher que está sempre avançando” — refere-se exatamente às integrantes do Shirakaba, que incorporam a Lei mística se fortalecendo “dia após dia, mês após mês”. Também são as nossas Divisões Feminina e Feminina de Jovens, que sempre estão se aprimorando com o coração repleto de vivacidade.1 Em 2002, o Seikyo Shimbun publicou a série “Tributo ao Século das Mulheres — Florence Nightingale”. Seguindo os passos da “mãe da enfermagem moderna”, foram estabelecidas diretrizes para todos nós, em especial para as integrantes do Shirakaba, que mesmo agora estão lutando contra a pandemia do coronavírus [em 2021]. É um imenso desafio manter viva a chama ardente de nossa missão, até o último momento. Como podemos fazer isso? Por meio da união e da solidariedade com os outros que partilham nossa missão. Florence salientava a importância de “fortalecer os laços de solidariedade, a que a comunhão de objetivos e de ações positivas induz”.2 Uma vida de luta incessante é bela. Uma vida de contínuo avanço é revigorante. As ações de Florence eram imbuídas de um grande juramento, o que lhe possibilitou permanecer imperturbável diante das calúnias, da inveja e do comportamento tolo dos demais. Nosso objetivo é o kosen-rufu. Enquanto a essência desse grande propósito permanecer inabalável e vivo dentro de nós, nada na vida será capaz de nos derrubar.3 Florence Nightingale deu a vida pela enfermagem. Demonstrou às futuras gerações a força incrível e a capacidade de uma pessoa plenamente consciente de sua missão, que luta com coragem por ondas de adversidade esmagadoras para atingir seu objetivo. Vamos também conduzir uma vida assim. Digam ao mundo: “Observem, e vejam o que eu atingirei em dez anos, em cinquenta anos!”, “Olhem para essa vida dedicada ao kosen-rufu!”. E irradiem a luz da coragem às pessoas de todos os lugares.4 O drama da transformação vivido por essa heroína continua a tocar profundamente a nossa alma, transcendendo o tempo e o espaço. No topo: ilustração digital feita a partir de foto do busto de Florence Nightingale. Fonte: Getty Images Notas: 1. Discurso proferido durante Conselho Conjunto das Divisões em 11 de maio de 2004. 2. Terceira Civilização, ed. 444, ago. 2005. 3. Idem, ed. 445, set. 2005. 4. Idem, ed. 448, dez. 2005. Materiais de pesquisa: KODAMA, Kazuko. Nightingale: Hito to Shiso 155 [Nightingale: A Pessoa e seu Ideal]. Shimizu Shoin. TOKUNAGA, Satoshi. Tatakau Nightingale — Hinkon, Ekibyo, Inshuteki Shakai no Naka de [A Luta de Nightingale — Em meio a uma Sociedade da Pobreza, da Epidemia e dos Costumes Arraigados]. Karansha. NIGHTINGALE, Florence. Truth [Verdade]. Tradução: Yasuko Harper. Sunmark Publishing. BAILEY, Monica (ed). Nightingale no Kotoba [Palavras de Nightingale]. Tradução: Hisako Sukegawa. Igaku Shoin. IKEDA, Daisaku. Josei no Seiki ni Yosete — Nightingale wo Kataru [O Século das Mulheres — sobre Nightingale]. Seikyo Shimbunsha.

01/11/2022

Crônica

Sair do comodismo e resolver a dor nas costas

Pode não parecer, mas cuidar da nossa postura corporal tem muita semelhança com a prática budista. Percebi isso ao participar de uma sessão de ginástica laboral recentemente, curiosa para saber o que fazer a fim de evitar aquela dorzinha chata nas costas ao fim de cada dia. Naquela tarde agradável de primavera, a instrutora explicou sobre como hábitos posturais errados levam a efeitos negativos em médio e longo prazos para nossa saúde. Ou seja, o corpo nasce flexível, porém se adapta às posições nas quais mais permanecemos. Quanto mais desalinhadas essas posições forem, mais problemas geram (o que acontece quando usamos o computador, o celular ou nos sentamos com o corpo pendendo para os lados ou para a frente). Ela também explicou que nosso corpo é feito para o movimento, e que, portanto, a falta de ação nos prejudica e causa dor. A dor, por sinal, já é indício de que algo não está bem — quando a sentimos é porque um hábito errado já está causando danos ao corpo de forma estrutural. Como evitar que isso aconteça ou reverter o processo que já tenha iniciado? Devemos nos esforçar para nos exercitar no sentido oposto ao acomodado — por exemplo, se temos o costume de sentar com a cabeça projetada para a frente, devemos fazer movimentos com ela para trás. Todavia, alertou a instrutora, apenas ter consciência disso é bom, mas não resolve. Precisamos mesmo é nos lembrar de exercitar, tirar um tempo para isso de forma consciente e regrada, todos os dias. Fiquei pensando quanto esses pontos têm a ver com o que o budismo ensina: no dia a dia, possuímos diversos hábitos, parte deles ruins, que, por vezes, mal percebemos. Porém, com o tempo, eles acabam causando certos efeitos indesejados. Como combatê-los? Conscientemente, exercitando-nos com a prática e o estudo budistas, adotando atitudes muitas vezes contrárias às que estamos acostumados, com base na orientação do Mestre, por exemplo, dedicando-nos aos outros, em vez de focarmos apenas em nosso próprio sofrimento. Só então conseguiremos sair dos caminhos mais acomodados e partir para jornadas de verdadeiro desenvolvimento. Ikeda sensei orienta: O brilho da personalidade é o ponto mais importante como ser humano. Para isso, a luta espiritual é essencial. Desafiar a fraqueza de si mesmo, acumular árduos esforços e lapidar o próprio espírito. Uma pessoa de valor deve ter habilidade. Pode ser apenas uma, mas precisa ser algo que a torne imbatível!1 Neste significativo novembro em que comemoramos os 92 anos da Soka Gakkai, organização que propaga o budismo, decido continuar me esforçando um pouco mais a cada dia para não cair em posturas acomodadas, tanto corporais como na vida. E seguirei me desafiando no exercício físico e espiritual com a certeza de que, além de resolver a dor nas costas, contribuirei também para a criação de seres humanos imbatíveis, que construirão a Gakkai nas próximas décadas. Mariana Travieso Bassi Redação Foto: Getty Images Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.402, 13 jan. 2018, p. B1.

01/11/2022

Artigos

Construir uma sociedade que estimule a felicidade no envelhecimento

Na carta escrita por Nichiren Daishonin destinada à monja leiga Myoichi que contém a famosa frase “o inverno nunca falha em se tornar primavera”,1 ele expressa seu agradecimento pelo sincero apoio e pela assistência dela: “Como poderia esquecer o que a senhora tem feito por mim? Saldarei esta dívida de gratidão servindo-lhe na próxima existência”.2 Passaram-se 75 anos desde que me lancei ao movimento pelo kosen-rufu como discípulo de Josei Toda.3 Gostaria de transmitir essa mensagem de Daishonin a todos vocês, inesquecíveis e preciosos companheiros que triunfaram comigo em inúmeras batalhas, nas quais compartilhamos alegrias e tristezas. Nichiren Daishonin está plenamente ciente de todos os “atos, bons e maus, todas as faltas e virtudes do indivíduo, sem deixar escapar um único detalhe”.4 Somos pessoas ricas em recompensas visíveis produzidas pelas virtudes invisíveis, conectadas por nosso juramento e nossa confiança, e assim permaneceremos, juntos, eternamente. O trecho em versos do capítulo “A Extensão da Vida”, do Sutra do Lótus, que recitamos diariamente contém a frase “Esta, minha terra, permanece segura e tranquila, constantemente repleta de seres humanos e celestiais”.5 Vocês, meus nobres companheiros de luta — os budas Muitos Tesouros Soka — oram e agem com base nos princípios humanísticos do Budismo Nichiren para criar, aqui, neste mundo conturbado, uma “terra de tesouros” mais segura e tranquila como a descrita no sutra. Esse é também um desafio que vocês assumiram como membros de uma geração que viveu na pele a miséria da guerra e a preciosidade da paz. Cada um de vocês trava batalhas penosas contra o carma. No decurso de seus esforços incansáveis e incalculáveis na vida e no kosen-rufu, vocês podem enfrentar os sofrimentos da doença, do envelhecimento e da perda de entes queridos. Mas vocês guardaram no coração a mensagem de Daishonin para que “Não lamentem a ausência de segurança e tranquilidade na vida presente”.6 Como campeões de fé sólida e inabalável, vocês certamente transformarão até o carma mais desafiador e desfrutarão o brilhante triunfo de atingir a condição de buda nesta existência, de acordo com o princípio budista de “amenização do efeito cármico”.7 Nossa sociedade que envelhece rapidamente é uma nova fronteira na história humana. Ao praticarmos a Lei Mística — o ensinamento por meio do qual “nem uma única pessoa deixará de atingir o estado de buda”8 — nós, da família Soka, nos unimos em respeito a todas as pessoas para construir uma sociedade que estimule a felicidade no envelhecimento. Espero que vocês, nossos membros do grupo Muitos Tesouros — que estão entrando em idades centenárias —, sejam um exemplo inspirador para a juventude em “empregar nossa longa vida para salvar seres vivos”.9 Oro fervorosamente pela chegada de uma primavera de tranquilidade e segurança para nosso planeta, com cidadãos globais em profusão, unidos e dedicados ao empenho pela paz, cultura e educação. Com confiança absoluta, seguimos adiante em nossa jornada de mestre e discípulo, unidos a Daishonin; nossa felicidade é eterna. No topo: “Estou muito Feliz. Por favor, cuide da saúde” — presidente Ikeda louva sinceramente uma veterana (Okinawa, fev. 1991). Foto: Seikyo Press Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020. 2. Ibidem. 3. O presidente Ikeda encontrou-se com seu mestre, Josei Toda, pela primeira vez em 14 de agosto de 1947, e decidiu ingressar na Soka Gakkai e embarcar no caminho da fé dez dias depois, em 24 de agosto. 4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 333, 2020. 5. The Lotus Sutra and Its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, cap. 16, p. 272, 2009. 6. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 296, 2020. 7. Amenizar o efeito cármico: Essa expressão, que literalmente significa “transformar o pesado e recebê-lo de forma leve”, consta no Sutra do Nirvana. Como benefício de proteger o ensinamento do budismo, podemos experimentar um efeito cármico relativamente leve nesta existência, expiando o carma pesado que normalmente nos afetaria não só nesta, mas por muitas existências. 8. The Lotus Sutra and Its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, cap. 2, p. 75, 2009. 9. Cf. The Lotus Sutra and Its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, cap. 17, p. 280, 2009.

01/08/2022

Editorial

Um renascer diário

Quando praticamos exercícios físicos por muito tempo, nossos músculos se cansam. De forma semelhante, quando nos dedicamos arduamente a uma tarefa sem descanso, caso não haja uma forma de recuperação ou de restabelecimento das energias, o corpo e a mente podem se esgotar, ocasionando males como estresse e síndrome de Burnout. Em todo o mundo, há anos, as pessoas enfrentam crises de diversas naturezas que ameaçam a paz individual, social e global — o que resulta em sentimentos de esgotamento e de desânimo. Diante de cenários como esses, o presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, mostra o que devemos ter em mente, como budistas: Vamos nós, como discípulos de Nichiren Daishonin, objetivando a salvação de toda a humanidade, propagar a suprema grande Lei do Nam-myoho-renge-kyo! E agora, neste momento, vamos, uma vez mais, irradiar a luz do despertar na profundeza da vida das pessoas e fazer soar o sino que anuncia o amanhecer da paz e da felicidade. Não haverá paz no mundo sem que se rompam as trevas do coração das pessoas. Embora se fale em dignidade da vida, isso se inicia a partir da manifestação do estado de buda do próprio coração e do resplandecer de cada pessoa. Nossa missão social é proporcionar o “renascimento” das pessoas por intermédio do budismo, unir o coração de pessoa a pessoa por meio da cultura, e construir a eterna ponte da paz da humanidade.1 Buscar esse renascimento a cada dia, não só em nossa vida, mas na vida de outros, é nossa missão social como budistas, membros da BSGI e discípulos de Daisaku Ikeda. O primeiro passo é, sem dúvida, a prática individual. Ela nos reenergiza diariamente e nos habilita para, ao longo do dia, oferecermos o nosso melhor em todas as situações e nos locais em que estivermos. Com isso, levamos algo positivo para aqueles ao nosso redor que sofrem com a desesperança. A fim de contribuir com essa jornada de inspiração constante, nesta edição, a revista Terceira Civilização presta homenagem, na matéria de Capa, ao Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda, que neste mês completa quinze anos. Isso nos leva a refletir sobre o seu significado, mesmo estando fisicamente distantes dele há mais de dois anos, e como podemos manter acesa a chama do espírito original dessa construção em nosso coração, independentemente do local em que estivermos. A editoria Na Prática mostra como a dedicação diária à prática budista, com base na relação de mestre e discípulo, nos torna pessoas extraordinárias. Já a última parte da série especial Homenagens Concedidas ao Dr. Daisaku Ikeda por Universidades ao redor do Mundo traz o título conferido ao Mestre pela Universidade College South, da Dinamarca, e o contexto da relação de mestre e discípulo que existe na educação do país. Por fim, no Estudo, Ikeda sensei faz uma profunda análise sobre a Divisão Sênior e o papel de seus integrantes como “pilares de ouro” da família, da localidade e do trabalho pela dedicação constante em prol do kosen-rufu. Esperamos que a leitura destas páginas o inspirem a promover o “renascimento” diário do seu coração a fim de que, junto com os demais companheiros da organização de base e com o Mestre, você possa desempenhar com esplendor a sua missão social como budista. Excelente leitura! Redação Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-I, p. 286-287, 2021.

02/04/2022

Série

O princípio humanístico (capítulo 5, parte 3)

Dando sequência à discussão sobre as origens da vida iniciada na parte 2 (publicada na edição 643), o Dr. Daisaku Ikeda e o Dr. Felix Unger entram, aqui, em assuntos mais delicados, como o uso de embriões em terapias reprodutivas, transplante de órgãos, morte cerebral, eutanásia e experiências de quase morte. Ambos apresentam seus pontos de vista, conhecimentos e experiências em cada tema, e destacam qual deveria ser a principal baliza moral para todos os profissionais que lidem diretamente com tais questões. ** Terapia reprodutiva e o uso de embriões Ikeda: Hoje em dia, a ciência médica vai além da terapia e da prevenção para manipular a própria vida humana. O primeiro óvulo humano fertilizado in vitro ocorreu em 1978. Desde essa ocasião, a terapia reprodutiva tem avançado a uma velocidade espantosa. Unger: Sim. A fertilização in vitro foi inicialmente desenvolvida para uso veterinário, mas está agora concretizando as esperanças de muitos casais que, embora desejem ter filhos, não conseguem. Essa fertilização é uma técnica assistida em que o processo usual, que aconteceria dentro do corpo de uma mulher, é conduzido fora deste. Ikeda: Como o senhor colocou, esse método tem sido um grande benefício para muitas mulheres diagnosticadas como inférteis. Mas também abriu as portas para a intervenção terapêutica na fase inicial da vida. Agora é possível selecionar óvulos fertilizados e manipular embriões preservados por criogenia. Os médicos e cientistas envolvidos nesse campo devem se guiar respeitando a dignidade da vida e estar concentrados no objetivo de reforçar a felicidade humana pela superação da infertilidade. Unger: Eu também me oponho à intervenção ilimitada nas origens da vida. Por outro lado, atualmente, um problema maior envolve a fertilização — não para reprodução, mas para terapias regenerativas em outros campos médicos. Por exemplo, a tecnologia das “células-tronco” tornou possível a produção de vários outros tipos de células a partir do óvulo fertilizado no estágio de blastocisto ou a partir das células de um embrião abortado. Ikeda: Esse campo é promissor em relação ao tratamento de patologias intratáveis e à medicina regenerativa. Mas a inevitável destruição de embriões implica problemas éticos. Atualmente, o Conselho Japonês para Políticas de Ciência e Tecnologia está realizando debates sobre a questão do uso de embriões. Infelizmente, porém, adotam como critério a utilidade da investigação embrionária em vez do tratamento adequado da vida em si. Unger: Mas devemos lembrar que muitos embriões não chegam à fase em que podem ser chamados de vida. Nem todos os óvulos que passam por inseminação artificial são devolvidos ao corpo da mãe. Um número deles deve ser descartado. Mesmo muitos óvulos inseminados de forma natural nunca são implantados e são desperdiçados. Acredito que a vida humana começa quando o embrião é implantado no útero da mãe. Por esse motivo, não vejo grande problema em utilizar como material de investigação óvulos inseminados que não são devolvidos ao corpo materno. Ainda assim, devemos manter em mente o que o falecido cardeal Franz König, presidente honorário da Academia Europeia de Ciências e Artes, disse: “Pesquisadores devem pesquisar, mas também devem respeitar a voz da consciência”. Ikeda: Embora possa ser um grande benefício, a investigação de células-tronco também pode ameaçar a dignidade da vida. Por isso, devemos ser muito cautelosos. A manipulação de um embrião, o rebento da vida, abriga o perigo de considerar o ser humano como um meio para se atingir um fim, o que está diretamente relacionado com a perda da dignidade humana. À medida que prossegue, a investigação embrionária deve sempre estar ciente da natureza do embrião como rebento da vida humana. Morte cerebral e transplante de órgãos Ikeda: Morte cerebral é quando ocorre a cessação irreversível do funcionamento do cérebro, e o coração só continua batendo com métodos artificiais. No Japão, as opiniões se dividem quanto a definir se esse estado de fato constitui morte. Unger: Hesito em usar o termo “morte cerebral” porque há uma tendência de pensar que uma pessoa nessa condição já está, de fato, morta. Se esse for o caso, torna-se permissível a interrupção dos cuidados intensivos. Prefiro o termo neurológico francês coma dépassé (“coma profundo”). Nesse estado, o cérebro se desordena, a temperatura corporal cai; o coração ainda funciona, mas a circulação diminui muito; e a cor das unhas assume uma tonalidade preta azulada. O termo coma dépassé acabou sendo mal traduzido para o inglês como “morte cerebral” e assim se fixou como conceito. Ikeda: O ponto focal dessa questão está relacionado com o transplante de órgãos, pois este com frequência depende de pessoas que se encontram na chamada condição de “morte cerebral”, que pode se prolongar por grandes períodos com a ajuda de métodos artificiais. O que o senhor pensa sobre o tema? Unger: A morte cerebral é determinada com um objetivo em mente, por exemplo, transplante de órgãos. Em casos como esse, é necessário tomar uma decisão sobre a descontinuidade dos cuidados intensivos. Essa determinação serve como justificativa para a remoção dos órgãos dos doadores. Alguns receiam que os órgãos sejam removidos da pessoa ainda com vida. Contudo, na realidade, a prática internacional estabeleceu certas normas com moderada objetividade para definir a morte cerebral, as quais devem ser rigorosamente cumpridas. Ikeda: Algum tempo atrás, propus critérios rigorosos que, além de lidar com a ausência de circulação no cérebro, deveriam aliviar a ansiedade sofrida pela família dos pacientes. Devido à enorme escassez de doadores no Japão, está em curso um movimento de flexibilização nos critérios para transplantes daqueles em estado de coma dépassé [“coma profundo”]. Até hoje, a autorização para um transplante requer tanto a assinatura do cartão de doador como o consentimento da família. Com a revisão do sistema, a autorização passaria a exigir apenas o consentimento da família. No entanto, acredito que a premissa para um transplante de órgãos a partir da morte cerebral deva ser o desejo espontâneo, não coercitivo, do paciente. Pessoas diferentes definem a morte de forma diferente. Autorizar a doação de órgãos apenas com base no consentimento familiar pode significar que os órgãos são retirados do corpo de pessoas que não consideram a morte cerebral como a morte de fato. Além do mais, hoje, há muitas famílias que, aflitas por ter alguém em situação tão grave como morte cerebral, hesitam em consentir plenamente com base nas explicações médicas, que, devido a restrições de tempo, podem ser tão resumidas a ponto de causar insatisfação. Caso seja impossível saber qual seria a atitude do doente em relação à morte cerebral, à morte de fato e à doação de órgãos, deve-se considerar com seriedade o enorme fardo imposto pelas normas revistas aos familiares. Unger: Há quem receie que o transplante de órgãos vindos de alguém com morte cerebral reduza-o a de um sujeito que merece terapia a um objeto do qual os órgãos possam ser colhidos. Contudo, acredito que a utilização do termo coma dépassé preserve a dignidade de um doador que já manifestou em sã consciência o desejo de doar seus órgãos vitais. Isso é um ato de vida. Porém, a prática da venda de órgãos para transplantes — que se diz ocorrer em alguns países — deve ser terminantemente rejeitada, uma vez que afeta muito a confiança no tratamento médico. Ikeda: Concordo plenamente. Para compensar a escassez de órgãos humanos, está sendo estudada a possibilidade de transplante de órgãos não humanos. Por exemplo, está em discussão o transplante de coração de porco. Como o senhor vê isso? Unger: Essa é uma questão muito complicada. Sou contra pela razão da elevada probabilidade de transplantar junto com o órgão os vírus do animal. Ikeda: Então, devemos depositar nossas esperanças em órgãos artificiais. Em 1986, o senhor começou a desenvolver o menor coração artificial do mundo, e obteve destaque internacional como pioneiro nesse campo. O projeto deve ter sido árduo. Unger: Comecei a desenvolver um coração artificial (coração elipsoide), em 1975, e implantei um, em 1986, como uma ponte para o tratamento por meio de transplante. Foi um passo pioneiro, e vinte anos depois este se revelou um grande passo. O coração artificial deve ser muito simples; do contrário, não funcionará como deve. As subsequentes inovações tecnológicas levaram ao desenvolvimento de um coração artificial para uso clínico. O futuro se mostra brilhante. O uso de um coração artificial um dia se tornará tão fácil como o marcapasso é hoje. Eutanásia Ikeda: A legalização da eutanásia na Holanda, em 2001, e na Bélgica, em 2002, colocou em evidência a bioética com respeito à morte. O ponto crucial é determinar se é permitido encurtar a vida de modo deliberado para pôr fim ao sofrimento de um doente incurável. Qual é a opinião do senhor? Unger: Pessoalmente, eu me oponho à eutanásia. É inadmissível, tanto do ponto de vista médico como humano. O trabalho do médico é usar a terapia para prolongar a vida, não para destruí-la. Na realidade, o debate sobre a eutanásia não surgiu no tratamento clínico. É uma discussão sobre o reconhecimento do valor da vida de pessoas prostradas com perda da consciência (o chamado estado vegetativo) ou com graves distúrbios intelectuais. Em outras palavras, é um debate sobre ser ou não admissível interromper vidas que não valem a pena. Essa foi a base teórica do plano nazista de eutanásia. Não é função do médico julgar a qualidade de vida. Por essa razão, penso ser um erro os médicos falarem de eutanásia de forma leviana. Deveriam discutir sobre como tirar a dor dos doentes terminais, e não sobre como tirar a vida deles. Ikeda: Concordo. Os médicos devem concentrar todos os esforços a fim de aliviar a dor através de anestesia e terapia analgésica. Há quem acredite que a terapia de prolongamento excessivo da vida agrave o sofrimento do paciente e diminua a sua dignidade. Essa foi uma das ideias que deram suporte à recente legalização da eutanásia. Mas, na verdade, as considerações atuais sobre a dignidade humana estão de certa forma equivocadas. Elas tendem a se concentrar na cognição ou na personalidade como uma função cognitiva. Como consequência, acredita-se que a regressão cognitiva ou a perda irremediável das funções psicossomáticas afetem a dignidade humana. Com base nessa abordagem, a eutanásia pode ser forçada em pacientes debilitados com doenças intratáveis. Porém, tal situação não deve ser permitida. Experiências de quase morte Ikeda: Nas muitas ocasiões em que testemunhou pacientes confrontados com a morte, o senhor teve alguma experiência indicativa da natureza maravilhosa da vida e da grandiosidade da força para viver? Unger: Em várias ocasiões, observei, perplexo, a vida deixando os tecidos do corpo de um paciente que morreu durante uma cirurgia. É possível sentir a alma saindo do corpo. Ikeda: Relatórios científicos compilados nos Estados Unidos sobre experiências de quase morte revelam depoimentos de pessoas que afirmam ter visto anéis de luz, ser atraídas para um túnel escuro e deixar o corpo físico e olhar a si próprias durante a cirurgia. Algum de seus pacientes passou por experiências semelhantes de quase morte? O que o senhor pensa sobre isso? Unger: Conheci muitos pacientes que, após vários dias em coma, voltaram à vida, contrariando um diagnóstico de que seria improvável recobrarem a consciência. Todos relataram que, durante o estado de coma, foram banhados por uma maravilhosa luz aconchegante enquanto percorriam um tubo longo e estreito, e que estavam relutantes ao regressar a este mundo. Penso que essas experiências de quase morte nos revelam o significado de nossa existência. Talvez o significado da vida seja essa perspectiva de sermos banhados pela luz da qual desejamos nos aproximar nas profundezas do nosso ser. Ikeda: A psiquiatra suíço-americana Elisabeth Kübler-Ross (1926–2004) descreve a própria experiência de deixar o corpo e de ficar acima da cama olhando para si mesma. Ela também fala de se aproximar e se fundir com uma luz. A descrição dela tem muito em comum com as experiências de quase morte que o senhor citou. A menção de uma luz traz à mente a história A Morte de Ivan Ilyich, de Tolstói, na qual um funcionário comum do governo cai doente e luta com o medo de morrer até que, por fim, alcança a pureza da felicidade da luz eterna. Transcendendo o tempo, a luz simboliza o salto para a vida eterna. O ensinamento budista das “nove consciências” trata de níveis profundos de consciência e indica que, após a morte, a vida individual entra em fusão com a vida eterna, a vida fundamental do universo, ou seja, a vida cósmica. As experiências de quase morte, compartilhadas por pessoas de origens totalmente diferentes, incluem elementos comuns e universais que transcendem a cultura e a religião. São fascinantes, embora muito sobre elas ainda careça de esclarecimento.

02/04/2022

Série

O princípio humanístico (Capítulo 5, parte 2)

Enquanto o diálogo até aqui foi focado em questões filosóficas, teóricas e complexas do mundo atual, a segunda parte do capítulo 5 traz uma conversa bastante franca e prática entre o Dr. Felix Unger e o Dr. Daisaku Ikeda sobre longevidade, cultivo da saúde e dicas para um melhor viver ­­— tanto da visão médica como da visão budista. No trecho final dessa parte, ambos retornam à discussão mais profunda sobre o propósito da engenharia genética e algumas de suas consequências para a humanidade. Máximo tempo de vida humano Ikeda: Que tipos de pessoas conseguem desfrutar uma vida longa? Unger: Naturalmente, nenhum de nós viverá para sempre. Mas há boas chances de longevidade para quem já ultrapassou os 60 anos. Ikeda: No Oriente, é tradição a idade de 60 anos trazer um significado especial, como uma etapa importante no ciclo da vida humana. Pelo que venho observando em muitas pessoas, 60 anos são, de fato, um marco. Unger: Alguns são geneticamente condicionados a ter uma vida longa. À parte da genética, as práticas física e espiritual são necessárias para a longevidade. Na verdade, a segunda é essencial. Ikeda: Presumo que esteja dizendo que a atividade mental, como a fé e a convicção, favorece a longevidade. Unger: Certamente. Fé e convicção são opostas ao medo. Possuir uma base de fé significa desconhecer o temor. E isso é importante para a tolerância. A fé possibilita às pessoas fazer julgamentos corretos e lhes dá estabilidade. Ikeda: A firme fé e a forte convicção nos direcionam ao caminho de uma existência longa e saudável. Da ótica médica, em quanto tempo a vida pode ser prolongada? Unger: Se não houver impedimentos, creio que se possa chegar aos 120 anos. Os genes individuais são fatores determinantes para o cessar de nossa existência. Ikeda: Isso é incrível! Por mística coincidência, a mesma idade é citada como uma possibilidade na escritura budista Palavras e Frases do Sutra da Luz Dourada, de autoria de Tiantai. Unger: Acredita-se que as células humanas se renovem, de uma forma ou de outra, até a idade de 120 anos; depois disso, perdem essa capacidade. Ikeda: É surpreendente como os ensinamentos budistas e a ciência médica moderna concordam quanto à longevidade humana. Embora seja natural os seres humanos desejarem muito saber se terão vida longa, na realidade, a qualidade de vida é a que mais importa. Em The Dhammapada consta esta passagem: “É melhor viver um único dia com vigor e sabedoria do que passar cem anos na apatia e ociosidade”.1 Nichiren, em seu escrito Os Três Tipos de Tesouro, afirmou: “Contudo, é melhor viver um único dia com honra do que viver 120 anos e morrer na desonra”.2 Com base em sua larga experiência em cirurgia cardíaca, o senhor pode identificar um coração que promete longevidade? Unger: Cada coração humano é diferente. Durante a cirurgia, o exame da contração e da cor pode nos indicar que, após uma intervenção bem-sucedida, um coração operado pode viver pelo menos mais vinte anos. Ikeda: No Japão, onde a expectativa de vida é mais longa do que em qualquer outra parte do mundo, as doenças cardíacas vêm em segundo lugar, depois do câncer, como causa de morte. O que podemos fazer no dia a dia para minimizar o risco de doenças cardíacas? Unger: A alimentação é primordial. Nas áreas rurais do Japão, o câncer — especialmente do esôfago — provoca um grande número de mortes. Em comparação, os casos de vítimas de doenças cardíacas são poucos. Em Tóquio, assim como em outras grandes cidades como Los Angeles e São Francisco, onde as pessoas consomem muita carne, as mortes por doenças cardíacas são numerosas. Ikeda: Até cerca dos anos 1970, a principal causa de morte em áreas rurais japonesas era a doença cerebrovascular; abaixo desta, o câncer; já os casos de doença cardíaca eram relativamente raros. Hoje, no entanto, como a população nas áreas rurais também estão ingerindo mais carne, as doenças cardíacas estão aumentando. Tiantai, em seu tratado Grande Concentração e Discernimento, listou os maus hábitos alimentares como causa de doenças. Outra escritura budista, o Sutra Gocaropaya, enumera os seguintes efeitos da alimentação em excesso: 1. Preguiça. 2. Sono excessivo, que também causa preocupação aos outros. 3. Enfraquecimento da condição física e enfermidade. Unger: Falando de forma simples, pode-se prevenir a doença cardíaca seguindo estas três regras: 1. Não fumar. 2. Reduzir a ingestão de alimentos ricos em colesterol. 3. Para diabéticos, manter um controle rigoroso do açúcar no sangue. Ikeda: Essas são definições precisas! Ouvi dizer que um copo d’água antes de dormir evita a desidratação, promove a boa circulação do sangue e contribui para um organismo saudável. Isso é verdade? Unger: A boa circulação sanguínea protege o cérebro. A ingestão de bastante água é importante. Diz-se que as pessoas livres de problemas cardíacos ou renais bebem cerca de dois litros de água por dia. Mas devemos estar atentos com relação à água mineral e não consumi-la em demasiado devido à sua alta concentração de sódio, o que aumenta a hipertensão. Ikeda: Que alimentos fazem bem ao coração? Unger: O melhor é comer apenas metade da refeição. Reduzir a carne, talvez para uma vez por semana. Mas acrescentar peixes, frutas, grãos e vegetais. Uma taça de um bom vinho também faz bem. O mais importante é o equilíbrio. Comida e bebida em excesso inevitavelmente levam à doença. Ikeda: O essencial na alimentação é a moderação. O escrito Tesouro da Análise do Darma lista quatro categorias de nutrientes: 1. Alimentos colocados na boca, como carnes, peixes e vegetais. 2. O que dá alegria e prazer ao se entrar em contato, como boa música e belo trabalho artístico. 3. Aquilo que revigora ao inspirar os pensamentos e transmitir esperança. 4. O poder mental que contribui para a vontade de viver. Tudo o que fornece energia para viver, e não apenas comida, é considerado nutriente. A inter-relação dessas quatro fontes de energia mantém a boa saúde. Que tipo de exercício é melhor para o coração? Unger: Andar a pé todos os dias. Subir escadas também é bom. Não costumo pegar o elevador. Creio que subir três lances de escadas é melhor do que correr por uma hora ou treinar na academia. Ikeda: Manter boa saúde com certeza é agir com sabedoria. Um exercício budista de caminhada que consiste em andar para a frente e para trás, num espaço fixo, regula a condição física. O escrito As Quatro Regras de Disciplina atribui à caminhada cinco efeitos: 1. Aumenta a resistência para ir a lugares distantes. 2. Promove a reflexão. 3. Reduz a probabilidade de doença. 4. Ajuda a digestão. 5. Prolonga o equilíbrio mental. Gandhi escreveu que, “independentemente da quantidade de trabalho que se tenha, deve-se sempre encontrar algum tempo para se exercitar, assim como se faz com as refeições. É minha humilde opinião que, em se tratando de produção no trabalho, longe de diminuir, aumente”.3 Qual é o melhor período do dia para fazer exercícios? Unger: De manhã, porque estimula a circulação. Um pouco de exercício matinal aumenta a pulsação. Isso facilitará quando tivermos de lidar com as várias situações de estresse que ocorrem ao longo do dia. Ikeda: Quais formas de combate ao estresse beneficiam o coração? Unger: Como já mencionei, um pouco de caminhada. Também é importante dormir bem, assim como dar e receber amor. Ikeda: Uma simples declaração de verdades fundamentais. Embora as pessoas sejam diferentes, qual é a quantidade ideal de sono por dia? Unger: A quantidade de sono varia com a idade e a necessidade do corpo. As pessoas mais velhas dormem menos. As que estão no auge da juventude necessitam mais descanso. Por outro lado, os jovens podem ficar sem dormir durante algum tempo. Um cochilo após o almoço é eficaz. É por isso que os habitantes do Mediterrâneo costumam fazer a sesta. Outros ajustes devem ser feitos às atividades do dia. Por exemplo, quando o tempo está quente, é melhor trabalhar no decorrer das horas refrescantes da manhã e descansar durante as altas temperaturas do dia. Quando o ajuste de temperaturas for impossível, podemos ajustar nossa agenda. É importante não se apressar, mas trabalhar da maneira mais consistente possível. Ikeda: Suas palavras sobre vida saudável refletem uma grandiosa sabedoria. Nova luz sobre as origens da vida e da evolução Ikeda: Todas as formas de vida terrestres são compostas por proteínas determinadas geneticamente pelo DNA. Elas são descendentes do primeiro DNA na Terra, que, durante um período de 4 bilhões de anos, se ramificou em miríades de formas, algumas das quais estão agora extintas. Essa é a maneira pela qual a ciência médica moderna e a biologia molecular explicam as origens da vida e o mecanismo da evolução. Como o senhor avalia isso? Unger: No decurso do desenvolvimento humano, surgiram muitos modelos biológicos evolutivos. No século 20, a biologia molecular nos ensinou que a informação genética está inscrita como uma sequência de base de DNA. A descoberta do DNA nos permitiu explicar a evolução biológica com base na mutação genética. Sabemos que todas as formas de vida na Terra descendem do DNA original e, no nível molecular, são formadas da mesma maneira. Os avanços na atual engenharia genética propiciam os fundamentos que esclarecem a evolução biológica. A biologia tradicional não poderia explicar a origem e a evolução da vida. Mas a engenharia genética possibilita novos conhecimentos para esse fim. Sem dúvida, as futuras novas descobertas da engenharia genética trarão uma explicação ainda mais detalhada. A tecnologia genética nos levará a uma dimensão totalmente diferente e exercerá séria influência em nossa existência. Acredito que nos ajudará a compreender melhor a criação de Deus. Ikeda: Um fato simbólico dos resultados da engenharia genética é a decodificação do genoma humano, em 2003; esta revelou que os seres humanos têm cerca de 30 mil genes. Unger: Sim. É fato que os avanços mensais na engenharia genética estão exercendo um impacto crescente na biologia. Com a decodificação do genoma, no futuro, poderemos aprender ainda mais sobre os genes e desenvolver diagnósticos e terapias para doenças relacionadas à genética. Conseguiremos prevenir ou deter doenças. A engenharia genética se tornará indispensável na indústria farmacêutica, para o aprimoramento de muitos produtos, tais como a insulina, necessária para quem tem diabetes. Ikeda: É inegável que a humanidade terá muitos benefícios com a engenharia genética. O diagnóstico e a terapia por meio da genética com certeza se tornarão cada vez mais comuns. Unger: Por certo surgirão métodos inéditos de diagnóstico e de terapia. Ikeda: Mas há quem considere os velozes avanços nessa área uma manipulação perigosa da vida em si. Em razão da importância central da investigação genética para a existência humana, devemos considerar com cautela seus aspectos negativos. Como algumas pessoas assinalaram, a descoberta de um gene que predispõe uma pessoa a determinada doença pode comprometer suas chances de emprego ou de aceitação num plano de seguro. Unger: As informações genéticas ainda não foram completamente decodificadas. Assim como o senhor salientou, a decodificação da informação genética pode, em vez de melhorar, ameaçar. Por exemplo, é possível que uma pessoa com um gene indicativo de câncer aos 60 anos seja recusada pelo seguro ou rejeitada por um empregador potencial. Na fase atual do conhecimento que temos, um diagnóstico assim é prematuro e equivocado. Ikeda: Concordo. Utilizar informação genética para invadir a privacidade e como motivo de rejeição para seguro, emprego ou casamento é uma atitude precipitada. A informação genética, assim como a planta de uma residência, é a área de máxima privacidade humana. É por essa razão que o diagnóstico genético sempre deve considerar a proteção e a utilização benéfica dessa informação. A ciência deve proteger a dignidade humana. Unger: Em 2001, a Academia Europeia de Ciências e Artes de Salzburgo organizou uma conferência de pesquisas sobre esse tema junto com a Academia Nacional de Medicina, em Washington, DC. O tema da conferência, “O Impacto da Tecnologia Genética na Dimensão Humana”, foi tratado em dois segmentos. Em um, especialistas discutiram os resultados mais recentes da tecnologia genética; no outro, filósofos, teólogos e economistas examinaram a dimensão humana. Ikeda: Conforme o senhor disse, para que a tecnologia genética sirva à causa da felicidade humana, devem-se considerar as opiniões de filósofos, teólogos, economistas e outros. Unger: A tecnologia genética afeta todos os campos. Nossa conferência destacou fatores negativos graves, além das elevadas expectativas e esperanças. Uma esperança é que a tecnologia genética origine uma nova indústria para recompensar o mundo industrial pelos consideráveis investimentos que este fez ao Projeto Genoma. Ikeda: O enfoque principal é como a tecnologia genética pode avançar junto com a felicidade humana enquanto mantém o controle dos aspectos negativos dessa tecnologia. Qual é a posição do senhor a esse respeito? Unger: Defendo o ponto de vista científico-natural de que os seres humanos devem estudar tudo o que existe. A ciência nos fornece muita informação útil na superação de doenças e no enriquecimento da vida humana. A engenharia genética tem o poder de revolucionar nossa forma de pensar e de beneficiar a humanidade. Notas: 1. The Dhammapada. Tradução: Eknath Easwaran. Tomales, CA: Nilgiri Press, 2007. p. 136. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 112, 2018. 3. GANDHI, Mahatma. The Health Guide [Guia de Saúde]. Nova York: The Crossing Press, 1978. p. 179.

01/03/2022

Série

O princípio humanístico (Capítulo 4, parte 3 e Capítulo 5, parte 1)

As armas nucleares como aspecto maléfico da vida Ikeda: É imperativo fortalecer a sabedoria, para que, assim, possamos compreender para qual propósito o conhecimento é usado — e tanto os problemas ambientais como as armas nucleares ilustram esse ponto. As armas nucleares são produto do conhecimento científico. Ao considerar como os seres humanos devem lidar com elas, a questão do conhecimento e da sabedoria assume um aspecto de extrema importância. O fim da Guerra Fria impulsionou uma excelente oportunidade para eliminar por completo as armas nucleares; e, de fato, durante a última década do século 20, esse movimento de abolição viu certo progresso e avançou além da redução das armas nucleares rumo à criação de uma ordem internacional visando proibir sua utilização. Por exemplo, a Corte Internacional de Justiça emitiu o parecer consultivo de que o uso de armas nucleares viola o direito internacional. Em 2000, em seu documento final, uma conferência de revisão do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) clamou por um compromisso decisivo de eliminação total das armas nucleares. Porém, o conceito norte-americano de defesa por míssil levou a uma perturbação do equilíbrio nuclear e engatilhou uma expansão nuclear competitiva no espaço sideral. Além disso, tanto os Estados Unidos como a Rússia realizam experiências nucleares subcríticas não proibidas, em específico, pelo Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares (CTBT). Qual é a opinião do senhor de como a humanidade deve enfrentar a ameaça ainda persistente das armas nucleares? Unger: Não sou de modo algum a favor de armamentos. Eles me assustam. Atualmente, a humanidade abriga um acúmulo bélico suficiente para aniquilar todo o planeta. À medida que se desenvolve em âmbito global, embora se descreva como orientada para a paz, o que é uma hipocrisia, a indústria armamentista mergulha cada vez mais fundo na guerra. Contudo, entendi que as nações precisam de armas para se defender. Ainda assim, fico muito perturbado ao pensar em armas nucleares, biológicas e químicas. Utilizá-las é o ato mais covarde de um ser humano. Em minha opinião, já deveríamos ter aprendido com Hiroshima e Nagasaki que o uso de armas nucleares é um equívoco. Ikeda: Uma vez que o armamento nuclear tem o potencial de aniquilar a raça humana e destruir o sistema ecológico, a questão, tal como o problema ambiental, resume-se a saber se priorizamos os interesses das nações acima dos interesses da humanidade e do planeta. A questão está nítida: a humanidade ou as armas nucleares. Nesse sentido, devo me referir uma vez mais à declaração de Josei Toda contra essas armas, na qual consta: “Ainda que um país conquiste o mundo pelo uso de armas nucleares, os conquistadores devem ser considerados demônios encarnados, espíritos malignos”. Essa declaração atravessa as barreiras políticas e militares para alcançar a dimensão fundamental da dignidade da vida em si. O budismo ensina que a vida contém o impulso maligno que se empenha em satisfazer desejos egoístas mesmo à custa da destruição da vida dos demais e do ambiente natural. O estado em que se é controlado por essa maldade é denominado “céu onde se desfruta livremente criações alheias”. O ato de nações, grupos étnicos ou pessoas que detêm autoridade para tentar dominar os outros pelo uso de armas nucleares representa tal malignidade em sua forma mais potente. É o mal que Josei Toda afirmou que devemos vencer por completo. Unger: Concordo com ele. Tenho uma resposta simples para a questão de armas nucleares: devem ser eliminadas. Ikeda: Precisamos aprender a dar prioridade máxima às ações que fazemos em benefício da humanidade e do planeta. O famoso cosmonauta russo Dr. Alexandr Serebrov, com quem publiquei um diálogo intitulado The Cosmos, the Earth, and Humanity [O Cosmos, a Terra e a Humanidade], disse-me que ver a Terra do espaço não só proporciona uma experiência valiosa e filosoficamente religiosa, mas também estimula um senso de missão de fazer algo por nosso precioso planeta. O astronauta americano Dr. Donald K. Slayton (1924–1993) contou-me que semelhante experiência lhe ensinou que o cosmos oferece um contexto unificador para a Terra e representa o local central da união humana. Na época atual, devemos priorizar os interesses da humanidade e da Terra. Para isso, precisamos adotar o ponto de vista desses astronautas, que têm observado o planeta do espaço. Quais são as expectativas do senhor para a era espacial do século 21? Unger: Quando estabelecemos regras para lidar com o espaço, devemos considerar que ele pertence a todos e é o tecido de nossa existência. Sendo nosso único habitat possível, demanda nossa eterna cooperação. De fato, é o ponto de partida da cooperação humana. Em consequência, no descortinar desta nova era, não devemos fazer mau uso do desenvolvimento espacial. Ikeda: Não se deve permitir que uma ou outra nação monopolize o desenvolvimento espacial para fins de interesse próprio. E as corridas armamentistas devem ser estritamente proibidas. Em todas as grandes religiões, a oração se sintetiza no diálogo e na ressonância com o universo eterno, o progenitor da existência humana e não humana. Nesse sentido, como o senhor diz, o cosmos é o tecido de nossa existência. Será que nosso coração e nossa mente evoluíram de modo expansivo assim como a globalização? Nos dias de hoje, diante das influências poderosas do nacionalismo estreito e do ego nacional, o papel dos intercâmbios espirituais com o cosmos adquire uma importância incalculável. Unger: Concordo. Para os jovens, em especial, que são responsáveis pelo futuro, é vital ter oportunidades de intercâmbios espirituais cósmicos e desenvolver um ponto de vista universal. Creio que as Escolas Soka de Kansai participam de um programa educativo que inspira um senso de proximidade com o cosmos. Ikeda: Sim. Elas participam do EarthKam,1 um programa realizado pela Nasa (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) nos Estados Unidos. Esse programa possibilita capturar imagens fotográficas de qualquer parte da superfície da Terra com câmeras digitais controladas de forma remota a partir da Estação Espacial Internacional.2 Os estudantes calculam a órbita da estação espacial e o local e a hora da fotografia, e então transmitem instruções fotográficas em inglês. Essas instruções são repassadas para a estação espacial por uma organização como a Nasa, e a fotografia é tirada. Esse sistema permite aos estudantes observar aspectos da face do planeta que seriam difíceis de apreender no trabalho regular em sala de aula. As Escolas Soka de Kansai detêm o recorde mundial do número de vezes que participaram do EarthKam. As Escolas Soka de Tóquio também estão conduzindo estudos espaciais em cooperação com um observatório mundialmente reconhecido. Oportunidades assim possibilitam aos estudantes ver o mundo como um pequeno planeta no espaço sem nenhuma fronteira nacional e que necessita de nossos cuidados diligentes. Unger: Essas oportunidades maravilhosas de ver a Terra da perspectiva do espaço estendem seu tipo de educação ambiental para o mundo externo, para o cosmos. Ikeda: Para a era vindoura, devemos reformular o famoso conselho “pense globalmente, aja localmente” para “pense cosmicamente, aja globalmente”. A raça humana deve compreender que nós, filhos da Terra, estamos todos destinados a viver juntos neste planeta. Nossa época exige uma educação humanística que nos ensine a adotar uma perspectiva universal e a agir como cidadãos do cosmos em nossas tentativas de lidar com as questões globais com as quais nos confrontamos. Cap. 5 parte 1 Saúde, medicina e bioética Ikeda: Nosso firme compromisso é tornar este o século da vida. Todos esperamos que o século 21 seja uma era em que se enfoque cada vez mais a boa saúde, a doença, a mortalidade e o respeito pela vida. Nesse sentido, nesta parte final da nossa discussão, gostaria de analisar sobre a vida e a bioética. Unger: Em vista da rápida evolução da biociência, continuo opinando que é vital nos concentrarmos na vida em si, de modo mais profundo. Estou muito feliz por ter a oportunidade de estudar uma filosofia de vida por meio deste diálogo. Ikeda: Sinto-me da mesma maneira. O senhor é uma autoridade mundial em cirurgia cardíaca. Por que escolheu esse campo? Unger: Eu sempre quis ser médico. Quando cursava medicina, a cirurgia cardíaca ainda era difícil e cercada de riscos, então decidi fazer algo para melhorar a situação. Ikeda: Por ter escolhido esse caminho desafiador, o senhor salvou numerosas vidas preciosas. Soube que realizou cirurgias em mais de 7 mil pacientes. Unger: Sim, é por aí mesmo. Ikeda: O que recomendaria para as pessoas manterem a boa saúde? Unger: Duas condições determinam a boa saúde. A primeira é estar livre da possível presença de anomalias genéticas. A segunda é o esforço pessoal para permanecer saudável. Isso significa observar os perigos que ameaçam a boa saúde e lidar com eles. Quem não consegue ter esses cuidados corre o risco de adoecer. Depois dos 40 anos, cada pessoa deve exercer esse olhar médico. Ikeda: Esses são conselhos muito úteis e valiosos. Em outras palavras, precisamos da sabedoria e do senso prático para cultivar nossa boa saúde tendo os cuidados como se fôssemos nossos próprios médicos e enfermeiros. Qual é a opinião do senhor sobre a ideia atualmente defendida de que uma sociedade estressante causa doenças? Unger: O estresse tem dois aspectos: o positivo e o negativo. Os desafios estimulam o estresse positivo. Ao vencer um desafio, o ser humano se desenvolve psicológica e fisicamente. Do contrário, ficaríamos preguiçosos. O estresse negativo, por outro lado, é perigoso. Quando dominadas por ele, as pessoas deixam o desânimo e o pessimismo tomar conta, perdendo até a disposição de aceitar desafios, e assim acabam adoecendo. Ikeda: Entendo. O estresse funciona de maneira positiva ou negativa dependendo de como o enfrentamos. Por isso, é importante encarar os desafios com coragem e com senso de propósito. Devemos encontrar meios para ativar a energia vital que existe dentro de nós. Acredito que também seja essencial convivermos com pessoas que transbordem vitalidade, e frequentarmos ambientes repletos dessa energia. Notas: 1. EarthKam: Sigla para Earth Knowledge Acquired by Middle School Students [Conhecimento da Terra Adquirido por Estudantes do Ensino Médio], um programa educacional desenvolvido pela Nasa. 2. Em tradução livre, de International Space Station (ISS).

01/02/2022

Capa

Abrace a mudança e aprenda com essa evolução

No século 6 a.E.C., o filósofo grego Heráclito declarou que todas as coisas estão num estado de movimento, e que ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio. De fato, tudo muda continuamente, seja no campo dos fenômenos naturais ou dos assuntos humanos. Nada mantém exatamente o mesmo estado, mesmo no mais breve instante.1 Essa afirmação, presente no livro Desvendando os Mistérios da Vida e da Morte, de autoria do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, expõe o fato de que estamos submetidos a constantes modificações, tanto internas como externas, ao longo da nossa vida. Há, no entanto, uma fase específica em que tais mudanças são mais sentidas e, às vezes, de forma não muito positiva. O período associado comumente aos cabelos brancos, às rugas, à perda de vigor físico e da capacidade mental pode gerar preconceitos, medos e anseios advindos da falta de conhecimento. Em contrapartida, o envelhecimento da população mundial2 (o número de idosos superando o número de crianças e de jovens) colocou pessoas do globo frente a frente com essa realidade, tanto de si como de seu entorno. A mudança social, contudo, não se limita à extensão da expectativa de vida. Ela traz consigo alterações significativas na expressividade e na participação do público mais experiente na sociedade. No mês de junho, a revista norte-americana Forbes — conhecida por suas listas de profissionais expoentes no mercado — lançou um especial chamado 50 over 50 (Cinquenta acima de Cinquenta, em tradução livre), em parceria com o movimento Know your Value (Saiba seu Valor), composto por uma seleção de cinquenta mulheres que atingiram o sucesso profissional com mais de meia década de primaveras completas, contrariando a antiga expectativa social de que existiria certo limite de idade para a conquista do sucesso ou que os grandes feitos (incluindo os disruptivos) são realizados apenas pelos jovens.3 Esse projeto apresenta uma grande diversidade de histórias de superação, como a de uma autora de livros best-seller de 72 anos e a de uma senhora que ingressou na política aos 47 anos e se tornou diplomata aos 80. São cinquenta narrativas reais, selecionadas de mais de 100 mil enviadas, que envolvem muita dedicação, empenho, suplantação de grandes adversidades e apresentam importantes contribuições para o futuro. Na introdução do especial4 consta que a finalidade dessas histórias é “informar e inspirar” pessoas que estejam sofrendo com os efeitos das crises geradas pela pandemia do novo coronavírus a vencer em sua realidade. Usar a própria experiência para inspirar os demais a conquistar seus objetivos, mesmo diante de cenários extremamente adversos, é um dos pontos muito frisados no budismo e dentro da Soka Gakkai. Aplicando-o ao contexto citado, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, afirma: Enquanto as pessoas de hoje ignorarem a realidade do envelhecimento, da doença e da morte, estarão rejeitando as próprias possibilidades futuras. Precisamos modificar nossa atitude em relação ao envelhecimento. A extraordinária experiência de vida que os idosos possuem consiste num tesouro precioso, para os próprios idosos, as pessoas ao redor deles, a sociedade e para o mundo como um todo. Em um de seus escritos, Nichiren Daishonin observa que a longa dinastia Zhou da China antiga, que durou oito séculos, prosperara porque seu fundador, o rei Wen, cuidava dos anciões e respeitava a sabedoria deles.5 As ricas palavras de maturidade dos mais velhos, com frequência, possuem um teor impressionante de sabedoria e conteúdo. Conheço muitos idosos que irradiam uma resplandecente beleza.6 O segredo da vitalidade Mais especificamente sobre “idosos que irradiam resplandecente beleza”, neste ano também foi publicado um livro intitulado A Invenção de uma Bela Velhice, de autoria da antropóloga brasileira Mirian Goldenberg.7 Nele consta o resultado do acompanhamento do cotidiano de cem indivíduos de 90 anos, durante seis anos, a fim de investigar as causas para eles desfrutarem uma vida boa e produtiva nessa faixa etária. Em resumo, o estudo ressalta que a qualidade e a longevidade têm a ver com otimismo, senso de propósito, constante curiosidade e o exercício de uma fé religiosa. Em paralelo, outros estudos mostram que manter a sede de aprendizado, tal qual uma criança faz naturalmente, é uma ótima prática diária: A Dra. Raquel Wu redefine o envelhecimento cognitivo saudável como resultado de estratégias de aprendizagem e hábitos que são desenvolvidos ao longo da vida. (...) “Nós argumentamos que, ao longo de toda a sua vida, você passa de uma ‘aprendizagem ampla’ (aprendendo muitas habilidades como um bebê ou criança) para uma ‘aprendizagem especializada’ (tornando-se um especialista em uma área específica) quando você começa a trabalhar, e que isto leva a um declínio cognitivo, inicialmente em algumas situações desconhecidas, e eventualmente em situações familiares e não familiares”, descreve a pesquisadora. Ela argumenta que reimaginar o envelhecimento cognitivo como resultado de um processo de desenvolvimento abre o caminho para novas táticas que podem melhorar drasticamente a saúde cognitiva e a qualidade de vida dos adultos mais velhos. Em particular, se os adultos embarcarem nas mesmas “experiências amplas de aprendizagem” (...) que promovem o crescimento e o desenvolvimento das crianças, eles poderão perceber um aumento na sua saúde cognitiva — e não o declínio dito natural que todos esperamos.8 O psiquiatra norte-americano Gene Cohen (1944–2009), pioneiro na saúde mental geriátrica, reforça a afirmação da Dra. Raquel Wu ao afirmar que a criatividade ajuda a pessoa a renovar paixões e se reinventar, independentemente da idade.9 O aumento da saúde cognitiva, consequência das atividades criativas e da constante reinvenção de si, é algo que vai na contramão do que é comumente imaginado. Mas os chamados “superidosos” estão aí para comprovar com o próprio exemplo as afirmações anteriores, pois são nonagenários com desempenho intelectual igual ou superior ao de pessoas de 50 a 60 anos em testes de memória, autoconhecimento e raciocínio lógico, além de não sofrerem de doenças crônicas e não fazerem uso de medicação contínua.10 Estudos revelam que, para isso, eles cultivam diariamente a capacidade de escolha e, além de levarem uma vida regrada e estabelecerem uma rotina de exercícios, desenvolvem algum projeto e desfrutam com avidez o momento presente.11 O grande ponto é que, ao contrário do que poderíamos imaginar a princípio, a medicina comprova que a genética é responsável por apenas 30% da longevidade, e que os outros 70% dependem da forma como cada um escolhe como vai envelhecer. Essa questão também consta no livro Desvendando os Mistérios da Vida e da Morte: Há um ditado que diz: “Para um tolo, a velhice é um inverno amargo; para um sábio, é uma época de ouro”. Dependendo do ponto de vista, o período da velhice será dramaticamente diferente de pessoa para pessoa, especialmente em termos de quanto suas experiências sejam enriquecedoras e dotadas de senso de realização. Tudo depende da nossa atitude, de como encaramos a vida. Consideramos a velhice um caminho decadente rumo ao esquecimento? Ou um período no qual podemos atingir nossos objetivos e dar uma conclusão gratificante, satisfatória para nossa vida? Acredita-se que envelhecer graciosamente é mais difícil que morrer, mas enquanto mantemos uma atitude positiva e voltada para o futuro, com um espírito de assumir desafios, ganhamos profundidade em nossa vida.12 Assim como verificado nesse trecho, o Dr. Daisaku Ikeda oferece diversos direcionamentos para cada pessoa lidar de forma elevada com essa fase da vida. Porém, ele não para por aí, e também lança luz a âmbitos sociais da questão, tendo como base a sabedoria budista. Lidar de forma elevada com o inevitável Em diálogo com profissionais da área da saúde, o presidente Ikeda cita a parábola do “país dos velhos abandonados”, registrada nos escritos do buda Nichiren Daishonin:13 Trata-se de um país onde os idosos eram abandonados para reduzir o número de bocas para alimentar. De acordo com uma escritura budista (Sutra Miscelânea de Tesouros), essa prática desumana foi abolida posteriormente por causa de um sábio ancião. O filho desse homem, um ministro do governo, não suportava a ideia de se separar dele. Assim, ele quebrou a lei e cuidou do pai em segredo. Um dia, a nação enfrentou uma crise terrível e ninguém sabia o que fazer. O ministro procurou o pai para se aconselhar e este apresentou a solução. Em razão disso, o rei mudou as leis para garantir que os idosos fossem tratados com reverência. Shakyamuni ensinou que os que valorizam e respeitam os mais velhos desfrutarão longa vida e irradiarão beleza, alegria e força ainda maiores. Uma sociedade que respeita os idosos é uma sociedade que respeita a vida, e será um lugar que brilha de felicidade e vitalidade.14 Desde a Antiguidade, com os ensinamentos de Shakyamuni, a sabedoria budista engloba também questões relacionadas ao envelhecimento e estabelece formas de criar valor ao longo de todo o processo, individual e socialmente, com base no respeito à dignidade da vida e no enaltecimento da contribuição e da experiência de cada pessoa. Atualmente, esse legado é propagado e ensinado pela Soka Gakkai, assim como o nosso mestre, presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, ressalta em ensaios e diálogos: O Dr. Félix Unger, renomado cirurgião cardiovascular da Áustria e presidente da Academia Europeia de Ciências e Artes, afirmou que, para desfrutar uma vida longa, necessitamos não somente de exercícios físicos, mas também de atividade espiritual, o que implica ter fé e convicções.15 Nesse sentido, as atividades da Soka Gakkai são o regime perfeito e a rotina ideal para gozar saúde e obter longevidade.16 Como o Sutra do Lótus revela, os inúmeros discípulos do Buda que aprendem com a sua extensão da vida infinitamente longa também recebem grandiosos benefícios. Compreendi que isso equivale à maneira como os membros da família Soka se enchem de alegria ao entrarem em contato com os nossos inspiradores integrantes do grupo Muitos Tesouros [grupo de veteranos da organização no Japão], cuja vida resplandece com brilho interior e transborda de boa sorte e benefício. (...) Nossos integrantes do grupo Muitos Tesouros são como o Sol. Quando resplandecem, nossos membros da Divisão dos Jovens e da Divisão dos Estudantes crescem vigorosamente, e a confiança e a compreensão sobre o nosso movimento se expandem de forma constante em nossas localidades.17 Nas reuniões de palestra, durante as visitas familiares e nas orientações pessoais, esses experientes campeões de inúmeras lutas pelo kosen-rufu citam e compartilham trechos do Gosho. As palavras douradas de Daishonin que gravaram na vida fluem prontamente para confortar e revitalizar os que sofrem. Esses homens e mulheres deram vida ao espírito de Daishonin de abraçar e apoiar afetuosamente as pessoas. Aqui, vemos o verdadeiro poder do estudo prático do budismo, no momento em que põem os ensinamentos de Daishonin em ação e se esforçam junto com a Soka Gakkai — a organização que age de acordo com o desejo do Buda.18 Propósito, aprendizado conjunto, fé religiosa: podemos identificar diversos pontos citados nas pesquisas da sociedade como presentes historicamente nas atividades da Soka Gakkai — no Brasil, representada pela BSGI. Elas são o ambiente nos quais pessoas de todas as idades reconhecem e reconfirmam seu valor, compartilham experiências, incentivam-se mutuamente, aprendem a se respeitar e a conviver de forma elevada, estabelecendo, inclusive, uma rotina saudável para cuidar de si e dos outros. Nelas, as diferenças somam e as semelhanças fortalecem. É claro que cada local e cada integrante apresentam seus desafios e impasses, mas também possuem a base da vitória, que são as orientações de Ikeda sensei, o apoio dos companheiros e a prática da fé diária. É um ambiente de aprendizado no qual cada pessoa eleva e expressa sua verdadeira essência, capacitando-se a aplicá-la nos mais diferentes encontros. Conforme vimos anteriormente, quando os mais experientes se levantam para dar o exemplo, muitos outros se inspiram e expandem a forma com a qual enxergam essa etapa da vida, sendo essa a semente da transformação da própria concepção social sobre o tema. Ao aliarmos a sabedoria milenar budista aos estudos atuais da sociedade, podemos definir alguns passos que nos permitem lidar melhor com essa mudança inevitável, tanto individual como coletivamente: 1. Encarar o envelhecimento de si e dos outros não mais como um declínio, mas como um processo natural da vida, no qual se pode continuar aprendendo e gerando valor. 2. Cultivar no coração o propósito da própria vida, com base no otimismo e na fé religiosa, assim como orientado pelos budas e pelo Mestre. 3. Manter uma rotina regrada, com exercícios ou o desenvolvimento de algum projeto, e com o constante foco de desfrutar o momento presente. Para evidenciar a energia vital, é necessário iniciar o dia com vibrante gongyo e daimoku, partes integrantes da prática budista. 4. Reavivar diariamente a curiosidade, buscando “experiências amplas de aprendizagem”, adquirida ou aprimorada com a participação nos preparativos e na execução das reuniões de palestra, por exemplo. 5. Independentemente da idade, valorizar e respeitar os mais velhos — atitude que beneficia tanto quem a recebe como quem a realiza. Para isso, as atividades da SGI e da BSGI são ambientes propícios por possibilitarem não só o constante aprimoramento, como o intercâmbio entre pessoas de diferentes idades nas ocasiões de diálogos e de visitas familiares. O segredo, portanto, é nos dedicarmos a enxergar a riqueza de cada etapa da vida, desfrutar os momentos ao máximo e nos abrirmos para compreender e aprender com o que as mudanças e os mais experientes têm a ensinar. Assim, certamente, contribuiremos para a transformação da visão distorcida do envelhecimento como um período de perda (de vigor físico, mental e de oportunidades) para um período ainda de maior contribuição e valor. Constelações de experiência Lidar com as mudanças da própria vida e da sociedade é um desafio constante, em especial quando estão relacionadas ao envelhecimento. Todavia, é possível transformar esse processo de algo desconhecido e atemorizador ou desvalorizado para uma época de feitos grandiosos. E isso começa com o desenvolvimento de uma clara consciência sobre seu significado, que origina formas elevadas de encará-lo e de vivê-lo. O poeta norte-americano Henry Wadsworth Longfellow (1807–1882) escreveu:19 Porquanto a velhice é oportunidade não menor do que a juventude com roupa diferente. E, à proporção que a tarde vai morrendo, o firmamento se desvela prenhe de estrelas, invisíveis à luz do dia. Se essas estrelas, referidas no poema, representarem o valor criado a cada momento, mês ou ano vivido, que possamos então apreciar ao máximo o céu estrelado daqueles mais experientes ao nosso redor e nos empenhar a criar nosso próprio firmamento, com curiosidade, criatividade, constância e naturalidade, com base no propósito da fé e da prática do budismo, tal qual ensinado por Ikeda sensei e propagado pela Soka Gakkai. Dessa forma, criaremos, a partir de nós e de agora, uma sociedade que brilha com o esplendor de milhares de constelações de respeito, de desenvolvimento conjunto e de esperança. Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Desvendando os Mistérios da Vida e da Morte. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 47. 2. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2021/05/02/interna_bem_viver,1261573/envelhecimento-a-coisa-mais-moderna-que-existe-nesta-vida-e-envelhecer.shtml. Acesso em: 13 ago. 2021. 3. Disponível em: https://www.forbes.com/sites/maggiemcgrath/2021/06/02/introducing-the-50-over-50-women-proving-success-has-no-age-limit/?sh=4e2bc1c65b40. Acesso em: 13 ago. 2021. 4. Ibidem. 5. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Brasil Seikyo, v. II, p. 180, 2017. 6. Brasil Seikyo, ed. 2.267, 14 mar. 2015, p. B2. 7. GOLDENBERG, Miriam. A Invenção de uma Bela Velhice. São Paulo: Editora Record, 2021. 8. Disponível em: https://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=envelhecer-nao-reduz-capacidade-aprender&id=12087. Acesso em: 13 ago. 2021. 9. Disponível em: https://veja.abril.com.br/saude/a-beleza-dos-90-pesquisa-investiga-os-caminhos-para-a-longevidade/. Acesso em: 13 ago. 2021. 10. Ibidem. 11. Ibidem. 12. IKEDA, Daisaku. Desvendando os Mistérios da Vida e da Morte. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 54-55. 13. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 599. 14. Terceira Civilização, ed. 469, set. 2007, p. 29. 15.  IKEDA, Daisaku; UNGER, Felix. The Humanist Principle — Compassion and Tolerance II [O princípio humanístico — Benevolência e Tolerância II]. The Journal of Oriental Studies, v. 16, ed. out. 2006, p. 22. 16. Brasil Seikyo, ed. 1.911, 13 out. 2007, p. A2. 17. Terceira Civilização, ed. 577, set. 2016, p. 6. 18. Terceira Civilização, ed. 589, set. 2017, p. 12. 19. LONGFELLOW, Henry Wadsworth; SALUTAMUS, Morituri. The Poetical Works of Henry Wadsworth Longfellow [Obras Poéticas de Henry Wadsworth Longfellow]. Nova York: AMS Press, Inc., v. 3, p. 196, 1966.

01/09/2021

Saúde

Mudar nossas próprias crenças negativas

Trechos de um ensaio de Daisaku Ikeda, líder da SGI, sobre o seu encontro com Dr. Martin Seligman, ex-presidente da Associação de Psicologia dos Estados Unidos. Publicado no jornal Seikyo Shimbun [Japão], 22 abr. 2002 e na revista Terceira Civilização, ed. 421, set. 2003, p. 9. O Dr. Seligman enfatiza a necessidade de prestarmos atenção às explicações que damos aos fatos e ao diálogo inconsciente que mantemos com nós mesmos quando enfrentamos algum problema. Não percebemos os subterfúgios do nosso próprio pensamento porque durante anos eles se tornaram habituais. Ele sugere que um método para nos conscientizarmos desses hábitos do pensamento é escrevermos o que pensamos quando deparamos com alguma situação constrangedora. Se descobrirmos que tendemos a reagir aos acontecimentos de forma pessimista, podemos praticar o exercício de “questionar” nossas próprias crenças negativas para mudar essa tendência. Por exemplo, digamos que você ligue e deixe uma mensagem para sua amiga entrar em contato, mas ela não o faz. Pessoas com hábitos de pensamento pessimista explicarão a situação a si próprias dizendo: “Será que ela está me ignorando?” ou “Ela não liga porque acha que sou interesseiro”. Ao ouvir alguém chegar a essa conclusão a seu respeito, você lhe diz que essa pessoa está errada, mas quando explica para si próprio, cai na armadilha de pensar que suas conclusões são corretas. Por isso, questionar objetivamente nossas próprias crenças negativas pode ser útil: “De fato, ela sempre foi gentil comigo e não me ignoraria” ou “Agora me lembro, ela disse que estaria muito ocupada esta semana” ou “Talvez ela não esteja se sentindo bem”. Você também poderia tentar outra linha de raciocínio: “E mesmo que ela estiver me ignorando, e daí? Quem disse que eu tenho de ser perfeito em tudo e que todo mundo precisa gostar de mim? Não importa o que os outros pensem, estou fazendo o melhor que posso. Não há por que ficar me atormentando!”. O Dr. Seligman diz que devemos praticar esse tipo de pensamento positivo e gravar frases otimistas na mente. As pessoas que praticam uma religião fazem isso em suas orações. Uma vez que adquirimos a habilidade de sermos otimistas, jamais a perdemos; é como aprender a nadar ou a andar de bicicleta. Em essência, a teoria do Dr. Seligman é que as pessoas podem mudar sua vida. De que maneira? Mudando seu modo de pensar. (...) O budismo é a suprema psicologia da esperança, a suprema filosofia de vida da esperança. Um buda é aquele que percebe e compreende os maravilhosos poderes da mente. As pessoas possuem uma capacidade infinita para a mudança que depende do seu estado de espírito. Além disso, o princípio budista dos “três mil mundos num único momento da vida” (ichinen sanzen), exposto no Sutra do Lótus, elucida que a transformação no estado de espírito de um único indivíduo pode mudar a sociedade e o ambiente em que habita. Seria muito mais fácil para nós, então, transformarmos nossa própria e pequena vida individual de acordo com a nossa vontade e conduzi-la na direção que queremos. Não há nenhuma razão para desistirmos. Vamos descartar frases como “Eu não sirvo para nada” ou “Isso é impossível”. Quaisquer que sejam as circunstâncias que nos encontremos agora, vamos dizer a nós mesmos: “Eu vencerei no final!” “Eu tenho a melhor família do mundo!” e “Eu sou a pessoa mais feliz da face da Terra!”.

21/02/2020

Saúde

Atenção aos cuidadores

Vivemos em coletividade e por meio do relacionamento com as outras pessoas, nós nos reconhecemos e nos desenvolvemos. Esse é um dos aprendizados pelos quais aqueles que passam pela doença — paciente e cuidador — registram em sua vida. Ninguém deseja ficar doente, muito menos dependente de cuidados de alguém. Porém, dependendo da gravidade da doença, cuidados se farão necessários. Esse importante suporte geralmente acontece por pessoas mais próximas — família, amigos, vizinhos, colegas de trabalho. Dentre esses, há os que assumem maior responsabilidade, chamados “cuidadores”. Os cuidados podem ser desde a simples supervisão da medicação ou da alimentação até os cuidados totais em que há a necessidade do acompanhamento em todas as atividades, como banho, uso de fraldas, dentre outras inúmeras tarefas. A preocupação constante e o acúmulo de tarefas podem gerar estresse e diversos efeitos prejudiciais à saúde do cuidador. A síndrome de Burnout é conhecida como a síndrome do cuidador e é uma das manifestações graves dessa situação. Ela se manifesta com sintomas físicos (cansaço, dores de cabeça, dores musculares) e psíquicos (depressão, ansiedade, problemas de memória, pensamentos de suicídio). Pesquisa1 realizada no Brasil pela Censuswide e divulgada pela Embracing Carers mostrou que: - 53% dos entrevistados se dizem cansados. - 46% dos cuidadores muitas vezes não têm tempo para agendar ou comparecer às suas próprias consultas médicas. - 61% afirmam precisar de cuidados médicos por conta de sua saúde mental. - Dois em cada cinco (44%) dos cuidadores não profissionais afirmam colocar a saúde da pessoa de quem estão cuidando acima da deles. Dividir responsabilidades com as pessoas da rede de apoio e buscar outras opções podem ser um assunto complexo, mas é preciso ser discutido visando à saúde do cuidador e também à pessoa doente. Atuar sinceramente pela felicidade das pessoas é uma atitude nobre que representa extrema benevolência, humanismo e engrandece a vida de quem realiza essa nobre ação. Entretanto, Daisaku Ikeda, líder humanista e presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI) alerta: “Preocupar-se unicamente com a própria felicidade é egoísmo. Preocupar-se só com a felicidade das pessoas é hipocrisia. A verdadeira felicidade é se tornar feliz junto com os outros”.2 Por essa razão, o cuidador precisa olhar para si, para suas necessidades, e buscar maneiras de realizar o autocuidado em todos os aspectos. Ao cuidar de si, o cuidador demonstra imensa consideração com a pessoa cuidada. Como primeira atitude e característica do ser humano, o cuidado revela a natureza humana e a maneira mais concreta de ser humano. Sem o cuidado, o homem deixa de ser humano, desestrutura-se, definha, perde o sentido e morre. Se ao longo da vida não fizer com cuidado tudo o que empreender, acaba por prejudicar a si mesmo e por destruir o que estiver à sua volta.3 Vamos cuidar uns dos outros. Essa consciência é a base para o desenvolvimento e a transformação da nossa sociedade. Nota: 1. A pesquisa feita em 2018 teve como público-alvo seiscentos cuidadores entre 18 e 75 anos. Realizada pela farmacêutica alemã Merck, a pesquisa faz parte da iniciativa global chamada Embracing Carers que promove ações focadas nas necessidades dos cuidadores não profissionais. 2. Brasil Seikyo, ed. 1.527, 9 out. 1999, p. 3. 3. BOFF, L. Saber Cuidar: Ética do Humano — Compaixão pela Terra.Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.

07/02/2020

Saúde

Visão do budismo sobre a doença

Texto adaptado da série de entrevistas “Aos Meus Jovens Amigos, Líderes da Nova Era”, e publicado no jornal Seikyo Shimbun [Japão], 25, 26 e 27 jul. 2012 e no jornal Brasil Seikyo, ed. 2.289, 29 ago. 2015, p. B2. Daishonin afirma: “A luz do Sol atravessa a escuridão mais profunda” (CEND, v. I, p. 332) e “o Sutra do Lótus é como o Sol” (Ibidem). Como membros da SGI que recitam Nam-myoho-renge-kyo e que fundamentam a vida na Lei Mística, o brilhante sol da esperança reluz fortemente em nosso coração. Somos capazes de dissipar toda a escuridão e amenizar até mesmo a mais profunda corrente do carma. Na batalha contra a doença, seja a nossa ou a de outros, alcançamos a condição mais saudável. Ore daimoku confiando no poder do Gohonzon. Lance-se à batalha sem medo e com paciência. Recuse-se a aceitar a derrota. Nunca negligencie um único passo. No fim, vocês certamente triunfarão! A vida é longa, por isso não há por que apressar as coisas. No caso de transtornos psicológicos, acredito que seja prudente procurar ajuda profissional e levar o tempo necessário para se cuidar e fazer o tratamento de forma adequada. Cada situação é diferente. Não há uma receita médica universal, mas há um ponto que quero lhes dizer: nenhum de vocês, que têm a Lei Mística como base da vida, está destinado à infelicidade. Devemos calorosamente observar e apoiar as pessoas que estão enfrentando dificuldades e problemas mentais, visualizando, em longo prazo, seu bem-estar e incentivando seus familiares. Aqueles que cuidam de pessoas com transtorno mental e psicológico também enfrentam grandes desafios. Por isso, devem encontrar maneiras criativas para se distrair e renovar as energias. Demonstrar carinho e apoio aos que sofrem de transtorno mental nos leva a cultivar um verdadeiro espírito de compaixão e também à criação de uma sociedade humanística. As pessoas que experimentam grandes sofrimentos se tornam extraordinárias. Aqueles que passaram por momentos de profunda dor são capazes de ajudar muitos outros indivíduos. Essas pessoas têm uma importante missão. Esse é o ensinamento do Budismo Nichiren, bem como a conduta de vida dos bodisatvas. O presidente Josei Toda declarou: “Externamente, podemos aparentar ser ‘bodisatva da pobreza’ ou ‘bodisatva da doença’, mas isso é apenas um papel que desempenhamos no drama da vida. Na essência, nós somos genuínos bodisatvas da terra!”. Ele também disse: “As pessoas que lutaram contra sérias doenças compreendem a profundidade da vida”. Tudo na vida possui um significado. Nichiren Daishonin registrou: “Mesmo as joias e os tesouros que preenchem o maior sistema mundial não são substitutos para a vida” (WND, v. I, p. 1019). Embora um indivíduo esteja doente, esse fato não é capaz de impedir a manifestação da nobreza, da dignidade e da beleza inerente. Todos, sem exceção, possuem um tesouro infinitamente precioso e nobre.

10/12/2019

RDez

Mural RDez

Eu venci!

Perfil - Martin Alves Tadashi Osako - 9 anos - Mora em São Bernardo do Campo (SP) Neste vídeo, Martin conta como conquistou medalhas nas olimpíadas brasileiras de matemática e astronomia e como superou um problema de saúde. No topo: Arquivo pessoal

01/11/2023

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Transforme tempo livre em criatividade

Imagine que você abriu um monte de abas no seu computador a ponto de ele travar e não responder mais aos comandos. De forma semelhante, nosso cérebro fica sobrecarregado quando realizamos diversas tarefas ao mesmo tempo, por isso, de vez em quando, precisamos dar uma pausa, ou melhor, ter um momento de ócio criativo. Mas, o que é isso? Pausas criativas Ócio é a pausa que realizamos entre as tarefas com o objetivo de espairecer a mente e não sobrecarregar o cérebro. De acordo com uma pesquisa do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, feita em junho de 2021,1 esses breves intervalos de descanso fazem com que nosso cérebro realize um replay2 na habilidade recém-adquirida, o que ajuda na fixação das informações. Durante essas paradas estratégicas, é comum também surgirem ideias criativas que podem ajudar na resolução de problemas – daí o nome ócio criativo. Mas, para isso, é necessário saber conciliar, de forma equilibrada e consciente, os afazeres, o estudo e o lazer e extrair o máximo de cada momento. Mas atenção: nada de usar essas folgas como desculpa para procrastinar ou só se divertir, senão, ao invés de renovar as energias e evoluir, você corre o risco de estagnar. Pensando nesse ponto, a RDez separou algumas dicas para você utilizar as pausas de modo benéfico. Aproveite as férias para testá-las e se divertir! Hora de aplicar Nem toda pausa é produtiva ou criativa. Mesmo assim, é importante ter esses momentos para relaxar. Confira algumas sugestões para exercitar o ócio criativo: - Descubra como você relaxa Há diversas atividades que você pode fazer nos intervalos das tarefas, por isso, escolha as que te fazem bem e relaxam sem tomar um tempo excessivo. Algumas sugestões: fazer daimoku, conversar com algum amigo, ler um livro, lanchar, brincar com um pet ou cochilar. - Anote suas ideias Sabe aqueles pensamentos que surgem do nada e, por mais que pareçam sem sentido, você se surpreende por tê-los tido? Nesse caso, é bom anotá-los para não esquecer. - Conecte-se com a realidade O uso excessivo das redes sociais pode desencadear diversos problemas. Segundo Jair Soares, presidente do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT),3 eles podem ser causados por comparação social, cyberbullying, exposição a notícias negativas, isolamento social, falta de interação com o mundo real etc. Por isso, é importante reservar um tempo para se conectar com a realidade e deixar sua mente voar sem distrações. Notas:1. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2211124721005398. Acesso em: jun. 2023.2. Replay significa reproduzir algo que já aconteceu.3. https://oglobo.globo.com/patrocinado/dino/noticia/2023/05/volume-de-uso-de-redes-sociais-pode-afetar-saude-mental.ghtml. Acesso em: jun. 2023.

19/06/2023

DIY DEZ

Lanchinho fácil e saudável

No mês de aniversário da Divisão dos Estudantes, a RDez vai te ensinar a preparar um doce fácil e saudável que pode ser consumido no dia a dia. Vem com a gente aprender! Ingredientes: 1 banana madura descascada e cortada em rodelas Chocolate meio amargo (ou outro de sua preferência) picado (a quantidade deve ser suficiente para banhar a fruta) Palito de dentes, de churrasco ou de sorvete Coco ralado, amendoim ou castanha triturados Modo de preparo: Coloque o chocolate em um prato e leve por 30 segundos no micro-ondas. Mexa e aqueça por mais 30 segundos. Se não estiver bem derretido, mexa e coloque mais 15 segundos. Transfira o chocolate para uma xícara ou copo baixo para conseguir mergulhar as rodelas de bananas. Molhe a ponta do palito no chocolate para que a fruta não escorregue, espete a banana e leve ao congelador por 10 minutos. Retire do freezer, afunde a banana no chocolate derretido* novamente, passe-a no coco ralado, no amendoim ou na castanha e pronto! *Pulo do gato - Caso o chocolate tenha endurecido, coloque-o mais 15 segundos no micro-ondas. - Se após banhar a fruta, o chocolate ainda estiver muito mole, devolva a banana ao congelador por mais 5 minutos. *Dica RDez Esta técnica pode ser feita com várias frutas, como morango, maçã e uva. Aquelas que soltam água, caso do melão, da pera e do abacaxi, você deve secá-las com papel-toalha antes de banhá-las no chocolate. Use a criatividade na hora de decorar. Você pode utilizar chocolates coloridos também!

20/03/2023

Mural de vitórias

Vitória na saúde mental

Perfil - Felipe Flessas Becker - 15 anos - Mora em Porto Alegre (RS) Neste vídeo, Felipe conta seus desafios na saúde mental e como eles foram transformados.

09/02/2023

DIY DEZ

Refresco de abacaxi

Fim de ano, verão, reuniões em família... Que tal surpreender a todos com um refresco fácil para vocês brindarem a chegada de 2023? Se gostou da ideia, vem com a gente! Ingredientes 1 xícara (chá) de abacaxi maduro sem casca cortado em cubos 1 colher (chá) de açúcar 6 folhas de hortelã 1 garrafa (500 ml) de água levemente gaseificada sabor limão Gelo (as pedras podem conter pedacinhos de hortelã) Modo de preparo Numa jarra, coloque o abacaxi, o açúcar e as folhas de hortelã rasgadas com as mãos. Misture bem. Acrescente o gelo, a água gaseificada e mexa com cuidado. Sirva em taças ou copos e decore como preferir. Queremos saber! Fez essa receita ou tem alguma outra que queira compartilhar? Então, marque a gente no Instagram ou TikTok @revista_rdez ou envie para o e-mail rdez@brseikyo.com.br com seu nome e localidade.

15/11/2022

Matéria do mês

Como está a sua mente?

Saúde mental sempre foi algo discutido no mundo todo. Recentemente, personalidades como a ginasta Simone Biles, a tenista Naomi Osaka, o ator Tom Holland (Homem-Aranha) e a atriz Marina Ruy Barbosa se manifestaram nas redes sociais sobre a importância de cuidar da mente. De acordo com o Relatório Mundial de Saúde Mental de 2022 divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os casos novos de depressão e ansiedade aumentaram 25% em relação ao último levantamento.1 Como Sucessores Ikeda 2030, precisamos reconhecer quando nossa mente dá indícios de que as coisas não estão bem. E tudo bem se ela não estiver bem! O importante é saber direcionar os pensamentos e os sentimentos de forma saudável. Redirecionando a mente No decorrer do dia, armazenamos diversas informações em nossa cabeça: tarefas a cumprir, coisas para resolver, pessoas para conversar... E tudo isso aumenta quando não conseguimos organizar na nossa mente o que absorvemos. Resultado: ela fica cansada e estressada e nos sentimos desgastados e frustrados. Quando deixamos esses sinais passarem despercebidos, os pensamentos negativos vão se acumulando e, um dia, igual ao leite que ferve numa panela, eles transbordam na forma de crises de ansiedade, depressão, Burnout2 etc. Nichiren Daishonin já declarava: “Devemos ser mestres da nossa mente em vez de permitir que ela nos domine”.3 Ou seja, para estabelecer uma condição mental saudável, antes de tudo, você deve respirar fundo e reorganizar e redirecionar seus pensamentos. Seguem algumas perguntas que podem te ajudar nisso: “As informações ou tarefas que recebi precisam ser feitas agora?”, “Os problemas que estou enfrentando são realmente impossíveis de ultrapassar?”, “Quais ferramentas ou meios eu tenho para solucioná-los?”. Perguntas como essas nos ajudam a refletir sobre cada um dos itens que nos afligem. Desta forma, de modo racional e tranquilo, não surtamos com a enxurrada de questões que surgem. Em todo caso, se perceber que as emoções negativas estão perdurando, procure ajuda profissional, assim como o Mestre afirma: [...] é crucial estarmos atentos às mudanças em nossa condição de saúde e buscarmos avaliação médica o mais rápido possível e tratamento, caso algum problema surja, a fim de proteger o precioso veículo da nossa vida dedicada ao kosen-rufu. (Terceira Civilização, ed. 649, set. 2022, p. 4-7) Portanto, não ignore os sinais do seu corpo e proteja o bem mais precioso que você tem: a vida. E para ficar ainda mais ligado nesses indícios e conseguir discernir as coisas nos momentos cruciais há a prática da fé. Veja a importância dela no dia a dia. Presidente Ikeda ora pela felicidade e saúde de todos os membros Sabedoria para agir Enquanto a medicina e a psicologia combatem a doença e os transtornos mentais pelo conhecimento científico, o budismo, por meio da prática da fé, desenvolve a sabedoria para equilibrar a vida e fortalecer a energia vital. No livro Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz, capítulo “Enfrentar a doença”, o Mestre afirma que a sabedoria é essencial para a saúde e vital para a felicidade.4 Isso porque, ao recitarmos gongyo e daimoku diariamente, pensamos e agimos de forma consciente e efetiva mesmo quando nossa mente está transbordando de informações. No mesmo capítulo, o Mestre incentiva: Quando estiverem sofrendo, recitem daimoku. Quando acharem que estão presos num beco sem saída, recitem daimoku. Se assim o fizerem, a energia vital e coragem surgirão, e vocês serão capazes de transformar sua situação. Nossa prática budista é o motor para a vitória em todas as esferas da vida. (Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz, p. 242-243) Seguindo essas orientações, vamos cuidar da saúde com a sabedoria adquirida com a prática da fé diária aliada à medicina e à psicologia. E lembre-se: você nunca está sozinho! 😉 Jovens de Esperança participam da Academia Índigo Juventude Soka do Brasil (São Paulo, set. 2022) Rede de solidariedade Soka Vimos que o corpo dá sinais quando não estamos bem e alguns deles acabam refletindo em nossas ações, como o isolamento social. Por nos sentirmos frustrados e inseguros, tendemos a nos afastar das pessoas. Porém, nós somos seres sociáveis, ou seja, precisamos interagir com os outros pelo bem da nossa saúde mental. Isso porque, ao compartilhar as frustrações e as inseguranças com uma pessoa de confiança, tiramos uma parte do peso do nosso coração. Além disso, não podemos nos esquecer que temos o presidente Ikeda, que sempre nos orienta, e a grande rede de solidariedade Soka, nossa fonte de esperança, para compartilharmos nossas adversidades e vitórias. Então, repetindo: nunca estamos sozinhos! Podemos sempre buscar incentivos ou procurar alguém para conversar. Sobre isso, o Mestre afirma: Meus queridos amigos da Divisão dos Estudantes, vocês possuem o daimoku, que é a chave para a vitória absoluta. Seus pais e os membros da família Soka ao redor do mundo estão torcendo por vocês e, por isso, não há nada com que se preocuparem. (RDez, ed. 204, dez. 2018, p. 12-14) Assim sendo, vamos fortalecer nossa mente com a prática da fé ao lado dos nossos amigos e cuidar da saúde com sabedoria colocando tudo o que aprendemos nesta matéria em ação. *Dicas RDez Na seção A DE Pergunta deste mês, a RDez tirou várias dúvidas sobre saúde mental com a psicóloga Rosa Carbone. Confere lá! Quanto mais nos esforçamos sem sermos derrotados pelas adversidades e pelos sofrimentos, mais nossa mente é treinada. Com o fortalecimento cada vez mais profundo da nossa mente, cultivamos uma força interior para vencer quaisquer tipos de provações. Assim, podemos nos tornar pessoas de elevada condição de vida capaz de incentivar as outras, compreendendo o sofrimento e a tristeza delas e manifestando o sentimento de empatia. (Nova Revolução Humana, v. 30-II, p. 212) Notas:1. https://www.who.int/publications/i/item/9789240049338. Acesso em: out. 2022.2. A síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, é uma doença mental que surge após o indivíduo passar por situações desgastantes no trabalho.3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 525, 2020.4. IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz: parte 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022, p. 236.

17/10/2022

Especial

Saúde mental

Inspirados na matéria do mês, ouvimos as dúvidas dos Estudantes a respeito da saúde mental e pedimos para a psicóloga Rosa Carbone esclarecê-las. Veja aqui o vídeo e tire suas dúvidas:

17/10/2022

Entrevista

Vencer nos estudos e com muita saúde!

Perfil - Mariah Nascimento Correa - 7 anos - Mora em São Gonçalo (RJ) Neste vídeo, a Estudante Mariah, que nasceu prematura e cabia na palma da mão, compartilha as suas vitórias:

14/08/2022

Matéria da DE-Esperança

Você é o que você come

No lema eterno da Divisão dos Estudantes, um dos pontos diz “cuidar da saúde”. Para isso, podemos iniciar com uma boa alimentação. No dia a dia, chocolates, bolachas, biscoitos e doces podem chamar mais a nossa atenção do que, por exemplo, uma fruta, e nos deixar satisfeitos, com a impressão de que a fome passou, mas, com passar do tempo, essas trocas de alimentos saudáveis por guloseimas podem provocar doenças, como obesidade e diabetes, e trazer dificuldades para realizar atividades que gostamos, como correr e brincar. A saúde é uma parte muito importante da nossa vida, pois, quando nos sentimos bem, conseguimos realizar o que queremos. É como se fossemos um celular e a saúde fosse a capa de borracha. Com essa proteção, o aparelho não estraga por qualquer coisa e, com isso, até a bateria dura mais. Uma alimentação equilibrada e rica em frutas, verduras e legumes melhora vários aspectos da nossa vida, como: Garante mais energia e disposição para realizar as atividades do dia a dia, como praticar esportes e ir para a escola; Melhora o rendimento escolar e a concentração, pois favorece o bom funcionamento da memória e do sistema nervoso; Melhora a qualidade do sono, já que alguns alimentos aumentam a produção de melatonina, hormônio que avisa o corpo que está na hora de relaxar e dormir.1 Um jeito legal de garantir que estamos comendo melhor é consultar O Guia Alimentar para a População Brasileira. Ele foi elaborado por nutricionistas e cientistas para que a nossa alimentação seja saudável, equilibrada e variada e ainda conte com comidas típicas do Brasil, como bolo de fubá e pão de queijo. Alimentação e meio ambiente Cinco de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente. Essa data tem como principal objetivo chamar a atenção das pessoas para os cuidados que devemos ter com o meio ambiente. Mas, o que isso tem a ver com alimentação? Tudo! O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, esclarece: Todos os alimentos que comemos vêm de coisas vivas — seja arroz, pão, peixe, carne ou vegetais [frutas, verduras e legumes]. Comemos plantas e animais para obter nutrientes, energia e força. Em outras palavras, nossa vida é sustentada por muitos outros seres vivos. Essa é a realidade da vida. Portanto, ser grato por nosso alimento é ser grato pelas muitas vidas que alimentam nossa vida. (Be Brave, p. 107) Ou seja, a fruta, a verdura e o legume que comemos foram plantados em algum lugar, por isso precisamos cuidar do meio ambiente. Tudo está interligado. Que tal colocar em prática o que aprendemos preparando uma receita gostosa e saudável? Esta daqui é do Instagram @imaginavegan. Bombom de maçã Ingredientes - 1 maçã grande com casca - Pasta de amendoim (de preferência, sem açúcar) - Chocolate meio amargo suficiente para cobrir as fatias da maçã - Palitos de picolé ou de churrasco (opcional) Preparo 1) Lave bem a maçã e corte-a em fatias médias. 2) Espalhe a pasta de amendoim nas fatias (como se fosse passar manteiga no pão). 3) Monte um “lanche” com duas fatias de maçã e coloque o palito entre elas. 4) Leve para gelar. Enquanto isso, derreta o chocolate em banho-maria ou no micro-ondas (peça a ajuda de um adulto para isso). 5) Banhe as maçãs no chocolate e decore com confeitos, se quiser. Leve para gelar até o chocolate endurecer. Agora é só aproveitar essa delícia! Saiba mais sobre alimentação saudável na matéria do mês e no vídeo especial que traz um bate-papo com uma nutricionista. Nota: 1. https://www.tuasaude.com/alimentacao-e-saude/#:~:text=A%20alimenta%C3%A7%C3%A3o%20saud%C3%A1vel%20e%20equilibrada,do%20sistema%20imunol%C3%B3gico%20e%20preven%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: abril de 2022.

17/05/2022

Matéria do mês

Comer bem, que mal tem?

Todos os dias, em várias partes do mundo, as pessoas realizam uma rotina alimentar. A alimentação acompanha o ser humano desde os primórdios da civilização. Tanto a escolha dos ingredientes quanto o modo de preparo revelam a cultura e a tradição de um povo. Assim, quando nos sentamos à mesa para comer ou confraternizar, também estamos celebrando as nossas raízes. A comida é o combustível do corpo. É dela que tiramos energia, minerais e vitaminas para viver. São aproximadamente 40 trilhões de células que extraem os nutrientes dos alimentos.1 Incrível, não é? Mas há muito mais para você descobrir. Embarque nesta viagem com a RDez para dentro do corpo e entenda o processo de ingestão e digestão dos alimentos e o porquê é importante ter sabedoria na hora de comer. Um jardim interno O início: “A comida está pronta!”, avisa a pessoa que está na cozinha. Logo depois, um cheiro delicioso se espalha pela casa. Só o fato de sentir o aroma e ver aquilo que gostamos servido na mesa já começamos a salivar. É por aí que se inicia o processo digestivo. A trajetória: na saliva, existem enzimas que atuam desde a primeira garfada. Elas transformam o alimento em um bolo alimentar, que desce pelo esôfago e vai até o estômago. Ali, um líquido chamado suco gástrico vai começar a digerir o bolo alimentar. A absorção: o processo de absorção dos nutrientes começa no intestino. A flora intestinal (também chamada de microbiota intestinal) possui trilhões de microrganismos que competem entre si pelos alimentos. É como se fosse um jardim de flores: quando o solo é adubado, regado e cuidado, as plantas recebem bons nutrientes e florescem. No corpo humano, o solo é a flora intestinal. Quando ela é bem cuidada, aumentamos a imunidade e extraímos as vitaminas essenciais para realizar as atividades diárias. Daí a importância de comer bem. A questão é que, dependendo da comida que chega no intestino, ela serve de alimento para os bons ou os maus microrganismos. Enquanto os bons nos ajudam no funcionamento adequado do corpo, os maus eliminam as bactérias boas e geram um desequilíbrio que, se não cuidado, pode originar problemas futuros. Sobre a saúde intestinal, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, comenta: [...] para cuidarmos da saúde, precisamos nos lembrar também de manifestarmos alegria e de mantermos uma atitude positiva para com a vida. Afirma-se que a felicidade faz ativar o intestino, ao passo que a tristeza e a depressão prejudicam seu funcionamento. Como fomos presenteados com a dádiva da vida, devemos vivê-la plenamente. (Sabedoria na Saúde, p. 188) A melhor maneira de manter essa atitude positiva é por meio da recitação do gongyo e daimoku. Dessa forma, temos sabedoria para cuidar da alimentação e manifestamos alegria e coragem para superar os desafios diários. Vale lembrar que, até para recitarmos gongyo e daimoku precisamos estar com a saúde em dia. Veja, a seguir, como fazer uma boa refeição e ajudar os bons microrganismos do seu “jardim interno”. Presidente Ikeda e Sra. Kaneko ajudam a lavar as verduras logo após a colheita (Japão, 1971) Em busca do equilíbrio Comer bem não é exagerar nas refeições nem deixar de se alimentar. Comer bem é praticar um autocuidado, é entender os sinais enviados pelo corpo e reconhecer quando ultrapassamos o limite da saciedade. É se permitir comer quando está feliz ou porque gosta. Enfim, cuidar da alimentação deve ser algo prazeroso e equilibrado. Para te ajudar a se alimentar de forma mais saudável, confira as dicas que a RDez separou para você:2 - Diversifique os alimentos É importante que as refeições abranjam todos os grupos alimentares,3 pois nenhum alimento sozinho proporciona tudo que o organismo precisa. Caso haja uma comida que você não goste, descubra outras formas de prepará-la e experimente. - Água, muita água! A hidratação é indispensável para o bom funcionamento do corpo. A água auxilia na regulação da temperatura corporal, ajuda no funcionamento intestinal e favorece vários processos fisiológicos. - Sem pressa A preocupação, a ansiedade e a pressa nos atrapalham na hora de comer. Procure mastigar bem os alimentos. Isso contribui para a absorção dos nutrientes e aumenta a produção da saliva, o que facilita a digestão. - Evite ultraprocessados Alimentos como bolachas e salgadinhos em excesso devem ser evitados, pois costumam ser ricos em gordura, sódio, açúcar e conservante. Priorize os alimentos in natura ou minimamente processados – na tentativa de preparar uma receita em casa, você pode até descobrir que gosta de cozinhar e ter um novo hobby. 😉 Com essas dicas, ajudamos os microrganismos do intestino a devolverem todas as vitaminas necessárias para o corpo funcionar bem. Assim, nosso “jardim interno” estará sempre bem regado e nutrido e ganhamos energia para agir! No livro Sabedoria na Saúde, Ikeda sensei clama: Saúde requer esforço diário, uma combinação de forte oração, de cuidados e de ação prática. Espero que todos os senhores tenham uma vida longa e saudável. Esse é o meu sincero desejo. (Ibidem, p. 326) Seguindo a orientação do Mestre e nos lembrando de que no lema eterno da DE decidimos "cuidar da saúde", vamos preservar nosso “jardim interno” com refeições equilibradas, responsáveis e prazerosas. Assim, além de comer bem, não negligenciamos nossa saúde e manifestamos disposição como um verdadeiro Sucessor Ikeda. *Dica RDez Na seção A DE pergunta deste mês, a nutricionista Fernanda Brochado, do Departamento de Saúde da BSGI, responde várias questões sobre nutrição enviadas pelos Estudantes. Por mais simples que possa parecer, em termos concretos, firmar um sólido alicerce pessoal começa com a própria saúde. Como indivíduo e integrante da sociedade, seu bem mais precioso é a sua vida. Por isso, insisto para que cuide adequadamente da saúde. (Nova Revolução Humana, v. 24, p. 240) Notas: 1. https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/21/ciencia/1534872891_089675.html#:~:text=Em%20um%20corpo%20humano%20h%C3%A1,protozo%C3%A1rios%2C%20fungos%E2%80%9D%2C%20enumera. Acesso em: maio de 2022. 2. https://www.tuasaude.com/comer-devagar-emagrece/#:~:text=Mastigar%20bem%20os%20alimentos%20facilita,de%20azia%2C%20gastrite%20ou%20refluxo. Acesso em: maio de 2022. 3. Os grupos alimentares são: 1) carboidratos (pães e massas, por exemplo); 2) verduras e legumes; 3) frutas; 4) leite e derivados, como queijo e iogurte; 5) carne e ovos; 6) leguminosas e oleaginosas (lentilha, feijão etc.); 7) óleos e gorduras e 8) açúcares e doces.

17/05/2022

Especial

Por que é importante comer legumes?

Inspirada pela matéria do mês, a RDez fez uma enquete nas redes sociais sobre alimentação e recebeu várias dúvidas dos Estudantes. Para esclarecê-las, chamamos a nutricionista Fernanda Brochado, do Departamento de Saúde da BSGI. Confira, no vídeo, as respostas: Saiba mais: 1. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf 2. IKEDA, Daisaku. Sabedoria na saúde. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2002.

17/05/2022

DIY DEZ

Bolo de caneca superfácil

Falou em comemoração, pensou logo em bolo! E nada melhor do que um bem gostoso e fácil de fazer no micro-ondas. A receita que a RDez trouxe para você não contém ovo, assim, os alérgicos poderão comer. E ela também pode ser adaptada para os intolerantes a leite e derivados. 😉 Assista ao vídeo e acompanhe a receita: Ingredientes - 2 colheres de sopa de farinha de trigo - 1 colher de sopa de açúcar (pode ser demerara ou mascavo) - 1 ½ colher de sopa de chocolate em pó (pode ser 50%, 70% ou mais intenso) - 1/4 colher de chá de fermento em pó - 1 pitada de sal - 3 colheres de sopa de água (pode substituir por leite de vaca ou vegetal) - 1 colher de sopa rasa de óleo - Chocolate picado ou em gotas a gosto Modo de preparo Numa caneca, coloque a farinha de trigo, o açúcar, o chocolate em pó, o sal (ajuda a realçar o sabor) e o fermento. Misture tudo com um garfo até que fique uniforme. Adicione a água (ou leite) e o óleo. Misture delicadamente. Acrescente os pedaços de chocolate de sua preferência (leite, meio amargo, amargo ou branco) e mexa mais um pouco. Leve ao micro-ondas por 45 segundos e pronto! Tome cuidado na hora de retirar do micro-ondas para não se queimar. Se quiser dar um toque de chef para postar aquele fotão, cubra o bolo com um pouco de chocolate em pó peneirado. Extra - Se não quiser usar o forno de micro-ondas, cozinhe o bolo em banho-maria, mas peça ajuda para um adulto. - Você também pode adicionar especiarias à receita, como canela em pó ou noz-moscada ralada. - Se quiser uma cobertura especial, derreta chocolate em barra acrescido de um pouco de leite ou água. Deu certo? Quer gravar uma receita como essa e mandar para a gente o resultado? Você também pode nos marcar nas redes sociais ou enviar um e-mail para rdez@brseikyo.com.br. *Dica RDez Não esqueça de oferecer o bolo para seus familiares e de arrumar a cozinha depois. 😉

18/03/2022

Matéria do mês

Pensamentos a mil

Você está numa boa, estudando no seu quarto e, do nada, surge uma preocupação. Ao pensar nela, imagina milhões de possibilidades tentando prever o que pode acontecer. Os pensamentos aceleram e dão um looping, como se vários macaquinhos pulassem na sua cabeça impedindo-o de raciocinar e se concentrar no estudo. Só então você percebe que está sofrendo por coisas que nem aconteceram... Se identificou com este exemplo? A ilustração acima reflete um quadro de ansiedade que, segundo uma pesquisa do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), realizada em abril de 2021 com quase 7 mil crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos, faz parte da realidade de 26% dos entrevistados.1 No entanto, conforme o exemplo inicial, existem ansiedades que são naturais e outras que extrapolam e precisam de atenção. Tudo em excesso faz mal Algumas pessoas podem pensar que não são ansiosas e até negam a possibilidade de que um dia serão; em contrapartida, existem aquelas que se reconhecem ansiosas no dia a dia. Um exemplo de ansiedade natural é aquele friozinho na barriga que sentimos antes de apresentar um trabalho da escola para toda a sala. Nesse caso, é normal ficar ansioso, afinal, queremos fazer uma boa apresentação. O ponto de atenção é quando essa ansiedade se manifesta em excesso, deixa de ser natural e passa a interferir no cotidiano, como a ilustração do início da matéria. Por isso, lembre-se: caso sinta ansiedade a ponto de ter sintomas incomuns, sejam eles físicos ou mentais, ou que impeçam você de seguir em frente, procure ajuda profissional. Vale também compartilhar essa questão com alguém de sua confiança (você perceberá que se sentirá mais leve). Presidente Ikeda incentiva Estudantes de Hong Kong (Kowloon, fevereiro de 1988) Prática da fé e bons amigos No Budismo de Nichiren Daishonin, aprendemos sobre a importância da prática da fé e da recitação diária do gongyo e daimoku para manifestar sabedoria e, assim, encarar as adversidades com um estado de vida elevado. Além disso, podemos contar com os incentivos do Mestre, que sempre nos lembra do nosso potencial de buda para evidenciar força, avançar e encarar as situações do dia a dia de forma leve e alegre. Na revista Terceira Civilização, edição 635, o presidente Ikeda comenta sobre os desafios intimidadores que os jovens enfrentam, especialmente neste momento de pandemia. Ele relembra sua luta contra a doença quando jovem e incentiva aos jovens para que “despertem para a suprema e nobre torre de tesouro da vida que eles e todas as pessoas possuem”.2 Além disso, ninguém está sozinho! Na mensagem comemorativa dos 70 anos da Divisão dos Jovens, sensei orienta os jovens e os Estudantes para que “dialoguem com os bons amigos sobre quaisquer assuntos incentivando uns aos outros”.3 Desse modo, como Sucessores Ikeda 2030, através da prática da fé e do diálogo com os companheiros, vamos manifestar sabedoria e encarar os desafios do cotidiano e a ansiedade de forma leve e alegre. Dicas RDez Em uma entrevista para o BS+, a psicoterapeuta e especialista em terapia cognitiva comportamental, Rosa Carbone, dá várias dicas para o controle da ansiedade. Uma delas é realizar alternadamente atividades ativas e passivas durante o dia para se sentir mais realizado e não ficar com a sensação de não ter feito nada só porque não pode sair de casa. Entenda um pouco mais: Atividades passivas: são as que não movimentamos muito o corpo, como assistir a filmes, ler, estudar, jogar videogame, montar quebra-cabeça, entre outras. Atividades ativas: são as que fazem o corpo se movimentar, como pular corda, dançar, cozinhar, brincar de esconde-esconde, tocar um instrumento etc. Num sábado, por exemplo, você pode assistir a um filme (atividade passiva), dançar um pouco (atividade ativa), ler um livro (passiva) e preparar uma refeição (ativa). Desse modo, criamos um ritmo saudável no nosso cotidiano com atividades variadas. Assista ao vídeo dessa entrevista no link. Se quiser saber mais, selecionamos outras entrevistas com a Rosa Carbone para maratonar no BS+ 😉: ✅ Como lidar com o período de isolamento físico. Para saber mais acesse aqui. ✅ Quais são os nossos erros cognitivos mais comuns. Quero ver. ✅ Os desafios da interação familiar em tempos de pandemia. Confira. NRH na vida: para ler e aplicar Ninguém sabe o que o futuro nos reserva, por isso a ansiedade predomina. Contudo, por meio da oração fervorosa, podemos transformar veneno em remédio, não importando o que aconteça. Nossa prática budista é uma fonte de ilimitada força e esperança. Vamos dar uma nova partida convictos de que, se praticarmos o Budismo de Nichiren Daishonin, jamais ficaremos num beco sem saída! (Nova Revolução Humana, v. 26, p. 117) Notas: 1. https://www.scielo.br/j/rpc/a/rwLWHbbn6Q8PJ9cBHxbpdrh/?lang=en 2. Terceira Civilização, ed. 635, jul. 2021, p. 4. 3. Brasil Seikyo, ed. 2.571, 10 jul. 2021, p. 3.

23/08/2021

Matéria de Capa

Vencer na saúde

Para nos aprofundarmos no tema, RDez conversou com a nutricionista mestre em ciências da saúde pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ana Paula Cony, para explicar alguns tópicos sobre saúde alimentar - Quais tipos de lanches são bons para comer durante um simulado ou vestibular? O corpo é uma máquina que realiza funções complexas o tempo todo. para que ele funcione corretamente, é preciso abastecê-lo com combustível de qualidade. para isso, existem alimentos que podem potencializar a capacidade cognitiva, como concentração e aprendizagem. vamos dar preferência aos alimentos in natura¹ ou minimamente processados.² Já os alimentos prejudiciais são os que contêm gorduras saturadas e açúcar. Quando consumidos em alta quantidade, intervêm nos processos inflamatórios no hipocampo³ e acabam prejudicando a memória, a concentração e a velocidade na captação de informações. - Se eu não gosto de beber água, posso substituir por suco? Não! a água é essencial para a saúde do nosso organismo, atuando e regulando diferentes funções, além de fazer parte de 70% da composição corporal. Nosso cérebro controla o balanço diário de água, gerando a sede, a qual nos estimula a beber água. isso ocorre sempre que esse balanço não está adequado. Contudo, a sede não deve ser nossa única referência para hidratação; beber água deve se tornar um hábito e precisa ser feito ao longo do dia e de forma equilibrada. A quantidade média recomendada é de dois litros de água por dia, e se você é uma pessoa ativa, essa medida pode ir além. Quais nutrientes devemos ingerir antes de maratonar nos estudos? Complexo B Sua deficiência, especialmente de B12, está relacionada à demência e aos demais problemas cognitivos. Dica: tenha um consumo ajustado de carnes, avaliando também o consumo de grãos e de leguminosas. Ômega 3 Rico em ácidos graxos fundamentais para formação da estrutura cerebral e para prevenir o envelhecimento do cérebro. Dica: está presente em alimentos como salmão, sardinha, atum, chia e vegetais. Zinco Protege o cérebro do estresse oxidativo e facilita as sinapses. Dica: Pode ser encontrado em linhaça, ostras, camarão, gema de ovo e chocolate amargo. Ah, vale lembrar que nada disso funciona se não estiver associado a um estilo de vida saudável. é preciso dormir bem, exercitar-se regularmente e maneirar no estresse! O que representa para você a expressão "você é o que você come"? Essa expressão vai além do que apenas comemos; somos o que “comemos, digerimos, utilizamos e excretamos”. qualquer falha em algum desses pontos pode gerar prejuízos e, no longo prazo, alterações do status nutricional. Um integrante da de saudável é um estudante que... ...tem de vencer em tudo, inclusive na saúde. Deve ter uma alimentação saudável e equilibrada para evitar doenças crônicas como obesidade — relacionadas ao consumo excessivo de calorias e à oferta desequilibrada de nutrientes na alimentação —, hipertensão arterial, diabetes, doenças de coração e certos tipos de câncer. Fica a dica Separamos algumas sugestões da nutricionista Ana Paula Cony para uma alimentação equilibrada — Fazer alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação Em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, esses alimentos são a base ideal para uma alimentação nutricional balanceada, saborosa e promotora de um sistema alimentar sustentável. — Limitar o consumo de alimentos processados Alimentos processados — conservas de legumes, compotas de frutas, pães e queijos — têm sua composição nutricional original alterada de modo desfavorável. por essa razão, é recomendável que sejam consumidos em pequenas quantidades como parte de refeições in natura ou minimamente processadas. —Evitar o consumo de ultraprocessados Já os alimentos ultraprocessados — biscoitos recheados, salgadinhos, refrigerantes e macarrão instantâneo — são nutricionalmente desbalanceados. Suas formas de produção, distribuição, comercialização e consumo afetam a cultura, a vida social e o meio ambiente. — Deve ser crítico quanto às orientações sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais Lembre-se de que a função essencial da publicidade é aumentar a venda de produtos. Avalie as informações sobre alimentação em propagandas e estimule outras pessoas a fazer o mesmo.

01/03/2021

Nas Asas dos Seus Sonhos

Especialidades médicas e de cuidados com a saúde — bodisatvas protegendo a vida - Parte 2 de 2

Aconteceu na parte 1... Sensei enaltece os profissionais que trabalham em prol do bem‑estar das outras pessoas e fala que ter esperança é crucial para vencer. Já na segunda parte, ele nos incentiva a cuidar da vida, nosso maior tesouro, e a realizar esforços altruísticos fazendo brilhar a força inerente e o potencial ilimitado que cada um de nós possuímos. Representante do Comitê Editorial: A Faculdade de Enfermagem da Universidade Soka, do Japão, oferece oportunidades de aprendizado no exterior, e uma das instituições parceiras é a Universidade Capitol, nas Filipinas. Entendemos que essa instituição tem o compromisso de ensinar seus alunos sobre o valor da vida. Presidente Ikeda: A Universidade Capitol foi fundada em 1971, mesmo ano de fundação da Universidade Soka, do Japão. Além do curso-padrão, a universidade requer que os estudantes plantem árvores — não simplesmente plantá-las, mas cuidar delas durantes os anos de estudo para que aprendam a cuidar e a cultivar a vida. A Universidade Capitol foi fundada por Madame Laureana Rosales (1925–2009). Quando ela era adolescente, com a idade que vocês têm agora, passou pelos horrores da Segunda Guerra Mundial. Em 1942, o Exército japonês conduziu a conhecida Marcha da Morte de Bataan nas Filipinas. Eles forçaram cidadãos inocentes e prisioneiros de guerra a marchar por 100 quilômetros embaixo de um sol tropical escaldante, sem água o suficiente e nem descanso. Mais de 20 mil pessoas morreram. Madame Rosales, que sobreviveu à marcha, prometeu que faria tudo o que estivesse ao seu alcance para garantir que a tragédia da guerra jamais se repetisse. Vendo a educação como chave, dedicou sua vida a uma educação que prezasse o respeito pela dignidade da vida e a importância da paz. - O senhor nos ensinou que o Budismo de Nichiren Daishonin explana sobre os princípios do respeito pela vida e pela dignidade de todos os seres humanos. Nichiren Daishonin escreve que “a vida é o tesouro mais raro” (CEND, v. II, p. 393), e repetidamente enfatiza como ela é preciosa. Eu me lembro de um famoso episódio sobre o buda Shakyamuni nas escrituras budistas. Havia um homem doente, abandonado por todos — exceto Shakyamuni, que se levantou para ajudá-lo. Ele acariciou o homem gentilmente para aliviar seu sofrimento e o ajudou a sair de sua casa para lavar seu corpo sujo, e até mudou a roupa de cama do homem. Alguns seguidores de Shakyamuni perguntaram por que o Buda estava se esforçando tanto para ajudar o homem, e Shakyamuni respondeu: “Quem quiser cuidar de mim deve cuidar dos doentes”.1 Shakyamuni claramente via a natureza inerente de buda em todas as pessoas, independentemente do seu estado físico. O modo de vida budista é trabalhar pela felicidade e pelo bem-estar dos outros — acreditando em sua natureza de buda, ajudando-os e se comunicando com todos fazendo parte da vida deles. De fato, é com esforços altruísticos que entramos em contato com a força inerente que existe nas profundezas da nossa própria vida. As atividades da Soka Gakkai permitem que elevemos nosso estado de vida para o estágio mais alto por nos ajudarmos mutuamente, encorajando-nos e torcendo alegremente uns pelos outros. Dia após dia, muitos de seus pais espalham incansavelmente belos laços da família Soka em sua comunidade e ao redor do mundo. Seus esforços contêm verdadeira compaixão, cuidados e paz. - Presidente Ikeda, o senhor fará 90 anos no próximo dia 2 de janeiro (2018). Somos muito afortunados por vivermos juntos na mesma época, nesta nova era do kosen-rufu mundial. Quando era jovem, sofri de tuberculose e o médico disse que eu não chegaria aos 30 anos. Foi por isso que vivi cada dia como se fosse o último, para não sentir nenhum arrependimento. Como discípulo do presidente Josei Toda, estudei e lutei o máximo que consegui enquanto recitava Nam-myoho-renge-kyo. Gradativamente, tanto meu espírito quanto meu corpo ficaram mais fortes. O que é a verdadeira saúde? Ela transborda de uma vida que luta dia após dia pelos outros. É importante que continuem aprendendo e praticando enquanto se esforçam para conquistar seus sonhos, determinados a se tornar indivíduos capazes e dedicados ao bem-estar do próximo. Quando vocês se esforçam dessa maneira, sua vida brilhará com saúde vigorosa e enérgica. Vocês são todos, sem exceção, pioneiros do século da vida. Por favor, ergam-se alegremente no desafio de escalar a montanha da vida, fazendo dos estudos sua prioridade e nunca se esquecendo de recitar Nam‑myoho‑renge‑kyo. Cada passo dado abrirá o caminho para um brilhante futuro para a humanidade, e isso demonstrará o potencial interior ilimitado que todos nós possuímos.

01/03/2021

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Equilíbrio e autorresponsabilidade

Pelo próprio exemplo, Ikeda sensei nos mostra como ter uma vida saudável, sempre avançando de forma responsável e sábia A juventude de Daisaku Ikeda se mostrou turbulenta desde muito cedo. Durante a guerra, seus quatro irmãos mais velhos foram para o campo de batalha, e apenas seus pais idosos e irmãos mais novos ficaram em casa. Por ser o quinto irmão mais velho, o jovem Daisaku assumiu toda a responsabilidade do lar. Porém, com saúde frágil, má alimentação e estresse, contraiu tuberculose. A partir de então, passou a cuidar melhor da saúde. Com o transcorrer do tempo, mesmo sem ter condições financeiras favoráveis, não se permitia se dominado pelas circunstâncias nem se queixava delas e se esforçava cada vez mais. Após a sua posse como terceiro presidente da Soka Gakkai, em 1960, Ikeda sensei partiu em viagem ao mundo dando um grande passo para o kosen-rufu mundial. Sua saúde, que já era frágil, ficou abalada devido aos constantes desgastes físicos pela falta de descanso, às diferenças de clima e por não conseguir se adaptar totalmente à comida de cada país. Preocupados, os líderes centrais da SGI sugeriram que sua esposa, Kaneko Ikeda, o acompanhasse em suas viagens por conhecer melhor as condições de saúde e os costumes alimentares do marido. Além disso, devido aos encontros com diversas personalidades, era recomendável que Ikeda sensei fosse acompanhado de sua esposa. Em cada viagem, Kaneko levava em sua bagagem alguns utensílios de cozinha como pratos, tigelas, talheres e até um fogão portátil, bem como arroz e outros mantimentos. Utilizando o banheiro do hotel como uma cozinha improvisada, preparava arroz, sopa de pasta de soja e alimentos de fácil digestão. Graças a esses esforços Ikeda sensei pôde se dedicar inteiramente à luta pelo kosen-rufu desfrutando de muita saúde e disposição. Viver de forma saudável é sinal de sabedoria Assim como vimos anteriormente, os esforços constantes da Sra. Kaneko em prol de uma boa saúde permitiram que Ikeda sensei prolongasse sua vida e, assim, continuasse na luta pela felicidade das pessoas. Podemos comparar esses mesmos cuidados com a preocupação que nossos familiares têm conosco. O tema saúde é tão importante que está presente no lema da Divisão dos Estudantes e integra uma das “Cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai”. Sobre isso, o presidente Ikeda afirma com rigorosidade: A saúde, basicamente, só pode ser mantida e cuidada pela própria pessoa, é uma autorresponsabilidade; afinal, é a pessoa quem melhor conhece seu corpo. Criar um corpo saudável está relacionado à criação de valor na própria vida. [...] Jamais devem perder a saúde levianamente ao pensar que “não faz mal que eu force um pouco, eu pratico o budismo...” (Brasil Seikyo, ed. 2.138, 7 jul. 2012, p. B2) Cada um de nós, com responsabilidade e sabedoria, deve buscar ter um corpo saudável para que realize com energia todas as atividades de sua rotina. Se forçamos nosso corpo ao extremo, ficando acordados até tarde ou nos alimentando de forma inadequada, não conseguiremos viver de forma saudável. Embasados nesses itens e de modo sábio, vamos nos esforçar ainda mais para cultivar boa saúde, alimentar-nos com equilíbrio e responsabilidade, e juntos vamos avançar incentivando os outros a fazer isso também. Oito regras práticas Pensando neste assunto, o presidente Ikeda ofereceu estes pontos para uma vida mais saudável: 1 Recite um gongyo fortalecedor. 2 Conduza uma vida diária de uma forma sensata e produtiva. 3 Seja útil aos outros. 4 Mantenha hábitos saudáveis de alimentação. 5 Durma bastante. 6 Caminhe regularmente. 7 Não se deixe ficar zangado. 8 Não coma demais. NRH na vida “Budismo é razão. Um praticante do budismo cultiva a autodisciplina. Vocês são responsáveis por cuidar de sua própria saúde. Por favor, cuidem bem de si para que possam se lançar de corpo e alma ao cumprimento de sua missão.” (Nova Revolução Humana,v. 17,p. 275)

01/03/2021

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Você é o que você come? — An apple a day keeps the doctor away

Você já deve ter ouvido o provérbio “você é o que você come”. Em comemoração do Dia Nacional da Saúde e Nutrição, elaboramos uma matéria rica sobre este importante tema: a saúde alimentar Celebrado em 31 de março, o Dia Nacional da Saúde e Nutrição é uma data definida pelo Ministério da Saúde para incentivar os brasileiros a refletir sobre a alimentação. De acordo com um estudo¹ realizado em 2020 pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde, da Universidade de São Paulo (USP), os primeiros 10 mil participantes brasileiros revelaram uma mudança positiva na alimentação durante a pandemia. Já nas Regiões Norte e Nordeste, houve um aumento no consumo de ultraprocessados.² Com a nova rotina imposta pela pandemia, ocorreram grandes mudanças no hábito alimentar e no estilo de vida das pessoas. Ao alterar os hábitos alimentares, o corpo também reage, uma vez que os nutrientes dos alimentos que consumimos fornecem as vitaminas para as células do corpo, desde a pele e o cabelo até o sistema imunológico. Podemos não sentir, mas estamos constantemente reconstruindo e curando nosso corpo com o que oferecemos a ele. Afinal, você é o que você come? De certa forma, nós nos tornamos aquilo que comemos. Não entenda mal, não quer dizer que você vai virar uma pizza ou um legume, mas tudo aquilo que consumir define seu apetite e qualidade de vida. Você come o que você é Quando o corpo necessita de comida para repor os nutrientes e atender às necessidades orgânicas, ele solicita, e então procuramos nos alimentar. Também acontece de, mesmo sem fome, comermos algo por estarmos ansiosos ou nervosos. Isso porque nós nos alimentamos de acordo com o que sentimos. Alguns alimentos têm nutrientes capazes de aumentar a produção de neurotransmissores da “felicidade”, tais como dopamina, serotonina, endorfina e ocitocina. Todas essas substâncias liberadas geram sensações de prazer e de bem-estar.³ Por essa razão, quando estamos naquela bad ou nos sentimos ansiosos, atacamos o chocolate, por exemplo, pois ele proporciona essa sensação boa. Fazer isso vez ou outra não causa problemas. O perigo é quando essas ações se tornam rotina para compensar emoções negativas. Ou seja, você está triste e sua reação é abrir a geladeira ou o armário para comer por impulso. Além de querer nos alimentar de acordo com o que sentimos, comemos também pelo prazer de nos sentar à mesa e compartilhar momentos com aqueles que amamos ou para comemorar alguma data especial. Seja como for, o importante é manter o equilíbrio e não se deixar levar pelo “momento”. Procure estar atento às suas ações e emoções e busque soluções, como exercícios, leitura, daimoku, em vez de descontar na comida. Afinal, existem outras atividades que geram bem-estar. Uma maçã por dia mantém o médico longe Baseado num velho ditado de Pembrokeshire, País de Gales, e citado pela primeira vez em 1860,⁴ o provérbio An apple a day keeps the doctor away (“Uma maçã por dia mantém o médico longe”) ilustra a importância de ingerir alimentos saudáveis diminuindo a chance de adoecer. Como vimos anteriormente, a alimentação saudável garante a boa nutrição e o funcionamento adequado do corpo. Portanto, ela influencia na saúde. Com base nesse antigo provérbio, a RDez separou algumas informações para uma rotina alimentar saudável: Filtre as escolhas Atente-se no momento de escolher os alimentos para não sair pegando todas as gostosuras que vir pela frente no armário ou na geladeira. Pense sempre se aquele alimento é nutritivo ou não. Alguns não possuem bom valor nutritivo e ainda carregam ingredientes que, se consumidos com frequência, podem trazer problemas no longo prazo. Aprenda como preparar Evite fazer muitas frituras e busque novos modos de preparo das refeições. Quem sabe se nessa você descobre novas receitas, sabores e até um talento? Coma apenas o necessário Manter o equilíbrio na quantidade de alimentos consumidos no dia também é uma boa sugestão. Há certas horas em que a vontade de repetir o prato de comida não acontece por necessidade e sim por gula. Então, para ajudar você nesses momentos, lembre-se da música cantada no filme Mogli — O Menino Lobo: “Necessário, somente o necessário. O extraordinário é demais!”.

01/03/2021

Nas Asas dos Seus Sonhos

Especialidades médicas e de cuidados com a saúde — bodisatvas protegendo a vida - Parte 1 de 2

Sinopse Nesta parte, presidente Ikeda relembra seus desafios pessoais para superar a doença e compartilha que vencê-la se tornou um grande tesouro em sua vida ao incentivar aqueles que passam por problemas de saúde. Representante do Comitê Editorial: O “Mês da Vitória da Divisão dos Estudantes” (do dia 1o a 23 de dezembro) acontece agora no Japão. Aqueles que estão se preparando para os exames admissionais para as escolas entraram na reta final.¹ Presidente Ikeda: Quando escalamos uma montanha, a última ladeira que leva ao cume é sempre a mais difícil, mas, assim que alcançamos o topo, uma vista magnífica aparece diante dos nossos olhos. Nossa prática budista nos permite alcançar e conquistar de forma triunfante cada objetivo lançado. Estou orando sinceramente todos os dias pela saúde, pelo crescimento e pela vitória dos nossos integrantes da Divisão dos Estudantes. Que eles não se permitam ser derrotados! - A sociedade mudará dramaticamente quando os membros atuais da Divisão dos Estudantes se tornarem adultos. Alguns pesquisadores preveem que, em 2045, a expectativa de vida no Japão excederá os 100 anos. Com isso em mente, nesse campo, gostaríamos de discutir questões de medicina e de cuidados, que são tão críticos para nossa vida. Esses são assuntos muito importantes. Eu me pergunto que impressão os membros da DE têm sobre doenças e envelhecimento. Presumo que seja, provavelmente, uma visão negativa. É óbvio que é melhor estar bem do que doente, e todos gostariam de permanecer jovens e saudáveis para sempre, se fosse possível. Mas, na realidade, tudo que é vivo envelhece, e a batalha contra a doença também é inevitável. Portanto, devemos manter uma filosofia de vida que nos dê a habilidade de encarar os desafios do envelhecimento, da doença e da morte. Essa é a chave para construir uma sociedade genuinamente feliz. - Alguns dos membros da Divisão dos Estudantes estão lidando de uma forma ou de outra com algum tipo de doença. Sim, e oro pela saúde e felicidade deles. Também lutei contra a doença em minha juventude, então compreendo muito bem o que eles estão enfrentando. Entretanto, passar por uma grande doença ou dificuldade enquanto jovens pode nos fortalecer e nos levar ao encontro da nossa grande missão. No futuro, com certeza haverá alguém a quem vocês poderão encorajar com suas experiências; e, como jovens, são resilientes e podem ultrapassar qualquer obstáculo. Por favor, nunca recuem ou desistam. Nichiren Daishonin escreveu: “A doença desperta a decisão de alcançar o caminho” (WND, v. I, p. 937). Ele quer dizer que a enfermidade pode nos inspirar a intensificar nossa fé. A doença nos ajuda a compreender como é preciosa a saúde; quanto somos afortunados por termos família e amigos; e como é maravilhoso possuir uma grande fonte de esperança — nossa prática do Budismo de Nichiren Daishonin com “fé para alcançar a vitória absoluta”. Quando nos empenhamos a recitar Nam‑myoho-renge-kyo em nossa luta contra as enfermidades, entramos em contato com o poder ilimitado da vida. Podemos nos tornar até mais saudáveis que antes de ficarmos doentes. Nossa prática budista nos permite usar a doença como trampolim para uma vida saudável e uma juventude inigualável. Ao pegarmos um resfriado, podemos ficar com tosse e febre. Essa é a forma de o corpo lutar contra o vírus que quer se alojar nele. Nosso corpo está sempre lutando. A própria vida é uma batalha em todos os aspectos. Mas é por causa dessa luta que podemos experimentar um dinâmico crescimento e revitalização. Imagino que alguns de vocês, que estão lidando com as enfermidades, tenham se interessado por profissões relacionadas com a medicina e com os cuidados devido ao apoio e à assistência que têm recebido de médicos, enfermeiros e outros. Médicos e cuidadores sentem empatia pelos doentes e por pessoas mais velhas, e estão sempre os apoiando para que a vida de cada um brilhe. Esses profissionais têm uma nobre existência por aceitar alegremente o desafio de trabalhar em prol da saúde e do bem‑estar dos outros, incorporando o espírito altruísta dos bodisatvas, conforme ensinado no conceito dos “dez mundos” que vocês estudaram. Recentemente, um membro, que é cuidador, disse que o trabalho de cuidar das pessoas impacta a sociedade e o mundo como um todo. Ele explicou que gostaria que o Japão, como uma nação que contém uma das maiores expectativas de vida do mundo, fosse um modelo de abordagem positiva do envelhecimento da sociedade. Com essa visão acalentadora em seu coração, passa dias cuidando de idosos. Ele é verdadeiramente admirável pela profissão a qual se dedica e também por participar ativamente nas atividades da Soka Gakkai. - Nos últimos anos, a informação tecnológica vem ganhando papel importante em todos os aspectos da sociedade, como na medicina e nos cuidados com as pessoas. Vemos até um crescimento do uso de robôs nesses campos. A ciência está progredindo num nível surpreendente. E isso torna o contato humano e a interação ainda mais cruciais. Uma palavra em japonês para tratar as enfermidades é te-ate, que significa “usando as mãos”. É muito interessante que o termo para cuidados médicos indique o ato de fazer contato humano. Ouvi falar de uma técnica de cuidados de massagem terapêutica em que o cuidador se senta à altura dos olhos do paciente e o massageia com as palmas das mãos enquanto conversa com ele num tom gentil e acolhedor. Essa conexão entre pessoas, entre duas vidas, é o ponto de partida para a arte da medicina. Quando vocês ficam doentes, tenho certeza de que sua mãe ou pai massageia suas costas para confortá-los ou coloca a mão em sua testa para constatar se estão com febre. Em nosso diálogo publicado com o título Ser humano: Essência da Ética, da Medicina e da Espiritualidade, René Simard, pesquisador do câncer de relevância, ressaltou a importância da interação humana no tratamento médico. - Nós estudamos esse diálogo quando estávamos na Divisão dos Jovens. Ano passado (2016), o Dr. Simard disse, numa entrevista, que ele sentia a forte necessidade de restaurar o elemento humano na medicina, e que o diálogo com o senhor continha várias sugestões para fazer isso acontecer.² Nessa entrevista, lembro-me de que Dr. Simard também disse que seria importante que os pacientes que lutavam contra enfermidades tivessem esperança, mesmo que fosse difícil comprovar qualquer conexão entre a esperança e a recuperação. Ele percebeu que a família e os amigos de doentes têm papel significativo em demonstrar esperança, e que relações calorosas com pessoas, e não com máquinas, elevam o estado de espírito e iluminam o coração. Desde que haja esperança, nossa vida pode brilhar. Nunca devemos nos esquecer da força imensurável que possuímos. Precisamos nos aprofundar ainda mais nos assuntos da própria vida e descobrir nosso infinito potencial. Médicos, enfermeiros, farmacêuticos e todos os que cuidam de pessoas são bodisatvas protegendo a vida. Continua na próxima edição.

04/02/2021

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Você dorme bem?

Se parou para pensar na resposta, é sinal de que ainda tem dúvidas se dorme bem ou não. Então, cola nesta matéria como gruda no cobertor numa noite fria e aprenda mais sobre como ter uma boa noite de sono e um dia produtivo Uma pessoa saudável dorme a quantidade necessária e tem disposição de sobra para um dia de alto rendimento. A Semana do Sono [veja quadro ao lado], que acontece todos os anos no mês de março, teve neste ano o tema “Dormir Bem É Envelhecer com Saúde”. Pode até ser que você conheça alguém que diz que não precisa dormir muito e que compensa no fim de semana, mas há estudos que provam que dormir poucas horas com certa frequência diminui os reflexos e a velocidade de reação. Fique atento! Deixar uma boa noite de sono fora de suas prioridades é negligenciar a própria saúde. Semana do sono Evento que ocorre em todo o Brasil com o objetivo de divulgar informações, novidades e pesquisas úteis sobre o sono. Acesse o site e a cartilha pelo código ao lado: Cair de sono, nem pensar! Na edição anterior, falamos sobre cuidar da saúde e citamos a expressão “Saco vazio não para em pé”. Podemos compará‑la com o fato de que, sem dormir, não paramos em pé, mas tombamos de sono. Manter a rotina de sono é essencial, e para isso é importante não ser levado pelas tentações de bate-papos noturnos nas redes sociais, jogos, e maratonas de séries e filmes. Às vezes, tentamos compensar ou aproveitar as férias para ligar o modo “hibernar”, mas dormir em excesso pode ser tão prejudicial quanto ficar sem dormir como podemos ver no infográfico acima. Vale compensar o sono? Na Universidade da Califórnia, em Berkeley, foi feito um estudo que comprova algumas teorias. Na primeira noite, os voluntários dormiram 8 horas, e no dia seguinte, realizaram provas escritas e tiveram seus reflexos testados. Eles também foram colocados em tarefas tediosas para ver quem “pescava”. Depois, foram divididos em grupos com diferentes tempos de sono. Após cada noite, os testes eram reproduzidos. Confira abaixo os detalhes do teste e os resultados: Grupo 1: os voluntários continuavam a dormir 8 horas todos os dias. Grupo 2: dormiam por 6 horas — levaram dez dias para chegar ao nível de uma pessoa sem dormir, com a cognição atrapalhada. Grupo 3: dormiam por 4 horas — tiveram um desempenho pior a cada dia; no terceiro dia, o resultado era como o de uma noite sem dormir. Grupo 4: passavam a noite em claro — logo após a primeira noite em claro, o desempenho era equivalente ao de alguém sob efeito de álcool, de tão ruim. Aqueles que dormiam por 6 horas, mesmo pensando terem se saído bem nos testes, não tiveram resultados como os de alguém que dormia 8 horas seguidas. Depois do experimento sem dormir, os pesquisadores deixaram que os voluntários dormissem quanto quisessem por três dias; os resultados cognitivos melhoraram, mas mesmo assim não continuaram como os de alguém que dorme 8 horas frequentemente. Como mostrou outro estudo aqueles que dormiam além do horário recomendado eram prejudicados na realização de atividades cotidianas tanto quanto os indivíduos que tinham dormido pouco. Ou seja, não vale a pena compensar o sono. 1, 2, 3 carneirinhos Um conto de origem árabe do século 12 narra o caso de um contador de histórias contratado por um rei para ajudá-lo a dormir. O conto é sobre um fazendeiro que precisa levar 2 mil ovelhas para casa num barco que comporta apenas dois animais por vez. Então o rei precisaria contar uma a uma as mil viagens de barco. Trata-se da recriação num trecho de Dom Quixote, do famoso Miguel de Cervantes; a história foi espalhada por toda a Europa, e de lá para o mundo. Fonte: ww.super.abril.com.br/mundo-estranho/como-surgiu-a-lenda-de-contar-carneirinhos-para-dormir.

06/07/2019

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Dormir bem é cuidar da saúde

Elaboramos “Mitos e Verdades” com base em algumas dúvidas que o presidente Ikeda esclareceu com especialistas de várias disciplinas. Os trechos foram extraídos e adaptados do livro Sabedoria na Saúde [diálogo realizado em 1996] Pres. Ikeda: É verdade que quando uma pessoa não dorme o tempo necessário por vários dias, ou quando permanece a noite toda acordada, fica com a visão turva e o cérebro não consegue funcionar muito bem? Verdade! Toyofuku: Experiências mostram que quando o sono é interrompido, a pessoa pode ter depressão, irritabilidade e distúrbios emocionais. Morita: Naturalmente, o sono revigora não apenas o cérebro, mas possibilita a todas as partes do corpo se recuperar da fadiga. Pres. Ikeda: Dormir demais também faz mal? O Dr. Pauling afirmou que menos de sete horas e mais de nove horas de sono não fazem bem à pessoa. Verdade! Morita: Há experiências para determinar os efeitos de excesso de sono. Essas experiências têm comprovado que a pessoa perde a capacidade de concentração e torna‑se menos eficiente no trabalho. Não é verdade que quanto mais dormimos mais revigorados nos sentimos. Dormir demais pode ser fatigante. Pres. Ikeda: É recomendável tomar um banho antes de se deitar? Depende... Toyofuku: Um banho morno pode ajudar a estimular o sono. Porém, um banho quente superestimula o corpo e pode acabar mantendo a pessoa acordada. (...) Deve-se evitar tomar bebidas que contenham grande quantidade de cafeína — tais como café, chá preto ou chá verde. Beber um copo de leite morno antes de deitar-se pode ajudar a ter uma boa noite de descanso. Ingerir uma pequena porção de alimentos, tais como queijo e iogurte, também pode ajudá-lo a dormir. Sabedoria na Saúde Nosso mestre, presidente Ikeda, realizou inúmeros diálogos pelo mundo, um deles foi publicado em português e é um diálogo sobre o budismo e a arte da medicina. Pense na saúde e no bem-estar Separamos em tópicos algumas perguntas do sensei sobre o sono e a saúde. Entenda por que é tão importante priorizá-los 1. Deixe seu cérebro descansar Pres. Ikeda: Diz um antigo ditado: “A boa saúde começa com um bom sono”. Por que os seres humanos precisam dormir? Toyofuku: A principal razão é que o cérebro precisa recuperar-se da fadiga e exaustão mental. Os músculos podem recuperar-se da fadiga com o descanso sem precisar dormir. O cérebro, entretanto, necessita dormir para se recuperar. 2. Evite séries, filmes e atividades que o (a) deixem muito agitado(a) Pres. Ikeda: Há algo que podemos fazer antes de deitar que nos ajude a dormir profundamente? Morita: Antes de deitar, tente relaxar o máximo possível. Evite atividades vigorosas ou programas de televisão muito estimulantes. 3. Mantenha uma rotina Pres. Ikeda: Quais os pontos que devemos considerar para se ter uma boa noite de sono? Toyofuku: A primeira coisa é estabelecer e manter um ritmo diário regular. Mesmo que não consiga dormir, tente deitar‑se todas as noites em um mesmo horário e igualmente levantar-se todas as manhãs em um horário determinado. (...) Deveríamos nos esforçar para mantermos os horários normais mesmo nos feriados. Podemos sempre tirar um cochilo à tarde se sentirmos necessidade de algum sono extra. O mais importante é não quebrarmos o horário normal de sono diário. 4. Evite cochilos longos Pres. Ikeda: O hábito de tirar uma sesta, um cochilo à tarde, sobrevive no sul da Europa, na América do Sul e na América Central. O que um cochilo pode fazer por nós? Toyofuku: Em geral, se um cochilo à tarde for de menos de uma hora, pode auxiliar na cura da insônia à noite. Obviamente, não é nada animador as pessoas se debruçarem na mesa durante o trabalho... Morita: No entanto, cochilar por longas horas e ainda no final da tarde pode deixar a pessoa sem sono quando chegar a hora de dormir e impedi-la de ter uma boa noite de descanso. 5. Faça silêncio quando alguém mais velho estiver dormindo Pres. Ikeda: Por que se torna mais difícil dormir conforme a pessoa envelhece? Toyofuku: O sono é controlado pelo cérebro e como nosso cérebro enfraquece com a idade, a capacidade para mantermos o ritmo de sono dos anos em que éramos mais jovens é reduzida. Morita: O sono dessas pessoas também é geralmente mais leve, razão pela qual podem não se sentir tão revigoradas ou satisfeitas com seu sono como quando eram mais jovens. NRH na vida “– Prestar cuidadosa atenção à dieta, à quantidade de sono e exercitar-se são aspectos indispensáveis para favorecer a saúde. Naturalmente, não devem exagerar na comida ou na bebida ou comer muito tarde da noite. Certifiquem-se de dormir o suficiente e de ter um sono profundo e repousante. Também é essencial incorporar um programa de exercícios à vida diária para se manterem fortes.” Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.286, 8 ago. 2015, p. C1-C8.

06/07/2019

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Saúde em equilíbrio — Take care!

Saúde não significa apenas ausência de doenças, o que o sucessor Ikeda deve buscar é o equilíbrio de todos os aspectos que impactam sua vida. Esta matéria traz para você dicas e ideias de como manter tudo em harmonia e cultivar uma saúde inabalável Pode parecer chato se você pensar que para ser saudável é preciso levar uma vida cheia de regras, mas não é bem assim. Saúde em equilíbrio significa essencialmente que todos os aspectos da vida (estado físico, social, mental, intelectual, emocional, familiar, profissional, financeiro e espiritual) estão em harmonia. Se algum estiver fora do eixo, pode comprometer os outros e consequentemente sua vitalidade como um todo. Como uma das diretrizes do lema eterno da Divisão dos Estudantes, "cuidar da saúde" é essencial para cumprirmos nossa missão. Ser saudável é tão... Antes de completar esta frase, livre-se da ideia que ser saudável tem um rótulo. Vai além de qualquer estereótipo, do fitness. O dicionário define "saúde" como “estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para sua fase do ciclo vital” (Houaiss, p. 1716). Sendo assim, saúde é a busca constante de equilíbrio interno do ser humano diante dos diversos ciclos da vida. “A saúde é um estado de completo bem‑estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade”.(Constituição da Organização Mundial da Saúde) Ação e reação Você está ansioso com as provas do vestibular e come chocolate “como se não houvesse o amanhã”. A parte boa é que a guloseima ajuda na ativação de dopamina e serotonina, neurotransmissores responsáveis pela melhora do humor e liberação de endorfina no cérebro, a substância que proporciona o prazer. A parte ruim é que em algumas pessoas, o excesso pode trazer malefícios como dores de cabeça, problemas gastrointestinais, aumento de acnes e até quadros de sobrepeso. “Mente sã, corpo são” Assim como saúde física não é ausência de doenças, a emocional vai além do fato de possuir ou não algum transtorno. Também é essencial estar em equilíbrio com o corpo. Como diz o ditado “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose”, o importante é ter bom senso e sabedoria nas escolhas e o que elas podem desencadear em seu corpo e mente, pois ambos respondem aos estímulos que damos a eles. Ouça seu corpo O corpo possui diferentes formas de se manifestar. Quando ingerimos alguma coisa que é interpretada como prejudicial, ele dispara um sistema de alerta que cria reações biológicas para eliminar o objeto incômodo. Entendendo este conceito, é essencial prestar atenção em como o seu corpo "fala": às reações ao ingerir certos alimentos, ao exercício que fez ou deixou de fazer, à disposição nos afazeres e aos diversos estados emocionais que sente ao longo do dia. Aprenda com os exemplos Observar o corpo também é interpretar o que cada alimento desperta em você. Pode acontecer de alguém falar “Coma isso que faz bem” ou “Não coma isso que dá azia” — porque a pessoa provou e aquilo lhe causou alguma uma reação, cabe a nós estarmos abertos às experiências dos outros e tirar nossa própria conclusão. Fica então a dica para procurar seus pais, tios e avós e ouvir sobre suas tradições e seus conselhos antes de rejeitar o conhecimento deles. Pode ser que descubra uma receitinha antiga transmitida de geração a geração neste simples exercício e até encontre dicas positivas para sua saúde e bem-estar.

09/06/2018

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Quem se ama, se cuida

Take care é uma expressão que para nós, brasileiros, é similar a “cuide-se”, ou seja, zelar pela saúde é um ato de amor‑próprio. Portanto, fique ligado nas dicas e curiosidades sobre o assunto e lembre-se: suas escolhas influenciam diretamente a sua vida e a de outras pessoas Amigos ajudam a prolongar a vida O que faz uma pessoa ser saudável? Para responder esta pergunta, a Universidade Harvard iniciou uma pesquisa em 1937 (e que ainda está em andamento), e revelou que os amigos são o principal indicador de bem-estar na vida de alguém. Ter laços fortes de amizade aumenta nossa vida em até dez anos, além de ajudar no combate à depressão, que tem como causa a falta de apoio emocional. "Vaca" verde Em 2017, uma das tendências na nutrição foi o aumento do consumo de vegetais como fonte de proteínas em suas mais variadas formas. Isso porque um estudo de pesquisadores das Universidades Harvard e Massachusetts comprovou que ingerir mais proteína vegetal e menos animal pode colaborar com uma vida mais longa e saudável, além de ser uma fonte mais sustentável, nutritiva e versátil. Você sabia? Que o acesso ao direito fundamental à saúde do ser humano, independentemente de raça, religião, posicionamento político, condição econômica ou social é garantido por uma constituição? A Constituição da Organização Mundial da Saúde entrou em vigor em 7 de abril de 1948 e este ano completou 70 anos de existência. Curiosidades: 38% dos brasileiros dizem que praticam alguma atividade física regularmente 62% são sedentários e dizem que o principal fator é a falta de tempo A mesma pesquisa trouxe o futebol como esporte preferido dos homens, e a caminhada, das mulheres. Entenda o que é alimento in natura, processado e ultraprocessado In natura Obtido diretamente de plantas ou animais e não sofre qualquer alteração após deixar a natureza. Processado Fabricado pela indústria com adição de sal ou açúcar (ou outra substância de uso culinário como óleo ou vinagre) para aumentar sua duração. Ultraprocessado Formulação industrial, em geral com pouco ou nenhum alimento inteiro e com aditivos (corantes, aromatizantes, intensificadores de sabor) para tornar o produto mais atraente e com duração ainda maior. Guia alimentar Estatísticas apontam um aumento do consumo de alimentos processados e ultraprocessados, gerando preocupações com a saúde dos brasileiros. Desta forma, o Ministério da Saúde elaborou dez dicas para a melhoria da alimentação: 1. Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação 2. Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos 3. Limitar o consumo de alimentos processados 4. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados 5. Comer com regularidade e atenção em ambiente apropriado e, sempre que possível, com companhia 6. Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados 7. Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias 8. Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece 9. Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora 10. Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais

09/06/2018

Matéria de Capa

Boa saúde em sua essência

Ikeda sensei sempre nos incentiva a cuidar da saúde. É tão importante que é a quarta diretriz da Soka Gakkai e está no lema da Divisão dos Estudantes! Mas sendo a doença um dos quatro sofrimentos inevitáveis da vida, qual melhor caminho para desfrutar uma vida saudável? O presidente Ikeda dialogou sobre o tema de inúmeros pontos de vista em diversas ocasiões.Em uma delas, o bioeticista e presidente do Comitê de Ética da Universidade de Montreal, Guy Bourgeault, compara ser saudável a uma caminhada, não no sentido da saúde física, mas da saúde como um todo. Ele diz que ao tirar um pé do chão para ir adiante assume-se o risco de perder o equilíbrio por estar com o peso todo apoiado em apenas um pé, mas retoma a estabilidade a cada novo passo. É um ciclo em que “boa saúde é como uma realidade dinâmica em vez de estática”.¹ Todos estão sujeitos a passar pelo sofrimento da doença em algum momento da vida. Passar por isso não significa que está sendo derrotado, qualquer pessoa é suscetível a adoecer pelo simples fato de estar viva. “A saúde não é simplesmente uma questão de não ocorrência de doença. Saúde significa constantes desafios, constante criatividade. Uma vida produtiva sempre avança, revelando novas perspectivas, ou seja, uma vida verdadeiramente sã. Um espírito indomável é o que sustenta a força de querer sempre avançar” (Sabedoria na Saúde, p. 11). Cuidar-se significa manter o espírito sempre saudável Quando seu corpo não reage como deveria ou não parece estar como normalmente é, fique atento e procure um profissional da saúde. Num bate-papo com a equipe da RDez, o Dr. Sidney Tojer, consultor do Departamento de Saúde da BSGI (Depas), afirmou: “É fundamental ouvir o corpo, aprender a identificar o que está acontecendo com ele seja físico ou emocionalmente. Se você não sabe, consulte um profissional da saúde. A fé é essencial, mas procurar ajuda científica quando se está doente é importante da mesma forma. Portanto, aproveite os recursos que a ciência tem a oferecer”. Além dessa recomendação, o Depas nos enviou cinco dicas para mantermos a saúde social e mental em equilíbrio. Que tal colocá-las em prática? 1. Tenha um sono reparador 2. Tenha bons amigos e faça novos, planeje diversões saudáveis e construtivas com eles 3. Não se isole, peça ajuda e sempre compartilhe o que está sentindo 4. Veja as dificuldades como "algo a ser resolvido" e não como problema 5. Lembre-se sempre de respirar fundo Benefícios da fé na saúde No caso da fé, muitos estudos são realizados e comprovam seus benefícios à saúde, seja em relação à saúde mental, seja em doenças crônicas. Uma pesquisa feita com 64 mil pessoas em 65 países indicou quais países são mais e menos religiosos, e o Brasil se encontra em 23o lugar, com 79% dos entrevistados se dizendo crentes. A pesquisa também mostrou que a religião continua sendo importante nas gerações mais jovens, e os 67% dos entrevistados de 25 a 34 anos professam algum tipo de fé. Quatro lemas² para a boa saúde Você se considera um Estudante preocupado em ter uma vida saudável? No livro Cinco Diretrizes Eternas da Soka Gakkai, Ikeda sensei dá quatro direcionamentos para se manter com boa saúde: "Recite gongyo e daimoku revigorantes" Desafiamos a recitação do gongyo e do daimoku todos os dias para fortalecer nossa energia vital. A postura com que fazemos a prática da fé diante do Gohonzon reflete como encaramos a vida. Quando estamos determinados, sentimos que podemos encarar qualquer dificuldade, não é mesmo? "Contribua para o bem-estar dos outros" Busque meios para ser uma pessoa ativa no movimento pelo kosen-rufu com ações concretas que façam a diferença, independentemente de onde estiver. Compreender que todas as pessoas possuem o estado de buda e incentivá-las por meio do diálogo a entender e valorizar a dignidade da vida é uma prática muito nobre. Seja um exemplo de coragem que transmite esperança a todos. "Mantenha um estilo de vida equilibrado e produtivo" Temos muitas tarefas e deveres na vida e é importante termos sabedoria para mantê-la equilibrada. Durma em horário que te permita descansar o suficiente para encarar o próximo dia; separe um tempo para as tarefas escolares e estudo, como também para ter um momento de descontração com a família e amigos; planeje os próximos passos para alcançar seus sonhos e se desafie a cada dia. "Coma com sabedoria" A alimentação é a grande responsável pela nossa boa saúde física. Quando o assunto é comida, o importante é ter sabedoria na hora das escolhas: o segredo está no equilíbrio. Exagerar em qualquer tipo de alimento pode trazer problemas. 5 Diretrizes Eternas da Soka Gakkai Agora que já sabemos tudo sobre a quarta diretriz, que tal relembrar as outras? 1. Prática da fé para criar harmonia familiar 2. Prática da fé para conquistar a felicidade 3. Prática da fé para vencer as dificuldades 4. Prática da fé para manter boa saúde e obter longevidade 5. Prática da fé para alcançar a vitória absoluta

09/06/2018

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Vivam como vitoriosos monarcas da saúde

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