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Partes 44 à 52

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15/09/2012

Partes 44 à 52

PARTE 44

Por ter enfrentado grandes difi culdades, Henry Kissinger desenvolveu forte personalidade que não era influenciada por sentimentalismo ambicioso, ódio ou pessimismo. Ele se formou na Universidade de Harvard e, ganhando reputação como estudante de políticas internacionais, se tornou professor. Mais tarde, o presidente Richard Nixon o nomeou conselheiro de segurança nacional, e ele começou a participar ativamente na política.

Em 1973, Kissinger foi muito elogiado por seu desempenho na assinatura do acordo de paz entre Estados Unidos e Vietnã e recebeu o Prêmio Nobel da Paz. No mesmo ano foi nomeado secretário de Estado dos Estados Unidos.

O presidente Shin-iti Yamamoto ansiava por uma longa conversa com Kissinger pelo bem da paz mundial para encontrarem juntos uma nova direção para a humanidade.

Kissinger tinha uma personalidade racional, franca e se preocupava muito pouco com formalidades. Era perspicaz e compreendia rapidamente a essência de cada questão, fazendo a conversa se desenvolver num ritmo acelerado.

Quando Shin-iti perguntou o que ele pensava sobre a possibilidade de um tratado de paz e amizade entre Japão e China, o secretário de Estado Henry Kissinger concordou imediatamente dizendo que isso deveria ser realizado.

Kissinger indagou a Shin-iti:

— Deixe-me perguntar-lhe fran­ca­mente: qual é a sua posição em relação às potências mundiais?

A pergunta de Kissinger foi claramente motivada pelo fato de Shin-iti ter visitado e se reunido com líderes da China, da União Soviética e agora estava conversando com ele nos Estados Unidos.

Shin-iti respondeu sem hesitar:

— Não estamos ligados ao Bloco Leste ou Oeste. Não somos aliados da China, da União Soviética ou dos Estados Unidos. Somos uma força de paz e nos aliamos com a humanidade.

Esse era o humanismo sobre o qual Shin-iti firmemente se baseava e era a posição fundamental da Soka Gakkai.

Kissinger sorriu, parecia entender as convicções do presidente Yamamoto. No restante do diálogo, falaram do conflito árabe-israelense, das relações sino-americanas e soviético-americanas, e das Conversações sobre Limites para Armas Estratégicas. A conversa prosseguiu com a reflexão compartilhada de seus desejos de encontrar caminhos para a paz.

PARTE 45

Shin-iti queria propor ideias para promover a paz no Oriente Médio, uma região que se tornou perigosa no mundo. A crise não era simplesmente uma questão regional. Ela impactou seriamente os governos e as economias de todas as nações, inclusive com o potencial para desencadear uma terceira guerra mundial. O presidente Yamamoto tinha grandes expectativas nos esforços sinceros do secretário Kissinger em resolver o conflito, estava ávido para que o diplomata constituísse uma paz duradoura na região.

As propostas de Shin-iti não se resumiam apenas em negociações pela paz, elas representavam os princípios políticos que trariam resultados em longo prazo. Suas ideias expressavam princípios básicos fundamentais para atingir a paz no Oriente Médio.

O conflito árabe-israelense tinha raízes históricas profundas que se tornaram uma complexa teia. Medidas temporárias e paliativas já não tinham efeito sobre a resolução das questões centrais. Portanto, Shin-iti concentrou-se em elaborar princípios essenciais para a paz em vez de sugerir ações específicas.

O presidente Yamamoto não queria ocupar o precioso tempo de Kissinger discutindo detalhadamente sobre um assunto tão complexo. No entanto, em suas mãos estavam cerca de dez páginas de manuscritos japoneses já traduzidos para o inglês com propostas para o secretário de Estado. Shin-iti sempre é atencioso com as pessoas com as quais dialoga e sabia quão ocupado seu anfitrião era. Tal consideração é um reflexo de seu caráter.

Resumindo seus pensamentos sobre a situação do Oriente Médio, ele entregou o manuscrito ao diplomata.

— Posso olhar agora? — perguntou Kissinger.

Quando Shin-iti lhe disse que sim, o secretário começou a examinar o texto. Depois de ler todo o documento, voltou ao início e começou a relê-lo.

O primeiro princípio de Shin-iti para se alcançar a paz no Oriente Médio era de que as necessidades dos países de Terceiro Mundo fossem prioridade, em vez de discutir os interesses das potências mundiais.

A paz duradoura no Oriente Médio só será alcançada quando os direitos dos palestinos, agora sem terra, forem restaurados e sua felicidade se tornar prioridade.

PARTE 46

Em sua proposta, Shin-iti referiu-se à visão de coexistência pacífica entre israelenses e palestinos articulada pelo escritor e historiador judeu polonês Isaac Deutscher (1907–1967). Como ambos os países falharam na tentativa de resolver seus problemas por meio de políticas de identidade étnica, eles deveriam transcender suas divisões étnicas para alcançar a paz.

Com base nessa premissa, Shin-iti sugeriu que a coexistência pacífica com os palestinos seria possível se Israel se tornasse uma sociedade mais igualitária. Isso seria garantido pela liberdade de pensamento, de crença e de religião para todos, sem discriminação por etnia ou descendência. Em apoio a essa ideia, ele observou que, no passado, seguidores do islamismo, cristianismo e judaísmo viveram pacificamente na região.

O segundo princípio oferecido por Shin-iti foi de que a negociação paciente e constante, sem o uso de armas, era o único caminho para a paz. Os vários surtos de violência no Oriente Médio nunca resolveram nada, apenas tornaram a situação mais enraizada e desesperadora. Ele reforçou seu ponto de vista de que era evidente que uma solução militar não seria possível e insistiu fortemente para que os líderes das grandes potências não incentivassem o uso da força em hipótese alguma.

Dizendo que nenhuma munição deveria ser permitida próximo dos locais de extremo perigo na região, afirmou que era necessário haver o apoio financeiro e técnico não militar no lugar de armamentos. Ele também propôs que Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido, França e outras grandes nações consumidoras de petróleo deveriam trabalhar juntas. O intuito era fundar um instituto para a construção da paz no Oriente Médio que asseguraria o desenvolvimento pacífico da região.

A terceira proposta de Shin-iti era que as negociações especificassem uma resolução pacífica entre as partes principais envolvidas no conflito. Se as negociações fossem conduzidas sob a ameaça de ação militar das grandes potências, os acordos resultariam apenas em uma paz temporária que serviria como uma pausa entre guerras.

Nesse caso, qualquer mudança, ameaça ou quebra do acordo militar provocaria novos ataques, gerados pela insatisfação no tratado de paz ou como vingança de conflitos anteriores.

PARTE 47

A proposta do presidente Yamamoto também tratava do trabalho conjunto dos Estados Unidos com a União Soviética como potências globais de forte influência nos conflitos mundiais. As questões sobre esses conflitos deveriam ser discutidas e resolvidas baseando-se inteiramente no princípio de soberania.

Intencionalmente, ele não mencionou assuntos como a retirada das forças militares ou o reconhecimento dos Estados-nação. Ele acreditava que as partes primárias envolvidas deveriam discutir e tomar as decisões necessárias sozinhas.

Ainda no documento, Shin-iti manifestou sua esperança de que suas propostas fossem aceitas como expressão sincera de um amigo que ansiosamente deseja a paz para toda a humanidade. Reafirmando seu comprometimento pessoal com a paz mundial, finalizou o documento: “Hoje, com as mudanças ocorridas no Oriente Médio, o mundo observa cada movimento segurando a respiração. Em meu coração, oro para que seus esforços em prol da paz no Oriente Médio floresçam em profusão e tragam resultados. Desejo que quem presencia conflitos incessantes na região e os desafortunados de diversas nações pobres por todo o mundo aplaudam seu sucesso com apreço e entusiasmo”.

O secretário Kissinger leu o documento três vezes e olhou para cima:

— Por favor, dê-me alguns dias para examinar suas propostas. Da próxima vez, aguardo suas sugestões sobre o problema do petróleo, e prometo transmitir suas ideias ao presidente.

Com gratidão e respeito, o presidente Yamamoto respondeu:

— Muito obrigado. Acredito que esteja cansado por causa da pressão de suas obrigações e sei que enfrenta grandes desafios. Mas, por favor, continue sua luta corajosa em prol da paz mundial. Se necessário, estou disposto a ir a qualquer lugar onde eu possa ajudar.

E, por fim, ele disse:

— Transmita minhas melhores considerações à sua esposa.

— Obrigado, respondeu o secretário com um sorriso.

Vendo seu radiante aspecto, Shin-iti sentiu que realmente se comunicara com Henry Kissinger. Diá­logos agradáveis aproximam o coração das pessoas.

PARTE 48

Sorrindo, o secretário Kissinger disse ao presidente Yamamoto:

— Gostaria de encontrá-lo novamente, meu amigo! Vamos manter contato. Por favor, visite-me sempre que estiver nos Estados Unidos.

Logo após esse encontro, a amizade entre eles se tornou ainda mais profunda. Mesmo depois que Kissinger deixou o cargo de secretário de Estado, mantiveram o contato. Motivados pelo desejo da paz mundial, encontraram-se e dialogaram por diversas vezes: no Centro Internacional da Amizade da Soka Gakkai, em Shibuya, Tóquio; e no edifício do jornal Seikyo Shimbun.

Em setembro de 1987, o diálogo entre eles se transformou em livro denominado Heiwa to Jinsei to Tetsugaku wo Kataru [Diálogo sobre Paz, Vida e Filosofia].

Eles também conversaram num hotel em Nova York em junho de 1996. Kissinger foi ao encontro de Shin-iti sabendo que este viajaria dos Estados Unidos para Cuba, onde dialogaria com o presidente Fidel Castro.

Na época, o Estado socialista de Cuba foi isolado do cenário mundial após o rápido colapso da União Soviética e dos governos socialistas na Europa oriental. Além disso, em fevereiro daquele ano, dois aviões privados americanos foram derrubados perto de Cuba, aumentando em muito as tensões bilaterais.

Mencionando o desejo por uma melhora nas relações cubano-americanas, Kissinger transmitiu suas fortes expectativas pela visita de Shin-iti. Com isso em mente, o presidente Yamamoto voou para Cuba e se encontrou com Fidel Castro. O produtivo diálogo com o líder cubano objetivou a paz. Além disso, Shin-iti transmitiu-lhe o ponto de vista de Kissinger sobre a relação cubano-americana.

O filósofo americano renascentista Ralph Waldo Emerson (1803–1882) escreveu: “A amizade e a associação são algo muito fino e o melhor da raça humana, do qual podemos exclamar: sim, excelente!”

O diálogo abre o caminho para novas amizades. Promover a amizade torna o mundo e as pessoas mais próximos.

Após a conversa com Kissinger no Departamento de Estado americano, o presidente Yamamoto cumprimentou o vice-secretário de Estado, Robert Ingersoll, ex-embaixador dos Estados Unidos no Japão.

Em seguida, foi à embaixada japonesa, para se encontrar com o ministro da Fazenda japonês, Masayoshi Ohira (1910–1980), que visitava os Estados Unidos naquele momento.

PARTE 49

Masayoshi Ohira estava em Washington para participar de um encontro de ministros da Fazenda dos países desenvolvidos, entre outros eventos. Ele havia convidado o presidente Yamamoto para se encontrarem na embaixada japonesa. Esse seria seu primeiro diálogo com o ministro Ohira. Logo que chegou à embaixada, cumprimentou o ministro da Fazenda, que lhe perguntou em tom imparcial:

— Presidente Yamamoto, gostaria de ouvir sua visão sobre o Tratado de Paz e Amizade Sino-japonês.

Um mês antes, em dezembro de 1974, Ohira foi nomeado ministro da Fazenda no gabinete do primeiro-ministro Takeo Miki (1907–1988). Ele atuou como ministro das relações exteriores no gabinete do primeiro-ministro Kakuei Tanaka (1918–1993). Em 1972, as relações diplomáticas entre Japão e China se normalizaram, desempenhando um importante papel na abertura de rotas aéreas que ligam os dois países. Agora, Ohira considerava a conclusão do Tratado de Paz e Amizade Sino-japonês uma questão da maior urgência.

O Comunicado Conjunto do Governo do Japão e da República Popular da China, anunciado em setembro de 1972, pedia para que as partes negociassem e chegassem a um entendimento sobre um tratado de paz e amizade. A primeira sessão das discussões preliminares, para esse tratado, foi conduzida em novembro de 1974 e a segunda, marcada para aquele mês (janeiro de 1975).

O primeiro-ministro Miki esperava concluir o acordo. Entretanto, outros membros do seu partido político foram veementemente contra e tornou-se difícil progredir nas negociações. A base de Miki dentro do partido estava fraca demais para levar o assunto adiante.

O esforço para melhorar as relações bilaterais foi muito exigente e até mesmo perigoso. Quando Ohira trabalhava pela normalização das relações bilaterais durante seu mandato como ministro das relações exteriores, recebeu cartas com amea­ças em sua casa. Porém, em vez de intimidá-lo, isso apenas o estimulou a fortalecer sua determinação e ele se dedicou às suas tarefas apesar dos riscos. No curso de abertura das rotas áreas ligando Japão e China, ele foi repetidamente atacado pela oposição dentro do próprio partido.

Shin-iti recebeu inúmeras amea­ças e uma tempestade de críticas e calúnias no momento em que partiu para a construção da ponte de amizade bilateral. Por isso, ele entendia os sentimentos de Ohira e sua determinação.

O escritor francês Victor Hugo (1802–1885) declarou: “Nós, que acreditamos, o que podemos temer?” Essa também é a convicção de Shin-iti. Aqueles que vivem para alcançar algo grandioso devem estar preparados para enfrentar dificuldades. Tudo que valha a pena é realizado com coragem.

PARTE 50

O presidente Yamamoto falou francamente e sem ressalvas com o ministro Ohira:

— É meu sincero desejo que o Tratado de Paz e Amizade Sino-japonês seja concluído o mais rápido possível.

Há algum tempo, Shin-iti impulsionava ações para isso acontecer. Em 1969, ano seguinte ao que clamou pela primeira vez pela normalização das relações diplomáticas entre Japão e China, Shin-iti formulou um tratado de paz e amizade e incluiu no quinto volume de seu romance Revolução Humana (ilustração da capa), intitulado “Guerra e Paz”.

Uma ponte fora construída com a normalização das relações bilaterais em 1972. Porém, ela ainda era imperfeita e trêmula, mais parecida com uma ponte de cordas balançando num desfiladeiro. Shin-iti acreditou que um tratado de paz e amizade formaria a sustentação de uma indestrutível ponte de ouro que perduraria pelas futuras gerações.

Shin-iti completou:

— Acabei de me encontrar com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger, e ele acredita que Japão e China deveriam assinar um tratado de paz e amizade.

Ohira respondeu:

— Sim, isso está certo. Parece que o primeiro-ministro chinês, Chou Enlai, pediu ao secretário Kissinger para apoiar o tratado.

Shin-iti recordou-se da forma como o líder chinês, que estava doente, reuniu todas as suas forças para falar com ele no hospital em Pequim. Chou Enlai disse:

— Espero que um tratado de paz e amizade entre os nossos países seja assinado o mais rápido possível.

Sua voz ressoou com o ardente desejo de que isso fosse alcançado quando ele ainda estivesse vivo.

Pensando no primeiro-ministro chinês, Shin-iti disse a Ohira:

— Isso é algo que deve absolutamente ser realizado, sem falta. E todos contam com o senhor, ministro.

Ohira falou com determinação:

— Verei o tratado de paz e amizade ser concluído. Porém, levará algum tempo, e talvez não conseguiremos fazer isso este ano. O verdadeiro problema não está entre Japão e China, mas no próprio Japão. Existe uma feroz oposição conservadora contra os sinceros esforços de promover a amizade bilateral. Embora o primeiro-ministro Miki queira muito realizar esse tratado, ele possui poucos apoiadores.

Shin-iti Yamamoto declarou enfaticamente:

— O povo japonês é o seu apoio, assim como todo cidadão que deseja a paz. Então, vamos apoiá-lo.

A opinião pública eventualmente se aliará com bom-senso e convicções justas. Por isso é essencial se esforçar continuamente com um espírito invencível. Shin-iti jurou a si mesmo empenhar-se nos bastidores para que a paz bilateral e o tratado de amizade fossem concluídos.

PARTE 51

Olhando com atenção para o presidente Yamamoto, o ministro da Fazenda japonês, Masayoshi Ohira, gesticulou em sinal de concordância. Shin-iti continuou:

— O Tratado de Paz e Amizade Sino-japonês é extremamente importante, não apenas para esses países, mas para todo o mundo. Uma declaração de paz e amizade entre a China socialista e o Japão capitalista seria um marco. A humanidade não ficará nesta guerra fria para sempre.

— Isso é uma grande verdade. A época nos estimula a reconhecer que o mundo é um só, confirmou Ohira.

A conversa de Shin-iti com o ministro da Fazenda tornou-se uma oportunidade para os dois se comprometerem com a amizade bilateral.

O caminho para a assinatura formal do Tratado de Paz e Amizade Sino-japonês foi bem tortuoso. Como o ministro Ohira tinha previsto, as negociações sobre a inclusão da cláusula anti-hegemonia no tratado quase estagnaram em fevereiro daquele ano (1975). Essa cláusula partiu do comunicado oficial conjunto e dizia que nem o Japão nem a China deveriam buscar a hegemonia nas regiões do Pacífico e da Ásia.

Afirmava ainda que cada um se opunha aos esforços de qualquer outro país ou grupo de países para estabelecer essa hegemonia. Quando o comunicado oficial conjunto foi anunciado, a União Soviética protestou ao governo japonês. Alegou que a cláusula anti-hegemonia fora, intencionalmente, dirigida à URSS.

Além disso, representava uma declaração antissoviética tanto da China quanto do Japão. Isso reacendeu o debate no Japão de que a cláusula anti-hegemonia não deveria constar no tratado. Os chineses, entretanto, insistiam na sua inclusão. Um consenso parecia difícil.

Por fim, ações apropriadas foram tomadas para dar segurança à União Soviética. Em agosto de 1978, o Tratado de Paz e Amizade Sino-japonês foi assinado com a cláusula anti-hegemonia inalterada. Isso aconteceu dez anos depois que Shin-iti chamou atenção para a normalização das relações diplomáticas entre Japão e China. No momento da assinatura, Takae Fukuda era o primeiro-ministro japonês e Masayoshi Ohira, o secretário-geral do Partido Liberal Democrático.

O tratado marcou um significativo avanço na história das relações sino-japonesas. As correntezas dos tempos tinham sido redirecionadas no sentido da paz. Shin-iti aplaudiu esse feito.

O eminente físico Albert Einstein (1879–1955) observou sobre o processo para a criação da paz: “A paz duradora virá, não por meio de países que continuam a se ameaçar mutuamente, mas com um esforço sincero para criar a confiança mútua”.

PARTE 52

Em catorze de janeiro, o presidente Yamamoto visitou o Cemitério Nacional de Arligton, nos Estados Unidos e ofereceu uma coroa de flores no túmulo de um soldado desconhecido. O céu estava azul-claro, porém a temperatura marcava em –2 ºC. Seguindo o costume japonês, Shin-iti retirou o casaco antes de oferecer a coroa. Seus ouvidos doeram de frio.

“Não apenas na União Soviética, mas aqui também há muitos jovens soldados enterrados. Não há vencedores ou perdedores numa guerra. Todos são sacrificados. Qual o propósito de uma guerra? Quem ela pode beneficiar? Em qualquer país, famílias que perderam seus amados entes sofrem igualmente. A guerra é o maior mal que os seres humanos podem cometer. O Budismo Nitiren mostra claramente como vencer a natureza demoníaca que provoca a guerra. Sendo assim, a missão de todos os budistas é livrar o mundo da guerra. Essa é a única maneira de retribuir o sacrifício de todos os que descansam aqui”, refletiu.

Com profundo juramento com a paz duradoura no coração, ele colocou a coroa na frente do túmulo do soldado desconhecido. Ficou em silêncio por alguns segundos, sob o olhar da guarda de honra. Solenemente, recitou Daimoku três vezes e depois mais duas vezes. Em seguida, disse:

— Orei profundamente para nunca mais haver outra guerra.

Shin-iti também ofereceu suas orações na frente dos túmulos do 35º presidente americano, John F. Kennedy (1917–1963), e de seu irmão Robert F. Kennedy (1925–1968), ambos enterrados em Arlington. Relembrando, lamentou que seu diálogo com o presidente Kennedy não tenha se concretizado.

Continuando sua visita aos Estados Unidos, Shin-iti voou até Chicago, Los Angeles e Havaí, indo por fim à Ilha de Guam em vinte e três de janeiro. Membros da Soka Gakkai de cinquenta e um países e territórios se preparavam para a Primeira Conferência para a Paz Mundial que aconteceu em vinte e seis de janeiro.

A cortina da nova fase do movimento para a paz estava se abrindo.

John Kennedy declarou: “Unidos, há muito pouco que não podemos fazer numa série de empreendimentos cooperativos”.

A construção da paz duradoura é a maior tarefa em que a humanidade pode se unir e lutar. No fundo do coração, Shin-iti estava firmemente determinado a criar os laços da rede de solidariedade necessária para edificar um mundo de paz.

(Este trecho conclui o capítulo “Laços de confiança”)

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