Do nascimento à idade adulta - breves considerações sobre o desenvolvimento do ser humano

A adolescência

Ao nascer, a criança está em simbiose com a mãe e por isso sente-se segura. Com o tempo vai amadurecendo, percebendo, tendo consciência de que é um ser separado. Essa mudança é gradativa e deve ser apoiada pelos pais.

A adolescência é justamente o "grande problema". É a transição da infância para a idade adulta, quando ocorrem profundas mudanças físicas, psicológicas e sociais, tais como: mudanças do corpo, da aparência; insegurança por não entender as mudanças bruscas; cobrança por parte dos pais (o adolescente é tratado como criança e outras vezes, como adulto); recusa a ser controlado pelos pais mas, às vezes, deseja ser dependente ("necessidade de colo"); desejo de se isolar do mundo; sentimento de luto - pela perda do corpo da infância e dos pais (os pais também passam por esse processo com a perda da criança); reformulação da auto-imagem; fortalecimento da identidade sexual com a emergência da sexualidade.

Todas essas transformações levam à ansiedade, depressão, agressividade e aos protestos (já que não pode brigar com seu corpo, briga com o resto do mundo).

Para o adolescente, enfrentar os pais é o mesmo que enfrentar o mundo.

A postura dos pais é extremamente importante durante esta fase. Devem tentar entender e conhecer as transformações do adolescente, manter diálogo franco e constante com ele, ouvir suas queixas e dúvidas e dar-lhe atenção e carinho. Porém, a rigorosidade também é importante, pois o adolescente necessita e quer limites.

Cuidados com o corpo e a mente

Na adolescência, ocorrem fenômenos fisiológicos que transformam meninas e meninos em adultos sexualmente ativos e aptos para a função reprodutiva. O rápido aumento dos órgãos e tecidos mediados por mudanças hormonais, causam também mudanças nutricionais.

Em função disso é necessário que o adolescente seja acompanhado e bem orientado pelos pais e por profissionais de saúde.

Nessa fase há alguns pontos importantes que devem ser observados:

1. Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento biopsicossocial (determinação do peso, altura e maturidade sexual): Há um desenvolvimento brusco (o adolescente adquire 25% de sua estatura e 50% de seu peso definitivos) podendo apresentar magreza excessiva ou obesidade.

2. Assistência e acompanhamento das necessidades nutricionais: Levando-se em conta que a pressão cultural em relação à magreza, por exemplo, estigmatizando a obesidade pode predispor o adolescente a atitudes alimentares anormais e em alguns casos isso pode se tornar patológico, manifestando-se sob a forma de transtornos psiquiátricos, como a anorexia nervosa e bulimia nervosa.

3. O sedentarismo que tem crescido nas últimas décadas vem sendo correlacionado a várias doenças degenerativas como doenças coronarianas, diabetes, osteoporose, alguns tipos de câncer e mais comumente à obesidade. Hoje em dia, as pessoas passam horas diante da TV e do computador e isso tem contribuído para a obesidade em crianças, adolescentes e adultos.

A atividade física pode ter um impacto positivo no crescimento, desenvolvimento, controle de peso e das taxas de colesterol e nos aspectos emocionais e psicológicos do adolescente, pois estimula a socialização, serve como antídoto natural de vícios, traz mais empenho na busca de objetivos, reforça a auto-estima, equilibra melhor a ingestão e o gasto de calorias e leva a uma menor predisposição a doenças.

Atividades físicas de longa duração que podem ser incorporadas às atividades diárias como varrer, limpar vidros, lavar carros, passear com o cachorro, cuidar do jardim, realizar atividades em pé em vez de sentado, dançar, caminhar, usar a escada em vez de elevador devem ser estimuladas.

Além disso, doenças como aterosclerose (que é o acúmulo de placas gordurosas nas artérias) começam na juventude e lesões clinicamente significativas nas artérias aumentam rapidamente em prevalência e extensão entre 15 e 34 anos de idade. A prevenção da aterosclerose primária deve começar na infância e adolescência.

4. Orientação sobre a sexualidade e reprodução humana e tratamento de possíveis doenças sexualmente transmissíveis: É importante informar, esclarecer e orientar o adolescente sobre as transformações emocionais e físicas tais como aumento dos seios, aparecimento de pêlos pubianos e axilares, aumento dos quadris, crescimento dos testículos e pênis, mudança de voz entre outras.

Outro ponto importante é sobre a orientação sexual que deve começar desde cedo pelos pais. Pesquisas provaram que o adolescente prefere os pais para tirar dúvidas sobre sexo, mas a maioria acha difícil comunicar-se com eles.

Na rua, os amigos são uma importante fonte de informação, mas se o jovem recebe instrução em casa, poderá avaliar o certo e errado.

Os pais devem respeitar a individualidade dos filhos, pois antes de tudo, eles são seres humanos individuais e necessitam ter suas próprias experiências. Deve ensiná-los a ver a sexualidade como algo positivo e bonito.

O aparecimento do desejo sexual leva ao relacionamento sexual que, sem o devido cuidado, pode gerar danos físicos e psicológicos irreparáveis como doenças sexualmente transmissíveis (DST), principalmente a AIDS, gravidez precoce e indesejada (que pode levar ao casamento precoce, ao abandono e ao aborto).

5. Assistência clínica geral: Problemas como anemia ferropriva, infecções urinárias, problemas de pele (principalmente a acne), problemas ortopédicos, de postura (devido ao crescimento exagerado), são comuns na adolescência. Por isso é necessário um acompanhamento periódico.

6. Assistência odontológica.

A partir dessas colocações podemos perceber que a assistência ao adolescente tem um caráter muito mais preventivo que curativo e que, tanto pais como profissionais de saúde e educadores são responsáveis por ela.