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A responsabilidade de cada um pelo meio ambiente

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01/05/2004

A responsabilidade de cada um pelo meio ambiente
Na proposta de paz de 2003, intitulada “Por uma ética global de coexistência — A dimensão da vida: um paradigma”, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, afirma: “A educação ambiental, para a paz e os direitos humanos, deve ser o âmago de uma nova educação humanística. Com a promoção desse modelo de educação que dê poderes a todas as pessoas em busca da felicidade e de um futuro melhor, podemos estabelecer as bases de uma nova era de esperança no século XXI.”15

Sem dúvida alguma, se quisermos pensar num mundo onde a cultura da paz seja primazia, teremos que considerar cultura como o modo de viver de cada grupo social com seus costumes, crenças, religiões, artes, técnicas de trabalho e linguagem, reconhecendo que cada grupo humano constrói regras, valores e códigos de convivência para regular sua ação sobre o meio ambiente e, que todas as identidades resultantes deste sistema são legítimas. Nesse sentido, cada ação diária dos indivíduos envolvidos nesse processo constitui-se em elemento formativo dos padrões de comportamento, crenças e atitudes relacionados ao outro e ao meio em que está inserido. A permanência ou não desse conjunto de ações é materializada por meio da educação. E se “paz” significa equilibrar as relações humanas assentadas em estado de direitos, respeitando cada cultura, é inaceitável que atitudes impositivas de uma cultura tida como superior, na qual se utilizam técnicas depredatórias e devastadoras que provocam desigualdades sociais, fome e miséria desmedidas sejam consideradas como passos rumo à construção da paz.

Refletindo sobre tais elementos e considerando que, historicamente, a preocupação dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai, Tsunessaburo Makiguti, Jossei Toda e Daisaku Ikeda, foi criar uma cultura de paz embasada na educação humanística, e que esta, por sua vez, é construída por meio do crescimento e do envolvimento de cada indivíduo com sua localidade, o Departamento de Cientistas da BSGI (Depac) tem se empenhado, com base no princípio da inseparabilidade do ser e seu ambiente (esho funi, em japonês), desenvolver e divulgar uma visão de responsabilidade planetária entre os associados da BSGI com atividades que estimulem a reflexão e proporcionem uma intervenção responsável sobre o meio ambiente.

Além de cooperar com o Centro de Pesquisas Ecológicas da Amazônia (BSGI–Cepeam) e o Centro Cultural Campestre da BSGI em Itapevi, São Paulo, o Depac vem atuando pelo estabelecimento de um novo olhar sobre a realidade local, por meio do Movimento de Educação Ambiental da BSGI “Olho ao meu redor e me vejo — Construindo a Agenda 21 da BSGI16”. Por intermédio desse projeto, a comunidade é convidada a refletir sobre a questão ambiental e os principais problemas que atingem a sua localidade, para, a partir dessa realidade, buscar coletivamente os caminhos para a sua solução. Para atuar nesse trabalho, o Depac criou um grupo denominado de “agentes ambientais”, composto por representantes de cada comunidade da BSGI, que juntamente com os membros do Departamento, analisam as formas de atuação, intervenção e incentivo para que sua organização desenvolva ações que modifiquem e criem novos valores de comportamento visando à construção de um ambiente sustentável e harmônico.

Dada a importância de cada agente ambiental, o Departamento vem realizando cursos para apoiá-los e subsidiá-los em sua atuação, nos quais são levantados temas e questões que foram sugeridos por eles mesmos. Tais cursos resultaram em uma apostila com o resumo dos temas tratados e poderão ser divulgados para toda a BSGI. Há também o trabalho de sensibilização realizado por meio de encontros nos quais são analisadas e discutidas a importância e a emergência de ver a questão ambiental como forma de mudar o curso de declínio do planeta.

Esses trabalhos efetivaram ações que têm transformado a vida de muitas pessoas. Por exemplo, há comunidades que resolveram assumir e cuidar de praças, fazendo um trabalho conjunto com autoridades locais e moradores. Uma das maiores preocupações da atualidade é a questão do lixo e algumas localidades têm iniciado atividades de reciclagem, criando um movimento de conscientização quanto à responsabilidade de cada um com relação ao destino do lixo e a conseqüência deste ser depositado em locais inadequados. A partir dessa necessidade, elaborou-se um projeto de coleta seletiva nas sedes regionais da BSGI que será adotado no decorrer deste ano.

Outras atuações do Depac têm sido a elaboração de palestras e a publicação de artigos nos impressos da BSGI, como forma de implementar e empreender uma educação planetária, na qual a atitude de cada ser humano seja consciente de sua responsabilidade sobre o “pedaço” da Terra que lhe cabe.

O Depac acredita que o desenvolvimento e a ampliação do Movimento de Educação Ambiental e a Construção da Agenda 21 da BSGI seja um grande desafio para conseguir a transformação social na qual se materializarão os anseios e direcionamentos do líder da SGI, que aponta a educação ambiental como o caminho para construir um mundo de esperança e felicidade, um mundo de verdadeira paz.

Por onde começar? Como é possível trabalhar a educação ambiental na vida diária? Como despertar cada pessoa para a sua responsabilidade pelo ambiente em que vive?

Existem vários subsídios para trabalhar a educação ambiental e um bom começo para sensibilizar as pessoas é realizar a oficina da “Trilha da Vida”, idealizada por membros do Depac. (Leia mais a respeito nas páginas 18 e 19.)

Educação ambiental no Centro de Pesquisas Ecológicas da Amazônia

Localizado em Manaus, o Centro de Pesquisas Ecológicas da Amazônia (BSGI-Cepeam) possui uma área de 55 hectares e desenvolve projetos visando à conservação e ao uso racional dos recursos naturais da Amazônia para as futuras gerações. É em sua área que está instalado o Laboratório de Pesquisas Ecológicas Dr. Daisaku Ikeda.

A idéia de utilizar a área do Cepeam para a prática da educação ambiental surgiu com o estabelecimento do Projeto de Enriquecimento Florestal, cujas metas são de promover o reflorestamento para:

1. Recuperação de áreas degradadas;

2. Criação de um banco de sementes;

3. Criação de uma área para refúgio de animais silvestres.

O projeto, cujos resultados, a princípio, seriam a longo prazo, despertou interesse na comunidade em geral pela rápida difusão das informações. Dessa forma, técnicos, professores e estudantes começaram a visitar o Cepeam periodicamente.

Escola Itinerante do Meio Ambiente

A educação ambiental é defendida há muitos anos pelo presidente da SGI, Daisaku Ikeda. Ele justifica essa idéia dizendo: “Precisamos de um consenso global por trás de uma educação ambiental, visando especialmente às novas gerações que se encarregarão do futuro.”17

Nesse sentido, por meio de uma parceria firmada entre a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente (Sedema) e o Cepeam, o projeto “Escola Itinerante do Meio Ambiente” tem procurado levar educação ambiental a toda a comunidade manauara.

Os participantes percorrem diferentes locais considerados como patrimônios histórico e ambiental da comunidade de Manaus e têm a oportunidade de conhecer os problemas atuais que mais os afetam. Acompanhados por monitores, seguem o seguinte roteiro de visitação:

• Centro de Produção de Mudas

• Horto Municipal

• Parque Municipal do Mindu

• Jardim Botânico Adolpho Ducke

• Estação de Tratamento de Água

• Bacias Hidrográficas

• RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural)da BSGI2

Programa de Proteção do Sauim de Coleira

Dentre os projetos apoiados pelo Cepeam está a proteção de espécies ameaçadas na região amazônica, como o caso do sauim de coleira (Saguinus bicolor), um pequeno primata que tem como único habitat natural a cidade de Manaus e entornos.

A proximidade com a população humana ocasiona inúmeros problemas para os macacos. Eles ficam mais susceptíveis a serem capturados, atropelados, expostos a choques elétricos e a outros problemas de uma cidade grande. Além disso, as matas em que vivem são derrubadas ou invadidas. Com a redução de tamanho dos fragmentos florestais em que vivem na cidade, os sauins ficam isolados, às vezes sem alimento e sem oportunidade de encontrar parceiros para reprodução.

Em julho de 2002, criou-se o Programa de Proteção do Sauim de Coleira, com o apoio do Cepeam e da Superintendência do Ibama no Amazonas. Trata-se de uma realização da Prefeitura Municipal de Manaus, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente, em parceira com a Sociedade Civil para Pesquisa e Conservação da Amazônia (Sapeca) e patrocínio da Petrobrás.

O programa já realizou o mapeamento dos fragmentos florestais urbanos que abrigam grupos desses animais em toda a cidade de Manaus. Nesses locais, estão sendo realizados levantamentos do tamanho da área e da situação fundiária. Também está sendo desenvolvido um trabalho de conscientização dos moradores do entorno, estimulando a convivência pacífica com a fauna silvestre e identificando pessoas que possam atuar como agentes multiplicadores.

Estudo sobre a Dinâmica da Floresta Primária de Terra-Firme da Amazônia Central

“Todo ciclo da floresta começa por distúrbio, como abertura das copas e formação das clareiras.” (Whitmore, 1989.)

Na floresta primária da Amazônia, que possui originalmente um perfeito equilíbrio em seu sistema, a clareira desempenha um papel importante para manter sua diversidade por meio da renovação da floresta.

Do ponto de vista da utilização da floresta e do potencial madeireiro, é interessante entender o que se processa ao redor da clareira natural, como mudanças microclimáticas, alterações no solo e conseqüente crescimento das árvores, composição e diversidade.

Compreendendo melhor o complexo funcionamento da floresta primária da Amazônia, pode-se manejá-la de forma mais adequada e eficiente. A Amazônia representa 50% da área das florestas tropicais no mundo, com menos impacto e sustentabilidade. A intenção desses estudos é contribuir diretamente para a preservação da região, valorizando sua riqueza a partir da potencial flora.

A Amazônia possui um conjunto de ecossistemas em perfeito equilíbrio. Mas, sua estrutura é mais frágil do que outras regiões do planeta. Sua preservação depende da sensibilidade e consciência de cada pessoa.

No município de Novo Aripuanã, no Amazonas, esses estudos estão se desenvolvendo com forte senso de humanismo com o objetivo de atingir a mais perfeita harmonia entre o homem e a natureza.

Estudos sobre Processos de Regeneração de Clareiras Artificiais Visando ao Desenvolvimento de Técnicas de Enriquecimento de Capoeiras19 com Espécies Florestais

Esse estudo está sendo desenvolvido em Novo Aripuanã, também numa área de floresta pertencente ao Cepeam, por meio de um convênio de colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Várias espécies de interesse comercial são plantadas na forma de mudas no interior das clareiras logo após sua abertura. A partir disso, são realizados estudos comparativos sobre o desenvolvimento dessas espécies com aquelas típicas da capoeira (em geral, vegetação pobre) e a dinâmica de reprodução de sementes.

Por meio desses e de vários outros projetos, a BSGI vem incentivando seus associados a se engajarem no movimento de preservação ambiental como cidadãos responsáveis, visando assegurar um futuro de paz para as gerações vindouras.

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