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Mundo da Leitura

[38] Paulo Freire

Mestre da educação libertadora

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01/07/2006

[38] Paulo Freire
Paulo Reglus Neves Freire (1921–1997) foi um educador humanista e militante que destinou maior parte de sua obra pedagógica a instigar e cultivar uma educação libertadora para os excluídos e oprimidos. Para ele, a educação era “uma prática da liberdade”, um processo de “conscientização pelo diálogo”, uma “ação cultural” em defesa dos oprimidos e um exercício do “direito ao conhecimento”. Foi o primeiro a sistematizar um método para a educação de adultos e a refletir sobre a importância de uma ética de valorização da diversidade cultural.

Pernambucano, nascido em Recife, formou-se em Direito, mas optou por não exercer a profissão, preferindo dedicar-se à educação, especialmente à alfabetização de adultos — causa com a qual se envolvia desde a adolescência.

Paulo Freire foi alfabetizado por sua mãe, sob a sombra de uma mangueira, tendo como “lousa” o chão de terra, e como “giz”, um galho seco. Por vivenciar os cenários da miséria do Nordeste brasileiro, experimentando as dificuldades de sobrevivência do povo, Freire nutriu a expectativa e dedicou sua vida à busca de uma educação de verdadeira inclusão social. Assim, o ponto central de sua concepção educativa é a liberdade: a finalidade da educação é libertar-se da injustiça, é transformar a realidade opressiva.

Ele desenvolveu um dos métodos pedagógicos mais conhecidos em todo o mundo. Na década de 1950, quando ainda se pensava na educação de adultos como a simples reposição dos conteúdos transmitidos às crianças e aos jovens, Freire propôs a alfabetização de adultos a partir de seu “universo vocabular” e suas experiências de vida, tornando o aprendizado mais rápido e próximo do mundo dos alfabetizandos, acelerando e facilitando o processo. Muitos projetos de alfabetização de jovens e adultos em desenvolvimento hoje no país têm base na metodologia de Freire.

Seu método empolgou toda uma geração de professores, estudantes, intelectuais e artistas de “esquerda”, que acreditavam ser a possibilidade concreta de elevar culturalmente as massas e obter vantagens políticas.

Durante o golpe militar de 1964, foi exilado no Chile. Foram quinze anos de exílio — um período em que Freire encontrou espaço político, social e educativo para aprimorar e consolidar suas teorias pedagógicas, pois o país era dominado por partidos de esquerda. No final dos anos 1960, o educador trabalhou na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e durante quase toda a década de 1970, dirigiu o Departamento de Educação do Conselho Mundial de Igrejas, em Genebra.

Paulo Freire participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), ainda exilado, no final dos anos 1970, e retornou ao Brasil em 1980 para assumir como secretário Municipal de Educação de São Paulo e ser professor na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

O educador brasileiro ficou conhecido mundialmente, recebendo diversas homenagens e premiações. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão honorário de várias cidades no Brasil e no exterior, e recebeu o título de Doutor Honoris Causa de 27 universidades.

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