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Entender a natureza do carma e descobrir nossa missão neste mundo são a chave para estabelecer a felicidade absoluta na vida
10/03/2022
REDAÇÃO
Todo ser humano vive situações adversas em seu dia a dia. A maioria delas é solucionável, mas existem algumas que parecem fugir do controle das pessoas, por mais que elas se esforcem para resolvê-las. Por sentirem que não têm poder sobre esses acontecimentos da vida, muitas as encaram como fruto de um destino predeterminado, da sorte ou da vontade de uma entidade superior.
O budismo, por outro lado, ensina o conceito de “carma”. O termo tem origem no sânscrito karma ou karman e significa “ação”. Há mais de 2.500 anos, o buda Shakyamuni explicou a lei que rege toda a vida. Desde o início dos tempos, o homem tem procurado desvendar as diversas leis que governam o universo, como as leis da física e outras, porém consciente de que pode usar o conhecimento sobre essas leis a seu favor, e nunca destruí-las ou mudá-las. Da mesma forma, existe uma lei imparcial e imutável que rege toda a vida no universo, que o Buda denominou lei de causa e efeito.
Seja o protagonista
Shakyamuni também explicou que o destino de uma pessoa é criado por meio de seus pensamentos, palavras e ações. Para cada um deles, formam-se causas, positivas ou negativas, gerando efeitos na mesma proporção que, em dado momento, se manifestam na vida dela. O conjunto dessas causas acumuladas é chamado “carma”.
O grau do carma de uma pessoa é determinado pela força da intenção com que é feita a causa, e aumenta à medida que os pensamentos dão origem a palavras e ações. Varia, também, de acordo com o alvo dessas ações.
O budismo ensina que a vida é eterna e o carma é que determina a trajetória de uma pessoa, ou seja, as ações por ela praticadas formam o curso dessa existência e das futuras, assim como suas ações de um tempo passado são os fatores que definiram sua realidade atual. O carma de um indivíduo está constantemente sendo atualizado e alterado conforme suas ações, sendo ele o único responsável, tanto pelo seu presente como pelo seu futuro. Cada pessoa é protagonista de sua grande peça na qual ela própria cria o roteiro e o dirige. Esse é o modo de vida de um praticante budista da Soka Gakkai Internacional (SGI), hoje presente em 192 países, liderada pelo Dr. Daisaku Ikeda.
Essência da transformação
O carma formado a cada instante da vida é acumulado num repositório chamado alaya, ou “oitava consciência”. As experiências são depositadas nessa consciência e elas o acompanham por todas as existências, passando pelo ciclo de nascimento e morte. A força dessas ações depositadas como energia latente nunca diminui nem desaparece por si só. Ela sempre se manifestará quando houver condições propícias para isso. Mas, como tudo depende de cada indivíduo, ele próprio possui as condições de transformar seu mau carma e direcionar a vida para a felicidade, além de amenizar os efeitos cármicos. O modo mais rápido para obter essa transformação é recitar Nam-myoho-renge-kyo, ou a Lei Mística que permeia todo o universo, e atuar em benefício de outras pessoas realizando o bem maior e lhes ensinando o caminho dessa felicidade.
O diferencial no Budismo Nichiren é que ele proporciona uma ferramenta para que as pessoas transformem e revertam qualquer adversidade. Para isso, Nichiren Daishonin revelou o Nam-myoho-renge-kyo e inscreveu o Gohonzon, objeto de devoção que incorpora a vida do universo em sua forma mais poderosa e concentrada. Ao recitar Nam-myoho-renge-kyo, a Lei suprema que permeia todos os fenômenos do universo, diante do Gohonzon, a pessoa consegue fazer emergir de sua vida uma extraordinária força interior que no budismo é identificada como natureza ou estado de buda.
Crie seu destino
O Budismo de Nichiren Daishonin ensina o princípio da “transformação do destino”, segundo o qual a calúnia contra o Sutra do Lótus — a Lei correta que revelou por completo a iluminação das pessoas, o respeito ao ser humano e a felicidade de si e de outros — é a ofensa fundamental e o mal original que produzem mau destino. O princípio da transformação do destino aqui exposto significa transformar o mau destino fundamental originado da descrença e da calúnia contra a Lei correta, ainda nesta existência, por meio da prática de acreditar, proteger e propagar essa Lei. O âmago dessa prática é o daimoku do Nam-myoho-renge-kyo.
O surgimento da vida do estado de buda, como o sol em nosso interior, por meio da fé abraçando o Gohonzon e do empenho na recitação do daimoku para si e para os outros, faz com que as inúmeras ofensas do passado desapareçam assim como a geada e o orvalho.
Além disso, ao acreditarmos e propagarmos a Lei nesta existência, a força do benefício dessa prática faz com que os efeitos negativos do carma apareçam em nossa vida de forma leve, pelo princípio budista de “amenizar o efeito cármico”.
Carma adotado pelo desejo próprio
Uma pessoa que, apesar de enfrentar sofrimentos e dificuldades, transforma seu destino perseverando na prática da fé observará uma grande mudança no sentido de sua vida.
O Sutra do Lótus expõe o princípio de “carma adotado por desejo próprio” (ganken ogo). O ideograma gan significa “nascer com o desejo” e go quer dizer “nascer com carmas acumulados”. Os bodisatvas nascem pela força de seu desejo, e as pessoas comuns nascem por meio de seus carmas. Esse princípio indica que bodisatvas, com grandiosa boa sorte e virtude acumuladas por meio de exercícios budistas, se voluntariaram a nascer nesta era maléfica, manifestando seu próprio desejo. Eles abandonaram suas límpidas retribuições dos seus carmas, com o intuito de salvar as pessoas sofridas desta época.
Como resultado, esses bodisatvas experimentam os sofrimentos desta era maléfica, mas com um novo sentido. Isso porque uma pessoa que supera as dificuldades por meio da fé entenderá que o fato de viver as angústias nesta época não é de forma alguma seu destino, mas, sim, o resultado do juramento seigan de bodisatva para salvar as pessoas, compartilhando aflições e mostrando com seu exemplo a forma de superá-los.
O presidente Ikeda, em uma de suas explanações, expressa essa forma de viver como “transformar o destino em missão”, e explica:
Todos nós temos nosso próprio destino. Mas quando o olhamos de frente e compreendemos seu verdadeiro significado, todas as dificuldades podem servir para nos ajudar a construir uma vida mais rica e profunda. E nossas ações na batalha contra nosso destino tornam-se um exemplo e inspiração para inumeráveis pessoas. Em outras palavras, quando transformamos nosso destino em missão, então o papel desse destino muda de negativo para positivo. Aquele que consegue transformar seu destino em missão é alguém que compreendeu o princípio do “carma adotado por desejo próprio”. Portanto, os que continuam avançando, considerando tudo como parte de sua missão, seguem em direção à transformação de seu destino”.1
Fontes:
Os Fundamentos do Budismo Nichiren para a Nova Era do Kosen-rufu Mundial, p. 47 a 49, 2019.
Terceira Civilização, ed. 396, ago. 2001, p. 12.
Brasil Seikyo, ed. 1.807, 13 ago. 2005, p. A7.
Nota:
1. IKEDA, Daisaku. Diálogo sobre Religião Humanística. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 215 e 216. 2018.
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