Histórias Budistas
TC
Kishimojin — Mãe das crianças-demônio
01/01/2004

Kishimojin, também conhecida como Hariti, é um demônio feminino que vivia em Rajagriha, na Índia.
Apesar de bela, Kishimojin era muito cruel e raptava crianças de outras pessoas para matá-las e assim alimentar seus quinhentos filhos.
Para conter o desaparecimento das crianças do reino, o governante ordenou aos soldados que patrulhassem as ruas e que as crianças permanecessem em seus lares. Mas, alheias do perigo que corriam, algumas delas saíram de casa e nunca mais foram vistas.
Kishimojin sentia enorme prazer vendo a aflição daquelas pessoas.
Certa noite, alguns moradores e o próprio rei tiveram um estranho sonho: uma divindade revelou-lhes que Kishimojin era a causadora de seu tormento e que deviam procurar a ajuda do Buda Sakyamuni.
Ao saber do problema, Sakyamuni prometeu ajudá-los.
No dia seguinte, o Buda foi à casa de Kishimojin, mas ela não estava lá. Viu então seus filhos brincando alegremente e escondeu o caçula, Binkara, sob suas vestes e partiu.
Quando Kishimojin retornou para casa e percebeu que Binkara havia desaparecido, procurou-o por todos os cantos do mundo durante sete dias, mas sem obter sucesso. Desesperada, foi falar com Sakyamuni.
— Que tristeza! A propósito, quantos filhos você tem? — perguntou-lhe o Buda.
— Quinhentos,Lorde Buda — respondeu Kishimojin.
— Já que tem tantas crianças, não deve ficar triste por ter perdido somente uma, não é mesmo? — disse-lhe o Buda.
— Oh, não é verdade! Não importa quantos filhos eu tenha, amo cada um deles igualmente. Se o meu caçula não retornar, não suportarei a dor. Por favor, ajude-me, Lorde Buda! — implorou Kishimojin.
O sorriso desfez-se do rosto de Sakyamuni. Em seguida, ele a repreendeu rigorosamente:
— Se conhece tão bem essa tristeza, porque rouba as crianças dos outros? Você é capaz de imaginar o sofrimento deles?
— Eu errei, Lorde Buda, e nunca mais farei isso novamente! — disse Kishimojin, arrependida.
Percebendo sua sinceridade, o Buda devolveu-lhe Binkara e o reino encontrou a paz.
De acordo com um sutra, Kishimojin era reverenciada como uma deusa da fecundidade e que concede um parto fácil. Posteriormente, a crença nessa deusa se propagou pelo Japão. No 26o capítulo do Sutra de Lótus, Dharani, ela e suas dez filhas juram diante do Buda proteger os devotos do Sutra de Lótus.
Nitiren Daishonin inscreveu seu nome no Gohonzon como uma das funções protetoras do Universo. Daishonin a cita em diversas de suas escrituras, pois ela representa a natureza demoníaca inerente em todos os seres humanos, levando-os a sacrificarem os outros em detrimento dos próprios interesses. Entretanto, devotando-se à Lei do Nam-myoho-rengue-kyo pode-se mudar até mesmo o aspecto perverso da vida para algo positivo, possibilitando assim, a obtenção da verdadeira felicidade.
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