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Iluminar a própria vida

A trajetória de Shakyamuni, fundador histórico do budismo, abriu caminho para a felicidade da humanidade, missão herdada pelos membros da Soka Gakkai Internacional (SGI)

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12/05/2022

Iluminar a própria vida

REDAÇÃO

Shakyamuni viveu na Índia antiga, há cerca de 2.500 anos, e desenvolveu uma profunda e eterna filosofia de vida, registrada pelos seus discípulos na forma de cerca de 80 mil sutras.

Ele nasceu como príncipe do clã Shakya, o qual mantinha o domínio de um pequeno reino ao norte da Índia, próximo à cordilheira do Himalaia, e seu nome de infância era Siddhartha Gautama. Diz-se que sua mãe, a rainha Maya, faleceu uma semana após o nascimento do filho e, como consequência, Shakyamuni foi criado por uma tia materna. Por ser um príncipe, ele sempre desfrutou conforto, possuindo muitos palácios à sua disposição, além de vários criados para servi-lo. Foi educado também em diferentes artes visando à sua formação como futuro rei.

Shakyamuni se casou com a bela Yashodhara, com quem teve um filho, que mais tarde se tornou um dos seus dez principais discípulos, chamado Rahula.

Quando todos achavam que ele prosseguiria como príncipe e herdaria o trono, Shakyamuni resolveu abrir mão de tudo e seguir a vida religiosa. Em seu pensamento havia questões como:

Os homens lutam e matam para dominar os outros com a força militar. Contudo, a conquista gloriosa do poder e da supremacia será da mesma forma destruída um dia por outra força militar. E ninguém pode escapar dos sofrimentos do envelhecimento, da doença e da morte. O mais importante não seria buscar uma forma de superar esses sofrimentos?1


Assim, aos 19 anos, decidiu buscar o caminho do espírito humano, ciente de que não seria possível conquistar a felicidade enquanto os seres humanos não conseguissem solucionar essas questões básicas da vida.


Iluminação do Buda

Partindo em direção à capital do reino na época, Shakyamuni resolveu procurar um mestre que o guiasse na solução de várias questões. Nessa busca, encontrou um brâmane que havia atingido um estágio chamado “lugar onde nada existe”. Em pouco tempo, Shakyamuni atingiu esse estágio, porém não conseguiu encontrar suas respostas. Procurou então uma segunda pessoa, um brâmane que havia atingido um estágio denominado “lugar onde não há pensamento nem ausência de pensamento”. Novamente, ele atingiu esse estágio com rapidez, porém concluiu que não era esse tipo de percepção que buscava. Ele queria chegar a uma condição que libertasse as pessoas dos “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte.

Shakyamuni tentou também práticas de austeridades para purificar o corpo, atingindo um grau de mortificação que nenhum asceta ousava chegar, mas percebeu que essa prática não o conduziria ao caminho correto.

Depois de praticar e conhecer várias austeridades e ensinamentos, decidiu se sentar embaixo de uma árvore bodhi (espécie de figueira) e meditar até atingir a iluminação. A partir de então, travou uma intensa luta no âmago de sua vida, com o próprio eu, seus sofrimentos, medos, desejos mundanos, ilusões etc. Assim, alcançou o domínio sobre a natureza mística da vida, por meio da qual obteve a convicção de que poderia desenvolver ilimitadamente sua condição de vida. As adversidades, os obstáculos e as perseguições já eram para ele partículas de pó diante do vento.

Após atingir a iluminação aos 30 anos, Shakyamuni levantou-se como um grande leão em prol da felicidade das pessoas e começou a caminhar incessantemente para propagar seus ensinamentos.

Propagando os ensinamentos

Considerando quem poderia ajudá-lo a propagar a percepção que ele havia atingido, procurou os ascetas com quem havia praticado austeridades antes de seguir o próprio caminho para atingir a iluminação. Ao ouvirem sobre a sua iluminação, eles duvidaram no início, mas logo se tornaram seus discípulos.

Shakyamuni viveu parte de sua vida em um local chamado Parque dos Cervos, e começou a propagar seus ensinamentos de acordo com a compreensão das pessoas e com a ajuda dos ascetas. Desde essa ocasião, durante cerca de cinquenta anos, pregou diversos sutras, explanando importantes princípios de forma extensa e variada. Cada sutra, apesar de conter uma profunda filosofia, é como se fosse apenas um fragmento. Para a compreensão total de sua filosofia, fez-se necessária uma sistematização de todos os seus ensinamentos. Um dos métodos de organização, considerado o mais perfeito, foi estabelecido por Tiantai e é conhecido como os cinco períodos e oito ensinamentos. De acordo com esse método, no quinto período, correspondente aos oito últimos anos de sua vida, Shakyamuni pregou o mais elevado dos seus ensinamentos, o Sutra do Lótus de 28 capítulos, que é a própria razão do seu advento neste mundo. A razão disso é que esse sutra revela que todas as pessoas possuem eternamente e inerente à sua vida a condição suprema do estado de buda.

Herdar a missão

Com o passar do tempo, o budismo foi transmitido de forma evolutiva a partir de Shakyamuni para os mestres eruditos na Índia, respeitados como bodisatvas, tais como Nagarjuna e Vasubandhu; para o grande mestre Tiantai e o grande mestre Miaole, na China; e para o grande mestre Dengyo, no Japão, até chegar a Nichiren Daishonin, no Japão do século 13.

Nichiren Daishonin considerou o sofrimento das pessoas como o próprio sofrimento e, num período de grande distúrbio social, buscou um caminho que solucionasse esse sofrimento. Jurou herdar e transmitir o budismo para a concretização da genuína felicidade e dignidade das pessoas. Com esse intuito, estudou os comentários e escritos de seus predecessores, enquanto lia e examinava também os sutras budistas. Como resultado de seus estudos, encontrou a resposta que procurava no Sutra do Lótus, o qual ensina a forma de manifestar o ilimitado potencial das pessoas e de pô-lo em prática na sociedade.

Ele estabeleceu a prática da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, e inscreveu o Gohonzon como objeto da fé e de devoção. Revelou e estabeleceu o ensinamento que é a essência do Sutra do Lótus, abrindo assim o caminho concreto para todas as pessoas atingirem o estado de buda.

Na atualidade

Decorridos sete séculos após a época de Nichiren Daishonin, seus ensinamentos encontravam-se restritos a poucas famílias. Foram os três presidentes fundadores da Soka Gakkai – Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda – que, por meio de seus incansáveis esforços, reviveram a filosofia e as ações de Daishonin nos tempos modernos.

Após tormar posse como terceiro presidente da Soka Gakkai, Daisaku Ikeda liderou o movimento da organização para a ampla propagação do budismo no Japão e no mundo. Em 1975, foi fundada a Soka Gakkai Internacional (SGI) e seus membros se dedicam a uma variedade de atividades. No nível pessoal, desafiam a si mesmos em todas as esferas da vida e, por meio da prática da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, refletem profundamente sobre sua vida e extraem esperança e coragem para enfrentar os problemas com os quais se deparam. Além disso, eles lutam para desenvolver um rico caráter guiado por um sólido comprometimento pelos valores humanísticos. Esse processo é chamado “revolução humana”.

Agindo sempre como um nobre humanista, Shakyamuni promovia palestras com muitas pessoas, criando oportunidades para apresentarem suas dúvidas, expondo assim seus ensinamentos por meio de diálogos livres e abertos. Ele falava das profundezas de sua vida, exprimindo do âmago de seu ser o amor e a benevolência por todas as pessoas. O estímulo e o caloroso sentimento que transmitia por meio de seu diálogo repleto de humanismo constituíram a fonte do amplo desenvolvimento do budismo, hoje difundido pela SGI em diversos países sob a liderança do presidente Ikeda.


Fontes:

Brasil Seikyo, ed. 1.674, 9 nov. 2002, p. A6.

Idem, ed. 1.675, 16 nov. 2002, p. A6.

Nota:

1. IKEDA, Daisaku. O Buda. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 3, p. 124, 2019.

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