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Na prática

Qual seu propósito de vida?

Certamente, o início da década de 2020 será lembrado como um período de intenso desafio para a humanidade. Mais para a frente, num futuro não tão distante, os pequeninos jovens de hoje relatarão para seus filhos ou crianças de seu círculo de relacionamento as temporadas de confinamento cada qual em sua casa, as prosas virtuais com os amigos e familiares, as recomendações das autoridades de saúde para todos utilizarem máscara facial com o intento de conter a disseminação de um vírus altamente letal. Embora o atual momento seja doloroso em razão das consequências causadas pela pandemia do novo coronavírus, decerto reflexões sobre o legado, a realização e o propósito pairaram, em níveis distintos, na vida das pessoas. Os membros da Soka Gakkai Internacional (SGI), praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin, se orgulham de abraçar uma missão grandiosa: cooperar de modo efetivo para a felicidade e prosperidade dos povos do mundo. Dessa forma, a seção Na Prática desta edição apresentará quão positivo e benéfico é poder contribuir, à sua maneira, para um profundo propósito.

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01/06/2021

Qual seu  propósito  de vida?

Melhorar o bem-estar físico e mental

Estudo divulgado pela Universidade da Califórnia, em San Diego (UCSD), em dezembro de 2019, indica que ter propósito de vida impacta positivamente no bem-estar físico e mental. A pesquisa analisou um grupo de adultos entre 21 e 100 anos, e para avaliar a busca ou a presença de sentido na vida, os pesquisadores criaram um questionário com itens tais como: “Descobri um objetivo satisfatório de vida” ou “Estou buscando uma finalidade para minha existência”.

Em resumo, o estudo indica que os indivíduos com senso de missão são mais felizes e saudáveis, sobretudo em comparação com aquelas que se sentem sem direção. “Quando você encontra mais significado na vida, fica mais contente. Se você não tem um objetivo e o procura sem sucesso se sente muito mais estressado”, disse Dilip V. Jeste, reitor do Center of Healthy Aging e professor de neurociência da Faculdade de Medicina da UCSD.1

Essa é uma excelente notícia para os membros da SGI. Na sequência, veremos o propósito fundamental da organização e como seus integrantes o põem em prática.

A Missão dos bodisatvas da terra

Em 1995, ao completar seu vigésimo aniversário, a Soka Gakkai Internacional promulgou a Carta da SGI,2 com a aprovação das organizações que a integram, tendo como intuito cooperar para a paz mundial e para a felicidade de todos os povos com base no pensamento budista. Estender a mão às pessoas e oferecer acolhedores incentivos de esperança e coragem com o desejo único de iluminar aqueles que mais sofrem, assim como fizeram o buda Nichiren Daishonin e os Três Mestres Soka (Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda), são o compromisso dos membros da SGI, presentes em mais de 192 países e territórios.

As pessoas que compreendem e assumem esse propósito são conhecidas no budismo como bodisatvas da terra. E o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, considera que elas, ao abraçarem esse elevado intento, imprimem um profundo significado à vida:

Essa consciência é a motivação essencial para a revolução humana — transformando a vida das pessoas, direcionando-as a criar valor dentro de si e capacitando-as a transformar o destino mais doloroso na mais magnífica missão. Quando as pessoas se empenham para cumprir sua missão como bodisatvas da terra, conseguem realizar uma grande revolução humana na própria vida, que pode se ampliar para transformar até mesmo o destino de uma nação inteira.3

As ações genuínas dos bodisatvas da terra são realizadas ativamente em prol da transformação social e também para o bem-estar da humanidade. Elas acontecem de modo singular e cada indivíduo contribui para essa elevada missão ao manifestar suas principais características.

Suas virtudes podem transformar vidas

Nas escrituras budistas são citados diversos bodisatvas, tais como Manjushri, Mérito Universal, Maitreya, Percebedor dos Sons do Mundo, Rei dos Remédios, entre outros. O objetivo desses escritos era ilustrar como cada um desses personagens concediam suas virtudes para salvar os seres humanos de seus sofrimentos e dificuldades. As ações dos integrantes da SGI, autênticos bodisatvas da terra, também acontecem dessa forma. Eles empregam suas habilidades para reavivar a determinação da vitória das pessoas ao seu redor.

No romance Nova Revolução Humana, podemos conhecer uma vastidão de histórias de personagens que enaltecem ou mesmo desenvolvem aptidões como forma de encorajar aqueles que mais precisam. Em uma delas, o presidente Ikeda relata a trajetória de vida de um dos nomes mais importantes do jazz, o pianista americano Herbie Hancock, apresentado na obra como Harry Hanks.4

Converter música em felicidade

Antes de conhecer o budismo, Hanks já era uma estrela do jazz. Mas ele sentia que havia chegado a um impasse em seu desenvolvimento musical.

No entanto, ele estava insatisfeito. Sentia um desconforto persistente decorrente da sensação de que, de algum modo, sua música era muito distante do mundo real. Estava arduamente empenhando em encontrar um som novo e gratificante. Acreditava que a música é a expressão da alma de uma pessoa e que, a não ser que mudasse por dentro, sua canção não mudaria. Parecia que necessitava de uma nova fonte espiritual para criar um novo tipo de música.

O baixista da banda em que Hanks tocava, Bruce Wilmer, foi quem apresentou o budismo ao jazzista e recomendou a Hanks que recitasse daimoku.

Quando se sentou em frente ao Gohonzon pela primeira vez e orou com todos, sentiu uma cálida energia invadir seu corpo. Na semana seguinte, participou de outra reunião e ouviu todos recitarem o sutra pela primeira vez. O ritmo era empolgante e ele tinha a impressão de que reverberava nas profundezas mais recônditas do seu ser.
Hanks tornou-se membro da Soka Gakkai e passou a orar sinceramente. Orava até mesmo durante as turnês, pois queria desenvolver uma nova concepção musical própria e especial. Ao recitar daimoku, pensava: “Quero compor um tipo de música que agrade não somente a um restrito grupo de fãs de jazz, mas a todas as pessoas — às donas de casa que frequentam as reuniões da Soka Gakkai, aos zeladores que limpam o teatro, a todos. Quero criar uma música nova, que seja simples e, ao mesmo tempo, de alto valor artístico”.

A partir de sua experiência nas atividades da Soka Gakkai, Hanks passou a reconhecer que, em essência, o ser humano é uma forma de existência dotada da condição de vida incomparavelmente nobre denominada estado de buda. Por esse prisma, os integrantes da SGI são, inerentemente, bodisatvas da terra com o intuito de levar felicidade aos outros.

Por meio das atividades da Soka Gakkai, todos podem discernir o valor e importância de sua existência e descobrir que possuem uma missão só sua na vida. Adquirindo essa nova percepção, Hanks sentiu que havia alcançado uma mudança drástica de perspectiva. Até aquele momento tinha dificuldade de sentir empatia pelos sofrimentos e pelas alegrias dos outros. Sempre se sentira distante ou isolado. Quando ouvia os outros falando sobre como estavam felizes por terem conquistado um novo emprego ou comprado um carro, permanecia praticamente impassível, pois já tinha emprego e carro. Entretanto, agora conseguia compartilhar das alegrias das pessoas, felicitá-las sinceramente e se sentir próximo dos outros e das preocupações deles. Essa mudança psicológica tornou-se a fonte para encontrar uma nova forma de expressão musical.

À medida que Hanks se dedicava à prática budista seu objetivo em produzir um estilo musical que sensibilizasse as pessoas se materializava. Como resultado desse tenaz esforço, em 1983, Hanks ganhou o primeiro dos mais de dez prêmios Grammy, a mais alta honra da indústria musical americana.

Além disso, atuava como líder do Departamento de Artistas da SGI e era ativo em promover a bandeira da arte e criatividade humanísticas. Em 2008, foi apontado por uma revista internacional como uma das “Cem Personalidades Mais Influentes do Ano”. Ele se tornou um músico legendário do jazz conhecido no mundo todo e que continua se apresentando com o mais alto nível.

Desde o seu ingresso na Soka Gakkai, Harry Hanks (Herbie Hancock) empregou sua virtude essencial, a música, para levar coragem e esperança a todos atuando com vigor como um nobre bodisatva da terra.

Seres humanos simples, comuns e campeões absolutos

Assim como o jazzista Herbie Hancock, dezenas de milhares de integrantes da SGI colocam em execução propósitos verdadeiramente genuínos. Mesmo em meio aos desafios experimentados pela sociedade global nos dias de hoje, eles acolhem a dor daqueles que sofrem e também colaboram para insuflar valor para aqueles de seu convívio a partir de palavras e ações encorajadoras, seja nas atividades da organização, seja por meio do trabalho ou da dedicação a projetos específicos. Essa conduta, além de cooperar para a edificação de um mundo mais justo e humano, reverbera na vida dos indivíduos como percepção de verdadeira felicidade. Sobre esse ponto, o presidente Ikeda diz:

O poder dos bodisatvas da terra está na capacidade deles de transcender todas as diferenças e ajudar outras pessoas a alcançar a felicidade por meio do poder fundamental que possuímos como seres humanos. Os bodisatvas da terra são indivíduos simples, comuns, plenos e absolutos campeões humanos. Esse é o orgulho deles.5

Dessa forma, com a recitação do daimoku e do estudo do budismo, do contato com as orientações do presidente Ikeda e dos incentivos mútuos trocados nas atividades da SGI, você compreenderá qual é sua missão e como ela poderá auxiliar no propósito maior da paz mundial.

O importante é dar o primeiro passo para empregar sua melhor habilidade — seja oferecer um largo sorriso, conceder palavras afetuosas, trocar mensagens de textos encorajadoras ou mesmo por meio de seu trabalho — para fazer a diferença na vida das pessoas à sua volta. Afinal, contribuir diária e sinceramente para a paz e felicidade da humanidade é a grandiosa missão, bem como o propósito, dos bodisatvas da terra. 

Notas:

1. Disponível em: https://valor.globo.com/carreira/noticia/2019/12/13/encontrar-um-proposito-de-vida-melhora-a-saude-e-o-bem-estar.ghtml Acesso em: 5 maio 2021.

2. Leia mais sobre a Carta da SGI na Terceira Civilização, ed. 633, maio 2021, p. 13.

3. Brasil Seikyo, ed. 2.342, 8 out. 2016, p. B4.

4. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 22, p. 125-131, 2019.

5. Brasil Seikyo, ed. 2.341, 24 set. 2016, p. B2.

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