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Crônica

Amizade diamantina

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01/06/2021

Amizade diamantina

“Os livros são mestres mudos que ensinam calados e jamais se recusam a ensinar”, dizia Oscar Wilde. Durante a minha juventude, um livro que me marcou demais foi Cidade Eterna. Com sua leitura, passei a sonhar em me tornar alguém como o Bruno. Eu queria ser um amigo leal e sincero como ele, que conduziu sua vida até o fim ao lado do protagonista, David Rossi.

Reli esse livro diversas vezes, sempre vendo ali o retrato de uma verdadeira amizade que tinha como base um grande ideal; a lealdade de Bruno; a coragem de Roma; a crueldade do Barão Bonelli e, por fim, o ímpeto e a determinação de Rossi para construir uma sociedade justa e pacífica. É uma história inspiradora cuja genialidade do autor se faz presente do início ao fim, numa construção perfeita de cenas, rica em detalhes, que apresenta a luta do bem contra o mal e as adversidades que se avolumam no caminho das pessoas genuínas.

Em toda a minha vida, tive a oportunidade de conviver com muitas pessoas e gostaria de destacar uma que permanece vívida em meu coração. Conheci esse amigo quando completei 20 e poucos anos e, então, nossa amizade se tornou um grande tesouro. Logo depois, ele se deparou com inúmeras adversidades e foi, a partir dali, que nossa relação ficou mais próxima, e sua decisão, ainda mais forte. Realmente, foi um grande e leal amigo. Jamais o esquecerei!

Depois de enfrentar com muita coragem o carma de doença, meu amigo partiu. Seu aspecto era sereno e seu brilho reluzia uma bela alvorada. Dias antes de sua passagem, na última conversa que tivemos, ele relembrou seu encontro com o mestre, presidente Ikeda, dizendo: “Ele é muito corajoso, muito vigoroso!”.

O jovem herói David Rossi, ao se referir a Bruno, seu eterno e leal amigo, disse: “Eu o conheci por oito anos, e, durante todo esse tempo, ele foi mais leal a mim do que minha própria sombra. Foi o amigo mais corajoso e determinado que já tive”.1 Essas palavras descrevem perfeitamente a existência do meu eterno amigo.

Após um ano do seu retorno ao Pico da Águia, nossa amizade permanece viva em meu coração. Um dia, quando nos reencontrarmos, daremos boas risadas de nossas experiências acumuladas, como sempre fizemos. E sem nos darmos conta de todo o tempo que passou, perceberemos que nossa relação se tornou ainda mais forte e sólida, tal como o brilho de um belo diamante que reluz para todo o sempre.

Ricardo Shin-iti Miyamoto

Redação

Nota:

1. CAINE, H. Cidade Eterna. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 397, 398.

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