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Na prática

Ei, jovem! Seja hoje a esperança da sociedade!

A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu, em 1999, o dia 12 de agosto como Dia Internacional da Juventude, com o objetivo de celebrar a atuação dos jovens como protagonistas da transformação social, e conscientizar as autoridades globais dos diversos desafios enfrentados por essa geração. No ano passado e neste, os jovens vivenciaram a data sob fortes impactos da pandemia da Covid-19. Ciente dessa realidade, o secretário-geral da ONU, António Guterres, realça como a pandemia está afetando a juventude, pois muitos rapazes e moças assumiram encargos ou estão sofrendo riscos crescentes de fome, violência ou baixa perspectiva de retomar a jornada acadêmica. Apesar desses desafios, Guterres afirma que “Essa geração também é resiliente, engenhosa e engajada”.1 Dessa forma, a seção Na Prática desta edição ratifica aos jovens a importância de suas ações para a construção de um mundo mais pacífico e equânime com base nas orientações do presidente Ikeda e fundamentadas na prática budista.

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03/08/2021

Ei, jovem! Seja hoje a esperança da sociedade!

Moldar o próprio horizonte

A cantora, compositora e atriz Negra Li é uma das principais vozes do rap feminino no país. Em sua composição Mundo Jovem, a rapper inspira a juventude a cuidar do mundo, pois o futuro pertence a esse grupo. Nascida e criada na periferia de São Paulo, Negra Li desde cedo precisou enfrentar os estigmas de sua origem. E, mesmo diante de uma realidade desafiadora, sempre buscou seu lugar ao sol. Atualmente, com mais de duas décadas de carreira, a cantora é um notável modelo de conduta, sobretudo para os mais jovens, de como batalhar e moldar o próprio horizonte.

A realidade da infância e adolescência da cantora se assemelha com a história de milhares de rapazes e moças do Brasil e do mundo. Aqui, os desafios encontrados por grande parte da população jovem são inquestionáveis. Diariamente, os mais de 49 milhões de brasileiros entre 14 e 29 anos2 enfrentam as adversidades de viver, estudar e trabalhar em um país de proporções continentais. Entretanto, como afirma o sociólogo e ativista dos direitos humanos, Herbert José de Souza, conhecido como Betinho (1935­­–1997), “O jovem não é o amanhã, ele é o agora”.3 Por entenderem e experimentarem injustiças e dificuldades, os jovens trazem soluções, abraçam causas e tomam iniciativas transformadoras, a exemplo do que a própria Negra Li faz.

Eterno 14 de agosto

Em sua juventude, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, também vivenciou as intempéries do destino. Era uma época de grande sofrimento para o povo japonês depois de o país ser devastado por consequências da Segunda Guerra Mundial. Nesse período, os jovens japoneses se encontravam desiludidos e sem perspectivas.

No dia 14 de agosto de 1947, a trajetória da vida de Daisaku Ikeda foi drasticamente alterada. A data marca seu primeiro encontro com Josei Toda. Por ansiar a paz mundial e estar em busca de seu verdadeiro propósito, o jovem Ikeda avistou no caráter do presidente Josei Toda um ser humano de elevada filosofia; em razão disso, abraçou-o como seu mestre.

Em certa ocasião, sobre esse período, o presidente Ikeda relatou: “Aos 19 anos, eu me levantei em resposta à fé de Toda sensei nos jovens. Com minha energia jovial, estava determinado a criar uma nova era de paz e de justiça — em outras palavras, uma era dos jovens e da vitória”.4 O ilimitado potencial de Daisaku Ikeda passou a ser revelado a partir da profunda relação de mestre e discípulo. Como resultado dessa união, uma grande onda de expansão do budismo aconteceu em todo o território japonês, e um feixe de esperança despontou na vida de milhares de sobreviventes dos horrores da guerra.

Ikeda sensei assumiu a presidência da organização, em 3 de maio de 1960, com apenas 32 anos. Sob a sua liderança, os ensinamentos de Nichiren Daishonin se espalharam por todo o mundo, tornando-se um movimento de notável impacto social nos países em que está presente. Vejamos a seguir como isso acontece atualmente, na prática.

Eles fazem a diferença!

As atividades da Soka Gakkai e a relação de mestre e discípulo acendem na vida dos praticantes budistas a consciência de ser protagonistas na formação de uma sociedade mais justa, igualitária e próspera — assim como vimos na própria história do presidente Ikeda. Essas atividades ocorrem em 192 países e territórios, sendo valorosos palcos de atuação e de desenvolvimento para milhares de rapazes e moças.

Em solo brasileiro, a BSGI é constituída de aproximadamente 57 mil jovens, membros da Divisão Masculina de Jovens (DMJ), da Divisão Feminina de Jovens (DFJ) e Divisão dos Estudantes (DE). Eles aplicam os princípios budistas no dia a dia e, inspirados pelo ideal de vida do Mestre, se dedicam à promoção de atividades da organização que fazem a diferença para inúmeras pessoas. Além disso, muitos integrantes da Divisão dos Jovens (DJ) promovem iniciativas de relevante impacto social. Vamos conhecer um pouco da história de três componentes da DJ que têm transformado diversos aspectos da vida a partir da prática budista e tocado positivamente o coração de outras pessoas.

Desenhos inspiradores

Iniciei a prática budista depois de enfrentar uma das épocas mais conturbadas da minha vida, em que não conseguia enxergar propósito em nada. Com a participação nas atividades da BSGI e a recitação do daimoku, na atuação no grupo Gajokai do qual faço parte desde 2017 e, sobretudo, com a leitura do romance Nova Revolução Humana, compreendi claramente o propósito de Ikeda sensei de criar uma base sólida na vida de cada pessoa com quem ele se encontra, ao incentivá-la a vencer infalivelmente e a transformar o meio em que vive com a própria mudança interior. Eu tenho agido com essa determinação em todos os campos em que atuo, principalmente no meu trabalho com desenhos animados. Tento sempre ingressar em projetos de cunho social, que me possibilitam contar histórias inspiradoras, e dessa forma, ajudar as pessoas a ultrapassar momentos difíceis e a enxergar que elas dispõem de algo maravilhoso dentro si.

Christian Weckl, 28 anos, responsável pela DMJ de distrito, RM Curitiba Centro

Seja paciente e gentil

A partir da minha conversão ao budismo, da prática e da participação nas atividades da Soka Gakkai, consegui realizar uma profunda transformação interior e realmente acreditar no meu potencial. Desde que entendi isso, eu me dediquei a transmitir essa capacidade para outras pessoas. Faço parte do grupo Arco-Íris e da Magia da Leitura. Essas oportunidades, aliadas à participação ativa na organização de base e à recitação do daimoku, foram fundamentais para me levantar e me recuperar de grandes desafios de saúde. Hoje, sou professora e procuro sempre incentivar meus alunos a se desafiar e fazer a diferença por onde passam. Dou aula no curso de farmácia, então eu os estimulo a ser farmacêuticos e a vender saúde, e não simplesmente vender remédios. Como retorno desses esforços, eles falam que tenho um jeito diferente de dar aula, mais paciente e gentil, e que contribuo com o desenvolvimento deles — a isso eu devo ao aprendizado sobre a educação humanística que recebi da Soka Gakkai.

Caroline Marques Caloi, 37 anos, responsável pela DFJ de distrito, RM Cuiabá

Assumir o protagonismo

Iniciei a prática do Budismo de Nichiren Daishonin ainda criança, quando era levado pela minha prima ou tia para as atividades da Divisão dos Estudantes e estabeleci importantes laços de amizade que cultivo até hoje.

Atualmente, estudar, desenvolver minha fé e realizar a prática budista me ajudam a me conectar comigo mesmo para construir valor humano, inclusive nos últimos momentos de sofrimentos mais intensos em minha vida. No fim de 2019, meu pai faleceu aos 55 anos, vítima de alcoolismo. E, no início de 2020, ainda antes da pandemia, um de meus melhores amigos faleceu aos 21 anos devido ao afogamento no mar. No dia 6 de maio de 2021, minha irmã, aos 30 anos, faleceu por complicações da Covid-19. Além disso, precisei lidar com o término do namoro.

Poder reconhecer a possibilidade de continuar vivo durante a maior crise sanitária da história recente do país é assustador em alguns momentos, principalmente quando isso se soma a todos os conflitos e sentimentos internos. Mas reconhecer em mim a possibilidade de desenvolver ações individuais e coletivas que contribuam para essa sociedade e para os ambientes em que coexisto me ajuda a me apropriar de mim mesmo, dos meus sentimentos e das minhas próprias potencialidades. Com isso, posso exercer minha corresponsabilidade de maneira autêntica no contexto sócio histórico em que estou inserido e incentivar outras pessoas a assumir também o protagonismo de sua vida, inclusive dentro da minha própria casa, com a minha família.

As atividades da BSGI surgem com ambientes acolhedores de respeito universal pela dignidade da vida humana. Dentro das reuniões da organização, todas as pessoas são bem-vindas e podem contribuir significativamente com diálogos sinceros e, por conseguinte, acessar as próprias potencialidades. Quando esse potencial é despertado em nós mesmos e a consciência de protagonismo da própria existência se amplia, inevitavelmente reverberamos isso em nossos ambientes e nas pessoas ao nosso redor.

Sou psicólogo e atuo como psicoterapeuta de jovens e adultos. E também como psicólogo voluntário no Instituto de Psiquiatria (IPq-HC-FM-USP), com grupos de pesquisas, onde pretendo continuar a me especializar e a contribuir com o conhecimento científico para o meu país. Além disso, busco me manter conectado a projetos sociais e educacionais que visam ampliar e democratizar o acesso à psicologia ou ao cuidado integrativo do ser humano. Todos esses princípios humanísticos que aplico em meu trabalho foram cultivados dentro da organização.

Marlon Cesar Mitsunaga Paredes, 23 anos, responsável pela DE da RM M’Boi Mirim

Tesouros da humanidade

Como pessoas de elevada consciência, sejam jovens de idade ou de espírito, todas dispõem de profundo compromisso de contribuir para que o mundo seja sempre um lugar melhor para se viver. É esse o espírito que aprendemos com as atividades da SGI. Ikeda sensei reflete:

Uma sociedade, ou comunidade, na qual os jovens estão ausentes é fria e sem ânimo. Os jovens são o tesouro da humanidade. Quando eles são valorizados e lhes é dada a oportunidade de manifestarem seu potencial, um futuro brilhante repleto de esperança se abre ilimitadamente.
Ninguém lhes concederá a sabedoria e a força para ultrapassar seus problemas. Vocês, jovens, precisam extrair essas potencialidades de dentro de si. Vocês possuem imensuráveis tesouros em sua jovem vida que ainda não foram completamente revelados, e a fé no Gohonzon é o caminho para trazê-los à tona.5

É, portanto, a partir do levantar de cada jovem, com base na prática budista, assim como incentiva o Mestre, que cada ambiente e, consequentemente, a sociedade em si serão transformados. Os jovens representam a esperança da humanidade, mas não em algum dia, não num futuro qualquer; os jovens são a esperança de um mundo melhor hoje e sempre.

Notas:

1. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2020/08/1722882 Acesso em: 7 de julho 2021.

2. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9171-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-mensal.html?=&t=o-que-e Acesso em: 7 de julho 2021.

3. Revista Pais & Teen, ano 2, n. 5, ago./set./out., 1997.

4. Brasil Seikyo, ed. 2.074, 5 mar. 2011, p. A7.

5. Brasil Seikyo, ed. 1.971, 17 jan. 2009, p. A2.

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