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Na prática

Os passos para alçar voo rumo à plena felicidade

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Redação

01/03/2023

Os passos para alçar voo rumo à plena felicidade

Viajar de avião — para quem já voou — é uma experiência única. Dos que já voaram, parte evidencia temor pelo estrondoso barulho das turbinas durante a decolagem, outros ficam amedrontados ao se imaginarem a milhares de metros do solo seguro. Mas há aqueles que também se sentem realizados por estar nas alturas e vislumbrar cenários belíssimos. Nosso mestre, Dr. Daisaku Ikeda, utiliza a metáfora do avião em diversos momentos para aludir ao processo de alcançar um destino. Ele declara:

O avião enfrenta uma forte resistência do ar e turbulências no momento da decolagem para depois alçar um voo mais tranquilo e chegar ao seu destino. Da mesma forma, se nos amedrontarmos e desistirmos no meio do caminho por causa das dificuldades, não poderemos chegar ao nosso objetivo.1

Sendo assim, a seção Na Prática da edição empregará a alegoria do voo para elucidar um dos conceitos mais fulcrais da humanidade: a felicidade.

As forças do voo

Possivelmente, num dia de céu límpido, você já tenha visto um avião voar vagarosamente entrecortando emaranhados de nuvens. Ao fitar o deslocamento compassado da aeronave, um questionamento pode ter aparecido: como uma máquina gigantesca e pesada consegue voar?

Quando um avião está em voo, existem quatro forças que atuam e agem na aeronave para mantê-la ali. Então, vamos a uma breve explicação.2

Peso: O peso “atrai” o avião para baixo por causa da força da gravidade. Ele se opõe à sustentação e atua verticalmente para baixo, por meio do centro de gravidade (CG) do avião.

Sustentação: É a força oposta ao peso, produzida pela asa e que permite ao avião se manter em voo. Ela é influenciada por vários fatores, como densidade do ar, área e curvatura da asa, velocidade, peso, entre outros.

Tração: Ou empuxo. É a força que permite o deslocamento do avião. Essa força é criada pelos motores. Sua ação é oposta ao arrasto.

Arrasto: É a força contrária ao deslocamento do avião. Ele não pode ser eliminado por completo, mas pode ser diminuído tomando algumas medidas, por exemplo, com o design aerodinâmico do avião. O arrasto é dividido em induzido e parasita. O arrasto induzido é consequência da sustentação; por isso, ele é gerado apenas por aerofólios (ou seja, tudo o que produz sustentação em um avião, como as asas). Já o arrasto parasita é gerado por qualquer outra superfície que não cria sustentação, como o trem de pouso.

De maneira sucinta, explicamos como se dá o voo de um avião, e compreendemos que diversos fatores são necessários para que a aeronave realize seu propósito com total êxito. De maneira semelhante, as pessoas também precisam empregar “forças” para alcançar a plena felicidade. Vejamos como se dá essa relação. 

Como manifestar o estado de buda?

Antes de assimilarmos as forças necessárias para a consecução da felicidade, vamos elucidar quais são suas variações pela ótica do budismo. No livro Felicidade, o presidente Ikeda descreve-as como “felicidade relativa” e “felicidade absoluta”:3

Qual é o propósito da vida? É a felicidade. O objetivo do budismo e da prática da fé é conquistar a felicidade. (...)
Josei Toda, meu venerado mestre, orientou sobre a felicidade da seguinte forma.
“Gostaria de dizer algumas palavras sobre a felicidade. Há dois tipos: felicidade absoluta e felicidade relativa.
Felicidade absoluta é manifestar o estado de buda.
Já felicidade relativa é realizar desejos tais como ganhar uma grande quantia em dinheiro, casar-se com a mulher (ou homem) ideal, ter bons filhos, construir a casa própria, adquirir boas roupas etc. (...) No entanto, todos estão convencidos de que isso é tudo sobre felicidade.
O que é, então, felicidade absoluta? Felicidade absoluta significa que estar vivo, estar aqui, é por si só uma grande alegria. (...)
Felicidade absoluta é aquela que não se altera com o passar do tempo. É um senso de felicidade que flui do interior da vida sem ser influenciado pelas condições externas. Não é algo temporário como posição social, fama, fortuna ou qualquer outra satisfação fugaz. O estado de vida que atingimos e tudo que conquistamos passam a ser, assim como a Lei Mística, eternos. É um caminho de vida no qual somos eternamente “monarcas da vida”.
Há pessoas que dizem que a felicidade é apenas um estado mental e que “mesmo doente ou pobre, se pensar que é feliz, realmente será feliz”. A menos que seja um sentimento do fundo de sua vida, tal pensamento será apenas uma teoria ilusória e não levará a nada. O “tesouro do coração” que acumulamos praticando o Budismo Nichiren se manifesta na forma de “tesouro do corpo” e “tesouro do cofre”.

O presidente Ikeda conclui manifestando genuinamente seu sentimento de que os membros da Soka Gakkai Internacional (SGI) desfrutem plenamente a felicidade. Ele diz:4

Oro diariamente, com todas as minhas forças, para que todos os senhores tenham vidas afortunadas, saúde e longevidade. E vou orar desta forma por toda a minha vida porque meu ardente desejo é que os senhores desfrutem de uma existência plena de satisfação e realização e afirmem: “Minha vida é repleta de felicidade, não tenho arrependimentos. Tem sido uma vida de total satisfação”.

Como vimos, a prática budista é a principal ferramenta para a consecução da felicidade absoluta — estado de buda. Ou seja, o alcance de uma condição de vida elevada, que não desmorona mesmo diante dos reveses mais desafiadores.

Retomando a ilustração do avião, uma aeronave pode enfrentar momentos de dificuldades, como alterações na pressão atmosférica e na temperatura, variações na velocidade do vento e outras situações que podem causar turbulência (trepidação intensa durante o trajeto). No entanto, as forças envolvidas na física do voo, entre outros fatores, são fundamentais para que o avião chegue em perfeitas condições ao seu destino.

A fim de empreendermos a mesma lógica em nossa vida, na sequência, entenderemos sobre as seis condições essenciais registradas pelo presidente Ikeda para a felicidade.

Seis condições para a felicidade

A primeira condição para a felicidade é a plena realização.5 Uma pessoa feliz vive todos os dias com sensação exultante, propósito claro, satisfação de tarefa cumprida e profundo senso de realização. Os que têm essa satisfação inconfundível, mesmo que sejam extremamente ocupados, são muito mais felizes que as pessoas que têm tempo livre, mas se sentem vazias por dentro.
Como praticantes do Budismo Nichiren, nós nos levantamos pela manhã e recitamos gongyo. Alguns talvez o façam relutantes! Contudo, fazer gongyo é algo verdadeiramente grandioso e nobre. O gongyo é uma solene cerimônia na qual, por assim dizer, contemplamos o universo. É, em si, um diálogo com o cosmos. Fazer gongyo e recitar Nam-myoho-renge-kyo diante do Gohonzon representam o amanhecer, o começo de um novo dia em nossa vida; é o sol nascendo; é um profundo senso de contentamento nas profundezas do nosso ser que nada pode ultrapassar. (...) Além disso, cada um de vocês está se empenhando ao máximo em seu trabalho e em seu campo de responsabilidade, visando vencer em todos os setores da vida. Ao mesmo tempo, não poupam esforços e usam seu escasso tempo em prol da Lei, da ampla propagação do budismo, da felicidade das pessoas e pelo bem-estar da sociedade. (...) Vocês são legítimos bodisatvas; não há vida mais nobre nem vida baseada numa filosofia mais sublime. Cada um de vocês está traduzindo essa insuperável filosofia, pondo-a em ação e propagando esse ideal amplamente. Possuir uma filosofia de tão profundo valor é a maior boa sorte.
Consequentemente, a segunda condição para a felicidade é possuir uma profunda filosofia; e a terceira, ter convicção. Vivemos numa época em que as pessoas não conseguem distinguir claramente o certo do errado, o bem do mal. (...) Nesta época, vocês estão mantendo e praticando sinceramente o Budismo de Nichiren Daishonin, um ensinamento do mais supremo valor. (...) Quem tem essa inabalável convicção certamente é feliz. Cada um de vocês é esse indivíduo.
A quarta condição é viver alegre e vibrantemente. Aqueles que estão sempre se queixando transformam não só a si próprios, mas a todos ao redor em miseráveis e infelizes. Ao contrário, quem vive sempre positivamente e repleto de entusiasmo, que possui disposição alegre e bem-humorada, eleva o espírito e faz brilhar o coração de todos com quem se encontra; não somente é feliz, como também se torna fonte de esperança e inspiração para os outros. Aqueles que aparentam expressões tristes e cansadas todas as vezes que os encontramos, os que perderam a habilidade de se alegrar e de sentir genuína admiração pela vida, usufruem uma existência triste e obscura. Por outro lado, aqueles que possuem ânimo encaram mesmo uma repreensão da esposa como música aos seus ouvidos; ou recebem o boletim com notas baixas do filho como sinal de que há grande potencial para desenvolvimento futuro dele. Ver os eventos e as situações dessa ótica positiva é importante. A força, a sabedoria e a alegria que acompanham essas atitudes conduzem à felicidade. Considerarmos tudo sob uma luz positiva ou com um espírito de boa vontade, entretanto, não significa ser tolamente influenciável ou permitir que as pessoas tirem vantagem da nossa boa natureza. Significa termos sabedoria e percepção para realmente movermos tudo numa direção positiva encarando a situação da melhor perspectiva, ao mesmo tempo em que mantemos os olhos firmemente na realidade. O budismo e a prática da fé nos possibilitam desenvolver esse tipo de personalidade. Construir uma personalidade assim é um tesouro muito mais precioso que qualquer bem material.
A quinta condição para a felicidade é a coragem. As pessoas corajosas superam tudo. Os medrosos, por outro lado, devido à falta de coragem, falham em saborear as verdadeiras e profundas alegrias da vida. Isso é lamentável.
A sexta condição para a felicidade é a tolerância. Aqueles que são tolerantes e de mente aberta deixam as pessoas confortáveis e tranquilas. Pessoas rígidas e intolerantes que criticam as outras pelas menores coisas, ou que fazem um grande tumulto todas as vezes que surgem problemas, apenas cansam as demais e inspiram-lhes medo. Os líderes não devem intimidar ou cansar os outros. Devem exercitar a tolerância. Devem encorajar as pessoas para que elas se sintam relaxadas e confortáveis. Não somente os que possuem um coração tão amplo como o oceano são felizes, mas aqueles ao redor também são felizes. As seis condições que acabei de mencionar são todas definitivamente expressas pela simples palavra “fé”. Uma vida baseada na fé é uma vida de insuperável felicidade. Daishonin declarou: “Nam-myoho-renge-kyo é a maior das alegrias”.6 Desejo que todos saboreiem a verdade dessas palavras profundamente em sua vida e pondo-as em prática, mostrem maravilhosas comprovações.

Tonifique a vida com a sabedoria do budismo

O avião precisa da engenharia física para alçar voo, e mesmo eventualmente enfrentando turbulências, ele consegue ultrapassá-las e chegar ao seu destino. Da mesma forma, os ensinamentos do budismo são os mecanismos apropriados para todas as pessoas também alcançarem a plena felicidade, ainda que sucedam os mais diversos desafios. O presidente Ikeda ressalta:

As pessoas muitas vezes tendem a pensar em felicidade como algo abstrato e distante da sua realidade. Elas imaginam, por exemplo, que seriam mais felizes se mudassem para outro lugar ou se desfrutassem uma vida diária mais prazerosa e plena ou se fossem trabalhar em outra empresa. Sempre pensam que a grama do outro lado é mais verde e vinculam sua esperança às mudanças das situações externas.7

Contudo, a felicidade em si encontra-se na postura de usufruir com máxima sabedoria cada evento que está sendo operado na vida neste exato instante.

Ao tonificarmos a vida com a sabedoria advinda dos ensinamentos budistas, todos os acontecimentos são sucedidos de imenso aprendizado. E as forças ou condições necessárias, apresentadas neste artigo, são fundamentais para a consecução da felicidade: 1) buscar a plena realização; 2) possuir uma profunda filosofia; 3) ter convicção; 4) viver alegre e vibrantemente; 5) ter coragem; e 6) ser tolerante.

Dessa forma, fortaleça e aprimore continuamente a condição de vida interior com a prática budista, com as orientações inspiradoras do presidente Ikeda, e com a troca de incentivos com os membros da organização de base. A vida apreciada nessa plenitude pode ser traduzida em enorme júbilo, independentemente dos desafios enfrentados. Desejamos verdadeiramente que você transborde a cada instante de máxima alegria e felicidade e voe pelos céus do triunfo durante toda a sua vida.

No topo: Apresentação do Coral Esperança do Mundo (CEM) na Reunião Nacional de Líderes (São Paulo, fev. 2023) Foto: Seikyo Press

Notas:

1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2021. p. 32.

2. Disponível em: https://guiadoaviador.wordpres.com/category/teoria-de-voo. Acesso em: 6 fev. 2023.

3. IKEDA, Daisaku. Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 18-20.

4. Ibidem, p. 20.

5. IKEDA, Daisaku. Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 26-29.

6. Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 788.

7. IKEDA, Daisaku. Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 22.

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