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Na prática

Sua história de felicidade

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14/09/2019

Sua história de felicidade

Prática para si e prática para os outros

Imagine que exista um livro intitulado Todos os Segredos do Mundo, uma obra maravilhosa na qual se encontram as respostas para as grandes questões da humanidade, a solução para as aflições e os sofrimentos. Você começa a ler página por página com atenção e entusiasmo. A cada descoberta e aprendizado, seu coração se enche de alegria e de esperança por poder trilhar o caminho de uma vida digna e feliz.

Ao término da leitura, você ainda sente uma felicidade tão grande e contagiante, que passa a compartilhar com as pessoas do seu convívio o que aprendeu com o livro, e as encoraja a lê-lo. Assim como você, aquelas que se dispuseram a ler a obra, mudam completamente a forma de enxergar a vida e de viver. E também recomendam a leitura para mais e mais pessoas.

Agora, suponha que tal livro seja real, mas ninguém jamais o leu. Ou, se alguém o fez, guardou para si todas as informações transformadoras contidas nele. Então, o desfecho da história seria muito diferente.

O propósito fundamental do budismo é conduzir as pessoas a um caminho que as leve à felicidade absoluta, ao despertar para o verdadeiro potencial que cada uma possui inerente à vida. A condição em que se experimenta essa felicidade é chamada “iluminação” ou “buda”.

Para se atingir essa condição de vida, há duas práticas essenciais: prática para si (ou individual) e prática para os outros (ou altruística). A primeira consiste em recitar gongyo (leitura dos capítulos “Meios Apropriados” e “A Extensão da Vida” do Sutra do Lótus) e daimoku (Nam-myoho-renge-kyo) com o objetivo de conquistar a própria felicidade. É semelhante ao ato de ler o livro da história anterior e se alegrar com tudo o que aprendeu, pois essa prática permite que o indivíduo evidencie em sua vida a condição iluminada de buda, isto é, de sabedoria e felicidade ilimitadas.

Numa análise superficial, pode parecer que orar pela felicidade individual seja um ato egoísta. No entanto, em seu escrito A Herança da Suprema Lei da Vida, Nichiren Daishonin escreveu “Desejos mundanos são iluminação”.2

A respeito dessa frase, o presidente Ikeda nos orienta:

A Lei Mística é o meio fundamental para fazer surgir esse poder ilimitado que existe inerente a cada um. Essa força nos permite converter em sabedoria todos os desejos mundanos ou impulsos derivados da ilusão, assim como o fogo consome a lenha para fazer luz. Podemos também transformar uma existência marcada pelos sofrimentos do nascimento e da morte numa vida coroada de vibrante e ilimitada alegria, assim como o sol primaveril derrete o gelo e a neve para formar uma grande correnteza.3





Nesse sentido, orar pela própria felicidade, pelos seus sonhos e para superar os sofrimentos, não é um ato vazio ou egocêntrico, mas sim a causa para atingir a condição de buda. No contexto da pessoa que leu Todos os Segredos do Mundo, é justamente por ter lido o livro que ela sentiu a alegria de ter suas perguntas respondidas.

Ainda que a obra tenha sido escrita e publicada, se não houver um leitor que comece a lê-la, ela não atinge seu propósito. Da mesma forma, apesar de o Buda ter revelado o Nam-myoho-renge-kyo e deixado o Gohonzon para atingirmos a iluminação, se não realizarmos a prática da recitação do gongyo e do daimoku, não será possível cumprir o desejo do Buda, que é propagar a Lei para todas as pessoas. Ao recitar Nam-myoho--renge-kyo, nossa vida começa a se transformar, em sintonia com a natureza essencial do Buda, e caminhamos rumo à nossa revolução humana.

A alegria de realizar a prática da fé deve ser compartilhada

Não é egoísmo ler o livro, e sim manter o conhecimento obtido somente para si. De forma semelhante, apesar de provarmos de imensa alegria e benefícios ao recitarmos gongyo e daimoku, a prática budista não se resume apenas a esse aspecto individual. É parte essencial realizar a prática altruística. O primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, afirma: “Não é possível haver um buda egoísta, que só acumule benefícios pessoais e não trabalhe pelo bem-estar dos outros”.4 As pessoas que desfrutam as condições de bodisatva e de buda são possuidoras de profunda benevolência e compaixão, e quando despertam para o caminho da iluminação, naturalmente sentem o desejo de compartilhar essa mesma experiência com todos ao redor.

Um provérbio tailandês diz: “A falsa felicidade faz a pessoa seguir um mapa e a torna feia e presunçosa. A verdadeira felicidade faz a pessoa se tornar feliz e a faz transbordar sabedoria e compaixão”.5

Quando praticamos para nossa própria felicidade, atingimos a condição de vida de um bodisatva.

Quem atinge tal condição, aspira ao estado de buda e de forma espontânea realiza ações em seu trajeto para concretizar esse objetivo. A característica predominante dos bodisatvas é a compaixão.6

Aqueles que desfrutam a condição de bodisatva e de buda enxergam a realidade de outra perspectiva, dotada de sabedoria e de compaixão. Independentemente dos desafios, sentem alegria e são felizes pelo simples fato de estar vivos.

Ao recitarmos Nam-myoho-renge-kyo, a prática individual, elevamos nossa própria condição de vida “transbordante de sabedoria e de compaixão”, cultivamos naturalmente o desejo de conduzir os outros ao mesmo caminho. Tal qual a pessoa que termina de ler o livro mencionado: conforme ela aprende com cada página, a euforia que sente durante a leitura é incomparável, e com incontida satisfação, ela recomenda a obra para todas as pessoas.

A prática budista corresponde a realizar esforços para conquistar benefícios pessoais, e também empreender ações para que os demais à sua volta também obtenham benefícios, de modo que os dois aspectos dessa prática, o individual e o altruístico, são exercidos de forma simultânea.7

As ações para conquistar a felicidade

Uma vez que você ensina as outras pessoas sobre a prática do budismo, a maior das alegrias é observá-las conquistando a própria vitória ao pôr em prática o que aprenderam. Mesmo que você leia um livro incrível e conte às pessoas do que se trata, enquanto elas não o lerem, não entenderão verdadeiramente o que você está falando.

Cada um lê o livro de uma maneira e num ritmo diferente. Um trecho que emociona um leitor pode causar uma reação diferente em outro, com base em suas próprias experiências. O mesmo se passa com a prática da fé. Quando recitamos daimoku e superamos um desafio de doença, por exemplo, ficamos extremamente felizes. Então, compartilhamos este ensinamento com outra pessoa, que pode não estar sofrendo com problemas de saúde, mas tenha desafios em relação à harmonia familiar. Com a recitação do daimoku, ela poderá vencer essa situação e experimentar grande alegria também (a seu modo e a partir de suas vivências) assim como pessoas diferentes se emocionam com passagens diferentes da mesma obra.

Em resumo, as ações para conquistar a felicidade consistem em realizar a prática do budismo (individual e altruística); ou seja, orar pela própria felicidade, elevar a condição de vida e, enquanto percorre este caminho, propagar esse ensinamento budista para que todas as pessoas se tornem felizes. Assim como Nichiren Daishonin escreve: “Não basta que somente eu aceite e tenha fé em suas palavras, devemos também advertir outras pessoas”.8 E dessa forma, todos usufruem os “benefícios do livro” (ou a prática budista). Ao agir assim, certamente você escreverá sua história de felicidade.

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