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Na prática

Mãos à obra

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12/10/2019

Mãos à obra

Vamos analisar uma situação hipotética. Você está à procura de um móvel novo para sua casa. Então, faz pesquisas na internet para comparar preços e modelos, até que se apaixona por um rack lindo cujo preço cabe no seu bolso. Você resolve adquiri-lo e o encomenda.

Algum tempo depois, o produto é entregue desmontado dentro de uma caixa. Ao abrir a embalagem, você encontra tábuas de diferentes tamanhos, parafusos, pequenas peças metálicas e um manual. O que fazer?

Há quem tente montar a mobília sem ler o manual, analisando cada peça. Após diversas tentativas e com base nessa análise, é possível finalizar a montagem, mas leva algum tempo e pode ser exaustivo. Em alguns momentos, tem-se a impressão de que não chegará a lugar algum. Nesse caso, a pessoa pode desistir no meio do caminho.

Outra opção é ler o manual. Cada trecho deve explicar, com detalhes e exatidão, para que serve cada peça, onde cada uma se encaixa e qual a ordem correta para realizar a montagem.

É claro que simplesmente ler as instruções não trará o resultado final desejado. É preciso arregaçar as mangas e pôr mãos à obra.

Uma vez que estudou o manual, é provável que tenha mais convicção em cada passo do processo de montagem. Saber o que deve ser feito e então executar é o caminho que possibilitará ter o rack dos sonhos na sua sala no menor tempo possível.

Assim como para montar o móvel da sala de estar é necessário cumprir algumas etapas, no budismo existem passos a serem seguidos para realizar a prática correta. Aprendemos isso quando nos baseamos no estudo dos escritos de Nichiren Daishonin e nas orientações do presidente Ikeda. Essa atitude corresponde ao terceiro ponto da tríade fundamental do budismo “fé, prática e estudo”.

O estudo por si só não consiste na prática budista, é preciso aplicar os três pontos — “fé, prática e estudo” — juntos. Mas o “estudo”, por sua vez, aprofunda a “fé” e a “prática”. Vamos entender como.

No exemplo dado no início da matéria, podemos ver os três elementos em ação. Ler as instruções representa o pilar do estudo. Sem lê-las, a pessoa prossegue com insegurança, e constrói o móvel com base no método de tentativa e erro. O manual ensina cada passo necessário para obter o produto final como desejado. No budismo, os escritos de Nichiren Daishonin e as orientações de Ikeda sensei são esse guia que instrui qual a prática correta para conquistar a felicidade.

A convicção de que se está fazendo a coisa certa, que surge após ler o manual, representa a fé. E justamente fortalecendo a fé, sentimo-nos encorajados a fazer a prática.

A partir de uma fé profunda também despertamos a esperança e a coragem para avançar em direção a cada objetivo que lançamos, sem jamais desistir.

O ato de montar as peças, conforme o manual instrui, representa a prática em si: recitar daimoku e gongyo e transmitir este ensinamento às outras pessoas, ou seja, realizar o shakubuku.

No prefácio da Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin, consta a seguinte declaração do presidente Ikeda:1

O estudo do Gosho tem como objetivo aprofundar a prática da fé e nos relacionar com a nobre espiritualidade de Nichiren Daishonin. Ao estudarmos os profundos princípios do budismo, fortalecemos a convicção de que a esperança, a paz e a felicidade absolutas residem na nossa própria vida. Aprendendo com as ações de Daishonin, que triunfou em todas as perseguições, podemos evidenciar a coragem para desafiarmos os sofrimentos e as adversidades. Essa importante proposição de “estudo do budismo posto em ação” é imutável pelas três existências — passado, presente e futuro.





Portanto, podemos concluir que o papel fundamental do estudo é fortalecer a fé de cada pessoa, para que ela possa realizar a prática, pondo o budismo em ação em sua vida. Mas como esse processo de fortalecimento da fé por meio do estudo acontece no cotidiano?

Um manual para a prática budista

Ao estudar um escrito de Nichiren Daishonin, a pessoa pode aprender uma lição para a vida a partir de um único trecho ou frase. A crença nessa frase aprofunda a fé com a qual ela recita gongyo e daimoku, e com certeza a pessoa colherá benefícios.

Com a prova real, ela passa a acreditar ainda mais na prática da fé, e se torna um exemplo para inspirar e incentivar as demais. Esse processo se torna um círculo virtuoso, pois a partir da prova real conquistada pela aplicação de uma única frase, ela passa e entender outras frases dos escritos e, ao aplicá-las, aprofunda ainda mais a fé.

Para exemplificar, vamos imaginar uma situação em que um jovem praticante budista tenha o grande sonho de ser médico. Para exercer a profissão, ele deve percorrer um longo caminho até concretizar seu objetivo. Em primeiro lugar, precisa estudar bastante para passar no vestibular. Eventualmente enfrentará dias difíceis que poderão desanimá-lo por diversos motivos (doença, situação financeira, dificuldades nos estudos).

Em meio a tantos desafios, nosso aspirante a médico pensa em desistir. No entanto, um amigo lhe incentiva com uma frase dos escritos de Nichiren Daishonin que diz: “Aqueles que creem no Sutra do Lótus parecem viver no inverno, mas o inverno nunca falha em se tornar primavera. Desde os tempos antigos, nunca alguém viu ou ouviu dizer que o inverno tenha se convertido em outono”.2

Apesar de não compreender profundamente o significado da frase, o trecho “O inverno nunca falha em se tornar primavera”3 toca seu cora­ção. A partir daquele momento, ele com­preen­de que os sofrimentos que enfrenta são passageiros, e que não deveria desistir dos seus obje­tivos. Assim, passa a se dedicar de maneira intensa aos estudos e à recitação do daimoku, consegue a aprovação no vestibular e começa a cursar a faculdade.

Com esse novo raio de esperança em seu coração, o rapaz sente como se tivesse renovado sua energia. Seu entusiasmo é tão grande que, além de se dedicar a estudar e a entender outros escritos de Nichiren Daishonin, sempre que encontra um colega desanimado trata de incentivá-lo com a mesma frase e ensina sobre a recitação do Nam-myoho-renge-kyo.

Ao final, ele supera cada desafio fazendo desabrochar as flores da primavera de sua existência. Após graduar-se na faculdade, o jovem doutor não se torna simplesmente um médico, mas um profissional que desfruta a confiança de todos os colegas da turma, e que sempre encoraja seus pacientes com ternura e otimismo.

Na BSGI, inúmeros são os exemplos de pessoas que conquistaram grandes vitórias incentivadas pela mesma passagem que impulsionou o aspirante a médico. Ler uma única frase do Gosho e pô-la em prática já representa um grande esforço no caminho do “estudo do budismo posto em ação”.4

O carro da prática da fé

Nichiren Daishonin orienta a nos esforçarmos nos dois caminhos da prática e do estudo, tendo a fé como base sobre a qual estão os outros dois pontos. Se compararmos com um automóvel, a fé é o motor que nos dá a energia. Por meio dela, podemos seguir em frente. E nesse caso, os caminhos da prática e do estudo podem ser comparados aos dois pares de rodas do veículo.

O caminho da prática abrange as atividades da organização, o shakubuku, as visitas e a recitação do gongyo e do daimoku. O estudo se refere a estudar e compreender a filosofia do budismo.

Se uma pessoa se dedicar somente a fazer shakubuku e não se esforçar no estudo, ou se apenas estudar, mas não se empenhar nas atividades, não conseguirá seguir adiante, porque, retomando o exemplo, lhe faltam duas das rodas.

Alguns podem alegar que não se dedicam ao estudo por achar difícil, ou por falta de tempo, no entanto, o estudo é um dos pares de rodas que nos permite avançar em linha reta. Se não tivermos essas rodas, ficaremos andando em círculos.

Uma solução para esses casos é buscar pelo menos uma frase com a qual se identifique no Gosho ou no romance Nova Revolução Humana e assimilá-la em sua vida. O presidente Josei Toda afirma:5

O simples fato de assistir às explanações do Gosho ou ler os escritos de Nichiren Daishonin e alegar que compreendeu os ensinamentos ainda pertence ao plano teórico; o essencial é se empenhar na fé e na prática exatamente de acordo com esses ensinamentos.


Ele ainda salienta que, mais importante que compreender, é transformar. Em conclusão, o estudo do budismo nos permite aprofundar a fé e nos orienta a realizar a prática correta, pois quando lemos os escritos e esclarecemos o caminho para a prática, nossa convicção se fortalece, assim como a pessoa fica confiante para montar um rack após ler o manual e põe mãos à obra. Por isso, para colher os benefícios do budismo não basta se tornar um grande teórico, é preciso exercitar o que foi aprendido entrando em ação, participando das atividades da organização, realizando o shakubuku e recitando gongyo e daimoku. Agindo dessa forma estaremos realizando a prática correta do budismo.

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