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Reflexões Sobre a NRH

[58] Hokkaido, terra do coração de todos os povos

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12/10/2019

[58] Hokkaido, terra do coração de todos os povos

Hokkaido e eu somos unos. Suas vastas planícies estão sempre em meu coração. Toda vez que penso em nossos companheiros que lá vivem, transformando sofrimento em alegria naquela fria paragem, brindando a missão e a felicidade uns dos outros, sinto-me inspirado e totalmente revigorado.

***

Há quarenta anos, Hokkaido era igualmente bela e imponente. Certo dia, visitei Asahikawa pela primeira vez. Levantei-me cedo para enfrentar a viagem de cinco horas de Otaru até lá. No trajeto, observei a mágica paisagem de inverno, a neve reluzia como prata até perder de vista.

Era 16 de janeiro de 1959, o primeiro Ano--Novo desde o falecimento de Josei Toda. Eu havia determinado dar especial atenção à província natal do meu mestre. Deixava para trás a tristeza do passado e me dirigia para Hokkaido tendo como meus companheiros o Sol, a Lua e as estrelas do amanhã.

Quando desci do trem na estação de Asahi­kawa, o termômetro marcava 10 graus abaixo de zero, porém o coração daqueles que estavam ali para me receber era tão cálido e brilhante quanto o Sol. Fui diretamente para uma reunião de orientação, na qual se encontravam membros de Wakkanai, Abashiri, Kitami, Mombetsu, Rumoi e de outras regiões. Queria encontrar esses preciosos e louváveis companheiros o mais rápido possível.

O local não comportava a todos, e os membros da Divisão dos Jovens (DJ) ficaram do lado de fora, dispostos a ouvir minhas palavras, não se importando com os flocos de neve rodopiando ao seu redor. Os que se encontravam próximos do beiral se mantinham imperturbáveis, mesmo quando um punhado de neve deslizava do teto caindo sobre a cabeça deles. Esse era o apaixonado espírito dos jovens. Quando soube disso, comovido, orei pela felicidade de todos com meu mais profundo respeito e reverência.

***

Antes de partir para Hokkaido, um líder me disse: “Por que não espera até que faça mais calor?”. A observação dele soava com certa reprovação. Lembro-me de que ele havia se formado na mais prestigiosa universidade e que era o tipo de pessoa que sempre tirava vantagem com mínimo esforço.

“É responsabilidade dos líderes enfrentar os mais duros desafios”, respondi. “Por acaso a fé no Sutra do Lótus, no Nam-myoho-renge-kyo, não transforma o inverno em primavera?”.

A verdadeira essência do kosen-rufu é empreender ações exatamente onde as pessoas passam pelas piores adversidades e ajudar a vencê-las. O espírito de um verdadeiro companheiro na fé é o de prezar e respeitar como budas e bodisatvas aqueles que estão se esforçando intrepidamente em meio a tormentas de dificuldades, encorajá-los e apoiá-los com sinceridade.

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Nessa jornada de inverno para Hokkaido, em 1959 visitei também, cheio de orgulho, lugares dos quais guardava ternas recordações — Otaru, Yubari e Sapporo —, antigos campos de batalha nos quais lutara ao lado de Toda sensei. Nesses locais, havia entoado canções com meus irmãos e irmãs da Divisão dos Jovens e os encorajado com todo o meu ser para que se levantassem com apaixonado espírito de propagar o Budismo de Nichiren Daishonin.

Tanto Tsunesaburo Makiguchi como Josei Toda tinham profundos laços com Hokkaido. Minha primeira viagem a essa localidade foi há 45 anos,1 no verão de 1954.

Jamais me esquecerei da experiência que tive acompanhando Toda sensei à Vila Atsuta, sua terra natal. Naquele dia, encontrava-me sozinho na praia, observando o oceano e imaginando o kosen-rufu mundial; uma jornada que compreendi ser um caminho repleto de alegrias e adversidades.

***

Lembrei-me também de um fato que ocorreu na Reunião de Líderes de Regional em comemoração do aniversário de fundação da Soka Gakkai, realizada em 16 de novembro de 1979. Havia, na época, um grupo de líderes astutos e desonestos que queriam criar facções e destruir a Soka Gakkai. Certos sacerdotes perversos os apoiavam em seu intento de controlar a organização.

Na reunião, um veterano da Divisão Sênior (DS), possuidor de uma convicção e um comprometimento admiráveis, proferiu seu relato de experiência que demonstrava a renovada e eterna determinação de defender a Soka Gakkai. “Como os senhores podem ver, sou o vovô responsável pelo Bloco Geral Teuri, em Hokkaido”. Suas primeiras palavras mudaram num instante o ambiente do Auditório Memorial Toda em Sugamo, Tóquio.

Saichi Saga, de 71 anos, era responsável por um bloco geral (que corresponde atualmente à função de responsável pela comunidade) e foi o primeiro praticante do Budismo de Nichiren Daishonin na pequena ilha Teuri, localizada no Mar do Japão. Ele entrou para a Soka Gakkai em 1955 e, com todo o entusiasmo, percorreu a ilha com o intuito de falar sobre o budismo para as pessoas, mesmo que elas zombassem dele ou o chamassem de louco. Foi um relato maravilhoso e encorajador. Ele contou como havia se recuperado de dois grandes acidentes e como então passou a administrar o melhor hotel da ilha, tornando-se um dos cidadãos mais confiados e respeitados em sua comunidade.

Ouvi todo o seu relato enquanto aguardava numa sala próxima do auditório. No fim de suas palavras, o Sr. Saga declarou: “Sou um veterano que em breve completará 72 anos, mas eu ainda tenho o ímpeto de uma correnteza, tenho um sonho tão infinito quanto o céu, e uma vida tão pura como a neve. Empenhando-me com um espírito eternamente jovem, estou decidido a realizar o kosen-rufu na ilha Teuri quando celebrar meus 80 anos!

“Se não conseguir realizar esse objetivo aos 80, então continuarei tentando até os 100, não importa o tempo que isso leve. Estou preparado para lutar com uma vontade férrea até alcançar minha meta!”

Naquela época, mesmo os líderes centrais da Soka Gakkai, cujo papel era defender a organização, haviam esmorecido na fé e pareciam intimidados pelo avanço daqueles que desejavam reprimir a organização. Porém, um membro comum de Hokkaido rugia como leão imbatível.

Eu o aplaudi do fundo do meu coração. Depois da reunião, coloquei o braço sobre o ombro desse herói anônimo na fé e disse-lhe palavras de apoio e de encorajamento.

***

Vinte anos se passaram a partir de então. Hoje, três quartos da população de Teuri são simpatizantes da Soka Gakkai, e 20% são assinantes de longa data do nosso jornal Seikyo Shimbun. Com mais de 90 anos, o Sr. Saga ainda atua como vice-responsável pelo distrito e declara com vivacidade: “Ainda posso ensinar aos jovens uma ou duas coisas”.

Fazer o melhor para propagar amplamente a filosofia de Nichiren Daishonin, sem se importar com o que os outros digam ou façam; ter a determinação de que será bem-sucedido, não importando o quê — esse é o espírito da Soka Gakkai. É também o espírito pioneiro que construiu Hokkaido, terra do coração que as pessoas do mundo inteiro desejam visitar.

Enquanto esse espírito prevalecer, Hokkaido resistirá a todas as nevascas e tormentas e a primavera da esperança do novo século chegará infalivelmente. Quero orar por toda a minha vida pela saúde, longevidade e vitória de nossos valentes membros de Hokkaido.

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