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Na prática

Energize a vida com daimoku

A partir de seu advento na década de 1980, os aparelhos celulares vêm revolucionando a maneira como as pessoas consomem entretenimento, trabalham, estudam e se comunicam, além de otimizarem as tarefas cotidianas, tais como pagar contas e fazer compras. Segundo dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), em sua pesquisa anual de administração e uso da tecnologia da informação,1 no Brasil existem aproximadamente 240 milhões de smartphones em uso, o que representa mais de um celular por habitante no país. Podemos notar que o brasileiro é entusiasta dessa tecnologia. Por isso, ele (o brasileiro) provavelmente sabe que, para fazer bom uso dessa ferramenta, um detalhe é imprescindível: a bateria. Ainda que possua um excelente smartphone, altamente tecnológico, o usuário não será capaz de extrair toda a eficiência se o aparelho não estiver com a bateria carregada. O mesmo acontece com os seres humanos. Apesar de dispor de grande capacidade, se a energia vital do indivíduo estiver enfraquecida, ele não conseguirá evidenciar seu máximo potencial. No Budismo de Nichiren Daishonin, aprendemos que a recitação do Nam-myoho-renge-kyo (daimoku) é um autêntico manancial da energia vital (energia da vida). E uma vida esmerada com daimoku irradia a sabedoria que conduz as pessoas a edificar uma existência significativa, contribuindo também para que aqueles ao seu redor manifestem grande resplendor. Então, vamos entender como energizar a vida com daimoku!

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01/11/2021

Energize a vida com daimoku

Desde os tempos remotos

Orar é uma ação extremamente nobre. Não é alguma coisa fora do comum, até porque somente os seres humanos oram e assim o fazem desde os tempos remotos, quando louvavam as divindades celestiais ao rogarem por períodos de boa colheita, aos entes falecidos ou mesmo para a segurança da tribo.

O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, certa ocasião comentou sobre o tema:

A oração é uma expressão de nossa reverência ao Universo, da nossa admiração pelas forças da natureza. A oração transcende a lógica, o racional, o científico. Surge do reconhecimento intuitivo e da percepção da relação, da correspondência entre o indivíduo e o Universo.
Juntar as palmas das mãos em oração é uma das ações mais nobres e respeitáveis do ser humano. A oração é algo natural na vida. Quando estamos com problemas, por exemplo, instintivamente desejamos obter ajuda e proteção.2

Assim, podemos dizer que sabedoria, coragem, saúde, determinação, disposição em vencer, ou seja, rigorosamente, tudo é obtido com a energia vital. E o buda Nichiren Daishonin nos mostrou como fazer isso.

Assim surgiu

Nichiren Daishonin (1222­–1282), após ter estudado minuciosamente as principais doutrinas da época, identificou a existência da Lei Mística — que rege todos os fenômenos do universo —, expressando-a como Nam-myoho-renge-kyo. Ele a recitou pela primeira vez em 28 de abril de 1253. 

Daishonin resumiu os ensinamentos budistas nessa única prática, tornando-a acessível para que todas as pessoas pudessem prover-se de energia vital transbordante, propiciando compreensão da dinâmica da vida e resultando em absoluta felicidade. O presidente Ikeda exprime:

Recitar Nam-myoho-renge-kyo é integrar a nossa vida com a Lei Mística. É a prática budista que funde nossa vida com essa Lei. É também uma batalha para vencermos a escuridão inata que tenta nos impedir de fazermos essa fusão. Quando vencemos a escuridão da ilusão e da ignorância por meio da fé e nos tornamos inseparáveis da Lei Mística, o infinito poder dessa grande Lei manifesta-se em nossa vida. Este é o imensurável benefício da recitação do Nam-myoho-renge-kyo.3

O movimento pela expansão dessa Lei Mística iniciou-se em novembro de 1930, mês de fundação da Soka Gakkai. E foi a Soka Gakkai que reacendeu o Budismo de Nichiren Daishonin, possibilitando que milhares de pessoas ao redor do mundo transformassem seu destino ao revitalizarem a vida com a recitação do daimoku. Veremos a seguir como efetivamente realizar essa prática.

Como orar?

Como vimos na ilustração inicial da matéria, para fazermos bom uso do celular é importante que ele esteja com a bateria carregada. E o processo é bem simples: basta conectar o smartphone ao carregador e acoplá-lo numa tomada. Pronto! Logo estará disponível para uso.

O presidente Ikeda, certa vez, comentou que a recitação do Nam-myoho-renge-kyo é a engrenagem que preenche a vida de energia vital, e que essa prática tem de ser leve, revigorante e vibrante como o galopar de um nobre corcel branco pelas vastas planícies. Além disso, ele orienta:

É importante também que recitemos com um coração honesto e aberto, tal como somos. Todos nós enfrentamos momentos de preocupação, tristeza ou angústia. Nessas ocasiões, devemos levar, sinceramente, todos os nossos sofrimentos para o Gohonzon, assim como uma criança busca o abraço de sua mãe.4

O ato de recitar daimoku com máxima sinceridade e genuína fé desperta a sabedoria e a coragem dentro de cada um de nós, independentemente da situação em que nos encontramos. Além do mais, consciente de que a vida é uma sucessão de desafios, Ikeda sensei detalha: 

Por exemplo, se fizemos algo de que lamentamos, podemos orar com a determinação de nunca mais repetirmos o mesmo erro, tornando nosso daimoku o primeiro passo em direção a um futuro novo e melhor. Quando enfrentamos um desafio decisivo, podemos orar forte e corajosamente com uma firme determinação de vencer. Quando lutamos contra [as adversidades], podemos orar com o coração de um rei leão, cheio de confiança de que venceremos essas funções negativas. Quando confrontamos a oportunidade de transformar nosso carma, podemos infundir em nosso daimoku uma inabalável determinação de não ser derrotado. Quando estamos felizes, podemos orar com um profundo espírito de gratidão. O que importa é que continuemos recitando Nam-myoho-renge-kyo em todos os momentos, “considere tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida”,5 tal como Daishonin ensina.6

Orar Nam-myoho-renge-kyo é o mecanismo que nos conecta à Lei Mística, resultando em uma vida repleta de vigorosidade — tal como o carregador de celular conectado à fonte de energia deixa o aparelho com a bateria completa, pronto para ser usado. ­

É importante ressaltar também que o benefício de orar não está associado à quantidade de daimoku que recitamos. O presidente Ikeda afirma que “O mais importante é recitarmos até nos sentirmos plenamente satisfeitos, alegrando nosso próprio coração. A eficácia de nossas orações é definida pela intensidade e profundidade da nossa fé, e por nossa determinação e atitude”.7 Essa é a condição exata para encararmos qualquer adversidade como a causa ou a oportunidade para um grandioso desenvolvimento.

Bom remédio

Além de propiciar pujante energia vital, praticar Nam-myoho-renge-kyo pode ser benéfico também à saúde, conforme consta no trecho a seguir, do diálogo do presidente Ikeda com representantes de médicos da Soka Gakkai.8

Presidente Ikeda: O gongyo e o daimoku que recitamos diariamente, de manhã e à noite, são uma prática excelente para manter e melhorar nossa saúde, por nos possibilitar entrar em harmonia com o ritmo do universo e aumentar nossa energia vital.

Dr. Shosaku Narumi: Podemos dizer que o daimoku é uma prática benéfica também do ponto de vista médico. A emissão da voz em postura ereta estimula as funções cardiorrespiratórias.

Presidente Ikeda: Quando recitamos o gongyo e o daimoku com uma voz ressonante, automaticamente realizamos a respiração abdominal. Ouvi dizer que esse tipo de respiração beneficia nossa saúde. Isso é verdade?

Dra. Chiaki: A inspiração e a expiração lenta, gradativa e pausadamente, características da respiração diafragmática, estimulam o sistema nervoso parassimpático e produzem um efeito relaxante e calmante.

Dr. Yoichi Uehigashi: Exercem também outras influências no organismo: melhoram a circulação sanguínea, elevam a temperatura das extremidades e estimulam o sistema imunológico. Tudo isso contribui para a prevenção da gripe e outros males.

Presidente Ikeda: Isso quer dizer que a respiração lenta realizada durante a recitação do daimoku tem um efeito benéfico para nossa saúde. Vejo que há um embasamento lógico que faz do daimoku uma prática eficaz.

Dra. Chiaki: Sim. Acredito que o ritmo ideal seja recitar aproximadamente um daimoku por segundo (ou sessenta por minuto), que coincide com as batidas do coração quando estamos relaxados.

Presidente Ikeda: Quando jovem, li Vidas Paralelas, de Plutarco. Esse notável pensador da Grécia antiga dizia que a emissão da voz era um exercício respiratório para manter a saúde e desenvolver a força.9 Ele não se referia apenas à força física, mas também à energia vital.

Dr. Narumi: Isso significa, portanto, que a recitação do daimoku aumenta nossa energia vital.

Presidente Ikeda: Nichiren Daishonin declara: “Ao tomarmos o remédio altamente eficaz da Lei Maravilhosa [Lei Mística], erradicaremos de nossa vida os sofrimentos infligidos pelos desejos mundanos, pelos três venenos — avareza, ira e estupidez”.10 Quando recitamos daimoku, “injetamos” em nosso corpo o melhor remédio que existe: o remédio da Lei Mística. Por essa razão, devemos recitar daimoku vigoroso e forte, capaz de expelir “todos os venenos” de nosso corpo.

Simplesmente recite daimoku

A oração provoca a mudança no coração, no mais profundo âmago da nossa vida. A energia vital gerada pela recitação do daimoku, além de trazer benefícios à saúde, conforme mencionamos anteriormente, não somente nos conduz a trilhar uma jornada de grandes realizações, mas nos habilita a inspirar, com nossa postura, outras pessoas a vencer seus intensos desafios. Esse conjunto de realizações é a mais preciosa fortaleza da boa sorte de um ser humano.

No Estudo da edição, Ikeda sensei reforça:

A oração no Budismo Nichiren consiste em extrair esperança com convicção indomável. A prática da recitação do Nam-myoho-renge-kyo é a fonte da sabedoria e do poder do Buda. Nossa capacidade de extrair grande energia vital se resume à força da nossa fé.
Quando estiver sofrendo, triste ou magoado, simplesmente recite Nam-myoho-renge de coração aberto. Continue recitando assim como você é, como se estivesse compartilhando seu sentimento com um pai benevolente ou uma mãe carinhosa. Desse modo, deve transformar seus problemas em orações.
O mais importante é que, conforme for recitando daimoku, sentirá a coragem brotar de dentro de si, enchendo-o de convicção de que triunfará sobre todas as preocupações. Mesmo que o problema não se resolva de imediato, chegará o momento em que “o sofrimento do inferno se desvanecerá instantaneamente”.11 Quando olhar para trás, constatará que a dificuldade causadora de tanta dor de cabeça se converteu numa oportunidade para expandir dinamicamente sua condição de vida. Suas orações ao Gohonzon farão o jubiloso sol de sua missão despontar em seu coração e possibilitarão que sua vida brilhe à máxima plenitude.12

Assim como o celular precisa estar conectado a uma fonte de energia para ser carregado, recitar Nam-myoho-renge-kyo — seja nos momentos de alegria ou de tristeza — possibilitará que a sua vida seja preenchida de transbordante e revitalizadora energia vital. 

Notas:

1. Disponível em: https://eaesp.fgv.br/producao-intelectual/pesquisa-anual-uso-ti Acesso em: 11 out. 2021.

2. IKEDA, Daisaku. Juventude Sonhos e Esperanças. São Paulo: Editora Brasil Seikyo. v. 2, p. 165, 2020.

3. IKEDA, Daisaku. Atingir o Estado de Buda nesta Existência. São Paulo: Editora Brasil Seikyo. 2019. p. 37-38.

4. Terceira Civilização, ed. 533, jan. 2013, p. 46.

5. Cf. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Brasil Seikyo, v. I, p. 713, 2020.

6. Terceira Civilização, ed. 533, jan. 2013, p. 46.

7. Ibidem.

8. Terceira Civilização, ed. 463, mar. 2007, p. 29.

9. PLUTARCO. Plutarch’s Morals [Obras Morais de Plutarco]. Tradução: William W. Goodwin (ed.). Boston: Little, Brown & Company, 1874. p. 265-266.

10. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, 2004. p. 131.

11.  Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Brasil Seikyo, v. I, p. 207, 2020.

12. Terceira Civilização, ed. 639, nov. 2021, p. 62.

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