marcar-conteudoAcessibilidade
Tamanho do texto: A+ | A-
Contraste
Cile Logotipo
Conheça o Budismo

Seja aquele que apoia os outros

“Bons amigos” e “maus amigos” — uma questão de ponto de vista

download do ícone
ícone de compartilhamento

16/03/2019

Seja aquele que apoia os outros

Amigo de fé, irmão camarada

Não precisa ser rei para cultivar boas amizades. Em seu escrito Três Mestres Tripitaka Oram por Chuva, Nichiren Daishonin revela: “Por isso, o melhor meio para atingir o estado de buda é encontrar um bom amigo” (CEND, v. I, p. 625). “Bons amigos” são aqueles que conduzem nossa vida pelo caminho da felicidade. Pode ser aquela pessoa que nos apoia em nossa prática budista desejando sinceramente que nos tornemos pessoas valorosas. Ou pode ser aquela pessoa que nem sempre vai nos dizer coisas agradáveis, mas sim o que precisamos ouvir naquele momento com o objetivo de nos fazer avançar. De maneira geral, essas pessoas nos incentivam a não sucumbir ao desespero e ao negativismo, e não permitem que caiamos nos maus caminhos da nossa vida.

 

“Embora todos os seres possuam as três causas inerentes, ou potenciais, da natureza de buda, se tais seres não encontrarem as condições certas de achar um ‘bom amigo’ ou mestre, então não despertarão, não compreenderão e não manifestarão sua natureza de buda”

(WND, v. II, p. 861)

 

Quem são os maus amigos?

De acordo com os ensinamentos de Nichiren Daishonin, “maus amigos” são pessoas enganadoras e bajuladoras, prontas a nos desviar do “caminho correto”, ou seja, da rota para nossa revolução humana. São pessoas tão infelizes que naturalmente interferem com esse mesmo sentimento na vida do outro e não revelarão com facilidade seu desejo maléfico de atrapalhar a felicidade alheia. “Maus amigos utilizarão palavras tentadoras, enganosas e bajuladoras e falarão de maneira inteligente, ganhando assim o controle sobre a mente de pessoas ignorantes e desinformadas e destruindo sua boa mente” (WND, v. II, p. 221). Seguindo esse raciocínio, “maus amigos” são pessoas que nos induzem a nos afastar da correta prática budista.

 

A Cigarra e a Formiga

Entre as obras de Esopo, escritor do século 7 a.C., está a fábula A Cigarra e a Formiga que usamos para ilustrar esta matéria. O objetivo de utilizá-la como analogia do princípio budista é observar o exemplo da formiga que pode ser comparada ao “bom amigo”, não somente por ter acolhido a cigarra, mas principalmente por tê-la advertido sobre a necessidade de se preparar para o futuro.

 

Os “bons amigos” de Nichiren Daishonin

Existe ainda outro ponto de vista: será que alguém que não é muito legal conosco pode se tornar um “bom amigo” (dentro do conceito budista)? No escrito As Ações do Devoto do Sutra do Lótus, Daishonin comenta que mesmo “a pior e mais inimiga das pessoas” pode se transformar numa boa amiga, a partir do que aconteceu com ele próprio:

 

Devadatta foi o melhor amigo d’Aquele que Assim Chega Shakyamuni. Assim como aconteceu naquela época, hoje, quem mais nos ajuda a avançar não são nossos aliados, e sim nossos inimigos poderosos”. (...) Os melhores aliados que eu, Nichiren, tive para atingir o estado de buda foram Kagenobu, os sacerdotes Ryokan, Doryu e Doamidabutsu, e também Hei no Saemon e o senhor de Sagami. Sinto alegria ao pensar que, sem eles, não teria conseguido demonstrar que sou o devoto do Sutra do Lótus. (CEND, v. II, p. 29)

 

Assim, o Buda esclarece que mesmo alguém que nos faça sofrer pode ser um “bom amigo” a partir do momento em que suas ações negativas são vistas como  oportunidade de comprovarmos a veracidade da nossa prática da fé.

 

Encontrar um bom amigo é raridade

De acordo com esse princípio básico, “bons amigos, maus amigos”, quantos bons amigos você tem? Você é um bom amigo? São perguntas que geram forte reflexão. Estar cercado de pessoas legais não é garantia de ter bons amigos. Ser uma pessoa legal também não garante que você é um bom amigo. Anteriormente, vimos que no Budismo de Nichiren Daishonin “bom amigo” é uma pessoa que incentiva outra a realizar a prática budista (gongyo, daimoku, shakubuku) e que tem o coração repleto de compaixão. Daishonin ressalta que encontrar pessoas assim é algo raro e que “os Últimos Dias da Lei são uma época em que o mundo está cheio de ‘maus amigos’” (CEND, v. I, p. 626).

Num de seus escritos, Nichiren Daishonin compara o ato de encontrar um mestre ao de encontrar um “bom amigo”. Então, nós temos a grata sorte de possuirmos como mestre e, consequentemente, um “bom amigo” o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda. Ele dedicou a vida ao estudo do Budismo de Nichiren Daishonin e a expandir esse ensinamento por 192 países e territórios, criando uma caudalosa rede de milhares de bons amigos. A marca da SGI é justamente o incentivo a cada ser humano para que desenvolva seu máximo potencial inerente e, a partir disso, colabore para que outros também se desenvolvam a fim de interferirem positivamente em toda a sociedade.

 

Conclusão

Aprendemos que “bons amigos” no budismo são aquelas pessoas que nos conduzem para o caminho da felicidade e do desenvolvimento, enquanto os “maus amigos” são as que agem com o intuito de nos tirar do caminho para nossa revolução humana. Apesar disso, jamais podemos nos esquecer de que precisamos ser esse “bom amigo” para o outro, independentemente de quem ele seja. Afinal, a sensação de estarmos cercados pelos “maus” é uma questão de ponto de vista, pois tudo isso faz parte da nossa vida e depende de como enxergamos o outro. Nem sempre ouviremos os incentivos necessários das pessoas que estimamos, talvez o estímulo para nosso avanço venha de alguém com quem nem simpatizamos muito. O mais importante é não esquecer que precisamos nos tornar hoje a pessoa que colabora para o desenvolvimento do outro e essa ação refletirá em toda a sociedade.

 

 

A Cigarra e a Formiga

 

A Formiga não se cansava,

Trabalhava sem lamento.

Aproveitava o calor do verão

Para juntar seu alimento...

 

A Cigarra, despreocupada

Bem tranquila a tudo assistia.

Esquecendo a chegada do inverno,

Não cessava a cantoria.

 

Enfim chegou o inverno,

Muito frio e rigoroso.

A Formiga estava tranquila;

A Cigarra, em alvoroço.

 

A Cigarra, sem opção,

Bateu à porta do formigueiro.

Foi pedir ajuda à Formiga,

Tamanho era seu desespero.

 

A Formiga, muito gentil,

Decidiu à Cigarra ajudar.

Mas antes deu-lhe a lição

Da importância de se preparar.

 

Nesta fábula muito singela,

A Formiga foi um “bom amigo”.

A Cigarra aprendeu a lição

E mudou seu hábito antigo.

(Adaptação do BS para o conto de Esopo)

 

Compartilhar nas