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Diálogos do Planeta Brilhante

Texto extraído e adaptado da série de ensaios do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, à Divisão dos Estudantes Futuro publicado no jornal Kibou, em dezembro de 2017

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09/11/2019

Diálogos do Planeta Brilhante

Jardim de flores em Nova Délhi

Estamos nos aproximando do mês de dezembro em que vários shows e performances musicais acontecem para marcar o fim de mais um ano. Tenho certeza de que muitos de vocês, membros da Divisão dos Estudantes, participarão de eventos como esses.

Um coral pode produzir um som magnífico porque cada uma das vozes se harmoniza com as demais. Da mesma forma, setes cores diferentes em conjunto são responsáveis por fazer surgir um arco-íris tão bonito.

As diversas culturas e os idiomas dos povos do mundo são um tesouro precioso que pertencem à humanidade. A Índia é um dos países particularmente mais ricos por possuir esse tipo de tesouro da diversidade.

A população da Índia é de quase 1,3 milhão de pessoas de diferentes etnias. O país possui 23 idiomas oficiais, dentre eles o hindi e o inglês. Esse número pode aumentar para mil idiomas, se vocês incluírem os diferentes dialetos falados. Isso significa que o povo indiano pode, de fato, precisar de um intérprete para se comunicar um com o outro! Além disso, a moeda do país possui o valor impresso em dezessete idiomas diferentes.

Uma firme rede de jovens talentosos está emergindo desse país multicultural, muitos deles desempenham papel de liderança no ramo da ciência da computação.

Quando visitei a Índia pela primeira vez em 1961, não havia membros da Soka Gakkai lá. Hoje em dia, a juventude Soka surge por todo o país fazendo contribuições maravilhosas à sociedade.

Há 25 anos (1992), na minha quinta visita ao país, estava caminhando num parque em Nova Délhi com um grupo de jovens quando nos deparamos com um campo com várias flores diferentes. Na fileira da frente estavam flores de tom púrpura que mais pareciam margaridas, mas na verdade eram cinerárias; no meio havia sálvias na cor vermelha e atrás delas uma vibrante ornamentação feita com dálias nas cores amarela, laranja e rosa.

Inclinei-me para ouvir a conversa entre elas enquanto tirava uma foto.

Conto brilhante

As flores do jardim

O dia já amanheceu e, enquanto os alegres sussurros dos pequenos passarinhos podem ser ouvidos, parece que as flores estão discutindo.

— Eu sou a mais bonita! Sou alta, e minhas pétalas são grandes e fofinhas. Não concordam meninas? — disse uma das dálias, levantando a cabeça orgulhosamente.

— Na-na-ni-na-não! Eu sou a mais bonita! — disse a sálvia. — ­­­­Você possui apenas uma flor. Já eu tenho várias e todas ficam floridas por muito tempo. Sem falar do quão vermelhas são! Não concorda que são tão vívidas?

— Nossa, como eu invejo vocês duas — disse a pequena cinerária com uma voz bem tímida. — Ninguém olha pra mim!

Nesse momento, uma forte rajada de vento sopra o ar.

— Ah, não! Vou ser jogada ao vento! — disse a dália.

A sálvia também se agarra ao chão com toda a força. Já a cinerária, embora balançasse suavemente, estava firme. Ela pode fazer isso, talvez, porque cresce abaixo do solo e suas raízes foram plantadas com firmeza na terra.

— Ei! Vocês estão bem? — ela exclama para as outras duas flores. — O vento vai passar em breve; então, por favor, segurem firme um pouco mais!

A dália e a sálvia se seguraram bem forte para salvar sua vida, enquanto o vento passava.

— Ufa! Essa foi por pouco! Obrigada por nos encorajar! — a dália sorriu. — Graças a você, consegui reunir minha coragem para não desistir.

— Sim! — disse a sálvia, que em seguida olhou para cinerária e falou:

— E se você olhar com cuidado, suas pétalas estão moldadas como se fossem o Sol! Só de olhar para elas já me sinto feliz e animada!

— Awnnnnn… Obrigada! — cinerária agradeceu agitando as pétalas, sentindo vergonha e timidez.

Conforme o sol se erguia altivamente no céu, o tempo começou a ficar cada vez mais quente.

— Está um pouquinho quente para mim! — disse a dália, sentindo-se desconfortável.

Cinerária, que antes não se sentiu afetada pelo vento, concordou:

— Está ficando insustentável.

Contudo, agora ela lutava contra o calor.

Apenas a sálvia estava otimista:

— Na verdade, sou resistente ao calor! — disse ela, enquanto ventilava suas pétalas vermelhas para refrescar também as outras duas flores.

— Isso é muito bom! Estamos nos sentindo melhor! Nós lhe agradecemos — bradaram as duas em uníssono.

Rapidamente, o sol começou a se pôr e a noite despontou no horizonte, trazendo consigo uma inesperada calmaria no ar. De repente, cinerária, preocupada, começou a tremer:

— Não consigo suportar o frio.

— Agora é a minha vez de ajudar! Podedeixar comigo! — exclamou a dália.

Então, ela envolveu as outras duas flores com suas pétalas fofinhas e folhas largas.

— Hmmmmm… que quentinho! — suspiram alegremente cinerária e sálvia.

Logo após, como se finalmente tivesse entendido algo que não compreendia até aquele instante, sálvia disse:

— Todas nós emergimos do mesmo solo, respiramos o mesmo ar e tomamos o mesmo banho de sol, e ainda assim temos colorações diferentes e personalidades únicas. Que incrível!

— Refletindo sobre o dia de hoje, senti que é justamente porque somos tão diferentes que devemos nos empenhar em ajudar umas às outras! — cinerária concordou com a amiga.

— Você está certa! — exclamou dália, que mais cedo “se gabava” de ser a melhor.

— Nós conseguimos apoiar umas às outra por causa das nossas diferentes qualidades. A diversidade das nossas cores faz com que tudo seja emocionante, alegre e mais divertido!

O sol começa a nascer novamente e seus primeiros raios brilham nesse novo dia. Os sussurros dos passarinhos puderam ser ouvidos outra vez, porém, diferentemente de ontem, hoje as flores parecem desfrutar uma conversa amigável e intensa.

Cenário histórico

Quando o presidente Ikeda visitou a Índia pela primeira vez em 31 de janeiro de 1961, não existia um único membro da Soka Gakkai no país. Dezoito anos depois, em fevereiro de 1979, ele se encontrou com um grupo de quarenta pessoas e lhes disse: “O eterno fluxo do rio Ganges se iniciou com uma única gota d’água. Da mesma forma, embora a quantidade de membros seja pequena agora, tenham a convicção de que vocês são as primeiras gotas e avancem almejando um futuro brilhante e cheio de esperança”.

O presidente Ikeda visitou o país por seis vezes. Com o passar dos anos, o conhecimento sobre a Soka Gakkai cresceu e ali se criaram laços de confiança e de amizade com líderes em várias esferas da sociedade indiana, incluindo o ex-primeiro-ministro Rajiv Gandhi (1944–1991) e o ex-presidente K. R. Narayanan (1920–2005). Daisaku Ikeda recebeu menções honrosas das universidades de Délhi e Visva- -Bharati, além do Prêmio da Paz Tagore, dentre outros. Em 2000, a Faculdade Feminina Soka Ikeda de Artes e Ciências foi inaugurada em Chennai [Índia], fundada pelo educador indiano Sethu Kumanan. O presidente Ikeda e a Sra. Kaneko são, respectivamente, fundador honorário e diretora honorária da faculdade.

Autênticos como uma flor

O budismo ensina o princípio da “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro”. Cada uma de suas flores revela sua verdadeira beleza quando desabrocham da maneira como são: as da cerejeira como cerejeira, da ameixeira como ameixeira, do pessegueiro como pessegueiro e, por fim,
do damasqueiro como damasqueiro.

O mesmo princípio se aplica aos seres humanos. O fato de nos compararmos com outras pessoas não nos faz crescer. Não devemos sentir inveja ou menosprezar as demais pessoas. Ao contrário, ao sermos autênticos e realizarmos firmes esforços à nossa maneira, podemos, sem falta, trazer à tona
e fazer florir a missão que nos cabe concretizar.

Todos os seres vivos são dignos de respeito. Cada indivíduo possui suas potencialidades e suas fraquezas. Com a prática do Budismo Nichiren, podemos extrair o melhor das nossas potencialidades e fazer com que nossas qualidades únicas e nossa missão brilhem ao máximo.

Um dos meus autores favoritos, Saneatsu Mushanokoji (1885–1976), escreveu:

“Relacionamentos harmoniosos são magníficos”. ¹De fato, desfrutar boas amizades é algo muito bonito.

O poeta Misuzu Kaneko (1903–1930) também escreveu: “Todos diferentes, iguais em direitos”.²

Espero que vocês, membros da Divisão dos Estudantes, se tornem indivíduos dotados de empatia que valorizem, além de vocês mesmos, seus amigos. Tais indivíduos brilham e auxiliam outras pessoas a brilhar também. Apoiando uns aos outros, fazendo com que flores de felicidade desabrochem perto de vocês, também estarão contribuindo para expandir o jardim de paz ao redor do mundo.

Nessa época atribulada do ano, enquanto o clima vai ficando mais frio e as pessoas estão cada vez mais apressadas, por favor, cuidem-se para não ficar doentes ou se acidentar. Vamos conversar novamente no ano que vem!

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