Brasil Seikyo
Por clique para buscar
EntrarAssinar
marcar-conteudoAcessibilidade
Tamanho do texto: A+ | A-
Contraste
Cile Logotipo

Brasil Seikyo

Discurso do presidente da Soka Gakkai

Lancemo-nos à criação de “valores humanos” e aos diálogos da expansão

Presidente da organização, Minoru Harada, discursa durante o encontro (Tóquio, Japão, 11 jan. 2025)Congratulações pela realização da 6ª Reunião de Líderes da Soka Gakkai que anuncia o descortinar do “Ano do Alçar Voo da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”! Felicito também pela nova partida, repleta de esperança, da Divisão das Mulheres. Meus sinceros parabéns! E, ainda, no dia de hoje, estão participando 99 pessoas, integrantes da SGI, de catorze países e territórios. Sejam bem-vindos de tão longe. Manifesto-lhes as mais sinceras boas-vindas! Nem é preciso dizer novamente que as publicações de Ikeda sensei se baseiam no princípio da “revolução humana” herdado do seu mestre, Josei Toda, e revivesceram o Budismo de Nichiren Daishonin para a atualidade, do ponto de vista da filosofia de vida. É um legado espiritual para toda a humanidade, que ilumina o futuro da paz, cultura e educação. Além disso, as orientações do Mestre indicam o método universal dos movimentos de revolução humana e do kosen-rufu, e são os eternos princípios básicos e fundamentais para a Soka Gakkai. Sensei nos orientou: O kosen-rufu se propaga em dois sentidos: horizontal e vertical. O sentido horizontal é o laço de compreensão do budismo que ampliamos entre nossos amigos, e o vertical é a transmissão do budismo de pais para filhos, para netos e para as sucessivas gerações.1 Considerando essa orientação, o sentido horizontal corresponde a propagar o pensamento e a filosofia do presidente Ikeda para todo o mundo. E o sentido vertical refere-se a transmitir as orientações do Mestre para as gerações futuras. Essa é a missão confiada pelo Mestre a nós, discípulos. Além disso, na recente Conferência Executiva da Soka Gakkai, os componentes da Divisão dos Jovens falaram sobre a necessidade de ter mecanismos que possibilitem atender às significativas mudanças na forma com que as gerações mais jovens coletam informações, para que as pessoas possam acessar e pôr em prática os princípios básicos e fundamentais deixados pelo Mestre. Foto comemorativa com representantes da Soka Gakkai de diversos países em curso de aprimoramento promovido no Japão (jun. 2024) Levantou-se a questão de que, ao se pensar no rápido desenvolvimento do kosen-rufu mundial daqui em diante, o estabelecimento de um serviço de busca fácil da vasta coleção de obras e de orientações de Ikeda sensei se torna uma exigência da época. Atualmente, com o desenvolvimento da tecnologia de inteligência artificial (IA) generativa, os serviços de busca possibilitam encontrar respostas para as perguntas facilmente, como se estivessem conversando com a pessoa. Houve também esse tipo de sugestão para ser utilizada na Gakkai. Nesse sentido, decidimos iniciar o desenvolvimento de serviços de busca das obras e das orientações de Ikeda sensei utilizando a tecnologia de IA generativa. Acreditamos que, para evitar ataques de terceiros mal-intencionados e, considerando os custos operacionais, provavelmente o serviço será oferecido mediante plano de assinatura. Forneceremos mais informações assim que os detalhes forem definidos. Quando se fala em inteligência artificial (IA), talvez haja pessoas que imaginem a existência de algo que replique a voz de Ikeda sensei com o qual consigam conversar com ele. Porém, o serviço de busca a que nos referimos não é nada disso. Trata-se de mera utilização da tecnologia de IA generativa para serviços de busca. Portanto, os resultados da busca não serão palavras criadas automaticamente por inteligência artificial. Acreditamos que deva ser um serviço de busca amigável capaz de apresentar as obras e as orientações de Ikeda sensei na forma de citações. De todo modo, nossa IA será uma simples ferramenta, isto é, um meio, e não um fim. No romance Nova Revolução Humana consta uma cena em que um membro fica admirado ao presenciar o aspecto de Shin’ichi Yamamoto dedicando-se a uma orientação individual: Orientação é compaixão; consiste em compartilhar do sofrimento dos outros. É convicção. Essa energia vital comove as pessoas e desperta a coragem interior delas.2 A IA generativa é algo que processa o histórico de buscas, para chegar estatisticamente às palavras e às frases mais usuais que estejam contextualmente alinhadas com a pergunta do usuário, oferecendo respostas em ordem de relevância. A IA não possui emoção nem vontade própria. Ela não passa de uma escolha de palavras baseada em reconhecimento de padrões e probabilidades. Por isso mesmo, há até o perigo inerente de trazer mentiras como se fossem verdades. É desprovida de características humanas como “compaixão”, “empatia” e “convicção”. Em essência, na IA generativa, não há possibilidade de realizar orientações e incentivos no verdadeiro sentido. Ikeda sensei leu com a própria vida os ditos dourados dos escritos: Se em um único momento de vida esgotarmos as dores e aflições de milhões de kalpa, então instante após instante surgirão em nós os três corpos do buda com os quais somos eternamente dotados. Nam-myoho-renge-kyo é apenas essa prática diligente.3 Ele incorporou em sua vida o espírito de mestre e discípulo. A postura de se satisfazer com a resposta fornecida pela IA, considerando-a verdadeira, não é adequada em termos de fé. Algumas vezes, pode haver orientações que pareçam ser frontalmente opostas entre si para um mesmo assunto. Nessas ocasiões, é preciso pensar e refletir, orando e pondo-as em prática, sobre qual é a essência dessas orientações, quais as diferenças e quais os pontos em comum. É somente com a “prática diligente” de procurar se aproximar do coração de Ikeda sensei que existem a quintessência da fé e a pulsação do espírito de mestre e discípulo. De toda maneira, daqui para a frente, não somente nessa questão, vamos pôr em ação os projetos e as reformas necessárias, revisando de forma abrangente e radical das mais variadas perspectivas, para que a organização possa se reinventar como a “Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”. Por favor, conto com o apoio de todos. No dia 26 deste mês [janeiro de 2025], receberemos os cinquenta anos de fundação da SGI. Naquele ano de 1975, Ikeda sensei realizou o primeiro encontro com o Dr. Aurelio Peccei, cofundador do Clube de Roma, internacionalmente famoso grupo de pensadores. A partir de então, ele aprofundou o intercâmbio de amizade com ele. Em uma entrevista publicada na edição de Ano-Novo do Seikyo Shimbun, o secretário-geral do Clube de Roma, Carlos Alvarez Pereira, expressa-se sobre a importância da filosofia da revolução humana: O que quero enfatizar em especial é que o conceito de revolução humana amplia o significado de “o que é uma existência correta”. Uma vida verdadeiramente correta é estabelecer relações positivas com as outras pessoas e com o ambiente natural. Dessa perspectiva, é algo diretamente ligado ao objetivo de um futuro sustentável do planeta. Penso que aí se encontra o significado atual da “revolução humana”. Ikeda sensei descreveu o período do 90º ao 100º aniversário da Soka Gakkai: “Este é o momento decisivo para mudar resolutamente o ‘destino da humanidade’”. Agora que estamos na metade desta “década decisiva”, a humanidade enfrenta o risco do uso de armas nucleares e a iminente crise climática. Não é exagero afirmar que a filosofia da revolução humana detém a chave do destino da humanidade. De nossa parte, comprovando, cada um de nós, a vitória da nossa própria revolução humana, gostaria que falássemos sobre a importância da “revolução humana” nos diversos níveis. Dessa maneira, vamos iniciar o voo da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial com o impulso dos nossos próprios pés. Todos concordam? E, também, objetivando inicialmente o dia 16 de março, lancemo-nos corajosamente com o coração de um jovem à criação de “valores humanos” e aos diálogos da expansão, enfrentando os ventos gélidos com orgulho. Coral Fuji, formado por estudantes do ensino fundamental 2, canta a canção da DE do Japão, Yuuki no Ippo [“Um Passo de Coragem”] Durante a Reunião de Líderes da Soka Gakkai realizada em janeiro de 2025, representantes da nova geração de jovens expressam sua decisão de avançar, vencendo os desafios. Durante a Reunião de Líderes da Soka Gakkai realizada em janeiro de 2025, representantes da nova geração de jovens expressam sua decisão de avançar, vencendo os desafios. Performance de música eletrônica contagia os participantesMuito obrigado! MINORU HARADA PRESIDENTE DA SOKA GAKKAI Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Esplendor. Nova Revolução Humana, v. 6. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 147. 2. IKEDA, Daisaku. Brisa Suave. Nova Revolução Humana, v. 25. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 231-232. 3. The Record of the Orally Transmited Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai,

06/02/2025

Encontro com o Mestre

Postura de um monarca

Como a catarata Em junho de 1971, o presidente Ikeda visitou o Desfiladeiro Oirase, que fica na província de Aomori, Japão, com um grupo de representantes de toda a região de Tohoku. O Centro de Treinamento de Tohoku, em Aomori, fica bem perto do desfiladeiro. Ao avistar uma poderosa catarata, Ikeda sensei fotografou-a e compôs um poema, que enviou a um amigo: Como a catarata, impetuosa.​​ Como a catarata, incansável.​​ Como a catarata, destemida.​​ Como a catarata, jubilosa.​​ Como a catarata, imponente.​ Um homem deve ter a postura de um monarca!​​ O Mestre comenta: Este é um poema que compus no Desfiladeiro Oirase, que fica na região de Tohoku. Meus amigos da Divisão Sênior estão se esforçando corajosamente em seus empreendimentos, fazendo jus a essas palavras. (...) Como uma catarata! Ferozmente, incansavelmente, sem nada temer, com alegria e altivez. Nós lutamos e nos empenhamos com o espírito dos campeões, conquistando uma vitória após outra. Juntos, vamos conquistar novas e retumbantes vitórias em nosso movimento pelo kosen-rufu com energia e alegria. Vivam plenamente e conquistem a vitória máxima, obtenham sem falta a eterna boa sorte nesta existência. Fontes:Adaptado de matéria publicada no Seikyo Shimbun de 21 de junho de 2024.Brasil Seikyo, ed. 2.096, 20 ago. 2011, p. A3. *** [Em 1994], fui convidado pela renomada Universidade de Glasgow, do Reino Unido, a visitar a instituição. Houve uma solene cerimônia em que tive a honra de receber o título de doutor honoris causa. Foi o Dr. J. Forbes Munro (na época, presidente do Conselho Universitário) que, ao ler a carta de recomendação para minha indicação, fez ressoar por várias e várias vezes o nome do meu mestre, Josei Toda, no Bute Hall. O Dr. Munro concluiu sua fala recitando o poema Como a Catarata, que havia redigido para representar a Cachoeira Oirase, na província de Aomori, região de Tohoku: “Como a catarata, impetuosa.​​ / Como a catarata, incansável.​​ / Como a catarata, destemida.​​..” [Nota do editor: O Dr. Munro havia encontrado o poema num livro traduzido para o inglês pelo respeitado tradutor Burton Watson. Ele acreditava que seus versos faziam uma descrição exata da vida de Ikeda sensei.] Até hoje aquela voz profunda não se afasta do meu coração. (...) Foto tirada por Ikeda sensei retrata a grandiosa natureza de Oirase, em Aomori, Japão (jun. 1971) O Pico da Águia se encontra aqui O buda Nichiren Daishonin indicou solenemente: Seja qual for, o local em que se pratica o veículo único do Nam-myoho-renge-kyo torna-se o Pico da Águia, a Capital da Luz Eternamente Tranquila.1 O Pico da Águia não se encontra em algum lugar longínquo. A terra onde se levanta agora para cumprir sua missão é o Pico da Águia, a Capital da Luz Eternamente Tranquila. É a fonte de energia do kosen-rufu mundial. O ato de definir concretamente essa determinação em sua vida é a própria prática da fé. Deve-se recitar daimoku do juramento seigan para a expandir o kosen-rufu e para ampliar o diálogo da coragem e da esperança. Nossa vida é a própria vida do Buda. Por essa razão, quaisquer que sejam os obstáculos e as maldades que surjam competindo entre si, não há por que deixar de realizar a transformação do destino. Não será derrotado em hipótese alguma. Não será destruído por nada, e jamais será violado. O verdadeiro palco para edificar essa condição de felicidade absoluta são nosso honroso distrito e nossa comunidade. (...) Presidente Ikeda participa de sessão de fotos comemorativas, dividida em doze partes com três horas de duração, na cidade de Aomori (13 jun. 1971) Na vanguarda da nova era Na obra Jinsei Chirigaku [Geografia da Vida Humana], visualizando o rumo da humanidade, Makiguchi sensei clamou pela grande transformação da “competição militar”, da “competição política” e da “competição econômica” para “competição humanística”. Os jovens Soka são aqueles a se tornar vanguardistas nessa corrida humanística e da justiça. Em uma passagem dos escritos enviada para a monja leiga Myoshin, que perseverava com uma fé límpida, Daishonin afirma: Este ideograma myo é a lua, é o sol, são as estrelas, é um espelho, são as roupas, a comida, as flores, a grande terra e o grande mar. Todos os benefícios juntos formam o ideograma myo. Além disso, é a joia da realização dos desejos.2 Cidadãos globais emergidos da terra que abraçam e praticam o supremo princípio dos “três mil mundos num único momento da vida”, com o ritmo sonoro da Lei Mística que atravessa a vida e o universo, transformem sua condição de vida e a dos outros, unam-se em rede de solidariedade conjunta e conduzam a sociedade global rumo à paz! Avancemos, fazendo reverberar juntos as vozes de encorajamento e as canções de contínuas vitórias para a localidade e para o futuro! No topo: 1ª Convenção Geral de Aomori, realizada no Centro de Treinamento de Tohoku (26 ago. 1994). Fotos: Seikyo Press Fontes:Brasil Seikyo, ed. 2.096, 20 ago. 2011, p. A3.Idem, ed. 1.901, 28 jul. 2007, p. A3. Notas:1. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 811.2. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. v. II. Tóquio: Soka Gakkai: 2006, p. 879-880.

08/08/2024

Incentivo do líder

Decisão é ação

Após 28 anos sendo contra eu e minha irmã praticarmos o budismo da Soka Gakkai, nossa mãe decidiu se converter a esse ensinamento e consagrar o Gohonzon em sua casa. Ela mora no Distrito Federal, e eu estava passando alguns dias de férias por lá. Rapidamente, os líderes daquela localidade se empenharam de uma forma tão generosa que minha mamãe e minha irmã mais nova se tornaram membros da BSGI no dia 30 de dezembro de 2015. Comecei este incentivo citando esse acontecimento de minha vida para demonstrar que, apesar de a organização estar de recesso das atividades naquele período, isso não foi impedimento para que a conversão delas fosse concretizada. O ano 2024 tem sido muito intenso. Exatamente por não termos mais a presença física do nosso mestre, a decisão de seus discípulos tem sido inquebrantável. Dando início à série de encontros comemorativos das divisões, tivemos a estreia com a Divisão dos Estudantes (DE) em abril, seguida da inenarrável Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo em 26 de maio. Em junho, vieram os famosos encontros da Divisão Feminina (DF), a segunda etapa do Kofu e a partida dos representantes do Brasil para o Curso de Aprimoramento dos Jovens da SGI no Japão. Enfim, o primeiro semestre foi repleto de oportunidades. Esse é o movimento pelo kosen-rufu na Soka Gakkai e o retrato fiel do mundo da fé, no qual o tempo é usado de forma inteligente e sábia. O tempo é escasso e inacumulável, tornando-o o recur­so mais valioso de que dispomos, e é nele que construímos nossa vida. Começando o segundo semestre, tradicionalmente, em julho ocorre o famoso recesso escolar ou das atividades da organização. Este mês marca as celebrações do aniversário da Divisão dos Jovens (DJ) a cujos integrantes o presidente Ikeda delegou o futuro do kosen-rufu. Em um episódio da Nova Revolução Huma­na, de autoria de Ikeda sensei, ele orienta: Em qualquer esforço, rapidez é essencial. O desafio está em aproveitar ao máximo o tempo limitado de que se dispõe. O clássico chinês Registros do Grande Historiador afirma: “É difícil achar a oportunidade certa, e fácil perdê-la”.1 Por essa razão, Shin’ichi sempre agia com a convicção de que a hora é agora, jamais adiando ou postergando nada.2 Chegou, portanto, julho, mês de recesso. Devemos, a partir desta orientação do nosso mestre, nos atentar para a acomodação que se instala em nosso ritmo diário sem a rotina de nossas atividades da Gakkai. O distanciamento necessário durante a pandemia da Covid-19 deixou muitas provas do quanto a relação de vida a vida é indispensável para a manutenção da nossa prática da fé e do nosso desenvolvimento. Ninguém consegue fugir da rigorosa lei de causa e efeito exposta no budismo. Por mais que a Soka Gakkai seja alvo de críticas e difamações, mantenham a prática da fé por toda a vida, acreditando nos benefícios imperceptíveis, no Gohonzon e na Gakkai. Com base no Sutra do Lótus, Nichiren Daishonin afirma que “Desfrutaremos paz e segurança na presente existência e boas circunstâncias nas existências futuras”.3 Não há falsidade nas palavras de Daishonin.4 Conforme nosso mestre nos garante a prática da fé por toda a vida, que nosso juramento se perpetue e sigamos sem nenhum arrependimento! Que esse recesso seja restaurador de energias pra concluirmos com muitas vitórias esse “Ano do Descortinar da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”. Andréa Coutinho Vice-coordenadora da Divisão Feminina de coordenadoria Notas: 1. Disponível em: www.cnculture.net/ebook/shi/shiji/032.html. Acesso em: 3 julho 2024. Tradução do chinês. 2. IKEDA, Daisaku. Diplomacia do Povo. Nova Revolução Humana. v. 21. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. 3. Cf. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 66, 2020. 4. IKEDA, Daisaku. Coroa de Louros. Nova Revolução Humana. v. 10. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. Ilustração: GETTY IMAGES

11/07/2024

Encontro com o Mestre

Uma vida saudável com abundante energia vital

É muito importante a atitude mental de se cuidar na vida diária com base nos itens para manter e promover a boa saúde, tais como: Gongyo com firmeza na voz. Vida diária sem excessos nem desperdícios. Ações com devoção. Boas maneiras nos hábitos alimentares. A profunda oração é a base fundamental da boa saúde. A sabedoria é bastante valiosa. * * * Movimentar o corpo é, originalmente, a chave principal para melhorar a saúde. Em particular, quanto as ações dedicadas em prol da Lei, das pessoas e da sociedade revolucionarão a vida e se tornarão a fonte para ter uma existência vigorosa! * * * A saúde não é simplesmente indicativa da ausência de doença. Por outro lado, somente um corpo forte e sadio não significa necessariamente boa saúde. A verdadeira saúde se encontra no ato de unir atividades criativas saudáveis e animadas, tanto física como mentalmente. No ato de superar quaisquer tipos de dificuldade e transformar mesmo as piores circunstâncias em força motriz para um salto dinâmico ainda maior, há a verdadeira imagem da boa saúde. * * * Recitar sonoro daimoku, fazer jorrar uma grandiosa energia vital e participar das atividades da Gakkai lutando em prol do kosen-rufu. Aí se encontra a imagem real da verdadeira saúde. Por favor, com sabedoria e vivacidade, façam desta estação o “verão de plena realização”, o “verão do crescimento” e o “verão da revolução humana” a gravar profundamente as causas das próximas vitórias. Publicado no jornal Seikyo Shimbun de 23 de junho de 2024. No topo:Parque em Denver, Estados Unidos, envolto pelo revigorante verde e céu azul. Há pessoas que se divertem caminhando ou andando de bicicleta e que aproveitam o sol. Foto tirada por Ikeda sensei em junho de 1996. Na estação em que o calor se intensifica [verão japonês], deve-se cuidar da condição física e se prevenir da insolação. Consta nos escritos de Nichiren Daishonin: “O sutra conhecido como Sutra do Lótus é o bom remédio para as doenças do corpo e da mente”.1 Começando o dia com refrescante gongyo e recitação do daimoku, similares ao galopar de um cavalo branco, vamos trilhar o caminho da felicidade com a saúde em primeiro lugar. Nota: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. v. II. Tóquio: Soka Gakkai, p. 747. Fonte: Este texto tem como base as palavras de Ikeda sensei extraídas, respectivamente, dos seguintes trechos: do discurso na Conferência de Representantes Comemorativa do Dia 18 de Novembro, publicado no Seikyo Shimbun de 24 de novembro de 2008; de Shido Senshu — [jo]: Kofuku-e no Shishin [Seleção de Orientações, parte 1 — Diretrizes para a Felicidade]; do romance Nova Revolução Humana, volume 22, capítulo “Tesouro da Vida”; de Ikeda Daisaku Zenshu [Obras Completas de Daisaku Ikeda, edição popular, Discursos, 2005, v. 3].

04/07/2024

Encontro com o Mestre

Daimoku e aprimoramento

Atualmente, os jovens Soka do mundo estão dando nova partida com o coração embalado por estimulantes canções. Livres de restrições ou de velhas maneiras de fazer as coisas, jovens de mente brilhante podem abrir novos caminhos, traçar novos rumos, valendo-se da engenhosidade e da criatividade que lhes são próprias, com total liberdade e de coração aberto. Fazendo um retrospecto, lembro-me de que o curso de aprimoramento dos jovens [do Grupo Suiko], realizado ao ar livre em Hikawa, região no extremo oeste de Tóquio, em setembro de 1954, também foi algo inédito, extraordinário e inovador. Até hoje, com muita saudade, posso ouvir todos nós, participantes, entoando as canções da Soka Gakkai sentados com Toda sensei ao redor da fogueira. Nos dias atuais, Hikawa, profundamente impregnada com as lembranças de mestre e discípulo, é o local do nosso Centro de Treinamento dos Jovens de Hikawa, de Tóquio. Recordo-me de uma visita que fiz em setembro de 1995, logo após o centro passar por uma grande reforma. Mantive diálogos informais com os membros do Bairro Geral de Ome (que abrange Hikawa) e de outras partes da Área No 2 de Tóquio, louvando-os por seus dedicados esforços. Quando perguntei se havia algum produto especial pelo qual sua região fosse famosa, fez-se uma breve pausa de hesitação até que alguém finalmente respondeu: “Nosso delicioso konnyaku!”.1 Todos caíram na gargalhada [diante da menção desse alimento tradicional, porém modesto]. — Vamos torná-lo um lugar famoso pelo daimoku! — sugeri. — Construamos aqui o mundo ideal do kosen-rufu! Então, pondo o daimoku em primeiro lugar, eles vêm prestando contribuições para a comunidade, promovendo a confiança em relação ao nosso movimento, cultivando pessoas capazes e trabalhando juntos em harmonia pela prosperidade de sua terra natal. Nichiren Daishonin expressa: “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?”.2 Aqueles que consistentemente recitam Nam-myoho-renge-kyo jamais são derrotados. Membros do Japão e do mundo todo estão demonstrando o colossal poder benéfico da Lei Mística. Recitar Nam-myoho-renge-kyo é fonte de ilimitada esperança. O lema das integrantes da nossa Divisão Feminina do Brasil é “Muito Mais Daimoku!”. Elas triunfaram sobre todos os obstáculos com a oração movida pela determinação de tornar possível o impossível. (...) Com as destemidas integrantes da Divisão Feminina na vanguarda, nossos membros ao redor do mundo vêm orando com firmeza ainda maior. A soma do daimoku conjunto deles alcança proporções realmente astronômicas. O benefício descomunal decorrente disso, com certeza, envolverá e criará um impacto positivo em toda a humanidade numa dimensão vasta e profunda. (...) Hoje, os jovens que compartilham do meu espírito como se fosse o deles estão engajados num eletrizante esforço em prol do kosen-rufu mundial. Em O Grande Mal e o Grande Bem, Nichiren Daishonin declara: “Quando o bodisatva Práticas Superiores [o líder dos bodisatvas da terra] emergiu da terra, não o fez bailando?”.3 Nossa rede de jovens bodisat­vas da terra — bailando vibrantemente no palco da sociedade global — contém a coragem para dissipar a ansiedade, o compromisso conjunto de não deixar ninguém para trás e a resiliência para superar as adversidades e abrir o caminho para um futuro mais radiante. Encontro dos membros da região de Hikawa com Ikeda sensei realizado às margens do rio Tama comemora os trinta anos do Grupo Suiko (Hikawa, Tóquio, 4 maio 1984) Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.536, 17 out. 2020, p. 3. *** Juramento que atravessa o tempo O Suiko era um grupo de aprimoramento para a criação de “valores humanos” da Divisão Masculina de Jovens da Soka Gakkai, idea­lizado pelo segundo presidente, Josei Toda. Surgiu do juramento de mestre e discípulo e sua fundação ocorreu em 1952. Contudo, com o passar do tempo, acabou perdendo o rumo e foi suspenso sob rigorosa repreensão de Toda sensei. Quem criou nova oportunidade e nova partida para o grupo foi seu discípulo, Daisaku Ikeda, com o estabelecimento do juramento Suiko em três itens: 1) juramento ao Gohonzon; 2) juramento ao mestre; e 3) juramento aos companheiros. Com base nesse juramento, o grupo reiniciou as atividades em 21 de julho de 1953, data conhecida como o Dia do Suiko. No ano seguinte, em setembro, foi realizado o primeiro curso de aprimoramento do Grupo Suiko, em Hikawa, Tóquio. Na localidade, encontra-se o Centro de Treinamento dos Jovens de Hikawa, de Tóquio, que abriga um monumento com a inscrição “Juramento Suiko”. O centro foi fundado em agosto de 1982 por sugestão de Ikeda sensei de que fosse um projeto concretizado pelas mãos da juventude. Cerca de 4 mil jovens se envolveram nesse empreendimento. Outro centro de treinamento foi inaugurado, recebendo a visita de Ikeda sensei, em 4 de maio de 1984. Nesse mesmo dia, foi realizado um encontro às margens do rio Tama na região, comemorando o 30o aniversário do Grupo Suiko. Na ocasião, o Mestre dialogou com os jovens e participou de uma sessão de perguntas e respostas. Em torno da fogueira, degustaram sopa de porco, revivendo momentos do treinamento do Grupo Suiko e reconfirmando o espírito de mestre e discípu­lo em torno de Ikeda sensei. Foto tirada pelo Mestre, na mesma época, encontro dos membros da região de Hikawa realizado às margens do rio Tama comemora os trinta anos do Grupo Suiko, registra um cintilante riacho azul descendo as montanhas da região (Hikawa, Tóquio, 4 maio 1984) No topo: Ikeda sensei dialoga com membros em visita ao Centro de Treinamento dos Jovens de Hikawa (22 set. 1995) Fonte: Adaptado de matéria publicada no Seikyo Shimbun de 31 de maio de 2024. Notas: 1. Konnyaku: Também conhecido como konjac. Alimento gelatinoso produzido a partir da raiz da planta homônima. Geralmente possui uma cor acinzentada salpicada e tem consistência um tanto quanto borrachenta. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Dai­shonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 431, 2020. 3. Ibidem, v. II, p. 387, 2017. Fotos: Seikyo Press

04/07/2024

Editorial

Solo fértil e rico

Em poucos dias, encerraremos o primeiro semes­tre de 2024, momento propício para analisar os feitos e renovar a energia para a segunda etapa. Nesta edição, você acompanha os encontros comemorativos da Divisão Feminina da BSGI, como também os preparativos para receber julho, mês dos jovens. Num trecho do Encontro com o Mestre, em sintonia com o espírito de não deixar ninguém para trás, evidenciado na Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo, Ikeda sensei afirma: Ao darmos o melhor de nós pelo bem dos outros, libertamo-nos do nosso eu menor, focado apenas em preocupações pessoais, e gradativamen­te expandimos e elevamos nosso estado de vida. [...] O benefício grandioso e verdadeiro da fé reside nessa transformação interior fundamental e na revolução humana. De acordo com o princípio da unicidade da vida e seu ambiente, quando nossa condição de vida muda, podemos mudar nosso ambiente também e, desse modo, solucionar todos os nossos problemas e contrariedades.1 Brasil Seikyo também traz notícias do Instituto Soka Amazônia, depois dá um “pulinho” no sertão de Pernambuco e compartilha a alegria dos membros por meio de relatos e depoimentos. A edição, elaborada com inspirações tanto para o balanço do ano como para o mês da Juventude Soka, registra nas p. 15 e 16 o direcionamento da liderança jovem, lançado no evento em maio, sobre a importância de fazer a diferença no local em que nos encontramos e de propagar a filosofia para os amigos. Além disso, o jornal nos brinda ainda com os seguintes dizeres da parte 38 do capítulo “Brado da Vitória”, da Nova Revolução Humana, volume 30: Sem uma árdua luta na juventude, ou seja, sem as “tarefas de preparação do solo”, não haverá o autodesenvolvimento e o desabrochar da vida nem se poderá desfrutar o outono de conclusão de sua existência.2 Desejamos que este BS prepare o grande solo do seu coração e recarregue suas energias para o segundo semestre! Ótima leitura! Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.661, 22 jun. 2024, p.3. 2. Ibidem, p. 24.

20/06/2024

Frase da Semana

Frase da Semana

A vida é uma batalha. Só obteremos um resultado vitorioso por meio de uma oração fervorosa, árduos esforços e dando continuidade às nossas ações até o fim. Sejamos pessoas capazes de vencer em todas as esferas, mediante esforços dedicados e diálogo sincero. Dr. Daisaku Ikeda IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 3: Kosen-rufu e Paz Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. p. 37.

20/06/2024

Encontro com o Mestre

Coração sempre jovem

Nada se iguala à juventude. Além disso, independentemente da idade, nós conseguimos permanecer com o coração jovem por toda a vida. A Lei Mística possibilita viver de tal forma a brilhar com nossa juventude interior, não importando qual seja nossa idade. Brasil Seikyo, ed. 2.000, 22 ago. 2009, p. A3. * * * A criação de novos valores não depende das circunstâncias nem das pessoas. Depende unicamente da nossa oração capaz de mover as forças protetoras do universo a nosso favor e da nossa ação. Essa é a essência da prática da fé que quero confiar aos meus amados discípulos. A oração de juramento seigan é inquebrável. A ação de juramento seigan é a mais nobre de todas as ações. Inflame o coração de cada companheiro com a chama do juramento seigan e expanda alegre e radiantemente o elo de contínuas vitórias dos emergidos da terra desde o infinito passado. Idem, ed. 2.411, 17 mar. 2018, p. A2. * * * “Quem atrai os jovens são os próprios jovens. O que estimula o coração jovem é o brado do jovem.” Ligando meu coração ao do meu venerado mestre expresso nessa afirmação, estou observando o desafio e o desenvolvimento de cada jovem Soka. O glorioso bastão de mestre e discípulo será recebido pelos jovens enquanto estes estiverem empenhados na batalha com a convicção de serem os protagonistas do kosen-rufu. De mãos dadas com os companheiros do mundo todo, brade altivamente o clamor vitorioso da juventude de missão conforme escreve Nichiren Daishonin: “O senhor sobreviveu até hoje (...) para poder enfrentar esta situação”,1 tendo como seu palco de atuação o planeta Terra. Ibidem. * * * A jovialidade transforma qualquer sofrimento, impasse ou fracasso em força para avançar. Nela também estão contidas a coragem e a paixão que são inestimáveis tesouros da vida. Há ainda a honestidade e a sinceridade. Portanto, consideram-se jovens todas as pessoas que se levantam com a corajosa prática da fé para concretizar o grande juramento seigan. Em um de seus escritos, Nichiren Daishonin afirma: “Quando chega a primavera, as flores irrompem”2 — devem armazenar força enquanto se espera pacientemente pela primavera, e quando chegar a época de florescer, desabrochem “a flor do desafio” cada qual à sua maneira. Abraçamos a filosofia de vida que nos possibilita transformar os “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte — em “quatro virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza. Também temos forte laço de união de “diferentes em corpo, unos em mente” que nos permite incentivar e apoiar um ao outro ultrapassando a diferença de gerações. Brasil Seikyo, ed. 2.362, 11 mar. 2017, p. B3. * * * Não existe aposentadoria no mundo da fé. Nunca se deve pensar que “Eu me empenhei tanto, por isso, agora vou sentar e descansar”. Enquanto estivermos vivos, haverá sempre algo a fazer, algo para deixarmos como legado. Esse é o significado de uma vida de criação de valor. Vários escritos budistas referem-se a pessoas que viveram até a idade de 120 anos. Desse ponto de vista, a idade de 60 ou 70 anos marca apenas a metade do caminho na maratona da vida. Não devemos permitir que nosso espírito envelheça. Quero que nossos líderes centrais, em especial, guardem isso no coração. O budismo é uma fonte de ilimitado aprimoramento. Nós podemos continuar a brilhar de vitalidade, independentemente da idade. A chave é manter o coração jovem. Vamos avançar com um espírito jovem — com ilimitada coragem e vigor — pelo caminho da saúde e da vitória. Idem, ed. 1.809, 27 ago. 2005, p. A3. * * * Se vamos praticar o Budismo de Nichiren Daishonin, então devemos fazê-lo com o coração e o espírito puros, para que as pessoas que estão ao nosso redor se sintam inspiradas e revigoradas com nossa presença. Da mesma forma, espero que os jovens deem um magnífico exemplo com base na fé que atrai a admiração e o elogio dos outros. A era dos jovens é agora. Peço aos nossos jovens que deem um passo avante e assumam total responsabilidade pelo nosso movimento. Ao mesmo tempo, é tradição da Soka Gakkai que os membros da Divisão Sênior e da Divisão Feminina também avancem com o dinamismo da juventude. O espírito da Gakkai brilha com tamanha vitalidade. Permaneçam com o coração jovem enquanto viverem! Continuem a avançar com um brilho no olhar. Esse é o mundo da fé e o caminho da revolução humana. Idem, ed. 1.820, 19 nov. 2005, p. A3. * * * Da perspectiva da ampla propagação da Lei Mística pelo ilimitado futuro dos Últimos Dias, nossa luta apenas começou. Vamos avançar com essa elevada determinação e viver com um espírito eternamente jovem. Idem, ed. 1.638, 2 fev. 2002, p. A3. * * * A fé é o que nos torna jovens. A firme fé e a resoluta oração — nossa profunda determinação interior ou concentração de nossa mente fortalece nossa energia vital. Quando os senhores acreditam naquilo que é certo, quando direcionam seus pensamentos ao rumo correto, obtêm a correta fé que conduz à felicidade. Nós, que praticamos a Lei Mística, possuímos a suprema fé. Essa é a razão por que somos tão jovens e repletos de vigor e energia. Idem, ed. 1.218, 13 mar. 1993, p. 4. * * * Como abraçamos a Lei Mística, nossa vida enche-se de energia eternamente jovem. A idade é irrelevante. Nós podemos fazer com que nossa vida irradie um brilho imutável. As pessoas que dedicam a vida à Lei Mística têm um poder infinito à sua disposição. Vamos avançar extraindo esse ilimitado poder que possuímos. (...) Quanto mais nos empenharmos em prol do kosen-rufu, mais jovens e cheios de vida ficaremos com o passar dos anos. Nossa boa sorte aumentará ilimitadamente e nos tornaremos pessoas que apreciam a absoluta vitória e a felicidade. Essa é a clara afirmação de Nichiren Daishonin. Podemos ficar totalmente seguros disso. Idem, ed. 1.719, 11 out. 2003, p. 3. * * * O jovem possui o futuro. O jovem possui a esperança. Ser jovem é ser desafiador. Ser jovem é ser pioneiro. Ser jovem é ser construtor. Em qualquer país ou organização, quem decide o seu futuro — a prosperidade ou a decadência — é o jovem que possui um ideal e se esforça com coragem para torná-lo real. Por isso, enquanto acreditarmos nos jovens com grandes ideais e continuarmos a incentivá-los, haverá o progresso por toda a eternidade. Idem, ed. 2.179, 11 maio 2013, p. B2. * * * Não quero me referir apenas aos jovens de idade; ser jovem significa, em primeiro lugar, devotar-se a um grande juramento, um grande propósito e, então, lutar por esse ideal, desafiando a si mesmo e se desenvolvendo incessantemente nessa trajetória. Em segundo lugar, indica possuir o espírito de refutar o errôneo e revelar o verdadeiro, ter o imperturbável senso de justiça de se recusar a tolerar a maldade e a desonestidade. A terceira característica dos jovens é a ação corajosa e audaz — correr com a velocidade de um relâmpago para ir ao encontro daqueles que estão sofrendo ou necessitados, para a linha de frente da luta do kosen-rufu e se empenhar com bravura. IKEDA, Daisaku. Campos Verdejantes. Nova Revolução Humana, v. 17. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2017. p. 261 e 262. *** Para os jovens, o futuro e a esperança existem! Jovens são pessoas de desafio, são desbravadores e construtores. Em qualquer país ou organização, quem decide a ascensão ou o declínio no futuro são os jovens que abraçam ideais e os realizam com toda a disposição. O jovem, por si só, supera qualquer poder de autoridade. Ser jovem significa possuir um ilimitado tesouro. Além disso, vocês abraçam a Lei Mística, o eterno tesouro da vida. Aqueles que vivem com a Lei única e suprema são bodisatvas e budas. É um desperdício não usufruírem ao máximo este precioso tesouro chamado juventude. Devem fazê-lo brilhar incandescentemente. A fé é para isso. É para esse propósito que existem a prática budista e as atividades da Soka Gakkai. Juventude é uma sequência de desafios corajosos. Se vocês se abaterem temendo falhas e erros, não conseguirão realizar nada, e não deixarão nada. Em todo caso, o importante é avançar e ir em frente. O coração corajoso diante do desafio expande seu potencial. O verdadeiro líder do kosen-rufu desenvolve os jovens e confia-lhes tudo. Possui um coração jovem e empreende ações junto com eles, aprimora-os e delega-lhes o futuro. As pessoas que sempre conduzem a brilhante sinfonia da luta conjunta com os jovens são vencedoras de sublime espírito. Brasil Seikyo, ed. 2.375, 10 jun. 2017, p. B1. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 89, 2017. 2. Ibidem, v. I, p. 130, 2020. Foto: Seikyo Press

20/06/2024

Conheça o Budismo

A força da oração sincera

No Budismo de Nichiren Daishonin, a oração, denominada daimoku, é a recitação contínua do Nam-myoho-renge-kyo, ou seja, a Lei Mística que rege o universo. O presidente Ikeda afirma: Os seres humanos, mesmo os que dizem não ter nenhuma religião, possuem desejos e aspirações. Todos oram por algo nas profundezas de seu coração. A oração no Budismo de Nichiren Daishonin é um meio para preencher o vazio entre esses desejos e a realidade, tendo como base a lei do universo.1 Normalmente, os objetivos de cada pessoa são lançados de acordo com suas dificuldades ou necessidades em determinado momento, seja no aspecto financeiro, profissional, de saúde, de relacionamentos pessoais, seja outros. O budismo esclarece, entretanto, que todos os sofrimentos estão ligados ao carma. Assim, não basta apenas desejar, por exemplo, ter uma vida profissional realizada. É preciso, antes, transformar o carma de não se sentir feliz no trabalho. Nesse sentido, a recitação do Nam-myoho-renge-kyo é fundamental, pois age justamente na causa que traz o sofrimento, transformando o carma pela raiz. Escuridão fundamental e iluminação O budismo elucida os conceitos de “escuridão fundamental” e “iluminação”. Todos os seres humanos possuem esses dois lados. É com base neles que se pensa, fala e age, o que define o futuro feliz ou infeliz de um ser humano. Com a recitação do Nam-myoho-renge-kyo, a vida é sempre conduzida ao caminho da iluminação, ou seja, à manifestação do estado de buda inerente. Essa prática faz surgir a sabedoria e a coragem para, por exemplo, ser o agente criador da harmonia. Portanto, a oração no budismo tem como foco principal “iluminar” a “escuridão” da vida das pessoas, fazendo brotar a sabedoria e a coragem para vencer a si próprio e transformar o carma que lhe causa sofrimentos. Ikeda sensei diz: No momento em que recitamos Nam-myoho-renge-kyo, a escuridão de nossa vida num instante se dissipa. Esse é o princípio da simultaneidade de causa e efeito. Nesse mesmo instante, nas profundezas do nosso ser, nossas orações são respondidas. A causa inerente à nossa forte oração simultaneamente produz um efeito latente. Mas, nas profundezas da nossa vida, nossas orações são imediatamente concretizadas. E, nesse momento, a luz brilha. As orações são invisíveis. Contudo, se orarmos com firmeza, essas orações definitivamente produzirão um claro resultado em nós e em nosso ambiente. Esse é o princípio da essência real de todos os fenômenos.2 Engrenagens da fé A recitação do Nam-myoho-renge-kyo permite às pessoas enxergarem a “essência real de todos os fenômenos”, corrigindo sua órbita e elevando sua condição de vida. Essa oração, portanto, pode ser considerada um “guia” para a concretização dos objetivos de forma sábia. Ela fortalece a energia vital, aguça a mente e extrai a força interior das pessoas para que possam utilizar ao máximo seus talentos e suas habilidades. O Mestre conclui: Em outras palavras, a oração constitui uma fusão da lei fundamental do universo e da nossa mente. Podemos comparar isso com as engrenagens de uma máquina. Quando uma pequena engrenagem encaixa seus dentes aos de uma engrenagem maior, conseguirá se movimentar com uma força extraordinária, o que não faria por si própria. Da mesma forma, quando fundimos o microcosmo de nossa própria vida com a vida do universo, somos capazes de manifestar ilimitada força que nos permitirá superar quaisquer dificuldades.3 Diálogo com o universo Uma oração determinada, “desejando algo de todo o coração”,4 focada no objetivo individual e, principalmente, incluindo a felicidade dos familiares e amigos, bem como da sociedade e da humanidade, é capaz de mover o universo de acordo com o desejo da pessoa, conforme Ikeda sensei afirma: As orações baseadas na Lei Mística não são abstratas. No cotidiano das pessoas, elas se manifestam de forma concreta. Oferecer orações é o mesmo que conduzir um diálogo, um intercâmbio com o universo. Quando oramos, abraçamos o universo com nossa vida. A oração é uma luta para expandir nossa vida.5 Essas orações são essenciais para alcançar a revolução humana, meta principal da recitação do Nam-myoho-renge-kyo. Quando uma pessoa realiza sua revolução humana com base na oração, todos os seus desejos se tornam ainda mais concretos. Além disso, o fator fundamental da oração é a sinceridade: um coração puro e determinado. Quando esse ponto se transforma na essência da oração, tudo se torna possível. Portanto, é necessário fazer da oração o momento de ampliar o coração, ser sincero consigo, em primeiro lugar, “abrir a mente” para o que é preciso mudar e, dessa forma, concretizar as metas. Nesse sentido, diante do Gohonzon, é importante demonstrar exatamente aquilo que se encontra no coração, fazendo da oração um juramento de avançar e mudar o próprio interior para, assim, usufruir os verdadeiros resultados que almeja. Prática diária, base da felicidade Veja, a seguir, trechos de incentivos do presidente Ikeda sobre a prática budista e a recitação do daimoku, selecionados a partir de um diálogo com líderes da Divisão dos Estudantes da Soka Gakkai. 🖊 Podemos orar para o que desejarmos? Ikeda sensei: Vocês podem orar para qualquer coisa que acreditam que contribuirá para a sua felicidade e para a dos outros. Por exemplo, podem orar para se desenvolver ou para se tornar certo tipo de pessoa. Basicamente, podem orar por qualquer coisa que desejarem. No entanto, recomendo-lhes que jamais orem por coisas negativas. Se orarem por algo que prejudicará seu progresso, ou o de outras pessoas, somente causarão um efeito negativo em sua vida. Essa atitude vai contra o ritmo fundamental da vida. A chave para que nossas orações sejam respondidas é estar em ritmo com o universo. 🖊 Todas as nossas orações são realmente respondidas quando oramos ao Gohonzon? Ikeda sensei: Sim. Com certeza obtemos resposta. O Gohonzon nos capacita a concretizar as nossas orações. Toda oração é seguramente respondida. (...) O fundamental é se somos verdadeiros praticantes do Sutra do Lótus — ou seja, do Nam-myoho-renge-kyo — e se realmente estamos pondo em prática os ensinamentos do Budismo de Nichiren Daishonin. (...) Como as expressões “poder da fé” e “poder da prática” indicam, a convicção é um tipo de força ou poder. Quanto maior for sua convicção de que suas orações serão respondidas — ou seja, quanto mais forte for a sua fé —, mais forte será o poder do Gohonzon (a Lei Mística). O “poder da prática” abarca a força do seu daimoku e da energia com que se dedica ao kosen-rufu pela felicidade de todas as pessoas e prosperidade da sociedade. Quanto mais forte for a prática para si e para os outros, mais poderá extrair do Gohonzon o poder do Buda e da Lei. (...) Apesar de afirmarmos que “as orações são respondidas” no Budismo de Nichiren Daishonin, a concretização das nossas orações não é algo mágico ou oculto; não tem nada a ver com algum ser misteriosamente iluminado ou um deus que habita um mundo distante e que, por ter piedade de nós, satisfaz nossos desejos. Assim como existem leis físicas, tais como as que controlam a eletricidade, que os seres humanos habilidosamente descobriram como fazer uso, o budismo investigou e revelou a lei da vida e do universo. Da mesma forma que a luz elétrica foi inventada baseada nas leis da eletricidade, Nichiren Daishonin inscreveu o Gohonzon para nós com base na suprema Lei do budismo. 🖊 Qual é o ritmo correto para realizar gongyo e daimoku? Ikeda sensei: O gongyo e o daimoku não devem ser muito rápidos nem lentos demais, nem com uma voz muito alta nem muito baixa. Nossa recitação deve ter um ritmo vigoroso. A velocidade do gongyo também depende de fatores como a idade, a hora e o local em que estamos rea­lizando nossa prática. Portanto, não se preocupem demais com qual deve ser o ritmo correto. Apenas recitem gongyo da maneira mais natural e confortável possível. Certa vez, um dos meus veteranos afirmou que o ritmo do gongyo deveria ser como o galope de um cavalo. 🖊 O que é mais importante: a quantidade ou a qualidade das orações? Ikeda sensei: Tanto a qualidade como a quantidade são importantes. (...) Praticamos o budismo com o objetivo de nos tornar felizes. Desse modo, o mais importante é que cada um de nós sinta uma profunda satisfação após ter recitado daimoku. Não há nenhum preceito que imponha certo número de horas para orar. A atitude de estabelecer metas de daimoku pode ser proveitosa, mas quando estiverem cansados ou sonolentos, somente murmurando sons incompreensíveis envoltos em um sono entorpecente, então é melhor parar de orar e ir para a cama. Após terem descansado, vocês conseguirão recobrar a concentração e as energias para continuar orando. Isso será de muito mais valia. Devemos permanecer alertas e concentrados quando oramos, e não cochilando. Conforme já mencionei, o mais importante é que nosso daimoku nos deixe tão satisfeitos e revigorados que, quando tivermos terminado, possamos exclamar: “Ah! Como isso me fez bem!”. Ao reforçarmos esse sentimento dia após dia, naturalmente nos direcionaremos para o caminho mais positivo. 🖊 Qual a importância de orarmos diariamente? Ikeda sensei: Dependemos de vários fatores para que nossas orações sejam concretizadas. Contudo, se orarmos sinceramente, de todo o coração, poderemos corrigir nossa órbita vital e nos direcionar para um caminho mais positivo. Nossas orações produzem um impacto de longo alcance em nossa vida. Apesar de orarem para se sair bem nos estudos, por exemplo, o efeito de suas orações se estenderá muito além, alcançando a total amplitude de sua existência. Resumindo, é muito importante ter o desejo de sentar-se em frente ao Gohonzon e recitar daimoku. Isso demonstra a determinação de uma pessoa de aprimorar a si própria. Esse espírito é fundamental. É a comprovação de nossa humanidade, uma expressão do nobre espírito de devotar a vida à realização de um empreendimento. “À medida que o foco de nossas orações se expande, incluindo não apenas nossos próprios desejos, como também a felicidade de nossos amigos, de nossa família, de nossos colegas de classe, da sociedade e de toda a humanidade, nossos horizontes também se expandirão, bem como nossa grandeza como seres humanos”6 Dr. Daisaku Ikeda “A oração sem ação representa apenas um simples desejo e a ação sem oração não produz nenhum resultado. Portanto, quero afirmar que a sublime oração surge de um sublime senso de responsabilidade. Em outras palavras, essa oração não surge quando temos uma atitude irresponsável e negligente no trabalho com os compromissos do dia a dia e com a própria vida. Para aqueles que assumem a responsabilidade por todos os aspectos de sua vida e se empenham ao máximo, a oração sublime se tornará um hábito”7 Dr. Daisaku Ikeda Fontes: Brasil Seikyo, ed. 1.516, 24 jul. 1999, p. A3. Terceira Civilização, ed. 448, dez. 2005. Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.369, 1o jun. 1996, p. 3.2. Ibidem.3. Brasil Seikyo, ed. 1.516, 24 jul. 1999, p. 3.4. Ibidem.5. Brasil Seikyo, ed. 1.369, 1o jun. 1996, p. 3.6. Idem, ed. 1.516, 24 jul. 1999, p. 3.7. Idem, ed. 2.237, 2 ago. 2014, p. B1. Foto: BS

29/05/2024

Frase da Semana

Frase da Semana

Fazer das alegrias do amigo a sua própria alegria e também fazer das tristezas do amigo a própria tristeza — os encontros Soka são o mundo da fé onde existe a mais bela e mais forte relação de coexistência da vida na qual as pessoas compartilham suas lágrimas e seus risos. Dr. Daisaku Ikeda IKEDA, Daisaku. Flores da Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 18, 2022.

11/04/2024

Editorial

A paixão pelo kosen-rufu

A primeira edição do Brasil Seikyo de março traz matérias sobre o Dia do Kosen-rufu, os quarenta anos da Divisão dos Jovens da BSGI e uma entrevista com Miguel Shiratori, presidente da BSGI. Durante a conversa com a equipe do BS, Miguel Shiratori, com o mesmo coração jovial de 1984, ocasião em que era responsável pela torre humana de cinco andares, enfatiza a importância de criar uma correnteza de sucessores do legado de Ikeda sensei e de consolidar 2024 como o ano de evidenciar a força jovem mundial, por meio do grandioso evento da Juventude Soka no Ginásio do Ibirapuera em maio. Shiratori cita a mensagem do outono do ano passado de Ikeda sensei: E, agora, a “Soka Gakkai de Força Jovem Mundial” é a grande rede solidária que se empenha no desafio da transformação do destino da humanidade com a convicção de que, “quando um grande mal ocorre, um grande bem o sucederá”, manifestando a grandiosa energia vital do primeiro sol do amanhecer e elevando alto o princípio filosófico dos “três mil mundos num único momento da vida”. Misticamente, os jovens Soka que compartilham o meu espírito, ligados com profunda relação cármica, escolheram nascer justamente nesta época do descortinar. Oro e acredito que, infalivelmente, haverão de ressoar os sinos da esperança da canção triunfal da paz agora e rumo ao futuro.1 E o presidente da BSGI continua: A convenção no dia 26 de maio será transmitida on-line para todos os distritos do Brasil diretamente do Ginásio do Ibirapuera! Nesse sentido, vamos, desde já, criar a força jovem em nossas organizações por meio dos encontros e das visitas nas comunidades. Será um encontro grandioso. A convenção terá em cada recanto do país o significativo marco do “Encontro da Juventude Soka do Brasil com Ikeda Sensei”.2 Leia entrevista na íntegra nas páginas 10 e 11. No embalo dessa convicção, muitos distritos tiveram êxito nesse movimento e o BS destaca alguns representantes no Especial da Juventude Soka das 14 e 15. Desejamos que esta edição, que discorre sobre o significado do Dia do Kosen-rufu, preencha seu coração e o instigue a ações pela paz e pela felicidade das pessoas. Ótima leitura! Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.646, 11 nov. 2023, p. 4-5.2. Idem, ed. 2.654, 9 mar. 2024, p. 10-11.

07/03/2024

Matéria da Divisão Sênior

Espírito de doação proporciona elevada condição de vida

Nos meses anteriores, estudamos como a firme determinação pode transformar as circunstâncias e sobre o princípio da “unicidade da vida e seu ambiente” (esho-funi). A oração, aliada a essa determinação, cria uma condição de jamais retroceder e nos desencorajar. Essa decisão é fortalecida se estiver conectada aos ideais do kosen-rufu e do Mestre Daisaku Ikeda. A filosofia budista é extremamente abrangente, ela explora inúmeros aspectos do nosso cotidiano. Um deles explica que, mais importante que os atos de uma pessoa, é fundamental o espírito com que ela os realiza. Uma ferramenta determinante para mudar a realidade (o ambiente) é a determinação de doar. O ato de doar contribui para melhorar a sociedade, as instituições e as pessoas. O ser humano, ao fazer uma doação, sempre experimenta uma sensação de alegria e a compartilha com o outro. Você já deve ter sentido essa sensação, não é? No dicionário1 consta: “Doação — ação de doar, de oferecer alguma coisa a alguém”. Na Soka Gakkai Internacional (SGI), o “espírito de doação” é encontrado não apenas abordando doações materiais, mais todos os tipos de oferecimentos em prol do desenvolvimento do movimento pelo kosen-rufu, da organização e dos membros. Por exemplo, em relação à prática do gongyo e do daimoku diários, efetuamos, muitas vezes sem ter consciência, várias espécies de doação como o oferecimento de incenso, velas, água, frutas, ramos verdes e outros. Doações no budismo Nichiren Daishonin deixou registrado em suas escrituras que o budismo expõe a doação como meio para a transformação da vida de diversos discípulos, os quais gentilmente lhe ofereceram alimentos e roupas para que ele pudesse sobreviver. Na carta O Rico Sudatta, Daishonin diz: A maneira para se tornar um buda facilmente não tem nada de especial. É como dar água a alguém sedento em época de seca, ou como acender fogo para uma pessoa que está morrendo de frio; também é como dar algo único a outra pessoa, ou fazer uma doação ainda que ao custo da própria vida. (...) Na Índia, viveu um homem abastado, conhecido como “o rico Sudatta”. Caiu na pobreza sete vezes, e recuperou a prosperidade sete vezes. Durante o último período de miséria, quando todos os demais habitantes haviam fugido ou morrido, e somente ele e a esposa haviam permanecido, perceberam que não possuíam mais que cinco medidas de arroz, o que os sustentaria por cinco dias. Nesse momento, chegaram cinco mendicantes, um após o outro — Mahakashyapa, Shariputra, Ananda, Rahula e o buda Shakyamuni, que imploraram pelas cinco medidas de arroz, as quais Sudatta acabou lhes concedendo. A partir desse dia, Sudatta se tornou o homem mais rico de toda a Índia e construiu o monastério de Jetavana.2 Dessa forma, o ato de doar, material ou não, com base na prática da fé constitui causa fundamental para o desenvolvimento de cada indivíduo. Daishonin declarou a uma seguidora em O Oferecimento de um Manto sem Forro: “Esteja firmemente convicta de que os benefícios dessa ação se estenderão aos seus pais, aos seus avós, e muito mais ainda, a incontáveis seres vivos, sem falar de seu marido, a quem a senhora tanto ama.3 Seniors League, uma competição humanística! Apoiar meu companheiro para a vitória? Nos tempos atuais, é um cenário que dificilmente vivenciamos no dia a dia. E isso é totalmente diferente no universo da Soka Gakkai. Elevar nossa condição de vida, a ponto de vencer as próprias circunstâncias e não descansar até que nossos companheiros vençam, é o caminho do estado de buda. Mas, para não cairmos na rotina e estabelecermos um ritmo de vitória diária, são necessárias algumas atitudes. Recitar daimoku, propagar o budismo e participar das atividades da organização são alguns exemplos para nos manter com elevada condição de vida. Com esse espírito, a Divisão Sênior (DS) idealizou a Seniors League. O objetivo desse movimento é cultivar o espírito de doação por meio da contribuição para o Departamento de Contribuintes (Kofu), incentivando os companheiros a participar dessa competição humanística, vencendo a cada etapa com o aumento de +1 participante por distrito. O presidente Ikeda indica o ideal do presidente Makiguchi sobre competição humanitária. Na competição militar, política ou econômica, prevalece o vencedor sobre a derrota do perdedor. No conceito de competição humanitária de Makiguchi, uma pessoa vence pela vitória do outro (e não pela sua derrota), ou seja, todos vencem.4 Com relação à importância dos parâmetros numéricos, o presidente Josei Toda nos ensinou: Seja qual for o campo de empreendimento, os números devem ser calculados. Nós, da Soka Gakkai, fazemos cálculos para acompanhar quantas vidas infinitamente preciosas estão sendo protegidas, quantas pessoas se converteram à Lei Mística e quantas concretizaram a genuína felicidade.5 Mas como vencer? No livro Pilares de Ouro Soka, Ikeda sensei nos direciona: ..a força indomável para entrar em ação e se dedicar ao máximo com o propósito de conquistar os objetivos mais desafiadores. E qual a fonte dessa força? É empregar a insuperável estratégia do Sutra do Lótus, é recitar o Nam-myoho-renge-kyo, que é como o rugido do leão.6 Assim, companheiros da Divisão Sênior, com o coração conectado ao de Ikeda sensei, vamos, em todos os distritos do Brasil, ser vitoriosos e campeões da Seniors League! Notas: 1. Oxford Languages. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 353, 2017. 3. Ibidem, v. I, p. 557, 2020. 4. Brasil Seikyo, ed. 1.994, 4 jul. 2009, p. B4. 5. Idem, ed. 1.653, 25 maio 2002, p. A3. 6. IKEDA, Daisaku. Pilares de Ouro Soka: Coletânea de Orientações para a Divisão Sênior. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. Reflexão sobre a matéria Edson Tokunaga, vice-coordenador da DS da BSGI No diálogo com o professor Lou Marinoff, o presidente Ikeda comenta: O budismo Mahayana ensina a doação como uma das práticas do bodisatva. No entanto, existem três tipos de doação. O primeiro consiste em dar ajuda material, enquanto o segundo consiste em conceder a Lei, que é o ensinamento que conduz à iluminação. Por meio da prática da doação, os bodisatvas põem em prática o nobre voto de ajudar todos os que sofrem, além de ajudar tanto a si mesmos quanto os outros a alcançar o estado de buda. (...) Mas a terceira forma de doação é a oferta de destemor, isto é, o ato de ajudar alguém a eliminar o sentimento de pavor e alcançar a paz de espírito. É algo que dá às pessoas a coragem de enfrentar e superar, de preferência sem nenhum medo, as dificuldades na vida profissional, cotidiana ou em qualquer outra área.1 Ouvimos vários relatos de superação por conta do engajamento de muitas pessoas no movimento da Seniors League, que não consistia em apenas vencer o adversário, como acontece nas diversas competições tradicionais. Recordo-me de uma situação, em que um integrante da DS, que já fazia parte do Departamento de Contribuintes (Kofu), deparou-se com um colega desempregado e sem nenhuma possibilidade de participar do Kofu. Sensibilizado, dispôs-se a desafiar intenso daimoku juntos até que o colega desamparado revertesse sua realidade e, vencendo seus medos, conseguisse sua participação. Não seria mais fácil dar o valor ou mesmo fazer a contribuição em nome do amigo, oferecendo o primeiro tipo de doação? Seria, mas isso não lhe possibilitaria conceder o segundo tipo de doação e muito menos manifestar de forma sincera e espontânea o terceiro tipo, que advém do tesouro do coração. Não apenas um deles venceu, mas ambos se contagiaram, vibraram e, o mais importante, venceram suas circunstâncias para colaborar direta e indiretamente com o avanço do kosen-rufu. Além disso, criaram a causa da vitória na vida um do outro. E ainda, eu me deparei com comentários de muitos veteranos. Eles falaram que, há quarenta anos, participaram do Festival de 1984 no Ginásio do Ibirapuera. Agora, ao saberem da Convenção Comemorativa da Juventude Soka do Brasil, em maio deste ano (2024), disseram que não ficariam de fora. “Mas a participação será apenas dos jovens?”, indaguei-os. A resposta veio com sorrisos: “Só conseguimos nos encontrar com Ikeda sensei em 1984 graças ao apoio dos veteranos da época que estavam nos bastidores nos ajudando da melhor forma possível”. Então, pode ser que não estejamos lá fisicamente, mas vamos nos desafiar a aumentar mais uma cota do Kofu, e assim garantir condições plenas para que a nova geração possa se sintonizar com o eterno coração da “unicidade de mestre e discípulo” de Ikeda sensei. Bora lá, ofertar nosso destemor! Que a vitória de todos os pilares de ouro garanta o eterno juramento dos nossos preciosos sucessores da Juventude Soka! Nota: 1. MARINOFF, Lou; IKEDA, Daisaku. O Filósofo Interior. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. p. 25-26. Chegou o momento de comprovar Encontramos no romance Nova Revolução Humana, vários exemplos sobre a contribuição financeira. A seguir, trechos que podemos ler no volume 4 e no volume 10. Na época do primeiro presidente Tsunesaburo Makiguchi, a responsabilidade pela parte financeira foi assumida integralmente pelo então diretor-geral Josei Toda. Mesmo após a guerra, quando se iniciou a reconstrução da Soka Gakkai, foi o presidente Josei Toda quem arcou com todas as despesas empregando suas economias pessoais, não permitindo que os membros se preocupassem com isso. (...) Ao pensar na expansão do kosen-rufu no futuro, seria inviável que ele continuasse sustentando sozinho aquela situação. Além disso, contribuir com o custeio das despesas era uma oportunidade de doação para o kosen-rufu. Diante da crescente insistência dos membros, Josei Toda sentiu que finalmente havia chegado a época para abrir as portas para essa possibilidade. (...) Os membros desse departamento sentiam-se felizes, orgulhosos e com profunda gratidão porque foram escolhidos e por ter a honra de servir ao kosen-rufu com suas contribuições. Fonte: IKEDA, Daisaku. Triunfo. Nova Revolução Humana. v. 4. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. *** Muitos integrantes da Divisão Sênior pararam de fumar e de beber como parte do empenho para o sucesso da contribuição especial, e as esposas ficaram felizes por eles desfrutarem melhores condições de saúde. (...) Todos os membros se esforçavam de alguma forma para guardar dinheiro, apesar da crise econômica. Em pouco tempo, os pequenos cofres ficaram cheios de moedas. Era o resultado da sinceridade, que não poderia ser medida pela quantia economizada. O peso dos cofres simbolizava o peso da sinceridade. Os benefícios da doação estão claramente expostos nos escritos de Nichiren Daishonin. Se acaso esses benefícios não surgirem como provas reais em nossa vida, o budismo será um falso ensinamento. A força do Gohonzon é extraordinária. Não preciso repetir essa questão, pois os senhores são as pessoas que mais reconhecem o poder da prática da fé no Gohonzon, graças às provas reais experimentadas na vida diária. Com essa convicção, vamos agora direcionar os esforços para o sucesso das próximas atividades. De toda forma, a doação não é medida exclusivamente pelo valor, mas pela sinceridade com que nos devotamos para conseguir participar. É com esse espírito e essa determinação na prática da fé que definimos também os benefícios da nossa vida. Fonte: IKEDA, Daisaku. Nova Rota. Nova Revolução Humana. v. 10. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. DS de comprovação Sênior que vence Vinícius Pimentel Vinícius Pimentel é responsável pelo Distrito Vitória, RM Belford Roxo, Sub. Grande Rio, Coordenadoria Centro-Sul Fluminense. Também atua como secretário do Grupo Alvorada de coordenadoria, e secretário da Coordenadoria Educacional da CGERJ. Estimados amigos da Divisão Sênior, gostaria de compartilhar com todos minha incrível experiência durante o movimento do Seniors League e nossas ações para o desenvolvimento da organização e da região onde moro e atuo. Na primeira etapa do Kofu, nossa coordenadoria foi a primeira do Brasil a vencer nos 44 distritos que compõem a organização local. Nós nos juntamos e todos apoiaram cada localidade. A regra era clara: “Seu distrito venceu, agora ajuda o companheiro de outro distrito a fechar. Temos a certeza de que venceremos na etapa de março, pois já estamos lutando para trazer essa vitória por meio do movimento de visitas e de diálogos com os membros da DS.” Após essa vitória, enfrentamos uma grande adversidade em janeiro com as fortes chuvas no Rio de Janeiro, que afetaram especialmente a cidade de Belford Roxo, onde vários membros foram atingidos pelas enchentes, inclusive minha família. Minha esposa e eu, além da intensa recitação do daimoku, entramos em contato com os membros. Recebemos uma ligação do nosso líder, o qual disse: “Precisamos agir. Nossa sede regional será ponto de apoio para os membros e moradores da região”. Assim iniciamos o movimento de apoio aos membros que também se ampliou para os moradores. Ao chegar a casa, o sentimento que dominava era de gratidão e de missão cumprida. Andando pelo bairro, sentíamos vontade de chorar, pois as ruas pareciam cenas de um filme de guerra. Tudo estava destruído e várias pessoas nas ruas esperavam a ação do poder público, que não dava conta. Fizemos uma grande reflexão e percebemos que 70% dos membros afetados pelas fortes chuvas não eram ativos, ou seja, nossa ação foi a oportunidade de aproximação, demonstrando humanismo e empatia. Na organização de base, também fomos vitoriosos no movimento dos cem jovens por distrito. Quanta alegria! Finalizando o presente relato, gostaria de citar um trecho do poema de autoria de Ikeda sensei, Brasil, Seja Monarca do Mundo! que diz: “Que sejam humanistas de braços fortes, / em luta solidária com as pessoas deserdadas, / atuem agora e vivam o presente com a certeza de que neste exato instante está se erguendo o futuro”.1 Vinícus Pimentel, de camisa azul clara, com os companheiros. Em momentos de atividades na organização Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.331, 16 jul. 2016, p. A3.

07/03/2024

Frase da Semana

Frase da Semana

Discípulos que abraçam o grandioso objetivo do kosen-rufu e seguem o exemplo de um grande mestre, repleto de compaixão, coragem e sabedoria, jamais serão derrotados. Dr. Daisaku Ikeda IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 2: Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2021. p. 208.

10/02/2024

Frase da Semana

Frase da Semana

O juramento comum de mestre e discípulo consiste em manter a prática do Budismo Nichiren junto da SGI por toda a vida, não importando o que aconteça. Dr. Daisaku Ikeda IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 2: Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023. p. 140.

11/01/2024

Relato

Pelo Mestre, pela educação

“Minha vida sempre foi a educação.” Essa é a frase que resume o anseio de infância transformado em determinação de vida de Zuleika Otino, 73 anos, moradora de Três Lagoas, MS. Era o sonho dos pais, Takeo Komatsu e Towa Komatsu (em memória), que os filhos estudassem. Imigrantes que vieram do Japão em busca de melhores condições para a família, nos idos da década de 1960, trabalharam duro na lavoura. Zuleika nasceu em Pacaembu, município do estado de São Paulo, e aos 3 anos, a família se muda para Rio Verde, MS, e depois se fixa em Três Lagoas. “As condições eram muito difíceis, foi uma infância de sofrimento vivida pelos meus dois irmãos e eu”, relembra Zuleika. Até que os pais encontram a Soka Gakkai em 1967, iniciam a recitação do Nam-myoho-renge-kyo e, sem nutrir dúvida alguma, criam dentro de si a convicção da vitória, de um futuro de felicidade para eles e os filhos. “Eles diziam sempre para sermos professores, ensinando as pessoas o conhecimento, para que se tornassem, de fato, felizes.” Os pais de Zuleika são pioneiros da BSGI de Três Lagoas, construindo ao lado dos companheiros as bases da organização e contribuindo para a expansão do Budismo Nichiren na localidade. Os filhos venceram para comprovar a luta dos pais. O mais velho, Paulo Kazunori Komatsu, 86 anos, é general de divisão do Exército aposentado, um dos primeiros nisseis a chegar a essa patente. O outro irmão, Toyoharu Komatsu, 83, é engenheiro elétrico. E Zuleika, essa sim decidiu seguir a carreira de educadora, tal qual a mãe desejou. “Essa garra e essa determinação de educar sempre me motivaram.” Aos 18 anos, ela começou a dar aulas particulares, formou-se em matemática em uma das primeiras turmas da Escola Federal de Mato Grosso do Sul. E não parou mais. Depois de 25 anos na Escola Jomap, lecionando do ensino fundamental ao médio, aposentou-se aos 49 anos. Era hora de avançar no sonho como educadora. Foi uma das fundadoras da Associação de Ensino e Cultura de Mato Grosso do Sul (AEMS) — Faculdades Integradas AEMS, onde trabalhou seis anos como professora universitária. “Eu não conseguia me ver em outra profissão e, com o estímulo da prática da fé e tudo o que lia sobre Ikeda sensei, que sempre reforçou a importância da educação, decidi dar mais um passo”, frisa Zuleika. Nesse momento, conhece uma instituição com um método de ensino utilizado para aprendizagem e confiança dos alunos, não importando a idade, conforme ela esclarece. Só nessa escola particular já são 33 anos de atuação, celebrados em 2023 em uma grande festa. Zuleika se emociona: “Tenho alunos de 2 a 80 anos, e são a minha razão de ser. Meus tesouros”. Ao ser indagada sobre esse sentimento que aflora em seu comportamento e realização profissional, ela ressalta ser a educação, como Ikeda sensei sempre reforçou, “Um meio de felicidade, de nos tornarmos mais confiantes e plenos, o real sentido de criar valor”. Enfatiza que esse era o ideal de Tsunesaburo Makiguchi, fundador da Soka Gakkai. “Que possamos ser úteis à sociedade, construindo um mundo de paz por meio da educação!”. É nesse ambiente de educação para a vida que Zuleika construiu família, criando as três filhas nos jardins Soka, assim como as futuras gerações, os cinco netos queridos, os quais sempre recebem carinho e, principalmente, direcionamentos. A única neta, Ana Flávia, é sua companheira de trabalho, dedicando-se a acompanhar a avó e a aprender com ela, sua fonte viva de sabedoria. Em pleno vigor aos 73 anos, Zuleika fala da postura que aprendeu como legado. “Como pioneiros da localidade, meus pais sempre nos orientaram sobre jamais nos desviar da prática da fé, da Gakkai e do Mestre. Uma prática de profunda gratidão, e por isso prezo demais a participação no Kofu (contribuição voluntária). Esses são ensinamentos que jamais abandonarei. Um coração grato é um coração feliz.” Reconhecimento Em novembro de 2023, Zuleika foi surpreendida com um convite da Câmara Municipal para que recebesse uma homenagem, em reconhecimento pelo trabalho na educação nesses trinta anos, que lhe rendem resultados pelas conquistas dos alunos. Sua escola é destaque no pioneirismo de atendimento a crianças com síndrome de Down, as quais vêm se desenvolvendo potencialmente. Foi também entrevistada por uma emissora de rádio local, falando sobre o poder da educação. “Educar é acolher, é despertar o melhor de cada um”, reforça Zuleika. Zuleika exibe a homenagem recebida pela atuação educacional em sua cidade Na organização, Zuleika também é lembrada por muitos jovens, pelo apoio e estímulo que recebem. Ela está sempre pronta a ajudar. Em especial, jovens em fase pré-vestibular ou preparatório de concursos contam com seu braço e abraço sinceros. Zuleika fala pouco sobre isso e, em resposta, compartilha um trecho do livro dedicado por Ikeda sensei às mulheres: Um coração cheio de gratidão é belo. O sentimento de prezar as pessoas com quem veio se relacionando enriquece e embeleza a vida.1 Com esse coração, que despertou para o sagrado sentimento de ensinar, conforme nomeia Zuleika, é só gratidão. Em sua residência também as portas estão sempre abertas para as reuniões Soka. Há cinquenta anos é lá que chegam os periódicos da Editora Brasil Seikyo (EBS) para depois serem distribuídos na localidade: “Uma grande honra. Agradeço a Ikeda sensei por ter trazido esse budismo transformador para o Brasil. E agora, sem a presença física dele, renovo meu juramento de proteger a organização e de avançar em união. Desejo que Ikeda sensei fique tranquilo, pois continuarei a cumprir minha missão como educadora. Hoje, vejo filhos e netos de alunos, que um dia passaram por mim, graduados como médicos, juízes e em outras profissões. Isso é muito gratificante. Eu me sinto afortunada e feliz”. Zuleika separa os periódicos EBS, que há cinquenta anos são entregues em sua residência para depois serem distribuídos na localidade Pelas filhas Claudia, Juliana e Renata Uma pessoa determinada, batalhadora e respeitada, sendo um grande exemplo para mim e meus filhos. Sempre mostrou o caminho correto a seguir e nunca desistirmos dos nossos objetivos. Quando meu filho se casou, ela lhe deu de presente um butsudan (oratório budista), para que fizessem causa para a felicidade. É uma inspiração, mostra com seu exemplo. Claudia Yoshie Otino, 50 anos Ela iniciou sua vida de forma humilde e com muito esforço se tornou uma rainha. Viveu todos esses anos em prol do kosen-rufu e da educação, seguindo legados e os deixando para quem quiser seguir da melhor forma. Não lembro, nem um dia sequer, que não esteja conectada com o coração do nosso eterno Ikeda sensei. Uma mulher cheia de esperança, que sempre nos ensina que a cada inverno tudo se torna primavera. Minha inspiração. Juliana Etsuco Otino Bertoldo, 49 anos Uma mulher que está pronta a ajudar a todos. Teve o dom de ensinar e criar valor para a sociedade. Incansável em sua luta pelo kosen-rufu, e vive em prol da vitória do Distrito Três Lagoas. Ela nos ensinou o caminho da prática da fé e dos valores da vida, encaminhando-nos para construirmos uma família digna e feliz. Obrigada, mãe. Renata Emiko Otino Meneguelli, 46 anos Pela neta, Ana Flavia “Zuleika” significa “brilhante, beleza radiante e encantadora.” E posso dizer que minha avó é tudo isso e mais um pouco. Uma mulher forte, batalhadora, determinada. Uma mulher que encanta o mundo da educação. Nossa convivência é de 24 horas por dia e, durante todo esse tempo, vivemos minutos e horas de aprendizados, sempre juntas. Quando vejo alunos antigos dela e percebo quanto ela transformou a vida deles é um orgulho danado. Muito determinada, incentivou-me a começar a realizar o Kofu, dizendo que seria uma maneira de acumular boa sorte, e realmente é. Começamos com pouco, e assim que recebia meu salário, já ia entregar a contribuição para ela depositar. Evoluí com meu próprio desejo, tiro uma quantia um pouco maior, para sempre estar com boa sorte! E ela fica toda feliz. Fez questão de me levar às reuniões, desde pequena. Constantemente, incentiva que batalhando e buscando a felicidade, e a paz, alcançarei meus objetivos, mostrando que a BSGI pode trazer tudo isso. É uma avó exemplar presente em qualquer momento da minha vida, que move montanhas para o meu melhor. É, sem dúvida, minha melhor amiga, uma mulher de conselhos extraordinários, e sempre compartilha suas vivências comigo. Ela é um exemplo de profissional, de mulher, membro da BSGI com muito orgulho e gratidão. Amo demais. Ana Flávia Ayumi Otino Bertoldo, 18 anos Por Paulo Eduardo, estudante Se perguntarem a ela, certamente não vai dizer. A Sra. Zuleika é aquele tipo de veterana que faz de tudo para apoiar as pessoas, especialmente os jovens, em silêncio. Ela me apoiou muito, quando morei sozinho em Três Lagoas, na época do vestibular, reforçando meus estudos de matemática e de inglês. Acolheu-me no primeiro ano, ajudou e ajuda diversos jovens na mesma situação, apoiando e oportunizando a revolução por meio da educação. Hoje, estou finalizando minha graduação, e ela faz parte dessa conquista, com sua tamanha generosidade. Aqui no Distrito Três Lagoas, a Sra. Zuleika está sempre apoiando o movimento dos cem jovens. Oferece a casa, lanchinhos, lembrancinhas e seu calor de uma sincera veterana que ama realmente os jovens. É uma verdadeira discípula de Ikeda sensei, que faz sem esperar reconhecimento. Paulo Eduardo Menegheti Gonçalves, responsável pela Divisão dos Estudantes (DE) da RM Noroeste Paulista Família reunida: Zuleika está na primeira fila, ladeada pelos netos Ana Flávia e o caçula Enzo Komatsu Menegueli. Atrás, da esq. para a dir., as filhas Juliana, Claudia e Renata. Ao fundo, seguem os netos, da esq. para a dir., João Pedro Yukimi Otino Sato, Matheus Massami Otino e João Vitor Otino Sato Foto comemorativa da reunião de palestra de novembro Zuleika Hatsue Komatsu Otino, 73 anos. Educadora. Na BSGI, é consultora do Distrito Três Lagoas, Sub. Noroeste Paulista, CNOP, CGESP. Nota: 1. IKEDA, Daisaku. 365 dias — Frases para Mulheres. Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 169. Fotos: Arquivo pessoal

14/12/2023

Relato

Cultivar a boa sorte

A realização de um sonho exige que cultivemos, antes de tudo, a esperança no coração. Não é tarefa fácil. Meu nome é Eduardo Urakami, tenho 50 anos e moro no município paulista de Mogi das Cruzes, SP. Vivi a depressão, uma forma de a vida dizer que não existe saída. Introvertido e triste desde criança, já sabia do poder da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, ao ver minha mãe se curar de um grave quadro de saúde. Ela conheceu o budismo em 1992, e eu logo a segui, mas ainda sem reconhecer essa força dentro de mim. Levava uma vida no automático e, ao mesmo tempo, estudava física na Universidade de São Paulo (USP). Foi preciso uma forte crise me atingir para eu reagir. Os momentos depressivos foram evoluindo, a ponto de eu não desejar mais viver. No entanto, uma voz interna ecoou: deveria persistir. Dos cinco minutos de recitação do Nam-myoho-renge-kyo possíveis pelas minhas condições de tempo, passei a orar três horas por dia. Era hora de quebrar a concha do meu pequeno eu. Indescritível a sensação um tempo depois, ao me vir admirando a natureza local do campus. A determinação muda tudo. Decidi viver, ser feliz e assim parti para a concretização do sonho familiar, com a força e a coragem que brotaram da prática da fé. Dedicação e confiança Minha família se mudou de Goiás, GO, para Mogi das Cruzes em 1985. Três anos depois, iniciamos a produção de cogumelos. Minha mãe sonhava alto. com os pais Chuji e Taeko Urakami Recebi meu Gohonzon (objeto de devoção dos budistas) em 1994 e, por me manter na órbita da Soka Gakkai, mesmo em tempos mais desafiadores, os constantes incentivos de Ikeda sensei soaram sempre como aquela “voz interna”, dizendo: “Eu confio em você, não perca para si mesmo”. Terminei a faculdade e decidi empreender na empresa da família, que, aos poucos, foi conquistando lugar no mercado. Em 2004, participei do meu primeiro curso de aprimoramento dos jovens no Japão, vivendo momentos preciosos. Retornei em 2013, já na Divisão Sênior (DS), desta vez convidado a relatar minha comprovação numa atividade realizada em uma região fortemente atingida pelo tsunami de 2011. Senti que estava correspondendo ao Mestre, incentivando os que haviam perdido tudo e buscavam forças para recomeçar. Alguns anos mais tarde, em 2017, vivemos o período crítico do mercado brasileiro: crise econômica, entrada forte de concorrente e por pouco não fechamos a empresa. Renovei o ponto primordial, pois cada pessoa possui uma missão que só ela pode concretizar. Era minha vez! Cogumelos da boa sorte Encarei a produção dos cogumelos como objetivo de levar às pessoas alimentos nutritivos, saborosos e que façam bem à saúde, ajudando a prevenir doenças. No nosso sítio, cuido das tarefas administrativas e do monitoramento da fabricação, e oro constante daimoku para que os Cogumelos Urakami brotem com essa missão. Pode parecer algo místico, mas considero ser esse o “fazer acontecer”. Com a prática da fé, associamos novas pesquisas, dedicação redobrada e vencemos. Assim como o presidente Ikeda encoraja: O fato é que os momentos de sofrimento e de dificuldade são uma oportunidade para se conquistar um magnífico crescimento e acumular imensa boa sorte. Se vocês se levantarem e enfrentarem o desafio nessas horas, adornarão a vida com benefício imperecível.1 Voltei ao Japão mais duas vezes, em 2018 e 2019, para renovar meu juramento de luta conjunta com Ikeda sensei. E o mais incrível foi constatar que, no auge da pandemia, em 2020, época em que a produção no mercado praticamente parou, tivemos maior êxito. Superamos nosso principal concorrente, e hoje somos o primeiro na produção de cogumelos shimeji preto da América Latina, com uma produção mensal de 40 mil quilos. Ampliamos nossa carteira de produtos, oferecendo além de variedades como shiitake, eryngui e nameko, conhecido como juba de leão (Yamabushitake), considerado forte restaurador neural utilizado para auxiliar no combate ao mal de Alzheimer, por exemplo. Mantendo o mais elevado nível de qualidade, implantamos energia solar em parte de nossas instalações, os descartes do composto são usados como adubo orgânico e estamos avançando em outros projetos de sustentabilidade. Da nossa produção, 60% são comercializados na capital paulista e o restante distribuído em grandes capitais do Brasil. Tudo com muita boa sorte! em frente ao mural de fotos da empresa Gratidão é tudo! Com a firme convicção de não esperar os tempos bons, e sim não temer os ruins, encaro com rigorosidade minha participação no Kofu (contribuição voluntária). Lutamos pelo possível ou para comprovar o “impossível”? Mesmo com o rigor da crise, não hesitei. Conseguia sentir gratidão e a certeza de que sairia vitorioso em tudo. Se não recuarmos, os caminhos se abrirão. Dessa maneira, venho comprovando. Assim é na organização na qual atuo, em que nos reunimos no período de pandemia de forma on-line para orar pela saúde e felicidade de todos. Seguimos unidos. Eu me sinto plenamente realizado. Vejo meus pais, Chuji Urakami, 86 anos, e Taeko Urakami, 75 anos, acordando cedo e indo pessoalmente ao laboratório e às áreas de cultivo. Ambos venceram recentes questões de saúde e fazem desse trabalho a realização de sua vida. Minha irmã, Patrícia, é líder na organização local, e também desenvolve uma produção de cogumelos em seu sítio. Minha esposa, Angela, e nossos filhos Eduardo, 7 anos, Bernardo, 5 anos, e Kiara, 3, transformam meus dias em pura gratidão. Para quem viveu à sombra da infelicidade, atormentado pela depressão, vejo brotar em meu peito um orgulho danado de ser membro da Soka Gakkai e de ter encontrado um mestre que jamais desistiu de mim. Desejo que esse relato seja um broto de esperança na vida daqueles que o estiverem lendo. Muito obrigado! momentos com a esposa, Angela e, da esq. para a dir., os filhos Bernardo, Kiara e Eduardo Eduardo Urakami, 50 anos, empresário agrícola. Na BSGI, é vice-responsável pela Regional Braz Cubas, CGSP. Assista vídeo do relato do Eduardo Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 12, p. 113, 2020. Fotos: BS

09/11/2023

Relato

Infinita boa sorte

Eu me chamo Livia Harumi Endo, tenho 33 anos e sou a caçula de três irmãs. Tornar-me líder nacional das jovens da BSGI, há pouco mais de dois anos, foi um divisor de águas em minha vida. Quais pontos primordiais havia conseguido validar nessa minha trajetória? Bem, cresci nos jardins Soka, que acolheram uma garota simples, com sonhos e desafios como os de muitas jovens com as quais hoje eu encontro. E foi ali, nos blocos e nas comunidades, que esses sonhos ganharam dimensões gigantescas, influenciando todas as minhas escolhas. Divido com vocês um pouco dessa jornada. Nasci numa família de praticantes do Budismo Nichiren, o que me proporcionou tamanha boa sorte em diversos momentos, graças à sincera devoção da minha mãe. Embora ela trabalhasse bastante, o que dificultava nosso maior contato diário, uma de minhas principais memórias é a imagem dela desafiando horas de recitação do Nam-myoho-renge-kyo para nos proteger. Para alguns jovens que leem este relato, talvez esta seja uma realidade: conviver com a separação dos pais. Eu tinha 6 anos quando meu pai foi para o Japão, a fim de proporcionar melhores condições para mim e minhas irmãs. E mais mudanças. Quatro anos depois, junto com minha mãe e meu padrasto, saímos de Guarulhos, município paulista, e fomos para Patrocínio, cidade mineira. No dia a dia da localidade e na nova escola, minhas irmãs Luciene e Larissa e eu tivemos de aprender a nos virar. Foram dois anos desafiadores. Em 2002, minhas irmãs e eu viemos estudar em São Paulo, SP, onde passamos a morar com minha vozinha Yaeko. No início, foi bastante difícil, uma vez que tínhamos de nos adaptar às regras da batchan (avó, em japonês). Com o tempo, fomos amolecendo o coração da “bonitinha”, como costumávamos chamá-la. Foi nessa época que voltamos a ter contato direto com a organização e suas atividades. Com incentivo de minhas companheiras e responsáveis, seja para produzir um vídeo, seja para elaborar um desenho, despertei para minha missão como bodisatva; isto é, ser útil e conduzir às pessoas à felicidade. Esse ambiente da base edificou minha fortaleza interior. Alguns anos depois, a batchan começou a apresentar sintomas de esquecimento e repetição, sendo diagnosticada pelo médico com o mal de Alzheimer. Embora ela não fosse praticante do budismo, sempre demonstrou muito respeito por esse ensinamento. A progressão da doença foi severa, com mudanças repentinas de humor e quedas e fraturas consequentes. Nesse período, minha mãe voltou a morar conosco para ajudar nos cuidados e, com a prática da fé, conseguimos oferecer a ela o nosso melhor. Dar valor aos pequenos gestos, e compreender o tempo das coisas. Ela nos ensinou muito e pôde dignamente encerrar sua missão em 2013, aos 81 anos, tendo recitado daimoku conosco nos últimos anos de sua existência. Com a mãe, Elizabete, à esq. da foto, e as irmãs na companhia da saudosa batchan Vocação No fim de 2014, formei-me em engenharia civil em uma ótima universidade que, mais uma vez, por manifestação da boa sorte adquirida com a prática, pôde ser custeada pelo meu pai. Outro motivo de alegria é saber que hoje ele realiza a prática individual, sem falhar um dia sequer. Tenho enorme gratidão, pois, mesmo distante fisicamente, ele sempre se fez presente durante esses anos desde que se mudou para as terras japonesas. Voltando ao ano em que me formei, o país estava imerso em uma forte crise econômica. Sem conseguir efetivar meu estágio, estava recém-formada e desempregada. Foi o momento em que me dediquei 100% à organização. Em 2016, participei de um curso de aprimoramento para responsáveis pela Divisão dos Estudantes (DE) no Japão. Que oportunidade! Foram momentos inesquecíveis que me fizeram relembrar e renovar meu ponto primordial com Ikeda sensei a todo instante! E ainda pude rever meu pai depois de quase dez anos. Aprendi também sobre a importância de nos empenhar para a felicidade das pessoas, atuando no local em que o Mestre não pode estar. Decidi ser essa pessoa. Com a família no casamento da irmã Luciene, ao centro Correnteza da esperança No retorno ao Brasil, muitas coisas aconteceram: fui convidada a fazer parte do quadro de funcionários da Editora Brasil Seikyo (EBS). Após dois anos na busca pelo emprego ideal, agarrei essa chance, a fim de contribuir ainda mais para o movimento pela paz da BSGI. Na organização, fui confiada a assumir função na liderança da Divisão Feminina de Jovens (DFJ) de RM, esforçando-me para corresponder, vencendo minhas limitações. Nesse período, concretizei dez shakubuku, que consiste na ação de apresentar o budismo, o caminho da transformação e da felicidade, para as pessoas. Fiz parte também do Cerejeira, grupo de bastidor das jovens da BSGI. Hoje, abraçando a missão de conduzir as jovens Soka do Brasil e, com a recente oportunidade de participar do curso de aprimoramento da SGI, com a participação de jovens do mundo, o primeiro pós-pandemia, no Japão, só tenho afirmações concretas de que viver pela missão em prol do kosen-rufu é a estrada dourada de uma vida de propósito. A que escolhi! Somos parte de uma sólida e grandiosa rede mundial de jovens que luta para propagar o humanismo e transmitir esperança. Mesmo que o caminho não seja sempre florido, a prática nos dá todas as condições para superar e transformar os desafios. Sou fruto da luta na base e, da mesma forma que tive a possibilidade de lapidar e de fortalecer a minha vida nesse ambiente, gostaria que a nossa geração e, consequentemente, as futuras desfrutassem esse privilégio. Assim como sensei reforça, “Podemos afirmar que todos os nossos esforços no mundo da fé estão centralizados na comunidade e que foi dentro de uma comunidade que todos nós crescemos”.1 Livia, segunda, da dir. para a esq., com as lideranças da Juventude Soka do Brasil em recente curso da SGI Meu desejo é que possamos estabelecer uma correnteza ininterrupta de discípulas Ikeda, a Geração da Nova Revolução Humana, a partir da base, nossos preciosos blocos e comunidades. Muitíssimo obrigada! Livia Harumi Endo, 33 anos. Engenheira civil. Na BSGI, é a líder da Divisão Feminina de Jovens. No topo: Livia nos jardins do Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda da BSGI, em São Paulo, SP Fotos: BS | Arquivo pessoal Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, vol. 1, p. 106, 2021

26/10/2023

Relato

Com os olhos do coração

A maturidade é suprema. Digo isso do alto dos meus 67 anos, os quais brindo todos os dias com muita música, carinho e enorme vontade de viver. Meu nome é Cristina, mas alguns me chamam de Tina, e moro no Flamengo, bairro do Rio de Janeiro. Às vezes, perguntam-me como cheguei a essa condição de enxergar o mundo com lentes coloridas. Logo eu, que nasci de cesariana, saindo da maternidade com 900 gramas, frágil demais e com a formação dos olhos incompleta. Tinha dificuldade para engolir (disfagia) e outras sequelas. Seriam esses meus desafios existenciais, mas contei com a batalha empreendida pela minha mãe, Maria Amélia, para me salvar. Ser alguém que não cedesse aos traumas da deficiência. Demorei muito para andar... e nem sei quando comecei a falar; mas, de lá para cá, não parei mais. Tudo muito intenso. Tocando piano em um momento com o irmão, Edgarde Ao completar 60 anos, em 2016, recebi de minha mãe uma cartinha que me fez olhar para trás e comprovar quanto venci. Deixo para vocês uns trechos ao final do relato. Bem, não vamos pular as surpresas, embora eu as adore, a todo momento. Eu me considero uma pessoa irreverente, feliz com o que a vida me proporciona. Aprendi tudo isso no budismo. Minha mãe foi a primeira a encontrar a Soka Gakkai no período em que eu estava com 26 anos e cursava letras. Isso aconteceu em 1982, e só depois de dois anos decidi me converter ao budismo, em uma data para ficar na história: 24 de agosto, a mesma data de conversão do presidente Ikeda. Se a vida lhe dá limões... Na adolescência frequentei o ensino fundamental 1 e 2 e médio, em meio ao natural bullying (embora esse nome nem existisse) daqueles que buscavam encontrar o formato ideal dos meus olhos. Não foi possível, porque, mesmo com tamanha luta de minha mãe, seguiu-se uma tentativa de cirurgia de glaucoma, hemorragia decorrente e então fiquei cega. No meio desse caminho, a música surgiu em minha vida. No passado, conseguia ler partitura, tocava piano, pois enxergava um pouco. Agora, o violão se tornou meu fiel companheiro. E, aos poucos, a voz tímida foi ganhando força, à base de muito incentivo. A prática do daimoku (recitação do Nam-myoho-renge-kyo) passou a ser meu canto da vitória. Sempre me senti acolhida na organização, assim como sou. Fui confiada como responsável pela Divisão Feminina (DF) de bloco e depois de comunidade. Abri minha casa para os encontros, os quais eram tão estimulantes; e ainda são, cada dia mais. Atualmente, sou conselheira de comunidade, sempre a postos. Gosto de compor músicas e criei marchinhas para alegrar a todos. Sem lerdeza Nunca vi a deficiência como barreira. Por isso, após cursar letras, eu me formei também em direito. Hoje, ainda trabalho, e na área de administração de imóveis. Gosto de estar sempre sintonizada com as coisas boas da vida. Por meio de um aplicativo, consigo ler no meu computador os incentivos do Mestre, que chegam pelos periódicos da Editora Brasil Seikyo (EBS). Ikeda sensei é um ser iluminado. Em suas orientações, ele nos conduz a melhor compreensão sobre a abrangência do Nam-myoho-renge-kyo em termos do universo e da nossa própria vida. Há um texto que adoro, no qual ele fala da correspondência de cada parte do nosso corpo com as partes do universo: Nossa cabeça é redonda assim como a abóboda celeste. Nossos olhos são como o dia e a noite. (...) Nossa respiração é como o vento silencioso que passa em nossas narinas, como o tranquilo ar dos vales. Há cerca de 360 junções no corpo humano, quase tantas quanto os dias do ano. (...) Nossos ossos são como as pedras, e nossa pele e músculos são como a terra. Nosso couro cabeludo é como uma floresta.1 Tudo isso elucida que nosso corpo é realmente um “universo em miniatura”.2 Gente, isso é fabuloso demais! Budismo da esperança Assim, com o coração alegre, falo com muita naturalidade sobre o Budismo Nichiren para as pessoas. Uma delas é uma grande amiga, Rosângela Dantas, a quem apresentei o budismo há vinte anos. Sou imensamente grata a tudo. Em 2019, minha mãe se foi. Fizemos uma linda cerimônia, e depois cantei algumas músicas favoritas dela. E foi no budismo que aprendi a leveza desse momento, pois os laços de vida não são cortados com a morte, o que faz um carinho danado no coração. Com a amiga Rosângela No ano que vem completo quarenta anos de Soka Gakkai. Sigo confiante, visualizando 2030. Quero chegar lá radiante e feliz. Minha mãe morreu aos 93 anos. Herdei dela uma pele invejável e ainda possuo o elixir poderoso de uma vida saudável e feliz: o daimoku. Para mim, não há cirurgia plástica melhor. Tenho minhas inquietações, é normal; mas também tenho meu ponto primordial. A vida é de fato suprema. Quero renascer fukushi!3 Muito obrigada! Cristina, a partir da esq., e com companheiros da comunidade. A menina dos olhos azuis De sua mãe, Maria Amélia, e seu pai, Edgard, de onde estiver! Trechos da carta enviada pela mãe em homenagem pelo aniversário de 60 anos de Cristina. “...Não aceitava peito, ou melhor, não tinha forças nem para mamar... Eu retirava então o leite, colocava numa xícara e dava na colherinha, mas como também havia uma dificuldade na deglutição, a menina muitas vezes rejeitava o alimento.” “O novo médico foi taxativo: ‘A menina não vai andar, nem falar nem enxergar’. Não aceitei esse diagnóstico e decidi, por intuição, tomar outras atitudes.” “Enxergava pouco, mas o suficiente para andar de bicicleta, patins e patinete!” “Foi quando, aos 15 anos, veio um diagnóstico de glaucoma...” Maria Cristina Serravalle Gomes, 67 anos. Administradora de imóveis. Na BSGI, atua como conselheira da Comunidade Flamengo, RM Botafogo, CGERJ. Assista Vídeo do relato de Cristina Fotos: Arquivo pessoal Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.228, 24 maio 2014, p. A3. 2. Ibidem. 3. Fukushi: Quem nasce em uma família de praticantes do budismo.

11/10/2023

Notícias

Sentimento de prezar uma única pessoa

Não há força maior que o incentivo genuíno. E é com essa força de atuação que os membros da Comunidade Lauro de Freitas vêm empreendendo vigorosos esforços. Essa organização de base da BSGI está localizada no município de mesmo nome, na região metropolitana de Salvador, litoral norte do estado da Bahia. Os resultados evidenciam o direcionamento de Ikeda sensei que as lideranças locais estão pondo em prática: “Um único indivíduo que tenha encontrado e despertado para a verdadeira e grandiosa Lei passa então a empreender ações corajosas para beneficiar os outros, encontrando-se e dialogando com todos”.1 Dessa forma, envolvem os membros dos três blocos: Vila Praiana, Ipitanga e Boa União. “Prezar cada pessoa, assim como encoraja Ikeda sensei. E olha que lindos resultados estamos tendo”, orgulha-se a responsável pela Divisão Feminina (DF) da comunidade, Luciana Dantas Garcia Borges. A responsável pela DF do Bloco Vila Praiana, Carolina de Oliveira Alves, fala sobre essa energia positiva que se expande nas visitas, uma a uma. Em destaque, comenta que, ao ir ao encontro de uma componente da DF, sugeriu que realizassem a recitação do gongyo e daimoku, lendo pausadamente no ritmo possível. “Levamos mais de vinte minutos, e como foram preciosos aqueles momentos. Ela não estava conseguindo fazer a prática e, a partir daquele dia, não só retornou às atividades, como também passou a querer apoiar as companheiras, visitando-as”, pontua Carolina. “Os laços com cada uma me impulsionam a dar sempre o meu melhor. A felicidade delas é a minha.” Em resposta, a integrante da DF visitada, Sileide Oliveira Peluso, enfatiza: “Sou muito grata por essa prática budista, que a cada dia faz crescer a minha fé diante de benefícios que vão acontecendo, fazendo com que eu me sinta estimulada a compartilhar com outras pessoas”. Atividade da “conexão humana” no Bloco Vila Praiana, reunindo, da esq. para a dir., Sileide, Luciana, Ivani Aparecida Lourenço e Carolina Aqui é “muito mais daimoku” A importância de unir os membros com base no fortalecimento da prática diária é a chave. O vibrante movimento de “muito mais daimoku”, que geralmente está associado à Divisão Feminina, nessa localidade ganha especial reforço da Divisão Sênior. Rinaldo Gonçalves Lima veio transferido para a comunidade no período de pandemia, e, com a reabertura das atividades presenciais, deu o primeiro passo: reunir às quartas-feiras os integrantes da Divisão Sênior para recitar uma hora de daimoku para a felicidade de todos. “No primeiro encontro só estava eu, mais um membro da DS e uma integrante da DF, mas não desistimos”, enfatiza Rinaldo, que hoje é vice-responsável pelo distrito, feliz em constatar salas repletas às quartas-feiras, unindo participantes de todas as divisões. Tanto às quartas-feiras como aos sábados, quando é promovida a “conexão humana” (atividade de visitas) e o “Daimoku de Cem Dias”, a onda de recitação do Nam-myoho-renge-kyo tem trazido união e alegria. Após a atividade de recitação de daimoku da Divisão Sênior, com Rinaldo na imagem, à dir Assim, ampliam presença nas reuniões de palestra e nos encontros de estudo, sem deixar cair a tradição local de aproximar o coração de cada membro ao coração do Mestre, com o incentivo à leitura dos periódicos da Editora Brasil Seikyo (EBS). “‘É o que conecta nosso coração ao coração do sensei.’ Desde que ouvi isso de uma veterana, jamais deixei de ler. São palavras que me fortalecem a renovar minha fé e meu juramento”, salienta Deane Souza, responsável pela Divisão Feminina de Jovens (DFJ) da comunidade. Esforço sem medida No Bloco Boa União, entre as famílias participantes há uma que mora em Costa do Sauipe. “Nossas reuniões são on-line por conta da distância”, explica a vice-responsável pela DF do bloco, Lucineide Sales de Lima. São aproximadamente 83 quilômetros de Lauro de Freitas, e lá tem a Sra. Angelita Vieira Santana, que não abre mão de seu Brasil Seikyo e de sua Terceira Civilização. “Eu leio a versão impressa, e, por morar longe, às vezes chega via correio em outra cidade vizinha. Demora uns dias, pois dependo de alguém para ir ao posto mais próximo retirar as encomendas do pessoal que mora aqui. Outras vezes, vou até Lauro de Freitas buscá-las. Todas as formas de entrega são gratificantes. Não fico sem”, diz. Encontro do Bloco Boa União, com a presença de Angelita, (segunda da esq. para a dir.) da Costa do Sauipe. No Bloco Ipitanga, o esforço feito durante a pandemia para a adequação ao uso dos aplicativos on-line rendeu sucesso, com pequenos encontros de diálogo e também atividades para convidados, conectados, inclusive, de outros países. “Toda essa luta fez com que nossos membros pudessem desfrutar grandes benefícios. O reflexo tem sido maior participação na atividade do Kofu e no acesso aos periódicos”, frisa Daianne Rogério, responsável pela DF do bloco. “Estamos agora focados no shakubuku e vamos vencer nessa etapa também.” Membros do Bloco Ipitanga, com Dayanne fazendo a selfie Com essas renovadas determinações, as lideranças locais sinalizam o objetivo de que “Nossa comunidade avance e se torne ainda mais próspera, em todos os sentidos. E que possamos ser o modelo de nossa região, com o mesmo espírito de Kansai, de contínuas vitórias”, determina Fred Williams Regis dos Santos, responsável pela Comunidade Lauro de Freitas. “Estudando e pondo em prática com muito mais afinco os direcionamentos de Ikeda sensei, aplicando em nossa vida e expandindo para todos ao redor”, arremata a líder da DF, Luciana Dantas. No topo: Membros da comunidade em reunião de palestra Fotos: Colaboração local

11/10/2023

Encontro com o Mestre

Uma pessoa feliz é uma pessoa forte

Trechos do discurso proferido pelo presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, na 75a Reunião de Líderes da Soka Gakkai e na Reunião de Líderes da Divisão dos Jovens, realizadas no Centro Internacional da Amizade Soka, em março de 1994. O vídeo gravado foi exibido durante a mais recente Reunião de Líderes da Soka Gakkai, em 2 de setembro de 2023. DR. DAISAKU IKEDA Que tipo de pessoa é feliz? Em uma palavra, uma pessoa forte. Uma pessoa forte pode desfrutar tudo na vida, e quaisquer obstáculos que se levantem apenas a tornam ainda mais forte. Em Carta para os Irmãos, Nichiren Daishonin escreveu: “Quando uma rocha é submetida ao fogo, ela simplesmente se transforma em cinzas, mas o ouro se torna ainda mais puro”.1 Essa é a verdade, e se aplica também às pessoas. Quando uma pessoa é forte, ela é como o ouro, e se torna vitoriosa. As pessoas fortes triunfam sobre as adversidades, vencem suas batalhas, prevalecem sobre todas as perseguições e ficam ainda mais fortes. Os sofrimentos ou as dificuldades por que passam se tornam alimento para elas. Nichiren Daishonin ensina que “desejos mundanos são iluminação”. É por isso que enfrentamos todos os obstáculos — para atingirmos a felicidade. Nós nos levantamos com coragem e desafiamos as perseguições. Pelo princípio de que os ‘‘desejos mundanos são iluminação’’, uma felicidade bastante sólida se estabelece firmemente em nossa vida. É isso o que significa viver de acordo com a essência do budismo. O grande poeta romano Virgílio (70–19 a.E.C.) escreveu: “Não se deve dar lugar a essas adversidades, mas sim enfrentá-las ainda mais corajosamente onde quer que sua boa sorte o permitir”.2 Este é o segredo para afugentar a infelicidade, disse Virgílio. É fundamental não ser derrotado pelo infortúnio ou por pessoas maldosas. As funções malignas e covardes atacam quando sabem que seus oponentes estão amedrontados. Se as enfrentarem decididamente, elas fugirão. Tenho a certeza de que, de alguma forma, todos já experimentaram isso na vida. Jean-Christophe, herói do romance de mesmo nome de Romain Rolland (1866–1944), brada: “Como é bom ser forte! Como é bom sofrer quando se é forte!”.3 Ele também diz: “Deixe que me façam sofrer!... O sofrimento também é vida!”.4 Uma pessoa forte, que tem forte energia vital, transforma os sofrimentos e as tristezas em elemento essencial para a felicidade. E isso é ainda mais verdadeiro a respeito das dificuldades sofridas em prol do budismo — elas esculpem a felicidade eterna em nossa vida de forma perene. Não há vida livre de sofrimentos. Em nossas atividades da Soka Gakkai, no nosso trabalho e na nossa vida em geral, somos confrontados, em certo sentido, por uma contínua série de problemas e sofrimentos. Mas a Lei Mística é a Lei maravilhosa que transforma esses sofrimentos em elementos e causas essenciais para a felicidade. Existem muitas leis — tais como leis do comércio, leis criminais e leis civis. Todas essas leis foram criadas pelos seres humanos. Por outro lado, a Lei Mística é a Lei eterna e imperecível do universo e da vida. Essa lei contém uma “chave secreta” para a felicidade. Consequentemente, é importante passar por amargas dificuldades. A tristeza, a dor e as batalhas são algo que ninguém pode evitar. A única maneira de atingir a felicidade é marchar inflexível. O objetivo da fé é nos tornar ainda mais fortes. Criar “valores humanos” O educador norte-americano William Smith Clark (1826–1886) é conhecido no Japão por suas famosas palavras: “Meninos, sejam ambiciosos!”. O Dr. Clark foi um educador da Faculdade Agrícola de Sapporo (atualmente, é parte da Universidade de Hokkaido), Japão. Diz-se ter ele inspirado ilustres pensadores japoneses do século 19 e do início do século 20, como Uchimura Kanzo, Nitobe Inazo e Arishina Takeo. Embora o Dr. Clark tivesse influenciado inúmeros jovens talentosos, esteve no Japão por apenas dez meses, permanecendo no magistério por um tempo limitado. Para criar uma pessoa de valor, nem sempre é preciso passar um longo tempo juntos. Por essa mesma razão, não quero estragá-los, membros da Divisão dos Jovens, ou torná-los dependentes ao instruí-los sobre pontos insignificantes. Eu já lhes ensinei todas as diretrizes e todos os princípios básicos. Agora, depende de vocês o que farão com eles. Viver de acordo com suas convicções é o que faz de um indivíduo um verdadeiro ser humano. O que tornou o Dr. Clark excelente educador? Um famoso episódio ilustra essa questão. Com a inauguração da nova Faculdade Agrícola, as normas da instituição tinham de ser estabelecidas. Uma proposta foi apresentada, e o administrador encarregado leu de forma monótona uma norma após a outra. Quando finalmente terminou, o Dr. Clark confrontou-o diretamente: “O senhor não educará ninguém com essas normas. Tudo o que precisamos nesta escola é de uma única norma: ‘Sejam cavalheiros!’. Isso diz tudo. Um cavalheiro observa estritamente as normas, não por estar confinado a elas, mas sim porque sempre age de acordo com os ditames de sua consciência”. No nosso caso, na Soka Gakkai, poderíamos dizer que sempre agimos de acordo com os princípios da nossa fé. O Dr. Clark estava convicto de que não se pode criar pessoas simplesmente fazendo-as obedecer às normas. As pessoas crescem e se desenvolvem quando são encorajadas a seguir a própria consciência. Prendê-las a uma porção de regras é gerar um efeito negativo, pois elas não têm necessidade alguma de ouvir a própria consciência. Ao ouvirem o que o Dr. Clark havia dito, os estudantes foram inspirados, declarando que não poderiam frustrar suas expectativas. Sabendo que a universidade não os restringiria, mas lhes proporcionaria a liberdade, os estudantes determinaram viver em prol dessa verdade e, ao agirem dessa maneira, aprenderam a se disciplinar. A única frase “Sejam cavalheiros!” converteu-se em inúmeras sementes para o crescimento e desenvolvimento dos estudantes. Eu também gostaria de deixar para vocês uma única frase: “Sejam defensores do kosen-rufu!”. A missão do monarca “A Soka Gakkai é a monarca do mundo religioso” — essa foi a declaração imortal feita pelo seu segundo presidente, Josei Toda, em 16 de março de 1958. Jamais devemos perder o orgulho de pertencermos a esta nobre organização. O que vem a ser um monarca? O livro monumental de história da China Shiji [Registros do Historiador], de Sima Qian, da dinastia Han, anterior, primeiro grande historiador chinês, diz: “O monarca reverencia as pessoas como se fossem divindades”. Um monarca é aquele que consegue fazer isso. Nichiren Daishonin escreve: “Um rei, um monarca, é aquele que valoriza o povo como se fosse seus pais”.5 Presume-se que as pessoas não devam reverenciar o monarca; o monarca é quem deve respeitar e tratar as pessoas com o maior cuidado. Esse é o modo verdadeiro, o modo budista de se definir um “monarca”. É essencial buscar essa retidão de caráter. As aparências não importam; a Lei eterna e imutável dos seres humanos e o universo são o que contam, e devemos observar tudo baseados nessa Lei. A Soka Gakkai baseia-se nas pessoas. Ela atribui mais importância a elas que a qualquer outro aspecto. A organização avança com as pessoas. É dessa forma que um verdadeiro monarca vive. Brilhar como uma pessoa do povo Não importa o que outros possam dizer, nós, da Soka Gakkai, trilhamos o caminho que escolhemos. A organização, junto com as pessoas, sempre foi uma aliada em meio ao sofrimento, à tristeza e ao infortúnio. Eis por que ela se tornou monarca. Não poderia deixar de enfatizar isso. Vocês são jovens monarcas, príncipes e princesas. Espero, portanto, que vivam baseados nesse caminho real. Vamos avançar juntos com a convicção de que nada é mais importante ou precioso que os membros, as pessoas comuns. Esse é o verdadeiro caminho — o caminho para a felicidade e para a vitória. Com isso, concluo meu discurso. Muito obrigado a todos por terem viajado longas distâncias para estar aqui! Leia discurso na íntegra no Brasil Seikyo, ed. 1.276, 11 jun. 1994, p. 3. Líderes jovens de 44 países e territórios são recepcionados pelos sorrisos e ovações cheios de ânimo dos representantes da Divisão dos Estudantes (2 set. 2023) No topo: Ikeda sensei discursa durante a Reunião Nacional de Líderes realizada em março de 1994 no Centro de Amizade Internacional Soka de Tóquio [na época] Fotos: Seikyo Press Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 520, 2020. 2. VIRGÍLIO. The Aeneid (Eneida). Tradução: David West. Londres: Penguin Books, 1991. p. 135. 3. ROLLAND, Romain. Jean-Christophe. Tradução: Gilbert Cannan. Nova York: The Modern Library, 1913. p. 104. 4. Ibidem, p. 482. 5. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 1554.

11/10/2023

Editorial

Passos para a paz

O Dia Internacional da Paz foi instituído em 1981 durante a Assembleia Geral das Nações Unidas e é comemorado anualmente em 21 de setembro.1 Mais de vinte anos antes, em 2 de outubro de 1960, Daisaku Ikeda, recém-empossado presidente da Soka Gakkai, partiu em sua primeira viagem ao exterior do Japão para propagar o Budismo Nichiren pelo mundo. Seguindo os mestres Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, o jovem Ikeda foi desbravador e destemido, dando o primeiro grande passo para a paz mundial. Realizando ações que convergem para esse mesmo propósito, jovens da Soka Gakkai Internacional (SGI), provenientes de 44 países e territórios, reuniram-se recentemente no Japão para trocar pensamentos e compartilhar iniciativas por um planeta pacífico. Confira nesta edição. Na mensagem enviada para a 15ª Reunião de Líderes da Soka Gakkai, que contou com a presença desses jovens, Ikeda sensei cita: Em março de 1954, meu mestre, Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, criou a nova estrutura de “staff da Divisão dos Jovens” em nossa organização e me nomeou como coordenador dela. O mestre solicitou aos jovens Soka que se tornassem a força motriz para idealizar e promover todos os aspectos do kosen-rufu, expandindo amplamente a condição de vida, abraçando a filosofia de vida de “O universo sou eu” e “Eu sou o universo”, reconhecendo que “o sol, a lua e as estrelas se encontram dentro de nós”. A partir da luta como discípulo de unicidade com o mestre, determinado a corresponder infalivelmente à confiança dele, nasceu uma nova luz de criação de valor e acelerou nosso majestoso movimento da propagação da Lei Mística. No próximo ano, completam-se setenta anos desde essa ocasião. Expresso aos meus amados jovens discípulos do Japão e do mundo: “Sejam os coordenadores de staff da Divisão dos Jovens da nova era! Desejo que formem a rede solidária majestosa e crescente de pessoas que brilhem com a luz da ‘revolução humana’. Com a força e a paixão dos jovens, protejam e iluminem intensamente o direito à vida das pessoas!”.2 Desejamos que este BS seja para você, leitor, um agente impulsionador para mergulhar nessa correnteza da criação de “valores humanos” a contribuir para a paz mundial do local em que se encontra agora, manifestando todo o seu potencial. Ótima leitura! Notas: 1. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2021/09/1763732 . Acesso em: 11 set. 2023. 2. Brasil Seikyo, ed. 2.643, 23 set. 2023, p. 4-5.

21/09/2023

Relato

Coragem para vencer a si próprio

Crescer no ambiente Soka me faz potencializar minha capacidade, descobrir novas habilidades e converter medos em renovada disposição de ser feliz. É meu exercício diário. Eu me chamo Lucas Tabata Motizuki, sou de São Paulo, tenho 20 anos. Pertenço à quinta geração de praticantes da minha família, e sempre ouvi de todos os familiares que nascer em um lar budista representa muita boa sorte, mas principalmente comprovar a razão dessa boa sorte, em nossas ações na construção de uma vida digna. Lucas está com o pai, Makoto, a mãe, Débora, e o irmão GustavoDesde menino, portanto, fui estimulado à convivência Soka, exercitando-me nas atividades de base e, em especial, na banda masculina Taiyo Ongakutai, a partir dos 9 anos até hoje. Um período no qual a força da amizade e o treinamento de vida me conduzem a uma existência de valor. Essa é minha convicção. A timidez é um desafio que sempre busquei transpor. Só quem passa por isso sabe. E na juventude é algo que limita em muito nossas relações sociais, trabalho, enfim. Daí o orgulho que sinto em fazer parte da Soka Gakkai, cuja força de incentivo gera um ambiente no qual podemos ser nós mesmos, e avançar, no tempo de cada um. Vou contar um episódio marcante. Em dezembro de 2019, fui nomeado responsável pela Divisão Masculina de Jovens (DMJ) de comunidade. Na primeira reunião, faria as palavras de agradecimento. Algo simples para alguns, mas não para mim. Ao ser anunciado, levantei-me, respirei fundo e simplesmente não consegui me expressar. Paralisei. Lembro-me de minhas mãos suadas e trêmulas. No entanto, os olhares de carinho dos meus companheiros me abraçaram. Decidi que venceria essa condição. Vitórias e eterna gratidão Decidi cursar uma faculdade e que conseguiria uma bolsa, objetivo conquistado com muito estudo, determinação e daimoku (recitação do Nam-myoho-renge-kyo). Iniciei em 2020 minha graduação em estatística, com isenção de mensalidade. Atualmente, estou no último semestre e já projeto realizar pós-graduação na sequência. Quanto ao trabalho, buscava meu primeiro emprego, com a meta de ser um estágio em uma empresa onde eu pudesse me desenvolver ao máximo. Fiz algumas entrevistas e, na maioria das vezes, era reprovado pela dificuldade de me expressar. Em fevereiro de 2021, tinha em vista uma entrevista em uma multinacional francesa, mas, no mesmo período, testei positivo para Covid-19. Maldades surgem sempre. Pensei em desistir, porém, logo me veio à mente as palavras do Mestre: “Desistir no meio da corrida ou retroceder é o mesmo que ser derrotado. Não importando quanto seja doloroso, perseverem sempre e avancem”.1 Com esse sentimento, finalizei a entrevista. Depois de algumas semanas, recebi a notícia de que a vaga era minha. Que alegria! Após um ano de trabalho na empresa, meu coração pedia avanço, e voltei a realizar entrevistas de emprego, agora seguro de minhas potencialidades. Fui aprovado em todas e optei por trabalhar na área de inteligência de negócios de um banco, na qual me desenvolvi profissionalmente como nunca. Em dezembro de 2022, fui nomeado responsável pela DMJ de distrito e, em minha primeira reunião, relatei sobre aquele dia crucial em 2019 e sobre a minha evolução a partir daquele momento para vencer a timidez. Seja no ambiente de trabalho, apoiando os estudantes do Taiyo Ongakutai em um ensaio técnico, seja atuando dentro da organização de base, estou sempre me desafiando a dialogar com todos e a expor minhas ideias. Motizuki na interação com os jovens de sua localidade No ano passado também, descobrimos que minha avó paterna, Laurinda Motizuki, estava com câncer. Foram seis meses muito desafiadores, e ela pôde morar os últimos quatro meses em minha casa. Momentos preciosos. Diariamente, eu saía para trabalhar e ela, mesmo acamada, me desejava um bom shigoto (“trabalho”, em japonês), com um sorriso que inspirava meu dia. Ela foi uma guerreira que lutou por toda a vida, ultrapassando a tudo com base na prática da fé e pôde solidificar a família Motizuki com muita harmonia. Eterna gratidão! O futuro é de esperança Uma semana após o falecimento da minha avó, tive a oportunidade de participar da Academia Índigo Juventude Soka do Brasil, nome dado pelo próprio Ikeda sensei. Foi uma atividade extraordinária, na qual renovei meu juramento de avançar e vencer. Dentre os pontos e as decisões, resolvi me empenhar na leitura dos volumes da Nova Revolução Humana, de autoria do presidente Ikeda. Algo bem difícil para uma pessoa que durante a vida tinha lido apenas dois livros. Determinado, finalizei doze volumes até o momento, com o objetivo de concluir a leitura da coletânea até o fim do ano que vem. Sempre recorro aos incentivos do Mestre, que fala direto com nosso coração. Em março deste ano, tive a chance de atuar na comissão de preparativos da 2ª Academia Índigo, uma experiência sensacional. Em uma das reuniões da comissão, fui incentivado a conquistar uma vitória até o dia da atividade, então decidi que obteria uma vaga efetiva em minha área. A vitória foi dupla, pois conquistei vagas em duas empresas, optando no final por aquela voltada para a implementação de tecnologias educacionais. Estou muito feliz! Na Academia Índigo Juventude Soka do Brasil Em três anos, quantas conquistas somei sendo um jovem de 20 anos, e tudo porque estou construindo a boa sorte com base na prática da fé e com o desejo de corresponder ao Mestre. Tudo parecia impossível. No entanto, com muita determinação e sem deixar a maldade interna me fazer desistir, sigo avante. Tal como o lema eterno do Ongakutai, “Ao som da minha luta, eu busco a paz”. Muito obrigado! Com os integrantes da banda Taiyo Ongakutai Lucas Tabata Motizuki, 20 anos. Analista de dados. Na BSGI, é responsável pela Divisão Masculina de Jovens do Distrito Jardim Brasília, RM Arthur Alvim, CCLP. Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.756, 24 jul 2004, p. A4. Fotos: Arquivo pessoal

21/09/2023

Notícias

Centro Cultural de Atibaia é inaugurado

Após décadas de esforços e, em especial, depois de suplantar os desafios da pandemia da Covid-19, os membros da BSGI de Atibaia, SP, e região realizaram, de forma brilhante, a inauguração do centro cultural da localidade, no dia 9 de setembro. Participaram da solenidade o presidente da BSGI, Miguel Shiratori, e outros líderes da organização local. Sob o sol radiante da manhã, a cerimônia de corte da fita inaugural deu início à atividade. De forma semelhante, o Budismo de Nichiren Daishonin, denominado o Budismo do Sol, passa a iluminar a vida dos participantes da cerimônia de concessão de Gohonzon e de conversão ocorrida durante o encontro. O evento contou com a entrega de homenagens aos veteranos, a apresentação de um vídeo com o histórico da organização e da construção do centro cultural, além dos cumprimentos de líderes. Pioneiros e veteranos que abriram, de modo consistente, os caminhos para atingir este grandioso objetivo O ápice da solenidade ocorreu com a apresentação da mensagem enviada pelo presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, feita por Márcio Iutaka, vice-presidente da BSGI. Enviada no dia 8 de setembro, mesma data da conclusão do romance Nova Revolução Humana em 2018, ela traz o seguinte trecho: Atibaia é famosa por ser um dos lugares com as mais belas paisagens de São Paulo e por possuir também profundos laços com o Japão. Tenho pleno conhecimento de como seus pais e veteranos, por meio de incansáveis esforços, vieram abrindo, de modo consistente, o grande caminho do kosen-rufu nessa terra da missão.Nos escritos de Nichiren Daishonin consta: “Pássaros que se aproximam do Monte Sumeru adquirem tons dourados”.1 Por favor, fazendo brilhar sua vida dourada, com aspecto jovem, em torno deste novo castelo da Lei, avancem, de forma ainda mais harmoniosa e prazerosa, em união de “diferentes em corpo, unos em mente”. E assim, vamos expandir mais e mais a rede de solidariedade da paz e da esperança! Os líderes da RM lançaram o objetivo de cada distrito concretizar a conversão de três novas famílias ao budismo mensalmente até 2030 para que, em 2050, a localidade alcance 10 mil famílias felizes e vitoriosas. Também divulgou a meta de criação de outras sedes da BSGI nas demais cidades em que a RM está presente. A Juventude Soka de Atibaia, inspirada pela grande vitória da RM Maringá apresentada na última Reunião Nacional de Líderes (veja na ed. 2.642, 9 set. 2023), também objetivou concretizar cem jovens em cada um dos seus dez distritos, com o slogan “Atibaia Mil”. Em seus cumprimentos, o presidente Miguel Shiratori frisou a importância de fazer da inauguração do centro cultural uma significativa partida rumo a sucessivas vitórias e que, por meio da manifestação do potencial inerente à vida de cada pessoa, todos criem uma rede de incentivo e de solidariedade que se propague para a sociedade. A atividade foi encerrada alegremente com uma apresentação de dança da Divisão dos Estudantes e do coral da RM em conjunto com as bandas Taiyo Ongakutai e Asas da Paz Kotekitai do Brasil com a canção Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21!. Castelo da felicidade É a realização de um sonho termos o centro cultural. A pandemia nos deu a oportunidade de “caprichar” um pouco mais. Esperamos que todos sejam bem-vindos ao nosso castelo da felicidade. Evandro Jesus de Godoy, responsável pela DS de comunidade Em meio à luta para a construção do centro cultural, objetivei a transformação financeira e alcancei grandes vitórias. Minha decisão junto com meus familiares é de sermos dignos discípulos. Ikeda sensei, conte comigo para a transformação da localidade! Fernanda Regina de Souza Bueno, vice-responsável pela DF de distrito Minha decisão é tornar este Centro Cultural de Atibaia em fonte de alegria e felicidade para toda a região! Caique Borges Silveira, responsável pela DMJ de bloco A organização da atividade foi perfeita! Tive a oportunidade de participar nos bastidores da inauguração e era possível ver o carinho dos líderes e dos membros. Minha decisão é ajudar ainda mais nas próximas atividades da BSGI. Kazuo Henri Uno Yamamoto, membro da DE-Herdeiro Mensagem enviada pelo presidente Daisaku Ikeda Estimados companheiros da RM Atibaia, sinceros parabéns pela inauguração do tão aguardado novo centro cultural! Hoje é o dia da gloriosa vitória dos senhores após superarem a pandemia de forma admirável, pondo em prática a “estratégia do Sutra do Lótus”. Envio do Japão efusivos aplausos de felicitações com o sentimento de apertar calorosamente a mão de cada um dos senhores. Atibaia é famosa por ser um dos lugares com as mais belas paisagens de São Paulo e por possuir também profundos laços com o Japão. Tenho pleno conhecimento de como seus pais e veteranos, por meio de incansáveis esforços, vieram abrindo, de modo consistente, o grande caminho do kosen-rufu nessa terra da missão. Nos escritos de Nichiren Daishonin consta: “Pássaros que se aproximam do Monte Sumeru adquirem tons dourados” (WND, v. II, p. 671). Por favor, fazendo brilhar sua vida dourada, com aspecto jovem, em torno deste novo castelo da Lei, avancem, de forma ainda mais harmoniosa e prazerosa, em união de “diferentes em corpo, unos em mente”. E assim, vamos expandir mais e mais a rede de solidariedade da paz e da esperança! Junto com minha esposa, estou enviando daimoku, orando pela boa saúde e tranquilidade, pelo imensurável benefício e boa sorte e pelo glorioso triunfo dos senhores e de seus familiares. Viva Atibaia! Viva o Brasil! Desfrutem sempre excelente disposição! Em 9 de setembro de 2023 Daisaku Ikeda Presidente da Soka Gakkai Internacional Confira vídeo sobre a inauguração do Centro Cultural de Atibaia Nota: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 671. Fotos: BS

21/09/2023

RDez no BS

Cada um de vocês é um valente filhote de leão!

Série de incentivos escrita pelo presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, para a Divisão dos Estudantes Futuro Setembro é o mês em que celebramos a fundação da Divisão dos Estudantes Futuro.¹ O grupo foi criado a partir do meu profundo desejo de confiar aos nossos jovens o futuro da humanidade e a consolidação da paz mundial. Nichiren Daishonin declarou: “O rei leão não teme outros animais, e da mesma forma agem seus filhotes”.² Cada um de vocês, sucessores Soka, sem exceção, é um filhote de leão. Espero que sintam com o coração a mensagem que consta na música da Divisão dos Estudantes: “Tenha coragem! Com o coração do rei leão!”, “Viva com forte coração”, “Mesmo com as dificuldades, você vencerá”.³ Por favor, continuem avançando, mesmo que seja apenas um passo ou um milímetro. Aqueles que se levantam quando caem, com certeza, vencerão. Recitar Nam-myoho-renge-kyo desperta o poder do leão dentro de vocês! Seja nos estudos, seja fazendo amigos, algo legal para os pais ou realizando alguma atividade, agora é a hora de vocês abrirem as asas da coragem e desafiarem a si mesmos. Fonte:  Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de setembro de 2022 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro. Se você é assinante da RDez ou do plano digital completo, clique aqui para ver a matéria on-line e assistir ao vídeo dela. Notas: 1. A Divisão dos Estudantes Futuro foi estabelecida no Japão no dia 23 de setembro de 1965. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 263, 2017. 3. Trechos da música Be Brave. Ilustração: GETTY IMAGES

21/09/2023

RDez no BS

Banhados pela luz da lua, esforcem-se com um coração tão vasto quanto o universo!

Corredores da Justiça A lua é o espelho brilhante dos céus. Reflete e une o coração das pessoas transcendendo o tempo e o espaço. Sua luz irradia a brilhante sabedoria do cosmos. A Lua da Colheita,¹ em particular, é considerada a mais bela — este ano, ela surgirá no dia 10 de setembro [texto originalmente publicado em 2022]. Dirigindo-se aos jovens, Toda sensei disse uma vez: “Liderem uma juventude repleta de paixão e de sonhos enquanto dialogam e debatem sobre a vida, a filosofia e o futuro juntos e sob a luz da lua”.² Nichiren Daishonin declarou: “[...] para aqueles que possuem profunda fé [na Lei Mística], é como se a lua cheia iluminasse a noite”.³ Não importa quão escuros sejam os tempos, enquanto recitarem Nam-myoho-renge-kyo e desafiarem a si mesmos nos estudos, a lua cheia da coragem e da sabedoria brilhará em seu coração sem falta! Aprender é luz. Por favor, sejam positivos e confiem que a luz que vocês estão acumulando agora por meio de árduos esforços, um dia, iluminará sua vida, bem como as de seus familiares, amigos e das pessoas ao redor do mundo. Olhando para a bela lua, mirem o futuro e aprendam com um coração tão vasto quanto o universo! Fonte: Traduzido da série “Rumo a 2030: Dedico aos meus Jovens Sucessores Corredores da Justiça” da edição de setembro de 2022 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro. Confira alguns spoilers da edição de setembro A primavera chegou! Conheça as flores brasileiras que desabrocham nesta época do ano no Trending Topics. Como superar nossos medos? A resposta está na última parte da série Construindo um Futuro Brilhante Baseado no Juramento escrita por sensei. Entenda a relação entre uma orquestra sinfônica e o princípio itai doshin no ABC do Budismo. Esses e outros conteúdos da edição de setembro estão disponíveis para os assinantes da RDez ou do plano digital completo. https://www.brasilseikyo.com.br/home/rdez/edicao/261 Notas: 1. O fenômeno chamado Lua da Colheita é uma fase específica que marca, no hemisfério sul, a entrada da primavera e, no hemisfério norte, a chegada do outono. O nome se deve a um antigo costume de fazendeiros que, séculos atrás, utilizavam a luz da lua para trabalhar nas colheitas ao longo da noite. 2. Tradução não oficial. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 96, 2020.

06/09/2023

Notícias

Nova fase de vitórias

“O inverno nunca falha em se tornar primavera.”1 A frase de Nichiren Daishonin retrata a decisão dos membros da RM Guarulhos e da RM Itapegica que, ao longo de 23 anos sem uma sede regional própria, desempenharam uma atuação digna que culminou na inauguração, no último dia 27 de agosto, do novo castelo da localidade. O Dr. Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), enviou significativa mensagem que será a diretriz da organização local. Em um trecho, ele frisa: Recordo-me, com saudade e com carinho, da ocasião em que o avião aterrissou no Aeroporto Internacional de Guarulhos há trinta anos. (...) Esta sede é o castelo do tesouro da “virtude invisível e recompensa visível” de todos os senhores que vieram trabalhando arduamente em prol do kosen-rufu, das pessoas e da comunidade local, repletos de paixão pela nobre missão dos emergidos da terra.2 Os líderes das duas RM, na ocasião, manifestaram seus agradecimentos e a decisão de que, a partir da inauguração, uma nova história na vida de cada membro despontará, como a propagação do budismo, o diálogo e a felicidade de todos: “Fiquem tranquilos que cumpriremos a missão de Guarulhos e de Itapegica!”. Miguel Shiratori, presidente da BSGI, participou da inauguração e, em seus cumprimentos, enalteceu a atuação de todos, principalmente dos veteranos da organização, e salientou a importância da coragem e da decisão deles, que, no decorrer dos anos, jamais desistiram. “Todos tiveram várias intempéries ao longo dos 23 anos, e a manifestação dessa decisão está contida no dia de hoje. Ao praticarmos o Budismo de Nichiren Daishonin, nada se perde. Tudo tem um significado. Busquem entender e pôr em ação”. Shiratori também falou sobre a importância da oração resoluta com base na relação de mestre e discípulo. “Permanecer na órbita de Ikeda sensei é a chave para a vitória. Estabeleçam uma meta clara na vida pessoal e organizacional e façam da mensagem de Ikeda sensei o novo direcionamento para a sua existência. Esta sede representa o brilho dourado da vida de cada membro. A partir de agora, pulsa uma nova coragem e decisão”, concluiu Shiratori. Os grupos de apresentação da Juventude Soka e um coral das duas RM com mais de sessenta vozes finalizaram a cerimônia. Representantes renovam decisão “Tive a chance de me desenvolver na Divisão dos Jovens e de atuar em um grupo horizontal. Agora, é um orgulho ser membro da Divisão Sênior. Hoje foi um dia muito emocionante, por todas as oportunidades como jovem e de ver a cristalização desse ideal. O grande objetivo, a partir daqui, é contribuir para a criação de valores humanos e da Divisão dos Jovens.” Adriano Yosimoto, responsável pela comunidade “Estou muito emocionada com a inauguração desta sede. Pratico o budismo há mais de quarenta anos e participei de todos os momentos do desenvolvimento da organização. Hoje, mais uma vez, sinto enorme gratidão, pois não desistimos, e esse espaço, apoiando os jovens, será o local de desenvolvimento. Estou muito feliz, gratidão. Atuarei muito mais para que novas pessoas conheçam a nossa organização, e, como o Sr. Shiratori comentou, minha decisão é ser vitoriosa ainda mais nos próximos cinco anos.” Jaiza Nascimento de Figueiredo, consultora da DF de regional“Minha decisão é de aprimorar, cada vez mais, a minha atuação e que essa sede seja o castelo da localidade. Hoje é a vitória de todos e para mim é uma alegria estar aqui neste momento. Nos últimos meses, no distrito em que atuo, realizamos estudos, visitas e dialogamos sobre a importância de termos uma sede. A partir de agora, uma nova fase de vitórias.” Henrique Sergio Viana, responsável pela DMJ de distrito “Não tínhamos local para os ensaios da Asas da Paz Kotekitai e esta sede será perfeita para os encontros. Ela será acolhedora e meu coração está transbordante de alegria. Minha decisão é fazer meu juramento seigan todos os dias. Foi falado sobre os próximos cinco anos e minha determinação é estar formada em engenharia de produção e contribuir para a sociedade, além de intensificar minha atuação na localidade e no grupo horizontal.” Sofia Soares de Carvalho, responsável pela DFJ de comunidade Mensagem enviada pelo presidente Ikeda Sinceros parabéns pela tão aguardada nova sede regional de Guarulhos! Recordo-me, com saudade e com carinho, da ocasião em que o avião aterrissou no Aeroporto Internacional de Guarulhos há trinta anos. No dia de hoje, envio efusivos aplausos de felicitações com o sentimento de trocar forte aperto de mão, de coração a coração, com cada um dos senhores. Esta sede é o castelo do tesouro da “virtude invisível e recompensa visível” de todos os senhores que vieram trabalhando arduamente em prol do kosen-rufu, das pessoas e da comunidade local, repletos de paixão pela nobre missão dos emergidos da terra. Nos escritos de Nichiren Daishonin consta: “Pássaros que se aproximam do Monte Sumeru adquirem tons dourados” (WND, v. II, p. 671). Por favor, fazendo brilhar sua vida dourada, com aspecto jovem, em torno desta nova sede, avancem de forma ainda mais harmoniosa e prazerosa, em união de “diferentes em corpo, unos em mente”. E assim, vamos expandir mais e mais a rede de solidariedade da paz e da esperança! Junto com minha esposa, estou enviando daimoku, orando pela boa saúde e tranquilidade, pelo imensurável benefício e boa sorte e pelo glorioso triunfo dos senhores e de seus familiares. Viva Itapegica! Viva Guarulhos! Viva o Brasil! Desfrutem sempre excelente disposição! 27 de agosto de 2023 Daisaku Ikeda Presidente da Soka Gakkai Internacional Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020. Fotos: BS

06/09/2023

Notícias

O vigor da juventude dos “pilares de ouro”

“Juntos, com espírito jovem, vamos cumprir até o fim a grandiosa missão pelo kosen-rufu e da nossa existência, evidenciando um aspecto cada vez mais juvenil ao lado dos jovens!” Eis um trecho da mensagem enviada pelo presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Daisaku Ikeda, para as atividades comemorativas do Dia da Divisão Sênior (DS) da BSGI, a qual pode ser lida na íntegra na edição 2.640 (12 de agosto último) do Brasil Seikyo . Sob a égide da forte união e do espírito jovem, de norte a sul do país, os integrantes da DS levaram firme os direcionamentos de celebrar as atividades unindo forças com as demais divisões, diversificando também os formatos e as programações. As comemorações envolveram membros e convidados nas reuniões de palestra na base, encontros nos níveis acima e muita integração. O sucesso, o planejamento e os resultados inspiradores dessas atividades foram baseados no espírito de “levantar-se só” de seus participantes, a exemplo da iniciativa de um responsável pelo distrito do Nordeste (veja quadro). Nas imagens a seguir, destacamos algumas atividades, com um pouco da energia e da integração que caracterizaram as celebrações nas localidades. “E é com esse sentimento renovado, de não perder para as dificuldades e encontrar o caminho da vitória para a conquista de nossos objetivos, que possamos avançar neste segundo semestre”, fortalece Ricardo Miyamoto, em sua primeira comemoração do Dia da DS como responsável pela divisão na BSGI. Ele direciona: “Temos a solidificação da nossa organização de base, na qual nossos preciosos membros depositam suas expectativas nos seniores, bem como a última etapa do Kofu desse significativo ano. É momento de avançar ainda com mais união e vigor”. Jornada do companheirismo Vem do sudoeste baiano uma iniciativa que fez “encurtar” o mapa geográfico local no significativo mês de agosto. Trata-se do resultado da dedicação do responsável pelo Distrito Brasil 500, Werciley Santana, para encontrar pessoalmente os integrantes da Divisão Sênior de sua (imensa) organização. Atravessando cidades (veja no mapa), foram 1.700 quilômetros percorridos, unindo forças com os líderes de comunidade e de bloco, visitando membros, convidados e criando a oportunidade de entregar a mensagem alusiva ao Dia da Divisão Sênior, oferecida por Ikeda sensei. Werciley inspirou-se, em especial, no trecho que diz: “...haja o que houver, ressoem o daimoku do rugido do leão, e demonstrem a prova real de vitórias...”. Ele conta em vídeo um pouco mais dos bastidores dessa inspiradora ação. Assista ao vídeo da viagem que Werciley fez para incentivar os companheiros: https://www.brasilseikyo.com.br/central-de-noticias/noticia/999561750 Distrito Rio Madeira, AM Comunidade César de Souza, Mogi, SP Fotos: Colaboração local

06/09/2023

Frase da Semana

Frase da Semana

Quando se muda o estado de vida, a crise se transforma em oportunidade, e o destino em missão! Vamos avançar com forte oração de vencer tudo com fé. Dr. Daisaku Ikeda Publicada no jornal Seikyo Shimbun em 5 de setembro de 2023.

06/09/2023

Editorial

Expandir a nossa vida

O grande desejo pela paz no mundo abraçado pela Soka Gakkai tem ligação e impacto direto na felicidade das pessoas. Nesta edição do Brasil Seikyo, você acompanha um especial sobre a histórica Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, proferida por Josei Toda, em 8 de setembro de 1957. Essa data também foi escolhida pelo presidente Ikeda para a conclusão do romance Nova Revolução Humana, em 2018. Tais eventos são o ponto primordial na caminhada pela paz e felicidade da humanidade. No prefácio da obra, Ikeda sensei grava seu sentimento: Em 8 de setembro de 1957, o presidente Josei Toda proferiu a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, confiando aos jovens discípulos a missão de propagar, como parte do legado dele, os ideais dessa declaração no mundo inteiro. [...] Ele bradou repetidamente: “Quero acabar com a miséria da face da Terra!”. Este era seu profundo desejo e sua firme determinação. Mestre e discípulo são inseparáveis. Assim, meu mestre segue junto comigo, em meu coração, enquanto percorro o mundo abrindo o caminho para um caudaloso rio de paz e felicidade.1 Seguindo essa correnteza, os membros do Brasil também cumprem o juramento ao mestre com ações concretas. Nesta publicação do BS, você confere a jornada de vitória até a inauguração da Sede Regional de Guarulhos e do Centro Cultural de Bauru, comprovando o aspecto de que “as sedes da Soka Gakkai são fortalezas para a criação de ‘valores humanos’ e fortalezas da compaixão que conduzem as pessoas à iluminação”.2 Essas edificações são pontos centrais para ampla propagação e prosperidade da organização local como também da vida dos membros. “Quando decidimos que nossa missão de vida é o kosen-rufu, nossa vida se expande.”3 Brasil Seikyo, que abre o último quadrimestre do “Ano dos Jovens e do Triunfo”, foi preparado para que você, leitor, renove o sentimento de missão com a localidade e, a partir das ações locais, garanta um grandioso crescimento, tal como Ikeda sensei enfatiza no ensaio “Irradie a Luz da Revolução Humana” desta edição: Agora, mais uma vez, é o momento do novo desafio para abrir o futuro. Deve-se encontrar com uma pessoa, dialogar com uma pessoa e conectar completamente o coração com o de uma pessoa. Vamos criar “valores humanos” sucessores, com a convicção de que “a vitória no futuro se encontra no presente!”.4 Ótima leitura! Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 26, p. 5-6, 2020. 2. Ibidem, p. 143. 3. Ibidem, p. 146. 4. Brasil Seikyo, ed. 2.642, 9 set. 2023, p. 4.

06/09/2023

Notícias

RM Maringá sela vitória da esperança

Cem jovens por distrito. O número era desafiador, nem havia ideia de ser simples contagem. Para a Juventude Soka de Maringá, vital era expandir o sentimento de todos além do próprio cotidiano: “Quantos amigos eu consigo envolver de paz?”. Divulgando os ideais humanísticos da Soka Gakkai, os líderes deram vida às boas práticas de ser ombro para os que sofrem, ser diverso e plural, feliz. Desde fevereiro, participantes dos sete distritos que formam a RM Maringá articulavam-se em programações, estudos e visitas. Diálogo, muito diálogo. Se cada núcleo estava com o placar de cinquenta jovens por distrito ainda na base, imagine quando foi anunciado que a proposta seria dobrada. “Sabíamos que se tratava de um grande desafio, mas não estávamos sozinhos. Todas as divisões se encontravam na mesma órbita de corresponder ao Mestre”, enfatizam as lideranças jovens locais. O movimento abriu fronteiras, com seus participantes convictos de chegar à vitória até 20 de agosto, quando a cidade de Maringá sediaria a Reunião Nacional de Líderes. Confira alguns bastidores! 1. Humanismo é para todos Formado pelas cidades de Sarandi, Marialva e Mandaguari, distante cerca de 10 quilômetros uma da outra, o Distrito Independência marcou força pela atuação conjunta da DF e DFJ. Entre as jovens está Amanda Patrícia da Silva Pereira, que também atua na vice-liderança da DFJ da RM Maringá. Estudante de pedagogia, ela baseia sua linha de estudo na educação humanística de Makiguchi sensei, fundador da Soka Gakkai. Fez ampla divulgação do budismo em seminários e no ambiente escolar. No final, houve aquela força vinda dos outros distritos, pois “Vencer juntos é a marca de nossa organização”, sintetizam as lideranças locais. 2. Acolhimento gera união Felicidade para todos do Distrito Oásis foi ver de volta jovens tão aguardados, que se motivaram com a energia e vibração do movimento dos cem jovens. Em seu relato, a jovem Julia Taguchi revela: “Durante a pandemia, eu me afastei totalmente, mas, no fim do ano passado, decidi voltar, começando pela atuação na Asas da Paz. Uma grande vitória, pois consegui também falar do budismo para minhas amigas. Estou totalmente motivada, certa do quanto o budismo é maravilhoso e pode mudar vidas, como mudou a minha”. “Foi emocionante ver o semblante de vitória dos nossos jovens. A união veio para ficar”, confirmam os veteranos desse distrito. 3. Junto com os veteranos Com aquele apoio que chega na hora certa, no Distrito Cidade Canção, os veteranos da DS e DF se fizeram presentes. Com dias alternados de encontros de recitação de daimoku, aos poucos a onda jovem foi se formando. Um deles é Jonathan Bandeira. “Com a luta conjunta, surgiu novo ânimo. Conversei com vários amigos da academia, e concretizei meu primeiro shakubuku. Acompanhei várias visitas, sem falhar no meu daimoku diário. O incentivo é tudo. Pude também atuar nos preparativos da recente Reunião Nacional de Líderes (RNL) em nossa cidade. E boas-novas: uma que serei papai; a outra que fui convidado para a próxima Academia Índigo da Juventude Soka, em São Paulo. Que felicidade! Uma vez mais quero corresponder ao Mestre”, afirma Jonathan. 4. Leveza e comprometimento O Distrito Maringá foi o primeiro a anunciar a vitória, graças aos encontros semanais de estudo e de diálogo promovidos desde o início do ano. A energia é contagiante, como nos conta Carolina Ortiz, integrante da Divisão Feminina de Jovens (DFJ): “O bacana é que tudo vem acontecendo de forma muito leve, por exemplo, em meu local de trabalho. Tenho em minha mesa um cartão com o Nam-myoho-renge-kyo, e pela curiosidade muitos vêm até mim indagando sobre o significado. É no horário de almoço que a conversa evolui, e também nas redes sociais. Aos que se interessam, estou ali para acolher. Os benefícios da prática da fé e a sabedoria que me preenche são minhas maiores motivações. 5. Muitas vidas impactadas “Para mim, divulgar o budismo vai além de propagar um ensinamento. É ser exemplo de um bom amigo.” Essa é a declaração de Cauã, 13 anos, expressando o sentimento que o motiva. Sua irmã mais nova, Isis, também somou forças e foram eles que fecharam a lista do Distrito Esperança. Cauã relata: “Nunca tive receio em falar sobre a minha religião para meus amigos, inclusive aproveitei a oportunidade dentro da matéria de história. Levei o cartãozinho do Nam-myoho-renge-kyo para meus amigos da sala, e a professora pediu que eu recitasse. Foi incrível!”. Ele se orgulha de ter divulgado diretamente sua crença para catorze amigos. “Mas tenho a esperança de que muitos outros que ouviram se juntarão a nós. É assim, natural mesmo.” 6. Arco-íris de esperança “Eu busco sempre ser o sol no dia chuvoso de alguém que tenho a oportunidade de encontrar durante o meu dia.” A expressão da responsável pela DFJ do Bloco Parque da Gávea, Lila Ribeiro, externa o sentimento da juventude do Distrito Aeroporto. Juntos, cristalizaram o objetivo de ser o arco-íris de esperança na vida dos cem jovens objetivados por eles. No caso de Lila, que trabalha home office, a maior parte do contato foi on-line, despertando a curiosidade dos amigos. “Afinal, foi assim que conheci o budismo. E lá se vão onze anos, que alegria! Visitas virtuais, presenciais e o encontro caloroso com os estudantes, sempre com a força e o apoio das Divisões Sênior e Feminina. “E que venha a próxima! Estou a postos!” 7. Sem medir distância nem idade O Distrito Ivaí é composto de várias cidades vizinhas, além de uma parte da região de Maringá, PR, explica Eduarda Tanaka, responsável pela DFJ de distrito. Semanalmente, são promovidos encontros de daimoku e de estudos. “Nós nos deslocávamos até a cidade vizinha, Doutor Camargo, para realizar a reunião de palestra que pouco a pouco teve salas lotadas”, alegra-se a jovem, que também estava envolvida nas comemorações dos sessenta anos da Asas da Paz Kotekitai. Em meio a tudo, Eduarda vinha buscando colocação em sua área de formação, e fechou com vitória obtendo dois resultados: os cem jovens do distrito e uma vaga numa multinacional. “Sinto que todos venceram também em algum aspecto”, ressalta Eduarda, feliz demais em ver a atuação dos estudantes, como a Anna Júlia Nakaie Ornellas, de 9 anos, orgulhosa de ter ensinado o Nam-myoho-renge-kyo para três amiguinhas. E o que vem por aí, líderes da Juventude Soka de Maringá? “Não vamos parar, a onda jovem de Maringá seguirá seu curso de levar esperança para mais e mais pessoas! Aguardem!” Fotos: Colaboração local

06/09/2023

Encontro com o Mestre

A vitória no futuro se encontra no presente

Visualizando o futuro daqui a cem ou duzentos anos, o suor dourado do novo desafio na criação de “valores humanos” Neste verão, tanto no Japão como em diversas partes do mundo, o calor recorde é intenso, e parece que o clima vai entrar em ebulição. Por outro lado, vêm ocorrendo desastres frequentes provocados por chuvas torrenciais e fortes ventanias. Em particular, as regiões de Okinawa e Amami vêm sofrendo sérios danos causados pelo tufão número 6, que ainda hoje traz enormes consequências para o oeste japonês, a começar por Kyushu. O tufão número 7, que está em formação, também requer atenção especial. Orando acima de tudo pela paz e segurança das pessoas das áreas afetadas, desejo sinceramente que os danos sejam mínimos e que a situação seja restabelecida quanto antes. Continuo a enviar daimoku para que, debaixo desse calor severo, ninguém sofra com insolação e as colheitas agrícolas sejam protegidas. Nichiren Daishonin deplorava a situação afirmando: “Vivemos atualmente numa época de desordem, que não permite às pessoas comuns fazer muito”.1 Hoje, queremos fortalecer a conexão das “pessoas comuns” para “fazer muito” a fim de contribuir para a “pacificação da terra”.Prática da fé para o presente e para o futuro Quando lemos o Gosho, encontramos diversas vezes expressões que se referem ao futuro. Em Saldar as Dívidas de Gratidão consta: “Se a compaixão de Nichiren for realmente grande e abrangente, o Nam-myoho-renge-kyo se propagará por dez mil anos e mais, por toda a eternidade”.2 O escrito Abertura dos Olhos declara: “Shakyamuni, Muitos Tesouros e os demais budas desejam assegurar a propagação do Sutra do Lótus para todos os filhos do Buda das existências futuras”.3 Em A Profecia do Buda consta: “Percebo que a profecia do Buda se refere ao senhor. Então, qual seria a ‘sua’ predição?”.4 Na nova edição de Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin], o ideograma que se refere ao “futuro” aparece 175 vezes. Na verdade, o tema principal que atravessa o Sutra do Lótus é o futuro, pois elucida sobre qual é a lei a ser propagada na era maléfica dos Últimos Dias da Lei após a morte do Buda, e quem deveria propagá-la. Com o propósito de tornar felizes todos os seres vivos pelos dez mil anos dos Últimos Dias da Lei e mais, por toda a eternidade, Nichiren Daishonin superou grandes perseguições, revelou e deixou o Gohonzon como a essência do Sutra do Lótus. A prática da fé é para o presente e para o futuro. No Gosho consta: “Se deseja saber os efeitos que se manifestarão no futuro, observe as causas que estão sendo feitas no presente”.5 Conforme essa passagem dos sutras, devem-se criar grandiosas causas no momento presente em prol dos resultados de majestosas vitórias no futuro. Os mais nobres corredores ligados diretamente a esse magnífico trabalho do Buda não são outros senão os responsáveis pela Divisão dos Estudantes Soka. Gratidão pelo verão de dinâmico avanço Já se passou um mês desde o início do Período do Dinâmico Avanço da Divisão dos Estudantes [no Japão] no dia 8 do mês passado [julho de 2023].Não há palavras que expressem minha gratidão aos preciosos amigos que derramam o suor dourado, dia após dia, para enviar uma brisa refrescante de coragem e esperança às princesas e aos príncipes sucessores, oram pela felicidade das crianças, em meio ao contínuo calor escaldante. Além disso, o “Desafio de Verão da Divisão dos Estudantes”, que desenvolve os tradicionais concursos em várias áreas, é uma iniciativa maravilhosa. Quero também manifestar meu profundo respeito aos professores da Coordenadoria Educacional que criam e expandem lugares de paz e de simpatia aos pais, por exemplo, por meio de diálogos sobre a educação familiar, e às pessoas que se dedicam à criação de filhos ou netos, como também à família Soka da comunidade local que apoia as famílias. Herdando o bastão No dia 30 do mês passado [julho de 2023], foi realizado, radiantemente, o Curso de Aprimoramento Nacional de Verão da Divisão dos Estudantes [no Japão], interligando a Fortaleza da Paz, que é a Universidade Soka, com os centros culturais de todo o território japonês por transmissão simultânea. A melodia da canção da Divisão dos Estudantes, Corredores da Justiça, entoada por 25 mil representantes da DE-Esperança e da DE-Herdeiro, continua reverberando em minha vida de forma profunda e intensa. Rumo ao futuro com os “Corredores da Justiça”! Amigos que se reúnem animadamente no Curso de Aprimoramento Nacional de Verão da Divisão dos Estudantes [do Japão], na Universidade Soka, em Hachioji (Tóquio, jul. 2023) Uma integrante da DE-Herdeiro da província de Kanagawa, que se levantou para relatar sua experiência, falou sobre a sua trajetória de não ser derrotada graças aos encorajamentos da família Soka nos seus dias difíceis em que não conseguia frequentar a escola de forma desejável durante a fase do ensino fundamental. Agora, seus dias são repletos de plenitude em uma escola de ensino médio por correspondência, e ela acumula nobres esforços rumo ao seu sonho do futuro. Em sua família, a pessoa que acendeu as chamas da fé pela primeira vez foi seu bisavô, que para mim também é um estimado velho amigo, o qual jamais esquecerei. Nosso primeiro encontro foi no ano 1952 em uma reunião de palestra em Kawasaki, província de Kanagawa, da qual eu estava encarregado. Era um jovem que participava pela primeira vez, convidado por um amigo, depois de ter vindo da província de Saga, em Kyushu, para Tóquio, visando tornar-se um pintor de estilo ocidental. O jovem demonstrava ansiedade e insegurança ao pensar se conseguiria vencer ou não trilhando o caminho da arte. Disse-lhe, prontamente: “Não quer se tornar o melhor pintor japonês por meio desta prática budista?”. Ele assentiu profundamente e se converteu. Sempre que havia oportunidade, procurava enviar-lhe incentivos. Como pintor de estilo ocidental, ele conquistou imponentes realizações, e atuou na primeira turma do Departamento de Artistas da nossa organização. Nos últimos anos de sua vida, ele atuou como diretor honorário do Museu de Arte Fuji de Shizuoka (da época). Sua pintura está exposta também na Universidade Soka da América. O jovem com quem conversei na reunião de palestra daquele dia, naquele momento, abraçou a Lei Mística e pintou vividamente uma obra-prima da arte e da vida. E a canção triunfal do bastão de revezamento da prática da fé reverbera por quatro gerações na família. Em meio a esses vales e montanhas, quantos encorajamentos e apoios mútuos dos companheiros da organização devem ter acontecido! “Transformará em boa sorte” No oitavo mês de 1273, de Sado, em meio a uma grande perseguição, Nichiren Daishonin enviou uma carta à família de um discípulo em Kamakura que lutava contra a doença de sua pequena filha. Orando pela mais breve recuperação dela “às divindades do Sol e da Lua a cada minuto do dia”,6 Daishonin afirmou: “O infortúnio de Kyo’o se transformará em boa sorte. Reúnam sua fé e orem a esse Gohonzon. Então, o que não poderá ser concretizado?”.7 Em qualquer família, há problemas, como também há árduos esforços para a criação de filhos. Poderá haver momentos em que uma calamidade inesperada atinja nossa família e nossos filhos. No entanto, possuímos o rugido do leão denominado Nam-myoho-renge-kyo. Nós temos o Gohonzon que Daishonin descreve: “Eu, Nichiren, inscrevi minha vida em sumi; assim, creiam no Gohonzon com todo o coração”.8 Se reunir uma fé corajosa, com certeza, podem-se transformar os infortúnios em boa sorte. Diante de quaisquer dificuldades, devemos comprovar infalivelmente a transformação delas [dificuldades] em boa sorte da família e do futuro dos filhos. Diz-se que o lótus produz a flor e o fruto ao mesmo tempo. De maneira similar, no interior de todas as vidas jovens se encontra, com certeza, o fruto da esperança. Foto tirada por Ikeda sensei na região metropolitana de Tóquio (Jul. 2023) Esse é o poder da fé e o poder da prática capazes de transformar veneno em remédio que o buda Nichiren Daishonin nos ensinou ao longo de 750 anos. A vitória decisiva da minha existência No verão [japonês] da criação de “valores humanos”, eu também tenho inúmeras recordações de aprendizado e de aprimoramento junto com os amigos da Divisão dos Estudantes. Em agosto de 1982, foi realizado na província de Miyagi o Festival da Paz e da Esperança cujos figurantes eram exclusivamente os membros da Divisão dos Estudantes. Relembro-me do cenário em que cantei e dancei prazerosamente em um só coração com os 4 mil mensageiros do futuro, que eram os tesouros do castelo de “valores humanos” da região de Tohoku, como também do sorriso resplandecente de cada um deles, em meio ao calor intenso. Enviando forte salva de palmas para a entusiasmada apresentação de todos, disse-lhes: “A vitória decisiva da minha existência se encontra em observar o aspecto da luta digna e heroica de cada um de vocês em prol da paz no palco da sociedade e do mundo no século 21. Quando penso nisso, meus árduos esforços não são nada”. Exatamente dessa forma, eles se desenvolveram magnificamente. Esses amigos da Divisão dos Estudantes empenharam todos os esforços para a recuperação da região onde ocorreu o Grande Terremoto do Leste Japonês, sem precedentes, e até hoje, devotam-se com bravura. O futuro de esperança não é algo que chega repentinamente. Surge do acúmulo da determinação de viver e de sobreviver no presente momento. É por isso que se deve incentivar a pessoa diante dos seus olhos com sinceridade. E, unindo a força de todos, deve-se continuar avançando, juntos, envolvendo-se hoje e amanhã. Nesta continuidade, cria-se um majestoso futuro. A partitura da luta conjunta imponentemente “Que tipo de vida pode ser considerado uma existência correta?” É a pergunta que fiz aos 19 anos para o venerado mestre, Josei Toda, por ocasião do meu primeiro encontro com ele em agosto de 76 anos atrás (1947). O mestre respondeu claramente: “É bom pensar no que significa viver uma existência correta. Porém, enquanto estiver pensando, experimente praticar a filosofia de Nichiren Daishonin. Afinal, você é jovem. Com certeza, algum dia, descobrirá, de forma natural, que está trilhando uma existência correta”. De fato, foi exatamente como disse o mestre. Vim trilhando o caminho junto com a Lei Mística, o mestre, os companheiros e a Gakkai. Para registrar esse caminho da “existência correta”, escrevi os romances Revolução Humana e Nova Revolução Humana com coração repleto de sentimento de retribuir com gratidão. Foi no dia 6 de agosto de trinta anos atrás (1993) que comecei a escrever o manuscrito do romance Nova Revolução Humana nas terras de Nagano. Escolhi a data em que foi lançada a bomba atômica sobre Hiroshima, a primeira na história da humanidade, escrevendo as seguintes palavras iniciais: “Nada é mais precioso do que a paz. Nada traz mais felicidade do que a paz”.9 A partitura da luta conjunta da “revolução humana” dos amigos emergidos da terra do Japão e do mundo, que estão contribuindo para a obra sagrada sem precedentes denominada kosen-rufu, pelo bem da felicidade das pessoas e da paz perene, com o coração igual ao meu, é a “história mais maravilhosa [para o futuro]”10 observada por Nichiren Daishonin. Assim, concluí o total de trinta volumes. Estou convicto de que, por meio dessa obra, poderei continuar o diálogo eternamente, por todo o futuro, com os jovens sucessores do “espírito de mestre e discípulo dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai”, em qualquer época, onde quer que seja. A história comprovará infalivelmente Pensando bem, Shakyamuni treinou as vidas jovens observando o pico mais alto do mundo, o Himalaia. Nichiren Daishonin o fez observando o grande Oceano Pacífico, o maior do mundo. Hoje, nós temos o sol do budismo do povo, o maior do universo, e o grande solo dos emergidos da terra da canção triunfal do povo a ser oferecidos aos amigos da Divisão dos Estudantes. Façamos desse fato nosso maior orgulho e a infindável esperança. Certa vez, em meio às tempestades de críticas, o venerado mestre disse: “Deve-se lutar agora em prol do futuro daqui a cem ou duzentos anos”. Mesmo que naquele momento não houvesse ninguém que o compreendesse, ele estava com uma postura calma de que a história haveria de comprovar infalivelmente a retidão. Lembro-me com saudades de que, ao falar sobre isso com Mikhail Gorbachev e sua esposa, Raisa, durante um diálogo, o casal assentiu com sorriso no rosto. Agora, mais uma vez, é o momento do novo desafio para abrir o futuro. Deve-se encontrar com uma pessoa, dialogar com uma pessoa e conectar completamente o coração com o de uma pessoa. Vamos criar “valores humanos” sucessores, com a convicção de que “a vitória no futuro se encontra no presente!”. Publicado no jornal Seikyo Shimbun de 10 de agosto de 2023. No topo: Vocês são o tesouro da esperança do mundo! Casal Ikeda com membros da Divisão dos Estudantes e a família Soka dos Estados Unidos (Flórida, jun. 1996) Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 402, 2017. 2. Ibidem, v. I, p.770, 2020. 3. Ibidem, p. 300. 4. Ibidem, p. 421. 5. Ibidem, p. 292. 6. Ibidem, p. 431. 7. Ibidem. 8. Ibidem. 9. IKEDA, Daisaku. Alvorecer. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, 2022. 10. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 522, 2020.

06/09/2023

RDez no BS

Convoquem a coragem

Faróis da Esperança Agosto é o mês em que conheci meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda. Eu tinha 19 anos¹ na época. Logo no primeiro encontro, perguntei a ele: “Que tipo de vida é o modo correto de viver?”.² Nesse momento, ele me encorajou a praticar o Budismo Nichiren para que eu mesmo encontrasse a resposta. Depositei minha confiança nele, que foi preso durante a Segunda Guerra Mundial por defender suas crenças, e decidi tentar. Como resultado, pude trilhar o correto caminho da vida dedicado à paz e à felicidade da humanidade. Tudo começa com a coragem de tentar e de desafiar a si mesmo, seja recitando Nam-myoho-renge-kyo, estudando, praticando esportes, fazendo amigos, seja ajudando nas tarefas de casa. Certamente, chegará o momento em que vocês se sentirão felizes por terem feito essa escolha. Por favor, fiquem seguros e bem e aproveitem as férias de verão!³ Fonte:  Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de agosto de 2022 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro. Notas: 1. O presidente Ikeda encontrou-se com Josei Toda pela primeira vez em uma reunião de palestra em Tóquio, em 14 de agosto de 1947, dois anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial. 2. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 197, 2022. 3. No Japão, as férias escolares de verão ocorrem em agosto.

24/08/2023

Discurso do presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada

“Por meio do triunfo dos amados jovens, vamos abrir o portal rumo ao centenário de fundação da Soka Gakkai”

Discurso do presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, proferido na 14a Reunião de Líderes da Soka Gakkai, realizada no Auditório Memorial Toda, em Sugamo, Tóquio, em 9 de julho de 2023. Sinceras congratulações pela realização da 14ª Reunião de Líderes da Soka Gakkai e do Encontro das Divisões dos Universitários e dos Estudantes. No dia de hoje, estão participando 23 representantes da Costa do Marfim, cujo diretor-geral, Pierre Véh, nos brindou há pouco com um maravilhoso relato de atividades. Sejam muito bem-vindos a um local tão distante! Eu os saúdo do fundo do coração. Nos últimos anos, uma das características das crianças e dos jovens japoneses é a da dificuldade de se autoafirmar da maneira como são, isto é, possuem baixa autoestima. Por outro lado, o que se observa na voz dos jovens Soka, bem como no sorriso deles em fotos publicadas no dia a dia do Seikyo Shimbun, são dramas do revivescer que podem ser consideradas a recuperação da autoestima. São incontáveis relatos de jovens recém-convertidos ou de membros das Divisões dos Universitários e dos Estudantes que decidiram se empenhar na prática da fé, dizendo: “Meu veterano me elogia bastante, apesar de ser uma pessoa tão limitada. Ele me entende e me apoia. Isso me deixa realmente feliz, aliviando o peso do meu coração e me faz sentir bem”. Os incentivos da família Soka não se limitam a um “está tudo bem” momentâneo ou apenas de aparência. São incentivos que nascem do respeito sincero pela pessoa, acreditando no potencial dela, e orando pela sua vitória e felicidade, com uma afirmação convicta da confiança nela. E, na essência, existe a filosofia de vida do budismo que prega o ilimitado potencial inerente a cada pessoa, reforçada pela experiência pessoal de que ela própria conseguiu renascer por meio da prática da fé nessa filosofia. Quando dialogou com a futurista americana Hazel Henderson, ao ser perguntado sobre o porquê de as atividades da Soka Gakkai se expandiram em escala mundial, Ikeda sensei respondeu de forma clara e concisa em uma frase: “É porque sempre valorizamos uma única pessoa”. É ninguém menos a não ser Ikeda sensei quem vem demonstrando esse exemplo de “sempre valorizar uma única pessoa”, com o sentimento de devotar a própria vida para uma pessoa após outra, expandindo-o para todas no mundo inteiro. Lembro-me de que, quando era universitário, os jovens estavam loucamente entusiasmados para lutar pelo Tratado de Segurança do ano 1960. Eu mesmo participei, com apaixonada disposição, inclusive de manifestações. Para vocês, das Divisões dos Universitários e dos Estudantes, isso deve soar como “história dos livros didáticos”. Porém, depois que aquele entusiasmo esfriou, aprendi a lição de quão efêmero era um movimento sem ideologia e senti um vazio. Talvez essa baixa autoestima seja comparável à dos dias de hoje. Nessas condições, quando estava no segundo ano da faculdade, encontrei-me pela primeira vez com Ikeda sensei. Na ocasião, o Mestre nos orientou: “As grandes personalidades de todos os tempos e lugares possuem uma religião como espinha dorsal. Vocês abraçaram uma grandiosa religião. Doravante, visando uma vida extraordinária, esforcem-se!”. Recebendo essa orientação e imaginando que “Ikeda sensei não é mero ‘religioso’. Ele está, acima de tudo, preocupado com a minha vida. Além do mais, acredita no meu ‘futuro’ e não no ‘presente’”; comecei a sentir que estava vivo. Além disso, no ano seguinte, quando fui convidado a participar da primeira turma da explanação do Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Ikeda sensei nos incentivava, abraçando-nos calorosamente, preparando doces ou refeições em todas as explanações. Em uma ocasião, ao perceber que havia sapatos desgastados na sapateira, sensei comprou um par novo para o dono. Por meio da explanação, ele nos ensinou o humanismo budista de “valorizar uma única pessoa”, o espírito básico da Soka Gakkai, mostrando-o para nós a partir do próprio comportamento. Uma jovem integrante da Divisão das Mulheres manifestou uma refrescante admiração ao ler o Seikyo Shimbun: “Penso que Ikeda sensei seja uma pessoa que eleva a autoestima de alguém que está passando por dificuldades. Ele dá esperanças às pessoas de ‘Eu também posso’ e faz com que elas extraiam sua força de vontade”. Embora não seja uma expressão sofisticada, penso que ela descreva, de forma direta, uma visão sobre Ikeda sensei pela geração atual. Ao completarem trinta anos da libertação de Josei Toda da prisão, em 3 de julho de 1975, Ikeda sensei orientou os jovens que não conheceram seu mestre e que lhe pediram para ensinar sobre ele: “Quase todas as orientações de Toda sensei estão publicadas e também falei sobre ele para vocês diversas vezes. Creio que seria uma boa ideia se todos vocês pensassem nos ensinamentos dele por si sós e chegassem às próprias conclusões sobre ele e a ‘unicidade de mestre e discípulo’ da Soka Gakkai”.1 A maioria dos jovens de hoje, em especial a de outros países, nunca se encontrou com Ikeda sensei. No entanto, lendo as obras Revolução Humana e Nova Revolução Humana, e aprendendo sobre o sentimento e as ações de Shin’ichi Yamamoto, eles os põem em prática na própria vida diária. Creio que, dialogando com Ikeda sensei no coração, sentem gratidão por ele e, por si sós, o consideram seu “mestre”. Aos membros das Divisões dos Universitários e dos Estudantes, peço-lhes que leiam atentamente os romances Revolução Humana e Nova Revolução Humana, os quais Ikeda sensei escreveu devotando a própria vida, e descubram alguma passagem que a considerem ter sido dedicada pessoalmente a vocês pelo mestre. E assim cresçam, por favor, como alguém que os outros possam dizer “Quando fico com aquela pessoa, eu me tranquilizo” ou “Quando converso com aquela pessoa, fico animado”. Esse é o desejo de Ikeda sensei, e aí se encontra a concretização real do kosen-rufu. Por fim, o ponto mais importante para a criação de sucessores é o nosso modo de viver da geração de veteranos. Sensei nos orienta: “A existência de uma organização de seguidores em união de diferentes em corpo, unos em mente, na qual o coração do Buda continua a pulsar, possibilita às pessoas que não conheceram Nichiren Daishonin pessoalmente a prática de unicidade de mestre e discípulo com o Buda. Dessa forma, a herança da fé para atingir o estado de buda continua fluindo por toda a eternidade”.2 Quem construirá a organização em união de “diferentes em corpo, unos em mente”, onde pulsa o espírito de Ikeda sensei, criando sucessivamente os discípulos unidos ao mestre por todo o futuro, somos nós em quem sensei confia, dizendo: “Confio-lhes o kosen-rufu” e “Confio-lhes a Soka Gakkai”. Saldando as dívidas de gratidão com Ikeda sensei por meio do triunfo dos amados jovens, vamos abrir o portal rumo ao centenário de fundação da Soka Gakkai. Os corais Seigi (Justiça) e Fuji (do ensino fundamental-2) entoam a canção da DE, “Corredores da Justiça”, como expressão do juramento dos sucessores pelo kosen-rufu (Auditório Memorial Toda de Tóquio, 9 jul. 2023). No topo: presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, discursa na 14a Reunião Nacional de Líderes da Soka Gakkai (Tóquio, 9 jul. 2023) Fotos: Sekyo Press Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 22, p. 26, 2019. 2. Cf. Ikeda, Daisaku. A Herança da Suprema Lei da Vida. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 111.

24/08/2023

Relato

O caminho da vitória

A vida é feita de oportunidades e de escolhas, e a cada dia sinto imensa gratidão por todos os passos dessa minha trajetória. Eu me chamo Carlos Oliveira, 53 anos, resido em Londrina, PR, com minha esposa, Edicéia, e nossos dois filhos, Priscyla e Italo. Há quarenta anos, por pouco uma escolha (de minha mãe, Tui vi Aiutê) me distanciaria de estar falando com vocês. Eu tinha 13 anos, e ela, indígena raiz que lutava bravamente para criar minhas duas irmãs e eu, pôs na cabeça que eu deveria ser padre, pois tinha medo das influências do ambiente onde vivíamos. Por sorte, ela percebeu que aquilo não era para mim. Dois anos depois, em 1985, ingressou na Soka Gakkai. Meu futuro de desenvolvimento começaria a partir dali. Antes de sair todos os dias para o trabalho, minha mãe deixava uma matéria do Brasil Seikyo com a instrução de que eu deveria ler e à noite contar para ela o que havia entendido. Lembranças que guardo como tesouro. Com certeza, a semente do budismo já havia sido plantada. Aos 9 anos, enquanto brincava com colegas, fui atraído por um som diferente, e, ao me aproximar de uma residência, ouvi nitidamente a recitação do Nam-myoho-renge-kyo, bem como a leitura do sutra. Era um velório, e esse foi meu primeiro contato com a Lei Mística. Mais de cinco anos se passaram. Estava eu na Divisão dos Jovens da organização, podendo construir uma juventude de propósito. Dei muito trabalho no início, confesso. Fugia do meu responsável, pulando o muro de casa para não encontrá-lo. Certa vez, perguntei-lhe por que insistia em me visitar, ouvindo dele que um dia eu poderia precisar. Palavras carregadas de máxima sinceridade. Isso foi um divisor de águas. Aproveitei todos os momentos que a organização me oferecia. Integrei dois grupos horizontais: durante catorze anos fui do Gajokai (proteção das sedes), e minha maior alegria é não ter faltado a nem um plantão sequer. Depois, no Sokahan (coordenação de atividades e eventos), fazendo parte da primeira liderança na localidade. Viver o espírito de companheirismo como jovem da Gakkai é um grande orgulho. Foram anos também desafiadores, mas agora tinha um mestre da vida, Daisaku Ikeda. Conheci minha esposa em 1987. Em lágrimas, logo me informou que não poderíamos ter filhos em razão de abuso sexual que sofrera aos 6 anos. Os médicos foram unânimes nessa confirmação. Com convicção, disse à Edicéia que possuía um tesouro em casa, o Gohonzon (objeto de devoção budista) e o apoio da minha amada mãe, que me incentivava e orava junto comigo. No ano seguinte, nasce Priscyla, saudável. Atualmente, casada, formada em direito e com nova formação em curso; é responsável pela Divisão Feminina de Jovens (DFJ) da Sub. Norte do Paraná. Depois, veio Ítalo, para completar a alegria da família. Não há oração sem resposta. Momentos com a família: Carlos ao centro da foto, ladeado pela filha, Priscyla e a esposa, Edicéia, e atrás o filho, Ítalo. A esquerda da foto traz Emilio, companheiro da mãe de Carlos, Tui, à frente do grupo, em selfie feita por Eduardo, genro do relatante. O trabalho como missão Passei por diversas áreas: rádio, construção civil, vendas. Em 2005, atuava em uma emissora de TV e decidi trabalhar na Austrália. Vivendo lá, minha esposa foi envolvida em um grave acidente a caminho do trabalho: cinco dias em coma e dois meses internada, cuja diária hospitalar custava 950 dólares. Os valores, porém, foram cobertos pela seguradora do condutor, assim como a sequência do tratamento quando retornamos ao Brasil em 2010. Vencemos juntos, e hoje ela está com plena saúde. Em 2018, fui contratado como funcionário da BSGI, não tendo palavras para expressar tamanha gratidão e felicidade por poder cuidar e zelar do nosso Centro Cultural Norte do Paraná, verdadeiro castelo da paz. Mais oportunidades? Sim, desta vez, as ações da maldade vieram me testar como pai. Meu filho passou por momentos desafiadores, causando-nos muitas dores. Nós nos unimos em uma batalha intensa de daimoku, convictos de que família que recita daimoku nada teme. Meu filho nos fez crescer como pais, e hoje ele atua como chef de cozinha, sua grande paixão. Vitória! Iniciamos 2020 e, certo dia, acordei com um barulho terrível nos ouvidos, parecendo uma panela de pressão. Eu mal conseguia dormir, raciocinar. Ampliei meu daimoku para cinco horas diárias, com o sentimento de que “O inverno nunca falha em se tornar primavera”.1 Foi constatado um zumbido de escala severa e tive a boa sorte de encontrar uma excelente especialista, indicando-me aparelhos auditivos. Hoje levo uma vida normal. Fazer das dificuldades e dos sofrimentos oportunidades para virar a chave e vencer é minha maior honra. Escolhi trilhar o caminho da vitória, tendo como base o daimoku do rugido leão, de coragem insuperável. Imensamente grato à minha esposa e aos meus filhos, e à minha mãe, pelo apoio incondicional. E aos companheiros e veteranos, que a todo momento estão comigo. Aos 53 anos, atuando na Divisão Sênior (DS), eu me inspiro no Mestre e naquele veterano que jamais desistiu de mim. Moramos em cidades distintas, mas, misticamente, encontrei o José Edvaldo em Maringá, na recente Reunião Nacional de Líderes (RNL) da BSGI. O encontro com o veterano, José Edvaldo, em atividade recente em Maringá: “Como é maravilhoso viver na órbita do Mestre” Seja nas visitas, seja nas reuniões, busco ser braço e ombro para todos, em especial para os jovens, a fim de que tenham a mesma chance de encontrar e fortalecer um nobre propósito de vida. Ikeda sensei, conte sempre comigo! Reunião de distrito promovida na residência de Carlos Carlos Roberto Batista de Oliveira, 53 anos, vice-responsável pela RM Londrina Norte e também responsável pela Divisão Sênior da RM. No topo: Carlos posa nas dependências do Centro Cultural Norte do Paraná, junto com o busto de Ikeda sensei exposto no local Fotos: Arquivo pessoal Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020.

24/08/2023

Incentivo do líder

O que o inspira e o que você inspira nos outros?

Neste mês de agosto, celebramos os 76 anos do encontro de Ikeda sensei com seu mestre, Josei Toda. Esse encontro inspirou a vida de um jovem de 19 anos do pós-guerra, que estava preocupado em sobrevi-ver e achar um sentido para a vida. Fico imaginando tamanha convicção que Toda sensei inspirou no rapaz naquele momento, libertando-o das amarras do destino. Esse forte entusiasmo tocou profundamente o coração desse jovem chamado Daisaku Ikeda. Ikeda sensei relembra: O primeiro encontro que tive com Toda sensei ocorreu numa reunião de palestra realizada no dia 14 de agosto de 1947, véspera do segundo aniversário de término da Segunda Guerra Mundial. Ele fazia uma entusiasmada explanação de Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra quando cheguei. Não posso dizer que compreendi toda a difícil terminologia budista que ele empregou, mas seu entusiasmo e comprometimento em ajudar as pessoas que estavam sofrendo em meio à desolação com a derrota do Japão na guerra causaram profundo interesse em meu coração de 19 anos. Naquela noite, ele disse: “Quando penso em nosso país e em nosso mundo tumultuado, quero eliminar toda a miséria e sofrimento da face da terra!”1 Lendo esse trecho, refleti sobre o que inspiro nos outros e o que me inspira. Uma grande amiga, uma das pessoas que me inspiram muito a ser cada vez melhor, compartilhou um lindo texto Sobre ser Inspirador. Nesse texto, que nos mostra, de forma simples, como podemos nos inspirar e inspirar os outros em nosso dia a dia, por meio de pequenas ações e do comportamento, consta: Não há nada mais mobilizador do que sentir-se inspirado. Um momento, uma pessoa, um filme, um livro, uma lembrança. A inspiração não vem do que se ouve, se vive ou se vê. Vem do que se sente e como se sente. A inspiração vem da forma como enxergamos e interpretamos a mensagem. (...) O que me leva a concluir que está exclusivamente relacionado ao despertar do melhor de cada ser humano. E é por tudo isso que eu queria te contar um segredo, daqueles pra espalhar pro bairro todo: você também pode ser inspirador. Ser inspirador é ser verdadeiro com você, com o outro e conseguir transmitir essa verdade com um objetivo maior: trazer luz para o espírito e ar pros pulmões. É aceitar que estamos sempre sendo observados por alguém e temos o poder silencioso de tocar as pessoas pelo exemplo, pelo ato e pelo simples fato de sermos quem somos.2 Nós temos a maior fonte de inspiração de um ser humano inigualável: Ikeda sensei. Ele nos ensina, incansavelmente, pelo próprio exemplo, como inspirar as pessoas e contribuir para a felicidade de todas. E justamente por estarmos vivendo uma época de tantos desafios é que podemos aproveitar essa oportunidade que ele nos oferece para conquistar um enorme desenvolvimento. Por mais difícil que pareça, isso é possível. Porém, é necessário estarmos sempre conectados com sensei e com a organização, por meio das nossas orações diárias (gongyo e daimoku) e da leitura dos periódicos, dialogarmos e irmos ao encontro das pessoas. Vamos juntos mudar o mundo? Um forte e caloroso abraço! Célia Akemi Soyano Oda Vice-coordenadora da Divisão Feminina da BSGI Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.060, 20 nov. 2010, p. A3. 2. Disponível em: https://www.ttb.org.br/post/reflex%C3%A3o-12-sobre-ser-inspirador Acesso em: 18 jul. 2023. Ilustração: GETTY IMAGES

24/08/2023

Incentivo do líder

Nosso encontro ideal

Queridos companheiros da BSGI, Já chegamos ao significativo mês de agosto, mês do encontro ideal de mestre e discípulo Soka. Ao pesquisarmos as palavras “encontro ideal”, nos sites de busca, os primeiros resultados que aparecem são dicas de como realizar um encontro ideal “romântico”. Mas, para nós, praticantes do Budismo Nichiren, remete ao encontro ideal do jovem Daisaku Ikeda com aquele que viria a ser seu mestre, Josei Toda, no dia 14 de agosto de 1947, e logo sentimos gratidão por esse encontro ideal ter acontecido. Em outubro do ano passado, passei pelo inverno mais rigoroso da minha vida: a perda repentina da minha amada mãe. No primeiro momento, como mortais comuns, enxergamos como uma perda repentina, visto que ela não tinha nenhum diagnóstico de saúde grave. Porém, ao encararmos essa perda com os olhos do Buda e baseados na Lei Mística, minha mãe prolongou sua existência por 45 anos, pois ela se converteu ao Budismo Nichiren por ter tido uma saúde frágil durante a infância e a adolescência. Ao longo de sua existência, um dos fatores que minha mãe mais prezou foi ter boa saúde física e mental. E assim ela viveu após o seu encontro ideal com o budismo, convertendo-se em 1977. Isso aconteceu depois de conhecer e de se inspirar na vida de Ikeda sensei, transformando sua condição de saúde por meio da prática da fé. Ela também teve maravilhosos veteranos que lhe ensinaram com o próprio exemplo, sempre direcionando-a para o estudo do budismo e para a recitação do daimoku. Na Nova Revolução Humana (NRH), volume 22, consta: “Inicialmente aprendi sobre o budismo com Josei Toda. A fé não ocorreu primeiro, e sim meu encontro com ele. A fé veio mais tarde”.1 Em toda a sua existência, minha mãe se esforçou para transmitir os ensinamentos budistas por meio da sua revolução humana e, de forma natural, meu irmão, tias, primos, netas e eu viemos trilhando essa estrada. Por nascer em uma família já praticante, aprendi desde cedo a importância da prática diária e de realizar meu encontro ideal com Ikeda sensei todos os dias em meu coração, independentemente da circunstância. Esse tem sido meu ponto primordial, meu juramento seigan. Aprendemos que não é sempre que teremos as pessoas que mais nos ensinam e nos incentivam conosco fisicamente. Na realidade, isso é de fácil compreensão. No entanto, quando vivenciamos essas perdas, nós nos lembramos da frase do famoso escrito As Perseguições ao Venerável de Nichiren Daishonin, no qual ele solicita: “Fortaleçam sua fé dia após dia e mês após mês”.2 Em outro trecho da NRH, volume 25, lemos: Praticando o budismo há trinta anos, cheguei à conclusão de que, para viver com base na fé, devemos avançar sempre em pura e perfeita conformidade com os escritos de Nichiren Daishonin. Além disso, o rumo da nossa vida é influenciado por nossa boa sorte. Para acumular boa sorte, é importante ter gratidão. Mesmo que participemos das atividades da Soka Gakkai, se ficarmos sempre reclamando e formos negativos, apagaremos a boa sorte que deveríamos estar acumulando. Em contraste, se tivermos gratidão ao Gohonzon, a Nichiren Daishonin e à Soka Gakkai, que nos ajudaram a desenvolver nossa fé, e iniciarmos cada dia com o compromisso positivo de fazer a nossa parte como emissários do Buda, experimentaremos uma grande alegria.3 Dessa forma, convido todos a renovar o juramento de lutarmos pela nossa felicidade e pela felicidade das pessoas ao nosso redor feito no momento do nosso encontro ideal com Ikeda sensei, sempre com gratidão à Lei, a Nichiren Daishonin e à Soka Gakkai. Um carinhoso abraço e muito obrigada! Anielle Yamamoto Shimada Vice-coordenadora da Divisão dos Jovens da BSGI Ilustração: GETTY IMAGES Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Novo Século. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 22, p. 49, 2022. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 263, 2017. 3. IKEDA, Daisaku. Luz da Felicidade. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 25, p. 80, 2022.

10/08/2023

Terceira Civilização

Série

Ludwig van Beethoven

Adaptado da matéria publicada no Seikyo Shimbun, edição de 10 de novembro de 2024. A Sinfonia nº 9 é amada no mundo todo como a Nona Sinfonia. Este ano [2024] marca os duzentos anos da estreia da obra-prima de Ludwig van Beethoven. A execução do movimento final, Ode à Alegria, é uma tradição de fim de ano muito popular no Japão. Beethoven concluiu a Nona Sinfonia enquanto enfrentava a dura realidade da perda auditiva, que, para um músico, poderia ser considerado o fim. Supere o sofrimento e alcance a alegria! O som da alma do gênio da música ainda hoje continua a inspirar as pessoas. Essa composição também foi entoada ontem [9 de novembro de 2024] durante as comemorações do 35o aniversário da queda do Muro de Berlim. Beethoven escreveu: Sinto felicidade todas as vezes que supero as adversidades. Enfrentarei meu destino com coragem, sem nunca deixar que ele me aniquile. Oh! É tão glorioso viver mil vezes mais! Beethoven nasceu em Bonn, Alema­nha, em dezembro de 1770. Seu pai era cantor, tinha problemas com a bebida e a família vivia na pobreza. Pela formação musical rigorosa que recebeu do pai, desde cedo, ele mostrou seu talento e se tornou membro de uma orquestra aos 11 anos. Passou a sustentar a família no lugar do pai e cuidou dos irmãos mais novos. Aos 16 anos, sua querida mãe faleceu devido a uma doença pulmonar. Com o coração entristecido, ele se afundou na desesperança, mas, com apoio e incentivo das pessoas ao seu redor, seguiu para Viena, capital da música, para estudar com o compositor austríaco Haydn. Isso aconteceu em novembro de 1792, pouco antes de completar 22 anos. O jovem músico ganhava a vida se apresentando em mansões de aristocratas e dando aulas de piano. Nesse meio-tempo, ele compôs diversas canções e começou a chamar a atenção como “novo Mozart”. As palavras que ele escreveu mais tarde — “Há muito a ser feito nesta Terra. Faça logo!” — podem ser consideradas uma expressão de sua postura, de dedicar ardentemente a vida à música a cada instante. Foi também na casa dos 20 anos que Beethoven enfrentou o maior desafio de sua vida. Ele percebeu algo estranho em seus ouvidos e, aos poucos, foi perdendo a capacidade de ouvir. Para os músicos, perder a audição equivale à morte. Ele continuou o tratamento em segredo, para que isso não se tornasse de conhecimento das pes­soas. Antes que percebessem, pouco a pouco, deixava de aparecer em público. Beethoven tentou vários tratamentos, mas nenhum trouxe bons resultados. Mesmo assim, ele continuou a compor e a criar música para o povo: “Minha arte deve servir melhor aos pobres”. Ikeda sensei visita o museu memorial de Beethoven chamado Casa do Testamento de Heiligenstadt. Após a visitação, ele escreve: “Justiça. Vim à casa do grande compositor que admirava desde a minha juventude. Permanecerei por algum tempo aqui, relembrando as memórias dos meus diálogos vividos que sempre travava com Beethoven” (Heiligenstadt, Alemanha, maio 1981) Quando estava com 31 anos, a audição de Beethoven havia se deteriorado a ponto de ter dificuldade para conversar normalmente. Seus discípulos também acabaram tomando conhecimento desse fato e ele mergulhou no desespero. Em seu Testamento de Heiligenstadt, escrito em outubro de 1802, ele descreveu o sofrimento da perda auditiva: “Se meu desespero fosse maior, eu teria tirado minha própria vida”. Contudo, Beethoven não se rendeu ao destino. Em seu testamento, ele escreveu: “Só a arte me impediu. Oh, não posso deixar este mundo até ter produzido tudo o que sinto que está dentro de mim”. Com determinação, ele disse: “Paciência, agora devo escolher isto como meu guia”. As famosas sinfonias no 3, Heroica, no 5, Destino, e no 6, Pastoral, foram compostas poucos anos depois de redigir seu testamento. Beethoven escreveu mais tarde: “A principal característica de uma pessoa notável é a perseverança diante de severas adversidades”. Ele sofria de outras doenças além da perda auditiva. Enfrentou também a separação de entes queridos, mortes na família e dificuldades financeiras. Mesmo em meio a tudo isso, poucas vezes interrompeu as composições. Na faixa dos 40 anos, passou a usar aparelhos auditivos e, mais tarde, começou a se comunicar utilizando anotações. Beethoven concluiu a Sinfonia no 9 nos seus últimos anos de vida. Ele praticamente não conseguia ouvir mais. Sexto concerto da Nona Sinfonia é apresentado na Universidade Soka (dez. 1996). Este evento vem sendo realizado há muitos anos desde 1991, quando foi proposto pelo fundador, Dr. Daisaku Ikeda A primeira apresentação da peça foi realizada em um teatro em Viena, na Áustria, em maio de 1824. Beethoven subiu ao púlpito como maestro, apesar da oposição daqueles que o rodeavam. Quando a apresentação terminou, aplausos estrondosos do público encheram o local. Houve cinco pedidos de bis. Por volta da época da estreia de a Nona, a saúde física de Beethoven começou a se deteriorar significativamente. Ele passou por várias cirurgias, mas sua condição nunca melhorou. Conta-se que Beethoven, que permaneceu apaixonado pela música até o fim da vida, disse em seu leito de morte: “Eu nada fiz além de escrever algumas poucas notas”. Em março de 1827, ele encerrou sua existência aos 56 anos. Romain Rolland, conhecido como o autor que escreveu sobre a vida de Beethoven, descreveu o compositor da seguinte forma: Beethoven, um ser humano solitário, infeliz, pobre e doente. Uma pessoa cujo destino era uma vida unicamente de sofrimentos. O mundo rejeitou todo tipo de alegria que ele poderia ter. Mas Beethoven criou a própria alegria. Esse foi seu presente para o mundo. Empregando o próprio infortúnio e o próprio sofrimento, Beethoven fortaleceu a própria alegria. Exposição Beethoven e a Ode à Alegria, montada recentemente no Edifício Central de Educação da Universidade Soka Reflexões do presidente Ikeda “Na vida, há montanhas e vales. [...] Entretanto, o importante é ter a convicção de que há um profundo significado nos sofrimentos do presente. Enquanto houver forte determinação mental na fé, pode-se transformar, infalivelmente, o destino em missão” Dr. Daisaku Ikeda Para Ikeda sensei, Beethoven foi um “amigo do coração” em sua juventude. Em meio à árdua batalha para reerguer os negócios do seu venerado mestre, Josei Toda, e para encorajar os companheiros que enfrentavam dificuldades, como líder da primeira legião da Divisão Masculina de Jovens, o jovem Ikeda ouvia Destino, a 5a Sinfonia de Beethoven. Em meio à Campanha de Osaka, ele ouvia o disco na antiga sede central de Kansai para se inspirar. Em outubro de 1961, um ano depois de assumir a terceira presidência da Soka Gakkai, o Dr. Daisaku Ikeda viajou para a Áustria pela primeira vez e visitou a lápide de Beethoven no Cemitério Central de Viena. E, em maio de 1981, ele conheceu o museu memorial em Heiligenstadt, na Alemanha. Na Reunião Nacional de Líderes comemorativa do 60o aniversário de fundação da Soka Gakkai, realizada em novembro de 1990, a Orquestra Sinfônica Fuji e o Coral Soka apresentaram a canção Ode à Alegria. Durante seu discurso, Ikeda sensei sugeriu que a Nona Sinfonia fosse cantada por um grande coro. Em Tokushima, onde a Nona foi apresentada pela primeira vez no Japão, no outono de 1994, promoveu-se um movimento para formar um grande coro para entoar Ode à Alegria. Cerca de 35 mil companheiros participaram. Em Kyushu, em novembro do mesmo ano, a Divisão dos Jovens formou um coral com 50 mil integrantes e com 100 mil componentes em dezembro de 2001 e em novembro de 2005. O clero da Nichiren Shoshu criticou o presidente Ikeda e a Soka Gakkai e fez acusações descabidas, dizendo que “cantar a Ode à Alegria em alemão era uma heresia”. A Nona Sinfonia se tornou um símbolo da Soka Gakkai para conquistar a indepen­dência espiritual e alçar voo como religião mundial. Certa ocasião, Ikeda sensei falou por que gostava de Beethoven: Porque ele viveu como um digno ser humano [...]. Beethoven acreditava que estava vivendo a melhor vida como ser humano e como artista. Por isso ele não aceitava ações desrespeitosas de ninguém, mesmo que fosse um imperador ou alguém poderoso. [...] Não conseguir ouvir é como a morte para um músico. Numa situação como esta, cem pessoas entre cem certamente desistiriam. Mas Beethoven não desistiu. A grandiosidade da filosofia e da visão de vida de Beethoven foi que ele seguiu trilhando estritamente pelo caminho que acreditava.1 Festival Musical dos Jovens da Ásia para a Paz, no qual 50 mil pessoas cantam Ode à Alegria diante de Ikeda sensei. Na época, o teto do Fukuoka Dome se abriu para entrar a luz do sol (nov. 1994) Ikeda sensei também disse em outra ocasião: É impressionante o próprio Beethoven ter passado por sucessivas batalhas contra os sofrimentos. Ele tinha orgulho de sua missão de lutar contra seu destino cruel. No fim de 1822, há duzentos anos, ele expressou sua autoconfiança: “Eu posso compor, mesmo que não haja mais nada que eu seja capaz de fazer”. [...] [A Sinfonia nº 9, que incorpora Ode à Alegria] é o presente à humanidade que não para de inspirar a vida; não surgiu de forma alguma em meio a ventos favoráveis, mas sim da luta contra os ventos adversos dos sofrimentos e do resoluto espírito de perseverança. Na vida, há montanhas e vales. Doenças e dificuldades no trabalho, conflitos na família e nas relações humanas, a insegurança pelo futuro — as preocupações não cessam. Entretanto, o importante é ter a convicção de que há um profundo significado nos sofrimentos do presente. Enquanto houver forte determinação mental na fé, pode-se transformar, infalivelmente, o destino em missão.2 Para comemorar o 200o aniversário da primeira apresentação da Nona Sinfonia, uma exposição chamada Beethoven e a Ode à Alegria está sendo realizada desde o dia 1o deste mês [novembro de 2024] na Universidade Soka, em Hachioji, Tóquio. Há muito o que podemos aprender com Beethoven, um ser humano que superou os sofrimentos e alcançou a alegria. No topo: Retrato de Beethoven (Wikimedia Commons) Notas: 1. Trecho de discurso proferido durante a sessão de fotos dos formandos da quarta turma da Escola Soka de Ensino Fundamental de Tóquio, em 21 de dezembro de 1984. 2. Brasil Seikyo, ed. 2.626, 14 jan. 2023. Materiais de pesquisa: ROLLAND, Romain. Beethoven’s Life [A Vida de Beethoven]. Tradução: Toshihiko Katayama. Iwanami Shoten. Beethoven’s Diary [O Diário de Beethoven]. SOLOMON, Maynard (ed.). Tradução: Yayohi Aoki e Shigemitsu Hisamatsu. Iwanami Shoten. LOCKWOOD, Lewis. Beethoven’s Music and Life [Música e Vida de Beethoven]. Supervisão: Eizaburo Tsuchida e Kazuko Fujimoto. Tradução: Takashi Numaguchi e Hohei Hori. Shunjusha. OKI, Minoru. People who Made Beautiful Music [Pessoas que Fizeram Belas Músicas]. Saera Shobo. Beethoven Daijiten [Enciclopédia sobre Beethoven]. Supervisão: Barry Cooper. Tradução: Akira Hirano, Minoru Nishihara, Chishi Yokohara. Heibonsha.

14/01/2025

Pensamento

A cada vez que se supera uma montanha, eleva-se e se expande a própria condição de vida.

A cada vez que se supera uma montanha, eleva-se e se expande a própria condição de vida. Por isso não fuja, enfrente! Transponha todas as questões. Ao se superar vencendo cada uma delas, todas as preocupações se transformam em alegrias. Dr. Daisaku Ikeda Trecho da série de poemas, ensaios, orientações e fotos do presidente Ikeda, publicado no dia 12 de abril de 2016 na capa do jornal Seikyo Shimbun. No topo: Foto tirada pelo presidente Ikeda na região de Yamanashi. Visão do solene Monte Fuji das imediações do Lago Yamanaka. No primeiro plano, belo jardim de cosmos (set. 2005). Foto: Seikyo Press

04/09/2024

Pensamento

Tornem-se vocês mesmos o sol

Tornem-se vocês mesmos o sol. Se houver uma única pessoa que seja o sol, todos ao redor serão iluminados. Tanto na família como na localidade, todos serão aquecidos. Ao final das ações empreendidas em prol do kosen-rufu, a vida de cada um resplandecerá como o sol. Dr. Daisaku Ikeda Trecho da série de poemas, ensaios, orientações e fotos do presidente Ikeda, publicado no dia 30 de outubro de 2016 na capa do jornal Seikyo Shimbun. No topo: Aves executam um bailado no céu majestoso sobre um horizonte verde que continua até os confins. Foto registrada pelo presidente Ikeda em fevereiro de 1992, na cidade de Nova Délhi, Índia Foto: Seikyo Press

01/07/2024

Série

Charles Chaplin

Este ano [2022] marca os 45 anos da morte do rei da comédia, Charles Chaplin. Neste mês, no Japão, acontece um festival de cinema que exibe as principais obras-primas do artista. Dentre os filmes apresentados, um deles é Luzes da Ribalta, lançado em 1952, considerado o ponto culminante da carreira cinematográfica de Chaplin. Nele, há uma cena em que um personagem incentiva uma bailarina desesperada que teve as pernas paralisadas: “Você não quer lutar. Você está constantemente pensando em doença e morte. A vida é tão inevitável quanto a morte. É vida, vida. Pense na força que existe no universo, capaz de fazer mover a Terra e crescer as árvores. Essa é a mesma força que existe em você. Deve ter a coragem e a vontade de usá-la”. Em muitas obras, Chaplin expôs o grande potencial inerente ao ser humano. Sua mensagem continua transmitindo coragem e esperança para o mundo inteiro como a luz que ilumina esta conturbada sociedade moderna. Charlie Chaplin nasceu em Londres, Inglaterra, em abril de 1889. Seus pais também atuavam no palco, mas se divorciaram um ano depois devido ao vício da bebida do pai. A mãe assumiu sozinha a criação de Charlie e do seu irmão mais velho. Quando estava com 5 anos, sua mãe, com problemas na garganta devido ao excesso de trabalho, ficou sem voz durante uma apresentação. Insultos e reclamações começaram a irromper em meio ao público. No ímpeto de conter os ânimos exaltados, o gerente do teatro fez o menino Charlie, que acompanhava a mãe, subir no palco. Apesar da tensão, Charlie cantou uma música popular da época e o público ficou encantado com sua doçura. A primeira aparição do menino no palco, que aconteceu de maneira inesperada, ficou gravada na memória dele como uma vívida lembrança. Ainda assim, sua mãe perdeu o emprego no final desse dia e a família passou a viver numa condição de extrema pobreza. Apesar disso, a mãe sempre se mostrava alegre e, às vezes, divertia as crianças com mímicas. Essa deve ter sido a força motriz para Chaplin afirmar: “Eu nunca perdi de vista meu objetivo final de me tornar um ator um dia”. Com um otimismo vigoroso, ele superou cada uma das dificuldades que o assolou, como a persistente dificuldade financeira e a doença da mãe. Apesar de sua aparência modesta, dentro do seu coração ardia a flamejante chama da paixão pelo seu sonho. Na adolescência, Charlie Chaplin passou por várias companhias de teatro enquanto também se promovia. Seu talento extraordinário foi sendo aprimorado em meio a isso e então surgiu a oportunidade de se apresentar nos Estados Unidos. Essa turnê teve um grande sucesso. Ele chamou a atenção do mundo do cinema, foi contratado por uma empresa de Hollywood e estreou nas telas aos 24 anos, em fevereiro de 1914. Depois disso, ele escalou rapidamente os degraus e se tornou o rei da comédia. Charlie Chaplin viveu numa época de terríveis turbulências em que ocorreram duas grandes guerras mundiais. Em meio ao som da marcha dos soldados que se intensificava lançou o filme O Grande Ditador, em 1940, proclamando: “Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror”. No final desse filme, um barbeiro judeu, que lembrava muito Adolf Hitler, é confundido com o ditador pela semelhança e, acidentalmente, se vê diante de uma multidão. Ele então faz um discurso e brada: Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo — não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades. Vós, o povo, tendes o poder... O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela… de fazê-la uma aventura maravilhosa. Apesar de enfrentar sérias interferências durante a produção, Chaplin concluiu o filme e lutou incansavelmente pela paz e pela liberdade, fazendo do humor a sua arma. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos, ao entrarem no período da Guerra Fria, foram atormentados pela tempestade do macarthismo, movimento político que visava expulsar os comunistas do país. Embora Chaplin tenha atuado nos Estados Unidos por muitos anos, ele se posicionava como cidadão do mundo e sua nacionalidade permanecia britânica. Isso o fez ser rotulado como comunista e ele foi deportado em 1952. Mesmo assim, seus valorosos feitos não foram esquecidos. Em 1954, ele recebeu o Prêmio Internacional da Paz, na Conferência Mundial da Paz, em Berlim. Posteriormente, foi agraciado com o título de doutor honorário da Universidade de Oxford, com a Ordem Nacional da França e, ainda, com o mais elevado título de cidadania honorária da cidade de Paris. Além disso, seu valor foi novamente reconhecido pelos Estados Unidos e ele voltou ao país vinte anos depois de sua expulsão. Também recebeu um Oscar especial em reconhecimento por suas preciosas contribuições para Hollywood. Foram mais de oitenta filmes produzidos em sua existência de 88 anos. Dois anos antes de falecer, em 1975, ele foi nomeado cavaleiro pela família real britânica. Reflexões do presidente Ikeda Ikeda sensei também era fascinado pelo rei da comédia desde a tenra idade e chegou a dizer: “Não consigo me esquecer das várias obras-primas dele que assisti na minha juventude”. E, sempre que podia, ele falava e escrevia sobre a vida de Chaplin para incentivar os companheiros. O presidente Ikeda também mantinha contato com a neta de Chaplin, a atriz Kiera Chaplin. Em uma carta que recebeu dela, constava: “Ouvi diversas vezes de um amigo da SGI-Inglaterra que o senhor tem incentivado muitas pessoas por meio das palavras do meu querido avô. Nada poderia me deixar mais feliz que saber que alguém como o senhor tem perpetuado as palavras dele. Tenho certeza que meu avô ficaria extremamente honrado ao saber disso”. Ikeda sensei falou bastante a respeito de Chaplin, em especial entre o fim de 1990 e o início de 1991. E foi no fim de 1990 que estourou a segunda problemática do clero, que arquitetou a destruição da Soka Gakkai. Sensei imitou Chaplin, encantou e emocionou a plateia e escarneceu do ditador do clero. Na 37ª Reunião de Líderes da Soka Gakkai, realizada em 6 de janeiro de 1991, ele declarou: Chaplin sempre dizia: “A vida é maravilhosa!”. Também afirmava: “Rir é maravilhoso! É saudável rir das coisas mais sinistras da vida, inclusive da morte. O riso é um tônico, um alívio, uma pausa que permite atenuar a dor. Independentemente do que aconteça, a saúde da vida está na força de conseguir rir na alegria e na riqueza da alma. Seriedade é diferente de severidade. Valente é diferente de sinistro. Uma pessoa de grande coragem é radiante. Uma pessoa com determinação tem serenidade. Pessoas inteligentes possuem leveza para sorrir. (...) O riso franco, de mente aberta, é a maior evidência de um indomável campeão do espírito”. Durante a 15ª Reunião de Líderes da Divisão Feminina, realizada em 23 de janeiro, o presidente Ikeda falou a respeito de uma cena de Luzes da Cidade, na qual Chaplin, no papel de um vagabundo, encoraja um milionário angustiado, colocando-se na mesma condição dele como ser humano. Sensei disse: Se visse alguém em sofrimento, Chaplin não conseguia deixar de estender uma palavra a essa pessoa. Isso é ser humano. E este é exatamente o mundo da nossa Soka Gakkai e o mundo do budismo. (...) Assim como Nichiren Daishonin ressalta repetidamente que todos somos iguais perante o Gohonzon. Não há nem pode haver nenhum tipo de discriminação. É um mundo de igualdade e de democracia embasado no budismo, um mundo de seres humanos exatamente como eles são. É por isso que as pessoas do mundo se simpatizaram com a Soka Gakkai, assim como o fez com Chaplin. A Lei verdadeira se espalhou de tal maneira porque houve essa empatia. O número de seguidores do budismo expandiu rapidamente pelo mundo justamente porque seu avanço foi legítimo. Em 9 de dezembro de 1990, nosso mestre externou sua imensa expectativa em relação aos integrantes da Divisão dos Jovens: Em relação à fé, quero lhes dizer: Mantenham uma forte fé por toda a vida. No fim, aquele que conquista a felicidade no final é quem ganha. Não sejam iludidos pelas vicissitudes ou pelos contentamentos ao longo do caminho, e não se confundam com a dura e decisiva batalha no capítulo final da vida. É o verdadeiro budismo que ensina isso. A batalha da fé neste mundo é para que juntos possamos fazer com que as grandes flores de benefícios de centenas, milhares, dezenas de milhares, milhões de kalpa resplandeçam brilhantemente. Por isso mesmo, não obstante o que aconteça, devem avançar como o rei da comédia, Chaplin. Vivam como o rei do otimismo até o fim.1 Um novo ato do drama do kosen-rufu se inicia rumo ao “Ano dos Jovens e do Triunfo”. E cada um de nós será o protagonista. No topo: Ikeda sensei realiza truques de mágica para os membros no Centro Cultural de Taplow Court, localizado nos subúrbios de Londres, em maio de 1989. Durante a sua estada na cidade, ele faz imitações de Chaplin e incentiva os companheiros que se dedicavam ao kosen-rufu na Inglaterra Foto: Seikyo Press Nota: 1. Discurso proferido durante a 3ª Reunião de Líderes da Divisão Masculina de Jovens e a Convenção dos Grupos Sokahan e Gajokai. Materiais de pesquisa: SADUR, G. Chaplin. Tradução: Rikie Suzuki e Kaoru Shimizu. Iwanami Shoten. BROWN, Pam. Denki — Sekai wo Kaeta Hitobito 12 — Chaplin [Biografia — Pessoas que Mudaram o Mundo 12 — Chaplin]. Tradução: Yumie Kittaka. [s.n.]. SAKRANY, Raj. Chaplin. Tradução: Masako Ueda. [s.n.]. OHNO, Hiroyuki. Chaplin Sainyumon [Reintrodução a Chaplin]. Nihon Hoso Shuppankyokai. Luzes da Cidade (City Lights). Direção: Charles Chaplin. Estados Unidos: United Artists, 1931 (87 min). O Grande Ditador (The Great Dictator). Direção/produção: Charles Chaplin. Estados Unidos: United Artists, 1940 (125 min).

01/07/2024

Capa

Deixe o sol entrar

O Budismo Nichiren é considerado o “Budismo do Sol”, representativo do conceito de que não importando a escuridão da vida, a iluminação é um direito de todos. A escuridão se manifesta na falta de energia vital para agir diante dos infortúnios, superar perdas e encarar as fases da vida e seus de­safios. Por vezes, nós nos sentimos aprisionados em nosso eu menor, fraco e sem esperança. Nesta edição, vamos tratar do poder da oração, concentrando-nos no Nam-myoho-renge-kyo, a essência do Sutra do Lótus, estabelecido por Nichiren Daishonin, sábio do século 13. Vamos aprender também como usufruir essa prática para nos libertar das amarras do destino e alçar revigorados voos rumo à felicidade. Acalentar desejos e aspirações É normal o ser humano, mesmo aquele que diz não ter nenhuma religião, ­acalentar desejos e aspirações. O ­Budismo Nichiren surgiu como resposta para preencher o vazio entre os desejos e a realidade, tendo como base a lei do ­universo, chamada, Nam-myoho-renge-kyo, que, em síntese, é a Lei Mística. Para melhor entendermos essa Lei, ao tomarmos como base várias leis da física, aplicáveis ao nosso dia a dia, observamos que elas não foram inventadas, e sim reveladas por estudiosos, fundamentados em uma força e relação preexistentes. Exemplo simples disso é a eletricidade, presente em praticamente tudo ao nosso redor: na lâmpada acesa, na energia que alimenta o computador, no celular. Nem dá para dizer a origem da eletricidade, já que ela sempre esteve por aí na natureza. Relâmpagos são descargas naturais da ­atmosfera em direção ao solo, e os homens das cavernas viram isso de um jeito bem visual com o descobrimento do fogo. O que se sabe é que, com a evolução, se chegou ao ­modelo atual. No século 13, Nichiren Daishonin, depois de estudar anos a fio os sutras, proclamou o Sutra do Lótus, o “rei dos sutras”, como o ensinamento maior de Siddhartha Gautama, ou Shakyamuni (século 6 a.E.C). Myoho-renge-kyo é o título do Sutra do Lótus, ou a Lei que rege o universo. Daishonin incorporou o “Nam”, estabelecendo seu ensinamento como forma de abrir o caminho para que as pessoas comuns, de todas as épocas, assumissem as rédeas do seu carma e se tornassem absolutamente felizes. Daishonin identificou a existência de uma lei que rege a vida e revelou-a como Nam-myoho-renge-kyo. Normalmente nos referimos ao Nam-myoho-renge-kyo como daimoku (título) do Sutra do Lótus. Vale reforçar que a simples tradução dos ideogramas não expõe a profundidade da Lei em sua totalidade. Fornece apenas uma ideia ­superficial. O Nam-myoho-renge-kyo só pode ser realmente compreendido quando posto em prática na própria vida. E mesmo não entendendo o significado de Nam-myoho-renge-kyo, o efeito é imediato aos que praticam com coração sincero. Assemelha-se ao ato natural de um bebê ao nascer, procurando pelo leite materno para se nutrir. Manifestar a condição de buda está ao alcance de todos, pois o Nam-myoho-renge-kyo é o catalisador desse processo. Dessa maneira, o modo budista de ser consiste em recitar Nam-myoho-renge-kyo e agir com a convicção da vitória, para transformar angústia em renovada esperança, e encarar os problemas e transformá-los. Ser livre para voar Para uma compreensão mais profunda do poder do Nam-myoho-renge-kyo agindo em nossa vida, libertando-nos de todos os sofrimentos, Nichiren Daishonin utiliza a metáfora do pássaro enga­­i­ola­­do. Nos escritos consta: Para ilustrar, quando um pássaro engaiolado canta, os que estão voando livres pelo céu são atraídos pelo chamado dele. Então, rodeado pelos demais, o pássaro engaiolado se esforça para se libertar. Quando recitamos a Lei Mística, nossa natureza de buda é ativada e emerge infalivelmente.1 De acordo com essa metáfora, por mais que cante, o pássaro não é feliz enquanto permanece prisioneiro. Ao ouvirem seu canto, os pássaros livres se reúnem ao redor da gaiola e o aprisionado se esforça para sair. Hoje, essa simbologia refere-se à condição das pessoas que vivem aprisionadas na gaiola chamada escuridão fundamental, na qual se sentem incapazes de ser felizes e acreditam não ter forças para transformar as circunstâncias. Quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo por nós e para os outros, “Com esse único som”, diz Daishonin, “convocamos e manifestamos a natureza de buda de (...) todos os demais seres vivos. Esse benefício é imensurável e ilimitado”.2 Essa é a tradução de uma energia vital que nos capacita a nos tornar livres, encarando os problemas e transformando-os, conquistando a felicidade plena. Ao falar sobre a expressão “buda”, alvo de muitas dúvidas de membros e simpatizantes, o ­pre­sidente Ikeda enfatiza: Não existem budas que ficam sofrendo eternamente na pobreza. Também não existem budas cruéis ou malvados, como não existem budas fracos que são derrotados na vida. “Buda” é outro nome para uma pessoa que está determinada a vencer, não importa o que aconteça.3 Partindo dessa explicação, o Mestre complementa: Atingir o estado de buda não significa nos tornarmos alguém ou algo diferente do que somos. Depois de alcançar a iluminação, Shakyamuni não se transformou num super-homem — ele era e continuou a ser sempre um ser humano. Tornar-se buda não quer dizer que todos os sofrimentos da vida desapareçam. Vida nenhuma é livre de sofrimentos. Enquanto estivermos vivos, estaremos ­envolvidos numa constante batalha contra adversidades.4 Ação resoluta No cerne da ativação do poder do daimoku (recitação do Nam-myoho-­renge-kyo), para atingirmos essa condição da natureza de buda, assim como lemos, não há efeito sem causa. Faz-se primordial realizar uma prática constante, com a certeza da vitória. Não há milagres. O budismo praticado na Soka Gakkai garante é um processo de reforma interior, chamado “revolução humana”, pelo qual “saímos da gaiola”, dedicando-nos à nossa felicidade e à do outro, persistindo na prática da fé com confiança. O Nam-myoho-renge-kyo não é uma meditação contemplativa, mas uma oração prática, ativada com um coração ­determinado a vencer. Assim ensina ­Ikeda sensei: A oração é essencial. Jamais se esqueçam de que tudo se inicia a partir da oração. Se nos esquecermos disso e falharmos em transformar a nossa vida, os discursos eloquentes e os argumentos críticos serão teoria sem fundamento, distantes sonhos e pura ilusão. Tanto a fé como o espírito da Soka Gakkai surgem da firme oração em querer mudar nossa realidade do presente momento. No Budismo de Nichiren Daishonin, a oração por si só não é suficiente. Assim como uma flecha atirada ao seu alvo contém a força máxima do atirador, nossa oração também possui todos os nossos esforços e ações. A oração sem ação representa apenas um simples desejo e a ação sem oração não produz nenhum resultado.5 Sair da prisão Tudo se resume a oração e ação. Nós extraímos a força desse budismo, que revela a forma criativa de viver. Nessa acepção, entendemos que temos a chance de voar rumo aos nossos sonhos, mas, para isso, precisamos transformar alguns ciclos. O primeiro é o ciclo gerado pela negatividade, tão forte em nossos dias. Com a negatividade, a energia vital enfraquece. É como se estivéssemos na gaiola com portinholas abertas, mas sem coragem para sair. Aí estão as oportunidades perdidas, e a autossabotagem conta alto nessa estatística. O presidente Ikeda pondera: Egoísmo, lamentação, dúvida, desonestidade, presunção, arrogância são as causas da própria infelicidade e as de outras pessoas. Quando nos permitimos ser governados por atitudes negativas como essas, somos iguais a um avião que perdeu a direção num denso nevoeiro. Não conseguimos enxergar nada com clareza. A diferença entre o bem e o mal, o certo e o errado, fica confusa. Mergulhamos nós mesmos no nevoeiro e nossos passageiros — nossos amigos e os outros ao redor — na infelicidade.6 Absorvemos, portanto, que a falta de sabedoria cega a percepção de que somos nós que geramos aquele ambiente. Mesmo acreditando que não somos os causadores, como nossa energia vital está mais fraca, nós nos tornamos suscetíveis e reagimos em “harmonia” com aquela negatividade. Como reverter? Ao recitarmos daimoku, manifestando o poder da fé e da prática, nossa energia vital é fortalecida e adquirimos uma condição de bem-estar, força e esperança renovada. Essa condição instanta­neamente influencia, de forma positiva, as pessoas ao redor e as circunstâncias num círculo virtuoso de harmonia e paz. Essa energia vital é a nossa revolução humana, que significa experimentar a força da vida livre e criativa, isto é, a liberdade para transformar as circunstâncias de acordo com nossos desejos. Essa revolução humana gera uma condição de vida em que se desfruta “a maior das alegrias”. Exatamente como defendia Nichiren Daishonin: “Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar o Nam-myoho-renge-kyo”.7 A alegria, uma vez sentida, de imediato é irradiada por todos ao redor, desencadeando um processo de transformação da sociedade por meio da própria determinação e da atitude das pessoas. Esse é o objetivo maior da Soka Gakkai, o kosen-rufu, que vem sendo promovido em 192 países e ­terri­tórios, levando esse Budismo do Sol para o coração das pessoas, libertando-as do sofrimento. O Nam-myoho-renge-kyo preenche as 24 horas do mundo. É persistir até conseguir A prática budista demanda árduo esforço e dedicação, mas ela nos permite experimentar a grandiosa alegria da revolução humana, que jamais seria possível numa vida de completa comodidade. Essa é a razão pela qual Daishonin adverte rigorosamente a não nos esquecer das promessas que firmamos em relação à fé nos momentos cruciais. É confiar no daimoku recitado, conscientes de que a causa foi feita e de que obteremos as respostas às nossas orações infalivelmente. Assim também nos ensina Ikeda sensei, que trilhou uma jornada de vida em prol da paz. Ele encerrou sua existência em novembro de 2023, aos 95 anos, não sem antes nos deixar a fórmula da vitória diante das tempestades. A vida pede uma vida livre Nessa edição, destacamos as oportunidades que surgem quando determinamos abrir as portas do coração, ­iluminando a escuridão evidenciada na forma de desesperança ou de questões que nos afligem, a ponto de nos manter engaiolados no sofrimento. A oração é nossa “arma” mais poderosa, e a recitação do Nam-myoho-renge-kyo é consolidada no Budismo Nichiren como o caminho dessa jornada de vitórias acessível às pessoas comuns. Se recitarmos daimoku de todo o cora­ção e continuarmos a empreender esforços para desafiar nossa situação, seguramente venceremos no final. Essa é a garantia desse budismo revolucionário. “Nosso objetivo é esta única palavra: vitória”, enfatiza Ikeda sensei.8 O Nam-myoho-renge-kyo nos empodera de sabedoria, porém é neces­sário se permitir recebê-la. Assim como o pássaro que canta, mas permanece prisioneiro, não importando o que façamos, nada vai mudar enquanto estivermos presos na escuridão. Por isso, é preciso vencer a negatividade. Orar e agir, contando com o humanismo Soka presente nos pequenos, mas poderosos, blocos da BSGI em todo o país. Com base no diálogo de vida a vida e do estímulo ao estudo e à prática da fé resolutos, conquistamos o impulso para avançar pelos céus da esperança. Nichiren Daishonin, em muitos dos seus escritos, nos brinda com a poesia da convicção, a qual nos enche de confiança. Deixamos aqui, no fechamento desta matéria, uma passagem de seus ensinamentos, com a expectativa de tornar possível o voo à liberdade de mais e mais pessoas: Se recitar Nam-myoho-renge-kyo, haverá alguma ofensa que não possa ser erradicada? Haverá algum benefício que não possa se manifestar? Esta é a verdade. Deve acreditar nela e aceitá-la.9 Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 136, 2020. 2. Ibidem. v. II, p. 150, 2017. 3. Brasil Seikyo, ed. 1.222, 17 abr. 1993, p. 4. 4. Ibidem, ed. 2.404, 27 jan. 2018, p. B3. 5. Brasil Seikyo, ed. 2.237, 2 ago. 2014, p. B1. 6. Brasil Seikyo, ed. 2.274, 9 maio 2015, p. B2. 7. Brasil Seikyo, ed. 2.237, 2 ago. 2014, p. B1. 8. Brasil Seikyo. ed. 1.726, 6 dez. 2003, p. A3. 9. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 135, 2020. Oração de quem nada teme Tatiana Tojal, responsável pela Divisão Feminina de comunidade, RM Penha, CCLP A vida é feita de sonhos e desafios para alcançá-los, e no budismo aprendemos a não ceder quando o destino nos diz não. Há seis anos, eu mesma vivenciei um desses episódios. Ser mãe era algo que batia forte em meu coração. Após uma cirurgia no endométrio e contrariando previsões médicas da possibilidade de uma gravidez natural, eis a primeira comprovação: engravidei aos 42 anos. Dias depois de realizar um ultrassom, com apenas 27 semanas de gestação, a equipe sinalizou possível parto prematuro. Ao entrar na sala de parto, ouvi: “Seu filho pode nascer morto e, se você tiver hemorragia, vamos tirar seu útero, tudo bem?”. Acenei sim com a cabeça, porém, no coração, estava determinada: “Gohonzon, agora é a hora. Chegou o momento de mostrar a força da Lei”. Pedro nasceu e chorou, o primeiro alívio. Meu marido, Marcelo, que estava do lado de fora da sala, entrou rapidamente. Eu lutava contra a hemorragia, enquanto meu bebê, entubado, já estava a caminho da UTI neonatal. Só pude vê-lo no outro dia. Pedro nasceu em 6 de abril de 2018, pesando 870 g. Eu faço aniversário no dia 7 do mesmo mês, e foi o melhor presente. Estávamos ali para comprovar a força da Lei Mística, esse Nam-myoho-renge-kyo poderoso que nos blinda do medo. Tinha muitos motivos dessa convicção. Conheci o Budismo aos 10 anos, quando minha mãe trouxe o Gohonzon para casa. Cresci dentro da organização, participei do Grupo 2001 (precursor da Divisão dos Estudantes), fui uma jovem destemida que atuou nos dois festivais culturais e na Convenção da Chuva. Foram marcos que nutriram minha juventude e minhas escolhas. Aprendi que “não existe oração sem resposta”. Pedro passou 57 dias na UTI, período em que seus rins e coração quase pararam. Com base no daimoku, vencemos e fomos para casa. Isso já faz seis anos. Meu guerreiro não tem nenhuma sequela da prematuridade. Ele é um menino extremamente carinhoso e adora participar das atividades da Divisão dos Estudantes. Iniciei um projeto social chamado “Um Colo para a Mamãe” que ajuda as crianças que estão na UTI neonatal, e levo comigo orientações do Mestre para que possa incentivá-las. Meu coração é só gratidão. Há um poema de Ikeda sensei que me enche de emoção. Nele consta: “A oração das mães não conhece limites. / Elas desconhecem o impasse. / Também não têm covardia / nem dúvida. No âmago da oração firme e resoluta arde a chama da ­coragem / que expulsa o desespero e a resignação. / A oração da Lei Mística / é o juramento seigan de vencer absolutamente”.1 Muito obrigada! Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.327, 11 jun. 2016, p. B1. O que significa Nam-myoho-renge-kyo Nam: Devotar-se, dedicar-se. É uma abreviação de namu (do sânscrito), e traz o sentido de uma prática em que lutamos pela nossa felicidade e pela felicidade do outro, baseados no ensinamento do Buda. Myoho: “Lei Mística”, literalmente. A Lei, ou realidade fundamental, é descrita como myo (místico), porque é infinitamente profunda e transcende todos os conceitos ou formulações da mente humana. “Myo” tem alguns significados, como “abrir” ou “reviver”. Nota-se, ­portanto, que, ao praticar essa Lei, avida se abre para renovadas oportunidades e conquistas. Renge: Flor de lótus. Utilizada como símbolo da simultaneidade da lei de causa e efeito. Isso porque, diferentemente de outras plantas, a flor e a semente ­germinam ao mesmo tempo. Assim, a recitação do Nam-myoho-renge-kyo cria a causa instantânea da vitória a ser manifestada. Kyo: É a tradução japonesa da palavra “sutra”, ou seja, o ensinamento do buda Shakyamuni. Pelo fato de seu ensinamento ter sido difundido pela pregação — ou seja, ele usou a própria voz —, a palavra kyo é algumas vezes interpretada como “som”; ou como a voz compassiva que busca ajudar as pessoas. “Kyo” é também indicativo de “Aquilo que é eterno, que se propaga pelas três existências [passado, presente e futuro]”.

03/06/2024

Capa

Rota da esperança

Agarrar o leme de um nobre propósito O mestre existe para o discípulo manifestar o seu melhor. Quando nos sintonizamos ao coração do nosso grandioso mestre, Daisaku Ikeda, evidenciamos essa mesma energia e força. Alguns exemplos na história ilustram essa proposição. Um deles vem do norueguês Roald Amundsen (1872–1928), o primeiro explorador a chegar ao polo sul, proeza que realizou em 1911, após várias tentativas. Aos 16 anos, em 1889, Amundsen testemunhou o feito heroico de Fridtjof Nansen (1861–1930), pioneiro das expedições polares do seu país, que havia conseguido fazer, com êxito, a travessia da Groenlândia, e daí não parou mais. Anos depois de fincar a bandeira da Noruega no polo sul, Amundsen avançou para o polo norte, atingindo essa meta poucos anos antes de morrer. Em um discurso proferido em 2012, Ikeda sensei nos apresenta essa rica história de Amundsen, uma jornada que ganhou as páginas de obras literárias e, mais recentemente, em 2019, foi abordada no filme Amundsen, O Explorador.1 Além do espírito desbravador, a busca constante pelo planejamento de ações e a união do grupo de expedição são referências ­fortalecidas nas obras. Nansen foi o ­­­mestre que ­inspi­rou Amundsen, apoiando-o para que triunfasse, entrando para a história. E sobre a relação de mestre e dis­cípulo no budismo? Daisaku Ikeda revela, com seu exemplo de vida, os bastidores da grandiosa nau que abraçou desde os 19 anos, vivendo ao lado do seu mestre, Josei Toda; aprendendo com ele e cristalizando os sonhos dele. Ikeda sensei nos apresenta esse laço diamantino como fonte de uma vida sem arrependimentos, firme ao leme de um nobre propó­sito. Ele enfatiza: Em meio a uma sociedade na qual se defronta com o turbilhão de dificuldades dos “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte —, nosso movimento de diálogos segue abrindo a rota da felicidade e da paz das “quatro virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza — não só para si, como para os outros. Quanto mais altas as ­ondas bravias da época, nosso grande ­navio Soka avançará com ainda mais impo­nência e vigor.2 Essa assertiva nos auxilia na rota da esperança almejada por todos. A vida é efêmera e está em constante mutação. Com um mestre que nos guie por meio de seu exemplo, não se colocando numa posição superior, mas sim do nosso lado e estimulando nosso desenvolvimento, conquistamos uma existência adornada pelas “quatro virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza. Para melhor entendimento desse conceito, selecionamos um trecho do livro Século da Saúde: Sabedoria para Conquistar a Boa Saúde e Longevidade, de autoria do pre­sidente Ikeda, no qual ele explana: Examinemos agora cada uma das quatro virtudes. “Eternidade” denota que a condição do estado de buda inerente à vida do Buda e de todos os seres vivos é eterna, abarcando as “três existências” — do passado, presente e futuro. “Felicidade” consiste numa condição de bem-estar livre de sofrimento. “Verdadeiro eu” indica que o estado de buda é o “eu” original, uma força autônoma que nada é capaz de destruir. “Pureza” quer dizer que, por mais impura e corrupta a época, nossa vida funciona de forma pura, como um manancial cristalino fluindo livremente. Essas “quatro virtudes” constituem uma condição de vida suprema de felicidade absoluta e também poderia ser descrita como os cativantes aspectos de um caráter bem lapidado.3 Sócrates e Platão Os aspectos de um caráter bem lapidado podem ser conferidos no segundo exemplo histórico que apresentamos na figura de Sócrates e de Platão. Sócrates (469 a.E.C–399 a.E.C) é conhecido até hoje como expoente do pensamento filosófico mundial. É dele a célebre frase “Conheça-te a ti mesmo”. Todo o conhecimento de Sócrates, que morreu aos 70 anos, injustamente, teria ficado apenas no passado se não fosse por Platão (428 a.E.C–348 a.E.C), o jovem que o seguiu durante nove anos e, nos cinquenta anos seguintes à morte do seu mestre, dedicou-se a manter a lisura dos propósitos dele. Ikeda sensei também faz referência a essa relação cristalina protagonizada por ambos em vários artigos e ensaios, e uma delas consta na Nova Revolução Humana. Ele reforça a visão de Platão na lapidação de pessoas capazes: A água corre sempre para um nível mais baixo. Da mesma forma, se o homem não polir seu caráter, não poderá evitar a decadência causada pelo peso da ambição. Por essa razão, Platão refletia em seguida sobre a saúde e a harmonia da alma e conduzia as pessoas a voltar os olhos para o interior de si mesmas.4 Vitória compartilhada Na base desse processo de mudança interior e na visão de mundo defendido na Soka Gakkai, chamado “revolução humana”, em que rompemos a concha do ego, está o juramento do discípulo de se tornar absolutamente feliz, enquanto se empenha em fazer feliz quem está à sua frente. Aqui reside a tradução da “unicidade de mestre e discípulo” (shitei funi, em jap.) na Soka Gakkai. Ikeda sensei pondera sobre essa importância, mostrando-nos traços de sua relação com seu mestre. Ele constantemente relembrava: Atuo dialogando no meu coração, todos os dias, com meu mestre, Josei Toda, onde ele está sempre presente. Minha base é o Gosho (escrituras de Nichiren Daishonin), e foi Toda sensei quem o leu com seu corpo, por meio de suas ações. “Se fosse o sensei, o que faria nessa situação?”, “Minha ação de hoje está de acordo com o espírito do sensei?”, “Se sensei me visse agora, ficaria feliz ou triste comigo?” — sempre me perguntava. E vim encorajando a mim mesmo determinando que realizaria sem falta uma luta vitoriosa e traria alegria ao meu mestre. Essa é a fonte da minha coragem. É a força motriz da contínua vitória. Shitei funi é viver fazendo do coração do mestre o seu próprio, e começa com o mestre existindo solenemente no coração, em todos os momentos e em qualquer situação.5 Acompanhando esse raciocínio, observamos que a unicidade de mestre e discípulo é o mais profundo laço de existência, fortalecido por um juramento compartilhado. Uma frase dos escritos de Nichiren Daishonin elucida que “Se um mestre possui um bom discípulo, ambos obterão o fruto do estado de buda”.6 No livro Romper Barreiras, obra que traz importante diálogo entre Daisaku Ikeda, Herbie Hancock e Wayne Shor- ter, Ikeda sensei pondera: “A relação de mestre e discípulo é um laço entre duas vidas gerado pela mútua, séria e sincera determinação do mestre comprometido a desenvolver o discípulo de forma a superá-lo, e do discípulo em corresponder de todo o coração à determinação do mestre”.7 O Mestre nos encoraja, ressaltando: “Quando um belo espírito compartilhado flui pelo coração de mestre e discípulo, e entre amigos, um infinito horizonte se revela diante de nós”.8 Eis por que no budismo a relação de mestre e discípulo é inquebrantável. No período contemporâneo do advento do buda Nichiren Daishonin, fundador do budismo do século 13, ele e seus discípulos protagonizaram jornadas de desafios e de vitórias tendo como base perpetuar seu ensinamento. Daishonin deixou seus escritos como um mapa de navegação segura diante das intempéries do destino. Com os Três Mestres Soka — Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda —, a integridade dos princípios do Buda foi mantida, mesmo diante da perseguição contra a própria vida, como no caso do presidente fundador da Soka Gakkai, Makiguchi sensei, que morreu no cárcere. Ikeda sensei, que aos 19 anos abraçou a causa da paz junto com Josei Toda, sobrepujou tempestades inimagináveis e triunfou como mestre da sabedoria. ­Durante 25 anos, Ikeda sensei se dedicou a narrar o seu “diário de bordo”, o romance Nova Revolução Humana, com relatos de indivíduos comuns, que se descobriram “construtores de sua embarcação da vida”, sedimentando a real tradução da unici­dade com o mestre que os guia em segurança pelo mar da existência. A unicidade de mestre e discípulo envolve fé, determinação e ação para construirmos juntos histórias de vida gloriosas, visualizarmos o horizonte com esperança e, por meio da benevolência, conduzirmos a vida com tranquilidade, tanto a nossa quanto a de todos ao redor. A Soka Gakkai Internacional (SGI), presente em 192 países e territórios, se empenha para tornar realidade o movimento pelo kosen-rufu, ou seja, uma sociedade guiada pela união de pessoas comuns, solidárias e empoderadas. Dentro desse processo, no qual cada uma delas realiza sua revolução humana em meio aos ventos bravios do carma, elas assumem, junto com o presidente Ikeda, o leme da propagação desse modelo de vida em que nada é capaz de tirá-las da rota da felicidade. Então, na base da nossa organização — formada pelas comunidades e pelos ­blocos da BSGI —, surgem vários indivíduos que se levantam como “Shin’ichi Yamamoto” (pseudônimo do Dr. Daisaku Ikeda na obra Nova Revolução Humana). Por essa razão, praticamos o Budismo Nichiren, o budismo de ação, no qual cada pessoa segura o leme do próprio destino, adquirindo força e coragem para navegar com confiança pelos mares revoltos da vida. Portanto, a prova real é vital. Ikeda sensei reflete sobre esse sentimento: Como discípulos, portanto, e importante que evidenciemos provas reais para que possamos declarar com orgulho ao mestre: “‘Eu venci!’. Isso é unicidade de ­mestre e discípulo. Por ter tomado tal ­decisão, pude dar vazão à minha força total, e assim, consegui manifestar coragem e sabedoria. Quando nos levantamos como discípulos com a ardente determinação de corresponder ao nosso mestre no kosen-rufu, a mesma condição de vida intrépida dele passa a pulsar em nossa própria vida. Isso significa que, quando vivemos com a consciência de que mestre e discípulo são unos, manifestamos a condição de vida dos bodisatvas da terra, que no distante passado juraram cumprir a grandiosa missão pelo kosen-rufu com o mestre deles. Teremos uma força incomparável”.9 Ação como discípulo Ao trazer à memória novamente os direcionamentos de Josei Toda, seu eterno mestre, o presidente Ikeda explica como podemos manifestar essa condição de vida dos bodisatvas da terra. Nosso mestre relembra a sincera preocupação e dedicação de Toda sensei em relação aos membros que enfrentavam situações angustiantes e sofrimentos. Josei Toda se empenhava de corpo e alma na orientação de vida a vida, estendendo grandiosos incentivos a cada companheiro com a determinação absoluta de jamais permitir que alguém se tornasse infeliz. “Aqui está o ponto essencial da existência da Soka Gakkai, a ação na prática de mestre e discípulo”,10 frisa Ikeda sensei, orientando-nos. Ele diz: Fazendo do coração do mestre que anseia a paz mundial o nosso próprio ­coração, devemos orar pela felicidade dos companheiros que sofrem com as adversidades da vida e lançarmo-nos em meio às pessoas comuns do povo. Um dia dedicado ao kosen-rufu, orando e promovendo o diálogo juntos, se tornará uma recordação dourada da nossa vida.11 Não há alegria maior Com as explanações e reflexões apresentadas nesta matéria, aprendemos sobre a unicidade de mestre e discípulo, relação que não se rompe nem mesmo com a morte. Como vimos, começou pela jornada de Amundsen, explorador norueguês que entrou para a história ao chegar aos polos sul e norte. Depois, a atenção se voltou para a jornada de vida de Ikeda sensei. Por meio dessa trajetória do Mestre em prol do humanismo, ficou ­evidente a definição da relação de mestre e discípulo vista no budismo e na visão contemporânea do mapa de navegação ­acessível hoje para uma vida plena, a ­despeito dos ventos fortes aos quais todos estamos sujeitos ao longo do caminho. É importante lapidarmos constantemente nosso caráter, conquistando um brilho único, da forma como somos, e influenciando positivamente nosso ambiente familiar, trabalho e toda a sociedade. Não há alegria maior que ter um mestre da vida. Ikeda sensei consolida seu sentimento: A vida é uma contínua “expedição ao desconhecido”. Há momentos em que somos assolados por imprevisíveis tempestades. No entanto, é em meio a essa árdua luta que se encontra a saída para a colossal vitória. Desde que não se perca de vista os objetivos, não haverá nenhum dia em vão. Todos eles serão valiosos e transbordantes de esperança e de desenvolvimento.12 Quanto à relação cristalina dos filósofos Sócrates e Platão, Ikeda sensei ressalta: “Depois da morte de Sócrates, um novo Sócrates nasceu na pessoa de Platão. Fui para o presidente [Josei] Toda o que Platão foi para Sócrates, portanto, posso entender muito bem a relação entre esses dois filósofos gregos”, afirma.13 Ele define com propriedade: “Não poderíamos dizer que mestre e discípulo são os melhores e mais incomparáveis companheiros, que compartilham do mesmo ideal e lutam para torná-lo realidade?”14 Avançar aqui e agora É para a nova geração, os jovens, que essa grandiosa missão alicerçada nos profundos laços da unicidade de mestre e discípulo se reveste de vibrantes significados, especialmente neste mês de maio. Ao conectar 100 mil jovens humanistas aos ideais de paz defendidos no Budismo Nichiren, os integrantes da Juventude Soka do Brasil avançam firmes, ancorados no sentimento de corresponder ao Mestre, sem largar a mão de ninguém. Em sua análise sobre a jornada de Amundsen, Ikeda sensei comenta o fato de o navio cedido por Nansen e utilizado pelo jovem explorador em sua primeira tentativa na Antártida chamar-se Fram (veleiro tipo escuna cujo nome significa “para a frente, avançar”). Nosso mestre contextualiza: O discípulo assumiu o navio que seu mestre havia utilizado em sua aventura, e partiu rumo ao oceano do novo sonho, a terceira expedição dessa nau. Quão magnífica é essa viagem fabulosa de mestre e discípulo! Os jovens de coragem serão esses desbravadores que desafiarão a abertura de ­novas rotas. Esse é o “Navio Avanço” de supremo orgulho, que desconhece a interrupção.15 Em recente orientação, o presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, fortalece a missão grandiosa dos discípulos Ikeda, jovens de todas as idades, dizendo que “(...) Se buscarmos o Mestre em nosso coração e renovarmos nosso juramento pelo kosen-rufu, uma nova e poderosa energia vital passará a emanar abundantemente de nós. Isso, em si, é o espírito jovem, o espírito de saldar nossa dívida de gratidão. Abracemos e compartilhemos esse espírito com todos em nossa respectiva comunidade”.16 Ikeda sensei deixou essa existência serenamente em novembro último, mas seu legado ganha continuidade pelas mãos dos jovens herdeiros. Isso dá vida ao que ele sempre ansiou. Assim, para concluir esta matéria, compartilhamos um trecho de um de seus ensaios, com a expectativa de que seja fonte de inspiração para os leitores nos acompanhar, junto com o Mestre, em direção ao horizonte azul de esperança, força e coragem: A força e a paixão juvenis, que ­aquecem o coração das pessoas e impulsionam o avanço da sociedade, sem dúvida ­conti­nuam sendo de vocês, a esperança dos povos. Por isso mesmo, nossa SGI Jovem deve zarpar rumo à nova e grande navegação em prol do kosen-rufu com os jovens na liderança. Vamos ao imenso oceano da nova era! Oh, jovens, com sua força e paixão, coragem e sabedoria, descortinem a nova alvorada da esperança do mundo! Por existir a Divisão dos Jovens, mestre e discípulo vencerão.17 No topo: Presidente Josei Toda, à direita, acompanhado de seu jovem discípulo, Daisaku Ikeda, em março de 1958 (Shizuoka, Japão) Foto: Sekyo Press Notas: 1. AMUNDSEN, o Explorador. Direção: Espen Sandberg. Roteiro: Ravn Lanesskog. Produção: Espen Horn, John M. ­Jacobsen, Kristian Strand Sinkerud. Noruega: Motion Blur Film/SF Studios, 2019 (2h05). 2. Brasil Seikyo, ed. 2.158, 1º dez. 2012, p. B2. 3. IKEDA, Daisaku. Século da Saúde: Sabedoria para ­Conquistar a Boa Saúde e Longevidade. São Paulo: Editora  Brasil Seikyo, 2023. p. 71. 4. IKEDA. Daisaku. Nova Revolução Humana, v. 6. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 80. 5. Brasil Seikyo, ed. 2.138, 7 jul. 2012, p. B2. 6. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo,  v. II, p. 173, 2017. 7. IKEDA, Daisaku; HANCOCK, Herbie; SHORTER, Wayne. Romper Barreiras. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 104. 8. Ibidem. 9. IKEDA. Daisaku. Nova Revolução Humana, v. 26. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 290-291. 10. Brasil Seikyo, ed. 2.313, 27 fev. 2016, p. A2. 11. Ibidem. 12. Brasil Seikyo, ed. 2.158, 1 dez. 2012, p. B2. 13. Idem. ed. 2.340, 17 set. 2016, p. C1. 14. IKEDA, Daisaku. Citações de Daisaku Ikeda. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 49. 15. Brasil Seikyo, ed. 2.158, 1º dez. 2012, p. B2. 16. Terceira Civilização, ed. 666, fev. 2024, p. 6-9. 17. Brasil Seikyo, ed. 2.158, 1º dez. 2012, p. B2.

02/05/2024

Estudo

[69] Promover o avanço do nosso movimento, comprovando os princípios de que “prática da fé é a própria vida diária” e “budismo é a própria sociedade”

Explanação O Budismo Nichiren é uma religião para transformar as circunstâncias. Constitui um modo de vida seguro e infalível. O âmago da nossa prática budista, portanto, consiste em demonstrar provas reais dos princípios de “prática da fé é a própria vida diária” e “budismo é a própria sociedade”. A fé na Lei Mística é o grande caminho para construir a felicidade, a fonte da sabedoria para alcançar a vitória na vida. O Budismo Nichiren é a filosofia da esperança para realizar a revolução humana e a transformação do destino, o farol espiritual para edificar uma sociedade segura e um mundo pacífico. Seja o sábio do princípio da “prática da fé é a própria vida diária. Seja o herói do “budismo é a própria sociedade” — essa é a crença que os membros da Soka Gakkai do Japão e do mundo compartilham e levam a cabo com convicção e orgulho todos os dias. Manter os pés no chão e avançar um passo de cada vez Neste ano [2021], celebramos o 150o aniversário de nascimento do presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi.1 Antes da Segunda Guerra Mundial, Makiguchi sensei declarou que “A suprema essência do budismo reside em demonstrar um modo de vida de máximo valor”,2 que ele denominou de “modo de vida de bem maior”. Acrescentou ainda que o propósito da nossa organização consiste em demonstrar, estudar e guiar outros ao caminho para criar esse supremo valor — a felicidade insuperável — em nossa vida diária, pela maneira como efetivamente vivemos.3 Makiguchi sensei enunciou o lema da educação Soka: “Em vez de caminhar fitando o céu sonhando, certifique-se de manter os pés no chão e avançar um passo de cada vez!”.4 Mantendo firmemente os pés no solo da vida diária, avancemos, de forma constante, vencendo dia a dia. Esse é um caminho repleto de esperança, que conduz a uma vida sólida, um tesouro consistente em contraste com devaneios. Religião é um “código de princípios para a vida” No editorial intitulado Revolução Religiosa, escrito para a primeira edição [julho de 1949] da revista de estudo da Soka Gakkai Daibyakurenge, meu mestre, Josei Toda, declarou: “A religião, originariamente, é um código de princípios para a vida e deve ser uma parte inseparável da nossa vida diária”.5 Durante a Segunda Guerra Mundial, os presidentes Makiguchi e Josei Toda foram presos por se recusar a ceder às exigências das autoridades militaristas do Japão. Tsunesaburo Makiguchi morreu na prisão, ao passo que Josei Toda saiu do cárcere, posteriormente, com vida. Invencíveis diante dessa grande perseguição, mestre e discípulo Soka nos legaram sua poderosa convicção de que a essência do Budismo Nichiren “constitui ampla e fundamental lei da vida”.6 Pelo fato de essa lei ser universal, afirmou Makiguchi sensei, é infalível e pode ser comprovada com sucesso por todos, sem exceção. Isso nos traz à lembrança as palavras de Mahatma Gandhi, o qual declarou que a história de sua vida de luta pela não violência consistia unicamente em suas “experiências com a verdade”7 e que “aquilo que é possível para um é possível para todos”.8 Manifestando a força do budismo em meio às circunstâncias Gandhi também disse: “Minhas experiências [pela não violência] não se limitaram a um espaço restrito, mas abertamente”.9 De modo semelhante, nosso movimento popular budista avançou, não por trás de portas fechadas, mas no mundo real com a comprovação do princípio de que “prática da fé é a própria vida diária” pelos membros. Isso porque, assim como ensina Daishonin, nada supera a prova real” (cf. CEND, v. I, p. 626). A fé na Lei Mística oferece a força para vencer na vida. Recitamos daimoku e entramos em ação e continuamos recitando no decorrer dos nossos esforços. Em todos os recantos do mundo, os membros da Soka Gakkai, a partir de orações imbuídas do juramento seigan pelo kosen-rufu, recitam Nam-myoho-renge-kyo da prática individual e altruística. Reúnem coragem e sabedoria para vencer os desafios cotidianos e propagam a Lei Mística de forma compassiva. Como resultado, a Soka Gakkai está repleta de experiências inspiradoras de membros que estão demonstrando provas sólidas de benefícios da fé e conquistando uma vida transbordante de esperança e de alegria. Estou convicto de que, com isso, eles dão expressão ao espírito do Sutra do Lótus e personificam a verdadeira prática do budismo conforme ensinado por Nichiren Daishonin. Trecho do escrito 1 O Kalpa de Diminuição O capítulo 19, “Os Benefícios do Mestre da Lei”, do Sutra do Lótus, afirma: [As doutrinas que eles pregarem (...)] jamais vão contrariar a realidade fundamental” [cf. LSOC, cap. 19, p. 304]. Tiantai10 comentou sobre isso, dizendo: “Nenhum assunto secular, da vida ou do trabalho, difere de forma alguma da realidade fundamental”.11 A pessoa de sabedoria não é a que pratica o budismo à parte dos assuntos seculares; em vez disso, ela tem compreensão dos princípios que regem o mundo. (CEND, v. II, p. 389)12 Todos os assuntos do cotidiano são consistentes com o budismo Makiguchi sensei sublinhou a passagem acima de O Kalpa de Diminuição em seu exemplar dos escritos de Nichiren Daishonin, acatando-a com profunda seriedade. Na parte anterior a esse trecho, Daishonin escreve que, na era impura do kalpa de diminuição, quando a energia vital das pessoas declina, a sabedoria benéfica do budismo para conduzir as pessoas à felicidade é subjugada e se torna ineficaz, pelo impacto negativo dos “três venenos” — avareza, ira e estupidez.13 Ele também nos adverte que esses males se intensificarão se as pessoas dedicarem oferendas a sacerdotes que, apesar de aparentarem ser pessoas de sabedoria que deixaram o mundo secular, caluniam ativamente o Sutra do Lótus. Na passagem que estamos estudando, Daishonin declara que uma genuína “pessoa de sabedoria” não é aquela que pratica o budismo à parte dos assuntos seculares. Ele esclarece um princípio fundamental do Sutra do Lótus de que “o budismo abarca todos os assuntos seculares” e descreve a verdadeira conduta de uma pessoa de sabedoria. O trecho do Sutra do Lótus que Daishonin cita aqui pertence ao capítulo 19, “Os Benefícios do Mestre da Lei”, que descreve em detalhes o benefício da purificação dos seis órgãos dos sentidos,14 o qual é obtido pelos mestres da Lei (bodisatvas) praticando o Sutra do Lótus. A passagem em questão refere-se especificamente à purificação da mente. Em outras palavras, quando os mecanismos do coração e da mente deles [mestres da Lei (bodi­satvas)] se purificam ao abraçarem e praticarem a Lei Mística, eles passam naturalmente a ensinar e a falar de acordo com os princípios do budismo e perfeitamente alinhados com a realidade fundamental. Isso, sem dúvida, é resultado da purificação dos seis órgãos — que passam por uma profunda transformação interior — por meio de sua prática budista. Por isso, irradiam o brilho da sabedoria budista e conseguem converter suas atividades em esforços pela felicidade e vitória. Religião que não se afasta das circunstâncias O Budismo Nichiren constitui um ensinamento de engajamento ativo na sociedade; olha diretamente para a sociedade e busca melhorá-la. Não é dissociado da realidade ou dos “assuntos seculares”. No entanto, muitos no Japão, no passado e no presente, se apegaram à ideia de que o budismo é diverso ou distante dos assuntos seculares, algo não relacionado com a vida diária. Isso se deve, em parte, ao fato de as escolas budistas estabelecidas considerarem o Buda um ser transcendental, sobrenatural e traçarem uma distinção entre o religioso e o mundo secular de várias maneiras, levando algumas escolas budistas a assumir uma aura de misticismo e de autoridade que utilizaram para se manter acima do mundo secular e para exercer o controle sobre a vida das pessoas. Nichiren Daishonin, em contraste, declara: “A mente dos seres vivos é originalmente o Buda” (OTT, p. 208). O Budismo Nichiren ensina que o Buda não habita algum reino distante afastado do mundo real e que, na verdade, todos nós possuímos inerentemente a nobre condição de vida do estado de buda e podemos trazer à tona do nosso interior esse poder para vencer nossos problemas da vida real. Gravemos, mais uma vez, profundamente estas palavras: “Pessoa de sabedoria não é a que pratica o budismo à parte dos assuntos seculares” (CEND, v. II, p. 389). Este conturbado mundo saha15 em que vivemos é, de fato, atolado em sofrimentos. Porém, reunindo a coragem para estender a mão àqueles que sofrem, evidenciando a compaixão e a sabedoria do budismo e contribuindo efetivamente para a felicidade dos outros é que nos tornamos genuínas “pessoas de sabedoria”. Esse é o modo de vida repleto de orgulho dos bodisatvas da terra. O budismo vivo de Nichiren Daishonin se propõe a enviar um fluxo contínuo de indivíduos com essa característica à sociedade. Os membros da Soka Gakkai comprovam os princípios do budismo com a própria vida Makiguchi sensei atribuía grande relevância às experiências dos membros na prática da fé. Ele citou a história de uma mulher que ultrapassou dificuldades no âmbito familiar e no trabalho para edificar de forma triunfante uma família feliz e harmoniosa admirada por todos os vizinhos. Além do mais, compartilhou a experiência de um homem que, por meio da prática budista, foi capaz de revitalizar sua gráfica, que operava no vermelho por mais de uma década. Makiguchi sensei descreveu esses dramas inspiradores como o “resultado do esforço total de vida ou morte” e comparou-os a diamantes ou pepitas de ouro descobertos na areia.16 Ele via essas experiências dos membros que incorporavam a prática da fé na própria vida diária como “provas reais de uma vida de bem maior” e “evidência da consecução do estado de buda nesta existência”.17 Toda sensei também nos ensinou que, mediante nossos esforços para aplicar a prática da fé na vida diária, ao mesmo tempo em que lidamos com todos os tipos de problemas, podemos estabelecer uma condição de felicidade absoluta na qual o próprio fato de estar vivo já é uma alegria. Nada o deixava mais satisfeito que ouvir relatos de experiência de membros progredindo em sua revolução humana e transformando o destino. Daishonin afirma: “Quando uma pessoa que apresenta provas claras no presente expõe o Sutra do Lótus, também surgem pessoas capazes de crer [no sutra]” (CEND, v. I, p. 535). Makiguchi sensei observou que um dos aspectos ímpares em relação às experiências de fé dos membros da Soka Gakkai é que eles não apenas se empenham para acumular as comprovações de benefícios da prática da fé, mas também buscam ativamente falar sobre elas ao máximo de pessoas possível. A verdade é poderosa. As experiências dos membros da organização ao redor do mundo são tesouros eternos da Soka Gakkai e uma força propulsora para a propagação da Lei Mística. O princípio de “prática da fé é a própria vida diária” também significa que a vida diária equivale à fé. Em outras palavras, que todos os aspectos da nossa vida constituem prática budista. Daishonin orienta calorosamente um de seus dedicados discípulos leigos: “Se continuar vivendo do jeito que vive agora, não há dúvida de que estará praticando o Sutra do Lótus vinte e quatro horas por dia. Considere o serviço prestado a seu senhor feudal como a prática do Sutra do Lótus” (Ibidem, v. II, p. 169). Que prova de felicidade podemos obter praticando o Budismo Nichiren — cujo ensinamento revela a essência do Sutra do Lótus — em meio às realidades da existência cotidiana, com o espírito de que cada momento da nossa vida faz parte de nossa prática budista? Examinemos a questão mais a fundo ao seguirmos para a próxima passagem dos escritos de Nichiren Daishonin que estudaremos. Essa passagem consta numa carta de incentivo para Shijo Kingo na época em que ele enfrentava grandes obstáculos. Eu também transcrevi esse trecho em meu diário18 como fonte de inspiração no período em que estava me empenhando ao máximo como discípulo ao lado do mestre, Josei Toda, para superar os problemas nos negócios dele. Trecho do escrito 2 Os Três Tipos de Tesouro É raro nascer como ser humano. O número de seres dotados de vida humana é tão pequeno quanto os grãos de terra que cabem sobre uma unha. E a vida humana é tão difícil de manter quanto o orvalho permanecer sobre a grama. Contudo, é melhor viver um único dia com honra do que viver 120 anos e morrer na desonra. Viva de maneira que todas as pessoas de Kamakura o elogiem pela diligência com que Nakatsukasa Saburo Saemon-no-jo [Shijo Kingo] serve ao seu senhor feudal, ao budismo e às demais pessoas.19 (CEND, v. II, p. 112) Shijo Kingo ao defrontar-se com uma crise na fé Após Daishonin receber indulto do exílio na Ilha de Sado e voltar para Kamakura, Shijo Kingo fortaleceu sua determinação e insistiu com seu senhor feudal, Ema, para que abraçasse os ensinamentos de Nichiren Daishonin. Entretanto, suas sinceras ações acabaram apenas ofendendo e afastando Ema, que era fiel seguidor do sacerdote Ryokan20 do templo Gokuraku-ji. Colegas invejosos de Shijo Kingo consideraram a ocasião oportuna para desacreditá-lo. Em meios a esses percalços, outro grave incidente sucedeu. Shijo Kingo foi falsamente acusado de provocar um tumulto violento. No sexto mês de 1277, um sacerdote discípulo de Nichiren Daishonin e um sacerdote da escola budista Tendai travaram um debate conhecido como Debate de Kuwagayatsu.21 Vários colegas de Shijo Kingo apresentaram relatos espúrios ao senhor feudal Ema afirmando que Kingo havia irrompido no debate, de forma violenta, para atrapalhá-lo. Ema exigiu que ele renegasse a sua fé no Sutra do Lótus; caso contrário, confiscaria as terras dele. Shijo Kingo viu-se diante da maior crise. Além de redigir uma petição22 em nome de Shijo Kingo para apresentar a Ema a fim de esclarecer a inocência de seu discípulo, Daishonin também orientou seu discípulo rigorosamente: “Jamais desonre o Sutra do Lótus, ainda que se torne o pior dos mendigos” (CEND, v. II, p. 84). Shijo Kingo perseverou com decisão inabalável. Então, um dia, repentinamente, Ema adoeceu. Kingo, médico habilidoso, tratou da doença dele com grande atenção e devoção, reavendo, em virtude disso, as graças do seu senhor feudal. Foi nessa mudança positiva dos rumos dos acontecimentos que Daishonin enviou a carta intitulada Os Três Tipos de Tesouro, na qual consta a passagem que estamos estudando agora. “Este momento é crucial” dizia a mensagem transmitida por essa carta. Expressava a profunda preocupação e o discernimento de Daishonin sobre a natureza humana. Nichiren Daishonin declara quão raro e precioso é nascer como ser humano e manter a vida humana. O número daqueles que o fazem, diz ele, “é tão pequeno quanto os grãos de terra que cabem sobre uma unha” e a vida humana “é tão difícil de manter quanto o orvalho permanecer sobre a grama” (Ibidem, p. 112). Prosseguindo, ele afirma: “É melhor viver um único dia com honra do que viver 120 anos e morrer na desonra” (Ibidem). A felicidade e o valor da vida não são mensurados pela extensão do nosso tempo neste mundo, mas por quão ricos, significativos e plenos de propósito são os nossos dias. Torne-se alguém em quem as pessoas à sua volta confiam Em seguida, Daishonin escreve: “Viva de maneira que todas as pessoas de Kamakura o elogiem pela diligência com que Nakatsukasa Saburo Saemon-no-jo [Shijo Kingo] serve ao seu senhor feudal, ao budismo e às demais pessoas” (CEND, v. II, p. 112). “Servir ao senhor feudal”, no contexto atual, indica construir sólidas relações de confiança com seu superior ou empregador. Significa tornar-se um funcionário extraordinário no ambiente de trabalho ou destacar-se pela excelência no exercício da profissão. Também se refere à nossa conduta como membros da sociedade. “Servir ao budismo” quer dizer praticar resolutamente sem jamais nos afastar, sempre com base na fé na Lei Mística. “Às demais pessoas” diz respeito a qualidades ligadas à capacidade de demonstrar consideração e sincero interesse pelos outros, que nos levam a conquistar o respeito e a confiança dos que se encontram ao nosso redor no âmbito do nosso convívio em sociedade. Essas três frases sintetizam as esferas mais importantes para comprovar que “prática da fé é a própria vida diária” e “budismo é a própria sociedade”. Daishonin nos insta a viver de tal forma que conquistemos o louvor daqueles que nos cercam. Desse modo, de acordo com o princípio de “manifestar a natureza de buda interna e gerar a proteção externa”,23 nossas virtudes emanam naturalmente da nossa vida e produzem o benefício da proteção externa. Suscitar elogios é sinal de respeito e confiança dos que estão à nossa volta e da nossa comunidade. Quando as pessoas de Kamakura viram Shijo Kingo assumir uma posição de destaque no círculo mais próximo do senhor feudal, expressaram sua admiração e louvor: “Em sua imponente estatura, em seu semblante, bem como em sua montaria e os subordinados que o atendem, ninguém se compara a Nakatsukasa Saburo Saemon-no-jo [Shijo Kingo]. Os meninos de Kamakura, todos, reunindo-se na encruzilhada, exclamam: ‘Ah! Eis um sujeito excelente, realmente excelente!’” (WND, v. II, p. 730). Esse era exatamente o tipo de elogio que Daishonin desejava que ele obtivesse. Nichiren Daishonin ensinou a Shijo Kingo que um buda é um “herói do mundo”24 e que “O budismo se preocupa primordialmente com vitória ou derrota” (CEND, v. II, p. 95). Devemos vencer tanto em nossa vida como em nossos esforços na sociedade. Como membros da Soka Gakkai, abraçamos a Lei Mística, pondo os ensinamentos do budismo em prática na sociedade, e mantemos a fé para a vitória absoluta, sempre empregando a “estratégia do Sutra do Lótus” (Ibidem, p. 267). Prossigamos com orgulho em nossa luta como indômitos campeões e invencíveis indivíduos de sabedoria e vençamos infalivelmente. Torne-se o herói que vence as dificuldades diante de seus olhos O Sutra do Lótus descreve as características dos bodisatvas da terra, aos quais Shakyamuni confiou a propagação do sutra nos Últimos Dias da Lei. Referindo-se ao líder deles, Bodisatva Práticas Superiores,25 ele diz: Assim como a luz do sol e da lua pode dissipar totalmente a penumbra e a escuridão esta pessoa, em sua passagem pelo mundo, é capaz de erradicar a escuridão dos seres vivos. (LSOC, cap. 21, p. 318) Os bodisatvas da terra “em sua passagem pelo mundo” — quer dizer que eles são atuantes no mundo secular, na sociedade e na realidade deste mundo saha. Nem é preciso dizer que o lugar onde nos encontramos agora é o local em que alcançamos o estado de buda nesta existência. A prática budista consiste em se engajar na sociedade com base na fé na Lei Mística. Em Os Miseráveis, ao retratar os bravos e perseverantes esforços do jovem Marius em meio a grandes adversidades, o escritor francês Victor Hugo (1802–1885) expressou: “Muitas das grandes façanhas são realizadas no decorrer das pequenas lutas da vida”.26 Victor Hugo prosseguiu, escrevendo que há “Nobres e misteriosos triunfos que outros olhos não veem, que não geram nenhuma fama e não são aclamados por fanfarras. Vida, adversidade, solidão, abandono, pobreza são campos de batalha que têm os seus heróis; heróis desconhecidos, por vezes maiores do que os insignes”.27 As comoventes palavras de Hugo nos fazem lembrar todos os nossos membros lutando intrepidamente contra desafios inimagináveis nestes tempos turbulentos. Na juventude, vivenciei uma batalha semelhante à descrita por Victor Hugo. Quando os negócios de Toda sensei estavam em crise, as pessoas zombavam de mim, perguntando por que nossa prática budista não solucionava nossos problemas. Mas, para mim, não havia outro mestre no kosen-rufu além de Josei Toda. Meu coração permanecia sereno e livre de dúvida. Estava determinado a recitar Nam-myoho-renge-kyo e a lutar com toda a minha energia juvenil e meu compromisso para proteger meu mestre, sem jamais recuar um único passo. Em meu diário, registrei o seguinte na época: “Esforços e adversidades! / Nessa jornada, você cultivará o verdadeiro humanismo”;28 e “Por ter fé / posso experimentar o valor, o bem maior, a mais poderosa energia vital, / e sentir a felicidade que surge da revolução humana”.29 Essa era a minha firme convicção. Acreditava totalmente na veracidade das palavras: “Quando o céu está límpido, a terra se ilumina. De maneira semelhante, quando uma pessoa conhece o Sutra do Lótus, ela compreende o significado de todas as questões seculares” (CEND v. I, p. 395). Repleto de gratidão por aprender e lutar ao lado de tão grande mestre, segui em frente em meio ao turbilhão e ensejei a retumbante vitória da posse de Toda sensei como segundo presidente da Soka Gakkai. O dia 3 de maio [de 2021] assinala o 70o aniversário dessa auspiciosa ocasião. Aqueles dias de luta incessante são a história dourada da minha juventude e a verdadeira prática budista para a revolução humana. Daishonin escreve: “O ferro, quando aquecido e forjado, torna-se uma excelente espada” (Ibidem, p. 320). Exatamente como ele afirma, durante aquela época, construí uma condição de vida indestrutível como o diamante e acumulei incalculável “tesouro do coração” (Ibidem, p. 112). Desde a juventude, venho me empenhando incansavelmente pelo kosen-rufu como discípulo de Toda sensei. Concretizei tudo o que ele idealizou. É precisamente devido a essa luta baseada na unicidade de mestre e discípulo que os alicerces da Soka Gakkai como organização mundial foram assentados. Agora, jovens “Shin’ichis Yamamoto” no mundo todo herdaram esse legado e o estão levando avante. O grande caminho da esperança e da vitória da revolução humana Vitórias verdadeiras são aquelas que alcançamos a cada dia. Sem acumular esses triunfos diários, não pode haver grande vitória na vida. O caminho infalível para a revolução humana e para mudar a sociedade se encontra em nossa capacidade de fazer desabrochar flores de felicidade e de vitória em nossa vida e ampliar o círculo de pessoas que encorajamos nos locais em que realizamos nossas atividades cotidianas. Esse é o caminho para concretizar o ideal de Nichiren Daishonin de “pacificação da terra” — ou seja, a paz mundial. Para tanto, vocês — nobres heróis humanistas que praticam a Lei Mística — não devem ser derrotados. Vençam com fé genuína! Vençam na vida diária! Vençam na sociedade! Vençam na vida! Vençam sempre! Vamos dar a partida! Vamos continuar avançando intrepidamente com harmonia, alegria e boa disposição nesse “grande caminho” (em consonância com o subtítulo) da esperança e da vitória! (Daibyakurenge, edição de janeiro de 2021) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI Resumo Estudo — Abril 2024 Principais tópicos estudados Religião para transformar as circunstâncias “O Budismo Nichiren é uma religião para transformar as circunstâncias. Constitui um modo de vida seguro e infalível. O âmago da nossa prática budista, portanto, consiste em demonstrar provas reais dos princípios de ‘prática da fé é a própria vida diária’ e ‘budismo é aprópria sociedade’.” Prática da fé é a própria vida diária “Antes da Segunda Guerra Mundial, Makiguchi sensei declarou que ‘A suprema essência do budismo reside em demonstrar um modo de vida de máximo valor’.” Budismo é a própria sociedade “O Budismo Nichiren é a filosofia da esperança para realizar a revolução humana e a transformação do destino, o farol espiritual para edificar uma sociedade segura e um mundo pacífico.” Os membros da Soka Gakkai comprovam os princípios do budismo Makiguchi sensei atribuía grande relevância às experiências dos membros na prática da fé. Frases marcantes “A fé na Lei Mística oferece a força para vencer na vida. Recitamos daimoku e entramos em ação e continuamos recitando no decorrer dos nossos esforços.” “Em vez de caminhar fitando o céu sonhando, certifique-se de manter os pés no chão e avançar um passo de cada vez!” “Em todos os recantos do mundo, os membros da Soka Gakkai, a partir de orações imbuídas do juramento seigan pelo kosen-rufu, recitam Nam-myoho-renge-kyo da prática individual e altruística. Reúnem coragem e sabedoria para vencer os desafios cotidianos e propagam a Lei Mística de forma compassiva.” “O Budismo Nichiren constitui um ensinamento de engajamento ativo na sociedade; olha diretamente para a sociedade e busca melhorá-la. Não é dissociado da realidade ou dos ‘assuntos seculares’.” “‘Servir ao senhor feudal’, no contexto atual, indica construir sólidas relações de confiança com seu superior ou empregador. Significa tornar-se um funcionário extraordinário no ambiente de trabalho ou destacar-se pela excelência no exercício da profissão. Também se refere à nossa conduta como membros da sociedade.” Personalidades e personagens budistas citados - Tsunesaburo Makiguchi; - Josei Toda; - Mahatma Gandhi; - Nichiren Daishonin; - Shijo Kingo, discípulo fiel de Nichiren Daishonin; - Senhor feudal Ema; - Ryokan, sacerdote; - Victor Hugo, escritor, ativista e político francês (1802–1885). Perguntas-guia para as atividades de estudo O que significa “o budismo não está dissociado da vida diária”? Nichiren Daishonin, declara: “A mente dos seres vivos é originalmente o Buda ” (OTT, p. 208). O Budismo Nichiren ensina que o Buda não habita algum reino distante afastado do mundo real e que, na verdade, todos nós possuímos inerentemente a nobre condição de vida do estado de buda e podemos trazer à tona do nosso interior esse poder para vencer nossos problemas da vida real. Qual é o comportamento ideal como membro da organização? Como membros da Soka Gakkai, abraçamos a Lei Mística, pondo os ensinamentos do budismo em prática na sociedade, e mantemos a fé para a vitória total, sempre empregando a “estratégia do Sutra do Lótus” (Ibidem, p. 267). Prossigamos com orgulho em nossa luta como indômitos campeões e invencíveis indivíduos de sabedoria e vençamos infalivelmente. Qual é o caminho para a revolução humana? O caminho infalível para a revolução humana e para mudar a sociedade se encontra em nossa capacidade de fazer desabrochar flores de felicidade e de vitória em nossa vida e ampliar o círculo de pessoas que encorajamos nos locais em que realizamos nossas atividades cotidianas. Esse é o caminho para concretizar o ideal de Daishonin da “pacificação da terra” — ou seja, a paz mundial. No topo: Integrantes da Divisão dos Estudantes em atividade artística (Bauru, SP, nov. 2023) Notas: 1. Tsunesaburo Makiguchi nasceu em 6 de junho de 1871. 2. Cf. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 10. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 5. 3. Ibidem. 4. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. In: Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 5. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1982. p. 27. 5.TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 1. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1981. p. 7. 6. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 8. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1984. p. 411. 7. GANDHI, Mahatma. All Men Are Brothers: Autobiographical Reflections [Todos Somos Irmãos: Reflexões Autobiográficas]. KRIPALANI, Krishna (comp. e ed.). Nova York: Continuum, 2000. p. 3. 8. Ibidem, p. 4. 9. Ibidem. 10. Tiantai (538–597), também conhecido como Zhiyi, Tiantai Zhizhe, grande mestre Tiantai e grande mestre Zhizhe. Fundador da escola Tiantai na China. Suas principais obras — Profundo Significado do Sutra do Lótus, Palavras e Frases do Sutra do Lótus e Grande Concentração e Discernimento — foram registradas e compiladas por seu discípulo imediato Zhangan. Em Grande Concentração e Discernimento, Tiantai apresenta o princípio dos “três mil mundos num único momento da vida” e a prática da meditação para compreender esse conceito. 11.Profundo Significado do Sutra do Lótus. 12. A data e o destinatário são desconhecidos. A julgar pelo conteúdo, porém, presume-se que a carta tenha sido enviada a alguém da família do sacerdote leigo Takahashi Rokuro Hyoe subsequentemente à sua morte, por volta de 1276, após a invasão mongol. 13. Avareza, ira e estupidez são consideradas, no budismo, males fundamentais inerentes à vida, que originam o sofrimento humano. São conhecidos como os “três venenos”. 14. Purificação dos seis órgãos dos sentidos: Também conhecida como a purificação dos seis sentidos ou faculdades. Refere-se a purificar os seis órgãos dos sentidos: olhos, orelhas, nariz, língua, pele e mente, tornando possível compreender as coisas corretamente. O capítulo 19, “Os Benefícios do Mestre da Lei”, do Sutra do Lótus, explica que aqueles que mantêm e praticam o sutra adquirem vários benefícios, e que, por meio desses benefícios, os seis órgãos dos sentidos se tornam apurados e puros. 15. Mundo saha: Este mundo, o mundo dos seres humanos, marcado por sofrimentos. Em sânscrito, saha significa terra; deriva-se do radical “suportar” ou “resistir”. Por essa razão, nas versões chinesas dos textos budistas, a palavra saha é traduzida como “resistência”. Nesse contexto, o mundo saha indica um lugar no qual as pessoas devem resistir a todos os tipos de sofrimento. 16. Cf. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 10. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 144. 17. Ibidem, p. 143. 18. Cf. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 77 (2 de dezembro de 1950). 19. A carta Os Três Tipos de Tesouro, datada do décimo primeiro dia do nono mês, foi endereçada a Shijo Kingo. Nela, Nichiren Daishonin escreve sobre o tesouro do coração e o nosso comportamento como seres humanos, ensinando ao seu discípulo a chave para a vitória na vida. 20. Ryokan (1217–1303): Sacerdote da escola Preceitos-Palavra Verdadeira e prior do templo Gokuraku-ji em Kamakura desde 1267. Durante muitos anos, Ryokan perseguiu Nichiren Daishonin e seus discípulos, tanto ostensiva como secretamente. 21. Debate de Kuwagayatsu: Debate realizado em Kuwagayatsu, Kamakura, em 1277, entre o discípulo de Nichiren Daishonin, Sammi-bo, e um sacerdote chamado Ryuzo-bo, que estava sob a égide de Ryokan do templo Gokuraku-ji. Ryuzo-bo foi completamente derrotado por Sammi-bo. Shijo Kingo meramente compareceu ao debate como espectador e não pronunciou uma palavra. No entanto, alegaram ao senhor feudal Ema que Shijo Kingo havia irrompido no debate, acompanhado de vários aliados com armas desembainhadas, e causado tumulto no evento. 22. Petição, conhecida como “Carta de Petição de Yorimoto [Shijo Kingo]”, que Daishonin escreveu para o senhor feudal Ema em nome de Shijo Kingo no sexto mês de 1277. A petição aparentemente nunca foi submetida a Ema. 23. “Manifestar a natureza de buda interna e gerar a proteção externa” (naikun gego) é uma frase de Anotações sobre “Grande Concentração e Discernimento” do grande mestre Miaole. 24. Herói do mundo: Outro nome ou título honorífico de um buda. Referência ao heroísmo de um buda de vencer os desejos mundanos e os sofrimentos de todas as pessoas e conduzi-las à iluminação com suprema sabedoria e profunda compaixão. 25. Bodisatvas da terra: Referência à imensa multidão de bodisatvas que emergem da terra no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, a quem o buda Shakyamuni confia a propagação da Lei Mística após a sua morte. No capítulo 21, “Poderes Sobrenaturais”, do Sutra do Lótus, Shakyamuni incumbe o bodisatva Práticas Superiores, líder dos bodisatvas da terra, de propagar a Lei no mundo saha na era maléfica dos Últimos Dias da Lei. 26. HUGO, Victor. Les Misérables [Os Miseráveis]. Tradução: Julie Rose. Londres: Random House, 2008. p. 560. 27. Ibidem. 28. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 78. (5 de dezembro de 1950). 29. Ibidem, p. 88 (11 de janeiro de 1951).

01/04/2024

Pensamento

Se nada for feito, os “valores humanos” jamais serão desenvolvidos

Se nada for feito, os “valores humanos” jamais serão desenvolvidos. É preciso que vocês se esforcem para encontrar novos seres humanos de valor e então desenvolvê-los com seriedade. Dr. Daisaku Ikeda No topo: Quioto, antiga capital do Japão, encoberta pelo outono de cores intensas. Ikeda sensei afirma: “Apenas os momentos em que se viveu incandescentemente se tornam recordações desta existência e que não se descolorem no mundo dos seres humanos”. Foto capturada por Ikeda sensei em novembro de 1986. Foto: Seikyo Press

01/04/2024

Estudo

[68] Sejam vitoriosos na jornada da vida e do kosen-rufu

Explanação Tenho uma missão que é só minha. Você também tem uma a missão que só você pode cumprir.1 Esses são versos do poema Ode à Juventude, que dediquei aos nossos sucessores da Divisão dos Jovens há cinquenta anos, em dezembro de 1970. Como membros da Soka Gakkai que mantêm o maravilhoso ensinamento da Lei Mística, temos a nobre missão de transformar a sociedade por meio da nossa revolução humana. Nosso propósito é “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra” (rissho-ankoku) — ou seja, concretizar a felicidade e a paz para toda a humanidade. Essa era a mensagem que desejava transmitir aos meus jovens amigos que arcariam com a responsabilidade pelo futuro do nosso movimento. Uma revolução interior pacífica e gradativa O poema prossegue: O que as pessoas anseiam para apoiá-las no século 21 não é somente a reorganização dos aspectos externos. Elas desejam uma sólida revolução dentro da vida delas, levada a cabo gradativamente e numa atmosfera de paz, com base na filosofia e crenças de cada indivíduo.2 Uma magnífica epopeia de Ode à Juventude Cinco décadas se passaram desde que compus esse poema. Meus queridos companheiros — tanto aqueles que trabalharam ao meu lado ao longo desses anos quanto aos nossos confiáveis sucessores da Divisão dos Jovens dos dias de hoje — vêm realizando sua prática budista e se empenhando com orgulho para cumprir sua missão ímpar em suas respectivas esferas. Nosso contínuo, firme e inabalável movimento do povo desenvolveu-se em escala global. A maravilhosa “ode à juventude” que cada um de nossos membros compôs no decorrer de meio século edifica uma magnífica epopeia de pessoas comuns, originando uma poderosa correnteza do kosen-rufu mundial. Em vez de buscar mera reforma exterior, é importante que adotemos uma abordagem gradativa, cultivando, de maneira sólida, o solo espiritual das pessoas para produzir e colher o rico fruto da felicidade. Como o grande indiano defensor da não violência Mahatma Gandhi (1869–1948) expressou: “O bem caminha a passo de caramujo”.3 O tradicional espírito imutável da Soka Gakkai Chegou a época em que o verdadeiro valor do nosso movimento popular brilhará cada vez mais intensamente. Portanto, devemos continuar seguindo em frente, sempre em frente, venha o que vier, em nossa trajetória para concretizar a vitória na vida e em nossa eterna jornada da luta conjunta em prol do kosen-rufu como mestre e discípulo, unidos num só coração. Enquanto nos preparamos para dar uma nova partida [com o Ano-Novo de 2021 logo à frente], estudemos os ditos de Nichiren Daishonin e ratifiquemos a importância de manter uma fé resoluta, sólida e contínua. O espírito da Soka Gakkai permanece imutável em meio aos desafios e às novas abordagens da vida cotidiana decorrentes da pandemia da Covid-19. Trecho do escrito 1 Resposta à Monja Leiga Myoshin4 Além disso, [o ideograma chinês] myo [de Nam-myoho-renge-kyo], assim como flores que se tornam frutos e a lua nova que se torna cheia, é um ideograma que se torna um buda. Desse modo, o sutra expressa: “Se uma pessoa for capaz de manter este sutra, ela estará mantendo o corpo do Buda” [LSOC, cap. 11, p. 220]. O grande mestre Tiantai5 diz: “[O Sutra do Lótus...] é, em todos e em cada um desses ideogramas, o Buda verdadeiro.6 O ideograma myo é Aquele que Assim Chega Shakyamuni perfeitamente dotado dos trinta e dois aspectos e oitenta características,7 mas, pelo fato de nossa visão ser deficiente, vemos apenas um ideograma. Por exemplo, é semelhante ao caso de um idoso cuja vista é fraca, e, portanto, não consegue ver que as flores de lótus no lago produziram sementes. E à noite, por causa da escuridão, a pessoa não consegue ver as formas das coisas. No entanto, esse ideograma myo é, em si, um buda. Além disso, o ideograma myo são a lua, o sol, as estrelas, um espelho, vestimentas, alimento, flores, a grande terra, o grande mar. Todos os benefícios reunidos compõem o ideograma myo. Também é a joia da realização dos desejos.8 (WND, v. II, p. 879-880) Sinceros incentivos constantes à monja leiga Myoshin Nessa carta, intitulada Resposta à Monja Leiga Myoshin, Daishonin explica que o simples ideograma myo de Nam-myoho-renge-kyo que recitamos contém benefício imensurável. A monja leiga Myoshin era uma discípula que residia na província de Suruga (atual região central da província de Shizuoka). Acredita-se que ela tenha se tornado monja leiga movida pelo desejo de que seu marido, o sacerdote leigo Takahashi Rokuro, se recuperasse de uma doença. Daishonin posteriormente concedeu a ela outro nome budista, monja leiga Jimyo, (Mantenedora do Myo). Ela também era conhecida como monja leiga de Kubo, em virtude do local para onde se mudou depois da morte do marido. Daishonin enviou muitas cartas a essa discípula e continuou a encorajá-la e a apoiá-la de coração durante o período de luto dela. Em resposta à calorosa preocupação e à atenção dele, Myoshin manteve uma fé forte e pura. A atitude sincera dela em relação à prática budista, enaltecida por Nichiren Daishonin como extremamente admirável (cf. WND, v. II, p. 877),9 faz lembrar as mulheres Soka. “Nosso corpo é o próprio corpo do Buda” Em Resposta à Monja Leiga Myoshin, Daishonin escreve: “Myo, assim como flores que se tornam frutos e a lua nova que se torna cheia, é um ideograma que se torna um buda” (WND, v. II, p. 877). Ele assevera que aqueles que recitam Nam-myoho-renge-kyo atingirão o estado de buda sem falta. O sacerdote leigo Takahashi permaneceu firme na fé até a morte, e Myoshin também continuou se empenhando sinceramente na fé, mesmo após a viuvez e tendo de criar sozinha um filho pequeno. Pelo fato de ela e seu marido recitarem Nam-myoho-renge-kyo, Daishonin garante que ambos com certeza atingirão o estado de buda. Explanando sua asserção de que o ideograma myo se transforma em um buda, Nichiren Daishonin cita o capítulo 11, “Surgimento da Torre de Tesouro”, do Sutra do Lótus, e as obras do grande mestre Tiantai, os quais afirmam, respectivamente, que manter o Sutra do Lótus é o mesmo que manter o corpo do Buda e que cada palavra e cada frase do Sutra do Lótus são o Buda verdadeiro (cf. WND, v. II, p. 879). Contudo, assegura ele, os mortais comuns não veem nada a não ser mero ideograma. Ele compara isso a ser incapaz de ver a forma de uma pessoa no escuro. “No entanto, esse ideograma myo é, em si, um buda” (Ibidem), reitera Daishonin. Em Registro dos Ensinamentos Transmitido Oralmente, ele também expressa: “Manter o Sutra do Lótus consiste em manter a crença no fato de que nosso corpo é o corpo do Buda” (OTT, p. 96). O corpo de cada um de nós, mortais comuns, é o corpo do Buda — esse é o benefício de se manter a Lei Mística. Na mesma carta, Daishonin diz: “Além disso, o ideograma myo são a lua, o sol, as estrelas, um espelho, vestimentas, alimento, flores, a grande terra, o grande mar” (WND, v. II, p. 879-880). Todos os infinitos benefícios do universo, da natureza e dos seres humanos estão contidos no simples ideograma myo. Myo também é descrito como a joia da realização dos desejos, denotando que podemos produzir imensuráveis tesouros conforme nossa vontade. O benefício desfrutado por aqueles que recitam Nam-myoho-renge-kyo e se mantêm inabaláveis na fé é de fato colossal. Trata-se de algo que passamos a perceber com o tempo, pois o verdadeiro benefício da fé na Lei Mística é inconspícuo. Um broto finca sólidas raízes na terra, crescendo gradativamente no decorrer do tempo, tornando-se uma robusta árvore que não se curva com rajadas de ventos ou tempestades. De modo semelhante, por meio da fé resoluta na Lei Mística, cada um de nós gradativamente se desenvolve de forma esplêndida, de um jeito só nosso, produzindo ramos de boa sorte e benefício e fazendo desabrochar magníficas flores de felicidade tanto para nós como para os outros. Toda sensei também descrevia o benefício inconspícuo como alcançar uma condição de felicidade absoluta. Isso significa obter uma condição de vida vasta e ilimitada, na qual o fato de estar vivo é, em si, uma alegria. A continuidade da fé resoluta significa desafiar a nós mesmos a cada dia Na sequência da passagem de Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, que citei antes, Daishonin afirma: “Manter o corpo do Buda significa manter a crença de que fora do nosso próprio corpo não há Buda algum” (OTT, p. 97). É essencial que “mantenhamos o ideograma myo”, com a convicção de que cada um de nós possui a supremamente digna condição de vida do estado de buda. “Manter”, nesse contexto, refere-se à continuidade da fé resoluta até o fim. “Resoluta” significa renovar a determinação a cada dia, desafiar a nós mesmos a cada dia, e avançar, crescer e triunfar a cada dia. Daishonin ensina: “Possuir uma fé como a água significa crer continuamente, sem jamais retroceder” (CEND, v. II, p. 163). Com isso, ele quer dizer que devemos continuar nos lapidando e nos aprimorando com base na fé na Lei Mística. Ele também escreve: “Seja diligente em aprofundar sua fé até o último momento de sua vida. Do contrário, irá se arrepender” (Ibidem, p. 294). Não importando o que aconteça, devemos despertar uma fé cada vez mais forte e seguir em frente de forma tenaz e positiva, de modo que não tenhamos arrependimentos. Aqueles que realizam esforços sinceros e resolutos na fé jamais sucumbirão ao desespero. Fé é a suprema fonte de esperança, pois nos habilita a encontrar significado em cada situação e a evidenciar a sabedoria e a força para dar um passo adiante. O verdadeiro benefício da fé no Budismo Nichiren é esse benefício inconspícuo de edificar uma condição de vida inabalável e indestrutível. Enquanto estava exilado na Ilha de Sado,10 Daishonin declarou: “Eu, Nichiren, sou o homem mais afortunado do Japão atual” (Ibidem, v. I, p. 280). Essa é a condição de vida do Buda dos Últimos Dias da Lei. Nem mesmo a mais dura perseguição poderia suprimir o espírito dele. Nós, da Soka Gakkai, que praticamos os ensinamentos de Nichiren Daishonin e nos dedicamos ao kosen-rufu, estamos dando continuidade a esse espírito. O Budismo Nichiren é a religião que cultiva pessoas sábias e fortes — pessoas de integridade e de caráter extraordinários. É a religião da revolução humana. Ajudando as pessoas a transformar a vida, a Soka Gakkai desenvolveu uma rede de paz, cultura e educação que se estende pelo mundo todo. Trecho do escrito 2 Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente11 Agora, na mente de Nichiren e de seus seguidores, o que é insuperável é o Nam-myoho-renge-kyo. Dentre todas as coisas insuperáveis, é a que detém a posição mais alta. É a [Lei Mística] descrita (...) como uma concentração de joias insuperáveis é o Nam-myoho-renge-kyo, a concentração de joias que representam todos os paramita,12 as dez mil práticas religiosas e as dez mil boas ações de todos os budas das três existências — passado, presente e futuro. Sem trabalho ou dificuldade, sem práticas religiosas ou boas ações, essa concentração de joias insuperáveis pode se tornar nossa por meio da simples palavra “fé” [isto é, por meio da recitação da simples frase Nam-myoho-renge-kyo com fé]. Esse é o significado de fugu jitoku, isto é, “veio a nós sem que a tivéssemos buscado”. O ideograma ji na expressão jitoku (veio a nós sem que a tivéssemos buscado) refere-se aos dez mundos, ou seja, a concentração de joias é conquistada, sem exceção, em cada um dos dez mundos. Isso é conhecido como o verdadeiro aspecto de todos os fenômenos.13 Portanto, essa passagem afirma que o buda Shakyamuni da iluminação perfeita14 não é nada além da carne e do sangue de nós, seres vivos. Devem refletir sobre isso com muita atenção. (OTT, p. 97) Benefícios ilimitados e imensuráveis Estudemos agora essa passagem de Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente a qual afirma que aqueles que permanecem inabaláveis na fé alcançam benefícios ilimitados e imensuráveis. O presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi sublinhou fortemente esse trecho em seu exemplar dos escritos de Nichiren Daishonin que foi confiscado pelas autoridades durante a Segunda Guerra Mundial. No capítulo 4, “Fé e Compreensão”, do Sutra do Lótus, encontramos as palavras: “Essa concentração de joias insuperáveis / veio a nós sem que a tivéssemos buscado” (LSOC, cap. 4, p. 124). O Sutra do Lótus explica, pela primeira vez, que os praticantes dos dois veículos — ouvintes da voz e os que despertaram para a causa — podem atingir o estado de buda.15 Os sutras anteriores os denunciavam rigorosamente e negavam essa possibilidade. Ao ouvirem esse ensinamento, os discípulos dos dois veículos, que haviam praticamente abandonado a esperança de atingir o estado de buda, alegram-se, estimulando Mahakashyapa a exclamar em nome deles: “Essa concentração de joias insuperáveis veio a nós sem que a tivéssemos buscado”. O Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente declara que essa “concentração de joias insuperáveis” é o Nam-myoho-renge-kyo, que contém os benefícios de todos os budas das dez direções e das três existências. Isso porque a Lei Mística se posiciona no ápice de todas as coisas insuperáveis (cf. OTT, p. 59). A “concentração de joias insuperáveis” também indica a condição de vida do estado de buda e nossa própria vida, que possui esse potencial. Todos nós, portanto, possuímos igualmente a joia suprema e insuperável que é a natureza de buda. Estabelecer uma nobre condição de vida de felicidade durante esta existência Daishonin então esclarece o significado da frase “veio a nós sem que a tivéssemos buscado”: “Sem trabalho ou dificuldade, sem práticas religiosas ou boas ações, essa concentração de joias insuperáveis podem se tornar nossa por meio da simples palavra ‘fé’ [isto é, por meio da recitação da simples frase Nam-myoho-renge-kyo com fé]” (OTT, p. 59). A expressão “Sem trabalho ou dificuldade, sem práticas religiosas ou boas ações” não significa meramente sem nenhum esforço ou empenho na prática. Os ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus expunham que a iluminação só poderia ser atingida realizando-se incalculáveis éons de prática budista. Em contraposição, ao revelar a essência do Sutra do Lótus, Nichiren Daishonin esclareceu que qualquer um pode atingir o estado de buda nesta existência. Mantendo a Lei Mística, na qual tanto a causa como o efeito estão presentes simultaneamente (cf. WND, v. II, p. 517),16 obtemos prontamente essas joias insuperáveis “sem trabalho ou dificuldade, sem práticas religiosas ou boas ações” realizadas ao longo de incalculáveis éons em busca da iluminação. Alcançamos imediatamente a condição de vida do estado de buda. Além disso, Daishonin diz: “Essa concentração de joias insuperáveis pode se tornar nossa por meio da simples palavra “fé” [isto é, por meio da recitação da simples frase Nam-myoho-renge-kyo com fé]” (OTT, p. 59). O Budismo Nichiren ensina que o próprio Nam-myoho-renge-kyo é a “prática de ‘abraçar’ é, em si, observar a mente” (juji-soku-kanjin) Abraçando a fé no Gohonzon e realizando nossa prática budista com constância e firmeza, nós nos colocamos no caminho certo para a felicidade e obtemos o insuperável tesouro da iluminação, mesmo sem buscá-lo de forma consciente. Esse tesouro “veio a nós sem que [o] tivéssemos buscado”, significando que não nos é concedido por ninguém. Nós mesmos o obtemos. Por isso, jamais devemos abandonar nossa fé. Dúvida, indolência e arrogância são nossas maiores inimigas. Devemos nos esforçar resoluta e consistentemente em nossa prática budista. Assim, seremos capazes de atingir vasta condição de vida além de nossa imaginação, na qual poderemos “viver felizes e tranquilos” (cf. LSOC, cap. 16, p. 272)17 e desfrutar a “ilimitada alegria da Lei”.18 As experiências de inumeráveis membros da Soka Gakkai ao redor do mundo atestam essa verdade. Fazendo um retrospecto de sua vida, muitos relatam que, ao realizarem a prática com seriedade, conquistaram naturalmente sólidos benefícios, ultrapassando todos os tipos de dificuldades e usufruindo uma condição de vida serena e livre. “Tudo de que preciso vem a mim naturalmente” Toda sensei afirmou: “Minha condição de vida interior neste momento é como se eu estivesse esparramado sobre uma vastidão infinita de nuvens brancas fofinhas no alto do céu. Tudo vem a mim sem eu buscar. Onde conquistei esse benefício? Na prisão, onde passei dois anos. Mas a época hoje é diferente, e vocês não precisam ir para a cadeia. Tudo o que necessitam fazer é devotar sua jovem vida à nobre missão pelo kosen-rufu, trabalhando incansavelmente para concretizar esse objetivo”. Dedicando-nos ao kosen-rufu, podemos desfrutar uma condição de vida de suprema felicidade sem falta. Propagar a filosofia de respeito pela dignidade da vida para o mundo Em última análise, propiciar uma transformação interior na vida das pessoas por meio de diálogos individuais constitui a base para transformar o destino da humanidade. Quando, uma a uma, as pessoas mudam, a base espiritual da sociedade também muda. Nosso movimento da revolução humana consiste em estabelecer a filosofia de respeito pela dignidade da vida na sociedade mediante “uma revolução saudável, pacífica e gradativa delas mesmas [as pessoas]”.19 A Dra. Ela Gandhi, neta de Mahatma Gandhi, teceu comentários sobre as atividades da Soka Gakkai para difundir a filosofia de respeito pela dignidade da vida. Ela observou que a SGI compartilhava de muitos valores que pautaram as ações de Gandhi, como a não violência, a consciência e o espírito de autodisciplina dele.20 Pessoas criteriosas do mundo inteiro depositam grande expectativa em nosso movimento dedicado a desenvolver o potencial positivo de cada indivíduo e a solidariedade entre todas as pessoas. Partindo intrepidamente rumo ao centenário da Soka Gakkai Em todas as partes, estão surgindo jovens para assumir esse desafio de transformar a sociedade por meio da transformação individual. O “jovem sol levanta-se hoje também”.21 Ele ilumina o mundo radiantemente com a compassiva luz do humanismo budista. Nosso objetivo é concretizar o ideal de Nichiren Daishonin de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”, a partir da revolução humana de cada pessoa. Agora que estamos seguindo intrepidamente rumo ao centenário da Soka Gakkai, nossa missão é maior que nunca. Compartilharei os versos finais de Ode à Juventude com meus queridos amigos da Divisão dos Jovens, incumbidos da missão de abrir caminhos para o avanço do kosen-rufu no século 21: Jovens! Sobrevivam! Sobrevivam a todo custo. Como promotores da gloriosa evolução global, façam seu triunfo na história resplandecer. O jovem sol das 8 horas levanta-se hoje também! Levanta-se no ritmo do palpitar do coração dos jovens!22 (Daibyakurenge, edição de dezembro de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI Resumo Estudo — Março 2024 Principais tópicos estudados Myo “Myo também é descrito como a joia da realização dos desejos, denotando que podemos produzir imensuráveis tesouros conforme nossa vontade. O benefício desfrutado por aqueles que recitam Nam-myoho-renge-kyo e se mantêm inabaláveis na fé é de fato colossal. Trata-se de algo que passamos a perceber com o tempo, pois o verdadeiro benefício da fé na Lei Mística é inconspícuo.” Benefícios ilimitados e imensuráveis “A ‘concentração de joias insuperáveis’ também indica a condição de vida do estado de buda e nossa própria vida, que possui esse potencial. Todos nós, portanto, possuímos igualmente a joia suprema e insuperável que é a natureza de buda.” Transformar a sociedade por meio da transformação individual “Nosso objetivo é concretizar o ideal de Nichiren Daishonin de ‘estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra’, a partir da revolução humana de cada pessoa. Agora que estamos seguindo intrepidamente rumo ao centenário da Soka Gakkai, nossa missão é maior que nunca.” Frases marcantes “Tenho uma missão que é só minha. Você também tem uma, a missão que só você pode cumprir.” “Fé é a suprema fonte de esperança que nos habilita a encontrar significado em cada situação e evidenciar a sabedoria e a força para dar um passo adiante.” “Jovens! Sobrevivam! Sobrevivam a todo custo. Como promotores da grandiosa evolução global. Façam seu triunfo na história resplandecer. O jovem sol das 8 horas levanta-se hoje também! Levanta-se no ritmo do palpitar do coração dos jovens!” “Quando, uma a uma, as pessoas mudam, a base espiritual da sociedade também muda. Nosso movimento da revolução humana consiste em estabelecer a filosofia de respeito pela dignidade da vida na sociedade mediante ‘uma revolução saudável, pacífica e gradativa delas mesmas [as pessoas]’”. “O Budismo Nichiren é a religião que cultiva pessoas sábias e fortes — pessoas de integridade e de caráter extraordinários. É a religião da revolução humana. Ajudando as pessoas a transformar a vida, a Soka Gakkai desenvolveu uma rede de paz, cultura e educação que se estende pelo mundo todo. Personalidades e personagens budistas citados - Mahatma Gandhi (1869-1948) Foi o grande nome da luta dos indianos pela independência da Índia; - Tiantai; - Shakyamuni; - Monja leiga Myoshin; - Dra. Ela Gandhi - (neta de Mahatma Gandhi); - Tsunesaburo Makiguchi; - Josei Toda. Perguntas-guia para as atividades de estudo Qual o verdadeiro benefício da fé no Budismo Nichiren? Fazendo um retrospecto de sua vida, muitos [membros da SGI] relatam que, ao realizarem a prática com seriedade, conquistaram naturalmente sólidos benefícios, ultrapassando todos os tipos de dificuldades e usufruindo uma condição de vida serena e livre. Qual a base para transformar o destino da humanidade? É propiciar uma transformação interior na vida das pessoas por meio de diálogos. Quando, uma a uma, as pessoas mudam, a base espiritual da sociedade também muda. Nosso movimento da revolução humana, consiste em estabelecer a filosofia de respeito à dignidade da vida na sociedade mediante “uma revolução saudável, pacífica e gradativa, desi mesmas”. O que significa “manter fé resoluta”? Expressa a continuidade da fé resoluta até o fim. “Resoluta” significa renovar a determinação a cada dia, desafiar a nós mesmos a cada dia e avançar, crescer e triunfar a cada dia. Qual o nosso objetivo rumo ao centenário da Soka Gakkai? Nosso objetivo é concretizar o ideal de Nichiren Daishonin de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”, a partir da revolução humana de cada pessoa. Agora que estamos seguindo intrepidamente rumo ao centenário da Soka Gakkai, nossa missão é maior que nunca. No topo: Desabrochar das flores de lótus no Centro Cultural Campestre da BSGI (Itapevi, SP, jan. 2024) Foto: BS Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Song of Youth [Ode à Juventude]. Songs from My Heart: Poems of Life and Nature [Cânticos do Meu Coração: Poemas sobre a Vida e a Natureza]. Tradução: Burton Watson. Londres: I. B. Tauris, 2015. p. 5. 2. Ibidem, p. 11. 3. GANDHI, Mahatma. The Collected Works of Mahatma Gandhi [Coletânea de Obras de Mahatma Gandhi]. Nova Délhi: Departamento de Publicações do Ministério da Informação e Radiodifusão, Governo da Índia, 1992, v. 10, p. 27, novembro de 1909-Março de 1911. 4. Nichiren Daishonin escreveu essa carta no quinto mês de 1280, em resposta aos sinceros oferecimentos que recebeu da monja leiga Myoshin. Além de compartilhar lembranças do falecido marido dela, Daishonin explica que a Lei Mística é a semente para atingir o estado de buda e, como fonte de todos os benefícios, também é descrito como a “joia da realização dos desejos”. 5. Tiantai (538–597): Também conhecido como Zhiyi, Tiantai Zhizhe, grande mestre Tiantai e grande mestre Zhizhe. Fundador da escola Tiantai na China. Suas preleções foram compiladas em obras como Profundo Significado do Sutra do Lótus, Palavras e Frases do Sutra do Lótus e Grande Concentração e Discernimento. 6. Fonte desconhecida. 7. “Trinta e dois aspectos e oitenta características”: Aspectos físicos extraordinários atribuídos aos budas e bodisatvas. Na maioria dos casos, o termo se refere às qualidades distintas de um buda. 8. “Joia da realização dos desejos”: Joia que tem o poder de satisfazer qualquer desejo, e que simboliza a grandiosidade e a virtude do Buda e das escrituras budistas. 9. Daishonin escreve: “Sua fé, que se fortalece cada vez mais, é admirável, de fato admirável!” (WND, v. II, p. 877). 10. Exílio em Sado: Exílio de Nichiren Daishonin na Ilha de Sado, na costa centro-oeste do Japão, entre o décimo mês de 1271 e o terceiro mês de 1274. Depois da tentativa fracassada de executá-lo em Tatsunokuchi, as autoridades o condenaram no mês seguinte ao exílio na Ilha de Sado, o que equivalia a uma sentença de morte. No entanto, quando as previsões de Nichiren Daishonin sobre conflitos internos e invasão estrangeira se concretizaram, o governo emitiu um indulto no terceiro mês de 1274, e ele retornou a Kamakura. 11. Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente: Dois volumes de preleções que Nichiren Daishonin proferiu sobre algumas das principais passagens do Sutra do Lótus enquanto residia no Monte Minobu. Foram registradas por Nikko Shonin. 12. Paramita: Práticas que os bodisatvas do Mahayana devem realizar para alcançar a iluminação. De modo geral, o termo paramita é interpretado como “perfeição” ou “ter alcançado a margem oposta”, ou seja, ir da margem da ilusão para a margem da iluminação. São comumente divididos em seis ou dez paramita. 13. “Verdadeiro aspecto de todos os fenômenos”: A verdade última ou a realidade que permeiam todos os fenômenos e que não são de modo algum separados deles. Pela explicação dos “dez fatores”, o capítulo 2, “Meios Apropriados”, do Sutra do Lótus, ensina que todas as pessoas são dotadas do potencial para se tornar budas e esclarece a verdade de que todos podem despertar e manifestar esse potencial. 14. Iluminação perfeita constitui o último e mais alto estágio de cinquenta e dois estágios da prática do bodisatva, ou estado de buda. É o estágio na qual se erradica a ignorância fundamental da escuridão. 15. Iluminação das pessoas dos dois veículos: Na primeira metade do Sutra do Lótus, as pessoas dos dois veículos — ouvintes da voz e aqueles que despertaram para a causa — recebem a profecia do buda Shakyamuni de que atingirão o estado de buda em eras futuras. Essa profecia refuta a visão dos ensinamentos do Mahayana provisório, que negavam às pessoas dos dois veículos a possibilidade de atingir o estado de buda, por elas buscarem apenas a salvação própria e não se empenharem para salvar os outros. O Sutra do Lótus afirma que elas praticarão o caminho do bodisatva e atingirão o estado de buda. 16. “Simultaneidade de causa e efeito” (inga guji): Princípio de que tanto a causa como o efeito existe juntos, simultaneamente, num simples momento da vida. “Causa”, nesse contexto, refere-se à prática para atingir o estado de buda, e “efeito”, à consecução do estado de buda. A “simultaneidade de causa e efeito” significa que tanto os nove mundos — do inferno ao bodisatva — e o mundo dos budas são inerentes à vida. 17. No capítulo 16, “A Extensão da Vida”, do Sutra do Lótus, o mundo em que vivemos é descrito como um lugar “onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos” (LSOC, cap. 16, p. 272). Isso significa que o mundo saha, normalmente considerado uma terra de sofrimento, na verdade, é a Terra da Luz Eternamente Tranquila, ou a terra do Buda, onde todos os seres vivos podem experimentar a maior das alegrias. 18. Ilimitada alegria da Lei: A suprema e definitiva felicidade do Buda, o benefício da Lei Mística. Em A Felicidade neste Mundo, Daishonin afirma: “Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar o Nam-myoho-renge-kyo. O sutra diz: ‘...onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos’ [LSOC, cap. 16, p. 272]. A que outro significado essa passagem poderia se referir senão à ilimitada alegria da Lei?” (CEND, v. I, p. 713). 19. IKEDA, Daisaku. Song of Youth, op. cit., p. 11. 20. Com base em uma entrevista veiculada na edição do Seikyo Shimbun de 14 de agosto de 2020. 21. IKEDA, Daisaku. Song of Youth, op. cit., p. 14. 22. Ibidem.

01/03/2024

Estudo

[67] A luta conjunta dos bodisatvas da terra é a fonte de esperança para transformar os Últimos Dias da Lei

Explanação O escritor e poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749–1832) expressou: “Esta Terra é a fonte de todas as minhas alegrias, e este Sol brilha sobre as minhas tristezas”.1 Considerando a Terra como palco, executamos o bailado de nossa missão. Elegendo o Sol como companhia, transmitimos a luz da esperança a todos. É assim que vivemos como membros da Soka Gakkai. O importante é fazermos uso do poder que existe nas profundezas do nosso ser e continuarmos seguindo em frente com sagacidade e força. Neste exato momento, o mundo inteiro está diante de uma grande crise em virtude da pandemia sem precedentes da Covid-19. No entanto, mesmo a peste negra, epidemia que assolou a Europa no século 14, uma vez superada, acarretou a Renascença, grande revitalização e renascimento cultural. Assim é a história da humanidade — respondendo a cada crise com coragem e sabedoria, elevando-se a novas alturas. Acredito firmemente que, não importando quão profunda seja a escuridão, o Budismo do Sol iluminará a humanidade com sua luz resplandecente. Movimento popular unindo o mundo Hoje, os membros da Soka Gakkai atuam em todos os cantos do globo. Eles se empenham confiantes, propagando a filosofia da esperança e da renovação do Budismo Nichiren. De cabeça erguida e a voz entoando alto canções de vitória indômita, avançam a passos largos, assinalando novos progressos em nosso movimento popular sem igual. Nichiren Daishonin com certeza está aplaudindo esta coletividade de pessoas comuns, de bodisatvas da terra, que se encontra em pé de igualdade com a assembleia do Sutra do Lótus. Quão encantados os presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda ficariam se pudessem ver nosso desenvolvimento! Soka Gakkai, organização dedicada a criar “valores humanos” A Soka Gakkai foi fundada em 18 de novembro de 1930. Essa também foi a data da publicação do primeiro volume de Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor], o pináculo de sua filosofia pedagógica compilada com o empenho de seu fiel discípulo, Josei Toda. Naquele dia, o nome Soka Kyoiku Gakkai (literalmente, Sociedade Educacional de Criação de Valor; precursora da Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor]) fez sua estreia pública. As palavras de abertura dessa grande obra, cristalização dos esforços de mestre e discípulo, destacavam: “‘Pedagogia de criação de valor’ constitui um sistema metodológico para cultivar indivíduos capazes de criar valor, que é o propósito da vida”.2 A educação Soka, ou pedagogia de criação de valor, é um sistema para desenvolver pessoas capazes de criar valor. Ela se propõe a elevar e a enriquecer o caráter de cada uma delas para esse fim.3 Como a felicidade reside na criação de valor, a educação Soka se empenha em cultivar pessoas que trabalhem não só pela própria felicidade, como também pela felicidade dos outros. O foco sempre incide no ser humano. Uma vida contributiva, altruística Em Jinsei Chirigaku [Geografia da Vida Humana],4 obra revolucionária de sua juventude, Makiguchi sensei expressou a visão de que a direção futura da humanidade deveria ser a busca daquilo que ele denominava “competição humanitária”. Em contraste com outras formas de competição, segundo explicou, “Os objetivos da competição humanitária não se resumem unicamente a interesse próprio, mas consistem em se esforçar para proteger e aprimorar tanto a própria vida como a dos demais. Em outras palavras, significa escolher caminhos que sirvam e beneficiem os outros e a nós também. Significa engajar-se de modo consciente em uma vida comunitária”.5 Cerca de trinta anos mais tarde, em Sistema Pedagógico de Criação de Valor, Makiguchi sensei discorreu sobre um processo em três etapas, passando de uma vida dependente para uma vida independente e, por fim, para uma vida contributiva.6 A última, vida contributiva, não é outra senão o modo de vida do bodisatva, o espírito da prática altruística ensinada no budismo Mahayana. Durante a Segunda Guerra Mundial, o presidente Makiguchi declarou: “Não existe Buda egoísta que simplesmente acumula benefícios pessoais e não trabalha para o bem-estar dos outros. A menos que efetuemos a prática do bodisatva, não poderemos atingir o estado de buda”.7 Ele proferiu essas palavras um pouco mais de seis meses antes de ser preso, junto com Josei Toda, pelo governo militarista da época da guerra como parte de uma campanha de repressão religiosa. “Chegou a hora de os indivíduos capazes de grande criação de valor, aqueles que incorporam o espírito dos bodisatvas da terra, se apresentarem! — esse foi o objetivo que Makiguchi sensei perseguiu desde a juventude e esclareceu de maneira ainda mais ampla após fundar a Soka Gakkai. Uma coletividade inigualável de bodisatvas no mundo Em 18 de novembro de 1944, Makiguchi sensei morreu numa fria cela de prisão. Por uma misteriosa coincidência, na mesma época, seu discípulo sucessor, Josei Toda, que vinha devotando a vida ao ler o Sutra do Lótus também em cárcere, despertou para sua identidade como bodisatva da terra. “Somos todos bodisatvas da terra que escolheram nascer na era maléfica dos Últimos Dias da Lei, de acordo com nosso juramento pelo kosen-rufu!” Foi graças a essa percepção de Toda sensei que a Soka Gakkai assumiu seu verdadeiro papel como coletividade de “valores humanos” dedicados à prática do bodisatva, desejo de Makiguchi sensei desde a fundação da organização. Além disso, como resultado, conectando-se diretamente a Nichiren Daishonin, “...o único que tomou a iniciativa de conduzir a tarefa confiada aos bodisatvas da terra” (CEND, v. I, p. 404), a Soka Gakkai desenvolveu-se como uma sólida e harmoniosa comunidade de bodisatvas da terra, eternamente devotada a concretizar o kosen-rufu por meio da propagação compassiva da Lei Mística. Nesta edição, iniciaremos estudando uma passagem de Os Cinco Critérios para a Propagação e ratificando que os bodisatvas da terra são especialmente equipados para conduzir as pessoas à iluminação na conturbada era dos Últimos Dias da Lei. Trecho do escrito 1 Os Cinco Critérios para a Propagação Mas os grandes bodisatvas tão numerosos quanto as partículas de pó de mil mundos que emergiram da terra, primeiro, viveram neste mundo saha8 por um período incalculavelmente longo; segundo, eram discípulos do buda Shakyamuni desde o passado muito remoto, quando ele determinou atingir a iluminação pela primeira vez; e, terceiro, esses bodisatvas foram as primeiras pessoas no mundo saha a receber do Buda a semente do estado de buda. Portanto, no que se refere aos laços cármicos do passado que os unem ao mundo saha, eles superam os outros grandes bodisatvas.9 (WND, v. II, p. 550) A missão de propagar a Lei Mística nos Últimos Dias da Lei Nesse escrito, Nichiren Daishonin explica que a Lei Mística — expressa como os “cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo”10 (WND, v. II, p. 549) — é a Lei essencial para a iluminação de todas as pessoas nos Últimos Dias da Lei e que ninguém, a não ser os bodisatvas da terra, a propagará no mundo saha repleto de sofrimentos. O capítulo 21, “Os Poderes Sobrenaturais d’Aquele que Assim Chega”, do Sutra do Lótus, que descreve a grandiosa cerimônia na qual Shakyamuni confia essa tarefa aos bodisatvas da terra, começa com as seguintes palavras: “Nesse momento, os bodisatvas e mahasatvas,11 que haviam emergido da terra, tão numerosos quanto as partículas de pó de mil mundos (...) (LSOC, cap. 21, p. 314). Logo, os “grandes bodisatvas tão numerosos quanto as partículas de pó de mil mundos que Daishonin menciona nessa carta referem-se aos incontáveis bodisatvas da terra liderados pelo bodisatva Práticas Superiores.12 Ele então apresenta três características que os definem. Primeira, eles fazem deste conturbado mundo saha seu lar. Há muito tempo, eles vêm empreendendo ações com base em seu juramento seigan de que este é o local ao qual estão destinados e o palco onde cumprirão sua missão. Segunda, são os discípulos diretos do Buda desde a iluminação dele no remoto passado. Eles vêm se empenhando constantemente ao lado do Buda naquela que poderíamos denominar de jornada eterna da luta conjunta de mestre e discípulo. Terceira, são os bodisatvas que figuravam entre os primeiros de todos os seres vivos do mundo saha a receber do Buda a semente da iluminação no remoto passado. Por sua vez, eles plantam as sementes do estado de buda13 no coração das pessoas dos Últimos Dias da Lei. Assim, assumir intrepidamente a liderança de propagar a Lei Mística, sem se deixar deter por nenhum obstáculo, é a marca registrada dos bodisatvas da terra. O mundo saha é onde cumprimos nossa missão Essa é a maravilhosa natureza dos “verdadeiros discípulos que o Buda manteve ocultos nas profundezas da terra” (cf. CEND, v. I, p. 489). Os bodisatvas da terra compartilham um forte vínculo com o Buda desde o remoto passado. São bodisatvas ligados por um profundo laço cármico e pela missão que escolheram nascer nos Últimos Dias da Lei. Nichiren Daishonin os descreve como “grandes bodisatvas (...) que haviam sido discípulos d’Aquele que Assim Chega Shakyamuni, desde [que ele atingiu pela primeira vez o estado de buda] kalpa de partículas de pó de incontáveis grandes sistemas de mundos no passado. Esses grandes bodisatvas não se esqueceram do Buda por um instante sequer” (Ibidem, p. 434). No Sutra do Lótus, os habitantes do mundo saha são considerados possuidores de capacidade inferior para compreender a Lei e descritos como “dados à corrupção e ao mal, acometidos de extrema arrogância, superficiais em benesses, irascíveis, confusos, aduladores e desonestos, e o coração deles não é sincero” (LSOC, cap. 13, p. 230). No entanto, é neste mundo intensamente desafiador que os bodisatvas da terra surgem com seu juramento de propagar a Lei Mística. O vicejar de lindas “flores humanas” emergidas da terra nos cinco continentes Os bodisatvas da terra são firmes em sua determinação e não têm medo. São pacientes e perseverantes, e invencíveis diante de quaisquer adversidades. Empenham-se corajosamente no diálogo, jamais se deixando intimidar por ninguém. E assim como o lótus crescendo num lago lamacento produz flores puras e imaculadas, eles praticam resolutamente o caminho do bodisatva em meio ao lamaçal e atoleiro deste mundo problemático. É exatamente dessa forma que nossos membros vêm propagando a Lei Mística. A Soka Gakkai é uma coletividade de bodisatvas da terra que entraram em ação, fazendo deste mundo saha o palco de seus esforços. Eles surgiram em todas as partes do globo. Toda sensei estava convicto de que havia chegado o tempo para os bodisatvas emergirem e começarem a trabalhar na concretização do kosen-rufu de comprovação,14 e clamou aos membros com calorosa intimidade: “Meus queridos amigos, bodisatvas da terra, vamos assumir o desafio!”. Referindo-se ao magnífico espetáculo de incalculáveis bodisatvas da terra surgindo na assembleia do Sutra do Lótus, Daishonin escreve que eles “Reuniram-se no ar como uma grande concentração de estrelas” (CEND, v. I, p. 361). Em outras palavras, assemelham-se a deslumbrantes constelações cobrindo o céu noturno, cada estrela resplandecendo com a própria nobreza e brilho. No Sutra do Lótus, encontramos outra belíssima metáfora — a das “flores humanas” (LSOC, cap. 5, p. 142). Assim como miríades de flores desabrocham em esplêndida profusão quando recebem uma chuva revitalizadora, nós também podemos florescer brilhantemente quando nutridos pela “chuva do Darma” do ensinamento do Buda (cf. LSOC, cap. 5, p. 140). Podemos dar plena expressão às nossas qualidades singulares, tão diversas como as flores de “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro” (cf. OTT, p. 200), e produzir abundantes frutos de paz, cultura e educação na sociedade. Hoje, à semelhança das estrelas e do Sol, nossos membros estão propagando a luz da esperança em sua respectiva comunidade e no mundo. Eles desabrocham, com toda a beleza, como “flores humanas”, nobres bodisatvas da terra, nos cinco continentes. Esse é realmente um jubiloso motivo de celebração sem precedentes na história do budismo. Superar o egoísmo é o tema da civilização Um dos temas que o respeitado historiador britânico Arnold J. Toynbee (1889–1975) e eu discutimos em nosso diálogo foi como os seres humanos podem superar o egoísmo. O Dr. Toynbee observou que o “altruísmo, em contraste com o egoísmo, é um tour de force”.15 Ou seja, requer grande esforço, força e engenhosidade. Concordo plenamente com a análise dele. Falei-lhe sobre a condição de vida do bodisatva, que todos nós possuímos inerentemente, descrevendo-a como “o estado de altruísmo — a alegria de ajudar os outros”.16 Como constata Nichiren Daishonin: “Ao acender uma tocha para os outros, a pessoa iluminará o próprio caminho” (WND, v. II, p. 1060). Quando fazemos algo pelos outros, também beneficiamos a nós mesmos; iluminamos tanto o nosso futuro como o dos demais. Beneficiar os outros resulta em beneficiar a nós próprios. Quando nós, praticantes do Budismo Nichiren, oramos e agimos pela felicidade dos outros, expandimos nossa condição de vida e realizamos nossa revolução humana junto com eles. Empenhar-se na prática do bodisatva, portanto, é uma fonte de inigualável felicidade. Cria uma reação em cadeia de alegria. Como afirma Daishonin: “Alegria” significa que tanto a própria pessoa como as outras, juntas, experimentam alegria (...). Tanto a própria pessoa como as outras sentirão a alegria de possuir sabedoria e compaixão” (OTT, p. 146). Essa é a prática essencial do Sutra do Lótus e do budismo Mahayana. Em 1951, ano em que se tornou segundo presidente da Soka Gakkai, Toda sensei escreveu: “Tendo encontrado este auspicioso tempo [o tempo para o kosen-rufu], nós, da Soka Gakkai, firmamos um grande juramento de devoção sem poupar a própria vida e nos levantamos com uma poderosa convicção de que devemos nos engajar num esforço monumental para promover o grande movimento de shakubuku. Quão afortunados somos por avançarmos nesse caminho que conduz ao estado de buda e nos permite degustar a alegria de viver!”.17 De fato, a Soka Gakkai surgiu em consonância com o grande juramento dos bodisatvas da terra. É o mundo dos budas que persistiram em praticar a essência do budismo Mahayana, que consiste em concretizar a felicidade para si e para os outros. Trecho do escrito 2 Wulong e Yilong O sutra [do Lótus, capítulo 2, “Meios Apropriados”] afirma: “Se houver quem ouça a Lei, então, ninguém deixará de atingir o estado de buda” [LSOC, cap. 2, p. 75]. O significado dessa passagem é: se houver cem ou mil pessoas que mantenham este sutra, todas elas, sem exceção, irão se tornar budas.18 (CEND, v. II, p. 366) “Ninguém deixará de atingir o estado de buda” Esse trecho pertence a uma carta, intitulada Wulong e Yilong, endereçada à monja leiga Ueno, mãe de Nanjo Tokimitsu. Nela, Daishonin cita uma passagem do capítulo “Meios Apropriados”, do Sutra do Lótus: “Se houver quem ouça a Lei, então, ninguém deixará de atingir o estado de buda” (LSOC, cap. 2, p. 75). Essas palavras são uma poderosa expressão do juramento seigan original do Buda de habilitar todos os seres vivos a atingir o estado de buda. Daishonin também as menciona como importante prova documental que ratifica que o Sutra do Lótus é o grande ensinamento da iluminação universal. A monja leiga Ueno estava em profundo luto pela morte repentina do seu amado filho caçula. Nesta e em várias outras cartas, Daishonin cita essa mesma passagem do Sutra do Lótus para incentivá-la. Ele também compartilha essas palavras em uma carta enviada à monja leiga Myoichi, que perseverou na prática budista ao longo do período de opressão aos seguidores de Daishonin e da perda do seu marido. Essas palavras aparecem imediatamente após ele encorajá-la com a famosa citação “O inverno nunca falha em se tornar primavera” (CEND, v. I, p. 560).19 Nichiren Daishonin faz menção a essa passagem, mais uma vez, em uma carta à monja leiga Sennichi depois da morte do marido dela, assegurando-lhe que todas “As pessoas que ouvem o sutra, sem uma única exceção, atingirão o estado de buda” (Ibidem, v. II, p. 310). “Ninguém deixará de atingir o estado de buda” — esse foco na felicidade de cada indivíduo compõe o âmago do Sutra do Lótus. O fato de Daishonin oferecer essas palavras a muitas de suas discípulas que enfrentavam adversidades ilustra sua profunda compaixão e determinação de levantar o ânimo delas e impedir que se tornassem infelizes. A vida de cada pessoa é diferente, assim como seus problemas são distintos. Hoje, nossos membros em todo o mundo personificam esse espírito compassivo de, calorosamente, apoiar e demonstrar empatia por aqueles que estão sofrendo e guiá-los à felicidade genuína. Oramos pela felicidade de cada pessoa, encorajando-a e entrando em ação para ajudá-la, enquanto lidamos com nossas próprias dificuldades e tempestades do destino. Por essa razão, a Soka Gakkai foi capaz de edificar um lindo, alegre e harmonioso reino do humanismo budista que poderia ser descrito como um milagre — um reino imbuído do espírito compassivo do Buda. Criar um mundo que valorize cada pessoa A Soka Gakkai consolidou vasta rede popular abrangendo 192 países e territórios e se tornou um movimento religioso mundial. Isso, sem dúvida, se deve à grandiosidade do Budismo Nichiren e ao poderoso benefício do Gohonzon. Mas também é porque valorizamos cada pessoa. Em vez de pensar na humanidade de forma abstrata, encorajamos e estendemos a mão a indivíduos reais, diante dos nossos olhos, que sofrem ou enfrentam adversidades. Alguns deles também se somam a nós na recitação do Nam-myoho-renge-kyo e no empreendimento de ações em prol da felicidade de outras pessoas que fazem parte da vida deles. Nossa rede mundial de bodisatvas da terra foi construída por meio desses incentivos individuais sinceros e consistentes de pessoa a pessoa. Na juventude, eu me tornei discípulo de Toda sensei e recebi dele uma quantidade incrível de incentivos e treinamento pessoal. Em contrapartida, dei tudo de mim para apoiar e encorajar aqueles que encontrei, não importando qual fosse a ocasião ou a circunstância. O budismo — e o Sutra do Lótus, em particular — ensina que todas as pessoas possuem a supremamente nobre natureza de buda e que qualquer uma pode fazê-la brilhar. A vida de cada pessoa é uma torre de tesouro infinitamente preciosa e digna de respeito. Não há uma única pessoa desprovida de dignidade. Em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Nichiren Daishonin expressa: “A Torre de Tesouro não é outra senão todos os seres vivos, e todos os seres vivos nada mais são que a entidade completa do Nam-myoho-renge-kyo” (OTT, p. 230). Despertem para a dignidade inerente à sua vida! Unidos aos companheiros do mundo inteiro, continuem expandindo nossa rede de pessoas que se empenham para revelar seu verdadeiro e mais elevado potencial e para fazer brilhar a dignidade de toda a humanidade!” Essa é a grande odisseia do kosen-rufu, da luta para concretizar o objetivo da iluminação universal. Banir a ignorância fundamental com a “espada afiada” da fé Esse ensinamento de Nichiren Daishonin tem ressonância com o conceito de dignidade que compõe o âmago do princípio dos direitos humanos. A Dra. Donna Hicks, associada do Weatherhead Center for International Affairs (Centro Weatherhead para Assuntos Internacionais), na Universidade Harvard, é uma forte defensora desse princípio. É uma amiga de longa data da Soka Gakkai por meio de sua ligação com Centro Ikeda para a Paz, a Aprendizagem e o Diálogo, em Boston. Em recente entrevista publicada no jornal diário da Soka Gakkai, Seikyo Shimbun, a Dra. Hicks disse: Aprender e falar sobre dignidade nos conduz a um plano mais elevado — alcançamos um nível de consciência mais amplo que aquele em que nos encontrávamos antes. E se você estiver nesse plano mais elevado, enxergará valor em si, nos outros e no mundo à sua volta. Vivenciar essas interconexões significa valer-se de uma preciosa força que poderia eliminar sofrimentos e evitar que os seres humanos brigassem e ferissem uns aos outros. A dignidade desempenha papel essencial na edificação de um mundo pacífico (...). O budismo simplificou da maneira mais bela possível a ideia de revelar nossa natureza humana, revelar nosso profundo valor inerente.20 Bodisatvas da terra são indivíduos de ação que incorporam o espírito do Sutra do Lótus de respeito pelas pessoas. São corajosos heróis que empunham a “espada afiada” da fé21 para aniquilar a ignorância fundamental22 inerente à vida, origem da descrença profundamente arraigada. Combatendo essa natureza maligna inata que causa tanta miséria e infortúnio, eles ensejam o alvorecer da celebração da humanidade e da própria vida e afastam a escuridão de todas as formas de sofrimento. Essa é a missão da Soka Gakkai. Também é por isso que tantas pessoas no mundo todo depositam grande esperança em nosso movimento. Chegou a época em que um número cada vez maior de bodisatvas da terra propaga dinamicamente a luz da esperança em escala global. Junto com os companheiros do remoto passado Certa vez, ofereci este poema aos meus nobres companheiros, bodisatvas da terra: Que cada um de vocês, sem exceção, adorne a vida nesta existência com a felicidade. Mestres e discípulos Soka, convocados por profundos laços místicos, agora se reuniram aqui. Transmitindo a chama da nossa nobre missão para uma pessoa e, então, para outra, prossigamos expandindo nossa grande rede de bodisatvas da terra. O 100º aniversário da Soka Gakkai em 2030 já se encontra à vista. Este mês, em que comemoramos nosso 90º aniversário, assinala o início daquela que será uma década crucial para assegurarmos a base do kosen-rufu mundial como poderosa força para a paz. Mantendo ardentemente o grande juramento seigan dos bodisatvas da terra, continuem seguindo em frente alegremente na jornada da felicidade e da vitória, na jornada da revolução humana e na jornada a luta conjunta de mestre e discípulo — juntos, comigo e com todos os nossos companheiros do remoto passado! (Daibyakurenge, edição de novembro de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Foto registrada por Ikeda sensei da janela do carro quando retornava de Osaka em direção a Tóquio após concluir a 258a visita a Kansai. Enquanto o conjunto habitacional à frente é envolto pelo crepúsculo, as nuvens no céu e no topo do Monte Fuji são tingidas na cor rosa do pôr do sol (Shizuoka, nov. 2007) Foto: Seikyo Press Notas: 1. GOETHE, Johann Wolfgang von. Faust I & II [Fausto I e II]. Tradução: Stuart Atkins (ed.). Goethe’s Collected Works [Coletânea do Obras de Goethe]. v. 2. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1984. p. 43. 2. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. In: Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 5. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1982. p. 13. 3. Ibidem. 4. Tsunesaburo Makiguchi publicou essa obra em outubro de 1903, aos 32 anos. Em contraste com os estudos geográficos tradicionais, reflete as conexões entre o ambiente local e o natural e a vida humana, postulando a existência de uma rica relação de simbiose entre a natureza e os seres humanos. 5. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Jinsei Chirigaku [Geografia da Vida Humana]. In: Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 2. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1996. p. 399. 6. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. In: Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 5. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1982. p. 185. 7. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 10. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 151. Discurso proferido na quinta convenção da Soka Kyoiku Gakkai em 22 de novembro de 1942. 8. Mundo saha: Este mundo, o mundo dos seres humanos, marcado por sofrimentos. Em sânscrito, saha significa “terra”; deriva-se do radical “suportar” ou “resistir”. Por essa razão, nas versões chinesas dos textos budistas, a palavra saha é traduzida como “resistência”. Nesse contexto, o mundo saha indica um lugar no qual as pessoas devem resistir a todos os tipos de sofrimento. 9. Datada de décimo dia do terceiro mês de 1275, essa carta foi endereçada a dois discípulos: Soya Kyoshin e Ota Jomyo. Nela, Daishonin discute a propagação do budismo da Índia para China e para o Japão. Ele aplica o princípio dos cinco critérios para propagação para demonstrar que a Lei, ou o ensinamento supremo a ser disseminado nos Últimos Dias, é a Lei Mística (ou os cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo), que o Buda confiou aos bodisatvas da terra no Sutra do Lótus. 10. Myoho-renge-kyo é escrito com cinco ideogramas chineses, e Nam-myoho-renge-kyo, com sete (nam, ou namu, compreendendo dois ideogramas). Daishonin muitas vezes emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus escritos. 11. Mahasatva: Um “grande ser”, outra designação para bodisatva. 12. Bodisatva Práticas Superiores é o líder dos bodisatvas da terra, os inumeráveis bodisatvas descritos no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, aos quais Shakyamuni confia a missão de propagar a Lei nos Últimos Dias da Lei. Além disso, ele é um dos quatro grandes bodisatvas, junto com Práticas Ilimitadas, Práticas Puras e Práticas Consolidadas. 13. Plantar as sementes do estado de buda: A primeira das três frases sobre semeadura, amadurecimento e colheita, processo pelo qual um buda conduz as pessoas à iluminação, comparado ao crescimento e desenvolvimento de uma planta. Na frase sobre semeadura, o Buda planta as sementes da iluminação no coração das pessoas. O Budismo Nichiren é o budismo da semeadura, concentrando o foco na prática da semeadura, ensinando o princípio fundamental da semente da iluminação ou estado de buda, levando a pessoa a ter fé nele e, então, cultivando essa semente. 14. Kosen-rufu de comprovação: Isso se refere a propagar o ensinamento do Nam-myoho-renge-kyo de Nichiren Daishonin na sociedade. Em outras palavras, consiste em estabelecer a felicidade, a paz e a segurança no mundo real com base na Lei Mística mediante o ato de cada indivíduo levar a cabo sua missão pessoal como bodisatva da terra. 15. TOYNBEE, Arnold J.; IKEDA, Daisaku. Escolha a Vida. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 420. 16. Ibidem, p. 386-387. 17. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 3. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1991. p. 128. 18. Essa carta foi escrita em Minobu, no décimo quinto dia do décimo primeiro mês de 1281, e endereçada à monja leiga de Ueno. 19. Em O Inverno Nunca Falha em se Tornar Primavera, Daishonin escreve: “Aqueles que creem no Sutra do Lótus parecem viver no inverno, mas o inverno nunca falha em se tornar primavera. Desde os tempos antigos, nunca alguém viu ou ouviu dizer que o inverno tenha se convertido em outono ou que uma pessoa que tem fé no Sutra do Lótus tenha se tornado uma pessoa comum. No sutra consta: ‘Se houver quem ouça a Lei, então ninguém deixará de atingir o estado de buda’ [LSOC, cap. 2, p. 75]” (CEND, v. I, p. 560). 20. Artigo do Seikyo Shimbun, de 25 de agosto de 2020. A tradução tem como base a transcrição da entrevista original. 21. Em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Daishonin afirma: “A palavra ‘fé’ é a espada afiada com a qual se enfrenta e vence a escuridão ou a ignorância” (OTT, p. 119-120). 22. Escuridão fundamental ou ignorância fundamental: Ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que dá origem a todas as demais ilusões e desejos mundanos. É a incapacidade de ver ou reconhecer a verdade suprema da Lei Mística, bem como os impulsos negativos que decorrem dessa ignorância.

01/02/2024

Capa

Decida ser feliz!

A esperança é sempre um ponto de partida e um eterno reinício Uma foto feita há mais de trinta anos pela sonda Voyager 1, a uma distância de cerca de 6 bilhões de quilômetros da Terra, mostra nosso planeta como um ponto azul brilhante na vastidão do espaço.1 Carl Sagan (1934–1996), um dos cientistas da missão, fez dessa imagem uma âncora de reflexões e de questionamentos. Em Pálido Ponto Azul, um de seus livros mais emblemáticos, ele revela parte de suas provocações aos seres humanos, em especial sobre quem somos e do lugar que ocupamos neste vasto universo. Ele enfatiza: Nossas atitudes, nossa pretensa importância, a ilusão de que temos uma posição privilegiada no Universo, tudo é posto em dúvida por esse ponto de luz pálida. O nosso planeta é um pontinho solitário na grande escuridão cósmica circundante. Em nossa obscuridade, em meio a toda essa imensidão, não há nenhum indício de que, de algum outro mundo, virá socorro que nos salve de nós mesmos. (...) Tem-se dito que a astronomia é uma experiência que forma o caráter e ensina a humildade. Talvez não exista melhor comprovação da loucura das vaidades humanas do que essa distante imagem de nosso mundo minúsculo. Para mim, ela sublinha a responsabilidade de nos relacionarmos mais bondosamente uns com os outros e de preservarmos e amarmos o pálido ponto azul, o único lar que conhecemos.2 A observação de Sagan não poderia ser mais evidente, no confronto das inconcebíveis cenas que o mundo ainda assiste vindas de diversas regiões, em que a dignidade da vida vem sendo reduzida. A morte de inocentes, a desesperança dos que vivem sem lar, para ficar ou para onde buscar. E isso sem falar dos efeitos de mudanças climáticas, que podem ser sentidos diariamente com o aumento de secas, alagamentos, aumento do nível do mar e outros fatos que apontam para um desequilíbrio ambiental. O ano passado foi exemplo crítico dessas consequências. Estudo divulgado em janeiro indica que 2023 foi um ano de máxima temperatura nunca visto desde 1850.3 Como sabemos, o ser humano é o causador e, ao mesmo tempo, a solução de tudo. Nessa concepção, compreender e atuar pela mudança tornam-se urgentes. Não buscar culpados, mas serem os protagonistas da transformação que anseiam no âmbito individual e coletivo. O budismo é um ensinamento milenar, que procura o equilíbrio das relações humanas a partir do empoderamento de cada pessoa. Esse processo de conversão de uma vida presa aos grilhões do carma para uma disposição renovada de dar o primeiro passo e avançar, fazendo a diferença na sociedade, é denominado “revolução humana”. No cerne desse universo de possibilidades de ser feliz e de inspirar os demais ao redor, encontramos duas assertivas. A primeira é que a verdadeira filosofia não está restrita ao bem-estar dos seus seguidores. Ela estende os braços às pessoas e à sociedade, independentemente de qualquer fator que as separe ou as diferencie. A segunda é compreender que, em essência, não há separação entre a sociedade (ou o ambiente) e o ser humano. Ou seja, a forma como pensamos e nossas ações cotidianas contribuem diretamente para a realidade que aí está. O budismo conceitua essa interdependência pelo princípio de “unicidade da vida e seu ambiente” (esho-funi). Sho vem de shoho, a entidade de vida independente; e vem de eho, o ambiente que sustenta essa vida. Uma vez que a vida humana influencia e depende de seu ambiente, os dois — esho — são inseparáveis — funi. Em termos simples, a teoria de esho-funi afirma que, embora sejam duas entidades separadas no mundo fenomenal, a vida e o ambiente são essencialmente um. Essa é a abordagem oferecida pelo presidente Ikeda no livro Escolha a Vida, fruto de diálogo mantido com o historiador britânico Arnold J. Toynbee na década de 1980, em que ambos reforçavam a necessidade de uma visão humanística como forma de combater a ação humana danosa. “Agora reconhecemos que a poluição é uma ameaça à sobrevivência da humanidade e que não pode ser curada sem a restrição da ganância”,4 alertava o historiador. Para o Dr. Daisaku Ikeda, “Somente vivendo em harmonia com o ambiente natural, numa relação de dar e receber, é possível ao ser humano desenvolver a própria vida com criatividade”.5 O Dr. Toynbee arremata: “Espero ver esho-funi adotado em todo o mundo como uma crença religiosa envolvendo uma obrigação moral”.6 Quando eu mudo... O conceito de esho-funi tem a ver com a maneira de enxergamos a vida cotidiana. Há os que buscam soluções fora de si, sendo tragados pelo ambiente externo. No ambiente profissional e social, às vezes queremos mudar o outro à mercê da própria visão. É como se a sombra quisesse comandar o movimento do corpo. No entanto, o budismo elucida a forma de não sermos influenciados pelo ambiente externo, mas de estarmos convictos da vitória a partir de uma resoluta determinação. Se está em cada um de nós a mudança, tanto no aspecto pessoal quanto global, isso nos torna protagonistas plenos e poderosos. Há um palácio interior de esperança, força e sabedoria a ser despertado. Ser protagonista da própria história requer, portanto, essa coragem de buscar esperança onde nem mesmo exista. Se observarmos o desenrolar da história mundial, fica claro que o despertar para a mudança, a despeito das circunstâncias serem favoráveis ou não, é o que cria as condições de vitória. A Soka Gakkai, que alcançará seu centenário em 2030, é fruto da visão de futuro e da ação destemida de dois educadores: Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda. Apesar de serem perseguidos e presos e, de Makiguchi perder a vida no cárcere, não abriram mão de suas crenças de que a dignidade da vida deveria ser respeitada. Ou seja, a esperança de que a construção de uma sociedade saudável passa necessariamente pela edificação de um forte eu residindo no coração das pessoas comuns. Fundamentados nos ensinamentos de Nichiren Daishonin, Makiguchi e Josei Toda selaram as bases da Soka Gakkai, propiciando aos seus membros construírem uma vida automotivada e expansiva. Isso porque todos aprendem a desafiar limites, a cavar esperança no solo árido do sofrimento e a triunfar sobre a paralisia e o medo. A filosofia humanística da Soka Gakkai iniciada por Makiguchi foi herdada por Josei Toda e abraçada por Daisaku Ikeda, que por mais de setenta anos se dedicou a sedimentar e a expandir a filosofia da esperança pelo mundo, até o seu falecimento em novembro de 2023, aos 95 anos. Uma existência de sabedoria extraordinária. Não importando as diferenças culturais, econômicas e sociais de cada região, os membros Soka experenciam o que Makiguchi sensei referia-se como uma “forma holística de viver”. O presidente Ikeda esclarece: “Ele [Makiguchi] queria dizer uma harmonia criada entre o indivíduo e o todo. Portanto, ele falava de uma situação em que cada pessoa, ao mesmo tempo em que evidencia seu pleno potencial, empenha-se em contribuir para a paz e a prosperidade de toda a sociedade”.7 Essa é a consciência de que somos todos um só. E assim como o cientista Carl Sagan vislumbrava “esta é a nossa casa”, Makiguchi sensei sinalizava há quase cem anos para não termos uma “visão míope do mundo”, que, segundo ele, se referia ao egoísmo de pensar unicamente no ganho pessoal. Essa é a maneira de ser de um budista Soka, o qual estabelece para si um modo de vida em que batalha pela superação de seus dramas, enxerga significado em tudo, extrai valor de cada momento e gera oportunidades de avanço ininterrupto para si e para o outro. Talvez seja por isso que muitos pensam que budista é alguém que parece ser feliz mesmo em meio à mais dura realidade. Porém, em essência, ele transforma sofrimento em felicidade absoluta, pois reconhece sua missão como “bodisatva da terra” — representação elucidativa dos que despertaram para a consciência de que é possível romper as amarras do carma. A capacidade de romper limites O modo budista de ser nos direciona a enxergar os problemas como oportunidades, pois ressignificamos o passado e deixamos de ser apáticos diante da vida. Basta analisar as batalhas diárias que muitas vezes travamos entre avançar e recuar; colocar a mão na massa ou procrastinar, mais uma vez, sonhos e objetivos. Nós crescemos quando nos forçamos a ultrapassar nossos limites, quando desafiamos a nós mesmos a ir além do que julgamos ser capazes. Desse modo, conseguimos romper nossa concha, tornamo-nos fortes, expandimos nossa condição de vida e realizamos nossa revolução humana. Esse é o caminho da prática budista.8 Essa é a tradução de uma vida automotivada e expansiva, que começa com o “levantar-se” com renovada disposição, esperança e vigor na busca pelos objetivos pessoais, ao mesmo tempo em que exercitamos a compaixão em encorajar os que sofrem, com o puro sentimento de trazê-los para a órbita da felicidade. Sim, a felicidade é o que todos almejam, e nem sempre se tem a ideia certa do que significa. O Dr. Daisaku Ikeda constantemente ressaltava sobre as formas de buscar a felicidade, em que muitos perseguem “palácios da felicidade” como fortuna, posição social, fama e popularidade. Ele enfatizava serem como as luzes de vaga-lumes, de uma beleza cintilante, mas que rapidamente se desvanecem. Ele contextualiza: Uma pessoa pode viver numa casa espetacular e rodeada de riquezas, mas se for gananciosa e possuir uma condição de vida baixa, não será feliz no real sentido; na verdade, habitará um palácio da miséria. Em contraste, se a pessoa tem um coração belo, generoso e uma elevada condição de vida, seja qual for sua circunstância atual, com certeza alcançará tanto a felicidade material quanto a espiritual. Isso está de acordo com o princípio budista de “unicidade da vida e seu ambiente” (esho-funi), ou seja, nossa vida e o ambiente em que vivemos são unos, inseparáveis. Quando a pessoa abre o palácio da própria vida, isso conduzirá ao descortinar do “palácio da felicidade” na vida de outras pessoas e do “palácio da prosperidade” na sociedade. Há uma continuidade que se processa entre aquela que abre o palácio da própria vida e as demais que fazem o mesmo. Este é um princípio maravilhoso do budismo.9 Dessa perspectiva, uma vez descoberta a força do nosso “palácio interior”, podemos avançar com segurança, fundamentados na sabedoria budista, da qual nos apropriamos livremente, sem depender de nada que venha de fora. Como conquistar essa condição? O Mestre orienta: “Acessamos esse palácio da nossa vida ao abraçarmos a fé na Lei Mística e recitarmos Nam-myoho-renge-kyo. Em outras palavras, Daishonin ensina que somos capazes de fazer o “palácio de si mesmo” brilhar com insuperável radiância”.10 Trata-se de um empoderamento que gera efeito imediato nas relações humanas, no ambiente familiar e profissional. Assim como a sombra acompanha o corpo, nosso ambiente externo responde pela determinação de uma vida elevada, de propósito, que assumimos. Como cada indivíduo pode exercitar esse modelo de vida compartilhado? Alguns pontos se evidenciam como resultado do teor apresentado até aqui, associados a seguir com trechos de incentivos de Ikeda sensei. São tópicos de ação prática para expandirmos a vida. Supere-se! Vença as vozes internas do negativismo, transpondo os limites de capacidade e força na superação dos objetivos. Qualquer um, a despeito de idade ou gênero, pode evidenciar coragem. Podemos vencer nossa fraqueza interior com o rugido do leão do Nam-myoho-renge-kyo e tomar atitudes para superar as limitações que impusemos a nós mesmos e que nos fazem desistir ou nos contentar com menos do que merecemos.11 Surpreenda-se! No budismo, oramos para manifestar a força do universo que existe dentro da nossa vida. É uma oração de decisão profunda, de aprimorar a vida e transformar qualquer circunstância. A Lei Mística é o maior dos tesouros do universo, portanto, recitar Nam-myoho-renge-kyo [daimoku] significa acumular diariamente tesouros em nossa própria vida. Por outro lado, o daimoku também age para limpar as causas negativas do passado, assim como a água suja e turva é lavada pela água pura e límpida.12 Socialize-se! Semeie esperança! Nada mais forte que todos juntos! Ao sermos ombro e braço dos que sofrem, nossa vida se expande. O humanismo budista é a prática da empatia. Orar para a segurança das pessoas, para a paz no mundo e construir uma sociedade saudável para todas. A paz mundial não é utopia, pois ela começa com as ações de cada pessoa que desafia e vence a própria realidade com base na prática da fé e se torna referência positiva em seu meio. Parece pouco, mas os esforços de uma única pessoa são capazes de motivar inúmeras outras.13 Tudo se resume ao ser humano Há pouco, o calendário virou ano. Ainda estamos sob o efeito do forte calor resultante das mudanças climáticas que o próprio ser humano tem contribuído contra. Nas questões individuais, nossa lista de objetivos não pode ficar na gaveta, esquecida ou propositadamente deixada de lado pelo medo de não darmos conta de concretizá-los. Em meio a essa sensação de impotência, que frequentemente nos convida à desistência, abrimos clarão com os ensinamentos do buda Nichiren Daishonin, cada vez mais atuais. Daishonin nos faz enxergar o caráter de interdependência que liga a teia da vida. Homem e meio ambiente são inseparáveis, assim como a sombra e o corpo. Tudo se resume ao ser humano. Portanto, para fazer frente ao desafio de terem uma sociedade saudável, os membros da Soka Gakkai se exercitam para uma vida automotivada e expansiva — ou “uma forma holística de viver”, não dependendo de fatores externos, desafiando os limites. Ao verem sempre oportunidades diante das dificuldades, fortalecem a convicção de que a vitória só depende de cada indivíduo, dentro de um processo de reforma interna chamado “revolução humana”. O presidente Ikeda deixou gravada essa assertiva nas obras Revolução Humana e Nova Revolução Humana, esta última com trinta volumes, escritos ininterruptamente durante 25 anos. Ele sedimentou esse compromisso com a vida dizendo que “O tema central dos romances Revolução Humana e Nova Revolução Humana é “A grandiosa revolução humana de uma única pessoa um dia impulsionará a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade”.14 Quando eu mudo, tudo muda. Eis a perfeita sintonia do que o budismo nos alimenta, de protagonizar uma jornada de vitórias. Por meio da recitação da Lei Mística, Nam-myoho-renge-kyo, os problemas perdem sua intensidade diante da magnitude e força que o nosso coração evidencia com a prática da fé. Em vista disso, irradiamos essa alegria para todos ao redor, fazendo-os despertar para seu precioso palácio interior. Então, sem perder de vista que podemos criar histórias revigorantes neste significativo ano, façamos deste mês um ponto primordial para o estabelecimento um modo de vida automotivado e expansivo, cientes de que nas pequenas atitudes se encontram a causa para a vitória. E apostar firme na lista de objetivos para 2024, sem medo. Esta é uma boa oportunidade para conhecer alguns exemplos de membros da Soka Gakkai que transformaram sua realidade exterior a partir da transformação interior. Assista ao relato em vídeo do casal Juraci e Josefa Santos, e inspire-se com a emocionante história de vida. No topo: Representantes de todo o Brasil participam da visitação às edificações da BSGI (Itapevi, SP, nov. 2023) Foto: BS Notas: 1. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-51497794#:~:text=Em%20seu%20livro%20de%201994,Somos%20n%C3%B3s%22. Acesso em: 10 fev. 2024. 2. Disponível em: https://www.google.com.br/books/edition/P%C3%A1lido_ponto_azul/-mGiDwAAQBAJ?hl=pt-BR&gbpv=1&printsec=frontcover. Acesso em: 10 fev. 2024. 3. Disponível em: https://umsoplaneta.globo.com/clima/noticia/2024/01/09/confirmado-2023-foi-o-ano-mais-quente-da-historia-e-2024-pode-ser-pior.ghtml / Acesso em: 10 fev. 2024. 4. TOYNBEE, Arnold J.; IKEDA, Ikeda. Escolha a Vida. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 54 . 5. Ibidem, p. 49. 6. Ibidem, p. 54. 7. Terceira Civilização, ed. 420, ago. 2003, p. 19. 8. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. v. 12. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. p. 105. 9. Idem. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz. v. 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023. p. 33-34. 10. Ibidem, p. 33. 11. Brasil Seikyo, ed. 2.435, 15 set. 2018, p. B4. 12. Idem, ed. 2.511, 11 abr. 2020, p. 4-5. 13. Idem, ed. 2.413, 31 mar. 2018, p. C2-C3. 14. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. v. 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 17.

01/02/2024

Especial

Jornada de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei

Parte 1: A honra dos discípulos de Josei Toda A vida de Ikeda sensei se encerrou aos 95 anos. Ela foi uma prova incontestável de quão grandiosa pode ser uma jornada quando se abraça com a vida o caminho de mestre e discípulo da Lei Mística. A esplêndida trajetória dele será narrada em partes neste especial intitulado Jornada de Mestre e Discípulo — Os 95 Anos da Vida de Ikeda Sensei. Esta primeira parte tem como tema “A Honra dos Discípulos de Josei Toda”. Descreve a juventude resiliente e a devoção abnegada pela propagação da Lei de Ikeda sensei desde o encontro com seu venerado mestre, Josei Toda, até a sua posse como terceiro presidente da Soka Gakkai. Em busca da grande árvore Naquele instante, iniciou-se um movimento popular sem precedentes, o qual tinha como base a revolução humana de um único indivíduo que contribui para a construção da paz mundial. Em 14 de agosto de 1947, o jovem Ikeda se encontrou pela primeira vez com Josei Toda, e esse episódio foi determinante para a vida dele. Nesse dia, a convite de uma colega da época do ensino fundamental, Ikeda sensei participou de uma reunião de palestra no bairro de Ota, Tóquio. Ao chegar ao local, Toda sensei explanava o escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra. Em meio à sociedade devastada do pós-guerra, Ikeda sensei, com 19 anos e em busca de um “modo de vida correto”, foi tocado pela personalidade de Josei Toda. Naquele momento, ele decidiu dedicar a vida para seguir Toda sensei em seu coração: “Eu seguirei este mestre. Eu trilharei este caminho”. O que comoveu Ikeda sensei em particular foi o fato do seu mestre ter enfrentado e resistido ao militarismo japonês, inclusive ficando preso. Durante a reunião, Ikeda sensei expressou sua gratidão por meio de um poema que acabara de criar: “Ó viajante! / De onde vens? / e para onde irás? / (...) A grande árvore / eu procuro / que nunca se abalou / na fúria da tempestade. / Neste encontro ideal, / sou eu quem / surge da terra!”. Ao ouvir esse poema, que tinha relação com o “bodisatva da terra” mencionado no Sutra do Lótus, seu mestre sorriu gentilmente. Dez dias depois, em 24 de agosto, Ikeda sensei se converteu ao budismo. Assim foi descortinado o início do drama “revolução humana é a própria paz mundial”. O ideal em meio à adversidade Em 3 de janeiro de 1949, Ikeda sensei ingressou na editora Nihon Shogakkan, dirigida por Toda sensei. Ele começou a trabalhar na edição da revista juvenil Boken Shonen [Aventura dos Meninos] (depois renomeada Shonen Nippon [O Japão dos Meninos]) e, em maio, tornou-se editor-chefe. No entanto, devido aos impactos da recessão econômica pós-guerra, em outubro do mesmo ano, anunciou-se o encerramento da publicação de Shonen Nippon. Em busca da recuperação, seu mestre fundou uma cooperativa de crédito. Contudo, em agosto do ano seguinte (1950), decidiu-se pela paralisação das operações. Ikeda sensei registrou em seu diário: “Mais uma vez, avançarei junto com (Toda) sensei para a próxima construção. Somente isso. Sempre adiante, eternamente em frente”. Em 24 de agosto do mesmo ano, coincidindo com o terceiro aniversário de sua conversão ao budismo, seu mestre anunciou a intenção de renunciar ao cargo de presidente da Soka Gakkai. Enquanto algumas pessoas simplesmente viravam as costas, insultando-o e deixando-o, Ikeda sensei foi o único a apoiá-lo firmemente e a permanecer ao seu lado. No auge da crise, Toda sensei compartilhou com Ikeda sensei suas ideias sobre o lançamento do jornal Seikyo Shimbun e a fundação de uma universidade. A partir do outono de 1950, Toda sensei iniciou a explanação e o estudo dos escritos de Nichiren Daishonin para alguns representantes, em especial, para Ikeda sensei. Em fevereiro do ano seguinte, passou a explanar também obras clássicas de várias épocas e origens. Os estudos de domingo se transformaram em aulas particulares para Ikeda sensei que abrangiam ampla gama de disciplinas acadêmicas. Essas explanações e esses estudos na “Universidade Toda” continuaram até 1957. Anos mais tarde, Ikeda sensei passou a ser agraciado com inúmeras honrarias acadêmicas de diversas universidades e instituições de ensino. Ele sempre expressou sua profunda gratidão ao seu mestre, afirmando que “Tudo é resultado da instrução inspiradora que recebi na Universidade Toda”. A relação que compartilha sofrimentos e alegrias Os desafios da reorganização da cooperativa de crédito eram imensos. Toda sensei estava em uma situação na qual poderia ser processado por alguns credores ou até ir para a prisão. No entanto, em fevereiro de 1951, houve uma reviravolta nos acontecimentos. Um comunicado do Ministério das Finanças indicava que, mediante consenso entre os membros, a cooperativa poderia ser dissolvida. Em 11 de março desse mesmo ano, a cooperativa foi dissolvida e, durante uma assembleia extraordinária da Soka Gakkai, seu mestre fez a seguinte declaração: “Agora é o outono da ampla propagação da nação. Já se vislumbram os sinais da propagação na Ásia Oriental. Finalmente chegou o momento para os guerreiros da Soka Gakkai, que abraçaram a missão budista, avançarem na vanguarda”. Ikeda sensei, jubilante com o rugido do leão do seu mestre, lançou-se ao desafio de promover diálogos junto com seus companheiros. E, liderando o movimento vanguardista da expansão do budismo, solenemente celebrou a posse de Toda sensei como segundo presidente da Soka Gakkai, em 3 de maio desse ano. Toda sensei compôs um poema e registrou-o no verso de uma das fotos comemorativas de sua posse, e presenteou seu jovem discípulo: Como é mística essa relação cármica em que, juntos, compartilhamos sofrimentos e alegrias no presente e também no futuro. A prova do discípulo Durante a cerimônia de posse como segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda proclamou que faria a propagação do budismo para 750 mil novas famílias. A quantidade de membros da organização na época era de cerca de 3 mil. Todos consideraram a declaração de Josei Toda uma fábula, tanto que alguns líderes até pensaram: “Toda sensei com certeza pretende viver muito”. A expansão avançava a passos lentos. Em dezembro de 1951, o movimento de propagação tinha atingido 466 famílias em todo o país. A meta de 750 mil famílias parecia um futuro muito distante. Quem quebrou essa “barreira” foi Ikeda sensei. No ano seguinte, em janeiro de 1952, ao ser nomea­do secretário do Distrito Kamata, ele concretizou a expansão do budismo para 201 famílias em apenas um mês, em fevereiro. A partir daí, a Soka Gakkai ganhou ímpeto e avançou. O ano 1953 foi um período em que a campanha de propagação acelerou consideravelmente dentro da história da Soka Gakkai. Foi lançado o objetivo de realizar shakubuku em 50 mil famílias durante o ano, e este foi alcançado. A força motriz desse espantoso crescimento foi a luta incansável empreendida por Ikeda sensei. Em janeiro desse mesmo ano, ele tinha sido nomeado líder da primeira legião da Divisão Masculina de Jovens e alcançou uma expansão de três vezes do número de “valores humanos” em seu grupo ao longo do ano. Em abril, foi nomeado responsável interino pelo Distrito Bunkyo, transformando-o de um distrito decadente em distrito de primeira classe. Sensei continuou a conquistar “provas incontestáveis da vitória como discípulo” em várias localidades. Em agosto de 1955, tendo como palco Sapporo, ele concretizou uma expansão recorde de 388 famílias em apenas dez dias. E em maio do ano seguinte, em Osaka, ele estabeleceu um marco dourado indestrutível da propagação de 11.111 novas famílias. No mês de julho, surpreendeu o mundo com uma virada espetacular no resultado das eleições, algo considerado inimaginável. De outubro em diante, ele liderou a campanha de propagação em Yamaguchi durante 22 dias, conseguindo expandir a quantidade de famílias da localidade na época em cerca de dez vezes. O juramento pela luta dos direitos humanos O novo movimento humanístico da Soka Gakkai, que constrói a felicidade das pessoas comuns e a paz mundial, agora envolve o mundo inteiro. A fonte que alimenta essa grande corrente é o forte juramento de Ikeda sensei de lutar pelos direitos humanos durante o Incidente de Osaka, ocorrido em 1957, bem como a luta dos presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda na prisão, na época da guerra. Foi em 3 de julho de 1957 que sensei foi detido injustamente e preso sob a falsa acusação de violação das leis eleitorais. A justiça somente foi comprovada, após extensa batalha judicial que durou quatro anos e meio, em 25 de janeiro de 1962. Ikeda sensei detalhou as tramas, o contexto e o significado do Incidente de Osaka em relação à história da Soka Gakkai no volume 11 do romance Revolução Humana. A serialização do volume 11 da Revolução Humana no Seikyo Shimbun se encerrou em outubro de 1991. No mês seguinte, a Soka Gakkai conquistou a “independência espiritual” da Nichiren Shoshu. Em seguida, 1992 foi designado “Ano da Renascença Soka”, marcando o alçar voo da Soka Gakkai como religião mundial. Ikeda sensei compartilhou sua reflexão, dizendo: “Tenho a profunda sensação de que a jornada do kosen-rufu registrada no volume 11 foi uma época de torrentes turbulentas percorrendo os vales que, no fim, moldaram a grande correnteza da ‘Renascença Soka’”. Os eventos de 1957, especialmente o Incidente de Osaka, determinaram o curso do movimento pelo kosen-rufu mundial no “Ano da Renascença Soka” de 35 anos depois, e ainda até os dias de hoje. Uma batalha para acabar com a natureza do mal Toda sensei e Ikeda sensei participam do Festival da Juventude, realizado no estádio de atletismo de Mitsuzawa, em Yokohama (8 set. 1957) "Embora tenha surgido em todo o mundo um movimento reivindicando a proibição dos testes com armas nucleares, meu desejo é ir além e atacar o problema pela raiz. Quero exibi-las e arrancar as garras escondidas na parte mais profunda dessas armas.” Em 8 de setembro de 1957, durante o Festival da Juventude, realizado no estádio Mitsuzawa, em Yokohama, ressoou o vigoroso rugido do leão do segundo presiden­te da Soka Gakkai, Josei Toda. “Proponho que a humanidade aplique, em cada caso, a pena de morte a toda pessoa responsável pelo emprego de armas nucleares, independentemente de qual país for, seja vencedor, seja perdedor”, declarou. O mundo estava em meio à Guerra Fria, na época, e havia uma escalada na corrida armamentista com base na lógica da “dissuasão nuclear”. Testes nucleares estavam ocorrendo de forma repetida. Pelo fim das armas nucleares, capazes de destruir a humanidade num instante, Toda sensei proferiu a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares como primeiro testamento aos jovens. Como praticante do budismo que considera a dignidade da vida como a mais sublime que existe, seu mestre era contra a pena de morte. No entanto, ele enfatizou a condenação à pena de morte para categorizar como mal absoluto a mente demoníaca daqueles que desejavam possuir e utilizar as armas nucleares. Em novembro do mesmo ano, dois meses após o anúncio de sua declaração, Toda sensei planejava visitar Hiroshima. Contudo, sua saúde já estava muito debilitada e, na manhã da partida, ele desmaiou em sua casa. Ikeda sensei se recorda dos fatos dessa época: “Quão profundos eram os sentimentos de (Toda) sensei em relação à terra arrasada de Hiroshima! Ele estava determinado a ir a Hiroshima, destruída pelas garras da função demoníaca, que são as armas nucleares, mesmo que isso custasse a sua vida”. “O espírito do meu mestre, que desejou ir a Hiroshima, mesmo pondo em risco a própria vida, jamais se apagará do meu peito por toda a minha existência. Não, na verdade, isso se tornou o ponto primordial das minhas ações.” Toda sensei planejava participar da convenção da Divisão Feminina de Jovens cujo tema era a Declara­ção pela Abolição das Armas Nuclea­res. Nessa atividade, Ikeda sensei participou como representante do mestre e conclamou a todas as integrantes da divisão que sucedessem o espírito da declaração. Ao longo de sua vida, Ikeda sensei defendeu o espírito da declaração por meio de diálogos com líderes e pensadores do mundo e em suas Propostas de Paz, e se dedicou de corpo e alma a tornar realidade a abolição das armas nucleares. Em 2017, passados sessenta anos da declaração, o Tratado de Proibição de Armas Nucleares (TPAN) foi adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o apoio de 122 países. Em 2021, ele entrou em vigor com a ratificação de cinquenta países. A monarca do mundo religioso Em março de 1958, Toda sensei disse a Ikeda sensei: “Vamos realizar uma cerimônia que servirá de ensaio geral para o kosen-rufu, um preparativo”. A evento foi realizado em 16 de março, reunindo 6 mil jovens vindos de todos os cantos do país. Estava prevista a participação do primeiro-ministro japonês da época, mas isso não se concretizou devido a interferências escusas. Toda sensei ficou muito indignado por essa quebra de compromisso com os jovens, mas decidiu promover uma “grande solenidade junto com os jovens”. Em dezembro do ano anterior, Toda sensei, que havia concretizado o grande desejo e a missão de sua vida — a propagação do budismo para 750 mil famílias —, já se encontrava numa condição em que não conseguia mais calçar sapatos de couro. Mesmo assim, ele declarou que a Soka Gakkai era a monarca do mundo religioso e delegou o futuro aos jovens. Após o 16 de Março, Toda sensei enfatizou a Ikeda sensei: “Jamais recue na luta contra a maldade”. Ele instruiu rigorosamente que lutasse até o fim contra as forças que tentavam perturbar e impedir o avanço da Soka Gakkai. Ikeda sensei repetiu reiteradamente esse testamento como firme diretriz para a Divisão dos Jovens e para toda a Soka Gakkai. No dia 2 de abril de 1958, Toda sensei encerrou sua nobre vida de abnegada devoção pela propagação da Lei, aos 58 anos. Em 29 de abril do mesmo ano, Ikeda sensei correu a caneta sobre o papel: “Vamos lutar, para provar ao mundo a grandiosidade do mestre. Vou lutar e avançar em linha reta. Lutarei resolutamente. Superarei as ondas furiosas dos obstáculos. Entrarei na juventude do ensino essencial”. Com o coração da unicidade Após o término da solenidade de posse transbordante de alegria do terceiro presidente, jovens congratulam Ikeda sensei, lançando-o ao alto (auditório da Universidade do Japão, em Tóquio, 3 maio 1960) Após a morte de Toda sensei, espalharam-se calúnias, tais como “A Soka Gakkai irá se desintegrar no ar”. Quanto mais as tempestades de críticas se intensificavam, mais inflamava o espírito de luta de Ikeda sensei. Ele escreveu em seu diário: “Decidi dedicar minha vida inteira a declarar para o mundo o ideal do presidente Toda, seu último desejo, e a me empenhar para torná-lo realidade. Esta é minha única missão neste mundo”.1 Após a morte de Josei Toda, com o espírito de unicidade com o venerado mestre, Ikeda sensei assumiu toda a responsabilidade pelo kosen-rufu e continuou a enviar incentivos aos amigos. No dia 3 de maio de 1960, sensei assumiu como terceiro presidente da Soka Gakkai. E para tornar realidade o ideal do kosen-rufu do seu mestre, ele parte em sua viagem para o mundo. Ikeda sensei disse: “Se vocês protegerem o espírito de ‘mestre e discípulo’, sem falta despontarão líderes maravilhosos”. “Eu tenho certeza desse futuro”. Fotos: Seikyo Press Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 478.

08/01/2024

Série

Alpinistas que escalaram o Everest

“Por que escalar a montanha?” “Porque ela está lá.” Essas são as famosas palavras creditadas ao alpinista britânico George Mallory, ditas durante uma entrevista com um jornalista. A “montanha” em questão é o Everest, a mais alta do mundo. Seu pico, que atinge a altitude de 8.848 metros, é chamado “terceiro polo do mundo”, depois do Ártico e da Antártida. Por muito tempo, essa importante elevação permaneceu inexplorada, considerada impossível de escalar. A epopeia de desafiar o Everest iniciou por volta de cem anos atrás. Após o término da Primeira Guerra Mundial, a Grã-Bretanha enviou a primeira expedição para a montanha em 1921, com George Mallory, então com 34 anos, entre os integrantes. Mallory, alpinista de primeira categoria, havia aprimorado suas habilidades no Winchester College e na Universidade de Cambridge. Contudo, mesmo para esse experiente montanhista, o Everest, erguendo-se diante de seus olhos, parecia ser “o senhor de todos, vasto em supremacia incontestada e isolada”. A dificuldade de escalar o Everest transcendia qualquer imaginação. Além da batalha terrível contra o mal ocasionado pela extrema altitude e pelo mau tempo, havia enormes picos rochosos que bloqueavam o caminho de maneira brusca. Em uma carta, Mallory descreve a realidade dessa situação: “Há pouca esperança de conseguir chegar ao pico. Mas é claro que continuaremos avançando como se estivéssemos prestes a alcançá-lo”. “Continuaremos com a máxima esperança até o fim.” O que impulsionava o alpinista a persistir, mesmo diante de um cenário desesperador? Era sua busca insaciável, a crença indomável de que “quanto mais difícil e perigoso o caminho, maior a vitória” a ser conquistada. Após semanas de reconhecimento da montanha, Mallory finalmente descobre uma rota para o cume. Na segunda expedição realizada no ano seguinte, em 1922, ele estabeleceu novo recorde de ponto mais alto alcançado. Todavia, durante a terceira expedição, em 1924, Mallory e seu companheiro, prestes a chegar ao topo, não retornaram da escalada. Após extensa busca, o corpo do alpinista foi encontrado 75 anos depois do seu desaparecimento (em 1999). Até hoje, permanece um mistério se ele conseguiu ou não atingir o cume do Everest. No entanto, o espírito pioneiro e corajoso dele continua a ser solenemente herdado pelos alpinistas das gerações seguintes. Em 1953, a Grã-Bretanha enviou sua nona expedição para o Himalaia. Os membros escolhidos para o desafio da montanha foram Edmund Hillary, da Nova Zelândia, e Tenzing Norgay, um xerpa (guia) local. O Everest, que vinha repelindo obstinadamente as investidas da humanidade, foi confrontado por dois jovens de nacionalidade e experiências distintas. Desde a primeira tentativa de Mallory, haviam se passado 32 anos. Aos 20 anos, Hillary ficou fascinado pelas montanhas da Ilha Sul da Nova Zelândia durante uma viagem, e começou a praticar alpinismo. Ele ganhou experiência escalando um famoso pico em seu país. A partir de 1951, engajou-se nas expedições inglesas para o Everest. Nesse ano, o desafio foi malogrado, mas ele não conhecia a palavra “desistir”. “Everest, você não vai mudar, mas eu vou melhorar... Vou conquistar você”, disse. Por outro lado, Tenzing era de uma aldeia montanhosa localizada no sopé sul do Everest. Para ajudar no sustento da humilde família, ele trabalhava como guia e transportador de cargas para as equipes de alpinistas que vinham da Europa e fez carreira como excelente xerpa. Eram 6h30 do dia 29 de maio de 1953. Os dois alpinistas deixaram o último acampamento em direção ao pico. Eles atravessaram a “Zona da Morte”, onde a concentração de oxigênio é apenas um terço do solo, assolados pelo frio extremo e pelas fortes ventanias. “Não é a montanha que conquistamos, mas a nós mesmos”, afirma Edmund Hillary. Às 11h30, depois de superar uma batalha de vida ou morte de cinco horas desde a partida, Hillary e Tenzing finalmente alcançaram o topo do Everest. Eles trocaram apertos de mão e tapas nas costas, comemorando a alegria da conquista. Entre eles, havia um belo “laço de companheirismo” que cintilava com o brilho prateado. Tenzing disse posteriormente: “Na montanha existe amizade. Não existe nada que una mais os seres humanos que a montanha. Por mais difícil que seja o lugar, você pode segurar a mão do outro e interagir mutuamente”. A maior força para a escalada do Everest estava na “amizade” e na “união” entre eles. O mundo vibrava com esse feito histórico. Hillary foi agraciado com o título de “Sir” pela família real britânica, enquanto Tenzing era aclamado como herói tanto pelo Nepal como pela Índia. Mais tarde, surgiu um acalorado debate sobre “qual dos dois subiu primeiro no topo da montanha”, mas ambos sempre deram a mesma resposta: “Nós pisamos o topo juntos”. Reflexões do presidente Ikeda Anos mais tarde, em gratidão aos xerpas, que escalaram a montanha junto com os dois alpinistas, Hillary construiu escolas e instalações médicas no vilarejo onde os montanheses moravam. Além disso, até falecer em 2008, ele trabalhou para proteger o meio ambiente na Cordilheira do Himalaia. Em 2003, ele presenteou Ikeda sensei com um livro autografado. O presidente Ikeda visitou o Nepal pela primeira vez em 31 de outubro de 1995. Em meio aos seus muitos compromissos, ele conheceu o subúrbio de Katmandu, capital do Nepal, e tirou fotos do Himalaia, que se mostrou imponente diante de um magnífico pôr do sol. Nessa ocasião, ele conversou com crianças de uma aldeia próxima que se reuniram perto dele. Ele lhes disse: Este é o país onde o Buda (Shakyamuni) nasceu. O Buda cresceu observando o imponente Himalaia. Ele se esforçou para se tornar alguém majestoso como aquelas montanhas. E fez de si uma pessoa vitoriosa de altivo orgulho. Vocês são como ele. Vocês moram em um lugar extraordinário. Sem falta, poderão se tornar pessoas grandiosas. Essa cena pareceu uma bela obra-prima. Em uma orientação em que sensei compara a “montanha” ao kosen-rufu, citando as palavras de George Mallory, consta: “Como obter o melhor de tudo? É preciso conquistar, alcançar, chegar ao topo; é preciso conhecer o fim para se convencer de que consegue vencê-lo, para saber que não há sonho que não deva ser desafiado.” É por desafiar com coragem a montanha de árduas provações que consegue revelar a força oculta dentro de si. Escalar a montanha do kosen-rufu — esse é um grande empreendimento magnífico e majestoso do Buda, que eleva a condição de vida da humanidade ao nível mais sublime. Por mais difíceis e escarpados que sejam os penhascos que enfrente, a força ilimitada do Buda jamais deixará de ser evidenciada pelos mestres e discípulos de unicidade que devotam a vida pela Lei Mística.2 E, em relação ao sucesso de Hillary e de Tenzing na primeira chegada ao cume do Everest, sensei disse que os aspectos mais importantes foram “preparativos”, “abandono dos preconceitos”, “obsessão do líder” e “amizade incondicional”. Ele ressaltou: “A questão é que, em qualquer desafio, a pessoa que se prepara antes leva vantagem. Para vencer, devemos realizar os preparativos com toda a energia e da melhor forma. Ninguém consegue se igualar a uma pessoa preparada e determinada a vencer”.3 Vamos, agora, iniciar nossa escalada rumo ao topo da canção do triunfo do povo a partir do 3 de Maio do juramento! Nós continuaremos a avançar. Enquanto houver uma montanha que almejamos. Enquanto existir uma montanha para ultrapassar. Clique no linke e leia série de incentivos do presidente Ikeda sobre as montanhas do Himalaia. Monte Everest Foto: Getty Images Notas: 1. Discurso do presidente Ikeda. In: Brasil Seikyo, ed. 1.692, 22 mar. 2003, p. A3. 2. Mensagem de Ikeda sensei enviada para a 54ª Reunião de Líderes da Nova Era, em 3 de dezembro de 2011. 3. Discurso de Ikeda sensei proferido na 25ª Reunião de Líderes. In: Brasil Seikyo, ed. 1.692, 5 fev. 2003. Materiais de pesquisa: ROBERTSON, David. George Mallory. Tradução: Michiko Natsukawa. Sanyosha. HILLARY, Sir Edmund. Hillary Autobiography. Tradução: Ichiro Yoshizawa. Kusashisha. HILLARY, Edmund. My Everest. Tradução: Saburo Matsukata e Tatsumi Shimada. Asahi Shimbun. HUNT, John. Everest Climbing. Tradução: Asahi Shimbun. Asahi Shimbun. YASUKAWA, Shigeo. Sekai no Yane ni Idonda Hitobito. Sa-e-ra Shobo. CLARK, Ronald W. Daitozanka no Rekizo. Tradução: Hiroshi Sugita. Gendai Ryoko Kenkyusho.

08/01/2024

Editorial

Propagar o ideal de Ikeda sensei

Querido leitor e familiares! A Editora Brasil Seikyo (EBS) manifesta o mais profundo sentimento de pesar pelo falecimento do grandioso mestre, Daisaku Ikeda. Em meio à tristeza com a notícia de sua partida, nosso coração se encontra junto com o dos senhores. Exercendo seu papel como veículos de comunicação, os periódicos da EBS têm a difícil tarefa de transmitir a notícia do falecimento de Ikeda sensei. Mas, justamente por termos um mestre da vida, essa missão se expande para o eterno compromisso de louvar a sua inigualável existência dedicada à felicidade das pessoas. Assim, nosso desejo é que cada leitor receba esta edição como o registro da nobre vida do Mestre para toda a eternidade. A origem do ideal da batalha das palavras para transmitir a verdade e a justiça que sustentam a Editora Brasil Seikyo começou com Ikeda sensei. São 58 anos protegidos e observados pelo Mestre, que fundou a EBS em 3 de maio de 1965. E neste ano (2023) marcado pela retomada das atividades presenciais, após os desafios globais, renovamos nosso objetivo e nossa missão de transformar vidas e inspirar o mundo. Tudo foi idealizado e acompanhado pelo Mestre, de forma que nossas publicações foram regularmente reportadas a ele, o qual enviou considerações a todos os comunicados. A edição 662 [outubro 2023] da Terceira Civilização foi enviada a Ikeda sensei e ele respondeu: “Entendido”. Essa resposta marca o ciclo, até o último momento, da relação do Mestre com os discípulos por intermédio dos periódicos da Editora Brasil Seikyo. Que o coração de Ikeda sensei sempre percorra as comunidades e os blocos de toda a BSGI por meio dessa relação cristalizada! No início do capítulo “Gratidão”, volume 28, da Nova Revolução Humana, Ikeda sensei afirma: Por que componho? Para acender a chama da esperança no coração dos amigos imersos na dor e na tristeza e para fazer com que a coragem se transforme em labaredas flamejantes! Para fazer com que ecoem no coração desta e daquela pessoa a harmonia do hino ao ser humano e, juntos, trilharmos o grande caminho da justiça!1 Ikeda sensei sempre escreveu com esse desejo expresso na Nova Revolução Humana e nós, da equipe da editora, temos o compromisso de registrar e perpetuar esse legado em nossos veículos. Faremos desta publicação um verdadeiro marco do renovar da missão de levar esperança e coragem aos leitores. Essa missão só estará completa com seu papel, leitor e discípulo, de fazer o ideal do Mestre em prol do kosen-rufu se propagar amplamente. Que a leitura desta Terceira Civilização acalente seu coração e que a jornada do Mestre apresentada aqui o inspire diversas e diversas vezes a pôr em prática seus ideais para a edificação de glorioso futuro rumo ao centenário de fundação da Soka Gakkai e para a posteridade. Vamos juntos bradar nosso “Muito obrigado, Ikeda sensei”! No topo: Presidente Ikeda caminha pelos arredores do Centro Cultural Campestre da BSGI (Itapevi, SP, 1993) Foto: Seikyo Press Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 28, p. 107, 2020.

01/12/2023

Série

Corredores de coragem

Não existe nada mais tocante que o aspecto de uma pessoa que desafia os próprios limites, visando alcançar o auge. Os esportes têm o poder de criar essa emoção. No atletismo, uma pessoa reinou no topo da prova de corrida de longa distância há mais de dez anos e quebrou recordes mundiais em diversas modalidades por dezoito vezes. Seu nome é Emil Zatopek (1922~2000), da República Tcheca (na época, Tchecoslováquia). Por sua maneira de correr, com uma respiração forte, como se estivesse tracionando algo, foi apelidado de “locomotiva humana”. Mas ele não foi uma “máquina” ou um super-humano. Na visão dos especialistas, a força de suas pernas não era de nível extraordinário. O “poder de corrida esmagador” que sustentou sua atuação brilhante e gloriosa foi lapidado por uma “quantidade esmagadora de treinos”. Na hora dos treinos, Zatopek era o primeiro a ir para a pista e permanecia até o fim. Para melhorar a velocidade e a resistência, praticava treinos repetitivos de corridas de curta distância. Com a crença de que “o ser humano não deve duvidar de si e desistir antes de ultrapassar a linha de chegada”, sempre se esforçou ao máximo dando o seu melhor. Nesse meio-tempo, Zatopek foi melhorando a própria marca sucessivamente. Ele foi campeão em competições nacionais e internacionais. Após conquistar a medalha de ouro na corrida de 10.000 metros na Olimpíada de Londres, em 1948, concretizou a façanha de vencer as competições de três modalidades: 5.000 metros, 10.000 metros e a maratona nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952. Por outro lado, nas corridas de meia distância, existe uma modalidade chamada prova de “uma milha” (cerca de 1.609 metros). No passado, por muitos anos, a barreira dos 4 minutos se manteve intocável. Quem quebrou essa parede pela primeira vez foi o atleta inglês Roger Bannister (1929–2018). Ele foi o único atleta selecionado pela revista norte-americana Life como um dos “100 atletas mais bem-sucedidos do mundo no último milênio” e estudante de medicina da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Naquela época, no mundo do atletismo, existia uma teoria preestabelecida de que era impossível fazer uma milha em menos de 4 minutos. Bannister, que não acreditava nisso, dedicou-se a treinos embasados em conhecimentos científicos enquanto se empenhava nos estudos da medicina. “Liberar absolutamente toda a energia espiritual e corporal que possuo em 4 minutos” — para diminuir alguns segundos, ou décimos de segundos, ele correu em um ano uma distância que as pessoas levariam a vida inteira caminhando. Enfim, chegou o “momento”. Em maio de 1954, pouco mais de um ano desde que iniciou seu desafio, Bannister finalmente conseguiu estabelecer a marca de “3 minutos, 59 segundos e 4 décimos”. Pouco tempo depois, surgiram atletas que bateram a marca dos 3 minutos, confiantes de que eles também conseguiriam. Bannister quebrou a “barreira da desistência”, que dominava vários atletas de meia distância. Por trás de uma grande glória, quase sempre existe um drama de sofrimentos e de frustrações. Shizo Kanakuri (1891~1983), aclamado como “rei da maratona do Japão”, também foi uma pessoa que experimentou provações e as superou. Em 1912, Kanakuri participou da maratona de Estocolmo como primeiro atleta olímpico japonês. Apesar de registrar uma marca impressionante e bater o recorde no torneio classificatório nacional, além de se impressionar com a velocidade dos outros atletas do mundo, ele ficou abalado por condições adversas, tais como extremo grau de tensão e calor escaldante, acabou por desistir da competição no meio do percurso. No dia seguinte, movido por um sentimento de ódio e de frustração, escreveu em seu diário: “Mas, se fizer do fracasso a base do sucesso, a hora da desforra da vergonha de outrora chegará. Apenas devo esperar o dia em que o solo endureça depois da chuva. Quem quiser rir, que ria”. Além disso, Kanakuri anotou no diário: “Aperfeiçoar as técnicas da maratona dando o máximo de mim”. Ele determinou firmemente em seu coração a revanche no torneio seguinte. Contudo, quatro anos depois, no auge de sua carreira como atleta, a Olimpíada de Berlim foi cancelada devido aos efeitos da Primeira Guerra Mundial. Mesmo assim, Kanakuri não desistiu do seu sonho em relação ao mundo, ao mesmo tempo em que passou a se empenhar com paixão pelo desenvolvimento de sucessores das gerações seguintes. Foi em meio a isso que nasceu a prova da Hakone Ekiden, realizada até hoje. Kanakuri se tornou um dos principais atletas japoneses que transformaram o fracasso das Olimpíadas em uma força de impulso para o alto, abrindo o alvorecer não só para o atletismo, mas para todo o esporte no Japão. Quando pensamos na atuação dos atletas japoneses nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno de Pequim — que se encerraram recentemente — ou nos de Tóquio do ano passado [2021] e, ainda, na grande dedicação dos corredores universitários, como os da Universidade Soka, que devotam a juventude na prova da Hakone, em qualquer empreendimento, não devemos nos esquecer do árduo trabalho dos pioneiros para a construção dos alicerces. Reflexões do presidente Ikeda Ikeda sensei redigiu em seu diário da juventude: “Oh, jovem revolucionário da Lei Mística! Cavalgando no corcel, avance impetuosamente atravessando a montanha, o rio e o vale. Avance como o Melos, da obra Corra, Melos! O mestre nos observa solenemente”. Essas palavras foram escritas por ele em 29 de março de 1956. Foi bem em meio à Campanha de Osaka, quando conquistou a vitória tornando possível o que todos consideravam impossível. Corra, Melos!, de Osamu Dazai, é a história de um jovem que correu desesperadamente pelo amigo e pela justiça. Sensei fez dos ideais do seu venerado mestre o próprio juramento seigan de mestre e discípulo e, encorajando os companheiros em cada canto para o qual se dirigia, foi destruindo resolutamente as “barreiras do limite” e as “barreiras do impossível” do kosen-rufu. Além disso, sensei vem incentivando os jovens “corredores da justiça” Soka, ao compartilhar a história de vida desses antecessores, que podem ser chamados de “corredores da coragem”. Em relação a Emil Zatopek, ele diz: “O caminho da juventude nunca será definido no meio dele. A coroa de glória resplandecerá para aqueles que acreditarem absolutamente em si e continuarem a correr até o fim, com ardente espírito invencível”.1 Quanto a Bannister, sensei declara: O mundo das competições é, em última análise, uma luta contra os obstáculos internos. (...) É uma oração suprema que nos permite fortalecer nosso espírito para que possamos fazer o nosso melhor e com o máximo de esforço possível. Após nos esforçar até o limite de nossas habilidades, devemos recitar [daimoku] novamente e nos dedicar ainda mais para romper os próprios limites. A chave é orar com objetivos claros e empenhar todas as forças para conquistá-los. Uma flecha lançada com um puxão fraco na corda do arco e sem objetivo não atinge o alvo. Da mesma forma, ter a atitude desleixada de que as coisas vão funcionar de uma maneira ou de outra nunca permitirá que alguém alcance o sucesso. Os resultados são produzidos com uma oração obstinada, repleta de determinação inabalável. Tal oração sincera não falha em chegar ao Gohonzon.2 Sobre Shizo Kanakuri, sensei incentiva: Existem ocasiões em que se cai. Vencedor é o jovem que se levanta novamente, independentemente de quantas vezes caia. O espírito indomável Soka incentiva não só a si, como também aos companheiros que correm juntos e ainda aos novatos que os seguem, e abre amplamente a esperança em direção ao amanhã. Portanto, não seja influenciado pelas vicissitudes imediatas e, quanto mais difícil a situação, avance sempre adiante, imbuído de ardente coragem.3 Hoje, 16 de março, é Dia do Kosen-rufu. É a data em que os discípulos iniciam uma nova “corrida” renovando seu juramento de sucessor. Você sabe quem foi Emil Zatopek? Clica no link e assista ao vídeo: Emil Zatopek Notas: 1. Da mensagem enviada por Ikeda sensei para a Reunião Comemorativa do 53º Aniversário de Fundação da Divisão dos Estudantes Herdeiro, realizada em 4 de junho de 2017. 2. Nas Asas dos Seus Sonhos. RDez, ed. 226, out. 2020. 3. Da mensagem enviada aos estudantes do Colégio Soka, no “Dia do Intelecto”, em 17 de novembro de 2018. Materiais de pesquisa: KOZIK, FR. Zatopek’s Human Record for Victory. Tradução: Keiji Minai. Asahi Shimbun. THOMA, Zdenek. Human Locomotive E. Zatopek’s Real Image. Tradução: Kunihiro Otake. Baseball Magazine. BASCOMB, Neal. Perfect Mile, an Athlete Who Challenged the Wall of 1 Mile, 4 Minutes. Tradução: Takeshi Matsumoto. Village Books. SAYAMA, Kazuo. Shizan Kanguri: The Disappearing Olympic Runner. Ushio Shuppansha. GOTAAS, Thor. Whay People Run: Human History of Running. Tradução: Koichi Nirei. Chikuma Shobo. ROWLANDS, Mark. Philosophers Run, What Running Taught Me about the Meaning of Life. Tradução: Mineko Imaizumi. Shiramizusha. Fotos: Wikimedia Commons

01/12/2023

Série

Marie Curie

O grande cientista Albert Einstein disse: “De todas as celebridades, Marie Curie foi a única que não foi corrompida pela sua fama”. Marie Curie descobriu um novo elemento químico radioativo junto com seu marido Pierre e ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1903, cinco anos mais tarde [como a primeira mulher a ser agraciada com tal premiação]. Em 1911, ela foi a vencedora do Prêmio Nobel de Química, tornando-se a única mulher a conquistar essa honraria por duas vezes. Ela possuía uma forte crença: “Cada pessoa deve trabalhar para o seu aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, participar da responsabilidade coletiva por toda a humanidade”. Continuar a estudar e a aprender pelo bem do mundo e pelo futuro, não por posição ou fama. Deve ser por isso que Einstein não poupava elogios a Marie Curie: “Ela sempre se considerava um instrumento a serviço da sociedade e sua humildade a impedia de almejar simplesmente uma satisfação pessoal”. Em 2018, a revista britânica BBC History, especializada em história, elegeu Marie Curie como a número 1 dentre as mulheres mais influentes de todos os tempos, em sua matéria intitulada As Mulheres da História que Mais Influenciaram o Mundo. Ela é amplamente respeitada e admirada, ultrapassando as barreiras do tempo e das nações. Uma estátua de Marie foi erigida na Universidade Feminina Soka (em Hachioji, Tóquio) como “símbolo do desejo de aprender”, e na Universidade Soka da América existe um edifício de ciências denominado Prédio Curie. Marie nasceu em novembro de 1867, em Varsóvia, Polônia, que estava sob domínio russo, como a caçula de cinco irmãos. Seu pai era professor de física e de matemática do ensino fundamental 2, e sua mãe, diretora de uma escola para meninas. Desde cedo, ela aprendeu o gosto pela leitura e pelos estudos. Aos 8 anos, ela enfrentou uma grande provação ao perder a irmã mais velha devido a uma doença. Dois anos depois, sua mãe também faleceu, acometida de tuberculose. Essas perdas consecutivas despedaçaram a família, mas Marie ergueu a cabeça e seguiu em frente. Ela se formou com as melhores notas no colégio para meninas aos 15 anos. No entanto, na Polônia daquela época, não importando quão capacitadas e talentosas fossem as mulheres, não lhes era permitido continuar em seus estudos depois disso. Para ajudar no orçamento familiar, Marie começa a dar aulas particulares aos 16 anos. Na mesma época, passa a estudar numa “faculdade itinerante”. Era uma “faculdade secreta” irregular, na qual as pessoas estudavam burlando a rigorosa supervisão da polícia. Havia sido criada por jovens que visavam ao renascimento de seu país, e eles ensinavam uns aos outros e estudavam juntos para lapidar seus conhecimentos e o intelecto. Na juventude, Marie escreveu para um amigo: “Regra número um: não ser derrotada por ninguém e por nada”. Jamais ser derrotada, não recuar nem um passo sequer — foi esse coração forte que deu origem à grande Marie Curie. Entusiasmada por estudar no exterior, Marie sonhava ir para a França e frequentar a Universidade de Paris. Contudo, a difícil situação financeira da família tornava isso impossível. Então, ela vai para o interior da Polônia e trabalha arduamente durante três anos como professora particular que mora no local de trabalho. Aos 24 anos, finalmente, consegue ir para Paris, onde sua irmã vivia com o marido. Na Universidade de Paris, que admitia mulheres, com muito esforço e dedicação, obteve diploma de bacharel em física e em matemática. Nesse período, ela conhece o físico francês Pierre e se casa com ele em 1895. Dois anos depois, dá à luz a filha mais velha. O objetivo seguinte ao qual Marie, agora mãe, se lançou foi a obtenção de um doutorado. Ela escolheu como tema de sua pesquisa investigar o fenômeno dos “compostos de urânio que emitiam raios misteriosos”, relatado pelo físico francês Henry Becquerel. Após vários experimentos, o casal Curie, que batizou esse fenômeno de “radioatividade”, descobre um elemento ainda desconhecido pela humanidade. Então, denominou os novos elementos de “polônio” e “rádio”. Para provar a existência deles, solicita permissão à Universidade de Paris para trabalhar no grande laboratório da instituição. A esperança de conseguir um espaço não se concretizou. O que se obteve a muito custo foi uma cabana utilizada anteriormente como sala de dissecação pelos alunos de medicina da Faculdade de Física e Química. Mesmo assim, Marie, que já havia suportado e superado muitas adversidades, possuía a convicção de que “Não importa quão inadequado seja o local em que estamos; dependendo de como o utilizamos e da criatividade, podemos realizar um grandioso trabalho”. O laboratório do casal enfrentava condições climáticas extremas, esquentava muito com o calor do verão e congelava no inverno, além de apresentar goteiras. Apesar desse ambiente excessivamente desafiador, os Curies continuaram a trabalhar de forma diligente. Então, em 1902, quatro anos após iniciarem as pesquisas, eles alcançam um grande feito inédito no mundo: isolar sais de rádio. Em 1903, o mérito das pesquisas sobre radioatividade foi reconhecido e o casal ganhou o Prêmio Nobel de Física. Marie também obteve o título de doutorado e deu à luz a sua segunda filha no ano seguinte. Quando tudo parecia estar indo bem, Marie sofre o pior e mais triste golpe do destino. Pierre, professor da Universidade de Paris, é atropelado por uma carroça e acaba morto. Na época, Marie estava com 38 anos, e suas filhas tinham 8 e 1 ano. Foi uma despedida repentina e triste demais. O que impediu Marie de se afundar no desespero foi o juramento feito a Pierre: “Independentemente do que ocorra, nós cumpriremos nossa missão”. Para contribuir com a humanidade, Marie enxuga as lágrimas, torna-se professora e passa a ministrar aulas na Universidade de Paris como sucessora do marido. Embora fosse alvo de discriminação por ser mulher e estrangeira e pelo ciúme dos colegas por seu grande trabalho, Marie não desistiu. Ela herdou as aspirações do marido e prosseguiu em seus esforços nas pesquisas, o que a levou a conquistar o segundo Prêmio Nobel (de Química) aos 44 anos. Mais tarde, ela escreveu em uma carta destinada à sua filha: “Vamos precisar de muita coragem, e espero que não a percamos. Devemos manter a convicção de que, depois dos dias ruins, os bons tempos virão novamente. É com essa esperança que eu as abraço em meu coração”. Marie abriu o caminho para as mulheres cientistas e estabeleceu as bases para tratamentos por meio da radiação. Quando estourou a Primeira Guerra Mundial, ela e a filha mais velha, Irene, percorreram os hospitais de campanha para ajudar as vítimas e os feridos. No fim de sua vida, ela concentrou seus esforços para desenvolver as gerações mais novas e continuou a trabalhar no instituto de pesquisas até poucos meses antes de falecer. Irene também recebeu o Prêmio Nobel de Química com o marido, justamente no mesmo ano em que Marie encerrou sua nobre existência, em 1935. Reflexões do presidente Ikeda sobre Marie Curie Há cinquenta anos, em 30 de abril de 1972, quando Ikeda sensei visitava a França, ele foi até a casa onde Marie Curie morou, nos subúrbios de Paris. Na ocasião, ele disse a uma amiga que caminhava ao lado de sua esposa, Kaneko: Creio que a grandiosidade de Madame Curie não esteja tanto no fato de ela ter recebido dois Prêmios Nobel, mas, sim, na força de seu caráter, que lhe permitiu vencer uma grande tragédia pessoal. Nenhuma existência é totalmente fácil de viver. Na realidade, a vida é uma série de dificuldades. Nós as superamos despertando para nossa verdadeira missão, e esse despertar faz nascer a esperança.5 Posteriormente, ele continuou a incentivar muitos companheiros por meio das palavras e do exemplo de vida de Marie Curie, citando-os em seus ensaios e discursos. A cientista polonesa Marie Curie (1867–1934) fez a famosa observação de que a única forma de construir uma sociedade melhor é realizar progressos no destino de cada indivíduo. Sob os regimes totalitários do passado, o indivíduo não era valorizado e por muito tempo as dimensões espirituais e pessoais da vida foram ignoradas. Por essa razão, é muito natural que o budismo, que ensina o respeito pela dignidade da vida e que todas as pessoas são torres de tesouro e budas, brilhe tão radiantemente nessas regiões onde imperava esse tipo de sistema. (...) Todas as pessoas têm o direito de ser felizes e de vencer na vida.6 Ela escreveu em uma carta: “Um bom ano é um ano com saúde, com boa disposição, bons trabalhos; um ano em que se sente a alegria de viver todos os dias e em que não deixamos os dias passarem em vão, sem propósito, ligando sempre a esperança para o futuro”. Não desperdice o tempo em vão. Cada dia é importante. Cada ano é precioso.7 Em fevereiro de 2008, foi publicado em série no Seikyo Shimbun o especial “Marie Curie: Uma Vida Dedicada à Ciência”, com base numa palestra promovida na Universidade Feminina Soka. Por meio dele, sensei incentivou não apenas as universitárias, mas também todas as mulheres Soka. Ikeda sensei conclamou, expressando sua expectativa: Qualquer que seja a época em que viva, cada pessoa possui uma missão que somente ela pode realizar. Não importa que seja algo simples. Quero que resplandeçam cada qual à sua maneira. O importante é se poderá ou não dizer: “Eu fiz o meu melhor!”. Os seres humanos não conseguem evidenciar a sua verdadeira força em meio a circunstâncias favoráveis. É no momento em que encaram as adversidades que conseguem extraí-la. É por lutarmos contra as circunstâncias desfavoráveis que podemos concretizar nossos grandes ideais.8 No topo: Cerimônia de inauguração da “estátua de Marie Curie” é realizada na Universidade Feminina Soka, em Hachioji, Tóquio, em 4 de abril de 1994, com a presença do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, e de sua esposa, Kaneko Foto: Seikyo Press Materiais de pesquisa: 1. QUINN, Susan. Marie Curie. Tradução: Kyoko Tanaka. Misuzu Shobo. 2. CURIE, Eve. Biografia de Marie Curie. Tradução: Asushi Kawagushi e outros. Hakusuisha. 3. BIRCH, Biverley. Biografia — Pessoas que Mudaram o Mundo 1 — Marie Curie. Tradução: Yumiko Inui. Kaiseisha. 4. CURIE, Marie; CURIE, Irene. Cartas entre Mãe e Filha. Tradução: Yuko Nishikawa. Jimbunshoin. 5. IKEDA, Daisaku. Shin-Watashi no Jinbutsukan. Daisanbunmei-sha. 6. Do especial “Marie Curie: Uma Vida em prol da Ciência”, publicado no Brasil Seikyo, ed. 1.971, 17 jan. 2009. 7. Do ensaio “Resplendor do Século da Humanidade”, publicado no Brasil Seikyo, ed. 1.800, 18 jun. 2005. 8. Trecho de discurso proferido durante o Conselho de Representantes da Universidade Soka, em 2 de janeiro de 2005. Acesse o link e assista ao vídeo sobre a vida de Marie Curie: Marie Curie

01/11/2023

Capa

A voz que vem do coração

Não seja refém das circunstâncias A comunicação humana se dá em especial pela voz, e é por meio dela que conseguimos expressar nossos sentimentos mais íntimos. Entre algumas curiosidades reveladas pela ciência comportamental, uma diz que não importa quanto treine ou faça aulas de canto, você jamais conseguirá reproduzir a exata voz de outra pessoa. Isso acontece porque a voz varia entre 50 Hz e 3.400 Hz, sendo diversificada conforme as cordas vocais, os lábios, a língua e diversas outras partes do corpo.1 Somos seres únicos e, assim como uma “impressão digital”, a voz revela muito sobre nós. Quando estamos tristes, a voz carrega toda a amargura; bravos, ela grita; e apaixonados, soa como sussurros. Isso é parte do que sabemos sobre os mecanismos físicos e comportamentais a que estamos suscetíveis diariamente. Mas o Budismo Nichiren elucida quanto podemos deixar de ser reféns das circunstâncias e gerar renovada força em nosso dia a dia. Estamos falando das vozes interiores e de como não permitir que elas tinjam a vida de cinza. Alguns crescem com palavras que, por vezes, arrebatam as expectativas na fase adulta. Outros são incentivados por mensagens que os impulsionam a fazer escolhas extraordinárias. O que se observa, em grande parte, é a primeira hipótese, o som da crítica, do “você não vai conseguir”. O resultado é a paralisia diante dos sonhos, como se estivesse acorrentado a crenças limitantes. Há um estudo que aprofunda esse cotidiano marcado pelas vozes interiores de negatividade, apontando para uma função cognitiva do cérebro: a de multiplicar problemas. Várias pessoas reclamam de que “os problemas nunca chegam sozinhos” ou de que “quando os problemas começam, nunca mais terminam”. De alguma forma, elas estão certas, mas isso provavelmente não se deve a um desígnio da fatalidade, e sim a um viés cognitivo: o cérebro multiplica os problemas, elucida estudo do psicólogo David Levari, da Universidade Harvard.2 Essa asseveração se traduz num exemplo diário “no trabalho”, com as chateações após uma conversa com os superiores e outras ocorrências que tiram da boca de algumas pessoas a expressão “hoje está dando tudo errado”, quando, na realidade, pode não ser exatamente assim.3 O fator comum nesse hábito continuado é cair na lamentação, o que sem perceber influencia no modo de agir e de se relacionar e, consequentemente, evidencia-se a fraqueza. A voz certamente vai denunciar a condição de vida interior. Dessa forma, podemos entrar numa espiral em que alimentamos o carma negativo, formado, tal como o bom carma, por “pensamentos, palavras e ações”. Temos, então, a escolha de nutrir a mente e o coração, optando entre permanecermos nessa condição ou nos libertar. O presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, pondera: As pessoas que deixam a mente ser dominada pelos vários compromissos acabam caindo na lamentação. Portanto, esse tipo de indisposição mental só as levará a depreciar tudo o que fizerem, e acabarão se sentindo sufocadas e oprimidas. Em consequência, seus pensamentos se acumularão e vocês não conseguirão sentir alegria, por mais que tentem. Isso se converterá num círculo vicioso. Por outro lado, se nutrirem uma atitude positiva e se conduzirem com satisfação, sua vida avançará. A postura de lidar com tudo com alegria e sinceridade capacitará sua vida a progredir com serenidade. Poderíamos dizer que a alegria “lubrifica” o coração, ao passo que a lamentação o “enferruja”, causando-lhe estagnação e enfraquecimento, e se isso acontecer, o objetivo que poderiam alcançar se tornará inalcançável.4 Assumir o comando do triunfo Qual força nos permite sentir alegria diante de tudo, saindo da espiral de desânimo? O budismo é um ensinamento milenar e, por intermédio do buda Nichiren Daishonin, sábio que viveu no século 13, encontramos alguns conceitos e princípios totalmente aplicáveis em nossos dias. Aprendemos o real significado de “ser senhor de sua mente”5 e em especial de que “A voz executa o trabalho do Buda”.6 Engana-se quem pensa que buda é um ser extraordinário, místico e de aparência reluzente. Um buda é aquele que se esforça continuamente, e manifesta esperança, coragem e sabedoria, mesmo enfrentando os dramas pessoais. Ao fazer dos desafios trampolim para o avanço — com alegria e disposição —, é capaz de influenciar positivamente todos ao redor. Dessa maneira, a voz é a força que converte amarguras interiores em esperança de vida. “‘A voz executa o trabalho do Buda’.7 A nobre missão do Buda é conduzida pelas pessoas que usam a voz para a felicidade de outros. É por meio da voz que podemos influenciar melhor alguém. Com a ‘voz da convicção’ e a ‘voz da confiança’, podemos criar sucessores do kosen-rufu”.8 Ou seja, estabelecer a paz como um direito para todos. Para chegar a essa condição, podemos usufruir o benefício de vibrar essa energia da vida. Foi em 28 de abril de 1253 que a sonora voz de Nichiren Daishonin ecoou com a recitação do Nam-myoho-renge-kyo9 pela primeira vez, favorecendo às pessoas comuns um meio pragmático para concentrar o coração e a mente na oração e manifestar o poder transformador desta em realidade. A oportunidade de desvendar o tesouro da iluminação oculto no próprio coração. Com a prática diária do Nam-myoho-renge-kyo, utilizando nossa voz, transformamos os males que nos afligem. É assim que os mais de 12 milhões de membros da Soka Gakkai Internacional vivem seus dias, com Ikeda sensei à frente desse movimento de conectar pessoas em torno do elo inquebrantável do humanismo. Ele ressalta: “A voz é a vibração de toda entidade viva; revela seu ser e seu caráter, o Nam-myoho-renge-kyo é o ritmo fundamental do universo, a maior voz de todas”.10 Sendo assim, reforça que “A recitação do Nam-myoho-renge-kyo é a chave para a eterna vitória. Não há como a vida das pessoas que abraçam e recitam o Nam-myoho-renge-kyo terminar em tristeza, derrota ou miséria”.11 Encontramos dessa maneira o antídoto para a situação de deixar os problemas dominarem nossos dias. Por vezes, vivemos de fantasmas do passado, como se nos sentíssemos acorrentados, desistindo dos nossos sonhos. A questão que se abre é como permitimos que algo ocorrido anos atrás ocupe um espaço tão grande em nossa mente e impeça nossa felicidade. Ikeda sensei encoraja: Nós só nos tornamos impotentes quando desistimos e decidimos, por conta própria, que não podemos continuar. Isso é comparável a trancar a porta do nosso potencial interior ou represar nosso espírito com as próprias mãos. A desistência é a causa da derrota. A fé no Budismo Nichiren nos fornece o poder para romper a escuridão do desespero e fazer o sol da vida nascer em nosso coração.12 O que move essa mudança tem nome. “Determinação”, ou ichinen, em japonês. Vamos conferir no trecho a seguir. Como sair da espiral da lamentação * Agradeça às conquistas, mesmo as menores. * Aproxime-se de pessoas de energia construtiva. * Substitua a palavra “problema” pelo termo “oportunidade”. * Aprenda com as lições do que (ainda) não deu certo. * Enxergue o objetivo concretizado, em vez de só medir a distância até ele. * Não guarde rancores, guarde memórias de felicidade. A determinação é a causa da vitória “Determinação” (ichinen) é a atitude mental corajosa naquele momento em que decidimos romper as amarras do que nos prende e utilizar o presente para gerar um futuro de valor. É construir nossa própria história, criando uma causa focada na vitória, iluminando a escuridão da lamentação e da dúvida do caminho a seguir. Na essência do Nam-myoho-renge-kyo está o renge, a “simultaneidade de causa e efeito” [causalidade da Lei Mística]. A causa e o efeito ocorrem juntos. “Recitar daimoku (orar Nam-myoho-renge-kyo) é a causa e sentir alegria é o efeito. Ambos acontecem sem espaço de tempo entre eles. O requisito para que a Lei Mística seja ativada é a fé. Quando estamos convencidos de que o daimoku é a fonte da felicidade humana, então a prática provoca efeito imediato. Não importa em que situação estejamos ou o que tenhamos feito, o poder do daimoku é infinito e, com a fé correta, a recitação varre toda a negatividade e experimentamos ‘a maior das alegrias’”.13 “Nascemos para ser feliz e vencer em tudo.”14 É uma felicidade que não depende das circunstâncias externas nem é um sentimento egoísta. Ampliamos nossa condição de vida e alçamos o “mundo dos bodisatvas” no qual a compaixão e a benevolência nos impulsionam a ajudar as pessoas a encontrar esse caminho. É quando exercitamos a empatia, expressando nossa melhor voz, a que vem do coração. Na forte crença do poder do diálogo na construção de um mundo de coexistência pacífica é que foi criada a Soka Gakkai, em 18 de novembro de 1930, pelos educadores Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda. A organização, formada inicialmente para abrigar professores e seus temas de abordagem, logo se estendeu para os cidadãos comuns, em especial para os sobreviventes do pós-guerra do Japão, que haviam perdido o sentido de vida, tamanho o sofrimento. Passados mais de noventa anos, o princípio é o mesmo. Tudo começa com um único indivíduo decidido a ser o ombro que acolhe e a voz que atenua o sofrimento, incentiva à renovada ação ou simplesmente acalma a alma. A história quase centenária da Soka Gakkai está repleta de exemplos que retratam essa poderosa força do diálogo. Na Nova Revolução Humana, escrita ininterruptamente por longos 25 anos por Ikeda sensei, podemos acompanhar inúmeras jornadas de vitórias de pessoas comuns que transpuseram seus limites. Exemplo vem de um jovem que foi para a Holanda [atualmente, Países Baixos] desbravar caminhos profissionais, relatado no volume 12. Seizo Onodera, como é denominado na publicação, funcionário de um hotel, pede demissão após uma discussão com seu chefe. Está arrependido por não conseguir controlar uma questão de conflito. Ao ver seu aspecto em um encontro que teve com ele naquele país, o presidente Ikeda (pseudônimo de Shin’ichi no romance) o orienta de forma calorosa: — Onodera, não lhe fará bem algum ficar arrependido por coisas do passado. Precisamos viver pelo amanhã, pelo futuro. Você ainda é jovem. Ser jovem significa ter um potencial ilimitado. E não é nos desvalorizando nem duvidando de nós mesmos por causa de uma falha ou erro que conseguiremos manifestar esse potencial. Espero que continue a avançar, jamais se prendendo às falhas. Tudo se decide a partir de agora. Vença amanhã! Não seja derrotado!15 E não parou por aí. O diálogo se estendeu com a preocupação do Mestre em saber como estava a situação financeira de Onodera, quais planos pretendia e para que ele identificasse o propósito de vida (e lutasse por este) de sair do Japão para aquele país. Onodera desperta para sua missão. Ele renovou a determinação e construiu sua jornada de vitória. Passados 21 anos daquele encontro, estava Onodera em outro hotel, agora como proprietário. Os bastidores dessa história podem ser conferidos no inspirador capítulo “Esperança Renovada”, do volume 12, da Nova Revolução Humana.16 A atitude que emerge de um sincero diálogo é a principal crença do modo budista de ser. E tudo começa na família, nos pequenos núcleos de bairro onde são realizados os encontros humanísticos Soka — células de vozes humanas que reverberam pela sociedade. “Não seria exagero dizer que a prática de recitar Nam-myoho-renge-kyo no Budismo Nichiren deu origem ao budismo do povo, aberto a todos. Essa prática budista é realmente insuperável, possibilita-nos transformar a vida a partir no nível mais profundo”, enfatiza o presidente Ikeda.17 O exercício que se aprofunda nesse contexto tem raízes no nosso lar. Muitas vezes, bastando simples gestos. Ikeda sensei contextualiza: A sociedade atual está impregnada de estresse, como um campo selvagem grotesco e austero. Também não faltam relacionamentos ruins que deixam o coração miserável e tentam nos arrastar para a infelicidade. Por isso mesmo é importante que o lar — nosso ambiente mais próximo — se transforme em um fértil e grande solo, onde todos se protejam mutuamente por meio da união do coração de cada membro da família. É justamente por esta era estar inundada com palavras insensíveis que machucam as pessoas, que busco valorizar uma troca de palavras repletas de consideração. O primeiro passo é o “cumprimento”. Mesmo que no princípio a expressão facial se mostre rígida, por meio de um cumprimento nasce o sorriso e, a partir daí, um diálogo de vida a vida se expande.18 Seja a voz que une, acolhe e cria a história A voz é o espelho da personalidade humana, sofrendo alterações conforme nossas emoções. É ela que nos apresenta ao mundo e por meio dela podemos influenciar a vida dos que nos rodeiam. E se cada voz é única, assim também é a oportunidade que temos de ouvir nosso coração; e se não gostamos do que está vibrando lá dentro, podemos gerar a mudança necessária. E um dos passos para essa mudança é parar de viver do passado ou de se lamentar por dias melhores que não chegam logo. Iluminação e escuridão são faces de uma mesma moeda chamada vida. A prática do Nam-myoho-renge-kyo nos permite encontrar a raiz dos sentimentos negativos, que são as vozes mais altas de nossa mente, transformando-os em atitudes proativas, corajosas e sábias, por meio de um processo de reforma interior que chamamos “revolução humana”. O presidente Ikeda afirma que “Ao recitarmos Nam-myoho-renge-kyo uma única vez, nós, seres comuns, não iluminados — atormentados por problemas, dúvidas e sofrimentos —, podemos transformar positivamente nossas circunstâncias de acordo com o princípio da ‘transformação de veneno em remédio’19 e atingir uma condição de vida repleta de esperança, coragem e paz de espírito”.20 Essa abundante alegria nos impulsiona a enfrentar os desafios diários, a construir relações humanas saudáveis no trabalho e no lar e a expandir essa consciência na sociedade. Nós nos tornamos seguros e potentes também para ser a voz de esperança na vida dos que sofrem. Ikeda sensei expressa seu sentimento em um poema que materializa o propósito da Soka Gakkai, celebrando 93 anos de fundação neste mês novembro. Vozes que unem, acolhem e criam a história. Não abandonem seja quem for. Não julguem arbitrariamente. Não descartem quem quer que seja. Continuem acreditando e estendam a mão, fazendo despertar sua natureza de buda. Esse é o humanismo do budismo. (...) No momento em que agirem em prol dos outros, farão também revivescer os mananciais da própria vida. Encontrem-se com as pessoas, dialoguem com elas e plantem as sementes da esperança. É nessa ação que existe o caminho correto para a construção de uma grandiosa história.21 No topo: Presidente da BSGI, Miguel Shiratori, primeiro à dir., dialoga durante almoço com jovens participantes da quarta edição da Academia Índigo Juventude Soka do Brasil (Itapevi, SP, set. 2023) Foto: BS Notas: 1. Disponível em: https://museuweg.net/blog/10-curiosidades-sobre-a-voz-humana/. Acesso em: 28 set. 2023. 2. Disponível em: https://amenteemaravilhosa.com.br/o-cerebro-multiplica-os-problemas/. Acesso em: 28 set. 2023. 3. Ibidem. 4. IKEDA, Daisaku. Famílias Felizes, Crianças Felizes — Educação para a Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023. p. 70-71. 5. Para saber mais, leia a matéria Observar a mente através da prática budista, na Terceira Civilização, ed. 662, out. 2023. 6. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 196, 2020. 7. Ibidem. 8. Brasil Seikyo, ed. 1.668, 21 set. 2002, p. A2. 9. Terceira Civilização, ed. 602, out. 2018, p. 32-38. 10. Para entender os benefícios da oração budista, veja a seção Na Prática, na Terceira Civilização, ed. 661, set. 2023. 11. Brasil Seikyo, ed. 2.330, 9 jul. 2016, p. C2/C3. 12. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 26, p. 317-318, 2019. 13. Brasil Seikyo, ed. 2.330, 9 jul. 2016, p. C2-C3. 14. Ibidem. 15. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 12, p. 75-76, 2020. 16. Ibidem. 17. IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 101, 2023. 18. Ibidem. Dedico às Mulheres Palavras do Coração. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 59. 19. “Transformação de veneno em remédio”: O princípio de que desejos e sofrimentos mundanos podem ser convertidos em benefício e em iluminação pelo poder da Lei. Tal expressão é frequentemente citada para mostrar que qualquer problema ou sofrimento pode ser transformado na máxima felicidade e satisfação na vida. 20. Terceira Civilização, ed. 586, jun. 2017, p. 44 21. Brasil Seikyo, ed. 2.440, 20 out. 2108, p. B1.

01/11/2023

Estudo

[64] A Profecia do Buda — jovens fênix, alcem voo para uma nova era!

Explanação “Aos meus jovens amigos, membros da Divisão dos Estudantes (DE) Herdeiro, que almejam herdar e herdarão o futuro! Vocês são as jovens fênix que realizarão o kosen-rufu. Seu crescimento, portanto, é a esperança da Soka Gakkai e o prenúncio de um radiante novo amanhecer para o Japão e para o mundo.” Esse é um trecho de um editorial intitulado Jovens Fênix, Alcem Voo para o Futuro! com o qual contribuí para a revista de estudos da Soka Gakkai, Daibyakurenge, em novembro de 1965. Acredito convictamente que os integrantes da Divisão dos Estudantes1 possuem a grandiosa missão de arcar com o desenvolvimento futuro da Soka Gakkai. Desejo que assumam a responsabilidade por assegurar a consolidação dos alicerces do kosen-rufu. É por essa razão que abri o caminho para eles e continuarei a fazer isso com todas as minhas forças enquanto viver. O prenúncio de um radiante novo amanhecer Hoje, 55 anos depois [explanação originalmente publicada em 2020], gostaria de declarar novamente a vocês — atuais membros da DE-Herdeiro (ensino médio), DE-Esperança (fundamental 2) e DE-Futuro (fundamental 1) — que seu crescimento representa o prenúncio de um radiante novo amanhecer para o mundo inteiro. Isso porque, nesta época em que a humanidade se vê às voltas com o desafio de uma pandemia global, a presença de vocês e seu sólido desenvolvimento inspiram uma nova esperança às pessoas de todos os lugares. Não cedam à derrota, avancem com total confiança! Com certeza, muitos de vocês se sentiram desapontados por não passarem o verão do modo como geralmente fazem devido às restrições impostas pela Covid-19. E sei que alguns estão lidando com situações difíceis todos os dias pelo fato de sua família enfrentar interrupções nos negócios ou no trabalho relacionadas à pandemia. Por isso, peço-lhes: “Jovens fênix, não cedam à derrota!”; “Com o peito estufado, avancem com total confiança!”; “É em momentos desafiadores como estes que se pode alçar voo bravamente em direção ao futuro!”. Ao mesmo tempo em que envio orações pelo seu sucesso nesse sentido, gostaria de estudar algumas passagens dos escritos de Nichiren Daishonin com vocês, meus preciosos jovens amigos que produzirão um futuro mais promissor. Vamos fazer isso como se estivéssemos desfrutando uma conversa descontraída à sombra das árvores. Trecho do escrito 1 A Profecia do Buda2 O sétimo volume do Sutra do Lótus afirma: “Após eu ter entrado em extinção, no último período de quinhentos anos,3 deve propagá-lo [o Sutra do Lótus] amplamente em todo o Jambudvipa [o mundo inteiro], e jamais permitir que ele deixe de existir” [LSOC, cap. 23, p. 330]. Por um lado, é para mim lamentável que mais de 2.220 anos já tenham se passado desde a morte do Buda. Que mau carma é este que me impediu de nascer na mesma época dele? Por que não pude testemunhar o advento das quatro categorias de veneráveis,4 nos Primeiros Dias da Lei, ou de Tiantai e Dengyo5 nos Médios Dias da Lei? Por outro lado, alegro-me com a boa sorte que me permitiu nascer no último período de quinhentos anos e ler estas palavras verdadeiras do sutra. (CEND, v. I, p. 417) A nobre missão daqueles que nasceram nos Últimos Dias da Lei Nesta edição, estudaremos o escrito de Nichiren Daishonin A Profecia do Buda, no qual ele discute a visão do Buda em relação ao futuro. Basicamente, a profecia do Buda é a concretização do kosen-rufu, a ampla propagação da Lei Mística; equivale ao desejo do Buda de trazer paz à humanidade e conduzir as pessoas à felicidade eterna. O budismo originou-se do desejo de aliviar o sofrimento humano no âmbito mais fundamental. Ensina que todos possuem a condição de vida supremamente nobre do estado de buda e podem superar os desafios máximos da vida: os sofrimentos de nascimento, envelhecimento, doença e morte.6 Indivíduos que despertaram para a dignidade da própria vida, assim como para a dignidade da vida dos outros, levantam-se para eliminar a miséria e o infortúnio do mundo. Kosen-rufu consiste no esforço para construir uma sólida rede de pessoas comuns empoderadas e dedicadas a promover um movimento em prol da felicidade e da paz. Shakyamuni7 expôs o Sutra do Lótus para elevar todas as pessoas à mesma condição de vida iluminada que ele havia alcançado. Ele também instruiu que, na era maléfica e impura posterior à sua morte, seus discípulos deveriam propagar o Sutra do Lótus e jamais permitir que deixasse de ser transmitido. Os bodisatvas da terra8 foram os discípulos incumbidos da nobre missão de cumprir fielmente esse desejo do Buda. Em exata conformidade com os ensinamentos do Sutra do Lótus, Nichiren Daishonin surgiu nos Últimos Dias da Lei,9 era assolada pelo mais terrível sofrimento, e ensinou e propagou a grande Lei do Nam-myoho-renge-kyo, a essência do Sutra do Lótus. Suportando perseguições que representavam risco à própria vida, ele abriu o caminho para a iluminação da humanidade pelo futuro eterno. Essa é a razão pela qual nós o reverenciamos como Buda dos Últimos Dias da Lei. Budismo que constrói a era da vitória do povo Nos tempos atuais, os três primeiros presidentes da Soka Gakkai,10 ligados por profundos laços de mestre e discípulo, herdaram esse nobre espírito de Daishonin. Unidos a eles, nossos dedicados membros do mundo inteiro dão tudo de si, dia após dia, em prol da felicidade das pessoas e da paz e para edificar uma sociedade segura e protegida. Essa extraordinária linhagem de humanismo budista consagrada à construção da era da vitória do povo iniciou-se com Shakyamuni e o Sutra do Lótus na Índia e manteve sua continuidade com Nichiren Daishonin e a Soka Gakkai. Nesse sentido, ao estudarmos A Profecia do Buda, aprenderemos sobre a origem do espírito da Soka Gakkai, o qual está diretamente ligado a Daishonin. Estudei esse escrito com meu mestre, Josei Toda, e posteriormente com os membros da Divisão dos Jovens várias vezes ao longo dos anos. Sempre que o leio, fico profundamente emocionado com a infinita condição de vida de Daishonin e seu ardente desejo de aliviar o sofrimento das pessoas. Espero que todos vocês, meus jovens amigos da Divisão dos Estudantes, também gravem esse espírito em seu coração. Espírito de Daishonin contido no título de A Profecia do Buda Daishonin escreveu A Profecia do Buda no quinto mês intercalado11 de 1273, enquanto residia em Ichinosawa durante o seu exílio na Ilha de Sado.12 O título em japonês, Kembutsu Mirai Ki, literalmente significa tornar realidade o que o Buda predisse e deixou como mensagem para o futuro. De um lado, a “profecia”, no título, refere-se à profecia de Shakyamuni, mas, do outro, a verdadeira intenção de Daishonin era revelar a própria profecia. Em primeiro lugar, qual a profecia de Shakyamuni? Não é outra senão a concretização da passagem do capítulo “Os Feitos Iniciais do Bodisatva Rei dos Remédios”, do Sutra do Lótus, citada no início desse escrito: “Após eu ter entrado em extinção, no último período de quinhentos anos, deve propagá-lo [o Sutra do Lótus] amplamente em todo o Jambudvipa [o mundo inteiro], e jamais permitir que ele deixe de existir” [LSOC, cap. 23, p. 330] (CEND, v. I, p. 417). Esta foi a instrução testamental do Buda para que o Sutra do Lótus fosse propagado no mundo inteiro nos Últimos Dias da Lei e para que jamais se permitisse que sua transmissão cessasse. Fazendo alusão a essa passagem, Daishonin, a princípio, afirma que “por um lado, é para mim lamentável” ter nascido nos Últimos Dias da Lei, depois da morte do Buda, pois significava que não poderia se encontrar diretamente com Shakyamuni, que pregou o Sutra do Lótus, ou com os outros grandes mestres que propagaram o ensinamento do Sutra do Lótus (cf. CEND, v. I, p. 417). Mudança de postura de se lamentar para a de se alegrar No entanto, Daishonin observa: “Por outro lado, alegro-me” referindo-se à imensa boa sorte de ter nascido nos Últimos Dias da Lei e testemunhar essas palavras da profecia do Buda sendo concretizadas (cf. Ibidem). À primeira vista, pode parecer que os Últimos Dias da Lei seja uma era deplorável. Daishonin, porém, tem uma opinião diferente. Ele os vê como uma era para se alegrar, na qual o ensinamento do Sutra do Lótus — Nam-myoho-renge-kyo — será propagado, obstáculos serão sobrepujados e o kosen-rufu será realizado. Essa grande mudança de postura de se lamentar para a de se alegrar é muito importante. Decorre da poderosa determinação de Daishonin de propagar resolutamente o ensinamento da Lei Mística [Nam-myoho-renge-kyo] em meio a implacáveis perseguições com o intuito de conduzir aqueles que estão sofrendo à felicidade genuína. Isso nos oferece uma profunda lição. Por exemplo, em vez de simplesmente lamentar quando nos encontramos num ambiente complicado ou em circunstâncias desafiadoras, se mudarmos nossa determinação (ichinen) e assumirmos uma atitude proativa, poderemos transformar a situação. Além disso, quando empreendemos ações não apenas para nós mesmos, mas também para a felicidade de outras pessoas e da melhoria da sociedade, brota dentro de nós a verdadeira alegria. Esse é o significado de desfrutar uma vida de revolução humana. O que torna os membros da Soka Gakkai tão fortes? O que os faz ser tão radiantes e alegres? É seu modo de vida de nobre dedicação ao incomparável objetivo de alcançar a paz mundial, que é em si o kosen-rufu, e não somente à busca da própria felicidade. Hoje, membros de cada país e região, apesar de eles próprios enfrentarem muitos desafios, estendem a mão para incentivar os amigos e companheiros. Algumas pessoas talvez almejem apenas que seus desejos pessoais se concretizem e, passivamente, esperem se tornar felizes. Mas elas podem mudar e se transformar em pessoas que se empenhem de forma alegre e corajosa pela felicidade e pelo bem-estar de outras, com o mesmo espírito do Buda. Esse é o sublime drama da revolução humana, da transformação interior, protagonizado por aqueles que despertam para sua missão como bodisatvas da terra. É o drama que pulsa com o nobre espírito de respeito pela dignidade da nossa vida, bem como pela dignidade da vida dos outros. Sejam sucessores que avançam corajosamente Nichiren Daishonin estava determinado a aliviar o sofrimento de todas as pessoas, sem exceção. Tamanha era a amplitude de sua compaixão. Esse espírito de ilimitada compaixão e tolerância constitui a essência do Budismo Nichiren. Contudo, por mais excelente que seja um ensinamento, sem sucessores para herdá-lo, ele não poderá ser transmitido a muitas pessoas. Em outro trecho de A Profecia do Buda, Daishonin escreve: “Mesmo quando (...) sacerdotes [budistas] partiram do Japão levando alguns sutras para a China, não houve ninguém dessa nação que pudesse abraçar esses escritos e ensiná-los aos demais. Era como se houvesse somente estátuas de pedra ou de madeira vestidas com mantos clericais e carregando uma tigela de mendicância” (CEND, v. I, p. 420). Vocês, meus jovens amigos da DE, são os sucessores, aqueles que “abraçarão e ensinarão” nossos ideais aos demais. Espero que levem adiante o nobre espírito da Soka Gakkai e prossigam avançando intrepidamente no século 21, comprometidos em cumprir a profecia dos dias atuais de concretização do kosen-rufu e de propagação mundial do Budismo Nichiren como religião para o bem do ser humano. Trecho do escrito 2 A Profecia do Buda A Lua surge no oeste e ilumina o lado leste, enquanto o Sol nasce no leste e irradia seus raios para o oeste. O mesmo se aplica ao budismo. Nos Primeiros e nos Médios Dias da Lei, o budismo propagou-se do oeste para o leste, mas, nos Últimos Dias da Lei, percorrerá do leste para o oeste.13 (CEND, v. I, p. 420) Daishonin tornou realidade a profecia de Shakyamuni Em um trecho anterior a essa passagem, Daishonin enfatiza: “Se não fosse por Nichiren, as palavras do Buda se revelariam falsas” (CEND, v. I, p. 420), e “Em todo o Japão, quem exceto Nichiren pode ser chamado de devoto [praticante] do Sutra do Lótus?” (Ibidem). Com essas palavras, Daishonin declara que só ele tornou a profecia de Shakyamuni realidade. Assegura também que o grandioso ensinamento do Nam-myoho-renge-kyo, o âmago do Sutra do Lótus, se propagará pelo mundo todo, concretizando a profecia que não pôde ser cumprida ao longo da história do Budismo de Shakyamuni. A propagação do Budismo de Shakyamuni é comparada aqui à Lua, e a do Budismo de Nichiren Daishonin, ao Sol. Daishonin escreve: “A Lua surge no oeste e ilumina o lado leste, enquanto o Sol nasce no leste e irradia seus raios para o oeste” (CEND, v. I, p. 420). Talvez vocês estejam pensando: “Tanto a Lua como o Sol não nascem no leste e se põem no oeste?” Embora isso seja verdade, a afirmação de Daishonin reflete as ideias do seu tempo. Uma teoria diz que, como a lua parece se mover para o leste pouco a pouco a cada dia, a partir de onde ela surge no céu inicialmente, considerava-se que ela nascesse no oeste e iluminasse o leste. Outra teoria é que se trata de uma metáfora para o fato de a lua nova surgir baixa no lado oeste do céu logo após o pôr do sol e iluminar o leste antes de se esconder rapidamente. Do mesmo modo que a lua aparenta se mover do oeste para o leste, o Budismo de Shakyamuni se propagou do oeste, Índia, conhecida como a terra da lua, para o Japão, no leste. Esse acontecimento é chamado transmissão do budismo para o leste. E assim como o sol nasce no lado leste do céu e se move para o oeste, o grandioso ensinamento de Nichiren Daishonin, Nam-myoho-renge-kyo, se propagará a partir do Japão, país localizado no leste em direção a oeste. Em A Profecia do Buda, Daishonin apresenta a própria profecia: “Digo que o budismo infalivelmente se levantará e se propagará a partir do leste, das terras do Japão” (CEND, v. I, p. 421). Esse fato é denominado retorno do budismo para o oeste. Significa concretizar o kosen-rufu na Ásia e no mundo inteiro, conduzir todas as pessoas dos Últimos Dias da Lei à felicidade por meio dos ensinamentos universais do Budismo Nichiren. A Soka Gakkai concretiza o retorno do budismo para o oeste No verão de 1951, pouco depois da posse como segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda publicou um artigo na revista Daibyakurenge, intitulado “História e Convicção da Soka Gakkai”, no qual cita a passagem anterior, referente ao retorno do budismo para o oeste, dizendo: “A Soka Gakkai demonstra fé absoluta nessas palavras e age para torná-las realidade”.14 E foi a Soka Gakkai que propagou os ensinamentos humanísticos de Nichiren Daishonin para o mundo e concretizou a profecia do Buda de retorno do budismo para o oeste. Dirigindo-se a um grupo de jovens [em 1957, antes da fundação da Divisão dos Estudantes], Toda sensei expressou: “No futuro, devemos construir um mundo pacífico, de cidadania global,15 livre de divisões nacionais ou étnicas — um mundo no qual todos possam experimentar a verdadeira felicidade. Espero que se lembrem do que eu disse aqui hoje e contribuam para alcançar esse sonho, um pouco que seja”. Com essa passagem sobre o retorno do budismo para o oeste de A Profecia do Buda gravada no coração e Toda sensei sempre em meu pensamento, plantei as sementes da Lei Mística e incentivei as pessoas em diversos países. Também falei aos membros da DE sobre a questão do retorno do budismo para o oeste. Na primeira convenção da DE-Herdeiro, realizada em agosto de 1968, com a participação de representantes de todo o Japão, mencionei essa passagem de A Profecia do Buda. Então, instei-os a tentar, em primeiro lugar, dominar um idioma estrangeiro. Estava convicto de que a proficiência em língua estrangeira seria essencial para cultivar líderes para assumir a responsabilidade pela nova era e cidadãos do mundo para edificar a paz na sociedade global. Os jovens presentes naquele dia hoje são atuantes em muitas áreas em vários países. Meu maior desejo é que todos vocês, jovens que estão vivendo nesta nova era global, tenham sonhos, esperanças e ideais ainda mais grandiosos; que façam do estudo prioridade máxima e aprendam tudo o que puderem; e que desenvolvam seu potencial, alçando voo livremente na sociedade e no mundo. Sejam pessoas de coragem, com uma vida profunda Na parte final de A Profecia do Buda, Daishonin menciona as palavras do grande mestre Dengyo: “Descartar o superficial e buscar o profundo é próprio de uma pessoa de coragem” (CEND, v. I, p. 422). Certa ocasião, também dediquei essa passagem, como um princípio norteador, aos membros do Grupo Jovens Fênix16 da Divisão dos Estudantes. Essas palavras nos exortam a rejeitar uma vida superficial, dominada pelas circunstâncias e preocupada somente em buscar prazer pessoal, e, em vez disso, a escolher uma vida nobre e profunda dedicada ao sublime ideal do kosen-rufu e da paz mundial. Essa é a conduta “própria de uma pessoa de coragem”. Além de ser praticante que permanece firme no caminho correto, a pessoa de coragem possui um caráter extraordinário. Seu coração é munido do espírito intrépido e desafiador de um leão de devotar a vida a cumprir o grande juramento pelo kosen-rufu. Rede solidária de pessoas comuns dedicada à construção de uma era de coexistência pacífica Neste momento em que a humanidade continua enfrentando desafios do contexto global, pessoas de todas as esferas expressam esperança e louvor à rede do bem da SGI em 192 países e territórios. O Dr. N. Radhakrishnan, notável ativista indiano dos direitos humanos, disse no passado que a SGI se tornou um maravilhoso movimento com mais de 10 milhões de ardorosos membros. Acrescentou também que ela envia ondas de paz para um mundo no qual muitos países ainda se encontram dilacerados por contendas e serve como excelente exemplo da força de pessoas que se unem por uma causa grandiosa e positiva.17 Hoje, mais que nunca, o mundo necessita intensamente de uma rede solidária de pessoas comuns dedicada à construção de uma era de coexistência pacífica. De fato, a palavra “Soka”, de Soka Gakkai, significa “criar valor”. Nosso desafio como pessoas que abraçam os ideais do humanismo Soka é conseguir empregar nossa sabedoria e criatividade para estabelecer laços de coração a coração entre os indivíduos, não importando quais sejam nossas circunstâncias ou a distância que possa nos separar, e criar novos valores da paz, da dignidade humana e da felicidade. Como jovens fênix de uma nova era, alcem voo repletos de alegria e de dinamismo, numa magnífica jornada pela concretização da paz mundial. Voo excelente e bailar alegre como bodisatvas da terra Gostaria agora de oferecer, mais uma vez, aos integrantes da Divisão dos Estudantes de todos os lugares as palavras com as quais encerrei meu editorial de 1965, Jovens Fênix, Alcem Voo para o Futuro!: “Meus jovens amigos, que vocês sempre mantenham a fé com a pureza de coração, levem avante o verdadeiro espírito da Soka Gakkai e voem e bailem livremente sobre o alicerce construído por seus predecessores com sinceros esforços. Vivam cada dia com alegria, confiantes de que, à medida que vocês crescerem esplendidamente e se levantarem juntos como um único corpo, chegará a época para a concretização do grande juramento pelo kosen-rufu. Oro pelo desenvolvimento de vocês de forma magnífica como jovens bodisatvas da terra que se empenham pelo bem da sociedade, da Lei Mística e de si próprios”. (Daibyakurenge, edição de agosto de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Jovens do continente africano interagem com membros da Divisão dos Estudantes no Auditório Memorial Toda (Tóquio, Japão, set. 2023) Foto: Seikyo Press Notas: 1. A Divisão dos Estudantes (ensino médio) [DE-Herdeiro] foi estabelecida em 7 de junho de 1964; a Divisão dos Estudantes (ensino fundamental 2) [DE-Esperança], em 15 de janeiro de 1965; e a Divisão dos Estudantes (ensino fundamental 1) [DE-Futuro], em 23 de setembro de 1965. As três juntas compreendem a Divisão dos Estudantes. 2. A Profecia do Buda foi escrita no décimo primeiro dia do quinto mês intercalado de 1273, enquanto Nichiren Daishonin residia em Ichinosawa, na Ilha de Sado, onde ficou exilado. Não é endereçada a nenhuma pessoa em particular e pode ser considerada como uma mensagem para todos os discípulos de Daishonin. 3. Último período de quinhentos anos: Indica o último dos três períodos após a morte do buda Shakyamuni. Os primeiros mil anos após a morte dele correspondem aos Primeiros Dias da Lei, os mil anos seguintes, aos Médios Dias da Lei, e o último período de quinhentos anos, ao início dos Últimos Dias da Lei. 4. “Quatro categorias de veneráveis”: Mestres budistas em quem as outras pessoas podem confiar. Apesar de o termo “quatro categorias” referir-se aos quatro níveis de compreensão, a denominação “quatro categorias de veneráveis” é, com frequência, empregada como um termo genérico para esses mestres budistas, independentemente do nível de compreensão. 5. Tiantai (538–597), também conhecido como Zhiyi, Tiantai Zhizhe, grande mestre Tiantai e grande mestre Zhizhe. Propagou o Sutra do Lótus na China e estabeleceu a doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida”. Dengyo (767–822), também conhecido como Saicho, foi o fundador da escola Tendai (Tiantai) no Japão. Ele viajou para a China, onde dominou os ensinamentos de Tiantai. 6. Nascimento, envelhecimento, doença e morte são os “quatro sofrimentos fundamentais”, dos quais nenhum de nós consegue escapar. Os ensinamentos do budismo foram expostos para habilitar as pessoas a ultrapassar esses sofrimentos. 7. Shakyamuni: Também conhecido como buda Gautama, é o fundador do budismo. 8. Bodisatvas da terra: A imensa multidão de bodisatvas que o buda Shakyamuni convoca para propagar o Sutra do Lótus na era maléfica após a sua morte e guiar eternamente todas as pessoas à felicidade. Eles emergem da terra no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, daí o referido título. Cada um deles é um grande bodisatva — de brilho dourado, magnífico e firme em seu propósito — acompanhado por um séquito de amigos e companheiros em número igual às areias de sessenta mil rios Ganges. 9. Os Últimos Dias da Lei indicam o período após a morte de Shakyamuni em que seus ensinamentos perderiam a eficácia e se fossilizariam, e o mundo seria atormentado por disputas e conflito. Nichiren Daishonin surgiu durante essa época e expôs o grandioso ensinamento do Nam-myoho-renge-kyo para aliviar os sofrimentos das pessoas dos Últimos Dias da Lei por toda a eternidade. 10. Três primeiros presidentes da Soka Gakkai: Primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi; segundo, Josei Toda; e terceiro, Daisaku Ikeda. Eles também são conhecidos como os três presidentes fundadores da Soka Gakkai. 11. Mês intercalado: No período pré-moderno, o Japão, assim como a China, registrava datas com base no calendário lunar. O Dia de Ano-Novo no calendário lunar, considerado o início do primeiro mês e da primavera, variava de ano para ano, mas sempre incidia em alguma data entre 21 de janeiro e 19 de fevereiro do calendário solar, ou gregoriano. Como os meses do calendário lunar eram mais curtos que os do solar, era necessário acrescentar um mês extra a certos intervalos, para que o ano lunar correspondesse com precisão às estações. Esse mês é conhecido como mês intercalado e ocorria regularmente cerca de uma vez a cada 33 meses. Nas traduções, esses meses são indicados pela palavra “intercalado”, como em “quinto mês intercalado”. 12. Exílio em Sado: Exílio de Daishonin na Ilha de Sado, na costa oeste do Japão, desde o décimo mês de 1271, após a Perseguição de Tatsunokuchi, ocorrida no décimo segundo dia do nono mês de 1271, até o terceiro mês de 1274. Nos dois anos e cinco meses em que Daishonin permaneceu em Sado, não tinha alimento e vestimentas suficientes e sua vida permaneceu sob constante ameaça dos seguidores do Nembutsu. Durante esse período sombrio, porém, ele redigiu várias importantes obras, dentre as quais Abertura dos Olhos e O Objeto de Devoção para Observar a Mente, e proporcionou incentivos aos seus seguidores. 13. Refere-se ao “retorno do budismo para o oeste”. 14. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu, [Obras Completas de Josei Toda]. v. 3, Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1983. p. 127. 15. O presidente Josei Toda enunciou pela primeira vez seu conceito de cidadania global num seminário de estudo da Divisão dos Jovens em 1952. Trata-se da ideia de que todas as pessoas do mundo fazem parte de uma família global e devem buscar a prosperidade mediante a cooperação mútua e a harmonia, em vez de se envolverem em conflitos e discriminação. 16. Grupo Jovens Fênix: Grupo de Aprimoramento para membros da Divisão dos Estudantes Herdeiro estabelecido em 1966. 17. Traduzido do japonês. RADHAKRISHNAN, N. Ganji Kingu Ikeda; Hiboryoku to Taiwa no Keifu [Mahatma Gandhi, Martin Luther King e Daisaku Ikeda como Defensores da Não Violência]. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 2002. p. 127.

01/11/2023

Capa

Propagar a cultura do humanismo

A cultura é um bem da humanidade que não conhece fronteiras. Ela cria renovadas cores e tons na forma como as pessoas se comunicam, se relacionam e se comportam em sociedade. Alvo de intensos estudos, o termo “cultura” pode indicar tanto a produção artística quanto o modo de vida, o conjunto de saberes, a religião e outras expressões de um povo — o fato é que a todo o momento somos impactados pela culinária, moda, dança desses povos. Cada cultura tem suas próprias nuanças e vão sendo absorvidas, estabelecendo um precioso ritmo na evolução humana. Como uma das mais acessíveis artes, a música ganha contornos nesta edição, com sua força impactante na saúde e no bem-estar, e na criação e no fortalecimento das relações de amizade e de paz. É um espaço para reflexões que contribuam para uma vida criativa, na qual deixamos de executar um ritmo de vida marcado por dissabores e compomos nossa própria partitura, vibrante de coragem e de esperança para encarar os desafios. Ao nos apropriar da força vital que existe em nós, aprendemos a extrair da vida o que ela tem de melhor. A edição está repleta de estímulos. A música é tema. E quem cria a melodia da felicidade é você! Acompanhe! Processo transformador Há pelo menos 34 definições para o termo “cultura”, tamanha sua abrangência e latitude de pensamentos. Para o historiador e crítico literário Alfredoe Bosi, antes mesmo de tentarmos definir concretamente seu significado, vale a máxima de que ela pode ser entendida por meio de nossas experiências, do cotidiano e da apropriação das reflexões surgidas. Cultura está ligada à experiência. Só existe cultura, realmente, quando vivemos estas determinadas experiências, quando nosso cotidiano é pensado. Então cultura de uma maneira genérica seria a experiência pensada, a vida pensada. Tudo aquilo que fazemos de maneira espontânea, por herança biológica ou por fatalidade social e que não é objeto da nossa reflexão, fica aquém da cultura.1 Por trás disso, há um ritmo dinâmico. Fazer das experiências vividas a força de propulsão para um processo transformador interno, denominado “revolução humana”, foi o objetivo da criação da Soka Gakkai, em 1930. À frente do seu tempo, o educador Tsunesaburo Makiguchi cunhou o termo “Soka”, reunindo em um vocábulo as palavras “criação” (sozo, em jap.) e “valor” (kachi, em jap.). Ou seja, a capacidade humana de dar sentido e valor a todas as ocorrências da vida, transformando-as em composições douradas da existência. E como as experiências nos auxiliam nessa evolução? Uma das cenas que ganharam destaque no período da pandemia foi a manifestação de moradores de condomínios, vistos de janelas e sacadas tocando piano, violão, sax etc. Era o som da solidariedade nos fazendo experienciar a amenização da solidão e do medo que pairavam no coração de todos. Aplausos seguidos da sensação de quietude, consolo e o que mais coubesse no coração. Essas recentes memórias demonstram quanto a música exerce poder na consciência coletiva e individual. O benefício se estende sobremaneira na saúde, e é científico. “Além de proporcionar diversão e prazer, a música tem a vantagem de melhorar a saúde de uma forma segura e econômica”, é o que destaca um relatório de 2020, intitulado Música em Nossas Mentes: O Grande Potencial da Música para Promover a Saúde Cerebral e o Bem-estar Mental, feito pelo Conselho Global de Saúde Cerebral (GCBH, na sigla em inglês). No documento, lê-se também que “ouvir, tocar ou compor uma melodia pode gerar uma sensação de bem-estar, reduzir o estresse, facilitar as relações interpessoais, modular o sistema cardiovascular, melhorar o equilíbrio e fortalecer o sistema imunológico sem nenhum efeito adverso”.2 Isso nos dá referências estimulantes de que um dos principais benefícios da música é a quebra de barreiras. Então, passamos a entender que ela pode expressar nossa individualidade, ao mesmo tempo em que nos exercitamos na convivência com pessoas diferentes de nossas crenças e gostos. A música tem o dom de unir na diversidade; e, no momento da vida de cada indivíduo, isso vale como um grandioso aprendizado para tudo. A seguir, conheceremos um importante empreendimento do presidente Ikeda para o despertar da cultura do povo. Alimento da alma Para as pessoas nutrirem a vida com o que o mundo das artes tem de melhor, foi criada a Associação de Concertos Min-On,3 no Japão, que completa seis décadas de existência neste mês de outubro. Haviam se passado apenas três anos da posse de Daisaku Ikeda como terceiro presidente da Soka Gakkai, ocorrida em 1960, assumindo o legado de seus mestres antecessores, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda. Trata-se de uma visão de futuro baseada na força da cultura e da educação como caminhos vitais para a consecução de um mundo de paz. O presidente Ikeda pondera sobre seu intento na criação da Min-On em denso poema: A música evoca o coração e faz ecoar a harmoniosa ressonância da amizade nas “cordas musicais da alma”, na vida de todas as pessoas. Esta melodia faz despertar ora a coragem de viver, ora a oração à paz, e ora o orgulho humano. A música possui a força da virtude. Desejo unir as pessoas através da música e então tocar para o mundo a melodia do arco-íris de cultura e paz. Esse foi o meu sonho desde os dias da minha juventude.4 Ao longo dos anos, a Min-On consagrou-se como o próprio nome é traduzido: “música do povo”, oferecendo às pessoas o melhor da música e das artes cênicas do mundo a preços acessíveis. As apresentações realizadas, como orquestra, música de câmara, ópera, balé, música popular, tango e dança folclórica, superaram muito mais de 60 mil exibições [até 2017, foram mais de 78 mil apresentações].5 No Centro Cultural Min-On, localizado no bairro de Shinjuku, Tóquio, está instalado o Museu de Música Min-On, com uma biblioteca contendo mais de 120 mil LPs e CDs, 45 mil partituras musicais e cerca de 30 mil livros de referência. O museu também exibe uma coleção de pianos antigos, caixas de música e instrumentos folclóricos de todo o mundo, conforme informações do site da instituição.6 Paz, cultura e educação formam a base de atuação na Soka Gakkai Internacional (SGI), nos mais de 192 países e territórios nos quais a organização mantém representação, unindo mais de 12 milhões de membros. Ao segurar firme a batuta, Ikeda sensei, hoje aos 95 anos, faz da regência do incentivo sua dedicação diária. Música para os ouvidos de pessoas de todas as idades, em especial as que sofrem. A seguir, vamos conhecer o exemplo de Beethoven e aprofundar nosso entendimento sobre o som da Lei Mística — Nam-myoho-renge-kyo —, recitado pelos membros da Soka Gakkai do mundo inteiro. A força do som interior Como é possível criar uma música que fale de alegria em meio a situações tristes e adversas? Essa é a fabulosa arte preconizada por Beethoven (1700–1827). É dele a imortal obra Nona Sinfonia, e seu famoso quarto movimento Ode à Alegria. Beethoven tinha menos de 30 anos quando ficou completamente surdo. Sem se abater, provou com sua obstinação que ouviria apenas o propósito que ardia em sua alma. Existe somente um Beethoven, mas pessoas comuns também podem exercitar essa força interior, inata na vida de todos, identificada como “natureza de buda” por Nichiren Daishonin, que viveu no século 13. A angústia poderá ser transformada em esperança, o mesmo acontecerá com a covardia dando lugar à coragem de encarar as dificuldades e gerar renovada disposição de avançar. “Recitar Nam-myoho-renge-kyo é a maior de todas as alegrias”8 — é o que assegura Daishonin ao denominá-lo de som da esperança incontida no coração de todos. Uma vez recitado, é possível compor uma sinfonia de felicidade, que expanda seus sons para as pessoas ao redor. Quando se abre para esta condição de buda, pessoas comuns assumem seu lugar no palco da vida. Assim como nas notas musicais, em que cada uma tem seu valor e sua característica, o estímulo dado pela Soka Gakkai é para que cada indivíduo cresça e se desenvolva, com respeito mútuo e livre do egocentrismo. Essa é a força do movimento Soka, que encontra eco nas atuações de seus membros espalhados pelo mundo. Ao absorver a essência do ensinamento budista na vida diária, aplicam-na em suas ações cotidianas e fazem da cultura de paz seu modo de vida. Nessa bem construída partitura, fundamenta-se a importância do diálogo na construção de relações humanas. “A paz é gerada apenas acreditando no bem que reside nos outros e na busca não por nossas diferenças, mas por nossas semelhanças”,9 enfatiza o presidente Ikeda. Ele reforça: “O diálogo é um tipo de criação musical produzida em meio aos sentimentos humanos”.10 Assim, ao buscar entender o coração do outro, os muros da desconfiança e da apatia são derrubados. O movimento de unir as pessoas, acolhendo-as de suas tristes melodias e oferecendo a elas a canção triunfal da esperança, coragem e felicidade plena é chamado kosen-rufu. Como então criar essa melodia? O budismo elucida que é possível estabelecer um modo de vida criativo, no qual encontramos sentido em nossos dias e podemos avançar sem mudar quem somos, apropriando-nos da força criativa que está dentro de nós. Elencamos três pontos de reflexão e ação para essa conquista essencial: Notas da felicidade Há dias em que nem uma música alegre é capaz de nos devolver o ânimo. Ou cultuamos as lembranças amargas, mergulhando na escuridão. O budismo expõe, em contrapartida, que a pessoa na condição de vida iluminada de buda transforma aflições em alegrias, sofrimentos em satisfações, insegurança em esperança, preocupações em tranquilidade, e prossegue a vida transformando tudo. Jamais terá uma situação de estagnação. Como elucidada por Nichiren Daishonin, a fonte dessa energia é a recitação do Nam-myoho-renge-kyo, que desperta para a mais elevada condição de vida. Ikeda sensei ressalta: “Recitar o sutra é como declamar um poema. E recitar daimoku é como cantar uma obra musical. Nossa prática budista diária é a atividade mais cultural de todas”.11 Escreva a sua partitura Passado e futuro são notas que não combinam com a partitura da revolução humana proposta na Soka Gakkai. O presente é o que importa, e estarmos cientes de que sofrimentos e dificuldades fazem parte e são naturais na vida de qualquer ser humano. Vida, filhos, trabalho. As pessoas que conseguem encontrar (e valorizar) seus esforços diários, firmam metas, desafiando-as com disposição e vivendo cada instante plenamente, criam a verdadeira sinfonia da felicidade. Em última instância, a felicidade não é algo que existe fora das pessoas. Ela existe dentro de nosso coração. É isso o que o budismo nos ensina. Expanda o som da esperança Assim como o som se propaga e atravessa tempo e espaço, a melodia da paz obtida em seu coração será capaz de alcançar a vida de todos ao redor. A arte de viver Viver de arte é um desafio grandioso, mas pude comprovar a força da prática da fé e da minha persistência em conseguir me destacar. Um dos meus maiores benefícios é a vaga que conquistei para trabalhar em uma companhia internacional, na qual me encontro há treze anos. É uma companhia francesa, chamada Kafig, que criou, em 2009, uma vertente brasileira, a Kafig Brasil. Por intermédio dela, tive a oportunidade de viajar para mais de 27 países. Sou Diego Alves dos Santos, tenho 34 anos e comecei a dançar aos 9, cinco anos depois de minha família ingressar na Soka Gakkai. No início, era uma tia (Tia Paula) praticante que me acompanhava nas reuniões. Depois, eram meus pais que me levavam, e assim fui sendo inserido nas programações e, mais tarde, nos grupos horizontais dos jovens da BSGI. Integrei a banda Ongakutai e os grupos de bastidores Sokahan e Ohrinkai. Tenho plena convicção de que essas vivências foram primordiais para me preparar como valor para a sociedade e como líder. O que me motiva é que, por meio da dança, consigo me conectar com as pessoas, tocar o coração delas, mesmo de forma inconsciente. O budismo nos eleva a essa sensibilidade aguçada, acredito. Aprendi a fazer do tempo um aliado, e busco atuar em todas as frentes. Há momentos em que precisamos retomar a fé com força, e isso ocorreu em 2019. Uma importante turnê estava prestes a ser cancelada, em meio à fragilidade das relações com a companhia se acentuando. Minha prática não estava legal, minha luta já estava meio “água de salsicha” e, consequentemente, meus benefícios também. Tinha receio de que a companhia acabasse e eu perdesse meu laço com o mundo da arte internacional. Após enfrentar muitos desafios, físicos e psicológicos, resolvi que não poderia mais passar por aquilo e simplesmente só aceitar a derrota. Voltei a me alinhar com minha prática da fé, com participação nas atividades e a ter maior interação com os membros. Foi então que obtive meu primeiro benefício rumo à vitória: a turnê não foi cancelada, somente parte dela. Assim, depois de mais de dois anos batalhando, por fim consegui subir num palco para dançar com meus amigos como verdadeiro vencedor. Eu me sinto encorajado a cada dia, e minha alegria maior é ter conduzido doze pessoas a essa formidável filosofia, e do jeito mais simples. Se alguém me conta sobre alguma dificuldade, tento sempre mostrar como lidamos com essas situações. Sou budista Soka, com muito orgulho. Minha gratidão é gigante. Cultivar o espírito humano A cultura é viva e somos fruto dessa dinâmica interação com outras origens, costumes e práticas. É do aprendizado diário que a cultura se substância, no solo diário das intervenções humanas tão preciosas. Se o “barulho” das dificuldades soa alto aos ouvidos, é hora de ouvir o coração. E transformar todas as dificuldades numa inspiradora melodia de vitórias. Como vimos, tal como as notas musicais, cada pessoa tem seu modo e estilo próprios. E como expõe o conceito budista da “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro”,12 cada indivíduo pode manifestar tons vibrantes de sua personalidade, sem precisar ser outra pessoa. Na base dessa construção de uma vida afinada com coragem, sabedoria e esperança, o budismo revelado por Nichiren Daishonin permite que elevemos nossa condição de vida. Por isso, não há razão para pessimismo. O momento é de cada pessoa assumir a batuta do seu carma e gerar valor para si e para as demais. Com essa visão de presente e futuro compartilhado, baseado no diálogo sincero e caloroso, deve ser voz que acalma e abraça o coração de quem sofre. É com o sentimento de acolher o coração do outro que a grandiosa melodia da paz ganha vida. Cultivar o espírito humano, no local em que se vive neste exato momento. No topo: Acima, presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, cumprimenta Herbie Hancock, primeiro à esq., e Wayne Shorter no Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio (Japão, out. 2007). Foto: Seikyo Press Notas: 1. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/966185/alfredo-bosi-cultura-ou-culturas-brasileiras. Acesso em: 7 set. 2023. 2. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2023/01/qual-o-efeito-da-musica-no-cerebro-das-pessoas. Acesso em: 3 set. 2023. 3. Para saber mais, acesse: https://museum.min-on.or.jp/ 4. Brasil Seikyo, ed. 2.450, 12 jan. 2019, p. B2. 5. Ibidem. 6. Disponível em: https://www.min-on.org/music-museum/. Acesso em: 15 set. 2023. 7. CILE Digital. https://ciledigital.brasilseikyo.com.br/livro/63. Acesso em: 2 set. 2023. 8. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 788. 9. CILE Digital. Disponível em:  https://ciledigital.brasilseikyo.com.br/livro/63. Acesso em: 2 set. 2023. 10. Ibidem. 11. Brasil Seikyo, ed. 1.555, 13 maio 2000, p. A3. 12. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 220.

02/10/2023

Artigos

Façamos a canção da vitória ecoar a partir de nossa comunidade

A base do altar budista que se encontra no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu abriga pedras coletadas em 192 países e territórios e em cada uma das 47 províncias do Japão. Logo receberemos o 10o aniversário da conclusão do auditório. Nichiren Daishonin afirma: “Para que as orações sejam eficazes e os desastres desapareçam da nação, três elementos são requeridos: um bom mestre, um bom praticante e um bom ensinamento”.1 Acatando com total seriedade essas palavras, ao longo da década passada, nós, da Soka Gakkai — trilhando o caminho de mestre e discípulo e seguindo fielmente os ensinamentos do Buda dos Últimos Dias da Lei —, efetuamos dinâmicos avanços na concretização de nossas orações individuais e na propagação compassiva da Lei Mística nas terras de nossa missão. A força propulsora por trás disso são, inquestionavelmente, as comunidades da Soka Gakkai. Oro com o mais profundo respeito e gratidão pelos membros de nossa família Soka das comunidades de todo o Japão e do mundo inteiro, capitaneadas por nossos admiráveis líderes de comunidade da Divisão Sênior e da Divisão Feminina. Gostaria de celebrar com vocês a década de magníficas vitórias que cada comunidade assinalou. Em uma de suas cartas, Daishonin transmite o terno desejo de se encontrar novamente com os irmãos Ikegami, escrevendo: “[Nessa ocasião], ficarei tão feliz que mal conseguirei falar”.2 Isso demonstra como ele valorizava seus encontros com os discípulos. Nossas reuniões de palestra são imbuídas do espírito de carinho e preocupação de Daishonin. Em Kansai, durante a época pioneira do nosso movimento, uma líder de comunidade da Divisão Feminina recém-nomeada me perguntou, com sinceridade e seriedade, como ela deveria encarar sua nova responsabilidade. Expressando minha gratidão e louvor pelos seus dedicados esforços, expliquei-lhe que ela não precisava fazer nada fora do comum, simplesmente recitar daimoku, orar pela felicidade de cada membro, e incentivá-lo com carinho e consideração. Ao proceder dessa forma, disse-lhe, esse mesmo espírito se propagaria por toda a comunidade. Esse é o significado de “O corpo e a mente dela permeiam todo o mundo dos fenômenos num único momento”.3 Eu a instei a promover o kosen-rufu com confiança e coragem, começando por encorajar e dialogar com as pessoas em seu ambiente imediato. A parte em versos do capítulo “A Extensão da Vida”, do Sutra do Lótus, que recitamos no gongyo, termina com palavras que exprimem o pensamento, ou a preocupação, constante do Buda: “Medito constantemente: ‘Como posso conduzir as pessoas ao caminho supremo e fazer com que adquiram rapidamente o corpo de um buda?’”4,5 Citando essa passagem, meu mestre, Josei Toda, declarou que o desejo de conduzir as pessoas à felicidade é o pensamento constante que os membros da Soka Gakkai compartilham com Nichiren Daishonin, Buda dos Últimos Dias da Lei. Façamos o gongyo todos os dias com o espírito de estar tomando uma nova decisão no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. Recitemos daimoku pela felicidade de cada membro da nossa comunidade e de toda a humanidade, e oremos para concretizar a paz e a prosperidade na sociedade por meio da propagação dos princípios de afirmação da vida preconizados pelo Budismo Nichiren. Recitando o rugido de leão do Nam-myoho-renge-kyo imbuídos do grande juramento pelo kosen-rufu, iluminemos nosso planeta e o futuro com a radiante luz da Lei Mística! Nossos nobres membros se alegram e dançam sabendo que o princípio de “emergir da terra”6 está vivo em sua comunidade, benefícios florescem com exuberância. No topo: Participantes do Curso de Aprimoramento da Divisão dos Jovens da SGI, realizado no Auditório Memorial Toda, em Tóquio (Japão, set. 2023) Foto: Seikyo Press Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 143, 2017. 2. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 1498. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 384, 2020. 4. No gongyo, a passagem diz: “Mai ji sa ze nen. I ga ryō shu jō. Toku nyū mu jō dō. Soku jō ju bus-shin”. 5. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 556, 2017. 6. Em O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos, Daishonin escreve: “No início, somente Nichiren recitou o Nam-myoho-renge-kyo, mas depois, duas, três, cem pessoas o seguiram, recitando e ensinando aos outros. Assim também será a propagação no futuro. Isso não significa ‘emergir da terra’?” (Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 404, 2020).

02/10/2023

Série

Takasugi Shinsaku

“Apenas não diga que está perdido.” Essa era sua crença. Ficar parado lamentando que está em apuros não resolve nada. Somente quando damos um passo adiante, tanto a vida como a época começam a se mover. “É bom as pessoas se encontrarem num beco, pois, assim, conseguem visualizar uma saída numa direção inesperada.” “O que sei é que a verdadeira satisfação se encontra em meio ao sofrimento.” Shinsaku disse certa vez: “Numa batalha, se você iniciá-la um dia antes, terá a vantagem de um dia. Antes de tudo, deve lançar-se a ela. As ideias podem vir depois disso”. Seu nome é Takasugi Shinsaku. Patriota de destaque, nascido em Choshu (atual província de Yamaguchi) durante um período turbulento da história do Japão, foi também discípulo de Yoshida Shoin, pensador do fim do xogunato Tokugawa. A vida de Shinsaku, o qual passou rápido por um mundo agitado, mas o marcou com suas ideias excêntricas e ações ousadas, ainda fascina as pessoas. Aos 19 anos, ele entrou para a academia Shokason-juku. Aplicado, empenhou-se arduamente e acabou se destacando entre seus companheiros. Estudou com seu mestre apenas por um ano. Não chegava a cem a quantidade de alunos na academia, e a sala de aula, no início, era apertada, de oito tatames [aproximadamente 13 m2]. Contudo, foi a partir dali que surgiram muitos jovens talentosos que se lançaram ao palco da mudança da história. Em outubro de 1859, seu mestre Shoin foi alvo da Purga Ansei [1858~1860] e condenado à morte, tendo seus propósitos interrompidos. Shinsaku registrou sua ira e sua dor dilacerante enxugando lágrimas de sangue: “Dia e noite, apenas choro copiosamente, lembrando-me de meu mestre”. Quatro anos depois, no Dia de Ano-Novo, os restos mortais de Shoin, o qual havia sido enterrado como um criminoso, seriam removidos e enterrados em outro local. No trajeto, um guarda parou o grupo que o carregavam. Disse que a ponte por onde atravessaria servia aos generais, portanto não poderia permitir que algo impuro passasse por ali. Shinsaku bradou, furioso: “O que ousa dizer!? Estamos transportando os restos mortais de um leal súdito para ser enterrados! Mesmo que eu morra, jamais perdoarei alguém que insulta o grandioso mestre!” Diante do fervoroso espírito de Shinsaku, o guarda recuou imediatamente. Shinsaku declamou perante o túmulo do seu mestre: “Estou envergonhado porque ainda não consegui vingar meu mestre. E, definitivamente, farei isso!”. Numa vida devotada à relação de mestre e discípulo, não existe medo nem hesitação. No coração do discípulo de unicidade flamejava ardentemente o espírito de luta para “vingar o mestre”. “Se for se mover, seja como o raio e o trovão; se for se lançar, seja como uma tempestade.” Não perder tempo e agir com a velocidade da luz — esse era o verdadeiro valor do herói dos tempos difíceis Takasugi Shinsaku, que criou a fama de ser “imbatível em qualquer batalha”. Seu mestre, Yoshida Shoin, defendeu o So-mo-kukki cujo significado indica que, quando o povo se levanta, manifesta uma força descomunal. Shoin dizia que a origem disso estava em Nichiren Daishonin. Shinsaku, que herdou esse conceito, fundou em junho de 1863 o Kiheitai [milícia irregular]. A condição para ingressar nele não era o status nem a experiência, mas se a pessoa possuía ou não a “aspiração”. Em março de 1864, Shinsaku é preso pelo crime de se tornar um samurai sem um senhor. Ele foi enviado, misticamente, para Noyamagoku, a mesma prisão em que Shoin ficou. No jovem espírito de Shinsaku não havia um pingo de pessimismo ou de tristeza, conforme se percebe pelas suas palavras: “Seguindo meu mestre, finalmente estou em Noyamagoku”. Mesmo estando na prisão, em seu coração brilhava a confiança e o orgulho de que estava sucedendo seu mestre, concretizando as aspirações dele. Após suportar três meses no cárcere, ele foi finalmente libertado. Pouco tempo depois, quando da primeira expedição de Choshu [expedição militar punitiva do xogunato Tokugawa contra o domínio Choshu], preocupado com a trágica situação de sua terra natal, que sucumbira ao xogunato, ele se muda de Kyushu, onde estava exilado, para Shimonoseki. Shinsaku se levantou sozinho, bradando: “Vamos salvar nossa terra e lutar pela justiça!”. De início, oitenta pessoas responderam ao seu chamado, e a legião de pessoas que se juntou a eles chegou a 3 mil integrantes. A situação mudou completamente, e o processo para a derrubada do xogunato se acelerou. Em 1866, irrompeu a segunda expedição Choshu. Nessa ocasião, apesar de bem menor, o exército de Choshu derrotou as forças do xogunato, compostas por cerca de 150 mil homens, com o poder da união. O fascinante drama de reviravolta que “tornou possível o impossível” se transformou em um sino do alvorecer que anunciava a grande mudança rumo à Restauração Meiji. No entanto, enquanto todos transbordavam de euforia, uma nova provação assolava Shinsaku. Ele cai enfermo com tuberculose, doença incurável na época. É nesse período que Shinsaku compõe em seu leito o famoso poema: Tornar divertido o mundo que nada tem de divertido. Um poeta que fora visitá-lo, respondeu, então, com outro poema: Aonde chegar, tudo depende do coração. De nada adianta ficar lamentando as circunstâncias que cercam sua vida. Onde a vida encontrar impasse — tudo se definirá da maneira como conduz seu coração. Shinsaku faleceu aos 27 anos, em abril de 1867, sem ter visto o alvorecer do Japão moderno. Dizem que ele, que realizou os ideais do seu mestre e o vingou, repetiu várias vezes a um companheiro que foi visitá-lo pouco antes de ele morrer: “Chegamos até aqui, por isso o importante é a partir de agora. Continuem firmes na luta, continuem firmes na luta”. Reflexões do presidente Ikeda sobre Takasugi Shinsaku O mestre de Daisaku Ikeda, professor Josei Toda, colocou Takasugi Shinsaku no topo da lista das “pessoas da história com quem gostaria de se encontrar e de dialogar”. Ele espelhou, no aspecto real da relação de mestre e discípulo de Shinsaku com Yoshida Shoin, sua relação com o professor Tsunesaburo Makiguchi e também a ligação dele com Ikeda sensei. Em outubro de 1956, cem anos após Shoin iniciar suas palestras no Shokason-juku, o jovem Daisaku Ikeda dá seu primeiro passo na campanha de propagação em Yamaguchi, a pedido de Toda sensei. Na época, Ikeda sensei estava com 28 anos. Em seu diário, registrou sua determinação de realizar uma feroz batalha para conquistar resultados de grandes proporções: “[Sensei] disse-me também que no próximo mês deveríamos realizar uma campanha de propagação intensa na prefeitura de Yamaguchi. Assumirei total responsabilidade… Lutarei como Yoshitsune ou Shinsaku. Será uma batalha pela Lei que ficará na história” (em 5 de setembro de 1956).1 Anos depois, sensei relembrou: Quando Toda sensei me pediu para que eu liderasse a “campanha de propagação de Yamaguchi”, antes de tudo, corri para Shimonoseki, em Okayama. (...) Lá, conclamei todos a lutar como “Shinsaku”, que se ergueu em Shimonoseki. Vamos salvar o povo! Vamos derrotar os inimigos. Vamos aumentar os aliados! Em quatro meses, a partir de então, nessa Yamaguchi, estabeleci uma história de criação e de expansão de dez vezes mais “valores humanos” da justiça. O verdadeiro discípulo é aquele que supera todas as mais árduas batalhas e reverbera seu grito de vitória para o mundo.2 E sensei veio transmitindo aos companheiros o modo de viver do discípulo que pode ser aprendido com Shinsaku: [Shinsaku] Venceu o exército do xogunato um ano antes de sua morte e abriu o caminho para a mudança total da história com o fim do xogunato e a restauração. O importante é o discípulo. Tudo se define com os discípulos. (...) A legião de união de diferentes em corpo, unos em mente que tem como cerne a “relação de mestre e discípulo” é a mais poderosa de todas. Se seguirmos com essa regra básica, em cem batalhas conquistaremos cem vitórias.3 Shinsaku conseguiu vingar seu mestre. Josei Toda também jurou vingar seu mestre, Makiguchi, que morreu atrás das grades após ter sido preso pelas autoridades militares japonesas durante a Segunda Guerra Mundial, e ele depois estabeleceu os alicerces para o kosen-rufu do Japão. De minha parte, vinguei Toda sensei propagando a suprema filosofia de paz da Lei Mística no mundo inteiro. Comprovar a integridade do mestre — essa é a nobre tradição dos discípulos Soka.4 Enquanto houver mestre e discípulo, não haverá batalha invencível! Não haverá montanha intransponível! O aspecto de um herói que não sucumbiu diante das muitas adversidades inspira continuamente o espírito daqueles que, como nós, desafiam o cume de íngremes montanhas. No topo: Ikeda sensei visita o local histórico em que ficava a academia Shokason-juku na cidade de Hagi, província de Yamaguchi (ago. 1964). Foto: Seikyo Press Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2016. p. 355. 2. Do artigo “O Resplendor do Século da Humanidade”, publicado no Seikyo Shimbun, em 19 de dezembro de 2007. 3. Do discurso proferido durante a 3ª Reunião de Líderes da Divisão dos Jovens da 2ª Etapa do Kosen-rufu, em 28 de novembro de 2007. 4. Do discurso proferido durante a 20ª Reunião de Líderes, publicado no Brasil Seikyo, edição 1.956, de 20 de setembro de 2008. Materiais de pesquisa: TOYAMA, Mitsuru; ITO, Chiyu; TANAKA, Mitsuaki. Yoshida Shoin to Choshu Goketsu. Kokusho Kankokai. IKEDA, Satoshi. Takasugi Shinsaku to Gensui Kusaka. Yamato Shobo. ICHISAKA, Taro. Shinsaku Goroku. Daisanbunmei-sha. Idem. Yoshida Shoin to Shinsaku Takasugi no Kokorozashi. Best-sellers KK.

02/10/2023

Série

Winston Churchill

“Avançar até conquistar a vitória” define a convicção de Winston Churchill, militar, estadista e escritor britânico que serviu como primeiro-ministro do Reino Unido. Ele é o personagem da Série deste mês. Líder plenamente consciente de sua responsabilidade e missão, ultrapassou inúmeros desafios ao longo da vida e usou a voz para incentivar a resistência do povo britânico diante do horror da guerra. Uma história sobre incutir a esperança no povo e conquistar a vitória, compartilhada pela visão de Ikeda sensei. “Se o império britânico sobreviver por mil anos, deixe que a posteridade diga: ‘Esta foi a sua época mais brilhante!’”. A “época” citada foi o período da Segunda Guerra Mundial. Mesmo diante da situação cada vez mais desgastada da Grã-Bretanha, existia um líder que mantinha a crença na “vitória no futuro”. Seu nome era Winston Churchill. Ele foi um raro e extraordinário chanceler que ousou confrontar a Alemanha nazista, que havia invadido a Europa, e conduziu seu país natal à glória. Winston Churchill possuía variadas habilidades e era muito versátil: político, militar, pintor e ainda escritor consagrado com o Prêmio Nobel de Literatura. Pelo reconhecimento de seus méritos, quando faleceu, seu funeral foi o primeiro de Estado realizado para um civil, fora da família real britânica. Ainda hoje, ele é amado por muitas pessoas, por exemplo, sendo eleito o “líder mais respeitado pelos empresários do mundo”. Contudo, pode-se dizer que sua vida foi uma luta contínua contra as adversidades que o assolaram uma após a outra, e também foi um “drama da reviravolta” em meio à situação mais crítica de sua vida. Em 1940, Churchill se tornou primeiro-ministro aos 65 anos. Foi uma ocasião em que os nazistas expandiam seu poder e a ameaça de invasão estava prestes a atingir a Grã-Bretanha. Alguns ministros, temerosos, correram para tentar a reconciliação com a Alemanha. Nesse ínterim, Churchill, que carregava em seus ombros o destino da nação, decidiu: “Vocês perguntam: ‘Qual é a nossa meta?’. Posso responder numa única palavra: ‘Vitória!’”. Não desistir jamais. Avançar até o fim em direção à “vitória”! O brado dele que expressava a determinação de “resistir até o fim” comoveu o coração dos cidadãos assustados pelo medo e os inspirou a se erguer com ele. Churchill sempre foi um líder que encorajava as pessoas pessoalmente e sofria junto com elas. Quando os ataques aéreos se intensificaram na capital, Londres, ele visitou a região da cidade que havia se transformado numa montanha de escombros e caminhou pelo local para incentivar os cidadãos afetados, sem sequer levar escolta. Às vezes, pelo rádio; outras, em meio às ruínas da cidade, ele se empenhava de corpo e alma para discursar eloquentemente repetidas vezes. Nunca desista. Nunca, nunca, nunca, nunca. Não importa se é algo grande ou pequeno, imenso ou ínfimo, nunca ceda ou desista, a não ser para convicções de honra e de bom senso. Jamais ceda à força; nunca ceda ao poder, mesmo que ele demonstre sua força opressora. (...) Tenho fé de que estamos marchando para dias melhores. A humanidade não será abatida. Continuaremos avançando bravamente ao longo da grande estrada, e atrás das montanhas distantes já está a promessa do sol. A vitória final será nossa! — o sinal de “V” da vitória, símbolo de Churchill, deu infinita esperança e coragem às pessoas. Winston Churchill sofreu na infância por ter distúrbios de fonação. Ele estudou na Harrow School, escola pública de grande tradição, mas suas notas sempre competiram com as mais baixas e era um aluno sem destaque. Ele só conseguiu ser aprovado para a Real Academia Militar na terceira vez que prestou o exame de admissão. Depois de se formar, Churchill serviu na linha de frente da batalha em campos como o de Cuba e o da Índia. Nessa época turbulenta, ele passou a devorar livros e despertou para os estudos. Em relação a Churchill, que assimilou todo tipo de conhecimento, como política, economia, história, religião, entre outros, o historiador britânico Dr. Arnold J. Toynbee disse posteriormente: “Sua personalidade criativa foi moldada pelo seu autodidatismo em meio à frente de batalha”. “Mesmo diante da pior adversidade, não se aflija. Em vez disso, aprenda a força de sair do infortúnio chamado desespero para um futuro de esperança” — essa era a filosofia de vida de Churchill. Em maio de 1940, o impetuoso ataque das tropas alemãs encurralou as tropas britânicas e francesas em uma cidade portuária da França. Churchill mobilizou navios, barcos de pesca particulares e até iates para realizar uma operação de retirada. Ele resgatou com sucesso 340 mil pessoas. Foi uma decisão firme e sábia que ficou conhecida como o “milagre de Dunquerque”. No mês seguinte, junho, a rendição da França acabou deixando a Inglaterra isolada. Em meio a um clima de desolação em que todos acreditavam ter chegado a hora do “juízo final”, o país sobreviveu aos bombardeios do continente e conseguiu repelir os alemães. Essa foi a “Batalha da Grã-Bretanha” que se tornou um dos momentos decisivos da Segunda Grande Guerra. Churchill disse: Não devemos perder o espírito de luta diante da aparente força do inimigo. Em meio à feroz batalha, ninguém tem como saber quão vulnerável ele está, escondido sob a máscara da audácia ou do ardente espírito de luta, e em que momento, de repente, pode perder a vontade de lutar. Winston Churchill superou a situação crítica e de absoluto desespero com “paciência” e “tenacidade” e perseguiu obstinadamente a vitória. Tempos depois, ele se referiu a essa batalha dizendo: Não há precedentes na história das guerras uma batalha vitoriosa como essa em que não se pôde, em nenhum momento, afrouxar o ímpeto de perseguir o inimigo. A vitória de todas as grandes batalhas da história é atribuída àquele que estava mais disposto e determinado a agarrá-la, mesmo no momento mais crítico, sem levar em conta as desvantagens. Em maio de 1945, a Alemanha finalmente se rendeu. E diante dos cidadãos alvoroçados que se reuniram pela boa notícia, Churchill declarou alto: “Esta é a sua vitória! (...) Em toda a nossa longa história, nunca havíamos visto um dia tão grandioso como este!”. O povo respondeu com ruidoso entusiasmo às palavras: “Sua vitória”. “Esta é a sua vitória”. Reflexões do presidente Ikeda sobre Winston Churchill No Centro Cultural de Taplow Court, na Inglaterra, localizado nos arredores de Londres, há um cedro plantado outrora por Churchill. Chamado “Cedro Chorão”, ele expressa seus sentimentos e suas preocupações em relação ao futuro do seu país e do mundo. Nesse mesmo período, no Japão, Tsunesaburo Makiguchi, primeiro presidente da Soka Gakkai, enfrentou o governo militarista com seu rugido do leão: “Agora é hora de advertir os líderes da nação!”. Anos depois, o presidente Ikeda plantou nos jardins do Taplow Court a “Cerejeira da Justiça”, em memória do mestre predecessor. As duas árvores não sucumbem aos ventos nem à neve, e ainda hoje estendem firmes suas raízes. Em 10 de maio de 1972, Daisaku Ikeda visitou o Palácio de Blenheim, local de nascimento de Churchill. No dia seguinte, foi ao seu primeiro encontro e diálogo com o Dr. Arnold J. Toynbee. Citando exemplos da liderança de ardente espírito de luta de Churchill, o presidente Ikeda vem transmitindo a filosofia da indomável vitória. E em um de seus discursos, ele [Winston Churchill] declarou: “Vocês não devem diminuir de forma alguma sua disposição alerta e vigilante”. Ele acreditava que a derrota seria decorrente apenas da fraca vigilância; que a atitude da pessoa — e não o que o outro lado fizesse — era a chave para a vitória ou a derrota. Nós da Soka Gakkai também precisamos ter essa disposição.1 O primeiro-ministro britânico Winston Churchill transmitia segurança ao povo da França, que estava empreendendo uma dura batalha contra Hitler, dizendo-lhes: “Lembrem-se de que nós [os britânicos] jamais nos deteremos, jamais nos cansaremos e jamais nos daremos por vencidos, e que todo o nosso povo e o nosso império têm jurado (...) salvar o mundo desta nova Idade das Trevas”. “Não parem até conquistar a vitória! Mesmo que se sintam cansados, nunca desistam, nunca se entreguem! Jamais se esqueçam de seu juramento!” Essa era a determinação pessoal de Churchill — não ser derrotado. E esse é também o espírito da Soka Gakkai.2 — Churchill possuía uma firme determinação. Ele disse: “Londres não sucumbirá com uma coisa dessas! A Inglaterra não será derrotada!”. Muitos londrinos perceberam essa disposição e se levantaram bravamente. A determinação cria ondas, a convicção ressoa e a coragem espalha as chamas. (...) Solicito aos senhores líderes que avancem vigorosamente de forma serena e imponente com uma fé sólida tal como uma rocha e uma forte determinação de que vencerão sem falta, independentemente do tipo de grandes perseguições.3 Esses foram incentivos destinados aos companheiros que juraram vencer como os vanguardistas dos “dez anos decisivos” sob a liderança da organização geral de Tóquio, quartel-general do Japão. “Não importa quão difícil seja a batalha, a vitória estará sempre sobre nós” — essa era a convicção de Churchill. No topo: Winston Churchill Foto: Getty Images Notas: 1. Discurso proferido durante a 18ª Reunião de Líderes da Soka Gakkai da Nova Era em 21 de maio de 2008, também publicado em português no jornal Brasil Seikyo, ed. 1.953, 30 ago. 2008, p. A4. 2. Discurso proferido na 9ª Reunião Nacional de Líderes da Soka Gakkai em 5 de setembro de 2001, também publicado em português no jornal Brasil Seikyo, ed. 1.638, 2 fev. 2002, p. A3.3. IKEDA Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-II, p. 86 e 87, 2019. Materiais de pesquisa: Churchill Meigen-shu [Citações de Churchill]. Hideaki Kase (ed.). Kodansha. Dainiji Sekai Taisen [Segunda Guerra Mundial]. Tradução: Ryoichi Sato. Kawade Shobo Shinsha. Waga Hansei [Primeira Parte da Minha Vida]. Tradução: Yukichi Nakamura. Chuo Koron Shinsha. JOHNSON, Boris. Churchill Factor [Fator Churchill]. Tradução: Masahiko Ishizuka e Kyoko Kobayashi. President. YAMAGAMI, Shotaro. Churchill to Dainiji Sekai Taisen [Churchill e a Segunda Guerra Mundial]. Shimizu Shoin. Churchill 150 no Kotoba [Palavras de Churchill 150]. HUME, James (ed.). Tradução: Kimi Tanigawa. Discover Twenty One. THE DARKEST Hour [O Destino de uma Nação]. Direção: Joe Wright. Reino Unido: Focus Features, 2017.

01/06/2023

RDez

Relato Dez

Superação dos medos

Perfil - Heloísa Silva Metzger - 12 anos - Mora em Londrina, PR Conheça a Heloísa. Ela gosta de fazer amigos e ama sua família. No ano passado, ela enfrentou muitos medos, incluindo a ansiedade. Veja como ela vem se superando a cada dia e concretizando seus objetivos.

01/10/2024

Passatempo

Jogos de setembro

Vamos treinar o idioma inglês? Matemágica Jogo dos 10 erros Qual é a próxima? Enigma

02/09/2024

Corredores da Justiça

A prática budista nos torna fortes, melhores e sábios

Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei em inglês Chegou o outono do estudo e do aprendizado! Eu sei que muitos de vocês, meus queridos membros da Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro, se desafiarão no Exame de Admissão do Departamento de Estudo de Budismo [no Japão, a prova é aplicada em novembro].1 Estudar, na juventude, o Budismo Nichiren, que é a filosofia máxima do respeito pela dignidade da vida, permitirá que vocês levem uma vida verdadeiramente rica e significativa. Em uma palestra que proferi na Universidade Harvard [em 1993], levantei três perguntas que devemos fazer: a religião torna as pessoas mais fortes ou mais fracas? Ela encoraja o que é bom ou o que é mau? Ela torna as pessoas mais ou menos sábias? A prática do Budismo Nichiren permite que cada um de nós se torne mais forte, melhor e mais sábio. Por meio do poder da nossa humanidade e sabedoria baseadas na fé, trazemos sorrisos para nossos amigos e familiares e ajudamos a tornar a sociedade mais forte, melhor e mais sábia também. Nossa religião prega a solidariedade entre pessoas comuns que se dedicam à revolução humana como o caminho direto para a paz mundial. Orgulhosos desse fato, vamos continuar avançando juntos com os membros da família Soka presentes em 192 países e territórios em direção a um futuro glorioso! Fonte: Traduzido da série “Rumo a 2030: Dedico aos meus Jovens Sucessores Corredores da Justiça” da edição de outubro de 2022 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro. Nota:1. No Japão, os membros da Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro podem participar do Exame de Admissão se quiserem.

01/07/2024

Faróis da Esperança

Desafiem-se corajosamente

Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei A estação dourada do outono chegou! Nesse período, no Japão, os alunos participam de eventos musicais e esportivos e fazem apresentações nas escolas. Alguns de vocês podem achar difícil ficar em frente ao público. Mesmo assim, é sempre melhor se desafiar. Quando eu era jovem, um dos meus veteranos me incentivou dizendo: “A juventude é um período para se desafiar com o espírito de ‘quem não arrisca, não petisca’”. Se tiverem coragem para tentar, então, mesmo que falhem, a experiência vai conduzi-los à próxima vitória. Todo esforço que fizerem se tornará um tesouro e irá inspirar seus amigos, sua família e os que estão ao redor. Todos possuem o Nam-myoho-renge-kyo. Seja qual for a decisão que tomarem, espero que recitem daimoku e se desafiem corajosamente. Desde que tentem arduamente, vocês vencerão! Eu também estou na torcida e orando pelo sucesso de vocês! Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de outubro de 2023 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro.

03/06/2024

Matéria do mês

Ikeda sensei, conte comigo!

Em 15 de novembro de 2023, aos 95 anos, nosso mestre Daisaku Ikeda finalizou sua nobre existência. Em uma orientação, ele afirmou: “A vida e a morte são unas. Os entes queridos e os familiares falecidos estão sempre juntos de nós, dentro do nosso coração”.1 Da mesma forma, sensei estará para sempre em nosso coração e viverá por meio de nossas orações, ações e vitórias. Foram 76 anos dedicados à paz e à felicidade da humanidade. Agora, chegou a vez de os Sucessores Ikeda 2030, a divisão que carrega o nome do Mestre, levantarem-se unidos para assumir esse legado. Para entender como dar continuidade aos esforços do presidente Ikeda, primeiro, temos que conhecer a trajetória de vida dele. Daisaku Ikeda conversa com Josei Toda um mês antes do falecimento de seu mestre (Japão, mar. 1958) Início da valorosa jornada Daisaku Ikeda nasceu em 2 de janeiro de 1928, em Tóquio, num Japão envolto pelo pós-guerra e pela distorção do que era certo e errado. Mesmo assim, ele tinha muitos sonhos e, graças às diversas experiências da infância, construiu um caráter correto. Ao ver o povo japonês sofrendo por causa dos bombardeios atômicos, começou a procurar um caminho que o conduzisse a uma vida valorosa. Estudava grandes clássicos da literatura e lia obras de diversos filósofos, mas, em seu coração, ele ainda sentia um vazio. Foi quando seus amigos o convidaram para participar de uma palestra sobre filosofia. Nessa ocasião, em 14 de agosto de 1947, conheceu seu mestre da vida Josei Toda. A postura e as palavras daquele senhor o impressionaram: “É isso! O que essa pessoa está dizendo é verdade! Eu consigo confiar nela!”.2 A partir desse dia, o jovem Ikeda decidiu ser discípulo de Josei Toda e, dez dias depois, em 24 de agosto, recebeu seu Gohonzon. Assim, sua jornada na “Universidade Toda” iniciou. A rigorosidade de Toda sensei era encarada como um grande treinamento por Daisaku Ikeda. Cada orientação o incentivava a polir e avançar como um grande líder. Foram dez anos de intensa instrução sobre budismo, desafios da vida diária, liderança, política, economia, direito, ciências e outras disciplinas. No livro Vozes para um Futuro Brilhante, Ikeda sensei disse: Por meio do meu venerado mestre, pude evidenciar o meu melhor e o máximo de minhas forças. Para saldar as grandes dívidas de gratidão para com o meu mestre, enquanto ele viveu, eu o apoiei e o protegi com o sentimento de devotar minha vida a ele. (Vozes para um Futuro Brilhante, p. 320) Nessa época, a saúde de Ikeda sensei era debilitada devido a graves problemas pulmonares. Os médicos diziam que ele não chegaria aos 30 anos. Mas isso não o impediu de cumprir suas responsabilidades e proteger seu mestre. Cerimônia de posse de Daisaku Ikeda como terceiro presidente da Soka Gakkai realizada no auditório da Universidade Nihon (Tóquio, maio 1960). A partida do Mestre e a grande decisão Um grande elo de confiança foi criado entre o mestre e o discípulo, mas, em 2 de abril de 1958, Daisaku Ikeda herdou por completo a luta de Josei Toda. Ao saber da notícia do falecimento de Toda sensei, uma grande tristeza e um vazio tomaram conta do coração do jovem Ikeda. Porém, mesmo arrasado, ele manifestou: A vida de um grande herói da Lei Mística, uma figura monumental do kosen-rufu, chegou ao fim, mas sensei deixou uma extensão da sua vida. Está para começar o segundo ato da batalha decisiva para tornar realidade os princípios budistas na sociedade. Eu me levantarei! (Diário da Juventude, p. 459) O juramento de concretizar sem falta o majestoso ideal do Mestre o levou a tomar posse como terceiro presidente da Soka Gakkai, em 3 de maio de 1960, e a expandir a filosofia da dignidade da vida para o mundo. No dia 2 de outubro do mesmo ano, Ikeda sensei embarcou para sua primeira viagem internacional. Foi nessa ocasião que ele conheceu o Brasil. A cada passo, sua gratidão pelo Mestre aumentava e uma rede de amizade e esperança crescia por meio de diálogos em prol da paz. No decorrer dos anos, Daisaku Ikeda expandiu a Soka Gakkai para 192 países e territórios, criou instituições educacionais, estabeleceu importantes empreendimentos, dialogou com diversas personalidades, palestrou em renomadas universidades e escreveu várias obras e propostas de paz que foram reconhecidas mundialmente. Como resultado de seus esforços, honrou o juramento feito ao Mestre e hoje milhões de discípulos têm a oportunidade de desfrutar os benefícios da prática da fé. Daisaku Ikeda cumprimenta aluno do Colégio Soka na cerimônia de formatura (Japão, mar. 2003). Agora é a nossa vez! Cientes do grandioso legado deixado pelo sensei, chegou a hora de nos levantarmos, assim como o jovem Ikeda fez após o falecimento de seu mestre. No romance Nova Revolução Humana, o presidente Ikeda orientou: “Se houver um núcleo de jovens, ou melhor, se houver um único discípulo verdadeiro, o kosen-rufu poderá ser realizado infalivelmente”.3 A ação agora é se esforçar em prol dos objetivos sem jamais permitir que sentimentos contrários bloqueiem o trilhar do caminho de mestre e discípulo. É encarar e vencer os desafios com alegria e levar esperança por meio do diálogo com os amigos, conforme fez o Mestre. Dessa forma, acumularemos boa sorte e o legado do Mestre viverá para sempre. Vamos, juntos, como se estivéssemos de mãos dadas, nos esforçar para levar adiante o nobre empenho do presidente Ikeda e criar uma nova história do kosen-rufu. Dicas de livros Para conhecer a grandiosa trajetória do Mestre, acesse os livros Pé de Romã,  Diário da Juventude ou os trinta volumes da Nova Revolução Humana no CILE. Por favor, desejo que vocês, da Divisão dos Jovens, herdem e sucedam sem falta o solene espírito de mestre e discípulo dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai. As pessoas que assim o fizerem serão vitoriosas no final. Esse é o caminho fundamental para a vitória da Soka Gakkai no século 21, bem como o caminho para cumprir o juramento seigan pelo kosen-rufu. E é o grande caminho para a construção da paz mundial duradoura. (Nova Revolução Humana, v. 30-II, p. 348) Notas:1. Brasil Seikyo, ed. 2.173, 29 mar. 2013, p. B2.2. IKEDA, Daisaku. Seja a Esperança. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022, p. 109.3. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022, v. 30-II, p. 347. Fotos: Seikyo Press

01/12/2023

Faróis da Esperança

Cada um de vocês é um valente filhote de leão!

Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei Setembro é o mês em que celebramos a fundação da Divisão dos Estudantes Futuro.1 O grupo foi criado a partir do meu profundo desejo de confiar aos nossos jovens o futuro da humanidade e a consolidação da paz mundial. Nichiren Daishonin declarou: “O rei leão não teme outros animais, e da mesma forma agem seus filhotes”.2 Cada um de vocês, Sucessores Soka, sem exceção, é um filhote de leão. Espero que sintam com o coração a mensagem que consta na música da Divisão dos Estudantes: “Tenham coragem! Com o coração do rei leão!”, “Vivam com forte coração”, “Mesmo com as dificuldades, você vencerá.”3 Por favor, continuem avançando, mesmo que apenas um passo ou um milímetro. Aqueles que se levantam quando caem, com certeza, vencerão. Recitar Nam-myoho-renge-kyo desperta o poder do leão dentro de vocês! Sejam nos estudos, seja fazendo amigos, algo legal para os pais ou realizando alguma atividade, agora é a hora de vocês abrirem as asas da coragem e desafiarem a si mesmos. Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de setembro de 2022 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro. Notas: 1. A Divisão dos Estudantes Futuro foi estabelecida no Japão no dia 23 de setembro de 1965. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 263, 2017. 3. Trechos da música Be Brave.

30/08/2023

Menu

Mês de setembro

Saiba, em um minuto, o que você encontrará na edição de setembro: Do Mestre para você Construindo um Futuro Brilhante Baseado no Juramento Na última parte desta série, o Mestre nos ensina a superar os medos. Corredores da Justiça Descubra o que a lua e o aprofundamento da fé têm em comum. Faróis da Esperança Desperte o poder do leão dentro de você. Matérias dos níveis DE-Futuro Você sabe o que é cultura de paz? Leia aqui. DE-Esperança Veja como aplicar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no dia a dia. DE-Herdeiro Aprenda de quantas maneiras a solidariedade pode contribuir para a paz. Quentinhas O que Rolou Se liga no que as localidades organizaram pela DE. Trending Topics A primavera chegou! Saiba quais flores brasileiras desabrocham nesta época. Mural de Vitórias Pedro Henrique conta, em vídeo, como venceu no estudo, na prática esportiva e na criação de um livro. Matéria do mês Minhas ações pela paz Construa um futuro melhor a partir de agora com a RDez! Aprenda mais sobre o budismo Cápsula do Tempo Teste seus conhecimentos sobre os cinco anos da conclusão da Nova Revolução Humana. ABC do Budismo Entenda o que existe em comum entre uma orquestra sinfônica e o princípio itai doshin. Diversão Passatempo Venha brincar com os jogos deste mês!

30/08/2023

Podcasts

Vídeos