Brasil Seikyo
Especial
BS
Onde pulsa o coração do Mestre
Idealizado pelo presidente Ikeda, o Centro Cultural Campestre (CCCamp) da BSGI, localizado no município de Itapevi, SP, tem como finalidade servir de palco para as atividades culturais e educacionais dos membros da organização, proporcionando uma estrutura para o desenvolvimento de grandes “valores humanos”. As obras iniciaram em 8 de abril de 1988 e sua inauguração ocorreu em 18 de fevereiro de 1990. As atividades comemorativas de inauguração contaram com a participação de Hiromasa Ikeda, atualmente vice-diretor-geral da Soka Gakkai Internacional (SGI). Em 1993, durante a sua quarta visita ao Brasil, Ikeda sensei visitou o CCCamp pela primeira vez. De lá, liderou o movimento pelo kosen-rufu por doze dias. Conforme objetivado pelo presidente Ikeda, que ficou preocupado em oferecer um local nobre e digno aos falecidos beneméritos do kosen-rufu do Brasil, foi inaugurado o Palácio Memorial da Paz Eterna, no CCCamp, em 22 de junho de 1997. Possui modernas instalações que abrigam um cinerário em meio à exuberante natureza. Uma área extensa de mata preservada, denominada Parque Ecológico Daisaku Ikeda, cerca o Palácio Memorial. Em 22 de julho de 2001, o Mestre dedicou o poema Brasil, Seja Monarca do Mundo! aos companheiros da BSGI, exaltando, em um trecho: “Ainda se aconchega em meu peito / a doce luz do verão de 1993 / que banhava Itapevi, / cidade vizinha de São Paulo. / Ali por fim conheci / o castelo do tesouro, /o Centro Cultural Campestre / com seu exuberante jardim. (...) / Ainda me recordo quando sugeri / aos jovens a quem confiei o futuro: / — Vamos dar nome a estas colinas / e àquelas montanhas. / Eles responderam com sabedoria: / — Montanha Mestre e Discípulo! / — Colina Pôr do Sol! / Foi um momento de perfeita harmonia.” Ao completar 35 anos de existência, o Centro Cultural Campestre da BSGI eterniza-se como local em que o espírito de unicidade de mestre e discípulo cristaliza-se no aprimoramento e na atuação de contínuas ondas de sucessores que perpetuam e concretizam os ideais de Ikeda sensei. Assista Vídeo com a florada das cerejeiras no Centro Cultural Campestre da BSGI. Fotos: Seikyo Press | BS
20/02/2025
Aprender com a Nova Revolução Humana
BS
Momentos inesquecíveis: volume 26 (parte 1)
A confiança é construída com o ato de cumprir o que prometemos Em outubro de 1977, enquanto visitava Atsuta, Hokkaido, Shin’ichi Yamamoto visitou uma mercearia gerida por Toru e Tomi Motofuji, casal que atuava, respectivamente, como líder de bloco da Divisão Sênior e da Divisão Feminina em Morai, Atsuta. Naquele momento, Toru, veio correndo do fundo da loja, exclamando: — Sensei! Tomi perdeu a fala. — Vim cumprir a promessa que fiz há dezessete anos. Economizei dinheiro para poder comprar tudo o que vocês têm na loja! — disse Shin’ichi, sorrindo. Toru, olhou para Shin’ichi com cara de quem não estava entendendo nada. — Sua promessa de dezessete anos atrás? — Correto. Em 1960, quando vim a Atsuta estender minha consideração a todos após me tornar presidente da Soka Gakkai, prometi que visitaria sua casa. — Ah! — disse Toru, ao se lembrar subitamente. Tomi também olhou surpresa para Shin’ichi. Confiança se constrói com promessas cumpridas. Para conquistarmos a confiança, é importante cumprir as promessas, mesmo que as pessoas a quem as fizemos se esqueçam, pois só assim consolidaremos nosso próprio rumo, princípios e caráter. Shin’ichi comprou vários produtos na pequena loja dos Motofuji. (...) Tomi pôs-se a embalar ativamente as compras de Shin’ichi em caixas de papelão. O rosto sorridente de Toru pouco a pouco foi assumindo uma expressão de profunda emoção. Ele pensou: “O presidente Yamamoto veio até a minha loja apesar de ser tão ocupado, por causa de uma promessa feita há dezessete anos. E está comprando tudo isso para nos incentivar. Existe no mundo outra pessoa assim?”. Quando Shin’ichi terminou a compra, disse ao casal: — Uma loja pequena como esta talvez não lucre como um grande supermercado, mas desempenha papel vital para as pessoas da localidade. Por favor, finquem raízes na comunidade como uma robusta árvore de importante presença. O sucesso da loja e a felicidade de vocês serão a prova da vitória na fé. Virei novamente. Cuidem-se bem! As palavras dele despertaram Toru. Percebendo que a loja não existia só para sustentar sua família, mas também para apoiar as pessoas da localidade, sentiu um profundo senso de missão. (Capítulo “Atsuta”) Vitoriosos são aqueles que fazem do kosen-rufu sua prioridade máxima Em novembro de 1963, Shin’ichi participou da cerimônia de inauguração e consagração do Gohonzon da Sede Regional de Matsuyama, a primeira sede da Soka Gakkai na província de Ehime. Um breve encontro com Shin’ichi após a reunião levou Naokazu Hanyu a fazer um profundo juramento. Em suas considerações na ocasião [durante seu discurso na cerimônia], Shin’ichi salientou que as sedes da Soka Gakkai são fortalezas para a criação de “valores humanos” e fortalezas da compaixão que conduzem as pessoas à iluminação. Incentivou os membros a se esforçarem com a determinação de ajudar a todos a conquistarem a felicidade e de concretizar o kosen-rufu em Matsuyama. Quando estava partindo, ele trocou apertos de mãos com os participantes. Naokazu Hanyu, que já era membro havia um ano, também estava presente. Shin’ichi segurou firmemente a mão de Naokazu e, olhando nos olhos dele, disse: — Confio-lhe Matsuyama! Respondendo ao aperto de mão de Shin’ichi com a mesma firmeza, Naokazu afirmou veementemente: — Darei o máximo de mim! Ele prometeu a si mesmo: “Selei um compromisso e um juramento pessoal com o presidente Yamamoto. Devo me certificar de que não se tornem palavras vazias. Assumirei a responsabilidade pelo kosen-rufu em Matsuyama!”. Com essa determinação, empenhou-se incansavelmente. Ele e sua esposa, Misako, foram os primeiros líderes da Divisão Sênior e da Divisão Feminina da comunidade, e depois do distrito, na região, na época pioneira, abraçando o kosen-rufu e a organização como prioridade máxima deles. (...) Percebendo que os membros se incomodavam por não possuírem um centro de atividades local, os Hanyu abriram sua casa para reuniões. Na época, eles moravam no andar de cima do estabelecimento comercial deles e os participantes das reuniões tinham de entrar pela loja. Ao tomar conhecimento de que havia um fluxo constante de pessoas entrando e saindo, um fiscal tributário apareceu para fazer uma inspeção. Ele julgava que Naokazu devia estar lucrando muito mais do que declarava. Mas, quando Naokazu tirou seu livro-caixa, o fiscal não quis examinar e foi embora, pois percebera que, apesar de muitos visitarem a loja, estavam se dirigindo ao andar superior, e saíam sem comprar nada, pois estavam lá para participar de reuniões. Em seu trabalho, Naokazu sempre se esforçava para atender aos clientes da melhor forma, e adotava a mesma postura em relação aos membros. (...) Durante o período em que os Hanyu atuaram como líderes da Divisão Sênior e da Divisão Feminina de comunidade, muitos integrantes de sua organização se tornaram campeões do kosen-rufu da mais alta categoria. O Distrito Ehime, ao qual pertenciam, tinha mais de dez comunidades, mas com frequência mais da metade dos resultados de propagação advinha da comunidade dos Hanyu. (...) [Muitos anos depois, em 1978] Quando Shin’ichi agradeceu ao casal Hanyu pelo empenho em prol dos membros da localidade, Naozaku lhe respondeu: — Por favor, não há de quê. Apesar de ser turrão e franco por natureza, meus negócios estão indo bem. Recebi muitos benefícios. Passei a compreender profundamente que, quando nos esforçamos pelo kosen-rufu e pela felicidade dos companheiros da organização, somos protegidos infalivelmente. Eu é que devo lhe externar meus agradecimentos e gratidão. Shin’ichi percebeu nas palavras de Naokazu o espírito de doar com alegria. De livre vontade, ele oferecera seu tempo e recursos em prol da Lei, da Soka Gakkai e dos membros. (Capítulo “Estandarte da Lei”) Veja vídeo da série "Aprender com a Nova Revolução Humana", volume 26. (Traduzido da edição de 10 de fevereiro de 2021 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.)
20/02/2025
Entrevista
BS
Antes que seja tarde demais
O Clube de Roma, internacionalmente um grupo de pensadores famoso, divulgou, em 1972, o relatório Os Limites do Crescimento, vislumbrando a vida no planeta dentro de cem anos. O Dr. Aurelio Peccei, cofundador do clube, e o Dr. Daisaku Ikeda registraram o primeiro encontro, três anos depois, em maio de 1975. Os dois dialogaram sobre a coexistência do ser humano e a natureza, e o caminho da paz perene, entre outros temas, editando o livro Before it is Too Late [Antes que Seja Tarde Demais]. Neste momento, que marca os cinquenta anos do primeiro encontro desses dois mestres da sabedoria, com o secretário-geral do Clube de Roma, Carlos Alvarez Pereira, da edição de 1o de janeiro de 2025. Acompanhe alguns trechos: Carlos Alvarez Pereira - Foto: Divulgação Há cinquenta anos, em maio de 1975, o cofundador do Clube de Roma, Dr. Aurelio Peccei, e o presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, se encontraram pela primeira vez em Paris, França. Na época, o clube já alertava para o fato de que, se a civilização moderna continuasse a focar unicamente no crescimento, caminharia para o colapso. Então, o que uniu os dois foi o sentimento de “antes que seja tarde demais”. Carlos Alvarez: Concordo. Infelizmente, diversas questões e assuntos, levantados pelos dois no diálogo iniciado há meio século, existem até o momento em uma escala muito maior. O Dr. Peccei e o presidente Ikeda foram visionários extraordinários, muito à frente do seu tempo. No mundo globalizado de hoje, o que une as pessoas são os valores da economia, da produtividade e do capital financeiro, longe da visão idealizada pelo Dr. Peccei e pelo presidente Ikeda. Para ambos, o planeta onde habitamos é sustentado pelo profundo senso de interdependência. O Clube de Roma herdou o espírito dos dois e continua trilhando o caminho percorrido por eles. O livro do diálogo Before it is Too Late [Antes que Seja Tarde Demais], junto com o relatório No Limits to Learning [Sem Limites para o Aprendizado], publicado pelo Clube de Roma, em 1979, direcionam nossas atividades até hoje. O significado da existência da vida O diálogo entre o Dr. Peccei e o presidente Ikeda abrangeu a importância da “revolução humana”. Qual é o seu pensamento sobre o significado da filosofia da revolução humana na época atual?Carlos Alvarez: Estou convicto de que o primeiro passo para a solução dos problemas, seja das armas nucleares, seja da crise climática, começa com a revolução humana de cada pessoa. Para mim, a filosofia da revolução humana abre os olhos para uma nova estrutura e modo de pensar, proporcionando uma nova visão para enxergar o mundo. Em particular, quero enfatizar que a revolução humana amplia a compreensão de “o que significa uma existência de vida positiva”. Por que estamos aqui e para que estamos vivendo? Creio que fazer tais perguntas seja a própria base fundamental da religião. A essência de uma vida positiva está ligada a uma boa relação com as outras pessoas e com o ambiente natural. Portanto, ela está diretamente ligada ao futuro do planeta sustentável. Penso que aí se encontra o significado da revolução humana nos dias atuais. Junto com os jovens Tanto o Clube de Roma como a Soka Gakkai lançam luz sobre os jovens. O que o senhor pensa a respeito? Carlos Alvarez: Alguns anos atrás, o Clube de Roma estabeleceu a “Liderança Intergeracional” como uma das atividades a ser fortalecida. Ela não tem o significado formal de envolver os jovens nas discussões e de transmitir os conhecimentos de uma geração anterior para a mais nova, mas sim de pessoas de diferentes gerações trabalharem juntas de forma colaborativa. Uma das grandes características da Soka Gakkai é a da valorização do papel dos jovens ao longo de muitos anos. Atualmente, o Clube de Roma também se enfileirou nesse caminho. A Soka Gakkai continuará com o desafio de superar os problemas globais, tendo como nutrientes as diretrizes de revolução humana indicadas pelo Dr. Peccei e pelo Dr. Ikeda. Carlos Alvarez: Ambos depositavam confiança na natureza humana de cada pessoa. Esse é o ponto que, mesmo hoje, toca nosso coração. A revolução humana é algo que qualquer ser humano no mundo pode pôr em prática. Essa é a “magia” da revolução humana. Mesmo em um mundo em que continuam ocorrendo acontecimentos trágicos, todos nós podemos ser atenciosos com as pessoas ao nosso redor. Podemos acreditar até o fim no potencial do ser humano e jamais abandoná-lo. Creio que essa postura se torne uma fonte de grande esperança.
20/02/2025
Encontro com o Mestre
BS
Estabelecer a união indestrutível
“Diferentes em corpo” (itai) indica que o aspecto, a personalidade, a capacidade e as características de cada pessoa são variados e diferentes. “Unos em mente” (doshin) é tornar iguais as aspirações, a mente e a visão de objetivo. Assim sendo, “diferentes em corpo, unos em mente” são o aspecto de, respeitando ao máximo as características e a personalidade de cada pessoa, unir-se e agir tornando um só coração ligado a um objetivo em comum. Ao contrário, “unos em corpo, diferentes em mente” (dotai ishin) aponta a situação em que, mesmo que tenham externamente um aspecto parecido, a mente não está de forma alguma em acordo. (...) Se o sentimento for negativo, mesmo que as forças se unam devido a perdas ou a ganhos recíprocos, no final, acabam se afastando. O que faz ou não ter verdadeiramente “a mesma mente” é se existe ou não a aspiração que deseja a felicidade das pessoas do povo. É a profundidade da visão de objetivo que edifica a inabalável união de “diferentes em corpo, unos em mente”. Brasil Seikyo, ed. 2.467, 11 maio 2019, p. B3. * * * Então, o que deve ser feito para edificar a união de “diferentes em corpo, unos em mente”? Sob orientação de Toda sensei, que é o mestre do kosen-rufu, defini o ichinen — forte determinação, pensamento e sentimento de estar sempre “junto com o mestre” — e assim orei e lutei ininterruptamente. Não é alguém, mas a própria pessoa que deve se levantar e desbravar a liderança da expansão do kosen-rufu. E, aconteça o que acontecer, unir forças com os companheiros e avançar incentivando-se mutuamente. A “mente” de “diferentes em corpo, unos em mente” é a “mente” [cora-ção, sentimento] que deseja o kosen-rufu. É também a “mente que respeita e admira os membros da [Soka Gakkai]”. E ainda, é a “mente do rei leão” que não teme quaisquer opressões. E esta essência última é a “mente da unicidade de mestre e discípulo”. Ibidem. * * * É pelo avanço da [Soka] Gakkai, com o espírito de “diferentes em corpo, unos em mente” em direção à concretização do juramento seigan pelo kosen-rufu, que cada pessoa pode realizar a sua revolução humana. E assim, ao criar e expandir a paz perene tão desejada e buscada pelas pessoas, tornará possível até a transformação do destino de um país e de toda a humanidade. A Soka Gakkai possui a missão de criar a esperança. Ibidem. * * * Ao enfatizar a união, pode-se pensar que as características individuais de alguém possam ser esmagadas e soterradas. No entanto, o princípio de “diferentes em corpo, unos em mente” ensinado por Daishonin é totalmente diferente. Independentemente de qualquer coisa, o budismo acredita na potencialidade de cada pessoa e expõe que todos possuem a natureza de buda. É o princípio da “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro”. É por valorizar a personalidade de cada pessoa e polir-se mutuamente ao realizar esforços ininterruptos para evidenciar o brilho uns dos outros que é estabelecido o itai doshin exposto por Daishonin. Em outras palavras, é exatamente na bela união de itai doshin que tanto o indivíduo como as suas características particulares ampliam seu brilho. É por haver o polimento da vida pela fé para [o estabelecimento] do “unos em mente”, que o valor do “diferentes em corpo” brilha com mais intensidade. Na prática, na Soka Gakkai, os preciosos amigos que se conscientizaram da sua missão, incentivam-se mutuamente como companheiros e se destacam em todas as áreas da sociedade, manifestam de maneira vivaz a sua individualidade da forma como são. Toda sensei dizia repetidamente: “Se estiverem em itai doshin, não há nada que não possa ser realizado. Mas se for o contrário, tudo desmoronará”. Ibidem, p. B4. * * * A união de “diferentes em corpo, unos em mente” é o ponto-chave para a realização do kosen-rufu. Estamos construindo uma insuperável rede de harmonia humana com a qual as pessoas em todo o mundo sonham há muito tempo. Nenhum mal é capaz de obstruir o avanço do nosso movimento Soka dedicado ao bem maior. Não é uma questão de números; prossigamos com inquebrantável união, juntos num único espírito e propósito, com base em orações infundidas com o juramento compartilhado de mestre e discípulo. Superando todos os obstáculos, vamos entoar a canção triunfante do povo dedicada à verdade e à justiça! Brasil Seikyo, ed. 2.464, 20 abr. 2019, p. B4. * * * Unidos com o espírito de “diferentes em corpo, unos em mente”, conseguiremos, definitivamente, alcançar o kosen-rufu. Essa é a promessa de Nichiren Daishonin, Buda dos Últimos Dias da Lei. A chave para a união se encontra na oração. Quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo unidos no propósito de expandir nosso nobre movimento, nosso daimoku se torna um rugido de leão que impulsiona vigorosamente a benevolente propagação da Lei Mística. Idem, ed. 2.424, 23 jun. 2018, p. B4. * * * Qual requisito imprescindível para avançarmos juntos em união de “diferentes em corpo, unos em mente”? É fazermos da unicidade de mestre e discípulo o centro da nossa vida. Compartilhar o mesmo coração e espírito do nosso mestre é primordial para nós, que somos um grupo heterogêneo, nos unirmos num único propósito, incorporando o espírito de “diferentes em corpo, unos em mente”. (...) Alinhar nosso coração ao coração do mestre e aprofundar nossa deter-minação de promover o progresso do kosen-rufu consistem em um fator fundamental para estabelecermos um elo sólido com o espírito de “diferentes em corpo, unos em mente”. É com essa união que conseguimos ativar o poder realmente resplandecente da Lei Mística. Idem, ed. 2.389, 30 set. 2017, p. B1. * * * Aqueles que se esforçam de corpo e alma pelo kosen-rufu resplandecerão eternamente como budas da Soka Gakkai. A vida dos budas pulsará em nossa organização incessantemente contanto que persistamos avançando como uma comunidade harmônica de praticantes devotados a cumprir o desígnio do Buda, trabalhando juntos, unidos pelos belos laços de “diferentes em corpo, unos em mente”, que nos foram transmitidos pelo espírito de unicidade de mestre e discípulo. Essa é a chave para assegurar a perpetuidade da Soka Gakkai. Esse é o momento para fazermos exatamente isso. Idem, ed. 2.404, 27 jan. 2018, p. B4. A força de uma única pessoa pode ser pequena. Porém, quando une forças com outras pessoas, sua capacidade pode se expandir para cinco, dez ou cem vezes mais. Não se trata de uma operação de soma, mas de multiplicação que produz um resultado dezenas de vezes maior. Qual é o ponto essencial para criar uma união imbatível chamada “diferentes em corpo, unos em mente”? Em primeiro lugar, é fazer do grandioso ideal chamado kosen-rufu, acalentado pelo mestre, o próprio juramento, e perseverar na oração e na ação da luta conjunta de mestre e discípulo. Pela sintonia de todos no único ponto de “vencer com a prática da fé!”, devem se ajustar perfeitamente as engrenagens dos corações. Enquanto houver o sentimento de dependência, de contar com outras pessoas, não será possível manifestar a verdadeira capacidade. Aquele que se levanta só é o verdadeiro praticante da fé, e o sucessor Soka. Somente por meio da união de pessoas que se levantam sós, é possível concretizar o grande desejo do kosen-rufu. No princípio de “diferentes em corpo, unos em mente”, “mente” é fé. Significa unir os corações em torno do grande desejo chamado kosen-rufu. Aqui estão incluídos, também, todos os desejos da transformação do destino de cada pessoa. Do descuido e da arrogância de desprezar mesmo uma pessoa começa a falência. No local em que se continua a avançar mais um passo, valorizando uma única pessoa, a união se fortalece ainda mais, e podem-se transformar os árduos esforços e as sérias dificuldades em vitória e boa sorte. A união de “diferentes em corpo, unos em mente” é a linha vital do kosen-rufu. No lar, a harmonia! Na relação entre pessoas, a amizade! Na comunidade local, a confiança e a amizade! Na sociedade humana, a solidariedade do povo em prol da paz! Deve-se avançar harmoniosamente, unindo os corações. Onde há união, há vitória e felicidade. Brasil Seikyo, ed. 2.614, 2 jul. 2022, p. 3. Ouça Podcast do BS+ com o tema “Verdadeira União”. Acesse aqui
20/02/2025
Livros
BS
Luta de contínuas vitórias ao lado do Mestre
REDAÇÃO Se fôssemos resumir os eventos narrados no décimo volume da série Revolução Humana em uma única frase, esta poderia muito bem ser: “tornar possível o impossível”. O volume a ser lançado pela Editora Brasil Seikyo e disponibilizado aos assinantes do Clube de Incentivo à Leitura (CILE) em março descreve os bastidores de uma das mais importantes movimentações de propagação do Budismo Nichiren nos primórdios da Soka Gakkai. Ao ser enviado por seu mestre a Osaka, região de Kansai, Shin’ichi Yamamoto (pseudônimo do autor, Daisaku Ikeda, na obra) abraça com todo o seu ser a tarefa de impulsionar o kosen-rufu e promover a “pacificação da terra” na localidade. Para isso, ele se dedica incansavelmente à orientação aos líderes e membros para a realização do shakubuku, ao despertar da consciência dos novos membros e ao estabelecimento do estudo do budismo como base para a vida diária. O ano é 1956, e a Soka Gakkai, após a sua decisão de apresentar seis candidatos às eleições para a Câmara Alta no Japão, lança-se à campanha com esforços coordenados para divulgar os valores de paz, cultura e educação na sociedade e levar ao Parlamento do Japão pessoas que, de fato, representassem os interesses do povo. A grande vitória do movimento de propagação que culmina na designação de “Kansai de Contínuas Vitórias” e a eleição de três dos seis candidatos membros da Soka Gakkai, duas vitórias até então inimagináveis, colocam a organização em posição de destaque na sociedade. Ao atrair essa atenção, a Soka Gakkai também começa a enfrentar perseguições e a ameaça da opressão, trazendo à tona a discussão sobre a transformação do carma de um país e questões como justiça, dignidade da vida e mudança social. A série Revolução Humana precede cronologicamente a Nova Revolução Humana e terá, ao todo, doze volumes. Enquanto a Nova Revolução Humana narra a trajetória de Daisaku Ikeda a partir de sua posse como terceiro presidente da Soka Gakkai e sua partida rumo à realização do kosen-rufu mundial, a Revolução Humana traz um rico registro da luta de Ikeda sensei ao lado do seu mestre desde o período pós-guerra no Japão visando à reconstrução e ao estabelecimento da organização até a posse do jovem presidente em 1960. Para receber o livro físico em casa (plano Ouro ou Diamante) ou ter acesso à versão digital pelo CILE Digital antecipadamente, assine o CILE até 28 de fevereiro. Veja aqui os kits de março para cada plano do CILE PLANO DIAMANTE Livros são joias preciosas. O Diamante é o plano de assinatura do CILE perfeito para você que gosta de uma experiência completa de leitura no formato físico. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 brinde especial 1 marcador de página Resenha digital e conteúdos extras 59,00/mês + Taxa de entrega PLANO OURO O Ouro é o plano de assinatura do CILE ideal para os leitores que estão iniciando a jornada de incentivo à leitura. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 marcador de página 39,00/mês + Taxa de entrega Assista ao vídeo sobre o livro Revolução Humana, volume 10. Confira no Instagram o vídeo spoiler do lançamento de março Quer fazer parte do CILE? Para garantir a sua leitura e receber essa obra no mês de março de 2025, assine o CILE até 28/02/2025. Acesse o site: www.cile.com.br Para os assinantes do CILE Digital, a obra ficará disponível a partir do dia 01/03/2025 em www.ciledigital.com.br Fotos: BS | Reprodução
06/02/2025
Notícias
BS
O perene caminho da paz
Na tarde do dia 26 de janeiro, foi realizado, de maneira resplandecente, um encontro comemorativo do 50º aniversário de fundação da Soka Gakkai Internacional (SGI) no Centro Cultural para a Paz Ikeda de Guam. O evento foi divulgado no Seikyo Shimbun do dia seguinte, 27, com os bastidores da celebração que contou com a presença do diretor-geral da SGI, Yoshiki Tanigawa, e sua comitiva, além de cerca de trezentos representantes da organização dos Estados Unidos e membros da localidade. A programação foi recheada de relatos transbordantes de emoção, incentivos de líderes da SGI e da organização local, além da calorosa recepção a todos. Cinquenta anos atrás, em 26 de janeiro, durante a cerimônia de fundação da SGI, o presidente Ikeda ressaltou: De um ponto de vista, esta conferência pode parecer muito pequena. Os representantes das nações neste evento podem ser indivíduos anônimos. Entretanto, estou convicto de que, dentro de alguns séculos, esta reunião de hoje brilhará intensamente na história e seus nomes ficarão marcados nos anais do kosen-rufu assim como na história da humanidade.1 Meio século se passou desde aquele dia. A bandeira da SGI tremula hoje em 192 países e territórios. O som da recitação do daimoku, jurando a construção da paz, ecoa continuamente pelos cinco continentes do planeta. Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 372, 15 fev. 1975, p. 3. Leia matéria completa veiculada no BS+. Clique aqui Assista ao vídeo das comemorações em Guam Foto: Seikyo Press
06/02/2025
Encontro com o Mestre
BS
“Vencerá aquele que se esforça arduamente”
Sinceros parabéns pela reunião de líderes do dia de hoje! Muito obrigado pelos esforços de todos! Não há nenhuma outra organização no mundo embasada no grande princípio da paz perene chamado kosen-rufu, em prol da paz e da cultura, que possui uma filosofia majestosa. Nunca houve, e jamais haverá por toda a eternidade. Isso é a Soka Gakkai. O palco do século 21 é inteiramente de vocês. Estou orando diariamente por vocês. Acredito que estou construindo o alicerce para que possam atuar, assumindo a liderança em todo o mundo com toda a liberdade. O que é a verdadeira felicidade na vida? Todos falam sobre isso, pensando ser simples. Todos acham que sabem a resposta. Há um provérbio na Tailândia que diz: “A falsa felicidade torna a pessoa presunçosa e insolente. A verdadeira felicidade faz a pessoa manifestar alegria e transbordar sabedoria e compaixão”.1 É um pensamento bastante conciso e profundo. A felicidade falsa é aquela que adorna os aspectos externos. A verdadeira felicidade é a que emerge do interior da pessoa. É o estado de buda. A verdadeira felicidade é aquela que busca a transformação de si mesmo para se tornar alguém com mais plenitude. É a revolução humana. Daqui para a frente, sem buscar a felicidade absoluta e a revolução humana, não haverá verdadeira estabilidade nem paz, nem felicidade. Vocês são as pessoas que estão lutando na vanguarda desse movimento, tendo em mente a profunda filosofia. Vocês são os pioneiros que estão desfrutando uma vida de sabedoria e de compaixão. Quem são as pessoas que conhecem esse caminho? Não há mais ninguém além de nós. Ser jovem significa ter uma esperança infindável, uma força infindável, e um tesouro infindável. Mesmo que não tenham mais nada, vocês possuem essa maior riqueza. Aí se encontram a esperança e o futuro. Vocês possuem uma energia ilimitada que os acompanhará. Com seus esforços, a riqueza, a honra e o tesouro virão naturalmente atrás de vocês. Outro ponto importante é a autoconsciência. Quando tomam consciência por si mesmos, o horizonte se expande muito mais. Conseguirão conquistar uma vida muito mais profunda. Quem se conscientiza de que o caminho é esse, de que é assim que deve fazer e de que é para isso que deve fazer, é um indivíduo forte. Assim eu também me conscientizei. Encontrei um mestre. Decidi que concretizaria todos os desejos do mestre. Receberia treinamentos dele. Como essa era minha própria consciência, não havia nenhum arrependimento. Outra questão é sobre como desenvolver uma vida tal como a de um buda. Esse é o tema dos escritos de Nichiren Daishonin, do começo ao fim. É seu tema principal. Quando se combate o mal, conquista-se uma vida diamantina e se torna um buda. Essa é a essência do Budismo Nichiren. Em outras palavras, tanto o buda Nichiren Daishonin como o buda Shakyamuni ensinam que podemos conquistar uma vida forte e indestrutível como o diamante, e ainda afortunada. É realizar o shakubuku. É lutar pela justiça. É a batalha em prol da Lei. Nichiren Daishonin cita: Por eu [Shakyamuni] ter defendido o ensinamento correto em meio às perseguições das pessoas más, conquistei este corpo de diamante, eterno e indestrutível. Pelo contrário, aqueles que são incapazes de proferir o “rugido do leão” para refutar as pessoas más, não conseguem obter o corpo de diamante.2 Daishonin prega esse princípio várias e várias vezes em seus escritos. Isso pode ser visto lendo o Gosho. Aqui se encontra o tema do princípio fundamental de todo o Gosho. Pretender atingir o estado de buda sem denunciar as calúnias [à Lei] é um ato tão tolo quanto buscar água no fogo, ou fogo na água.3 Essa é uma passagem muito famosa. “É um ato tão tolo”, afirma Daishonin. A grandiosidade da Soka Gakkai está aqui. E é por essa razão que na Soka Gakkai há benefícios, a pessoa pode se tornar buda e conquistar o corpo de diamante. Quando se abraça esse sutra, dificuldades ocorrem. Se não surgissem as dificuldades, a frase “Este sutra é difícil de manter” deixaria de ser verdade e a pessoa não conseguiria se tornar um buda. O budismo é rigoroso. Por mais que adorne a aparência, não será possível enganar a Lei Mística, o Nam-myoho-renge-kyo. Você sairá perdendo se não conquistar o corpo de diamante. Não há felicidade maior que essa. Não importando o que aconteça, a pessoa brilhará tal como o diamante. Ela será feliz, aconteça o que acontecer, demonstrando um aspecto realmente digno e inabalável. Tornem-se assim. A prática budista, a fé e a luta pelo kosen-rufu existem para essa finalidade. Isto também consta no Gosho: “Daishonin é o pilar e a grande nau do Japão”.4 Toda sensei também disse: “A Soka Gakkai é o pilar do Japão”. Assim ele bradou como o rugido do leão. É o pilar do Japão. Ao tentarem derrubar esse pilar, como ficaria o Japão? Na tentativa de derrubar Nichiren Daishonin, Hei no Saemon-no-jo decidiu prendê-lo. Centenas de pessoas resolveram intimidar uma única pessoa: Daishonin. Era um absurdo. As pessoas de todo o Japão o menosprezavam. Em meio a tal circunstância, Daishonin disse: “Que engraçado! Vejam como Hei no Saemon enlouqueceu!”.5 Isso por ele ter tentado derrubar Daishonin, o pilar do Japão. Nichiren Daishonin mantinha essa enorme convicção. De forma semelhante, hoje vivemos uma época caótica. Só existe a Soka Gakkai como esperança do mundo. Isso é algo que muitas pessoas de bom senso já perceberam. Plenamente conscientes dessa missão, vamos avançar com grande orgulho, manifestando a força latente da fé. Conto com vocês. Aqueles que seguirem a verdadeira essência do Budismo de Nichiren Daishonin, de acordo com o Gosho e a Soka Gakkai, vencerão no final. Mais que alguém que evita as lutas difíceis e vivem pelo caminho fácil, sem preocupações, no final, vencerá aquele que se esforça arduamente. A pessoa que pratica o budismo, de forma verdadeiramente sincera e honesta, e desenvolve uma luta, no final, vencerá alcançando plena felicidade. Não há a menor dúvida disso. Fiquem bem. Até a próxima! Participantes da Reunião de Líderes, entre os quais vários jovens na faixa dos 20 anos (jan. 2025) Em um grande mural, caligrafia com o escrito “Ano do Alçar Voo” confeccionada pelos integrantes do Grupo de Shodo do ensino médio do Colégio Soka de Tóquio. Com pinceladas fortes e cheias de dinamismo, a obra foi apreciada pelos participantes da 6ª Reunião de Líderes (11 jan. 2025) Integrantes da Soka Gakkai de países da América Latina participantes da Reunião de Líderes entoam brado pela vitória neste ano que marca o 50º aniversário de fundação da SGI Publicado no jornal Seikyo Shimbun do dia 27 de janeiro de 2025. Notas: 1. ANUSORN (Org. & Ed.). Ngeakhit khamkhom lea khamuayphon [Provérbios e Máximas Tailandeses]. Bangkok: Ruamsan, 1993. p. 207. 2. Cf. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 298, 2017. 3. Ibidem, v. II, p. 4, 2020. 4. Ibidem, v. I, p. 293, 2017. 5. Ibidem, v. II, p. 24, 2020. Fotos: Seikyo PressO vídeo gravado foi exibido durante a mais recente Reunião de Líderes da Soka Gakkai, realizada em Tóquio, em 11 de janeiro de 2025
06/02/2025
Encontro com o Mestre
BS
Arco-íris da esperança
[Em 22 de junho de 1981, na convenção comemorativa dos vinte anos do kosen-rufu do Canadá, Shin’ichi1 incentivou os participantes.] — Tudo se inicia a partir de uma única pessoa. Quando esse único indivíduo ensina e transmite o princípio da felicidade denominado “Lei Mística” para as pessoas, criando-as como leões que superam a si próprios, constrói uma fileira de “valores humanos”. Esse é o significado de “emergir da terra”. (...) O budismo, que prega a igualdade de todas as pessoas como possuidoras do estado de buda, é o princípio filosófico que sustenta o respeito à dignidade da vida e é a base fundamental da ideologia da paz. Ao mesmo tempo, aí pulsa o espírito de tolerância e de compaixão com outras pessoas. Fundamentalmente, não há como essa ideologia deixar de confrontar os poderes que louvam a guerra, subordinam o povo e conduzem as pessoas à morte. Por essa razão, na época da Segunda Guerra Mundial, a Soka Gakkai sofreu opressão do governo militarista que promovia a guerra tendo como sustentação espiritual o xintoísmo do Estado. (...) Tenho a convicção de que o caminho certeiro para a paz se encontra no fortalecimento dos laços de solidariedade da amizade que ultrapassam as fronteiras entre nações, compartilhando o espírito do budismo que prega que os seres humanos são todos iguais e de incomparável dignidade com as pessoas dos mais variados países. Quando as raízes são profundas e firmes, os ramos e as folhas se desenvolvem. O mesmo acontece com o movimento pela paz. Há muitas pessoas que desejam a paz e bradam por ela. Porém, um movimento sem uma filosofia que sirva como raiz é efêmero. O movimento pela paz da nossa Soka Gakkai possui como raiz uma grandiosa filosofia chamada budismo, que elucida o respeito à vida. Do ponto de vista dos princípios do budismo, que considera cada ser humano como “Buda”, não é possível de forma nenhuma tirar das pessoas o direito à vida. Aos olhos do budismo, que prega a igualdade de todas as pessoas e sua incomparável dignidade, ultrapassando as fronteiras de ideologia, de etnia, de nação e de religião, não há discriminação nem desprezo por outros. E ainda, para o budismo, que ensina a compaixão, não há qualquer forma de exclusão de pessoas de quaisquer categorias. Foto das Cataratas do Niágara registrada por Ikeda sensei com o sentimento de que “Os amigos Soka em todo o mundo sejam fortes, enérgicos e assumam novos desafios!” (jun. 1981) Fonte: IKEDA, Daisaku. Sino do Alvorecer. Nova Revolução Humana. v. 30-I. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. p. 397-398. Nota: 1. Shin’ichi Yamamoto: Pseudônimo do presidente Ikeda no romance Nova Revolução Humana. *** Correnteza incessante O Canadá é o segundo maior país do mundo em extensão territorial e é contemplado com belas paisagens naturais. Em sua primeira viagem ao exterior após tomar posse como presidente da Soka Gakkai, Ikeda sensei visitou as terras canadenses. A chegada dele ao país ocorreu em 11 de outubro de 1960 e ele permaneceu na cidade de Toronto. Naquela época, não havia membros da SGI morando no Canadá. No aeroporto, sensei e os demais componentes da comitiva foram recebidos por uma mulher que ainda não era membro da Soka Gakkai. Ela foi contatada por sua mãe, integrante da organização no Japão, que lhe solicitou acolher o grupo. A filha aceitou por gratidão à sua mãe. O presidente Ikeda agradeceu sinceramente à jovem e lhe ofereceu calorosos incentivos, demonstrando também apreço por sua mãe. Dois anos depois desse encontro, a moça se converteu ao budismo e se tornou figura central do movimento pelo kosen-rufu no Canadá. Com os filhos e, mais tarde, com o marido, que se juntou a eles na prática da fé, ela criou uma família harmoniosa e dedicou a vida para expandir a rede do humanismo Soka por todo o país. Em 12 de outubro de 1960, Ikeda sensei visitou as Cataratas do Niágara, uma das três maiores do mundo. Sob o céu azul-claro, a água espirrou e criou um arco-íris de cores vibrantes. Com profunda emoção, o Mestre expressou a um jovem que o acompanhava: Esse arco-íris sobre a catarata desapareceria instantaneamente se a correnteza parasse. Da mesma forma, o arco-íris da esperança em nossa vida só brilha quando avançamos com energia em direção ao kosen-rufu.1 No decorrer de sua viagem ao Canadá, o presidente Ikeda visita a casa de Laura Secord, conhecida como a “heroína da independência canadense”, onde dialoga com os membros da Soka Gakkai, oferecendo-lhes calorosos incentivos (28 jun. 1981) Essa data, posteriormente, foi estabelecida como “Dia da SGI-Canadá”. Dicas de leitura: Saiba mais sobre o movimento pelo kosen-rufu no Canadá lendo os capítulos “Outono Dourado” (volume 1) e “Sino do Alvorecer” (volume 30-I) da Nova Revolução Humana. Fonte: Adaptado de matéria publicada no Seikyo Shimbun de 24 de outubro de 2024. Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Outono Dourado. Nova Revolução Humana. v. 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 163. Fotos: Seikyo Press | BS
06/02/2025
Editorial
BS
Marcos históricos do kosen-rufu — as visitas de Ikeda sensei ao Brasil
Fevereiro reserva datas significativas para a história do kosen-rufu no Brasil e do mundo. Em 1984, Ikeda sensei visitava o Brasil pela terceira vez. Sua última estada no país, antes dessa data, havia ocorrido em 1966, início do regime militar brasileiro. A segunda visita do presidente Ikeda foi marcada por intensa vigilância policial, em consequência de informações distorcidas sobre a Soka Gakkai. Todavia, após dezoito anos, no dia 19 de fevereiro de 1984, Ikeda sensei desembarcou em São Paulo para sua terceira visita ao Brasil. Durante a sua permanência em solo brasileiro, ele viajou para Brasília, DF, onde se encontrou com o presidente da República, visitou a Universidade de Brasília e fez doação de mil livros à instituição. Esse cenário era completamente diferente de sua última passagem pelo país, com um reconhecimento crescente de autoridades nacionais. Após a terceira visita, a BSGI alçou grande voo. Centros culturais e sedes regionais foram inaugurados, e a sociedade brasileira prestou homenagens ao presidente Ikeda e à organização. Além disso, novas famílias começaram a praticar o budismo e a propagar a filosofia da esperança em todo território nacional. Foi no dia 9 de fevereiro de 1993, no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, que Ikeda sensei foi recepcionado por diversas personalidades, entre elas o então presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Austregésilo de Athayde, em sua quarta presença ao país. No encontro, Ikeda sensei expressou: “O senhor é o maior tesouro da humanidade. Deixarei registrado seu nome para toda a posteridade”, afirmou o presidente Ikeda. O Dr. Athayde respondeu: “Finalmente eu me encontrei com a pessoa que mais desejava. O senhor é o marco deste século. Vamos lutar juntos. Vamos unir nossas forças para mudar a história da humanidade!”.1 Além disso, aconteceram outros encontros inesquecíveis com os membros. Como ponto alto, o presidente Ikeda foi agraciado como sócio correspondente da ABL e homenageado com o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Para mais detalhes sobre os acontecimentos marcantes da terceira e quarta visitas de Ikeda sensei ao Brasil, leia as páginas 8 e 9 desta edição. Como vimos, a determinação firmada pelo Dr. Athayde no encontro com Ikeda sensei foi a de unir forças para mudar a história da humanidade. Neste fevereiro, repleto de marcos tão importantes, nossa expectativa é de que, juntos, possamos contribuir de forma efetiva para a construção de um mundo melhor. Boa leitura! Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.197, 28 set. 2013, p. B2.
06/02/2025
Editorial
BS
Qual ação pela paz realizarei?
Caro leitor, feliz “Ano do Alçar Voo da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”! Neste mês, a Soka Gakkai Internacional (SGI) celebra cinquenta anos de sua fundação. Em certa ocasião, ao vislumbrar o Budismo de Nichiren Daishonin sendo difundido em diversos países, Toda sensei perguntou ao seu jovem discípulo: “Daisaku, se você se tornasse presidente da Soka Gakkai, em quantos países você acha que conseguiria propagar o Budismo de Nichiren Daishonin?” [...] Respondi: “Propagarei em todo o mundo sem falta!”. “Quantos países exatamente?”, perguntou ele. “Mais de cem”, respondi. Seus olhos se encheram de lágrimas, pois sabia que eu conquistaria tudo o que dissesse que faria.1 Com o espírito de concretizar as expectativas do seu mestre, Ikeda sensei, ao assumir a presidência da Soka Gakkai, em 1960, percorreu vários países para criar uma verdadeira corrente de paz. Seu objetivo era encontrar e dialogar com os líderes das respectivas nações e, principalmente, enraizar os ensinamentos de Nichiren Daishonin na sociedade local, dando início ao movimento pela paz, cultura e educação da Soka Gakkai. Em meio a esses esforços, no dia 26 de janeiro de 1975, Ikeda sensei realizou a Primeira Conferência para a Paz Mundial da SGI, na ilha de Guam, fundando a Soka Gakkai Internacional (SGI). Leia mais nas p. 6 e 7. A ilha de Guam, palco de intensas batalhas entre as tropas japonesas e norte-americanas e de tragédias durante a Segunda Guerra Mundial, foi escolhida como o local para início da materialização da paz mundial. Na época, Ikeda sensei, em seu discurso, exprimiu: De um ponto de vista, esta conferência pode parecer muito pequena. Entretanto, estou convicto de que esta reunião de hoje brilhará intensamente na história e seus nomes ficarão seguramente gravados na história do kosen-rufu, assim como na história da humanidade.2 A partir de então, a Soka Gakkai foi amplamente estabelecida ao redor do mundo, alcançando extraordinários 192 países e territórios constituintes. Os membros onde a organização está presente dedicam-se incansavelmente à propagação dos ideais dos Três Mestres Soka, contribuem ativamente para a construção de uma sociedade pautada no respeito pela dignidade da vida e também se empenham para conquistar a revolução humana individual. Como integrantes dessa ampla rede humanística, sejamos o agente de mudanças significativas no ambiente onde nos encontramos neste exato instante, sempre inspirados nas realizações do nosso grande e eterno mestre, Daisaku Ikeda. Desejamos a você, leitor, e a todos um espetacular 2025! Boa leitura! No topo: Membros de diversos países se reúnem na ocasião da fundação da SGI (Guam, jan. 1974). Foto: Seikyo Press Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.941, 31 maio 2008, p. A4. 2. Idem. ed. 372, 15 fev. 1975, p. 3.
17/01/2025
Encontro com o Mestre
BS
O caminho Soka é o caminho de mestre e discípulo
Brasil Seikyo apresenta série especial, veiculada no Seikyo Shimbun, entre os dias 15 e 17 de novembro de 2024, em homenagem a Ikeda sensei pela passagem do primeiro ano de seu falecimento. Em fevereiro de 2007, o presidente Ikeda publicou um longo poema denominado A Canção da Unicidade de Mestre e Discípulo — Ode ao meu Mestre, Josei Toda, uma manifestação de seu orgulho e de sua alegria por ter vivido como discípulo Toda. Este Especial, dividido em três partes, traz trechos do poema, que foi divulgado, na íntegra, no BS, ed. 1.884, 24 mar. 2007, p. A3. Se descrevêssemos a magnífica trajetória de 95 anos de Ikeda sensei em uma frase, poderíamos afirmar que foi uma vida que incorporava o poder infinito da relação de mestre e discípulo. Na primeira parte deste Especial, publicamos uma foto de mestre e discípulo junto com um trecho do poema. O mestre valorizava o discípulocom toda a sinceridade.O discípulo estimava o mestrede todo o coração.Foi nosso nobre drama de mestre e discípulo.Mahatma Gandhi disse:“Um discípulo é mais que um filho.O discípulo é um segundo nascimento”.1Eu tinha orgulho de ser discípulo do meu mestre.Não importava se alguém mais notasseou soubesse dos meus esforços.Avançava com o orgulho de transmitir corretamenteo supremo ensinamento budista elutar sinceramente sob a liderançado meu grande mestre do kosen-rufu.Não tenho arrependimentos.Não tenho, absolutamente,nenhum arrependimento,pois lutei cada batalha até o fim,protegendo fielmenteo caminho de mestre e discípulo.Eu venci! DR. DAISAKU IKEDA Publicado no jornal Seikyo Shimbun do dia 15 de novembro de 2024. *** Ikeda sensei encoraja calorosamente um membro da Divisão dos Estudantes do Japão no Centro de Treinamento de Nagano (Japão, ago. 1979) Josei Toda afirmou: “A Soka Gakkai é mais preciosa do que minha própria vida”. Ikeda sensei, no lugar do seu mestre, mergulhou em meio aos companheiros, encontrou-se com cada um deles e os encorajou, criando um pulsante laço de mestre e discípulo dentro da Soka Gakkai. As ações de incentivos estenderam-se desde Wakkanai, ao extremo norte do Japão, até a ilha Ishigaki, ao sul, e chegaram a 54 países e territórios visitados pelo Mestre. Enquanto existir esse espírito de mestre e discípulo, a rede de solidariedade Soka não estremecerá. A relação de mestre e discípuloé eterna e indestrutível.Mestre e discípulo são a união de vida a vida,como o diamante, estendendo-sedo passado ao presente e daí ao futuro.Em “Parábola da Cidade Imaginária”,do Sutra do Lótus, consta solenemente:“Habitaram aqui e ali,em várias terras do buda,e constantemente renasceramem companhia de seus mestres”.2Sempre, em todas as existências e em todas as eras,nasceremos juntos do nosso mestre,lutaremos ao seu lado,triunfaremos com o mestre,enquanto avançamos, eternamente,pelo grande e nobre caminho do kosen-rufu. DR. DAISAKU IKEDA Publicado no jornal Seikyo Shimbun do dia 16 de novembro de 2024. *** Foto tirada pelo presidente Ikeda. Cerejeiras floridas, iluminadas pelo sol, envolvem o caminho cercado pelo verde das plantas (Hachioji, Tóquio, Japão, abr. 1989) Josei Toda bradou: “O que constrói a nova era é a força e a paixão dos jovens”. Em resposta ao profundo amor e à confiança do mestre, quem se levantou na vanguarda do novo movimento popular foi o jovem Daisaku Ikeda. Mantendo o espírito do seu mestre, que confiou o kosen-rufu aos jovens das gerações seguintes, Ikeda sensei também depositava grandes expectativas neles. Encorajou-os e dedicou seu coração e alma para desenvolvê-los. A rede de jovens Soka, cultivada cuidadosamente, agora está envolvendo o mundo. Está prestes a alçar voo como a Soka Gakkai de Força Jovem Mundial. Não importando quanto a época seja obscura,sempre que penso em meu nobre mestre,abre-se diante de mim um caminho iluminadopor um raio de luz. Ah!O mestre é um espelho.O mestre é esperança.O mestre é força.Quando o mestre estiverem nosso coração,jamais hesitaremos.Quando o mestre estiverem nosso coração,jamais seremos derrotados. (...) Hoje, mais uma vez,com disposição,avanço pelo nobre e correto caminhoda propagação da Lei Mística!Jamais terei arrependimentos.Com vibrante coragem,Continuarei a criar, com todo vigor,um registro de valiosas e triunfantes conquistas. DR. DAISAKU IKEDA Publicado no jornal Seikyo Shimbun do dia 17 de novembro de 2024. Leia mais: Veja o poema A Canção da Unicidade de Mestre e Discípulo — Ode ao meu Mestre, Josei Toda na íntegra, clicando aqui. No topo: Daisaku Ikeda, à esq., dialoga com seu mestre, Josei Toda (Shizuoka, Japão, mar. 1958). Foto: Seikyo Shimbun Nota: 1. GANDHI, Mahatma. The Collected Works of Mahatma Gandhi [Obras Completas de Mahatma Gandhi]. Nova Délhi: Divisão de Publicações do Ministério da Informação e Difusão, Governo da Índia, 1966, v. XX, p. 370, abr.-ago. 1921. 2. The Lotus Sutra and Its Opening and Closing Sutras [O Sutra do Lótus e Seus Sutras de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, cap. 7, p. 178,2009. Cf. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 226, 2020.
14/12/2024
Encontro com o Mestre
BS
Espírito invencível
Jamais ser derrotado No dia 18 de setembro de 1966, o 3º Festival Cultural de Kansai foi realizado no Estádio de Beisebol de Koshien, em Osaka, sob forte chuva. Esse evento, conhecido como o “Festival da Chuva”, é uma história que continua sendo contada até hoje. Cerca de 20 mil participantes fizeram apresentações de dança rítmica, balé, ginástica montada, entre outras, cobertos de lama. Nas arquibancadas, um grandioso espetáculo foi formado por cerca de 20 mil pessoas, compondo um painel humano. Os companheiros, mesmo nas piores condições, demonstraram o indomável “espírito de Kansai”. Todos os convidados presentes não pouparam elogios. Mais tarde, o festival cultural foi transformado em um filme, espalhando emoção por todo o Japão e o mundo. No dia 30 de setembro de 1984, foi realizado o 4º Festival Cultural pela Paz Mundial no mesmo estádio. Esse evento foi o pico do “ardor” e da “força” dos jovens de Kansai, que buscavam corresponder às expectativas do seu mestre. Antes da abertura do festival cultural, Ikeda sensei deu uma volta ao redor do campo, levantando as mãos e encorajando os companheiros, em um momento eternizado na história do kosen-rufu. Fonte: Adaptado de matéria publicada no Seikyo Shimbun de 27 de setembro de 2024. Apresentação durante o 3º Festival Cultural de Kansai (18 set. 1966) no Estádio de Beisebol de Koshien, em Osaka, Japão DR. DAISAKU IKEDA Ser “sempre vitoriosa” é a tradição eterna e indestrutível de Kansai; e o “espírito de Kansai” é conhecido no mundo inteiro como o mais puro exemplo do espírito da Gakkai. Por que a organização de Kansai é tão forte? Por que ela tem sido capaz de escrever uma história de triunfo por décadas? (...) [Durante o Incidente de Osaka],1 no dia em que deixei a prisão, participei com Toda sensei da reunião no Centro Cívico de Osaka, em Nakanoshima. Estava decidido a provar inocência no tribunal; sabia que a batalha estava apenas começando. Chovia muito. Os trovões ribombavam e os relâmpagos rasgavam com fúria as nuvens escuras. Minhas palavras foram breves; só pedi a todos que lutassem ao meu lado contra aquela injustiça, com a convicção de que aquele que pratica sinceramente o Budismo de Nichiren Daishonin triunfa infalivelmente. (...) Em qualquer caso, o kosen-rufu é uma batalha em que devemos triunfar infalivelmente. É a luta do bem contra o mal, do correto contra o incorreto. Meus corajosos companheiros, que passaram muitas noites em claro, tomaram minha prisão como se fosse a deles e ficaram cheios de ira e de indignação com relação às ações de autoridades, compreenderam isso profundamente. Eles responderam ao meu brado com um aplauso sincero e no coração juraram: “Budismo é uma luta para triunfar. Não podemos perder. Não permitiremos a derrota!”. Foi assim que nasceu o espírito indomável e de eternas vitórias de Kansai. Esses preciosos companheiros determinaram triunfar. Jamais lamentaram, por pior que fosse a situação. Quanto maiores eram as dificuldades, mais intensamente brilhava seu espírito de luta. Eles superaram cada um dos obstáculos em seu caminho e continuaram a avançar em direção a uma comovente vitória. O Festival Cultural de Kansai, o “Festival da Chuva”, realizado em 1966 sob um temporal no Estádio de Beisebol Koshien, em Osaka, é outro símbolo desse espírito invencível. Os membros de Kansai consideraram a chuva torrencial como parte da apresentação, e seus uniformes manchados de lama se transformaram em túnicas de majestosos campeões iluminadas pela chama dourada da poderosa determinação de vencer. Esse mesmo espírito vem sendo transmitido de pais para filhos, de veteranos para jovens. Nenhuma outra região confere um valor tão grande à sua própria tradição. (...) Os membros de Kansai não esperam instruções para agir, eles simplesmente fazem o que lhes é dito. O que os move é o comprometimento pessoal e o desejo de se dedicarem ao kosen-rufu junto comigo. Essa motivação interior é o que os torna tão fortes. Nada se interpõe entre eles e eu. Nenhuma barreira separa o nosso coração. É assim que deve ser a Soka Gakkai. Não importam as atribulações que tive de enfrentar ao longo dos anos, o amor e o apoio que os membros de Kansai estenderam a mim sempre com tanta generosidade — afeto que nasce da relação de mestre e discípulo — jamais se abalaram. (...) Em 1979, quando me tornei presidente honorário da Soka Gakkai e um grupo de pessoas armou um complô para destruir nossa organização, os membros de Kansai foram os primeiros a entrar em ação. Em uma reunião que eles chamaram de Primeira Convenção de Kansai, realizada em 18 de novembro daquele ano, expressaram sua determinação de se unirem a mim na luta. E foi de Kansai que uma nova onda do kosen-rufu começou a cobrir a terra, vencendo as forças opressoras que almejavam nossa queda. (...) Os membros de Kansai estão fortemente unidos. Kansai é uma só. A organização é como uma enorme família que compartilha o orgulho de ser sempre vitoriosa, sem deixar de prezar os valores característicos de cada região. Qual é a chave dessa união? É o humanismo. Os membros de Kansai não se deixam enganar pela eloquência e ostentação. Nossos líderes de Kansai jamais sucumbem ao autoritarismo ou à burocracia. São sempre eles mesmos — pessoas autênticas totalmente comprometidas com os membros com quem compartilham alegrias e tristezas. Quando chega o momento de lutar por suas crenças, avançam direto para o combate, sem hesitar um instante. Essa rede de confiança une cada comunidade, distrito e sede e abarca toda a região de Kansai. (...) Que o espírito de Kansai viva eternamente! Que Kansai, a fortaleza dourada do mundo, avance sem render-se jamais! No topo: Antes da abertura do 4º Festival Cultural pela Paz Mundial, o presidente Ikeda desce ao campo para encorajar os companheiros (30 set. 1984) no Estádio de Beisebol de Koshien, em Osaka, Japão. Foto: Seikyo Press. Fonte: Terceira Civilização, ed. 596, abr. 2018, p. 40-46. Nota: 1. Incidente de Osaka: Em 1957, o presidente Ikeda, então responsável pela Secretaria da Divisão dos Jovens da Soka Gakkai, foi preso e injustamente acusado de ter violado a lei eleitoral em uma eleição suplementar para a Câmara dos Vereadores de Osaka. Ao final do processo judicial, que se arrastou por quase cinco anos, ele foi totalmente inocentado de todas as acusações.
22/11/2024
Encontro com o Mestre
BS
Assuma o leme do seu destino
A sincera prática budista nos permite transformar o próprio carma e direcionar a vida para a felicidade e para a concretização da nossa missão. Veja, a seguir, trechos selecionados de incentivos de Ikeda sensei sobre esse importante tema Nós, seres humanos, somos facilmente influenciados pelos impulsos inerentes à vida, os três venenos — avareza, ira e estupidez. Somos seres frágeis, comparáveis a pequeninos barcos num mar furioso, facilmente lançados de um lado para outro ou afundados pelas poderosas ondas do destino ou carma. Assim como uma grande tempestade pode arrastar uma minúscula embarcação a algum destino desconhecido, muitas vezes somos impelidos a agir de formas que desafiam a razão, permitindo que interesses pessoais de curto prazo prejudiquem a nossa própria sobrevivência. Por exemplo, embora saibamos racionalmente que devemos preservar e cuidar do meio ambiente, nós o destruímos e o poluímos visando ganhos imediatos. Ou, para dar outro exemplo, racionalmente almejamos a paz, mas permitimos que a insegurança e o medo nos instiguem a fortalecer nossos arsenais militares, criando a oportunidade para que um incidente menor desencadeie uma guerra de grandes e terríveis proporções. Fatos desse tipo ocorreram repetidamente ao longo da história. Para nos proteger dessas forças ou impulsos, bem como das forças do destino que controlam indivíduos e sociedades em níveis ainda mais profundos — como correntes invisíveis no oceano dominando e carregando uma frágil embarcação —, devemos possuir um forte compromisso com o humanismo. O budismo ensina que nas profundezas de cada indivíduo existe uma entidade vasta e poderosa — o “grande eu” do Universo em sua inteireza —, designa essa entidade de natureza de buda e esclarece como podemos abrir e manifestar a nossa natureza de buda e demonstrar o poder dela em nossa vida e ações efetivas. Nem é necessário dizer que, vivendo no mundo real como no nosso caso, ninguém é perfeito. Aqueles que realizam sua revolução humana também não alcançaram ainda a perfeição. Revolução humana vincula-se a uma clara consciência de nosso propósito na vida, acompanhada de esforço para se aproximar do estado de perfeição pouco a pouco, mantendo claramente esse propósito em mente. Revolução humana não é um objetivo final que possa ser alcançado; antes, constitui uma mudança no curso, na direção de nossa vida. Em decorrência disso, em dado momento, aqueles que se esforçam pela revolução humana naturalmente podem cometer erros e ter defeitos, assim como todas as pessoas, e talvez não pareçam nada diferentes dos outros. Mas, interiormente, as pessoas que se dedicam à sua revolução humana são completamente diferentes em relação ao que eram antes de iniciar essa epopeia espiritual, e em longo prazo a diferença entre elas e os demais se tornará visível. Essa é a nossa concepção do processo de revolução humana. IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 2: Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023. p. 47-48. * * * Tudo o que ocorre em nossa vida possui um significado. O modo de vida de um budista é descobrir um significado em todas as coisas; nada é em vão ou sem sentido. Seja qual for o carma de uma pessoa, sempre há um profundo significado para a sua existência; isso não é uma questão de simples ponto de vista. A mudança do mundo começa com a mudança fundamental de nossa mentalidade — este é um princípio-chave dentro do budismo. A poderosa determinação de converter até o carma adverso em missão pode transformar radicalmente o mundo real. Quando mudamos nosso estado de vida interior, podemos transformar qualquer sofrimento ou adversidade em motivo de alegria e considerá-lo um meio para fortalecer e desenvolver a nossa vida. Converter até mesmo o sofrimento em uma fonte de criação é o modo de vida de um praticante budista. Ibidem, p. 60-61. * * * “Nosso carma é nossa missão, é o palco no qual desempenhamos nosso magnífico drama de transformação de adversidade em triunfo” Dr. Daisaku Ikeda Se estiverem enfrentando problemas que continuam a persistir — seja no trabalho, no âmbito financeiro, na saúde, nos relacionamentos ou algum outro tipo de desafio —, é importante orar sinceramente para superá-los. Sua inquestionável comprovação de vitória se tornará uma fonte de esperança e inspiração para os outros que estão enfrentando problemas semelhantes. Podemos transformar carma em missão por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo ao reconhecermos que assumimos voluntariamente o carma apropriado1 com o intuito de mostrar às pessoas o poder da Lei Mística nesta existência. Portanto reúnam coragem e orem pela sua felicidade e a de outras pessoas. Essa é uma expressão de sua profunda compaixão. Se vocês orarem não somente pela sua felicidade, mas também a dos outros, manifestarão uma condição de vida que os permitirá observar os desafios que estão enfrentando com calma e serenidade. Ibidem, p. 53. * * * Uma vida forjada por esforços para proteger a Lei elimina as impurezas do mau carma da calúnia e perdura eternamente pelas três existências — do passado, presente e futuro. Desde o tempo sem início, temos repetido o ciclo de nascimento e morte. Nesta existência, entretanto, tivemos a boa sorte de encontrar o Budismo Nichiren. Por praticarmos o ensinamento correto, denunciarmos a calúnia à Lei e edificarmos a força interior, podemos transformar o carma e estabelecer a eterna e indestrutível condição do estado de buda em nossa vida. É a isso que se refere atingir o estado de buda nesta existência. Essa prática pura e comprometida do Budismo Nichiren muda totalmente o significado das dificuldades em nossa vida. Não mais enxergamos os desafios e as adversidades como algo negativo a ser evitado, mas como algo positivo que, quando superado, nos aproxima um passo do estado de buda. Naturalmente, para aqueles que se encontram em meio a árduos desafios pode não ser fácil apreciar esse fato. Ninguém quer passar por dificuldades; é da natureza humana preferir evitá-las. Contudo, se compreendermos o sublime e transformador ensinamento da Lei Mística, conseguiremos perceber que nossas dificuldades surgiram porque estamos nos esforçando para combater as funções negativas e ter a convicção de que, ultrapassando essas adversidades, poderemos alcançar a suprema condição de vida do Buda. Se tivermos essa atitude positiva, seremos capazes de viver com força e resiliência diante de quaisquer dificuldades. Ibidem, p. 62-63. * * * A Lei Mística é o maior dos tesouros do Universo. Recitar Nam-myoho-renge-kyo possibilita que acumulemos diariamente tesouros em nossa própria vida. Por outro lado, o daimoku também age para limpar as causas negativas do passado assim como a água límpida elimina a água suja e turva. O processo de purificação leva tempo. No início, temos de nos esforçar para limpar o resquício de água turva do nosso carma negativo. No entanto, a força da recitação do Nam-myoho-renge-kyo ameniza esse processo e, por isso, é de extrema importância que continuemos a orar daimoku. Quando, enfim, nossa vida estiver purificada, tudo começará a melhorar drasticamente. Infalivelmente haveremos de conquistar uma existência de felicidade absoluta transbordante de boa sorte e benefícios. Aconteça o que acontecer, encararemos as situações com alegria. Seremos plenamente realizados, mesmo que não tenhamos fama ou fortuna. Cada momento será profundamente satisfatório. A alegria preencherá o nosso coração e tudo parecerá belo e pleno de alegria. Seremos capazes de discernir instantaneamente o certo do errado, a verdadeira essência de tudo, e, quaisquer que forem nossas circunstâncias, conseguiremos pensar no bem-estar das pessoas. Esse é o tipo de pessoa que iremos nos tornar. O caminho para a felicidade não é complicado. Aqueles que recitam Nam-myoho-renge-kyo consistentemente no mundo do kosen-rufu triunfam no final. Eles alcançarão sem falta a condição de felicidade absoluta, ou seja, o estado de buda. Se vocês se lembrarem desse único e importante ponto, sua vida será sempre sólida e segura. Ibidem, p. 66-67. * * * O Sutra do Lótus expõe o profundo princípio do “carma adotado por desejo próprio”. De acordo com o sutra, os bodisatvas, por vontade própria, buscam renascer numa era maléfica por sentirem empatia por aqueles que estão sofrendo e desejarem conduzi-los à felicidade. Não importando quais dificuldades enfrentemos ou em que circunstâncias possamos nos encontrar, possuímos uma nobre missão que somente nós podemos cumprir. Quando reconhecemos isso profundamente, tudo se transforma. Nascemos neste mundo, nesta época, para cumprir o grande juramento que fizemos no remoto passado. Nosso carma é nossa missão, é o palco no qual desempenhamos nosso magnífico drama de transformação de adversidade em triunfo. Por mais difícil ou desafiadora que a realidade de nossa vida possa ser, não há nenhum outro local onde possamos atingir a felicidade. Ibidem, p. 71. * * * Toda sensei certa vez incentivou um membro que estava enfrentando vários problemas da seguinte forma: Alegre-se quando se deparar com adversidades! É o momento para comprovar o poder da fé e a oportunidade para transformar seu carma. O budismo ensina a infalível Lei da “transformação de veneno em remédio”. Você poderá recuperar qualquer perda na forma de um benefício dez vezes ou cem vezes maior. Tem sido o doloroso destino da sociedade humana, assolada e aterrorizada pelos múltiplos venenos do mundo, ficar presa no interminável ciclo de infortúnio e confusão. Nosso movimento Soka dedica-se a propagar os princípios humanísticos do Budismo Nichiren em prol da paz e prosperidade de toda a humanidade. Desse modo, trava uma luta intrépida para transformar todo veneno em remédio, criando valor livremente a partir de tudo em benefício da felicidade humana e protegendo a dignidade da vida e a paz mundial. Ibidem, p. 154. No topo: Ikeda sensei louva os companheiros de espírito de procura (Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio, Japão, mar. 2008). Foto: Seikyo Press. Nota: 1. “Carma adotado por desejo próprio” (ganken ogo): Também “assumir voluntariamente o carma apropriado”. Refere-se aos bodisatvas que, embora qualificados para receber as puras recompensas da prática budista, abrem mão delas e selam o juramento de renascer num mundo impuro a fim de salvar os seres vivos. Eles propagam a Lei Mística enquanto se submetem aos mesmos sofrimentos daqueles nascidos neste mundo maléfico devido ao carma. Essa expressão deriva da interpretação de Miaole de trechos relevantes do capítulo 10, “O Mestre da Lei”, do Sutra do Lótus.
22/11/2024
Encontro com o Mestre
BS
Vença com a energia latente do grande herói humano
DR. DAISAKU IKEDA O dia de hoje nunca mais retornará.É recomendável dedicar-se de corpo e alma,valorizando cada dia, para não se arrepender.Saiba que aí se encontra o segredo paraobter a oportunidade da vitória.Deve-se vencer no dia de hoje.Definitivamente, deve-se vencer agora. * * * O budismo se define com o discípulo.A vitória do discípuloé a vitória de mestre e discípulo.Somente com a vitória, e somente com a vitória contínuados discípulos, abre-se amplamente aera Soka a brilhar por muitas gerações.Jamais se deve esquecer desse ponto. * * * Se não houver luta, não significará tersaldado as dívidas de gratidão com o mestre.Deve haver ação. Deve-se lutar.Por mais que surjam grandes dificuldades,deve-se lutar até o fim contra o mal,sem poupar a vida.Propagar a Lei correta, e salvar as pessoas —esse é o verdadeiro caminho para saldaras dívidas de gratidão com o mestre. * * * Em qualquer batalha,vence aquele que deixa de lado a pose e a aparência,e se empenha de coração, com todas as forças.Essa é a força das pessoas comuns, e é a força de Kansai.Daqui para a frente também,Kansai haverá de vencer resolutamentecom a energia latente desse grande herói humano.E construirá a “eterna capital de contínuas vitórias”,onde o povo celebrará orgulhosamente a paz e a prosperidade. * * * Quem avançar mesmo um milímetro ou um passo,será o indivíduo vitorioso.O ato de não ser derrotado fará acumularo indomável tesouro do coração.Assim, poderá concretizar a própriarevolução humana e a transformação do destino.No mundo da fé, aquele que perseverar até o fim,sempre com honestidade e sinceridade,conquistará infalivelmente os louros da vitória. Publicado no Seikyo Shimbun de 20 de outubro de 2024. No topo: Fluxo volumoso do rio Yodogawa que deságua na baía de Osaka. À esquerda do rio, região central da cidade de Osaka; à direita, estende-se a paisagem urbana do distrito de Yodogawa. Em sua visita a Kansai, entre os meses de abril e maio de 1985, Ikeda sensei tira esta foto do alto nas proximidades da estação Nova Osaka. Na ocasião dessa visita, sensei dialoga com os membros de Osaka e de Hyogo, participa dos Festivais Culturais dos Jovens pela Paz, realizados nas províncias de Nara e de Wakayama, e incentiva a todos. Kansai é o local que sensei amou, construiu e ao qual dedicou a vida. Nessa localidade do mais alto orgulho, os companheiros continuam correndo com todas as forças. “Tornar possível o impossível”, novamente, agora! Fontes: Este texto tem como base palavras de Ikeda sensei extraídas, respectivamente, de trechos das obras Zuihitsu Shori-no-Hikari [Ensaio: Brilho da Vitória]; discurso proferido na 1ª Reunião de Líderes da Nova Era, publicado no Seikyo Shimbun de 15 de novembro de 2006; discurso proferido na 17a Reunião de Líderes da Nova Era, publicado no Seikyo Shimbun de 28 de abril de 2008; Zuihitsu Ningen Seiki no Hikari [Ensaio: O Resplendor do Século do Humanismo], publicado no Seikyo Shimbun de 16 de agosto de 2009; revista Daibyakurenge, edição de novembro de 2015.
22/11/2024
Notícias
BS
Sincera gratidão ao Mestre
REDAÇÃO Solenidade no Japão A cerimônia pelo primeiro ano de falecimento de Ikeda sensei foi realizada no dia 15, no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu (Daiseido), em Shinanomachi, Tóquio, Japão. Os líderes centrais da Soka Gakkai, junto com outros líderes e 280 representantes de 75 países e territórios, que estão no Japão para o Curso de Aprimoramento de outono da Soka Gakkai Internacional (SGI), participaram da solenidade. O gongyo foi conduzido pelo presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada. Em suas palavras, ele expressou profunda gratidão aos discípulos de Ikeda sensei pela dedicação ao kosen-rufu em todo o mundo. Além disso, solicitou a todos que se inspirassem na sinceridade do presidente Ikeda, que, no 50º ano [2008] de falecimento de Josei Toda, prometeu se empenhar por significativas vitórias, e vencer resolutamente para retribuir a gratidão ao seu mestre. BSGI promove solenidade em tributo ao Mestre No Brasil, a BSGI realizou, na mesma data, a cerimônia de um ano de falecimento de Ikeda sensei no Palácio Memorial da Paz Eterna, em Itapevi, SP, com transmissão simultânea pelo YouTube. Durante o evento, foi exibido um vídeo-tributo ao Mestre, com episódios memoráveis da vida de Ikeda sensei, como o encontro com Josei Toda, sua primeira viagem ao exterior para propagar o Budismo de Nichiren Daishonin para o mundo e os diálogos promovidos com importantes figuras de diversos campos do conhecimento. O vídeo também destacou os inúmeros incentivos oferecidos pelo Mestre aos membros de vários países, retratando a personalidade do presidente Ikeda em aproveitar cada momento para incentivar as pessoas. Cerimônia em memória de Ikeda sensei, realizada no Palácio Memorial da Paz Eterna (Itapevi, SP, nov. 2024) A vice-coordenadora da Juventude Soka da BSGI, Livia Endo, disse ser uma honra pertencer à geração de jovens a quem Ikeda sensei confiou o eterno futuro. Em suas palavras, ela manifestou a decisão: “Gostaria de externar nosso brado, nosso juramento, nossa mais elevada gratidão ao querido e eterno mestre da vida, Daisaku Ikeda. Por meio dos nossos esforços, dignificaremos sua nobre existência e daremos continuidade ao seu legado na construção de um mundo de paz e de felicidade para todas as pessoas. Cultivando eternamente o Mestre no coração, avançaremos e venceremos infalivelmente na vanguarda da BSGI, Monarca do Mundo. Contem com a Juventude Soka mais azul que o índigo”. A coordenadora-geral da Divisão Feminina (DF) da BSGI, Meiry Hirano, também expressou imensa gratidão e boa sorte por viver na mesma época do presidente Ikeda e transmitiu a importância de sempre manifestarmos a determinação de “vencer é saldar as dívidas de gratidão”. Por fim, Naoto Yoshikawa, vice-presidente do conselho orientador da BSGI, relembrou momentos importantes da vida de Ikeda sensei, enfatizando como o Mestre encorajou incontáveis pessoas, ajudando-as a superar o sofrimento e a mudar a realidade. “Com gratidão e decisão, vamos fazer a vida de Ikeda sensei percorrer pelo mundo e por toda a eternidade”. A cerimônia foi finalizada com a apresentação das bandas Asas da Paz Kotekitai do Brasil e Taiyo Ongakutai do Brasil, entoando a música Com os Amigos do Mundo. Integrantes das bandas da Juventude Soka do Brasil apresentam canção em tributo ao Mestre No topo: Dr. Daisaku Ikeda. Foto: Seikyo Press. Nota: 1. A Vida de Daisaku Ikeda — Uma Jornada de Mestre e Discípulo. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. p. 59. Leia mais Matéria especial sobre a vida de Ikeda sensei no Brasil Seikyo edição 2.670. Clique aqui.
22/11/2024
Encontro com o Mestre
BS
Mestre e discípulo avançam sempre juntos
Sem a relação de mestre e discípulo, qualquer coisa que realizarmos simplesmente terminará junto com a nossa existência. Não passará de um breve drama e de uma busca por satisfação pessoal. Em contraste, a relação de mestre e discípulo nos habilita a viver uma vida conectada ao grandioso fluxo da humanidade, uma vida comparável a um caudaloso rio, uma vida que faz parte de uma ininterrupta corrida de revezamento. O budismo ensina sobre a unicidade de mestre e discípulo. Não se trata de uma hierarquia com o mestre acima e o discípulo abaixo. Mestre e discípulo compartilham o mesmo ideal e avançam juntos em direção a ele. Também verificamos vários contos nas escrituras budistas nos quais o discípulo daquela existência é o mestre da seguinte. Ao mesmo tempo, o mestre deve desempenhar uma liderança imbuída de firme decisão ou a harmonia se desintegrará. Se o mestre for convicto e resoluto, tudo sempre se moverá para uma direção positiva. Caso isso não ocorra, a confusão reinará. Mestres e discípulos são como atletas numa corrida de revezamento. Eles avançam, passando adiante o bastão ao longo da trilha pela justiça, felicidade e paz de toda a humanidade. Os mestres correm na frente para, depois, transferir o bastão aos discípulos. Nada significativo pode ser alcançado sem mestres. Desse modo, eles merecem máximo respeito. Os discípulos põem em prática o que aprenderam com o mestre e dão continuidade ao trabalho que ele lhes deixou para efetuarem no futuro. O presidente Toda sempre dizia que os discípulos devem buscar ultrapassar seus mestres. Somente mestres de pensamento mesquinho exigem que os discípulos os sigam e aceitem tudo o que disserem com obediência cega. Mestres genuínos instigam os discípulos a superá-los, a realizar o que eles não puderam realizar. E discípulos verdadeiros se esforçam ardentemente para fazer exatamente isso. IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 3: Kosen-rufu e Paz Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. p. 217-218. * * * Todos devemos ter consciência de quão importante é a relação de mestre e discípulo, que nos permite despertar e cumprir nossa missão pessoal, bem como promover a melhoria e o desenvolvimento da sociedade. Para muitas pessoas hoje, a expressão “mestre e discípulo” soa antiquada, com uma conotação feudal, mas não deveria ser assim. Para dominar qualquer área, seja no âmbito acadêmico, seja nos esportes, precisamos de um instrutor ou um treinador. Possuir um bom instrutor ou treinador acelera nosso aprimoramento e mestria. Em contraste, tentar aprender por conta própria geralmente acarreta muito esforço desperdiçado ou uma situação em que logo nos vemos travados sem saber como avançar. Do mesmo modo, para viver da maneira mais significativa e gratificante, necessitamos de um bom instrutor ou treinador — um mestre na vida — que possa nos ensinar valores e posturas essenciais. Essa relação não é um vínculo hierárquico, de um superior para um inferior, nem contratual, baseado em lucro e remuneração. É o elo espiritual mais espontâneo e puro que existe, assentado sobre uma base de confiança mútua, na qual duas pessoas compartilham um propósito comum. Somente por meio desse laço de vida a vida o potencial humano pode ser cultivado efetivamente e desenvolvido à plenitude. Nesse contexto, encontrar um bom mentor, um grande mestre, constitui o fator fundamental para ter a melhor existência possível. Além disso, um ideal grandioso só poderá ser alcançado se for compartilhado por mestre e discípulo e se o discípulo der continuidade ao objetivo formulado pelo mestre e concretizá-lo. A relação entre mestre e discípulo é como a da agulha com a linha. O mestre abre o caminho e revela os princípios, enquanto o discípulo prossegue o trabalho do mestre, aplica, desenvolve e concretiza esses princípios. O discípulo também deve seguir adiante e ultrapassar o mestre. O mestre, por sua vez, está pronto a dar tudo de si, até mesmo a própria vida, pelo discípulo. Ibidem, p. 218-219. * * * O kosen-rufu se torna possível quando os discípulos abraçam o mesmo espírito que o mestre. Sem o sólido pilar da relação de mestre e discípulo, é muito fácil ser arrastado pelas próprias emoções e tendências da época, e a pessoa prontamente cede à pressão e desiste quando sua fé é posta à prova. Durante mais de cinco décadas depois da morte de Daishonin, Nikko Shonin deu continuidade à solene luta de unicidade de mestre e discípulo. Com sua ardente determinação de refutar o errôneo e revelar o verdadeiro, ele derrubou por completo as falsas asserções dos cinco sacerdotes seniores. (...) Acredito sem sombra de dúvida que, por meio de meus esforços como discípulo direto [do presidente Josei Toda], estabeleci um modelo consistente do que vem a ser trilhar o caminho do discípulo, o caminho do sucessor, o caminho da unicidade de mestre e discípulo. Ibidem, p. 227. * * * Dentre os diferentes tipos de gratidão, o budismo ensina que a mais importante é a gratidão ao mestre — em outras palavras, à pessoa que nos ensina os princípios do budismo e o correto caminho a seguir na vida. Qual é a chave para pagar a dívida de gratidão ao mestre? Está em se empenhar pelo kosen-rufu com a disposição de “não poupar a vida”. Quando algum grande obstáculo surge no caminho da prática budista, precisamos lutar sinceramente e com a abnegada disposição de acabar com todas as funções malignas. E a verdadeira forma de pagar nossas dívidas de gratidão ao nosso mestre é propagar a Lei Mística e levar a felicidade para outras pessoas. Os três primeiros presidentes da Soka Gakkai, junto com seus leais e dedicados companheiros, esforçaram-se com esse mesmo espírito abnegado. E mostraram com perfeição o caminho essencial da retribuição às dívidas de gratidão para com o mestre. É por essa razão que o kosen-rufu, um grande fenômeno de nossa época, começou. Em seu último ano de vida, o presidente Josei Toda disse, com lágrimas nos olhos: “Apesar da saúde precária, Daisaku se dedicou totalmente a mim, seu mestre, realizando um esforço valoroso e indescritível”. Pouco antes de falecer, meu mestre segurou firmemente minha mão e me agradeceu várias vezes. Eu me tornei o terceiro presidente da Soka Gakkai, sucedendo a Toda sensei, num glorioso e ensolarado dia 3 de maio de 1960. (...) Sem jamais se esquecer deste brilhante triunfo de mestre e discípulo, por favor, conquistem vitórias e mais vitórias. Brasil Seikyo, ed. 2.178, 4 maio 2013, p. B2. * * * O presidente Josei Toda dizia com frequência que “Um aprendiz de ferreiro é um ferreiro; um aprendiz de peixeiro é um peixeiro. Da mesma forma, o discípulo do Buda é um buda. Isso tudo é muito nítido”. Fazemos shakubuku tal como Nichiren Daishonin instruiu, então somos discípulos dele. Toda sensei também enfatizava repetidamente que somos filhos do Buda. Consciente ou não, um filhote de leão é um leão, e um filho do Buda é um buda. Esse é um fato inquestionável, uma realidade evidente. Quando alguém tem profunda consciência dessa realidade, essa pessoa adentrou no caminho da unicidade de mestre e discípulo. Idem, ed. 1.346, 2 dez. 1995, p. 3. *** Há no céu um caminho por onde voam os pássaros. Há no oceano um caminho por onde nadam os peixes. Há na vida um caminho a se trilhar como pessoa. O caminho para uma pessoa percorrer na vida de supremo humanismo e valor e se desenvolver constantemente é o caminho de mestre e discípulo [shitei]. Apenas o ser humano pode abraçar o “mestre e discípulo”. Pode, pelo caminho de mestre e discípulo, elevar seu estado de vida continuamente. Esse é o mais elevado caminho humano. Aos jovens sucessores, desejo transmitir tudo o que tenho em mim enquanto me for permitido ter forças. Quero que vocês, meus discípulos, entendam e conheçam profundamente este meu sentimento. Encontrar-se com o mestre da vida quando jovem e receber o treinamento de um verdadeiro ser humano é o supremo orgulho da juventude. Ao compreender essa essência da vida, não mais fica deslumbrado por adornos, riqueza e fama, Não há mais nada a temer. O encontro sério e resoluto de vitória ou derrota muda o coração das pessoas e transforma a vida. E, ainda, transforma a localidade, transforma a sociedade e transforma até mesmo o mundo. Não se é admirável porque está próximo fisicamente do mestre. Admirável é a pessoa que manifesta em suas ações o coração do mestre, e o segue vencendo em meio à realidade. Seja qual for o lugar, seja qual for a posição, se tiver essa consciência e determinação, realizará a luta de um digno discípulo. O importante é o coração. O princípio místico da verdadeira causa da vitória e do avanço é ativado quando o ichinen — sentimento, pensamento e determinação — do discípulo busca o correto mestre e corresponde ao coração do mestre. A vida que sobrevive em prol de “mestre e discípulo” é eternamente jovem. E a pessoa que assim age é eternamente jovem. Brasil Seikyo, ed. 2.245, 27 set. 2014, p. B1. No topo: O presidente Ikeda orienta os jovens para que vivam sempre com alegria. Acima, caminha com membros da Divisão dos Estudantes (Austrália, 1992). Foto: Seikyo Press
08/11/2024
Especial
BS
Uma vida dedicada ao incentivo
Um pensamento, um incentivo, mesmo que seja único, é uma semente de muitos frutos. Zelar pela transformação da semente em fruto, e do fruto para novas sementes de esperança. É a educação humana feita à mão, que transforma sonhos em realizações. Dr. Daisaku Ikeda Terceira Civilização, ed. 526, jun. 2012, p. 3. No topo: Presidente Ikeda e sua esposa, Kaneko, cumprimentam carinhosamente estudantes da Escola Soka de Ensino Fundamental de Sapporo, Japão (jul. 1990). Foto: Seikyo Press.
08/11/2024
Especial
BS
Por que escrevo?
Por que escrevo? Para acender a chama da esperança no coração dos amigos mergulhados na dor e na tristeza. Escrevo para incandescer a flama da coragem, para fazer ecoar o ritmado hino ao ser humano no coração daquela pessoa, desta também, e juntos trilharmos o grande caminho da justiça! O que escrevo? Escrevo sobre o potencial humano e sua força infinita. Sobre o nobre aspecto dos heróis e heroínas do povo, que se levantam decididamente contra as tempestades de provações que sopram violentamente e transformam sofrimento em alegria fazendo ecoar o hino do ser humano. Escrevo sobre esse espírito límpido, belo e forte, tal qual a flor de lótus que desabrocha no pântano lamacento. Escrevo sobre a imensa e ilimitada riqueza do coração que abarca até mesmo o grande universo! Dr. Daisaku Ikeda Brasil Seikyo, ed. 2.264, 28 fev. 2015, p. B4. Coleção dos trinta volumes do romance Nova Revolução Humana, de autoria do presidente Ikeda, em português Abraçar com as palavras, direcionar o futuro! Para homenagear a luta dos companheiros, ao mesmo tempo em que lançava o olhar para o futuro glorioso da Soka Gakkai, Ikeda sensei dedicou-se, sem medir esforços, a compor poemas, ensaios e outras formas de expressar sua confiança e seu sentimento. Lemos na Nova Revolução Humana que, no dia 6 de dezembro de 1970, data em que foi realizada a 19a Reunião Geral da Divisão Masculina de Jovens, ele enviou um poema intitulado Ode à Juventude,1 como mensagem para esse encontro. Por meio desse poema, ele desejava “incutir nos jovens que a nobre missão deles como praticantes budistas era a de se levantar e, com base nos ensinamentos de sua crença, mudar a sociedade”.2 A partir daí, Ikeda sensei intensificou a escrita de poemas, variando na forma e tamanho, como haiku [forma curta de poesia]. No dia 10 de dezembro de 1981, o Mestre surpreendia a todos com um denso poema cujo título já representa uma forte diretriz para a atuação dos jovens de várias gerações: Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21!. Para os brasileiros, dedicou dois poemas especiais, que se tornaram fonte de desenvolvimento na relação de mestre e discípulo: A Longa e Distante Correnteza do Amazonas, em 1987, oferecido na inauguração do Auditório Presidente Ikeda da BSGI (atual Auditório da Paz, do Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda); e Brasil, Seja Monarca do Mundo!, em 2001, com o emocionante retrato poético de sua terceira visita ao país, ocorrida oito anos antes, em 1993. A gratidão ao Mestre se eleva, sendo materializada pela luta e pelos esforços dos genuínos discípulos em honra a tamanha confiança depositada por ele. Agora é a nossa vez. No topo: Ikeda sensei trabalha em uma de suas obras com o apoio de sua esposa, Kaneko (Japão, 1979). Foto: Seikyo Press Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Ode à Juventude. Cantos do Meu Coração. Tradução: Geir Campos. Rio de Janeiro: Editora Record, 1995. p. 15. 2. Idem. Revitalização. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 15, p. 56, 2019. Saiba mais Veja obras de Ikeda sensei publicadas em português visitando o site do CILE da Editora Brasil Seikyo clicando aqui.
08/11/2024
Especial
BS
Pura poesia
Assumir o legado Palavras que tocam, imagens que captam a preciosidade de um instante. A música como fonte de alegria e de encorajamento. Com sensibilidade ímpar, a jornada de Daisaku Ikeda na arte do incentivo emociona e nos inspira sempre. Esta edição marca o primeiro ano sem a presença física de Ikeda sensei, que faleceu serenamente em sua residência, no dia 15 de novembro de 2023, aos 95 anos. Deixa um legado, coroado com suas abnegadas realizações, reconhecidas internacionalmente. Aos 19 anos, assumiu a missão de propagar a paz, que ele cumpriu levando, anos depois, o Budismo Nichiren, praticado na Soka Gakkai, para 192 países e territórios. Não houve pausa em sua trajetória para se encontrar com esse e com aquele companheiro — um sem-número de vidas impactadas por suas palavras, ora dóceis, ora rigorosas, com a iluminada sabedoria para tocar o coração das pessoas, transformando a realidade de cada uma delas. As fotos capturadas por ele deram vidas a gratas memórias e exposições que percorrem o mundo. Na escrita, dedicou-se a registrar essas histórias na obra Revolução Humana, por meio da qual retrata a história dourada da Soka Gakkai e de seus mestres. Ele também as preservou no livro Nova Revolução Humana, um esforço de 25 anos, ininterruptos. Personagens reais da irrefutável vitória de mestre e discípulo, um guia da prática da fé. Em sua sabedoria, Ikeda sensei revela o caminho que determinou seguir e nos direciona: Concluí que o único modo de conduzir uma vida livre de arrependimento é extrair o máximo de cada dia. O dia de hoje nunca mais retornará; portanto, deve ser valorizado, vivido com consciência e total empenho. Cada encontro com uma pessoa pode, também, ser o último. É por essa razão que estou determinado a dar tudo de mim para incentivar a pessoa que se encontra bem à minha frente e a valorizar cada indivíduo ao máximo.1 Com elevada gratidão, apresentaremos o olhar e o sentimento de Ikeda sensei nas variadas formas encontradas por ele na arte do incentivo. Inspire-se! Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Incentivos das Quatro Estações. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. p. 5. Pura poesia Uma incursão pelo encantamento da veia poética desenvolvida pelo Mestre para encorajar e alegrar o coração das pessoas Em meio a intensos afazeres em sua agenda pela paz, Ikeda sensei sempre encontrava tempo para compor poemas, tanto de estilo tradicional como contemporâneo. Ele os oferecia aos membros em diversas ocasiões para incentivá-los. Na relação com o Brasil, o Mestre nos brindou com sua confiança (leia na p. 16). A dedicação dele à poesia foi reconhecida mundialmente, o que lhe conferiu os títulos de Poeta Laureado do Mundo (em 1995), de Poeta dos Povos do Mundo (em 2007) e de Poeta da Paz Mundial (em 2010), só para citar alguns.1 Produzimos aqui um recorte especial. A natureza sempre foi observada pelas lentes do coração magnânimo de Ikeda sensei, encorajando-nos a encontrar o tesouro das quatro estações ao nosso redor — primavera, verão, outono e inverno. À semelhança com as fases da natureza, o Mestre fez do ciclo harmonioso da vida símbolo de revigorado recomeço. Quem nunca se viu em uma situação de um inverno rigoroso? Ele nos abraça ao afirmar que “O coração verdadeiramente forte e rico tem capacidade de encontrar esperança em qualquer situação e produzir alegria." 2 Destacamos alguns trechos de seus poemas e incentivos, acompanhados de fotos de sua autoria. Não importando em que estação da vida estejamos, sempre teremos Ikeda sensei em nosso coração, cobrindo de esperança nossos dias. Os primeiros botões, após suportar o rigoroso inverno. “Você também pode fazer com que flores de vitória desabrochem em sua vida sem falta. Portanto, continue seguindo em frente com paciência, energia e dinamismo. Vamos avançar com as flores de cerejeira e com esperança!” (RDez, ed. 231, mar. 2021) Primavera O humanismo floresceCom sinceridade, deve-se expandira solidariedade do bem,uma pessoa após outra.Aí se encontra a real expansão do kosen-rufu.É primavera, a primavera de flores,a primavera do brilho da vida.É primavera da esperança,a primavera do vívido crescimento.Meus amigos, fazendo resplandeceros raios solares vitais da Soka Gakkai,com leveza nos passos,vamos nos lançar com coragem! Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.558, 3 abr. 2021, p. 3. Trajeto entre a província de Kagawa e Tóquio (Baía de Tóquio, Japão, 16 fev. 1994). “Com seus valorosos esforços em prol da revolução humana, o sol do kosen-rufu mundial irradiará um brilho ainda mais eterno. Jovens pioneiros bodisativas da terra, como o rosto de vocês brilha radiante enquanto seguem seu caminho com forte determinação e coragem, iluminados pelo sol da esperança!” (Brasil Seikyo, ed. 1.832, 18 fev. 2006, p. A6.) Verão Vitalidade e sabedoriaO que é o espírito de jamais ser derrotado?É coragem extrema.A grandiosa glória não é conquistadasem árduas batalhas contra a maldade.Portanto, pessoas gloriosas de verdadesão as de coragem,aquelas que fortalecem o espíritode jamais serem derrotadas.A determinação entusiasmadaé a fonte ilimitada de vitalidade e sabedoria. Fonte: IKEDA, Daisaku. Incentivos das Quatro Estações. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. p. 41. Outono Enriquecer o coraçãoContemple o vasto céu noturno,converse com o luar,e purifique sua mentenas estrelas cintilantes.Quanto esse tipo derelacionamento com o universoenriquece os corações!Apesar de se encontrar no mundo real da vida diária,quando se recita um sonoro gongyo e daimoku,esse corpo abre uma grandiosa condição de vida,que parece abraçar com calma o universo. (...)A solidariedade dos seres humanos, que vivem esobrevivem por uma crença correta, éo maior tesouro do universo que lança seu brilho,tal como uma estrela de primeira grandeza. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.644, 11 out. 2023, p. 3. Foto tirada por Ikeda sensei no Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio, localizado em Hachioji, em novembro de 2005. É uma cena da noite de lua cheia do final de outono. O verão de intenso calor fica para trás, dando lugar ao outono. Assim avançam as estações do ano. “Se estiver em conformidade com essa Lei Mística, poderá evidenciar a infindável energia vital” (Brasil Seikyo, ed. 2.644, 11 out. 2023, p. 3) Inverno Comprovação da vitória Problemas financeiros, assuntos de trabalho,preocupações com relacionamento humano,superação de enfermidades e outros.Para vencer os acontecimentosdiante de seus olhos,deve orar intensamente.O ato de você próprio demonstrar firmementea comprovação da vitóriatorna-se a luz encorajadora para os amigosque enfrentam os mesmos tipos de sofrimento. Nada se desperdiça nos árduos esforços atuais.Por existirem as provações do rigoroso inverno,virá certamente a primavera da vitória,de flores em profusão. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.630, 11 mar. 2023, p. 3. No topo: Ikeda sensei registra, com sua câmera, o rastro de um avião cruzando os céus de Ito, Japão (maio 1988). Foto: Seikyo Press Notas: 1. Idem. Sino do Alvorecer. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-I, p. 414, 2024. 2. Brasil Seikyo, ed. 2.299, 14 nov. 2015, p. B2/B3. Saiba mais Leia matéria sobre os vinte anos do poema Brasil, Seja Monarca do Mundo! no Brasil Seikyo, ed. 2.572, 17 jul. 20121, p. 8-9. Acesse aqui . Assista Veja o vídeo da apresentação da Orquestra Filarmônica Brasileira do Humanismo Ikeda (OFBHI), na Sala São Paulo, SP, em 12 de outubro de 2019. Os músicos executam uma peça inspirada no poema A Longa e Distante Correnteza do Amazonas, dedicado pelo Mestre. Acesse aqui. Ouça Em Dia com Sensei. A Expansão do Diálogo é a Expansão da Felicidade, publicada no BS+ de 24 de julho de 2024. Acesse aqui . Dicas de leitura Incentivos das Quatro Estações é uma viagem pelas estações do ano, adornadas pelo olhar poético de Ikeda sensei. Para mais informações, acesse aqui. Confira também sobre o lançamento de volume 2 na p. 19 desta edição.
08/11/2024
Especial
BS
A arte das palavras
“Havia tantas pessoas com quem desejava me encontrar, tantas a quem desejava ver e incentivar dentro do limitado tempo de 24 horas. Se deixasse passar aquele momento, aquela oportunidade, talvez jamais voltaria a ver aquelas pessoas. Por isso ficava tão aflito querendo aproveitar cada segundo”1 Dr. Daisaku Ikeda Nota: 1. Terceira Civilização, ed. 402, fev. 2002, p. 9. Momento afetuoso entre o presidente Ikeda e uma criança (Shizuoka, Japão, set. 1979) Com esse sentimento, Ikeda sensei aproveitava cada instante para dialogar e incentivar as pessoas, independentemente da idade. Para os pequenos, ele os estimulava a ter grandes sonhos e se tornar adultos de primeira categoria na sociedade. Aos veteranos, ele os encorajava a manter a chama da fé vibrante e a transmitir aos mais jovens as experiências da prática budista. Carregadas de sinceridade, suas palavras ressoavam com vivacidade entre todos, desde as pessoas comuns do povo até personalidades de grande renome: “Jamais desista”; “Nunca se esqueça de avançar”; “Vamos crescer juntos”, “Cultive grandes sonhos”. Ao serem tocadas por essas palavras do Mestre, elas se sentiam confiantes e inspiradas a encontrar uma nova e significativa razão de viver. Dentro de si, o presidente Ikeda mantinha o esforço de considerar o sofrimento de um companheiro como se fosse o dele próprio. Seus incentivos não se restringiam apenas às palavras; em vários registros, ele relata que recitava daimoku pela felicidade das pessoas que encontrava, criando, assim, um laço genuíno de vida a vida. As palavras de Ikeda sensei atingiram uma quantidade extraordinária de pessoas. Seus incentivos encorajadores selados, no íntimo, revigoravam o ânimo desses companheiros para que alcançassem a vitória absoluta em suas batalhas diárias. Atualmente, os praticantes da Soka Gakkai em todo o mundo, inspirados pela conduta venerável do Mestre, buscam tocar o coração daqueles que sofrem, com diálogos repletos de incentivos. Casal Ikeda cumprimenta membros durante uma visitação ao Centro Cultural Campestre da BSGI (Itapevi, SP, fev. 1993) Ikeda sensei em visita ao Centro Cultural Taplow Court (Londres, Inglaterra) Respeitosamente, presidente Ikeda reverencia crianças nepalesas (Katmandu, nov. 1995) Incentivo de Ikeda sensei aos membros em Tsuda Matsubara (Kagawa, 13 nov. 1973) Presidente Ikeda saúda com carinho membros da Divisão dos Estudantes em sua visita ao Centro Cultural do Rio de Janeiro (fev. 1993) Presidente Ikeda, em viagem à Rússia, visita subúrbio de Moscou e dialoga afetuosamente com morador do vilarejo (maio 1975) Incentivo aos veteranos. Ikeda sensei cumprimenta integrante da Divisão Feminina de Okinawa (Japão, fev. 1991) No topo: Presidente Ikeda, vestido com traje típico havaiano, incentiva afetuosamente integrante da Divisão Feminina (Havaí, Estados Unidos, jan. 1981). Foto: Seikyo Press Saiba mais Leia poema do presidente Ikeda sobre a importância do diálogo sincero no Brasil Seikyo, ed. 2.599, 12 fev. 2022, p. 3. Acesse clicando aqui. Dica de leitura Inspire-se com as orientações do presidente Ikeda no livro Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 1: Felicidade. Para mais informações, acesse clicando aqui.
08/11/2024
Especial
BS
Música que inspira
“Recitar o sutra é como declamar um poema. E recitar daimoku é como cantar uma obra musical. Nossa prática budista diária é a atividade mais cultural de todas”1 Dr. Daisaku Ikeda A música promove a união. O canto radiante abre a esperança. O canto vigoroso inspira o movimento e o canto alegre acelera o avanço2 Este trecho é uma citação do presidente Ikeda, que, em sua trajetória de vida, sempre teve uma profunda relação com a música. Quando jovem, Ode à Alegria, de Ludwig van Beethoven, era sua maior preferência. “Os ritmos da vida desse gênio da música instigavam meu espírito com uma forte proximidade. Naquele momento, meu humilde apartamento de um quarto se transformava num palácio da mais gloriosa arte.”3 Ikeda sensei rege canção em atividade realizada no Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio (abr. 1998) Sempre que se encontrava com os jovens, ele os estimulava a apreciar a arte e a boa música. Visualizando o futuro, fundou e expandiu as bandas musicais de jovens, assim como hoje temos no Brasil a Asas da Paz Kotekitai e o Taiyo Ongakutai. Erigiu instituições como a Associação de Concertos Min-On e dialogou com expoentes mundiais (veja indicação). Ikeda sensei fez da música um poderoso instrumento, o que podemos constatar nos cenários da problemática do clero, nos idos de 1979, quando foi até impedido de discursar nas reuniões. Ele se utilizava do piano para encorajar os companheiros. Como esquecer as ocasiões em que regia Ifu Dodo no Uta [Canção do Imponente Avanço] vibrantemente?4 “Levantem-se companheiros”, assim bradava em seu coração. A Soka Gakkai triunfou sobre a maldade que tentou quebrar a união de mestre e discípulo e expandiu ainda mais os ideais Soka pelo mundo. E por mais que o tempo passe, a tradição das canções se fortalece com vigor nas reuniões de palestra da BSGI, promovidas nos quatro cantos do país. Unidos, seus integrantes as entoam alegremente, abraçando as pessoas em um ambiente de puro humanismo. Assim como nas palavras de Ikeda sensei, “A música liberta o nosso coração”.5 Presidente Ikeda toca trompete presenteado por membros da Soka Gakkai (Tóquio, Japão, maio 2011) No topo: Ikeda sensei toca piano no Centro Cultural de Kanagawa, Japão (set. 1997). Foto: Seikyo Press Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.555, 13 maio 2000, p. A3. 2. IKEDA, Daisaku. Citações de Daisaku Ikeda. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 93, 2024. 3. Brasil Seikyo, ed. 1.835, 11 mar. 2006, p. A6. 4. IKEDA, Daisaku. Aguardando o Tempo. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-I, p. 150, ano 2024. 5. Brasil Seikyo, ed. 1556, 20 maio 2000, p. A4. Dica de leitura Romper Barreiras reúne um importante diálogo entre Herbie Hancock, Wayne Shorter e Daisaku Ikeda que, juntos, discutem temas relacionados à história da humanidade, ao budismo e à música. Para mais informações, acesse clicando aqui. Saiba mais Conheça a Associação de Concertos Min-On. Acesse clicando aqui. Ouça Em Dia com Sensei. A Canção é a Esperança; a Música, é a Flor da Paz. No BS+play.
08/11/2024
Especial
BS
Olhar do coração
Quando Ikeda sensei partiu em sua primeira viagem para o mundo, há 64 anos, carregava no bolso do paletó uma foto do seu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda. Era o símbolo de um juramento que ele cumpriu honrosamente, levando a semente da paz para 192 países e territórios. Mais que um simples papel ou registro virtual, a fotografia tem o poder de eternizar um momento, marcar uma época. O presidente Ikeda se considerava um fotógrafo amador, mas, com sua maneira singular de ver o mundo, revelou sua arte ao captar momentos únicos pelas lentes do coração. E, como forma de encorajar e criar memórias afetivas com os companheiros, surgiu a tradição das fotos comemorativas em nossa organização. A natureza, o modo de vida das pessoas e até os cenários menos prováveis, como a fiação elétrica num centro urbano ou mesmo as ervas daninhas que margeiam uma estrada. Nada passou despercebido do seu olhar. Esses “diálogos com a natureza” deram vida a uma exposição de mesmo nome, que percorre o mundo. Oferecemos a seguir alguns exemplos dos momentos flagrados pelo Mestre. Tóquio, Japão (abr. 1994) Moscou, Rússia (maio 1994) Katmandu, Nepal (nov. 1995) “Uma fotografia capta e congela para sempre no tempo um momento fugaz que nunca mais se repetirá. Com que amplitude e paixão realmente vivemos cada momento? Quanto de nossa energia vital empregamos a cada instante? Essas são importantes questões que precisamos fazer a nós próprios em todos os aspectos de nossa vida”1 Dr. Daisaku Ikeda Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.380, 31 ago. 1996, p. 3. No topo: Presidente Ikeda fotografa um belo campo de íris observado por sua esposa, Kaneko (Sapporo, Japão, jul. 1990). Foto: Seikyo Press Saiba mais Acompanhe alguns registros da exposição Diálogos com a Natureza. Acesse clicando aqui. Leia mais Matéria especial Registros do Coração, publicada no Brasil Seikyo, ed. 2.576, 21 ago. 2021. Confira clicando aqui. Minha Paixão pela Fotografia. Reflexão do Mestre, veiculada na Terceira Civilização, ed. 589, set. 2017, p. 38. Confira clicando aqui.
08/11/2024
Frase da Semana
BS
Frase da Semana
O importante é que você brilhe à sua maneira, vença seus desafios diários e se desenvolva da forma mais adequada e natural. Tudo o que precisa fazer é continuar progredindo enquanto avança firmemente em direção a seus objetivos. Dr. Daisaku Ikeda IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 1: Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 203.
24/10/2024
Encontro com o Mestre
BS
Cumprir o juramento seigan é saldar as dívidas de gratidão
No escrito Saldar as Dívidas de Gratidão, Nichiren Daishonin atribui especial importância ao ato de quitar a dívida de gratidão com o mestre. Dozen-bo, que foi o mestre de Daishonin durante a sua infância no templo Seicho-ji, era uma pessoa medrosa, nunca renunciou completamente ao apego aos ensinamentos da Terra Pura (Nembutsu) e não defendeu Daishonin quando este foi perseguido. Mesmo assim, Nichiren Daishonin prezava e sentia gratidão por seu antigo mestre. Ao tomar conhecimento da morte de Dozen-bo, imediatamente começou a redigir Saldar as Dívidas de Gratidão como expressão de gratidão ao seu mestre e para honrar a memória dele. Com o próprio exemplo, Daishonin demonstrou como saldar a dívida de gratidão com o mestre. Além disso, declarou que a verdadeira forma de demonstrar sua gratidão seria estabelecer o ensinamento correto do budismo nos Últimos Dias da Lei e habilitar todas as pessoas a atingir a iluminação, pois o benefício ilimitado decorrente disso fluiria eternamente para seu mestre. Isso revela como é profunda e solene a relação de mestre e discípulo no Budismo Nichiren. Nichiren Daishonin também ensina que pessoas que retribuem com ingratidão a bondade daqueles que as ajudaram e as apoiaram serão submetidas à ação rigorosa da lei de causa e efeito. Compreender e saldar as dívidas de gratidão é a essência daquilo que nos torna humanos. Brasil Seikyo, ed. 2.446, 1o dez. 2018, p. B3. * * * Meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, comentou certa vez: “Nem é preciso dizer que, pelo fato de assumir a liderança do kosen-rufu, hoje tenho uma dívida de gratidão imensurável com o presidente [Tsunesaburo] Makiguchi. Como discípulo e alguém que o respeita como pai, estou determinado a guardá-lo em meu coração e saldar minha dívida de gratidão com ele por toda a vida, não, por toda a eternidade”. Toda sensei se ergueu em meio às ruínas do Japão pós-guerra e iniciou a reconstrução da Soka Gakkai. Em seu coração ardia a determinação indômita de saldar a dívida de gratidão com Makiguchi sensei, presidente fundador da organização, e de realizar o kosen-rufu sem falta. Movido pelo desejo de eliminar a miséria da face da Terra, seguiu em frente com o intuito de concretizar seu objetivo de vida de expandir o número de membros da Soka Gakkai para 750 mil famílias. O caminho de mestre e discípulo é o caminho de quitar as dívidas de gratidão. Eu me devotei a apoiar Toda sensei, que me ensinou o nobre caminho dedicado à propagação da Lei Mística. No árduo período econômico depois da Segunda Guerra Mundial, os negócios dele enfrentaram sérios problemas financeiros. Enquanto os outros funcionários o abandonaram um após o outro, permaneci sozinho ao seu lado, apoiando-o e fiz tudo para auxiliá-lo naquele tempo. Era uma forma de saldar minha dívida de gratidão com ele. (...) Em dezembro de 1950, depois de viajarmos para a cidade de Omiya, província de Saitama, na esperança de manter seus negócios em atividade, ele e eu caminhávamos à margem de um rio. Era uma linda noite estrelada. Cantarolei uma melodia popular no obscuro período pós-guerra, alterando a letra de “No fluxo das estrelas (...), quem me transformou nesse tipo de mulher?” para “No fluxo das estrelas (...), quem me transformou nesse tipo de homem?”. Toda sensei, que caminhava ao meu lado, virou-se para mim e disse sorrindo: “Fui eu!”. Meu coração se aqueceu com aquela alegre observação do meu mestre. Jamais me esquecerei do juramento que selei na ocasião de avançar eternamente ao seu lado. Decidi que, apesar de as empresas dele enfrentarem uma série de dificuldades, lutaria com espírito invencível por toda a vida, não obstante a situação, e alcançaria a vitória infalivelmente. Alguns anos mais tarde, com a fotografia do meu mestre no bolso interno do paletó, parti para cumprir o sonho dele de concretizar o kosen-rufu da Ásia e do mundo. Estou sempre junto do meu mestre. Até hoje continuo pondo em prática os ensinamentos e as orientações dele, e converso com ele em meu coração todos os dias. Não há virtude maior que a gratidão. Idem, ed. 2.384, 19 ago. 2017, p. B2. * * * Graças à Lei Mística, hoje podemos desfrutar uma vida de felicidade genuína. E graças à Soka Gakkai, que nos ensinou sobre o Budismo de Nichiren Daishonin, podemos trilhar o inigualável caminho do desafio de fazer a revolução humana e da transformação do carma. Quando praticamos o espírito da gratidão, experimentamos benefícios e boa sorte extraordinários e cada vez maiores. Idem, ed. 2.446, 1o dez. 2018, p. B3. * * * Meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, dizia solenemente: “Mesmo que as pessoas não se lembrem daquilo que fez por elas, jamais se esqueça do que fizeram por você e procure saldar essa dívida de gratidão. Isso é a verdadeira grandiosidade”. A mais nobre e mais preciosa coroa de tesouros como ser humano resplandece sobre a cabeça daquele que possui gratidão e se empenha em quitar essas dívidas de gratidão. Ainda hoje, tenho devotado a minha vida ao lado de meus preciosos amigos lutando para pagar a grande dívida de gratidão que possuo com o presidente Josei Toda, que me ensinou o caminho correto para viver. O fato de vocês, meus sucessores, estarem dando continuidade a esse empreendimento decididamente é meu maior orgulho. Isso porque a expansão do kosen-rufu e a vitória são o mais supremo caminho para saldar as dívidas de gratidão que existe. Idem, ed. 2.316, 19 mar. 2016, p. A2. * * * Hoje, as pessoas podem sentir que as palavras “obrigação” ou “dívida de gratidão” soem antiquadas e impliquem algo unilateral imposto de cima para baixo, como um dever exigido por um superior ou pelos pais. No entanto, no budismo e nos ensinamentos de Nichiren Daishonin em particular, saldar suas “dívidas de gratidão” constitui uma virtude universal, assentada na visão budista de que tudo, em última análise, mantém uma relação de interdependência. “Compreender as dívidas de gratidão” significa reconhecer e ter apreço pela rede da qual fazemos parte — que inclui nossos pais e família, cada uma das pessoas que integram nosso ambiente, nosso mestre, todos os seres vivos, e ainda a sociedade e o mundo do budismo. (...) Em outras palavras, compreender o ato de saldar as dívidas de gratidão significa perceber que somos o que somos por causa de todos que fazem parte da nossa vida e, como senso de gratidão, por nos empenhar pela felicidade daqueles que nos cercam. É o que nos habilita a valorizar a pessoa que se encontra diante de nós. Quando agimos desse modo, conseguimos nos libertar da dor da solidão e estreitar laços de coração a coração com outras pessoas. Podemos expandir nosso estado de vida e enriquecer nossa própria humanidade, bem como a dos outros. A vida dos membros da Soka Gakkai é caracterizada por tais esforços para saldar nossas dívidas de gratidão e agir com espírito aberto que propiciam boas relações entre as pessoas. O ensinamento budista sobre saldar as dívidas de gratidão consiste num princípio de ação para restaurar a humanidade na sociedade, onde muitos se sentem sozinhos ou estão alienados. Idem, ed. 2.446, 1o dez. 2018, p. B2. * * * Hoje, membros da SGI espalhados por todos os cantos do mundo têm gravadas em seu coração as palavras: “As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres”.1 Eles anseiam intensamente prosseguir a jornada de mestre e discípulo, existência após existência, neste mundo saha para cumprir a grande missão do kosen-rufu. Ingressamos numa era em que se disseminou por todo o globo uma sólida compreensão do princípio “constantemente renasceram em companhia de seus mestres”. Não há dúvida de que nosso movimento, dedicado a auxiliar as pessoas a obter a venturosa condição de vida de eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza, continuará a crescer e a se expandir. Compartilhando profundamente esse espírito da Soka Gakkai com nossos amigos, bodisatvas da terra de todas as partes, trabalhemos juntos em firme união e sigamos em frente em nossa jornada de mestre e discípulo, que incorpora a unicidade de vida e morte, rumo à construção da era de paz pela qual tanto anseia a humanidade! Idem, ed. 2.416, 21 abr. 2018, p. B4. Nota: 1. The Lotus Sutra and its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai. *** Expandam para o mundo a religião em prol do ser humano! A missão da Soka Gakkai encontra-se em realizar o kosen-rufu, estabelecer o Budismo de Nichiren Daishonin no coração das pessoas, concretizar a paz indestrutível do mundo e a felicidade de todos. Daishonin iniciou na era de Mappo — Últimos Dias da Lei — a luta da propagação da Lei Mística para a salvação da humanidade e estabeleceu o juramento seigan da propagação da grande Lei ao mundo inteiro. A Soka Gakkai é a religião mundial do humanismo que surgiu para cumprir este grande juramento seigan do buda Nichiren Daishonin. É justamente a religião em prol das pessoas o ponto de chegada do budismo. Por isso, não há outra forma senão lutar até o fim contra o autoritarismo e a inversão de valores das posições contrárias como “pessoas em prol da religião” e “religião em prol da religião”. À esperança, à felicidade, à tranquilidade e à paz. A prova de ser a religião da reforma da realidade é transformar o grande mal e seguir sempre na direção do grande bem. Tornar-se próximo e fazer revivescer a pessoa que está diante dos seus olhos. Envolver-se como o supremo agente positivo no drama da transformação do destino de cada pessoa. Incentivar e desenvolver ao menos uma única pessoa é o primeiro passo que edifica o kosen-rufu do mundo. Mesmo proclamando que existe o kosen-rufu mundial, ele só será decidido se cada pessoa se tornar feliz. Existem na Soka Gakkai inúmeros heróis de coragem, sincera dedicação e perseverança que venceram junto comigo todas as grandes perseguições. “O budismo é [luta de] vitória ou derrota”. Portanto, é preciso lutar e vencer. Lutar é suceder. Vencer é saldar as dívidas de gratidão. Brasil Seikyo, ed. 2.445, 24 nov. 2018, p. B1. No topo: Presidente Ikeda, à esq., cumprimenta calorosamente os músicos e membros da Soka Gakkai, Herbie Hancock, ao centro, e Wayne Shorter, à dir., durante atividade no Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio (Japão, abr. 2000). Foto: Seikyo Press
24/10/2024
Encontro com o Mestre
BS
Luta conjunta! A vitória do amigo é a sua própria vitória
DR. DAISAKU IKEDA As chamas da fé rompem a a minúscula condição de vida que faz se preocupar somente consigo próprio. A vitória do amigo é a sua própria. A sua vitória é a do amigo. Naquele lugar, aquele amigo está sofrendo. E, lá, os companheiros da localidade estão lutando arduamente. Ao saber disso, passa-se a orar como se fossem seus próprios problemas! Pela vitória total de si e de outros, corro até lá, e luto junto com eles! Por existir tal ardente amor entre companheiros, a Gakkai venceu e venceu, novamente, ultrapassando todas as formas de grandes dificuldades. * * * Quando as circunstâncias são adversas, justamente então, deve-se reunir coragem. Quanto mais rigorosas e adversas, mais se deve levantar com coragem. Aí se encontra a essência do espírito da Gakkai. Somente quando se desloca pessoalmente ao local com maiores dificuldades, abre-se o caminho. * * * O budismo tradicional prega que o estado de buda só pode ser alcançado pelo acúmulo de exercícios budistas por longo tempo, chamado “milhões de kalpa”. Porém, no budismo Nichiren, o ato de abraçar a Lei Mística, e avançar corajosa e ininterruptamente sem temer as dificuldades, em prol do rissho ankoku, isto é, pelo bem da felicidade de todas as pessoas, e da paz e tranquilidade da sociedade, já representa a prática do exercício budista para “esgotarmos as dores e aflições de milhões de kalpa”. Portanto, a partir desta determinação num único momento de vida, o grandioso poder do Buda, originalmente inerente em sua vida, começa a brotar em profusão. * * * Na luta, não deve haver reservas. Se analisar as pessoas pela sua preferência pessoal, não é possível realizar a luta. Levantando-se unicamente para “vencer absolutamente”, deve-se unir os corações, com sintonia visando o mesmo objetivo. É orar para vencer! É unir para vencer! A partir de hoje, vamos iniciar imponentemente, com alegria, o drama da vitória emocionante e prazerosa! Publicado no Seikyo Shimbun de 6 de outubro de 2024. No topo: O trem cruza a ponte que se estende sobre o fluxo de automóveis. As três cores – azul, branco e vermelho – as mesmas da bandeira nacional, são belas. Foto tirada por Ikeda sensei em Paris, na França, em junho de 1989. Naquela visita à Europa, com cerca de um mês de duração, Ikeda sensei incentivou os membros de luta conjunta ao mesmo tempo em que manteve sucessivos encontros com as pessoas da cultura e os líderes de cada país, tais como o presidente François Miterrand da França, a primeira-ministra Margaret Thatcher do Reino Unido, entre outros. Assim, expandiu amplamente o círculo de confiança e de amizade. A partir do quanto se movimentou e dialogou, edifica-se a sua própria história como também a do kosen-rufu. Alinhados com a diplomacia humanística do nosso mestre, vamos assumir, também, o desafio de romper as barreiras. Foto: Seikyo Press Fontes: As palavras de Ikeda sensei foram extraídas sequencialmente de trechos de Ikeda Daisaku Zenshu [Obras Completas de Daisaku Ikeda], v. 134; Shido Senshu (Seleção de Orientações), parte 3: “Kosen-rufu e Paz Mundial”; Zuihitsu Kibo no Daido [série de ensaios O Grande Caminho da Esperança]: “A Vitória do Povo é o Espírito da Gakkai’; Ikeda Daisaku Zenshu [Obras Completas de Daisaku Ikeda], v. 100.
24/10/2024
Novo livro
BS
Registro da vida do Mestre
O livro A Vida de Daisaku Ikeda: Uma Jornada de Mestre e Discípulo é o lançamento da Editora Brasil Seikyo (EBS) que os assinantes do Clube de Incentivo à Leitura (CILE) receberão em novembro — mês em que Daisaku Ikeda concluiu sua nobre existência (em 2023). A obra retrata em pormenores a trajetória de Daisaku Ikeda ao lado do seu mestre, Josei Toda. Além disso, descreve as ações que Ikeda sensei empreendeu para expandir e deixar registrados para a posteridade os ideais aos quais Toda sensei tanto se dedicou. Um rio, ao afluir para o oceano, não deixa de existir. Ele se expande, tornando-se um só com o oceano. Da mesma forma, ao nos unirmos a um grande mestre, não deixamos de ser nós mesmos, de ter nossos sonhos, talentos e características que nos tornam únicos, mas, sendo quem somos, expandimos nossa vida muito além do que inicialmente conseguíamos visualizar. A existência de Daisaku Ikeda ilustra perfeitamente essa afirmação: viveu a infância em meio à guerra, precisou trabalhar desde cedo num país devastado a fim de contribuir para o sustento da família e, ainda na juventude, ouviu dos médicos que não chegaria aos 30 anos. Como vários jovens de sua época, sentia-se sem rumo em uma sociedade que havia perdido suas convicções e cujos valores caíam por terra com a derrota na guerra. Ao conhecer Josei Toda, percebeu nele a grandiosidade de um ser humano que vive em prol de um ideal e decidiu segui-lo em seu coração e em suas ações. Com isso, sua vida se ampliou de tal forma que foi capaz não só de se estender no tempo, ultrapassando em muito o prognóstico inicial dos médicos, como também pôde abranger incontáveis vidas ao redor do mundo, fazendo a real diferença tanto para as pessoas com quem ele teve contato direto quanto para aquelas com as quais jamais se encontrou pessoalmente — e seu legado perdura. A Vida de Daisaku Ikeda: Uma Jornada de Mestre e Discípulo, primeiro livro da EBS a ser publicado em capa dura, traz também registros fotográficos de momentos marcantes da vida de Ikeda sensei, como eventos históricos da Soka Gakkai, encontros com os membros do Japão e do mundo, diálogos com personalidades e de outros momentos que ficarão para sempre em nosso coração. Os participantes do CILE na modalidade física receberão o livro em novembro; para os assinantes do plano digital, a obra ficará disponível na plataforma a partir de 1º de novembro. Os demais leitores poderão adquiri-lo a partir de dezembro. “A vida humana é transitória, mas o alcance das palavras é infinito. Assim, ele perpetuou a filosofia do budismo, que é universal e ultrapassa épocas, a fim de deixar para a posteridade a veracidade da relação de mestre e discípulo. Sem dúvida, era essa a determinação de Ikeda sensei por trás de suas ações” (p. 79) Veja aqui os kits de novembro para cada plano do CILE PLANO DIAMANTE Livros são joias preciosas. O Diamante é o plano de assinatura do CILE perfeito para você que gosta de uma experiência completa de leitura no formato físico. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 brinde especial 1 marcador de página Resenha digital e conteúdos extras 52,00/mês + Taxa de entrega PLANO OURO O Ouro é o plano de assinatura do CILE ideal para os leitores que estão iniciando a jornada de incentivo à leitura. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 marcador de página 32,00/mês + Taxa de entrega Vídeo sobre o livro A Vida de Daisaku Ikeda Confira no Instagram o vídeo spoiler do lançamento de outubro clicando aqui. Quer fazer parte do CILE? Para garantir a sua leitura e receber essa obra no mês de novembro, assine o CILE até 31/10/2024. Acesse o site: www.cile.com.br . Para os assinantes do CILE Digital, a obra ficará disponível a partir do dia 01/11/2024 em www.ciledigital.com.br
10/10/2024
Encontro com o Mestre
BS
Não me esqueço dos veteranos “heróis do povo”
A vida existe para que se realize algo até o último dos últimos momentos. Não há vida mais nobre que aquela devotada à sua crença e a da pessoa que lutou até o fim em prol daquilo que ela acreditou. Se existe ou não algo que traga plena satisfação na vida, depois de chegar à idade avançada, está gravado no próprio íntimo. Não cabe a outras pessoas definirem. * * * Mesmo que ninguém elogie o coração sincero devotado pelo bem do kosen-rufu, com certeza, o buda Nichiren Daishonin estará observando claramente. Tudo se transforma em benefícios e em boa sorte a dignificar a si próprio. O “tesouro do coração”, construído passo a passo, ao longo de muitos anos, jamais será destruído. * * * A história da Soka Gakkai é algo que foi desbravado por pessoas comuns anônimas. Vocês são os “heróis do povo”. Jamais me esqueço dos companheiros que lutaram pelo kosen-rufu junto comigo. As vibrações da vida estão interligadas. Os laços de vida são eternos pelas “três existências” — passado, presente e futuro. * * * O que cria e movimenta a época não é o poder nem as autoridades. É a força do povo, e o poder das pessoas. Gostaria de expandir ainda mais a onda de solidariedade do povo, manifestando imponentemente a força da filosofia, da compaixão e da sabedoria, pela felicidade indestrutível da humanidade e pela paz mundial, com base no budismo. * * * A vida é limitada. Então, é melhor viver de forma alegre e revigorante. É melhor viver e sobreviver tal como o sol que adorna o grandioso céu com o brilho majestoso das cores douradas e avermelhadas, fazendo arder as chamas de sua vida até o último dos últimos momentos. Publicado no Seikyo Shimbun de 15 de setembro de 2024. DR. DAISAKU IKEDA Fontes: Este texto tem como base palavras de Ikeda sensei extraídas, respectivamente, de trechos das obras Ikeda Daisaku Zenshu [Obras Completas de Daisaku Ikeda], v. 61; Kenko-no Seiki-e Fukutoku Choju no Chie [Sabedoria da Boa Sorte e Longevidade, rumo ao Século da Saúde]; Ikeda Daisaku Zenshu [Obras Completas de Daisaku Ikeda], v. 92; Kibo-no Asu-e [O Amanhã de Esperança]; Taho-sho [Dedicatórias para o Grupo Muitos Tesouros]. No topo: Na foto, capturada por Ikeda sensei na província de Yamanashi, Japão, em setembro de 2005, um aglomerado de cosmos amarelos se espalha por toda a área. O contraste com o imponente Monte Fuji é belo. Os preciosos amigos Soka, que vieram ultrapassando as dificuldades da vida, de forma alegre e radiante, por meio da assídua prática da fé, possuem o caráter de um monarca dos seres humanos. Essa fortaleza criada em seu íntimo não se abala diante de quaisquer tempestades, tal como o Monte Fuji. O dia 16 de setembro é o Dia do Respeito ao Idoso [no Japão].1 Melhores saudações aos nobres heróis do povo! Com o espírito de luta conjunta, vamos, jovens e idosos, abrir o novo portal do rissho-ankoku (“estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”). Nota: 1. No Brasil, o Dia Nacional do Idoso é comemorado em 1º de outubro. Nesta data também, celebra-se o Dia Internacional do Idoso, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
10/10/2024
Encontro com o Mestre
BS
O ato de vencer é o kosen-rufu!
Pessoas de fé que lutam honestamente são os honrosos “tesouros Soka” A Soka Gakkai será eternamente o reino das pessoas comuns Que todos, sem exceção, concretizem seus desejos DR. DAISAKU IKEDA Com profunda gratidão a todos os membros do grupo Muitos Tesouros, gostaria de apresentar uma de suas representantes. É uma senhora que se converteu em novembro de 1959. O motivo de sua conversão foi a doença. Na época, ela estava na faixa dos 40 anos. Os médicos lhe disseram que seu coração estava dilatado e que ela teria somente mais dois ou três anos de vida. Nessa ocasião, uma integrante da Divisão Feminina lhe expressou com toda a convicção: “Por meio desta prática budista, infalivelmente obterá boa saúde!” e “Este é o grandioso budismo em que não há oração sem resposta!”. Realmente, as palavras de alguém sincero na fé tocam diretamente o coração das pessoas. Shakubuku é o ato de “levar Nichiren Daishonin” à casa da pessoa. Que ação tão sublime e grandiosa! Por isso, aqueles que se empenham arduamente, com todas as forças, nas atividades da organização são os mais nobres indivíduos. As pessoas que se dedicam arduamente, com suor e lágrimas, ao kosen-rufu, são mais preciosas que aquela que se torna celebridade ou uma pessoa de poder. Com certeza, Daishonin haverá de louvar e abraçar esse membro sério e sincero da Gakkai mais que qualquer outra pessoa. Essa prática da fé, simples e honesta, conduz a uma vida verdadeiramente honrosa. Esse tipo de pessoa é o tesouro do kosen-rufu. É o tesouro da Soka Gakkai. A Gakkai será eternamente o reino das pessoas comuns. Elas são o alicerce e o grande solo de todas as coisas. O benefício de prolongar a vida [Essa senhora do grupo Muitos Tesouros], mesmo diante da oposição do marido, veio se esforçando pela concretização do shakubuku. Seu coração, que estava tão enfermo, foi se recuperando rapidamente. No [capítulo “A Extensão da Vida”] do Sutra do Lótus consta: “Permita-nos continuar vivendo”.1 De fato, foi uma comprovação do “prolongamento da vida” por mais de quarenta anos. Ela afirma de forma categórica: “Na prática da fé, não há ambiguidade nem desperdício. Na sociedade, há muito esforço em vão e tarefas ingratas, mas na prática do budismo não existe isso”. É uma extraordinária convicção. E, mesmo hoje [junho de 1997], ela participa alegremente das atividades da Gakkai. Ampliando a amizade com cem, duzentas pessoas, continua criando vínculos de relacionamento com o budismo. Ela declara: “Cada vez que lutei em uma grande batalha da Lei, consegui superar meu destino, recebi benefícios e conquistei a minha condição dos dias atuais. Nas ocasiões em que lutei deixando de lado meus próprios pedidos e dificuldades, todos os meus objetivos foram concretizados”. Essa disposição é realmente nobre. Levantar-se e viver pelo próprio grande juramento — eis o verdadeiro espírito da Gakkai e o real aspecto da fé. Continuar bradando pela justiça Essa integrante do grupo Muitos Tesouros diz que sua frase favorita dos escritos de Nichiren Daishonin é a seguinte: Evidencie o grande poder da fé para que todos os habitantes de Kamakura, de alta e de baixa posição social, e todo o povo do Japão, quando falarem do senhor, chamem-no: “Shijo Kingo, Shijo Kingo da escola Lótus!”.2 Gravando essa passagem em seu coração, essa senhora veio cerrando os dentes e avançando até hoje. Mantendo essa determinação, ela está mostrando, agora, a maravilhosa comprovação de forma digna e majestosa, a canção triunfal da vitória. Essa grandiosa amiga do grupo Muitos Tesouros afirma: “Na época em que me converti, fui ridicularizada e difamada pelas pessoas em volta, que diziam ser inaceitável associar-me a ‘uma religião tão vulgar’. Eu vim lutando com o sentimento de ‘esperem e verão’”. Somente quando se brada pela justiça, surge a prova real que mostra claramente o que é certo e o que é errado. Se não bradar, nada se cria. A vida das pessoas célebres de todos os tempos e de todos os lugares é maravilhosa. Porém, ainda mais esplêndidas são as grandiosas pessoas comuns que praticam o budismo, os membros da Gakkai e do grupo Muitos Tesouros. Daqui para a frente também, vamos avançar com a decisão de que o “ato de vencer é o kosen-rufu”, e o “kosen-rufu significa vencer”. Encontrar-se pessoalmente e dialogar O primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, bradou dignamente pelo kosen-rufu em pleno período da guerra e em meio às tempestades de opressão. Na época, nos anos 1940, aumentava substancialmente o número de pessoas a se converter mediante a luta realizada por Makiguchi sensei. E qual era o motivo? Ali, havia a “revolução para divulgar os ensinamentos”. Isso significava visitar as pessoas de casa em casa, dialogando com cada uma delas. Makiguchi sensei chegou à conclusão de que essa era a única maneira. Não havia outra forma. Ele, um grande intelectual, pensou inicialmente em escrever livros para realizar a propagação. Porém, isso não foi eficaz. Em seguida, promoveu palestras e reuniões, falando para grandes públicos. Mas também não estava dando certo. Nem os livros nem as grandes reuniões funcionavam. Então, Makiguchi sensei chegou à conclusão de que não havia outro método a não ser descobrir alguns poucos companheiros com a mesma disposição que a sua, encontrando-se e dialogando pessoalmente com cada um deles. A partir de então, a propagação começou a avançar rapidamente. E, de maneira gradual, começaram a surgir os “valores humanos”. Em tudo, Makiguchi sensei realizava experiências práticas. Assim, ele sempre verificava uma ação de forma real e tirava as melhores conclusões. Ele foi realmente uma pessoa extraordinária. Uma personalidade rara, sem paralelos. O sentimento de Toda sensei em admirá-lo tanto é perfeitamente compreensível. Integrantes da Soka Gakkai da Costa do Marfim, África, na Reunião de Líderes (Japão, 7 set. 2024) Representantes da SGI de doze países e territórios participam da Reunião de Líderes da Soka Gakkai (Japão, 7 set. 2024) Com a condição de vida vasta como o universo Para finalizar, quero apresentar mais uma passagem dos escritos de Nichiren Daishonin. Em Os Quatro Estágios da Fé e os Cinco Estágios da Prática consta: Portanto, exorto aos habitantes deste país: Não desprezem meus discípulos! Se investigarem o passado deles, verão que são grandes bodisatvas, que fizeram oferendas aos budas durante oitocentos bilhões de kalpa. (...) Em se tratando do futuro, eles possuirão os benefícios da quinquagésima pessoa, maiores ainda do que aqueles que fizeram oferendas aos inumeráveis seres vivos durante oitenta anos. São como um impe-rador bebê, que ainda usa fraldas, ou como um enorme dragão recém-nascido. Não os depreciem! Não os tratem com desdém!3 Isso significa que não há ninguém mais digno na face da Terra do que os bodisatvas da terra que se dedicam ao kosen-rufu. Nichiren Daishonin está recomendando às pessoas da sociedade que jamais deveriam desprezar esses bodisatvas da terra: “Não os depreciem! Não os tratem com desdém!”. O universo é vasto. O budismo é amplo. Em relação ao universo, o capítulo “A Extensão da Vida” [do Sutra do Lótus] prega: “Quinhentos, mil, dez mil, um milhão de nayuta asamkhya de grandes sistemas de mundo”.4 O estado de buda é uma condição de vida que se assemelha a bailar livremente por este majestoso universo infindável. Essa é a condição de vida de um budista. Desejo que avancem imponentemente com um grandioso coração, deixando de lado as coisas pequenas. Espero ansiosamente, dia a dia, que os membros da Gakkai conquistem a prosperidade, com boa saúde e protegidos de quaisquer acidentes, avançando diretamente pelo caminho do kosen-rufu. Estou orando todos os dias, pela manhã e à noite, para que todos, sem exceção, alcancem a felicidade, realizem seus desejos e concluam sua vida de forma magnífica. Publicado no Seikyo Shimbun do dia 22 de setembro de 2024. No topo: Presidente Ikeda incentiva os participantes da Reunião de Líderes da Soka Gakkai realizada em junho de 1997 Leia mais: Discurso do presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, na 4a Reunião de Líderes da Soka Gakkai no BS+ ou no site clicando aqui. Notas: 1. The Lotus Sutra and its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 269. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Dai-shonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 336, 2020. 3. Ibidem, v. II, p. 48, 2017. 4. The Lotus Sutra and its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 266.
10/10/2024
Encontro com o Mestre
BS
A cada dia, um encontro que une os corações
DR. DAISAKU IKEDA Em certo sentido, pode-se dizer que a vida é escrita por meio de encontros. Talvez haja encontros que acabem no esquecimento, mas há aqueles que, num único momento, são capazes de mudar toda uma existência. Por isso mesmo, deve-se valorizar cada encontro. * * * Dando ouvidos ao outro a tudo o que ele tem a dizer. Assim, você pode se desenvolver. E o amigo abre o coração. Pode-se criar um profundo vínculo de amizade. Esse tipo de diálogo de coração a coração é o primeiro passo para a paz, bem como a mais certeira força propulsora da cultura de paz. * * * Pode ser somente uma pessoa por dia. Encontre-se com alguém. Depois de três anos, serão mais de mil pessoas. Continue, dia após dia. Acumule os esforços, um por um. Realmente, a continuidade é a força. O esforço se torna, sem falta, o nutriente para o desenvolvimento. Ainda mais se for pelo kosen-rufu, os esforços nos bastidores se tornarão inteiramente para o próprio bem. Nada se perde. Infalivelmente, a “virtude invisível” resplandecerá como “recompensa visível”. * * * Ações incessantes em meio ao povo, e em meio aos encontros de pessoa a pessoa — isso é budismo. Somente criando um vínculo de coração a coração, a sociedade caminhará na direção da paz e da felicidade. Para isso, no dia a dia, deve-se ter em mente constituir novos encontros. É encontrar-se com as pessoas, uma após outra. O ato de encontrar-se é o desafio da revolução humana, que rompe a própria concha. Publicado no Seikyo Shimbun de 18 de agosto de 2024 No topo: Arco gentil de flores que adorna o verão. O amarelo dos girassóis brilha intensamente. Ikeda sensei tirou essa foto em agosto de 2008 em Kusatsu, província de Gunma. Em inglês, o “girassol” é denominado sunflower. O aspecto do seu vívido crescimento em direção ao sol encoraja as pessoas. É desejável que nós, que abraçamos o Budismo do Sol, possamos enviar a luz da esperança e da felicidade para os amigos. Nos escritos de Nichiren Daishonin consta: “Sem encontrá-lo pessoalmente, é difícil transmitir-lhe tudo que eu quero”.1 Quando se encontra com as pessoas, os laços de coração se fortalecem. Fazendo desabrochar as flores do diálogo, vamos estabelecer a ponte da amizade!. Nota: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 807. Foto: Seikyo Press. Fontes: Este texto tem como base palavras de Ikeda sensei extraídas, respectivamente, de trechos das obras Ikeda Daisaku Goroku — Jinsei no Zahyo [Frases de Daisaku Ikeda: Coordenadas da Vida]; Fukyu-ban Ikeda Daisaku Zenshu Supi-chi [Obras Completas de Daisaku Ikeda: Discursos (versão popular)], v. 2, 2003; e Shori no Ningen-gaku [Filosofia Humana da Vitória]
13/09/2024
Encontro com o Mestre
BS
O que é a verdadeira felicidade?
DR. DAISAKU IKEDA Qual é a definição de felicidade humana? A Tailândia responde com um ditado: “A falsa felicidade torna a pessoa presunçosa e insolente. A verdadeira felicidade faz a pessoa manifestar alegria e transbordar sabedoria e compaixão”.1 Alguém é feliz só porque é milionário? Muitos deixaram que o dinheiro arruinasse sua vida. O presidente Josei Toda enfatizou a importância da felicidade absoluta em contraponto à felicidade relativa. Felicidade absoluta não é aquela que surge quando alguém se compara a outra pessoa; também não é a felicidade transitória e ilusória que desaparece com o tempo. O presidente Josei Toda ensinou que a prática do Budismo de Nichiren Daishonin é para atingirmos uma condição de vida em que, seja qual for a circunstância que estejamos enfrentando, sentimos alegria só pelo fato de estarmos vivos. Quando alcançamos essa condição, nossa vida transborda alegria, sabedoria e compaixão insuperáveis — assim como expressa o ditado tailandês: “A verdadeira felicidade faz a pessoa manifestar alegria e transbordar sabedoria e compaixão”. Nichiren Daishonin afirma: “Tanto a pessoa como os outros se alegrarão juntos por ter sabedoria e compaixão”.2 Nossa prática do Budismo Nichiren e nosso movimento em prol do kosen-rufu existem para que nós e os outros possamos atingir a felicidade absoluta. IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 1: A Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. p. 24. * * * Qual é o propósito da vida? É a felicidade. O objetivo do budismo e da prática da fé, também, é conquistar a felicidade. Nichiren Daishonin escreveu: “Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar o Nam-myoho-renge-kyo. O sutra [Sutra do Lótus] diz: ‘...onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos’”.3 “Vivem felizes e tranquilos” indica que as pessoas podem viver com total liberdade o tipo de vida que desejam e sentir-se plenamente satisfeitas com essa vida. Quando possuímos forte energia vital e profusa sabedoria, podemos encarar com alegria o desafio de vencer as dificuldades da vida da mesma maneira que surfistas se empolgam com ondas gigantes ou alpinistas se fascinam com montanhas íngremes. Pelo fato de a Lei Mística ser a fonte de energia vital e sabedoria para superar todas as adversidades da vida, Nichiren Daishonin afirma que não há felicidade maior que recitar Nam-myoho-renge-kyo. A realidade da vida é rigorosa. Por favor, desafiem com coragem essa rigorosidade e vençam, vençam mais uma vez, em tudo — na vida diária, no local de trabalho, na escola, nas relações familiares. Os ensinamentos budistas e nossa prática da fé são as forças propulsoras para um aprimoramento ilimitado. Ibidem, p. 27. * * * Felicidade absoluta é aquela que não se altera com o passar do tempo; é eterna e não é influenciada por condições externas; jorra das profundezas da própria vida. Não é algo transitório como posição social, fama, fortuna ou qualquer outra satisfação secular fugaz. O que importa é viver de acordo com a Lei e atingir um estado de vida elevado com base na Lei. A condição de vida que alcançamos, assim como a Lei Mística, é eterna. Como praticantes do Budismo Nichiren, podemos trilhar nosso caminho como campeões da vida ao longo de toda a eternidade. Há pessoas que dizem que a felicidade é apenas um estado mental e que mesmo doente ou pobre, se pensar que é feliz, realmente será feliz. Porém, a menos que seja um sentimento que brote das profundezas de sua vida, tal pensamento não levará a nada. O “tesouro do coração” que acumulamos praticando o Budismo Nichiren, com o passar do tempo, se manifesta na forma de “tesouro do corpo” e “tesouro do cofre”.4 (...) Meu ardente desejo é que todos desfrutem de uma existência plena de satisfação e realização, e que, no final, possam declarar: “Minha vida é repleta de felicidade, não tenho arrependimentos. Tem sido uma vida de total satisfação”. Ibidem, p. 29-30. * * * Em uma sociedade complexa como a de hoje, em que todo cuidado é pouco para não sermos influenciados pela negatividade, é crucial cultivarmos a sabedoria para vivermos de forma consciente e significativa. Nossa prática budista nos capacita a abrir a nossa vida e a nos tornarmos felizes. Ao desenvolvermos e aprofundarmos continuamente a fé e a sabedoria, podemos vencer como seres humanos e conquistar contínuas vitórias ao longo da jornada da vida. A suprema felicidade é saboreada por quem, por meio da prática do Budismo Nichiren, faz o palácio da própria vida brilhar eternamente pelas três existências — do passado, presente e futuro. Cada pessoa aqui está construindo e abrindo o palácio da felicidade em seu interior por meio das atividades em prol do kosen-rufu. Estejam certos de que, como resultado, manifestarão o estado de buda nesta existência e se tornarão nobres campeões e campeãs da felicidade que habitam o grande palácio da vida tão vasto quanto o próprio Universo. Minha esperança é que continuem avançando no grande caminho da fé com confiança e otimismo, repletos de forte convicção e orgulho. Ibidem, p. 34. * * * O que é liberdade? Como podemos desfrutar plenamente a liberdade? Inúmeros sábios e filósofos ao longo dos séculos têm ponderado sobre isso. De fato, muito além dessa busca intelectual, todas as pessoas anseiam por liberdade. Todas desejam viver com liberdade, sem restrições ou limitações. A liberdade é um desejo humano inato. Mesmo que não possamos definir a liberdade com clareza, todos sabemos que é uma condição vital para a felicidade. (...) O nosso ambiente é importante, mas não é tudo, nem é absoluto. Toda sensei atingiu um estado de vida de liberdade eterna numa cela de prisão, o mais repressor dos ambientes. (...) A liberdade não habita um mundo à parte das aparentes limitações dos nove mundos, das realidades da vida. Tampouco a verdadeira liberdade indica a fuga à realidade. Para onde se pode fugir? Não podemos escapar do Universo. Além disso, e mais importante, não podemos fugir da nossa própria existência. Enquanto estivermos acorrentados pelo carma, aflitos pela fraqueza, derrotados pelo sofrimento e confinados em modos de pensar equivocados, nunca encontraremos a liberdade em lugar algum. Daishonin diz: “Este é o momento para se libertar das amarras do domínio de nascimento e morte”.5 A prática da Lei Mística — a recitação do Nam-myoho-renge-kyo — é a espada que rompe os grilhões da ilusão que nos acorrentam. O que nos possibilita essa libertação, no verdadeiro sentido, é o estado de buda. É um estado de liberdade suprema que abrange as três existências — do passado, presente e futuro — que brilha com o poder e a sabedoria para desenvolver a nossa vida como desejamos, de acordo com a nossa determinação na fé. A Lei Mística é o princípio máximo para alcançar a liberdade genuína no mundo real. Ibidem, p. 35-37. * * * As pessoas muitas vezes tendem a pensar em felicidade como algo abstrato e distante da sua realidade. Elas imaginam, por exemplo, que seriam mais felizes se mudassem para outro lugar, se desfrutassem uma vida diária mais prazerosa e plena ou se pudessem mudar de trabalho. Sempre pensam que a grama do outro lado é mais verde e depositam sua esperança em mudanças das circunstâncias externas. Os jovens são particularmente suscetíveis a essa tendência. Entretanto, possuímos cada qual uma missão e habitamos onde devemos cumpri-la. É vitoriosa a pessoa que se firma no exato local em que se encontra e vive com perseverança e esperança, enfrentando com determinação as adversidades de sua vida. O curso de uma vida jamais deve ser como o das plantas aquáticas que não se assentam em lugar algum, sem rumo e sem propósito concretos. Por isso digo: “Cave bem debaixo de seus pés, e aí encontrará uma fonte” e “viva de um modo que seja verdadeiro para você”. Em resumo, o real senso de felicidade e o profundo senso de satisfação na vida estão dentro de nós. A Lei Mística é a Lei fundamental da vida. Por meio de nossa prática budista, podemos extrair o poder da Lei Mística para impulsionar nossa vida adiante. É por isso que o local de nossa prática budista e a sociedade se tornam a terra do buda. Somos capazes de transformar neste exato instante o local em que vivemos num lugar de vitória e felicidade. Ibidem, p. 56. * * * Um avião, mesmo em dias nublados e chuvosos, quando alcança uma altitude de aproximadamente dez mil metros, consegue sobrevoar as nuvens em meio aos fulgurantes raios solares e então pode seguir seu curso com tranquilidade. De maneira semelhante, por mais aflições e adversidades que estejamos enfrentando em nossa vida diária, se fizermos o sol em nosso coração brilhar intensamente, conseguiremos superar todas as dificuldades com serenidade. Esse sol interior é o estado de buda de nossa vida. Em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Daishonin afirma: “‘Bodisatva’ é um passo preliminar rumo à consecução do efeito do estado de buda”.5 Aqueles que se encontram no mundo dos bodisatvas empreendem ações em prol da Lei, das pessoas e da sociedade. Sem essa atuação de bodisatva como nosso alicerce, não conseguiremos atingir o estado de buda. Apenas por meio da compreensão conceitual é impossível manifestar o estado de buda; mesmo que alguém leia infinitos livros ou escrituras budistas, isso não o conduzirá à verdadeira iluminação. Além disso, atingir o estado de buda não significa que nos transformaremos em outra pessoa. Continuamos sendo nós mesmos, vivendo em meio à realidade da sociedade, onde os nove mundos — em particular os seis caminhos — prevalecem. Uma filosofia budista genuína não expõe a iluminação, ou o estado de buda, como algo misterioso ou de outro mundo. O importante para nós, seres humanos, é transformar a nossa vida de um estado inferior para um elevado, expandir nossa vida de um estado fechado, estreito, para um infinitamente vasto e abrangente. O estado de buda representa o supremo estado de vida. Ibidem, p. 59. No topo: Presidente Ikeda e sua esposa, Kaneko, sentados, ao centro, de branco, com companheiros da Soka Gakkai do Havaí (out. 1980). Foto: Seikyo Press. Dicas de leitura Veja sobre o tema “Estado de Buda” no Guia para a Vitória que acompanha o Brasil Seikyo, ed. 2.665, 24 ago. 2024, ou clicando aqui. Livro Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 1: A Felicidade. Para mais informações, clique aqui. Notas: 1. ANUSORN (org. e ed.). Ngeakhit khamkhom lea khamuayphon [Provérbios e Máximas Tailandeses]. Bangcoc: Ruamsan, 1993. p. 207. 2. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 146. 3. The Lotus Sutra and its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, cap. 16, p. 272. Cf. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 713, 2020. 4. Cf. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 112, 2017. 5. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 87.
13/09/2024
Frase da Semana
BS
Frase da Semana
Independentemente da posição que ocupe, deve unir seu coração ao do líder central da organização, visualizar o que existe para ser feito, criar e agir pelo kosen-rufu. Deve continuar a estabelecer novos desafios com a decisão de "Agora, enfim, é o momento da minha verdadeira luta!". Dr. Daisaku Ikeda IKEDA, Daisaku. Flores da Felicidade. v. 2. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2021, p. 119.
27/08/2024
Incentivo do líder
BS
Meu encontro ideal
Queridos companheiros da BSGI! O mês de agosto carrega muitos significados, dentre os quais a conversão de Ikeda sensei e o aniversário da Divisão Sênior. Sou tomada pela lembrança do meu saudoso pai, Sr. Abelardo, que, com primor e grande alegria, costumava relatar a famosa passagem do romance Nova Revolução Humana, escrito por Daisaku Ikeda, em que o jovem Shin’ichi Yamamoto [pseudônimo do autor na obra] se encontra com Josei Toda pela primeira vez. Lembro-me do quanto ele, emocionado, enaltecia o sentimento do jovem Shin’ichi que buscava um sentido para a vida após sofrer os horrores da guerra: Como todo jovem, perguntava a mim mesmo qual era a razão de todo aquele infortúnio. Procurava uma bússola que me direcionasse a uma vida de esperança. Confiei nas palavras de um amigo que me convidara para participar de uma reunião sobre “filosofia de vida”. Foi no dia 14 de agosto de 1947, era uma noite tranquila. Eu tinha 19 anos. Era a primeira vez que ouvia a voz de Josei Toda.1 Recordo-me, como se fosse hoje, do Sr. Abelardo, com os olhos brilhantes, declamando o poema que o jovem Yamamoto ofereceu a Josei Toda: Ó viajante! De onde vens? E para onde irás? A lua desce no caos da madrugada, mas vou andando antes de o Sol nascer. à procura de luz.2 Sem dúvida, esse encontro ideal decidiu o rumo da história e, dez dias após, o jovem Shin’ichi se convertia ao Budismo Nichiren, iniciando essa grande trajetória em prol da paz ao lado do seu mestre, Josei Toda. Era com esse mesmo sentimento de “Sou eu quem surge da terra” que meu amado pai participava das atividades da BSGI. Junto com seus companheiros, ele sentia orgulho de compartilhar o legado da revolução humana de Ikeda sensei com nossa família. Em memória da sincera luta do meu pai e de todos os veteranos falecidos, parabenizo os membros da Divisão Sênior, os quais conduzem sua família nesta órbita do kosen-rufu, pelo aniversário de fundação da divisão. Recentemente, também vivenciei meu encontro ideal com o Mestre, mais uma vez. Foi no dia 27 de julho, em Manaus, durante as celebrações dos dez anos do Instituto Soka Amazônia. Naquela região, diante do Encontro das Águas (dos rios Negro e Solimões), senti em meu coração a presença de Ikeda sensei. Ele, que tanto sonhou visitar a Amazônia, estava ali nos abraçando com um forte sentimento. Foi naquele exato local que Ikeda sensei objetivou que se estabelecesse o trabalho de consciência da preservação da vida por meio da educação ambiental. Mais que isso, ele desejou que a partir dali se construísse uma caudalosa correnteza da paz mundial, tal como o majestoso rio Amazonas, como deixou registrado no poema A Longa e Distante Correnteza do Amazonas: (...) Sejam imponentes como o Amazonas! e construam o grande rio do eterno kosen-rufu como o Amazonas, que nunca conheceu a interrupção.3 Tenho a certeza de que o encontro ideal se dá no momento e no local em que cada um de nós assume o legado de esperança, coragem e fé, caminhando junto com o Mestre. Por esse motivo, espero sinceramente que todos os companheiros da BSGI possam reconfirmar e selar, neste mês de agosto, “seu encontro ideal” com o Mestre. Um abraço fraternal! Silvana Vicente Vice coordenadora de coordenadoria da Divisão Feminina Notas:1. Brasil Seikyo, ed. 2.288, 22 ago. 2015, p. A1.2. IKEDA, Daisaku. Emergindo da Terra. Revolução Humana. v. 2. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 206.3. Terceira Civilização, ed. 505, set. 2010, p. 20.
22/08/2024
Editorial
BS
Importantes aprendizados
Vinte e quatro de agosto. Há exatos 77 anos, nosso eterno mestre, Daisaku Ikeda, iniciava sua jornada como praticante do Budismo de Nichiren Daishonin. Em seu íntimo, desde o primeiro encontro com Josei Toda, dez dias antes de sua conversão, ele intentava seguir os passos dele como seu mestre da vida.1 E assim o fez. Por pouco mais de uma década, Ikeda sensei recebeu importantes ensinamentos de Toda sensei que permaneceram vivos ao longo de sua trajetória de intensa dedicação para desenvolver a Soka Gakkai pelo mundo como organização promotora de ações em prol do bem-estar da humanidade. Seja em seus encontros com grandes intelectuais, seja no estabelecimento de instituições educacionais e culturais, em todos os empreendimentos, Ikeda sensei se recordava das diretrizes recebidas do seu mestre. Fundei o Partido Komei, a Associação de Concertos Min-On, o Museu de Arte Fuji, o Instituto de Filosofia Oriental, a Universidade Soka e as escolas Soka. Tudo isso foi consolidado com base nas ideias e nos projetos que meu mestre mencionou para mim ou cogitou em diferentes ocasiões. Fazendo meu o coração dele, trabalhei para a materialização de cada um deles. Embora possam parecer realizações minhas, o verdadeiro propósito delas sempre foi provar e abrilhantar a magnitude dos presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda.2 E, atualmente, os discípulos de Ikeda sensei assumem genuinamente o compromisso em prol da felicidade das pessoas; da ativa contribuição social a partir das ações no local de atuação; e da difusão dos ensinamentos de Nichiren Daishonin pela sociedade brasileira. Assim como ele direcionou em sua mensagem de agosto de 2023 para as atividades comemorativas da Divisão Sênior. Por favor, haja o que houver, ressoem o daimoku do rugido do leão, e demonstrem a prova real de vitórias, à sua maneira, no trabalho e na localidade. Peço que, assim, expandam cada vez mais a rede de solidariedade da paz e da esperança no Brasil, terra do seu juramento seigan.3 Confira na edição as comemorações dos quarenta anos do Grupo Alvorada da BSGI e a 11ª Reunião Nacional de Líderes, realizadas em São Paulo. Esperamos que as próximas páginas despertem em você otimismo e coragem para seguir vitorioso no último trimestre deste ano. Excelente leitura! Notas: 1. Leia mais sobre a relação de mestre e discípulo entre Ikeda sensei e Josei Toda no Brasil Seikyo, ed. 2.664, 10 ago. 2024, p. 8-9. 2. Brasil Seikyo, ed. 2.413, 31 mar. 2018, p. B4. 3. Idem, ed. 2.640, 12 jun. 2023.
22/08/2024
Encontro com o Mestre
BS
A viagem do juramento seigan
Em agosto de 1954, o jovem Daisaku Ikeda e o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, visitaram juntos pela primeira vez, a Vila de Atsuta [atual distrito de Atsuta, cidade de Ishikari], em Hokkaido, terra natal de Toda sensei. Neste mês, comemoramos o 70º aniversário dessa visita. Hokkaido foi uma das localidades visitadas por ambos em uma viagem de orientação para as regiões do Japão no verão daquele ano. No avião, o mestre conversou com seu amado discípulo a respeito de assuntos como organização e criação de “valores humanos”. Em determinado momento, ele disse ao discípulo: “Vou transmitir-lhe todo o plano até a geração dos netos dos seus netos”. A “geração dos netos dos netos” seria dali a cem anos aproximadamente. Visualizando o futuro, Toda sensei estava confiando a Ikeda sensei o kosen-rufu do mundo. Durante cinco dias, Josei Toda participou de diversas visitas e atividades sempre com o jovem discípulo ao seu lado, e ambos impulsionaram o avanço do kosen-rufu na região. No dia 16, eles deixaram a hospedaria em Sapporo e partiram para Atsuta. Depois de cruzar a foz do rio Ishikari de barco e seguir de carro por quase uma hora, chegaram à Hospedaria Toda, administrada por um parente de Josei Toda. Em seguida, mestre e discípulo passearam pela praia de Atsuta. Toda sensei relembrou sua juventude e falou a Ikeda sensei enquanto fitava o mar tingido pelas cores do sol poente: “Vou construir uma sólida base do kosen-rufu do Japão. E, você, Shin’ichi, deverá abrir os caminhos do kosen-rufu do mundo inteiro”. Em 3 de maio de 1960, Ikeda sensei tomou posse como terceiro presidente da Soka Gakkai. Três meses depois, em 27 de agosto, visitou Atsuta. Cerca de quarenta pessoas, entre parentes do seu mestre e membros de Atsuta, o recepcionaram na Pousada Toda. Nessa ocasião, ele disse: “A terra natal de Toda sensei é meu segundo lar. Também é o ponto inicial de minha jornada pelo mundo. Espero que, em meu lugar, todos trabalhem juntos para construir uma comunidade feliz e próspera”. Ao todo, Ikeda sensei visitou Atsuta onze vezes e cada uma delas continuará a brilhar por toda a posteridade como uma história a preservar o sublime espírito de mestre e discípulo. Fonte:Adaptado de matéria publicada no Seikyo Shimbun de 13 de agosto de 2024.*** Depois de tomar posse como terceiro presidente da Soka Gakkai, Ikeda sensei visita Atsuta, cidade natal do seu mestre. Na imagem, ele dialoga com companheiros numa balsa sobre o rio Ishikari (ago. 1960) Trechos do romance Nova Revolução Humana DR. DAISAKU IKEDA Em agosto de 1954, levando Shin’ichi1 em sua companhia a Atsuta, Josei Toda olhou para o mar e disse: “Construirei uma base sólida para o kosen-rufu no Japão, mas você pavimentará o caminho para o kosen-rufu no mundo inteiro. (...) Do lado de lá, há um vasto continente. O mundo é amplo e extenso. [Em muitos países] Pessoas choram de angústia e crianças se encolhem de medo no meio do fogo cruzado da guerra. Você deve iluminar a Ásia e o mundo todo com a luz da Lei Mística. Deve fazer isto em meu lugar”. As palavras do presidente Josei Toda marcaram profundamente o coração de Shin’ichi. Na manhã seguinte, Shin’ichi foi sozinho até o porto de Atsuta e, refletindo sobre as palavras do presidente Josei Toda, bradou ao oceano, como se quisesse liberar ondas de emoção que agitavam seu coração: “Sensei! Realizarei sem falta o kosen-rufu da Ásia. Construirei a ponte dourada do kosen-rufu mundial!”. Foi dessa maneira que Shin’ichi expressou sua decisão de dedicar a vida ao kosen-rufu mundial — um poderoso rugido de leão. Ao mesmo tempo, jurou em silêncio que escreveria a Revolução Humana, um romance biográfico que narra a nobre vida e as realizações de seu mestre, cuja longa jornada para levar felicidade a toda humanidade iniciara-se nessa pequena vila pesqueira. * * * No dia 3 de maio de 1960, Shin’ichi assumiu a liderança da Soka Gakkai como seu terceiro presidente e, em agosto, visitou Atsuta. Os membros dessa localidade expressaram imensa alegria ao vê-lo. Quando Shin’ichi chegou à Hospedaria Toda, onde os membros o aguardavam, ele disse: — Sou Shin’ichi Yamamoto, discípulo de Toda sensei, e fui nomeado como terceiro presidente da Soka Gakkai. Vim à terra natal dele para comunicar isto a todos os senhores. Os membros sentiram que ele demonstrava o comportamento de um genuíno discípulo. Shin’ichi dialogou de modo cordial e caloroso com vários membros reunidos no local; e, mais tarde, juntou-se a todos para um passeio pela praia e para tirar uma foto. Quando chegou o momento de se despedir deles, disse: — A terra natal de Toda sensei é meu segundo lar. Também é o ponto inicial de minha jornada pelo mundo. Espero que, em meu lugar, todos trabalhem juntos para construir uma comunidade feliz e próspera. * * * [Em 1973, Shin’ichi participou de uma cerimônia durante a qual fez a doação de livros para as bibliotecas de escolas de ensino fundamental em Atsuta. Como forma de incentivo e agradecimento aos alunos, declamou o poema Vila Atsuta: A Terra Natal do Meu Mestre]: A Vila de Atsuta, no frio mar do norte, entre as infindáveis tempestades de neve que prateiam a casa na beira do mar, pobre como antigamente, era o seu antigo castelo de glória. O encanto do rio Atsuta no verão e na primavera; os cardumes de arenques do mar do Japão, nesta região aberta pelos senhores de Matsumae, rochedos agudos, jardins da aldeia de pescadores. (...) “Velha casa de Atsuta, jamais te esquecerei!” Levando consigo os ventos do norte, o jovem de uma terra desconhecida parte para a longa jornada que se transmite para o bem do mundo. Fonte:IKEDA, Daisaku. Gratidão ao Mestre. Nova Revolução Humana, v. 18. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2021. p. 107-114. Fotos: Seikyo Press Nota:1. Shin’ichi Yamamoto: pseudônimo do presidente Ikeda no romance Nova Revolução Humana.
22/08/2024
Encontro com o Mestre
BS
Eterno 24 de agosto
O avanço da Divisão dos Estudantes é dinâmico. A Divisão dos Jovens se desenvolve. A ação da Divisão Feminina é igualmente dinâmica e a Divisão Sênior manifesta um espírito elevado. O dia 24 de agosto também é Dia da Divisão Sênior. Os companheiros do Grupo Taho (Muitos Tesouros) lutam com espírito sempre jovial. A época atual é de muitos fatos e problemas, mas entre nossas famílias Soka sobram almas guerreiras imbatíveis que dedicam calorosos incentivos em quantidade cada vez maior. Parece-me ouvir claramente a voz do meu mestre, presidente Josei Toda, cheia de alegria, dizendo: “Eu agora tenho grandiosos e excelentes discípulos. E isto me faz feliz e sou uma pessoa eternamente vitoriosa”. (...) Ao lado, Ikeda sensei dialoga com seu mestre, Josei Toda, no 1º Festival Esportivo dos Jovens da Soka Gakkai de Hokkaido, Japão (ago. 1957) Curso de vida pelo caminho de mestre e discípulo Verão do mês de agosto, dois anos após a destruição do Japão pela guerra, quando ainda se sentia a dor de ver o campo queimado pelos bombardeios, numa reunião de palestra no bairro de Ota, em Tóquio, eu me encontrei com o presidente Josei Toda, que se tornou meu eterno mestre da vida. — Está com quantos anos? — Estou com 19 anos. Meu mestre me perguntou com palavras que seriam dirigidas a um velho conhecido. Na realidade, ele estava bem-informado sobre mim, pois havia se inteirado com uma pessoa da localidade. Ele sabia que eu havia perdido meu irmão mais velho na guerra, que nossa casa tinha sido incendiada pelos bombardeios aéreos e, ainda, que eu me sacrificava para continuar meus estudos acadêmicos, trabalhando para ajudar meus pais a sustentar nossa família. Eu me recordo com gratidão daquelas pessoas da localidade que informaram a Toda sensei que “em nossa comunidade há um jovem com tais características...” Atualmente, quando ouço um alegre comunicado sobre a realização de shakubuku, penso também na sinceridade das famílias Soka que apoiaram nos bastidores até o amigo ingressar na organização; além do entusiasmo e da oração do apresentador. Realmente, a reunião de palestra é o “espaço de propagação do budismo” em que pulsa o coração do Buda. (...) Dez dias após meu encontro com o presidente Josei Toda, a data de 24 de agosto foi um domingo e nos registros dessa ocasião consta uma temperatura de 35,3 oC. Foi um dia muito quente, e o gongyo da cerimônia de conversão, longo e lento. Para uma pessoa como eu que não estava acostumado, foi muito doloroso sentar-me sobre as minhas pernas como era o costume da época. Ainda hoje, recordo-me do meu desconforto, tornando-se quase um sofrimento. No entanto, estabeleci meu avanço, confiando na personalidade de Toda sensei. (...) Hastear altivamente a bandeira da justiça da verdadeira Lei pela paz da humanidade Exatamente como o presidente Josei Toda declarava em suas explanações do escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra, em reuniões de palestra, a Soka Gakkai ainda era pequena, mas nós, mestre e discípulos, hasteamos altivamente a bandeira da justiça da verdadeira Lei para iluminar a escuridão da desordem do pós-guerra. Relembro-me também de que a data de 16 de julho do primeiro ano da era Bunno, em que Nichiren Daishonin entregou esse escrito para advertir o governo. No calendário juliano, utilizado na época, correspondia possivelmente ao dia 24 de agosto de 1260. Toda sensei declarava com firmeza: “É de fundamental importância para o ser humano considerar em que tipo de pensamento sua vida é fundamentada e quais ações realiza. Por essa razão, os jovens da Soka Gakkai, que aprenderam sobre o supremo fundamento da humanidade e atuam pela felicidade das pessoas, devem falar de forma imponente e de cabeça erguida sobre a nossa prática da fé”. A partir daquela data de 24 de agosto, para mim, que estava com apenas 19 anos, a luta pelo estabelecimento do ensinamento para a pacificação da terra passou a ser uma constante em minha juventude e em meu curso de vida. Sobrepujando as tempestades de grandes dificuldades O presidente Tsunesaburo Makiguchi sofreu perseguições pela Lei no período da Segunda Guerra Mundial e foi aprisionado. Seu discípulo direto, presidente Josei Toda, o acompanhou à prisão em sinal de suprema gratidão pela atitude do seu mestre. Minha determinação foi herdar essa inabalável e sublime relação de mestre e discípulo mesmo ao custo de sacrificar minha própria vida. E, mesmo quando os empreendimentos do presidente Josei Toda faliram e as condições eram de grande sofrimento causados pelo extremo mal, não havia a mínima dúvida em meu coração, enquanto outros discípulos se apressavam em fugir. Em 24 de agosto de 1950, ao completar três anos da minha conversão, meu mestre anunciou sua intenção de renunciar à presidência da Soka Gakkai. Cerrei meus dentes para conter minha indignação e fiz um juramento como um “conde de Monte Cristo”: “Por todos os meios, eu haverei de reverter esta situação crítica e Toda sensei, absolutamente, tomará posse como segundo presidente da Soka Gakkai!”. Na mesma data de 24 de agosto, o presidente Josei Toda e eu dialogamos sobre o plano de publicar o jornal Seikyo Shimbun e essa data se tornou o “Dia do Ponto Primordial de Publicação” do Seikyo, o castelo da imprensa falada e escrita a determinar a abertura do futuro do kosen-rufu. De toda forma, no momento de maior dificuldade é que se faz a causa da mais grandiosa vitória. Essa é a melhor representação do princípio de “transformação de veneno em remédio” [hendoku iyaku] da Lei Mística. (...) Foto da cachoeira Chousi, em Oirase, província de Aomori, Japão, tirada pelo presidente Ikeda (ago. 1994), na ocasião em que compôs o poema Como a Catarata Rota das estrelas — caminho do ser humano Recentemente [em 2011], fui contemplado pelo jornal japonês San-yo com a publicação de um artigo meu que enviei à exposição O Meio Ambiente da Terra e Eu, realizada no município de Okayama. A mesma página desse jornal apresentava uma brilhante fotografia de duas galáxias tirada pela Nasa. A imagem é da colisão de duas galáxias distantes 450 milhões de anos-luz da Terra. A aproximação entre elas e o monstruoso choque da colisão provocou uma explosão de proporções imensuráveis que resultou em inúmeras novas estrelas. Acredita-se que as duas galáxias, com o passar de alguns milhões de anos, se fundirão para se tornar novamente apenas uma. Cada uma das estrelas que existe em quantidade inimaginável no universo possui sua órbita por onde segue sem interrupção. Essa atividade gera a energia para repetir um interminável ciclo de grandiosa e constante mutação. Sobre esse romance do grande universo, desenvolvi um abrangente diálogo com o astrônomo brasileiro Dr. Ronaldo Mourão. Nessa conversa, um ponto sobre o qual mais concordamos foi: “Assim como as estrelas têm sua rota, o ser humano também possui seu caminho”. O Dr. Mourão enfatizou que o caminho de mestre e discípulo é a órbita mais verdadeira que o ser humano deve seguir. (...) A expansão impressionante da “estrutura de valorosos seres humanos da Terra” ocorreu de forma semelhante ao desenvolvimento de uma grande nebulosa e faz parte da gloriosa história de mestre e discípulo Soka, que teve como base o dia 24 de agosto de todos os anos como um de seus pontos primordiais. (...) Recordo-me ainda de que, no dia 24 de agosto de 1947, a Divisão Sênior (DS) e a Divisão dos Jovens (DJ) eram uma só. Eu era um jovem de 19 anos, e meu mestre, presidente Josei Toda, verdadeiramente um integrante da Divisão Sênior, estava com 47 anos. Determinei me tornar seu discípulo para estabelecer o primeiro passo da minha luta pela paz e pela justiça. Ele era um “sênior” que transbordava energia para trabalhar. A luta conjunta era travada com a unicidade de mestre e discípulo, uma batalha em que a Divisão Sênior e a Divisão dos Jovens eram uma só. A capacidade dos membros da DS somada e unida de maneira extraordinária à energia que desconhece o cansaço dos integrantes da DJ fez surgir a fortaleza dourada da Soka Gakkai. A data de 24 de agosto, por ter sido definida como Dia da Divisão Sênior, também guarda um significado histórico muito profundo. Estabelecendo essa data como um marco, a Divisão Sênior do Japão e de todo o mundo apresenta um avanço com transbordante energia. O ambiente financeiro de altos e baixos (...) que envolve o sênior é extremamente rigoroso. No entanto, os integrantes da Divisão Sênior, firmes e persistentes, desenvolvem ações, tais como incentivar um amigo por meio do diálogo, com poderes de fazer qualquer pessoa se levantar determinada. A ação pelos jovens e pela expansão de uma nova era derramando suor junto com os componentes da DS merece meu manifesto de supremo louvor e de respeito por esse espírito guerreiro e imbatível. (...) O Sutra do Lótus descreve os bodisatvas emergindo da terra. São seres que acreditam na possibilidade de manifestação da vida humana; e independentemente do caos em que a humanidade possa estar mergulhada, acreditam sempre na vitória da justiça e surgem espontaneamente na grande terra do povo para transmitir esperança. Por ser esta uma época em que a sensação das pessoas é de impotência diante de pesados fardos e da pressão ante a estagnação, devemos despertar nossa energia de bodisatvas da terra. (...) Ikeda sensei diante da cachoeira (out. 1976) O mestre confia no discípulo Jamais, nem por um momento, me esqueci do meu mestre. Percorri o grande caminho da unicidade de mestre e discípulo e o caminho do discípulo sempre em prontidão, com retidão absoluta até o fim. E, atualmente, os jovens discípulos de puríssima sinceridade são meus sucessores. Não me arrependo de absolutamente nada. Esse é o nosso grande caminho de elevado orgulho. (...) Dediquei todas as minhas forças para abrir o caminho do grandioso futuro do kosen-rufu mundial. Enfrentei e sobrepujei todas as maldades, destruí e venci os três fortes inimigos. Vou me empenhar ainda mais agora e no futuro para criar e desenvolver os preciosos seres humanos Soka, para que a respeitável estrutura do kosen-rufu atue sem reserva e registre sua história de vitórias. Estou decidido a orar e a lutar todos os dias até o fim, erguendo-me na essência do princípio de “budismo é vitória ou derrota” com o mesmo juramento que eu tinha aos 19 anos. A unicidade de mestre e discípulo é a lei da vitória no budismo. Sem temer, vença absolutamente! Conquiste todas as vitórias! Fontes:Artigo publicado na íntegra no Brasil Seikyo, ed. 2.098, 3 set. 2011, p. A3 e ed. 2.099, 10 set. 2011, p. A3. Fotos: Seikyo Press No topo: Presidente Ikeda incentiva estudantes intercambistas da Universidade Soka no Auditório Memorial Ikeda da instituição (jun. 2000).
22/08/2024
Encontro com o Mestre
BS
A rotação para a esperança começa a partir da oração
A recitação do gongyo e do daimoku é a sublime cerimônia que alinha seu microcosmo ao ritmo fundamental do macrocosmo. Deve-se recitar gongyo e daimoku, juntando as palmas das mãos ao Gohonzon. A sua voz alcança os budas, os bodisatvas, as divindades celestiais e as divindades benevolentes. Embora seja invisível aos olhos, os budas, os bodisatvas e as divindades celestiais do universo envolverão essa pessoa, protegendo-a. Quem se encontra bem no meio disso é você. Como é extraordinário recitar daimoku! Todos os budas, bodisatvas e divindades celestiais tornam-se seus aliados. É por isso que possui o poder de salvar a humanidade e a missão de fazê-la feliz. * * * A partir do momento em que se ora, começa a rotação. Quanto mais profunda a escuridão, mais próximo é o amanhecer. A partir do momento em que se ora com determinação, o sol se levanta no seu íntimo. Esperança! A oração é o sol da esperança. Sempre que se sentir agoniado, deve orar, superar e expandir a condição de vida. Essa é a órbita do princípio do Budismo Nichiren, de “desejos mundanos são a iluminação”. * * * A base do poder benéfico da Lei Mística são os benefícios inconspícuos. Mesmo que os desejos pelos quais se ora não sejam visíveis de imediato, certamente surgirão os resultados. As águas subterrâneas acabarão surgindo na superfície. As sementes plantadas aguardam a chegada da primavera para florescer. Uma grande árvore, para se desenvolver, leva um tempo definido. Budismo é razão. Portanto, é importante a continuidade. * * * Quem recita daimoku não teme a nada. Nós não precisamos temer a nada. Podemos avançar radiantemente, cheios de esperança, aconteça o que acontecer. Não há vida mais feliz que essa. Fonte:Este texto tem como base palavras de Ikeda sensei extraídas, respectivamente, de trechos de Ikeda Daisaku Zenshu [Obras Completas de Daisaku Ikeda], v. 90, 87, 78 e 88. Publicado no Seikyo Shimbun de 4 de agosto de 2024.No topo: Pássaros brincam no amplo tapete verde. Foto tirada por Ikeda sensei à margem do lago Lomond, na Escócia, em junho de 1994. Por ocasião dessa visita ao Reino Unido, o presidente Ikeda encontrou-se com o príncipe Charles (atual rei do Reino Unido), e foi condecorado na cerimônia de outorga do título de doutor honoris causa pela Universidade de Glasgow. Durante essa visita, ele participou da Convenção da SGI e de outros eventos, dedicando-se a incentivar os membros sem poupar momentos de descanso. Ikeda sensei clamou a todos: “Sigam pela órbita da eterna alegria vivendo junto com os supremos princípios da Lei”. Com base na profunda oração, trilhemos o caminho da felicidade com uma condição de vida capaz de abraçar até o planeta. Foto: Seikyo Press
22/08/2024
Especial
BS
Destemido brado pela paz
Era noite de 7 de setembro de 1957 e somente Josei Toda se encontrava na sede da Soka Gakkai. O segundo presidente da organização estava mergulhado em profundos pensamentos a respeito da questão da bomba atômica e da crise entre os blocos de países capitalistas e comunistas, tendo os Estados Unidos e a União Soviética como centro. O horror da destruição e do sofrimento causados pelo lançamento das bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e de Nagasaki, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, decretou não apenas a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, mas intensificou a corrida armamentista por artefatos nucleares no mundo. Testes incessantes, com arsenais cada vez mais poderosos, eram feitos em diversos pontos do planeta. A sensação era de que uma nova guerra mundial poderia começar. E a quantidade de armamentos atômicos já era tão grande que o mundo poderia ser dizimado em questão de horas. Foi na prisão, onde Josei Toda e seu mestre, Tsunesaburo Makiguchi, permaneceram encarcerados durante dois anos por se oporem à guerra e defenderem a liberdade religiosa, que surgiu a ideia de preparar uma declaração. Com o desenvolvimento dos tristes fatos observados depois que foi libertado (em 3 de julho de 1945), Toda sensei focou sua indignação na declaração contra as armas nucleares. O jovem Daisaku Ikeda, à esq., dialoga com seu mestre durante o Encontro Esportivo dos Jovens do Leste do Japão (8 set. 1957) Testamento aos jovens O dia seguinte, 8 de setembro de 1957, seria o momento do tão aguardado Encontro Esportivo dos Jovens do Leste do Japão, o “Festival da Juventude”. O pensamento sobre as bombas atômicas lançadas sobre as cidades japonesas doze anos antes fez o sangue de Josei Toda ferver e o levou a refletir também sobre o limite da própria existência. Por várias vezes, nos anos anteriores, ele havia adoecido gravemente. Esse pressentimento do fim da própria vida só aumentou seu carinho pelas pessoas. Ele pensou: “Deixarei esta declaração como principal testamento dedicado aos jovens”.1 Em 1957, Daisaku Ikeda era um discípulo consciente, fortalecido diariamente por dez anos, do momento em que se convertera ao Budismo de Nichiren Daishonin. Ele respirava e vivia ao lado do seu mestre, Josei Toda. Havia entendido completamente o conceito de mestre e discípulo embasado na profunda filosofia budista. Exatamente às 9 da manhã daquele 8 de setembro foi iniciado o encontro esportivo. Mais de 50 mil jovens lotavam o Estádio de Desportos de Mitsuzawa. Desde muito cedo, os membros chegavam à estação de Yokohama e entravam nos ônibus que os levariam ao estádio. Um ônibus a cada quarenta segundos. Nessa média, rapidamente os participantes chegavam e aguardavam ansiosos o evento. A expectativa geral era sobre a possibilidade de ocorrer um tufão exatamente naquele dia. Mas Josei Toda desejava ardentemente que o clima estivesse agradável para que seus discípulos desfrutassem momentos tranquilos. E assim foi. O dia estava particularmente quente e o sol brilhava com radiância. O tufão enfraqueceu e se dissipou. O encontro iniciou com a cerimônia de abertura, que teve um desfile com representantes dos jovens sendo conduzidos pelos integrantes das bandas Ongakutai e Kotekitai. Contou também com o juramento dos atletas participantes, as palavras de líderes e as competições esportivas, que, em determinado momento, tiveram integrantes de todas as divisões. Trajado bem à vontade, com boné de beisebol, camisa esportiva e sandálias, Toda sensei, em certo momento, parou à beira do gramado para observar de perto a movimentação. Sentiu grande alegria. Depois, fitou o céu límpido. Seus olhos foram ofuscados pela luz do sol. Imediatamente, relembrou a data em que a bomba de Hiroshima fora lançada: “Naquele dia, o sol também brilhava intensamente”, pensou, mordendo os lábios com certa ira. Ações por um mundo pacífico Ao final das competições, as equipes vencedoras foram apresentadas. Após as palavras do líder da Divisão dos Jovens, chegou a vez de Josei Toda falar. Ele se declarou contra as armas nucleares, bradando ser a missão dos jovens erradicar o impulso dos seres humanos que as constroem. Em um trecho da declaração, o líder afirma: Como já venho dizendo há muito, a próxima era será sustentada pelos jovens. Não preciso salientar que a missão de nossa vida é o kosen-rufu. Esse é um empreendimento que devemos conquistar infalivelmente, mas, diante das notícias de testes da bomba atômica e de hidrogênio que têm agitado o mundo, quero deixar bem clara minha posição em relação a essas questões. Se são meus discípulos, gostaria que herdassem esta minha mensagem e que propagassem pelo mundo o significado de seu conteúdo. Mesmo que neste momento esteja sendo realizado no mundo inteiro um movimento para abolir os testes nucleares, o meu desejo é atacar o problema pela raiz, ou seja, cortar as garras ocultas exatamente na origem. (...) Digo isso porque nós, cidadãos do mundo, temos o direito inviolável à vida. Todo indivíduo que tentar colocar esse direito em perigo merece ser chamado de criatura diabólica, um ser abominável, um monstro. Mesmo que um país conquiste o mundo por meio de armas nucleares, o conquistador deverá ser considerado um demônio, a expressão suprema do mal. Creio que a missão de cada membro da Divisão dos Jovens do Japão é difundir essa ideia em todo o mundo.2 Daisaku Ikeda, como discípulo imediato de Josei Toda, sentiu o corpo estremecer ao ouvir a declaração. Dizia a si mesmo na forma de um solene juramento: “Concretizarei a todo custo o testamento de meu mestre”. A partir de então, ele começou a planejar, com toda a seriedade, como propagar a ideologia de Josei Toda pelo mundo. Conforme pressentira, seu mestre faleceu sete meses depois, em 2 de abril de 1958. Sua declaração foi traduzida em ações por Daisaku Ikeda e deu origem às iniciativas concretas da Soka Gakkai para exterminar a miséria do coração humano, não mais somente no campo religioso, mas com a promoção da cultura e da educação. Hoje, os membros da organização realizam diversas iniciativas para o fim das guerras e a eliminação das armas nucleares. Na essência desses esforços, com base nas palavras de Toda sensei, encontra-se o conceito da revolução humana, a mudança profunda na vida de cada pessoa, a única capaz de assegurar a paz genuína e duradoura. Fontes:Brasil Seikyo, ed. 2.617, 27 ago. 2022, p. 10-11.Terceira Civilização, ed. 469, set. 2007, p. 8-11. Notas:1. Terceira Civilização, ed. 292, dez. 1992, p. 11.2. Brasil Seikyo, ed. 1.906, 8 set. 2007, p. B5. *** Exposição promovida pela Soka Gakkai alerta para a ameaça das armas nucleares no mundo atual (Hiroshima, Japão, ago. 2012) Esforços pelo desarmamento A abolição das armas nucleares é um dos principais focos das atividades de promoção da paz realizadas pela Soka Gakkai no Japão e no mundo, tendo como ponto primordial a declaração proferida pelo presidente Josei Toda em 8 de setembro de 1957. O Dr. Daisaku Ikeda atendeu ao chamado do seu mestre e, desde 1983, encaminhou Propostas de Paz anualmente à Organização das Nações Unidas (ONU), apresentando sugestões concretas para várias questões que desafiam a humanidade, incluindo a eliminação das armas nucleares. Em uma delas, sugeriu quatro pontos para nortear os esforços pelo desarmamento nuclear: 1. Edificar a solidariedade na sociedade civil para a oposição às armas nucleares por meio da voz ativa; 2. Enfatizar a desumanidade das armas nucleares nas discussões pela abolição; 3. Promover a adoção de acordos internacionais no foro das Nações Unidas; 4. Garantir que as vozes das vítimas de armas nucleares (hibakusha) reflitam no espírito fundamental de tais acordos. Os integrantes da Soka Gakkai têm empreendido esforços constantes para despertar a opinião pública e criar uma rede global de pessoas dedicadas à paz por meio de iniciativas como palestras, campanhas, exposições, coleta de assinaturas, além de parcerias e participações em eventos promovidos pela ONU e por instituições dedicadas à abolição das armas nucleares. Saiba mais Conheça as iniciativas da Soka Gakkai pela paz e pelo desarmamento acessando: https://www.sokaglobal.org/in-society/action-on-global-issues.html. Coleção com os trinta volumes do romance Nova Revolução Humana publicados em português pela Editora Brasil Seikyo Bússola para a humanidade Ikeda sensei concluiu o romance Nova Revolução Humana em 8 de setembro de 2018 Há seis anos, em 8 de setembro de 2018, foi publicada no Seikyo Shimbun a última parte do capítulo “Juramento Seigan”, do volume 30, do romance Nova Revolução Humana (NRH), de autoria do Dr. Daisaku Ikeda. Foram mais de 6 mil partes divulgadas nas páginas do periódico, as quais foram compiladas na forma de livros em diversos idiomas e países. A data marcou também os 61 anos desde que o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, proferiu sua Declaração pela Abolição das Armas Nucleares no Encontro Esportivo dos Jovens do Leste do Japão, em 1957. A NRH descreve o drama da própria transformação do ser humano, detalha os passos da jornada pelo kosen-rufu mundial e eterniza a profunda unicidade de mestre e discípulo, base do avanço da Soka Gakkai e do budismo. O romance narra também fatos marcantes da trajetória dos discípulos, perpetuando suas vitórias por meio da prática da fé. Na manhã de 6 de agosto de 1993, no Centro de Treinamento de Nagano, em Karuizawa, Japão, Ikeda sensei deu início à Nova Revolução Humana. Em seu prefácio, encontramos: Mestre e discípulo são inseparáveis. Assim, meu mestre segue junto comigo, em meu coração, enquanto percorro o mundo abrindo o caminho para um caudaloso rio de paz e felicidade. A grandiosidade de um rio demonstra a imponência de sua nascente. Inspirei-me para escrever a Nova Revolução Humana — como continuação da Revolução Humana — em razão de o kosen-rufu ter alcançado tamanho progresso mesmo depois do falecimento de meu mestre; e esse fato serve como prova genuína de sua grandiosidade. Além disso, para que a posteridade conheça a essência do Sr. Toda, concluí que seria preciso registrar o caminho que seus discípulos e sucessores seguiram.1 Em novembro de 2023, Ikeda sensei encerrou sua nobre existência e a Nova Revolução Humana se consolida como o guia da prática da fé para a transformação da vida e da sociedade, uma base perene para que os discípulos avancem com gratidão e confiança pela jornada da concretização do kosen-rufu com o Mestre sempre no coração. Nota:1. IKEDA, Daisaku. Prefácio. Nova Revolução Humana, v. 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 6. No topo: Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, profere sua histórica Declaração pela Abolição das Armas Nucleares. Fotos: Seikyo Press
22/08/2024
Frase da Semana
BS
Frase da Semana
Todos os seres humanos também possuem uma vida digna de supremo respeito. Nossa tarefa é fazer nossa vida brilhar ao máximo e nossa missão nobre e única florescer em plenitude. Dr. Daisaku Ikeda IKEDA, Daisaku; HANCOCK, Herbie; SHORTER; Wayne. Romper Barreiras: Um Diálogo sobre Música, Budismo e Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2021. p. 106.
08/08/2024
Incentivo do líder
BS
Eu tenho de vencer!
Caros leitores do amado Brasil Seikyo! Entramos no mês de agosto de profundos significados. O mais importante, e o que nos reforça a praticar este budismo e a manter a relação profunda de mestre e discípulo, é o encontro ideal entre o jovem Daisaku Ikeda e Josei Toda, ocorrido em uma reunião de palestra, no dia 14 de agosto de 1947. Naquele ano, o cenário do Japão era de desesperança. O país, bombardeado pela guerra, voltava a se reerguer, mas a situação não era satisfatória. Todos viviam mergulhados no sofrimento. Entretanto, dentro de uma pequena sala, na reunião de palestra da Soka Gakkai, pulsava a chama da esperança. Uma pequena sala com muitos significados. Em dez dias, desse encontro ideal, o jovem Ikeda determina se converter ao Budismo Nichiren e, assim, Josei Toda se torna seu mestre. Juntos, com essa relação única, transcendem tempo e espaço. Como um jovem que lutava em meio ao caos do pós-guerra no Japão, eu tentava ardentemente encontrar o significado da vida. Então, conheci o Sr. Toda. Ali estava um homem que havia sido preso por se opor ao governo militar japonês [durante a Segunda Guerra Mundial]. Instintivamente, senti que podia confiar nele. Meu encontro com o Sr. Toda foi um encontro com o Sutra do Lótus. Todo o empreendimento humano inspira-se pelos esforços em responder às seguintes questões: de onde viemos, para onde vamos e por que estamos aqui?1 Completados 77 anos desse encontro ideal, estamos nós, em agosto de 2024, reconfirmando que a unicidade de mestre e discípulo ultrapassa os limites do tempo e a distância física. Essa unidade está presente no coração daqueles que se empenham para concretizar o kosen-rufu, e essas pessoas somos nós, cada qual, em nosso local de missão. Estar na órbita de mestre e discípulo possibilita o avanço ininterrupto da organização e da vida pessoal, porque a ação para eu me tornar uma pessoa melhor é o que significa revolução humana. Não podemos pensar: “Ah, este é o meu jeitinho”. Caso esse seja meu pensamento, então não estou enxergando o grande brilho da prática da fé: o de transformar nossa vida. Ao me levantar com uma postura renovada, sou capaz de identificar tudo o que impede meu avanço e crio a convicção ideal para suportar e enfrentar as questões da minha vida com a certeza da vitória. Qual é a essência da nossa vida? É a condição de Buda. Como atinjo essa condição? Levantando-me com a coragem de erradicar a miséria do meu coração, pois, ao recitar daimoku com fé no Gohonzon, em minha vida ilumina o estado de buda. Em agosto, comemoramos também o estabelecimento do Dia da Divisão Sênior, em alusão à conversão de Ikeda sensei ao budismo, em 24 de agosto de 1947. Finalizo com uma orientação do presidente Ikeda dedicada aos integrantes da Divisão Sênior. Ele diz: “A coragem e as ações dos homens criam a solidariedade que conduz a uma retumbante vitória”.2 Assim, como a decisão do jovem Ikeda, aos 19 anos, reconfirmemos a nossa decisão única de evidenciar o nosso melhor aspecto e que nossas ações estejam voltadas para a concretização do kosen-rufu, começando pelo nosso coração. Notas:1. Terceira Civilização, ed. 468, ago. 2007, p. 6. 2. IKEDA, Daisaku. Pilares de Ouro Soka. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 188.
08/08/2024
Encontro com o Mestre
BS
Postura de um monarca
Como a catarata Em junho de 1971, o presidente Ikeda visitou o Desfiladeiro Oirase, que fica na província de Aomori, Japão, com um grupo de representantes de toda a região de Tohoku. O Centro de Treinamento de Tohoku, em Aomori, fica bem perto do desfiladeiro. Ao avistar uma poderosa catarata, Ikeda sensei fotografou-a e compôs um poema, que enviou a um amigo: Como a catarata, impetuosa. Como a catarata, incansável. Como a catarata, destemida. Como a catarata, jubilosa. Como a catarata, imponente. Um homem deve ter a postura de um monarca! O Mestre comenta: Este é um poema que compus no Desfiladeiro Oirase, que fica na região de Tohoku. Meus amigos da Divisão Sênior estão se esforçando corajosamente em seus empreendimentos, fazendo jus a essas palavras. (...) Como uma catarata! Ferozmente, incansavelmente, sem nada temer, com alegria e altivez. Nós lutamos e nos empenhamos com o espírito dos campeões, conquistando uma vitória após outra. Juntos, vamos conquistar novas e retumbantes vitórias em nosso movimento pelo kosen-rufu com energia e alegria. Vivam plenamente e conquistem a vitória máxima, obtenham sem falta a eterna boa sorte nesta existência. Fontes:Adaptado de matéria publicada no Seikyo Shimbun de 21 de junho de 2024.Brasil Seikyo, ed. 2.096, 20 ago. 2011, p. A3. *** [Em 1994], fui convidado pela renomada Universidade de Glasgow, do Reino Unido, a visitar a instituição. Houve uma solene cerimônia em que tive a honra de receber o título de doutor honoris causa. Foi o Dr. J. Forbes Munro (na época, presidente do Conselho Universitário) que, ao ler a carta de recomendação para minha indicação, fez ressoar por várias e várias vezes o nome do meu mestre, Josei Toda, no Bute Hall. O Dr. Munro concluiu sua fala recitando o poema Como a Catarata, que havia redigido para representar a Cachoeira Oirase, na província de Aomori, região de Tohoku: “Como a catarata, impetuosa. / Como a catarata, incansável. / Como a catarata, destemida...” [Nota do editor: O Dr. Munro havia encontrado o poema num livro traduzido para o inglês pelo respeitado tradutor Burton Watson. Ele acreditava que seus versos faziam uma descrição exata da vida de Ikeda sensei.] Até hoje aquela voz profunda não se afasta do meu coração. (...) Foto tirada por Ikeda sensei retrata a grandiosa natureza de Oirase, em Aomori, Japão (jun. 1971) O Pico da Águia se encontra aqui O buda Nichiren Daishonin indicou solenemente: Seja qual for, o local em que se pratica o veículo único do Nam-myoho-renge-kyo torna-se o Pico da Águia, a Capital da Luz Eternamente Tranquila.1 O Pico da Águia não se encontra em algum lugar longínquo. A terra onde se levanta agora para cumprir sua missão é o Pico da Águia, a Capital da Luz Eternamente Tranquila. É a fonte de energia do kosen-rufu mundial. O ato de definir concretamente essa determinação em sua vida é a própria prática da fé. Deve-se recitar daimoku do juramento seigan para a expandir o kosen-rufu e para ampliar o diálogo da coragem e da esperança. Nossa vida é a própria vida do Buda. Por essa razão, quaisquer que sejam os obstáculos e as maldades que surjam competindo entre si, não há por que deixar de realizar a transformação do destino. Não será derrotado em hipótese alguma. Não será destruído por nada, e jamais será violado. O verdadeiro palco para edificar essa condição de felicidade absoluta são nosso honroso distrito e nossa comunidade. (...) Presidente Ikeda participa de sessão de fotos comemorativas, dividida em doze partes com três horas de duração, na cidade de Aomori (13 jun. 1971) Na vanguarda da nova era Na obra Jinsei Chirigaku [Geografia da Vida Humana], visualizando o rumo da humanidade, Makiguchi sensei clamou pela grande transformação da “competição militar”, da “competição política” e da “competição econômica” para “competição humanística”. Os jovens Soka são aqueles a se tornar vanguardistas nessa corrida humanística e da justiça. Em uma passagem dos escritos enviada para a monja leiga Myoshin, que perseverava com uma fé límpida, Daishonin afirma: Este ideograma myo é a lua, é o sol, são as estrelas, é um espelho, são as roupas, a comida, as flores, a grande terra e o grande mar. Todos os benefícios juntos formam o ideograma myo. Além disso, é a joia da realização dos desejos.2 Cidadãos globais emergidos da terra que abraçam e praticam o supremo princípio dos “três mil mundos num único momento da vida”, com o ritmo sonoro da Lei Mística que atravessa a vida e o universo, transformem sua condição de vida e a dos outros, unam-se em rede de solidariedade conjunta e conduzam a sociedade global rumo à paz! Avancemos, fazendo reverberar juntos as vozes de encorajamento e as canções de contínuas vitórias para a localidade e para o futuro! No topo: 1ª Convenção Geral de Aomori, realizada no Centro de Treinamento de Tohoku (26 ago. 1994). Fotos: Seikyo Press Fontes:Brasil Seikyo, ed. 2.096, 20 ago. 2011, p. A3.Idem, ed. 1.901, 28 jul. 2007, p. A3. Notas:1. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 811.2. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. v. II. Tóquio: Soka Gakkai: 2006, p. 879-880.
08/08/2024
Editorial
BS
Encontro transformador
Agosto reserva acontecimentos importantes e que não podem ser deixados apenas como registros da humanidade e da Soka Gakkai. Em 6 de agosto de 1945, a primeira bomba atômica foi lançada no fim da Segunda Guerra Mundial. A cidade japonesa de Hiroshima foi o alvo. Dias depois desse trágico episódio, em 9 de agosto, Nagasaki também sofreu um ataque nuclear. O número real de perdas não é conhecido, mas estima-se que a explosão teria causado, de imediato, mais de 200 mil mortes. Apenas dois anos após esse terrível acontecimento, a sociedade japonesa se encontrava mergulhada na descrença, desesperança e inteiramente aflita em busca da própria subsistência. No entanto, em 14 de agosto de 1947, uma reunião de budismo acontecia no bairro de Kamata, Tóquio. A pessoa que ministrava a explanação dos escritos de Nichiren Daishonin no encontro era Josei Toda, sobrevivente das agruras da guerra. Seu intuito era imprimir novo vigor às pessoas, a partir da luz do humanismo budista. Nesse dia, um jovem esteve nessa atividade a convite de dois amigos. Seu nome era Daisaku Ikeda. Ao ouvir as explanações de Toda sensei, ele se sentiu acolhido pelo olhar e pelas explicações benevolentes sobre a dignidade da vida humana. Por fim, o jovem declamou um poema em agradecimento à atenção desprendida por todos, especialmente por Toda sensei. No trecho final dos versos, as palavras deixaram todos extasiados, uma vez que era o primeiro contato de Daisaku Ikeda com o Budismo de Nichiren Daishonin. As palavras eram: Neste encontro ideal, sou eu quem surge da terra!.1 De certo modo, esse “encontro” foi determinante para que a relação entre Josei Toda e Daisaku Ikeda como mestre e discípulo fosse firmada, e uma etapa de consolidação e propagação dos ensinamentos de Nichiren Daishonin, estabelecida. A partir dessa ocasião, milhares de pessoas ao redor do mundo puderam constituir vínculo com a Soka Gakkai e o budismo e ter a existência verdadeiramente transformada de modo positivo. Embora os fatos trazidos no início do texto sejam sensíveis e taciturnos, foram eles que resultaram na construção da Soka Gakkai, uma instituição comprometida com a paz e a felicidade de todas as pessoas. Assim como descrito por Nichiren Daishonin, “Um grande mal prenuncia a chegada de um grande bem”.2 Acompanhe o Especial nas p. 8 e 9 da edição com detalhes do dia 14 e 24 de agosto, datas memoráveis para a organização. Ótima leitura! Notas:1. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 206, 2022.2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 390, 2017.
08/08/2024
Encontro com o Mestre
BS
Cresçam em direção ao grande céu do amanhã
Visando ao cume do centenário de fundação da Soka Gakkai, como herdeiros sucessores da organização, fortaleçam-se, pondo “o estudo em primeiro lugar” e “a saúde em primeiro lugar”, e desenvolvam-se de forma magnífica. Com espírito corajoso, dedicando-se à prática da fé, quero que trilhem absolutamente pelo grandioso caminho do não abandono da fé por toda a vida. Hoje, diante de vocês, tão preciosos, o caminho está aberto, infinitamente. Um futuro de esperanças e de glórias os aguarda. A época em que, finalmente, vocês surgirão bailando para conduzir a humanidade rumo à paz e à felicidade, chegará daqui para a frente. * * * Neste verão, quero que registrem a lembrança, mesmo que seja somente uma, de que “Eu me esforcei”, “Eu rompi os limites”, ou “Tornei-me alguém capaz”. Cada uma dessas recordações se transformará na força e na convicção para escalar a montanha de glórias e de vitórias do século 21. * * * O importante é acreditar plenamente em si mesmo. Deve-se tornar alguém com força e sabedoria. Deve-se valorizar a si próprio. Deve-se perseverar nas ações com base na crença, uma vez definida, sem arrependimentos. Esse é o verdadeiro caminho de mestre e discípulo. Vamos, agora, trilhar com alegria até o fim pelo grande caminho da coragem e da esperança! Vamos empunhar a espada preciosa da Lei Mística, de respeito ao homem e pela dignidade da vida! Pelo bem da paz e segurança do planeta! Para criar o amanhecer da humanidade! * * * A vocês, que crescem rumo ao grande céu do novo século! Pelo bem do futuro, devem polir e aprimorar a si mesmos, trabalhar e estudar, assumindo as árduas tarefas com alegria e coragem. O suor dourado da juventude se tornará, sem falta, o tesouro da vida a adornar a si próprio para sempre. Eu consigo enxergar. Acima das árvores, crescendo com exuberantes folhas verdes, rumo ao amanhã, um glorioso arco-íris brilhando intensamente! No topo: Árvores verdejantes crescem em direção ao grande céu. Desenvolvem-se retas, como se competissem entre si. Foto tirada por Ikeda sensei no Monte Kirigamine, província de Nagano, em agosto de 1999. Naquele mesmo mês, o Mestre ofereceu uma mensagem aos membros da Divisão dos Estudantes: “Valorizem a si mesmos! Valorizem os seus pais! Valorizem as suas famílias! Valorizem os seus amigos! E, valorizem o seu dia a dia!”. Em 15 de julho de 2024, começou o período de avanço dinâmico da Divisão dos Estudantes [no Japão] (até 31 de agosto). Além disso, em julho e agosto, será realizada a Reunião de Palestra dos Estudantes em todo o Japão. Junto com os amigos sucessores, façamos deste verão [japonês], a estação do desenvolvimento em que brilha o espírito de desafio! Foto: Seikyo Press. Fontes: Este texto tem como base as palavras de Ikeda sensei extraídas, respectivamente, dos seguintes trechos de Mirai-no Kibo “Seigi-no Sosha” ni Okuru: Kyodai-sho — Gakkai no Dendo “Nan-o Norikoeru Shinjin” [Dedico à Divisão dos Estudantes, Corredores da Justiça — Nossa Esperança no Futuro: Carta para os Irmãos — “Prática da Fé para Vencer as Adversidades”, a tradição da Gakkai]; Zuihitsu Ningen Shori no Kodo: Kibo-no Kodo-o Tomodomo-ni [Ensaio — Caminho Resplandecente do Triunfo Humano: Juntos, o Caminho Resplandecente da Esperança]; Mirai-no Kibo Seigi-no Sosha ni Okuru: Abutsubo-gosho — Jishin-no Kyochu-no Takara-ni Mezameyo [Dedico à Divisão dos Estudantes, Corredores da Justiça — Nossa Esperança no Futuro: A Torre de Tesouro — Despertem para o Tesouro do seu Interior]; romance Nova Revolução Humana, capítulo “Brado da Vitória”, volume 30-II.
08/08/2024
Encontro com o Mestre
BS
Fale imponentemente sobre esperança e convicção
Trechos do discurso proferido pelo presidente Ikeda no gongyo comemorativo do 45º aniversário da Declaração pela Abolição das Armas Nucleares do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, e na sessão de perguntas e respostas com os participantes do Curso de Aprimoramento dos Jovens da SGI em setembro de 2002. O vídeo gravado foi exibido durante a mais recente Reunião de Líderes da Soka Gakkai, realizada em Tóquio, em 29 de junho de 2024 Os benefícios acumulados com a luta em prol do kosen-rufu são eternamente indestrutíveis pelas “três existências” — passado, presente e futuro. Com relação aos benefícios, Nichiren Daishonin afirma: “Este [ideograma ku de kudoku (“benefício”)] se refere também a eliminar o mal, e o ideograma doku, a realizar o bem”.1 Assim, o ideograma ku de kudoku (“benefício”) possui o significado de eliminar o mal. Sem eliminar a impureza, ou o mal inerente à vida, não é possível conquistar a verdadeira felicidade. É por isso que se deve lutar contra a maldade. Atualmente, vocês estão liderando o grande movimento pela paz e pela justiça em todo o mundo. A partir desses árduos esforços, à luz do Gosho e dos sutras, com certeza, surgirão infindáveis benefícios. A suprema Lei para a solução dos problemas Os sentimentos humanos são realmente insondáveis. Eles são bastante inconstantes. Alegria, tristeza, raiva, sofrimento — a vida se transforma de momento a momento. A existência de cada pessoa também muda constantemente. Em meio a essas mudanças, como avançar na órbita certeira da felicidade? Essa é uma questão fundamental que a humanidade vem buscando resolver por milhares ou dezenas de milhares de anos. Foi Nichiren Daishonin quem mostrou a Lei fundamental para a solução desse problema essencial da vida. Em outras palavras, ele elucidou claramente o caminho para edificar a condição de felicidade absoluta no interior da vida das pessoas, rompendo todo tipo de carma, por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo ao Gohonzon. Nichiren Daishonin declara: “Agora, quando Nichiren e seus seguidores acreditam e aceitam [recitar] o Nam-myoho-renge-kyo [ao Gohonzon], eles obtêm a posse da grande joia preciosa [exposta no sutra]”.2 Essa “grande joia preciosa”, a Lei Mística, é o maior de todos os tesouros. Manifesto o mais sincero respeito a vocês, nobres mensageiros do Buda, possuidores dessa “grande joia preciosa”. 3ª Reunião de Líderes da Soka Gakkai, realizada radiantemente no Auditório Memorial Toda de Tóquio, em Sugamo, observada pelos retratos dos três primeiros presidentes, com a participação de 260 representantes de sessenta países e territórios. Ultrapassando fronteiras e etnias, reverberou o apaixonado coração dos jovens em “decididamente, fazer do século 21 o século da paz”. Na ocasião, foi transmitido um vídeo com o discurso de Ikeda sensei, intitulado “Fale Imponentemente sobre Esperança e Convicção” (29 jun. 2024) O que é o supremo bem? Embora haja limitação de tempo, gostaria de reservar uma parte da reunião para uma sessão de perguntas e respostas com vocês, que vieram ao Japão de locais tão distantes. [“De que forma devemos interpretar o bem e o mal?” — pergunta um representante da DMJ, dos Estados Unidos.] Essa é uma questão extremamente difícil. Existem disputas e conflitos de interesse em variadas dimensões, seja em questões de ordem internacional, individual, familiar, seja em muitas outras. Em diversas situações, é difícil determinar qual lado pertence ao bem e qual lado representa o mal. Então, o que pode ser considerado o bem? E o que pode ser considerado o mal? O que é o bem e o mal? Essas questões sempre foram de extrema importância para a humanidade. A única coisa que se pode afirmar é que o Nam-myoho-renge-kyo é o bem maior entre todas as formas de bem. O Nam-myoho-renge-kyo é a grande Lei, eternamente imutável, que permeia o universo. Por ser uma Lei, não foi criada por ninguém e não há como mudá-la. É uma verdade. Na essência da vida, existem os “dez mundos”. Em nossa vida, há o estado de buda. Não é algo a ser criado, e sim uma condição que emerge da vida das pessoas. O Gohonzon existe para fazer emergir esse estado. Além disso, acreditar e abraçar a Lei Mística, e viver em prol do kosen-rufu, constituem o ato do mais elevado bem. Acima de tudo, gostaria de acrescentar que tirar a vida de alguém é um ato de absoluto mal. Aconteça o que acontecer, não se deve matar uma pessoa. Pelo contrário, as ações que visam salvar as pessoas e conduzir o mundo à paz são de justiça e um ato do bem. [“Gostaria de obter um direcionamento sobre como transmitir a grandiosidade do budismo para os jovens amigos da mesma geração.” — solicita uma integrante da DFJ, da Austrália.] Deve-se falar com confiança e relatar convictamente sua própria experiência da fé. Isso corresponde a plantar as sementes da felicidade e da esperança na vida da pessoa. Certamente, algum dia, essas sementes germinarão, estenderão suas raízes e farão desabrochar flores. Até lá, deve-se aguardar a época, continuando a orar. Retrato de Ikeda sensei recentemente instalado ao lado das fotos dos presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, no Auditório Memorial Toda de Tóquio, onde foi realizada a 3ª Reunião de Líderes da Soka Gakkai no dia 29 de junho deste ano Uma vida de vitórias O século 21 não será apenas de fatos animadores. Haverá países e sociedades que se defrontarão com diversos tipos de dificuldades, provações e confusões. No entanto, espero que nós, que abraçamos a Lei Mística, possamos nos fortalecer para viver de forma animada e prazerosa, independentemente da época. E, com nossas forças, construamos um país e uma comunidade local em que as pessoas possam viver felizes. É para isso que promovemos o movimento de propagação do budismo. Não há nada mais valioso nem outro caminho melhor que viver pelo kosen-rufu. De toda forma, a vocês, que vieram de tão longe, manifesto verdadeiramente profunda gratidão. Oro com devoção para que todos, sem exceção, construam uma existência magnífica e uma família maravilhosa. É uma vida extremamente importante. Adornem sua vida memorável, de máximo valor, com muitas vitórias! Publicado no jornal Seikyo Shimbun do dia 15 jul. 2024. Leia os discursos na íntegra no Brasil Seikyo, ed. 1.690, 1o mar. 2003, p. A3 e A4. Saiba mais Veja matéria sobre a 3ª Reunião de Líderes da Soka Gakkai, clicando aqui. No topo: “Vamos viver juntos até o fim! Pelo bem e felicidade da humanidade!” Louvando os companheiros do exterior que se reuniram no Curso de Aprimoramento dos Jovens da SGI, Ikeda sensei incentiva cada pessoa no Centro Cultural Soka (da época), em Shinanomachi, Tóquio (set. 2002) Fotos: Seikyo Press Notas:1. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 148.2. Cf. Ibidem, p. 55.
08/08/2024
Especial
BS
Vidas unidas por um sublime ideal
Dois anos haviam se passado após o término da Segunda Guerra Mundial e o Japão sofria com as consequências do conflito. Era 1947 e Josei Toda dedicava-se intensamente a reconstruir a Soka Gakkai e a propagar o Budismo de Nichiren Daishonin, objetivando transformar a realidade da sociedade. Em meio aos membros da organização, começaram a despontar jovens que aprendiam a alegria de realizar o shakubuku, como dois amigos, um rapaz e uma moça, que moravam no distrito Kamata, em Tóquio. Com pouco mais de 20 anos, eram colegas desde o ensino fundamental 1 e procuravam por conhecidos para convidá-los a participar das atividades. Dentre eles estava o jovem Daisaku Ikeda, de 19 anos. Os amigos foram várias vezes à casa dele, mas não conseguiram falar diretamente sobre a prática da fé. Para os jovens daquele período, além da cultura e da política, conversas sobre religião eram distantes da realidade. Quando entravam no quarto, viam a estante repleta de obras literárias de diversas épocas e lugares. Embora conhecessem alguns títulos e nomes de autores, não sabiam muito bem sobre o conteúdo delas. Certo dia, percebendo o interesse de Daisaku Ikeda por filosofia, a jovem o convidou para uma reunião de palestra, dizendo que era uma “conversa sobre filosofia”. Ele indagou se seria uma palestra sobre Henri Bergson (1859-1941), filósofo francês pelo qual nutria admiração, e quem seria o palestrante. A amiga respondeu que seria Josei Toda e que se tratava de uma filosofia que elucidava fundamentalmente a vida. O jovem concordou e disse que levaria amigos de seu grupo de estudos também ao encontro. Encontro ideal Na noite da atividade, 14 de agosto, os amigos vieram buscar o jovem Ikeda, porém ele estava esperando por dois colegas que o acompanhariam. Enquanto aguardava, sentia o cansaço decorrente de uma febre que havia surgido desde o fim da tarde. Sua saúde se encontrava bastante debilitada nessa ocasião. Finalmente, os colegas chegaram e os cinco jovens foram caminhando pelas ruas sem iluminação até a casa da jovem onde seria realizada a reunião. Por volta das 20 horas, chegaram à residência e podia-se ouvir a voz animada, embora rouca, de um homem de meia-idade. Cerca de vinte pessoas estavam sentadas em duas salas cujas divisórias haviam sido retiradas. Na parte da frente, um senhor de óculos com lentes grossas palestrava em tom calmo, mas enérgico. Daisaku Ikeda e seus amigos achavam que seria uma reunião de jovens, no entanto, havia também donas de casa e pessoas de idade que ouviam atentamente. A explanação de Toda sensei era sobre o escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra. Uma moça lia o trecho original da obra e ele dava a explicação de forma vigorosa. À medida que ouviam, os três jovens perceberam que se tratava de uma palestra sobre o budismo. Ikeda sensei relembra esse momento: O Sr. Toda, meu mestre, aguardava-me como um pai afetuoso. Foi um momento solene, eterno, que abarcou as três existências. Foi o dia do juramento de um discípulo — o meu — de me tornar discípulo do Sr. Toda e de devotar minha vida ao kosen-rufu. (...) Na explanação que ele fez nessa primeira vez que participei numa reunião, o Sr. Toda imprimiu forte paixão e determinação num alerta às pessoas. Foi um rugido do leão proclamando a essência do Budismo de Nichiren Daishonin. A explicação do Sr. Toda não era de um budismo antiquado e ultrapassado. Revelava um caminho grandioso com a promessa de um futuro brilhante, que transbordava convicção e dinamismo. (...) Após concluir sua explanação, o Sr. Toda iniciou um diálogo informal. Ele mastigava pastilhas de menta e se portava com naturalidade e descontração. Não demonstrou a mínima atitude de superioridade pretensiosa e arrogante que muitos falsos líderes políticos e religiosos exibem. Estava sendo ele mesmo. Embora aquele fosse o nosso primeiro encontro, senti-me à vontade para fazer qualquer pergunta que guardava em meu jovem coração. Lembro-me de ter arriscado, com certa intensidade, esta questão: “Senhor, qual é o modo correto de vida?”. O Sr. Toda me deu uma resposta clara, com plena convicção, isenta de qualquer jogo intelectual ou desonestidade que obscurecesse o verdadeiro ponto de minha pergunta. Eu estava cansado de adultos que tratavam os jovens com uma superioridade paternalista, por isso, a sinceridade do Sr. Toda me tocou profundamente. Além disso, não suportava políticos e intelectuais que haviam cantado hinos em louvor à guerra, mas de repente se transformaram em pacifistas depois que os combates acabaram. O fato de o Sr. Toda ter sido perseguido pelas autoridades militares e passado dois anos encarcerado por sustentar suas crenças foi o fator decisivo para eu me tornar seu discípulo.1 Em determinado momento, o jovem Ikeda contempla algo, com olhares atentos, o que deixou sua face inteiramente corada. Parecia estar impaciente, desejando se pronunciar novamente. De súbito, levantou-se decidido e externou: — Sensei, muito obrigado. Há um antigo ditado que diz: “Faz bem pensar mais uma vez, mesmo que concorde. É bom pensar novamente, mesmo que discorde”. Acreditando nas palavras do senhor ao me sugerir que como jovem estudasse e colocasse em ação, gostaria de segui-lo e me empenhar nos estudos. Nesse momento, gostaria de expressar meu sentimento de gratidão com um poema, embora não tenha nenhuma habilidade e tenha sido de improviso...2 Josei Toda concordou, em silêncio. O rapaz fechou levemente os olhos e começou a declamar com sua voz sonora: Ó viajante! De onde vens? E para onde irás? A lua desce no caos da madrugada, mas vou andando antes de o Sol nascer. à procura de luz. No desejo de varrer as trevas de minh’alma, a grande árvore eu procuro que nunca se abalou na fúria da tempestade. Neste encontro ideal, sou eu quem surge da terra!3 Todos ficaram surpresos. Para Josei Toda, especialmente, a última frase soou de forma muito significativa. “Sou eu quem surge da terra!” — era a missão dos bodisatvas da terra que surgiram nos Últimos Dias da Lei para propagar o ensinamento do budismo. Naturalmente, o jovem Ikeda não conhecia esse conceito. Ele retratava no verso o sentimento que carregava no coração ao observar a força vital da natureza demonstrada pelo nascimento vistoso das plantas e árvores verdejantes que, com a chegada da época certa, emergiam dos campos devastados pela guerra. Entretanto, Toda sensei pressentia que tudo aquilo havia sido místico: o encontro com aquele rapaz de 19 anos o lembrava do que tivera com seu mestre, Tsunesaburo Makiguchi. “Se o budismo é certo, deverá surgir infalivelmente uma relação de mestre e discípulo entre as duas pessoas que infalivelmente deverão realizar uma revolução religiosa sem precedentes na história da humanidade”, era o que pensava Josei Toda. Ikeda sensei recebeu o Gohonzon e se converteu ao Budismo Nichiren em 24 de agosto de 1947. Embora sua família, a princípio, não fosse a favor de sua prática, o jovem não hesitou, inspirado pela confiança que Josei Toda depositava nele, como afirma: Ele confiava em mim, e me dizia: “Vamos, não hesite! Desafie seu espírito de procura comigo! Estude e pratique com coragem, assim como cabe a um jovem!”. Minha intuição de jovem dizia-me que podia seguir com segurança aquele homem que havia sido preso durante a guerra em defesa da paz e do budismo. Nesse sentido, 24 de agosto marcou meu ingresso na “Universidade Toda”. Uma vida dedicada à verdade tem início com a relação entre mestre e discípulo.4 Em pouco mais de dez anos de convívio, mestre e discípulo tiveram uma existência em perfeita harmonia e união, conquistando grandes feitos como a concretização de 750 mil famílias ao budismo, a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, em 1957, e a Cerimônia do Kosen-rufu, realizada em 16 de março de 1958. Após o falecimento de Josei Toda, Ikeda sensei assumiu a terceira presidência da Soka Gakkai em 3 de maio de 1960. Em outubro daquele ano, partiu para a primeira viagem ao exterior a fim de propagar o budismo em diversos países, dentre eles o Brasil. A partir de então, veio se empenhando incansavelmente para cumprir os ideais do seu mestre e impulsionar o movimento pelo kosen-rufu. Suas numerosas realizações vão desde a criação do sistema educacional Soka e a dedicação em escrever livros até a fundação de instituições como o Museu de Arte Fuji de Tóquio e a Associação de Concertos Min-On; dos diálogos com diversas personalidades mundiais às homenagens recebidas de cidades, universidades e outras instituições, reconhecendo seus esforços pela paz, cultura e educação. A sublime relação de mestre e discípulo, eternizada em sua máxima obra literária, o romance Nova Revolução Humana, é a base do desenvolvimento da Soka Gakkai e da transformação da vida de milhões de pessoas em vários países por meio da prática do Budismo de Nichiren Daishonin. Em 15 de novembro de 2023, Ikeda sensei encerrou sua nobre existência, tendo cumprido todos os anseios do seu mestre, Josei Toda, e criado sucessivas ondas de jovens “valores humanos” que se encarregam de perpetuar seu legado e que dedicam a vida a concretizar o sublime propósito da paz e da felicidade da humanidade. Dica de leitura No livro Revolução Humana, v. 2, você conhece mais detalhes sobre o primeiro encontro do jovem Daisaku Ikeda com seu mestre, Josei Toda. Mais informações no site do Clube de Incentivo à Leitura (CILE), clicando aqui. Fontes:Brasil Seikyo, ed. 2.615, 16 jul. 2024, p. 8 e 9.Idem, ed. 2.574, 8 ago. 2021, p. 6 e 7.IKEDA, Daisaku. Emergindo da Terra. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 187-207, 2022. Notas:1. IKEDA, Daisaku. Pilares de Ouro Soka. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 51-55.2. Idem. Emergindo da Terra. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 205, 2022.3. Ibidem, p. 206.4. IKEDA, Daisaku. Pilares de Ouro Soka. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 63. *** Passe para o lado e veja mais fotos. Foto: BS/Colaboração local Avanço dos companheiros da DS A data que marca a conversão do presidente Ikeda ao Budismo de Nichiren Daishonin, em 1947, foi adotada como Dia da Divisão Sênior, por seu profundo significado. A oficialização ocorreu em 1976, na comemoração do décimo aniversário de fundação da divisão. Na ocasião, ficaram evidentes a base e a missão dos seus membros — caminhar ao lado de Ikeda sensei, com a responsabilidade de liderar as atividades pelo kosen-rufu, e ser exemplo para as demais divisões. Todos reconfirmaram as diretrizes eternas lançadas dez anos antes, quando da fundação da Divisão Sênior (DS) em 5 de março de 1966, reunindo 750 representantes. Então, estas três diretrizes eternas são a base de atuação dos componentes da DS: 1) Ser vitorioso no local de trabalho; 2) Ser um líder que contribui para o bem-estar da comunidade; 3) Ser um pilar de confiança na organização. Conforme consta no capítulo “Coroa de Louros” do romance Nova Revolução Humana, a fundação da Divisão Sênior teve origem em um projeto do presidente Ikeda de promover a sintonia entre os veteranos e os jovens no processo de desenvolvimento da Gakkai. Ele desejava que o potencial dos jovens como força propulsora das atividades fosse desenvolvido e bem direcionado por meio da experiência e da seriedade dos membros da DS. Na reunião de fundação, ele disse: O avanço da Soka Gakkai é desenvolvido com a cooperação entre as divisões. Entretanto, da mesma forma como o marido ou o pai é o pilar da família, a Divisão Sênior é a principal responsável pelo progresso da nossa organização. No distrito, é a responsável pelo distrito; na comunidade, é a responsável pela comunidade. Naturalmente, a Divisão Sênior vai se preocupar em desenvolver seus membros, mas não poderá pensar que é uma divisão como as outras. Terá a missão de manter a harmonia entre as divisões e proteger com responsabilidade a Gakkai e seus integrantes.1 A BSGI foi a primeira organização fora do Japão a ter uma Divisão Sênior. No dia 5 de março de 1982, quando se comemoravam dezesseis anos de fundação da DS da Soka Gakkai, sem que ninguém esperasse, o presidente Ikeda anunciou a possibilidade de o Brasil fundar a própria estrutura. Assim, a data de 5 de março é oficialmente considerada como a da fundação da Divisão Sênior da BSGI. No entanto, devido aos preparativos para se estabelecer uma estrutura para a nova divisão, a reunião ocorreu em 4 de abril do mesmo ano. Os integrantes da Divisão Sênior carregam a missão fundamental de proteger a organização e proporcionar as condições necessárias para o florescer de pessoas valorosas que impulsionam o avanço do kosen-rufu, enquanto se desenvolvem como verdadeiros pilares de ouro que comprovam os ideais do Mestre. Dica de leitura No livro Pilares de Ouro Soka, escrito por Ikeda sensei, você encontra uma coletânea de suas orientações dirigidas aos integrantes da Divisão Sênior. Mais informações no site do Clube de Incentivo à Leitura (CILE), clicando aqui. Fonte:Brasil Seikyo, ed. 2.640, 12 ago. 2023, p. 7. Nota:1. IKEDA, Daisaku. Coroa de Louros. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 10, p. 258, 2019. No topo: Ilustração mostra Daisaku Ikeda, em pé, em sua primeira reunião de palestra, com a participação do seu futuro mestre, Josei Toda, de costas. Foto: Kenichiro Uchida
08/08/2024
Novo livro
BS
Harmonia e esperança para transformar o mundo
As explanações dos escritos de Nichiren Daishonin compiladas na série “Budismo do Sol — Iluminando o Mundo”, de autoria de Daisaku Ikeda, originalmente, foram publicadas no Japão a partir de 2016. Alguns anos mais tarde, também foram veiculadas na editoria Estudo, da revista Terceira Civilização. A série traz explicações detalhadas e práticas de conceitos básicos e, ao mesmo tempo, profundos do budismo a partir de trechos selecionados das obras de Daishonin. Transformada em livros, a série teve seu primeiro volume, Século da Saúde, publicado pela Editora Brasil Seikyo em 2023, e o segundo, Fé, Prática e Estudo, em março deste ano. O próximo volume, Budismo de Harmonia e Esperança: Rumo à Era do Humanismo, a ser lançado em setembro, reunirá artigos esclarecendo as principais características que fazem do Budismo Nichiren uma religião focada no ser humano e capaz de oferecer respostas aos desafios enfrentados no mundo todo hoje. A “harmonia” do título remete à união, à cooperação, à compaixão e ao respeito cultivados diariamente por aqueles que tomam a decisão de abraçar o budismo; a “esperança”, por sua vez, se traduz no comportamento de assumir o protagonismo do próprio destino e a responsabilidade pela construção de um mundo melhor. Ambas, harmonia e esperança, quando postas em ação dessa forma, estabelecem firmes bases para uma nova era que surge no horizonte, na qual prevalecerá o respeito pela dignidade da vida e todas as pessoas poderão expressar livremente sua humanidade. Por que se diz que o budismo é a religião de mestre e discípulo? Qual é o significado de “bons amigos” e por que ter esses amigos já constitui, em si, o caminho da iluminação? O que significa a expressão “budismo da semeadura” e por que é dada tanta ênfase à realização de shakubuku? Os artigos de Daisaku Ikeda incluídos nesse lançamento fornecem respostas a essas e a outras perguntas que costumam surgir com frequência, principalmente no início da prática budista. Assim como os dois volumes anteriores, Budismo de Harmonia e Esperança é um livro de estudo que, com certeza, será muito apreciado por novos membros por abranger temas essenciais ao entendimento do budismo. Praticantes mais veteranos e líderes também poderão aproveitá-lo, já que a obra, com suas 128 páginas, é leve, fácil de carregar e prática para ser usada em atividades e nas visitas. Os assinantes do Clube de Incentivo à Leitura (CILE) receberão o livro em setembro. Na modalidade digital, o lançamento será disponibilizado na plataforma também em setembro. Quem não faz parte do CILE poderá adquiri-lo a partir de outubro. Veja aqui os kits de setembro para cada plano do CILE PLANO DIAMANTE Livros são joias preciosas. O Diamante é o plano de assinatura do CILE perfeito para você que gosta de uma experiência completa de leitura no formato físico. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 brinde especial 1 marcador de página Resenha digital e conteúdos extras 52,00/mês + Taxa de entrega PLANO OURO O Ouro é o plano de assinatura do CILE ideal para os leitores que estão iniciando a jornada de incentivo à leitura. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 marcador de página 32,00/mês + Taxa de entrega Vídeo sobre o livro Budismo de Harmonia e Esperança Confira no Instagram o vídeo spoiler do lançamento de setembro, clicando aqui. Quer fazer parte do CILE? Para garantir a sua leitura e receber essa obra no mês de setembro, assine o CILE até 31/08/2024. Acesse o site: www.cile.com.br Para os assinantes do CILE Digital, a obra ficará disponível a partir do dia 01/09/2024 em www.ciledigital.com.br
08/08/2024
Curtas
BS
Badalem altivamente o segundo ciclo dos “Sete Sinos” da paz mundial
A 3a Reunião de Líderes da Soka Gakkai foi realizada no dia 29 de junho no Auditório Memorial Toda de Tóquio e contou com a participação dos jovens do Japão e de outros sessenta países e territórios. Os retratos do primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi; do segundo presidente, Josei Toda; e do terceiro presidente, Daisaku Ikeda, recentemente instalado, pareciam observar, de forma carinhosa, a alegria dos jovens emergidos da terra de todo o mundo. Cerca de 70% dos membros da SGI que se reuniram nessa oportunidade participavam pela primeira vez do Curso de Aprimoramento da SGI no Japão. No encontro, houve relatos e palavras de decisão de representantes dos países. E, também, os líderes das Divisões Masculina, Feminina de Jovens e dos Universitários do Japão expressaram sua determinação dando uma nova partida rumo a 2030. Representantes dos países expressam sua decisão de atuação pelo kosen-rufu O presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, falou sobre o seu encontro com o papa Francisco no mês de maio e enfatizou que o desejo da Soka Gakkai é concretizar o ideal do novo ciclo dos “Sete Sinos” indicado por Ikeda sensei em prol da paz mundial. Discurso na íntegra, cllque aqui . Na ocasião, foi exibido um vídeo do discurso do presidente Ikeda proferido no Gongyo pela Paz Mundial realizado em setembro de 2002. Leia mais Matéria sobre o encontro do presidente Minoru Harada com o papa Francisco no BS+ e no site da Editora Brasil Seikyo. Acesse: https://www.brasilseikyo.com.br/central-de-noticias/noticia/999562537 Fonte: Texto traduzido e adaptado do Seikyo Shimbun do dia 30 de junho de 2024. Fotos: Seikyo Press No topo: Presidente Minoru Harada incentiva participantes da Reunião de Líderes
11/07/2024
Matéria da Divisão Feminina
BS
Ser feliz neste exato momento
Queridas amigas! Desejamos que todas estejam bem. Chegamos em julho, início do segundo semestre do “Ano do Descortinar da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”. Quantas oportunidades tivemos durante esses primeiros seis meses, não é mesmo? Celebramos os 31 anos da Divisão Feminina do Brasil, apoiamos os jovens na rede dos cem jovens por distrito e na maravilhosa Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo, culminando nos encontros comemorativos alusivos aos 73 anos da nossa amada divisão, considerando ainda o trabalho e a família. Agradecemos a todas, do fundo do coração, pela correria no planejamento, daimoku, diálogos e visitas. Gratidão! Ikeda sensei afirma: As vitórias em cada tarefa diária se acumularão como boa sorte e produzirão grandes benefícios no futuro. Ao atuarmos dessa forma, aprendemos também a fórmula para vencer no curso da vida. Por outro lado, a convicção que formamos em nosso coração ao participar das atividades se manifestará como uma grande força para podermos superar as dificuldades da nossa vida. Nos escritos consta que “budismo é vitória ou derrota”.1 Isto quer dizer que a vida se resume em vitória ou derrota; não há meio-termo. Ou somos derrotados pelas maldades que tentam destruir nossa vida ou vencemos dignamente como seres humanos. Podemos dizer que a felicidade é uma luta que se inicia vencendo, antes de qualquer coisa, fraquezas como a covardia, o medo, a preguiça etc. A revolução humana significa vencer a si mesmo. A academia onde se exercita a revolução humana é o palco das atividades da Gakkai.2 Que oportunidade única em nossa vida poder transformar, de forma positiva, tudo à nossa volta, revolucionando a nós próprias e apoiando aqueles ao nosso redor! “Prática da fé para manter a boa saúde e obter longevidade” é a quarta diretriz eterna da Soka Gakkai. E um ponto importante é que, para dar conta de tudo, precisamos cuidar da nossa saúde física e mental. Que tal aproveitar o período de recesso e passar um tempo com a família, assistir a doramas, iniciar a academia ou simplesmente sentar-se e relaxar? De acordo com a Constituição da Organização Mundial da Saúde: “A saúde é um estado de completo bem‑estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade”.3 Sabemos que a correria do dia a dia é diferente para cada uma de nós, mas encontrar um equilíbrio é fundamental para viver cada dia mais feliz. O que constitui a verdadeira saúde? Compartilhamos um trecho do pensamento do nosso querido mestre na Nova Revolução Humana: Saúde não é apenas a ausência de doenças. Tampouco consiste simplesmente no bem-estar físico. Saúde genuína é o estado no qual tanto o corpo como a mente estão vigorosa e solidamente engajados no processo de criação. A verdadeira saúde é a capacidade de superar todas as formas de adversidades e empregar até mesmo a pior das circunstâncias como um trampolim para um novo crescimento e desenvolvimento. Explicando de forma simples, a essência da saúde é a constante renovação e rejuvenescimento da vida. A entidade fundamental que torna possível tal renovação da vida pode ser percebida dentro de nós como o mundo do estado de buda ou a condição de vida do Buda. Acredito que o Budismo Nichiren, que abre o caminho para essa renovação da vida no mundo real, ensine a fórmula para se manter a saúde no âmbito mais fundamental.4 Preciosas companheiras, com base na oração de “muito mais daimoku”, vamos cuidar da nossa saúde e reconfirmar os objetivos que lançamos. Que venha o segundo semestre e com ele muitas alegrias e vitórias! Um forte e carinhoso abraço! Divisão Feminina da BSGI Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin, São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 95, 2019. 2. IKEDA, Daisaku. Expansão. Nova Revolução Humana. v. 8. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. 3. Cf. Disponível em: https://aps.bvs.br/lis/resource/?id=22006. Acesso em: 5 jul. 2024. 4. IKEDA, Daisaku. Tesouro da Vida. Nova Revolução Humana. v. 22. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. *** “Ao cuidar de si, você se capacita a cuidar melhor dos outros” Sueli Ogawa Consultora da Divisão Feminina da BSGI “Petaculosa” amiga! Espero que esteja bem. A frase do título acima é do escritor Franklin S. Carter. Com base nela, para este mês na matéria da Divisão Feminina, quero compartilhar uma mudança que iniciei em minha rotina diária. Meu marido, meus pais e eu moramos no litoral de São Paulo e, diferentemente de residir no centro da capital, agora tenho tudo a meu favor para fazer alguma atividade física, porém estava sempre adiando. Meus amados filhos constantemente chamavam a minha atenção para fazer caminhada na praia ou andar de bicicleta e eu dava uma desculpa de que um dia iniciaria. No começo do ano, criei coragem, determinei e passei a caminhar três vezes pela manhã na semana. Com essa decisão, faço meu gongyo, preparo o café da manhã, deixo a mesa arrumada para meus pais e meu marido, uso protetor solar e vou caminhar. Ao retornar para casa, após o banho, tomo meu café e recito daimoku. Confesso que, no início, o trajeto era modesto, mas, aos poucos, fui aumentando e consigo caminhar de quatro a seis quilômetros. Nosso querido mestre nos orienta: Temos de exercitar nosso pensamento com o estudo, nosso corpo com atividades físicas e esportes, e nossa condição de vida interior com daimoku. Quando nossa condição de vida muda, nosso pensamento e nosso corpo também mudam, ficando renovados e revitalizados. O daimoku carrega nossas baterias. Se tomarmos o cuidado de carregar as baterias com frequência, ficaremos sempre cheios de energia e vitalidade. Se não fizermos isso, não teremos energia no momento em que mais precisarmos e isso poderá fazer com que sejamos derrotados pelo nosso ambiente.1 E no livro Arte da Longevidade2, ele nos ensina: Se eu sugerisse quatro regras concretas para se manter a saúde, essas regras seriam: Em primeiro lugar, “dormir bem”. Em segundo, “andar bastante”. Em terceiro, “não se zangar”. Em quarto, “não comer em excesso”. Todas parecem simples, mas são importantes fundamentos. Vamos fazer de todos os dias os melhores da nossa vida e viver “Mais um Dia Feliz com Muito Mais Daimoku”, com uma pitada generosa de “SAL” [sabedoria, alegria e leveza] e com saúde! Um carinhoso abraço! Sueli, à dir., caminhando com amigas na orla da praia Dica de leitura Livro Arte da Longevidade. Mais informações no site do Clube de Incentivo à Leitura (CILE): https://cile.brasilseikyo.com.br/livro-arte-da-longevidade Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.484, 14 nov. 1998, p. 4. 2. IKEDA, Daisaku. Erguer-se ao Céu — O Espírito do 77º aniversário. Arte da Longevidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. *** Felicidade Uma pesquisa sobre felicidade realizada na Universidade Harvard1 constatou que as pessoas precisam de relacionamentos calorosos para ser felizes, desenvolver aptidão social da mesma forma que desenvolvem músculos na academia. Esta pesquisa demonstrou que as pessoas que conseguem ter relacionamentos calorosos têm menor probabilidade de contrariar doenças físicas e mentais com o passar dos anos. Em nossas atividades pelo kosen-rufu, em cada encontro, aprendemos a manifestar essa condição por meio do diálogo, do estudo do budismo e participando ativamente da construção da nossa organização. Encontros realizados no mês de junho pela Divisão Feminina No livro Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz, v. 1, Ikeda sensei cita seis condições para conquistar plena felicidade: 1. Senso de realização. 2. Possuir uma profunda filosofia. 3. Ter convicção. 4. Viver com alegria e entusiasmo. 5. Coragem. 6. Tolerância. E o Mestre comenta: As seis condições mencionadas estão essencialmente contidas na única palavra “fé”. Uma vida baseada na fé é uma vida de insuperável felicidade. Daishonin declarou: “Nam-myoho-renge-kyo é a maior das alegrias”.2 Desejo que todos saboreiem a verdade dessas palavras profundamente em sua vida e, colocando-as em prática, demostrem maravilhosas comprovações.3 Dica de leitura Livro Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz, v. 1. Mais informações no site do Clube de Incentivo à Leitura (CILE): https://cile.brasilseikyo.com.br/livro-sabedoria-felicidade-budismo Notas: 1. Cf. https://revistapegn.globo.com/gestao-de-pessoas/noticia/2023/02/esta-e-a-chave-para-a-felicidade-segundo-estudo-de-harvard-que-levou-85-anos-para-ser-concluido.ghtml. Acesso em 8 jul. 2024 2. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, 2004. p. 212. 3. IKEDA, Daisaku. O que é a Verdadeira Felicidade. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 39-44, 2022. Ilustração: GETTY IMAGES Fotos: Arquivo pessoal | Colaboração local | Reprodução
11/07/2024
Encontro com o Mestre
BS
Abraçar o ideal de vida
Cada um de nós possui uma missão e um curso de vida. Não precisamos tentar ser outra pessoa. A cerejeira tem a própria vida e a causa inerente para ser cerejeira. A ameixeira, o pessegueiro e o damasqueiro também possuem causas inerentes. Do ponto de vista do budismo, cada um de nós nasceu com uma missão neste mundo, e possui as próprias causas inerentes para ser quem é. Praticar a Lei Mística nos permite experimentar a alegria dessa descoberta. A mais elevada felicidade na vida é despertar nosso estado de buda inerente por meio do poder da fé na Lei Mística. IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 1: Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 196. * * * Inúmeras pessoas em todo o mundo já tiveram o coração ferido. Nossa missão é estender-lhes a mão para cicatrizar esses ferimentos e, por meio desses esforços, também cicatrizarmos os nossos. Quando se deparam com algum tipo de desventura, as pessoas tendem a pensar que ninguém é tão infeliz ou sem sorte quanto elas. Sentem pena de si mesmas e não enxergam nada além da própria condição. Elas mergulham num profundo sofrimento, nutrindo insatisfação e desesperança, e assim deixam minar ainda mais sua energia vital. Em situações como essas, o que fortalece a pessoa para que ela siga vivendo? Acredito que sejam os laços humanos — o desejo de viver pelo bem dos demais. Enquanto enxergarmos somente a nós mesmos, não haverá felicidade. Quando agimos em benefício dos outros imbuídos de coragem, a fonte da vida é revigorada. Quando cuidamos das outras pessoas e nos preocupamos com elas — quando as ajudamos a extraírem sua força vital —, nossa energia vital também aumenta. Quando ajudamos os outros a expandirem seu estado de vida, nosso estado de vida também se expande. Essa é a magnificência do caminho do bodisatva. A prática em benefício das outras pessoas e a que beneficia a nós mesmos é uma só, é a mesma. O discurso que só considera o ato de beneficiar os outros sinaliza certa arrogância, uma vez que está imbuído de presunção, como se estivesse fazendo o favor de “salvá-los”. Somente quando reconhecemos que nossos esforços pelo bem das outras pessoas também beneficiam a nós próprios é que se evidencia em nós o humilde senso de gratidão por termos a oportunidade de nos desenvolvermos. Nossa vida e a dos demais são inseparáveis. Por essa razão é vital que trilhemos o caminho do bodisatva. Ibidem, p. 221-222. * * * As pessoas muitas vezes tendem a pensar em felicidade como algo abstrato e distante da sua realidade. Elas imaginam, por exemplo, que seriam mais felizes se mudassem para outro lugar, se desfrutassem uma vida diária mais prazerosa e plena ou se pudessem mudar de trabalho. Sempre pensam que a grama do outro lado é mais verde e depositam sua esperança em mudanças das circunstâncias externas. Os jovens são particularmente suscetíveis a essa tendência. Entretanto, possuímos cada qual uma missão e habitamos onde devemos cumpri-la. É vitoriosa a pessoa que se firma no exato local em que se encontra e vive com perseverança e esperança, enfrentando com determinação as adversidades de sua vida. O curso de uma vida jamais deve ser como o das plantas aquáticas que não se assentam em lugar algum, sem rumo e sem propósito concretos. Por isso digo: “Cave bem debaixo de seus pés, e aí encontrará uma fonte” e “viva de um modo que seja verdadeiro para você”. Em resumo, o real senso de felicidade e o profundo senso de satisfação na vida estão dentro de nós. A Lei Mística é a Lei fundamental da vida. Por meio de nossa prática budista, podemos extrair o poder da Lei Mística para impulsionar nossa vida adiante. É por isso que o local de nossa prática budista e a sociedade se tornam a terra do buda. Somos capazes de transformar neste exato instante o local em que vivemos num lugar de vitória e felicidade. Ibidem, p. 56. * * * Não importando quais dificuldades enfrentemos ou em que circunstâncias possamos nos encontrar, possuímos uma nobre missão que somente nós podemos cumprir. Quando reconhecemos isso profundamente, tudo se transforma. Nascemos neste mundo, nesta época, para cumprir o grande juramento que fizemos no remoto passado. Nosso carma é nossa missão, é o palco no qual desempenhamos nosso magnífico drama de transformação de adversidade em triunfo. Por mais difícil ou desafiadora que a realidade de nossa vida possa ser, não há nenhum outro local onde possamos atingir a felicidade. IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 2: Revolução Humana.São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023. p. 71. * * * Os bodisatvas da terra sempre surgem corajosamente nos momentos e locais mais desafiadores. Na perspectiva da fé no Budismo Nichiren, as dificuldades que vocês estão enfrentando neste momento fazem parte da missão que escolheram. Avançar continuamente com essa convicção é a prova de que suas orações são imbuídas do juramento pelo kosen-rufu. Se estiverem enfrentando problemas que continuam a persistir — seja no trabalho, no âmbito financeiro, na saúde, nos relacionamentos ou algum outro tipo de desafio —, é importante orar sinceramente para superá-los. Sua inquestionável comprovação de vitória se tornará uma fonte de esperança e inspiração para os outros que estão enfrentando problemas semelhantes. Podemos transformar carma em missão por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo ao reconhecermos que assumimos voluntariamente o carma apropriado com o intuito de mostrar às pessoas o poder da Lei Mística nesta existência. Ibidem, p. 53. * * * O budismo não existe isolado da realidade social nem da vida dos seres humanos. Por mais válidos que sejam os ensinamentos budistas, não basta declarar esse fato aos brados para convencer as pessoas. É bem provável que essa maneira de proceder possa até afastar as pessoas do caminho do budismo, o que iria contra a intenção de Daishonin, que nos confiou a missão de concretizar o kosen-rufu. Quando tentamos ajudar as pessoas a compreender a grandiosidade do Budismo de Nichiren Daishonin, o primeiro aspecto que elas analisam é nossa conduta diária. Como conduzimos a nossa vida? Somos pessoas de caráter e integridade? Os outros nos observam atentamente. Se formos descuidados no que se refere a questões relacionadas a dinheiro ou não tivermos bom senso, se agirmos de forma arrogante ou pretensiosa, então, por mais maravilhoso que possa ser este budismo, as pessoas não acreditarão em nós. É essencial conquistar a confiança e compreensão das pessoas. O budismo nos ensina que, quando abraçamos a Lei suprema, podemos nos distinguir como pessoas de caráter incomparável. Ibidem, p. 110-111. * * * “Levantar-se só”, em termos práticos, significa cada um de nós assumir total responsabilidade pela missão de propagar a Lei Mística em todas as nossas esferas de influência, incluindo nossa família e comunidade. Todos nós temos relacionamentos — com familiares, parentes, amigos e outros — peculiares a cada um de nós. Na perspectiva da Lei Mística, esses vínculos constituem a real esfera de nossa missão, e cada uma dessas pessoas compartilha uma profunda relação cármica conosco. Somente nós somos responsáveis e qualificados a propagar a Lei Mística no exato local onde estamos. É o que torna o princípio de “levantar-se só” tão importante. Devemos ter a consciência de que nos encontramos aqui, agora, como emissários de Nichiren Daishonin. E é missão de um bodisatva da terra se levantar e entrar em ação em seu respectivo círculo. Nunca se esqueçam de que essa é a única forma de se realizar o kosen-rufu. IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 3: Kosen-rufu e Paz Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. p. 76. * * * A essência do grande juramento pelo kosen-rufu e a condição de vida do estado de buda são a mesma coisa. Portanto, quando dedicamos a vida a esse juramento, conseguimos revelar a suprema nobreza, força e grandiosidade de nossa vida. Quando permanecemos fiéis a esse juramento, a ilimitada coragem, compaixão e sabedoria do Buda emanam de dentro de nós. Quando nos empenhamos de todo o coração para cumprir esse juramento, o “veneno” do desafio mais árduo pode ser transformado em “remédio”, e o “carma”, em “missão”. Esse é o espírito de nossos infinitamente valorosos membros. Essa é a marca registrada de nossa invencível rede humanística Soka. Ibidem, p. 503-504. *** A luta para a vitória máxima na vida não é decidida pelo glamour imediatista e fugaz. Anos e anos defendendo a justiça sem barulho e com sincera dedicação somam-se; e, com o tempo, criam profundas raízes do bem e da vitória absoluta e geram a prosperidade de si e das pessoas com as quais se relaciona. A esperança é a flor que desabrocha através do esforço e da perseverança. A esperança é a recompensa de elevado orgulho dos que possuem virtude. Não importa se está sendo observada, andar, trabalhar e lutar derramando o nobre suor em prol das pessoas, da Lei e da sociedade. Bradar exaustivamente pela justiça, e espalhar continuamente, pessoa após pessoa, a solidariedade da paz. Não há pessoa mais célebre que a supere. O importante é se você está, ou não, brilhando como ser humano, se extrai sua força e capacidade. A fonte dessa energia é estar consciente e pleno de orgulho e convicção da sua missão. Na pessoa que vive assiduamente focada na missão aflora abundante e incalculável sabedoria, irrompe em profusão a coragem, a condição de vida se eleva e o futuro se abre. Eu corro hoje também! Corro pelo caminho da minha vitória! Não há solidão nas minhas ações e nem o menor temor. Em meu espírito há grandiosa luz. Nas profundezas da minha vida brilha num fulgor vivíssimo uma história que faz um dia equivaler a cem anos. Brasil Seikyo, ed. 2.258, 17 jan. 2015, p. B1. No topo: Casal Ikeda em encontro com os companheiros da SGI-Reino Unido, Centro Cultural de Taplow Court (jun. 1994) Foto: Seikyo Press
11/07/2024
Frase da Semana
BS
Frase da Semana
Fortes são as pessoas que têm consciência de sua missão, e belas são as que vivem por uma missão. Dr. Daisaku Ikeda IKEDA, Daisaku. Desbravadores. Nova Revolução Humana, v. 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 56.
11/07/2024
Caderno Nova Revolução Humana
BS
Nobreza do ser humano
PARTE 45 Os membros chegavam um após o outro lotando o recinto principal das ruínas do Castelo de Oka. Um sênior subia galantemente as escadarias de pedra vestido de terno. Um jovem caminhava com toda a disposição carregando uma pessoa idosa nas costas. Uma senhora caminhava a passos rápidos com suor brotando na testa. Os sorrisos trocados uns com os outros também eram radiantes. Shin’ichi Yamamoto desceu do carro no meio do caminho, e ao começar a subir para a cidadela externa da ruína do castelo, cerca de uma dezena de membros da Divisão Masculina de Jovens o aguardava. Eram os bravos jovens que lutaram até o fim para proteger os companheiros durante as investidas dos clérigos maldosos. Shin’ichi apertou firmemente as mãos de cada um e lhes transmitiu incentivos. Ao chegar ao recito principal da ruína, aproximadamente trezentas pessoas estavam reunidas. Quando viram Shin’ichi, irrompeu uma grande salva de palmas e ovações. — Vim aqui para me encontrar com os senhores. E vim para dar a partida rumo ao século 21 junto com os nobres e preciosos companheiros. Então, vamos tirar juntos uma foto comemorativa. Será a foto comemorativa da grande vitória dos membros de Takeda que ficará registrada na história do kosen-rufu. Dentre as pessoas reunidas, havia também algumas crianças. Na primeira fila, um menino de cerca de 2 anos estava no colo da avó. Shin’ichi pensou: “Não há dúvida de que essa cena é como a obra-prima da alma da canção do triunfo do povo, que ficará gravada para sempre nesse pequeno coração”. O fotógrafo do Seikyo Shimbun olhou pelo visor da câmera. Havia pessoas demais e não cabiam na foto. Sem alternativa, ele tirou a foto subindo nos ombros de outro fotógrafo. O semblante de todos os companheiros, que ultrapassaram as nuvens escuras das árduas e sofridas batalhas, estava radiante e iluminado. O céu azul se estendia tanto sobre a cabeça como no coração deles. O fotógrafo apertou o botão. Shin’ichi falou: — Já que viemos até aqui nas ruínas do Castelo de Oka, que tal cantarmos todos juntos a música Kojo no Tsuki [A Lua sobre o Castelo em Ruínas]! Com a regência do secretário da província Takeo Yamaoka, o grande coro começou a cantar. Shin’ichi também cantou com toda a sua força. Na primavera, festival das flores, no interior do castelo E no copo de saquê que circula entre as pessoas está refletido o brilho da lua... Ondas de emoção envolviam o coração dos companheiros. Desde que se mantenha a fé, sem falta despontará o sol da vitória. PARTE 46 Takeo Yamaoka, que regia a música Kojo no Tsuki [A Lua sobre o Castelo em Ruínas], tinha ido diversas vezes às terras de Takeda para protestar resolutamente contra a desumanidade dos sacerdotes e para percorrer a região a fim de incentivar os membros. Ele se recordou dos tempos difíceis em que teve de se manter firme e inabalável e também dos incentivos dedicados de corpo e alma por Shin’ichi Yamamoto, e não conseguia conter a ardente emoção que emanava de dentro de si. Budismo é vitória ou derrota. E o princípio místico de causa e efeito também é claro e rigoroso. Os nobres filhos do Buda que vieram avançando rumo ao kosen-rufu suportando e resistindo às tempestades de obstáculos e de maldades estufaram o peito de orgulho e cantaram entusiasticamente com o rosto corado. Cantando junto com todos, Shin’ichi conclamou em seu coração: “Vocês venceram! Como bravos generais do kosen-rufu, protegeram muito bem o castelo da justiça. Agora, é hora da nova partida! Vamos iniciar, juntos, a nova jornada. Rumo àquele cume do século 21!”. A canção se encerrou. — Muito obrigado! Ao dizer isso e elevar os braços formando um “v” como se louvasse a vitória dos companheiros de Takeda, ouviu-se em resposta o brado de Banzai! [“Viva!”]. — Banzai! Banzai! Banzai! Todos bradaram levantando as mãos com vigor. As vozes, em uníssono, propagaram-se pelo grande céu. Foi verdadeiramente o brado de vitória que anunciava o amanhecer da era do povo. — Jamais me esquecerei do dia de hoje, por toda a minha vida. Por favor, cuidem da saúde! Quando Shin’ichi começou a caminhar, a multidão de membros o seguiu conversando alegremente. O sol do inverno parecia sorrir no alto do céu. Após caminhar um pouco, ele reteve os passos e disse: — Hoje, eu também tirarei fotos dos senhores, que são os bravos generais de Takeda. E vou gravar o rosto de cada um dos senhores em minha vida, para sempre. Por favor, alinhem-se na escadaria. Shin’ichi direcionou a câmera que portava, pensando em fotografar a paisagem, e pressionou o disparador. O semblante de todos continha sorriso de plena satisfação. As ruínas do castelo sob o luar vieram observando continuamente a efemeridade do mundo que repete o ciclo da prosperidade e do declínio. E agora, essas ruínas, resplandecendo sob os raios do sol e com o sopro dos ventos da felicidade e da eternidade, tornou-se o castelo da alegria e da esperança onde retumba a canção da vitória. PARTE 47 Após registrar a imagem dos membros na câmera, Shin’ichi Yamamoto retornou para o estacionamento onde havia o restaurante. Era para mudar de ônibus e seguir para Kumamoto. O entorno do ônibus foi se enchendo de pessoas que vinham descendo das ruínas do castelo. Shin’ichi entrou em meio às pessoas e lhes dirigiu palavras: — Tenham vida longa! Tornem-se felizes sem falta! Incentivou cada pessoa, trocou apertos de mãos e entrou no ônibus. Então, o veículo começou a se mover. — Boa viagem, sensei! — Muito obrigado por tudo! — Oita não será derrotada! Todos bradavam enquanto acenavam para Shin’ichi. Shin’ichi também acenou vigorosamente de dentro do coletivo que balançava. O ônibus foi se distanciando e chegou a uma curva. Shin’ichi mudou para a janela do lado oposto, e continuou a acenar. Embora não fosse visível aos olhos, entre ele e os companheiros existia forte ligação. Era um laço de confiança, um laço de juramento do remoto passado e o laço de mestre e discípulo do kosen-rufu. Shin’ichi seguiu viagem visando a primeira visita ao Auditório Shiragiku, situado em Asomachi (posteriormente, parte da cidade de Aso), província de Kumamoto. O ônibus atravessou a fronteira da província com Oita, e avançou pelo sopé do Monte Aso. Passado um tempo, avistou três pipas bailando no céu. Conforme se aproximava, viu que nelas estavam escritas respectivamente: “Alvorecer”, “Leão” e “Jovem Águia”. Shin’ichi disse: — Com certeza eles estão empinando aquelas pipas do Auditório Shiragiku. O veículo passou pela entrada principal do auditório às 14 horas. Da janela se podia ver os jovens que empinavam as pipas do terreno vazio localizado em frente ao portão. Um deles vestia uniforme escolar. Deveria ser aluno do ensino médio. Ao descer do ônibus, Shin’ichi disse aos líderes que o recepcionaram: — Desculpe-me por todas as preocupações e sofrimentos que causei. Mas agora é hora de iniciar o combate! Em Kumamoto também, os membros da Soka Gakkai vieram lutando incansavelmente, mesmo sendo expostos às tempestades de calúnias e de difamações lançadas pelos clérigos maldosos e às perseguições totalmente injustas. A velocidade do avanço do kosen-rufu aumenta ainda mais quando se supera e vence as batalhas contra as tropas do mal que tentam destruir o kosen-rufu. PARTE 48 Sem entrar imediatamente no Auditório Shiragiku, Shin’ichi Yamamoto posou para fotos com os membros locais, agradeceu pelos seus dedicados esforços e conversou brevemente com eles. Também chamou o estudante do ensino médio que empinava pipa e incentivou-o do fundo do coração. Era aluno do terceiro ano de uma escola de ensino médio mantida pela província, e se chamava Yuto Honma. — Vi as pipas! Estavam bem visíveis mesmo de longe. Deve ter passado frio. Obrigado! Peço que você também baile serenamente pelo grande céu do futuro. Assim dizendo, entrou no auditório. A reunião de gongyo com participação livre estava sendo conduzida com a presença do presidente Eisuke Akizuki. Ao entrar na sala durante a reunião, Shin’ichi avistou um jovem numa cadeira de rodas e, antes de tudo, foi ao seu encontro. Ele era Hironori Nonaka, estudante do primeiro ano do ensino médio, que estava internado em uma casa de repouso devido à distrofia muscular. Por conta da doença, ele não tinha esperanças e levava dias de angústia e de sofrimento, mas ao ouvir um relato de um membro da Divisão Masculina de Jovens que havia superado a meningite purulenta, ele se levantou decididamente e começara a se empenhar com seriedade na prática budista. Sua mãe, Fumino, ao ver o filho recitar firmemente daimoku, decidiu: “Eu também vou receber o Yamamoto sensei em Kumamoto com resultado de shakubuku”. Até então, Fumino evitava falar sobre o budismo para pessoas que sabiam que ela tinha um filho com distrofia muscular. Ela pensava que não conseguiria convencer essas pessoas sobre os benefícios do Gohonzon. Porém, incentivada pelo aspecto do filho, acompanhada da filha, ela falou com coragem sobre o budismo a uma mulher que também tinha o filho com a mesma doença internado em uma clínica. Então, ela obteve uma resposta inusitada. A mulher lhe disse: “Fiquei emocionada com o seu jeito de falar com entusiasmo, alegria e convicção a respeito da grandiosidade da fé, apoiando o filho que luta contra a doença sem nunca se deixar abater”. E então ela decidiu se converter. Não existe vida sem problemas. Pode-se dizer que viver significa travar uma “batalha contra as preocupações ou o carma”. O importante é, independentemente do que aconteça, não se afastar jamais do Gohonzon. É ter coragem, esperança, orar resolutamente e continuar a lutar. As pessoas veem nessa postura a força, o brilho e a nobreza como ser humano, e sentem empatia e são tocadas por esse modo de viver. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida
11/07/2024
Aprender com a Nova Revolução Humana
BS
Momentos inesquecíveis: volume 21 (parte 2)
Gratidão e juramento brotam da melhor das medalhas de honra Em 3 de maio de 1975, foi realizado um evento comemorativo para celebrar o 15º aniversário da posse de Shin’ichi como terceiro presidente da Soka Gakkai. Por proposta de Shin’ichi, uma cerimônia foi promovida para premiar os membros que tinham se dedicado ao avanço do kosen-rufu chamado Prêmio Soka de Realizações Extraordinárias, entre outras distinções. Shin’ichi pretendia edificar a sólida tradição de enaltecer e homenagear membros que estivessem se esforçando firmemente ao seu lado para apoiar o kosen-rufu e a Soka Gakkai. (...) Os esforços inconspícuos daqueles que se empenham sinceramente pelo kosen-rufu florescerão sem falta, transformando-se em benefícios imensos. Isso está de acordo com a rigorosa lei de causa e efeito que opera sobre todas as formas de vida, assim como o budismo ensina. Shin’ichi sentiu que condecorar aqueles que lutavam de corpo e alma pelo kosen-rufu seria uma forma de manifestar louvor, admiração e profunda gratidão por seus esforços, em consonância com o princípio de que, apesar de a dedicação deles não ser percebida pelos outros, os budas e os bodisatvas observavam tudo. (...) O segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, também sempre estava pensando em como poderia louvar e encorajar os discípulos que estavam dando tudo de si em prol do kosen-rufu. (...) Ocasionalmente, também escrevia poemas enaltecendo e encorajando aqueles que haviam efetuado contribuições notáveis. (...) Quando abandonou a escola noturna para poder apoiar os empreendimentos de Josei Toda, que atravessavam um período de grande instabilidade, ele se ofereceu para instruir Shin’ichi pessoalmente sobre ampla gama de assuntos. Mais tarde, Shin’ichi se referiria carinhosamente a essa instrução como “Universidade Toda”. Ele estudou com afinco e absorveu cada lição transmitida por seu mestre. Um dia, após Shin’ichi ter terminado um curso, Toda sensei apanhou uma flor de um vaso sobre a sua mesa e a colocou na lapela do seu discípulo. — Este é seu prêmio por concluir este curso com máximo louvor. Fez um ótimo trabalho. Gostaria de lhe oferecer um relógio de ouro, mas isto é tudo o que tenho. Sinto muito, vai ter de se contentar com isto — declarou. A flor representava o elogio mais sincero das profundezas do coração daquele grande mestre do kosen-rufu. Para Shin’ichi, aquela flor era a medalha de honra mais esplêndida que poderia existir no mundo. Profundamente emocionado, sentiu-se a pessoa mais afortunada sobre a face da Terra. Anos mais tarde Shin’ichi viria a ser agraciado com medalhas nacionais de diversos países e seria condecorado com mais de duas centenas de títulos acadêmicos1 de universidades e instituições de ensino superior do mundo todo, algo sem precedentes. Ele estava firmemente convicto de que, à luz da lei de causa e efeito que rege a vida, a causa fundamental por trás desse reconhecimento residia na gratidão que sentira ao aceitar aquela flor que seu mestre lhe dera e na determinação que ela suscitou dentro dele de realizar um esforço ainda maior. (Capítulo “Ressonância”) Nota: 1. Na época em que o capítulo “Ressonância” foi escrito, o presidente Ikeda havia recebido duzentos títulos de doutor honoris causa e cátedras de universidades de todo o mundo. Em 2022, este total atingiu quatrocentas honras acadêmicas. A “coroa de louros do aprendizado” Em 27 de maio de 1975, a Universidade Estatal de Moscou realizou uma cerimônia na qual conferiu a Shin’ichi o título de doutor honoris causa. O reitor Rem Khokhlov levantou-se e anunciou: — A Universidade Estatal de Moscou decidiu conceder o título de doutor honorário ao presidente Shin’ichi Yamamoto. Iniciaremos agora a cerimônia de outorga. (...) — Este título é concedido em reconhecimento às enormes contribuições do presidente Yamamoto para a paz e a educação. A proposta inicial de se conceder um título de doutor honorário a Shin’ichi foi apresentada ao Conselho de Docentes pelo Departamento de Filosofia da universidade. O Departamento de História e o Instituto dos Países Asiáticos e Africanos, filiados à universidade, apoiaram a proposta, que, então, foi adotada por todo o conselho de docentes. — O presidente Yamamoto é um notável ativista dedicado ao bem-estar social e à paz, filósofo e autor de muitos livros. Em suas obras, ele sugere que a tarefa mais importante que temos diante de nós hoje é a construção de um novo sistema de valores para nortear as relações humanas. (...) Em seguida, o reitor Khokhlov entregou o diploma a Shin’ichi. Foi o primeiro título de doutor honorário que ele recebeu de uma instituição acadêmica universitária, configurando uma profunda e significativa coroa de louros do saber. (...) Em seguida, uma estudante procedeu à entrega de um ramalhete de flores a Shin’ichi, e os alunos do curso de música da universidade começaram a tocar o Quarteto de Cordas Nº 2 de Tchaikovsky. Enquanto ouvia a majestosa apresentação, Shin’ichi pensou em seu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, e disse a ele em seu coração: “Sensei! Acabo de receber o título de doutor honorário da Universidade Estatal de Moscou, uma das instituições de ensino superior mais renomadas do mundo. Isso se deve inteiramente ao treinamento que recebi do senhor. Como seu discípulo, dedico esta honra a você. Também quero dividi-la com todos os membros da Soka Gakkai, que vêm apoiando meus esforços pela paz e pela educação”. Impelido unicamente pelo seu desejo de concretizar os ideais do seu mestre, Shin’ichi viera se empenhando arduamente pela paz mundial, alinhado às orientações de Josei Toda. Como resultado disso, agora estava recebendo o título de doutor honorário da Universidade Estatal de Moscou. Shin’ichi sentia a profunda força prodigiosa e mística do caminho de mestre e discípulo Soka. Também estava exultante porque ao receber aquela láurea pôde apresentar provas concretas da grandiosidade do seu mestre. (Capítulo “Coroa de Joias”) (Traduzido da edição de 8 de julho de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Leia mais Sobre a Universidade de Moscou e os motivos que levaram a homenagear o presidente Ikeda com o título de doutor honoris causa em matéria da revista Terceira Civilização. Acesse: https://brasilseikyo.com.br/home/terceira-civilizacao/edicao/627/artigo/1-universidade-de-moscou/999558556 Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 21 Ilustração: Kenichiro Uchida
11/07/2024
Encontro com o Mestre
BS
Uma vida saudável com abundante energia vital
É muito importante a atitude mental de se cuidar na vida diária com base nos itens para manter e promover a boa saúde, tais como: Gongyo com firmeza na voz. Vida diária sem excessos nem desperdícios. Ações com devoção. Boas maneiras nos hábitos alimentares. A profunda oração é a base fundamental da boa saúde. A sabedoria é bastante valiosa. * * * Movimentar o corpo é, originalmente, a chave principal para melhorar a saúde. Em particular, quanto as ações dedicadas em prol da Lei, das pessoas e da sociedade revolucionarão a vida e se tornarão a fonte para ter uma existência vigorosa! * * * A saúde não é simplesmente indicativa da ausência de doença. Por outro lado, somente um corpo forte e sadio não significa necessariamente boa saúde. A verdadeira saúde se encontra no ato de unir atividades criativas saudáveis e animadas, tanto física como mentalmente. No ato de superar quaisquer tipos de dificuldade e transformar mesmo as piores circunstâncias em força motriz para um salto dinâmico ainda maior, há a verdadeira imagem da boa saúde. * * * Recitar sonoro daimoku, fazer jorrar uma grandiosa energia vital e participar das atividades da Gakkai lutando em prol do kosen-rufu. Aí se encontra a imagem real da verdadeira saúde. Por favor, com sabedoria e vivacidade, façam desta estação o “verão de plena realização”, o “verão do crescimento” e o “verão da revolução humana” a gravar profundamente as causas das próximas vitórias. Publicado no jornal Seikyo Shimbun de 23 de junho de 2024. No topo:Parque em Denver, Estados Unidos, envolto pelo revigorante verde e céu azul. Há pessoas que se divertem caminhando ou andando de bicicleta e que aproveitam o sol. Foto tirada por Ikeda sensei em junho de 1996. Na estação em que o calor se intensifica [verão japonês], deve-se cuidar da condição física e se prevenir da insolação. Consta nos escritos de Nichiren Daishonin: “O sutra conhecido como Sutra do Lótus é o bom remédio para as doenças do corpo e da mente”.1 Começando o dia com refrescante gongyo e recitação do daimoku, similares ao galopar de um cavalo branco, vamos trilhar o caminho da felicidade com a saúde em primeiro lugar. Nota: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. v. II. Tóquio: Soka Gakkai, p. 747. Fonte: Este texto tem como base as palavras de Ikeda sensei extraídas, respectivamente, dos seguintes trechos: do discurso na Conferência de Representantes Comemorativa do Dia 18 de Novembro, publicado no Seikyo Shimbun de 24 de novembro de 2008; de Shido Senshu — [jo]: Kofuku-e no Shishin [Seleção de Orientações, parte 1 — Diretrizes para a Felicidade]; do romance Nova Revolução Humana, volume 22, capítulo “Tesouro da Vida”; de Ikeda Daisaku Zenshu [Obras Completas de Daisaku Ikeda, edição popular, Discursos, 2005, v. 3].
04/07/2024
Curtas
BS
Entrevista com Amaral Vieira
O jornal Seikyo Shimbun publicou, em sua edição do dia 19 de junho, uma entrevista com o professor, pianista e compositor Amaral Vieira. Ele e o presidente Daisaku Ikeda mantiveram contato por muitos anos. Entre outros assuntos, na matéria, Amaral relata que a figura de Ikeda sensei é sua fonte de inspiração musical. Amaral Vieira desfruta renome mundial e atuou como presidente da Sociedade Brasileira de Musicologia e da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea. Compôs mais de seiscentas obras e recebeu inúmeras homenagens internacionais, como o Prêmio Internacional de Composição Arthur Honegger e o Grande Prêmio da Fondation de France. Assista Vídeo de recital de piano de Amaral Vieira em turnê no Japão. Leia Entrevista com Amaral Vieira no BS+ e no site da Editora Brasil Seikyo. Acesse: https://www.brasilseikyo.com.br/central-de-noticias/noticia/999562694 No topo: primeiro encontro do professor Amaral Vieira (ao centro) com Ikeda sensei (Tóquio, out. 1992) Foto: Seikyo Press
04/07/2024
Livros
BS
Preciosos encontros ao redor do mundo
Reunindo ensaios de Daisaku Ikeda sobre suas viagens ao redor do mundo, a coleção Viagens Inesquecíveis, de sua autoria, é um bilhete de embarque para uma série de experiências que colocará o leitor em contato com pessoas, costumes, tradições, poesia e beleza. Os assinantes do Clube de Incentivo à Leitura (CILE) da Editora Brasil Seikyo receberão o lançamento do segundo volume em agosto, disponível nas versões física e digital. Quem não faz parte do CILE poderá adquirir o livro a partir de setembro. Nas 112 páginas desse novo volume, os locais visitados são Florença, na Itália; Istambul, na Turquia; Sendai, Nagoya, Ota, Okinawa e Niigata, no Japão; e Nepal, um dos países que abriga o Monte Everest. O autor mescla suas memórias e impressões a respeito dos lugares que visitou com ensinamentos muito importantes sobre a nossa humanidade. Além disso, temos acesso a fotografias de seu acervo pessoal, haicais e trechos de poemas que ele mesmo compôs, inspirado pelas características significativas dessas regiões. Assim como o autor afirma no prefácio da obra, as viagens que ele fez lhe proporcionaram encontros com pessoas cujo coração irradiava como o sol, e escrever os ensaios que compõem a coleção foi uma oportunidade de relembrar os preciosos momentos vividos com os companheiros de várias partes do mundo. Em Florença, o autor destaca o papel da cultura no desenvolvimento humano, enfatizando as artes e o espírito humanístico da cidade do Renascimento. Istambul se sobressai por sua história milenar e por conectar o Ocidente e o Oriente, sendo eixo das culturas greco-romana, cristã e islâmica. O Nepal, que vislumbra a todo instante a majestosa Cordilheira do Himalaia e é o berço do buda Shakyamuni, mantém vivo o espírito da compaixão. No Japão, ao acompanharmos o autor em Sendai, Nagoya, Ota, Okinawa e Niigata, conhecemos as particularidades de cada região, incluindo eventos históricos marcantes, aspectos culturais e valores. Em Ota, bairro de Tóquio onde Daisaku Ikeda nasceu, temos o privilégio de ler sobre suas experiências da infância e da adolescência. Em cada local, uma história, diversos encontros de vida a vida, lições aprendidas e incentivos que perduram. Por meio da leitura dos textos escritos com sincera admiração pela grandiosidade de atos simples, mas plenos de humanidade, embarcamos em viagens que nos possibilitam encontrar pessoas, aprender sobre elas, ampliar os horizontes da mente e derrubar as barreiras do coração. Afinal, não deveriam ser esses os principais objetivos — ou resultados — de uma viagem? Veja aqui os kits de agosto para cada plano do CILE PLANO DIAMANTE Livros são joias preciosas. O Diamante é o plano de assinatura do CILE perfeito para você que gosta de uma experiência completa de leitura no formato físico. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 brinde especial 1 marcador de página Resenha digital e conteúdos extras 52,00/mês + Taxa de entrega*** PLANO OURO O Ouro é o plano de assinatura do CILE ideal para os leitores que estão iniciando a jornada de incentivo à leitura. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 marcador de página 32,00/mês + Taxa de entrega Vídeo sobre o livro Viagens Inesquecíveis, v. 2 Confira no Instagram o vídeo spoiler do lançamento de agosto: https://www.instagram.com/cilelivros/?igsh=MWFremNuazA2dHJlZw%3D%3D Quer fazer parte do CILE? Para garantir a sua leitura e receber esta obra no mês de agosto, assine o CILE até 31/07/2024. Acesse o site: www.cile.com.br Para os assinantes do CILE Digital, a obra ficará disponível a partir do dia 01/08/2024 em www.ciledigital.com.br Fotos: BS
04/07/2024
Especial
BS
Eu sou a força jovem!
Fala, Juventude Soka! Desejamos que estejam desfrutando ótima saúde! Após pouco mais de um mês da nossa magnífica convenção no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, SP, entramos no mês de julho, período em que celebramos os 73 anos de fundação das Divisões Masculina e Feminina de Jovens. Sinceros parabéns! Estudando a história da Soka Gakkai, sabemos que nossos mestres deram a vida para treinar os jovens e os estudantes, empenhando uma energia extraordinária. A realidade do Japão, na época da fundação das divisões, em 1951, era marcada pela miséria do pós-guerra em meio à destruição e à devastação total do país. Nesse cenário, todos tinham de vencer grandes obstáculos, como doença, desemprego e sérias dificuldades financeiras. Por outro lado, era necessário desenvolver verdadeiros companheiros que mudariam o destino dos jovens e da própria nação. A situação no Brasil não era muito diferente. Aqui, os jovens também enfrentavam crises política, econômica e social, sendo a causa de tantas aflições no coração dessa geração. Mas, nesses 73 anos, alcançamos importantes avanços, tanto na sociedade como na organização, trazendo grandes expectativas. A realização da Convenção da Juventude Soka Esperança do Mundo abriu uma nova fase de avanço em toda a organização. Com esse evento, cada jovem, em seu local de atuação, vem se esforçando e comprovando a unicidade de mestre e discípulo, vencendo as próprias questões, inspirando mais e mais pessoas. Nessa nova fase, tendo como norte a seguinte diretriz que recebemos do nosso mestre “Brasil, Monarca do Mundo! Com os jovens do juramento seigan na vanguarda construa um modelo de expansão da propagação do budismo!”, destacamos a atuação em três importantes pontos: 1. Estreitar a relação de mestre e discípulo em minha vida, por meio da leitura da Nova Revolução Humana Ao estudarmos o budismo e os incentivos de Ikeda sensei, nós nos conectamos com a vida dos Três Mestres e de Nichiren Daishonin, ampliando nossa condição de vida. A unicidade de mestre e discípulo coloca o discípulo em contato direto com a Lei Mística. Quando o discípulo compreende esse princípio, ele age em exato acordo com o mestre na própria realidade, com o desejo de conduzir as pessoas à felicidade e realizar a ampla propagação da Lei. Manifesta-se a unicidade quando se alcança vitórias nos diversos empreendimentos em prol do kosen-rufu. No escrito Florescer e Produzir Grãos, Nichiren Daishonin escreveu: Dizem que se um mestre possui um bom discípulo, ambos obterão o fruto do estado de buda, mas, se um mestre criar um mau discípulo, ambos cairão no inferno. Se mestre e discípulo possuem pensamentos diferentes, jamais conseguirão realizar algo.2 Com o mesmo espírito, o verdadeiro discípulo se esforça para tornar real os objetivos do mestre em sua vida diária. O movimento dos 100 mil jovens humanistas representa o espírito do mestre que se mantém vivo na vida dos genuínos discípulos, nos dias atuais. 2. Consolidar, de fato, a rede de 100 mil jovens humanistas com a realização do shakubuku, fazendo mais uma família feliz A verdadeira felicidade se encontra nas ações em prol das pessoas, da sociedade e do mundo. Para nós, é o movimento pelo kosen-rufu, é o shakubuku. A suprema ação do bem é ensinar este budismo, a grandiosa Lei da felicidade e encorajar as pessoas a transformar seu destino, para que possam abrir seus caminhos da felicidade. O presidente Ikeda orienta: O importante no budismo é a ação. Se não agirmos, a verdadeira boa sorte não nos acompanhará, não seremos capazes de nos fortalecer nem manter a alegria de viver. A realização do shakubuku exige um grande esforço. Entretanto, esse esforço se converte ao seu próprio bem. Isto é budismo.3 3. Atuar para tornar meu bloco o mais próspero de toda a BSGI Se todos do meu bloco estiverem sendo conduzidos nesse caminho, com certeza, nós também o percorreremos rumo à concretização da transformação da sociedade. Assim, daremos passos largos para consolidar a missão social da Soka Gakkai: promover e propagar a convicção de que toda pessoa tem o potencial para despertar sua dignidade. Hoje, somos a geração que vive uma realidade de conflitos, guerras e a própria crise climática. Exatamente por isso, temos condições de nos tornar as pessoas mais felizes e construir um mundo de paz, pois somos a esperança do mundo. Devemos atuar enxergando que todos são valores humanos, como nosso Mestre afirma: A organização que construir o castelo de pessoas valorosas prosperará vitoriosamente por todo o futuro. (...) Uma organização ou uma entidade em constante crescimento, sem dúvida, é possuidora de uma qualidade brilhante que inspira o desenvolvimento das pessoas, capacitando-as com autenticidade e sinceridade. É uma organização que possui referência para discernir o certo do errado, transmitindo perfeitamente esses valores para os sucessores.4 O levantar dos jovens nesta nova era do kosen-rufu do Brasil e a grande expansão conquistada são provas da construção do caminho dourado da unicidade de mestre e discípulo! A partir das reuniões de palestra e demais atividades comemorativas de julho, vamos garantir a vitória, em união com as demais divisões, e proporcionar o ambiente mais feliz aos membros e convidados, onde todos possam compartilhar suas vitórias e também renovar a decisão de vencer no segundo semestre do “Ano do Descortinar da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”. Desejamos a todos excelentes encontros! Um forte abraço! Juventude Soka da BSGI Dica de matéria Veja mais conteúdos direcionados aos jovens no Guia para a Vitória que acompanha a edição 2.661 (22 jun. 2024) do Brasil Seikyo. Assista: Ao vídeo da Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo, realizada no dia 26 de maio 5ª Academia Índigo Juventude Soka do Brasil! Vem aí a 5ª Academia Índigo, onde reuniremos representantes da Juventude Soka brasileira nos jardins do Centro Cultural Campestre (CCCamp), em Itapevi, SP, para um treinamento que nos permite criar esperança e um coração corajoso em meio aos desafios enfrentados na etapa crucial da nossa vida: a juventude. Quando: 13/09/2024 a 15/09/2024 Local: Centro Cultural Campestre (CCCamp), Itapevi, SP Participantes: representantes de líderes de bloco, comunidade e distrito da Juventude Soka Faça sua inscrição na Extranet, de 24 de junho a 7 de julho . Os encontros da Juventude Soka do mês de julho estão chegando. Informe-se na sua organização. No topo: integrantes da Juventude Soka participam de encontro da Academia Índigo (Itapevi, SP, 23 set. 2023) Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.613, 28 jul. 2001, p. C3. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 173, 2017. 3. Brasil Seikyo, ed. 2.373, 27 maio 2017, p. A2. 4. Ibidem, ed. 2.449, 31 dez. 2018, p. B2. Foto: BS
04/07/2024
Especial
BS
Correnteza de sucessores
Em 3 de julho de 1945, Josei Toda foi libertado da prisão, após cumprir pena por defender a legitimidade do Budismo de Nichiren Daishonin ante as imposições do governo militarista que desejava unir a nação em torno do xintoísmo. Pelo mesmo motivo, seu mestre, Tsunesaburo Makiguchi, fundador da Soka Gakkai, faleceu no cárcere como mártir. Toda sensei não perdeu tempo em empreender esforços para a reconstrução da organização cuja maioria dos líderes havia se afastado temendo a opressão das autoridades. Seis anos depois, ele vislumbrava uma nova geração de jovens de confiança que assumissem o protagonismo do movimento pelo kosen-rufu por todo o futuro e se dedicou a liderar treinamentos especiais para representantes dessa juventude. Mesmo enfrentando severas dificuldades em seus negócios, empenhava-se diligentemente para incentivar e preparar os participantes, com rigorosidade e benevolência. As condições de saúde de Josei Toda eram extremamente precárias, mas, mesmo exausto física e mentalmente, jamais negligenciava as reuniões de aprimoramento. Sobre esse período, no romance Revolução Humana consta: Na sociedade, a maioria dos políticos sustenta sua fama e posição utilizando-se e sacrificando os jovens. No entanto, um verdadeiro líder se sacrifica pelo glorioso futuro dos jovens, observando-os e protegendo-os nos bastidores. De toda forma, nessas reuniões eram realizados rigorosos treinamentos. Não era permitido um minuto de atraso sequer, qualquer que fosse o motivo. Eram 14 jovens para quem ele confiaria o futuro. Com vigor fora do comum, Josei Toda orientava com base nos escritos de Nichiren Daishonin e em narrativas literárias. O treinamento era realizado com total seriedade. Seu conteúdo era um verdadeiro testamento em relação ao grande objetivo do kosen-rufu.1 Após tomar posse como segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda continuou a promover as atividades de aprimoramento dos jovens constantemente e, no final, apresentou, de forma solene, a proposta de fundação da Divisão Masculina de Jovens (DMJ), a ser realizada no dia 11 de julho de 1951, e da Divisão Feminina de Jovens (DFJ), em 19 de julho. O histórico primeiro passo da DMJ foi dado na atividade de fundação realizada na sede de Nishikanda, em Tóquio, conforme continua narrando o romance: Nesse dia, a chuva também caía persistentemente. Pouco antes das 18 horas, mais de cem membros da Divisão Masculina de Jovens se reuniram apressadamente. O andar de cima da sede em Nishikanda estava lotado. O mormaço do tempo quente e úmido somado à respiração das pessoas deixava o ambiente totalmente abafado, mas o local estava repleto de ânimo. Quase todos os jovens estavam vestidos com seu uniforme do trabalho, pois tinham vindo às pressas direto de seus serviços. Poucos deles estavam com o cabelo arrumado ou usando pomadas. Na sapateira, era difícil ver algum sapato em bom estado. Grande parte eram sapatos ou tamancos desgastados. Perto da sapateira espalhavam-se muitos guarda-chuvas rasgados.2 Às 18 horas, foi apresentada a declaração de fundação da nova estrutura dos distritos da Divisão dos Jovens (DJ). Os líderes da Soka Gakkai ofereceram palavras de incentivo e de cumprimento, e representantes de cada distrito expressaram vibrantemente suas decisões. Ao final, Josei Toda se dirigiu à mesa do orador para proferir suas palavras. Outro trecho da obra Revolução Humana narra esse momento: Josei Toda começou a falar de forma despreocupada algo totalmente diferente: — Dentre os que se reuniram aqui hoje, certamente surgirá o próximo presidente da Soka Gakkai. Acredito que ele está aqui com toda a certeza. A ele, quero manifestar as minhas mais sinceras felicitações. As palavras de Josei Toda foram ditas com um tom de voz baixo e ao mesmo tempo alto, mas repleto de sentimento. Com essas palavras inesperadas, os jovens ficaram de repente surpresos e tensos. “Ele diz que o terceiro presidente está aqui dentro. Quem será?” Essa era uma questão que estava muito distante do pensamento deles.3 Entre os participantes da fundação estava o jovem discípulo Daisaku Ikeda. O presidente Josei Toda continuou seu discurso: — O kosen-rufu é a missão que devo cumprir infalivelmente. Quero que se conscientizem plenamente que cada um de vocês da Divisão dos Jovens também se encontra nessa mesma nobre posição. Observando a recente história da revolução de Meiji, notei que sua força propulsora foram os jovens da época. Na época de Nichiren Daishonin, também, os discípulos que mais atuaram foram os jovens. Os jovens sempre moveram e construíram a nova era. Por favor, meu único desejo é que sem falta vocês realizem com as próprias mãos essa nobre e grandiosa missão. A nossa meta não se restringe somente ao Japão. Nichiren Daishonin nos ordena a propagar a grande Lei para a Península da Coreia, para a China, para a Índia, e para os confins de todo o mundo. Isso porque o Nam-myoho-renge-kyo revelado por ele preenche e movimenta, de fato, todo o Universo. E também é a grande Lei da vida. No dia de hoje, envio os cumprimentos à pessoa que se tornará o próximo presidente, e o felicito sinceramente pela fundação da Divisão Masculina de Jovens.5 Oito dias depois, foi realizada a fundação da Divisão Feminina de Jovens. Embora entre as participantes houvesse moças doentes, desempregadas e com dificuldades financeiras, essas pioneiras deram o primeiro passo da divisão rumo à própria revolução humana e à transformação da sociedade. Diferentemente da atividade da DMJ, não havia uma chuva torrencial, e aconteceu em uma noite quente. Na ocasião, após as palavras de decisão das novas líderes e de alguns veteranos, Toda sensei incentivou: Todas as moças da Soka Gakkai devem, sem exceção, ser felizes. Até agora, pode-se dizer, em síntese, que a história da mulher sempre foi triste pelo próprio destino trágico. Para as moças que abraçaram a Lei Mística em plena juventude não há mais razões para chorar pela fatalidade do destino. Portanto, é necessário viver uma existência com pura e devota fé. Nessas condições, todas poderão ser felizes. É o que eu desejo e deixo como saudações para hoje. Sejam felizes!6 A eterna diretriz de Toda sensei para a DFJ ressoa até hoje e pelo futuro com o levantar de suas integrantes por meio da prática da fé, tendo como base o estudo do budismo. O manancial criado na fundação das Divisões Masculina e Feminina de Jovens a partir da determinação do presidente Josei Toda de criar gerações de sucessores, que se encarregarão da concretização do kosen-rufu, transformou-se em uma caudalosa correnteza mundial de “valores humanos”. Esse monumental desenvolvimento ocorreu principalmente devido aos esforços de seu discípulo Daisaku Ikeda, que assumiu a terceira presidência da Soka Gakkai no dia 3 de maio de 1960, dois anos após o falecimento de Toda sensei, e ampliou esse desenvolvimento por todo o Japão e pelo mundo. No Brasil, os jovens da BSGI, com o apoio das demais divisões, empenham-se para perpetuar o legado de Ikeda sensei, promovendo um grandioso avanço impulsionado pelo movimento dos 100 mil jovens humanistas e pela Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo rumo a 2030. Saiba mais: Área da Juventude Soka no BS+ e no site: https://www.brasilseikyo.com.br/juventude-soka/1 Veja mais conteúdos direcionados aos jovens no Guia para a Vitória que acompanha a edição 2.661 (22 jun. 2024) do Brasil Seikyo. Ouça: Podcast com incentivo de Ikeda sensei aos jovens para vencer as dificuldades no BS+ e no site: https://www.brasilseikyo.com.br/podcast/programa/8/episodio/-145-jovens-sejam-campeoes-soka/145 No topo: Jovens participam de ensaio para a Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo no Centro Cultural Campestre da BSGI (Itapevi, SP, maio 2024)Foto: BS Fonte: IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. v. 5. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023. Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Incontida Alegria. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 5, p. 97-98, 2023. 2. Ibidem, p. 98-99. 3. Ibidem, p. 102. 4. Brasil Seikyo, ed. 2.394, 4 nov. 2017, p. B4. 5. IKEDA, Daisaku. Incontida Alegria. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 5, p. 108-109, 2023. 6. Ibidem, p. 111.
04/07/2024
Encontro com o Mestre
BS
Viver uma juventude brilhante
A alegria da juventude se encontra no pulsar da esperança de construir, abrir e acreditar no futuro; é a plenitude da vida que proporciona um novo desafio de forma radiante, sem se abalar diante de quaisquer sofrimentos ou fracassos; é o ressoar da alma que compartilha as alegrias e os sofrimentos com o amigo de forte laço criado em meio a um brilhante encontro. É o orgulho de edificar a base sólida de uma existência de vitoriosa felicidade, com regularidade e sinceridade. A correta prática da fé é a fonte dessa alegria última da juventude. Brasil Seikyo, ed. 2.194, 7 set. 2013, p. B2. * * * Enquanto a chama do comprometimento de lutar em prol das pessoas, do budismo e do kosen-rufu arder em seu coração, os senhores permanecerão jovens e saudáveis. O espírito de luta são a verdadeira fonte da juventude e a chave para a boa saúde e a longevidade. Terceira Civilização, ed. 468, ago. 2007, p. 29. * * * Qual é o tesouro da juventude? É a luta, o trabalho árduo. A menos que lutem não poderão se tornar verdadeiramente fortes. Aqueles que lutam arduamente durante a juventude não terão nada a temer quando chegar a época de dar os toques finais em sua vida. Eles possuirão uma extraordinária condição de vida que se eleva forte e inabalável como “velhas rochas açoitadas pelas tormentas”. No budismo, chamamos isso de condição de buda, que não se abala por nada. É a condição da mente desfrutada pelos invencíveis campeões da vida. É por isso que digo para enfrentarem dificuldades e se esforçarem com todo o vigor na juventude. Eu também lutei de forma árdua. Portanto, sou forte, totalmente destemido. Sou discípulo do grande Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai. Sou aquele que se responsabilizou pela sublime tradição da nossa organização. Lutei corajoso como um leão, não dependendo de ninguém. Força é felicidade. Força é a própria vitória. Na fraqueza e na covardia, não há felicidade. Quando vocês travam um desafio, podem vencer ou perder, mas, independentemente do resultado no curto prazo, o fato de continuarem a lutar é prova da vitória como seres humanos. Brasil Seikyo, ed. 2.495, 14 dez. 2019, p. 5. * * * Fui um dos jovens treinados pelo presidente Josei Toda. Ao conhecê-lo e decidir me devotar ao kosen-rufu aos 19 anos, minha vida mudou drasticamente. Graças ao meu mestre, com quem tenho profunda dívida de gratidão, pude me dedicar ao sublime objetivo chamado kosen-rufu, desafiei a conquista da minha revolução humana e trilhei o nobre e supremo caminho de mestre e discípulo. Por experiência própria posso atestar que selar um grandioso juramento durante a juventude se transforma num tesouro para a vida inteira. O desafio para cumprir esse juramento produz um valor incalculável. Quero compartilhar essa alegria com o máximo de jovens possível. Idem, ed. 2.394, 4 nov. 2017, p. B1. * * * Ainda que você ofereça muitas riquezas a uma pessoa, isso não é garantia da felicidade absoluta. O que garante a felicidade absoluta é o shakubuku. Os membros da Soka Gakkai Internacional realizam essa prática. Desde a minha juventude, também pratico de coração o shakubuku. Agir assim é a preciosa e eterna “lembrança de sua presente vida neste mundo humano”. Terceira Civilização, ed. 520, dez. 2011, p. 26. * * * Em todas as eras foram a força e a paixão dos jovens que moveram a época e construíram a nova história. O kosen-rufu deve ser concretizado pelos jovens emergidos da terra que despontam vigorosamente em sucessão. Não existe palco mais esplendoroso e valioso que esse na juventude. Desejo que cada um deixe para a posteridade a resplandecente e jubilosa história de ter se dedicado ao máximo e feito o melhor em sua época no palco de sua missão sem que reste nenhum arrependimento. Brasil Seikyo, ed. 2.187, 13 jul. 2013, p. A5. * * * Tudo se define a partir do discípulo. O que constrói o “tempo” da nova expansão do kosen-rufu é a luta do discípulo. Com a consciência da sua mais sublime missão, mais do que nunca, agora, peço que ampliem ao máximo com altivo orgulho o nosso jovem batalhão da justiça! São vocês, meus jovens, que devem construir com sua força e paixão o grandioso castelo Soka, invencível e de contínuas vitórias, que será consagrado pela eternidade. Ibidem. * * * O primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, e o segundo presidente, Josei Toda, foram os bravos generais do shakubuku. Eu também vim me dedicando, desde a minha juventude, como um emissário de shakubuku. A propagação começa com o persistente diálogo de vida a vida. Todos são humanos e jovens, não há superior nem inferior. Vamos dialogar com o coração aberto para o crescimento recíproco e desfrutar uma vida de plena satisfação. Aproximar-se dos amigos aflitos, compartilhar seus sofrimentos e suas aflições, estar junto com eles para ultrapassar barreiras a fim de desbravar a almejada vida de absoluta vitória — esse trabalho de contagiar as pessoas é o nosso movimento de diálogo visando ao shakubuku. Dialogar imbuído de coragem e entusiasmo, orar pela felicidade do seu amigo, agir em prol da felicidade dele — tudo o que fizer em prol da felicidade dos outros frutificará e florescerá infalivelmente na vida de todos os envolvidos como uma magnífica flor da felicidade. Brasil Seikyo, ed. 2.196, 21 set. 2013, p. B1. * * * Se você é jovem, levante-se só. Tudo mudará a partir dessa atitude. Eu também agi dessa forma. Quando o presidente Josei Toda faleceu, um boato leviano correu pelo Japão dizendo que a Soka Gakkai se desintegraria com a perda do seu líder. Entre os líderes antigos, muitos começaram a agir de forma irresponsável e outros tentaram se aproveitar da Gakkai alimentando suas ambições pessoais. Se essa situação persistisse, seria realmente o fim da nossa organização. Por isso, eu me levantei e assumi toda a responsabilidade, apesar de estar apenas com 30 anos. Quanto mais difícil era a situação, mais firme mantive o espírito de “levantar-me só”. Idem, ed. 1.510, 5 jun. 1999, p. A7. * * * Ter grandes sonhos pode assegurar que não tropecem nos pequenos buracos da estrada. Mesmo que encontrem alguns contratempos, se mantiverem objetivos, estes devem ser o motivo pelo qual vocês não se deem por vencidos. Sigam em frente, mesmo que, às vezes, o jogo pareça perdido. O que é ser derrotado na vida? Não é somente quando se comete um erro, mas sim ao abandonar um objetivo pela metade. Qual é o verdadeiro êxito na vida? O genuíno sucesso é garantido na batalha contra si mesmo. Um vencedor persegue seus sonhos sem cessar, mesmo que encontre obstáculos. É quem vence no final, superando uma a uma as adversidades. Idem, ed. 2.470, 8 jun. 2019, p. 4. * * * A juventude é uma época de problemas e preocupações que nunca acabam. Mas somente por vencermos os problemas e obstáculos da vida é que conseguimos nos tornar verdadeiramente fortes. Se tudo for sempre tranquilo, ficaremos mimados e complacentes e seremos incapazes de construir uma sólida base para a vida. Somente quando nós mesmos sofremos é que conseguimos compreender o sofrimento dos outros e aprofundar nossa compaixão. Enfrentar muitas dificuldades e desafios enquanto cumprimos nossa missão pelo kosen-rufu é uma honrosa batalha para vencer os “sofrimentos compartilhados de todos os seres vivos”. Nossas vitórias inspirarão muitas pessoas e serão uma fonte de esperança para nossos sucessores, pois os líderes que passam por dificuldades e demonstram seu triunfo sobre elas são uma expressão da benevolência. Os jovens da SGI, avançando com a vigorosa disposição de compartilhar o budismo, são grandes campeões no que diz respeito a aliviar o sofrimento e a conceder a alegria, desafiando os sofrimentos compartilhados de toda a humanidade. Idem, ed. 2.047, 14 ago. 2010, p. A3. * * * Eu estimo os jovens. Sinto-me extremamente feliz ao ver o aspecto sadio dos jovens que, mesmo vivendo algumas frustrações, continuam a se desafiar com olhos voltados para o futuro. Avancem com coragem tendo a convicção de que, na época da juventude, quanto mais fracassos, mais firmes serão as bases de uma nova vida de felicidade. Não há outra opção senão confiar tudo aos jovens. Para isso, quero que todos vocês, jovens, levantem-se incumbidos de toda a responsabilidade, com a consciência de ser o presidente da Soka Gakkai, responsável e grande líder. Ser jovem não tem a ver com idade. A juventude é definida pela forma de sentir e o modo como se vive. É jovem uma pessoa que não se esquece do juramento realizado na juventude. Uma pessoa que sobrevive em prol do ideal do kosen-rufu por toda a vida, junto com o mestre, é jovem. Uma pessoa de desafio que supera a situação negativa e busca o avanço, mesmo que seja com um ou dois passos, é jovem. Uma pessoa que, sem se tornar apenas espectadora, segue sempre como a agente promotora da paz é jovem. Enquanto esse coração jovem estiver pulsando vivaz, haverá ilimitado aperfeiçoamento e desenvolvimento. Os jovens de força e paixão, que aquecem o coração das pessoas, são, sem dúvida, também os jovens que fazem avançar a sociedade. São justamente vocês, jovens, a esperança do povo. Assim sendo, tendo à frente os jovens, e junto com os jovens, nós, da Soka Gakkai de Força Jovem, saltaremos bailando para a nova grande viagem ao céu do kosen-rufu. Brasil Seikyo, ed. 2.456, 16 fev. 2019, p. B1. No topo: Com o desejo de incentivar calorosamente os sucessores do futuro, Ikeda sensei faz apresentação de mágicas para membros da Divisão dos Estudantes da SGI do Paraguai (Assunção, fev. 1993) Foto: Seikyo Press
04/07/2024
Caderno Nova Revolução Humana
BS
“Dificuldades são alegria”
PARTE 41 No dia 11 seguinte, Shin’ichi Yamamoto também se empenhou em conversar com os companheiros que chegavam à Sede da Paz de Oita desde a manhã e tirou fotos com eles, não tendo outro pensamento que não fosse incentivá-los. Em comemoração do reencontro com o Oita Hyakunanajuninkai [Grupo dos Cento e Setenta de Oita], no dia 9, e com o futuro promissor do Oita Nijuisseiki Kai [Grupo Século 21 de Oita], das Divisões Masculina e Feminina de Jovens, ambos os grupos fundados no dia anterior, ele seguiu escrevendo caligrafias comemorativas, uma após a outra: — Não há mais ninguém a quem devo escrever e enviar? Ainda deve haver outras pessoas que se mantiveram firmes e se esforçaram de forma perseverante, mesmo sofrendo com a problemática do clero. E, ao ouvir dos líderes da província o nome dos companheiros que lutaram dedicadamente, Shin’ichi se voltava de imediato para o diluidor de tinta de carvão sumi, e corria a pena em cada cartão especial, consagrando cada nome sob a forma de “Cerejeira Fulano” e “Montanha Beltrano”. No período da tarde, ele visitou uma sede particular da cidade de Oita e dialogou com representantes da província. Nessa ocasião, consultaram-no a respeito da canção de Oita, que estava sendo elaborada. Além de ele fazer ajustes na letra, deu sugestões sobre a melodia. À noite, realizou-se a reunião de gongyo com participação livre na Sede da Paz de Oita. Lá também, Shin’ichi liderou a recitação de gongyo e se empenhou com todas as forças para proferir incentivos e orientações aos participantes. Ele mencionou o fato de existirem muitos personagens históricos entre os nativos de Oita. — Sorin Otomo converteu-se ao cristianismo e deixou bens culturais para a civilização ocidental. O confucionista do final da era Edo, chamado Tanso Hirose, abriu a academia Kangien e deixou muitos discípulos. Rentaro Taki deixou músicas magníficas, e Yukichi Fukuzawa deixou uma universidade. Agora, o que devemos deixar como praticantes budistas? Devemos propagar para o mundo inteiro o Nam-myoho-renge-kyo, a grande Lei da vida revelada por Nichiren Daishonin, e transmiti-lo para toda a eternidade. Na vida, para quantas pessoas cada qual conseguiu ensinar a Lei Mística, que abre o caminho da felicidade absoluta para todas as pessoas? Eis nossa missão a ser cumprida neste mundo. Esse único ponto é o caminho para recebermos os elogios do buda Nichiren Daishonin e criarmos nossa eterna recordação da própria existência e também o maior mérito e honra como budistas. Saibam que a essência de um praticante se encontra no ato de se levantar com essa convicção. PARTE 42 Desejando a felicidade de todos, Shin’ichi Yamamoto disse: — Não me incomodo nem um pouco em ser exposto às tempestades de críticas. Estou consciente e preparado desde o início para isso. Meu único desejo é que vocês trilhem uma existência de felicidade banhados pelos grandes benefícios do Gohonzon, essa será minha maior alegria. Ou melhor, fazer com que isso se torne realidade será a prova de que cumpri minha responsabilidade. Continuarei a orar com todas as forças para que ninguém, nem mesmo uma única pessoa, fique doente ou sofra acidentes. Esse era seu mais sincero sentimento. A reunião de gongyo se tornou uma atividade em que se desenhou um afetuoso e intenso intercâmbio de corações. O dia seguinte seria, enfim, o da partida de Oita para Kumamoto. Nessa noite, Shin’ichi disse aos líderes centrais de Oita: — Queria ir de alguma forma a Takeda amanhã. Quero me encontrar com os membros de lá antes de ir para Kumamoto, pois são os companheiros que mais sofreram e derramaram lágrimas de indignação e revolta. Na manhã do dia seguinte, 12 de dezembro, Shin’ichi dialogou com líderes de Kyushu e de Oita, vislumbrando o kosen-rufu dessas localidades a partir daquele momento. E, ao ouvir as diversas comunicações, expressou seu sentimento mais sincero: — Ao pensar nos companheiros que vieram sofrendo até agora, minha vontade é visitar todos de casa em casa para incentivá-los. Porém, isso é muito difícil, até mesmo por conta da agenda. Então, solicito que, em meu lugar, incentivem as pessoas com as quais não pude me encontrar desta vez. Quero que transmitam meu sentimento a elas. De qualquer forma, peço que zelem e protejam até o fim cada um dos membros, os nobres filhos do Buda que vieram lutando em prol do kosen-rufu até hoje. Peço que sempre tenham em mente que esta é a importante missão dos líderes. Uma multidão de membros foi à Sede da Paz de Oita, com o desejo de se encontrar com Shin’ichi mesmo de relance. Ele recitou gongyo junto com essas pessoas e se dirigiu para Takeda às 10 horas num ônibus da sede da Soka Gakkai. O motivo de utilizar o ônibus para o deslocamento foi para aproveitar o tempo de traslado e realizar acertos e trabalhos no caminho. Kosen-rufu é uma batalha contra o tempo. PARTE 43 A cidade de Takeda se situava na região sudoeste da província de Oita, e tinha prosperado no passado como cidade do entorno do Castelo de Oka. O secretário da província Takeo Yamaoka, que acompanhava Shin’ichi Yamamoto no ônibus, falou sobre o Castelo de Oka. Conta-se que esse castelo foi edificado em 1185 por Ogata Saburo Koreyoshi, que se aliou a Genji [do clã Minamoto] e conquistou um notável resultado na batalha de perseguição a Heishi [clã Taira]. Ele o construiu para receber Yoshitsune, irmão mais novo e desafeto de Minamoto no Yoritomo. Circundado por montanhas e tendo as correntes do rio Shirataki ao sul e do rio Inaba ao norte, esse platô marcado por profundos vales acidentados se tornava assim uma fortaleza natural, transformando-o num castelo invencível. No entanto, nunca aconteceu de se receber Yoshitsune nesse local, e Koreyoshi foi posteriormente preso e exilado. A consideração em relação a Yoshitsune acabou não dando frutos. No século 14, o castelo se tornou residência do clã Shiga. Conta-se que, de 1586 ao ano seguinte, na guerra de Hosatsu, quando as grandes tropas de Shimazu atacaram o Castelo de Oka, o jovem lorde do castelo Shiga Chikatsugu lutou bravamente e o protegeu até o fim, enquanto os castelos ao entorno foram sendo derrotados uns após os outros. Com a abolição dos domínios feudais e o estabelecimento de províncias na era Meiji, o Castelo de Oka foi demolido, ficando sem a residência fortificada, mas se diz que as paredes de pedra firmes em que crescem os musgos faz recordar os tempos passados. E afirma-se que o compositor Rentaro Taki, que passou a infância em Takeda, transportou seu pensamento para as ruínas do Castelo de Oka para criar a famosa canção Kojo no Tsuki [A Lua sobre o Castelo em Ruínas]. Diz-se que na cidadela externa das ruínas do castelo há uma estátua de Rentaro Taki e, no recinto principal da ruína, existe um monumento com o manuscrito da letra dessa música, de autoria de Bansui Doi, gravada em pedra. Shin’ichi disse com uma expressão de profunda emoção: — A construção do Castelo de Oka também foi uma prova da fidelidade de Ogata Koreyoshi a Yoshitsune. É uma bela história. A brava luta de Shiga Chikatsugu se iguala à valente luta dos companheiros de Takeda. Da janela do ônibus, entrevia-se as paredes de pedra das ruínas do Castelo de Oka erigidas em meio às árvores. Shin’ichi compôs um poema: Observando o Castelo de Oka da “Lua sobre o castelo em ruínas”, louvo a luta em prol da Lei dos companheiros de Takeda. Os bravos generais de Takeda lutaram resolutamente contra a tirania das autoridades dos mantos clericais, e abriram a era da religião em prol do povo. PARTE 44 O ônibus parou no estacionamento das ruínas do Castelo de Oka. Quando Shin’ichi Yamamoto desceu do ônibus, vários companheiros correram em sua direção chamando-o: — Sensei! — Obrigado! Vim me encontrar com os senhores, os grandes heróis do povo! Todos apertaram firmemente a mão que ele lhes estendia. A mão de Shin’ichi também adquiria força. Lágrimas transbordavam involuntariamente dos olhos de um sênior robusto. A imagem dele que chorava sem conseguir se conter era a expressão da suprema alegria de ter suportado e resistido a todo custo o tratamento cruel e maldoso dos clérigos perversos e por ter enfrentado e vencido absolutamente. Shin’ichi dialogou almoçando com cerca de cinquenta representantes da localidade no restaurante que havia no estacionamento, e deu ouvidos às comunicações e aos relatórios de todos. Eles contaram que os membros locais estavam reunidos no recinto principal da ruína do castelo. — Entendi, então vou ao encontro deles! Ele entrou num carro com mais dois representantes de líderes locais, e foi incentivar os companheiros reunidos. No trajeto, eles começaram a contar para Shin’ichi: — Nós viemos apoiando com todas as forças o prior do templo daqui, para se dedicar à proteção da Lei. No começo, ele falava sobre a harmonia entre clero e adeptos, mas mudou completamente de atitude e passou a criticar e a atacar a Soka Gakkai. E nos bastidores, incitava nossos companheiros a abandonar a organização. Numa comunidade, dentre as 45 famílias de membros, 32 famílias abandonaram a Soka Gakkai de uma só vez. Foi uma imensa tristeza e sofrimento. Contendo a ira e a revolta, foram visitar a casa dos membros nas montanhas para incentivá-los de todo o coração e com esforço movido pela decisão: “Não permitirei que mais nenhum companheiro se afaste da legião da justiça Soka!”. O sênior de mais idade que se sentou ao seu lado mordeu os lábios e disse: “Isso não pode ser obra de um ser humano...”. Shin’ichi meneou a cabeça em concordância e, sorrindo, disse-lhe: — Acabamos causando muito sofrimento ao senhor, não é? Muito obrigado por ter resistido firmemente e por ter feito Takeda se reerguer novamente. Obrigado! Shin’ichi abaixou a cabeça na direção dele. Ouviu-se o soluçar incontido do sênior. Quanto mais rigorosas forem as provações do inverno, maior será a alegria da chegada da primavera. É o princípio “dificuldades são alegria”. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida
04/07/2024
Aprender com a Nova Revolução Humana
BS
Momentos inesquecíveis: volume 21 (parte 1)
Lançar sementes da paz da Lei Mística em todo o mundo Em 26 de janeiro de 1975, representantes de 51 países e territórios reuniram-se em Guam para a Primeira Conferência para a Paz Mundial. Nesta importante reunião, a Soka Gakkai Internacional (SGI) foi oficialmente estabelecida com Shin’ichi Yamamoto como seu presidente. A voz eufórica do mediador ressoou ao anunciar que Shin’ichi proferiria seu primeiro discurso como presidente da Soka Gakkai Internacional. Aplausos e aclamações tomaram conta do recinto. — Parabéns! Muito obrigado! — exclamou ao se levantar para se dirigir ao púlpito. Ele sorriu para todos os participantes e externou seus sinceros agradecimentos aos membros de Guam, que deram suporte aos preparativos da conferência. (...) — Talvez se possa dizer que se trata de uma pequena conferência, uma reunião de pessoas anônimas de vários países e territórios. Entretanto, acredito que o encontro de hoje resplandecerá intensamente na história por séculos no futuro, e o nome de vocês, sem dúvida, ficará gravado não apenas na saga da propagação mundial do budismo, mas também na história da humanidade.(...) Dando continuidade, assinalou que a predominância da lógica do lucro e do poder militar, político e econômico na sociedade contemporânea representava um obstáculo para a paz e uma fonte de tensão constante no mundo. Frisou que uma filosofia religiosa superior teria o poder de sobrepujar os impedimentos à paz, unir a sociedade e abrir um caminho perene para a paz. Shin’ichi citou uma passagem da Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin: “Se o espírito de ‘diferentes em corpo, unos em mente’ prevalecer entre as pessoas, elas alcançarão todos os seus objetivos”.1 Em seguida, salientou que, se os povos de todas as nações trabalhassem juntos, em união, com base no princípio da “inviolabilidade da vida”, a paz perene seria alcançada impreterivelmente. (...) Shin’ichi imprimiu uma paixão cada vez maior em suas palavras: — O sol do Budismo Nichiren começou a despontar no horizonte. Em vez de buscarem aclamação ou glória pessoal, espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística no mundo. Farei o mesmo. Às vezes, assumirei a liderança na linha de frente; outras, estarei ao seu lado; e, em outros momentos, zelarei por vocês nos bastidores. Sempre os apoiarei de todo o coração. Shin’ichi encerrou clamando ardentemente aos participantes: — Como bravos, compassivos e dedicados discípulos de Nichiren Daishonin que se devotam inteiramente à verdade e à justiça, vivam de modo positivo e edificante, lutando pela prosperidade do seu respectivo país, pela felicidade das pessoas e pela preciosa existência da própria humanidade. Tão logo as palavras de Shin’ichi foram traduzidas para vários idiomas, o recinto explodiu em salva de palmas. (Capítulo “SGI”) Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 646, 2020. Assista Vídeo do discurso do presidente ikeda na fundação da SGI. Acesse: https://www.daisakuikeda.org/sub/audio-visual/videos/sgi-estab-ikeda-video.html Vamos reafirmar a nossa humanidade partilhada Em fevereiro de 1975, Shin’ichi dialogou intensamente por muitos dias com vários líderes políticos e intelectuais, criando profundos laços de amizade. Alguns dos principais líderes da Divisão dos Jovens, observando os esforços de Shin’ichi em prol da diplomacia civil, aproveitaram a oportunidade para lhe perguntar sobre o tema durante um diálogo. Durante uma conversa com vários líderes dos jovens, um deles perguntou: — As pessoas com quem manteve diálogo em anos recentes advêm de vários campos e países. No que se refere ao aspecto ideológico, abrangem líderes tanto de nações socialistas como democráticas, assim como adeptos de várias religiões. Além disso, depois desses encontros, todos eles expressam profundo respeito e confiança pelo senhor. Que tipo postura devemos ter para conquistar a simpatia e boa vontade de pessoas de ideologias e valores tão diversos? — Diferenças entre pessoas são fato. Elas são o que torna cada pessoa única. (...) Por essa razão, devemos não apenas reconhecer que as pessoas são diferentes, mas também respeitar e aprender uns com os outros. Essa deve ser nossa perspectiva básica. Portanto, independentemente de qual seja sua crença, sempre devemos respeitar primeiro os outros como seres humanos — respondeu Shin’ichi com um sorriso.(...) Em primeiro lugar, somos todos seres humanos vivendo nesta Terra. Em segundo, todos vivemos da melhor forma que podemos, enfrentando a realidade de nascimento, doença, envelhecimento e morte, e desejando a felicidade e a paz. Tendo em mente esses pontos em comum, devemos ser capazes de reconhecer os ideais comungados por todos: o respeito à dignidade da vida, que é o direito inviolável de toda a humanidade à vida, e o direito de ser feliz. Desse modo, a guerra é totalmente inaceitável. Essa convicção na inviolabilidade da vida é sustentada pela filosofia de Nichiren Daishonin de que todos os seres vivos são intrinsecamente budas. (...) O propósito de Shin’ichi ao buscar o diálogo era reiterar esses elementos comuns a todos, não obstante quem fosse a pessoa com quem estivesse falando, e criar uma afinidade pela paz. Seu objetivo era construir alianças com pessoas de todas as nacionalidades, para proteger a dignidade da vida. (Capítulo “Diplomacia do Povo”) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 21 Ilustração: Kenichiro Uchida
04/07/2024
Encontro com o Mestre
BS
Daimoku e aprimoramento
Atualmente, os jovens Soka do mundo estão dando nova partida com o coração embalado por estimulantes canções. Livres de restrições ou de velhas maneiras de fazer as coisas, jovens de mente brilhante podem abrir novos caminhos, traçar novos rumos, valendo-se da engenhosidade e da criatividade que lhes são próprias, com total liberdade e de coração aberto. Fazendo um retrospecto, lembro-me de que o curso de aprimoramento dos jovens [do Grupo Suiko], realizado ao ar livre em Hikawa, região no extremo oeste de Tóquio, em setembro de 1954, também foi algo inédito, extraordinário e inovador. Até hoje, com muita saudade, posso ouvir todos nós, participantes, entoando as canções da Soka Gakkai sentados com Toda sensei ao redor da fogueira. Nos dias atuais, Hikawa, profundamente impregnada com as lembranças de mestre e discípulo, é o local do nosso Centro de Treinamento dos Jovens de Hikawa, de Tóquio. Recordo-me de uma visita que fiz em setembro de 1995, logo após o centro passar por uma grande reforma. Mantive diálogos informais com os membros do Bairro Geral de Ome (que abrange Hikawa) e de outras partes da Área No 2 de Tóquio, louvando-os por seus dedicados esforços. Quando perguntei se havia algum produto especial pelo qual sua região fosse famosa, fez-se uma breve pausa de hesitação até que alguém finalmente respondeu: “Nosso delicioso konnyaku!”.1 Todos caíram na gargalhada [diante da menção desse alimento tradicional, porém modesto]. — Vamos torná-lo um lugar famoso pelo daimoku! — sugeri. — Construamos aqui o mundo ideal do kosen-rufu! Então, pondo o daimoku em primeiro lugar, eles vêm prestando contribuições para a comunidade, promovendo a confiança em relação ao nosso movimento, cultivando pessoas capazes e trabalhando juntos em harmonia pela prosperidade de sua terra natal. Nichiren Daishonin expressa: “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?”.2 Aqueles que consistentemente recitam Nam-myoho-renge-kyo jamais são derrotados. Membros do Japão e do mundo todo estão demonstrando o colossal poder benéfico da Lei Mística. Recitar Nam-myoho-renge-kyo é fonte de ilimitada esperança. O lema das integrantes da nossa Divisão Feminina do Brasil é “Muito Mais Daimoku!”. Elas triunfaram sobre todos os obstáculos com a oração movida pela determinação de tornar possível o impossível. (...) Com as destemidas integrantes da Divisão Feminina na vanguarda, nossos membros ao redor do mundo vêm orando com firmeza ainda maior. A soma do daimoku conjunto deles alcança proporções realmente astronômicas. O benefício descomunal decorrente disso, com certeza, envolverá e criará um impacto positivo em toda a humanidade numa dimensão vasta e profunda. (...) Hoje, os jovens que compartilham do meu espírito como se fosse o deles estão engajados num eletrizante esforço em prol do kosen-rufu mundial. Em O Grande Mal e o Grande Bem, Nichiren Daishonin declara: “Quando o bodisatva Práticas Superiores [o líder dos bodisatvas da terra] emergiu da terra, não o fez bailando?”.3 Nossa rede de jovens bodisatvas da terra — bailando vibrantemente no palco da sociedade global — contém a coragem para dissipar a ansiedade, o compromisso conjunto de não deixar ninguém para trás e a resiliência para superar as adversidades e abrir o caminho para um futuro mais radiante. Encontro dos membros da região de Hikawa com Ikeda sensei realizado às margens do rio Tama comemora os trinta anos do Grupo Suiko (Hikawa, Tóquio, 4 maio 1984) Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.536, 17 out. 2020, p. 3. *** Juramento que atravessa o tempo O Suiko era um grupo de aprimoramento para a criação de “valores humanos” da Divisão Masculina de Jovens da Soka Gakkai, idealizado pelo segundo presidente, Josei Toda. Surgiu do juramento de mestre e discípulo e sua fundação ocorreu em 1952. Contudo, com o passar do tempo, acabou perdendo o rumo e foi suspenso sob rigorosa repreensão de Toda sensei. Quem criou nova oportunidade e nova partida para o grupo foi seu discípulo, Daisaku Ikeda, com o estabelecimento do juramento Suiko em três itens: 1) juramento ao Gohonzon; 2) juramento ao mestre; e 3) juramento aos companheiros. Com base nesse juramento, o grupo reiniciou as atividades em 21 de julho de 1953, data conhecida como o Dia do Suiko. No ano seguinte, em setembro, foi realizado o primeiro curso de aprimoramento do Grupo Suiko, em Hikawa, Tóquio. Na localidade, encontra-se o Centro de Treinamento dos Jovens de Hikawa, de Tóquio, que abriga um monumento com a inscrição “Juramento Suiko”. O centro foi fundado em agosto de 1982 por sugestão de Ikeda sensei de que fosse um projeto concretizado pelas mãos da juventude. Cerca de 4 mil jovens se envolveram nesse empreendimento. Outro centro de treinamento foi inaugurado, recebendo a visita de Ikeda sensei, em 4 de maio de 1984. Nesse mesmo dia, foi realizado um encontro às margens do rio Tama na região, comemorando o 30o aniversário do Grupo Suiko. Na ocasião, o Mestre dialogou com os jovens e participou de uma sessão de perguntas e respostas. Em torno da fogueira, degustaram sopa de porco, revivendo momentos do treinamento do Grupo Suiko e reconfirmando o espírito de mestre e discípulo em torno de Ikeda sensei. Foto tirada pelo Mestre, na mesma época, encontro dos membros da região de Hikawa realizado às margens do rio Tama comemora os trinta anos do Grupo Suiko, registra um cintilante riacho azul descendo as montanhas da região (Hikawa, Tóquio, 4 maio 1984) No topo: Ikeda sensei dialoga com membros em visita ao Centro de Treinamento dos Jovens de Hikawa (22 set. 1995) Fonte: Adaptado de matéria publicada no Seikyo Shimbun de 31 de maio de 2024. Notas: 1. Konnyaku: Também conhecido como konjac. Alimento gelatinoso produzido a partir da raiz da planta homônima. Geralmente possui uma cor acinzentada salpicada e tem consistência um tanto quanto borrachenta. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 431, 2020. 3. Ibidem, v. II, p. 387, 2017. Fotos: Seikyo Press
04/07/2024
Especial
BS
Mestre e discípulo unidos pela justiça
Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1940, passou a vigorar a Lei dos Grupos Religiosos em todo o Japão. E, no ano seguinte, houve a revisão da Lei de Manutenção da Ordem Pública, a qual tinha como objetivo principal a opressão do pensamento e da religião. Sendo assim, ser contra o talismã xintoísta se tornou motivo de prisão, pois o xintoísmo era a base espiritual do Japão militarista. Os detetives da polícia especial começaram a vigiar a Soka Gakkai em 1942 e, no ano seguinte, todas as reuniões estavam sob os olhares atentos deles. Além disso, o clero estava envolvido, e se uniu aos militares para implantar a unificação dos grupos religiosos. Em junho de 1943, o clero aceitou passivamente o talismã xintoísta e, no mesmo mês, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda foram chamados ao templo principal, sendo orientados a seguir as ordens do governo. O presidente Makiguchi então declarou: “Nunca nos inclinaremos ante a Deusa do Sol”. Com essas palavras, ele e Josei Toda saíram do templo. Na volta, bastante indignado com o comportamento do clero, Makiguchi sensei disse: “Não temo a queda de uma religião tanto quanto temo a destruição de toda a nação. Temo a tristeza que isso causaria a Nichiren Daishonin. Não está na hora de admoestar o governo? Do que o clero tem medo? O que acha disso?”.1 Toda sensei ficou em silêncio, não sabia o que responder. Mais calmo, seu mestre perguntou novamente: “O que acha disso?”. Com a voz baixa, mas forte, Josei Toda fez seu juramento ao mestre: “Enquanto eu viver, seguirei o senhor fielmente. Estou pronto para morrer por nossa fé”.2 Na manhã do dia 6 de julho de 1943, o presidente Makiguchi foi detido em Shizuoka, onde realizava shakubuku. Ao se despedir da senhora que o acompanhava, confiou-lhe uma mensagem: “Transmita minhas recomendações a Josei Toda”. Porém, Toda sensei também havia sido preso no mesmo dia, em Tóquio. As acusações que caíram sobre eles foram: violação da Lei da Manutenção da Ordem Pública e suspeita de desrespeito ao santuário xintoísta. No dia 11 de outubro de 1943, cerca de duas semanas após o presidente Tsunesaburo Makiguchi ser transferido para o Centro de Detenção de Tóquio, Josei Toda também foi levado para a solitária desse local. Em 18 de novembro de 1944, Makiguchi sensei falece na prisão. Toda sensei só soube do falecimento do seu mestre em 8 de janeiro do ano seguinte. Posteriormente, Josei Toda foi transferido do Centro de Detenção de Tóquio para o Presídio de Toyotama. Dali, foi libertado às 19 horas do dia 3 de julho do mesmo ano. O recomeço da Soka Gakkai Após a sua libertação da prisão e com o objetivo de honrar a vida do seu mestre, Josei Toda deu início à reconstrução da Soka Gakkai. Em 3 de maio de 1951, assume como segundo presidente da organização e sua liderança é marcada pelo esforço da reconstrução e pelo fortalecimento da Soka Gakkai. No ano seguinte, a denominação Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor] foi alterada para Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor]. Toda sensei dizia: “A Soka Gakkai é mais preciosa do que minha própria vida”. Nesse ínterim, em 24 de agosto de 1947, o jovem Daisaku Ikeda converte-se ao Budismo Nichiren e decide ser treinado por Josei Toda, fazendo assim o juramento de acompanhar seu mestre por toda a vida. Sobre a relação de mestre e discípulo, o presidente Ikeda frisa: Agi totalmente de acordo com a intenção do Buda. Nunca tive a ambição de me tornar isto ou aquilo nem de receber nenhum tipo de tratamento especial. Tudo o que queria era proteger Toda sensei e lhe devotar minha vida. Esta era minha oração. Ficaria satisfeito se pudesse deixar um exemplo para as gerações futuras de como um verdadeiro discípulo de Josei Toda, um mestre sem igual, deveria conduzir sua vida.3 Comprovar a verdade e a justiça Com a grande expansão das conversões no Distrito Osaka e em todo o Japão, muitos inimigos se levantaram contra a Soka Gakkai. Em 1957, Daisaku Ikeda foi para Hokkaido a fim de solucionar o incidente com o Sindicato dos Mineradores de Yubari, que promovia uma perseguição discriminatória contra os membros da organização. O fato culminou com o Incidente de Osaka, quando, em 3 de julho de 1957, Ikeda sensei, com menos de 30 anos, foi preso injustamente sob a falsa acusação de fraude eleitoral. Ao ser recepcionado no aeroporto, o presidente Ikeda disse para uma senhora que estava no local: “Está tudo bem. Como a senhora sabe, eu não fiz nada de errado. Não há com o que se preocupar”.4 Ele também comenta: “Doze anos mais tarde, em 3 de julho de 1957, eu, seu discípulo, segui orgulhosamente seus passos: fui preso por um crime que não cometi — uma perseguição enfrentada por propagar a Lei Mística”.5 Interrogatórios do jovem Ikeda Durante a prisão, o presidente Ikeda passou por diversos interrogatórios. Em 9 de julho de 1957, por exemplo, a promotoria o pressionou ainda mais para que admitisse a culpa. Repetidas intimidações foram feitas durante os intermináveis interrogatórios. A promotoria exigia que Ikeda sensei admitisse a culpa, recorrendo-se a chantagens como “Faça logo com que o secretário Ikeda admita, senão faremos uma diligência nas empresas de Josei Toda e na sede da Soka Gakkai. E, conforme a situação, prenderemos o presidente Josei Toda”. Essa exigência foi apresentada a Daisaku Ikeda pelo advogado de defesa na manhã do dia 10 de julho. Na mesma noite, ele pensou: A saúde do mestre é frágil. Não posso deixar Toda sensei morrer na prisão como aconteceu ao presidente Makiguchi. Não permitirei que ele seja preso! Devo minha vida a ele. Não importa o que aconteça, vou protegê-lo! Isso significaria descartar a verdade e mentir conforme o desejo do promotor. Não estaria desonrando conscientemente a estimada Soka Gakkai?6 O presidente Ikeda saiu da prisão no dia 17 de julho de 1957. Foram catorze dias em que sofreu pesados interrogatórios e, ao afirmarem que prenderiam o presidente Josei Toda, caso ele não confessasse o crime eleitoral, assinou uma confissão porque jamais deixaria seu mestre retornar injustamente para a prisão. Porém, determinou que faria justiça e provaria a verdade. Naquela tarde, os membros de Kansai fizeram uma grande manifestação com protestos contra a polícia e a promotoria de Osaka. Apesar do temporal que caía sem tréguas, milhares de membros se reuniram no Centro Cívico de Nakanoshima e no entorno, no centro de Osaka. Na ocasião, o presidente Ikeda bradou corajosamente: “Vamos lutar com a convicção de que a justiça do budismo prevalecerá no final!”. “Daisaku, você tem uma longa batalha” A primeira audiência no Tribunal de Osaka ocorreu em 8 de outubro de 1957. No total, 64 pessoas foram indiciadas no caso, formando dois grupos: um acusado de compra de votos, e o outro, de solicitação de votos de porta em porta. Dos dez artigos de acusação apresentados no julgamento, Daisaku Ikeda foi acusado por todos os relacionados à solicitação de votos de porta em porta, e o diretor-geral da Soka Gakkai, Tadashi Koizumi, à compra de votos. Em 5 de março de 1958, Ikeda sensei foi ao encontro do presidente Josei Toda, para lhe informar sobre a viagem para Osaka, a fim de se apresentar ao julgamento. Acamado, Toda sensei descobriu o cobertor e lhe disse: Daisaku, você está exausto, não está? Como está sua saúde? Você tem uma longa batalha pela frente. Gostaria de tomar seu lugar se pudesse. Você arcou com toda a culpa. É realmente uma pessoa de bom coração. (...) Este julgamento não será uma batalha fácil. Poderá perturbá-lo por mais algum tempo pela frente. Porém, você vencerá no final. Pelo fato de o ouro ser ouro, jamais perde seu brilho, não importa quão enlameado possa estar. Definitivamente, a verdade aparecerá. Apenas lute como homem — com dignidade e coragem.7 Em 2 de abril daquele ano, o presidente Josei Toda falece e, em meio a esse turbilhão, as audiências prosseguiram. Mais que nunca, o juramento do presidente Ikeda permanecia intacto. “Toda sensei, vencemos” Depois de 1.670 dias após a prisão, em 25 de janeiro de 1962, o juiz proferiu sua decisão: “A corte declara o réu, Daisaku Ikeda, inocente”. Em uma viagem ao Egito, o presidente Ikeda recebe um telegrama da sede da Soka Gakkai informando que não houve apelação dos promotores, indicando finalmente a finalização do processo e assinalando a vitória da luta pela justiça. Durante um evento comemorativo do trigésimo aniversário de libertação de Josei Toda, o presidente Ikeda afirmou em seu discurso: Pulsa na Soka Gakkai o indomável espírito de avançar com renovada esperança. À luz das escrituras de Nichiren Daishonin, sabemos que enfrentaremos duras tempestades de perseguições e furiosas ondas de ataques. Contudo, para proteger a liberdade de crença, os direitos humanos e a paz e felicidade do povo, devemos perseverar em nossos esforços. A Soka Gakkai é a fortaleza da paz e dos direitos humanos. É o jardim florido da revitalização das pessoas. É um microcosmo da comunidade humana ideal. Para alcançarmos nossos objetivos, devotarei a vida a proteger e a cuidar da Soka Gakkai com todas as minhas forças. Acredito que este seja o caminho para corresponder ao juramento a Toda sensei.8 A luta incondicional para proteger a Soka Gakkai e os companheiros com base na unicidade de mestre e discípulo marca a trajetória dos Três Mestres Soka e permanece eternamente como modelo de coragem e determinação diante das maldades que tentam impedir o avanço do movimento pelo kosen-rufu e pela felicidade da humanidade. o jovem Daisaku Ikeda é recebido por vários membros de Kansai na saída da Casa de Detenção de Osaka (jul. 1957) Josei Toda, em pé, e Tsunesaburo Makiguchi, sentado; ambos protegeram a legitimidade do budismo perante as imposições do governo militarista japonês durante a Segunda Guerra Mundial Dica de leitura Na série “A Luta dos Três Mestres na Prisão”, publicada na revista Terceira Civilização em suas edições 527 a 531, de julho a novembro de 2012. Notas: 1. Terceira Civilização, ed. 527, jul. 2012, p. 30. 2. Ibidem. 3. Brasil Seikyo, ed. 1.947, 12 jul. 2008, p. A2. 4. Terceira Civilização, ed. 529, set. 2012, p. 36. 5. RDez, ed. 79, jul. 2008, p. 19. 6. Terceira Civilização, ed. 530, out. 2012, p. 30. 7. O julgamento. Revolução Humana. In: Terceira Civilização, ed. 289, set. 1992, p. 2 e ed. 531, nov. 2012, p. 32. 8. IKEDA, Daisaku. Novo Século. Nova Revolução Humana, v. 22. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 24. Ilustrações: Kenichiro Uchida Fotos: Seikyo Press
20/06/2024
Encontro com o Mestre
BS
Coração sempre jovem
Nada se iguala à juventude. Além disso, independentemente da idade, nós conseguimos permanecer com o coração jovem por toda a vida. A Lei Mística possibilita viver de tal forma a brilhar com nossa juventude interior, não importando qual seja nossa idade. Brasil Seikyo, ed. 2.000, 22 ago. 2009, p. A3. * * * A criação de novos valores não depende das circunstâncias nem das pessoas. Depende unicamente da nossa oração capaz de mover as forças protetoras do universo a nosso favor e da nossa ação. Essa é a essência da prática da fé que quero confiar aos meus amados discípulos. A oração de juramento seigan é inquebrável. A ação de juramento seigan é a mais nobre de todas as ações. Inflame o coração de cada companheiro com a chama do juramento seigan e expanda alegre e radiantemente o elo de contínuas vitórias dos emergidos da terra desde o infinito passado. Idem, ed. 2.411, 17 mar. 2018, p. A2. * * * “Quem atrai os jovens são os próprios jovens. O que estimula o coração jovem é o brado do jovem.” Ligando meu coração ao do meu venerado mestre expresso nessa afirmação, estou observando o desafio e o desenvolvimento de cada jovem Soka. O glorioso bastão de mestre e discípulo será recebido pelos jovens enquanto estes estiverem empenhados na batalha com a convicção de serem os protagonistas do kosen-rufu. De mãos dadas com os companheiros do mundo todo, brade altivamente o clamor vitorioso da juventude de missão conforme escreve Nichiren Daishonin: “O senhor sobreviveu até hoje (...) para poder enfrentar esta situação”,1 tendo como seu palco de atuação o planeta Terra. Ibidem. * * * A jovialidade transforma qualquer sofrimento, impasse ou fracasso em força para avançar. Nela também estão contidas a coragem e a paixão que são inestimáveis tesouros da vida. Há ainda a honestidade e a sinceridade. Portanto, consideram-se jovens todas as pessoas que se levantam com a corajosa prática da fé para concretizar o grande juramento seigan. Em um de seus escritos, Nichiren Daishonin afirma: “Quando chega a primavera, as flores irrompem”2 — devem armazenar força enquanto se espera pacientemente pela primavera, e quando chegar a época de florescer, desabrochem “a flor do desafio” cada qual à sua maneira. Abraçamos a filosofia de vida que nos possibilita transformar os “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte — em “quatro virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza. Também temos forte laço de união de “diferentes em corpo, unos em mente” que nos permite incentivar e apoiar um ao outro ultrapassando a diferença de gerações. Brasil Seikyo, ed. 2.362, 11 mar. 2017, p. B3. * * * Não existe aposentadoria no mundo da fé. Nunca se deve pensar que “Eu me empenhei tanto, por isso, agora vou sentar e descansar”. Enquanto estivermos vivos, haverá sempre algo a fazer, algo para deixarmos como legado. Esse é o significado de uma vida de criação de valor. Vários escritos budistas referem-se a pessoas que viveram até a idade de 120 anos. Desse ponto de vista, a idade de 60 ou 70 anos marca apenas a metade do caminho na maratona da vida. Não devemos permitir que nosso espírito envelheça. Quero que nossos líderes centrais, em especial, guardem isso no coração. O budismo é uma fonte de ilimitado aprimoramento. Nós podemos continuar a brilhar de vitalidade, independentemente da idade. A chave é manter o coração jovem. Vamos avançar com um espírito jovem — com ilimitada coragem e vigor — pelo caminho da saúde e da vitória. Idem, ed. 1.809, 27 ago. 2005, p. A3. * * * Se vamos praticar o Budismo de Nichiren Daishonin, então devemos fazê-lo com o coração e o espírito puros, para que as pessoas que estão ao nosso redor se sintam inspiradas e revigoradas com nossa presença. Da mesma forma, espero que os jovens deem um magnífico exemplo com base na fé que atrai a admiração e o elogio dos outros. A era dos jovens é agora. Peço aos nossos jovens que deem um passo avante e assumam total responsabilidade pelo nosso movimento. Ao mesmo tempo, é tradição da Soka Gakkai que os membros da Divisão Sênior e da Divisão Feminina também avancem com o dinamismo da juventude. O espírito da Gakkai brilha com tamanha vitalidade. Permaneçam com o coração jovem enquanto viverem! Continuem a avançar com um brilho no olhar. Esse é o mundo da fé e o caminho da revolução humana. Idem, ed. 1.820, 19 nov. 2005, p. A3. * * * Da perspectiva da ampla propagação da Lei Mística pelo ilimitado futuro dos Últimos Dias, nossa luta apenas começou. Vamos avançar com essa elevada determinação e viver com um espírito eternamente jovem. Idem, ed. 1.638, 2 fev. 2002, p. A3. * * * A fé é o que nos torna jovens. A firme fé e a resoluta oração — nossa profunda determinação interior ou concentração de nossa mente fortalece nossa energia vital. Quando os senhores acreditam naquilo que é certo, quando direcionam seus pensamentos ao rumo correto, obtêm a correta fé que conduz à felicidade. Nós, que praticamos a Lei Mística, possuímos a suprema fé. Essa é a razão por que somos tão jovens e repletos de vigor e energia. Idem, ed. 1.218, 13 mar. 1993, p. 4. * * * Como abraçamos a Lei Mística, nossa vida enche-se de energia eternamente jovem. A idade é irrelevante. Nós podemos fazer com que nossa vida irradie um brilho imutável. As pessoas que dedicam a vida à Lei Mística têm um poder infinito à sua disposição. Vamos avançar extraindo esse ilimitado poder que possuímos. (...) Quanto mais nos empenharmos em prol do kosen-rufu, mais jovens e cheios de vida ficaremos com o passar dos anos. Nossa boa sorte aumentará ilimitadamente e nos tornaremos pessoas que apreciam a absoluta vitória e a felicidade. Essa é a clara afirmação de Nichiren Daishonin. Podemos ficar totalmente seguros disso. Idem, ed. 1.719, 11 out. 2003, p. 3. * * * O jovem possui o futuro. O jovem possui a esperança. Ser jovem é ser desafiador. Ser jovem é ser pioneiro. Ser jovem é ser construtor. Em qualquer país ou organização, quem decide o seu futuro — a prosperidade ou a decadência — é o jovem que possui um ideal e se esforça com coragem para torná-lo real. Por isso, enquanto acreditarmos nos jovens com grandes ideais e continuarmos a incentivá-los, haverá o progresso por toda a eternidade. Idem, ed. 2.179, 11 maio 2013, p. B2. * * * Não quero me referir apenas aos jovens de idade; ser jovem significa, em primeiro lugar, devotar-se a um grande juramento, um grande propósito e, então, lutar por esse ideal, desafiando a si mesmo e se desenvolvendo incessantemente nessa trajetória. Em segundo lugar, indica possuir o espírito de refutar o errôneo e revelar o verdadeiro, ter o imperturbável senso de justiça de se recusar a tolerar a maldade e a desonestidade. A terceira característica dos jovens é a ação corajosa e audaz — correr com a velocidade de um relâmpago para ir ao encontro daqueles que estão sofrendo ou necessitados, para a linha de frente da luta do kosen-rufu e se empenhar com bravura. IKEDA, Daisaku. Campos Verdejantes. Nova Revolução Humana, v. 17. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2017. p. 261 e 262. *** Para os jovens, o futuro e a esperança existem! Jovens são pessoas de desafio, são desbravadores e construtores. Em qualquer país ou organização, quem decide a ascensão ou o declínio no futuro são os jovens que abraçam ideais e os realizam com toda a disposição. O jovem, por si só, supera qualquer poder de autoridade. Ser jovem significa possuir um ilimitado tesouro. Além disso, vocês abraçam a Lei Mística, o eterno tesouro da vida. Aqueles que vivem com a Lei única e suprema são bodisatvas e budas. É um desperdício não usufruírem ao máximo este precioso tesouro chamado juventude. Devem fazê-lo brilhar incandescentemente. A fé é para isso. É para esse propósito que existem a prática budista e as atividades da Soka Gakkai. Juventude é uma sequência de desafios corajosos. Se vocês se abaterem temendo falhas e erros, não conseguirão realizar nada, e não deixarão nada. Em todo caso, o importante é avançar e ir em frente. O coração corajoso diante do desafio expande seu potencial. O verdadeiro líder do kosen-rufu desenvolve os jovens e confia-lhes tudo. Possui um coração jovem e empreende ações junto com eles, aprimora-os e delega-lhes o futuro. As pessoas que sempre conduzem a brilhante sinfonia da luta conjunta com os jovens são vencedoras de sublime espírito. Brasil Seikyo, ed. 2.375, 10 jun. 2017, p. B1. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 89, 2017. 2. Ibidem, v. I, p. 130, 2020. Foto: Seikyo Press
20/06/2024
Caderno Nova Revolução Humana
BS
“Fé errônea”, “fé insana” e “fé correta”
PARTE 37 No poema, Shin’ichi Yamamoto ressaltou a imutável órbita Soka: “Não devem se esquecer jamais de trilhar para sempre junto com o povo”. E ele afirmou que a bandeira da vitória da revolução humana tremula onde, mesmo sendo perseguidos por quaisquer autoridades ou poder, se continua superando e vencendo essas grandes perseguições. Além disso, tendo como objetivo o “3 de Maio de 2001”, solicitou que gravassem no coração que a vitória ou a derrota do segundo capítulo do kosen-rufu seriam decididas nessa hora e que continuassem a se empenhar nos árduos exercícios budistas. Foi um trabalho sério e decisivo com os jovens de unicidade que anotavam tudo, determinados a não perder nenhuma única palavra. A partir das 16 horas, Shin’ichi realizaria uma reunião de diálogo com membros representantes. — Vamos continuar a partir daqui, depois que eu retornar! E assim ele se dirigiu apressadamente para o local da atividade. Os jovens começaram a passar a limpo o poema. Tão logo retornou, às 17h30, Shin’ichi fez uma revisão e depois voltou a ditar a continuação. Novas palavras foram sendo tecidas umas após as outras. Às vezes, reescrevia mais da metade do papel pautado de treze linhas. As margens brancas ficavam cheias de anotações e vez ou outra foi necessário escrever até no verso das folhas. O horário do início da reunião de líderes da Divisão dos Jovens na qual seria apresentado o poema se aproximava instante a instante. Pouco depois das 18 horas, foi declarada a abertura da reunião de líderes. Iniciou com o coro da canção Kurenai no Uta [Canção do Carmesim], e a programação seguiu com os cumprimentos de líderes da Divisão dos Jovens da província, da vice-secretária da Divisão Feminina de Jovens (DFJ) enviada de Tóquio e do coordenador da Divisão dos Universitários (DUni). O ditado da correção só terminou quando a programação da atividade chegou às palavras de cumprimento do vice-presidente. — Está pronto! Vamos, agora! Tragam quando terminarem de passar a limpo. Na sala onde ocorria a atividade, as palavras do vice-presidente já haviam se encerrado e logo o relógio marcaria 19 horas. Foi neste instante que Shin’ichi surgiu. Irrompeu uma grande salva de palmas e ovações. Era a partida triunfal da Divisão Masculina de Jovens, bravia e vigorosa, que lutou e venceu a batalha contra as perseguições dos sacerdotes perversos, e da Divisão Feminina de Jovens, de pureza e de forte fé, que jamais se deixou abater diante de nada. O semblante dos bravos jovens que lutaram incansavelmente em meio às árduas dificuldades e abriram o caminho da vitória era radiante e belo. O manancial da grande alegria flui onde há uma corajosa luta pelo kosen-rufu. PARTE 38 Na Reunião de Líderes da Divisão dos Jovens da província de Oita, Shin’ichi Yamamoto recitou gongyo junto com os participantes e orou pelo desenvolvimento e pela felicidade cada vez maior dos jovens que protegeram a justiça até o fim. Na outra sala, o poema ainda continuava a ser passado a limpo. Um dos jovens que estavam com a caneta na mão disse: — Não temos mais tempo. Vamos acabar não conseguindo apresentá-lo. Não terminamos de passar a limpo, mas vamos entregá-lo assim mesmo. Eles foram correndo para a sala da reunião. Ao microfone, Shin’ichi falou sobre a nobreza da vida que abraça o Gohonzon, e disse que, em termos de fé, havia a “fé errônea”, a “fé insana” e a “fé correta”. A fé para buscar fama e fortuna, aproveitando-se da Soka Gakkai, é a “fé errônea”; a fé que ignora a razão, o bom senso e a sociabilidade é a “fé insana”. E declarou que ter bom senso, viver em prol do kosen-rufu, tendo como base as ações firmes e constantes da fé, da prática e do estudo, e mostrar a comprovação da vitória da fé na sociedade, no trabalho e no cotidiano correspondem à “fé correta”. Também falou a respeito da forma de viver a juventude: — Juventude é uma época de muitas preocupações e angústias, sendo natural se depararem com impasses e ficarem abatidos. É justamente nesses momentos que, sem tirar os olhos da realidade, é preciso se dirigir ao Gohonzon com a decisão: “Eu sairei desta situação por meio da prática da fé. Superarei a tudo com a recitação de daimoku”. É em meio a esse desafio que existe tanto a transformação do destino como a revolução humana. São esses árduos esforços que se tornarão preciosos tesouros muito raros de serem obtidos na juventude. Sem uma árdua luta na juventude, ou seja, sem as “tarefas de preparação do solo”, não haverá o autodesenvolvimento e o desabrochar da vida nem se poderá desfrutar o outono de conclusão de sua existência. O poeta alemão Friedrich Hölderlin disse: “Toda alegria nasce da dificuldade. / e é somente na dor / que se cria o supremo bem que alegra o meu coração, / a gentileza humana”.1 Shin’ichi concluiu suas palavras: — Quero confiar todo o futuro do século 21 a vocês, da Divisão dos Jovens de hoje. Desejo que vivam até o fim, junto com a Soka Gakkai, essa época dourada da juventude, e solenize de forma magnífica sua existência. Afirmo claramente que não existe caminho da vitória da vida que supere o grande caminho Soka. PARTE 39 Shin’ichi Yamamoto anunciou no final de suas orientações: — Compus um poema com o sentimento de que se torne a nova diretriz rumo ao século 21. Terminei de ditá-lo agora há pouco. Vou solicitar que apresentem para todos. O vice-coordenador da Divisão Masculina de Jovens, nascido em Oita, Koji Murata, que ficou até o último momento passando o texto a limpo, levantou-se e começou a declamar o poema: — “Por que se escala uma montanha? / Porque aí se encontra uma montanha / — assim disse um famoso alpinista...” Por um instante, na mente de Murata surgiu a imagem de Shin’ichi, que ditava cada palavra como se inserisse nela a sua vida e foi incansável em suas revisões e correções para lapidar o poema tudo com o sentimento de “Pelos jovens!”. Ele continuou declamando os versos com ardente emoção em seu peito diante do coração do mestre. — “Meus jovens discípulos! / Vivam, vivam e sobrevivam a todo o custo / em prol da grande Lei, eterna e imortal, / em prol da missão sublime herdada nesta vida”. A leitura prosseguiu, imbuindo força em cada uma das palavras. — “Tenho certeza. / A era vindoura / aspira e aguarda tais jovens líderes. / Uma pessoa / sem fé e sem filosofia / é como um navio sem bússola. / A era está mudando, / instante a instante, / da era material / para a era espiritual, / e desta para a era da vida.” Como não tinham terminado de passar a limpo, ao chegar à segunda metade, teve de ler o manuscrito repleto de anotações. Para não ler errado, Koji Murata continuou declamando o poema com o máximo de atenção e cuidado: — “Meus caros jovens, / em constante contato com o povo, / nas manhãs e no entardecer, / vivam com ele / numa calorosa comunicação. / Além disso, / palpitando e vibrando junto com o povo, / espero que se tornem / jovens líderes da nova era.” — “Eu confio em vocês. / E conto com vocês. / E eu os amo.” Os jovens ouviam atentamente com o rosto sério e repleto de emoção. Fitando cada um dos participantes, Shin’ichi Yamamoto bradava em seu coração: “Agora, destas terras de Oita, descerrou-se a cortina para o avanço rumo ao novo século. A partir daqui se iniciou a nova história da Soka Gakkai invencível”. PARTE 40 Era um poema longo. A voz do jovem que o lia, mesmo rouca, transbordava de energia: — “No curso de vida significativo, / verdadeiro e repleto de plenitude, / torna-se necessário / o grandioso budismo / e a fé em seus ensinamentos. / Saibam que o máximo orgulho de vocês / está no bailar de sua juventude, / abraçando o Budismo de Nichiren Daishonin.” — “A montanha do século 21 está próxima...” Transportando seus pensamentos para o novo século no qual se eleva o sol da manhã da vitória humana e ecoam os brados de vitória dos companheiros Soka, Shin’ichi Yamamoto ouvia compenetrado a declamação: — “O século 21 é todo de vocês. / É a alvorada de vocês. / O autêntico palco de sua luta — / o palco da conclusão da grande obra. / Três de maio de 2001. / Este é o dia / da escalada ao sublime objetivo / Meu e de vocês. / Nesse dia, / não se esqueçam, / é a decisão do segundo estágio do / kosen-rufu. / A vitória ou a derrota.” A declamação se encerrou. O título do poema é Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21. Houve uma explosão de aplausos que perdurou por um longo tempo sem cessar. Eram aplausos do juramento de viver até o fim trilhando o grande caminho de mestre e discípulo. Foi a magnificente e imponente partida dos jovens Soka. Quando os aplausos cessaram, Shin’ichi disse: — Este poema1 será publicado na íntegra no jornal Seikyo Shimbun de amanhã. A partir destas terras de Oita, vou transmiti-lo para o Japão inteiro. Gostaria que todos gravassem esse significado profundamente no coração. E penso também em fundar o Oita Danshibu Nijuisseiki Kai [Grupo Século 21 da Divisão Masculina de Jovens de Oita] com os componentes da Divisão Masculina de Jovens reunidos aqui hoje, e o Oita Joshibu Nijuisseiki Kai [Grupo Século 21 da Divisão Feminina de Jovens de Oita], com as integrantes da Divisão Feminina de Jovens. O que vocês acham? Novamente irrompeu uma salva de palmas em concordância com transbordante alegria. A vida dos jovens que bradaram incansavelmente pela justiça Soka e venceram o mal pulsava com entusiasmo, e em seu coração ardia a grande paixão escarlate. Na vitória existe a alegria. Transborda de vitalidade para o avanço. Aqui se encontra o fator maior para conquistar uma nova vitória. Vitória, vitória e vitória — assim é a marcha Soka. “Justiça é a vitória daqueles que são corretos” — são as palavras do grande escritor Romain Rolland. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Assista ao vídeo com a canção Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu doSéculo 21 inspirada no poema de mesmo nome. Notas: 1. HÖLDERLIN, Friedrich. Sämtliche Werke [Coletânea de Obras de Hölderlin]. BEISSNER, Friedrich (ed.). Stuttgart: J. G. Cottasche Buchhandlung, v. 1, p.184, 1946. 2. O poema Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21 foi revisto pelo presidente Daisaku Ikeda para ficar registrado como uma nova “diretriz para o século 21”, e apresentado no jornal Seikyo Shimbun do dia 22 de março de 1999. Ilustrações: Kenichiro Uchida
20/06/2024
Encontro com o Mestre
BS
Ter um espírito altruístico
(Trecho do romance Nova Revolução Humana, v. 19) Okinawa agora ganhava um novo objetivo. Como afirmou o escritor francês Romain Rolland: “A vida é uma luta contínua em busca de melhoria e progresso. Portanto, vamos nos empenhar juntos, não descansando jamais sobre nossos próprios louros, mas estabelecendo objetivos cada vez mais elevados para alcançarmos”.1 Possuir um objetivo é fonte de esperança e de inspiração. (...) No decorrer de suas palavras [na convenção comemorativa dos vinte anos do movimento do kosen-rufu em Okinawa, realizada em 8 de fevereiro de 1974], Shin’ichi2 elucidou a essência do movimento Soka. — Em suma, consiste no espírito altruístico de se importar com os outros. Incutir esse espírito no coração dos seres humanos é a chave para a concretização da paz mundial. (...) A Soka Gakkai havia, até então, possibilitado que um número incalculável de pessoas consolidasse em sua vida o espírito de apoiar e se interessar pelo próximo. Muitos membros da organização começaram a praticar o Budismo Nichiren por estarem sofrendo em virtude de doenças, preocupações financeiras, problemas familiares ou outras dificuldades pessoais. Em outras palavras, iniciaram a prática em benefício próprio. No entanto, Nichiren Daishonin expressa: “Deve não só perseverar como também ensinar aos outros”.3 Além de nós próprios nos esforçarmos na fé, afirma ele, devemos ajudar os outros a fazer o mesmo. Basicamente, o ato de nos empenharmos pelo kosen-rufu por desejarmos a felicidade do próximo é que possibilita que nos tornemos genuinamente felizes. Trata-se da fusão da prática para si e da prática para os outros. Nossos próprios sofrimentos se tornam a força propulsora para a suprema prática de bodisatva, que é o kosen-rufu. Ao darmos o melhor de nós pelo bem dos outros, libertamo-nos do nosso eu menor, focado apenas em preocupações pessoais, e gradativamente expandimos e elevamos nosso estado de vida. O compromisso com o bem-estar dos outros nos impele a transformar nossa própria condição de vida e a realizar nossa revolução humana. A vida dos membros da Soka Gakkai, que recitam Nam-myoho-renge-kyo de todo o coração pela felicidade de seus amigos e, imbuídos de total sinceridade, compartilham os ensinamentos de Nichiren Daishonin com os outros, transborda de alegria, coragem e esperança. Mesmo que possamos enfrentar vários problemas de saúde, financeiros ou de outro tipo, podemos ultrapassá-los seguramente, como um hábil surfista deslizando sobre ondas colossais. O benefício grandioso e verdadeiro da fé reside nessa transformação interior fundamental e na revolução humana. De acordo com o princípio da unicidade da vida e seu ambiente, quando nossa condição de vida muda, podemos mudar nosso ambiente também e, desse modo, solucionar todos os nossos problemas e contrariedades. Shin’ichi deu ênfase à importância do compromisso com o bem-estar dos outros durante o seu discurso na convenção por saber que a felicidade dos integrantes de Okinawa e a consolidação da paz dependiam disso. Ele desejava que os membros de Okinawa encarassem com seriedade esse espírito e interagissem sinceramente com seus vizinhos, tornando-se pessoas merecedoras de confiança e estimadas na comunidade. Fonte: IKEDA, Daisaku. Arco-íris da Esperança. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 19, p. 64-65, 2019. Notas: 1. ROLLAND, Romain. Roman Roran Zenshu [Coletânea de Obras de Romain Rolland]. Tradução: Masakiyo Miyamoto e Tokuo Ebihara. Tóquio: Misuzu Shobo, v. 19, p. 68, 1983. Tradução do japonês. 2. Pseudônimo do presidente Ikeda no romance Nova Revolução Humana. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 405, 2020. Clamor pela paz Em 16 de julho de 1960, Ikeda sensei visitou pela primeira vez as terras de Okinawa, no extremo sul do Japão. Quinze anos haviam se passado desde o fim da Segunda Guerra Mundial e Okinawa estava sob o domínio dos Estados Unidos, que lá implantaram bases militares e até uma plataforma de lançamento de mísseis nucleares. Durante a sua quarta visita à localidade, em 2 de dezembro de 1964, ele se encontrava no segundo andar da sede de Okinawa, com a caneta em punho, para iniciar o romance Revolução Humana. Após escrever “Revolução Humana” e “Capítulo 1, Alvorada”, interrompeu a escrita. As palavras iniciais não vinham. Ele se lembrou, então, do local no sul de Okinawa em que foi travada uma sangrenta batalha e que havia visitado várias vezes. Enquanto as lembranças de sua juventude durante a guerra voltavam, Ikeda sensei pensou no momento em que seu mestre, Josei Toda, havia acabado de sair da prisão e viu, pela primeira vez, a cidade de Tóquio em ruínas. Naquele momento, as palavras vieram à mente. Não há ato mais bárbaro do que a guerra! Não existe um fato mais trágico do que a guerra! Entretanto, a guerra ainda continuava...1 Assim nascia a frase inicial do romance Revolução Humana que perpetuaria o espírito Soka pela concretização da paz. Vista para o Oceano Pacífico e a colina Mabuni a partir do Museu Memorial da Paz de Okinawa. Em frente à colina existe um monumento gravado com o nome daqueles que morreram na Batalha de Okinawa durante a Segunda Guerra Mundial (cidade de Itoman, Okinawa)No topo: Presidente Ikeda incentiva os membros da Divisão dos Estudantes em frente ao Monumento à Paz Mundial (Centro de Treinamento de Okinawa, Onna, Japão, fev. 1991). Por sugestão de Ikeda sensei, este local, uma antiga plataforma de lançamento de mísseis nucleares militares dos Estados Unidos, renasceu como um local de difusão da paz Fonte: Adaptado de matéria publicada no Seikyo Shimbun de 2 de março de 2024. Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Alvorada. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 21, 2022. Fotos: Seikyo Press
20/06/2024
Caderno Nova Revolução Humana
BS
“Vencedores são aqueles que mantêm a fé até o fim”
PARTE 33 Na volta da reunião de diálogo na cafeteria, o carro em que Shin’ichi Yamamoto estava passou em frente ao Parque Atlético de Osu, da cidade de Oita. Nesse local também havia um magnífico campo de beisebol. Shin’ichi disse ao líder que o acompanhava: — Que tal realizar um festival cultural de Oita naquele campo de beisebol? Vamos reunir os jovens e mostrar à sociedade o admirável aspecto de seu desenvolvimento, e também o aspecto da alegria de abraçar a fé e da união das pessoas do povo. Quando Shin’ichi retornou à Sede da Paz de Oita, um grupo de homens da faixa etária de 30 anos a pouco menos de 50 anos o aguardava em frente à entrada lateral. Eram os membros do Oita Hyakunanajuninkai (Grupo dos Cento e Setenta de Oita). Shin’ichi havia prometido tirarem, juntos, uma foto comemorativa. Eles foram os jovens que atuaram nos grupos de bastidores há 21 anos, em dezembro de 1960, ano da posse de Shin’ichi, quando ele visitou Oita e participou da Reunião de Fundação do Distrito Oita, realizada num ginásio esportivo administrado pela província. Shin’ichi não tinha como deixar de agradecer pela sincera e árdua dedicação deles em atuar diligentemente desde cedo, expostos aos ventos gelados, como a “força da sombra”. “Quero que mantenham a fé por toda a vida e vivam até o fim pela sua missão. A vida praticamente é decidida na faixa dos 20 a 30 anos. Por essa razão, quero que tenham os próximos dez anos como meta e lutem nos jardins do kosen-rufu para lapidar a si mesmos, para elevar sua condição de vida e para avançar” — assim orientou Shin’ichi na época. Eles se comprometeram a se encontrar novamente após dez anos. E cumpriram essa promessa em Fukuoka, em outubro de 1970. Nessa ocasião, Shin’ichi propôs: “Que tal formarmos um grupo com esses membros?”. Então, ele deu o nome de Grupo Hyakunanajunin; depois o renomeou como Oita Hyakunanajuninkai. E passados onze anos a partir de então, eles estavam se reunindo em torno de Shin’ichi pela terceira vez. Todos tinham se tornado pilares da confiança na sociedade e tinham se desenvolvido como líderes centrais que assumiam a responsabilidade pela Soka Gakkai. Uma vez firmado um laço, zelar, cuidar dele com uma perspectiva de longo prazo e incentivar sempre que possível — é assim que se desenvolvem os “valores humanos”. Shin’ichi estava feliz. Ele conclamou: — Vamos agora visar o século 21! Todos se posicionaram para a foto com uma decisão renovada. Solidificar o juramento de mestre e discípulo é edificar uma órbita segura da vida rumo ao futuro. PARTE 34 Shin’ichi Yamamoto participou da reunião de líderes de província comemorativa do terceiro aniversário de inauguração da Sede da Paz de Oita, promovida em suas dependências, na noite do dia 9. O encontro da nova partida, realizado após terem vencido a adversidade chamada “problemática do clero”, foi descortinado com o grande coro da canção Ningen Kakumei no Uta [Canção da Revolução Humana]. Essa canção foi justamente a que veio impulsionando e inspirando o espírito da Soka Gakkai. Levante-se, eu também me levantarei Levante-se só, cada qual em seu palco do kosen-rufu... Durante essa reunião, ao ser anunciado que, conforme sugestão de Shin’ichi, maio de 1982 seria o “Mês de Oita”, e também que, em comemoração do 3 de Maio, Dia da Soka Gakkai, e do 20 de Maio, Dia de Oita, seria realizado nesse mês o festival cultural com a participação de 30 mil pessoas, uma estrondosa salva de palmas ainda mais intensa ressoou por todo o salão. Foi adotada também a Declaração de Oita, formada por cinco tópicos. Nela constava: “Nós nos levantaremos conforme o testamento do Buda dos Últimos Dias da Lei, Nichiren Daishonin, e avançaremos unidos pela sagrada batalha para refutar o errôneo e estabelecer a verdade hasteando a bandeira de ‘Oita de harmonia’”. Estavam ainda manifestadas decisões tais como a de se honrarem mutuamente e se protegerem uns aos outros como companheiros emergidos da terra, e a de se dedicarem ao florescimento do ensinamento correto tendo como orgulho essa existência em que “compartilham sofrimentos e alegrias juntos com o supremo líder da realização do kosen-rufu”. Esse era um juramento de luta conjunta em resposta a Shin’ichi que, no dia anterior, havia conclamado: “Uma vez mais, iniciarei a grande batalha do kosen-rufu! Criarei a verdadeira Soka Gakkai. Senhores, lutem junto comigo também!”. Uma grande salva de palmas irrompeu em concordância à declaração. Após superarem e vencerem a época mais difícil das árduas batalhas contra a dominação dos sacerdotes perversos que tentavam separar o mestre e os discípulos do kosen-rufu, todos estavam com o coração transbordando de alegria por bradar a luta conjunta de mestre e discípulo e declarar a vitória de Oita. Todos sentiam profundamente que havia chegado uma nova era. E no coração deles ardia a esperança de promover com grande sucesso, sob a liderança dos jovens, o festival cultural da vitória do povo com alegria e dinamismo que emanam da fé, e de dar a partida do movimento pela expansão da rede de solidariedade da paz. PARTE 35 Na reunião de líderes da província de Oita, Shin’ichi Yamamoto agradeceu do fundo do coração a brava luta dos companheiros: — Os senhores promoveram a batalha pelo kosen-rufu na sociedade atual e se empenharam resolutamente na realização do shakubuku. Quando Toda sensei assumiu como segundo presidente da Soka Gakkai, o número de membros não passava de cerca de 3 mil pessoas. No entanto, por meio da ação de “devoção abnegada pela propagação da Lei” dos nossos companheiros, a legião do kosen-rufu se espalhou para o mundo inteiro. Quem tornou realidade o princípio de “emergir da terra”, mencionado por Nichiren Daishonin, foi a Soka Gakkai, e foram os senhores. Então, Shin’ichi citou a frase: — “No quarto volume do Sutra do Lótus consta esta afirmação: ‘Se alguém dissesse uma só palavra para amaldiçoar as pessoas leigas, os monges ou as monjas que mantêm e pregam o Sutra do Lótus, sua ofensa seria ainda mais grave que a de insultar o buda Shakyamuni face a face durante todo um kalpa’”.1 Daishonin afirma claramente dessa forma. O que acontecerá com aqueles que caluniam as pessoas que se empenham na concretização do shakubuku? Está rigorosamente exposto aqui. Além do mais, os senhores vieram realizando doações e se devotando ao clero desejando o seu desenvolvimento, mesmo em meio a condições de dificuldade. Se caluniarem esses filhos do Buda, certamente serão julgados e sentenciados rigorosamente pelo princípio místico de causa e efeito do budismo. O incidente do Shoshin-kai foi um trabalho da maldade que tentou obstruir o kosen-rufu, e podemos dizer que foi uma perseguição. É por existirem as perseguições que podemos aprofundar a fé. Uma prática da fé pacífica somente de benefícios não proporciona a transformação do destino nem possibilita atingir o estado de buda nesta existência. As perseguições são imprescindíveis e necessárias para se empenhar no exercício budista, transformar o destino e abrir uma condição de vida de indestrutível felicidade. Sofrer perseguições é a prova da justiça do budismo. Nichiren Daishonin afirma: “Fortaleçam sua fé dia após dia e mês após mês”.2 Gostaria que gravassem firmemente em seu coração que, naturalmente, dar continuidade à fé é essencial, mas o importante é ter a capacidade de manter a perseverança para avançar sempre, tanto na vida diária como em todos os outros aspectos da vida. Budismo é vitória ou derrota. Peço que mantenham uma fé vigorosa, vivam com sabedoria, dediquem-se com seriedade ao trabalho, lapidem seu caráter e trilhem até o fim uma vida de felicidade. A vitória ou a derrota só podem ser determinadas observando sua existência inteira. Vencedores são aqueles que mantêm a fé até o fim. PARTE 36 Na noite de 10 de dezembro estava programada a reunião de líderes da Divisão dos Jovens da província de Oita. Durante a manhã desse dia, Shin’ichi Yamamoto participou de discussões sobre as atividades futuras com os líderes centrais da província. No início da tarde, visitou a sala da zeladoria da Sede da Paz de Oita. Além do zelador, incentivou as integrantes da Divisão Feminina que vieram se dedicando ao kosen-rufu de Oita desde os primórdios da Soka Gakkai. Na ocasião, também estava presente o líder da Divisão dos Jovens que fora enviado da sede central da Soka Gakkai como responsável pela coordenação de todas as atividades na localidade. Ele lhe transmitiu que os jovens de Oita queriam iniciar o avanço rumo ao século 21 anunciando o Poema da Justiça, que continha a decisão pela nova partida na reunião de líderes que se realizaria mais tarde nesse dia. Fazia exatamente trinta anos desde que o venerado mestre, Josei Toda, anunciou o Preceito aos Jovens, que se inicia com a famosa frase “O que constrói a nova era é a força e a paixão dos jovens”. Shin’ichi também ponderava deixar uma nova diretriz aos jovens. — Pois bem, vou compor e dedicar-lhes! Ao dizer assim, ele começou a ditar. Em seu coração brilhava o espírito de luta repleto de emoção: — “Por que se escala uma montanha? / Porque aí se encontra uma montanha / — assim disse um famoso alpinista...” Os líderes da Divisão Masculina de Jovens e da Divisão Feminina de Jovens que estavam no local começaram a anotar apressadamente. As palavras pareciam jorrar continuamente da boca de Shin’ichi. — “Nós, agora, estamos prestes a escalar / a montanha do século 21 — / a montanha do kosen-rufu. / Meus caros jovens!/ Agitando a bandeira da justiça da / Lei Mística, / escalem / com coragem e bravura, / a montanha do século 21...” Então, ele enfatizou a importância de se escalar passo a passo “a montanha da realidade que se enfrenta dia a dia” para poder escalar a “montanha do século 21”, e conclamou a todos para conquistar a vitória em tudo no dia de hoje. Também disse que a força motriz para isso são “gongyo e daimoku” e, independentemente do que ocorresse, não se permitissem ser derrotados jamais, contidos nas palavras “prática da fé”. Foi um ditado imbuído da oração “Que todos se tornem grandes valores humanos do século 21!”. “O que educa os valores humanos é o grandioso bem” — são palavras de Tanso Hirose, educador de Oita. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 13, 2017. 2. Ibidem, p. 263. Ilustrações: Kenichiro Uchida
06/06/2024
Aprender com a Nova Revolução Humana
BS
Momentos inesquecíveis: volume 20 (parte 2)
Ligados por eternos laços de confiança Em dezembro de 1974, na noite anterior ao regresso ao Japão após a sua segunda visita à China, Shin’ichi recebeu uma mensagem do primeiro-ministro Zhou Enlai pedindo para que se encontrasse com ele. Embora Zhou Enlai estivesse gravemente doente e seus médicos fossem contra o encontro, esse se realizou devido ao forte desejo do primeiro-ministro de se encontrar com Shin’ichi. O primeiro-ministro Zhou enalteceu os esforços consistentes de Shin’ichi para fortalecer a amizade sino-japonesa: — Presidente Yamamoto, o senhor vem salientando a necessidade de cultivar relações fraternas entre os povos dos dois países, a despeito das dificuldades envolvidas. Fico extremamente contente com isso. A amizade bilateral é nosso desejo mútuo. Empenhemo-nos por isso juntos. (...) Os olhos do primeiro-ministro Zhou se comprimiram como se contemplassem ao longe, e ele disse em tom nostálgico: — Há mais de cinquenta anos, parti do Japão quando as cerejeiras estavam floridas. Assentindo com a cabeça, Shin’ichi sugeriu: — Entendo. Então venha visitar o Japão novamente na estação das cerejeiras. — Gostaria muito, mas temo que seja impossível — disse com um sorriso melancólico. Ouvir isso fez o coração de Shin’ichi doer. (...) Finalmente, Shin’ichi decidiu expressar o que estava pensando: — Precisamos nos manter saudáveis por muitos anos, primeiro-ministro Zhou. A China é um país fundamental para a concretização da paz mundial. Em benefício de sua nação e de seus 800 milhões de habitantes…1 O primeiro-ministro pareceu reunir todas as suas forças e começou a dizer: (...) — Os últimos 25 anos do século 20 serão um período crucial para toda a humanidade. Será necessário que os povos do mundo cooperem e auxiliem uns aos outros de igual para igual. — Penso que isso seja absolutamente verdadeiro — endossou Shin’ichi. Ele sentiu que estava ouvindo sobre o último desejo do primeiro-ministro. O diálogo havia se estendido por quase trinta minutos. Se fosse possível, Shin’ichi ficaria conversando com o primeiro-ministro Zhou para sempre, mas ele simplesmente não podia permitir que o encontro se prolongasse mais. — Prometo que levarei sua opinião ao conhecimento das pessoas apropriadas no Japão. E gostaria de lhe agradecer profundamente o fato de ter reservado tempo para me receber. (...) Essa ocasião foi a única vez que Shin’ichi e o primeiro-ministro Zhou se encontraram. Contudo, a amizade deles produziu um juramento eterno e laços de confiança imperecíveis. O espírito do primeiro-ministro fora totalmente incutido no coração de Shin’ichi. (Capítulo “Laços de Confiança”) Nota: 1. Atualmente a população da China é de aproximadamente 1,4 bilhão de habitantes. Caminhos para a paz Em janeiro de 1975, durante uma visita aos Estados Unidos, Shin’ichi encontrou-se com o secretário de Estado Henry Kissinger. Shin’ichi ansiava dialogar extensamente com o secretário Kissinger em prol da paz mundial, para juntos tentarem descobrir um novo rumo para a humanidade. Kissinger tinha uma personalidade racional e aberta e dava pouca importância para formalidades vazias. Era um observador com uma mente aguçada, que sempre assimilava a essência da questão abordada; portanto, a conversa avançou em ritmo acelerado. Quando Shin’ichi perguntou a Kissinger qual a sua opinião sobre o tratado de paz e de amizade entre Japão e China, o diplomata americano respondeu imediatamente que era favorável ao acordo e, a seu ver, deveria ser consumado. Durante o encontro, Kissinger indagou a Shin’ichi: — Permita-me inquirir-lhe com franqueza, a quem consagra sua lealdade no que se refere às potências mundiais? A pergunta de Kissinger era claramente motivada pelo fato de Shin’ichi ter visitado a China e a União Soviética e se encontrado com os líderes desses países e agora estar conversando com ele nos Estados Unidos. Shin’ichi respondeu sem hesitar: — Não somos filiados nem ao Bloco Ocidental nem ao Oriental. Tampouco somos aliados da China, da União Soviética ou dos Estados Unidos. Somos uma força de paz, e aliados da humanidade. Era nesse humanismo que Shin’ichi se baseava resolutamente, e esse era o posicionamento primordial da Soka Gakkai. Kissinger sorriu. Parecia entender as convicções de Shin’ichi. Durante o restante do diálogo, discutiram tópicos como o conflito árabe-israelense, as relações sino-americanas e americano-soviéticas, e as Conversações sobre Limites para Armas Estratégicas. A interlocução prosseguiu num clima de congraçamento de ideias e o desejo comum de vislumbrar caminhos para a paz. (Capítulo “Laços de Confiança”) (Traduzido da edição de 9 de junho de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Assista O vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 20
06/06/2024
Notícias
BS
Presidente Harada dialoga com papa Francisco
Na manhã do dia 10 de maio (horário local), o presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, encontrou-se com o papa Francisco, da Igreja Católica Romana, no Palácio Apostólico, localizado na cidade-Estado do Vaticano. O papa Francisco, o 266o papa, tomou posse em 2013 e, em 2023, celebrou seu 10o aniversário de papado. Nascido na Argentina, é o primeiro papa com origem na América do Sul. O pontífice está ativamente envolvido na resolução de conflitos bélicos e de crises ambientais, como também no diálogo inter-religioso, além de dedicar esforços para a reforma da Igreja. Em 2019, tornou-se o primeiro papa da história a visitar a península arábica. No mesmo ano, viajou para o Japão pela primeira vez, após 38 anos desde que um papa esteve no país, e visitou Hiroshima, Nagasaki e outros lugares. Em relação à Soka Gakkai Internacional (SGI), o vice-presidente da organização, Hiromasa Ikeda, encontrou-se com o papa em 2017, quando visitou o Vaticano como participante de uma conferência internacional que visualizava um mundo livre de armas nucleares. No ano passado, por ocasião do falecimento do presidente Daisaku Ikeda, as condolências do papa foram enviadas por intermédio da SGI-Itália. Na mensagem, o pontífice afirmou: “Registro a memória e os agradecimentos pelos atos de bondade realizados pelo Sr. Ikeda durante a sua longa existência, em especial, seus esforços em prol da paz e da promoção do diálogo inter-religioso”. Durante o encontro, o presidente Harada transmitiu os agradecimentos da família Ikeda pelas palavras de condolências do líder religioso a Ikeda sensei. O papa manifestou uma educada resposta. O diálogo amigável, repleto do espírito de trabalho conjunto para um futuro de paz, durou cerca de trinta minutos. Nele, o presidente Harada apresentou os esforços de Ikeda sensei à frente da Soka Gakkai Internacional (SGI) em campos como a paz, o desarmamento nuclear e o entendimento entre os povos, superando as diferenças com base no amor humano. Diálogo com o cardeal Mauro Gambetti Na sequência do encontro com o papa Francisco, o presidente Minoru Harada se encontrou, no dia 10 [de maio de 2024] com o cardeal Mauro Gambetti, presidente da Fundação Fratteli Tutti, na cidade de Roma. A coordenadora da Divisão das Mulheres, Kimiko Nagaishi, e o diretor do movimento pela paz da SGI, Hirotsugu Terasaki, também participaram do encontro. Leia mais Veja matéria completa no BS+ e no site da Editora Brasil Seikyo. Acesse: https://www.brasilseikyo.com.br/central-de-noticias/noticia/999562537 No topo: Papa Francisco da Igreja Católica Romana e presidente Minoru Harada trocam apertos de mão (Palácio Apostólico do Vaticano) Fonte: Texto traduzido e adaptado do Seikyo Shimbun do dia 11 de maio de 2024. Fotos: ©Vatican Media
06/06/2024
Notícias
BS
Comprovação e avanço
Em julho, os participantes do Clube de Incentivo à Leitura (CILE), da Editora Brasil Seikyo, recebem, em primeira mão, o volume 8 do romance Revolução Humana, de autoria do pacifista Daisaku Ikeda. A narrativa segue acompanhando a jornada da Soka Gakkai, retratando o período após 1953, época em que os membros da organização experimentam os benefícios concretos da prática da fé. Eles demonstram, de forma prática, a validade do Budismo de Nichiren Daishonin, abraçado pela organização. São relatos de pessoas que superaram doenças, resolveram problemas financeiros e familiares. Verdadeiras histórias de transformação da vida por meio da fé. É também uma fase de construção do futuro e defesa da lisura do Budismo Nichiren e do humanismo Soka. A partir de 1954, Josei Toda, grande propulsor desse avanço, promove uma série de mudanças estruturais relevantes, como o estabelecimento de uma sede maior, que melhor se adapte ao crescimento constante da organização. Os acontecimentos do ano demonstram que a Soka Gakkai está em rápida ascensão e que seu segundo presidente toma medidas necessárias e objetivas para gerir esse crescimento, preparando sucessores e renovando lideranças, além de expandir a estrutura física da organização. Nesse volume é também contextualizado o ambiente social e político da época, bastante conturbado. Experimentos com a bomba de hidrogênio, conduzidos pelo governo norte-americano no Atol de Bikini (localizado no centro-oeste do Oceano Pacífico), contaminaram com sua radiação um navio pesqueiro japonês de atum, seus tripulantes e toneladas de peixes. As atitudes governamentais dos dois países tomadas a partir desse fato chocam pela falta de humanismo. Na organização, destacam-se, entre as grandes atividades ocorridas, a peregrinação de 10 mil jovens ao templo principal Taiseki-ji e a 11ª Convenção Nacional, que enfatizaram a missão dos membros pelo kosen-rufu — um futuro desenhado no coração de Josei Toda, tendo os jovens na vanguarda desse movimento. Com a expansão acelerada da Soka Gakkai, outras entidades religiosas começam a criticar o movimento de propagação promovido por ela. Estamos no início de 1955 e, além dos embates com outras religiões, alguns jornais do Japão publicam matérias difamatórias contra a organização. Josei Toda lidava com firmeza com tais acontecimentos, mostrando seu espírito de luta pelo kosen-rufu. O último capítulo do volume marca o início de uma fase em que a organização se defrontará com a incompreensão da sociedade. O glorioso triunfo da Soka Gakkai é construído nessa saga do romance Revolução Humana, coleção de doze volumes. O presente volume (8) chega aos Cileiros em julho e estará disponível nas versões impressa e digital para quem desejar adquiri-lo. Acompanhe. Veja aqui os kits de julho para cada plano do CILE ao lado PLANO DIAMANTELivros são joias preciosas. O Diamante é o plano de assinatura do CILE perfeito para você que gosta de uma experiência completa de leitura no formato físico. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 brinde especial 1 marcador de página Resenha digital e conteúdos extras 52,00/mês + Taxa de entrega PLANO OURO O Ouro é o plano de assinatura do CILE ideal para os leitores que estão iniciando a jornada de incentivo à leitura. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento1 marcador de página 32,00/mês + Taxa de entrega Vídeo sobre o livro Revolução Humana, v. 8. Confira no Instagram o vídeo spoiler do lançamento de julho Quer fazer parte do CILE? Para garantir a sua leitura e receber esta obra no mês de julho, assine o CILE até 30/06/2024. Acesse o site: www.cile.com.br Para os assinantes do CILE Digital, a obra ficará disponível a partir do dia 01/07/2024 em www.ciledigital.com.br Foto: BS
06/06/2024
Encontro com o Mestre
BS
Nobre mulher de altivo orgulho, tenha mais um dia feliz!
Uma mulher de coração forte é como o sol. Se houver uma única mulher que brilhe, quão iluminado ficará todo o seu redor! Quanta luz de vívida alegria e de compaixão se espalhará! A missão da mulher de iluminar o futuro do kosen-rufu é demasiadamente grandiosa. * * * Pode-se dizer que a capacidade de responder maravilhosamente às emoções e aos sentimentos ocultos no fundo do coração é um talento natural dado às mulheres. A sensibilidade intuitiva a determinada situação é algo muito distante dos homens. Acredito que, no ato de captar rapidamente o movimento existente no fundo da vida, ainda não percebido pelo intelecto, e abraçá-lo com amor carinhoso, se pode descobrir a expressão da verdadeira criação que só as mulheres conseguem realizar. * * * A partir do diálogo com os amigos e vizinhos próximos, começa a gigantesca mudança. A partir de um passo após outro de corajosa caminhada, na localidade e na sociedade, junto com a geração futura, nasce a história indestrutível. Até que ponto se consegue expandir a rede sólida de justiça das mulheres? Aqui se encontra a luz da esperança do século 21. * * * Nós estamos, hoje, construindo o novo mundo, sonhado pela humanidade. “O século de felicidade das mulheres!” “O século de vitória das mães!” Para tanto, mulheres Soka de altivo orgulho! Grandiosas mães do kosen-rufu! Por favor, vençam a cada dia, não importando o que aconteça, com alegria, inteligência e coragem! Mais um dia feliz, hoje também! Publicado no Seikyo Shimbun de 19 de maio de 2024. No topo: Iluminadas pela luz solar do início de verão, azaleias brancas e lilases avermelhadas reluzem com cores vívidas. Imagem registrada em câmera fotográfica por Ikeda sensei em maio de 2000, na cidade de Hachioji, Tóquio. As azaleias, pela sua beleza, fascinam muitas pessoas desde a antiguidade. Na mais antiga coletânea de poemas existentes até hoje no Japão, o Man’yo-shu, observam-se expressões como “flor benevolente que segue a capital”, “guerreiro com instrumento avermelhado” e “oficial com instrumento branco” para se referir à azaleia. No mês de maio deste ano [2024] foi realizada, em cada localidade do Japão, a Convenção da Divisão das Mulheres, por meio da qual desabrocham as flores de sorriso por toda parte. Vamos expandir o círculo da amizade e da felicidade, com elevada voz da coragem e sólidos laços de “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro”! Fontes: Este texto tem como base palavras de Ikeda sensei extraídas, respectivamente, de trechos do discurso na Conferência da Divisão das Mulheres, publicado no Seikyo Shimbun do dia 9 de março de 2008; Kokoro-ni Hibiku Kotoba — Shin Fujin-sho [Palavras que Ecoam no Coração — nova edição de Anotações para a Divisão Feminina]; Shin Josei-sho [Ensaio sobre as mulheres]; e Obras Completas de Daisaku Ikeda, v. 137.
06/06/2024
Encontro com o Mestre
BS
A transformadora oração de juramento
A recitação do Nam-myoho-renge-kyo é a fonte de energia e de esperança que permite às pessoas aproveitarem, da maneira mais positiva, a vida, a cada dia, para que conduzam uma existência plena de vitória, brilhando com a alegria de viver. Brasil Seikyo, ed. 1.915, 10 nov. 2007, p. A2. * * * O som do daimoku pode até fazer com que os outros se alegrem e respondam com alegria ao ouvirem-no. Portanto, vamos sempre nos empenhar para recitar o tipo de daimoku revigorante que evoque essa resposta nos outros. Idem, ed. 1.230, 19 jun. 1993, p. 3. * * * É infalível: transformamos nossa vida numa existência de felicidade indestrutível, transbordante de boa sorte e invulnerável a tudo. Tudo se torna prazeroso. Há satisfação mesmo sem se ter fama ou riqueza. Instante a instante os momentos são de pleno contentamento. Tudo parece belo e pleno de alegria. Pensamos no bem-estar das pessoas, não importa o que estejam passando. É esse estado de vida que adquirimos ao aprimorar a fé e praticar o budismo. Idem, ed. 1.222, 17 abr. 1993, p. 4. * * * A recitação do daimoku é a força que garante infalivelmente a “transformação de veneno em remédio” (hendoku iyaku). O sofrimento do “veneno” se transforma no remédio chamado “felicidade”. Por meio do princípio de “desejos mundanos são iluminação” (bonno soku bodai), os problemas se convertem em fonte de iluminação e de felicidade. Quanto maiores os problemas e sofrimentos, maior será a felicidade a ser alcançada. Essa é a força do daimoku e, por essa razão, aquele que recita a Lei Mística nada teme, pois não há o que temer. Idem, ed. 2.511, 11 abr. 2020, p. 4. * * * Embora imperceptível aos olhos, uma árvore está sempre crescendo, dia a dia. Apesar de igualmente imperceptível, nosso daimoku está nutrindo diariamente nosso crescimento como uma grande e frondosa árvore de boa sorte. Se perseverarem na prática da fé por dez ou vinte anos, dentro da SGI, com certeza um dia os benefícios que se tornaram uma grandiosa árvore serão claramente visíveis. Ibidem, p. 5. * * * Por meio da prática budista, purificamos nossas habilidades perceptíveis e mentais que são representadas pelos nossos olhos, orelhas, nariz, língua, pele e mente; ou seja, a nossa vida em sua integridade. O espelho brilhante de uma vida polida e fortalecida é capaz de refletir o universo, a sociedade e a vida humana. Em essência, o espelho brilhante é o próprio Gohonzon, a vida de Nichiren Daishonin. (...) Este é o profundo significado da fé na Lei Mística. Por meio da fé resoluta, elevamos e transformamos a nossa vida, física e espiritualmente, ao seu mais puro e forte estado. A purificação da nossa vida por meio da fé é a força motriz da nossa vitória como seres humanos. Por isso, é vital que continuemos perseverando na fé até o último instante de nossa existência. Brasil Seikyo, ed. 2.237, 2 ago. 2014, p. B1. * * * Assim como o eco segue um som e a sombra acompanha uma forma, se os praticantes do Sutra do Lótus recitarem Nam-myoho-renge-kyo, suas orações infalivelmente se converterão em resultados positivos. Nichiren Daishonin ensina que, por meio da oração, nossa vida é transformada. Essa transformação influencia também, de maneira positiva, o nosso ambiente. Ibidem. * * * A oração — Nam-myoho-renge-kyo — é o único caminho que nos possibilita enfrentar as desilusões presentes em nossa vida no nível mais fundamental. Dessa forma, afirmamos que a oração é a força motriz para manter uma prática correta e tenaz. Não há nada tão insignificante quanto uma ação sem oração. Para aqueles que são negligentes na oração, as coisas podem parecer caminhar tranquilamente por um tempo, fazendo-os se sentir otimistas. Mas, quando se deparam com a adversidade, tendem a cair no desespero e sua vida fica frágil como uma árvore seca. Sem autoconfiança, eles são levados, assim como as folhas, em meio à turbulência da sociedade. O caminho para escalar a montanha da vida não é uma linha reta, com erros e acertos. Às vezes, vencemos; outras vezes, perdemos. Cada passo que avançamos e cada curva que fazemos, crescemos um pouco mais. Nesse processo, a oração age como uma poderosa força que nos previne de nos tornar arrogantes ou de sermos devastados pela derrota. Ibidem. * * * A oração provoca a mudança em nosso coração, no profundo âmago da nossa vida. Essa transformação interior não se limita apenas a nós, mas inspira os outros a fazer o mesmo. Da mesma forma, quando uma comunidade [sociedade] muda, a transformação não será limitada a ela, pois uma simples onda é capaz de provocar o surgimento de inúmeras outras. Portanto, afirmo que o primeiro passo para tal transformação se resume em mudar o coração de um único indivíduo. Acredito que essa transformação se encontre no profundo significado da afirmação de Nichiren Daishonin: “Budismo é razão”.1 Ibidem. * * * Nossa voz, ao recitarmos daimoku, pode transformar os “três domínios da existência” — domínio dos cinco componentes, domínio dos seres vivos e domínio do meio ambiente —. Isso nos liga às funções protetoras do universo e aos budas e bodisatvas das dez direções e movimenta tudo em direção à vitória. Esse é o princípio de que os três mil mundos estão contidos num único momento da vida. Portanto, nada pode se comparar ao poderoso som do daimoku. Aqueles que produzem esse som nada têm com que se preocupar ou temer. Nada é mais forte que o daimoku. O notável desenvolvimento atual da SGI se tornou possível por termos avançado com essa profunda convicção. Recitando daimoku abundante e sonoro, vamos tocar a melodia do prelúdio da glória. Brasil Seikyo, ed. 2.398, 2 dez. 2017, p. B2. * * * Nam-myoho-renge-kyo é o nome da nossa natureza de buda. Chamamos o seu nome quando recitamos daimoku, e nossa natureza de buda emerge em resposta a esse ato, que também evoca a natureza de buda de todos os demais. A própria felicidade é responsabilidade de cada um e de mais ninguém; é algo que devemos construir sozinhos. Culpar os outros por sua infelicidade não leva a nada. Em última análise, é ser responsável pela própria vida. O som do daimoku faz a vida de quem o recita resplandecer com a máxima intensidade. Idem, ed. 2.404, 27 jan. 2018, p. B3. * * * Recitar daimoku naturalmente traz benefícios. Contudo, quando o desejo de “cura da doença” se sintoniza perfeitamente com um profundo senso de missão, as rodas da transformação fundamental da própria vida, da revolução interior e da mudança do destino começam a girar fortemente. No momento em que se estabelece o juramento seigan pelo kosen-rufu e há empenho na intensa e sincera recitação do daimoku, a extraordinária vida do bodisatva da terra se evidencia e a vida do buda Nichiren Daishonin pulsa em seu ser, abrindo o mundo do Buda no âmago de sua vida. Nessas circunstâncias é que existe a revolução do seu estado de vida e a dramática transformação do seu destino se torna possível. Idem, ed. 2.072, 19 fev. 2011, p. B2. * * * Ao recitarem o daimoku com o juramento seigan pelo kosen-rufu, estarão realizando a oração dos bodisatvas da terra. Então, nesse momento, a vida de vocês se abrirá para a suprema condição de bodisatva da terra. Por isso, nessa oração estará imbuída a força que move todos os deuses e divindades budistas,2 assim como o grande universo, e tanto vocês como suas famílias serão protegidos. Idem, ed. 2.047, 14 ago. 2010, p. A2. * * * O daimoku é uma oração em que mestre e discípulos, isto é, os bodisatvas da terra que lutam pelo kosen-rufu, estão unindo o coração. Dessa forma, não há como os desejos não serem concretizados. Ibidem. * * * A verdadeira vitória será conquistada com a oração e a ação destemida e sincera dos discípulos. Essa é a essência da transmissão do mestre ao discípulo descrita no Sutra do Lótus. Brasil Seikyo, ed. 2.042, 3 jul. 2010, p. A4. No topo: Que todos avancem ao ritmo da canção do triunfo! Que todos expandam sua condição de vida! — Ikeda sensei e sua esposa Kaneko, incentivam continuamente os amigos de nobre missão (Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio, em Hachioji, dez. 2007) Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 99, 2017. 2. Deuses budistas: Indicam as forças protetoras inerentes ao ambiente, que são ativadas pela fé contida nas orações da pessoa ao Gohonzon. Foto: Seikyo Press
06/06/2024
Encontro com o Mestre
BS
Triunfam as pessoas que oram com sinceridade
Porto da paz e da justiça A cidade portuária de Yokohama, na província de Kanagawa, é uma localidade que o presidente Ikeda visitou diversas vezes, gravando momentos que ficaram registrados na história do movimento pelo kosen-rufu. Vista do Porto de Yokohama em foto tirada por Ikeda sensei do Centro Cultural de Kanagawa (set. 2017)Em 25 de outubro de 1949, devido à crise financeira, a revista juvenil Shonen Nippon [Meninos do Japão] teve a publicação encerrada. Editada pela empresa de Josei Toda, ela tinha o jovem Daisaku Ikeda como editor-chefe. Enquanto os funcionários ficaram desanimados, Ikeda sensei apoiou fortemente seu mestre, protegendo e encorajando os membros da Soka Gakkai. Dois dias após o anúncio do encerramento da revista, o jovem Ikeda participou de uma reunião com cerca de cinquenta companheiros da organização em Yokohama. Uma forte chuva caía no momento em que o Mestre bradou: “A Gakkai está forte. Toda sensei está forte. Eu também preciso ser forte”. Trinta anos depois, Ikeda sensei enfrentava uma tempestade de ataques maldosos do clero da Nichiren Shoshu, culminando com sua renúncia da presidência da Soka Gakkai em 24 de abril de 1979. Após a reunião comemorativa do Dia 3 de Maio, data em que a renúncia foi comunicada aos membros, ele se dirigiu ao Centro Cultural de Kanagawa, que oferecia vista para o Porto de Yokohama. Lá estava atracado o navio Hikawa Maru cujo processo de restauração havia sido concluído em 1930, ano de fundação da Soka Gakkai. Naquele dia, o Mestre inscreveu os ideogramas Kyosen [“Luta Conjunta”], registrando em sua lateral: “Na noite de 3 de maio de 1979. Com a decisão de seguir por toda a minha vida em prol do kosen-rufu com coração inabalável. Acreditando ter verdadeiros companheiros, uno minhas mãos em reverência”. Na tarde do dia 5, atendendo ao convite dos membros locais, Ikeda sensei realizou um passeio de barco ao redor do porto. A embarcação, denominada “Século 21”, pertencia a um integrante da Soka Gakkai. Ao pensar que aquele mar estava ligado ao Oceano Pacífico, o Mestre visualizou o grande oceano do kosen-rufu mundial do século 21. Naquele dia também, ele correu o pincel sobre o papel para inscrever: Seigi [“Justiça”]. No lado inferior direito, registrou: “Sozinho empunho a bandeira da justiça” e jurou: Agora, enfim é o verdadeiro momento decisivo! Não importando em que posição eu seja colocado, lutarei resoluto, mesmo que fique absolutamente sozinho. Com o coração de unicidade de mestre e discípulo, comprovarei sem falta a vitória. Justiça significa trilhar o grande caminho do kosen-rufu até o fim!1 Após a convenção (...) que marcou formalmente a minha renúncia, não retornei à sede da Soka Gakkai em Shinanomachi, mas me dirigi a Kanagawa. Do Centro Cultural de Kanagawa (em Yokohama), olhei para o límpido mar azul que parecia se estender infinitamente. O mar leva a todos os cantos do mundo. Decidi estender a mão ao mundo também. Não precisava me limitar à pequenina nação chamada Japão. Como verdadeiro discípulo de Toda sensei, compartilhando de suas convicções e perspectivas, propagaria as ondas do kosen-rufu em todo o mundo. Essa foi minha forte determinação. E, atualmente, a rede de paz e humanismo da Soka Gakkai Internacional (SGI) abrange 192 países e territórios. Líderes e pensadores conhecidos mundialmente expressaram sua ilimitada esperança e seu elogio ao movimento popular da SGI. A vitória da SGI foi minha oração e minha vitória. Obrigado! Não tenho palavras para dizer-lhes como me sinto feliz. (...) O daimoku é a base da nossa prática budista. O supremo caminho que leva à felicidade nada mais é que recitar Nam-myoho-renge-kyo. [Nichiren] Daishonin também escreveu: O que chamamos de fé não é nada fora do comum. Fé significa depositar nossa crença no Sutra do Lótus, em Shakyamuni, em Muitos Tesouros, nos budas e bodisatvas das dez direções, nas divindades celestiais e nas divindades benevolentes, e recitar Nam-myoho-renge-kyo do mesmo modo que uma mulher ama seu marido, que um homem sacrifica a vida por sua esposa, que os pais se recusam a abandonar seus filhos ou uma criança se nega a deixar sua mãe.2 Em outras palavras, devemos olhar para o Gohonzon e orar com amor e devoção que sentimos pela pessoa mais querida e importante em nossa vida — para alguns, podem ser os filhos; para os outros, a pessoa amada. [risos] Não tem nada de complicado nisso. (...) As pessoas que oram com seriedade e sinceridade, com uma fé pura e sincera no Gohonzon, triunfam em tudo. Todas as suas orações se concretizam. Quero que vocês da Divisão dos Jovens conheçam verdadeiramente o supremo mundo do espírito que é a fé. Nunca se permitam ser influenciados pelas tendências passageiras e superficiais da época, nem ser enganados, manipulados e tampouco se tornar infelizes. O escritor russo Liev Tolstói (1828–1910) escreveu estas palavras para sua querida filha Alexandra: “A autoperfeição é de longe o objetivo mais importante de sua vida. Uma vida assim nunca se torna monótona, mas cheia de alegria”.3 A prática budista e as atividades da Soka Gakkai são o supremo caminho para polirmos e desenvolvermos nossa vida, e são com certeza a estrada certa para a felicidade. (...) Do ponto de vista da eterna perspectiva do budismo, não há nenhuma necessidade de permitirmos ser perturbados pelos acontecimentos passageiros de menor importância. As pessoas que praticam sinceramente o Budismo de Daishonin vencerão no final. A vitória da Soka Gakkai está garantida. Portanto, vamos continuar a avançar com orgulho e convicção! Durante uma reunião de líderes da província de Kanagawa, o Mestre enfatiza: “Uma pessoa certamente vencerá a partir do momento em que manifestar uma forte fé” (12 jun. 1988)No topo: Percorrendo o local sob forte chuva, sensei encoraja os participantes do Festival Musical da Juventude de Kanagawa pela Paz (Estádio de Yokohama, Kanagawa, 9 set. 1984) Fonte: Brasil Seikyo, ed. 1.927, 16 fev. 2008, p. A4. Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Grande Montanha. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-I, p. 107, 2022. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 304, 2017. 3. TOLSTÓI, Liev N. Polnoe Sobranie Sochinenii [Obras Completas]. Moscou: Gosudarstvennoe Izdateljstvo Khudodzestvennoi Literaturyi, v. 76, p. 86, 1956. Fonte: Adaptado de matéria publicada no Seikyo Shimbun de 3 de abril de 2024. Fotos: Seikyo Press
06/06/2024
Encontro com o Mestre
BS
O eterno ponto primordial da esperança — o “Dia dos Sucessores da Soka Gakkai”
Eu adoro vocês, da Divisão dos Estudantes. Vocês possuem esperança, sonhos e potencial infindáveis. A idade de vocês é um período importante para a partida real de sua vida. Talvez haja momentos em que, na prática, enfrentem adversidades ou destino rigorosos. Porém, não existe dificuldade que seja intransponível. Isso porque todos vocês abrigam originalmente uma forte energia vital capaz de superar quaisquer situações adversas. O Budismo de Nichiren Daishonin é o ensinamento que indica a direção para se tornar feliz infalivelmente, sem ser derrotado pelos sofrimentos que a vida impõe, despertando essa energia fundamental em todas as pessoas, sem exceção, e fazendo emergir a coragem e a sabedoria. Quem ensinou esse grandioso budismo para as pessoas, não só do Japão, mas do mundo inteiro, promovendo o avanço do kosen-rufu, foi a Soka Gakkai. * * * Se orar, e continuar se esforçando, com certeza, os desejos guardados no fundo do coração serão realizados. No final, a pessoa que recita daimoku conquista uma grandiosa vitória na juventude e consegue trilhar uma existência muito melhor do que aquela que imaginou. Por isso mesmo, não deve se deixar ser derrotado nem se desesperar diante de tristezas e sofrimentos momentâneos, mesmo que a situação pareça desfavorável. * * * Os protagonistas do futuro são vocês. Quem criará a próxima Soka Gakkai são, sem dúvida, todos os membros da Divisão dos Estudantes. Se o 3 de maio é o eterno dia do ponto primordial da Soka Gakkai, o 5 de maio, Dia dos Sucessores da Soka Gakkai, é o eterno dia da esperança. Oro e acredito na sua vitória! Na sua felicidade! Publicado no Seikyo Shimbun de 5 de maio de 2024. No topo: Sob o refrescante céu azul, serpentinas de carpa coloridas tremulam tranquilamente com a brisa. Fotografado por Ikeda sensei na cidade de Akiruno, Tóquio, em abril de 1999. No dia 5 de maio, é celebrado o Dia das Crianças [no Japão]. Serpentinas de carpa são hasteadas desejando o crescimento saudável das crianças. Na China, existe uma lenda na qual uma carpa escala uma cachoeira chamada Portal do Dragão e se transforma em um grande dragão. Citando essa lenda, Ikeda sensei clamou aos membros da Divisão dos Estudantes: “O ser humano, também, só pode se tornar grandioso ao superar persistentemente rigorosas provações”. O dia 5 de maio também é o “Dia dos Sucessores da Soka Gakkai”. Enviemos brisas agradáveis de encorajamento aos jovens companheiros que sustentarão o futuro do kosen-rufu Fontes: Este texto tem como base palavras de Ikeda sensei extraídas, respectivamente, de trechos de Mirai no Kibo, Seigi no Sosha ni Okuru [Dedico aos “Corredores da Justiça”, a Esperança do Futuro], Mirai Taiwa — Inori-wa Seishun Shori no Chikara [Diálogo da Juventude — A Oração é a Força para a Vitória na Juventude], e Mirai Taiwa — Kimi-yo Kagayake! Sekai o Terase [Diálogo da Juventude — Resplandeça Você! Ilumine o Mundo!].
29/05/2024
Encontro com o Mestre
BS
Laço de suprema nobreza
A unicidade de mestre e discípulo inicia-se pelo ato de viver com o mesmo espírito do mestre e de sempre mantê-lo firmemente no coração. É fácil falar sobre o caminho de mestre e discípulo, mas se nosso mestre não estiver em nosso coração, não estaremos praticando o budismo genuinamente. Se pensarem no coração do mestre como algo que existe fora de vocês, as ações e a orientação dele não atuarão mais como um padrão ou modelo interior para vocês. Então, em vez disso, poderão adotar como parâmetro de conduta a maneira como seu mestre os vê ou os avalia. Se isso acontecer, tenderão a se esforçar com afinco se o mestre lhes disser estritamente que o façam, mas poderão diminuir o empenho ou até se tornar calculistas na tentativa de obter a aprovação dele. Dessa forma, não conseguirão aprofundar a fé nem realizar sua revolução humana. E, se os líderes cederem a essa tendência, aniquilarão o verdadeiro espírito do budismo e o puro mundo da fé se transformará num reino de questões mundanas governado por vantagens pessoais e conjecturas. Somente estabelecendo firmemente o grandioso caminho da unicidade de mestre e discípulo no próprio coração, a pessoa consegue promover a perpetuação da Lei. Fonte: IKEDA, Daisaku. Fortaleza de Pessoas Capazes. Nova Revolução Humana, v. 25. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. * * * A unicidade de mestre e discípulo é essencialmente rigorosa. Tudo depende da seriedade com que o discípulo é capaz de aceitar e agir de acordo com cada palavra do mestre. Um verdadeiro discípulo esforça-se para concretizar os objetivos do mestre, sem imitá-lo, mas colocando suas palavras em ação. As pessoas que meramente tentam imitar o mestre, agindo só na aparência, de alguma maneira acabam indo para o caminho errado. Isso realmente aconteceu na época do presidente Toda e continua a acontecer atualmente. Há um caminho para cada discípulo, e esse caminho encontra-se unicamente no esforço de concretizar os ideais do mestre. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 1.548, 18 mar. 2000, p. A3. * * * Que tesouro precioso é a unicidade de mestre e discípulo! Do ponto de vista do budismo, é um laço de suprema nobreza. Se não fosse pelo mestre Tsunesaburo Makiguchi e por seu discípulo Josei Toda — os dois primeiros presidentes da Soka Gakkai —, o renascimento do Budismo Nichiren na era moderna jamais teria ocorrido. Ter um mestre na fé é condição vital para praticar corretamente. Além disso, a Lei se transmite quando os discípulos atuam com o mesmo espírito que o mestre. A unicidade de mestre e discípulo é a base do Budismo Nichiren. Fonte: Terceira Civilização, ed. 503, jul. 2010, p. 46. * * * Quando fazemos da profunda determinação do mestre a nossa própria determinação e nos dedicamos ao máximo, conseguimos vencer qualquer batalha. O Sr. Toda nos garantiu com total convicção: “Dedique a vida ao caminho Soka de mestre e discípulo. Você nunca vai se arrepender disso e sua vida será adornada com a alegria da vitória”. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.035, 15 maio 2010, p. 4. * * * O presidente Toda frequentemente dizia: “A relação de mestre e discípulo não é firmemente estabelecida quando você se tornar um bom discípulo. A relação de mestre e discípulo depende do comprometimento do discípulo”. Quando o discípulo busca o mestre e empenha-se sinceramente para crescer, sua vida e seu espírito ressoam com a vida e o espírito do mestre, e suas capacidades ilimitadas anteriormente ocultas são desvendadas. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 1.652, 18 maio 2002, p. A6. * * * Em qualquer área, o caminho de mestre e discípulo abre um desenvolvimento infindável. Posso afirmar que, se não existisse o treinamento do meu mestre, Josei Toda, não existiria o meu “eu” de hoje. Por isso, “concretizar os sonhos do mestre” foi o sonho de toda a minha existência. Determinei com firmeza que, somente concretizando os sonhos do mestre eu estaria saldando as dívidas de gratidão com ele, deixando-o verdadeiramente feliz. Fonte: IKEDA, Daisaku. Vivam as Doutoras do Cultivo da Felicidade. Flores da Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. * * * O sentimento ardente e sincero dos discípulos sempre será captado pelo mestre. Nada pode se interpor entre mestre e discípulo — caso exista alguma barreira desse tipo, ela reside no coração do próprio discípulo. Fonte: IKEDA, Daisaku. Arco-íris da Esperança. Nova Revolução Humana, v. 19. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. No topo: Ikeda sensei e a Sra. Kaneko observam estátua do primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, no Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio, Hachioji. Este memorial foi construído com o intuito de louvar a nobre existência de Makiguchi sensei, que dedicou a vida a proteger o Budismo Nichiren e a organização. A estátua está instalada como se “observasse” o campus da Universidade Soka (jul. 2001) Foto: Seikyo Press
29/05/2024
Caderno Nova Revolução Humana
BS
“Se possui um coração de leão, não haverá nada a temer”
PARTE 29 Shin’ichi Yamamoto prosseguiu citando uma frase dos escritos de Nichiren Daishonin: — “Os maus amigos empregarão palavras sedutoras, enganarão, bajularão e irão falar com astúcia e, dessa forma, controlarão a mente das pessoas ignorantes e desinformadas e destruirão a mente do bem que existe nela”.1 “Maus amigos” são os maus sacerdotes que expõem ensinamentos errôneos, iludem e desorientam as pessoas e obstruem o exercício budista. Daishonin diz que eles enganam com palavras doces e também adulam as pessoas que tentam viver em prol do kosen-rufu; e, com hábeis palavras, ludibriam-nas chamando de “mal” o que é do “bem”, fisgam seu coração e destroem sua prática da fé. Os senhores também vieram sendo atormentados impiedosamente pelos maus reverendos. De um lado, eles caluniavam a Soka Gakkai como herética e, do outro, diante de pessoas que consideravam presas fáceis, enchiam-nas de elogios, bajulavam e ludibriavam astutamente e as conduziam a abandonar a prática da fé. Esse é o método utilizado pelos “maus amigos”. A verdadeira natureza desses maus amigos mostra arrogância e egoísmo. Se for atrás disso, naturalmente acabará por se desviar do correto caminho da fé. Para se viver pelo kosen-rufu, um ponto importante é saber desmascarar com perspicácia esses “maus amigos” que destroem a pura e sincera fé. No círculo dos senhores, certamente deve haver pessoas que, apesar de terem se empenhado juntos na fé até agora, acabaram sendo enganadas pelos maus sacerdotes e abandonaram a Soka Gakkai. Creio que devem ter ido diversas vezes até elas e tentado convencê-las a não se afastar da organização que existe conforme o desejo e a ordem do Buda. No entanto, mesmo que elas tenham decidido continuar como membros da Soka Gakkai, foram novamente ludibriadas, mudaram a decisão e deixaram a organização. Sei perfeitamente que os senhores têm experimentado muito sofrimento e tristeza por conta disso. Houve pessoas que ficaram com os olhos cheios de lágrimas, talvez por se recordarem da raiva e da frustração que sentiram nesses momentos. Shin’ichi declarou ainda: — O budismo expõe a “transformação de veneno em remédio”. Esse é o ensinamento que consegue transformar infortúnios em felicidade. Da mesma forma que a pipa sobe para o alto do céu por existirem os ventos, é por se enfrentar dificuldades e provações que se consegue expandir amplamente a condição de vida e bailar livremente no grande céu da felicidade. O dinamismo do budismo existe nesse drama de transformação. PARTE 30 À medida que falava, Shin’ichi Yamamoto imbuía mais força em suas palavras. — Nichiren Daishonin declara ainda: “Não tenho a intenção de reverter meu curso agora, nem jamais censurarei [aqueles que me perseguiram]. Pessoas más também serão boas amigas para mim”. 2 Não importando quanto sua vida tivesse sido uma sucessão de perseguições, ele estava consciente desde o início, decidido e preparado. Independentemente das grandes perseguições que enfrentasse, afirma que nunca reverteria a sua decisão e tampouco alimentaria ódio por alguém. O que é mais importante para conseguir cumprir até o fim a missão pelo kosen-rufu, assumida no remoto passado, atingir o estado de buda na presente existência e conquistar uma condição de vida de indestrutível felicidade? É o levantar na fé, com consciência e decisão. Quando se decide no coração, e se possui um coração de leão, não haverá nada a temer. E nesse momento, até mesmo os piores malfeitores que os fizeram sofrer sem piedade, todos se tornarão “bons amigos”. Isso porque é com a conscientização do que está por vir, com a decisão de confrontar e lutar contra as grandes adversidades, que se lapida e fortalece a própria fé e conquista a transformação do destino. Os senhores de Oita passaram por terríveis dificuldades com a problemática. Mas isso se tornará a força de impulsão para o próximo salto. Uma vez mais, reiniciarei a grande batalha pelo kosen-rufu. Criarei a verdadeira Soka Gakkai. Senhores, lutem juntos comigo! — Sim! Vozes fortes e repletas de decisão ecoaram alto. Os companheiros de Oita, que mais passaram por sofrimentos, levantaram-se resolutamente junto com Shin’ichi. Na reunião de diálogo, houve também a feliz comunicação de que praticamente não havia membros da Divisão Masculina de Jovens que se afastaram da Soka Gakkai por conta da problemática com o clero. Como se inclinasse o corpo para a frente, Shin’ichi disse com ar de satisfação: — É mesmo? Isso é algo extraordinário. Se os jovens estiverem firmes, o futuro de Oita será sólido. Quero deixar alguma diretriz aos jovens para que se torne um incentivo para o avanço. Estava programada em Oita a realização da reunião de líderes da Divisão dos Jovens da província dois dias depois, em 10 de dezembro. PARTE 31 Mesmo depois da reunião de diálogo, Shin’ichi Yamamoto se empenhou em conversar e discutir vários assuntos com alguns líderes da província, e ofereceu suas anotações a dois representantes. A primeira foi registrada na sede do Seikyo Shimbun após a entrevista coletiva realizada nesse jornal na noite de 24 de abril de 1979, dia em que anunciou sua renúncia ao cargo de presidente da Soka Gakkai. Continha anotações a respeito desse acontecimento. A outra havia sido escrita num hotel em Miyazaki, localidade que estava em visita na noite de 4 de dezembro de 1977, data em que se deflagrou a problemática do clero, e ele relatou seu estado de espírito. Nela estava escrito: Aconteceu a problemática do clero. É amarga e dolorosa, como se espetassem agulhas no coração. Por que eles pisoteiam e atacam de modo insano nossos apelos? Nós que buscamos avançar em união com o clero e os adeptos em prol do kosen-rufu? Por que fazem repetidos ataques aos filhos do Buda, que dão o sangue pela realização do grande shakubuku e estão exaustos na batalha contra os “três poderosos inimigos”...? Para mim, é algo totalmente incompreensível. Conhecendo os sentimentos de tristeza, ira, desolação e dor dos nobres e amados filhos do Buda, são dias de imensa tristeza e sofrimento. Esse foi o estopim em Oita... Entregando esses escritos, Shin’ichi reforçou: — Este é o meu coração. Os companheiros da Soka Gakkai são a minha vida. A missão de um líder é proteger os membros até o fim. Se esse tipo de situação se repetir no futuro, quero que, portando esses escritos, sejam os primeiros a se levantar em prol dos filhos do Buda e pelo kosen-rufu. Oita, que mais sofreu, possui a missão de ser a pioneira da luta para refutar o errôneo e estabelecer a verdade. O semblante dos companheiros de Oita brilhava com a chama da decisão. No dia seguinte, Shin’ichi visitou uma cafeteria administrada por um membro, e dialogou com representantes da Divisão Feminina (DF). Ele orientou as jovens líderes da Divisão Feminina sobre a maneira de se relacionar com as veteranas: — Mesmo numa família acontecem problemas entre noras e sogras. É natural que aconteçam divergências de opinião entre as líderes veteranas e as mais jovens na Divisão Feminina. É superando isso, unindo e sintonizando os corações que haverá tanto a revolução humana de cada uma como também o desenvolvimento do kosen-rufu. PARTE 32 Com uma expressão séria, as integrantes da Divisão Feminina aguardavam as palavras seguintes de Shin’ichi Yamamoto: — As jovens líderes da Divisão Feminina possuem ardente disposição e espírito de desafio em relação ao desconhecido, e as veteranas possuem um pensamento cultivado em meio a rica vivência e experiência. Para que os dentes das engrenagens de ambas se encaixem perfeitamente para avançar de maneira fluida, também é necessária a existência de uma pessoa que atue como óleo lubrificante. Por exemplo, seria uma pessoa que, em termos de geração, estaria entre as duas. Aquela que compreenderia plenamente o pensamento delas e se empenharia para fazer com que as aspirações de ambas sejam canalizadas. E isso se aplica também a uma relação de mãe e filha ou entre nora e sogra, mas as líderes jovens não devem refutar de imediato o que as líderes veteranas dizem. É importante ter a postura de inicialmente dizer “Sim” e ouvi-las com sinceridade. Feito isso, ao julgarem que existem outras formas de pensamento, então externem suas opiniões. Se discordarem de pronto sem dar ouvidos ao que a outra tem a dizer, tomando uma postura de quem já formou unilateralmente uma opinião, e se vocês se expressarem de forma rude e áspera, a outra pessoa não terá disposição para ouvir suas palavras. Em vez disso, se ouvi-la meneando gentilmente a cabeça, a outra pessoa se sentirá valorizada. Quanto mais veteranas se tornarem, mais essa tendência se fortalecerá. Conseguir perceber as sutilezas do coração humano, lidar com sabedoria e possuir essa habilidade são uma importante condição que se requer de um líder. Ao se entrar num novo estágio de avanço, surgem líderes jovens; e com a troca de gerações, a imagem de líder do kosen-rufu tende a mudar muito. Nesses líderes, busca-se a habilidade de saber extrair a força de todos e ser um maestro que consegue harmonizar a organização como um todo. Não é preciso dizer que, para ser líder da Soka Gakkai — organização religiosa do kosen-rufu —, os requisitos são capacidade de propagação e de orientação, proatividade, iniciativa e exemplo para os demais. Além disso, algo de maior importância é o próprio comportamento como ser humano; ou seja, deve possuir aspectos como sinceridade, seriedade, bom senso, dedicação e consideração com as pessoas, e quanta confiança é capaz de conquistar. A fé transparece na natureza humana de uma pessoa. Uma vez que a Soka Gakkai é a religião da revolução humana, a condição maior de um líder é justamente o brilho do seu caráter, em que as pessoas ao redor digam “Nós podemos ficar tranquilos só pelo fato de ele estar presente”. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 634, 2017. 2. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin], v. II, p. 432. Tóquio: Soka Gakkai: 2006. Ilustrações: Kenichiro Uchida O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
29/05/2024
Encontro com o Mestre
BS
Uma fé inabalável e pura
Ikeda sensei toca piano para inspirar os companheiros no Centro de Treinamento de Shiga (24 nov. 1981) (Trecho do romance Nova Revolução Humana, v. 27) DR. DAISAKU IKEDA Certa ocasião, [Tsuruko Kaneda] foi para a região de Kanagawa acompanhada de algumas integrantes da Divisão Feminina a fim de participar de uma atividade. No trem de volta, o grupo se encontrou com Shin’ichi [Yamamoto].1 Como havia poucos passageiros no trem, ele disse: Obrigado pelos seus esforços. Aproveitando a oportunidade, vamos estudar o Gosho. As senhoras estão com a coletânea de escritos? Todas a retiraram da bolsa. Por favor, abram na página do escrito Resposta à Monja Leiga Nichigon. Dentro do trem, Shin’ichi Yamamoto começou a explanar esse escrito para Tsuruko Kaneda e outras integrantes da Divisão Feminina: — Nichiren Daishonin diz: “Se a sua oração será ou não respondida, isso dependerá de sua fé; [caso não seja,] de maneira alguma deverá me culpar”.2 Conforme essas palavras, se as orações são ou não concretizadas depende unicamente da profundidade da sua própria fé. Daishonin ainda afirma: “Quando a água é transparente, esta reflete a Lua”.3 A Lua é refletida de maneira bela quando a água é límpida e serena, mas isso não ocorre se a água estiver turva e agitada. Uma pessoa possuidora de fé pura e forte comprova grandiosos benefícios em sua vida da mesma forma que a água cristalina reflete nitidamente a Lua. Entretanto, pessoas de fé fraca são como as águas turvas e agitadas. Assim como não refletem a beleza da Lua, as pessoas não conseguem obter benefícios. Por isso, o importante é perseverar com uma prática da fé pura e vigorosa. Daqui para a frente, certamente diversas tempestades de provações tanto na vida pessoal como na organização as aguardam. Mas, por favor, independentemente do que vier a acontecer, não se afastem jamais da Soka Gakkai e mantenham uma fé cristalina até o fim. Se fizerem isso, sem falta trilharão uma existência de extraordinária vitória. No final, poderão afirmar com todo o orgulho: “Eu fui a pessoa mais feliz do mundo. Minha vida foi maravilhosa!”. “Uma fé cristalina” — essas palavras ficaram profundamente gravadas no coração de Tsuruko e se tornaram a diretriz da sua vida. E por meio da postura de Shin’ichi, que explanava com toda a seriedade o Gosho dentro do trem, ela aprendeu como um líder deve ser. “O responsável interino pelo distrito Shin’ichi Yamamoto também acumula a responsabilidade como secretário da Divisão dos Jovens. Por conta dos constantes desafios e batalhas, com certeza ele pensava em descansar um pouco durante a viagem. No entanto, como se não quisesse deixar escapar essa oportunidade, ele dedicou todo o seu tempo para nós e explanou o Gosho. Líder é aquele que se dedica incansavelmente, de corpo e alma, em prol dos companheiros. Assim eu farei também! Não seria este o caminho para corresponder às expectativas do Mestre?” Notas: 1. Pseudônimo do presidente Ikeda no romance Nova Revolução Humana. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 347, 2017. 3. Ibidem. Fonte: IKEDA, Daisaku. Batalha Feroz. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 27, p. 211, 2019. Manter-se firme O Lago Biwa é o maior do Japão. Às suas margens, o presidente Ikeda incentivou muitos companheiros. Uma veterana da região de Shiga conta que o Mestre a encorajou, bem como aos outros membros de sua organização, dizendo: “Assim como as águas do Lago Biwa se tornam sujas quando ficam estagnadas, a fé também se torna impura quando estaciona. Portanto, mantenham-se firmes, sem hesitar”. Em sua obra Jinsei Chirigaku [Geografia da Vida Humana], Tsunesaburo Makiguchi, educador e primeiro presidente da Soka Gakkai, ressalta a beleza do cenário composto pelo Lago Biwa ao lado do Monte Fuji, afirmando que “A beleza do lago nutre nos jovens uma disposição para voos globais”. O segundo presidente da organização, Josei Toda, expressou: “Gostaria de um dia criar um local de aprimoramento para jovens às margens do Lago Biwa. Tenho certeza de que Makiguchi sensei ficaria feliz com isso”. Inspirado pelas palavras de seus mestres, Ikeda sensei determinou construir um ambiente para o desenvolvimento de jovens líderes que vão liderar a próxima geração. Em setembro de 1971, o tão aguardado Centro de Treinamento de Shiga, localizado na cidade de Yawata, foi concluído às margens do Lago Biwa. No dia 5, com a presença de sensei, realizou-se o primeiro Festival do Lago Biwa nas instalações desse centro. O festival estabeleceu-se como uma tradição ao longo dos anos. Após ser renomeado como Festival do Futuro, tornou-se um evento anual em que os membros da Divisão dos Estudantes se reúnem para reconfirmar seu juramento de crescer pelo kosen-rufu. Em 1981, a região do Lago Biwa foi palco da luta de Ikeda sensei junto com os membros contra os ataques do clero dois anos depois de sua renúncia da presidência da Soka Gakkai. Ali também, em 1989, ele escreveu o manuscrito de sua palestra proferida na Academia de Belas Artes, do Instituto da França, com o título “A Arte e a Espiritualidade no Oriente e no Ocidente”. Superfície cintilante do lago em imagem capturada pelo Mestre com sua câmera (out. 1995) No topo: Ikeda sensei conversa com líderes da Soka Gakkai da região à beira do Lago Biwa (abr. 1989)Fonte: Adaptado de matéria publicada no Seikyo Shimbun de 10 de fevereiro de 2024. Fotos: Seikyo Press
29/05/2024
Frase da Semana
BS
Frase da Semana
Quem possui a sabedoria e a energia vital extraídas da prática budista direciona tudo para um rumo mais brilhante, positivo e encorajador. Dr. Daisaku Ikeda IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 1: A Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2021. p. 27.
09/05/2024
Novo livro
BS
A força do diálogo
O momento não poderia ser mais propício. Ao observar o recente cenário internacional de conflitos em diferentes locais do mundo, a humanidade se vê diante da necessidade premente de estratégias para edificar sociedades nas quais as pessoas possam conviver em harmonia e solidariedade, compartilhando semelhanças e respeitando diferenças. Oportunamente, em junho, a Editora Brasil Seikyo (EBS) publica a obra A Sabedoria da Tolerância, que nasceu a partir de um diálogo entre Abdurrahman Wahid, primeiro presidente eleito democraticamente na Indonésia, e Daisaku Ikeda, filósofo e pacifista. Ao defenderem a preservação da vida como propósito comum, os autores apresentam a importância do intercâmbio entre diferentes culturas e religiões para a promoção da paz por meio do diálogo e do respeito mútuo. O livro chega às mãos dos participantes do Clube de Incentivo à Leitura (CILE) de todo o Brasil em junho e estará disponível nas versões impressa e digital para quem desejar adquiri-lo a partir de julho. Diante da desarmonia e dos conflitos, como criar uma realidade que valorize o respeito às diferenças e contribua para a promoção da paz? Esse é o tema central abordado pelos autores ao dialogarem sobre as convergências entre o islã e o Budismo Nichiren, destacando a responsabilidade das religiões na construção de um mundo mais solidário. Wahid, a partir de sua experiência como muçulmano, desmistifica pressuposições a respeito da religião e esclarece que esta carrega em sua essência o respeito à dignidade da vida, afastando o senso comum criado na sociedade após os ataques às Torres Gêmeas nos Estados Unidos, em 2001. Além disso, tanto Wahid quanto o Dr. Ikeda reiteram o dever das religiões de empreender ações pela paz a partir de suas semelhanças, conforme as palavras do Dr. Ikeda na página 24: “O propósito da religião é a felicidade humana. Suas doutrinas específicas podem variar, mas todas as religiões podem cooperar pelo bem da paz na humanidade”. Destinada àqueles que têm interesse em aprofundar o conhecimento sobre a importância do intercâmbio de ideias para a criação da cultura de paz, a obra A Sabedoria da Tolerância, em suas 288 páginas, elucida como a troca de informações entre diferentes religiões e nacionalidades, abordando aspectos culturais, filosóficos e históricos, contribui para a riqueza e o fortalecimento de cada comunidade humana. Para que seja possível transpor as barreiras das diferenças entre as pessoas, os autores ressaltam o papel fundamental daqueles que educam ao orientarem e instruírem os jovens, herdeiros e promotores das mudanças, para que consolidem um caráter humanístico durante a vida e direcionem suas ações para fundamentar uma sociedade em que se reconheça o valor e o potencial ilimitados de cada pessoa. É momento de diálogo, cada vez mais. Veja aqui os kits de junho para cada plano do CILE PLANO DIAMANTE Livros são joias preciosas. O Diamante é o plano de assinatura do CILE perfeito para você que gosta de uma experiência completa de leitura no formato físico. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 brinde especial 1 marcador de página Resenha digital e conteúdos extras 52,00/mês + Taxa de entrega *** PLANO OURO O Ouro é o plano de assinatura do CILE ideal para os leitores que estão iniciando a jornada de incentivo à leitura. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 marcador de página 32,00/mês + Taxa de entrega Vídeo sobre o livro Sabedoria da Tolerância Confira no Instagram o vídeo spoiler do lançamento de junho ou assista abaixo Quer fazer parte do CILE? Para garantir a sua leitura e receber esta obra no mês de junho, assine o CILE até 31/05/2024. Acesse o site: www.cile.com.br Para os assinantes do CILE Digital, a obra ficará disponível a partir do dia 01/06/2024 em www.ciledigital.com.br Foto: BS
09/05/2024
Especial
BS
Os quarenta anos da terceira visita de Ikeda sensei ao Brasil
Chegamos ao final da série dedicada aos leitores em celebração das quatro décadas desde a terceira visita de Ikeda sensei ao nosso país, em 1984. Brasil Seikyo retrata os bastidores do inesquecível reencontro do presidente Ikeda com membros brasileiros no 1o Festival Cultural-Esportivo da SGI, fechando um hiato de dezoito anos de espera. Foi uma emoção incontida, que preencheu o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, SP, em duas ocasiões, graças à surpresa proporcionada pelo Mestre. Acompanhe os bastidores da época e como a geração de sucessores se prepara para tomar novamente o Ginásio do Ibirapuera neste mês e unir (ao vivo e por transmissão) os jovens humanistas pela paz! Sensei, o nosso sonho Está realizado Com vossa presença no Brasil... Esse é o verso inicial de Saudação a Sensei, canção-tema do 1o Festival Cultural-Esportivo da SGI, realizado na capital paulista, no dia 26 de fevereiro de 1984. Na véspera, estava marcado o ensaio geral, e, como mística relação de mestre e discípulo, essa ocasião acabou se tornando também o “glorioso dia” para milhares de membros presentes, surpreendidos com a entrada de Ikeda sensei no local. Ao vê-lo dar a volta pela pista, acenando, ninguém conseguia conter as lágrimas. Na Nova Revolução Humana, obra escrita pelo presidente Ikeda durante 25 anos ininterruptos, ele deixa registrado: — Estou imensamente feliz pelo encontro radiante com meus companheiros, nobres emissários do Buda, depois de dezoito anos. Não tenho dúvidas de que este extraordinário festival cultural ficará brilhantemente registrado na história do Brasil e nos anais do kosen-rufu. Imagino como devem ter sido os esforços inacreditáveis, os avanços grandiosos que conquistaram e as belas cooperações de coração a coração. Quero louvar a todos com lágrimas nos olhos, com profunda gratidão, e com o sentimento de cumprimentar e abraçar cada pessoa. Uma grande ovação de alegria irrompeu no ginásio de esportes, ecoando o grito de vitória dos brasileiros: “É pique, é pique, é pique, pique, pique!...”1 Após deixar o ensaio geral no Ginásio do Ibirapuera, o presidente Ikeda participou de um encontro com representantes de cinco países da América do Sul — Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Bolívia. Também estavam presentes 230 membros da Soka Gakkai do Japão, denominados grupo Sakura, e que se apresentariam no festival com uma dança típica japonesa. A torre do juramento se ergue No dia 26, com o coração energizado, os figurantes entraram em harmonia, marchando e tocando músicas, dançando e cantando, num bailar de saudade e renovada determinação. Um ponto primordial da vida, tal qual nos relatam dois integrantes do Grupo 2001, atual Divisão dos Estudantes, em seus depoimentos (veja abaixo). O momento em que a “torre dourada da vitória dos membros do Brasil” [Ginástica Montada] se elevou, uma onda de alegria se espalhou pelo ginásio. Era a felicidade pela vitória que fez todos se levantarem. Após a descida, os 7 mil participantes se reuniram no palco ao som das canções da Gakkai. Ali, a diversidade da cultura do Brasil estava estampada no rosto dos figurantes. Profundamente emocionado com a vitória daquelas pessoas, o presidente Ikeda se levantou e aplaudiu de forma intensa: “Obrigado! Muito obrigado!”. Em seu coração transbordava respeito e gratidão. A canção que encorajou os brasileiros A canção Saudação a Sensei fez estremecer o ginásio. Essa música serviu de encorajamento para os membros do Brasil nos momentos mais difíceis. No dia do festival, não havia quem ficasse parado. Ao final da atividade, o presidente Ikeda disse: — Desejo que façam desta data o ponto fundamental de uma grande história, e sendo bons cidadãos e bons membros da sociedade, tenham uma vida digna que se torne exemplo para todos.2 Mesmo após a saída de Ikeda sensei, a alegria continuava intensa. Mais agendas em São Paulo No dia 27 de fevereiro, foi realizada a Reunião Nacional de Líderes em Comemoração do Jubileu de Prata da BSGI, na Sala Shitei do [antigo] centro cultural. Antes, o Mestre incentivou vários grupos, tirando fotos comemorativas com representantes. Foi um momento histórico também para os membros da Amazônia que ali se encontravam. Membros da BSGI da Amazônia em histórica foto comemorativa com Ikeda sensei (São Paulo, SP, fev. 1984) A partida para Lima, Peru, ocorreu no dia seguinte. A missão de levar o incentivo a todos prosseguia. Após quarenta anos, o palco é dos jovens humanistas A visita do presidente Ikeda em 1984 foi um momento histórico de vitória para os brasileiros. Desde aquele ano, a BSGI avançou na vanguarda do movimento pelo kosen-rufu em direção ao século 21, surpreendendo o mundo com seu desenvolvimento. E, neste mês, ocorre a convenção dos jovens humanistas no mesmo Ginásio do Ibirapuera, selando o movimento dos cem jovens por distrito. Será um novo marco e para o qual todos estão convidados. Confira tudo pelo BS! Fontes: Terceira Civilização, eds. 548, 554, 564, 566 e 567, todas de 2014. Série “Sinfonia da Paz na Grande Terra do Século 21”. Brasil Seikyo, ed. 2.458, 9 mar. 2019, p. A2. Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Juramento Seigan. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-II, 2022, p. 179. 2. Terceira Civilização, ed. 567, nov. 2015, p. 34. *** Um poema para eternizar Três anos depois, em 21 de fevereiro de 1987, Ikeda sensei surpreendeu novamente. Na data de inauguração do Auditório Presidente Ikeda da BSGI, atual Auditório da Paz, do Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda, em São Paulo, foi apresentado o poema A Longa e Distante Correnteza do Amazonas, que dedicou aos membros brasileiros. Nele, o Mestre dedica versos aos veteranos, descreve episódios marcantes na jornada de construção da BSGI, incluindo o festival de 1984, e estabelece diretrizes para o avanço do kosen-rufu. Leia Poema na íntegra na edição 2.360, 18 fev. 2017, p. A6 e A7. Também disponível no BS+ e no site da Editora Brasil Seikyo. Acesse: https://www.brasilseikyo.com.br/home/bs-digital/edicao/2360/artigo/a-longa-e-distante-correnteza-do-amazonas-30-anos/35028 *** Na BSGI, Selma Inoguti é coordenadora da Divisão Feminina (DF) e Edson Tokunaga é vice-coordenador da Divisão Sênior (DS) e coordenador da DS da Coordenadoria-Geral do Estado de São Paulo (CGESP). Ambos integravam o Grupo 2001, precursor da Divisão dos Estudantes (DE), na época da terceira visita de Ikeda sensei ao Brasil. Eles relatam os momentos marcantes vividos desde aquela ocasião. O início de um juramento Edson Tokunaga Na época, eu tinha 12 anos e tive a oportunidade de me encontrar com Ikeda sensei naquele inesquecível festival, ou pelo menos avistá-lo de longe. Naquele momento, nem imaginaria o quanto isso representaria para minha vida. Mesmo sem ter a noção do significado daquele evento, percebia a agitação dentro da organização e ouvia os diversos comentários dos líderes ressaltando a importância daquela visita. Ficaram gravadas em mim a seriedade do desafio na recitação do daimoku, durante a semana e nos fins de semana, e a movimentação para os ensaios que durou meses. Contagiados pela empolgação dos veteranos, nós, as crianças, nos sentíamos ainda mais felizes por estar com outros da mesma faixa etária, embalados por aquele sentimento de fazer parte de algo feito com enorme gratidão ao Mestre. Na véspera do grande dia, inesperadamente, Ikeda sensei nos assistiu. Mesmo sem entender o que significava ter um mestre em nossa vida, lágrimas corriam sem parar. Afinal, era a vitória do discípulo em gratidão ao Mestre. Foram dias de muita emoção. Por me manter na órbita da Soka Gakkai, acumulei diversas comprovações. Seis anos depois, em 1990, como integrante da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) e atuando no Sokahan (grupo de bastidor), fui surpreendido quando os componentes do Grupo 2001, de 1984, foram convocados para uma apresentação no Festival dos Jovens que ocorreria naquele ano e com a expectativa da presença de Ikeda sensei. Todos queriam participar recepcionando o Mestre no grupo horizontal ao qual pertenciam. No entanto, ao tomarmos conhecimento de que o objetivo era que as crianças de 1984, agora jovens, apresentassem o juramento dos jovens do mundo a Ikeda sensei, compreendemos a missão que nos foi confiada. O presidente Ikeda não pôde estar presente. Entendemos, então, que o juramento do discípulo não dependia da presença física dele e fizemos a apresentação como se ele estivesse ali, diante dos nossos olhos. Houve ainda a Convenção da Chuva em 1999, ocasião em que fomos testados pela força da natureza, que nos proporcionou um importante aprendizado de que a semente germina graças à chuva e ela só se desenvolve se conseguir enfrentar as tempestades. Em 2009, mais uma vez, minha vida pôde se renovar por meio do juramento ao Mestre durante a Convenção dos Jovens Monarcas, realizada exatamente no mesmo local, o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Foi um momento inesquecível em que os jovens da BSGI selaram seu juramento a Ikeda sensei. Quanta gratidão! Hoje, na Divisão Sênior (DS) e com uma família maravilhosa que venho construindo, mantenho o mesmo sentimento de seguir eternamente junto com Ikeda sensei, apoiando os companheiros. Aquele encontro de quarenta anos atrás seria apenas mero acaso, mas, por ter sido sustentado por um juramento, tornou-se uma bússola, uma missão de vida, que fez toda a diferença. Essa é minha maior honra! Tokunaga com a esposa, Tatiana, tendo à frente as filhas, da esq. para a dir., Laura e Júlia *** Um brado eterno Selma Inoguti Participei do festival cultural como Pompom-tai, do Grupo Asas da Paz Kotekitai. Lembro-me de que, pulando bem alto, olhando para Ikeda sensei lá na tribuna, determinei: “Ikeda sensei, conte comigo! Quando crescer, vou me esforçar para ser um valor humano!” Mesmo sem enxergá-lo, pois a tribuna estava com a luz apagada, naquele momento, selei meu juramento ao Mestre pelas três existências da vida. Apesar de muito jovem, recordo-me do meu desafio de vencer na prática da fé, e de superar as dificuldades financeiras e de saúde, para participar dos ensaios. Um fato que me marcou foi que, em todos os ensaios e no dia do festival, Ikeda sensei ofereceu uma lata de refrigerante aos participantes. Isso foi um marco de carinho do Mestre conosco e de nossa gratidão a ele. Observava a perseverança e forte determinação dos meus pais e dos companheiros de transformar cada circunstância recitando muito mais daimoku. Cada vitória, para nós, era a causa para a vinda de Ikeda sensei ao Brasil, após dezoito anos. Quanta gratidão em compartilhar esse momento e refletir que são quarenta anos de muitas oportunidades, desafios, mudanças, alegrias e vitórias! Aproveito para manifestar profunda gratidão ao Mestre e à Sra. Kaneko, aos meus pais e familiares, veteranos e amigos, pois foram fundamentais para eu viver todos esses anos de forma digna e feliz. Deixo uma dica para que possamos sempre incentivar os jovens e estudantes, acreditando em seu potencial e inspirando-os com nossa postura e exemplo, conquistando sua confiança. E, em especial neste momento, em que vivemos a grande luta da Juventude Soka neste maio tão significativo. Visando os cem anos da Soka Gakkai e os setenta anos da BSGI, como um legado por todas as existências e pela gratidão eterna a Ikeda sensei e à Sra. Kaneko, meu compromisso e juramento é, em união harmoniosa com as cinco divisões, me esforçar ao máximo para corresponder às expectativas do Mestre, além de cumprir minha missão e contribuir para o desenvolvimento da Divisão Feminina do Brasil e de toda a BSGI. Diante do meu desafio do dia a dia de trabalhar, cuidar da família, atuar na organização, estudar etc., recitar “muito mais daimoku” e realizar uma luta com muita sabedoria, alegria e leveza, sigo me esforçando para ser o “sol do kosen-rufu”, conforme direcionamento do sensei. E, por meio do juramento seigan e do ponto primordial “fé, prática e estudo”, e junto com minhas companheiras de missão, desenvolver uma geração de mulheres fortes, determinadas, de boa sorte, sabedoria, avanço, felicidade e triunfo! Minha eterna decisão é baseada no trecho da mensagem de Ikeda sensei enviada em setembro de 2023, que hoje é o legado e eterno juramento da DF do Brasil: Haja o que houver, imbuídas de ardente coragem e de profunda esperança, avancem em prol da Lei Mística como dignas componentes da Soka Gakkai. E conduzindo as pessoas, com quem compartilham um vínculo, a uma vida triunfante de imensurável benefício e boa sorte, edifiquem a “terra da paz e da felicidade” em sua comunidade local.1 Rumo a 2030, vamos trilhar esse maravilhoso e nobre caminho do kosen-rufu, eternamente junto com Ikeda sensei e com a Sra. Kaneko, bradando em nosso coração: “Shitei funi é a minha vida” e “Avançar é a nossa missão!”. Um forte e carinhoso abraço! Momento em família: Selma está à dir. em pé. Ao seu lado, o irmão Akinori e a cunhada Tatiane. Sentados, a partir da esq., o pai de Tatiane, Adriano; e os pais de Selma, Seiyti e Alice Nota: 1. Cf. Brasil Seikyo, ed. 2.644, 14 out. 2023, p. 13. No topo: O grande final do 1o Festival Cultural-Esportivo da SGI, realizado no Ginásio do Ibirapuera durante a terceira visita do presidente Ikeda ao Brasil (São Paulo, SP, 26 fev. 1984).Fotos: Seikyo Press | BS | Arquivo pessoal
09/05/2024
Encontro com o Mestre
BS
Um novo dia, um novo desafio
A verdadeira felicidade se encontra nas ações em prol das pessoas, da sociedade e do mundo. Para nós, é o movimento pelo kosen-rufu. É o shakubuku. A suprema ação do bem é ensinar este budismo, a grandiosa Lei da felicidade. É encorajar as pessoas a transformar seu destino, para que possam abrir seus caminhos da felicidade. * * * Agir em prol das pessoas que lidam com preocupações ou passam por sofrimentos. E incentivá-las até o fim. Quando veem pessoas vivendo em meio a difíceis circunstâncias, no coração dos companheiros Soka pulsa o ardente sentimento de jamais abandoná-las. Essa é a expressão do altruísmo, e é o modo de vida cultivado no cumprimento da missão como bodisatva da terra. Na sociedade moderna em que a tendência ao individualismo é muito forte, as pessoas evitam o relacionamento com outras e se fecham em si mesmas. Como consequência, a solidariedade humana vem se rompendo, e o isolamento, avançando. O modo de vida dos membros da Soka Gakkai, que, diante dessa situação, oram pela felicidade dos outros procuram se relacionar proativamente se transformará na força para unir os homens, revitalizá-los e enriquecer a sociedade. * * * Nós temos fé com a mais elevada convicção. Levantem-se com a poderosa oração! O daimoku é o rugido do leão A coragem se manifesta de forma abundante, e a energia vital transborda plenamente. Agora é o momento. É a partir de agora! Venceremos com a força da grande sinceridade, mergulhando com coragem em meio aos seres humanos, entre as pessoas. Um novo dia, um novo desafio. Bailemos no palco dos novos encontros. Radiantemente, com espírito invencível! Publicado no Seikyo Shimbun de 7 de abril de 2024. No topo: Flores de cerejeira, que o venerado mestre, Josei Toda, tanto amava, resplandecem em direção ao céu azul. Arredores de Ichigaya, Tóquio. É o lugar onde, no passado, ficava a sala anexa da sede da Soka Gakkai, na qual eram realizadas as explanações da Universidade Toda. Ikeda sensei capturou esta foto no dia 2 de abril de 2015, data de aniversário de falecimento do seu venerado mestre. Mês de abril, primavera [japonesa] em plena floração. Façamos explodir, de uma só vez, a energia vital armazenada e, assim como as flores de cerejeira que desabrocham, avancemos vigorosamente com o espírito do glorioso 3 de maio. Ao mesmo tempo, vamos espalhar a brisa primaveril das novas amizades e o jardim florido da felicidade na comunidade local e na sociedade. Fontes: Este texto tem como base palavras de Ikeda sensei extraídas, respectivamente, de trechos de Fukyu-ban Ikeda Daisaku Zenshu, Speech [Obras Completas de Daisaku Ikeda — Discursos], edição popular, v. 3, 2005; do romance Nova Revolução Humana, v. 28, capítulo “Grande Caminho”; e do ensaio Zuihitsu Minshu Gaika no Daikoshin — Makeji-damashii Hogaraka-ni [Grande Marcha Triunfal do Povo, Radiantemente, com Espírito Invencível].
09/05/2024
Caderno Nova Revolução Humana
BS
“Enfim, chegou a primavera”
PARTE 25 Na tarde do dia 15 de novembro, Shin’ichi Yamamoto partiu do Aeroporto de Takamatsu, em Shikoku, para retornar de avião a Osaka. Depois percorreu as províncias de Wakayama e de Nara, prosseguindo em sua árdua luta. No dia 22, participou da 3a Convenção de Kansai, realizada no Auditório Memorial Toda de Kansai, da cidade de Toyonaka, província de Osaka, e regeu a canção Aa Reimei wa Chikazukeri [Ah, Aproxima-se a Alvorada]. E ainda, após visitar as províncias de Shiga e de Fukui, percorreu Chubu e se empenhou com todas as forças para estender orientações e incentivos também na província de Shizuoka. Shin’ichi só retornou a Tóquio na noite do dia 2 de dezembro. Os integrantes da Divisão Masculina de Jovens haviam realizado no dia 22 de novembro a Reunião Nacional de Líderes da divisão na cidade de Koriyama, província de Fukushima. Eles a denominaram Reunião de Líderes Kurenai, tornando-a um encontro de juramento de luta conjunta de mestre e discípulo para iniciar a jornada rumo ao século 21 juntos com a canção Kurenai no Uta [Canção do Carmesim]. Ah, raiou a manhã carmesim Os fortes brilham como precursores... Os jovens reunidos solidificaram a decisão de seguir abrindo os caminhos espinhosos como precursores do kosen-rufu: “Por piores que sejam as tempestades de provações que enfrentemos, somos os bravos jovens Soka que sobem a íngreme montanha em prol dos companheiros e pelo bem da sociedade! Não seremos derrotados jamais! Nós protegeremos resolutamente o castelo do kosen-rufu construído com devoção pelos pais e mães hoje já idosos!”. Esse coro era o entoar da canção da vitória dos jovens que superaram magnificamente as tempestades da problemática do clero, e se tornou o brado de vitória da vida que se estenderia para o futuro. E, em relação ao nome do autor da letra Kurenai no Uta [Canção do Carmesim], houve uma forte solicitação por parte da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku para que ficasse registrada como “Letra do presidente Yamamoto”, porque fora ele quem a havia composto no final, e assim ficaria para a posteridade. Mais tarde, passou a constar como “Letra de Shin’ichi Yamamoto”. Além disso, Shin’ichi revisou a letra dessa canção em 2005 e alterou a frase “Mães agora já idosas”, da terceira parte, para “Pais e mães agora já idosos”. E em outubro de 2016, por ocasião da Reunião de Líderes da Soka Gakkai, realizada em Shikoku, houve uma solicitação por parte da Divisão dos Jovens de Shikoku de que queriam cantar a frase “Que se reuniram junto ao pai”, da segunda parte, como “Que se reuniram junto ao mestre”, e ao compreender essa aspiração, Shin’ichi concordou. PARTE 26 “Vou correr ao encontro dos companheiros que mais sofreram! Com o sentimento de apertar firmemente a mão de cada um, eu os incentivarei de corpo e alma, do fundo da minha vida!” E foi na tarde do dia 8 de dezembro que Shin’ichi Yamamoto desembarcou no Aeroporto de Oita, em Kyushu. Haviam se passado seis dias desde que ele retornara a Tóquio após concluir sua árdua e intensa viagem de orientação percorrendo localidades como Shikoku, Kansai e Chubu. Sua última visita a Oita ocorreu há treze anos e meio. Ele dizia fortemente a si mesmo que, para edificar uma corrente crescente da vitória do kosen-rufu, não podia deixar escapar o tempo chamado “agora”. Mais que qualquer outra localidade, foram os companheiros da província de Oita que vieram sofrendo como alvo de tratamentos desumanos e cruéis por parte dos sacerdotes de“crença distorcida” que se faziam valer da autoridade dos mantos clericais sob o nome de Shoshin (“crença correta”). Quando os membros iam aos templos para participar em cerimônias como as de oko, os priores, em vez de se utilizarem do Gosho, usavam revistas sensacionalistas que continham matérias caluniosas a respeito da organização para atacá-la: “A Soka Gakkai está errada! É heresia!”. Eles faziam as pessoas que deixaram de ser integrantes da organização cometerem calúnias e ofensas contra os membros da Soka Gakkai, e, a cada vez que isso ocorria, o ambiente era envolto por uma salva de palmas. O prior do templo observava a tudo com um sorriso malicioso. Não havia nada mais perverso. Houve pessoas que se dirigiram até a sede local para denunciar com lágrimas nos olhos que os clérigos lhes ameaçaram e que não realizariam a cerimônia de funeral de seus entes queridos se eles não abandonassem a Soka Gakkai e se tornassem adeptos do templo. Por mais absurdo que fosse esses atos, havia sacerdotes perversos que se utilizam das cerimônias de falecimento para expressar grosserias e ataques ofensivos contra a Soka Gakkai. Eram atos imperdoáveis e abusivos que apenas multiplicavam o sofrimento e a tristeza da família enlutada. Sempre que Shin’ichi recebia comunicações como essas, sentia seu coração dilacerado. Não conseguia conter a angústia e a lástima pelos companheiros. “Não sejam derrotados! Despontará sem falta o amanhecer da vitória!” — bradando assim em seu coração, ele continuou a enviar daimoku para todos. Ao avistarem Shin’ichi, os líderes da região de Kyushu e da província de Oita que estavam no aeroporto gritaram: — Sensei! E então correram ao encontro dele. — Eu lutarei! Será a batalha decisiva de Oita. Agora se iniciará o glorioso drama da grande contraofensiva! O rugido do leão foi lançado. Todos, com brilho nos olhos, menearam a cabeça profundamente em concordância. Cada semblante estava repleto de decisão. O espírito de luta cultivado com incessantes esforços em meio a épocas difíceis torna-se a ilimitada força para uma nova construção. PARTE 27 Quando Shin’ichi Yamamoto estava entrando no carro, no aeroporto de Oita, cerca de trinta membros da Soka Gakkai se aproximaram dele correndo. Havia também pessoas com buquê de flores nas mãos. — Muito obrigado! Sinto muito por tê-los feito passarem por tantos sofrimentos e tristezas. Mas todos vocês enfim venceram! Assim disse Shin’ichi, sorrindo para os membros que estavam com os olhos marejados, e enfatizou: — Sempre com alegria, está bem? Do aeroporto, antes de tudo, dirigiu-se à residência de um membro benemérito e incentivou a família. Na sequência, estava programada a ida à Sede da Paz de Oita, mas ele pediu para ir inicialmente ao Centro Cultural de Beppu, porque Beppu era o local em que poderia ser chamado de “epicentro” da problemática do clero. Na margem da rodovia federal, havia pessoas aqui e ali que acenavam para todos no carro. Ao tomarem conhecimento da ida de Shin’ichi a Oita, devem ter ficado esperando com o sentimento de “Tenho certeza de que passará por aqui. Quero encontrá-lo, mesmo que seja só de relance”. Havia também senhoras que continuavam a acenar, inclinando-se para a frente da cerca de segurança. Shin’ichi ficou tocado com essa sinceridade e bravura: “Todos vieram suportando tudo com perseverança e tenacidade. Vieram vivendo unicamente em prol do kosen-rufu. Os abomináveis sacerdotes do Shoshin-kai vieram maltratando esses nobres filhos do Buda. É algo que jamais poderá ser perdoado. Serão sem falta repreendidos rigorosamente pelo Gohonzon e por Nichiren Daishonin. Jamais me esquecerei dessa imagem de hoje por toda minha vida”. Toda vez que via um companheiro que ficou aguardando-o na beira da estrada, seu sentimento era de unir as palmas das mãos em reverência. Shin’ichi chegou ao Centro Cultural de Beppu antes do sol se pôr. Todas as janelas do centro cultural foram iluminadas, e via-se a silhueta de muitas pessoas. Quando ele desceu do carro, três senhoras idosas se manifestaram: — Ah, sensei! Como queríamos encontrá-lo! — Enfim, cheguei. Como estou aqui, tudo vai ficar bem! Havia cerca de duzentos membros no centro cultural, e na entrada estava afixada uma faixa escrita “Sensei, seja bem-vindo de volta!”. Todos estavam convictos da visita de Shin’ichi ao Centro Cultural de Beppu. Os companheiros de Beppu, que vieram lutando incansavelmente contra o mal, estavam fortemente unidos a Shin’ichi pelo espírito de luta conjunta. PARTE 28 Shin’ichi Yamamoto chamou as pessoas que estavam próximas à entrada do prédio do Centro Cultural de Beppu: — Venham, vamos tirar uma foto! É a comemoração da nova partida de Beppu. Após a foto, ele recitou gongyo junto com elas na sala principal. — É o gongyo da comunicação da vitória dos companheiros de Beppu ao Gohonzon, e pela eterna felicidade dos senhores! Todos oraram com o coração palpitando de alegria e com voz vibrante. Os companheiros aguardavam ansiosamente por esse momento suportando as maldosas investidas dos clérigos indignos. Assim que encerrou o gongyo, Shin’ichi se dirigiu ao microfone. — Peço sinceras desculpas a vocês por tê-los feito passar por muitas angústias por tanto tempo. Originalmente, o caminho de um clérigo deveria ser o de zelar ao máximo pelos filhos do Buda. No entanto, os maus sacerdotes continuaram atormentando os companheiros que vieram correndo incansavelmente em prol do kosen-rufu. É realmente um grande absurdo. Contudo, o budismo nos ensina que são as pessoas que mais sofreram e mais lutaram as que se tornarão as mais felizes. Os senhores derrotaram os obstáculos e as maldades e venceram imponentemente; por isso, não há dúvida de que uma vida de resplandecente esplendor de benefícios se abrirá para os senhores. Enfim, chegou a primavera. Peço que salvem as pessoas que choram pela sua infelicidade e tenham a mais sublime existência. Foi um tempo bastante breve, mas Shin’ichi incentivou a todos empenhando seu sentimento e sua expectativa. E então, ele seguiu para a Sede da Paz de Oita, situada na cidade de Oita. Ao chegar à sede após as 18 horas, ele tirou fotos com membros que se encontravam na entrada. Todos estavam com sorrisos radiantes. Na sede, quatrocentos representantes das divisões da província estavam reunidos. Quando Shin’ichi entrou na sala principal, irrompeu uma grande salva de palmas e ovações. Na sala principal, encontrava-se uma faixa estendida com os dizeres “Chegou a primavera para a família de Oita!”. Representava o sentimento de todos ali. Shin’ichi começou a falar com uma voz repleta de energia: — Vocês venceram. Após meses e anos de longa agonia e sofrimento, derrotaram os vermes das entranhas do leão e, enfim, a justiça prevaleceu sobre o mal! O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida
09/05/2024
Encontro com o Mestre
BS
Desenvolver seres humanos de valor
“A Soka Gakkai se tornará um castelo com seres humanos de valor.” Essa era a diretriz eterna de Josei Toda. Em abril de 1954, visitei as ruínas do Castelo de Aoba, em Sendai, acompanhando o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda. Na época, estava sempre próximo a ele, com grande disposição em gravar as orientações do mestre em minha vida, sem perder uma única palavra. Detalhe do Castelo de Aoba Como concretizar os planos de Toda sensei? Como avançar com o coração em total unicidade com o coração do meu mestre? Ainda jovem, orando e me preocupando seriamente com essas questões, desbravava com toda a dedicação o caminho da minha própria missão. Nas ruínas do Castelo de Aoba, há uma famosa estátua de Date Masamune. Dirigindo-se à estátua, o mestre bradava com altos risos: “Caro Date, você está bem?”. Estátua do samurai Date Masamune Então, diante das ruínas do Castelo de Aoba, onde ainda restam sólidos muros de pedra, Toda sensei disse resolutamente: “No Japão do passado, o castelo era a base das batalhas. Na Gakkai, façamos do ‘castelo de valores humanos’, a base para a eternidade. A Soka Gakkai deve se tornar o ‘castelo de valores humanos’”. Até hoje, sua voz ressoa e não se afasta dos meus ouvidos. O mais importante são os seres humanos de valor. A organização que construir o castelo de pessoas valorosas prosperará vitoriosamente por todo o futuro. É por isso que os veteranos precisam criar sucessores com sinceridade. Devem ter a disposição de até se sacrificar com alegria, se for pelo desenvolvimento dos seus sucessores. Os veteranos devem se empenhar com toda a força para criar a próxima geração de sucessores. O castelo de seres humanos valiosos construído dessa forma nunca será destruído. Do contrário, uma organização em que [os veteranos] se aproveitam dos corajosos sucessores, tornando-os meios para a autopromoção, jamais se desenvolverá. Por algum tempo pode parecer que esteja prosperando, mas, no final, com certeza vai desmoronar. Por sua vez, uma organização ou uma entidade em constante crescimento, sem dúvida, é possuidora de uma qualidade brilhante que inspira o desenvolvimento das pessoas, capacitando-as com autenticidade e sinceridade. É uma organização que possui referência para discernir o certo do errado, transmitindo perfeitamente esses valores para os sucessores. Veteranos que desenvolvem sucessores como seres humanos valorosos melhores que si mesmos — essa é a tradição da SGI desde a época do primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, e do segundo presidente, Josei Toda. Lidero o kosen-rufu sempre tendo como base fundamental o aprimoramento de pessoas capazes. Vim conduzindo tudo exatamente de acordo com as orientações de Toda sensei. É por essa razão que a Soka Gakkai se ergueu altiva como “castelo dourado de valores humanos”, mundialmente admirado. Desejo que a Soka Gakkai avance vitoriosamente, para todo o sempre, como “castelo de valores humanos”. (...) O futuro se encontra inteiramente nas mãos dos jovens. Oro sempre, de coração, pela boa saúde, pela vitória e pela atuação dos jovens Soka. Desejo que os jovens se tornem socialmente excelentes, humanamente extraordinários e sejam catalisadores da paz e da felicidade para as pessoas ao seu redor. O número cada vez maior de jovens com essa capacidade fará com que a expansão do kosen-rufu avance um novo degrau. Josei Toda, meu venerado mestre, dizia: “É época dos jovens. Confio tudo aos jovens”. E, assim, entregou o bastão aos sucessores da Divisão dos Jovens centralizada em mim. Hoje, eu também, com esse mesmo sentimento, quero confiar toda a Soka Gakkai à nova Divisão dos Jovens. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.449, 31 dez. 2018, p. B2. *** Criar a união Em abril, comemoraram-se setenta anos desde que o jovem Daisaku Ikeda acompanhou seu mestre, Josei Toda, na visita às ruínas do Castelo de Aoba, em Sendai. Depois daquela ocasião, o presidente Ikeda visitou diversas vezes as ruínas dialogando com Toda sensei em seu coração. Em 20 de novembro de 1961, Ikeda sensei participou da inauguração da sede da Soka Gakkai de Tohoku. No dia seguinte, ele foi até as ruínas do castelo com os jovens da organização local. Apontando para o muro construído solidamente com diversos tipos de pedras, pequenas e grandes, afirmou: “O importante é criar a união, complementando-se mutuamente. O castelo de “valores humanos” significa o “castelo da união de ‘valores humanos’”. Adicionalmente, ele compôs um poema waka: Com a decisão ainda maior de construir o castelo de “valores humanos”, levanto-me em Aoba após a partida do mestre. Gravando em seu coração a diretriz confiada pelo seu mestre, Ikeda sensei dedicava-se com toda a sua alma a incentivar cada pessoa. Em 28 de fevereiro de 1971, ele se dirigiu novamente às ruínas do Castelo de Aoba. Naquele dia, participou da fundação do Grupo do Futuro de Tohoku e do Festival Cultural de Tohoku, e enviou incentivos repletos de emoção aos novos “valores humanos”. Fonte: Adaptado de matéria publicada no Seikyo Shimbun de 17 de janeiro de 2024. No topo: Em 28 de fevereiro de 1971, Daisaku Ikeda se dirigiu às ruínas do Castelo de Aoba. Naquele dia, participou da fundação do Grupo do Futuro de Tohoku e do Festival Cultural de Tohoku Fotos: Seikyo Press | Getty Images
09/05/2024
Aprender com a Nova Revolução Humana
BS
Viver com o Gosho: volume 19 (parte 3)
Jamais busque este Gohonzon fora de si mesma. O Gohonzon existe apenas dentro do corpo de pessoas como nós, mortais comuns, que abraçam o Sutra do Lótus e recitam o Nam-myoho-renge-kyo. O Aspecto Real do Gohonzon1 O Gohonzon é um espelho límpido que reflete a nossa vida Em 28 de abril de 1974, dia que marca o aniversário do estabelecimento do ensinamento de Nichiren Daishonin, Shin’ichi Yamamoto discorreu sobre o significado do Gohonzon em uma reunião geral, realizada na região de Hokuriku. O Buda não existe em algum lugar distante, isolado da nossa vida. E as pessoas não são servas de deuses ou divindades. Nossa vida é, por origem, dotada da condição supremamente nobre denominada estado de buda; é uma entidade do Nam-myoho-renge-kyo. Entende-se, portanto, que nossa própria vida é o objeto de reverência fundamental, e o Gohonzon, o mandala inscrito por Nichiren Daishonin, atua como um espelho límpido para refletir e revelar o Nam-myoho-renge-kyo interior.(...) O Budismo Nichiren, que considera a vida o objeto de reverência máxima, é o ensinamento supremo da inviolabilidade da vida. Como tal, constitui a fonte de um novo humanismo. As pessoas, com frequência, defendem a paz e a inviolabilidade da vida, mas a vida humana é muito facilmente pisoteada e sacrificada em nome do país, de ideologias ou de diferenças religiosas, ou em decorrência de ódio, inveja ou discriminação. Por mais que as pessoas afirmem que a vida é preciosa, se elas não se basearem na convicção fundamental de que a vida merece respeito máximo, então é muito provável que a vida se torne um simples meio para um fim. (...) O ensinamento budista que declara que o estado de buda reside em nossa vida e que a vida é o objeto de reverência fundamental compõe uma base sólida para estabelecer o princípio da inviolabilidade da vida e dá origem a uma filosofia de paz e humanismo. (Capítulo “Torre do Tesouro”) Não deve haver discriminação entre os que propagam os cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo nos Últimos Dias da Lei, sejam homens, sejam mulheres. Se não fossem bodisatvas da terra, não seriam capazes de recitar daimoku. O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos2 Todas as pessoas são bodisatvas da terra com uma profunda missão Em fevereiro de 1974, durante um diálogo com dois líderes em Okinawa, Shin’ichi explicou, com maior profundidade, o tema do romance Revolução Humana, enfatizando a importância de despertar para a missão pelo kosen-rufu. Por serem bodisatvas da terra, podem recitar o Nam-myoho-renge-kyo e iniciar a luta pelo kosen-rufu nos Últimos Dias da Lei. (...) Não importa qual carma estejamos manifestando agora, somos na realidade bodisatvas da terra. De fato, assumimos nosso carma voluntariamente para que pudéssemos nascer nesta era maléfica e atuar em prol do kosen-rufu. Talvez vocês olhem para os companheiros que estão sofrendo com problemas como doenças ou dificuldades financeiras e pensem que, provavelmente, eles não poderiam ser bodisatvas da terra. Entretanto, ninguém pode evitar problemas. A questão é que, uma vez que despertamos para a missão do kosen-rufu e passamos a nos empenhar por ela, a condição de vida do bodisatva da terra e a sublime condição de vida do Buda brotam poderosamente das profundezas do nosso ser. Budas jamais são derrotados por infortúnios ou problemas. Eles transformam todos os seus sofrimentos em alegria, expandem seu estado de vida e realizam sua revolução humana. E é por meio desse processo que transformam seu carma. Foram os bodisatvas da terra que, na assembleia do Sutra do Lótus, receberam a missão do kosen-rufu nos Últimos Dias da Lei. [E Nichiren Daishonin, o Buda dos Últimos Dias da Lei, surgiu como a manifestação do líder dos bodisatvas da terra, o bodisatva Práticas Superiores.] Quando assumimos para nós essa missão, manifestamos a condição de vida inerente ao estado de buda aliada às “quatro virtudes” e aos quatro elementos representados pelos quatro líderes dos bodisatvas da terra. É o que nos permite transformar fundamentalmente nossa vida, realizar nossa revolução humana e transformar o carma. (Capítulo “Torre do Tesouro”) Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 92, 2017. 2. Ibidem, v. I, p. 404, 2020. (Traduzido da edição de 20 de maio de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 19 Ilustração: Kenichiro Uchida
09/05/2024
Encontro com o Mestre
BS
Construir o castelo dos “valores humanos”
Sinceros parabéns pela realização desta Reunião de Líderes, que marca uma nova partida, neste novo Castelo da Lei em Kansai! [O Centro Ikeda de Kansai havia sido inaugurado em 17 de novembro de 2006.] Nos primeiros dias de nosso movimento, a sede de Kansai ficava num prédio muito antigo que havia sido uma escola de música e foi reformado. Quando muitas pessoas se reuniam ali, o prédio costumava balançar e se agitar tal como um navio no mar. A construção era tão antiga que chegamos a ponto de considerar solicitar às pessoas não virem à sede, a fim de evitar danos à estrutura. Foi por essa razão que quis construir a maior fortaleza da Lei no mundo em Kansai. No ano 1956, em meio à Campanha de Osaka, a entrada da antiga sede de Kansai ficou inundada devido a uma forte chuva. Agradecendo aos zeladores da sede, disse-lhes: “Sei que hoje nosso prédio pode estar velho e em ruínas, mas prometo que no futuro construirei um poderoso bastião de Kansai, transbordante de ilimitada boa sorte, que será um baluarte para milhões de membros. Membros de todo o mundo virão para Kansai”. Exatamente assim, a Kansai se desenvolveu de forma magnífica. Os membros do mundo se reúnem alegremente em Kansai. E os membros de todo o Japão chegam alegremente à região. É a Kansai do mundo. Viva a Kansai do mundo! Viva o castelo de “valores humanos” da Grande Kansai! Assim quero bradar. Parabéns! O grande castelo da paz, cultura e educação está sendo erguido concretamente pela Soka Gakkai em todo o Japão e em todo o mundo. Quero lhes dizer que o alicerce do kosen-rufu mundial foi construído de forma sólida. O mais importante é o kosen-rufu do mundo. A criação da paz e da felicidade está avançando com base na mais grandiosa Lei. Esse é o movimento mais importante. Vamos avançar resolutamente pelo grandioso caminho do kosen-rufu da suprema Lei do mundo, tal como consta nos escritos de Nichiren Daishonin: “Como a Lei é maravilhosa, a pessoa é digna de respeito”.2 Construamos um “castelo de valores humanos” eternamente indestrutível. Acima, o imponente Castelo de Osaka se destaca ao fundo das cerejeiras em plena floração. O Grande Auditório Memorial Ikeda de Kansai, que será inaugurado em 2027, terá visão para o Castelo de Osaka (Japão, 5 abr. 2024)O manuscrito original do romance Revolução Humana está preservado eternamente na sede da Soka Gakkai como um importante tesouro. Escrevi a página de rosto do manuscrito do volume 4 aqui em Kansai. Isso foi no dia 3 de maio de 1980: Este manuscrito da Revolução Humana conta a verdadeira história do grande empreendimento do meu mestre, Josei Toda, em prol do kosen-rufu, registrado com toda a exatidão pelo seu discípulo, Daisaku Ikeda. Não deem crédito a nenhuma palavra de difamação ou de intrigas. Registro profundamente estas palavras para os meus discípulos. O manuscrito está preservado com essas palavras. O tema principal de Revolução Humana, conforme escrevi no prefácio do romance, é: “A grandiosa revolução humana de uma única pessoa um dia impulsionará a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade”. Essa frase constitui o princípio e a verdade eterna do budismo. Uma citação embasada nesse tema foi incluída em uma coletânea de palavras de sabedoria provenientes de diversas culturas e períodos históricos, publicada nos Estados Unidos com o título 1001 Pérolas de Sabedoria. O mundo está atualmente em busca desta grandiosa filosofia da transformação do destino. Na abertura do romance Revolução Humana consta: “Não há ato mais bárbaro do que a guerra! Não existe um fato mais trágico do que a guerra”. E no início do romance Nova Revolução Humana consta: “Nada é mais precioso do que a paz. Nada traz mais felicidade do que a paz. A paz é o primeiro passo para o avanço da humanidade”. A passagem inicial da Nova Revolução Humana foi gravada em muitas placas e monumentos ao redor do mundo, incluindo o Jardim de Cerejeira Ikeda na cidade de Denver, que fica no estado do Colorado, nos Estados Unidos, e o Parque da Paz Ikeda, na cidade de Choibalsan, na Mongólia. Sempre valorizei ao máximo as orientações de Toda sensei. Junto com minha esposa, escrevi tudo o que ouvia do meu mestre, dia após dia. Assim, valorizei as palavras do meu mestre. Por essa razão, Toda sensei depositou tamanha confiança em mim. Guardei cuidadosamente cada palavra, a cada momento, até o fim de sua vida. Toda sensei me incentivou e me treinou com o maior esmero quando eu era jovem, considerando-me como seu principal discípulo. Ele continuou a me treinar até o dia de seu falecimento. De minha parte, dediquei-me de corpo e alma ao meu mestre. Quando a empresa dele faliu, eu parei de estudar à noite para que pudesse me concentrar em apoiá-lo e acabar com a montanha de dívidas em que ele estava. Foram muitas as ocasiões em que ele expressou sua gratidão por meus esforços. E, para compensar a interrupção de meus estudos, ele me deu aulas particula-res. Atualmente, recebo homenagens de importantes instituições acadêmicas do mundo todo. Assim é o sublime caminho de mestre e discípulo no mundo da Lei Mística. [O presidente Ikeda havia recebido até aquele momento 224 homenagens acadêmicas de universidades e outras instituições de ensino superior do mundo inteiro]. Todas as orientações de Makiguchi sensei foram herdadas por Toda sensei, sem nenhuma exceção. Por isso, herdei todas as orientações de Toda sensei, sem exceção. Se não for transmitido esse verdadeiro espírito, mesmo que existam estruturas formais ou organizações, essas se extinguirão. Vamos transmitir esse espírito ao maior número de pessoas possível, fazendo surgir, a partir daí, o tesouro, a força e o pilar da Gakkai. Assim, encerro minhas palavras. Vamos construir, com nossos esforços, o progresso de Kansai e a grande vitória da Soka Gakkai. Caligrafias escritas por Ikeda sensei em 1984, ano em que foram realizados festivais culturais pela paz em várias localidades do Japão tais como Hokuriku e Niigata. A caligrafia “Onda de Valores Humanos”. Caligrafias escritas por Ikeda sensei em 1984, ano em que foram realizados festivais culturais pela paz em várias localidades do Japão tais como Hokuriku e Niigata. A caligrafia “Caminho da Paz”. Leia discurso na íntegra no Brasil Seikyo, ed. 1.926, 9 fev. 2008, p. A3. No topo: Vamos viver até o fim pelo caminho de mestre e discípulo e comprovar uma existência de contínuas vitórias! Ikeda sensei faz o sinal de “V” de “vitória” e incentiva os companheiros durante reunião de líderes da Soka Gakkai realizada no Auditório Memorial Ikeda de Kansai, em Osaka (Japão, nov. 2007) Notas: 1. Essa reunião foi realizada em conjunto com a 32a Convenção da SGI e a 1a Convenção de Kansai, comemorando o 55o aniversário do movimento pelo kosen-rufu de Kansai. Também estiveram presentes 220 representantes da SGI de sessenta países e territórios, os quais estavam participando do Curso de Aprimoramento de Outono da SGI. Essa foi a primeira visita do presidente da SGI a Kansai após sete anos. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 365, 2017. Fotos: Seikyo Press
09/05/2024
Editorial
BS
“Levantem-se com a poderosa oração”
Um dos períodos mais aguardados pela Soka Gakkai chegou! Enquanto estamos nos aproximando da grande atividade dos jovens da BSGI, o sul do país enfrenta um enorme desafio desde o começo do mês. Assim, diante dos acontecimentos na região, a organização, em um gesto de profundo respeito, prontamente manifestou sua solidariedade às inúmeras vítimas e aos desabrigados em decorrência das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul. E a toda a população gaúcha, transmitiu o profundo sentimento de pesar pelas vidas perdidas. A BSGI está em contato com os membros locais para prestar apoio material e incentivos. Eventos como a Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo provocam transformações na vida das pessoas que, por sua vez, impactam a sociedade onde vivem. Acontecimentos naturais também são oportunidades para fortalecer a prática da fé. Nesta edição, na série “O Brilho das Quatro Estações, o Coração de Ikeda Sensei”, ele afirma: Nós temos fé com a mais elevada convicção. Levantem-se com a poderosa oração! O daimoku é o rugido do leão. A coragem se manifesta de forma abundante, e a energia vital transborda plenamente. Agora é o momento. É a partir de agora! Venceremos com a força da grande sinceridade, mergulhando com coragem em meio aos seres humanos, entre as pessoas. Um novo dia, um novo desafio.1 Na nova fase da editoria Encontro com o Mestre, Brasil Seikyo traz uma foto memorável de Ikeda sensei em sua visita às ruínas do Castelo de Aoba, em 1971, e o seguinte incentivo: O mais importante são os seres humanos de valor. A organização que construir o castelo de pessoas valorosas prosperará vitoriosamente por todo o futuro.É por isso que os veteranos precisam criar sucessores com sinceridade. Devem ter a disposição de até se sacrificar com alegria, se for pelo desenvolvimento dos seus sucessores. Os veteranos devem se empenhar com toda a força para criar a próxima geração de sucessores. O castelo de seres humanos valiosos construído dessa forma nunca será destruído.2 Nesta construção monumental do futuro, desejamos que estas páginas sejam alento para os amigos da Região Sul ultrapassarem os dramas de transformação rumo à revitalização. Como o Mestre afirma, que esta leitura e a convenção dos jovens sejam fontes de energia para alicerçar as bases do kosen-rufu de cada localidade, por meio do contínuo avanço individual e organizacional! Ótima leitura! Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.658, 11 maio 2024, p. 8. 2. Ibidem, p. 3.
09/05/2024
Caderno Nova Revolução Humana
BS
Romper as nuvens da escuridão
PARTE 21 Ah, raiou a manhã carmesim... Ouvindo a gravação da canção Kurenai do Uta [Canção do Carmesim], Shin’ichi Yamamoto ponderou profundamente sobre o significado da letra e conclamou aos jovens em seu coração: “Rompendo as nuvens, eleva-se o sol de cor púrpura. O céu se tinge de carmesim instante a instante, e a manhã do renascer desponta. ‘Carmesim’ é o sol do passado sem início que arde em nosso coração. É o fervoroso espírito de luta que anseia descortinar a nova era! É o resplendor da energia vital jovem!”. Ó, bravos e fortes jovens Soka, que se lançam à vanguarda em direção ao kosen-rufu mundial como os raios do alvorecer do sol! A alvorada que anuncia o auspicioso “século da vida” ressoou fortemente nesse momento, e chegou a gloriosa manhã. Glória é a luz da felicidade e da vitória alcançada com um desafio intrépido e incansável. Jovens, não temam! Avancem sempre adiante rompendo as “ondas insolentes” e todos os obstáculos e maldades. Kosen-rufu é uma batalha entre a justiça e o mal. Nada garante que a justiça vença infalivelmente. Há situações em que o mal prospera. Por isso, budismo é vitória ou derrota. Nós, que vivemos pela missão como emergidos da terra e empunhamos a bandeira da justiça do budismo, não podemos de forma alguma ser derrotados. Temos a responsabilidade de vencer absolutamente. Bodisatvas da terra representam nosso povo Soka. Eles surgiram intencionalmente na era maligna manchada pelas cinco impurezas dos Últimos Dias da Lei. Despontaram bailando neste mundo para polir a si mesmos em meio aos sofrimentos, às dificuldades e à tenacidade, atuando no palco do drama da vitória da vida provando o grande poder benéfico do budismo. Haverá época em que as tempestades do carma soprarão violentamente. Não existe vida sem dificuldades ou sofrimentos. No entanto, no momento em que lutarem imbuídos da chama da coragem para cumprir a missão pelo kosen-rufu, o arco-íris da esperança despontará no céu e os sofrimentos se transformarão em alegria. O ser humano se torna infeliz por si próprio ao se acovardar, deixar de se desafiar, abandonar a esperança e se resignar. Nós estamos em concordância com a Lei fundamental chamada “Lei Mística” e, manifestando plena energia vital, nós nos movemos pelo kosen-rufu solucionando e superando cada uma das questões que surgem à nossa frente. E tudo isso é para fazer brilhar o melhor de cada um, para edificar a felicidade tanto individual como de todos os demais e para ecoar altivamente o grito de vitória do povo, ostentando orgulhosamente o estandarte do povo com transbordante alegria no coração. PARTE 22 Shin’ichi Yamamoto seguiu ponderando sobre a letra da canção Kurenai no Uta [Canção do Carmesim]: Reprovando as pessoas influenciáveis por elogios e críticas da sociedade... Mestre e discípulos Soka desprezam o modo de vida que muda de atitude rapidamente conforme a situação de forma inconsequente. Eles avançam continuamente pelo sublime caminho da convicção e da fé. Esse é o verdadeiro “caminho do ser humano”. Quando o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, foi preso e encarcerado durante a opressão do governo militar, pessoas que o admiravam como grandioso educador e pensador mudaram completamente de postura e o difamaram e o ofenderam dizendo sem escrúpulos: “Eu fui enganado por Tsunesaburo Makiguchi”. E no pós-guerra, quando as empresas do presidente Josei Toda entraram em colapso, pessoas que tinham recebido tantos favores e ajuda se esqueceram da gratidão e não pouparam calúnias e insultos contra ele. Não se permitam ser influenciados ou abalados com as palavras desse tipo de indivíduo. Devem avançar imponente e serenamente pelo “resplandecente verdadeiro caminho” da convicção no kosen-rufu. Nós temos o mais elevado orgulho de trilharmos pelo grande caminho de mestre e discípulo. Vamos compor, juntos, o poema de juramento de pai e filho. Enquanto existirem vocês, jovens, estarei tranquilo. Quero que, fazendo de mim um modelo, superem-me e se desenvolvam como grandes árvores. Com todo o meu respeito, quero reverenciá-los e louvá-los. Ó, vocês, que se desenvolvem amplamente no extenso céu no novo século! Em prol do futuro, lapidem a si próprios, fortaleçam-se, labutem, estudem e assumam bravamente as tarefas mais árduas com alegria. Não há dúvida de que “o suor dourado da juventude” se tornará um tesouro que os consagrará por toda a eternidade. Já consigo ver o resplandecente arco-íris da glória sobre a copa das árvores que crescem vicejantes com suas folhas novas rumo ao amanhã! Agora, ó, jovens asas! Partam bailando vigorosamente além da linha do horizonte! Bailem, bailem incansavelmente, para abrir o brilhante novo século da dignidade da vida e a era da eterna ode ao ser humano. Descortinem sem falta o palco da grande vitória do século 21 por meio da força e da paixão dos jovens Soka. O bastão da sucessão está em suas mãos. PARTE 23 Na noite do dia 14 de novembro, Shin’ichi Yamamoto, após mais de vinte revisões, falou aos jovens como se fizesse uma declaração: — É isso, vamos fechar com esta letra! A Kurenai no Uta [Canção do Carmesim] está concluída! É a canção do espírito dos jovens! Ah, raiou a manhã carmesim Os fortes brilham como precursores Ah, soe o sino que anuncia a aurora Ó insolente ondas, o que farão? Os partidários do mal não prosperarão A justiça dos emergidos da terra é a bandeira do povo Reprovando as pessoas influenciáveis por elogios e críticas da sociedade Por este resplandecente íngreme caminho da virtude Somos aqueles que se reuniram junto ao pai Ó meus filhos, admiro-os como frondosas árvores que se tornarão Ah, suor dourado da juventude Que surja o arco-íris sobre o azul anil do juramento Protejam até o fim o castelo do kosen-rufu Edificado pelas mães agora já idosas No horizonte deslumbrante, surgem irrompendo Ó, jovens asas, com leveza e frescor Bailem, bailem incansavelmente Para sempre, juntos, rumo ao novo século Mineko disse ao marido, Shin’ichi: — Nesta canção está contido tudo o que gostaria de dizer aos jovens, não é? — Isso mesmo... Os componentes da Divisão Masculina de Jovens cantando Kurenai no Uta [Canção do Carmesim] e as integrantes Divisão Feminina de Jovens (DFJ) entoando Midori no Ano Michi [Aquele Caminho Verdejante] avançarão visando o século 21. Midori no Ano Michi [Aquele Caminho Verdejante] é a canção da Divisão Feminina de Jovens que havia sido anunciada há oito dias, em comemoração dos trinta anos de fundação da divisão. Depois que recebeu também uma forte solicitação para aprimorar essa canção, o presidente Shin’ichi Yamamoto revisou e melhorou a letra e ainda deu opiniões acerca da música. “Verde” é o resplendor da juventude irradiado por uma vida jovem e refrescante. Dante Alighieri falou a respeito da juventude: “É o portal e o caminho para ingressarmos numa existência do bem”. PARTE 24 A conclusão da nova canção da Divisão Feminina de Jovens, Midori no Ano Michi [Aquele Caminho Verdejante] foi anunciada no jornal Seikyo Shimbun com a publicação da partitura e da letra no dia 6 de novembro. Pétalas de cerejeiras que se esvoaçam em meio à névoa da primavera No bailar das cerejeiras, as amigas também bailam Que sejam envoltas pelas guirlandas da felicidade Que sejam envoltas Trilhando aquele caminho verdejante Mesmo no rigor do calor do verão Em breve chegará o outono das folhas vermelhas E ainda o inverno com a geada, o que fazer? O que fazer? E então um dia vem, nossa canção da primavera Cantemos esta canção, a canção de pai e filha Em breve neste caminho, as jovens Terão asas para o caminho do mundo Terão asas Voam com asas, como anjos Que surja agora o arco-íris naquele céu Dez dias após ser anunciada a canção Midori no Ano Michi [Aquele Caminho Verdejante], em 16 de novembro foi publicada no Seikyo Shimbun a nova canção da Divisão Masculina de Jovens (DMJ), Kurenai no Uta [Canção do Carmesim]. Ambas se tornaram canções que transmitiam novas sensações e faziam palpitar o coração, adequadas para essa nova era. Kurenai no Uta [Canção do Carmesim] foi uma canção tecida pelo espírito de unicidade de mestre e discípulo de Shin’ichi e dos membros da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku, mas no final o texto original elaborado inicialmente por eles praticamente não tinha qualquer rastro. Porém, como o autor da letra permaneceu com o nome “Companheiros da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku”, Shin’ichi quis louvar a disposição e o esforço deles. Durante a sua estada em Shikoku, surgiu também Aisuru Tokushima [Amada Tokushima], a canção da província de Tokushima. Shin’ichi, que havia recebido uma solicitação de todos para melhorar a música, fez a revisão e se empenhou de corpo e alma para lapidá-la. Amigos do mundo também, venham agora A alegria das terras de Tokushima São turbilhões como os redemoinhos de Naruto... O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida
25/04/2024
Especial
BS
Três de maio de ardente esperança
“Cada passagem dessa data é um momento para mestre e discípulos prometerem, juntos, realizar a ampla propagação da Lei Mística. É o dia para iniciarem uma nova luta em prol da paz mundial e da felicidade da humanidade. Assim será, eternamente!”1 As palavras do presidente Ikeda expressas nessa abertura nos conduzem ao espírito das comemorações dos significativos marcos do 3 de Maio na Soka Gakkai. Ainda mais neste ano (2024), o primeiro após a partida do Mestre, que encerrou serenamente sua existência em 15 de novembro de 2023, aos 95 anos — uma jornada de dedicação abnegada pela causa da paz. Neste especial, trazemos alguns contextos históricos e compartilhamos as expectativas para o 3 de Maio entre nós, brasileiros. O levantar dos genuínos discípulos em assumir o legado de Ikeda sensei, aqui e agora. Profunda relação de juramento Sete anos após a morte do fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, que ocorreu no cárcere por defender suas crenças, Josei Toda, seu fiel discípulo, assume a presidência da Soka Gakkai. Ele, que também havia sido preso, determinou reconstruir a organização e honrar a existência do seu mestre, abrindo a correnteza do espírito Soka. No dia 3 de maio de 1951, em seu discurso de posse, Toda sensei fez uma apaixonada declaração: “Juro converter, por meus próprios esforços, 750 mil famílias enquanto eu viver”. Este foi o imponente juramento de concretizar o kosen-rufu, o movimento para a consecução de uma sociedade de paz. Na época, a Soka Gakkai tinha apenas 3 mil membros. Toda sensei toma posse da segunda presidência (3 maio 1951) O jovem Daisaku Ikeda, que da plateia ouviu aquele brado e abraçou essa causa, acompanhou seu mestre em todas as iniciativas até o falecimento dele, em 2 de abril de 1958. Sobre o período em que compartilharam juntos desafios e vitórias, Ikeda sensei deixou gravado: Ele [Toda sensei] encontrou-me; elevou-me; dele aprendi o correto significado da fé e os verdadeiros ensinamentos do budismo. Além disso, ele me ensinou como alguém pode viver e como os esforços de um ser humano florescem na sociedade. Para mim, sua orientação foi o hino da minha juventude, minha realidade, o mais nobre drama da vida neste mundo.2 3 de maio de 1960 — o levantar do discípulo Com a morte de Josei Toda, muitos na sociedade acreditavam que a Soka Gakkai deixaria de existir. No entanto, ardia no peito do jovem Daisaku Ikeda o juramento de cumprir o legado do seu mestre. Dessa maneira, em 3 de maio de 1960, aos 32 anos, ele assume a terceira presidência da organização. Sra. Kaneko Ikeda ajeita o oribon (enfeite comemorativo) no traje de Ikeda sensei momentos antes da cerimônia de posse (3 maio 1960) Diante de 20 mil membros reunidos no auditório da Universidade do Japão, ele se manifestou com vigorosa energia: “Apesar de jovem, a partir deste dia, assumirei a liderança como representante dos discípulos do presidente Josei Toda e avançarei com vocês rumo à substancial concretização do kosen-rufu”.3 Foi também nesse dia, em 1952, que Daisaku e Kaneko se casaram numa cerimônia simples, mas repleta de inspiração e significados. Presidente Ikeda é carregado pelos participantes celebrando sua posse (3 maio de 1960) O presidente Ikeda rompeu os limites do país, partindo do Japão cinco meses depois, em 2 de outubro de 1960, levando a filosofia da esperança para o mundo, inclusive para o Brasil. Com a fundação do Distrito Brasil, inaugurou-se a fase de desenvolvimento da organização, edificada pelos veteranos que jamais perderam os laços da profunda relação de mestre e discípulo. Ao se levantar para cumprir o juramento de posse de concretizar o objetivo de 3 milhões de famílias prometido ao mestre, não houve um dia sequer de descanso. Na Nova Revolução Humana, obra em trinta volumes escrita pelo Dr. Daisaku Ikeda ao longo de 25 anos ininterruptos, encontramos os bastidores da inigualável luta e vitória conquistada por Ikeda sensei e pelos membros em união plena. Um triunfo do humanismo Soka. No livro consta que, na reunião de líderes realizada em maio de 1965, os resultados foram apresentados ao calor da sincera gratidão. O número de famílias havia saltado de 1,4 milhão para 5,4 milhões, equivalente a um crescimento de 3,8 vezes. A Divisão dos Jovens (DJ) expandiu-se de maneira extraordinária. Os 61 distritos por ocasião da posse agora eram mais de mil. E no exterior houve um aumento de 441 famílias para 50 mil, ou seja, um crescimento de mais de cem vezes. Referindo-se a esse dinâmico progresso, lemos esta afirmação do Mestre: — A Soka Gakkai que realizou esse trabalho sagrado é a verdadeira incorporação viva do Buda. É uma grandiosa Ordem budista harmoniosa de praticantes que têm a fé como espinha dorsal e a compaixão como veia sanguínea, e atua em exato acordo com os ditos dourados do Buda. Nós avançamos com férrea união, empenhando-nos incansavelmente pela felicidade de todas as pessoas. Esse aspecto e força fazem com que nossa organização seja comparável a um sólido encouraçado, maior do mundo, em prol da paz. Quero aqui, chamar esse poderoso navio de “diferentes em corpo, unos em mente”. Tenho a plena convicção de que esta correnteza do kosen-rufu haverá de se expandir do Japão para o mundo inteiro, superando as fronteiras de raças e de nações. A Soka Gakkai não será somente o pilar do Japão, mas a esperança e a luz que orientarão a humanidade no século 21. Esta é a minha convicção.4 A sublime e inédita jornada do kosen-rufu empreendida por Ikeda sensei comprova essa convicção. Empenhando-se na arte do incentivo, ultrapassando as diferenças do idioma e de crenças, a Soka Gakkai avançou. Atualmente, são mais de 12 milhões de membros, espalhados em 192 países e territórios, trilhando o caminho da prática da fé do Budismo Nichiren propagado pela organização, unidos pelo ideal do kosen-rufu. No marco do 3 de maio que se avizinha, nós nos encorajamos com as palavras do Mestre, que contextualiza: O espírito do Dia 3 de Maio é o juramento compartilhado por mestre e discípulo. Esse juramento pessoal de cada um e as ações que cada um realiza para cumpri-lo são, por excelência, a postura que caracteriza um buda. Enquanto essa data de eterno juramento permanecer como sua base, a Soka Gakkai brilhará com uma inesgotável e infatigável força vital do Buda e continuará a desbravar para sempre o caminho da vitória, livre de quaisquer obstáculos.8 E para encerrarmos este especial, em que celebramos os 73 anos da posse do segundo presidente Josei Toda; os 64 anos da posse do presidente Ikeda à frente da Soka Gakkai e os 36 anos de estabelecimento do Dia das Mães da Soka Gakkai, oferecemos um estímulo singular. Trata-se de um poema composto por Ikeda sensei aos 19 anos, poucos dias depois de sua conversão ao budismo, que se deu em 24 de agosto de 1947. A seguir alguns trechos do conjunto intitulado Ardente de Esperança, dedicado por ele especialmente aos jovens que lutam contra as adversidades: Ardente de esperança Avanço em direção às ondas bravias. Mesmo humilde e desprovido de posses, mesmo sendo alvo de zombarias e desprezo, suportarei a tudo com perseverança. Um dia, as pessoas haverão de ver! Mantendo a chama ardente no coração, avance pelo seu caminho com força e justiça. Na trilha das adversidades, ao fitar o grandioso céu e sorrir radiantemente, com serenidade posso avistar o futuro de esperança no topo da montanha. Hoje também hei de avançar!9 *** Mães Soka — sóis da esperança “Mesmo que a chuva caia e o vento sopre, o Sol sempre se levanta. As mulheres Soka, os sóis do kosen-rufu, nunca deixam de progredir.”5 Essa é a confiança depositada nas mulheres pelo presidente Ikeda, que, em 1988, elevou a data comemorativa mais importante da nossa organização, isto é, o dia 3 de maio, ao status de “Dia das Mães da Soka Gakkai”, louvando ao máximo os esforços das integrantes da Divisão Feminina (DF). A frase inspiradora apresentada pelo Mestre encontra-se em um de seus livros dedicados às mulheres, intitulado Flores da Felicidade, volume 3, no qual ele defende que: As ações das mulheres Soka, que encorajam os outros constantemente com seu sorriso inabalável e genuíno, são sem dúvida ações do Buda. Por existirem os membros da Divisão Feminina, a família Soka é brilhante e acolhedora, o kosen-rufu avança sem limites e a prosperidade eterna da Lei Mística é assegurada.6 Ikeda sensei enfatiza uma das principais características das mães Soka, as quais não se abalam pelas tormentas do carma e mantêm o sorriso constante. Ele eterniza essa data no seguinte poema: Que todo dia seja o Dia das Mães da Soka Gakkai! O sorriso das nossas compassivas mães do kosen-rufu, que juraram jamais ser derrotadas, faz com que o sol da felicidade e da vitória surja no coração de todos ao seu redor. 7 No topo: Jovem Daisaku Ikeda observa o retrato de seu mestre, Josei Toda, ao se aproximar do palco da cerimônia de posse como terceiro presidente da Soka Gakkai (3 maio 1960). Fotos: Seikyo PressNotas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.033, 1º maio 2010, p. B6. 2. Idem, ed 2.557, 27 mar. 2021, p. 6-7. 3. Idem, ed 2.413, 31 mar. 2018, p. B1. 4. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 10, 2019, p. 31. 5. Idem. Flores da Felicidade. v. 3. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. p. 47. 6. Ibidem, p. 48. 7. Ibidem, p. 47. 8. Brasil Seikyo, ed. 2.081, 30 abr. 2011, p. A14. 9. Idem, ed. 2.034, 8 maio 2010, p. A2.
25/04/2024
Especial
BS
Juventude de valor
Chegamos ao encerramento da série “Juventude de Valor”, que se propõe a destacar trechos de direcionamentos do presidente Ikeda para os jovens de todas as idades. Nesta edição, Brasil Seikyo apresenta este conteúdo dirigido aos jovens sucessores. Como herdeiros do glorioso movimento pela paz legado por Ikeda sensei, os jovens Soka representam o futuro da humanidade, tal qual ele sempre visualizou. É a nova era dos jovens humanistas Soka, construída com a união de todos. Vamos juntos? União de forças “‘Cultivar sucessores capazes é espalhar sementes e plantar as mudas do kosen-rufu mundial, que é a própria paz mundial’. Significa construir um futuro no qual toda a humanidade possa realmente desfrutar de felicidade. Contanto que haja uma correnteza de membros da Divisão dos Estudantes se aprimorando e se tornando excelentes pessoas, o futuro da humanidade estará assegurado. Visando o centenário da Soka Gakkai em 2030 e o futuro ainda mais distante, vamos nos unir agora e devotar todas as nossas forças para promover o desenvolvimento dos integrantes da Divisão dos Estudantes, na qual todos, sem exceção, possuem uma profunda missão. Esse esforço também garantirá que o caudaloso rio do kosen-rufu perdure e flua eternamente.” Fonte: Terceira Civilização, ed. 611, jul. 2019, p. 48-65. Lapidar a vida “O famoso Leonardo da Vinci, gigante da Renascença, escreveu muitas fábulas. Uma delas é a da ‘pedra de fogo’. A pedra de fogo é aquela que produz faísca quando se choca com outra. Certo dia, uma pedra levou uma pancada da pedra de fogo. A pedra atingida ficou surpresa e indignada. A pedra de fogo lhe disse: ‘Tenha paciência! Paciência! Se tiver paciência, você vai produzir uma coisa maravilhosa’. Como lhe foi dito, a pedra suportou as batidas com paciência. Então, surgiu dela uma bela faísca. E sua chama iluminou e beneficiou muitas pessoas. A vida de vocês, jovens, possui uma faísca chamada ‘ilimitado potencial’. Quando se defrontarem com provações e dificuldades, se continuarem se desafiando e se esforçando com muita paciência, uma ardente chama se levantará com força irradiando um brilho intenso.” Fonte: RDez, ed. 207, mar. 2019, p.11. Abram as asas da coragem “Foi a leitura — o contato com a obra Os Miseráveis, de Victor Hugo — que fez nascer em mim o desejo de escrever um romance que continuasse a ser lido pelas gerações futuras. Nos vários anos que decorreram a partir de então, compus os romances serializados Revolução Humana e Nova Revolução Humana. Eles são inteiramente frutos da instrução pessoal que recebi do meu mestre, Josei Toda, nas aulas que denomino afetuosamente de Universidade Toda’, somada ao apoio caloroso de incalculáveis outras pessoas. E, ao mesmo tempo, concretizei todos os sonhos a mim confiados pelos presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, incluindo a fundação da Universidade Soka e das escolas Soka no Japão e ao redor do globo. Qual é o meu próximo sonho? Que todos os integrantes da Divisão dos Estudantes do mundo abram as asas da coragem e façam seus próprios sonhos se tornarem realidade.” Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.532, 19 set. 2020, p. 4-5. Confiança no Brasil “No Brasil, a atuação e o desenvolvimento dos sucessores da Divisão dos Jovens e da Divisão dos Universitários resplandecem como exemplo para o mundo. Na BSGI existe um infinito potencial futuro. Solicito que as Divisões Sênior e Feminina incentivem e criem os jovens, e sempre imbuídos do espírito de ‘jovens para sempre’, adornem solenemente a sua existência com o admirável drama da vitória da revolução humana no qual comprovam que ‘aqueles que mantêm a fé até o fim vencem sem falta’ quaisquer provações da vida.” Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.385, 26 ago. 2017, p. A3. Sem nada a temer “Não haverá futuro para o kosen-rufu ou para a Soka Gakkai se os jovens sucessores forem medrosos, fracos e incapazes de criar as ondas de propagação do budismo em sua própria geração. Esse é o motivo pelo qual eu me empenho tão intensamente para treinar a Divisão dos Jovens, a Divisão dos Universitários e todos os membros que herdarão o futuro. Devemos confiar o kosen-rufu a vocês. Vou me dedicar de todo o coração a vocês. Estou disposto a dar a vida por todos.” Fonte: IKEDA, Daisaku. Luz da Felicidade. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 25, 2019. p. 85. O palco é de vocês! “Em 2030, o ano em que a Soka Gakkai completará 100 anos de fundação, quão admiráveis e esplêndidos líderes do kosen-rufu vocês terão se tornado? Haverá aqueles que estarão se dedicando a trabalhos que os farão voar para todos os cantos do mundo. Outros talvez serão doutores que desafiam na área de pesquisas do desconhecido. Sem dúvida, haverá aqueles que estarão se empenhando como educadores que formam pessoas de valor, empresários que lideram a economia e médicos e enfermeiros que protegem a vida. Haverá artistas de renome e atletas que transmitem coragem a todos. Teremos, com certeza, aqueles que estarão brilhando como líderes do povo, que contribuem para a comunidade de sua localidade. Meu coração simplesmente palpita de tanta expectativa quando penso nisso. Confio no futuro de vocês. Acreditarei até o fim nisso. Por isso, peço que vocês também acreditem em sua força e em seu futuro e se desafiem ao máximo em direção aos seus sonhos.” Fonte: IKEDA, Daisaku. Vozes para um Futuro Brilhante. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023. p. 270. A missão gloriosa “Não há uma existência mais feliz do que aquela que se conscientiza profundamente da própria missão e se empenha em cumpri-la. A missão não é algo concedido por alguém, mas a sua própria escolha resoluta. Essa autoconscientização torna-se a esperança para todos os desafios e a fonte de uma extraordinária força para ultrapassar as dificuldades.” Fonte: IKEDA, Daisaku. Seja a Esperança. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 37. Uma canção para gravar no coração Há dez anos, em uma reunião nacional de líderes no Japão, foi apresentada pela primeira vez a canção intitulada Chikai no Kimyo [Oh, Jovem de Juramento!], escrita por Ikeda sensei. Segundo os líderes da organização, havia vinte anos que o Mestre não compunha uma obra musical. Abaixo, as três diretrizes contidas nessa música e seus destaques, reconfirmados por ele. “Em primeiro lugar, levante-se corajosamente com a decisão de ‘agora é o momento da partida!’. (...) O ‘agora’ é importante porque o budismo expõe o ‘princípio da verdadeira causa’. Não se aflija olhando só para o passado. É levantar-se ‘aqui’ e ‘agora’ com o forte juramento seigan. Essa determinação enche a vida de coragem e se cria a causa para a vitória total no futuro. Em segundo lugar, comprove a justiça fazendo das provações uma honra. Onde há avanço, há tempestade. Onde há desafio, as ondas se levantam. Por isso, faça das provações uma honra e lute determinadamente contra as maldades que fazem o povo sofrer. Essa é a atitude do jovem revolucionário e é o ‘coração da Soka Gakkai’. Em terceiro lugar, desbrave o futuro com a vitória do herdeiro com o espírito unido ao do Mestre. Kosen-rufu é o desafio para se construir a paz por toda a eternidade; e, para isso, a existência do herdeiro a quem possa confiar o bastão é indispensável. Mestre e discípulo vencerão eternamente somente quando você existir — o herdeiro de confiança —, conforme escrevi na canção Oh, Jovens do Juramento!. ‘Eu venci!’ Meu desejo é que os jovens escrevam essa frase em seus diários de luta no curso da vida e compartilhem essa alegria com os amigos de sua localidade. Peço também que transmitam aos companheiros e amigos sucessores.” Versão brasileira, carregada de orgulho No Brasil, a versão que vem encantando as gerações de jovens, a partir de então, envolveu os grupos musicais, que concentraram esforços na leitura de orientações do Mestre e na recitação de daimoku para traduzir fielmente o sentimento. Deixamos abaixo a letra e o link para que todos possam ouvir e gravar no coração, em especial nesse período tão significativo, às vésperas do mês em que os integrantes da Juventude Soka do Brasil estarão reunidos, abraçando os jovens humanistas de todos os recantos do país. Confira! Oh, Jovem de Juramento! Jovem de grande juramento, chegou a hora de avançar Em prol do nobre desejo, de lutar pela nação. Força Soka pra criar, a nova era da paz, Vitória na minha ação, alegria no coração. Comprovando a justiça, kosen-rufu conquistar. Com o ensino do humanismo, esperança para viver. Neste tempo ideal, esta canção triunfal, Ecoem vozes dessa nação, vigoroso, jovem leão. Meu jovem sucessor, herdeiro desbravador, Com vitórias junto ao mestre, confiança eternizar. Força jovem a lutar, e transformar o país. Amigos do mundo de paz, um futuro a construir — Criemos um mundo de paz, para o bem, de todos nós. Canção original: Chikai no Kimyo / Letra: Shin’ichi Yamamoto / Música: representantes do Ongakutai / Versão em português: representantes do Coral Esperança Mundo, Asas da Paz Kotekitai, Orquestra Filarmônica Brasileira do Humanismo Ikeda e Taiyo Ongakutai. Fontes: Brasil Seikyo, ed. 2.245, 27 set. 2014, p.A3. Extranet da BSGI. Disponível em: https://extra2.bsgi.org.br/extranet/multimidia/cancoes/mostrar_letra/?id=53#top. Acesso em 16 abr. 2024. Fotos: Getty Images
25/04/2024
Frase da Semana
BS
Frase da Semana
As pessoas com forte fé jamais se veem sem saída. Independentemente dos fatos de sua vida, elas os transformam em benefícios e em felicidade. Dr. Daisaku Ikeda IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — parte 1: A Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2021. p. 75.
25/04/2024
Encontro com o Mestre
BS
A revolução humana dos jovens transforma o mundo
A construção da paz é uma batalha entre a resignação e a esperança. Uma batalha entre a sensação de impotência e a obsessão. Se proliferar a resignação do sentimento de impotência, acabará aumentando proporcionalmente a tendência de depender da força. Esse é o grande problema. Todavia, foi o próprio ser humano que criou as armas capazes de trazer aquela tragédia infernal. Então, não há razões para que não se consiga abolir as armas nucleares por meio da sabedoria humana. * * * Até hoje, os movimentos pela paz eram vistos como algo específico para determinadas pessoas. Porém, a paz não é absolutamente algo que existe afastado do dia a dia. É como plantar e desenvolver as sementes fundamentais da paz em meio à realidade do cotidiano, e na vida de cada pessoa. Aí se encontra o progresso sólido e constante rumo à paz duradoura, e o foco das atividades da Soka Gakkai. A jornada para realizar os objetivos dos ODS, 1 entre os quais, as questões da fome, das mudanças climáticas e outras, deverá ser de sucessivas dificuldades. Mas, se houver uma rede solidária de jovens do mundo que busca a transformação da realidade, acredito firmemente que não haja barreiras intransponíveis, absolutamente. Tanto o mestre predecessor como meu venerado mestre valorizavam e acreditavam na vida extraordinária dos jovens e em suas forças infindáveis. Eu também vim dedicando todas as forças com foco na criação dos jovens. Em resposta, os jovens surgiram em sucessão, cresceram e vieram atuando. Justamente por isso, o mundo da Soka Gakkai se desenvolveu para os cinco continentes, Por meio da revolução humana dos jovens, a sociedade, o país e o mundo podem ser transformados de forma magnífica. Publicado no Seikyo Shimbun de 24 de março de 2024 No topo: A cúpula cinzenta da bomba atômica, envolta pelo verde e pelo céu azul, continua a evocar até hoje a catástrofe das armas nucleares. Foto tirada por Ikeda sensei na cidade de Hiroshima, em outubro de 1985. Ele visitava Hiroshima para participar do 6o Festival Cultural dos Jovens pela Paz Mundial. A abolição das armas nucleares foi o preceito número um confiado pelo segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, a Ikeda sensei e aos demais jovens. Para essa concretização, ele percorreu o mundo dialogando e apresentando propostas, sempre acreditando nos jovens que o sucederiam. Chegou o momento de os jovens do mundo se levantarem visando à transformação do destino da humanidade. Fontes: Este texto tem como base palavras de Ikeda sensei extraídas, respectivamente, dos seguintes ensaios: Seinen-sho [Ode aos Jovens], Kibo no Asu-e [Rumo ao Amanhã de Esperança] e Daremo-ga Kagayaku Ningen-shugi no Seiki-e [Rumo ao Século do Humanismo onde Todos Resplandecem!]. Nota: 1. ODS: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável lançados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
25/04/2024
Especial
BS
Grande vitória da justiça
Em 24 de abril de 1979, Daisaku Ikeda, então com 51 anos, enfrenta uma grande tormenta que viria a marcar profundamente a história do kosen-rufu. Nesse dia, ele é obrigado a renunciar à presidência da Soka Gakkai, tornando-se seu presidente honorário. Dentre os motivos estavam planos do clero da Nichiren Shoshu, aliado a traidores da organização, de afastá-lo da liderança. Conviver com um clero corrompido foi uma constante para os dois primeiros presidentes da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, que se opuseram à decisão dos clérigos, em 1944, de aceitar um símbolo oficial de outra religião, o talismã xintoísta, conforme exigia o governo militar japonês da época. Nessa ocasião, para barrar as ações de ambos, um sacerdote os delatou à polícia. Mestre e discípulo foram presos, junto com outros líderes da Soka Gakkai. Makiguchi sensei faleceu na prisão e Toda sensei saiu, combalido, para reconstruir a organização. Josei Toda, quatro dias antes de falecer, em 1958, e após ter reconstruído a Soka Gakkai, disse, convicto, a seu discípulo Daisaku Ikeda que combatesse quaisquer demonstrações de maldade por parte do clero no futuro. Em 3 de maio de 1960, Ikeda sensei assume como terceiro presidente da Soka Gakkai e inicia imediatamente a batalha para propagar o budismo e fortalecer a organização. E em 1975, torna-se presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI) e solidifica a atuação fora do Japão, por meio de muitos diálogos com personalidades e intelectuais. Tal projeção do líder da SGI incomodava o clero. Ataque das maldades Em 1979, tentando atacar a harmonia entre os membros da Soka Gakkai, surgiam, por todo o Japão, ameaças de que o clero não mais concederia o Gohonzon a eles, não participaria de cerimônias de falecimento e proibiria a peregrinação ao templo principal. Numa organização com quase 10 milhões de membros, essas atividades eram vitais, e Ikeda sensei sabia que isso causaria muita tristeza aos companheiros. “Diante dessas ameaças, o que posso fazer para que os membros pratiquem com tranquilidade?” As ameaças direcionadas a ele eram constantes, sendo a sua renúncia da presidência a opção dada pelo clero. Então, tudo voltaria ao normal, diziam. Ante a enorme pressão, Ikeda sensei ponderou e consultou a diretoria da Soka Gakkai. Os líderes ficaram hesitantes e deram a entender que seria o melhor a fazer. Essa postura passiva chocou-o ainda mais: “Não tenho outra saída. Se não deixar a presidência, quem sofrerá as consequências serão os membros”. Assim, no Centro Cultural de Shinjuku, em Tóquio, no dia 24 de abril de 1979, terça-feira, numa reunião da diretoria da Soka Gakkai, ele renunciou ao cargo de presidente. Espanto e indignação pairavam. Nesse dia, também foi apresentado o quarto presidente da organização, Hiroshi Hojo. A reunião marcava o final do primeiro ciclo dos “Sete Sinos” (sete ciclos de sete anos, de 1930 a 1979, num total de 49 anos). Devido à renúncia, o clima da atividade foi de tristeza. Certo de que tudo seria resolvido, ele disse: “Não mudarei em nada. Não se preocupem. Sou discípulo direto de Josei Toda! A justiça prevalecerá no final!”. No dia seguinte à renúncia, Ikeda sensei afirmou: Chegou a hora de assumir a liderança com liberdade e sem nenhum impedimento. Sem ser restringido pelas limitações cerimoniais ou organizacionais, e segurando bem alto a espada da Lei Mística, começarei a lutar com uma força ilimitada. [...] Por favor, não fiquem desapontados nem preocupados [pelo fato de eu não ser mais presidente], mas empenhem-se sinceramente pelo desenvolvimento da Soka Gakkai e do kosen-rufu.1 Levantar-se pela justiça No dia 3 de maio de 1979, realizou-se a 40a Reunião de Líderes da Soka Gakkai, com a presença dos clérigos. O evento ocorreu de forma monótona. Após a atividade, Ikeda sensei se dirigiu ao Centro Cultural de Kanagawa. Todos pensavam que a Soka Gakkai estava em declínio, mas o Mestre iniciou uma nova fase. E naquele momento crucial, ardia a chama de que aquela situação seria o trampolim para uma nova era do humanismo no Japão e no mundo. Naquele local, ficou registrada a decisão de vitória de Ikeda sensei por meio da palavra “Justiça”, escrita por ele em 5 de maio daquele ano, acompanhada da frase: “Conduzo sozinho a bandeira da justiça”. Pelo bem dos membros, Ikeda sensei aceitou as exigências do clero, mas não ficou parado. Viajou para cidades japonesas a fim de incentivar os membros. Ele comenta: Mesmo nessas circunstâncias, continuei trabalhando com a disposição inabalável de servir os membros e a Soka Gakkai. (...) Calaram minha participação em reuniões e meus discursos. Mas jamais podem me proibir de incentivar os companheiros.2 Essa férrea determinação do Mestre converteu-se em ações sábias. Mesmo sem saber ler partituras, compôs dezenas de músicas e pôs-se a tocar piano. Não era um exímio pianista, mas todos compreendiam sua iniciativa de se fazer entender por meio da linguagem universal da música. Durante os 45 anos desde aqueles acontecimentos, Daisaku Ikeda atuou ativamente como presidente da SGI. Passou a ser reconhecido como um grande agente da paz em nível mundial, tendo recebido títulos de universidades do mundo inteiro e milhares de homenagens. Em 1979, a SGI se fazia presente em 51 países e territórios. Hoje, são 192 países e territórios e mais de 12 milhões de membros. Uma prova real da vitória da justiça da unicidade de mestre e discípulo. Na década de 1990, a Soka Gakkai conquistou a “independência espiritual”, libertando-se das correntes de influências do clero, e alçando voo como religião mundial que concretiza verdadeiramente a propagação do Budismo de Nichiren Daishonin. Com o encerramento da nobre existência de Ikeda sensei, em 15 de novembro de 2023, agora os membros da Soka Gakkai em todo o mundo, tendo os jovens na vanguarda, levantam-se para perpetuar seu legado e concretizar o grande ideal do kosen-rufu. No topo: Durante reunião de líderes da Soka Gakkai, presidente Ikeda mostra caligrafia com a palavra “Justiça”, que escreveu em 5 de maio de 1979 (Tóquio, Japão, 28 out. 2004) Fontes: Brasil Seikyo, ed. 1.904, 18 ago. 2007, p. B5. Idem, ed. 2.032, 24 abr. 2010, p. A6. Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.032, 24 abr. 2010, p. A6. 2. Ibidem. Foto: Seikyo Press
11/04/2024
Encontro com o Mestre
BS
O futuro da humanidade
Decidido estou agora A suceder e aguardo O tempo certo com Coração bravio Esses são versos da canção Corredores da Justiça, que dediquei aos meus sucessores a quem confio a tarefa de herdar o bastão do kosen-rufu. Compus a letra há quatro décadas, em julho de 1978, na província de Okayama, num período em que a Soka Gakkai se encontrava assolada por terríveis obstáculos [decorrentes da primeira problemática do clero]. Na ocasião, eu disse a um grupo de membros da Divisão dos Estudantes: “Prometam-me se tornar pessoas que mantenham um compromisso com a justiça, que busquem desafios e os ultrapassem. Estarei observando atentamente para ver se obtiveram êxito nesse objetivo”. Depois de Okayama, visitei Shikoku,1 onde completei a canção. A música foi apresentada na 11ª Convenção da Divisão dos Estudantes Herdeiro, realizada no Centro Cultural da Soka Gakkai de Tachikawa, em Tóquio, no dia 3 de agosto [e se tornou a canção da DE-Herdeiro]. A voz emocionante daqueles promissores jovens ressoou. Hoje, eles cresceram e viraram líderes magníficos do kosen-rufu e da sociedade, atuantes em diversas localidades. Há, inclusive, amigos que se tornaram cientistas, prestando importantes contribuições em âmbito internacional. Dediquei a canção Corredores da Justiça aos meus preciosos discípulos, com a confiança de que cada um deles, sem exceção, permaneceria fiel às suas convicções e conduziria uma vida de integridade e de vitória. Meu sentimento se mantém inalterado até hoje. Em julho de 2010, revisei a letra, e ela foi adotada como a canção da Divisão dos Estudantes (DE). Também foi traduzida para o inglês; é cantada por jovens não apenas no Japão, mas no mundo todo. Seus acordes inspiradores representam o futuro da humanidade e a esperança do amanhã. A Soka Gakkai sempre incentivou e valorizou os jovens. Cultivar “valores humanos” é o caminho para assegurar o desenvolvimento perene da nossa organização, dedicada à concretização do propósito do Buda, e para consolidar o nosso movimento em prol do kosen-rufu. Toda sensei dizia: “Devemos respeitar as crianças como indivíduos plenamente capazes. Mesmo que talvez não compreendam as coisas agora, mais tarde eles se lembrarão das reuniões das quais participaram e do incentivo que receberam. O essencial é verem, ouvirem e experimentarem pessoalmente nossa prática budista em ação”. Sempre interagi com os membros da DE com uma postura de respeito, tratando-os como jovens companheiros de luta. Atualmente, o foco está cada vez mais concentrado no desenvolvimento da próxima geração, não apenas pelos líderes da DE, mas no âmbito da nossa organização. Membros de cada localidade, incluindo pais e avós, oram e incentivam os componentes da DE, acreditando no potencial ilimitado deles. Esses sinceros esforços, sem dúvida, plantarão sementes de esperança, crescimento e vitória nas profundezas da vida dos nossos preciosos integrantes da DE. O budismo ensina a relevância dos “bons amigos”,2 ou influências positivas. Como aponta Daishonin: “O melhor meio para atingir o estado de buda é encontrar um bom amigo”.3 A Soka Gakkai é um encontro de bons amigos. O crescimento ocorre em meio ao contato de pessoa a pessoa. As conversas e as interações que os integrantes da DE têm com amigos da mesma faixa etária e com bons veteranos nas reuniões e em outras atividades da organização lhes proporcionam profunda inspiração. Acima de tudo, aquilo que eles aprendem com seus esforços em prol do kosen-rufu os fortalecerá para abrir um caminho na vida. Por isso, precisamos criar e ampliar oportunidades positivas para os componentes da DE se relacionarem com a Soka Gakkai, com os companheiros e com o mundo da fé. Esse trabalho incansável assentará o caminho para o futuro da Soka Gakkai. Cada um dos atuais membros da DE possui a profunda missão cármica de promover o avanço do kosen-rufu rumo ao 200º aniversário de fundação da Soka Gakkai a partir do seu centenário. Perto do fim de sua vida, Toda sensei expressou: “Não preciso de mais nada — tudo o que anseio são ‘valores humanos’!”. Sinto exatamente o mesmo. Como Daishonin menciona em seus escritos: “Se deseja saber as causas que foram feitas no passado, observe os efeitos que se manifestam no presente”.4 Nesse sentindo, sinto-me imensamente feliz todos os dias pelo promissor desenvolvimento dos jovens da Soka Gakkai. Os jovens da SGI, que sustentam a suprema filosofia de vida do Budismo Nichiren, são protagonistas no esforço de promover uma religião verdadeiramente humanística que perdure pelo futuro. Leia discurso na íntegra na revista Terceira Civilização , ed. 636, de agosto de 2021. No topo: Participantes da 14a Academia dos Sucessores Ikeda 2030 realizada em Londrina, PR (jan. 2024) Notas: 1. Shikoku é a menor das quatro ilhas principais do Japão. 2. “Bons amigos”: No budismo, a expressão “bons amigos” indica influências positivas que direcionam as pessoas para a benevolência e a prática budista. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 625, 2020. 4. Ibidem, p. 292. Foto: Colaboração local
11/04/2024
Encontro com o Mestre
BS
Ouvem-se os passos da chegada da primavera [japonesa] da esperança
As flores que desabrocham sob ventos gélidos, mesmo em seu florescer solitário, anunciam que a primavera não está distante. Quanta oração, mesmo enfrentando adversidades, minha amada família Soka está dedicando, para fazer desabrochar, uma após outra, as flores do diálogo, da amizade e da confiança! O acúmulo dessas ações faz surgir uma primavera repleta de benefícios que desabrocham. * * * A pessoa que se esforça em prol do budismo, certamente, se torna um buda. O Buda afirma que “O inverno nunca falha em se tornar primavera”.1 Mesmo diante de muitas dificuldades, hoje, os amigos da SGI, que abraçam a Lei Mística, jamais são derrotados. Jamais se tornam infelizes. Para eles, a primavera da felicidade e a primavera da esperança chegam infalivelmente. * * * Na causa da determinação atual de orar e lutar pelo kosen-rufu já resplandece solenemente o efeito da vitória e da felicidade. Por isso, deve-se agir. Em prol do grandioso objetivo. Deve-se caminhar pelo bem das pessoas. Deve-se ir ao encontro dos membros. Para a pessoa, que recita e propaga a Lei Mística, emerge a mais nobre vida de um buda. Vocês, as pessoas mais preciosas, são a entidade do Myoho-renge-kyo. Abrindo sua vida esplendorosa, gostaria que exalassem o perfume da grande flor da missão, tal como uma bela flor. Sejamos radiantes! Vamos nos movimentar com alegria, encontrando-nos e dialogando com os amigos! O intercâmbio prazeroso com os amigos é um tesouro insubstituível. Os passos da chegada da primavera se aproximam em toda a ilha japonesa. Plantas e árvores germinam, e as flores já estão com seus botões estufados. É a chegada da primavera do avanço, da vida e do dinamismo! No topo: Flores amarelas de amor-perfeito, ranúnculos brancos e rosas... Um banquete de flores anuncia a chegada da primavera. Foto tirada por Ikeda sensei em março do ano passado [2023], em Shinjuku, Tóquio. Cada flor, que manifesta a vida com máximo esforço, tem a própria beleza. Da mesma forma, o aspecto das pessoas que se desafiam a alcançar os objetivos que elas mesmas definiram, de forma autêntica, também brilha como esperança para aqueles à sua volta. Nos escritos de Nichiren Daishonin consta: “... a cerejeira, a ameixeira, o pessegueiro e o damasqueiro possuem cada qual sua própria entidade, sem nenhuma alteração...”.2 Agora é a primavera do diálogo! É a primavera do brilho da vida! Com coração leve, vamos expandir o jardim florido da esperança e da felicidade. Foto: Dr. Daisaku Ikeda Publicado no Seikyo Shimbun do dia 3 de março de 2024. Fonte: Este texto tem como base as palavras de Ikeda sensei extraídas, respectivamente, dos seguintes trechos: do ensaio “Seja Eterno, o Grande Castelo Soka — Rumo à Primavera com a Vitalidade dos Jovens”; das Obras Completas de Daisaku Ikeda, volume 78; do discurso proferido na Conferência Superior das Divisões Feminina e Feminina de Jovens, publicado no jornal Seikyo Shimbun, edição de 23 de fevereiro de 2009; e das Obras Completas de Daisaku Ikeda, volume 100. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020. 2. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 200.
11/04/2024
Aprender com a Nova Revolução Humana
BS
Momentos inesquecíveis: volume 19 (parte 1)
Recusar-se a ser derrotado é a própria vitória Em fevereiro de 1974, Shin’ichi Yamamoto visitou a província de Okinawa para oferecer orientação e encorajamento aos membros. Durante a sua primeira visita à ilha de Miyako, ele realizou uma cerimônia em memória dos falecidos de guerra, assim como dos antepassados dos habitantes da ilha. Em uma atividade de plantio, uma palmeira foi plantada em homenagem a Morimasa Ibe, membro pioneiro que tinha sido líder de grupo em Miyako. Também encorajou calorosamente a Toki, viúva de Ibe. No entanto, o preconceito em relação à Soka Gakkai entre os ilhéus era muito forte. Quando Ibe tentava realizar uma reunião de palestra, algumas vezes seus vizinhos se postavam do lado de fora e ficavam batendo canos de metal para atrapalhar a atividade. Mesmo assim, ele se mantinha determinado a possibilitar que seus conterrâneos se tornassem felizes, e se recusava a desistir. Contanto que estejamos firmemente decididos, nenhuma barreira pode nos deter. Com o tempo, o número de membros da Soka Gakkai na ilha aumentou para cerca de trinta famílias, e foi fundado um grupo no lado leste da ilha. Porém, em julho de 1967, Ibe pegou um resfriado que acarretou complicações e, então, sua morte repentina. Ele tinha apenas 46 anos e estava no auge da vida. Deixou a esposa, Toki, e sete filhos, o mais novo somente com 2 anos e 4 meses. Toki não sabia o que fazer. Influenciados pelas crenças tradicionais da ilha, os vizinhos diziam que aquilo havia acontecido pelo fato de ela e o marido cultuarem “deuses da ilha principal”, aproveitando-se da morte de Ibe para intensificar os ataques à Soka Gakkai. Muitos na comunidade evitavam Toki, e seus filhos sofriam bullying na escola. Derramando lágrimas amargas, Toki decidiu que não seria derrotada. Toki trabalhava ao limite de suas forças, perseverando na prática budista, com o objetivo de realizar o sonho do marido de levar a felicidade a todos em Miyako. Então, na cerimônia em memória dos falecidos, ela recebeu a notícia de que o presidente Yamamoto plantaria uma árvore em tributo ao seu marido. A emoção tomou conta dela. Depois da cerimônia, Shin’ichi disse-lhe com carinho e convicção: — Sei como está sendo difícil para você. Tudo o que Toki conseguia fazer era tentar conter as lágrimas. Shin’ichi prosseguiu: — Sei que a situação ainda deve ser muito árdua, mas você já venceu. Recusar-se a ser derrotada é, em si, a vitória. Por favor, pense nesta árvore como se fosse seu marido e viva cada ano que passa com plena esperança ao lado dos filhos. Tenho certeza de que seu marido está zelando por todos. Se você se mantiver fiel à fé até o fim, infalivelmente se tornará feliz. Esta vida é um grande drama concebido para tal propósito. Toki chorava sonoramente. — Você ficará bem. Não se preocupe com nada. Você tem o Gohonzon. Estarei orando por você — garantiu Shin’ichi. Enxugando as lágrimas, Toki ergueu a cabeça e assentiu, com o brilho de uma nova determinação em seu olhar. (...) A vida ainda era complicada para ela e sua família, mas Toki já não sentia medo. Um magnífico arco-íris de esperança fulgurava em seu coração. (Capítulo “Arco-íris da Esperança”) *** O apreço é a fonte da felicidade Em março, Shin’ichi visitou o Peru, onde os membros da Soka Gakkai, liderados pelo diretor-geral Vicente Seiken Kishibe, mudaram muito a percepção da Soka Gakkai na sociedade por meio de sua luta constante. Na tarde de 22 de março, Shin’ichi resolveu dar um passeio por Lima. Desejava ver a capital do Peru e observar o modo como o povo vivia... Ao se deparar com uma loja de roupas, Shin’ichi entrou. — Quer comprar roupas? — perguntou Kishibe. — Sim, quero comprar algumas para o senhor — respondeu Shin’ichi. Percebendo o terno velho e surrado que Kishibe estava usando e a falta de um dente da frente, Shin’ichi ficou com muita pena do diretor-geral. Imaginou que, apesar de tocar um estúdio fotográfico e uma papelaria, a vida dele provavelmente não fosse fácil. Com um orçamento apertado, devia ter economizado ao máximo para guardar algum dinheiro para viajar pelo Peru a fim de visitar os membros. Doar alegremente o próprio tempo e recursos em prol do kosen-rufu constitui a nobre atitude de um bodisatva. Esse espírito de fé com certeza se manifesta como infinita boa sorte e benefícios. Shin’ichi disse sorrindo: — O senhor lutou arduamente e deu tudo de si para trabalhar pela felicidade dos membros aqui do Peru em meu nome. Em sinal do meu profundo respeito e consideração, gostaria de presenteá-lo com um terno novo. Por favor, escolha um que lhe agrade. — Oh, não, não posso aceitar — recusou-se Kishibe, sentindo-se tomado ao mesmo tempo por imensa gratidão e vergonha. — Ainda não atendi às suas expectativas. Lamento terrivelmente esse fato. Não mereço ganhar esse presente do senhor — acrescentou. — É um pequeno gesto de sincero apreço. Veja como um presente de seu irmão mais novo do Japão. Por favor, não pense mais nisso. — observou Shin’ichi em tom de leve reprimenda. Em seguida, procurou um terno que se assentasse bem em Kishibe. — Sensei, por favor, não é necessário... — interveio Kishibe, com lágrimas brotando em seus olhos. Porém, desistiu e simplesmente agradeceu e curvou-se com profunda gratidão: — Muito obrigado. Já que faz tanta questão. Pessoas modestas são naturalmente repletas de gratidão. O espírito de gratidão faz surgir um profundo sentimento, que se torna fonte da felicidade. (Capítulo “Canção do Triunfo”) (Traduzido da edição do dia 13 de maio de 2020 do Seikyo Shimbun, o jornal diário da Soka Gakkai.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 19, Ilustração: Kenichiro Uchida
11/04/2024
Encontro com o Mestre
BS
Terra natal do meu venerado mestre. Oh, companheiros da região de Hokuriku!
Quando ouço “Hokuriku”, um brilho se estende em meu coração. Ah, terra natal do meu amado mestre! Oh, nascente da nossa relação de mestre e discípulo Soka, de elevada honra! Mestre e discípulo não são dois, mas unos. Por isso mesmo, meu mestre, Josei Toda, encontra-se sempre junto comigo nas profundezas da minha vida. Além disso, os companheiros de Hokuriku, terra natal do meu mestre, não se afastam nem por um único instante das profundezas do meu íntimo. * * * A Lei Mística é a eterna grande Lei do revivescer. É a força para a sobrevivência. É o motor para o avanço. E é a energia infindável para o desenvolvimento. Mesmo que se defronte com condições tão adversas que façam você pensar “Não aguento mais!”, a “força para sobreviver” e a “força para superar as dificuldades” estão originalmente inerentes de maneira solene ao grande solo da vida. O que faz revivescer essa grandiosa e infindável força é a prática da fé. Pelo princípio de “desejos mundanos são iluminação”, quando se recita a Lei Mística, de forma poderosa e sonora, transforma-se infalivelmente “as dificuldades em alegria”, “a infelicidade em felicidade”, “o destino em missão”. Para nós, que abraçamos essa maravilhosa Lei Mística, jamais haverá impasses na vida e no dia a dia. * * * Meus preciosos amigos de Hokuriku! Por favor, que cada pessoa, junto com muitos companheiros, sobreviva dia após dia, fazendo brilhar intensamente seu coração! Com a certeza de que a vitória e a alegria final estão em nosso próprio interior! Nós possuímos um caminho correto e preciso. Nós possuímos uma fé em que somos unos com o universo. E, ainda, há um majestoso portal, e uma construção grandiosa e ousada de si próprio. Por mais forte que seja a tempestade, nós possuímos o poder absoluto que provoca intensa vibração em direção à felicidade! Nós temos o coração! Nós temos a união! Publicado no Seikyo Shimbun do dia 4 de fevereiro de 2024. No topo: Estende-se uma bela paisagem de área rural. Lá, ao longe, uma cadeia de montanhas brilha na cor azul. Foto tirada por Ikeda sensei em agosto de 1984. No dia 26 daquele mês, o Mestre participa do Primeiro Festival Cultural de Hokuriku pela Paz, na cidade de Kanazawa. Ao apreciar o enorme coral de 50 mil vozes entoando a canção Aa Seigan no Uta [Ah, Canção do Juramento Seigan] de Hokuriku, sensei louvou: “Festival Cultural com Nota Máxima, 200”. Faz um pouco mais de um mês desde o terremoto na península de Noto. Companheiros do Japão e amigos do mundo estão orando pela paz, saúde e mais breve recuperação das vítimas afetadas pela catástrofe. Todos acreditam que vocês se levantarão com o juramento seigan com o mestre em seu coração. Fontes: Este texto tem como base palavras de Ikeda sensei publicadas, respectivamente, no editorial da coletânea de orientações Alvorecer da Vitória, Hokuriku de Juramento Seigan, no ensaio “O Brilho da Vitória — Terra onde Floresce a Missão Soka” e no ensaio “O Castelo da Cerejeira — Hokuriku, a Maré da Nova Era”.
23/03/2024
Encontro com o Mestre
BS
Dia do nascimento de Toda sensei
Se encerrar tudo com a própria existência, sem a relação de mestre e discípulo, será como uma “pequena peça teatral”. Isso se tornará apenas satisfação pessoal. Por outro lado, tal como o fluxo de um grande rio, existe a eterna correnteza da humanidade. É como uma corrida de revezamento, em que se passa o bastão de um para o outro. Essa é a relação de mestre e discípulo. O budismo prega a unicidade de mestre e discípulo. Não é “mestre em posição superior, e discípulo, inferior”. Ambos avançam juntos rumo ao mesmo objetivo. * * * Certa vez, levantei-me com profunda decisão, servindo a Toda sensei. Era a determinação de que eu, como discípulo, romperia os obstáculos e as maldades, extraindo o “coração do rei leão”, para proteger o mestre, que era o “rei leão”. Na prática da “unicidade de mestre e discípulo”, não há impasses. Questionando sempre a si mesmo, “Se fosse o mestre, como ele faria?”, extraia a força e a sabedoria pelo “bem do mestre!”. Esse sentimento abre a sua condição de vida de “coração do rei leão”, e se torna a fonte da coragem para superar as dificuldades e provações. * * * Na vida daqueles que possuem um mestre, não há impasses. Na vida daqueles que possuem um mestre, abre-se a vitória infalivelmente. Não há honra maior do que uma vida que possui um mestre. Esse drama de unicidade prossegue por toda a eternidade. É a ligação daqueles que realizaram o juramento seigan de luta conjunta pelas três existências — passado, presente e futuro. São os eternos companheiros que vieram abraçando continuamente a Lei que permeia as ações dos budas e bodisatvas desde o remoto passado. Vamos juntos percorrer o “grande caminho do discípulo”, o “grande caminho dos sucessores”, o “grande caminho da unicidade”, que resplandecerão por dez mil anos! Publicado no Seikyo Shimbun do dia 11 de fevereiro de 2024. No topo: Suave correnteza do rio Tama. O verde pálido do leito do rio cria uma atmosfera primaveril. Foto tirada por Ikeda sensei a partir do Centro Cultural Ikeda de Ota, em Tóquio, em março de 2016. Ota é a terra natal do presidente Ikeda e o lugar onde ele conheceu seu venerado mestre, Josei Toda. É o local em que estabeleceu a torre dourada do movimento de propagação de fevereiro, subindo ao palco do kosen-rufu como secretário executivo do Distrito Kamata. Fontes: Este texto tem como base palavras de Ikeda sensei publicadas sequencialmente em trechos do artigo “Kosen-rufu e Paz Mundial” da obra Shido Senshu [Seleção de Orientações, parte final), das edições revista Daibyakurenge, respectivamente, de novembro e de agosto de 2015. Nota: A data de nascimento do presidente Josei Toda é 11 de fevereiro de 1900.
23/03/2024
Conheça o Budismo
BS
O kosen-rufu inicia-se com a própria revolução humana
A realização do kosen-rufu, ou seja, a “pacificação da terra” com base nos princípios budistas, é o supremo objetivo do Budismo de Nichiren Daishonin. Nestes trechos de incentivos do presidente Ikeda, ele esclarece como devemos interpretar o significado de kosen-rufu e alcançá-lo por meio de nossas ações concretas no dia a dia. Qual é o significado do termo kosen-rufu? Ikeda sensei: Kosen significa “declarar amplamente”. “Amplamente” implica bradar ao mundo, a um número cada vez maior de pessoas. “Declarar” significa proclamar ideais, princípios e filosofia. O ideograma ru (fluxo) de rufu significa “uma corrente como a de um grande rio”, e fu (tecido) é “espalhar-se, desenrolando-se como um rolo de tecido”. O ensinamento da Lei Mística não tem nada a ver com aparência, forma ou distinções. Ele flui livremente para toda a humanidade. Como um rolo de tecido sendo desenrolado, espalha-se cobrindo tudo. Portanto, rufu significa fluir livremente, alcançando tudo ao seu redor. Assim como um tecido, o kosen-rufu é produzido com linhas verticais e horizontais. As linhas verticais representam a transmissão do ensinamento de mestre para discípulo, de pai para filho, de veterano para novato. As linhas horizontais representam a transmissão imparcial desse ensinamento, transcendendo as fronteiras nacionais, as classes sociais e todas as outras distinções. Simplificando, o kosen-rufu é o movimento para transmitir o caminho supremo que conduz à felicidade e o mais alto princípio da paz às pessoas de todas as classes e nações por meio da correta filosofia de Nichiren Daishonin.1 O que é o kosen-rufu? Ikeda sensei: O kosen-rufu é a propagação da Lei Mística de pessoa a pessoa. Da mesma forma, é a propagação de 10 mil para 50 mil pessoas. Porém, o kosen-rufu não significa números; é um processo, um fluxo eterno. O kosen-rufu não é algo que se extinguirá em determinado momento. Não significa que um dia nos sentaremos tranquilamente para dizer: “Bem, o kosen-rufu está terminado”. Isso atrairia não somente nossa morte espiritual, como também perderíamos toda a motivação para realizar a nossa revolução humana. O kosen-rufu é eterno.2 Como realizá-lo? Ikeda sensei: O kosen-rufu inicia-se com a grande revolução humana de uma única pessoa. Em primeiro lugar, deve-se realizar decididamente uma mudança pessoal — uma revolução do próprio ser. Se mesmo uma única pessoa fizer sua revolução humana, a felicidade se espalhará entre aqueles que estão ao seu redor, assim como a água molha a terra seca. Uma esfera de paz e felicidade se formará ao redor dessa pessoa.4 Qual é a relação entre kosen-rufu e revolução humana? Ikeda sensei: A determinação de concretizar o kosen-rufu impulsiona a determinação de concretizar a própria revolução humana. Ela é como a rotação de um planeta em torno do seu eixo, ao passo que o kosen-rufu é como a revolução do planeta ao redor do Sol. A rotação e a revolução são o alicerce de todo o movimento do Universo. Seria uma contradição às leis universais se o planeta não girasse em torno do Sol. (...) Sua revolução humana é como empreender o movimento pelo kosen-rufu no microcosmo de seu próprio mundo interior. Quando várias pessoas buscarem a revolução humana, poderão propagar o kosen-rufu em toda a sociedade. Em outras palavras, o kosen-rufu avançará na mesma medida em que vocês avançarem em sua própria revolução humana. Simultaneamente, quando deixam de lado seus interesses egoísticos e se devotam ao kosen-rufu, um movimento que existe para conduzir as pessoas à felicidade, sua revolução humana irá progredir; é dessa forma que os dois estão intimamente relacionados.5 Como podemos realizar nossa revolução humana? Ikeda sensei: Quando alguém que esteve gravemente doente se recupera, isso é uma grandiosa revolução humana. Quando alguém intratável se torna amável com os outros, isso é revolução humana. Quando os filhos que desrespeitam os pais passam a respeitá-los e amá-los, isso é revolução humana. É impossível definir a revolução humana como algo específico. Ela é uma ação que conduz a uma mudança positiva ou a um aprimoramento nas profundezas da vida. É como o kosen-rufu, um processo contínuo. O importante é nos perguntarmos se estamos em um caminho de contínuo crescimento pessoal.6 Como o kosen-rufu é realizado no âmbito da relação com outras pessoas? Ikeda sensei: Não se pode encontrar a verdadeira felicidade na busca egoísta apenas para si. Só podemos alcançar nossa felicidade por meio da prática inspirada no desejo de levar felicidade às outras pessoas, e esta é a razão pela qual essa ação constitui também o caminho mais sábio a ser seguido por nós. Não há nada tão importante como nossos esforços e nossa conduta no dia a dia. É quando evidenciamos o brilho de nossa genuína humanidade. (...) Discussões filosóficas profundas são excelentes, e ideais elevados, importantes. As cartas inspiradoras de Nichiren Daishonin possuem, indiscutivelmente, o seu papel. No entanto, jamais devemos nos tornar ideólogos ocos, que proferem sublimes discursos sobre o amor à humanidade apesar de não prezarem aqueles ao redor. Pessoas que fogem do trabalho árduo e ficam inebriadas com a própria retórica grandiloquente podem ter opinião elevada sobre si mesmas, porém, na realidade, estão longe de ser admiráveis. É fácil se deixar atrair por ideais abstratos, mas difícil desafiar as realidades do nosso cotidiano. Gostaria que, sustentando o magnificente ideal do kosen-rufu, vocês preenchessem seus dias empreendendo a prática efetiva de incentivar e motivar uma pessoa, mais uma e mais outra a contribuir com o kosen-rufu. Essa é a prática — o árduo trabalho — de propagar a Lei Mística no mundo real.7 Qual a importância de propagar o budismo? Ikeda sensei: Não podemos viver isolados das outras pessoas. Em japonês, a palavra “humano” (ningen) é escrita com dois ideogramas chineses que, quando combinados, significam “entre pessoas”. É por meio de nossas interações com os outros que podemos polir nossa vida e crescer como seres humanos. Portanto, é natural tentarmos compartilhar e promover a compreensão da filosofia e do ideal que acreditamos ser os mais corretos com o máximo de pessoas — é um dever e um direito. (...) Se guardássemos os meios que aprendemos para atingir a felicidade só para nós próprios, sem compartilhá-los com os outros, isso significaria que sucumbimos aos estados de animalidade (egoísmo) e de fome (avareza). O desejo de compartilhar a verdade com os outros e ensinar os meios para atingir a felicidade é a característica fundamental da filosofia, da educação, da cultura e do budismo.9 Incentivo do presidente Ikeda visando ao futuro do kosen-rufu Ikeda sensei: Apenas me esforcei em manter o juramento de trilhar o caminho da revolução humana que meu mestre Josei Toda me ensinou. Hoje esse juramento está cumprido. Eu venci. Isso é o que importa; vencer a si mesmo. Isso é revolução humana, e é kosen-rufu. Não estou preocupado com o futuro imediato. Não temo perseguições nem tampouco críticas. Estou visualizando cem, duzentos anos a partir de agora. Minhas ações presentes visam a dez milênios futuros. Desde os tempos antigos, há um ditado que diz que a posteridade julga o mestre por seus discípulos. Tenho sido alvo de todos os tipos de ataques infundados e insultos; porém, não me importo o mínimo com isso. O budismo nos ensina que isso é inevitável. Tenho a profunda convicção de que o julgamento de meu verdadeiro valor, de meu sucesso ou fracasso, será baseado nas atividades, contribuições e empreendimentos que meus discípulos realizarão em suas comunidades, em seus países e no mundo todo. (...) Não guardo nenhum arrependimento. Tenho a convicção de que fiz o máximo que pude como budista e como líder, e que meu legado será sempre lembrado. E como sei disso? Porque meus discípulos estão realizando grandiosos empreendimentos e deixando uma importante marca em nosso mundo. Isso significa que minha vida tem sido vitoriosa. Posso sustentar com orgulho o glorioso triunfo de meus esforços.10 Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Juventude: Sonhos e Esperanças. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 216, 2020. 2. Ibidem, p. 215. 3. Ibidem, p. 220. 4. Brasil Seikyo, ed. 1.573, 30 set. 2000, p. C4. 5. IKEDA, Daisaku. Juventude: Sonhos e Esperanças. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 214, 2020. 6. Ibidem, p. 215-216. 7. Brasil Seikyo, ed. 2.350, 3 dez. 2016, p. B4. 8. Ibidem, ed. 1.395, 21 dez. 1996, p. 4. 9. IKEDA, Daisaku. Juventude: Sonhos e Esperanças. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 219, 2020. 10. Ibidem, p. 220-221. Ilustração: Getty Images
23/03/2024
Especial
BS
A extraordinária força de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei
O valor que um ser humano cria na vida se encontra em sua missão e em seus árduos esforços “Com a esperança e a chama de um espírito invencível, conquistem sem falta uma vida absolutamente vitoriosa!” Ikeda sensei e sua esposa, Kaneko, dedicam um caloroso olhar para os jovens promissores que alçam voo rumo ao futuro durante um evento no Colégio Soka de Tóquio, em Kodaira (mar. 2000)A última parte desta série destaca a dedicação de Ikeda sensei por meio da fundação de escolas do sistema de educação Soka no Japão e no mundo, visando à criação de “valores humanos” que protegem a paz e contribuem para a sociedade. Em 1930, o professor Tsunesaburo Makiguchi, então diretor de uma escola de ensino fundamental, escreveu o livro Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. O professor Josei Toda também trabalhou arduamente para a edição e publicação dessa obra. Nessa época, o mundo era assolado pela depressão econômica e o Japão estava sendo controlado pelo militarismo. Na página de créditos no final do livro, a data de impressão é registrada como dia 15 de novembro, junto com a data de publicação de 18 de novembro. Misticamente, o pai da educação Soka [Tsunesaburo Makiguchi] encerrou sua sublime existência no dia 18 de novembro na prisão [em 1944], e Ikeda sensei, que criou o grande castelo da educação Soka, partiu para o Pico da Águia no dia 15 de novembro [de 2023]. Página de créditos do primeiro volume do livro Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. O dia 15 de novembro de 1930 está registrado como a data de impressão dessa obra, a cristalização da relação de mestre e discípulo entre Makiguchi sensei e Toda sensei A rede da educação Soka construída por Ikeda sensei, herdando o desejo dos mestres Makiguchi e Josei Toda, se expande amplamente em escala global. Ele fundou as escolas Soka em Tóquio e em Kansai, as quais abrangem do ensino fundamental ao médio. Na sequência, criou a Universidade Soka, que hoje mantém intercâmbios com 251 universidades em 67 países e territórios, assim como a Faculdade Feminina Soka, o palácio da educação de mulheres. Posteriormente, fundou a Universidade Soka da América, no descortinar do novo século, em 2001. “Cidadãos globais de ‘sabedoria, coragem e compaixão’, desenvolvam-se sucessivamente.” Com esse forte desejo, Ikeda sensei contempla painel de fotos da Universidade Soka da América às vésperas da inauguração da instituição (Colégio Soka de Tóquio, em Kodaira, set. 2001) Com relação ao ensino básico, a primeira instituição a ser fundada foi a Escola Soka de Educação Infantil de Sapporo, no Japão, seguida pelas escolas Soka em Hong Kong, Singapura, Malásia e Coreia do Sul. O Colégio Soka do Brasil se desenvolveu e atualmente engloba desde a educação infantil até o ensino médio. Em agosto de 2023, foi realizada a cerimônia de ingresso da primeira turma do Colégio Internacional Soka da Malásia. Campus do Colégio Internacional Soka da Malásia envolto pela natureza magnífica. Em agosto de 2023, a gloriosa primeira turma, com o coração cheio de esperança, ingressa na instituição Prédio do Colégio Soka do Brasil, em São Paulo, SP. Inicialmente, a instituição oferecia somente o ensino infantil, inaugurado em 6 de junho de 2001, data que marca os 130 anos de nascimento do presidente Tsunesaburo Makiguchi Escola Felicidade Soka de Educação Infantil, em Seul, capital da Coreia do Sul. Desde a sua inauguração, em março de 2008, as crianças trilham o caminho do desenvolvimento, gravando no coração as diretrizes de Ikeda sensei: “Feliz é a pessoa invencível diante de quaisquer acontecimentos” “Conto com você, Daisaku” O sonho da construção do grande castelo da educação Soka foi confiado pelo mestre ao discípulo em meio a circunstâncias extremamente adversas. Em 16 de novembro de 1950, Toda sensei disse em um refeitório para estudantes de uma universidade em Tóquio: “Devo construir a Universidade Soka para o bem do mundo no futuro. No entanto, pressinto que não conseguirei edificá-la. Assim, conto com você, Daisaku. Construa a melhor universidade do mundo!”.2 Três meses antes, Toda sensei havia recebido uma ordem de suspensão de seus negócios, e estava em uma situação financeira difícil. Enquanto seus funcionários se afastavam sucessivamente, Ikeda sensei era o único que continuava lutando ao seu lado. Naquele dia, o jovem Ikeda, com 22 anos, gravou profundamente no coração as palavras do seu mestre. Estabelecer uma escola também era o objetivo de Makiguchi sensei. Com o ardente desejo do seu venerado mestre e do mestre predecessor em seu coração, Daisaku Ikeda desenvolvia, sem que ninguém soubesse, um plano para a criação do sistema de educação desde o ensino infantil até a universidade. No dia 5 de abril de 1960, um mês antes de sua posse como terceiro presidente [da Soka Gakkai], Ikeda sensei visitou, acompanhado de sua esposa, Kaneko, um terreno em Kodaira, Tóquio, onde possivelmente poderia ser construída a Escola Soka. Naquele momento, tomou a decisão de adquiri-lo. Em 30 de junho de 1964, Ikeda sensei anunciou oficialmente o plano de fundar a Universidade Soka, dizendo: “Gostaria de criar grandes ‘valores humanos’ e extraordinários líderes capazes de contribuir para a paz do mundo”. Logo após, foi constituída uma comissão para o estabelecimento da universidade, iniciando assim o processo de construção. Qual é a finalidade da educação? Em 1968, foi realizada a inauguração do Colégio Soka de Tóquio como escola masculina dos ensinos fundamental 2 e médio e, em 1971, foi inaugurada a Universidade Soka. Ikeda sensei cumprimenta alunos da Escola Soka de Educação Infantil de Singapura, em sua primeira visita ao país (nov. 1995). A instituição foi inaugurada em 1993 e, em 2023, completou trinta anos de existênciaEra uma época afligida por confrontos universitários e, com o intuito de iluminar com as chamas da esperança o mundo universitário que estava num impasse, a abertura desse “centro da educação humanística” foi antecipada em dois anos. A fim de obter fundos para a universidade, Ikeda sensei intensificou ainda mais seus esforços na escrita de livros e trabalhou arduamente nos manuscritos, alocando os royalties das obras para o fundo. Além disso, contou com o apoio de muitas pessoas que simpatizavam com o ideal da educação. Vários indivíduos se ofereceram para fazer sinceras doações, expressando o desejo de participar do empreendimento, enquanto outros empenharam tempo e esforço na limpeza e na preparação do terreno onde seria construída a universidade. Sempre que possível, sensei falava para os alunos da Universidade Soka que ali era uma “universidade erguida pelo povo”, construída com as mãos de pessoas comuns e anônimas. Essa observação se baseava na convicção de que “o objetivo de estudar em uma universidade era para servir e contribuir em prol das pessoas que não tiveram tal oportunidade”, enquanto na sociedade havia a tendência de se considerar que “o fato de ingressar em uma boa universidade e empregar-se em uma boa empresa” representava a felicidade. Na inauguração da Universidade Soka, sensei ofereceu uma estátua de bronze como presente. Em sua base, está registrado: “Qual é a finalidade de polir a sabedoria? Não se esqueçam disso”; “Somente em meio aos árduos esforços e à missão é que se cria o valor da existência”. Rumo ao século 21 e além Após a inauguração dos colégios e da universidade, Ikeda sensei interagiu com os grupos de estudantes, mostrando um exemplo de educação humanística com a própria atitude. Algumas vezes, jogava tênis ou tênis de mesa com eles. Em outras, pescava ou, ainda, compunha poemas junto com os alunos. Houve ocasiões em que os convidou para uma refeição em um restaurante de estilo ocidental, ensinando-lhes a etiqueta básica à mesa. Ele dizia para os professores: “A educação consiste em continuar proporcionando bons estímulos e prover boas recordações”. Sensei continuou a proteger e a observar os alunos com desempenho escolar insatisfatório, como também os que abandonaram seus cursos. Entre eles, surgiram muitos companheiros que lutaram arduamente no caminho de suas missões, tornando-se, por exemplo, professores universitários. No Colégio Soka de Tóquio, onde se reúnem alunos oriundos de diversas regiões do Japão, Ikeda sensei propôs a realização de um evento às vésperas das férias de verão para que tais estudantes, vindos de longe, colecionassem boas recordações. Assim, começou o Festival da Glória, que se tornou uma atividade tradicional da instituição. Sensei participou sucessivamente por 24 anos, passando horas e horas com os alunos do colégio. “Sejam felizes, sem uma única exceção!” Ikeda sensei, que visita a Faculdade Feminina Soka, acompanhado de sua esposa, Kaneko, realiza uma palestra especial sobre “Estudo, Vida e Felicidade”. Na caminhada da juventude das alunas havia sempre o incentivo do fundador (out. 2002) “Será que posso assistir à aula junto com vocês?” Ao chegar ao local da atividade, que estava sendo realizada pela segunda vez em 17 de julho de 1969, Ikeda sensei se dirigiu imediatamente ao espaço destinado aos alunos. Incentivou com carinho os que estavam sentados nas proximidades, perguntando o nome e a cidade de origem de cada um deles. Aplaudiu com entusiasmo as apresentações de música folclórica e as peças teatrais criativas que se desenvolveram no palco. Sensei clamou: “Acredito que, no início do século 21, haverá muitos alunos dessas primeiras duas turmas que se tornarão presidentes de empresas ou altos executivos, jornalistas, cientistas, artistas, médicos e, enfim, pessoas atuando maravilhosamente nas mais diversas áreas”. Assim, ele propôs que todos ali presentes se reunissem novamente no primeiro 17 de julho do século 21. “Aguardando o ano 2001 com muita expectativa, vou abrir o caminho e cuidar de cada um de vocês nos bastidores. Essa é a minha vida e maior alegria”. Desenvolver e vencer para ir ao encontro do fundador! — essa agradável recordação se tornava um grandioso juramento dos alunos. Do “século de guerras” rumo ao “século sem guerras”, os olhos do Mestre, que se dedicava à educação, estavam sempre voltados para o século 21 e além. “Estarei eternamente junto com vocês!” Valorizar os alunos mais que os próprios filhos A primeira visita oficial de Ikeda sensei à universidade depois de sua inauguração foi atendendo ao sincero convite dos estudantes para o Primeiro Festival da Universidade Soka. Ikeda sensei participa do Primeiro Festival Takiyama da Universidade Soka. Na foto, aparece usando o chapéu acadêmico feito manualmente pelos estudantes (jul. 1972) Sensei visitou as barracas de comida e se admirou com a exposição criada com muita dedicação pelos alunos da instituição: “Pesquisaram muito bem. Não foi fácil, não é?”. Reconhecendo os esforços dos estudantes, ele visitou a exposição por mais de três horas. Ele tinha conhecimento do empenho de todos que se envolveram nos preparativos até de madrugada. Além disso, no Segundo Festival Takiyama (em julho de 1973), organizado pelos estudantes que residiam nos alojamentos, ele visitou o campus durante a programação de três dias, incentivando cada estudante que encontrou. Na festa do bonodori (dança típica japonesa), realizada no último dia do evento, Ikeda sensei tocou um tambor por tanto tempo e com tanta força que chegou a descascar a pele da mão. Os “valores humanos” que se desenvolvem no Colégio Soka, seja quem forem, são aqueles que carregam uma missão resplandecente de glórias. Ikeda sensei dedica incentivos cheios de emoção no Segundo Festival da Glória, no campo número 1 do Colégio Soka de Tóquio (jul. 1969)Com frequência, sensei falava aos professores: “Vocês devem valorizar os estudantes mais que os próprios filhos”. E, de fato, a cada movimento, ele demonstrou o espírito de “estudantes em primeiro lugar”, afirmando: “A universidade que mais valorizar os estudantes se tornará a melhor universidade do mundo. Essa é a fórmula”. No terceiro festival da Universidade Soka, realizado em outubro do mesmo ano, uma celebração foi preparada com cerca de setecentos convidados, incluindo altos executivos de empresas e pessoas relacionadas com o mercado de trabalho. “Muito prazer, sou Daisaku Ikeda, fundador. Quando nossos estudantes o procurarem em busca de trabalho, por favor, conto com o senhor”. Ao entregar seu cartão de visitas para cada pessoa que encontrava, Ikeda sensei curvava-se profundamente enquanto fazia esse pedido. Apesar de não estar tão bem de saúde, ele percorreu todo o ginásio de esportes por cerca de duas horas, encharcado de suor. Estava determinado a se encontrar pessoalmente com os representantes das empresas, pedindo-lhes apoio aos estudantes da primeira turma da Universidade Soka que haviam decidido ingressar na escola recém-construída. Observando esse aspecto do fundador, os alunos da primeira turma se sentiram inspirados. Ao começarem a busca por emprego, havia empresas que não os aceitavam pelo fato de eles não serem formados em universidades de renome. Mesmo assim, continuavam resolutos: “De minha parte, não há problemas. Porém, depois de mim, estão vindo muitos brilhantes sucessores. Por favor, conto com vocês para os formandos do próximo ano”. Embora tivessem dificuldade para encontrar emprego em decorrência da recessão causada pela crise do petróleo, os formandos da primeira turma receberam ofertas de reconhecidas empresas, alcançando uma taxa de 100% de alunos empregados. A tradição de alta taxa de empregabilidade continua até hoje. Pensando globalmente Realizando sucessivas viagens pela paz a diferentes países, Ikeda sensei oferecia cartões-postais e algumas lembranças aos alunos dos colégios Soka. Assim, foi cultivando neles o sentimento de cidadania global. Em maio de 1973, ao viajar para a Europa a fim de realizar, entre outras atividades, um diálogo com o historiador Arnold J. Toynbee, Ikeda sensei adquiriu uma boneca francesa em Paris. Ele a denominou Sonoko (filha do colégio) e a ofereceu à Escola Feminina Soka que havia sido inaugurada naquele ano. Em 1982, essa instituição se tornou o Colégio Soka de Kansai, e deu nova partida como escola para meninos e meninas, da mesma forma que o Colégio Soka de Tóquio. Por intermédio do fundador, os alunos dos colégios Soka sentiam o mundo mais perto deles. Mais de 5 mil intelectuais do mundo já visitaram os Colégios Soka de Tóquio e de Kansai, entre os quais, pessoas de renome que estabeleceram amizade com Ikeda sensei, como o fundador da União Pan-Europeia, conde Coudenhove-Kalergi; o historiador de artes René Huyghe; e o mundialmente renomado ilustrador de livros infantis Brian Wildsmith. O que significa uma vida correta? Apresentando grandes pensadores e ilustres personalidades de todos os tempos e lugares, Ikeda sensei falou sobre essa questão aos alunos dos colégios e da Universidade Soka. Em 20 de novembro de 1997, o ex-presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev e sua esposa visitaram o Colégio Soka de Kansai. Nessa ocasião, sensei apresentou a fábula Jovem Imperador, de Tolstói. Três vozes chamam o jovem imperador que assumiu uma posição de grande poder. A primeira voz diz a ele que sua responsabilidade se resume a manter o poder que lhe foi concedido. A segunda voz diz que ele deve fugir adequadamente de suas responsabilidades. E, por último, a terceira voz diz: “Cumpra a sua responsabilidade como ser humano e não como imperador! Aja pela felicidade das pessoas que sofrem!”. Então, sensei declarou: “Quero afirmar que o herói que escolheu o terceiro caminho, de líder humanista, é o Dr. Gorbachev”. Em um ensaio, Ikeda sensei registrou: “É preciso que surjam líderes capazes de tomar medidas com base em um pensamento de escala global, e não embasadas na pequenina régua do Japão. É para isso que sempre digo que o ‘palco de vocês é o mundo’, e sigo criando oportunidades para que os alunos do colégio e da Universidade Soka possam ter contato com líderes do mundo, com a arte e com homens da cultura de primeira categoria. Tesouro insubstituível Qual é o sonho do sensei? Essa pergunta foi feita por uma aluna do Colégio Soka de Kansai durante um diálogo de sensei com os estudantes que se formariam no dia 28 de fevereiro de 2000. Com uma dose de humor, ele disse: “Sou tão atarefado que mal tenho tempo de pensar em sonho, pois estou pensando sobre o mundo todo”. Ikeda sensei contou, então, que seu sonho, de corpo e alma, é concretizar os ideais do seu venerado mestre. E completou, expressando toda a sua expectativa: “Meu maior sonho é que, no futuro, vocês se tornem líderes e excelentes doutores, tanto no nome como na prática”. Ikeda sensei e sua esposa assistem a uma aula na Escola Feminina Soka (atual Colégio Soka de Kansai). Ao visitar a instituição, mesmo renunciando a horas de sono, o Mestre registra lembranças inesquecíveis com as alunas (Katano, Osaka, abr. 1978) Considerando os livros de assinatura e as coletâneas de formatura dos alunos dos colégios Soka e da Universidade Soka como seus “tesouros insubstituíveis”, sensei veio valorizando e mantendo-os próximos de si. Orando pela vitória e felicidade dos ex-alunos, continuou incentivando-os. Sensei redigiu o poema: Como meu coração se estimulaao saber da dinâmica atuaçãodos amigos formandos Soka.Como dói meu coraçãoquando ouço uma triste comunicação.É impossível entender esse sentimentosem ser seu fundador.Estarei eternamente junto com vocês!Serei eternamente seu aliado! No coração de Ikeda sensei havia sempre um amigo da educação Soka. E no coração dos ex-alunos, sensei continua vivendo. O sonho do Mestre se amplia de forma contínua para o mundo e para o futuro indefinidamente assim como os laços da educação Soka. Ikeda sensei cumprimenta alunos da Escola Soka de Educação Infantil de Singapura, em sua primeira visita ao país (nov. 1995). A instituição foi inaugurada em 1993 e, em 2023, completou trinta anos de existência No topo: Inaugurada em 1992 como a primeira instituição de ensino Soka fora do Japão, a Escola Soka de Educação Infantil de Hong Kong é altamente valorizada como uma das melhores da localidade. Na foto, Ikeda sensei cumprimenta seus alunos (Hong Kong, maio 1993) Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Esperança. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 17, p. 79, 2022.2. Cf. IKEDA, Daisaku. Coroa de Louros. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 10, p. 199, 2020. Fotos: Seikyo Press
07/03/2024
Especial
BS
A extraordinária força de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei
“Espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística no mundo. Farei o mesmo.” Na primeira página do jornal Seikyo Shimbun comemorativo do aniversário de fundação da Soka Gakkai, edição do dia 18 de novembro de 2023, foram publicados poemas compostos previamente por Ikeda sensei e dedicados a todos os companheiros. No dia 20 daquele mesmo mês, foi divulgada a mensagem que sensei dedicou aos estudantes do Colégio Soka e, no dia 21, o artigo para a seção Gosho para o Futuro. Por meio da escrita, o Mestre continuou incansavelmente a fazer ressoar aos companheiros seu rugido do leão até o último instante, até as chamas de sua vida se extinguirem. Nesta quinta parte da série, acompanharemos a jornada da batalha das palavras que sensei travou ao longo de sua existência, às vezes com o pseudônimo de Ho Goku e, outras, como Poeta Laureado. “Com ardente fé, registrarei palavras ilimitadamente” Assim Ikeda sensei escreveu em certa ocasião. “Não pouparei a vida para incentivar os amigos. Contudo, existem limitações na quantidade de pessoas com quem posso me encontrar pessoalmente. Então, vou encorajá-las pela força da caneta.” “A vida humana é transitória, mas o alcance das palavras é infinito. Vou perpetuar a filosofia do budismo, que é universal e ultrapassa épocas, a fim de deixar para a posteridade a veracidade da relação de mestre e discípulo.” Sem dúvida, era essa a determinação de Ikeda sensei por trás de suas ações. A batalha das palavras começou ainda na juventude, quando foi rigorosamente treinado pelo presidente Josei Toda. Sob o nome de Shin’ichiro Yamamoto Era 3 de janeiro de 1949, um dia após completar 21 anos, quando Ikeda sensei se apresentou pela primeira vez para trabalhar na editora Nihon Shogakkan, dirigida por seu venerado mestre. Em maio do mesmo ano, ele se tornou editor-chefe da revista juvenil Boken Shonen [Aventura dos Meninos] (posteriormente Shonen Nippon [O Japão dos Meninos]). Ele se lançou de corpo e alma nesse trabalho determinado a fazer dessa publicação “a maior revista juvenil do Japão”. Exemplares das revistas Boken Shonen [Aventura dos Meninos] e Shonen Nippon [O Japão dos Meninos], nas quais o jovem Daisaku Ikeda atuou como editor-chefe, trabalhando com Toda sensei Tratava-se de uma pequena editora localizada no bairro de Nishikanda, em Tóquio, e ele sozinho era responsável por muitas funções, tais como planejamento de séries, solicitação e recebimento de matérias, de ilustrações e de diagramações. Quando não encontrava redatores ou escritores disponíveis, ele próprio escrevia, com o pseudônimo de Shin’ichiro Yamamoto, biografias de personalidades como o educador Johann Heinrich Pestalozzi (1746–1827) e o médico Edward Jenner (1749–1823). No entanto, devido à recessão do pós-guerra provocada pela política de contração financeira denominada Dodge Line, os empreendimentos editoriais do presidente Josei Toda entraram em crise. A empresa mudou sua estrutura de negócios para uma cooperativa de crédito, e Ikeda sensei teve de se afastar do trabalho editorial. Todavia, essa cooperativa em questão também se deparou com um impasse no verão de 1950, momento em que Toda sensei se viu em uma situação crítica. Foi em meio a essas circunstâncias que mestre e discípulo conversaram sobre os planos de fundar um jornal. Nessa época, Toda sensei esclareceu ao jovem Daisaku Ikeda por que os seguidores de Nichiren Daishonin conseguiram superar tamanha sequência de grandes dificuldades: “Nichiren Daishonin continuou a incentivar cada um (de seus seguidores) escrevendo cartas e mais cartas incansavelmente. É por essa razão que, independentemente das provações impostas pela vida ou pela sociedade, nenhum deles foi derrotado. Daisaku, vamos criar um jornal que incorpore esse espírito de Daishonin e torná-lo grandioso!”. Graças à intensa luta de Ikeda sensei nos bastidores, a situação crítica dos negócios de Toda sensei foi superada e ele tomou posse como segundo presidente da Soka Gakkai no dia 3 de maio de 1951. Pouco antes, em 20 de abril daquele ano, foi publicada a primeira edição do Seikyo Shimbun. O venerado mestre empenhou-se pessoalmente para escrever artigos para o jornal. Ele redigiu a matéria principal da primeira página da edição inaugural, intitulada O que é a Fé?, e contribuiu com a coluna denominada Suntetsu [Epigramas]. O discípulo também empunhou a caneta e se dedicou de corpo e alma. O treinamento do mestre era rigoroso. Ele dizia: “Isso não vai tocar o coração das pessoas!”; “O propósito da matéria não está claro!”. Sob a liderança do presidente Josei Toda, Ikeda sensei não apenas se tornou excelente “guerreiro do kosen-rufu”, como também aprimorou sua habilidade com a “espada da caneta”. Myo Goku e Ho Goku Toda sensei também escreveu um romance em série com o pseudônimo de Myo Goku. O título da obra é Revolução Humana. O personagem principal, Gankutsuo [conde de Monte Cristo], é baseado nele próprio e surge a partir da segunda metade do livro. A obra se encerra com a cena em que ele “atinge a iluminação na prisão”, para onde havia sido levado junto com o presidente Tsunesaburo Makiguchi. Nesse cenário, desperta para a sua condição de bodisatva da terra. Quem escreveria sobre a outra parte da vida de Toda sensei, quando Gankutsuo se levantasse sozinho pelo kosen-rufu para vingar a morte do seu mestre Makiguchi na prisão, convocando os 750 mil bodisatvas da terra? Revolução Humana e Nova Revolução Humana — redigindo a verdade sobre o venerado mestre e a Soka Gakkai “Monumento à Nova Revolução Humana”, localizado no Centro de Treinamento de Nagano. “Nada é mais precioso do que a paz. Nada traz mais felicidade do que a paz. A paz é o primeiro passo para o avanço da humanidade” — além desse trecho inicial do volume 1 do romance, constam gravadas as seguintes palavras: “Início em 6 de agosto de 1993, dia do lançamento da bomba atômica em Hiroshima. Previsão de um total de trinta volumes” Houve três momentos cruciais que fizeram com que Ikeda sensei decidisse escrever um romance biográfico sobre o seu mestre. Primavera de 1951: Toda sensei lhe mostra o manuscrito do seu romance Revolução Humana. Agosto de 1954: Acompanha seu mestre em uma viagem à cidade natal dele, a Vila Atsuta (naquela época), em Hokkaido. Agosto de 1957: A conversa que tiveram no último verão que ele passou com Toda sensei em Karuizawa, Nagano. “Eu sou o único capaz de registrar a verdade sobre o meu mestre. Acredito que essa seja a expectativa dele em relação a mim e à minha missão como seu discípulo” — assim Daisaku Ikeda jurou resolutamente em seu coração. Em maio de 1960, o discípulo se torna terceiro presidente da Soka Gakkai. Durante a cerimônia do sétimo aniversário de falecimento do presidente Josei Toda, em abril de 1964, Ikeda sensei anuncia que escreveria o romance biográfico do seu venerado mestre, Revolução Humana. Quatro anos haviam se passado desde a sua posse presidencial. Em 1962, ele já tinha concretizado o desejo do seu mestre de 3 milhões de famílias na Soka Gakkai, e o dinâmico avanço da organização prosseguia sob a liderança do jovem presidente. Ikeda sensei começou a escrever o romance no dia 2 de dezembro de 1964, em Okinawa. A publicação em série no Seikyo Shimbun foi iniciada em 1o de janeiro de 1965. Seu pseudônimo era Ho Goku. Traçando um paralelo com os princípios budistas, “Myo” representa o mestre, e “Ho”, o discípulo. Era o início da “história de mestre e discípulo” que se estenderia por mais de meio século. Em meio à batalha feroz “Publicar um romance em série no jornal é, em si, um trabalho realmente árduo. Ainda mais em meio ao intenso dia a dia, correndo de leste a oeste em prol do kosen-rufu e da paz”, escreveu Ikeda sensei. Mesmo assim, ele não deixou de desenvolver as ideias para o livro e de enfrentar a página branca diante de si durante as viagens às localidades do Japão e ao exterior. Por volta do fim de novembro de 1969, a “questão da obstrução da liberdade de expressão e de publicação” eclodiu. Sensei se levantou na dianteira para atrair a pressão para si. A publicação do capítulo inicial, “Septingentésimo Aniversário”, do volume 6, no Seikyo Shimbun começou no dia 9 de fevereiro de 1970. A princípio, estava programada para o dia 11 de fevereiro, aniversário de Toda sensei, mas foi antecipada devido aos fortes pedidos dos leitores que desejavam que a série fosse retomada quanto antes, como relatado em um artigo. A princípio, havia a previsão de não publicá-la aos sábados e aos domingos, mas, atendendo aos anseios dos leitores, ela somente deixou de ser veiculada aos domingos. Enquanto a grande nau Soka Gakkai avançava em meio às ondas terrivelmente turbulentas sob a firme e dedicada direção de Ikeda sensei, ele continuou a escrever pensando unicamente nos companheiros Nos dias em que não estava bem de saúde e não tinha forças para segurar a caneta, ele ditava o conteúdo, o qual era gravado em fitas. No manuscrito do capítulo “O Estopim”, do volume 9, há uma observação na margem superior: “Como estou um pouco indisposto, ditei o texto e pedi à minha esposa que o anotasse por mim”. A pequena escrivaninha que sua esposa utilizou nessa época passou a ser chamada de “mesa Kaneko”. Manuscritos do capítulo “O Estopim”, do volume 9, do romance Revolução Humana, com a letra da Sra. Kaneko. Na borda superior, consta a seguinte observação feita por sensei: “Como estou um pouco indisposto, ditei o texto e pedi à minha esposa que o anotasse por mim” Contudo, mesmo a série que vinha sendo continuada com tanto esforço e tenacidade precisou ser interrompida por um tempo. Em abril de 1979, sensei teve de renunciar ao cargo de terceiro presidente da Soka Gakkai. Membros que se afastaram da fé e traidores se uniram a clérigos malignos e conspiraram para tentar apagar o espírito de mestre e discípulo. Ikeda sensei teve seus movimentos e ações restringidos, e suas orientações e artigos sumiram das páginas do Seikyo Shimbun. Para os companheiros, foram dias em que se sentiram vagando na escuridão da noite. “Preocupo-me com os companheiros se as coisas continuarem assim. Vou incentivá-los. Vou encorajá-los. Vou retomar a publicação em série da Revolução Humana. Enfrentarei sozinho as consequências disso.” Em julho do ano seguinte, 1980, sensei decide reiniciar a publicação da Revolução Humana, a qual havia sido interrompida por dois anos, e começou a escrever o volume 11. Houve ocasiões em que, devido à forte indisposição, para dar continuidade à série, ele ditou o conteúdo para o jornalista responsável enquanto permanecia deitado. Cada uma dessas palavras se tornou uma luz de esperança aos companheiros, acendendo e espalhando a chama da coragem para a contraofensiva e a grande virada sobre as maldades. Liderando para sempre O romance Revolução Humana foi concluído em 11 de fevereiro de 1993, data em que se comemorava o 93o aniversário de nascimento do seu mestre, Josei Toda. A sequência da obra, intitulada Nova Revolução Humana, passou a ser publicada em série no Seikyo Shimbun a partir do dia 18 de novembro desse mesmo ano e sensei começou a redigir o romance em 6 de agosto. O local escolhido foi Karuizawa, onde havia passado seu último verão junto com Toda sensei. No prefácio do volume 1, sensei escreveu: Assumi a responsabilidade da Nova Revolução Humana como a obra da minha existência. Determi-nei escrever ininterruptamente, aplicando o máximo de habilidade para eternizar o caminho genuíno e adamantino de mestre e discípulo. Comprometo-me também a relatar as glórias conquistadas pelos preciosos filhos do Buda, que avançam orgulhosamente pelo ideal da paz mundial exatamente como Nichiren Daishonin ensinou.1 Não havia somente o romance. Em janeiro de 1998, iniciou-se a publicação da série de ensaios “Reflexões sobre a Nova Revolução Humana”. O título da primeira parte era Renovando a Cada Dia. Nela, refletindo após os seus 80 anos, sensei registrou: “A partir de então, de acordo com a Lei Mística e a natureza imperecível da vida exposta no budismo, estou determinado a liderar o kosen-rufu por toda a eternidade”.2 No dia 6 de agosto de 2018, Ikeda sensei repousou a caneta depois de terminar de escrever o romance Nova Revolução Humana e, em 8 de setembro, a série de trinta volumes teve sua veiculação concluída no Seikyo Shimbun. O número total de partes da Revolução Humana e da Nova Revolução Humana publicadas no jornal somou 7.978. Foram mais de 20 mil folhas de papel manuscritas, cada uma com quatrocentos caracteres em média, que registraram o marco dourado do mais longo romance, divulgado em série num jornal, da história do Japão. No último volume, 30-II, é descrita a cena em que sensei conclama a todos os participantes da Reunião de Líderes da Soka Gakkai, realizada em novembro de 2001: Por favor, desejo que vocês, da Divisão dos Jovens, herdem e sucedam sem falta o solene espírito de mestre e discípulo dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai. As pessoas que assim fizerem serão vitoriosas no final.3 O local era o Auditório Memorial Toda de Tóquio. Foi nesse salão de mestre e discípulo que se realizou a solene cerimônia de funeral de Ikeda sensei pela Soka Gakkai. Os ensaios foram publicados de 1998 a novembro de 2023, ao longo de 25 anos. A última edição foi entregue aos leitores no dia 15 de novembro de 2023, dia em que sensei partiu para o Pico da Águia. No final desse artigo, sensei escreveu: O alicerce da força jovem mundial está firme. Reunindo cada vez mais a força e a paixão dos jovens emergidos da terra, vamos expandir o jardim da paz, edificando o castelo de “valores humanos”, visando à criação de valor da felicidade do povo de todo o planeta.4 Fazendo do Seikyo Shimbun o principal campo de batalha “Fazendo do Seikyo Shimbun meu principal campo de batalha, eu me dediquei incansavelmente à batalha das palavras, empunhando a caneta decidido a deixar gravada para sempre a verdade da unicidade de mestre e discípulo Soka, com o sentimento de escrever cartas de incentivo para cada um dos companheiros.” Essa é a inscrição gravada no “Monumento ao Triunfo de Mestre e Discípulo do Seikyo Shimbun”, instalado no Centro Mundial Seikyo da Soka Gakkai. O Seikyo Shimbun se tornou realidade graças à existência de Ikeda sensei. Ele não só atuou pessoalmente na redação de matérias, como também dedicou sinceros esforços na formação de jornalistas. Um sociólogo especializado em religião disse certa ocasião: “Toda vez que vejo o Seikyo Shimbun, é como se eu conseguisse ouvir a voz do presidente Ikeda a direcionar a equipe editorial, dizendo: ‘Será que esta matéria realmente motivará os membros? Será que ficarão felizes e satisfeitos?’”. Em diversas partes do romance Nova Revolução Humana constam referências à missão do Seikyo Shimbun. Nelas também são retratadas cenas nas quais sensei incentiva jornalistas e funcionários. Há um episódio no capítulo “Castelo do Debate”, do volume 10, que narra o momento desafiador em que o jornal passa a ser diário. O presidente Shin’ichi Yamamoto [pseudônimo de Ikeda sensei na obra] analisa o conteúdo do jornal e tece seus comentários, rigorosos, porém calorosos: A abordagem inicial está muito simples. (...) É importante cativar o interesse dos leitores logo no início. (...) Um relato de experiência tem de ter vida e movimento. (...) De toda forma, a vida de um jornal está na exatidão das informações.5 Ele não desenvolveu apenas jornalistas. Ele incutiu o “espírito Seikyo” em todos os funcionários que sustentavam a vida do jornal, desde o pessoal do departamento fotográfico, os repórteres e revisores até os responsáveis pela publicidade, pelo transporte e pela distribuição. E o que é a “marca registrada do Seikyo”? Sensei deixou gravado: “Em primeiro lugar, deve ser sempre um jornal institucional do kosen-rufu cujo teor desperte nos leitores a disposição de se levantar e atuar em prol da paz e da felicidade da humanidade. Em segundo, deve ser um jornal com o qual todos possam aprender verdadeiramente o que é o budismo. Em terceiro, deve ser uma ‘carta de incentivo’ que ofereça coragem e esperança aos leitores”. E o exemplo foi estabelecido por meio das palavras e ações de Ikeda sensei. Hoje, a versão eletrônica do Seikyo Shimbun é acessada em 220 países e territórios. Sob a coordenação de Ikeda sensei, o ardente desejo de Toda sensei de que o Seikyo se tornasse um jornal lido tanto no Japão quanto no mundo já é realidade. O Seikyo Shimbun continua a promover o debate das palavras como um “jornal do ser humano” exatamente como sensei criou com as próprias mãos. Será eternamente o “jornal de mestre e discípulo” que transmite, acima de tudo, a verdade desta sublime relação, levando coragem e esperança a todos. Incentivar uma única pessoa Além dos romances e ensaios, com sua caneta, sensei confeccionou inúmeros poemas, canções, citações e extensos poemas. Ele diz: “Tentei escrever da maneira mais apropriada possível para cada pessoa, com um sentimento ardente de que, por meio desse escrito, meus amigos superassem, de alguma maneira, suas dificuldades, crescessem como pessoa a seu modo e adquirissem forte autoconfiança”. Em julho de 1976, sensei passou a se dedicar à elaboração de novas canções da Soka Gakkai. Nessa época, os ataques à organização por parte de alguns meios de comunicação e de clérigos começavam a surgir. A Canção da Revolução Humana, que nasceu nesse período, tornou-se a canção espiritual dos discípulos Ikeda, que juravam se dedicar à eterna batalha conjunta de mestre e discípulo, assim como a Canção dos Companheiros representava esse sentimento aos discípulos de Josei Toda. Em 1978, quando os ventos furiosos da problemática do clero se intensificavam, canções das divisões e de várias localidades nasceram uma após a outra. A canção da Divisão dos Universitários, Kofu ni Hashire [Corra pelo Kosen-rufu]; a canção da Divisão dos Estudantes, Corredores da Justiça; a canção de Tóquio, Aa Kangeki no Doshi Ari [Ah, Companheiros de Emoção]; a canção de Tohoku, Aoba no Chikai [Juramento das Folhas Verdes]; a canção de Chubu, Kono Michi no Uta [Canção desta Estrada]; a canção de Chugoku, Jiyu no Sanka [Ode aos Emergidos da Terra], e a canção de Kansai, Josho no Sora [Céu de Contínuas Vitórias]. A determinação de Ikeda sensei, com certeza, continuará a despertar em todos os companheiros o “espírito de luta pela justiça”. O impacto do título de Poeta Laureado A interação humana por meio da poesia não se limita aos membros da organização. Os poemas de Ikeda sensei tocam o coração das pessoas, transpondo fronteiras entre países, grupos étnicos e religiosos. Um dos motivos que levaram o presidente do conselho Sethu Kumanan a fundar a Universidade Feminina Soka Ikeda na Índia foi o fato de ter lido o poema Mãe, de autoria de Ikeda sensei, em uma publicação que recebeu do Dr. Krishna Srinivas. Ele disse que, naquele momento, sentiu um impacto muito forte, como se tivesse visto um raio. O Dr. Srinivas foi secretário-geral da Academia Mundial de Artes e Cultura, que concedeu o título de Poeta Laureado a Ikeda sensei, e presidente da Sociedade Intercontinental de Poesia Mundial, que homenageou o Mestre com o prêmio Poeta Laureado do Mundo. “Mestre é aquele que transmite força e felicidade ao discípulo quando ele mais precisa” O presidente Kumanan ressalta: “Decidi que o professor Ikeda seria meu mestre no exato instante em que li seu poema. Os poetas se conectam imediatamente entre si. (...) Os poemas dele dão força para todas as pessoas, sem distinção”. “Entendi que mestre é aquele que transmite força e felicidade ao discípulo quando ele mais precisa”, afirma Kumanan. A definição da concessão do título de Poeta Laureado a Ikeda sensei ocorreu no dia 1o de julho de 1981. A primeira canção da Soka Gakkai que Ikeda sensei compôs após receber esse título foi Kurenai no Uta [Canção do Carmesim], e o primeiro poema extenso foi Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21. Ambas são criações da luta conjunta entre sensei e os jovens de localidades em que havia muito sofrimento devido à opressão e à perseguição do clero. Nelas, o Mestre conclamou os jovens a se levantar. O poema Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21 foi criado em meio à feroz batalha da contraofensiva para incentivar os companheiros de Oita, em 10 de dezembro. Na sala do administrador da Sede Regional da Paz de Oita, cinco jovens anotavam freneticamente aquilo que Ikeda sensei ditava. Esses jovens se empenharam ao máximo para passar a limpo suas anotações enquanto sensei se dirigia para um diálogo com membros representantes da província. Ao retornar do encontro, sensei perguntou com forte ímpeto: “Como ficaram as anotações?”. A Reunião de Líderes da Divisão dos Jovens de Oita, na qual o poema seria apresentado, estava prevista para se iniciar às 19 horas. Não havia tempo. Os participantes da atividade não paravam de chegar e o início da reunião foi antecipado em uma hora. Mesmo assim, sensei persistiu em seu trabalho para lapidar e aprimorar o poema com toda a sua vida. E quando terminou de ditar as alterações, a reunião de líderes já tinha começado. Compor poemas era uma batalha e cada um deles era o brado irreprimível da alma. O que é ser jovem? O que é a esperança? O que é a verdade? É lutar até o fim Na batalha da Lei em prol do amigo Chamada kosen-rufu...6 Agora, a bandeira dessa batalha da Lei foi finalmente confiada às mãos daqueles que viverão no século 21. No topo: No Aeroporto Internacional de Veracruz, no México, Ikeda sensei não desperdiça nenhum momento do seu tempo até a partida, aproveitando para escrever palavras de incentivo aos companheiros, sob o olhar afetuoso da Sra. Kaneko (jun. 1996) Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Prefácio. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 7, 2019. 2. Terceira Civilização, ed. 355, mar. 1998, p. 20. 3. IKEDA, Daisaku. Juramento Seigan. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-II, p. 348, 2022. 4. Brasil Seikyo, ed. 2.647. 25 nov. 2023. 5. IKEDA, Daisaku. Castelo do Debate. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 10, p. 41-42, 2020. 6. Trecho da canção embasada no poema Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21. Fotos: Seikyo Press
22/02/2024
Livros
BS
Em dia com a manutenção da vida
Imagine uma pessoa que compra um carro para facilitar o trajeto diário de ida e volta do trabalho. Porém, logo ela percebe que o veículo está sem motor, sem pneus e sem volante. Nessas condições, como o condutor poderia chegar a algum lugar? De forma análoga, não é possível conduzir a vida sem três pilares essenciais: “fé, prática e estudo”. É exatamente sobre isso que o livro lançamento da Editora Brasil Seikyo (EBS) de março se debruçará. Ikeda sensei dedicou-se, por mais de setenta anos, para tornar acessível às pessoas comuns o conhecimento e a sabedoria do Buda. Ele encerrou sua existência em novembro de 2023, deixando-nos um legado precioso de incentivos e de direcionamentos. O livro Fé, Prática e Estudo, Princípio Fundamental do Budismo Nichiren, de autoria de Daisaku Ikeda, traz uma coletânea das mais recentes explanações do Mestre a respeito dos três pilares que nos permitem guiar a vida rumo à vitória. Está disponível para os participantes do Clube de Incentivo à Leitura (CILE) da EBS nas versões impressa e digital, e para quem desejar adquiri-lo. Seguindo a analogia do carro, para os membros da Soka Gakkai, seu motor é a fé, que tem a energia essencial para a vida; a prática da fé corresponde às rodas; e o volante, que direciona o caminho nas horas decisivas, é o estudo. Fé, prática e estudo são aspectos interligados e fundamentais que sustentam a vida dos praticantes do Budismo Nichiren. Fé sem prática é vazia e, sem estudo, pode levar ao caminho do extremismo. O estudo sem prática e fé não é aplicável na vida diária das pessoas e não toca o coração delas. A prática sem fé não é possível e, sem estudo, não há motivação. Esses três aspectos são cruciais para que o veículo (a vida) esteja nas melhores condições para percorrer o caminho da vida do jeito que a pessoa deseja e para ela ser feliz. A obra integra a série “Budismo do Sol – Iluminando o Mundo”, cujo primeiro volume é o livro Século da Saúde, do mesmo autor, também disponível no CILE. Em suas 152 páginas, Fé, Prática e Estudo estimula o entendimento das questões da vida, convertendo os desafios e sofrimentos em impulso para a revolução humana de si e do outro, contribuindo para uma sociedade de harmonia. Trata-se de um aprimoramento constante, para que possamos conduzir nossa vida, com máxima segurança, na estrada da felicidade. A vida não para. Quer fazer parte do CILE? Para garantir a sua leitura e receber esta obra no mês de março, assine o CILE até 29/02/2024. Acesse o site: www.cile.com.br Para os assinantes do CILE Digital, a obra ficará disponível a partir do dia 01/03/2024 em www.ciledigital.com.br Vídeo sobre o livro Fé, Prática e Estudo Confira o vídeo spoiler sobre o lançamento de março. Veja aqui os kits de março para cada plano do CILE PLANO DIAMANTE Livros são joias preciosas. O Diamante é o plano de assinatura do CILE perfeito para você que gosta de uma experiência completa de leitura no formato físico. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 brinde especial 1 marcador de página Resenha digital e conteúdos extras 52,00/mês + Taxa de entrega PLANO OURO O Ouro é o plano de assinatura do CILE ideal para os leitores que estão iniciando a jornada de incentivo à leitura. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 marcador de página 32,00/mês + Taxa de entrega Foto: BS
10/02/2024
Notícias
BS
Cerimônia de despedida de Ikeda sensei é realizada pela Soka Gakkai
A Soka Gakkai realizou, às 10 horas da manhã do dia 30 de janeiro (horário local), a cerimônia de despedida do seu presidente honorário, Daisaku Ikeda, no Hotel New Otani, localizado no Distrito de Chiyoda, em Tóquio. Participaram embaixadores e representantes diplomáticos de 46 países e territórios: Estados Unidos, Argentina, Iêmen, Reino Unido, Israel, Iraque, Irã, Índia, Uganda, Ucrânia, Uzbequistão, Equador, Egito, Eritreia, Austrália, Omã, Cazaquistão, Coreia do Sul, Cuba, Croácia, Costa Rica, República do Congo, Djibouti, Jamaica, Síria, Singapura, Sudão, Sérvia, Tanzânia, China, Chile, Turcomenistão, Nicarágua, Nepal, Bahrein, Panamá, Palau, Palestina, Bangladesh, Bulgária, Venezuela, Madagascar, Malawi, Estados Federados da Micronésia, África do Sul e Rússia. Compareceram ainda representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) e das áreas empresariais, acadêmicas, culturais, jornalísticas e editoriais do Japão e do exterior, num total de cerca de 2.600 pessoas. O presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada; o diretor-geral Shigeo Hasegawa; o vice-presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Hiromasa Ikeda; entre outros líderes, recepcionaram os convidados e expressaram sua sincera gratidão. Os participantes depositaram cravos brancos no altar onde estava exposta a fotografia do presidente Ikeda e, na sequência, apreciaram uma exposição sobre a vida dele e suas conquistas. A jornada da fé de Ikeda sensei começou quando ele conheceu seu mestre, Josei Toda. Depois de receber treinamento por um período de dez anos e meio, Daisaku Ikeda o sucedeu aos 32 anos e tomou posse como terceiro presidente da Soka Gakkai. A partir de então, com uma luta contínua para encorajar as pessoas, ele desenvolveu a Soka Gakkai como religião mundial. Além de contribuir para a normalização das relações diplomáticas entre Japão e China, Ikeda sensei expandiu o diálogo com líderes e intelectuais de diversas áreas e países e criou uma rede de paz tanto em nível nacional quanto internacional. Fundou o Partido Komei, o Colégio e a Universidade Soka, a Associação de Concertos Min-On, o Museu de Arte Fuji de Tóquio, entre outros. Pelas suas realizações, recebeu elogios do mundo inteiro, incluindo a outorga de 409 títulos acadêmicos honorários. Adicionalmente, escreveu os romances Revolução Humana e Nova Revolução Humana, dentre outros livros, para incentivar as pessoas e prosseguiu escrevendo até próximo do seu falecimento. A exposição apresentou essa extraordinária jornada, bem como fotos tiradas pelo próprio Daisaku Ikeda e trechos de seus incentivos. Assim, os participantes puderam rememorar a trajetória indomável de 95 anos de luta de sensei pela paz mundial e pela felicidade da humanidade. Além da cerimônia em Tóquio, foram realizadas cerimônias de despedida nos centros culturais de 46 províncias e regiões do Japão. Exposição montada nas dependências do hotel em que a cerimônia ocorreu e que aborda a vida e as realizações do homenageado Traduzido e adaptado do Seikyo Shimbun de 30 de janeiro de 2024. Assista ao vídeo [em japonês] da cerimônia No topo: Participantes prestam homenagem ao Dr. Daisaku IkedaFotos: Seikyo Press
10/02/2024
Especial
BS
A extraordinária força de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei
“Espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística no mundo. Farei o mesmo.”Nesta terceira parte da série, vamos viajar junto com o Mestre seguindo a trajetória de como a solidariedade Soka se expandiu para 192 países e territórios. Sentindo no coração as palavras do Mestre No salão, já estavam reunidos 158 representantes de 51 países e territórios. Por volta das 11 horas da manhã do dia 26 de janeiro de 1975, o casal Ikeda chegou ao imponente edifício do Centro Internacional de Comércio, localizado não muito distante do aeroporto de Guam. Nesse local, estava prestes a ocorrer a Conferência Mundial para a Paz, que marcaria a fundação da Soka Gakkai Internacional (SGI). Ikeda sensei profere seu discurso de posse como presidente da SGI Ikeda sensei foi até o livro de assinaturas, posicionado na entrada do salão. Pegou a caneta, escreveu seu nome e, no espaço destinado à nacionalidade, registrou: “Mundo”. Da perspectiva do budismo, que prega a igualdade e a dignidade de todos, não há diferenças entre países ou etnias. No âmago do coração de Ikeda sensei ressoavam as palavras do seu falecido mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, que havia mencionado o “nacionalismo global” ao longo de sua vida. Durante a conferência, ao assumir a presidência da SGI, Ikeda sensei declarou: “Em vez de buscarem a aclamação ou glória pessoal, espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística no mundo. Farei o mesmo”.1 Ikeda sensei participa da Conferência Mundial para a Paz (ilha de Guam, 26 jan. 1975)Uma entusiástica salva de palmas ecoou em resposta, como expressão de apoio e de decisão compartilhada por todos. O fato de estarem reunidos naquele momento e naquele local, cada qual tendo abraçado a Lei Mística, era, em si, a evidência de como Ikeda sensei havia plantado as sementes do incentivo pelo mundo desde que assumiu como terceiro presidente da Soka Gakkai [em 3 de maio de 1960]. Não sejam derrotados A primeira vez que a expressão “kosen-rufu mundial” apareceu em destaque como manchete do Seikyo Shimbun foi em 5 de outubro de 1960. Isso ocorreu três dias após Ikeda sensei embarcar em sua primeira viagem pela paz partindo do Aeroporto Internacional de Haneda, em Tóquio. Nessa época, as viagens internacionais ainda eram incomuns, e o número de membros no exterior era bastante reduzido. Como os companheiros do Japão daquele período de pouca vivência prática sobre o “mundo” devem ter sentido o coração palpitar com grande expectativa! Com certeza, vários amigos imaginaram o cenário no qual Ikeda sensei, que havia provocado a grande onda de propagação do shakubuku pelo Japão, finalmente a expandiria por todo o mundo. Foto comemorativa com os companheiros que recepcionaram a comitiva de Ikeda sensei no aeroporto de Chicago durante a visita dele aos Estados Unidos ( 8 out. 1960) No entanto, o que sensei buscou valorizar, antes de tudo, foi o ato de ouvir as pessoas. As reuniões de palestra realizadas em cada localidade que visitava eram principalmente conduzidas de forma a ouvir as perguntas e as dúvidas dos membros. Em uma reunião realizada em Honolulu, Havaí, uma jovem senhora, nascida na região nordeste do Japão, disse: “Quero voltar para o Japão”. Ela havia se casado com um soldado americano que serviu na Guerra da Coreia e se mudou para o Havaí, terra natal dele. No entanto, a vida lá não era como havia sonhado devido a barreiras linguísticas, dificuldades econômicas e violência doméstica. A mulher tremia e chorava copiosamente enquanto dizia: “Não sei o que fazer”. Entre as participantes havia outras mulheres que viviam experiências semelhantes e que também deixavam escapar soluços e lágrimas, compartilhando do mesmo sofrimento. O Mestre anuiu com a cabeça em sinal de profunda empatia e disse em tom sereno: “A senhora deve ter sofrido muito. Deve ter sido realmente muito difícil. Mas a senhora tem o Gohonzon, não é mesmo? A fé é o poder para sobreviver”. Ele expressou sinceras palavras de incentivo com base no princípio budista de “transformação do carma” e concluiu: “Ao conquistar a felicidade, isso não se limitará apenas a uma questão pessoal; mas também inspirará todas as outras mulheres japonesas que vivem aqui no Havaí a se revigorar. Por esse motivo, você não deve ser derrotada pela tristeza”. Havia mulheres com histórias parecidas também na cidade de São Francisco, cujos relatos sensei ouviu atentamente e a quem dedicou sinceros incentivos de todo o coração. Ele também deixou três diretrizes para todas: “Obter cidadania e ser boa cidadã”, “obter carteira de motorista” e “falar inglês fluentemente”. Não busque um ideal em algum lugar distante. Estabeleça suas raízes na realidade da sociedade e viva a fim de conquistar a confiança e a felicidade no lugar em que se encontra neste momento. Essa era a sua mensagem. “Você” é importante Nas reuniões de palestra realizadas no Brasil, sensei disse a todos de forma amistosa: “Fiquem à vontade para perguntar qualquer coisa. Eu vim aqui exatamente para isso”. Quando um imigrante agricultor de meia-idade perguntou “Estou endividado devido a uma colheita fraca. O que eu devo fazer?”, em resposta, sensei lhe fez uma série de perguntas como “Há algum problema com fertilizantes?” e “Qual a relação entre o tipo de solo e a variedade plantada?”. Ele ensinou de maneira atenciosa o modo de ser de um verdadeiro praticante budista: “O budismo é um ensinamento da mais suprema razão. Portanto, a força de sua fé deve se manifestar no estudo, no planejamento, na criatividade e nos esforços redobrados”.2 O que ele enfatizou aos companheiros durante a sua viagem por nove cidades entre os Estados Unidos, Canadá e Brasil não foi “Vamos propagar os ensinamentos” ou “Vamos aumentar o número de membros”. Ele se propôs a declarar continuamente: “O importante é que você se torne feliz” e “É importante que você persevere na fé”. A jornada pela paz começou com o ato de acender a “chama da coragem” no coração dos companheiros que estavam perdendo a esperança de viver e daqueles que lutavam arduamente contra as adversidades: Embora tais esforços pudessem parecer insignificantes e muito distantes da paz mundial, o alicerce para esse objetivo encontra-se apenas no ser humano. Shin’ichi sabia perfeitamente que a paz jamais poderia ser criada sem antes revitalizar todos os indivíduos e estabelecer a verdadeira felicidade na vida de cada um.3 As convicções e ações de Ikeda sensei não mudaram, mesmo durante as visitas de incentivo em outros países e localidades. Em janeiro de 1961, apenas três meses depois da primeira viagem, ele seguiu para Hong Kong, Sri Lanka, Índia, Mianmar, Tailândia e Camboja. Então, a partir de 4 de outubro do mesmo ano, ele percorreu a Europa, visitando a Dinamarca, Alemanha, Holanda, França, Reino Unido, Espanha, Suíça, Áustria e Itália. Em junho de 1983, durante a sua viagem da França para a Holanda [atual Países Baixos], em uma parada, Ikeda sensei desembarca na estação sul de Bruxelas, na Bélgica. Ele se dirige aos companheiros reunidos na plataforma e diz: “Vamos realizar uma reunião de palestra! Será a primeira reunião de palestra aqui!”. O tempo de parada é de apenas sete minutos. Mesmo após o trem começar a se locomover com maior velocidade, sensei assiste benevolentemente os companheiros até perdê-los de vista Mesmo em países onde ainda não havia nenhum membro da Soka Gakkai, ele prosseguiu recitando daimoku em seu coração com o desejo de que este penetrasse naquele solo e que despontassem ali, sem falta, os bodisatvas da terra. Em janeiro de 1962, sensei visitou o Oriente Médio e, em 1964, viajou para a Europa Oriental e o norte da Europa. Na época em que a SGI foi criada, em 1975, ele já havia plantado as “sementes do incentivo”, as “sementes do kosen-rufu” e as “sementes da paz” em 36 países e territórios. Superando as tempestades Não houve nenhum lugar onde o kosen-rufu tenha se espalhado facilmente. Muito pelo contrário, sempre houve uma série de dificuldades enfrentadas. Na Ásia, nos lugares em que o Japão invadiu durante a Guerra do Pacífico, a simples menção de “religião japonesa” já provocaria uma tempestade de críticas por conta do preconceito e da visão errônea. Em Taiwan, as organizações da Soka Gakkai receberam a ordem de dissolução por parte do governo em 1963; e em 1964, o governo sul-coreano tomou medidas para proibir a propagação dos ensinamentos da Soka Gakkai, rotulada nesses países como “organização antinacionalista”. Nas décadas de 1960 e de 1970, regimes militares foram sendo estabelecidos em sucessão nos países das Américas Central e do Sul. As atividades da Soka Gakkai continuaram a ser realizadas em meio a situações de alerta, com restrições de aglomerações, e também as visitas de Ikeda sensei foram impedidas. Sensei enviava mensagens e cartas de incentivo aos líderes da organização de cada país e território. Quando ficava sabendo da vinda de algum companheiro ao Japão, reservava um tempo em meio à sua agenda atarefada para encontrá-lo e encorajá-lo pessoalmente, com o sentimento de que aquela era uma oportunidade única na vida. Às vezes, ele abraçava o companheiro calorosamente afirmando: “Não se preocupe, estou com você, então tudo vai ficar bem”. Outras vezes, principalmente para os jovens, ele enfatizava a essência do espírito da Soka Gakkai, dizendo: “Primeiro, aguente firme por cinco anos sem se afastar. Agora é a hora de sofrer. Se você não se tornar um verdadeiro leão, não será capaz de realizar o kosen-rufu!”. O que era consistente na ação de sensei era a paixão de “Vou reerguer esta pessoa! Não vou permitir que esta pessoa seja infeliz!”. Sob a Guerra Fria entre o Oriente e o Ocidente, sensei enviou repetidamente mensagens aos companheiros do exterior, alertando-os: “Não sejam influenciados pelo sistema político”. Em 1981, na Alemanha ainda dividida em Oriental e Ocidental, ele falou sobre a razão da existência da SGI. O capitalismo está em um impasse. O socialismo também está sem saída. Mas nós não estamos tentando discutir sobre cada sistema. Não importa qual o sistema político da sociedade, nosso movimento budista começa focando e iluminando cada indivíduo que se faz presente exatamente neste local. Um por um, os companheiros foram se levantando em seu respectivo país e território e foram somando esforços para contribuir pelo bem da sociedade como bons cidadãos. A simpatia pelo movimento da SGI e a confiança na organização continuaram a crescer ano após ano. Diversos governos locais, assim como universidades, passaram a conceder títulos de cidadania honorária e títulos acadêmicos honorários em reconhecimento à notável liderança de Ikeda sensei. Em fevereiro de 1987, sensei recebeu a Ordem Nacional da República Dominicana. Em uma reunião com os membros locais, ele expressou seu sincero sentimento: “Se possível, gostaria de dividir esta medalha em pedaços menores e entregá-los a cada um de vocês individualmente. Porque todos os senhores realmente vieram se esforçando em meio às dificuldades”. Então, disse: “O importante é que todos se tornem felizes. Ao receber essa homenagem, isso facilitará a realização de atividades da Soka Gakkai neste país. Minha medalha é fazer os membros felizes”. Sensei incentiva afetuosamente os amigos de Togo, na África, que não mediram esforços para ir ao encontro do Mestre no Japão (Hachioji, Tóquio, out. 2002) Shin’ichi Yamamoto da nova era Em 1993, quando a Soka Gakkai quebrou as correntes de ferro que a prendiam à seita herética que conspirou para sua destruição e alçou voo em direção à Renascença Soka — sensei percorreu a América do Norte, a América do Sul e a Ásia ao longo de três meses. Foi em meio a isso que ele iniciou sua batalha da escrita, a qual definiu como “Uma luta feroz contra o tempo limitado da vida”. Era a serialização da obra Nova Revolução Humana, que passou a ser publicada no Seikyo Shimbun em 6 de agosto daquele ano. “Vocês venceram!” — assim sensei incentivou de todo o coração os jovens amigos das bandas feminina Asas da Paz Kotekitai e masculina Taiyo Ongakutai em sua terceira visita ao Brasil, concretizada após uma espera de dezoito anos (Brasília, DF, fev. 1984).O volume 1 desse romance abre com o personagem Shin’ichi Yamamoto iniciando sua jornada pelo kosen-rufu e tendo em seu coração o sonho que lhe foi confiado por seu venerado mestre, Josei Toda: “Você deve ir para o mundo”. “Nada é mais precioso do que a paz. Nada traz mais felicidade do que a paz. A paz é o primeiro passo para o avanço da humanidade”,4 afirma ele. A solidariedade Soka de pessoas comuns que abarcava 115 países e territórios quando a publicação em série foi iniciada chegou a 192 países e territórios. Após a conclusão do volume 30, em 6 de agosto de 2018, a legião de “Shin’ichi Yamamoto da nova era” se expandiu ainda mais e, atualmente, o número de companheiros no exterior está próximo de 3 milhões. As vozes ouvidas nos cinco continentes em louvor ao movimento pela paz, cultura e educação promovido pela Soka Gakkai não cessam. A SGI-Taiwan, que já tinha sido alvo de opressão no passado, foi condecorada com o Prêmio de Contribuição Social Religiosa por 21 anos consecutivos pelo Ministério de Assuntos Internos, comprovando o reconhecimento de sua notável contribuição para a sociedade taiwanesa. Mesmo na Coreia do Sul, são muitas e contínuas homenagens concedidas a Ikeda sensei e à Sra. Kaneko por organismos do governo e por instituições locais dos mais variados segmentos. “Obrigado! Estou muito feliz! Finalmente consegui vir até aqui!” Em sua primeira visita à sede central da SGI-Coreia do Sul, em Seul, sensei enaltece os companheiros que vieram superando inúmeras adversidades Em julho de 2016, o acordo religioso firmado entre o Instituto Budista Soka Gakkai da Itália e o governo da República Italiana, entrou em vigor. Além disso, naquele mesmo ano, a SGI-Alemanha foi reconhecida como “entidade jurídica de direito público” e deu sua nova partida como “Soka Gakkai da Alemanha”. Em setembro de 2023, sensei conclamou em sua mensagem dedicada aos companheiros do mundo inteiro, em especial aos jovens de 44 países e territórios que foram ao Japão participar do Curso de Aprimoramento da SGI: “Sensei! Deixe o kosen-rufu em nossas mãos!” — com esse juramento no coração, jovens líderes de 44 países e territórios vão ao Japão no último mês de setembro para participar do Curso de Aprimoramento dos Jovens da SGI (Shinanomachi, Tóquio) Junto com os “Shin’ichi Yamamoto” do mundo que se desenvolvem ilimitadamente, façamos o juramento de garantir a vitória e a prosperidade do Castelo dos Grandes Monarcas da Soka Gakkai, de cor dourada, a concretizar, sem falta, a transformação do destino da humanidade.5 As “sementes da paz chamada Lei Mística” que sensei semeou ao longo de sua vida não se limitam aos 54 países e territórios que ele visitou pessoalmente. Por meio da luta conjunta de mestre e discípulo com os preciosos amigos da unicidade que formam um só corpo, essas sementes foram de fato sendo plantadas no mundo inteiro, fazendo com que desabrochassem as flores humanas emergidas da terra. No topo: em fevereiro de 1979, sensei diz a cerca de quarenta companheiros reunidos em Délhi, Índia: “Assim como o fluxo do rio Ganges começa com uma única gota d’água, cada um de vocês é uma das gotas que formarão o grande rio do kosen-rufu da Índia”. Atualmente, a SGI-Índia é composta por mais de 270 mil pessoas. Nota: 1. IKEDA, Daisaku. SGI. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 21, p. 38, 2019.2. Idem. Desbravadores. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 21, p. 38, 2019.3. Idem. Alvorecer. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 47, 2019.4. Ibidem, p. 9.5. Brasil Seikyo, ed. 2.643, 23 set. 2023, p. 5. Fotos: Seikyo Press
24/01/2024
Frase da Semana
BS
Frase da Semana
Assim como a bela flor desabrocha depois de vencer o frio do inverno, os sonhos não florescerão sem esforço e perseverança. Dr. Daisaku Ikeda IKEDA, Daisaku. Citações de Daisaku Ikeda. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 292, 2023.
24/01/2024
Especial
BS
A extraordinária força de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei
Vínculos de luta conjunta com os companheiros, sempre pelo bem de uma única pessoa. Mergulhar no “mar de pessoas comuns” Nesta segunda parte da série, são apresentados os esforços do Mestre para encorajar os membros em todos os cantos do Japão, desde Wakkanai, em Hokkaido, ao norte, até a ilha Ishigaki, em Okinawa, ao sul. Surgimento do jovem presidente Na manhã do dia 3 de maio de 1960, pouco depois das 10h30, Ikeda sensei descia do carro e se dirigia ao Auditório da Universidade Nihon (na época) em Ryogoku, Tóquio. O fraque preto que utilizava era uma lembrança herdada do seu mestre, Josei Toda. Kaneko, esposa de Ikeda sensei, coloca distintivo com a inscrição “presidente” em sua lapela antes de ele se encaminhar para a cerimônia de posse como terceiro presidente da Soka Gakkai. A partir daí, iniciou-se um novo avanço grandioso do kosen-rufu (auditório da Universidade Nihon, em Tóquio, 3 maio 1960) A cerimônia de posse como terceiro presidente teve início ao meio-dia. Ikeda sensei entrou no recinto enquanto a banda masculina Ongakutai tocava canções da Soka Gakkai. No percurso, o Mestre fez uma pausa e fixou o olhar na foto de Toda sensei colocada no alto da parte frontal do palco. Após subir nele, em suas palavras, Ikeda sensei posicionou-se no púlpito e declarou vigorosamente: “Apesar de jovem, a partir de hoje assumirei a liderança como representante dos discípulos do presidente Josei Toda e avançarei com os senhores, um passo após outro, rumo à concretização do kosen-rufu”.1 O evento reuniu mais de 20 mil participantes, espalhados no recinto e nas áreas externas. Uma estrondosa salva de palmas envolveu o espaço. Era o surgimento do jovem presidente de 32 anos aguardado ansiosamente por todos os membros. Na ocasião, Ikeda sensei determinou com todos a concretização de 3 milhões de famílias, isto é, o testamento de Toda sensei, até a cerimônia de sétimo ano de falecimento de seu mestre, que seria realizada dali aquatro anos. Esse se tornou o objetivo concreto para o quinto período do ciclo de “Sete Sinos”. O conceito de “Sete Sinos” Para estabelecer o ritmo de avanço do kosen-rufu a cada sete anos, Ikeda sensei anunciou a concepção do conceito de “Sete Sinos” no dia 3 de maio de 1958, um mês após o falecimento de Toda sensei. Na época, uma parte da imprensa alardeava que a Soka Gakkai estaria à beira do colapso. Em meio a tais circunstâncias, como dar esperança aos membros mergulhados na tristeza? Ikeda sensei ponderava sobre essa questão em seu íntimo. Na época, ele registrou em seu diário: “Imaginei como a organização estará daqui a vinte anos. Estou preocupado e angustiado”.2 Assim, no dia 3 de maio, foram apresentados os ciclos dos “Sete Sinos”. Ikeda sensei concebeu essa ideia a partir de uma declaração de Toda sensei: “Vamos estabelecer cada período de sete anos como uma etapa e badalar o sino do kosen-rufu. Então, vamos tocar sete sinos!”. O “primeiro sino” é o período de sete anos desde a fundação da Soka Kyoiku Gakkai, em 1930, até a partida oficial da organização, em 1937. O “segundo sino” segue até o falecimento do presidente Tsunesaburo Makiguchi, em 1944. O “terceiro sino” vai até a posse de Toda sensei como segundo presidente, em 1951. O “quarto sino” se encerra com a concretização de 750 mil famílias, o empreendimento da vida de Toda sensei, e seu falecimento. Ikeda sensei fez essa declaração, clamando a todos para avançar com coragem e convicção em ciclos de sete em sete anos, visualizando o futuro de vitórias com a concretização do “quinto sino”, do “sexto sino” e, finalmente, do encerramento do ciclo com o “sétimo sino”, 21 anos a partir daquele momento. Esse majestoso objetivo criou a força para que os membros avançassem, vislumbrando tal futuro. Dessa forma, a Soka Gakkai concretizou o objetivo de 3 milhões de famílias, do “quinto sino”, no ano 1962. No período do “sexto sino”, ultrapassou 7,5 milhões de famílias; e, em 1979, ano do término do “sétimo sino”, estava concluído o alicerce do kosen-rufu do Japão. Encorajamento a uma única vida “Por que a Soka Gakkai se desenvolveu até esse ponto?” Diante dessa pergunta de um intelectual, sensei respondeu: “É porque sempre valorizamos uma única pessoa”. Essa é a essência da própria existência de Ikeda sensei. Sensei não se limitou a estabelecer apenas um objetivo. Dedicou incentivos e encorajamento, com toda a sua força, para que os membros trilhassem uma existência vitoriosa e feliz. Criou vínculos de luta conjunta com cada pessoa a fim de desbravar a época da canção triunfal do povo. Em 22 de março de 1965, na cidade de Sendai, em Miyagi, ocorreu um episódio após o término de uma reunião de líderes de comunidade. Naquele dia, por duas horas consecutivas, sensei trocou cumprimentos com cerca de seiscentos participantes. Suas mãos ficaram vermelhas, inchadas e doloridas. Ele mal conseguia segurar uma caneta. Oito dias depois, estava prevista a realização da Reunião de Líderes de Comunidade da província de Nagano. “Quero criar um encontro que possa se tornar o ponto primordial da vida dos membros”, afirmou o Mestre. Com isso em mente, como forma de encorajamento, em vez dos cumprimentos, ele pensou em tirar uma foto comemorativa com eles. Mais tarde, sensei escreveu: “Se fosse possível, queria encorajar os líderes centrais da Divisão Sênior, da Divisão Feminina, da Divisão Masculina de Jovens, da Divisão Feminina de Jovens e da Divisão dos Estudantes, que se levantam como os pilares das comunidades de todo o Japão. Contudo, isso se tornava extremamente difícil, inclusive em termos de disponibilidade de tempo. Então, extraindo toda a sabedoria, surgiu essa ideia da foto, movida com o sentimento de ‘ao menos isso’”. Pesquisa feita pelo Seikyo Shimbun ao longo de oito anos e três meses, a partir de 1965, revela que sensei tirou fotos comemorativas com pelo menos 718.550 pessoas. Não eram simples poses para a câmera. Eram capturadas com o sentimento de que talvez fosse uma oportunidade única na vida, de que “nunca mais conseguiria encontrar” essas pessoas, dedicando-lhes sinceros incentivos nos intervalos entre as fotos. Além disso, sensei ouvia atentamente cada pessoa que lhe falava sobre suas dificuldades, mesmo nas ocasiões em que ele estava com febre alta. É provável que, em alguns momentos, os incessantes flashes da câmera fotográfica incomodassem seus olhos. Eram realmente ações de encorajamento sem poupar a própria vida. Em 14 de julho de 1972, num ginásio da província de Iwate, sensei participou de fotos comemorativas com 3.600 pessoas, que foram divididas em doze grupos. Com extrema exaustão, nem conseguia engolir a comida servida. Mesmo assim, quando chegava a hora, levantava-se com todo o vigor e se dirigia para perto dos membros. Naquele dia, após o término das fotos comemorativas, sensei foi até a sede regional de Morioka, cumprindo uma promessa feita no passado aos estudantes do ensino fundamental. O compromisso originou-se de uma carta enviada pelas crianças a Ikeda sensei na qual narravam seus sonhos para o futuro. Na ocasião, ele dedicou a elas a seguinte mensagem: “Vamos nos encontrar quando eu for para Iwate”. Sensei recebeu as crianças na sede dando-lhes boas-vindas e ofereceu livros nos quais dedicou palavras de incentivo na contracapa. “Não precisam mais se preocupar” No dia 24 de abril de 1979, em meio às tempestades da primeira problemática do clero, Ikeda sensei renunciou ao cargo de terceiro presidente, assumindo total responsabilidade para proteger os membros e para pôr fim aos ataques irracionais dos clérigos. Os maus clérigos e os traidores, que conspiraram para separar o mestre de seus discípulos, pressionaram sensei, obrigando-o a “não transmitir orientações em reuniões” e a “não aparecer no Seikyo Shimbun”. Ao mesmo tempo, eles atacavam a organização e atormentavam os membros. Certo dia, em 1979, realizava-se uma reunião no Centro Cultural de Kanagawa. Sensei, que ouvia a atividade do lado de fora, entrou silenciosamente por uma porta na parte da frente do salão para não atrapalhar o andamento do evento. Um companheiro, ao notar sua presença, levantou sua voz de júbilo. Sensei colocou o dedo indicador nos lábios dele, pedindo para ficar quieto, dizendo: “Está definido que eu não posso falar”. Então, ele se dirigiu ao piano colocado no salão. Depois de tocar algumas músicas, tais como Atsuhara no Sanresshi [Os Três Mártires de Atsuhara] e Atsutamura [Vila de Atsuta], deixou o local em silêncio. Esse fato ocorreu diversas vezes naquele centro cultural durante esse período. Na primeira problemática do clero, Oita foi uma das localidades que mais sofreram com a opressão dos clérigos. Sempre que os membros iam ao templo, eram obrigados a ouvir somente difamações em relação a Ikeda sensei e à Soka Gakkai. Cerrando os dentes, eles suportaram a irracionalidade. A partir do outono [japonês] de 1981, sensei iniciou plenamente a contraofensiva. No dia 12 de dezembro, visitou Okajoshi, cidade de Taketa, em Oita, com o sentimento de que era em prol dos membros que mais sofreram. “Não precisam mais se preocupar!”, afirmou o Mestre. Os membros se aproximaram de Ikeda sensei no momento em que ele descia do carro no estacionamento com fisionomia de alívio e até com lágrimas nos olhos. Estava presente ali um homem que ainda não havia se tornado membro da Soka Gakkai. Na época, ele tinha aversão pela organização. Mas acabou participando a contragosto, atendendo ao pedido de sua esposa, que lhe disse: “Só hoje!”. Ele havia pensado que, certamente, um líder religioso era alguém de extrema arrogância. No entanto, ao observar o comportamento de sensei de perto, iniciou a prática budista três meses depois. Esse companheiro relembra o aspecto de Ikeda sensei: “Parecia alguém mergulhando no mar de pessoas comuns”. Após esse encontro, sensei disse: “A pessoa com quem me encontrei é importante. Porém, ainda mais importante são as pessoas com quem não me encontrei. (...) São pessoas que continuaram recitando daimoku com seriedade, orando pela segurança da viagem. Eu me encontrei no coração com essas pessoas. Graças a elas, a Soka Gakkai venceu”. O coração do mestre voava sempre junto com os amigos que estavam sofrendo. Em 29 de fevereiro de 2000, ele visitou o Centro Cultural de Nagata, na província de Hyogo. Recitou gongyo com os companheiros que ali se reuniam. No local, encontrava-se também um companheiro que havia perdido os amados pai e filho no Grande Terremoto de Hanshin-Awaji (Terremoto de Kobe). Havia pessoas que escaparam por pouco da morte debaixo dos escombros. Nessa ocasião, sensei ofereceu um vigoroso encorajamento: “A vida é uma batalha. É a batalha para conquistar a felicidade. (...) Por favor, sejam alegres! Ninguém se compara a uma pessoa alegre. Gostaria que sobrevivessem persistentemente”. Até hoje, essas palavras são a força para o avanço dos membros e se tornaram o juramento ao mestre. O grande épico do kosen-rufu Ikeda sensei, que continuou acendendo a chama da esperança nos companheiros de todo o Japão, expressou, do fundo do coração, seu desejo de que fizessem badalar juntos o segundo ciclo dos “Sete Sinos” a partir do dia 3 de maio de 2001, que descortinou o século 21. Em maio de 1997, em Kansai, ele indicou o majestoso plano do novo ciclo dos “Sete Sinos” até meados do século 23: A primeira metade do século 21 irá marcar o segundo ciclo dos “Sete Sinos”. Acredito que essa será uma época em que deveremos nos dedicar à consolidação da base para a paz na Ásia e em todo o mundo. Olhando mais adiante, para a última metade do próximo século — o “século da vida” — minha esperança é de que o princípio da dignidade da vida se estabeleça como o espírito fundamental da era e do mundo. Oro para que, durante a primeira metade do século 22, seja construída uma base indestrutível para a paz mundial. E sobre essa base, na última metade do século 22, imagino o brilhante florescimento de uma era de humanismo. (...) Na metade do século 23, em 2253, alcançaremos o milênio do estabelecimento dos ensinamentos de Nichiren Daishonin. Creio que será o início de uma brilhante nova fase do nosso movimento.3 Atualmente, está em andamento o segundo ciclo dos “Sete Sinos”. Visualizando o 120o aniversário de fundação da Soka Gakkai (em 2050), quando termina esse ciclo, sensei escreveu: “Nessa ocasião, quanto a filosofia humanística do budismo brilhará como o sol que ilumina o mundo e quanto nossa grande rede solidária Soka será considerada o pilar da paz para a humanidade? Meu coração se aquece”. O grande épico do kosen-rufu só pode ser concretizado por ações contínuas de “encorajamento a uma única pessoa”, como demonstrado inteiramente por Ikeda sensei com suas próprias ações. “Levantem-se com o espírito de luta heroica.” Ikeda sensei continua a inspirar os companheiros de Kanto. Na foto comemorativa, tirada no Ginásio do Parque Esportivo Ageo, em Saitama, ele incentiva: “Perseverando na fé tal como a correnteza de um grande rio, promovam um avanço com união harmoniosa” (out. 1971) “Junto comigo, Shikoku criou a história de ‘justiça’, deixou a história de ‘luta’ e abriu a história de ‘vitória’.” Ikeda sensei se despede dos companheiros que foram ao seu encontro no navio Sunflower 7 (porto de Yokohama, maio 1980) No topo: Niigata, terra natal de Makiguchi sensei, e Nagano, região de profundas recordações com Toda sensei. Em Shin’etsu [região em que se encontram as duas localidades], está gravada a essência da vida de Ikeda sensei, que lutou pelo caminho de mestre e discípulo. No primeiro verão [no Japão], logo após a sua renúncia como presidente da Soka Gakkai, Ikeda sensei incentiva um integrante da Divisão dos Estudantes no Centro de Treinamento de Nagano (ago. 1979) Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.609, 30 abr. 2022, p. 16.2. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 462.3. Brasil Seikyo, ed. 1.456, 11 abr. 1998, p. 3. Fotos: Seikyo Press
11/01/2024
Especial
BS
Assumir a missão de criar um mundo de paz
“O sol da paz despontou. Abriram-se as cortinas de novos horizontes para o kosen-rufu mundial”.¹ Esse trecho do romance Nova Revolução Humana, de autoria do Dr. Daisaku Ikeda, retrata o clima repleto de esperança daquele dia 26 de janeiro de 1975, na ilha de Guam, onde ocorreu a fundação da Soka Gakkai Internacional (SGI) durante a Primeira Conferência para a Paz Mundial, com a presença de 158 representantes de 51 países. Ao chegar ao local da cerimônia, Ikeda sensei subiu até o salão do nono andar do Guam International Trade Center para assinar o livro de registros dos participantes. Na primeira página, ele colocou seu nome e, na coluna do país de origem, escreveu “Mundo”, expressando seu mais sincero e profundo sentimento de servir à humanidade. Nesse dia, ele foi nomeado presidente da SGI, aos 47 anos. A ilha foi palco de batalhas entre as tropas nipônicas e norte-americanas durante a Segunda Guerra Mundial que tiraram a vida de muitas pessoas, entre soldados e população civil, motivo pelo qual foi escolhida para simbolizar a transformação em direção a um mundo pacífico. Na época da fundação da SGI, o mundo vivia a Guerra Fria, com a tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética, somada às conflitantes relações entre os líderes chineses e os soviéticos. Havia a ameaça de ocorrer um novo conflito global com o eventual uso de armas nucleares e pondo todo o planeta em perigo. A fundação da Soka Gakkai Internacional foi o primeiro passo do movimento internacional com base nos princípios do Budismo Nichiren para a consolidação do kosen-rufu. Dessa forma, a organização assumiu sua posição de vanguarda como religião mundial com o objetivo de proporcionar a transformação e a felicidade de cada pessoa, ou seja, a própria revolução humana, independentemente de distinções, como princípio da mudança da sociedade. Em seu discurso de posse, nosso mestre citou uma passagem dos escritos de Nichiren Daishonin: Se o espírito de “diferentes em corpo, unos em mente” prevalecer entre as pessoas, elas alcançarão todos os seus objetivos.2 Ikeda sensei ainda enfatizou a postura de vanguardista que deve ser assumida pelos integrantes da organização: O sol do Budismo Nichiren começou a despontar no horizonte. Em vez de buscarem aclamação ou glória pessoal, espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística no mundo. Farei o mesmo. Às vezes, assumirei a liderança na linha de frente; outras, estarei ao seu lado; e, em outros momentos, zelarei por vocês nos bastidores. Sempre estarei apoiando-os de todo o coração.³ Ele complementou: Como bravos, compassivos e dedicados discípulos de Nichiren Daishonin que se devotam inteiramente à verdade e à justiça, vivam de modo positivo e edificante, lutando pela prosperidade do seu respectivo país, pela felicidade das pessoas e pela preciosa existência da própria humanidade.⁴ A Soka Gakkai Internacional é uma organização budista que promove a paz, a cultura e a educação centradas no respeito pela dignidade da vida. Graças aos esforços incansáveis de Ikeda sensei, seus membros estão presentes em 192 países e territórios, dedicando-se a manifestar seu potencial inerente e capacitando-se para atuar pelo bem da sociedade. Eles contribuem como cidadãos globais para a comunidade local, respondendo aos problemas que a humanidade enfrenta. Os esforços da SGI para ajudar a construir uma cultura duradoura de paz se baseiam no compromisso com o diálogo e a não violência, e no entendimento de que a felicidade individual e a realização de um mundo pacífico estão intrinsecamente ligadas. Como organização não governamental com vínculos formais com a Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1981, a SGI também colabora com outras organizações da sociedade civil, agências intergovernamentais e grupos religiosos nos campos de desarmamento nuclear, educação em direitos humanos, desenvolvimento sustentável e assistência humanitária. Guiadas pelo objetivo comum de contribuir para a paz do mundo com base no respeito pela dignidade da vida, as organizações locais da SGI desenvolvem atividades alinhadas com os contextos culturais de sua respectiva sociedade. As principais atividades, denominadas “reuniões de palestra”, são diálogos com base nos ensinamentos budistas e com ênfase na transformação da sociedade a partir do desenvolvimento de cada pessoa. Paralelamente, promove-se a conscientização sobre as questões globais por iniciativas como exposições, simpósios e conferências, diálogo inter-religioso e campanhas para promover a não violência. Outras atividades de base incluem eventos culturais, programas comunitários e assistência humanitária em tempos de crise. Desde 1983, anualmente, o presidente Ikeda formula propostas de paz endereçadas às Nações Unidas e dirigidas à comunidade internacional, abordando questões que a humanidade enfrenta, sugerindo soluções baseadas na filosofia budista. Muitos temas levantados nessas propostas de paz são explorados pela SGI e por outras ONGs, além de fornecer inspiração para as contribuições sociais de seus membros em todo o mundo. No dia 18 de novembro, foi recebido com grande pesar o comunicado de que, no dia 15, nosso mestre, Daisaku Ikeda, encerrou sua nobre existência devido a causas naturais, aos 95 anos, em sua residência em Shinjuku, Tóquio. Assim, com profunda gratidão ao Mestre, visando os cinquenta anos da SGI, em 2025, e o centenário da Soka Gakkai, em 2030, é chegada a hora de comprovarmos a prática do Budismo Nichiren em nossa vida e atuarmos com determinação para cumprir a missão pelo kosen-rufu, transformando positivamente a sociedade a partir do local em que nos encontramos. Fontes: Brasil Seikyo, ed. 2.498, 18 jan. 2020, p. 6 a 9.Idem, ed. 2.546, 16 jan. 2021, p. 6 a 7.Idem, ed. 2.594, 15 jan. 2022, p. 6 a 7.Idem, ed. 2.626, 14 jan. 2023, p. 8 e 9. Notas: 1. IKEDA, Daisaku. SGI. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 21, p. 9, 2019.2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 646, 2020.3. IKEDA, Daisaku. SGI. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 21, p. 38, 2019.4. Ibidem, p. 39. No topo: Daisaku Ikeda profere seu discurso de posse durante a fundação da Soka Gakkai Internacional (Guam, 26 jan. 1975) Foto: SeikyoPress
11/01/2024
Caderno Nova Revolução Humana
BS
Convicção, esperança e coragem
PARTE 67 Para outubro desse ano estava prevista a visita de Shin’ichi Yamamoto ao Canadá durante a sua viagem de orientações para a América do Norte. Porém, logo antes da partida do aeroporto de Chicago, houve problemas técnicos e ele foi obrigado a suspender a viagem para o Canadá. Ao pensar nos companheiros que o aguardavam, sentiu uma dor no seu coração. Nessa ocasião, Shin’ichi enviou um poema waka à presidente do conselho orientador, Teruko Izumiya: Impossível esquecer, você se levantou nas terras do Canadá. Finalmente chegou o amanhecer do kosen-rufu. Além disso, convidou representantes do Canadá para o seu próximo destino em Los Angeles, e criou momentos para dialogar. Nesse grupo, encontrava-se junto com Teruko Izumiya o seu esposo, Hiroshi Izumiya. Era um cavalheiro educado de aparência gentil. Dizia ter a mesma idade de Shin’ichi. Com um forte aperto de mãos, Shin’ichi o felicitou do fundo do coração pela decisão de iniciar a prática budista, e tirou uma foto junto com ele. Nos olhos de Teruko, que observava a fisionomia do marido, brilhavam as lágrimas. Passados oito meses a partir de então, realizou-se a visita de Shin’ichi ao Canadá. E, desta vez, o casal Izumiya recebeu a comitiva no aeroporto de Toronto. Durante a sua estada em Toronto, Shin’ichi se empenhou para se movimentar junto com Hiroshi Izumiya. Seu desejo era que ele, que ocupava a função de diretor-geral do ponto de vista administrativo da entidade oficial do Canadá, aprendesse com sua vida o espírito de proteger os membros. E para Teruko, presidente do conselho orientador, que veio abrindo o caminho do kosen-rufu como líder central da organização, Shin’ichi disse: — Se não fosse o apoio do seu esposo, creio que não teríamos chegado até aqui. Foi graças a ele que a organização do Canadá se desenvolveu de forma tão grandiosa. Quando as pessoas alcançam sucesso em algo, tendem a pensar que foi graças à sua capacidade. Mas, por trás de algum sucesso, sempre existem esforços de muitas pessoas. Quando o indivíduo não se esquece desse ponto e consegue viver com humildade e sentimento de gratidão a todos é que se pode tornar um líder de contínuas vitórias. Em 22 de junho, segundo dia de visita ao Canadá, foi realizada a convenção comemorativa dos vinte anos do kosen-rufu do país, reunindo cerca de mil membros participantes em um grande salão de hotel na cidade de Toronto. Foi um encontro que marcou uma nova partida, repleta de esperanças, rumo ao novo século. PARTE 68 Nessa reunião, Shin’ichi manifestou a alegria de estar no Canadá depois de 21 anos, relatando algumas lembranças de sua primeira visita. Ele citou a importância de uma única pessoa se levantar. — “Zero” multiplicado por qualquer número, mesmo que enorme, é sempre “zero”. Mas se o fator multiplicador for “um”, inicia-se a partir daí um desenvolvimento ilimitado. A história do kosen-rufu do Canadá começou com o levantar resoluto da Sra. Izumiya, presidente do conselho orientador, e se desenvolveu de forma extraordinária, chegando hoje a reunir cerca de mil membros. Tudo se inicia a partir de uma única pessoa. Quando esse único indivíduo ensina e transmite o princípio da felicidade denominado “Lei Mística” para as pessoas, criando-as como leões que superam a si próprios, constrói uma fileira de “valores humanos”. Esse é o significado de “emergir da terra”.1 Tornar real cada passagem dos escritos de Nichiren Daishonin, como essa, é missão da nossa Soka Gakkai. E assim se pode ler o Gosho com a própria vida. Em seguida, Shin’ichi citou os encontros e diálogos realizados com autoridades governamentais e intelectuais da União Soviética e de cada país que visitou durante essa viagem. — Nesses encontros, continuei bradando que o mais importante para a humanidade é a paz. O budismo, que prega a igualdade de todas as pessoas como possuidoras do estado de buda, é o princípio filosófico que sustenta o respeito à dignidade da vida e é a base fundamental da ideologia da paz. Ao mesmo tempo, aí pulsa o espírito de tolerância e de compaixão com outras pessoas. Fundamentalmente, não há como essa ideologia deixar de confrontar os poderes que louvam a guerra, subordinam o povo e conduzem as pessoas à morte. Por essa razão, na época da Segunda Guerra Mundial, a Soka Gakkai sofreu opressão do governo militarista que promovia a guerra tendo como sustentação espiritual o xintoísmo do Estado. Não sou político nem diplomata, nem uma pessoa do mundo da economia. Entretanto, como cidadão comum e ser humano, continuo promovendo diálogos visando à concretização da paz tendo como base o budismo. Tenho a convicção de que o caminho certeiro para a paz se encontra no fortalecimento dos laços de solidariedade da amizade que ultrapassam as fronteiras entre nações, compartilhando o espírito do budismo que prega que os seres humanos são todos iguais e de incomparável dignidade com as pessoas dos mais variados países. PARTE 69 Quando as raízes são profundas e firmes, os ramos e as folhas se desenvolvem. O mesmo acontece com o movimento pela paz. Há muitas pessoas que desejam a paz e bradam por ela. Porém, um movimento sem uma filosofia que sirva como raiz é efêmero. O movimento pela paz da nossa Soka Gakkai possui como raiz uma grandiosa filosofia chamada budismo que elucida o respeito à vida. Do ponto de vista dos princípios do budismo, que considera cada ser humano como “Buda”, não é possível de forma nenhuma tirar das pessoas o direito à vida. Aos olhos do budismo, que prega a igualdade de todas as pessoas e sua incomparável dignidade, ultrapassando as fronteiras de ideologia, de etnia, de nação e de religião, não há discriminação nem desprezo por outros. E ainda, para o budismo, que ensina a compaixão, não há qualquer forma de exclusão de pessoas de quaisquer categorias. Shin’ichi estava fortemente convencido de que o ato de continuar plantando esse princípio de respeito à dignidade da vida, isto é, a semente da paz chamada “Lei Mística” no coração das pessoas, nada mais era que a ação prática do kosen-rufu. Essa era a própria base da paz mundial. Na sequência, ele disse que o objetivo da vida era a felicidade no verdadeiro sentido. Para tanto, era imprescindível solucionar a questão da “morte”. O Budismo de Nichiren Daishonin resolveu fundamentalmente essa grande questão e elucidou de forma clara os princípios de eternidade da vida e de causa e efeito. Ao se levantar embasado nesse budismo, pode-se estabelecer uma inabalável concepção de vida, fazendo surgir a capacidade e a sabedoria para superar as dificuldades e adversidades, e criar a condição de felicidade absoluta. Ao fazer desse dia uma nova partida rumo aos próximos vinte anos, Shin’ichi concluiu sua fala desejando que todos levassem uma vida plena de satisfação como uma bela e límpida família Soka. No final da convenção foi cantada a música favorita deles. Vinte componentes da Kotekitai subiram ao palco e iniciaram a apresentação. Os membros tinham vindo de Vancouver, de Calgary e de Montreal para participar do evento. A apresentação da Kotekitai com a participação de membros de todo o Canadá acontecia pela primeira vez. A líder desse grupo era Karen, a filha mais velha do casal Izumiya. Uma nova geração estava se criando. Todos os membros da plateia se levantaram e se entrelaçaram ombro a ombro. Uma grande onda formada pelas pessoas balançava de um lado para o outro. As vozes que cantavam a música expandiam alegremente como o som das marés. PARTE 70 No dia 23, pouco mais de mil membros se reuniram na cidade de Caledon, nas cercanias de Toronto, onde foi realizado radiantemente o intercâmbio cultural da amizade com o grupo vindo do Japão. O local ficava em uma colina envolta por árvores, e no inverno diz ser utilizado como pista de esqui. O verde dessa pista, sob o brilho dos raios solares, era deslumbrante. O intercâmbio foi promovido na forma de uma festa ao ar livre, e as pessoas participavam enquanto almoçavam. Enfim, descortinava o minifestival cultural com a atuação do coral dos meninos e das meninas do Canadá. O grupo de intercâmbio do Japão entoou as canções japonesas Atsutamura [Vila de Atsuta] e Konomichi-no-uta [A Canção dessa Estrada], uma música da região de Chubu. Foram apresentadas também danças ao ritmo de músicas como uma variante de Sakura [Cerejeira] e Takedabushi [Canção de Takeda]. Enquanto isso, os companheiros do Canadá apresentaram uma dança folclórica de Quebec, como também a canção Morigasaki Kaigan [Praia de Morigasaki], entoada por membros que eram músicos. As integrantes da Divisão Feminina cantaram a canção Kofu-ni-hashire [Corra pelo Kosen-rufu] em coro. Seguiram-se apresentações repletas de paixão e de emoção. Ao se levantar para os cumprimentos, Shin’ichi Yamamoto manifestou sua gratidão, dizendo: — Maravilhosos corais, apresentações de elevado teor artístico, o bailar sincero das danças e outras fizeram-me viver um momento de sonhos. Então, ele apresentou uma proposta de construir o Centro Cultural do Canadá e expressou sua expectativa de que aqueles mil membros se tornassem o sol e, contribuindo para o bem da comunidade local, abrissem um vasto futuro do kosen-rufu do Canadá. Naquele dia, tanto antes como depois do minifestival cultural, ele conversou com muitos membros e os encorajou. Agradeceu também ao administrador da pista de esqui que havia oferecido o local para a realização da atividade. O ato de manter diálogo amplia a relação com o budismo. A madrasta desse administrador era membro da organização. Ela era integrante da Divisão Feminina a quem Shin’ichi havia incentivado por ocasião de sua visita a Teerã, Irã, em 1964. Naquela ocasião, Shin’ichi e comitiva procuraram por uma senhora, membro da Soka Gakkai, chamada Miki Ota, administradora de um restaurante chinês. Porém, de acordo com a proprietária do estabelecimento, ela já havia deixado o trabalho por ter encerrado o contrato e naquele momento estava viajando. Foi quando uma funcionária iraniana, ao ver Shin’ichi, se espantou e trouxe um álbum de fotos dos fundos do restaurante. Era a revista Seikyo Graphic. Ela abriu algumas páginas e encontrou uma foto de Shin’ichi. Então, com sorriso no rosto, apontou para a foto, e admirada, disse: Mister Yamamoto!. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Nota: 1. Cf. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 404, 2020. Ilustrações: Kenichiro Uchida
14/12/2023
Livros
BS
Tudo está dentro de nós
Imagine conversar animadamente sobre as mais importantes questões da vida de forma descontraída e, ao mesmo tempo, profunda. Assim é o diálogo entre o filósofo e pacifista Dr. Daisaku Ikeda e Lou Marinoff, professor de filosofia da Faculdade Municipal de Nova York, na mais recente publicação da Editora Brasil Seikyo (EBS) para os participantes do Clube de Incentivo à Leitura (CILE). A obra O Filósofo Interior tem seu lançamento para janeiro de 2024 e está disponível nas versões impressa ou digital, para quem quiser adquiri-la. Considerando a crescente descrença a respeito da credibilidade da filosofia, esse diálogo reitera a importância dessa área do saber como instrumento de construção de pensamento crítico acerca do mundo e da realidade, além de esclarecer sobre o seu uso como ferramenta para o autoconhecimento. Durante a leitura da obra, os conceitos filosóficos sobre a existência, a certeza da morte, o que é a felicidade e tantos outros temas são apresentados de forma leve e compreensível, cumprindo a principal premissa da filosofia de ser uma fonte de conhecimento acessível e aplicável à vida das pessoas. Isso para que elas construam uma força interior segura e capaz de enfrentar seus desafios e criar um mundo humanístico para o presente e o eterno futuro. Viver exige respostas e, nessa obra, a inspiração maior é saber que tudo está dentro de nós. É um chamado para revisitar nossa essência e dela extrair força, coragem e esperança a fim de nos tornar plenos e realizados. Comece o ano investindo em sua felicidade. Quer fazer parte do CILE? Conheça os planos do clube de leitura e veja qual melhor atende ao seu gosto. Cileiros recebem em janeiro o livro O Filósofo Interior. Garanta o seu! Assine até 31/12/2023 e receba o kit em sua casa! Veja aqui os kits de janeiro para cada plano do CILE PLANO DIAMANTE Livros são joias preciosas. O Diamante é o plano de assinatura do CILE perfeito para você que gosta de uma experiência completa de leitura no formato físico. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 brinde especial 1 marcador de páginas Resenha digital e conteúdos extras 52,00/mês + Taxa de entrega PLANO OURO O Ouro é o plano de assinatura do CILE ideal para os leitores que estão iniciando a jornada de incentivo à leitura. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 marcador de página 32,00/mês + Taxa de entrega PLANO DIGITAL O Digital é o plano de assinatura do CILE para quem gosta de ter livros sempre por perto e na palma da mão. Com essa assinatura, você consegue acessar todos os livros digitais da EBS. Além disso, poderá: Buscar conteúdos com facilidade Salvar os trechos favoritos Pesquisar resenhas, vídeos e materiais extras Ler no computador, tablet ou celular Fazer anotações e muito mais! Conheça agora os planos do CILE Digital, acessando o site: https://ciledigital.brasilseikyo.com.br/
14/12/2023
Especial
BS
A extraordinária força de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei
O descortinar do kosen-rufu a partir de um encontro místico A vida de Ikeda sensei se encerrou aos 95 anos. Ela foi uma prova incontestável de quão grandiosa pode ser uma jornada quando se abraça com a vida o caminho de mestre e discípulo da Lei Mística. A esplêndida trajetória dele será narrada em seis partes neste especial intitulado A Extraordinária Força de Mestre e Discípulo — Os 95 Anos da Vida de Ikeda Sensei. Esta primeira parte tem como tema “A Honra dos Discípulos de Josei Toda”. Descreve a juventude resiliente e a devoção abnegada pela propagação da Lei de Ikeda sensei desde o encontro com seu venerado mestre, Josei Toda, até a sua posse como terceiro presidente da Soka Gakkai. Em busca da grande árvore Naquele instante, iniciou-se um movimento popular sem precedentes, o qual tinha como base a revolução humana de um único indivíduo que contribui para a construção da paz mundial. Em 14 de agosto de 1947, Ikeda sensei teve seu encontro do destino com Toda sensei. Nesse dia, a convite de uma colega da época do ensino fundamental, Ikeda sensei participou de uma reunião de palestra no bairro de Ota, Tóquio. Ao chegar ao local, Toda sensei explanava o escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra. Em meio à sociedade devastada do pós-guerra, Ikeda sensei, com 19 anos e em busca de um “modo de vida correto”, foi tocado pela personalidade do seu venerado mestre. Naquele momento, ele decidiu dedicar a vida para servir ao mestre em seu coração: “Eu seguirei este mestre. Eu trilharei este caminho”. O que comoveu Ikeda sensei em particular foi o fato do seu mestre ter enfrentado e resistido ao militarismo japonês, inclusive ficando preso. Durante a reunião, Ikeda sensei expressou sua gratidão por meio de um poema que acabara de criar: “Ó viajante! / De onde vens? / e para onde irás? / (...) A grande árvore / eu procuro / que nunca se abalou / na fúria da tempestade. / Neste encontro ideal, / sou eu quem / surge da terra!”. Ao ouvir esse poema, que tinha relação com o “bodisatva da terra” mencionado no Sutra do Lótus, seu mestre sorriu gentilmente. Dez dias depois, em 24 de agosto, Ikeda sensei se converteu ao budismo. Assim foi descortinado o início do drama “revolução humana é a própria paz mundial”. O ideal em meio à adversidade Em 3 de janeiro de 1949, Ikeda sensei ingressou na editora Nihon Shogakkan, dirigida por Toda sensei. Ele começou a trabalhar na edição da revista juvenil Boken Shonen [Aventura dos Meninos] (depois renomeada Shonen Nippon [O Japão dos Meninos]) e, em maio, tornou-se editor-chefe. No entanto, devido aos impactos da recessão econômica pós-guerra, em outubro do mesmo ano, anunciou-se o encerramento da publicação de Shonen Nippon. Em busca da recuperação, seu mestre fundou uma cooperativa de crédito. Contudo, em agosto do ano seguinte (1950), decidiu-se pela paralisação das operações. Ikeda sensei registrou em seu diário: “Mais uma vez, avançarei junto com (Toda) sensei para a próxima construção. Somente isso. Sempre adiante, eternamente em frente”. Em 24 de agosto do mesmo ano, coincidindo com o terceiro aniversário de sua conversão ao budismo, seu mestre anunciou a intenção de renunciar ao cargo de presidente da Soka Gakkai. Enquanto algumas pessoas simplesmente viravam as costas, insultando-o e deixando-o, Ikeda sensei foi o único a apoiá-lo firmemente e a permanecer ao seu lado. No auge da crise, Toda sensei compartilhou com Ikeda sensei suas ideias sobre o lançamento do jornal Seikyo Shimbun e a fundação de uma universidade. A partir do outono de 1950, Toda sensei iniciou a explanação e o estudo dos escritos de Nichiren Daishonin para alguns representantes, em especial, para Ikeda sensei. Em fevereiro do ano seguinte, passou a explanar também obras clássicas de várias épocas e origens. Os estudos de domingo se transformaram em aulas particulares para Ikeda sensei que abrangiam ampla gama de disciplinas acadêmicas. Essas explanações e esses estudos na “Universidade Toda” continuaram até 1957. Anos mais tarde, Ikeda sensei passou a ser agraciado com inúmeras honrarias acadêmicas de diversas universidades e instituições de ensino. Ele sempre expressou sua profunda gratidão ao seu mestre, afirmando que “Tudo é resultado da instrução inspiradora que recebi na Universidade Toda”. A relação que compartilha sofrimentos e alegrias Os desafios da reorganização da cooperativa de crédito eram imensos. Toda sensei estava em uma situação na qual poderia ser processado por alguns credores ou até ir para a prisão. No entanto, em fevereiro de 1951, houve uma reviravolta nos acontecimentos. Um comunicado do Ministério das Finanças indicava que, mediante consenso entre os membros, a cooperativa poderia ser dissolvida. Em 11 de março desse mesmo ano, a cooperativa foi dissolvida e, durante uma assembleia extraordinária da Soka Gakkai, seu mestre fez a seguinte declaração: “Agora é o outono da ampla propagação da nação. Já se vislumbram os sinais da propagação na Ásia Oriental. Finalmente chegou o momento para os guerreiros da Soka Gakkai, que abraçaram a missão budista, avançarem na vanguarda”. Ikeda sensei, jubilante com o rugido do leão do seu mestre, lançou-se ao desafio de promover diálogos junto com seus companheiros. E, liderando o movimento vanguardista da expansão do budismo, solenemente celebrou a posse de Toda sensei como segundo presidente da Soka Gakkai, em 3 de maio desse ano. Toda sensei compôs um poema e registrou-o no verso de uma das fotos comemorativas de sua posse, e presenteou seu jovem discípulo: Como é mística essa relação cármica em que, juntos, compartilhamos sofrimentos e alegrias no presente e também no futuro. A prova do discípulo Durante a cerimônia de posse como segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda proclamou que faria a propagação do budismo para 750 mil novas famílias. Presidente Josei Toda no dia de sua posse presidencial, em 3 de maio de 1951A quantidade de membros da organização na época era de cerca de 3 mil. Todos consideraram a declaração de Josei Toda uma fábula, tanto que alguns líderes até pensaram: “Toda sensei com certeza pretende viver muito”. A expansão avançava a passos lentos. Em dezembro de 1951, o movimento de propagação tinha atingido 466 famílias em todo o país. A meta de 750 mil famílias parecia um futuro muito distante. Quem quebrou essa “barreira” foi Ikeda sensei. No ano seguinte, em janeiro de 1952, ao ser nomeado secretário do Distrito Kamata, ele concretizou a expansão do budismo para 201 famílias em apenas um mês, em fevereiro. A partir daí, a Soka Gakkai ganhou ímpeto e avançou. O ano 1953 foi um período em que a campanha de propagação acelerou consideravelmente dentro da história da Soka Gakkai. Foi lançado o objetivo de realizar shakubuku em 50 mil famílias durante o ano, e este foi alcançado. A força motriz desse espantoso crescimento foi a luta incansável empreendida por Ikeda sensei. Em janeiro desse mesmo ano, ele tinha sido nomeado líder da primeira legião da Divisão Masculina de Jovens e alcançou uma expansão de três vezes do número de “valores humanos” em seu grupo ao longo do ano. Em abril, foi nomeado responsável interino pelo Distrito Bunkyo, transformando-o de um distrito decadente em distrito de primeira classe. Sensei continuou a conquistar “provas incontestáveis da vitória como discípulo” em várias localidades. Em agosto de 1955, tendo como palco Sapporo, ele concretizou uma expansão recorde de 388 famílias em apenas dez dias. E em maio do ano seguinte, em Osaka, ele estabeleceu um marco dourado indestrutível da propagação de 11.111 novas famílias. No mês de julho, surpreendeu o mundo com uma virada espetacular no resultado das eleições, algo considerado inimaginável. De outubro em diante, ele liderou a campanha de propagação em Yamaguchi durante 22 dias, conseguindo expandir a quantidade de famílias da localidade na época em cerca de dez vezes. O juramento de lutar pelos direitos humanos O novo movimento humanístico da Soka Gakkai, que constrói a felicidade das pessoas comuns e a paz mundial, agora envolve o mundo inteiro. A fonte que alimenta essa grande corrente é o forte juramento de Ikeda sensei de lutar pelos direitos humanos durante o Incidente de Osaka, ocorrido em 1957, bem como a luta dos presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda na prisão, na época da guerra. Foi em 3 de julho de 1957 que sensei foi detido injustamente e preso sob a falsa acusação de violação das leis eleitorais. A justiça somente foi comprovada, após extensa batalha judicial que durou quatro anos e meio, em 25 de janeiro de 1962. Centro Cívico de Osaka, localizado em Nakanoshima, é reconhecido como uma construção de importância histórica (foto de Daisaku Ikeda, nov. 2007). Neste local, em 17 de julho de 1957, ocorreu a Convenção de Osaka, da qual Ikeda sensei participou, logo após a sua libertação da prisão. Na ocasião, ele bradou seu rugido de leão: “Quem vence no final é aquele que mantém a fé por toda a vida!” Ikeda sensei detalhou as tramas, o contexto e o significado do Incidente de Osaka em relação à história da Soka Gakkai no volume 11 do romance Revolução Humana. A serialização do volume 11 da Revolução Humana no Seikyo Shimbun se encerrou em outubro de 1991. No mês seguinte, a Soka Gakkai conquistou a “independência espiritual” da Nichiren Shoshu. Em seguida, 1992 foi designado “Ano da Renascença Soka”, marcando o alçar voo da Soka Gakkai como religião mundial. Ikeda sensei compartilhou sua reflexão, dizendo: “Tenho a profunda sensação de que a jornada do kosen-rufu registrada no volume 11 foi uma época de torrentes turbulentas percorrendo os vales que, no fim, moldaram a grande correnteza da ‘Renascença Soka’”. Os eventos de 1957, especialmente o Incidente de Osaka, determinaram o curso do movimento pelo kosen-rufu mundial no “Ano da Renascença Soka” de 35 anos depois, e ainda até os dias de hoje. Uma batalha para acabar com a natureza do mal “Embora tenha surgido em todo o mundo um movimento reivindicando a proibição dos testes com armas nucleares, meu desejo é ir além e atacar o problema pela raiz. Quero exibi-las e arrancar as garras escondidas na parte mais profunda dessas armas.” Em 8 de setembro de 1957, durante o Festival da Juventude, realizado no estádio Mitsuzawa, em Yokohama, ressoou o vigoroso rugido do leão do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda. “Proponho que a humanidade aplique, em cada caso, a pena de morte a toda pessoa responsável pelo emprego de armas nucleares, independentemente de qual país for, seja vencedor, seja perdedor”, declarou. O mundo estava em meio à Guerra Fria, na época, e havia uma escalada na corrida armamentista com base na lógica da “dissuasão nuclear”. Testes nucleares estavam ocorrendo de forma repetida. Pelo fim das armas nucleares, capazes de destruir a humanidade num instante, Toda sensei proferiu a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares como primeiro testamento aos jovens. Como praticante do budismo que considera a dignidade da vida como a mais sublime que existe, seu mestre era contra a pena de morte. No entanto, ele enfatizou a condenação à pena de morte para categorizar como mal absoluto a mente demoníaca daqueles que desejavam possuir e utilizar as armas nucleares. Em novembro do mesmo ano, dois meses após o anúncio de sua declaração, Toda sensei planejava visitar Hiroshima. Contudo, sua saúde já estava muito debilitada e, na manhã da partida, ele desmaiou em sua casa. Ikeda sensei se recorda dos fatos dessa época: “Quão profundos eram os sentimentos de (Toda) sensei em relação à terra arrasada de Hiroshima! Ele estava determinado a ir a Hiroshima, destruída pelas garras da função demoníaca, que são as armas nucleares, mesmo que isso custasse a sua vida”. “O espírito do meu mestre, que desejou ir a Hiroshima, mesmo pondo em risco a própria vida, jamais se apagará do meu peito por toda a minha existência. Não, na verdade, isso se tornou o ponto primordial das minhas ações.” Toda sensei planejava participar da convenção da Divisão Feminina de Jovens cujo tema era a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares. Nessa atividade, Ikeda sensei participou como representante do mestre e conclamou a todas as integrantes da divisão que sucedessem o espírito da declaração. Ao longo de sua vida, Ikeda sensei defendeu o espírito da declaração por meio de diálogos com líderes e pensadores do mundo e em suas Propostas de Paz, e se dedicou de corpo e alma a tornar realidade a abolição das armas nucleares. Em 2017, passados sessenta anos da declaração, o Tratado de Proibição de Armas Nucleares (TPAN) foi adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o apoio de 122 países. Em 2021, ele entrou em vigor com a ratificação de cinquenta países. A monarca do mundo religioso Em março de 1958, Toda sensei disse a Ikeda sensei: “Vamos realizar uma cerimônia que servirá de ensaio geral para o kosen-rufu, um preparativo”. A evento foi realizado em 16 de março, reunindo 6 mil jovens vindos de todos os cantos do país. Estava prevista a participação do primeiro-ministro japonês da época, mas isso não se concretizou devido a interferências escusas. Toda sensei ficou muito indignado por essa quebra de compromisso com os jovens, mas decidiu promover uma “grande solenidade junto com os jovens”. Em dezembro do ano anterior, Toda sensei, que havia concretizado o grande desejo e a missão de sua vida — a propagação do budismo para 750 mil famílias —, já se encontrava numa condição em que não conseguia mais calçar sapatos de couro. Mesmo assim, ele declarou que a Soka Gakkai era a monarca do mundo religioso e delegou o futuro aos jovens. Após o 16 de Março, Toda sensei enfatizou a Ikeda sensei: “Jamais recue na luta contra a maldade”. Ele instruiu rigorosamente que lutasse até o fim contra as forças que tentavam perturbar e impedir o avanço da Soka Gakkai. Ikeda sensei repetiu reiteradamente esse testamento como firme diretriz para a Divisão dos Jovens e para toda a Soka Gakkai. No dia 2 de abril de 1958, Toda sensei encerrou sua nobre vida de abnegada devoção pela propagação da Lei, aos 58 anos. Em 29 de abril do mesmo ano, Ikeda sensei correu a caneta sobre o papel: “Vamos lutar, para provar ao mundo a grandiosidade do mestre. Vou lutar e avançar em linha reta. Lutarei resolutamente. Superarei as ondas furiosas dos obstáculos. Entrarei na juventude do ensino essencial”. Com o coração da unicidade Após a morte de Toda sensei, espalharam-se calúnias, tais como “A Soka Gakkai irá se desintegrar no ar”. Quanto mais as tempestades de críticas se intensificavam, mais inflamava o espírito de luta de Ikeda sensei. Ele escreveu em seu diário: “Decidi dedicar minha vida inteira a declarar para o mundo o ideal do presidente Toda, seu último desejo, e a me empenhar para torná-lo realidade. Esta é minha única missão neste mundo”.1 Após a morte de Josei Toda, com o espírito de unicidade com o venerado mestre, Ikeda sensei assumiu toda a responsabilidade pelo kosen-rufu e continuou a enviar incentivos aos amigos. No dia 3 de maio de 1960, sensei assumiu como terceiro presidente da Soka Gakkai. E para tornar realidade o ideal do kosen-rufu do seu mestre, ele parte em sua viagem para o mundo. Após o término da solenidade de posse transbordante de alegria do terceiro presidente, jovens congratulam Ikeda sensei, lançando-o ao alto (auditório da Universidade do Japão, em Tóquio, 3 maio 1960) Ikeda sensei disse: “Se vocês protegerem o espírito de ‘mestre e discípulo’, sem falta despontarão líderes maravilhosos”. “Eu tenho certeza desse futuro”. No topo: jovem Ikeda, que nessa época atua como editor-chefe da revista Boken Shonen [Aventura dos Meninos], depois renomeada Shonen Nippon [O Japão dos Meninos] junto com o professor Josei Toda Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 478. Fotos: Seikyo Press Publicado no Seikyo Shimbun do dia 20 de novembro de 2023.
14/12/2023
Frase da Semana
BS
Frase da Semana
O avanço do kosen-rufu depende da existência ou não de verdadeiros discípulos. O grande empreendimento do kosen-rufu não pode ser concretizado em uma única geração. Ele só pode ser alcançado quando houver a contínua transmissão do mestre para os discípulos e, então, para os sucessivos discípulos das futuras gerações. Dr. Daisaku Ikeda IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 2: Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023. p. 371.
09/12/2023
Notícias
BS
Site da Academia Brasileira de Letras noticia falecimento de Ikeda sensei
O site oficial da Academia Brasileira de Letras (ABL) noticiou o falecimento do Dr. Daisaku Ikeda em postagem recente. Sensei ocupava a cadeira de número 14 como sócio-correspondente da instituição desde 1993. Leia mais em: https://www.academia.org.br/noticias/morre-daisaku-ikeda-socio-correspondente-da-abl
07/12/2023
Aprender com a Nova Revolução Humana
BS
Momentos inesquecíveis: volume 16 (parte 2)
Prevendo o reconhecimento global Em maio de 1972, Shin’ichi respondeu ao pedido do historiador britânico Arnold J. Toynbee para que fosse visitá-lo em sua casa em Londres com o intuito de iniciar um diálogo que abrangeria diversos tópicos. Ele visitou Toynbee em sua residência mais uma vez no mês de maio seguinte e, no último dia de sua estada, pediu ao estudioso algum conselho pessoal que pudesse lhe oferecer. O Dr. Toynbee fixou o olhar em Shin’ichi e respondeu com suavidade que sentia ser um tanto quanto impertinente da parte dele, um acadêmico, oferecer conselhos a Shin’ichi, uma pessoa de ação e líder de uma organização budista de tamanho vulto. Shin’ichi sentiu-se constrangido por tão grande consideração e tocado pela modéstia de Toynbee. O historiador então acrescentou que havia algo que ele presumia poder afirmar, ou seja, que ele e Shin’ichi pareciam concordar sobre o tipo de vida que um ser humano deveria viver. O caminho do meio defendido por Shin’ichi, avaliou ele, era com certeza o melhor curso a ser seguido. Cada palavra emitida por Toynbee era carregada de significado, e Shin’ichi tinha a impressão de que o estudioso estava passando o bastão a ele, pedindo-lhe que prosseguisse em seu lugar. Deste modo, o diálogo histórico chegara ao fim. — Muito obrigado, Dr. Toynbee. Minha sincera gratidão. Podemos tirar uma fotografia para comemorarmos este ensejo? — propôs Shin’ichi. Toynbee concordou e o fotógrafo, que estava de prontidão, clicou várias fotos. Enquanto tomavam o chá servido pela Sra. Toynbee, Shin’ichi disse ao historiador: — Sinto-me como se hoje fosse minha formatura na Universidade Toynbee. Quando o intérprete traduziu o comentário de Shin’ichi, Toynbee soltou uma cordial gargalhada. — Como aluno seu, que nota me daria? — interpelou Shin’ichi. Com um sorriso, o Dr. Toynbee disse que daria a Shin’ichi um A. Dando continuidade, especificou que a letra A derivava do desenho da cabeça de um boi, com os chifres voltados para baixo. Acrescentando que a letra expressava poder, força de vontade e determinação, o Dr. Toynbee alegou que ela possuía um enorme significado. (Trechos do capítulo “Diálogo”) Ansiando com esperança para o futuro Em julho de 1972, o Japão foi atingido por chuvas torrenciais, resultando em perda generalizada de vidas e muitos danos materiais. Uma sessão de fotos comemorativa que Shin’ichi havia planejado participar na província de Akita precisou ser cancelada, mas, mesmo assim, em 11 de julho, foi até lá para incentivar os membros locais em apoio aos esforços de socorro que ele próprio havia iniciado. — Lamento muito saber que aqueles que foram atingidos pela enchente. Estendo-lhes minhas mais sinceras condolências. O importante é o que farão de agora em diante. Ficarão desencorajados e se permitirão cair no desespero? Ou irão considerar esta situação uma oportunidade para mostrar a prova real da fé e se levantar novamente com coragem, determinados a não se dar por vencidos? A determinação interior é que define a nossa felicidade ou infelicidade. Shin’ichi prosseguiu falando enfaticamente: — No decorrer da vida, estamos fadados a nos deparar com todos os tipos de adversidades, não somente desastres naturais, mas acontecimentos como falência, desemprego, doença, acidentes e a morte de entes queridos. Nenhuma vida é totalmente tranquila. Na realidade, ela consiste numa infindável série de provações e tribulações, e não seria exagero afirmar que, de fato, vida é enfrentar dificuldades. A questão, então, se refere a “como não nos deixar vencer por essas provações e adornar nossa vida com vitórias?” O budismo ensina o conceito da “transformação de veneno em remédio”. Segundo esse princípio, podemos transformar até mesmo as piores circunstâncias em benefício e felicidade, por meio da fé. Precisamos ter inteira convicção nisto. De outro ponto de vista, esse princípio está dizendo que, para se obter o remédio do estado de buda, da felicidade absoluta, temos de triunfar sobre o veneno do sofrimento. Em outras palavras, o sofrimento é a semente que possibilita que a flor da felicidade desabroche. Como tal, não devemos temer as adversidades. Em vez disso, devemos enfrentá-las com coragem. Somos todos bodisatvas da terra, que possuem a condição vital do estado de buda e que surgimos neste mundo para conduzir as pessoas dos Últimos Dias da Lei à iluminação. Nunca ficaremos num beco sem saída. A infelicidade não é causada por circunstâncias adversas. Ela é causada pelo nosso próprio desespero e negatividade. (Trechos do capítulo “Esvoejar”) (Traduzido da edição de 12 de fevereiro de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal da Soka Gakkai.) Assista veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 16 Ilustração: Kenichiro Uchida
07/12/2023
Especial
BS
Considerações sobre a cerimônia de falecimento realizada pela Soka Gakkai
Dr. Daisaku Ikeda Após o falecimento de Ikeda sensei no dia 15 de novembro, a Soka Gakkai realizou uma cerimônia em honra da vida e das contribuições inestimáveis do Mestre para o kosen-rufu. A homenagem solene ocorreu no Auditório Memorial Toda, em Sugamo, Tóquio, em 23 de novembro. Com transmissão ao vivo da cerimônia para cerca de mil sedes da Soka Gakkai em todo o Japão, os membros do país inteiro fizeram gongyo e daimoku em conjunto com o presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, e com outros representantes nacionais e regionais. Em seguida, a coordenadora da Divisão das Mulheres, Kimiko Nagaishi, e o presidente Minoru Harada fizeram considerações. Disponibilizamos a seguir a tradução das considerações. Kimiko Nagaishi, coordenadora da Divisão das Mulheres Recebi a repentina notícia do falecimento de Ikeda sensei em 17 de novembro. Havia acabado de participar da cerimônia de gongyo no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu em comemoração do dia 18 de novembro. Minha reação imediata foi de choque e de profunda tristeza. Então, recebi o comunicado solicitando que eu participasse do funeral que seria realizado pelos familiares de Ikeda sensei. Junto com a esposa de sensei e outros familiares próximos, fizemos gongyo e daimoku, conduzidos pelo presidente Harada. Após a recitação, o presidente Harada colocou-se diante de Ikeda sensei e expressou profunda gratidão e firme juramento em nome de todos nós. Foi uma cerimônia de grande emoção — solene e digna —, enquanto nosso mestre embarcava em sua jornada rumo ao Pico da Águia. A Sra. Kaneko falou conosco com muito afeto, abraçando-nos com suas palavras. Transmiti-lhe nossa gratidão imensurável: “Muito, muito obrigada. Vamos nos esforçar ao máximo para corresponder à senhora e ao sensei!”. Ela respondeu: “Conto com vocês! Por favor, sejam fortes. Façam o seu melhor”. A orientação da Sra. Kaneko foi, ao mesmo tempo, gentil e rigorosa. Como alguém que avançou resolutamente no caminho de mestre e discípulo, sempre em unicidade com Ikeda sensei, ela nos confiou o coração de sensei e, naquele momento, senti minha decisão se fortalecer. Procurando compartilhar com ela o sincero sentimento de todos nós, eu lhe disse: “Sra. Kaneko, estaremos recitando daimoku com toda a sinceridade para que a senhora viva muito, uma vida longa”. Ela então respondeu: “Obrigada. Eu viverei!”. Antes de sair, a Sra. Kaneko dirigiu-se a sensei, dizendo: “Você realmente deu tudo de si, não foi?”. Naquele momento, meu coração transbordou de profunda gratidão, pensando no quanto sensei e a Sra. Kaneko oraram e desejaram unicamente a felicidade dos membros, e que a Soka Gakkai é o que é hoje por causa deles. Ikeda sensei! Graças ao senhor, quantas pessoas transformaram o carma; quantas pessoas realizaram a revolução humana e avançaram pelo mais amplo caminho rumo à felicidade? Não é possível enumerar! Os fortes laços que ligam o senhor a cada um de nós são eternos: eles jamais serão destruídos. Nós, seus discípulos, jamais nos esqueceremos dos esforços que o senhor dedicou para proteger seus companheiros, membros da Soka Gakkai, avançando bravamente através das tempestades da perseguição com a coragem de um leão, colocando-se na linha de frente, pronto para nos proteger de qualquer ataque. Sensei nos ensinou: “Quanto mais pessoas acreditarem na bondade inerente ao ser humano e quanto mais basearmos nossas interações no respeito mútuo, mais forte será a corrente do respeito pela dignidade da vida, que se estenderá por todo o mundo. Em última análise, isso nos permitirá colocar um fim ao ciclo de conflitos e de ódio que parece ter definido o carma da humanidade”. Nós, seus discípulos, estamos determinados a concretizar o sonho de que jardins de paz se estabelecerão em todos os cantos do planeta. Avançando vitoriosos e em alegre solidariedade, juramos dar continuidade ao kosen-rufu eternamente ao seu lado! Ikeda sensei, observe, observe-nos, por favor! *** Minoru Harada, presidente da Soka Gakkai “Sensei! Nós, seus discípulos, também continuaremos a lutar com o espírito de “diferentes em corpo, unos em mente”! Vamos concretizar o kosen-rufu mundial sem falta! Por favor, fique tranquilo” Junto com meus companheiros, membros da Soka Gakkai de todo o Japão e do mundo, recitamos solenemente o Sutra do Lótus e o Nam-myoho-renge-kyo nesta cerimônia de falecimento realizada pela Soka Gakkai — a primeira desde o falecimento do segundo presidente, Josei Toda — para honrar a nobre vida do nosso mestre, Daisaku Ikeda, cujas contribuições ao kosen-rufu foram excepcionais e incomparáveis. Passaram-se apenas alguns dias desde que recebemos a repentina notícia do falecimento de Ikeda sensei, e tenho a certeza de que todos os senhores, assim como eu, estão participando hoje com um misto de emoções — choque, tristeza e gratidão. Conforme o desejo da família Ikeda, aguardamos até o dia 18 de novembro, data de fundação da Soka Gakkai, para comunicar essa triste notícia [da morte de Ikeda sensei em 15 de novembro]. Como os senhores sabem, esse dia marca também a publicação da obra Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor], de autoria de Makiguchi sensei. Lendo a página de créditos do livro novamente, percebi que, ao lado da data de publicação, 18 de novembro, consta a data de impressão: 15 de novembro. Pela mais profunda das coincidências, Ikeda sensei encerrou sua nobre existência no aniversário do dia que marcou a primeira vez em que o nome Soka apareceu impresso em um livro, a cristalização da colaboração dos nossos dois primeiros presidentes como mestre e discípulo. Ao contemplar isso, não consigo deixar de me emocionar profundamente mais uma vez com as ligações poderosas de mestre e discípulo que conectam nossos três presidentes fundadores. Recebemos uma imensa quantidade de mensagens de condolências de pessoas no Japão, bem como de grandes pensadores do mundo, representantes de governos e diplomatas que valorizam profundamente o fato de terem se encontrado com Ikeda sensei. Essas mensagens repletas de sinceridade enviadas por figuras notáveis em diversos campos de atuação ao redor do mundo atestam, com eloquência, que uma das maiores conquistas de sensei está na criação de laços, na união das pessoas e na conexão com a bondade inerente ao coração delas, transcendendo etnia, ideologia e religião. A cada dia que passa, essa constatação fica ainda mais clara para mim com renovada força. Nosso mundo hoje é afligido pelo conflito e pela guerra. Neste exato momento, pessoas estão sofrendo e vivendo na miséria. É nossa missão, como discípulos de sensei, continuar e ampliar, aconteça o que acontecer, o grande caminho da paz, da cultura e da educação que ele iluminou para nós por meio de seus esforços abnegados para transformar o carma, o destino, de toda a humanidade. Algumas pessoas, desprezando nosso movimento, estão fazendo previsões sem qualquer embasamento de que a Soka Gakkai vai perder o ímpeto agora. Levantando-se como campeão indomável da verdade contra o poder demoníaco do autoritarismo que levou à morte de Makiguchi sensei na prisão, Toda sensei lançou-se e venceu em seu desafio com determinação de vingar seu mestre. Ikeda sensei também lutou ao longo de sua vida, enfrentando cada obstáculo e função da maldade para concretizar os ideais e a visão de Toda sensei. Dessa forma, ele provou ao mundo a real grandeza do seu mestre. Agora, cabe a nós, discípulos de Ikeda sensei, tornarmo-nos campeões invencíveis da verdade e mostrar à sociedade e ao mundo a real grandeza de sensei por meio de nossas vitórias. Em um ensaio que sensei escreveu para nós em outubro, ele mencionou o conceito do ciclo de mudanças de sete anos, acrescentando: “Os mestres e discípulos Soka também vieram badalando o sino da vitória do kosen-rufu a cada sete anos — os quais denominamos Sete Sinos — fazendo soar um novo sino a cada sete anos para marcar as vitórias retumbantes pelo kosen-rufu”.1 Ele reafirmou a importância dos próximos sete anos conforme seguimos rumo ao centenário da Soka Gakkai [em 2030]. Falando em sete anos, Toda sensei, em seu último ano de vida, perguntou: “Daisaku, acha que consegue realizar a conversão de 3 milhões de famílias nos próximos sete anos?”. Imediatamente, sem qualquer hesitação, Ikeda sensei respondeu: “Sim, farei isso. Estou ainda mais decidido!”. Pouco depois do falecimento de Toda sensei, Ikeda sensei presenteou os membros com sua visão dos “Sete Sinos”, estabelecendo uma clara direção para os sete anos seguintes. Vamos, portanto, nos empenhar para construir a Soka Gakkai de Força Jovem Mundial por meio de nossos esforços, unidos como discípulos, visando o centenário da Soka Gakkai dentro do período de sete anos contando a partir de agora — objetivo que Ikeda sensei nos confiou. Tenho a convicção de que essa é a forma de saldar nossas dívidas de gratidão com o Mestre e que, como resultado, abriremos um novo grande caminho rumo à paz. No posfácio do romance Revolução Humana, Ikeda sensei escreve em memória do seu mestre: “Enquanto percorro este nobre e elevado caminho da Soka Gakkai, o presidente [Josei] Toda continua vivo em meu coração. Oro para que ele viva para sempre no coração e na mente de todos os companheiros”. Ikeda sensei também continuará vivo em nosso coração conforme avançamos. Por isso, vamos desfrutar a vida e cada um dos nossos dias de forma que sensei possa se alegrar e se orgulhar, sempre caminhando com esperança e confiança. Sensei! Nós, seus discípulos, também continuaremos a lutar com o espírito de “diferentes em corpo, unos em mente”! Vamos concretizar o kosen-rufu mundial sem falta! Por favor, fique tranquilo. Concluo minhas palavras com o juramento resoluto de relatar nossas vitórias a sensei, gravando no coração a afirmação de Nichiren Daishonin: “A declaração do sutra de que ‘As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres’, não pode, de maneira alguma, ser falsa”.2 No topo: cerimônia de falecimento de Ikeda sensei pela Soka Gakkai é realizada solenemente. “Estaremos para sempre junto com o Mestre!”. Com esse sentimento, o local é preenchido pelo juramento dos discípulos Ikeda, que, apesar da profunda tristeza, expressam eterna gratidão e decisão pela concretização do kosen-rufu mundial Notas: 1. Cf. Brasil Seikyo, ed. 2.645, 26 out. 2023. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 226, 2020. Fotos: Seikyo Shimbun
07/12/2023
Especial
BS
“Oh! Brasil! Terra natal do meu coração”
O Dr. Daisaku Ikeda encerrou sua nobre existência dedicada à humanidade no dia 15 de novembro e, desde essa data, os membros da Soka Gakkai em todo o mundo prestam homenagens com profunda gratidão e renovam a decisão de cumprir o juramento de concretizar o kosen-rufu infalivelmente. No Brasil também, os integrantes da BSGI unem-se para reafirmar: “Sensei, conte conosco!”. Determinação cultivada ao longo de décadas de uma relação que se aprofunda a cada palavra de encorajamento do Mestre posta em prática, a cada dificuldade superada com suor e lágrimas, e a cada vitória alcançada e compartilhada com os companheiros. No poema Brasil, Seja Monarca do Mundo! cujas primeiras linhas compõem o título deste Especial, Ikeda sensei expressa suas expectativas em relação à atuação dos membros da BSGI. Em outro trecho, ele solicita: Oh! meus amigos! Por mais distantes que estejamos nunca estamos separados, mais próximo está nosso coração. Percorramos juntos eternamente, sublimes companheiros do kosen-rufu, pela grande estrada dourada de paz e felicidade.1 Sensei nos relembra que a “unicidade de mestre e discípulo” (shitei funi) é uma relação que transcende a distância física, o tempo e a própria morte. Eterniza-se por meio das ações do discípulo para concretizar e perpetuar os ideais do mestre. Brasil Seikyo traz, a seguir, um breve panorama sobre como esses sinceros laços de vida entre Ikeda sensei e os membros da BSGI se desenvolveram ao longo das décadas, superando grandes ondas de adversidades para consolidar uma organização com importante missão para o futuro da humanidade. “Contudo, eu irei” Essa frase imortal de Ikeda sensei marca o inabalável espírito de fundação da BSGI. Em 1960, em sua primeira viagem ao exterior, o Mestre estava com a saúde debilitada e, mesmo assim, viajou para Estados Unidos, Canadá e Brasil com sua comitiva. Deixando o Brasil como o último e mais importante destino, ele não recuou. A decisão de vir ao país, independentemente da situação de sua saúde, deu início à grandiosa unicidade de mestre e discípulo com os brasileiros. Durante a reunião de fundação do Distrito Brasil, Ikeda sensei declarou: Reunião de fundação do Distrito Brasil, o primeiro a ser criado fora do Japão (20 out. 1960) — O Brasil tornou-se agora, fora do Japão, o país pioneiro do movimento pelo kosen-rufu mundial. Aqui existe um potencial ilimitado. Como pioneiros da paz e da felicidade, solicito aos senhores que abram o caminho do kosen-rufu do Brasil em meu lugar. Por favor, façam o melhor que puderem. Conto com os senhores!2 Luz do alvorecer Em 1966, o Brasil vivia sob regime militar e os cinco dias da segunda visita de Ikeda sensei transcorreram sob constante vigilância policial em consequência de informações distorcidas sobre a Soka Gakkai. O Mestre encorajou os membros da BSGI a vencer as dificuldades e a se empenhar para conquistar a confiança na sociedade por meio da própria comprovação da prática budista. Líderes da BSGI recitam daimoku com Ikeda sensei em sua segunda visita ao Brasil (mar. 1966) Em visita ao Rio de Janeiro, Ikeda sensei incentivou pioneiros da localidade: — É fundamental que não se esqueçam da decisão de avançar, de crescer e de vencer a cada dia. Assim, criarão uma magnífica história na vida, sem motivos para se arrependerem mais tarde. Para isso, é importante que perguntem a si mesmos: “o que eu posso fazer agora?”, “como devo atuar no dia de hoje?” Com isso em mente, mantenham sempre o desafio de dedicar-se ao máximo em prol do kosen-rufu.3 Reencontro emocionante Em 1974, seria realizada uma viagem de Ikeda sensei aos Estados Unidos e ao Brasil. A BSGI programou a realização de um festival cultural para recebê-lo. Porém, a emissão do visto de entrada ao país foi negada: o governo brasileiro estava temeroso em função de uma denúncia anônima de que havia um indivíduo perigoso na comitiva. Foram dezoito anos de espera até o reencontro dos membros brasileiros com o Mestre. Finalmente, em 19 de fevereiro de 1984, Ikeda sensei desembarcou no Aeroporto de Congonhas em São Paulo, em sua terceira visita ao Brasil. Ele viajou para Brasília, capital federal, onde manteve audiências com o presidente da República e outras autoridades. Nos intervalos desses compromissos, encontrou-se com os membros e os incentivou calorosamente. Momentos inesquecíveis durante a segunda visita do Mestre ao Brasil com integrantes da organização de Brasília, DFEm São Paulo, no dia 25 de fevereiro, o presidente Ikeda apareceu inesperadamente no Ginásio de Esportes do Ibirapuera, onde seria realizado o 1o Festival Cultural-Esportivo da SGI, no dia 26. Os milhares de figurantes e integrantes da organização que estavam no local ficaram surpresos e muito felizes. Quando ele surgiu no ginásio e começou a dar a volta na pista olhando para os membros que lotavam as arquibancadas, uma forte manifestação de alegria e um turbilhão de vozes estremeceram o espaço. Todos aguardavam por esse grande momento. Surpreendendo a todos, Ikeda sensei surge no ensaio geral do Festival Cultural-Esportivo realizado no Ginásio do Ibirapuera (25 fev. 1984) Depois de percorrer o ginásio com os braços erguidos, ele pegou o microfone e externou seu profundo sentimento a todos. Em coro, os figurantes e os espectadores cantaram com altivo orgulho Saudação a Sensei. Essa canção encorajou os companheiros do Brasil nos momentos mais difíceis, incentivando-os a desafiar os próprios limites. Foi a música que criou a forte solidariedade e o companheirismo entre os valorosos membros de todos os recantos das terras brasileiras. Cerca de três anos após a sua terceira visita, em 21 de fevereiro de 1987, o Mestre dedicou aos membros do Brasil um significativo poema intitulado A Longa e Distante Correnteza do Amazonas, no qual descreve a história de desafios e de vitórias da BSGI. Em um trecho, ele relembra o momento do reencontro em 1984: Foi realmente como uma tempestade me envolvendo... Um turbilhão de ardente paixão e emoção... É pique! É pique! É pique! É hora, é hora, é hora... 25 de fevereiro de 1984, ensaio geral do Grande Festival Cultural do Brasil... O brado audaz da vida dos jovens do paraíso do samba estremeceu o imenso Ginásio de Esportes. Sorrisos, lágrimas, vozes jubilosas de vocês, deles e delas, pareciam preencher o intervalo de 18 anos vividos, dia após dia, com intensa ansiedade. Este espetáculo por mim jamais será esquecido.4 Direcionamentos marcantes Trecho da mensagem de Ikeda sensei comemorativa do cinquentenário da BSGI Neste momento é chegado o importantíssimo “tempo” da arrancada rumo ao futuro do kosen-rufu. Solicito que, daqui para a frente, os senhores abram um majestoso caminho da vitória por todo o Brasil a partir do bloco que assumiram como missão de sua vida e da comunidade com a qual possuem profunda relação cármica, incentivando e desenvolvendo ainda mais os valores humanos, que são a nova esperança.5 * * * Trecho da mensagem de Ikeda sensei comemorativa dos sessenta anos de fundação da BSGI A vitória dos senhores é a minha própria vitória. A felicidade dos senhores é a minha própria felicidade. Por mais que estejamos fisicamente distantes, por vivermos pelo kosen-rufu em torno do Gohonzon, nosso coração está sempre próximo e fortemente conectado. Daqui em diante também, minha esposa e eu enviaremos daimoku com todas as forças para que conquistem uma vida vitoriosa com saúde e longevidade, exalando o aroma dos benefícios e da boa sorte.6 Consolidação para o futuro Em 9 de fevereiro de 1993, Ikeda sensei desembarcou no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, ocasião em que foi recebido por inúmeras personalidades, entre elas o então presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Austregésilo de Athayde. Na época, o Dr. Ikeda foi acolhido como sócio correspondente da ABL e recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em sua quarta visita, recebeu distintas homenagens de São Paulo e do Paraná. No Centro Cultural Campestre, em Itapevi, SP, participou da Convenção Sul-Americana da SGI, da 16ª Convenção da SGI e de vários outros eventos. Nos dias em que esteve em terras brasileiras, Ikeda sensei direcionou o avanço do kosen-rufu do Brasil e do mundo, estabelecendo o ritmo de avanço da organização para todo o futuro. Durante a Convenção da SGI, o Mestre incentivou: O budismo que praticamos revela a suprema dignidade e a verdadeira igualdade da vida de todas as pessoas. Nosso movimento pelo kosen-rufu consiste em nos respeitar mutuamente, fazendo florir a bela flor da “paz” e da “felicidade” dentro da nossa vida e na vida dos nossos amigos. É esse o nosso objetivo. (...) Aqueles que possuem o coração rico e benevolente prezam as pessoas, criam “valores humanos” e tornam a si próprias pessoas felizes. Aqueles com espírito pobre desprezam as pessoas com as lamentações e calúnias, levando-as a cair em desgraça, além de se tornar infelizes. Devemos ter sempre um coração rico e belo, e envolver carinhosamente nossos amigos com a melodia da sinfonia da felicidade.8 BSGI Monarca Em 22 de julho de 2001, os membros da BSGI receberam, com muita emoção e nova decisão, o poema Brasil, Seja Monarca do Mundo!, de autoria do Dr. Daisaku Ikeda, que se tornou uma clara bússola para a atuação dos discípulos brasileiros no movimento pelo kosen-rufu. Em um trecho do poema consta: Não faz mal que seja pouco, o que importa é que o avanço de hoje seja maior que o de ontem. Que nossos passos de amanhã sejam mais largos que os de hoje. Que sejam humanistas de braços fortes em luta solidária com as pessoas deserdadas. Atuem agora e vivam o presente com a certeza de que neste exato instante está se erguendo o futuro.7 A mais nobre missão Trecho da mensagem de Ikeda sensei comemorativa dos trinta anos de sua quarta visita ao Brasil Então, avançando corajosamente pelo grande caminho do kosen-rufu de profunda missão, junto com a Gakkai e os companheiros, vamos continuar transmitindo incentivos com o espírito de prezar uma única pessoa e sem deixar ninguém para trás! E, em nossa terra do juramento, vamos construir a grande rede da felicidade e da paz! Rumo ao centenário de fundação da Soka Gakkai em 2030, com os jovens de altivo orgulho de genuínos emergidos da terra na vanguarda, conto com todos para que promovam, em união harmoniosa e alegre, o modelo de avanço número um do mundo!9 Trecho da mensagem de Ikeda sensei comemorativa do dia 18 de novembro (2023) Daishonin afirma: “Meu desejo é que todos os meus discípulos façam um grande juramento”. Justamente por vivermos um momento de provações no mundo inteiro, que possamos recitar, de forma intensa, daimoku do rugido do leão e, juntos, com renovada decisão, devotar a vida em prol do “grande juramento pelo kosen-rufu”! E, com os jovens na vanguarda, vamos todos, imbuídos da energia vital juvenil dos bodisatvas da terra, expandir corajosamente a rede da esperança e da paz Dedico aos senhores palavras do meu venerado mestre, Josei Toda: “As ladeiras das dificuldades fazem com que a fé se fortaleça e a condição de vida se aprofunde. Quanto mais ladeiras das provações transpusermos na vida, mais a felicidade, os valores humanos e a vitória aumentarão”. Haja o que houver, peço que avancem sempre com harmonia e alegria!10 No topo: presidente Ikeda e sua esposa, Kaneko, cumprimentam membros do Brasil durante um passeio no Centro Cultural Campestre da BSGI em sua quarta visita ao país (fev. 1993) Fotos: Seikyo Press Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.572, 17 jul. 2021, p. 8. / 2. IKEDA, Daisaku. Desbravadores. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 243, 2019. / 3. Idem. Luz do Alvorecer. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 11, p. 27, 2017. / 4. Disponível em: https://extra2.bsgi.org.br/extranet/estudo/poemas/a-longa-e-distante-correnteza-do-amazonas/#top, Acesso em: 6 nov. 2023. / 5. Brasil Seikyo, ed. 2.054, 9 out. 2010, p. A1. / 6. Idem, ed. 2.535, 10 out. 2020, p. 3. / 7. Idem, ed. 2.572, 17 jul. 2021, p. 8. / 8. Idem, ed. 2.628, 11 fev. 2023, p. B3. / 9. Idem, ed. 2.636, 10 jun. 2023, p. 3. / 10. Idem, ed. 2.647, 23 nov. 2023, p. 11.
07/12/2023
Rede da Felicidade
BS
Sempre ao lado do mestre
Nesta edição, Brasil Seikyo encerra a publicação da série Rede da Felicidade e agradece a todos que a acompanharam, especialmente os coordenadores de periódicos (CP), que se empenharam nestes últimos três anos para a realização dos encontros de estudo. Doravante, os CP poderão continuar suas atividades utilizando como base as matérias do mês do novo encarte do BS, Guia para a Vitória, a partir de janeiro de 2024. Nestes trechos do romance Nova Revolução Humana, de autoria do presidente Ikeda, Shin'ichi Yamamoto [pseudônimo do autor no romance] incentiva jovens da Soka Gakkai dos Estados Unidos sobre a relação de mestre e discípulo. DR. DAISAKU IKEDA O dia estava glorioso. O mar cintilava à luz do sol e soprava uma brisa refrescante. Olhando para o céu azul, Shin’ichi disse para Mineko: — Tenho certeza de que Toda sensei estaria muito feliz. Era 2 de abril de 1974. Por volta das 14 horas, Shin’ichi participou de uma cerimônia lembrando o 16o aniversário de falecimento do seu mestre, Josei Toda, no prédio da sede da Soka Gakkai da América em Santa Mônica, Califórnia. Essa era a primeira vez que esse tipo de cerimônia em tributo ao presidente Josei Toda era celebrado no exterior. Apesar de desejar ardentemente concretizar o kosen-rufu em toda a Ásia e no restante do mundo, ele morreu sem jamais sair do Japão. Portanto, Shin’ichi sentia imensa satisfação por conduzir uma cerimônia em memória do seu mestre nos Estados Unidos. A relação de mestre e discípulo é a base do budismo. Se compreendermos de fato o caminho de mestre e discípulo, seremos capazes de realizar infalivelmente nossa revolução humana, atingir o estado de buda nesta existência e abrir o caminho para o futuro eterno do kosen-rufu. Portanto, Nichiren Daishonin afirma: “Se mestre e discípulo tiverem propósitos diferentes, não conseguirão realizar nada”.1 Shin’ichi estava preocupado em encontrar uma maneira de exprimir a noção de mestre e discípulo e transmitir esse espírito aos membros americanos, muitos dos quais procediam de contextos culturais diferentes do Japão e de outras partes da Ásia. (...) A cerimônia pelo 16o aniversário da morte de Josei Toda celebrada no prédio da sede da Soka Gakkai da América também representou uma ocasião para se oferecer orações em memória dos antepassados dos membros e dos falecidos que dedicaram a vida ao kosen-rufu. Shin’ichi Yamamoto liderou a todos na solene recitação do sutra. (...) Durante a leitura do sutra e recitação do Nam-myoho-renge-kyo, ele e os demais participantes ofereceram incenso em memória dos falecidos. Na sequência, um líder da organização americana proferiu palavras de cumprimento, e depois foi a vez de Shin’ichi falar. Expressando sua alegria pela realização daquela cerimônia em memória do seu mestre nos Estados Unidos, Shin’ichi relembrou fatos sobre Josei Toda: — Esteja eu onde estiver, a orientação de Toda sensei, seu espírito de leão, nunca sai da minha mente, nem por um instante sequer. E ao me empenhar para realizar o kosen-rufu de acordo com a visão dele, qual seja a situação, pergunto-me constantemente o que ele faria. Shin’ichi desejava transmitir aos membros que o mestre é o exemplo a se seguir na vida e que o caminho de mestre e discípulo é o caminho da realização do kosen-rufu. Prosseguindo, ressaltou: — Estou certo de que vocês, que nunca se encontraram com Toda sensei gostariam de saber mais a respeito dele. No passado, houve alguns que, apesar de terem se encontrado com ele diversas vezes e recebido orientação e incentivos dele pessoalmente, não foram capazes de se dedicar ao kosen-rufu com total devoção e sinceridade e acabaram abandonando a fé. Conhecer de fato Toda sensei significa aprendermos de que maneira ele punha em prática sua fé no Budismo Nichiren e nós próprios fazermos o mesmo. Toda sensei vive no coração daqueles que agem assim. A essência de sua vida se reflete naqueles que ativamente dedicam a vida a lutar pela paz e pela concretização do kosen-rufu. Como discípulos do grande líder do kosen-rufu, Josei Toda, firmemos o juramento de assinalar este 2 de abril como o dia de profundo e significativo avanço em nossa vida, em nossa fé e em nosso movimento pelo kosen-rufu. O Sutra do Lótus afirma: “As pessoas que ouviram a Lei / habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, / e constantemente renasceram em companhia de seus mestres”2.3 Aqueles que assumem para si o espírito do mestre e se dedicam de corpo e alma pelo kosen-rufu estão sempre perto do seu mestre. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Fonte: IKEDA, Daisaku. Luz do Sol. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 19, p. 169-172, 2019. Notas: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. I, p. 909. 2. The Lotus Sutra and its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 178. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 5, 2017.
24/11/2023
Especial
BS
Considerações sobre a cerimônia de falecimento realizada pela Soka Gakkai
Após o falecimento de Ikeda sensei no dia 15 de novembro, a Soka Gakkai realizou uma cerimônia em honra da vida e das contribuições inestimáveis de sensei para o kosen-rufu. A homenagem solene ocorreu no Auditório Memorial Toda, em Sugamo, Tóquio, em 23 de novembro. Com transmissão ao vivo da cerimônia para cerca de mil sedes da Soka Gakkai em todo o Japão, os membros do país inteiro fizeram gongyo e daimoku em conjunto com o presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, e com outros representantes nacionais e regionais. Em seguida, a coordenadora da Divisão das Mulheres, Kimiko Nagaishi, e o presidente Minoru Harada fizeram considerações. Disponibilizamos a seguir a tradução das considerações. Minoru Harada, presidente da Soka Gakkai “Sensei! Nós, seus discípulos, também continuaremos a lutar com o espírito de “diferentes em corpo, unos em mente”! Vamos concretizar o kosen-rufu mundial sem falta! Por favor, fique tranquilo” Junto com meus companheiros, membros da Soka Gakkai de todo o Japão e do mundo, recitamos solenemente o Sutra do Lótus e o Nam-myoho-renge-kyo nesta cerimônia de falecimento realizada pela Soka Gakkai — a primeira desde o falecimento do segundo presidente, Josei Toda — para honrar a nobre vida do nosso mestre, Daisaku Ikeda, cujas contribuições ao kosen-rufu foram excepcionais e incomparáveis. Passaram-se apenas alguns dias desde que recebemos a repentina notícia do falecimento de Ikeda sensei, e tenho a certeza de que todos os senhores, assim como eu, estão participando hoje com um misto de emoções — choque, tristeza e gratidão. Conforme o desejo da família Ikeda, aguardamos até o dia 18 de novembro, data de fundação da Soka Gakkai, para comunicar essa triste notícia [da morte de Ikeda sensei em 15 de novembro]. Como os senhores sabem, esse dia marca também a publicação da obra Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor], de autoria de Makiguchi sensei. Lendo a página de créditos do livro novamente, percebi que, ao lado da data de publicação, 18 de novembro, consta a data de impressão: 15 de novembro. Pela mais profunda das coincidências, Ikeda sensei encerrou sua nobre existência no aniversário do dia que marcou a primeira vez em que o nome Soka apareceu impresso em um livro, a cristalização da colaboração dos nossos dois primeiros presidentes como mestre e discípulo. Ao contemplar isso, não consigo deixar de me emocionar profundamente mais uma vez com as ligações poderosas que conectam nossos três presidentes fundadores. Recebemos uma imensa quantidade de mensagens de condolências de pessoas no Japão, bem como de grandes pensadores do mundo, representantes de governos e diplomatas que valorizam profundamente o fato de terem se encontrado com Ikeda sensei. Essas mensagens repletas de sinceridade enviadas por figuras notáveis em diversos campos de atuação ao redor do mundo atestam, com eloquência, que uma das maiores conquistas de sensei está na criação de laços, na união das pessoas e na conexão com a bondade inerente ao coração delas, transcendendo etnia, ideologia e religião. A cada dia que passa, essa constatação fica ainda mais clara para mim com renovada força. Nosso mundo hoje é afligido pelo conflito e pela guerra. Neste exato momento, pessoas estão sofrendo e vivendo na miséria. É nossa missão, como discípulos de sensei, continuar e ampliar, aconteça o que acontecer, o grande caminho da paz, da cultura e da educação que ele iluminou para nós por meio de seus esforços abnegados para transformar o carma, o destino, de toda a humanidade. Algumas pessoas, desprezando nosso movimento, estão fazendo previsões sem qualquer embasamento de que a Soka Gakkai vai perder o ímpeto agora. Levantando-se como campeão indomável da verdade contra o poder demoníaco do autoritarismo que levou à morte de Makiguchi sensei na prisão, Toda sensei lançou-se e venceu em seu desafio com determinação de vingar seu mestre. Ikeda sensei também lutou ao longo de sua vida, enfrentando cada obstáculo e função da maldade para concretizar os ideais e a visão de Toda sensei. Dessa forma, ele provou ao mundo a real grandeza do seu mestre. Agora, cabe a nós, discípulos de Ikeda sensei, tornarmo-nos campeões invencíveis da verdade e mostrar à sociedade e ao mundo a real grandeza de sensei por meio de nossas vitórias. Em um ensaio que sensei escreveu para nós em outubro, ele mencionou o conceito do ciclo de mudanças de sete anos, acrescentando: “Os mestres e discípulos Soka também vieram badalando o sino da vitória do kosen-rufu a cada sete anos — os quais denominamos Sete Sinos — fazendo soar um novo sino a cada sete anos para marcar as vitórias retumbantes pelo kosen-rufu”.1 Ele reafirmou a importância dos próximos sete anos conforme seguimos rumo ao centenário da Soka Gakkai [em 2030]. Falando em sete anos, Toda sensei, em seu último ano de vida, perguntou: “Daisaku, acha que consegue realizar a conversão de 3 milhões de famílias nos próximos sete anos?”. Imediatamente, sem qualquer hesitação, Ikeda sensei respondeu: “Sim, farei isso. Estou ainda mais decidido!”. Pouco depois do falecimento de Toda sensei, Ikeda sensei presenteou os membros com sua visão dos “Sete Sinos”, estabelecendo uma clara direção para os sete anos seguintes. Vamos, portanto, nos empenhar para construir uma Soka Gakkai vigorosa em todo o mundo por meio de nossos esforços, unidos como discípulos, visando o centenário da Soka Gakkai dentro do período de sete anos contando a partir de agora — objetivo que Ikeda sensei nos confiou. Tenho a convicção de que essa é a forma de saldar nossas dívidas de gratidão com o Mestre e que, como resultado, abriremos um novo grande caminho rumo à paz. No posfácio do romance Revolução Humana, Ikeda sensei escreve em memória do seu mestre: “Enquanto percorro este nobre e elevado caminho da Soka Gakkai, o presidente [Josei] Toda continua vivo em meu coração. Oro para que ele viva para sempre no coração e na mente de todos os companheiros”. Ikeda sensei também continuará vivo em nosso coração conforme avançamos. Por isso, vamos desfrutar a vida e cada um dos nossos dias de forma que sensei possa se alegrar e se orgulhar, sempre caminhando com esperança e confiança. Sensei! Nós, seus discípulos, também continuaremos a lutar com o espírito de “diferentes em corpo, unos em mente”! Vamos concretizar o kosen-rufu mundial sem falta! Por favor, fique tranquilo. Concluo minhas palavras com o juramento resoluto de relatar nossas vitórias a sensei, gravando no coração a afirmação de Nichiren Daishonin: “A declaração do sutra de que ‘As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres’, não pode, de maneira alguma, ser falsa”.2 Notas: 1. Cf. Brasil Seikyo, ed. 2.645, 26 out. 2023. 2. CEND, v. I, p. 226, 2020.*** Kimiko Nagaishi, coordenadora da Divisão das Mulheres “Avançando vitoriosos e em alegre solidariedade, juramos dar continuidade ao kosen-rufu eternamente ao seu lado! Ikeda sensei, observe, observe-nos, por favor!” Recebi a repentina notícia do falecimento de Ikeda sensei em 17 de novembro. Havia acabado de participar da cerimônia de gongyo no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu em comemoração do dia 18 de novembro. Minha reação imediata foi de choque e de profunda tristeza. Então, recebi o comunicado solicitando que eu participasse do funeral que seria realizado pelos familiares de Ikeda sensei. Junto com a esposa de sensei e outros familiares próximos, fizemos gongyo e daimoku, conduzidos pelo presidente Harada. Após a recitação, o presidente Harada colocou-se diante de Ikeda sensei e expressou profunda gratidão e firme juramento em nome de todos nós. Foi uma cerimônia de grande emoção — solene e digna —, enquanto nosso mestre embarcava em sua jornada rumo ao Pico da Águia. A Sra. Kaneko falou conosco com muito afeto, abraçando-nos com suas palavras. Transmiti-lhe nossa gratidão imensurável: “Muito, muito obrigada. Vamos nos esforçar ao máximo para corresponder à senhora e ao sensei!”. Ela respondeu: “Conto com vocês! Por favor, sejam fortes. Façam o seu melhor”. A orientação da Sra. Kaneko foi, ao mesmo tempo, gentil e rigorosa. Como alguém que avançou resolutamente no caminho de mestre e discípulo, sempre em unicidade com Ikeda sensei, ela nos confiou o coração de sensei e, naquele momento, senti minha decisão se fortalecer. Procurando compartilhar com ela o sincero sentimento de todos nós, eu lhe disse: “Sra. Kaneko, estaremos recitando daimoku com toda a sinceridade para que a senhora viva muito, uma vida longa”. Ela então respondeu: “Obrigada. Eu viverei!”. Antes de sair, a Sra. Kaneko dirigiu-se a sensei, dizendo: “Você realmente deu tudo de si, não foi?”. Naquele momento, meu coração transbordou de profunda gratidão, pensando no quanto sensei e a Sra. Kaneko oraram e desejaram unicamente a felicidade dos membros, e que a Soka Gakkai é o que é hoje por causa deles. Ikeda sensei! Graças ao senhor, quantas pessoas transformaram o carma; quantas pessoas realizaram a revolução humana e avançaram pelo mais amplo caminho rumo à felicidade? Não é possível enumerar! Os fortes laços que ligam o senhor a cada um de nós são eternos: eles jamais serão destruídos. Nós, seus discípulos, jamais nos esqueceremos dos esforços que o senhor dedicou para proteger seus companheiros, membros da Soka Gakkai, avançando bravamente através das tempestades da perseguição com a coragem de um leão, colocando-se na linha de frente, pronto para nos proteger de qualquer ataque. Nas palavras de sensei: “Quanto mais pessoas acreditarem na bondade inerente ao ser humano e quanto mais basearmos nossas interações no respeito mútuo, mais forte será a corrente do respeito pela dignidade da vida, que se estenderá por todo o mundo. Em última análise, isso nos permitirá colocar um fim ao ciclo de conflitos e de ódio que parece ter definido o carma da humanidade”. Nós, seus discípulos, estamos determinados a concretizar o sonho de que jardins de paz se estabelecerão em todos os cantos do planeta. Avançando vitoriosos e em alegre solidariedade, juramos dar continuidade ao kosen-rufu eternamente ao seu lado! A cerimônia de falecimento de Ikeda sensei pela Soka Gakkai é realizada solenemente. “Estaremos para sempre juntos com o mestre!”. Com este sentimento, o local é preenchido pelo juramento dos discípulos Ikeda, que, apesar da profunda tristeza, expressam eterna gratidão e decisão pela concretização do kosen-rufu mundial Representantes oferecem orações em memória de Ikeda sensei, que dedicou sua vida ao kosen-rufu mundial. Repletos de eterna gratidão ao Mestre, os participantes renovaram a decisão de escrever uma história de vitórias dos verdadeiros discípulos (Auditório Memorial Toda de Tóquio, 23 nov. 2023) No dia 18 de novembro, o brilhante sol da manhã rompe a escuridão e ilumina o Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu, que comemora seu 10º aniversário
24/11/2023
Encontro com o Mestre
BS
O espírito de luta é a fonte da longevidade
Enquanto as chamas do espírito de contribuir para o bem das pessoas, da Lei e do kosen-rufu estiverem acesas, a pessoa conservará um aspecto jovem. Ela emitirá o brilho de uma vida verdadeiramente saudável. O espírito de luta é a fonte da saúde e da longevidade. Quando a pessoa ora e luta com a disposição de ser “em prol do kosen-rufu!”, emerge uma força invencível em sua vida. Nascem uma energia vital insondável, uma esperança infindável e uma espada preciosa da coragem para cortar a maldade da doença.Se fizer emergir uma poderosa energia vital e uma rica sabedoria por meio da sonora recitação do daimoku, jamais haverá impasse na vida. Até o estresse pode ser superado com alegria como se estivesse surfando nas ondas. É bela a pessoa disposta a crescer e a progredir, por mais que a idade avance. É nobre o espírito de desafiar, seja o que for. Isso se torna a energia para a saúde e a longevidade. O ato de se relacionar com as pessoas fortalece o ser humano e enriquece a vida. E mantém o cérebro ativo. Por isso mesmo, não deve se fechar; e rompendo as barreiras do medo, deve se encontrar com as pessoas e dialogar com elas. Empenhe-se até o último capítulo da vida nessa ação suprema como ser humano. Se viver um dia a mais, é quanto se pode recitar a Lei Mística a mais. E se pode transmitir os ensinamentos do budismo. É quanto se acumula a eterna boa sorte e virtude. Com saúde e longevidade, vamos juntos desfrutar uma existência inigualável e uma existência de missão! No topo: Grandioso ideal O outono se aprofunda e as folhas de bordo recebem sua cor típica. Muito além do contorno das montanhas, visualiza-se o Monte Fuji coberto pela neve branca. Do alto da colina, vê-se uma obra-prima da natureza. Foto tirada por Ikeda sensei em Yamanashi, em outubro de 2001. As folhas que tingem a si mesmas com a cor avermelhada parecem nos dizer: “Vivam com ardente paixão rumo ao grandioso ideal”. Nos escritos de Nichiren Daishonin consta: “Um dia de vida é mais valioso que todos os tesouros de um grande sistema de mundos”.1 Como podemos utilizar a inigualável vida que é mais valiosa que os tesouros de todo o universo? Valorizando cada dia e cada momento, nós a dedicaremos à paz e à felicidade de todo o mundo, como também à realização da nossa própria revolução humana, com base em sonora oração. Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 22, 2019. Publicado no Seikyo Shimbun de 5 de novembro de 2023.
22/11/2023
Encontro com o Mestre
BS
O castelo de “valores humanos” e o jardim da paz!
O espírito do aprendizado é forte e belo Respondendo a uma pergunta formulada por Myoichi-nyo sobre o princípio de “atingir o estado de buda na forma que se apresenta”, o buda Nichiren Daishonin a elogia afirmando que seu espírito de procura pela Lei, em si, “...com certeza não é algo comum. O buda Shakyamuni, o senhor dos ensinamentos, teria se apossado da senhora?”.1 Neste “Ano dos Jovens e do Triunfo”, tanto no Japão como em diversos países e localidades, foram desenvolvidas atividades como o Exame e o Curso de Aprimoramento do Budismo de forma tão vigorosa que o tema do ano poderia até ter sido denominado “Ano Mundial de Estudo do Budismo”. Com certeza, Nichiren Daishonin deve estar imensamente feliz. A sabedoria da África, continente da esperança Exatamente com a vitalidade de um “Ano Mundial de Estudo do Budismo”, no mês passado [outubro de 2023], foi realizada em diversas localidades da África, continente da esperança, a sexta edição do Exame de Proficiência em Estudo do Budismo. Envolveu 28 países, entre os quais, Costa do Marfim, Gana, Togo, Camarões, Quênia, Madagascar e Zâmbia. O Exame de Proficiência em Estudo do Budismo foi realizado pela primeira vez no ano 2016. Após uma interrupção em decorrência da pandemia da Covid-19, no ano passado foi retomado depois de três anos. Por meio dessa atividade promovida em vários idiomas, todos têm aprofundado a compreensão sobre o budismo em meio aos belos incentivos e estudos mútuos. Desta vez, foi realizado pela primeira vez também em Seychelles, arquipélago formado por 115 ilhas no Oceano Índico, distante 1.300 quilômetros do continente africano. Considerando ainda a atuação dos valorosos companheiros do Departamento de Ilhas Vitoriosas do Japão, que comemorou agora os 45 anos da instituição do seu Dia do Departamento, tomei conhecimento desse nobre aspecto juntando minhas mãos em oração. A voz alegre dos líderes da África do Sul afirmando que “O fato de unirmos o continente do século 21 com o estudo do budismo foi uma grandiosa vitória” toca meu coração. Em todas as localidades, empreendendo esforços de dificuldade indescritível, nossos companheiros emergidos da terra estão pesquisando e pondo em prática os princípios supremos da transformação da vida, a começar pelo conceito da “possessão mútua dos dez mundos” e dos “três mil mundos num único momento da vida”. É a filosofia do budismo que prega a existência dos dez mundos em possessão mútua, originalmente, na vida das pessoas. Em particular, destaca que todas as vidas são dotadas da mais nobre natureza de buda de forma imparcial. Não posso deixar de acreditar que esse princípio ressoa profundamente com a sabedoria do povo africano denominada Ubuntu. A palavra Ubuntu indica a natureza do bem da “consideração com os demais” que as pessoas possuem. É também a concepção humana de que “eu existo por existirem as outras pessoas”.2 O ex-presidente Nelson Mandela, “conde de Monte Cristo dos direitos humanos” da África do Sul, também falava sobre a importância do Ubuntu. Houve ainda uma ocasião em que ele compartilhou sua filosofia de vida “forjada” com a experiência de perseverar na luta pelos direitos humanos, suportando a vida carcerária que chegou a 27 anos e meio: “As chamas da bondade do ser humano podem se tornar invisíveis por algum tempo, mas jamais se apagam”.3 Com essa inabalável crença no respeito ao ser humano, ele foi destruindo as espessas paredes da estrutura social da discriminação racial. Levantem-se, companheiros de todo o Japão! A promoção do estudo do budismo é a força motriz do kosen-rufu. A primeira vez que a Soka Gakkai estabeleceu o tema “Ano do Estudo do Budismo” foi há sessenta anos, em 1963. Desde o início daquele ano, foi realizado o Exame de Admissão, do Departamento de Estudo do Budismo, no qual participaram 500 mil membros, homens e mulheres de todas as idades. Assim, a tendência do movimento da majestosa filosofia de vida do povo, pelo povo e para o povo foi sendo impregnada na sociedade de forma silenciosa e profunda. Além disso, no mês da fundação da Soka Gakkai daquele ano, viajei por todo o arquipélago japonês e, lendo o Gosho, convidei a todos: “Levantem-se, companheiros”. Para Tohoku e Shin’etsu: “Perseverem na forte prática da fé para construir a paz da humanidade!”. Para Tóquio: “Pelo bem do futuro, finquem a cunha de que a ‘Soka Gakkai está aqui’!”. Para Kanto: “Quero que lutem como ‘núcleo da união’ da grandiosa Soka Gakkai!”. Para Tokaido: “Respeitando-se mutuamente, dediquem-se pelo kosen-rufu com aspecto saudável!”. Para a região de Chugoku: “Acumulando todos muita capacidade, que tal salvarem o Japão?” Para Kansai: “Tornando-se aliados das pessoas infelizes, promovam o avanço que seja considerado ‘pilar do Japão’!”. Para Shikoku: “Sejam pessoas que valham por mil com a chama de ‘salvar todo o povo’ no coração!” Para Hokkaido: “Visualizando o futuro de dez, vinte anos, sejam o rei leão que amplia a confiança das pessoas!”. Para Chubu: “Produzindo novos líderes sucessivamente, demonstrem a disposição espiritual pelo kosen-rufu!”. Para Kyushu: “Promovam uma ‘nova atmosfera’ capaz de romper os impasses da sociedade com suas forças!”. Além disso, para Hokuriku, antes das demais localidades: “Demonstrem que ‘vence aquele que praticar a fé’!”. E, no ano seguinte, para Okinawa: “Edifiquem uma terra pacífica por meio do poderoso avanço do povo!”. Com o sentimento de agora, mais uma vez, quero confiar-lhes essa expectativa. Há sessenta anos, a atuação que eu mais desejava era a da Divisão Sênior. No editorial da edição de novembro da revista Daibyakurenge, escrevi: “A construção do majestoso castelo do povo Soka está, em primeiro lugar, sobre os ombros do líder da Divisão Sênior. Juntos, vamos dedicar toda a vida em prol do grande empreendimento do kosen-rufu!”. Quando o herói de muitas batalhas se levanta, a época se movimenta. A história muda. Há algum tempo, recebi a canção da Divisão Sênior da Índia. Em um dos versos consta: Bravos monarcas Avançando sempre Com ousadia e força em um só coração Com oração que desconhece o medo, Vamos abrir o caminho A canção expressa realmente o coração do rei leão. Juntos no mês de fundação da Soka Gakkai Sob o esplêndido céu azul, tremula a bandeira de três cores. É como se ela inspirasse o grande avanço dos mestres e discípulos Soka, felicitando o triunfo dos jovens e o brado de vitória das pessoas. Foto tirada por Ikeda sensei em Tóquio, no mês de outubro deste ano [2023]No dia 18 de novembro, gloriosa data em que se comemora a fundação da Soka Gakkai e o sublime dia em que o mestre predecessor, Tsunesaburo Makiguchi, deixou a vida em prol da Lei, uma chuva de meteoros Leônidas surgirá no céu. Diz-se que, no Japão, o ápice ocorrerá durante o dia 18. O esplêndido universo lançará uma chuva de meteoros Leônidas [do leão] como se felicitasse os leões emergidos da terra que surgem simultaneamente em todo o mundo. É o Dia da Fundação da Soka Gakkai a ser lembrado junto com o maravilhoso céu límpido e ensolarado. No dia 18 de novembro de 1978, foi realizada a Reunião de Líderes da Soka Gakkai no Centro Cultural de Arakawa, castelo dos “companheiros de emoção”, em Tóquio. Nessa mesma data, foi lançado o volume 10 do romance Revolução Humana que narra a história da unicidade de luta conjunta da minha amada grande Kansai de Contínuas Vitórias. Em seu capítulo “Determinação”, registrei o rugido do leão do meu venerado mestre, Josei Toda, ao conduzir a explanação sobre budismo no Auditório Público Central da cidade de Osaka, em Nakanoshima: “O único motivo de eu vir a Osaka para rea-lizar essa explanação é porque quero acabar com a pobreza e a doença desta localidade. Não tenho nenhum outro desejo ”.4 Por que lutamos? Por que criamos “valores humanos”? É porque temos o ambicioso sonho de acabar com a miséria deste mundo. Nos tempos iniciais, os amigos de Kansai fizeram do coração do venerado mestre o próprio coração e se levantaram bravamente para a transformação do destino de sua vida e o do país. Isso se tornou a torre dourada da concretização do “inacreditável”. Recordo-me com saudades da Convenção da Soka Gakkai, realizada pela primeira vez fora de Tóquio, naquele Auditório Público Central da cidade de Osaka, em dezembro de 1973, “Ano do Estudo do Budismo”, denominação esta que havia sido adotada pela segunda vez. Era o mesmo palco de realização do Grande Encontro de Osaka que levantou as chamas do espírito de luta — “não podemos perder” [maketara akan, em dialeto de Kansai]. Aquele ano tinha sido também o “Ano dos Jovens”, no qual brilhava a atuação dos jovens. Na época, por influência da Guerra do Yom Kippur, no Oriente Médio, o preço do petróleo subia às alturas. Além disso, as pessoas enfrentavam uma crise alimentar devido às condições meteorológicas anormais em escala mundial. Em minhas palavras naquela convenção, citei uma passagem do tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra: “Quando uma nação cai em desordem, são os demônios quem primeiro mostram sinais de violência. Como esses demônios se tornam violentos, as pessoas também ficam perturbadas”.5 Ou seja, por trás da desordem social, há sempre um distúrbio no coração e nos pensamentos dos seres humanos. A violência decorrente do ódio acaba sendo justificada pela priorização dos interesses do país sobre a vida humana. Quem mais sofre com essa inversão de valores são as pessoas comuns do povo. São as crianças e as mães. Essa situação é ainda mais grave hoje. Por isso mesmo, nós, que abraçamos a filosofia da dignidade da vida, devemos expandir os laços de que “nada traz mais felicidade do que a paz”6 a partir das respectivas terras da missão. Em torno daquele ano 1973, foram fundados os Departamentos Social, de Especialistas, de Conjuntos Habitacionais (atual Departamento de Castelo da Felicidade), de Áreas Rurais (atual Departamento de Agricultura e Pesca) e de Comunidades Locais, entre outros. Os heróis e os líderes desses departamentos vieram se dedicando por meio século, como pioneiros e exemplos, nos locais em que se encontram, levantando a bandeira da “prática da fé é a própria vida diária”, do “budismo é a própria sociedade”, da “transformação de veneno em remédio”, do “budismo é vitória ou derrota”. Realmente, minha gratidão é imensurável. Nova partida com todo o orgulho Faz dez anos desde a conclusão do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. O venerado mestre costumava incentivar com frequência: “Daqui a dez anos, tornem-se todos uma pessoa que possa se orgulhar de que ‘não há ninguém mais feliz do que eu’”. Exatamente conforme essas palavras, ao longo dos últimos dez anos, nossos preciosos companheiros vieram superando as montanhas de dificuldades e criando uma vida de vitórias e de felicidade. Hoje, os companheiros de juramento seigan de 192 países e territórios, incluindo o Japão, formam uma legião de 3 milhões de pessoas somente no exterior. E cada pessoa está demonstrando a comprovação da felicidade da revolução humana. Os companheiros emergidos da terra da América do Norte, das Américas Central e do Sul, da Ásia e da Ocea-nia, da Europa, dos Orientes Próximo e Médio e da África bailam alegremente no palco verdadeiramente global. Sejam quais forem as circunstâncias, com a união de “diferentes em corpo, unos em mente”, a família Soka deve avançar iluminando claramente a sua comunidade local por meio das próprias ações, fazendo arder as chamas da coragem de que, “quanto mais profundas as trevas, mais próximo se encontra o alvorecer”. Indomável rede popular solidária O professor emérito da Universidade Harvard Dr. Harvey Cox aponta: “A SGI vem contribuindo consistentemente para enfrentar os difíceis desafios que se apresentam sucessivamente sobre a humanidade”. Ele manifesta também sua admiração e louvor: “O que notabiliza a SGI como movimento popular é o seu envolvimento com a sociedade. Pode-se dizer, também, que é o seu profundo envolvimento para contribuir para a felicidade de outras pessoas, não se restringindo somente ao próprio bem”. Aqui está a indomável rede popular solidária, a qual pode ser considerada a maior do Jambudvipa (o mundo inteiro), levantando alto a grande filosofia da felicidade, a maior do Jambudvipa. Segunda palestra do presidente Ikeda na Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Eminentes intelectuais acompanham o discurso: Dr. Harvey Cox, primeiro à dir.; Dr. John K. Galbraith, segundo à dir.; Dr. Nur Yalman, primeiro à esq. (set. 1993) O alicerce da Força Jovem Mundial está firme Reunindo cada vez mais a força e a paixão dos jovens emergidos da terra, vamos expandir o jardim da paz, edificando o castelo de “valores humanos”, visando à criação de valor da felicidade do povo de todo o planeta. No topo: Ikeda sensei (na foto ao lado da esposa, Kaneko) convoca os companheiros a avançar abraçando a grande filosofia da esperança: “Agora, vamos partir, juntos!” (Hachioji, Tóquio, dez. 2003) Publicado no Seikyo Shimbun de 15 de novembro de 2023. Escrito pelo presidente Ikeda antecipadamente. Fotos: Seikyo Press Notas: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 802. 2. Cf. NGOMANE, Mungi. Ubuntu, Jibun-mo Hito-mo Shiawase-ni-suru “Afurika-ryu 14 no Chie” [Ubuntu: 14 Sabedorias Africanas que Tornam Felizes a Pessoa e as Demais]. Tradução: Akane Nagasawa. Pan Rolling. 3. Cf. MANDELA, Nelson. Jiden “Jiyu-e no Nagai Michi-ge” [Autobiografia “O Longo Caminho para a Liberdade, Parte 2”]. Tradução: Kazuki Agarie. Editora NHK. 4. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v.10. 5. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 24, 2020. 6. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 9, 2019.
22/11/2023
Especial
BS
Com os incentivos de Ikeda sensei no coração, trilhemos juntos a eterna jornada de mestre e discípulo
Juventude de devoção abnegada em propagar a Lei, protegendo seu venerado mestre A longa expedição pelo kosen-rufu, ou seja, pela paz mundial, começa com o solene encontro entre mestre e discípulo. No dia 14 de agosto de 1947, Ikeda sensei, então com 19 anos, participa de uma reunião de palestra no distrito de Ota, em Tóquio, Japão. Movido pela convicção e pela personalidade de Toda sensei, converte-se ao budismo dez dias depois, em 24 de agosto. * * * Em agosto de 1950, diante da difícil situação de seus negócios, em uma época conturbada do pós-guerra, Toda sensei anuncia sua decisão de renunciar ao cargo de diretor-geral da Soka Gakkai. Enquanto muitos membros se afastam de Josei Toda, Ikeda sensei registra seu juramento de jamais abandoná-lo em um poema waka: Servirei ao mestre como servi no passado nas místicas eras. Sempre imutável serei ainda que os outros mudem.1 “Mesmo que existam muitos que, esquecendo-se da gratidão ao mestre, mudem, eu jamais mudarei” — em meio à árdua luta de devoção abnegada para propagar a Lei, mestre e discípulo sobrepujam dificuldades extremas. No dia 3 de maio de 1951, após superar difíceis circunstâncias, Toda sensei toma posse como segundo presidente da Soka Gakkai. Declara altivamente o objetivo de propagação do budismo para 750 mil famílias, fazendo com que a Soka Gakkai marque um inédito avanço. Na ocasião, o número de membros da organização era de 3 mil pessoas. Todos interpretaram tal objetivo como um sonho para um futuro distante, mas Ikeda sensei, fazendo arder em si a chama para concretizar o ideal do mestre, concretiza, ele próprio, seu shakubuku, marcando o primeiro passo rumo à concretização da meta lançada. Então, a partir de intensos esforços nos Distritos Kamata e Bunkyo, em Tóquio, em Sapporo, em Osaka, em Yamaguchi, entre outras localidades, Ikeda sensei ergue a torre dourada da expansão. Finalmente, em dezembro de 1957, a Soka Gakkai alcança as 750 mil famílias. * * * Se houver um único discípulo verdadeiro, o kosen-rufu poderá ser realizado infalivelmente! Ikeda sensei proclamou: “Na minha época na Divisão dos Jovens, eu também lutei e lutei. Sempre protegi a Soka Gakkai e Toda sensei. Esse é o aspecto verdadeiro da relação de mestre e discípulo. (...) As três gerações de mestre e discípulo Soka batalharam devotando a vida e venceram. Não há glória afastando-se do caminho de mestre e discípulo”. Expansão das flores humanas emergidas da terra para 192 países e territórios Pouco antes de seu falecimento, Toda sensei disse ao jovem Daisaku Ikeda: “Como eu quero viajar para o mundo, para a jornada do kosen-rufu. (...) O mundo é seu desafio, seu verdadeiro palco”.2 No dia 2 de outubro de 1960, Ikeda sensei parte do Aeroporto de Haneda, em Tóquio, com o firme propósito de concretizar o sonho do kosen-rufu mundial confiado por seu venerado mestre. Esse momento assinala o primeiro passo de suas viagens pela paz. Em 24 dias, ele faz históricas visitas a nove cidades dos Estados Unidos, além do Canadá e do Brasil. Encorajando plenamente cada pessoa que estava diante de seus olhos, funda dois distritos e dezessete comunidades. Sensei relembra: “Se houvesse um único membro, eu queria incentivá-lo, mesmo que fosse em um lugar longínquo, e tivesse de encontrá-lo procurando por todas as partes. Tal como o rio se forma a partir de uma única nascente, a grande correnteza da paz mundial poderia ser criada a começar por essa única pessoa”. No dia 2 de outubro de 1960, cinco meses após tomar posse como terceiro presidente da Soka Gakkai, Ikeda sensei dá o primeiro passo rumo ao kosen-rufu mundial. para abrir o futuro da paz, ele se dirige ao Havaí, seu primeiro destino, partindo do Aeroporto Internacional de Haneda * * * Por ocasião da conferência de fundação da Soka Gakkai Internacional (SGI), realizada em Guam, no dia 26 de janeiro de 1975, Ikeda sensei clama: “Em vez de buscarem aclamação ou glória pessoal, espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística em todo o mundo. Farei o mesmo”.3 Ele visitou 54 países e territórios. Liderou o grande movimento popular pela paz, cultura e educação, embasado no pensamento budista do respeito pela dignidade da vida. A rede solidária Soka se expandiu para 192 países e territórios, e a legião de flores humanas emergidas da terra no exterior chegou a 3 milhões de pessoas. Recebemos a época em que o som do daimoku envolve todo o globo terrestre. * * * Em 2 de dezembro de 1964, nosso mestre começa a escrever o romance Revolução Humana, com o desejo de “transmitir corretamente a verdade sobre Toda sensei para a posteridade”. Em 6 de agosto de 1993, inicia a escrita do romance em série Nova Revolução Humana, concluindo-o nesse mesmo dia, em 2018. Por mais de meio século, o presidente Ikeda escreveu sobre a essência da relação de mestre e discípulo Soka e, utilizando o poder da escrita, continuou encorajando os membros do mundo. * * * Ações pela paz, diálogos sobre humanismo Ikeda sensei declarou: “Eu o farei! Darei tudo de mim para iniciar uma grande onda de diálogo pelo mundo em prol da paz. Devo unir o mundo por meio da filosofia do humanismo budista”.4 Desde a sua posse como terceiro presidente da Soka Gakkai, o presidente Ikeda percorreu o mundo e criou a rede solidária de bons cidadãos que desejam a paz. Com a convicção de que “o poder do diálogo se torna a força para a paz que cria a época”, promoveu sucessivos diálogos com líderes de nações, intelectuais e homens da cultura. Entre eles, destacam-se o historiador do século 20, Dr. Arnold J. Toynbee, o primeiro-ministro Zhou Enlai da China, o presidente Mikhail Gorbachev da União Soviética e o presidente Nelson Mandela da África do Sul, entre outros. * * * Pelo bem da posteridade, Ikeda sensei travou cerca de oitenta diálogos com intelectuais e personalidades, compilados na forma de livros. Também proferiu 32 palestras em universidades e instituições acadêmicas do mundo, incluindo a Universidade Harvard, nos Estados Unidos. * * * Em 1968, com a disposição de criar uma ponte de paz na Ásia e no mundo como um cidadão comum, o presidente Ikeda apresenta a Proposta de Normalização das Relações Diplomáticas Sino-Japonesas, clamando pela mais breve restauração das relações entre China e Japão. Além disso, nos anos 1974 e 1975, durante a Guerra Fria, viaja sucessivamente para a China, a União Soviética e os Estados Unidos, conduzindo diálogos para aliviar as tensões existentes na época. * * * Com o intuito de promover o espírito da Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, elaborada por seu venerado mestre, Josei Toda, Ikeda sensei publica diversas propostas, em particular, as Propostas de Paz comemorativas a cada Dia da SGI, em 26 de janeiro, num total de quarenta edições a partir de 1983. Apoia consistentemente as atividades das Nações Unidas, o parlamento da humanidade, difundindo, de forma contínua, a filosofia da esperança, visando à abolição das armas nucleares, à prevenção do choque entre civilizações e à solução da crise climática. Adicionalmente, criou o Instituto Toda pela Paz; o Instituto de Filosofia Oriental; o Centro Ikeda para a Paz, a Aprendizagem e o Diálogo, nos Estados Unidos; o Instituto Soka Amazônia, no Brasil; entre outros, apoiando a correnteza da criação da paz a partir das pesquisas acadêmicas. “Quero acabar com a miséria da face da Terra” — as chamas do juramento seigan confiadas por Toda sensei ao nosso mestre são agora herdadas pelos discípulos Ikeda do mundo inteiro. Consolidando as bases da educação e da cultura no mundo Com frequência, Ikeda sensei dizia que “a educação era o empreendimento final de sua vida”. Mantinha a inabalável crença de que, para construir uma sociedade pacífica, não havia outra forma a não ser por meio da criação de jovens que se encarregariam do futuro. A Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor] foi fundada como Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor] pelos educadores Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, em 18 de novembro de 1930. Ambos os mestres desejavam criar, algum dia, uma instituição educacional Soka e foi Ikeda sensei quem realizou esse desejo. Em 1968, foi inaugurado o Colégio Soka, de ensinos fundamental 2 e médio, em Kodaira, Tóquio. Em 2 de abril de 1971, foi inaugurada a Universidade Soka, em Hachioji, Tóquio. Era o ano do centenário de nascimento de Makiguchi sensei e o dia do aniversário de falecimento de Toda sensei. * * * Em 1973, Ikeda sensei funda o Colégio Feminino Soka, de ensinos fundamental 2 e médio (atual Colégio Soka de Kansai, de ensinos fundamental 2 e médio), em Katano, Osaka. Ele cria sucessivamente a Escola Soka de Educação Infantil de Sapporo, a Escola Soka de Ensino Fundamental 1 de Tóquio, a Escola Soka de Ensino Fundamental 1 de Kansai e a Faculdade Feminina Soka. Em 2001, funda a Universidade Soka da América. Também foram criadas escolas de educação infantil em Hong Kong, Singapura, Malásia e Coreia do Sul, além da escola de educação infantil de Sapporo. O Colégio Soka do Brasil abrange desde a educação infantil até o ensino de nível médio. Em agosto deste ano [2023], foi realizado o tão aguardado ingresso da primeira turma do Colégio Internacional Soka da Malásia. * * * As escolas Soka continuam criando cidadãos do mundo que contribuem para a felicidade da humanidade. Ikeda sensei veio dedicando esforços também na promoção da cultura, com o sentimento de “somente a cultura pode criar a grande tendência para interromper os conflitos e elevar o coração das pessoas em direção à paz”. Em 1963, funda a Associação de Concertos Min-On e, em 1983, o Museu de Arte Fuji de Tóquio. A Min-On já realizou intercâmbios com 112 países e territórios, e um total de 120 milhões de pessoas assistiu às apresentações que organizou. O Museu de Arte Fuji de Tóquio orgulha-se de possuir um acervo de 30 mil itens e já realizou cinquenta exposições especiais de intercâmbio cultural internacional. Assim, essas instituições abriram para o povo a “melhor música” e o “esplendor da arte”, que são tesouros comuns de toda a humanidade, e vêm unindo os corações das pessoas com o poder da arte e da cultura. Cronologia da vida de Ikeda sensei 2 de janeiro de 1928 Nascimento no atual distrito de Ota, em Tóquio. 14 de agosto de 1947 Participação em reunião de palestra da Soka Gakkai. Encontro com seu mestre da vida, Josei Toda. 24 de agosto de 1947 Conversão e ingresso na Soka Gakkai. Janeiro de 1952 Nomeação como secretário executivo do Distrito Kamata. Liderança na propagação da Campanha de Fevereiro. 3 de maio de 1952 Casamento com Kaneko 2 de janeiro de 1953 Nomeação como responsável pelo Primeiro Distrito da Divisão Masculina de Jovens. 20 de abril de 1953 Nomeação como responsável substituto pelo Distrito Bunkyo. 30 de março de 1954 Nomeação como coordenador de staff da Divisão dos Jovens. Julho de 1956 Vitória como responsável pela campanha para as eleições da Câmara Alta (distrito eleitoral regional de Osaka). Registra a histórica vitória da “realização do inacreditável”. 9 de outubro de 1956 Início da orientação para o desenvolvimento de Yamaguchi. Liderança na campanha de propagação. 16 de março de 1958 Cerimônia Comemorativa do Kosen-rufu. Toda sensei confia-lhe o o bastão espiritual do movimento pelo kosen-rufu. 2 de abril de 1958 Falecimento de Toda sensei, aos 58 anos. 30 de junho de 1958 Nomeação para diretor. Liderança prática da Soka Gakkai. 3 de maio de 1960 Posse como terceiro presidente da Soka Gakkai. 2 de outubro de 1960 Partida rumo à sua primeira viagem ao exterior. 18 de outubro de 1963 Fundação da Associação de Concertos Min-On. 17 de novembro de 1964 Fundação do Partido Komei. 2 de dezembro de 1964 Início da escrita do romance Revolução Humana. Abril de 1968 Inauguração do Colégio Soka, de ensinos fundamental 2 e médio, em Kodaira, Tóquio. 8 de setembro de 1968 Anúncio da Proposta de Normalização das Relações Diplomáticas Sino-Japonesas na Convenção da Divisão dos Universitários. 2 de abril de 1971 Inauguração da Universidade Soka. 5 de maio de 1972 Primeiro diálogo com o historiador Dr. Arnold J. Toynbee, na residência deste em Londres. 26 de janeiro de 1975 Fundação da Soka Gakkai Internacional (SGI) e posse como seu presidente. 24 de abril de 1979 Posse como presidente honorário da Soka Gakkai. 25 de janeiro de 1983 Comemorando o dia 26 de janeiro, Dia da SGI, publica no Seikyo Shimbun sua Proposta de Paz, intitulada Nova Proposta para a Paz e o Desarmamento. 8 de agosto de 1983 Recebe a Medalha da Paz das Nações Unidas. 3 de novembro de 1983 Fundação do Museu de Arte Fuji de Tóquio. Abril de 1985 Inauguração da Faculdade Feminina Soka. 6 de agosto de 1993 Início da escrita do romance Nova Revolução Humana. 26 de junho de 1996 Visita à Costa Rica, na América Central, 54o país ou território visitado. 3 de maio de 2001 Inauguração da Universidade Soka da América. 23 de abril de 2008 Na Reunião de Líderes da Soka Gakkai é feito o anúncio de que a SGI alcançou 192 países e territórios. 5 de novembro de 2013 Consagração do Gohonzon no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. 6 de agosto de 2018 Término da escrita dos trinta volumes do romance Nova Revolução Humana (junto com o romance Revolução Humana, totaliza 7.978 publicações em série no jornal Seikyo Shimbun). 28 de abril de 2022 Outorga do título de doutor honoris causa em pedagogia pela Universidade Nacional Chungbuk, da Coreia do Sul, seu 400o título acadêmico honorário. 15 de novembro de 2023 Falecimento aos 95 anos. Fotos: Seikyo Press Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 4, p. 244, 2023. / 2. Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 10, 2019. / 3. Ibidem, v. 21, p. 38, 2019. / 4. Ibidem, v. 16, p. 152, 2021.
22/11/2023
Poema
BS
Rumo ao centenário da Soka Gakkai!
Poemas waka compostos pelo presidente Ikeda em comemoração do dia 18 de novembro Em 18 de novembro de 2023, celebraram-se o 10º aniversário da inauguração do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu e o Dia da Fundação da Soka Gakkai, em que resplandece o juramento seigan de mestre e discípulo. Ikeda sensei compôs, antecipadamente, poemas waka dedicados aos membros de todo o mundo em comemoração da significativa data e que foram publicados pelo Seikyo Shimbun nesse dia. Fonte: Publicado no Seikyo Shimbun de 18 de novembro de 2023. Discípulos emergidos da terra, que bailam dinamicamente neste planeta, tenham o orgulho de retribuir a gratidão ao mestre que deu a vida pela doutrina. *** Como a Lei Mística é uma lei que tem uma pessoa como exemplo, lancemos, meus amigos e eu, a luz sobre todos os seres vivos. *** Manifestando o coração do rei leão, vocês, jovens do mundo, vençam sempre, como os olhos da paz. Fotos: Seikyo Press
22/11/2023
Especial
BS
Nosso eterno mestre da vida
Daisaku Ikeda, presidente honorário da Soka Gakkai e presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), faleceu serenamente em sua residência em Shinjuku, Tóquio, em decorrência de causas naturais, na noite de 15 de novembro. Ele tinha 95 anos. O funeral foi realizado, no dia 17, com membros de sua família imediata. A notícia que encheu de tristeza o coração de todos chegou na manhã do dia 18 de novembro. A data da divulgação oficial foi uma decisão da família, sensibilizada pelo fato de algumas celebrações estarem ocorrendo justamente nesse período, alusivas a esse dia, achando por bem aguardar até essa ocasião. “Acredito que meu pai estaria de acordo com essa decisão tomada”, diz o comunicado veiculado em vídeo, com a leitura feita por Hiromasa Ikeda, vice-presidente da SGI e filho do casal Ikeda. Previamente, o Mestre deixou escrita uma mensagem comemorativa do Dia da Soka Gakkai, a qual foi lida na 9ª Reunião Nacional de Líderes (RNL), tornando-se diretriz eterna para todos [veja na p. 11 desta edição]. Viver pela missão Daisaku Ikeda nasceu em 2 de janeiro. Desde a adolescência, ele teve a saúde frágil e, mais tarde, havia sido desenganado pelos médicos, ao afirmarem que ele não passaria dos 30 anos. Uma nobre missão provaria o contrário. Aos 19 anos, encontra seu mestre de vida, Josei Toda, e pouco tempo depois se converte ao budismo, revitalizando a prática desse ensinamento para todas as pessoas. Superou a morte do seu mestre, sucedeu-o na presidência da organização aos 32 anos, e partiu para plantar a semente da esperança no exterior. Ele foi aclamado pelo mundo como o grandioso mestre do diálogo sem fronteiras, do incentivo e apoio aos que sofrem. Por 25 anos ininterruptos, escreveu sua obra máxima, Nova Revolução Humana, que retrata cenas de pessoas comuns que desbravaram e venceram as amarras do carma. Um guia para a vida diária. Ikeda sensei tinha 90 anos quando completou os trinta volumes da obra-prima de sua existência. Ao comprovar a força da fé e de sua convicção de que manteria o juramento feito a Toda sensei, conseguiu prolongar a vida, não poupando um dia sequer para enviar incentivos aos membros. O reconhecimento de todos por sua dedicação se deu nas manifestações de pesar das comunidades Soka pelos 192 países e territórios nos quais a bandeira tricolor da Soka Gakkai é hasteada imponentemente. Há mais de dez anos, conforme palavras da Sra. Kaneko transmitidas no recente pronunciamento do Sr. Hiromasa Ikeda, “Sensei expressou que ‘doravante assumiria a liderança pelo eterno futuro, conforme o princípio da imortalidade da vida ensinado pela Lei Mística’, e felizmente ele pôde transferir completamente o bastão espiritual, sentindo assim plena segurança e tranquilidade”. Não há alegria maior que ter um mestre da vida. Essa relação se perpetua ao assumirmos, cada um, o grande ideal da paz mundial, o kosen-rufu, acalentado por Ikeda sensei. Com nossas próprias ações. Nada é capaz de separar mestre e discípulos, unidos pela eterna relação desde o infinito passado, unicidade que transcende tempo, espaço, vida e morte. Nós, brasileiros, tivemos a chance de receber Ikeda sensei por quatro vezes em nossas terras. Em 1984, a penúltima, é inesquecível a cena do dia do ensaio geral do festival cultural quando ele surpreende a todos e entra no Ginásio do Ibirapuera para incentivar os participantes, num momento de perfeita sintonia. O refrão de Saudação a Sensei, canção que ancorou o sentimento dos membros, nunca deixará de bater forte no coração de cada um: “Muito obrigado, sensei!”. E agora, é também nossa convicta decisão: “Conte conosco, para sempre!”. Veja nas próximas edições matéria especial sobre a relação de Ikeda sensei com os membros do Brasil. Pronunciamento do Sr. Hiromasa Ikeda, vice-presidente da Soka Gakkai Internacional Gostaria de comunicar o falecimento de Ikeda sensei. Às altas horas da noite do dia 15 de novembro, Ikeda sensei faleceu, serenamente, de causas naturais, em sua residência no bairro de Shinjuku, Japão, aos 95 anos. Ontem, 17 de novembro, realizou-se o funeral familiar com o gongyo liderado pelo presidente Minoru Harada. E na manhã de hoje, 18 de novembro, foi feita a cerimônia de cremação, conduzida pelo diretor-geral Shigeo Hasegawa, oferecendo orações em memória e de despedida de sensei. Minha mãe está muito bem de saúde e solicitou-me que transmitisse a todos as seguintes palavras: “Meu marido, que desde a adolescência já diziam os médicos que talvez não vivesse até os 30 anos, pôde estender sua vida até aqui e cumprir a sua missão graças à prática da fé e aos ensinamentos e aprimoramentos de seu mestre, Josei Toda. “Há mais de dez anos, ele expressou que ‘doravante assumiria a liderança pelo eterno futuro, conforme o princípio da imortalidade da vida ensinado pela Lei Mística’, e felizmente ele pôde transferir completamente o bastão espiritual, sentindo assim plena segurança e tranquilidade. “Agradeço profundamente a todos os membros e companheiros que até hoje sustentaram a sua vida na abnegada luta conjunta pelo kosen-rufu”. Essas foram as palavras da minha mãe. Gostaria de esclarecer também que o falecimento não foi divulgado até hoje devido ao desejo da família de que as atividades comemorativas do aniversário de fundação da Soka Gakkai, em especial às do Colégio Soka, pudessem ser realizadas conforme programadas. Acredito que meu pai estaria de acordo com essa decisão tomada. Quero esclarecer ainda que os três poemas waka (japonês), alusivos ao aniversário de fundação, foram publicados no jornal Seikyo Shimbun de hoje (18 de novembro) por terem sido oferecidos previamente.1 Pronunciamento do Sr. Minoru Harada, presidente da Soka Gakkai Recebi por intermédio do Sr. Hiromasa Ikeda, vice-presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), a repentina notícia do falecimento de Ikeda sensei, e não posso esconder minha surpresa e incontida tristeza. Ao pensar e refletir sobre as palavras da Sra. Kaneko Ikeda, nas quais ela compartilha o profundo sentimento de Ikeda sensei nestes seus últimos anos de vida, só temos a manifestar nossas mais profundas e sinceras orações em memória do Mestre, que nos deixou de forma serena e tranquila. Todos nós, que herdamos o bastão espiritual do kosen-rufu, vamos suplantar a tristeza e dar início à nova caminhada, fortalecendo nossa fé “dia após dia, mês após mês”. Desde a sua conversão, por mais de 76 anos, Ikeda sensei dedicou-se integralmente a servir ao seu mestre, Josei Toda, e perseverou com abnegada devoção na grandiosa luta de jamais poupar a própria vida e oferecê-la em prol da propagação da Lei. Assim, Ikeda sensei desbravou os caminhos, criando os palcos do kosen-rufu em todo o mundo, assentando o sólido alicerce dos empreendimentos pela paz, cultura e educação. Com base nesse alicerce, gravando no âmago de nossa vida os ensinamentos e as orientações legados por Ikeda sensei, vamos avançar diariamente, fortalecendo ainda mais a união indestrutível, rumo à concretização do kosen-rufu do Japão e do mundo, e pela prosperidade duradoura da Soka Gakkai por todas as gerações futuras. Creio firmemente que este é o caminho do discípulo para saldar as imensuráveis dívidas de gratidão com o Mestre, Daisaku Ikeda, por tão longo período. Como a cerimônia de despedida já foi feita pela família, então, cumprindo nosso sincero desejo, realizaremos oficialmente a cerimônia de falecimento pela Soka Gakkai, a primeira desde a morte do segundo presidente, Josei Toda, louvando assim todos os méritos de suprema contribuição ao kosen-rufu. A cerimônia está marcada para o próximo dia 23, e a participação será restrita aos membros.2 Em relação às demais pessoas da sociedade que possuem uma ligação com a Soka Gakkai, está prevista uma cerimônia para essas convidadas em data e local a ser comunicados posteriormente.3 Assim, encerro minhas palavras. Obrigado! Nota oficial da BSGI Estimados companheiros da BSGI, Com grande pesar, recebemos nesta madrugada o comunicado oficial da SGI sobre o falecimento do nosso mestre, Daisaku Ikeda, aos seus 95 anos, de causas naturais. Manifestamos nossos mais sinceros sentimentos a todos os nobres companheiros. Compartilhamos o conteúdo da nota oficial recebida do Japão. * * * Comunicado à imprensa Daisaku Ikeda, presidente honorário da Soka Gakkai e presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), faleceu de causas naturais em sua residência em Shinjuku, Tóquio, na noite de 15 de novembro. Ele tinha 95 anos. Um funeral foi realizado com membros de sua família imediata. Uma cerimônia de despedida será feita à parte cujos horário e data serão anunciados em breve. Daisaku Ikeda nasceu em Tóquio, no dia 2 de janeiro de 1928. Ele assumiu como terceiro presidente da Soka Gakkai em 1960 e, ao longo de cerca de duas décadas em exercício, conduziu o movimento budista leigo a um crescimento dinâmico e a um expressivo desenvolvimento internacional. Daisaku Ikeda assumiu como presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI) em 1975 e como presidente honorário da Soka Gakkai em 1979. Deixa esposa, Kaneko, e filhos, Hiromasa e Takahiro. * * * Convidamos todos a oferecer orações em memória de Ikeda sensei e para sua eterna felicidade. Mais detalhes sobre as cerimônias serão comunicados oportunamente. Respeitosamente, BSGI Notas: 1. Os poemas estão sendo publicados na p. 2 desta edição. 2. A cerimônia citada no pronunciamento do presidente Harada se refere somente ao Japão. No Brasil, as cerimônias da organização estão sendo realizadas conforme direcionamento da BSGI. 3. Idem à nota 2. Assista Ao vídeo dos pronunciamentos do Sr. Hiromasa Ikeda e do presidente Minoru Harada pelo site: Foto: Seikyo Press
22/11/2023
Caderno Nova Revolução Humana
BS
Semear a esperança
PARTE 61 Por volta das 16 horas, quando Shin’ichi deixava a Casa de Whitman, realizava-se num auditório de uma escola do ensino médio, localizada na cidade de Nova York, um intercâmbio da amizade entre Japão e Estados Unidos pelos membros americanos junto com os do grupo de intercâmbio vindo do Japão. O coral de Nova York entoava as canções Sukiyaki [Olhando para o Céu] e Morigasaki Kaigan [Praia de Morigasaki], em japonês. Também foram apresentados balé e dança, enquanto o grupo de intercâmbio do Japão correspondia com músicas folclóricas de diversas regiões e com dança típica japonesa. Foram momentos de intercâmbio cultural para tranquilizar o coração de todos. Além disso, foi anunciado o poema de Shin’ichi Dedico aos Meus Amados Jovens Emergidos da Terra da América. A voz do jovem que o lia em inglês ressoava pelo ambiente: No mundo enfermo do dia de hoje, o continente americano, também, balançará da mesma forma e cairá enfermo? América, sempre a terra da aspiração de todo o mundo, refrescante e símbolo da liberdade e da democracia. No poema, Shin’ichi afirmava que os jovens que abraçaram a Lei Mística possuíam a missão de revitalizar a América e o mundo. Recitando altivamente a Lei Mística, e, cravando os pés no grande solo da sociedade, estendendo as raízes, fazendo desabrochar as flores, pelo bem daquela pessoa, pelo bem dessa pessoa, pelo bem da pessoa daquela cidade, pelo bem daqueles amigos longínquos, devem continuar transmitindo, apressando-se em dialogar. Declarou também que a América, formada por pessoas dos mais variados tipos, é o mundo em miniatura. Nessa fusão e solidariedade de diferentes etnias se encontrava o diagrama da paz mundial. A paz da humanidade não é algo que se encontra em local longínquo. Ela se inicia a partir do comportamento de si próprio em conseguir superar a visão distorcida, a discriminação, o ódio e a hostilidade e confiar e respeitar as pessoas à sua volta. PARTE 62 Shin’ichi clamou: Mesmo que haja diferenças de opinião, vocês que avançam sem se esquecerem do único ponto, do objetivo certeiro! Hoje também, estudem. Hoje também, movimentem-se. Hoje também, trabalhem. E, hoje também, avancem um passo cheio de significado. Amanhã também, avancem um passo radiante. Fundindo-se diariamente com a mais nobre Lei Mística, Tal como a flor de lótus que floresce em meio ao pântano da sociedade, subam a ladeira limpando o suor que escorre, rumo à nobre perfeição de si mesmo. Prática da fé é não temer a nada. É não ser influenciado por nada. É a força para superar tudo. É a fonte para solucionar tudo. É o motor para a mais prazerosa jornada da vida para superar vitoriosamente tudo. Shin’ichi queria transmitir a todos que a construção da nova era chamada de kosen-rufu só poderia ser realizada por meio do acúmulo do avanço concreto, dia após dia, um passo após o outro. Essa luta se inicia a partir do domínio sobre si mesmo, isto é, a batalha da revolução humana. Concluiu o poema declarando que ele confiava aos jovens o bastão da sucessão. Eu confiei a vocês todas as ações em prol do kosen-rufu, pois acredito em todos os herdeiros. Devem caminhar, agora, por todos os cantos do mundo. Eu acredito em vocês, na criação de um grande caminho a partir de uma pequena estrada. Por isso, eu sou prazerosamente feliz. O local foi envolto por uma grande salva de palmas. Os jovens dos Estados Unidos se levantaram gravando essas palavras no fundo da alma. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
22/11/2023
Editorial
BS
Propagar o ideal de Ikeda sensei
Querido leitor e familiares, A Editora Brasil Seikyo (EBS) manifesta o mais profundo sentimento de pesar pelo falecimento do grandioso mestre, Daisaku Ikeda. Em meio à tristeza com a notícia de sua partida, nosso coração se encontra junto com o dos senhores. Exercendo seu papel como fontes de comunicação, os periódicos da EBS têm a difícil tarefa de transmitir a notícia do falecimento de Ikeda sensei. Mas, justamente por termos um mestre da vida, essa missão se expande para o eterno compromisso de louvar a sua inigualável existência dedicada à felicidade das pessoas. Assim, nosso desejo é que cada leitor receba esta edição como o registro da nobre vida do Mestre para toda a eternidade. A origem do ideal da batalha das palavras para transmitir a verdade e a justiça que sustenta a Editora Brasil Seikyo começou com Ikeda sensei. São 58 anos protegidos e observados pelo Mestre, que fundou a EBS em 3 de maio de 1965. E neste ano (2023) marcado pela retomada das atividades presenciais, após os desafios globais, renovamos nosso objetivo e nossa missão de transformar vidas e inspirar o mundo. Tudo foi idealizado e acompanhado pelo Mestre, de forma que nossas publicações foram regularmente reportadas a ele, o qual enviou considerações a todos os comunicados. A edição 2.646, que antecedeu a esta, foi enviada a Ikeda sensei e ele respondeu: “Entendido”. Essa resposta marca o ciclo, até o último momento, da relação do Mestre com os discípulos por meio dos periódicos da Editora Brasil Seikyo. Que o coração de Ikeda sensei sempre percorra as comunidades e os blocos de toda a BSGI por meio dessa relação cristalizada! No início do capítulo “Gratidão”, volume 28, da Nova Revolução Humana, Ikeda sensei afirma: Por que componho? Para acender a chama da esperança no coração dos amigos imersos na dor e na tristeza e para fazer com que a coragem se transforme em labaredas flamejantes! Para fazer com que ecoem no coração desta e daquela pessoa a harmonia do hino ao ser humano e, juntos, trilharmos o grande caminho da justiça!1 Ikeda sensei sempre escreveu com esse desejo expresso na Nova Revolução Humana e nós, da equipe da editora, temos o compromisso de registrar e perpetuar esse legado em nossos veículos. Faremos desta publicação um verdadeiro marco do renovar da missão de levar esperança e coragem aos leitores. Essa missão só estará completa com seu papel, leitor e discípulo, de fazer o ideal do Mestre em prol do kosen-rufu se propagar amplamente. Que a leitura deste Brasil Seikyo acalente seu coração e que a jornada do Mestre apresentada aqui o inspire diversas e diversas vezes a pôr em prática seus ideais para a edificação de um glorioso futuro rumo ao centenário de fundação da Soka Gakkai e para a posteridade. Vamos juntos bradar nosso “muito obrigado, Ikeda sensei”! Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 28, p. 107, 2020.
22/11/2023
Encontro com o Mestre
BS
Seja alguém afortunado de confiança que cultiva amizade
Nossos nobres companheiros também estão lutando contra as mais variadas circunstâncias adversas em meio à rigorosa realidade social. Há momentos em que lágrimas de sangue escorrem pela frustração de se sentir momentaneamente derrotado. Porém, o outro nome do Buda é “herói do mundo”. É o grandioso herói a conquistar infalivelmente a vitória na sociedade. Para nós, que abraçamos esta grande Lei do Buda, não há dificuldades intransponíveis. O ponto de partida da paz se encontra na ajuda mútua no dia a dia entre vizinhos, conhecendo-se uns aos outros. O relacionamento entre vizinhos é difícil. Devido à proximidade, e por estarem próximos, há uma tendência de omissão. Como é nobre o “comportamento como ser humano” que cultiva o jardim da amizade na vizinhança, manifestando uma consideração com os vizinhos.Soltar a voz. Falar com a pessoa. Entregar sua voz. Essas ações se conectam à expansão do relacionamento do bem. E essas ações se tornam a expansão da felicidade de si junto com a de outra pessoa. “Fé é a própria ação” e “budismo é a própria sociedade”. O real aspecto do kosen-rufu está em cada pessoa brilhar como o “farol da comunidade local”. Desejo-lhes que, como alguém “alegre e afortunado” e como alguém “afortunado de confiança”, façam de cada pessoa sua aliada, ampliem o círculo de amizade, e adornem a vida com altivo orgulho.Quero lhes dizer isso com o sentimento de apertar a mão de cada companheiro. A você, meu amigo, minha amiga, seja o herói e a heroína do kosen-rufu da localidade! Com toda a vitalidade, plantem hoje também a “semente da esperança”, a “semente da amizade”, a “semente da paz”, e façam desabrochar as flores em profusão. Publicado no Seikyo Shimbun de 26 de outubro de 2023. No topo: Ponte Senju Shinbashi sobre o rio Arakawa em Tóquio. A Rodovia Nikko atravessa esta ponte e continua até Senju, à margem oposta, onde se estendem as ruas animadas dos distritos de Adachi e de Arakawa. Em junho de 1988, Ikeda sensei dispara sua câmera fotográfica do interior do carro que avançava pela via expressa metropolitana às margens do rio. No dia 24 deste mês [outubro de 2023], o Departamento Social; o Departamento de Especializações; o Departamento de Conjuntos Habitacionais, que recebeu a nova denominação de Departamento de Castelo da Felicidade; e o Departamento de Agricultura e Pesca comemoram cinquenta anos de fundação. Nichiren Daishonin comparou o Buda a “uma grande ponte”.1 Budista é aquele que, no ambiente de trabalho ou na comunidade local, brilha como o farol da confiança e estabelece pontes da amizade. Em uma época de intensas transformações, a missão dos membros das Coordenadorias Sociais e das Comunidades Locais é cada vez maior. Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 232, 2020.
09/11/2023
Especial
BS
Castelo da unicidade de mestre e discípulo
O Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu (Daiseido, em japonês) foi inaugurado em 18 de novembro de 2013 e representa a consolidação da unicidade de mestre e discípulo, assim como o juramento seigan pela concretização do kosen-rufu, desejo e testamento máximo do buda Nichiren Daishonin. Na mensagem para a inauguração, o presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, destaca: Este grande castelo é a suprema torre de tesouro entre os seres humanos onde os cidadãos do mundo da Lei Mística se reúnem superando quaisquer diferenças e incentivam-se mutuamente e avançam contínua e ininterruptamente rumo ao juramento seigan: paz, tranquilidade e felicidade de cada pessoa; prosperidade da sociedade, paz do mundo e transformação do destino da humanidade.1 Assim, desde a sua inauguração, milhares de membros da Soka Gakkai do Japão e do mundo têm visitado o Auditório do Grande Juramento para reconfirmar sua determinação de atuar pela paz em sua respectiva localidade com base nos princípios humanísticos budistas e no sincero desejo de corresponder às expectativas do Mestre. Atualmente, a visitação ao Daiseido está gradativamente sendo retomada devido aos cuidados sanitários e de saúde decorrentes da pandemia da Covid-19. Ao entrar no Auditório do Grande Juramento, há o Monumento do Juramento Seigan pelo Kosen-rufu, e nele é possível visualizar uma caligrafia gravada em placa com a palavra “Kosen-rufu” com a inscrição no estilo vigoroso de Ikeda sensei. Num trecho consta: “O kosen-rufu do Jambudvipa [o mundo inteiro] é o testamento de Nichiren Daishonin. A Soka Gakkai é a única organização religiosa da correta linhagem que realiza o kosen-rufu”.2 Monumento do Juramento Seigan pelo Kosen-rufu No auditório, encontra-se o Gohonzon de Consagração Permanente da Soka Gakkai com a seguinte inscrição: “Grande Desejo pela Concretização do Kosen-rufu, a Propagação Benevolente da Grande Lei”. Sobre ele, Ikeda sensei ressalta: Eu, como discípulo de unicidade do presidente Josei Toda, meu mestre, vim protegendo solenemente este Joju Gohonzon na Sala Shitei da sede. Para a concretização do grande desejo da “Propagação Benevolente da Grande Lei” e da “Concretização do Kosen-rufu”, parti para o mundo. Fiz do juramento de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra” do nosso primeiro presidente, professor Makiguchi, que se martirizou na prisão lutando contra o regime militarista, meu próprio juramento, e vim expandindo a grande rede de solidariedade da paz, cultura e educação em todo o planeta. Diante deste Gohonzon, vim orando pela saúde, longevidade e felicidade de todos os companheiros, como também pela sua revolução humana e a consecução do estado de buda na presente existência, visualizando a criação de pessoas de grande valor, genuínos seres humanos herdeiros por todo o eterno futuro. (...) Como o Sutra do Lótus afirma, os senhores são bodisatvas que aqui se reúnem imbuídos de coragem, vindos de todas as partes do mundo, em perfeita “fusão da realidade e da sabedoria” (kyochi-myogo) com o Gohonzon do Kosen-rufu. Esta é, de fato, uma assembleia dourada em que a vida de grande juramento do remoto passado inicia uma renovada partida como o brilhante sol da alvorada, com a disposição de ter renascido agora.3 Para cumprir essa grandiosa missão, no Brasil, os integrantes da BSGI têm se dedicado incansavelmente a construir uma sociedade de paz, desafiando inúmeras dificuldades, como os causados pela recente pandemia do coronavírus. Em especial, vêm se fortalecendo por meio do estudo do budismo, atuando intensamente nas organizações de base e criando um ambiente propício para o surgimento dos jovens sucessores que se encarregarão do futuro da humanidade. Visando celebrar vitoriosamente o centenário da Soka Gakkai e os setenta anos da BSGI em 2030, inicia-se agora uma nova etapa do movimento pelo kosen-rufu empreendido pela BSGI. O presidente Ikeda expressa suas expectativas na atuação dos companheiros do Brasil e do mundo, enfatizando: A partir de hoje, desejo iniciar um grande avanço da justiça e da esperança, alçando voo com alegria para a nova era do kosen-rufu mundial, fazendo deste castelo o Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. O que os senhores acham?“Este é meu juramento” — fazendo arder ainda mais fortemente a chama desta decisão, vamos nós, da família Soka, junto a este Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu, nos comprometermos mutuamente a adornar nossa vida com a conquista de uma indestrutível existência de grandes vitórias e plena realização, superando resolutamente todas as adversidades com união harmoniosa e vivacidade.4 Gongyo em torno do presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, neste auditório Sobre o Daiseido Joju Gohonzon inscrito para a Soka Gakkai em 1951. No “Gohonzon de Consagração Permanente da Soka Gakkai” presente no Daiseido está escrito à esquerda do objeto de devoção “Grande Desejo pela Concretização do Kosen-rufu, a Propagação Benevolente da Grande Lei” e, à direita, “Inscrito Eternamente para a Soka Gakkai”. Foi consagrado no dia 5 de novembro, pelo próprio presidente Ikeda.85 países foram representados na primeira reunião geral no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu.Capacidade do auditório principal para 1.400 pessoas.Desenho do teto é uma fênix, representando o zarpar do Budismo Nichiren como religião mundial.92 países e territórios e as 47 províncias de todo o Japão representados por pedras depositadas na base do oratório do auditório.Pedra brasileira reveste o piso da parte térrea.Oito pilares frontais representam os oito ideogramas deixados para os seres humanos desta era por Shakyamuni e representam o espírito Soka de prezar cada membro da Soka Gakkai como se fosse o Buda.Edifício de sete andares construído numa base de 22 metros de profundidade para ser seguro em caso de terremoto.120 mil trabalhadores envolvidos na construção do prédio, que durou dois anos. No topo: aspecto magnífico do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. Fotos: Seikyo Press Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.203, 16 nov. 2013, p. A1. 2. Leia a íntegra da inscrição no Brasil Seikyo, ed. 2.208, 21 dez. 2013, p. C3. 3. Brasil Seikyo, ed. 2.203, 16 nov. 2013, p. A1. 4. Ibidem.
26/10/2023
Tema da SGI de 2024
BS
Tema da SGI de 2024 é anunciado
Em recente Reunião de Líderes de Província, foi divulgado o tema da Soka Gakkai Internacional (SGI) para 2024: “Ano do Descortinar da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”. A atividade foi promovida na tarde do dia 11 de outubro no anexo da sede da Soka Gakkai, em Shinanomachi, Tóquio, Japão, com a participação do presidente Minoru Harada e de outros líderes centrais da organização. Ele enfatizou que a Soka Gakkai se tornou uma religião mundial, está comemo-rando o 10º aniversário de inauguração do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu e visa os 95 anos de fundação em 2025 e o centenário em 2030. Destacou que os sete anos que antecedem o 100º aniversário de fundação serão “um momento importante para realizar uma mudança no destino da família global”. Relembrou que 2024 marcará os setenta anos desde a nomeação do jovem Daisaku Ikeda, atual presidente da SGI, como secretário da Divisão dos Jovens e contará com a realização da Convenção Mundial dos Jovens. Clamou para que, no mundo inteiro, os jovens estejam na vanguarda do movimento pelo kosen-rufu e que cada localidade os desenvolva, manifestando o mesmo frescor deles e criando uma grande onda de expansão. O presidente Harada citou um trecho dos escritos de Nichiren Daishonin: “Em análise final, a menos que consigamos demonstrar a supremacia deste ensinamento, os desastres continuarão sem trégua”,1 para incentivar a todos a ampliar os diálogos e a concluir o ano 2023 com a canção triunfal da grande vitória. Fonte: Seikyo Shimbun de 12 de outubro de 2023. Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 381, 2017.
26/10/2023
Encontro com o Mestre
BS
Nós somos companheiros do castelo da felicidade
Foi uma nova partida realmente feliz. Neste momento em que comemora cinquenta anos de existência, o Departamento de Complexos Habitacionais iniciou a grande marcha da esperança, com as chamas de renovada energia vital, sob nova denominação de Departamento de Castelo da Felicidade. Foto registrada por Ikeda sensei da janela do carro quando retornava de Osaka em direção a Tóquio após concluir a 258a visita a Kansai. Enquanto o conjunto habitacional à frente é envolto pelo crepúsculo, as nuvens no céu e no topo do Monte Fuji são tingidas na cor rosa do pôr do sol (Shizuoka, nov. 2007)Lembro-me de que isso aconteceu no final do outono do ano da transição da era Showa para Heisei (1989). Os preciosos amigos do Departamento de Complexos Habitacionais de Kansai me enviaram um álbum que transmitia o ambiente de árduos esforços realizados alegremente por todos. Juntando as mãos em oração pelas nobres flores de sorriso, criei uma caligrafia e a ofereci a eles. O coração é o imenso e vasto castelo da felicidade. De fato, conforme a passagem dos escritos “O corpo e a mente dela permeiam todo o mundo dos fenômenos num único momento”,1 os sublimes companheiros construíram, com coração imenso e vasto, o castelo da felicidade nos seus complexos residenciais e localidades do juramento seigan. Quanta amizade e confiança os amigos do Departamento de Complexos Residenciais expandiram até hoje por meio de seus cumprimentos sinceros no dia a dia! Quanta contribuição eles continuam a oferecer à comunidade local por meio de incansáveis atividades na Associação de Moradores e do acúmulo de ações sábias de ajuda mútua! Assim, os complexos residenciais de profunda relação cármica vêm lançando seu brilho em busca de uma “federação de harmonia humana”, uma joia valiosa. Diz-se que, atualmente, muitos complexos residenciais enfrentam diversas questões, tais como a diminuição da taxa de natalidade e o envelhecimento da população. O número de famílias compostas por uma única pessoa também tem aumentado. O formato dos edifícios vem mudando com construções mais altas e sistemas de fechamento automático. A missão dos nossos membros é verdadeiramente grandiosa. Junto com minha esposa, estou orando intensamente todos os dias pela boa saúde e longevidade dos meus preciosos companheiros. Nichiren Daishonin afirmou: “Invariavelmente, o nome possui a virtude de alcançar o próprio corpo”.2 Construam um corpo colaborativo de respeito ao ser humano e à dignidade da vida, aqui e acolá, sob a liderança da Coordenadoria das Comunidades Locais da Soka Gakkai! Desejo ininterruptamente que edifiquem um pacífico castelo da felicidade! Boas relações humanas Já faz trinta anos desde a realização da segunda palestra a convite da Universidade Harvard, localizada nas proximidades de Boston, sob o límpido céu de outono. O evento teve como palco o Centro Internacional do Diálogo, situado próximo a esse palácio do intelecto, e conseguimos promover intercâmbios da paz, cultura e educação em diversos níveis. As obras de diálogo com o Dr. John Kenneth Galbraith (economia), o Dr. Nur Yalman (antropologia cultural), o Dr. Harvey Gallagher Cox (estudos das religiões), a Dra. Elise Boulding (estudos da paz), o Dr. Du Weiming (filosofia da história da China) e a Dra. Sarah Wider (literatura), que falam sobre o mundo e o futuro, também vêm se expandindo amplamente em múltiplos contextos. Afirma-se que, desde 1938, por mais de oitenta anos, a Universidade Harvard vem conduzindo uma pesquisa científica, acompanhando muitas famílias, ultrapassando gerações, sobre as “causas principais para levar uma vida saudável e feliz”. O conhecimento mais importante obtido desses estudos se resume a um único ponto: “a necessidade de boas relações humanas”.3 É uma pesquisa realmente valiosa e muito instigante. Desde a sua fundação, a Soka Gakkai vem demonstrando inúmeras comprovações de vida saudável e feliz, tanto de seus membros como de outras pessoas, por meio de “bons amigos”, isto é, das melhores relações humanas, exatamente de acordo com a passagem dos escritos de Nichiren Daishonin: “Deveríamos procurar um bom amigo”.4 Recordo-me também do meu venerado mestre, Josei Toda, que, em relação às diversas religiões, costumava propor a realização e o acompanhamento de uma pesquisa científica por cinco ou dez anos sobre a realidade da vida diária do praticante. É verdadeiramente o que afirma a passagem “E ainda mais importante que a razão e a prova documental é a prova real”.5 Justamente por vivermos uma época de grave isolamento e de divisão, gostaria de criar e expandir ainda mais a zona de segurança dos laços de vida na sociedade, tal como me referi na palestra proferida na Universidade Harvard: “A majestosa sinfonia do diálogo aberto”. A teoria da completa transformação em sete anos A rede de incentivos Soka conectada no mundo todo é o mais valioso tesouro a ser passado para as gerações futuras. Há alguns dias, em 29 de setembro, isto é, no décimo quinto dia do oitavo mês do calendário lunar, tivemos a lua cheia que nos contemplou com seu brilho dourado. Naquela noite, os novos jovens responsáveis pela Divisão dos Estudantes [do Japão] deram uma vigorosa partida visualizando a próxima ocorrência da lua cheia no décimo quinto dia do oitavo mês do calendário lunar que será daqui a sete anos, no centenário da Soka Gakkai. Katsu Kaishu, que completaria seu 200o aniversário de nascimento neste ano, foi a pessoa que defendia a “teoria da completa transformação em sete anos” de que, em cerca de sete, oito ou dez anos, as tendências mudam de direção e o coração das pessoas se transforma completamente. Embora seja em outra dimensão, os mestres e discípulos Soka também vieram badalando o sino da vitória do kosen-rufu a cada sete anos. Nichiren Daishonin ressalta em seus escritos sobre o encontro dos bodisatvas da terra: “Todos haviam se reunido (...) como a relva na Planície de Musashino ou as árvores que cobrem o Monte Fuji”.6 Estou orando e cuidando, com o sentimento de refletir sobre o espelho claro dos céus, da majestosa expansão da legião de “valores humanos” no centenário de fundação da Soka Gakkai. Avance com honestidade e sinceridade Com a diplomacia embasada nos quatro ideogramas com que se escreve “honestidade e sinceridade”, Katsu Kaishu salvou Edo [atual Tóquio] das guerras e dos distúrbios. Ele continuou avançando “com esse rumo inabalável e resoluta autoconfiança”. Sua crença era de que, dessa maneira, “mesmo com as pessoas, antes consideradas inimigas, poderia criar uma amizade a ponto de mutuamente abrirem o coração”.7 Sem dialogar, não é possível criar uma nova época. Se continuar falando com toda a honestidade, certamente mudará o coração da outra pessoa. Com tom de voz típico de um nativo de Edo, Kaishu fez a análise de personalidades de todos os tempos. No topo de sua lista de pessoas da antiguidade que ele considerava persistentes se encontra Nichiren Daishonin. Kaishu o admira com espanto: “Ele não fraquejava de forma alguma, e ultrapassava quaisquer situações de dificuldade”. 8 Nós temos a importante missão de realizar o kosen-rufu mundial, que é o testamento do Buda. Possuímos a estratégia do Sutra do Lótus transmitida diretamente por Daishonin. Devemos repelir quaisquer condições adversas, criar aliados e aumentar o número de companheiros, tornando possível o impossível, e transformando tudo de veneno em remédio. A missão da “pacificação da terra” Na momento da realização do Exame de Budismo de Primeiro Grau e de Terceiro Grau da Divisão dos Jovens realizado em todo o Japão, quero louvar mais uma vez os esforços dos candidatos de espírito de procura, das pessoas que os apoiaram e das comissões. Independentemente da aprovação ou não no exame, estou certo de que haverá imensurável expansão da boa sorte e do aprofundamento da condição de vida de cada pessoa. Nesse exame, uma das matérias incluía o tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra. O grande desejo do kosen-rufu da Soka Gakkai é, em si, o juramento seigan pela “pacificação da terra”. A missão de propagar a Lei Mística para o mundo inteiro é a mesma daquela de realizar a paz e a tranquilidade para todas as pessoas. As calamidades naturais, epidemias e guerras recentes apontam para a realidade de que a humanidade se encontra diante de uma grande questão crucial. No tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra, o anfitrião responde ao visitante que lamenta o cenário trágico da sociedade: “Tenho meditado, sozinho, sobre o assunto com indignação”.9 E, então, inicia o diálogo: “Vamos analisar minuciosamente a questão”.10 Se apenas nos entristecermos e lamentarmos diante de uma tragédia real, nada mudará. O que fazer para mudar? Deve-se pensar de forma proativa, orar com seriedade e dar um passo juntos para romper o impasse. Aí se encontra a alma do Budismo Nichiren. A filosofia que brilha nas dificuldades Que tipo de ideologia e de filosofia a pessoa possui? Por meio delas, sua consciência e suas ações são moldadas, e isso, por sua vez, afeta a realidade e o futuro. O budismo ensina que todas as pessoas possuem uma vida digna e são dotadas de um potencial infindável. O ser humano possui forte tenacidade que não o deixa sucumbir mesmo diante das ameaças da natureza. Tem coragem e esperança para superar qualquer desastre, como também sabedoria e afeto para se levantar com as pessoas à sua volta. O ato de cultivar essa força de cada pessoa e de reunir a capacidade de todos da comunidade local torna-se, certamente, a base para construir uma sociedade invencível perante as calamidades. As ligações formadas durante esse processo manifestam a força nos momentos cruciais. Relembro-me do tufão Vera, que atingiu a baía de Ise em setembro de 1959. Como diretor, responsável pela Soka Gakkai, assumi a liderança na ajuda às vítimas da catástrofe, especialmente das províncias de Aichi e de Mie, onde os danos foram mais graves. Imediatamente, em torno dos integrantes da Divisão dos Jovens dessas províncias, bem como das províncias vizinhas, os membros correram para as áreas afetadas pelo desastre a fim de prestar apoio. Em resposta aos relatos da situação de danos que vinham da linha de frente, tomavam providências para o envio de medicamentos, roupas e outros suprimentos. Eu também visitei o local. Independentemente se eram membros ou não, procurei encorajar de corpo e alma as pessoas atingidas pelo desastre que estavam diante dos meus olhos. “Agora é o momento de me levantar como protagonista da proteção à vida! Vou trabalhar em prol da localidade unindo os corações!” Todos se empenharam com essa decisão. Havia amigos que continuaram preparando bolinhos com arroz tão quente que suas mãos ficavam totalmente avermelhadas. Outros transportavam esses bolinhos em um barco para distribuí-los às vítimas das casas inundadas. Esse tipo de ajuda oferecida pela Gakkai chegava antes de qualquer outra instituição. A dedicação dos membros que brilhavam no meio da escuridão dos sofrimentos era exatamente o nobre “comportamento como ser humano” que Nichiren Daishonin chega a considerar como “o propósito do advento do buda Shakyamuni, senhor dos ensinamentos, neste mundo”.11 Esse é o alicerce inabalável da honrosa fortaleza de Chubu. Vamos construir juntos o castelo da felicidade! Acima, momento do casal Ikeda durante a 100a visita à região de Chubu, observando o castelo de Nagoya a partir do Parque Meijo, onde brilha um verde renovado (maio 1995) Hasteando o estandarte aqui e agora Alguns dias atrás, representantes de 44 países e territórios se reuniram para o Curso de Aprimoramento dos Jovens da SGI. Mesmo lutando contra as próprias questões desafiadoras, os líderes estão se envolvendo corajosamente nos problemas e nas provações de sua localidade e de seu país. Um deles afirmou com altivo orgulho de que tem expandido ao seu redor a convicção de que “tal como eu consegui, todos podem criar a vida de felicidade”. Transformando desespero em esperança e destino em missão, crie a rede solidária de juramento seigan, levantando-se só! Com essa determinação inabalável e não importando o que aconteça, devemos estender as raízes no local em que nos encontramos agora e hastear a bandeira da vitória. Aprofundando a amizade e a confiança, devemos estreitar os laços entre os povos e dedicar força e sabedoria em prol da sociedade e da terra natal. Em seus escritos, Nichiren Daishonin faz a seguinte citação: “Quando a família honra diligentemente os ensinamentos, com certeza os sete desastres irão se dispersar”.12 Como é maravilhoso o fato de ecoar as vozes sonoras da Lei Mística em nosso lar, em nossa comunidade local e em nosso país! Hoje, valorizando, mais uma vez, a recitação do gongyo e do daimoku, a base fundamental, vamos fazer brilhar vitoriosamente o castelo da boa saúde, o castelo da felicidade e o castelo da paz, de contínuas vitórias, bailando a dança da revolução humana cada vez mais radiantemente. Publicado no Seikyo Shimbun de 5 de outubro de 2023. No topo: no dia seguinte à primeira palestra promovida na Universidade Harvard, Ikeda sensei visita a sede regional de Boston e, ao lado da esposa, Kaneko, expressa incentivos e gratidão aos membros da Divisão dos Estudantes que o recepcionam (set. 1991) Fotos: Seikyo Press Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 384, 2020. 2. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 378, 2006. 3. Cf. WALDINGER, Robert; SCHULZ, Marc. The Good Life. Tradução para o japonês: Osamu Kojima. Editora Tatsumi Publishing. 4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 625, 2020. 5. Ibidem, p. 626. 6. Ibidem, v. II, p. 175, 2017. 7. Nova revisão de Kaishu Zadan [Mesa Redonda Kaishu]. Versão: Yoshiharu Iwamoto. Editora Iwanami Shoten. 8. Hikawa Seiwa [Registro de Falas de Katsu Kaishu]. In: Nihon no Meicho 32, Katsu Kaishu [Obras-primas do Japão 32, Katsu Kaishu]. Editora Chuo Koronsha. 9. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 7, 2020. 10. Ibidem. 11. Ibidem, v. II, p. 113, 2017. 12. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 1026, 2006.
26/10/2023
Especial
BS
Ponto primordial da fundação
Durante a sua primeira viagem ao exterior, em outubro de 1960, depois de passar por Havaí, São Francisco e Seattle, Estados Unidos, o jovem Daisaku Ikeda, recém-empossado terceiro presidente da Soka Gakkai, no Japão, enfrentava precárias condições de saúde. Mesmo assim, seu espírito de encontrar e incentivar cada membro superava qualquer circunstância. Dessa maneira, deu prosseguimento à jornada, passando por várias cidades, apesar de ter febre alta todos os dias, principalmente ao entardecer. Chegando a Nova York, as comunicações com o Brasil, seu próximo destino, não haviam sido efetivas, o que causava preocupação aos integrantes da comitiva que o acompanhava. Nessa ocasião, Ikeda sensei retirou do bolso do paletó uma foto do seu venerado mestre, Josei Toda. Olhando-a fixamente, lembrou-se de um episódio vivido com ele no ano 1957, cinco meses antes do falecimento dele. A saúde de Toda sensei inspirava cuidados. Uma passagem do romance Nova Revolução Humana retrata aquele momento: Shin’ichi dirigiu-se até a sala onde Toda repousava deitado num sofá, na Sede Central da Soka Gakkai. Ajoelhou-se diante do mestre, abaixou a cabeça e suplicou: — Sensei, por favor, cancele sua viagem a Hiroshima. Eu lhe imploro! O senhor precisa descansar! No entanto, Toda respondeu resolutamente: — Como eu poderia fazer isso? Tenho de ir. Como um emissário do Buda não posso desistir de algo que já decidi fazer. Eu irei ainda que venha a morrer! Não percebe que esse é o real significado da fé, Shin’ichi? Por que me pede isso? A voz intrépida de seu mestre ainda ressoava claramente em seus ouvidos. Aquele brado sintetizava a verdadeira postura de um líder do kosen-rufu, a conduta que Toda lhe ensinou com a própria vida.1 Josei Toda havia ensinado a Daisaku Ikeda a levantar-se com bravura para desbravar o kosen-rufu com a própria vida. Dessa forma, quando Ikeda sensei foi abordado por um membro da comitiva que transmitiu a preocupação e o desejo de todos de protegê-lo e poupá-lo da viagem ao Brasil, ele disse enfaticamente: — Sou-lhe muito grato pela preocupação, Sr. Jujo — disse Shin’ichi com os olhos ardentes de determinação. — Contudo, eu irei. Existem companheiros que estão me aguardando. Jamais cancelaria a viagem sabendo que eles estão me esperando. O senhor sabe perfeitamente que um dos propósitos principais desta viagem ao exterior é a visita ao Brasil. Chegamos até aqui exatamente para isso. Não posso desistir no meio do caminho. Houve alguma vez que o presidente Toda recuou em meio a uma luta? Eu sou discípulo do presidente Toda! Eu vou! Vou sem falta, custe o que custar! Se tiver de tombar, então tombarei em combate! Que desventura poderia haver nisso?!2 Desbravadores Às vésperas da vinda ao Brasil, a comitiva que acompanhava o presidente Ikeda ainda não possuía nenhuma informação do que encontraria. Várias cartas foram enviadas ao país, mas se soube posteriormente que apenas uma havia chegado às mãos de um dos membros brasileiros. Foi justamente essa carta que informou aos companheiros do Brasil sobre a chegada do Mestre. No avião, a caminho das terras brasileiras, o presidente Ikeda continuava a empenhar suas energias para se manter firme. E foi ali, naquelas condições, que revelou a um membro da comitiva seu desejo de fundar um distrito no Brasil: — Sim, o primeiro distrito a ser estabelecido fora do Japão. Sei que o número de famílias ainda é pequeno. Entretanto, a história, a cultura e o modo de ser dos sul-americanos são muito diferentes dos norte-americanos. É preciso considerar a América do Sul de forma distinta e separada. O Brasil será o alicerce de nossas atividades nesta região. A fundação do distrito elevará também a consciên-cia dos companheiros do Brasil e, acima de tudo, fortalecerá a união entre eles.3 Enfim, o grande dia O presidente Ikeda desembarcou no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, por volta da 1 hora da madrugada do dia 19 de outubro de 1960. Esse dia foi denominado, mais tarde, como Dia da BSGI, e é considerado como a data de fundação da organização. Entoando a canção Ifu Dodo no Uta, os membros presentes seguravam uma faixa de boas-vindas. Muitos haviam aprendido a canção somente alguns dias antes, mas ela encheu o coração dos membros da comitiva de novo ânimo após a cansativa viagem. A maioria dos componentes do grupo de recepção era formada por homens, grande parte de imigrantes japoneses que trabalhavam na lavoura. Com o rosto queimado pelo sol e com os olhos cheios de lágrimas, cantavam com ardor a canção que haviam acabado de aprender. Ikeda sensei relembra: O dia 19 de outubro de 1960 é uma data particularmente histórica e memorável que jamais poderia esquecer. Foi o dia em que assinalei o primeiro passo no solo brasileiro com a determinação de cumprir unicamente os ideais do meu venerável mestre, Josei Toda. Apesar da curta estada de apenas dois dias, orei e agi resolutamente com o firme propósito de fincar minha alma, meu espírito no solo brasileiro.4 No segundo dia de permanência do presidente Ikeda e comitiva, foi realizada no salão Chá Flora, no bairro da Liberdade, uma reunião de palestra em conjunto com a 1a Convenção da América do Sul. A atividade teve início às 13 horas, um encontro de mestre e discípulos repleto de intensa emoção e decisão. No diálogo com os participantes, uma senhora relatou as preocupações em relação às suas desafiadoras circunstâncias. Em resposta, Ikeda sensei a incentivou: Todas as pessoas são desbravadoras que atravessam as fronteiras desconhecidas da vida. Dessa forma, cabe apenas a cada um de nós cultivar e desenvolver a própria vida. É preciso empunhar a enxada da esperança, plantar as sementes da felicidade e perseverar com tenacidade na prática da fé. As gotas de suor derramadas em prol do kosen-rufu vão se tornar gemas de boa sorte que haverão de dignificar a sua vida para sempre. Por favor, torne-se a pessoa mais feliz do Brasil!5 Após responder às perguntas, Ikeda sensei declarou: “Tenho o prazer de anunciar neste momento a fundação do Distrito Brasil”. Uma forte salva de palmas demonstrou a felicidade dos participantes. Naquele momento, o presidente Ikeda manifestou seu sentimento, palavras que servem até hoje como direcionamento para a atuação de todos os membros da BSGI: — O Brasil tornou-se agora, fora do Japão, o país pioneiro do movimento pelo kosen-rufu mundial. Aqui existe um potencial ilimitado. Como pioneiros da paz e da felicidade, solicito aos senhores que abram o caminho do kosen-rufu do Brasil em meu lugar. Por favor, façam o melhor que puderem. Conto com os senhores!6 Passados 63 anos, a BSGI se desenvolveu amplamente graças à luta incansável dos pioneiros e seguindo o caminho pavimentado pelo próprio presidente Ikeda, sobretudo por meio de suas quatro visitas ao Brasil: em 1960, 1966, 1984 e 1993. Ultrapassando sucessivas ondas de dificuldades, década após década, seus integrantes conquistaram a confiança e a admiração da sociedade por meio da comprovação, na própria vida, dos princípios humanísticos do Budismo Nichiren e dos direcionamentos de Ikeda sensei. Entre essas adversidades, as consequências da pandemia da Covid-19 constituem um enorme desafio que está sendo ultrapassado com a força da recitação do daimoku, da determinação, da união e do espírito de procura dos discípulos Ikeda brasileiros (veja abaixo com trecho do diálogo dos líderes da Soka Gakkai sobre os esforços dos membros da BSGI publicado no jornal Seikyo Shimbun). Um dos marcos recentes das ações da organização foi a realização das atividades comemorativas dos trinta anos da quarta visita do presidente Ikeda ao Brasil, ocorrida em 1993. Com a presença de uma comitiva da SGI, liderada pelo presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, os integrantes da BSGI estabeleceram uma nova fase de avanço, impulsionada por vigorosos esforços e por dinâmicas atividades, como as reuniões nacionais de líderes, a Academia Índigo Juventude Soka do Brasil, a inauguração de novos centros culturais e sedes regionais, o movimento de cem jovens por distrito e principalmente o desenvolvimento das organizações de base, esteio de todo o movimento pelo kosen-rufu. Atividades realizadas pela BSGI: Convenção Comemorativa dos Trinta Anos da Quarta Visita do Presidente Ikeda ao Brasil. Atividades realizadas pela BSGI: Academia Índigo Juventude Soka do Brasil Visando o ano 2030, em que se comemorarão o centenário de fundação da Soka Gakkai e os seten-ta anos da BSGI, em perfeita união, os membros de todo o país buscam corresponder sinceramente à expectativa e à confiança do presidente Ikeda, a cada dia tornando a organização o verdadeiro “Modelo do Kosen-rufu Mundial”, como denominado pelo Mestre. Uma nova correnteza do kosen-rufu mundial a partir do “Brasil Monarca” A seguir, acompanhe trechos de diálogo com o presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, e com a coordenadora das Mulheres da SGI, Yumiko Kasanuki, sobre as vitórias alcançadas recentemente pelos membros da BSGI. O diálogo faz parte de uma série de entrevistas com líderes da Soka Gakkai publicada no jornal Seikyo Shimbun, no dia 13 de julho deste ano. Kasanuki: No Brasil, que visitei recentemente, o Instituto Soka Amazônia se tornou a primeira organização privada na região amazônica a fechar um acordo de parceria com a Carta da Terra Internacional. O movimento Soka pela paz, cultura e educação está se espalhando por todo o mundo. Harada: Coincidentemente, em 2025, a conferência da ONU sobre contramedidas às mudanças climáticas, COP30, será realizada pela primeira vez na região amazônica do Brasil. O papel do Instituto Soka Amazônia está se tornando ainda mais importante. Kasanuki: O Brasil foi um dos países mais atingidos pela crise da pandemia do coronavírus. Apesar disso, nossos companheiros da BSGI têm sido pacientes, incentivando uns aos outros. Uma força motriz por trás disso foi a versão eletrônica do jornal Brasil Seikyo. Quando a entrega de porta a porta da versão física foi forçada a ser interrompida, a versão eletrônica foi disponibilizada gratuitamente. Usando as matérias que chegam aos celulares como alimento para a prática da fé, os membros ultrapassaram as dificuldades a cada dia com base no daimoku. Harada: Fiquei impressionado com as palavras de um líder: “A organização foi protegida ao decidirmos introduzir a versão eletrônica antecipadamente”. O Japão agora está se esforçando para promover a versão eletrônica, e eu consegui compreender melhor a importância disso quando estive em terras brasileiras. Kasanuki: A Convenção Comemorativa do 30o Aniversário da Quarta Visita do Presidente Ikeda ao Brasil foi transmitida para cerca de 9,8 mil locais em todo o Brasil, com mais de 20 mil pessoas participando. O aspecto delas cantando a canção Saudação a Sensei, música favorita da BSGI, enquanto agitavam lenços vermelhos, amarelos e azuis foi profundamente emocionante. Harada: O Brasil foi o país em que Ikeda sensei fundou o primeiro distrito no exterior. Uma convenção espetacular na qual tive a certeza de que uma nova correnteza do kosen-rufu mundial emergirá do Brasil, “Monarca do Mundo”, que se fortaleceu ainda mais após superar o desafio de mais de três anos de pandemia com base na unicidade de mestre e discípulo, na “união de diferentes em corpo, unos em mente” e na prática da fé de transformação de veneno em remédio. No topo: Presidente Ikeda incentiva participantes da reunião de fundação do Distrito Brasil (20 out. 1960) Fotos: Seikyo Press /BS Fontes: IKEDA, Daisaku. Desbravadores. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 219-243, 2019. Brasil Seikyo, ed. 2.534, 3 out. 2020, p. 6-9. Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Desbravadores. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 214, 2019. 2. Ibidem, p. 216. 3. Ibidem, p. 221. 4. Brasil Seikyo, ed. 1.435, 25 out. 1997, p. 1. 5. IKEDA, Daisaku. Desbravadores. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 242, 2019. 6. Ibidem, p. 243.
11/10/2023
Encontro com o Mestre
BS
Uma pessoa feliz é uma pessoa forte
Trechos do discurso proferido pelo presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, na 75a Reunião de Líderes da Soka Gakkai e na Reunião de Líderes da Divisão dos Jovens, realizadas no Centro Internacional da Amizade Soka, em março de 1994. O vídeo gravado foi exibido durante a mais recente Reunião de Líderes da Soka Gakkai, em 2 de setembro de 2023. DR. DAISAKU IKEDA Que tipo de pessoa é feliz? Em uma palavra, uma pessoa forte. Uma pessoa forte pode desfrutar tudo na vida, e quaisquer obstáculos que se levantem apenas a tornam ainda mais forte. Em Carta para os Irmãos, Nichiren Daishonin escreveu: “Quando uma rocha é submetida ao fogo, ela simplesmente se transforma em cinzas, mas o ouro se torna ainda mais puro”.1 Essa é a verdade, e se aplica também às pessoas. Quando uma pessoa é forte, ela é como o ouro, e se torna vitoriosa. As pessoas fortes triunfam sobre as adversidades, vencem suas batalhas, prevalecem sobre todas as perseguições e ficam ainda mais fortes. Os sofrimentos ou as dificuldades por que passam se tornam alimento para elas. Nichiren Daishonin ensina que “desejos mundanos são iluminação”. É por isso que enfrentamos todos os obstáculos — para atingirmos a felicidade. Nós nos levantamos com coragem e desafiamos as perseguições. Pelo princípio de que os ‘‘desejos mundanos são iluminação’’, uma felicidade bastante sólida se estabelece firmemente em nossa vida. É isso o que significa viver de acordo com a essência do budismo. O grande poeta romano Virgílio (70–19 a.E.C.) escreveu: “Não se deve dar lugar a essas adversidades, mas sim enfrentá-las ainda mais corajosamente onde quer que sua boa sorte o permitir”.2 Este é o segredo para afugentar a infelicidade, disse Virgílio. É fundamental não ser derrotado pelo infortúnio ou por pessoas maldosas. As funções malignas e covardes atacam quando sabem que seus oponentes estão amedrontados. Se as enfrentarem decididamente, elas fugirão. Tenho a certeza de que, de alguma forma, todos já experimentaram isso na vida. Jean-Christophe, herói do romance de mesmo nome de Romain Rolland (1866–1944), brada: “Como é bom ser forte! Como é bom sofrer quando se é forte!”.3 Ele também diz: “Deixe que me façam sofrer!... O sofrimento também é vida!”.4 Uma pessoa forte, que tem forte energia vital, transforma os sofrimentos e as tristezas em elemento essencial para a felicidade. E isso é ainda mais verdadeiro a respeito das dificuldades sofridas em prol do budismo — elas esculpem a felicidade eterna em nossa vida de forma perene. Não há vida livre de sofrimentos. Em nossas atividades da Soka Gakkai, no nosso trabalho e na nossa vida em geral, somos confrontados, em certo sentido, por uma contínua série de problemas e sofrimentos. Mas a Lei Mística é a Lei maravilhosa que transforma esses sofrimentos em elementos e causas essenciais para a felicidade. Existem muitas leis — tais como leis do comércio, leis criminais e leis civis. Todas essas leis foram criadas pelos seres humanos. Por outro lado, a Lei Mística é a Lei eterna e imperecível do universo e da vida. Essa lei contém uma “chave secreta” para a felicidade. Consequentemente, é importante passar por amargas dificuldades. A tristeza, a dor e as batalhas são algo que ninguém pode evitar. A única maneira de atingir a felicidade é marchar inflexível. O objetivo da fé é nos tornar ainda mais fortes. Criar “valores humanos” O educador norte-americano William Smith Clark (1826–1886) é conhecido no Japão por suas famosas palavras: “Meninos, sejam ambiciosos!”. O Dr. Clark foi um educador da Faculdade Agrícola de Sapporo (atualmente, é parte da Universidade de Hokkaido), Japão. Diz-se ter ele inspirado ilustres pensadores japoneses do século 19 e do início do século 20, como Uchimura Kanzo, Nitobe Inazo e Arishina Takeo. Embora o Dr. Clark tivesse influenciado inúmeros jovens talentosos, esteve no Japão por apenas dez meses, permanecendo no magistério por um tempo limitado. Para criar uma pessoa de valor, nem sempre é preciso passar um longo tempo juntos. Por essa mesma razão, não quero estragá-los, membros da Divisão dos Jovens, ou torná-los dependentes ao instruí-los sobre pontos insignificantes. Eu já lhes ensinei todas as diretrizes e todos os princípios básicos. Agora, depende de vocês o que farão com eles. Viver de acordo com suas convicções é o que faz de um indivíduo um verdadeiro ser humano. O que tornou o Dr. Clark excelente educador? Um famoso episódio ilustra essa questão. Com a inauguração da nova Faculdade Agrícola, as normas da instituição tinham de ser estabelecidas. Uma proposta foi apresentada, e o administrador encarregado leu de forma monótona uma norma após a outra. Quando finalmente terminou, o Dr. Clark confrontou-o diretamente: “O senhor não educará ninguém com essas normas. Tudo o que precisamos nesta escola é de uma única norma: ‘Sejam cavalheiros!’. Isso diz tudo. Um cavalheiro observa estritamente as normas, não por estar confinado a elas, mas sim porque sempre age de acordo com os ditames de sua consciência”. No nosso caso, na Soka Gakkai, poderíamos dizer que sempre agimos de acordo com os princípios da nossa fé. O Dr. Clark estava convicto de que não se pode criar pessoas simplesmente fazendo-as obedecer às normas. As pessoas crescem e se desenvolvem quando são encorajadas a seguir a própria consciência. Prendê-las a uma porção de regras é gerar um efeito negativo, pois elas não têm necessidade alguma de ouvir a própria consciência. Ao ouvirem o que o Dr. Clark havia dito, os estudantes foram inspirados, declarando que não poderiam frustrar suas expectativas. Sabendo que a universidade não os restringiria, mas lhes proporcionaria a liberdade, os estudantes determinaram viver em prol dessa verdade e, ao agirem dessa maneira, aprenderam a se disciplinar. A única frase “Sejam cavalheiros!” converteu-se em inúmeras sementes para o crescimento e desenvolvimento dos estudantes. Eu também gostaria de deixar para vocês uma única frase: “Sejam defensores do kosen-rufu!”. A missão do monarca “A Soka Gakkai é a monarca do mundo religioso” — essa foi a declaração imortal feita pelo seu segundo presidente, Josei Toda, em 16 de março de 1958. Jamais devemos perder o orgulho de pertencermos a esta nobre organização. O que vem a ser um monarca? O livro monumental de história da China Shiji [Registros do Historiador], de Sima Qian, da dinastia Han, anterior, primeiro grande historiador chinês, diz: “O monarca reverencia as pessoas como se fossem divindades”. Um monarca é aquele que consegue fazer isso. Nichiren Daishonin escreve: “Um rei, um monarca, é aquele que valoriza o povo como se fosse seus pais”.5 Presume-se que as pessoas não devam reverenciar o monarca; o monarca é quem deve respeitar e tratar as pessoas com o maior cuidado. Esse é o modo verdadeiro, o modo budista de se definir um “monarca”. É essencial buscar essa retidão de caráter. As aparências não importam; a Lei eterna e imutável dos seres humanos e o universo são o que contam, e devemos observar tudo baseados nessa Lei. A Soka Gakkai baseia-se nas pessoas. Ela atribui mais importância a elas que a qualquer outro aspecto. A organização avança com as pessoas. É dessa forma que um verdadeiro monarca vive. Brilhar como uma pessoa do povo Não importa o que outros possam dizer, nós, da Soka Gakkai, trilhamos o caminho que escolhemos. A organização, junto com as pessoas, sempre foi uma aliada em meio ao sofrimento, à tristeza e ao infortúnio. Eis por que ela se tornou monarca. Não poderia deixar de enfatizar isso. Vocês são jovens monarcas, príncipes e princesas. Espero, portanto, que vivam baseados nesse caminho real. Vamos avançar juntos com a convicção de que nada é mais importante ou precioso que os membros, as pessoas comuns. Esse é o verdadeiro caminho — o caminho para a felicidade e para a vitória. Com isso, concluo meu discurso. Muito obrigado a todos por terem viajado longas distâncias para estar aqui! Leia discurso na íntegra no Brasil Seikyo, ed. 1.276, 11 jun. 1994, p. 3. Líderes jovens de 44 países e territórios são recepcionados pelos sorrisos e ovações cheios de ânimo dos representantes da Divisão dos Estudantes (2 set. 2023) No topo: Ikeda sensei discursa durante a Reunião Nacional de Líderes realizada em março de 1994 no Centro de Amizade Internacional Soka de Tóquio [na época] Fotos: Seikyo Press Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 520, 2020. 2. VIRGÍLIO. The Aeneid (Eneida). Tradução: David West. Londres: Penguin Books, 1991. p. 135. 3. ROLLAND, Romain. Jean-Christophe. Tradução: Gilbert Cannan. Nova York: The Modern Library, 1913. p. 104. 4. Ibidem, p. 482. 5. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 1554.
11/10/2023
Encontro com o Mestre
BS
Rumo ao mundo sem guerras, a transformação interior
Sou decididamente contra a guerra! Sou absolutamente contra! Muitos jovens da minha geração, bajulados pelo Estado, partiram alegre e corajosamente ao serem enviados para a frente de batalha. Porém, quantas tempestades de vendavais de dor, tristeza e infortúnio sopravam nas profundezas do coração dos familiares? Não há nada mais trágico que a guerra. A guerra é absolutamente demoníaca. Jamais repitam isso novamente! Queremos renovar esse juramento. O movimento da revolução humana é para isso. O que a humanidade deve almejar é o respeito pela diversidade, fazendo das diferenças entre si a fonte de uma nova criação de valor, de coexistência e de prosperidade conjunta que traga influências positivas para uns e para os outros. É a construção da sociedade global na qual todos se harmonizam, em que os países, seja quais forem, e quaisquer que sejam os povos, sejam todos respeitados como figuras insubstituíveis.Mesmo que se fale em “cultura de paz”, esta não é algo que se encontra em algum lugar distante. Está em como edificar o próprio coração, o espírito de tolerância e de não violência que respeita a diversidade e ama as demais pessoas. Em outras palavras, nós devemos partir do desafio da transformação interior capaz de dominar o sentimento egoísta, de mente estreita, e de intolerância que discrimina os outros. A humanidade está em busca ardente da filosofia do rissho-ankoku que ilumina o mundo turbulento. Nós não recuamos um passo sequer. Expandindo o diálogo convicto com cada pessoa, edifiquemos uma sociedade de respeito pela vida, em que brilha o sorriso das pessoas! No topo: Sol da manhã Praias brancas e mar azul com águas transparentes. Lá distante se estende o Oceano Pacífico. Em agosto de 1981, Ikeda sensei visita o Havaí, Estados Unidos, para participar, dentre outras atividades, da 2a Convenção da SGI. Ele registra esta foto na cidade de Honolulu, na ilha de O’ahu. Na ilha de Maui, uma das muitas do Havaí, irrompeu um incêndio florestal no mês de agosto [de 2023], e prosseguem os dedicados esforços de socorro. Não podemos deixar de orar pela paz e segurança das pessoas afetadas pela tragédia. Em outubro de 1960, Ikeda sensei parte para uma viagem rumo ao kosen-rufu do mundo, herdando o ideal do seu mestre. O primeiro passo se dá no Havaí, local em que a Guerra do Pacífico havia começado. No dia seguinte à sua chegada, ele visita o Cemitério Memorial Nacional do Pacífico e Pearl Harbor para orar em memória das vítimas da guerra e pela paz mundial. Este dia 15 de agosto [de 2023] marca o 78o ano desde o término da guerra. Oferecendo orações pela tranquilidade e pela ausência de guerras, vamos renovar o juramento pela paz. Publicado no Seikyo Shimbun de 13 de agosto de 2023.
21/09/2023
Novo livro
BS
Saúde, o maior tesouro
O título já diz tudo. Século da Saúde: Sabedoria para Conquistar Boa Sorte e Longevidade é a obra que chega em primeira mão para os participantes do Clube de Incentivo à Leitura (CILE), da Editora Brasil Seikyo (EBS). E também para quem deseja adquiri-lo, na versão impressa ou digital. Não haveria tempo mais propício, por conta do ambiente vivenciado pela sociedade mundial de enfrentamento das sequelas ainda persistentes da Covid-19. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), no primeiro ano da pandemia, o índice global de ansiedade e de depressão aumentou em 25%.1 Fora o sofrimento individual, a morte de entes queridos e a solidão, as preocupações financeiras foram citadas como gatilhos que levam a essas agressoras doenças mentais. A sociedade está doente. Mas aqui falaremos de vida, saúde e bem-estar, condições a que todos temos direito. De fácil leitura, em suas 128 páginas, Século da Saúde expõe justamente o conteúdo atualizado, o qual vai ao encontro dos anseios dos que vivem questões de saúde ou acompanham familiares e amigos na bata-lha contra a doença, seja física ou mental. Há um precioso conjunto de temas disposto, tendo como base a visão do buda Nichiren Daishonin, sábio do século 13, no entendimento dos “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte —, os aspectos da doença e como podemos transformá-la. Ou seja, superar cada fase da vida com máxima sabedoria. A autoria do livro é do pacifista Dr. Daisaku Ikeda, hoje aos 95 anos, exemplo de sábia existência. Ao conhecer o Budismo Nichiren aos 19 anos por intermédio do seu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, Ikeda vem dedicando seus dias a encorajar as pessoas do mundo inteiro. Ele preside a Soka Gakkai Internacional (SGI), que reú-ne cerca de 12 milhões de membros espalhados em 192 países e territórios. São dele as explanações de trechos de alguns dos principais Gosho (escritos de Nichiren Daishonin), que elucidam a força inerente a cada pessoa, capaz de fazê-las transformar “veneno em remédio”, encarar a doença e conquistar uma vida criativa. Isso porque a saúde não é simplesmente uma questão de não ocorrência de doenças. Saúde significa ter de-safios incessantes e criatividade constante. Uma vida produtiva sempre avança, revelando amplas perspectivas, isto é, uma vida verdadeiramente sã. Soma-se a isso a questão da longevidade, tema também tratado com especial cuidado por Ikeda. Uma vida criativa O budismo existe para que possamos vencer. Ele proporciona, por meio da prática da fé, uma revolução interior diretamente ligada à felicidade plena. Em um diálogo mantido com jovens médicos da Soka Gakkai, em 1994, o presidente Ikeda contextualiza: O budismo é um ensinamento para uma vida sábia. É o ensinamento para viver melhor. Aqueles que perseveram com forte fé manifestam uma infinita fonte de sabedoria e de energia vital para vencer as doenças. Essas pessoas podem maximizar a eficácia de um bom médico e de bons remédios, de forma que eles possam agir como forças protetoras. A essência do triunfo sobre a doença está em reunir a força da fé e da prática e, ao mesmo tempo, fazer uso do que a medicina tem a oferecer.2 Aos leitores ávidos de conteúdo e temas que suavizam o sentimento de impotência diante das questões de enfrentamento de doenças ou de situações adversas, o Século da Saúde cumpre o seu propósito: relaciona oração e sabedoria a fim de conduzir a uma existência saudável. E para que todos manifestem força e coragem, vivam mais e melhor, transformando nosso século de ocorrências tão avassaladoras à saúde humana em um ambiente renovado, em que a dignidade da vida volte a prevalecer. Leitura a ser absorvida e compartilhada. Sinal dos tempos. Veja aqui os kits de outubro para cada plano do CILE PLANO DIAMANTE 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 resenha sobre o livro do mês 1 brinde especial 1 marcador de páginas PLANO ESMERALDA 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 resenha sobre o livro do mês 1 marcador de páginas PLANO OURO 1 livro lançamento 1 marcador de páginas Quer fazer parte do CILE? Conheça os planos do clube de leitura e veja qual melhor se encaixa ao seu gosto. Cileiros recebem em outubro o livro Século da Saúde. Garanta o seu! Assine até 30/09/2023 e receba o kit em sua casa! Veja também o CILE Digital Acesse e leia os livros da Editora Brasil Seikyo em formato digital. Uma plataforma interativa, personalizada e cheia de funcionalidades que vai transformar sua experiência com a leitura! Você contará com uma visualização personalizada da sua estante, poderá acompanhar o avanço de suas leituras, salvar e colocar como favoritos os trechos escolhidos. Conheça agora os planos do CILE Digital, acessando o site https://ciledigital.brasilseikyo.com.br/ Notas: 1. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/2-3-2022-pandemia-covid-19-desencadeia-aumento-25-na-prevalencia-ansiedade-e-depressao-em . Acesso em: 12 set. 2023. 2. Brasil Seikyo, ed. 1.288, 10 set. 1994, p. 3.Foto: BS
21/09/2023
Editorial
BS
Passos para a paz
O Dia Internacional da Paz foi instituído em 1981 durante a Assembleia Geral das Nações Unidas e é comemorado anualmente em 21 de setembro.1 Mais de vinte anos antes, em 2 de outubro de 1960, Daisaku Ikeda, recém-empossado presidente da Soka Gakkai, partiu em sua primeira viagem ao exterior do Japão para propagar o Budismo Nichiren pelo mundo. Seguindo os mestres Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, o jovem Ikeda foi desbravador e destemido, dando o primeiro grande passo para a paz mundial. Realizando ações que convergem para esse mesmo propósito, jovens da Soka Gakkai Internacional (SGI), provenientes de 44 países e territórios, reuniram-se recentemente no Japão para trocar pensamentos e compartilhar iniciativas por um planeta pacífico. Confira nesta edição. Na mensagem enviada para a 15ª Reunião de Líderes da Soka Gakkai, que contou com a presença desses jovens, Ikeda sensei cita: Em março de 1954, meu mestre, Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, criou a nova estrutura de “staff da Divisão dos Jovens” em nossa organização e me nomeou como coordenador dela. O mestre solicitou aos jovens Soka que se tornassem a força motriz para idealizar e promover todos os aspectos do kosen-rufu, expandindo amplamente a condição de vida, abraçando a filosofia de vida de “O universo sou eu” e “Eu sou o universo”, reconhecendo que “o sol, a lua e as estrelas se encontram dentro de nós”. A partir da luta como discípulo de unicidade com o mestre, determinado a corresponder infalivelmente à confiança dele, nasceu uma nova luz de criação de valor e acelerou nosso majestoso movimento da propagação da Lei Mística. No próximo ano, completam-se setenta anos desde essa ocasião. Expresso aos meus amados jovens discípulos do Japão e do mundo: “Sejam os coordenadores de staff da Divisão dos Jovens da nova era! Desejo que formem a rede solidária majestosa e crescente de pessoas que brilhem com a luz da ‘revolução humana’. Com a força e a paixão dos jovens, protejam e iluminem intensamente o direito à vida das pessoas!”.2 Desejamos que este BS seja para você, leitor, um agente impulsionador para mergulhar nessa correnteza da criação de “valores humanos” a contribuir para a paz mundial do local em que se encontra agora, manifestando todo o seu potencial. Ótima leitura! Notas: 1. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2021/09/1763732 . Acesso em: 11 set. 2023. 2. Brasil Seikyo, ed. 2.643, 23 set. 2023, p. 4-5.
21/09/2023
Aprender com a Nova Revolução Humana
BS
Momentos inesquecíveis: volume 15 (parte 1)
Magníficos vencedores na vida Em janeiro de 1974, Shin’ichi Yamamoto foi à província de Kagoshima para se reunir com os membros que compareceram ao Primeiro Encontro da Amizade de Minamata no antigo Centro de Treinamento de Kyushu, em Kirishima. Ciente de que muitos padeciam de doenças acarretadas pela contaminação decorrente da indústria química local, desejava fazer tudo o que pudesse para encorajá-los. — Sejam bem-vindos a Kirishima! Estava aguardando ansiosamente encontrá-los. Cada um de vocês aqui hoje triunfou sobre si mesmo, jamais retrocedendo diante do carma nem se permitindo ser vencido pelo desespero. Sei disso perfeitamente. Todos vocês são magníficos vencedores! Tornem-se cada vez mais fortes e conduzam sua vida à plenitude. A voz de Shin’ichi deixava transparecer profunda emoção: Tenho certeza de que alguns de vocês estão padecendo de doenças provocadas pela contaminação. Mas o fato de continuarem a viver vigorosamente, sem ser derrotados, é uma fonte de esperança para as outras pessoas e uma prova da força do budismo. — Por terem sofrido tanto, possuem o direito de se tornar felizes. Vocês são aqueles que irão transformar nossa sociedade. Empenhemo-nos juntos e esmaguemos a natureza demoníaca que permeia o universo e a vida humana e que gerou essa contaminação! — Sim! — responderam eles com muito entusiasmo. — Que tal darmos três vivas para celebrar os corajosos esforços e a vitória magnífica de vocês? — sugeriu Shin’ichi. — Viva! Viva! Viva! — exclamaram os membros erguendo os braços. O brado empolgante deles ecoou pelo céu de Kirishima. (...) Shin’ichi continuou encorajando os membros de Minamata assiduamente. (...) O estrago causado pela poluição não findou com a admissão de culpa da indústria química e o pagamento de substanciais indenizações às vítimas. O drama das pessoas afetadas pela contaminação por mercúrio persistia. Era, portanto, crucial oferecer às vítimas coragem para continuar vivendo e esperança em relação ao futuro, um esforço que exigia uma rede de apoio humano. Além disso, para se obter a solução do problema da poluição em seu âmago seria necessário reexaminar os valores da sociedade moderna e estabelecer uma nova filosofia humanista. Essa era a missão da Soka Gakkai. (Trechos do capítulo “Revitalização”) “Primeiro, vença com a mente, e, então, com a habilidade” O Grêmio de Beisebol da Universidade Soka foi fundando no mesmo ano da inauguração oficial da universidade em 1971. Em maio de 1975, o time foi convidado para um jogo amistoso entre o corpo docente da Universidade Soka e o das Escolas Soka de Ensino Fundamental 2 e Médio. No evento, Shin’ichi Yamamoto ofereceu-lhes a seguinte orientação: Imbuído de amplas expectativas em relação ao futuro deles, Shin’ichi observou: — Espero que se tornem um time cujo dinamismo seja admirado e apreciado por todos. A Universidade Soka e o grêmio de beisebol ainda estão em seu estágio inicial, e tenho certeza de que estão enfrentando muitas adversidades. Passar por tais dificuldades, entretanto, é de fundamental importância para o crescimento de vocês. (...) Um dos membros do grêmio indagou: — O que devemos fazer quando um jogo está indo mal para nós e estamos “levando uma verdadeira surra?” Shin’ichi respondeu: Quando estiverem numa encrenca desse tipo, devem se reunir, todos, e renovar a decisão de dar o melhor de si. Isso vale tanto para o beisebol quanto para a vida. Quando se é derrotado em qualquer batalha, isso, na verdade, ocorre porque já se deixaram derrotar por si mesmos antes que o oponente o faça. Não devem se permitir sucumbir à pressão ou às circunstâncias adversas. Essa é a hora de renovar o compromisso de vencer e de acender a chama da vontade de vencer. Quando a partida terminou, Shin’ichi sugeriu: Vamos treinar juntos? Rebaterei a bola para vocês. Os integrantes do grêmio perseguiam cada tacada de Shin’ichi, agarrando com firmeza a bola em jogo. A cada defesa, Shin’ichi gritava: — Excelente! Boa jogada! Os membros do grêmio talvez estivessem, na verdade, defendendo as sinceras esperanças e expectativas do fundador da escola deles. Alguns até tinham lágrimas nos olhos ao apanhar as bolas rebatidas por Shin’ichi. O som da bola batendo no taco ecoou pelo local por um longo tempo. Os membros do grêmio estavam determinados a vencer e a corresponder às expectativas de Shin’ichi. Na temporada de primavera da segunda divisão que tinha acabado de se iniciar, o Grêmio de Beisebol da Universidade Soka, encorajado pelos incentivos de Shin’ichi travou um bom combate e conquistou o seu primeiro campeonato na liga. Posteriormente, naquele mesmo ano, subiu para a primeira divisão. Para alegria ainda maior deles, o campo de beisebol do campus ficou pronto. Na temporada de primavera de 1977, eles venceram o campeonato da primeira divisão e disputaram o Campeonato Nacional de Beisebol Universitário. Infelizmente, foram eliminados nas semifinais, mas o time, cujo treinador também era um aluno, cativou as pessoas pelo espírito esportivo e esforços vigorosos. Depois disso, o Grêmio de Beisebol da Universidade Soka prosseguiu, estabelecendo uma história notável, vencendo vários campeonatos da liga, bem como mantendo excelente desempenho no certame nacional. Alguns integrantes do grêmio até mesmo se tornaram jogadores profissionais de beisebol. (Trechos do capítulo “Universidade Soka”) (Traduzido a partir da edição do jornal diário da Soka Gakkai, Seikyo Shimbun, de 15 de janeiro de 2020.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 15
21/09/2023
Rede da Felicidade
BS
Superar tudo com determinação
[Após a Segunda Guerra Mundial, diversas famílias mudaram-se do Japão para outros países em busca de condições melhores de vida, entre elas estavam integrantes da Soka Gakkai, que também objetivavam contribuir para o movimento pelo kosen-rufu nesses locais. Entretanto, muitas encontravam situações desafiadoras e enfrentavam inúmeras dificuldades.] Hiroto Muraki era um dos remanescentes na República Dominicana. Ele chegou em 1957 com sua esposa e alguns parentes. Quando ainda estava no Japão, vendera sua casa, o campo de plantações, os móveis e tudo o que podia ser negociado. Sua decisão era radicar-se definitivamente nas terras dominicanas. (...) O local do assentamento ficava próximo da fronteira com o Haiti, a 330 quilômetros a noroeste de Santo Domingo, capital da República Dominicana. O terreno que recebeu era cinco vezes menor do que a área prometida e ficava a mais de cinco quilômetros da colônia de imigrantes. Era uma área de terra vermelha, ressequida e dura como pedra. Ará-la com enxadas parecia uma tarefa impossível. Após muito esforço, conseguiu arar apenas um terço da área recebida. Entretanto, a primeira plantação não produziu quase nada devido ao intenso calor e à falta de água. Hiroto Muraki só conseguiu colher um pouco de tomate. Embora existisse um sistema precário de irrigação, a água era racionada e distribuída em horários preestabelecidos. Quando chegava sua vez de receber a água, ele aguardava sem dormir. Numa dessas ocasiões, a água não chegou. Ele resolveu então seguir pelo canal de irrigação para verificar o que havia acontecido. O vizinho havia desviado o canal para usufruir da água de Hiroto. Todos estavam numa situação precária, entre a vida e a morte. Não tinham mais condições de cumprir os acordos ou pensar nos outros. Hiroto ficou triste ao saber que o coração de seus companheiros havia ficado tão árido quanto aquelas terras. A disputa por água, que era uma questão de sobrevivência, gerou brigas e conflitos entre vizinhos e parentes. (...) Nessa situação de desesperança, Hiroto escreveu uma carta à sua mãe no Japão, dizendo que pretendia voltar quanto antes, apesar de ter-lhe dito na partida que seria um homem bem-sucedido dentro de dez anos. Após algum tempo, ele recebeu uma carta com a resposta da mãe. Ela contava-lhe que havia ingressado na Soka Gakkai e que estava praticando o budismo: “O Gohonzon tem um poder extraordinário. Se você recitar também o Nam-myoho-renge-kyo, poderá encontrar o caminho para a felicidade. Por isso, tente mais uma vez, empenhando-se na recitação do daimoku”. Hiroto não acreditou inicialmente que uma religião pudesse resolver seus problemas e melhorar sua vida. Entretanto, ao reler várias vezes a carta, o sentimento e a preocupação da mãe pela felicidade dele penetraram em seu coração. Além disso, Hiroto não tinha outro meio para mudar o rumo de sua vida. Começou então a recitar o daimoku sem saber seu significado. Ao orar por dez a vinte minutos, sentiu-se aliviado. Com esse resultado, decidiu empenhar-se com seriedade na recitação do daimoku. Isso aconteceu em 1962. Depois de algum tempo, a sogra de Hiroto, que sofria de problemas estomacais, também iniciou a prática budista. Porém, em vez de melhorar, as dores tornaram-se mais intensas. A vizinhança logo comentou que a sogra de Hiroto adoecera por causa de uma religião estranha. Hiroto indignou-se com isso e escreveu para a mãe, transmitindo-lhe que não praticaria mais o budismo. Depois de alguns dias, recebeu uma carta do irmão que também era praticante: “Sua situação é comparável a um cano que ficou sem ser utilizado por longo tempo. Quando abrir a torneira, ele despejará inicialmente somente água suja com ferrugem. Porém, depois de deixar escorrer a água por algum tempo, toda a sujeira do encanamento terá saído, dando lugar à água limpa. Isso acontece também com nossa vida quando começamos a praticar o budismo. Se persistirmos em nossos esforços, apesar dos obstáculos, com certeza, alcançaremos a vitória”. Hiroto refletiu sobre as palavras do irmão e continuou a se empenhar na prática. Algum tempo depois, sua sogra já estava com a saúde recuperada e todos da família começaram a recitar o gongyo e o daimoku. Certo dia, um cavalheiro dominicano apareceu em seu armazém e comprou um refrigerante. Era o prefeito de uma cidade vizinha, que fez uma proposta a Hiroto. — Você não poderia produzir mudas de arroz em suas terras? As terras da minha cidade são impróprias para esse tipo de cultivo e tenho comprado mudas em outros locais. Hiroto respondeu que seu maior problema era a falta de água para irrigar sua plantação, e que se resolvesse esse problema poderia aceitar a proposta de trabalho. O prefeito prometeu que tomaria providências para melhorar o sistema de irrigação e que Hiroto poderia iniciar o trabalho de arar a terra. Com essa inesperada proposta e com abundância de água para irrigar o solo, Hiroto teve sucesso no cultivo de mudas de arroz, obtendo várias safras por ano. Ele teve de contratar mais de vinte empregados para atender à demanda. Enfim, conseguira ver uma luz no fim do túnel. Era o primeiro benefício da prática da fé. [Com o dinheiro que juntou com a produção de mudas de arroz, ele transferiu-se no final de 1962 para uma região mais populosa onde predominava a produção de arroz. Abriu um comércio de alimentos e produziu também um doce de arroz muito apreciado no Japão.] Os japoneses que experimentaram a dura realidade nas colônias de imigrantes reconheceram no sucesso de Hiroto a importância da prática da fé e começaram gradativamente a abraçar o budismo. Ao mesmo tempo, apesar de em meio às adversidades, descobriram um novo significado na vida: “Nós temos a missão de ensinar o budismo às pessoas desta terra a fim de conduzi-las à felicidade. E é justamente para cumprir essa missão que viemos para cá. Por isso, aconteça o que acontecer, jamais seremos derrotados pelas adversidades. Vamos vencer infalivelmente toda e qualquer dificuldade”. Eles descobriram que tanto a felicidade como a infelicidade são definidas, antes de tudo, no âmago da vida. Isso é chamado no budismo de determinação. Com o esforço de Hiroto e demais companheiros, trinta das 120 famílias de imigrantes japoneses iniciaram a prática budista. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. No topo: ilustração mostra Hiroto Muraki, à frente, à esq., dedicando-se ao cultivo de arroz na República Dominicana juntamente com os demais trabalhadores locais Fonte: IKEDA, Daisaku. Arando a Terra. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 11, p. 133-144, 2021. Ilustração: Kenichiro Uchida
21/09/2023
Em Dia
BS
Avanço imponente rumo à paz duradoura
A Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, anunciada pelo venerado mestre em 8 de setembro de 1957, foi o rugido do leão que desafiava a natureza maligna que ameaçava o direito à vida das pessoas. Toda sensei nos confiou a esperança de que se existisse a rede de solidariedade dos jovens emergidos da terra, essa natureza maligna poderia ser derrotada infalivelmente. Por isso mesmo, determinei em meu coração que a cada ano fortaleceria ainda mais a legião dos jovens Soka, tendo o dia 8 de setembro como ponto primordial. Nos meses de julho e agosto últimos, a Soka Gakkai Internacional (SGI) participou do Comitê Preparatório da Conferência de Revisão das Partes do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, realizada em Viena, a terceira maior cidade das Nações Unidas, como membro da sociedade civil. Assim, ela continua reunindo amplamente, com muita perseverança, as vozes da justiça do povo por um mundo sem guerras e pela abolição das armas nucleares. Exatamente de acordo com o testamento do venerado mestre, não devemos recuar um único passo na luta contra o mal absoluto. * * * Recordo-me de que, cinco meses após o falecimento de Toda sensei, em setembro de 1958, a Divisão dos Jovens promoveu um encontro esportivo. Sob o lema “Avanço Imponente rumo ao Kosen-rufu”, 70 mil jovens de elite de todo o país se reuniram no Estádio Nacional de Atletismo de Tóquio. Tornou-se o festival da alegria e do bailar dinâmico fazendo frente a palavras caluniosas como “A Soka Gakkai se desmanchará nos ares”. Nesse dia (23 de setembro [de 1958]), registrei meu verdadeiro sentimento em meu diário: Poder, força, energia para o futuro. Enquanto tivermos esses jovens..., pensei. Meu coração se encheu de profunda alegria e determinação”.1 O término da publicação em série do romance Nova Revolução Humana aconteceu sessenta anos depois, no dia 8 de setembro de 2018. No posfácio, expressei meu desejo de que meus companheiros se levantassem como “Shin’ichi Yamamoto” e escrevessem sua própria brilhante história da revolução humana. E os convoquei para que, enquanto houvesse infelicidade neste mundo, desenhassem a grande imagem da vitória humana chamada kosen-rufu ainda com mais coragem e resplendor. Nesse mês, passados cinco anos a partir de então, recebi os “Shin’ichi Yamamoto”, dignos jovens de juramento seigan de 44 países e territórios dos cinco continentes. Soube que a Cúpula Mundial dos Jovens2 se tornou a praça de fusão da sabedoria dos cidadãos globais da Lei Mística em que representantes da África e da América do Sul trocaram ideias para superar a crise alimentar embasadas em ações práticas. No Japão também, o surgimento em profusão de novos líderes em cada localidade me deixa muito feliz. Nichiren Daishonin afirma em seus escritos: “Diferentemente dos outros, ao propagar estas doutrinas, eu, Nichiren, tive a oportunidade de me encontrar com muitas pessoas”.3 Por meio do acúmulo de diálogos diretamente ligados ao buda Nichiren Daishonin com cada pessoa, vamos criar um novo valor, oferecendo o grande brilho da filosofia de respeito à vida a todas as pessoas. Como é promissor o aspecto majestoso da Divisão Masculina de Jovens que percorre a jornada da expansão das relações com o budismo, tendo os alunos da academia na vanguarda! Amanhã, dia 9 [de setembro], é o Dia da Divisão das Universitárias. Rumo ao Festival Universitário de outono [japonês], tanto os universitários como as universitárias estão aprofundando os laços de amizade com a nobre e amada alma mater. A Divisão das Mulheres [do Japão] de resplandecente esperança realizará o Kayo College [da Divisão Feminina de Jovens] na sequência do Encontro das Jovens Lírios-Brancos do Início da Primavera [das jovens senhoras da Divisão Feminina]. Quero enviar incentivos também para os preciosos amigos que se dedicam com suor dourado ao estudo visando ao Exame de Budismo [no Japão], como também aos companheiros que os apoiam. A “força para o futuro” da Soka Gakkai é infindável. Ao ritmo da Lei Mística, com a saúde em primeiro lugar, e sem nenhum acidente, vamos iniciar um avanço imponente do kosen-rufu mundial que é, em si, a própria paz duradoura, em direção ao dia 18 de novembro, Dia Comemorativo de Fundação da Soka Gakkai, e mais ainda, rumo ao dia 16 de março do próximo ano! Publicado no Seikyo Shimbun de 8 de setembro de 2023 No topo: Momento da Cúpula Mundial dos Jovens, realizada recentemente no Japão (Tóquio, 3 set. 2023) Notas: 1. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2015. p. 491-492.2. Monique Tiezzi, coordenadora da Juventude Soka da BSGI, é uma das relatantes na Cúpula Mundial dos Jovens, realizada no dia 3 de setembro em Tóquio, Japão.3. The Writings of Nichiren Daishonin [Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 778. Foto: Seikyo Press
21/09/2023
Encontro com o Mestre
BS
Edifiquem o Castelo dos Grandes Monarcas Soka, da paz e da felicidade, com a força e a paixão dos “Shin’ichi Yamamoto” do mundo
Jovens discípulos, brilhem como “coordenadores de staff dos jovens” da nova era! Mulheres Soka, promovam o diálogo de coragem, sinônimo da compaixão Estou muito feliz por receber os honrosos jovens líderes do kosen-rufu mundial aqui reunidos no dia de hoje [como participantes do Curso de Aprimoramento dos Jovens da SGI]. Nichiren Daishonin, Buda dos Últimos Dias da Lei, está, com certeza, observando claramente e aplaudindo cada um dos preciosos amigos que vieram de locais distantes ao Japão, ultrapassando inúmeras dificuldades e desafios. Ao mesmo tempo, ele está demonstrando admiração aos seus familiares e aos companheiros da organização que os apoiaram e os enviaram para esta atividade, afirmando que, sem dúvida, a sinceridade deles “é mais firme que a grande terra e mais profunda que o grande oceano!”.1 Orando pelo avanço do kosen-rufu e pela segurança harmoniosa de seu respectivo país e território, como também pela paz e prosperidade de cada um deles, vamos abraçá-los com uma grande salva de palmas com espírito de união de “diferentes em corpo, unos em mente”. * * * No dia de hoje, em comemoração do 10º aniversário de inauguração do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu [em novembro], gostaria de oferecer um encorajamento aos cidadãos globais, emergidos da terra, por meio de três caligrafias compostas por mim, as quais ostentam o ideograma Dai [ou Tai] (“grande”) do Daiseido (Auditório do Grande Juramento). O primeiro é Taiko (“Grande Luz”). Caligrafia escrita pelo presidente Ikeda: Taiko (“Grande Luz”), registrada com o desejo de que formemos a luz solidária da majestosa “revolução humana Em março de 1954, meu mestre, Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, criou a nova estrutura de “staff da Divisão dos Jovens” em nossa organização e me nomeou como coordenador dela. O mestre solicitou aos jovens Soka que se tornassem a força motriz para idealizar e promover todos os aspectos do kosen-rufu, expandindo amplamente a condição de vida, abraçando a filosofia de vida de “O universo sou eu” e “Eu sou o universo”, reconhecendo que “o sol, a lua e as estrelas se encontram dentro de nós”. A partir da luta como discípulo de unicidade com o mestre, determinado a corresponder infalivelmente à confiança dele, nasceu uma nova luz de criação de valor e acelerou nosso majestoso movimento da propagação da Lei Mística. No próximo ano, completam-se setenta anos desde essa ocasião. Expresso aos meus amados jovens discípulos do Japão e do mundo: “Sejam os coordenadores de staff da Divisão dos Jovens da nova era! Desejo que formem a rede solidária majestosa e crescente de pessoas que brilhem com a luz da ‘revolução humana’. Com a força e a paixão dos jovens, protejam e iluminem intensamente o direito à vida das pessoas!”. * * * A próxima caligrafia é a Daiji (“Grande Compaixão”). Caligrafia escrita pelo presidente Ikeda, Daiji (“Grande Compaixão”), apresentada como encorajamento às mulheres Soka que personificam a grandiosa compaixão, herdada diretamente do buda Nichiren Daishonin Em Saldar as Dívidas de Gratidão, Daishonin declara: “Se a compaixão de Nichiren for realmente grande e abrangente, o Nam-myoho-renge-kyo se propagará por dez mil anos e mais, por toda a eternidade”.2 E, em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, ele afirma: “A ‘grande compaixão’ é como aquela que a mãe sente pelo seu filho. Atualmente, essa é a compaixão de Nichiren e seus seguidores”.3 As mães e as mulheres da nossa Soka Gakkai personificam, mais que ninguém, essa grandiosa compaixão, herdada diretamente do buda Nichiren Daishonin, de forma tão profunda e calorosa. Por isso mesmo, a correnteza da propagação (kosen-rufu) compassiva da Lei Mística jamais cairá em um impasse. Numa sociedade em que tantas pessoas sofrem com o coração sombrio, solitário e enregelado, vamos seguir o exemplo dos laços unidos dos “lírios-brancos” (Divisão Feminina) e das “irmãs Kayo” (Divisão Feminina de Jovens) para estender as mãos aos outros por meio do diálogo de coragem, sinônimo de compaixão, embasado na oração compassiva, fonte da sabedoria. Dessa maneira, vamos expandir ao mundo a alegria e a esperança da família Soka, modelo da cultura de paz. * * * A última caligrafia é a Dai-o-jo (“Castelo dos Grandes Monarcas”). Caligrafia escrita pelo presidente Ikeda, Dai-o-jo (“Castelo dos Grandes Monarcas”), anunciada como símbolo do juramento de garantir a vitória e a prosperidade do castelo Soka junto com os “Shin’ichi Yamamoto” do mundo No meio do turbilhão da Perseguição de Atsuhara, Nichiren Daishonin apresentou ao jovem Nanjo Tokimitsu, que se levantou na linha de frente dos ataques, protegendo o mestre e os companheiros, a história da prática de Shakyamuni em uma existência passada como o grande rei Cor Dourada.4 Para salvar as pessoas que sofriam por inanição em decorrência de um longo período de estiagem, o rei Cor Dourada ofereceu tudo o que tinha, e, no fim, até uma pequena quantidade de arroz que ainda lhe restava. Então, o rei bradou aos céus, afirmando que “tomaria sobre si mesmo a dor de cada habitante sedento e faminto, e que estava disposto a morrer de inanição”.5 Nesse momento, “as divindades celestiais ouviram-no e, de imediato, fizeram cair sobre o reino a doce chuva da imortalidade” e, assim, “toda a população do reino reviveu”.6 Nada é mais poderoso que o “coração de um rei leão”7 que persevera com o espírito de não poupar a própria vida, junto com a Lei Mística, trabalhando incansavelmente pelo kosen-rufu, pelo bem das pessoas e da justiça. Nós temos a força de ativar até as funções protetoras do universo, de revitalizar a vida das pessoas e de construir uma terra preciosa que incorpora o ideal de Nichiren Daishonin da “pacificação da terra”. Vamos proteger resolutamente o castelo Soka de contínuas vitórias, da paz e da felicidade das pessoas comuns, construído por seus nobres pais e mães, nossos membros pioneiros, com indestrutível fé diamantina. Junto com os “Shin’ichi Yamamoto” do mundo que se desenvolvem ilimitadamente, façamos o juramento de garantir a vitória e a prosperidade do Castelo dos Grandes Monarcas da Soka Gakkai, de cor dourada, a concretizar, sem falta, a transformação do destino da humanidade. Assim, concluo minha mensagem. Publicado no Seikyo Shimbun do dia 3 de setembro de 2023. Representantes da Divisão dos Estudantes recepcionam efusivamente os jovens líderes do mundo que se reuniram no Auditório Memorial Toda de Tóquio, palácio de mestre e discípulo No topo: Na Reunião de Líderes realizada no Salão Memorial Ikeda de Kansai, localizado na cidade de Osaka, Ikeda sensei faz o sinal de V de vitória, incentivando com toda a força os companheiros de Kansai, bem como os líderes dos países nos quais a SGI está presente e que vieram ao Japão (Osaka, nov. 2007) Notas:1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 198, 2017.2. Ibidem, v. I, p. 770, 2020.3. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 43.4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 353, 2017.5. Ibidem.6. Ibidem.7. Ibidem, v. I, p. 318, 2020. Fotos: Seikyo Press
21/09/2023
RDez no BS
BS
Banhados pela luz da lua, esforcem-se com um coração tão vasto quanto o universo!
Corredores da Justiça A lua é o espelho brilhante dos céus. Reflete e une o coração das pessoas transcendendo o tempo e o espaço. Sua luz irradia a brilhante sabedoria do cosmos. A Lua da Colheita,¹ em particular, é considerada a mais bela — este ano, ela surgirá no dia 10 de setembro [texto originalmente publicado em 2022]. Dirigindo-se aos jovens, Toda sensei disse uma vez: “Liderem uma juventude repleta de paixão e de sonhos enquanto dialogam e debatem sobre a vida, a filosofia e o futuro juntos e sob a luz da lua”.² Nichiren Daishonin declarou: “[...] para aqueles que possuem profunda fé [na Lei Mística], é como se a lua cheia iluminasse a noite”.³ Não importa quão escuros sejam os tempos, enquanto recitarem Nam-myoho-renge-kyo e desafiarem a si mesmos nos estudos, a lua cheia da coragem e da sabedoria brilhará em seu coração sem falta! Aprender é luz. Por favor, sejam positivos e confiem que a luz que vocês estão acumulando agora por meio de árduos esforços, um dia, iluminará sua vida, bem como as de seus familiares, amigos e das pessoas ao redor do mundo. Olhando para a bela lua, mirem o futuro e aprendam com um coração tão vasto quanto o universo! Fonte: Traduzido da série “Rumo a 2030: Dedico aos meus Jovens Sucessores Corredores da Justiça” da edição de setembro de 2022 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro. Confira alguns spoilers da edição de setembro A primavera chegou! Conheça as flores brasileiras que desabrocham nesta época do ano no Trending Topics. Como superar nossos medos? A resposta está na última parte da série Construindo um Futuro Brilhante Baseado no Juramento escrita por sensei. Entenda a relação entre uma orquestra sinfônica e o princípio itai doshin no ABC do Budismo. Esses e outros conteúdos da edição de setembro estão disponíveis para os assinantes da RDez ou do plano digital completo. https://www.brasilseikyo.com.br/home/rdez/edicao/261 Notas: 1. O fenômeno chamado Lua da Colheita é uma fase específica que marca, no hemisfério sul, a entrada da primavera e, no hemisfério norte, a chegada do outono. O nome se deve a um antigo costume de fazendeiros que, séculos atrás, utilizavam a luz da lua para trabalhar nas colheitas ao longo da noite. 2. Tradução não oficial. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 96, 2020.
06/09/2023
Caderno Nova Revolução Humana
BS
“Tornem pessoas de bom senso”
PARTE 41 No dia seguinte, 7 de junho, como parte do curso de verão, foi realizada a convenção comemorativa dos vinte anos do kosen-rufu da Europa. Nessa ocasião também, Shin’ichi Yamamoto estudou os princípios do budismo junto com os participantes, apresentando trechos dos escritos de Nichiren Daishonin. Em um dos pontos, citando que todos os seres vivos possuem inerentemente a condição de buda, enfatizou que o budismo prega o respeito à vida e sempre foi pacifista. E declarou que a história da Soka Gakkai comprova esse fato. Na época da Segunda Guerra Mundial, no Japão, a Soka Gakkai lutou contra a opressão do governo militarista, que se envolveu na guerra tendo como pilar espiritual o xintoísmo do Estado. Na sequência, referiu-se à postura na sociedade de um budista que faz da paz a sua crença: — Incorporando profundamente a passagem dos escritos de Nichiren Daishonin — “Todos os fenômenos são manifestações da Lei budista”1 — no coração dos senhores, peço que se tornem pessoas de bom senso, que são um exemplo para os demais como bons cidadãos e bons trabalhadores na sociedade em seu respectivo país. Nós repudiamos absolutamente a violência. Com base nessa convicção, desejo que estendam as raízes da confiança na sociedade, respeitando ao máximo os costumes e as tradições de seu país e localidade. E assim, gostaria que objetivassem a paz, unindo seu coração com o coração dos amigos do mundo. Shin’ichi falou ainda sobre o poder do Gohonzon que incorpora a Lei Mística, a lei fundamental do universo. — Não há nada mais complexo que o coração humano que muda sutilmente de momento a momento. A plenitude e a felicidade da vida se definem a partir do quanto se conseguiu fortalecer esse coração, tornando-o inabalável. Na vida, podemos nos defrontar com as tempestades do destino e do carma pelas quais sentimos: “Por que tenho de passar por uma situação tão terrível?”. O objetivo da prática do budismo é fortalecer o coração para que não seja derrotado por nada, superando todas essas adversidades. O Gohonzon é o objeto que incorpora a lei fundamental do universo chamada de Lei Mística. Por meio do nosso “poder da fé” e do “poder da prática”, podemos inspirar a nossa vida com o “poder do Buda” e o “poder da Lei” contidos no Gohonzon do Nam-myoho-renge-kyo. Dessa forma, conseguimos manifestar uma extraordinária energia vital e abrir, infalivelmente, o espesso portal de ferro das dificuldades e dos sofrimentos. O filósofo francês Michel de Montaigne afirma: “A bravura não significa que os braços e as pernas são fortes, mas depende da firmeza do coração e da alma”.2 PARTE 42 Aqui, Shin’ichi passou a discorrer sobre a expressão “despertar espiritual” citada no budismo: — O “despertar espiritual” possui o significado de “despertar de uma aspiração à iluminação”. De forma simples, significa manifestar o espírito de buscar a iluminação, isto é, a decisão de se tornar Buda ou de alcançar o estado de buda. Para que se tenha uma existência plena, não há como deixar de enfrentar questões básicas como “Quem sou eu?”; “Qual é a minha missão nesse mundo?”; “O que é a minha vida?”; “Que tipo de valor devo criar para a sociedade e como contribuir para ela?”. Buscar e desafiar sempre a solução dessas questões, dedicando-se ao exercício budista que é, em si, o exercício do ser humano, correspondem ao “despertar espiritual”, ou seja, a expressão do espírito de se desenvolver. Shin’ichi vinha se preocupando em como transmitir os princípios e termos budistas aos companheiros da Europa de uma forma compreensível. Por mais que um princípio filosófico seja profundo, se as pessoas não o compreenderem, no final, não lhes acrescentará nenhum valor. É no desenvolvimento do budismo para a atualidade que se encontra o caminho para tornar a suprema sabedoria do homem o mais valioso tesouro espiritual comum a todo o mundo. Em 8 de junho, abrilhantando o encerramento do curso de verão, foi realizado um festival cultural da amizade. Os membros da Inglaterra cantaram com ardente paixão: Unidos por forte laço De coração a coração, Vamos desbravar o caminho da liberdade Por mais que esse caminho seja longo, Hasteando a luz da esperança Os membros da Dinamarca, da Noruega e da Suécia dançaram fazendo esvoaçar lenços floridos; os da Espanha bailaram com jovialidade e atiraram os chapéus pretos à plateia; os da Bélgica apresentaram uma coreografia própria com a música Doshi no Uta [Canção dos Companheiros] ao fundo; e seguiram-se as apresentações da Alemanha Ocidental, da Suíça, da Grécia e de outros países. O coração de todos se fundiu num só: “Não serei derrotado! Vencerei infalivelmente!”. O som das músicas ecoava na montanha da vitória, Sainte-Victoire. A Europa se tornava uma só. Era uma aliança de espírito a espírito dos seres humanos, que visam à paz do mundo. PARTE 43 No dia 9, após o meio-dia, Shin’ichi Yamamoto e comitiva visitaram Marselha. Sobre uma suave colina, via-se um campanário de formato quadrangular. Era a Basílica de Notre-Dame de la Garde. Do alto da colina, avistava-se uma pequena ilha cercada por sólidos muros de pedra no meio do Mar Mediterrâneo de águas da cor de cobalto. Era o Château d’If (Castelo de If), palco do romance O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas. Originalmente, o Château d’If havia sido construído como um forte, mas pela dificuldade de alguém sair de lá, acabou sendo utilizado como uma prisão, onde foram encarcerados criminosos políticos e outros. O personagem Edmond Dantès (posterior conde de Monte Cristo) é descrito como alguém que ficou preso por catorze anos nesse local. Meu mestre, Josei Toda, que foi aprisionado durante dois anos na época da Segunda Guerra Mundial, prometeu firmemente em seu íntimo: “Vou vingar a morte de Makiguchi sensei, que faleceu na prisão suportando todos os tipos de sofrimento, tal como o conde de Monte Cristo! Vou abrir o caminho do kosen-rufu e comprovar resolutamente a retidão do meu mestre!”. E assim, iniciou a jornada da reconstrução da Soka Gakkai após o término da guerra. Shin’ichi sentia que o espírito do conde de Monte Cristo pulsava também na Resistência Francesa (La Résistance) que conquistou a vitória, suportando a violenta opressão dos nazistas. O conde de Monte Cristo simboliza uma pessoa indomável, de coragem, de convicção e de persistência. O kosen-rufu só se torna possível com a presença desse tipo de pessoas. Portanto, deve-se continuar avançando com obsessão e forte perseverança até concretizar o objetivo, sem retroceder diante de quaisquer dificuldades. O que se levanta para obstruir esse caminho é a barreira no coração, por exemplo, “Já deve ser suficiente” ou “Mais que isso é impossível. Já chegamos ao limite”. Somente quando se rompe esse sentimento, extraindo todas as suas forças, e inicia-se a caminhada da obstinação, o sol da vitória resplandece. Observando o aspecto dos jovens da França e da Europa, e visualizando o século 21, Shin’ichi orava: “Surjam muitos e muitos como o ‘conde de Monte Cristo’ da Soka Gakkai! Com as mãos, façam badalar o sino do alvorecer da cooperação humana da nova era”. O mar reluzia prateado, banhado pelos raios do sol. PARTE 44 Kosen-rufu é uma constante nova partida. É uma jornada de desafio repleta de esperança. Pouco depois das 15h30 do dia 10, a comitiva de Shin’ichi Yamamoto partiu de Marselha, despedindo-se de cerca de cinquenta membros locais, em uma viagem ferroviária que levaria umas sete horas rumo a Paris. O palco de luta ininterrupta de Shin’ichi transferiu-se para Paris, a Cidade Luz. Durante a estada em Paris, no dia 11, participou de uma recepção comemorando a publicação do diálogo Escolha a Vida com o falecido historiador Arnold J. Toynbee, em língua francesa. No dia seguinte, 12 de junho, dialogou com René Huyghe, artista e escritor, membro da Academia Francesa. Conversaram e trocaram opiniões sobre o diálogo entre os dois A Noite Clama pela Alvorada, publicado no ano anterior em língua francesa, como também sobre Victor Hugo. E no dia 15, visitou o presidente do Senado francês, Alain Poher, com quem manteve o primeiro encontro na residência oficial dele. Antes do encontro, por cortesia do presidente, conheceu as dependências do Senado. Era o histórico Palácio de Luxemburgo, onde havia também a sala de Victor Hugo, que chegou a atuar como senador. Ali, o que chamava atenção era uma gravura de Victor Hugo na parede. Estava estampado o rosto dele com barba, demonstrando sua firmeza de caráter. Na majestosa sala principal, havia o lugar que foi ocupado por Victor Hugo. Uma placa comemorativa afixada ali e também uma placa dourada gravada com o rosto dele colocada em sua mesa louvavam a indestrutível contribuição prestada por ele. Shin’ichi foi conduzido até esse lugar. Parecia ressoar seu apaixonado discurso pela eliminação da pobreza, pela reforma da educação e contra a pena de morte. Abençoado por sua rara habilidade em literatura, Victor Hugo foi agraciado com a Ordem Nacional da Legião de Honra, a mais elevada honraria da França, aos 23 anos. Ele ingressou no mundo da política em 1845, aos 43 anos. Não conseguia fechar os olhos à realidade, por exemplo, da extrema miséria das pessoas. Era uma pessoa da literatura e, ao mesmo tempo, de ação. Sem dúvida, um grande ser humano. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida Notas: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin], v. II. Tóquio: Soka Gakkai: 2006, p. 843.2. MONTAIGNE. Renomadas Obras do Mundo. v. 19. Tradução: Shotaro Araki. Editora Chuo Koron Sha.
06/09/2023
Especial
BS
Ponte da sincera amizade
Em 8 de setembro também, desta vez em 1968, uma corajosa iniciativa do presidente Ikeda abria as fronteiras da conturbada relação diplomática entre Japão e China. Foi quando ele apresentou um discurso que mais tarde ficaria conhecido como Proposta pela Normalização das Relações Diplomáticas entre Japão e China, numa convenção universitária da Soka Gakkai, no Japão, reunindo cerca de 20 mil participantes. São 55 anos a partir de então. Na obra Nova Revolução Humana, Ikeda sensei traz com detalhes o desenrolar dos fatos, como as críticas que lhe foram impostas. Ele parte para sua primeira viagem à China, retornando em dezembro, quando se dá o encontro com o primeiro-ministro chinês Zhou Enlai, que estava hospitalizado e que ansiava se encontrar com o presidente Ikeda. O presidente Ikeda, à direita da foto, encontra-se com o primeiro-ministro chinês, Zhou Enlai, em Pequim Zhou Enlai faleceu pouco mais de um ano do primeiro encontro com o Dr. Ikeda, em janeiro de 1976, não sem antes estreitarem os laços de amizade, fortalecidos depois com a esposa do primeiro-ministro chinês, Deng Yingchao. China e Japão assinaram em agosto de 1978 o tratado de paz e de amizade entre os países, dez anos após a proposta proclamada por Ikeda sensei aos jovens, somada às ações concretas de diálogo persistente realizadas nesse período pela edificação de um mundo de paz. Atualmente, várias universidades e instituições chinesas prestam homenagens ao nosso mestre, bem como há centros de pesquisa dedicados a estudar sua vida e obra. No topo: o presidente Ikeda, à direita da foto, encontra-se com o primeiro-ministro chinês, Zhou Enlai, em Pequim
06/09/2023
Frase da Semana
BS
Frase da Semana
Quando se muda o estado de vida, a crise se transforma em oportunidade, e o destino em missão! Vamos avançar com forte oração de vencer tudo com fé. Dr. Daisaku Ikeda Publicada no jornal Seikyo Shimbun em 5 de setembro de 2023.
06/09/2023
Encontro com o Mestre
BS
A vitória no futuro se encontra no presente
Visualizando o futuro daqui a cem ou duzentos anos, o suor dourado do novo desafio na criação de “valores humanos” Neste verão, tanto no Japão como em diversas partes do mundo, o calor recorde é intenso, e parece que o clima vai entrar em ebulição. Por outro lado, vêm ocorrendo desastres frequentes provocados por chuvas torrenciais e fortes ventanias. Em particular, as regiões de Okinawa e Amami vêm sofrendo sérios danos causados pelo tufão número 6, que ainda hoje traz enormes consequências para o oeste japonês, a começar por Kyushu. O tufão número 7, que está em formação, também requer atenção especial. Orando acima de tudo pela paz e segurança das pessoas das áreas afetadas, desejo sinceramente que os danos sejam mínimos e que a situação seja restabelecida quanto antes. Continuo a enviar daimoku para que, debaixo desse calor severo, ninguém sofra com insolação e as colheitas agrícolas sejam protegidas. Nichiren Daishonin deplorava a situação afirmando: “Vivemos atualmente numa época de desordem, que não permite às pessoas comuns fazer muito”.1 Hoje, queremos fortalecer a conexão das “pessoas comuns” para “fazer muito” a fim de contribuir para a “pacificação da terra”.Prática da fé para o presente e para o futuro Quando lemos o Gosho, encontramos diversas vezes expressões que se referem ao futuro. Em Saldar as Dívidas de Gratidão consta: “Se a compaixão de Nichiren for realmente grande e abrangente, o Nam-myoho-renge-kyo se propagará por dez mil anos e mais, por toda a eternidade”.2 O escrito Abertura dos Olhos declara: “Shakyamuni, Muitos Tesouros e os demais budas desejam assegurar a propagação do Sutra do Lótus para todos os filhos do Buda das existências futuras”.3 Em A Profecia do Buda consta: “Percebo que a profecia do Buda se refere ao senhor. Então, qual seria a ‘sua’ predição?”.4 Na nova edição de Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin], o ideograma que se refere ao “futuro” aparece 175 vezes. Na verdade, o tema principal que atravessa o Sutra do Lótus é o futuro, pois elucida sobre qual é a lei a ser propagada na era maléfica dos Últimos Dias da Lei após a morte do Buda, e quem deveria propagá-la. Com o propósito de tornar felizes todos os seres vivos pelos dez mil anos dos Últimos Dias da Lei e mais, por toda a eternidade, Nichiren Daishonin superou grandes perseguições, revelou e deixou o Gohonzon como a essência do Sutra do Lótus. A prática da fé é para o presente e para o futuro. No Gosho consta: “Se deseja saber os efeitos que se manifestarão no futuro, observe as causas que estão sendo feitas no presente”.5 Conforme essa passagem dos sutras, devem-se criar grandiosas causas no momento presente em prol dos resultados de majestosas vitórias no futuro. Os mais nobres corredores ligados diretamente a esse magnífico trabalho do Buda não são outros senão os responsáveis pela Divisão dos Estudantes Soka. Gratidão pelo verão de dinâmico avanço Já se passou um mês desde o início do Período do Dinâmico Avanço da Divisão dos Estudantes [no Japão] no dia 8 do mês passado [julho de 2023].Não há palavras que expressem minha gratidão aos preciosos amigos que derramam o suor dourado, dia após dia, para enviar uma brisa refrescante de coragem e esperança às princesas e aos príncipes sucessores, oram pela felicidade das crianças, em meio ao contínuo calor escaldante. Além disso, o “Desafio de Verão da Divisão dos Estudantes”, que desenvolve os tradicionais concursos em várias áreas, é uma iniciativa maravilhosa. Quero também manifestar meu profundo respeito aos professores da Coordenadoria Educacional que criam e expandem lugares de paz e de simpatia aos pais, por exemplo, por meio de diálogos sobre a educação familiar, e às pessoas que se dedicam à criação de filhos ou netos, como também à família Soka da comunidade local que apoia as famílias. Herdando o bastão No dia 30 do mês passado [julho de 2023], foi realizado, radiantemente, o Curso de Aprimoramento Nacional de Verão da Divisão dos Estudantes [no Japão], interligando a Fortaleza da Paz, que é a Universidade Soka, com os centros culturais de todo o território japonês por transmissão simultânea. A melodia da canção da Divisão dos Estudantes, Corredores da Justiça, entoada por 25 mil representantes da DE-Esperança e da DE-Herdeiro, continua reverberando em minha vida de forma profunda e intensa. Rumo ao futuro com os “Corredores da Justiça”! Amigos que se reúnem animadamente no Curso de Aprimoramento Nacional de Verão da Divisão dos Estudantes [do Japão], na Universidade Soka, em Hachioji (Tóquio, jul. 2023) Uma integrante da DE-Herdeiro da província de Kanagawa, que se levantou para relatar sua experiência, falou sobre a sua trajetória de não ser derrotada graças aos encorajamentos da família Soka nos seus dias difíceis em que não conseguia frequentar a escola de forma desejável durante a fase do ensino fundamental. Agora, seus dias são repletos de plenitude em uma escola de ensino médio por correspondência, e ela acumula nobres esforços rumo ao seu sonho do futuro. Em sua família, a pessoa que acendeu as chamas da fé pela primeira vez foi seu bisavô, que para mim também é um estimado velho amigo, o qual jamais esquecerei. Nosso primeiro encontro foi no ano 1952 em uma reunião de palestra em Kawasaki, província de Kanagawa, da qual eu estava encarregado. Era um jovem que participava pela primeira vez, convidado por um amigo, depois de ter vindo da província de Saga, em Kyushu, para Tóquio, visando tornar-se um pintor de estilo ocidental. O jovem demonstrava ansiedade e insegurança ao pensar se conseguiria vencer ou não trilhando o caminho da arte. Disse-lhe, prontamente: “Não quer se tornar o melhor pintor japonês por meio desta prática budista?”. Ele assentiu profundamente e se converteu. Sempre que havia oportunidade, procurava enviar-lhe incentivos. Como pintor de estilo ocidental, ele conquistou imponentes realizações, e atuou na primeira turma do Departamento de Artistas da nossa organização. Nos últimos anos de sua vida, ele atuou como diretor honorário do Museu de Arte Fuji de Shizuoka (da época). Sua pintura está exposta também na Universidade Soka da América. O jovem com quem conversei na reunião de palestra daquele dia, naquele momento, abraçou a Lei Mística e pintou vividamente uma obra-prima da arte e da vida. E a canção triunfal do bastão de revezamento da prática da fé reverbera por quatro gerações na família. Em meio a esses vales e montanhas, quantos encorajamentos e apoios mútuos dos companheiros da organização devem ter acontecido! “Transformará em boa sorte” No oitavo mês de 1273, de Sado, em meio a uma grande perseguição, Nichiren Daishonin enviou uma carta à família de um discípulo em Kamakura que lutava contra a doença de sua pequena filha. Orando pela mais breve recuperação dela “às divindades do Sol e da Lua a cada minuto do dia”,6 Daishonin afirmou: “O infortúnio de Kyo’o se transformará em boa sorte. Reúnam sua fé e orem a esse Gohonzon. Então, o que não poderá ser concretizado?”.7 Em qualquer família, há problemas, como também há árduos esforços para a criação de filhos. Poderá haver momentos em que uma calamidade inesperada atinja nossa família e nossos filhos. No entanto, possuímos o rugido do leão denominado Nam-myoho-renge-kyo. Nós temos o Gohonzon que Daishonin descreve: “Eu, Nichiren, inscrevi minha vida em sumi; assim, creiam no Gohonzon com todo o coração”.8 Se reunir uma fé corajosa, com certeza, podem-se transformar os infortúnios em boa sorte. Diante de quaisquer dificuldades, devemos comprovar infalivelmente a transformação delas [dificuldades] em boa sorte da família e do futuro dos filhos. Diz-se que o lótus produz a flor e o fruto ao mesmo tempo. De maneira similar, no interior de todas as vidas jovens se encontra, com certeza, o fruto da esperança. Foto tirada por Ikeda sensei na região metropolitana de Tóquio (Jul. 2023) Esse é o poder da fé e o poder da prática capazes de transformar veneno em remédio que o buda Nichiren Daishonin nos ensinou ao longo de 750 anos. A vitória decisiva da minha existência No verão [japonês] da criação de “valores humanos”, eu também tenho inúmeras recordações de aprendizado e de aprimoramento junto com os amigos da Divisão dos Estudantes. Em agosto de 1982, foi realizado na província de Miyagi o Festival da Paz e da Esperança cujos figurantes eram exclusivamente os membros da Divisão dos Estudantes. Relembro-me do cenário em que cantei e dancei prazerosamente em um só coração com os 4 mil mensageiros do futuro, que eram os tesouros do castelo de “valores humanos” da região de Tohoku, como também do sorriso resplandecente de cada um deles, em meio ao calor intenso. Enviando forte salva de palmas para a entusiasmada apresentação de todos, disse-lhes: “A vitória decisiva da minha existência se encontra em observar o aspecto da luta digna e heroica de cada um de vocês em prol da paz no palco da sociedade e do mundo no século 21. Quando penso nisso, meus árduos esforços não são nada”. Exatamente dessa forma, eles se desenvolveram magnificamente. Esses amigos da Divisão dos Estudantes empenharam todos os esforços para a recuperação da região onde ocorreu o Grande Terremoto do Leste Japonês, sem precedentes, e até hoje, devotam-se com bravura. O futuro de esperança não é algo que chega repentinamente. Surge do acúmulo da determinação de viver e de sobreviver no presente momento. É por isso que se deve incentivar a pessoa diante dos seus olhos com sinceridade. E, unindo a força de todos, deve-se continuar avançando, juntos, envolvendo-se hoje e amanhã. Nesta continuidade, cria-se um majestoso futuro. A partitura da luta conjunta imponentemente “Que tipo de vida pode ser considerado uma existência correta?” É a pergunta que fiz aos 19 anos para o venerado mestre, Josei Toda, por ocasião do meu primeiro encontro com ele em agosto de 76 anos atrás (1947). O mestre respondeu claramente: “É bom pensar no que significa viver uma existência correta. Porém, enquanto estiver pensando, experimente praticar a filosofia de Nichiren Daishonin. Afinal, você é jovem. Com certeza, algum dia, descobrirá, de forma natural, que está trilhando uma existência correta”. De fato, foi exatamente como disse o mestre. Vim trilhando o caminho junto com a Lei Mística, o mestre, os companheiros e a Gakkai. Para registrar esse caminho da “existência correta”, escrevi os romances Revolução Humana e Nova Revolução Humana com coração repleto de sentimento de retribuir com gratidão. Foi no dia 6 de agosto de trinta anos atrás (1993) que comecei a escrever o manuscrito do romance Nova Revolução Humana nas terras de Nagano. Escolhi a data em que foi lançada a bomba atômica sobre Hiroshima, a primeira na história da humanidade, escrevendo as seguintes palavras iniciais: “Nada é mais precioso do que a paz. Nada traz mais felicidade do que a paz”.9 A partitura da luta conjunta da “revolução humana” dos amigos emergidos da terra do Japão e do mundo, que estão contribuindo para a obra sagrada sem precedentes denominada kosen-rufu, pelo bem da felicidade das pessoas e da paz perene, com o coração igual ao meu, é a “história mais maravilhosa [para o futuro]”10 observada por Nichiren Daishonin. Assim, concluí o total de trinta volumes. Estou convicto de que, por meio dessa obra, poderei continuar o diálogo eternamente, por todo o futuro, com os jovens sucessores do “espírito de mestre e discípulo dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai”, em qualquer época, onde quer que seja. A história comprovará infalivelmente Pensando bem, Shakyamuni treinou as vidas jovens observando o pico mais alto do mundo, o Himalaia. Nichiren Daishonin o fez observando o grande Oceano Pacífico, o maior do mundo. Hoje, nós temos o sol do budismo do povo, o maior do universo, e o grande solo dos emergidos da terra da canção triunfal do povo a ser oferecidos aos amigos da Divisão dos Estudantes. Façamos desse fato nosso maior orgulho e a infindável esperança. Certa vez, em meio às tempestades de críticas, o venerado mestre disse: “Deve-se lutar agora em prol do futuro daqui a cem ou duzentos anos”. Mesmo que naquele momento não houvesse ninguém que o compreendesse, ele estava com uma postura calma de que a história haveria de comprovar infalivelmente a retidão. Lembro-me com saudades de que, ao falar sobre isso com Mikhail Gorbachev e sua esposa, Raisa, durante um diálogo, o casal assentiu com sorriso no rosto. Agora, mais uma vez, é o momento do novo desafio para abrir o futuro. Deve-se encontrar com uma pessoa, dialogar com uma pessoa e conectar completamente o coração com o de uma pessoa. Vamos criar “valores humanos” sucessores, com a convicção de que “a vitória no futuro se encontra no presente!”. Publicado no jornal Seikyo Shimbun de 10 de agosto de 2023. No topo: Vocês são o tesouro da esperança do mundo! Casal Ikeda com membros da Divisão dos Estudantes e a família Soka dos Estados Unidos (Flórida, jun. 1996) Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 402, 2017. 2. Ibidem, v. I, p.770, 2020. 3. Ibidem, p. 300. 4. Ibidem, p. 421. 5. Ibidem, p. 292. 6. Ibidem, p. 431. 7. Ibidem. 8. Ibidem. 9. IKEDA, Daisaku. Alvorecer. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, 2022. 10. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 522, 2020.
06/09/2023
Caderno Nova Revolução Humana
BS
“A prática do budismo é a força motriz para avançar sempre”
PARTE 37Shin’ichi disse ainda: — Nos últimos anos, ouvi que há uma tendência mundial de aumento de casos de separação de casais. Mas, se uma das partes se empenhar na prática budista com resoluta determinação, e caminhar rumo à solução do problema, estou certo de que a maioria dos casos pode ser superada de forma sábia. Enfim, o mais importante é levantar-se com sólida fé. O objetivo da prática budista é viver plenamente, tornar-se feliz e enviar o brilho da esperança para a sociedade. Portanto, deve se tornar um bom casal, criar um lar excelente, conquistar o respeito e a confiança de todos e comprovar o budismo na vida. Nessa noite, a convite do superintendente Badini do Teatro alla Scala, Shin’ichi, junto com Mineko, assistiu à apresentação da composição de Modest Mussorgsky, Quadros de uma Exposição, e outras pela Orquestra Sinfônica de Londres, sob a regência do maestro Claudio Abbado. Foi uma maravilhosa apresentação. Shin’ichi desejou que aquela emoção pudesse ser saboreada pelas pessoas comuns do Japão. Um dos objetivos de ele ter fundado a Associação de Concertos Min-On era aproximar o povo das melhores músicas e artes do mundo. A arte e a cultura não são privilégios de um grupo especial de pessoas. Pouco depois do meio-dia do dia seguinte, 5 de junho, Shin’ichi e comitiva se despediram dos membros e partiram de Milão de avião rumo a Marselha, na França. A estada de Shin’ichi em Milão foi de apenas quatro dias e três pernoites. No entanto, havia algo que ficou gravado profundamente no coração dos jovens de Milão, que acompanharam de perto a comitiva. Era o aspecto de manifestar palavras de gratidão e de agradecimento com toda a cortesia, igualmente, para todo tipo de pessoa, fosse porteiro ou cozinheiro do hotel, motorista, executivo de uma empresa ou intelectual erudito. O budismo expõe que todas as pessoas são iguais e possuem indistintamente a condição de buda em sua vida. Os jovens diziam que sentiram que as ações de Shin’ichi incorporavam, de fato, esse espírito. O verdadeiro valor de uma ideologia, de uma filosofia e de uma religião manifesta-se nas ações e no modo de vida da pessoa. O budismo se encontra no aspecto das pessoas que se empenham alegremente em prol da felicidade dos amigos e da sociedade. PARTE 38 Com as montanhas dos Alpes cobertas de neve do lado direito, o avião que levava Shin’ichi Yamamoto dirigiu-se à Marselha, segunda maior cidade da França, na costa do Mar Mediterrâneo. Pouco depois das 13 horas do dia 5 de junho, horário local, a comitiva desembarcou no aeroporto de Marselha. De imediato, promoveu reunião de acertos das atividades na França nas dependências do hotel em Aix-en-Provence. E ainda, Shin’ichi se deslocou até o Centro de Treinamento da Europa, em Trets, onde participou da conferência de representantes da Europa, realizada a partir das 18 horas. Nessa conferência, reuniram-se representantes de treze países e discutiram diversos assuntos rumo ao kosen-rufu da Europa. Visando dar uma esperançosa partida para um avanço, unindo ainda mais as forças de cada país da Europa, foi determinada a nomeação de novos vice-presidentes e do secretário do conselho de orientação da Europa em torno do seu presidente, Eiji Kawasaki. Os vice-presidentes nomeados para esse conselho eram o diretor-geral da Inglaterra Raymond Gordon e o diretor-geral da Alemanha Dieter Kahn. Como secretário, foi nomeado Akihide Takayoshi, que havia tido a experiência como coordenador da Divisão dos Estudantes Herdeiro e chefe da Secretaria da Divisão Masculina de Jovens no Japão. Takayoshi era um jovem que havia sido treinado por Shin’ichi em grupos de “valores humanos” desde a sua época como estudante do ensino médio. Depois de concluir o curso de pós-graduação, passou a trabalhar como funcionário da sede da Soka Gakkai. Portanto, essa nomeação era uma estratégia preparatória para o século 21. Shin’ichi declarou aos participantes: — A visita desta vez é para anunciar o amanhecer de uma nova era da Europa. Se os jovens se conscientizarem da missão de se encarregar da era vindoura, estabelecerem a filosofia de respeito à vida como modo de vida e caminharem pela jornada da contribuição social, então poderão unir as pessoas separadas entre si na sociedade atual. A paz começa daí. Por isso, vou me empenhar diretamente para me encontrar e dialogar com os jovens. E, por meio de ações e do contato de coração a coração, vou inspirar a alma de cada pessoa. Quando as pessoas se convencem do fundo do coração, simpatizam-se e se emocionam com a decisão de “Eu vou me levantar!”, começam a agir por iniciativa própria. Então, conseguem manifestar sua máxima capacidade. O ato de criar tal inspiração é o verdadeiro incentivo e encorajamento. Essa é a relação de vida a vida, e o diálogo imbuído de paixão e sinceridade. PARTE 39 No lado norte do Centro de Treinamento da Europa, erguia-se a montanha Sainte-Victoire, e sob o céu azul, banhadas pelos raios solares, reluziam as rochas de calcário. Fascinado também por essas montanhas, Paul Cézanne, considerado o “pai da pintura do século 20”, criou aqui renomadas obras. No dia 6 de junho, antes da hora do almoço, Shin’ichi visitou a prefeitura de Trets acompanhado de sua esposa, Mineko, e do presidente do conselho de orientação da Europa, Eiji Kawasaki. O prefeito de Trets, Jean Feraud, e cerca de vinte vereadores da Câmara os receberam. O prefeito se levantou para os cumprimentos usando uma faixa para cerimônias nas cores azul, branca e vermelha da bandeira da França: — É uma grande alegria para os cidadãos de Trets receber o presidente Yamamoto em nossa cidade. Sabemos bem sobre o importantíssimo trabalho de âmbito mundial em prol da paz desenvolvido pelo presidente Yamamoto e conhecemos sua ideologia de excelência por intermédio de suas obras. O senhor veio realizando árduos esforços para a prevenção do perigo das armas nucleares em meio aos conflitos entre o Leste e o Oeste. E ainda é o líder do movimento internacional pela paz desenvolvido pela Soka Gakkai Internacional (SGI). Além disso, é notória sua dedicação para aprofundar o intercâmbio entre pessoas por meio de sucessivos diálogos com renomados intelectuais representativos do mundo e da luta pela paz. Manifestamos nossos mais sinceros agradecimentos pela visita do presidente Yamamoto justamente ao nosso Centro de Treinamento de Trets dentre numerosas sedes da SGI em todo o mundo. Shin’ichi ouvia as palavras de louvor do prefeito com humildade e gratidão. Na sequência, o prefeito disse solenemente com voz ainda mais enérgica: — Aqui, nós recebemos o presidente Yamamoto, o “embaixador da paz” que atua com fidelidade e perseverança, com sinceridade e ardente paixão e com vigorosa vitalidade e energia como o cidadão honorário. Em meio aos aplausos, o prefeito entregou a medalha da cidade e o título de cidadão honorário a Shin’ichi, que expressou gratidão do fundo do coração por sua cortesia e profunda compreensão. Por trás desse fato, com certeza deve ter havido esforço e diálogo sinceros dos membros. O diálogo sincero de muita persistência é a força que gera a compreensão em relação ao nosso movimento. PARTE 40 Na tarde do dia 6, no Centro de Treinamento da Europa, foi descortinado radiantemente o curso de verão comemorativo dos vinte anos do kosen-rufu da Europa com a presença de Shin’ichi. Nesse evento, participaram quinhentos membros de dezoito países, dentre os quais, cem companheiros da França. Shin’ichi recitou solene gongyo junto com os membros, orando pela imensa felicidade dos participantes e pelo progresso do kosen-rufu da Europa. Em seguida, dirigindo-se ao microfone, propôs: — Hoje, 6 de junho, realizamos o curso de treinamento para alçar voo rumo ao século 21. Ao mesmo tempo, é o aniversário natalício do primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi. Gostaria de propor que façamos dessa significativa data o Dia da Europa, tornando-o comemorativo e um marco em que anualmente possam juntos prometer um novo avanço. O que os senhores acham? Todos levantaram as mãos em concordância e foi oficialmente estabelecido o dia 6 de junho como Dia da Europa. Tsunesaburo Makiguchi havia falecido na prisão três anos antes da conversão de Shin’ichi ao budismo e não chegaram a ter um convívio pessoal. Todavia, por intermédio do seu mestre, Josei Toda, Shin’ichi havia aprendido sobre a personalidade, a fé, as ações e os pensamentos sobre a educação de Makiguchi. Além disso, leu repetidas vezes as obras dele, tornando-as uma importante referência para si próprio. Em suas obras, Makiguchi apresenta sua visão futurista para o caminho da paz, da mudança da “competição militarista”, da “competição política” e da “competição econômica” para a “competição humanística”. Shin’ichi renovava sua decisão de que pela paz da humanidade era necessário criar nesse momento uma maré certeira da “competição humanística” no mundo. No curso de verão, foi realizado um plantio comemorativo seguido de uma série de relatos de experiência. Uma integrante da Divisão Feminina de Jovens da Alemanha Ocidental declarou que se tornou uma pessoa positiva e construtiva por meio da fé e venceu a luta contra a doença; um membro da Divisão Masculina de Jovens da Itália relatou sua atuação tão almejada como músico. Enfim, todos os relatos trouxeram uma grande emoção aos participantes, pois continham um drama de transformação de sua vida por meio da coragem e do desafio. A prática do budismo é a força motriz para avançar sempre, superando a desesperança e a resignação. E, nesse avanço, pode-se polir e fortalecer a si mesmo, e expandir enormemente a condição de vida. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida
24/08/2023
RDez no BS
BS
Convoquem a coragem
Faróis da Esperança Agosto é o mês em que conheci meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda. Eu tinha 19 anos¹ na época. Logo no primeiro encontro, perguntei a ele: “Que tipo de vida é o modo correto de viver?”.² Nesse momento, ele me encorajou a praticar o Budismo Nichiren para que eu mesmo encontrasse a resposta. Depositei minha confiança nele, que foi preso durante a Segunda Guerra Mundial por defender suas crenças, e decidi tentar. Como resultado, pude trilhar o correto caminho da vida dedicado à paz e à felicidade da humanidade. Tudo começa com a coragem de tentar e de desafiar a si mesmo, seja recitando Nam-myoho-renge-kyo, estudando, praticando esportes, fazendo amigos, seja ajudando nas tarefas de casa. Certamente, chegará o momento em que vocês se sentirão felizes por terem feito essa escolha. Por favor, fiquem seguros e bem e aproveitem as férias de verão!³ Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de agosto de 2022 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro. Notas: 1. O presidente Ikeda encontrou-se com Josei Toda pela primeira vez em uma reunião de palestra em Tóquio, em 14 de agosto de 1947, dois anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial. 2. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 197, 2022. 3. No Japão, as férias escolares de verão ocorrem em agosto.
24/08/2023
Aprender com a Nova Revolução Humana
BS
Momentos inesquecíveis: volume 14 (parte 2)
O bailar do mestre imbuído do juramento pela vitória Em dezembro de 1969, Shin’ichi visitou a região de Kansai numa viagem de orientações. Apesar da febre alta, ele empenhou toda a sua energia para proferir seu discurso a fim de incentivar os membros presentes na reunião de líderes da província de Wakayama. Shin’ichi dedicou toda a sua vida para proferir seu discurso. Dez, quinze, vinte minutos se passaram. Mineko, o médico e os líderes que o acompanhavam estavam observando-o ansiosos, certos de que ele atingira o limite de suas forças. O desejo sincero do médico era de que Shin’ichi encerrasse rapidamente, mas ele continuou falando por vinte e quatro minutos. Quando ele terminou, o apresentador anunciou o momento das canções da Soka Gakkai. (...) Ao final das canções, surgiram brados gritando “sensei!” por todo o ginásio. Então, um participante gritou: — Por favor, reja uma canção! — Shin’ichi sorriu e assentiu com a cabeça. Mas, justamente nesse momento, ele foi acometido de uma tosse violenta. Cobriu a boca com a mão e tossiu várias e várias vezes, estremecendo as costas a cada vez que tossia. Tomou fôlego, o que de nada adiantou, e então outro acesso de tosse começou a torturar seu corpo. O microfone no palco irradiava o som. Depois que a tosse parou, podiam ouvir a respiração difícil dele e o olharam preocupados. Mas logo que se recobrou, ele se levantou bem animado e disse: — Estou bem. Então está certo, vou reger uma canção! Os presentes vibraram de alegria. — Farei de tudo se isso os deixar felizes. Sou o presidente de vocês, afinal. Todos aplaudiram. (...) A banda masculina começou a tocar a vigorosa melodia. (...) Com o leque na mão, Shin’ichi começou a reger a canção. Seus movimentos eram dignos e graciosos, como se estivesse voando pelo vasto firmamento. Ele conclamava em seu coração às forças malignas do Universo: “Demônios da doença, venham! Não importando o que aconteça, continuarei a lutar!”. (...) Os membros de Wakayama ficaram profundamente comovidos com o jeito vigoroso como estava regendo a canção e muitos estavam com lágrimas nos olhos. Ao mesmo tempo, algumas integrantes da Divisão Feminina, preocupadas com a condição em que ele se encontrava, suprimiam a vontade que sentiam de gritar para que ele parasse. Todos os presentes gravaram aquela cena no coração, jurando: “Eu também farei o melhor! Eu vencerei!”. E então batiam palmas vigorosamente e cantavam bem alto. (Trechos do capítulo “Vendaval”) Sempre se lembrem do espírito pioneiro Em setembro de 1970, foi inaugurado o prédio do Seikyo Shimbun em Shinanomachi, Tóquio. Ao percorrer o local, Shin’ichi refletiu sobre o ponto inicial do jornal. — Estou muito feliz por vocês terem agora estas maravilhosas instalações e por todos poderem realmente apreciar o trabalho aqui. Ao mesmo tempo, jamais devemos nos esquecer das dificuldades que enfrentamos quando produzíamos o jornal naquele cômodo apertado em Ichigaya. Quanto melhores forem o ambiente e os equipamentos que estiverem à sua disposição, mais importante será lembrarem-se do espírito pioneiro daqueles primeiros anos. De outra forma, vão se acostumar com a situação favorável e, assim que enfrentarem o menor problema que seja, começarão a reclamar. Como integrantes da equipe de redação, reclamar é um sinal de derrota e de condescendência. Essa é uma das maiores preocupações que tenho. Enquanto visitava as dependências do novo escritório, Shin’ichi se recordava com clareza da época em que trabalhara com seu mestre Josei Toda, antes do lançamento do jornal. A primeira edição foi publicada no dia 20 de abril de 1951, depois de Toda ter conseguido se recuperar da falência de sua empresa e pouco antes de se tornar o segundo presidente da Soka Gakkai. Toda havia mencionado que queria publicar um jornal interno em agosto do ano anterior, quando a empresa dele, a Cooperativa de Crédito de Construção Toko, foi forçada a suspender suas operações. Toda e Shin’ichi estavam numa cafeteria em Toranomon, Tóquio, onde se encontraram com um jornalista que ficara sabendo do fechamento da cooperativa de crédito. Ao retornarem, Toda disse para Shin’ichi, num tom de grande seriedade: — Shin’ichi, os jornais têm uma força inimaginável no mundo atual. Publicar um jornal significa exercer uma influência enorme. A Soka Gakkai precisa ter seu próprio jornal no futuro bem próximo. Por favor, pense nisso, Shin’ichi.(…) O título Seikyo Shimbun (Jornal dos Sagrados Ensinamentos) foi enfim escolhido após muitas deliberações. O nome carregava todo o desejo de Toda de transmitir a lei essencial do universo, o Budismo Nichiren, para o mundo inteiro. E a primeira edição do jornal foi publicada no dia 20 de abril de 1951. (Trechos do capítulo “Rio Caudaloso”) (Traduzido a partir da edição do Seikyo Shimbun de 11 de dezembro de 2019.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 14 Ilustração: Kenichiro Uchida
24/08/2023
Encontro com o Mestre
BS
Vamos criar um rio cada vez maior de pessoas capazes!
Trechos do discurso proferido pelo presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, na cerimônia em que representantes da Universidade Nacional de Itapúa, no Paraguai, outorgaram-lhe o título de doutor honoris causa. O discurso foi realizado na reunião conjunta das Divisões dos Universitários e dos Estudantes no Centro Internacional da Amizade Soka, em Tóquio, em 29 de abril de 2005. O vídeo gravado foi exibido durante a mais recente Reunião de Líderes da Soka Gakkai, em 9 de julho de 2023.Há um velho ditado do Paraguai, conhecido como o coração da América do Sul: “Os bravos crescem através de sua luta”.1 Essa é a verdade. O tempo da juventude também é um tempo de luta. Sem luta espiritual, os jovens não podem crescer nem triunfar. Nada é mais belo do que jovens com uma filosofia sólida que lutam corajosa e seriamente pela verdade e para levar uma vida com sentido. Minhas felicitações e agradecimentos aos membros da Divisão dos Estudantes de 130 universidades e faculdades de todo o Japão, incluindo a Universidade Soka, e aos membros da nossa Divisão dos Universitários, por ocasião da Reunião Geral Conjunta da Divisão de Estudantes e da Divisão dos Universitários de hoje! O célebre escritor paraguaio Augusto Roa Bastos (1917–2005) foi um grande defensor do espírito que, junto com a vossa estimada Universidade Nacional de Itapúa, abriu o caminho para uma era de humanismo. Escritor e jornalista corajoso, usou sua caneta com firmeza na resistência contra a antiga ditadura militar que governava o Paraguai. A perseguição das autoridades obrigou-o ao exílio por mais de quarenta anos (1947–1989). Podemos imaginar as dificuldades que ele deve ter suportado. Mas manteve-se fiel às suas convicções, levando uma vida excepcional. É importante conhecer grandes personalidades como Roa Bastos. Pessoas de maior bem são as mais invejadas e as mais atacadas. Essa é uma triste verdade da natureza humana e uma cruel realidade do mundo. Contudo, em nome da vitória na vida e da vitória das nossas convicções, jamais devemos comprometer nosso empenho pela verdade e pela justiça. O professor Bastos declarou com a determinação de um campeão indomável: “Tal como os pássaros levantam voo contra a corrente atmosférica, a força do desafio contra as adversidades faz com que o ser humano alce voo”.2 É uma extraordinária visão da vida. Suportando as perseguições, ele deixou solenemente um hino imortal do ser humano para a história da literatura mundial. Apesar de ter sido perseguido pelas autoridades, Roa Bastos deixou um legado imortal do triunfo humano na história da literatura mundial. Eu tinha 19 anos quando conheci meu mestre, Josei Toda [em 14 de agosto de 1947], mais ou menos a mesma idade de muitos de vocês que estão aqui hoje. Cena do memorável encontro do presidente Josei Toda, terceiro a partir da esq., com o jovem Daisaku Ikeda de 19 anos, em pé, numa reunião de palestra realizada em 14 de agosto de 1947 (pintura a óleo de autoria de Kenichiro Uchida) Quantos têm 19 anos? [Vários membros levantaram a mão.] Já se passaram 58 anos (em 2005) desde esse encontro e 45 anos (em 2005) desde que me tornei terceiro presidente da Soka Gakkai, em 1960. Enfrentando dificuldades, como “calúnias e difamações” e “ódio e inveja”, elucidadas no budismo, consegui superar todas elas. Foi graças a vocês. O fato de eu ter edificado a rede de solidariedade humanística da paz, cultura e educação no mundo é meu maior orgulho. Obrigado! Hoje, declaro para todos ouvirem que os membros da Divisão dos Universitários e da Divisão dos Estudantes são os sucessores a quem confio esse orgulhoso caminho da missão e da convicção! É natural que todos enfrentem várias dificuldades. Todas as pessoas sofrem com algum problema. Quanto mais grandiosa for a pessoa, que se preocupa com o mundo ou com a humanidade, maiores serão as angústias. É por isso que as angústias se tornam metas para valiosas vitórias de preciosas construções. Elas são a força motriz. Por favor, esforcem-se todos. Por existirem os problemas e as angústias é que a pessoa se fortalece. Por existirem os problemas e as angústias é que a pessoa se engrandece. Os problemas são uma fonte importante de crescimento e uma força motriz para a vitória. Quanto mais grandiosa for a pessoa, maiores serão seus problemas ou preocupações. Como posso fazer do mundo um lugar melhor? Como posso fazer com que a humanidade seja feliz? Grandes problemas ou preocupações como essas são a marca registrada das grandes pessoas. Os problemas nos tornam mais fortes. Os problemas expandem nossa capacidade como seres humanos. Lidar seriamente com os problemas também estimula nosso cérebro e promove nosso crescimento espiritual. Em nossas atividades diárias da Soka Gakkai, nós nos preocupamos com os outros, “Hoje vou recitar daimoku para salvar aquela pessoa”. É algo formidável. O microbiologista americano de renome mundial René Dubos (1901–1982), com quem dialoguei, observou que “o cérebro se desenvolve com o uso e se desgasta com o desuso”.3 Mais que tudo, nossos esforços incansáveis em prol do budismo, do bem-estar da sociedade e da felicidade dos outros, à medida que lutamos e nos desafiamos para encontrar o melhor caminho a seguir, estão destinados a se tornar uma extraordinária fonte de crescimento e de desenvolvimento. O budismo também nos ensina que “Se deseja saber as causas que foram feitas no passado, observe os efeitos que se manifestam no presente. E se deseja saber os efeitos que se manifestarão no futuro, observe as causas que estão sendo feitas no presente”,4 isto é, veja o modo de vida e o comportamento como ser humano no momento presente. Há alguém aqui hoje que tenha perdido a sua mãe? [Vários membros levantaram a mão.] Ofereço minhas sinceras orações para todos vocês. Por mais tristes que se sintam, tentem ser alegres. É importante que vocês, seus irmãos e todos os membros da família sejam positivos e otimistas. Essa é a maneira verdadeiramente sábia de viver, o modo de vida ensinado pelo Budismo Nichiren. Não deixem que a tristeza tome conta da vida. Demonstrem um espírito invencível. Nada é mais poderoso que a sinceridade. Nada pode vencê-la. Mesmo que, por vezes, pareça que ninguém repara em seus esforços, a sinceridade de sua dedicação acabará por vencer. Aqueles que se esforçam sinceramente com uma perseverança inabalável saboreiam sempre a vitória final. Por observar a vida de muitas pessoas e conversar com muitos líderes mundiais de renome, posso atestar isso por experiência própria. O nome Paraguai deriva de uma palavra que significa “de um grande rio”. Gostaria de criar um rio cada vez maior de pessoas capazes, como o poderoso rio Paraguai. As pessoas capazes são a chave. São a única forma de construir um futuro mais risonho. Por favor, da maneira como são, avancem sem parar. E assim devem se movimentar, estudar e dialogar. Lutando desse modo, espero que cada indivíduo se torne resolutamente “doutor da vitória”, “doutor da felicidade”, “doutor em filosofia da grande vitória”. Prometendo isso uns aos outros, concluo meu discurso de agradecimento. Muito obrigado! Momentos da 14a Reunião de Líderes da Soka Gakkai, realizada em conjunto com o Encontro das Divisões dos Universitários (DUni) e dos Estudantes (DE). Durante a atividade foi apresentado o novo vídeo intitulado “Preocupações são a Força Motriz da Vitória”. Integrantes da DE de transbordante sorriso juntamente com representantes da SGI-Costa do Marfim Traduzido a partir da edição do jornal diário da Soka Gakkai, Seikyo Shimbun, de 24 de julho de 2023. No topo: Ikeda sensei profere seu discurso na cerimônia de concessão do título de doutor honoris causa da Universidade de Itapúa, do Paraguai, no Centro da Amizade Internacional Soka de Tóquio da época (abr. 2005)Fotos: Seikyo PressIlustração: Kenichiro Uchida Notas:1. PANGRAZIO, Miguel Ángel. Arriéro Porte. Assunção: Criterio Ediciones, 2007. p. 89.2. BASTOS, Augusto Roa. Metaforismos. Barcelona: Edhasa, 1996. p. 119.3. DUBOS, René. So Human an Animal: How We Are Shaped by Surroundings and Events. New Jersey: Transaction Publishers, 1998. p. 124.4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 292, 2020.
24/08/2023
Mensagem
BS
A revitalização do espírito humano abrirá o caminho rumo a um século de paz e de esperança
É para mim um grande prazer juntar-me aos membros da SGI de todo o mundo para comemorar o brilhante início de 1996. Com o tema “Ano da Grande Vitória Rumo ao Novo Século”, centralizemo-nos no século que está por chegar, cuja alvorada já está surgindo a apenas cinco anos de distância. O ano de 1996 também marca o início de uma década essencial para o nosso movimento: os dez anos que nos conduzirão até o dia 3 de maio de 2005. Enquanto festejamos o Ano-Novo, alegra-nos comprovar a animadora perspectiva que o Kossen-rufu oferece nesta etapa de grande expansão em todo o mundo. Este ano foi designado pelas Nações Unidas como “Ano Internacional da Erradicação da Pobreza”. Com essa idéia em mente, a SGI trabalhará para fortalecer seus laços com a ONU, enquanto ampliará ainda mais seu movimento multifacetado de paz, cultura e educação baseado nos princípios do humanismo budista, para contribuir assim à concretização da paz mundial. A humanidade parece ter perdido de vista esta direção, açoitada pelos ventos de mudança que têm soprado pela face da terra. Mas a engrenagem da história está caminhando, clara e inexoravelmente, para uma época em que os seres humanos ocuparão o papel principal. Se observarmos esta transição histórica sob uma perspectiva ampla, sem nos deixarmos distrair com cada mudança de pouco valor que vá acontecendo durante o processo, reconheceremos com clareza que a SGI, uma organização que sempre colocou o ser humano em primeiro lugar, está seguindo pelo caminho correto. Desde que a SGI esteja firme, estou certo de que será possível iniciar uma época de paz e felicidade para toda a humanidade. O falecido historiador britânico Arnold Toynbee, com quem o presidente Ikeda publicou um diálogo, observou que “a sorte de uma civilização é decidida pelo tipo de religião na qual ela se baseia”. Da mesma forma, nos seus últimos anos, o escritor francês e historiador de arte André Malraux expressou sua crença de que o século XXI daria maior importância à religiosidade; na verdade, ele chegou até mesmo a dizer que, de outra forma, não haveria século XXI. Se examinarmos a história, veremos que nas épocas em que certas religiões superiores e vibrantes arraigaram-se em meio às pessoas e floresceram, prosperaram tanto a cultura como a sociedade. Foram períodos em que a vida das pessoas estava imbuída de esperança e de um claro senso de propósito. Agora, no limiar do século XXI, tenho certeza de que a SGI se edificará digna e preparada para um grande avanço dinâmico como religião mundial, hasteando o estandarte do humanismo que estabeleceu o budismo de Nitiren Daishonin. No outono do ano passado, o Centro de Pesquisa para o Século XXI de Boston conferiu seu Prêmio de Cidadania Global. Na cerimônia de entrega, um dos primeiros ganhadores, o professor emérito John D. Montgomery, da Universidade Harvard, disse: “Esta oportunidade celebra as aspirações confiantes de um novo século e, talvez, melhor. Propõe um otimismo vibrante, uma visão clara, um sonoro respaldo ao espírito humano.” Assim como indicam suas palavras, o ponto de partida para um “século melhor” e para a paz encontra-se em última instância no ser humano. Não pode haver paz verdadeira a menos que cada pessoa possa experimentar a alegria e a revitalização. O Kossen-rufu é uma visão do futuro da humanidade e surge da consciência de que transformar o âmbito interior do homem — ou seja, concretizar uma revolução humana — é crucial para se conseguir qualquer mudança permanente. Porque, definitivamente, o ser humano é o eixo de todos os fenômenos, inclusive da paz. Nesse sentido, o nosso movimento pelo Kossen-rufu objetiva cultivar o “solo” da vida de cada pessoa; é uma revolução de esperança e uma resposta para as necessidades da época. No 65º aniversário da Soka Gakkai, celebrado em novembro do ano passado, o presidente Ikeda disse: “A SGI é uma autêntica força de paz. Está chegando a hora de ser revelado no cenário mundial o verdadeiro valor e o justo mérito da SGI. Vamos continuar atuando decididamente pelo bem de nossos amigos, da sociedade e do futuro, enquanto construímos tanto a nossa felicidade pessoal como a de nossos semelhantes, com a convicção de que esta luta fará com que a nossa vida brilhe de benefícios e boa sorte. E façamos de 1996 um ano de plena vitória em todos os sentidos, avançando rumo ao século XXI com uma maravilhosa união e com a alegre esperança que caracteriza a família Soka. No século que está por vir, as nossas atividades terão uma importância muitíssimo maior. Estou orando sinceramente pelo incessante desenvolvimento de cada organização SGI de todo o mundo, e pela excelente saúde e vigorosas atividades de cada um dos senhores. Em 1º de janeiro de 1996.
01/01/1996
Terceira Civilização
Série
TC
Os Últimos Dias de Pompeia, de Edward Bulwer-Lytton (parte final)
Na primeira parte das reflexões sobre a obra Os Últimos Dias de Pompeia, de Edward Bulwer-Lytton, Daisaku Ikeda narra o contexto da cidade onde a história acontece e sobre a vida do autor. Personagens do romance Glauco, nobre nascido em Atenas, e Ione, beldade grega, são os personagens principais. Embora a história de amor seja o fio condutor do romance, o autor parece mais focado em pintar um retrato da cidade e do povo imediatamente antes de serem soterrados sob rochas e cinzas. Por isso, mais que uma história de amor, o livro tece uma tapeçaria de complexas relações humanas. As ruínas de Pompeia com o vulcão Vesúvio ao fundo, cuja erupção cobriu a cidade de cinzas Por trás da prosperidade de Pompeia estavam os desafortunados que tiveram de se contentar em viver em servidão, auxiliando a procura de prazer dos cidadãos livres. O autor atribui papel importante a Nídia, florista cega, parecendo retratar por intermédio dela a natureza do amor verdadeiro. Outro tema recorrente é a alma humana. O egípcio Arbaces é um sacerdote no culto a Ísis. Embora seja o guardião de Ione, ele planeja incessantemente possuí-la e destruir Glauco. Temido pelos pompeianos, como Hermes do Cinturão de Fogo,1 Arbaces juntou uma quantidade imensa de riqueza por meio de estranhos rituais de feitiçaria. Apoecides, irmão de Ione, também é sacerdote de Ísis. Mas ele percebe a maldade e a malandragem de Arbaces. Por fim, converte-se ao cristianismo, que estava começando a conquistar o coração dos pobres de Pompeia. Então, Apoecides visita Olinto, um dos primeiros cristãos, e discute o plano para declarar sua nova fé e revelar a fraude de Arbaces. Porém, Arbaces confronta Apoecides e o mata. Enquanto isso, Glauco enlouquece depois de beber o veneno que Arbaces encomendou a uma bruxa. Em sua loucura, ele se depara com a cena do homicídio em que Arbaces o acusa do crime. Arbaces também acusa Olinto de blasfêmia. O jovem Glauco é um poeta trágico; Olinto, um mártir; e Ione, amante apaixonada. As três personagens, ricas em humanidade, encarnam a glória e o vigor de Roma. Por outro lado, o mágico lascivo Arbaces, o sacerdote de Ísis Caleno e os homens parasitas ligados ao rico comerciante Diomedes representam o aspecto sombrio da enferma Pompeia. Glauco e Olinto são condenados pelos cidadãos de Pompeia a ser atirados aos leões diante de uma multidão de 20 mil pessoas. Provavelmente, o autor, um homem moderno, não simpatizava com essa perversidade. Pouco antes da execução pública, a natureza liberta sua fúria através da erupção catastrófica do Monte Vesúvio — uma reviravolta dramática bastante adequada a uma obra de ficção popular. Muito além do seu efeito narrativo, no entanto, a reviravolta permite ao autor transmitir o que pretende: retratar a vida das pessoas nos últimos momentos de Pompeia. Os emocionantes capítulos finais ganham vida com descrições vibrantes. Com Nídia como sua guia na escuridão, Glauco, que escapou por pouco da execução, vai até a mansão de Arbaces para salvar Ione da prisão. Os três, ajudando-se e incentivando-se mutuamente, correm para a praia tentando escapar de navio da cidade condenada. O outro condenado, Olinto, é encontrado no anfiteatro, de joelhos, louvando a Deus. Por fim, ele desperta e decide fugir. Mas, ao sair, ouve um velho invocando o nome de Cristo por seu filho, um gladiador que morreu na arena. Preocupado com a segurança do homem, Olinto junta-se a ele em oração. Enquanto as pessoas escravizadas fugiam em busca de segurança, os sacerdotes de Ísis se encolhiam em torno de seus altares sobre os quais tentavam, em vão, acender fogo e espalhar incenso. Uma torrente de lama vulcânica os esmagou e cinzas ardentes caíram sobre seus cadáveres trêmulos enquanto adormeciam no sono eterno. Ilustrações que retratam a visita do presidente Ikeda a Pompeia, em janeiro de 1963, e cena da destruição da cidade ocorrida quase dois mil anos antes. O volume 7 da Nova Revolução Humana narra os passos do Mestre na Itália e traz detalhes da tragédia contada no livro de Edward Bulwer-Lytton. Ascensão e queda de uma civilização A escavação organizada de Pompeia começou em 1748 e, à medida que avançava, muitas características dessa antiga cidade foram gradualmente reveladas. Cerca de um século depois, o romance histórico de Lorde Lytton causou sensação na Europa e nos Estados Unidos. Talvez, estimuladas pelo interesse público, as escavações mais abrangentes tenham começado por volta de 1860 e continuado a partir de então. Agora, mais de um século depois, cerca de dois terços das ruínas foram desenterradas, permitindo que o sol brilhe sobre elas mais uma vez. Lorde Lytton descreve a destruição de Pompeia como uma aniquilação em grande escala, mas, segundo algumas estimativas, cerca de duas mil pessoas, de um total de vinte mil, morreram. A maioria dos pompeianos, acredita-se, escapou pelo mar e parece que houve muitas mortes entre as famílias ricas. Alguns morreram com moedas de ouro ou de prata nas mãos ou agarrados a caixas de joias. Algumas pessoas, pensando que a erupção tinha dado uma trégua, regressaram a suas casas para retirar objetos de valor. Os registros sugerem que as famílias ricas do Império Romano empregavam milhares de escravos. Muitos podem ter morrido tentando carregar objetos de valor para os senhores. Os restos mortais daqueles que morreram agarrados aos tesouros, no entanto, são lembranças de um aspecto triste da natureza humana. De todo modo, as descrições de Lorde Lytton dos últimos dias de Pompeia obrigam o leitor a ponderar sobriamente sobre o destino, a ascensão e a queda das civilizações humanas. O que aconteceu naquele dia fatídico, há mais de 1.900 anos? Folheando as páginas do livro que apreciei na infância, voltei meus pensamentos para um passado distante. No topo: Retrato de Edward Bulwer-Lytton. Foto: Wikimedia Commons. Nota: 1. BULWER-LYTTON, Edward George. Os Últimos Dias de Pompeia. S.L.: LeBooks, s.d., capítulo 26.
03/02/2025
Série
TC
Empatia com os pobres: Os Miseráveis, de Victor Hugo (parte final)
Um livro sobre a alma humana De volta à história, o abade Myriel é um homem virtuoso que ensina a Jean Valjean uma lição definitiva sobre a bondade humana. Ele mantém suas despesas de subsistência ao mínimo para sobrar dinheiro e ajudar os necessitados e oferece a Valjean um lar após ser libertado da prisão. À noite, Valjean rouba os talheres do bispo. O rapaz é detido com o objeto em seu poder. Porém, o bispo diz à polícia que foi um presente e, então, dá a Valjean dois castiçais de prata. O abade é um homem que come e se veste modestamente e jamais esquece o espírito de tolerância com os pobres que cometem crimes por causa da pobreza. Por meio do amor e da compaixão ilimitados do abade, Jean Valjean descobre o amor e a empatia. Para cuidar da filha pequena, a pobre Fantine recorre à prostituição e pede ao estalajadeiro Thérnardier, que é o oposto do abade Myriel, que crie a menina. No entanto, ele fica com todo o dinheiro enviado pela mãe. Ele compra uma boneca para a filha dele e negligencia Cosette, economizando até nas refeições da garota. Todas as meninas querem bonecas e Cosette improvisa uma, envolvendo uma pequena espada em um pano. À medida que a sociedade se torna mais caótica, o astuto Thénardier cede ao seu lado maligno e se degenera num vilão sem coração. Jean Valjean e Thénardier são duas almas de tonalidades completamente diferentes. O primeiro é brilhante como o sol do meio-dia; o segundo, escuro como um abismo infernal. Charles Baudelaire, um influente poeta francês do século 19, menosprezou as personagens que Victor Hugo tinha criado a partir de sua notável imaginação dizendo: “Eles não são seres humanos”.1A observação dele, contudo, não pode ser considerada mera avaliação literária. Pelo contrário, vejo na raiz dessa crítica a profundidade da visão de Hugo sobre a humanidade. Presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, e sua esposa, Kaneko, na sacada do Museu Literário Victor Hugo (Bièvre, França, jun. 1991) Os personagens em Les Misérables podem ser descritos como projeções da imaginação do autor. Enquanto Jean Valjean é uma cristalização da boa consciência de Hugo, Thénardier é uma manifestação da natureza diabólica da vida. Pode-se supor também essa definição a partir da descrição feita pelo próprio autor sobre seu trabalho: “Este livro é um drama cujo primeiro personagem é o infinito. O segundo é o homem”.2 O espírito sagrado do infinito se expressa no caráter finito de Jean Valjean. Nas suas ações altruístas, o infinito parece elevar-se acima do finito, às vezes, de forma visível, outras, de forma discreta. Hugo escreveu: “Há um espetáculo mais grandioso ainda do que o céu, é o íntimo da alma”.3 A passagem indica que a obra trata do cerne da alma humana. Sob esse aspecto, o romance pode ser chamado de “livro religioso”,4 conforme o próprio autor o descreve. “O ponto de vista de Hugo permaneceu o mesmo: sempre observar as coisas como realmente são, da perspectiva de quem está na base da sociedade” Dr. Daisaku Ikeda Estátua do escritor Victor Hugo no saguão do auditório principal da Universidade Soka Ao discutir o modo de vida budista, meu mestre, Josei Toda, citava frequentemente o personagem Jean Valjean. Como budista, eu também li Os Miseráveis enquanto pensava na vida dos meus amigos com relação à fé. Hugo foi um observador atinado da condição humana, que buscava continuamente a luz do bem. Por isso, sinto carinho por ele. Hugo, porém, não via a miséria humana a partir de uma torre de marfim. Em vez disso, escreveu Os Miseráveis com profunda empatia com os pobres, seja descrevendo uma pessoa, um acontecimento histórico ou uma cidade. O ponto de vista de Hugo permaneceu o mesmo: sempre observar as coisas como realmente são, da perspectiva de quem está na base da sociedade. Por exemplo, Hugo descreve o oficial desconhecido Cambronne como o verdadeiro vencedor da Batalha de Waterloo, e não o Duque de Wellington.5 Quando retrata a cidade de Paris, Hugo observa seu sistema de esgotos, não as mansões aristocráticas. Há muitas descrições de eventos históricos no livro. À primeira vista, essas seções parecem não ter relação com a história, e sim devaneios aleatórios do autor, mas não são. O grande desenho da história e o contexto imediato das misérias das pessoas estão claramente conectados. As descrições meticulosas do autor tornam mais vívidas as circunstâncias miseráveis dos personagens. Museu Literário Victor Hugo, localizado em Bièvre, França A humanidade de Jean Valjean Victor Hugo levou mais de uma década para escrever Os Miseráveis. Há quem diga que o personagem Jean Valjean foi modelado a partir de uma pessoa real chamada Pierre Maurin, envolvido em um incidente ocorrido em 1801. Portanto, em certo sentido, pode-se dizer que demorou sessenta anos para ser redigido, desde o momento do evento até a conclusão do romance. Em alguns aspectos, a vida tumultuada de Jean Valjean é paralela à de Hugo. Em 1845, Hugo foi nomeado membro da Câmara dos Pares, tornando-se, assim, parte da nobreza francesa. Mais tarde, ele apoiou o republicanismo. O escritor se opôs ao golpe que Luís Napoleão, então presidente da República Francesa, encenada para manter o poder, em dezembro de 1851. Temendo por sua vida após o sucesso do golpe, Victor Hugo fugiu de Paris e se estabeleceu na Ilha de Guernsey, no Canal da Mancha, onde viveu no exílio e terminou de escrever Os Miseráveis. Na mente de Hugo, a vida de Jean Valjean, eleito para o cargo de prefeito de Montreuil-sur-mer, poderia ter se sobreposto a sua. Quando Jean Valjean está prestes a morrer, pede que nenhum nome seja colocado em sua lápide. O próprio Hugo pediu para ser enterrado num caixão de indigente. O personagem de Jean Valjean — a personificação do humanismo — talvez fosse a imagem ideal que Hugo tivesse de si mesmo. Sinto que o escritor, até o último momento da vida, tentou se identificar plenamente com o protagonista que criou. No topo: Foto de Victor Hugo tirada em 1876. Notas: 1. MAUROIS, André. Olympio: The Life of Victor Hugo. Tradução: Gerard Hopkins. Nova York: Carroll & Graf Publishers, 1985, p. 356. 2. HUGO, Victor. Os Miseráveis. Tradução: Francisco Ferreira da Silva Vieira. S.L.: Montecristo Editora, 2023, p. 778. 3. HUGO. Os Miseráveis, p. 342. 4. MAUROIS. Olympio, p. 357. 5. Quando a derrota parece inevitável para os franceses, Cambronne, oficial desconhecido no comando das tropas minguantes, se vê cercado pela artilharia e por soldados inimigos. Assim que o inimigo lhe dá a chance de rendição, Cambronne responde: “Merda!”. O inimigo atira e tudo está perdido. Hugo então escreve: O que pode haver de mais grandioso do que pronunciar essa palavra e em seguida morrer! [...] Fulminar com tal palavra o trovão que nos aniquila é vencer. Respondendo de semelhante modo à catástrofe, falar assim ao destino [...], resumir esta vitória numa palavra suprema, impossível de se pronunciar, perder o terreno e salvar a história, depois da carnificina ter por si os que riem, é imenso. Fonte: LYTTON, Edward Bulwer. Os Últimos Dias de Pompeia, parte II, livro 1, capítulo XV.
04/12/2024
Capa
TC
Em gratidão ao Mestre, eu me levantarei!
“O dia de hoje ficará para sempre gravado em minha vida. (...) Agora, eu me levantarei.”1 Foi assim que Daisaku Ikeda expressou sua dor quando ouviu as palavras “Meu pai acaba de falecer” na ligação que recebeu do filho de Josei Toda. Ele ficou profundamente triste, mas tentou encorajar a si mesmo. Naquele dia, escreveu em seu diário: Sensei [Josei Toda] deixou uma extensão de sua vida, e está para começar o segundo ato da batalha decisiva para tornar realidade os princípios budistas na sociedade. Eu me levantarei!2 Dessa forma, Ikeda sensei jurou, em gratidão, dar continuidade ao legado do seu mestre. Se hoje a Soka Gakkai está presente no mundo inteiro é porque ele cumpriu essas palavras. O combustível que o moveu incessantemente foi o espírito de corresponder ao seu mestre. No mês em que marca o primeiro ano do falecimento de Ikeda sensei, vamos refletir sobre a atuação do discípulo que dá continuidade aos ideais do Mestre a partir da gratidão que sente. Digno comportamento humano Ikeda sensei percorreu muitos países com a missão de expandir o budismo. Antes de chegar a uma nova região, ele procurava aprender ao menos uma palavra no idioma local: gracias (espanhol), grazie (italiano), spasibos (russo), danke (alemão), merci (francês), kamsaamnida (coreano), xie xie e duo xie (chinês) e “obrigado” (português). Era assim que ele ligava seu coração ao da outra pessoa, olhando-a nos olhos e expressando sua consideração. Ele afirma: Quando ouvimos ou dizemos a palavra “obrigado”, removemos a armadura do coração e nos comunicamos em um nível profundo. “Obrigado” é a essência da não violência. Contém respeito pelo outro, humildade e uma profunda afirmação da vida. Possui um otimismo alegre. Tem força. Uma pessoa que consegue dizer obrigado com sinceridade possui um espírito vigoroso e saudável; cada vez que dizemos essa palavra, nosso coração reluz e a energia da vida surge de dentro de nós.3 Esse reconhecimento das interações é um princípio antigo e comprovado pela ciência, inclusive entre os animais. Apesar disso, não há muitas pesquisas ainda sobre o assunto. Um dos poucos estudos4 que existem avaliou os benefícios para a saúde que resultam do ato de escrever cartas de agradecimento. Após os entrevistados escreverem três cartas de gratidão por semana durante três semanas, os resultados indicaram aumento na felicidade e na satisfação com a vida e uma redução nos sintomas depressivos dos participantes. Dessa forma, a ciência moderna tenta se aproximar daquilo que a filosofia milenar do Budismo de Nichiren Daishonin expressa. Contudo, a gratidão está na base do que o budismo ensina como o digno comportamento humano transcendendo qualquer recompensa que aquele que manifesta gratidão possa vir a ter. Pelo contrário, o primeiro passo é “compreender as dívidas de gratidão saldando-as”, como Daishonin afirmou em seu escrito Saldar as Dívidas de Gratidão. Quando soube da morte do seu mestre, Nichiren Daishonin redigiu essa carta, que se tornou um de seus cinco principais escritos. Dívida que traz prosperidade No nosso dia a dia, dificilmente a palavra “dívida” está inserida em um contexto positivo. Pode nos fazer lembrar dos compromissos financeiros, de uma obrigatoriedade que temos de liquidar. E ainda pode nos levar à ideia de que, quando não estivermos mais “endividados”, sentiremos alívio. Essa não é, porém, a interpretação que devemos dar ao ato de “saldar as dívidas de gratidão”. Ikeda sensei explica: Hoje, as pessoas podem sentir que as palavras “obrigação” ou “dívida de gratidão” lhes soem antiquadas e impliquem algo unilateral imposto de cima para baixo, como um dever exigido por um superior ou pelos pais. No entanto, no budismo e nos ensinamentos de Nichiren Daishonin em particular, saldar as “dívidas de gratidão” constitui uma virtude universal, assentada na visão budista de que tudo, em última análise, mantém uma relação de interdependência.5 Assim, mantendo essa virtude, a satisfação de todos nós, comprovada por aquela pesquisa, é que Ikeda sensei nos garante provocar ainda mais prosperidade: Ter gratidão e apreço pelas incontáveis pessoas e fatores que sustentam a nossa vida — consciência, sentimento e alegria — atrairá uma felicidade ainda maior.6 Encontramos o budismo graças a Ikeda sensei Quando Josei Toda faleceu, Ikeda sensei, durante a reunião que houve no dia seguinte, citou uma passagem desse mesmo escrito e fez esta reflexão: Encontramos o Budismo Nichiren graças a Toda sensei. Embalados por sua compaixão, aprendemos o verdadeiro caminho do ser humano. Como discípulo, de que modo devemos saldar nossa dívida de gratidão? Após um ano do falecimento do nosso mestre, cabe-nos a mesma ponderação: “Encontramos o Budismo Nichiren graças a Ikeda sensei. Como seus discípulos, como podemos saldar nossa dívida de gratidão?”. Diante da própria pergunta em 1958, Ikeda sensei, como jovem, clamou: Só há uma maneira de saldar a dívida que temos com nosso mestre, Josei Toda. E essa maneira é realizar uma grande luta em prol do kosen-rufu, a causa pela qual ele deu a vida, para que possamos lhe relatar: “Sensei, veja a extensão do kosen-rufu que realizamos!”.7 Isso também é válido para nós. Devemos realizar uma impetuosa luta em prol do kosen-rufu trilhando pelo caminho que nosso mestre desbravou. O conto dos corvos Um antigo conto chinês ilustra de que maneira essa dívida poderá ser saldada com nosso mestre: Certo dia, um rei descansava na grama e uma serpente se aproximou para picá-lo. Um corvo branco percebeu o perigo e o bicou para que ele se protegesse. O rei se sentiu muito agradecido por esse alerta e passou a procurar o corvo branco por todos os lugares, querendo saldar essa dívida com ele, mas não conseguia encontrá-lo. Um conselheiro sugeriu que ele demonstrasse gratidão aos corvos pretos e que, ao fazer isso, pagaria sua dívida de gratidão com o corvo branco. Ikeda sensei explicou que o corvo branco, por ser extremamente raro, representa um venerável, e os corvos pretos, que são uma espécie comum, correspondem a todas as pessoas. Dessa forma, a história nos ensina que podemos saldar nossa dívida de gratidão com o Mestre dedicando-nos à felicidade das pessoas, que incluem nossa família, nossos vizinhos, colegas de trabalho e todos os seres vivos. Ikeda sensei ressalta: Dedicar a vida à concretização do kosen-rufu, a propagação benevolente da grande Lei, é o modo supremo de saldar nossas dívidas de gratidão. É pelo nosso “comportamento como ser humano” que saldamos nossa dívida de gratidão com o mestre.8 As pessoas que nos trouxeram até aqui “Pagar” a dívida que temos com o Mestre só nos deixará mais prósperos. Em uma sociedade pautada no individualismo com tendências mais voltadas para satisfação de si, a Soka Gakkai, organização que põe em prática os ideais do Budismo Nichiren, incentiva que seus membros tenham ações de elevado respeito e consideração por todas as pessoas. Assim como salienta o presidente Ikeda: Compreender o ato de saldar as dívidas de gratidão significa perceber que somos o que somos graças a todas as pessoas que fazem parte da nossa vida e, então, passar a lutar pelo bem delas a partir do senso de gratidão. É o que nos habilita a valorizar a pessoa que se encontra diante de nós. Quando agimos desse modo, conseguimos nos libertar da dor da solidão e estreitar laços de coração a coração com outras pessoas. Podemos expandir nossa condição de vida e enriquecer nossa própria humanidade, bem como a dos outros.9 “Somos o que somos graças a todas as pessoas que fazem parte da nossa vida” — o digno comportamento como ser humano ensinado no budismo nos orienta a reconhecer o papel daquelas pessoas e até de circunstâncias que contribuíram para o nosso eu de hoje. Nem sempre a convivência com as pessoas é harmoniosa. Ao longo da vida passamos por relações que são complexas. Mas o fato é que se conseguirmos pôr em ação o comportamento humanístico do budismo, transformaremos o que poderia ser ressentimento em gratidão. “Manter a chama acesa” Neste mês completa-se também oitenta anos do falecimento de Tsunesaburo Makiguchi, primeiro presidente da Soka Gakkai. Josei Toda, como seu discípulo, quando soube da morte do mestre “chorou copiosamente e jurou vingança. Sua vingança foi atuar em prol da paz. Eis aqui o ponto primordial da relação de mestre e discípulo na Soka Gakkai”,10 afirma Ikeda sensei. Agora não temos mais a presença do nosso mestre, mas somos a extensão de sua vida. O Dr. Zhang Kaiyuan, historiador chinês e ex-presidente da Universidade Normal Huazhong, quando dialogou com Ikeda sensei, disse que seu lema é “manter a chama acesa”. Ele contou que incentivava os estudantes a herdar os valores de seus professores e a tornar real aquilo que os educadores não tinham conseguido em vida. Ele afirmou: Na Soka Gakkai, a transmissão do firme compromisso com a paz do presidente Makiguchi para o presidente Josei Toda, e depois do presidente Josei Toda para o senhor, presidente Ikeda, é um excelente exemplo de “manter a chama acesa”. Tenho plena certeza de que a brilhante chama do compromisso com a paz será agora transmitida pelo senhor, presidente Ikeda, e [este juramento] será fielmente cumprido por seus jovens sucessores.11 Ikeda sensei passou para nossas mãos uma chama flamejante e ardente pelo bem da humanidade. Mas mesmo que a chama hoje esteja acesa, se ela não for protegida do vento e da chuva, poderá apagar. Essa chama também terá de ser constantemente cuidada, adicionando mais lenha no fogo para que perdure. Continuando essa analogia, nosso mestre explica que o budismo ensina como os discípulos devem herdar a chama espiritual dos seus mestres, e que “a gratidão é o coração do espírito de mestre e discípulo Soka”.12 Agora é minha vez O Budismo de Nichiren Daishonin aprofunda o conceito de gratidão — concepção que contempla um benefício recebido — e o eleva à condição de virtude daquele que reconhece o papel das pessoas à sua volta para o próprio desenvolvimento e por isso se dedica ao bem delas em retribuição. Quem nos ensinou esse grandioso modo de vida foi Ikeda sensei e, por essa razão, possuímos uma dívida de gratidão com ele. A forma que temos de saldá-la não é outra senão nos empenhar em dar continuidade ao seu legado de respeito pela dignidade da vida das pessoas. O presidente Ikeda confia especialmente nos jovens para cumprir esse propósito: Todas as pessoas, sem exceção, possuem a natureza de buda. Por isso, respeitamos e prezamos a todos. Os jovens da Soka Gakkai, que abraçam este ensinamento de supremo humanismo, ensejarão uma nova era para as pessoas do mundo inteiro. Esses viçosos bodisatvas da terra, jovens munidos de genuíno compromisso, que mudarão o destino da humanidade, zarparam para uma nova jornada pela paz. Os esforços deles converterão desentendimento em união, transformarão a gélida escuridão da alienação na cálida luz da cooperação, e este mundo corrupto e repleto de desavenças, num reino de paz, estabelecendo os princípios humanísticos do Budismo Nichiren.13 Ikeda sensei jurou expandir os ideais do budismo para o mundo após o falecimento do seu mestre. Para tornar isso possível, levantou voo, atravessou as nuvens e cruzou os céus do mundo mesmo enfrentando fortes ventos contrários. Abordo dessa aeronave agora é a nossa vez de alçar novos voos pela felicidade da humanidade. Vamos “decolar para uma nova jornada pela paz”, sendo a extensão do nosso mestre a partir do seu brado: É chegado o momento de dar novos e firmes passos rumo ao kosen-rufu mundial. Meus amados discípulos, agora é a hora de se levantar com coragem. Meus queridos companheiros, façam emergir seu poder inerente como bodisatvas da terra! Chegou a hora de realmente mostrarmos ao mundo o que podemos conseguir por meio do juramento compartilhado entre mestre e discípulo.14 Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.841, 29 abr. 2006, p. B7. 2. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 459. 3. Brasil Seikyo, ed. 2.306, 16 jan. 2016, p. B2. 4. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/225805768_Letters_of_Gratitude_Further_Evidence_for_Author_Benefits. Acesso em: 16 out. 2024. 5. Terceira Civilização, ed. 632, abr. 2021, p. 50-65. 6. Ibidem. 7. Ibidem. 8. Ibidem. 9. Ibidem. 10. Brasil Seikyo, ed. 2.021, 30 jan. 2010, p. A2. 11. Terceira Civilização, ed. 552, ago. 2014, p. 46. 12. Ibidem. 13. Terceira Civilização, ed. 632, abr. 2021, p. 50-65. 14. Ibidem.
01/11/2024
Série
TC
Empatia com os pobres: Os Miseráveis, de Victor Hugo
Li Os Miseráveis, de Victor Hugo, pela primeira vez, quando tinha 14 ou 15 anos. Duas traduções para o japonês estavam disponíveis: a versão resumida, de Ruiko Kuroiwa, e a versão integral, de Yoshio Toyoshima. Escolhi a completa em três volumes, uma obra importante com cerca de 4 mil páginas. No Japão, o título do livro não era muito conhecido. Em vez disso, as pessoas estavam mais familiarizadas com o nome do protagonista, Jean Valjean, ou com o título em japonês Aa Mujo [Ah, Sem Piedade!], conforme foi traduzido por Kuroiwa. Esboço da ilustração para a primeira edição de Os Miseráveis, feita pelo francês Émile Baynard em 1862, retrata a pequena Cosette realizando tarefas domésticas. A imagem tornou-se emblemática, representante de toda a história e utilizada na arte promocional de diversas versões do musical baseado na obra Eu me recordo de ter lido o livro três vezes. Ao final do dia 30 de agosto de 1950, escrevi em meu diário: “Terminei de ler Os Miseráveis”.1 Essa foi minha terceira leitura completa. Lembro-me de ir, numa noite de verão, ao cemitério de Zoshigaya, em Tóquio, para ler o livro sob a luz do luar. Sentei-me sobre um tapete de palha, segurando uma lanterna. A quietude do cemitério deserto tornava o lugar ideal para uma leitura. Alguém disse certa vez que um livro que não vale a pena ser relido, não vale a pena ser lido nem uma vez. Com Os Miseráveis, mesmo quando o li pela terceira vez, fiquei sentado virando página após página, alheio à passagem do tempo. Dois meses depois, a versão cinematográfica estreou e fui vê-la em Shinbashi, em Tóquio, conforme registrei em meu diário.2 Reprodução do periódico francês de 1908 com matéria sobre Victor Hugo e o livro Os Miseráveis Os Miseráveis é um romance épico ambientado na França do início do século 19. Poucos anos após o fim da monarquia francesa, com a execução do rei Luís XVI, Napoleão Bonaparte subiu ao poder com a ambição de conquistar toda a Europa. Uma invasão fracassada da Rússia, no entanto, levou à sua abdicação forçada. Apesar dos esforços para retornar, ele foi derrotado na Batalha de Waterloo pelo exército britânico liderado pelo Duque de Wellington. Em vários momentos do romance, Hugo descreve vividamente os acontecimentos históricos desse tumultuado período, a partir do fim do século 18. A sociedade e a política mudavam a um ritmo acelerado, da monarquia à república e, por fim, ao império. Em qualquer época, independentemente do progresso ou do quão próximo um governo está dos seus ideais, há sempre “os miseráveis” — aqueles que foram empurrados para os cantos da sociedade, mas que, no entanto, prosseguem com sua vida. Ilustrações dos personagens para a primeira edição de Os Miseráveis: (de cima para baixo) Jean Valjean, Fantine e Javert Olhar compassivo Ao nomear seu romance de Les Misérables, ou seja, “Os Miseráveis” ou “Os Desgraçados”, Hugo expressa sua empatia pelos pobres. Brandindo sua caneta afiada, direciona seu olhar compassivo para a miséria dos pobres e condena os males sociais, inclusive a “condenação social, a qual, em meio à civilização, gera artificialmente um inferno sobre a terra”.3 O enredo do romance é bem conhecido. Jean Valjean, o protagonista, é preso por roubar um pão. Agravando sua ofensa com tentativas de fuga e desobediência, ele passa dezenove anos na prisão. Após a sua libertação, encontra o abade Myriel, que lhe ensina com as próprias ações a nobreza do espírito humano. Mesmo assim, é perseguido por um inspetor de polícia chamado Javert. Dentre outros personagens estão Fantine e sua filha, Cosette. Apesar das circunstâncias infelizes, Fantine luta para cuidar de Cosette com uma devoção parental inspiradora. Após a morte de Fantine, Jean Valjean cria Cosette, que se torna uma bela mulher e se apaixona pelo jovem Marius. Há também o estalajadeiro Thénardier, um vilão sem coração, e Fauchelevent, o idoso jardineiro do convento que abriga Jean Valjean e Cosette. (De cima para baixo) Ilustrações do bispo Myriel, do estalajadeiro Thénardier com sua esposa e de Marius Com seu uso habilidoso do contraste, Hugo permite que cada personagem brilhe com uma qualidade única, trazendo à luz o bem e o mal da natureza humana. Redimido pelo bispo Myriel, Jean Valjean se arrepende, se reinventa e recomeça com o nome de Madeleine. Na pequena cidade de Montreuil-sur-mer, Jean Valjean tem sucesso nos negócios, mas permanece frugal e oferece aos pobres, sem relutância, o apoio mais amoroso. Seus atos virtuosos lhe valem o cargo de prefeito e ele se esforça de maneira brilhante a cada dia, com carinho e boa vontade. Um dia, o prefeito recebe um relatório do inspetor Javert de que “Jean Valjean” havia sido preso em uma cidade próxima. À noite, ele pega uma carruagem e segue rapidamente para o tribunal a fim de provar a inocência do homem, Champmathieu, que se parece com Valjean e que foi preso por engano. Champmathieu é inocentado da acusação equivocada e Jean Valjean, mais uma vez, vai para a prisão. O crime de Jean Valjean é o seguinte: depois de deixar a casa do bispo Myriel, anos antes, ele rouba de Gervais uma moeda de 40 soldos, que o menino deixou cair e rolou em sua direção. É uma ação impulsiva. Quando ele recupera o juízo, procura desesperadamente Gervais, mas não consegue encontrá-lo. Por causa do crime, Jean Valjean sabe que deverá passar o resto da vida como fugitivo. No entanto, embora bem consciente da severidade da punição que uma segunda ofensa acarretará, ele não consegue suportar a ideia de que o inocente Champmathieu seja punido pelas suas ações. Continua na próxima edição. No topo: Foto de Victor Hugo feita em 1870. Foto: Wikimedia Commons Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 54. 2. Ibidem, p. 72. 3. HUGO, Victor. Les Misérables. Tradução: Lee Fahnestock e Norman MacAfee. Nova York: Signet Classics, 2013. p. xv.
01/11/2024
Pensamento
TC
Tenham uma vida de grande missão que faça incandescer ainda mais a disposição para lutar com o passar dos anos
Tenham uma vida de grande missão que faça incandescer ainda mais a disposição para lutar com o passar dos anos. Budismo é razão, a forma correta de viver o cotidiano. A prática da fé é a fonte que nos torna saudáveis. Dr. Daisaku Ikeda Trecho da série de poemas, ensaios, orientações e fotos do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, publicada dia 18 de setembro de 2016 na capa do jornal Seikyo Shimbun. No topo: Foto do imponente Castelo de Osaka sob o céu do entardecer tirada por Ikeda sensei (nov. 2007). Foto: Seikyo Press
01/11/2024
Pensamento
TC
“Eu serei saudável e terei uma vida longeva em prol do kosen-rufu, pelos amigos e pela minha família”
“Eu serei saudável e terei uma vida longeva em prol do kosen-rufu, pelos amigos e pela minha família” — orem e decidam assim em seu coração. A oração benevolente daqueles que desejam se dedicar a muitas pessoas ecoa pelo vasto universo, exatamente como proclamada. No topo: Em setembro de 1983, a caminho do Colégio Soka de Kansai, Ikeda sensei captura esta imagem com sua câmera. A passagem se estende e parece dividir as plantações carregadas de panículas de arroz. À beira da clareira, as flores competem entre si mostrando suas cores. Foto: Seikyo Shimbun.
03/10/2024
Artigos
TC
A mudança do mundo começa com o brilho de uma pessoa
Em 2 de outubro de 1960, Ikeda sensei seguiu rumo à sua primeira viagem de orientações para o exterior. Cerca de um mês antes, ele visitou Hokkaido, terra natal de Toda sensei, e comunicou-lhe sobre a sua jornada. Da mesma forma, em sua viagem histórica pela paz por dez países, realizada quatro anos depois, um pouco antes, ele foi até Hokkaido para atividades de orientação e partiu no dia 2 de outubro. O dia 2 de cada mês é a data de falecimento do seu venerado mestre. O kosen-rufu mundial é o mais sincero desejo de mestre e discípulo, e é nossa missão. As visitas históricas de Ikeda sensei atingiram 54 países e territórios. Com que tamanha decisão o Mestre encarava cada uma dessas visitas? Por tê-lo acompanhado em muitas dessas viagens de incentivo, eu próprio senti isso de perto. Aconteceu em 1972, quando ele viajou à Inglaterra para se encontrar com o Dr. Arnold J. Toynbee. Então, uma discussão acalorada prosseguia com o maior historiador da época atual. Sem sequer demonstrar cansaço, Ikeda sensei dedicava todos os esforços em prol dos membros. Ele preparava lanche noturno para os integrantes da comissão, encarregados, por exemplo, da tradução. Aos companheiros que batalhavam nos bastidores, ele os presenteava com livros, escrevendo dedicatórias tais como “Estou orando pela sua glória e boa sorte”. Realizava também diálogos com os jovens, convidando-os para uma reunião no hotel. Não se tratava de movimentar as pessoas sob ordens. Sensei se aproximava de cada pessoa e mantinha uma comunicação sincera com ela. Foi assim que os brilhantes “valores humanos” do kosen-rufu da Europa foram se desenvolvendo. Participantes da 5a Academia Índigo Juventude Soka do Brasil no Centro Cultural Campestre da BSGI (Itapevi, SP, 14 set. 2024) Indo para os locais com maior dificuldade Ikeda sensei estava sempre em busca dos membros que estivessem passando por sofrimentos e dificuldades. “Não há algum membro que esteja precisando de incentivos?”. Estava constantemente pensando sobre o que poderia fazer pelas pessoas. Por essa razão, ele se dirigia, em primeiro lugar, para os locais com maior dificuldade, e ao encontro das pessoas que mais sofriam. O mesmo aconteceu há 65 anos, quando ocorreu o tufão Vera, na baía de Ise. Ikeda sensei, que na ocasião ocupava a função de diretor na Soka Gakkai, visitou as províncias de Aichi e de Mie, e incentivou seguidamente as pessoas utilizando passagens dos escritos como O Inverno Nunca Falha em se Tornar Primavera.1 Em contato com esse coração do Mestre, a região de Chubu ressuscitou como uma fênix. Certa vez, sensei nos ensinou: “Caso haja alguém sofrendo diante dos seus olhos, fale gentilmente com ele. Ouça suas preocupações, chore, ore e alegre-se junto com ele. Essa ação humanística de ‘valorizar uma única pessoa’, aberta incondicionalmente a todas as pessoas, é o motivo da expansão da Soka Gakkai para o mundo inteiro”. “Um é mãe de dez mil.”2 Se uma única pessoa se levantar, o mundo mudará. Agora é o momento de incentivar essa única pessoa. Dando continuidade à grande luta de Ikeda sensei, vamos nos lançar ao diálogo para expandir esperança ao nosso redor. No topo: No dia 2 de outubro de 1960, Ikeda sensei parte do Aeroporto Internacional Haneda, de Tóquio, em direção ao Havaí, o primeiro destino de sua viagem Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020. 2. Ibidem, p. 135
03/10/2024
Artigos
TC
A grande luz do pacifismo a iluminar o planeta
Há dois pilares que constituem a Soka Gakkai de hoje. O primeiro é o da luta de devoção abnegada pela propagação da Lei dos três primeiros presidentes [Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda]. O outro é a ideologia de respeito à vida que considera as armas nucleares um mal absoluto, embasada na Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, de Josei Toda. Em 8 de setembro de 1957, no Estádio de Atletismo de Mitsuzawa, em Yokohama, Toda sensei fez dessa declaração seu primeiro testamento, e confiou a abolição das armas nucleares aos jovens. Na verdade, levado por meu irmão mais velho, eu, estudante do primeiro ano do ensino médio, estive lá nesse local. Na época, não senti o peso dessa declaração, mas, com o passar do tempo, comecei a entender realmente o enorme significado para a humanidade que ela ia tomando. Tudo isso graças à luta de Ikeda sensei que tentava concretizar, a todo o custo, o testamento do mestre. “Não há ato mais bárbaro do que a guerra! Não existe um fato mais trágico do que a guerra!”1 “Nada é mais precioso do que a paz. Nada traz mais felicidade do que a paz.”2 O juramento de Ikeda sensei pela paz está inteiramente contido nos trechos iniciais dos romances Revolução Humana e Nova Revolução Humana. A transformação do destino de toda a humanidade A Proposta de Normalização das Relações Diplomáticas Sino-Japonesas apresentada [por Ikeda sensei] na Convenção da Divisão dos Universitários em 1968, a participação a convite no Encontro dos Aldeões de Atsuta, terra natal do seu venerado mestre em 1973, e o seu primeiro passo na União Soviética em 1974 ocorreram todos no dia 8 de setembro. A publicação final da série Nova Revolução Humana ele também havia determinado para acontecer no dia 8 de setembro. Ikeda sensei registrou: “Todos os anos, fazendo do dia 8 de setembro o ponto primordial, estou decidido em meu coração a fortalecer, cada vez mais, a legião dos jovens Soka”. Assim, mostrando, ele próprio, a luta de um discípulo, Ikeda sensei confiou a nós, seus sucessores, o bastão da transformação do destino de toda a humanidade. Herdar esse espírito Soka e concretizá-lo não devem ser algo a ser deixado para algum dia, mas são ações para este exato momento. Em uma passagem de seus escritos, valorizada pelos três primeiros presidentes, Nichiren Daishonin afirma: “Com esse único som, convocamos e manifestamos a natureza de buda (...) de todos os demais seres vivos”.3 O som da Lei Mística possui o poder de despertar a natureza de buda de tudo e movimentar até o grande universo. As ações constantes do dia a dia, de plantar a semente do budismo, também são um trabalho sagrado que cultiva a natureza de buda de toda a humanidade, além de serem a grande luz da paz a iluminar o planeta. Vamos, agora, avançar pelo caminho do diálogo a expandir a rede solidária do bem! No topo: Toda sensei, à dir., e Ikeda sensei participam do Festival da Juventude, realizado no Estádio de Atletismo de Mitsuzawa, em Yokohama, no dia 8 de setembro de 1957. Na cerimônia de encerramento desse evento, Toda sensei anuncia a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares como seu primeiro testamento aos jovens. Foto: Seikyo Press Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 21, 2022. 2. Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 9, 2021. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 150, 2017.
04/09/2024
Série
TC
Os Livros da Minha Juventude
[Camerado,] Isto não é um livro, Quem toca nele, toca num homem.1 Quão confiantes são essas palavras! O camerado, ou camarada, que Walt Whitman menciona aqui evoca seu amor pelas pessoas simples. Através dos versos, o poeta canta com força e orgulho os sentimentos das pessoas comuns. Retrato de Walt Whitman restaurado digitalmente Essa foi minha impressão imediata quando li pela primeira vez a coleção de poesia de Whitman, Folhas de Relva, na minha juventude. A cada página, fiquei impressionado com versos que celebram a liberdade, adoram a igualdade e exaltam a amizade. Ouvi o grito da democracia. Eu tinha 22 anos. Esse livro fez parte da minha juventude. Ele continuamente inspirou coragem, paixão e um senso de futuro em meu coração nessa década da minha vida. Eu canto para mim mesmo, uma simples pessoa separada, No entanto, pronuncio a palavra Democrata, a palavra En-Masse. Da fisiologia da cabeça aos pés eu canto, Não só fisionomia nem só cérebro é digno da Musa, eu digo que a Forma completa é muito mais digna, A Feminina igualmente com a Masculina eu canto. A vida plena de paixão, pulso e energia, Jubilosa, propensa às mais livres ações ditadas pelas leis divinas, O Homem Moderno eu canto.2 Esse é o primeiro poema de Folhas de Relva, chamado One’s-Self I Sing [Canção de Mim Mesmo]. Ele tece elogios à paixão intensa, à vida repleta de vitalidade. Com empatia sentimental, celebra o “Homem Moderno” — uma nova humanidade que personifica força alegre e desenfreada com a qual se deve agir. O poema também enaltece a natureza, simples e vasta. Entoa a grama fresa, seu amor pelas pessoas comuns vivendo na terra verde, os pioneiros, pobres, mas sempre em busca de “um mundo mais novo e mais poderoso”.3 Sua poesia é sobre a humanidade com a qual qualquer pessoa comum pode se identificar. Ela toca o espírito humano. Poesia em meio à adversidade Walt Whitman, o “bardo americano” do século 19, nasceu no pequeno vilarejo de West Hills, em Long Island, Nova York. Walter Whitman Jr. era o segundo de nove filhos de uma família pobre de agricultores. Seu pai adorava carpintaria. Quando Walt tinha 3 anos, seu pai parou de trabalhar com agricultura, vendeu a antiga propriedade herdada e mudou-se com a família para o Brooklyn. Com muitos filhos, a família enfrentou dificuldades financeiras. Walter teve de abandonar a escola aos 11 anos para trabalhar, terminando apenas o sexto ano. Ele passou por vários empregos, começando como office boy de alguns advogados e mensageiro na casa de um médico, tornando-se, por fim, aprendiz de impressor. O conhecimento que adquiriu sobre o ofício de impressor foi valioso para sua vida. Walt era um leitor voraz e aprimorou a escrita a tal ponto que, aos 12 anos, já contribuía com artigos e ensaios para jornais. O jovem Walt, educado pela experiência de vida, morava sozinho aos 14 anos. Aos 17, trabalhou como professor do ensino fundamental. Hospedando-se com as famílias de seus alunos, ele teria lecionado em sete escolas diferentes em dois anos. No início da vida adulta, ele se envolveu com entusiasmo em uma campanha para as eleições presidenciais. Desiludido com a natureza dúbia da política, seguiu carreira no jornalismo. Ao retornar a Nova York, aos 22 anos, trabalhou como tipógrafo e jornalista. Na juventude, escreveu mais de vinte contos e um romance que vendeu mais de 20 mil exemplares. Em março de 1846, aos 26 anos, assumiu como editor do jornal Brooklyn Daily Eagle. Por fim, tornou-se o jornalista que sempre sonhou, escrevendo vasta gama de artigos, incluindo editoriais, críticas de livros e de teatro, comentários políticos e notícias. No entanto, Whitman acabou entrando em conflito com o editor do Eagle por causa de suas opiniões antiescravistas e teve de deixar o jornal. Embora não se identificasse como abolicionista, ele se opunha à escravidão. Whitman nunca abriu mão de suas convicções ao escrever. Ele usou a demissão como motivação para se desafiar e encontrar novos caminhos. Viajou para o sul, onde trabalhou por breve período. De volta a Nova York, fez freelancer para vários jornais, entre outros empreendimentos, e até ajudou no negócio de construção de casas do pai. Ele fez muitos amigos entre os trabalhadores, desde motoristas de bonde e barqueiros até funcionários municipais. Enquanto vivia entre essas pessoas comuns, é possível que tenha adotado profundamente sua genuína humanidade e espírito. Essas experiências formaram o solo espiritual fértil a partir do qual cresceu para se tornar o autor de Folhas de Relva, o poeta da nação que conquistou o coração das pessoas. Aos 32 anos, Whitman começou a administrar uma gráfica e uma livraria na casa que ele mesmo construiu no Brooklyn. Forte e vigoroso como uma erva daninha, inabalável diante das adversidades, ele pretendia compor poemas que tocassem a alma humana e expressassem sua visão com vigor natural e irrestrito. Nas anotações de seus primeiros anos como poeta, Whitman escreveu os seguintes princípios: “Regras de Composição: Um estilo perfeitamente transparente, cristalino, sem artifício, sem ornamentos, ou tentativas de ornamentos, pelo seu valor intrínseco”.4 “Cuidado para colocar apenas o que seja apropriado — por séculos vindouros”.5 Ele afirma que a poesia deve conter clareza e simplicidade,6 e não se guiar de modo algum pelos antigos ou clássicos, nem pela mitologia.7 No topo: Ikeda sensei durante visita à casa do poeta Walt Whitman em junho de 1981, em Long Island, EUA. Foto: Seikyo Press Notas: 1. WHITMAN, Walt. Folhas de Relva. São Paulo: Iluminuras, 2016, p. 291. 2. Ibidem, p. 1. 3. Ibidem, p. 229. 4. WHITMAN, Walt. Folhas de Relva. São Paulo: 5. Iluminuras, 2016. p. 296. 5. Idem. Notebooks and Unpublished Prose Manuscripts. v. 1. GRIER, Edward F. (ed.). In: The Collected Writings of Walt Whitman. ALLEN, Gay Wilson; BRADLY, Sculley (eds.). Nova York: New York University Press, 1984, p. 325. 6. Idem. Folhas de Relva. São Paulo: Iluminuras, 2016, p. 296. 7. Idem. Notebooks, p. 101.
04/09/2024
Estudo
TC
[74] Expandir nossa coletividade de pessoas corajosas com brilhante respeito pela dignidade da vida de si e a dos outros
Explanação São flores de lírios, brancas e perfumadas, que aqui se reuniram; são corações sublimes, num elo de amizade. Há setenta anos [explanação publicada originalmente em 2021], em junho de 1951, meu mestre, Josei Toda, compôs esse poema para as mulheres Soka que haviam despertado para a grandiosidade da Lei Mística e se reuniram para dar uma nova partida rumo ao kosen-rufu. Pouco depois de se tornar presidente da Soka Gakkai (em 3 de maio de 1951), Toda sensei lançou-se ao trabalho de unir a sublime força das mulheres. Em 10 de junho, fundou a Divisão Feminina, e em 19 de julho, a Divisão Feminina de Jovens. Presidente Ikeda agradece às integrantes da Divisão Feminina durante uma reunião em Shinanomachi (Japão, jun. 2008) Avançar como nobres amigas de coração puro Ao expressar sua grande expectativa em relação às mulheres Soka, Toda sensei disse: “No que se refere ao desenvolvimento e às atividades da Soka Gakkai em prol do kosen-rufu, as mulheres sempre estão um passo à frente dos homens. (...) Gostaria que estivessem cientes de que as mulheres que abraçam a Lei Mística são as mais dignas do respeito de todas. Por favor, continuem se empenhando incessantemente ao meu lado, para que no futuro possam mostrar aos outros que resultados maravilhosos conquistaram praticando a Lei Mística”. Exatamente como ele desejava, as mulheres Soka assumiram a liderança em nossas atividades, como força propulsora do desenvolvimento da Soka Gakkai. Agora, com a fundação da nova Divisão das Mulheres (josei-bu em jap.)1 no Japão, nossa nobre coletividade de mulheres de coração puro, unidas na luta conjunta de mestre e discípulo, está ingressando numa nova fase. Isso assinala o início pleno do século das mulheres. Somos eternos companheiros que cumprem o juramento do remoto passado Nichiren Daishonin escreve: “Cada um dos senhores deve reunir a coragem do rei leão” (CEND, v. II, p. 263) e “A mulher que abraça o rei leão do Sutra do Lótus jamais teme a nenhuma das bestas do inferno nem dos mundos dos espíritos famintos ou dos animais” (Ibidem, p. 214). Praticantes do Sutra do Lótus, independentemente do gênero ou da idade, são todos reis leões. Esse é o ponto que gostaria de confirmar, em primeiro lugar, com todos os nossos membros. Desenvolver nosso movimento pelo kosen-rufu e “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra” começa com uma única pessoa levantando-se só com o coração de um rei leão. Uma pessoa que se levanta como um rei leão cria ondas de mudança positiva em seu ambiente. Essa pessoa constrói uma sólida rede de heróis munidos do coração do rei leão, extraindo a natureza de buda de si e a dos outros e, mutuamente, faz brilhar a dignidade inata de cada indivíduo. Somos todos bodisatvas da terra2 e eternos companheiros que surgiram no mundo para cumprir o juramento do remoto passado de propagar a Lei Mística. Toda sensei certa vez disse que, quer estejamos na terra pura do Pico da Águia,3 quer neste mundo saha4 repleto de discórdias, sempre residiremos num “mundo alegre, puro e ensolarado de amigos vivendo juntos em paz e harmonia”.5 O dinamismo da nossa organização solidária e harmônica, criada por nossos maravilhosos laços cármicos, é o que abre o caminho para o kosen-rufu. É essencial para isso a coragem advinda da luta conjunta de mestre e discípulo e a união de “diferentes em corpo, unos em mente”. Trecho 1 do escrito No Continente de Jambudvipa Meu desejo é que meus discípulos sejam filhos do rei leão, que nunca sejam ridicularizados pelo bando de raposas. É difícil encontrar um mestre como Nichiren, que desde longínquos kalpa6 no passado até os dias de hoje jamais poupou o seu corpo ou vida para expor as faltas dos poderosos inimigos!7 (WND, v. II, p. 1062) “Meus discípulos, avancem com confiança e compostura!” No Continente de Jambudvipa é um importante escrito, no qual Daishonin transmite sua grandiosa condição de vida e delineia como deve ser a ação prática de um discípulo. Kosen-rufu consiste em uma eterna luta entre o Buda e as funções da maldade. Desde o momento em que proclamou publicamente o seu ensinamento (no vigésimo oitavo dia do quarto mês de 1253), Daishonin continuou pregando e propagando a Lei Mística por todo o país, para libertar as pessoas do sofrimento, sem se deixar deter pelas furiosas tempestades de perseguições que o assaltavam. Daishonin é o Buda dos Últimos Dias da Lei e um verdadeiro e totalmente vitorioso rei leão. “Rei leão” é outro nome para Buda. Daishonin declara: “Meu desejo é que meus discípulos sejam filhos do rei leão, que nunca sejam ridicularizados pelo bando de raposas” (WND, v. II, p. 1062). Esses ditos dourados constituem um poderoso chamado para cada um de seus discípulos se levantar com firme determinação, como filho do rei leão, crescer e se tornar um rei leão e avançar com confiança e compostura. Firme convicção como filhos do rei leão O “bando de raposas” indica aqueles que, visando impedir o kosen-rufu, fazem estardalhaço para caluniar e desacreditar os praticantes do Sutra do Lótus. Daishonin enfatiza a seus discípulos que nunca se permitam ser motivo de riso de pessoas desse tipo. Em outro texto, ele escreve: “Os caluniadores são como raposas que uivam, mas os seguidores de Nichiren são como leões que rugem” (CEND, v. II, p. 263). Quando um leão ruge, as raposas fogem apavoradas. Com o rugido do leão pela verdade, podemos aniquilar resolutamente quaisquer ataques ou estratagemas de indivíduos maldosos. Toda sensei, certa ocasião, afirmou: “Sem a convicção de que somos de fato os filhos do rei leão, não podemos ser chamados de discípulos de Nichiren Daishonin. Quão solene e magnífica é essa convicção!”8 A grandiosa condição de vida de um monarca resoluto Na passagem que estamos estudando, Daishonin prossegue dizendo: “É difícil encontrar um mestre como Nichiren que, desde longínquos kalpa no passado até os dias de hoje, jamais poupou o corpo ou a vida para expor as faltas dos poderosos inimigos!” (WND, v. II, p. 1062). Ele transmite claramente a seus discípulos a essência da própria prática como o rei leão. Como mostram as palavras “expor as faltas dos poderosos inimigos”, Daishonin elucidou o ensinamento correto do budismo, refutou os ensinamentos errôneos que distorciam ou negavam a verdade e combateu intrepidamente os mecanismos insidiosos da natureza maligna do poder. Era uma luta de vida ou morte. Nichiren Daishonin sofreu “um ataque a espada em Matsubara,9 na vila de Tojo e, mais tarde, em Tatsunokuchi”10 (CEND, v. II, p. 230). Ele foi condenado ao exílio duas vezes [em Izu e em Sado],11 cumprindo a profecia do Sutra do Lótus de que seus praticantes seriam “banidos repetidas vezes” (cf. LSOC, cap. 13, p. 234). Seu exílio à remota Ilha de Sado, em especial, equivalia a uma sentença de morte. Sem se curvar a essas perseguições, Daishonin lutou corajosamente como um rei leão e demonstrou a grandiosa condição de vida de um monarca resoluto. Como ele declarou: “Os que possuem o coração de um rei leão, sem dúvida, atingirão o estado de buda” (CEND, v. I, p. 318). Hoje, os mestres e discípulos Soka estão promovendo vigorosamente o avanço do kosen-rufu como seguidores de Nichiren Daishonin. Com o orgulho de seguirmos sempre a justiça de acordo com seus ensinamentos, vamos perseverar corajosamente pelo caminho do discípulo. Extrair a essência da vida, tão valiosa, do nosso interior Tudo começa com a coragem. A recitação do gongyo e do daimoku é a luta para extrair a coragem do seu interior. Coragem também é essencial para conduzir diálogos a fim de transformar a si mesmo e a vida de outras pessoas. Empunhar a “espada afiada da fé” para vencer os “três obstáculos e as quatro maldades”12 requer coragem. Também é imprescindível coragem para derrotar os “três poderosos inimigos”13 e avançar vigorosamente em nosso movimento pelo kosen-rufu. A coragem é a força propulsora da grande transformação interior que compõe o fator fundamental para mudar nosso destino como indivíduos e o destino de toda a humanidade. Daishonin escreve ainda: “Nichiren (...) jamais poupou o corpo ou a vida para expor as faltas dos poderosos inimigos” (WND, v. II, p. 1062). Em nossa prática, isso significa ter coragem para lutar sem poupar a própria vida e para refutar o errôneo e revelar o verdadeiro. “O rei leão não teme outros animais, e da mesma forma agem seus filhotes” (CEND, v. II, p. 263), observa Daishonin. Todos possuem inerentemente essa coragem suprema, o coração de um rei leão. Extraímos essa essência da vida, tão valiosa, do nosso interior por meio de nossa fé e prática. Foto tirada pelo presidente Ikeda. O sol se ergue iluminando tudo ao redor do imponente Monte Fuji (jan. 2010) A luta de “não poupar a própria vida” e de “refutar o errôneo e revelar o verdadeiro” Ter coragem de nos empenhar “sem poupar a própria vida” não significa, de forma alguma, menosprezar nossa vida. Essa devoção “sem poupar a própria vida” quer dizer nos dedicar de corpo e alma à Lei Mística — o ensinamento sobre a suprema dignidade da vida — em nossos assuntos diários e na vida. Isso significa lutarmos incansavelmente pela felicidade dos outros com base no nosso “eu maior”, em plena conformidade com a vida do Buda, sem ficarmos presos ao nosso “eu menor”. A coragem de “refutar o errôneo e revelar o verdadeiro” consiste em denunciar inverdades que confundem e desencaminham as pessoas e pronunciar-se intrepidamente em defesa da verdade. Nosso presidente fundador, Tsunesaburo Makiguchi, costumava dizer que precisamos “tomar a iniciativa de atrair as funções da maldade e aniquilá-las”. Quando Daishonin fala sobre o que fez para “expor as faltas dos poderosos inimigos”, está se referindo a atrair tais forças negativas invisíveis. Numa carta enviada para a monja leiga Sennichi, Nichiren Daishonin escreve: “Quando o rei leão (...) ruge; ao ouvi-lo, os cem filhotes são encorajados, e a cabeça dos outros animais e aves de rapina parte-se em sete pedaços”14 (CEND, v. II, p. 214). Prossigamos dedicando a vida à nossa missão como bodisatvas da terra, cada qual entrando em ação como um nobre rei leão para proteger nossos preciosos membros das funções da maldade. E, com essa firme determinação e ação corajosa, ampliemos resolutamente nossa força do bem. Trecho 2 do escrito Irmãos Unos em Mente O fato de os dois [os irmãos Ikegami] estarem unos em mente pode ser comparado às duas rodas de uma carruagem, ou às duas asas de um pássaro. Mesmo que suas esposas e seus filhos possam ter seus desentendimentos, jamais deve haver nenhuma desarmonia entre vocês dois. Embora possa parecer presunção de minha parte dizer isso, devem se unir em prestar reverência a mim, Nichiren. Se os dois forem incapazes de agir em harmonia, podem estar certos de que deixarão de usufruir a proteção do Sutra do Lótus. Tenham cuidado, pois há pessoas que gostariam claramente de prejudicar vocês dois! Se forem incapazes de agir em harmonia, serão como a narceja e o marisco que, por estarem absortos em lutar um com o outro, foram pegos pelo pescador.15 Recitem Nam-myoho-renge-kyo e cuidado com a forma como se comportam! Cuidado com a forma como se comportam! (WND, v. II, p. 914) “Poderia haver uma história mais maravilhosa?” Acredita-se que os irmãos Ikegami, Munenaka e Munenaga, da província de Musashi (atuais províncias de Tóquio e de Saitama, e parte da província de Kanagawa), tenham se tornado seguidores de Daishonin pouco tempo após ele estabelecer seu ensinamento (em 1253). No entanto, enganado por Ryokan, prior do templo Gokuraku-ji [hostil a Daishonin], de quem era seguidor, o pai deles, Yasumitsu, exigiu que abandonassem a fé no Sutra do Lótus, chegando a ponto de deserdar o primogênito Munenaka duas vezes (em 1276 e em 1277). Na época, na classe guerreira, deserdação representava uma punição extremamente severa, pois o deserdado não poderia herdar a propriedade da família. Munenaga, o irmão mais novo, prestes a se tornar o novo herdeiro, foi forçado a fazer a dolorosa escolha entre sua fé e a perspectiva de obtenção de posição social e riqueza. Nichiren Daishonin estava preocupado com a possibilidade de que Munenaga se sentisse tentado pela oportunidade e ofereceu-lhe uma rigorosa orientação a esse respeito. Daishonin redigiu a Carta para os Irmãos e diversos outros escritos instruindo os irmãos Ikegami a ultrapassar esses desafios por meio de sua fé e da prática budista. Ele frisa, sobretudo, a importância de manterem uma frente solidamente unida. Os irmãos Ikegami e suas respectivas esposas jamais recuaram um único passo durante esse período difícil, seguindo adiante com união inabalável de “diferentes em corpo, unos em mente” exatamente como Daishonin instruiu. No fim, o pai dos irmãos não apenas revogou a deserdação de Munenaka, como também abraçou a fé no ensinamento de Nichiren Daishonin. A família superou, de forma brilhante, todas as adversidades, demonstrando uma prova real de vitória e harmonia familiar. Hoje, decorridos mais de setecentos anos, a história deles continua inspirando — assim como Daishonin exclamou: “Poderia haver uma história mais maravilhosa do que a de vocês?” (CEND, v. I, p. 522). “Com união ainda maior” Acredita-se que a carta que estamos estudando, Irmãos Unos em Mente, tenha sido endereçada a Munenaga, o mais novo dos irmãos, e escrita após a morte do seu pai. Nela, Daishonin insta os irmãos a avançar com união ainda maior. Ele compara a união dos dois irmãos “às duas rodas de uma carruagem” e “às duas asas de um pássaro” (WND, v. II, p. 914) e os exorta a sempre se empenhar juntos em harmonia. Uma carruagem não pode se mover para a frente com apenas uma roda nem um pássaro voar só com uma asa. Daishonin aconselha reiteradamente aos dois irmãos a se unir no coração e na mente para transpor a difícil estrada diante deles e alcançar seu destino. E esclarecendo o segredo para alcançar isso, declara: “Devem se unir em prestar reverência a mim, Nichiren” (Ibidem). Daishonin ensinou sobre a iluminação e o respeito universais para todas as pessoas, mostrando como viver esses ideais mediante as próprias ações e o comportamento. Aqui, ele está dizendo aos irmãos Ikegami que, se seguirem a sua orientação, alcançarão sem falta a mais forte e mais sublime união. A harmonia familiar são microcosmos da paz mundial Esse princípio se aplica igualmente à harmônica comunidade de praticantes chamada Soka Gakkai, que promove hoje o avanço do kosen-rufu mundial. Obviamente, a organização é composta de seres humanos, assim, é natural que surjam conflitos e diferenças de opinião. Todos possuem preferências e antipatias e, algumas vezes, simplesmente não nos damos bem com certas pessoas. Mas, exatamente por isso, é tão importante ser receptivo e tolerante em relação aos outros, apoiar e ter consideração mútua, suprir as falhas uns dos outros e possibilitar que cada um tire o máximo proveito de suas habilidades, sempre visando ao grandioso e supremo objetivo do kosen-rufu. A chave para conseguir isso é avançar constantemente com o ardente espírito de luta conjunta de mestre e discípulo. É assim que nasce a verdadeira união e se constrói uma solidariedade inspiradora e triunfante. Kosen-rufu significa concretizar, hoje, no nosso mundo, o lindo reino edificado pelos laços dos emergidos da terra, do remoto passado, que mencionei anteriormente. E, ao realizarmos nossa revolução humana, estamos consolidando em nossa comunidade local redes da maravilhosa diversidade, os microcosmos da paz mundial, onde todos brilham de modo ímpar, assim como as flores de cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro exibem, cada qual, uma beleza singular que só a elas pertence. Funções negativas originárias da ignorância fundamental16 buscam destruir esse reino belo e harmonioso. Rompem a solidariedade. Se as pessoas se tornarem alienadas umas das outras e não conseguirem se unir, serão como a narceja e o marisco que, conforme Daishonin descreve nessa carta, foram pegos pelo pescador (cf. WND, v. II, p. 914). Isso serviria apenas para favorecer as forças destrutivas da maldade. A fé baseada na sólida união de “diferentes em corpo, unos em mente”, é a única forma de derrotar tais funções negativas. Como expressa Daishonin: “Se o espírito de ‘diferentes em corpo, unos em mente’ prevalecer entre as pessoas, elas alcançarão todos os seus objetivos, ao passo que se o espírito de ‘unos em corpo, diferentes em mente’ predominar, não conseguirão obter nada digno de nota” (CEND, v. I, p. 646). A “espada afiada” da fé unida na Lei Mística sempre vencerá as forças da maldade. Companheiros do Brasil e do México trocam incentivos e aprofundam o espírito de unicidade de mestre e discípulo em intercâmbio (São Paulo, SP, jun. 2024) Respeitar-se mutuamente como budas Os Últimos Dias da Lei constituem uma era em que as “cinco impurezas”17 predominam, as pessoas estão repletas de queixas e insatisfações, e os conflitos e as divisões reinam de forma desenfreada. Transformar a vida das pessoas neste mundo conturbado representa o âmago dos nossos nobres esforços em prol do kosen-rufu nos Últimos Dias da Lei. Esse é o juramento seigan e a missão dos bodisatvas da terra, que vivem como “a flor de lótus na água”18 (LSOC, cap. 15, p. 263). Da perspectiva do Buda, todos possuem a natureza de buda no seu interior. A consecução do estado de buda pelas pessoas e a igualdade de todas as pessoas são a própria essência do budismo. Somos todos budas, e é exatamente por isso que respeitamos uns aos outros. Como declara o Sutra do Lótus: “Se vir alguém que aceita e mantém este sutra, deve se levantar e cumprimentá-lo de longe, com o mesmo respeito que demonstraria ao Buda” (LSOC, cap. 28, p. 365). Demonstrar tal respeito à natureza de buda nos outros, como afirma Daishonin, “Quando a pessoa olha para um espelho e faz um gesto de reverência, a imagem refletida também se curva para ela” (OTT, p. 165). Nossa convicção na natureza de buda inerente a cada pessoa nos instiga a dar tudo de nós para encorajar os outros e nos empenhar no diálogo para promover compreensão e empatia. O ponto principal é conversar primeiro com aqueles à nossa volta e recitar daimoku para encontrar maneiras de ajudá-los. A comunicação genuína cultiva a confiança e a cooperação mútuas. Sigamos sempre em frente juntos em nossa luta conjunta, “transcendendo todas as diferenças que possa haver entre nós” (cf. CEND, v. I, p. 226). Não há nenhuma organização como a Soka Gakkai no que se refere à dedicação ao kosen-rufu mundial. Transformar nossa própria condição de vida e a dos outros Quando nos empenhamos com união de “diferentes em corpo, unos em mente” na fé, transformamos nossa própria condição de vida e a dos outros. Makiguchi sensei disse: “Quando praticamos o Budismo Nichiren, antes mesmo de nos darmos conta disso, constatamos que conquistamos uma condição que nunca imaginaríamos. É exatamente como Daishonin expressa: ‘Uma mosca azul pode viajar mil milhas se estiver presa à cauda de um puro-sangue e a hera consegue subir trezentos metros se estiver enroscada num alto pinheiro’” (CEND, v. I, p. 17). Conforme salientou Toda sensei: “A única forma de fazer a vida brilhar com suprema força, intensidade e felicidade é basear-se no Budismo Nichiren, que ensina os princípios dos três mil mundos num único momento da vida19 e da possessão mútua dos dez mundos”.20, 21 Sabedoria e compaixão para unir as pessoas Com isso, Toda sensei está descrevendo a essência do nosso movimento pela revolução humana com base no budismo. Quando nos dedicamos à nossa missão como emergidos da terra, nosso estado de buda inato emerge e revelamos a sabedoria e compaixão para unir as pessoas. Como o mundo hoje está enfrentando tantas dificuldades, prossigamos corajosamente em nossa luta conjunta para mudar o destino da humanidade e edificar a paz e harmonia, hasteando alto a bandeira do “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”! Resumo Estudo — Setembro 2024 Principais tópicos estudados Levantar-se só e criar ondas de mudança positiva “Desenvolver nosso movimento pelo kosen-rufu e “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra” começa com uma única pessoa levantando-se só com o coração de um rei leão. Uma pessoa que se levanta como um rei leão cria ondas de mudança positiva em seu ambiente. Essa pessoa constrói uma sólida rede de heróis munidos do coração do rei leão, extraindo a natureza de buda de si e a dos outros e, mutuamente, faz brilhar a dignidade inata de cada indivíduo.” Coragem em primeiro lugar “Tudo começa com a coragem. A recitação do gongyo e do daimoku é a luta para extrair a coragem do seu interior. Coragem também é essencial para conduzir diálogos a fim de transformar a si mesmo e a vida de outras pessoas.” Microcosmos da paz mundial “A organização é composta de seres humanos, assim, é natural que surjam conflitos e diferenças de opinião. Todos possuem preferências e antipatias e, algumas vezes, simplesmente não nos damos bem com certas pessoas. Mas, exatamente por isso, é tão importante ser receptivo e tolerante em relação aos outros, apoiar e ter consideração mútua, suprir as falhas uns dos outros e possibilitar que cada um tire o máximo proveito de suas habilidades, sempre visando ao grandioso e supremo objetivo do kosen-rufu.” Frases marcantes “Praticantes do Sutra do Lótus, independentemente do gênero ou da idade, são todos reis leões.” “Uma pessoa que se levanta como um rei leão cria ondas de mudança positiva em seu ambiente.” “‘Rei leão’ é outro nome para Buda.” “Transformar a vida das pessoas neste mundo conturbado representa o âmago dos nossos nobres esforços em prol do kosen-rufu nos Últimos Dias da Lei.” “Da perspectiva do Buda, todos possuem a natureza de buda no seu interior.” “Somos todos budas, e é exatamente por isso que respeitamos uns aos outros.” Personalidades e personagens budistas citados Tsunesaburo Makiguchi Josei Toda Monja leiga Sennichi Nichiren Daishonin Munenaka Munenaga Yasumitsu Ryokan Perguntas-guia para as atividades de estudo A expressão “não poupar a própria vida” significa pôr minha vida em risco? Ter coragem de nos empenhar “sem poupar a própria vida” não significa, de forma alguma, menosprezar nossa vida. Essa devoção “sem poupar a própria vida” quer dizer nos dedicar de corpo e alma à Lei Mística — o ensinamento sobre a suprema dignidade da vida — em nossos assuntos diários e na vida. Isso significa lutarmos incansavelmente pela felicidade dos outros com base no nosso “eu maior”, em plena conformidade com a vida do Buda, sem ficarmos presos ao nosso “eu menor”. Como pôr em prática a missão pelo kosen-rufu diante de tantos conflitos no mundo? Os Últimos Dias da Lei constituem uma era em que as “cinco impurezas” predominam, as pessoas estão repletas de queixas e insatisfações, e os conflitos e as divisões reinam de forma desenfreada. Transformar a vida das pessoas neste mundo conturbado representa o âmago dos nossos nobres esforços em prol do kosen-rufu nos Últimos Dias da Lei. (...) O ponto principal é conversar primeiro com aqueles à nossa volta e recitar daimoku para encontrar maneiras de ajudá-los. A comunicação genuína cultiva a confiança e a cooperação mútuas. (Daibyakurenge, edição de junho de 2021) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Presidente Ikeda agradece às integrantes da Divisão Feminina durante uma reunião em Shinanomachi (Japão, jun. 2008). Foto: Seikyo Press Notas: 1. A Divisão Feminina e a Divisão Feminina de Jovens do Japão deram uma nova partida fundindo-se e formando a Divisão das Mulheres (josei-bu, em jap.). Como passo inicial, a partir de 3 de maio de 2021, a denominação em japonês para a Divisão Feminina alterou-se de fujin-bu para josei-bu [permanece inalterado em português]. O segundo passo, que ocorreu em 18 de novembro do mesmo ano, foi a integração oficial da Divisão Feminina de Jovens à nova Divisão das Mulheres. 2. Bodisatvas da terra: Referência à imensa multidão bodisatvas que surgem no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, a quem o buda Shakyamuni confia a propagação da Lei após a sua morte. 3. Pico da Águia é o local em que Shakyamuni pregou o Sutra do Lótus. Considerado um reino eternamente puro, também é chamado de terra pura do Pico da Águia. 4. Mundo saha: Refere-se ao mundo dos seres humanos, marcado por sofrimentos. Em sânscrito, saha significa terra; deriva-se do radical “suportar” ou “resistir”. Por essa razão, nas versões chinesas dos textos budistas, a palavra saha é traduzida como “resistência”. Nesse contexto, o mundo saha indica um lugar no qual as pessoas devem resistir a todos os tipos de sofrimentos. 5. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 1. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1992. p. 342. 6. Kalpa: De acordo com a antiga cosmologia indiana, um período extremamente longo. A extensão do kalpa varia de acordo com os sutras e tratados. 7. A parte inicial dessa carta está faltando e, portanto, não se sabe a data e destinatário. 8. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 3. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1983. p. 275. 9. Referência à Perseguição de Komatsubara. No décimo primeiro dia do décimo primeiro mês de 1264, Daishonin estava a caminho da província de Awa para uma visita a um seguidor chamado Kudo. Ao anoitecer, ele e um grupo de seguidores sofreram uma emboscada do administrador local e ardoroso devoto da Terra Pura (Nembutsu), Tojo Kagenobu, e seus homens na Vila Tojo, num lugar chamado Matsubara. Daishonin sofreu um corte de espada na testa e fraturou a mão esquerda; um de seus seguidores foi morto durante o incidente e outro faleceu posteriormente por causa dos ferimentos. 10. Referência à Perseguição de Tatsunokuchi, a tentativa fracassada, instigada por poderosos do governo, de decapitar Daishonin sob o manto da noite na praia de Tatsunokuchi, nas cercanias de Kamakura, no décimo segundo dia do nono mês de 1271. 11. Nichiren Daishonin ficou exilado em Ito, na província de Izu (parte da atual província de Shizuoka) do quinto mês de 1261 ao segundo mês de 1263. Depois, também ficou exilado na Ilha de Sado na costa oeste do Japão, do décimo mês de 1271, imediatamente após a Perseguição de Tatsunokuchi no segundo dia do nono mês de 1271, ao terceiro mês de 1274. 12. “Três obstáculos e quatro maldades”: Vários obstáculos e adversidades que tentam impedir a prática budista. Os “três obstáculos” são: (1) obstáculo dos desejos mundanos; (2) obstáculo do carma, que pode se manifestar na forma de oposição do cônjuge ou dos filhos; e (3) obstáculo da retribuição, também interpretado como obstáculos causados por quem devemos obediência, como governantes e pais. As “quatro maldades” são: (1) maldade dos cinco componentes; (2) maldade dos desejos mundanos; (3) maldade da morte; e (4) maldade celestial. 13. “Três poderosos inimigos”: Três tipos de pessoas arrogantes que perseguem aqueles que propagam o Sutra do Lótus na era maléfica após a morte do buda Shakyamuni, descritos na parte em verso que conclui o capítulo 13, “Encorajamento à Devoção”, do Sutra do Lótus. O grande mestre Miaole da China resume-os como leigos arrogantes, sacerdotes arrogantes e falsos sábios arrogantes. 14. Referência a um verso do capítulo 26, “Dharani”, do Sutra do Lótus, que diz: “Aos que ... perturbarem e atacarem aqueles que propagam a Lei, terão a cabeça partida em sete pedaços, como os ramos da árvore arjaka” [LSOC, cap. 26, p. 351] (CEND, v. I, p. 291). 15. Um provérbio de antiga história chinesa, que destaca como é fácil um terceiro tirar vantagem de dois grupos que estão em conflito. 16. “Ignorância fundamental” ou “escuridão fundamental”: A ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que dá origem a todas as demais ilusões e desejos mundanos. Consiste na incapacidade de ver ou reconhecer a verdade suprema da Lei Mística, bem como os impulsos negativos que surgem dessa ignorância. 17. “Cinco impurezas”: Também conhecidas como “cinco sujeiras”. Impureza da época, dos desejos, dos seres vivos, do pensamento (ou visão) e da vida propriamente dita. São mencionadas no capítulo 2, “Meios Apropriados”, do Sutra do Lótus. São elas: (1) impureza da época, que abarca repetidos distúrbios no ambiente social ou natural; (2) impureza do desejo, ou tendência a ser governado por inclinações ilusórias, ou seja, avareza, ira, estupidez, arrogância e dúvida; (3) impureza dos seres vivos, ou a decadência física e espiritual dos seres humanos; (4) impureza do pensamento ou predominância de visões errôneas como as cinco falsas visões; e (5) impureza da vida propriamente dita consiste na diminuição da duração da vida dos seres vivos. 18. Passagem do capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus. A imagem do lótus produzindo flores puras no pântano é empregada para ilustrar como os bodisatvas da terra são imaculados e livres de desejos mundanos, carma e sofrimento. 19. “Três mil mundos num único momento da vida” (jap. ichinen-sanzen): Sistema filosófico estabelecido por Tiantai. A expressão “três mil mundos” indica os aspectos e as fases variáveis que a vida assume a cada momento. A cada instante, a vida manifesta um dos dez mundos. Cada um desses mundos possui o potencial de todos os dez em si mesmo, totalizando cem possíveis mundos. Cada um desses cem mundos possui os dez fatores e opera em cada um dos três domínios da existência, totalizando três mil mundos. Em outras palavras, todos os fenômenos estão contidos num único momento da vida, e um único momento da vida permeia os três mil mundos da existência, ou a totalidade do mundo dos fenômenos. 20. “Possessão mútua dos dez mundos”: Princípio que expõe que cada um dos dez mundos contém o potencial de todos os dez. “Possessão mútua” significa que a vida não se fixa a um ou a outro dos dez mundos, mas pode manifestar qualquer um dos dez — do mundo do inferno ao mundo dos budas — a qualquer momento. O ponto importante desse princípio reside no fato de que todos os seres, em qualquer um dos nove mundos, possuem a natureza de buda. Depreende-se disso que as pessoas abrigam o potencial para manifestar o estado de buda, e o Buda também possui os nove mundos e, nesse sentido, não é separado ou diferente dos mortais comuns. 21. Toda, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 1. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1992. p. 184.
04/09/2024
Encarte Especial
TC
Nova Revolução Humana em fotos
Às 23 horas [mar. 1974], o avião pousou para reabastecer no Aeroporto Internacional da Cidade do México. Olhando pela janela, Shin’ichi avistou o prédio do aeroporto e um grande número de pessoas acenando efusivamente. — Aqueles ali não são membros da organização? — indagou ele. Kaoru Tahara, líder que viajava com Shin’ichi, desceu do avião depressa e foi verificar. Logo retornou quase sem fôlego pela correria. — O senhor tem razão. Cerca de cem associados estão esperando do lado de dentro — informou Tahara. — Eles vieram a esta hora da noite me cumprimentar? Devo ir até lá incentivá-los de todo o coração. Shin’ichi e Mineko dirigiram-se apressadamente para a área onde estavam os membros. Eles só tinham quarenta minutos até o horário previsto para o avião partir novamente. A história é construída ao darmos o máximo de nós a cada momento. O acúmulo desses esforços firmes e constantes com o tempo se torna um registro de uma epopeia de grandes realizações. (Nova Revolução Humana, v. 19, p. 152-153) No topo: Casal Ikeda posa para foto comemorativa com membros da SGI que os recebeu no aeroporto de Veracruz, México (jun. 1996) Foto: Seikyo Press / Ilustração: Kenichiro Uchida
01/08/2024
Artigos
TC
Crie bons encontros a colorir sua vida
“Mística conexão” estabelecida por Ikeda sensei A vida se define a partir de um encontro Ikeda sensei era um líder do povo que valorizava, mais que ninguém, os vínculos que criava. Acima de tudo, a “mística conexão” com seu venerado mestre, Josei Toda, era o orgulho de sua vida. Em 14 de agosto de 1947, mestre e discípulo, de unicidade, se conheceram. Ikeda sensei costumava relatar suas lembranças: “Naquela ocasião, minha existência se definiu”. Um trecho do romance Nova Revolução Humana, cujo manuscrito data de 6 de agosto, retrata com frequência uma cena de setenta anos atrás, em agosto de 1954, quando lhe foi confiado o kosen-rufu mundial, enquanto apreciava o mar de Atsuta: “Você deve iluminar a Ásia e o mundo todo com a luz da Lei Mística. Deve fazer isto em meu lugar”.1 Gravando essas palavras do seu mestre em sua alma jovem, Ikeda sensei as tornou realidade. Expandir a legião dos emergidos da terra para o mundo, e para a próxima geração, é o caminho do discípulo a edificar o sólido alicerce da paz perene. Ikeda sensei sempre mencionava uma analogia do mestre com a agulha e do discípulo com a linha. Dizia que, ao costurar uma roupa, a agulha é a que avança à frente, mas a linha é a que continua depois. Ele nos ensinou com a própria vida o modo de vida do discípulo que cria valor, fazendo dos pensamentos e das ações do mestre seus próprios. Participantes da Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo assistem ao vídeo alusivo à quarta visita do presidente Ikeda ao Brasil (São Paulo, maio 2024). Foto: Brasil Seikyo Troca de cumprimentos do coração Em 20 de agosto de 1979, Ikeda sensei realizou sua primeira visita ao Centro de Treinamento de Nagano. Haviam se passado quatro meses desde a sua renúncia como presidente da Soka Gakkai. Em meio às restrições impostas pelo clero herético, dedicou-se a tirar fotos comemorativas com cerca de 3 mil membros. As suas ações tentando estreitar os vínculos eternos por meio do forte aperto de mão, de coração a coração, eram preparatórias para posterior contraofensiva. “Junto com o Mestre” — eis nosso juramento como discípulos Ikeda. São companheiros que fazem de uma única foto seu ponto primordial para toda a vida; outros que superam vários sofrimentos e dificuldades com o único encontro gravado em seu coração; jovens que desafiam a árdua realidade, abraçando uma única frase de orientação ao entrarem em contato com o espírito do mestre por meio das obras dele. Todos estão caminhando imponentemente pela jornada da luta conjunta, dialogando com o mestre no coração. Nichiren Daishonin afirma: “Pergunto-me se o senhor e eu não prometemos um ao outro nos tornarmos mestre e discípulo desde incontáveis kalpa no passado”.2 Quando nos comprometemos a lutar juntos no passado, presente e futuro, e baseamos nossa existência, repleta de drama, na perspectiva budista de mestre e discípulo, abre-se um insuperável caminho de vida. Vamos avançar, hoje também, junto com o mestre do kosen-rufu e com os nobres companheiros. Conhecendo novos amigos e conversando bastante, vamos ampliar a rede solidária da felicidade. Notas:1. IKEDA. Daisaku. Nova Revolução Humana. v. 18. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2021. p. 118.2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 326, 2020. No topo: Em agosto de 1979, logo depois da renúncia como presidente da Soka Gakkai, Ikeda sensei fez sua primeira visita ao Centro de Treinamento de Nagano. Foram tiradas fotos comemorativas com cerca de 3 mil membros que correram para o local em busca do Mestre. Foto: Seikyo Press
01/08/2024
Na prática
TC
Vamos “emergir das profundezas da terra”, onde nos encontramos neste momento!
Por que nascemos? Por que passamos por diversas questões neste mundo cheio de dificuldades? Esses são questionamentos comuns, principalmente entre aqueles que mais sofrem. Em uma de suas explanações para os jovens, Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, reflete sobre essas perguntas e responde que “Nascemos neste mundo para realizar o trabalho do Buda”.1 Ele esclarece que enfrentamos duras circunstâncias para conduzir à iluminação aqueles que estão sofrendo e que essa é a missão escolhida pelos bodisatvas da terra. Nesta edição, vamos fazer uma profunda reflexão sobre como podemos desfrutar a vida com alegria e esperança, mesmo diante de dificuldades, e ainda conduzir as pessoas à plena felicidade e à transformação da sociedade. Inquietação do jovem Ikeda Após a derrota do Japão na guerra, os mais velhos passaram a viver em letargia, totalmente perdidos em meio à verdadeira miséria que as famílias enfrentavam. Já a maioria dos jovens tinha vitalidade e ansiava por um novo caminho. Em busca de conhecimento, reuniam-se em grupos com interesses comuns para ler e debater sobre livros, e outros se encontravam para ouvir música. “Eles começavam a se movimentar espontaneamente como se fossem as ervas daninhas que no solo congelado do inverno são as primeiras a germinar”.2 Daisaku Ikeda era um desses jovens e fazia parte de um grupo de aproximadamente vinte pessoas entre 20 e 30 anos. Eles estavam ávidos por assuntos relacionados às ciências humanas, que estudavam áreas como cultura, arte, política, economia e filosofia. Ikeda sensei detalhou as circunstâncias da sociedade e de sua vida naquela época: A pobreza das pessoas só piorava com a inflação desenfreada, e o peso da derrota na guerra pesava forte sobre os ombros de cada cidadão. Por exemplo, em relação ao preço oficial do arroz distribuído, a situação era tal que, no final desse ano, ele estava 25 vezes mais caro do que o valor aplicado em dezembro do ano em que a guerra encerrara e, no ano seguinte, subiria abruptamente para 60 vezes. A minha vida também não estava fácil. Contudo, não sei se era minha natureza inata, ou se eu tinha agregado uma vitalidade em meio à multidão; de qualquer forma, as dificuldades da vida não me incomodavam.3 Quem são os bodisatvas da terra “Bodi” significa “sabedoria do Buda”, e “satva”, “seres sensíveis” e “valor”. A palavra “bodisatva” quer dizer “Ser que aspira ao estado de buda e realiza ações altruísticas visando atingir esse objetivo. A característica predominante dos bodisatvas é a compaixão, visto que postergam a própria entrada no nirvana para conduzir os outros à iluminação”.4 Os bodisatvas da terra literalmente surgem no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus. Esse capítulo separa o ensinamento teórico, que são os primeiros catorze capítulos, do ensinamento essencial, que corresponde aos últimos catorze. Um dos aspectos que representa essa diferenciação é o juramento dos bodisatvas, discípulos do Buda, de se esforçarem eternamente para conduzir as pessoas à iluminação neste mundo repleto de sofrimentos. O Sutra do Lótus descreve que a terra de todos os bilhões de terras do mundo saha tremeu e se abriu, e dela emergiram milhares, dezenas de milhares, milhões de bodisatvas. Assim, a “terra” representa a condição de vida inerente a todas as pessoas, sem discriminação. Essa chegada deles foi tão impressionante que surpreendeu os bodisatvas do ensinamento teórico, incluindo Maitreya, que pergunta quem eles são e por que surgiram. Shakyamuni responde que são seus discípulos a quem ele tem ensinado e convertido desde o passado distante. “Sou eu quem surge da terra” Também causou furor entre os participantes o “surgimento” de Ikeda sensei em seu primeiro encontro com Josei Toda. Naquela conjuntura da vida do jovem Ikeda, descrita no início desta seção, vendo quão interessado ele era por filosofia e pelas questões humanas, dois amigos o convidaram para a ir a uma reunião na qual Toda sensei faria uma explanação. Em 14 de agosto de 1947, ele participa de sua primeira reunião na Soka Gakkai. O jovem Ikeda não conhecia essa história sobre o surgimento dos bodisatvas da terra ou mesmo a expressão “bodisatvas da terra”, mas recitou um poema que finalizou com os seguintes versos: Neste encontro ideal, sou eu quem surge da terra! Os participantes da reunião aplaudiram, porém, no íntimo, estavam boquiabertos, exclamando “Que jovem diferente!”. Josei Toda ficou radiante quando ouviu esse último verso.5 O jovem Daisaku Ikeda foi embora naquele dia e, em meio às questões da própria vida, ele descreve o que realmente o preocupava: Vendo as pessoas sofrendo e se lamentando diante daquela situação calamitosa eu não podia permanecer em um estado de dormência espiritual sem manifestar compaixão e simplesmente ignorar. Foi justamente no momento crucial, quando eu estava avançando do estado de dormência ideológica para o estado de insônia espiritual, que eu pude encontrar o meu mestre da vida.6 “Vendo as pessoas sofrendo e se lamentando diante daquela situação calamitosa eu não podia permanecer em um estado de dormência espiritual sem manifestar compaixão e simplesmente ignorar.” — na prática, isso é o que significa ser bodisatva da terra. Naturalmente, passar a ensinar o budismo Todas as pessoas transpõem montanhas e vales no decorrer da vida. O que as diferenciam são seu comportamento e sua reação ao longo da jornada. No início da organização, os veteranos ensinavam os fundamentos da prática do Budismo de Nichiren Daishonin para os novos membros e os apoiavam enquanto eles mesmos enfrentavam dificuldades, como dívidas, doenças, desarmonia familiar. Aqueles que estavam dando os primeiros passos na prática da fé não conseguiam ainda apresentar o budismo para as pessoas e apenas concordavam com os mais experientes. No entanto, ao continuarem participando das atividades da Soka Gakkai, a vida de cada um deles se enchia de energia vital e esperança. Seguindo o exemplo daqueles que os acompanhavam, estudavam o budismo, aprofundavam a fé e, naturalmente, passavam a falar sobre a alegria e a convicção na prática da fé. Assim, espontaneamente, começavam a ensinar o budismo para os amigos. Dessa forma, eles despertavam para a condição de bodisatva da terra, que cumpre a nobre missão de propagar os ensinamentos de Nichiren Daishonin. O presidente Ikeda conta que essas pessoas estavam mais preocupadas com os sofrimentos dos amigos e com o futuro do país do que com as próprias doenças ou problemas financeiros. Por isso, eles oravam de coração pela felicidade do outro e pela paz mundial. “No íntimo já haviam atingido um vasto e indestrutível estado da vida. Essa transformação fundamental mudou drasticamente a realidade da vida diária e lhes trouxe grande benefício e felicidade”.7 O destino é a missão A vida de Ikeda sensei e dos membros da Soka Gakkai é a representação do que é ser um bodisatva da terra — pessoas encarregadas da missão pelo kosen-rufu. A partir desses exemplos, percebemos que a nossa vida, assim como a de pessoas comuns com sofrimentos e frustrações, também pode manifestar o comportamento de bodisatva da terra. De que maneira? Enquanto nos dedicamos aos fundamentos do exercício budista — fé, prática e estudo —, não nos deixamos vencer pelas dificuldades, como Ikeda sensei explica: Pode-se dizer que os sofrimentos são condições indispensáveis para cumprir a missão dos emergidos da terra. Por isso, o destino é, em si, a missão. Por piores que sejam as tempestades do destino, não há absolutamente nada que não possa ser superado.8 Mas não devemos parar por aí! Ao vermos as pessoas sofrendo e se lamentando, precisamos lhes apresentar esse caminho. O bodisatva da terra aflige-se com o problema do outro e do mundo, sente profunda compaixão e, então, propaga os ensinamentos de Nichiren Daishonin. Essa é a sua missão. Encontro dos bodisatvas da terra Hoje, a Soka Gakkai, presente em 192 países e territórios, vive a verdadeira expressão de encontro dos bodisatvas da terra. Seus membros dialogam, acreditando na própria identidade de bodisatva da terra e na de todos os outros, com a consciência de que as pessoas merecem o mais profundo respeito. Em meio às questões que a sociedade enfrenta, os jovens brotam do rico solo dos nossos blocos e nossas comunidades e, tal qual Ikeda sensei na tenra idade, buscam se conectar a um ideal em prol da paz do mundo. De agora em diante, cultivando esses jovens valores, vamos decidir, uma vez mais, viver com a postura de um verdadeiro bodisatva da terra, como Ikeda sensei incentiva: Quando o sol nasce, a escuridão se dissipa. A vida dos bodisatvas da terra é como o sol. O surgimento de um único bodisatva da terra ilumina e revitaliza a localidade. A partir daí é que a luz da expansão se propaga. Agora é hora de recitar Nam-myoho-renge-kyo para romper a estagnação e a resignação. Vamos demonstrar um renovado “emergir das profundezas da terra”, onde nos encontramos neste momento! Construam um palácio de felicidade e uma rede de bodisatvas da terra. Estabeleçam a cidade eterna em sua nobre e valiosa terra.9 Notas:1. Terceira Civilização, ed. 576, ago. 2016, p. 6.2. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 186-187, 2022.3. Idem. Minhas Recordações. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022, p. 98.4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 896, 2020.5. Cf. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 206-207, 2022.6. IKEDA, Daisaku. Minhas Recordações. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022, p. 98.7. Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 13, p. 87-88, 2019.8. Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-I, p. 345, 2022.9. Terceira Civilização, ed. 576, ago. 2016, p. 6. Fotos: Brasil Seikyo Ilustrações: Getty Images
01/08/2024
Série
TC
Os livros da minha juventude
Tradução dos extratos do livro The Books of My Youth [Os Livros da Minha Juventude] A AMIZADE ENTRE ROSSI E BRUNO Aprendi algumas lições importantes com Rossi e Bruno e com o estilo de vida deles. Se os jovens da minha época enfrentassem o mesmo destino dos dois, quantos poderiam suportar uma opressão tão severa? Embora a revolução política a qual Rossi e Bruno dedicaram a vida fosse muito diferente da revolução religiosa que pretendíamos, aplaudi a esplêndida devoção ao povo. Ao lermos essa obra, meus treze amigos e eu confirmamos a decisão de viver como Rossi e Bruno. É realmente maravilhoso que, ao lermos um livro juntos, possamos unir nosso coração e criar laços de camaradagem mais fortes que os laços de sangue. Após todos nós lermos o livro, encontramo-nos com Toda sensei para compartilhar nossas impressões. De acordo com meu diário, fez um tempo bom naquele dia: quinta-feira, 8 de fevereiro de 1951. Naquela noite, fiz a seguinte anotação: Às 19 horas, quatorze jovens revolucionários da religião reuniram-se, audazes, sob a liderança do nosso mestre, Toda sensei. O encontro de hoje, solene e vibrante, durou mais de três horas. Havia uma profunda seriedade em todos os participantes. [...] Em seguida, os participantes dialogaram sobre o livro Cidade Eterna. Eu disse que as revoluções podem ser divididas em três grandes categorias: política, econômica e religiosa. Comentei que esse livro descreve uma revolução política semelhante à Restauração Meiji do Japão. As revoluções comunistas são de natureza econômica. A revolução que nós estamos tentando realizar é mais fundamental: uma revolução religiosa. Em outras palavras, uma revolução verdadeiramente pacífica e sem derramamento de sangue.1 Minha anotação no diário era simples: breve nota para meu registro pessoal, escrita quando eu tinha apenas 23 anos. Não consegui expressar tudo o que eu queria dizer, pois o encontro daquela noite foi verdadeiramente memorável. Toda sensei deu palestras sobre o escrito Recebimento das Três Grandes Leis Secretas,2 de Nichiren Daishonin. Embora seu público fosse um pouco mais de uma dúzia de jovens, ele falou apaixonadamente sobre a jornada para a propagação do Budismo Nichiren, e suas palavras penetraram fundo no nosso coração. Toda sensei provavelmente sentiu a profundidade da nossa decisão de dedicar a vida a essa revolução religiosa da era moderna. Naquela noite, apenas três meses antes de tomar posse como segundo presidente da Soka Gakkai, ele devia estar seriamente determinado a assumir essa responsabilidade. Ikeda sensei na juventude LAÇO ETERNO ENTRE MESTRE E DISCÍPULO A edição japonesa de Cidade Eterna que Toda sensei me deu foi traduzida por Shukotsu Togawa. Segundo o exemplar, foi publicado em 20 de julho de 1930, pela editora Kaizosha. Togawa, nascido em Kumamoto3 em dezembro de 1870, foi um estudioso da literatura inglesa. Ainda jovem, apaixonado por literatura, tornou-se um dos editores de uma conhecida revista literária chamada Bungakukai, lançada em janeiro de 1893. Foi colega de Toson Shimazaki e Kocho Baba, importantes figuras literárias japonesas da época. Após se formar no departamento de inglês da Universidade de Tóquio, lecionou no ensino médio antes de se tornar professor na Universidade Keio. Hall Caine, romancista britânico, escreveu e publicou Cidade Eterna em 1901 com base em suas observações e experiências enquanto vivia na Itália. Togawa leu o romance logo depois de publicado e o achou tão cativante que, com a ajuda de um amigo, começou a traduzi-lo. Devido às condições do mercado editorial do Japão naquela época, parece que ele não conseguiu publicar o livro inteiro, apenas uma versão resumida com metade ou até um terço do tamanho do original. Caine foi autor de best-sellers na Europa e nos Estados Unidos, mas não era muito conhecido no Japão, possivelmente em razão de sua perspectiva socialista e cristã. A decisão de Togawa de publicar apenas uma versão resumida também pode ter sido por cautela em querer evitar a censura ideológica do governo. No prefácio da edição de 1930, Togawa escreveu: “Os últimos trinta anos mudaram tudo. O que eu considerava raro e progressista no livro quando foi publicado pela primeira vez é agora muito comum e normal. Muitos dos assuntos e eventos sugeridos no livro já são a nossa realidade. Hoje em dia, inclusive, são frequentemente expressas opiniões muito mais radicais. Deve-se notar, entretanto, que este livro é uma obra de ficção. Não afirma uma opinião. Ao mesmo tempo, é totalmente diferente das ficções atuais que enfatizam a consciência de classe. O objetivo principal deste romance, porém, é sempre entreter”. Claramente, o tradutor não via Cidade Eterna como uma obra de ideias revolucionárias perigosas. Roma, a capital italiana, com seus monumentos e ruínas é testemunha do passado da cidade e é chamada carinhosamente de Cidade Eterna — La Città Eterna, em italiano Quando Toda sensei leu a obra pela primeira vez, ele tinha acabado de completar 30 anos. Eu me pergunto o que ele pensou sobre o romance então. Como meu mestre estava se dedicando a uma revolução religiosa, havia uma chance de ser preso no futuro. Ele tinha de estar preparado para enfrentar a perseguição. Suspeito que, à medida que sua determinação se fortaleceu, pensamentos sobre Rossi e Bruno passaram pela sua cabeça. Mais tarde, Toda sensei e seu mestre, Tsunesaburo Makiguchi, foram presos pelo governo militarista do Japão. A vida na prisão foi tão severa que ainda é muito comentada na Soka Gakkai. Os que foram presos naquela época renunciaram às suas convicções e abraçaram o dogma militarista ou foram submetidos a duros interrogatórios e tortura e enfrentaram a morte por desnutrição. Os companheiros de Toda sensei, com quem ele conversava todos os dias sobre o budismo, desistiram da fé e o abandonaram um por um. Isso deve tê-lo feito se sentir incrivelmente sozinho. Na época de sua libertação, quase dois anos depois, a Soka Gakkai estava destroçada. Mesmo agora, quando penso no meu mestre sozinho, corajoso entre as ruínas do Japão pós-guerra, acalentando a promessa de realizar uma revolução sem derramamento de sangue para a felicidade do povo, lembro-me de Rossi e Bruno e do amor que partilhavam como companheiros revolucionários. Notas:1. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019, p. 102.2. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 988. 3. O distrito de Kumamoto fica em Kyushu, a maior ilha da região sudoeste do Japão. No topo: Ikeda sensei no Coliseu (Roma, Itália, jan. 1963) Fotos: Getty Images/ Seikyo Shimbun
01/08/2024
Série
TC
Coudenhove-Kalergi
Há 55 anos, em outubro, Daisaku Ikeda iniciou um diálogo intercultural e inter-religioso com intelectuais e líderes do mundo. A primeira pessoa com quem conversou foi o conde Richard Coudenhove-Kalergi, considerado o “pai da unificação europeia”. O que impulsionou o conde a lançar o movimento Pan-Europa, que ele acreditava ser o caminho para a paz, foi a Primeira Guerra Mundial. O estopim foi o assassinato do príncipe herdeiro austríaco por um jovem de Sarajevo. Esse evento desencadeou a primeira guerra da humanidade em escala global que durou mais de quatro anos, começando em 1914, e transformou a Europa num campo de batalha. Após a guerra, a Europa, dividida em muitos pequenos países, estava em uma situação que, a qualquer momento, poderia surgir uma nova faísca e estourar a Segunda Guerra Mundial. A ideia da integração europeia já existia há muito tempo. No entanto, em uma sociedade na qual as divisões e os conflitos se intensificavam, torná-la realidade soava mais como uma fantasia. O conde Coudenhove-Kalergi, que foi reconhecido como pensador influente na Europa Central aos 20 e poucos anos, publicou há exatos cem anos, em 1922 [texto originalmente publicado em 16 de outubro de 2022], um artigo sobre o movimento pan-europeu. No ano seguinte, aos 28 anos, lançou o manifesto Pan-Europa, gerando grande repercussão. Além disso, formou a União Pan-Europeia e estabeleceu associações pan-europeias em cada país. Viajou e percorreu vigorosamente o mundo visualizando o ideal de uma única Europa. Ele havia adotado a palavra “pan”, que significa “todos”, com base em sua decisão de construir uma comunidade de nações soberanas. Mas esse sonho acabou frustrado, a princípio, pela ascensão da Alemanha nazista. Forçado ao exílio, ele teve sua sede em Viena, na Áustria, tomada pelos nazistas, que destruíram todos os documentos ligados à Pan-Europa. E, em 1939, eclodiu a temida Segunda Guerra Mundial. Mesmo assim, o conde Coudenhove-Kalergi não desistiu e foi para os Estados Unidos a fim de expandir o apoio pelo ideal da Pan-Europa. Com o término da guerra em 1945, ele retornou à Europa e recomeçou os trabalhos visando à concretização da unificação. O Conselho da Europa foi instituído em 1949, seguido da criação da Comunidade Econômica Europeia (CEE) em 1957, e da Comunidade Europeia (CE) em 1967, tornando o sonho realidade. Nas palavras de convicção do conde constam: “O reino da paz só pode ser conquistado um passo de cada vez, e dar um passo adiante na realidade vale muito mais do que dar milhares de passos na imaginação. Lutar pelo que é certo significa felicidade. A vida é uma luta e para sempre deve ser uma luta constante”. O conde Coudenhove-Kalergi nasceu no Japão como segundo filho de sete irmãos em 17 de novembro de 1894. Recebeu o nome japonês de Eijiro. Ikeda sensei recepciona o conde Coudenhove-Kalergi e sua esposa (Tóquio, Japão, out. 1970) Seu pai, Heinrich, era um poderoso aristocrata do Império Austro-Húngaro, e sua mãe, Mitsuko, filha de comerciantes japoneses. Os dois se conheceram e se casaram quando Heinrich estava no Japão como ministro interino. Quando o conde completou um ano no país, a família emigrou para a Áustria. De ascendência holandesa, alemã, russa, polonesa e grega, seu pai era fluente em dezoito idiomas e tinha profundo interesse pela Arábia, Índia e pelo Oriente. Em sua residência, recebia muitos visitantes do exterior, e o jovem conde cresceu vendo o trabalho do pai como um cosmopolita. Seu escritório era repleto de estátuas de filósofos e diversos livros e seu pai, às vezes, lhe contava a respeito do mundo enquanto girava o globo terrestre. Depois de emigrar, sua mãe enfrentou o preconceito dos que a cercavam e, para se tornar alguém à altura do título de condessa, ela se empenhou arduamente para criar os sete filhos enquanto estudava e aprendia o idioma e a cultura locais. Em 1906, dez anos após emigrarem para a Áustria, a família do conde, que até então desfrutava uma situação tranquila e harmoniosa, se viu diante de uma grande provação: o pai morreu repentinamente de infarto. As pessoas se opuseram a Mitsuko, de descendência japonesa, a herdar a propriedade e os bens do marido. Mas ela não cedeu às críticas e criou os filhos de maneira esplêndida, assumindo o papel de chefe da família. Anos mais tarde, o conde Coudenhove-Kalergi recordou-se: “Minha mãe herdou totalmente o espírito de nosso pai, seu marido, no que se refere à educação dos filhos. (...) Penso que, se não tivesse uma mãe como ela, eu jamais teria iniciado o movimento pan-europeu”. Pode-se dizer que o ponto de partida para a integração europeia, que depois se transformaria na União Europeia (UE), foram os pais do conde, que eram cidadãos do mundo. O conde disse ainda: “No entorno de uma única pessoa existe a família, os amigos, a sociedade, a nação etc. Como o primeiro dever dos seres humanos é consigo próprio, creio que, antes de tentarmos mudar os outros ou o ambiente, devemos primeiro nos esforçar para tentar mudar a nós mesmos. (...) No final, não há outra maneira de garantir realmente a paz mundial além da religião”. Ikeda sensei foi a pessoa para quem o conde transmitiu seus verdadeiros pensamentos. Em 1967, quando a Comunidade Europeia (CE), antecessora da União Europeia, foi estabelecida, o conde Coudenhove-Kalergi pisou novamente em solo japonês depois de 71 anos. Ele estava com 72 anos. Ele considerava a Soka Gakkai como um “novo movimento religioso embasado numa das religiões mais antigas e supremas [o budismo], uma religião de paz e amizade”. Uma das pessoas que expressou o desejo de encontrá-lo durante a visita dele ao Japão foi Ikeda sensei. O primeiro encontro se tornou realidade em 30 de outubro. “Fiquei imediatamente impressionado com essa pessoa chamada Ikeda. Fiquei maravilhado com o dinamismo e o entusiasmo que emanava desse homem de 39 anos.” Em um diálogo que relembrou esse encontro, o conde disse: “Foi um dos momentos mais agradáveis durante a minha estada em Tóquio”. O conde Coudenhove-Kalergi e o presidente Ikeda se reencontraram em outubro de 1970, três anos depois. No decorrer da segunda visita do conde ao Japão, eles se encontraram quatro vezes e dialogaram por mais de dez horas. O conteúdo desse diálogo deu origem à obra Civilização: Ocidente e Oriente. Esse foi o primeiro livro da coletânea de diálogos publicado por Ikeda sensei em parceria com intelectuais estrangeiros. Em julho de 1972, dois meses após o lançamento da edição, o conde faleceu aos 77 anos. O ideal de uma única Europa está aqui! Curso de Estudo de Budismo dos Jovens da Europa no qual todos estudam a filosofia de paz do budismo. Quinhentos amigos de trinta países participam do evento (subúrbio de Milão, Itália, ago. 2019) Reflexões do presidente Ikeda O conde Coudenhove-Kalergi, que também era um jovem líder, tinha grandes expectativas em relação aos jovens. Ikeda sensei, ciente desse sentimento dele, conclamou aos jovens, citando palavras do conde: Sempre me lembrarei da confiança que o Dr. Coudenhove-Kalergi depositava nos jovens. Em certo momento do nosso diálogo, ele disse estar convicto de que os indivíduos realmente sábios e perspicazes ocuparão posições de liderança no futuro. E ele enfatizou que os estudantes de hoje precisam desenvolver seu caráter e se preparar para o futuro com a consciência de que serão os líderes que criarão o mundo de amanhã. “Não negligenciem seu próprio desenvolvimento” — esse foi o brado do Dr. Coudenhove-Kalergi aos jovens do mundo. É importante que os jovens cultivem o espírito, o coração e o caráter. Se os jovens buscarem apenas o conhecimento e negligenciarem o desenvolvimento da própria sensibilidade, a sociedade seguirá rapidamente para a direção errada. É essencial criar indivíduos bem equilibrados com base no desenvolvimento de um sólido caráter.1 [Kalergi] Também fez a seguinte observação: “Somente o jovem possui paixão, vontade, esperança, convicção e força. (...) O jovem tem uma chama. Sem essa chama, um ideal não pode brilhar, tampouco triunfar”. A Soka Gakkai venceu por causa dos membros da nossa Divisão dos Jovens. Graças à sua paixão, conquistamos uma extraordinária vitória. (...) Os jovens que perdem a coragem não podem mais ser chamados de jovens. Os jovens são os maiores defensores da paz e da coragem. Ser jovem é ser um nobre defensor que possui ilimitada esperança. Gostaria que todos bradassem com essa convicção e força para fazer com que os outros se comovam e se inspirem.2 Já se passaram 55 anos desde o primeiro encontro entre o presidente Ikeda e o conde Coudenhove-Kalergi. A rede da juventude Soka está se expandindo amplamente pelo Japão, pela Europa e pelo mundo. Notas:1. Discurso proferido na 1ª Convenção da Divisão dos Jovens de Kansai, publicado no Brasil Seikyo, ed. 1.331, 12 ago. 1995.2. Discurso proferido na 1ª Convenção da Divisão dos Jovens de Tiba, veiculado no Brasil Seikyo, ed. 1.646, 6 abr. 2002. Materiais de pesquisa:Coudenhove-Kalergi Zenshu — 9 [Obras Completas de Coudenhove-Kalergi — 9]. Tradução: Morinosuke Kajima e outros. Kajima Kenkyusho Shuppankai.Koenshu — Tairiku Nippon [Coletânea de Discursos — Japão Continental]. Tradução: Toru Kagawa e outros. Ushio Shuppansha.Bunmei — Nishi to Higashi [Civilização: Ocidente e Oriente]. In: Obras Completas de Daisaku Ikeda, v. 102; e outros. No topo: Encontro entre Ikeda sensei e o conde Coudenhove-Kalergi (Tóquio, Japão, out. 1970). O diálogo deles foi publicado como coletânea intitulada Civilização: Ocidente e Oriente Fotos: Seikyo Press
01/08/2024
Capa
TC
Do sonho à realidade
Imagine-se numa praia maravilhosa, sob o agradável calor do sol, desfrutando momentos de lazer e de alegria com os amigos. Nesse cenário, longe das inquietações do dia a dia, dificilmente alguém exercitaria uma autorreflexão a ponto de perguntar “Por que comigo?” ou se preocuparia com o futuro. No entanto, diante de uma dificuldade, é natural buscarmos decifrar essas questões. Aquele que consegue encontrar a resposta, colocando-se como protagonista — “O que farei do futuro?” —, provavelmente estará diante daquilo que é sua missão. Nesta edição, trataremos, da ótica budista, a respeito desse tema “missão”. Utilizar a vida Os ideogramas que compõem a palavra “missão” em japonês têm o significado de “utilizar a vida”. À luz da sabedoria budista, passamos a entender que, a despeito das dificuldades que surgem pela frente ou das circunstâncias e do local em que nascemos e moramos, possuímos uma nobre missão que somente nós podemos cumpri-la. “Quando reconhecemos isso profundamente, tudo se transforma” — eis o ensinamento do Mestre Daisaku Ikeda (1928–2023), que comprovou com a própria existência essas palavras. Antes mesmo de conhecer o Budismo de Nichiren Daishonin, o jovem Ikeda foi passear à beira da praia a convite de um amigo. Eles costumavam fazer isso não como um momento de pura descontração, mas de profundas reflexões sobre vários assuntos, dentre eles o futuro. A juventude deles era vivida sob a sombra da guerra, então era natural que ficassem preocupados com o porvir. Nosso mestre se recorda: Um episódio do qual me lembro com nostalgia é aquele em que (...), enquanto passeávamos pela praia de Morigasaki, um amigo e eu prometemos mutuamente dedicar a vida em prol do bem social.1 Pouco tempo depois, ele conheceu Josei Toda, que se tornou seu mestre, converteu-se ao budismo e descobriu assim como “utilizar a sua vida”, ou seja, a sua missão. Luz que ilumina o rumo da existência Ikeda sensei afirma, com tenacidade: “Meu encontro com Josei Toda (...) decidiu a direção da minha existência”2 e, ainda, “Por meio desse encontro com Toda sensei, senti uma luz iluminando meu rumo”.3 Em outro momento, ele declara: Conforme [os] momentos determinantes com meu mestre foram se acumulando, o rumo da minha vida foi se definindo e minha decisão de me empenhar pelo kosen-rufu ao lado dele não só nesta existência, mas por toda a eternidade, foi se aprofundando.4 Não é exagero ou força de expressão quando ele assegura que “Decidiu a direção da minha existência” e que “Senti uma luz iluminando meu rumo” ou “O rumo da minha vida foi se definindo”. Quando se conheceram, no dia 14 de agosto de 1947, Josei Toda perguntou sobre a saúde daquele garoto de 19 anos e ele falou que sentia dores no peito. Toda sensei, com empatia, o incentivou desde esse primeiro encontro. Ele acompanhou a frágil condição de saúde de Ikeda sensei e o encorajava a vencer a doença. Em outro encontro emblemático entre mestre e discípulo, Toda sensei revela ao jovem Ikeda: Ontem sonhei que fui ao México. Eles estavam esperando. Todos aguardavam ansiosamente a chegada do Budismo de Nichiren Daishonin. Como eu quero viajar para o mundo, para a jornada do kosen-rufu. (...) Shin’ichi, o mundo é seu desafio, seu verdadeiro palco. E o mundo é imenso e vasto.5 Na sequência da cena, Josei Toda lhe estende a mão de dentro do acolchoado e, extraindo todas as forças que ainda lhe restavam, diz: “Você precisa viver. Viva o máximo que puder e percorra o mundo!”.6 A determinação do discípulo de viver conforme o incentivo do mestre, firmemente agarrado à sua missão, fez com que Ikeda sensei prolongasse a sua existência. Contrariando a expectativa de que não passaria dos 30 anos devido à tuberculose, Ikeda sensei viveu até os 95 anos, assumindo o leme da Soka Gakkai, em 1960, e levando a semente do Budismo Nichiren para o mundo. O discípulo torna o sonho real Outra missão herdada pelo discípulo foi a materialização do sonho do mestre de visitar as terras mexicanas. Também, no mês de agosto, em 1965, Ikeda sensei desembarcou no aeroporto da Cidade do México. Nos dois dias em que ficou no país, legou aos membros a missão de expandir ali a organização existente. Eles prontamente assumiram essa responsabilidade. No início, eram 26 famílias; em um ano, esse número cresceu para cem; dois anos depois da visita de Ikeda sensei, já contavam com 250 famílias praticantes. No ano seguinte, em 1968, celebraram a concretização de setecentas novas famílias. Ikeda sensei declara que “Os companheiros do México haviam cumprido brilhantemente a promessa selada”.7 Como uma maravilhosa correnteza, enquanto os companheiros do México se empenhavam em concretizar a missão transmitida por seu mestre, Ikeda sensei dedicava-se à expansão do Budismo de Nichiren Daishonin, conforme Toda sensei o havia impelido. Em 1975, deu-se início à Soka Gakkai Internacional (SGI), hoje presente em 192 países e territórios, com 12 milhões de membros. A criação da SGI é, portanto, a concretização do sonho de Toda sensei de visitar o México, isto é, de expandir o Budismo do Sol para o mundo. É também a ação abnegada de um discípulo que a nada temeu, venceu a doença e as maldades que surgiram para tentar impedi-lo, transformando carma em missão. Minha missão nesse local Há dias em que desfrutamos o frescor da brisa à beira-mar; em outros, sentimos como se estivéssemos dentro do próprio oceano, arrastados por uma correnteza. Mergulhados em nossas questões individuais, não é fácil enxergar uma saída. Quando tentamos erguer os olhos para o entorno à procura do horizonte, o panorama social também não é favorável. Nesses momentos, o Mestre ensina como encontrar forças diante das adversidades e da busca pela missão: Nascemos neste mundo, nesta época, para cumprir o grande juramento que fizemos no remoto passado. Nosso carma é nossa missão, é o palco no qual desempenhamos nosso magnífico drama de transformação de adversidade em triunfo. Por mais difícil ou desafiadora que a realidade de nossa vida possa ser, não há nenhum outro local onde possamos atingir a felicidade.8 Assim, perante a realidade que se apresenta, a filosofia budista nos ajuda a responder as questões “Por que comigo?” e “O que farei do futuro?”. É comigo, porque tenho uma missão a cumprir neste local. Minha vitória é capaz de inspirar a de muitas outras pessoas. E o futuro? O futuro é de esperança. Se minha vitória inspira outras pessoas, é possível criar ondas e mais ondas, verdadeira afluência de benefícios e de transformação. A maneira de pôr isso em ação é dedicar-se a essa missão de transformar a si mesmo para mudar a sociedade, isto é, comprometer-se com o kosen-rufu. “Eu concretizarei sem falta” A vela a impulsionar o barco da nossa vida é o mestre. Ikeda sensei comenta que, quando conheceu Josei Toda, sentiu o ardente compromisso dele com o kosen-rufu, e uma corrente elétrica de alegria tomou conta do seu corpo. Disse que essa alegria o invadiu de tal forma que ele registrou em seu diário: “Revolução religiosa é, em si, revolução humana. (...) Jovem, avance com ilimitada compaixão! Jovem, siga em frente, acalentando esta grandiosa filosofia!”.9 Outro momento em que se sentiu tomado por essa mesma alegria foi quando estava à beira-mar, na Vila Atsuta, e Toda sensei voltou a falar do seu sonho sobre o futuro: Do outro lado deste oceano existe um vasto continente. O mundo é realmente extenso. Lá existem povos que vivem em meio à agonia. Você deve abrir os caminhos do kosen-rufu mundial em meu lugar.10 Ikeda sensei reflete: Eliminar a palavra “miséria” da face da Terra, e fazer com que as pessoas conquistem a felicidade e a paz experimentando a verdadeira alegria de viver — este foi o sonho de paz mundial do meu mestre que herdei como meu próprio sonho por meio deste diálogo. Nessa época [1954], a Soka Gakkai ainda era muito pequena, e o kosen-rufu mundial parecia apenas um conto de fadas. Ninguém poderia imaginá-lo. No entanto, jurei profundamente dentro do meu coração: “Eu o concretizarei sem falta”. Este juramento se tornou a minha vida.11 Despertar para seu propósito O exemplo dos nossos mestres nos empodera de esperança. O despertar para a missão, entretanto, não é algo distante. Assim como direciona Ikeda sensei, é a resposta que daremos hoje, da forma como somos, no local em que nos encontramos. O rumo da nossa vida, nossa missão, é definida quando fazemos também um profundo juramento ao Mestre e intensa busca para concretizá-lo. O certo é que ninguém está livre dos problemas nem sua vida é projetada num futuro distante. Determinar que aqui e agora é o local e a hora de ser feliz desperta a força para vencer as circunstâncias. Um alento consta nesta passagem de Vozes para um Futuro Brilhante, de autoria do presidente Ikeda: Enquanto eu tiver vida, para que vou utilizá-la? Ponderem a todo momento sobre isso, busquem incansavelmente a resposta e sejam decisivos. Esta não é uma questão que está em algum lugar distante. Se desafiarem as questões que estão bem diante de seus olhos com todas as suas forças, sem falta, em algum momento, visualizarão a missão que somente cada um de vocês pode realizar. Com certeza, vocês compreenderão: “É isso! Esta é a minha missão!12 Por fim, o budismo defende que não há felicidade no mundo do egoísmo, trazendo-nos o ensinamento prático para sermos exemplo de comprovação da prática da fé e inspirarmos todos ao redor. Uma missão gloriosa, que nos empodera de força, coragem e senso de gratidão. *** ENTREVISTA Neste mês, inspire-se com trechos de uma entrevista feita com Nereo Ordaz, presidente da SGI-México, o qual compartilha uma história pessoal ao conhecer a filosofia budista, e o atual contexto da organização no país em que Toda sensei sonhou viajar e Ikeda sensei cumpriu essa missão. Neste mês, inspire-se com trechos de uma entrevista feita com Nereo Ordaz, presidente da SGI-México, o qual compartilha uma história pessoal ao conhe cer a filosofia budista, e o atual contexto da organização no país em que Toda sensei sonhou viajar e Ikeda sensei cumpriu essa missão. Terceira Civilização: Como foi o início da sua prática budista? Nereo Ordaz: O budismo entrou em minha vida há 52 anos por intermédio do meu pai que, na época, estava envolto no mundo das drogas e do alcoolismo, buscando em vão caminhos para sair daquela situação. Eu tinha 4 anos, vivenciando muito sofrimento. Por conta do alcoolismo, muitas vezes meu pai saía de casa e demorava para retornar, pois acabava desmaiando e ficando vários dias largado no chão. Apesar de ser uma família disfuncional, vivendo em condições de constante violência física e emocional, ele era meu pai e não queria perdê-lo. Então, sempre que ele saía de casa, um dos irmãos o seguia e o acompanhava de longe. Ao avistá-lo em situação de risco, corria para avisar minha mãe, que o socorria, trazendo-o de volta. Algumas vezes eu também ia junto. Em uma dessas ocasiões seguindo meu pai, chegamos a uma residência. Nesse local acontecia uma reunião de palestra da Soka Gakkai e soube depois que era a segunda participação dele nesse encontro. Além de ser tão pequeno e não compreender muitas coisas, jamais me esquecerei do carinho e do respeito com que fomos recebidos. Nem do chocolate que ganhei (risos). Senti que queria estar lá, crescer e me desenvolver como aquelas pessoas. Dessa maneira, naquela reunião de palestra, iniciei minha jornada nos jardins Soka. TC: Poderia dividir com os leitores algum momento especial com Ikeda sensei? Nereo Ordaz: Em 1984, o Mestre finalmente visitou o México. Foi uma passagem pelo aeroporto, mas consegui atuar como Sokahan. Esse momento me permitiu acumular grande boa sorte, pois, quando Ikeda sensei esteve na Costa Rica, integrei-me a um grupo de jovens que o acompanhou nos bastidores dessa viagem. Essa atividade foi um divisor de águas para minha vida, porque observei que Ikeda sensei dedicava 24 horas do dia ao kosen-rufu e aos membros. Ao longo daquela semana na Costa Rica, em alguns dias de atuação como Sokahan no hotel em que ele havia se hospedado, eu o via em atividades desde muito cedo, e ele não descansava até a noite. Notei que o único momento em que ele parava para se distrair era nos poucos minutos no corredor do hotel, alongando-se. Outras vezes, quando ele caminhava pelo jardim, mudava totalmente a sua dinâmica e chamava todos ao redor repentinamente para oferecer algumas palavras de incentivo. Isso aconteceu há 28 anos, marcando profundamente a minha vida. Decidi que atuaria com o mesmo espírito de Ikeda sensei, com quem também aprendi o espírito de gratidão. Recordo-me claramente de que, antes de sair do hotel, ele agradeceu, um a um, aos camareiros e aos cozinheiros, além do pessoal do staff. Nessa ação, percebi a sua humanidade e seu senso de gratidão. Foi um encontro de muitos outros, mas, para mim, esse, em que o acompanhei na viagem a Costa Rica, teve grande significado. TC: Qual é o sentimento dos companheiros do México, país que materializou o sonho de Toda sensei visualizando o kosen-rufu mundial? Nereo Ordaz: Compartilho algo que venho dialogado com meus companheiros de luta: a convicção de que a missão da Soka Gakkai é, de fato, ajudar as pessoas a transformar o próprio destino. Quando Ikeda sensei visitou o México em 1981, ele proferiu palestra na Universidade de Guadalajara, com o tema “Espírito Poético Mexicano”. Nela, ele citou o Tratado para a Proibição de Armas Nucleares na América Latina e no Caribe (Tlatelolco), assinado em 1967. E, nesse trecho em que cita esse tratado, ele nos convida a trabalhar, juntos, com o tema da paz e do desarmamento nuclear. Observamos que, em 8 de setembro de 1957, diante de 50 mil jovens, Toda sensei proferiu sua Declaração pela Abolição das Armas Nucleares. Dez anos depois, surge o Tratado de Tlatelolco, o primeiro da humanidade que protege uma área densamente povoada — desde Tijuana, na Califórnia, até a Terra do Fogo, na Argentina. Esse tratado protege a América Latina e o Caribe sobre uso, transporte, teste, criação e armazenamento de armas nucleares. Trata-se de exemplo para vários outros tratados com a mesma finalidade que existem para proteger diversas áreas do planeta. Então, acredito que, quando Toda sensei sonhou com o México, ele não estava sonhando com o país em si, mas com essa vocação para ser pioneiro na paz mundial nesse tema da abolição das armas nucleares. TC: Em relação ao Brasil, qual a impressão que deseja compartilhar? Nereo Ordaz: Assim como existe o sentimento de que Toda sensei sonhou com o México porque vislumbrou um ambiente potencial de luta pela paz, nesses dias aqui no Brasil refleti bastante. Em minha visita ao Centro Cultural Campestre, em Itapevi, SP, ouvi dizer que, quando Ikeda sensei viu o terreno onde esse complexo seria construído, ele já visualizava que ali seria um centro de treinamento. Mesmo que ninguém entendesse na época, assim ele enxergou e liderou essa construção, que agora é o centro de treinamento para toda a América Latina. Isso é incrível! Ouvi dizer também, em visita ao Colégio Soka, que o fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, tinha grande apreço pelo Brasil, e seu discípulo, Josei Toda, pelo México. Sinto uma conexão muito forte entre esses dois pontos que me emociona. Creio que essa relação de mestre e discípulo seja justamente a que une tudo. É algo muito místico, porque o Brasil tem uma grande missão com relação à América Latina. Estar no Brasil, para mim, é aflorar tantas emoções, juramentos e sentimentos, o que me faz sentir próximo a vocês. Fico profundamente impactado quando Ikeda sensei diz em trecho de um poema que “O Brasil é minha vida”. Que surpreendente! TC: No próximo ano, a Editora Brasil Seikyo completará sessenta anos e coincide também com o aniversário de fundação da SGI-México. Gostaria de deixar uma mensagem para os leitores? Nereo Ordaz: É, de fato, muito místico estarmos celebrando juntos seis décadas de existência em 2025. Desde os meus 20 anos, colaborei em muitas publicações. Com isso, aprendi à luz dos bastidores a correr contra o tempo para redigir, fotografar, diagramar e ver a impressão. Refletir sempre sobre o que pode ser melhorado e, principalmente, recitar daimoku com o desejo de que os membros abram o periódico e encontrem um incentivo de Ikeda sensei, uma resposta para os questionamentos de vida. Quando ouço comentários de pessoas dizendo que, no momento mais difícil da vida, abriram a revista e encontraram o que estavam precisando, nessa hora, sinto que cumprimos nossa missão como discípulos de Ikeda sensei. Para mim, em uma analogia, as publicações são como um veículo ligado a Tóquio, ao México, ao Brasil e a várias partes do mundo, sempre mantendo viva essa essência de conectar o coração com o de Ikeda sensei. Para os assinantes, os membros, minha mensagem é que nunca percam a oportunidade de estabelecer essa relação com Ikeda sensei de poder receber e ler os incentivos dele. Notas:1. Brasil Seikyo, ed. 2.576, 21 ago. 2021, p. 4-5.2. RDez, ed. 228, dez. 2020, p. 6-8. 3. IKEDA, Daisaku. Minhas Recordações. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 98.4. Brasil Seikyo, ed. 2.451, 19 jan. 2019, p. B3.5. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana, v. 10. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 97.6. Ibidem, cf. p. 97.7. Ibidem, p. 113.8. IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 2: Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023. p. 71.9. Brasil Seikyo, ed. 2.451, 19 jan. 2019, p. B3.10. RDez, ed. 142, out. 2013, p. 6-7. 11. Ibidem.Foto: Brasil Seikyo Ilustrações: Getty Images
01/08/2024
Série
TC
Charles Chaplin
Este ano [2022] marca os 45 anos da morte do rei da comédia, Charles Chaplin. Neste mês, no Japão, acontece um festival de cinema que exibe as principais obras-primas do artista. Dentre os filmes apresentados, um deles é Luzes da Ribalta, lançado em 1952, considerado o ponto culminante da carreira cinematográfica de Chaplin. Nele, há uma cena em que um personagem incentiva uma bailarina desesperada que teve as pernas paralisadas: “Você não quer lutar. Você está constantemente pensando em doença e morte. A vida é tão inevitável quanto a morte. É vida, vida. Pense na força que existe no universo, capaz de fazer mover a Terra e crescer as árvores. Essa é a mesma força que existe em você. Deve ter a coragem e a vontade de usá-la”. Em muitas obras, Chaplin expôs o grande potencial inerente ao ser humano. Sua mensagem continua transmitindo coragem e esperança para o mundo inteiro como a luz que ilumina esta conturbada sociedade moderna. Charlie Chaplin nasceu em Londres, Inglaterra, em abril de 1889. Seus pais também atuavam no palco, mas se divorciaram um ano depois devido ao vício da bebida do pai. A mãe assumiu sozinha a criação de Charlie e do seu irmão mais velho. Quando estava com 5 anos, sua mãe, com problemas na garganta devido ao excesso de trabalho, ficou sem voz durante uma apresentação. Insultos e reclamações começaram a irromper em meio ao público. No ímpeto de conter os ânimos exaltados, o gerente do teatro fez o menino Charlie, que acompanhava a mãe, subir no palco. Apesar da tensão, Charlie cantou uma música popular da época e o público ficou encantado com sua doçura. A primeira aparição do menino no palco, que aconteceu de maneira inesperada, ficou gravada na memória dele como uma vívida lembrança. Ainda assim, sua mãe perdeu o emprego no final desse dia e a família passou a viver numa condição de extrema pobreza. Apesar disso, a mãe sempre se mostrava alegre e, às vezes, divertia as crianças com mímicas. Essa deve ter sido a força motriz para Chaplin afirmar: “Eu nunca perdi de vista meu objetivo final de me tornar um ator um dia”. Com um otimismo vigoroso, ele superou cada uma das dificuldades que o assolou, como a persistente dificuldade financeira e a doença da mãe. Apesar de sua aparência modesta, dentro do seu coração ardia a flamejante chama da paixão pelo seu sonho. Na adolescência, Charlie Chaplin passou por várias companhias de teatro enquanto também se promovia. Seu talento extraordinário foi sendo aprimorado em meio a isso e então surgiu a oportunidade de se apresentar nos Estados Unidos. Essa turnê teve um grande sucesso. Ele chamou a atenção do mundo do cinema, foi contratado por uma empresa de Hollywood e estreou nas telas aos 24 anos, em fevereiro de 1914. Depois disso, ele escalou rapidamente os degraus e se tornou o rei da comédia. Charlie Chaplin viveu numa época de terríveis turbulências em que ocorreram duas grandes guerras mundiais. Em meio ao som da marcha dos soldados que se intensificava lançou o filme O Grande Ditador, em 1940, proclamando: “Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror”. No final desse filme, um barbeiro judeu, que lembrava muito Adolf Hitler, é confundido com o ditador pela semelhança e, acidentalmente, se vê diante de uma multidão. Ele então faz um discurso e brada: Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo — não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades. Vós, o povo, tendes o poder... O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela… de fazê-la uma aventura maravilhosa. Apesar de enfrentar sérias interferências durante a produção, Chaplin concluiu o filme e lutou incansavelmente pela paz e pela liberdade, fazendo do humor a sua arma. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos, ao entrarem no período da Guerra Fria, foram atormentados pela tempestade do macarthismo, movimento político que visava expulsar os comunistas do país. Embora Chaplin tenha atuado nos Estados Unidos por muitos anos, ele se posicionava como cidadão do mundo e sua nacionalidade permanecia britânica. Isso o fez ser rotulado como comunista e ele foi deportado em 1952. Mesmo assim, seus valorosos feitos não foram esquecidos. Em 1954, ele recebeu o Prêmio Internacional da Paz, na Conferência Mundial da Paz, em Berlim. Posteriormente, foi agraciado com o título de doutor honorário da Universidade de Oxford, com a Ordem Nacional da França e, ainda, com o mais elevado título de cidadania honorária da cidade de Paris. Além disso, seu valor foi novamente reconhecido pelos Estados Unidos e ele voltou ao país vinte anos depois de sua expulsão. Também recebeu um Oscar especial em reconhecimento por suas preciosas contribuições para Hollywood. Foram mais de oitenta filmes produzidos em sua existência de 88 anos. Dois anos antes de falecer, em 1975, ele foi nomeado cavaleiro pela família real britânica. Reflexões do presidente Ikeda Ikeda sensei também era fascinado pelo rei da comédia desde a tenra idade e chegou a dizer: “Não consigo me esquecer das várias obras-primas dele que assisti na minha juventude”. E, sempre que podia, ele falava e escrevia sobre a vida de Chaplin para incentivar os companheiros. O presidente Ikeda também mantinha contato com a neta de Chaplin, a atriz Kiera Chaplin. Em uma carta que recebeu dela, constava: “Ouvi diversas vezes de um amigo da SGI-Inglaterra que o senhor tem incentivado muitas pessoas por meio das palavras do meu querido avô. Nada poderia me deixar mais feliz que saber que alguém como o senhor tem perpetuado as palavras dele. Tenho certeza que meu avô ficaria extremamente honrado ao saber disso”. Ikeda sensei falou bastante a respeito de Chaplin, em especial entre o fim de 1990 e o início de 1991. E foi no fim de 1990 que estourou a segunda problemática do clero, que arquitetou a destruição da Soka Gakkai. Sensei imitou Chaplin, encantou e emocionou a plateia e escarneceu do ditador do clero. Na 37ª Reunião de Líderes da Soka Gakkai, realizada em 6 de janeiro de 1991, ele declarou: Chaplin sempre dizia: “A vida é maravilhosa!”. Também afirmava: “Rir é maravilhoso! É saudável rir das coisas mais sinistras da vida, inclusive da morte. O riso é um tônico, um alívio, uma pausa que permite atenuar a dor. Independentemente do que aconteça, a saúde da vida está na força de conseguir rir na alegria e na riqueza da alma. Seriedade é diferente de severidade. Valente é diferente de sinistro. Uma pessoa de grande coragem é radiante. Uma pessoa com determinação tem serenidade. Pessoas inteligentes possuem leveza para sorrir. (...) O riso franco, de mente aberta, é a maior evidência de um indomável campeão do espírito”. Durante a 15ª Reunião de Líderes da Divisão Feminina, realizada em 23 de janeiro, o presidente Ikeda falou a respeito de uma cena de Luzes da Cidade, na qual Chaplin, no papel de um vagabundo, encoraja um milionário angustiado, colocando-se na mesma condição dele como ser humano. Sensei disse: Se visse alguém em sofrimento, Chaplin não conseguia deixar de estender uma palavra a essa pessoa. Isso é ser humano. E este é exatamente o mundo da nossa Soka Gakkai e o mundo do budismo. (...) Assim como Nichiren Daishonin ressalta repetidamente que todos somos iguais perante o Gohonzon. Não há nem pode haver nenhum tipo de discriminação. É um mundo de igualdade e de democracia embasado no budismo, um mundo de seres humanos exatamente como eles são. É por isso que as pessoas do mundo se simpatizaram com a Soka Gakkai, assim como o fez com Chaplin. A Lei verdadeira se espalhou de tal maneira porque houve essa empatia. O número de seguidores do budismo expandiu rapidamente pelo mundo justamente porque seu avanço foi legítimo. Em 9 de dezembro de 1990, nosso mestre externou sua imensa expectativa em relação aos integrantes da Divisão dos Jovens: Em relação à fé, quero lhes dizer: Mantenham uma forte fé por toda a vida. No fim, aquele que conquista a felicidade no final é quem ganha. Não sejam iludidos pelas vicissitudes ou pelos contentamentos ao longo do caminho, e não se confundam com a dura e decisiva batalha no capítulo final da vida. É o verdadeiro budismo que ensina isso. A batalha da fé neste mundo é para que juntos possamos fazer com que as grandes flores de benefícios de centenas, milhares, dezenas de milhares, milhões de kalpa resplandeçam brilhantemente. Por isso mesmo, não obstante o que aconteça, devem avançar como o rei da comédia, Chaplin. Vivam como o rei do otimismo até o fim.1 Um novo ato do drama do kosen-rufu se inicia rumo ao “Ano dos Jovens e do Triunfo”. E cada um de nós será o protagonista. No topo: Ikeda sensei realiza truques de mágica para os membros no Centro Cultural de Taplow Court, localizado nos subúrbios de Londres, em maio de 1989. Durante a sua estada na cidade, ele faz imitações de Chaplin e incentiva os companheiros que se dedicavam ao kosen-rufu na Inglaterra Foto: Seikyo Press Nota: 1. Discurso proferido durante a 3ª Reunião de Líderes da Divisão Masculina de Jovens e a Convenção dos Grupos Sokahan e Gajokai. Materiais de pesquisa: SADUR, G. Chaplin. Tradução: Rikie Suzuki e Kaoru Shimizu. Iwanami Shoten. BROWN, Pam. Denki — Sekai wo Kaeta Hitobito 12 — Chaplin [Biografia — Pessoas que Mudaram o Mundo 12 — Chaplin]. Tradução: Yumie Kittaka. [s.n.]. SAKRANY, Raj. Chaplin. Tradução: Masako Ueda. [s.n.]. OHNO, Hiroyuki. Chaplin Sainyumon [Reintrodução a Chaplin]. Nihon Hoso Shuppankyokai. Luzes da Cidade (City Lights). Direção: Charles Chaplin. Estados Unidos: United Artists, 1931 (87 min). O Grande Ditador (The Great Dictator). Direção/produção: Charles Chaplin. Estados Unidos: United Artists, 1940 (125 min).
01/07/2024
Crônica
TC
“Postura exuberante na mente e no corpo”
Integrei a banda feminina Asas da Paz Kotekitai do Brasil durante 22 anos. Recordo-me de inúmeros momentos maravilhosos, desafiadores e alegres vividos em meio à seriedade do grupo e envoltos pelo sentimento de corresponder ao presidente Ikeda, o qual fundou a Kotekitai com esforço e carinho. Em um dos versos de um poema dedicado ao grupo, Ikeda sensei escreveu: “Postura exuberante na mente e no corpo”. Essa frase é uma das mais marcantes para mim. Lembro-me de que, em cada detalhe, nos ensaios e nas apresentações, as responsáveis nos diziam: “Postura exuberante na mente e no corpo!”. Até quando estávamos sentadas no chão ou na cadeira a “postura exuberante na mente e no corpo” tinha de ser colocada em prática. Ao longo dos anos, cresci, amadureci e pouco a pouco compreendi o que significava cada palavra dessa expressão. Ingressei no ensino superior, formei-me e entrei para o mercado de trabalho; cada vez mais essa frase passou a fazer sentido em minha vida. Aqueles longos e intensos fins de semana com sol, chuva, percorrendo muitos quilômetros de distância de casa, fortaleceram a minha vida. Eles me fizeram compreender que, para ser uma pessoa de confiança, mostrar e representar a Soka Gakkai e o Mestre na sociedade, precisava ter uma postura e uma atitude diferentes. Em uma das últimas empresas em que trabalhei, minha chefe e meus colegas sabiam que eu era budista. Em diversos momentos, compartilhava com eles as atividades e os movimentos que realizávamos na organização. Posso dizer que conquistei a confiança deles pelo meu compromisso com os deveres diários e por ser uma pessoa séria e dedicada. Tudo isso é fruto do que aprendi com minha família, com Ikeda sensei e com a Kotekitai por meio do treinamento que recebi das veteranas e líderes do grupo. Sempre senti, e ainda sinto, que pertencer à Soka Gakkai faz toda a diferença em minha vida. Na Divisão dos Estudantes, aprendi a ter sonhos e quão importante era estudar. Na Kotekitai, soube quem era o presidente Ikeda e vi nele meu mestre da vida, sem idolatria. Despertei para a consciência de que ele era uma pessoa que, com suas atitudes, transmitia aquilo que expressava: integridade, sinceridade, esforço, coragem e muitas outras palavras de encorajamento. Finalizo com o trecho de uma carta que Nichiren Daishonin escreveu a um discípulo. Nela, ele fala sobre a sinceridade do nosso coração refletida em nosso comportamento: O coração de todos os ensinamentos que o Buda expôs ao longo de sua existência é o Sutra do Lótus, e o coração da prática deste sutra se encontra no capítulo “Jamais Desprezar”. Qual é o significado do profundo respeito que o bodisatva Jamais Desprezar sentia por todas as pessoas? O propósito do advento do buda Shakyamuni, senhor dos ensinamentos, neste mundo reside em seu comportamento como ser humano. A respeito desse trecho, o presidente Ikeda assegura: “O segredo reside em sempre agir com sinceridade, manter um compromisso inabalável e ter seriedade total. E, acima de tudo, possuir coragem. Somente por meio de ações desse tipo podemos tocar genuinamente o coração dos outros”.2 Camila Akama Colaboração Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 113, 2017. 2. Pode Haver uma História Mais Maravilhosa do que a Sua? São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 168-169, 2019.
01/07/2024
Artigos
TC
Faça arder com fulgor as chamas da justiça!
No dia da libertação / e de encarceramento, / encontram-se os laços / de mestre e discípulo. Certa vez, Ikeda sensei registrou nesses versos a rigorosa história de mestre e discípulo que pulsa no dia 3 de julho. Josei Toda, que havia sido atirado à prisão pela opressão do governo militarista japonês, foi libertado no dia 3 de julho de 1945. Com a decisão de vingar a morte de seu mestre, Tsunesaburo Makiguchi, no cárcere, ele se levantou sozinho na luta pelo kosen-rufu para salvar o povo da infelicidade.1 No dia 3 de julho, doze anos depois [em 1957], Ikeda sensei foi para a prisão ao ser detido sob a acusação totalmente infundada de violação das leis eleitorais voltadas para a eleição de cargo público. No dia de sua libertação em 17 de julho [do mesmo ano], Ikeda sensei declarou no Encontro de Osaka que “No final, aquele que perseverar na fé vencerá infalivelmente” e provou sua inocência na batalha posterior nos tribunais. O kosen-rufu, que objetivamos, significa estabelecer a história da canção triunfal do povo, lutando persistentemente contra a natureza maligna do poder que faz as pessoas comuns sofrerem. Significa também criar, com a força de cada pessoa, o século da paz e da felicidade que resplandece em si e nos outros. Jovens, continuem com essa determinação resoluta pelo kosen-rufu de altivo orgulho! Esse era o sentimento do Mestre. De fato, na época em que eu atuava como coordenador da Divisão dos Universitários, foi para um representante dessa divisão que ele ofereceu uma dedicatória com o poema citado no início. Mostrando o exemplo a partir de si mesmo O Mestre dedicava todos os esforços para que o crescente grupo de jovens “valores humanos” se levantasse assumindo total responsabilidade pelo kosen-rufu. Lembro-me de que, no mês de julho, em pleno verão [japonês] de cinquenta anos atrás, ele participou de reuniões da Divisão dos Universitários, por quatro dias consecutivos, aproveitando os intervalos entre seus afazeres, tais como as atividades de escrita. Na ocasião, transpirando muito, ele ofereceu sucessivos incentivos, dialogou e tirou fotos comemorativas com representantes, e conversou com os jovens com quem se encontrava. E nas reuniões realizadas a cada dia, ele disse: “Tornem-se líderes do povo a construir o século da vida”. Coincidentemente, isso aconteceu logo após a sua primeira visita à China, e para o mês de setembro estava prevista a sua primeira viagem para a União Soviética. O Mestre havia se lançado à diplomacia humana. Sentia que, incentivando e desenvolvendo os jovens, ele ensinava, por meio das próprias ações, o exemplo de como deveria ser um líder do povo. Nos escritos de Nichiren Daishonin consta: “Nas batalhas, os soldados consideram o general como a alma deles”.2 Clamar pela justiça, tomando a iniciativa, e criar a história. Desenvolver “valores humanos”, mostrando o exemplo a partir de si mesmo. Eis o espírito de mestre e discípulo! É o mês de julho para renovar o juramento do triunfo do povo. Fazendo arder com fulgor as chamas do kosen-rufu, vamos provocar o grande turbilhão do diálogo a criar a esperança para humanidade! No topo: No mês de julho do verão [japonês] de cinquenta anos atrás, Ikeda sensei dialoga com os explanadores do Curso de Verão da Divisão dos Universitários em torno do presidente Minoru Harada (na época, coordenador da Divisão dos Universitários). O Mestre os incentiva: “Tornem-se líderes do povo a construir o século da vida” (Universidade Soka, em Hachioji, Tóquio, 25 jul. 1974) Foto: Seikyo Press Notas: 1. Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda foram presos em julho de 1943 por defender a liberdade religiosa e não aceitar o talismã xintoísta. Em novembro de 1944, Makiguchi morreu na prisão de desnutrição e maus-tratos e Josei Toda foi libertado em julho de 1945. (N.R.) 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 642, 2020.
01/07/2024
Estudo
TC
[72] Trilhem o caminho dos heróis, sem serem derrotados pelas adversidades!
Explanação Há melodias que ouvi repetidas e repetidas vezes em minha juventude e das quais jamais me esquecerei. Estava trabalhando para meu mestre, Josei Toda, quando seus negócios se debatiam para continuar sobrevivendo durante o tumultuado período pós-guerra. Época angustiante. Dava o máximo de mim para encontrar uma maneira de reverter a situação, ao mesmo tempo em que lutava contra a minha condição física debilitante em decorrência da tuberculose. No meu pequeno apartamento, ouvia várias e várias vezes as obras do grande compositor Beethoven. Em especial, a Sinfonia no 5, a do Destino, e a Ode à Alegria, da Sinfonia no 9, provocavam uma forte emoção em mim. A música empolgante de Beethoven, que dava expressão ao seu espírito de romper o sofrimento e alcançar a alegria, me inspirava a continuar lutando. Quando fui pela primeira vez a Viena, capital da música clássica, há seis décadas, em outubro de 1961, prestei homenagem a Beethoven em seu túmulo no Cemitério Central da cidade. Em maio de 1981, depois de visitar a Ópera Estatal de Viena e me encontrar com o vice-chanceler e ministro da Educação e Arte da Áustria, Fred Sinowatz, os membros da organização local me levaram para ver o Museu Beethoven em Heiligenstadt. Originalmente, essa foi a casa onde ele morou e redigiu seu testamento, chegando à beira do profundo desespero por lutar contra a crueldade do destino, que incluía a perda da audição, sentido tão essencial para um músico. “Meu destino jamais me destruirá!” No entanto, Beethoven se recusou a permitir que os ventos implacáveis do destino o derrotassem. No fim, ele presenteou a humanidade com melodias repletas de alegria que romperam a escuridão da época. Ele escreveu: “Enfrentarei intrepidamente o meu destino, o qual jamais conseguirá me destruir. Oh! Seria maravilhoso viver a vida mil vezes!”.1 Essas palavras me trazem à lembrança os incalculáveis membros da Soka Gakkai que, dando tudo de si para promover o avanço do kosen-rufu em meio às duras realidades da sociedade, transformaram seu destino e consolidaram a felicidade absoluta. Reunindo a “coragem do rei leão”, como ensina Nichiren Daishonin (CEND, v. II, p. 263), eles encararam com bravura os problemas e as adversidades e avançaram resolutamente rumo à vitória. Eles transbordam de orgulho. Ensinando aos discípulos por meio do seu exemplo Enfrentando grandes dificuldades, podemos expandir ilimitadamente nossa condição de vida. Como vimos na edição anterior, Nichiren Daishonin triunfou sobre repetidas perseguições que impuseram risco à sua vida e abriu o caminho para o kosen-rufu com o intuito de aliviar os sofrimentos da humanidade para sempre. Ele também ensinou aos seus discípulos, mediante o próprio exemplo, o princípio supremo para transformar poderosamente o destino que assola nossa vida. Nesta oportunidade, estudaremos a segunda parte da Carta de Sado, examinando juntos o auspicioso princípio da transformação do carma ou destino preconizado pelo Budismo Nichiren. Trecho 1 do escrito Carta de Sado O ferro, quando aquecido e forjado, torna-se uma excelente espada. Os reverenciáveis e os veneráveis são testados com calúnias.2 Meu atual exílio não é resultado de nenhum crime secular, mas serve somente para que eu possa expiar, nesta existência, as graves faltas que cometi no passado e me libertar dos três maus caminhos na próxima.3,4 (CEND, v. I, p. 320) Fé é a expressão máxima de espírito invencível Nichiren Daishonin declara: “O ferro, quando aquecido e forjado, torna-se uma excelente espada” (CEND, v. I, p. 320). Ao lutarmos contra as adversidades, forjamos nossa vida, assim como uma excelente espada. Daishonin também afirma: “Os reverenciáveis e os veneráveis são testados com calúnias” (Ibidem). Podemos identificar um verdadeiro venerável ou uma pessoa de sabedoria pelo fato de terem suportado críticas e calúnias. Aqueles cuja história aclama como grandiosos quase invariavelmente enfrentaram perseguição e oposição. A experiência de resistir a adversidades e dificuldades pode ser acatada como um teste da nossa força subjacente. Enfrentar as situações mais árduas com inabalável determinação e perseverança, recusando-se a recuar um único passo, habilita-nos a cultivar um espírito forte, que se torna uma força propulsora essencial para conduzir uma vida vitoriosa. A fé no Budismo Nichiren constitui a expressão máxima desse espírito invencível. A religião para tornar as pessoas fortes, boas e sábias Na palestra “O Budismo Mahayana e a Civilização do Século 21” que proferi na Universidade Harvard,5 levantei as seguintes questões: “A religião torna as pessoas mais fortes ou as enfraquece?”; “Estimula o que há de bom ou de mal dentro delas?”; “Elas se tornam mais sábias ou menos por intermédio da religião?” Tornar as pessoas fortes, boas e sábias é a essência do Budismo Nichiren. Nesta era da desumanidade generalizada, a necessidade dessa religião em prol do ser humano é maior que nunca. Tudo começa com a transformação interior do próprio ser humano. Ao praticarmos o Budismo Nichiren diligentemente, despertamos para a dignidade e o valor da nossa vida. Ativamos nossa sabedoria e força inerentes e nos empenhamos para criar o valor mais elevado, contribuindo para o bem-estar e a felicidade do próximo e da sociedade. A Soka Gakkai é a organização que constrói e expande essa rede solidária da revolução humana por todo o mundo. Dez anos se passaram desde o terremoto devastador seguido de tsunami ocorrido em Tohoku em março de 2011. Apesar de terem vivenciado adversidades sem precedentes, os membros da organização daquela localidade avançaram com firme decisão, não permitindo que nada os derrotasse. Nichiren Daishonin escreve: “Mesmo que calamidades possam vir a ocorrer, elas podem ser transformadas em boa sorte” (WND, v. II, p. 669); “Quando um grande mal ocorre, um grande bem o sucederá” (CEND, v. II, p. 387); e “O inverno nunca falha em se tornar primavera” (CEND, v. I, p, 560). Acatando as asserções de Daishonin, os membros de Tohoku demonstraram a força inerente ao espírito humano de jamais desistir e acumularam ilimitado “tesouro do coração” (CEND, v. II, p. 112). O indômito “espírito de Tohoku” inspirou as pessoas do Japão e do mundo todo, e o exemplo desses membros reluz como um farol de grande esperança para o século 21. Nobre condição de vida idêntica à do Buda Em Carta de Sado, Nichiren Daishonin afirma: “Meu atual exílio não é resultado de nenhum crime secular” (CEND, v. I, p. 320). Ele esclarece que a verdadeira razão para ter de passar por aquela provação residia em transformar o próprio carma. Em seguida, explana o princípio de transformar o destino com base nos mecanismos de causa e efeito, conforme ensinados no Budismo Nichiren. A teoria da causa e do efeito exposta pelo escolas de budismo tradicionais da época de Daishonin tendia a ser pessimista. Concentrava nas causas que a pessoa havia criado em existências passadas, resultando em infelicidade e infortúnio na presente existência. Ensinava que o presente é fixo e imutável. Daishonin, no entanto, estabeleceu o princípio da transformação do destino com base numa compreensão mais fundamental e ampla de causa e efeito, conforme ensinado no Sutra do Lótus. Basear-nos no Sutra do Lótus significa reconhecer que cada um de nós e todas as pessoas possuem uma nobre condição de vida idêntica à do Buda. Quando o sol nasce, dissipa a escuridão e ilumina o mundo radiantemente. De modo semelhante, quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo, fazemos o sol do nosso estado de buda inerente desde o tempo sem início brilhar dentro de nós. Consequentemente, a escuridão da ignorância fundamental6 se extingue, o carma passado se transforma e nos tornamos plenos de poder básico para vencer os sofrimentos e as adversidades. Nesse momento, o significado do destino muda. Nossa vida de sofrimento originado do destino passa por uma importante transformação. Ela se torna uma vida que desafia o mau destino e começa a demonstrar nosso genuíno valor e dignidade humana. Essa é a essência do Budismo Nichiren, que ensina o princípio da transformação do destino. Encontramos aí a chave para revitalizar nossa vida e edificar um futuro mais promissor. O modo de vida da transformação do destino em missão Toda sensei observou que o Sutra do Lótus ensina que, por vezes, o Buda também padecia de doenças. Desejando libertar todos os seres vivos do sofrimento, afirmou Toda sensei, o Buda precisava experimentar doenças assim como eles; do contrário, não poderiam estabelecer conexão com ele ou prestar atenção ao que tinha a dizer. Dessa maneira facilmente compreensível, o Buda explanou sobre a profunda filosofia de vida e sobre o budismo. Em outras palavras, lidando com doenças e problemas e ultrapassando-os, podemos proporcionar um exemplo inspirador para os outros, oferecendo-lhes esperança e coragem. Há um episódio no Sutra do Lótus, no qual os bodisatvas juram surgir numa época futura repleta de maldades para ajudar a conduzir as pessoas à felicidade. Ou seja, escolhem por vontade própria assumir o carma de nascer numa era problemática e, mediante seu exemplo de lutar contra esse carma, encorajar outros que estejam sofrendo. Trata-se do princípio de “carma adotado por desejo próprio”.7 Observando o exemplo desses bodisatvas, as pessoas encontram coragem para se levantar e fazer o mesmo. Esses bodisatvas descobrem e despertam para o fato de que o poder para superar as adversidades é inerente à própria vida. Por meio dessa força interior decorrente da fé na Lei Mística, eles repelem o sofrimento cármico que os assola e, então, tornam-se capazes de inspirar e encorajar a todos ao seu redor. Esse é o modo de vida alicerçado em transformar destino em missão, ou, em linguagem atual, o trabalho de empoderar os outros e cultivar a própria capacidade de resiliência. Esse é o poder do juramento seigan de bodisatva. No ano passado (novembro de 2020), Adolfo Pérez Esquivel, argentino ativista dos direitos humanos e recebedor do Prêmio Nobel da Paz, enviou uma mensagem congratulando a Soka Gakkai pelo 90º aniversário de fundação. Nela, disse que a pandemia da Covid-19 demandaria que a humanidade demonstrasse grande força de espírito. “Não deixem de sorrir para a vida”, exortou. “Nos momentos mais difíceis, precisamos seguir em frente. Sempre seremos capazes de construir um mundo melhor por meio do poder da esperança. (...) Como membros da Soka Gakkai, vocês estão transmitindo o significado da vida, e penso que isso seja muito importante. Longo e incessante é o empreendimento a que vocês se dedicam. (...) Vocês estão abrindo o caminho para outros seguirem no futuro”.8 Os membros da Soka Gakkai do mundo inteiro mantêm resolutamente a auspiciosa convicção de que podemos transformar nosso destino em missão. O Dr. Pérez Esquivel manifestou seu profundo apoio às ações dos membros da Soka Gakkai, que se empenham constantemente em encorajar os outros. E hoje, um fluxo contínuo de jovens sucessores, “corredores da justiça”, prossegue emergindo na Divisão dos Estudantes. Cada um de vocês é um valor humano que inspira imensas esperanças. Muitas pessoas de bom discernimento do mundo solidárias ao nosso movimento aguardam ansiosamente o crescimento de vocês. Desenvolver e engrandecer as asas da juventude Estou certo de que vocês, meus jovens amigos da Divisão dos Estudantes, passam pelos mais diversos tipos de problemas e preocupações. Mas aqueles que sofreram conseguem compreender os sofrimentos dos outros e encorajá-los. Superar a dor e as adversidades os torna mais fortes desenvolvendo e engrandecendo as asas da juventude para que possam voar alto. Nada jamais é desperdiçado. O segredo é continuar avançando com paciência e coragem, consultando e trocando ideias com bons amigos e veteranos na fé que se importam com vocês. Acima de tudo, permaneçam firmes na prática da fé budista por toda a vida, sem nunca a abandonarem. A passagem da Carta de Sado que consta a seguir expõe a importância de possuir o “coração de um rei leão” para agir exatamente dessa forma. Trecho 2 do escrito Carta de Sado Além dessas pessoas, havia aquelas que pareciam acreditar em mim, mas começaram a criar dúvidas ao me verem ser perseguido. Elas não só abandonaram o Sutra do Lótus como também acreditaram que eram sábias o bastante para me orientar. O triste fato é que essas pessoas perversas deverão sofrer no inferno Avichi9 por um tempo ainda mais longo que os seguidores da Nembutsu. (...) “Embora o sacerdote Nichiren seja nosso mestre, ele é enérgico demais. Nós propagaremos o Sutra do Lótus de maneira mais branda.” Com tal declaração, eles demonstram ser tão ridículos quando um vaga-lume que ri do Sol e da Lua, um formigueiro que despreza o Monte Hua,10 poços e riachos que zombam dos rios e dos oceanos ou uma gralha que imita a fênix. (CEND, v. I, p. 322-323) A grandiosidade do mestre que propaga o Sutra do Lótus Quando Daishonin escreveu essa carta, seus discípulos em Kamakura também estavam sendo perseguidos. Consequentemente, alguns começaram a duvidar dos ensinamentos e abandonaram a fé por medo. À luz das escrituras budistas, era inevitável que surgissem aqueles que perseguiriam Nichiren Daishonin, o devoto do Sutra do Lótus. Porém, quando Daishonin foi exilado na Ilha de Sado, infelizmente, alguns de seus discípulos não só abandonaram os ensinamentos dele, como também alegaram saber mais que ele e começaram a criticá-lo. Esses indivíduos arrogantes não aceitavam genuinamente os ensinamentos de Nichiren Daishonin. Em vez disso, apresentaram suas alegações arbitrárias. Daishonin afirma que eles eram como o asura que tentou superar o Buda expondo dezenove elementos quando o Buda havia ensinado apenas dezoito,11 ou os mestres não budistas que afirmaram possuir noventa e cinco maneiras de atingir a iluminação,12 enquanto o Buda oferecia somente um caminho (cf. CEND, v. I, p. 322). Do mesmo modo, alguns dos discípulos de Daishonin dessa época criticaram-no, dizendo: “Embora o sacerdote Nichiren seja nosso mestre, ele é enérgico demais. Nós propagaremos o Sutra do Lótus de maneira mais branda” (CEND, p. 322-323). No entanto, Daishonin reagiu com serenidade e autoconfiança, descrevendo tais indivíduos como “tão ridículos quando um vaga-lume que ri do Sol e da Lua, um formigueiro que despreza o Monte Hua, poços e riachos que zombam dos rios e dos oceanos ou uma gralha que imita a fênix” (Ibidem, p. 323). Uma condição de vida de ilimitada compaixão moldada pelas dificuldades Nesse trecho, Nichiren Daishonin destaca a enorme diferença na condição de vida que há entre ele e seus detratores, comparando os vaga-lumes com o Sol, um formigueiro com uma montanha e poços e riachos com rios e oceanos. A partir do dia em que proclamou o estabelecimento de seus ensinamentos, Daishonin iniciou sua resoluta batalha para aliviar, infalivelmente, o sofrimento das pessoas, por toda a eternidade. Ele declarou que não havia abandonado seu juramento seigan nesse sentido, nem mesmo após ser exilado na Ilha de Sado, tampouco o abandonaria no futuro. Daishonin continuou travando sua luta compassiva pela paz e felicidade das pessoas. Nesse processo, sua visão se ampliou daqueles ao seu redor para todos os integrantes da sociedade, de um único país para o mundo inteiro, e do presente para o eterno futuro. Nichiren Daishonin descreveu sua vida como uma infindável série de obstáculos e dificuldades: “Assim como as montanhas se erguem em sucessão e as ondas se levantam uma após outra, as perseguições provocarão mais perseguições e críticas fomentarão mais críticas” (CEND, v. I, p. 252). Ninguém se igualava a ele a esse respeito. Contudo, Daishonin estava preparado para encontrar obstáculos dessa magnitude e, por mais que indivíduos arrogantes o atacasse, eles jamais conseguiriam destruir sua vasta condição de vida. Aqui, vemos Daishonin tentando transmitir aos seus discípulos sua condição de vida de ilimitada compaixão, a qual era una com o seu juramento seigan de conduzir todas as pessoas à felicidade. Ao tomarem conhecimento do espírito de Daishonin, os discípulos que enfrentavam perseguições em Kamakura devem ter sentido a coragem brotando em seu coração. A comunidade de companheiros de prática de Nichiren Daishonin, com seu emblemático espírito de unicidade de mestre e discípulo, foi construída quando seus discípulos se levantaram com o mesmo juramento seigan e compromisso inabalável que ele. A Soka Gakkai avança com o “coração de um rei leão” Coragem é o fator essencial para perseverar na fé, sem abandoná-la. Arrogância e covardia são as duas faces da mesma moeda. Com o coração covarde, não é possível romper as maldades existentes no seu interior. Por isso, é tão importante reunir o corajoso “coração de um rei leão” e lutar dando o máximo de nós. Nosso primeiro e segundo presidentes, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, ultrapassaram os obstáculos e as dificuldades com que se depararam, com o “coração de um rei leão, precisamente como Daishonin ensinou, para abrir o grande caminho para o kosen-rufu. Makiguchi sensei afirmou: “Quanto mais arduamente lutamos, mais fortes nos tornamos, e mais rápido conseguimos demonstrar a grandiosidade do Budismo Nichiren”. Ele também disse: “Ponha em prática em sua vida o princípio de ‘transformação de veneno em remédio’”.13 Membros da Soka Gakkai do Japão e do mundo todo vêm avançando com vibrante coragem exatamente com esse espírito. Valorizando cada palavra da Carta de Sado, os mestres e discípulos Soka levantaram-se com o mesmo espírito de Daishonin e vêm realizando uma grande luta pelo kosen-rufu. O mundo inteiro é o palco de vocês Com base nesse espírito Soka, estamos dedicando a vida ao nobre propósito de concretizar o kosen-rufu mundial, que é, em si, a própria paz mundial. Não há modo de vida mais admirável. Vocês, integrantes da Divisão dos Estudantes, que tomam parte nesse esplêndido esforço durante a sua juventude, estão presentes em todos os continentes. O mundo inteiro é o palco de vocês. Não obstante que problemas possam surgir, continuem reunindo o “coração de um rei e leão” e ultrapassem todos os obstáculos com o espírito de dedicação sem poupar a própria vida à propagação da Lei Mística. Se possuir uma fé com tamanha determinação, o brilho da vitória e da honra emanará de sua vida. “Confio o kosen-rufu totalmente a vocês” Vocês, nossos jovens “corredores da justiça”, são nossa esperança para o futuro. Encerrando, gostaria de lhes dedicar algumas palavras que transmiti aos membros da DE-Herdeiro com quem estudei a Carta de Sado no passado: “Espero que jamais se esqueçam, enquanto viverem, de que o espírito da Soka Gakkai consiste no puro espírito de realizar o kosen-rufu. E espero que compartilhem isso com os membros mais jovens que vocês também. Confio o kosen-rufu totalmente a vocês!”. (Daibyakurenge, edição de abril de 2021) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI Resumo Estudo — Julho 2024 Principais tópicos estudados Transformação do carma ou destino Enfrentar as situações mais árduas com inabalável determinação e perseverança, recusando-se a recuar um único passo, habilita-nos a cultivar um espírito forte, que se torna uma força propulsora essencial para conduzir uma vida vitoriosa. Causa e efeito Quando o sol nasce, dissipa a escuridão e ilumina o mundo radiantemente. De modo semelhante, quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo, fazemos o sol do nosso estado de buda inerente desde o tempo sem início brilhar dentro de nós. Consequentemente, a escuridão da ignorância fundamental se extingue, o carma passado se transforma e nos tornamos plenos de poder básico para vencer os sofrimentos e as adversidades. “Carma adotado por desejo próprio” [Os] bodisatvas descobrem e despertam para o fato de que o poder para superar as adversidades é inerente à própria vida. Por meio dessa força interior decorrente da fé na Lei Mística, eles repelem o sofrimento cármico que os assola e, então, tornam-se capazes de inspirar e encorajar a todos ao seu redor. Frases marcantes “O inverno nunca falha em se tornar primavera.” “Enfrentarei intrepidamente o meu destino, o qual jamais conseguirá me destruir. Oh! Seria maravilhoso viver a vida mil vezes!” “Mesmo que calamidades possam vir a ocorrer, elas podem ser transformadas em boa sorte.” “Quando um grande mal ocorre, um grande bem o sucederá.” “Quando o sol nasce, dissipa a escuridão e ilumina o mundo radiantemente. De modo semelhante, quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo, fazemos o sol de nosso estado de buda inerente desde o tempo sem início brilhar dentro de nós.” “Não deixem de sorrir para a vida. Nos momentos mais difíceis, precisamos seguir em frente. Sempre seremos capazes de construir um mundo melhor por meio do poder da esperança.” “Espero que jamais se esqueçam, enquanto viverem, de que o espírito da Soka Gakkai consiste no puro espírito de realizar o kosen-rufu. E espero que compartilhem isso com os membros mais jovens que vocês também. Confio o kosen-rufu totalmente a vocês!” Personalidades e personagens budistas citados - Josei Toda - Tsunesaburo Makiguchi - Nichiren Daishonin - Ludwig van Beethoven, compositor e pianista alemão - Fred Sinowatz, vice-chanceler e ministro da Educação e Arte da Áustria Perguntas-guia para as atividades de estudo O que acontece quando praticamos diligentemente o Budismo Nichiren? Despertamos para a dignidade e valor de nossa vida. Ativamos nossa sabedoria e força inerentes e nos empenhamos para criar o valor mais elevado, contribuindo para o bem-estar e a felicidade do próximo e da sociedade. Qual o significado do princípio de “carma adotado por desejo próprio”? Há um episódio no Sutra do Lótus, no qual os bodisatvas juram surgir numa época futura repleta de maldades para ajudar a conduzir as pessoas à felicidade. Ou seja, escolhem por vontade própria assumir o carma de nascer numa era problemática e, mediante seu exemplo de lutar contra esse carma, encorajar outros que estejam sofrendo. Trata-se do princípio de “carma adotado por desejo próprio”. Qual era a postura de Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, primeiro e segundo presidentes da Soka Gakkai, quando se deparavam com os obstáculos e as dificuldades na vida? Ultrapassaram os obstáculos e as dificuldades com que se depararam, com o “coração de um rei leão, precisamente como Daishonin ensinou, para abrir o grande caminho para o kosen-rufu. Makiguchi sensei afirmou: “Quanto mais arduamente lutamos, mais fortes nos tornamos, e mais rápido conseguimos demonstrar a grandiosidade do Budismo Nichiren”. Ele também disse: “Ponha em prática em sua vida o princípio de ‘transformação de veneno em remédio’”. No topo: Exibição artística na Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo (São Paulo, maio 2024) Foto: BS Notas: 1. BEETHOVEN, Ludwig van. Beethoven’s Letters (1790–1826): From the Collection of Dr. Ludwig Nohl (Cartas de Beethoven (1790-1826): Coleção do Dr. Ludwig Nohl). Tradução: Grace Jane Wallace (ed.). v. 1. Cambridge, Massachusetts: Cambridge University Press, 2014. p. 35. 2. “Calúnia”, nesse contexto, significa “insulto verbal”. 3. “Três maus caminhos”: Também conhecidos como os “três maus caminhos da existência”. Estados de sofrimentos nos quais as pessoas caem como resultado de suas más ações. Os “três maus caminhos” são: mundo do inferno, mundo dos espíritos famintos e mundo dos animais. 4. Redigida no vigésimo dia do terceiro mês de 1272, em Tsukahara, na Ilha de Sado, essa carta foi endereçada a todos os discípulos de Nichiren Daishonin. Nela, Daishonin busca dissipar quaisquer dúvidas que pudessem ter surgido no coração deles em virtude da Perseguição de Tatsunokuchi e subsequente exílio na Ilha de Sado, aproximadamente seis meses antes, e oferecer-lhes orientação e incentivo. 5. O presidente Ikeda proferiu duas palestras na Universidade Harvard: “A Era do Soft Power” (26 de setembro de 1991) e “O Budismo Mahayana e a Civilização do Século 21” (24 de setembro de 1993). 6. “Escuridão fundamental” ou “ignorância fundamental”: Ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que dá origem a todas as demais ilusões e desejos mundanos. Consiste na incapacidade de ver ou de reconhecer a verdade suprema da Lei Mística, bem como os impulsos negativos que surgem dessa ignorância. 7. “Carma adotado por desejo próprio”: Refere-se ao fato de os bodisatvas, apesar de qualificados a receber as puras recompensas da prática budista, abrem mão delas e selam o juramento de renascer num mundo impuro para salvar os seres vivos. 8. Artigo publicado na edição do Seikyo Shimbun de 26 de novembro de 2020. 9. Inferno Avichi: O inferno de incessantes sofrimentos. 10. Monte Hua: Uma das cinco montanhas sagradas da China. 11. Dezoito elementos: Conceito abrangente de três categorias inter-relacionadas: os seis órgãos sensoriais (olhos, orelhas, nariz, língua, pele e mente), e as seis consciências (visual, auditiva, olfativa, gustativa, tátil e mental), que se manifestam por meio da interação dos seis órgãos sensoriais com seus respectivos objetos. 12. Baseado em uma passagem de Tratado sobre Grande Perfeição da Sabedoria. Os “noventa e cinco” caminhos podem ser atribuídos ao fato de haver noventa e cinco escolas não budistas na época de Shakyamuni. 13. “Transformação de veneno em remédio” indica empregar o poder da Lei Mística para transformar uma vida de sofrimento em uma vida repleta de sabedoria e das virtudes do Buda.
01/07/2024
Encarte Especial
TC
Nova Revolução Humana em fotos
Na manhã do dia 1o de junho, Shin’ichi Yamamoto manteve diálogo com o presidente do Clube de Roma, Aurelio Peccei, nas dependências do hotel onde estava hospedado. O presidente Peccei havia retornado de Londres para sua residência em Roma no dia anterior. E naquela manhã, partiu de Roma, dirigindo pessoalmente seu carro em uma viagem de quatro horas para aquele encontro. Shin’ichi ficou impressionado com a vigorosa disposição dele, sem demonstrar cansaço, apesar de seus 72 anos. Uma pessoa que age com convicção rumo a um ideal é sempre jovem. Os preparativos para a publicação do diálogo entre os dois já estavam adiantados. Nesse dia, dialogaram sobre temas como liderança, além de alguns aspectos de organização e composição do livro, resultado do diálogo realizado. (Nova Revolução Humana, v. 30-I, p. 348-349) No topo: Encontro de Ikeda sensei com Aurelio Peccei, 21 de junho de 1983 Foto: Seikyo Press
01/07/2024
Capa
TC
A esperança é brasileira
Nova geração Os jovens sempre estiveram à frente de movimentos que mudaram a época. Em muitos casos, a voz deles não foi ouvida, mas sim suprimida. Um cenário que se alterou na segunda metade do século 20, conforme contextualiza o mestre em história Rainer Sousa. “A partir da década de 1960, intensas manifestações culturais e políticas juvenis indicavam que o papel do jovem começava a ter outro lugar”.1 Ele cita como exemplos o movimento hippie, o movimento punk e outras manifestações culturais. As mudanças acompanharam o clima social dos países e a visão de mundo de cada período. As definições de cada geração foram estabelecidas por determinadas letras: X (1960 a 1980), Y (1980 a 1995) e Z (1995-2010). A atual geração recebeu o nome Alpha em referência à primeira letra do alfabeto grego, uma geração nascida (e a nascer) totalmente no século 21, rodeada de tecnologia e bastante conectividade. Conectar os jovens pela paz “O que constrói a nova era é a força e a paixão dos jovens.”2 Essas palavras, cheias de energia, iniciam o Preceito aos Jovens, escrito pelo segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, em 1951. Com a força e a paixão dos jovens, Toda sensei visualizava ser possível a consecução de uma sociedade mais justa e igualitária para todos. Lançou o olhar e o coração para o século 21, e quem abraçou essa causa foi seu jovem e fiel discípulo Daisaku Ikeda. “Cada palavra, e cada verso desse preceito, ainda resplandece no fundo de meu coração”,3 enfatizava Ikeda, que mais tarde se tornou presidente da Soka Gakkai e levou a semente da esperança para 192 países e territórios. A prática do Budismo Nichiren expandiu-se e hoje adorna de coragem e sabedoria a vida de mais de 12 milhões de pessoas. Ikeda sensei partiu serenamente em novembro de 2023, aos 95 anos, mas não sem antes deixar um legado aos jovens. Ele elucida: “Paixão” é a nossa conduta, canalizada com a máxima intenção e força para salvar a pessoa amiga, e o desejo apaixonado de realizar o kosen-rufu. “Força” é “fé, prática e estudo” para nos desenvolver e nos capacitar com o poder de ação; é o poder de realização.4 Os jovens da BSGI, organização criada pelas próprias mãos de Ikeda sensei há quase 64 anos, vêm de geração em geração expandindo o kosen-rufu, exercitando a empatia e transformando ambientes com energia e solidariedade. O movimento de envolver os jovens nos ideais de paz da Soka Gakkai atingiu um resultado expressivo. Aqui, no Brasil, dezenas de milhares de jovens humanistas compõem hoje uma rede multicor, diversa e criativa. Trata-se de uma demonstração do quanto um nobre ideal na juventude é capaz de transformar o ambiente a partir da construção de uma personalidade individual longe do egoísmo, aderente à empatia. Assim como o presidente Ikeda afirma:5 A alegria da juventude se encontra no pulsar da esperança de construir, abrir e acreditar no futuro; é a plenitude da vida que proporciona um novo desafio de forma radiante, sem se abalar diante de quaisquer sofrimentos ou fracassos; é o ressoar da alma que compartilha as alegrias e os sofrimentos com o amigo de forte laço criado em meio a um brilhante encontro. É o orgulho de edificar a base sólida de uma existência de vitoriosa felicidade, com regularidade e sinceridade. Foi com essa alegria que a Juventude Soka brasileira tornou o dia 26 de maio de 2024 o ápice desse movimento de expansão e de solidariedade, que tomou de vibração o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Essa é a voz da juventude que se revela sensível às pessoas, com o desejo de conectar, acolher e evoluir juntos. Nova era dos jovens humanistas se apresenta a que vem A Divisão dos Jovens da BSGI foi fundada por Ikeda sensei em 1984, quando ele fez sua terceira visita ao país. Nesses quarenta anos, pequenos núcleos foram surgindo com o propósito único da criação de pessoas valorosas. Como exemplo, na Divisão dos Estudantes (DE) — que inclui grupos conhecidos como Futuro, Esperança e Herdeiro —, os membros são estimulados a criar sonhos, a desenvolver habilidades e a crescer no rico solo da educação e da cultura. Além de participarem dos grupos horizontais da BSGI, que oferecem um ambiente de desenvolvimento em diversas frentes, como corais, bandas, orquestra, dança e atuação nos bastidores. Com os incentivos e direcionamentos recebidos nas atividades da organização e com as orientações do Mestre e dos veteranos, os integrantes da Divisão dos Jovens passam a ocupar espaço no ambiente profissional e nas relações humanas. Eles compreendem a vida com a percepção do budismo, em que na juventude se tornam protagonistas de suas conquistas, atuando com coragem e esperança. E mais, os encontros da BSGI possibilitam ao jovem estabelecer profundos laços de amizade e de confiança. Com isso, valorizam a diferença e entendem que a união é a que, de fato, os torna fortes. Tudo isso sempre com base na prática budista. Esses jovens são alegres, contagiantes e autênticos. Com a soma do aprendizado humanístico, eles se integram aos demais jovens da sociedade, inspirando-os para construir, juntos, uma nova era de paz tão almejada pela humanidade. É a juventude que transforma! Ao expandirem essa consciência, de uma pessoa a outra, do Brasil para o mundo, assumem o papel de vanguarda da materialização dos sonhos do Mestre, que eleva essa condição quando declama: Se em todo o mundo os jovens Soka se levantarem, seu brado de luta ecoará alto nos céus.6 É na prática a disposição de se empenhar a todo custo em prol da felicidade de uma única pessoa — esse é o objetivo fundamental do budismo, que existe em meio à realidade com o propósito de inspirar e contagiar a vida de um único ser humano. Acompanhe nas próximas páginas os melhores momentos da Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo! Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo O Brasil se uniu num só coração. Na arena do Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, um palco e um telão superior davam visão geral aos cerca de 11 mil jovens participantes de várias regiões do país. Da América Latina, foram 39 representantes de dez países — Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Venezuela. Por transmissão on-line, foram registrados cerca de 10 mil pontos, locais em que membros, familiares e amigos se reuniram para se conectar à alegria e à vibração da vitória dos jovens. A dedicação durante meses de ensaios e preparativos valeu cada momento, e a diretriz do dia era celebrar a força e paixão juvenis, assim como a vitória da esperança. De camisetas coloridas, refletindo a característica diversa que cada representante se permitia vestir, os espectadores e aqueles que se apresentaram no palco formavam a preciosa Juventude Soka brasileira. Esses jovens desejam um mundo de paz e não querem ficar de braços cruzados. Acreditam na força e na paixão dos jovens capazes de transformar a época e o mundo, pois têm um mestre que os incentiva e sempre confiou neles. Esse grandioso mestre esteve nessa mesma arena do Ibirapuera, em 1984, e as cenas dessa visita, que uniu ainda mais os membros do Brasil a ele, foram projetadas no telão no decorrer da Convenção dos Jovens. Foi uma lembrança e renovado juramento dos jovens, os quais se fizeram ouvir com a emoção da canção Saudação a Sensei, entoada em uníssono. Não há nada mais sublime que a valiosa relação de mestre e discípulo, reforçada nas palavras do presidente da BSGI, Miguel Shiratori, ao citar que, naquele local, há quarenta anos, Ikeda sensei estabeleceu o ponto primordial do kosen-rufu do Brasil. Agora, uma vez mais, o juramento se renova! Depoimentos Kauan Oliveira Andrade tem 10 anos, de São Paulo, membro da Divisão dos Estudantes Futuro (CNSP, CGESP). Foi sua primeira participação em evento dessa magnitude, e chegou coroado de sensações. Ele ressalta: “Valeu muito a pena participar. Os ensaios com os outros estudantes foram bons, fiz novos amigos. Estou muito feliz e jamais vou me esquecer deste dia.” Raphaela Macedo participou da convenção acompanhada dos quase 90 jovens do Rio Grande do Sul, que, a despeito das possibilidades mais óbvias de não comparecerem, em razão da situação desafiadora com a qual a região sofria, venceram e emocionaram o público. Ela é responsável pela Divisão dos Estudantes da Subcoordenadoria Rio Grande do Sul e nos conta sobre a luta até chegar esse dia e sobre a sua determinação renovada: “Foi uma luta diária contra os obstáculos e as maldades, mas me desafiei ainda mais no daimoku e fiz reverberar a convicção de que não há nada que supere o poder da oração e a união dos companheiros. Assim, fui dissipando diariamente o medo e, com coragem e esperança, incentivando cada estudante e cada jovem. Sinto que tudo o que vivemos dentro da Gakkai é inexplicável e único. Essa oportunidade só é possível pela grandiosidade de termos um mestre da vida. Nessa convenção, com certeza, o cuidado com cada pessoa, a atenção aos detalhes, o respeito à diversidade e o abraço caloroso de cada companheiro tocaram profundamente a todos. Meu coração retornou para casa mais forte e valente. Sensei, conte comigo! O kosen-rufu do Rio Grande do Sul está garantido!” Marco Antonio Costa Secca é do Rio de Janeiro, responsável pela Divisão Masculina de Jovens (DMJ) de distrito (CSMRJ), e afirma que tudo começou quando foi selecionado para a quarta Academia Índigo Juventude Soka, realizada em São Paulo. Voltou decidido a vencer no movimento dos cem jovens por distrito e determinado a levar o máximo de jovens possível para a convenção. Como foi esse desfecho, Marco? “Tive muita resistência, vários obstáculos, mas, enfim, vitória. E ainda ajudei um jovem a receber Gohonzon e a se inscrever para a convenção. Estou decidido a comprovar com minha própria vida que o Budismo Nichiren funciona, é real, e que ter um mestre na vida faz toda a diferença. E, por meio da minha comprovação e postura, demonstrar para a nova juventude quem foi Ikeda sensei.” Liz Elizabeth participou da convenção vinda do Paraguai, onde atua como responsável pela Divisão Feminina de Jovens de distrito. Junto com 38 companheiros da América Latina, que se desafiaram para vir assistir ao evento, Liz era só vibração. Ela externa seu compromisso: “A convenção teve um grande impacto na minha vida. Foi um momento maravilhoso e extraordinário! Posso dizer com certeza que Ikeda sensei está no coração de cada participante. Além disso, comprometo-me a transmitir a todos os meus colegas e amigos não budistas para que conheçam a essência do Budismo Nichiren e o maravilhoso espírito de mestre e discípulo. Amigos do Brasil, muito obrigada!” Karolliny Celestino Santos da Silva, de Sorocaba, SP, apoiou os estudantes durante a apresentação na convenção. Atualmente, ela é vice-responsável pela Divisão Feminina (DF) de distrito e levou consigo a bagagem de ter participado na conhecida “Convenção da Chuva”, realizada em 1999. Aqui, ela fala do seu sentimento: “Eu era bem nova e atuava pelo Taiga, grupo de dança das jovens da BSGI. Aquele festival marcou totalmente a minha vida. Para a convenção em São Paulo, partiram dois ônibus da minha localidade, transportando jovens representantes que também integraram as apresentações. Acredito que ver tantos jovens reunidos com um único propósito seja esse o caminho, especialmente nesta época que estamos vivendo. Após o falecimento de Ikeda sensei, isso se torna ainda mais significativo, com a juventude se movimentando para fazer prosperar a nossa organização.” Vamos juntos criar a era da esperança do mundo Bem-vindos ao mês dos jovens! Nada como refletirmos sobre “força e paixão dos jovens”, características descritas pelo segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, como fundamentais para a concretização do kosen-rufu neste período tão especial. Estamos vivenciando essa força e paixão neste exato momento com a nova Juventude Soka brasileira, diversa e criativa, após a luta que consolidou a rede de mais de 140 mil jovens humanistas e resultou na Convenção Juventude Soka do Brasil Esperança do Mundo, ocorrida no último dia 26 de maio. Essa força e essa paixão da juventude estão provocando um novo modelo de expansão do humanismo Soka na sociedade brasileira. Um dos principais temas da Juventude Soka nos últimos anos tem sido o avanço na luta pela Agenda 20-30, baseada nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU). Esse movimento visa concretizar a missão social da Soka Gakkai por meio da mudança e da transformação de cada indivíduo, começando pelo próprio jovem. O que precisamos fazer e mudar para transformar a época em que vivemos de modo a permitir que as pessoas se tornem genuinamente felizes? Além do potencial imensurável dentro de nós, temos a expectativa e a confiança dos eternos mestres da Soka Gakkai, assim como o exemplo dos nossos veteranos. Em 2024, a Divisão dos Jovens da BSGI completou quarenta anos de fundação, que ocorreu a partir do encontro do Mestre com jovens que também buscavam criar uma nova era no Brasil. Após essas quatro décadas e olhando para a história do nosso país e de nossa organização, podemos observar que isso foi possível. A força da nossa organização advém da união de “diferentes em corpo, unos em mente” das pessoas. Essa unicidade de mente não significa que todas devem pensar da mesma forma, mas sim agir e lutar juntas em prol do mesmo objetivo. Mais que nunca, este é o momento de materializarmos o juramento que realizamos no dia 26 de maio a partir de ações concretas visando 2030 e os próximos quarenta anos. Vamos dar um passo no movimento de 100 mil jovens humanistas com a concretização do nosso shakubuku, conduzindo mais um jovem ao caminho da revolução humana. E vamos cultivar nosso bloco como o local em que se encontram as pessoas mais e vamos cultivar o nosso bloco como o local onde se encontram as pessoas mais felizes, onde todos se desenvolvem como “valores humanos”. Fazendo emanar essa força e paixão dos jovens, vamos juntos criar, mais uma vez, a nova era: a era da esperança do mundo. Líderes da Juventude Soka do Brasil Vídeo da Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo Fotos: BS Notas: 1. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/sociologia-juventude.htm. Acesso: 8 jun. 2024. 2. Brasil Seikyo, ed. 2.109, 26 nov. 2011, p. A3. 3. Ibidem. 4. Ibidem. 5. Idem, ed. 2.194, 7 set. 2013, p. B2. 6. Idem, ed. 2.109, 26 nov. 2011, p. A3.
01/07/2024
Artigos
TC
Uma coroa de esperança para os mensageiros do futuro
Cultivar a Divisão dos Estudantes é a mais sagrada de todas as tarefas para determinar a próxima geração. Em 7 de junho de 1964, há sessenta anos, foi fundada a Divisão dos Colegiais (DE-Herdeiro). Ikeda sensei dedicou-se, concentrando esforços, à criação dessa divisão. Os líderes máximos da época questionaram abertamente: “Não haveria outros assuntos a priorizar?”. Porém, sensei respondeu, de forma resoluta: “O significado de minhas ações agora ficará bem claro daqui a trinta ou quarenta anos”. A convicção do Mestre era também a sua determinação. Isso se transformou em ações de incentivo aos jovens talentosos e promissores de cada localidade que ele visitava. Numerosos membros da Divisão dos Estudantes, que receberam o incentivo do Mestre, alçaram voo como líderes da organização e da sociedade. Esse aspecto era o sublime drama da vida que comprovava a passagem dos escritos de Nichiren Daishonin: “Se um mestre possui um bom discípulo, ambos obterão o fruto do estado de buda”.1 O treinamento dos integrantes da Divisão dos Estudantes, realizado por Ikeda sensei, estava baseado na “confiança”. Com o máximo respeito como ser humano, ele se aproximava deles com total seriedade. Era, simultaneamente, uma cerimônia solene e alegre a conceder a “coroa da esperança” para cada pessoa. Palavras francas e honestas Em julho de 1966, ocorreu o Primeiro Treinamento ao Ar Livre da Divisão dos Colegiais, no Centro de Treinamento de Kanagawa. Na época, eu era repórter do Seikyo Shimbun e fiquei profundamente impactado com a postura do Mestre. Ele não deixava transparecer qualquer tipo de reserva ou de hesitação. Possuía um comportamento notável e fazia uso de palavras francas e honestas. “Será que os membros colegiais serão capazes de aceitá-las adequadamente?”. Essa era a minha preocupação desnecessária. Todos buscavam, de corpo e alma, o amor rigoroso do Mestre, e absorviam a sua compaixão. As palavras tecidas com o espírito de “este é o último momento da vida” ecoavam na vida desses integrantes da Divisão dos Estudantes em razão da forte convicção do Mestre no potencial deles. Ao mesmo tempo, era o próprio princípio místico da resposta sensível2 decorrente da ligação de mestre e discípulo. Entre maio e junho de 1974, por ocasião de sua primeira visita à China, Ikeda sensei se lançava naturalmente em meio a uma roda de crianças. Ele não tinha a menor pretensão de se destacar. Com quem fosse, não havia a menor mudança em sua sinceridade. Nas palavras “Eu vim me encontrar com você” dirigidas a uma menina, não havia nenhuma vaidade nem falsidade. Era uma expressão humana para expandir a amizade entre “você” e “eu”. Os chineses passaram a confiar na personalidade autêntica de Ikeda sensei. Que felicidade é ter um mestre que acredita plenamente em seu discípulo durante a juventude, período emocionalmente tão suscetível! Seguindo esse exemplo do Mestre, vamos desenvolver os tesouros do futuro. No topo: Neste ano, comemoram-se cinquenta anos desde a primeira visita de Ikeda sensei à China. Ele sempre valorizou o intercâmbio com as crianças que se encarregarão do futuro (Pequim, jun. 1984) Foto: Seikyo Press Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 173, 2017. 2. “Princípio místico da resposta sensível” (kan-nou-myo): Um dos dez princípios místicos que indica o surgimento do Buda em resposta ao desejo das pessoas de buscá-lo. [N.T.]
03/06/2024
Encarte Especial
TC
Nova Revolução Humana em fotos
Após o término da palestra comemorativa na Universidade de Sófia, Shin’ichi dirigiu-se ao Palácio Nacional da Cultura. Lá, seria realizado o encontro com Lyudmila Zhivkova, presidente do Comitê de Arte e Cultura (ministra da Cultura), órgão que havia lhe feito o convite oficial para essa visita à Bulgária. Ela era filha de Todor Zhivkov, presidente da Assembleia Nacional da Bulgária (chefe de Estado). Sua elegância demonstrava o símbolo da importância dada pela Bulgária à arte e à cultura. Em sua viagem para o México entre o fim de fevereiro e o início de março, soube que a presidente Zhivkova estava, coincidentemente, hospedada no mesmo hotel. Assim, junto com sua esposa, Mineko, Shin’ichi havia se encontrado com ela. Na ocasião, sua viagem à Bulgária já estava definida, e ela era a pessoa central do convite oficial para a visita àquele país. Ela estava no meio da viagem que fazia parte do seu vigoroso empenho de percorrer o mundo com a convicção de que o ato de promover intercâmbios culturais com diversos países abriria o caminho para a paz. Porém, ao saber que ela passava por problemas de saúde, Shin’ichi lhe enviou flores desejando sua breve recuperação. No dia 3 de março, depois do restabelecimento da saúde dela, Shin’ichi e Mineko realizaram um encontro com a presidente Zhivkova nas dependências do hotel. (Nova Revolução Humana, v. 30-I, p. 323-324) No topo: Presidente Ikeda, à dir., dialoga com a ministra da Cultura, Ludmila Zhivkova, durante o evento comemorativo dos 1.300 anos de fundação da Bulgária nos subúrbios da cidade de Sófia (maio 1981) Foto: Seikyo Press
03/06/2024
Estudo
TC
[71] Triunfem com o coração de um rei leão!
Explanação “O inverno nunca falha em se tornar primavera” (CEND, v. I, p. 560). Depois de suportar os dias frios de inverno, entramos em março, mês repleto de esperança primaveril. Primavera é a estação da explosão da vida, em que esta irrompe com grande força em tudo. É também uma época importante de novos inícios, quando muitos dos nossos preciosos membros da Divisão dos Estudantes se formam, ou começam novo ano letivo ou ingressam na vida profissional.1 Como o mundo continua lidando com os desafios da pandemia da Covid-19, imagino que vocês, meus queridos jovens amigos, também tiveram de enfrentar e perseverar diante de várias adversidades ao longo do ano passado [2020]. Transformar os desafios da juventude em tesouros Por causa da pandemia, provavelmente vocês não puderam ir à escola por um período prolongado e tiveram de estudar em casa. Com certeza, muitos de vocês se sentiram frustrados ou desapontados com as mudanças em sua agenda, como o cancelamento de atividades extracurriculares ou o adiamento de excursões e outros eventos escolares. No entanto, em uma perspectiva de longo prazo, o fato de terem se deparado com essas adversidades inesperadas nos anos sensíveis de sua juventude possui profundo significado. Chegará o momento em que essa experiência se mostrará imensamente valiosa e profícua. “Não há educação que supere a das provações e dificuldades” — pendurei esse lema na parede do meu quarto e sempre o repetia para mim mesmo aos 17 anos. Foi durante o período turbulento imediatamente após a Segunda Guerra Mundial. Vivenciar infortúnios ou calamidades sem precedentes pela primeira vez pode fazer com que desperte uma profunda consciência de como a vida é preciosa, compreenda a dor e o sofrimento dos outros e se prontifique a estender a mão aos necessitados. Espero, portanto, que cresçam e se tornem excelentes líderes que trabalhem pela felicidade das pessoas, cada qual brilhando de forma esplêndida no âmbito de sua missão pessoal. Com esse desejo, minha esposa, Kaneko, e eu estamos orando de coração todos os dias pelo sólido crescimento de vocês e para que sejam bem-sucedidos em seus esforços. Vocês são os jovens protagonistas que vão liderar o nosso movimento quando celebrarmos o centenário de fundação da Soka Gakkai em 2030. Sua geração dará continuidade ao nosso nobre trabalho de transformar o destino de toda a humanidade e de ensejar nova “Alvorada”. Falando em alvorada, há 55 anos, a Soka Gakkai designou 1966 como “Ano do Alvorecer”, com a promessa de redobrar os esforços em prol do kosen-rufu mundial. Também denominou 1966 como “Ano da Divisão dos Estudantes (DE) Herdeiro” (faixa etária do ensino médio), movido pelo anseio de que os membros da DE obtivessem um grande desenvolvimento. Naquele ano, proferi preleções sobre os escritos de Nichiren Daishonin para representantes da DE-Herdeiro quase mensalmente. Alguns líderes centrais da organização externaram a opinião de que, na visão deles, eu deveria priorizar as orientações para os adultos. Mas, pensando no longínquo futuro do kosen-rufu, queria que os integrantes da DE-Herdeiro e dos demais níveis da Divisão dos Estudantes despertassem para sua missão e alcançassem um crescimento maravilhoso. Portanto, canalizei todas as minhas energias em desenvolvê-los. Um dos escritos de Nichiren Daishonin que estudei com os membros da DE-Herdeiro na época foi Carta de Sado. Uma vez mais, gostaria de estudar esse escrito com vocês, meus queridos integrantes da DE, que assumirão a responsabilidade por uma nova era, com foco no propósito da fé e em como vivermos como membros da Soka Gakkai. Trecho do escrito 1 Carta de Sado2 Os costumes deste mundo estabelecem que, ao contrairmos uma grande dívida com alguém, temos de saldá-la ainda que ao custo de nossa vida. Diversos guerreiros morrem por seus senhores; talvez muito mais do que imaginemos. O homem morre para defender sua honra; a mulher morre por um homem. Na busca pela sobrevivência, os peixes evitam águas rasas e cavam buracos no fundo do lago para se esconder; porém, enganados pela isca, são fisgados. Os pássaros, temendo que a árvore na qual vivem seja muito baixa, escolhem os galhos mais altos para se proteger, mas, tentados pela isca, também são apanhados em armadilhas. Igualmente vulneráveis são os seres humanos — geralmente se sacrificam por questões superficiais e seculares; contudo, raramente o fazem pelos preciosos ensinamentos do Buda. Assim, é natural que não atinjam o estado de buda. (CEND, v. I, p. 317) Uma carta escrita em meio a adversidades Nichiren Daishonin escreveu a Carta de Sado no terceiro mês de 1272, em Tsukahara, na Ilha de Sado, onde estava exilado, e endereçou-a a todos os seus discípulos. Iniciemos nosso estudo analisando as circunstâncias do Exílio em Sado.3 Em primeiro lugar, assim como Daishonin declara na carta, seu exílio “não é resultado de nenhum crime secular” (CEND, v. I. p. 320). Ele sempre agiu com absoluta integridade e não infringiu nenhuma lei ou costumes da sociedade. Personagens centrais do governo militar de Kamakura mandaram prendê-lo injustamente. Eles estavam mancomunados com o sacerdote Ryokan do templo Gokuraku-ji4 e com outros líderes religiosos cuja natureza corrupta e ensinamentos errôneos Daishonin havia desmascarado e repreendido. Alguns oficiais tramaram secretamente decapitar Daishonin na calada da noite do décimo segundo dia do nono mês de 1271, no episódio que hoje é conhecido como Perseguição de Tatsunokuchi.5 Esse atentado à sua vida foi malsucedido. Não conseguindo executar Daishonin, eles o sentenciaram ao exílio em Sado. Depois de chegar à ilha no primeiro dia do décimo primeiro mês do calendário lunar — dezembro pelo nosso calendário moderno —, Daishonin foi levado a uma pequena e dilapidada cabana em Tsukahara chamada Sammai-do, utilizada para ritos funerais. Essa seria sua moradia. Sado era um lugar muito frio no inverno, e Daishonin carecia de roupas quentes e alimento suficiente. Descrevendo o estado deplorável de Sammai-do, ele escreveu: “As tábuas do telhado eram muito separadas umas das outras, e as paredes, cheias de buracos. A neve se empilhava dentro da cabana e nunca derretia” (CEND, v. II, p. 28). Com o risco constante de atentados à sua vida por parte de seguidores do Nembutsu e por outras pessoas hostis, sua situação era inimaginavelmente crítica. No entanto, Daishonin ultrapassou destemidamente essa enorme adversidade. E seu ardente compromisso de conduzir as pessoas à felicidade se intensificou ainda mais. Ele sobreviveu à provação em Sado com uma condição de vida realmente impressionante, declarando: “Eu, Nichiren, sou o homem mais afortunado do Japão atual” (CEND, v. I, p. 280). Sincero encorajamento aos discípulos em situação difícil, sofrendo perseguições Enquanto isso, em Kamakura, os discípulos de Daishonin também enfrentavam a repressão devido à sua fé. Alguns deles foram presos em calabouços em grutas sombrias, banidos de seu lar ou tiveram suas terras confiscadas. A perseguição era tão árdua a ponto de Daishonin expressar: “Em Kamakura, 999 de cada 1.000 abandonaram a fé quando fui preso” (cf. CEND, v. I, p. 488). Carta de Sado representa seu sincero encorajamento aos seus discípulos em situação tão difícil, num período em que não podia se encontrar pessoalmente com eles. Ela contém sua transbordante determinação para garantir que eles não abandonassem a fé. O propósito da vida Logo no início da Carta de Sado, Nichiren Daishonin escreve: “Neste mundo, o que desperta mais temor é a dor do fogo, o brilho metálico das espadas e a sombra da morte” (CEND, v. I, p. 317). Citando o fogo, as espadas e a morte — fatores geralmente temidos —, ele começa sua carta abordando a questão fundamental da vida e da morte para o ser humano. O que as pessoas mais costumam temer é a morte, pois nada é mais valioso para elas que a vida. O budismo ensina que nem a totalidade dos tesouros do universo substitui a vida. Entretanto, aponta Daishonin, muitas pessoas abdicam da própria vida supremamente preciosa para saldar sua dívida com os senhores feudais — uma afirmação que reflete os valores e as normas da época. Daishonin também cita como exemplo os peixes e pássaros, que, apesar de prezarem a vida, por vezes a perdem por tolice. “Igualmente vulneráveis são os seres humanos” (Ibidem), afirma ele. Ser “enganado pela isca” não é uma tendência restrita a peixes e pássaros. Nós, seres humanos, podemos nos encantar com a possibilidade de lucro imediato e acabar num rumo que conduz a uma queda trágica. Nichiren Daishonin assinala que, devotando a vida “aos preciosos ensinamentos do Buda”, podemos atingir a iluminação (cf. CEND, v. I, p. 317). Não existe boa sorte maior que nascer como ser humano e encontrar os incomparáveis ensinamentos de afirmação da vida do budismo. A que, então, devemos devotar nossa incrivelmente afortunada vida? Como podemos criar o máximo valor em nossa incomensurável preciosa vida? Daishonin nos incentiva a usá-la em prol do budismo, propagando de forma ampla a Lei Mística. Falando de modo concreto, isso significa fazer brilhar a dignidade da nossa vida e a dos outros e ajudar todos à nossa volta a se tornar felizes. Significa transformar desespero em esperança, edificar uma família feliz e harmoniosa e construir comunidades e sociedades prósperas. O âmago dos ensinamentos de Nichiren Daishonin reside em dedicar a vida a consolidar um mundo de paz e de humanismo, proteger o ambiente natural e mudar o destino da humanidade. Por meio dessa carta, escrita há 750 anos, Daishonin conclama clara e diretamente cada um de nós a responder à importante pergunta: “Como posso empregar minha preciosa vida?”. Embora o budismo fale de devoção abnegada sem poupar a vida,6 obviamente não significa tratar nossa vida de forma superficial ou jogá-la fora de maneira descuidada. Pelo contrário, consiste em decidir utilizá-la em prol do kosen-rufu e da felicidade dos outros, e viver com plenitude e dinamismo diante de qualquer dificuldade, até o fim. Portanto, haja o que houver, gostaria que valorizassem sua preciosa vida. Por mais árdua ou dolorosa a situação de vocês, jamais sejam derrotados. Continuem avançando com firmeza, constância e sabedoria, um passo de cada vez. Todos possuem uma missão só sua, insubstituível Cada um de nós possui a própria missão, insubstituível, isto é, um propósito pelo qual devotar a vida. Ninguém é desprovido de missão ou de propósito. O budismo ensina que todas as pessoas, sem exceção, são igualmente dignas de respeito. Meu mestre, Josei Toda, disse: “Temos a grandiosa missão pelo kosen-rufu, razão pela qual nascemos neste mundo. Contanto que nunca nos esqueçamos desta missão, o objetivo da paz mundial também se concretizará”. A juventude é o período em que nos engajamos numa jornada espiritual para descobrir nossa missão. Meu encontro com Toda sensei no verão dos meus 19 anos marcou o início da minha missão de vida. Tudo o que sou hoje se deve a ele. Realizar firmes esforços, dia após dia Dedicar a vida aos “preciosos ensinamentos do Buda” não quer dizer nos envolver em alguma forma de exercício budista especial. Consiste simplesmente em fazermos gongyo e recitarmos Nam-myoho-renge-kyo para realizar nossa revolução humana, prezar e encorajar calorosamente a pessoa que se encontra diante dos nossos olhos com o objetivo de juntos alcançarmos a felicidade. Não é nada além de participar de modo consistente das atividades da Soka Gakkai, algo que os pais e veteranos na fé de muitos de vocês vieram fazendo dia após dia. Espero que se esforcem para fazer a prática do gongyo e do daimoku, e, ao mesmo tempo, continuem se aplicando aos estudos. Sem se esquecerem de cuidar respeitosamente dos seus pais, valorizem os bons amigos. Esses esforços diários aparentemente comuns são essenciais para acumular o “tesouro do coração” (CEND, v. II, p. 112). Mesmo que vivenciem reveses ou problemas ao longo do caminho, constatarão mais tarde que estes se converteram em verdadeiros tesouros — lições valiosas que contribuíram para o seu crescimento. Não há necessidade de se afobarem. O desejo de seus veteranos na fé, que confiam profundamente em vocês, é que cumpram o juramento que vocês e seus bons amigos selaram e acalentam juntos com a pureza do seu coração. Trecho do escrito 2 Carta de Sado É da natureza dos animais ameaçar os fracos e temer os fortes. Nossos eruditos contemporâneos das várias escolas [do budismo] agem exatamente da mesma forma: desprezam um sábio que não detém o poder, mas temem os governantes maléficos. Esses indivíduos não passam de serviçais aduladores. Somente quando uma pessoa vence um poderoso inimigo é que ela consegue provar a sua verdadeira força. Quando um mau governante, associado a sacerdotes que praticam ensinamentos errôneos, tenta destruir o ensinamento correto e eliminar um sábio, os que possuem o coração de um rei leão, sem dúvida, atingirão o estado de buda, assim como Nichiren, por exemplo. (CEND, v. I, p. 318) Demonstrando o aspecto majestoso de enfrentar grandes dificuldades Essa é uma passagem da Carta de Sado que representa seu núcleo essencial. “Os que possuem o coração de um rei leão, sem dúvida, atingirão o estado de buda” (CEND, v. I, p. 318) — com essas palavras, Daishonin insta, de forma veemente, seus discípulos a reunir “o coração de um rei leão”, assim como ele fez, e ultrapassar qualquer adversidade que surja no caminho. Nessa passagem, ele critica os “eruditos contemporâneos das várias escolas” — os sacerdotes das escolas budistas estabelecidas de sua época —, dizendo que eles exibem a “natureza dos animais” por adular “governantes maléficos”, líderes corruptos que detinham enorme poder e influência. “Somente quando uma pessoa vence um poderoso inimigo é que ela consegue provar a sua verdadeira força”, declara ele. Só podemos interpretar isso como uma afirmação de sua determinação de lutar intrepidamente, mesmo diante de ataque e perseguição de oponentes tão temíveis, e triunfar sobre eles. Representa vasta condição de vida que é o polo oposto da “natureza dos animais”. Os discípulos de Daishonin devem ter se sentido profundamente incentivados e inspirados pelo exemplo de aspecto majestoso e magistral de Daishonin ao enfrentar de forma resoluta as tempestades de ataques dos obstáculos e das maldades. Ter sempre “o coração de um rei leão” A parte seguinte, que começa com a frase “Quando um mau governante, associado a sacerdotes que praticam ensinamentos errôneos (...)” em diante, é um trecho que estudei pessoalmente com Toda sensei e gravei em meu coração. Setenta anos atrás, pouco antes de Toda sensei ser empossado como segundo presidente da Soka Gakkai (em 3 de maio de 1951), copiei essa passagem em meu diário, renovando meu juramento como discípulo dele.7 Também foi um trecho em que me concentrei nas explanações sobre esse escrito que, conforme mencionei, ofereci para os membros da Divisão dos Estudantes há 55 anos [1966]. “Mau governante” e “sacerdotes que praticam ensinamentos errôneos” conspirando para destruir “um sábio” são o padrão de perseguição e opressão que busca obstruir o progresso do kosen-rufu não apenas na época de Daishonin, mas também nos períodos posteriores. Nichiren Daishonin declara que aqueles que se levantam com “o coração de um rei leão” para proteger o ensinamento do budismo quando forças do mal se combinam para oprimi-lo, com certeza atingirão a condição de vida do buda (cf. CEND, v. I, p. 318). A não ser que protejamos e propaguemos o ensinamento do budismo, o caminho da felicidade para todas as pessoas se fechará. Por isso, realizar esforços abnegados, sem poupar a própria vida para compartilhar o supremo ensinamento da Lei Mística constitui a prática budista mais apropriada para os Últimos Dias da Lei, e é por essa razão que seus praticantes se tornarão budas infalivelmente. Com coragem e espírito invencível no coração Daishonin expressa: “Assim como Nichiren, por exemplo” (CEND, v. I, p. 318). Ele estimula seus discípulos a se levantar resolutamente com “o coração de um rei leão” como ele próprio, o mestre deles, o fez ao enfrentar e vencer corajosamente cada provação e adversidade. Na época atual, nossos dois primeiros presidentes, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, herdaram o espírito de leão de Daishonin. Eles continuaram a se pronunciar em defesa de suas convicções mesmo enfrentando a perseguição das autoridades militaristas japonesas durante a Segunda Guerra Mundial. Ao discutir essa passagem em uma de suas explanações sobre a Carta de Sado, Toda sensei declarou que o espírito da Soka Gakkai significa trabalhar pela felicidade das pessoas do Japão e do mundo inteiro.8 Reunir o “coração de um rei leão” para trabalhar pela felicidade das pessoas de todos os lugares, não obstante os obstáculos ou as dificuldades, compõe a sólida história e tradição da Soka Gakkai. O modo de vida dos membros da Soka Gakkai consiste em se empenhar juntos como leões, cada qual assumindo a responsabilidade individual pelo nosso movimento. Essa é a fonte da nossa genuína e indestrutível união de “diferentes em corpo, unos em mente”. Nos primórdios do nosso movimento, e em anos recentes também, a Soka Gakkai enfrentou repetidamente obstáculos e dificuldades similares às descritas nos escritos de Nichiren Daishonin. Dignos membros de todas as regiões, inclusive os pais de muitos de vocês, que venceram essas adversidades ao meu lado, são, todos, meus preciosos amigos e companheiros. Nos textos budistas, o Buda muitas vezes é comparado a um rei leão. O rei leão possui coragem. Espírito invencível e coragem são os elementos que definem o “coração de um rei leão”. Precisamos de coragem para combater as funções da maldade e superar dificuldades. A ação corajosa também é o ponto de partida para realização da nossa revolução humana e a transformação do nosso destino, como também a mudança da sociedade e a paz do mundo. Conduzir uma vida honrada e vitoriosa Em novembro de 2000, visitei Singapura, conhecida como a Cidade do Leão, e falei sobre o rei leão. Citando as palavras de Nichiren Daishonin, “Cada um dos senhores deve reunir a coragem do rei leão e jamais sucumbir às ameaças de ninguém” (CEND, v. II, p. 263), conclamei os membros a reunir coragem, romper o medo e a covardia e continuar avançando. Os membros de Singapura e do mundo inteiro se tornaram bravos campeões dotados do coração do rei leão, ultrapassando todos os obstáculos e ampliando a confiança em relação ao movimento Soka em sua respectiva sociedade. O “coração do rei leão” é o espírito Soka de mestre e discípulo. Dedicando a vida ao cumprimento do juramento de mestre e discípulo, vocês serão capazes de trazer à tona o “coração do rei leão” que existe dentro de si. Como jovens, vocês estão dando os primeiros passos no grandioso caminho para manifestar esse espírito de leão. Quão afortunados são! Quão maravilhoso é isso! Vocês conduzirão, sem falta, uma vida de ilimitada honra e vitória. Com a disposição de seres humanos monarcas com coração vasto O escritor francês Victor Hugo (1802–1885) afirmou em Os Miseráveis, um dos meus romances favoritos na época da juventude: “Existe um espetáculo maior que o mar: o céu. E existe um espetáculo maior que o céu: a alma humana”.9 Gostaria de dedicar essas palavras, gravadas no pedestal da estátua de Victor Hugo que se ergue imponente no saguão do auditório principal da Universidade Soka. Para nós, nossa “alma” é o “coração do rei leão”, a condição de vida de buda. Todos vocês possuem um coração muito mais magnífico que o oceano e o céu. Portanto, podem viver com o coração vasto dos monarcas do humanismo, da vida e do povo. O brado da justiça com o espírito de unicidade de mestre e discípulo! Vocês estão praticando a principal filosofia de todas, a filosofia do Budismo Nichiren — o rei leão dos ensinamentos budistas —, desde muito jovens. O nobre “coração de um rei leão” pulsa dentro de vocês. Peço-lhes, meus queridos sucessores, que se juntem a mim em trabalhar pelo kosen-rufu com essa coragem inata. Como jovens com o coração de leão, bradem a justiça e abram caminhos para a vitória com o espírito de unicidade de mestre e discípulo! (Daibyakurenge, edição de março de 2021) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI Resumo Estudo — Junho 2024 Principais tópicos estudados Despertar profunda consciência da vida “Vivenciar infortúnios ou calamidades sem precedentes pela primeira vez pode fazer com que desperte uma profunda consciência de como a vida é preciosa, compreenda a dor e o sofrimento dos outros e se prontifique a estender a mão aos necessitados. Espero, portanto, que cresçam e se tornem excelentes líderes que trabalhem pela felicidade das pessoas, cada qual brilhando de forma esplêndida no âmbito de sua missão pessoal.” Jovens protagonistas “Vocês são os jovens protagonistas que vão liderar o nosso movimento quando celebrarmos o centenário de fundação da Soka Gakkai em 2030. Sua geração dará continuidade ao nosso nobre trabalho de transformar o destino de toda a humanidade e de ensejar nova ‘Alvorada’.” Sincero encorajamento aos discípulos “Carta de Sado representa seu sincero encorajamento aos seus discípulos em situação tão difícil, num período em que não podia se encontrar pessoalmente com eles. Ela contém sua transbordante determinação para garantir que eles não abandonassem a fé.” Frases marcantes “O inverno nunca falha em se tornar primavera.” “Não há educação que supere a das provações e dificuldades.” “Por mais árdua ou dolorosa a situação de vocês, jamais sejam derrotados. Continuem avançando com firmeza, constância e sabedoria, um passo de cada vez”. “A não ser que protejamos e propaguemos o ensinamento correto, o caminho da felicidade para todas as pessoas se fechará. Por isso, realizar esforços abnegados, sem poupar a própria vida para compartilhar o supremo ensinamento da Lei Mística constitui a prática mais apropriada para os últimos Dias da Lei, e é por essa razão que seus praticantes se tornarão budas infalivelmente”. “O ‘coração do rei leão’ é o espírito Soka de mestre e discípulo. Dedicando a vida ao cumprimento do juramento de mestre e discípulo, vocês serão capazes de trazer à tona o ‘coração do rei leão’ que existe dentro de vocês. Como jovens, vocês estão dando os primeiros passos no grandioso caminho para manifestar esse espírito de leão. Quão afortunados são! Quão maravilhoso é isso! Vocês conduzirão, sem falta, uma vida de ilimitada honra e vitória.” Personalidades e personagens budistas citados - Kaneko Ikeda - Nichiren Daishonin - Tsunesaburo Makiguchi - Josei Toda - Ryokan, sacerdote - Victor Hugo, escritor, ativista e político francês (1802–1885) Perguntas-guia para as atividades de estudo Qual perseguição ocorreu em 12 de setembro de 1271 com o objetivo de decapitar Nichiren Daishonin? Perseguição de Tatsunokuchi. Não existe boa sorte maior do que nascer como ser humano e encontrar os ensinamentos do budismo. Então, a que devemos devotar nossa tão afortunada vida, criando o máximo valor? Daishonin nos incentiva a usá-la em prol do budismo, propagando amplamente a Lei Mística. Isso significa fazer brilhar a dignidade da nossa vida e a dos outros e ajudar todos à nossa volta a se tornar felizes. Significa transformar desespero em esperança, edificar uma família feliz e harmoniosa e construir comunidades e sociedades prósperas. O âmago dos ensinamentos de Nichiren Daishonin reside em dedicar a vida a consolidar um mundo de paz e humanismo, proteger o ambiente natural e mudar o destino da humanidade. De que forma podemos dedicar nossa vida aos preciosos ensinamentos do Buda? Não há um exercício especial. Consiste simplesmente em fazermos gongyo e recitarmos Nam-myoho-renge-kyo para realizar nossa revolução humana, prezar e encorajar calorosamente a pessoa que se encontra diante dos nossos olhos com o objetivo de juntos alcançarmos a felicidade. Não é nada além de participar de modo consistente das atividades da Soka Gakkai. Qual a principal característica de um rei leão? O rei leão possui coragem. Espírito invencível e coragem são os elementos que definem o “coração de um rei leão”. No topo: Participantes da 14a Academia dos Sucessores Ikeda 2030 realizada em Londrina, PR (jan. 2024) Foto: Colaboração Local Notas: 1. No Japão, março é o mês em que ocorrem as cerimônias de formatura escolar. Abril assinala o início de um novo ano letivo e é o mês em que muitos novos graduados passam a integrar a força de trabalho pela primeira vez. 2. Redigida no vigésimo dia do terceiro mês de 1272, em Tsukahara, na Ilha de Sado, essa carta foi endereçada a todos os discípulos de Nichiren Daishonin. Nela, Daishonin busca dissipar quaisquer dúvidas que pudessem ter surgido no coração deles em virtude da Perseguição de Tatsunokuchi e subsequente exílio na Ilha de Sado aproximadamente seis meses antes, e oferecer-lhes orientação e incentivos. 3. Exílio em Sado: Exílio de Nichiren Daishonin na Ilha de Sado, na costa centro-oeste do Japão, entre o décimo mês de 1271, imediatamente após a Perseguição de Tatsunokuchi, no décimo segundo dia do nono mês de 1271, e o terceiro mês de 1274. Durante esse período desafiador, ele redigiu vários escritos muito importantes, como Abertura dos Olhos e O Objeto de Devoção para Observar a Mente, e ofereceu incentivos a seus seguidores. 4. Ryokan (1217–1303): Também conhecido como Ninsho. Sacerdote da escola Preceitos-Palavra Verdadeira no Japão. Com o patronato do clã Hojo, tornou-se prior do templo Gokuraku-ji em Kamakura e conquistou grande influência. Ele era hostil a Nichiren Daishonin e conspirou ativamente aliando-se com as autoridades para perseguir Daishonin e seus discípulos. 5. Perseguição de Tatsunokuchi: Tentativa fracassada, instigada por poderosos do governo, de decapitar Daishonin sob o manto da noite, na praia de Tatsunokuchi, nas cercanias de Kamakura, no décimo segundo dia do nono mês de 1271. Por ocasião da Perseguição de Tatsunokuchi, Daishonin abandonou sua condição transitória e revelou sua verdadeira identidade como Buda dos Últimos Dias da Lei que busca conduzir todas as pessoas à iluminação. 6. O conceito de “devoção abnegada pela propagação da Lei sem poupar a própria vida” consta no capítulo 13, “Encorajamento à Devoção”, do Sutra do Lótus. 7. Cf. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2006. p. 126. (27 de abril de 1951) 8. Cf. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 6. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1986. p. 545. 9. HUGO, Victor. Les Misérables (Os Miseráveis). Tradução: Julie Rose. Londres: Vintage, 2008. p. 184.
03/06/2024
Especial
TC
Jornada de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei
O sonho dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai para a educação se expande pelo mundo rumo ao eterno futuro O valor que um ser humano cria na vida se encontra em sua missão e em seus árduos esforços A última parte desta série destaca a dedicação de Ikeda sensei para fundar as escolas do sistema de educação Soka no Japão e no mundo visando à criação de “valores humanos” que protegem a paz e contribuem para a sociedade. Em 1930, o professor Tsunesaburo Makiguchi, então diretor de uma escola de ensino fundamental, escreveu o livro Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. O professor Josei Toda também trabalhou arduamente na edição e publicação dessa obra. Nessa época, o mundo era assolado pela depressão econômica e o Japão estava sendo controlado pelo militarismo. Na página de créditos, no final do livro, a data de impressão é registrada como dia 15 de novembro, junto com a data de publicação de 18 de novembro. Misticamente, o pai da educação Soka [Tsunesaburo Makiguchi] encerrou sua sublime existência no dia 18 de novembro na prisão [em 1944], e Ikeda sensei, que criou o grande castelo da educação Soka, partiu para o Pico da Águia no dia 15 de novembro [de 2023]. A rede da educação Soka construída por Ikeda sensei, que herdou o desejo dos mestres Makiguchi e Josei Toda, se expandiu amplamente em escala global. Ele fundou as escolas Soka em Tóquio e em Kansai, as quais abrangem do ensino fundamental ao médio. Na sequência, criou a Universidade Soka, que hoje mantém intercâmbios com 251 universidades em 67 países e territórios, assim como a Faculdade Feminina Soka, o palácio da educação das mulheres. Posteriormente, fundou a Universidade Soka da América, no descortinar do novo século, em 2001. Com relação ao ensino básico, a primeira instituição a ser fundada foi a Escola Soka de Educação Infantil de Sapporo, no Japão, seguida pelas escolas Soka em Hong Kong, Singapura, Malásia e Coreia do Sul. O Colégio Soka do Brasil se desenvolveu e atualmente engloba desde a educação infantil até o ensino médio. E, em agosto de 2023, foi realizada a cerimônia de ingresso da primeira turma do Colégio Internacional Soka da Malásia. Conto com você, Daisaku O sonho da construção do grande castelo da educação Soka foi confiado pelo mestre ao discípulo em meio a circunstâncias extremamente adversas. Em 16 de novembro de 1950, Toda sensei disse em um refeitório para estudantes de uma universidade em Tóquio: “Devo construir a Universidade Soka para o bem do mundo no futuro. No entanto, pressinto que não conseguirei edificá-la. Assim, conto com você, Daisaku. Construa a melhor universidade do mundo!”.2 Três meses antes, Toda sensei havia recebido uma ordem de suspensão de seus negócios e estava em uma situação financeira difícil. Enquanto seus funcionários se afastavam sucessivamente, Ikeda sensei era o único que continuava lutando ao seu lado. Naquele dia, o jovem Ikeda, com 22 anos, gravou profundamente no coração as palavras do seu mestre. Estabelecer uma escola também era o objetivo de Makiguchi sensei. Com o ardente desejo do seu venerado mestre e do mestre predecessor em seu coração, Daisaku Ikeda desenvolvia, sem que ninguém soubesse, um plano para a criação do sistema de educação desde o ensino infantil até a universidade. No dia 5 de abril de 1960, um mês antes de sua posse como terceiro presidente [da Soka Gakkai], Ikeda sensei visitou, acompanhado de sua esposa, Kaneko, um terreno em Kodaira, Tóquio, onde possivelmente poderia ser construída a Escola Soka. Naquele momento, tomou a decisão de adquiri-lo. Em 30 de junho de 1964, Ikeda sensei anunciou oficialmente o plano de fundar a Universidade Soka: “Gostaria de criar grandes ‘valores humanos’ e extraordinários líderes capazes de contribuir para a paz do mundo”. Logo após, foi constituída uma comissão para o estabelecimento da universidade e o início do processo de construção. Qual é a finalidade da educação? Em 1968, foi realizada a inauguração do Colégio Soka de Tóquio, uma escola masculina dos ensinos fundamental 2 e médio e, em 1971, foi a vez da Universidade Soka. Era uma época afligida por confrontos universitários e, com o intuito de iluminar com as chamas da esperança o mundo universitário que estava num impasse, a abertura desse centro da educação humanística foi antecipada em dois anos. A fim de obter fundos para a universidade, Ikeda sensei intensificou ainda mais seus esforços na escrita de livros e trabalhou arduamente nos manuscritos, alocando os royalties das obras para o fundo. Além disso, contou com o apoio de muitas pessoas que simpatizavam com o ideal da educação. Vários indivíduos se ofereceram para fazer sinceras doações, expressando o desejo de participar do empreendimento, enquanto outros empenharam tempo e esforço na limpeza e na preparação do terreno onde seria construída a universidade. Sempre que possível, sensei falava para os alunos da Universidade Soka que ali era uma “universidade erguida pelo povo”, construída com as mãos de pessoas comuns e anônimas. Essa observação se baseava na convicção de que “o objetivo de estudar em uma universidade era para servir e contribuir em prol das pessoas que não tiveram tal oportunidade”, enquanto na sociedade havia a tendência de se considerar que “o fato de ingressar em uma boa universidade e empregar-se em uma boa empresa” representava a felicidade. Na inauguração da Universidade Soka, sensei ofereceu uma estátua de bronze como presente. Em sua base, está registrado: “Qual é a finalidade de polir a sabedoria? Não se esqueçam disso”; “Somente em meio aos árduos esforços e à missão é que se cria o valor da existência”. Rumo ao século 21 e além Após a inauguração dos colégios e da universidade, Ikeda sensei interagiu com os grupos de estudantes, mostrando um exemplo de educação humanística com a própria atitude. Algumas vezes, jogava tênis ou tênis de mesa com eles. Em outras, pescava ou, ainda, compunha poemas junto com os alunos. Houve ocasiões em que os convidou para uma refeição em um restaurante de estilo ocidental para ensinar-lhes a etiqueta básica à mesa. Ele dizia para os professores: “A educação consiste em continuar proporcionando bons estímulos e prover boas recordações”. Sensei continuou a proteger e observar os alunos com desempenho escolar insatisfatório, como também os que abandonaram os cursos. Entre eles, surgiram muitos companheiros que lutaram arduamente no caminho de suas missões, tornando-se, por exemplo, professores universitários. No Colégio Soka de Tóquio, onde se reúnem alunos oriundos de diversas regiões do Japão, Ikeda sensei propôs a realização de um evento às vésperas das férias de verão para que tais estudantes, vindos de longe, colecionassem boas recordações. Assim, começou o Festival da Glória, que se tornou uma atividade tradicional da instituição. Sensei participou sucessivamente durante 24 anos, passando horas e horas com os alunos do colégio. Será que posso assistir à aula junto com vocês? Ao chegar ao local do festival, que estava sendo realizado pela segunda vez, em 17 de julho de 1969, Ikeda sensei se dirigiu imediatamente ao espaço destinado aos alunos. Incentivou com carinho os que estavam sentados nas proximidades, perguntando o nome e a cidade de origem de cada um deles. Aplaudiu com entusiasmo as apresentações de música folclórica e as peças teatrais criativas que se desenvolveram no palco. Sensei clamou: “Acredito que, no início do século 21, haverá muitos alunos dessas primeiras duas turmas que se tornarão presidentes de empresas ou altos executivos, jornalistas, cientistas, artistas, médicos e, enfim, pessoas atuando maravilhosamente nas mais diversas áreas”. Assim, ele propôs que todos ali presentes se reunissem novamente no primeiro 17 de julho do século 21. “Aguardando o ano 2001 com muita expectativa, vou abrir o caminho e cuidar de cada um de vocês nos bastidores. Essa é a minha vida e maior alegria”. Desenvolver e vencer para ir ao encontro do fundador! — essa agradável recordação se tornava um grandioso juramento dos alunos. Do século de guerras rumo ao século sem guerras, os olhos do Mestre, que se dedicava à educação, estavam sempre voltados para o século 21 e além. Estarei eternamente junto com vocês! A primeira visita oficial de Ikeda sensei à universidade depois da inauguração foi para atender o sincero convite dos estudantes para o Primeiro Festival da Universidade Soka. Sensei visitou as barracas de comida e se admirou com a exposição criada com muita dedicação pelos alunos da instituição: “Pesquisaram muito bem. Não foi fácil, não é?”. Reconhecendo os esforços dos estudantes, ele visitou a exposição por mais de três horas. Ele tinha conhecimento do empenho de todos que se envolveram nos preparativos até de madrugada. Além disso, no Segundo Festival Takiyama (em julho de 1973), organizado pelos estudantes que residiam nos alojamentos, ele visitou o campus durante a programação de três dias, incentivando cada estudante que encontrou. Na festa do bonodori (dança típica japonesa), realizada no último dia do evento, Ikeda sensei tocou um tambor por tanto tempo e com tanta força que a sua mão chegou a descamar. Com frequência, sensei falava aos professores: “Vocês devem valorizar os estudantes mais que os próprios filhos”. E, de fato, a cada movimento, ele demonstrou o espírito de “estudantes em primeiro lugar”, afirmando: “A universidade que mais valorizar os estudantes se tornará a melhor universidade do mundo. Essa é a fórmula”. No terceiro festival da Universidade Soka, realizado em outubro do mesmo ano, uma celebração foi preparada com cerca de setecentos convidados, incluindo altos executivos de empresas e pessoas relacionadas com o mercado de trabalho. “Muito prazer, sou Daisaku Ikeda, fundador. Quando nossos estudantes o procurarem em busca de trabalho, por favor, conto com o senhor”. Ao entregar seu cartão de visitas para cada pessoa que encontrava, Ikeda sensei curvava-se profundamente enquanto fazia esse pedido. Apesar de não estar tão bem de saúde, ele percorreu o ginásio de esportes por cerca de duas horas encharcado de suor. Estava determinado a se encontrar pessoalmente com os representantes das empresas para pedir-lhes apoio aos estudantes da primeira turma da Universidade Soka que haviam decidido ingressar na escola recém-construída. Observando esse aspecto do fundador, os alunos da primeira turma se sentiram inspirados. Ao começarem a busca por emprego, havia empresas que não os aceitavam pelo fato de eles não serem formados em universidades de renome. Mesmo assim, continuavam resolutos: “De minha parte, não há problemas. Porém, depois de mim, estão vindo muitos brilhantes sucessores. Por favor, conto com vocês para os formandos do próximo ano”. Embora tivessem dificuldade para encontrar emprego em decorrência da recessão causada pela crise do petróleo, os formandos da primeira turma receberam ofertas de reconhecidas empresas, alcançando uma taxa de 100% de alunos empregados. A tradição de alta taxa de empregabilidade continua até hoje. Pensando globalmente Em suas viagens pela paz, Ikeda sensei sempre trazia cartões-postais e lembranças dos países visitados para oferecê-los aos alunos dos colégios Soka.Assim, foi cultivando neles o sentimento de cidadania global. Em maio de 1973, ao viajar para a Europa a fim de realizar, entre outras atividades, um diálogo com o historiador Arnold J. Toynbee, Ikeda sensei adquiriu uma boneca francesa em Paris. Ele a denominou Sonoko (filha do colégio) e a ofereceu à Escola Feminina Soka, que havia sido inaugurada naquele ano. Em 1982, essa instituição se tornou o Colégio Soka de Kansai e deu nova partida como escola para meninos e meninas, da mesma forma que o Colégio Soka de Tóquio. Por intermédio do fundador, os alunos dos colégios Soka sentiam o mundo mais próximo deles. Mais de 5 mil intelectuais de diversos países já visitaram os Colégios Soka de Tóquio e de Kansai, entre os quais pessoas de renome que estabeleceram amizade com Ikeda sensei, como o fundador da União Pan-Europeia, conde Coudenhove-Kalergi; o historiador de artes René Huyghe; e o mundialmente renomado ilustrador de livros infantis Brian Wildsmith. Apresentando grandes pensadores e ilustres personalidades de todos os tempos e lugares, Ikeda sensei falou sobre o significado de uma vida correta aos alunos dos colégios e da Universidade Soka. Em 20 de novembro de 1997, o ex-presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, e sua esposa visitaram o Colégio Soka de Kansai. Nessa ocasião, sensei apresentou a fábula Jovem Imperador, de Tolstói. Três vozes chamam o jovem imperador que assumiu uma posição de grande poder. A primeira voz diz a ele que sua responsabilidade se resume a manter o poder que lhe foi concedido. A segunda voz diz que ele deve fugir adequadamente de suas responsabilidades. E, por último, a terceira voz diz: “Cumpra a sua responsabilidade como ser humano, e não como imperador! Aja pela felicidade das pessoas que sofrem!”. Então, sensei declarou: “Quero afirmar que o herói que escolheu o terceiro caminho como líder humanista foi o Dr. Gorbachev”. Em um ensaio, Ikeda sensei registrou: “É preciso que surjam líderes capazes de tomar medidas com base em um pensamento de escala global, e não embasadas na pequenina régua do Japão. É para isso que sempre digo que o ‘palco de vocês é o mundo’ e sigo criando oportunidades para que os alunos do colégio e da Universidade Soka possam ter contato com líderes do mundo, com a arte e com homens da cultura de primeira categoria”. Tesouro insubstituível Qual é o sonho do sensei? Essa pergunta foi feita por uma aluna do Colégio Soka de Kansai durante um diálogo de sensei com os estudantes que se formariam no dia 28 de fevereiro de 2000. Com uma dose de humor, ele disse: “Sou tão atarefado que mal tenho tempo de pensar em sonho, pois estou pensando sobre o mundo todo”. Ikeda sensei contou, então, que seu sonho, de corpo e alma, é concretizar os ideais do seu venerado mestre. E completou, expressando toda a sua expectativa: “Meu maior sonho é que, no futuro, vocês se tornem líderes e excelentes doutores, tanto no nome como na prática”. Por considerar os livros de assinatura e as coletâneas de formatura dos alunos dos colégios Soka e da Universidade Soka como seus tesouros insubstituíveis, sensei veio valorizando e mantendo-os próximos de si. Orando pela vitória e pela felicidade dos ex-alunos, continuou incentivando-os. Sensei redigiu o poema: Como meu coração se estimula ao saber da dinâmica atuação dos amigos formandos Soka. Como dói meu coração quando ouço uma triste comunicação. É impossível entender esse sentimento sem ser seu fundador. Estarei eternamente junto com vocês! Serei eternamente seu aliado! No coração de Ikeda sensei havia sempre um amigo da educação Soka. E no coração dos ex-alunos, sensei continua vivendo. O sonho do Mestre se amplia de forma contínua para o mundo e para o futuro indefinidamente, assim como os laços da educação Soka. No topo: Inaugurada em 1992 como a primeira instituição de ensino Soka fora do Japão, a Escola Soka de Educação Infantil de Hong Kong é altamente valorizada como uma das melhores da localidade. Na foto, Ikeda sensei cumprimenta os alunos (Hong Kong, maio 1993) Foto: Seikyo Press Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 17, p. 79, 2022. 2. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 10, p. 199, 2020.
03/06/2024
Artigos
TC
Com o juramento seigan de Ikeda sensei em nosso íntimo
O dia 3 de maio é o Dia da Soka Gakkai. É também o Dia das Mães da Soka Gakkai, ocasião que enaltece ao máximo as mulheres Soka. Foi no ano 1972, em Paris, França, que recebemos essa data. Referindo-se à história do kosen-rufu, Ikeda sensei nos disse: “É o ano-novo da Gakkai”. Sensei registrou solenemente o profundo significado dessas palavras na caligrafia Gogatsu Mikka (3 de maio), inscrita em Kansai no ano seguinte à sua renúncia como presidente da Soka Gakkai. Na lateral da caligrafia central, ele enumerou as datas “3 de maio”, que se tornaram o ponto de inflexão, tais como o 3 de maio de 1951, quando Toda sensei assumiu como segundo presidente; o 3 de maio de 1960, quando Ikeda sensei se levantou como terceiro presidente; e o 3 de maio de 1979. Ele acrescentou: “Esse é o dia do ponto primordial da nossa Soka Gakkai”. Nichiren Daishonin expressou sua decisão: “Declaro aqui: Não importa que os deuses me abandonem. Não importa que eu tenha de enfrentar todas as perseguições. Ainda assim, darei a vida em prol da Lei”.1 Os três primeiros presidentes da Soka Gakkai [Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda] gravaram essa passagem dos escritos [do Buda] no fundo de sua vida, e viveram até o fim com a devoção abnegada pela propagação da Lei. A determinação de herdar diretamente o juramento seigan de Nichiren Daishonin, superando quaisquer grandes dificuldades, nada mais é que o ponto primordial da Soka Gakkai, o qual devemos gravar em nossa vida. Badalando o sino da relação de mestre e discípulo Foi Ikeda sensei, logo após o falecimento de Toda sensei, quem estabeleceu o 3 de maio como dia do eterno ponto de partida para todos os membros. O presidente Ikeda proporcionou um raio solar de esperança à Gakkai, que estava envolta por nuvens escuras, ao apresentar a concepção dos “Sete Sinos” que se tornaria um novo indicador do avanço do kosen rufu. Ele converteu em sua própria decisão as palavras de Toda sensei de que a Soka Gakkai registraria um grande passo de avanço a cada sete anos. Anos mais tarde, Ikeda sensei compartilhou com seus discípulos sua visão desde a primeira metade do século 21, da edificação do alicerce da paz, até o fim do século 23, da criação da cultura humana que valoriza a dignidade da vida como espírito global. É por essa razão que nós podemos receber o primeiro 3 de maio após o falecimento de Ikeda sensei com plena esperança e convicção. O ato de concretizar os ideais do Mestre deve ser a nossa decisão como discípulos para saldar as dívidas de gratidão com ele. No dia 3 de maio de sua posse como terceiro presidente, o Mestre registrou: “Ultrapassando a fronteira da vida e da morte, inicia-se a batalha da Lei por toda a vida na presente existência”. Vamos, nós também, badalar o sino da vitória da relação de mestre e discípulo, ultrapassando a barreira da vida e da morte, e abraçando o grande juramento de mestre e discípulo! No topo: Durante a Reunião de Líderes da Soka Gakkai, comemorativa dos cinquenta anos de sua posse como terceiro presidente, Ikeda sensei apresenta a caligrafia Gogatsu Mikka (3 de maio) (Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio, abr. 2010). No final da inscrição lateral, ele acrescentou: “Registrado no dia 3 de maio de 1980” e “Com o coração refrescante. Mãos postas” Foto: Seikyo Press Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 293, 2020.
02/05/2024
Estudo
TC
[70] Tudo começa com a oração imbuída do juramento seigan de mestre e discípulo
Explanação Oração, no Budismo Nichiren, significa firmar o juramento seigan de vencer sem falta. Tudo começa com a oração. Eu sempre iniciei qualquer grande luta em prol do kosen-rufu com a oração. Ante as dificuldades, desafiava-as com base na oração, recitando daimoku de todo o coração e ultrapassando-as uma por uma. Ao me preparar para me lançar à Campanha de Fevereiro de 1952,1 disse aos meus companheiros de luta conjunta do Distrito Kamata: “Vamos começar com a oração!”. Também dei a partida na Campanha de Osaka de 1956,2 há 65 anos [explanação publicada originalmente em 2021] , com a oração imbuída de um profundo juramento seigan pelo kosen-rufu, logo no início do ano, diante do Gohonzon, que contém a inscrição “Prosperidade da Grande Lei e Concretização de Todas as Orações”, consagrado na Sede da Soka Gakkai de Kansai. “Capaz de produzir fogo com lenha encharcada” A primeira das cinco diretrizes eternas da nossa nobre Divisão Feminina,3 que comemorará seu 70o aniversário [em 10 de junho de 2021], é “Tudo começa com a oração”. Apesar das demandas do dia a dia atarefado, incluindo responsabilidades domésticas, trabalho, criação dos filhos e cuidados com os pais idosos, elas reservam tempo para a prática do gongyo e do daimoku. Oram fervorosamente pela própria felicidade e pela felicidade dos outros, além de incentivar e apoiar os amigos e os companheiros da organização. Como são admiráveis! Tais orações refletem um humanismo genuinamente nobre. A oração é a prova do mais sublime humanismo Nós, membros da Soka Gakkai, bodisatvas da terra, edificamos um movimento que celebra a humanidade. Nossa força propulsora são nossas vigorosas orações diretamente ligadas a Nichiren Daishonin, sempre acatando com seriedade suas palavras: “Oro com forte convicção, capaz de produzir fogo com lenha encharcada ou obter água do chão ressequido” (CEND, v. I, p. 464). Por meio de nossas orações para abrir novos horizontes do kosen-rufu, visando o centenário da Soka Gakkai (em 2030), vamos escrever, com coragem, uma nova e triunfal epopeia da revolução humana e da luta conjunta de mestre e discípulo. Nesta edição, examinemos a chave para a vitória no kosen-rufu e na vida, concentrando-nos nos quatro pilares: 1) orações dos praticantes do Sutra do Lótus, 2) orações para transformar veneno em remédio, 3) orações imbuídas do juramento seigan conjunto de mestre e discípulo, e 4) orações para o rissho-ankoku, isto é, a “pacificação da terra”. Trecho do escrito 1 A Oração As orações oferecidas por um praticante do Sutra do Lótus serão respondidas assim como um eco acompanha um som, como uma sombra segue uma forma, como a Lua se reflete na água límpida, como o orvalho se condensa no espelho,4 como o ímã atrai o ferro, como o âmbar atrai as partículas de pó, ou como um espelho limpo reflete a cor de um objeto.5 (CEND, v. I, p. 357) As orações dos praticantes do Sutra do Lótus são atendidas sem falta O primeiro pilar são as nossas orações como praticantes do Sutra do Lótus. Em seu tratado A Oração, que se acredita ter sido escrito durante o exílio na Ilha de Sado, Daishonin declara com convicção: “As orações oferecidas por um praticante do Sutra do Lótus serão respondidas” (CEND, v. I, p. 357). Nos parágrafos iniciais, ele também afirma: “A oração que é fundamentada no Sutra do Lótus com certeza será concretizada” (Ibidem, p. 353). Em outras palavras, Daishonin assegura que essas orações produzem resultados genuínos. Em outro escrito, Daishonin diz que os benefícios dos ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus são como a luz de um vaga-lume, ao passo que os do daimoku do Sutra do Lótus [Nam-myoho-renge-kyo] são como o Sol e a Lua (cf. WND, v. II, p. 1074). O benefício do daimoku é realmente imensurável! Recitar Nam-myoho-renge-kyo nos habilita a fazer o sol do tempo sem início — nossa natureza de buda inata — brilhar intensamente dentro de nós e iluminar a nossa vida dia após dia. É a fonte máxima de criação de valor. O som do daimoku reverbera por todo o universo As diversas analogias que Daishonin utiliza na passagem de A Oração que consta acima — tais como as do eco acompanhando um som, da sombra seguindo a forma e do reflexo da lua aparecendo na água límpida — são fenômenos naturais invariáveis. Ele está nos ensinando que as orações dos praticantes do Sutra do Lótus impreterivelmente produzirão resultados. É exatamente como Daishonin afirma em outra passagem desse escrito: “Mesmo que alguém errasse ao apontar para a terra, ou fosse capaz de atar o firmamento; mesmo que o fluxo e o refluxo da maré cessassem; e o Sol nascesse no oeste, jamais ocorreria de as orações do devoto do Sutra do Lótus ficarem sem resposta” (CEND, v. I, p. 362). Em outro texto, ele diz: “Não existe lugar algum nos mundos das dez direções que o som de nossa voz recitando daimoku [Nam-myoho-renge-kyo] não alcance. Nossa voz pode ser baixa, mas quando entoamos o poderoso som do daimoku, não há lugar em todo o grande sistema de mundos que ela não penetre” (GZ, p. 808).6 Daishonin declara que o daimoku é tão poderoso que não há lugar no universo que ele não alcance. O importante é que nossas orações sejam repletas de forte convicção e determinação de concretizá-las, venha o que vier. Quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo sinceramente, nossas orações alcançam cada canto do universo. Por meio da profunda oração, transformamos nossa determinação (ichinen), e essa transformação interior muda nossa vida, assim como nosso ambiente. Essa é a doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida (ichinen sanzen) na prática7 à qual Daishonin proporcionou uma expressão concreta [como Nam-myoho-renge-kyo]. Trata-se da lei absoluta da vida. Por essa razão, tudo começa com a oração. Batalha constante contra a escuridão fundamental Orando diante do Gohonzon, ativamos as divindades celestiais e divindades benevolentes — funções protetoras do universo. Na perspectiva do budismo, a lei de causa e efeito assegura que, no momento em que oramos, criamos uma causa para nossa vitória, para que nossas orações sejam respondidas. No entanto, isso não é perceptível para nós, mortais comuns, e, em consequência, podemos nutrir dúvidas e inquietações a respeito do fato de nossas orações serem realmente atendidas. A oração é uma batalha constante contra a escuridão fundamental,8 a forma máxima de ilusão. Fé significa ter convicção total na incontestável lei da vida, mesmo que não sejamos capazes de percebê-la diretamente. Ao recitarmos Nam-myoho-renge-kyo, empregando a “estratégia do Sutra do Lótus” (CEND, v. II, p. 267), podemos vencer a escuridão fundamental. Se nos esquecermos da oração e aplicarmos apenas estratégias ou métodos, é bem provável que nos vejamos andando em círculos. Garantimos a vitória suprema quando oramos com todas as nossas forças como praticantes do Sutra do Lótus. Se simplesmente orarmos sem determinação ou nenhum objetivo concreto, nossas orações não se realizarão. Como praticantes do Budismo Nichiren, mais que ninguém, devemos orar com seriedade para evidenciarmos sabedoria e continuarmos desafiando a nós mesmos com coragem e perseverança. Budismo é um ensinamento que valoriza a razão. Devemos ser praticantes atuantes, não seguidores passivos O “praticante do Sutra do Lótus” na frase “orações oferecidas por um praticante do Sutra do Lótus” (CEND, v. I, p. 357) refere-se especificamente ao próprio Nichiren Daishonin. Mas, em sentido mais amplo, também abrange discípulos genuínos que se dedicam ao grande juramento de propagar a Lei Mística. Isso pode ser observado, por exemplo, quando ele escreve para Shijo Kingo [em Desejos Mundanos São Iluminação]: “O senhor decidiu se tornar um devoto [praticante] do Sutra do Lótus” (Ibidem, p. 335).9 O presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, ensinou a importância de sermos praticantes atuantes, em vez de seguidores passivos.10 Praticantes atuantes são aqueles que praticam exatamente de acordo com o ensinamento do Buda.11 São pessoas de ação que persistem corajosamente na fé, aconteça o que acontecer. Isso descreve nossos membros da Soka Gakkai, que, dia após dia, recitam sincero daimoku, entram em ação, falam e contribuem de forma positiva para a felicidade dos outros, para o desenvolvimento de sua respectiva comunidade e local, e para um mundo mais seguro e pacífico. Os membros da Soka Gakkai são verdadeiros emissários do Buda. Como nossas orações são as de praticantes do Sutra do Lótus, as divindades celestiais e as divindades benevolentes nos protegerão e nossas orações serão concretizadas. Essas próprias divindades, afirma Daishonin, possuem uma grande dívida de gratidão com o Sutra do Lótus. No trecho imediatamente anterior à passagem que estamos estudando, ele faz uma pergunta retórica: “Como esses seres celestiais poderiam se esquecer do juramento que fizeram na presença do Buda, ou da dívida de gratidão ao sutra que os possibilitou atingir o estado de buda, e abandonar os praticantes do Sutra do Lótus? [Eles com certeza jamais fariam isso.] Quando pensamos dessa maneira, sentimos uma grande tranquilidade” (CEND, v. I, p. 357). Todos os budas, bodisatvas e seres celestiais reunidos na assembleia onde o Sutra do Lótus foi pregado atingiram o estado de buda por meio desse sutra. Para saldar essa dívida de gratidão, eles juram a Shakyamuni que protegerão os praticantes do Sutra do Lótus. Se quebrassem a promessa, infere Daishonin, estariam cometendo uma grave ofensa. Daishonin assevera que, contanto que continuemos nos empenhando pelo kosen-rufu, seremos amparados pelas funções protetoras do universo. Ele escreve: “Desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de buda” (Ibidem, p. 296). Nossas orações como praticantes do Sutra do Lótus nos habilitam a trilhar o caminho para a felicidade certa e a enfrentar os desafios do carma com esperança e otimismo. Transformar veneno em remédio é a essência da Lei Mística O segundo pilar é a oração para transformar veneno em remédio.12 Meu mestre, Josei Toda, sempre dizia que a essência da Lei Mística é o seu poder de transformar veneno em remédio.13 Ele se devotava de corpo e alma para incentivar aqueles que estavam sofrendo, assegurando-lhes que, por meio do benefício da fé no Gohonzon, da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, poderiam, infalivelmente, converter todos os seus problemas e preocupações em felicidade.14 Inspirados por seu encorajamento, inúmeras pessoas se levantaram na fé e construíram uma vida de renovação e esperança. Toda sensei era um mestre dotado de imensa compaixão. A Lei Mística nos permite transformar todo veneno em remédio. Pode haver momentos em que nos perguntamos por que ocorrem coisas ruins conosco, mas tudo que acontece em meio à dedicação à prática budista possui profundo significado. Podemos direcionar tudo para um rumo positivo, pois nossas orações serão concretizadas infalivelmente. A fé no Gohonzon garante que o “infortúnio se transformará em boa sorte” (cf. CEND, v. I, p. 431). Assim como Daishonin declara: “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão” (Ibidem). Com daimoku, podemos sobrepujar quaisquer obstáculos. Algumas vezes, podemos obter um resultado diferente daquele que esperávamos, mas com certeza chegará o dia em que olharemos para trás e perceberemos que tudo deu muito certo na nossa vida. O ato de orar ao Gohonzon é, em si, a boa sorte Possuímos imensa boa sorte pelo simples fato de termos encontrado o daimoku do Nam-myoho-renge-kyo, o supremo ensinamento capaz de conduzir todas as pessoas à iluminação e à felicidade duradoura. Como escreve Daishonin: “É extremamente raro nascer como ser humano. O senhor não só foi dotado de forma humana, como teve a rara boa sorte de encontrar o budismo. Além disso, dentre o grande número de ensinamentos do Buda, o senhor encontrou o daimoku, ou título, do Sutra do Lótus e tornou-se seu devoto. Na verdade, o senhor é uma pessoa que fez oferecimentos a cem bilhões de budas em existências passadas!” (CEND, v. II, p. 259). Não há boa sorte ou alegria maior do que poder orar ao Gohonzon. Cada desejo, pensamento ou oração que expressamos será acolhido e envolto na ilimitada compaixão do Gohonzon. Recitemos daimoku de forma franca e honesta, “considerando tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida” (cf. Ibidem, v. I, p. 713). Quando nosso coração estiver tomado pela dor ou pelo sofrimento, vamos incluir esses sentimentos, assim como eles são, em nosso daimoku. Recitemos com fé inabalável no poder da Lei Mística “do mesmo modo (...) que os pais se recusam a abandonar seus filhos ou uma criança se nega a deixar sua mãe” (Ibidem, v. II, p. 304). Quando transformamos nossos problemas em orações, o significado deles muda. Ao convertê-los em orações repletas de determinação e convicção, podemos expandir nossa condição de vida. Nossas provações se tornam a base para realizarmos nossa revolução humana, e até o nosso destino se converte em missão em prol do kosen-rufu. Desse modo, todas as dificuldades se tornam estímulo para um novo crescimento e desenvolvimento. Esse é o significado de transformar veneno em remédio. É a isso que Daishonin se refere ao escrever: “O sofrimento do inferno se desvanecerá instantaneamente” (Ibidem, v. I, p. 207). O importante é acatar com seriedade as palavras de Daishonin: “Não conseguirá extrair fogo da pederneira se desistir no meio da tentativa” (Ibidem, p. 336) e prosseguir recitando Nam-myoho-renge-kyo com profunda convicção até o fim. Mesmo um único daimoku produz benefícios imensuráveis Reforçando, mesmo um único daimoku produz benefícios imensuráveis. Nichiren Daishonin assevera que podemos atingir o estado de buda recitando Nam-myoho-renge-kyo mesmo uma única vez: “Se o senhor recita as palavras do daimoku [Nam-myoho-renge-kyo] uma única vez, estará chamando e reunindo ao seu redor a natureza de buda de todos os seres vivos. Nesse momento, os “três corpos” da natureza do Darma que há em seu interior — o corpo do Darma, o corpo da recompensa e o corpo manifesto15 — serão ativados e evidenciados. Isso significa atingir o estado de buda” (CEND, v. I, p. 135-136). Quando não nos sentimos bem, não há problema em simplesmente recitar daimoku três vezes, em vez de nos forçar a recitar gongyo completo. Além disso, podemos recitar daimoku pelos amigos, pelas pessoas queridas que não praticam o Budismo Nichiren e para os membros. Isso porque ter o desejo de recitar daimoku e também o espírito de orar pelos outros constituem, em si, fontes de benefício. Podemos também acumular benefício e boa sorte a partir da recitação do daimoku mesmo sem compreender seu profundo significado, assim como Daishonin nos mostra com a seguinte analogia: “É como o caso de um bebê alimentado com leite. Embora ainda não compreenda o sabor do leite, o alimento naturalmente nutrirá seu corpo” (Ibidem, v. II, p. 47). O daimoku recitado com seriedade sempre alcança o Gohonzon. Assim como um corcel branco magnífico galopando pelas vastas planícies, devemos recitar Nam-myoho-renge-kyo, de forma leve e refrescante. Devemos sempre orar para nos sentirmos plenamente satisfeitos. O Nam-myoho-renge-kyo é o coração e a essência do Sutra do Lótus. É a própria vida de Daishonin, conforme ele expressa: “O espírito de Nichiren é unicamente Nam-myoho-renge-kyo” (Ibidem, v. I, p. 431). Quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo com fé no Gohonzon, entramos em contato com o espírito de Nichiren Daishonin e manifestamos a mesma condição de vida colossal de Daishonin, a condição de vida de Nam-myoho-renge-kyo, em nosso próprio ser. É assim que geramos ilimitada sabedoria, compaixão e coragem, ultrapassamos poderosamente todas as dificuldades e transformamos veneno em remédio. Como somos afortunados! Trecho do escrito 2 Os Oito Ventos Se os seguidores leigos e o mestre oram com pensamentos diferentes, suas orações serão tão inúteis quanto tentar acender fogo sobre a água. E ainda que orem com um só pensamento, tampouco obterão resposta se, durante um longo tempo, cometerem o erro de atacar ensinamentos superiores com doutrinas inferiores. No final, tanto o mestre como seus seguidores leigos cairão na ruína.16 (CEND, v. II, p. 54) A essência do Budismo Nichiren é o espírito de mestre e discípulo O terceiro pilar são as orações imbuídas do juramento seigan de mestre e discípulo. Mestre e discípulo orando com um juramento seigan conjunto pelo kosen-rufu representa a essência do Budismo Nichiren. No escrito Os Oito Ventos, Daishonin orienta Shijo Kingo a viver como uma pessoa digna — ou seja, uma pessoa de sabedoria —, não sendo influenciado pelos oito ventos17 que obstruem a prática budista.18 Na passagem que estamos estudando, ele salienta particularmente a importância de mestre e discípulo terem o mesmo espírito para transpor adversidades e transformar o destino. As orações de mestre e discípulo unidos em espírito são invencíveis. Falando de modo concreto, significa recitar Nam-myoho-renge-kyo com o espírito de procura, perguntando a si mesmo o que o mestre faria, e decidindo que este é o momento para se levantar como discípulo. Em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Daishonin afirma: [Com relação à frase “emitir o rugido do leão” (sa shishi ku, em jap.):] O primeiro shi [que significa “mestre”] da palavra shishi, ou “leão”, é a Lei Maravilhosa transmitida pelo mestre. O segundo shi [que significa “filho” ou “discípulo”] é a Lei Maravilhosa conforme recebida pelos discípulos. O rugido [do leão] (ku) é o som de mestre e discípulos recitando em uníssono. (cf. OTT, p. 111) Recitar Nam-myoho-renge-kyo com fé alicerçado no espírito de unicidade de mestre e discípulo é o verdadeiro rugido de leão no Budismo Nichiren. Essa recitação nos habilita a dar plena vazão à imensurável sabedoria e ao poder que possuímos inerentemente. Tanto Makiguchi sensei como Toda sensei agiram exatamente como Daishonin ensinou, baseando suas orações no juramento seigan de mestre e discípulo e abrindo caminhos para o kosen-rufu por meio da devoção abnegada pela propagação da Lei Mística. Imbuir o estado de buda em nossa vida Toda sensei disse: “Devemos nos empenhar na fé, impregnando nosso ser de daimoku da própria vida de Daishonin; devemos gravá-lo no coração e imbuí-lo em nossa vida, dia após dia, de modo que todas as nossas atividades se convertam em atos de compaixão”.19 O que desejamos e pelo que estamos orando? Qual o juramento que nos motiva no âmbito mais profundo? Nossa determinação (ichinen) nos torna o que somos. Devemos imbuir nossa vida do juramento pelo kosen-rufu, do juramento seigan de mestre e discípulo. A essência da Soka Gakkai reside em ensinar a fé alicerçada no vínculo direto entre mestre e discípulo. Tal fé nos desperta para nossa verdadeira identidade como bodisatvas da terra20 e nos permite evidenciar nosso estado de buda inato. Como discípulo, eu estava inseparavelmente unido ao meu mestre, Josei Toda, e me esforçava com dedicação incondicional à fé, de acordo com a orientação dele. Nossos membros no Japão e no mundo estão dando continuidade ao espírito de mestre e discípulo que Makiguchi sensei, Toda sensei e eu demonstramos. Eles trabalham juntos com o compromisso de concretizar o juramento seigan como bodisatvas da terra. É por essa razão que a Lei Mística se propagou com a magnitude que observamos hoje. Seguir eternamente o grande caminho da unicidade de mestre e discípulo A passagem do escrito Os Oito Ventos, apresentada anteriormente, declara que, não obstante quão sinceros sejam, se as orações não forem fundamentadas no Sutra do Lótus, ensinamento da iluminação universal, tanto o mestre como o discípulo entrarão em declínio. Como é maravilhoso o fato de nossa vida, como membros da Soka Gakkai, perseverar na oração baseada no Sutra do Lótus e conduzir tanto o mestre como o discípulo à vitória! Muitos daqueles que lutaram ao meu lado na Campanha de Osaka tinham acabado de iniciar a prática do Budismo Nichiren. Compartilhei com eles esta passagem: “Para que as orações sejam eficazes e os desastres desapareçam da nação, três elementos são requeridos: um bom mestre, um bom praticante e um bom ensinamento” (CEND, v. II, p. 143). Quando um bom ensinamento e um bom mestre estão presentes, aponta Daishonin, o fator essencial para que “os desastres desapareçam da nação” depende de sermos ou não bons discípulos. Ele afirma: “Contanto que eles [meus seguidores] estejam junto com Nichiren, alcançarão a terra do tesouro [ou seja, atingirão o estado de buda]. Mas se não estiverem junto com ele, cairão na grande cidadela do inferno Avichi” (OTT, p. 78). “Junto com Nichiren”, no contexto, indica uma condição de vida na qual sempre estamos unidos com Daishonin. Expressa a determinação de sempre nos empenhar junto com nosso mestre. Desse modo, atingiremos uma condição de vida igual à do Buda. Quando nos esforçamos a todo momento para concretizar o grande juramento pelo kosen-rufu, personificamos os ditos “Manhã após manhã nos levantamos com o Buda, noite após noite, com o Buda descansamos” (Ibidem, p. 83). O Budismo Nichiren leva o caminho de mestre e discípulo a um nível mais profundo, revelando a unicidade de mestre e discípulo. E é missão do discípulo cumprir o juramento que compartilha com o mestre desde o tempo sem início. A “pacificação da terra” é o desejo de mestre e discípulo O quarto pilar são as orações para o rissho-ankoku, isto é, a “pacificação da terra”. Na passagem que citei, a qual compartilhei com os membros durante a orações para o rissho-ankoku, isto é, a “pacificação da terra” de Osaka, encontramos as palavras “os desastres desapareçam da nação” (CEND, v. II, p. 143). Nossa missão consiste em construir um mundo em que todos possam viver em paz e em segurança. Nossas orações se fundamentam na ação para tornar realidade o ideal de Daishonin da “pacificação da terra” e do mundo inteiro por meio da doutrina correta. São orações de indivíduos corajosos empenhados em transformar o destino da humanidade. Esse é o genuíno significado de orações imbuídas do juramento seigan de mestre e discípulo. O ponto de partida para “pacificação da terra” é a oração que nos habilita a despertar para a amplidão da nossa própria vida. Daishonin observa: “A grande alegria [é] a que se experimenta quando se compreende pela primeira vez que desde o início é um buda. O Nam-myoho-renge-kyo é a maior de todas as alegrias” (OTT, p. 211-212). A oração no Budismo Nichiren nos permite despertar para a verdade de que nossa mente, nossa vida, sempre foi um buda. Em outras palavras, despertamos para a realidade suprema de que nossa vida, em sua própria essência, é genuinamente nobre, forte e sábia. Esse é o propósito de nossas orações. As orações do Sutra do Lótus geram felicidade tanto para nós como para os demais. Oramos não apenas para nos despertar para a dignidade da nossa própria vida, mas para habilitar outras pessoas a fazer o mesmo. Em Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra, Nichiren Daishonin escreve: “Se o senhor se importa realmente com a segurança pessoal, deve primeiro orar pela paz e segurança nos quatro quadrantes da terra, não é verdade?’ (CEND, v. I, p. 24). Inspiremo-nos mutuamente a nos tornar pessoas que oram pela felicidade do próximo e trabalham a fim de propiciar paz e segurança para a sociedade. Ao auxiliarmos uma pessoa após outra a experimentar a alegria de despertar para seu potencial mais elevado, estamos expandindo nosso movimento de respeito pela dignidade da vida. Como isso é incrível! O aclamado violinista Yehudi Menuhin (1916–1999) nutria profundo interesse pelo Budismo Nichiren e pelo som e ritmo do daimoku. Lembro-me de ele me dizer que considerava realmente inspirador o budismo ver a divindade, ou estado de buda, dentro dos mortais comuns, destacando sua impressionante fé nos seres humanos.21 Nosso orgulho como membros da Soka Gakkai que se empenham para concretizar o ideal de Daishonin da “pacificação da terra” é que acreditamos sinceramente no potencial de todas as pessoas. A transformação interior na vida de uma única pessoa pode gerar a mudança que ocasionará uma sociedade melhor. O importante é nossa convicção de que podemos transformar nossa vida. Toda sensei manifestou sua firme determinação: “Não importando quão enormes sejam as adversidades que possam surgir, jamais renegarei o grande juramento pelo kosen-rufu”.22 Esse é o espírito de mestre e discípulo Soka. Com essa nobre decisão, Toda sensei lutou incansavelmente e assentou as bases para o magnífico desenvolvimento do kosen-rufu no futuro. A “pacificação da terra” por meio da doutrina correta é o esforço para fazer o sol da esperança raiar na vida daqueles que estão mergulhados na tristeza e no desespero. Quando conseguimos fazer o sol nascer em nosso coração, somos capazes de ajudar outros a fazer o mesmo. Independentemente da época ou do lugar, a oração e a ação baseadas no juramento seigan pelo kosen-rufu criam uma incessante reação em cadeia de alegria e de esperança. Orações Soka para mudar o destino da humanidade Nichiren Daishonin também escreve: “É o poder da Lei budista que possibilita as divindades do Sol e da Lua manter seu movimento ao redor dos quatro continentes”23 (CEND, v. I, p. 717). O Nam-myoho-renge-kyo é a lei fundamental que permeia a vida e o universo. Por isso, quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo, nossa vida se funde com essa lei universal e somos capazes de criar valor que conduz à felicidade. Conseguimos produzir esperança e realizar maravilhosas contribuições para a construção de um mundo seguro e pacífico. Tal é o poder de nossas orações como membros da Soka Gakkai. Rede de bodisatvas da terra Assim como o sol dourado surgindo para dissipar a escuridão, o som da nossa voz recitando Nam-myoho-renge-kyo faz nossa vida brilhar mais intensamente e pulsar com força ainda maior; enchendo-nos de energia vital tão ilimitada como o próprio universo. Visando nosso centenário, recitemos retumbante daimoku, o grande som da infinita esperança, cada precioso dia, expandindo com dinamismo nossa rede de pessoas que despertaram para sua identidade como bodisatvas da terra. Prossigamos nos esforçando para edificar um mundo repleto de esperança que represente o ideal de Daishonin de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”! Estejamos convictos da vitória contínua de mestre e discípulo! (Daibyakurenge, edição de fevereiro de 2021) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI Resumo Estudo — Maio 2024 Principais tópicos estudados Juramento seigan “Oração, no Budismo Nichiren, significa firmar o juramento seigan de vencer sem falta.” Sol do tempo sem início “Recitar Nam-myoho-renge-kyo nos habilita a fazer o sol do tempo sem início — nossa natureza de buda inata — brilhar intensamente dentro de nós e iluminar a nossa vida dia após dia. É a fonte máxima de criação de valor.” Significado de fé “Fé significa ter convicção total na incontestável lei da vida, mesmo que não sejamos capazes de percebê-la diretamente.” Recitemos daimoku de forma franca e honesta “Cada desejo, pensamento ou oração que expressamos será acolhido e envolto na ilimitada compaixão do Gohonzon. Recitemos daimoku de forma franca e honesta, ‘considerando tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida’ (cf. CEND, v. I, p. 713).” Espírito de mestre e discípulo “Recitar Nam-myoho-renge-kyo com fé alicerçado no espírito de unicidade de mestre e discípulo é o verdadeiro rugido de leão no Budismo Nichiren. Essa recitação nos habilita a dar plena vazão à imensurável sabedoria e ao poder que possuímos inerentemente.” Frases marcantes “O importante é que nossas orações sejam repletas de forte convicção e determinação de concretizá-las, venha o que vier. Quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo sinceramente, nossas orações alcançam cada canto do universo.” “Nossas orações como praticantes do Sutra do Lótus nos habilitam a trilhar o caminho para a felicidade certa e a enfrentar os desafios do carma com esperança e otimismo.” “A fé no Gohonzon garante que o ‘infortúnio se transformará em boa sorte’ (cf. CEND, v. I, p. 431). Assim como Daishonin declara: ‘O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão’ (Ibidem). Com daimoku, podemos sobrepujar quaisquer obstáculos.” “Quando transformamos nossos problemas em orações, o significado deles muda. Ao convertê-los em orações repletas de determinação e convicção, podemos expandir nossa condição de vida. Nossas provações se tornam a base para realizarmos nossa revolução humana, e até o nosso destino se converte em missão em prol do kosen-rufu.” Personalidades e personagens budistas citados - Nichiren Daishonin - Tsunesaburo Makiguchi - Josei Toda - Shakyamuni Perguntas-guia para as atividades de estudo Quais são os quatro pilares-chave para a vitória no kosen-rufu e na vida? 1) Orações dos praticantes do Sutra do Lótus, 2) orações para transformar veneno em remédio, 3) orações imbuídas do juramento seigan conjunto de mestre e discípulo, e 4) orações para o rissho-ankoku, isto é, a “pacificação da terra”. Qual é a essência do Budismo Nichiren? A essência do Budismo Nichiren é o espírito de unicidade de mestre e discípulo. Mestre e discípulo orando com um juramento seigan em conjunto pelo kosen-rufu representa a essência do Budismo Nichiren. O que é necessário para que as orações sejam eficazes e os desastres desapareçam? Três elementos são requeridos: um bom mestre, um bom praticante e um bom ensinamento (CEND, v. II, p. 143). Qual o significado de orações imbuídas do juramento seigan de mestre e discípulo? Nossas orações se fundamentam na ação para tornar realidade o ideal de Daishonin da “pacificação da terra” e do mundo inteiro por meio da doutrina correta. São orações de indivíduos corajosos empenhados em transformar o destino da humanidade. Como mudar o destino da humanidade? O Nam-myoho-renge-kyo é a lei fundamental que permeia a vida e o universo. Por isso, quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo, nossa vida se funde com essa lei universal e somos capazes de criar valor que conduz à felicidade. Conseguimos produzir esperança e realizar maravilhosas contribuições para a construção de um mundo seguro e pacífico. No topo: Membros da BSGI recitam daimoku (São Paulo, jan. 2024) Foto: BS Notas: 1. Campanha de Fevereiro: Em fevereiro de 1952, o presidente Ikeda, na época consultor do Distrito Kamata de Tóquio, iniciou uma dinâmica campanha de propagação. Ao lado dos membros de Kamata, ele quebrou os recordes anteriores de cerca de cem novas famílias, convertendo 201 novas famílias ao Budismo de Daishonin. 2. Campanha de Osaka: Em maio de 1956, os membros de Kansai, unindo-se em torno do jovem Daisaku Ikeda, que havia sido enviado pelo segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, para apoiá-los, obtiveram um aumento de 11.111 famílias no distrito em apenas um mês. 3. Em março de 2009, o presidente Ikeda ofereceu à Divisão Feminina cinco diretrizes de atuação: (1) Tudo começa com a oração. (2) Avançar em harmonia com nossos familiares. (3) Desenvolver jovens sucessores. (4) Estimar nossa comunidade e nossa sociedade. (5) Compartilhar alegremente nossas experiências na prática da fé. 4. O vapor se condensa num espelho deixado ao ar livre à noite. Afirmava-se que o espelho atraía essa água da Lua. 5. A carta A Oração foi escrita por Nichiren Daishonin em 1272, durante o seu exílio na Ilha de Sado, e acredita-se que tenha sido endereçada ao seu discípulo sacerdote Sairen-bo. Nela, Daishonin declara que é impossível que as orações de um praticante do Sutra do Lótus fiquem sem resposta. 6. Oko Kikigaki [Registro das Preleções]; não traduzido para o inglês ou para o português. 7. “Três mil mundos num único momento da vida na prática”: A doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida”, que constitui o ensinamento fundamental para atingir a iluminação, é subdividida em duas partes: o princípio teórico e a materialização prática desse princípio. Estes são, respectivamente, denominados “três mil mundos num único momento da vida teóricos” e “três mil mundos num único momento da vida na prática”. O princípio teórico baseia-se no ensinamento teórico (primeira metade) do Sutra do Lótus, ao passo que o princípio na prática é revelado no ensinamento essencial (segunda metade) do Sutra do Lótus. Entretanto, nos Últimos Dias da Lei, ambos se enquadram na categoria teórica; a Lei do Nam-myoho-renge-kyo que Nichiren Daishonin revelou é o ensinamento dos “três mil mundos num único momento da vida na prática”. 8. Escuridão fundamental ou ignorância fundamental: A ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que dá origem a todas as demais ilusões e desejos mundanos. Consiste na incapacidade de ver ou reconhecer a verdade suprema da Lei Mística, bem como os impulsos negativos que surgem dessa ignorância. 9. Nichiren Daishonin escreve: “Não obstante, o senhor decidiu se tornar um devoto do Sutra do Lótus. Como resultado, sofreu duras perseguições, mas mesmo assim, veio me ajudar. (...) O senhor não apenas ouviu a Lei, como também a abraçou e, desde então, tem mantido firme fé. Que maravilhoso! Que extraordinário!” (CEND, v. I, p. 335-336) 10. Cf. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 10. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 151-152. 11. No capítulo 21, “Os Poderes Sobrenaturais d’Aquele que Assim Chega”, do Sutra do Lótus, o Buda afirma: “Depois que Aquele que Assim Chega entrar em extinção, devem aceitá-lo, mantê-lo, lê-lo, recitá-lo, explaná-lo, pregá-lo e transcrevê-lo [o Sutra do Lótus], e praticá-lo conforme instruído (LSOC, cap. 21, p. 316). A frase “conforme instruído” muitas vezes é reformulada indiretamente como “praticar conforme o ensinamento do Buda” etc. 12. Transformar veneno em remédio: Princípio que expõe que uma vida dominada pelos “três caminhos” — desejos mundanos, carma e sofrimento — podem ser transformados numa vida repleta das “três virtudes” — corpo do Darma, sabedoria e emancipação — pelo poder da Lei Mística. Em outras palavras, qualquer situação adversa pode ser transformada positivamente por meio do poder da prática budista. 13. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 7. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1987. p. 599. 14. Cf. Ibidem, v. 2, p. 56, 1982. 15. “Três corpos”: Três tipos de corpo que um buda possui. Eles são: (1) corpo do Darma, que indica a verdade fundamental ou Lei para a qual um buda se iluminou; (2) corpo da recompensa, que indica a sabedoria para perceber a Lei, e é assim chamado porque a sabedoria de um buda é considerada a recompensa derivada do incessante esforço e da disciplina; e (3) corpo manifesto, que se refere às ações compassivas de um buda para conduzir as pessoas à felicidade. 16. Nessa carta, redigida em 1277, Daishonin ensina a Shijo Kingo que alguém que permanece inabalável em face dos “oito ventos” é uma pessoa de sabedoria que será protegida pelas divindades celestiais. Na época, colegas samurais usaram a recusa de Shijo Kingo a aceitar uma transferência de suas terras para desacreditá-lo perante seu senhor feudal. 17. “Oito ventos”: Oito condições que impedem as pessoas de avançar no caminho correto para a iluminação. Segundo o Tratado sobre o Sutra do Estágio de Buda, os “oito ventos” são: prosperidade, declínio, desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer. As pessoas são, com frequência, desviadas do caminho pelo apego à prosperidade, à honra, ao elogio e ao prazer (coletivamente conhecidos como os “quatro ventos favoráveis”), ou pelo repúdio ao declínio, à desgraça, à censura e ao sofrimento (que se referem aos “quatro ventos adversos”). 18. Daishonin escreve: “Pessoas sábias são assim chamadas porque não são levadas pelos oito ventos: prosperidade, declínio, desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer. Não ficam exultantes pela prosperidade nem aflitas pelo declínio. As divindades celestiais certamente protegerão aquele que não se curva diante dos oito ventos” (CEND, v. II, p. 53). 19. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 3. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1983. p. 44. 20. Bodisatvas da terra: Correspondem à imensa multidão bodisatvas que surge no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, e é incumbida pelo buda Shakyamuni de propagar a Lei após a sua morte. No capítulo 21, “Os Poderes Sobrenaturais”, do Sutra do Lótus, Shakyamuni confia ao bodisatva Práticas Superiores, líder dos bodisatvas da terra, a propagação da Lei no mundo saha na era maléfica dos Últimos Dias da Lei. 21. Artigo da edição do Seikyo Shimbun de 7 de abril de 1992. 22. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 4. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1989. p. 61. 23. Quatro continentes: Continentes situados respectivamente a leste, oeste, norte e sul do Monte Sumeru, montanha que, de acordo com a antiga cosmologia indiana, se encontra no centro do mundo. Eles são: Purvavideha, a leste; Aparagodaniya, a oeste; Uttarakuru, ao norte; e Jambudvipa, ao sul.
02/05/2024
Especial
TC
Criar o futuro da humanidade construindo um mundo sem armas nucleares
Na significativa fundação da Soka Gakkai Internacional (SGI), em 1975, reuniram-se na ilha de Guam membros de 51 países e territórios. Atualmente, a rede solidária do movimento popular Soka que tem como base o Budismo de Nichiren Daishonin se estende para 192 países e territórios. Como presidente da SGI, em meio às ações visando ao fortalecimento das Nações Unidas e à paz do mundo, Ikeda sensei enviou à ONU suas Propostas de Paz por quarenta anos consecutivos a cada 26 de janeiro, Dia da SGI. Nesse significativo dia do ponto primordial, o jornal Seikyo Shimbun publicou a declaração do presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada. O desafio de enfrentar assuntos globais, herdando o espírito dos três primeiros presidentes A Soka Gakkai Internacional foi fundada no dia 26 de janeiro de 1975 em Guam. Naquela ocasião histórica, na conclusão de seu discurso, Ikeda sensei clamou a todos: “Em vez de buscarem aclamação ou glória pessoal, espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística no mundo. Farei o mesmo”.1 Então, levantando-se na vanguarda, Ikeda sensei continuou mantendo diálogo com líderes e intelectuais de cada país para evitar que tragédias como as duas grandes guerras mundiais voltassem a acontecer. Ao mesmo tempo em que lutava para interromper o aprofundamento dos conflitos e das divisões no mundo, o Mestre expandiu a correnteza para edificar a cultura de paz por meio da rede solidária do povo. Não permitir que ocorra uma terceira guerra mundial Nessa luta, o número de diálogos com os líderes e intelectuais do mundo realizados por Ikeda sensei alcançou mais de 1.600, dos quais mais de oitenta se transformaram em livros. A primeira dessas obras foi lançada em 1972 e é composta pelo diálogo com o “pai da integração europeia”, o conde Richard Coudenhove-Kalergi (1894–1972). Após o primeiro encontro com o presidente Ikeda, em 1967, época em que a Guerra do Vietnã se intensificava, o conde Coudenhove-Kalergi se engajou no diálogo com ele por diversas vezes. Certa ocasião, alertando a todos que se as divisões no mundo continuassem avançando, a Terceira Guerra Mundial poderia levar à destruição definitiva de todas as civilizações, o conde Coudenhove-Kalergi declarou: “Somente uma nova onda religiosa é capaz de mudar esta tendência e salvar a humanidade. Por isso, a Soka Gakkai é uma grande esperança”.2 Não posso deixar de pensar que essas palavras foram proferidas pelo fato de ele [conde Coudenhove-Kalergi] ter sentido fortemente a vigorosa disposição de Ikeda sensei de continuar percorrendo todas as partes para cumprir o ardente desejo do seu mestre, Josei Toda, de “acabar com a miséria da face da Terra”. Um episódio que ilustra a espinha dorsal dessa crença de Ikeda sensei está descrito no livro A Sabedoria do Sutra do Lótus. Houve um acontecimento durante a compilação das explanações do presidente Ikeda, em especial sobre o escrito A Seleção do Tempo (publicado em 1964), em meio à eclosão de crises intensas, como a de Berlim em 1961, um ano depois de sua posse como terceiro presidente, e a dos mísseis de Cuba em 1962. Ao se dedicar com todas as forças para captar o espírito de Nichiren Daishonin em cada passagem daquele escrito, considerando o mundo contemporâneo, o trabalho de compilação chegou à frase: “Com isso, grandes lutas e disputas sem precedentes tomarão conta de Jambudvipa”.3 Em relação a esse trecho, alguns membros do Departamento de Estudo do Budismo pensavam que ela poderia ser interpretada como a ocorrência da Terceira Guerra Mundial, porém, Ikeda sensei a rejeitou de maneira categórica: Se a Terceira Guerra Mundial ocorrer, toda a raça humana será dizimada pelas armas nucleares. Deve a humanidade ser sujeita ao sofrimento mais cruel e terrível que já houve? Deixar que isso aconteça demonstra uma falta de benevolência abominável como budista! Vamos decidir agora que é sobre a Segunda Guerra Mundial a que Daishonin estava se referindo quando falou em “grandes lutas e disputas sem precedentes”. Aconteça o que acontecer, não podemos permitir que ocorra outra guerra mundial. (...) Vamos alcançar definitivamente o kosen-rufu — o sonho da paz e da felicidade duradouras para a humanidade.4 Exatamente de acordo com essa convicção, em meio à intensificação dos conflitos da Guerra Fria, Ikeda sensei realizou sua primeira viagem para a China e a União Soviética em 1974, no ano anterior à fundação da SGI. Após a sua primeira viagem à China no mês de junho, começaram imediatamente os preparativos para a primeira visita à União Soviética. Houve vozes de preocupação e de críticas impiedosas em relação à sua visita a países comunistas, mas a convicção de Ikeda sensei continuou inabalável. O que me move a ir para a União Soviética é o desejo de fazer tudo o que estiver a meu alcance para impedir uma terceira guerra mundial. Por essa razão, seguirei para lá após a minha visita à China e, então, para os Estados Unidos. Como emissário de Nichiren Daishonin, vou munido de uma filosofia de paz e respeito pela vida, determinado a abrir as cortinas de uma nova era de paz mundial.5 Crença na concretização do Tratado de Proibição de Armas Nucleares Sem se intimidar com as tempestades de críticas, as quais tinham como cenário as crescentes tensões da Guerra Fria, Ikeda sensei realizou sua primeira visita à União Soviética (setembro de 1974) e, após a nova viagem à China (dezembro de 1974), rumou para os Estados Unidos logo no início do novo ano, em 6 de janeiro. Na época, ele entregou na sede das Nações Unidas um abaixo-assinado pela abolição das armas nucleares com 10 milhões de assinaturas coletadas pela Divisão dos Jovens. No dia 26 de janeiro, dirigiu-se à reunião de fundação da SGI na ilha de Guam, que foi palco de violentas batalhas durante a Guerra do Pacífico. Com o estabelecimento da SGI, em 1975, Ikeda sensei passou a enviar mensagens de paz com mais força para o mundo. No discurso proferido na Convenção da Soka Gakkai, realizada em Hiroshima em novembro daquele ano, ele anunciou o objetivo de alcançar a total abolição das armas nucleares. Para isso, enfatizou que cada nação deveria se recusar a ser a primeira a utilizar armas nucleares. Em maio de 1978, apresentou uma proposta para a Primeira Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre Desarmamento (SSOD-I), na qual reiterou seu apelo de longa data para a proibição de fabricação, teste, armazenamento e uso de armas nucleares por qualquer nação e, por fim, para erradicá-las da face da Terra. Esse apelo de Ikeda sensei era algo que se alinhava totalmente com o Tratado de Proibição de Armas Nucleares (TPAN), que entrou em vigor tempos depois, em janeiro de 2021. Em junho de 1982, ele apresentou uma proposta também para a Segunda Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre Desarmamento (SSOD-II). E, em janeiro de 1983, encaminhou sua primeira Proposta de Paz para a Organização das Nações Unidas (ONU) no Dia da SGI. Desde essa ocasião até 2022, enviou anualmente à ONU suas Propostas de Paz, num total de quarenta edições. O pilar da primeira Proposta de Paz foi o problema das armas nucleares. Até a 40ª proposta, junto com as discussões sobre diversos temas globais, como interrupção de conflitos, direitos humanos, questões humanitárias e meio ambiente, o assunto recorrente em quase todos os debates foi a proibição das armas nucleares com sugestões concretas para abrir o caminho para a abolição de tais armas. Ikeda sensei defendeu consistentemente um tratado que proibisse as armas nucleares. E, finalmente, em 7 de julho de 2017, o Tratado de Proibição de Armas Nucleares foi adotado pelas Nações Unidas. No mês seguinte, no dia em que completaram setenta anos do primeiro encontro com Toda sensei (14 de agosto), Ikeda sensei descreveu seu sentimento em relação a esse tratado: Nas minhas propostas concretas para a abolição das armas nucleares, vim atribuindo especial importância a estes quatro itens: A sociedade civil deve se unir em rede solidária e levantar sua voz contrária às armas nucleares. Colocar a natureza desumana das armas nucleares no centro das discussões sobre desarmamento. Avançar na criação do tratado no fórum das Nações Unidas. Garantir que a voz das vítimas sobreviventes da bomba atômica (hibakusha) seja gravada no espírito fundamental desses tratados. Desde o lançamento da Década do Povo pela Abolição Nuclear, em 2007, pela SGI, a organização vem colaborando com muitas entidades, tais como a Campanha Internacional pela Abolição das Armas Nucleares (Ican), e expandindo a rede solidária de cidadãos que atuam em prol da paz. No contexto dos esforços contínuos da sociedade internacional para promover atividades alinhadas com os quatro pontos acima, o Tratado de Proibição de Armas Nucleares (TPAN) foi finalmente adotado com a aprovação de 122 Estados. O fato de registrar a história do cumprimento da minha promessa com o Mestre, naquele dia, no Estádio de Mitsuzawa [onde Toda sensei anunciou sua Declaração pela Abolição de Armas Nucleares], é uma honra insuperável como discípulo. Misticamente, a assinatura de cada país no Tratado de Proibição de Armas Nucleares está programada para a mesma época do 60º aniversário da Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas no próximo mês de setembro [de 2017].6 A convicção de Ikeda sensei em suas repetidas ações de luta conjunta de mestre e discípulo desde a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares de Toda sensei está condensada também na conclusão de sua última Proposta de Paz, publicada em 2022. Almejamos herdar essas palavras como base da missão social da Soka Gakkai e expandir nossas ações para cumprir, juntos, um compromisso com Ikeda sensei. A natureza desumana das armas de destruição em massa não se limita às consequências catastróficas de seu uso. Não importa quantas pessoas lutem por um mundo e por uma sociedade melhores nem por quanto tempo, uma vez que o intercâmbio de forças nucleares começar tudo será em vão. A realidade da era nuclear é que estamos obrigados a viver na constante companhia do pior — o mais incompreensível e absurdo — perigo imaginável. O compromisso da SGI pela abolição das armas nucleares vem desde a declaração do presidente Josei Toda em 1957. No meio da corrida armamentista entre os Estados com armas nucleares, a União Soviética havia testado com sucesso um míssil balístico intercontinental (ICBM) no mês anterior [agosto], criando uma realidade na qual todas as partes do mundo estavam expostas à possibilidade de um ataque nuclear. Em face dessa aterradora realidade, Josei Toda frisou que o uso de armas nucleares por qualquer Estado deveria ser absolutamente condenado e expressou sua indignação pelo pensamento que justifica a posse delas: “Quero expor e extirpar as garras ocultas nas profundezas dessas armas”. Recordo-me, como se fosse ontem, da indignação do meu mestre com a natureza desumana dessas armas, que podem nos arrancar o significado e a dignidade da nossa vida e destruir o funcionamento da sociedade humana da raiz aos galhos. Como seu discípulo, determinado a tornar realidade a visão do meu mestre, senti sua ira justa nas profundezas do meu ser. Com a convicção de que o destino da humanidade não pode ser transformado sem que se resolva o desafio das armas nucleares, o mal fundamental da civilização moderna, vim consistentemente tratando dessa questão em minhas propostas de paz anuais desde 1983 e me empenhando pela proibição das armas nucleares. Muitas décadas depois, o TPAN, um tratado que ressoa o espírito da declaração de Josei Toda, entrou em vigor e seu primeiro encontro dos Estados-membros está para ser realizado. O estágio crucial dos esforços para abolir as armas nucleares foi enfim atingido, objetivo tão entusiasticamente perseguido por tantas pessoas no mundo, começando pelos hibakusha (as vítimas dos bombardeios de Hiroshima e de Nagasaki) e os impactados pelo desenvolvimento e pelos testes dessas armas ao redor do globo. Completar essa tarefa é a forma de cumprir nossa responsabilidade com o futuro. Firme nessa crença, a SGI continuará a avançar aumentando a solidariedade da sociedade civil, com especial foco nos jovens, rumo à criação de uma cultura de paz na qual todos desfrutem o direito de viver na mais autêntica segurança.7 Vamos transmitir essas palavras como os valores fundamentais da missão social da Soka Gakkai e como nosso compromisso com Ikeda sensei de trabalharmos juntos para cumpri-las. Divulgar propostas concretas Junto com o apelo de Ikeda sensei declarado na fundação da SGI, a defesa da “competição humanitária” de Makiguchi sensei e o espírito do Toda sensei que pulsa em sua Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, façamos dessa passagem da última proposta de paz de Ikeda sensei a base do movimento pela paz da Soka Gakkai. E, trabalhando juntos com pessoas e entidades que pensam da mesma forma, vamos objetivar a concretização de um mundo sem armas nucleares e sem guerras. A SGI se compromete a continuar divulgando ideias e propostas para a solução de diversos desafios que a humanidade enfrenta, tais como proteção ao meio ambiente, direitos humanos, crise climática e vários problemas humanitários, além da abolição das armas nucleares e da prevenção de guerras. Certa vez, Ikeda sensei referiu-se às seguintes palavras de Toda sensei como a inspiração que sustentava seus esforços para continuar publicando as propostas de paz: Para a paz da humanidade, é importante apresentar propostas concretas e assumir a liderança para que sejam realizadas. Mesmo que tais propostas não sejam aceitas e realizadas de imediato, elas se tornam faíscas pelas quais se espalham as chamas da paz. Teorias abstratas são sempre vazias e fúteis. Mas propostas concretas se tornam pilares para sua realização e telhados para proteger a humanidade.8 Como discípulos de Ikeda sensei, devemos participar, por pouco que seja, da batalha pela paz e pelo humanismo dos três primeiros presidentes [Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda]. Como portadores da cultura de paz, desejamos agir no palco de nossa missão e expandir uma vigorosa rede de solidariedade do povo para mudar a trágica história da miséria humana pelo ilimitado futuro. Traduzido e adaptado do Seikyo Shimbun de 26 de janeiro de 2024. No topo: Às vésperas do 30o aniversário da Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, foi realizada a Exposição sobre a Ameaça Nuclear. Na abertura da exibição, Ikeda sensei discorre sobre a sua crença de que o ato de continuar transmitindo sobre a tragédia das armas nucleares é sua “missão, responsabilidade e obrigação como japonês, pacifista e budista e, ao mesmo tempo, um direito extraordinário” (Moscou, Rússia, maio 1987) Foto: Seikyo Press Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 21, p. 38, 2019. 2. SAITO, Koichi. Shashin: Ikeda Sensei o ou [Daisaku Ikeda: Um Diário Fotográfico]. Tóquio: Editora Kodansha, 1969, p. 97. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 566, 2020. 4. IKEDA, Daisaku. A Sabedoria do Sutra do Lótus. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 190, 2021. 5. Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 20, p. 129-130, 2019. 6. IKEDA, Daisaku. Uketsugareru Heiwa no Kokoro: Gensuibaku Kinshi Sengen to Kanagawa [Herdando o Espírito da Paz — A Declaração pela Abolição das Armas Nucleares e Kanagawa] publicada na edição de 8 set. 2017 do jornal Seikyo Shimbun. 7. Idem. Transformar a História Humana com a Luz da Paz e da Dignidade. In: Terceira Civilização, ed. 645, maio 2022. 8. Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-II, p. 169, 2022.
02/05/2024
Editorial
TC
Cultivar para resplandecer
Nos lares dos brasileiros, o cultivo de plantas aumentou, principalmente no período da pandemia. Muitos, para diminuir a sensação de solidão, deram os primeiros passos nos cuidados com as plantas. Aprender sobre poda, rega adequada e tempo de exposição à luz se tornou indispensável para que as folhas e flores não perdessem vitalidade e estivessem sempre vistosas nos ambientes das casas. Quando as plantas enfraquecem, perdem a vivacidade e ficam ressequidas, a preocupação aumenta e a disposição em mantê-las firme é redobrada. Como vimos, para as plantas se desenvolverem fortes e saudáveis, é necessário muito zelo. Com cuidados essenciais, certamente elas vão florescer, deixar o ambiente bonito e agradável, e impactar positivamente os residentes. Igualmente, a vida de uma pessoa, em especial a dos jovens, também pode ser tocada com nossa sinceridade, dedicação e respeito, assim como as plantas requerem os cuidados necessários para se fortalecer. Nosso mestre, Daisaku Ikeda, garante: Estou certo de que muitas pessoas sentiram essa gratidão por outras pela ajuda e pelo direcionamento que receberam para que se tornassem o que são hoje. Para cultivar os jovens, é preciso conviver, dialogar e trabalhar com eles. Deve-se compartilhar experiências com eles. Se alguém tiver paixão para desenvolvê-los como seres humanos valiosos, então que ore e se dedique ao máximo por eles; assim cultivará uma semente no coração dessa juventude. Ainda que essa semeadura talvez não seja visível de imediato, com o tempo vai florescer com vigor.1 Seguramente, a Soka Gakkai em todo o mundo está se empenhando para que essa diretriz de Ikeda sensei — dos jovens expandirem ainda mais o vigor juvenil em prol da paz e felicidade de todas as pessoas — seja posta em ação. O Brasil é vanguardista no movimento da Juventude Soka. Em março, mês alusivo ao Dia do Kosen-rufu, a BSGI alcançou o objetivo de criar uma rede de 100 mil jovens humanistas que compreendem o humanismo budista compartilhado pela Soka Gakkai e por Ikeda sensei. A matéria de Capa da edição mostra como cultivar a energia jovial, a despeito da idade cronológica, e traz um artigo especial da coordenadora da Divisão dos Jovens da BSGI, Monique Tiezzi. Confira também a editoria Crônica sobre os bastidores do crescimento de um único jovem. Acompanhe a quarta parte do Especial, intitulado Jornada de Mestre e Discípulo — Os 95 Anos da Vida de Ikeda Sensei. Veja ainda na seção Na Prática o conceito “budismo é a própria vida diária”, e quanto analisar os fatos cotidianos de uma perspectiva elevada é essencial para ultrapassar os desafios mais prementes. Excelente leitura! Redação Nota: 1. Terceira Civilização, ed. 625, set. 2020, p. 32-40.
01/04/2024
Encarte Especial
TC
Nova Revolução Humana em fotos
O Centro de Treinamento de Nagano também recebeu muitos ilustres pensadores e estudiosos do mundo, servindo de palco para diálogo e o intercâmbio amistosos com foco na paz, cultura e educação. Entre eles, o escritor quirguiz Chinghiz Aitmatov; o Dr. David Lloyd Norton, professor de filosofia da Universidade de Delaware; o estudioso americano, Dayle Morgan Bethel; o Dr. Jim Garrison e o Dr. Larry Hickman, presidente e ex-presidente da John Dewey Society nos Estados Unidos; o Dr. Yan Zexian, reitor da Universidade Normal do Sul da China; e o Dr. N. Radhakrishnan, diretor do Museu Memorial Gandhi da Índia. Karuizawa [onde está localizado o centro de treinamento] era o local em que Shin’ichi havia jurado, como sucessor de Josei Toda, gravar e transmitir para a posteridade o espírito e as realizações do seu mestre. Agora, o lugar se tornara fonte de energia para um novo desenvolvimento e criatividade. Foi também no Centro de Treinamento de Nagano que ele começou a escrever o romance Nova Revolução Humana, em 6 de agosto de 1993. (Nova Revolução Humana, v. 30-I, p. 142-143) Foto:Seikyo Press / Ilustração:Kenichiro Uchida No topo: Encontro do presidente Ikeda com o Dr. N. Radhakrishnan, à dir., renomado especialista indiano em Gandhi (Japão, 1994). Foto: Seikyo Press
01/04/2024
Artigos
TC
Profusão de flores de cerejeira! Castelo de mestre e discípulo Soka
“A Soka Gakkai se tornará o castelo por meio dos ‘valores humanos’.” Assim bradou Josei Toda, segundo presidente da organização, nas ruínas do Castelo de Aoba, em Sendai, no mês de abril de setenta anos atrás. Naquela ocasião, Ikeda sensei consultou Toda sensei sobre os “pontos a ter em mente para desenvolver os jovens como ‘valores humanos’”. A resposta de Toda sensei foi sintetizada em três itens: “consciência da missão”, “vontade de se aprimorar” e “perseverança”. Sem a consciência da missão, não surge a força do emergido da terra. Mas isso não é suficiente. As flores do potencial da pessoa só desabrocham quando ela tem vontade de se aprimorar e perseverança para se desafiar com paciência, as quais elevam a si mesma. Essa é uma diretriz que os jovens sucessores devem gravar no coração. Por outro lado, essa mesma postura é exigida das pessoas que se encontram na posição de criar esses “valores humanos”. Sem o empenho para avançar e buscar o próprio desenvolvimento, não será possível reconhecer os “valores humanos” nem adquirir a capacidade de inspirá-los. Esse é um ponto fundamental que podemos aprender com as ações de Ikeda sensei. Ele sempre travou uma árdua luta, levantando-se na vanguarda, com o pensamento voltado para o futuro do kosen-rufu mundial. Em meio às suas árduas batalhas do dia a dia, ele descobriu “valores humanos” e, mais que ninguém, os encorajou e os desenvolveu. “Levante-se, eu também me levantarei” Inesquecíveis são as ações de encorajamento empreendidas há cinquenta anos, no dia 28 de abril, que deram origem ao Dia de Ishikawa e ao Dia de Toyama. Nessa ocasião, ao chegar ao local da convenção na cidade de Kanazawa, Ikeda sensei aproximou-se dos jovens que estavam na recepção, oferecendo-lhes um sincero incentivo. Além disso, aos jovens companheiros com os quais não conseguiria se encontrar, ele escreveu sucessivos poemas, tais como “Levante-se, / eu também me levantarei, / na montanha do corcel branco”. “Como está tal companheiro? E aquele outro?” Ikeda sensei recordava-se não apenas dos membros da localidade visitada, mas também dos jovens que, a partir dali, tinham crescido e saído para o mundo. A Soka Gakkai de hoje foi edificada por esses árduos esforços de Ikeda sensei que continuou dedicando todas as suas forças na criação de jovens. É como consta nos escritos de Nichiren Daishonin: “Se deseja saber os efeitos que se manifestarão no futuro, observe as causas que estão sendo feitas no presente”.1 As chamas do kosen-rufu estão ardendo em sua vida hoje? Você possui o espírito de se aprimorar junto com os jovens, demonstrando-lhes exemplos? Esses são os pontos que possibilitarão eternizar o castelo de mestre e discípulo Soka. Inicia-se o mês de abril da primavera [japonesa]. Tal qual a profusão das flores de cerejeira banhadas pelos raios do sol, vamos também fazer desabrochar as flores da amizade. Vamos, junto com os jovens da localidade, escrever o drama do desenvolvimento. No topo: “Companheiros de Ishikawa, esforcem-se.” “Companheiros de Toyama, esforcem-se.” Assim brada Ikeda sensei na Convenção Comemorativa dos Vinte Anos do Kosen-rufu da região de Hokuriku, realizada no Salão de Exposições Industriais da Província de Ishikawa, na cidade de Kanazawa, em 28 de abril de 1974. Ikeda sensei propõe que esse dia, justamente a data de fundação do Budismo Nichiren, ocorrida em 1253, seja estabelecido como Dia de Ishikawa e Dia de Toyama. Neste ano [2024], completam-se cinquenta anos desde essa ocasião. Foto: Seikyo Press Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 292, 2020.
01/04/2024
Especial
TC
Jornada de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei
Publicado no jornal Seikyo Shimbun em 23 de novembro de 2023. O caminho do diálogo humanístico que ultrapassou barreiras, transcendendo civilizações para transformar o “século das guerras” no “século sem guerras” Nesta quarta parte da série, apresentamos a trajetória de ações e de diálogos promovidos por Ikeda sensei pela paz do mundo, carregando a tocha do pacifismo herdada de Toda sensei, após ter vivido uma juventude em meio à guerra. Dr. Toynbee: diálogo pelo bem da posteridade “A grandiosa revolução humana de uma única pessoa um dia impulsionará a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade”.1 Essas palavras do prefácio do volume 1 do romance Revolução Humana constituem a essência da obra, assim como também de sua continuação, a Nova Revolução Humana. Ao mesmo tempo, o excerto é uma declaração do propósito ao qual Ikeda sensei dedicou a própria vida. “Não há ato mais bárbaro do que a guerra! Não existe um fato mais trágico do que a guerra!”.2 Ikeda sensei começou a escrever a Revolução Humana em 2 de dezembro de 1964 nas terras de Okinawa, região do Japão escolhida por ter sido o palco da mais terrível batalha terrestre durante a Segunda Guerra Mundial e um local em que inúmeras pessoas sofreram intensamente. Ikeda sensei também foi um jovem que sofreu com as consequências da guerra. Juventude sob a guerra Ikeda sensei nasceu em 1928, no atual distrito de Ota, em Tóquio, e viveu a infância no “período no qual o Japão todo se mostrava interessado, até demais, pelo rumo que a guerra tomava”.3 Quando ele tinha 9 anos, a Guerra Sino-Japonesa eclodiu e, às vésperas de completar 14 anos, a Guerra do Pacífico teve início. Por esse motivo, seus quatro irmãos mais velhos foram sucessivamente convocados para o serviço militar. Sua família teve de deixar a casa onde morava devido a uma evacuação forçada, e o local para onde se mudou também acabou sendo incendiado por ataques aéreos. Após a derrota do país na guerra, sensei e sua família receberam o comunicado da morte do irmão mais velho na frente de batalha, momento em que viu sua mãe chorando copiosamente. Nessa época, sofria também com a própria saúde, acometido de tuberculose e com a sombra da morte perseguindo-o constantemente, tanto em relação a seu corpo quanto ao ambiente ao redor. “Eu odiava a guerra. Eu odiava os líderes que levaram o povo à guerra”, declarou certa vez. No verão do ano em que completou 17 anos, a guerra terminou, com a derrota do Japão. Da mesma forma que muitos jovens, sensei se questionava: “O que devo fazer para que essa história nunca mais se repita?”. Em meio a essas circunstâncias, ele teve um encontro com um senhor de meia-idade na noite do dia 14 de agosto de 1947. Era uma reunião de palestra da Soka Gakkai para a qual havia sido convidado. Aquele senhor, chamado Josei Toda, realizava a explanação do escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra [de Nichiren Daishonin]. “Que tipo de vida é o modo correto de viver?”; “Que tipo de pessoa pode ser considerada um verdadeiro patriota?”; “O que o senhor acha do imperador?”. A essas três perguntas, Josei Toda forneceu respostas claras e concisas. Além disso, como diziam, era alguém que enfrentou o cárcere por resistir aos militares naquela guerra. “Posso confiar nessa pessoa”, esse era o sentimento de Ikeda sensei e, assim, ele se converteu ao budismo dez dias depois desse encontro, tornando-se discípulo de Josei Toda. No escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra consta: “Se o senhor se importa realmente com a segurança pessoal, deve primeiro orar pela paz e segurança nos quatro quadrantes da terra, não é verdade?”4 O início da caminhada do Mestre na prática budista se tornou também o primeiro passo rumo à paz mundial. Declaração à sociedade Às vésperas de completar 30 anos, Ikeda sensei escreveu em seu diário a própria jornada de vida de dez em dez anos, do passado ao futuro: Até os dez: Minha infância num lar de produtores de algas. Até os vinte: Cultivei meu senso de missão e lutei contra a maldade da doença. Até os trinta: Dedicação à prática da fé e ao estudo do budismo; lutar para eliminar a maldade da doença. Até os quarenta anos: Aperfeiçoarei o estudo do budismo e minha prática budista. Até os cinquenta anos: Farei minha declaração à sociedade. Até os sessenta anos: Consolidarei o alicerce do kosen-rufu no Japão.5 A saúde de Daisaku Ikeda era tão frágil que os médicos diziam que ele “não viveria até os trinta anos” e, na ocasião em que escreveu o diário, registrou somente até os sessenta anos. No dia 8 de setembro de 1968, sensei, que havia completado oito anos de sua posse como terceiro presidente da Soka Gakkai, fez uma grandiosa “declaração à sociedade” direcionada ao mundo todo. Era a Proposta de Normalização das Relações Diplomáticas Sino-Japonesas, apresentada na 11a Convenção da Divisão dos Universitários. Naquele dia, completavam-se onze anos desde que Josei Toda proferira sua Declaração pela Abolição das Armas Nucleares. Com o agravamento da Guerra Fria e a grande revolução cultural da China, as relações sino-japonesas se arrefeciam mais que nunca. No passado, ocorreram incidentes nos quais políticos que se empenharam para restabelecer a amizade entre os dois países haviam sido assassinados. Em meio a essa difícil situação social, por que Ikeda sensei apresentou uma proposta pondo em risco a própria vida? “Eu não tenho escolha, eu sou budista. A missão social do praticante budista é trabalhar pela paz mundial e pela felicidade de todas as pessoas”.6 Esse era seu verdadeiro sentimento. Ao tomar conhecimento da proposta, o jornalista Liu Deyou do jornal Guang Ming Daily a transmitiu imediatamente para a China. Essa notícia chegou também ao primeiro-ministro Zhou Enlai, que tinha plenos poderes diplomáticos na época. A proposta despertou reações negativas tanto no Japão como em outros países, e começou a surgir um sentimento de revolta e de alerta, gerando até ameaças. No entanto, o estudioso da literatura chinesa Yoshimi Takeuchi demonstrou seu apoio comentando que “havia uma esperança”. Também Kenzo Matsumura, influente autoridade do mundo político, afirmou que a proposta “conquistou um milhão de aliados”. Dessa forma, houve grande apoio de pessoas que desejavam o avanço nas relações entre os dois países. Em setembro de 1972, o Partido Komei, fundado por Ikeda sensei, atuou como intermediário no processo de normalização das relações diplomáticas entre o Japão e a China em decorrência do apreço do governo chinês à proposta do presidente Ikeda e da confiança depositada nele pelo primeiro-ministro Zhou Enlai. Por ocasião do falecimento do presidente Ikeda [em 15 de novembro de 2023], o Ministério das Relações Exteriores da China comentou (por intermédio da secretária de imprensa Mao Ning) que “O velho e bom amigo de confiança e de respeito da China” havia falecido e que “Desejamos que a ‘ponte dourada’ criada por ele continue eternamente pelo futuro”. Esse comentário reflete um cenário histórico de mais de meio século de relações. No dia 30 de maio de 1974, Ikeda sensei pisou pela primeira vez em território chinês. Naquela ocasião, ainda não havia voo direto para esse país. Ele partiu de Hong Kong, na época uma colônia britânica, e viajou de trem até a fronteira, atravessando uma ponte férrea a pé em direção à China. A programação durou cerca de duas semanas e, em um desses dias, uma menina lhe perguntou: “O que o senhor veio fazer aqui na China?”. Sensei respondeu: “Eu vim me encontrar com você!”. Em meio ao seu desafio para mudar a época rumo à paz e à coexistência dos povos, os olhos de Ikeda sensei estavam sempre voltados para cada pessoa comum do povo. O bastão da amizade A oportunidade para a segunda visita à China surgiu ainda naquele ano. O encontro com o primeiro-ministro Zhou Enlai se concretizou no dia 5 de dezembro de 1974, na última noite do período da estada de Ikeda sensei no país. Na época, o primeiro-ministro estava em um leito de hospital, acometido de um câncer que se espalhou por todo o corpo. Apesar de os médicos e as pessoas à sua volta se oporem devido ao seu estado de saúde, o primeiro-ministro rejeitou tais recomendações e fez questão de participar do encontro. Zhou Enlai se aproximou caminhando lentamente e, segurando as mãos de Ikeda sensei, disse: “Eu queria encontrá-lo a todo o custo”; “O presidente Ikeda vem propondo diversas vezes que é imprescindível desenvolver a relação de amizade entre os povos da China e do Japão. Isso me deixa muito feliz”; “Os últimos 25 anos do século 20 serão um período extremamente importante para o mundo”, afirmou o primeiro-ministro. Em resposta à forte determinação de Zhou Enlai de construir a amizade, Ikeda sensei dedicou-se de corpo e alma para a realização de intercâmbios educacionais e culturais com os jovens. Recebeu, por exemplo, na Universidade Soka, o primeiro grupo chinês de estudantes bolsistas do governo japonês após a normalização das relações diplomáticas, custeando as despesas deles. Historiador de renome mundial Ficarei feliz se pudermos realizar uma significativa troca de opiniões”. No ano seguinte à apresentação da Proposta de Normalização das Relações Diplomáticas Sino-Japonesas, uma carta chegou a Ikeda sensei. O remetente era o Dr. Arnold J. Toynbee, gigante dos estudos sobre a história do século 20. O encontro especial entre os dois se concretizou em maio de 1972 na residência do Dr. Toynbee, na Inglaterra. Na época, a Guerra do Vietnã se encontrava em uma situação delicada e crescia a ameaça do uso de armas nucleares. Naquele ano, um relatório do Clube de Roma, com o tema “Os Limites do Crescimento”, chocava o mundo indicando que o planeta atingiria seu limite de recursos em cem anos. O Dr. Toynbee já vinha mantendo forte interesse pelo budismo e considerando-o como uma religião de alto nível que indicava o caminho para superar as crises da civilização contemporânea. Ele concentrou sua atenção na figura de Ikeda sensei como um líder do “budismo vivo”. Mais um encontro foi realizado em maio do ano seguinte, em 1973, totalizando cerca de quarenta horas de diálogos nas duas ocasiões. Assim, os dois concluíram a obra Escolha a Vida, que já foi traduzida e publicada em 31 idiomas, tornando-se um “livro didático da humanidade”. No último dia do encontro, em 1973, a TV inglesa noticiou intensamente a reunião de cúpula entre a União Soviética e o primeiro-ministro da Alemanha Ocidental. Assistindo a tais reportagens, o Dr. Toynbee comentou: “Talvez o nosso diálogo seja modesto. Entretanto, a conversa entre nós dois é pelo bem da posteridade da humanidade. É esse tipo de diálogo que cria o eterno caminho da paz”. Ao término do encontro, ele afirmou: “O senhor, que é mais jovem, amplie ainda mais esse tipo de diálogo para unir a humanidade. Com os russos, com os americanos, com os chineses”. Além disso, solicitou a uma pessoa que entregasse a Ikeda sensei um pedaço de papel com nomes de alguns eminentes intelectuais, como o microbiologista dos Estados Unidos Dr. René Dubos e o fundador do Clube de Roma, Dr. Aurelio Peccei, expressando seu desejo de que, se possível, pudesse se encontrar com eles também. Mantendo diálogos sobre as perspectivas para o século 21 com essas pessoas e com outros intelectuais do mundo, Ikeda sensei foi construindo as pontes da paz com as próprias ações e não apenas com palavras. Vou me encontrar com as pessoas Em 8 de setembro de 1974, cinco meses depois de sua visita inicial à China, sensei fez sua primeira viagem à União Soviética. Era o país que liderava o movimento socialista, dividindo o mundo em dois com a “cortina de ferro”. Da mesma forma que em relação à Proposta de Normalização das Relações Diplomáticas Sino-Japonesas, houve forte reação negativa à ida de Ikeda sensei a um país que “negava a religião”. Em resposta a isso, ele declarou o motivo pelo qual realizava aquela viagem: “É porque lá existem pessoas”. Além de personalidades proeminentes como o reitor da Universidade de Moscou Rem Khokhlov e o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura Mikhail Sholokhov, sensei conversou com pessoas comuns da cidade, tais como uma senhora encarregada das chaves do hotel, um senhor e seu neto que pescavam, e com jovens estudantes da Universidade de Moscou, registrando muitas lembranças. Era como se derretesse o gelo no coração das pessoas. No último dia de sua estada, o primeiro-ministro soviético Aleksey Kosygin, com quem se encontrou no Kremlin, lhe questionou: “Qual é a sua ideologia básica?”. Sensei respondeu de imediato: “É a ideologia da paz, da cultura e da educação. A base fundamental disso é o humanismo”. O primeiro-ministro afirmou: “Valorizamos muito esse princípio. Nós, da União Soviética, também deveríamos pôr em prática esse pensamento”. Então, sensei fez a seguinte pergunta: “A União Soviética atacará a China?”. Na época, o confronto entre a China e a União Soviética se intensificava tanto quanto a disputa entre os Estados Unidos e a União Soviética. O primeiro-ministro respondeu: “Não temos intenção de atacá-la”. Quando sensei lhe perguntou se poderia transmitir essas palavras ao governo da China, o primeiro-ministro soviético respondeu afirmativamente. Essa declaração foi transmitida para a cúpula do governo chinês por ocasião da segunda visita de Ikeda sensei à China, realizada três meses depois. “O primeiro-ministro chinês Zhou Enlai deu grande importância a essa informação”, comentou Kong Fan Feng, ex-presidente do Centro de Pesquisas Zhou Enlai da Universidade de Nankai, da China. Em janeiro do ano seguinte, 1975, Ikeda sensei encontrou-se com o secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger para dialogar. Percorrendo os Estados Unidos, a China e a União Soviética, o Mestre desenvolveu a diplomacia de cidadão comum para a paz e a prevenção da guerra nuclear. Encontro com o líder do novo pensamento As atividades pela paz iniciadas concretamente por Ikeda sensei na década de 1970 começaram a se desenvolver ainda mais depois de sua renúncia como terceiro presidente da Soka Gakkai, tornando-se seu presidente honorário, em 24 de abril de 1979. Ikeda sensei, que já havia se tornado presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI) em 26 de janeiro de 1975, apresentou uma proposta de abolição das armas nucleares por ocasião da 2a Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas para o Desarmamento, realizada em junho de 1982. Em janeiro de 1983, comemorando o Dia da SGI, em 26 de janeiro, anunciou sua Proposta de Paz, intitulada Nova Proposta para a Paz e o Desarmamento. A partir de então, enviou propostas de paz anualmente até 2022. No fim do ano seguinte à queda do Muro de Berlim, ocorrida em novembro de 1989, ficaram claros os estratagemas do clero da Nichiren Shoshu. Apesar dessas artimanhas, as atividades de construção da paz de Ikeda sensei passaram a ser realizadas em escala ainda maior, criando pontes de diálogo entre civilizações e religiões. Entre as décadas de 1980 e de 1990, ele manteve encontros com líderes e chefes de Estado, como os presidentes Richard von Weizsäcker, da Alemanha; Nelson Mandela, da África do Sul; e Fidel Castro, de Cuba; além dos primeiros-ministros Rajiv Gandhi, da Índia; Lee Kuan Yew, de Singapura; e Mahathir bin Mohamad, da Malásia. Ele, ainda, estreitou laços de amizade com Rosa Parks, ativista do movimento pelos direitos humanos nos Estados Unidos; com o músico Yehudi Menuhin; o cientista Dr. Linus Pauling; e o economista Dr. John Kenneth Galbraith. Em especial, por ocasião do falecimento de Ikeda sensei, a mídia japonesa, bem como a de outros países, noticiou amplamente a amizade de Ikeda sensei com o ex-presidente da União Soviética Mikhail Gorbatchev. O primeiro encontro de sensei com o líder soviético se deu em 27 de julho de 1990, no Kremlin, em Moscou. Gorbatchev punha em ação a perestroika (reforma) que visava reconstruir a sociedade dilapidada do país. Ele havia declarado o fim da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, durante a Conferência de Cúpula de Malta, realizada no mês de dezembro do ano anterior, e tinha tomado posse como primeiro presidente da União Soviética. As primeiras palavras ditas por Ikeda sensei nesse encontro foram: “Hoje, vim ‘brigar’ com o presidente. Vamos dialogar francamente sobre quaisquer assuntos, soltando faíscas! Pelo bem da humanidade, do Japão e da União Soviética!”. Diante dessas palavras inesperadas, Gorbatchev respondeu com um sorriso: “Entendi, vamos lá!”. O diálogo foi acalorado, com mais de uma hora de duração, sobre o significado e a situação da perestroika e a expectativa nos jovens, entre outros. No encontro, Gorbatchev declarou: “O novo pensamento da perestroika é como um único ramo da árvore da filosofia do presidente Ikeda”. O presidente Gorbatchev expressou ainda, de forma clara, sua intenção de visitar o Japão na primavera do ano seguinte. Na mesma noite, essa declaração foi noticiada no Japão como manchete principal. Conforme prometido, em abril de 1991, o presidente Gorbatchev cumpriu a primeira visita ao Japão como chefe de Estado da União Soviética e, reservando um tempo em sua agenda lotada, encontrou-se novamente com Ikeda sensei. Mesmo após a renúncia de Gorbatchev como presidente, deram continuidade ao intercâmbio envolvendo seus familiares e publicaram uma obra em forma de diálogo, intitulada Nijusseiki no Seishin no Kyokun [Lições do Espírito do Século 20]. Foram realizados dez encontros ao todo. Na Universidade Soka, ao lado dos pés de cerejeira, que simbolizam a amizade com o casal Zhou Enlai (“Cerejeira Zhou” e “Cerejeira Casal Zhou”), foi plantada a “Cerejeira Casal Gorbatchev” por Mikhail Gorbatchev e esposa, junto com Ikeda sensei e esposa. Hoje, a bela árvore encontra-se em plena floração [dezembro de 2023]. Alegria tanto em vida como na morte Além dos diálogos com líderes e intelectuais do mundo, Ikeda sensei dedicou esforços na realização de palestras em universidades e instituições acadêmicas. Ele justifica essa decisão: “A humanidade pode se unir e se fundir nas universidades. O estudo transcende as nações, os sistemas e os grupos étnicos”. Na mais renomada instituição de ensino superior norte-americana, Universidade Harvard, sensei foi palestrante convidado por duas vezes. A primeira palestra, em 1991, teve como tema “A Era do Soft Power e a Filosofia Interiormente Motivada”. Em setembro de 1993, na segunda palestra, sensei discorreu sobre conceitos budistas a respeito da vida e da morte em seu discurso “O Budismo Mahayana e a Civilização do Século 21”. Sensei afirmou que, na raiz do caos da civilização moderna, que gera as guerras, existe a arrogância do ser humano que evita e esquece a questão da morte. Citando a filosofia da “alegria tanto em vida como na morte” pregada no budismo Mahayana, apresentou a perspectiva da construção de uma civilização humana que tenha como base a dignidade da vida e o diálogo aberto. Ao término da palestra com duração de cerca de quarenta minutos, o local foi tomado por um profundo clima de admiração e forte salva de palmas. Depois desse evento, Ikeda sensei continuou transmitindo sua grandiosa visão humanística direcionada para a transformação do destino da humanidade, realizando palestras na Universidade de Moscou (pela segunda vez); na Universidade de Bolonha, na Itália; na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos; na Universidade de Havana, em Cuba; e no Instituto de Estudos Contemporâneos Rajiv Gandhi, da Índia; entre diversas outras. Trilhando eternamente o caminho da paz Em janeiro de 1998, quando Ikeda sensei completou 70 anos, ele registrou em um ensaio: Se fosse para registrar no papel tudo o que realizei desde os meus sessenta anos até os dias de hoje [janeiro de 1998], bem como o que almejo para a próxima década, escreveria: Até os setenta anos: O estabelecimento dos princípios de um novo humanismo. Até os oitenta anos: A conclusão da base do kosen-rufu mundial. A partir de então, de acordo com a Lei Mística e a natureza imperecível da vida exposta no budismo, estou determinado a liderar o kosen-rufu por toda a eternidade.7 Hoje, levantam-se, diante de nós, novos desafios, embora alguns deles sejam também antigos, tais como a questão das armas nucleares, os conflitos étnicos e a crise climática. Entretanto, os meios e os princípios para a solução dessas questões estão indicados na voz, nos diálogos e nas ações de Ikeda sensei. O restante depende somente das ações confiadas aos jovens sucessores. Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 17, 2021. 2. Ibidem, p. 21. 3. IKEDA, Daisaku. Minhas Recordações. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2021. p. 45. 4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 24, 2020. 5. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 423. 6. Idem. Ponte Dourada. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 13, p. 36, 2019. 7. Terceira Civilização, ed. 355, mar. 1998, p. 20.
01/04/2024
Encarte Especial
TC
Nova Revolução Humana em fotos
Shin’ichi também atuou como apresentador no último e importante evento com a presença do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, a cerimônia do dia 16 de março de 1958, na qual ele confiou o futuro do kosen-rufu aos jovens. A princípio, estava prevista a participação do primeiro-ministro da época, amigo do presidente Toda, na cerimônia. As 6 mil pessoas reunidas estavam ansiosas para demonstrar ao primeiro-ministro a sua determinação, como membros da Divisão dos Jovens da Soka Gakkai, de se tornar os pilares que sustentariam o futuro do Japão. Pouco antes da solenidade, porém, o político cancelou sua visita e enviou a esposa e o genro em seu lugar. Josei Toda estava decidido a converter aquele dia numa majestosa cerimônia na qual delegaria o futuro do kosen-rufu aos jovens, independentemente do fato de o primeiro-ministro comparecer ou não. Compreendendo a intenção do presidente Toda, Shin’ichi iniciou sua tarefa como mestre de cerimônia determinado a dissipar a frustração dos participantes e a despertar neles o eterno juramento, como bodisatvas da terra, de realizar o kosen-rufu nos Últimos Dias da Lei. Era um momento de desafio supremo. Somente com a sua voz seria capaz de erguer o ânimo dos 6 mil membros ali presentes? Também representava um ritual solene: o dia em que seu mestre, Josei Toda, passaria a seus sucessores o bastão da luta em prol do kosen-rufu. (Nova Revolução Humana, v. 25, p. 178-179) No topo: Cerimônia do dia 16 de março de 1958 ocorre com a participação de 6 mil jovens, Japão Foto: Seikyo Press
04/03/2024
Crônica
TC
Cultive diariamente o “espírito de doação”
Ao consultar meu BS+, constatei que o espírito de doação na SGI não se limita apenas às contribuições materiais, mas contempla todos os tipos de oferecimento em prol do avanço do movimento pelo kosen-rufu da organização e do desenvolvimento de seus membros. Para exemplificar, em relação à prática do gongyo e do daimoku diários, muitas vezes efetuamos, mesmo inconscientemente, diversos tipos de doação, tais como oferecimentos de incenso, velas, água, frutas, ramos verdes e outros. Além disso, encontrei ensinamentos budistas que apontam exemplos de doação: - Doação dos olhos: Diz respeito à importância de olhar as pessoas com benevolência e calor humano. - Doação do rosto gentil e sorridente: Refere-se à importância de manter um rosto sorridente, fazendo com que todo o ambiente se torne alegre. - Doação de palavras gentis: Ressalta a importância de proferir palavras gentis e respeitosas aos outros. - Doação do corpo: Significa agir de forma respeitosa em qualquer situação e lugar, dando importância à disciplina e à educação. - Doação do sentimento: Diz respeito a relacionar-se com outras pessoas com boa vontade e gentileza, sustentando sempre a fé, a benevolência e a consideração pelos outros. - Doação do lugar: Corresponde a ceder o local para propagar a Lei. - Doação da casa: Refere-se ao oferecimento do próprio lar para as atividades. Refletindo sobre os vários tipos de “doação”, gostaria de destacar a doação do nosso “tempo” e a doação da “nossa vida” em prol da nossa felicidade e da felicidade de outras pessoas. Ikeda sensei citou certa vez: “Para nós, não poupar a vida significa recitar constantemente Nam-myoho-renge-kyo, sem nenhum temor, e nos dedicar de corpo e alma para comprovar a fé — pelo bem do mundo, do futuro e de todas as pessoas”.1 Ao assistir a um filme, chamado O Preço do Amanhã,2 ele me fez refletir sobre a importância do tempo, da nossa existência, ao lado das pessoas que amamos, nossa família e nossos amigos. Não desperdiçar o tempo e doá-lo, utilizando-o da melhor forma, fazendo o bem, vivendo com propósito e aproveitando as oportunidades que a vida nos proporciona. O filme reforçou o incentivo de uma líder da Divisão Feminina (DF) com quem dialoguei em determinada ocasião. Naquele momento, comentei: “Não tenho tempo, mas tenho muita disposição!”. Sorrindo, ela me respondeu: “Fique tranquila, o mais importante é a sua” disposição e o sentimento de dar o seu melhor no que estiver fazendo”. Aliás, ela deixou uma orientação do Mestre que consta no volume 21 da Nova Revolução Humana3 sobre como conciliar a vida com tantas responsabilidades e ainda ter tempo de doar a vida pela felicidade das pessoas. O presidente Ikeda é para nós um grande exemplo de doação. Ele considera cada encontro com as pessoas como se fosse o último entre eles. Assim, Ikeda sensei se dedica ao máximo para oferecer nem que sejam algumas palavras de incentivo, com o forte desejo de que cada pessoa se torne realmente feliz e vitoriosa. Ele não desperdiça nenhuma oportunidade, perguntando a si mesmo se não existe mais alguém a quem possa encorajar. Dessa forma, tendo o Mestre como exemplo, convido você a viver uma vida aplicando o espírito de doação em todos os sentidos. E, com muita sabedoria da prática da fé, busque cultivar uma vida de vitórias e de realizações, junto com os familiares, a localidade e a sociedade. Selma Inoguti Colaboração Notas: 1. Terceira Civilização, ed. 499, mar. 2010, p. 43. 2. O PREÇO do Amanhã. Direção/roteiro: Andrew Niccol. Produção: Andrew Niccol, Eric Newman, Marc Abraham. Estados Unidos: 20th Century Fox, 2011 (1h49). 3. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 21, p. 274, 2019.
01/03/2024
Especial
TC
Os ensaios de Ralph Waldo Emerson, um filósofo amado pelo povo
Boston, cidade da Renascença Americana, agraciada com uma luminosidade solar suave e pelo farfalhar agradável das árvores, estava envolta pelo vermelho vívido do outono. Em setembro de 1991, visitei essa capital da intelectualidade americana a convite da Universidade Harvard, onde apresentei uma palestra chamada “A Era do Soft Power”. Nela, comentei a tendência global do crescimento do soft power — conhecimento, informação, cultura e sistemas — e do distanciamento perante o hard power da força militar, da autoridade política e da riqueza. Afirmei que, para tornar essa tendência uma corrente irreversível do nosso tempo, era de extrema importância buscar nossa força na “automotivação”.1 Esse ponto de vista penetrante de que o verdadeiro poder é algo que brota de dentro é fundamentado no próprio ser humano e na vida; a espiritualidade cuja motivação é interior se torna uma filosofia robusta que nunca, nem por um instante sequer, se afasta dessa perspectiva. Na minha palestra, citei Emerson, praticante único dessa filosofia, que afirma: “Aquilo que mostra Deus em mim me fortifica. Aquilo que mostra Deus fora de mim me causa verruga e tumor”.2 Conhecido como o “sábio de Concord”, Ralph Waldo Emerson — pensador e filósofo de destaque, soberbo educador e poeta — foi porta-estandarte da Renascença Americana. Para mim, Emerson é um “amigo” inesquecível da juventude cujos escritos eu amava ler. Mantinha sua obra na prateleira mais próxima da minha mesa para poder lê-la a qualquer momento. Em meio às ruínas do Japão pós-guerra, folheava seus escritos repetidamente — como se mitigasse minha sede espiritual. Meu mestre, Josei Toda, me falou: “Você deveria ler Emerson minuciosamente”. O próprio nome “Emerson” traz à tona muitas lembranças da minha vida juvenil. CRESCENDO EM UMA ERA TURBULENTA Emerson nasceu em Boston no começo do século 19. Sua família descendia de uma linhagem renomada de ministros religiosos. Mas seu pai morreu quando Emerson tinha apenas 8 anos, deixando esposa e cinco meninos em dificuldades para se sustentar.3 Eram tempos turbulentos. A Revolução Industrial trouxe mudanças significativas para a sociedade, com progressos científicos constantes derrotando visões religiosas tradicionais. Emerson cresceu respirando nessa atmosfera de valores em mutação. Também influenciando o menino Emerson estavam o afeto maternal e a paixão de sua tia pela educação. A tia o encorajava: “Eleve seus objetivos”, e “Faça aquilo que teme”.4 Ela lhe ensinou que “a sublimidade do caráter deve vir da sublimidade da motivação”.5 Em seus anos derradeiros, Emerson descreveu a abordagem de sua tia para a educação como aquela pautada no respeito pela criança como pessoa independente, “uma benção que nada na educação poderia fornecer”.6 Aos 14 anos, Emerson ingressou na Universidade Harvard, onde se familiarizou com a filosofia tanto clássica quanto moderna. Posteriormente, ele entrou na Faculdade de Estudos Religiosos de Harvard [braço de estudos teológicos da instituição]. Com apenas 25 anos, ele se tornou pastor iniciante em uma famosa igreja do unitarismo de Boston. Unitarismo é uma escola cristã que rejeita a tradicional doutrina da Trindade7 e enxerga Deus como uma entidade única. A eloquência de Emerson atraía muita gente, e sua reputação cresceu rapidamente. Após o ministro principal adoecer e se aposentar, Emerson assume total responsabilidade pela igreja. Enquanto isso, ele se torna também capelão do Senado Estadual do Massachusetts e é eleito para o Comitê Escolar de Boston. No começo de sua vida adulta, foi abençoado com muitas oportunidades e boa sorte. Porém, se tivesse conhecido apenas águas calmas, Emerson o filósofo não teria emergido. Uma voz interna continuamente o incitava, uma voz que não era silenciada pelo status nem pelas honrarias. Seu objetivo não era uma carreira como ministro religioso, mas, sim, realizar seu propósito genuíno como um homem de religião. Sua voz interna deixou claro para ele que havia uma fenda profunda entre o ideal e a realidade. Emerson viu algo que descreveu como “formas mortas”8 de adoração impostas pela autoridade e enraizadas profundamente na igreja de sua época. Em algumas igrejas, pairava uma atmosfera de desprezo pelos pobres, que fielmente frequentavam a Igreja. Rituais desprovidos de vida, tradições embaciadas e teatrais; a fé espontânea e vibrante era reprimida. “RELIGIÃO..., NA PRÁTICA, NÃO É A FORMA” Autoridades religiosas desenvolvem e mantêm rituais e formalidades que mistificam a própria crença. Religiões, ao longo da história, tomaram esse caminho, uma tendência não limitada ao passado. A religião atual deve ser questionada nesse sentido. Arnold J. Toynbee, renomado historiador do século 20, com quem travei uma série de diálogos, fez uma observação profunda sobre a questão. Ele explicou que uma das maneiras amplamente relatadas de como as religiões de longa tradição caíram no declínio foi por terem permanecido atoladas em formalidades discordantes com os novos tempos. Emerson também era extremamente ciente desse padrão. Por esse motivo, ele não cedia às indolentes autoridades da Igreja. As conjecturas dele se tornaram mais lúcidas conforme seus agravos se multiplicavam — seu amado irmão mais novo sofreu um colapso mental aos 23 anos e sua esposa faleceu após um ano e meio de casamento feliz. Em seu diário, ele escreveu: “A religião é eficazmente destruída tanto pelo fanatismo quanto pela indiferença”;9 “O Deus em nós crê em Deus”;10 e “É o melhor do homem, penso, às vezes, sua parte que se revolta contra ser ministro”.11 Ele também registrou: “Já pensei por vezes que, para ser um bom ministro, é necessário deixar o ministério. A profissão é antiquada. Em uma era alterada, adoramos as formas mortas dos nossos antepassados”.12 Emerson solicitou que o conselho de administração da Igreja que abolisse o uso da hóstia e do vinho na Sagrada Comunhão e parasse de considerar esse rito como sacramento formal. A Igreja rejeitou sua proposta. Em meio ao intenso debate que se seguiu, ele fez uma viagem às montanhas para uma contemplação profunda. Devo obedecer à minha voz interna ou não? Depois de se debater com o questionamento, ele concluiu: “Religião, na mente, não é credulidade e, na prática, não é a forma. É a vida. É a ordem e a solidez de um homem. Não é algo mais a ser adquirido, a ser adicionado, mas é uma nova vida para as faculdades que já tem”.13 Ao expressar suas convicções, Emerson buscava uma religião que não poderia ser contida dentro dos limites da ideia religiosa estabelecida de devoção a um Deus antropomorfo. Mais de um século atrás, Tokoku Kitamura, crítico literário japonês, introduziu Emerson e sua obra no Japão. Ele chamava a religião de Emerson de naturalista e dizia que o autor era, de certo modo, ateu, pois, com a palavra “Deus” ele queria dizer algo diferente da divindade personificada. De acordo com Kitamura, o Deus de Emerson era simplesmente o todo, tudo. O Deus de Emerson poderia ser descrito como um princípio fundamental que, de maneira vibrante, permeia o universo. Isso também pode ser chamado de espiritualidade universal. Emerson retornou das montanhas e abandonou o ministério, com o objetivo de se tornar um praticante religioso genuíno. Tinha 29 anos. Ele comunica sua decisão por meio dos seguintes versos: Não viverei fora de mim. Não enxergarei pelos olhos de outrem. Meu bem é bom, e meu mal, ruim. Eu seria livre — não posso ser enquanto aceitar as coisas ditadas por outros. Ouso tentar pavimentar minha própria estrada.14 No topo: Sala de estudo de Ralph Waldo Emerson (1888) Foto: Wikimedia Commons Notas: 1. IKEDA, Daisaku. A New Humanism: The University Addresses of Daisaku Ikeda [Um Novo Humanismo: Discursos de Daisaku Ikeda em Universidades]. Nova York: I. B. Tauris, 2010. p. 189. 2. EMERSON, Ralph Waldo. The Complete Works of Ralph Waldo Emerson [Coletânea de Obras de Ralph Waldo Emerson]. Nova York: Wm. H. Wise & Co., v. 1, p. 41, 1930. 3. De oito crianças, apenas Ralph Waldo e quatro irmãos sobreviveram à infância. 4. Idem. Lectures and Biographical Sketches [Palestras e Esboços Biográficos]. v. 10. The Complete Works of Ralph Waldo Emerson [Coletânea de Obras de Ralph Waldo Emerson]. Boston: Houghton Mifflin Company, 1904. p. 406. Tradução nossa. 5. EMERSON. Lectures, 406. 6. Ibidem, p. 432. 7. A doutrina cristã da Trindade define Deus como três pessoas num só ser: o Pai, o Filho (Jesus Cristo) e o Espírito Santo; “um Deus em três pessoas”. 8. The Journals and Miscellaneous Notebooks of Ralph Waldo Emerson [Os Diários e Cadernos Diversos de Ralph Waldo Emerson]. v. 4. FERGUSON, Alfred R. (ed.). Cambridge, Massachusetts: The Belknap Press, 1964. p. 27. Tradução nossa. 9. Idem. v. 3. GILMAN, William H.; FERGUSON, Alfred R. (eds.). Cambridge, Massachusetts: The Belknap Press, 1963. p. 260. Tradução nossa. 10. EMERSON. Journals, v. 3, p. 273. 11. Ibidem, p. 318. 12. Ibidem, v. 4, p. 27. 13. Ibidem. 14. Ibidem, v. 4, p. 47. Tradução livre.
01/03/2024
Editorial
TC
Manifestar esperança e coragem
Ingressamos no mês conclusivo do primeiro trimestre do ano: março — período em que celebramos importantes datas para a sociedade e para a Soka Gakkai. Destacam-se o Dia Internacional da Mulher, reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o estabelecimento da luta pela igualdade do gênero feminino, e o Dia do Kosen-rufu, ocasião em que Toda sensei transmitiu aos jovens a responsabilidade pela perenidade do Budismo de Nichiren Daishonin por todo o futuro. Como expressão da força jovial feminina, Ikeda sensei apresenta, em diversas ocasiões, a trajetória de Anne Frank. A jovem foi uma das vítimas entre os quase 6 milhões de judeus que perderam a vida no Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial. A adolescente faleceu aos 15 anos. Logo após a sua morte, suas anotações foram encontradas e publicadas, tornando-se um livro famoso conhecido mundialmente como O Diário de Anne Frank. Para se esquivar da perseguição nazista, a família de Anne, junto com mais um grupo de pessoas, se escondeu em um pequeno quarto nos fundos de uma casa, em Amsterdã [Holanda, hoje Países Baixos]. Eles se mantiveram por mais de dois anos no local sem saber quando poderiam sair. Apesar de todas as restrições, Anne se dedicava aos estudos. O presidente Ikeda rememora: A paixão de Anne Frank pelo estudo era mais forte do que a de muitos jovens de sua idade. Além disso, ela era extremamente ativa e vigorosa. Como aqueles dias devem ter sido dolorosos para alguém com o seu temperamento! Porém, no dia 16 de março de 1944, há exatamente [oitenta] anos, ela escreveu em seu diário: “Não quero lamentar, ao contrário, serei corajosa!”. À medida que o período no esconderijo se estendia, os adultos que também viviam com Anne começaram a ficar descontentes, e nada faziam a não ser lastimar pela sua situação. No entanto, Anne nunca perdeu seu brilhante sorriso. Ela havia determinado firmemente em seu coração jamais reclamar. Em seu diário, Anne escreveu que para as coisas se saírem bem ou mal depende totalmente da própria determinação. Todos precisam aprender a conquistar a própria determinação. Ela escreveu também que jamais seria derrotada porque tinha seus estudos; tinha esperança, amor e coragem.1 Com essa mesma esperança e coragem da jovem Anne Frank, os membros da Soka Gakkai por todo o mundo — empenhados na prática budista — incentivam as pessoas que sofrem árduos desafios a confrontar suas circunstâncias, ao mesmo tempo em que avançam e vencem os próprios dramas. Essas ações encorajadoras transmitidas por essas pessoas são reconhecidas no budismo como um dos aspectos do “espírito de doação”, tema que norteará a matéria de Capa de março e as atividades organizacionais da BSGI. Acompanhe também na edição a terceira parte do Especial, intitulado Jornada de Mestre e Discípulo — Os 95 Anos da Vida de Ikeda Sensei. Veja ainda na seção Na Prática o conceito budista dos “oito ventos” e entenda como conduzir a existência com plena sabedoria, independentemente dos desafios enfrentados. Ótima leitura! Redação Ilustração: Getty Images Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.277, 18 jun. 1994, p. 3.
01/03/2024
Estudo
TC
[68] Sejam vitoriosos na jornada da vida e do kosen-rufu
Explanação Tenho uma missão que é só minha. Você também tem uma a missão que só você pode cumprir.1 Esses são versos do poema Ode à Juventude, que dediquei aos nossos sucessores da Divisão dos Jovens há cinquenta anos, em dezembro de 1970. Como membros da Soka Gakkai que mantêm o maravilhoso ensinamento da Lei Mística, temos a nobre missão de transformar a sociedade por meio da nossa revolução humana. Nosso propósito é “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra” (rissho-ankoku) — ou seja, concretizar a felicidade e a paz para toda a humanidade. Essa era a mensagem que desejava transmitir aos meus jovens amigos que arcariam com a responsabilidade pelo futuro do nosso movimento. Uma revolução interior pacífica e gradativa O poema prossegue: O que as pessoas anseiam para apoiá-las no século 21 não é somente a reorganização dos aspectos externos. Elas desejam uma sólida revolução dentro da vida delas, levada a cabo gradativamente e numa atmosfera de paz, com base na filosofia e crenças de cada indivíduo.2 Uma magnífica epopeia de Ode à Juventude Cinco décadas se passaram desde que compus esse poema. Meus queridos companheiros — tanto aqueles que trabalharam ao meu lado ao longo desses anos quanto aos nossos confiáveis sucessores da Divisão dos Jovens dos dias de hoje — vêm realizando sua prática budista e se empenhando com orgulho para cumprir sua missão ímpar em suas respectivas esferas. Nosso contínuo, firme e inabalável movimento do povo desenvolveu-se em escala global. A maravilhosa “ode à juventude” que cada um de nossos membros compôs no decorrer de meio século edifica uma magnífica epopeia de pessoas comuns, originando uma poderosa correnteza do kosen-rufu mundial. Em vez de buscar mera reforma exterior, é importante que adotemos uma abordagem gradativa, cultivando, de maneira sólida, o solo espiritual das pessoas para produzir e colher o rico fruto da felicidade. Como o grande indiano defensor da não violência Mahatma Gandhi (1869–1948) expressou: “O bem caminha a passo de caramujo”.3 O tradicional espírito imutável da Soka Gakkai Chegou a época em que o verdadeiro valor do nosso movimento popular brilhará cada vez mais intensamente. Portanto, devemos continuar seguindo em frente, sempre em frente, venha o que vier, em nossa trajetória para concretizar a vitória na vida e em nossa eterna jornada da luta conjunta em prol do kosen-rufu como mestre e discípulo, unidos num só coração. Enquanto nos preparamos para dar uma nova partida [com o Ano-Novo de 2021 logo à frente], estudemos os ditos de Nichiren Daishonin e ratifiquemos a importância de manter uma fé resoluta, sólida e contínua. O espírito da Soka Gakkai permanece imutável em meio aos desafios e às novas abordagens da vida cotidiana decorrentes da pandemia da Covid-19. Trecho do escrito 1 Resposta à Monja Leiga Myoshin4 Além disso, [o ideograma chinês] myo [de Nam-myoho-renge-kyo], assim como flores que se tornam frutos e a lua nova que se torna cheia, é um ideograma que se torna um buda. Desse modo, o sutra expressa: “Se uma pessoa for capaz de manter este sutra, ela estará mantendo o corpo do Buda” [LSOC, cap. 11, p. 220]. O grande mestre Tiantai5 diz: “[O Sutra do Lótus...] é, em todos e em cada um desses ideogramas, o Buda verdadeiro.6 O ideograma myo é Aquele que Assim Chega Shakyamuni perfeitamente dotado dos trinta e dois aspectos e oitenta características,7 mas, pelo fato de nossa visão ser deficiente, vemos apenas um ideograma. Por exemplo, é semelhante ao caso de um idoso cuja vista é fraca, e, portanto, não consegue ver que as flores de lótus no lago produziram sementes. E à noite, por causa da escuridão, a pessoa não consegue ver as formas das coisas. No entanto, esse ideograma myo é, em si, um buda. Além disso, o ideograma myo são a lua, o sol, as estrelas, um espelho, vestimentas, alimento, flores, a grande terra, o grande mar. Todos os benefícios reunidos compõem o ideograma myo. Também é a joia da realização dos desejos.8 (WND, v. II, p. 879-880) Sinceros incentivos constantes à monja leiga Myoshin Nessa carta, intitulada Resposta à Monja Leiga Myoshin, Daishonin explica que o simples ideograma myo de Nam-myoho-renge-kyo que recitamos contém benefício imensurável. A monja leiga Myoshin era uma discípula que residia na província de Suruga (atual região central da província de Shizuoka). Acredita-se que ela tenha se tornado monja leiga movida pelo desejo de que seu marido, o sacerdote leigo Takahashi Rokuro, se recuperasse de uma doença. Daishonin posteriormente concedeu a ela outro nome budista, monja leiga Jimyo, (Mantenedora do Myo). Ela também era conhecida como monja leiga de Kubo, em virtude do local para onde se mudou depois da morte do marido. Daishonin enviou muitas cartas a essa discípula e continuou a encorajá-la e a apoiá-la de coração durante o período de luto dela. Em resposta à calorosa preocupação e à atenção dele, Myoshin manteve uma fé forte e pura. A atitude sincera dela em relação à prática budista, enaltecida por Nichiren Daishonin como extremamente admirável (cf. WND, v. II, p. 877),9 faz lembrar as mulheres Soka. “Nosso corpo é o próprio corpo do Buda” Em Resposta à Monja Leiga Myoshin, Daishonin escreve: “Myo, assim como flores que se tornam frutos e a lua nova que se torna cheia, é um ideograma que se torna um buda” (WND, v. II, p. 877). Ele assevera que aqueles que recitam Nam-myoho-renge-kyo atingirão o estado de buda sem falta. O sacerdote leigo Takahashi permaneceu firme na fé até a morte, e Myoshin também continuou se empenhando sinceramente na fé, mesmo após a viuvez e tendo de criar sozinha um filho pequeno. Pelo fato de ela e seu marido recitarem Nam-myoho-renge-kyo, Daishonin garante que ambos com certeza atingirão o estado de buda. Explanando sua asserção de que o ideograma myo se transforma em um buda, Nichiren Daishonin cita o capítulo 11, “Surgimento da Torre de Tesouro”, do Sutra do Lótus, e as obras do grande mestre Tiantai, os quais afirmam, respectivamente, que manter o Sutra do Lótus é o mesmo que manter o corpo do Buda e que cada palavra e cada frase do Sutra do Lótus são o Buda verdadeiro (cf. WND, v. II, p. 879). Contudo, assegura ele, os mortais comuns não veem nada a não ser mero ideograma. Ele compara isso a ser incapaz de ver a forma de uma pessoa no escuro. “No entanto, esse ideograma myo é, em si, um buda” (Ibidem), reitera Daishonin. Em Registro dos Ensinamentos Transmitido Oralmente, ele também expressa: “Manter o Sutra do Lótus consiste em manter a crença no fato de que nosso corpo é o corpo do Buda” (OTT, p. 96). O corpo de cada um de nós, mortais comuns, é o corpo do Buda — esse é o benefício de se manter a Lei Mística. Na mesma carta, Daishonin diz: “Além disso, o ideograma myo são a lua, o sol, as estrelas, um espelho, vestimentas, alimento, flores, a grande terra, o grande mar” (WND, v. II, p. 879-880). Todos os infinitos benefícios do universo, da natureza e dos seres humanos estão contidos no simples ideograma myo. Myo também é descrito como a joia da realização dos desejos, denotando que podemos produzir imensuráveis tesouros conforme nossa vontade. O benefício desfrutado por aqueles que recitam Nam-myoho-renge-kyo e se mantêm inabaláveis na fé é de fato colossal. Trata-se de algo que passamos a perceber com o tempo, pois o verdadeiro benefício da fé na Lei Mística é inconspícuo. Um broto finca sólidas raízes na terra, crescendo gradativamente no decorrer do tempo, tornando-se uma robusta árvore que não se curva com rajadas de ventos ou tempestades. De modo semelhante, por meio da fé resoluta na Lei Mística, cada um de nós gradativamente se desenvolve de forma esplêndida, de um jeito só nosso, produzindo ramos de boa sorte e benefício e fazendo desabrochar magníficas flores de felicidade tanto para nós como para os outros. Toda sensei também descrevia o benefício inconspícuo como alcançar uma condição de felicidade absoluta. Isso significa obter uma condição de vida vasta e ilimitada, na qual o fato de estar vivo é, em si, uma alegria. A continuidade da fé resoluta significa desafiar a nós mesmos a cada dia Na sequência da passagem de Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, que citei antes, Daishonin afirma: “Manter o corpo do Buda significa manter a crença de que fora do nosso próprio corpo não há Buda algum” (OTT, p. 97). É essencial que “mantenhamos o ideograma myo”, com a convicção de que cada um de nós possui a supremamente digna condição de vida do estado de buda. “Manter”, nesse contexto, refere-se à continuidade da fé resoluta até o fim. “Resoluta” significa renovar a determinação a cada dia, desafiar a nós mesmos a cada dia, e avançar, crescer e triunfar a cada dia. Daishonin ensina: “Possuir uma fé como a água significa crer continuamente, sem jamais retroceder” (CEND, v. II, p. 163). Com isso, ele quer dizer que devemos continuar nos lapidando e nos aprimorando com base na fé na Lei Mística. Ele também escreve: “Seja diligente em aprofundar sua fé até o último momento de sua vida. Do contrário, irá se arrepender” (Ibidem, p. 294). Não importando o que aconteça, devemos despertar uma fé cada vez mais forte e seguir em frente de forma tenaz e positiva, de modo que não tenhamos arrependimentos. Aqueles que realizam esforços sinceros e resolutos na fé jamais sucumbirão ao desespero. Fé é a suprema fonte de esperança, pois nos habilita a encontrar significado em cada situação e a evidenciar a sabedoria e a força para dar um passo adiante. O verdadeiro benefício da fé no Budismo Nichiren é esse benefício inconspícuo de edificar uma condição de vida inabalável e indestrutível. Enquanto estava exilado na Ilha de Sado,10 Daishonin declarou: “Eu, Nichiren, sou o homem mais afortunado do Japão atual” (Ibidem, v. I, p. 280). Essa é a condição de vida do Buda dos Últimos Dias da Lei. Nem mesmo a mais dura perseguição poderia suprimir o espírito dele. Nós, da Soka Gakkai, que praticamos os ensinamentos de Nichiren Daishonin e nos dedicamos ao kosen-rufu, estamos dando continuidade a esse espírito. O Budismo Nichiren é a religião que cultiva pessoas sábias e fortes — pessoas de integridade e de caráter extraordinários. É a religião da revolução humana. Ajudando as pessoas a transformar a vida, a Soka Gakkai desenvolveu uma rede de paz, cultura e educação que se estende pelo mundo todo. Trecho do escrito 2 Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente11 Agora, na mente de Nichiren e de seus seguidores, o que é insuperável é o Nam-myoho-renge-kyo. Dentre todas as coisas insuperáveis, é a que detém a posição mais alta. É a [Lei Mística] descrita (...) como uma concentração de joias insuperáveis é o Nam-myoho-renge-kyo, a concentração de joias que representam todos os paramita,12 as dez mil práticas religiosas e as dez mil boas ações de todos os budas das três existências — passado, presente e futuro. Sem trabalho ou dificuldade, sem práticas religiosas ou boas ações, essa concentração de joias insuperáveis pode se tornar nossa por meio da simples palavra “fé” [isto é, por meio da recitação da simples frase Nam-myoho-renge-kyo com fé]. Esse é o significado de fugu jitoku, isto é, “veio a nós sem que a tivéssemos buscado”. O ideograma ji na expressão jitoku (veio a nós sem que a tivéssemos buscado) refere-se aos dez mundos, ou seja, a concentração de joias é conquistada, sem exceção, em cada um dos dez mundos. Isso é conhecido como o verdadeiro aspecto de todos os fenômenos.13 Portanto, essa passagem afirma que o buda Shakyamuni da iluminação perfeita14 não é nada além da carne e do sangue de nós, seres vivos. Devem refletir sobre isso com muita atenção. (OTT, p. 97) Benefícios ilimitados e imensuráveis Estudemos agora essa passagem de Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente a qual afirma que aqueles que permanecem inabaláveis na fé alcançam benefícios ilimitados e imensuráveis. O presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi sublinhou fortemente esse trecho em seu exemplar dos escritos de Nichiren Daishonin que foi confiscado pelas autoridades durante a Segunda Guerra Mundial. No capítulo 4, “Fé e Compreensão”, do Sutra do Lótus, encontramos as palavras: “Essa concentração de joias insuperáveis / veio a nós sem que a tivéssemos buscado” (LSOC, cap. 4, p. 124). O Sutra do Lótus explica, pela primeira vez, que os praticantes dos dois veículos — ouvintes da voz e os que despertaram para a causa — podem atingir o estado de buda.15 Os sutras anteriores os denunciavam rigorosamente e negavam essa possibilidade. Ao ouvirem esse ensinamento, os discípulos dos dois veículos, que haviam praticamente abandonado a esperança de atingir o estado de buda, alegram-se, estimulando Mahakashyapa a exclamar em nome deles: “Essa concentração de joias insuperáveis veio a nós sem que a tivéssemos buscado”. O Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente declara que essa “concentração de joias insuperáveis” é o Nam-myoho-renge-kyo, que contém os benefícios de todos os budas das dez direções e das três existências. Isso porque a Lei Mística se posiciona no ápice de todas as coisas insuperáveis (cf. OTT, p. 59). A “concentração de joias insuperáveis” também indica a condição de vida do estado de buda e nossa própria vida, que possui esse potencial. Todos nós, portanto, possuímos igualmente a joia suprema e insuperável que é a natureza de buda. Estabelecer uma nobre condição de vida de felicidade durante esta existência Daishonin então esclarece o significado da frase “veio a nós sem que a tivéssemos buscado”: “Sem trabalho ou dificuldade, sem práticas religiosas ou boas ações, essa concentração de joias insuperáveis podem se tornar nossa por meio da simples palavra ‘fé’ [isto é, por meio da recitação da simples frase Nam-myoho-renge-kyo com fé]” (OTT, p. 59). A expressão “Sem trabalho ou dificuldade, sem práticas religiosas ou boas ações” não significa meramente sem nenhum esforço ou empenho na prática. Os ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus expunham que a iluminação só poderia ser atingida realizando-se incalculáveis éons de prática budista. Em contraposição, ao revelar a essência do Sutra do Lótus, Nichiren Daishonin esclareceu que qualquer um pode atingir o estado de buda nesta existência. Mantendo a Lei Mística, na qual tanto a causa como o efeito estão presentes simultaneamente (cf. WND, v. II, p. 517),16 obtemos prontamente essas joias insuperáveis “sem trabalho ou dificuldade, sem práticas religiosas ou boas ações” realizadas ao longo de incalculáveis éons em busca da iluminação. Alcançamos imediatamente a condição de vida do estado de buda. Além disso, Daishonin diz: “Essa concentração de joias insuperáveis pode se tornar nossa por meio da simples palavra “fé” [isto é, por meio da recitação da simples frase Nam-myoho-renge-kyo com fé]” (OTT, p. 59). O Budismo Nichiren ensina que o próprio Nam-myoho-renge-kyo é a “prática de ‘abraçar’ é, em si, observar a mente” (juji-soku-kanjin) Abraçando a fé no Gohonzon e realizando nossa prática budista com constância e firmeza, nós nos colocamos no caminho certo para a felicidade e obtemos o insuperável tesouro da iluminação, mesmo sem buscá-lo de forma consciente. Esse tesouro “veio a nós sem que [o] tivéssemos buscado”, significando que não nos é concedido por ninguém. Nós mesmos o obtemos. Por isso, jamais devemos abandonar nossa fé. Dúvida, indolência e arrogância são nossas maiores inimigas. Devemos nos esforçar resoluta e consistentemente em nossa prática budista. Assim, seremos capazes de atingir vasta condição de vida além de nossa imaginação, na qual poderemos “viver felizes e tranquilos” (cf. LSOC, cap. 16, p. 272)17 e desfrutar a “ilimitada alegria da Lei”.18 As experiências de inumeráveis membros da Soka Gakkai ao redor do mundo atestam essa verdade. Fazendo um retrospecto de sua vida, muitos relatam que, ao realizarem a prática com seriedade, conquistaram naturalmente sólidos benefícios, ultrapassando todos os tipos de dificuldades e usufruindo uma condição de vida serena e livre. “Tudo de que preciso vem a mim naturalmente” Toda sensei afirmou: “Minha condição de vida interior neste momento é como se eu estivesse esparramado sobre uma vastidão infinita de nuvens brancas fofinhas no alto do céu. Tudo vem a mim sem eu buscar. Onde conquistei esse benefício? Na prisão, onde passei dois anos. Mas a época hoje é diferente, e vocês não precisam ir para a cadeia. Tudo o que necessitam fazer é devotar sua jovem vida à nobre missão pelo kosen-rufu, trabalhando incansavelmente para concretizar esse objetivo”. Dedicando-nos ao kosen-rufu, podemos desfrutar uma condição de vida de suprema felicidade sem falta. Propagar a filosofia de respeito pela dignidade da vida para o mundo Em última análise, propiciar uma transformação interior na vida das pessoas por meio de diálogos individuais constitui a base para transformar o destino da humanidade. Quando, uma a uma, as pessoas mudam, a base espiritual da sociedade também muda. Nosso movimento da revolução humana consiste em estabelecer a filosofia de respeito pela dignidade da vida na sociedade mediante “uma revolução saudável, pacífica e gradativa delas mesmas [as pessoas]”.19 A Dra. Ela Gandhi, neta de Mahatma Gandhi, teceu comentários sobre as atividades da Soka Gakkai para difundir a filosofia de respeito pela dignidade da vida. Ela observou que a SGI compartilhava de muitos valores que pautaram as ações de Gandhi, como a não violência, a consciência e o espírito de autodisciplina dele.20 Pessoas criteriosas do mundo inteiro depositam grande expectativa em nosso movimento dedicado a desenvolver o potencial positivo de cada indivíduo e a solidariedade entre todas as pessoas. Partindo intrepidamente rumo ao centenário da Soka Gakkai Em todas as partes, estão surgindo jovens para assumir esse desafio de transformar a sociedade por meio da transformação individual. O “jovem sol levanta-se hoje também”.21 Ele ilumina o mundo radiantemente com a compassiva luz do humanismo budista. Nosso objetivo é concretizar o ideal de Nichiren Daishonin de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”, a partir da revolução humana de cada pessoa. Agora que estamos seguindo intrepidamente rumo ao centenário da Soka Gakkai, nossa missão é maior que nunca. Compartilharei os versos finais de Ode à Juventude com meus queridos amigos da Divisão dos Jovens, incumbidos da missão de abrir caminhos para o avanço do kosen-rufu no século 21: Jovens! Sobrevivam! Sobrevivam a todo custo. Como promotores da gloriosa evolução global, façam seu triunfo na história resplandecer. O jovem sol das 8 horas levanta-se hoje também! Levanta-se no ritmo do palpitar do coração dos jovens!22 (Daibyakurenge, edição de dezembro de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI Resumo Estudo — Março 2024 Principais tópicos estudados Myo “Myo também é descrito como a joia da realização dos desejos, denotando que podemos produzir imensuráveis tesouros conforme nossa vontade. O benefício desfrutado por aqueles que recitam Nam-myoho-renge-kyo e se mantêm inabaláveis na fé é de fato colossal. Trata-se de algo que passamos a perceber com o tempo, pois o verdadeiro benefício da fé na Lei Mística é inconspícuo.” Benefícios ilimitados e imensuráveis “A ‘concentração de joias insuperáveis’ também indica a condição de vida do estado de buda e nossa própria vida, que possui esse potencial. Todos nós, portanto, possuímos igualmente a joia suprema e insuperável que é a natureza de buda.” Transformar a sociedade por meio da transformação individual “Nosso objetivo é concretizar o ideal de Nichiren Daishonin de ‘estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra’, a partir da revolução humana de cada pessoa. Agora que estamos seguindo intrepidamente rumo ao centenário da Soka Gakkai, nossa missão é maior que nunca.” Frases marcantes “Tenho uma missão que é só minha. Você também tem uma, a missão que só você pode cumprir.” “Fé é a suprema fonte de esperança que nos habilita a encontrar significado em cada situação e evidenciar a sabedoria e a força para dar um passo adiante.” “Jovens! Sobrevivam! Sobrevivam a todo custo. Como promotores da grandiosa evolução global. Façam seu triunfo na história resplandecer. O jovem sol das 8 horas levanta-se hoje também! Levanta-se no ritmo do palpitar do coração dos jovens!” “Quando, uma a uma, as pessoas mudam, a base espiritual da sociedade também muda. Nosso movimento da revolução humana consiste em estabelecer a filosofia de respeito pela dignidade da vida na sociedade mediante ‘uma revolução saudável, pacífica e gradativa delas mesmas [as pessoas]’”. “O Budismo Nichiren é a religião que cultiva pessoas sábias e fortes — pessoas de integridade e de caráter extraordinários. É a religião da revolução humana. Ajudando as pessoas a transformar a vida, a Soka Gakkai desenvolveu uma rede de paz, cultura e educação que se estende pelo mundo todo. Personalidades e personagens budistas citados - Mahatma Gandhi (1869-1948) Foi o grande nome da luta dos indianos pela independência da Índia; - Tiantai; - Shakyamuni; - Monja leiga Myoshin; - Dra. Ela Gandhi - (neta de Mahatma Gandhi); - Tsunesaburo Makiguchi; - Josei Toda. Perguntas-guia para as atividades de estudo Qual o verdadeiro benefício da fé no Budismo Nichiren? Fazendo um retrospecto de sua vida, muitos [membros da SGI] relatam que, ao realizarem a prática com seriedade, conquistaram naturalmente sólidos benefícios, ultrapassando todos os tipos de dificuldades e usufruindo uma condição de vida serena e livre. Qual a base para transformar o destino da humanidade? É propiciar uma transformação interior na vida das pessoas por meio de diálogos. Quando, uma a uma, as pessoas mudam, a base espiritual da sociedade também muda. Nosso movimento da revolução humana, consiste em estabelecer a filosofia de respeito à dignidade da vida na sociedade mediante “uma revolução saudável, pacífica e gradativa, desi mesmas”. O que significa “manter fé resoluta”? Expressa a continuidade da fé resoluta até o fim. “Resoluta” significa renovar a determinação a cada dia, desafiar a nós mesmos a cada dia e avançar, crescer e triunfar a cada dia. Qual o nosso objetivo rumo ao centenário da Soka Gakkai? Nosso objetivo é concretizar o ideal de Nichiren Daishonin de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”, a partir da revolução humana de cada pessoa. Agora que estamos seguindo intrepidamente rumo ao centenário da Soka Gakkai, nossa missão é maior que nunca. No topo: Desabrochar das flores de lótus no Centro Cultural Campestre da BSGI (Itapevi, SP, jan. 2024) Foto: BS Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Song of Youth [Ode à Juventude]. Songs from My Heart: Poems of Life and Nature [Cânticos do Meu Coração: Poemas sobre a Vida e a Natureza]. Tradução: Burton Watson. Londres: I. B. Tauris, 2015. p. 5. 2. Ibidem, p. 11. 3. GANDHI, Mahatma. The Collected Works of Mahatma Gandhi [Coletânea de Obras de Mahatma Gandhi]. Nova Délhi: Departamento de Publicações do Ministério da Informação e Radiodifusão, Governo da Índia, 1992, v. 10, p. 27, novembro de 1909-Março de 1911. 4. Nichiren Daishonin escreveu essa carta no quinto mês de 1280, em resposta aos sinceros oferecimentos que recebeu da monja leiga Myoshin. Além de compartilhar lembranças do falecido marido dela, Daishonin explica que a Lei Mística é a semente para atingir o estado de buda e, como fonte de todos os benefícios, também é descrito como a “joia da realização dos desejos”. 5. Tiantai (538–597): Também conhecido como Zhiyi, Tiantai Zhizhe, grande mestre Tiantai e grande mestre Zhizhe. Fundador da escola Tiantai na China. Suas preleções foram compiladas em obras como Profundo Significado do Sutra do Lótus, Palavras e Frases do Sutra do Lótus e Grande Concentração e Discernimento. 6. Fonte desconhecida. 7. “Trinta e dois aspectos e oitenta características”: Aspectos físicos extraordinários atribuídos aos budas e bodisatvas. Na maioria dos casos, o termo se refere às qualidades distintas de um buda. 8. “Joia da realização dos desejos”: Joia que tem o poder de satisfazer qualquer desejo, e que simboliza a grandiosidade e a virtude do Buda e das escrituras budistas. 9. Daishonin escreve: “Sua fé, que se fortalece cada vez mais, é admirável, de fato admirável!” (WND, v. II, p. 877). 10. Exílio em Sado: Exílio de Nichiren Daishonin na Ilha de Sado, na costa centro-oeste do Japão, entre o décimo mês de 1271 e o terceiro mês de 1274. Depois da tentativa fracassada de executá-lo em Tatsunokuchi, as autoridades o condenaram no mês seguinte ao exílio na Ilha de Sado, o que equivalia a uma sentença de morte. No entanto, quando as previsões de Nichiren Daishonin sobre conflitos internos e invasão estrangeira se concretizaram, o governo emitiu um indulto no terceiro mês de 1274, e ele retornou a Kamakura. 11. Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente: Dois volumes de preleções que Nichiren Daishonin proferiu sobre algumas das principais passagens do Sutra do Lótus enquanto residia no Monte Minobu. Foram registradas por Nikko Shonin. 12. Paramita: Práticas que os bodisatvas do Mahayana devem realizar para alcançar a iluminação. De modo geral, o termo paramita é interpretado como “perfeição” ou “ter alcançado a margem oposta”, ou seja, ir da margem da ilusão para a margem da iluminação. São comumente divididos em seis ou dez paramita. 13. “Verdadeiro aspecto de todos os fenômenos”: A verdade última ou a realidade que permeiam todos os fenômenos e que não são de modo algum separados deles. Pela explicação dos “dez fatores”, o capítulo 2, “Meios Apropriados”, do Sutra do Lótus, ensina que todas as pessoas são dotadas do potencial para se tornar budas e esclarece a verdade de que todos podem despertar e manifestar esse potencial. 14. Iluminação perfeita constitui o último e mais alto estágio de cinquenta e dois estágios da prática do bodisatva, ou estado de buda. É o estágio na qual se erradica a ignorância fundamental da escuridão. 15. Iluminação das pessoas dos dois veículos: Na primeira metade do Sutra do Lótus, as pessoas dos dois veículos — ouvintes da voz e aqueles que despertaram para a causa — recebem a profecia do buda Shakyamuni de que atingirão o estado de buda em eras futuras. Essa profecia refuta a visão dos ensinamentos do Mahayana provisório, que negavam às pessoas dos dois veículos a possibilidade de atingir o estado de buda, por elas buscarem apenas a salvação própria e não se empenharem para salvar os outros. O Sutra do Lótus afirma que elas praticarão o caminho do bodisatva e atingirão o estado de buda. 16. “Simultaneidade de causa e efeito” (inga guji): Princípio de que tanto a causa como o efeito existe juntos, simultaneamente, num simples momento da vida. “Causa”, nesse contexto, refere-se à prática para atingir o estado de buda, e “efeito”, à consecução do estado de buda. A “simultaneidade de causa e efeito” significa que tanto os nove mundos — do inferno ao bodisatva — e o mundo dos budas são inerentes à vida. 17. No capítulo 16, “A Extensão da Vida”, do Sutra do Lótus, o mundo em que vivemos é descrito como um lugar “onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos” (LSOC, cap. 16, p. 272). Isso significa que o mundo saha, normalmente considerado uma terra de sofrimento, na verdade, é a Terra da Luz Eternamente Tranquila, ou a terra do Buda, onde todos os seres vivos podem experimentar a maior das alegrias. 18. Ilimitada alegria da Lei: A suprema e definitiva felicidade do Buda, o benefício da Lei Mística. Em A Felicidade neste Mundo, Daishonin afirma: “Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar o Nam-myoho-renge-kyo. O sutra diz: ‘...onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos’ [LSOC, cap. 16, p. 272]. A que outro significado essa passagem poderia se referir senão à ilimitada alegria da Lei?” (CEND, v. I, p. 713). 19. IKEDA, Daisaku. Song of Youth, op. cit., p. 11. 20. Com base em uma entrevista veiculada na edição do Seikyo Shimbun de 14 de agosto de 2020. 21. IKEDA, Daisaku. Song of Youth, op. cit., p. 14. 22. Ibidem.
01/03/2024
Artigos
TC
Jovens sucessores emergidos da terra, resplandeçam!
“A primavera finalmente chegou. A brisa suave, os brotos verdes, a bruma — tudo isso nutre minha vida”.1 Eis um trecho que Ikeda sensei registrou em seu diário no dia 1o de março de 1954. Como alter ego do seu mestre, trabalhava exaustivamente correndo por todos os lados. Seu estado febril não cessava. Porém, o jovem revolucionário de 26 anos dialogava com a natureza, imbuído do seu rico espírito poético e visualizava o futuro. Era a grande flor de um monarca da natureza humana que desabrochava sobre uma determinação esmagadora tal como descrita na passagem “Não nos preocupamos com nosso corpo nem com nossa existência; ansiamos somente pelo caminho insuperável”.2 Naquela época, Toda sensei dizia-lhe: “Daisaku, não se esqueça. Tudo se define na terceira geração. O importante é a terceira geração!”. Adicionalmente, ele nomeou Ikeda sensei como coordenador do staff da Divisão dos Jovens com o sentimento de “conto inteiramente com você”. Neste mês [março de 2024], recebemos os setenta anos desde essa nomeação. Ikeda sensei, que conhecia o real sentimento do seu mestre, ultrapassou a categoria de “líder da Divisão dos Jovens” e levantou-se com a consciência de “força motriz para a propulsão da Soka Gakkai”. Pode-se dizer que esse senso de responsabilidade é a origem do espírito a ser gravado pelos jovens sucessores emergidos da terra. “A Soka Gakkai se encontra no seu interior” Os incentivos de Ikeda sensei se resumiam sempre a “aproximar-se da pessoa”, a “conhecer a situação” e a “respeitar a individualidade”. Além disso, ele tinha o aspecto de uma pessoa em constante busca, que aprofundava os próprios pensamentos a partir do contato com os jovens. Na primavera, no mês de março, de 1974, Ikeda sensei deslocou-se para uma visita de orientações nas Américas do Norte e Central. Em uma sessão de perguntas e respostas, realizada na Flórida, Estados Unidos, um jovem questionou sobre uma característica do budismo. Sensei enfatizou que “O homem não existe em prol da religião, mas a religião é que existe pelo bem do ser humano”. Ele afirmou que o Budismo Nichiren realizou essa intenção. Desde essa ocasião, o presidente Ikeda passou a transmitir a visão de “religião pelo bem do homem” como o princípio essencial do budismo. Na verdade, após o término daquela sessão de perguntas e respostas, Ikeda sensei nos disse: “As perguntas e respostas do dia de hoje foram muito importantes. Lembrem-se disso”. Foi um momento em que seu próprio pensamento já existente se tornou ainda mais claro por meio daquela conversa com os jovens. Mesmo depois de meio século, revive uma vívida emoção. Em um ensaio escrito por ocasião da passagem do dia 16 de março, Ikeda sensei clamou a todos para a consciência como protagonista, afirmando: “A Soka Gakkai se encontra no seu interior”. Agora é o momento de brilhar com a disposição de que “Eu sou o Shin’ichi Yamamoto a criar a Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”. Assim, vamos iluminar calorosamente a comunidade local e o mundo, tal como as flores da primavera que desabrocham orgulhosamente ultrapassando o rigoroso inverno! No topo: O futuro de esperança se expande a partir do diálogo com os jovens. Durante uma visita de orientações nas Américas do Norte e Central há meio século, Ikeda sensei conversa informalmente sentando-se no meio dos estudantes (Estados Unidos, março de 1974). Foto: Seikyo Press Notas: 1. IKEDA, Daisaku: Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 191. 2. The Lotus Sutra and its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 233.
01/03/2024
Editorial
TC
Seja o agente da prosperidade social
Fevereiro reveste-se de grande importância, pois está repleto de episódios marcantes na história do budismo e da Soka Gakkai: nascimento de Nichiren Daishonin, em 1222; terceira e quarta visitas do presidente Ikeda ao Brasil, respectivamente, em 1984 — neste mês, celebramos os quarenta anos desse fato histórico para a BSGI — e em 1993. Todos esses acontecimentos despertam nos praticantes do budismo o sentimento de gratidão pelos estimados mestres citados terem se doado para a consecução do kosen-rufu se tornar realidade. O Buda Nichiren não se poupou em deixar para as futuras gerações o dispositivo para alcançarem a plena felicidade [Nam-myoho-renge-kyo], mesmo enfrentando perseguições. Ao passo que Makiguchi sensei estabeleceu a Soka Gakkai como eixo da criação de pessoas de valor; e Ikeda sensei percorreu o Japão e o mundo despertando nas pessoas o potencial transformador — estado de buda — intrínseco a cada ser humano. Com ímpeto, coragem e o grande coração desses eternos mestres, o budismo se propagou, alcançando cada recanto do globo. Diariamente, milhares de membros da Soka Gakkai, fundamentados na prática budista, evidenciam a sabedoria para transformar condições adversas. Ao mesmo tempo, eles contribuem, de modo genuíno, para que outras pessoas sejam infinitamente felizes e, assim, impactam de forma positiva o ambiente em que se encontram. Sobre isso, Ikeda sensei tece os seguintes comentários: Uma vida que busca prosperidade em vão, num mundo destinado a desaparecer, é no mínimo vazia. É também sem sentido se preocupar com uma felicidade virtual facilmente mutável. Como Nichiren Daishonin diz, a condição máxima da própria vida é justamente o eternamente indestrutível palácio e o castelo da felicidade. Embora viva numa casa espetacular e rodeada de riquezas, se a pessoa for gananciosa e possuir uma condição de vida baixa, não poderá dizer que é feliz e se tornará a pessoa que mora no “castelo da infelicidade”. Em contraste, seja qual for a circunstância atual de vida, se a pessoa tiver a plenitude de um coração puro e uma condição de vida elevada, certamente poderá alcançar a felicidade material e espiritual ao mesmo tempo. Essa situação está de acordo com o princípio de “unicidade da vida e seu ambiente” (esho-funi) que, em poucas palavras, entendemos que são unos e inseparáveis. Quando a pessoa determina abrir o palácio da própria vida, desencadeará a abertura de palácios da felicidade de outras pessoas e de palácio da prosperidade de uma sociedade. Isso caracteriza a conectividade que existe entre vidas e fará com que outras pessoas também abram os palácios de sua vida.1 Conforme as palavras do Mestre, aprendemos que o ser humano é o agente da causa e do efeito para tudo. Para saber mais sobre o tema, leia a matéria de Capa da edição. Na seção Na Prática, entenda o conceito budista da “purificação dos seis órgãos dos sentidos” para perceber os fatos da vida com mais benevolência e humanidade, tanto em relação a nós próprios quanto ao ambiente que nos cerca. Confira a segunda parte do Especial da vida de Ikeda sensei preparado com dedicação e carinho. Ótima leitura! Redação Ilustração: Getty Images Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.227, 17 maio 2014, p. B1.
01/02/2024
Artigos
TC
Com espírito jovem! Em união e solidariedade com nossos jovens!
No mundo todo, nossos companheiros transbordam de ardente entusiasmo para compartilhar o Budismo Nichiren com seus amigos. Com certeza, a origem desse espírito remonta à histórica Campanha de Fevereiro,1 liderada pelo jovem Daisaku Ikeda. Ou seja, a campanha de 1952, na qual ele deu início a um avanço colossal, que conduziria à conquista do objetivo estabelecido pelo seu mestre, Josei Toda, de alcançar 750 mil famílias afiliadas à organização. Ele conclamou aos membros: “Assinalemos fevereiro, mês de nascimento do presidente Josei Toda, com um aumento significativo no número de membros!”. A paixão de um único jovem se alastrou para cada canto da organização e fez história. O jovem Daisaku Ikeda visitou uma casa após outra, ouvindo com atenção os problemas das pessoas, estreitando laços de coração a coração e despertando cada uma delas para a própria missão como bodisatva da terra. Trata-se de uma fórmula para a vitória que nós, como discípulos de Ikeda sensei, devemos determinar resolutamente continuar implementando no futuro. Em 11 fevereiro de 1993, aniversário natalício do presidente Josei Toda, Ikeda sensei redigiu o epílogo da Revolução Humana durante uma viagem ao Brasil, no qual registrou: “Minha missão como discípulo dele foi a de proclamar ao mundo as magníficas realizações de meu mestre”.2 Nesse mesmo dia, na solenidade de outorga de título de doutor honorário [conferida a ele pela Universidade Federal do Rio de Janeiro], num discurso proferido diante dos principais pensadores de vários campos, ele expressou o desejo de dedicar aquele laurel a Toda sensei. Foi, sem dúvida, uma declaração da vitória de mestre e discípulo. Fiquei profundamente emocionado ao ouvir tais palavras. *** Ao realizar atividades ao lado do presidente Ikeda, sempre sentia que seu espírito era o de um jovem cuja vida sempre esteve una com a do seu mestre. Certa vez, ele escreveu: “Até hoje, estou sempre dialogando o tempo todo com meu mestre. Em minha mente, posto-me diante dele como o jovem que eu era”.3 De modo semelhante, se buscarmos o Mestre em nosso coração e renovarmos nosso juramento pelo kosen-rufu, uma nova e poderosa energia vital passará a emanar abundantemente de nós. Isso, em si, é o espírito jovem, o espírito de saldar nossa dívida de gratidão. Abracemos e compartilhemos esse espírito com todos em nossa respectiva comunidade. Nichiren Daishonin expressa: “Para que as orações sejam eficazes e os desastres desapareçam da nação, três elementos são requeridos: um bom mestre, um bom praticante e um bom ensinamento”.4 Jamais devemos nos esquecer de que por termos encontrado um bom mestre é que conseguimos encontrar um bom ensinamento. É por estarmos nos empenhando para concretizar os ideais de nosso mestre que podemos romper a concha das nossas próprias limitações e manifestar nossa energia vital inerente. Este é o momento para todos nós nos levantar como bons discípulos em união e solidariedade com os jovens, com o objetivo de expandir amplamente o quadro de jovens da organização, convictos de que a vitória é o verdadeiro caminho dos discípulos, assim como ensinou o presidente Ikeda! No topo: Cerimônia de outorga do título de doutor honoris causa ao presidente Ikeda pela renomada Universidade Federal do Rio de Janeiro. O certificado é entregue em mãos pelo reitor Nelson Maculan (segundo, à esq.). O reitor disse: “Receber (o senhor) como integrante de nossa instituição é para nós a máxima alegria e glorifica a universidade” (Rio de Janeiro, fev. 1993) Foto: Seikyo Press Notas: 1. Campanha de Fevereiro: Em fevereiro de 1952, o presidente Ikeda, na época consultor do Distrito Kamata de Tóquio, iniciou uma dinâmica campanha de propagação. Ao lado dos membros de Kamata, ele quebrou os recordes anteriores de cerca de cem novas famílias, convertendo 201 novas famílias ao Budismo Nichiren. 2. SGI Newsletter, ed. 3.232. 3. The Wisdom for Creating Happiness and Peace [Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz], p. 27-28. 4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 143, 2017.
01/02/2024
Pensamento
TC
Incentivar, encorajar e fazer revivescer a pessoa que está diante dos seus olhos
Incentivar, encorajar e fazer revivescer a pessoa que está diante dos seus olhos, essa ação é o resoluto primeiro passo rumo à concretização de uma sociedade que se baseia na dignidade da vida; o ponto de partida para a edificação da paz. Dr. Daisaku Ikeda Trecho da série de poemas, ensaios, orientações e fotos do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, publicada dia 30 de setembro de 2018 na capa do jornal Seikyo Shimbun. No topo: Raios solares iluminam calorosamente a pouca neve que restou no telhado. Foto da Sede Feminina Internacional de Saitama, tirada pelo presidente Ikeda da Sala Memorial dos Mestres. Ikeda sensei e sua esposa, Kaneko, visitam o Centro Cultural de Saitama, após 21 anos, no dia 20 de janeiro de 2016 Foto: Seikyo Press
01/02/2024
Especial
TC
Jornada de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei
Vínculos de luta conjunta com os companheiros, sempre pelo bem de uma única pessoa. Mergulhar no “mar de pessoas comuns”. Nesta segunda parte da série, são apresentados os esforços do Mestre para encorajar os membros em todos os cantos do Japão, desde Wakkanai, em Hokkaido, ao norte, até a ilha Ishigaki, em Okinawa, ao sul. Surgimento do jovem presidente Na manhã do dia 3 de maio de 1960, pouco depois das 10h30, Ikeda sensei descia do carro e se dirigia ao auditório da Universidade Nihon (na época) em Ryogoku, Tóquio. O fraque preto que utilizava era uma lembrança herdada do seu mestre, Josei Toda. A cerimônia de posse como terceiro presidente teve início ao meio-dia. Ikeda sensei entrou no recinto enquanto a banda masculina Ongakutai tocava canções da Soka Gakkai. No percurso, o Mestre fez uma pausa e fixou o olhar na foto de Toda sensei colocada no alto da parte frontal do palco. Após subir nele, em suas palavras, Ikeda sensei posicionou-se no púlpito e declarou vigorosamente: “Apesar de jovem, a partir de hoje assumirei a liderança como representante dos discípulos do presidente Josei Toda e avançarei com os senhores, um passo após outro, rumo à concretização do kosen-rufu”.1 O evento reuniu mais de 20 mil participantes, espalhados no recinto e nas áreas externas. Uma estrondosa salva de palmas envolveu o espaço. Era o surgimento do jovem presidente de 32 anos aguardado ansiosamente por todos os membros. Na ocasião, Ikeda sensei determinou com todos a concretização de 3 milhões de famílias, isto é, o testamento de Toda sensei, até a cerimônia de sétimo ano de falecimento de seu mestre, que seria realizada dali a quatro anos. Esse se tornou o objetivo concreto para o quinto período do ciclo de “Sete Sinos”. O conceito de “Sete Sinos” Para estabelecer o ritmo de avanço do kosen-rufu a cada sete anos, Ikeda sensei anunciou a concepção do conceito de “Sete Sinos” no dia 3 de maio de 1958, um mês após o falecimento de Toda sensei. Na época, uma parte da imprensa alardeava que a Soka Gakkai estaria à beira do colapso. Em meio a tais circunstâncias, como dar esperança aos membros mergulhados na tristeza? Ikeda sensei ponderava sobre essa questão em seu íntimo. Na época, ele registrou em seu diário: “Imaginei como a organização estará daqui a vinte anos. Estou preocupado e angustiado”.2 Assim, no dia 3 de maio, foram apresentados os ciclos dos “Sete Sinos”. Ikeda sensei concebeu essa ideia a partir de uma declaração de Toda sensei: “Vamos estabelecer cada período de sete anos como uma etapa e badalar o sino do kosen-rufu. Então, vamos tocar sete sinos!”. O “primeiro sino” é o período de sete anos desde a fundação da Soka Kyoiku Gakkai, em 1930, até a partida oficial da organização, em 1937. O “segundo sino” segue até o falecimento do presidente Tsunesaburo Makiguchi, em 1944. O “terceiro sino” vai até a posse de Toda sensei como segundo presidente, em 1951. O “quarto sino” se encerra com a concretização de 750 mil famílias, o empreendimento da vida de Toda sensei, e seu falecimento. Ikeda sensei fez essa declaração, clamando a todos para avançar com coragem e convicção em ciclos de sete em sete anos, visualizando o futuro de vitórias com a concretização do “quinto sino”, do “sexto sino” e, finalmente, do encerramento do ciclo com o “sétimo sino”, 21 anos a partir daquele momento. Esse majestoso objetivo criou a força para que os membros avançassem, vislumbrando tal futuro. Dessa forma, a Soka Gakkai concretizou o objetivo de 3 milhões de famílias, do “quinto sino”, no ano 1962. No período do “sexto sino”, ultrapassou 7,5 milhões de famílias; e, em 1979, ano do término do “sétimo sino”, estava concluído o alicerce do kosen-rufu do Japão. “Príncipes e princesas da Lei Mística, cresçam como extraordinários sucessores.” Ikeda sensei engaja-se em um cabo de guerra com um menino participante do Encontro da Divisão dos Estudantes Futuro. Ele se dedica a incentivar incessantemente os companheiros que se encarregarão do futuro da região de Hokuriku (Centro Cultural de Ishikawa, nov. 1976) Encorajamento a uma única vida “Por que a Soka Gakkai se desenvolveu até esse ponto?” Diante dessa pergunta de um intelectual, sensei respondeu: “É porque sempre valorizamos uma única pessoa”. Essa é a essência da própria existência de Ikeda sensei. Sensei não se limitou a estabelecer apenas um objetivo. Dedicou incentivos e encorajamento, com toda a sua força, para que os membros trilhassem uma existência vitoriosa e feliz. Criou vínculos de luta conjunta com cada pessoa a fim de desbravar a época da canção triunfal do povo. Em 22 de março de 1965, na cidade de Sendai, em Miyagi, ocorreu um episódio após o término de uma reunião de líderes de comunidade. Naquele dia, por duas horas consecutivas, sensei trocou cumprimentos com cerca de seiscentos participantes. Suas mãos ficaram vermelhas, inchadas e doloridas. Ele mal conseguia segurar uma caneta. Oito dias depois, estava prevista a realização da Reunião de Líderes de Comunidade da província de Nagano. “Quero criar um encontro que possa se tornar o ponto primordial da vida dos membros”, afirmou o Mestre. Com isso em mente, como forma de encorajamento, em vez dos cumprimentos, ele pensou em tirar uma foto comemorativa com eles. Mais tarde, sensei escreveu: “Se fosse possível, queria encorajar os líderes centrais da Divisão Sênior, da Divisão Feminina, da Divisão Masculina de Jovens, da Divisão Feminina de Jovens e da Divisão dos Estudantes, que se levantam como os pilares das comunidades de todo o Japão. Contudo, isso se tornava extremamente difícil, inclusive em termos de disponibilidade de tempo. Então, extraindo toda a sabedoria, surgiu essa ideia da foto, movida com o sentimento de ‘ao menos isso’”. Pesquisa feita pelo Seikyo Shimbun ao longo de oito anos e três meses, a partir de 1965, revela que sensei tirou fotos comemorativas com pelo menos 718.550 pessoas. Não eram simples poses para a câmera. Eram capturadas com o sentimento de que talvez fosse uma oportunidade única na vida, de que “nunca mais conseguiria encontrar” essas pessoas, dedicando-lhes sinceros incentivos nos intervalos entre as fotos. Além disso, sensei ouvia atentamente cada pessoa que lhe falava sobre suas dificuldades, mesmo nas ocasiões em que ele estava com febre alta. É provável que, em alguns momentos, os incessantes flashes da câmera fotográfica incomodassem seus olhos. Eram realmente ações de encorajamento sem poupar a própria vida. Em 14 de julho de 1972, num ginásio da província de Iwate, sensei participou de fotos comemorativas com 3.600 pessoas, que foram divididas em doze grupos. Com extrema exaustão, nem conseguia engolir a comida servida. Mesmo assim, quando chegava a hora, levantava-se com todo o vigor e se dirigia para perto dos membros. Naquele dia, após o término das fotos comemorativas, sensei foi até a sede regional de Morioka, cumprindo uma promessa feita no passado aos estudantes do ensino fundamental. O compromisso originou-se de uma carta enviada pelas crianças a Ikeda sensei na qual narravam seus sonhos para o futuro. Na ocasião, ele dedicou a elas a seguinte mensagem: “Vamos nos encontrar quando eu for para Iwate”. Sensei recebeu as crianças na sede dando-lhes boas-vindas e ofereceu livros nos quais dedicou palavras de incentivo na contracapa. Ao cair da neve, brado de vitória ecoa pelo céu. Membros de Tohoku não se esquecem da sinceridade do Mestre, que visita a região de Akita no inverno com o sentimento de incentivar os amigos em meio às circunstâncias adversas. O “tesouro do coração” é eternamente indestrutível (cidade de Akita, jan. 1982) “Não precisam mais se preocupar” No dia 24 de abril de 1979, em meio às tempestades da primeira problemática do clero, Ikeda sensei renunciou ao cargo de terceiro presidente, assumindo total responsabilidade para proteger os membros e para pôr fim aos ataques irracionais dos clérigos. Os maus clérigos e os traidores, que conspiraram para separar o mestre de seus discípulos, pressionaram sensei, obrigando-o a “não transmitir orientações em reuniões” e a “não aparecer no Seikyo Shimbun”. Ao mesmo tempo, eles atacavam a organização e atormentavam os membros. Certo dia, em 1979, realizava-se uma reunião no Centro Cultural de Kanagawa. Sensei, que ouvia a atividade do lado de fora, entrou silenciosamente por uma porta na parte da frente do salão para não atrapalhar o andamento do evento. Um companheiro, ao notar sua presença, levantou sua voz de júbilo. Sensei colocou o dedo indicador nos lábios dele, pedindo para ficar quieto, dizendo: “Está definido que eu não posso falar”. Então, ele se dirigiu ao piano colocado no salão. Depois de tocar algumas músicas, tais como Atsuhara no Sanresshi [Os Três Mártires de Atsuhara] e Atsutamura [Vila de Atsuta], deixou o local em silêncio. Esse fato ocorreu diversas vezes naquele centro cultural durante esse período. Na primeira problemática do clero, Oita foi uma das localidades que mais sofreram com a opressão dos clérigos. Sempre que os membros iam ao templo, eram obrigados a ouvir somente difamações em relação a Ikeda sensei e à Soka Gakkai. Cerrando os dentes, eles suportaram a irracionalidade. A partir do outono [japonês] de 1981, sensei iniciou plenamente a contraofensiva. No dia 12 de dezembro, visitou Okajoshi, cidade de Taketa, em Oita, com o sentimento de que era em prol dos membros que mais sofreram. “Não precisam mais se preocupar!”, afirmou o Mestre. Os membros se aproximaram de Ikeda sensei no momento em que ele descia do carro no estacionamento com fisionomia de alívio e até com lágrimas nos olhos. Estava presente ali um homem que ainda não havia se tornado membro da Soka Gakkai. Na época, ele tinha aversão pela organização. Mas acabou participando a contragosto, atendendo ao pedido de sua esposa, que lhe disse: “Só hoje!”. Ele havia pensado que, certamente, um líder religioso era alguém de extrema arrogância. No entanto, ao observar o comportamento de sensei de perto, iniciou a prática budista três meses depois. Esse companheiro relembra o aspecto de Ikeda sensei: “Parecia alguém mergulhando no mar de pessoas comuns”. Após esse encontro, sensei disse: “A pessoa com quem me encontrei é importante. Porém, ainda mais importante são as pessoas com quem não me encontrei. (...) São pessoas que continuaram recitando daimoku com seriedade, orando pela segurança da viagem. Eu me encontrei no coração com essas pessoas. Graças a elas, a Soka Gakkai venceu”. O coração do mestre voava sempre junto com os amigos que estavam sofrendo. Em 29 de fevereiro de 2000, ele visitou o Centro Cultural de Nagata, na província de Hyogo. Recitou gongyo com os companheiros que ali se reuniam. No local, encontrava-se também um companheiro que havia perdido os amados pai e filho no Grande Terremoto de Hanshin-Awaji (Terremoto de Kobe). Havia pessoas que escaparam por pouco da morte debaixo dos escombros. Nessa ocasião, sensei ofereceu um vigoroso encorajamento: “A vida é uma batalha. É a batalha para conquistar a felicidade. (...) Por favor, sejam alegres! Ninguém se compara a uma pessoa alegre. Gostaria que sobrevivessem persistentemente”. Até hoje, essas palavras são a força para o avanço dos membros e se tornaram o juramento ao mestre. O grande épico do kosen-rufu Ikeda sensei, que continuou acendendo a chama da esperança nos companheiros de todo o Japão, expressou, do fundo do coração, seu desejo de que fizessem badalar juntos o segundo ciclo dos “Sete Sinos” a partir do dia 3 de maio de 2001, que descortinou o século 21. Em maio de 1997, em Kansai, ele indicou o majestoso plano do novo ciclo dos “Sete Sinos” até meados do século 23: A primeira metade do século 21 irá marcar o segundo ciclo dos “Sete Sinos”. Acredito que essa será uma época em que deveremos nos dedicar à consolidação da base para a paz na Ásia e em todo o mundo. Olhando mais adiante, para a última metade do próximo século — o “século da vida” — minha esperança é de que o princípio da dignidade da vida se estabeleça como o espírito fundamental da era e do mundo. Oro para que, durante a primeira metade do século 22, seja construída uma base indestrutível para a paz mundial. E sobre essa base, na última metade do século 22, imagino o brilhante florescimento de uma era de humanismo. (...) Na metade do século 23, em 2253, alcançaremos o milênio do estabelecimento dos ensinamentos de Nichiren Daishonin. Creio que será o início de uma brilhante nova fase do nosso movimento.3 Atualmente, está em andamento o segundo ciclo dos “Sete Sinos”. Visualizando o 120o aniversário de fundação da Soka Gakkai (em 2050), quando termina esse ciclo, sensei escreveu: “Nessa ocasião, quanto a filosofia humanística do budismo brilhará como o sol que ilumina o mundo e quanto nossa grande rede solidária Soka será considerada o pilar da paz para a humanidade? Meu coração se aquece”. O grande épico do kosen-rufu só pode ser concretizado por ações contínuas de “encorajamento a uma única pessoa”, como demonstrado inteiramente por Ikeda sensei com suas próprias ações. Foto: Seikyo Press Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.609, 30 abr. 2022, p. 16. 2. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 462. 3. Brasil Seikyo, ed. 1.456, 11 abr. 1998, p. 3.
01/02/2024
Especial
TC
A Divina Comédia, de Dante Alighieri
UM POEMA ESCRITO NO EXÍLIO Dante Alighieri havia perdido tudo. Na juventude, viu desaparecer seu verdadeiro amor e, agora, sua reputação e seu status. Estava sozinho. Aos 37 anos, na meia-idade, tinha perdido sua bela cidade natal. Pelos dezenove anos seguintes, até a sua vida tumultuosa chegar ao fim aos 56 anos, Dante não teve escolha senão viver como andarilho. No começo do “Inferno”, parte de A Divina Comédia, Dante escreve: Da nossa vida, em meio da jornada, achei-me numa selva tenebrosa, tendo perdido a verdadeira estrada. Dizer qual era é cousa tão penosa, desta brava espessura a asperidade, que a memória a relembra inda cuidosa. Na morte há pouco mais de acerbidade; mas para o bem narrar lá deparado de outras cousas que vi, direi verdade.1 Nessa obra, Dante, o peregrino, se perde em uma floresta escura no meio da jornada de sua vida. Ali, encontra seu guia e professor Virgílio, grande poeta romano, que conduz Dante pelos reinos do além. O título original da obra de arte de Dante era Commedia, ou simplesmente “Comédia”. Consiste em três partes: “Inferno”, em que pecadores impenitentes são condenados; “Purgatorio”, ou Purgatório, no qual a alma daqueles que morreram em estado de graça expia e purifica seus pecados; e “Paradiso”, ou Paraíso, onde a alma que foi limpa dos pecados no purgatório goza do êxtase perfeito. O trabalho de Dante começa na escuridão do submundo, mas termina no êxtase celestial. Por esse motivo, ele o intitulou Commedia, termo para uma obra com final feliz. A palavra “divina” foi acrescentada à commedia pela posteridade para celebrar sua beleza e grandeza. A obra foi publicada pela primeira vez em 1472, cerca de 150 anos após a morte do autor. Embora seja chamada de “divina”, seu tema não se limita à divindade de Deus cristão. Dante incorpora vasta gama do conhecimento disponível à sua época, incluindo a literatura clássica dos antigos gregos e romanos, a ciência natural do mundo árabe e os sabores e as paisagens da Índia e do Oriente Médio. Alguns consideram a obra de Dante como um épico de escopo enciclopédico. Qual era a intenção de Dante ao escrever esse grande épico? Em uma carta ao seu patrono Cangrande della Scala, lorde de Verona, ele explica que seu propósito é “Levar aqueles que vivem esta vida em estado de tristeza para o estado de felicidade”.2 Ele ainda discute o título da obra: “A comédia traz uma complicação difícil, mas também leva a um final próspero. (...) E assim fica evidente que o título dessa obra deve ser ‘a Comédia’, pois se respeitarmos seu conteúdo, o começo terrível e putrefato, pois o inferno, depois temos o final próspero, desejável e gracioso, o Paraíso”.3 Considerando a linguagem e o estilo do trabalho, Dante comenta na mesma carta: “A tragédia é exaltada e sublime, a comédia, relaxada e humilde. (...) Se respeitamos o método do discurso, o método é relaxado e humilde, pois é o discurso vernacular”.4 Ele repelia a pretensão e escreveu sua grande obra em italiano coloquial para que as pessoas comuns pudessem entendê-la, um estilo de linguagem adequado ao título — Comédia. Como guiar os perturbados à felicidade? Como ajudar aqueles no inferno do sofrimento a ascender à alegria celestial da felicidade? Dante escreveu A Divina Comédia a partir dessas perspectivas lúcidas. Talvez seja por isso que seu trabalho continua a cativar o coração de inúmeros leitores ao longo do tempo. No “Inferno”, a primeira parte de A Divina Comédia, Dante descreve os chamados nove círculos do inferno. Em cada círculo, estão condenados aqueles que merecem as punições distribuídas ali — os luxuriosos, os glutões, os irados, os violentos, os fraudulentos, os traidores, e assim por diante. As descrições vívidas de Dante desses sofredores chocam os leitores ao longo das eras e ao redor do mundo. Dante não temia nem mesmo os papas, apontados como a maior autoridade sobre a Terra. Embora sua vocação fosse considerada sagrada, alguns papas abusavam da comida e da bebida ou desenvolviam esquemas maliciosos. Dante era intransigente em sua condenação dos clérigos corruptos, julgando-os com base no padrão da decência humana geral. O poema ilustra que, a partir da perspectiva da eternidade, o status e a posição de alguém neste mundo não passam de ilusões e que todas as pessoas precisam responder, no além, pelos atos do presente. Assim, A Divina Comédia condena até os papas ao inferno, e com imparcialidade, Dante assinala os malfeitores — tanto amigos quanto inimigos — a suas moradas eternas adequadas. Passando do círculo de ofensas mais leves para as mais graves, Dante e seu guia prosseguem para as profundezas. Desde aqueles que não têm autocontrole, culpados de coisas como luxúria e avareza, até indivíduos que cometem violência contra si mesmos com o suicídio, chegando aos culpados de suborno e a padres famintos por dinheiro — Dante cita nomes e crimes. Os mais culpados são aqueles que traíram seus benfeitores. Esses ficam congelados no frio terno do centro profundo do inferno e são arranhados e mordidos por Satã. Por que neste mundo os justos são condenados por crimes que não cometeram enquanto os maus prosperam? Dante devotou toda a sua energia para responder a tais questionamentos em A Divina Comédia. Escrevendo, falando e cantando em verso — tais eram as batalhas pelas quais Dante devotou a vida. Ele completou seu trabalho, fruto da sua labuta, pouco antes de falecer, ainda tragicamente exilado. No Canto XXX de “Purgatório”, a angélica Beatriz aparece através de uma nuvem de flores. Após mais de doze anos de superação, Beatriz conversa com Dante. O poeta descreve a cena da seguinte forma: Conquanto o véu, que lhe cingia a testa, que de Minerva fronde coroava, a face não deixasse manifesta, no régio continente que ostentava desta arte prosseguiu; porém dizendo o mais acerto para o fim guardava: — “Oh! Sou eu! Sim! Beatriz stás vendo! Pois te hás dignado de ascender ao monte ter aqui dita o homem já sabendo?5 Na minha juventude, adorava recitar essa parte. Alguns dizem que A Divina Comédia é a maior obra de poesia épica da Itália. Por fim, no “Paraíso”, Dante é alçado ao mais alto céu pela alma de seu amor eterno, Beatriz, a quem possuía afeto desde a infância. Assim, encontramos alívio no final feliz dessa história angustiante, por meio da qual Dante talvez quisesse expressar seu amor pela renovação humana e seu desejo de cantar louvores ao caminho do bem. A CIDADE NATAL DA RENASCENÇA Durante a vida de Dante, do fim do século 13 ao começo do século 14, os cidadãos de Florença passaram a tomar para si o aprendizado e as artes, retirando-os da exclusividade do clérigo, e assim desenvolveram uma cultura única. Havia principalmente poetas que lutavam por uma reforma no autoritarismo da Igreja — o que levou, por fim, à propagação do humanismo pela Itália (movimento cultural baseado na retomada dos estudos clássicos) e ao desenvolvimento da Renascença. No Canto XV de “Paraíso”, Dante exalta sua pacífica cidade natal: Florença dentro em sua cerca antiga, onde ressoa ainda a Terça e a Noa,6 vivia honesta e sóbria em paz amiga. Não tinha áureos colares, nem coroa, Chapins, cintos de damas em que havia mais que ver do que graças da pessoa. No pai, nascendo, a filha não movia, temor; em tempo azado se casava, e o dote as proporções nunca excedia. Cada qual do seu lar se contentava.7 Em junho de 1981, visitei essa bela e pacífica cidade, bem como o local de nascimento de Dante, refletindo sobre a grande vida do poeta. Pensando bem, desde a juventude, desejava conhecer Florença, pois ela foi o epicentro da Renascença. A partir dela, emergiu uma onda de brilhante restauração humana para iluminar as trevas da Idade Média, quando o coração e a mente das pessoas foram constrangidos pela teocracia da Igreja. A palavra francesa renaissance deriva da expressão italiana rinascita, que significa “renascimento”. Dante já havia usado termos semelhantes em Vita Nuova e em A Divina Comédia. Ele também é reconhecido como o primeiro humanista8 da Itália. Dessa maneira, pode ser descrito como fundador da Renascença. Na época de Dante, a maioria dos livros era redigida em latim, língua da Igreja e da educação. Embora as pessoas não usassem latim formal no dia a dia, não havia uma língua italiana padronizada. Vários dialetos eram falados por toda a Itália. Dante usou o toscano — dialeto de Florença e região, que se desenvolveu no italiano moderno — em A Divina Comédia e em muitos outros trabalhos. Ele nutria a esperança de que pessoas comuns entendessem sua obra. Recusou-se a ficar recluso na torre de marfim, afastando o mundo da autoridade e amando a humanidade das pessoas comuns. Dante desejava a união política do seu país, que só ocorreu em 1870. Nessa época, sugeriu-se que, como a semente da unificação havia sido lançada por Dante e, enfim, ela dera frutos, todas as cidades da Itália deveriam erigir uma estátua em sua homenagem. Hoje, a maioria das grandes cidades italianas possui essa estátua, e muitas outras têm uma rua com seu nome. De qualquer modo, para mim, Dante é inesquecível. Os livros que encontramos na juventude costumam permanecer no coração pelo resto da vida. Na minha juventude, li A Divina Comédia inúmeras vezes, e, ainda hoje, Dante permanece em meu coração. No topo: Ilustração da Nova Revolução Humana, v. 30-I, retrata a visita do presidente Ikeda ao Museu Casa de Dante (Florença, Itália, 1972) Foto: Seikyo Pres Notas: 1. ALIGHIERI, Dante. Inferno. A Divina Comédia. Tradução: José Pedro Xavier Pinheiro. São Paulo: Martin Claret, 2023. Canto I. 2. http://sites.fas.harvard.edu/~chaucer/special/authors/dante/cangrand.html (tradução nossa) 3. http://sites.fas.harvard.edu/~chaucer/special/authors/dante/cangrand.html (tradução nossa) 4. http://sites.fas.harvard.edu/~chaucer/special/authors/dante/cangrand.html (tradução nossa) 5. ALIGHIERI, Dante. Purgatório. A Divina Comédia. Tradução: José Pedro Xavier Pinheiro. São Paulo: Martin Claret, 2023. Canto XXX. 6. Terça e noa: Horários canônicos da Igreja Católica Romana, os quais marcam divisões do dia quando as preces são ditas. Terça é ao meio da manhã e noa ao meio da tarde. 7. ALIGHIERI, Dante. Paraíso. A Divina Comédia. Tradução: José Pedro Xavier Pinheiro. São Paulo: Martin Claret, 2023. Canto XV. 8. Humanista: Seguidor do humanismo, movimento intelectual, literário e científico do final da Idade Média que procurou basear todo o aprendizado na literatura e na cultura da antiguidade clássica.
01/02/2024
Crônica
TC
Ser resiliente diante das turbulências da vida
Desde sempre, sou um profundo apreciador da natureza, encontrando paz e alegria incomparável na contemplação de suas maravilhas. As paisagens que mais me fascinam são o nascer e o pôr do sol, momentos em que o céu se pinta com cores vibrantes, anunciando o começo e o fim de mais um ciclo. Quando criança, passava horas olhando para o céu, procurando desenhos nas nuvens. Cada forma que encontrava era uma nova história, um novo universo a ser explorado. Esses momentos de imaginação moldaram a forma como vejo a vida, ensinando-me a buscar significados mais profundos por trás das aparências e a apreciar a constante transformação do mundo. Em nossa jornada, enfrentamos uma série de desafios e problemas tão variados e complexos quanto os padrões formados pelas nuvens no céu — elas se movem de maneira suave e seus desenhos são impulsionados por forças invisíveis e inexplicáveis —, ensinando-nos uma lição valiosa sobre a natureza da existência humana. Assim como as nuvens são delineadas pelos ventos, somos moldados pelas circunstâncias, especialmente pelos desafios inesperados que surgem quando decidimos viver por um grande ideal. Quanto maior for o objetivo, maiores serão os desafios e as dificuldades. Mas há algo mais profundo a ser compreendido nessa metáfora das nuvens. Conseguimos apreciar e perceber inúmeras formas quando analisamos além da compreensão habitual, ou seja, de ampla perspectiva. Além disso, nossas dificuldades e sofrimentos são transformados em experiências valiosas quando elevamos nossa condição de vida, alcançada com resoluta recitação de daimoku. Nessa condição interior, mudamos a percepção sobre todas as coisas e criamos a convicção de que não devemos ser derrotados por nada. Cada problema, cada dificuldade que enfrentamos, é uma oportunidade para que possamos crescer, fortalecer nosso espírito, e desenhar novos padrões na tela da vida. Com isso, transformamos sofrimento em felicidade, dor em alegria, desesperança em determinação. E, tal como as nuvens que se formam no ritmo dos ventos, aprendemos a nos mover com resiliência diante das turbulências. Assim como nosso mestre, Daisaku Ikeda, assegura, “Aqueles que possuem firme determinação em promover nosso movimento pelo kosen-rufu com certeza apreciarão o vasto céu azul de boa sorte que rapidamente surge em sua existência e se expande mais e mais, como se o vento dissipasse todas as nuvens cinzentas”.1 A essência da nossa vida é a mesma do Buda. Frequentemente, o sol se oculta atrás das nuvens. A fé atua como um forte vento que afasta essas nuvens. Nessa metáfora, a terra representa o ambiente constante, enquanto as nuvens, que se dispersam, simbolizam as dificuldades passageiras. Ao recitarmos daimoku com fé no Gohonzon, despertamos em nossa vida o estado iluminado de buda. Ricardo Shin-iti Miyamoto Diretor-presidente da EBS No topo: Foto registrada por Ricardo Miyamoto do nascer e o pôr do sol Nota: 1. IKEDA, Daisaku, Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, 2023. p. 183.
01/02/2024
Estudo
TC
[67] A luta conjunta dos bodisatvas da terra é a fonte de esperança para transformar os Últimos Dias da Lei
Explanação O escritor e poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749–1832) expressou: “Esta Terra é a fonte de todas as minhas alegrias, e este Sol brilha sobre as minhas tristezas”.1 Considerando a Terra como palco, executamos o bailado de nossa missão. Elegendo o Sol como companhia, transmitimos a luz da esperança a todos. É assim que vivemos como membros da Soka Gakkai. O importante é fazermos uso do poder que existe nas profundezas do nosso ser e continuarmos seguindo em frente com sagacidade e força. Neste exato momento, o mundo inteiro está diante de uma grande crise em virtude da pandemia sem precedentes da Covid-19. No entanto, mesmo a peste negra, epidemia que assolou a Europa no século 14, uma vez superada, acarretou a Renascença, grande revitalização e renascimento cultural. Assim é a história da humanidade — respondendo a cada crise com coragem e sabedoria, elevando-se a novas alturas. Acredito firmemente que, não importando quão profunda seja a escuridão, o Budismo do Sol iluminará a humanidade com sua luz resplandecente. Movimento popular unindo o mundo Hoje, os membros da Soka Gakkai atuam em todos os cantos do globo. Eles se empenham confiantes, propagando a filosofia da esperança e da renovação do Budismo Nichiren. De cabeça erguida e a voz entoando alto canções de vitória indômita, avançam a passos largos, assinalando novos progressos em nosso movimento popular sem igual. Nichiren Daishonin com certeza está aplaudindo esta coletividade de pessoas comuns, de bodisatvas da terra, que se encontra em pé de igualdade com a assembleia do Sutra do Lótus. Quão encantados os presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda ficariam se pudessem ver nosso desenvolvimento! Soka Gakkai, organização dedicada a criar “valores humanos” A Soka Gakkai foi fundada em 18 de novembro de 1930. Essa também foi a data da publicação do primeiro volume de Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor], o pináculo de sua filosofia pedagógica compilada com o empenho de seu fiel discípulo, Josei Toda. Naquele dia, o nome Soka Kyoiku Gakkai (literalmente, Sociedade Educacional de Criação de Valor; precursora da Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor]) fez sua estreia pública. As palavras de abertura dessa grande obra, cristalização dos esforços de mestre e discípulo, destacavam: “‘Pedagogia de criação de valor’ constitui um sistema metodológico para cultivar indivíduos capazes de criar valor, que é o propósito da vida”.2 A educação Soka, ou pedagogia de criação de valor, é um sistema para desenvolver pessoas capazes de criar valor. Ela se propõe a elevar e a enriquecer o caráter de cada uma delas para esse fim.3 Como a felicidade reside na criação de valor, a educação Soka se empenha em cultivar pessoas que trabalhem não só pela própria felicidade, como também pela felicidade dos outros. O foco sempre incide no ser humano. Uma vida contributiva, altruística Em Jinsei Chirigaku [Geografia da Vida Humana],4 obra revolucionária de sua juventude, Makiguchi sensei expressou a visão de que a direção futura da humanidade deveria ser a busca daquilo que ele denominava “competição humanitária”. Em contraste com outras formas de competição, segundo explicou, “Os objetivos da competição humanitária não se resumem unicamente a interesse próprio, mas consistem em se esforçar para proteger e aprimorar tanto a própria vida como a dos demais. Em outras palavras, significa escolher caminhos que sirvam e beneficiem os outros e a nós também. Significa engajar-se de modo consciente em uma vida comunitária”.5 Cerca de trinta anos mais tarde, em Sistema Pedagógico de Criação de Valor, Makiguchi sensei discorreu sobre um processo em três etapas, passando de uma vida dependente para uma vida independente e, por fim, para uma vida contributiva.6 A última, vida contributiva, não é outra senão o modo de vida do bodisatva, o espírito da prática altruística ensinada no budismo Mahayana. Durante a Segunda Guerra Mundial, o presidente Makiguchi declarou: “Não existe Buda egoísta que simplesmente acumula benefícios pessoais e não trabalha para o bem-estar dos outros. A menos que efetuemos a prática do bodisatva, não poderemos atingir o estado de buda”.7 Ele proferiu essas palavras um pouco mais de seis meses antes de ser preso, junto com Josei Toda, pelo governo militarista da época da guerra como parte de uma campanha de repressão religiosa. “Chegou a hora de os indivíduos capazes de grande criação de valor, aqueles que incorporam o espírito dos bodisatvas da terra, se apresentarem! — esse foi o objetivo que Makiguchi sensei perseguiu desde a juventude e esclareceu de maneira ainda mais ampla após fundar a Soka Gakkai. Uma coletividade inigualável de bodisatvas no mundo Em 18 de novembro de 1944, Makiguchi sensei morreu numa fria cela de prisão. Por uma misteriosa coincidência, na mesma época, seu discípulo sucessor, Josei Toda, que vinha devotando a vida ao ler o Sutra do Lótus também em cárcere, despertou para sua identidade como bodisatva da terra. “Somos todos bodisatvas da terra que escolheram nascer na era maléfica dos Últimos Dias da Lei, de acordo com nosso juramento pelo kosen-rufu!” Foi graças a essa percepção de Toda sensei que a Soka Gakkai assumiu seu verdadeiro papel como coletividade de “valores humanos” dedicados à prática do bodisatva, desejo de Makiguchi sensei desde a fundação da organização. Além disso, como resultado, conectando-se diretamente a Nichiren Daishonin, “...o único que tomou a iniciativa de conduzir a tarefa confiada aos bodisatvas da terra” (CEND, v. I, p. 404), a Soka Gakkai desenvolveu-se como uma sólida e harmoniosa comunidade de bodisatvas da terra, eternamente devotada a concretizar o kosen-rufu por meio da propagação compassiva da Lei Mística. Nesta edição, iniciaremos estudando uma passagem de Os Cinco Critérios para a Propagação e ratificando que os bodisatvas da terra são especialmente equipados para conduzir as pessoas à iluminação na conturbada era dos Últimos Dias da Lei. Trecho do escrito 1 Os Cinco Critérios para a Propagação Mas os grandes bodisatvas tão numerosos quanto as partículas de pó de mil mundos que emergiram da terra, primeiro, viveram neste mundo saha8 por um período incalculavelmente longo; segundo, eram discípulos do buda Shakyamuni desde o passado muito remoto, quando ele determinou atingir a iluminação pela primeira vez; e, terceiro, esses bodisatvas foram as primeiras pessoas no mundo saha a receber do Buda a semente do estado de buda. Portanto, no que se refere aos laços cármicos do passado que os unem ao mundo saha, eles superam os outros grandes bodisatvas.9 (WND, v. II, p. 550) A missão de propagar a Lei Mística nos Últimos Dias da Lei Nesse escrito, Nichiren Daishonin explica que a Lei Mística — expressa como os “cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo”10 (WND, v. II, p. 549) — é a Lei essencial para a iluminação de todas as pessoas nos Últimos Dias da Lei e que ninguém, a não ser os bodisatvas da terra, a propagará no mundo saha repleto de sofrimentos. O capítulo 21, “Os Poderes Sobrenaturais d’Aquele que Assim Chega”, do Sutra do Lótus, que descreve a grandiosa cerimônia na qual Shakyamuni confia essa tarefa aos bodisatvas da terra, começa com as seguintes palavras: “Nesse momento, os bodisatvas e mahasatvas,11 que haviam emergido da terra, tão numerosos quanto as partículas de pó de mil mundos (...) (LSOC, cap. 21, p. 314). Logo, os “grandes bodisatvas tão numerosos quanto as partículas de pó de mil mundos que Daishonin menciona nessa carta referem-se aos incontáveis bodisatvas da terra liderados pelo bodisatva Práticas Superiores.12 Ele então apresenta três características que os definem. Primeira, eles fazem deste conturbado mundo saha seu lar. Há muito tempo, eles vêm empreendendo ações com base em seu juramento seigan de que este é o local ao qual estão destinados e o palco onde cumprirão sua missão. Segunda, são os discípulos diretos do Buda desde a iluminação dele no remoto passado. Eles vêm se empenhando constantemente ao lado do Buda naquela que poderíamos denominar de jornada eterna da luta conjunta de mestre e discípulo. Terceira, são os bodisatvas que figuravam entre os primeiros de todos os seres vivos do mundo saha a receber do Buda a semente da iluminação no remoto passado. Por sua vez, eles plantam as sementes do estado de buda13 no coração das pessoas dos Últimos Dias da Lei. Assim, assumir intrepidamente a liderança de propagar a Lei Mística, sem se deixar deter por nenhum obstáculo, é a marca registrada dos bodisatvas da terra. O mundo saha é onde cumprimos nossa missão Essa é a maravilhosa natureza dos “verdadeiros discípulos que o Buda manteve ocultos nas profundezas da terra” (cf. CEND, v. I, p. 489). Os bodisatvas da terra compartilham um forte vínculo com o Buda desde o remoto passado. São bodisatvas ligados por um profundo laço cármico e pela missão que escolheram nascer nos Últimos Dias da Lei. Nichiren Daishonin os descreve como “grandes bodisatvas (...) que haviam sido discípulos d’Aquele que Assim Chega Shakyamuni, desde [que ele atingiu pela primeira vez o estado de buda] kalpa de partículas de pó de incontáveis grandes sistemas de mundos no passado. Esses grandes bodisatvas não se esqueceram do Buda por um instante sequer” (Ibidem, p. 434). No Sutra do Lótus, os habitantes do mundo saha são considerados possuidores de capacidade inferior para compreender a Lei e descritos como “dados à corrupção e ao mal, acometidos de extrema arrogância, superficiais em benesses, irascíveis, confusos, aduladores e desonestos, e o coração deles não é sincero” (LSOC, cap. 13, p. 230). No entanto, é neste mundo intensamente desafiador que os bodisatvas da terra surgem com seu juramento de propagar a Lei Mística. O vicejar de lindas “flores humanas” emergidas da terra nos cinco continentes Os bodisatvas da terra são firmes em sua determinação e não têm medo. São pacientes e perseverantes, e invencíveis diante de quaisquer adversidades. Empenham-se corajosamente no diálogo, jamais se deixando intimidar por ninguém. E assim como o lótus crescendo num lago lamacento produz flores puras e imaculadas, eles praticam resolutamente o caminho do bodisatva em meio ao lamaçal e atoleiro deste mundo problemático. É exatamente dessa forma que nossos membros vêm propagando a Lei Mística. A Soka Gakkai é uma coletividade de bodisatvas da terra que entraram em ação, fazendo deste mundo saha o palco de seus esforços. Eles surgiram em todas as partes do globo. Toda sensei estava convicto de que havia chegado o tempo para os bodisatvas emergirem e começarem a trabalhar na concretização do kosen-rufu de comprovação,14 e clamou aos membros com calorosa intimidade: “Meus queridos amigos, bodisatvas da terra, vamos assumir o desafio!”. Referindo-se ao magnífico espetáculo de incalculáveis bodisatvas da terra surgindo na assembleia do Sutra do Lótus, Daishonin escreve que eles “Reuniram-se no ar como uma grande concentração de estrelas” (CEND, v. I, p. 361). Em outras palavras, assemelham-se a deslumbrantes constelações cobrindo o céu noturno, cada estrela resplandecendo com a própria nobreza e brilho. No Sutra do Lótus, encontramos outra belíssima metáfora — a das “flores humanas” (LSOC, cap. 5, p. 142). Assim como miríades de flores desabrocham em esplêndida profusão quando recebem uma chuva revitalizadora, nós também podemos florescer brilhantemente quando nutridos pela “chuva do Darma” do ensinamento do Buda (cf. LSOC, cap. 5, p. 140). Podemos dar plena expressão às nossas qualidades singulares, tão diversas como as flores de “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro” (cf. OTT, p. 200), e produzir abundantes frutos de paz, cultura e educação na sociedade. Hoje, à semelhança das estrelas e do Sol, nossos membros estão propagando a luz da esperança em sua respectiva comunidade e no mundo. Eles desabrocham, com toda a beleza, como “flores humanas”, nobres bodisatvas da terra, nos cinco continentes. Esse é realmente um jubiloso motivo de celebração sem precedentes na história do budismo. Superar o egoísmo é o tema da civilização Um dos temas que o respeitado historiador britânico Arnold J. Toynbee (1889–1975) e eu discutimos em nosso diálogo foi como os seres humanos podem superar o egoísmo. O Dr. Toynbee observou que o “altruísmo, em contraste com o egoísmo, é um tour de force”.15 Ou seja, requer grande esforço, força e engenhosidade. Concordo plenamente com a análise dele. Falei-lhe sobre a condição de vida do bodisatva, que todos nós possuímos inerentemente, descrevendo-a como “o estado de altruísmo — a alegria de ajudar os outros”.16 Como constata Nichiren Daishonin: “Ao acender uma tocha para os outros, a pessoa iluminará o próprio caminho” (WND, v. II, p. 1060). Quando fazemos algo pelos outros, também beneficiamos a nós mesmos; iluminamos tanto o nosso futuro como o dos demais. Beneficiar os outros resulta em beneficiar a nós próprios. Quando nós, praticantes do Budismo Nichiren, oramos e agimos pela felicidade dos outros, expandimos nossa condição de vida e realizamos nossa revolução humana junto com eles. Empenhar-se na prática do bodisatva, portanto, é uma fonte de inigualável felicidade. Cria uma reação em cadeia de alegria. Como afirma Daishonin: “Alegria” significa que tanto a própria pessoa como as outras, juntas, experimentam alegria (...). Tanto a própria pessoa como as outras sentirão a alegria de possuir sabedoria e compaixão” (OTT, p. 146). Essa é a prática essencial do Sutra do Lótus e do budismo Mahayana. Em 1951, ano em que se tornou segundo presidente da Soka Gakkai, Toda sensei escreveu: “Tendo encontrado este auspicioso tempo [o tempo para o kosen-rufu], nós, da Soka Gakkai, firmamos um grande juramento de devoção sem poupar a própria vida e nos levantamos com uma poderosa convicção de que devemos nos engajar num esforço monumental para promover o grande movimento de shakubuku. Quão afortunados somos por avançarmos nesse caminho que conduz ao estado de buda e nos permite degustar a alegria de viver!”.17 De fato, a Soka Gakkai surgiu em consonância com o grande juramento dos bodisatvas da terra. É o mundo dos budas que persistiram em praticar a essência do budismo Mahayana, que consiste em concretizar a felicidade para si e para os outros. Trecho do escrito 2 Wulong e Yilong O sutra [do Lótus, capítulo 2, “Meios Apropriados”] afirma: “Se houver quem ouça a Lei, então, ninguém deixará de atingir o estado de buda” [LSOC, cap. 2, p. 75]. O significado dessa passagem é: se houver cem ou mil pessoas que mantenham este sutra, todas elas, sem exceção, irão se tornar budas.18 (CEND, v. II, p. 366) “Ninguém deixará de atingir o estado de buda” Esse trecho pertence a uma carta, intitulada Wulong e Yilong, endereçada à monja leiga Ueno, mãe de Nanjo Tokimitsu. Nela, Daishonin cita uma passagem do capítulo “Meios Apropriados”, do Sutra do Lótus: “Se houver quem ouça a Lei, então, ninguém deixará de atingir o estado de buda” (LSOC, cap. 2, p. 75). Essas palavras são uma poderosa expressão do juramento seigan original do Buda de habilitar todos os seres vivos a atingir o estado de buda. Daishonin também as menciona como importante prova documental que ratifica que o Sutra do Lótus é o grande ensinamento da iluminação universal. A monja leiga Ueno estava em profundo luto pela morte repentina do seu amado filho caçula. Nesta e em várias outras cartas, Daishonin cita essa mesma passagem do Sutra do Lótus para incentivá-la. Ele também compartilha essas palavras em uma carta enviada à monja leiga Myoichi, que perseverou na prática budista ao longo do período de opressão aos seguidores de Daishonin e da perda do seu marido. Essas palavras aparecem imediatamente após ele encorajá-la com a famosa citação “O inverno nunca falha em se tornar primavera” (CEND, v. I, p. 560).19 Nichiren Daishonin faz menção a essa passagem, mais uma vez, em uma carta à monja leiga Sennichi depois da morte do marido dela, assegurando-lhe que todas “As pessoas que ouvem o sutra, sem uma única exceção, atingirão o estado de buda” (Ibidem, v. II, p. 310). “Ninguém deixará de atingir o estado de buda” — esse foco na felicidade de cada indivíduo compõe o âmago do Sutra do Lótus. O fato de Daishonin oferecer essas palavras a muitas de suas discípulas que enfrentavam adversidades ilustra sua profunda compaixão e determinação de levantar o ânimo delas e impedir que se tornassem infelizes. A vida de cada pessoa é diferente, assim como seus problemas são distintos. Hoje, nossos membros em todo o mundo personificam esse espírito compassivo de, calorosamente, apoiar e demonstrar empatia por aqueles que estão sofrendo e guiá-los à felicidade genuína. Oramos pela felicidade de cada pessoa, encorajando-a e entrando em ação para ajudá-la, enquanto lidamos com nossas próprias dificuldades e tempestades do destino. Por essa razão, a Soka Gakkai foi capaz de edificar um lindo, alegre e harmonioso reino do humanismo budista que poderia ser descrito como um milagre — um reino imbuído do espírito compassivo do Buda. Criar um mundo que valorize cada pessoa A Soka Gakkai consolidou vasta rede popular abrangendo 192 países e territórios e se tornou um movimento religioso mundial. Isso, sem dúvida, se deve à grandiosidade do Budismo Nichiren e ao poderoso benefício do Gohonzon. Mas também é porque valorizamos cada pessoa. Em vez de pensar na humanidade de forma abstrata, encorajamos e estendemos a mão a indivíduos reais, diante dos nossos olhos, que sofrem ou enfrentam adversidades. Alguns deles também se somam a nós na recitação do Nam-myoho-renge-kyo e no empreendimento de ações em prol da felicidade de outras pessoas que fazem parte da vida deles. Nossa rede mundial de bodisatvas da terra foi construída por meio desses incentivos individuais sinceros e consistentes de pessoa a pessoa. Na juventude, eu me tornei discípulo de Toda sensei e recebi dele uma quantidade incrível de incentivos e treinamento pessoal. Em contrapartida, dei tudo de mim para apoiar e encorajar aqueles que encontrei, não importando qual fosse a ocasião ou a circunstância. O budismo — e o Sutra do Lótus, em particular — ensina que todas as pessoas possuem a supremamente nobre natureza de buda e que qualquer uma pode fazê-la brilhar. A vida de cada pessoa é uma torre de tesouro infinitamente preciosa e digna de respeito. Não há uma única pessoa desprovida de dignidade. Em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Nichiren Daishonin expressa: “A Torre de Tesouro não é outra senão todos os seres vivos, e todos os seres vivos nada mais são que a entidade completa do Nam-myoho-renge-kyo” (OTT, p. 230). Despertem para a dignidade inerente à sua vida! Unidos aos companheiros do mundo inteiro, continuem expandindo nossa rede de pessoas que se empenham para revelar seu verdadeiro e mais elevado potencial e para fazer brilhar a dignidade de toda a humanidade!” Essa é a grande odisseia do kosen-rufu, da luta para concretizar o objetivo da iluminação universal. Banir a ignorância fundamental com a “espada afiada” da fé Esse ensinamento de Nichiren Daishonin tem ressonância com o conceito de dignidade que compõe o âmago do princípio dos direitos humanos. A Dra. Donna Hicks, associada do Weatherhead Center for International Affairs (Centro Weatherhead para Assuntos Internacionais), na Universidade Harvard, é uma forte defensora desse princípio. É uma amiga de longa data da Soka Gakkai por meio de sua ligação com Centro Ikeda para a Paz, a Aprendizagem e o Diálogo, em Boston. Em recente entrevista publicada no jornal diário da Soka Gakkai, Seikyo Shimbun, a Dra. Hicks disse: Aprender e falar sobre dignidade nos conduz a um plano mais elevado — alcançamos um nível de consciência mais amplo que aquele em que nos encontrávamos antes. E se você estiver nesse plano mais elevado, enxergará valor em si, nos outros e no mundo à sua volta. Vivenciar essas interconexões significa valer-se de uma preciosa força que poderia eliminar sofrimentos e evitar que os seres humanos brigassem e ferissem uns aos outros. A dignidade desempenha papel essencial na edificação de um mundo pacífico (...). O budismo simplificou da maneira mais bela possível a ideia de revelar nossa natureza humana, revelar nosso profundo valor inerente.20 Bodisatvas da terra são indivíduos de ação que incorporam o espírito do Sutra do Lótus de respeito pelas pessoas. São corajosos heróis que empunham a “espada afiada” da fé21 para aniquilar a ignorância fundamental22 inerente à vida, origem da descrença profundamente arraigada. Combatendo essa natureza maligna inata que causa tanta miséria e infortúnio, eles ensejam o alvorecer da celebração da humanidade e da própria vida e afastam a escuridão de todas as formas de sofrimento. Essa é a missão da Soka Gakkai. Também é por isso que tantas pessoas no mundo todo depositam grande esperança em nosso movimento. Chegou a época em que um número cada vez maior de bodisatvas da terra propaga dinamicamente a luz da esperança em escala global. Junto com os companheiros do remoto passado Certa vez, ofereci este poema aos meus nobres companheiros, bodisatvas da terra: Que cada um de vocês, sem exceção, adorne a vida nesta existência com a felicidade. Mestres e discípulos Soka, convocados por profundos laços místicos, agora se reuniram aqui. Transmitindo a chama da nossa nobre missão para uma pessoa e, então, para outra, prossigamos expandindo nossa grande rede de bodisatvas da terra. O 100º aniversário da Soka Gakkai em 2030 já se encontra à vista. Este mês, em que comemoramos nosso 90º aniversário, assinala o início daquela que será uma década crucial para assegurarmos a base do kosen-rufu mundial como poderosa força para a paz. Mantendo ardentemente o grande juramento seigan dos bodisatvas da terra, continuem seguindo em frente alegremente na jornada da felicidade e da vitória, na jornada da revolução humana e na jornada a luta conjunta de mestre e discípulo — juntos, comigo e com todos os nossos companheiros do remoto passado! (Daibyakurenge, edição de novembro de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Foto registrada por Ikeda sensei da janela do carro quando retornava de Osaka em direção a Tóquio após concluir a 258a visita a Kansai. Enquanto o conjunto habitacional à frente é envolto pelo crepúsculo, as nuvens no céu e no topo do Monte Fuji são tingidas na cor rosa do pôr do sol (Shizuoka, nov. 2007) Foto: Seikyo Press Notas: 1. GOETHE, Johann Wolfgang von. Faust I & II [Fausto I e II]. Tradução: Stuart Atkins (ed.). Goethe’s Collected Works [Coletânea do Obras de Goethe]. v. 2. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1984. p. 43. 2. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. In: Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 5. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1982. p. 13. 3. Ibidem. 4. Tsunesaburo Makiguchi publicou essa obra em outubro de 1903, aos 32 anos. Em contraste com os estudos geográficos tradicionais, reflete as conexões entre o ambiente local e o natural e a vida humana, postulando a existência de uma rica relação de simbiose entre a natureza e os seres humanos. 5. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Jinsei Chirigaku [Geografia da Vida Humana]. In: Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 2. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1996. p. 399. 6. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. In: Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 5. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1982. p. 185. 7. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 10. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 151. Discurso proferido na quinta convenção da Soka Kyoiku Gakkai em 22 de novembro de 1942. 8. Mundo saha: Este mundo, o mundo dos seres humanos, marcado por sofrimentos. Em sânscrito, saha significa “terra”; deriva-se do radical “suportar” ou “resistir”. Por essa razão, nas versões chinesas dos textos budistas, a palavra saha é traduzida como “resistência”. Nesse contexto, o mundo saha indica um lugar no qual as pessoas devem resistir a todos os tipos de sofrimento. 9. Datada de décimo dia do terceiro mês de 1275, essa carta foi endereçada a dois discípulos: Soya Kyoshin e Ota Jomyo. Nela, Daishonin discute a propagação do budismo da Índia para China e para o Japão. Ele aplica o princípio dos cinco critérios para propagação para demonstrar que a Lei, ou o ensinamento supremo a ser disseminado nos Últimos Dias, é a Lei Mística (ou os cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo), que o Buda confiou aos bodisatvas da terra no Sutra do Lótus. 10. Myoho-renge-kyo é escrito com cinco ideogramas chineses, e Nam-myoho-renge-kyo, com sete (nam, ou namu, compreendendo dois ideogramas). Daishonin muitas vezes emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus escritos. 11. Mahasatva: Um “grande ser”, outra designação para bodisatva. 12. Bodisatva Práticas Superiores é o líder dos bodisatvas da terra, os inumeráveis bodisatvas descritos no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, aos quais Shakyamuni confia a missão de propagar a Lei nos Últimos Dias da Lei. Além disso, ele é um dos quatro grandes bodisatvas, junto com Práticas Ilimitadas, Práticas Puras e Práticas Consolidadas. 13. Plantar as sementes do estado de buda: A primeira das três frases sobre semeadura, amadurecimento e colheita, processo pelo qual um buda conduz as pessoas à iluminação, comparado ao crescimento e desenvolvimento de uma planta. Na frase sobre semeadura, o Buda planta as sementes da iluminação no coração das pessoas. O Budismo Nichiren é o budismo da semeadura, concentrando o foco na prática da semeadura, ensinando o princípio fundamental da semente da iluminação ou estado de buda, levando a pessoa a ter fé nele e, então, cultivando essa semente. 14. Kosen-rufu de comprovação: Isso se refere a propagar o ensinamento do Nam-myoho-renge-kyo de Nichiren Daishonin na sociedade. Em outras palavras, consiste em estabelecer a felicidade, a paz e a segurança no mundo real com base na Lei Mística mediante o ato de cada indivíduo levar a cabo sua missão pessoal como bodisatva da terra. 15. TOYNBEE, Arnold J.; IKEDA, Daisaku. Escolha a Vida. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 420. 16. Ibidem, p. 386-387. 17. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 3. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1991. p. 128. 18. Essa carta foi escrita em Minobu, no décimo quinto dia do décimo primeiro mês de 1281, e endereçada à monja leiga de Ueno. 19. Em O Inverno Nunca Falha em se Tornar Primavera, Daishonin escreve: “Aqueles que creem no Sutra do Lótus parecem viver no inverno, mas o inverno nunca falha em se tornar primavera. Desde os tempos antigos, nunca alguém viu ou ouviu dizer que o inverno tenha se convertido em outono ou que uma pessoa que tem fé no Sutra do Lótus tenha se tornado uma pessoa comum. No sutra consta: ‘Se houver quem ouça a Lei, então ninguém deixará de atingir o estado de buda’ [LSOC, cap. 2, p. 75]” (CEND, v. I, p. 560). 20. Artigo do Seikyo Shimbun, de 25 de agosto de 2020. A tradução tem como base a transcrição da entrevista original. 21. Em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Daishonin afirma: “A palavra ‘fé’ é a espada afiada com a qual se enfrenta e vence a escuridão ou a ignorância” (OTT, p. 119-120). 22. Escuridão fundamental ou ignorância fundamental: Ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que dá origem a todas as demais ilusões e desejos mundanos. É a incapacidade de ver ou reconhecer a verdade suprema da Lei Mística, bem como os impulsos negativos que decorrem dessa ignorância.
01/02/2024
Capa
TC
Decida ser feliz!
A esperança é sempre um ponto de partida e um eterno reinício Uma foto feita há mais de trinta anos pela sonda Voyager 1, a uma distância de cerca de 6 bilhões de quilômetros da Terra, mostra nosso planeta como um ponto azul brilhante na vastidão do espaço.1 Carl Sagan (1934–1996), um dos cientistas da missão, fez dessa imagem uma âncora de reflexões e de questionamentos. Em Pálido Ponto Azul, um de seus livros mais emblemáticos, ele revela parte de suas provocações aos seres humanos, em especial sobre quem somos e do lugar que ocupamos neste vasto universo. Ele enfatiza: Nossas atitudes, nossa pretensa importância, a ilusão de que temos uma posição privilegiada no Universo, tudo é posto em dúvida por esse ponto de luz pálida. O nosso planeta é um pontinho solitário na grande escuridão cósmica circundante. Em nossa obscuridade, em meio a toda essa imensidão, não há nenhum indício de que, de algum outro mundo, virá socorro que nos salve de nós mesmos. (...) Tem-se dito que a astronomia é uma experiência que forma o caráter e ensina a humildade. Talvez não exista melhor comprovação da loucura das vaidades humanas do que essa distante imagem de nosso mundo minúsculo. Para mim, ela sublinha a responsabilidade de nos relacionarmos mais bondosamente uns com os outros e de preservarmos e amarmos o pálido ponto azul, o único lar que conhecemos.2 A observação de Sagan não poderia ser mais evidente, no confronto das inconcebíveis cenas que o mundo ainda assiste vindas de diversas regiões, em que a dignidade da vida vem sendo reduzida. A morte de inocentes, a desesperança dos que vivem sem lar, para ficar ou para onde buscar. E isso sem falar dos efeitos de mudanças climáticas, que podem ser sentidos diariamente com o aumento de secas, alagamentos, aumento do nível do mar e outros fatos que apontam para um desequilíbrio ambiental. O ano passado foi exemplo crítico dessas consequências. Estudo divulgado em janeiro indica que 2023 foi um ano de máxima temperatura nunca visto desde 1850.3 Como sabemos, o ser humano é o causador e, ao mesmo tempo, a solução de tudo. Nessa concepção, compreender e atuar pela mudança tornam-se urgentes. Não buscar culpados, mas serem os protagonistas da transformação que anseiam no âmbito individual e coletivo. O budismo é um ensinamento milenar, que procura o equilíbrio das relações humanas a partir do empoderamento de cada pessoa. Esse processo de conversão de uma vida presa aos grilhões do carma para uma disposição renovada de dar o primeiro passo e avançar, fazendo a diferença na sociedade, é denominado “revolução humana”. No cerne desse universo de possibilidades de ser feliz e de inspirar os demais ao redor, encontramos duas assertivas. A primeira é que a verdadeira filosofia não está restrita ao bem-estar dos seus seguidores. Ela estende os braços às pessoas e à sociedade, independentemente de qualquer fator que as separe ou as diferencie. A segunda é compreender que, em essência, não há separação entre a sociedade (ou o ambiente) e o ser humano. Ou seja, a forma como pensamos e nossas ações cotidianas contribuem diretamente para a realidade que aí está. O budismo conceitua essa interdependência pelo princípio de “unicidade da vida e seu ambiente” (esho-funi). Sho vem de shoho, a entidade de vida independente; e vem de eho, o ambiente que sustenta essa vida. Uma vez que a vida humana influencia e depende de seu ambiente, os dois — esho — são inseparáveis — funi. Em termos simples, a teoria de esho-funi afirma que, embora sejam duas entidades separadas no mundo fenomenal, a vida e o ambiente são essencialmente um. Essa é a abordagem oferecida pelo presidente Ikeda no livro Escolha a Vida, fruto de diálogo mantido com o historiador britânico Arnold J. Toynbee na década de 1980, em que ambos reforçavam a necessidade de uma visão humanística como forma de combater a ação humana danosa. “Agora reconhecemos que a poluição é uma ameaça à sobrevivência da humanidade e que não pode ser curada sem a restrição da ganância”,4 alertava o historiador. Para o Dr. Daisaku Ikeda, “Somente vivendo em harmonia com o ambiente natural, numa relação de dar e receber, é possível ao ser humano desenvolver a própria vida com criatividade”.5 O Dr. Toynbee arremata: “Espero ver esho-funi adotado em todo o mundo como uma crença religiosa envolvendo uma obrigação moral”.6 Quando eu mudo... O conceito de esho-funi tem a ver com a maneira de enxergamos a vida cotidiana. Há os que buscam soluções fora de si, sendo tragados pelo ambiente externo. No ambiente profissional e social, às vezes queremos mudar o outro à mercê da própria visão. É como se a sombra quisesse comandar o movimento do corpo. No entanto, o budismo elucida a forma de não sermos influenciados pelo ambiente externo, mas de estarmos convictos da vitória a partir de uma resoluta determinação. Se está em cada um de nós a mudança, tanto no aspecto pessoal quanto global, isso nos torna protagonistas plenos e poderosos. Há um palácio interior de esperança, força e sabedoria a ser despertado. Ser protagonista da própria história requer, portanto, essa coragem de buscar esperança onde nem mesmo exista. Se observarmos o desenrolar da história mundial, fica claro que o despertar para a mudança, a despeito das circunstâncias serem favoráveis ou não, é o que cria as condições de vitória. A Soka Gakkai, que alcançará seu centenário em 2030, é fruto da visão de futuro e da ação destemida de dois educadores: Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda. Apesar de serem perseguidos e presos e, de Makiguchi perder a vida no cárcere, não abriram mão de suas crenças de que a dignidade da vida deveria ser respeitada. Ou seja, a esperança de que a construção de uma sociedade saudável passa necessariamente pela edificação de um forte eu residindo no coração das pessoas comuns. Fundamentados nos ensinamentos de Nichiren Daishonin, Makiguchi e Josei Toda selaram as bases da Soka Gakkai, propiciando aos seus membros construírem uma vida automotivada e expansiva. Isso porque todos aprendem a desafiar limites, a cavar esperança no solo árido do sofrimento e a triunfar sobre a paralisia e o medo. A filosofia humanística da Soka Gakkai iniciada por Makiguchi foi herdada por Josei Toda e abraçada por Daisaku Ikeda, que por mais de setenta anos se dedicou a sedimentar e a expandir a filosofia da esperança pelo mundo, até o seu falecimento em novembro de 2023, aos 95 anos. Uma existência de sabedoria extraordinária. Não importando as diferenças culturais, econômicas e sociais de cada região, os membros Soka experenciam o que Makiguchi sensei referia-se como uma “forma holística de viver”. O presidente Ikeda esclarece: “Ele [Makiguchi] queria dizer uma harmonia criada entre o indivíduo e o todo. Portanto, ele falava de uma situação em que cada pessoa, ao mesmo tempo em que evidencia seu pleno potencial, empenha-se em contribuir para a paz e a prosperidade de toda a sociedade”.7 Essa é a consciência de que somos todos um só. E assim como o cientista Carl Sagan vislumbrava “esta é a nossa casa”, Makiguchi sensei sinalizava há quase cem anos para não termos uma “visão míope do mundo”, que, segundo ele, se referia ao egoísmo de pensar unicamente no ganho pessoal. Essa é a maneira de ser de um budista Soka, o qual estabelece para si um modo de vida em que batalha pela superação de seus dramas, enxerga significado em tudo, extrai valor de cada momento e gera oportunidades de avanço ininterrupto para si e para o outro. Talvez seja por isso que muitos pensam que budista é alguém que parece ser feliz mesmo em meio à mais dura realidade. Porém, em essência, ele transforma sofrimento em felicidade absoluta, pois reconhece sua missão como “bodisatva da terra” — representação elucidativa dos que despertaram para a consciência de que é possível romper as amarras do carma. A capacidade de romper limites O modo budista de ser nos direciona a enxergar os problemas como oportunidades, pois ressignificamos o passado e deixamos de ser apáticos diante da vida. Basta analisar as batalhas diárias que muitas vezes travamos entre avançar e recuar; colocar a mão na massa ou procrastinar, mais uma vez, sonhos e objetivos. Nós crescemos quando nos forçamos a ultrapassar nossos limites, quando desafiamos a nós mesmos a ir além do que julgamos ser capazes. Desse modo, conseguimos romper nossa concha, tornamo-nos fortes, expandimos nossa condição de vida e realizamos nossa revolução humana. Esse é o caminho da prática budista.8 Essa é a tradução de uma vida automotivada e expansiva, que começa com o “levantar-se” com renovada disposição, esperança e vigor na busca pelos objetivos pessoais, ao mesmo tempo em que exercitamos a compaixão em encorajar os que sofrem, com o puro sentimento de trazê-los para a órbita da felicidade. Sim, a felicidade é o que todos almejam, e nem sempre se tem a ideia certa do que significa. O Dr. Daisaku Ikeda constantemente ressaltava sobre as formas de buscar a felicidade, em que muitos perseguem “palácios da felicidade” como fortuna, posição social, fama e popularidade. Ele enfatizava serem como as luzes de vaga-lumes, de uma beleza cintilante, mas que rapidamente se desvanecem. Ele contextualiza: Uma pessoa pode viver numa casa espetacular e rodeada de riquezas, mas se for gananciosa e possuir uma condição de vida baixa, não será feliz no real sentido; na verdade, habitará um palácio da miséria. Em contraste, se a pessoa tem um coração belo, generoso e uma elevada condição de vida, seja qual for sua circunstância atual, com certeza alcançará tanto a felicidade material quanto a espiritual. Isso está de acordo com o princípio budista de “unicidade da vida e seu ambiente” (esho-funi), ou seja, nossa vida e o ambiente em que vivemos são unos, inseparáveis. Quando a pessoa abre o palácio da própria vida, isso conduzirá ao descortinar do “palácio da felicidade” na vida de outras pessoas e do “palácio da prosperidade” na sociedade. Há uma continuidade que se processa entre aquela que abre o palácio da própria vida e as demais que fazem o mesmo. Este é um princípio maravilhoso do budismo.9 Dessa perspectiva, uma vez descoberta a força do nosso “palácio interior”, podemos avançar com segurança, fundamentados na sabedoria budista, da qual nos apropriamos livremente, sem depender de nada que venha de fora. Como conquistar essa condição? O Mestre orienta: “Acessamos esse palácio da nossa vida ao abraçarmos a fé na Lei Mística e recitarmos Nam-myoho-renge-kyo. Em outras palavras, Daishonin ensina que somos capazes de fazer o “palácio de si mesmo” brilhar com insuperável radiância”.10 Trata-se de um empoderamento que gera efeito imediato nas relações humanas, no ambiente familiar e profissional. Assim como a sombra acompanha o corpo, nosso ambiente externo responde pela determinação de uma vida elevada, de propósito, que assumimos. Como cada indivíduo pode exercitar esse modelo de vida compartilhado? Alguns pontos se evidenciam como resultado do teor apresentado até aqui, associados a seguir com trechos de incentivos de Ikeda sensei. São tópicos de ação prática para expandirmos a vida. Supere-se! Vença as vozes internas do negativismo, transpondo os limites de capacidade e força na superação dos objetivos. Qualquer um, a despeito de idade ou gênero, pode evidenciar coragem. Podemos vencer nossa fraqueza interior com o rugido do leão do Nam-myoho-renge-kyo e tomar atitudes para superar as limitações que impusemos a nós mesmos e que nos fazem desistir ou nos contentar com menos do que merecemos.11 Surpreenda-se! No budismo, oramos para manifestar a força do universo que existe dentro da nossa vida. É uma oração de decisão profunda, de aprimorar a vida e transformar qualquer circunstância. A Lei Mística é o maior dos tesouros do universo, portanto, recitar Nam-myoho-renge-kyo [daimoku] significa acumular diariamente tesouros em nossa própria vida. Por outro lado, o daimoku também age para limpar as causas negativas do passado, assim como a água suja e turva é lavada pela água pura e límpida.12 Socialize-se! Semeie esperança! Nada mais forte que todos juntos! Ao sermos ombro e braço dos que sofrem, nossa vida se expande. O humanismo budista é a prática da empatia. Orar para a segurança das pessoas, para a paz no mundo e construir uma sociedade saudável para todas. A paz mundial não é utopia, pois ela começa com as ações de cada pessoa que desafia e vence a própria realidade com base na prática da fé e se torna referência positiva em seu meio. Parece pouco, mas os esforços de uma única pessoa são capazes de motivar inúmeras outras.13 Tudo se resume ao ser humano Há pouco, o calendário virou ano. Ainda estamos sob o efeito do forte calor resultante das mudanças climáticas que o próprio ser humano tem contribuído contra. Nas questões individuais, nossa lista de objetivos não pode ficar na gaveta, esquecida ou propositadamente deixada de lado pelo medo de não darmos conta de concretizá-los. Em meio a essa sensação de impotência, que frequentemente nos convida à desistência, abrimos clarão com os ensinamentos do buda Nichiren Daishonin, cada vez mais atuais. Daishonin nos faz enxergar o caráter de interdependência que liga a teia da vida. Homem e meio ambiente são inseparáveis, assim como a sombra e o corpo. Tudo se resume ao ser humano. Portanto, para fazer frente ao desafio de terem uma sociedade saudável, os membros da Soka Gakkai se exercitam para uma vida automotivada e expansiva — ou “uma forma holística de viver”, não dependendo de fatores externos, desafiando os limites. Ao verem sempre oportunidades diante das dificuldades, fortalecem a convicção de que a vitória só depende de cada indivíduo, dentro de um processo de reforma interna chamado “revolução humana”. O presidente Ikeda deixou gravada essa assertiva nas obras Revolução Humana e Nova Revolução Humana, esta última com trinta volumes, escritos ininterruptamente durante 25 anos. Ele sedimentou esse compromisso com a vida dizendo que “O tema central dos romances Revolução Humana e Nova Revolução Humana é “A grandiosa revolução humana de uma única pessoa um dia impulsionará a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade”.14 Quando eu mudo, tudo muda. Eis a perfeita sintonia do que o budismo nos alimenta, de protagonizar uma jornada de vitórias. Por meio da recitação da Lei Mística, Nam-myoho-renge-kyo, os problemas perdem sua intensidade diante da magnitude e força que o nosso coração evidencia com a prática da fé. Em vista disso, irradiamos essa alegria para todos ao redor, fazendo-os despertar para seu precioso palácio interior. Então, sem perder de vista que podemos criar histórias revigorantes neste significativo ano, façamos deste mês um ponto primordial para o estabelecimento um modo de vida automotivado e expansivo, cientes de que nas pequenas atitudes se encontram a causa para a vitória. E apostar firme na lista de objetivos para 2024, sem medo. Esta é uma boa oportunidade para conhecer alguns exemplos de membros da Soka Gakkai que transformaram sua realidade exterior a partir da transformação interior. Assista ao relato em vídeo do casal Juraci e Josefa Santos, e inspire-se com a emocionante história de vida. No topo: Representantes de todo o Brasil participam da visitação às edificações da BSGI (Itapevi, SP, nov. 2023) Foto: BS Notas: 1. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-51497794#:~:text=Em%20seu%20livro%20de%201994,Somos%20n%C3%B3s%22. Acesso em: 10 fev. 2024. 2. Disponível em: https://www.google.com.br/books/edition/P%C3%A1lido_ponto_azul/-mGiDwAAQBAJ?hl=pt-BR&gbpv=1&printsec=frontcover. Acesso em: 10 fev. 2024. 3. Disponível em: https://umsoplaneta.globo.com/clima/noticia/2024/01/09/confirmado-2023-foi-o-ano-mais-quente-da-historia-e-2024-pode-ser-pior.ghtml / Acesso em: 10 fev. 2024. 4. TOYNBEE, Arnold J.; IKEDA, Ikeda. Escolha a Vida. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 54 . 5. Ibidem, p. 49. 6. Ibidem, p. 54. 7. Terceira Civilização, ed. 420, ago. 2003, p. 19. 8. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. v. 12. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. p. 105. 9. Idem. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz. v. 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023. p. 33-34. 10. Ibidem, p. 33. 11. Brasil Seikyo, ed. 2.435, 15 set. 2018, p. B4. 12. Idem, ed. 2.511, 11 abr. 2020, p. 4-5. 13. Idem, ed. 2.413, 31 mar. 2018, p. C2-C3. 14. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. v. 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 17.
01/02/2024
Encarte Especial
TC
Nova Revolução Humana em fotos
No dia 11 de fevereiro, Shin’ichi Yamamoto participou da cerimônia em que recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em seu discurso de agradecimento, mencionando que aquele era o dia do aniversário natalício do seu venerado mestre, Josei Toda, discorreu sobre sua filosofia. — Aprendi com meu mestre a filosofia que explica que todos, seja quem for, podem igualmente revelar o supremo tesouro inerente à vida. Ele também me confiou o nobre caminho da paz a ampliar a rede de solidariedade entre as pessoas por meio do acúmulo de sinceros diálogos. Herdei a filosofia humanística que prega o emanar de ilimitada sabedoria quando se dedica com firme determinação compassiva em prol do povo e do ser humano. Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, meu mestre propôs aos jovens cultivar o ideal denominado “cidadania global”. Na época, sua visão não foi reconhecida, mas o mundo de hoje, atormentado pelo agravamento dos conflitos étnicos, está começando a buscar esse caminho da coexistência harmoniosa. Shin’ichi desejava transmitir a grandiosidade do seu mestre ao mundo. Ele também queria dedicar o título de doutor honoris causa que acabava de receber ao seu venerado mestre, que o havia treinado. (Nova Revolução Humana, v. 30-II, p. 282-283) No topo: Presidente Ikeda discursa durante a solenidade de outorga do título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (fev. 1993) Foto: Seikyo Press
01/02/2024
Pensamento
TC
Desejo que desenvolvam os jovens
Desejo que desenvolvam os jovens, e, junto com eles, adornem uma história de ouro de vitórias e mais vitórias jamais realizada – continuar exatamente a transmitir ao mundo o caminho do pensamento e da ação da revolução humana. Dr. Daisaku Ikeda Trecho da série de poemas, ensaios, orientações e fotos do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, publicada dia 16 de setembro de 2018 na capa do jornal Seikyo Shimbun. No topo: Zínnias de diversas cores desabrocham com vigor. No mês de agosto de 2018, presidente Ikeda e sua esposa, Kaneko, viajam para a província de Yamanashi. De dentro do carro, Ikeda sensei fotografa as redondezas do Lago Yamanaka. As zínnias continuam a florescer do verão ao outono, sem ser derrotadas pelos ventos, pelas chuvas e por intenso calor Foto: Seikyo Press
08/01/2024
Editorial
TC
Início de uma nova etapa de vitórias!
Caro leitor, começamos uma nova trajetória, e ela certamente será repleta de crescimento pessoal, organizacional, profissional e em todas as áreas de nossa atuação. Deste lado, nós nos esforçaremos em contribuir — a partir das publicações mensais da Terceira Civilização — para que esse intento seja logrado com total êxito. Como diretriz de avanço para os membros da Soka Gakkai Internacional (SGI) e para as atividades institucionais, anualmente, a organização estabelece um tema. Portanto, 2024 é o “Ano do Descortinar da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”. Foi aos jovens que nosso mestre, Daisaku Ikeda, depositou sua expectativa de progresso e de avanço do kosen-rufu em direção ao futuro. Assim como registrado na Mensagem de Ano-Novo pelo presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada: No ano passado, na parte final de sua explanação de Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, publicada antes de seu falecimento, sensei expressou seus profundos sentimentos: “Agora, diante da nova partida da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial, gostaria de dedicar aos jovens emergidos da terra que compartilham meu espírito as palavras do meu venerado mestre: ‘Faça isso em meu lugar’”.1 Dessa forma, com disposição jovial, Ikeda sensei conduziu sua existência de 95 anos [janeiro é o mês de seu aniversário natalício] para corresponder às aspirações do seu mestre, Josei Toda. O Especial da edição mostra como se deu a relação de vida entre mestre e discípulo, e suas ações em prol do bem-estar do povo do Japão e do mundo. Aos 19 anos, Ikeda sensei encontrou-se, pela primeira vez, com Toda sensei em uma reunião de palestra no bairro de Ota, Japão, na noite de 14 de agosto de 1947. Ele se recorda: Quanta convicção ele transmitia em suas palavras! Como era lógica e coerente sua explanação de Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra (Rissho-ankoku Ron)! Decidi naquele mesmo instante tornar-me seu discípulo. Desse dia em diante, meu juramento e meus esforços para realizar o kosen-rufu com o mesmo espírito e a mesma dedicação de meu mestre tornaram-se uma paixão flamejante que me consumiu totalmente e que arde cada vez mais.2 Foi a partir dessa genuína relação que o presidente Ikeda pôde conhecer e se aprofundar nos ensinamentos budistas, e com intensa determinação contribuir de modo efetivo para a prosperidade da humanidade. Sobre a eterna e imutável relação de mestre e discípulo, leia Crônica, do presidente da BSGI, Miguel Shiratori. Nesta publicação também, a TC iniciará a série “Os Livros da Minha Juventude”, com anotações do presidente Ikeda sobre as obras de grandes autores da humanidade, além de outros conteúdos. Este é o primeiro ano após o falecimento do nosso eterno mestre, que partiu para renovar a energia da vida, em 15 de novembro de 2023. Sendo assim, vamos, com sincera atuação em prol da felicidade das pessoas, deixar registrada a grandiosidade de Ikeda sensei para a posteridade. Desejamos ótima leitura! Redação Foto: Getty Images Notas: 1. Leia íntegra da mensagem do presidente Harada no Brasil Seikyo, ed. 2.649, 31 dez. 2023. 2. Terceira Civilização, ed. 413, jan. 2003, p. 7.
08/01/2024
Série
TC
A Divina Comédia, de Dante Alighieri
Os livros da minha juventude Ler é um privilégio que temos durante a juventude. Os livros que lemos quando jovens se tornam carne e sangue de um espírito vital e ajudam a formar a estrutura espiritual que nos apoia ao longo de toda a vida. “Jovem, dedique um tempo para a leitura e para o pensamento sério a respeito das coisas!” Esse foi o conselho que meu mestre, Josei Toda, nos deixou. Os jovens, declarou ele, devem dedicar vinte a trinta minutos por dia para uma contemplação profunda e silenciosa para que possam desenvolver acuidade e refinamento cultural; e devem ler livros para se tornar pessoas de bom caráter. Lembro-me claramente do meu mestre nos incentivando incessantemente a fazer essas atividades. O próprio Toda sensei era um leitor ímpar, tendo devorado inúmeros livros desde a sua juventude. Como ele ficava contente ao conversar com adolescentes e jovens adultos sobre a opinião dele a respeito da leitura, a qual formou por meio de sua experiência. As anotações que fazíamos na época são tesouros guardados até hoje. Catorze anos atrás, publiquei uma série dessas anotações sobre livros que li antes de embarcar no caminho da prática budista. Elas foram publicadas por cerca de um semestre na revista Daisanbunmei. E agora, gravei neste volume lembranças inesquecíveis dos livros que li na juventude junto com as lições e instruções que recebi de Toda sensei, bem como trechos do meu próprio diário e de anotações. As impressões que compartilho são de obras que li vinte ou trinta anos atrás, e minha experiência com a leitura pode se diferenciar dos hábitos de leitura da juventude atual. Mas, em meus encontros diários com os jovens, ainda me perguntam quais livros aconselho que leiam. Em qualquer idade, a leitura permanece um assunto importante para os jovens. Espero que leiam mais livros, e é com este desejo em mente que publico esses relatos. Daisaku Ikeda Julho de 1978 Um Poema que Aclama a Renascença Na minha juventude, amava a poesia de Dante. A poesia expande o espírito humano, enriquecendo-o infinitamente. Alguns dizem que aquele que compreende Dante segura a chave para entender toda a literatura. Li-o pela primeira vez ainda na adolescência, logo após a Segunda Guerra Mundial. Eu tinha me associado a um clube do livro para jovens e buscava inspiração sobre qual direção o Japão deveria tomar enquanto se reinventava no pós-guerra. Meus amigos do clube e eu discutimos A Divina Comédia e o espírito da Renascença italiana. A tradução japonesa que lemos, de Heizaburo Yamakawa, foi publicada pela primeira vez no começo do século 20. Foi difícil, mas eu buscava por um modo de viver, e lembro-me de ler um pouco quase a noite inteira, impulsionado por esse desejo intenso de entender a obra. Nessa época, conheci Josei Toda, que viria a se tornar meu mestre por toda a vida. Foi em 14 de agosto de 1947, um dia antes do segundo aniversário do fim da guerra — um dia que jamais esqueceria. Eu tinha 19 anos. Três dias depois, em 17 de agosto, o tradutor Heizaburo Yamakawa faleceu subitamente. Uma vida de busca contínua Dante Alighieri, poeta mais famoso da Itália, nasceu em 1265, em Florença, Cidade das Flores. No Japão, era o segundo ano da era Bun’ei do período Kamakura. Nesse ano, Nichiren Daishonin havia retornado de seu exílio na península de Izu, voltando para sua província natal de Awa.1 Dante nasceu 43 anos depois de Daishonin. Quando penso na vida e na obra de Dante, não posso deixar de me lembrar do meu diálogo com Arnold J. Toynbee, renomado historiador britânico, que começamos em maio de 1972. Durante a nossa discussão, eu o questionei sobre seu autor favorito. Sem hesitar, ele respondeu: “Dante”; e comentou: “A experiência de sofrimento de Dante sem dúvida foi uma fonte de sua poesia. (...) [Dante] padeceu por amor e foi exilado de sua cidade-Estado natal. Se ele não tivesse vivenciado essas duas situações dolorosas, sua Vita Nuova e sua A Divina Comédia talvez nunca tivessem nascido”.2 Além disso, ele acrescentou que Dante, por meio de uma grande obra de arte, transformou sua infelicidade pessoal em sorte para muitas pessoas ao redor do mundo. O Dr. Toynbee descreveu para mim sua grande admiração pela força de caráter de Dante. Embora Dante tenha, de fato, sofrido essas duas desfortunas, ele usou a adversidade e a tristeza como catalisadoras para criar sua melhor obra, A Divina Comédia. O primeiro infortúnio de Dante envolveu o encontro e a perda do seu grande amor, Beatriz. Os dois se conheceram no festival de Calendimaggio em 1274, quando Dante estava com 9 anos. Ele e seu pai haviam sido convidados para o evento por um banqueiro proeminente cuja filha tinha a idade aproximada de Dante. O nome dela era Bice [de Beatrice], ou Beatriz [em português]. Uma menina de beleza e pureza angelicais, que “apareceu vestida de nobilíssima cor, humilde e honesta, sanguínea”,3 como Dante se recorda posteriormente. Nove anos depois, aos 18, Dante revê Beatriz, desta vez na Ponte Santa Trinità, que atravessa o rio Arno, “me apareceu vestida de cor branquíssima, no meio de duas gentis mulheres, as quais eram de mais longa idade”.4 Beatriz lhe ofereceu um “dulcíssimo saudar” que o deixou “como inebriado”.5 Extasiado, ele voltou para casa e escreveu uma poesia, que depois incorporou à sua Vita Nuova [Vida Nova]. Após esse segundo encontro, embora Dante escrevesse sempre sobre ela, seu amor permaneceu não correspondido. Mais tarde, Beatriz se casou com Simone de’ Bardi, de outra família banqueira. Mas ela faleceu após uma doença, com apenas 24 anos. A morte de sua amada arruinou o espírito de Dante. Para superar o luto, dizem que ele mergulhou na leitura de livros filosóficos. Durante esse período, outra mulher se apiedou do Dante enlutado. No Capítulo XXXV de Vita Nuova, Dante escreve: “Então, vi uma mulher gentil, muito bela e jovem, que me observava de uma janela, com aspecto tão piedoso (...)”.6 Essa mulher consolou Dante, o qual estava mergulhado nas profundezas do desespero. Dante acabou por fim superando sua dor. Ele estudou na Universidade de Bolonha e depois se tornou político em Florença e membro ativo dos Guelfos Brancos, partido apoiado por ricos mercadores e comerciantes. Ironicamente, a esposa de Dante, Gemma, com que se casou aos 30 anos, era oriunda da família Donati, associada aos Guelfos Negros, partido apoiado pela antiga aristocracia feudal. Os dois partidos eram inimigos ferrenhos. Aos 35 anos, Dante foi eleito um dos cinco priore (priorado), ou magistrados, o mais alto posto de liderança em Florença. No cargo, ele bateu de frente com o papa Bonifácio VIII. O ambicioso papa usava do poder de sua posição para planejar esquemas em busca do controle de Florença, e Dante se colocou em risco ao tentar obstruir o que considerou uma influência papal opressiva sobre a sua cidade natal. O poder da Igreja, no entanto, era imenso. Associados a Bonifácio, os Guelfos Negros ampliaram sua influência. Para resolver o conflito entre Guelfos Brancos e Negros, Florença enviou Dante e outros para Roma, com uma audiência marcada com o papa para discutir essas questões. Porém, depois que Dante deixou Florença, Bonifácio chamou o exército de Carlos de Valois, irmão do rei francês Filipe, o Belo, para invadir a cidade. Os Guelfos Brancos perderam toda a influência, e Dante foi julgado e sentenciado in absentia ao exílio por acusações forjadas por apropriação indébita de fundos públicos, intriga contra o papa, interferência relacionada a Carlos de Valois, e outras transgressões. Uma multa altíssima foi taxada, e ele, banido de Florença. Se retornasse à cidade, seria capturado e queimado vivo. Sua propriedade foi confiscada, e sua mulher e filhos se tornaram alvos de ataques. Essa foi a segunda desgraça de Dante. Continua na próxima edição. No topo: Estátua de Dante Alighieri, na Praça de Santa Croce, em Florença, Itália Foto: Getty Images Notas: 1. Awa: Região sul do atual Distrito de Chiba. 2. TOYNBEE, Arnold J.; IKEDA, Daisaku. Escolha a vida. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 99. 3. ALIGHIERI, Dante. Da Monarquia. Vita Nuova [Vida Nova]. Tradução: Jean Melville. São Paulo: Martin Claret, 2005. p. 91. 4. Ibidem, p. 93. 5. Ibidem. 6. Ibidem, p. 139.
08/01/2024
Crônica
TC
Vínculo de mestre e discípulo é eterno
Estamos todos profundamente sentidos pelo falecimento do presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda. Desde a juventude, Ikeda sensei, nosso mestre da vida, consagrou sua existência como grande herói da paz. Ele nos deixou um cristalino modelo de revolução humana, embasado no humanismo do Budismo de Nichiren Daishonin. Aos 19 anos, conheceu o seu mestre, Josei Toda. A partir desse momento, um vínculo inquebrantável de mestre e discípulo se formou. Ikeda sensei relembra com carinho aquele encontro: Naquela época, eu ainda não compreendia os profundos ensinamentos do budismo. Minha família também se opunha fortemente à minha decisão. Mas transcendendo esses problemas superficiais, fiquei profundamente impressionado com o caráter de Josei Toda. (...) Minha intuição de jovem dizia-me que podia seguir com segurança aquele homem que havia sido preso durante a guerra em defesa da paz e do budismo.1 Após esse episódio decisivo na vida de Ikeda sensei, ele se dedicou integralmente, ao longo de 76 anos, a materializar os sonhos dos Mestres Soka. Assim, Daisaku Ikeda, genuíno discípulo, consolidou a verdadeira essência da “unicidade de mestre e discípulo” (shitei funi), que corresponde ao espírito de Nichiren Daishonin pelo kosen-rufu. E foi com esse ímpeto de dar vida aos sonhos do seu mestre que Ikeda sensei propagou os ensinamentos do humanismo budista para o mundo, percorrendo, no período de seis décadas, 54 países e territórios. Em cada oportunidade, ele semeava as sementes da esperança, da coragem e da confiança no coração daqueles com quem se encontrava. Atualmente, o fruto dessa sincera e intensa devoção é uma organização repleta de pessoas em cada canto do globo, empenhadas inteiramente no estabelecimento da paz, a começar pelo local em que se encontram. Mesmo em meio às grandes perseguições e adversidades que tentaram obstruir o avanço do kosen-rufu durante essa jornada, Ikeda sensei consolidou o Budismo Nichiren, na sua melhor e clara expressão, como um ensinamento da revolução humana — sempre conectado ao coração do seu mestre, Josei Toda. Em uma ocasião, o presidente Ikeda fez a seguinte afirmação: Praticamente tudo o que sou hoje devo ao meu mestre, Josei Toda. A relação de mestre e discípulo é uma relação que existe unicamente entre os seres humanos. Nela se encontra a essência da existência humana. É meu desejo legar tudo o que possuo aos meus jovens sucessores. Quero confiar o futuro a eles. Espero que vocês, meus discípulos, compreendam plenamente esse meu sentimento.2 A partir da relação firmada com o Mestre, todos nós compreendemos o real sentido da vida, e por isso podemos afirmar que essa ligação com a vida de Ikeda sensei é eterna e imutável! Dessa forma, com a assídua prática da fé fundamentada nas “Cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai”, vamos juntos, cada qual construindo uma existência vitoriosa, realizar os sonhos do nosso mestre, Daisaku Ikeda — de um mundo de paz e coexistência harmoniosa. Miguel Shiratori Presidente da BSGI Ilustração: Getty Images Notas: 1. Terceira Civilização, ed. 413, jan. 2003, p. 7. 2. Idem, ed. 412, dez. 2002, p. 7.
08/01/2024
Estudo
TC
[66] A jornada de mestre e discípulo em prol do kosen-rufu mundial — consolidando a rede global para a paz
Explanação “O que constrói a nova era é a força e a paixão dos jovens.”1 Essas palavras expressam a confiança total que meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, depositava nos jovens. Há sessenta anos, em 2 de outubro de 1960, dei início à odisseia em prol do kosen-rufu mundial como jovem discípulo de Toda sensei, transbordando a força e a paixão herdadas diretamente dele. Como eu tinha me tornado terceiro presidente da Soka Gakkai havia apenas cinco meses, muitos ponderavam se era cedo demais para eu viajar para o exterior. No entanto, a fim de tornar realidade a concepção de kosen-rufu mundial que meu mestre me confiara, seria vital promovermos o avanço do nosso movimento de modo simultâneo no Japão e no mundo. Parti em minha jornada com essa convicção e uma fotografia de Toda sensei guardada no bolso interno do meu paletó. Dialogando sempre com o mestre no meu coração Naquela primeira visita às Américas do Norte e do Sul, fundei vários distritos e comunidades e um distrito geral. Estava determinado a criar em cada continente uma organização para o kosen-rufu firmemente alicerçada no caminho Soka da relação direta entre mestre e discípulo. Mantendo sempre um diálogo com Toda sensei no meu coração, dei continuidade à minha jornada, um passo seguido de outro, visando assentar a base para o desenvolvimento do kosen-rufu mundial. Jovens emergidos da terra são o sol da esperança Hoje, seis décadas depois, abraçando esse mesmo espírito, bodisatvas da terra do mundo inteiro estão avançando a passos largos com renovado vigor, promovendo o kosen-rufu como sucessores do nosso movimento. Apesar dos desafios impostos pela pandemia global da Covid-19, eles entraram em ação, em consonância com seu juramento do tempo sem início. Esses bodisatvas da terra se levantaram para concretizar o ideal de Nichiren Daishonin de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra” (rissho-ankoku), que é, em si, a paz mundial. O futuro será radiante contanto que os jovens cidadãos globais Soka continuem seguindo em frente, juntando força e paixão e, ao mesmo tempo, expandindo os laços de solidariedade. Jovens são resplandecentes sóis da esperança, capazes de romper qualquer adversidade. Neste momento de acelerado crescimento sem precedentes do kosen-rufu mundial, vamos aprender, mais uma vez, sobre o Budismo Nichiren como um ensinamento genuinamente universal pelo bem da humanidade. Examinemos algumas passagens dos escritos de Nichiren Daishonin sobre o espírito de levantar-se só e a indomável rede solidária dos bodisatvas. Trecho do escrito 1 Admoestação a Hachiman2 Nos últimos vinte e oito anos, desde o vigésimo oitavo dia do quarto mês do quinto ano da era Kencho [1253], no signo cíclico mizunoto-ushi, até o presente, décimo segundo mês do terceiro ano da era Koan [1280], no signo cíclico de kanoe-tatsu, eu, Nichiren, não fiz mais nada além de me dedicar exclusivamente a pôr os cinco ou sete ideogramas do Myoho-renge-kyo3 na boca de todos os seres vivos do país Japão. Ao agir assim, demonstrei a compaixão da mãe ao labutar para pôr leite na boca do seu bebê. Além disso, este é o momento exato para tais esforços, pois já entramos no quinto período de quinhentos anos,4 conforme profetizado pelo Buda [em que o Sutra do Lótus seria propagado]. No tempo em que Tiantai e Dengyo5 viveram, o quinto período ainda não tinha começado, mas como um certo número de pessoas já possuía a capacidade necessária [para compreendê-los], aqueles homens propagaram, até certo ponto, [os ensinamentos do Sutra do Lótus.] Mas agora que o quinto período se iniciou, é ainda mais apropriado que tais ensinamentos sejam propagados. Embora haja aqueles que não possuem capacidade para recebê-los contrapondo-se a eles como a água em relação ao fogo, como se poderia deixar de propagá-los [o Sutra do Lótus]? (WND, v. II, p. 931) Aliviar o sofrimento de todas as pessoas Admoestação a Hachiman, assim como A Profecia do Buda, é um escrito que transmite o juramento seigan de Daishonin pelo kosen-rufu mundial e sua convicta declaração a respeito do “retorno do budismo para o oeste”.6 Estudei-o várias vezes com Toda sensei. “O vigésimo oitavo dia do quarto mês do quinto ano da era Kencho no signo cíclico mizunoto-ushi” refere-se à data em que Daishonin proclamou pela primeira vez seu ensinamento, iniciando sua luta para propagar o Nam-myoho-renge-kyo. A asserção “Eu, Nichiren, não fiz mais nada além de” salienta a devoção resoluta pela propagação da Lei Mística de Daishonin. Ao afirmar que se dedicou “exclusivamente para pôr os cinco ou sete ideogramas do Myoho-renge-kyo na boca de todos os seres vivos do país Japão”, ele transmite seu ardente desejo de aliviar o sofrimento de todas as pessoas. E compara esse ato à compaixão da mãe ao prover leite ao filho. O comportamento de Daishonin em realizar shakubuku constitui a expressão de sua grande compaixão, oriunda unicamente do seu desejo de conduzir todos à felicidade. Nesse trecho, Nichiren Daishonin frisa que o tempo apropriado para propagar o Sutra do Lótus chegou. Embora o sutra tenha sido transmitido durante a época dos grandes mestres Tiantai e Dengyo, foi ensinado apenas a um grupo seleto de pessoas com capacidade para compreendê-lo. Nessa carta, porém, Daishonin diz que chegou o momento de tornar o Nam-myoho-renge-kyo [o coração do Sutra do Lótus] acessível a todos — para indivíduos de qualquer capacidade. Trata-se de uma poderosa declaração de que a Lei do Nam-myoho-renge-kyo é o ensinamento fundamental por meio do qual os seres vivos podem atingir o estado de buda e de que ele se empenhou incansavelmente para propagá-lo visando à felicidade de todas as pessoas dos Últimos Dias da Lei. Na passagem que se segue a essa, Daishonin escreve: “Agora, mesmo que a pessoa enfrente as grandes perseguições que o bodisatva Jamais Desprezar7 sofreu, estes [ensinamentos] devem ser propagados; não pode haver dúvida sobre isso” (WND, v. II, p. 931). Pelo fato de o tempo certo ter chegado, com o surgimento de praticantes firmes, inabaláveis diante das perseguições, o kosen-rufu será realizado infalivelmente. O nobre trabalho do Buda, de tornar todas as pessoas felizes, é realizado pela convergência de três elementos: 1) a Lei Mística, o supremo ensinamento para a consecução do estado de buda; 2) o tempo, o qual as pessoas anseiam nas profundezas do seu coração que a Lei se propague; e 3) o surgimento de praticantes corajosos, aqueles que propagam a Lei sem poupar a vida. Por meio dos esforços das “pessoas” que se levantam numa época em que o “ensinamento” e o “tempo” se completam, o budismo se torna uma religião realmente viva. Pelo mesmo princípio, o Budismo Nichiren se disseminou ao redor do mundo graças ao surgimento da Soka Gakkai, organização que está concretizando o decreto do Buda. Em meio aos desafios incomparáveis decorrentes da pandemia da Covid-19, os membros da Soka Gakkai de todos os lugares intensificam suas orações pela paz e pela segurança de seu respectivo país. Eles se devotam incansavelmente a incentivar as pessoas ao redor e constroem uma rede do bem cada vez mais ampla. Desse modo, empreendem uma grandiosa luta ligada diretamente a Daishonin de transformar o destino da humanidade. Ao nos empenharmos em nossa revolução humana mediante nossos esforços acalentando o “Grande Desejo pela Concretização do Kosen-rufu, a Propagação Benevolente da Grande Lei”, 8 expandimos para as pessoas em todo o mundo a esperança e a confiança de que podem, sem falta, transformar veneno em remédio.9 O Dr. Winston Langley, ex-reitor interino da Universidade de Massachusetts, em Boston, observou com profunda simpatia que o movimento de revolução humana promovido pela Soka Gakkai está despertando as pessoas para o potencial inerente à vida, proporcionando-lhes, ainda, a coragem para pô-lo em prática.10 Budismo do Sol iluminando a escuridão dos Últimos Dias da Lei Na parte final de Admoestação a Hachiman, Nichiren Daishonin declara que, assim como o sol nasce no leste e se move para o oeste, seu ensinamento, que surgiu no Japão (no leste), retornará para a Índia (no oeste), país de origem do budismo. Declara ainda que seu Budismo do Sol continuará iluminando a longa escuridão dos Últimos Dias da Lei (cf. WND, v. II, p. 936).11 Nós, da Soka Gakkai, unidos pelos laços de mestre e discípulo, viemos comprovando essas palavras em meio à realidade. O kosen-rufu mundial é o grande juramento seigan da Soka Gakkai. Mesmo no período em que o governo militarista do Japão reprimiu a liberdade de expressão durante a Segunda Guerra Mundial, o presidente fundador Tsunesaburo Makiguchi persistiu proclamando intrepidamente a missão da Soka Gakkai. Parafraseando suas palavras: “A Lei Mística consiste no princípio supremo para a vida, pela qual a humanidade anseia há muito tempo, e é o meio para atingir o estado de buda. Ao experimentarmos a aplicação da Lei Mística em nossa vida, nós, membros da Soka Gakkai, comprovamos seu grande poder e, desse modo, propiciamos a todos fácil acesso a ela. Vamos compartilhar o benefício da Lei Mística com todos e continuar trabalhando até todas as pessoas conquistarem a suprema felicidade inigualável”.12 Na jornada de propagação da Lei Mística, com coragem no coração Toda sensei, que herdou esse legado de seu mestre, compôs o seguinte poema em janeiro de 1952: Vamos, agora, até os confins da Índia, na jornada de propagação da Lei Mística, com coragem no coração. Um mês depois, ele enunciou sua concepção de cidadania global13 para os membros da Divisão dos Jovens durante a Campanha de Fevereiro.14 Em meio a esse esforço para fazer o movimento do kosen-rufu engrenar numa órbita real no Japão, Toda sensei também estava pensando no kosen-rufu mundial e no futuro da humanidade. No verão de 1954, meu mestre me convidou a acompanhá-lo à sua terra natal em Hokkaido. Enquanto contemplávamos o pôr do sol juntos na praia de Atsuta, ele me disse: “Construirei uma sólida base para o kosen-rufu no Japão, mas você abrirá o caminho para o kosen-rufu no mundo todo. Criarei o projeto; você o tornará realidade (...). Você deve fazer isto em meu lugar”. Pouco antes de morrer, Toda sensei me disse que havia sonhado que viajara para o México. Transbordando de profunda compaixão pela humanidade, expressou: “Eles todos estavam aguardando (...), buscando o Budismo de Nichiren Daishonin. Gostaria tanto de viajar para o mundo, para empreender uma jornada em prol do kosen-rufu (...)”. Estou certo de que ele ficaria encantado ao ver o desenvolvimento do kosen-rufu nos dias atuais e os dinâmicos esforços dos nossos jovens sucessores. Posso imaginar seu semblante afetuoso ao me dizer com imensa alegria: “Dai, você conseguiu!”. Ao mesmo tempo, não há satisfação maior para mim, como discípulo, do que poder relatar a ele as magníficas vitórias e conquistas de todos os meus preciosos companheiros, que estiveram ao meu lado na luta conjunta para promover o avanço do kosen-rufu. Trecho do escrito 2 O Grande Mal e o Grande Bem15 Os grandes eventos jamais vêm acompanhados por presságios menores. Quando um grande mal ocorre, um grande bem o sucederá. Como nossa terra já está repleta de grandes calúnias, a grande Lei correta [Nam-myoho-renge-kyo] se propagará sem falta. Acaso algum de vocês tem algo do que se lamentar? Ainda que não sejam o venerável Mahakashyapa,16 deveriam estar todos bailando. Ainda que não sejam Shariputra,17 deveriam estar saltando e bailando. Quando o bodisatva Práticas Superiores [o líder dos bodisatvas da terra]18 emergiu da terra, não o fez bailando? E quando o bodisatva Mérito Universal19 surgiu, a terra tremeu de seis maneiras diferentes. Tenho muito mais para dizer, mas como tempo me apressa, concluo aqui. Voltarei a escrever em outra ocasião. (CEND, v. II, p. 387) “A grande Lei correta se propagará sem falta” A próxima passagem que estudaremos consta no escrito O Grande Mal e o Grande Bem, no qual Daishonin exprime sua firme convicção de que a ocorrência de um grande mal é indício de que o ensinamento do budismo se difundirá infalivelmente. Ele afirma que não devemos nos lamentar diante da adversidade, mas continuar seguindo em frente com coragem indômita. Grandes presságios sempre antecedem grandes acontecimentos, e um grande mal prenuncia a chegada de um grande bem, assevera ele; é em meio a circunstâncias verdadeiramente desafiadoras que a grande Lei se propaga sem falta. Mas isso não se dará por si só, se simplesmente ficarmos parados sem fazer nada. Quando a calamidade ocorre, ela só se torna um indício de um grande bem se a acatarmos como uma oportunidade de crescimento e nos empenharmos com inabalável determinação e esforço para transformá-la em algo positivo. Invocar o coração de um rei leão Em outras palavras, o importante é como reagimos quando ocorre o grande mal, isto é, quando algo ruim acontece. Se decidirmos protagonizar um maravilhoso drama, invocarmos o coração de um rei leão e tomarmos uma atitude com ações intrépidas, poderemos transformar o grande mal em grande bem. No período dessa carta, o Japão estava caluniando a Lei, e os discípulos de Nichiren Daishonin se encontravam num ambiente hostil devido à sua fé. Daishonin assegura que épocas desse tipo representam um indício de que a Lei Mística se propagará amplamente. A grande alegria de encontrar o ensinamento para atingir o estado de buda Em seguida, Daishonin menciona os discípulos ouvintes da voz de Shakyamuni, o venerável Mahakashyapa e Shariputra, e os bodisatvas Práticas Superiores e Mérito Universal. No Sutra do Lótus, Mahakashyapa e Shariputra ouvem o ensinamento de Shakyamuni sobre a iluminação e dançam de alegria ao tomarem conhecimento de que os praticantes dos dois veículos — categoria à qual os dois pertencem como ouvintes da voz — também podem atingir o estado de buda [possibilidade negada a eles nos ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus].20 Quando, no ensinamento essencial (segunda metade) do Sutra do Lótus, Shakyamuni convoca seus discípulos do remoto passado para lhes confiar a missão de propagar esse sutra nos Últimos Dias da Lei, eles surgem na forma de inumeráveis bodisatvas que emergem dinamicamente da terra. Eles são os bodisatvas da terra cujo líder é o bodisatva Práticas Superiores. Aparecem no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus. Um dos ideogramas que formam a palavra “Emergindo” do título do capítulo significa “brotar”. Em algumas transcrições e reproduções do Sutra do Lótus, porém, esse ideograma é substituído por outros de aparência similar denotando “bailar”, resultando no título “Bailando da Terra”. No presente escrito, Daishonin diz: “Quando o bodisatva Práticas Superiores [líder dos bodisatvas da terra] emergiu da terra, não o fez bailando?” (CEND, v. II, p. 387). A maneira como esse bodisatva salta pode ser interpretada como uma exuberante expressão de seu compromisso, orgulho e responsabilidade de ajudar todos os que estão sofrendo nesta era maléfica após a morte do Buda e propiciar a todos a oportunidade de conquistar uma condição de vida de felicidade. Daishonin então se refere a Mérito Universal, observando que, quando esse bodisatva surgiu no capítulo final do Sutra do Lótus, “a terra tremeu de seis maneiras diferentes” (Ibidem). Trata-se de um importante bodisatva cuja chegada instiga Shakyamuni a reiterar o espírito essencial do Sutra do Lótus ao concluir sua pregação. É profundamente significativo o fato de Daishonin enumerar aqui o venerável Mahakashyapa, Shariputra, o bodisatva Práticas Superiores e o bodisatva Mérito Universal. Mahakashyapa e Shariputra personificam a profunda percepção vivenciada pelas pessoas dos dois veículos. Assegurados de sua iluminação futura, eles despertam para a verdade de que sempre estiveram cumprindo o juramento seigan de bodisatva e se empenhando junto com seu mestre do remoto passado. O advento dos bodisatvas da terra, entretanto, mostra onde reside a essência do budismo. Consiste em praticar o eterno caminho do bodisatva, unidos com o Buda do tempo sem início. O bodisatva Mérito Universal representa a “sabedoria universal”. O poder do diálogo baseado nessa sabedoria é vital para o kosen-rufu, isto é, no que se refere a propagar a Lei Mística. A vida daqueles que despertaram para o juramento seigan de bodisatva de lutar pelo bem de outros a se tornar felizes transborda de infinita alegria. A imagem do bailar simboliza essa energia dinâmica, ilimitada e irrefreável. Quando alicerçamos nossa vida no juramento seigan de bodisatva, podemos transformar o grande mal em grande bem. Daishonin nos ensina que, quando despertamos para nossa verdadeira identidade e poder como bodisatvas da terra, não temos nada para lamentar. A ilimitada vitalidade proveniente da dedicação ao juramento de bodisatva hoje se encontra nas ações automotivadas dos membros da Soka Gakkai. Arcando com a missão dos bodisatvas da terra, eles estão tornando o kosen-rufu mundial uma realidade. Isso, por meio de seus alegres esforços para realizar sua revolução humana; por meio de suas contribuições para a paz, cultura e educação, repletos do espírito dinâmico dos bodisatvas da terra; e por meio do poder do diálogo promovido na base da sociedade, fundamentado na sabedoria universal do bodisatva Mérito Universal para despertar as pessoas para a Lei Mística num mundo abarrotado de desconfiança e desrespeito. As expectativas do Dr. Toynbee Meu diálogo com o renomado historiador britânico Arnold J. Toynbee (1889–1975) ocorreu em maio de 1973, totalizando quarenta horas. Quando estava chegando ao fim, perguntei-lhe se tinha algum conselho pessoal para mim. Havia uma razão especial para isso. Durante o meu diálogo com o Dr. Toynbee, Toda sensei sempre estava presente em meus pensamentos. Tentei imaginar como Toda sensei responderia à minha pergunta e a formulei ao Dr. Toynbee com isso em mente. Ele olhou para mim atentamente e disse com grande humildade que seria presunção da parte dele me oferecer algum conselho, uma vez que ele era um acadêmico, e eu, um homem de ação. Então, afirmou que esperava que eu continuasse seguindo o caminho do meio. Acrescentou também: “Acredito que diálogos como este podem desempenhar papel bastante relevante para unir os povos do mundo e as diferentes religiões. Agora estamos tendo um diálogo nipo-britânico. Gostaria de ver um diálogo nipo-russo, russo-americano, [e] sobretudo, um diálogo sino-russo. Se pudéssemos arranjar isto, contribuiria muito para criar uma aproximação. Talvez a Soka Gakkai possa iniciar algumas dessas conversações”.21 O treinamento na “Universidade Toda” se tornou a ponte da paz Nos anos que se seguiram, acatei o conselho do Dr. Toynbee e me empenhei em dialogar com muitos líderes e pensadores ao redor do mundo. Meu mestre também havia me confiado essa missão como discípulo dele. Durante as minhas interlocuções com o Dr. Toynbee, percebi como tudo o que o meu mestre me ensinou na chamada “Universidade Toda” me proporcionou excelente bagagem e fui tomado de profunda gratidão. A Soka Gakkai almeja ser um movimento verdadeiramente global que sirva como ponte para a paz, transcendendo diferenças por meio do diálogo, estreitando laços de amizade e promovendo a inspiração mútua para voos cada vez mais altos. Hoje, nossos jovens sucessores estão levando avante esse trabalho. Estou certo de que tanto Toda sensei como o Dr. Toynbee estão observando alegremente os animados diálogos dos jovens Soka pelo mundo. Filosofia de respeito à vida e o humanismo Soka Na longa jornada do kosen-rufu, um modo de vida consagrado à luta conjunta de mestre e discípulo está em total consonância com o juramento seigan de bodisatva. Quando nos dedicamos ao caminho de mestre e discípulo e ao nosso juramento seigan como bodisatvas da terra, conseguimos evidenciar dentro de nós a poderosa condição de vida do estado de buda. Nossa vida será repleta de sabedoria, coragem e compaixão, que fluirão ilimitadamente desse manancial interior. Hoje, jovens leões Soka estão seguindo com solidez o supremo caminho de bodisatva do Budismo Nichiren. Neste momento em que a humanidade enfrenta terríveis desafios, mais e mais pessoas buscam a filosofia de respeito à vida do Budismo Nichiren e o calor do humanismo Soka. Nosso trabalho como bodisatvas da terra apenas começou. É hora de reunirmos coragem e expandirmos diálogos repletos de esperança. Sigamos avante, junto com os jovens e com o espírito cada vez mais jovem, nossos esforços radiantes para levar paz e segurança para todos! (Daibyakurenge, edição de outubro de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI Resumo Estudo — Janeiro 2024 Principais tópicos estudados Transmissão do budismo para o oeste “No verão de 1954, meu mestre me convidou a acompanhá-lo à sua terra natal em Hokkaido. Enquanto contemplávamos o pôr do sol juntos na praia de Atsuta, ele me disse: ‘Construirei uma sólida base para o kosen-rufu no Japão, mas você abrirá o caminho para o kosen-rufu no mundo todo. Criarei o projeto; você o tornará realidade (...). Você deve fazer isto em meu lugar’.” “Unicidade de mestre e discípulo” (shitei funi) “A fim de tornar realidade a concepção de kosen-rufu mundial que meu mestre me confiara, seria vital promovermos o avanço do nosso movimento de modo simultâneo no Japão e no mundo.” Um grande mal prenuncia a chegada de um grande bem “Quando a calamidade ocorre, ela só se torna um indício de um grande bem se a acatarmos como uma oportunidade de crescimento e nos empenharmos com inabalável determinação e esforço para transformá-la em algo positivo.” Shakubuku “O comportamento de Daishonin em realizar shakubuku constitui a expressão de sua grande compaixão, oriunda unicamente do seu desejo de conduzir todos à felicidade” Frases marcantes “Por meio dos esforços das ‘pessoas’ que se levantam numa época em que o ‘ensinamento’ e o ‘tempo’ se completam, o budismo se torna uma religião realmente viva. Pelo mesmo princípio, o Budismo Nichiren se disseminou ao redor do mundo graças ao surgimento da Soka Gakkai, organização que está concretizando o decreto do Buda.” “A ilimitada vitalidade proveniente da dedicação ao juramento de bodisatva hoje se encontra nas ações automotivadas dos membros da Soka Gakkai. Arcando com a missão dos bodisatvas da terra, eles estão tornando o kosen-rufu mundial uma realidade.” “Quando nos dedicamos ao caminho de mestre e discípulo e ao nosso juramento como bodisatvas da terra, conseguimos evidenciar dentro de nós a poderosa condição de vida do estado de buda. Nossa vida será plena de sabedoria, coragem e compaixão, que fluirão ilimitadamente desse manancial interior.” Personalidades e personagens budistas citados - Dengyo; - Mahakashyapa; - Nichiren Daishonin; - Shariputra (Um dos dez principais discípulos de Shakyamuni, conhecido como o mais notável em sabedoria.); - Shakyamuni; - Tiantai (Conhecido como grande mestre Tiantai, classificou todos os sutras de Shakyamuni em cinco períodos e oito ensinamentos. Apresentou o princípio dos “três mil mundos num único momento da vida”.). Perguntas-guias para as atividades de estudo Qual era a convicção do presidente Ikeda, quando partiu para o exterior após cinco meses de sua nomeação como terceiro presidente? Ele tinha a convicção de que seria vital promover o avanço do movimento pelo kosen-rufu de modo simultâneo no Japão e no exterior. Quais os elementos de convergência capazes de guiar as pessoas à iluminação? São a Lei Mística, o tempo e o surgimento de praticantes corajosos, pessoas que propaguem a Lei com dedicação abnegada. Qual foi o conselho dado por Arnold J. Toynbee ao presidente Ikeda durante o diálogo ocorrido em maio de 1973? Ele disse que esperava que continuasse seguindo o caminho do meio e acrescentou: “Acredito que diálogos como este podem desempenhar um papel bastante relevante para unir os povos do mundo e as diferentes religiões”. No topo: Estudantes apresentam a canção Be Brave! durante a Reunião de Líderes realizada no dia 9 de julho de 2023 Foto: Seikyo Press Notas: 1. TODA, Josei. Seinen-kun [Preceito aos Jovens]. In: Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 1. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1992. p. 58. 2. Nichiren Daishonin redigiu essa obra em Minobu, no décimo segundo mês de 1280 e a endereçou a todos os seus discípulos. No mês anterior, o santuário dedicado ao grande bodisatva Hachiman — considerado a divindade guardiã do governo militar de Kamakura — fora consumido por um incêndio, provocando alarme generalizado. Nesse escrito, Daishonin admoesta Hachiman por negligência em proteger o devoto do Sutra do Lótus. Menciona também o princípio do “retorno do budismo para o oeste”. 3. Myoho-renge-kyo é escrito com cinco ideogramas chineses, e Nam-myoho-renge-kyo, com sete (nam, ou namu, compreendendo dois ideogramas). Daishonin muitas vezes emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus escritos. 4. Quinto período de quinhentos anos: Último dos cinco período de quinhentos anos depois da morte de Shakyamuni, correspondente ao início dos Últimos Dias da Lei. O Sutra da Grande Compilação prediz, de forma detalhada, o curso que o desenvolvimento do budismo assumirá nos dois mil e quinhentos anos, ou nos cinco meio milênios, após a morte do Buda. O quinto período de quinhentos anos indica os primeiros quinhentos anos dos Últimos Dias da Lei e é denominado “era de conflitos e de disputas” ou “a era do conflito”. O sutra prediz que, durante esse período, várias escolas budistas rivais brigarão incessantemente entre si, e o ensinamento de Shakyamuni se tornará obscuro e se perderá. 5. Tiantai (538–597), também conhecido como Zhiyi, Tiantai Zhizhe, grande mestre Tiantai e grande mestre Zhizhe, propagou o Sutra do Lótus na China e estabeleceu a doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida”. Dengyo (767–822), também conhecido como Saicho, foi o fundador da escola Tendai (Tiantai) no Japão. Ele viajou para a China, onde dominou os ensinamentos de Tiantai. 6. Refere-se à transmissão do budismo para o oeste, também conhecido como o retorno do budismo para o oeste. Nichiren Daishonin predisse que seu Budismo do Sol fluiria do Japão para o oeste, retornando para os países pelos quais o budismo inicialmente fora transmitido e se propagaria pelo mundo inteiro (cf. CEND, v. I, p. 420). 7. Bodisatva Jamais Desprezar. Descrito no capítulo 20, “Jamais Desprezar”, do Sutra do Lótus, esse bodisatva — Shakyamuni numa existência anterior — viveu no fim dos Médios Dias da Lei do buda Rei do Som Imponente. Ele se curvava respeitosamente a todos com quem se encontrasse e dizia: “Eu os reverencio profundamente, jamais ousaria tratá-los com desdém ou arrogância. Por quê? Porque todos estão praticando o caminho do bodisatva e infalivelmente atingirão o estado de buda” (LSOC, cap. 20, p. 308). Porém, ele era atacado por pessoas arrogantes, que o agrediam com varas e bastões e atiravam pedras nele. O sutra explica que essa prática se tornou a causa para o bodisatva Jamais Desprezar atingir o estado de buda. 8. Uma das inscrições contidas no Gohonzon de Consagração Permanente (Joju Gohonzon) da Soka Gakkai, consagrado no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. 9. “Transformação de veneno em remédio” refere-se a empregar o poder da Lei Mística para transformar uma vida dominada pelos “três caminhos” — desejos mundanos, carma e sofrimento — numa vida que manifeste as “três virtudes” — corpo do Darma, sabedoria e emancipação. 10. Artigo publicado na edição do Seikyo Shimbun de 2 de fevereiro de 2004. 11. Em Admoestação a Hachiman, Nichiren Daishonin escreve: “A lua se move do oeste em direção ao leste, tal como o budismo da Índia se propagou rumo ao leste. O sol se levanta no leste, prenúncio auspicioso de que o budismo do Japão retornará à terra da lua. A luz da lua não é tão brilhante, pois o Buda ensinou [o Sutra do Lótus na Índia] durante apenas oito anos. A luz do sol é muito mais reluzente, um auspicioso sinal de como o budismo do Japão iluminará a longa escuridão do quinto período de quinhentos anos [Últimos Dias da Lei]” (WND, v. II, p. 936). 12. Cf. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Kachi Sozo [Criação de Valor]. In: Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 10. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 27. 13. O presidente Josei Toda emitiu, pela primeira vez, seu conceito de cidadania global num seminário de estudo da Divisão dos Jovens em fevereiro de 1952. Trata-se da ideia de que todas as pessoas do mundo são membros de uma família global e devem buscar a prosperidade por meio da cooperação e da harmonia mútuas, em vez de se envolverem em conflitos e discriminação. 14. Campanha de Fevereiro: Em fevereiro de 1952, o presidente Ikeda, na época supervisor do Distrito Kamata de Tóquio, iniciou uma dinâmica campanha de propagação. Ao lado dos membros de Kamata, ele quebrou os recordes anteriores de cerca de cem novas famílias mensais por distrito, convertendo 201 novas famílias ao Budismo de Daishonin. 15. Não se sabe com certeza se esse é o texto de uma breve carta ou um fragmento de um texto mais longo. Tampouco a data ou destinatário. A julgar pelo conteúdo, porém, é possível presumir que tenha sido enviada para encorajar os discípulos durante o período em que a sociedade japonesa se encontrava em turbulência após a primeira invasão mongol em 1274. 16. Mahakashyapa: Um dos dez principais discípulos de Shakyamuni. Era conhecido como o mais notável em práticas ascéticas. 17. Shariputra: Um dos dez principais discípulos de Shakyamuni. Era conhecido como o mais notável em sabedoria pela sua compreensão sobre a verdadeira intenção da pregação do Buda. 18. Bodisatva Práticas Superiores é o líder dos bodisatvas da terra, os inumeráveis bodisatvas descritos no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, aos quais Shakyamuni confia a missão de propagar a Lei nos Últimos Dias da Lei. 19. Bodisatva Mérito Universal é descrito no capítulo 28, “Encorajamento do Bodisatva Mérito Universal”, do Sutra do Lótus. Possuidor de imensurável sabedoria, jura proteger o Sutra do Lótus e os devotos desse ensinamento. Ele é a personificação de todas as qualidades superiores do Buda, especialmente no tocante à prática. 20. Iluminação das pessoas dos dois veículos: Na primeira metade do Sutra do Lótus, as pessoas dos dois veículos — os ouvintes da voz e aqueles que despertaram para a causa — receberam a profecia do buda Shakyamuni de que atingiriam o estado de buda em eras futuras. Essa profecia refuta a visão dos ensinamentos do Mahayana provisório, que negavam às pessoas dos dois veículos a possibilidade de atingir a iluminação por estas buscarem apenas a própria salvação sem se preocupar com os outros. O Sutra do Lótus afirma que elas praticarão o caminho do bodisatva e atingirão o estado de buda. 21. Extraído de uma transcrição do diálogo deles.
08/01/2024
Artigos
TC
Agora é hora de avançar com espírito de gratidão
Todo Ano-Novo me traz à mente uma recordação que tenho de Ikeda sensei. Há trinta anos [em 1994], ele participou das Cerimônias de Gongyo de Ano-Novo na sede da Soka Gakkai, em Shinanomachi, Tóquio, no dia 1o de janeiro, e no Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio, em Hachioji, no dia 2. Em ambas as ocasiões, ele não se limitou a conceder incentivos, mas também reservou um tempo antes e depois das reuniões para cumprimentar e falar com os membros, estabelecendo valiosos vínculos com eles. Lembro-me de que cerca de 2 mil pessoas participaram ao longo dos dois dias. Aquelas interações eram muito mais que simples conversas. O presidente Ikeda me disse certa vez: “Com o pensamento de que talvez eu jamais veja a pessoa novamente, trato cada encontro como se fosse o último momento de minha vida”. Fiel a essas palavras, ele empenhou esforços incondicionais para encorajar cada pessoa ali presente, determinado a inspirá-la a empreender ações e continuar a praticar o Budismo Nichiren por toda a vida. O presidente Ikeda compareceu às Cerimônias de Ano-Novo no ano seguinte e no outro também. Dando tudo de si a cada momento, interagia sinceramente e estreitava laços de coração a coração com tantas pessoas quanto pudesse. Ele nos mostrou, por meio da própria conduta desde o início do ano, que o diálogo de pessoa a pessoa é a força motriz para o progresso. *** Durante a juventude, o presidente Ikeda visitava a casa do seu mestre, Josei Toda, no Dia de Ano-Novo para transmitir seus cumprimentos e dar a partida do ano junto com ele. Esse espírito permaneceu imutável mesmo após a morte de Toda sensei. Na Reunião Nacional de Líderes da Soka Gakkai, realizada no dia seguinte ao do falecimento do seu mestre, Ikeda sensei disse: “Acredito que Toda sensei continuará vivo eternamente na Soka Gakkai, no coração de cada um de nós, seus discípulos”. A melhor maneira de demonstrarmos gratidão ao nosso mestre, declarou ele, é travar uma luta sobre a qual possamos lhe relatar com orgulho: “Sensei! Veja quanto fizemos o kosen-rufu avançar!”. Hoje, mais uma vez, lutarei! Hoje, mais uma vez, vencerei! Sempre começando com esse juramento ao seu mestre, o presidente Ikeda construiu a Soka Gakkai, transformando-a na organização mundial que ela representa hoje. Ikeda sensei estreitou profundos laços de vida com cada um de nós — laços eternos. Ele continua vivo em nosso coração. Agora, ao darmos a partida neste “Ano do Descortinar da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”, pavimentando o caminho para o triunfal centenário de fundação da Soka Gakkai, sigamos em frente com o espírito de demonstrar nossa gratidão ao mestre! O Sutra do Lótus afirma: “As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres”.1 Gravando essas palavras no coração, registremos juntos um histórico de crescimento monumental, de modo que possamos declarar com orgulho ao nosso mestre: “Veja quanto fizemos o kosen-rufu avançar!”. No topo: Vista noturna do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu, em Shinanomachi (Tóquio, Japão) Foto: Seikyo Press Nota: 1. The Lotus Sutra and Its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, cap. 7, p. 178.
08/01/2024
Especial
TC
Jornada de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei
Parte 1: A honra dos discípulos de Josei Toda A vida de Ikeda sensei se encerrou aos 95 anos. Ela foi uma prova incontestável de quão grandiosa pode ser uma jornada quando se abraça com a vida o caminho de mestre e discípulo da Lei Mística. A esplêndida trajetória dele será narrada em partes neste especial intitulado Jornada de Mestre e Discípulo — Os 95 Anos da Vida de Ikeda Sensei. Esta primeira parte tem como tema “A Honra dos Discípulos de Josei Toda”. Descreve a juventude resiliente e a devoção abnegada pela propagação da Lei de Ikeda sensei desde o encontro com seu venerado mestre, Josei Toda, até a sua posse como terceiro presidente da Soka Gakkai. Em busca da grande árvore Naquele instante, iniciou-se um movimento popular sem precedentes, o qual tinha como base a revolução humana de um único indivíduo que contribui para a construção da paz mundial. Em 14 de agosto de 1947, o jovem Ikeda se encontrou pela primeira vez com Josei Toda, e esse episódio foi determinante para a vida dele. Nesse dia, a convite de uma colega da época do ensino fundamental, Ikeda sensei participou de uma reunião de palestra no bairro de Ota, Tóquio. Ao chegar ao local, Toda sensei explanava o escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra. Em meio à sociedade devastada do pós-guerra, Ikeda sensei, com 19 anos e em busca de um “modo de vida correto”, foi tocado pela personalidade de Josei Toda. Naquele momento, ele decidiu dedicar a vida para seguir Toda sensei em seu coração: “Eu seguirei este mestre. Eu trilharei este caminho”. O que comoveu Ikeda sensei em particular foi o fato do seu mestre ter enfrentado e resistido ao militarismo japonês, inclusive ficando preso. Durante a reunião, Ikeda sensei expressou sua gratidão por meio de um poema que acabara de criar: “Ó viajante! / De onde vens? / e para onde irás? / (...) A grande árvore / eu procuro / que nunca se abalou / na fúria da tempestade. / Neste encontro ideal, / sou eu quem / surge da terra!”. Ao ouvir esse poema, que tinha relação com o “bodisatva da terra” mencionado no Sutra do Lótus, seu mestre sorriu gentilmente. Dez dias depois, em 24 de agosto, Ikeda sensei se converteu ao budismo. Assim foi descortinado o início do drama “revolução humana é a própria paz mundial”. O ideal em meio à adversidade Em 3 de janeiro de 1949, Ikeda sensei ingressou na editora Nihon Shogakkan, dirigida por Toda sensei. Ele começou a trabalhar na edição da revista juvenil Boken Shonen [Aventura dos Meninos] (depois renomeada Shonen Nippon [O Japão dos Meninos]) e, em maio, tornou-se editor-chefe. No entanto, devido aos impactos da recessão econômica pós-guerra, em outubro do mesmo ano, anunciou-se o encerramento da publicação de Shonen Nippon. Em busca da recuperação, seu mestre fundou uma cooperativa de crédito. Contudo, em agosto do ano seguinte (1950), decidiu-se pela paralisação das operações. Ikeda sensei registrou em seu diário: “Mais uma vez, avançarei junto com (Toda) sensei para a próxima construção. Somente isso. Sempre adiante, eternamente em frente”. Em 24 de agosto do mesmo ano, coincidindo com o terceiro aniversário de sua conversão ao budismo, seu mestre anunciou a intenção de renunciar ao cargo de presidente da Soka Gakkai. Enquanto algumas pessoas simplesmente viravam as costas, insultando-o e deixando-o, Ikeda sensei foi o único a apoiá-lo firmemente e a permanecer ao seu lado. No auge da crise, Toda sensei compartilhou com Ikeda sensei suas ideias sobre o lançamento do jornal Seikyo Shimbun e a fundação de uma universidade. A partir do outono de 1950, Toda sensei iniciou a explanação e o estudo dos escritos de Nichiren Daishonin para alguns representantes, em especial, para Ikeda sensei. Em fevereiro do ano seguinte, passou a explanar também obras clássicas de várias épocas e origens. Os estudos de domingo se transformaram em aulas particulares para Ikeda sensei que abrangiam ampla gama de disciplinas acadêmicas. Essas explanações e esses estudos na “Universidade Toda” continuaram até 1957. Anos mais tarde, Ikeda sensei passou a ser agraciado com inúmeras honrarias acadêmicas de diversas universidades e instituições de ensino. Ele sempre expressou sua profunda gratidão ao seu mestre, afirmando que “Tudo é resultado da instrução inspiradora que recebi na Universidade Toda”. A relação que compartilha sofrimentos e alegrias Os desafios da reorganização da cooperativa de crédito eram imensos. Toda sensei estava em uma situação na qual poderia ser processado por alguns credores ou até ir para a prisão. No entanto, em fevereiro de 1951, houve uma reviravolta nos acontecimentos. Um comunicado do Ministério das Finanças indicava que, mediante consenso entre os membros, a cooperativa poderia ser dissolvida. Em 11 de março desse mesmo ano, a cooperativa foi dissolvida e, durante uma assembleia extraordinária da Soka Gakkai, seu mestre fez a seguinte declaração: “Agora é o outono da ampla propagação da nação. Já se vislumbram os sinais da propagação na Ásia Oriental. Finalmente chegou o momento para os guerreiros da Soka Gakkai, que abraçaram a missão budista, avançarem na vanguarda”. Ikeda sensei, jubilante com o rugido do leão do seu mestre, lançou-se ao desafio de promover diálogos junto com seus companheiros. E, liderando o movimento vanguardista da expansão do budismo, solenemente celebrou a posse de Toda sensei como segundo presidente da Soka Gakkai, em 3 de maio desse ano. Toda sensei compôs um poema e registrou-o no verso de uma das fotos comemorativas de sua posse, e presenteou seu jovem discípulo: Como é mística essa relação cármica em que, juntos, compartilhamos sofrimentos e alegrias no presente e também no futuro. A prova do discípulo Durante a cerimônia de posse como segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda proclamou que faria a propagação do budismo para 750 mil novas famílias. A quantidade de membros da organização na época era de cerca de 3 mil. Todos consideraram a declaração de Josei Toda uma fábula, tanto que alguns líderes até pensaram: “Toda sensei com certeza pretende viver muito”. A expansão avançava a passos lentos. Em dezembro de 1951, o movimento de propagação tinha atingido 466 famílias em todo o país. A meta de 750 mil famílias parecia um futuro muito distante. Quem quebrou essa “barreira” foi Ikeda sensei. No ano seguinte, em janeiro de 1952, ao ser nomeado secretário do Distrito Kamata, ele concretizou a expansão do budismo para 201 famílias em apenas um mês, em fevereiro. A partir daí, a Soka Gakkai ganhou ímpeto e avançou. O ano 1953 foi um período em que a campanha de propagação acelerou consideravelmente dentro da história da Soka Gakkai. Foi lançado o objetivo de realizar shakubuku em 50 mil famílias durante o ano, e este foi alcançado. A força motriz desse espantoso crescimento foi a luta incansável empreendida por Ikeda sensei. Em janeiro desse mesmo ano, ele tinha sido nomeado líder da primeira legião da Divisão Masculina de Jovens e alcançou uma expansão de três vezes do número de “valores humanos” em seu grupo ao longo do ano. Em abril, foi nomeado responsável interino pelo Distrito Bunkyo, transformando-o de um distrito decadente em distrito de primeira classe. Sensei continuou a conquistar “provas incontestáveis da vitória como discípulo” em várias localidades. Em agosto de 1955, tendo como palco Sapporo, ele concretizou uma expansão recorde de 388 famílias em apenas dez dias. E em maio do ano seguinte, em Osaka, ele estabeleceu um marco dourado indestrutível da propagação de 11.111 novas famílias. No mês de julho, surpreendeu o mundo com uma virada espetacular no resultado das eleições, algo considerado inimaginável. De outubro em diante, ele liderou a campanha de propagação em Yamaguchi durante 22 dias, conseguindo expandir a quantidade de famílias da localidade na época em cerca de dez vezes. O juramento pela luta dos direitos humanos O novo movimento humanístico da Soka Gakkai, que constrói a felicidade das pessoas comuns e a paz mundial, agora envolve o mundo inteiro. A fonte que alimenta essa grande corrente é o forte juramento de Ikeda sensei de lutar pelos direitos humanos durante o Incidente de Osaka, ocorrido em 1957, bem como a luta dos presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda na prisão, na época da guerra. Foi em 3 de julho de 1957 que sensei foi detido injustamente e preso sob a falsa acusação de violação das leis eleitorais. A justiça somente foi comprovada, após extensa batalha judicial que durou quatro anos e meio, em 25 de janeiro de 1962. Ikeda sensei detalhou as tramas, o contexto e o significado do Incidente de Osaka em relação à história da Soka Gakkai no volume 11 do romance Revolução Humana. A serialização do volume 11 da Revolução Humana no Seikyo Shimbun se encerrou em outubro de 1991. No mês seguinte, a Soka Gakkai conquistou a “independência espiritual” da Nichiren Shoshu. Em seguida, 1992 foi designado “Ano da Renascença Soka”, marcando o alçar voo da Soka Gakkai como religião mundial. Ikeda sensei compartilhou sua reflexão, dizendo: “Tenho a profunda sensação de que a jornada do kosen-rufu registrada no volume 11 foi uma época de torrentes turbulentas percorrendo os vales que, no fim, moldaram a grande correnteza da ‘Renascença Soka’”. Os eventos de 1957, especialmente o Incidente de Osaka, determinaram o curso do movimento pelo kosen-rufu mundial no “Ano da Renascença Soka” de 35 anos depois, e ainda até os dias de hoje. Uma batalha para acabar com a natureza do mal Toda sensei e Ikeda sensei participam do Festival da Juventude, realizado no estádio de atletismo de Mitsuzawa, em Yokohama (8 set. 1957) "Embora tenha surgido em todo o mundo um movimento reivindicando a proibição dos testes com armas nucleares, meu desejo é ir além e atacar o problema pela raiz. Quero exibi-las e arrancar as garras escondidas na parte mais profunda dessas armas.” Em 8 de setembro de 1957, durante o Festival da Juventude, realizado no estádio Mitsuzawa, em Yokohama, ressoou o vigoroso rugido do leão do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda. “Proponho que a humanidade aplique, em cada caso, a pena de morte a toda pessoa responsável pelo emprego de armas nucleares, independentemente de qual país for, seja vencedor, seja perdedor”, declarou. O mundo estava em meio à Guerra Fria, na época, e havia uma escalada na corrida armamentista com base na lógica da “dissuasão nuclear”. Testes nucleares estavam ocorrendo de forma repetida. Pelo fim das armas nucleares, capazes de destruir a humanidade num instante, Toda sensei proferiu a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares como primeiro testamento aos jovens. Como praticante do budismo que considera a dignidade da vida como a mais sublime que existe, seu mestre era contra a pena de morte. No entanto, ele enfatizou a condenação à pena de morte para categorizar como mal absoluto a mente demoníaca daqueles que desejavam possuir e utilizar as armas nucleares. Em novembro do mesmo ano, dois meses após o anúncio de sua declaração, Toda sensei planejava visitar Hiroshima. Contudo, sua saúde já estava muito debilitada e, na manhã da partida, ele desmaiou em sua casa. Ikeda sensei se recorda dos fatos dessa época: “Quão profundos eram os sentimentos de (Toda) sensei em relação à terra arrasada de Hiroshima! Ele estava determinado a ir a Hiroshima, destruída pelas garras da função demoníaca, que são as armas nucleares, mesmo que isso custasse a sua vida”. “O espírito do meu mestre, que desejou ir a Hiroshima, mesmo pondo em risco a própria vida, jamais se apagará do meu peito por toda a minha existência. Não, na verdade, isso se tornou o ponto primordial das minhas ações.” Toda sensei planejava participar da convenção da Divisão Feminina de Jovens cujo tema era a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares. Nessa atividade, Ikeda sensei participou como representante do mestre e conclamou a todas as integrantes da divisão que sucedessem o espírito da declaração. Ao longo de sua vida, Ikeda sensei defendeu o espírito da declaração por meio de diálogos com líderes e pensadores do mundo e em suas Propostas de Paz, e se dedicou de corpo e alma a tornar realidade a abolição das armas nucleares. Em 2017, passados sessenta anos da declaração, o Tratado de Proibição de Armas Nucleares (TPAN) foi adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o apoio de 122 países. Em 2021, ele entrou em vigor com a ratificação de cinquenta países. A monarca do mundo religioso Em março de 1958, Toda sensei disse a Ikeda sensei: “Vamos realizar uma cerimônia que servirá de ensaio geral para o kosen-rufu, um preparativo”. A evento foi realizado em 16 de março, reunindo 6 mil jovens vindos de todos os cantos do país. Estava prevista a participação do primeiro-ministro japonês da época, mas isso não se concretizou devido a interferências escusas. Toda sensei ficou muito indignado por essa quebra de compromisso com os jovens, mas decidiu promover uma “grande solenidade junto com os jovens”. Em dezembro do ano anterior, Toda sensei, que havia concretizado o grande desejo e a missão de sua vida — a propagação do budismo para 750 mil famílias —, já se encontrava numa condição em que não conseguia mais calçar sapatos de couro. Mesmo assim, ele declarou que a Soka Gakkai era a monarca do mundo religioso e delegou o futuro aos jovens. Após o 16 de Março, Toda sensei enfatizou a Ikeda sensei: “Jamais recue na luta contra a maldade”. Ele instruiu rigorosamente que lutasse até o fim contra as forças que tentavam perturbar e impedir o avanço da Soka Gakkai. Ikeda sensei repetiu reiteradamente esse testamento como firme diretriz para a Divisão dos Jovens e para toda a Soka Gakkai. No dia 2 de abril de 1958, Toda sensei encerrou sua nobre vida de abnegada devoção pela propagação da Lei, aos 58 anos. Em 29 de abril do mesmo ano, Ikeda sensei correu a caneta sobre o papel: “Vamos lutar, para provar ao mundo a grandiosidade do mestre. Vou lutar e avançar em linha reta. Lutarei resolutamente. Superarei as ondas furiosas dos obstáculos. Entrarei na juventude do ensino essencial”. Com o coração da unicidade Após o término da solenidade de posse transbordante de alegria do terceiro presidente, jovens congratulam Ikeda sensei, lançando-o ao alto (auditório da Universidade do Japão, em Tóquio, 3 maio 1960) Após a morte de Toda sensei, espalharam-se calúnias, tais como “A Soka Gakkai irá se desintegrar no ar”. Quanto mais as tempestades de críticas se intensificavam, mais inflamava o espírito de luta de Ikeda sensei. Ele escreveu em seu diário: “Decidi dedicar minha vida inteira a declarar para o mundo o ideal do presidente Toda, seu último desejo, e a me empenhar para torná-lo realidade. Esta é minha única missão neste mundo”.1 Após a morte de Josei Toda, com o espírito de unicidade com o venerado mestre, Ikeda sensei assumiu toda a responsabilidade pelo kosen-rufu e continuou a enviar incentivos aos amigos. No dia 3 de maio de 1960, sensei assumiu como terceiro presidente da Soka Gakkai. E para tornar realidade o ideal do kosen-rufu do seu mestre, ele parte em sua viagem para o mundo. Ikeda sensei disse: “Se vocês protegerem o espírito de ‘mestre e discípulo’, sem falta despontarão líderes maravilhosos”. “Eu tenho certeza desse futuro”. Fotos: Seikyo Press Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 478.
08/01/2024
Série
TC
Alpinistas que escalaram o Everest
“Por que escalar a montanha?” “Porque ela está lá.” Essas são as famosas palavras creditadas ao alpinista britânico George Mallory, ditas durante uma entrevista com um jornalista. A “montanha” em questão é o Everest, a mais alta do mundo. Seu pico, que atinge a altitude de 8.848 metros, é chamado “terceiro polo do mundo”, depois do Ártico e da Antártida. Por muito tempo, essa importante elevação permaneceu inexplorada, considerada impossível de escalar. A epopeia de desafiar o Everest iniciou por volta de cem anos atrás. Após o término da Primeira Guerra Mundial, a Grã-Bretanha enviou a primeira expedição para a montanha em 1921, com George Mallory, então com 34 anos, entre os integrantes. Mallory, alpinista de primeira categoria, havia aprimorado suas habilidades no Winchester College e na Universidade de Cambridge. Contudo, mesmo para esse experiente montanhista, o Everest, erguendo-se diante de seus olhos, parecia ser “o senhor de todos, vasto em supremacia incontestada e isolada”. A dificuldade de escalar o Everest transcendia qualquer imaginação. Além da batalha terrível contra o mal ocasionado pela extrema altitude e pelo mau tempo, havia enormes picos rochosos que bloqueavam o caminho de maneira brusca. Em uma carta, Mallory descreve a realidade dessa situação: “Há pouca esperança de conseguir chegar ao pico. Mas é claro que continuaremos avançando como se estivéssemos prestes a alcançá-lo”. “Continuaremos com a máxima esperança até o fim.” O que impulsionava o alpinista a persistir, mesmo diante de um cenário desesperador? Era sua busca insaciável, a crença indomável de que “quanto mais difícil e perigoso o caminho, maior a vitória” a ser conquistada. Após semanas de reconhecimento da montanha, Mallory finalmente descobre uma rota para o cume. Na segunda expedição realizada no ano seguinte, em 1922, ele estabeleceu novo recorde de ponto mais alto alcançado. Todavia, durante a terceira expedição, em 1924, Mallory e seu companheiro, prestes a chegar ao topo, não retornaram da escalada. Após extensa busca, o corpo do alpinista foi encontrado 75 anos depois do seu desaparecimento (em 1999). Até hoje, permanece um mistério se ele conseguiu ou não atingir o cume do Everest. No entanto, o espírito pioneiro e corajoso dele continua a ser solenemente herdado pelos alpinistas das gerações seguintes. Em 1953, a Grã-Bretanha enviou sua nona expedição para o Himalaia. Os membros escolhidos para o desafio da montanha foram Edmund Hillary, da Nova Zelândia, e Tenzing Norgay, um xerpa (guia) local. O Everest, que vinha repelindo obstinadamente as investidas da humanidade, foi confrontado por dois jovens de nacionalidade e experiências distintas. Desde a primeira tentativa de Mallory, haviam se passado 32 anos. Aos 20 anos, Hillary ficou fascinado pelas montanhas da Ilha Sul da Nova Zelândia durante uma viagem, e começou a praticar alpinismo. Ele ganhou experiência escalando um famoso pico em seu país. A partir de 1951, engajou-se nas expedições inglesas para o Everest. Nesse ano, o desafio foi malogrado, mas ele não conhecia a palavra “desistir”. “Everest, você não vai mudar, mas eu vou melhorar... Vou conquistar você”, disse. Por outro lado, Tenzing era de uma aldeia montanhosa localizada no sopé sul do Everest. Para ajudar no sustento da humilde família, ele trabalhava como guia e transportador de cargas para as equipes de alpinistas que vinham da Europa e fez carreira como excelente xerpa. Eram 6h30 do dia 29 de maio de 1953. Os dois alpinistas deixaram o último acampamento em direção ao pico. Eles atravessaram a “Zona da Morte”, onde a concentração de oxigênio é apenas um terço do solo, assolados pelo frio extremo e pelas fortes ventanias. “Não é a montanha que conquistamos, mas a nós mesmos”, afirma Edmund Hillary. Às 11h30, depois de superar uma batalha de vida ou morte de cinco horas desde a partida, Hillary e Tenzing finalmente alcançaram o topo do Everest. Eles trocaram apertos de mão e tapas nas costas, comemorando a alegria da conquista. Entre eles, havia um belo “laço de companheirismo” que cintilava com o brilho prateado. Tenzing disse posteriormente: “Na montanha existe amizade. Não existe nada que una mais os seres humanos que a montanha. Por mais difícil que seja o lugar, você pode segurar a mão do outro e interagir mutuamente”. A maior força para a escalada do Everest estava na “amizade” e na “união” entre eles. O mundo vibrava com esse feito histórico. Hillary foi agraciado com o título de “Sir” pela família real britânica, enquanto Tenzing era aclamado como herói tanto pelo Nepal como pela Índia. Mais tarde, surgiu um acalorado debate sobre “qual dos dois subiu primeiro no topo da montanha”, mas ambos sempre deram a mesma resposta: “Nós pisamos o topo juntos”. Reflexões do presidente Ikeda Anos mais tarde, em gratidão aos xerpas, que escalaram a montanha junto com os dois alpinistas, Hillary construiu escolas e instalações médicas no vilarejo onde os montanheses moravam. Além disso, até falecer em 2008, ele trabalhou para proteger o meio ambiente na Cordilheira do Himalaia. Em 2003, ele presenteou Ikeda sensei com um livro autografado. O presidente Ikeda visitou o Nepal pela primeira vez em 31 de outubro de 1995. Em meio aos seus muitos compromissos, ele conheceu o subúrbio de Katmandu, capital do Nepal, e tirou fotos do Himalaia, que se mostrou imponente diante de um magnífico pôr do sol. Nessa ocasião, ele conversou com crianças de uma aldeia próxima que se reuniram perto dele. Ele lhes disse: Este é o país onde o Buda (Shakyamuni) nasceu. O Buda cresceu observando o imponente Himalaia. Ele se esforçou para se tornar alguém majestoso como aquelas montanhas. E fez de si uma pessoa vitoriosa de altivo orgulho. Vocês são como ele. Vocês moram em um lugar extraordinário. Sem falta, poderão se tornar pessoas grandiosas. Essa cena pareceu uma bela obra-prima. Em uma orientação em que sensei compara a “montanha” ao kosen-rufu, citando as palavras de George Mallory, consta: “Como obter o melhor de tudo? É preciso conquistar, alcançar, chegar ao topo; é preciso conhecer o fim para se convencer de que consegue vencê-lo, para saber que não há sonho que não deva ser desafiado.” É por desafiar com coragem a montanha de árduas provações que consegue revelar a força oculta dentro de si. Escalar a montanha do kosen-rufu — esse é um grande empreendimento magnífico e majestoso do Buda, que eleva a condição de vida da humanidade ao nível mais sublime. Por mais difíceis e escarpados que sejam os penhascos que enfrente, a força ilimitada do Buda jamais deixará de ser evidenciada pelos mestres e discípulos de unicidade que devotam a vida pela Lei Mística.2 E, em relação ao sucesso de Hillary e de Tenzing na primeira chegada ao cume do Everest, sensei disse que os aspectos mais importantes foram “preparativos”, “abandono dos preconceitos”, “obsessão do líder” e “amizade incondicional”. Ele ressaltou: “A questão é que, em qualquer desafio, a pessoa que se prepara antes leva vantagem. Para vencer, devemos realizar os preparativos com toda a energia e da melhor forma. Ninguém consegue se igualar a uma pessoa preparada e determinada a vencer”.3 Vamos, agora, iniciar nossa escalada rumo ao topo da canção do triunfo do povo a partir do 3 de Maio do juramento! Nós continuaremos a avançar. Enquanto houver uma montanha que almejamos. Enquanto existir uma montanha para ultrapassar. Clique no linke e leia série de incentivos do presidente Ikeda sobre as montanhas do Himalaia. Monte Everest Foto: Getty Images Notas: 1. Discurso do presidente Ikeda. In: Brasil Seikyo, ed. 1.692, 22 mar. 2003, p. A3. 2. Mensagem de Ikeda sensei enviada para a 54ª Reunião de Líderes da Nova Era, em 3 de dezembro de 2011. 3. Discurso de Ikeda sensei proferido na 25ª Reunião de Líderes. In: Brasil Seikyo, ed. 1.692, 5 fev. 2003. Materiais de pesquisa: ROBERTSON, David. George Mallory. Tradução: Michiko Natsukawa. Sanyosha. HILLARY, Sir Edmund. Hillary Autobiography. Tradução: Ichiro Yoshizawa. Kusashisha. HILLARY, Edmund. My Everest. Tradução: Saburo Matsukata e Tatsumi Shimada. Asahi Shimbun. HUNT, John. Everest Climbing. Tradução: Asahi Shimbun. Asahi Shimbun. YASUKAWA, Shigeo. Sekai no Yane ni Idonda Hitobito. Sa-e-ra Shobo. CLARK, Ronald W. Daitozanka no Rekizo. Tradução: Hiroshi Sugita. Gendai Ryoko Kenkyusho.
08/01/2024
Especial
TC
Nosso eterno mestre da vida
Daisaku Ikeda, presidente honorário da Soka Gakkai e presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), faleceu serenamente, aos 95 anos, em decorrência de causas naturais, na noite de 15 de novembro, em sua residência em Shinjuku, Tóquio. O funeral foi realizado no dia 17 para os familiares. A notícia chegou na manhã do dia 18 de novembro, e encheu de pesar o coração de todos os membros da SGI, e daqueles que enaltecem a dedicação de Ikeda sensei pela paz e pelo bem-estar da humanidade. A data da divulgação oficial foi uma decisão da família, em razão de algumas celebrações alusivas à data ocorrerem justamente nesse período, e optaram por aguardar até essa ocasião. “Acredito que meu pai estaria de acordo com essa decisão”, diz o comunicado veiculado em vídeo, com a leitura feita por Hiromasa Ikeda, vice-presidente da SGI e filho do casal Ikeda. Viver pela missão Ikeda sensei nasceu em 2 de janeiro de 1928. Desde a juventude, sempre teve a saúde frágil, sendo desenganado pelos médicos ao afirmarem que ele não viveria além dos 30 anos. No entanto, ao abraçar uma missão de elevado propósito, ele transcendeu os prognósticos da medicina. Aos 19 anos, no dia 14 de agosto de 1947, encontrou pela primeira vez seu mestre da vida, Josei Toda, e dez dias depois se converteu ao budismo, revitalizando a prática desse ensinamento para todas as pessoas. Ikeda sensei superou a morte de seu mestre [2 de abril de 1958], sucedendo-o na presidência da organização aos 32 anos, no dia 3 de maio de 1960. A partir de então, ele inicia a jornada de semear a filosofia da esperança no mundo, partindo em sua primeira viagem ao exterior em 2 de outubro desse mesmo ano. Por sua obstinada atuação em prol da paz, ele foi aclamado mundialmente como o grandioso mestre do diálogo sem fronteiras, do incentivo e apoio aos que sofrem. Além disso, ao longo de 25 anos ininterruptos, escreveu o romance Nova Revolução Humana, em que retrata histórias de pessoas comuns que desbravaram e venceram as amarras do carma, tornando-se um autêntico guia para a vida diária. Ikeda sensei concluiu, aos 90 anos, os trinta volumes da obra-prima de sua existência. O juramento de Ikeda sensei feito ao seu mestre, Josei Toda, de propagar o budismo para o mundo, de se dedicar à felicidade de todas as pessoas e de concretizar a todo custo a paz mundial resultou em uma organização presente em 192 países e territórios, com 12 milhões de membros comprometidos em dar continuidade ao imponente empreendimento dele em prol da paz, cultura e educação. Conforme palavras da Sra. Kaneko, transmitidas no recente pronunciamento do Sr. Hiromasa Ikeda, “Sensei expressou [há mais de dez anos] que ‘doravante assumiria a liderança pelo eterno futuro, conforme o princípio da imortalidade da vida ensinado pela Lei Mística’, e felizmente ele pôde transferir completamente o bastão espiritual, sentindo assim plena segurança e tranquilidade”. Não há alegria maior que ter um mestre da vida. Essa relação se perpetua ao assumirmos, cada um, o grande ideal da paz mundial, o kosen-rufu, acalentado pelo nosso mestre, Daisaku Ikeda. Afirmamos convictamente que nada é capaz de separar mestre e discípulos, unidos pela eterna relação desde o infinito passado, unicidade que transcende tempo, espaço, vida e morte. Ikeda sensei veio ao Brasil em quatro ocasiões. E, em 1984, sua penúltima visita, um dia antes do festival cultural, durante o ensaio geral, ele surpreende os membros ao entrar no Ginásio do Ibirapuera para incentivar a todos. Nessa ocasião, os participantes entoaram a canção Saudação a Sensei cujo refrão representa o sincero sentimento no coração de cada um: “Muito obrigado, sensei!”. E agora, é também nossa convicta decisão: “Conte conosco, para sempre!”. Assista Ao vídeo dos pronunciamentos do Sr. Hiromasa Ikeda e do presidente Minoru Harada pelo site: Foto: Seikyo Press
01/12/2023
Artigos
TC
Ser o grande raio de esperança do mundo
Em dezembro de 1955, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, manifestou a decisão de se empenhar dando máximo de si no ano vindouro, para assegurar que nem um único membro deixasse de receber benefícios e ele pudesse declarar ao mundo: “Vejam o que conseguimos realizar!”.1 Fazendo nosso o ardente juramento do mestre, em 1956, os membros de Kansai e eu, ligados por profundos laços cármicos, desencadeamos um alegre e colossal impulso para a “prosperidade da grande Lei”2 e para a concretização do ideal de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”. Transformando carma em missão, todos fizeram os maravilhosos benefícios da revolução humana florescer em sua vida e, juntos, alcançaram uma vitória impressionante em prol do povo, numa façanha antes considerada praticamente impossível.3 Naquela luta para tornar possível o impossível, empregando a “estratégia do Sutra do Lótus”,4 nossos preciosos membros de Kansai e eu acatamos no fundo do coração, com total seriedade, uma passagem dos escritos de Nichiren Daishonin em especial. Eram palavras dirigidas a Shijo Kingo, que acompanhou Daishonin durante a Perseguição de Tatsunokuchi, disposto a morrer ao lado dele: O senhor foi abandonado por seus irmãos, desprezado por seus colegas samurais, (...) e odiado pelo povo de todo o Japão. (...) Assim, o senhor demonstrou ser o supremo aliado do Sutra do Lótus em todo o Jambudvipa [o mundo inteiro] e por isso, sem dúvida, as divindades celestiais Brahma e Shakra não encontram forma de abandoná-lo. O mesmo se aplica à sua consecução do estado de buda.5 Nichiren Daishonin, Buda dos Últimos Dias da Lei, está ciente de todos os nossos esforços. Nossa família Soka avança incansavelmente rumo ao kosen-rufu sem se deixar abater pelos ventos da opinião pública. Sem dúvida, ele enalteceria imensamente cada um de nós como “o supremo aliado do Sutra do Lótus no mundo inteiro”. Não importando que obstáculos possamos enfrentar, sigamos sempre em frente com bravura, orgulho e convicção. As divindades celestiais, lideradas por Brahma e Shakra, jamais deixarão de nos proteger. De fato, devemos ter a determinação de acioná-las de modo que sejam impelidas por um desejo irreprimível de defender nossa coletividade de budas. E demonstremos, em nossa vida e na sociedade, provas reais do ensinamento de Nichiren Daishonin de que “budismo consiste em vencer”, por meio da nossa fé invencível e da nossa conduta humanística, assim como fez Shijo Kingo. Nossa juventude Soka do mundo todo se prepara para dar uma nova partida [com início no ano novo], enquanto pomos em prática a suprema filosofia de respeito à vida e trabalhamos para consolidar e expandir o supremo movimento do povo. Com a energia vital sempre jovem dos bodisatvas da terra, sejamos o grande raio de esperança do mundo! Assim como entoam os membros da organização na Europa no coro de sua nova canção: “O Sol desponta em meu coração / Conquistaremos esta vitória / A paz perene na Terra / Para toda a humanidade”.6 Brahma e Shakra — conclamo-os a proteger reverentemente os nobres jovens que se empenham de corpo e alma pelo kosen-rufu! No topo: Presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, cumprimenta alunos das escolas secundárias Soka de Kansai no festival de esportes (1990) Foto: Seikyo Press Notas: 1. Consulte TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 4. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1984. p. 405. 2. Parte da dedicatória inscrita no Joju Gohonzon de Kansai, consagrado na Sede Regional da Soka Gakkai de Kansai. Na íntegra, a dedicatória diz: “Pela prosperidade da Grande Lei e concretização de todas as orações”. 3. Referência à Campanha de Osaka. Em maio de 1956, os membros de Kansai, unindo-se em torno do jovem Daisaku Ikeda, que havia sido enviado pelo segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, para apoiá-los, obtiveram a adesão de 11.111 famílias à prática do Budismo de Daishonin. Nos pleitos eleitorais realizados dois meses depois, o candidato apoiado pela Soka Gakkai conquistou uma cadeira na Câmara Alta, um feito considerado impossível na época. 4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 267, 2017. 5. Ibidem, p. 211. 6. Letra da canção Sun Rises in My Heart [O Sol Desponta em Meu Coração].
01/12/2023
Editorial
TC
Propagar o ideal de Ikeda sensei
Querido leitor e familiares! A Editora Brasil Seikyo (EBS) manifesta o mais profundo sentimento de pesar pelo falecimento do grandioso mestre, Daisaku Ikeda. Em meio à tristeza com a notícia de sua partida, nosso coração se encontra junto com o dos senhores. Exercendo seu papel como veículos de comunicação, os periódicos da EBS têm a difícil tarefa de transmitir a notícia do falecimento de Ikeda sensei. Mas, justamente por termos um mestre da vida, essa missão se expande para o eterno compromisso de louvar a sua inigualável existência dedicada à felicidade das pessoas. Assim, nosso desejo é que cada leitor receba esta edição como o registro da nobre vida do Mestre para toda a eternidade. A origem do ideal da batalha das palavras para transmitir a verdade e a justiça que sustentam a Editora Brasil Seikyo começou com Ikeda sensei. São 58 anos protegidos e observados pelo Mestre, que fundou a EBS em 3 de maio de 1965. E neste ano (2023) marcado pela retomada das atividades presenciais, após os desafios globais, renovamos nosso objetivo e nossa missão de transformar vidas e inspirar o mundo. Tudo foi idealizado e acompanhado pelo Mestre, de forma que nossas publicações foram regularmente reportadas a ele, o qual enviou considerações a todos os comunicados. A edição 662 [outubro 2023] da Terceira Civilização foi enviada a Ikeda sensei e ele respondeu: “Entendido”. Essa resposta marca o ciclo, até o último momento, da relação do Mestre com os discípulos por intermédio dos periódicos da Editora Brasil Seikyo. Que o coração de Ikeda sensei sempre percorra as comunidades e os blocos de toda a BSGI por meio dessa relação cristalizada! No início do capítulo “Gratidão”, volume 28, da Nova Revolução Humana, Ikeda sensei afirma: Por que componho? Para acender a chama da esperança no coração dos amigos imersos na dor e na tristeza e para fazer com que a coragem se transforme em labaredas flamejantes! Para fazer com que ecoem no coração desta e daquela pessoa a harmonia do hino ao ser humano e, juntos, trilharmos o grande caminho da justiça!1 Ikeda sensei sempre escreveu com esse desejo expresso na Nova Revolução Humana e nós, da equipe da editora, temos o compromisso de registrar e perpetuar esse legado em nossos veículos. Faremos desta publicação um verdadeiro marco do renovar da missão de levar esperança e coragem aos leitores. Essa missão só estará completa com seu papel, leitor e discípulo, de fazer o ideal do Mestre em prol do kosen-rufu se propagar amplamente. Que a leitura desta Terceira Civilização acalente seu coração e que a jornada do Mestre apresentada aqui o inspire diversas e diversas vezes a pôr em prática seus ideais para a edificação de glorioso futuro rumo ao centenário de fundação da Soka Gakkai e para a posteridade. Vamos juntos bradar nosso “Muito obrigado, Ikeda sensei”! No topo: Presidente Ikeda caminha pelos arredores do Centro Cultural Campestre da BSGI (Itapevi, SP, 1993) Foto: Seikyo Press Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 28, p. 107, 2020.
01/12/2023
Especial
TC
Um novo humanismo para o próximo século (Parte final)
Na sociedade humana, é o poder da humanidade, o humanismo, que exerce a força maior e mais profunda em longo prazo. Trata-se de algo mais que natural. O que, no entanto, vem a ser humanismo? Como podemos alcançar uma compreensão mais clara, mais profícua, desse conceito de importância tão fundamental? A evolução da ideia de humanismo pode ser analisada a partir de vários ângulos diferentes. Gostaria, aqui, de observar, em primeiro lugar, a tradição do humanismo individualista que se desenvolveu no Ocidente no curso da Renascença e da Reforma Protestante, tornando-se o arcabouço ético para a sociedade civil na era moderna. Na segunda metade do século 19, à medida que as contradições e limitações desse modo de humanismo foram se tornando mais evidentes, deu-se origem ao experimento do humanismo socialista. Embora essas diferentes formas de humanismo tenham conseguido libertar a humanidade de sua servidão ao Absoluto, a humanidade se viu presa à armadilha do próprio egoísmo, àquilo que o budismo denomina “eu menor”. A humanidade passou a obedecer aos ditames dos desejos e da satisfação deles. Então, os males decorrentes assumem a forma dos complexos problemas enfrentados pela humanidade já citados: o desatamento dos laços sociais e comunitários, a degradação ambiental, a crescente distância entre os ricos e os pobres. A profundidade da crise que prende nosso mundo pós-ideológico é fortemente simbolizada pelo surgimento de ampla gama de fundamentalismos. O que, então, pode prover a energia e a inspiração motivadoras para ultrapassar o atual impasse? Como podemos iniciar, com alegria e convicção, o trabalho de criar uma civilização global de paz? Quero propor agora um novo humanismo, que seja firmemente alicerçado numa acurada e compassiva cosmologia, como meio para transcender as limitações do humanismo até hoje e mostrar uma saída para o presente impasse. Minha razão para fazer tal asserção é: a ideologia. De um modo ou de outro, a ideologia reside no âmago do humanismo moderno e tende a dar ênfase ao dualismo e ao conflito, produzindo discriminação e rejeição aos demais. Cosmologias, em contraste, buscam incluir e abraçar os outros; a tolerância é inerente à cosmologia. O humanismo baseado no Darma que deu sustentação ao reinado de Ashoka é excelente exemplo de cosmologia abrangente. Ela é sucintamente expressa nos princípios fundamentais de seu governo: 1) não matar; e 2) respeito mútuo. Embora talvez seja apropriado discutir o princípio de não matar no que tange a todas as formas de vida além dos seres humanos, no momento, espero fazer valer a postura minimalista de que os humanos não devem, sob circunstância alguma, matar outros humanos. Esse, acredito, deve ser o parágrafo preambular de qualquer estatuto que a humanidade possa escolher adotar no século 21. A história foi manchada por muito sangue derramado em nome da “justiça”. A Revolução Francesa, por exemplo, é o evento que exerceu forte influência no desenvolvimento da tradição moderna do humanismo; no entanto, quantos inocentes perderam a vida para a justiça da guilhotina? Da mesma maneira, nos estágios experimentais do humanismo socialista, seu propósito original foi traído e dezenas de milhões de vidas foram sacrificadas. Esse, novamente, é um dos fatos históricos inalteráveis do nosso século. Tal sofrimento jamais deve se repetir. Portanto, a primeira prescrição de um novo humanismo deve ser uma injunção total contra o ato de tirar vidas humanas. Seja qual for a lógica ou fundamentação em que esteja camuflada, “justiça” acompanhada de violência é vazia e falsa. Como Rabindranath Tagore declarou ao longo de toda sua vida, qualquer deus que exija o sacrifício de vidas é um falso deus. Qual é, então, a fraqueza subjacente aos tipos de humanismo que prevaleceram até agora? Embora este não seja o momento ou o lugar para tentar uma análise completa e rigorosa, gostaria de afirmar simplesmente que o fracasso fundamental do humanismo até hoje reside na incapacidade de acreditar plenamente nas pessoas e de confiar nelas. Desse modo, compreendemos a relevância da segunda política de Ashoka: a do respeito mútuo. Quando a desconfiança na humanidade é dirigida contra si, o indivíduo experimenta a incapacidade. Quando dirigida aos outros, assume a forma de recusa ao diálogo e, por fim, à violência. Ódio gera mais ódio. Como esse ciclo mortal pode ser rompido? Nesse contexto, creio que precisamos evocar aquilo que poderia ser designado humanismo holístico ou mesmo cosmológico, que considera a vida do indivíduo como algo que se estende amplamente e abraça o cosmos inteiro e, portanto, merece a mais profunda reverência. Na Índia, essa visão prosperou de diferentes formas ao longo dos milênios, dos sábios dos Upanishads aos ensinamentos do buda Gautama. O Sutra do Lótus, que compõe o ápice dos ensinamentos do buda Gautama, representa a suprema cristalização dessa filosofia. Isso porque ensina as pessoas a abandonar o apego à diferença e as incentiva a despertar para a “grande terra da vida” que sustenta todos nós. Quando nos colocamos nesse terreno comum, as diferenças deixam de ser a causa de conflitos e, em vez disso, servem para enriquecer nossa experiência de vida. O capítulo “Parábola das Ervas Medicinais”, do Sutra do Lótus, descreve o exemplo de uma grande variedade de árvores e vegetação nutridas pela mesma chuva, crescendo de forma exuberante a partir da mesma terra. Não bastará, porém, simplesmente reivindicarmos um novo humanismo ou discutirmos em termos abstratos as possibilidades de um humanismo de base cosmológica. Devemos descobrir os meios para consolidar o respeito universal pela inviolabilidade da vida. Um dos principais pilares para tal esforço, acredito, deve ser buscado na educação. Sem aprimorar a influência da educação, crenças profundamente arraigadas, seja de caráter político, seja de natureza religiosa, podem sucumbir rapidamente às armadilhas do dogmatismo e do moralismo arrogante. A tendência da época é, sem dúvida, deixar as questões religiosas a critério dos indivíduos. Essa é mais uma razão pela qual a educação deve ajudar a assegurar que o sentimento religioso não se torne moralista ou intolerante e sempre seja direcionado para o resultado mais pacífico e valioso de todos. Afinal, foram a educação e o intelecto que forneceram à profunda religiosidade de Rabindranath Tagore um apelo universal acessível às pessoas do mundo ocidental. Ele tampouco se limitou à sua própria educação; estabeleceu uma universidade e, ao longo da vida, devotou-se à causa do desenvolvimento humano. A educação nos torna livres. O mundo do conhecimento e do intelecto é onde todas as pessoas podem se reunir e conversar. A educação liberta as pessoas do preconceito. Liberta o coração humano de suas paixões violentas. É a educação que corta os obscuros grilhões da ignorância sobre as leis que governam o Universo. Por fim, é com a educação que somos libertos da impotência e do fardo da desconfiança contra nós mesmos. Ela desperta nossas capacidades adormecidas. E estimula e amplifica a aspiração da alma para que se torne plena. Pode haver experiência mais sublime na vida? O indivíduo que se libertou da insegurança e aprendeu a confiar em si mesmo é capaz de crer naturalmente nas capacidades latentes dos outros. Possui a habilidade de olhar além da aparência atual do outro e de perceber e acreditar nos prodigiosos tesouros ocultos dentro dessa pessoa. A educação nos permite enxergar além da diferença superficial e perceber a grande terra, o grande mar da vida que sustenta a todos nós. Essas são as dádivas produzidas pela educação. Os esforços do buda Gautama podem ser descritos como essencialmente educacionais. O Sutra do Lótus contém a frase “abrir, mostrar, despertar e fazer entrar”. O propósito máximo do budismo, portanto, é abrir, mostrar, despertar e fazer as pessoas entrarem nos infinitos reinos da sabedoria que elas já possuem. Isso está perfeitamente de acordo com os métodos e os objetivos da educação. O budismo, nesse sentido, consiste em um esforço direcionado para a educação humana. Por sua vez, a educação, para concretizar seu valor pleno, deve ser sustentada pela espiritualidade que nos habilita a estender a fé e a confiança aos outros. O que o mundo mais necessita agora é de uma educação que cultive o amor pela humanidade e que desenvolva o caráter — isto é, proporcione uma base intelectual para a consolidação da paz e empodere os educandos para contribuir para a sociedade e aprimorá-la. As raízes da Soka Gakkai Internacional (SGI) remontam à Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor], fundada no Japão em 1930. Tanto o primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, quanto o segundo, Josei Toda, eram educadores. Motivados pela convicção de que o objetivo da educação é a felicidade dos estudantes pela vida inteira, eles buscaram compreender o real teor da felicidade. Foi essa diligência que, por fim, os conduziu à filosofia do budismo, o qual elucida os mecanismos da vida e como experimentamos a felicidade e a infelicidade. Na mesma época em que Mahatma Gandhi e Jawaharlal Nehru travavam uma batalha contra o colonialismo, Toda sensei e Makiguchi sensei lutavam contra os males do militarismo japonês. Essa resistência acarretou a prisão de ambos e, por fim, a morte de Makiguchi no cárcere aos 73 anos. Erguendo-se da dor indescritível que sentiu pela perda de seu amado mestre, Josei Toda descobriu, no confinamento de sua cela solitária e guiado pelos ensinamentos do Sutra do Lótus e por outras escrituras, a base para o humanismo cósmico dentro da própria vida. Encontrei Josei Toda logo depois do fim da guerra. Incrivelmente, a data do nosso primeiro encontro foi 14 de agosto de 1947, véspera da independência indiana. Conhecemo-nos no dia em que Jawaharlal Nehru convocou a Assembleia Constituinte para realizar o sonho de Gandhi e “enxugar todas as lágrimas de todos os olhos”.A não ser que seja sustentada e temperada pela sabedoria da educação, a fé religiosa sempre correrá o risco de se tornar cega e sem direcionamento. Por outro lado, quando são iluminados pela luz da sabedoria que a educação suscita, os valores espirituais da religião intensificam seu brilho na mesma proporção. Em vista disso, considero extremamente natural, e até inevitável, que o primeiro e o segundo presidentes da Soka Gakkai tenham chegado ao término de sua busca pelo real significado e propósito da educação com a prática do budismo — realizada em prol das pessoas comuns e entre elas. De certo modo, portanto, nosso movimento completou o ciclo, conforme observamos agora, de promover uma rede solidária de paz, cultura e educação, em meio às pessoas do mundo com base nos discernimentos do budismo. Em curto intervalo no ano 1974, visitei a União Soviética e a República Popular da China, viajando duas vezes para a China naquele período. Ao mesmo tempo, as relações entre os dois países estavam extremamente tensas e, na posição de um cidadão comum preocupado, instei os líderes de ambos os países a trabalhar pela melhoria das relações. Precedendo minha viagem à União Soviética, em particular, vi-me sujeito a reiteradas críticas por parte daqueles que questionavam o motivo para eu visitar um país cuja ideologia negava fundamentalmente a religião. Em todas as ocasiões, respondi simplesmente que estava indo porque havia pessoas lá; pois a União Soviética é o lar dos meus semelhantes. No ano passado [1996], depois de visitar os Estados Unidos, viajei para Cuba, onde pude edificar fortes laços de confiança e de amizade com o presidente Fidel Castro. Acredito que, quando analisadas da perspectiva mais ampla de nossa humanidade comum, nem mesmo as barreiras impostas pela desconfiança e a tensão entre Estados são intransponíveis. Ao ponderar sobre esse assunto, o tom incisivo e corajoso do falecido primeiro-ministro Rajiv Gandhi reverbera dentro de mim: “A maior contribuição da Índia à civilização mundial consiste em demonstrar que não há nada antiético entre diversidade e nacionalidade. Com 5 mil anos de experiência de vida, demonstramos ao mundo que nossa união na diversidade constitui uma dinâmica realidade”.2 A tarefa diante do nosso planeta no limiar do século 21 é concretizar a união da diversidade. Agora, mais que nunca, é imperativo que a humanidade aprenda, com atenção e humildade, com as inestimáveis experiências e sabedoria da Índia. A Índia celebra este ano o 50º aniversário de sua independência como o primeiro país na história a nascer da não violência. Nesse sentido, a Índia é, ao mesmo tempo, o país mais velho do mundo e o mais novo. Situa-se na vanguarda do progresso humano. O grande experimento que é a Índia não ficou confinado em suas fronteiras, mas ofereceu inspiração para as pessoas do mundo todo. A luta de Martin Luther King Jr. contra o racismo e a discriminação é um exemplo, assim como a revolução não violenta que se alastrou pela Europa Oriental em 1989. Há um antigo aforismo que diz que, quanto mais profunda a fonte, mais longa a correnteza. Se quisermos ver um grande rio da paz fluindo pelo infinito futuro adentro, deveremos buscar os mais profundos mananciais do espírito humano. Se desejarmos uma paz inabalável, deveremos construir alicerces inabaláveis. Citando o exemplo de Ashoka, o Grande, tentei delinear aqui a mensagem de paz que, tenho certeza, a Índia continuará difundindo ao mundo dos séculos 21 e 22. Pode haver quem diga que minha visão é otimista demais. Contudo, não abandonarei, sob nenhuma circunstância, minha fé na humanidade. Dedico uma fé incondicional à grandeza interior da humanidade. Quando Rajiv Gandhi e eu nos encontramos em Tóquio, confirmamos nossa determinação comum de remover as barreiras do coração que separam a humanidade. Quando esses muros caírem, veremos diante de nós a vasta imensidão da própria vida. É sobre a grande terra da simbiose que os amplos rios da paz fluem, os jardins floridos da cultura vicejam e as frondosas árvores da educação se estendem em direção ao céu. Naquele momento, o primeiro-ministro e eu descobrimos a mesma melodia da paz ecoando em nosso coração. Sentimos uma conexão livre e desimpedida que transcendia qualquer diferença superficial. Rajiv Gandhi avançou sem medo em direção à realização do seu sonho. Ele mergulhou em meio a seus concidadãos. Doou-se ao seu sonho, deu tudo de si pela causa do humanismo. O exemplo dele continua brilhando intensamente até agora. A luz do magnífico drama de sua vida e morte ilumina o caminho ao longo do qual a humanidade deve progredir no século vindouro. A Fundação Rajiv Gandhi prossegue buscando, como herdeira do ideal de Rajiv, a concretização do nobre sonho dele. Gostaria de lhes assegurar que, nessa empreitada, juntam-se a vocês pessoas de boa vontade, não apenas da Índia, mas do mundo inteiro. Concluindo, permitam-me declamar um trecho dos Últimos Poemas de Tagore, que amo desde a época da juventude, pois creio que expressa de forma perfeita meus próprios sentimentos: “Humanidade! Siga o exemplo de Rajiv! Lá você encontrará paz!”. Eis que agora chega o Homem Supremo. O homem segundo o próprio coração de Deus! O mundo estremece de admiração e a grama se agita. No céu ressoa a concha, na terra toca o tambor da Vitória — o momento sagrado chegou, que traz o Grande Nascimento! Os portões que guardam a noite sem luar ruíram. A colina do nascer do sol ecoa o chamado “Não tema”, e anuncia o alvorecer de uma nova vida! Os céus retumbam a canção da Vitória: “O homem chegou!”3 No topo: Dr. Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional, profere palestra no Instituto de Estudos Contemporâneos Rajiv Gandhi, em Nova Délhi. O discurso teve grande repercussão com reportagens nos jornais nacionais (out. 1997) Foto: Seikyo Press Notas: 1. NEHRU, Jawaharlal. Selected Works of Jawaharlal Nehru Second Series [Coletânea de Obras de Jawaharlal Nehru]. Nova Délhi: Jawaharlal Nehru Memorial Fund, v. 3, p. 136, 1984-1994. Segunda série. 2. GANDHI, Rajiv. Secular India Alone Can Survive [Só a Índia Secular Pode Sobreviver]. Selected Speeches and Writings [Coletânea de Discursos e Textos], v. 5, p. 32. 3. TAGORE, Rabindranath. Wings of Death [Asas da Morte]. Tradução: Aurobindo Bose. Londres: John Murray, 1960. p. 88.
01/12/2023
Pensamento
TC
São felizes as pessoas que têm contato com boa literatura quando jovens
São felizes as pessoas que têm contato com boa literatura quando jovens. A postura de se esforçar para ler um livro é nobre por si só. Isso porque a leitura estabelecerá relações com os desafios da vida. Seja no que for, não se deve temer o fracasso. O que se deve temer é desistir de se desafiar. Dr. Daisaku Ikeda Trecho da série de poemas, ensaios, orientações e fotos do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, publicada dia 22 de julho de 2018 na capa do jornal Seikyo Shimbun. No topo: Palmeira tremula com a brisa do mar, que brilha com sua cor esmeralda. Foto foi tirada por Ikeda sensei, durante uma visita ao Havaí, Estados Unidos, em julho de 1995 Foto: Seikyo Press
01/12/2023
Especial
TC
Com os incentivos de Ikeda sensei no coração, trilhemos juntos a eterna jornada de mestre e discípulo
Juventude de devoção abnegada em propagar a Lei, protegendo seu venerado mestre A longa expedição pelo kosen-rufu, ou seja, pela paz mundial, começa com o solene encontro entre mestre e discípulo. No dia 14 de agosto de 1947, Ikeda sensei, então com 19 anos, participa de uma reunião de palestra no distrito de Ota, em Tóquio, Japão. Movido pela convicção e pela personalidade de Toda sensei, converte-se ao budismo dez dias depois, em 24 de agosto. Em agosto de 1950, diante da difícil situação de seus negócios, em uma época conturbada do pós-guerra, Toda sensei anuncia sua decisão de renunciar ao cargo de diretor-geral da Soka Gakkai. Enquanto muitos membros se afastam de Josei Toda, Ikeda sensei registra seu juramento de jamais abandoná-lo em um poema waka: Servirei ao mestre como servi no passado por uma mística relação. Ainda que os outros mudem eu jamais mudarei.1 “Mesmo que existam muitos que, esquecendo-se da gratidão ao mestre, mudem, eu jamais mudarei” — em meio à árdua luta de devoção abnegada para propagar a Lei, mestre e discípulo sobrepujam dificuldades extremas. No dia 3 de maio de 1951, após superar difíceis circunstâncias, Toda sensei toma posse como segundo presidente da Soka Gakkai. Declara altivamente o objetivo de propagação do budismo para 750 mil famílias, fazendo com que a Soka Gakkai marque um inédito avanço. Na ocasião, o número de membros da organização era de 3 mil pessoas. Todos interpretaram tal objetivo como um sonho para um futuro distante, mas Ikeda sensei, fazendo arder em si a chama para concretizar o ideal do mestre, concretiza, ele próprio, seu shakubuku, marcando o primeiro passo rumo à concretização da meta lançada. Então, a partir de intensos esforços nos Distritos Kamata e Bunkyo, em Tóquio, em Sapporo, em Osaka, em Yamaguchi, entre outras localidades, Ikeda sensei ergue a torre dourada da expansão. Finalmente, em dezembro de 1957, a Soka Gakkai alcança as 750 mil famílias. Se houver um único discípulo verdadeiro, o kosen-rufu poderá ser realizado infalivelmente! Ikeda sensei proclamou: “Na minha época na Divisão dos Jovens, eu também lutei e lutei. Sempre protegi a Soka Gakkai e Toda sensei. Esse é o aspecto verdadeiro da relação de mestre e discípulo. (...) As três gerações de mestre e discípulo Soka batalharam devotando a vida e venceram. Não há glória afastando-se do caminho de mestre e discípulo”. Expansão das flores humanas emergidas da terra para 192 países e territórios Pouco antes de seu falecimento, Toda sensei disse ao jovem Daisaku Ikeda: “Como eu quero viajar para o mundo, para a jornada do kosen-rufu. (...) O mundo é seu desafio, seu verdadeiro palco”.2 No dia 2 de outubro de 1960, Ikeda sensei parte do Aeroporto de Haneda, em Tóquio, com o firme propósito de concretizar o sonho do kosen-rufu mundial confiado por seu venerado mestre. Esse momento assinala o primeiro passo de suas viagens pela paz. Em 24 dias, ele faz históricas visitas a nove cidades dos Estados Unidos, além do Canadá e do Brasil. Encorajando plenamente cada pessoa que estava diante de seus olhos, funda dois distritos e dezessete comunidades. Sensei relembra: “Se houvesse um único membro, eu queria incentivá-lo, mesmo que fosse em um lugar longínquo, e tivesse de encontrá-lo procurando por todas as partes. Tal como o rio se forma a partir de uma única nascente, a grande correnteza da paz mundial poderia ser criada a começar por essa única pessoa”. Por ocasião da conferência de fundação da Soka Gakkai Internacional (SGI), realizada em Guam, no dia 26 de janeiro de 1975, Ikeda sensei clama: “Em vez de buscarem aclamação ou glória pessoal, espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística em todo o mundo. Farei o mesmo”.3 Ele visitou 54 países e territórios. Liderou o grande movimento popular pela paz, cultura e educação, embasado no pensamento budista do respeito pela dignidade da vida. A rede solidária Soka se expandiu para 192 países e territórios, e a legião de flores humanas emergidas da terra no exterior chegou a 3 milhões de pessoas. Recebemos a época em que o som do daimoku envolve todo o globo terrestre. Em 2 de dezembro de 1964, nosso mestre começa a escrever o romance Revolução Humana, com o desejo de “transmitir corretamente a verdade sobre Toda sensei para a posteridade”. Em 6 de agosto de 1993, inicia a escrita do romance em série Nova Revolução Humana, concluindo-o nesse mesmo dia, em 2018. Por mais de meio século, o presidente Ikeda escreveu sobre a essência da relação de mestre e discípulo Soka e, utilizando o poder da escrita, continuou encorajando os membros do mundo. “Quantas coisas se pode deixar para a posteridade? Quanto um ser humano consegue realizar? Esse é o meu desafio”. Este era o real sentimento de Ikeda sensei enquanto se dedicava às suas atividades de escrita, a começar pelo romance Nova Revolução Humana Ações pela paz, diálogos sobre humanismo Ikeda sensei declarou: “Eu o farei! Darei tudo de mim para iniciar uma grande onda de diálogo pelo mundo em prol da paz. Devo unir o mundo por meio da filosofia do humanismo budista”.4 Desde a sua posse como terceiro presidente da Soka Gakkai, o presidente Ikeda percorreu o mundo e criou a rede solidária de bons cidadãos que desejam a paz. Com a convicção de que “o poder do diálogo se torna a força para a paz que cria a época”, promoveu sucessivos diálogos com líderes de nações, intelectuais e homens da cultura. Entre eles, destacam-se o historiador do século 20, Dr. Arnold J. Toynbee, o primeiro-ministro Zhou Enlai da China, o presidente Mikhail Gorbachev da União Soviética e o presidente Nelson Mandela da África do Sul, entre outros. Pelo bem da posteridade, Ikeda sensei travou cerca de oitenta diálogos com intelectuais e personalidades, compilados na forma de livros. Também proferiu 32 palestras em universidades e instituições acadêmicas do mundo, incluindo a Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Em 1968, com a disposição de criar uma ponte de paz na Ásia e no mundo como um cidadão comum, o presidente Ikeda apresenta a Proposta de Normalização das Relações Diplomáticas Sino-Japonesas, clamando pela mais breve restauração das relações entre China e Japão. Além disso, nos anos 1974 e 1975, durante a Guerra Fria, viaja sucessivamente para a China, a União Soviética e os Estados Unidos, conduzindo diálogos para aliviar as tensões existentes na época. Com o intuito de promover o espírito da Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, elaborada por seu venerado mestre, Josei Toda, Ikeda sensei publica diversas propostas, em particular, as Propostas de Paz comemorativas a cada Dia da SGI, em 26 de janeiro, num total de quarenta edições a partir de 1983. Apoia consistentemente as atividades das Nações Unidas, o parlamento da humanidade, difundindo, de forma contínua, a filosofia da esperança, visando à abolição das armas nucleares, à prevenção do choque entre civilizações e à solução da crise climática. Adicionalmente, criou o Instituto Toda pela Paz; o Instituto de Filosofia Oriental; o Centro Ikeda para a Paz, a Aprendizagem e o Diálogo, nos Estados Unidos; o Instituto Soka Amazônia, no Brasil; entre outros, apoiando a correnteza da criação da paz a partir das pesquisas acadêmicas. “Quero acabar com a miséria da face da Terra” — as chamas do juramento seigan confiadas por Toda sensei ao nosso mestre são agora herdadas pelos discípulos Ikeda do mundo inteiro. Consolidando as bases da educação e da cultura no mundo Com frequência, Ikeda sensei dizia que “a educação era o empreendimento final de sua vida”. Mantinha a inabalável crença de que, para construir uma sociedade pacífica, não havia outra forma a não ser por meio da criação de jovens que se encarregariam do futuro. A Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor] foi fundada como Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor] pelos educadores Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, em 18 de novembro de 1930. Ambos os mestres desejavam criar, algum dia, uma instituição educacional Soka e foi Ikeda sensei quem realizou esse desejo. Em 1968, foi inaugurado o Colégio Soka, de ensinos fundamental 2 e médio, em Kodaira, Tóquio. Em 2 de abril de 1971, foi inaugurada a Universidade Soka, em Hachioji, Tóquio. Era o ano do centenário de nascimento de Makiguchi sensei e o dia do aniversário de falecimento de Toda sensei. Em 1973, Ikeda sensei funda o Colégio Feminino Soka, de ensinos fundamental 2 e médio (atual Colégio Soka de Kansai, de ensinos fundamental 2 e médio), em Katano, Osaka. Ele cria sucessivamente a Escola Soka de Educação Infantil de Sapporo, a Escola Soka de Ensino Fundamental 1 de Tóquio, a Escola Soka de Ensino Fundamental 1 de Kansai e a Faculdade Feminina Soka. Em 2001, funda a Universidade Soka da América. Também foram criadas escolas de educação infantil em Hong Kong, Singapura, Malásia e Coreia do Sul, além da escola de educação infantil de Sapporo. O Colégio Soka do Brasil abrange desde a educação infantil até o ensino de nível médio. Em agosto deste ano [2023], foi realizado o tão aguardado ingresso da primeira turma do Colégio Internacional Soka da Malásia. As escolas Soka continuam criando cidadãos do mundo que contribuem para a felicidade da humanidade. Ikeda sensei veio dedicando esforços também na promoção da cultura, com o sentimento de “somente a cultura pode criar a grande tendência para interromper os conflitos e elevar o coração das pessoas em direção à paz”. Em 1963, funda a Associação de Concertos Min-On e, em 1983, o Museu de Arte Fuji de Tóquio. A Min-On já realizou intercâmbios com 112 países e territórios, e um total de 120 milhões de pessoas assistiu às apresentações que organizou. O Museu de Arte Fuji de Tóquio orgulha-se de possuir um acervo de 30 mil itens e já realizou cinquenta exposições especiais de intercâmbio cultural internacional. Assim, essas instituições abriram para o povo a “melhor música” e o “esplendor da arte”, que são tesouros comuns de toda a humanidade, e vêm unindo os corações das pessoas com o poder da arte e da cultura. Cronologia da vida de Ikeda sensei 2 de janeiro de 1928 — Nascimento no atual distrito de Ota, em Tóquio. 14 de agosto de 1947 — Participação em reunião de palestra da Soka Gakkai. Encontro com seu mestre da vida, Josei Toda. 24 de agosto de 1947 — Conversão e ingresso na Soka Gakkai. Janeiro de 1952 — Nomeação como secretário executivo do Distrito Kamata. Liderança na propagação da Campanha de Fevereiro. 3 de maio de 1952 — Casamento com Kaneko 2 de janeiro de 1953 — Nomeação como responsável pelo Primeiro Distrito da Divisão Masculina de Jovens. 20 de abril de 1953 — Nomeação como responsável substituto pelo Distrito Bunkyo. 30 de março de 1954 — Nomeação como coordenador de staff da Divisão dos Jovens. Julho de 1956 — Vitória como responsável pela campanha para as eleições da Câmara Alta (distrito eleitoral regional de Osaka). Registra a histórica vitória da “realização do inacreditável”. 9 de outubro de 1956 — Início da orientação para o desenvolvimento de Yamaguchi. Liderança na campanha de propagação. 16 de março de 1958 — Cerimônia Comemorativa do Kosen-rufu. Toda sensei confia-lhe o bastão espiritual do movimento pelo kosen-rufu. 2 de abril de 1958 — Falecimento de Toda sensei, aos 58 anos. 30 de junho de 1958 — Nomeação para diretor. Liderança prática da Soka Gakkai. 3 de maio de 1960 — Posse como terceiro presidente da Soka Gakkai. 2 de outubro de 1960 — Partida rumo à sua primeira viagem ao exterior. 18 de outubro de 1963 — Fundação da Associação de Concertos Min-On. 17 de novembro de 1964 — Fundação do Partido Komei. 2 de dezembro de 1964 — Início da escrita do romance Revolução Humana. Abril de 1968 — Inauguração do Colégio Soka, de ensinos fundamental 2 e médio, em Kodaira, Tóquio. 8 de setembro de 1968 — Anúncio da Proposta de Normalização das Relações Diplomáticas Sino-Japonesas na Convenção da Divisão dos Universitários. 2 de abril de 1971 — Inauguração da Universidade Soka. 5 de maio de 1972 — Primeiro diálogo com o historiador Dr. Arnold J. Toynbee, na residência deste em Londres. 26 de janeiro de 1975 — Fundação da Soka Gakkai Internacional (SGI) e posse como seu presidente. 24 de abril de 1979 — Posse como presidente honorário da Soka Gakkai. 25 de janeiro de 1983 — Comemorando o dia 26 de janeiro, Dia da SGI, publica no Seikyo Shimbun sua Proposta de Paz, intitulada Nova Proposta para a Paz e o Desarmamento. 8 de agosto de 1983 — Recebe a Medalha da Paz das Nações Unidas. 3 de novembro de 1983 — Fundação do Museu de Arte Fuji de Tóquio. Abril de 1985 — Inauguração da Faculdade Feminina Soka. 6 de agosto de 1993 — Início da escrita do romance Nova Revolução Humana. 26 de junho de 1996 — Visita à Costa Rica, na América Central, 54o país ou território visitado. 3 de maio de 2001 — Inauguração da Universidade Soka da América. 23 de abril de 2008 — Na Reunião de Líderes da Soka Gakkai é feito o anúncio de que a SGI alcançou 192 países e territórios. 5 de novembro de 2013 — Consagração do Gohonzon no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. 6 de agosto de 2018 — Término da escrita dos trinta volumes do romance Nova Revolução Humana (junto com o romance Revolução Humana, totaliza 7.978 publicações em série no jornal Seikyo Shimbun). 28 de abril de 2022 — Outorga do título de doutor honoris causa em pedagogia pela Universidade Nacional Chungbuk, da Coreia do Sul, seu 400o título acadêmico honorário. 15 de novembro de 2023 — Falecimento aos 95 anos. Fotos: Seikyo Press Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 4, p. 244, 2023. / 2. Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 10, 2019. / 3. Ibidem, v. 21, p. 38, 2019. / 4. Ibidem, v. 16, p. 152, 2021.
01/12/2023
Editorial
TC
De que modo o diálogo transforma as relações humanas
Há 93 anos, em novembro de 1930, a Soka Gakkai [denominada no princípio de Soka Kyoiku Gakkai] era fundada no Japão pelos educadores Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, respectivamente, primeiro e segundo presidentes da organização. De início, as atividades da Soka Gakkai consistiam em reuniões de um pequeno grupo de educadores dedicados à reforma educacional. No entanto, após se converter ao Budismo Nichiren, por intermédio de Sokei Mitani (1878–1932), diretor da Escola Comercial Mejiro, Makiguchi sensei teve sua trajetória de vida fortemente impactada. Pouco tempo depois, Josei Toda também começa a prática budista por recomendação de Tsunesaburo Makiguchi. No budismo, eles encontraram fundamentos, princípios e valores que os possibilitariam instituir, de fato, um movimento pela reforma social, não somente pela educação, mas a partir da transformação de cada indivíduo alicerçada na prática budista. E uma das principais iniciativas de Makiguchi sensei e de Toda sensei foi estabelecer a reunião de palestra como foro de diálogo de encorajamentos mútuos. A respeito da importância de diálogos construtivos, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, discorre: Estou engajado em contínuos diálogos com muitos importantes pensadores e mentes criativas de todo o mundo porque acredito que o diálogo seja a chave para o futuro da humanidade. No diálogo, todas as partes são iguais. Não há superior ou inferior. O diálogo é o intercâmbio de ideias num nível humano e pessoal. Nem a posição social nem o título importam. Todos nós somos seres humanos. O diálogo é a expressão concreta de nossa humanidade.1 Em meio ao ritmo intenso da vida cotidiana, muitas vezes conflitantes com as demandas tecnológicas, imprimir o diálogo com as pessoas ao redor pode parecer custoso. Contudo, assim como dito por Ikeda sensei, “O diálogo é a expressão concreta de nossa humanidade”.2 E expandir as ondas da sinceridade, da empatia e do empoderamento humano, pelas forças das palavras, é o que os tempos presentes requerem para a edificação de um mundo melhor. Dessa forma, a matéria de Capa do mês apresenta o diálogo como importante instrumento para fortalecer as relações humanas. Leia também a editoria Na Prática e saiba como a prática budista nos ajuda a superar momentos de profundo sofrimento. Assim como as tormentas ultrapassadas por Marie Curie, protagonista da Série da edição — desde a tenra idade, ela enfrentou momentos de grande provação, mas sua valentia e coragem fizeram-na desbravar grandes feitos, sendo um deles a primeira mulher a ser laureada com o Nobel. Estimado leitor, com a expectativa de que cada página possa inspirá-lo a trilhar caminhos ainda mais edificantes, desejamos excelente leitura! Redação Ilustração: Getty Images Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.380, 31 ago. 1996, p. 4. Acesse o link e assista ao documentário do Dia da Soka Gakkai. Dia da Soka Gakkai
01/11/2023
Pensamento
TC
É exatamente por contar com a boa leitura impressa
É exatamente por contar com a boa leitura impressa que se consegue fazer profundas reflexões e também fortalecer o cérebro. (...) Se decair a “correta cultura da letra impressa”, que começa a partir de bons livros, secará totalmente a fonte do espírito para o ser humano seguir como verdadeiro ser humano. Dr. Daisaku Ikeda Trecho da série de poemas, ensaios, orientações e fotos do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, publicada dia 19 de agosto de 2018 na capa do jornal Seikyo Shimbun. No topo: Nuvens de verão despontam no céu. Resplandece o verde do planalto iluminado pelos raios do sol. Foto registrada por Daisaku Ikeda, presidente da SGI, em visita ao Centro de Treinamento de Jovens de Nagano, Kirigamine, Japão, em agosto de 1992 Foto: Seikyo Press
01/11/2023
Especial
TC
Um novo humanismo para o próximo século (Parte 1)
Pontos abordados nesta publicação • O século 20 diminuiu a “distância espacial” e o século 21 acabará com a “distância do coração” • Aprenda com a “revolução espiritual” de Ashoka, o Grande • Do “domínio pela força” ao “domínio pelo Darma (Lei)”. Cenário histórico e significado da palestra O presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, palestrou a convite do Instituto de Estudos Contemporâneos Rajiv Gandhi, da Índia, em 21 de outubro de 1997. Naquela época, o mundo enfrentava vários desafios, incluindo questões como armas nucleares, conflitos étnicos crescentes, problemas ambientais como o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio, bem como aumento das disparidades econômicas entre o Norte e o Sul. Além disso, a disseminação da Aids e dos narcóticos estava se tornando uma preocupação cada vez mais séria. O que pode curar um mundo tão violento? — sensei discutiu a respeito vislumbrando o século 21 vindouro com o tema “Rumo ao Século do ‘Novo Humanismo’”. No início, ressaltou que, embora a “distância espacial” tenha desaparecido com o desenvolvimento científico e tecnológico no século 20, a “distância do coração” não diminuiu em nada, referindo-se ao fato de ter sido um século de assassinatos em massa. Ressaltou a necessidade de uma “nova filosofia” que atendesse à “nova realidade”. Afirmando que era muito provável que os Estados Unidos, a China e a Índia desempenhassem papel central no século 21, externou sua expectativa de que a Índia prosperasse e crescesse principalmente devido à estabilidade global. Ele enfatizou que o espírito da “não violência” que pulsa na Índia, praticado pelo rei Ashoka e por Mahatma Gandhi, é o pensamento que conduzirá o mundo. Ele conclamou pelo estabelecimento do “humanismo universal” que tenha como regra de ouro “não matar” e declarou que é a força da “educação” que transformará isso em realidade. O Dr. Abid Hussain, vice-presidente do instituto, disse, após ouvir a palestra: “Shakyamuni, a ‘luz da Ásia’, de fato nasceu na Índia. Mas essa luz deslumbrante foi herdada pelo Japão, e o Dr. Ikeda a tornou ainda mais resplandecente”. Um novo humanismo para o próximo século (Parte 1) Discurso proferido no Instituto de Estudos Contemporâneos Rajiv Gandhi, Nova Délhi, 21 de outubro de 1997 É, de fato, uma honra e um privilégio falar diante deste público excepcional nesta ocasião com que fui agraciado hoje. Agradeço profundamente o convite estendido a mim pela Fundação Rajiv Gandhi, que busca dignificar e preservar a memória desse grande homem [Rajiv Gandhi] por meio das múltiplas e diversificadas iniciativas dele. Particularmente, nutro profundo respeito pelo falecido primeiro-ministro e isso intensifica de forma incomensurável meus sentimentos no dia de hoje. Quero expressar especial gratidão à presidente Sonia Gandhi, ao vice-presidente do Instituto Rajiv Gandhi para Estudos Contemporâneos, Dr. Abid Hussain, e a todos aqueles cujo apoio e compreensão tornaram possível este ensejo. Há doze anos, em 1985, tive a oportunidade de me encontrar com o primeiro-ministro Rajiv Gandhi no Japão. A recordação daquele radiante dia de outono permanece viva em meu coração até agora. As seguintes palavras de Rajiv Gandhi, proferidas perante o Congresso dos Estados Unidos, expressam o olhar claro e sereno que ele dirigia ao século 21: “Sou jovem, e eu também tenho um sonho. Sonho com uma Índia forte, independente, autoconfiante e na linha de frente das nações do mundo no serviço à humanidade”.1 Rajiv Gandhi, cujos olhos sempre estavam voltados para o século vindouro, tinha grande aversão ao que era antigo e ultrapassado. Isso não significa, obviamente, que ele desprezasse aquilo que se tornara defasado no contexto da civilização material. O antiquado que ele abominava tinha o sentido oposto a esse. Naturalmente, a tecnologia alcançou avanços extraordinários. Ela me permitiu chegar à Índia no mesmo dia em que parti do Japão, uma viagem que, no passado, demandaria meses ou até anos. O grande historiador Arnold J. Toynbee certa vez descreveu a característica saliente da era moderna como a “distância aniquiladora”.2 Ao longo deste século, o mundo se tornou cada vez mais próximo e “menor”. Hoje, as tecnologias da comunicação possibilitam uma conexão instantânea com o mundo inteiro. Apesar do grande aumento desse tipo de conectividade, o século 20 testemunhou um massacre sem precedentes da humanidade por parte dela mesma. Em outras palavras, a distância espiritual entre os seres humanos, longe de ser “aniquilada”, praticamente não teve redução alguma. A humanidade não correspondeu às novas realidades. Era isso, mais que tudo, que Rajiv Gandhi considerava obsoleto. Possuímos recursos e capacidades essenciais para eliminar a pobreza e a fome da face da Terra. No entanto, persistimos em desperdiçar vastos recursos no desenvolvimento nuclear e em outras armas de destruição em massa. Tal comportamento também é antiquado. A humanidade se encontra num impasse. Deparamo-nos com uma realidade inteiramente nova, sem comparações, intransigente. Num mundo de mudanças vertiginosamente rápidas, ainda temos de desenvolver novos estilos de vida, novas maneiras de pensar e novas formas de nos relacionar uns com os outros que atendam às necessidades da nova era. Esse é o principal desafio diante do mundo atual; uma conjuntura que poderia ser interpretada como uma demanda, um chamado para a ação, ecoando de volta para nós a partir do século 21. Ninguém ouviu com tanta atenção esse toque dos clarins do futuro quanto Rajiv Gandhi. Hoje, enquanto honramos a preciosa memória desse visionário primeiro-ministro, desejo compartilhar alguns pensamentos sobre a concepção de um novo humanismo para o próximo século. Da perspectiva do presente, o futuro parece obscuro e incerto. No entanto, se nos distanciarmos um pouco e adotarmos uma visão mais macroscópica, poderemos postular o surgimento de três países importantíssimos — China, Estados Unidos e Índia — que desempenharão papéis fundamentais no mundo no século 21. Essa dinâmica poderia ser comparada ao design do antigo bule de três pés, que não pode permanecer de pé sobre dois pés, mas adquire estabilidade sobre três. Um dos clássicos da literatura chinesa é o Romance dos Três Reinos. A obra descreve a tentativa de estabelecer a paz em meio a um conflito entre dois poderes. Isso ocorre ao se instituir um terceiro país para criar um novo e pacífico equilíbrio. Aprofundando-nos nessa lição da antiguidade, podemos observar que um mundo dominado por duas grandes potências tenderá inevitavelmente ao conflito, ao passo que o surgimento de uma terceira poderá abrir o caminho para o diálogo e o contato contínuos, movendo o mundo inteiro em direção à paz. Essa espécie de ordem pode ser entendida como ideal ou visão de paz mundial. Também pode abrir o caminho para uma federação mundial que efetivamente garanta a paz e previna conflitos. Nesse sentido, a contínua prosperidade e o desenvolvimento da Índia possuem uma importância indiscutivelmente vital para a estabilidade do mundo. É por essa razão que muitas pessoas — incluo-me aí — observam com grande esperança a Índia pronta para dar um dramático salto no século 21, apoiada pelo mercado econômico e pela tecnologia avançada. Há uma forte expectativa por uma nova e brilhante “Renascença Indiana”. Ao mesmo tempo, acredito que a mensagem de não violência da Índia contém um significado primordial agora e no futuro. A Índia já está demonstrando a direção para a qual o mundo deve se mover. Um pensador japonês descreveu o século 21 como um século de arrependimentos. Na verdade, a humanidade iniciou este século com passos garbosos e repleta de confiança na certeza do progresso. O que na realidade a aguardava era um período de megadeath nunca antes visto, de destruição do meio ambiente e de crescente e vergonhosa disparidade entre os ricos e os pobres do planeta. “Onde foi que erramos?”, há que se perguntar. “Em que rotatória nos desviamos tão fatalmente?” Quando consideramos o panorama psíquico da humanidade no fim do século, a imagem de Ashoka, o Grande (c. 273 a.E.C.), extraordinário soberano da Índia antiga, inevitavelmente vem à lembrança. Entre os incalculáveis monarcas que o mundo conheceu, ele foi de fato um rei sem igual. Recordo-me dos elogios irrestritos despejados sobre esse rei e suas conquistas pelo Prof. Toynbee e pelo conde Coudenhove-Kalergi, um dos primeiros proponentes da União Europeia. Também tive o prazer de discutir o reinado de Ashoka com importantes pensadores como André Malraux, Linus Pauling e Henry Kissinger. Entre os éditos do rei Ashoka, existe um que expressa seu profundo remorso e contrição: “Esse é um assunto de profunda tristeza e arrependimento (...)”.3 Qual a razão de seu remorso? Que motivos teria esse rei tão poderoso, que uniu a Índia, para se arrepender? É desnecessário dizer que se tratava da conquista de Kalinga. Esse estado vizinho estava se desenvolvendo rapidamente, emergindo como uma potência por mérito próprio, quando Ashoka o invadiu. Suas tropas obtiveram uma vitória avassaladora; a conquista foi total. Entretanto, o sofrimento que acompanhou essa vitória também foi avassalador; um preço demasiadamente alto pago com vida e derramamento de sangue. Estima-se que 100 mil indivíduos morreram em combate em Kalinga e 150 mil foram feitos prisioneiros. Vítimas civis ultrapassaram várias vezes essa quantidade. Um número indescritível de pessoas foi forçado a abandonar sua terra natal para ser relegado a uma vida errante e incerta como refugiado. É quase possível ouvir o choro e o lamento dilacerantes que preenchiam a terra quando as pessoas eram arrancadas de perto umas das outras, pais separados dos filhos para sempre, esposas dos maridos, professores dos alunos, amigos dos amigos. Diante desse quadro sombrio, o rei Ashoka experimentou um remorso insuportável que o atormentou profundamente. “Qual o objetivo dessa conquista?”, deve ter se perguntado. “Qual a finalidade de expandir o território sob meu controle? Por que fazer uso de tanta força? O propósito da vida não é ser feliz? A vida não é preciosa e insubstituível? Qual o significado da guerra, que provoca tamanha devastação e destruição? Por que as pessoas têm de matar umas às outras?” De tempos longínquos, quase posso ouvir o pranto da alma do rei Ashoka. Entretanto, nosso século testemunhou tragédias iguais a que comoveu tão profundamente o rei Ashoka se repetirem centenas e milhares de vezes. É por essa razão, acima de todas as outras, que devemos aprender as lições sobre a mudança processada no coração dele. O remorso de Ashoka não foi marcado por meias medidas. Ele se repreendeu implacavelmente. Então, num lampejo de compreensão, percebeu que a vitória da força não é a vitória verdadeira. O que ela, de fato, assinala é a derrota como ser humano. É inteiramente vazia e desprovida de valor. O grande rei entendeu que não é a conquista pela força, mas a conquista pelo Darma que representa a vitória genuína. Permitam-me observar que, quando falo de força, não estou me referindo somente à força militar, mas também ao peso do poder econômico superior. A palavra “Darma” naturalmente tem vários significados, entre os quais “verdade”, “justiça” e “virtude”. O poeta sábio Rabindranath Tagore afirmou que Darma era a palavra mais próxima do real sentido de civilização. Mahatma Gandhi, pai da independência da Índia, usava o termo gujuráti sudharo, que significa “boa conduta”, como sugestão do sentido original de civilização. Pautando-me por esses insights, gostaria de apresentar minha visão de que o Darma pode ser mais bem entendido como genuína civilização, como caminho da humanidade, o verdadeiro humanismo. Dessa forma, a revolucionária mudança que ocorreu no coração de Ashoka, o Grande, transformou a batida dos tambores de guerra numa sinfonia de humanismo baseada no Darma. O tema central da minha vida é este: “A grandiosa revolução humana de uma única pessoa, um dia, impulsionará a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade”. O rei Ashoka é realmente um modelo desse princípio em ação. O rei Ashoka não era um sonhador, mas um homem de ação. “Humanismo passivo” é, em si, uma contradição. O grande rei instaurou um experimento inédito com base numa filosofia inteiramente nova, uma visão completamente nova. As políticas do rei se concentravam no bem-estar dos cidadãos. Por intermédio delas, ele buscou implementar o espírito de prezar a vida acima de tudo, de atribuir à vida o mais alto valor. Ele construiu instalações de tratamento médico não apenas para pessoas, mas também para animais. Promoveu o cultivo de ervas medicinais benéficas e o plantio de árvores à beira das estradas, preservando e protegendo, assim, o meio ambiente natural. Incentivou a escavação de poços e a construção de casas de repouso para viajantes. Instituiu o posto de ministro de assuntos referentes às mulheres para atender às necessidades e às solicitações específicas delas. Apesar de ele próprio ser um devotado seguidor do budismo, nunca negou e sempre respeitou os valores espirituais de todas as religiões. O reinado dele foi um exemplo raro no mundo antigo que garantia a liberdade religiosa. Para sustentar tais políticas humanísticas, é necessária uma forte base econômica. Com esse intuito, Ashoka aprimorou a rede de transporte e expandiu o comércio com as regiões hoje conhecidas como Grécia e Oriente Médio. Ao mesmo tempo, empenhou-se para reduzir a disparidade econômica praticando a ética econômica de distribuição equitativa, a qual havia sido demonstrada pelo buda Gautama. Ao obter a sabedoria para discernir os fins apropriados para os quais o poder deve ser exercido, Ashoka passou a agir sem hesitação. Ele tomou medidas positivas para promover o intercâmbio cultural com outros países. Adotou uma política de diplomacia pacífica, enviando emissários da paz ao Oeste, para a Síria, o Egito e a Macedônia. Afirma-se que, em cada país que esses emissários visitaram, a postura e a conduta compassiva deles os habilitaram a transcender diferenças de idioma e de costumes. Um erudito descreveu as atividades deles como “corpo da paz do mundo antigo”. Mediante esses e outros atos, o humanismo do grande rei ligou as pessoas do mundo num laço de amizade e de compreensão mútua. Suas conquistas se mantêm inquestionáveis nos anais da história. Os esforços de Rajiv Gandhi, primeiro-ministro indiano a visitar a China em 34 anos e a buscar a amizade com o Paquistão, são um exemplo similarmente insigne de inspirada diplomacia da paz. Por diversas vezes, tive o prazer de conversar com Mikhail Gorbachev, ex-presidente da União Soviética. O presidente Gorbachev revelou-me os sentimentos por trás da Declaração de Nova Délhi, que Rajiv Gandhi emitiu em novembro de 1986, delineando princípios para um mundo livre de violência e de armas nucleares. Ele relembrou a oposição incondicional ao terrorismo que manifestaram em sua coletiva de imprensa conjunta após a declaração e disse que considerava Rajiv excelente e querido amigo. O presidente Gorbachev também expressou seu profundo respeito pela Índia, descrevendo o povo de lá como possuidor de poderosa empatia pelo sofrimento do próximo e forte aspiração pela paz, liberdade e justiça. Considero o rei Ashoka, Mahatma Gandhi, Pandit Jawaharlal Nehru e Rajiv Gandhi líderes que procuraram implementar essa aspiração, esse anseio pela paz, liberdade e justiça, em meio às realidades políticas do nosso mundo. Eles, contudo, jamais adaptaram seus ideais de não violência para se ajustar às realidades que tinham diante de si. Pelo contrário, os esforços deles se baseavam na compreensão de que a violência não resolve nada, ela só piora e torna qualquer problema ainda mais irremediável. Baseavam-se na compreensão de que a não violência constitui, de fato, a política mais realista. No topo: Nova Délhi, Índia Foto: Getty Images Notas: 1. GANDHI, Rajiv. Friends in Human Causes [Amigos em Causas Humanas]. In: Rajiv Gandhi: Selected Speeches and Writings [Rajiv Gandhi: Coletânea de Discursos e Textos]. Nova Délhi: Departamento de Publicações, Ministério da Informação e Radiodifusão, Governo da Índia, v. 1, p. 335, 1987-1991. 2. TOYNBEE, Arnold J. A Study of History [Um Estudo da História]. Londres: Oxford University Press, v. 12, p. 109, 1954-1961. 3. Rock Edict XIII. In: The Edicts of Ashoka [Os Éditos de Ashoka]. SMITH, Vincent A. (ed.). Nova Délhi: Munshiram Manoharlal Publishers Pvt. Ltd., 1992. p. 18-19. Acesse o link e ouça, no podcast do BS+, o capítulo “Índia” do volume 3, da Nova Revolução Humana, no qual encontrará detalhes da vida do rei Ashoka. Capítulo "Índia"
01/11/2023
Reflexões Sobre a NRH
TC
[108] A história da Perseguição de Atsuhara (Parte 1)
Em 1979, ano em que se encerrou o primeiro ciclo dos “Sete Sinos”, recebemos o Dia 3 de Maio — data que deveria ser comemorada com grande alegria — com a Soka Gakkai enfrentando uma perseguição em prol da Lei. Essa perseguição foi perpetrada por clérigos corruptos, conforme Nichiren Daishonin havia predito: Uma imensurável multidão de sacerdotes, que, usando todos os demais sutras, tratarão de derrubar o devoto [do Sutra do Lótus]. Se ainda assim não der resultado, possuirá um eminente sacerdote que observa os duzentos e cinquenta preceitos e as três mil regras de conduta e, por essa via, irá persuadir o soberano e enganar a consorte real para conseguir que o devoto seja exilado ou que atente contra sua vida.1 Essa foi uma luta entre uma autoridade religiosa corrupta, presa a tradições e aliada a políticos, e uma nova e revigorante força pela verdade e justiça enraizada na vida das pessoas. Em todas as revoluções religiosas da história, isso sempre ficou evidente. As forças retrógradas, não tolerando nenhum movimento popular em ascensão, arquitetam inúmeros planos e esquemas para reprimi-lo. Foi assim nos dias de Shakyamuni e, de forma ainda mais acentuada, nos tempos de Nichiren Daishonin. A época tumultuada antes e depois da minha renúncia como presidente da Soka Gakkai mergulhou muitos de nossos membros na confusão e na dúvida. Nessas circunstâncias, a história da Perseguição de Atsuhara serviu como um guia para mim. Os Três Mártires de Atsuhara foram decapitados em 1279. Então, realmente foi uma coincidência mística que a perseguição cruel do clero contra a Soka Gakkai, uma espécie de “decapitação espiritual”, tenha ocorrido exatamente setecentos anos após esse período. No escrito A Seleção do Tempo, Nichiren Daishonin adverte: “Os monges corruptos que se desenvolvem no corpo de meus ensinamentos são os únicos capazes de destruir as doutrinas que o Buda tanto se empenhou em estabelecer ao longo de três grandes asamkhya de kalpa”.2 A Perseguição de Atsuhara também foi causada por clérigos corruptos. Os templos da escola Tendai da época, que deveriam fazer o máximo para proteger e transmitir os verdadeiros ensinamentos do budismo, transformaram-se em focos de intriga. O espírito do grande mestre Tiantai, fundador da escola Tiantai da China, e o do grande mestre Dengyo, fundador da escola Tendai no Japão, haviam sido perdidos, e os postos mais elevados nos principais templos foram ocupados por descendentes da aristocracia. Os templos deixaram de ser locais de pura prática religiosa, degenerando-se em instituições vazias nas quais a autoridade do manto clerical era usada para controlar e dominar as pessoas. Os clérigos de elevada posição dos mais importantes templos da escola Tendai no distrito Fuji, província de Suruga [que atualmente faz parte da província de Shizuoka, onde a vila de Atsuhara estava localizada] eram todos corruptos incorrigíveis. Assim eram em templos como o Jisso-ji, que Nichiren Daishonin visitou para pesquisar em sua biblioteca de sutras; o Shijuku-in, em que Nikko Shonin estudou e praticou [os ensinamentos do budismo] quando menino; e o Ryusen-ji [na própria vila de Atsuhara, onde ocorreu a perseguição aos seguidores de Nichiren]. O jovem Nikko Shonin criticava rigorosamente as transgressões desses clérigos. Esse é o espírito de Nikko Shonin, que fundou o templo principal Taiseki-ji, e o espírito da Soka Gakkai. Por esse motivo, durante a Segunda Guerra Mundial [apenas uma década após a fundação da Soka Gakkai], nosso primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, advertiu severamente o clero por sua traição aos ensinamentos de Nichiren Daishonin. Makiguchi sensei declarou: “De todas as escolas Nichiren de hoje, a Nichiren Shoshu é a que mais se assemelha à escola Tendai da época de Nichiren Daishonin”. Enquanto Nikko Shonin servia e apoiava Nichiren Daishonin em Izu e em Kamakura com devoção, ele permaneceu registrado como clérigo do templo Shijuku-in e o utilizava como uma base para converter outros clérigos da Tendai. Em 1268, quando estava com 23 anos, Nikko Shonin, em um ato de coragem, apresentou uma petição de 51 artigos ao governo militar, denunciando as transgressões do reverendo prior da Jisso-ji. De acordo com a petição de Nikko Shonin, o reverendo prior negou-se a fazer reparos nos templos, dentre eles o salão principal e a biblioteca de sutras, mesmo quando esses recintos foram seriamente danificados. As ações da seita Nikken, que por capricho destruiu obras arquitetônicas inestimáveis construídas com as sinceras doações de adeptos de coração puro, são ainda mais repreensíveis. Outro artigo da petição acusava o reverendo prior de derrubar uma venerável cerejeira nos terrenos do templo. Nikko Shonin criticava o reverendo prior por cortar cruelmente uma única árvore. Quando soube desse episódio, percebi quanto Nikko Shonin amava cerejeiras, e então doei várias mudas da árvore para ser plantadas no templo principal e para embelezar assim seus terrenos. A seita Nikken, por sua vez, cortou impiedosamente centenas de cerejeiras. Nikko Shonin também advertiu rigorosamente o reverendo prior do templo Jisso-ji por seu comportamento licencioso, mencionando que ele se divertia com prostitutas em seus aposentos e conduzia uma vida devassa. Para piorar: houve a confirmação pela corte de justiça de que o sumo prelado de toda uma escola budista contratou os serviços de uma prostituta! Essa situação deplorável não tem precedentes na história do budismo. Gyochi, assistente do reverendo prior do templo Ryusen-ji e figura central por trás da Perseguição de Atsuhara, era membro da poderosa família Hojo e exerceu sua autoridade impunemente. Ele foi culpado de todas as formas de atos ilícitos e transgressões contra o código clerical da época: apropriou-se do valioso patrimônio do templo em benefício próprio, caçou cervos e outros animais selvagens e envenenou os peixes do lago do templo para vendê-los. Ele se tornou assistente do reverendo prior devido à sua relação com uma família de poder, mas, na verdade, era um vilão cujo comportamento ia além dos limites da decência e do bom senso. Ryusen-ji, como Nichiren Daishonin adequadamente descreveu, estava sob o domínio de “um animal vestido com manto clerical”.3 Após Daishonin retirar-se para o Monte Minobu, Nikko Shonin desempenhou um papel cada vez mais ativo na propagação dos ensinamentos de Nichiren Daishonin no distrito Fuji. Então, gradativamente, ele formou um grupo sólido de seguidores da Lei Mística. Não apenas os três reverendos em Ryusen-ji — Nisshu, Nichiben e Nichizen — se converteram aos ensinamentos de Nichiren Daishonin, um após outro, como também muitos camponeses da vila de Atsuhara, onde Ryusen-ji estava localizado, seguiram o mesmo caminho. Gyochi e outros reverendos de alta posição na área interpretaram isso como uma séria ameaça ao seu poder. Explorando sua autoridade religiosa, eles viviam de forma extravagante com os oferecimentos que recebiam das famílias de samurais da localidade. O aumento do número de seguido- res de Nichiren Daishonin, o qual manteve a supremacia do Sutra do Lótus, ameaçou a autoridade e a sobrevivência daqueles “espíritos famintos devoradores da Lei”.4 Gyochi respondeu formando uma “aliança antilótus” na área para restringir as atividades dos seguidores de Nichiren Daishonin. Juntando forças com os representantes do clã governante Hojo da localidade, as autoridades do gabinete administrativo do feudo Shimogata iniciaram sua perseguição. Juntos, Gyochi e seus comparsas denunciaram os seguidores de Nichiren Daishonin locais, que defendiam o Sutra do Lótus, chamando-os de “não budistas” e de “heréticos”. Eles exigiam que recitassem a Nembutsu [ou seja, o nome do buda Amida, a prática da escola da Terra Pura] — uma contradição incrível, considerando que Gyochi e outros clérigos deveriam sustentar os ensinamentos da escola Tendai, que tinham como base o Sutra do Lótus. A canção da Soka Gakkai Os Três Mártires de Atsuhara (Atsuhara no Sanreshi) diz: Nesses últimos dias, a água é lamacenta: A confusão no budismo é como cordões de cânhamo entrelaçados, O rancor e a futilidade enchem o coração das pessoas Entre os camponeses da vila de Atsuhara Havia bravos jovens que deploravam isso Seus nomes eram Jinshiro de Atsuhara E seus jovens irmãos Yagoro e Yarokuro Embora pouco tempo havia se passado desde que entraram no caminho da fé, Eles avançaram com ardor juvenil e coração puro para propagar os ensinamentos Sua vida é um glorioso hino à Lei Esses três irmãos [Jinshiro, Yagoro e Yarokuro], líderes dos camponeses de Atsuhara que abraçaram a Lei Mística, somente haviam se tornado seguidores de Nichiren Daishonin por volta de 1278. Hoje, na região antes conhecida como Atsuhara, nossos nobres e valentes membros da subprovíncia da Soka Gakkai, Fuji Seigi (Justiça), na província de Shizuoka, empenham-se ativamente em prol do kosen-rufu. Afirma-se que Jinshiro e seus irmãos eram homens de certa cultura e proficientes nas artes militares. Além disso, eram corajosos e íntegros e possuíam um espírito intrépido a quem as pessoas de sua comunidade confiavam e procuravam. A conversão deles exerceu enorme influência sobre os seus conhecidos. “Não tema os poderosos.”5 “Cada um dos senhores deve reunir a coragem do rei leão e jamais sucumbir às ameaças de ninguém”.6 “Digam a elas que se preparem para o pior; que não esperem bons tempos, mas tenham os maus como certos”.7 Por fim, entre as pessoas comuns, surgiram discípulos genuínos que corresponderam às palavras de Nichiren Daishonin, mesmo arriscando a própria vida. Esses heróis do povo corajosamente demonstraram o espírito de “não poupar a própria vida” ensinado no Sutra do Lótus. Esse fato levou o buda Nichiren Daishonin a perceber que havia chegado a época para inscrever o Gohonzon em prol de toda a humanidade para o infinito futuro. A Perseguição de Atsuhara é a história de grandiosos discípulos que apareceram para lutar com o espírito de unicidade de mestre e discípulo. Até aquela ocasião, somente Nichiren Daishonin havia sofrido perseguições. No Gosho, ele escreve: “Se sentissem e compreendessem suas dívidas de gratidão, então, de dois golpes que desferissem em mim, receberiam um em meu lugar”.8 Portanto, a Perseguição de Atsuhara foi uma grande luta na qual os discípulos de Nichiren Daishonin se levantaram pela primeira vez para receber esses golpes. Foto: Getty Images Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 361-362, 2017. 2. Ibidem, v. I, p. 603. 3. Ibidem, v. II, p. 17. 4. Ibidem, v. I, p. 199. 5. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 177. 6. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 263, 2017. 7. Ibidem, p. 264. 8. Ibidem, p. 88.
01/11/2023
Capa
TC
A voz que vem do coração
Não seja refém das circunstâncias A comunicação humana se dá em especial pela voz, e é por meio dela que conseguimos expressar nossos sentimentos mais íntimos. Entre algumas curiosidades reveladas pela ciência comportamental, uma diz que não importa quanto treine ou faça aulas de canto, você jamais conseguirá reproduzir a exata voz de outra pessoa. Isso acontece porque a voz varia entre 50 Hz e 3.400 Hz, sendo diversificada conforme as cordas vocais, os lábios, a língua e diversas outras partes do corpo.1 Somos seres únicos e, assim como uma “impressão digital”, a voz revela muito sobre nós. Quando estamos tristes, a voz carrega toda a amargura; bravos, ela grita; e apaixonados, soa como sussurros. Isso é parte do que sabemos sobre os mecanismos físicos e comportamentais a que estamos suscetíveis diariamente. Mas o Budismo Nichiren elucida quanto podemos deixar de ser reféns das circunstâncias e gerar renovada força em nosso dia a dia. Estamos falando das vozes interiores e de como não permitir que elas tinjam a vida de cinza. Alguns crescem com palavras que, por vezes, arrebatam as expectativas na fase adulta. Outros são incentivados por mensagens que os impulsionam a fazer escolhas extraordinárias. O que se observa, em grande parte, é a primeira hipótese, o som da crítica, do “você não vai conseguir”. O resultado é a paralisia diante dos sonhos, como se estivesse acorrentado a crenças limitantes. Há um estudo que aprofunda esse cotidiano marcado pelas vozes interiores de negatividade, apontando para uma função cognitiva do cérebro: a de multiplicar problemas. Várias pessoas reclamam de que “os problemas nunca chegam sozinhos” ou de que “quando os problemas começam, nunca mais terminam”. De alguma forma, elas estão certas, mas isso provavelmente não se deve a um desígnio da fatalidade, e sim a um viés cognitivo: o cérebro multiplica os problemas, elucida estudo do psicólogo David Levari, da Universidade Harvard.2 Essa asseveração se traduz num exemplo diário “no trabalho”, com as chateações após uma conversa com os superiores e outras ocorrências que tiram da boca de algumas pessoas a expressão “hoje está dando tudo errado”, quando, na realidade, pode não ser exatamente assim.3 O fator comum nesse hábito continuado é cair na lamentação, o que sem perceber influencia no modo de agir e de se relacionar e, consequentemente, evidencia-se a fraqueza. A voz certamente vai denunciar a condição de vida interior. Dessa forma, podemos entrar numa espiral em que alimentamos o carma negativo, formado, tal como o bom carma, por “pensamentos, palavras e ações”. Temos, então, a escolha de nutrir a mente e o coração, optando entre permanecermos nessa condição ou nos libertar. O presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, pondera: As pessoas que deixam a mente ser dominada pelos vários compromissos acabam caindo na lamentação. Portanto, esse tipo de indisposição mental só as levará a depreciar tudo o que fizerem, e acabarão se sentindo sufocadas e oprimidas. Em consequência, seus pensamentos se acumularão e vocês não conseguirão sentir alegria, por mais que tentem. Isso se converterá num círculo vicioso. Por outro lado, se nutrirem uma atitude positiva e se conduzirem com satisfação, sua vida avançará. A postura de lidar com tudo com alegria e sinceridade capacitará sua vida a progredir com serenidade. Poderíamos dizer que a alegria “lubrifica” o coração, ao passo que a lamentação o “enferruja”, causando-lhe estagnação e enfraquecimento, e se isso acontecer, o objetivo que poderiam alcançar se tornará inalcançável.4 Assumir o comando do triunfo Qual força nos permite sentir alegria diante de tudo, saindo da espiral de desânimo? O budismo é um ensinamento milenar e, por intermédio do buda Nichiren Daishonin, sábio que viveu no século 13, encontramos alguns conceitos e princípios totalmente aplicáveis em nossos dias. Aprendemos o real significado de “ser senhor de sua mente”5 e em especial de que “A voz executa o trabalho do Buda”.6 Engana-se quem pensa que buda é um ser extraordinário, místico e de aparência reluzente. Um buda é aquele que se esforça continuamente, e manifesta esperança, coragem e sabedoria, mesmo enfrentando os dramas pessoais. Ao fazer dos desafios trampolim para o avanço — com alegria e disposição —, é capaz de influenciar positivamente todos ao redor. Dessa maneira, a voz é a força que converte amarguras interiores em esperança de vida. “‘A voz executa o trabalho do Buda’.7 A nobre missão do Buda é conduzida pelas pessoas que usam a voz para a felicidade de outros. É por meio da voz que podemos influenciar melhor alguém. Com a ‘voz da convicção’ e a ‘voz da confiança’, podemos criar sucessores do kosen-rufu”.8 Ou seja, estabelecer a paz como um direito para todos. Para chegar a essa condição, podemos usufruir o benefício de vibrar essa energia da vida. Foi em 28 de abril de 1253 que a sonora voz de Nichiren Daishonin ecoou com a recitação do Nam-myoho-renge-kyo9 pela primeira vez, favorecendo às pessoas comuns um meio pragmático para concentrar o coração e a mente na oração e manifestar o poder transformador desta em realidade. A oportunidade de desvendar o tesouro da iluminação oculto no próprio coração. Com a prática diária do Nam-myoho-renge-kyo, utilizando nossa voz, transformamos os males que nos afligem. É assim que os mais de 12 milhões de membros da Soka Gakkai Internacional vivem seus dias, com Ikeda sensei à frente desse movimento de conectar pessoas em torno do elo inquebrantável do humanismo. Ele ressalta: “A voz é a vibração de toda entidade viva; revela seu ser e seu caráter, o Nam-myoho-renge-kyo é o ritmo fundamental do universo, a maior voz de todas”.10 Sendo assim, reforça que “A recitação do Nam-myoho-renge-kyo é a chave para a eterna vitória. Não há como a vida das pessoas que abraçam e recitam o Nam-myoho-renge-kyo terminar em tristeza, derrota ou miséria”.11 Encontramos dessa maneira o antídoto para a situação de deixar os problemas dominarem nossos dias. Por vezes, vivemos de fantasmas do passado, como se nos sentíssemos acorrentados, desistindo dos nossos sonhos. A questão que se abre é como permitimos que algo ocorrido anos atrás ocupe um espaço tão grande em nossa mente e impeça nossa felicidade. Ikeda sensei encoraja: Nós só nos tornamos impotentes quando desistimos e decidimos, por conta própria, que não podemos continuar. Isso é comparável a trancar a porta do nosso potencial interior ou represar nosso espírito com as próprias mãos. A desistência é a causa da derrota. A fé no Budismo Nichiren nos fornece o poder para romper a escuridão do desespero e fazer o sol da vida nascer em nosso coração.12 O que move essa mudança tem nome. “Determinação”, ou ichinen, em japonês. Vamos conferir no trecho a seguir. Como sair da espiral da lamentação * Agradeça às conquistas, mesmo as menores. * Aproxime-se de pessoas de energia construtiva. * Substitua a palavra “problema” pelo termo “oportunidade”. * Aprenda com as lições do que (ainda) não deu certo. * Enxergue o objetivo concretizado, em vez de só medir a distância até ele. * Não guarde rancores, guarde memórias de felicidade. A determinação é a causa da vitória “Determinação” (ichinen) é a atitude mental corajosa naquele momento em que decidimos romper as amarras do que nos prende e utilizar o presente para gerar um futuro de valor. É construir nossa própria história, criando uma causa focada na vitória, iluminando a escuridão da lamentação e da dúvida do caminho a seguir. Na essência do Nam-myoho-renge-kyo está o renge, a “simultaneidade de causa e efeito” [causalidade da Lei Mística]. A causa e o efeito ocorrem juntos. “Recitar daimoku (orar Nam-myoho-renge-kyo) é a causa e sentir alegria é o efeito. Ambos acontecem sem espaço de tempo entre eles. O requisito para que a Lei Mística seja ativada é a fé. Quando estamos convencidos de que o daimoku é a fonte da felicidade humana, então a prática provoca efeito imediato. Não importa em que situação estejamos ou o que tenhamos feito, o poder do daimoku é infinito e, com a fé correta, a recitação varre toda a negatividade e experimentamos ‘a maior das alegrias’”.13 “Nascemos para ser feliz e vencer em tudo.”14 É uma felicidade que não depende das circunstâncias externas nem é um sentimento egoísta. Ampliamos nossa condição de vida e alçamos o “mundo dos bodisatvas” no qual a compaixão e a benevolência nos impulsionam a ajudar as pessoas a encontrar esse caminho. É quando exercitamos a empatia, expressando nossa melhor voz, a que vem do coração. Na forte crença do poder do diálogo na construção de um mundo de coexistência pacífica é que foi criada a Soka Gakkai, em 18 de novembro de 1930, pelos educadores Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda. A organização, formada inicialmente para abrigar professores e seus temas de abordagem, logo se estendeu para os cidadãos comuns, em especial para os sobreviventes do pós-guerra do Japão, que haviam perdido o sentido de vida, tamanho o sofrimento. Passados mais de noventa anos, o princípio é o mesmo. Tudo começa com um único indivíduo decidido a ser o ombro que acolhe e a voz que atenua o sofrimento, incentiva à renovada ação ou simplesmente acalma a alma. A história quase centenária da Soka Gakkai está repleta de exemplos que retratam essa poderosa força do diálogo. Na Nova Revolução Humana, escrita ininterruptamente por longos 25 anos por Ikeda sensei, podemos acompanhar inúmeras jornadas de vitórias de pessoas comuns que transpuseram seus limites. Exemplo vem de um jovem que foi para a Holanda [atualmente, Países Baixos] desbravar caminhos profissionais, relatado no volume 12. Seizo Onodera, como é denominado na publicação, funcionário de um hotel, pede demissão após uma discussão com seu chefe. Está arrependido por não conseguir controlar uma questão de conflito. Ao ver seu aspecto em um encontro que teve com ele naquele país, o presidente Ikeda (pseudônimo de Shin’ichi no romance) o orienta de forma calorosa: — Onodera, não lhe fará bem algum ficar arrependido por coisas do passado. Precisamos viver pelo amanhã, pelo futuro. Você ainda é jovem. Ser jovem significa ter um potencial ilimitado. E não é nos desvalorizando nem duvidando de nós mesmos por causa de uma falha ou erro que conseguiremos manifestar esse potencial. Espero que continue a avançar, jamais se prendendo às falhas. Tudo se decide a partir de agora. Vença amanhã! Não seja derrotado!15 E não parou por aí. O diálogo se estendeu com a preocupação do Mestre em saber como estava a situação financeira de Onodera, quais planos pretendia e para que ele identificasse o propósito de vida (e lutasse por este) de sair do Japão para aquele país. Onodera desperta para sua missão. Ele renovou a determinação e construiu sua jornada de vitória. Passados 21 anos daquele encontro, estava Onodera em outro hotel, agora como proprietário. Os bastidores dessa história podem ser conferidos no inspirador capítulo “Esperança Renovada”, do volume 12, da Nova Revolução Humana.16 A atitude que emerge de um sincero diálogo é a principal crença do modo budista de ser. E tudo começa na família, nos pequenos núcleos de bairro onde são realizados os encontros humanísticos Soka — células de vozes humanas que reverberam pela sociedade. “Não seria exagero dizer que a prática de recitar Nam-myoho-renge-kyo no Budismo Nichiren deu origem ao budismo do povo, aberto a todos. Essa prática budista é realmente insuperável, possibilita-nos transformar a vida a partir no nível mais profundo”, enfatiza o presidente Ikeda.17 O exercício que se aprofunda nesse contexto tem raízes no nosso lar. Muitas vezes, bastando simples gestos. Ikeda sensei contextualiza: A sociedade atual está impregnada de estresse, como um campo selvagem grotesco e austero. Também não faltam relacionamentos ruins que deixam o coração miserável e tentam nos arrastar para a infelicidade. Por isso mesmo é importante que o lar — nosso ambiente mais próximo — se transforme em um fértil e grande solo, onde todos se protejam mutuamente por meio da união do coração de cada membro da família. É justamente por esta era estar inundada com palavras insensíveis que machucam as pessoas, que busco valorizar uma troca de palavras repletas de consideração. O primeiro passo é o “cumprimento”. Mesmo que no princípio a expressão facial se mostre rígida, por meio de um cumprimento nasce o sorriso e, a partir daí, um diálogo de vida a vida se expande.18 Seja a voz que une, acolhe e cria a história A voz é o espelho da personalidade humana, sofrendo alterações conforme nossas emoções. É ela que nos apresenta ao mundo e por meio dela podemos influenciar a vida dos que nos rodeiam. E se cada voz é única, assim também é a oportunidade que temos de ouvir nosso coração; e se não gostamos do que está vibrando lá dentro, podemos gerar a mudança necessária. E um dos passos para essa mudança é parar de viver do passado ou de se lamentar por dias melhores que não chegam logo. Iluminação e escuridão são faces de uma mesma moeda chamada vida. A prática do Nam-myoho-renge-kyo nos permite encontrar a raiz dos sentimentos negativos, que são as vozes mais altas de nossa mente, transformando-os em atitudes proativas, corajosas e sábias, por meio de um processo de reforma interior que chamamos “revolução humana”. O presidente Ikeda afirma que “Ao recitarmos Nam-myoho-renge-kyo uma única vez, nós, seres comuns, não iluminados — atormentados por problemas, dúvidas e sofrimentos —, podemos transformar positivamente nossas circunstâncias de acordo com o princípio da ‘transformação de veneno em remédio’19 e atingir uma condição de vida repleta de esperança, coragem e paz de espírito”.20 Essa abundante alegria nos impulsiona a enfrentar os desafios diários, a construir relações humanas saudáveis no trabalho e no lar e a expandir essa consciência na sociedade. Nós nos tornamos seguros e potentes também para ser a voz de esperança na vida dos que sofrem. Ikeda sensei expressa seu sentimento em um poema que materializa o propósito da Soka Gakkai, celebrando 93 anos de fundação neste mês novembro. Vozes que unem, acolhem e criam a história. Não abandonem seja quem for. Não julguem arbitrariamente. Não descartem quem quer que seja. Continuem acreditando e estendam a mão, fazendo despertar sua natureza de buda. Esse é o humanismo do budismo. (...) No momento em que agirem em prol dos outros, farão também revivescer os mananciais da própria vida. Encontrem-se com as pessoas, dialoguem com elas e plantem as sementes da esperança. É nessa ação que existe o caminho correto para a construção de uma grandiosa história.21 No topo: Presidente da BSGI, Miguel Shiratori, primeiro à dir., dialoga durante almoço com jovens participantes da quarta edição da Academia Índigo Juventude Soka do Brasil (Itapevi, SP, set. 2023) Foto: BS Notas: 1. Disponível em: https://museuweg.net/blog/10-curiosidades-sobre-a-voz-humana/. Acesso em: 28 set. 2023. 2. Disponível em: https://amenteemaravilhosa.com.br/o-cerebro-multiplica-os-problemas/. Acesso em: 28 set. 2023. 3. Ibidem. 4. IKEDA, Daisaku. Famílias Felizes, Crianças Felizes — Educação para a Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023. p. 70-71. 5. Para saber mais, leia a matéria Observar a mente através da prática budista, na Terceira Civilização, ed. 662, out. 2023. 6. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 196, 2020. 7. Ibidem. 8. Brasil Seikyo, ed. 1.668, 21 set. 2002, p. A2. 9. Terceira Civilização, ed. 602, out. 2018, p. 32-38. 10. Para entender os benefícios da oração budista, veja a seção Na Prática, na Terceira Civilização, ed. 661, set. 2023. 11. Brasil Seikyo, ed. 2.330, 9 jul. 2016, p. C2/C3. 12. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 26, p. 317-318, 2019. 13. Brasil Seikyo, ed. 2.330, 9 jul. 2016, p. C2-C3. 14. Ibidem. 15. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 12, p. 75-76, 2020. 16. Ibidem. 17. IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 101, 2023. 18. Ibidem. Dedico às Mulheres Palavras do Coração. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 59. 19. “Transformação de veneno em remédio”: O princípio de que desejos e sofrimentos mundanos podem ser convertidos em benefício e em iluminação pelo poder da Lei. Tal expressão é frequentemente citada para mostrar que qualquer problema ou sofrimento pode ser transformado na máxima felicidade e satisfação na vida. 20. Terceira Civilização, ed. 586, jun. 2017, p. 44 21. Brasil Seikyo, ed. 2.440, 20 out. 2108, p. B1.
01/11/2023
Artigos
TC
Comprovemos convictamente a força do Budismo Nichiren
A compaixão de Nichiren Daishonin, Buda dos Últimos Dias da Lei, era infinitamente profunda e amável. Recordo-me claramente das comoventes palavras que ele escreveu para um discípulo que enfrentava uma doença: Quando me contaram (...) que fora acometido dessa doença, dia e noite, de manhã e à noite, reportei o assunto ao Sutra do Lótus, de manhã e à noite implorei às divindades do céu azul. E hoje recebo a informação de que se curou da doença. Poderia haver notícia mais feliz do que essa?1 A Soka Gakkai é o reino onde esse espírito de grande compaixão e carinho pulsa forte e calorosamente. Nosso primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, afirmou que, ao comprovar o benefício de praticar o Budismo Nichiren, nós, da Soka Gakkai, possibilitamos que qualquer um entenda facilmente a Lei suprema pela qual a humanidade tanto anseia para viver plenamente — ou seja, a Lei Mística para atingir o estado de buda nesta existência. Declarou também que nunca devemos parar de efetuar esforços até que tenhamos compartilhado esse benefício com todos e os ajudado a alcançar uma felicidade inigualável.2 Em consonância com a poderosa convicção de Makiguchi sensei, nossos membros, desde a fundação da organização,3 acumularam infindáveis provas de realização de revolução humana e de transformação do carma. Essas conquistas foram obtidas enfrentando e superando com bravura todos os tipos de sofrimento e de adversidade — tais como doenças, dificuldades financeiras e discórdias interpessoais — com base na prática firme e constante de recitar Nam-myoho-renge-kyo e ensinar os outros a fazer o mesmo. Os membros compartilham suas experiências repletas de alegria nas reuniões de palestra ao redor do globo. Hoje, esses relatos de comprovação não só aparecem estampados nas páginas do Seikyo Shimbun e de outras publicações impressas, mas também são disponibilizados instantaneamente para o mundo por várias plataformas on-line. Certa ocasião, numa reunião de palestra, um jovem que tinha acabado de iniciar a prática perguntou a Toda sensei sobre a atitude correta na fé. A resposta do meu mestre foi simples: “Você precisa ter a convicção de alguém que comprova”. Incentivando calorosamente o rapaz, prosseguiu explicando: “Isso significa ter convicção de que comprovará a grandiosidade da Lei Mística com seu corpo, sua vida e todo o seu ser”. O budismo ensina que os problemas e as dificuldades que enfrentamos em nossa vida se devem ao princípio de “adotar voluntariamente o carma apropriado”.4 São provações que assumimos de bom grado como bodisatvas da terra para ajudar e conduzir à iluminação aqueles com quem possuímos laços cármicos. Com essa profunda consciência, uma força ilimitada emana de dentro de nós, permitindo que ultrapassemos qualquer obstáculo. O mês seguinte ao do Incidente de Osaka5 [agosto de 1957], lancei-me a uma nova campanha pela vitória do povo, ao lado dos meus queridos e dedicados membros do bairro de Arakawa,6 em Tóquio. Do começo ao fim, proclamei meu desejo de que cada um deles se tornasse feliz sem falta e minha firme convicção de que realizar grandes esforços em prol do kosen-rufu é a única maneira de conseguir isso. Nenhuma atividade da Soka Gakkai jamais é desperdiçada. Todas são para nosso próprio benefício e, ao mesmo tempo, contribuem para a felicidade das outras pessoas, para a prosperidade da sociedade e, em última análise, para a paz mundial. Prontos para assumir os desafios com o coração de um rei leão, sigamos em frente com confiança e dignidade! Juntos com a Soka Gakkai, que se encontra em perfeita sintonia com os ditos dourados de Daishonin, vamos abrir caminhos por meio da oração e converter tudo em vitória. No topo: Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu, inaugurado em novembro de 2013, completa dez anos de estabelecimento (Tóquio, Japão) Foto: Seikyo Press Notas: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 1034. 2. Traduzido do japonês. Consulte MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi], v. 10, Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 27. 3. A Soka Gakkai foi fundada em 18 de novembro de 1930. 4. “Adotar voluntariamente o carma apropriado”: Refere-se aos bodisatvas que, apesar de qualificados a receber as puras recompensas da prática budista, abrem mão delas e selam o juramento de renascer num mundo impuro para salvar seres vivos. Eles propagam a Lei Mística enquanto passam pelos mesmos sofrimentos daqueles que nasceram no mundo maléfico devido ao carma. O termo deriva da interpretação de Miaole sobre relevantes passagens do capítulo 10, “O Mestre da Lei”, do Sutra do Lótus. 5. Incidente de Osaka: Episódio em que o presidente Ikeda, na época coordenador da Secretaria da Divisão dos Jovens, foi detido e indevidamente acusado de violação da lei eleitoral num pleito complementar da Câmara Alta em Osaka, em 1957. Ao final do processo judicial, que se arrastou por mais de quatro anos, ele foi totalmente inocentado de todas as acusações em 25 de janeiro de 1962. 6. Numa campanha de aproximadamente uma semana no bairro de Arakawa, em agosto de 1957, o presidente Ikeda liderou os integrantes de lá na obtenção de um aumento de 10% de membros, com o acréscimo de mais de duzentas novas famílias.
01/11/2023
Estudo
TC
[64] A Profecia do Buda — jovens fênix, alcem voo para uma nova era!
Explanação “Aos meus jovens amigos, membros da Divisão dos Estudantes (DE) Herdeiro, que almejam herdar e herdarão o futuro! Vocês são as jovens fênix que realizarão o kosen-rufu. Seu crescimento, portanto, é a esperança da Soka Gakkai e o prenúncio de um radiante novo amanhecer para o Japão e para o mundo.” Esse é um trecho de um editorial intitulado Jovens Fênix, Alcem Voo para o Futuro! com o qual contribuí para a revista de estudos da Soka Gakkai, Daibyakurenge, em novembro de 1965. Acredito convictamente que os integrantes da Divisão dos Estudantes1 possuem a grandiosa missão de arcar com o desenvolvimento futuro da Soka Gakkai. Desejo que assumam a responsabilidade por assegurar a consolidação dos alicerces do kosen-rufu. É por essa razão que abri o caminho para eles e continuarei a fazer isso com todas as minhas forças enquanto viver. O prenúncio de um radiante novo amanhecer Hoje, 55 anos depois [explanação originalmente publicada em 2020], gostaria de declarar novamente a vocês — atuais membros da DE-Herdeiro (ensino médio), DE-Esperança (fundamental 2) e DE-Futuro (fundamental 1) — que seu crescimento representa o prenúncio de um radiante novo amanhecer para o mundo inteiro. Isso porque, nesta época em que a humanidade se vê às voltas com o desafio de uma pandemia global, a presença de vocês e seu sólido desenvolvimento inspiram uma nova esperança às pessoas de todos os lugares. Não cedam à derrota, avancem com total confiança! Com certeza, muitos de vocês se sentiram desapontados por não passarem o verão do modo como geralmente fazem devido às restrições impostas pela Covid-19. E sei que alguns estão lidando com situações difíceis todos os dias pelo fato de sua família enfrentar interrupções nos negócios ou no trabalho relacionadas à pandemia. Por isso, peço-lhes: “Jovens fênix, não cedam à derrota!”; “Com o peito estufado, avancem com total confiança!”; “É em momentos desafiadores como estes que se pode alçar voo bravamente em direção ao futuro!”. Ao mesmo tempo em que envio orações pelo seu sucesso nesse sentido, gostaria de estudar algumas passagens dos escritos de Nichiren Daishonin com vocês, meus preciosos jovens amigos que produzirão um futuro mais promissor. Vamos fazer isso como se estivéssemos desfrutando uma conversa descontraída à sombra das árvores. Trecho do escrito 1 A Profecia do Buda2 O sétimo volume do Sutra do Lótus afirma: “Após eu ter entrado em extinção, no último período de quinhentos anos,3 deve propagá-lo [o Sutra do Lótus] amplamente em todo o Jambudvipa [o mundo inteiro], e jamais permitir que ele deixe de existir” [LSOC, cap. 23, p. 330]. Por um lado, é para mim lamentável que mais de 2.220 anos já tenham se passado desde a morte do Buda. Que mau carma é este que me impediu de nascer na mesma época dele? Por que não pude testemunhar o advento das quatro categorias de veneráveis,4 nos Primeiros Dias da Lei, ou de Tiantai e Dengyo5 nos Médios Dias da Lei? Por outro lado, alegro-me com a boa sorte que me permitiu nascer no último período de quinhentos anos e ler estas palavras verdadeiras do sutra. (CEND, v. I, p. 417) A nobre missão daqueles que nasceram nos Últimos Dias da Lei Nesta edição, estudaremos o escrito de Nichiren Daishonin A Profecia do Buda, no qual ele discute a visão do Buda em relação ao futuro. Basicamente, a profecia do Buda é a concretização do kosen-rufu, a ampla propagação da Lei Mística; equivale ao desejo do Buda de trazer paz à humanidade e conduzir as pessoas à felicidade eterna. O budismo originou-se do desejo de aliviar o sofrimento humano no âmbito mais fundamental. Ensina que todos possuem a condição de vida supremamente nobre do estado de buda e podem superar os desafios máximos da vida: os sofrimentos de nascimento, envelhecimento, doença e morte.6 Indivíduos que despertaram para a dignidade da própria vida, assim como para a dignidade da vida dos outros, levantam-se para eliminar a miséria e o infortúnio do mundo. Kosen-rufu consiste no esforço para construir uma sólida rede de pessoas comuns empoderadas e dedicadas a promover um movimento em prol da felicidade e da paz. Shakyamuni7 expôs o Sutra do Lótus para elevar todas as pessoas à mesma condição de vida iluminada que ele havia alcançado. Ele também instruiu que, na era maléfica e impura posterior à sua morte, seus discípulos deveriam propagar o Sutra do Lótus e jamais permitir que deixasse de ser transmitido. Os bodisatvas da terra8 foram os discípulos incumbidos da nobre missão de cumprir fielmente esse desejo do Buda. Em exata conformidade com os ensinamentos do Sutra do Lótus, Nichiren Daishonin surgiu nos Últimos Dias da Lei,9 era assolada pelo mais terrível sofrimento, e ensinou e propagou a grande Lei do Nam-myoho-renge-kyo, a essência do Sutra do Lótus. Suportando perseguições que representavam risco à própria vida, ele abriu o caminho para a iluminação da humanidade pelo futuro eterno. Essa é a razão pela qual nós o reverenciamos como Buda dos Últimos Dias da Lei. Budismo que constrói a era da vitória do povo Nos tempos atuais, os três primeiros presidentes da Soka Gakkai,10 ligados por profundos laços de mestre e discípulo, herdaram esse nobre espírito de Daishonin. Unidos a eles, nossos dedicados membros do mundo inteiro dão tudo de si, dia após dia, em prol da felicidade das pessoas e da paz e para edificar uma sociedade segura e protegida. Essa extraordinária linhagem de humanismo budista consagrada à construção da era da vitória do povo iniciou-se com Shakyamuni e o Sutra do Lótus na Índia e manteve sua continuidade com Nichiren Daishonin e a Soka Gakkai. Nesse sentido, ao estudarmos A Profecia do Buda, aprenderemos sobre a origem do espírito da Soka Gakkai, o qual está diretamente ligado a Daishonin. Estudei esse escrito com meu mestre, Josei Toda, e posteriormente com os membros da Divisão dos Jovens várias vezes ao longo dos anos. Sempre que o leio, fico profundamente emocionado com a infinita condição de vida de Daishonin e seu ardente desejo de aliviar o sofrimento das pessoas. Espero que todos vocês, meus jovens amigos da Divisão dos Estudantes, também gravem esse espírito em seu coração. Espírito de Daishonin contido no título de A Profecia do Buda Daishonin escreveu A Profecia do Buda no quinto mês intercalado11 de 1273, enquanto residia em Ichinosawa durante o seu exílio na Ilha de Sado.12 O título em japonês, Kembutsu Mirai Ki, literalmente significa tornar realidade o que o Buda predisse e deixou como mensagem para o futuro. De um lado, a “profecia”, no título, refere-se à profecia de Shakyamuni, mas, do outro, a verdadeira intenção de Daishonin era revelar a própria profecia. Em primeiro lugar, qual a profecia de Shakyamuni? Não é outra senão a concretização da passagem do capítulo “Os Feitos Iniciais do Bodisatva Rei dos Remédios”, do Sutra do Lótus, citada no início desse escrito: “Após eu ter entrado em extinção, no último período de quinhentos anos, deve propagá-lo [o Sutra do Lótus] amplamente em todo o Jambudvipa [o mundo inteiro], e jamais permitir que ele deixe de existir” [LSOC, cap. 23, p. 330] (CEND, v. I, p. 417). Esta foi a instrução testamental do Buda para que o Sutra do Lótus fosse propagado no mundo inteiro nos Últimos Dias da Lei e para que jamais se permitisse que sua transmissão cessasse. Fazendo alusão a essa passagem, Daishonin, a princípio, afirma que “por um lado, é para mim lamentável” ter nascido nos Últimos Dias da Lei, depois da morte do Buda, pois significava que não poderia se encontrar diretamente com Shakyamuni, que pregou o Sutra do Lótus, ou com os outros grandes mestres que propagaram o ensinamento do Sutra do Lótus (cf. CEND, v. I, p. 417). Mudança de postura de se lamentar para a de se alegrar No entanto, Daishonin observa: “Por outro lado, alegro-me” referindo-se à imensa boa sorte de ter nascido nos Últimos Dias da Lei e testemunhar essas palavras da profecia do Buda sendo concretizadas (cf. Ibidem). À primeira vista, pode parecer que os Últimos Dias da Lei seja uma era deplorável. Daishonin, porém, tem uma opinião diferente. Ele os vê como uma era para se alegrar, na qual o ensinamento do Sutra do Lótus — Nam-myoho-renge-kyo — será propagado, obstáculos serão sobrepujados e o kosen-rufu será realizado. Essa grande mudança de postura de se lamentar para a de se alegrar é muito importante. Decorre da poderosa determinação de Daishonin de propagar resolutamente o ensinamento da Lei Mística [Nam-myoho-renge-kyo] em meio a implacáveis perseguições com o intuito de conduzir aqueles que estão sofrendo à felicidade genuína. Isso nos oferece uma profunda lição. Por exemplo, em vez de simplesmente lamentar quando nos encontramos num ambiente complicado ou em circunstâncias desafiadoras, se mudarmos nossa determinação (ichinen) e assumirmos uma atitude proativa, poderemos transformar a situação. Além disso, quando empreendemos ações não apenas para nós mesmos, mas também para a felicidade de outras pessoas e da melhoria da sociedade, brota dentro de nós a verdadeira alegria. Esse é o significado de desfrutar uma vida de revolução humana. O que torna os membros da Soka Gakkai tão fortes? O que os faz ser tão radiantes e alegres? É seu modo de vida de nobre dedicação ao incomparável objetivo de alcançar a paz mundial, que é em si o kosen-rufu, e não somente à busca da própria felicidade. Hoje, membros de cada país e região, apesar de eles próprios enfrentarem muitos desafios, estendem a mão para incentivar os amigos e companheiros. Algumas pessoas talvez almejem apenas que seus desejos pessoais se concretizem e, passivamente, esperem se tornar felizes. Mas elas podem mudar e se transformar em pessoas que se empenhem de forma alegre e corajosa pela felicidade e pelo bem-estar de outras, com o mesmo espírito do Buda. Esse é o sublime drama da revolução humana, da transformação interior, protagonizado por aqueles que despertam para sua missão como bodisatvas da terra. É o drama que pulsa com o nobre espírito de respeito pela dignidade da nossa vida, bem como pela dignidade da vida dos outros. Sejam sucessores que avançam corajosamente Nichiren Daishonin estava determinado a aliviar o sofrimento de todas as pessoas, sem exceção. Tamanha era a amplitude de sua compaixão. Esse espírito de ilimitada compaixão e tolerância constitui a essência do Budismo Nichiren. Contudo, por mais excelente que seja um ensinamento, sem sucessores para herdá-lo, ele não poderá ser transmitido a muitas pessoas. Em outro trecho de A Profecia do Buda, Daishonin escreve: “Mesmo quando (...) sacerdotes [budistas] partiram do Japão levando alguns sutras para a China, não houve ninguém dessa nação que pudesse abraçar esses escritos e ensiná-los aos demais. Era como se houvesse somente estátuas de pedra ou de madeira vestidas com mantos clericais e carregando uma tigela de mendicância” (CEND, v. I, p. 420). Vocês, meus jovens amigos da DE, são os sucessores, aqueles que “abraçarão e ensinarão” nossos ideais aos demais. Espero que levem adiante o nobre espírito da Soka Gakkai e prossigam avançando intrepidamente no século 21, comprometidos em cumprir a profecia dos dias atuais de concretização do kosen-rufu e de propagação mundial do Budismo Nichiren como religião para o bem do ser humano. Trecho do escrito 2 A Profecia do Buda A Lua surge no oeste e ilumina o lado leste, enquanto o Sol nasce no leste e irradia seus raios para o oeste. O mesmo se aplica ao budismo. Nos Primeiros e nos Médios Dias da Lei, o budismo propagou-se do oeste para o leste, mas, nos Últimos Dias da Lei, percorrerá do leste para o oeste.13 (CEND, v. I, p. 420) Daishonin tornou realidade a profecia de Shakyamuni Em um trecho anterior a essa passagem, Daishonin enfatiza: “Se não fosse por Nichiren, as palavras do Buda se revelariam falsas” (CEND, v. I, p. 420), e “Em todo o Japão, quem exceto Nichiren pode ser chamado de devoto [praticante] do Sutra do Lótus?” (Ibidem). Com essas palavras, Daishonin declara que só ele tornou a profecia de Shakyamuni realidade. Assegura também que o grandioso ensinamento do Nam-myoho-renge-kyo, o âmago do Sutra do Lótus, se propagará pelo mundo todo, concretizando a profecia que não pôde ser cumprida ao longo da história do Budismo de Shakyamuni. A propagação do Budismo de Shakyamuni é comparada aqui à Lua, e a do Budismo de Nichiren Daishonin, ao Sol. Daishonin escreve: “A Lua surge no oeste e ilumina o lado leste, enquanto o Sol nasce no leste e irradia seus raios para o oeste” (CEND, v. I, p. 420). Talvez vocês estejam pensando: “Tanto a Lua como o Sol não nascem no leste e se põem no oeste?” Embora isso seja verdade, a afirmação de Daishonin reflete as ideias do seu tempo. Uma teoria diz que, como a lua parece se mover para o leste pouco a pouco a cada dia, a partir de onde ela surge no céu inicialmente, considerava-se que ela nascesse no oeste e iluminasse o leste. Outra teoria é que se trata de uma metáfora para o fato de a lua nova surgir baixa no lado oeste do céu logo após o pôr do sol e iluminar o leste antes de se esconder rapidamente. Do mesmo modo que a lua aparenta se mover do oeste para o leste, o Budismo de Shakyamuni se propagou do oeste, Índia, conhecida como a terra da lua, para o Japão, no leste. Esse acontecimento é chamado transmissão do budismo para o leste. E assim como o sol nasce no lado leste do céu e se move para o oeste, o grandioso ensinamento de Nichiren Daishonin, Nam-myoho-renge-kyo, se propagará a partir do Japão, país localizado no leste em direção a oeste. Em A Profecia do Buda, Daishonin apresenta a própria profecia: “Digo que o budismo infalivelmente se levantará e se propagará a partir do leste, das terras do Japão” (CEND, v. I, p. 421). Esse fato é denominado retorno do budismo para o oeste. Significa concretizar o kosen-rufu na Ásia e no mundo inteiro, conduzir todas as pessoas dos Últimos Dias da Lei à felicidade por meio dos ensinamentos universais do Budismo Nichiren. A Soka Gakkai concretiza o retorno do budismo para o oeste No verão de 1951, pouco depois da posse como segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda publicou um artigo na revista Daibyakurenge, intitulado “História e Convicção da Soka Gakkai”, no qual cita a passagem anterior, referente ao retorno do budismo para o oeste, dizendo: “A Soka Gakkai demonstra fé absoluta nessas palavras e age para torná-las realidade”.14 E foi a Soka Gakkai que propagou os ensinamentos humanísticos de Nichiren Daishonin para o mundo e concretizou a profecia do Buda de retorno do budismo para o oeste. Dirigindo-se a um grupo de jovens [em 1957, antes da fundação da Divisão dos Estudantes], Toda sensei expressou: “No futuro, devemos construir um mundo pacífico, de cidadania global,15 livre de divisões nacionais ou étnicas — um mundo no qual todos possam experimentar a verdadeira felicidade. Espero que se lembrem do que eu disse aqui hoje e contribuam para alcançar esse sonho, um pouco que seja”. Com essa passagem sobre o retorno do budismo para o oeste de A Profecia do Buda gravada no coração e Toda sensei sempre em meu pensamento, plantei as sementes da Lei Mística e incentivei as pessoas em diversos países. Também falei aos membros da DE sobre a questão do retorno do budismo para o oeste. Na primeira convenção da DE-Herdeiro, realizada em agosto de 1968, com a participação de representantes de todo o Japão, mencionei essa passagem de A Profecia do Buda. Então, instei-os a tentar, em primeiro lugar, dominar um idioma estrangeiro. Estava convicto de que a proficiência em língua estrangeira seria essencial para cultivar líderes para assumir a responsabilidade pela nova era e cidadãos do mundo para edificar a paz na sociedade global. Os jovens presentes naquele dia hoje são atuantes em muitas áreas em vários países. Meu maior desejo é que todos vocês, jovens que estão vivendo nesta nova era global, tenham sonhos, esperanças e ideais ainda mais grandiosos; que façam do estudo prioridade máxima e aprendam tudo o que puderem; e que desenvolvam seu potencial, alçando voo livremente na sociedade e no mundo. Sejam pessoas de coragem, com uma vida profunda Na parte final de A Profecia do Buda, Daishonin menciona as palavras do grande mestre Dengyo: “Descartar o superficial e buscar o profundo é próprio de uma pessoa de coragem” (CEND, v. I, p. 422). Certa ocasião, também dediquei essa passagem, como um princípio norteador, aos membros do Grupo Jovens Fênix16 da Divisão dos Estudantes. Essas palavras nos exortam a rejeitar uma vida superficial, dominada pelas circunstâncias e preocupada somente em buscar prazer pessoal, e, em vez disso, a escolher uma vida nobre e profunda dedicada ao sublime ideal do kosen-rufu e da paz mundial. Essa é a conduta “própria de uma pessoa de coragem”. Além de ser praticante que permanece firme no caminho correto, a pessoa de coragem possui um caráter extraordinário. Seu coração é munido do espírito intrépido e desafiador de um leão de devotar a vida a cumprir o grande juramento pelo kosen-rufu. Rede solidária de pessoas comuns dedicada à construção de uma era de coexistência pacífica Neste momento em que a humanidade continua enfrentando desafios do contexto global, pessoas de todas as esferas expressam esperança e louvor à rede do bem da SGI em 192 países e territórios. O Dr. N. Radhakrishnan, notável ativista indiano dos direitos humanos, disse no passado que a SGI se tornou um maravilhoso movimento com mais de 10 milhões de ardorosos membros. Acrescentou também que ela envia ondas de paz para um mundo no qual muitos países ainda se encontram dilacerados por contendas e serve como excelente exemplo da força de pessoas que se unem por uma causa grandiosa e positiva.17 Hoje, mais que nunca, o mundo necessita intensamente de uma rede solidária de pessoas comuns dedicada à construção de uma era de coexistência pacífica. De fato, a palavra “Soka”, de Soka Gakkai, significa “criar valor”. Nosso desafio como pessoas que abraçam os ideais do humanismo Soka é conseguir empregar nossa sabedoria e criatividade para estabelecer laços de coração a coração entre os indivíduos, não importando quais sejam nossas circunstâncias ou a distância que possa nos separar, e criar novos valores da paz, da dignidade humana e da felicidade. Como jovens fênix de uma nova era, alcem voo repletos de alegria e de dinamismo, numa magnífica jornada pela concretização da paz mundial. Voo excelente e bailar alegre como bodisatvas da terra Gostaria agora de oferecer, mais uma vez, aos integrantes da Divisão dos Estudantes de todos os lugares as palavras com as quais encerrei meu editorial de 1965, Jovens Fênix, Alcem Voo para o Futuro!: “Meus jovens amigos, que vocês sempre mantenham a fé com a pureza de coração, levem avante o verdadeiro espírito da Soka Gakkai e voem e bailem livremente sobre o alicerce construído por seus predecessores com sinceros esforços. Vivam cada dia com alegria, confiantes de que, à medida que vocês crescerem esplendidamente e se levantarem juntos como um único corpo, chegará a época para a concretização do grande juramento pelo kosen-rufu. Oro pelo desenvolvimento de vocês de forma magnífica como jovens bodisatvas da terra que se empenham pelo bem da sociedade, da Lei Mística e de si próprios”. (Daibyakurenge, edição de agosto de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Jovens do continente africano interagem com membros da Divisão dos Estudantes no Auditório Memorial Toda (Tóquio, Japão, set. 2023) Foto: Seikyo Press Notas: 1. A Divisão dos Estudantes (ensino médio) [DE-Herdeiro] foi estabelecida em 7 de junho de 1964; a Divisão dos Estudantes (ensino fundamental 2) [DE-Esperança], em 15 de janeiro de 1965; e a Divisão dos Estudantes (ensino fundamental 1) [DE-Futuro], em 23 de setembro de 1965. As três juntas compreendem a Divisão dos Estudantes. 2. A Profecia do Buda foi escrita no décimo primeiro dia do quinto mês intercalado de 1273, enquanto Nichiren Daishonin residia em Ichinosawa, na Ilha de Sado, onde ficou exilado. Não é endereçada a nenhuma pessoa em particular e pode ser considerada como uma mensagem para todos os discípulos de Daishonin. 3. Último período de quinhentos anos: Indica o último dos três períodos após a morte do buda Shakyamuni. Os primeiros mil anos após a morte dele correspondem aos Primeiros Dias da Lei, os mil anos seguintes, aos Médios Dias da Lei, e o último período de quinhentos anos, ao início dos Últimos Dias da Lei. 4. “Quatro categorias de veneráveis”: Mestres budistas em quem as outras pessoas podem confiar. Apesar de o termo “quatro categorias” referir-se aos quatro níveis de compreensão, a denominação “quatro categorias de veneráveis” é, com frequência, empregada como um termo genérico para esses mestres budistas, independentemente do nível de compreensão. 5. Tiantai (538–597), também conhecido como Zhiyi, Tiantai Zhizhe, grande mestre Tiantai e grande mestre Zhizhe. Propagou o Sutra do Lótus na China e estabeleceu a doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida”. Dengyo (767–822), também conhecido como Saicho, foi o fundador da escola Tendai (Tiantai) no Japão. Ele viajou para a China, onde dominou os ensinamentos de Tiantai. 6. Nascimento, envelhecimento, doença e morte são os “quatro sofrimentos fundamentais”, dos quais nenhum de nós consegue escapar. Os ensinamentos do budismo foram expostos para habilitar as pessoas a ultrapassar esses sofrimentos. 7. Shakyamuni: Também conhecido como buda Gautama, é o fundador do budismo. 8. Bodisatvas da terra: A imensa multidão de bodisatvas que o buda Shakyamuni convoca para propagar o Sutra do Lótus na era maléfica após a sua morte e guiar eternamente todas as pessoas à felicidade. Eles emergem da terra no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, daí o referido título. Cada um deles é um grande bodisatva — de brilho dourado, magnífico e firme em seu propósito — acompanhado por um séquito de amigos e companheiros em número igual às areias de sessenta mil rios Ganges. 9. Os Últimos Dias da Lei indicam o período após a morte de Shakyamuni em que seus ensinamentos perderiam a eficácia e se fossilizariam, e o mundo seria atormentado por disputas e conflito. Nichiren Daishonin surgiu durante essa época e expôs o grandioso ensinamento do Nam-myoho-renge-kyo para aliviar os sofrimentos das pessoas dos Últimos Dias da Lei por toda a eternidade. 10. Três primeiros presidentes da Soka Gakkai: Primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi; segundo, Josei Toda; e terceiro, Daisaku Ikeda. Eles também são conhecidos como os três presidentes fundadores da Soka Gakkai. 11. Mês intercalado: No período pré-moderno, o Japão, assim como a China, registrava datas com base no calendário lunar. O Dia de Ano-Novo no calendário lunar, considerado o início do primeiro mês e da primavera, variava de ano para ano, mas sempre incidia em alguma data entre 21 de janeiro e 19 de fevereiro do calendário solar, ou gregoriano. Como os meses do calendário lunar eram mais curtos que os do solar, era necessário acrescentar um mês extra a certos intervalos, para que o ano lunar correspondesse com precisão às estações. Esse mês é conhecido como mês intercalado e ocorria regularmente cerca de uma vez a cada 33 meses. Nas traduções, esses meses são indicados pela palavra “intercalado”, como em “quinto mês intercalado”. 12. Exílio em Sado: Exílio de Daishonin na Ilha de Sado, na costa oeste do Japão, desde o décimo mês de 1271, após a Perseguição de Tatsunokuchi, ocorrida no décimo segundo dia do nono mês de 1271, até o terceiro mês de 1274. Nos dois anos e cinco meses em que Daishonin permaneceu em Sado, não tinha alimento e vestimentas suficientes e sua vida permaneceu sob constante ameaça dos seguidores do Nembutsu. Durante esse período sombrio, porém, ele redigiu várias importantes obras, dentre as quais Abertura dos Olhos e O Objeto de Devoção para Observar a Mente, e proporcionou incentivos aos seus seguidores. 13. Refere-se ao “retorno do budismo para o oeste”. 14. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu, [Obras Completas de Josei Toda]. v. 3, Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1983. p. 127. 15. O presidente Josei Toda enunciou pela primeira vez seu conceito de cidadania global num seminário de estudo da Divisão dos Jovens em 1952. Trata-se da ideia de que todas as pessoas do mundo fazem parte de uma família global e devem buscar a prosperidade mediante a cooperação mútua e a harmonia, em vez de se envolverem em conflitos e discriminação. 16. Grupo Jovens Fênix: Grupo de Aprimoramento para membros da Divisão dos Estudantes Herdeiro estabelecido em 1966. 17. Traduzido do japonês. RADHAKRISHNAN, N. Ganji Kingu Ikeda; Hiboryoku to Taiwa no Keifu [Mahatma Gandhi, Martin Luther King e Daisaku Ikeda como Defensores da Não Violência]. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 2002. p. 127.
01/11/2023
Editorial
TC
Conexões que transformam o mundo
Em setembro [2023], ocorreu o Curso de Aprimoramento dos Jovens da Soka Gakkai Internacional (SGI), no Japão, com a participação de mais de cem representantes de 44 países e territórios. Essa edição foi a primeira a acontecer após a interrupção desses eventos, em razão da pandemia do coronavírus. Por esse motivo, o encontro foi permeado de alegria, emoção e decisão dos componentes de expandirem — junto com os membros da SGI de seu respectivo país — os ideais de paz, cultura e educação fomentados pela organização. O curso de aprimoramento dos jovens no Japão é um retrato da determinação do presidente Ikeda em outubro de 1960, quando se deu a primeira viagem dele para o exterior, com o propósito de semear os princípios humanísticos do Budismo de Nichiren Daishonin pelo mundo. Após mais de seis décadas, a organização se desenvolveu amplamente, e os membros da SGI têm se dedicado a ser excelentes cidadãos, enquanto continuam a realizar a prática budista para superar os desafios pessoais. É como o exemplo de empenho e superação de Grady Tesh,1 integrante da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) da SGI-Estados Unidos, participante do curso de aprimoramento. Como músico de jazz que percorre o mundo, Grady diz que chegou a enfrentar problemas de saúde mental. Em 2012, ele deixou sua terra natal, Utah, para estudar na Faculdade de Música da Universidade de Nova York. Grady ficou perplexo com sua vida na cidade, onde as relações humanas eram escassas, e, no final do primeiro semestre de estudos, foi diagnosticado com depressão. Não queria ver ninguém. Foi nesse momento que ele pegou um CD aleatoriamente. Era um álbum do lendário músico de jazz Wayne Shorter. Ele ficou fascinado com a performance do músico, repleta de energia e vitalidade, que transbordava uma rica humanidade. Ao ler a autobiografia de Shorter, nela constava o relato de experiência da fé do artista, no qual narrava a luta dele contra as adversidades como membro da SGI. Então, Grazy pesquisou o site da SGI-Estados Unidos e descobriu como recitar Nam-myoho-renge-kyo. “Senti uma esperança e energia brotando de dentro de mim”, diz. Foi o tema cultura humanística da SGI que cativou o jovem estadunidense e que também encanta milhares de pessoas ao redor do mundo. Para saber mais sobre o tema, leia a matéria de Capa da edição. E veja ainda a seção Na Prática e compreenda como ressignificar as experiências do passado, criando um novo estímulo para aprimorar e elevar a vida neste momento, promovendo a construção de um futuro mais humano e compassivo, assim como fez o jovem Grady Tesh. Essa é nossa expectativa e nosso desejo, estimado leitor. Ótima leitura! Redação Nota: 1. Cf. publicado no Seikyo Shimbun, 15 set. 2023. Acesse o link e assista ao resumo do Curso de Aprimoramento dos Jovens da SGI. Curso de Aprimoramento
02/10/2023
Pensamento
TC
Ao retornarem para casa, devem se sentir tranquilos e revigorados
Ao retornarem para casa, devem se sentir tranquilos e revigorados. Aconteça o que acontecer, incentivem-se mutuamente em família e protejam uns aos outros. Um lar harmonioso é o pilar mais importante da sociedade e o ponto primordial da paz. Dr. Daisaku Ikeda Trecho da série de poemas, ensaios, orientações e fotos do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, publicada dia 12 de agosto de 2018 na capa do jornal Seikyo Shimbun. No topo: Lago envolto pelo verde das árvores onde aves aquáticas nadam em grupo. Imagem registrada por Daisaku Ikeda, no Lago Lomond, nos arredores de Glasgow, Inglaterra, em junho de 1994
02/10/2023
Estudo
TC
[63] A Herança da Suprema Lei da Vida — a humanidade aguarda o crescimento de vocês
Explanação Cada um de vocês, integrantes da nossa Divisão dos Estudantes (DE), é a luz de esperança para a humanidade e um tesouro do mundo. Vocês são os protagonistas do século 21 que abrirão o caminho para um futuro mais auspicioso. São os Corredores da Justiça que contribuirão para a construção da era da vitória do povo que chamamos de kosen-rufu e paz mundial. Existem três razões que me fazem ter a certeza disso. A primeira é que a Lei Mística que vocês abraçam desde tão jovens é a Lei fundamental do universo por meio da qual todas as pessoas podem se tornar felizes. É a fonte para criar ilimitado valor. Como praticantes do Budismo Nichiren, vocês podem manifestar livremente o potencial colossal da vida. A segunda é que vocês todos são bodisatvas da terra1 que emergiram bailando neste mundo, com a missão de propagar a Lei Mística e construir uma rede de felicidade. A terceira é que pessoas ao redor do mundo, inclusive seus familiares e membros da localidade, depositam fé no potencial de vocês; elas estão orando por vocês e aguardando ansiosamente pelo seu crescimento. “Oh, sejam os pilares da nossa era!” Quero que todos vocês se tornem extraordinários líderes do kosen-rufu e da sociedade, corajosos defensores das nobres pessoas comuns. Com esse desejo em mente, compus a canção da Divisão dos Estudantes Corredores da Justiça.2 O verso “Oh, sejam os pilares da nossa era!” expressa minha confiança no brilhante sucesso e na vitória de vocês. Isso porque o futuro do kosen-rufu depende inteiramente de vocês, nossos jovens sucessores. Dar um intrépido passo avante, valorizando o momento presente A juventude é o maior de todos os tesouros. Também é um período de muitos problemas e de dificuldades. Mas, não importando qual seja a sua situação ou mesmo que as coisas não saiam como esperavam, como estão praticando o Budismo Nichiren agora, o caminho diante de vocês é radiante e repleto de possibilidades. Com certeza, no futuro, vocês poderão abrir as asas e voar livremente. Do contrário, os ensinamentos do budismo seriam mentira. Portanto, com espírito invencível, tentem aproveitar ao máximo o presente e dar um intrépido passo avante. Recitem Nam-myoho-renge-kyo com seriedade, estudem com afinco e fortaleçam a si próprios. A fé na Lei Mística lhes fornece o poder para vencer na vida. Uma promessa do infinito passado para surgir na era de dificuldades É profundamente significativo o fato de vocês estarem praticando o Budismo Nichiren numa época em que a humanidade enfrenta grandes crises. Shakyamuni, fundador do budismo, deixou isso claro no remoto passado, ao declarar que seus discípulos “assegurarão que a Lei perdure por muito tempo” (LSOC, cap. 11, p. 216). No Sutra do Lótus, ele promete que a Lei Mística será transmitida eternamente no futuro por pessoas como vocês, meus jovens amigos, que surgirão numa era conturbada — quando a mente das pessoas estiver distorcida e confusa — para permanecer ao lado das pessoas e trabalhar pela felicidade delas. Nesta oportunidade, estudaremos a carta A Herança da Suprema Lei da Vida, que se aprofunda nesse princípio. Trata-se de um escrito de Nichiren Daishonin muito importante, que estudei com brilhantes integrantes da DE no passado [março de 1966]. Vamos aprender juntos sobre a missão daqueles que abraçam a Lei Mística, o laço de mestre e discípulo e a relevância da organização Soka Gakkai. Trecho do escrito 1 A Herança da Suprema Lei da Vida3 Todos os discípulos e seguidores leigos de Nichiren devem recitar Nam-myoho-renge-kyo com o espírito de diferentes em corpo, unos em mente, transcendendo todas as diferenças que possam haver entre si,4 tornando-se inseparáveis como o peixe e a água.5 Esse laço espiritual é a base para a transmissão universal da Lei suprema da vida e da morte. Aqui reside o verdadeiro objetivo da propagação de Nichiren. Quando estiverem unidos assim, até o grande desejo da ampla propagação [ou o grande juramento pelo kosen-rufu] poderá ser concretizado. (CEND, v. I, p. 226) Sairen-bo, que se tornou discípulo de Nichiren Daishonin na Ilha de Sado Daishonin escreveu essa carta para Sairen-bo,6 sacerdote que se tornou seu discípulo no período em que ambos viviam em exílio na Ilha de Sado. Em meio a essas circunstâncias adversas, Sairen-bo também suportou grandes dificuldades ao lado de Daishonin. Essa carta representa a resposta de Nichiren Daishonin à pergunta de Sairen-bo sobre o significado do ensinamento extremamente importante da “herança da suprema Lei da vida e da morte”. A “herança da suprema Lei da vida e da morte” é o ensinamento para a iluminação de todas as pessoas A “suprema Lei da vida e da morte” refere-se à verdade fundamental relativa à nossa existência, que passa pelo infinito ciclo de nascimento e de morte.7 “Herança” indica a essência do budismo transmitida do Buda para todas as pessoas do futuro, assim como a linhagem familiar é passada dos pais para os filhos. Em outras palavras, a “herança da suprema Lei da vida e da morte” é a transmissão, do Buda para a humanidade, da Lei ou ensinamento supremo que habilita as pessoas a atingir o estado de buda. Daishonin começa essa carta afirmando que a “suprema Lei da vida e da morte” — o ensinamento supremo para aliviar os sofrimentos de nascimento e de morte — é o Nam-myoho-renge-kyo. Ele declara que os cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo8 constituem a Lei fundamental e eterna e o ensinamento para a iluminação de todas as pessoas transferida de Shakyamuni para os bodisatvas da terra durante a magnífica Cerimônia no Ar na assembleia do Sutra do Lótus.9 Sem dúvida, quando Sairen-bo tomou conhecimento dessa verdade essencial do budismo, deve ter ficado impressionado e profundamente emocionado. O Gohonzon do Nam-myoho-renge-kyo O daimoku do Nam-myoho-renge-kyo que recitamos todos os dias não é outro senão a Lei suprema da vida e a Lei fundamental do universo. O Gohonzon do Nam-myoho-renge-kyo que recitamos não é outro senão a sublime condição de vida do estado de buda que Nichiren Daishonin personificou. Quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo ao Gohonzon, o som da Lei Mística alcança o estado de buda do universo, assim como a natureza de buda dentro de nós, fazendo emergir a compaixão, a sabedoria e a coragem inatas. Ela nos enche de força para enfrentar as dificuldades, fortalece nossa energia vital e nos torna imbatíveis. Capacita-nos a empregar nossa sabedoria e nosso intelecto, coloca-nos no caminho certo para a boa sorte e o benefício, e permite que avancemos rumo à vitória. O verdadeiro propósito da nossa prática budista é elevar nossa condição de vida. Nichiren Daishonin revelou o Nam-myoho-renge-kyo — a suprema Lei da vida e da morte — para que todas as pessoas que vivessem nos Últimos Dias da Lei10 atingissem uma felicidade indestrutível. A Soka Gakkai é a única organização que está propagando amplamente os grandiosos ensinamentos humanísticos do Budismo Nichiren no mundo atual. O desenvolvimento sem precedentes do kosen-rufu mundial foi concretizado por meio das orações e dos esforços incansáveis no diálogo dos avós e pais de muitos de vocês, unidos em espírito com os três primeiros presidentes da Soka Gakkai. Quão admirável e digna de respeito é uma vida dedicada a recitar Nam-myoho-renge-kyo e a trabalhar pelo kosen-rufu! Vocês, jovens bodisatvas da terra, estão levando avante essa nobre tradição Soka. Cada um de vocês possui a missão de ajudar os outros a se tornar felizes. Semear as sementes da felicidade e da paz no nosso mundo é a maneira pela qual vocês transmitirão a “herança da Lei suprema da vida e da morte”. Fé para herdar a Lei Nessa carta, Nichiren Daishonin apresenta três pontos fundamentais em nossa prática budista para herdar a “herança da suprema Lei da vida e da morte”. Primeiro, ter convicção na verdade de que nossa vida é una com a Lei Mística. Segundo, manter uma firme e inabalável fé que jamais abandone a Lei Mística em nenhuma existência por toda a eternidade (cf. CEND, v. I, p. 226). E o terceiro é a união de “diferentes em corpo, unos em mente”. As palavras “todos os discípulos e seguidores leigos de Nichiren” (Ibidem) podem ser interpretadas como uma referência à verdadeira relação de mestre e discípulo e à organização comprometida em concretizar o kosen-rufu. Pois, sem a luta conjunta de mestre e discípulo, a “herança da suprema Lei da vida e da morte não pode ser transmitida corretamente. Além disso, somente uma organização de indivíduos unidos no espírito de “diferentes em corpo, unos em mente” e imbuídos do espírito de mestre e discípulo pode assegurar a vitória na luta entre o Buda e as funções da maldade e abrir o caminho do kosen-rufu. A atitude apropriada para os discípulos que se empenham pelo kosen-rufu Na passagem que estamos estudando, Daishonin esclarece o espírito de que seus discípulos necessitam ao se empenharem pelo kosen-rufu. Ele diz que eles devem “transcender todas as diferenças que possam haver entre si”, tornando-se “inseparáveis como o peixe e a água” e trabalhar juntos “com o espírito de diferentes em corpo, unos em mente” (cf. CEND, v. I, p. 226). “Transcender todas as diferenças que possam haver entre si” quer dizer eliminar qualquer sentimento de discriminação ou antagonismo. Também consiste no desafio de realizar um esforço constante para superar a tendência humana para o egocentrismo. “Inseparáveis como o peixe e a água” significa que podemos alcançar grandes feitos juntos, respeitando-nos como seres humanos preciosos e insubstituíveis e apoiando-nos e confiando uns nos outros. Na frase “com o espírito de diferentes em corpo, unos em mente”, “diferentes em corpo” denotam que todos possuem personalidade, qualidade e circunstâncias singulares. “Unos em mente” significam que compartilhamos um senso de propósito e de valores. Aproveitando ao máximo nossas diferentes características e habilidades, encorajamo-nos mutuamente e trabalhamos juntos para nosso objetivo comum — o kosen-rufu. Uma organização ideal de “diferentes em corpo, unos em mente” Nossa maravilhosa união de “diferentes em corpo, unos em mente” em prol do kosen-rufu ilustra o ideal da harmonia e da cooperação humana. Porque somos uma organização de diversos indivíduos que transcendem diferenças de etnia, idioma e cultura para se unir com base em sua humanidade comum. Respeitamos, aprendemos e ajudamos uns aos outros. Não toleramos nenhuma forma de bullying ou discriminação que menospreze o valor ou a dignidade de uma pessoa. A Soka Gakkai criou uma organização ideal de “diferentes em corpo, unos em mente”. Meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, também a concebia como uma organização que detinha a chave para a felicidade da humanidade. Para alguns de vocês, a palavra “organização” talvez evoque uma sensação de restrição. No entanto, nem mesmo o aprendizado e a prática de esportes podem ser feitos sozinhos. Exigem algum tipo de organização, como uma escola ou um clube. Organizações são indispensáveis para a vida humana. A organização Soka Gakkai existe para nos ajudar a praticar o Budismo Nichiren e alcançar a felicidade. Por outro lado, organizações que perdem o senso de propósito ou de direção podem levar as pessoas a sofrer. Os objetivos de uma organização ou a maneira como ela tenta alcançá-los são cruciais. A Soka Gakkai é uma organização que valoriza o indivíduo e almeja habilitar cada pessoa a se tornar feliz. A Soka Gakkai implementa um movimento para concretizar a paz mundial e a felicidade de todos, propagando a filosofia de respeito à dignidade da vida no mundo inteiro. Encontra-se em perfeita sintonia com o desígnio do Buda, cumprindo o desejo de Nichiren Daishonin de realizar o kosen-rufu mundial. Nesse sentido, ela se originou com Nichiren Daishonin, Buda dos Últimos Dias da Lei. O presidente Josei Toda costumava dizer que a Soka Gakkai, organização do kosen-rufu, era mais importante que sua própria vida. Temos a missão de servir como um modelo de solidariedade para a sociedade global. Uma religião que une as pessoas Como a pandemia da Covid-19 ainda continua, posso imaginar a frustração que vocês, meus jovens amigos, devem estar sentindo por terem de suportar várias restrições à sua liberdade. Entretanto, a escuridão é mais profunda pouco antes do amanhecer. E assim como Daishonin nos assegura, “O inverno nunca falha em se tornar primavera” (CEND, v. I, p. 559). Vocês poderão ultrapassar qualquer problema ou dificuldade sem falta. Quanto mais árduo o desafio, mais poderão crescer e desenvolver suas habilidades. Concentrar o foco em sobrepujar divisões, unir pessoas e edificar a solidariedade com certeza se tornará uma atitude essencial na sociedade a partir de agora. O Dr. Bryan Wilson (1926–2004), eminente estudioso da sociologia da religião com quem tive a satisfação de realizar vários diálogos, descreveu a Soka Gakkai como um movimento que está fortalecendo os laços entre as pessoas no momento em que o tecido da sociedade se encontra ameaçado e esgarçado. Também conversei com o renomado cientista Linus Pauling (1901–1994) em diversas ocasiões. Ele louvou calorosamente nosso movimento de diálogo voltado a proporcionar encorajamento para as pessoas com base no respeito à dignidade da vida. E disse que o mundo tinha a sorte de ter a Soka Gakkai. Vivemos num período em que nosso movimento Soka ilumina o mundo cada vez mais intensamente com a luz da esperança e da coragem. Trecho do escrito 2 A Herança da Suprema Lei da Vida O ouro não pode ser queimado pelo fogo nem corroído pelas águas, mas o ferro é vulnerável a ambos. O sábio é como o ouro, enquanto o tolo é como o ferro. O senhor é como o ouro puro porque abraça o “ouro” do Sutra do Lótus. (...) Devem ter sido os laços cármicos do distante passado que o levaram a se tornar meu discípulo numa época como esta. Shakyamuni e Muitos Tesouros,11 com certeza, compreenderam esta verdade. A declaração do sutra de que “As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres” [LSOC, cap. 7, p. 178], não pode, de maneira alguma, ser falsa. (CEND, v. I, p. 226) “O senhor é como o ouro puro” Ao se tornar discípulo de Nichiren Daishonin, que, na época, enfrentava duras perseguições, Sairen-bo estava se enveredando por um caminho difícil. Por essa razão, Daishonin demonstra sua calorosa preocupação, escrevendo: “O senhor tem seguido Nichiren e, como resultado, passa por sofrimentos. Aflijo-me profundamente ao pensar em sua angústia” (CEND, v. I, p. 226). Correspondendo ao compassivo incentivo de seu mestre, Sairen-bo se manteve inabalável e perseverou como discípulo. Esse é o motivo pelo qual Daishonin o louva, afirmando: “O senhor é como o ouro puro” (Ibidem). Mestre e discípulo nascem juntos A relação de mestre e discípulo constitui um laço espiritual formado a partir da decisão do discípulo. É uma relação que enriquece e aprofunda a vida das pessoas em todos os sentidos. Trata-se de algo com o qual muitos líderes com quem dialoguei ao longo dos anos manifestaram total concordância. Toda sensei comentou: “Daishonin diz que mestre e discípulos sempre nascem juntos sem falta. À luz dessas palavras, sinto imensa gratidão por todos vocês. Nascemos juntos neste mundo por causa da promessa que fizemos no passado”.12 Seguir o caminho de mestre e discípulo no budismo é solene, profundo, infinito e eterno. O laço de mestre e discípulo é eterno Para ilustrar o laço cármico de mestre e discípulo, Daishonin cita para seu leal discípulo Sairen-bo uma passagem do Sutra do Lótus: “As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres” (LSOC, cap. 7, p. 178). Essa passagem destaca a sublime essência do Sutra do Lótus — de que o laço de mestre e discípulo não se limita a esta existência, de que mestre e discípulo sempre nascem juntos, existência após existência, e empreendem, incessantemente, ações para conduzir as pessoas à felicidade. Juntos, empenham-se para transformar o lugar onde quer que estejam numa terra do buda e auxiliar todas as pessoas a mudar o destino. Essa é a promessa e o juramento seigan deles do infinito passado. O laço de mestre e discípulo baseado na Lei Mística transcende os limites da vida e da morte e é eterno, perdurando pelo passado, presente e futuro. Toda sensei fez alusão a esse mesmo trecho do Sutra do Lótus para descrever o vínculo com seu mestre Tsunesaburo Makiguchi.13 Hoje, membros da SGI no mundo todo estudam e dão continuidade a esse espírito de mestre e discípulo. Uma maravilhosa ligação de alegrias e de sofrimentos compartilhados Para celebrar o ensejo de sua posse como segundo presidente da Soka Gakkai em 3 de maio de 1951, Toda sensei dedicou a mim o seguinte poema: Agora e no futuro também, juntos, compartilhando alegrias e sofrimentos. Que mística relação! Seis décadas se passaram desde que me tornei terceiro presidente da Soka Gakkai como discípulo direto de Toda sensei [em 3 de maio de 1960]. Todos vocês, membros da Divisão dos Estudantes que surgiram na época atual, são jovens de profunda missão, ligados por uma profunda relação cármica, a quem confio tudo. Bodisatvas da terra escolhem o tempo apropriado para nascer, com o intuito de demonstrar a grandiosidade da Lei Mística. Conscientes do laço de mestre e discípulo, seus veteranos na fé são guiados por forte senso de missão. Em virtude disso, mantiveram-se invencíveis diante das adversidades da vida. Eles ultrapassaram sofrimentos cármicos como dificuldades financeiras e doenças, conduziram vidas de supremo valor e abriram caminhos para o magnífico desenvolvimento do kosen-rufu que presenciamos atualmente. Meus jovens amigos, bailem nesse palco brilhante com ousadia. O ato de vocês se levantarem e entrarem em ação contribuirá para que nossa rede de esperança ilumine o futuro da humanidade e se expanda ainda mais ao redor do mundo. Valorizar cada indivíduo diante dos nossos olhos O Budismo Nichiren é uma religião viva de transformação da realidade. Valorizando a pessoa que está diante de nós, acreditamos no potencial de cada indivíduo. A Soka Gakkai é o mundo do incentivo e da confiança. Nossos esforços com esse espírito fortalecem e aprofundam os laços entre cidadãos globais. O verdadeiro valor do Budismo Nichiren como religião humanística evidencia ainda mais intensamente seu brilho quando a sociedade enfrenta turbulências. O esperançoso movimento Soka continuará enriquecendo o século 21 para que ele se torne verdadeiramente o século da vida. Vocês, meus jovens amigos, desempenharão papel vital e admirável na edificação da “nossa era”, na qual ressoe a canção do triunfo do humanismo. (Daibyakurenge, edição de julho de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Ikeda sensei agradece a todos os membros e integrantes dos grupos horizontais o sincero apoio durante a estada na capital do Brasil (Brasília, DF, fev. 1984) Foto: Seikyo Press Notas: 1. Bodisatvas da terra: Referência aos inumeráveis bodisatvas que o buda Shakyamuni convoca para propagar o Sutra do Lótus na era maléfica após a sua morte e para guiar eternamente todas as pessoas à felicidade. Eles emergem da terra no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, daí o referido título. Cada um deles é um grande bodisatva — de brilho dourado, magnífico e firme em seu propósito — acompanhado por um séquito de amigos e companheiros em número igual às areias de sessenta mil rios Ganges. 2. Corredores da Justiça: O presidente Ikeda compôs essa canção em 1978 para a Divisão dos Estudantes Herdeiro, e revisou a letra em 2010, que posteriormente se tornou a canção da Divisão dos Estudantes. A terceira estrofe diz o seguinte: “Com a missão e o orgulho desta era, / Vocês, de ardente paixão, / São os corredores do estandarte da vitória, / São os corredores que expandem os círculos das flores / Oh, sejam os pilares da nossa era!”. 3. A frase “transcendendo todas as diferenças que possam haver entre si” poderia ser traduzida literalmente como “sem nenhum pensamento sobre si ou o outro, sobre isto ou aquilo”. Não se trata de uma negação da individualidade, mas de um apelo para que se transponham as lacunas entre as pessoas originadas do egocentrismo. 4. A frase “inseparáveis como o peixe e a água” deriva-se de uma famosa passagem do clássico chinês San Kuo Chih (História dos Três Reinos) sobre um incidente histórico no qual o governante Liu Bei, tendo obtido os préstimos do hábil ministro Zhuge Liang (Kongming) realiza importantes atividades possibilitando, ao mesmo tempo, que Kongming manifeste plenamente suas habilidades. 5. A Herança da Suprema Lei da Vida foi escrita por Nichiren Daishonin em 1272, em Tsukahara, durante o seu exílio na Ilha de Sado, e endereçada a Sairen-bo, que também estava exilado lá. 6. Sairen-bo: Ex-sacerdote da escola budista Tendai que, por razões desconhecidas, havia sido exilado na Ilha de Sado. Lá, ele encontrou Nichiren Daishonin e se converteu aos ensinamentos dele. 7. O budismo ensina que nossa vida passa por um ciclo contínuo de nascimento e de morte. No Sutra do Lótus, porém, esse ciclo não é caracterizado pela ilusão e pelo sofrimento, mas por um permanente estado de felicidade. 8. Myoho-renge-kyo é escrito com cinco ideogramas chineses, ao passo que Nam-myoho-renge-kyo se escreve com sete (nam, ou namu, compreendendo dois ideogramas). Daishonin muitas vezes emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus escritos. 9. Cerimônia no Ar: Uma das três assembleias descritas no Sutra do Lótus, na qual toda a multidão é suspensa no espaço, acima do mundo saha. Ela se estende do capítulo 11, “Torre de Tesouro”, ao capítulo 22, “Transferência”. Os pontos centrais dessa cerimônia são revelar a iluminação original do Buda [Shakyamuni] no remoto passado e transferir a essência do sutra aos bodisatvas da terra, que são liderados pelo bodisatva Práticas Superiores. 10. Os Últimos Dias da Lei são o período após a morte de Shakyamuni no qual os ensinamentos dele perdem seu poder benéfico. Trata-se de uma era de incessantes conflitos. Nichiren Daishonin surgiu nesse período e revelou o grandioso ensinamento do Nam-myoho-renge-kyo, que conduz as pessoas dos Últimos Dias da Lei à felicidade por toda a eternidade. 11. Muitos Tesouros: Buda descrito no Sutra do Lótus. O buda Muitos Tesouros aparece na Cerimônia no Ar, sentado dentro de sua torre de tesouro, para atestar a veracidade dos ensinamentos de Shakyamuni no sutra. 12. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 7. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1987. p. 472. 13. Para dar um exemplo, na cerimônia em memória do presidente Makiguchi, Toda sensei disse: “Com sua vasta e ilimitada benevolência, o senhor permitiu-me acompanhá-lo até na prisão. Graças a isso, li com minha própria vida a passagem do Sutra do Lótus: ‘habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres’. Como resultado desse benefício, entendi o verdadeiro significado do ensinamento dos bodisatvas da terra e, ainda que fosse uma pequena parte, compreendi o significado do Sutra do Lótus com minha vida. Poderia existir felicidade maior que esta?”.
02/10/2023
Capa
TC
Propagar a cultura do humanismo
A cultura é um bem da humanidade que não conhece fronteiras. Ela cria renovadas cores e tons na forma como as pessoas se comunicam, se relacionam e se comportam em sociedade. Alvo de intensos estudos, o termo “cultura” pode indicar tanto a produção artística quanto o modo de vida, o conjunto de saberes, a religião e outras expressões de um povo — o fato é que a todo o momento somos impactados pela culinária, moda, dança desses povos. Cada cultura tem suas próprias nuanças e vão sendo absorvidas, estabelecendo um precioso ritmo na evolução humana. Como uma das mais acessíveis artes, a música ganha contornos nesta edição, com sua força impactante na saúde e no bem-estar, e na criação e no fortalecimento das relações de amizade e de paz. É um espaço para reflexões que contribuam para uma vida criativa, na qual deixamos de executar um ritmo de vida marcado por dissabores e compomos nossa própria partitura, vibrante de coragem e de esperança para encarar os desafios. Ao nos apropriar da força vital que existe em nós, aprendemos a extrair da vida o que ela tem de melhor. A edição está repleta de estímulos. A música é tema. E quem cria a melodia da felicidade é você! Acompanhe! Processo transformador Há pelo menos 34 definições para o termo “cultura”, tamanha sua abrangência e latitude de pensamentos. Para o historiador e crítico literário Alfredoe Bosi, antes mesmo de tentarmos definir concretamente seu significado, vale a máxima de que ela pode ser entendida por meio de nossas experiências, do cotidiano e da apropriação das reflexões surgidas. Cultura está ligada à experiência. Só existe cultura, realmente, quando vivemos estas determinadas experiências, quando nosso cotidiano é pensado. Então cultura de uma maneira genérica seria a experiência pensada, a vida pensada. Tudo aquilo que fazemos de maneira espontânea, por herança biológica ou por fatalidade social e que não é objeto da nossa reflexão, fica aquém da cultura.1 Por trás disso, há um ritmo dinâmico. Fazer das experiências vividas a força de propulsão para um processo transformador interno, denominado “revolução humana”, foi o objetivo da criação da Soka Gakkai, em 1930. À frente do seu tempo, o educador Tsunesaburo Makiguchi cunhou o termo “Soka”, reunindo em um vocábulo as palavras “criação” (sozo, em jap.) e “valor” (kachi, em jap.). Ou seja, a capacidade humana de dar sentido e valor a todas as ocorrências da vida, transformando-as em composições douradas da existência. E como as experiências nos auxiliam nessa evolução? Uma das cenas que ganharam destaque no período da pandemia foi a manifestação de moradores de condomínios, vistos de janelas e sacadas tocando piano, violão, sax etc. Era o som da solidariedade nos fazendo experienciar a amenização da solidão e do medo que pairavam no coração de todos. Aplausos seguidos da sensação de quietude, consolo e o que mais coubesse no coração. Essas recentes memórias demonstram quanto a música exerce poder na consciência coletiva e individual. O benefício se estende sobremaneira na saúde, e é científico. “Além de proporcionar diversão e prazer, a música tem a vantagem de melhorar a saúde de uma forma segura e econômica”, é o que destaca um relatório de 2020, intitulado Música em Nossas Mentes: O Grande Potencial da Música para Promover a Saúde Cerebral e o Bem-estar Mental, feito pelo Conselho Global de Saúde Cerebral (GCBH, na sigla em inglês). No documento, lê-se também que “ouvir, tocar ou compor uma melodia pode gerar uma sensação de bem-estar, reduzir o estresse, facilitar as relações interpessoais, modular o sistema cardiovascular, melhorar o equilíbrio e fortalecer o sistema imunológico sem nenhum efeito adverso”.2 Isso nos dá referências estimulantes de que um dos principais benefícios da música é a quebra de barreiras. Então, passamos a entender que ela pode expressar nossa individualidade, ao mesmo tempo em que nos exercitamos na convivência com pessoas diferentes de nossas crenças e gostos. A música tem o dom de unir na diversidade; e, no momento da vida de cada indivíduo, isso vale como um grandioso aprendizado para tudo. A seguir, conheceremos um importante empreendimento do presidente Ikeda para o despertar da cultura do povo. Alimento da alma Para as pessoas nutrirem a vida com o que o mundo das artes tem de melhor, foi criada a Associação de Concertos Min-On,3 no Japão, que completa seis décadas de existência neste mês de outubro. Haviam se passado apenas três anos da posse de Daisaku Ikeda como terceiro presidente da Soka Gakkai, ocorrida em 1960, assumindo o legado de seus mestres antecessores, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda. Trata-se de uma visão de futuro baseada na força da cultura e da educação como caminhos vitais para a consecução de um mundo de paz. O presidente Ikeda pondera sobre seu intento na criação da Min-On em denso poema: A música evoca o coração e faz ecoar a harmoniosa ressonância da amizade nas “cordas musicais da alma”, na vida de todas as pessoas. Esta melodia faz despertar ora a coragem de viver, ora a oração à paz, e ora o orgulho humano. A música possui a força da virtude. Desejo unir as pessoas através da música e então tocar para o mundo a melodia do arco-íris de cultura e paz. Esse foi o meu sonho desde os dias da minha juventude.4 Ao longo dos anos, a Min-On consagrou-se como o próprio nome é traduzido: “música do povo”, oferecendo às pessoas o melhor da música e das artes cênicas do mundo a preços acessíveis. As apresentações realizadas, como orquestra, música de câmara, ópera, balé, música popular, tango e dança folclórica, superaram muito mais de 60 mil exibições [até 2017, foram mais de 78 mil apresentações].5 No Centro Cultural Min-On, localizado no bairro de Shinjuku, Tóquio, está instalado o Museu de Música Min-On, com uma biblioteca contendo mais de 120 mil LPs e CDs, 45 mil partituras musicais e cerca de 30 mil livros de referência. O museu também exibe uma coleção de pianos antigos, caixas de música e instrumentos folclóricos de todo o mundo, conforme informações do site da instituição.6 Paz, cultura e educação formam a base de atuação na Soka Gakkai Internacional (SGI), nos mais de 192 países e territórios nos quais a organização mantém representação, unindo mais de 12 milhões de membros. Ao segurar firme a batuta, Ikeda sensei, hoje aos 95 anos, faz da regência do incentivo sua dedicação diária. Música para os ouvidos de pessoas de todas as idades, em especial as que sofrem. A seguir, vamos conhecer o exemplo de Beethoven e aprofundar nosso entendimento sobre o som da Lei Mística — Nam-myoho-renge-kyo —, recitado pelos membros da Soka Gakkai do mundo inteiro. A força do som interior Como é possível criar uma música que fale de alegria em meio a situações tristes e adversas? Essa é a fabulosa arte preconizada por Beethoven (1700–1827). É dele a imortal obra Nona Sinfonia, e seu famoso quarto movimento Ode à Alegria. Beethoven tinha menos de 30 anos quando ficou completamente surdo. Sem se abater, provou com sua obstinação que ouviria apenas o propósito que ardia em sua alma. Existe somente um Beethoven, mas pessoas comuns também podem exercitar essa força interior, inata na vida de todos, identificada como “natureza de buda” por Nichiren Daishonin, que viveu no século 13. A angústia poderá ser transformada em esperança, o mesmo acontecerá com a covardia dando lugar à coragem de encarar as dificuldades e gerar renovada disposição de avançar. “Recitar Nam-myoho-renge-kyo é a maior de todas as alegrias”8 — é o que assegura Daishonin ao denominá-lo de som da esperança incontida no coração de todos. Uma vez recitado, é possível compor uma sinfonia de felicidade, que expanda seus sons para as pessoas ao redor. Quando se abre para esta condição de buda, pessoas comuns assumem seu lugar no palco da vida. Assim como nas notas musicais, em que cada uma tem seu valor e sua característica, o estímulo dado pela Soka Gakkai é para que cada indivíduo cresça e se desenvolva, com respeito mútuo e livre do egocentrismo. Essa é a força do movimento Soka, que encontra eco nas atuações de seus membros espalhados pelo mundo. Ao absorver a essência do ensinamento budista na vida diária, aplicam-na em suas ações cotidianas e fazem da cultura de paz seu modo de vida. Nessa bem construída partitura, fundamenta-se a importância do diálogo na construção de relações humanas. “A paz é gerada apenas acreditando no bem que reside nos outros e na busca não por nossas diferenças, mas por nossas semelhanças”,9 enfatiza o presidente Ikeda. Ele reforça: “O diálogo é um tipo de criação musical produzida em meio aos sentimentos humanos”.10 Assim, ao buscar entender o coração do outro, os muros da desconfiança e da apatia são derrubados. O movimento de unir as pessoas, acolhendo-as de suas tristes melodias e oferecendo a elas a canção triunfal da esperança, coragem e felicidade plena é chamado kosen-rufu. Como então criar essa melodia? O budismo elucida que é possível estabelecer um modo de vida criativo, no qual encontramos sentido em nossos dias e podemos avançar sem mudar quem somos, apropriando-nos da força criativa que está dentro de nós. Elencamos três pontos de reflexão e ação para essa conquista essencial: Notas da felicidade Há dias em que nem uma música alegre é capaz de nos devolver o ânimo. Ou cultuamos as lembranças amargas, mergulhando na escuridão. O budismo expõe, em contrapartida, que a pessoa na condição de vida iluminada de buda transforma aflições em alegrias, sofrimentos em satisfações, insegurança em esperança, preocupações em tranquilidade, e prossegue a vida transformando tudo. Jamais terá uma situação de estagnação. Como elucidada por Nichiren Daishonin, a fonte dessa energia é a recitação do Nam-myoho-renge-kyo, que desperta para a mais elevada condição de vida. Ikeda sensei ressalta: “Recitar o sutra é como declamar um poema. E recitar daimoku é como cantar uma obra musical. Nossa prática budista diária é a atividade mais cultural de todas”.11 Escreva a sua partitura Passado e futuro são notas que não combinam com a partitura da revolução humana proposta na Soka Gakkai. O presente é o que importa, e estarmos cientes de que sofrimentos e dificuldades fazem parte e são naturais na vida de qualquer ser humano. Vida, filhos, trabalho. As pessoas que conseguem encontrar (e valorizar) seus esforços diários, firmam metas, desafiando-as com disposição e vivendo cada instante plenamente, criam a verdadeira sinfonia da felicidade. Em última instância, a felicidade não é algo que existe fora das pessoas. Ela existe dentro de nosso coração. É isso o que o budismo nos ensina. Expanda o som da esperança Assim como o som se propaga e atravessa tempo e espaço, a melodia da paz obtida em seu coração será capaz de alcançar a vida de todos ao redor. A arte de viver Viver de arte é um desafio grandioso, mas pude comprovar a força da prática da fé e da minha persistência em conseguir me destacar. Um dos meus maiores benefícios é a vaga que conquistei para trabalhar em uma companhia internacional, na qual me encontro há treze anos. É uma companhia francesa, chamada Kafig, que criou, em 2009, uma vertente brasileira, a Kafig Brasil. Por intermédio dela, tive a oportunidade de viajar para mais de 27 países. Sou Diego Alves dos Santos, tenho 34 anos e comecei a dançar aos 9, cinco anos depois de minha família ingressar na Soka Gakkai. No início, era uma tia (Tia Paula) praticante que me acompanhava nas reuniões. Depois, eram meus pais que me levavam, e assim fui sendo inserido nas programações e, mais tarde, nos grupos horizontais dos jovens da BSGI. Integrei a banda Ongakutai e os grupos de bastidores Sokahan e Ohrinkai. Tenho plena convicção de que essas vivências foram primordiais para me preparar como valor para a sociedade e como líder. O que me motiva é que, por meio da dança, consigo me conectar com as pessoas, tocar o coração delas, mesmo de forma inconsciente. O budismo nos eleva a essa sensibilidade aguçada, acredito. Aprendi a fazer do tempo um aliado, e busco atuar em todas as frentes. Há momentos em que precisamos retomar a fé com força, e isso ocorreu em 2019. Uma importante turnê estava prestes a ser cancelada, em meio à fragilidade das relações com a companhia se acentuando. Minha prática não estava legal, minha luta já estava meio “água de salsicha” e, consequentemente, meus benefícios também. Tinha receio de que a companhia acabasse e eu perdesse meu laço com o mundo da arte internacional. Após enfrentar muitos desafios, físicos e psicológicos, resolvi que não poderia mais passar por aquilo e simplesmente só aceitar a derrota. Voltei a me alinhar com minha prática da fé, com participação nas atividades e a ter maior interação com os membros. Foi então que obtive meu primeiro benefício rumo à vitória: a turnê não foi cancelada, somente parte dela. Assim, depois de mais de dois anos batalhando, por fim consegui subir num palco para dançar com meus amigos como verdadeiro vencedor. Eu me sinto encorajado a cada dia, e minha alegria maior é ter conduzido doze pessoas a essa formidável filosofia, e do jeito mais simples. Se alguém me conta sobre alguma dificuldade, tento sempre mostrar como lidamos com essas situações. Sou budista Soka, com muito orgulho. Minha gratidão é gigante. Cultivar o espírito humano A cultura é viva e somos fruto dessa dinâmica interação com outras origens, costumes e práticas. É do aprendizado diário que a cultura se substância, no solo diário das intervenções humanas tão preciosas. Se o “barulho” das dificuldades soa alto aos ouvidos, é hora de ouvir o coração. E transformar todas as dificuldades numa inspiradora melodia de vitórias. Como vimos, tal como as notas musicais, cada pessoa tem seu modo e estilo próprios. E como expõe o conceito budista da “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro”,12 cada indivíduo pode manifestar tons vibrantes de sua personalidade, sem precisar ser outra pessoa. Na base dessa construção de uma vida afinada com coragem, sabedoria e esperança, o budismo revelado por Nichiren Daishonin permite que elevemos nossa condição de vida. Por isso, não há razão para pessimismo. O momento é de cada pessoa assumir a batuta do seu carma e gerar valor para si e para as demais. Com essa visão de presente e futuro compartilhado, baseado no diálogo sincero e caloroso, deve ser voz que acalma e abraça o coração de quem sofre. É com o sentimento de acolher o coração do outro que a grandiosa melodia da paz ganha vida. Cultivar o espírito humano, no local em que se vive neste exato momento. No topo: Acima, presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, cumprimenta Herbie Hancock, primeiro à esq., e Wayne Shorter no Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio (Japão, out. 2007). Foto: Seikyo Press Notas: 1. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/966185/alfredo-bosi-cultura-ou-culturas-brasileiras. Acesso em: 7 set. 2023. 2. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2023/01/qual-o-efeito-da-musica-no-cerebro-das-pessoas. Acesso em: 3 set. 2023. 3. Para saber mais, acesse: https://museum.min-on.or.jp/ 4. Brasil Seikyo, ed. 2.450, 12 jan. 2019, p. B2. 5. Ibidem. 6. Disponível em: https://www.min-on.org/music-museum/. Acesso em: 15 set. 2023. 7. CILE Digital. https://ciledigital.brasilseikyo.com.br/livro/63. Acesso em: 2 set. 2023. 8. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 788. 9. CILE Digital. Disponível em: https://ciledigital.brasilseikyo.com.br/livro/63. Acesso em: 2 set. 2023. 10. Ibidem. 11. Brasil Seikyo, ed. 1.555, 13 maio 2000, p. A3. 12. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 220.
02/10/2023
Artigos
TC
Façamos a canção da vitória ecoar a partir de nossa comunidade
A base do altar budista que se encontra no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu abriga pedras coletadas em 192 países e territórios e em cada uma das 47 províncias do Japão. Logo receberemos o 10o aniversário da conclusão do auditório. Nichiren Daishonin afirma: “Para que as orações sejam eficazes e os desastres desapareçam da nação, três elementos são requeridos: um bom mestre, um bom praticante e um bom ensinamento”.1 Acatando com total seriedade essas palavras, ao longo da década passada, nós, da Soka Gakkai — trilhando o caminho de mestre e discípulo e seguindo fielmente os ensinamentos do Buda dos Últimos Dias da Lei —, efetuamos dinâmicos avanços na concretização de nossas orações individuais e na propagação compassiva da Lei Mística nas terras de nossa missão. A força propulsora por trás disso são, inquestionavelmente, as comunidades da Soka Gakkai. Oro com o mais profundo respeito e gratidão pelos membros de nossa família Soka das comunidades de todo o Japão e do mundo inteiro, capitaneadas por nossos admiráveis líderes de comunidade da Divisão Sênior e da Divisão Feminina. Gostaria de celebrar com vocês a década de magníficas vitórias que cada comunidade assinalou. Em uma de suas cartas, Daishonin transmite o terno desejo de se encontrar novamente com os irmãos Ikegami, escrevendo: “[Nessa ocasião], ficarei tão feliz que mal conseguirei falar”.2 Isso demonstra como ele valorizava seus encontros com os discípulos. Nossas reuniões de palestra são imbuídas do espírito de carinho e preocupação de Daishonin. Em Kansai, durante a época pioneira do nosso movimento, uma líder de comunidade da Divisão Feminina recém-nomeada me perguntou, com sinceridade e seriedade, como ela deveria encarar sua nova responsabilidade. Expressando minha gratidão e louvor pelos seus dedicados esforços, expliquei-lhe que ela não precisava fazer nada fora do comum, simplesmente recitar daimoku, orar pela felicidade de cada membro, e incentivá-lo com carinho e consideração. Ao proceder dessa forma, disse-lhe, esse mesmo espírito se propagaria por toda a comunidade. Esse é o significado de “O corpo e a mente dela permeiam todo o mundo dos fenômenos num único momento”.3 Eu a instei a promover o kosen-rufu com confiança e coragem, começando por encorajar e dialogar com as pessoas em seu ambiente imediato. A parte em versos do capítulo “A Extensão da Vida”, do Sutra do Lótus, que recitamos no gongyo, termina com palavras que exprimem o pensamento, ou a preocupação, constante do Buda: “Medito constantemente: ‘Como posso conduzir as pessoas ao caminho supremo e fazer com que adquiram rapidamente o corpo de um buda?’”4,5 Citando essa passagem, meu mestre, Josei Toda, declarou que o desejo de conduzir as pessoas à felicidade é o pensamento constante que os membros da Soka Gakkai compartilham com Nichiren Daishonin, Buda dos Últimos Dias da Lei. Façamos o gongyo todos os dias com o espírito de estar tomando uma nova decisão no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. Recitemos daimoku pela felicidade de cada membro da nossa comunidade e de toda a humanidade, e oremos para concretizar a paz e a prosperidade na sociedade por meio da propagação dos princípios de afirmação da vida preconizados pelo Budismo Nichiren. Recitando o rugido de leão do Nam-myoho-renge-kyo imbuídos do grande juramento pelo kosen-rufu, iluminemos nosso planeta e o futuro com a radiante luz da Lei Mística! Nossos nobres membros se alegram e dançam sabendo que o princípio de “emergir da terra”6 está vivo em sua comunidade, benefícios florescem com exuberância. No topo: Participantes do Curso de Aprimoramento da Divisão dos Jovens da SGI, realizado no Auditório Memorial Toda, em Tóquio (Japão, set. 2023) Foto: Seikyo Press Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 143, 2017. 2. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 1498. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 384, 2020. 4. No gongyo, a passagem diz: “Mai ji sa ze nen. I ga ryō shu jō. Toku nyū mu jō dō. Soku jō ju bus-shin”. 5. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 556, 2017. 6. Em O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos, Daishonin escreve: “No início, somente Nichiren recitou o Nam-myoho-renge-kyo, mas depois, duas, três, cem pessoas o seguiram, recitando e ensinando aos outros. Assim também será a propagação no futuro. Isso não significa ‘emergir da terra’?” (Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 404, 2020).
02/10/2023
Estudo
TC
[62] O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos — assumam a liderança na propagação da filosofia do respeito à dignidade da vida!
Explanação Nestes tempos turbulentos, as pessoas estão buscando uma nova filosofia de esperança. Em nosso mundo repleto de adversidades, há a necessidade urgente de que surjam mais “valores humanos” dedicados à criação de valor. A humanidade atualmente está engajada numa luta feroz contra um inimigo invisível, o coronavírus. Ao juntarmos nossa sabedoria para responder a esse desafio sem precedentes, todos desejam ardentemente o fim da pandemia. Onde podemos encontrar a força para dissipar as nuvens escuras que envolvem o coração das pessoas e ajudá-las a se tornar mais fortes, mais sábias e melhores? Originalmente, a religião começou com pessoas dando expressão a seus desejos mais intensos e prementes em forma de oração. Não seria exagero afirmar que pessoas do mundo todo hoje, mais uma vez, estão reexaminando o verdadeiro valor da religião. O Sutra do Lótus possibilita que todas as pessoas atinjam o estado de buda Todos vocês, membros da Divisão dos Estudantes (DE) de várias partes do mundo, que estão crescendo em meio a esta época conturbada, possuem a profunda missão de ensejar uma nova era de respeito pela dignidade da vida mantendo firmemente os ensinamentos do Budismo do Sol de Nichiren Daishonin. O Sutra do Lótus descreve como a filha de 8 anos do rei dragão1 se tornou um buda, demonstrando que todos os seres vivos podem atingir a iluminação, independentemente do gênero. A tradição da Soka Gakkai de valorizar a Divisão dos Estudantes é admiravelmente significativa. Esperança para a sociedade Meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, sempre dizia que as crianças são emissárias do passado do “tempo sem início” (kuon ganjo), que nasceram neste mundo para possibilitar que os pais e outros ao seu redor atinjam o estado de buda. Ele também as chamava de tesouros do futuro, observando que devemos considerá-las emissárias do futuro e cuidar delas da melhor forma possível. As esperanças e as expectativas em relação a vocês, membros da DE, nunca foram tão altas quanto hoje. Por quê? Porque sua geração adornará o centenário de fundação da Soka Gakkai (em 2030) e determinará o curso do século 21, fazendo dos desafios atuais o palco principal para seu crescimento. Vocês são tesouros preciosos insubstituíveis que possuem a missão de edificar um futuro mais auspicioso para a humanidade. Cada um de vocês é uma grande fonte de esperança para a sociedade global. Em prol do seu futuro Nas três próximas edições, gostaria de estudar com vocês, corredores da justiça, que levarão avante o bastão do kosen-rufu mundial, algumas passagens dos escritos de Nichiren Daishonin. Analisemos, juntos, tópicos como o significado da fé, o modo de vida correto e a relevância de se ter esperanças e sonhos. Os ensinamentos do Budismo Nichiren são profundos e, mesmo que a princípio não os compreendam totalmente, chegará o dia em que reconhecerão o verdadeiro significado do que estudamos aqui. Talvez sintam dificuldade, mas espero que absorvam algo do que eu disser nessas explanações que os ajude mais tarde na vida. Nesta primeira parte, examinemos O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos. Certa ocasião, dei uma palestra sobre esse escrito para alguns de seus pioneiros predecessores da DE-Herdeiro (em 1966). Nele, Daishonin nos ensina que, como discípulos diretamente ligados a ele, temos a missão de realizar o kosen-rufu em prol da humanidade, do mundo e do futuro. Trecho do escrito 1 O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos Agora, não obstante o que aconteça, empenhe-se na fé, torne-se um devoto [praticante] do Sutra do Lótus e continue sendo meu discípulo pelo resto de sua vida. Se tiver a mesma mente de Nichiren, o senhor deve ser um bodisatva da terra. (CEND, v. I, p. 404) O ensinamento que recitamos durante o gongyo da manhã e da noite Acredita-se que Daishonin tenha enviado esse escrito para um discípulo sacerdote chamado Sairen-bo, no quinto mês de 1273, há aproximadamente 750 anos. Daishonin estava com 52 anos na época e vivia na Ilha de Sado.2 O título desse escrito é O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos. Durante o nosso gongyo da manhã e da noite, recitamos três vezes o ensinamento do “verdadeiro aspecto de todos os fenômenos” (shoho jisso, em jap.)3 do capítulo “Meios Apropriados”, do Sutra do Lótus (cf. LSOC, cap. 2, p. 57) — Sho ho jis-so. Sho i sho ho. Nyo ze so. Nyo ze sho. (…) Nyo ze hon mak-ku kyo to —; isso demonstra quão fundamental é esse ensinamento. Essa carta foi escrita em resposta a uma pergunta de Sairen-bo sobre o significado de “o verdadeiro aspecto de todos os fenômenos”. Fazer perguntas é muito importante no processo de aprendizado. Reunir a coragem em busca de respostas é a maneira que temos para fazer novas descobertas e experimentar a alegria de compreender coisas novas. Daishonin responde claramente que o verdadeiro aspecto (essência) de todos os fenômenos (coisas, realidade) é o Nam-myoho-renge-kyo. Ele diz: “Verdadeiro aspecto” é outra designação de Myoho-renge-kyo”4 (CEND, v. I, p. 403). O daimoku do Nam-myoho-renge-kyo que recitamos é o nome da verdade suprema, o princípio fundamental subjacente ao universo e à vida. É o meio pelo qual todas as pessoas podem atingir o estado de buda; e é também a fonte de revitalização, harmonia e felicidade que nos mune de ilimitada energia vital e de boa sorte. Todos vocês que abraçam esta Lei Mística possuem força e potencial extraordinários. Recitar Nam-myoho-renge-kyo com fé na Lei Mística é a “chave” que permite a você ativar essas qualidades ilimitadas no mundo real. Nossas persistentes orações sempre são respondidas A juventude é uma época repleta de preocupações e de ansiedade para qualquer pessoa. Aposto que os desafios que vocês enfrentam parecem intermináveis, seja no âmbito dos estudos, no tocante à decisão de que carreira seguir no futuro, seja com relação aos amigos, questões familiares, e assim por diante. No entanto, em última análise, sua prática budista constitui a força propulsora para lidar com cada uma dessas questões e ultrapassá-las. A oração é um ato sublime unicamente humano. É a expressão do recôndito do seu ser, do seu profundo e incomensurável poder. O Sutra do Lótus afirma: “Eles [praticantes] desfrutarão paz e segurança na presente existência e boas circunstâncias nas existências futuras” (LSOC, cap. 5, p. 136). Isso significa que nossa situação atual melhorará e alcançaremos a felicidade perene sem falta. Nossas orações não apenas nos empoderam a solucionar nossos problemas imediatos, mas também estimulam nosso crescimento e nos ajudam a ter uma existência dedicada à felicidade dos outros. Esse é o poder fundamental do Nam-myoho-renge-kyo. E é o propósito da nossa prática diária do gongyo e da recitação do daimoku. A verdadeira fé no Budismo Nichiren não ensina uma dependência passiva de algum poder externo. Ao contrário, por meio da oração sincera e do esforço sério, podemos evidenciar nossa verdadeira força interior, nosso potencial inerente único. Desse modo, conseguimos nos aprimorar e nos desenvolver ainda mais. Naturalmente, na realidade, as coisas nem sempre ocorrem como você gostaria, e suas orações nem sempre são respondidas de imediato. Pode-se comparar isso a cavar incansavelmente para desenterrar um tesouro valiosíssimo escondido bem fundo debaixo da terra e atingir uma pedra que o impeça de alcançá-lo. Se desistir nesse ponto, nunca conquistará o tesouro. Do mesmo modo, para alcançar o tesouro infinitamente precioso nas profundezas da terra da própria vida, você precisa cavar de maneira correta — isto é, perseverar com paciência na prática budista correta. Desde que continue cavando, obterá força e sabedoria, consolidando dinamicamente sua energia vital, e viverá de forma positiva e produtiva. Referindo-se aos infinitos e imensuráveis benefícios que recebemos por meio da nossa fé no Gohonzon, Toda sensei costumava dizer que nossas experiências têm significado no mundo da fé. Com o tempo, perceberemos, com profunda gratidão, que nada foi desperdiçado e tudo teve um propósito. Desde os primórdios da nossa organização até hoje, inumeráveis membros vivenciaram isso pessoalmente e podem atestar esse fato. Tais provas reais demonstradas pelos membros do mundo inteiro diz muito sobre a validade e profundidade do Budismo Nichiren. Por isso, é tão importante manter a fé. No longo prazo, verificaremos que todas as nossas orações sempre são respondidas. Quando olharmos para trás, poderemos apreciar plenamente as experiências que tivemos, percebendo que alcançamos mais do que almejávamos e que as dificuldades que enfrentamos nos ajudaram a compreender o sofrimento dos outros. Ao nos empenhar na prática budista, podemos converter os desafios em estímulo para nosso crescimento pessoal e em oportunidades para grandes progressos. Não há a menor sombra de dúvida de que, no fim, nossa vida superará nossas expectativas. Portanto, é crucial que perseveremos com firme fé até o último momento. Daishonin expressa: “Agora, não obstante o que aconteça, empenhe-se na fé, torne-se um devoto do Sutra do Lótus e continue sendo meu discípulo pelo resto de sua vida” (CEND, v. I, p. 404). Agora é hora de vocês, meus jovens sucessores da Soka Gakkai, se concentrarem em seu desenvolvimento, colocando os estudos e a saúde em primeiro lugar. Desejo que se tornem pessoas capazes de realizar extraordinárias contribuições para o kosen-rufu, para a felicidade do próximo e para o bem-estar da sociedade. Construir um mundo onde sinta que vale a pena ter nascido Daishonin escreve: “Se tiver a mesma mente que Nichiren, o senhor deve ser um bodisatva da terra”5 (CEND, v. I, p. 404). Os bodisatvas da terra são profundamente nobres. Incumbidos de propagar a Lei Mística na era maléfica dos Últimos Dias, eles surgem neste mundo de acordo com seu juramento seigan de concretizar o kosen-rufu. Os membros da Soka Gakkai são, todos, bodisatvas da terra. De forma simples, kosen-rufu significa construir um mundo feliz e pacífico, no qual todos sintam alegria por terem nascido, apreciem a vida e possam conduzir uma existência prazerosa e realizada em harmonia com os outros. É exatamente como expressamos nas orações silenciosas no fim do gongyo todas as manhãs e noites: “Oro pela paz mundial e felicidade de todas as pessoas (ou melhor, de todos os seres vivos)”. Essa é a razão pela qual seus pais e avós e os demais membros da Soka Gakkai em sua localidade se dedicam com tanta intensidade a compartilhar o Budismo de Daishonin com os outros. O foco de suas orações e ações vão muito além de si mesmos e de suas famílias, abarcando amigos, vizinhos e todos de sua coletividade. Quando expandimos a esfera de nossa preocupação, evidenciamos ainda mais coragem, sabedoria e compaixão e nos imbuímos de profundo senso de significado e propósito na vida. Os membros da Soka Gakkai de todos os lugares se empenham dia após dia para elevar a própria condição de vida e, ao mesmo tempo, contribuir para a felicidade do próximo e para a sociedade. Esse é o caminho para atingir o estado de buda nesta existência, e é a prática da nossa revolução humana. A fé com “a mesma mente que Nichiren” O essencial é ter “a mesma mente que Nichiren” (CEND, v. I, p. 404). Em meio a numerosas árduas perseguições, Daishonin abriu o grande caminho do kosen-rufu que se estende pela eternidade, movido pelo desejo de que a humanidade conquiste a felicidade. A Soka Gakkai vem atuando em perfeita consonância com essas palavras de Daishonin. O fato de vocês hoje estarem praticando o Budismo Nichiren é realmente admirável. A Soka Gakkai está se empenhando na fé com “a mesma mente que Nichiren”. Com um coração vasto, capaz de abraçar o mundo inteiro, espero que continuem vivendo junto com a Soka Gakkai. Não permitam que nada os detenha. Continuem seguindo avante com grandes sonhos. Uma vida dedicada às pessoas Daishonin afirma que somos, sem dúvida, bodisatvas da terra. Somos nobres bodisatvas que surgiram corajosamente neste mundo com uma missão pelo kosen-rufu. Bodisatvas são pessoas que trabalham ativamente pela paz mundial pela felicidade dos outros, ativando, nesse processo, o brilho e a radiância da própria vida. Bodisatvas da terra são grandes bodisatvas comparáveis ao Buda que escolheram nascer nesta era maléfica repleta de problemas e sofrimento. Consequentemente, vivenciam os mesmos problemas e sofrimentos que todos. Mas a condição de vida dos bodisatvas da terra é diferente, pois eles têm consciência e orgulho de sua importante missão. Os bodisatvas da terra jamais se entregam diante das adversidades. Apesar de eles próprios estarem passando por provações, encorajam e apoiam aqueles que estão enfrentando dificuldades e vivem de uma maneira que inspira esperança nos outros. Estendendo a mão para as pessoas à sua volta, transmitem, por meio de seu exemplo, a verdade de que podemos superar os infortúnios e nos tornar felizes. Tudo na vida tem significado. Se nossa vida fosse perfeita desde o começo, não poderíamos demonstrar a grandiosidade do budismo nem o poder subjacente à vida. Os bodisatvas da terra ilustram o princípio de “carma adotado por desejo próprio”.6 Os membros da Soka Gakkai ao redor do mundo abraçam o juramento dos bodisatvas da terra, que escolhem deliberadamente lutar em meio às adversidades. Eles encaram seus desafios com bravura, determinados a transformar destino em missão. Por mais árduas sejam nossas atuais circunstâncias ou as dificuldades que enfrentemos, avançamos com otimismo e espírito invencível. Cada um de vocês, sem exceção, possui uma grande missão. Minha expectativa é que cresçam e se tornem líderes a quem as pessoas agradeçam por tê-las ajudado a se tornar felizes. Mesmo que seus esforços sejam silenciosos e passem despercebidos, gostaria que permanecessem fiéis a si próprios e dediquem a vida ao caminho Soka de mestre e discípulo, trabalhando para contribuir para a felicidade das pessoas e para a sociedade. Esse é meu desejo. Trecho do escrito 2 O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos Não deve haver discriminação entre os que propagam os cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo nos Últimos Dias da Lei, sejam homens, sejam mulheres. Se não fossem bodisatvas da terra, não seriam capazes de recitar daimoku [Nam-myoho-renge-kyo]. No início, somente Nichiren recitou o Nam-myoho-renge-kyo, mas depois, duas, três, cem pessoas o seguiram, recitando e ensinando aos outros. Assim também será a propagação no futuro. (CEND, v. I, p. 404) Igualdade entre as pessoas, apropriada para uma religião mundial Nichiren Daishonin prescreve que “não deve haver discriminação (...) sejam homens, sejam mulheres” (CEND, v. I, p. 404). Essa declaração de igualdade de gênero no Japão do século 13 reluz como um farol nos anais da história da humanidade. Em outras palavras, cada pessoa que abraça o Gohonzon e recita Nam-myoho-renge-kyo, independentemente de gênero, identidade ou expressão, pode se tornar plenamente feliz. Por essa razão, é importante que não apenas recitemos Nam-myoho-renge-kyo, mas também ensinemos os demais a fazer o mesmo. Isso é o que se entende por prática para si e prática para os outros. Recitar Nam-myoho-renge-kyo é uma prática aberta a todas as pessoas, independentemente de gênero, idade ou etnia, não obstante quem elas sejam, qual o histórico delas ou de onde venham. De fato, hoje, o Budismo Nichiren difundiu-se por 192 países e territórios, transcendendo diferenças de idiomas e culturais. O Budismo de Nichiren Daishonin lança luz como religião mundial capaz de conduzir as pessoas à felicidade, brilhando verdadeiramente como o sol. E foi a Soka Gakkai que o propagou ao redor do globo, exatamente como Daishonin proclamou: “Se não fossem bodisatvas da terra, não seriam capazes de recitar daimoku” (Ibidem). Toda sensei declarou: “Devemos cultivar excelentes ‘valores humanos’ jovens, que possam trabalhar para beneficiar a sociedade e a humanidade. Esse é o propósito da Soka Gakkai”. O kosen-rufu começa com a transformação interior de uma única pessoa Daishonin escreve: “No início, somente Nichiren recitou o Nam-myoho-renge-kyo, mas depois, duas, três, cem pessoas o seguiram, recitando e ensinando aos outros. Assim também será a propagação no futuro” (CEND, v. I, p. 404). Nesse trecho, ele nos assegura que o kosen-rufu poderá ser alcançado e indica como isso se desdobrará. A sociedade, em última análise, é um conjunto de indivíduos. Por essa razão, toda mudança começa com a transformação interior de uma única pessoa. Portanto, é essencial edificar progressivamente laços de confiança, primeiro com uma pessoa, depois com outra e mais outra, promovendo a compreensão e consolidando a decisão compartilhada. Para vocês, membros da Divisão dos Estudantes, significa tentar sinceramente construir amizades. Embora a princípio isso possa parecer comparável a pegar o caminho mais longo, quando mais e mais pessoas transformarem a vida, elas formarão amplo movimento de pessoas comuns. O renomado físico Albert Einstein (1879–1955) disse: “Confiança gera confiança, e sem confiança, não será possível haver cooperação frutífera”.7 Estimulando sinceros laços ligando uma pessoa a outra, nossa rede do bem se fortalece cada vez mais. Orar com sinceridade No fim desse escrito, Daishonin destaca a base da nossa prática: “Empenhe-se nos dois caminhos da prática e do estudo. Sem prática e estudo não pode haver budismo. Deve não só perseverar como também ensinar aos outros. Tanto a prática como o estudo surgem da fé. Empregue o máximo de sua capacidade ao ensinar os outros, mesmo que seja uma única sentença ou frase” (CEND, v. I, p. 405-406). Orar com um coração sincero e aberto produz forte energia vital. Estudar o budismo nos enche de convicção e faz nossa sabedoria inerente brilhar. Espero que vocês se empenhem nos “dois caminhos da prática e do estudo”, fazendo sua vida reluzir com intensidade e iluminando todos à sua volta com esperança e coragem. Abri o caminho para vocês Como discípulo de Toda sensei, tornei realidade todos os projetos e sonhos dele. Hoje, não há lugar na Terra ao qual a resplandecente luz do Budismo de Daishonin não tenha chegado. Demonstrei a grandiosidade do caminho de mestre e discípulo com minha própria vida. Abri o caminho para vocês. Por essa razão, conclamo-os a trilhar confiantemente o caminho dos sucessores, e a abrir o caminho para o desenvolvimento futuro do kosen-rufu, para um século de paz e por um mundo seguro para todos. Uma forte emoção toma conta de mim quando penso sobre o que vocês realizarão nos anos que virão. Com o mesmo espírito, os companheiros de todas as partes do mundo também estão orando pelo crescimento de vocês. Recito daimoku ardentemente todos os dias para que cada um de vocês, sem exceção, cumpra sua missão. A trajetória de mestre e discípulo é o curso da vitória na vida Todos vocês são leões, são o sol. Não importando as situações desagradáveis, duras ou desafiadoras que possam enfrentar, mantenham a cabeça erguida e avancem com confiança e orgulho na estrada de sua missão. O caminho Soka de mestre e discípulo é o caminho da vitória na vida e da felicidade e paz para a humanidade. Esse caminho se estende vastamente diante de vocês! (Daibyakurenge, edição de junho de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu sob a lua cheia de outono (Tóquio, Japão, set. 2015). Foto: Seikyo Press Notas: 1. Filha do rei dragão: A filha de 8 anos de Sagara, um dos oito grandes reis dragões que, segundo a crença, habitavam um palácio no fundo do mar. De acordo com o capítulo “Devadatta”, do Sutra do Lótus, a menina-dragão atinge o estado de buda e firma o juramento de resgatar todos os seres vivos do sofrimento. 2. Exílio em Sado: O exílio de Daishonin na Ilha de Sado, no Japão, do décimo mês de 1271, imediatamente após a Perseguição de Tatsunokuchi, ocorrida do décimo segundo dia do nono mês de 1271 ao terceiro mês de 1274. Sairen-bo, recebedor de O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos, também estava exilado lá. Inspirado por Daishonin, ele se torna discípulo dele. 3. No gongyo, recitamos três vezes: Sho i sho ho. Nyo ze so. Nyo ze sho. Nyo ze tai. Nyo ze riki. Nyo ze sa. Nyo ze in. Nyo ze en. Nyo ze ka. Nyo ze ho. Nyo ze hon mak-ku kyo to. A tradução é a seguinte: “Essa realidade consiste em aparência, natureza, entidade, poder, influência, causa interna, relação, efeito latente, efeito manifesto e sua consistência do início ao fim” (LSOC, cap. 2, p. 57). 4. Myoho-renge-kyo é escrito com cinco ideogramas chineses, ao passo que Nam-myoho-renge-kyo, com sete (nam, ou namu, compreendendo dois ideogramas). Daishonin muitas vezes emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus escritos. 5. Bodisatvas da terra: Referência aos inumeráveis bodisatvas descritos no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, aos quais Shakyamuni confia a tarefa de propagar a Lei após a morte dele. No capítulo 21, “Os Poderes Sobrenaturais”, Shakyamuni incumbe o bodisatva Práticas Superiores, líder dos bodisatvas da Terra, de propagar a Lei no mundo saha na era maléfica dos Últimos Dias da Lei. 6. “Carma adotado por desejo próprio”: Refere-se aos bodisatvas que, apesar de qualificados a receber as puras recompensas da prática budista, abrem mão delas e selam o juramento de renascer num mundo impuro para salvar os seres vivos. 7. EINSTEIN, Albert. Einstein on Peace [Einstein sobre a Paz]. NATHAN, Otto; NORDEN, Heinz (eds.). Nova York: Avenal Books, 1981. p. 71.
01/09/2023
Editorial
TC
Objetivos claros, grandiosas conquistas
Entramos no último trimestre do ano. Foram quase 250 dias desde o brinde comemorativo de 1º de janeiro para selar a chegada de uma época vindoura, ocasião comumente acompanhada de aspirações e expectativas de um período repleto de vitórias. Possivelmente, nesse momento festivo, você tenha listado metas e objetivos do ano para que o novo ciclo fosse arrematado com grande êxito. Dentre os tópicos da lista, é possível identificar quais foram alcançados e os que faltam um bom tanto para ser concretizados? A resposta para a pergunta pode ser encontrada na palavra “clareza” — a de “O que você quer?” e “Para que você quer?”. Sobre isso, o presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, diz: “Faz parte da natureza humana tentar entender o significado dos fatos. Quando o propósito de uma tarefa não é claro, as pessoas não conseguem dar o máximo de si”.1 Isto é, quando compreendemos “para quê”, o propósito da nossa dedicação se torna ainda mais intenso. Trazemos como exemplo a primeira nadadora brasileira a conquistar uma medalha em Jogos Olímpicos, a paulistana Poliana Okimoto. O que a encorajava a buscar o triunfo como atleta era ter objetivos bem traçados. “O objetivo tinha que estar muito claro na minha mente. Ter uma meta e um plano definido sempre foi o que me motivou para chegar até lá e me ajudou a entender todos os porquês”, comenta Poliana.2 Como vimos, ter objetivos claros e compreender “o que” e “para que” é como desenhar um mapa que guiará nossos passos em direção ao sucesso. Para saber mais, leia matéria de Capa da edição com indicações do presidente Ikeda para obter êxito nos objetivos lançados. Todavia, não basta apenas sonhar com esses objetivos. É preciso pôr o que foi projetado em prática. Para isso, a oração — recitação do gongyo e do daimoku — é primordial para dar clareza e direcionamento dos passos a ser seguidos. [E não deixe de ler a seção Na Prática que mostra como as orações no Budismo de Nichiren Daishonin são respondidas.] Além disso, a execução do que foi traçado, ou seja, a ação, é a que, de fato, materializará nossos sonhos. E o resultado de todos os esforços é a cristalização do objetivo — o que faz brotar o sentimento de superação e de realização. Portanto, não tenha receio de sonhar e de estabelecer objetivos inspiradores. Tenha clareza, recite daimoku com fé e confiança, e execute a ação necessária para celebrar cada conquista. Desejamos excelente leitura! Redação
01/09/2023
RDez
Faróis da Esperança
RD
Façam as flores da esperança desabrochar na primavera!
Meu mestre, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, nasceu na nevada província de Ishikawa, no gélido mês de fevereiro, e cresceu em Hokkaido, a mais ao norte das principais ilhas do Japão. Ele costumava dizer às crianças: “O inverno é a época para reunir forças para a primavera”. Mesmo com o solo coberto de neve, plantas e flores se preparam pacientemente para a chegada da primavera. As palavras do Sr. Toda nos inspiram a ter coragem, querer aprender e a nos desenvolver, especialmente, nos tempos difíceis. Quando seu coração estiver congelado de preocupação, recite Nam-myoho-renge-kyo. Recitar energicamente, mesmo que três vezes, banhará a terra do seu coração com a calorosa luz solar. Assim, raízes do espírito invencível serão criadas, flores da esperança brotarão de maneira única e uma grandiosa força surgirá de dentro de você. Vamos avançar juntos em direção à primavera! Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de fevereiro de 2023 do Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro.
03/02/2025
Corredores da Justiça
RD
Quanto maiores os desafios, maior o crescimento
Fevereiro é o mês do aniversário do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda. Quando o presidente Toda estava no ensino fundamental, seus colegas o chamavam carinhosamente de “Napoleão”. Por ser um ávido leitor, ele se tornou um especialista nessa figura histórica. Em sua juventude, Napoleão Bonaparte foi provocado e até mesmo ridicularizado por ser magro, de família pobre e falar com sotaque. Entretanto, ele estava determinado a jamais ser derrotado. Estudou muito, se exercitou e, no final, deixou sua marca na história. O presidente Toda acreditava que os jovens que se recuperam de decepções são fortes. Todos nós vivenciamos momentos de insegurança quando duvidamos da nossa capacidade. Contudo, sei que há algo que apenas vocês podem realizar por conta das lutas que só vocês enfrentaram. Quanto maiores os desafios, maior é o potencial que vocês evidenciam e maior também é o crescimento. Em uma carta a um jovem discípulo, Nichiren Daishonin escreveu: “Embora possamos sofrer por um tempo, finalmente, a alegria nos espera” (WND, v. 2, p. 882). Vivam sua juventude corajosamente! Fonte: Traduzido da série “Rumo a 2030: Dedico aos meus Jovens Sucessores Corredores da Justiça” da edição de fevereiro de 2023 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro.
03/02/2025
Faróis da Esperança
RD
Vamos polir nosso coração com a oração
Meus jovens amigos, parabéns por todo o trabalho duro este ano! Tenho certeza que vários de vocês irão ajudar a família na limpeza da casa antes do Ano-novo [é uma tradição no Japão]. Limpar nosso quarto, geralmente, nos deixa revigorados, não é? Todos os dias, podemos fazer algo para polir nosso coração. Vocês sabem o que é? É recitar Nam-myoho-renge-kyo! Nichiren Daishonin afirma que, ao recitarmos Nam-myoho-renge-kyo, polimos o espelho da nossa vida, fazendo-o brilhar da maneira mais bela.¹ Por meio da recitação, nosso coração e nossa vida tornam-se brilhantes e energizados. Ficamos felizes e extraímos coragem e sabedoria de dentro de nós. Também tratamos nossa família e nossos amigos com mais gentileza e consideração e fazemos brilhar nossos pontos fortes, que são únicos. Então, vamos polir nosso coração para entrarmos no novo ano! Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de dezembro de 2022 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro. Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 4, 2020.
01/12/2024
Corredores da Justiça
RD
Vamos cantar a Ode à Alegria da nossa vida!
Dezembro, o mês que ecoa a Nona Sinfonia, de Beethoven, chegou! O grande compositor Beethoven perdeu sua mãe aos 16 anos, lutou contra dificuldades financeiras e, mais tarde, superou o desespero de perder a audição. O trecho do coral da Nona Sinfonia, Ode à Alegria, expressa, de forma poderosa, seu espírito de romper o sofrimento e experimentar a alegria e continua inspirando pessoas ao redor do mundo. Muitas vezes, na minha juventude, incentivei a mim mesmo ouvindo a música de Beethoven. Em dezembro de 1955, meu mestre Josei Toda me disse: “Dai, você deve experimentar dificuldades na vida. Somente assim compreenderá a fé e se tornará uma pessoa de mérito”. Somos confrontados com obstáculos precisamente porque estamos indo em frente e fazendo progresso. É lutando contra adversidades e ultrapassando dificuldades que nos tornamos mais fortes e capazes. E recitar Nam-myoho-renge-kyo é a ferramenta mais poderosa para superar qualquer desafio. Nichiren Daishonin afirmou: “O Nam-myoho-renge-kyo é a maior das alegrias”.1 Vamos romper o sofrimento e, juntos, cantar a Ode à Alegria da nossa vida! Meus jovens amigos, vocês certamente vencerão contanto que não desistam! Fonte: Traduzido da série “Rumo a 2030: Dedico aos meus Jovens Sucessores Corredores da Justiça” da edição de dezembro de 2022 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro. Nota: 1. The Record of the Orally Transmitted Teachings (Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente). Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, 2004, p. 212.
01/12/2024
Faróis da Esperança
RD
Libere seu poder Soka para o mundo e o futuro!
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei: Em 18 de novembro de 1930, os presidentes Makiguchi e Toda publicaram a obra Soka Kyoikugaku Taikei (Sistema Pedagógico de Criação de Valor) com o profundo desejo de que todas as crianças desfrutassem de felicidade e paz. Esse é o dia também em que é comemorada a fundação da Soka Gakkai. Soka significa “o poder de criar valor”. É o poder de nunca desistir e de manter novos caminhos de esperança não importando o que aconteça. Nosso movimento, o kosen-rufu, visa liderar o caminho para a paz mundial e a felicidade e permitir que todas as pessoas extraiam esse poder de dentro da sua vida. Cada um de vocês é um tesouro incrivelmente precioso da humanidade e possui uma grande missão que somente vocês podem cumprir. Com confiança e orgulho desse fato, por favor, estudem com entusiasmo e liberem seu poder Soka, o poder de criar valor para o mundo e o futuro! Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de novembro de 2022 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro.
21/10/2024
Corredores da Justiça
RD
Criem um futuro brilhante com a luz da sabedoria e do intelecto
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei em inglês: Em 18 de novembro de 1930, foi publicada a obra Soka Kyoikugaku Taikei (Sistema Pedagógico de Criação de Valor), na qual os presidentes Makiguchi e Toda trabalharam juntos. Essa data é celebrada também como o dia da fundação da Soka Gakkai. A ilustração na página de rosto do livro trazia uma lâmpada que brilhava intensamente. Num período em que o militarismo lançava uma sombra sobre o Japão, os presidentes Makiguchi e Toda desejavam iluminar o futuro com a luz do aprendizado direcionada para a criação de valor a fim de que os jovens de todos os lugares pudessem conduzir uma vida de felicidade e paz. Hoje, vocês que recitam Nam-myoho-renge-kyo e dão prioridade aos estudos estão realizando o sonho compartilhado pelos mestres e discípulos Soka. Vocês são brilhantes faróis que oferecem esperança para a criação de um caminho para a paz e a felicidade de toda a humanidade. Quanto mais aprendem, mesmo enquanto enfrentam problemas e desafios, mais o potencial de vocês se expande. Serão capazes de iluminar suas vidas e a de suas famílias e até mesmo o mundo com a grandiosa luz da sabedoria e do intelecto. Jovens que continuam a aprender nunca chegarão a um beco sem saída. Vamos avançar com orgulho em direção a um futuro triunfal e brilhante! Fonte: Traduzido da série “Rumo a 2030: Dedico aos meus Jovens Sucessores Corredores da Justiça” da edição de novembro de 2022 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro.
21/10/2024
Menu
RD
Mês de setembro
Saiba, em um minuto, o que você encontrará na edição de setembro: Do Mestre para você Corredores da Justiça Aprenda a desabrochar sua flor interior. Faróis da Esperança Como desenvolver um coração tão grande quanto a lua cheia? Leia aqui. Matéria do mês Sabedoria e compreensão ilimitadas Mesmo enfrentando adversidades, é possível atingir a iluminação e ser feliz. Quero saber! Quentinhas O que Rolou Descubra como uma colônia de férias reforçou a amizade e o espírito Soka dos participantes e como a criatividade de uma Estudante ajudou a explicar um trecho do Gosho. Trending Topics Pesquisamos 10 curiosidades sobre a Amazônia. Relato Dez Neste vídeo relato, Pedro Henrique conta como recuperou a saúde por meio da fé e da união. Aprenda mais sobre o budismo Contos e Parábolas Conheça a história da joia costurada no manto. Cápsula do Tempo Teste seus conhecimentos sobre a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares. ABC do Budismo Entenda como despertamos o estado de buda em nossa vida. Diversão Passatempo Venha se divertir com os desafios deste mês. Teatro com recortes Explore a trama com os personagens da parábola. Encarte KIDS Acesse o suplemento no Brasil Seikyo de setembro.
02/09/2024
ABC do Budismo
RD
O verdadeiro aspecto de todos os fenômenos
Você já deve ter ouvido falar, por diversas vezes, o termo “atingir o estado de buda”. Mas, já parou para pensar como isso é possível? Todos nós possuímos dez estados de vida, sendo que o estado de buda é o mais elevado deles, o mais digno que podemos alcançar. Assim como os demais, o estado de buda se manifesta no dia a dia, inclusive, em meio às adversidades. É um estado de felicidade absoluta em que não somos abalados nem influenciados negativamente por nada! É como se fôssemos um leão, o rei dos animais. É para alcançar esse estado que realizamos, diariamente, o gongyo, em que repetimos por três vezes uma parte do escrito1 O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos, e recitamos Nam-myoho-renge-kyo, que é a Lei que permeia todo o universo. O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos é o nome de uma carta que Nichiren Daishonin escreveu para o discípulo Sairen-bo Nichijo. O “verdadeiro aspecto de todos os fenômenos” nada mais é do que o potencial de buda que existe dentro de nós. Em um dos trechos dessa carta, consta: Agora, não obstante o que aconteça, empenhe-se na fé, torne-se um devoto [praticante] do Sutra do Lótus e continue sendo meu discípulo pelo resto de sua vida. Se tiver a mesma mente de Nichiren, o senhor deve ser um bodisatva da terra. (CEND, v. I, p. 404) A juventude é conhecida por ser uma época com muitas descobertas, novos conhecimentos, decisões a serem tomadas, dificuldades e preocupações. É um turbilhão de sentimentos que fazem parte da nossa vida. Nesses momentos, podemos manifestar desde o estado de inferno até o estado de buda. Em meio a tudo isso, aprendemos no budismo que, por meio da oração, podemos evidenciar uma condição repleta de boa sorte em que não somos influenciados por nada. Vocês já ouviram falar que “não há oração sem resposta”? Isso é verdade! Sendo praticantes, bodisatvas da terra e discípulos de Ikeda sensei, sempre teremos uma resposta, imediata ou não, por essa razão devemos manter a fé pelo resto da vida. Qual é o papel dos bodisatvas da terra? Como afirmou Nichiren Daishonin, nós somos bodisatvas da terra, ou seja, nascemos com a missão de propagar o kosen-rufu neste mundo. Os bodisatvas trabalham em busca da paz mundial pela felicidade de todas as pessoas. Você pode até se perguntar: “Se sou um bodisatva da terra, por que tenho tantos problemas?” É que, ser um bodisatva não significa que nossa vida será tranquila, na verdade, indica que, mesmo vivendo e enfrentando adversidades, temos a oportunidade de transformar nossa vida e a de outras pessoas. Muitas vezes, é no momento que estamos ajudando um amigo a superar um problema que encontramos a solução para o que está nos atormentando. Os bodisatvas da terra são chamados assim porque estão em um caminho contínuo que leva à iluminação (estado de buda). Eles estão constantemente em um processo de despertar. Nós, Sucessores Ikeda 2030, somos diversos, conforme o princípio da “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro”. Temos nossas características e nosso jeito de pensar. Mas temos em comum a oportunidade de praticar o Budismo Nichiren, ter um mestre da vida, que é Ikeda sensei, e, por meio da Soka Gakkai, cultivar e ajudar inúmeros amigos! No livro Vozes para um Futuro Brilhante, sensei cita a seguinte afirmação de Nichiren Daishonin: "Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar o Nam-myoho-renge-kyo".2 Sendo assim, vamos sempre revelar o verdadeiro aspecto que existe em cada um de nós! Notas: 1. Escrito ou Gosho: são cartas em que Nichiren Daishonin, o Buda Original dos Últimos Dias da Lei, escrevia para seus discípulos e seguidores com a intenção de incentivá-los a ter uma fé duradoura para atingir o estado de buda. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 713, 2020.
02/09/2024
Faróis da Esperança
RD
Desenvolvam um coração tão grande e brilhante quanto a lua cheia
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei Eu frequentemente fotografo a lua cheia. Na hora da foto, aperto o botão da máquina com o desejo de que vocês, meus queridos amigos da Divisão dos Estudantes, cresçam felizes e com o coração e o sorriso tão grandes quanto a lua cheia. Nichiren Daishonin escreveu: “Para aqueles que têm profunda fé, é como se a lua cheia estivesse iluminando a noite”.1 Pode haver momentos em que os problemas os colocam para baixo. Entretanto, desde que recitem Nam-myoho-renge-kyo, a vida de vocês brilhará de maneira forte e radiante como a lua cheia e iluminará o caminho para ultrapassar as preocupações e seguir em frente. Em setembro, mês da bela lua cheia, vamos olhar juntos para o céu noturno e abrir nosso coração de forma tão vasta quanto o universo! Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de setembro de 2021 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro. Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 94, 2014.
02/09/2024
Corredores da Justiça
RD
Faça sua inigualável flor desabrochar
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei em inglês A primavera chegou! A estação da esperança e do progresso chegou! Parabéns pelo início do novo ano letivo!1 Nichiren Daishonin afirmou que a cerejeira, a ameixeira, o pessegueiro e o damasqueiro representam o mais elevado estado de vida do buda assim como são, sem passar por nenhuma mudança. As flores dessas árvores têm, cada uma delas, uma beleza única. Do mesmo modo, cada um de vocês possui uma preciosa flor que pode desabrochar à sua própria maneira. Essa flor pode ser sua individualidade, seu talento ou sua missão. Os problemas e as batalhas da juventude farão essa flor interior desabrochar de forma magnífica. Mesmo nos dias frios de dificuldades, vocês dispõem da luz do sol da coragem, que é o Nam-myoho-renge-kyo. Espero que continuem orando enquanto dão o seu melhor nos estudos e nas atividades extracurriculares e se esforçam para ser bons filhos e cultivar boas amizades. Tais esforços farão desabrochar a flor da sua extraordinária vitória! Quando e como isso ocorre varia de pessoa para pessoa. Não há necessidade de sentir inveja dos outros. A partir de hoje, do local em que se encontram, comecem a escrever bravamente sua própria história de crescimento pelas quatro estações do ano! Fonte: Traduzido da série “Rumo a 2030: Dedico aos meus Jovens Sucessores Corredores da Justiça” da edição de abril de 2022 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro. Nota: 1. No Japão, o ano letivo começa em abril.
02/09/2024
Corredores da Justiça
RD
Aprendam com um coração tão vasto quanto o oceano!
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei em inglês Em agosto de 1954, meu mestre, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, me levou para visitar sua cidade natal, a Vila de Atsuta (atual bairro de Atsuta, cidade de Ishikari), em Hokkaido. Contemplando o vasto oceano diante de nós, ele me disse: “O mundo é um lugar grande e muitas pessoas são afligidas por terríveis sofrimentos. Você deve iluminar o mundo com a luz da Lei Mística em meu lugar!” Levando adiante o espírito do meu mestre, preparei o palco do kosen-rufu mundial para vocês, meus amigos da Divisão dos Estudantes, para assumirem seus lugares como protagonistas do nosso movimento. Nichiren Daishonin afirmou que, assim como o grande oceano contém todos os inúmeros rios que nele deságuam, a Lei Mística abarca todos os seres dos Dez Mundos e seus ambientes.1 Portanto, quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo, nossa vida, assim como o grande oceano, abarca toda a humanidade e o planeta inteiro! Por favor, continuem a aprender e a avançar com um coração vasto e aberto. Quanto mais se esforçarem e trabalharem duro agora, mais serão capazes de aprimorar a sabedoria e o caráter. O crescimento de cada um de vocês, jovens corredores da justiça, é a esperança das pessoas ao redor do mundo! Fonte: Traduzido da série “Rumo a 2030: Dedico aos meus Jovens Sucessores Corredores da Justiça” da edição de agosto de 2023 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro. Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 149-150, 2020.
01/08/2024
Faróis da Esperança
RD
Desfrute o aprendizado com sua família Soka
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei Eu amo as reuniões de palestra da Soka Gakkai. Conheci meu mestre, Josei Toda, em uma delas, no mês de agosto, quando eu tinha 19 anos.1 O termo Gakkai, de Soka Gakkai, significa “sociedade de estudo”.2 As reuniões de palestra são encontros para aprender e dialogar sobre a grande filosofia de vida do Budismo Nichiren, que visa à felicidade e à paz mundial. Mesmo que não esteja com muita vontade de participar, com certeza, você se sentirá energizado e fará novas descobertas nas reuniões de palestra. E sua presença trará sorrisos para a família Soka. Membros ao redor do mundo estão orando pelo crescimento de todos vocês, que são a fonte de esperança do mundo. Por favor, mantenham a boa saúde e tenham férias de verão3 seguras e satisfatórias! Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de agosto de 2023 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro. Notas: 1. O primeiro encontro de Josei Toda com Daisaku Ikeda ocorreu em 14 de agosto de 1947.2. IKEDA, Daisaku. Be Brave. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019, p. 75.3. No Japão, as férias de verão acontecem entre o final de julho e 31 de agosto.
01/08/2024
Relato Dez
RD
Ser a fortaleza da paz para a humanidade
Perfil - Mizuki Sando Rangel - 17 anos - Mora em Tóquio (Japão) Assista ao vídeo em que Mizuki conta como foi aprovada na Universidade Soka do Japão e como está sendo sua adaptação à nova fase. No topo: Arquivo pessoal
01/05/2024
Corredores da Justiça
RD
Meus jovens amigos, tornem-se pessoas verdadeiramente grandiosas
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei em inglês O dia 5 de maio é o Dia das Crianças no Japão. Há muitos anos, sugeri que designássemos esse dia como o Dia dos Sucessores da Soka Gakkai.1 Isso foi inspirado no respeito que tenho pelos membros da Divisão dos Estudantes, como pessoas excelentes, e pela minha crença de que cada um tem a importante missão de levar adiante o espírito da Soka Gakkai. Meu mestre, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, gostava destas palavras de Os Analectos, de Confúcio: “Deve-se admirar os jovens”.2 Referindo-se a eles, Toda sensei disse-lhes: “Estou observando com admiração para ver que grandes indivíduos, vocês, que nasceram depois de mim, se tornarão”. O que determina a verdadeira grandeza de uma pessoa? Não é fama, riqueza ou títulos. Uma pessoa verdadeiramente grandiosa é alguém que luta pela felicidade dos outros. Defendendo a filosofia de afirmação da vida do Budismo Nichiren, muitos de seus pais e familiares estão trabalhando com sinceridade e coragem pelo bem de outros e da sociedade. Eles são ótimos além da medida. Oro para que cada um de vocês, como jovens sucessores, também se tornem pessoas verdadeiramente grandiosas e contribuam para o bem-estar da humanidade. E declaro com orgulho: “Deve-se considerar a Divisão dos Estudantes com admiração!” Fonte: Traduzido da série “Rumo a 2030: Dedico aos Meus Jovens Sucessores Corredores da Justiça” da edição de maio de 2023 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro. Notas:1. O Dia dos Sucessores da Soka Gakkai foi definido em 5 de maio de 1976 durante uma reunião da Divisão dos Estudantes realizada em Kansai.2. CONFÚCIO. Os Analectos. Traduzido por Simon Leys. Nova York: W. W. Norton and Company, 1997, p. 42.
01/05/2024
ABC do Budismo
RD
A vida dos Três Mestres – parte 3
“Quando eu crescer, irei viajar para muitos países! Farei amizade com muitas pessoas!”1 Esse era o sonho de infância de Daisaku Ikeda, terceiro presidente da Soka Gakkai. Daisaku Ikeda nasceu no dia 2 de janeiro de 1928 em Tóquio, Japão, e viveu uma infância muito humilde ao lado da família, que trabalhava com o cultivo de algas marinhas. No livro Be Brave, ele compartilhou algumas das dificuldades enfrentadas na época: Na minha infância, houve muitos momentos difíceis e tristes. Mas, olhando para trás, posso ver que até mesmo os momentos que achei que não poderiam ter sido mais terríveis foram decisivos em minha história de vida. Penso comigo: “Sou muito feliz por ter me desafiado naquela época”. Por favor, lembrem-se que, independentemente dos problemas que possam ter na vida, vocês podem superar qualquer coisa. (Be Brave, p.11) Além de escrever poemas e fotografar, o jovem Ikeda gostava de música e sabia tocar alguns instrumentos. Relembrando outros momentos da infância, ele escreveu: Mesmo quando as pessoas me tratavam mal, eu cantava. Isso instantaneamente iluminava meu espírito e me ajudava a seguir em frente. Este é exatamente o significado de “seja corajoso!” Podemos ser imbatíveis em espírito por meio do canto. (Be Brave, p.35) Ikeda sensei teve a oportunidade de incentivar muitas pessoas tocando instrumentos, escrevendo e fotografando. Ele encontrou e fez amizade com muitas pessoas ao redor do mundo. Aqui no Brasil, onde esteve por quatro vezes, conheceu diversas personalidades. Em 2024, por exemplo, completam-se 40 anos da sua terceira visita, quando foi recebido pelo então presidente da República. Sobre as amizades que fez, o Mestre escreveu: Quando nos unimos com pessoas boas, nossa vida passa a brilhar como diamantes. Elas irradiam a luz do bem. Encontrar pessoas boas nos ajuda a crescer. (Be Brave, p. 81) Ikeda sensei sempre manifestou gratidão por ter conhecido Josei Toda, seu mestre e segundo presidente da Soka Gakkai. Eles se conheceram em uma reunião de palestra: Eu estava procurando alguém que pudesse me ensinar sobre a maneira correta de viver. Na reunião, o Sr. Toda falou sobre alguns ensinamentos budistas que achei difíceis de compreender. Mas depois ele respondeu sinceramente minhas perguntas. Eu sabia que podia confiar nele. Decidi segui-lo como meu mestre e ajudá-lo no grande movimento do kosen-rufu para realização da paz e da felicidade de todas as pessoas. (Be Brave, p. 85) Presidente Ikeda junto com os membros. Leia abaixo outras curiosidades sobre Ikeda sensei que estão no livro Be Brave: Na juventude, os momentos mais divertidos e alegres aconteceram quando ele estava lendo (p. 69). Seu mestre Josei Toda o incentivava continuamente a ler bons livros (p. 73). Quando era criança, o Mestre lia livros sob o luar, à beira da Praia de Morigasaki, perto de sua casa em Ota (Tóquio), pois havia poucas luzes nas ruas (p. 59). Uma das pessoas que o Mestre mais admirava era o cientista Joseph Rotblat (1908-2005), ganhador do Prêmio Nobel da Paz e presidente da Conferência Pugwash sobre a Ciência e Assuntos Internacionais. Rotblat dedicou sua vida para livrar o planeta das armas nucleares. Era um homem de convicção e paz (p. 73). Havia um pé de romã no jardim da casa onde sensei morava. A família esperava ansiosamente pelo outono para saborear a fruta agridoce (p.19). Rotina do Mestre na infância: acordava cedo e executava as tarefas. Então, ia para a escola, onde estudava muito e se divertia bastante com os amigos. Depois disso lia, porque amava livros. À noite, completamente satisfeito e exausto, ia para a cama cedo e dormia profundamente (p. 23). O Mestre tocava piano e compôs muitas canções (p.31). Na adolescência, ele sofreu de uma doença muito grave, a tuberculose. À noite, a temperatura do corpo subia e tinha uma tosse terrível, às vezes, acompanhada de sangue. O médico disse que não viveria até os 30 anos, mas, contrariando o diagnóstico, ele se esforçou e viveu até os 95 (p. 21). Saiba mais Confira alguns livros que você pode conhecer outros episódios da vida de Daisaku Ikeda: Be Brave Pé de Romã-Contos Infantis Juventude, Sonhos e Esperanças, v. 1 e 2 Vozes para um Futuro Brilhante Foto: Seikyo Press Nota:1. https://www.brasilseikyo.com.br/home/bs-digital/edicao/2604/artigo/crescer-puro-e-forte/999560346
01/04/2024
Matéria do mês
RD
Espírito jovem, ativar!
Você já parou para pensar nas diferentes características das pessoas? Algumas são alegres e extrovertidas enquanto outras são tranquilas e observadoras. Mas isso pode mudar com o passar do tempo e com as experiências da vida. Entretanto, há uma qualidade especial que, se ativada e desenvolvida diariamente, pode durar para sempre, independentemente da idade: é o espírito jovem! Entendendo melhor Espírito jovem é uma expressão utilizada para qualificar o indivíduo que tem grande disposição para enfrentar os desafios, que busca o aprimoramento e se capacita diariamente. Em uma orientação, o terceiro presidente da Soka Gakkai, Daisaku Ikeda, disse: O grande escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) declarou: “Se a pessoa não está estagnada, então deve mudar constantemente, se regenerar e, de novo, crescer com um espírito jovem”. Uma pessoa que continua a crescer e se desenvolver é chamada de jovem. (Brasil Seikyo, ed. 2.115, 21 jan. 2012, p. B2) Para manter essa característica viva, é necessário integrá-la a nossa essência e ao nosso modo de vida. Para descobrir como fazer isso, continue lendo. 😉 Cultivar ideais elevados A juventude é um dos momentos em que esse espírito jovem começa a transbordar, pois é marcada por novos desafios e oportunidades. É um período de descobertas, decisões e escolhas, além de muita animação e diversão. Mas, você sabia que o espírito jovem pode facilmente se perder se você se deixar levar pelo cotidiano e pelas adversidades? Para que isso não aconteça, é importante ter uma filosofia humanística como base da vida, cultivar ideais elevados e se esforçar para torná-los real. Em um discurso para os jovens, Ikeda sensei orientou: Viver por um nobre ideal: aí se encontra a prova da juventude. Uma grandiosa existência constrói-se através de uma inabalável dedicação e de jamais abandonar esse espírito jovem. (Brasil Seikyo, ed. 1.243, 25 set. 1993, p. 5) O Budismo de Nichiren Daishonin é uma filosofia humanística que ajuda a transformar nosso interior, respeitando e valorizando o potencial de cada indivíduo, e que tem como nobre ideal a felicidade de todas as pessoas. Ao colocá-lo em prática, colaboramos para uma sociedade positiva e humanista. Para manifestar o espírito jovem a partir da filosofia humanista de Nichiren Daishonin, assista ao vídeo: Presidente Ikeda dialoga com alunos da Escola Soka de Tóquio (Japão, jul. 1980). Foto: Seikyo Press Começa comigo, começa agora A todo momento estamos sujeitos a ser influenciados pelo meio externo, mas cabe a nós observarmos nossos desafios e decidirmos o caminho a trilhar com base na filosofia do Budismo Nichiren e nas orientações do nosso mestre. Ikeda sensei mostrou com seu exemplo a boa sorte de ter um mestre, de ter recebido treinamento na juventude e herdado o legado de Josei Toda. Sobre um jovem discípulo, sensei afirmou: É aquele que devota a vida toda à concretização do ideal do kosen-rufu junto com seu mestre. É aquele que se empenha para romper as circunstâncias atuais e desafia a si próprio a avançar, mesmo que seja um ou dois passos. Jovem é aquele que se recusa a ser um espectador ocioso e busca constantemente ser um participante ativo do que acontece ao seu redor. Enquanto esse espírito jovem permanecer vibrante dentro de vocês, seu crescimento e desenvolvimento não conhecerão limites. (Brasil Seikyo, ed. 1.594, 10 mar. 2001, p. A3) Neste mês em que comemoramos os 33 anos de fundação da Divisão dos Estudantes, que tal, como Sucessores Ikeda, desafiarmos algum aspecto da nossa vida e fazermos a diferença no local onde nos encontramos agora? Vamos renovar nossa decisão de vencer infalivelmente, aqui e agora, para que, em 2030, centenário da Soka Gakkai, possamos oferecer inúmeras vitórias ao nosso mestre em gratidão. Confira no caça-palavras o quanto você entendeu da matéria: Veja abaixo as dicas de livros e filme relacionados à matéria: Clique nos ícones para descobrir as dicas Cápsula do tempo Em 2031, a Divisão dos Estudantes vai comemorar 40 anos de fundação. Que tal fazer uma cartinha especial para o futuro? Use papel e caneta para escrever uma mensagem para o seu eu do futuro e guarde-a em algum recipiente. Para os Estudantes que não sabem escrever ainda, incentive-os a desenhar ou leve algumas revistas e figuras para que possam recortar e criar a mensagem. Ilustrações: Getty Images
01/04/2024
Faróis da Esperança
RD
Neste outono, vamos aproveitar para ler!
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei Ler livros dá asas ao nosso coração com as quais podemos voar alto sobre os céus ensolarados do outono, por todo o mundo e até mesmo nos confins do Universo. Abrir um bom livro é como entrar em uma máquina do tempo, que permite viajar livremente para o passado ou para o futuro, viver aventuras emocionantes e fazer amizade com figuras históricas! Mesmo enquanto esteve preso, durante a Segunda Guerra Mundial, o presidente-fundador do nosso movimento Soka, Tsunesaburo Makiguchi, leu livros e, assim, continuou a aprender até o fim da vida. Por meio da alegria da leitura, podemos tornar nosso coração maior, mais sábio e mais forte. Nós podemos acessar as grandes mentes da humanidade e fazer delas nossas aliadas. Neste outono, vamos abrir um livro — a porta para ilimitadas possibilidades — e aproveitar a leitura! Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de outubro de 2022 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro.
01/04/2024
Corredores da Justiça
RD
Expanda seu mundo interior por meio da literatura
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei em inglês As folhas das árvores estão começando a mudar de cor com a aproximação do outono. Essa estação é uma época maravilhosa para a leitura! Meu mestre Josei Toda encorajava fortemente os jovens a lerem. Sempre que nos encontrávamos, ele intencionalmente me perguntava: “Daisaku, que livro leu hoje?”.1 Eu tinha que ler e estudar seriamente o tempo todo para estar preparado para meus encontros com ele. Desafiar-me dessa maneira na juventude me deu habilidade para, mais tarde, dialogar e forjar sinceras conexões com importantes pensadores do mundo inteiro. Em sua obra Os Miseráveis, o autor francês Victor Hugo (1802-1885) escreveu: “Há um espetáculo mais maravilhoso do que o céu: a alma humana.”2 Vocês podem fortalecer, ampliar e elevar seu jovem coração e sua mente de maneira ilimitada. Ler obras literárias é uma jornada que expande o mundo interior. A Lei Mística lhes possibilita usar tudo de forma positiva. Portanto, tudo o que aprenderem agora com os livros os ajudará a criar um futuro brilhante! Hoje, novamente, virem mais uma emocionante página. Fonte: Traduzido da série “Rumo a 2030: Dedico aos meus Jovens Sucessores Corredores da Justiça” da edição de outubro de 2021 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro. Notas:1. Brasil Seikyo, ed. 2.278, 6 jun. 2015, p. A3.2. HUGO, Victor. Les Misérables (Os Miseráveis). Tradução: Julie Rose. Nova York: Random House, p. 184, 2008.
01/04/2024
Menu
RD
Mês de março
Saiba, em um minuto, o que você encontrará na edição de março: Do Mestre para você Corredores da Justiça O que define a verdadeira grandiosidade ou a nobreza humana? Aprenda aqui. Faróis da Esperança Saiba como avançar com um espírito invencível herdado pelo Mestre. Matéria do mês Oferecer o seu melhor Entenda qual é o sentido do espírito de doação no Budismo Nichiren. Você vai se surpreender! Quentinhas O que rolou Inspire-se na união e na sintonia dos Estudantes com o Mestre manifestadas nas atividades. Trending Topics Tem lançamento no cinema e no streaming. Confira aqui. Relato Dez Neste vídeo relato, Mariana conta como venceu os desafios na capoeira e mudou de corda. Aprenda mais sobre o budismo Contos e Parábolas Conheça a história do menino Montanhas de Neve e seu grandioso espírito de doação. Cápsula do Tempo Teste seus conhecimentos sobre a fundação da Divisão dos Jovens da BSGI. ABC do Budismo Na parte 2, você saberá sobre a vida do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda. Diversão Passatempo Venha brincar com os jogos da edição. Teatro com recortes Monte seu dedoche e divirta-se! Encarte KIDS Acesse o suplemento do jornal Brasil Seikyo de março.
01/03/2024
Matéria do mês
RD
Oferecer o seu melhor
Na sociedade em geral, as doações geralmente são associadas a contribuições materiais, como roupas, livros, brinquedos, alimentos, dinheiro etc. Há também a doação de sangue e de órgãos do corpo humano, que auxiliam as pessoas que estão doentes. Por trás dessas ações está a solidariedade, que é o conceito de auxiliar as pessoas em suas necessidades.1 No Budismo Nichiren, o sentido de doação é mais amplo, pois pode ser realizada de diferentes formas, como: - prestar atenção no outro; - ter benevolência; - sorrir e ser gentil; - contribuir para que o ambiente se torne alegre; - utilizar palavras respeitosas em um diálogo; - agir e valorizar os bons modos; - oferecer a casa para as atividades em prol do kosen-rufu; - doar seu tempo e suas habilidades para os preparativos de uma reunião. Outra forma de manifestar o espírito de doação é ser membro do Departamento de Contribuintes (Kofu), atividade que permite aos membros da Soka Gakkai contribuírem financeiramente para o avanço do kosen-rufu. Esse tipo de doação possibilita, por exemplo, que os locais e as atividades promovidas pela BSGI sejam realizadas de modo seguro e aconchegante. Os exemplos citados podem parecer simples, mas, ao oferecer o nosso melhor a cada oportunidade, impactamos positivamente a nossa vida e a dos demais. Portanto, partiu colocar em ação pequenos gestos? 😉 Presidente Ikeda dialoga com alunos do ensino fundamental da Escola Soka de Tóquio (Japão, jul. 1980). Foto: Seikyo Press O que importa é o coração Uma pessoa que podemos pegar como modelo e que colocou todos os itens anteriores em ação foi o terceiro presidente da Soka Gakkai, Daisaku Ikeda. Ele considerava cada encontro como se fosse o último. Assim, ele seguiu dedicando-se ao máximo para oferecer palavras de incentivo com o forte desejo de que aquela pessoa fosse realmente feliz e vitoriosa. Ele não desperdiçava nenhuma oportunidade e perguntava a si mesmo, a todo o instante, se não existiria mais alguém que ele podia encorajar. Para que possamos agir da mesma forma que o Mestre, é importante manifestar o espírito de doação com toda sinceridade. Nichiren Daishonin afirmou: “O que importa é o coração”.2 Em meio aos desafios diários, não é fácil ser sempre gentil e benevolente. Mas é por meio desse esforço que criamos as oportunidades para nos transformar e nos desenvolver. E é justamente por não ser fácil que essa conquista se torna ainda mais significativa e nos faz manifestar a gratidão. Assista ao vídeo e entenda como manifestar o espírito de doação: Confira no caça-palavras o quanto você entendeu da matéria: Veja abaixo as dicas de livros relacionados à matéria: Mímicas Na reunião, peça para um voluntário fazer mímica de uma situação que representa o espírito de doação, assim como citado na matéria. Aquele que acertar, faz a mímica na próxima rodada. Depois, dialoguem sobre como os exemplos de espírito de doação apresentados na brincadeira fazem a diferença na nossa vida e na dos demais. Notas:1. https://www.ifpb.edu.br/joaopessoa/noticias/2020/05/de-onde-vem-a-solidariedade-humana#%3A~%3Atext%3DEsse%20movimento%20interno%20de%20se%2Cordem%20afetiva%2Femocional%20ou%20material. Acesso em: fev. 2024.2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 267, 2017.
01/03/2024
Faróis da Esperança
RD
Avancem com o bastão do espírito invencível!
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei Parabéns aos Estudantes que estão se formando! E parabéns a todos que concluíram com sucesso mais um ano letivo!1 Março é conhecido como o Mês dos Sucessores na Soka Gakkai. Em março [texto originalmente publicado em 2023], há 65 anos, o presidente Josei Toda declarou: “A Soka Gakkai é a monarca do mundo religioso!”.2 Ele confiou aos jovens o futuro do nosso grande movimento pelo kosen-rufu e pela paz mundial.3 Eu desejo passar o bastão do espírito invencível a todos vocês, meus jovens amigos de confiança. A esperança nasce do espírito de nunca desistir. Esforcem-se na direção dos seus objetivos e sonhos e não desistam, aconteça o que acontecer. A coragem e os esforços contínuos têm o poder de criar um futuro pacífico para o nosso planeta. Vocês têm o invencível daimoku do Nam-myoho-renge-kyo, que traz à tona o espírito invencível. Juntos, vamos nos preparar para um revigorado começo! Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de março de 2023 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro. Notas:1. No Japão, a formatura escolar acontece em março e o ano letivo começa em abril.2. Brasil Seikyo, ed. 2.411, 17 mar. 2018, p. B3.3. Em 16 de março de 1958, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, reuniu seis mil jovens em uma cerimônia na qual passou o bastão do kosen-rufu para a Divisão dos Jovens. Desde então o dia 16 de março passou a ser conhecido como o Dia do Kosen-rufu.
01/03/2024
Cápsula do tempo
RD
Dia 19 de fevereiro de 1984
Presidente Ikeda cumprimenta e incentiva membros de Brasília (Distrito Federal, fev. 1984). Foto: Seikyo Press No dia 19 de fevereiro de 1984, após dezoito anos de espera, o terceiro presidente da Soka Gakkai, Daisaku Ikeda, desembarcou em São Paulo, onde permaneceu por onze dias. Ao contrário do que aconteceu na visita anterior, em 1966, desta vez ele foi recebido com homenagens pelos governantes brasileiros. O próprio presidente da República na época enviou uma carta convidando o presidente Ikeda para visitar o Brasil. Nessa oportunidade, sensei e a comitiva visitaram o Centro Cultural da BSGI, encontraram-se com o presidente da República, ministros e importantes autoridades e doaram livros à Universidade de Brasília. Nos intervalos desses compromissos, o Mestre procurou encontrar e incentivar os membros calorosamente. Em 25 de fevereiro, sensei surpreendeu milhares de pessoas ao aparecer no ensaio geral que estava acontecendo no Ginásio do Ibirapuera para o 1o Festival Cultural e Esportivo da SGI. Depois de percorrer o ginásio com os braços erguidos, pegou o microfone e disse: Sinto-me muito feliz por estar aqui junto com todos os senhores. Foram dezoito anos de longa espera, mas finalmente pude reencontrar-me com os senhores, sublimes mensageiros do Buda. Este grandioso festival cultural ficará, sem dúvida alguma, gravado eternamente na história do kosen-rufu do Brasil com brilhantismo. (Nova Revolução Humana, v. 11, p. 76) O ginásio estremeceu com a estrondosa salva de palmas e o alegre “pique, pique” ecoou alto. No dia seguinte, 26 de fevereiro, teve início o festival com o tema “A Sinfonia da Paz na Grande Terra do Século 21”. Ao ritmo de samba, o evento foi aberto no ritmo do samba e várias apresentações se seguiram repletas de alegria e emoção. O ponto alto foi o levantar da torre humana de cinco andares montada pelos membros da Divisão Masculina de Jovens. Os espectadores ficaram de pé e foram envolvidos por um turbilhão de emoções. Em seguida, todos os figurantes entraram no palco e, junto com a plateia, cantaram Saudação a Sensei, a canção que encorajou os membros nos momentos mais difíceis. Essa grande vitória foi conquistada pelos membros da BSGI graças à paixão pela prática da fé e à convicção na filosofia da dignidade da vida. Saiba mais: Brasil Seikyo, ed. 1.736, 21 fev. 2004. p. A6.Brasil Seikyo, ed. 1.975, 14 fev. 2009, p. B8.Brasil Seikyo, ed. 2.054, 9 out. 2010, p. B6.Brasil Seikyo, ed. 2.456, 16 fev. 2019, p. A3. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 11, p. 73-77, 2021. *** Teste seus conhecimentos com o vídeo Cápsula do Tempo Quiz Show Datas marcantes do mês de fevereiro Dia 9 • 1993 (31 anos) Quarta e última visita do presidente Ikeda ao Brasil. Nessa ocasião, o Mestre liderou o kosen-rufu mundial do Centro Cultural Campestre (CCCamp), em Itapevi (SP). Dia 9 • 2003 (21 anos) Fundação do Coral Esperança do Mundo (CEM), grupo horizontal da Divisão dos Jovens. Dia 11 • 1900 (124 anos) Nascimento do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, que deu continuidade ao ideal de seu mestre em meio ao pós-guerra. Dia 16 • 1222 (802 anos) Nascimento de Nichiren Daishonin. Foi ele quem revelou o Nam-myoho-renge-kyo e apresentou o caminho direto para a iluminação das pessoas. Dia 18 • 1990 (34 anos) Inauguração do CCCamp, local idealizado como centro de treinamento para inúmeras atividades da BSGI. Dia 21 • 1987 (37 anos) Aniversário do poema A Longa e Distante Correnteza do Amazonas, em que o presidente Ikeda retrata sua profunda ligação com a BSGI. Dia 26 • 1984 (40 anos) 1o Festival Cultural e Esportivo da SGI, um grande marco da terceira visita do presidente Ikeda ao Brasil. Dia 27 • 1932 (92 anos) Nascimento da senhora Kaneko Ikeda. Dia 27 • 1984 (40 anos) Fundação da Divisão dos Universitários da BSGI (DUni), que tem como objetivo criar jovens sábios de fé pura e ardente espírito de procura ao Mestre. Dia 27 • 1993 (31 anos) Dia da Divisão Feminina da BSGI. Esse dia foi instituído na quarta visita do presidente Ikeda ao Brasil. Fevereiro de 1952 (72 anos) Aniversário da Campanha de Fevereiro do Distrito Kamata, que impulsionou o movimento de propagação do Budismo Nichiren no Japão.
01/02/2024
Faróis da Esperança
RD
Dormir cedo, acordar cedo e avançar a toda velocidade!
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei Parabéns pelo novo ano letivo!1 Para que vocês tenham um início renovado e repleto de esperança, estou torcendo e bradando: “Lutem no ritmo do sol e com um coração como o sol!” Quando acordarem de manhã, abram as cortinas e absorvam os raios do Sol. E não se esqueçam do café da manhã, que é uma importante fonte de energia. Façam o sol da coragem se erguer em seu coração a cada dia realizando gongyo, recitando Nam-myoho-renge-kyo e decidindo não serem derrotados! Nas manhãs em que estiverem com pressa, recitar Nam-myoho-renge-kyo três vezes é o suficiente. Espero que estudem com afinco, aprendam com um espírito radiante e tentem não ir para a cama muito tarde. Isso porque uma boa noite de sono é essencial para um crescimento saudável. Dormir cedo, acordar cedo e avançar a toda velocidade! Por favor, esforcem-se nesse ritmo para terem boa saúde e alcançarem a vitória! Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de abril de 2022 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro. Nota: 1. O ano letivo japonês começa em abril.
01/02/2024
Faróis da Esperança
RD
Começando o novo ano no ritmo do universo
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei Feliz Ano-Novo! Tenho certeza de que muitos de vocês fizeram resoluções para o ano que se inicia. Definir objetivos para desafiar a si mesmo e começar o ano de modo refrescante e enérgico podem ser comparados ao primeiro sol do ano novo que nasce em seu coração e o enche com a luz da esperança! Em uma de suas cartas que celebra o Ano-Novo, Nichiren Daishonin afirmou: “[...] a boa sorte vem do coração e torna a pessoa digna de respeito”.1 Quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo, a Lei fundamental do universo, fazemos nascer um sol brilhante em nossos corações, como se cada dia fosse o Ano-Novo. Junto com a Terra, que iniciou uma nova rotação ao redor do Sol, vamos avançar no ritmo do universo repletos de coragem e paixão pelo aprendizado! Espero que tentem ir para a cama cedo, acordem cedo e tomem café da manhã todos os dias. Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de janeiro de 2022 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro. Nota:1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 405, 2017.
08/01/2024
Corredores da Justiça
RD
Cresçam ao lado de bons amigos
Aperte o play e acompanhe a leitura em inglês do texto escrito por Ikeda sensei Parabéns pelo início do ano letivo!1 Peço que continuem aprendendo e se empenhando repletos de esperança. Estou orando [texto originalmente publicado em abril de 2021] para que cada um de vocês tenha ótima saúde e crie amizades maravilhosas. Se conseguirem ter um único bom amigo, esse já será o tesouro da sua juventude. Mas não se preocupem se isso não acontecer de imediato. Simplesmente, continuem se desenvolvendo e, então, bons amigos surgirão sem falta! Em um bambuzal, os brotos se desenvolvem vigorosamente, cada haste seguindo em direção ao céu; no entanto, debaixo da terra, suas raízes permanecem firmemente unidas, sustentando-se solidamente, por isso são fortes. A verdadeira amizade é um laço de coração a coração entre pessoas que se apoiam e crescem juntas, como os bambus. Aqueles que compartilham um vínculo desse tipo são invencíveis mesmo que soprem furiosos ventos de adversidades e, caso venham a cair, levantam-se novamente. A Soka Gakkai construiu uma rede de bons amigos ao redor do globo terrestre. Agora, cabe a vocês expandirem esta estrada da paz com o espírito da amizade Soka. Gostaria também que dessem tudo de si para ler bons livros e fazer amizade com pessoas de todas as idades e lugares. Prossigam avançando com um coração enorme e aberto, capazes até de tornar o sol, a lua e as estrelas seus amigos queridos! Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos meus Jovens Sucessores Corredores da Justiça” da edição de abril de 2021 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro. Nota:1. No Japão, o ano escolar inicia em abril.
08/01/2024
Cápsula do tempo
RD
Dia 2 de janeiro de 1928
Presidente Ikeda encoraja Estudante (Japão, ago. 1979). Foto: Seikyo Press Daisaku Ikeda, o quinto de oito filhos de Ichi e Nenokichi Ikeda, nasceu em 2 de janeiro de 1928, em Tóquio, Japão. Apesar de sofrer de graves problemas pulmonares, ajudava seus pais na coleta de algas marinhas. Aos 11 anos, quando seus irmãos mais velhos foram convocados para a guerra, começou a entregar jornais para contribuir para o sustento da família. Sua rotina era: pela manhã, trabalhava na coleta de algas; na sequência, saía para entregar jornais; depois da escola, distribuía os impressos da tarde e, à noite, voltava para as algas. Uma de suas maiores paixões era a leitura. Por não ter condições de comprar livros, emprestava-os da biblioteca da escola e da vizinhança. Sonhava ser autor de grandes romances.1 Outro objetivo era plantar cerejeiras em todo o Japão e no mundo para que as pessoas pudessem desfrutar a “primavera de paz”.2 Para ele, as cerejeiras representavam força e beleza, pois elas também enfrentavam adversidades para se tornarem belas. Ainda na infância, aprendeu importantes lições, como “não cause problemas aos outros”, “sempre diga a verdade” e “uma vez que decida fazer algo, seja responsável e vá até o fim”.3 Por meio dos aprendizados, Daisaku Ikeda desenvolveu um espírito corajoso e sempre acreditou no potencial transformador dos seres humanos. Em todas as fases da vida, a coragem sempre foi seu lema. Em 15 de novembro de 2023, Daisaku Ikeda encerrou sua nobre missão nesta existência. Saiba mais: RDez, ed. 113, 7 de maio de 2011, p. 16. Terceira Civilização, ed. 473, jan. 2008, p. 14. Terceira Civilização, ed. 629, jan. 2021, p. 24-31. *** Datas marcantes do mês de janeiro Dia 8 • 1989 (35 anos) Fundação do Ohrinkai do Brasil, grupo horizontal da Divisão Masculina de Jovens de condutores de veículos e proteção dos membros. Dia 26 • 1975 (49 anos) Fundação da Soka Gakkai Internacional (SGI). Ocorreu na Ilha de Guam e contou com a participação de 187 membros de 51 países. Janeiro • 2002 (22 anos) Aniversário da RDez. A revista surgiu a partir de um suplemento do jornal Brasil Seikyo e hoje é 100% digital. Notas:1. Terceira Civilização, ed. 473, jan. 2008, p. 14.2. RDez, ed. 231, mar. 2021, p. 2-3.3. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019, v. 24, p. 36.
08/01/2024
Menu
RD
Mês de janeiro
Saiba, em um minuto, o que você encontrará na edição de janeiro: Mensagens Recado de Ano-Novo do presidente da BSGI Assista ao vídeo que o Sr. Miguel Shiratori gravou com alguns Estudantes para incentivá-los em 2024. Recado de Ano-Novo da Juventude Soka do Brasil Veja o que os líderes da Divisão dos Jovens da BSGI prepararam para os Estudantes. Mensagem do presidente da Soka Gakkai Leia a mensagem enviada pelo presidente Harada. Do Mestre para você Corredores da Justiça O que existe em comum entre o bambu e a amizade verdadeira? Descubra aqui. Faróis da Esperança Inicie o ano novo no ritmo do universo com estas orientações do Mestre. Matéria do mês Avançar com determinação Saiba o que fazer para persistir o ano todo e conquistar seus objetivos. Quentinhas O que rolou Veja a criatividade nas reuniões da DE das localidades. Trending Topics Fique por dentro dos principais eventos de 2024. Relato Dez Inspire-se na vitória de Marianna, que passou pelos desafios no vestibular. Aprenda mais sobre o budismo Contos e parábolas Conheça a história do general que realizou algo impossível! Cápsula do Tempo Saiba mais sobre o nascimento do presidente Daisaku Ikeda. ABC do Budismo Entenda o significado de “unicidade de mestre e discípulo” e como levar adiante a luta do Mestre. Diversão Passatempo Chegaram os jogos interativos! Divirta-se com esta novidade. Teatro com Recortes Corte os personagens da parábola deste mês e monte um teatro na atividade! Encarte KIDS Veja o novo suplemento do jornal Brasil Seikyo.
08/01/2024
Nota oficial
RD
Nosso eterno mestre da vida
Daisaku Ikeda, presidente honorário da Soka Gakkai e presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), faleceu serenamente em sua residência em Shinjuku, Tóquio, em decorrência de causas naturais, na noite de 15 de novembro. Ele tinha 95 anos. O funeral foi realizado, no dia 17, com membros de sua família imediata. A notícia que encheu de tristeza o coração de todos chegou na manhã do dia 18 de novembro. A data da divulgação oficial foi uma decisão da família, sensibilizada pelo fato de algumas celebrações estarem ocorrendo justamente nesse período, alusivas a esse dia, achando por bem aguardar até essa ocasião. “Acredito que meu pai estaria de acordo com essa decisão tomada”, diz o comunicado veiculado em vídeo, com a leitura feita por Hiromasa Ikeda, vice-presidente da SGI e filho do casal Ikeda. Previamente, o Mestre deixou escrita uma mensagem comemorativa do Dia da Soka Gakkai, a qual foi lida na 9ª Reunião Nacional de Líderes (RNL), tornando-se diretriz eterna para todos. Viver pela missão Daisaku Ikeda nasceu em 2 de janeiro. Desde a adolescência, ele teve a saúde frágil e, mais tarde, havia sido desenganado pelos médicos, ao afirmarem que ele não passaria dos 30 anos. Uma nobre missão provaria o contrário. Aos 19 anos, encontra seu mestre de vida, Josei Toda, e pouco tempo depois se converte ao budismo, revitalizando a prática desse ensinamento para todas as pessoas. Superou a morte do seu mestre, sucedeu-o na presidência da organização aos 32 anos, e partiu para plantar a semente da esperança no exterior. Ele foi aclamado pelo mundo como o grandioso mestre do diálogo sem fronteiras, do incentivo e apoio aos que sofrem. Por 25 anos ininterruptos, escreveu sua obra máxima, Nova Revolução Humana, que retrata cenas de pessoas comuns que desbravaram e venceram as amarras do carma. Um guia para a vida diária. Ikeda sensei tinha 90 anos quando completou os trinta volumes da obra-prima de sua existência. Ao comprovar a força da fé e de sua convicção de que manteria o juramento feito a Toda sensei, conseguiu prolongar a vida, não poupando um dia sequer para enviar incentivos aos membros. O reconhecimento de todos por sua dedicação se deu nas manifestações de pesar das comunidades Soka pelos 192 países e territórios nos quais a bandeira tricolor da Soka Gakkai é hasteada imponentemente. Há mais de dez anos, conforme palavras da Sra. Kaneko transmitidas no recente pronunciamento do Sr. Hiromasa Ikeda, “Sensei expressou que ‘doravante assumiria a liderança pelo eterno futuro, conforme o princípio da imortalidade da vida ensinado pela Lei Mística’, e felizmente ele pôde transferir completamente o bastão espiritual, sentindo assim plena segurança e tranquilidade”. Não há alegria maior que ter um mestre da vida. Essa relação se perpetua ao assumirmos, cada um, o grande ideal da paz mundial, o kosen-rufu, acalentado por Ikeda sensei. Com nossas próprias ações. Nada é capaz de separar mestre e discípulos, unidos pela eterna relação desde o infinito passado, unicidade que transcende tempo, espaço, vida e morte. Nós, brasileiros, tivemos a chance de receber Ikeda sensei por quatro vezes em nossas terras. Em 1984, a penúltima, é inesquecível a cena do dia do ensaio geral do festival cultural quando ele surpreende a todos e entra no Ginásio do Ibirapuera para incentivar os participantes, num momento de perfeita sintonia. O refrão de Saudação a Sensei, canção que ancorou o sentimento dos membros, nunca deixará de bater forte no coração de cada um: “Muito obrigado, sensei!”. E agora, é também nossa convicta decisão: “Conte conosco, para sempre!”. Pronunciamento do Sr. Hiromasa Ikeda, vice-presidente da Soka Gakkai Internacional Gostaria de comunicar o falecimento de Ikeda sensei. Às altas horas da noite do dia 15 de novembro, Ikeda sensei faleceu, serenamente, de causas naturais, em sua residência no bairro de Shinjuku, Japão, aos 95 anos. Ontem, 17 de novembro, realizou-se o funeral familiar com o gongyo liderado pelo presidente Minoru Harada. E na manhã de hoje, 18 de novembro, foi feita a cerimônia de cremação, conduzida pelo diretor-geral Shigeo Hasegawa, oferecendo orações em memória e de despedida de sensei. Minha mãe está muito bem de saúde e solicitou-me que transmitisse a todos as seguintes palavras: “Meu marido, que desde a adolescência já diziam os médicos que talvez não vivesse até os 30 anos, pôde estender sua vida até aqui e cumprir a sua missão graças à prática da fé e aos ensinamentos e aprimoramentos de seu mestre, Josei Toda. “Há mais de dez anos, ele expressou que ‘doravante assumiria a liderança pelo eterno futuro, conforme o princípio da imortalidade da vida ensinado pela Lei Mística’, e felizmente ele pôde transferir completamente o bastão espiritual, sentindo assim plena segurança e tranquilidade. “Agradeço profundamente a todos os membros e companheiros que até hoje sustentaram a sua vida na abnegada luta conjunta pelo kosen-rufu”. Essas foram as palavras da minha mãe. Gostaria de esclarecer também que o falecimento não foi divulgado até hoje devido ao desejo da família de que as atividades comemorativas do aniversário de fundação da Soka Gakkai, em especial às do Colégio Soka, pudessem ser realizadas conforme programadas. Acredito que meu pai estaria de acordo com essa decisão tomada. Quero esclarecer ainda que os três poemas waka (japonês), alusivos ao aniversário de fundação, foram publicados no jornal Seikyo Shimbun de hoje (18 de novembro) por terem sido oferecidos previamente.1 Pronunciamento do Sr. Minoru Harada, presidente da Soka Gakkai Recebi por intermédio do Sr. Hiromasa Ikeda, vice-presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), a repentina notícia do falecimento de Ikeda sensei, e não posso esconder minha surpresa e incontida tristeza. Ao pensar e refletir sobre as palavras da Sra. Kaneko Ikeda, nas quais ela compartilha o profundo sentimento de Ikeda sensei nestes seus últimos anos de vida, só temos a manifestar nossas mais profundas e sinceras orações em memória do Mestre, que nos deixou de forma serena e tranquila. Todos nós, que herdamos o bastão espiritual do kosen-rufu, vamos suplantar a tristeza e dar início à nova caminhada, fortalecendo nossa fé “dia após dia, mês após mês”. Desde a sua conversão, por mais de 76 anos, Ikeda sensei dedicou-se integralmente a servir ao seu mestre, Josei Toda, e perseverou com abnegada devoção na grandiosa luta de jamais poupar a própria vida e oferecê-la em prol da propagação da Lei. Assim, Ikeda sensei desbravou os caminhos, criando os palcos do kosen-rufu em todo o mundo, assentando o sólido alicerce dos empreendimentos pela paz, cultura e educação. Com base nesse alicerce, gravando no âmago de nossa vida os ensinamentos e as orientações legados por Ikeda sensei, vamos avançar diariamente, fortalecendo ainda mais a união indestrutível, rumo à concretização do kosen-rufu do Japão e do mundo, e pela prosperidade duradoura da Soka Gakkai por todas as gerações futuras. Creio firmemente que este é o caminho do discípulo para saldar as imensuráveis dívidas de gratidão com o Mestre, Daisaku Ikeda, por tão longo período. Como a cerimônia de despedida já foi feita pela família, então, cumprindo nosso sincero desejo, realizaremos oficialmente a cerimônia de falecimento pela Soka Gakkai, a primeira desde a morte do segundo presidente, Josei Toda, louvando assim todos os méritos de suprema contribuição ao kosen-rufu. A cerimônia está marcada para o próximo dia 23, e a participação será restrita aos membros.2 Em relação às demais pessoas da sociedade que possuem uma ligação com a Soka Gakkai, está prevista uma cerimônia para essas convidadas em data e local a ser comunicados posteriormente.3 Assim, encerro minhas palavras. Obrigado! Nota oficial da BSGI Estimados companheiros da BSGI, Com grande pesar, recebemos nesta madrugada o comunicado oficial da SGI sobre o falecimento do nosso mestre, Daisaku Ikeda, aos seus 95 anos, de causas naturais. Manifestamos nossos mais sinceros sentimentos a todos os nobres companheiros. Compartilhamos o conteúdo da nota oficial recebida do Japão. * * * Comunicado à imprensa Daisaku Ikeda, presidente honorário da Soka Gakkai e presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), faleceu de causas naturais em sua residência em Shinjuku, Tóquio, na noite de 15 de novembro. Ele tinha 95 anos. Um funeral foi realizado com membros de sua família imediata. Uma cerimônia de despedida será feita à parte cujos horário e data serão anunciados em breve. Daisaku Ikeda nasceu em Tóquio, no dia 2 de janeiro de 1928. Ele assumiu como terceiro presidente da Soka Gakkai em 1960 e, ao longo de cerca de duas décadas em exercício, conduziu o movimento budista leigo a um crescimento dinâmico e a um expressivo desenvolvimento internacional. Daisaku Ikeda assumiu como presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI) em 1975 e como presidente honorário da Soka Gakkai em 1979. Deixa esposa, Kaneko, e filhos, Hiromasa e Takahiro. * * * Convidamos todos a oferecer orações em memória de Ikeda sensei e para sua eterna felicidade. Mais detalhes sobre as cerimônias serão comunicados oportunamente. Respeitosamente, BSGI Notas:1. Os poemas foram publicados no jornal Brasil Seikyo, ed. 2.647, 23 nov. 2023, p. 2.2. A cerimônia citada no pronunciamento do presidente Harada se refere somente ao Japão. No Brasil, as cerimônias da organização estão sendo realizadas conforme direcionamento da BSGI.3. Idem à nota 2. Assista Ao vídeo dos pronunciamentos do Sr. Hiromasa Ikeda e do presidente Minoru Harada pelo site: Foto: Seikyo Press Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.647, 23 nov. 2023, p. 4-5.
01/12/2023
Menu
RD
Mês de dezembro
Editorial Propagar o ideal de Ikeda sensei. Nota oficial Nosso eterno mestre da vida. Do Mestre para você Corredores da Justiça Saiba como avançar com o otimismo de um verdadeiro campeão. Faróis da Esperança Por que é importante desafiar a si mesmo? Descubra aqui. Matérias dos níveis DE-Futuro Vamos compartilhar com as outras pessoas o que aprendemos com o Mestre? Sim! DE-Esperança Chegou a hora de os discípulos se levantarem! DE-Herdeiro Veja como dar continuidade aos sonhos do sensei. Quentinhas O que Rolou Inspire-se nas ideias dos encontros da DE nas localidades. DIY Dez Ensinamos a preparar deliciosos canapés para as confraternizações. Quero aprender! Mural de Vitórias Por meio de daimoku e esforço, Rodrigo conta que foi bem-sucedido nos estudos e no futebol. Especial A novidade do CILE vai emocionar adultos e crianças. Quero ver! Matéria do mês Ikeda sensei, eu me esforçarei! Entenda como levar adiante o legado do Mestre e criar uma nova história do kosen-rufu. Aprenda mais sobre o budismo Cápsula do Tempo Teste seus conhecimentos sobre os assuntos publicados na RDez deste ano. ABC do Budismo Oli explica o princípio “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”. Quero saber! Diversão Passatempo Divirta-se com os jogos da edição.
01/12/2023
Matéria da Divisão do Futuro
RD
Compartilhar o que aprendemos com o Mestre
Você já percebeu que carregamos algumas características das pessoas que amamos? Apesar de sermos únicos, podemos ser parecidos com nossos pais, ter o jeitinho dos nossos avós, brincar da mesma forma que os nossos irmãos ou até mesmo falar como nossos amigos. Isso acontece porque, quando incentivamos ou compartilhamos com os outros o que aprendemos ou vivenciamos, passamos um pouquinho da nossa característica adiante. Da mesma forma são os incentivos do nosso mestre Daisaku Ikeda. Tudo o que ele nos ensinou e nos orientou está gravado para sempre em nós. Então, ao conversar com os amigos e ajudar os outros com otimismo e esperança, levamos um pouco do sensei para essa pessoa que, por sua vez, irá aprender e passar adiante esse aprendizado. É dessa forma que nós, Sucessores Ikeda 2030, vamos criar uma rede de esperança capaz de transformar o mundo! *** Ikeda sensei escreve a Nova Revolução Humana para incentivar as pessoas (Tóquio, ago. 2009). Foto: Seikyo Press Frase do sensei: Que se tornem “corredores da justiça” fortes, alegres e perspicazes que, unindo forças com os bons amigos da Divisão dos Estudantes, espantem os acontecimentos desagradáveis e angustiantes com alegria e sigam adiante vitoriosos! (Brasil Seikyo, ed. 2.560, 17 abr. 2021, p. 3)
01/12/2023
Matéria da Divisão dos Herdeiros
RD
Eu sou Sucessor Ikeda, eu me esforçarei pelo Mestre
Em 15 de novembro de 2023, nosso mestre Daisaku Ikeda encerrou sua nobre existência. Como Sucessores Ikeda 2030, chegou o momento de nos levantarmos no lugar dele! Agora, mais do que nunca, nós, da DE-Herdeiro do Brasil, precisamos proteger nossos irmãos mais novos da DE-Esperança e da DE-Futuro, apoiar os irmãos mais velhos da Juventude Soka e zelar pelos pais da Divisão Feminina e da Divisão Sênior. No romance Nova Revolução Humana, consta: Se perdermos de vista o avanço do kosen-rufu, temo profundamente que trairemos o espírito de Nichiren Daishonin e de seu sucessor Nikko Shonin. Façamos novos progressos em nossos esforços em prol do kosen-rufu para ajudar todas as pessoas a se tornarem felizes! (Nova Revolução Humana, v. 30-I, p. 206) Ikeda sensei incentiva o membro: “Esforce-se! Não seja derrotado!” (Japão, set. 2002) Em sua última mensagem para a fundação da Soka Gakkai, Ikeda sensei nos incentivou a orar intensamente pela expansão da rede de paz e devotar nossa vida em prol do grande juramento. Com essa orientação em mente, vamos transformar a tristeza em gratidão e decisão. Assim, o coração do Mestre sempre estará conosco. Ikeda sensei nos preparou a vida inteira para este momento. Nossa missão como DE-Herdeiro é nos esforçarmos ao máximo para o avanço do kosen-rufu! Vamos bradar “Eu sou Sucessor Ikeda, eu me esforçarei pelo Mestre” e avançar juntos em 2024!
01/12/2023
Matéria do mês
RD
Ikeda sensei, conte comigo!
Em 15 de novembro de 2023, aos 95 anos, nosso mestre Daisaku Ikeda finalizou sua nobre existência. Em uma orientação, ele afirmou: “A vida e a morte são unas. Os entes queridos e os familiares falecidos estão sempre juntos de nós, dentro do nosso coração”.1 Da mesma forma, sensei estará para sempre em nosso coração e viverá por meio de nossas orações, ações e vitórias. Foram 76 anos dedicados à paz e à felicidade da humanidade. Agora, chegou a vez de os Sucessores Ikeda 2030, a divisão que carrega o nome do Mestre, levantarem-se unidos para assumir esse legado. Para entender como dar continuidade aos esforços do presidente Ikeda, primeiro, temos que conhecer a trajetória de vida dele. Daisaku Ikeda conversa com Josei Toda um mês antes do falecimento de seu mestre (Japão, mar. 1958) Início da valorosa jornada Daisaku Ikeda nasceu em 2 de janeiro de 1928, em Tóquio, num Japão envolto pelo pós-guerra e pela distorção do que era certo e errado. Mesmo assim, ele tinha muitos sonhos e, graças às diversas experiências da infância, construiu um caráter correto. Ao ver o povo japonês sofrendo por causa dos bombardeios atômicos, começou a procurar um caminho que o conduzisse a uma vida valorosa. Estudava grandes clássicos da literatura e lia obras de diversos filósofos, mas, em seu coração, ele ainda sentia um vazio. Foi quando seus amigos o convidaram para participar de uma palestra sobre filosofia. Nessa ocasião, em 14 de agosto de 1947, conheceu seu mestre da vida Josei Toda. A postura e as palavras daquele senhor o impressionaram: “É isso! O que essa pessoa está dizendo é verdade! Eu consigo confiar nela!”.2 A partir desse dia, o jovem Ikeda decidiu ser discípulo de Josei Toda e, dez dias depois, em 24 de agosto, recebeu seu Gohonzon. Assim, sua jornada na “Universidade Toda” iniciou. A rigorosidade de Toda sensei era encarada como um grande treinamento por Daisaku Ikeda. Cada orientação o incentivava a polir e avançar como um grande líder. Foram dez anos de intensa instrução sobre budismo, desafios da vida diária, liderança, política, economia, direito, ciências e outras disciplinas. No livro Vozes para um Futuro Brilhante, Ikeda sensei disse: Por meio do meu venerado mestre, pude evidenciar o meu melhor e o máximo de minhas forças. Para saldar as grandes dívidas de gratidão para com o meu mestre, enquanto ele viveu, eu o apoiei e o protegi com o sentimento de devotar minha vida a ele. (Vozes para um Futuro Brilhante, p. 320) Nessa época, a saúde de Ikeda sensei era debilitada devido a graves problemas pulmonares. Os médicos diziam que ele não chegaria aos 30 anos. Mas isso não o impediu de cumprir suas responsabilidades e proteger seu mestre. Cerimônia de posse de Daisaku Ikeda como terceiro presidente da Soka Gakkai realizada no auditório da Universidade Nihon (Tóquio, maio 1960). A partida do Mestre e a grande decisão Um grande elo de confiança foi criado entre o mestre e o discípulo, mas, em 2 de abril de 1958, Daisaku Ikeda herdou por completo a luta de Josei Toda. Ao saber da notícia do falecimento de Toda sensei, uma grande tristeza e um vazio tomaram conta do coração do jovem Ikeda. Porém, mesmo arrasado, ele manifestou: A vida de um grande herói da Lei Mística, uma figura monumental do kosen-rufu, chegou ao fim, mas sensei deixou uma extensão da sua vida. Está para começar o segundo ato da batalha decisiva para tornar realidade os princípios budistas na sociedade. Eu me levantarei! (Diário da Juventude, p. 459) O juramento de concretizar sem falta o majestoso ideal do Mestre o levou a tomar posse como terceiro presidente da Soka Gakkai, em 3 de maio de 1960, e a expandir a filosofia da dignidade da vida para o mundo. No dia 2 de outubro do mesmo ano, Ikeda sensei embarcou para sua primeira viagem internacional. Foi nessa ocasião que ele conheceu o Brasil. A cada passo, sua gratidão pelo Mestre aumentava e uma rede de amizade e esperança crescia por meio de diálogos em prol da paz. No decorrer dos anos, Daisaku Ikeda expandiu a Soka Gakkai para 192 países e territórios, criou instituições educacionais, estabeleceu importantes empreendimentos, dialogou com diversas personalidades, palestrou em renomadas universidades e escreveu várias obras e propostas de paz que foram reconhecidas mundialmente. Como resultado de seus esforços, honrou o juramento feito ao Mestre e hoje milhões de discípulos têm a oportunidade de desfrutar os benefícios da prática da fé. Daisaku Ikeda cumprimenta aluno do Colégio Soka na cerimônia de formatura (Japão, mar. 2003). Agora é a nossa vez! Cientes do grandioso legado deixado pelo sensei, chegou a hora de nos levantarmos, assim como o jovem Ikeda fez após o falecimento de seu mestre. No romance Nova Revolução Humana, o presidente Ikeda orientou: “Se houver um núcleo de jovens, ou melhor, se houver um único discípulo verdadeiro, o kosen-rufu poderá ser realizado infalivelmente”.3 A ação agora é se esforçar em prol dos objetivos sem jamais permitir que sentimentos contrários bloqueiem o trilhar do caminho de mestre e discípulo. É encarar e vencer os desafios com alegria e levar esperança por meio do diálogo com os amigos, conforme fez o Mestre. Dessa forma, acumularemos boa sorte e o legado do Mestre viverá para sempre. Vamos, juntos, como se estivéssemos de mãos dadas, nos esforçar para levar adiante o nobre empenho do presidente Ikeda e criar uma nova história do kosen-rufu. Dicas de livros Para conhecer a grandiosa trajetória do Mestre, acesse os livros Pé de Romã, Diário da Juventude ou os trinta volumes da Nova Revolução Humana no CILE. Por favor, desejo que vocês, da Divisão dos Jovens, herdem e sucedam sem falta o solene espírito de mestre e discípulo dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai. As pessoas que assim o fizerem serão vitoriosas no final. Esse é o caminho fundamental para a vitória da Soka Gakkai no século 21, bem como o caminho para cumprir o juramento seigan pelo kosen-rufu. E é o grande caminho para a construção da paz mundial duradoura. (Nova Revolução Humana, v. 30-II, p. 348) Notas:1. Brasil Seikyo, ed. 2.173, 29 mar. 2013, p. B2.2. IKEDA, Daisaku. Seja a Esperança. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022, p. 109.3. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022, v. 30-II, p. 347. Fotos: Seikyo Press
01/12/2023
ABC do Budismo
RD
Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro
Aqui é a Oli. Sou integrante da Liga dos Sucessores Unidos. Hoje vamos conversar sobre um tema que eu acho bem legal: "Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro". Mas, antes de iniciar, quero te propor o seguinte desafio: manifestar sua verdadeira essência, ou seja, encarar as circunstâncias como oportunidade, ter coragem para transformar a situação e desfrutar da maravilha que é ser você. Topa? Abandonar o transitório Existe um princípio no budismo chamado hosshaku kempon ou “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”. O termo indica o ato de um buda (que somos nós) de descartar a posição transitória ou provisória para revelar sua verdadeira identidade. Explicando melhor Vocês já ouviram falar na história do Patinho Feio? 🐥 Ele se sentia triste por ser excluído da turma só porque não era igual aos outros patos. Conforme crescia, a diferença entre eles aumentava. Após hibernar em um local quentinho durante um rigoroso inverno, o Patinho Feio saiu para nadar na lagoa. Ao olhar para o seu reflexo na água, ele ficou impressionado com a imagem e percebeu que, na verdade, ele era um cisne! A partir daquele dia, o Patinho Feio não se sentiu mais triste, pois entendeu qual era a sua verdadeira identidade. Revelar o verdadeiro Como vimos na história, quando o Patinho Feio compreendeu que era diferente dos outros patos, parou de se sentir inferior a eles e passou a viver feliz exatamente da forma como era. Podemos comparar essa fábula com a nossa vida. A partir do momento que entendemos que, na essência, temos uma grande força interior chamada estado de buda e abandonamos o medo, a incerteza e a insegurança, passamos a manifestar coragem e alegria. Sobre isso, nosso mestre, Daisaku Ikeda, afirmou: “Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” significa cada um de nós estabelecer um eu sólido capaz de sobrepujar todas as dificuldades, romper a ignorância fundamental e dar expressão à nossa natureza inerentemente iluminada. Tornarmo-nos pessoas cujo estado de buda reluz cada vez mais intensamente quanto maiores forem os desafios que enfrentamos é o caminho para atingir o estado de buda nesta existência. (Sabedoria para Criar a Paz e a Felicidade, v. 2, p. 161) Mas, como enxergar e manifestar esse estado de buda? A resposta está no daimoku. Ao recitar Nam-myoho-renge-kyo, nossa verdadeira essência se manifesta e as questões externas não nos afligem mais. Outros pontos que, aliados à oração, também ajudam: Entender e valorizar suas próprias características; Não perder tempo se comparando aos outros; Entender qual é a sua missão por meio da prática da fé; Viver com base em um nobre propósito. Com base na orientação do Mestre e nessas dicas práticas, vamos nos desafiar para manifestar nossa verdadeira essência! Um forte abraço da Oli. A gente se vê por aí!
01/12/2023
Especial
RD
O Menino e a Cerejeira
A obra marcou a infância de muitos membros da Soka Gakkai, O Menino e a Cerejeira, está de capa nova! Com um design atual e ilustrações coloridas, o livro conta a vida do pequeno Taichi, um menino que, junto com sua mãe, enfrentou muitas dificuldades por causa da Segunda Guerra Mundial. No decorrer da história, Taichi conhece um vovô que cuida de uma grande cerejeira. A partir daí, os dois começam a se esforçar para proteger a árvore do inverno rigoroso para que ela floresça outra vez. O conto foi inspirado na experiência do autor Daisaku Ikeda, que passou pelos sofrimentos da guerra e decidiu em seu coração que, algum dia, iria plantar cerejeiras em todo o Japão e no mundo para que as pessoas pudessem desfrutar uma primavera de paz.1 Na obra, o Dr. Ikeda escreveu: Todos os anos, as cerejeiras crescem suportando o inverno e, na primavera, flores desabrocham em todos os galhos. Com as pessoas ocorre o mesmo. Quanto mais rigorosa for a circunstância da vida, mais forte crescerão e poderão se tornar seres humanos com um grande coração. (O Menino e a Cerejeira, p. 32) Nas 34 páginas do livro, o leitor irá encontrar incentivos para ultrapassar as adversidades com coragem e para se desenvolver como um grande ser humano. Nota: 1. RDez, ed. 231, mar. 2021, p. 2-3. Ilustrações: Editora Brasil Seikyo
01/12/2023
Editorial
RD
Propagar o ideal de Ikeda sensei
Querido leitor e familiares, A Editora Brasil Seikyo (EBS) manifesta o mais profundo sentimento de pesar pelo falecimento do grandioso mestre, Daisaku Ikeda. Em meio à tristeza com a notícia de sua partida, nosso coração se encontra junto com o dos senhores. Exercendo seu papel como fontes de comunicação, os periódicos da EBS têm a difícil tarefa de transmitir a notícia do falecimento de Ikeda sensei. Mas, justamente por termos um mestre da vida, essa missão se expande para o eterno compromisso de louvar a sua inigualável existência dedicada à felicidade das pessoas. Assim, nosso desejo é que cada leitor receba esta edição como o registro da nobre vida do Mestre para toda a eternidade. A origem do ideal da batalha das palavras para transmitir a verdade e a justiça que sustenta a Editora Brasil Seikyo começou com Ikeda sensei. São 58 anos protegidos e observados pelo Mestre, que fundou a EBS em 3 de maio de 1965. E neste ano (2023) marcado pela retomada das atividades presenciais, após os desafios globais, renovamos nosso objetivo e nossa missão de transformar vidas e inspirar o mundo. Tudo foi idealizado e acompanhado pelo Mestre, de forma que nossas publicações foram regularmente reportadas a ele, o qual enviou considerações a todos os comunicados. A edição 262, foi enviada a Ikeda sensei e ele respondeu: “Entendido”. Essa resposta marca o ciclo, até o último momento, da relação do Mestre com os discípulos por meio dos periódicos da Editora Brasil Seikyo. Que o coração de Ikeda sensei sempre percorra as comunidades e os blocos de toda a BSGI por meio dessa relação cristalizada! No início do capítulo “Gratidão”, volume 28, da Nova Revolução Humana, Ikeda sensei afirma: Por que componho? Para acender a chama da esperança no coração dos amigos imersos na dor e na tristeza e para fazer com que a coragem se transforme em labaredas flamejantes! Para fazer com que ecoem no coração desta e daquela pessoa a harmonia do hino ao ser humano e, juntos, trilharmos o grande caminho da justiça!1 Ikeda sensei sempre escreveu com esse desejo expresso na Nova Revolução Humana e nós, da equipe da editora, temos o compromisso de registrar e perpetuar esse legado em nossos veículos. Faremos desta publicação um verdadeiro marco do renovar da missão de levar esperança e coragem aos leitores. Essa missão só estará completa com seu papel, leitor e discípulo, de fazer o ideal do Mestre em prol do kosen-rufu se propagar amplamente. Que a leitura desta RDez acalente seu coração e que a jornada do Mestre apresentada aqui o inspire diversas e diversas vezes a pôr em prática seus ideais para a edificação de um glorioso futuro rumo ao centenário de fundação da Soka Gakkai e para a posteridade. Vamos juntos bradar nosso “muito obrigado, Ikeda sensei”! Nota:1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 28, p. 107, 2020.
01/12/2023
Menu
RD
Mês de novembro
Saiba, em um minuto, o que você encontrará na edição de novembro: Do Mestre para você Corredores da Justiça Descubra por que aprender é uma oportunidade maravilhosa. Faróis da Esperança Veja com o Mestre como desenvolver a alegria pelo aprendizado. Matérias dos níveis DE-Futuro Leia aqui o que significa fazer um juramento. DE-Esperança Saiba por que devemos voltar ao ponto primordial nos momentos de dificuldade. DE-Herdeiro Venha refletir sobre a importância da prática da fé na realização dos nossos sonhos. Quentinhas O que Rolou Se liga nas ações das localidades nas atividades da DE. Trending Topics Venha saber mais sobre a data que já foi tema de vários filmes e animações. Mural de Vitórias Conheça o relato de Martin, que venceu na saúde e conquistou medalhas nas olimpíadas de matemática e astronomia. Matéria do mês Vamos construir o nosso castelo Soka! Entenda o profundo significado que o Daiseido tem para a nossa vida. Aprenda mais sobre o budismo Cápsula do Tempo Teste seus conhecimentos sobre a fundação do Ikeda Kayo Kai do Brasil. ABC do Budismo Por que existe a oração e qual é a relação dela com a ação? Descubra aqui. Diversão Passatempo Partiu brincar com os jogos deste mês?
01/11/2023
Especial
RD
O menino e a cerejeira
A obra do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, que marcou a infância de muitos membros da Soka Gakkai, O Menino e a Cerejeira, está de capa nova! Com um design atual e ilustrações coloridas, o livro conta a vida do pequeno Taichi, um menino que, junto com sua mãe, enfrentou muitas dificuldades por causa da Segunda Guerra Mundial. Foto: Editora Brasil Seikyo No decorrer da história, Taichi conhece um vovô que cuida de uma grande cerejeira. A partir daí, os dois começam a se esforçar para proteger a árvore do inverno rigoroso para que ela floresça outra vez. O conto foi inspirado na experiência do autor, que passou pelos sofrimentos da guerra e decidiu em seu coração que, algum dia, iria plantar cerejeiras em todo o Japão e no mundo para que as pessoas pudessem desfrutar uma primavera de paz.1 Na obra, o Dr. Ikeda escreve: Todos os anos, as cerejeiras crescem suportando o inverno e, na primavera, flores desabrocham em todos os galhos. Com as pessoas ocorre o mesmo. Quanto mais rigorosa for a circunstância da vida, mais forte crescerão e poderão se tornar seres humanos com um grande coração. (O Menino e a Cerejeira, p. 32) Nas 34 páginas, o leitor irá encontrar incentivos para ultrapassar as adversidades com coragem e para se desenvolver como um grande ser humano. Nota:1. RDez, ed. 231, mar. 2021, p. 2-3.
01/11/2023
ABC do Budismo
RD
Oração e ação
Fala, herói Soka! Aqui é o Trisatva! Hoje farei a maior revelação sobre os Sucessores Unidos: vou contar a fonte do nosso poder! Está preparado? Parece simples, mas não é tanto assim... A fonte do nosso poder é a oração! Ela também é a fonte do seu poder. Só que, para potencializá-la, precisamos de um segundo elemento, que é a ação. Eu vou explicar. Por que oramos? No livro Juventude: Sonhos e Esperanças, volume 2, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, explica que orar é algo natural e que a oração é uma expressão da nossa reverência ao Universo. Antigamente, orava-se para o Sol, para o fogo, para as montanhas etc.1 Ele também afirma que todos os seres humanos, mesmo os que dizem não ter uma religião, oram por alguma coisa, principalmente, quando se deparam com algum sofrimento.2 Portanto, a oração nasce do forte desejo e da esperança que existem nas profundezas do nosso ser. Fonte de coragem Um grande super-herói da Marvel é o Homem de Ferro. O poder dele está relacionado à armadura: uma máquina que lhe permite voar e ter superforça. Da mesma forma, nós também temos uma máquina tão poderosa quanto a do Homem de Ferro: o Gohonzon. Josei Toda comparava o Gohonzon a uma máquina de produzir felicidade.3 Para ativá-la, é preciso orar do fundo do coração com uma forte e apaixonada determinação de concretizar nossas orações. Sobre isso, o Mestre afirma: Toda sensei sempre dizia: “A forte oração ao Gohonzon com certeza é concretizada. Há, no entanto, três condições para isso: daimoku, daimoku e mais daimoku!” E ele também disse: “A recitação do daimoku cultiva a condição do estado de buda” e “O poder do daimoku é colossal. Ele pode transformar uma vida de carma sofrido numa vida que parece um passeio por um belo jardim ou um sonho agradável”. (Brasil Seikyo, ed. 1.951, 16 ago. 2008, p. A3) A oração, a princípio, já é uma ação, mas só ela não basta. O nosso mestre nos ensina que, para alcançar qualquer meta, precisamos, primeiro, orar com determinação e agir. Arregaçar as mangas e agir Como vimos anteriormente, não podemos somente orar e pensar que as coisas melhorarão por si só ou que todos os nossos objetivos serão automaticamente realizados. Qualquer que seja o desafio ou a circunstância em que se encontra, é fundamental agir. Ikeda sensei orienta: A ação é a essência do Budismo Nichiren. Como praticantes desta filosofia, transformamos nossos próprios problemas e sofrimentos em fonte de benevolência e sabedoria para encorajarmos os companheiros. (Brasil Seikyo, ed. 2.160, 1º jan. 2013, p. A1) Isso significa que não importa a circunstância que estejamos enfrentando, se nos desafiarmos na recitação do daimoku e nos esforçarmos por meio de ações no dia a dia conquistaremos nossos objetivos. Para te ajudar nesta jornada, seguem algumas dicas: Tenha um objetivo definido, isso te ajudará a manter o foco. Estabeleça uma meta de daimoku, mesmo que seja pouco. Ikeda sensei orienta: “Não faz mal que seja pouco, o que importa é que o avanço de hoje seja maior que o de ontem. Que nossos passos de amanhã sejam mais largos que os de hoje”.4 Para te auxiliar nesse avanço, que tal um gráfico de daimoku? No site da Divisão dos Estudantes, na Extranet, tem alguns modelos bem legais para você usar. Acesse aqui. Estude o budismo e leia as orientações do Mestre para fortalecer ainda mais sua fé e sua convicção na vitória. Utilize sua rede de amigos e familiares para que, juntos, possam se apoiar e se incentivar no daimoku. Vamos vencer com oração e ação. Até a próxima! Fotos: Getty Images Notas:1. lKEDA, Daisaku. Juventude: Sonhos e Esperanças. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 165, 2020.2. Ibidem, p. 166.3. Brasil Seikyo, ed. 2.234, 19 jul. 2014, p. B1.4. RDez, ed. 175, jul. 2016, p. 12.
01/11/2023
Matéria da Divisão dos Herdeiros
RD
Vitória na prática da fé e na vida
Vocês já pararam para pensar que todos os dias temos a oportunidade de renovar nosso juramento seigan e concretizar nossos sonhos? Um dia tem 24 horas, 1.440 minutos e 86.400 segundos. Cada um desses momentos é, na verdade, uma oportunidade para transformar uma situação, vencer os desafios e ser feliz. Mas, para isso, precisamos iniciar nosso dia com o máximo de energia. Para termos essa disposição logo cedo, é importante ter hábitos saudáveis, como manter um ritmo regular de sono, ter uma alimentação equilibrada e fazer uma atividade física. No livro Be Brave, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, afirma: Um radiante começo de manhã conduz a um dia bom. Se continuarem assim, dia após dia, terão um ano alegre, uma juventude vibrante e uma vida bem vivida. (Be Brave, p. 25) A recitação do gongyo da manhã é um ótimo modo de aquecer e recarregar nosso corpo. Quando vencemos a preguiça e recitamos daimoku, manifestamos força e coragem o dia inteiro! Com base nisso, todas as ações positivas e os esforços empreendidos ao longo do dia se converterão em boa sorte e causas para conquistarmos nossos sonhos. Além disso, durante a oração, podemos renovar nosso juramento de ser feliz e levar felicidade e esperança para nossos familiares e amigos. Quando fazemos isso diariamente, temos a oportunidade de voltar ao ponto primordial, ou seja, renovar esse compromisso. Benefícios da prática da fé Vimos até aqui o quão importante é a prática da fé para nossa vida. Porém, os benefícios da prática vão muito além de bens materiais e tudo aquilo que mentalizamos nas nossas orações. Alguns deles são imperceptíveis, como, por exemplo, a própria manifestação da coragem, da sabedoria, da disposição, da felicidade e da boa sorte que acumulamos ao recitar daimoku. No budismo, os benefícios são denominados conspícuos ou inconspícuos. Sobre isso, sensei diz: Existem dois tipos de benefícios. Os resultados da prática da fé que aparecem de forma imediata e visível aos nossos olhos são chamados de benefícios conspícuos ou perceptíveis. O outro tipo, principal, é chamado de benefícios inconspícuos ou imperceptíveis e nos oferece a felicidade mais efetiva, embora não seja aparentemente visível. (Nova Revolução Humana, v. 8, p. 55) Com base na orientação do Mestre, por meio de hábitos saudáveis e do gongyo da manhã, vamos relembrar nosso juramento, voltar ao ponto primordial da prática da fé, iniciar todos os dias com muita disposição e conquistar muitos benefícios! Neste mês, comemoramos os dez anos de inauguração do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu (Daiseido). Construído no bairro de Shinanomachi, em Tóquio, no Japão, o prédio representa a concretização do juramento de mestre e discípulo. No local, há o Auditório do Grande Juramento, no qual pessoas de diferentes partes do mundo realizam seu juramento e voltam para o ponto primordial da prática da fé. Que tal objetivar visitar o Daiseido no futuro?
01/11/2023
Faróis da Esperança
RD
A alegria de aprender
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei O dia 18 de novembro1 é o aniversário da Soka Gakkai. A palavra soka significa “criar valor” e gakkai significa “sociedade para o aprendizado”. A Soka Gakkai é uma organização em que as pessoas aprendem e se esforçam juntas para criar valor pela felicidade de cada indivíduo e pela paz mundial. Mesmo quando estava preso por acreditar em seus ideais, durante a Segunda Guerra Mundial, o presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, continuou a ler livros e aprender com afinco até o último momento da sua vida. Dessa forma, ele nos ensinou que o aprendizado é como a luz de um farol. Espero que vocês, meus jovens amigos, desenvolvam a mesma alegria em aprender e orgulhem-se de realizar contínuos esforços. O conhecimento e a sabedoria que vocês adquirirem iluminarão o futuro como um farol da esperança. Girem a chave da coragem recitando Nam-myoho-renge-kyo e, alegremente, desafiem-se nos estudos e na leitura de livros. Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de novembro de 2021 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro. Nota:1. A Soka Gakkai foi fundada em 18 de novembro de 1930.
01/11/2023
Corredores da Justiça
RD
Aprender é uma oportunidade maravilhosa!
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei em inglês Várias vezes, meu mestre Josei Toda compartilhou comigo esta lembrança gloriosa: em novembro de 1922, ele e o presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, assistiram a uma palestra do grande cientista Albert Einstein no Japão. Einstein disse: “Nunca considere seu estudo como um dever, mas como uma oportunidade invejável de aprender”.1 Aprender é uma oportunidade maravilhosa que lhes permite desenvolver um espírito elevado e uma capacidade de contribuir para a sociedade. Os presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda ensinaram que o propósito do aprendizado é ajudar todas as pessoas a ser felizes. O esforço para aprender cria a esperança de que vocês podem construir uma vida feliz e auxiliar os amigos e os familiares a fazer o mesmo. Por favor, orem e divirtam-se aprendendo enquanto valorizam o nobre objetivo de trabalhar pelo bem-estar das pessoas e pela melhoria da sociedade e do mundo. As alegrias da juventude e as oportunidades rumo ao futuro certamente se abrirão diante de vocês! Sempre perguntem a si mesmos: “Com que propósito devo cultivar a sabedoria?”.2 Enfrentem o emocionante desafio de aprender! Fonte: Traduzido da série “Rumo a 2030: Dedico aos Meus Jovens Sucessores Corredores da Justiça” da edição de novembro de 2021 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro. Notas:1. EINSTEIN, Albert. The Quotable Einstein. Tradução: Alice Calaprice. New Jersey: Princeton University Press, 1996, p. 38.2. Essas palavras foram extraídas de uma diretriz que o presidente Ikeda apresentou na inauguração da Universidade Soka: “Com que propósito se deve cultivar a sabedoria? Faça sempre essa pergunta a si mesmo!” A citação está inscrita na base de uma estátua de bronze no campus da universidade, em Hachioji, Tóquio. Tradução livre.
01/11/2023
Matéria do mês
RD
Vamos construir nosso castelo Soka!
Dez anos da inauguração do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu Uma forte chuva caía nas ruas de Tóquio. Sem um carro ou mesmo um guarda-chuva para se protegerem, Josei Toda e Daisaku Ikeda tiveram de caminhar embaixo da tempestade. A visão de seu mestre totalmente encharcado apertava o coração do jovem sucessor. Após alguns passos, a sede do Supremo Comando das Forças Aliadas ergueu-se diante deles. O enorme prédio fez com que o discípulo lembrasse do sonho de Josei Toda de construir um edifício que pudesse servir como sede da Soka Gakkai. — Sensei, sinto muito por caminhar assim nesse frio. No futuro, comprarei um carro para que possa ir para todos os cantos. Também construirei prédios magníficos para o kosen-rufu. Pode contar comigo!1 Toda sensei sentiu profundamente a decisão sincera do jovem e sorriu feliz. Alguns anos depois, sob a liderança do presidente Ikeda, a Soka Gakkai se expandiu para 192 países e territórios e uma nova sede começou a ser construída. A cada dia, o prédio tomava forma com o que havia de mais moderno na arquitetura e no design. Foi então que, em 2013, no dia 18 de novembro, data da fundação da Soka Gakkai, o Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu, também chamado de Daiseido, foi inaugurado. O prédio se tornou um marco na concretização do juramento do discípulo. Este mês, comemoramos dez anos deste grande castelo Soka. Para se aprofundar no assunto e entender o real significado desta construção e como ela se relaciona conosco, bem como curiosidades, é só continuar lendo. Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu se ergue em meio às cerejeiras (Japão). Foto: Seikyo Press Tour pelo local Localizado no bairro de Shinanomachi, em Tóquio, no Japão, o Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu fica próximo das demais sedes e prédios de grande significado para a Soka Gakkai. Caminhando a pé por um minuto da estação de trem de Shinanomachi, você se depara com a imponente construção. De imediato, avista-se o portão sul (Kosen-mon). Ao longo da fachada, há oito grandes pilares que simbolizam os oito ideogramas chineses do Sutra do Lótus — “Demonstrar respeito ao devoto do Sutra do Lótus tal como faria ao Buda”2 — que representam o espírito Soka de prezar cada membro da Soka Gakkai como se fosse o Buda. Em frente ao portão sul, há uma bela praça que foi inaugurada em 1 de novembro de 2016. Ali, é possível apreciar as flores da estação. Indo para o lado norte do Daiseido, você encontra o portão Soka que dá acesso ao pátio norte. No local, há dois monumentos: o primeiro recebeu o nome de “Canção da Revolução Humana”, pois conclama a luta conjunta de mestre e discípulo, o caminho a ser seguido pelos jovens e a missão dos bodisatvas da terra;3 o segundo é um poema de Ano-novo escrito por Josei Toda em 1955: A jornada da ampla propagação da Lei Mística é longa; vamos nos incentivar mutuamente e juntos avançar.4 Agora que já conheceu a área externa, partiu adentrar no prédio. Por dentro do auditório O Daiseido possui sete andares. Eles foram construídos sobre uma base forte de 22 metros de profundidade, um cuidado do sensei para que o prédio se mantenha em pé e possa ser utilizado como abrigo em caso de terremoto. Ao passar pela entrada, você chega no hall Kosen. Uma curiosidade: o piso que reveste toda a parte térrea é de pedra brasileira. Terceiro andar Subindo o elevador direto para o terceiro andar, você chega no Auditório do Grande Juramento. No teto, é possível vislumbrar o desenho das asas de uma fênix. Elas simbolizam o zarpar do Budismo de Nichiren Daishonin como religião mundial. Neste local está consagrado o Joju Gohonzon, que possui a inscrição “Grande Desejo pela Concretização do Kosen‑rufu, a Propagação Benevolente da Grande Lei”. Foi diante desse Gohonzon que Josei Toda e Daisaku Ikeda oraram pelo estabelecimento do Budismo de Nichiren Daishonin como religião mundial. A base do oratório é constituída por pedras das 47 províncias do Japão e também dos 192 países e territórios em que há praticantes do Budismo Nichiren. Juramento Neste auditório, membros do mundo inteiro se reúnem para realizar o gongyo de juramento. Neste solene momento, as pessoas renovam suas decisões. Além disso, é possível assistir à reunião do gongyo de juramento sem saber falar japonês, pois ela é traduzida simultaneamente para vários idiomas. Você também pode realizar seu juramento neste grandioso local. Independentemente das circunstâncias atuais, não há limites para sonhar e tornar cada sonho realidade! Vamos desafiar a tudo e conhecer pessoalmente este maravilhoso castelo Soka! Foto: Getty Images Manter vivo o espírito Soka Agora que já conhecemos um pouco do Daiseido, eis a pergunta que não quer calar: qual é o significado dele para nós? Para descobrir, assista ao vídeo. Como vimos no vídeo, temos a grandiosa missão de proteger e construir o castelo Soka em nossa vida por meio das nossas vitórias. Este é o nosso juramento! Com base nesse ponto, na mensagem de inauguração do Daiseido, o Mestre orientou: “Este é meu juramento” — fazendo arder ainda mais fortemente a chama desta decisão, vamos nós, da família Soka, junto a este grande palácio do juramento pelo kosen-rufu, nos comprometermos mutuamente a adornar nossa vida com a conquista de uma indestrutível existência de grandes vitórias e plena realização, superando resolutamente todas as adversidades com união harmoniosa e vivacidade. (Brasil Seikyo, ed. 2.203, ed. 16 nov. 2013, p. A1) Com essa orientação em mente, desejamos que você decida construir o castelo Soka em sua vida e fazer seu juramento pessoalmente no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. *Dicas RDez Nesta matéria, fizemos um pequeno tour pelo Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. Se bateu curiosidade para saber mais sobre os demais andares do prédio, acesse o site. No dia que você for conhecer este imponente castelo Soka pessoalmente, vai precisar levar uma carta de apresentação emitida pela BSGI. Para solicitá-la, acesse aqui, digite o código de membro e a senha. Ao acessar a página da Extranet, clique em Centro Administrativo, Cadastro de Membros e, depois, Carta de Apresentação. Faça a solicitação, no mínimo, vinte dias antes da viagem. Desde o princípio [...] a organização Soka Gakkai procedeu da relação de mestre e discípulo. Por isso, para manter intensamente vivo o espírito Soka, o caminho de mestre e discípulo deve ser transmitido e perpetuado eternamente. Esse caminho origina-se do esforço do discípulo para aprender o espírito e a prática do Mestre. (Nova Revolução Humana, v. 23, p. 237) Notas:1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 22, p. 13, 2019.2. No Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Nichiren Daishonin afirmou: “Neste capítulo (28º), o buda Shakyamuni revelou o ponto mais importante que desejava expressar. Ele pregou o Sutra do Lótus por um período de oito anos e a mensagem que deixou para os seres vivos nesta era dos Últimos Dias da Lei totalizou oito ideogramas” (OTT, p. 781).3. Brasil Seikyo, ed. 2.210, 11 jan. 2014, p. B2.4. Terceira Civilização, ed. 584, abr. 2017, p. 46.
01/11/2023
Faróis da Esperança
RD
Faça as flores do espírito invencível desabrocharem
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei As flores da ameixeira são as primeiras a desabrochar em meio aos ventos frios do inverno. E basta uma única flor, repleta de perfume, para sinalizar que a primavera está a caminho! Vocês também podem experimentar tempos que se assemelham a invernos rigorosos. Entretanto, quando reúnem a coragem e se desafiam, conseguem fazer com que as flores do espírito invencível desabrochem. Assim, uma brilhante primavera se abre no local em que se encontram. Vocês possuem a maravilhosa prática da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, o melhor modo de extrair a força interior e o máximo potencial. Nichiren Daishonin afirmou: “O inverno nunca falha em se tornar primavera”.1 Espero que vocês, meus jovens amigos, continuem aprendendo e crescendo com um espírito forte e positivo. Dessa forma, serão as belas flores que sinalizarão a chegada da primavera da esperança para a humanidade! Fonte: Traduzido e adaptado da série “Rumo a 2030: Dedico aos Radiantes Faróis da Esperança” da edição de fevereiro de 2022 da Boys and Girls Hope News, publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Futuro. Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020.
02/10/2023
Matéria da Divisão dos Herdeiros
RD
Diferença entre razão e sentimento
Você já ouviu falar em inteligência emocional? Trata-se da capacidade de identificar e gerenciar nossas emoções. Mas, antes de entrarmos nesse assunto, é importante explicar a diferença entre emoção e sentimento. A emoção é uma reação imediata a um estímulo, algo que não envolve o pensamento. Quando fazemos um corte pequeno no dedo, por exemplo, sentimos dor, porém, rapidamente nos esquecemos dele. Já o sentimento envolve componentes cognitivos e de percepção. Pensando no exemplo anterior, imagine um corte maior que impeça você de fazer uma atividade que gosta. Isso pode gerar vários sentimentos, dentre eles, a tristeza. Resumindo, podemos dizer que emoção é reação e sentimento é construção.1 Entender isso nos ajuda a reconhecer melhor o que nós e as outras pessoas estão sentindo e a gerenciar, de forma construtiva e apropriada, nosso comportamento em diferentes situações. Foto: Getty Images Autoconhecimento para transformar Uma boa forma de exercitar a inteligência emocional é por meio da prática da fé diária. Quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo, adquirimos sabedoria para agir da melhor forma em qualquer situação. O daimoku ainda contribui para o autoconhecimento, pois nos ajuda a perceber nossas emoções e nossos sentimentos, raciocinar sobre eles, entendê-los e, com isso, controlá-los. Parece ser difícil, mas no romance Nova Revolução Humana, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, orienta: Pode haver ocasiões em que experimentam emoções extremas que os leva a perder o chão e cair. Mas sempre haverá, nas profundezas do seu ser, a força para se levantar e vencer o desespero. Essa, eu declaro, é o verdadeiro significado, bem como privilégio especial, da juventude. [...] a juventude é uma época de ilimitada alegria, mas também de dificuldades emocionais. Com certeza, vocês lutarão contra adversidades. Desejo que nunca se esqueçam de que existem dois lados na mesma moeda. Se continuarem dando o melhor de si com essa consciência, desfrutarão uma juventude maravilhosa e brilhante. (Nova Revolução Humana, v. 17, p. 102-103) Com base nessas orientações do Mestre, vamos desafiar as dificuldades emocionais por meio da prática da fé e do autoconhecimento e dar o nosso melhor para desenvolvermos a inteligência emocional e nos relacionarmos positivamente com os outros. Nota:1. http://www.ce.ufpb.br/neemoc/contents/videos/emocao-x-sentimento#%3A~%3Atext%3DA%20emo%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A9%20uma%20rea%C3%A7%C3%A3o%2Cenquanto%20que%20sentimento%20%C3%A9%20constru%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: set. 2023.
02/10/2023
Matéria do mês
RD
Harmonia entre gerações
Cozinha bagunçada, ingredientes espalhados, um aroma delicioso no ar e muitas risadas. A família se diverte enquanto prepara uma receita tradicional. Com a comida no forno, todos ajudam na limpeza. Ao som de uma boa música, cada integrante organiza um canto e todos se sentam à mesa para saborear a comida. Esse cenário é familiar para você? Na infância, desenvolvemos memórias com as pessoas que nos criaram. Pode ser uma simples ida ao cabeleireiro, um passeio no fim de semana, um sorvete na praça, um jogo de bola no quintal, uma história para dormir, uma tarde na frente da tevê... Cada uma dessas lembranças cria um vínculo com quem convivemos. Já na adolescência, esse cenário costuma mudar, o que pode diminuir ou até mesmo extinguir essa conexão familiar. Para entender o porquê e aprender como resgatar essa união, se liga nesta matéria. Foto: Getty Images Criar boas relações Imagine a seguinte situação: uma família em que avós, pais e filhos dialogam sobre o uso da tecnologia. Os avós, por exemplo, podem achar que passar muito tempo conectado à internet é prejudicial à saúde, enquanto os pais têm uma visão mais moderada sobre o assunto. Já os filhos querem aproveitar a tecnologia ao máximo, seja para conversar com os amigos, ver vídeos, estudar ou ouvir música. Às vezes, esse cenário simples é suficiente para gerar um conflito entre as gerações, pois cada um nasceu em uma época diferente e, por isso, possui opiniões, perspectivas, valores e experiências diferentes. E são esses pequenos atritos que, quando acumulados, minam a conexão entre pais e filhos formam uma barreira. Sobre isso, no volume 2 do livro Juventude: Sonhos e Esperanças, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, afirma: Às vezes, nosso relacionamento com os outros fica tão maçante que chegamos a ponto de querer gritar: “Eu queria ir para um lugar onde não houvesse ninguém!” Mas isso é impossível, a não ser que nos tornássemos eremitas. Então, o que fazer? Basicamente, precisamos nos esforçar para criar boas relações com os outros; precisamos nos tornar pessoas que conseguem desenvolver esse tipo de relacionamento. (Juventude: Sonhos e Esperanças, v. 2, p. 53-54) Assim como o Mestre orienta, precisamos nos esforçar para criar relações familiares saudáveis. Mas você pode estar se perguntando: “Como fazer isso se não consigo resolver, por exemplo, um simples conflito sobre o uso da tecnologia”? Respira, não pira e continua lendo. Foto: Getty Images Encontro de gerações Quando falamos em conflito, pensamos na ideia de um ser contra o outro, de que haverá um vencedor no final ou então num debate para discutir quem tem mais razão. No entanto, nada disso contribui para a resolução do problema. Pelo contrário. Atitudes como essas tiram o foco de tentar entender o outro, ter empatia e aprender juntos. No decorrer da vida, teremos que lidar com pessoas de idades, épocas e vivências diferentes. Sendo assim, por que não pensar em uma forma de unir essas experiências em vez de viver em um duelo sem fim? No Budismo Nichiren, há o princípio da “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro”, que nos ensina como criar um mundo de harmonia e de coexistência criativa. Quando nos baseamos nesse princípio, cultivamos a sabedoria para melhorar a nós próprios e os outros e todas as diferenças se tornam uma fonte de renovada criação de valor. Ao pensarmos dessa forma, passamos a enxergar tudo como um aprendizado e uma oportunidade de crescimento. Começamos a ter empatia e respeito pelo outro e emitir nossa opinião de maneira respeitosa. Para saber mais como transformar os conflitos em verdadeiros diálogos, não perca este vídeo: Presidente Ikeda dialoga com crianças (Japão, maio 1973). Foto: Seikyo Press Conclusão Independentemente das diferenças, é importante ouvir e conversar de forma respeitosa com todos. Como Sucessores Ikeda 2030, vamos manifestar o espírito de procura igual aprendemos no vídeo, dialogar e encontrar os pontos em comum que existem entre as gerações. Certa vez, o presidente Ikeda incentivou os Estudantes a serem pessoas de mente aberta e dispostas a aprender em qualquer situação. Lembrando-se sempre do respeito à individualidade, tome as experiências de outras gerações como um grande aprendizado. Discórdias na família e falha de comunicação entre pais e filhos não são um fato novo, mas problemas que as pessoas vêm sofrendo desde o início dos tempos. [...] No fim, o único modo de sanar tais conflitos nos relacionamentos humanos repousa em nossa prática budista, ou seja, expandir nossa condição de vida, mudar nosso interior e realizar nossa revolução humana com base na fé. [...] Recite Nam-myoho-renge-kyo sinceramente para aprimorar seu caráter e cultive uma rica sabedoria, um espírito forte e invencível e um coração amplo e amável capaz de abraçar com carinho sua família. (Nova Revolução Humana, v. 26, p. 188-189)
02/10/2023
Corredores da Justiça
RD
Jamais tema o fracasso! Desafie-se em sua juventude!
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei em inglês Um dos meus livros favoritos na juventude é A Divina Comédia, do poeta italiano Dante Alighieri. É sobre a jornada de um jovem professor e seu aluno, na qual o poeta Virgílio serve de guia para Dante. No difícil caminho diante deles, Virgílio encoraja Dante: “Não tenha medo, a jornada que estamos fazendo ninguém pode impedir”.1 A relação professor-aluno ou mestre-discípulo é uma fonte de força ilimitada. Conheci meu mestre, Josei Toda, no verão, quando tinha 19 anos. A partir de então, tenho lutado junto com ele, superando doenças e todos os tipos de obstáculos para propagar nosso movimento pela paz, cultura e educação para o mundo todo. Eu me uni aos meus nobres companheiros com este brado do mestre ecoando no coração: “A Soka Gakkai é um leão, e um leão não teme a nada!”. Nichiren Daishonin escreveu: "Cada um dos senhores deve reunir a coragem do rei leão".2 Convoco vocês, jovens que embarcaram na jornada de mestre e discípulo Soka, para continuar avançando com a coragem insuperável de um rei leão! Não há necessidade de temerem o fracasso. Desafiarem-se a si mesmos na juventude é uma fonte de orgulho. Sigam em frente, sempre avançando, com otimismo e resiliência! Fonte: Traduzido da série “Rumo a 2030: Dedico aos meus Jovens Sucessores Corredores da Justiça” da edição de agosto de 2022 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro. Notas: 1. ALIGHIERI, Dante. The Divine Comedy [A Divina Comédia]. Tradução: Mark Musa. Nova York: Penguin Books, v. 1, p. 141, 1984.2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 263, 2017.
02/10/2023
Matéria da Divisão do Futuro
RD
Diálogo: a melodia entre os corações
Numa conversa, podemos manifestar emoções, pensamentos ou opiniões. Por exemplo: quando alguém nos diz “eu te amo”, sentimos amor e alegria, e quando alguém nos conta uma piada, damos aquela gargalhada. Isso acontece porque, por meio do diálogo, nós nos conectamos com o outro. Nosso mestre Daisaku Ikeda afirma que o diálogo é uma melodia criada entre os corações, ou seja, quando a conversa é baseada no respeito e flui de forma harmoniosa, ela consegue unir os corações. Todos os dias, encontramos várias pessoas e temos a oportunidade de saber como elas estão e dialogar com o coração aberto. Isso também se aplica a nós: quando conversamos com uma pessoa de confiança e compartilhamos nossos sentimentos, aliviamos nosso coração. Por isso, vamos aproveitar esses encontros para estabelecer novas conexões e expressar o que sentimos de forma respeitosa. Desse modo, criaremos uma belíssima melodia entre os corações. *** Presidente Ikeda se reúne com crianças (Japão, maio 1963). Foto: Seikyo Press Frase do sensei: O kosen-rufu significa nos relacionarmos por meio do diálogo e da amizade sinceros e, juntos, nos esforçarmos para sermos pessoas melhores e mais felizes. Essa união de indivíduos que lutam em prol da felicidade de todos constitui o kosen-rufu. (Juventude: Sonhos e Esperanças, v. 2, p. 220) *** Dica de filme Red: Crescer é uma FeraProdutora: DisneyClassificação: Livre Mei Lee é uma menina de 13 anos que se transforma em um panda vermelho toda vez que fica agitada. Para piorar a situação, na adolescência, ela entra em desarmonia com a mãe. Mas, no decorrer do filme, Mei entende o passado de sua mãe e consegue dialogar com ela de forma sincera, o que as mantêm unidas para resolver os problemas. *** Quiz 1. O que manifestamos quando conversamos com alguém? a. Nossos pensamentos b. Nossos sentimentos c. As duas alternativas anteriores 2. Sensei afirma que o diálogo é uma melodia criada entre... a. as vidas b. os corações c. as cabeças 3. Quando nos encontramos com outras pessoas, o que podemos fazer? a. Dialogar com o coração aberto e saber como elas estão b. Ignorá-las c. Nenhuma das alternativas anteriores Respostas 1. C 2. B 3. A
02/10/2023
Matéria da Divisão da Esperança
RD
Conversa que supera as diferenças
No dia a dia, temos contato com pessoas mais velhas, experientes e com diferentes perspectivas e valores. Às vezes, por sermos de gerações diferentes, entramos em conflito, mas, por meio do diálogo, temos a chance de conhecer e aprender uns com os outros. Quando conversamos, entendemos as histórias, as tradições e os valores que moldaram a vida de cada pessoa. Também aprendemos de que modo elas superaram os obstáculos. A partir daí, fortalecemos nossa relação e enriquecemos nosso entendimento de mundo. Foto: Getty Images Veteranos da organização Zenchishiki é um termo budista que significa “bons amigos”. Eles nos direcionam para a prática da fé e o caminho de mestre e discípulo. Dentro da organização, há muitos veteranos que podem ser esses bons amigos, mas, para isso, é necessário que nosso coração e nossa mente estejam abertos e que estejamos dispostos a aprender com eles. Os veteranos da organização possuem experiência de vida tanto na sociedade quanto dentro da Soka Gakkai e estão sempre ao nosso lado nos incentivando. Quando nos permitimos aprender com eles, por meio da escuta ativa e do respeito, iniciamos uma troca de vivências na qual aprendemos e ensinamos e fortalecemos a prática e a ligação com o Mestre. Em uma mensagem, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, solicitou aos jovens: Solicito que os membros da Divisão dos Jovens da BSGI avancem na vanguarda da nova era do kosen-rufu mundial com harmonia e alegria, incentivando uns aos outros, consultando sobre quaisquer assuntos os companheiros e os bons veteranos, que são os melhores “bons amigos”! Desejo que cada um crie uma história dourada da juventude sem arrependimentos. (Brasil Seikyo, ed. 2.474, 6 jul. 2019, p. 6-7) Portanto, vamos manifestar nosso espírito de procura pelos veteranos e, por meio do diálogo, fortalecer nossa relação com as gerações mais velhas. Dica de filme ElementosProdutora: DisneyClassificação indicativa: Livre A animação se passa em uma sociedade em que os quatro elementos da natureza (ar, terra, fogo e ar) vivem em harmonia. Ember (fogo) é uma jovem com um grande senso de humor e apaixonada pela família, mas tem um temperamento um pouco quente; e Wade (água) é empático e extrovertido e não tem medo de demonstrar suas emoções. No decorrer do longa-metragem, os dois aprenderão que, mesmo sendo tão diferentes, é possível se conectar e criar uma grande amizade por meio do diálogo e do aprendizado. Na organização, há muitos veteranos que inspiram e orientam. No desafio deste mês, propomos que você procure um veterano ou uma veterana para dialogar sobre algum tema. O objetivo é criar um laço de confiança e ter bons amigos que possam te incentivar em todos os momentos. Que tal testar?
02/10/2023
Cápsula do tempo
RD
Teste seus conhecimentos sobre o dia 18 de outubro de 1963
Sede da Associação de Concertos Min-On (Tóquio, Japão). Foto: Seikyo Press Certa vez, Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, expressou: “O kosen-rufu é um grande movimento cultural. Significa ‘estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra’”.1 Por herdar esse ideal do Mestre, o Dr. Daisaku Ikeda, presidente da SGI, fundou a Associação de Concertos Min-On em 18 de outubro de 1963. Pouco tempo depois, em 9 de janeiro de 1965, a associação foi reconhecida com uma fundação e, em 1º de setembro de 1997, passou a ter uma sede corporativa. Localizada próxima aos prédios da Soka Gakkai, em Shinanomachi, Tóquio, a associação tem como objetivo promover o intercâmbio cultural por meio de atividades artísticas e tornar as artes cênicas e a música acessíveis ao público em geral. Min-On é uma abreviação de Minshu Ongaku Kyokai e significa, literalmente, “música do povo”. A palavra minshu foi escrita com os ideogramas de “povo” ou “popular”, no sentido de que o povo é o ator principal de uma nação ou de uma sociedade e também peça-chave para o desenvolvimento da arte e da música para o bem da humanidade. A palavra ongaku significa “música” ou “concerto” e kyo-kai quer dizer “associação”.2 Desde a fundação, a Associação de Concertos Min-On promoveu intercâmbios com grupos artísticos de mais de 100 países e já realizou concertos em mais de 300 cidades japonesas. Também oferece variadas opções de entretenimento musical, cultural e educativo, como óperas, concertos, competições, festivais, simpósios, palestras, oficinas e workshops. A Ópera do Estado Bávaro, da Alemanha, a Ópera Estatal de Viena, da Áustria, o Teatro alla Scala, da Itália, e o The Royal Opera, da Inglaterra, já se apresentaram no Japão a convite da Min-On. Na sede da associação, há o Museu da Música, criado em 1974, que conta com uma grande coleção de instrumentos de todos os cantos do mundo, bem como caixas de música, pianolas,3 fonógrafos4 e outros materiais. Mesmo em exibição, os instrumentos antigos são tocados para que os visitantes apreciem os sons. A associação ainda possui a Biblioteca Musical, criada em 1974, com cerca de 45 mil partituras e 33 mil livros, além de revistas, jornais e publicações relacionadas à música. Saiba mais: https://www.brasilseikyo.com.br/home/terceira-civilizacao/edicao/417/artigo/musica-e-vida-a-sinfonia-dos-sons-universais/6023 https://www.brasilseikyo.com.br/home/bs-digital/edicao/1744/artigo/voce-sabia-que-o-pianista-amaral-vieira-e-a-cantora-gal-costa-ja-se-apresentaram-a-convite-da-min-on-no-japao/11400 https://www.brasilseikyo.com.br/home/terceira-civilizacao/edicao/423/artigo/japao/5839 https://www.min-on.org/ *** Teste seus conhecimentos com o vídeo Cápsula do Tempo Quiz Show Datas marcantes do mês de outubro Dia 2 • 1960 (63 anos) Conhecido como o Dia da Paz Mundial, marca a primeira vez em que o presidente Ikeda viajou para o exterior a fim de propagar o Budismo Nichiren e os ideais da Soka Gakkai para o mundo Dia 4 • 1970 (53 anos) Fundação do grupo Cerejeira Dia 13 • 1282 (741 anos) Falecimento de Nichiren Daishonin Dia 17 • 1999 (24 anos) Convenção Cultural dos Jovens (“Convenção da Chuva”) Dia 19 • 1960 (63 anos) Fundação da BSGI Dia 19 • 1982 (41 anos) Fundação do grupo Sokahan Dia 20 • 1960 (63 anos) Fundação do Distrito Brasil Notas:1. Brasil Seikyo, ed. 2.557, 27 mar. 2021, p. 3-5.2. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. Editora Brasil Seikyo: São Paulo, v. 8, p. 159-160, 2019.3. A pianola é um piano mecânico que, por meio de rolos de papel ou de metal perfurados, executa músicas sem a necessidade de tocar as teclas.4. O fonógrafo foi o primeiro aparelho criado para gravar e emitir sons. Ele possui formato cilíndrico.
02/10/2023
ABC do Budismo
RD
Unicidade de mestre e discípulo
Fala, pessoal! O Soundtrack está na área. Nesses últimos dias, refleti sobre a minha trajetória e os desafios enfrentados e percebi o quanto os ensinamentos do Mestre foram superimportantes nesses momentos. É isso mesmo: assim como o Naruto tem o Jiraiya, o Goku tem o mestre Kami e as Tartarugas Ninja têm o mestre Splinter, o Soundtrack aqui tem o mestre Daisaku Ikeda. Ele também é o sensei dos demais integrantes dos Sucessores Ikeda e a nossa grande fonte de inspiração! Essa relação que temos com o Mestre tem um nome: shitei funi que, em português, significa unicidade de mestre e discípulo. Profundo significado Quando ouvimos o termo “mestre e discípulo”, temos a impressão de que esse tipo de relacionamento é coisa das antigas, não é? Entretanto, no mundo das artes, dos esportes e das universidades, principalmente, a existência de um mentor é quase que obrigatória e se faz necessária para que o aprendiz obtenha conhecimento e técnicas para demonstrar todo o seu potencial. Além disso, a escolha de um mestre correto influencia na direção e no desenvolvimento do indivíduo. Por isso, quando estamos falando da nossa vida, a presença do Mestre se torna ainda mais importante. Por essa razão, o budismo enfatiza a relação de mestre e discípulo. Sobre isso, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, afirma: Tudo o que precisamos na vida é de um mestre. Somente os seres humanos podem escolher e seguir um mestre. Na busca do caminho de mestre e discípulo, podemos aprender qual é o maior tesouro para os seres humanos. (Brasil Seikyo, ed. 1.350, 13 jan. 1996, p. 3) Dentro da Soka Gakkai, os ideais de transmitir felicidade para todas as pessoas através dos ensinamentos do Budismo de Nichiren Daishonin iniciaram com o primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, que os transmitiu para seu discípulo Josei Toda que, por sua vez, foram herdados por Daisaku Ikeda. Agora chegou a nossa vez de herdar o espírito dos três Mestres Soka e incentivar as pessoas a serem felizes também! Conectar-se ao coração do Mestre A unicidade de mestre e discípulo é um sentimento muito particular e profundo que precisa ser cultivado diariamente pelo discípulo por meio do espírito de procura ao Mestre. Um meio para isso é conhecer a trajetória de vida do presidente Ikeda, ler seus incentivos e suas orientações e aplicá-los no cotidiano. Outra sugestão é, quando surgir um obstáculo, você se perguntar: “O que o Mestre faria agora?” Na Nova Revolução Humana, o presidente Ikeda conta: Inicialmente, aprendi sobre o budismo com Josei Toda. A fé não ocorreu primeiro e, sim, meu encontro com ele. A fé veio mais tarde. Estou explicando isso porque acredito que, assim como a humanidade do caráter de Josei Toda foi o elemento decisivo na minha relação com o budismo, a preocupação com o bem-estar da humanidade deveria ser o ponto de partida de tudo na sociedade. (Nova Revolução Humana, v. 22, p. 48-49) Dito isso, gostaria de propor um desafio a vocês: listem três desafios que estão enfrentando neste momento. A próxima etapa é buscar na história de vida de Ikeda sensei alguma orientação sobre esses desafios. Podem pedir ajuda ao responsável da localidade, buscar nos impressos, na RDez ou nos livros. Tenho certeza de que haverá algo escrito especialmente para vocês. E aí, aceitam o desafio? Um forte abraço e até a próxima! Ilustrações: Getty Images
02/10/2023
Cápsula do tempo
RD
Teste seus conhecimentos sobre o dia 8 de setembro de 2018
Presidente Ikeda escreve a Nova Revolução Humana com o sentimento de encorajar a todos (Japão, abr. 2009). Foto: Seikyo Press O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, começou a escrever a Nova Revolução Humana em 6 de agosto de 1993, no Centro de Treinamento de Nagano, em Karuizawa, Japão, exatamente 48 anos depois que a bomba atômica foi lançada em Hiroshima. O romance é um registro do espírito da Soka Gakkai e da relação de mestre e discípulo e detalha todos os passos da história do kosen-rufu. Em 18 de novembro do mesmo ano, a obra começou a ser publicada diariamente no Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai no Japão. Nessa época, Ikeda sensei estava com 65 anos. Sobre o desafio de escrever em meio às intensas atividades no Japão e no mundo, o presidente Ikeda comentou: Cada dia se tornou uma batalha de vida ou morte em que dedicava todas as minhas forças. Lembrando-me dos preciosos companheiros que se empenham bravamente na fé, no Japão e no mundo, extraía as palavras do fundo da minha vida e me dedicava à elaboração e à revisão do texto com o sincero sentimento de enviar uma carta de incentivo a cada pessoa. Era também uma tarefa que realizava dialogando em meu íntimo com o Mestre. A voz do Mestre ecoava em minha mente: “Transmita o espírito Soka para a posteridade! Cumpra a sua missão nesta existência!”. O cansaço se dissipava e emanava a coragem. (Nova Revolução Humana, v. 30-II, p. 353-354) No dia 8 de setembro de 2018, após 25 anos de intensa dedicação e desafiando o limite da sua existência, sensei concluiu a obra composta de 30 volumes no mesmo local em que a iniciou. No posfácio, ele encoraja a todos para que se levantem como Shin’ichi Yamamoto1 e escrevam a própria história brilhante da revolução humana empenhando-se pela felicidade dos outros.2 *** Teste seus conhecimentos com o vídeo Cápsula do Tempo Quiz Show Datas marcantes do mês de setembro Dia 8 • 1957 (66 anos) Declaração pela Abolição das Armas Nucleares Dia 12 • 1271 (752 anos) Perseguição de Tatsunokuchi Dia 21 • 1279 (744 anos) Perseguição de Atsuhara Saiba mais: https://www.brasilseikyo.com.br/home/bs-digital/edicao/2434/artigo/legado-para-a-eternidade/36574 https://www.brasilseikyo.com.br/home/bs-digital/edicao/2639/artigo/legado-perene-para-o-futuro-da-humanidade/999561654 Notas:1. O personagem do presidente Ikeda na Nova Revolução Humana é Shin’ichi Yamamoto.2. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. Editora Brasil Seikyo: São Paulo, v. 30-II, p. 359, 2020.
30/08/2023
Corredores da Justiça
RD
Banhados pela luz da lua, esforcem-se com um coração tão vasto quanto o universo!
Aperte o play e acompanhe a leitura do texto escrito por Ikeda sensei em inglês A lua é o espelho brilhante dos céus. Reflete e une o coração das pessoas transcendendo o tempo e o espaço. Sua luz irradia a brilhante sabedoria do cosmos. A Lua da Colheita,1 em particular, é considerada a mais bela — este ano, ela surgirá no dia 10 de setembro [texto originalmente publicado em 2022]. Dirigindo-se aos jovens, Toda sensei disse uma vez: “Liderem uma juventude repleta de paixão e de sonhos enquanto dialogam e debatem sobre a vida, a filosofia e o futuro juntos e sob a luz da lua.”2 Nichiren Daishonin declarou: “[...] para aqueles que possuem profunda fé [na Lei Mística], é como se a lua cheia iluminasse a noite”.3 Não importa quão escuros sejam os tempos, enquanto recitarem Nam-myoho-renge-kyo e desafiarem a si mesmos nos estudos, a lua cheia da coragem e da sabedoria brilhará em seu coração sem falta! Aprender é luz. Por favor, sejam positivos e confiem que a luz que vocês estão acumulando agora por meio de árduos esforços, um dia, iluminará sua vida, bem como as de seus familiares, amigos e das pessoas ao redor do mundo. Olhando para a bela lua, mirem o futuro e aprendam com um coração tão vasto quanto o universo! Fonte: Traduzido da série “Rumo a 2030: Dedico aos meus Jovens Sucessores Corredores da Justiça” da edição de setembro de 2022 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro. Notas:1. O fenômeno chamado Lua da Colheita é uma fase específica que marca, no hemisfério sul, a entrada da primavera e, no hemisfério norte, a chegada do outono. O nome se deve a um antigo costume de fazendeiros que, séculos atrás, utilizavam a luz da lua para trabalhar nas colheitas ao longo da noite.2. Tradução não oficial.3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 96, 2020.
30/08/2023
Menu
RD
Mês de setembro
Saiba, em um minuto, o que você encontrará na edição de setembro: Do Mestre para você Construindo um Futuro Brilhante Baseado no Juramento Na última parte desta série, o Mestre nos ensina a superar os medos. Corredores da Justiça Descubra o que a lua e o aprofundamento da fé têm em comum. Faróis da Esperança Desperte o poder do leão dentro de você. Matérias dos níveis DE-Futuro Você sabe o que é cultura de paz? Leia aqui. DE-Esperança Veja como aplicar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no dia a dia. DE-Herdeiro Aprenda de quantas maneiras a solidariedade pode contribuir para a paz. Quentinhas O que Rolou Se liga no que as localidades organizaram pela DE. Trending Topics A primavera chegou! Saiba quais flores brasileiras desabrocham nesta época. Mural de Vitórias Pedro Henrique conta, em vídeo, como venceu no estudo, na prática esportiva e na criação de um livro. Matéria do mês Minhas ações pela paz Construa um futuro melhor a partir de agora com a RDez! Aprenda mais sobre o budismo Cápsula do Tempo Teste seus conhecimentos sobre os cinco anos da conclusão da Nova Revolução Humana. ABC do Budismo Entenda o que existe em comum entre uma orquestra sinfônica e o princípio itai doshin. Diversão Passatempo Venha brincar com os jogos deste mês!
30/08/2023
Construindo um Futuro Brilhante Baseado no Juramento
RD
Aqueles com o coração do rei leão não têm nada a temer
Abutsu-bo e a monja leiga Sennichi — parte final Este ano [2019], mais uma vez, jovens líderes do kosen-rufu mundial se reunirão no Japão para participar do Curso de Aprimoramento dos Jovens da SGI. Sei que cada um deles trabalhou com extremo afinco e incrível espírito de procura para tornar isso possível. Quero recebê-los com o meu mais profundo respeito. Minha esposa Kaneko e as integrantes da Divisão Feminina de todo o Japão louvam os maravilhosos esforços das mulheres Soka ao redor do planeta. Quando visitei os Estados Unidos, em minha primeira viagem ao exterior (1960), a maioria dos membros pioneiros de lá era composta por mulheres japonesas que haviam se casado com soldados americanos. Elas tiveram dificuldades para se adaptar ao novo idioma e à cultura e, muitas vezes, choravam pelas circunstâncias. No entanto, por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, decidiram não serem derrotadas pelos problemas e incentivar outras pessoas que enfrentavam contrariedades parecidas. A partir do momento em que transformaram o carma em missão, o venturoso drama da revolução humana começou a se desencadear e movimentar o kosen-rufu mundial. Meu mestre, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, estava convicto de que as mulheres concretizariam o kosen-rufu. E hoje, correspondendo a essa confiança depositada por ele, nossa rede de mulheres Soka ilumina o caminho para um futuro de paz e felicidade para todos do nosso planeta. *** Nichiren Daishonin expressou: Não deve haver discriminação entre os que propagam os cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo1 nos Últimos Dias da Lei, sejam homens, sejam mulheres. (CEND, v. I, p. 404) Daishonin possuía muitas discípulas que se empenhavam ao lado dele, lutando contra adversidades e abrindo o caminho para o kosen-rufu. Uma dessas dedicadas mulheres era a monja leiga Sennichi, uma pessoa importante entre os discípulos na Ilha de Sado. Como aprendemos na parte 1 deste artigo, Sennichi começou a praticar os ensinamentos do Budismo de Nichiren Daishonin com o marido, Abutsu-bo, durante o exílio na Ilha de Sado. Na época, Daishonin vivia sob circunstâncias extremamente árduas, sem alimento suficiente e roupas para se aquecer. Periodicamente, Sennichi preparava comida e outros itens de primeira necessidade e os enviava por intermédio de Abutsu-bo. Apoiar Daishonin, cuja vida estava sendo ameaçada pelas autoridades e por pessoas hostis, significava estar disposto a colocar a própria vida em risco. Sennichi e Abutsu-bo dedicaram-se juntos, com intrépida coragem, para auxiliar o Mestre. Mesmo após Daishonin receber o indulto e se mudar para o Monte Minobu (na área sudoeste da atual província de Yamanashi), Sennichi pedia a Abutsu-bo para levar oferecimentos. Ela devia ficar preocupada e solitária enquanto Abutsu-bo estava fora, mas reprimindo o próprio desejo de visitar Daishonin, orava pela segurança de seu idoso marido em sua longa jornada. Compreendendo o sentimento dessa sincera discípula, Daishonin enviou-lhe várias cartas de encorajamento. Em uma delas, datada de outubro de 1278, ele escreveu: O Sutra do Lótus é como o rei leão, o soberano de todos os animais. A mulher que abraça o rei leão do Sutra do Lótus jamais teme a nenhuma das bestas do inferno nem dos mundos dos espíritos ou dos animais. (CEND, v. II, p. 214) Naquele tempo, as mulheres se encontravam em situação de desigualdade social. Podemos presumir que as discípulas de Daishonin fossem procurar Sennichi para obter conselhos e orientações sobre vários assuntos, tais como dificuldades econômicas e doenças. Como se desejasse dissipar a angústia e a preocupação dessas mulheres, Daishonin transmitiu incentivos por meio da carta enviada para Sennichi: “Vocês não têm nada a temer!”. Ele declara que a fé na Lei Mística existe para aqueles que mais sofrem, que estão mergulhados nas profundezas da infelicidade. Mulheres que abraçam a fé nesses ensinamentos não têm nada a temer. Assim como o rei leão que reina sobre todos os animais, elas serão protegidas sem falta. Quanto maiores nossos problemas, maior nossa missão. Mediante a prática do Budismo Nichiren, podemos transformar todas as adversidades em ímpeto para o crescimento. Portanto, aqueles que experimentam o maior dos sofrimentos podem se tornar os mais felizes. Daishonin enaltece a monja leiga Sennichi como uma “mulher que abraça o rei leão do Sutra do Lótus” (CEND, v. II, p. 214). “Abraçar”, nesse contexto, significa manter o Gohonzon por toda a vida e jamais se desviar da fé, não obstante o que aconteça. “Abraçar” também é outra palavra para “praticar”. Quer dizer orar sinceramente ao Gohonzon e dar o máximo de nós para participar das atividades da Soka Gakkai a fim de promover o kosen-rufu. Perseverando com firmeza e constância em tais esforços, podemos consolidar um destemido eu e uma condição de vida tal qual a de um rei leão que não é derrotado. *** Visita do presidente Ikeda e sua esposa Kaneko para Deng Yingchao [ao centro, com lenço na cabeça] (China, abril 1980). Foto: Seikyo Press Recordo-me da madame Deng Yingchao (1904–1992), esposa do falecido primeiro-ministro chinês Zhou Enlai (1898–1976). Célebre líder, por mérito próprio, era carinhosamente conhecida em sua terra natal como a “mãe do povo”. Ao longo dos anos, minha esposa e eu compartilhamos uma relação de carinho e amizade com ela. Certa vez, madame Deng disse aos jovens que arcariam com o futuro da China: “Vamos dar o melhor de nós. Temos a convicção e os ideais de nossa revolução. Nada pode nos derrotar. Se cedermos ao medo, tudo estará perdido. Estamos certos, e jamais se vence o certo”.2 A juventude é uma fase em que somos facilmente influenciados por nossas emoções. Nem mesmo o indivíduo mais extraordinário ou talentoso será capaz de manifestar o seu potencial pleno se for dominado pelo medo. Não deixem o medo vencê-los! Ao superar os medos para fazer pleno uso de suas habilidades, vocês experimentarão satisfação, crescimento, alegria e orgulho. Ainda que, por vezes, sofram decepções ou contratempos, lembrem-se de que aqueles que vencem a si mesmos são os verdadeiros vitoriosos. Além do mais, todos abraçaram a inigualável prática do Budismo Nichiren em tenra idade. Se o medo se infiltrar em seu coração, dissipe-o com daimoku. Continue recitando Nam-myoho-renge-kyo corajosamente como um leão rugindo. O novo semestre letivo está prestes a começar [no Japão].3 Vamos dar uma nova partida hoje, com ânimo e dinamismo, iniciando com um vigoroso gongyo e daimoku pela manhã e tendo como lema: “Aqueles com fé corajosa como um rei leão nada temem!” **Conclusão da série Construindo um Futuro Brilhante Baseado no Juramento** Fonte: Traduzido da série de incentivos do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, sobre os discípulos de Nichiren Daishonin da edição de setembro de 2019 do jornal Mirai (Futuro), publicação mensal da Soka Gakkai voltada para a Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro. No topo: Presidente Ikeda encoraja os Estudantes (Estados Unidos, jun.1996). Foto: Seikyo Press Notas:1. Myoho-renge-kyo é escrito com cinco ideogramas chineses ao passo que Nam-myoho-renge-kyo tem sete (nam ou namu compreende dois ideogramas). Daishonin, muitas vezes, emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus textos.2. SAIONJI, Kazuteru. Tou Eicho Tsuma toshite, Doshi toshite (Deng Yingchao como esposa e camarada). Tóquio: Ushio Shuppansha, p. 119, 1999.3. No Japão, o ano escolar é dividido em três períodos. O segundo deles inicia-se em setembro.
30/08/2023
Matéria da Divisão do Futuro
RD
Você sabe o que é cultura de paz?
Na Declaração sobre uma Cultura de Paz,1 a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu que “a cultura de paz é um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados no respeito à vida, no fim da violência e na promoção e na prática da não violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação”. A partir disso, podemos entender que a paz se inicia dentro de nós e é determinada pela relação entre o ambiente e nossas ações positivas no dia a dia, como ser atencioso e empático, cuidar do meio ambiente e ser respeitoso com todas as pessoas. A Soka Gakkai, organização baseada na filosofia humanista do Budismo de Nichiren Daishonin, tem como um de seus pilares a cultura de paz. À frente da organização está o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, que tem dedicado sua vida para propagar a paz para diversos países e territórios. Como Sucessores Ikeda 2030, temos a missão de expandir a paz e a esperança para mais e mais pessoas, tal qual o nosso mestre. Foto: Divulgação Dica de filme Toy StoryProdutora: DisneyClassificação: Livre Uma sugestão de filme para ilustrar o que aprendemos nesta matéria é o filme Toy Story, que conta a história do boneco Wood, que fica com ciúme do astronauta Buzz Lightyear, o novo brinquedo do Andy. Conforme os desafios vão surgindo, Wood aprende sobre a importância de respeitar os demais e viver em harmonia. *** Presidente Ikeda incentiva alunos da Escola Soka (Japão, jul. 1990). Foto: Seikyo Press Frase do sensei: A paz se inicia com o cuidado com a pessoa que está à nossa frente. Algumas vezes, existirão pessoas de quem não gostamos ou com quem temos pouca afinidade, entretanto, quanto mais diferentes essas pessoas forem de nós, mais aprenderemos com elas. O importante é ter coragem, conversar e realizar sábios esforços para construir amizades. Esse é o primeiro passo para se tornarem cidadãos globais admiráveis que podem se conectar com a humanidade pelo mundo todo. (RDez, ed. 199, jul. 2018, p. 6-10) *** Quiz 1. De acordo com a ONU, o que é cultura de paz? a. Não pensar no próximo b. Ações que desrespeitam a vida do outro c. Conjunto de atitudes baseadas no respeito à vida de todos 2. Conforme o texto, a paz é a relação entre nossas atitudes no dia a dia e... a. o ambiente em que vivemos b. a falta de responsabilidade para com os outros c. Nenhuma das anteriores 3. Quais atitudes ajudam a expandir a cultura de paz? a. Jogar lixo no chão b. Ser respeitoso, atencioso e empático com todos c. Brigar com os amigos da escola Respostas 1. C 2. A 3. B Nota:1. http://www.comitepaz.org.br/download/Declara%C3%A7%C3%A3o%20e%20Programa%20de%20A%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20uma%20Cultura%20de%20Paz%20-%20ONU.pdf. Acesso em: jul. 2023.
30/08/2023
Matéria do mês
RD
Minhas ações pela paz
Você já parou para pensar como estará o mundo em 2030? Se não, imagine como seria se houvesse mais empatia e respeito pelo próximo, menos desperdício de recursos naturais, mais consciência sustentável, maior preocupação com a saúde física e mental e redução dos conflitos. Para que esse futuro se torne real, é necessário voltarmos nossa atenção para os dias atuais e refletirmos sobre o nosso modo de agir. E é sobre isso que a RDez abordará nesta matéria. Foto: Getty Images Construindo o futuro agora Muitas pessoas estão tentando adivinhar o futuro pelo ChatGPT e outras plataformas de inteligência artificial. Mas essa curiosidade vem acompanhada de certa apreensão, principalmente entre os jovens. De acordo com uma pesquisa realizada em 2021 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco),1 eles estão preocupados com vários desafios, como a mudança climática e a perda da biodiversidade, a violência, a discriminação, a desigualdade social e a falta de recursos naturais. Realmente, quando entramos em ação para mudar o cenário atual e concretizar a paz, a solução parece cada vez mais complexa e distante. Sobre isso, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, ensina: A paz não deve ser deixada a cargo do outro e vista como algo distante. Deve ser cultivada no dia a dia em nosso esforço para criar a compaixão e a consideração pelos demais e para fortalecer os laços de amizade e de confiança em nossa respectiva comunidade com nossas ações e nosso exemplo. (Brasil Seikyo, ed. 2.455, 9 set. 2019, p. B2-B3) Segundo o sensei, a paz não é algo distante do nosso cotidiano e a mudança para alcançarmos esse ideal está dentro de nós. Ou seja, para que o futuro seja pacífico, é importante produzirmos ações positivas no presente! O primeiro passo é exercitar nossas escolhas no dia a dia. Por exemplo: em vez de entrar em conflito com um amigo, procure dialogar, entender e respeitar a opinião dele; evite desperdício de luz e de água em casa; descarte o lixo nos locais corretos etc. Ao colocar essas e outras atitudes positivas em prática, inspiramos outras pessoas e expandimos as boas ações. E para que esse exercício seja mais assertivo, amplo e criativo, é fundamental ter como base a recitação do gongyo e daimoku, bem como uma filosofia humanista que respeite a dignidade da vida, igual a que aprendemos em nossa organização. Foto: Getty Images Superar com alegria Até aqui, aprendemos que, para alcançar a paz e transformar o mundo, é necessário mudar nosso interior primeiro. Porém, o que fazer quando surge um obstáculo que atrapalha esse processo? É aí que entra a resiliência. Segundo o dicionário, “resiliência” significa a propriedade que alguns corpos têm de retornar à forma original após serem submetidos a uma deformação. Aplicando esse conceito no tema deste mês, representa a capacidade de aprender a superar as adversidades a partir da ressignificação do problema. Quando mudamos nossa percepção de “por que este obstáculo surgiu?” para “para que este obstáculo surgiu?”, passamos a enxergar o problema como uma oportunidade e temos a chance de superá-lo com alegria. Ao exercitarmos diariamente a resiliência, aprendemos a confrontar as situações, ter desenvoltura e extrair algo positivo de tudo! O Mestre nos orienta que podemos estender a resiliência às pessoas ao nosso redor: Resiliência quer dizer força que surge da união entre pessoas que se incentivam mutuamente e juntas superam as dificuldades da vida com tenacidade social para uma sobrevivência harmoniosa. Dialogar com as pessoas para compartilhar esse coração resiliente é o espírito contido no escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra. (Brasil Seikyo, ed. 2.434, 8 set. 2018, p. B3) Ao fazermos isso, ganhamos coragem para superar tudo com alegria e sem deixar ninguém para trás. Querem aprender mais? Então, assistam ao vídeo: Presidente Ikeda e alunos do ensino infantil no ônibus escolar a caminho da Escola Soka de Sapporo (Japão, abr. 1976). Foto: Seikyo Press Cumprir a missão deixada pelo Mestre Neste mês, comemoramos cinco anos da conclusão do romance Nova Revolução Humana. A obra, que tem como tema a revolução humana como a chave para a transformação da humanidade e para a paz mundial, é a herança do espírito de mestre e discípulo. Além disso, ela reflete a resiliência do Mestre que, mesmo em meio às constantes atividades em prol do kosen-rufu, escreveu diariamente por 25 anos! No volume 1, capítulo “Alvorecer”, o presidente Ikeda inicia com o seguinte trecho: “Nada é mais precioso do que a paz. Nada traz mais felicidade do que a paz. A paz é o primeiro passo para o avanço da humanidade.”2 Tais palavras expressam sua determinação de transformar o destino da humanidade com base no Budismo de Nichiren Daishonin. Herdando essa determinação, nós, Sucessores Ikeda 2030, temos que agir para construir pontes de paz para o futuro. Conforme aprendemos no decorrer da matéria, isso se dá quando cada um de nós aplica atitudes positivas e resilientes no cotidiano. O presidente Ikeda complementa: A chave da vitória no futuro dependerá de como nos aprofundaremos e poremos em ação a Nova Revolução Humana na posição de discípulos e de que maneira vamos incorporar e transmiti-la corretamente às gerações posteriores. Pode-se dizer que a Divisão dos Jovens é a “geração da Nova Revolução Humana”. São possuidores desta missão. (Brasil Seikyo, ed. 2.472, 22 jun. 2019, p. 14-15) Partiu corresponder ao sentimento de Ikeda sensei e cumprir a missão herdada pelo Mestre superando tudo com alegria e resiliência e expandindo a paz para toda a humanidade? *Dicas RDez Para saber mais sobre a conclusão da Nova Revolução Humana, leia o Cápsula do Tempo deste mês e teste o que aprendeu no Quiz Show. [...] gostaria que atuassem protegendo a paz e a cultura e em prol do respeito à dignidade da vida. Tendo em mente que a fonte dessa atividade se encontra na recitação do daimoku, por favor, desafiem-se com coragem cada assunto da vida diária. Essa é uma existência repleta de alegria e de esperança. Outro ponto importante é que cada um dos senhores que se encarregam do kosen-rufu valorizem a si mesmos e seus lares e contribuam para a comunidade local e a sociedade, tornando-se bons cidadãos amados e respeitados pelas pessoas à sua volta. Não há budismo afastado da vida diária. O fato de cada pessoa manter boa saúde, física e mental, com personalidade estimada por todos e demonstrando brilhantes comprovações na sociedade se tornará a força para o kosen-rufu. Não há necessidade de se apressarem. [...] ampliem concretamente a rede de confiança e construam agora o alicerce de um grande progresso no futuro. (Nova Revolução Humana, v. 30-I, p. 336-337) Notas:1. https://en.unesco.org/news/unesco-world-2030-survey-report-highlights-youth-concerns-over-climate-change-and-biodiversity. Acesso em: jul. 2023.2. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 9, 2019.
30/08/2023
Podcasts
Vídeos