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Incentivo do líder

Construir uma nova história

Grandiosos companheiros da BSGI! O mês de fevereiro possui muitos significados, tais como o aniversário natalício de Nichiren Daishonin, do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, e da extraordinária atuação de Ikeda sensei no Distrito Kamata em 1952. Falando um pouco sobre o Distrito Kamata, quando Toda sensei assumiu a presidência da Soka Gakkai em 1951, ele lançou o objetivo de concretizar 750 mil famílias. Mas, ao fim do mesmo ano, o número alcançado representava apenas 0,7% do total. Analisando os resultados, Josei Toda percebeu que nesse ritmo levaria noventa anos para concretizar o objetivo. Toda sensei, então, solicitou ao jovem Ikeda que atuasse no Distrito Kamata e fizesse as coisas acontecerem. Ikeda sensei comenta que respondeu prontamente: Deixe comigo, respondi-lhe. Ligando meu coração ao de meu mestre, desafiei a mim mesmo com todas as minhas energias. E tornei Kamata o primeiro distrito do Japão. Abri um caminho para o avanço do kosen-rufu. Após esse fato, essa onda de propagação espalhou-se rapidamente para outras regiões do Japão e nosso movimento de compartilhar amplamente o Budismo de Daishonin começou a crescer, mostrando um significativo progresso.1 Após essa vitória do Distrito Kamata, os demais distritos do Japão começaram a se levantar e o número de famílias que se convertia mensalmente aumentou mês a mês. A quantidade de famílias que, em janeiro, era de 5.727 chegou a 22.324 no fim do ano, levando à vitória histórica na concretização das 750 mil famílias. Esse é um maravilhoso exemplo da luta de um discípulo para corresponder aos ideais de seu mestre que Ikeda sensei nos deixou. A Liga Monarca, com os objetivos claros, está nos dando uma grande oportunidade de criarmos uma história como discípulos do presidente Ikeda. Os critérios da Liga Monarca — Kofu, periódicos e shakubuku —, apesar de estarem em formato de competição humanística, é uma chance de manifestarmos nosso espírito de doação. Em primeiro lugar, por meio do nosso empenho em conquistar o aumento de mais um participante do Kofu, mais um assinante dos periódicos e, buscando exercitar nossa condição de bodisatva, ensinando a outro companheiro a prática desse maravilhoso budismo, mais um shakubuku. Além do aspecto material da contribuição e dos periódicos, temos a dedicação do nosso tempo a essa vitória. Todo esse esforço com certeza se reverterá em imensa boa sorte em nossa vida. Na mensagem do presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, para 2025, dois pontos me chamaram a atenção. O primeiro deles é: Se mantivermos sensei no coração e caminharmos com ele, não haverá montanha intransponível. Visando ao cume do centenário de fundação, vamos, em união de “diferentes em corpo, unos em mente”, incentivar uns aos outros a iniciar um avanço com nova esperança!2 O segundo ponto diz: Nichiren Daishonin escreveu: “Confio ao senhor a propagação do budismo em sua província. Afirma-se que ‘as sementes do estado de buda germinam por meio da relação causal e, por esta razão, eles pregam o veículo único’”.3 Gravando profundamente em nossa vida o significado dessas palavras, vamos plantar no solo do nosso amado país as sementes da paz chamada Lei Mística!4 Nosso país tem muitas pessoas sofrendo e esperando pela propagação do humanismo do budismo. Seguindo o exemplo de luta do Distrito Kamata, exercitando nosso espírito de doação e vencendo em todos os aspectos da Liga Monarca, vamos criar uma grande história de vitórias e de pessoas felizes em nossa organização de base. Um grande abraço! Marcos Roberto da Fonseca Coordenador de Coordenadoria Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.519, 14 ago. 1999, p. A3. 2. Idem, ed. 2.673, 31 dez. 2024, p. 2. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 385, 2017. 4. Brasil Seikyo, ed. 2.673, 31 dez. 2024, p. 2.

20/02/2025

Editorial

Marcos históricos do kosen-rufu — as visitas de Ikeda sensei ao Brasil

Fevereiro reserva datas significativas para a história do kosen-rufu no Brasil e do mundo. Em 1984, Ikeda sensei visitava o Brasil pela terceira vez. Sua última estada no país, antes dessa data, havia ocorrido em 1966, início do regime militar brasileiro. A segunda visita do presidente Ikeda foi marcada por intensa vigilância policial, em consequência de informações distorcidas sobre a Soka Gakkai. Todavia, após dezoito anos, no dia 19 de fevereiro de 1984, Ikeda sensei desembarcou em São Paulo para sua terceira visita ao Brasil. Durante a sua permanência em solo brasileiro, ele viajou para Brasília, DF, onde se encontrou com o presidente da República, visitou a Universidade de Brasília e fez doação de mil livros à instituição. Esse cenário era completamente diferente de sua última passagem pelo país, com um reconhecimento crescente de autoridades nacionais. Após a terceira visita, a BSGI alçou grande voo. Centros culturais e sedes regionais foram inaugurados, e a sociedade brasileira prestou homenagens ao presidente Ikeda e à organização. Além disso, novas famílias começaram a praticar o budismo e a propagar a filosofia da esperança em todo território nacional. Foi no dia 9 de fevereiro de 1993, no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, que Ikeda sensei foi recepcionado por diversas personalidades, entre elas o então presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Austregésilo de Athayde, em sua quarta presença ao país. No encontro, Ikeda sensei expressou: “O senhor é o maior tesouro da humanidade. Deixarei registrado seu nome para toda a posteridade”, afirmou o presidente Ikeda. O Dr. Athayde respondeu: “Finalmente eu me encontrei com a pessoa que mais desejava. O senhor é o marco deste século. Vamos lutar juntos. Vamos unir nossas forças para mudar a história da humanidade!”.1 Além disso, aconteceram outros encontros inesquecíveis com os membros. Como ponto alto, o presidente Ikeda foi agraciado como sócio correspondente da ABL e homenageado com o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Para mais detalhes sobre os acontecimentos marcantes da terceira e quarta visitas de Ikeda sensei ao Brasil, leia as páginas 8 e 9 desta edição. Como vimos, a determinação firmada pelo Dr. Athayde no encontro com Ikeda sensei foi a de unir forças para mudar a história da humanidade. Neste fevereiro, repleto de marcos tão importantes, nossa expectativa é de que, juntos, possamos contribuir de forma efetiva para a construção de um mundo melhor. Boa leitura! Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.197, 28 set. 2013, p. B2.

06/02/2025

Canal DEB

Carta de Ano Novo

Trecho do Gosho Recebi cem bolinhos de arroz cozidos a vapor e uma cesta de frutas. O dia de Ano-Novo representa o primeiro dia, o primeiro mês, o começo do ano e o início da primavera.1 A pessoa que celebra esse dia acumulará virtudes e será amada por todos (...). Em primeiro lugar, sobre a questão de onde exatamente se encontram o inferno e o buda, um sutra diz que o inferno está abaixo da terra, e outro afirma que o buda reside no oeste. No entanto, um exame mais cuidadoso revela que ambos existem em nosso corpo de um metro e meio de altura. Isso deve ser verdade, pois o inferno está no coração da pessoa que, em seu íntimo, despreza seu pai e ignora sua mãe. É como a semente de lótus, que contém flor e fruto ao mesmo tempo. Do mesmo modo, o buda habita nosso próprio coração. Por exemplo, a pederneira tem o potencial de produzir fogo, e as gemas possuem alto valor intrínseco. Nós, pessoas comuns, não conseguimos enxergar os próprios cílios, que estão bem perto, nem o céu distante. De modo semelhante, não percebemos que o buda existe em nosso coração.2 Cenário histórico Nichiren Daishonin escreveu esta carta para a esposa de Omosu, irmã mais velha de Nanjo Tokimitsu, para expressar sua gratidão pelos presentes enviados por ela no início do ano: cem bolinhos de arroz cozidos a vapor e uma cesta de frutas. Seu marido, Ishikawa Shimbei Yoshisuke, também conhecido como Ishikawa no Hyoe, era o regente da vila de Omosu. Em 1278, o casal havia perdido a filha, que faleceu devido a uma doença. A jovem havia enviado várias cartas a Daishonin e, antes de morrer, escreveu-lhe dizendo que provavelmente aquela seria sua última carta, compartilhando um estado de serenidade enquanto se preparava para a morte. No escrito Carta de Ano Novo, Nichiren Daishonin explica, de forma clara, o funcionamento do princípio dos “dez mundos”.3 Ele revela que tanto o estado de buda quanto o estado de inferno existem na vida de todos os seres humanos. A pessoa domina­da pelo ódio vive no mundo do inferno, enquanto aquela que cultiva a fé no Sutra do Lótus experimenta o mundo do estado de buda. É certo que, a cada Ano-Novo, a esposa de Omosu renovava sua determinação de seguir firme em sua prática budista como discípula de Nichiren Daishonin, não apenas pelo próprio bem, mas também em memória da filha falecida. Ao se aproximar do novo ano, ela provavelmente reafirmava essa decisão ao enviar os presentes a Daishonin. Em resposta, ele expressa profunda admiração pela sinceridade e pela vibrante determinação dela. Trechos extraídos da explanação do presidente Ikeda publicada na revista Terceira Civilização, ed. 577, set. 2016. O escrito pode ser lido na íntegra na Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin (CEND), v. II, p. 405. Explanação Determinação para transformar a realidade diariamente O primeiro dia do ano novo é um marco de novos começos, oferecendo a oportunidade de recomeçar com uma determinação renovada e revigorante. Esse momento é ideal para nos despertar para o espírito budista da “verdadeira causa”4 — a disposição de seguir em frente, sempre a partir do presente. Quando agimos com essa mentalidade, nossa vida transborda de uma alegria profunda e duradoura. Nichiren Daishonin ensina que, ao celebrar esse dia com base na Lei Mística, uma pessoa acumula virtude e benefícios constantes, sendo amada por todos. No entanto, a verdadeira determinação para alcançar o estado de buda deve ser cultivada de forma constante e diária, no íntimo do nosso ser. O inferno e o estado de buda existem dentro de nós Nessa carta, Nichiren Daishonin assegura que o buda não pode ser encontrado em algum lugar distante, mas sim dentro do próprio coração. Ao explicar a “possessão mútua dos dez mundos”,5 Daishonin começa ilustrando como o estado de inferno está presente dentro de cada ser humano. Ele descreve, por exemplo, como o “coração de uma pessoa que, em seu íntimo, despreza o pai e ignora a mãe” pode refletir esse estado. A lei de causa e efeito que opera nas profundezas da vida é infalível. Embora os efeitos das causas nem sempre sejam imediatamente visíveis, elas sempre geram resultados, negativos ou positivos. Daishonin compara essa dinâmica com a semente de lótus, que contém simultaneamente “flor e fruto”. Da mesma forma, tanto o inferno como o estado de buda existem dentro de cada um de nós. Para manifestar esse potencial, é importante que façamos um grandioso juramento com grande determina­ção de evidenciar o Buda que existe dentro de cada um de nós. Desejamos que o “Ano do Alçar Voo da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial” represente um novo recomeço, marcado pela determinação renovada mais uma vez, para a vitória de cada um de nós. Vamos reafirmar nosso juramento ao Mestre e receber 2025 como um ano repleto de crescimento e fortalecimento na nossa jornada da revolução humana! No topo: Getty Images Notas: 1. De acordo com o calendário lunar japonês, a primavera começa no primeiro mês; ou seja, por esse sistema oficial, inicia-se no dia de Ano-Novo. No calendário gregoriano, essa data corresponde a algum dia entre 21 de janeiro e 19 de fevereiro. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 405, 2018. 3. “Dez mundos” (jap. jikkai): Dez mundos distintos ou categorias de seres descritos nos sutras budistas. Do mais baixo ao mais elevado, eles são: (1) mundo do inferno; (2) mundo dos espíritos famintos; (3) mundo dos animais; (4) mundo dos asura; (5) mundo dos seres humanos; (6) mundo dos seres celestiais; (7) mundo dos ouvintes da voz; (8) mundo dos que despertaram para a causa; (9) mundo dos bodisatvas; e (10) mundo dos budas. Originalmente, os “dez mundos” eram vistos como locais fisicamente distintos, cada um deles habitado pelos respectivos seres. Entretanto, o Sutra do Lótus ensina que cada um dos dez mundos contém inerentemente todos os dez. Com base nessa perspectiva, o conceito de dez mundos pode ser interpretado como estados de vida potenciais existentes em cada ser, ou seja, dez condições ou estados de vida que toda pessoa pode manifestar ou experimentar a qualquer momento. Assim, os dez mundos correspondem, respectivamente, aos estados de: (1) inferno; (2) fome; (3) animalidade; (4) ira; (5) tranquilidade ou humanidade; (6) alegria; (7) erudição; (8) autorrealização; (9) bodisatva; e (10) buda. 4. “Verdadeira causa”: Também chamada de princípio místico da “verdadeira causa”. O Budismo de Nichiren Daishonin expõe diretamente a verdadeira causa para a iluminação, como o Nam-myoho-renge-kyo, a lei da vida e do universo. Ele ensina uma forma de prática budista de sempre avançar a partir deste momento e superar todos os problemas e dificuldades com base nesta lei fundamental. 5. “Possessão mútua dos dez mundos” (jap. jikkai-gogu): Princípio formulado por Tiantai com base no Sutra do Lótus. Segundo esse princípio, cada um dos dez mundos possui o potencial inerente a todos os dez. É um dos componentes principais da doutrina “três mil mundos num único momento da vida” também formulado por Tiantai. Da ótica dos estados de vida potenciais, “possessão mútua” significa que a vida não se fixa a um ou a outro dos dez mundos, mas pode manifestar qualquer um dos dez — do estado de inferno ao estado de buda — a qualquer momento. Quando um dos dez mundos se manifesta, os demais nove permanecem latentes, em estado de não substancialidade. O ponto fundamental desse princípio é que todos os seres, em quaisquer dos nove mundos, possuem a natureza de buda. Assim, cada pessoa tem o potencial para manifestar o estado de buda, da mesma forma que um buda também possui os nove mundos, não sendo, portanto, separado ou diferente das pessoas comuns.

14/12/2024

Editorial

Transformar a sociedade com o estudo do budismo

Um dos principais pilares da prática da fé é o estudo do budismo. Por essa razão, a Soka Gakkai, desde a sua fundação, sempre primou pelo estudo do budismo, como requisito essencial, para que os membros compreendessem e aplicassem no cotidiano os fundamentos budistas, a fim de transformar as questões elementares da vida e orientar outras pessoas a superar seus desafios. Certa ocasião, a Soka Gakkai estabeleceu como tema central das atividades organizacionais o “Ano do Estudo de Budismo”. Nesse período, o intuito do presidente Ikeda era alicerçar na sociedade japonesa princípios budistas tais como benevolência e respeito pela dignidade da vida. [Isso] significa o surgimento de uma era na qual a sabedoria budista que ecoa dentro da Soka Gakkai permeará a sociedade e será a herança comum de toda a humanidade. Para tanto, devemos retornar ao ponto inicial da fé, entendendo e validando os ideais budistas que servirão como inspiração para a construção de uma nova sociedade e cultura. Esse é o motivo pelo qual denominamos este [1973] como o “Ano do Estudo”. Nichiren Daishonin registrou: “Empenhe-se nos dois caminhos da prática e do estudo. Sem prática e estudo não pode haver budismo. Deve não só perseverar como também ensinar aos outros”.1 “Prática”, nesse contexto, refere-se a promover o avanço da ampla propagação. “Estudo” indica estudar os ensinamentos do budismo e aprofundar nossa compreensão. Esses dois fatores são como as duas rodas de uma bicicleta. Para que haja um desenvolvimento renovado, é imprescindível efetuar esforços para estudar o budismo e para compreender totalmente os ensinamentos e princípios budistas. Este ano assinala o ponto de partida do nosso grandioso movimento para propagar esta maravilhosa filosofia de vida. Prática sem estudo não tem eco junto ao público em geral nem o convence; não passa de prática para satisfação própria. De modo similar, estudo sem prática se restringe a um mero jogo intelectual destituído da força para mudar o mundo.2 Em vista disso, a BSGI promoveu de 27 a 29 de setembro, em São Paulo, o Curso Latino-Americano de Budismo com a participação de diversos representantes de todo o Brasil e de outros países da América Latina. Acompanhe a notícia nas p. 6-9 da edição. Ótima leitura! Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 405, 2020. 2. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. v. 17. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2017. p. 11.

10/10/2024

Notícias

A paz é a gente que faz

Um encontro histórico. Após cinco anos, período no qual a sociedade viveu a paralisia imposta pelo coronavírus, o Brasil recebeu o 7º Curso Latino-Americano de Budismo da Nova Era do Kosen-rufu Mundial. O evento foi promovido de 27 a 29 de setembro, no Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda, em São Paulo, SP, e com transmissão para as várias regiões do país. Vieram 41 representantes de países de língua espanhola, abrilhantando o encontro: Argentina, Bolívia, Chile, Costa Rica, Equador, México, República Dominicana, Panamá, Paraguai e Uruguai. Ao todo, cerca de setecentas pessoas participaram presencialmente, e houve 68 mil visualizações pela internet. Como primeiro Clab depois do falecimento de Ikeda sensei, que ocorreu em novembro de 2023, os participantes foram envolvidos pelas calorosas palavras do presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, que enviou mensagem de incentivo (leia íntegra nesta edição). Representantes de países de língua espanhola desafiam circunstâncias e posam felizes no Clab O estudo foi conduzido por Nobuo Fukase, vice-coordenador do Departamento de Estudo do Budismo da SGI, que brindou os presentes com explanações e reflexões, alinhando o coração de todos no cumprimento da missão pelo kosen-rufu, no sentido de “Fazer deste Clab um aprimoramento em que podemos gravar profundamente no coração o espírito de Nichiren Daishonin”. A plateia respondeu com vibrante Hai! (“Sim”, em japonês). O presidente da BSGI, Miguel Shiratori, em suas palavras, reforçou o sentimento do Mestre, quando este afirma: “O estudo do budismo de mestre e discípulo Soka é o estudo prático que faz avançar continuamente a luta pelo kosen-rufu e gera uma ardente chama do espírito do rei leão, que faz você não se permitir ser derrotado por nada”.1 Com as palavras do Mestre, nas quais ele enfatiza que “Por meio do estudo do budismo construa dentro de si o alicerce sólido que não lhe permita jamais retroceder nem abandonar a fé por toda a vida”, Shiratori estimulou a todos a absorver cada momento do estudo, com elevada disposição. Os três dias de explanação foram organizados de forma estimulante, com espaço para leitura ao público, reflexões e perguntas e respostas. Alegria e descontração dos apresentadores e dos participantes no encontro O Budismo Nichiren praticado na Soka Gakkai se abre como uma luz na escuridão dos tempos desafiadores que a sociedade vive. Isso porque o budismo existe em prol dos seres humanos, ou seja, pela felicidade de si e do outro. Para melhor compreensão do papel de cada membro Soka em comprovar e servir de inspiração para os demais ao redor, foram estudadas as explanações de Ikeda sensei do escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra; dos estudos “Dedico aos meus amados jovens” e “A religião da revolução humana”; e de partes da Nova Revolução Humana. Nestas páginas, separamos trechos e reflexões das explanações, bem como depoimentos de participantes do Brasil e demais países da América Latina. Na BSGI, o estudo do budismo ganha novo impulso com a plataforma digital Trilha Soka, com ferramentas e interações dinâmicas para o aprofundamento do kyogaku (estudo do budismo). A novidade foi anunciada pelo coordenador do DEB da BSGI, Ricardo Miyamoto. Veja quadro no final desta matéria e acompanhe nas próximas edições do BS. No topo: Momentos de interação envolvendo os participantes e o explanador, Nobuo Fukase, com a elevada disposição de todos de absorver e pôr em prática o budismo que respeita a dignidade da vida. Foto: Brasil Seikyo _______ Membros das organizações pelo Brasil assistem a transmissão do Clab Acima, integrantes da BSGI de Fortaleza, CE, e de Campo Grande, MS; de Rio Pardo, SP; de Natal, RN; e do estado do Acre _______ Uma história junto com o Mestre Nobuo Fukase, Vice-coordenador do Departamento de Estudo do Budismo da SGI Nobuo Fukase é responsável por um distrito no bairro de Shinjuku, Tóquio, onde fica a sede da Soka Gakkai. Casado, seus filhos de 16 e 13 anos estudam na escola Soka local. Trabalhou como repórter do Seikyo Shimbun por aproximadamente 25 anos, responsável pela primeira e segunda páginas do Seikyo. A primeira responsabilidade como repórter foi cobrir as atividades da América Latina, razão pela qual expressou o carinho de ter a América Latina “Como a terra natal do meu coração”. Na época da Divisão Masculina de Jovens (DMJ), Fukase tornou-se responsável pelo estudo de sua divisão em nível nacional. Em novembro de 2015, foi nomeado vice-coordenador do Departamento de Estudo do Budismo da SGI. Já fez explanações na Tailândia, Filipinas, Estados Unidos e, no ano passado, na Argentina. Em sua jornada, teve oportunidade de observar o comportamento e a postura de Ikeda sensei, o que o fez renovar o juramento de mestre e discípulo. No Seikyo Shimbun, em abril deste ano, foi transferido para o departamento que responde aos leitores e cuida dos conteúdos da Divisão dos Estudantes (DE). “Este é o primeiro Clab desde o falecimento de Ikeda sensei, Agora os companheiros do mundo inteiro herdaram o legado do Mestre e estão se empenhando para abrir uma nova era do kosen-rufu mundial. Tenho a certeza de que Ikeda sensei está louvando e feliz com todos os discípulos sucessores da América Latina presentes e em cada local via transmissão”, frisou. _____ Explanação 1 Budismo que respeita a vida Durante o Clab, ocorrem demonstrações constantes de entusiasmo e vibração Foco no estudo A explanação 1, Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra, trouxe essa importante escritura de Nichiren Daishonin para os dias atuais, abordada em trechos com explanação do presidente Ikeda,2 bem como referências publicadas na Nova Revolução Humana (NRH) de sua autoria. Em suas palavras, Nobuo Fukase contextualizou a época em que Daishonin redigiu esse tratado (1260, no Japão), período no qual as pessoas viviam envoltas pela resignação do carma e pelos sofrimentos. Nichiren Daishonin investigou as causas desse quadro e buscou despertar a consciência sobre a importância das pessoas e de salvá-las de seus infortúnios. Passados mais de setecentos anos em que Daishonin escreveu essa carta, a relevância dessa consciência permanece. As pessoas estão em busca de uma filosofia que conduza à genuína felicidade. Elas procuram, sinceramente, do fundo do coração, um novo movimento dedicado a ajudar todas elas a evidenciar sua dignidade inerente e, por meio do poder do diálogo, a expandir a rede do bem e criar um mundo de harmonia e convivência pacífica. Defendendo a bandeira do ideal de Nichiren Daishonin de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”, a Soka Gakkai continua, de forma perseverante, com a missão de realizar uma transformação social em prol da felicidade das pessoas e da paz mundial. Essa é a essência de uma religião que existe para servir aos seres humanos e ao espírito fundamental do budismo. É a prova de que nossos esforços estão de acordo com o espírito de Nichiren Daishonin. É também o coração da luta compartilhada de mestre e discípulo na Soka Gakkai.3 Fukase consensa: “Uma pessoa que continua a lutar pela transformação do mundo em que vive, agindo pela felicidade de si e dos demais, é outro nome para Buda da época atual”. Explanação 2 Jovem por toda a existência A explanação 2, Dedico aos Meus Amados Jovens, apresentou a visão de Ikeda sensei expressa em uma série de ensaios, organizada em 2018, sobre liderança humanística e juventude. Para cada edição, o presidente Ikeda se referiu aos seguintes temas: coragem, espírito invencível; sucessores; humanismo e kosen-rufu. Fukase fez questão de afirmar que eram incentivos do Mestre aos jovens de todas as idades, ou seja, “os que mantêm o coração jovem por toda a vida”. Em uma das referências, foi lido o seguinte trecho de Ikeda sensei: O mais importante é realizar sua revolução humana. Apenas continuem a se esforçar firme e constantemente para transformar sua condição de vida, e se tornem pessoas capazes de abraçar e iluminar com a luz da compaixão todos os que fazem parte da sua vida, assim como o Sol.4 Nobuo Fukase pondera que, nesta nova era, “transformar o carma em missão sai da condição de quem é salva para a de quem salva”. Firmou o propósito do budismo de “levantar-se só”, de orar e comprovar e expandir para as pessoas ao redor. “Qualquer que seja a época”, reforçou, “só existe a concretização do kosen-rufu de pessoa para pessoa. E assim será para todo o futuro”. Explanação 3 A revolução é humana A explanação 3, Nova Revolução Humana, volume 30, envolveu a todos no legado do Mestre, a conclusão de sua maior obra, escrita ao longo de 25 anos. O volume 30 conta como Ikeda sensei continuou a lutar mesmo diante de severas situações, tais como a investida do clero para destruir a Soka Gakkai. Situando o ambiente de 1979, com a primeira problemática do clero, foram apresentadas quatro caligrafias expressas pelo pre­siden­te Ikeda: Taizan [“Grande Montanha”]; Oozakura [“Grande Cerejeira”]; Kyosen [“Luta Conjunta”] e Seigi [“Justiça”]. Foram momentos de intensa emoção, ao vivenciarem a determinação de Ikeda sensei de deixar para a posteridade esse modelo da poderosa relação de mestre e discípulo, no avanço do kosen-rufu, desejo maior do buda Nichiren Daishonin. Fukase destacou a grandiosidade do ensinamento do Buda, que nos permite entender a época, com a convicção e profunda gratidão de um bodisatva da terra. A Nova Revolução Humana nos oferece o guia para compreender e transformar, inspirados pela vitória do mestre e dos discípulos. Cada um ser um “Shin’ichi Yamamoto”. Apresentação da banda Taiyo Ongakutai numa das sessões, emocionando a todos Explanação 4 Do povo para o povo A explanação 4, A Religião da Revolução Humana, reconfirmou, no coração dos participantes, a supremacia do movimento pelo kosen-rufu para estabelecer uma sociedade de paz. O teor está concentrado nos materiais de referência extraídos também de passagens de escritos do Buda.5 Fukase relembrou as palavras sempre ditas pelo Mestre “Eu amo as pessoas”, sentimento que expressa um genuíno respeito a todos. Complementou dizendo não ser outro o desejo do Buda, estando a Soka Gakkai em perfeita sintonia com esse direcionamento. Assim, revelou que a força da Gakkai advém do kyogaku de ação, budismo na prática. É quando se preza a pessoa diante de si, encorajando-a a superar a adversidade, fazendo-a despertar para sua nobre missão. Em um dos trechos da explanação, lê-se:6 Assim, nunca devemos nos esquecer do objetivo fundamental que é agir em prol das pessoas. Não se afastem dos seres humanos! Despertem para a dignidade e a preciosidade da vida! Comecem a mudança pelas próprias pessoas! Agora é a hora de a humanidade retornar a esses pontos fundamentais. Considerando tudo isso, quais devem ser os princípios norteadores da religião no século 21? Afirmo convictamente que são o humanismo e a revolução humana. Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.195, 14 set. 2013, p. A2. 2. Terceira Civilização, ed. 593, jan. 2028. 3. Idem 4. Brasil Seikyo, ed. 2.446, 1º dez. 2018, p. B2. 5. Terceira Civilização, ed. 616, dez. 209 e ed. 627, nov. 2020. 6. Idem, ed. 616, dez. 2019, p. 48-63. ____ Voz e sentimento Para estar aqui, vários obstáculos, que significaram muito para mim, se apresentaram. Ao embarcar rumo ao Brasil, a dificuldade se tornou esperança. Eu me emocionei ao ver diversas pessoas e pensei: “Todos nós temos o mesmo propósito, o de atuar e avançar em cada país por uma sociedade mais justa e pacífica e mais inclusiva”. Aprendi muito na atividade e vou aplicar em minha localidade. Juana Binet Ventura Responsável pelo território (área) na República Dominicana Participar do Clab é como uma oportunidade de avanço, de autoaprimoramento, de me desenvolver e de corresponder ao Mestre com sentimento de gratidão. Em todos os momentos, o planejamento foi realizado com muito zelo. A recepção calorosa me fez sentir o carinho de Ikeda sensei. Eu me emocionei bastante. Minha decisão é levar para a sociedade os ideais que aprendemos na Soka Gakkai e, para isso, vou me esforçar na recitação do daimoku e no estudo para ter sabedoria de como transmitir esse sentimento. Michele Ribeiro Rodrigues Responsável pelo distrito, da RM Baía da Ilha Grande, e líder do grupo Zenshin de subcoordenadoria, CGERJ Minha decisão é reforçar a importância do estudo do budismo em nossa localidade, pois é extremamente importante para estarmos alinhados com os ensinamentos transmitidos pela Soka Gakkai. Então, a aplicação vai ser no cotidiano. Vamos incentivar a questão da leitura, ainda mais com a Nova Revolução Humana, e reforçar a visão de que é importante, acima de tudo, estar sempre se atualizando. Alleph Gustavo da Rocha Alves Responsável pela Divisão dos Estudantes de Sub., CGRE Tive a boa sorte de chegar no dia 25, temendo acontecer algum imprevisto com voos ou algo desta natureza. Não esperava as boas-vindas no Colégio Soka. Foi uma experiência linda porque não tinha ideia do quão grandioso é essa instituição. Minha meta agora é, com apoio da minha organização, fazer um diálogo de como foi a experiência aqui. É um aprendizado enriquecedor. Ronald Godinez Fernandez Coordenador da Divisão Sênior da Costa Rica

10/10/2024

Curtas

Revista Daibyakurenge comemora 75 anos

A revista mensal Daibyakurenge comemora 75 anos de existência. A primeira edição foi publicada em julho de 1949. O periódico nasceu com base na visão do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, de que “os líderes abandonaram a fé diante das opressões durante a Segunda Guerra Mundial por não estudarem o budismo”. A revista antecedeu à publicação de Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin] e do jornal Seikyo Shimbun. Na primeira edição, foi veiculada a tese A Filosofia da Vida, escrita por Toda sensei e revisada pelo jovem Daisaku Ikeda. A emoção ao ler a tese na qual Josei Toda esclarece sobre a eternidade da vida sob a luz da percepção que ele havia alcançado na prisão, foi registrada pelo jovem Ikeda na forma de um poema publicado na segunda edição da revista. Jovens, abram os olhos! Jovens, abraçem a grande filosofia Os possuidores da paixão e a força para avançar.1 Desde o início, a Daibyakurenge se tornou a força motriz do kosen-rufu, pois debate ideias com o pulsar do espírito da unicidade de mestre e discípulo. Um dos pontos de inflexão para que a Soka Gakkai alçasse voo como religião mundial foi a edição de fevereiro de 1995. Com uma foto tirada por Ikeda sensei na capa, a revista iniciou a publicação da série “A Sabedoria do Sutra do Lótus”. A partir de então, quase todos os meses, o Mestre publicou explanações sobre o estudo do Budismo de Nichiren Daishonin em mais de trezentas edições. Hoje, quando a Soka Gakkai se desenvolve vigorosamente como religião mundial, a missão da revista Daibyakurenge, que continua transmitindo a filosofia do respeito a todas as pessoas, resplandece ainda mais. A edição de julho deste ano traz um editorial escrito pelo presidente Minoru Harada, Faça Arder com Fulgor as Chamas da Justiça!, e a sétima parte da série “O Resplendor da Filosofia Humanista — Aprendendo com as Explanações de Ikeda Sensei”, intitulada “Esperança, Coragem e Incentivo para Cada Pessoa”. Leia mais Matéria completa no BS+ e no site da Editora Brasil Seikyo. Acesse: https://www.brasilseikyo.com.br/central-de-noticias/noticia/999562698 Nota: 1. Ikeda, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023, p.74. Foto: Seikyo Press

11/07/2024

Conheça o Budismo

Missão: paz e felicidade de todos

Poderia me explicar a respeito do conceito budista de ganken ogo? Ganken ogo significa “carma adotado por desejo próprio”. Explicando melhor, representa o fato de nascer em um mundo de impurezas, como consequência do forte desejo de salvar a humanidade por meio da propagação da Lei Mística. Em outras palavras, indica o desejo da própria pessoa de nascer em uma circunstância desfavorável para transformar sua vida e comprovar os benefícios da prática budista para as demais pessoas. Então, eu mesmo optei nascer aqui no Brasil e passar pelas circunstâncias que encontro? De fato, por meio do conceito de ganken ogo, o budismo ensina que as pessoas, conscientes de sua missão como bodisatvas da terra, manifestaram o desejo de nascer exatamente neste local e nesta situação com o intuito de ultrapassarem suas dificuldades com base na prática da fé para comprovar a grandiosidade do Budismo de Nichiren Daishonin. E assim, por meio dessa comprovação real, poderiam incentivar outras pessoas a praticar também o budismo e a desfrutar benefícios. Em outro sentido, todos os seres humanos nascem com uma missão que somente eles podem concretizar. Portanto, o nascimento de uma pessoa não é mera circunstância do acaso. Mas eu já não poderia ter nascido em uma condição de felicidade? Por exemplo, se uma pessoa que não enfrentou problemas ou dificuldades lhe dissesse que se tornou feliz por meio da prática do budismo, provavelmente suas palavras não tocariam de forma profunda a sua vida. Ao contrário, uma pessoa que enfrentou sérias dificuldades, como problemas financeiros, e as superou por meio da prática budista, transformando a situação e alcançando a felicidade, isso certamente despertaria a curiosidade em todos de saber como ela conseguiu essa mudança em sua vida. Assim, ela comprovaria a veracidade desse ensinamento e incentivaria muitos outros a ultrapassar suas dificuldades com base em seu exemplo. De forma semelhante, quando alguém consegue vencer uma grave doença tornando-se saudável, isso leva coragem e esperança às pessoas. Então, minha transformação pode ajudar outras pessoas? Correto. A transformação da vida de uma pessoa é motivo de grande alegria para as demais, além de encorajar e dar esperança para quem estiver passando pelos mesmos problemas. Não é maravilhoso quando vemos uma família feliz que ultrapassou problemas de desarmonia familiar e se tornou modelo para outras famílias que ainda enfrentam as mesmas aflições? E aqueles que não praticam o budismo acompanham nosso desenvolvimento, e todas as transformações são observadas por eles. Sua vitória será motivo de alegria para todos. Quanto maiores forem as dificuldades enfrentadas na vida, maior será a comprovação dos benefícios da prática da fé. Há alguma passagem das escrituras budistas que menciona o conceito de ganken ogo? No próprio Sutra do Lótus, há citações que ilustram esse princípio. O buda Nichiren Daishonin o cita no escrito Abertura dos Olhos: Com este meu corpo, tenho cumprido as predições do sutra. Quanto mais as autoridades do governo me atacam, maior é a minha alegria. Por exemplo, há certos bodisatvas do Hinayana, ainda não libertos da ilusão, que adotam um carma negativo motivados pelo próprio juramento [ganken ogo]. Se souberem que seu pai ou sua mãe caíram no inferno e estão agonizando, esses bodisatvas voluntariamente criarão o carma apropriado para que também caiam no inferno a fim de compartilhar e tomar para si próprios os sofrimentos dos pais. Nesse sentido, o sofrimento é uma alegria para eles. O mesmo ocorre comigo [ao cumprir as predições].1 Daishonin também enfrentou dificuldades? O buda Nichiren Daishonin nasceu com a missão de revelar a Lei fundamental da vida para a felicidade de toda a humanidade. Durante a sua existência, enfrentou inúmeras adversidades. Ele foi perseguido e atacado, culminando com a Perseguição de Tatsunokuchi, em 12 de setembro de 1271, na qual as autoridades tentaram decapitá-lo. E foi nessa ocasião que ele revelou sua verdadeira identidade de Buda dos Últimos Dias da Lei, conforme consta em outra passagem do escrito Abertura dos Olhos: No décimo segundo dia do nono mês do ano passado, entre as horas do rato e do boi [entre 23 horas e 3 horas], esta pessoa chamada Nichiren foi decapitada. Foi sua alma que chegou a esta Ilha de Sado e, no segundo mês do ano seguinte, cercado pela neve, escreve esta carta para enviá-la aos seus discípulos mais próximos.2 Os membros da Soka Gakkai, desde a sua fundação, vêm se empenhando intensamente em prol da felicidade das pessoas. Porém, ao longo desses anos, também vêm ultrapassando, em torno dos três primeiros presidentes — Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda —, diversas adversidades, como críticas, difamações e injustiças, comprovando a grande vitória e direcionando as pessoas ao verdadeiro caminho da felicidade. Hoje, com Ikeda sensei como eterno mestre da vida, todos estamos nos empenhando com a grande missão de transformarmos as condições adversas da nossa vida para comprovar a grandiosidade do budismo. Então, vamos nos esforçar para pôr em prática o princípio de ganken ogo, buscando a comprovação real da mudança das circunstâncias adversas, contribuindo assim para a felicidade de muitas outras pessoas. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 1.705, 28 jun. 2003, p. A5. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 253, 2020. 2. Ibidem, p. 281-282. *** A pessoa mais feliz do Brasil Veja, a seguir, trechos do capítulo “Desbravadores” do romance Nova Revolução Humana, v. 1, no qual Ikeda sensei incentiva os participantes na fundação do Distrito Brasil durante a sua primeira visita ao Brasil, em 1960, ressaltando a sua missão à luz do princípio de ganken ogo. O budismo elucida um princípio chamado ganken ogo [carma adotado por desejo próprio]. Segundo esse princípio, os praticantes do budismo escolhem, por vontade própria, nascer em circunstâncias desfavoráveis para que possam ajudar os outros. Isso significa que, embora tenhamos acumulado benefícios por meio da prática budista para renascer em circunstâncias favoráveis, escolhemos propositadamente renascer em meio aos que sofrem para propagar a Lei Mística. (...) Por exemplo, se alguém que sempre viveu como uma rainha, sem grandes dificuldades ou problemas, dissesse que se tornou feliz graças à prática do budismo, ninguém lhe daria ouvidos. Contudo, se uma pessoa doente, de família pobre, menosprezada pelos outros, consegue transformar a vida por meio da prática budista, tornando-se feliz e ainda uma líder na sociedade, isso será uma esplêndida prova da grandiosidade do budismo. (...) Ao vencer a situação de grande pobreza, o praticante consegue transmitir esperança a outras pessoas que enfrentam dificuldades financeiras. Ao adquirir boa saúde e vitalidade, alguém que sempre lutou contra a doença consegue acender a chama da coragem no coração daqueles que enfrentam circunstâncias similares. Ao construir um ambiente familiar feliz e harmonioso, alguém que sofreu com desentendimentos no lar se tornará um líder para outros afligidos por problemas de relacionamento familiar. (...) Pode-se dizer que carma é outro nome para missão. Eu sou filho de um pobre beneficiador de algas marinhas. Trabalhei ao lado do Sr. [Josei] Toda durante as amargas provações resultantes da falência da empresa, apesar de estar com a saúde frágil devido à tuberculose. Por ter experimentado dificuldades e sofrimentos como todo mundo, pude assumir a liderança do movimento do kosen-rufu como representante das pessoas comuns. (...) Talvez os senhores estejam pensando que vieram para o Brasil por causa das circunstâncias de cada um. No entanto, a razão não é bem essa. Os senhores nasceram como bodisatvas da terra para realizar o kosen-rufu do Brasil, para conduzir as pessoas deste país à felicidade e para construir aqui a terra da eterna paz e tranquilidade. Ou melhor, os senhores foram escolhidos por Nichiren Daishonin para estarem aqui. Quando se conscientizarem de sua sublime missão como bodisat­vas da terra e dedicarem a vida ao kosen-rufu, o sol que existe dentro dos senhores desde o tempo sem início começará a brilhar. Todas as ofensas que cometeram em vidas passadas serão dissipadas como a bruma e os senhores iniciarão uma vida maravilhosa permeada pela profunda alegria e felicidade. (...) Dessa forma, cabe apenas a cada um de nós cultivar e desenvolver a própria vida. É preciso empunhar a enxada da esperança, plantar as sementes da felicidade e perseverar com tenacidade na prática da fé. As gotas de suor derramadas em prol do kosen-rufu vão se tornar gemas de boa sorte que haverão de dignificar a sua vida para sempre. Por favor, torne-se a pessoa mais feliz do Brasil! Fonte: IKEDA, Daisaku. Desbravadores. Nova Revolução Humana, v. 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 240-242. Dicas de leitura Veja sobre o tema “Missão” no Guia para a Vitória que acompanha esta edição do Brasil Seikyo. Saiba mais sobre a fundação do Distrito Brasil no capítulo “Desbravadores” da Nova Revolução Humana, v. 1. Acesse: https://cile.brasilseikyo.com.br/livro-nrh-um Matéria Carma é Missão publicada na revista Terceira Civilização, ed. 546, fev. 2014, no BS+ ou acessando: https://www.brasilseikyo.com.br/home/terceira-civilizacao/edicao/546/artigo/carma-e-missao/17157 Ilustração: GETTY IMAGES

11/07/2024

Conheça o Budismo

Ter e ser um bom amigo

Zen-chishiki é um termo japonês utilizado pelo Budismo de Nichiren Daishonin para se referir a uma “boa influência”. Essa boa influência representa a ação de um “bom amigo”. O termo se aplica muito bem ao budismo porque, como budistas, nosso principal objetivo é ajudar as pessoas a se tornar felizes, ou seja, conduzi-las pelo caminho correto da vida, de modo que elas atinjam a iluminação. Nichiren Daishonin usava esse termo para indicar uma pessoa que encoraja outra ao longo da prática budista e afirmava que encontrar um bom amigo é algo muito difícil. Ele também dizia que o melhor modo de atingir o estado de buda é por meio de um zen-chishiki, um “bom amigo”. Shakyamuni e Ananda No escrito Três Mestres Tripitaka Oram por Chuva, Nichiren Daishonin afirma: Quando uma árvore é transplantada, ainda que soprem ventos fortes, ela não tombará se estiver sustentada por uma firme estaca. Porém, até uma árvore que cresceu no mesmo local de origem poderá tombar se suas raízes forem fracas. Uma pessoa, ainda que fraca, não tropeçará se aqueles que a apoiam forem fortes; ao passo que alguém de força considerável, se estiver sozinho, poderá tombar num caminho sinuoso. (...) O melhor meio para atingir o estado de buda é encontrar um bom amigo. Até onde nossa sabedoria pode nos levar? Se possuímos sabedoria su­ficiente para distinguir o quente do frio, deveríamos procurar um bom amigo.1 Esse trecho ensina que, com o forte apoio do “bom amigo” (zen-chishiki), consegue-se, sem falta, superar dificuldades e provações. Em uma explanação sobre esse tema, o presidente Ikeda cita o episódio do diálogo entre Shakyamuni e seu discípulo Ananda:2 Certa vez, Ananda perguntou a Shakyamuni: “Penso que ter um bom amigo e avançar junto com ele corresponde a ter completado metade do caminho do buda. Essa forma de pensar seria correta?”. Em relação a isso, Shakyamuni respondeu claramente: “Ananda, essa forma de pensar não é correta. Ter um bom amigo e avançar junto com ele não é metade do caminho do buda, mas sim todo o caminho”. Essa é a concisa exposição do que, originalmente, é o exercício budista. Para realizar a correta prática da fé e trilhar ininterruptamente uma vida de genuína vitória, é impreterivelmente necessária a existência do “bom amigo”, ou seja, de um verdadeiro agente positivo.3 Caminho da felicidade Discorrendo sobre o significado do termo zen-chishiki, o Mestre diz: O termo budista chishiki (de zen-chishiki) é originalmente a tradução para o chinês da palavra sânscrita (idioma da Índia antiga) mitrah (“amigo”). [E zen é um kanji (ideograma) que significa “bem” ou “bom”]. Portanto, zen-chishiki indica “pessoas que conduzem outras ao correto budismo”, ou seja, são o “bom mestre”, os “bons companheiros” e os “bons amigos”. Ao citar “até onde nossa sabedoria pode nos levar?”, Daishonin enfatiza que buscar o bom amigo é mais importante do que qualquer outra coisa. Isso porque não existe meio para superar o sofrimento fundamental da vida de “nascimento e morte” a não ser pelo caminho de tornar-se buda. É por criar uma relação cármica com o bom amigo que nos apoia e nos incentiva que conseguimos fortalecer a prática da fé, manifestar a sabedoria para a felicidade e conquistar a absoluta condição de vida de um buda.4 Transformar desafios em oportunidades Um ponto importante é que, em nossas relações diárias, não encontramos apenas bons amigos. Também existem o “mau amigo” (aku-chishiki), ou seja, a pessoa que conduz a outra para um caminho negativo, desviando-a da prática. E, como podemos saber se um indivíduo é um bom ou um mau amigo? Essa é uma tarefa que somente nós próprios podemos cumprir. Precisamos observar se determinada pessoa é alguém que nos encoraja a ter ações positivas e nos incentiva a realizar a prática budista para nossa felicidade e a das demais pessoas; ou se é alguém que apoia ou realiza ações negativas, como impedir a prática budista. Contudo, o mais importante é que, mesmo ao encontrarmos maus amigos, jamais devemos nos permitir ser influenciados por eles. Cada dificuldade com a qual nos deparamos deve ser uma oportunidade para fortalecer nossa prática budista. O ideal é considerarmos tudo (fatos bons e maus) como motivo para aprofundar a fé no Gohonzon, e assim tornar todas as pessoas nossos zen-chishiki porque nos conduzem ao Gohonzon, conforme sensei salienta: No fim, o que determina se são “bons amigos” ou “maus amigos” é a fé da própria pessoa. Por essa razão, é possível transformar tanto a opressão como as perseguições em grandioso impulso no trampolim da fé. Ou seja, mesmo a pior das adversidades não é necessariamente uma maldade. Dependendo da maneira de encarar as adversidades e da determinação das pessoas, essas adversidades poderão se tornar tanto uma maldade ou uma força para aprimorar a fé. Por favor, vençam as maldades intrínsecas no seu coração (...). A força para vencê-las é a recitação do daimoku. A única arma capaz de destruir a ilusão fundamental da vida, ou seja, a escuridão fundamental, é a espada afiada do Nam-myoho-renge-kyo. Vamos lutar sempre com daimoku em primeiro lugar! 5 Encontro de bons amigos A realização da prática diária do gongyo e do daimoku e a participação nas atividades, sobretudo nas reuniões de palestra, abrem as portas do coração para criar laços de amizade e incentivo mútuo. O presidente Ikeda ressalta: Para “atingir o estado de buda nesta existência”, o mais importante e o mais difícil de encontrar é um “bom amigo” (zen-chishiki). As reuniões de palestra Soka são, justamente, esses encontros de bons amigos.(...) Radiantes, essas atividades acontecem no mundo inteiro, superando todas as diferenças e flamejando a chama do princípio filosófico da dignidade da vida no coração dos povos. Elas geram vitalidade e solidariedade às pessoas, que jamais são derrotadas por quaisquer dificuldades da vida ou pelos locais em que vivem. Existe nas reuniões de palestra a ilimitada energia que criará a nova “civilização do diálogo”, tão ansiosamente aguardada pela humanidade.6 Depende de nós Ikeda sensei também afirma: De qualquer forma, é importante compreender que a amizade depende de nós, e não dos outros. Tudo depende de nossa atitude e contribuição. Espero que não sejam amigos somente nas boas ocasiões, pessoas que só ajudam os outros quando a situação está boa, abandonando-os quando surge algum problema. Tornem-se, por favor, uma pessoa de lealdade imutável em todos os momentos.7 Isso significa que, acima de tudo, é importante o esforço para nos tornar zen-chishiki para aqueles que nos rodeiam, conforme sensei incentiva em um diálogo com jovens: Quero que concentrem sua energia em seu treinamento e na edificação de sua personalidade. Tenho certeza de que no futuro, muitos de vocês farão amigos em diversas partes do mundo. Lembrem-se de que o tipo de relação humana que estabelecerem dependerá só de vocês. Não interessa “como os demais são com relação a vocês”, mas sim “como vocês são com relação aos demais”.8 O próprio presidente Ikeda é um exemplo claro de como cultivar belas amizades, pois ele tem amigos em todos os cantos do mundo, alguns deles importantes líderes e pensadores de nosso tempo. Seguindo esse exemplo e aproveitando os laços de amizade e de companheirismo que desfrutamos na família Soka, vamos, cada qual, aprimorar nosso caráter e personalidade para que os outros possam nos considerar verdadeiramente “bons amigos”. Dica de leitura Ter bons amigos, principalmente na juventude, é muito importante. Veja mais sobre os desafios da juventude no Guia para a Vitória que acompanha esta edição do Brasil Seikyo. Ouça Podcast sobre o significado da amizade e dos bons amigos, acessando: https://www.brasilseikyo.com.br/podcast/programa/3/episodio/bons-e-maus-amigos/143 Fontes: RDez, ed. 122, fev. 2012, p. 15. Brasil Seikyo, ed. 1.513, 26 jun. 1999, p. 3. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 625, 2020. 2. Ananda: Um dos dez maiores discípulos de Shakyamuni. Ouviu muitas pregações de Shakyamuni, acompanhando-o diretamente, e é conhecido como o primeiro a ouvir os ensinamentos do Buda. 3. Brasil Seikyo, ed. 2.467, 11 maio 2019, p. B2. 4. Ibidem. 5. IKEDA, Daisaku. Batalha Feroz. Nova Revolução Humana, v. 27. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2021. p. 240. 6. Brasil Seikyo, ed. 2.469, 25 maio 2019, p. B3. 7. IKEDA, Daisaku. Juventude: Sonhos e Esperanças, v. 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2015. p. 56. 8. Brasil Seikyo, ed. 1.407, 22 mar. 1997, p. 3. Ilustração: GETTY IMAGES

20/06/2024

Conheça o Budismo

Sempre junto com sensei

Um dos princípios fundamentais do budismo é o da “unicidade de mestre e discípulo” (shitei funi, em japonês). No termo shitei funi, shi significa “mestre”, tei, “discípulo” e funi, “unicidade”. É um conceito que explica que não há distinção entre mestre e discípulo, por mais diferente que seja a personalidade de cada um deles. Além disso, essa relação transcende os limites de tempo e de espaço e constitui a mais elevada e fundamental forma de relacionamento humano. Por que o budismo dá importância à unicidade de mestre e discípulo? A resposta fica clara quando entendemos que a Lei Mística é a base de todas as coisas. No budismo, mestre é o Buda, ou a pessoa iluminada para a Lei; o discípulo é a pessoa que busca a iluminação. A diferença entre eles reside apenas na iluminação atingida pelo Buda. Porém, perante a Lei, ambos são iguais e encontram-se unidos. Ikeda sensei afirma: Não há nada mais belo para um ser humano que os laços de mestre e discípulo. Não existe nada mais forte. A relação de mestre e discípulo é a essência do budismo. Mas devemos nos lembrar de que um mestre não é um ser superior; mestre e discípulo são companheiros que se empenham juntos na vida real para alcançar um mesmo ideal.1 Herdar o espírito fundamental Na vida, é essencial ter um mestre capaz de nos orientar como vivermos dignamente. Podemos encontrar, em muitos campos, sobretudo na educação, mestres que procuram ensinar seus conhecimentos teóricos e práticos ligados a determinado aspecto. No budismo, contudo, mestre é aquele que direciona nossa vida à felicidade e se dedica junto com os discípulos pelo supremo ideal da paz mundial e da felicidade da humanidade. Nenhum empreendimento épico pode ser alcançado em uma única geração. Somente quando o espírito do mestre é herdado pelos discípulos e transmitido continuamente a sucessivas gerações é que esse empreendimento é atingido. Vida vitoriosa Que tipo de mestre devemos buscar? Existem muitas pessoas que, iludidas por belas palavras, confiam cegamente em indivíduos que buscam apenas honras e posições. Mesmo sofrendo perseguições, Nichiren Daishonin combateu, de forma incansável, esse tipo de pessoa, não se preocupando com a própria segurança e sim com a felicidade dos seus discípulos. Por sua vez, o presidente Ikeda dedicou a vida com o mesmo espírito de Nichiren Daishonin e, apesar de sofrer inúmeras críticas e ataques infundados, lutou como um verdadeiro leão para proteger seus discípulos de influências negativas. Portanto, como discípulos, devemos nos empenhar para vencer as circunstâncias negativas, construir a verdadeira felicidade e atingir a vitória na vida, correspondendo assim aos anseios do Mestre. Em um discurso, o presidente Ikeda declarou: Quando nos dedicamos firmemente ao caminho de mestre e discípulo, podemos manifestar a sabedoria e a força ilimitadas inerentes à nossa vida. Nada neste mundo é mais forte que a luta unida de mestre e discípulo. Não existe nada mais alegre.3 Três Mestres Soka A relação de mestre e discípulo é o fundamento do avanço da Soka Gakkai ao longo de todos esses anos. Iniciou-se com o professor Tsunesaburo Makiguchi, que possuía o ardente desejo de concretizar os ideais de Nichiren Daishonin. O espírito de Makiguchi sensei foi herdado por Josei Toda que, buscando tornar realidade os desejos do seu mestre, reergueu a organização após a guerra, contando com a ajuda daquele que seria seu sucessor, o jovem Daisaku Ikeda. Esse também, com um espírito de verdadeiro discípulo, se empenhou para realizar as aspirações do seu mestre. E foi por meio desse espírito que a Soka Gakkai se expandiu atualmente para 192 países e territórios, consolidando-se como organização promotora do kosen-rufu mundial, o grande desejo do buda Nichiren Daishonin. Possuir um mestre que direciona as pessoas ao verdadeiro caminho da felicidade é fundamental para que elas atuem de forma sábia em qualquer local, com base nos incentivos que ele oferece. Esse é o motivo pelo qual o budismo enfatiza a importância da relação de mestre e discípulo. Perfeita igualdade Na sociedade em geral, é comum o discípulo ser encarado como alguém subserviente ao mestre. Por isso, muitos podem pensar que a relação de mestre e discípulo é algo ultrapassado. No budismo, entretanto, essa relação tem como base a perfeita igualdade. Em termos práticos, no Budismo de Nichiren Daishonin, e mais especificamente na Soka Gakkai, o discípulo deve agir com o espírito de atuar onde o mestre não pode estar, levando seus ideais a todos os locais. O presidente Ikeda orienta: A relação de mestre e discípulo é essencialmente rigorosa. Tudo depende da seriedade com que o discípulo é capaz de aceitar e agir de acordo com cada palavra do mestre. Um verdadeiro discípulo esforça-se para concretizar os objetivos do mestre, sem imitá-lo, mas pondo suas palavras em ação... As pessoas que meramente tentam imitar o mestre, agindo só na aparência, de alguma maneira acabam indo para o caminho errado. Isso realmente aconteceu na época do presidente [Josei] Toda e continua a acontecer atualmente. Há um caminho para cada discípulo, e este caminho encontra-se unicamente no esforço de concretizar os ideais do mestre.4 Discípulo de comprovação O budismo não escraviza os praticantes com dogmas preconcebidos. Ao contrário, é uma filosofia viva e prática transmitida de pessoa a pessoa, de mestre para discípulo. É dito que os ensinamentos de um mestre somente podem ser transmitidos para um discípulo que mantém puro espírito de procura. Se não fosse assim, o budismo não poderia ser compreendido nem tampouco os ensinamentos de um mestre poderiam fluir continuamente para as novas gerações. O princípio da “unicidade de mestre e discípulo” abre as portas para atingirmos o estado de buda nesta existência, pois nos estimula a concretizar e a superar os ideais do nosso mestre. Portanto, a grandiosidade do mestre se reflete nas ações do discípulo. Em uma orientação, Ikeda sensei enfatiza: O presidente Josei Toda frequentemente dizia: “A relação de mestre e discípulo não é firmemente estabelecida quando você se tornar um bom discípulo. A relação de mestre e discípulo depende do comprometimento do discípulo”. Quando o discípulo busca o mestre e se empenha sinceramente para crescer, sua vida e seu espírito ressoam com a vida e o espírito do mestre, e suas capacidades ilimitadas anteriormente ocultas são desvendadas.6 Juntos eternamente Nos tempos de Nichiren Daishonin, seus ensinamentos foram transmitidos e herdados pelo seu discípulo Nikko Shonin. Nos dias atuais, a Soka Gakkai, sob o direcionamento legado por Ikeda sensei, vem difundindo em uníssono a veracidade do budismo em meio à sociedade. Tornemo-nos, então, verdadeiros discípulos que participam ativamente desse histórico momento do budismo, divulgando os ideais humanísticos desse ensinamento para as futuras gerações. O verdadeiro discípulo, quando encontra seu mestre, sai da condição de ser salvo, da passividade de ser protegido e iluminado por ele; e, em vez disso, assume seu papel de lutar ao lado dele, protegendo-o, enquanto se dedica à missão de salvar as pessoas, assim como Ikeda sensei salienta: Gostaria de reafirmar aqui que o Sutra do Lótus ensina a grande transformação — de discípulos que são conduzidos à iluminação pelo mestre (o Buda) para discípulos que conduzem os outros à iluminação com o mesmo juramento e compromisso de seu mestre. Em outras palavras, a visão do Sutra do Lótus de ajudar todas as pessoas a atingir a iluminação só se completa com o surgimento de discípulos que lutam junto com seu mestre.7 Dessa forma, após Ikeda sensei ter encerrado sua nobre existência em 15 de novembro de 2023, é chegado o momento de os genuínos discípulos assumirem o protagonismo do movimento pelo kosen-rufu, tornando realidade os sonhos do Mestre e construindo com as próprias mãos um mundo de paz e de felicidade. Leia mais Sobre a unicidade de mestre e discípulo no Guia para a Vitória que acompanha esta edição do Brasil Seikyo. No topo: Três Mestres Soka: acima, à esq., Tsunesaburo Makiguchi; à dir., Josei Toda. Ao centro, Daisaku Ikeda Fontes: Brasil Seikyo, ed. 1.650, 4 maio 2002, p. A6. Idem, ed. 1.651, 11 maio 2002, p. A6. Idem, ed. 1.652, 18 maio 2002, p. A6. Terceira Civilização, ed. 598, jun. 2018. Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.583, 9 dez. 2000, p. A3. 2. Ibidem, ed. 2.025, 6 mar. 2002, p. A2. 3. Ibidem, ed. 1.628, 17 nov. 2001, p. A3. 4. Ibidem, ed. 1.548, 18 mar. 2000, p. A3. 5. Ibidem, ed. 1.583, 9 dez. 2000, p. A3. 6. Ibidem, ed. 1.330, 5 ago. 1995, p. 3. 7. Terceira Civilização, ed. 560, abr. 2015, p. 44. Ilustração: Kenichiro Uchida

25/04/2024

Especial

Os quarenta anos da terceira visita de Ikeda sensei ao Brasil

Na sequência desta série que celebra as quatro décadas desde a terceira visita de Ikeda sensei ao Brasil, em 1984, Brasil Seikyo traz os bastidores da agenda de encontros programada em Brasília, DF, de 21 a 23 de fevereiro daquele ano. Foi um marco na trajetória do desenvolvimento da nossa organização, com o reconhecimento da sociedade brasileira aos esforços da Soka Gakkai e com a transformação das circunstâncias em relação a dez anos antes, 1974, ocasião em que a visita de nosso mestre ao país foi cancelada. Para os membros da localidade, um encontro inesperado se tornou ponto primordial na vida de todos. Acompanhe! O tempo amadureceu Com uma sólida comprovação de “transformar veneno em remédio”, os membros da BSGI viveram em 1984 os resultados da luta de dez anos — um período de muita recitação de daimoku e de intensa dedicação dos veteranos na organização e na sociedade. Assim, dois anos antes, em 1982, Ikeda sensei recebeu uma carta do então presidente da República João Baptista de Oliveira Figueiredo, convidando-o para visitar o Brasil. O Mestre desembarcou no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, às 9h40, em 19 de fevereiro. No dia seguinte, visitou o centro cultural da BSGI e chegou a Brasília em 21 de fevereiro. Ele não perdeu nenhuma oportunidade de se aproximar de todos, com o sentimento de cobrir a ausência de dezoito anos desde a sua segunda visita ao Brasil, em 1966. Em Brasília, uma das ações de Ikeda sensei foi a audiência com o presidente Figueiredo e demais autoridades. Nesse primeiro encontro, temas como as armas nucleares e a importância do diálogo entre os dois países para promover a paz foram tratados com muita seriedade. Na época, a matéria foi noticiada como manchete numa rede de televisão japonesa. Depois do encontro com o presidente da República do Brasil, às 18 horas estava programada uma reunião do presidente Ikeda com o então ministro da Casa Civil João Leitão de Abreu, também no Palácio do Planalto. Após deixar o Gabinete da Presidência, Ikeda sensei dirigiu-se para o terceiro andar. Lá, o ministro Leitão de Abreu recepcionou-o sorridente. De início, o assunto tratado foi a respeito da obra Escolha a Vida,1 publicada pelo presidente Ikeda e pelo historiador Arnold J. Toynbee. O ministro disse que era uma grande alegria poder trocar opiniões com um dos autores do livro e que para ele seria uma recordação memorável para toda a vida. E revelou que ele próprio era quem estava mais interessado naquele encontro. Leitão de Abreu tomou conhecimento da vinda do presidente Ikeda ao Brasil durante a visita de representantes da SGI, que lhe apresentaram um álbum de fotos. Quando ele viu a imagem de Ikeda sensei dialogando com o Dr. Toynbee, disse repentinamente, surpreendendo a todos: “— Ah, é essa pessoa que virá ao Brasil? Se for, é justamente a pessoa que está no livro que li”. Assim dizendo, levantou-se e trouxe de sua estante um exemplar de Escolha a Vida, que ele mesmo havia comprado quase por acaso em Nova York. Disse que, ao ler o livro, ficou impressionado e queria impreterivelmente se encontrar com o Dr. Daisaku Ikeda. Assim, o encontro com o ministro da Casa Civil, que também havia sido ministro do Superior Tribunal Federal, uma autoridade em direito constitucional, tornou-se um diálogo de profundo conteúdo. Conversaram sobre as diferenças do pensamento ocidental e do oriental, e como deveria ser o futuro da civilização. Houve ainda reuniões com o ministro das Relações Exteriores, Saraiva Guerreiro; com a ministra da Educação e Cultura, Esther de Figueiredo Ferraz; e com a presidente executiva da Legião Brasileira de Assistência (LBA), Lea Leal; no Gabinete do Ministério da Previdência Social, onde foi recebido pelo ministro interino Dr. Jofran Frejat. Também houve um encontro com o reitor da Universidade Federal de Brasília, Dr. José Carlos de Almeida Azevedo, ocasião em que o presidente Ikeda doou mil livros à instituição e se iniciou um intercâmbio entre a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Soka. Após essa intensa agenda, o presidente Ikeda retornaria a São Paulo, mas uma surpresa aguardava os membros de Brasília e região. Convocação inesperada Enquanto o presidente Ikeda cumpria a agenda oficial com as autoridades brasileiras, os membros da BSGI local mantinham-se firmes na recitação de daimoku para o sucesso das atividades, cultivando o desejo de reencontrar o Mestre. Por dez anos seguidos, o “daimoku das terças-feiras” uniu o coração de todos e agora viam o sonho se materializar. No segundo dia na capital federal, um vice-presidente da Soka Gakkai que compunha a comitiva da SGI transmitiu uma notícia inesperada e maravilhosa: a oportunidade de um possível encontro para uma foto comemorativa com Ikeda sensei. Dessa forma, aos poucos, os membros foram sendo avisados e se dirigindo ao Parque Rogério Pithon Farias [atualmente denominado Parque da Cidade Dona Sara Kubitschek], situado no lado leste da área urbana, a Asa Sul. No dia seguinte, 23 de fevereiro, às 14h50, sob sol escaldante, o reencontro mais aguardado. A pureza e a sinceridade do sentimento dos membros estavam na frase “Obrigado, sensei! Conte sempre conosco” estampada na faixa atrás deles. O presidente Ikeda notou a presença de representantes das bandas masculina e feminina (Taiyo Ongakutai e Asas da Paz Kotekitai, respectivamente), posicionados atrás dos membros durante a foto comemorativa. Ele pediu então: “— Ponha-os à frente”. Duas integrantes da época do Pompom-tai, núcleo infantil da banda Asas, falam sobre a emoção desse momento. São as irmãs Reiko e Keiko Nakayoshi (veja abaixo). Agora, no lugar do Mestre! Passados quarenta anos, a organização de Brasília demonstra resultados em sua estrutura e desenvolvimento. Em 2018, o Dr. Daisaku Ikeda, representado pelo presidente da BSGI, Miguel Shiratori, recebeu das mãos do então ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, a Medalha da Ordem Nacional do Mérito Educativo Grau Oficial, no dia 14 de dezembro, no Conselho Nacional de Educação (CNE), em Brasília, DF. Niéliton Gomes, responsável pela Sub. Distrito Federal, CRE Oeste, compartilhou que essa homenagem era um momento de muita expectativa para os membros da Sub. “Estamos muito orgulhosos. Essa condecoração veio às vésperas do aniversário de 35 anos da visita do presidente Ikeda a Brasília.”2 Em fevereiro último, Brasília sediou a 10ª Reunião Nacional de Líderes (RNL), realizada no centro cultural local. Esse centro foi erigido em um terreno comprado e doado por Ikeda sensei durante a sua visita em 1984. Com os jovens na vanguarda, os membros da Sub. assumem imponentemente o legado deixado por ele. Fontes: Terceira Civilização, ed. 559, mar. 2015, p.32. Idem, ed. 560, abr. 2015, p. 34. RDez, ed. 106, out. 2010, p. 14. Notas: 1. TOYNBEE, Arnold. J.; IKEDA, Daisaku. Escolha a Vida. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. Disponível em: https://cile.brasilseikyo.com.br/livro-escolha-a-vida. Acesso em: 2 abr. 2024. 2. Brasil Seikyo, ed. 2.449, 31 dez. 2018, p. A14. Fotos: Seikyo Press | Arquivo pessoal Um juramento para toda a vida Reiko, 50 anos, e Keiko, 48, são as filhas mais velhas do casal Nakayoshi, junto com os irmãos Takato e Kiyoto. Veteranos com preciosa jornada no desenvolvimento da organização local, Kiyomori Nakayoshi (pai, falecido em 2020) e Ritsuko Nakayoshi (mãe) eram líderes centrais na época da terceira visita de Ikeda sensei ao Brasil. Naquele encontro inesperado no parque, Reiko, às vésperas de completar 10 anos, e Keiko com 8 anos, estavam felizes, com seus vestidos amarelos, participando do Pompom-tai, núcleo infantil da banda feminina de jovens Asas da Paz Kotekitai. Mesmo sem entender o significado daquele momento, foram abraçadas pelo carinho de Ikeda sensei e da Sra. Kaneko. A partir de então, um caminho promissor a ser trilhado se abriu diante delas. Elas nos contam como tudo aconteceu. as irmãs Reiko, no círculo à esq., e Keiko, à dir., na foto com Ikeda sensei. Reiko Nakayoshi Com meus pais, cresci nesse ritmo do kosen-rufu junto com sensei. Esse é meu ponto primordial e meu eterno tesouro. Eu tinha 9 anos na época. Com o passar do tempo e até hoje, tento corresponder às expectativas do Mestre, que nos deu tanto carinho. Participei do Grupo 2001, precursor da Divisão dos Estudantes, e, quando chegou o ano 2001, eu era líder da Divisão dos Estudantes (DE) em Brasília. Segui nos grupos horizontais com preciosas chances de desenvolvimento. Após dezoito anos do meu primeiro encontro com sensei, participei do Curso de Aprimoramento dos Jovens, realizado no Japão, em 2002, e tive a imensa boa sorte de reencontrar sensei. Recebi um certificado de aluna honorária e um bóton da Universidade Soka da América (SUA), que havia sido inaugurada um ano antes. Naquele encontro, jurei cumprir minha missão. Formei-me em administração de empresas. Sou concursada, trabalho na Infraero há quase 25 anos e, graças ao meu treinamento como jovem na Gakkai, conquistei uma carreira segura. Na vida pessoal, casei-me, tive três filhos, meus inestimáveis tesouros, César Hideo, 18 anos; Ana Kiyomi, 16; e Rosa Satie, 12. Sou divorciada e, apesar dos desafios, tenho conseguido direcionar meus filhos no caminho aberto por sensei. Hideo fez o ensino médio no Colégio Soka e Kiyomi termina o ensino médio neste ano. Eles participaram do programa HomeStay, que oferece a alunos de outras localidades a oportunidade de obter acesso à educação Soka, em São Paulo. Sou imensamente grata a todos os que fazem parte do sonho idealizado por sensei. Comecei o ano ajudando minha irmã Keiko com a mudança para São Paulo, apoiando minha sobrinha Amanda Hiromi, que iniciou o ensino médio no Colégio Soka. Assim como aprendi com minha mãe, a luta na organização junto com o Mestre é fonte dos reais benefícios. Fui também líder do Zenshin e o treinamento nesse grupo me possibilitou avançar e jamais desistir. Em novembro do ano passado, fui para o Japão recitar meu gongyo e daimoku de juramento e agradecer ao sensei e à Sra. Kaneko por todos os benefícios recebidos. Na volta, visitei a Universidade Soka da América. Dias após retornar ao Brasil, tivemos a notícia do falecimento do nosso mestre. Este ano, 2024, de profundos significados para nós e sem a presença física de sensei, entendo a importância do discípulo. Agradeço a oportunidade por tê-lo encontrado e, a cada dia, eu me esforço para retribuir e corresponder à altura a suas expectativas. Recentemente, completei 50 anos, e com muito orgulho, renovo minha decisão de estar sempre junto com sensei, rumo a 2030 e pela eternidade, atuando e incentivando as pessoas em seu lugar. Muito obrigada! Reiko e os filhos (a partir da esq., Ana Kiyomi, Rosa Satie e César Hideo) *** Keiko Nakayoshi Eu tinha 8 anos e aquele dia ficou marcado pela forte emoção das pessoas. Somente com o tempo, fui absorvendo o real privilégio que tive, ao continuar participando das atividades e estudando o budismo. Na juventude, atuei como responsável pela Divisão Feminina de Jovens (DFJ) de comunidade, de distrito e de área e, ainda, como primeira responsável pela Divisão dos Universitários (DUni) de Brasília. Em 1992, com 16 anos, tive a oportunidade de viajar para o Japão com minha mãe e irmã. Nessa ocasião, participamos, minha irmã e eu, de reunião com sensei por transmissão simultânea, enquanto minha mãe participou presencialmente. Além disso, conhecemos vários prédios do complexo Soka. Prestei vestibular para direito e estudei enfrentando várias adversidades. Foi uma fase bastante difícil. Nessa época, aos 19 anos, passei também em um concurso público, trabalhava o dia todo e estudava à noite. Entretanto, consegui me formar e, em seguida, passei no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Na organização, um marco em minha jornada foi a participação no 3º Curso de Aprimoramento para Jovens da BSGI no Centro Cultural Campestre (CCCamp), em 2001, ocasião em que nosso grupo foi denominado por Ikeda sensei de Grupo Shitei do Brasil. No ano seguinte, passei por um problema de saúde, em que foi constatado um pequeno adenoma em minha hipófise (cabeça). Precisei fazer uma cirurgia e tudo ocorreu bem, pois ne baseei na recitação do daimoku. Em 2004, casei-me, e cinco anos depois nasceu Amanda Hiromi Nakayoshi, meu tesouro. Embora tenha enfrentado uma pequena complicação na hora do parto, ela foi salva por mais um benefício dessa maravilhosa prática budista. Em 2010, concretizei mais um objetivo, o de participar da Convenção Comemorativa “Brasil Monarca do Mundo”, em Manaus. De lá, lancei objetivos para 2012 e 2013, anos da era essencial. Concretizei mais três shakubuku, inclusive, duas do local de trabalho, comprovando na sociedade a atuação de cidadã confiável pelas pessoas. Hoje, passados quarenta anos da visita de sensei a Brasília, numa retrospectiva, só tenho a agradecer-lhe. Sou servidora do governo federal há 29 anos. Atuo nas atividades da Soka Gakkai com alegria. Minha maior vitória é poder ver minha filha, Amanda Hiromi, aprendendo e vivendo o que é a Gakkai, fortalecendo a amizade com os companheiros e nos grupos horizontais, construindo a própria vida, sendo da quarta geração de uma família de praticantes. Há cerca de dois meses, mudamos de Brasília para São Paulo, repletos de alegria por sua aprovação no processo seletivo do Colégio Soka. Não posso deixar de agradecer a todos os que fazem parte dessa incrível rede. Para nossa família, é um orgulho gigante nos dedicar à Gakkai, eternamente ao lado do Mestre. Muito obrigada! Keiko e a filha Amanda Hiromi No topo: Histórica foto comemorativa dos membros do Distrito Federal com Ikeda sensei em um parque de Brasília durante a terceira visita do Mestre ao Brasil (fev. 1984)

11/04/2024

Editorial

Tudo se resume às pessoas

Conhecido como “pai da matemática”, Pitágoras afirmou que “o princípio de tudo é o número”. Mesmo sem conhecer profundamente a sua filosofia, estamos rodeados de números que nos orientam, nos comunicam, sem nos darmos conta disso. Seguindo a orientação de Ikeda sensei de que, na propagação do kosen-rufu, é importante ter sempre um objetivo bem-definido, um número vem norteando os membros da BSGI: 100 mil! O objetivo é criar uma rede de jovens que compartilham princípios humanísticos em prol da paz. E essa vitória foi conquistada no significativo dia 16 de março, Dia do Kosen-rufu. Viva! Leia nesta edição detalhes sobre essa conquista. O filósofo e matemático Pitágoras tratou da relevância dos números. Ikeda sensei enalteceu, em um de seus ensaios, a afirmação de que são “as pessoas. Tudo se resume às pessoas”, e explica: Essas palavras foram atribuídas a Zhuge Liang, um dos heróis do Romance dos Três Reinos, conto clássico chinês recontado em japonês pelo romancista Eiji Yoshikawa e que eu estudei com meu mestre Josei Toda. Zhuge Liang disse essa frase para Liu Bei imediatamente após a vitória que conquistaram na famosa Batalha dos Penhascos Vermelhos. Liu Bei havia perguntado a Zhuge Liang, seu consultor sobre estratégia militar, qual era o segredo para levar a nação à vitória e à prosperidade. Tudo depende das pessoas.1 Nesse sentido, o objetivo se volta agora para a vitória de cada distrito, núcleo onde estão os protagonistas, transmitindo de pessoa para pessoa os ideais humanísticos do Budismo de Nichiren Daishonin e de Ikeda sensei. Nosso mestre, que esteve à frente de muitas lutas em prol do kosen-rufu, conquistando feitos inéditos para o avanço da organização, registrou seu sentimento diante do desafio: Quero que sensei veja o resultado da nossa união e do nosso crescimento nos bastidores. (...) Antes de tudo, eu mesmo devo tomar a iniciativa e servir de exemplo. De minha parte, decidi dar um grande salto de avanço rumo ao próximo ano. (...) Como jovem, meu desejo maior deve ser o de arregaçar as mangas e demonstrar toda a minha força e capacidade.2 A BSGI parte agora para a retumbante vitória dos cem jovens em cada distrito. Esperamos que esta edição, com as histórias dos membros e com os incentivos do Mestre, o encoraje a “arregaçar as mangas” e a demonstrar toda a força e capacidade rumo à Convenção Comemorativa da Juventude Soka, com o espírito de oferecer esse triunfo a Ikeda sensei. Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.938, 10 maio 2008, p. A3.2. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 160.

23/03/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Viver com o Gosho: volume 17 (parte 3)

Uma espada é inútil nas mãos de um covarde. Resposta a Kyo’o 1 Coragem é a chave para a vitória Em agosto de 1957, Shin’ichi Yamamoto falou aos membros do Distrito Arakawa, em Tóquio, sobre a chave para o avanço da propagação do Budismo Nichiren. — Depois de conversar com alguém apenas uma vez, talvez a gente se veja tirando conclusões precipitadas de que a pessoa não foi receptiva e de que a tentativa não vai dar em nada. Mas a mente está sempre se modificando, minuto a minuto, e se pode mudá-la por meio de esforços perseverantes para dialogar. Complementou ainda: — Algumas vezes, precisamos ponderar se o erro não está em nossa maneira de nos expressar. Por exemplo, se dissermos a uma pessoa com problemas familiares que poderá superar uma doença por meio da prática budista, não despertaremos o interesse dela. Do mesmo modo, não será muito producente afirmar a alguém que está lutando contra a doença que a fé budista ajuda a ter sucesso no trabalho. Empregar sabedoria significa determinar como conquistar a compreensão do outro. (...) Shin’ichi deu continuidade às suas considerações afirmando que a sabedoria deveria ser acompanhada da coragem de colocá-la em ação: — Como registrou Nichiren Daishonin: “A espada é inútil nas mãos de um covarde”.2 A espada do Sutra do Lótus, que é fonte de ilimitada sabedoria, não terá força se formos covardes. Espero que tenham a coragem de desafiar e vencer suas fraquezas pessoais, como a tendência de fugir do que não gostam e dar desculpas para justificar sua covardia ou negatividade. Esse é o segredo para a revolução humana e para a vitória. (Trechos do Capítulo “Castelo do Povo”) Todos os discípulos e seguidores leigos de Nichiren devem recitar Nam-myoho-renge-kyo com o espírito de diferentes em corpo, unos em mente, transcendendo todas as diferenças que possam haver entre si,3 tornando-se inseparáveis como o peixe e a água. Esse laço espiritual é a base para a transmissão universal da Lei suprema da vida e da morte. A Herança da Suprema Lei da Vida4 Avançando com base na unicidade de “diferentes em corpo, unos em mente” Durante a sua quinta visita à província de Fukui, localizada no centro-norte do Japão, em junho de 1973, Shin’ichi refletia sobre o significado da unicidade no Budismo Nichiren, ao mesmo tempo em que encorajava os líderes a se unir uns aos outros e a fazer de Fukui um modelo para toda a organização Daishonin conclama a seus seguidores que transcendam “todas as diferenças que possam haver entre si”; em outras palavras, que deixem para trás a ideia de que sua vida não tem relação alguma com a dos outros. Isso significa superar a tendência egoísta de pensar somente nos próprios interesses, sem levar os outros em consideração e vê-los com apatia ou antagonismo. Quando o sentimento das pessoas pertencentes a uma organização está dividido dessa maneira, a verdadeira herança do budismo não pode ser transmitida. Esta é a razão pela qual Daishonin adverte repetidamente em seus escritos contra esse tipo de comportamento. “Inseparáveis como o peixe e a água” indica a profunda percepção de que a vida de cada um está indissoluvelmente ligada à dos outros integrantes da organização e profundamente interconectada. Trata-se de uma metáfora para ilustrar o apoio e o respeito mútuos que os membros, que possuem a missão comum de realizar o kosen-rufu, devem cultivar entre si. “Diferentes em corpo, unos em mente” denota cada um evidenciar ao máximo seus talentos e dons exclusivos, avançando, ao mesmo tempo, em união rumo ao nobre objetivo do kosen-rufu. Em suma, Nichiren Daishonin esclarece que a herança da Lei Mística que flui em sua própria vida é transmitida por meio da união de “diferentes em corpo, unos em mente” e, assim, pulsa na vida de cada pessoa que se dedica ao grande desejo do kosen-rufu. (Trechos do o Capítulo “Campos Verdejantes”) Assista vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 17 Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 43, 2021. 2. Ibidem. 3. A frase “transcendendo todas as diferenças que possam haver entre si” pode ser interpretada literalmente como “sem pensar no ‘eu’ ou nos outros, nisto ou naquilo”. Essa declaração não deve ser vista como negação da individualidade, mas como exortação a superar as diferenças originadas do egocentrismo. 4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 226, 2021. (Traduzido da edição de 18 de março de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Ilustração: Kenichiro Uchida

10/02/2024

Livros

Em dia com a manutenção da vida

Imagine uma pessoa que compra um carro para facilitar o trajeto diário de ida e volta do trabalho. Porém, logo ela percebe que o veículo está sem motor, sem pneus e sem volante. Nessas condições, como o condutor poderia chegar a algum lugar? De forma análoga, não é possível conduzir a vida sem três pilares essenciais: “fé, prática e estudo”. É exatamente sobre isso que o livro lançamento da Editora Brasil Seikyo (EBS) de março se debruçará. Ikeda sensei dedicou-se, por mais de setenta anos, para tornar acessível às pessoas comuns o conhecimento e a sabedoria do Buda. Ele encerrou sua existência em novembro de 2023, deixando-nos um legado precioso de incentivos e de direcionamentos. O livro Fé, Prática e Estudo, Princípio Fundamental do Budismo Nichiren, de autoria de Daisaku Ikeda, traz uma coletânea das mais recentes explanações do Mestre a respeito dos três pilares que nos permitem guiar a vida rumo à vitória. Está disponível para os participantes do Clube de Incentivo à Leitura (CILE) da EBS nas versões impressa e digital, e para quem desejar adquiri-lo. Seguindo a analogia do carro, para os membros da Soka Gakkai, seu motor é a fé, que tem a energia essencial para a vida; a prática da fé corresponde às rodas; e o volante, que direciona o caminho nas horas decisivas, é o estudo. Fé, prática e estudo são aspectos interligados e fundamentais que sustentam a vida dos praticantes do Budismo Nichiren. Fé sem prática é vazia e, sem estudo, pode levar ao caminho do extremismo. O estudo sem prática e fé não é aplicável na vida diária das pessoas e não toca o coração delas. A prática sem fé não é possível e, sem estudo, não há motivação. Esses três aspectos são cruciais para que o veículo (a vida) esteja nas melhores condições para percorrer o caminho da vida do jeito que a pessoa deseja e para ela ser feliz. A obra integra a série “Budismo do Sol – Iluminando o Mundo”, cujo primeiro volume é o livro Século da Saúde, do mesmo autor, também disponível no CILE. Em suas 152 páginas, Fé, Prática e Estudo estimula o entendimento das questões da vida, convertendo os desafios e sofrimentos em impulso para a revolução humana de si e do outro, contribuindo para uma sociedade de harmonia. Trata-se de um aprimoramento constante, para que possamos conduzir nossa vida, com máxima segurança, na estrada da felicidade. A vida não para. Quer fazer parte do CILE? Para garantir a sua leitura e receber esta obra no mês de março, assine o CILE até 29/02/2024. Acesse o site: www.cile.com.br Para os assinantes do CILE Digital, a obra ficará disponível a partir do dia 01/03/2024 em www.ciledigital.com.br Vídeo sobre o livro Fé, Prática e Estudo Confira o vídeo spoiler sobre o lançamento de março. Veja aqui os kits de março para cada plano do CILE PLANO DIAMANTE Livros são joias preciosas. O Diamante é o plano de assinatura do CILE perfeito para você que gosta de uma experiência completa de leitura no formato físico. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 brinde especial 1 marcador de página Resenha digital e conteúdos extras 52,00/mês + Taxa de entrega PLANO OURO O Ouro é o plano de assinatura do CILE ideal para os leitores que estão iniciando a jornada de incentivo à leitura. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 marcador de página 32,00/mês + Taxa de entrega Foto: BS

10/02/2024

Especial

Vitória absoluta e inspiradora

Observando o atual cenário da sociedade, deparamo-nos com muitas pessoas lutando contra o desânimo, a apatia e até com o conformismo diante das duras dificuldades do dia a dia. Nesse contexto, como podemos manifestar alegria e coragem em nosso coração para mudar essa realidade a partir do local em que nos encontramos e proporcionar esperança aos outros? Nosso mestre, Daisaku Ikeda, nos inspira com a histórica luta que realizou durante a juventude à frente do Distrito Kamata, no Japão. “Deixe comigo!” Em 1952, um ano após assumir como segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda esforçava-se para reerguer a Soka Gakkai no pós-guerra. O crescimento da organização caminhava a passos lentos. Naquela época, os distritos que concretizavam mais shakubuku (conversões ao Budismo de Nichiren Daishonin) atingiam, no máximo, cem famílias em um mês. Com sua percepção aguçada, Josei Toda sabia que, nesse ritmo, a Soka Gakkai jamais seria uma grande organização. Foi nesse momento que ele chamou o destemido jovem Daisaku Ikeda, então com 24 anos, e lhe disse: “Daisaku, poderia entrar no Distrito Kamata e fazer as coisas avançarem?”. O jovem vinha trabalhando dia e noite ao lado do presidente Josei Toda e entendeu perfeitamente o desejo do seu mestre: levar a felicidade ao maior número de pessoas. Kamata era a terra natal de Daisaku Ikeda. O jovem respondeu com firmeza: “Deixe comigo!”. Ele também disse: “Agora é o momento de mudar a situação. Vamos abrir o caminho para a vitória!”.1 O primeiro passo foi definir estratégias, metas e objetivos claros. Em seguida, encontrar, dialogar e incentivar o maior número de membros, participar do maior número de reuniões de palestra e fazer muitas visitas. Por que o mês de fevereiro? No início do movimento, Ikeda sensei clamou aos seus companheiros durante uma reunião realizada no bairro de Ota: “Fevereiro é o mês de nascimento de Nichiren Daishonin e do presidente Josei Toda. Vamos aproveitar esta significativa época para demonstrar nossa gratidão pelo maravilhoso benefício e felicidade que atingimos com nossa prática, ajudando outras pessoas a também se tornarem felizes”. Todos os membros expressaram concordância em resposta a esse corajoso pedido.2 O Mestre relembra: Quando assumi minha função no Distrito Kamata, estava com apenas 24 anos. Como poderia inspirar cada pessoa a entrar em ação com um genuíno entusiasmo e propósito? Eu o faria por meio de minhas próprias ações, de meu próprio suor e árduo empenho, mostrando resultados concretos. Havia decidido assumir total responsabilidade em atingir nosso objetivo. Tinha certeza de que, se me tornasse um bom exemplo, os membros reconheceriam meus esforços e depositariam confiança em mim.3 Na época, Ikeda sensei tinha uma condição física frágil, sofrendo com febre alta e chegando a tossir sangue. Mesmo assim, quando uma reunião de palestra começava, ele se transformava e parecia outra pessoa. Arrumava forças, conseguia tocar o coração das pessoas e incentivá-las com ardor. De onde extraía tanta força? Da forte ligação que tinha com seu mestre, Josei Toda. Por essa razão, desafiava-se com energia e coragem. Mantendo essa postura e dedicação, mesmo sem muita experiência, pois havia líderes bem mais veteranos que ele, o jovem Daisaku Ikeda consagrou o mês de fevereiro na história da Soka Gakkai como o período de grande propagação do Budismo Nichiren. Junto com os membros desse distrito, naquele fevereiro de 1952, 201 famílias ingressaram na Soka Gakkai. Logo após, as organizações de Tóquio começaram a avançar. Então, todos os distritos do Japão inteiro seguiram o mesmo caminho. Alegria e gratidão Realizar o movimento pelo kosen-rufu requer vencer as próprias limitações e ir ao encontro das pessoas com o sincero desejo de ajudá-las a ser felizes. Para que isso seja possível, é fundamental basear-se na recitação do Nam-myoho-renge-kyo com a determinação de transformar sua condição interior e, consequentemente, a do ambiente em que se encontra. Orar daimoku evidencia o potencial do estado de buda, faz manifestar a boa sorte e irradiar a energia vital necessária para vencer os obstáculos e contagiar as pessoas, conforme nosso mestre afirma: Podemos dizer que a alegria, a coragem, a disciplina, a disposição de crescer, a sabedoria, a saúde, enfim, tudo é obtido com a energia vital. E a fonte dessa ilimitada energia é a recitação do daimoku. Por isso, uma pessoa que vive com base no daimoku não encontrará impasses na vida.4 Levantar-se só Outro ponto essencial é abraçar a missão pelo kosen-rufu como uma responsabilidade pessoal e se empenhar na linha de frente, atuando em harmonia de “diferentes em corpo, unos em mente” com os companheiros, mas sem depender de outros para concretizá-la. Nesse sentido, Ikeda sensei comenta: O Sol queima a si próprio para fazer a Lua brilhar e iluminar o universo. Da mesma forma, se existir uma única pessoa capaz de irradiar um forte espírito de luta, sua coragem se expandirá e alcançará o coração de inúmeras outras. Esta é a fórmula imutável para se promover a façanha do kosen-rufu, um empreendimento nunca antes realizado na história do budismo.5 Compartilhar com outras pessoas a alegria de praticar o Budismo de Nichiren Daishonin para realizar a revolução humana e cultivar a verdadeira felicidade é também a forma mais nobre para retribuirmos a gratidão por termos conhecido essa filosofia de vida transformadora da qual a humanidade tanto necessita e para cumprirmos a missão que assumimos desde o remoto passado como bodisatvas da terra. “O importante é acalentar o sentimento de ‘aquela pessoa está sofrendo, quero que ela seja feliz’”,6 afirma Ikeda sensei. Assumir o bastão do Mestre Atualmente, mais que nunca, herdando esse sentimento de Ikeda sensei, a Juventude Soka da BSGI, com total apoio das demais divisões, realiza o movimento de integrar cem jovens por distrito à correnteza de paz da Soka Gakkai, resultando numa gloriosa rede de 100 mil jovens humanistas no Brasil. O “Ano do Descortinar da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial” já começou e muitas oportunidades despontam para nosso desenvolvimento por meio da prática da fé, bem como para promovermos grandes vitórias em nossa vida e unirmos forças com as pessoas ao redor visando transformar positivamente nosso ambiente. No topo: Jovem Daisaku Ikeda é recebido pelos membros do Distrito Kamata para empreenderem esforços pela propagação do budismo na localidade Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.809, 27 ago. 2005, p. B8.2. Idem, ed. 1.641, 23 fev. 2002, p. A2.3. Ibidem.4. IKEDA, Daisaku. Arando a Terra. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 98, 2019.5. Idem. Flor da Cultura. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 7, p. 66, 2018.6. Idem. Estandarte. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 228, 2019. Ilustração: Kenichiro Uchida

24/01/2024

Especial

Vida iluminada dedicada à paz

Nichiren Daishonin nasceu no dia 16 de fevereiro de 1222, num povoado na província de Awa (atual província de Chiba). Sua família era de origem simples e vivia da pesca. Desde a infância, Nichiren Daishonin devotou-se aos estudos do budismo e começou a questionar a eficácia das escolas que o Japão seguia. Assim, decidiu deixar o lar para estudar e resolver questões básicas sobre o budismo. Após obter permissão de seus pais, viajou para o norte até chegar ao templo Seicho-ji, tornando-se discípulo de um sacerdote chamado Dozen-bo. Nos anos seguintes, percorreu diversas cidades para estudar os sutras e compreender a essência das doutrinas das maiores escolas budistas. Como resultado, concluiu que o Sutra do Lótus constitui o mais elevado ensinamento dentre todos os sutras, e a Lei do Nam-myoho-renge-kyo, para a qual ele havia despertado, é a essência do Sutra do Lótus que possibilita libertar as pessoas do sofrimento no nível mais profundo. Estabelecer o ensinamento No dia 28 de abril de 1253, Daishonin retornou a Seicho-ji, reuniu-se com seu mestre Dozen-bo e os demais sacerdotes, anunciando a conclusão de seus estudos e refutando cada uma das seitas existentes. Então, recitando Nam-myoho-renge-kyo três vezes, estabeleceu o seu budismo. O mundo naqueles dias já se encontrava na última era dos ensinamentos de Shakyamuni. Essa era, chamada Últimos Dias da Lei (Mappo), caracterizava-se pela degeneração e perda da fé. Nichiren Daishonin veio ao mundo para revelar o Nam-myoho-renge-kyo, como o único caminho para as pessoas seguirem. Depois de converter os pais à nova fé, ele partiu para Kamakura, onde pretendia iniciar uma reforma religiosa pregando a doutrina do Sutra do Lótus na capital política da nação. Ao mesmo tempo em que pregava o Sutra do Lótus, refutava cada uma das seitas predominantes. Entre os leigos convertidos nessa ocasião estavam Toki Jonin, Shijo Kingo, Kudo Yoshitaka e os irmãos Ikegami. Na época, Nichiren Daishonin dirigiu duras críticas a algumas seitas budistas cujos sacerdotes recebiam total proteção do xogunato de Kamakura. Enfrentando as perseguições Durante os anos seguintes, mais e mais pessoas procuravam Daishonin para aprender sobre os seus ensinamentos. No início de 1256, o Japão foi atingido por uma série de desastres naturais, como inundações, incêndios e terremotos, e o povo sofria com a fome e as epidemias. Nichiren Daishonin sabia que a razão de tudo era a crença das pessoas em ensinamentos errôneos que prometiam a salvação e a felicidade após a morte e que se aliavam àqueles no poder em troca de proteção. Ele desejava ardentemente despertar o povo para o ensinamento revitalizador do Sutra do Lótus. Assim, no dia 16 de julho de 1260, enviou seu tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra ao regente aposentado Hojo Tokiyori, a pessoa mais influente na época. Porém, essa advertência foi ignorada e, quarenta dias depois, seguidores de outra seita budista atacaram a cabana de Daishonin e a incendiaram. Ele escapou por pouco dessa investida. A exposição desse tratado provocou a fúria de líderes políticos e religiosos, que lhe impuseram inúmeras perseguições e banimentos. Mesmo nos locais de exílio, passando por extremas privações, ele nunca se esqueceu de seus discípulos. As muitas cartas de agradecimento, de encorajamento e de resposta às questões de seus seguidores foram escritas nessas circunstâncias adversas. Essas cartas, junto com os tratados, compõem o chamado Gosho (escritos honoráveis). Em 1271, Nichiren Daishonin foi interrogado por Hei no Saemon-no-jo Yoritsuna, figura poderosa do xogunato, e por policiais do governo. Daishonin prontamente advertiu o militar sobre a postura inadequada das autoridades. Dias depois, o próprio Hei no Saemon-no-jo, acompanhado de alguns soldados, atacou a residência de Daishonin e o prendeu. Essa prisão foi seguida da tentativa de decapitação na praia de Tatsunokuchi, interrompida por uma esfera luminosa que cortou o céu da madrugada, cegando a todos. Os executores se recusaram a decapitar o Buda. Devido a esse episódio, Nichiren Daishonin, convicto de suas crenças, “abandona a condição transitória de mortal comum e revela seu verdadeiro aspecto de buda (hosshaku-kempon)”. Ainda nesse ano, as autoridades decidem exilar Daishonin na Ilha de Sado, caracterizada pelo frio mortal do inverno. O local para o qual foi enviado não tinha a mínima estrutura para a sobrevivência de um ser humano. Lá, ele escreve importantes obras como Abertura dos Olhos e O Objeto de Devoção para Observar a Mente. Em fevereiro de 1274, Daishonin recebe indulto do exílio e retorna a Kamakura. A missão do Buda Em 1279, ocorre a Perseguição de Atsuhara, na qual um grupo de seguidores de Nichiren Daishonin foi preso, torturado, intimidado e pressionado a abandonar a prática. Apesar disso, todos os discípulos se mantiveram firmes, o que ocasionou a expulsão de dezessete deles da vila onde moravam; e outros três foram executados. O surgimento de pessoas comuns a comprovar a fé sem poupar a própria vida levou Daishonin a alcançar o propósito de seu advento ao mundo. Em agosto de 1282, aos 61 anos, Daishonin parte de Minobu e se instala na residência de Ikegami Munenaka. Ele chega ao local no dia 18 de setembro e, no dia 13 de outubro, falece recitando serenamente Nam-myoho-renge-kyo e concluindo sua nobre missão. Nichiren Daishonin dedicou a vida a propagar a Lei Mística visando revelar o estado de buda de cada pessoa e eliminar a infelicidade de toda a humanidade. Ao mesmo tempo, durante a sua vida, combateu as funções malignas que tentavam obstruir a felicidade das pessoas comuns, enfrentando grandes obstáculos e perseguições. Atualmente, o Budismo de Nichiren Daishonin mantém-se como uma religião viva graças aos esforços dos membros da Soka Gakkai em todo o mundo, em especial, de seus três primeiros presidentes, Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda. Ikeda sensei comenta: Considerando seu o sofrimento da humanidade, Nichiren Daishonin hasteou resolutamente a bandeira do “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”, um princípio orientador para se alcançar a felicidade e a paz. O Buda expressa: “Poderia haver alguma dúvida de que (...) a grande Lei pura do Sutra do Lótus [Nam-myoho-renge-kyo] será amplamente propagada (kosen-rufu) no Japão e nas demais nações de Jambudvipa [o mundo inteiro]?”.1 Ele previu o kosen-rufu mundial e confiou sua realização aos discípulos das gerações futuras.2 No topo: ilustração retrata Nichiren Daishonin incentivando seus discípulos a abraçar a fé no Sutra do Lótus Fontes: Terceira Civilização, ed. 416, abr. 2003, p. 3.Brasil Seikyo, ed. 2.551, 13 fev. 2021, p. 6 e 7.Os Fundamentos do Budismo Nichiren para a Nova Era do Kosen-rufu Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2016. p.78 Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 574, 2020.2. Brasil Seikyo, ed. 2.337, 27 ago. 2016, p. B2. Ilustração: Kenichiro Uchida

24/01/2024

Painel

Novo encarte: Guia para a Vitória

GUIA PARA A VITÓRIA É um encarte temático mensal que os assinantes do Brasil Seikyo receberão sempre na segunda edição do mês. Ele pode ser utilizado em todas as reuniões do mês seguinte — do daimoku da comunidade e da reunião de palestra (encontro do diálogo humanístico) às visitas e aos diálogos com convidados (shakubuku). O encarte que acompanhará a segunda edição de janeiro do BS apresentará o tema “unicidade da vida e seu ambiente” (esho-funi). Com ele, os leitores compreenderão como estamos conectados a tudo o que nos rodeia e como nossas atitudes impactam diretamente nosso ambiente. Confira as informações do guia de fevereiro Será enviado aos assinantes em janeiro. Nele, serão apresentados: Matéria do mês (esho-funi); Espaços personalizados e interativos; Trechos do livro Nova Revolução Humana; Incentivos especiais; Ilustrações; Dicas e materiais complementares para suas atividades. Assinantes do BS digital ou dos planos digitais da Editora Brasil Seikyo também terão acesso a esse material via BS+ e site da editora! Assine o jornal Brasil Seikyo até 31/12/2023 e receba o encarte já no mês de janeiro! Acesse: www.brasilseikyo.com.br/assinaturas

14/12/2023

Vida - Princípios budistas no dia a dia

Buda e Deus

Quando conhecem o Budismo de Nichiren Daishonin, muitas pessoas ficam curiosas quanto à prática e aos princípios da filosofia budista. Uma das dúvidas mais comuns é com relação ao conceito de Deus. Algumas perguntam: “Existe Deus no budismo?”, “Vocês acreditam em Deus?” ou “Como o budismo define a existência de Deus?”. Para as religiões judaico-cristãs, por exemplo, uma das definições de Deus é a de um “ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe”.1 Mas o que o budismo entende por Deus? Transformação da vida O budismo teve origem na Índia com Shakyamuni, centenas de anos antes do estabelecimento do cristianismo. Com a expansão das religiões, o cristianismo se difundiu focado na crença de um Deus onipotente, onipresente e externo às pessoas. Shakyamuni teve o legado de seus ensinamentos exposto nos 28 capítulos do Sutra do Lótus. No Japão do século 13, ao estudar os ensinamentos desse sutra, Nichiren Daishonin revelou que sua essência está contida no próprio título: Nam-myoho-renge-kyo. Na época, o povo japonês passava por sofrimentos decorrentes de invasões e ataques dos mongóis, e também com epidemias e desastres naturais como terremotos, inundações, secas prolongadas e maremotos. Sentindo a angústia do povo, Nichiren Daishonin revelou o Nam-myoho-renge-kyo para que todas as pessoas enfrentassem e vencessem as dificuldades que estavam vivendo. O que é Nam-myoho-renge-kyo? Ele se manifesta no universo, nas estações do ano, nos elementos da Terra, nos animais, nos vegetais, nos seres humanos. É a essência real de todos os fenômenos. Em uma definição simples, pode-se dizer que significa “vida”, porém em sua essência, em um nível elevado e iluminado conhecido como estado de buda. Buda não é alguém a quem devemos pedir algo em oração, e sim uma condição de vida presente no interior de todas as pessoas. A recitação contínua do Nam-myoho-renge-kyo é denominada daimoku e faz com que o estado de buda se manifeste na forma de ilimitada coragem, compaixão e sabedoria. Ao recitar daimoku, qualquer pessoa eleva sua condição de vida, “olha” para dentro de si e inicia um processo de mudança interior que transforma a fraqueza em força, medo em coragem e em compaixão, angústia em esperança, e escuridão em sabedoria. Com base nessa transformação, abre-se um novo caminho em direção à felicidade, assim como afirma o presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda: Recitar daimoku nos capacita a construir um estado de felicidade absoluta em que estar vivo é em si uma alegria. Se continuarmos sempre essa recitação, não importa o que aconteça, desfrutaremos completa paz de espírito.2 Então, ao revelar o nome Nam-myoho-renge-kyo, Nichiren Daishonin fez com que o budismo retornasse à sua origem de empoderamento individual e social, possibilitando a cada pessoa tornar-se feliz exatamente como é, sem a necessidade de basear sua felicidade em um ser externo ou numa intervenção divina. Concluindo, no Budismo de Nichiren Daishonin, Buda não tem o mesmo significado de Deus. É uma condição de vida inerente a cada pessoa e que pode ser manifestada com a recitação do Nam-myoho-renge-kyo. Da mesma forma, o Gohonzon também não é Deus, e sim o objeto de devoção do Budismo Nichiren diante do qual concentramos nosso pensamento na Lei universal do Nam-myoho-renge-kyo e fazemos com que ela se evidencie profundamente em nossa vida. Colhemos o que plantamos Segundo os ensinamentos budistas, tudo na vida é regido pela lei de causa e efeito existente no universo. Os sofrimentos e a felicidade existem na vida de cada pessoa e se manifestarão de acordo com a força positiva ou negativa que cada um carrega. Se a força negativa for mais poderosa — criada pelas causas negativas acumuladas —, a tendência é que a pessoa viva em sofrimento. Do contrário, se a positiva for mais forte — gerada pelas causas positivas feitas pela própria pessoa —, ela será feliz. A Lei que rege o universo não é punitiva. Cada pessoa colhe o que plantou, ou seja, os frutos das causas que criou. Diálogo e respeito Um aspecto importante para as religiões é o respeito mútuo. Desconsiderar a existência de Deus para um cristão por sermos budistas é desrespeitar a pessoa e sua fé. Em seu romance Nova Revolução Humana, o presidente Ikeda salienta: Para criar uma era de paz é imprescindível o diálogo entre os religiosos. Isso se tornará uma questão crucial no futuro. É preciso iniciar o diálogo entre budistas e cristãos, budistas e judeus, budistas e islamitas. Mesmo que as convicções religiosas sejam diferentes, creio que todos acalentam o ideal comum de paz e felicidade da humanidade. O ponto básico é o ser humano, e aí se encontra a chave da harmonia da humanidade. Penso que as religiões, em vez de guerrearem entre si, deveriam disputar a corrida para o bem. (...) A corrida para o bem significa uma disputa entre as religiões no contexto do que estão fazendo para o bem da paz, para o bem da humanidade. É uma corrida humanitária (...) que conduz a si mesmo e aos outros para a felicidade. Isso pode ser disputado de várias formas. Por exemplo, no aprimoramento de excelentes jovens de grande valor e humanistas que contribuem para a paz do mundo ou na promoção de movimentos que proporcionem coragem e esperança às pessoas.3 Com base nesses pontos, vamos estudar o budismo para que possamos defender nossa fé convictamente, sem, no entanto, desrespeitar a fé das outras pessoas. Autoaprimoramento constante Por fim, com o estudo e a prática do Budismo de Nichiren Daishonin, aprendemos a nos aprimorar como autênticos seres humanos, tornando-nos pessoas indispensáveis e que influenciam na transformação das condições e circunstâncias ao nosso redor por meio de uma dedicação assídua visando ao kosen-rufu. Porém, esse autoaprimoramento e seus benefícios decorrentes não “caem do céu”. O presidente Ikeda orienta: Apesar de afirmarmos que “as orações são respondidas” no Budismo de Nichiren Daishonin, a concretização de nossas orações não é algo mágico ou oculto. (...) Assim como existem leis físicas tais como as que controlam a eletricidade, que os seres humanos habilidosamente descobriram como fazer uso, o budismo investigou e revelou a Lei da vida e do universo. Assim como a luz elétrica foi inventada baseada nas leis da eletricidade, Nichiren Daishonin inscreveu o Gohonzon para nós com base na suprema Lei do budismo.4 Fontes: Brasil Seikyo, ed. 1.565, 22 jul. 2000, p. C1. Idem, ed. 1.605, 26 maio 2000, p. A2. Idem, ed. 2.286, 8 ago. 2015, p. A8. Notas: 1. Disponível em: https://www.dicio.com.br/deus/ . Acesso em: 8 nov. 2023. 2. Terceira Civilização, ed. 539, jul. 2013, p. 30. 3. IKEDA, Daisaku. Alegria. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 5, p. 105-106, 2019. 4. Brasil Seikyo, ed. 1.516, 24 jul. 1999, p. 3. *** Iluminar o mundo Brasil Seikyo conversou com Wilson Ferreira da Silva, responsável pelo Núcleo de Estudos Filosóficos e Religiosos (Nefir) da BSGI sobre a importância de uma filosofia de vida. Brasil Seikyo: Olá, Wilson! Obrigado por nos receber. O que é o Nefir, quais são seus objetivos e de que forma atua? Wilson: Sou eu que agradeço. Como um núcleo da Coordenadoria Cultural da BSGI, o Nefir foi criado em fevereiro de 2004 com a denominação Núcleo de Estudo de Religiões (NER), assumindo ao longo de sua atuação aquilo que se tornou mais tarde nosso lema: “Iluminar o estudo da filosofia e da religião com o farol da cultura Soka”. Em nossos encontros, procuramos utilizar os diversos olhares do pensamento humano a fim de criar ondas de diálogos que aproximem o pensamento religioso e filosófico do Budismo Nichiren, como um grande aprendizado para todos os participantes. Dessa forma, os integrantes do Nefir têm produzido reflexões e eventos, apoiando as organizações da BSGI na propagação do budismo (shakubuku), por exemplo, disponibilizando pesquisas e participando de palestras e de diálogos sobre diversos temas da humanidade e da vida diária das pessoas. BS: Qual a importância de uma filosofia de vida para a felicidade das pessoas? Wilson: Todos nós, seres humanos, independentemente da cultura à qual pertencemos, queremos saber a “verdade”, isto é, a real natureza das coisas ou de nós mesmos: “O que é o mundo?”, “Qual é o sentido da vida?”, “O que significa a morte?”, “Quem sou eu?”. Essas indagações nunca cessam, e quanto mais procuramos saber, mais perguntas surgem. Normalmente, são experiências e ideias subjetivas, pautadas nas emoções, nas paixões individuais, baseadas no ponto de vista do sujeito, portanto, influenciadas por seus interesses e desejos particulares. Sem dúvida, a vida é um grande enigma a ser decifrado, conforme o presidente Ikeda expõe de forma ampla e profunda em seu livro Vida — Um Enigma, uma Joia Preciosa. Nessa busca pela “verdade”, deparamos com o auxílio da religião, da ciência ou da filosofia, cada qual seguindo os próprios conceitos, propondo uma visão de mundo particular, algumas vezes com percepções semelhantes, outras vezes antagônicas. Cada pessoa tem o livre arbítrio para se utilizar ou não dessas áreas do pensamento humano para sua felicidade e das demais pessoas. Todos nós possuímos valores próprios ou assimilados que determinam nossas ações. Quanto mais elevados e universais forem esses valores, maior a tendência de que reflitam de forma positiva em nossa vida. E esse processo é um exercício constante, uma evolução. BS: Que reflexos a filosofia humanística abraçada pelos membros da Soka Gakkai pode trazer em sua vida? Wilson: O presidente Ikeda tem ajudado a quebrar paradigmas, trazendo questões com as quais a humanidade se defronta e que muitas pessoas consideram aparentemente distantes de sua realidade, para uma compreensão mais acessível à luz do “farol da sabedoria milenar” do budismo. Ele comenta: Nosso mundo está um caos. Tanto a sociedade como o mundo das ideias estão num estado de confusão e desordem. (...) E muitos estão começando a pensar seriamente na religião — não como algo distante de suas preocupações diárias, mas como algo muito próximo de seus lares.1 Esse caos, essa confusão na qual nosso mundo se encontra, não surgiu do nada, foi construído ao longo dos séculos, sustentado por modos de pensar egocêntricos. Faz-se necessário rever e até substituir esse tipo de conduta baseado no egoísmo por pensamentos e ações que respeitem a dignidade da vida com sua abrangência, conforme o conceito budista da origem dependente (engi), que ensina que toda vida está inter-relacionada, que nada existe de forma isolada. Literalmente, o termo engi quer dizer “surgimento em conexão”. Em outras palavras, todos os seres e fenômenos existem ou ocorrem somente por causa de sua relação com outros seres ou fenômenos. Wilson Ferreira da Silva, responsável pelo Núcleo de Estudos Filosóficos e Religiosos (Nefir) da BSGI Nota: 1. IKEDA, Daisaku, Sabedoria do Sutra do Lótus. v. 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 129. Ilustração: GETTY IMAGES Foto: Arquivo pessoal

09/11/2023

Conheça o Budismo

Eterna missão

A questão da vida e da morte é sempre algo que desperta ao menos muita curiosidade a todos. Diversos fatores trazem dúvidas e natural temor para as pessoas, independentemente de sua posição socioeconômica, do grau de escolaridade, da idade e de outros aspectos. O único fato evidente para qualquer um é que a morte é certa e representa irremediavelmente o fim de um ciclo. Mas como enfrentá-la, em especial no que se refere à perda de pessoas próximas e de entes queridos? Como encarar a própria morte? A elevada filosofia de vida do Budismo de Nichiren Daishonin oferece uma visão concreta sobre essa questão complexa da vida e da morte. Essa visão não se restringe apenas aos aspectos teórico e filosófico, e sim algo que, acima de tudo, proporciona coragem e esperança em vida. O que acontece após a morte? O presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, traz a visão budista sobre o tema: O ensinamento supremo do budismo, que concebe o “estar vivo” como um estado ativo e a morte como um estado latente, fornece uma visão profunda e magnífica da eternidade da vida. Além disso, elucida a unicidade da vida e da morte. A vida é ativada por uma força subjacente maravilhosa. Quando em seu estado latente, entra em contato com as causas e condições apropriadas, torna-se manifesta e assume a forma de um ser vivo dinâmico detentor de rica individualidade. Depois, essa vida flui e caminha serenamente para a morte. Mas, ao entrar em sua fase potencial latente, armazena uma nova energia, aguardando a nova fase de vida que se seguirá. (...) Essa é a natureza da vida e da morte inerente a tudo, e o Nam-myoho-renge-kyo compõe a base desse ritmo intrínseco do universo.1 Viver com alegria Como vimos, o Budismo de Nichiren Daishonin baseia-se no conceito de eternidade da vida, mas também expõe que não se pode evitar os sofrimentos de nascimento, envelhecimento, doença e morte, pois são inerentes à vida de todas as pessoas, conforme Ikeda sensei ressalta: A mensagem essencial do budismo não é pessimista ou negativa nem representa um otimismo infundado. O budismo examina diretamente o sofrimento da vida e propõe uma filosofia para se viver com alegria lidando ativamente com a realidade, em vez de tentar se esquivar dela. Não se pode desfrutar a felicidade verdadeira fugindo do sofrimento. Uma alegria indestrutível, perene e inesgotável só pode ser alcançada distinguindo a verdadeira realidade do sofrimento a que gostaríamos de nos furtar, e encarar com coragem o desafio e vencê-lo.2 A elevação da condição de vida interior por meio da prática budista com base na recitação do Nam-myoho-renge-kyo nos proporciona aprofundar nossa compreensão da questão da origem dos sofrimentos à luz da lei de causa e efeito. Assim, podemos atuar ativamente para não sucumbirmos a eles, mas viver com coragem, sabedoria e compaixão para direcionarmos nossa vida e de outras pessoas para a felicidade inabalável. Entes queridos Num trecho do escrito O Inferno é a Terra da Luz Tranquila,3 Nichiren Daishonin encoraja uma seguidora, a monja leiga de Ueno, que havia perdido o esposo, supostamente há quase dez anos, deixando-lhe nove filhos pequenos para criar, sempre com base em profundos princípios do budismo. Ele diz: Quando [seu marido] estava vivo, ele era um buda em vida, e agora é um buda em morte. Ele é um buda tanto em vida quanto em morte. Esse é o significado da doutrina fundamental chamada atingir o estado de buda na forma que se apresenta.4 Sobre essa passagem, o presidente Ikeda comenta: Com profundo afeto, ele conforta a monja leiga de Ueno, dizendo-lhe que todos os que compartilham os laços da fé — os companheiros praticantes, os familiares ou os amigos —, sem falta, voltarão a se encontrar. Ser um “buda em vida” significa evidenciar nosso estado de buda inato com base nessa consciência, e nos levantarmos com coragem no palco de nossa missão, sem nos afastar da dura realidade cotidiana, não só pela felicidade pessoal, mas também pela felicidade dos demais. Ser um “buda na morte” significa entrar no caminho eterno da infinita alegria da Lei4 depois de ter cumprido a missão nesta existência, e empreender a viagem seguinte pelo caminho do bodisatva para continuar cumprindo o juramento de conduzir as pessoas à iluminação.5 Portanto, viver com base no cumprimento da própria missão e do juramento seigan de atuar pelo kosen-rufu ilumina nossa vida, existência após existência, e nos guia através das sucessivas ondas da vida e da morte pela rota segura da verdadeira felicidade. Assim, o Mestre expressa: O propósito desta existência é desenvolver elevada condição de vida, por meio da qual possamos sentir verdadeiramente que somos budas em vida e na morte e que tanto uma condição como a outra estão imbuídas de alegria. Em outras palavras, cada momento desta existência é uma luta para consolidar essa condição de vida.6 Sugestão de leitura Livro Desvendando os Mistérios da Vida e da Morte, de Daisaku Ikeda (Editora Brasil Seikyo) Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.541, 28 nov. 2020, p. 17. Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.260, 31 jan. 2015, p. B3. 2. Ibidem. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 477, 2020. 4. Infinita Alegria da Lei: A felicidade suprema e ilimitada do Buda, o benefício da Lei Mística. 5. Brasil Seikyo, ed. 2.541, 28 nov. 2020, p. 17. 6. Ibidem. Fotos: GETTY IMAGES / BS

09/11/2023

Rede da Felicidade

Cultivar a eterna felicidade

Estes trechos do romance Nova Revolução Humana, de autoria do presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, retratam um diálogo durante uma reunião de palestra com membros da organização de Hong Kong, em 1961, sobre o significado da vida e da morte. [Uma integrante da Divisão Feminina perguntou sobre a visão da vida e da morte no budismo.] — É uma questão de suprema importância. Desvendar os mistérios da morte é fundamental para todas as pessoas e religiões. Como é um assunto bastante extenso, irei expor só pontos essenciais. (...) As circunstâncias em que nascemos e nossa aparência são muito diversificadas. A única explicação é que todos os seres humanos são portadores de um destino inato na vida. Se um deus onipotente os tivesse criado, então todos seriam iguais. Se a vida fosse restrita a uma única existência, quem nasceu sob a estrela do infortúnio não conseguiria evitar o ódio pelos pais, e os culpariam, assim como não teriam ânimo para viver. E outros, nascidos em boas condições, chegariam à conclusão de que deveriam simplesmente aproveitar a vida e seguiriam por um caminho inconsequente e superficial. Se limitarmos a tentativa de investigar a fundo a origem desses destinos a uma única existência, isso não nos levará a lugar algum. A única maneira de explicar esta questão é com a visão de que a vida é eterna, com infindáveis ciclos de nascimento e morte. Shin’ichi olhou o rosto dos presentes. Eles estavam sérios, ouvindo-o atentamente. — Baseado na lei de causa e efeito que permeia as três existências — passado, presente e futuro —, o budismo revela a causa fundamental do carma e indica o caminho da transformação do destino. E como o carma é formado? Ele não foi criado por outra pessoa; nós próprios o criamos em existências passadas. Embora seja difícil de entender, o carma é formado pelo acúmulo de palavras, pensamentos e comportamento. Por exemplo, enganar pessoas e torná-las infelizes ou tirar-lhes a vida são causas que formam o carma negativo. A causa que forma o mais negativo dos carmas é caluniar a Lei sob a influência de falsas religiões, porque isso constitui uma oposição à Lei fundamental da vida. Com relação à questão da vida após a morte, a resposta é que a vida se funde com o Universo. O [segundo] presidente [da Soka Gakkai, Josei] Toda comparou esse estado com o ato de dormir no final do dia. Despertar do sono para um novo dia equivale à existência futura. A vida é, portanto, uma sucessão desses atos. O importante aqui é que o carma não desaparece com a morte e continuará pela próxima existência. Se morrer em meio a um extremo sofrimento e infortúnio, na existência seguinte enfrentará as mesmas dificuldades. Se morrer odiando os outros, nascerá num ambiente em que terá de viver detestando as pessoas. Não há como fugir do destino mesmo com a morte. Não é possível libertar-se dos sofrimentos mesmo que se cometa suicídio. Por outro lado, se estabelecer um estado de felicidade e encerrar a vida com plena satisfação, nascerá num bom lugar na próxima existência e poderá novamente seguir pelo curso da felicidade. (...) Shin’ichi prosseguiu: — Existe, então, alguma forma de transformar o destino e conquistar a verdadeira felicidade? A resposta é sim. E quem elucidou isso para nós, que vivemos nesta era dos Últimos Dias da Lei, foi o buda Nichiren Daishonin. Essa forma é orar daimoku ao Gohonzon e propagar a Lei Mística. Esse é o modo de viver praticando o supremo bem, que está embasado na Lei da vida. É também o único caminho para estabelecer um estado repleto de satisfação e de eterna felicidade. (...) Algumas pessoas alegam que os membros da Gakkai não deveriam perder a vida em aciden-tes ou morrer devido à doença. Nesses casos, o budismo revela com muita clareza que é um ato de amenização do efeito cármico desde que perseveraram na prática da fé. Alguém que iria sofrer repetindo inúmeros ciclos de nascimento e morte para então diminuir aos poucos o peso do seu carma, consegue transformá-lo totalmente e assim alcançar a iluminação. Uma das provas dessa verdade é o aspecto do falecido. Com base nos sutras, Nichiren Daishonin descreve-o dizendo, por exemplo, que o corpo fica amolecido. O presidente Toda faleceu com sorriso nos lábios; era realmente um aspecto de iluminação. Eu já presenciei até agora o falecimento de muitas pessoas que se dedicaram até o último momento em prol do kosen-rufu como verdadeiros mensageiros do buda, independentemente das circunstâncias em que tenha ocorrido a morte, e sei que jamais haverão de sentir os sofrimentos do inferno de profunda angústia e medo. O sutra elucida que mil budas esten-dem as mãos para acolher o falecido em seus braços. A profunda convicção na fé na hora da morte é a própria iluminação. Portanto, uma pessoa assídua na prática da fé é um “buda em vida”, e após o falecimento é um “buda em morte”. Como prova disso, infalivelmente os familiares dos falecidos também se tornam felizes. Por mais que sofram deparando com infortúnios, jamais deverão abandonar a prática. Confrontar obstáculos é uma chance para transformar o destino. Do ponto de vista da eternidade da vida, os sofrimentos nesta existência não passam de uma fração de segundo. E é com isso que se abre a eterna felicidade no futuro. Shin’ichi continuou: — Nichiren Daishonin disse: “Estude primeiro sobre a questão da morte para depois estudar outros ensinamentos”.1 Sem a correta compreensão da morte, não é possível pensar “para que morrer” ou “como morrer” dignamente como ser humano. Sendo assim, não se consegue obter também uma resposta para a questão de como viver com dignidade. Tanto a vida como a morte são faces opostas de uma mesma moeda. (...) Shin’ichi colocou mais entusiasmo em suas palavras e enfatizou: — Nascemos como seres humanos nesta existência, pudemos conhecer a lei fundamental do grande Universo e temos a oportunidade de nos dedicar em prol do kosen-rufu como membros da Gakkai. (...) Isso é muito mais difícil que acertar inúmeras vezes o primeiro prêmio da loteria. Devido à nossa grande boa sorte e à nobre missão é que tivemos a chance de manifestar a felicidade absoluta em nossa vida. No entanto, (...) há quem abandone a prática budista sem compreender a grandiosidade do fato de ter nascido como ser humano e praticar o budismo. Isso é lamentável. Para nós, esta existência é uma rara oportunidade de atingirmos o estado de buda. Jamais desperdicem isso. Apesar de falarmos em vida eterna, tudo se determina no presente. Tanto o passado como o futuro estão contidos neste momento. Por favor, vivam cada instante e cada dia com alegria e gratidão, empenhando-se ao máximo em prol do kosen-rufu. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. No topo: ilustração retrata Shin’ichi Yamamoto incentivando os membros de Hong Kong Ilustração: Kenichiro Uchida Fonte: IKEDA, Daisaku. Retorno do Budismo para o Oeste. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 3, p. 47-53, 2018 Nota: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 759, 2006.

26/10/2023

Meu Bloco, Minha Alegria

Assuma o controle da sua vida

Imagine a seguinte situação: desejo comer bolo de chocolate, mas não sei como prepará-lo. Tenho duas opções: procuro alguém que saiba fazer o bolo ou recorro ao caderno de receitas onde encontro os ingredientes necessários e modo de preparo. Até a confecção do bolo, decifro vários procedimentos: como medir a quantidade de farinha, untar a forma e preaquecer o forno. Porém, após a primeira mordida nessa iguaria, tenho a satisfação, o mérito, de apreciar o bolo feito por mim, mesmo não sendo especialista nessa arte. Com essa pequena comparação, podemos perceber que, apenas com a teoria, ou seja, somente lendo a receita, não conseguiríamos alcançar o resultado desejado. É necessário colocarmos a mão na massa, isto é, aplicar a teoria na prática. Devemos nos aprimorar constantemente em cada momento da nossa vida. E dar o primeiro passo é fundamental. Estudar o budismo não é somente um exercício teórico. Compreende exercitá-lo em nosso dia a dia, uma ação fundamental para expandirmos nosso movimento da cultura de paz. Por que estudar o budismo? O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, responde a essa questão afirmando: Estudar o budismo serve para que cada pessoa se desenvolva como grandioso e bravo praticante budista. (...) Eternamente, estudem o budismo para se tornar felizes.1 O estudo do budismo é a bússola para superarmos nossos desafios com coragem e sabedoria. Ao estudarmos o Gosho, por exemplo, somos motivados pela coragem de Nichiren Daishonin e de seus discípulos que enfrentavam várias questões, sem jamais esquecer os ideais da revolução humana individual e coletiva. Movimento de estudo No mês de setembro, nas organizações de base da BSGI, aconteceu o Movimento de Estudo do Budismo destinado aos membros do nível Admissão e os jovens. O estudo proporcionou um diálogo sobre os princípios budistas, a vida de Nichiren Daishonin, o daimoku, entre outros assuntos. Compartilhamos o exemplo da Comunidade Jardim Tranquilidade, da RM Itapegica, CGSP. Sua líder da Divisão Feminina, Bárbara Cardeliquio Barros, afirma que os membros da localidade adoraram os estudos promovidos virtualmente: “Nossos encontros por comunidade foram muito importantes para o nosso aprimoramento pessoal. Também conseguimos nos aproximar dos membros e trouxemos muitos convidados, mesmo a atividade sendo realizada de modo virtual. Aprendi e relembrei conceitos budistas fundamentais para a minha prática”. E, aplicando o estudo na vida, Bárbara comenta: “Compreendendo e ultrapassando todos os obstáculos da minha vida, e com as orientações do meu mestre, Daisaku Ikeda, entendi que devo atuar e me dedicar à felicidade das pessoas onde ele não pode estar”. Finalizamos com outro incentivo de Ikeda sensei sobre a importância do estudo do budismo: Épocas de provações são oportunidades pra dar um salto adiante em direção a uma felicidade mais ampla. (...) O importante é vencer no final, nunca perder o espírito de lutar, por mais difícil que seja a situação.2 Como salienta o Mestre: “O estudo dedicado sempre resulta no crescimento pessoal”.3 Atividades do Movimento de Estudo do Budismo em diversas organizações da BSGI No topo: Encontro para estudo do budismo promovido pela Comunidade Jardim Tranquilidade, CGSP Fotos: Colaboração local Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.460, 23 mar. 2019, p. B1. 2. IKEDA, Daisaku. Coragem. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 55. 3. Brasil Seikyo, ed. 1.293, 22 out. 1994, p. 3.

26/10/2023

Caderno Nova Revolução Humana

“Tudo começa a partir de uma única pessoa”

PARTE 49 Dos três jovens, uma integrante da Divisão Feminina de Jovens disse: — Iniciei minha prática há um ano. Na cidade onde moro, só eu pratico o budismo. Para ir ao local da reunião de palestra leva algumas horas. Mesmo nessas condições é possível ampliar o círculo de compreensão sobre o budismo na localidade? Shin’ichi respondeu de imediato: — Não se preocupe. Afinal, você está lá, não é mesmo? Tudo começa a partir de uma única pessoa. Deve se tornar uma pessoa admirada em sua localidade. Se tiver uma única árvore de grandes proporções, as pessoas se reunirão em torno dela nos dias de intenso calor para se refrescar e nos dias de chuva para se proteger dela. Se você que abraçou o budismo for admirada e confiada por todos, tal como a grande árvore, esse fato em si trará a simpatia das pessoas pelo budismo e resultará na propagação dos ensinamentos. Por favor, desenvolva a si mesma como uma grande árvore. Torne-se uma valorosa grande árvore da localidade. Quando o trem se aproximava da estação de Sceaux, onde se localiza a sede de Paris, o poema havia sido totalmente concluí-do, e o título ficou definido como Dedico aos Meus Amados Jovens da Lei Mística da França. Quando a comitiva chegou à sede, os membros iniciaram imediatamente a tradução do poema. Realizando os acertos com Eiji Kawasaki, presidente do conselho de orientação da Europa, Shin’ichi propôs: — Que tal estabelecermos o dia de hoje em que se realiza a Primeira Reunião de Representantes da Divisão dos Jovens como o “Dia da Divisão dos Jovens da França”? O Sr. Kawasaki poderia consultar a todos? Nesse dia, na sede de Paris, foi promovido o Festival Cultural da Amizade, e no segundo dia, o Conselho Superior da França. Além disso, às 17h30, foi realizada em alto astral a Reunião de Representantes da Divisão dos Jovens. Quando Kawasaki transmitiu a proposta de Shin’ichi para definir o dia 14 de junho como o “Dia da Divisão dos Jovens da França”, houve enorme salva de palmas em concordância. Em seguida, um líder da Divisão Masculina de Jovens da França apresentou o poema Dedico aos Meus Amados Jovens da Lei Mística da França. PARTE 50 A poderosa voz da leitura do poema ressoava pelo local. Todos sentiram o brado da alma de Shin’ichi. Os olhos dos jovens da França brilhavam, e ardiam as chamas da decisão rumo à jornada da nova era: Neste momento, levantam-se aqui duzentos jovens. Vocês, jovens, em pé no topo da montanha do segundo ato do kosen-rufu da França, demonstrem a canção triunfal e a altiva aclamação. Rumo à data indicada de 14 de junho de 2001 — esse é o dia. Assim terminou a leitura do poema. Após um segundo de silêncio, os aplausos de emoção e de juramento se estenderam por todo o recinto. Nesse dia, no coração dos jovens da França ficou gravado de forma clara o objetivo da vida e do kosen-rufu, o ano de 2001. Quando se possui um objetivo, o sol brilha no grande céu do futuro, e surge um belo arco-íris da esperança. Se possuir um objetivo na vida, aflora a força em cada passo da caminhada. Shin’ichi posou para uma foto comemorativa junto com todos os participantes, felicitou-os pela nova partida e os incentivou: — Vamos, inicialmente, objetivar o futuro daqui a vinte anos. Por favor, em prol da paz e da felicidade das pessoas, capacitem-se polindo e fortalecendo a si mesmos com perseverança. A base para vencer em tudo está em não ser derrotado por si próprio. “A forte perseverança é o único caminho para a conquista dos objetivos”.1 Essa é a máxima do poeta Schiller, o qual indica o ponto mais importante para se conquistar a vitória na vida. Também em Paris, Shin’ichi dedicou toda a força aos diálogos sobre a prática da fé. Em especial, com os jovens, ele procu-rou criar várias oportunidades para falar sobre os pontos fundamentais da prática da fé, bem como sobre o modo de viver de um budista. Ele desejava desenvolver a todos como grandiosos seres humanos de valor a se encarregar pelo século 21. Por isso, com o sentimento de devotar a própria vida, realizou sucessivos diálogos com total seriedade. Em um dos diálogos, ele disse: — O budismo prega que todos são nobres pessoas de missão a se responsabilizar pelo kosen-rufu e são bodisatvas da terra. Quando a pessoa desperta para essa missão, manifesta a maior e a mais elevada capacidade. PARTE 51 O kosen-rufu se realiza com a força da união. Nessa união, o ponto importante e decisivo está em que tipo de concepção de ser humano as pessoas possuem. Por essa razão, Shin’ichi pensou em falar sobre união, voltando à concepção do ser humano pregada no budismo de que todos são pessoas de missão. — Embora todos tenham igualmente a missão pelo kosen-rufu, os respectivos papéis concretos variam de indivíduo para indivíduo. Por exemplo, para se levantar uma casa, há pessoas que trabalham na construção do alicerce, outras na carpin-taria e algumas no acabamento interior. Uma bela casa é concluída quando cada pessoa se empenha com responsabilidade em seus respectivos afazeres. O grande empreendimento do kosen-rufu também é realizado reunindo pessoas com os mais diversificados papéis que unem suas forças, cada qual manifestando sua personalidade nas respectivas posições e áreas de atuação. Mesmo que haja diferenças de posição e de área de atuação, não significa absolutamente qualquer superioridade ou inferioridade como ser humano. Portanto, os membros devem avançar respeitando mutuamente suas características e personalidades, e incentivando-se e fortalecendo os laços da fé. Esse é o aspecto de união budista chamada “diferentes em corpo, unos em mente”. Na Soka Gakkai existe a estrutura organizacional, mas isso não passa de uma questão funcional para promover as atividades de forma racional. Consequentemente, o cargo é uma posição funcional e não indica, em absoluto, qualquer classificação do ser humano. Porém, a função é acompanhada de responsabilidade. Por isso mesmo, o líder enfrenta mais dificuldades e preocupações que as outras pessoas. É importante que os membros respeitem os líderes que se dedicam em prol de todos, cooperem com eles e os protejam. Em seguida, referiu-se à atitude de um líder: — Aos líderes, solicito que sejam magnânimos e compreensivos com todos, e tenham flexibilidade no coração, sem nunca se perderem no sentimentalismo. Se o líder estiver sempre tenso, com aspecto de estar sendo perseguido e sufocado por algo, não é possível conduzir os membros de forma alegre e apropriada. Quem sofre são os membros. Daqui para a frente, as características mais almejadas de um líder são a tolerância e o calor humano. Quanto conseguir elevar sua personalidade será a própria comprovação do poder da fé. Por favor, observem o próprio interior e, com a disposição de desenvolver a si mesmos, elevem sua condição de vida, recitando daimoku e se empenhando na prática budista. PARTE 52 Ele enfatizou também a importância das pequenas reuniões: — Outro ponto importante é realizar constantemente as pequenas reuniões. Mesmo que haja ocasiões em que os membros não se reúnam, deve-se estreitar os laços de confiança e de amizade, incentivando a todos, esclarecendo suas dúvidas e dialogando até a perfeita compreensão. A exemplo das ondas do mar que batem nas rochas desgastando-as, a persistência em promover pequenas reuniões mês após mês e ano após ano faz com que se crie a força da união e do avanço. Nessa repetição, de forma estável e constante, onde ninguém consegue enxergar, encontra-se a linha vital que determina a vitória ou a derrota. Ele prosseguiu: — A Resistência Francesa (La Résistance) contra o nazismo é muito conhecida. Desejo que avancem com o movimento de resistência contra a degradação e a maldade inerentes ao próprio coração. E, para transformar a infelicidade do mundo em felicidade, por favor, desenvolvam a Resistência (La Résistance) do budismo. Pelo bem da amada França, tornem-se o pilar da comunidade, confiado e querido por todos, resplandecendo o brilho de sua personalidade em meio à realidade da vida diária! Durante um mês, desde o dia 16 de maio, quando Shin’ichi chegou à Europa vindo da União Soviética, ele realizou diálogos sobre a prática da fé em todos os locais visitados, além de incentivar e orientar devotando a própria vida. Esse era o único meio concreto para abrir a nova era do kosen-rufu da Europa. A construção do futuro inicia-se pela criação de pessoas. Além disso, ele pensava firmemente: “O Budismo Nichiren é uma religião mundial. Assim sendo, a maré do kosen-rufu no século 21 deve ser provocada em cada região do mundo”. Na manhã do dia 16 de junho, Shin’ichi recebeu a visita do reitor honorário da Universidade Paris-Sorbonne, Alphonse Dupront, e de sua esposa, com o qual já mantinha uma amizade antiga, nas dependências do hotel em que estava hospedado. Nesse encontro, dialogou e trocou opiniões sobre cultura europeia e educação universitária. Na tarde desse dia, o avião com a comitiva de Shin’ichi decolou do aeroporto Charles de Gaulle rumo a Nova York, Estados Unidos. A jornada do kosen-rufu é uma estrada a ser desbravada sempre com um novo espírito de luta. É uma estrada de desafio a ser percorrida sempre com um novo tema. É uma luta constante em que não se permite um único momento de hesitação ou de estagnação. Nos olhos de Shin’ichi resplandecia brilhantemente o novo continente da esperança do kosen-rufu que se estendia para o século 21. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Nota: 1. Friedrich Schiller Die Gedichte [Os Poemas de Friedrich Schiller]. JOCHEN GOLZ, Herausgegeben von (ed.). Editora Insel Verlag. Ilustrações: Kenichiro Uchida

11/10/2023

Editorial

Caminhar com passos firmes

A planta índigo, ou anileira, é usada desde o passado para tingimento. Uma curiosidade desse processo é que, quanto mais se mergulha algo na tinta, um azul ainda mais intenso surge. Utilizando-se dessa metáfora, que também consta no Sutra do Lótus, Ikeda sensei dedicou esforços e depositou seu tempo no treinamento e na criação dos jovens, mergulhando-os várias e várias vezes em desafios para extrair a mais intensa e inesquecível vitória. Ao fundar a BSGI, em 19 de outubro de 1960, o Mestre depositou no solo brasileiro as sementes para se cultivar jovens que seguissem firmemente seus passos na jornada do kosen-rufu. Nesta edição do Brasil Seikyo, você viajará na história da BSGI e no ciclo do primeiro ano da Academia Índigo, que coloriu de maneira brilhante o “azul mais azul que o índigo”. Como se observasse esses jovens firmarem o juramento, Ikeda sensei declara em seu poema completo nesta edição. O kosen-rufu é o desejo do Buda, e o grande caminho da esperança da humanidade. Felicidade das pessoas e a paz do mundo — não há existência tão valorosa e sem arrependimentos como aquela do juramento seigan de viver por esse nobre ideal.1 Enxergando o mundo com lentes coloridas, Maria Cristina Serravalle Gomes, do Rio de Janeiro, se mantém na órbita eterna de mestre e discípulo. Ela diz que seu relato é uma canção, e o daimoku, seu canto da vitória. De maneira emocionante, afirma: “Quero renascer fukushi!”.2 Veja relato na íntegra nesta edição. A trajetória vitoriosa de Cristina é a prova da correnteza que cresce e pulsa com mais e mais vigor, e comprova as palavras do discurso de Ikeda sensei exibido na 15ª Reunião de Líderes da Soka Gakkai: Uma pessoa forte, que tem uma forte energia vital, transforma todos os sofrimentos e tristezas em um elemento essencial para a felicidade. (...) Em nossas atividades da Soka Gakkai, em nosso trabalho e em nossa vida em geral, somos confrontados, em certo sentido, por uma contínua série de problemas e sofrimentos. Mas a Lei Mística é a lei maravilhosa que transforma todos esses sofrimentos em elementos e causas essenciais para a felicidade. (...) A Lei Mística é a lei eterna e imperecível do universo e de toda a vida. Essa lei contém a “chave secreta” para a felicidade.3 Desejamos a você, leitor, uma profunda imersão neste BS repleto de incentivos e que, por meio da leitura feita repetidas vezes, você extraia coragem e sabedoria! Ótima leitura! Galhos de uma variedade da planta índigo Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.644, 14 out. 2023, p. 3. 2. Fukushi: Quem nasce em uma família de praticantes do budismo. 3. Brasil Seikyo, ed. 2.644, 14 out. 2023, p. 3.Ilustração: GETTY IMAGES

11/10/2023

Especial

Desbravar os caminhos para a paz

O fim da década de 1950 foi tumultuado e decisivo para a Soka Gakkai. O grande sonho do segundo presidente da organização, Josei Toda, havia sido alcançado. O que parecia distante e impossível aconteceu. A Soka Gakkai, então com mais de 750 mil famílias, estava em franco desenvolvimento sob a forte liderança de Josei Toda. Mas, inesperadamente, em 2 de abril de 1958, ele faleceu. O grande ideal do kosen-rufu estava, aparentemente, ameaçado com a morte do mestre e líder principal do movimento. A imprensa e muitos setores da sociedade duvidavam que seria possível alguém liderar a organização tal como ele. No entanto, seu discípulo, Daisaku Ikeda, ainda tão jovem e enfrentando bravamente inúmeros desafios e perseguições, assumiu a presidência da Soka Gakkai em 3 de maio de 1960. Em um ensaio, ele relata: Escrevi em meu diário: “Lutarei para provar ao mundo inteiro a grandiosidade do meu mestre. Seguirei sempre adiante. Avançarei resolutamente, vencendo as ondas bravias de obstáculos e maldades”. (...) O último desejo de Toda sensei — “Depois que eu me for, confio tudo a você” — não deixou meus pensamentos por um breve momento sequer.1 Exatamente 152 dias após tomar posse, partiu, em 2 de outubro, para sua primeira viagem ao exterior. Junto com ele estavam seis líderes da Soka Gakkai. Em seu bolso, havia uma foto do mestre Toda. Em seu coração, o juramento de ser um agente ativo da paz mundial por meio da propagação dos ideais humanísticos do Budismo Nichiren. Naquela época, a humanidade sofria com o tormento da chamada Guerra Fria (1941 a 1997) — conflito entre os blocos capitalista e socialista liderados pelos Estados Unidos e pela ex-União Soviética — assinalado pela produção massiva de armas nucleares. No avião, ele não conseguia deixar de se lembrar das fortes palavras de Josei Toda quando este lhe contou que sonhara ter ido ao México: Eles estavam esperando. Todos aguardavam ansiosamente a chegada do Budismo de Nichiren Daishonin. Como eu quero viajar pelo mundo numa jornada pelo kosen-rufu... Shin’ichi, o mundo é seu desafio, seu verdadeiro palco. O mundo é vasto.2 Nessa sua primeira viagem, Ikeda sensei visitou nove cidades de três países, iniciando no Havaí, na cidade de Honolulu, e, depois, respectivamente, para Estados Unidos (São Francisco, Seattle e Chicago); Toronto, no Canadá; Nova York e Washington, novamente nos Estados Unidos; São Paulo, Brasil; e retornou à América do Norte, desta vez para Los Angeles. Depois de 23 dias de viagem, voltou ao Japão no dia 25 de outubro. Durante a visita ao Brasil, o presidente Ikeda desafiou a própria condição precária de saúde para cumprir o propósito de fundar o Distrito Brasil, o primeiro fora do Japão, no dia 20 de outubro. E o dia 19, data de sua chegada ao país, é considerado o Dia da Fundação da BSGI. A vitória nesse empreendimento só foi possível pelo forte desejo de Daisaku Ikeda de corresponder ao seu mestre, Josei Toda. Essa determinação inabalável tornou-se a pedra fundamental para a expansão do budismo em nível mundial. Em seu respectivo país, os membros da SGI têm se levantado para garantir a perenidade do movimento em prol do kosen-rufu, comprovando na própria vida a prática budista e contribuindo para a transformação social em busca de um mundo pacífico. Contribuir para a paz e para o entendimento entre as pessoas está ao alcance de todos. Conheça iniciativas de dois integrantes da BSGI para promover essas ações na sociedade por meio da cultura e da arte: Amigos dos livros Eu me chamo Leila, moro em Jundiaí, SP, sou mãe do Yuki Cabral Mori, de 8 anos, e casada com André Arevalos Mori, meu shakubuku recente. Vitória! Estou há 32 anos no ambiente Soka e todos os dias são recomeço para mim. Depois que me tornei mãe, meu sentimento de retribuir todo carinho recebido na organização desde criança e de contribuir para as futuras gerações passou a ser ainda mais forte. Aprendemos que a paz é um movimento que depende de cada um de nós, agindo no local de atuação. No condomínio onde moro, tenho promovido um encontro que denominamos “Seus Livros Merecem Novos Leitores”. É um ambiente incrível, de troca e de estreitamento dos laços de amizade. Até agora foram dois encontros, e, no último, ouvimos sobre os bastidores de uma editora, compartilhados por nossa apoiadora e amiga Sevani de Matos Oliveira, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Foi maravilhoso ver o encantamento das crianças. O desejo só se fortalece. Construir a paz aqui e agora. Leila Marques Cabral, 47 anos, responsável pela Divisão Feminina da Comunidade Eloy Chaves, RM Jundiaí, CGESP. Livros expostos no encontro e, no detalhe, Leila, à esq., e a amiga Sevani *** Música transformadora No livro Romper Barreiras, o presidente Ikeda lembra que a música “tem um poder imensurável de unir os corações humanos no nível mais profundo”.3 Com a Manaus Brass Band, tivemos a chance de comprovar essa citação, porque, em sua formação, a diversidade socioeconômica e técnica dos músicos participantes não foi empecilho para atingirmos um trabalho de excelência nesse projeto que tenho a oportunidade de coordenar. Durante nossos ensaios, jamais deixamos de citar a verdadeira importância da música no coração do público que aprecia nosso trabalho: evocar sentimentos positivos; desenvolver a mente, provocar a sensação de bem-estar; promover o relaxamento; buscar o equilíbrio e, consequentemente, a paz. Naturalmente, mesmo em pequenas proporções, nós nos transformamos em atores principais para a paz no século 21, pois, com nossa arte, podemos colaborar com o processo de transformação interior e aprimoramento de cada cidadão e incentivá-lo a realizar a própria revolução humana. Sidinei da Silva Rosa, 56 anos, responsável pelo Distrito Parque Dez, RE Amazonas, CRE Oeste Sidinei, ao centro, com a Manaus Brass Band em evento realizado no Instituto Soka Amazônia Notas: 1. Terceira Civilização, ed. 422, out. 2003, p. 7.2. IKEDA, Daisaku. Alvorecer. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 10, 2019.3. IKEDA, Daisaku; HANCOCK, Herbie; SHORTER, Wayne. Romper Barreiras: Um Diálogo sobre Música, Budismo e Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. p. 135.Fotos: Seikyo Press / Arquivo pessoal

21/09/2023

Caderno Nova Revolução Humana

Jovens que vivem o kosen-rufu

PARTE 45 Victor Hugo sofreu com a opressão do presidente Charles Louis-Napoléon (posterior Napoleão III), que se tornava um ditador, e foi forçado ao exílio. Durante o exílio, ele anunciou o livro Napoleão, o Pequeno, que descrevia o impeachment do presidente, e concluiu sua grande obra Os Miseráveis, em atitude semelhante a Dante Alighieri, o qual escreveu A Divina Comédia ao ser deportado de Florença. O fato de eles terem produzido suas obras-primas em meio à mais terrível circunstância deve estar relacionado com o forte espírito de combate contra as maldades. Em uma vida afiada pela decisão de realizar uma luta de vida ou de morte contra as maldades, surge com clareza o discernimento do que é certo e errado do ser humano, do bem e do mal, da verdade e da falsidade. E a ira contra a maldade se torna a paixão pela justiça. O retorno de Victor Hugo à pátria, a França, só ocorre após a queda de Napoleão III, dezenove anos depois de ser deportado, aos 68 anos. Suas criações literárias aumentaram ainda mais. A disposição dele era a de um jovem. A pessoa não envelhece somente com o passar dos anos. No momento em que se perde a esperança e abandona seus ideais, o espírito envelhece. Victor Hugo registrou: “Meu pensamento é o de sempre avançar”.1 Observando o registro das contribuições de Victor Hugo no Senado, Shin’ichi sentiu como se a brisa da revitalização soprasse no local. Nessa ocasião, ele pensou: “Para deixar à posteridade os extraordinários trabalhos desse grande escritor, Victor Hugo, como também a vida de lutas desse herói, devo contribuir de alguma forma, realizando, por exemplo, exposições”. Dez anos depois, em 1991, essa ideia se tornou realidade. Recebendo o apoio de vários amigos, foi inaugurado o Centro Literário Victor Hugo na cidade de Bièvres, ao sul de Paris. O Castelo de Roches, onde foi instalado esse centro literário, é um local que Victor Hugo visitou diversas vezes. Nesse espaço aberto ao público estão expostos valiosos objetos tais como manuscritos, relíquias e documentos que representam o espírito do grande escritor. É um castelo literário que ilumina o futuro com a luz do humanismo de Victor Hugo. PARTE 46 Após a visita ao Senado francês, Shin’ichi dialogou com o seu presidente, Alain Poher, na residência oficial dele, o qual possuía forte interesse pela Soka Gakkai. Diz-se que ele desejava criar uma nova oportunidade para que pudessem conversar amigavelmente. O presidente mencionou sua simpatia pelos intercâmbios culturais e pela paz, como também pelos encontros com importantes personalidades de diversos países visitados por Shin’ichi naquela ocasião, de situações sociais totalmente distintas, tais como a União Soviética e a Bulgária. Para a paz, é importante o intercâmbio com países de diferentes culturas e sistemas. Porém, em geral, as pessoas têm a tendência de se afastar desse tipo de intercâmbio. Por isso mesmo, as ações de Shin’ichi chamavam a atenção do presidente do Senado francês. No diálogo, Shin’ichi expressou resumidamente suas convicções em relação à paz: — Há pessoas que falam da paz e do respeito à vida somente para autopromoção e, muitas vezes, de forma teórica. Mas aquelas que desejam sinceramente a paz e os jovens de pureza estão observando atentamente com visão aguçada. O mais importante é quanto agiu na prática e de verdade. Estou me movimentando com essa convicção. Se não for assim, é impossível provocar a verdadeira onda de paz nos jovens que se responsabilizarão pela era vindoura. Luto com toda a seriedade. Na época da Segunda Guerra Mundial, a Soka Gakkai sofreu uma violenta opressão do governo militarista. Em virtude disso, o primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, morreu na prisão, e o segundo presidente, Josei Toda, e diversos líderes foram presos. Particularmente, eu também perdi meu irmão na guerra e senti na pele a tragédia da devastação. É por essa razão que estou me dedicando para realizar o pacifismo com a crença no budismo que é a filosofia do respeito à dignidade da vida, com o sentimento de construir um mundo livre de guerras. O diálogo se intensificava. O presidente relatou sua experiência na Resistência Francesa (La Résistance). Os assuntos tratados foram desde a concepção da personalidade do ex-presidente da França Charles de Gaulle até o modo de vida do ser humano. A troca de opiniões acabou se estendendo por cerca de três horas. A convicção do presidente era de que “o ser humano deveria ajudar uma pessoa menos favorecida que ele próprio”. As vozes de simpatia pela paz se expandiam novamente. PARTE 47 Em Paris, paralelamente aos diálogos com autoridades e intelectuais, Shin’ichi Yamamoto se empenhava com todas as forças no incentivo aos membros. No dia seguinte à chegada a Paris, em 11 de junho, ele participou de um diálogo sobre a prática da fé com os membros jovens da França; no dia 12, visitou a sede de Paris e incentivou as pessoas que ali se reuniram para a reunião de gongyo, e realizou um diálogo. No dia 13, participou do Festival Cultural da Amizade na sede de Paris, seguido do descerramento da placa comemorativa dos vinte anos do kosen-rufu da França e do Gongyo Comemorativo. No dia 14, participou do Conselho Superior de Líderes da França. Durante a sua estada em Paris, realizou ainda diversas sessões de fotos comemorativas com os membros, além de participar pessoalmente de visitas familiares. Sentindo que aquele era o momento visando o grande voo no século 21, ele estava decidido a transmitir a cada pessoa o espírito da Soka Gakkai e os pontos primordiais da prática da fé, principalmente aos jovens. Na manhã do dia 14, saindo do hotel em que se hospedava, Shin’ichi caminhava pela avenida que margeava os jardins das Tulherias nas proximidades do Museu do Louvre. Ele iria tomar metrô e trem para se dirigir à sede de Paris, localizada na cidade de Sceaux. No dia anterior também, havia se deslocado de trem. Queria conhecer as condições em que os membros se empenhavam nas atividades do dia a dia. Ao descer a escadaria da estação das Tulherias do metrô, Shin’ichi disse aos líderes que o acompanhavam: — Hoje, na sede de Paris, será realizada a Primeira Reunião de Representantes da Divisão dos Jovens, não é? Visando a nova partida dos jovens, gostaria de lhes dedicar um poema. Você poderia, por favor, anotar o que vou ditar? Mesmo que fosse um pequeno intervalo de tempo, ele queria utilizá-lo de forma proveitosa em prol do kosen-rufu. Chegando à plataforma, começou a ditar: Neste momento, vocês se levantaram como pioneiros do sublime e grandioso movimento chamado kosen-rufu pelos dez mil anos. Levantaram-se hasteando alto a bandeira da vida, a bandeira da justiça, a bandeira da liberdade. O século 21 é o mundo de vocês. O século 21 é o palco de vocês. PARTE 48 No interior do metrô também prosseguia o ditado. Os membros acompanhantes se esforçavam para anotar no caderno. Na estação Châtelet, a terceira a partir de Tulherias, fizeram baldeação para a Linha B rumo à periferia. O ditado continuava na esteira rolante e enquanto aguardavam o trem. Neste momento, a sociedade entrou na época do caos, tal como o sol do entardecer que se põe. Por isso, neste momento, nós entoamos a letra e a música do renascimento da paz e da cultura, tal como o novo sol que se levanta. Ampliando o círculo de amigos, numerosos e refrescantes. Às pessoas idosas, às pessoas que sofrem, às pessoas que buscam, às pessoas que se afundam na tristeza, lançando o brilho no coração de todas as pessoas, revitalizando a alegria em todas as pessoas, nós avançamos, sem nenhuma interrupção. Em suas pálpebras surgia o aspecto heroico dos vigorosos jovens que vivem pelo kosen-rufu da nova era. O novo mundo aguarda ansiosamente, o aspecto de vocês montados no cavalo branco, segurando a compaixão na mão direita e a filosofia na mão esquerda. Logo após terem feito baldeação para o segundo trem, o ditado de Shin’ichi terminou. De fato, foram cerca de dez minutos. Os membros acompanhantes se apressaram para passar a limpo as anotações feitas às pressas. Shin’ichi fez a revisão e as correções do poema. Nesse momento, ouviram-se vozes dizendo: Sensei!. Três membros franceses da Divisão Masculina de Jovens e da Divisão Feminina de Jovens estavam em pé diante dele. Eles falaram que iriam para a sede de Paris, vindos da região da Bretanha, distante algumas centenas de quilômetros. — Muito obrigado pelos esforços. Estão vindo de longe. Não estão cansados pela longa viagem? O sentimento de valorizar os jovens manifestava-se em palavras. Os jovens são a esperança e o tesouro da sociedade. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Nota: 1. HUGO, Victor. Noventa e Três. parte 2. Tradução: Kozo Sakakibara. Editora Ushio Shuppan Sha.Ilustração: Kenichiro Uchida

21/09/2023

Especial

Centelha da paz

“Não quero que a palavra ‘sofrimento’ seja empregada para descrever o mundo, um país ou um único indivíduo.”1 Esse sentimento enfático atravessa o tempo e o espaço. Há 66 anos, diante de 50 mil jovens, Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, fez um discurso acalorado. Mais tarde, conhecida como a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, trazia o férreo brado de preservar o direito à vida para a humanidade. Era 8 de setembro de 1957, no estádio de Mitsuzawa, em Yokohama, Japão. Doze anos antes, as primeiras bombas de destruição em massa, lançadas nas cidades japonesas de Hiroshima e de Nagasaki, em agosto de 1945, ceifaram instantaneamente cerca de 300 mil vidas. Nos anos seguintes, outros milhares sucumbiram em decorrência da radiação dessas armas. Em 1957, a Guerra Fria estava no apogeu. Os Estados Unidos e a hoje extinta União Soviética corriam freneticamente para polarizar e militarizar territórios. A bomba nuclear era sinônimo de força, induzindo a testes incessantes, com arsenais cada vez mais poderosos, em diversos pontos do mundo. Naquela época, permeava no ar a sensação de que uma nova guerra mundial poderia começar a qualquer momento. E a quantidade de armamentos atômicos já era tão grande que o mundo poderia ser dizimado em questão de horas. Josei Toda declarou-se contra as armas nucleares, bradando ser a missão de todos, em especial da juventude, erradicar o impulso dos seres humanos que as constroem. No dia do festival em que ocorreria a apresentação da declaração, a expectativa geral era sobre a possibilidade da passagem de um tufão pelo Japão. Mas Josei Toda desejava ardentemente que o clima estivesse agradável para que seus discípulos desfrutassem momentos tranquilos. E assim foi. O dia estava particularmente quente e o sol brilhava com radiância. O tufão enfraqueceu e se dissipou. Momento do discurso do presidente Josei Toda diante de 50 mil jovens, no estádio de Mitsuzawa, Japão: brado por um mundo de paz, livre das armas nucleares Da plateia jovem presente, Daisaku Ikeda, na época com 29 anos, abraça essa nobre causa. Isso aconteceu apenas sete meses antes da morte de Toda sensei, que colocou todo o seu ser em seu apaixonado apelo. Palavras que foram transformadas em ações “para proteger o direito da humanidade de viver e criar uma solidariedade de cidadãos do mundo por meio da força e da paixão dos jovens. Esse desejo se tornou o eterno ponto de partida do movimento de paz da Soka Gakkai e da Soka Gakkai Internacional (SGI)”,2 pondera o presidente Ikeda. Hoje, aos 95 anos, segue incansável abrindo caminhos por meio do diálogo para que esse objetivo seja realidade. Além disso, dedica-se a estimular a criação de instituições, como o Instituto Toda pela Paz, localizado em Yokohama. Somam-se às várias colaborações da SGI em projetos e seminários, bem como as Propostas de Paz que o Dr. Ikeda vem sugerindo à Organização das Nações Unidas (ONU) ao longo de quarenta anos, nas quais defendeu o respeito máximo à dignidade da vida, condição possível à humanidade com o fim das armas nucleares. Há seis anos, em julho de 2017, o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares foi adotado por 122 nações na sede da ONU em Nova York. Ainda há muito a ser feito. Por meio de uma luta digna como praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin, vamos corresponder, sem falta, à confiança do Mestre, criando uma renovada era de paz e de esperança em nossa vida e na vida das pessoas que nos cercam. No topo: momento do discurso do presidente Josei Toda diante de 50 mil jovens, no estádio de Mitsuzawa, Japão: brado por um mundo de paz, livre das armas nucleares Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.578, 4 set. 2021, p. 6. Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.005, 26 set. 2009, p. A3. 2. Idem, ed. 2.392, 21 out. 2017, p. B2-B3.

06/09/2023

Conheça o Budismo

Vença a si mesmo

A expressão original em japonês bonno soku bodai é traduzida como “desejos mundanos são iluminação”. “Desejos mundanos” referem-se aos desejos e sofrimentos que atormentam a mente de uma pessoa, e “iluminação” significa atingir um estado de felicidade absoluta. A palavra bonno às vezes é traduzida como “ilusões” ou simplesmente “desejos”. Soku significa “ser igual” ou “simultâneo a”. E bodai quer dizer “conhecer”, “entender”, “sabedoria perfeita” ou “iluminação da mente”. A essência desse princípio pode ser encontrada no Sutra do Lótus. Trata-se de um conceito baseado na visão de que se pode alcançar a iluminação sem eliminar os desejos mundanos. Essa visão é totalmente contrária à do budismo Hinayana, que pregava a ideia de que a erradicação desses desejos mundanos seria o pré-requisito para atingir a iluminação. A palavra “mundano” é utilizada no sentido de algo derivado do “mundo”. Portanto, “desejos mundanos” deve ser entendido como “desejos do mundo” ou como “desejos materiais”. Muitas pessoas almejam um bom emprego, enquanto outras querem uma bela casa. Há aquelas que lutam para superar o carma de doença ou para criar um bom relacionamento familiar. Todos esses anseios fazem parte da vida de qualquer pessoa. Normalmente, tende-se a pensar que os desejos mundanos e a iluminação são aspectos separados e distintos — especialmente pelo fato de os primeiros frequentemente causarem a desilusão e o sofrimento, o oposto de sabedoria e felicidade. Dos desejos originam-se as ações, mas quando eles se tornam incontroláveis, cegando o bom senso e a razão, levam as pessoas a criar um carma negativo que resulta em sofrimentos que dão origem a mais desejos, num ciclo interminável. O presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, explica: Quando encontramos dificuldades, recitamos daimoku para solucionar nossos problemas. Quando tristes, levamos nossa tristeza ao Gohonzon. Quando felizes, oramos com profundo sentimento de gratidão. À medida que assim fazemos, continuamos a avançar, olhando para nossos problemas de um estado de vida elevado. Quando oramos ao Gohonzon, é como se estivéssemos olhando todo o universo, permitindo-nos observar impassivelmente os sofrimentos que existem em nossa própria vida. Com base na fé, podemos estabelecer um estado de vida que, não importando o que aconteça, experimentamos alegria, esperança e convicção nas profundezas do nosso ser. Isso nos dá força para irmos àqueles que estão sofrendo e, juntos, buscarmos a verdadeira felicidade.1 Força propulsora Por meio da prática budista, é possível purificar os desejos básicos, transformando, por exemplo, o egoísmo, o apego a ganhos materiais e supérfluos em sentimentos mais nobres e altruísticos, despertando no coração o objetivo de utilizar tudo aquilo que almeja em prol da paz e da felicidade das outras pessoas. O simples fato de possuirmos desejos não significa que estamos automaticamente “iluminados”. A palavra-chave para a transformação dos desejos mundanos em iluminação é a recitação do Nam-myoho-renge-kyo ao Gohonzon. Quando recitamos daimoku com sincera fé ao Gohonzon, desenvolvemos o autocontrole não para sermos dominados pelos desejos mundanos, mas sim para que eles se tornem a força propulsora para nosso próprio crescimento. Na escritura Resposta a Kyo’o, Nichiren Daishonin afirma: “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?”.2 Assim, quando se fortalece a prática da fé, mesmo uma grave doença deixará de ser um obstáculo para a felicidade. Pelo contrário, poderá se tornar um trampolim para o próprio desenvolvimento. E, naturalmente, essa transformação se aplica não só a uma doença, mas também a outros tipos de problemas, desejos ou sofrimentos inerentes à vida diária. De fato, quando elevamos nossa condição de vida, os diversos tipos de desejos mundanos, muitas vezes oriundos da nossa própria personalidade, acabam sendo redirecionados para um lado positivo da vida. Por exemplo, uma pessoa fortemente materialista e egoísta que almeja seu enriquecimento mesmo à custa da infelicidade de outros, com a prática da fé ao Gohonzon e a compreensão da profunda filosofia de vida do Budismo Nichiren, passa a manifestar um sentimento de se empenhar pela felicidade dos demais e pelo autoaprimoramento como um “valor humano” para o movimento pelo kosen-rufu. Portanto, aquele intenso anseio inicial, de caráter puramente egoísta, transforma-se em forte desejo de se desenvolver para contribuir em prol da felicidade das pessoas, demonstrando e comprovando o caminho da própria revolução humana. O que nos permite elevar nossa condição de vida são, sem dúvida, os esforços que empreendemos com base na recitação do gongyo e do daimoku, bem como aqueles fundamentados na propagação do budismo (shakubuku), pois assim fazemos a causa para manifestar a sabedoria necessária a fim de concretizar nossos objetivos. Vida criativa A existência dos desejos e apegos é uma condição da nossa existência no mundo real. Consequentemente, assim como cada um de nós, individualmente, a sociedade também é regida por necessidades das mais variadas naturezas. Na obra Escolha a Vida, o presidente Ikeda enfatiza: É essencial controlar o desejo para que ele possa desempenhar um papel no direcionamento da humanidade, da sociedade e do Universo no caminho da vida criativa. O controle, e não tentativas fúteis de extinção, é a maneira significativa de lidar com os desejos.3 Dessa forma, entendendo melhor o princípio de bonno soku bodai, vamos determinar nossos objetivos baseando-nos na prática budista em primeiro lugar, conscientes de que esse esforço influenciará positivamente não apenas nossa vida, mas também toda a sociedade. Fontes: RDez, ed. 117, set. 2011, p. 30. Brasil Seikyo, ed. 1.722, 8 nov. 2003, p. A5. Idem, ed. 1.723, 15 nov. 2003, p. A7. Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.527, 9 out. 1999, p. 3. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 431, 2020. 3. TOYNBEE, Arnold J.; IKEDA, Daisaku. Escolha a Vida. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 427, 2022. Foto: GETTY IMAGES

06/09/2023

Especial

A verdadeira felicidade está em cumprir a própria missão

Em 1271, o Japão foi assolado por uma terrível seca. O governo ordenou a Ryokan, famoso e respeitado prior de um templo budista, que orasse por chuva. Quando Nichiren Daishonin soube disso, ele o desafiou por meio de uma carta, declarando estar disposto a ser seu discípulo caso fosse bem-sucedido em fazer chover. Contudo, se falhasse, Ryokan deveria se tornar seu discípulo. Ele aceitou o desafio, mas, apesar de suas orações e de centenas de sacerdotes assistentes, nenhuma chuva caiu. Ao contrário, Kamakura foi assolada por fortes vendavais. No final, Ryokan não só se recusou a seguir Daishonin, como também começou a tramar contra ele em conluio com uma autoridade local chamada Hei no Saemon-no-jo. Como consequência, no décimo dia do nono mês de 1271, Nichiren Daishonin foi intimado a comparecer à corte para responder a uma série de acusações infundadas. Dois dias depois, no décimo segundo dia do nono mês de 1271, Daishonin foi levado para a localidade de Tatsunokuchi, próxima a Kamakura, onde seria decapitado conforme a determinação de Hei no Saemon-no-jo. Entretanto, no último momento, um objeto esférico luminoso surgiu repentinamente no céu aterrorizando os soldados que, então, desistiram da execução. Após isso, Daishonin declarou ter nascido de novo, agora como Buda dos Últimos Dias da Lei. O significado de hosshaku-kempon Esse é um dos princípios budistas mais importantes. Literalmente, hosshaku-kempon significa “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”. Indica o ato de um buda descartar a posição transitória ou provisória e revelar sua verdadeira identidade. No capítulo 16, “A Extensão da Vida” (Juryo), do Sutra do Lótus, Shakyamuni descarta sua identidade provisória de um buda que atingiu a iluminação em sua existência na Índia sob a árvore bodhi, revelando seu aspecto verdadeiro alcançado em um longínquo passado, há incontáveis existências. O conceito aplicado na vida de Nichiren Daishonin Nichiren Daishonin declarou na seguinte passagem do escrito Abertura dos Olhos: No décimo segundo dia do nono mês do ano passado [1271], entre as horas do rato e do boi [entre 23 horas e 3 horas], esta pessoa chamada Nichiren foi decapitada. Foi sua alma que chegou a esta Ilha de Sado e, no segundo mês do ano seguinte, cercado pela neve, escreve esta carta para enviá-la aos seus discípulos mais próximos.1 Essa é justamente a referência à Perseguição de Tatsunokuchi. Nos dias de hoje, o eterno caminho da Soka Gakkai baseia-se exatamente nesse espírito de Nichiren Daishonin, como se tivesse herdado o legado triunfante da justiça e da verdade do acontecimento de Tatsunokuchi. Em outras palavras, é o espírito benevolente de revelar e comprovar a verdade e a justiça, conduzindo as pessoas à felicidade, mesmo diante de inúmeras perseguições, obstáculos, calúnias, difamações e críticas infundadas. Pôr em prática em nossa vida O presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, declara: “Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” significa “revelar a verdade” para todas as pessoas — ou seja, evidenciar uma condição de vida suprema e nobre inerente a nós e ajudar os demais a fazer o mesmo. Somos budas, e os outros também. “Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” compõe a base fundamental de nossas ações assentadas no respeito a todos os seres humanos.Consequentemente, no que se refere a Daishonin “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”, isso não representa apenas um ato pessoal, mas uma demonstração de que todos podem revelar plenamente em sua vida o inexaurível repositório de tesouros que existe dentro de si. Como meio para atingi-lo, ele ensina a importância de se empenhar na fé com o espírito de “verdadeira causa” — de sempre avançar a partir deste momento — um modo de prática em que nos dispomos a enfrentar bravamente os mais duros desafios da realidade com base no juramento de unicidade de mestre e discípulo de lutar pela iluminação de toda a humanidade.2 Assim, embora seja em um nível totalmente diferente, cada um de nós deve manifestar sua verdadeira identidade, o que se torna possível pela fé e prática em prol do kosen-rufu, levantando-se com base na profunda consciência de seguidores e discípulos de Nichiren Daishonin. Verdadeira identidade Com certeza, essa questão está diretamente ligada à compreensão da natureza básica da presente existência e assim despertar para a verdadeira missão de realizar o kosen-rufu. Ikeda sensei comenta: Por mais que falemos do maravilhoso poder inato da vida, ou do potencial ilimitado dos seres humanos, por si só, isso não passa de uma abstração. Antes, ao nos empenharmos pelo autoaprimoramento em meio às adversidades mais intensas é que nosso poder inato como seres humanos se revela. O verdadeiro eu, do qual nem tínhamos consciência, vem à tona.3 De fato, evidenciar a verdadeira identidade significa conscientizar-se da mais nobre missão como bodisatva da terra. Entretanto, um ponto importante é que essa conscientização nasce da luta de cada um, por meio da fé e da prática, em prol do kosen-rufu, revelando a “verdadeira identidade” nas ações concretas do dia a dia. Longe de ser um princípio abstrato, este se refere a uma luta constante em busca da manifestação do infinito potencial contido em nossa vida por meio do ilimitado poder do Gohonzon. Vamos, a cada dia, fortalecer nossa sincera prática da fé, trilhando pelo caminho de mestre e discípulo, e nos empenhando nas atividades pela felicidade de si e dos outros. São meios para manifestarmos nossa verdadeira identidade e, assim, desfrutarmos elevada condição de vida sob todos os aspectos. No topo: ilustração retrata os acontecimentos da Perseguição de Tatsunokuchi, durante a qual Nichiren Daishonin revelou sua natureza de Buda dos Últimos Dias da Lei Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.532, 19 set. 2020, p. 6 e 7. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 281-282, 2020. 2. Brasil Seikyo, ed. 2.340, 17 set. 2016, p. B2. 3. Ibidem. Ilustração: Kenichiro Uchida

06/09/2023

Terceira Civilização

Estudo

[78] Avançar no grande caminho do kosen-rufu com coragem inabalável por toda a vida

Explanação Herdando o desejo do meu mestre, Josei Toda — que dizia “Quero eliminar a miséria e o sofrimento da face da Terra” —, sempre encarei minhas viagens em prol do kosen-rufu mundial como um desafio para concretizar uma sociedade global onde todos possam viver em paz e segurança. Parti do Japão para minha primeira viagem ao exterior em 2 de outubro de 1960, unido em espírito com meu mestre, carregando sua foto no bolso interno do meu paletó junto ao meu peito. Assim, iniciei meus esforços plenos pelo kosen-rufu mundial, em uma jornada de 24 dias, percorrendo nove cidades nos Estados Unidos, Canadá e Brasil. No ano seguinte, visitei cinco países e um território na Ásia, e nove países na Europa. Posteriormente, entre 1962 e 1967, e, novamente, de 1972 a 1975, viajei para o mundo inteiro, quase todos os anos, abrindo caminhos para o kosen-rufu. Rede solidária que abraça a filosofia do respeito pela dignidade da vida Em cada cidade e país que visitei, recitei daimoku com a decisão de impregnar o solo com o Nam-myoho-renge-kyo. Falando e encorajando uma pessoa após a outra, semeei as sementes da Lei Mística, chamando, assim, os companheiros bodisatvas da terra dedicados a cumprir a missão pelo juramento seigan em prol do kosen-rufu. A Guerra Fria se arrastava, a ameaça das armas nucleares crescia e as disputas e os conflitos armados irrompiam sucessivamente em muitas regiões. Nesse cenário, aguardei o momento certo, criei o tempo certo, enquanto construía uma rede de cidadãos globais comprometidos com a paz que abraçavam a filosofia do respeito pela dignidade da vida. Todos esses esforços culminaram, de forma esplêndida, com o magnífico ensejo, no início de 1975, durante a última etapa da minha visita de três dias aos Estados Unidos, no qual os membros de 51 países e territórios se reuniram comigo em Guam e juntos fundamos a Soka Gakkai Internacional (SGI) no dia 26 de janeiro. Na época, já havia apresentado propostas pleiteando a normalização das relações diplomáticas entre Japão e China e o fim da Guerra do Vietnã. Tinha visitado a China, a União Soviética e os Estados Unidos, fazendo tudo o que estivesse ao meu alcance, como cidadão comum, para ajudar a amenizar as tensões entre China e União Soviética e encontrar um caminho para encerrar a Guerra Fria. Também mantive diálogos pela paz e pelo século 21 com proeminentes pensadores, como o conde Richard Coudenhove-Kalergi, proponente pioneiro da unificação europeia, e o historiador britânico Arnold J. Toynbee. Em meu discurso na época da fundação da SGI, observei que a contínua precedência que a humanidade concedeu à lógica do poderio militar, do poder político e do ganho econômico constituiu um obstáculo para a paz e manteve o mundo num estado de constante tensão. Salientei que era papel essencial da religião ultrapassar essa situação e abrir um caminho duradouro para a paz. Todos os nossos membros, por terem tido a boa sorte de encontrar esta maravilhosa Lei Mística, compartilhavam dessa convicção e determinação. Concluí, afirmando: “Como corajosos, compassivos e dedicados discípulos de Nichiren Daishonin totalmente comprometidos com a verdade e a justiça, vivam de forma positiva e edificante, esforçando-se pela prosperidade do seu país, pela felicidade das pessoas e pela preciosa existência da humanidade”. Hoje, mais de quatro décadas depois, o radiante sol do Budismo Nichiren, que a tudo ilumina, raiou alto no céu e sua luz compassiva brilha em todos os lugares. Nossos membros, com profundo orgulho do seu juramento seigan como bodisatvas da terra, estão trabalhando arduamente, enquanto nossa rede de criação de valor em prol da paz, cultura e educação prossegue difundindo esperança ao redor do mundo. Nichiren Daishonin louva aqueles que possuem coragem intrépida Naturalmente, o caminho do kosen-rufu mundial não é sempre livre de dificuldades. Há momentos em que somos alvo de críticas e sofremos até perseguições por causa do preconceito ou da falta de compreensão das pessoas. Entretanto, meus companheiros de luta conjunta sempre se mantiveram unidos a mim em espírito e, intrépidos diante de qualquer dificuldade ou adversidade, devotaram corajosamente a vida ao kosen-rufu com perseverança e firmeza. Meu mestre observou, de forma aguçada: “Não se pode obter êxito no kosen-rufu sem coragem intrépida” e “Aqueles que seguem em frente com decisão corajosa e intrépida obterão os maiores louvores de Nichiren Daishonin e serão merecedores de ilimitados benefícios”. Nesta oportunidade, estudaremos passagens dos escritos de Nichiren Daishonin que destacam a coragem intrépida e inabalável como a força propulsora para o kosen-rufu mundial. Participantes da 12ª Reunião Nacional de Líderes da Nova Era, no Auditório da Paz, do Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda (São Paulo, SP, nov. 2024) Trecho do escrito 1 Pontos Essenciais para Atingir o Estado de Buda Por ter exposto este ensinamento, fui exilado e quase morto. É como afirma o ditado: “O bom conselho agride os ouvidos”. Mesmo diante de tudo isso, ainda não fui desencorajado. O Sutra do Lótus [Lei Mística] é como a semente; o Buda é como o semeador; e as pessoas são como o campo.1 (CEND, v. II, p. 5) Palavras que sintetizam a grande compaixão de Daishonin “Ainda não fui desencorajado” (CEND, v. II, p. 5) — essas palavras me enchem de emoção onde quer que as ouço. Elas sintetizam a grande compaixão e coragem intrépida de Nichiren Daishonin. No trecho do capítulo 2, “Meios Apropriados”, do Sutra do Lótus, que recitamos de manhã e à noite, há a frase “empenhar-se com coragem e vigor” (yumyo shojin, em jap.)”2 (cf. LSOC, cap. 2, p. 56). Ela também pode ser traduzida como “avançar com bravura e diligência” e é considerada uma das razões pelas quais o próprio Buda foi capaz de atingir a iluminação. “Coragem” (yumyo) significa enfrentar bravamente as dificuldades e reunir nossa sabedoria e criatividade para tornar possível o impossível. O grande mestre Miaole3 explica shojin (“diligência”) da seguinte maneira: “Sho (‘puro’) significa não adulterado e imaculado; e jin (‘empenho’), indica esforço incessante”. Portanto, shojin consiste em avançar, sempre em frente, sem se distrair com outras coisas. O Sutra do Lótus declara que o próprio Buda atingiu a iluminação por meio da “coragem e vigor” ou “empenhando-se com bravura e diligência” ao longo de muitas existências. Então, no capítulo “A Extensão da Vida”, ao revelar a consecução de sua iluminação original, Shakyamuni elucida que, na realidade, ele deu continuidade incessantemente aos seus esforços compassivos como buda desde o passado infinitamente remoto. “Este, um trabalho do buda”, afirma ele, “jamais negligenciei nem por um único momento” (LSOC, cap. 16, p. 267). Corte de fita comemorativa na reinauguração da Sede da Juventude Soka (São Paulo, SP, nov. 2024) O espírito da Soka Gakkai de “ainda não fui desencorajado” Mesmo suportando todos os tipos de adversidades e perseguições, Daishonin vivenciou uma luta incansável de vida, demonstrando o espírito de “empenhar-se com coragem e vigor” e de “jamais negligenciar nem por um único momento o trabalho do Buda” — de modo que todas as pessoas desfrutassem paz e felicidade. Não há nada mais encorajador de grande compaixão que nos faz sentir gratidão. Em Pontos Essenciais para Atingir o Estado de Buda, Daishonin explica que o bodisatva Práticas Superiores4 [líder dos bodisatvas da terra], a quem Shakyamuni confiou os cinco ideogramas do Nam-myoho-renge-kyo,5 conduzirá as pessoas dos Últimos Dias da Lei à iluminação. Ele declara que, quem está, de fato, propagando a Lei Mística não é ninguém a não ser ele próprio, Nichiren Daishonin. Ao mesmo tempo, aponta, a maioria das pessoas, desencaminhadas por “maus amigos”6 ou influências negativas, seguia sacerdotes budistas hostis ao Sutra do Lótus. A resposta de Daishonin destinou-se a repreender rigorosamente a atitude das escolas budistas estabelecidas que desrespeitavam Shakyamuni e seus ensinamentos e tinham perdido de vista o espírito fundamental do budismo de conduzir as pessoas à iluminação. Foi uma luta para revelar a verdade oriunda de seu imenso e compassivo desejo da felicidade de todas as pessoas. Entretanto, como “O bom conselho agride os ouvidos” (CEND, v. II, p. 5), Daishonin foi duramente perseguido. Conforme ele observa, “Fui exilado e quase morto” (Ibidem). Na época, muitos discípulos de Nichiren Daishonin — entre eles, Shijo Kingo; os irmãos Ikegami, Munenaka e Munenaga; e Nanjo Tokimitsu — estavam enfrentando perseguições por causa da fé. Podemos interpretar a afirmação de Daishonin de que “Mesmo diante de tudo isso, ainda não fui desencorajado” não apenas como uma expressão de sua firme determinação, mas também como um encorajamento para seus discípulos jamais serem derrotados. Toda sensei explanou o escrito Pontos Essenciais para Atingir o Estado de Buda em reuniões gerais de estudo, abertas para todos os membros, realizadas no Auditório Público de Toshima, em Ikebukuro, Tóquio. Com relação à passagem que estamos examinando, ele afirmou com ardente paixão: “‘Ainda não fui desencorajado’ — esse é o ponto fundamental!”. Todos se curvaram para a frente na expectativa do que ele diria em seguida. Ele declarou, enfaticamente: Somos incrivelmente afortunados por sermos discípulos de Nichiren Daishonin. Somos bodisatvas da terra. E esse é o âmago do espírito da Soka Gakkai. Apesar de indigno, eu também estou me empenhando pelo kosen-rufu com o espírito de “Ainda não fui desencorajado”. Por estarmos cumprindo o testamento de Daishonin, naturalmente devemos estar preparados para uma infindável série de grandes dificuldades. Devemos ter coragem e perseverança. As palavras dele ainda ressoam claras em meus ouvidos até hoje. A paixão e o compromisso de conduzir todas as pessoas à iluminação Nessa mesma carta, Daishonin expressa: “Se o mestre e os seguidores virem inimigos do Sutra do Lótus e os ignorarem e falharem em repreendê-los, tanto o mestre quanto os seguidores cairão no inferno de incessantes sofrimentos” (CEND, v. II, p. 4). Ele se recusava a permanecer em silêncio quando via “inimigos do Sutra do Lótus”, aqueles que causavam sofrimento às pessoas. Desde o momento em que estabeleceu seu ensinamento (em 1253), Daishonin estava plenamente ciente de que enfrentaria perseguições caso lutasse contra as maldades. O ato de Daishonin recitar Nam-myoho-renge-kyo publicamente pela felicidade de todas as pessoas com certeza desencadearia fortes perseguições. Mas ele sabia que essa seria a consequência inevitável de propagar o Sutra do Lótus na era maléfica dos Últimos Dias da Lei, conforme descrevem os “seis atos difíceis e nove fáceis”7 e outras passagens do Sutra do Lótus. Ele iniciou sua tenaz luta espiritual com a mais firme determinação. O ponto de partida dele foi seu juramento seigan: “Jurei manter uma poderosa e inabalável determinação de salvar todos os seres vivos, sem jamais esmorecer em meus esforços” (CEND, v. I, p. 250). O presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, dava grande importância a essas palavras e as sublinhou em seu exemplar dos escritos de Nichiren Daishonin. Esse compromisso inabalável é o juramento seigan do bodisatva de propagar o Sutra do Lótus para conduzir as pessoas à iluminação na era maléfica após a morte do Buda enunciada nos capítulos “Surgimento da Torre de Tesouro”, “Encorajamento à Devoção”, “Bodisatva Jamais Desprezar” e outros. Continuar proclamando a verdade suportando dificuldades é ter o espírito de Daishonin de realizar shakubuku propagando o ensinamento do budismo e de refutar o erro. É com essa prática indômita que mudamos a consciência das pessoas e transformamos a sociedade. Desde o seu primeiro passo na propagação da Lei Mística, Daishonin tinha plena consciência de todos os tipos de adversidades e perseguições que incidiriam sobre a sua pessoa. Ele declara isso reiteradamente: Vinha esperando esse desenrolar dos acontecimentos há muito tempo. (CEND, v. II, p. 22) * * * Nem uma única vez pensei em recuar. (WND, v. II, p. 465) * * * A batalha perdura até hoje. (CEND, v. I, p. 411) * * * Não houve um único momento de paz ou segurança. (WND, v. II, p. 599) Esse era o nobre espírito de Nichiren Daishonin. Ele também exorta seus discípulos: Não devem se surpreender quando isso [condenação ao exílio ou à execução] ocorrer. (...) Não temam as autoridades. (CEND, v. II, p. 751) * * * Essa pessoa se expõe aos três tipos de inimigos8 (...). Não há razão para ficarem atemorizados. (CEND, v. I, p. 410) * * * Deve erguer sua voz mais ainda e admoestar [aqueles que caluniam]. Mesmo que a sua vida seja ameaçada, não deve vacilar nem um pouco. (WND, v. II, p. 597) * * * Independentemente de quantos inimigos terríveis os senhores enfrentem, livrem-se de todo o medo e jamais recuem. (CEND, v. I, p. 415) Obviamente, não poupar a própria vida, de forma genuína, não significa descaso em relação à nossa vida. Como revolucionários da Lei Mística, devemos ter a vida mais plena e longa possível, dedicando-nos ao kosen-rufu. Líderes da Sub. Minas Norte realizam curso de aprimoramento no Centro Cultural de Belo Horizonte (MG, nov. 2024) A contraofensiva com o espírito de “mesmo diante de tudo isso" Daishonin declara: “Mesmo diante de tudo isso, ainda não fui desencorajado” (CEND, v. II, p. 5). Isso significa que, embora enfrentemos grandes adversidades, devemos lutar resolutamente com o espírito de “mesmo diante de tudo isso”, sem medo e sem jamais sucumbir à derrota. Continuamos desafiando a nós próprios apesar de tudo, recusando-nos a recuar um único passo. Esse é o espírito da Soka Gakkai que aprendemos com os presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda. O mesmo espírito é crucial em nossos esforços para transformar nosso destino. Devemos reconhecer a real natureza dos “três obstáculos e quatro maldades”,9 confrontá-los com o rugido do leão do Nam-myoho-renge-kyo e não permitir que eles nos influenciem ou nos intimidem. Esse é o segredo para “amenizar o efeito cármico”10 e ter uma vida vitoriosa, transformando veneno em remédio. Isso vem sendo comprovado por incontáveis membros desde os primórdios da Soka Gakkai. Na prática do budismo, há ocasiões que pedem uma resposta prudente e flexível, como a atitude do bodisatva Jamais Desprezar11 ao procurar fugir até um lugar seguro onde as pedras e os bastões que as pessoas usavam para atacá-lo não o alcançavam. Mas, após estabelecer certa distância entre ele e seus agressores, o bodisatva Jamais desprezar se voltava para eles e recitava sonoramente o Sutra do Lótus de 24 ideogramas,12 manifestando seu respeito por todas as pessoas. Como seu exemplo ilustra, a convicção inabalável e a fé incessante no potencial do estado de buda de todas as pessoas constituem a própria essência dos bodisatvas que juraram conduzi-las à iluminação. Bodisatvas genuínos nunca desistem. Continuam tentando até conquistar a vitória. Eles se empenham para cumprir sua missão, determinados a edificar um mundo onde as pessoas possam desfrutar uma vida vitoriosa. Os bodisatvas da terra são honrosos guerreiros que escolheram nascer nesta era maléfica, firmemente decididos a levar avante sua intrépida batalha espiritual. Aqueles que entram em ação pelo kosen-rufu sem dúvida conseguem despertar para seu juramento seigan do remoto passado. O fator essencial para isso é a relação de mestre e discípulo. Quando alinhamos o coração com o juramento seigan do mestre, nosso senso de missão original inato emana das profundezas do nosso ser. Dando continuidade à luta indômita de Daishonin em prol do kosen-rufu, nossos membros mantiveram-se invencíveis diante de tantos obstáculos, incluindo oposição e intimidação. Eles enfrentaram e triunfaram sobre cada desafio por meio da fé alicerçada na unicidade de mestre e discípulo e na união de “diferentes em corpo, unos em mente”. Depois da declaração “ainda não fui desencorajado”, Daishonin revela o princípio de plantar a semente do estado de buda na vida das pessoas: “O Sutra do Lótus é como a semente; o Buda é como o semeador; e as pessoas são como o campo” (CEND, v. II, p. 5). Plantar a semente do Sutra do Lótus (Nam-myoho-renge-kyo) na vida das pessoas ativa a natureza de buda inata delas. Nossos esforços no diálogo budista têm ligação direta com a ação do Buda de semear as sementes do estado de buda de modo que todos possam atingir a iluminação. Estamos habilitando inumeráveis pessoas a formar um precioso vínculo com o budismo por meio da nossa firme decisão, expressa pelas palavras “ainda não fui desencorajado”. “Na prática da fé, não há arrependimentos" Observando que a sociedade é complexa e repleta de contradições, Toda sensei concluiu: “Somente o Budismo de Daishonin apresenta o meio para transformar fundamentalmente nosso destino. Ele ensina o caminho da eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza,13 de plena realização e satisfação duradouras. Não há caminho mais elevado que esse. Por isso, mesmo dedicando a vida à prática da fé, jamais se arrependerão”. Essa é a razão pela qual nos empenhamos para concretizar o ideal de Daishonin da “pacificação da terra”. Budismo é a Lei que nos ensina a elevar nossa condição de vida para construir uma felicidade sólida e contribuir para uma sociedade próspera e segura nesta era impura dos Últimos Dias da Lei. Quando perseveramos resolutamente em nossa prática budista e expandimos nossa rede de bodisatvas da terra, com certeza nos aproximamos, passo a passo, da edificação de um mundo de paz e de felicidade para todos. Sigamos em frente na grande estrada do kosen-rufu com fé inabalável por toda a vida, cada vez mais firmes na decisão de que “ainda não fui desencorajado” — ditos dourados que compõem a essência do espírito da Soka Gakkai. Trecho do escrito 2 Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra Embora eu seja uma pessoa de pouca capacidade, dediquei-me ao estudo do Mahayana14 com toda a reverência. Uma mosca azul pode viajar muitas milhas se estiver presa à cauda de um puro-sangue e a hera consegue subir trezentos metros se estiver enroscada num alto pinheiro. Eu nasci como filho do único buda, Shakyamuni, e servi ao rei das escrituras, o Sutra do Lótus. Como poderia observar o declínio da Lei budista e não sentir tristeza?15 (CEND, v. I, p. 17-18) Abraçar com orgulho o Sutra do Lótus, o rei das escrituras Em seguida, estudemos uma famosa passagem de Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra, tratado na forma de diálogo entre um viajante e o anfitrião. Quando o viajante, em dado momento, ofendido, levanta-se furioso para ir embora, o anfitrião sorri, insiste para que ele fique e, então, continua expondo calmamente a Lei. Entretanto, o viajante, ainda aborrecido com ele, declara: “O senhor (...) é um homem de posição humilde e não se mostra nada preocupado com as consequências de suas declarações ofensivas” (CEND, v. I, p. 17). Essas palavras revelam a arrogância inata do viajante, que o induz a menosprezar o sábio anfitrião. A passagem que estamos estudando constitui a resposta compassiva do anfitrião. Ele começa dizendo: “Embora eu seja uma pessoa de pouca capacidade, dediquei-me ao estudo do Mahayana” (Ibidem). Isso sugere que até os indivíduos mais humildes podem se aprimorar de forma ilimitada e ter uma vida magnífica abraçando uma grandiosa Lei e se dedicando a uma sublime missão. Ele, então, emprega a analogia da mosca azul e da hera. Desse modo, ensina que o critério para julgar o valor dos outros não é por meio da posição social deles, mas pela filosofia ou ensinamento que abraçam. Abraçar o Sutra do Lótus, “o rei das escrituras”, é motivo de máxima honra e orgulho. Assim como Daishonin expressa em outro texto: “Como a Lei é maravilhosa, a pessoa é digna de respeito”16 (CEND, v. II, p. 364) e “Se a Lei é suprema, a pessoa que a abraça também é suprema” (CEND, v. I, p. 63). Para praticar o sublime ensinamento do budismo, também necessitamos da figura de “bons amigos”, tais como o mestre para nos instruir e nos guiar corretamente ao longo do caminho para o estado de buda e de companheiros praticantes para nos apoiar e nos encorajar no caminho da fé e da prática. Aprimorarmo-nos e nos desenvolver dentro da Soka Gakkai — uma organização extraordinária de “bons amigos” — é essencial para elevar nossa condição de vida, realizando nossa revolução humana e transformando nosso destino. Juventude Soka de Porto Alegre e Miguel Shiratori, presidente da BSGI, posam para foto na inauguração da Sede Regional de Porto Alegre (RS, nov. 2024) A alegria de desfrutar nossa existência com a Soka Gakkai da ordem do Buda Muitos membros da Soka Gakkai reconhecem profundamente a veracidade dessa passagem de Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra. Embora inicialmente estivessem atolados nos próprios problemas e sofrimentos, passaram a usufruir uma condição de vida de felicidade nunca imaginada ao abraçarem o sublime ensinamento da Lei Mística e desfrutarem sua existência junto com a Soka Gakkai e com seus companheiros. Essa passagem ecoa as experiências vividas por nossos membros que se empenham para cumprir o grande juramento pelo kosen-rufu junto com a Soka Gakkai, organização da ordem e do desejo do Buda. Também sinto que expressa a grande alegria de conquistar a felicidade de si e ajudar outras pessoas a fazer o mesmo. Levantar-se para proteger o budismo Nessa passagem, o anfitrião afirma que está engajado no estudo do budismo Mahayana. Uma das características do budismo Mahayana é a prática do bodisatva para aliviar os sofrimentos das pessoas. A essência dessa prática se encontra no Sutra do Lótus, que expõe os princípios da iluminação universal e o surgimento dos bodisatvas da terra. O anfitrião declara que, como “filho do único buda, Shakyamuni” — ou seja, como discípulo do Buda —, ele abraça a fé no “rei das escrituras, o Sutra do Lótus” (CEND, v. I, p. 17). É muito significativo o fato de ele falar da posição de alguém que estuda o budismo. Em suas palavras iniciais no escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra, o anfitrião diz para o viajante: “Agora que o senhor chegou, podemos lamentar juntos. Vamos analisar minuciosamente a questão” (Ibidem, p. 7). Ao longo de toda a obra, ele fala com o viajante de igual para igual, empregando passagens do sutra e argumentando para corrigir os equívocos do viajante em relação ao budismo e, por fim, encorajando-o a abraçar a prática correta para si e para os outros. Essa é a sublime essência do diálogo budista. Como discípulo do Buda, o anfitrião convida o viajante a se juntar a ele para aprender, discutir e praticar o budismo. De fato, o diálogo é uma busca pela verdade, e a ressonância mútua do comportamento como ser humano. Fundamentalmente, existe o desejo compassivo de transmitir a verdade para que a pessoa diante de si possa se tornar feliz. Tal compaixão gera coragem e sabedoria. Os esforços tenazes do anfitrião no diálogo transbordam do compromisso inabalável de conduzir o viajante à felicidade. Em especial, na parte que estamos estudando, constatamos essa importante passagem em que o anfitrião expressa seu sincero sentimento: “Como poderia observar o declínio da Lei budista e não sentir tristeza?” (Ibidem, p. 18). Daishonin pergunta como um discípulo do Buda que estuda o budismo Mahayana poderia deixar de se angustiar e de se entristecer quando a Lei correta é caluniada, ensinamentos falsos predominam e o budismo é desrespeitado. O espírito de proteger o budismo reside no âmago dos esforços incessantes do anfitrião no diálogo. Para nós, consiste no compromisso inabalável de propagar a Lei Mística que embasa todas as nossas atividades. Em qualquer âmbito, grandes conquistas e realizações só são possíveis mediante firme e persistente compromisso. O fator fundamental é com que determinação mental estamos mais profundamente comprometidos. Esforçando-nos para concretizar o empreendimento sem precedentes chamado kosen-rufu, avancemos intrepidamente, com as dignas condições de vida de bodisatva e de buda, sem nos deixar perturbar pelo elogio ou pela censura daqueles dominados pelos seis caminhos.17 Empenhar-se consistentemente no diálogo compassivo constitui a essência da prática do juramento seigan do bodisatva de ajudar todas as pessoas a atingir a iluminação. É o caminho certo para elevar nossa condição de vida fundamental e a dos outros. Toda sensei dizia: “A Soka Gakkai deve se dedicar exatamente como Nichiren Daishonin ensina. Com a determinação de que alcançaremos o desejo de Daishonin de realizar o kosen-rufu, devemos triunfar em cada grande batalha”. A Soka Gakkai, organização diretamente ligada a Nichiren Daishonin e que possui o Gosho como base, veio avançando e conquistando todos os seus desafios e esforços com fé e a convicção de que “nenhuma oração ficará sem resposta” (cf. CEND, v. I, p. 362). Vicejante ipê amarelo no jardim da Sede Central com majestoso Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda ao fundo (São Paulo, SP, set. 2024) Nobres vidas dedicadas a plantar as sementes da paz Finalizando, compartilho com vocês o juramento que firmei com dedicados companheiros, bodisatvas da terra, na época da fundação da Soka Gakkai Internacional (SGI): “O sol do Budismo Nichiren começou a despontar no horizonte. Em vez de buscarem aclamação ou glória pessoal, espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística no mundo. Farei o mesmo”. Da grandiosa perspectiva dos dez mil anos e mais dos Últimos Dias da Lei, estamos apenas no início do nosso movimento. Ao nos empenhar para cumprir nosso juramento seigan como bodisatvas da terra, com a consciência de discípulos do Buda, efetuemos, cada um de nós, esforços tenazes no diálogo para concretizar um mundo pacífico e próspero para todos por meio do ensinamento humanístico da Lei Mística. Desse modo, plantaremos as sementes, cultivaremos os brotos e cuidaremos do crescimento de magníficas árvores da paz no mundo inteiro. O dia de hoje é precioso “Tenha a coragem de plantar hoje as sementes do amanhã!”18 — essa foi a mensagem do ativista dos direitos humanos argentino Adolfo Pérez Esquivel para os jovens. Com espírito de luta ardente e invencível, hoje, novamente, prossigamos empreendendo esforços para propagar a Lei Mística! Com os olhos fixos na distante montanha do kosen-rufu mundial, assentemos alegremente o caminho da vitória junto com a Soka Gakkai e com nossos companheiros, sempre abraçando o espírito de “ainda não fui desencorajado”! (Daibyakurenge, edição de outubro de 2021) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Líder da Soka Gakkai, Daisaku Ikeda, em seu discurso, funda a Soka Gakkai Internacional (SGI), organização voltada para a paz mundial (Guam, 26 jan. 1975) Notas: 1. Datada de 1276 e endereçada a um discípulo leigo chamado Soya, que, acredita-se, provavelmente se trate de Soya Kyoshin ou outro membro da família Soya. Nessa carta, Daishonin ensina que o Nam-myoho-renge-kyo é a semente para atingir o estado de buda e que a essência da prática consiste em escolher o mestre correto e se empenhar para atingir o estado de buda. 2. A expressão “empenhar-se com coragem e vigor” consta no capítulo 2, “Meios Apropriados”, do Sutra do Lótus, na passagem: “Os budas serviram pessoalmente a centenas, milhares, dezenas de milhares, milhões, a um número incalculável de budas, e praticaram completamente um número imensurável de caminhos e doutrinas dos budas. Eles se empenharam com coragem e vigor, e seus nomes são conhecidos universalmente. Eles compreenderam a Lei que é profunda e nunca conhecida” (LSOC, cap. 2, p. 56). 3. Miaole (711–782): Também conhecido como Chanjan, venerável Jingxi, grande mestre Jingxi, em homenagem ao seu local de nascimento, e grande mestre Miaole. Foi o sexto patriarca da escola Tiantai na China, contando a partir do próprio Tiantai. É reverenciado como o restaurador da escola. Também escreveu comentários sobre as principais obras de Tiantai, facilitando a compreensão dos ensinamentos da escola. As obras principais de Miaole são: Anotações sobre “Profundo Significado do Sutra do Lótus”, Anotações sobre “Palavras e Frases do Sutra do Lótus” e Anotações sobre “Grande Concentração e Discernimento”. 4. Bodisatva Práticas Superiores: Líder dos bodisatvas da terra, os inumeráveis bodisatvas descritos no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, aos quais Shakyamuni confia a missão de propagar a Lei nos Últimos Dias da Lei. Além disso, é um dos quatro grandes bodisatvas, ao lado de Práticas Ilimitadas, Práticas Puras e Práticas Consolidadas. 5. Nichiren Daishonin escreve: “O buda Shakyamuni convocou os bodisatvas da terra e confiou-lhes esses cinco ideogramas, que constituem a essência do sutra. Esse foi o ensinamento transferido aos bodisatvas que haviam sido discípulos do Buda desde o remoto passado” (CEND, v. II, p. 3). 6. “Maus amigos”, nesse contexto, indica aqueles que desviam as pessoas e obstruem a prática budista; especificamente, expondo falsos ensinamentos, causando assim miséria e infortúnio. Empregado em contraste com “bons amigos”. 7. “Seis atos difíceis e nove fáceis” (jap. rokunan-kui): Comparações expostas no capítulo 11, “Surgimento da Torre de Tesouro”, do Sutra do Lótus, para ensinar às pessoas como seria difícil abraçar e propagar o sutra nos Últimos Dias da Lei. Os “seis atos difíceis” são: (1) propagar amplamente o Sutra do Lótus; (2) copiá-lo ou levar alguém a copiá-lo; (3) recitá-lo mesmo durante curto tempo; (4) ensiná-lo mesmo que seja para uma única pessoa; (5) ouvi-lo ou aceitá-lo e perguntar sobre seu significado; e (6) manter a fé nele. Os “nove atos fáceis” abrangem façanhas como: ensinar inumeráveis sutras diferentes do Sutra do Lótus, atravessar uma pradaria em chamas carregando um fardo de feno nas costas sem se queimar, e chutar um grande sistema de mundos para outro quadrante. 8. “Três poderosos inimigos”: Três tipos de pessoas arrogantes que perseguem aqueles que propagam o Sutra do Lótus na era maléfica após a morte do buda Shakyamuni, descritos na parte em verso que conclui o capítulo 13, “Encorajamento à Devoção”, do Sutra do Lótus. O grande mestre Miaole da China resume-os como leigos arrogantes, sacerdotes arrogantes e falsos sábios arrogantes. 9. “Três obstáculos e quatro maldades”: Vários obstáculos e adversidades que tentam impedir a prática budista. Os “três obstáculos” são: (1) obstáculo dos desejos mundanos; (2) obstáculo do carma, que pode se manifestar na forma de oposição do cônjuge ou dos filhos; e (3) obstáculo da punição, também interpretado como obstáculos causados por quem devemos obediência, como governantes e pais. As “quatro maldades” são: (1) maldade dos cinco componentes; (2) maldade dos desejos mundanos; (3) maldade da morte; e (4) maldade celestial. 10. “Amenizar o efeito cármico”: Esse conceito, que literalmente significa “transformar o pesado e recebê-lo de forma mais leve”, consta no Sutra do Nirvana. “Pesado” indica o carma negativo acumulado ao longo de incontáveis existências passadas. Como benefício de proteger o ensinamento do budismo, podemos experimentar um efeito cármico relativamente leve nesta existência, expiando assim o carma pesado que, normalmente, nos afetaria de forma negativa não só nesta vida, mas ao longo de muitas existências futuras. 11. Bodisatva Jamais Desprezar. Descrito no capítulo 20, “Jamais Desprezar”, do Sutra do Lótus, esse bodisatva — Shakyamuni numa existência anterior — viveu no fim dos Médios Dias da Lei, depois da morte do buda Rei do Som Imponente. Ele se curvava respeitosamente a todos com quem se encontrasse. Porém, ele era atacado por pessoas arrogantes, que o agrediam com varas e bastões e atiravam pedras nele. O sutra explica que essa prática se tornou a causa para o bodisatva Jamais Desprezar atingir o estado de buda. 12. Sutra do Lótus de 24 ideogramas: Palavras com as quais o bodisatva Jamais Desprezar louvava as pessoas que encontrava: “Eu os reverencio profundamente, jamais ousaria tratá-los com desdém ou arrogância. Por quê? Porque todos estão praticando o caminho do bodisatva e infalivelmente atingirão o estado de buda” (LSOC, cap. 20, p. 308). Essas palavras, que na tradução de Kumarajiva para o chinês consistem em 24 ideogramas, resumem o ensinamento do Sutra do Lótus de que todas as pessoas podem atingir o estado de buda e são, portanto, conhecidas como “Sutra do Lótus de 24 ideogramas”. 13. Eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza também são conhecidos como as “quatro virtudes”. Descrevendo as quatro nobres qualidades da vida de um buda, sãoexplicadas da seguinte forma: “eternidade” significa imutável e eterno; “felicidade” indica tranquilidade que transcende todo sofrimento; “verdadeiro eu”, a natureza verdadeira e intrínseca; e “pureza”, livre de ilusão ou conduta errônea. 14. Mahayana: Ensinamento do grande veículo ou ensinamento que expõe a iluminação para todos e objetiva libertar todos os seres vivos do sofrimento. Expõe a prática do bodisatva como meio para a iluminação tanto da própria pessoa como das demais. 15. Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra: Tratado de admoestação que Nichiren Daishonin submeteu a Hojo Tokiyori, regente aposentado, mas que continuava sendo a figura mais poderosa do clã dominante do Japão, no décimo sexto dia do sétimo mês de 1260. Nele, Daishonin prediz que, a não ser que se siga o ensinamento do Sutra do Lótus, o país sofreria, num futuro próximo, as calamidades do conflito interno e da invasão estrangeira — as duas únicas, dentre as “três calamidades e sete desastres”, que ainda não haviam assolado o Japão. 16. Extraído de Palavras e Frases do Sutra do Lótus de Tiantai. 17. “Seis caminhos”: Referem-se aos seis primeiros dos dez mundos — mundo do inferno, mundo dos espíritos famintos, mundo dos animais, mundo dos asura, mundo dos seres humanos e mundo dos seres celestiais. 18. Artigo veiculado na edição do Seikyo Shimbun de 25 de junho de 1994. Resumo Estudo — Janeiro 2025 Principais tópicos estudados “Ainda não fui desencorajado” Mesmo suportando todos os tipos de adversidades e perseguições, Daishonin vivenciou uma luta incansável de vida, demonstrando o espírito de “empenhar-se com coragem e vigor” e de “jamais negligenciar nem por um único momento o trabalho do Buda” — de modo que todas as pessoas desfrutassem paz e felicidade. Não há nada mais encorajador de grande compaixão que nos faz sentir gratidão. “Mesmo diante de tudo isso” Embora enfrentemos grandes adversidades, devemos lutar resolutamente com o espírito de “mesmo diante de tudo isso”, sem medo e sem jamais sucumbir à derrota. Continuamos desafiando a nós próprios apesar de tudo, recusando-nos a recuar um único passo. Esse é o espírito da Soka Gakkai que aprendemos com os presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda. Elevada condição de vida Em qualquer âmbito, grandes conquistas e realizações só são possíveis mediante firme e persistente compromisso. O fator fundamental é com que determinação mental estamos mais profundamente comprometidos. Esforçando-nos para concretizar o empreendimento sem precedentes chamado kosen-rufu, avancemos intrepidamente, com as dignas condições de vida de bodisatva e de buda (...). Empenhar-se consistentemente no diálogo compassivo constitui a essência da prática do juramento seigan do bodisatva de ajudar todas as pessoas a atingir a iluminação. Frases marcantes “Em cada cidade e país que visitei, recitei daimoku com a decisão de impregnar o solo com o Nam-myoho-renge-kyo.” “Ainda não fui desencorajado” (CEND, v. II, p. 5) — essas palavras me enchem de emoção onde quer que as ouço.” “Bodisatvas genuínos nunca desistem. Continuam tentando até conquistar a vitória.” “O critério para julgar o valor dos outros não é por meio da posição social deles, mas pela filosofia ou ensinamento que abraçam.” “O diálogo é uma busca pela verdade, e a mútua ressonância do comportamento como ser humano.” “Com espírito de luta ardente e invencível, hoje, novamente, prossigamos empreendendo esforços para propagar a Lei Mística!” Adolfo Pérez Esquivel Personalidades e personagens budistas citados • Josei Toda • Richard Coudenhove-Kalergi • Arnold J. Toynbee • Nichiren Daishonin • Miaole • Shakyamuni • Bodisatva Práticas Superiores • Shijo Kingo • Munenaka Ikegami • Munenaga Ikegami • Nanjo Tokimitsu • Tsunesaburo Makiguchi • Bodisatva Jamais Desprezar • Adolfo Pérez Esquivel Perguntas-guia para as atividades de estudo No trecho do capítulo 2, “Meios Apropriados”, do Sutra do Lótus, que recitamos de manhã e à noite, há a frase “empenhar-se com coragem e vigor” (yumyo shojin, em jap.)”. Qual o significado dessa expressão? “Coragem” (yumyo) significa enfrentar bravamente as dificuldades e reunir nossa sabedoria e criatividade para tornar possível o impossível. O grande mestre Miaole explica shojin (“diligência”) da seguinte maneira: “Sho (‘puro’) significa não adulterado e imaculado; e jin (‘empenho’), indica esforço incessante”. Portanto, shojin consiste em avançar, sempre em frente, sem se distrair com outras coisas. O Sutra do Lótus declara que o próprio Buda atingiu a iluminação por meio da “coragem e vigor”, ou “empenhando-se com bravura e diligência”, ao longo de muitas existências. Desde o momento em que estabeleceu seu ensinamento (em 1253), Daishonin estava plenamente ciente de que enfrentaria perseguições caso lutasse contra as maldades. Como conseguiu se manter fiel à propagação do Sutra do Lótus? O ponto de partida dele foi seu juramento seigan: “Jurei manter uma poderosa e inabalável determinação de salvar todos os seres vivos, sem jamais esmorecer em meus esforços” (CEND, v. I, p. 250). O presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, dava grande importância a essas palavras e as sublinhou em seu exemplar dos escritos de Nichiren Daishonin. Esse compromisso inabalável é o juramento seigan do bodisatva de propagar o Sutra do Lótus para conduzir as pessoas à iluminação na era maléfica após a morte do Buda. Qual o papel dos companheiros e da Soka Gakkai em nossa prática individual como budistas? Para praticar o sublime ensinamento do budismo, também necessitamos da figura de “bons amigos”, tais como o mestre para nos instruir e guiar corretamente ao longo do caminho para o estado de buda e de companheiros praticantes para nos apoiar e nos encorajar no caminho da fé e da prática. Aprimorarmo-nos e nos desenvolver dentro da Soka Gakkai — uma organização extraordinária de “bons amigos” — é essencial para elevar nossa condição de vida, realizando nossa revolução humana e transformando nosso destino.

14/01/2025

Estudo

[77] Despertar para nosso “eu maior” e nossa “missão maior”

Explanação O propósito fundamental da prática budista, no âmbito individual, é atingir o estado de buda nesta existência e, no social, realizar o kosen-rufu que é, em si, a “pacificação da terra” por meio da ampla propagação da Lei Mística. Em outras palavras, consiste em cada um de nós elevar a própria condição de vida, empenhar juntos para realizar nossa revolução humana e construir uma sociedade feliz e segura que faça do respeito pela vida e pela dignidade humana sua base espiritual. Meu mestre, Josei Toda, descreveu o espírito da revolução humana para seus jovens discípulos da seguinte maneira: Se vocês forem jovens que se preocupam genuinamente com seu país e desejam a felicidade do povo, então, devem ser os primeiros a buscar esta nobre essência da revolução humana [de se dedicar à felicidade de todas as pessoas com base na fé no Budismo Nichiren], combater e vencer os “três poderosos inimigos”,1 bem como os “três obstáculos e quatro maldades”,2 e avançar corajosa e ininterruptamente! Flores de lótus cultivadas no Centro Cultural Campestre (Itapevi, SP, jun. 2024) Mudança para uma sociedade melhor Muitos jovens que se empenharam ao lado de Toda sensei naquela época tinham acabado de ingressar na Soka Gakkai. Alguns estavam lutando contra doenças e alguns enfrentavam dificuldades financeiras. Mas, por terem encontrado a Lei Mística e despertado para sua missão pelo kosen-rufu ainda jovens, eles estavam se desafiando corajosamente para construir uma sociedade pacífica com base na filosofia de dignidade da vida preconizada pelo Budismo Nichiren. Toda sensei ensinou a esses jovens, a quem confiaria o futuro, que o kosen-rufu é uma luta contínua contra a natureza maligna inerente à nossa vida. A conquista pessoal do estado de buda nesta existência e a essência da revolução humana, explicou ele, residem em combater os “três obstáculos e quatro maldades”, derrotando os mecanismos da escuridão fundamental,4 oculta em nosso interior, e seguindo em frente de forma corajosa e ininterruptamente. Nosso movimento budista do povo visa ajudar as pessoas a despertar para o infinito potencial e poder que elas e as demais possuem, a se tornar fortes e sábias e a trabalhar juntas como agentes da mudança para a felicidade das pessoas e a melhoria da sociedade. Ele observou que as autoridades estabelecidas, todavia, com certeza verão o surgimento dessa nova força para o bem como uma ameaça e tentarão solapar e destruir seus laços de coesão e de solidariedade. Por essa razão, disse ele, devemos estar preparados para os inevitáveis ataques dos três poderosos inimigos. Somente ao enfrentarmos e vencermos resolutamente os obstáculos e as maldades que impõem sofrimento às pessoas é que poderemos promover o avanço do nosso movimento para concretizar o kosen-rufu e estabelecer a “pacificação da terra”. A partir do dia em que Nichiren Daishonin proclamou seu ensinamento [no vigésimo oitavo dia do quarto mês de 1253], ele iniciou uma luta monumental, hasteando bem alto a bandeira do Nam-myoho-renge-kyo, a Lei para a iluminação de todas as pessoas. Ele ultrapassou tempestades de oposição e de perseguição para abrir caminhos para a eterna perpetuação da Lei. As maiores provações que enfrentou em sua existência foram a Perseguição de Tatsunokuchi no décimo segundo dia do nono mês de 1271, e o subsequente Exílio na Ilha de Sado.5 Este ano [2021] marca o 750o aniversário da Perseguição de Tatsunokuchi. Assinalemos a ocasião contemplando com um novo olhar o significado do processo de “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”6 vivenciado por Daishonin na ocasião. Nichiren Daishonin lutou incansavelmente como Buda dos Últimos Dias da Lei para habilitar todas as pessoas a atingir a iluminação. Examinando seu nobre espírito, consideremos o que significa para a Soka Gakkai e para cada um de nós “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” e utilizemos isso como inspiração para aprofundar nossa decisão na fé. Trecho do escrito 1 Abertura dos Olhos No décimo segundo dia do nono mês do ano passado, entre as horas do rato e do boi [entre 23 horas e 3 horas], esta pessoa chamada Nichiren foi decapitada [em Tatsunokuchi]. Foi sua alma que chegou a esta Ilha de Sado e, no segundo mês do ano seguinte, cercado pela neve, escreve esta carta para enviá-la aos seus discípulos mais próximos. [A descrição da era maléfica do capítulo “Encorajamento à Devoção”] parece terrível, porém, [aquele que não poupa a vida em prol da Lei] não tem nada a temer; outros, ao lê-la, ficarão apavorados. Esta passagem das escrituras é o espelho resplandecente que Shakyamuni, Muitos Tesouros e os budas das dez direções deixaram para o futuro do Japão, e no qual se reflete a atual situação do país. Também pode ser considerada uma recordação deixada por mim.7 (CEND, v. I, p. 281-282) Conluio entre o poder religioso e as autoridades constituídas Essa passagem de Abertura dos Olhos confirma que, por ocasião da Perseguição de Tatsunokuchi, Nichiren Daishonin “abandonou o transitório e revelou o verdadeiro”. No décimo dia do nono mês de 1271, Daishonin foi convocado a comparecer perante Hei no Saemon-no-jo Yoritsuna8 para ser interrogado. Dois dias depois, na noite do décimo segundo dia do nono mês, Yoritsuna levou um bando de soldados armados até a moradia de Daishonin para prendê-lo. Conforme Nichiren Daishonin escreve mais tarde, isso “não é resultado de nenhum crime secular” (CEND, v. I, p. 320) de sua parte. Sacerdotes hostis, tentando evitar enfrentá-lo num debate religioso, conspiraram com as autoridades do governo para lançar falsas acusações contra ele e seus seguidores e, em decorrência disso, ele foi preso injustamente. Ryokan,9 prior do templo Gokuraku-ji, a quem Daishonin havia vencido no confronto de oração por chuva,10 e Nen’a Ryochu11 e seus comparsas, cuja natureza corrupta havia sido exposta por Daishonin, foram peças fundamentais nesse processo. Tudo isso, porém, condizia com o tipo de perseguição prevista no Sutra do Lótus. Daishonin novamente apresentou um veemente protesto a Yoritsuna, afirmando que, a não ser que aqueles no poder pusessem fim à calúnia contra a Lei e apoiassem o ensinamento correto, os dois desastres — conflitos internos e invasão estrangeira — que ele havia advertido que incidiria sobre o Japão em seu tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra — ocorreriam com toda a certeza. Depois de prendê-lo, as autoridades aparentemente decidiram exilar Daishonin na Ilha de Sado, e ele ficou detido naquela noite na residência de Hojo Nobutoki, comandante militar de Sado.12 Porém, repentinamente, no meio da noite, ele foi conduzido à praia em Tatsunokuchi, nas cercanias de Kamakura. Certos oficiais do governo militar extremamente antagônicos a Daishonin haviam decidido secretamente executá-lo sob o manto da escuridão. No exato instante em que o algoz se preparava para decapitá-lo, “uma bola brilhante como a Lua irrompeu” (CEND, v. II, p. 26) da direção da pequena ilha vizinha Enoshima, acabando abruptamente com a tentativa de assassinato. Essa foi a Perseguição de Tatsunokuchi. Integrantes da Sub. Bandeirantes, da Coordenadoria Leste Paulista, em atividade com o tema “Juventude Soka — Eu sou Shin’ichi Yamamoto” (Campinas, SP, out. 2024) Uma condição de ilimitada liberdade repleta de sabedoria, compaixão e coragem Por que, apesar de não ter sido executado de fato, Daishonin afirma nesta passagem: “Esta pessoa chamada Nichiren foi decapitada” (CEND, v. I, p. 281-282)? Aqui se encontra o profundo significado de “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”. Com a frase “Esta pessoa chamada Nichiren”, ele está dizendo que a vida do mortal comum chamado Nichiren chegou ao fim em Tatsunokuchi. Daishonin foi levado de Tatsunokuchi para a residência de Homma Shigetsura13 em Echi, província de Sagami (parte ao norte da atual cidade de Atsugi, província de Kanagawa), onde permaneceu por aproximadamente um mês até ser formalmente sentenciado ao exílio na Ilha de Sado. Em uma carta redigida em Echi, ele discute o princípio da “amenização do efeito cármico”14 (cf. Ibidem, p. 207). Daishonin sugere que pôde atingir a suprema iluminação do Buda por meio das perseguições que enfrentou. Segundo ele, foi exatamente como o caso do bodisatva Jamais Desprezar,15 que alcançou o caminho do buda “Quando suas ofensas foram erradicadas” (LSOC, cap. 20, p. 312) — ou seja, quando suas ofensas cármicas de existências passadas de caluniar o ensinamento correto finalmente foram erradicadas ao enfrentar perseguições em prol da Lei (cf. CEND, v. I, p. 207). Nichiren Daishonin mostrou, mediante o próprio exemplo, que um mortal comum dos Últimos Dias da Lei, nascido na era maléfica assolada pelo sofrimento, pôde, “pelo benefício obtido por proteger a Lei” (CEND, v. I, p. 294),16 amenizar o efeito cármico de caluniar a Lei em existências passadas e erradicar aquelas ofensas passadas. Ele demonstrou que era possível se libertar do ciclo negativo dos três caminhos dos desejos mundanos, carma e sofrimento.17 Daishonin, então, diz: “Foi sua alma que chegou a esta Ilha de Sado” (Ibidem, p. 282). “Alma”, nesse contexto, refere-se à condição de vida originalmente inerente, que pode transformar desejos mundanos, carma e sofrimento. Em outras palavras, é a condição de vida d’Aquele que Assim Chega, dotada das três características do Buda — especificamente, o corpo do Darma, o corpo da recompensa e o corpo manifesto.18 Essencialmente, significa despertar para a Lei Mística — a verdade suprema que permeia a vida e o universo — e ter a coragem de enfrentar e ultrapassar as adversidades com máxima sabedoria. Consiste também em uma condição de total liberdade e infinita compaixão por todas as formas de vida. Daishonin despertou para essa condição inigualável e a estabeleceu dentro da própria vida exatamente como ele era — como mortal comum. Por meio da prática do Buda, sem poupar a própria vida, ele revelou o estado de buda originalmente inerente à vida de todos os mortais comuns dos Últimos Dias da Lei. De fato, o escrito Abertura dos Olhos demonstra claramente a ilimitada condição de vida de Daishonin como Buda dos Últimos Dias da Lei, que possui as três virtudes de soberano, mestre e pais e busca conduzir as pessoas à iluminação. Essa condição de vida é a essência do “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” de Nichiren Daishonin. Camerata Ikeda, da Orquestra Filarmônica Brasileira do Humanismo Ikeda, presta homenagem durante a cerimônia de finados realizada pela BSGI (Itapevi, SP, nov. 2024) Todos possuem inerentemente a condição de vida do Buda do tempo sem início Em uma passagem bastante conhecida de Abertura dos Olhos, Daishonin escreve: Eu e meus discípulos, ainda que ocorram vários obstáculos, desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de buda. Não duvidem, mesmo que não haja proteção dos céus. Não lamentem a ausência de segurança e tranquilidade na vida presente. (CEND, v. I, p. 296) A expressão “Eu e meus discípulos (...) atingiremos naturalmente o estado de buda” significa que a condição de vida do Buda do tempo sem início inerente a Daishonin também é inerente a cada um de nós. No entanto, enquanto a ilusão e o sofrimento que obscurecem a vida das pessoas controlarem-nas, elas não conseguirão perceber sua natureza de buda interna. Por essa razão, Daishonin encorajou incansavelmente seus discípulos com o próprio exemplo e sua conduta, e por meio de suas orientações. Além disso, escreveu incalculáveis cartas para eles, mantendo diálogo por meio da palavra escrita, a fim de incentivá-los na prática da fé, para que fossem capazes de revelar a mesma condição de vida de buda que a dele. Em especial, ensinou a seus discípulos que, ao evocarem o coração de um rei leão e perseverarem diante de tudo com fé inabalável, eles poderiam manifestar a mesma vasta condição de vida de sabedoria, coragem e compaixão do Buda. Com base nisso, torna-se claro que a chave para os mortais comuns atingirem o estado de buda reside em praticar os ensinamentos do Buda exatamente como Daishonin orienta. Na parte conclusiva de Abertura dos Olhos, ele nos exorta a nos empenhar na propagação da Lei Mística, isto é, na prática do shakubuku para combater a natureza maléfica que se origina da ignorância fundamental, a causa primordial do sofrimento das pessoas. Podemos considerar isso como expressão do seu desejo de que sigamos seu exemplo e “abandonemos o transitório e revelemos o verdadeiro” em nossa própria vida. “Espelho resplandecente (...) no qual se reflete a atual situação do país” Podemos interpretar a segunda metade da passagem de Abertura dos Olhos que estamos estudando como orientação de Daishonin para reconhecer a essência dos três poderosos inimigos e lutar resolutamente contra eles. De acordo com o trecho, Nichiren Daishonin escreveu essa carta “no segundo mês do ano seguinte, cercado pela neve (...), para enviá-la aos seus discípulos mais próximos” (CEND, v. I, p. 282). Ele começou a redigir Abertura dos Olhos logo após a sua chegada a Sado, e depois de concluí-la no segundo mês de 1272, confiou-a a Shijo Kingo para ser compartilhada com seus discípulos mais próximos. Em seguida, Daishonin escreve: “[A descrição da era maléfica do capítulo ‘Encorajamento à Devoção’] parece terrível, porém, [aquele que não poupa a vida em prol da Lei] não tem nada a temer” (Ibidem). Ele encoraja ardentemente seus discípulos, assegurando-lhes que, embora os três poderosos inimigos descritos no capítulo 13, “Encorajamento à Devoção”, do Sutra do Lótus, possam parecer assustadores, para os praticantes do sutra, não há razão para ter medo deles. Ao mesmo tempo, sua afirmação de que “Outros, ao lê-la, ficarão apavorados” (Ibidem) deixa claro que aqueles que não estiverem dispostos a viver junto com Daishonin, como praticantes do Sutra do Lótus, com certeza ficarão amedrontados com essa descrição do capítulo “Encorajamento à Devoção”. Nichiren Daishonin, apesar de reconhecer que os três poderosos inimigos — sobretudo o terceiro tipo, falsos sábios arrogantes — possam, de fato, ser temíveis, também expressa sua poderosa convicção de que aqueles que possuem forte fé como praticantes do Sutra do Lótus podem triunfar sobre eles Ryokan, uma das figuras principais por trás da Perseguição de Tatsunokuchi, era reverenciado por muitos como um “buda vivo” (WND, v. II, p. 777). Na realidade, ele era movido pela ganância e ambição e conspirou com as autoridades para perseguir Daishonin, o devoto do Sutra do Lótus. Ele constituía, portanto, a síntese do tipo mais ameaçador dos três poderosos inimigos, os falsos sábios arrogantes. Os esforços de Nichiren Daishonin para propagar a Lei Mística consistiam, por si sós, em uma batalha contra os três poderosos inimigos. Embora tivesse vivenciado incalculáveis perseguições — entre as quais a Perseguição de Matsubagayatsu,19 o Exílio em Izu20 e a Perseguição de Komatsubara21 — recusava-se a recuar um único passo, continuando a propagar a Lei correta. Além disso, com plena confiança e serenidade, ele triunfou sobre a maior perseguição de todas — a sua quase execução em Tatsunokuchi. Posteriormente, refletindo sobre os acontecimentos daquela ocasião, ele declarou sua vitória, dizendo: “Sobrevivi até a Perseguição de Tatsunokuchi” (GZ, nova edição, p. 1176 [GZ, p. 843]).22 Em Abertura dos Olhos, ele expressa: “Esta passagem das escrituras é o espelho resplandecente que Shakyamuni, Muitos Tesouros e os budas das dez direções deixaram para o futuro do Japão, e no qual se reflete a atual situação do país. Também pode ser considerada uma recordação deixada por mim” (CEND, v. I, p. 282). Essa passagem descreve a condição serena e ilimitada que Daishonin havia alcançado lendo o capítulo “Encorajamento à Devoção” com a própria vida, triunfando sobre o rei demônio do sexto céu23 e permanecendo invencível diante dos três poderosos inimigos. Cerejeiras em flor no Centro Cultural Campestre (Itapevi, SP, jul. 2024) No interior da vida, a condição de Buda; externamente, a ação do bodisatva Após “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”, Nichiren Daishonin continuou se devotando a cumprir o grande juramento que emanava com força cada vez maior a partir do seu estado de buda inerente. Trata-se do juramento de habilitar todas as pessoas a alcançar a felicidade inabalável. É idêntico ao ardente desejo de Shakyamuni — ao qual Daishonin se refere como “Promessa benevolente do Buda ao declarar: ‘Medito constantemente: [Como posso conduzir as pessoas ao caminho supremo e fazer com que adquiram rapidamente o corpo de um buda?]’ [LSOC, cap. 16, p. 273]” (CEND, v. I, p. 64). Esse desejo é manifestado nas linhas conclusivas da parte em verso do capítulo “A Extensão da Vida”.“Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” não significa tornar-se alguém especial, algo além de um ser humano comum. Significa empreender ações como um bodisatva no mundo real, na sociedade. Essa é a essência do princípio da “possessão mútua dos dez mundos”24 ensinado no Sutra do Lótus. Em outras palavras, a condição de vida interior de Daishonin era a do Buda eterno, do Buda do tempo sem início. No entanto, em suas ações externas no mundo real, ele se comportava como o bodisatva Práticas Superiores, líder dos bodisatvas da terra, a quem Shakyamuni incumbe da missão de propagar o Sutra do Lótus na era maléfica posterior após a sua morte. Os bodisatvas da terra são “[indivíduos] que herdaram a Lei suprema” (CEND, v. I, p. 390) e, portanto, abraçam a mesma Lei que o Buda do tempo sem início. Entretanto, neste mundo saha25 da era maléfica, eles se empenham como bodisatvas na propagação da Lei Mística em meio aos sofrimentos das pessoas, buscando construir um mundo de felicidade humana, seguro e pacífico. Daishonin demonstra isso com a própria conduta. Além disso, embora tivesse enfrentado o perigo dos violentos ataques das forças poderosas, nenhuma delas teve êxito em tirar a sua vida. Para Daishonin, esse fato só confirmou que o nobre e invencível estado de buda inerente a ele, como mortal comum dos “nove mundos”,26 não poderia ser destruído. E o grande juramento que ele selou ao estabelecer seu ensinamento — o grandioso juramento seigan de conduzir todas as pessoas à iluminação que ele prometeu jamais descumprir — só se fortaleceu cada vez mais com o passar do tempo. A profundidade da compaixão de Daishonin era tamanha que ele desejava ajudar cada pessoa dos Últimos Dias da Lei a “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”, assim como ele havia feito. Nesse sentido, no que concerne à nossa prática budista, “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” quer dizer despertar a consciência de que somos herdeiros do juramento eterno do Buda e de que devemos dar início aos nossos próprios intrépidos esforços em prol da felicidade das pessoas. Começa com uma única pessoa dando a partida confiantemente no mesmo grandioso caminho do juramento seigan do Buda. Quando as pessoas munidas desse profundo compromisso se unem e se lançam a um movimento para a “pacificação da terra”, elas constroem a terra do Buda, um reino de segurança e de felicidade para todos. Esse é o real significado de “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” no Budismo Nichiren. Divisão dos Universitários (DUni) da BSGI comemora quarenta anos de fundação em Manaus. Foto de representantes na visita ao Teatro Amazonas, parte da programação do evento (Manaus, AM, out. 2024) Trecho do escrito 2 Os Três Tipos de Tesouro Sempre recordo o momento, ainda hoje vívido, quando estava prestes a ser decapitado; o senhor veio correndo me acompanhar e, com os olhos vertendo lágrimas de dor, agarrou-se às rédeas de meu cavalo.27 Não poderia esquecê-lo em nenhuma das existências futuras. Se ocorresse de o senhor cair no inferno por alguma falta grave e Shakyamuni insistisse para que me tornasse buda, eu recusaria. Em vez disso, preferiria ir para o inferno com o senhor, pois, se caíssemos juntos lá, encontraríamos também o buda Shakyamuni e o Sutra do Lótus. Seria como a Lua iluminando a escuridão, como a água fria vertida sobre a água quente, como o fogo derretendo o gelo ou como o Sol dissipando o breu. Contudo, se ignorar meu conselho, mesmo que o mínimo, depois não me culpe pelas consequências.28 (CEND, v. II, p. 111-112) A vida de luta conjunta de Shijo Kingo com seu mestre Essa passagem consta de Os Três Tipos de Tesouro, carta na qual Daishonin salienta a seu aguerrido discípulo Shijo Kingo, que defrontava problemas e dificuldades na vida, a importância do “tesouro do coração” (CEND, v. II, p. 112) e do “comportamento como ser humano” (Ibidem, p. 113). Nesse trecho, ele reflete sobre o inquebrantável laço de mestre e discípulo entre eles, evidente durante a Perseguição de Tatsunokuchi. Como muitos sabem, quando seus captores o levavam a cavalo para Tatsunokuchi, Daishonin enviou um mensageiro a Shijo Kingo, chamando-o para vir ao seu encontro. Talvez desejasse que seu discípulo testemunhasse seu espírito indômito diante daquela perseguição potencialmente fatal e, com isso, lhe mostrasse a dedicação, sem poupar a própria vida, de um praticante do Sutra do Lótus. Shijo Kingo, acompanhado de seus irmãos, imediatamente correu para se juntar a Daishonin, sem nem mesmo ter tempo de calçar os sapatos. Ele seguiu para Tatsunokuchi com Daishonin totalmente preparado para morrer ao lado dele no momento crucial. No momento em que o carrasco ia levantar a espada, Shijo Kingo, tomado de emoção, irrompeu em lágrimas, mas Daishonin lhe disse serenamente: “Não compreende! Que alegria maior poderia haver? [Você deve sorrir e se alegrar!]” (Ibidem, p. 26). Esse foi seu brado altivo e desafiador em face da morte iminente. Era o rugido de um rei leão emanando da condição de vida colossal de Daishonin, que havia dedicado a vida ao grande e eterno juramento pelo kosen-rufu. A conduta de Daishonin quando “abandonou o transitório e revelou o verdadeiro” durante a Perseguição de Tatsunokuchi demonstrou sua condição de vida como o protagonista para guiar as pessoas desta era maléfica para a iluminação, ou seja, como Buda dos Últimos Dias Lei. Contudo, acredito também que constituiu uma cerimônia entre mestre e discípulo na qual o mestre mostra ao discípulo quão grandioso um ser humano pode ser. Daishonin, sem dúvida, buscou gravar sua luta de vida ou morte em prol do budismo na mente de Shijo Kingo, um de seus discípulos mais confiáveis, para assegurar que fosse transmitido eternamente no futuro. É por esse motivo que ele diz que jamais se esquecerá de como Shijo Kingo, que aceitou prontamente essa missão, o acompanhou a Tatsunokuchi. Daishonin afirma que, se por alguma razão Shijo Kingo caísse no inferno, ele também se recusaria a se tornar um buda e o seguiria até lá. É assim que ele louva seu discípulo, garantindo-lhe que atingirá a iluminação sem falta. Representantes da Juventude Soka de todo o Brasil durante a 5a edição da Academia Índigo (Itapevi, SP, set. 2024) A nobre tarefa de elevar a condição de vida da humanidade Sete séculos depois da morte de Nichiren Daishonin, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, nosso primeiro e segundo presidentes, deram continuidade à prática de não poupar a própria vida de Daishonin com esse mesmo profundo laço de juramento seigan entre mestre e discípulo. Eu também segui adiante, de todo o coração, nesse mesmo caminho de unicidade, com o mesmo espírito. E hoje, um fluxo infindável de membros segue nosso exemplo na grande estrada Soka, não apenas no Japão, mas em 192 países e territórios. Vivendo sempre pela ordem e pelo desejo do Buda, os membros da Soka Gakkai se empenham, evidenciando seu estado de buda para desafiar e superar dificuldades, bem como trabalhar para edificar e expandir a terra do tesouro de esperança e segurança, de felicidade e paz cada vez maior. Hoje, membros de todos os lugares se engajam na nobre tarefa de elevar a condição de vida da humanidade, trazendo à tona seu “eu maior” — ou seja, seu verdadeiro poder como bodisatvas da terra — e abraçando sua “missão maior” — o grande juramento de concretizar o kosen-rufu e o ideal do rissho-ankoku. Tudo isso comprova que eles estão “abandonando o transitório e revelando o verdadeiro” na própria vida, mantendo-se fiéis ao seu juramento seigan e solidificando sua decisão inabalável de jamais ser derrotados por nenhum obstáculo ou maldade. A propagação das ondas de “maior das alegrias”, “abandonando o transitório e revelando o verdadeiro” de cada um de nós, está inspirando e motivando os outros, demonstrando o grandioso desenvolvimento do kosen-rufu mundial. A resplandecente prova real da revolução humana dos nossos membros atesta quanto a Soka Gakkai levou avante e revitalizou a fé e a prática de Daishonin para conduzir todas as pessoas à iluminação. Foto comemorativa da atividade que celebrou os quarenta anos da Coordenadoria Educacional da BSGI (Itapevi, SP, out. 2024) “Quão grandiosos são os seres humanos!” Com a sociedade global se debatendo com problemas tão complexos, este é o momento para cada um de nós assumir o desafio de mostrar quão grandiosos são os seres humanos para mudar o destino da humanidade. Agora, quando avançamos rumo ao centenário da Soka Gakkai (em 2030), o Budismo do Sol de Daishonin começou a iluminar o mundo intensamente. Renovemos nossa determinação de dissipar a escuridão da era maléfica dos Últimos Dias da Lei, perseverando imponentemente em nossas ações com convicção. No topo: Ikeda sensei e sua esposa, Sra. Kaneko, vestindo trajes formais malaios, incentivam formandos das instituições de ensino Soka, no Centro Cultural da Malásia (1o dez. 2000) Notas: 1. “Três poderosos inimigos”: Três tipos de pessoas arrogantes que perseguem aqueles que propagam o Sutra do Lótus na era maléfica após a morte do buda Shakyamuni, descritos na parte em verso que conclui o capítulo 13, “Encorajamento à Devoção”, do Sutra do Lótus. O grande mestre Miaole da China resume-os como leigos arrogantes, sacerdotes arrogantes e falsos sábios arrogantes. 2. “Três obstáculos e quatro maldades”: Vários obstáculos e adversidades que tentam impedir a prática budista. Os “três obstáculos” são: (1) obstáculo dos desejos mundanos; (2) obstáculo do carma, que pode se manifestar na forma de oposição do cônjuge ou dos filhos; e (3) obstáculo da retribuição, também interpretado como obstáculos causados por quem devemos obediência, como governantes e pais. As “quatro maldades” são: (1) maldade dos cinco componentes; (2) maldade dos desejos mundanos; (3) maldade da morte; e (4) maldade celestial. 3. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 1. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1992. p. 267. (Extraído de um editorial da edição da Daibyakurenge de agosto de 1957.) 4. “Escuridão fundamental”: Também “ignorância fundamental”. Ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que dá origem a todas as demais ilusões e desejos mundanos. Consiste na incapacidade de ver ou reconhecer a verdade suprema da Lei Mística, bem como os impulsos negativos que surgem dessa ignorância. 5. A Perseguição de Tatsunokuchi foi uma tentativa ilegal de executar Nichiren Daishonin em Tatsunokuchi, nas cercanias de Kamakura, no décimo segundo dia do nono mês de 1271. Pouco depois, com base em acusações mentirosas, ele foi sentenciado ao exílio na Ilha de Sado, que durou dois anos e cinco meses, desde o final do décimo mês de 1271 até ele receber indulto no terceiro mês de 1274. No decorrer desse tempo, ele redigiu vários escritos importantes, entre os quais Abertura dos Olhos e O Objeto de Devoção para Observar a Mente, e ofereceu incentivos a seus discípulos. 6. “Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” (hosshaku-kempon): Revelar a verdadeira condição de um buda e deixar de lado a condição provisória ou transitória desse buda. A expressão foi cunhada pelo grande mestre Tiantai em relação à revelação de Shakyamuni no capítulo 16, “A Extensão da Vida”, do Sutra do Lótus, no qual ele descarta sua identidade provisória como Buda que atingiu a iluminação pela primeira vez sob a árvore bodhi na Índia e revela sua iluminação original no remoto passado. No tocante à vida de Nichiren Daishonin, isso se refere à sua revelação na Perseguição de Tatsunokuchi, durante a qual ele abandona sua condição transitória como mortal comum não iluminado assolado pelo carma e sofrimento e, embora permaneça como um ser humano, revela sua identidade original e verdadeira como Buda possuidor de infinita sabedoria, compaixão e coragem (Buda do tempo sem início ou Buda eterno). 7. O escrito Abertura dos Olhos, de Nichiren Daishonin, foi concluído em Tsukahara, na Ilha de Sado, no segundo mês de 1272, e endereçada a todos os seus discípulos. Revela que Daishonin possui as três virtudes de soberano, mestre e pais nos Últimos Dias da Lei. 8. Hei no Saemon-no-jo Yoritsuna (+1293): Importante autoridade na regência Hojo, núcleo do governo de fato do Japão durante o período Kamakura. Ele serviu a dois regentes consecutivos, Hojo Tokimune e Hojo Sadatoki, e exercia enorme influência como subchefe do Posto de Comando Militar (cujo chefe era o próprio regente). Ele perseguiu Daishonin e seus discípulos. 9. Ryokan (1217–1303): Também conhecido como Ninsho. Sacerdote da escola Preceitos-Palavra Verdadeira no Japão. Com o patronato do clã Hojo, tornou-se prior do templo Gokuraku-ji em Kamakura e conquistou grande influência. Ele era hostil a Daishonin e conspirou ativamente aliando-se com as autoridades para perseguir Nichiren Daishonin e seus discípulos. 10. No verão de 1271, em resposta à seca prolongada, o governo ordenou a Ryokan que orasse por chuva. Ao tomar conhecimento disso, Daishonin fez uma proposta a Ryokan: Se Ryokan conseguisse produzir chuva dentro de sete dias, Daishonin se tornaria discípulo dele; mas se fracassasse na empreitada, Ryokan é quem deveria aceitar a fé no Sutra do Lótus. Quando suas orações não ocasionaram chuva alguma após sete dias, Ryokan pediu mais sete dias de prazo. Novamente, nem uma gota caiu, mas, em vez disso, fortes vendavais ocorreram. Ryokan claramente perdeu o desafio. No entanto, em vez reconhecer a derrota honestamente, tornou-se ainda mais hostil em relação a Daishonin. Ele e seus aliados arquitetaram falsas acusações contra Daishonin, registrando queixa ao governo em nome do sacerdote Gyobin da Nembutsu, que mantinha vínculos estreitos com ele. Além disso, usou sua influência com oficiais da alta cúpula do governo, bem como com as esposas deles, para que Daishonin fosse perseguido pelas autoridades. 11. Nen’a Ryochu (1199–1287): Também conhecido como Nen’amidabutsu Ryochu. Sacerdote dos ensinamentos da Terra Pura no Japão. Líder dos seguidores do Nembutsu em Kamakura durante a época de Nichiren Daishonin. Além de Ryokan e de Doamidabutsu, ele foi um dos sacerdotes identificados por Daishonin em Resposta à Petição de Gyobin como uma das pessoas por trás das acusações forjadas contra ele em nome do sacerdote Gyobin, logo após Daishonin ter vencido Ryokan numa disputa de oração por chuva no sexto mês de 1271. Daishonin reitera isso em Abertura dos Olhos, na qual ele designa Nen’a como um dos falsos sábios arrogantes — ou seja, o terceiro tipo dos três poderosos inimigos. 12. Hojo Nobutoki (1237–1323): Conhecido como o senhor de Musashi, ele era uma figura poderosa no governo de Kamakura. Seu pai era seguidor de Nen’a Ryochu. Na ocasião da Perseguição de Tatsunokuchi, ele era governador da província de Musashi e comandante militar da Ilha de Sado, e Daishonin foi colocado sob a custódia dele. Durante o exílio de Daishonin em Sado, Nobutoki também emitiu ordens do governo forjadas instruindo medidas repressivas contra Daishonin e seus seguidores. 13. Homma Shigetsura (s.d.): Também conhecido como Homma Rokurozaemon-no-jo Shigetsura. Homma serviu como vassalo do poderoso Hojo Nobutoki, que era governador da província de Musashi e, concomitantemente, comandante militar da Ilha de Sado. Embora também possuísse um feudo e residência em Echi, província de Sagami, Homma era subcomandante militar da ilha inteira. 14. “Amenizar o efeito cármico” (tenju kyoju): Esse conceito, que literalmente significa “transformar o pesado e recebê-lo de forma mais leve”, consta no Sutra do Nirvana. “Pesado” indica o carma negativo acumulado ao longo de incontáveis existências passadas. Como benefício de proteger o ensinamento do budismo, podemos experimentar um efeito cármico relativamente leve nesta existência, expiando, assim, o carma pesado que, normalmente, nos afetaria de forma negativa não só nesta vida, mas ao longo de muitas existências futuras. 15. Bodisatva Jamais Desprezar. Descrito no capítulo 20, “Jamais Desprezar”, do Sutra do Lótus, esse bodisatva — Shakyamuni numa existência anterior — viveu no fim dos Médios Dias da Lei, depois da morte do buda Rei do Som Imponente. Ele se curvava respeitosamente a todos com quem se encontrava e dizia: “Eu os reverencio profundamente, jamais ousaria tratá-los com desdém ou arrogância. Por quê? Porque todos estão praticando o caminho do bodisatva e infalivelmente atingirão o estado de buda” (LSOC, cap. 20, p. 308). Porém, ele era atacado por monges, monjas, leigos e leigas arrogantes, que o agrediam com varas e bastões e atiravam pedras nele. O sutra explica que essa prática se tornou a causa para o bodisatva Jamais Desprezar atingir o estado de buda. 16. O Sutra Parinirvana afirma: “É pelo benefício obtido por proteger a Lei que essas pessoas podem, nesta existência, amenizar os sofrimentos ou as retribuições [cármicas]”. 17. Os três caminhos dos desejos mundanos, carma e sofrimentos são denominados “caminhos” porque um conduz ao outro. Desejos mundanos, tais como avareza, ira, estupidez, arrogância e dúvida, originam ações que criam mau carma. O efeito desse mau carma então se manifesta como sofrimento. Sofrimento agrava os desejos mundanos, acarretando mais ações equivocadas, que, por sua vez, provocam mais mau carma e sofrimento. Desse modo, os três caminhos atuam para impedir que a pessoa atinja o estado de buda. 18. “Três corpos” (sanjin): Três tipos de corpo que um buda possui. Eles são: (1) corpo do Darma, que indica a verdade fundamental ou a Lei para a qual um buda se iluminou; (2) corpo da recompensa, que indica a sabedoria para perceber a Lei, e é assim chamado porque a sabedoria de um buda é considerada a recompensa derivada do incessante esforço e da disciplina; e (3) corpo manifesto, que se refere às ações compassivas de um buda para conduzir as pessoas à felicidade. 19. Perseguição de Matsubagayatsu: Atentado à vida de Daishonin perpetrado por seguidores da Nembutsu e outros, em sua casa em Matsubagayatsu, Kamakura, em 1260. 20. Exílio em Izu: Perseguição que resultou no exílio de Nichiren Daishonin em Ito, província de Izu (parte da atual província de Shizuoka), do quinto mês de 1261 ao segundo mês de 1263. 21. Perseguição de Komatsubara: Emboscada perpetrada contra Nichiren Daishonin e alguns de seus discípulos em um local chamado Matsubara, na Vila Tojo, em 1264. Daishonin sofreu um corte de espada na testa e fraturou a mão esquerda; um de seus seguidores foi morto durante o incidente e outro faleceu posteriormente por causa dos ferimentos. 22. Oko Kikigaki [Registro das Preleções]; não incluídas no The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin], v. I ou II. 23. Rei demônio do sexto céu: Também conhecido como rei demônio ou demônio celestial. Rei dos demônios que habita o mais elevado dos seis céus do mundo do desejo, o mais alto de todos os céus. Conhecido ainda como “Aquele que Desfruta Livremente das Criações Alheias”, ele utiliza a bel-prazer o fruto dos esforços dos outros. Assistido por incontáveis serviçais, ele tenta impedir a prática budista e se deleita em minar a energia vital dos outros seres. É uma manifestação da ignorância fundamental inerente à vida. O rei demônio é uma personificação da tendência negativa de forçar os outros a atender à vontade da pessoa a qualquer custo. 24. “Possessão mútua dos dez mundos”: Princípio que expõe que cada um dos dez mundos contém o potencial de todos os dez. “Possessão mútua” significa que a vida não se fixa a um ou a outro dos dez mundos, mas pode manifestar qualquer um dos dez — do mundo do inferno ao mundo dos budas — a qualquer momento. O ponto importante desse princípio reside no fato de que todos os seres, em qualquer um dos nove mundos, possuem a natureza de buda. Depreende-se disso que as pessoas abrigam o potencial para manifestar o estado de buda, e o Buda também possui os nove mundos e, nesse sentido, não é separado ou diferente dos mortais comuns. 25. Mundo saha: Este mundo, o mundo dos seres humanos, marcado por sofrimentos. Em sânscrito, saha significa terra; deriva-se do radical “suportar” ou “resistir”. Por essa razão, nas versões chinesas dos textos budistas, a palavra saha é traduzida como “resistência”. Nesse contexto, o mundo saha indica um lugar no qual as pessoas devem resistir a todos os tipos de sofrimento. 26. “Nove mundos”: Os nove mundos ou estados de vida do inferno ao mundo dos bodisatvas. 27. Referência à Perseguição de Tatsunokuchi, em que Nichiren Daishonin quase foi decapitado. 28. Essa carta, datada do décimo primeiro dia do nono mês de 1277, foi escrita para Shijo Kingo, ensinando-lhe o segredo para a vitória na vida. Resumo Estudo — Dezembro 2024 Principais tópicos estudados Corrente virtuosa Nosso movimento budista do povo visa ajudar as pessoas a despertar para o infinito potencial e poder que elas e as demais possuem, a se tornar fortes e sábias e a trabalhar juntas como agentes da mudança para a felicidade das pessoas e a melhoria da sociedade. Soka Gakkai revitalizou os ensinamentos de Nichiren Daishonin Sete séculos depois da morte de Nichiren Daishonin, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, nosso primeiro e segundo presidentes, deram continuidade à prática de não poupa a própria vida de Daishonin com esse mesmo profundo laço de juramento seigan entre mestre e discípulo. Eu também segui adiante, de todo o coração, nesse mesmo caminho de unicidade, com o mesmo espírito. E hoje, um fluxo infindável de membros segue nosso exemplo na grande estrada Soka, não apenas no Japão, mas em 192 países e territórios. Frases marcantes “O propósito fundamental da prática budista, no âmbito individual, é atingir o estado de buda nesta existência e, no social, realizar o kosen-rufu que é, em si, a ‘pacificação da terra’ por meio da ampla propagação da Lei Mística.” “O kosen-rufu é uma luta contínua contra a natureza maligna inerente à nossa vida.” “Somente ao enfrentarmos e vencermos resolutamente os obstáculos e as maldades (...) é que poderemos promover o avanço do nosso movimento.” “‘Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro’ (...) significa empreender ações como um bodisatva no mundo real, na sociedade.” Personalidades e personagens budistas citados • Nichiren Daishonin • Josei Toda • Shakyamuni • Muitos Tesouros • Hei no Saemon-no-jo Yoritsuna • Ryokan • Nen’a Ryochu • Hojo Nobutoki • Homma Shigetsura • bodisatva Jamais Desprezar • Shijo Kingo • Tsunesaburo Makiguchi Perguntas-guia para as atividades de estudo Como revelar a mesma condição de vida de buda que a de Nichiren Daishonin, de sabedoria, coragem e compaixão? A chave para os mortais comuns atingirem o estado de buda reside em praticar os ensinamentos do Buda exatamente como Daishonin orienta. Na parte conclusiva de Abertura dos Olhos, ele nos exorta a nos empenhar na propagação da Lei Mística, isto é, na prática do shakubuku para combater a natureza maléfica que se origina da ignorância fundamental, a causa primordial do sofrimento das pessoas. Podemos considerar isso como expressão do seu desejo de que sigamos seu exemplo e “abandonemos o transitório e revelemos o verdadeiro” em nossa própria vida. No que concerne à nossa prática budista, o que significa “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”? “Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” quer dizer despertar a consciência de que somos herdeiros do juramento eterno do Buda e de que devemos dar início aos nossos próprios intrépidos esforços em prol da felicidade das pessoas. Começa com uma única pessoa dando a partida confiantemente no mesmo grandioso caminho do juramento seigan do Buda. Quando as pessoas munidas desse profundo compromisso se unem e se lançam a um movimento para a “pacificação da terra”, elas constroem a terra do Buda, um reino de segurança e de felicidade para todos.

04/12/2024

Especial

7º Curso Latino-Americano de Budismo

Nos dias 27, 28 e 29 de setembro, a BSGI realizou o 7o Curso Latino-Americano de Budismo da Nova Era do Kosen-rufu Mundial, no Auditório da Paz, do Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda, em São Paulo, SP. Nobuo Fukase, vice-coordenador do Departamento de Estudo do Budismo da SGI, apresentou quatro explanações principais das obras: Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra, Dedico aos Meus Amados Jovens, Nova Revolução Humana, v. 30, e A Religião da Revolução Humana — Luta Conjunta de Mestre e Discípulo. Terceira Civilização selecionou trechos centrais dessas explanações e nesta edição publicaremos a parte final. Animação e disposição dos participantes da sétima edição do Curso Latino-Americano de Budismo Nobuo Fukase, vice-coordenador do Departamento de Estudo do Budismo da SGI Atualmente, atuo na linha de frente do kosen-rufu como líder de distrito no bairro de Shinjuku, Tóquio, onde fica a sede central. Em minha família, somos quatro: minha esposa, meu filho de 16 anos, minha filha de 13 anos e eu. Meus filhos frequentam a Escola Soka e estudam em um campus rodeado da compaixão do fundador, Ikeda sensei. Por 25 anos, trabalhei como repórter no departamento de notícias do Seikyo Shimbun, ficando encarregado da primeira e segunda páginas. Ao cobrir muitos eventos com a presença de Ikeda sensei, testemunhei as ações do Mestre e renovei meu juramento de luta conjunta de mestre e discípulo. Desde abril deste ano, sou responsável pelo departamento que responde aos leitores e pelo jornal da Divisão dos Estudantes. Meu primeiro trabalho como repórter foi ser encarregado das notícias da América Latina, e, por isso, eu a considero “a terra natal do meu coração”, onde acumulei boas lembranças. Durante o meu tempo na Divisão Masculina de Jovens, fui coordenador nacional do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) e, em novembro de 2015, assumi a função de vice-coordenador do DEB da SGI. Nobuo Fukase, vice-coordenador do Departamento de Estudo do Budismo da SGI Trechos selecionados da explanação Nova Revolução Humana, v. 30 Sobre a obra Nova Revolução Humana Ikeda sensei começou a escrever a Nova Revolução Humana aos 65 anos. Nesse momento, ele anunciou um novo desafio que era atingir a grandiosa meta da conclusão do romance em trinta volumes. No prefácio do volume 1 da Nova Revolução Humana consta que escrever o romance "(...) será um extremo desafio contra os limites de tempo de minha própria existência”.1 Acredito que o presidente Ikeda tenha dado início à escrita dessa obra fortemente determinado a não poupar a própria vida. A Nova Revolução Humana foi iniciada em 6 de agosto de 1993 e concluída em 6 de agosto de 2018. Foram exatos 25 anos nos quais o Mestre continuou a escrever. A Revolução Humana começou a ser redigida em 2 de dezembro de 1964. Nesse ínterim, houve uma pausa de dez anos e meio de publicação, mas foi, de fato, um total de 54 anos escrevendo os dois romances, uma batalha que sacrificou horas de sono e continuou mesmo em meio à intensa agenda de viagens de Ikeda sensei ao exterior. “Shin’ichi Yamamoto” é modelo para os discípulos Agora, gostaria de discutir o motivo pelo qual Ikeda sensei escolheu o formato de um romance. No prefácio do volume 1 da Nova Revolução Humana, ele escreve: “Contudo, mesmo que alguém pudesse descrever meus passos, não seria capaz de narrar os meus sentimentos. Existe uma história verdadeira da Soka Gakkai que somente eu conheço”.2 Acredito que o livro seja a melhor forma de retratar o coração humano. O romance conta a história de Shin’ichi Yamamoto que, como autêntico discípulo do seu mestre, Josei Toda, continuou a lutar em prol do kosen-rufu mundial. Em conclusão, essa é a luta do discípulo que nós também devemos almejar. Na realidade, por se tratar de um romance, nós, leitores, podemos viver a experiência do personagem principal. “Shin’ichi Yamamoto” é apenas um pseudônimo. Trata-se, é claro, da jornada do próprio presidente Ikeda, mas também é um modelo que condensa a luta do discípulo. Com o passar do tempo, o número de pessoas que conheceram a época descrita no romance diminuirá. É claro que esses testemunhos são valiosos, mas graças à Nova Revolução Humana, a história do kosen-rufu de cada período e o espírito da Gakkai serão transmitidos de forma duradoura, de geração a geração, junto com os pensamentos de Ikeda sensei. Esse é o ponto mais importante. Coleção completa da obra Nova Revolução Humana, em trinta volumes, em português Em outras palavras, podemos dizer que a Nova Revolução Humana é a “prova documental” que se tornará o ancoradouro dos membros da Soka Gakkai da posteridade. Esse é o motivo pelo qual é importante estudarmos com afinco agora. Estou fortemente convicto de que isso conduzirá à consolidação da eterna missão da Soka Gakkai. História da refutação do errôneo e estabelecimento da verdade A partir daqui, vamos estudar o último volume, o de número 30. O primeiro capítulo “Grande Montanha” tem como palco o ano 1979. Como os senhores sabem, esse foi o ano em que ocorreu a primeira problemática do clero e Ikeda sensei renunciou à terceira presidência em 24 de abril. O início da primeira problemática do clero foi abordado nos capítulos “Justiça”, do volume 27, e “Contínua Felicidade”, do volume 29. Na época, o clero prendia-se a conceitos tradicionais de valor, acreditando que os sacerdotes eram superiores e os adeptos inferiores, e a organização estava se desenvolvendo muito sob a liderança de Daisaku Ikeda. Nesse contexto, um homem que chegou a ser advogado consultor da Soka Gakkai fracassou em seus negócios e tentou assumir o controle da organização por ganância. Esse traidor despertou a desconfiança dos sacerdotes do clero em relação à Gakkai, ao mesmo tempo em relatou falsidades para a organização e arquitetou o afastamento de ambos. Isso fez com que os sacerdotes criticassem a Soka Gakkai repetidamente para os membros que visitavam o templo. Quem mais estava sofrendo com essa situação era Ikeda sensei. Ele tentou resolver a questão determinado a dar tudo de si pelo bem de cada um dos membros. Caligrafia "Taizan" (Grande Montanha) registrada por Daisaku Ikeda Caligrafia "Oozakura" (Grande Cerejeira) registrada por Daisaku Ikeda Caligrafia "Kyosen" (“Luta Conjunta”) registrada por Daisaku Ikeda Caligrafia "Seigi" (“Justiça”) registrada por Daisaku Ikeda Quatro caligrafias Na parte final do capítulo “Grande Montanha”, Ikeda sensei cita que escreveu quatro caligrafias. Seguindo a ordem, em 3 de maio de 1979, após a convenção de líderes depois da renúncia de Daisaku Ikeda como terceiro presidente, inscreveu a caligrafia Taizan (“Grande Montanha”) na Universidade Soka. Em meio às tempestuosas críticas dos sacerdotes, dos traidores da Gakkai, bem como dos que abandonaram a organização e de parte da mídia, Ikeda sensei liderou com vigor, mesmo enfrentando as grandes dificuldades do mundo real. Enquanto incentivava os membros da linha de frente, ele também demonstrava uma postura inabalável, seja nas viagens em prol do kosen-rufu mundial, seja nos diálogos com intelectuais do mundo. No entanto, os líderes ficaram abalados em meio às intempéries. O presidente Ikeda deixou também registrado esse contraste como uma importante lição para as gerações futuras. É por esse motivo que o trecho que diz “Mestre e discípulos Soka vieram vencendo em tudo por meio desta fé inabalável”3 é nossa diretriz eterna. A Soka Gakkai se encontra agora num momento crucial para consolidar os alicerces de sua eterna missão. Os discípulos conseguirão incorporar a prática da fé inabalável de mestre e discípulo chamada “grande montanha” ou não? Essa é a base fundamental de tudo. O sentimento de Ikeda sensei é o de proteger os membros. Após oferecer a caligrafia Taizan (“Grande Montanha”), ele inscreveu Oozakura (“Grande Cerejeira”). A palavra “cerejeira” aparece várias vezes ao longo desse capítulo. Espero que todos mantenham no coração a grande cerejeira Soka e adornem a vida com grandes flores e muitos ramos de felicidade. Esse era o desejo de Ikeda sensei. Gohonzon, mestre e membros da Gakkai — o verdadeiro líder é aquele consistente nesses três eixos. Nesse sentido, “Grande Montanha” e “Grande Cerejeira” formam par. Nesse dia 3 de maio, Ikeda sensei não foi à sede central e se dirigiu ao Centro Cultural de Kanagawa. Foi uma ação para ampliar a perspectiva do kosen-rufu mundial num local próximo ao mar. Naquela noite, a caligrafia inscrita foi Kyosen (“Luta Conjunta”). É justamente pelo fato de o Mestre estar lutando como uma grande montanha inabalável que ele convoca seus genuínos discípulos para a “luta conjunta”. Cerejeiras floridas com o Monte Fuji ao fundo (Japão) Onde estão os discípulos de luta conjunta que protegerão a grande cerejeira Soka? Sentimos como se fosse um chamado dizendo: “Surjam rápido”. Creio que esse seja o sentimento contido nas palavras “Acreditando ter verdadeiros companheiros, uno minhas mãos em reverência”.4 Dois dias depois, em 5 de maio, Ikeda sensei inscreveu a caligrafia "Seigi" (“Justiça”). Esse trecho é a própria conclusão do capítulo “Grande Montanha”. Em outras palavras, justamente pelo Mestre ter se levantado sozinho, empunhando a bandeira da justiça, após deixar a presidência, é que houve a contraofensiva posterior e existe a Soka Gakkai de hoje. Que possamos entender solenemente que o grandioso kosen-rufu de todo o Jambudvipa (o mundo inteiro) de hoje só foi possível porque Ikeda sensei sozinho iniciou a luta para dissipar as intempéries dos obstáculos e das maldades que surgiram devido ao fato de estarmos promovendo ampla propagação sem precedentes! Buda Soka Gakkai O presidente Ikeda também destaca claramente o significado de “mestre e discípulo Soka”. A união de mestre e discípulo e a luta conjunta de mestre e discípulo são a força propulsora de todo o avanço. “Mestre e discípulo Soka”, que nasceram juntos compartilhando o juramento seigan dos bodisatvas da terra, formam, na visão budista, uma relação mística difícil de explicar. Os bodisatvas da terra são retratados no Sutra do Lótus, mas os únicos que têm a consciência de sua missão como emergidos da terra são Nichiren Daishonin e a Soka Gakkai. A única organização religiosa que fez surgir os bodisatvas da terra no mundo inteiro é a Soka Gakkai. O Mestre denominou e difundiu essa organização mística que segue a ordem e o desejo do Buda como “Buda Soka Gakkai”. O capítulo “Grande Montanha” explica [a expressão]. O termo “Buda Soka Gakkai” foi adicionado também ao preâmbulo da Constituição da Soka Gakkai durante a sua revisão em novembro de 2014. Ikeda sensei listou três requisitos para eternizar o Buda Soka Gakkai. Esses três pontos da orientação são muito importantes. O primeiro deles refere-se a cada pessoa viver até o fim pelo juramento seigan de concretizar o kosen-rufu. O segundo significa “trilhar sem se desviar do grande caminho da ‘unicidade de mestre e discípulo’ até o fim. (...) E o terceiro indica a união de ‘diferentes em corpo, unos em mente’”.5 Resumindo, a conclusão de todas as orientações da Soka Gakkai se baseia, em última análise, nesses três pontos que são o juramento seigan, a unicidade de mestre e discípulo e união de “diferentes em corpo, unos em mente”. Por essa razão, como podemos aprofundar cada um deles? Ouso dizer que esses três pontos são a essência do Budismo Nichiren e a maior característica do budismo em si. “União de ‘diferentes em corpo, unos em mente’” Nos capítulos “Aguardando o Tempo” e “Levantando Voo”, Ikeda sensei descreve a contraofensiva da Soka Gakkai e o processo percorrido para vencer a batalha contra a natureza maligna. A primeira problemática do clero foi um incidente em que líderes que se afastaram da prática se voltaram contra a organização e passaram a agir como função da maldade com o intento de destruir o kosen-rufu. O capítulo “Aguardando o Tempo” descreve o contra-ataque em andamento, incluindo o aspecto de Ikeda sensei protegendo os membros, atuando com vigor na liderança; o aspecto dos companheiros indo por vontade própria ao encontro de Ikeda sensei, imbuídos do espírito do procura pelo Mestre; e o aspecto vergonhoso dos maus sacerdotes e dos que deixaram a prática, revelando sua natureza demoníaca. Os capítulos “Levantando Voo”, “Sino do Alvorecer” e “Brado da Vitória” retratam a contraofensiva e o capítulo conclusivo é o “Juramento Seigan”. O capítulo “Juramento Seigan” descreve a segunda problemática do clero, em que foram vencidas as perseguições dos maus sacerdotes e conquistada a gratificante liberdade espiritual. Ikeda sensei promoveu vários diálogos com líderes e intelectuais de diversos países, em particular, fez seguidas visitas à União Soviética e à China, durante a Guerra Fria, e conversou abertamente com os líderes dos dois países, construindo pontes da amizade. Em meio a essa intensa luta, a SGI alcançou um crescimento notável e registrou a trajetória de seu desenvolvimento como religião mundial que ilumina a comunidade global e suas perspectivas. O volume 30 também descreve a visita de Ikeda sensei ao Panamá e ao México, em 1981, no capítulo “Levantando Voo”; a viagem ao Brasil e ao Peru, em 1984; e a visita a Colômbia, Brasil, Argentina, Paraguai e Chile, em 1993, no capítulo “Juramento Seigan”. Alguns dias após a cerimônia daquele 16 de Março, Toda sensei contou a Ikeda sensei que sonhou com o México e confiou a ele o futuro do kosen-rufu mundial. Tanto no nome quanto na realidade, o ponto de partida de que mestre e discípulo falaram sobre uma nova jornada do kosen-rufu mundial e de que o bastão do kosen-rufu mundial havia sido transmitido encontra-se justamente no México e na América Latina. Quando penso novamente nesse episódio, aumenta minha convicção de que a terra onde Ikeda sensei prometeu a Toda sensei que concretizaria o kosen-rufu mundial é a América Latina. Levante-se pelo juramento seigan dos emergidos da terra No posfácio, Ikeda sensei fala sobre a Revolução Humana e a Nova Revolução Humana. E, é claro, os senhores conhecem o trecho que diz: “A grandiosa revolução humana de uma única pessoa um dia impulsionará a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade!”.6 Enquanto esteve na prisão, Toda sensei leu fervorosamente e recitou daimoku para compreender a verdade sobre o Sutra do Lótus na própria vida. É nesse contexto que ele alcança a percepção de que é um bodisatva da terra e que, junto com Nichiren Daishonin, no Pico da Águia, descrito no Sutra do Lótus, lhe foi confiado o kosen-rufu dos Últimos Dias da Lei. Em meio a essa grande alegria, firma o juramento de dedicar a vida ao kosen-rufu. Acredito que a profunda missão de cada membro da Soka Gakkai esteja contida nessas palavras de Ikeda sensei. O modo de vida dos companheiros da Gakkai que não são derrotados, mesmo enfrentando dificuldades e provações, comprova quanto a prática da fé é correta e que se trata de uma religião que tem força. No Budismo Nichiren, acredita-se e respeita-se o potencial de todas as pessoas. Com base nisso, a Soka Gakkai é também a única organização que incentiva cada pessoa a ter consciência de sua missão, transmitindo esperança a elas. Eterna jornada de mestre e discípulo pelo juramento seigan para concretizar o kosen-rufu Não existe fim para a luta de mestre e discípulos que dedicam a vida pelo juramento seigan para a concretização do kosen-rufu. O fato de os senhores lerem a Nova Revolução Humana, falarem sobre ela e apresentarem um trecho para incentivar outra pessoa já consiste no mais sublime movimento de estudo e na mais elevada ação da Nova Revolução Humana. No coração dos senhores, quando estudam o romance e falam sobre ele, já condensa a sucessão do espírito da Nova Revolução Humana. Então, imbuídos da consciência de que cada um de nós é Shin’ichi Yamamoto, vamos formar centenas de milhares Shin’ichis Yamamoto a partir da América Latina. Quando conseguirmos criar legiões de bodisatvas da terra, o destino da América Latina se transformará sem falta, fazendo a terra do buda brilhar. Por favor, vamos, cada um de nós, escrever uma história dourada da revolução humana na vida e registrar a prova da nossa gratidão a Ikeda sensei com a vitória do kosen-rufu e com nossas vitórias. Muito obrigado! Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 10, 2021. 2. Ibidem, p. 8. 3. Ibidem, v. 30, p. 103, 2024. 4. Ibidem, p. 105. 5. Cf. Ibidem, p. 88. 6. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 356. Trechos selecionados da explanação A Religião da Revolução Humana — Luta Conjunta de Mestre e Discípulo1 Ikeda sensei afirmava com frequência “Eu amo as pessoas”. Acredito que na sua visão sobre o ser humano estejam a infinita confiança e o respeito pelas pessoas. O Budismo Nichiren é a filosofia que tem como fundamento prezar a pessoa que está diante de seus olhos, sempre. Além disso, combate firmemente a maldade das ideologias que negam a humanidade e preserva a dignidade do ser humano. Creio que esse seja o significado da parte da explanação que diz: “Não se afastem dos seres humanos! Despertem para a dignidade e a preciosidade da vida! Comecem a mudança pelas próprias pessoas!”.2 Acredito que a ideia da revolução humana de Ikeda sensei também seja a cristalização da relação de mestre e discípulo que ele aprendeu diretamente de Josei Toda. Revolução humana é, em si, revolução religiosa. É a transformação da vida tanto de si como a dos outros. E essa transformação contribuirá para a mudança da sociedade, ou seja, para “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”. Podemos dizer que o tema central dos romances Revolução Humana e Nova Revolução Humana é a expressão atualizada do princípio budista de transformação dos “três mil mundos num único momento da vida”. A mudança de sua determinação modifica a própria vida, conduz aqueles ao redor na direção da felicidade, transforma a sociedade e constrói o paraíso da paz. Ao contrário da maioria das religiões que pregam ir para outro mundo ideal após a morte, a “religião da revolução humana” tem como objetivo, antes de tudo, a busca pela transformação na presente existência. Além disso, com a condição de vida em que tanto a vida como a morte são alegria, prosseguirá eternamente em sua transformação com base em seu juramento seigan de bodisatva. A mais suprema característica elucidada no Sutra do Lótus é a capacidade infinita de transformar o mundo saha e torná-lo na Terra da Luz Tranquila. Foi Nichiren Daishonin quem herdou esse ideal e o concluiu. A Soka Gakkai tem essa mudança do mundo real como princípio fundamental. É aqui que reside o dinamismo da “religião da revolução humana”. A base disso é a transformação da própria condição de vida. Revelar o estado de buda inerente a nós e estabelecer a condição de buda é o caminho para atingir a iluminação nesta existência, isto é, para conquistar um estado de felicidade absoluta, o objetivo final da “revolução humana”. Com base no estado de buda manifestado por meio da recitação do daimoku, temos a satisfação de viver alegre e corajosamente pelo kosen-rufu. Todos os dias são de alegria e de gratidão, e as atividades são transbordantes de incentivos calorosos e benevolentes de coragem e de esperança. As atividades da Gakkai são exatamente o caminho direto para a revolução humana. Com o surgimento de pessoas comuns que manifestam verdadeiramente a condição de vida de bodisatva e de buda por meio da revolução humana, o solo espiritual, que é a base da sociedade, será transformado e a condição de vida da humanidade se elevará. Será que podemos dizer que entramos numa era em que as pessoas anseiam fortemente pela nossa religião da revolução humana? O juramento seigan para “adotar voluntariamente o carma apropriado” Atualmente, pelo mundo, muitos companheiros falam em “transformar o carma em missão” como uma decisão quando contam seus relatos de experiência. Essa expressão, sem dúvida, representa o princípio que afirma que os bodisatvas do grande veículo nascem nesta era maléfica dos Últimos Dias da Lei e se erguem com o juramento seigan “adotando voluntariamente o carma apropriado” para conduzir as pessoas à felicidade. Sem a decisão de lutar com base na unicidade de mestre e discípulo e de cumprir o juramento seigan, não se consegue compreender totalmente que é possível transformar, de maneira alegre e corajosa, o duro carma em missão. Acredito que nosso movimento da revolução humana seja um movimento popular sem precedentes que gera grandes seres humanos possuidores desse tão elevado senso de religiosidade. Isso é inteiramente o resultado da árdua luta dos líderes da Divisão Sênior e Divisão Feminina do mundo todo que se dedicaram junto com Ikeda sensei ao longo de trinta anos da Renascença Soka. Não há como essa prova real do juramento seigan de “adotar voluntariamente o carma apropriado” não estar gravada no coração das gerações seguintes que testemunharam esse aspecto de alegria diante dos olhos. Por isso mesmo, penso que, a partir de agora, é a hora de todos vocês aqui e todos da Divisão dos Jovens e da Divisão dos Estudantes, convictos de que o fato de se desenvolverem juntos por meio da própria revolução humana é o que conduzirá a Soka Gakkai a um caminho seguro e eterno, trilharem ainda com mais força por esse caminho do discípulo. O rugido do leão tanto do mestre como do discípulo O Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente descreve o significado do rugido do leão, no qual mestre e discípulo, juntos, recitam e propagam a Lei Mística. O rugido do leão também significa eliminar a natureza do mal. É impossível falar da essência do Budismo Nichiren sem considerar o ponto de vista da batalha entre o Buda e a maldade. Creio que, no budismo também, originalmente, “buda” era a definição para aquele que luta incansavelmente contra a natureza do mal. Em termos de princípios da Lei, é a natureza fundamental da iluminação contra a escuridão fundamental. O que difere esse conflito do dualismo é que esses dois aspectos não pertencem, cada qual, a um indivíduo, mas ambos podem ser observados na vida de um mesmo ser humano. Todas as pessoas possuem a vida do Buda e a vida do mundo do inferno. Essa é a ideia da “possessão mútua dos dez mundos” do budismo. Do ponto de vista desse princípio, devemos manter a escuridão fundamental no estado latente e procurar evidenciar a natureza fundamental da iluminação existente dentro de nós. No entanto, as pessoas comuns que vivem na era maléfica, se forem derrotadas pelas circunstâncias, não conseguirão impedir que a vida de escuridão fundamental seja nutrida. É por essa razão que nós perseveramos na recitação do Nam-myoho-renge-kyo, para fortalecer a vida da natureza fundamental da iluminação e manter latente a escuridão fundamental. O rugido do leão é a espada da fé afiada que combate os exércitos do mal que atacam a força da Lei mística e a escuridão fundamental interior de cada pessoa. Nichiren Daishonin indica que o rugido do leão é a voz que mestre e discípulo emitem juntos. De certo ponto de vista, pode ser que, com o levantar resoluto do mestre, todos os tipos de funções da maldade sejam eliminados. Porém, se essa relação em que o mestre é aquele que protege e o discípulo é aquele que é protegido se tornar fixa, os discípulos jamais conseguirão romper a natureza do mal com a própria força. No Sutra do Lótus existe uma frase que diz “iguais a mim, sem nenhuma distinção entre nós”,3 e elucida que elevar o discípulo à mesma condição de buda do mestre é o desejo do mestre no budismo. E para que o discípulo consiga se desenvolver até essa condição, é imprescindível que o discípulo se levante com o mesmo juramento seigan do mestre e realize as mesmas ações. Essa é a luta conjunta de mestre e discípulo. Embora tenhamos o mesmo juramento seigan e as mesmas ações práticas, o palco de atuação de cada um é diferente. Mas, independentemente dis so, estabelecer o mesmo juramento seigan do mestre e agir em sua área de atuação, na localidade e de acordo com suas atribuições é o que significa unicidade de mestre e discípulo. Por isso, o pensamento de que o mestre está acima, e o discípulo abaixo, não existe na unicidade de mestre e discípulo do budismo. O mestre se empenha para tornar o discípulo alguém que o supere. O mestre pode ser comparado à agulha, e o discípulo, à linha. Ao costurar uma vestimenta, a agulha está na vanguarda, mas a linha que permanece no tecido é que mantém unida todas as partes que formam a roupa. Os discípulos, por sua vez, respeitam o mestre e fazem dele o modelo para seu modo de viver. Por conta disso, o grande desejo do mestre de acabar com a miséria deste planeta se espalhou para o mundo inteiro, para as mais diversas áreas e ainda será transmitido para todo o futuro. Nesse sentido, o caminho do discípulo também é o caminho do sucessor. Tudo é definido pelo discípulo Na relação de mestre e discípulo, tudo é definido pelo discípulo. Ikeda sensei foi quem mais nos ensinou sobre o caminho do discípulo. Voltando um pouco no tempo, Toda sensei perseverou no caminho do discípulo seguindo Makiguchi sensei e o acompanhou até na prisão. E foi na prisão que Toda sensei declarou que leu com a sua vida o trecho do Sutra do Lótus que diz: “As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres”.4 A partir de certa dimensão, mestre e discípulo são corredores que percorrem o mesmo caminho. Um espírito sublime sempre dará origem a pessoas que ressoam na mesma sintonia ultrapassando a barreira das eras e das sociedades. Estou convicto de que, enquanto tivermos os três presidentes como nossos eternos mestres, a relação de mestre e discípulo da Soka Gakkai perpetuará por toda a eternidade. Tendo isso em mente, vamos, agora, nesta era dourada do kosen-rufu mundial, empreender uma luta incansável como discípulos. A “unicidade de mestre e discípulo” e a “união de ‘diferentes em corpo, unos em mente’” No escrito que estamos estudando também consta o aspecto da luta conjunta de mestre e discípulo. É a compreensão de que a “unicidade de mestre e discípulo” e a “união de ‘diferentes em corpo, unos em mente’” não são separadas. Harmonia e união fazem parte do mundo da unicidade de mestre e discípulo. Não há como ter a unicidade de mestre e discípulo e perturbar a união. Com certeza, algo estaria errado. Alguém que age assim provavelmente, lá no fundo, possui algum interesse em se aproveitar do mestre e tem ciúme ou inveja em relação aos companheiros. A Soka Gakkai é a reprodução daquilo que Daishonin disse sobre os discípulos: que eles se mantêm em harmonia até no Pico da Águia. Os senhores estarão sempre juntos, mesmo no Pico da Águia, e depois também. Sempre renasceremos juntos. Por isso, vamos decidir firmemente que a relação que possuímos continuará eternamente e avançar todos juntos, em harmonia. Não retroceder por toda a vida e a unicidade de mestre e discípulo Abertura dos Olhos Eu e meus discípulos, ainda que ocorram vários obstáculos, desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de buda. Não duvidem, mesmo que não haja a proteção dos céus. Não lamentem a ausência de segurança e tranquilidade na vida presente. Embora tenha ensinado dia e noite a meus discípulos, eles nutriram a dúvida e abandonaram a fé. Os tolos tendem a esquecer o que prometeram quando chega o momento crucial.5 Essa é uma passagem muito famosa. No mundo todo, os membros da Soka Gakkai, pessoas comuns do povo, vêm lendo essa passagem. Mais que qualquer coisa, esse trecho é um chamado para a unicidade de mestre e discípulo. Em sua explanação, Ikeda sensei apresenta um chamado para a luta conjunta de Daishonin e seus discípulos. Juramento seigan só é juramento seigan se for mantido até o fim. Mas, na vida, as coisas nem sempre acontecem como o esperado, e os “três obstáculos e quatro maldades” também surgem. Nessa hora nos lembraremos ou não das palavras do Mestre? Esse é o “momento crucial”, claramente um divisor de águas. Em outras palavras, a chave para não retroceder está em conseguir ou não perseverar na luta conjunta de mestre e discípulo. O importante é ter como ponto primordial o juramento ao mestre de cumprir o kosen-rufu. Para isso, mesmo estando no mundo dos incentivos, é fundamental sempre fazer a pessoa se lembrar do ponto primordial dela. Rumo ao centenário de fundação da Soka Gakkai em 2030, o ponto crucial em meio à construção de uma nova era, após o falecimento de Ikeda sensei, é se o espírito de mestre e discípulo continuará pulsando ou não vibrantemente em todos os cantos da organização. O kosen-rufu mundial alcançou o grande desenvolvimento de hoje porque Ikeda sensei sempre manteve um diálogo com Toda sensei em seu coração enquanto percorria a jornada da luta conjunta de mestre e discípulo. Acredito que seja nossa missão herdar essa luta conjunta dos emergidos da terra. Quem está decidido a afirmar: “Eu sou discípulo Ikeda!” e “Eu vou me levantar com a consciência de bodisatva da terra e trilhar uma honrosa existência propagando a grandiosidade do Mestre!”? Vamos, juntos, perseverar e pôr em prática a luta conjunta de mestre e discípulo! Muito obrigado! Notas: 1. Essa explanação tem como referência principal as explanações de Ikeda sensei que constam nas seguintes edições da Terceira Civilização: ed. 616, dez. 2019, p. 48-63 e ed. 627, nov. 2020, p. 50-65. 2. Terceira Civilização, ed. 616, dez. 2019, p. 48-63. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 262, 2020. 4. The Lotus Sutra and its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, cap. 7, p. 178. 5. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 296, 2020.

04/12/2024

Estudo

[76] À Divisão dos Estudantes, Corredores da Justiça — nossa esperança no futuro

Explanação Miríades de feixes de luz no céu noturno. A chuva anual de meteoros Perseidas chegará novamente, convidando-nos a contemplar as maravilhas do universo. [Neste ano, 2021, esse fenômeno atingiu o pico de meteoros no Japão em 13 de agosto.] (Explanação publicada originalmente no país nesse mês e ano.) Isso me faz recordar uma cena inesquecível da minha juventude que ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial. Uma noite, as sirenes de ataques aéreos soaram, e nos protegemos nos abrigos antiaéreos mais próximos. Prendendo a respiração, olhei para cima, e justo naquele instante uma estrela cadente cortou o céu. Lembro-me nitidamente de fazer um pedido desejando a paz. Entusiasmo dos participantes durante o 7o Curso Latino-Americano de Budismo da Nova Era do Kosen-rufu Mundial (São Paulo, SP, set. 2024) A maravilha de nascer como seres humanos Quando voltamos o olhar para o universo, sua imensidão e mistério nos enchem de admiração. Não há como não refletir sobre o que significa nascer como seres humanos neste planeta, e sentimos profundamente a maravilha da vida em si. O Budismo Nichiren ensina a lei fundamental que permeia, sustenta e dá origem ao universo e à vida huma­na. E expõe o meio pelo qual podemos alinhar nossa vida com a Lei fundamental, habilitando-nos a criar valor para a concretização da paz e da felicidade para todos e fazer brilhar nossa dignidade inata. Filosofia do respeito pela vida e pela dignidade humana Chegou a hora de o Budismo do Sol de Nichiren Daishonin, que defende categoricamente o respeito pela vida e pela dignidade das pessoas, mostrar o caminho para o mundo todo. Nesta edição, estudaremos, A Torre de Tesouro, escrito no qual Daishonin ensina que as pessoas são seres preciosos igualmente nobres e dignos de respeito que possuem ilimitado potencial dentro de si. Juntos, estudemos a incomparável visão da vida e da existência humana oferecida pelo Budismo Nichiren, auspiciosa filosofia para criar a paz e a felicidade para a humanidade. Trecho 1 do escrito A Torre de Tesouro Atualmente, os discípulos e seguidores leigos de Nichiren estão fazendo o mesmo [i.e., percebendo a Torre de Tesouro dentro de sua própria vida]. Nos Últimos Dias da Lei, não há outra Torre de Tesouro senão a figura de homens e mulheres que abraçam o Sutra do Lótus. Nesse sentido, as pessoas que recitam o Nam-myoho-renge-kyo, independentemente de serem ilustres ou humildes, de classe social superior ou inferior, são a própria Torre de Tesouro e são igualmente Aquele que Assim Chega Muitos Tesouros.1 Não existe outra Torre de Tesouro senão o Myoho-renge-kyo.2 O daimoku do Sutra do Lótus é a Torre de Tesouro, e a Torre de Tesouro é o Nam-myoho-renge-kyo. (CEND, v. I, p. 314) “Excelente! Tudo o que você expôs é a verdade!” Abutsu-bo, destinatário dessa carta, e sua esposa, a monja leiga Sennichi, eram figuras centrais entre os discípulos de Daishonin na Ilha de Sado. Nesse escrito, Daishonin explica o significado da Torre de Tesouro citado no Sutra do Lótus. O presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, sublinhou esse trecho em seu exemplar pessoal dos escritos de Nichiren Daishonin, por considerá-lo muito importante. Comecemos recapitulando brevemente o capítulo 11, “Surgimento da Torre de Tesouro”, do Sutra do Lótus, que descreve em detalhes a torre mencionada anteriormente. Enquanto Shakyamuni prega o Sutra do Lótus para imensa multidão de discípulos, uma torre colossal adornada com sete tipos de tesouros3 surge de repente da terra e flutua no ar. Ouve-se de dentro da torre a voz retumbante do buda Muitos Tesouros afirmando a veracidade do ensinamento de Shakyamuni: “Excelente, excelente!... Shakyamuni, Mundialmente Reverenciado, tudo o que você expôs é a verdade!” (LSOC, cap. 11, p. 209-210). Então, budas de todo o universo se reúnem, e Shakyamuni abre a porta da Torre de Tesouro, entra nela, e senta-se perto do buda Muitos Tesouros. Nesse momento, a multidão é suspensa no ar. Esse é o início daquela que é conhecida como a Cerimônia no Ar.4 Celebração dos 73 anos da Divisão Feminina na RE Sergipe (Aracaju, SE, jun. 2024) Perceber a Torre de Tesouro dentro de nós e dos outros Abutsu-bo havia escrito a Nichiren Daishonin perguntando sobre o significado do surgimento da Torre de Tesouro descrita no Sutra do Lótus. Daishonin responde nessa carta que se trata de algo muito relevante e incorpora vários ensinamentos profundos. Prosseguindo, diz: “Em essência, o surgimento da Torre de Tesouro indica que, ao receberem o ensinamento do Sutra do Lótus, os três grupos de ouvintes da voz5 perceberam, pela primeira vez, a Torre de Tesouro na própria vida” (CEND, v. I, p. 314). “A Torre de Tesouro na própria vida” é a chave. Em outras palavras, esclarece Daishonin, os discípulos de Shakyamuni percebem que a magnífica Torre de Tesouro que apareceu diante deles, na realidade, é a Torre de Tesouro que emerge e surge na própria vida (cf. OTT, p. 229). Daishonin continua: “Atualmente, os discípulos e seguidores leigos de Nichiren estão fazendo o mesmo” (CEND, v. I, p. 314), destacando que é vital que seus seguidores também percebam sua Torre de Tesouro interior. Isso que quer dizer que devemos despertar para o fato de que a Torre de Tesouro — a nobre condição de vida do estado de buda tão vasta quanto o universo — é inerente à nossa própria vida. Esse é o verdadeiro significado do surgimento da Torre de Tesouro. Também indica enxergar a Torre de Tesouro na vida dos outros. Fazer isso é compreender no âmbito mais profundo que todas as pessoas possuem uma resplandecente Torre de Tesouro dentro delas, e que são, intrínseca e igualmente, dignas de respeito. Reconhecer essa grande verdade consiste na essência do Sutra do Lótus. O surgimento de pessoas despertas tanto para a própria dignidade como para a dos outros é o desejo acalentado pelo Buda. Abutsu-bo havia formulado uma pergunta importantíssima diretamente ligada a essa verdade essencial. Não há Torre de Tesouro isolada de pessoas reais Daishonin prossegue: “Nos Últimos Dias da Lei, não há outra Torre de Tesouro senão a figura de homens e mulheres que abraçam o Sutra do Lótus” (CEND, v. I, p. 314). “Figura”, nesse contexto, refere-se às pes­soas assim como elas são. A Torre de Tesouro não existe isolada de pes­soas reais. Revelar a Torre de Tesouro interior não significa se tornar algo especial ou extraordinário. “Atingir” de “atingir o estado de buda” quer dizer “abrir ou revelar” (OTT, p. 126), afirma Daishonin. Abrimos ou revelamos a condição de vida do estado de buda que já existe dentro de nós. Em especial, ele frisa “independentemente de serem ilustres ou humildes, de classe social superior ou inferior” (CEND, v. I, p. 314). Prestígio, posição social, riqueza — nada disso importa. O budismo é a suprema filosofia de respeito pelos seres humanos, o ensinamento de que todas as pessoas são igualmente nobres e preciosas. Aqueles que vivenciam árduo sofrimento possuem uma grande missão Nichiren Daishonin segue dizendo: “Não existe outra Torre de Tesouro senão o Myoho-renge-kyo. O daimoku do Sutra do Lótus é a Torre de Tesouro, e a Torre de Tesouro é o Nam-myoho-renge-kyo” (CEND, v. I, p. 314). A Torre de Tesouro é o Nam-myoho-renge-kyo. A pessoa que recita Nam-myoho-renge-kyo com toda a seriedade pode fazer a Torre de Tesouro dentro de sua vida brilhar ao máximo. Jamais precisamos lamentar nossas circunstâncias ou nos sentir menos dignos em comparação com os outros. De fato, quanto mais desafiadora nossa situação, mais ardentemente podemos recitar Nam-myoho-renge-kyo. Aqueles que recitam daimoku orando com firmeza e perseverança, no fim, alcançarão uma felicidade inigualável e transmitirão esperança e inspiração para muitos outros. Aqueles que mais sofreram não só se tornam os mais felizes, mas também se tornam pessoas corajosas que ajudam outros a alcançar a felicidade. Se vocês estão sofrendo ou passando por adversidades agora, isso é a prova de que possuem uma grande missão. Cada um de vocês possui uma importante missão que só vocês podem cumprir. Ao mesmo tempo em que se empenham com firmeza e persistência por essa missão, espero que tirem o máximo proveito de suas qualidades e talentos ímpares, brilhando como as reluzentes Torres de Tesouro que são. Com essa oração, os veteranos na fé, incluindo os pais de muitos de vocês, estão dando tudo de si para criar um ambiente no qual vocês possam fazer isso. Trecho 2 do escrito A Torre de Tesouro Neste momento, o corpo do honorável Abutsu é composto dos cinco elementos: água, terra, fogo, ar [vento] e espaço [céu]. Esses cinco elementos são, por sua vez, os cinco ideogramas do daimoku [Myoho-renge-kyo]. Por isso, Abutsu-bo é a Torre de Tesouro, e a Torre de Tesouro é Abutsu-bo. Nenhum outro conhecimento é relevante. A Torre de Tesouro é adornada com os sete tipos de tesouros — ouvir o ensinamento correto, acreditar nele, observar os preceitos, meditar, praticar assiduamente, renunciar aos apegos e refletir sobre si mesmo. (CEND, v. I, p. 314) A lei fundamental que permeia a vida e o universo Nichiren Daishonin declara: “Neste momento, o corpo do honorável Abutsu é composto dos cinco elementos água, terra, fogo, ar e espaço” (CEND, v. I, p. 314). Os cinco elementos referem-se àquilo que as pessoas da antiguidade consideravam ser os componentes básicos que formam tudo no universo. Daishonin acrescenta: “Esses cinco elementos são, por sua vez, os cinco ideogramas do daimoku” (Ibidem). Em outras palavras, ele está dizendo a Abutsu-bo: “Seu corpo, seu ser, é uno com a lei fundamental que permeia toda a vida e o universo — que é a realidade de sua vida”. Recitando “os cinco ideogramas do daimoku [Myoho-renge-kyo]”, os mortais comuns, mesmo aqueles atualmente sobrecarregados de problemas e sofrimentos, podem irradiar o brilho da Lei Mística, exatamente como são. No que diz respeito às funções da Lei Mística, a vida deles não difere em nada da vida do Buda. Esse é o penetrante discernimento do Budismo Nichiren. As pessoas tendem a buscar as causas, tanto da felicidade como do infortúnio, fora delas mesmas. Procuram a felicidade em algum lugar diferente do que estão agora. Mas a verdadeira felicidade não se encontra em algum lugar distante. Em Atingir o Estado de Buda nesta Existência, Daishonin expressa: Contudo, mesmo que recite e acredite no Myoho-renge-kyo, se pensa que a Lei existe fora de seu cora­ção, o senhor não está abraçando a Lei Mística, mas um ensinamento inferior. (...) Jamais pense que os oitenta mil ensinamentos expostos pelo buda Shakyamuni durante toda a existência dele ou que os budas e bodisatvas das dez direções e das três existências se encontram em algum lugar fora do senhor. (CEND, v. I, p. 3) Quando revelamos nosso estado de buda por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo a cada dia, geramos um manancial de felicidade na nossa vida. A prática da recitação do Nam-myoho-renge-kyo é a chave para ativarmos nosso infinito potencial e as funções positivas da vida tão vastas quanto o universo. É realmente maravilhoso vocês terem abraçado essa grandiosa Lei Mística ainda tão jovens. Apresentação de jovens e crianças do Coral Esperança do Mundo na 5a Academia Índigo (Itapevi, SP, set. 2024) Basear a vida no Nam-myoho-renge-kyo Quando me encontrei pela primeira vez com meu mestre, Josei Toda, em 14 de agosto de 1947, compus um poe­ma de improviso, que se inicia assim: Ó viajante! De onde vens? E para onde irás? Fazia dois anos desde que a Segunda Guerra Mundial havia terminado. Os valores e padrões militaristas de certo e errado que nos tinham sido ensinados até então caíram por terra, e nós, jovens, fomos atirados num mundo confuso e turbulento. Li todos os tipos de livros numa séria tentativa de encontrar o modo de vida correto. Foi aí então que encontrei Toda sensei. O poema que compus naquela noite continua: A lua desce no caos da madrugada; mas vou andando antes de o Sol nascer, à procura de luz. No desejo de varrer as trevas de minh’alma, a grande árvore eu procuro que nunca se abalou na fúria da tempestade. Neste encontro ideal, sou eu quem surge da terra! Na época, não tinha conhecimento algum sobre os profundos ensinamentos do Budismo Nichiren, mas estava buscando por uma filosofia sólida e duradoura que servisse como uma robusta e indestrutível árvore de apoio espiritual. Mais tarde, Toda sensei me explicou de maneira muito simples que construir um eu sólido e inabalável é o que significa viver com base no Nam-myoho-renge-kyo.6 Isso sintetiza a essência do Budismo Nichiren. Cada um de nós é a Torre de Tesouro A passagem de A Torre de Tesouro que se segue expõe uma filosofia que proporciona esperança e coragem a todos: “Abutsu-bo é a Torre de Tesouro, e a Torre de Tesouro é Abutsu-bo” (CEND, v. I, p. 314). A monumental e deslumbrante Torre de Tesouro coberta de preciosidades não existe em nenhum lugar a não ser dentro de você — quem não se surpreenderia com essa afirmação? Daishonin salienta que nada é mais importante do que perceber que nós próprios somos a Torre de Tesouro, e que a Torre de Tesouro não é nada além de nós próprios. Não há sabedoria maior, diz ele, do que despertar para a verdadeira realidade da nossa vida e da Lei Mística que rege todas as formas de vida e o universo. Pouco antes de morrer, Shakyamuni exortou seus discípulos a “ser uma luz para si mesmos, e um refúgio para si mesmos, [a] não recorrer a nenhum refúgio externo, mas fazer da Verdade a sua luz, e fazer da Verdade o seu refúgio, [a] não buscar por refúgio em ninguém além de si mesmos”.7 Foto comemorativa do encontro que celebrou os dez anos do Instituto Soka Amazônia (Manaus, AM, jul. 2024) O budismo compara este mundo com uma torrente furiosa. O que se pode fazer para aliviar os sofrimentos das pessoas arremessadas de um lado para outro por essas correntes turbulentas? O Buda enfatiza aqui a importância de que cada pessoa estabeleça um sólido eu fazendo da inabalável Lei a sua âncora. O Budismo Nichiren, ensinamento de que nós próprios somos a Torre de Tesouro, é a sublime filosofia que mostra como fazê-lo. Toda sensei explicou isso de forma bem simples e acessível: “O espírito fundamental de Nichiren Daishonin é que todos são filhos do Buda, todos são uma Torre de Tesouro. Por essa razão, o Budismo Nichiren pode ser uma autêntica religião mundial capaz de conduzir todas as pessoas à iluminação”. Essa era a poderosa convicção do meu mestre. A revolução humana nos faz reluzir como os “sete tipos de tesouros” Em seguida, Daishonin escreve: A Torre de Tesouro é adornada com os sete tipos de tesouros — ouvir o ensinamento correto, acreditar nele, observar os preceitos, meditar, praticar assiduamente, renunciar aos apegos e refletir sobre si mesmo. (CEND, v. I, p. 314) Nesse trecho, ele lista meios concretos pelos quais os praticantes da Lei Mística podem fazer sua vida brilhar. Em linguagem atual, os sete tipos de tesouros podem ser considerados como sete diretrizes para realizar nossa revolução humana. Examinemos um por um. “Ouvir o ensinamento correto” significa buscar ativamente aprender sobre o ensinamento da Lei Mística. Exemplifica o espírito de procura com pureza de coração. “Acreditar nele” indica manter a fé na Lei Mística. O Sutra do Lótus ensina, com relação a atingir o caminho do buda, que podemos “obter acesso unicamente por meio da fé” (LSOC, cap. 3, p. 110). Até Shariputra, discípulo de Shakyamuni reputado como “o mais notável em sabedoria”, no final, atingiu a condição de vida que incorpora a sabedoria do buda por meio da fé. Foi isso que Daishonin chamou de “substituir a sabedoria pela fé” (CEND, v. II, p. 44). Acreditar e praticar a Lei Mística resulta em sabedoria que nos habilita a atingir a iluminação. “Observar os preceitos” — em primeiro lugar, o termo “preceito” no budismo implica “prevenir o erro e erradicar o mal”. Manter e observar os preceitos, portanto, significa seguir as instruções do Buda, exercendo o autodomínio e trilhando o caminho correto do budismo. Para nós, quer dizer continuar abraçando a Lei Mística junto com a Soka Gakkai durante toda a vida. “Meditar” consiste em recompor as ideias. Muitas vezes, a meditação é entendida como se sentar em silenciosa contemplação, mas, na realidade, significa estabelecer um estado de espírito firme e inabalável, enquanto seguimos em frente diante das dificuldades da vida. Recitando daimoku ao Gohonzon seja qual for a situação, os membros da Soka Gakkai edificam esse forte estado de espírito, que os capacita a desafiar qualquer adversidade. “Praticar assiduamente” corres­pon­de a empenhar-se diligentemente na fé e na prática. Significa realizar esforços incansáveis por seus objetivos e avançar sempre. Essa é uma perfeita descrição da maneira como os membros da Soka Gakkai conduzem a vida. Em um encontro geral, Juventude Soka da BSGI anuncia sua nova estrutura de líderes(São Paulo, SP, set. 2024) “Renunciar aos apegos” quer dizer abrir mão de coisas às quais nos apegamos e que não necessariamente servem para nós, e oferecer aos outros sem pedir nada em troca. No âmbito pessoal, significa não ser levado por desejos egoístas, mas, em vez disso, dedicar a vida de todo o coração ao nobre ideal do kosen-rufu. Quando agimos assim, consolidamos nosso verdadeiro eu. “Refletir sobre si mesmo” é empenhar-se em uma honesta introspecção visando ao autoaprimoramento continuamente. Significa fazer de tudo na vida uma mola propulsora para o crescimento — examinando com honestidade nossos pensamentos e motivações, realizando uma sincera autorreflexão, mudando nossa conduta, caso necessário, e trabalhando para melhorar como pessoa. Ao nos desafiar nessas sete práticas, começando a partir do que for possível, levaremos nosso potencial a florescer de forma consistente. Podemos estabelecer a Torre de Tesouro em nossa vida e fazê-la irradiar o brilho da boa sorte eterna e imperecível — resplandecendo como “tesouros do cora­ção” (Ibidem, p. 112) que superam o brilho do ouro, da prata e de todos os tipos de pedras preciosas. Todos, sem exceção, são Torres de Tesouro. Cada pessoa deve brilhar de um jeito só seu. Ao possibilitarmos que as pessoas o façam, criamos um mundo de verdadeiro respeito mútuo em conformidade com o princípio da “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro” (cf. OTT, p. 200), um mundo no qual podemos brilhar e iluminar uns aos outros. Acreditar no seu potencial é o ponto de partida. O budismo é o aliado de cada pessoa; todos podem se tornar um sol da esperança a iluminar o mundo. Tenha fé em si mesmo Hoje, continuo abrindo caminhos para o kosen-rufu, sempre conversando com Toda sensei em meu coração. Também estou zelando pelo crescimento de cada um de vocês, meus jovens amigos. Na Divina Comédia, de Dante Alighieri, o mestre estimula rigoro­samente seu pupilo, que se sentia inseguro por causa dos que os outros estavam dizendo: Deixe as pessoas falarem! Seja como uma sólida torre, cuja bravura e altivez se mantenham imperturbáveis diante de todos os ventos que sopram.8 É essencial terem fé completamen­te em si mesmos, tornarem-se fortes e sábios e valorizarem-se. Sigam avante no caminho que escolheram, de modo que não tenham arrependimentos. Esse é o verdadeiro caminho de mestre e discípulo. Vamos trilhar alegremente o gran­de caminho da esperança e da coragem até o fim! Vamos sustentar a espada preciosa da Lei Mística do respeito pela vida e pela dignidade humana — para construir um mundo seguro e pacífico e ensejar um novo alvorecer para a humanidade! (Daibyakurenge, edição de agosto de 2021) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: “Seja bem-vindo, Ikeda sensei!” Com essas palavras, os membros da Divisão dos Estudantes recepcionam o Mestre com um buquê de flores em fevereiro de 1993 (Buenos Aires, Argentina). Foto: Seikyo Press Notas: 1. Muitos Tesouros: Buda do passado descrito no capítulo 11, “Surgimento da Torre de Tesouro”, do Sutra do Lótus, oriundo de uma terra chamada Mundo da Pureza dos Tesouros no leste, que jura aparecer com sua Torre de Tesouro para atestar a veracidade do Sutra do Lótus. 2. Myoho-renge-kyo é escrito com cinco ideogramas chineses, ao passo que Nam-myoho-renge-kyo é escrito com sete (nam, ou namu, compreendendo dois ideo­gra­mas). Daishonin muitas vezes emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus escritos. 3. “Sete tipos de tesouros”: Também, “sete tesouros” ou “sete tipos de pedras preciosas”. A lista difere conforme as escrituras. No Sutra do Lótus, eles são: ouro, prata, lápis-lazúli, madrepérola, ágata, pérola e cornalina (cf. LSOC, cap. 11, p. 209). 4. Cerimônia no Ar: Uma das três assembleias descritas no Sutra do Lótus, na qual toda a multidão fica suspensa no espaço, acima do mundo saha. Essa cerimônia se estende do capítulo 11, “Surgimento da Torre de Tesouro”, do Sutra do Lótus, ao capítulo 22, “Transferência”, do sutra. A essência dessa cerimônia é o surgimento da Torre de Tesouro da terra, seguido da revelação da iluminação original do Buda [Shakyamuni] no remoto passado e da transferência da essência do sutra para os bodisatvas da terra, liderados pelo bodisat­va Práticas Superiores. 5. Três grupos de ouvintes da voz: Referência aos discípulos ouvintes da voz de Shakyamuni, que receberam a profecia de iluminação no Sutra do Lótus, quando compreenderam a veracidade dos ensinamentos de Shakyamuni por meio dos três ciclos de pregação. Os três ciclos são pregação por meio da doutrina, pregação por meio de parábolas e pregação por meio do esclarecimento da relação passada dos discípulos com Shakyamuni. 6. Cf. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 2. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1986. p. 466. 7. Maha Parinibbana Suttanta. In: Dialogues of the Buddha [Diálogos do Buda], parte 2. Tradução: T. W. e C. A. F. Rhys Davids. Oxford: The Pali Text Society, 1995. p. 108-109. 8. ALIGHIERI, Dante. Purgatory, The Divine Comedy [Purgatório, A Divina Comédia]. v. 2. Tradução: Mark Musa. Nova York: Penguin Books, 1985. p. 49. Dante Alighieri Resumo Estudo — Novembro 2024 Principais tópicos estudados Reconhecer o valor da sua vida e a do outro “(...) Devemos despertar para o fato de que a Torre de Tesouro — a nobre condição de vida do estado de buda tão vasta quanto o universo — é inerente à nossa própria vida. Esse é o verdadeiro significado do surgimento da Torre de Tesouro. Também indica enxergar a Torre de Tesouro na vida dos outros. Fazer isso é compreender no âmbito mais profundo que todas as pessoas possuem uma resplandecente Torre de Tesouro dentro delas, e que são, intrínseca e igualmente, dignas de respeito. Reconhecer essa grande verdade consiste na essência do Sutra do Lótus. O surgimento de pessoas despertas tanto para a própria dignidade como para a dos outros é o desejo acalentado pelo Buda.” Missão que é só sua Aqueles que recitam daimoku orando com firmeza e perseverança, no fim, alcançarão uma felicidade inigualável e transmitirão esperança e inspiração para muitos outros. Aqueles que mais sofreram não só se tornam os mais felizes, mas também se tornam pessoas corajosas que ajudam outros a alcançar a felicidade. Se vocês estão sofrendo ou passando por adversidades agora, isso é a prova de que possuem uma grande missão. Cada um de vocês possui uma importante missão que só vocês podem cumprir. Ao mesmo tempo em que se empenham com firmeza e persistência por essa missão, espero que tirem o máximo proveito de suas qualidades e talentos ímpares, brilhando como as reluzentes Torres de Tesouro que são. Frases marcantes “O budismo é a suprema filosofia de respeito pelos seres humanos, o ensinamento de que todas as pessoas são igualmente nobres e preciosas.” “Jamais precisamos lamentar nossas circunstâncias ou nos sentir menos dignos em comparação com os outros.” “Se vocês estão sofrendo ou passando por adversidades agora, isso é a prova de que possuem uma grande missão.” “(...) Construir um eu sólido e inabalável é o que significa viver com base no Nam-myoho-renge-kyo.” “Acreditar no seu potencial é o ponto de partida.” “É essencial terem fé completamente em si mesmos, tornarem-se fortes e sábios e valorizarem-se.” Personalidades e personagens budistas citados Nichiren Daishonin Abutsu-bo Monja leiga Sennichi Tsunesaburo Makiguchi Shakyamuni buda Muitos Tesouros Josei Toda Shariputra Dante Alighieri Perguntas-guia para as atividades de estudo “O budismo compara este mundo com uma torrente furiosa. O que se pode fazer para aliviar os sofrimentos das pessoas arremessadas de um lado para outro por essas correntes turbulentas?” O Buda enfatiza aqui a importância de que cada pessoa estabeleça um sólido eu fazendo da inabalável Lei a sua âncora. O Budismo Nichiren, ensinamento de que nós próprios somos a Torre de Tesouro, é a sublime filosofia que mostra como fazê-lo. Toda sensei explicou isso de forma bem simples e acessível: “O espírito fundamental de Nichiren Daishonin é que todos são filhos do Buda, todos são uma Torre de Tesouro. Por essa razão, o Budismo Nichiren pode ser uma autêntica religião mundial capaz de conduzir todas as pessoas à iluminação”. Quais são os meios concretos para fazer a nossa vida brilhar? Em linguagem atual, os sete tipos de tesouros podem ser considerados como sete diretrizes para realizar nossa revolução humana. Examinemos um por um. “Ouvir o ensinamento correto” significa buscar ativamente aprender sobre o ensinamento da Lei Mística. Exemplifica o espírito de procura com pureza de coração. “Acreditar nele” indica manter a fé na Lei Mística. (...) Acreditar e praticar a Lei Mística resulta em sabedoria que nos habilita a atingir a iluminação. “Observar os preceitos” (...) para nós, quer dizer continuar abraçando a Lei Mística junto com a Soka Gakkai durante toda a vida. “Meditar” consiste em recompor as ideias. (...) . Recitando daimoku ao Gohonzon seja qual for a situação, os membros da Soka Gakkai edificam esse forte estado de espírito, que os capacita a desafiar qualquer adversidade. “Praticar assiduamente” corresponde a empenhar-se diligentemente na fé e na prática. Significa realizar esforços incansáveis por seus objetivos e avançar sempre. “Renunciar aos apegos” (...) significa não ser levado por desejos egoístas, mas, em vez disso, dedicar a vida de todo o coração ao nobre ideal do kosen-rufu. “Refletir sobre si mesmo” é empenhar-se em uma honesta introspecção visando ao autoaprimoramento continuamente.

01/11/2024

Reflexões Sobre a NRH

[111] O Alvorecer de Tatsunokuchi (Parte final)

O segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, costumava dizer: “O local em que o Gohonzon se encontra, não importa qual seja, é o mais sagrado. Onde quer que haja pessoas de fé dedicadas ao kosen-rufu, esse local é a terra do Buda. Ali vive o espírito de Daishonin”. O mais importante de tudo é pôr em prática o verdadeiro espírito de Nichiren Daishonin e atuar em pleno acordo com seus escritos. Os membros da Soka Gakkai Internacional (SGI) no mundo inteiro, decididos a realizar o sonho de Daishonin — o kosen-rufu —, estão se empenhando dili­gentemente para transformar sua respectiva comunidade na alegre Terra da Luz Eternamente Tranquila. Esse é o caminho de uma verdadeira religião mundial. O Centro de Estudo da SGI em Tatsunokuchi é uma grande fortaleza de significado simbólico em louvor e em agradecimento a esses devotados amigos de Kanagawa e de todas as partes do mundo. A localização exata de Tatsunokuchi é indicada no Gosho como “Tatsunokuchi, em Kamakura”,1 “Tatsunokuchi, em Koshigoe”2 e “Tatsunokuchi, em Katase”.3 Em outras palavras, encontra-se em Kamakura, próximo a Koshigoe, na entrada sudoeste da cidade, e dentro da região conhecida como Katase. O Centro de Estudo da SGI está localizado na bifurcação de Koshigoe (Koshigoe-gochome, cidade de Kamakura) e Katase (Katase-sanchome, cidade de Fujisawa). Em outras palavras, corresponde perfeitamente com a descrição contida nos escritos de Nichiren Daishonin: um lugar situado em Koshigoe e em Katase. Nosso centro é, sem sombra de dúvida, o Centro de Estudo de “Tatsunokuchi, em Kamakura”. Nichiren Daishonin disse que, como havia deixado sua vida em Tatsunokuchi, esse lugar equivalia à terra do Buda.4 De fato, sua elevada condição de vida como Buda dos Últimos Dias da Lei foi claramente revelada no local dessa grande perseguição. O objeto luminoso foi uma aclamação do universo em celebração e em testemunho do início da jornada de Daishonin para o infinito futuro. A Perseguição de Tatsunokuchi foi uma cerimônia na qual Daishonin revelou, em termos de realidade fenomenal, uma parte do infinito poder da Lei Mística que rege tudo no universo. Nichiren Daishonin escreveu: O Sol e a Lua são os espelhos brilhantes dos quatro céus, e todas as divindades celestiais certamente conhecem Nichiren. O Sol e a Lua são os espelhos brilhantes de todos os mundos das dez direções, e todos os budas por certo conhecem Nichiren. Não pode haver a mínima dúvida sobre isso.5 A grandiosa luta pelo kosen-rufu reflete-se nos espelhos brilhantes do sol e da lua, e todos os budas e divindades celestiais do universo estão observando. Por isso, Daishonin tinha plena convicção de que, infalivelmente, seria protegido, mesmo quando enfrentou a execução em Tatsunokuchi. O primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, sempre dizia: “A Soka Gakkai deve abandonar sua condição transi­tória e revelar sua verdadeira identidade”. O que ele queria dizer com isso? O presidente Josei Toda nos ensinou que essa declaração representa a profunda consciên­cia, a qual deve ser propagada por toda a organização, de que somos os verdadeiros seguidores de Nichiren Daishonin e de que precisamos nos dedicar às nossas atividades com um compromisso inabalável de realizar o kosen-rufu mundial. Dez anos se passaram desde a traiçoeira e insensível excomunhão por parte da seita Nikken [ensaio originalmente publicado no Seikyo Shimbun de 1998 a 2004]. Naquela época, a SGI, que herdou os ensinamentos de Nichiren Daishonin, abandonou audaciosamente sua condição transitória e revelou sua verdadeira identidade. O louvor e o reconhecimento de pessoas inteligentes e conscientes do mundo inteiro são um brilhante testemunho desse fato. Nichiren Daishonin declarou: “Nichiren triunfou em Tatsunokuchi porque as divindades celestiais uniram forças com ele”.6 Naquela manhã, a luz resplandecente da aurora iluminou Tatsunokuchi. O alvorecer da verdade e da justiça rasgou o escuro véu da conspiração. Foi o triunfo da benevolência pelas pessoas sobre o aspecto demoníaco do poder; o triunfo da iluminação fundamental sobre a escuridão fundamental. O estado de buda venceu e fez o demônio do sexto céu tremer de medo. Foi a vitória da vida sobre os vis assassinos que tencionavam matar o devoto do Sutra do Lótus. Os obstáculos conduzem à iluminação. As perseguições levam ao kosen-rufu. Nichiren Daishonin nos ensinou isso com a própria vida. Por pior que seja a ameaça à nossa vida, enquanto a fornalha da forte fé arder, nosso triunfo estará assegurado, ele nos dizia. Não sejam derrotados pelas perseguições, pelos inimigos, pela doença ou pela própria fraqueza. O sol da felicidade se eleva apenas para aqueles que aceitam os desafios e conquistam a vitória. O sol do kosen-rufu desponta somente quando vencemos. Posteriormente, Nichiren Daishonin foi levado do local da execução em Tatsunokuchi para a residência de Homma Rokuro Saemon, em Echi. Saemon era seguidor de Hojo Nobutoki, condestável da Ilha de Sado. Ali, Daishonin ofereceu saquê aos soldados que o acompanharam em agradecimento por seus serviços. Antes de partir, alguns deles se curvaram e uniram as palmas das mãos em reverência e até prometeram a Daishonin que abandonariam a Nembutsu [escola budista Terra Pura]. O calor de um ato profundamente humano é capaz de derreter o coração mais gélido, como a luz do sol, fazendo com que o poderoso rio da verdade e da justiça se avolume e aumente ainda mais sua força. Mais tarde, o governo de Kamakura executou cinco emissários mongóis em Tatsu­nokuchi. Nichiren Daishonin lamentou profundamente o fato de inocentes emissários mongóis terem sido decapitados.7 Se o governo tivesse considerado suas advertências, observou ele, isso jamais teria ocorrido. Quando me encontrei com o jovem primeiro-ministro da Mongólia, Nambaryn Enkhbayar [em fevereiro de 2001], compartilhei com ele os sentimentos de Nichiren Daishonin sobre esse incidente. Hoje, existe na Mongólia uma compreensão cada vez mais profunda e ampla da filosofia humanística da SGI. O governo de Kamakura marcou o início do domínio militar no Japão. A estrutura e a política de Kamakura (1192-1333), conduzidas por um chefe supremo ou xógum, tiveram prosseguimento com o governo militar de Muromachi (1338-1573) e o governo Tokugawa ou Edo (1603-1867). E mesmo após a Restauração Meiji, em 1868, o Japão permaneceu efetivamente sob o domínio militar. No início desse período de setecentos anos de regime militar, Nichiren Daishonin estabeleceu a base para a paz — a Lei Mística. Então, nos últimos anos dessa longa era, enfatizando a validade da Lei Mística, os presidentes Makiguchi e Josei Toda deram a vida para lutar contra o militarismo. Propagar o budismo, enfrentar perseguições, conduzir os outros à felicidade e lutar contra os obstáculos: essa é a fórmula básica exposta no Sutra do Lótus e é também o caminho eterno da SGI. Nossos companheiros da jornada do kosen-rufu, os bodisatvas da terra, atuam hoje em 163 países e territórios.8 Estou convicto de que isso prova que a SGI herdou o legado triunfante da justiça e da verdade de Tatsunokuchi. Como é místico o fato de a Soka Gakkai ter surgido setecentos anos depois de Nichiren Daishonin e de o nosso grandioso movimento pelo kosen-rufu ter completado recentemente setenta anos!9 O Budismo do Sol, que se elevou das profundezas da escuridão há sete séculos, começou agora a resplandecer com um brilho cada vez mais intenso para iluminar o mundo inteiro. A humanidade anseia pela luz dessa grande filosofia da esperança. É o alvorecer de um novo milênio, uma oportunidade única em toda uma existência. Agora é o momento de propagarmos a Lei Mística, a fonte de ilimitada vitalidade, e adornarmos nossa vida com vitória. Vamos enviar essa grande luz para cada pessoa, sucessivamente, e transformar nossa comunidade e nossa sociedade em terras de tesouro cheias de harmonia. Nichiren Daishonin disse a um de seus discípulos em Kamakura: Apesar de os inimigos ficarem à espreita em emboscadas, a fé resoluta do senhor no Sutra do Lótus tem permitido que evite grandes perigos, mesmo antes de se manifestarem. Com essa compreensão, fortaleça sua fé mais do que nunca.10 Os que possuem firme fé são verdadeiros praticantes do Budismo Nichiren e genuínos pioneiros do kosen-rufu. São pessoas eternamente vitoriosas e inigualáveis. Os corajosos e nobres membros da área geral de Shonan, que inclui a área de Kamakura, onde o Centro de Estudo da SGI está localizado, como também os membros da província de Kanagawa, estão avançando com orgulho e determinação nessa região intimamente relacionada com a vida e o triunfo de Nichiren Daishonin. Tenho grande desejo de visitar o Centro de Estudo da SGI nesse local de profundo significado, mas minha agenda lotada tem tornado isso difícil. Espero realizar na mais breve oportunidade possível. No topo: Ilustração do momento em que o objeto luminoso cruzou os céus de Tatsunokuchi. Foto: Seikyo Press. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 273, 2017. 2. Ibidem, p. 25. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 204, 2020. 4. Ibidem. 5. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 141. 6. Ibidem, p. 843. 7. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 656, 2020. 8. Atualmente, a SGI encontra-se presente em 192 países e territórios. 9. Série originalmente publicada na Terceira Civilização de 1998 a 2004. 10. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 218, 2017. Neste ensaio, originalmente publicado no jornal Seikyo Shimbun de 1998 a 2004, o presidente Ikeda revela o fundo de cena de fatos relatados no romance Nova Revolução Humana, compartilha momentos de convívio com Josei Toda e expressa seu mais puro sentimento com relação ao seu mestre cultivado em meio à luta pelo kosen-rufu. Ho Goku é pseudônimo do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, como autor do romance. [Nota do editor: Nesta edição, a parte referida não corresponde à sequência deste ensaio publicado originalmente pela Terceira Civilização.]

03/10/2024

Estudo

[75] À Divisão dos Estudantes, Corredores da Justiça — nossa esperança no futuro

Carta para os Irmãos A tradição da Soka Gakkai de “Prática da fé para vencer as dificuldades” Explanação Amo e valorizo meus jovens amigos da Divisão dos Estudantes. Vocês têm sonhos, esperanças e um ilimitado potencial. A adolescência representa um importante ponto de partida determinante na vida. Talvez, hoje, estejam enfrentando situações difíceis e grandes desafios, mas não há infortúnios que não possam ultrapassar. Todos vocês possuem dentro de si a poderosa energia vital para sobrepujar qualquer adversidade. O Budismo de Nichiren Daishonin ensina como cada um de nós, sem exceção, pode extrair essa força interior fundamental, evidenciar coragem e sabedoria e, sem se deixar derrotar pelas dificuldades da vida, se tornar feliz infalivelmente. Compartilhando esse sublime ensinamento com as pessoas do Japão e do mundo, a Soka Gakkai gerou um movimento crescente do kosen-rufu em prol da paz e da felicidade das pessoas. Gostaria de dirigir minha explanação nesta edição e na próxima a vocês, em especial, membros da Divisão dos Estudantes, que alçarão voo com dinamismo pelos céus do futuro. Nesta oportunidade, estudaremos a Carta para os Irmãos de Nichiren Daishonin, fonte de imensa força e inspiração para enfrentar sem medo qualquer tempestade de dificuldades. A luta intrépida, sem recuar um único passo, dos presidentes Makiguchi e Josei Toda Julho é o mês de mestre e discípu­lo na Soka Gakkai. Em 3 de julho de 1945, meu mestre, Josei Toda, foi libertado da Prisão de Toyotama, em Nakano, Tóquio. Ele tinha sido detido e preso dois anos antes, com seu mestre, Tsunesaburo Makiguchi, presidente fundador da Soka Gakkai, enquanto combatiam a perseguição perpetrada pelas autoridades militaristas do Japão na época da guerra. Ao reconquistar a liberdade, Toda sensei levantou-se só, como único herdeiro do espírito de Makiguchi sensei, e iniciou uma grandiosa luta em prol do kosen-rufu. Makiguchi sensei havia morrido oito meses antes (em 18 de novembro de 1944) no Centro de Detenção de Tóquio, em Sugamo, dando a vida por suas crenças.1 Durante o período no cárcere, sem recuar um único passo, ele compartilhou intrepidamente o budismo com os guardas da prisão, realizando shakubuku, e, ao longo dos interrogatórios, proclamou com coragem e bravura a veracidade dos ensinamentos de Nichiren Daishonin. Em sua derradeira carta escrita na prisão, Makiguchi sensei declarou: “É mais do que natural que os três obstáculos e quatro maldades2 me ataquem; é exatamente como [o Sutra do Lótus] expressa”.3 Ele estava com 73 anos quando morreu, lutando pela verdade até o fim, com o “coração de um rei leão” (CEND, v. I, p. 318). Kosen-rufu — o grande juramento para concretizar a felicidade da humanidade Kosen-rufu é o grande juramento para concretizar a felicidade da humanidade. À luz dos escritos de Nichiren Daishonin, é inevitável que essa grande luta dos mestres e discípulos Soka para concretizar a paz e felicidade de toda a humanidade se depare com obstáculos e perseguição. Em 3 de julho de 1957, também fui detido, sob falsas acusações, e preso pelas autoridades que temiam a ascensão de um novo e poderoso movimento popular.4 Enfrentamos obstáculos porque praticamos o ensinamento do budismo. Quando eles ocorrem, temos uma escolha: podemos vê-los pelo que eles são — ou seja, identificando-os nitidamente como funções da maldade — e desafiá-los resolutamente com base na fé, ou reagir com medo e recuar. Daishonin afirma com clareza que praticantes genuínos tomarão o primeiro caminho. Evidentemente, isso não significa que vocês precisam ir para a prisão a fim de provar que possuem fé genuína! O presidente Makiguchi, o pre­siden­te Josei Toda e eu, unidos pelos laços de mestre e discípulo Soka, sempre nos postamos na linha de frente de cada batalha, determinados a servir de escudo para cada um dos nossos membros, nossos jovens, protegendo-os para não causar-lhes nenhum dano. Porém, esperamos que todos vocês herdem solidamente e deem continuidade ao nosso resoluto espírito de fé para derrotar as funções da maldade. “Prática da fé para vencer as dificuldades”5 é o orgulho e a tradição da Soka Gakkai. Trecho 1 do escrito Carta para os Irmãos Os seguidores do Sutra do Lótus devem temer aqueles que tentam obstruir sua prática mais do que temem aos bandidos, arrombadores, assaltantes noturnos, tigres, lobos ou leões, e mais até que uma invasão dos mongóis nos dias de hoje.6 Este mundo é o domínio do demônio do sexto céu.7 Todas as pessoas têm sido governadas por este rei demônio desde o tempo sem início. (CEND, v. I, p. 518) Carta de encorajamento para dois irmãos Essa passagem de Carta para os Irmãos é endereçada aos irmãos Ikegami. Acredita-se que eles tenham se tornado seguidores de Daishonin pouco depois de ele estabelecer seu ensinamento (no vigésimo oitavo dia do quarto mês de 1253). Decorridos vários anos de uma prática firme e sincera por parte dos irmãos, uma grave crise surgiu. O pai deles era seguidor de Ryokan,8 prior do templo Gokuraku-ji, da escola Preceitos-Palavra Verdadeira [hostil a Daishonin]. Ele se opunha à fé dos filhos no Sutra do Lótus e, em virtude disso, deserdou o irmão mais velho, Munenaka. No período feudal, a deserdação não significava apenas a perda do direito de herdar a propriedade da família, mas também ser privado da base econômica e da posição social. Além disso, pelo simples ato de deserdar o primogênito, o pai colocou o filho mais novo, Munenaga, na posição de ter de escolher entre sua fé ou se tornar o novo herdeiro. Desse modo, ele esperava persuadir o caçula e criar um racha entre os dois irmãos. Semear discórdia entre pessoas e minar a vontade delas constituem, de fato, ações das funções da maldade. Maus amigos que destroem as mentes do bem Na passagem que estamos estudando, Nichiren Daishonin afirma que aqueles que creem no Sutra do Lótus e o praticam devem permanecer cautelosos com “aqueles que tentam obstruir sua prática” do que em relação a bandidos, arrombadores, assaltantes noturnos, tigres, lobos ou leões, e mais até que uma invasão estrangeira (cf. CEND, v. I, p. 518). Nas escrituras budistas, esses indivíduos obstruidores são conhecidos como “maus amigos”,9 atuan­do para destruir a mente de praticantes sinceros e para guiá-los aos maus caminhos. Em particular, isso se refere a sacerdotes perversos e indivíduos mal-intencionados que buscam obstruir e destruir a fé das pessoas. Um comentário budista declara: “Os maus amigos empregam palavras sedutoras, enganam e bajulam, falam com astúcia e extrema cortesia e, dessa maneira, levam os outros a cometer o mal. E, ao induzir os outros à maldade, destroem a mente do bem deles”.10 Ou seja, utilizam-se de palavras astutas para destruir a bondade no coração das pessoas. A principal fonte das maldades é o rei demônio do sexto céu Se permitirmos que essas influências negativas nos dominem, então, sem dúvida alguma, a incerteza, confusão e descrença vão se apoderar da nossa mente. Se nossa mente for destruída, perderemos de vista a fé correta. A principal fonte dessas funções negativas é o rei demônio do sexto céu. Nessa carta, Daishonin diz que este conturbado mundo saha11 no qual vivemos é governado pelo rei demônio do sexto céu e que nós somos súditos dele. O rei demônio usa nossos familiares e pessoas de poder e influência como agentes dele para obstruir a fé daqueles que abraçam a Lei Mística. O objetivo dele é conduzir as pessoas aos maus caminhos por quaisquer meios possíveis, confundindo a mente delas, “induzindo-as a beber o vinho da avareza, ira e estupidez”12 (cf. CEND, v. I, p. 518). Ignorância fundamental — a incapacidade de acreditar em seu estado de buda inerente Em outra carta, Nichiren Daishonin declara que a essência do rei demônio do sexto céu é a escuridão ou ignorância fundamental existente nas profundezas da nossa vida: “A escuridão fundamental se expressa como o rei demônio do sexto céu” (CEND, v. II, p. 380). Escuridão fundamental, ou ignorância fundamental, indica a raiz da ilusão da mente humana — ignorância sobre a verdade essencial da nossa vida. Em outras palavras, consiste na incapacidade de acreditar que cada um de nós incorpora a Lei Mística e é um nobre indivíduo que possui a condição de vida do estado de buda. O rei demônio do sexto céu, portanto, não é um ser especial que existe fora de nós. É o aspecto da ilusão da mente que é incapaz de acreditar em nossa dignidade e potencial inerentes. Se essa ignorância nos dominar, podemos acabar rejeitando, desvalorizando e até destruindo a nós mesmos. Tais são as ações do rei demônio do sexto céu, e devemos nos certificar de não nos tornar seus súditos. A “espada afiada” da fé pode aniquilar as funções da maldade O que tem o poder de derrotar o rei demônio do sexto céu? Somente a “espada afiada” da fé. Como afirma Daishonin: “A única palavra ‘fé’ é a espada afiada com a qual se dissipa a escuridão fundamental ou a ignorância fundamental” (OTT, p. 119-120). Quando identificamos claramente as funções da maldade e as enfrentamos, despertando forte fé e recitando Nam-myoho-renge-kyo ao Gohonzon, conseguimos manifestar nosso estado de buda inato e bani-las sem falta. Adversidades são treinamento para atingir o estado de buda Alguns de vocês, meus jovens amigos, podem estar se perguntando por que têm de enfrentar dificuldades, quando se supunha que, praticando o budismo, receberiam benefícios. Talvez pensem que seja melhor nem começar a praticar. Na carta para os irmãos Ikegami, Nichiren Daishonin escreve: “Quando uma rocha é submetida ao fogo, ela simplesmente se transforma em cinzas, mas o ouro se torna ainda mais puro” (CEND. v. I, p. 520). Essa é uma expressão da profunda confiança de Daishonin nos irmãos. Ele está dizendo que, como praticantes do Sutra do Lótus, eles já são pessoas de “ouro”; portanto, devem se desafiar para superar as dificuldades e fazer sua vida brilhar com força, intensidade e amplitude, assim como o “ouro puro”. Naturalmente, uma estrada tranquila sem nenhum obstáculo ou subidas e descidas é fácil de seguir. Mas, escalando as montanhas dos desafios que se erguem em nosso caminho, poderemos nos deliciar com vistas maravilhosas quando alcançarmos o topo. Em outras palavras, obstáculos e dificuldades servem para testar se nossa fé é genuína; são um treinamento para atingir o estado de buda. Toda sensei explicou de forma simples: “Maldades existem para nos testar e treinar. É como os alunos de judô que se tornam mais fortes ao serem arremessados ao chão repetidas e repetidas vezes pelo instrutor. Se encararmos cada maldade com presteza para enfrentá-la e com a determinação de vencê-la, seremos capazes de sobrepujar os mais difíceis desafios”. Transformar destino em missão O Budismo Nichiren nos permite encontrar um significado mais profundo nas adversidades, encorajando-nos a vê-las como oportunidades para fortalecer nossa fé e nossa vida. Nossa fé se torna mais forte ao enfrentarmos e desafiarmos nosso destino. O propósito da nossa prática budista é estabelecer uma condição de felicidade serena e inabalável. As escolas budistas amplamente reconhecidas na época de Daishonin ensinavam que o sofrimento e as adversidades eram uma consequência das causas negativas, ou do mau carma, de existências passadas. Entretanto, essa explicação não poderia operar como uma força para romper e transformar os desafios da vida real. O Budismo de Nichiren Daishonin, por outro lado, é um ensinamento que habilita as pessoas a mudar seu destino. Isso porque a Lei Mística representa o meio fundamental para ultrapassar todos os sofrimentos. Para os praticantes do Budismo Nichiren, provações e dificuldades configuram oportunidades para transformar seu destino. E nossa missão é demonstrar isso aos outros mediante nosso exemplo, comprovando a grandiosidade da Lei Mística. Pautados por esse ideal, vivemos com o espírito positivo de transformar destino em missão. No que concerne à doutrina budista, isso se denomina “carma adotado por desejo próprio”.13 É o juramento dos bodisatvas. Com base no lema “transformar destino em missão”, os membros da Soka Gakkai no Japão e no mundo se empenham na fé e na prática diariamente. Toda sensei declarou: “Alegrem-se quando se depararem com dificuldades. Esse é o momento para demonstrar o poder da fé. É uma oportunidade de transformar seu destino. Ultrapassando tais provações, poderão obter ilimitada e inesgotável boa sorte”. Trecho 2 do escrito Carta para os Irmãos Se a propagarem [essa doutrina], demônios surgirão sem falta. Se isso não acontecesse, não haveria maneira de saber que esse é o ensinamento correto. Em um trecho desse mesmo volume [quinto volume de Grande Concentração e Discernimento14 de Tiantai]15 consta: “À medida que a prática avança e a compreensão aumenta, os três obstáculos e as quatro maldades surgem de forma desconcertante disputando entre si para interferir... Uma pessoa não deve ser influenciada nem amedrontada por essas ações. Aquela que cai na influência dessas ações é desviada para os maus caminhos. E aquela que as teme será impedida de praticar o ensinamento correto”. Essa afirmação não se aplica somente a mim; também é um direcionamento para os meus seguidores. Com profundo respeito, façam deste o seu próprio ensinamento e o transmitam como um princípio de fé para as futuras gerações. (CEND, v. I, p. 524) Maldades surgirão infalivelmente quando se pratica de forma correta Essa é a passagem mais famosa de Carta para os Irmãos. “Se a propagarem [essa doutrina]” denota que se nos empenhar na prática budista, funções da maldade que buscam obstruir nossa fé surgirão infalivelmente. Nichiren Daishonin prossegue: “Se isso não acontecesse, não haveria maneira de saber que esse é o ensinamento correto” (CEND, v. I, p. 524). Precisamente pelo fato de o Budismo Nichiren ser o ensinamento correto para atingir o estado de buda, as funções da maldade aparecem para impedir nossa prática. Em seguida, Daishonin cita uma passagem de Grande Concentração e Discernimento, de Tiantai, que diz: “À medida que a prática avança e a compreensão aumenta, os três obstáculos e as quatro maldades surgem de forma desconcertante disputando entre si para interferir” (Ibidem). Os “três obstáculos” são: 1) obstáculo dos desejos mundanos; 2) obstáculo do carma; e 3) obstáculo da retribuição.16 “Obstáculo”, nesse contexto, indica algo que bloqueia ou obstrui nossa prática budista. As “quatro maldades” são: 1) malda­de dos cinco componentes; 2) maldade dos desejos mundanos; 3) maldade da morte; e 4) maldade celestial.17 Demônio indica uma função negativa que mina o dinamismo e a vitalidade do interior dos praticantes do ensinamento correto. O ponto importante a se lembrar é que esses obstáculos e maldades são forças que obstruem e impedem nossa prática budista. Dentre todas elas, a maldade celestial, que se refere ao rei demônio, é a mais grave. Diz respeito ao rei demônio do sexto céu, também conhecido como demônio celestial que Desfruta Livremente Criações Alheias, pois ele se deleita em manipular e explorar os outros de acordo com sua vontade. O rei demônio, a mais fundamental de todas as funções da maldade que podem dominar a mente humana, emprega os meios imagináveis para atacar e importunar os praticantes do ensinamento correto. Isso inclui manifestar-se dentro de personalidades de poder e autoridade na sociedade e manipulá-las para perseguir os praticantes da Lei Mística. Daishonin afirma aqui que nossa resposta a tais obstáculos deve ser a de “não sermos influenciados nem amedrontados por essas ações” (cf. Ibidem). “O sábio se alegra, ao passo que o tolo recua” “Não sermos influenciados” significa não nos permitir cair sob o domínio das funções da maldade. “Não sermos amedrontados” quer dizer vencê-las com a sabedoria de não nos deixar enganar por elas e com a coragem para enfrentá-las. Agindo dessa maneira, podemos realizar nossa revolução humana e mudar nosso destino. Em outra carta dedicada ao mais novo dos irmãos Ikegami, Munenaga, Nichiren Daishonin escreve: “Os três obstáculos e as quatro maldades aparecem infalivelmente; e quando isso ocorre, o sábio se alegra, ao passo que o tolo recua” (CEND, v. I, p. 666). Daishonin está dizendo a Munenaga que esteja convicto de que o surgimento dos três obstáculos e das quatro maldades é o momento para atingir o estado de buda. Ele ensina que deve vencer nesse desafio com o espírito da fé do sábio que se alegra. No final da passagem que estamos estudando, Daishonin expressa: “Essa afirmação não se aplica somente a mim; também é um direcionamento para os meus seguidores. Com profundo respeito, façam deste o seu próprio ensinamento e o transmitam como um princípio de fé para as futuras gerações” (Ibidem, p. 524). Nichiren Daishonin já havia passado por várias perseguições potencialmente fatais — incluindo o Exílio em Izu18 e a Perseguição de Tatsunokuchi, e o subsequente Exílio na Ilha de Sado19 — e triunfado sobre todas elas. É a isso que ele se refere ao escrever “Essa afirmação (...) se aplica a mim” (cf. Ibidem). Então, Daishonin declara que esse caminho correto da prática budista, o caminho da luta conjunta que ele e seus discípulos percorreram, deve ser transmitido para as futuras gerações como parte a luta para assegurar a eterna perpetuação da Lei. Daishonin encoraja os irmãos Ikegami, dizendo que cabia a eles personificar e transmiti-la como fonte de inspiração para futuras gerações. Os irmãos superaram os obstáculos, e, com sólida união na fé, finalmente conseguiram obter êxito em converter o pai aos ensinamentos de Nichiren Daishonin. Essa passagem nos mostra que nosso exemplo de vitória sobre todas as funções da maldade e de seguir em frente de modo triunfal se tornará um marco para consolidar as bases para o eterno desenvolvimento do kosen-rufu. Sorriso dos jovens da BSGI em ensaio para a Convenção Juventude Soka no Centro Cultural Campestre (Itapevi, SP, maio 2024) Momentos difíceis revelam o verdadeiro valor do ser humano Em uma oportunidade, tive a honra de me encontrar com a falecida ganhadora do Prêmio Nobel da Paz Betty Williams, legítima defensora dos direitos humanos e da paz (em novembro de 2006, em Tóquio). Quando perguntei à Sra. Williams o que sustentava suas incansáveis atividades, ela respondeu: “Neste trabalho, você precisa ter a coragem de suas convicções. Tem apenas de mantê-las e mantê-las, não obstante o que as pessoas possam dizer, e jamais desistir”. É importante ter a coragem de nossas convicções na fé também. Coragem é uma expressão de forte fé. Adversidades e dificuldades são inevitáveis na vida. Pode haver oca­siões em que vocês, meus jovens amigos, talvez sintam que simplesmente não aguentam mais. Mas essa é a hora para demonstrar seu verdadeiro valor como corajosos praticantes da Lei Mística. Leões Soka que se levantam com coragem num momento crucial infalivelmente vencem no final. Participantes da atividade comemorativa dos quarenta anos do Grupo Alvorada da BSGI (São Paulo, SP, ago. 2024) Construam um inabalável arcabouço de fé na juventude A juventude é um período para se construir um sólido arcabouço de fé que não desmoronará ante nenhum obstáculo. O segredo é permanecer firme na fé e na prática por toda a vida, haja o que houver, e continuar seguindo em frente intrepidamente. Vocês possuem incalculáveis veteranos na fé no mundo todo, os quais se empenham ativamente pelo kosen-rufu em nossa coletividade de “bons amigos”, junto com a Lei Mística, a Soka Gakkai e os companheiros de confiança, e conduzem vidas vitoriosas. Todos estão trilhando a órbita certeira da felicidade. Fazer do aprendizado e da saúde suas prioridades Visando, inicialmente, ao centenário da Soka Gakkai (em 2030), como sucessores da nossa organização, peço-lhes que estudem, desenvolvam-se e obtenham um crescimento esplêndido, fazendo do aprendizado e da saúde suas prioridades máximas. Espero que vocês, meus queridos jovens amigos, se empenhem corajosamente na prática budista e avancem com um compromisso inabalável na fé por toda a vida. Uma estrada vasta e aberta se estende ilimitadamente diante de vocês. Um futuro repleto de esperança e de vitórias emocionantes os aguarda. Logo será a vez de vocês seguirem voando corajosamente para conduzir a humanidade à felicidade e à paz. (Daibyakurenge, edição de julho de 2021) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI ________ Resumo Estudo — Outubro 2024 Principais tópicos estudados Deparar-se com obstáculos “Enfrentamos obstáculos porque praticamos o ensinamento do budismo. Quando eles ocorrem, temos uma escolha: podemos vê-los pelo que eles são — ou seja, identificando-os nitidamente como funções da maldade — e desafiá-los resolutamente com base na fé, ou reagir com medo e recuar. Daishonin afirma com clareza que praticantes genuínos tomarão o primeiro caminho. Evidentemente, isso não significa que vocês precisam ir para a prisão a fim de provar que possuem fé genuína!” Significado das adversidades “O Budismo Nichiren nos permite encontrar um significado mais profundo nas adversidades, encorajando-nos a vê-las como oportunidades para fortalecer nossa fé e nossa vida. Nossa fé se torna mais forte ao enfrentarmos e desafiarmos nosso destino. O propósito da nossa prática budista é estabelecer uma condição de felicidade serena e inabalável.” Não ser influenciado ou amedrontado Daishonin afirma aqui que nossa resposta a tais obstáculos deve ser a de “não sermos influenciados nem amedrontados por essas ações”. (...) “Não sermos influenciados” significa não nos permitir cair sob o domínio das funções da maldade. “Não sermos amedrontados” quer dizer vencê-las com a sabedoria de não nos deixar enganar por elas e com a coragem para enfrentá-las. Agindo dessa maneira, podemos realizar nossa revolução humana e mudar nosso destino. Frases marcantes “‘Prática da fé para vencer as dificuldades’ é o orgulho e a tradição da Soka Gakkai.” “Semear discórdia entre pessoas e minar a vontade delas constituem, de fato, ações das funções da maldade.” “O que tem o poder de derrotar o rei demônio do sexto céu? Somente a ‘espada afiada’ da fé.” “O propósito da nossa prática budista é estabelecer uma condição de felicidade serena e inabalável.” “O Budismo de Nichiren Daishonin, por outro lado, é um ensinamento que habilita as pessoas a mudar seu destino.” “Coragem é uma expressão de forte fé.” “A juventude é um período para se construir um sólido arcabouço de fé que não desmoronará ante nenhum obstáculo. “Somos todos budas, e é exatamente por isso que respeitamos uns aos outros.” Personalidades e personagens budistas citados Tsunesaburo Makiguchi Josei Toda Irmãos Ikegami Ryokan Tiantai Betty Williams Betty Williams Perguntas-guia para as atividades de estudo Ikeda sensei afirma: “A principal fonte [das] funções negativas é o rei demônio do sexto céu”. Quem é o rei demônio do sexto céu? Nichiren Daishonin declara que a essência do rei demônio do sexto céu é a escuridão ou ignorância fundamental existente nas profundezas da nossa vida: “A escuridão fundamental se expressa como o rei demônio do sexto céu” (CEND, v. II, p. 380). Escuridão fundamental, ou ignorância fundamental, indica a raiz da ilusão da mente humana — ignorância sobre a verdade essencial da nossa vida. Em outras palavras, consiste na incapacidade de acreditar que cada um de nós incorpora a Lei Mística e é um nobre indivíduo que possui a condição de vida do estado de buda. O rei demônio do sexto céu, portanto, não é um ser especial que existe fora de nós. É o aspecto da ilusão da mente que é incapaz de acreditar em nossa dignidade e potencial inerentes. Se essa ignorância nos dominar, podemos acabar rejeitando, desvalorizando e até destruindo a nós mesmos. Tais são as ações do rei demônio do sexto céu, e devemos nos certificar de não nos tornar seus súditos. Por que temos de enfrentar dificuldades, quando se supunha que, praticando o budismo, receberíamos benefícios? Naturalmente, uma estrada tranquila sem nenhum obstáculo ou subidas e descidas é fácil de seguir. Mas, escalando as montanhas dos desafios que se erguem em nosso caminho, poderemos nos deliciar com vistas maravilhosas quando alcançarmos o topo. Em outras palavras, obstáculos e dificuldades servem para testar se nossa fé é genuína; são um treinamento para atingir o estado de buda. Toda sensei explicou de forma simples: “Maldades existem para nos testar e treinar. É como os alunos de judô que se tornam mais fortes ao serem arremessados ao chão repetidas e repetidas vezes pelo instrutor. Se encararmos cada maldade com presteza para enfrentá-la e com a determinação de vencê-la, seremos capazes de sobrepujar os mais difíceis desafios”. Notas: 1. Em 18 de novembro de 1944, aos 73 anos, o presidente Makiguchi faleceu no Centro de Detenção de Tóquio em decorrência de desnutrição e idade avançada, com a saúde severamente comprometida pelas provações do seu longo confinamento. Coincidentemente, o dia de sua morte foi no aniversário de fundação da Soka Gakkai. 2. “Três obstáculos e quatro maldades”: Vários obstáculos e adversidades que tentam impedir a prática budista. Os “três obstáculos” são: (1) obstáculo dos desejos mundanos; (2) obstáculo do carma, que pode se manifestar na forma de oposição do cônjuge ou dos filhos; e (3) obstáculo da retribuição, também interpretado como obstáculos causados por quem devemos obediência, como governantes e pais. As “quatro maldades” são: (1) maldade dos cinco componentes; (2) maldade dos desejos mundanos; (3) maldade da morte; e (4) maldade celestial. 3. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 10. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 301. 4. Em julho de 1957, o presidente Ikeda, na época coordenador do staff da Divisão dos Jovens, foi detido injustamente e acusado de violação da lei eleitoral, durante o pleito suplementar da Câmara dos Vereadores em Osaka daquele ano. No fim do processo judicial, que se estendeu por mais de quatro anos, ele foi totalmente inocentado de todas as acusações, em 25 de janeiro de 1962. 5. Uma das “Cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai”. 9. “Maus amigos”: Maus sacerdotes e outros que desencaminham as pessoas com ensinamentos falsos, confundindo-as, atrapalhando a prática budista delas e conduzindo-as aos maus caminhos são uma fonte de sofrimento. A expressão “mau amigo” se contrapõe a “bom amigo”, que ajuda a conduzir as pessoas ao ensinamento correto. 10. Resumo de uma passagem de Anotações sobre o Sutra do Nirvana do grande mestre Zhangan. 11. Mundo saha: Este mundo, o mundo dos seres humanos, marcado por sofrimentos. Em sânscrito, saha significa terra; deriva-se do radical “suportar” ou “resistir”. Por essa razão, nas versões chinesas dos textos budistas, a palavra saha é traduzida como resistência. Nesse contexto, o mundo saha indica um lugar no qual as pessoas devem resistir a todos os tipos de sofrimento. 12. Avareza, ira e estupidez são consideradas, no budismo, males fundamentais inerentes à vida que originam os sofrimentos humanos. São conhecidas como os “três venenos”. 13. “Carma adotado por desejo próprio”: Refere-se aos bodisatvas que, apesar de qualificados a receber as puras recompensas da prática budista, abrem mão delas e selam o juramento de renascer num mundo impuro para salvar os seres vivos. Aplicado à nossa vida, significa considerar a superação de problemas por intermédio da prática budista como meio para demonstrar o poder da Lei Mística. 14. Grande Concentração e Discernimento: Compilado de preleções proferidas pelo grande mestre Tiantai (538–597) da China, registradas por seu discípulo Zhangan. Junto com Profundo Significado do Sutra do Lótus e Palavras e Frases do Sutra do Lótus, é considerada uma das três principais obras de Tiantai. 15. Tiantai (538–597), também conhecido como Zhiyi, Tiantai Zhizhe, grande mestre Tiantai e grande mestre Zhizhe. Fundador da escola Tiantai na China. 16. O obstáculo dos desejos mundanos indica quando os desejos mundanos, ou impulsos e aflições, como avareza, ira e estupidez (chamadas de “três venenos”), nos impedem de progredir na fé e prática budistas. O obstáculo do carma refere-se a impedimentos à nossa fé e à prática decorrentes do carma negativo. Em Carta para os Irmãos, a oposição de pessoas próximas, como cônjuge ou filhos, é citada como exemplo específico. O obstáculo da retribuição descreve impedimentos à nossa prática budista em virtude das circunstâncias difíceis em que nascemos ou passamos a viver. São considerados efeitos negativos ou consequências derivadas do carma negativo de existências passadas. 17. A maldade dos cinco componentes origina-se da desarmonia entre os mecanismos do corpo e da mente, ou cinco componentes, daqueles que realizam a fé e a prática. A maldade dos desejos mundanos indica o surgimento de aflições como avareza, ira e estupidez dentro da vida, que atuam para destruir a fé da pessoa. A maldade da morte ocorre quando a prática budista de uma pessoa é interrompida por causa da morte. Além disso, pode-se dizer que a pessoa foi derrotada pela maldade ou pelo demônio da morte quando o falecimento de um praticante, ou de alguém próximo, a leva a duvidar da fé budista. Finalmente, há a maldade celestial. 18. Exílio em Izu: Perseguição que resultou no exílio de Nichiren Daishonin em Ito, na província de Izu (parte da atual província de Shizuoka), do quinto mês de 1261 ao segundo mês de 1263. Quando Nichiren Daishonin reapareceu em Kamakura na primavera de 1261 e retomou suas atividades de propagação, depois de curto período na província de Awa subsequentemente à Perseguição de Matsubagayatsu, o governo o prendeu e, sem investigação adequada, ordenou que fosse exilado em Ito na província de Izu. Depois de ficar exilado lá por dois anos, Daishonin recebeu indulto e voltou para Kamakura. 19. Perseguição de Tatsunokuchi e exílio na Ilha de Sado: No nono mês de 1271, as autoridades prenderam Nichiren Daishonin e o levaram para um local chamado Tatsunokuchi, nas cercanias de Kamakura, onde tentaram decapitá-lo sumariamente sob o manto da noite. Com o fracasso da tentativa de execução, ele foi mantido em detenção na residência do subcomandante do Posto de Comando Militar de Sado, Homma Rokuro Saemon, em Echi (parte da atual província de Kanagawa). Depois de aproximadamente um mês, enquanto o governo discutia o que fazer com ele, Daishonin foi exilado na Ilha de Sado, o que equivalia à pena de morte. Contudo, quando suas predições de conflito interno e de invasão estrangeira se concretizaram, o governo emitiu um indulto no terceiro mês de 1274 e ele retornou a Kamakura. No topo: Ikeda sensei e Sra. Kaneko sempre acreditam no potencial das crianças. Registro feito no Centro de Treinamento de Nagano, em agosto de 1979

03/10/2024

Estudo

[72] Trilhem o caminho dos heróis, sem serem derrotados pelas adversidades!

Explanação Há melodias que ouvi repetidas e repetidas vezes em minha juventude e das quais jamais me esquecerei. Estava trabalhando para meu mestre, Josei Toda, quando seus negócios se debatiam para continuar sobrevivendo durante o tumultuado período pós-guerra. Época angustiante. Dava o máximo de mim para encontrar uma maneira de reverter a situação, ao mesmo tempo em que lutava contra a minha condição física debilitante em decorrência da tuberculose. No meu pequeno apartamento, ouvia várias e várias vezes as obras do grande compositor Beethoven. Em especial, a Sinfonia no 5, a do Destino, e a Ode à Alegria, da Sinfonia no 9, provocavam uma forte emoção em mim. A música empolgante de Beethoven, que dava expressão ao seu espírito de romper o sofrimento e alcançar a alegria, me inspirava a continuar lutando. Quando fui pela primeira vez a Viena, capital da música clássica, há seis décadas, em outubro de 1961, prestei homenagem a Beethoven em seu túmulo no Cemitério Central da cidade. Em maio de 1981, depois de visitar a Ópera Estatal de Viena e me encontrar com o vice-chanceler e ministro da Educação e Arte da Áustria, Fred Sinowatz, os membros da organização local me levaram para ver o Museu Beethoven em Heiligenstadt. Originalmente, essa foi a casa onde ele morou e redigiu seu testamento, chegando à beira do profundo desespero por lutar contra a crueldade do destino, que incluía a perda da audição, sentido tão essencial para um músico. “Meu destino jamais me destruirá!” No entanto, Beethoven se recusou a permitir que os ventos implacáveis do destino o derrotassem. No fim, ele presenteou a humanidade com melodias repletas de alegria que romperam a escuridão da época. Ele escreveu: “Enfrentarei intrepidamente o meu destino, o qual jamais conseguirá me destruir. Oh! Seria maravilhoso viver a vida mil vezes!”.1 Essas palavras me trazem à lembrança os incalculáveis membros da Soka Gakkai que, dando tudo de si para promover o avanço do kosen-rufu em meio às duras realidades da sociedade, transformaram seu destino e consolidaram a felicidade absoluta. Reunindo a “coragem do rei leão”, como ensina Nichiren Daishonin (CEND, v. II, p. 263), eles encararam com bravura os problemas e as adversidades e avançaram resolutamente rumo à vitória. Eles transbordam de orgulho. Ensinando aos discípulos por meio do seu exemplo Enfrentando grandes dificuldades, podemos expandir ilimitadamente nossa condição de vida. Como vimos na edição anterior, Nichiren Daishonin triunfou sobre repetidas perseguições que impuseram risco à sua vida e abriu o caminho para o kosen-rufu com o intuito de aliviar os sofrimentos da humanidade para sempre. Ele também ensinou aos seus discípulos, mediante o próprio exemplo, o princípio supremo para transformar poderosamente o destino que assola nossa vida. Nesta oportunidade, estudaremos a segunda parte da Carta de Sado, examinando juntos o auspicioso princípio da transformação do carma ou destino preconizado pelo Budismo Nichiren. Trecho 1 do escrito Carta de Sado O ferro, quando aquecido e forjado, torna-se uma excelente espada. Os reverenciáveis e os veneráveis são testados com calúnias.2 Meu atual exílio não é resultado de nenhum crime secular, mas serve somente para que eu possa expiar, nesta existência, as graves faltas que cometi no passado e me libertar dos três maus caminhos na próxima.3,4 (CEND, v. I, p. 320) Fé é a expressão máxima de espírito invencível Nichiren Daishonin declara: “O ferro, quando aquecido e forjado, torna-se uma excelente espada” (CEND, v. I, p. 320). Ao lutarmos contra as adversidades, forjamos nossa vida, assim como uma excelente espada. Daishonin também afirma: “Os reverenciáveis e os veneráveis são testados com calúnias” (Ibidem). Podemos identificar um verdadeiro venerável ou uma pessoa de sabedoria pelo fato de terem suportado críticas e calúnias. Aqueles cuja história aclama como grandiosos quase invariavelmente enfrentaram perseguição e oposição. A experiência de resistir a adversidades e dificuldades pode ser acatada como um teste da nossa força subjacente. Enfrentar as situações mais árduas com inabalável determinação e perseverança, recusando-se a recuar um único passo, habilita-nos a cultivar um espírito forte, que se torna uma força propulsora essencial para conduzir uma vida vitoriosa. A fé no Budismo Nichiren constitui a expressão máxima desse espírito invencível. A religião para tornar as pessoas fortes, boas e sábias Na palestra “O Budismo Mahayana e a Civilização do Século 21” que proferi na Universidade Harvard,5 levantei as seguintes questões: “A religião torna as pessoas mais fortes ou as enfraquece?”; “Estimula o que há de bom ou de mal dentro delas?”; “Elas se tornam mais sábias ou menos por intermédio da religião?” Tornar as pessoas fortes, boas e sábias é a essência do Budismo Nichiren. Nesta era da desumanidade generalizada, a necessidade dessa religião em prol do ser humano é maior que nunca. Tudo começa com a transformação interior do próprio ser humano. Ao praticarmos o Budismo Nichiren diligentemente, despertamos para a dignidade e o valor da nossa vida. Ativamos nossa sabedoria e força inerentes e nos empenhamos para criar o valor mais elevado, contribuindo para o bem-estar e a felicidade do próximo e da sociedade. A Soka Gakkai é a organização que constrói e expande essa rede solidária da revolução humana por todo o mundo. Dez anos se passaram desde o terremoto devastador seguido de tsunami ocorrido em Tohoku em março de 2011. Apesar de terem vivenciado adversidades sem precedentes, os membros da organização daquela localidade avançaram com firme decisão, não permitindo que nada os derrotasse. Nichiren Daishonin escreve: “Mesmo que calamidades possam vir a ocorrer, elas podem ser transformadas em boa sorte” (WND, v. II, p. 669); “Quando um grande mal ocorre, um grande bem o sucederá” (CEND, v. II, p. 387); e “O inverno nunca falha em se tornar primavera” (CEND, v. I, p, 560). Acatando as asserções de Daishonin, os membros de Tohoku demonstraram a força inerente ao espírito humano de jamais desistir e acumularam ilimitado “tesouro do coração” (CEND, v. II, p. 112). O indômito “espírito de Tohoku” inspirou as pessoas do Japão e do mundo todo, e o exemplo desses membros reluz como um farol de grande esperança para o século 21. Nobre condição de vida idêntica à do Buda Em Carta de Sado, Nichiren Daishonin afirma: “Meu atual exílio não é resultado de nenhum crime secular” (CEND, v. I, p. 320). Ele esclarece que a verdadeira razão para ter de passar por aquela provação residia em transformar o próprio carma. Em seguida, explana o princípio de transformar o destino com base nos mecanismos de causa e efeito, conforme ensinados no Budismo Nichiren. A teoria da causa e do efeito exposta pelo escolas de budismo tradicionais da época de Daishonin tendia a ser pessimista. Concentrava nas causas que a pessoa havia criado em existências passadas, resultando em infelicidade e infortúnio na presente existência. Ensinava que o presente é fixo e imutável. Daishonin, no entanto, estabeleceu o princípio da transformação do destino com base numa compreensão mais fundamental e ampla de causa e efeito, conforme ensinado no Sutra do Lótus. Basear-nos no Sutra do Lótus significa reconhecer que cada um de nós e todas as pessoas possuem uma nobre condição de vida idêntica à do Buda. Quando o sol nasce, dissipa a escuridão e ilumina o mundo radiantemente. De modo semelhante, quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo, fazemos o sol do nosso estado de buda inerente desde o tempo sem início brilhar dentro de nós. Consequentemente, a escuridão da ignorância fundamental6 se extingue, o carma passado se transforma e nos tornamos plenos de poder básico para vencer os sofrimentos e as adversidades. Nesse momento, o significado do destino muda. Nossa vida de sofrimento originado do destino passa por uma importante transformação. Ela se torna uma vida que desafia o mau destino e começa a demonstrar nosso genuíno valor e dignidade humana. Essa é a essência do Budismo Nichiren, que ensina o princípio da transformação do destino. Encontramos aí a chave para revitalizar nossa vida e edificar um futuro mais promissor. O modo de vida da transformação do destino em missão Toda sensei observou que o Sutra do Lótus ensina que, por vezes, o Buda também padecia de doenças. Desejando libertar todos os seres vivos do sofrimento, afirmou Toda sensei, o Buda precisava experimentar doenças assim como eles; do contrário, não poderiam estabelecer conexão com ele ou prestar atenção ao que tinha a dizer. Dessa maneira facilmente compreensível, o Buda explanou sobre a profunda filosofia de vida e sobre o budismo. Em outras palavras, lidando com doenças e problemas e ultrapassando-os, podemos proporcionar um exemplo inspirador para os outros, oferecendo-lhes esperança e coragem. Há um episódio no Sutra do Lótus, no qual os bodisatvas juram surgir numa época futura repleta de maldades para ajudar a conduzir as pessoas à felicidade. Ou seja, escolhem por vontade própria assumir o carma de nascer numa era problemática e, mediante seu exemplo de lutar contra esse carma, encorajar outros que estejam sofrendo. Trata-se do princípio de “carma adotado por desejo próprio”.7 Observando o exemplo desses bodisatvas, as pessoas encontram coragem para se levantar e fazer o mesmo. Esses bodisatvas descobrem e despertam para o fato de que o poder para superar as adversidades é inerente à própria vida. Por meio dessa força interior decorrente da fé na Lei Mística, eles repelem o sofrimento cármico que os assola e, então, tornam-se capazes de inspirar e encorajar a todos ao seu redor. Esse é o modo de vida alicerçado em transformar destino em missão, ou, em linguagem atual, o trabalho de empoderar os outros e cultivar a própria capacidade de resiliência. Esse é o poder do juramento seigan de bodisatva. No ano passado (novembro de 2020), Adolfo Pérez Esquivel, argentino ativista dos direitos humanos e recebedor do Prêmio Nobel da Paz, enviou uma mensagem congratulando a Soka Gakkai pelo 90º aniversário de fundação. Nela, disse que a pandemia da Covid-19 demandaria que a humanidade demonstrasse grande força de espírito. “Não deixem de sorrir para a vida”, exortou. “Nos momentos mais difíceis, precisamos seguir em frente. Sempre seremos capazes de construir um mundo melhor por meio do poder da esperança. (...) Como membros da Soka Gakkai, vocês estão transmitindo o significado da vida, e penso que isso seja muito importante. Longo e incessante é o empreendimento a que vocês se dedicam. (...) Vocês estão abrindo o caminho para outros seguirem no futuro”.8 Os membros da Soka Gakkai do mundo inteiro mantêm resolutamente a auspiciosa convicção de que podemos transformar nosso destino em missão. O Dr. Pérez Esquivel manifestou seu profundo apoio às ações dos membros da Soka Gakkai, que se empenham constantemente em encorajar os outros. E hoje, um fluxo contínuo de jovens sucessores, “corredores da justiça”, prossegue emergindo na Divisão dos Estudantes. Cada um de vocês é um valor humano que inspira imensas esperanças. Muitas pessoas de bom discernimento do mundo solidárias ao nosso movimento aguardam ansiosamente o crescimento de vocês. Desenvolver e engrandecer as asas da juventude Estou certo de que vocês, meus jovens amigos da Divisão dos Estudantes, passam pelos mais diversos tipos de problemas e preocupações. Mas aqueles que sofreram conseguem compreender os sofrimentos dos outros e encorajá-los. Superar a dor e as adversidades os torna mais fortes desenvolvendo e engrandecendo as asas da juventude para que possam voar alto. Nada jamais é desperdiçado. O segredo é continuar avançando com paciência e coragem, consultando e trocando ideias com bons amigos e veteranos na fé que se importam com vocês. Acima de tudo, permaneçam firmes na prática da fé budista por toda a vida, sem nunca a abandonarem. A passagem da Carta de Sado que consta a seguir expõe a importância de possuir o “coração de um rei leão” para agir exatamente dessa forma. Trecho 2 do escrito Carta de Sado Além dessas pessoas, havia aquelas que pareciam acreditar em mim, mas começaram a criar dúvidas ao me verem ser perseguido. Elas não só abandonaram o Sutra do Lótus como também acreditaram que eram sábias o bastante para me orientar. O triste fato é que essas pessoas perversas deverão sofrer no inferno Avichi9 por um tempo ainda mais longo que os seguidores da Nembutsu. (...) “Embora o sacerdote Nichiren seja nosso mestre, ele é enérgico demais. Nós propagaremos o Sutra do Lótus de maneira mais branda.” Com tal declaração, eles demonstram ser tão ridículos quando um vaga-lume que ri do Sol e da Lua, um formigueiro que despreza o Monte Hua,10 poços e riachos que zombam dos rios e dos oceanos ou uma gralha que imita a fênix. (CEND, v. I, p. 322-323) A grandiosidade do mestre que propaga o Sutra do Lótus Quando Daishonin escreveu essa carta, seus discípulos em Kamakura também estavam sendo perseguidos. Consequentemente, alguns começaram a duvidar dos ensinamentos e abandonaram a fé por medo. À luz das escrituras budistas, era inevitável que surgissem aqueles que perseguiriam Nichiren Daishonin, o devoto do Sutra do Lótus. Porém, quando Daishonin foi exilado na Ilha de Sado, infelizmente, alguns de seus discípulos não só abandonaram os ensinamentos dele, como também alegaram saber mais que ele e começaram a criticá-lo. Esses indivíduos arrogantes não aceitavam genuinamente os ensinamentos de Nichiren Daishonin. Em vez disso, apresentaram suas alegações arbitrárias. Daishonin afirma que eles eram como o asura que tentou superar o Buda expondo dezenove elementos quando o Buda havia ensinado apenas dezoito,11 ou os mestres não budistas que afirmaram possuir noventa e cinco maneiras de atingir a iluminação,12 enquanto o Buda oferecia somente um caminho (cf. CEND, v. I, p. 322). Do mesmo modo, alguns dos discípulos de Daishonin dessa época criticaram-no, dizendo: “Embora o sacerdote Nichiren seja nosso mestre, ele é enérgico demais. Nós propagaremos o Sutra do Lótus de maneira mais branda” (CEND, p. 322-323). No entanto, Daishonin reagiu com serenidade e autoconfiança, descrevendo tais indivíduos como “tão ridículos quando um vaga-lume que ri do Sol e da Lua, um formigueiro que despreza o Monte Hua, poços e riachos que zombam dos rios e dos oceanos ou uma gralha que imita a fênix” (Ibidem, p. 323). Uma condição de vida de ilimitada compaixão moldada pelas dificuldades Nesse trecho, Nichiren Daishonin destaca a enorme diferença na condição de vida que há entre ele e seus detratores, comparando os vaga-lumes com o Sol, um formigueiro com uma montanha e poços e riachos com rios e oceanos. A partir do dia em que proclamou o estabelecimento de seus ensinamentos, Daishonin iniciou sua resoluta batalha para aliviar, infalivelmente, o sofrimento das pessoas, por toda a eternidade. Ele declarou que não havia abandonado seu juramento seigan nesse sentido, nem mesmo após ser exilado na Ilha de Sado, tampouco o abandonaria no futuro. Daishonin continuou travando sua luta compassiva pela paz e felicidade das pessoas. Nesse processo, sua visão se ampliou daqueles ao seu redor para todos os integrantes da sociedade, de um único país para o mundo inteiro, e do presente para o eterno futuro. Nichiren Daishonin descreveu sua vida como uma infindável série de obstáculos e dificuldades: “Assim como as montanhas se erguem em sucessão e as ondas se levantam uma após outra, as perseguições provocarão mais perseguições e críticas fomentarão mais críticas” (CEND, v. I, p. 252). Ninguém se igualava a ele a esse respeito. Contudo, Daishonin estava preparado para encontrar obstáculos dessa magnitude e, por mais que indivíduos arrogantes o atacasse, eles jamais conseguiriam destruir sua vasta condição de vida. Aqui, vemos Daishonin tentando transmitir aos seus discípulos sua condição de vida de ilimitada compaixão, a qual era una com o seu juramento seigan de conduzir todas as pessoas à felicidade. Ao tomarem conhecimento do espírito de Daishonin, os discípulos que enfrentavam perseguições em Kamakura devem ter sentido a coragem brotando em seu coração. A comunidade de companheiros de prática de Nichiren Daishonin, com seu emblemático espírito de unicidade de mestre e discípulo, foi construída quando seus discípulos se levantaram com o mesmo juramento seigan e compromisso inabalável que ele. A Soka Gakkai avança com o “coração de um rei leão” Coragem é o fator essencial para perseverar na fé, sem abandoná-la. Arrogância e covardia são as duas faces da mesma moeda. Com o coração covarde, não é possível romper as maldades existentes no seu interior. Por isso, é tão importante reunir o corajoso “coração de um rei leão” e lutar dando o máximo de nós. Nosso primeiro e segundo presidentes, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, ultrapassaram os obstáculos e as dificuldades com que se depararam, com o “coração de um rei leão, precisamente como Daishonin ensinou, para abrir o grande caminho para o kosen-rufu. Makiguchi sensei afirmou: “Quanto mais arduamente lutamos, mais fortes nos tornamos, e mais rápido conseguimos demonstrar a grandiosidade do Budismo Nichiren”. Ele também disse: “Ponha em prática em sua vida o princípio de ‘transformação de veneno em remédio’”.13 Membros da Soka Gakkai do Japão e do mundo todo vêm avançando com vibrante coragem exatamente com esse espírito. Valorizando cada palavra da Carta de Sado, os mestres e discípulos Soka levantaram-se com o mesmo espírito de Daishonin e vêm realizando uma grande luta pelo kosen-rufu. O mundo inteiro é o palco de vocês Com base nesse espírito Soka, estamos dedicando a vida ao nobre propósito de concretizar o kosen-rufu mundial, que é, em si, a própria paz mundial. Não há modo de vida mais admirável. Vocês, integrantes da Divisão dos Estudantes, que tomam parte nesse esplêndido esforço durante a sua juventude, estão presentes em todos os continentes. O mundo inteiro é o palco de vocês. Não obstante que problemas possam surgir, continuem reunindo o “coração de um rei e leão” e ultrapassem todos os obstáculos com o espírito de dedicação sem poupar a própria vida à propagação da Lei Mística. Se possuir uma fé com tamanha determinação, o brilho da vitória e da honra emanará de sua vida. “Confio o kosen-rufu totalmente a vocês” Vocês, nossos jovens “corredores da justiça”, são nossa esperança para o futuro. Encerrando, gostaria de lhes dedicar algumas palavras que transmiti aos membros da DE-Herdeiro com quem estudei a Carta de Sado no passado: “Espero que jamais se esqueçam, enquanto viverem, de que o espírito da Soka Gakkai consiste no puro espírito de realizar o kosen-rufu. E espero que compartilhem isso com os membros mais jovens que vocês também. Confio o kosen-rufu totalmente a vocês!”. (Daibyakurenge, edição de abril de 2021) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI Resumo Estudo — Julho 2024 Principais tópicos estudados Transformação do carma ou destino Enfrentar as situações mais árduas com inabalável determinação e perseverança, recusando-se a recuar um único passo, habilita-nos a cultivar um espírito forte, que se torna uma força propulsora essencial para conduzir uma vida vitoriosa. Causa e efeito Quando o sol nasce, dissipa a escuridão e ilumina o mundo radiantemente. De modo semelhante, quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo, fazemos o sol do nosso estado de buda inerente desde o tempo sem início brilhar dentro de nós. Consequentemente, a escuridão da ignorância fundamental se extingue, o carma passado se transforma e nos tornamos plenos de poder básico para vencer os sofrimentos e as adversidades. “Carma adotado por desejo próprio” [Os] bodisatvas descobrem e despertam para o fato de que o poder para superar as adversidades é inerente à própria vida. Por meio dessa força interior decorrente da fé na Lei Mística, eles repelem o sofrimento cármico que os assola e, então, tornam-se capazes de inspirar e encorajar a todos ao seu redor. Frases marcantes “O inverno nunca falha em se tornar primavera.” “Enfrentarei intrepidamente o meu destino, o qual jamais conseguirá me destruir. Oh! Seria maravilhoso viver a vida mil vezes!” “Mesmo que calamidades possam vir a ocorrer, elas podem ser transformadas em boa sorte.” “Quando um grande mal ocorre, um grande bem o sucederá.” “Quando o sol nasce, dissipa a escuridão e ilumina o mundo radiantemente. De modo semelhante, quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo, fazemos o sol de nosso estado de buda inerente desde o tempo sem início brilhar dentro de nós.” “Não deixem de sorrir para a vida. Nos momentos mais difíceis, precisamos seguir em frente. Sempre seremos capazes de construir um mundo melhor por meio do poder da esperança.” “Espero que jamais se esqueçam, enquanto viverem, de que o espírito da Soka Gakkai consiste no puro espírito de realizar o kosen-rufu. E espero que compartilhem isso com os membros mais jovens que vocês também. Confio o kosen-rufu totalmente a vocês!” Personalidades e personagens budistas citados - Josei Toda - Tsunesaburo Makiguchi - Nichiren Daishonin - Ludwig van Beethoven, compositor e pianista alemão - Fred Sinowatz, vice-chanceler e ministro da Educação e Arte da Áustria Perguntas-guia para as atividades de estudo O que acontece quando praticamos diligentemente o Budismo Nichiren? Despertamos para a dignidade e valor de nossa vida. Ativamos nossa sabedoria e força inerentes e nos empenhamos para criar o valor mais elevado, contribuindo para o bem-estar e a felicidade do próximo e da sociedade. Qual o significado do princípio de “carma adotado por desejo próprio”? Há um episódio no Sutra do Lótus, no qual os bodisatvas juram surgir numa época futura repleta de maldades para ajudar a conduzir as pessoas à felicidade. Ou seja, escolhem por vontade própria assumir o carma de nascer numa era problemática e, mediante seu exemplo de lutar contra esse carma, encorajar outros que estejam sofrendo. Trata-se do princípio de “carma adotado por desejo próprio”. Qual era a postura de Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, primeiro e segundo presidentes da Soka Gakkai, quando se deparavam com os obstáculos e as dificuldades na vida? Ultrapassaram os obstáculos e as dificuldades com que se depararam, com o “coração de um rei leão, precisamente como Daishonin ensinou, para abrir o grande caminho para o kosen-rufu. Makiguchi sensei afirmou: “Quanto mais arduamente lutamos, mais fortes nos tornamos, e mais rápido conseguimos demonstrar a grandiosidade do Budismo Nichiren”. Ele também disse: “Ponha em prática em sua vida o princípio de ‘transformação de veneno em remédio’”. No topo: Exibição artística na Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo (São Paulo, maio 2024) Foto: BS Notas: 1. BEETHOVEN, Ludwig van. Beethoven’s Letters (1790–1826): From the Collection of Dr. Ludwig Nohl (Cartas de Beethoven (1790-1826): Coleção do Dr. Ludwig Nohl). Tradução: Grace Jane Wallace (ed.). v. 1. Cambridge, Massachusetts: Cambridge University Press, 2014. p. 35. 2. “Calúnia”, nesse contexto, significa “insulto verbal”. 3. “Três maus caminhos”: Também conhecidos como os “três maus caminhos da existência”. Estados de sofrimentos nos quais as pessoas caem como resultado de suas más ações. Os “três maus caminhos” são: mundo do inferno, mundo dos espíritos famintos e mundo dos animais. 4. Redigida no vigésimo dia do terceiro mês de 1272, em Tsukahara, na Ilha de Sado, essa carta foi endereçada a todos os discípulos de Nichiren Daishonin. Nela, Daishonin busca dissipar quaisquer dúvidas que pudessem ter surgido no coração deles em virtude da Perseguição de Tatsunokuchi e subsequente exílio na Ilha de Sado, aproximadamente seis meses antes, e oferecer-lhes orientação e incentivo. 5. O presidente Ikeda proferiu duas palestras na Universidade Harvard: “A Era do Soft Power” (26 de setembro de 1991) e “O Budismo Mahayana e a Civilização do Século 21” (24 de setembro de 1993). 6. “Escuridão fundamental” ou “ignorância fundamental”: Ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que dá origem a todas as demais ilusões e desejos mundanos. Consiste na incapacidade de ver ou de reconhecer a verdade suprema da Lei Mística, bem como os impulsos negativos que surgem dessa ignorância. 7. “Carma adotado por desejo próprio”: Refere-se ao fato de os bodisatvas, apesar de qualificados a receber as puras recompensas da prática budista, abrem mão delas e selam o juramento de renascer num mundo impuro para salvar os seres vivos. 8. Artigo publicado na edição do Seikyo Shimbun de 26 de novembro de 2020. 9. Inferno Avichi: O inferno de incessantes sofrimentos. 10. Monte Hua: Uma das cinco montanhas sagradas da China. 11. Dezoito elementos: Conceito abrangente de três categorias inter-relacionadas: os seis órgãos sensoriais (olhos, orelhas, nariz, língua, pele e mente), e as seis consciências (visual, auditiva, olfativa, gustativa, tátil e mental), que se manifestam por meio da interação dos seis órgãos sensoriais com seus respectivos objetos. 12. Baseado em uma passagem de Tratado sobre Grande Perfeição da Sabedoria. Os “noventa e cinco” caminhos podem ser atribuídos ao fato de haver noventa e cinco escolas não budistas na época de Shakyamuni. 13. “Transformação de veneno em remédio” indica empregar o poder da Lei Mística para transformar uma vida de sofrimento em uma vida repleta de sabedoria e das virtudes do Buda.

01/07/2024

Estudo

[71] Triunfem com o coração de um rei leão!

Explanação “O inverno nunca falha em se tornar primavera” (CEND, v. I, p. 560). Depois de suportar os dias frios de inverno, entramos em março, mês repleto de esperança primaveril. Primavera é a estação da explosão da vida, em que esta irrompe com grande força em tudo. É também uma época importante de novos inícios, quando muitos dos nossos preciosos membros da Divisão dos Estudantes se formam, ou começam novo ano letivo ou ingressam na vida profissional.1 Como o mundo continua lidando com os desafios da pandemia da Covid-19, imagino que vocês, meus queridos jovens amigos, também tiveram de enfrentar e perseverar diante de várias adversidades ao longo do ano passado [2020]. Transformar os desafios da juventude em tesouros Por causa da pandemia, provavelmente vocês não puderam ir à escola por um período prolongado e tiveram de estudar em casa. Com certeza, muitos de vocês se sentiram frustrados ou desapontados com as mudanças em sua agenda, como o cancelamento de atividades extracurriculares ou o adiamento de excursões e outros eventos escolares. No entanto, em uma perspectiva de longo prazo, o fato de terem se deparado com essas adversidades inesperadas nos anos sensíveis de sua juventude possui profundo significado. Chegará o momento em que essa experiência se mostrará imensamente valiosa e profícua. “Não há educação que supere a das provações e dificuldades” — pendurei esse lema na parede do meu quarto e sempre o repetia para mim mesmo aos 17 anos. Foi durante o período turbulento imediatamente após a Segunda Guerra Mundial. Vivenciar infortúnios ou calamidades sem precedentes pela primeira vez pode fazer com que desperte uma profunda consciência de como a vida é preciosa, compreenda a dor e o sofrimento dos outros e se prontifique a estender a mão aos necessitados. Espero, portanto, que cresçam e se tornem excelentes líderes que trabalhem pela felicidade das pessoas, cada qual brilhando de forma esplêndida no âmbito de sua missão pessoal. Com esse desejo, minha esposa, Kaneko, e eu estamos orando de coração todos os dias pelo sólido crescimento de vocês e para que sejam bem-sucedidos em seus esforços. Vocês são os jovens protagonistas que vão liderar o nosso movimento quando celebrarmos o centenário de fundação da Soka Gakkai em 2030. Sua geração dará continuidade ao nosso nobre trabalho de transformar o destino de toda a humanidade e de ensejar nova “Alvorada”. Falando em alvorada, há 55 anos, a Soka Gakkai designou 1966 como “Ano do Alvorecer”, com a promessa de redobrar os esforços em prol do kosen-rufu mundial. Também denominou 1966 como “Ano da Divisão dos Estudantes (DE) Herdeiro” (faixa etária do ensino médio), movido pelo anseio de que os membros da DE obtivessem um grande desenvolvimento. Naquele ano, proferi preleções sobre os escritos de Nichiren Daishonin para representantes da DE-Herdeiro quase mensalmente. Alguns líderes centrais da organização externaram a opinião de que, na visão deles, eu deveria priorizar as orientações para os adultos. Mas, pensando no longínquo futuro do kosen-rufu, queria que os integrantes da DE-Herdeiro e dos demais níveis da Divisão dos Estudantes despertassem para sua missão e alcançassem um crescimento maravilhoso. Portanto, canalizei todas as minhas energias em desenvolvê-los. Um dos escritos de Nichiren Daishonin que estudei com os membros da DE-Herdeiro na época foi Carta de Sado. Uma vez mais, gostaria de estudar esse escrito com vocês, meus queridos integrantes da DE, que assumirão a responsabilidade por uma nova era, com foco no propósito da fé e em como vivermos como membros da Soka Gakkai. Trecho do escrito 1 Carta de Sado2 Os costumes deste mundo estabelecem que, ao contrairmos uma grande dívida com alguém, temos de saldá-la ainda que ao custo de nossa vida. Diversos guerreiros morrem por seus senhores; talvez muito mais do que imaginemos. O homem morre para defender sua honra; a mulher morre por um homem. Na busca pela sobrevivência, os peixes evitam águas rasas e cavam buracos no fundo do lago para se esconder; porém, enganados pela isca, são fisgados. Os pássaros, temendo que a árvore na qual vivem seja muito baixa, escolhem os galhos mais altos para se proteger, mas, tentados pela isca, também são apanhados em armadilhas. Igualmente vulneráveis são os seres humanos — geralmente se sacrificam por questões superficiais e seculares; contudo, raramente o fazem pelos preciosos ensinamentos do Buda. Assim, é natural que não atinjam o estado de buda. (CEND, v. I, p. 317) Uma carta escrita em meio a adversidades Nichiren Daishonin escreveu a Carta de Sado no terceiro mês de 1272, em Tsukahara, na Ilha de Sado, onde estava exilado, e endereçou-a a todos os seus discípulos. Iniciemos nosso estudo analisando as circunstâncias do Exílio em Sado.3 Em primeiro lugar, assim como Daishonin declara na carta, seu exílio “não é resultado de nenhum crime secular” (CEND, v. I. p. 320). Ele sempre agiu com absoluta integridade e não infringiu nenhuma lei ou costumes da sociedade. Personagens centrais do governo militar de Kamakura mandaram prendê-lo injustamente. Eles estavam mancomunados com o sacerdote Ryokan do templo Gokuraku-ji4 e com outros líderes religiosos cuja natureza corrupta e ensinamentos errôneos Daishonin havia desmascarado e repreendido. Alguns oficiais tramaram secretamente decapitar Daishonin na calada da noite do décimo segundo dia do nono mês de 1271, no episódio que hoje é conhecido como Perseguição de Tatsunokuchi.5 Esse atentado à sua vida foi malsucedido. Não conseguindo executar Daishonin, eles o sentenciaram ao exílio em Sado. Depois de chegar à ilha no primeiro dia do décimo primeiro mês do calendário lunar — dezembro pelo nosso calendário moderno —, Daishonin foi levado a uma pequena e dilapidada cabana em Tsukahara chamada Sammai-do, utilizada para ritos funerais. Essa seria sua moradia. Sado era um lugar muito frio no inverno, e Daishonin carecia de roupas quentes e alimento suficiente. Descrevendo o estado deplorável de Sammai-do, ele escreveu: “As tábuas do telhado eram muito separadas umas das outras, e as paredes, cheias de buracos. A neve se empilhava dentro da cabana e nunca derretia” (CEND, v. II, p. 28). Com o risco constante de atentados à sua vida por parte de seguidores do Nembutsu e por outras pessoas hostis, sua situação era inimaginavelmente crítica. No entanto, Daishonin ultrapassou destemidamente essa enorme adversidade. E seu ardente compromisso de conduzir as pessoas à felicidade se intensificou ainda mais. Ele sobreviveu à provação em Sado com uma condição de vida realmente impressionante, declarando: “Eu, Nichiren, sou o homem mais afortunado do Japão atual” (CEND, v. I, p. 280). Sincero encorajamento aos discípulos em situação difícil, sofrendo perseguições Enquanto isso, em Kamakura, os discípulos de Daishonin também enfrentavam a repressão devido à sua fé. Alguns deles foram presos em calabouços em grutas sombrias, banidos de seu lar ou tiveram suas terras confiscadas. A perseguição era tão árdua a ponto de Daishonin expressar: “Em Kamakura, 999 de cada 1.000 abandonaram a fé quando fui preso” (cf. CEND, v. I, p. 488). Carta de Sado representa seu sincero encorajamento aos seus discípulos em situação tão difícil, num período em que não podia se encontrar pessoalmente com eles. Ela contém sua transbordante determinação para garantir que eles não abandonassem a fé. O propósito da vida Logo no início da Carta de Sado, Nichiren Daishonin escreve: “Neste mundo, o que desperta mais temor é a dor do fogo, o brilho metálico das espadas e a sombra da morte” (CEND, v. I, p. 317). Citando o fogo, as espadas e a morte — fatores geralmente temidos —, ele começa sua carta abordando a questão fundamental da vida e da morte para o ser humano. O que as pessoas mais costumam temer é a morte, pois nada é mais valioso para elas que a vida. O budismo ensina que nem a totalidade dos tesouros do universo substitui a vida. Entretanto, aponta Daishonin, muitas pessoas abdicam da própria vida supremamente preciosa para saldar sua dívida com os senhores feudais — uma afirmação que reflete os valores e as normas da época. Daishonin também cita como exemplo os peixes e pássaros, que, apesar de prezarem a vida, por vezes a perdem por tolice. “Igualmente vulneráveis são os seres humanos” (Ibidem), afirma ele. Ser “enganado pela isca” não é uma tendência restrita a peixes e pássaros. Nós, seres humanos, podemos nos encantar com a possibilidade de lucro imediato e acabar num rumo que conduz a uma queda trágica. Nichiren Daishonin assinala que, devotando a vida “aos preciosos ensinamentos do Buda”, podemos atingir a iluminação (cf. CEND, v. I, p. 317). Não existe boa sorte maior que nascer como ser humano e encontrar os incomparáveis ensinamentos de afirmação da vida do budismo. A que, então, devemos devotar nossa incrivelmente afortunada vida? Como podemos criar o máximo valor em nossa incomensurável preciosa vida? Daishonin nos incentiva a usá-la em prol do budismo, propagando de forma ampla a Lei Mística. Falando de modo concreto, isso significa fazer brilhar a dignidade da nossa vida e a dos outros e ajudar todos à nossa volta a se tornar felizes. Significa transformar desespero em esperança, edificar uma família feliz e harmoniosa e construir comunidades e sociedades prósperas. O âmago dos ensinamentos de Nichiren Daishonin reside em dedicar a vida a consolidar um mundo de paz e de humanismo, proteger o ambiente natural e mudar o destino da humanidade. Por meio dessa carta, escrita há 750 anos, Daishonin conclama clara e diretamente cada um de nós a responder à importante pergunta: “Como posso empregar minha preciosa vida?”. Embora o budismo fale de devoção abnegada sem poupar a vida,6 obviamente não significa tratar nossa vida de forma superficial ou jogá-la fora de maneira descuidada. Pelo contrário, consiste em decidir utilizá-la em prol do kosen-rufu e da felicidade dos outros, e viver com plenitude e dinamismo diante de qualquer dificuldade, até o fim. Portanto, haja o que houver, gostaria que valorizassem sua preciosa vida. Por mais árdua ou dolorosa a situação de vocês, jamais sejam derrotados. Continuem avançando com firmeza, constância e sabedoria, um passo de cada vez. Todos possuem uma missão só sua, insubstituível Cada um de nós possui a própria missão, insubstituível, isto é, um propósito pelo qual devotar a vida. Ninguém é desprovido de missão ou de propósito. O budismo ensina que todas as pessoas, sem exceção, são igualmente dignas de respeito. Meu mestre, Josei Toda, disse: “Temos a grandiosa missão pelo kosen-rufu, razão pela qual nascemos neste mundo. Contanto que nunca nos esqueçamos desta missão, o objetivo da paz mundial também se concretizará”. A juventude é o período em que nos engajamos numa jornada espiritual para descobrir nossa missão. Meu encontro com Toda sensei no verão dos meus 19 anos marcou o início da minha missão de vida. Tudo o que sou hoje se deve a ele. Realizar firmes esforços, dia após dia Dedicar a vida aos “preciosos ensinamentos do Buda” não quer dizer nos envolver em alguma forma de exercício budista especial. Consiste simplesmente em fazermos gongyo e recitarmos Nam-myoho-renge-kyo para realizar nossa revolução humana, prezar e encorajar calorosamente a pessoa que se encontra diante dos nossos olhos com o objetivo de juntos alcançarmos a felicidade. Não é nada além de participar de modo consistente das atividades da Soka Gakkai, algo que os pais e veteranos na fé de muitos de vocês vieram fazendo dia após dia. Espero que se esforcem para fazer a prática do gongyo e do daimoku, e, ao mesmo tempo, continuem se aplicando aos estudos. Sem se esquecerem de cuidar respeitosamente dos seus pais, valorizem os bons amigos. Esses esforços diários aparentemente comuns são essenciais para acumular o “tesouro do coração” (CEND, v. II, p. 112). Mesmo que vivenciem reveses ou problemas ao longo do caminho, constatarão mais tarde que estes se converteram em verdadeiros tesouros — lições valiosas que contribuíram para o seu crescimento. Não há necessidade de se afobarem. O desejo de seus veteranos na fé, que confiam profundamente em vocês, é que cumpram o juramento que vocês e seus bons amigos selaram e acalentam juntos com a pureza do seu coração. Trecho do escrito 2 Carta de Sado É da natureza dos animais ameaçar os fracos e temer os fortes. Nossos eruditos contemporâneos das várias escolas [do budismo] agem exatamente da mesma forma: desprezam um sábio que não detém o poder, mas temem os governantes maléficos. Esses indivíduos não passam de serviçais aduladores. Somente quando uma pessoa vence um poderoso inimigo é que ela consegue provar a sua verdadeira força. Quando um mau governante, associado a sacerdotes que praticam ensinamentos errôneos, tenta destruir o ensinamento correto e eliminar um sábio, os que possuem o coração de um rei leão, sem dúvida, atingirão o estado de buda, assim como Nichiren, por exemplo. (CEND, v. I, p. 318) Demonstrando o aspecto majestoso de enfrentar grandes dificuldades Essa é uma passagem da Carta de Sado que representa seu núcleo essencial. “Os que possuem o coração de um rei leão, sem dúvida, atingirão o estado de buda” (CEND, v. I, p. 318) — com essas palavras, Daishonin insta, de forma veemente, seus discípulos a reunir “o coração de um rei leão”, assim como ele fez, e ultrapassar qualquer adversidade que surja no caminho. Nessa passagem, ele critica os “eruditos contemporâneos das várias escolas” — os sacerdotes das escolas budistas estabelecidas de sua época —, dizendo que eles exibem a “natureza dos animais” por adular “governantes maléficos”, líderes corruptos que detinham enorme poder e influência. “Somente quando uma pessoa vence um poderoso inimigo é que ela consegue provar a sua verdadeira força”, declara ele. Só podemos interpretar isso como uma afirmação de sua determinação de lutar intrepidamente, mesmo diante de ataque e perseguição de oponentes tão temíveis, e triunfar sobre eles. Representa vasta condição de vida que é o polo oposto da “natureza dos animais”. Os discípulos de Daishonin devem ter se sentido profundamente incentivados e inspirados pelo exemplo de aspecto majestoso e magistral de Daishonin ao enfrentar de forma resoluta as tempestades de ataques dos obstáculos e das maldades. Ter sempre “o coração de um rei leão” A parte seguinte, que começa com a frase “Quando um mau governante, associado a sacerdotes que praticam ensinamentos errôneos (...)” em diante, é um trecho que estudei pessoalmente com Toda sensei e gravei em meu coração. Setenta anos atrás, pouco antes de Toda sensei ser empossado como segundo presidente da Soka Gakkai (em 3 de maio de 1951), copiei essa passagem em meu diário, renovando meu juramento como discípulo dele.7 Também foi um trecho em que me concentrei nas explanações sobre esse escrito que, conforme mencionei, ofereci para os membros da Divisão dos Estudantes há 55 anos [1966]. “Mau governante” e “sacerdotes que praticam ensinamentos errôneos” conspirando para destruir “um sábio” são o padrão de perseguição e opressão que busca obstruir o progresso do kosen-rufu não apenas na época de Daishonin, mas também nos períodos posteriores. Nichiren Daishonin declara que aqueles que se levantam com “o coração de um rei leão” para proteger o ensinamento do budismo quando forças do mal se combinam para oprimi-lo, com certeza atingirão a condição de vida do buda (cf. CEND, v. I, p. 318). A não ser que protejamos e propaguemos o ensinamento do budismo, o caminho da felicidade para todas as pessoas se fechará. Por isso, realizar esforços abnegados, sem poupar a própria vida para compartilhar o supremo ensinamento da Lei Mística constitui a prática budista mais apropriada para os Últimos Dias da Lei, e é por essa razão que seus praticantes se tornarão budas infalivelmente. Com coragem e espírito invencível no coração Daishonin expressa: “Assim como Nichiren, por exemplo” (CEND, v. I, p. 318). Ele estimula seus discípulos a se levantar resolutamente com “o coração de um rei leão” como ele próprio, o mestre deles, o fez ao enfrentar e vencer corajosamente cada provação e adversidade. Na época atual, nossos dois primeiros presidentes, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, herdaram o espírito de leão de Daishonin. Eles continuaram a se pronunciar em defesa de suas convicções mesmo enfrentando a perseguição das autoridades militaristas japonesas durante a Segunda Guerra Mundial. Ao discutir essa passagem em uma de suas explanações sobre a Carta de Sado, Toda sensei declarou que o espírito da Soka Gakkai significa trabalhar pela felicidade das pessoas do Japão e do mundo inteiro.8 Reunir o “coração de um rei leão” para trabalhar pela felicidade das pessoas de todos os lugares, não obstante os obstáculos ou as dificuldades, compõe a sólida história e tradição da Soka Gakkai. O modo de vida dos membros da Soka Gakkai consiste em se empenhar juntos como leões, cada qual assumindo a responsabilidade individual pelo nosso movimento. Essa é a fonte da nossa genuína e indestrutível união de “diferentes em corpo, unos em mente”. Nos primórdios do nosso movimento, e em anos recentes também, a Soka Gakkai enfrentou repetidamente obstáculos e dificuldades similares às descritas nos escritos de Nichiren Daishonin. Dignos membros de todas as regiões, inclusive os pais de muitos de vocês, que venceram essas adversidades ao meu lado, são, todos, meus preciosos amigos e companheiros. Nos textos budistas, o Buda muitas vezes é comparado a um rei leão. O rei leão possui coragem. Espírito invencível e coragem são os elementos que definem o “coração de um rei leão”. Precisamos de coragem para combater as funções da maldade e superar dificuldades. A ação corajosa também é o ponto de partida para realização da nossa revolução humana e a transformação do nosso destino, como também a mudança da sociedade e a paz do mundo. Conduzir uma vida honrada e vitoriosa Em novembro de 2000, visitei Singapura, conhecida como a Cidade do Leão, e falei sobre o rei leão. Citando as palavras de Nichiren Daishonin, “Cada um dos senhores deve reunir a coragem do rei leão e jamais sucumbir às ameaças de ninguém” (CEND, v. II, p. 263), conclamei os membros a reunir coragem, romper o medo e a covardia e continuar avançando. Os membros de Singapura e do mundo inteiro se tornaram bravos campeões dotados do coração do rei leão, ultrapassando todos os obstáculos e ampliando a confiança em relação ao movimento Soka em sua respectiva sociedade. O “coração do rei leão” é o espírito Soka de mestre e discípulo. Dedicando a vida ao cumprimento do juramento de mestre e discípulo, vocês serão capazes de trazer à tona o “coração do rei leão” que existe dentro de si. Como jovens, vocês estão dando os primeiros passos no grandioso caminho para manifestar esse espírito de leão. Quão afortunados são! Quão maravilhoso é isso! Vocês conduzirão, sem falta, uma vida de ilimitada honra e vitória. Com a disposição de seres humanos monarcas com coração vasto O escritor francês Victor Hugo (1802–1885) afirmou em Os Miseráveis, um dos meus romances favoritos na época da juventude: “Existe um espetáculo maior que o mar: o céu. E existe um espetáculo maior que o céu: a alma humana”.9 Gostaria de dedicar essas palavras, gravadas no pedestal da estátua de Victor Hugo que se ergue imponente no saguão do auditório principal da Universidade Soka. Para nós, nossa “alma” é o “coração do rei leão”, a condição de vida de buda. Todos vocês possuem um coração muito mais magnífico que o oceano e o céu. Portanto, podem viver com o coração vasto dos monarcas do humanismo, da vida e do povo. O brado da justiça com o espírito de unicidade de mestre e discípulo! Vocês estão praticando a principal filosofia de todas, a filosofia do Budismo Nichiren — o rei leão dos ensinamentos budistas —, desde muito jovens. O nobre “coração de um rei leão” pulsa dentro de vocês. Peço-lhes, meus queridos sucessores, que se juntem a mim em trabalhar pelo kosen-rufu com essa coragem inata. Como jovens com o coração de leão, bradem a justiça e abram caminhos para a vitória com o espírito de unicidade de mestre e discípulo! (Daibyakurenge, edição de março de 2021) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI Resumo Estudo — Junho 2024 Principais tópicos estudados Despertar profunda consciência da vida “Vivenciar infortúnios ou calamidades sem precedentes pela primeira vez pode fazer com que desperte uma profunda consciência de como a vida é preciosa, compreenda a dor e o sofrimento dos outros e se prontifique a estender a mão aos necessitados. Espero, portanto, que cresçam e se tornem excelentes líderes que trabalhem pela felicidade das pessoas, cada qual brilhando de forma esplêndida no âmbito de sua missão pessoal.” Jovens protagonistas “Vocês são os jovens protagonistas que vão liderar o nosso movimento quando celebrarmos o centenário de fundação da Soka Gakkai em 2030. Sua geração dará continuidade ao nosso nobre trabalho de transformar o destino de toda a humanidade e de ensejar nova ‘Alvorada’.” Sincero encorajamento aos discípulos “Carta de Sado representa seu sincero encorajamento aos seus discípulos em situação tão difícil, num período em que não podia se encontrar pessoalmente com eles. Ela contém sua transbordante determinação para garantir que eles não abandonassem a fé.” Frases marcantes “O inverno nunca falha em se tornar primavera.” “Não há educação que supere a das provações e dificuldades.” “Por mais árdua ou dolorosa a situação de vocês, jamais sejam derrotados. Continuem avançando com firmeza, constância e sabedoria, um passo de cada vez”. “A não ser que protejamos e propaguemos o ensinamento correto, o caminho da felicidade para todas as pessoas se fechará. Por isso, realizar esforços abnegados, sem poupar a própria vida para compartilhar o supremo ensinamento da Lei Mística constitui a prática mais apropriada para os últimos Dias da Lei, e é por essa razão que seus praticantes se tornarão budas infalivelmente”. “O ‘coração do rei leão’ é o espírito Soka de mestre e discípulo. Dedicando a vida ao cumprimento do juramento de mestre e discípulo, vocês serão capazes de trazer à tona o ‘coração do rei leão’ que existe dentro de vocês. Como jovens, vocês estão dando os primeiros passos no grandioso caminho para manifestar esse espírito de leão. Quão afortunados são! Quão maravilhoso é isso! Vocês conduzirão, sem falta, uma vida de ilimitada honra e vitória.” Personalidades e personagens budistas citados - Kaneko Ikeda - Nichiren Daishonin - Tsunesaburo Makiguchi - Josei Toda - Ryokan, sacerdote - Victor Hugo, escritor, ativista e político francês (1802–1885) Perguntas-guia para as atividades de estudo Qual perseguição ocorreu em 12 de setembro de 1271 com o objetivo de decapitar Nichiren Daishonin? Perseguição de Tatsunokuchi. Não existe boa sorte maior do que nascer como ser humano e encontrar os ensinamentos do budismo. Então, a que devemos devotar nossa tão afortunada vida, criando o máximo valor? Daishonin nos incentiva a usá-la em prol do budismo, propagando amplamente a Lei Mística. Isso significa fazer brilhar a dignidade da nossa vida e a dos outros e ajudar todos à nossa volta a se tornar felizes. Significa transformar desespero em esperança, edificar uma família feliz e harmoniosa e construir comunidades e sociedades prósperas. O âmago dos ensinamentos de Nichiren Daishonin reside em dedicar a vida a consolidar um mundo de paz e humanismo, proteger o ambiente natural e mudar o destino da humanidade. De que forma podemos dedicar nossa vida aos preciosos ensinamentos do Buda? Não há um exercício especial. Consiste simplesmente em fazermos gongyo e recitarmos Nam-myoho-renge-kyo para realizar nossa revolução humana, prezar e encorajar calorosamente a pessoa que se encontra diante dos nossos olhos com o objetivo de juntos alcançarmos a felicidade. Não é nada além de participar de modo consistente das atividades da Soka Gakkai. Qual a principal característica de um rei leão? O rei leão possui coragem. Espírito invencível e coragem são os elementos que definem o “coração de um rei leão”. No topo: Participantes da 14a Academia dos Sucessores Ikeda 2030 realizada em Londrina, PR (jan. 2024) Foto: Colaboração Local Notas: 1. No Japão, março é o mês em que ocorrem as cerimônias de formatura escolar. Abril assinala o início de um novo ano letivo e é o mês em que muitos novos graduados passam a integrar a força de trabalho pela primeira vez. 2. Redigida no vigésimo dia do terceiro mês de 1272, em Tsukahara, na Ilha de Sado, essa carta foi endereçada a todos os discípulos de Nichiren Daishonin. Nela, Daishonin busca dissipar quaisquer dúvidas que pudessem ter surgido no coração deles em virtude da Perseguição de Tatsunokuchi e subsequente exílio na Ilha de Sado aproximadamente seis meses antes, e oferecer-lhes orientação e incentivos. 3. Exílio em Sado: Exílio de Nichiren Daishonin na Ilha de Sado, na costa centro-oeste do Japão, entre o décimo mês de 1271, imediatamente após a Perseguição de Tatsunokuchi, no décimo segundo dia do nono mês de 1271, e o terceiro mês de 1274. Durante esse período desafiador, ele redigiu vários escritos muito importantes, como Abertura dos Olhos e O Objeto de Devoção para Observar a Mente, e ofereceu incentivos a seus seguidores. 4. Ryokan  (1217–1303): Também conhecido como Ninsho. Sacerdote da escola Preceitos-Palavra Verdadeira no Japão. Com o patronato do clã Hojo, tornou-se prior do templo Gokuraku-ji em Kamakura e conquistou grande influência. Ele era hostil a Nichiren Daishonin e conspirou ativamente aliando-se com as autoridades para perseguir Daishonin e seus discípulos. 5. Perseguição de Tatsunokuchi: Tentativa fracassada, instigada por poderosos do governo, de decapitar Daishonin sob o manto da noite, na praia de Tatsunokuchi, nas cercanias de Kamakura, no décimo segundo dia do nono mês de 1271. Por ocasião da Perseguição de Tatsunokuchi, Daishonin abandonou sua condição transitória e revelou sua verdadeira identidade como Buda dos Últimos Dias da Lei que busca conduzir todas as pessoas à iluminação. 6. O conceito de “devoção abnegada pela propagação da Lei sem poupar a própria vida” consta no capítulo 13, “Encorajamento à Devoção”, do Sutra do Lótus. 7. Cf. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2006. p. 126. (27 de abril de 1951) 8. Cf. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 6. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1986. p. 545. 9. HUGO, Victor. Les Misérables (Os Miseráveis). Tradução: Julie Rose. Londres: Vintage, 2008. p. 184.

03/06/2024

Estudo

[70] Tudo começa com a oração imbuída do juramento seigan de mestre e discípulo

Explanação Oração, no Budismo Nichiren, significa firmar o juramento seigan de vencer sem falta. Tudo começa com a oração. Eu sempre iniciei qualquer grande luta em prol do kosen-rufu com a oração. Ante as dificuldades, desafiava-as com base na oração, recitando daimoku de todo o coração e ultrapassando-as uma por uma. Ao me preparar para me lançar à Campanha de Fevereiro de 1952,1 disse aos meus companheiros de luta conjunta do Distrito Kamata: “Vamos começar com a oração!”. Também dei a partida na Campanha de Osaka de 1956,2 há 65 anos [explanação publicada originalmente em 2021] , com a oração imbuída de um profundo juramento seigan pelo kosen-rufu, logo no início do ano, diante do Gohonzon, que contém a inscrição “Prosperidade da Grande Lei e Concretização de Todas as Orações”, consagrado na Sede da Soka Gakkai de Kansai. “Capaz de produzir fogo com lenha encharcada” A primeira das cinco diretrizes eternas da nossa nobre Divisão Feminina,3 que comemorará seu 70o aniversário [em 10 de junho de 2021], é “Tudo começa com a oração”. Apesar das demandas do dia a dia atarefado, incluindo responsabilidades domésticas, trabalho, criação dos filhos e cuidados com os pais idosos, elas reservam tempo para a prática do gongyo e do daimoku. Oram fervorosamente pela própria felicidade e pela felicidade dos outros, além de incentivar e apoiar os amigos e os companheiros da organização. Como são admiráveis! Tais orações refletem um humanismo genuinamente nobre. A oração é a prova do mais sublime humanismo Nós, membros da Soka Gakkai, bodisatvas da terra, edificamos um movimento que celebra a humanidade. Nossa força propulsora são nossas vigorosas orações diretamente ligadas a Nichiren Daishonin, sempre acatando com seriedade suas palavras: “Oro com forte convicção, capaz de produzir fogo com lenha encharcada ou obter água do chão ressequido” (CEND, v. I, p. 464). Por meio de nossas orações para abrir novos horizontes do kosen-rufu, visando o centenário da Soka Gakkai (em 2030), vamos escrever, com coragem, uma nova e triunfal epopeia da revolução humana e da luta conjunta de mestre e discípulo. Nesta edição, examinemos a chave para a vitória no kosen-rufu e na vida, concentrando-nos nos quatro pilares: 1) orações dos praticantes do Sutra do Lótus, 2) orações para transformar veneno em remédio, 3) orações imbuídas do juramento seigan conjunto de mestre e discípulo, e 4) orações para o rissho-ankoku, isto é, a “pacificação da terra”. Trecho do escrito 1 A Oração As orações oferecidas por um praticante do Sutra do Lótus serão respondidas assim como um eco acompanha um som, como uma sombra segue uma forma, como a Lua se reflete na água límpida, como o orvalho se condensa no espelho,4 como o ímã atrai o ferro, como o âmbar atrai as partículas de pó, ou como um espelho limpo reflete a cor de um objeto.5 (CEND, v. I, p. 357) As orações dos praticantes do Sutra do Lótus são atendidas sem falta O primeiro pilar são as nossas orações como praticantes do Sutra do Lótus. Em seu tratado A Oração, que se acredita ter sido escrito durante o exílio na Ilha de Sado, Daishonin declara com convicção: “As orações oferecidas por um praticante do Sutra do Lótus serão respondidas” (CEND, v. I, p. 357). Nos parágrafos iniciais, ele também afirma: “A oração que é fundamentada no Sutra do Lótus com certeza será concretizada” (Ibidem, p. 353). Em outras palavras, Daishonin assegura que essas orações produzem resultados genuínos. Em outro escrito, Daishonin diz que os benefícios dos ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus são como a luz de um vaga-lume, ao passo que os do daimoku do Sutra do Lótus [Nam-myoho-renge-kyo] são como o Sol e a Lua (cf. WND, v. II, p. 1074). O benefício do daimoku é realmente imensurável! Recitar Nam-myoho-renge-kyo nos habilita a fazer o sol do tempo sem início — nossa natureza de buda inata — brilhar intensamente dentro de nós e iluminar a nossa vida dia após dia. É a fonte máxima de criação de valor. O som do daimoku reverbera por todo o universo As diversas analogias que Daishonin utiliza na passagem de A Oração que consta acima — tais como as do eco acompanhando um som, da sombra seguindo a forma e do reflexo da lua aparecendo na água límpida — são fenômenos naturais invariáveis. Ele está nos ensinando que as orações dos praticantes do Sutra do Lótus impreterivelmente produzirão resultados. É exatamente como Daishonin afirma em outra passagem desse escrito: “Mesmo que alguém errasse ao apontar para a terra, ou fosse capaz de atar o firmamento; mesmo que o fluxo e o refluxo da maré cessassem; e o Sol nascesse no oeste, jamais ocorreria de as orações do devoto do Sutra do Lótus ficarem sem resposta” (CEND, v. I, p. 362). Em outro texto, ele diz: “Não existe lugar algum nos mundos das dez direções que o som de nossa voz recitando daimoku [Nam-myoho-renge-kyo] não alcance. Nossa voz pode ser baixa, mas quando entoamos o poderoso som do daimoku, não há lugar em todo o grande sistema de mundos que ela não penetre” (GZ, p. 808).6 Daishonin declara que o daimoku é tão poderoso que não há lugar no universo que ele não alcance. O importante é que nossas orações sejam repletas de forte convicção e determinação de concretizá-las, venha o que vier. Quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo sinceramente, nossas orações alcançam cada canto do universo. Por meio da profunda oração, transformamos nossa determinação (ichinen), e essa transformação interior muda nossa vida, assim como nosso ambiente. Essa é a doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida (ichinen sanzen) na prática7 à qual Daishonin proporcionou uma expressão concreta [como Nam-myoho-renge-kyo]. Trata-se da lei absoluta da vida. Por essa razão, tudo começa com a oração. Batalha constante contra a escuridão fundamental Orando diante do Gohonzon, ativamos as divindades celestiais e divindades benevolentes — funções protetoras do universo. Na perspectiva do budismo, a lei de causa e efeito assegura que, no momento em que oramos, criamos uma causa para nossa vitória, para que nossas orações sejam respondidas. No entanto, isso não é perceptível para nós, mortais comuns, e, em consequência, podemos nutrir dúvidas e inquietações a respeito do fato de nossas orações serem realmente atendidas. A oração é uma batalha constante contra a escuridão fundamental,8 a forma máxima de ilusão. Fé significa ter convicção total na incontestável lei da vida, mesmo que não sejamos capazes de percebê-la diretamente. Ao recitarmos Nam-myoho-renge-kyo, empregando a “estratégia do Sutra do Lótus” (CEND, v. II, p. 267), podemos vencer a escuridão fundamental. Se nos esquecermos da oração e aplicarmos apenas estratégias ou métodos, é bem provável que nos vejamos andando em círculos. Garantimos a vitória suprema quando oramos com todas as nossas forças como praticantes do Sutra do Lótus. Se simplesmente orarmos sem determinação ou nenhum objetivo concreto, nossas orações não se realizarão. Como praticantes do Budismo Nichiren, mais que ninguém, devemos orar com seriedade para evidenciarmos sabedoria e continuarmos desafiando a nós mesmos com coragem e perseverança. Budismo é um ensinamento que valoriza a razão. Devemos ser praticantes atuantes, não seguidores passivos O “praticante do Sutra do Lótus” na frase “orações oferecidas por um praticante do Sutra do Lótus” (CEND, v. I, p. 357) refere-se especificamente ao próprio Nichiren Daishonin. Mas, em sentido mais amplo, também abrange discípulos genuínos que se dedicam ao grande juramento de propagar a Lei Mística. Isso pode ser observado, por exemplo, quando ele escreve para Shijo Kingo [em Desejos Mundanos São Iluminação]: “O senhor decidiu se tornar um devoto [praticante] do Sutra do Lótus” (Ibidem, p. 335).9 O presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, ensinou a importância de sermos praticantes atuantes, em vez de seguidores passivos.10 Praticantes atuantes são aqueles que praticam exatamente de acordo com o ensinamento do Buda.11 São pessoas de ação que persistem corajosamente na fé, aconteça o que acontecer. Isso descreve nossos membros da Soka Gakkai, que, dia após dia, recitam sincero daimoku, entram em ação, falam e contribuem de forma positiva para a felicidade dos outros, para o desenvolvimento de sua respectiva comunidade e local, e para um mundo mais seguro e pacífico. Os membros da Soka Gakkai são verdadeiros emissários do Buda. Como nossas orações são as de praticantes do Sutra do Lótus, as divindades celestiais e as divindades benevolentes nos protegerão e nossas orações serão concretizadas. Essas próprias divindades, afirma Daishonin, possuem uma grande dívida de gratidão com o Sutra do Lótus. No trecho imediatamente anterior à passagem que estamos estudando, ele faz uma pergunta retórica: “Como esses seres celestiais poderiam se esquecer do juramento que fizeram na presença do Buda, ou da dívida de gratidão ao sutra que os possibilitou atingir o estado de buda, e abandonar os praticantes do Sutra do Lótus? [Eles com certeza jamais fariam isso.] Quando pensamos dessa maneira, sentimos uma grande tranquilidade” (CEND, v. I, p. 357). Todos os budas, bodisatvas e seres celestiais reunidos na assembleia onde o Sutra do Lótus foi pregado atingiram o estado de buda por meio desse sutra. Para saldar essa dívida de gratidão, eles juram a Shakyamuni que protegerão os praticantes do Sutra do Lótus. Se quebrassem a promessa, infere Daishonin, estariam cometendo uma grave ofensa. Daishonin assevera que, contanto que continuemos nos empenhando pelo kosen-rufu, seremos amparados pelas funções protetoras do universo. Ele escreve: “Desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de buda” (Ibidem, p. 296). Nossas orações como praticantes do Sutra do Lótus nos habilitam a trilhar o caminho para a felicidade certa e a enfrentar os desafios do carma com esperança e otimismo. Transformar veneno em remédio é a essência da Lei Mística O segundo pilar é a oração para transformar veneno em remédio.12 Meu mestre, Josei Toda, sempre dizia que a essência da Lei Mística é o seu poder de transformar veneno em remédio.13 Ele se devotava de corpo e alma para incentivar aqueles que estavam sofrendo, assegurando-lhes que, por meio do benefício da fé no Gohonzon, da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, poderiam, infalivelmente, converter todos os seus problemas e preocupações em felicidade.14 Inspirados por seu encorajamento, inúmeras pessoas se levantaram na fé e construíram uma vida de renovação e esperança. Toda sensei era um mestre dotado de imensa compaixão. A Lei Mística nos permite transformar todo veneno em remédio. Pode haver momentos em que nos perguntamos por que ocorrem coisas ruins conosco, mas tudo que acontece em meio à dedicação à prática budista possui profundo significado. Podemos direcionar tudo para um rumo positivo, pois nossas orações serão concretizadas infalivelmente. A fé no Gohonzon garante que o “infortúnio se transformará em boa sorte” (cf. CEND, v. I, p. 431). Assim como Daishonin declara: “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão” (Ibidem). Com daimoku, podemos sobrepujar quaisquer obstáculos. Algumas vezes, podemos obter um resultado diferente daquele que esperávamos, mas com certeza chegará o dia em que olharemos para trás e perceberemos que tudo deu muito certo na nossa vida. O ato de orar ao Gohonzon é, em si, a boa sorte Possuímos imensa boa sorte pelo simples fato de termos encontrado o daimoku do Nam-myoho-renge-kyo, o supremo ensinamento capaz de conduzir todas as pessoas à iluminação e à felicidade duradoura. Como escreve Daishonin: “É extremamente raro nascer como ser humano. O senhor não só foi dotado de forma humana, como teve a rara boa sorte de encontrar o budismo. Além disso, dentre o grande número de ensinamentos do Buda, o senhor encontrou o daimoku, ou título, do Sutra do Lótus e tornou-se seu devoto. Na verdade, o senhor é uma pessoa que fez oferecimentos a cem bilhões de budas em existências passadas!” (CEND, v. II, p. 259). Não há boa sorte ou alegria maior do que poder orar ao Gohonzon. Cada desejo, pensamento ou oração que expressamos será acolhido e envolto na ilimitada compaixão do Gohonzon. Recitemos daimoku de forma franca e honesta, “considerando tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida” (cf. Ibidem, v. I, p. 713). Quando nosso coração estiver tomado pela dor ou pelo sofrimento, vamos incluir esses sentimentos, assim como eles são, em nosso daimoku. Recitemos com fé inabalável no poder da Lei Mística “do mesmo modo (...) que os pais se recusam a abandonar seus filhos ou uma criança se nega a deixar sua mãe” (Ibidem, v. II, p. 304). Quando transformamos nossos problemas em orações, o significado deles muda. Ao convertê-los em orações repletas de determinação e convicção, podemos expandir nossa condição de vida. Nossas provações se tornam a base para realizarmos nossa revolução humana, e até o nosso destino se converte em missão em prol do kosen-rufu. Desse modo, todas as dificuldades se tornam estímulo para um novo crescimento e desenvolvimento. Esse é o significado de transformar veneno em remédio. É a isso que Daishonin se refere ao escrever: “O sofrimento do inferno se desvanecerá instantaneamente” (Ibidem, v. I, p. 207). O importante é acatar com seriedade as palavras de Daishonin: “Não conseguirá extrair fogo da pederneira se desistir no meio da tentativa” (Ibidem, p. 336) e prosseguir recitando Nam-myoho-renge-kyo com profunda convicção até o fim. Mesmo um único daimoku produz benefícios imensuráveis Reforçando, mesmo um único daimoku produz benefícios imensuráveis. Nichiren Daishonin assevera que podemos atingir o estado de buda recitando Nam-myoho-renge-kyo mesmo uma única vez: “Se o senhor recita as palavras do daimoku [Nam-myoho-renge-kyo] uma única vez, estará chamando e reunindo ao seu redor a natureza de buda de todos os seres vivos. Nesse momento, os “três corpos” da natureza do Darma que há em seu interior — o corpo do Darma, o corpo da recompensa e o corpo manifesto15 — serão ativados e evidenciados. Isso significa atingir o estado de buda” (CEND, v. I, p. 135-136). Quando não nos sentimos bem, não há problema em simplesmente recitar daimoku três vezes, em vez de nos forçar a recitar gongyo completo. Além disso, podemos recitar daimoku pelos amigos, pelas pessoas queridas que não praticam o Budismo Nichiren e para os membros. Isso porque ter o desejo de recitar daimoku e também o espírito de orar pelos outros constituem, em si, fontes de benefício. Podemos também acumular benefício e boa sorte a partir da recitação do daimoku mesmo sem compreender seu profundo significado, assim como Daishonin nos mostra com a seguinte analogia: “É como o caso de um bebê alimentado com leite. Embora ainda não compreenda o sabor do leite, o alimento naturalmente nutrirá seu corpo” (Ibidem, v. II, p. 47). O daimoku recitado com seriedade sempre alcança o Gohonzon. Assim como um corcel branco magnífico galopando pelas vastas planícies, devemos recitar Nam-myoho-renge-kyo, de forma leve e refrescante. Devemos sempre orar para nos sentirmos plenamente satisfeitos. O Nam-myoho-renge-kyo é o coração e a essência do Sutra do Lótus. É a própria vida de Daishonin, conforme ele expressa: “O espírito de Nichiren é unicamente Nam-myoho-renge-kyo” (Ibidem, v. I, p. 431). Quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo com fé no Gohonzon, entramos em contato com o espírito de Nichiren Daishonin e manifestamos a mesma condição de vida colossal de Daishonin, a condição de vida de Nam-myoho-renge-kyo, em nosso próprio ser. É assim que geramos ilimitada sabedoria, compaixão e coragem, ultrapassamos poderosamente todas as dificuldades e transformamos veneno em remédio. Como somos afortunados! Trecho do escrito 2 Os Oito Ventos Se os seguidores leigos e o mestre oram com pensamentos diferentes, suas orações serão tão inúteis quanto tentar acender fogo sobre a água. E ainda que orem com um só pensamento, tampouco obterão resposta se, durante um longo tempo, cometerem o erro de atacar ensinamentos superiores com doutrinas inferiores. No final, tanto o mestre como seus seguidores leigos cairão na ruína.16 (CEND, v. II, p. 54) A essência do Budismo Nichiren é o espírito de mestre e discípulo O terceiro pilar são as orações imbuídas do juramento seigan de mestre e discípulo. Mestre e discípulo orando com um juramento seigan conjunto pelo kosen-rufu representa a essência do Budismo Nichiren. No escrito Os Oito Ventos, Daishonin orienta Shijo Kingo a viver como uma pessoa digna — ou seja, uma pessoa de sabedoria —, não sendo influenciado pelos oito ventos17 que obstruem a prática budista.18 Na passagem que estamos estudando, ele salienta particularmente a importância de mestre e discípulo terem o mesmo espírito para transpor adversidades e transformar o destino. As orações de mestre e discípulo unidos em espírito são invencíveis. Falando de modo concreto, significa recitar Nam-myoho-renge-kyo com o espírito de procura, perguntando a si mesmo o que o mestre faria, e decidindo que este é o momento para se levantar como discípulo. Em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Daishonin afirma: [Com relação à frase “emitir o rugido do leão” (sa shishi ku, em jap.):] O primeiro shi [que significa “mestre”] da palavra shishi, ou “leão”, é a Lei Maravilhosa transmitida pelo mestre. O segundo shi [que significa “filho” ou “discípulo”] é a Lei Maravilhosa conforme recebida pelos discípulos. O rugido [do leão] (ku) é o som de mestre e discípulos recitando em uníssono. (cf. OTT, p. 111) Recitar Nam-myoho-renge-kyo com fé alicerçado no espírito de unicidade de mestre e discípulo é o verdadeiro rugido de leão no Budismo Nichiren. Essa recitação nos habilita a dar plena vazão à imensurável sabedoria e ao poder que possuímos inerentemente. Tanto Makiguchi sensei como Toda sensei agiram exatamente como Daishonin ensinou, baseando suas orações no juramento seigan de mestre e discípulo e abrindo caminhos para o kosen-rufu por meio da devoção abnegada pela propagação da Lei Mística. Imbuir o estado de buda em nossa vida Toda sensei disse: “Devemos nos empenhar na fé, impregnando nosso ser de daimoku da própria vida de Daishonin; devemos gravá-lo no coração e imbuí-lo em nossa vida, dia após dia, de modo que todas as nossas atividades se convertam em atos de compaixão”.19 O que desejamos e pelo que estamos orando? Qual o juramento que nos motiva no âmbito mais profundo? Nossa determinação (ichinen) nos torna o que somos. Devemos imbuir nossa vida do juramento pelo kosen-rufu, do juramento seigan de mestre e discípulo. A essência da Soka Gakkai reside em ensinar a fé alicerçada no vínculo direto entre mestre e discípulo. Tal fé nos desperta para nossa verdadeira identidade como bodisatvas da terra20 e nos permite evidenciar nosso estado de buda inato. Como discípulo, eu estava inseparavelmente unido ao meu mestre, Josei Toda, e me esforçava com dedicação incondicional à fé, de acordo com a orientação dele. Nossos membros no Japão e no mundo estão dando continuidade ao espírito de mestre e discípulo que Makiguchi sensei, Toda sensei e eu demonstramos. Eles trabalham juntos com o compromisso de concretizar o juramento seigan como bodisatvas da terra. É por essa razão que a Lei Mística se propagou com a magnitude que observamos hoje. Seguir eternamente o grande caminho da unicidade de mestre e discípulo A passagem do escrito Os Oito Ventos, apresentada anteriormente, declara que, não obstante quão sinceros sejam, se as orações não forem fundamentadas no Sutra do Lótus, ensinamento da iluminação universal, tanto o mestre como o discípulo entrarão em declínio. Como é maravilhoso o fato de nossa vida, como membros da Soka Gakkai, perseverar na oração baseada no Sutra do Lótus e conduzir tanto o mestre como o discípulo à vitória! Muitos daqueles que lutaram ao meu lado na Campanha de Osaka tinham acabado de iniciar a prática do Budismo Nichiren. Compartilhei com eles esta passagem: “Para que as orações sejam eficazes e os desastres desapareçam da nação, três elementos são requeridos: um bom mestre, um bom praticante e um bom ensinamento” (CEND, v. II, p. 143). Quando um bom ensinamento e um bom mestre estão presentes, aponta Daishonin, o fator essencial para que “os desastres desapareçam da nação” depende de sermos ou não bons discípulos. Ele afirma: “Contanto que eles [meus seguidores] estejam junto com Nichiren, alcançarão a terra do tesouro [ou seja, atingirão o estado de buda]. Mas se não estiverem junto com ele, cairão na grande cidadela do inferno Avichi” (OTT, p. 78). “Junto com Nichiren”, no contexto, indica uma condição de vida na qual sempre estamos unidos com Daishonin. Expressa a determinação de sempre nos empenhar junto com nosso mestre. Desse modo, atingiremos uma condição de vida igual à do Buda. Quando nos esforçamos a todo momento para concretizar o grande juramento pelo kosen-rufu, personificamos os ditos “Manhã após manhã nos levantamos com o Buda, noite após noite, com o Buda descansamos” (Ibidem, p. 83). O Budismo Nichiren leva o caminho de mestre e discípulo a um nível mais profundo, revelando a unicidade de mestre e discípulo. E é missão do discípulo cumprir o juramento que compartilha com o mestre desde o tempo sem início. A “pacificação da terra” é o desejo de mestre e discípulo O quarto pilar são as orações para o rissho-ankoku, isto é, a “pacificação da terra”. Na passagem que citei, a qual compartilhei com os membros durante a orações para o rissho-ankoku, isto é, a “pacificação da terra” de Osaka, encontramos as palavras “os desastres desapareçam da nação” (CEND, v. II, p. 143). Nossa missão consiste em construir um mundo em que todos possam viver em paz e em segurança. Nossas orações se fundamentam na ação para tornar realidade o ideal de Daishonin da “pacificação da terra” e do mundo inteiro por meio da doutrina correta. São orações de indivíduos corajosos empenhados em transformar o destino da humanidade. Esse é o genuíno significado de orações imbuídas do juramento seigan de mestre e discípulo. O ponto de partida para “pacificação da terra” é a oração que nos habilita a despertar para a amplidão da nossa própria vida. Daishonin observa: “A grande alegria [é] a que se experimenta quando se compreende pela primeira vez que desde o início é um buda. O Nam-myoho-renge-kyo é a maior de todas as alegrias” (OTT, p. 211-212). A oração no Budismo Nichiren nos permite despertar para a verdade de que nossa mente, nossa vida, sempre foi um buda. Em outras palavras, despertamos para a realidade suprema de que nossa vida, em sua própria essência, é genuinamente nobre, forte e sábia. Esse é o propósito de nossas orações. As orações do Sutra do Lótus geram felicidade tanto para nós como para os demais. Oramos não apenas para nos despertar para a dignidade da nossa própria vida, mas para habilitar outras pessoas a fazer o mesmo. Em Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra, Nichiren Daishonin escreve: “Se o senhor se importa realmente com a segurança pessoal, deve primeiro orar pela paz e segurança nos quatro quadrantes da terra, não é verdade?’ (CEND, v. I, p. 24). Inspiremo-nos mutuamente a nos tornar pessoas que oram pela felicidade do próximo e trabalham a fim de propiciar paz e segurança para a sociedade. Ao auxiliarmos uma pessoa após outra a experimentar a alegria de despertar para seu potencial mais elevado, estamos expandindo nosso movimento de respeito pela dignidade da vida. Como isso é incrível! O aclamado violinista Yehudi Menuhin (1916–1999) nutria profundo interesse pelo Budismo Nichiren e pelo som e ritmo do daimoku. Lembro-me de ele me dizer que considerava realmente inspirador o budismo ver a divindade, ou estado de buda, dentro dos mortais comuns, destacando sua impressionante fé nos seres humanos.21 Nosso orgulho como membros da Soka Gakkai que se empenham para concretizar o ideal de Daishonin da “pacificação da terra” é que acreditamos sinceramente no potencial de todas as pessoas. A transformação interior na vida de uma única pessoa pode gerar a mudança que ocasionará uma sociedade melhor. O importante é nossa convicção de que podemos transformar nossa vida. Toda sensei manifestou sua firme determinação: “Não importando quão enormes sejam as adversidades que possam surgir, jamais renegarei o grande juramento pelo kosen-rufu”.22 Esse é o espírito de mestre e discípulo Soka. Com essa nobre decisão, Toda sensei lutou incansavelmente e assentou as bases para o magnífico desenvolvimento do kosen-rufu no futuro. A “pacificação da terra” por meio da doutrina correta é o esforço para fazer o sol da esperança raiar na vida daqueles que estão mergulhados na tristeza e no desespero. Quando conseguimos fazer o sol nascer em nosso coração, somos capazes de ajudar outros a fazer o mesmo. Independentemente da época ou do lugar, a oração e a ação baseadas no juramento seigan pelo kosen-rufu criam uma incessante reação em cadeia de alegria e de esperança. Orações Soka para mudar o destino da humanidade Nichiren Daishonin também escreve: “É o poder da Lei budista que possibilita as divindades do Sol e da Lua manter seu movimento ao redor dos quatro continentes”23 (CEND, v. I, p. 717). O Nam-myoho-renge-kyo é a lei fundamental que permeia a vida e o universo. Por isso, quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo, nossa vida se funde com essa lei universal e somos capazes de criar valor que conduz à felicidade. Conseguimos produzir esperança e realizar maravilhosas contribuições para a construção de um mundo seguro e pacífico. Tal é o poder de nossas orações como membros da Soka Gakkai. Rede de bodisatvas da terra Assim como o sol dourado surgindo para dissipar a escuridão, o som da nossa voz recitando Nam-myoho-renge-kyo faz nossa vida brilhar mais intensamente e pulsar com força ainda maior; enchendo-nos de energia vital tão ilimitada como o próprio universo. Visando nosso centenário, recitemos retumbante daimoku, o grande som da infinita esperança, cada precioso dia, expandindo com dinamismo nossa rede de pessoas que despertaram para sua identidade como bodisatvas da terra. Prossigamos nos esforçando para edificar um mundo repleto de esperança que represente o ideal de Daishonin de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”! Estejamos convictos da vitória contínua de mestre e discípulo! (Daibyakurenge, edição de fevereiro de 2021) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI Resumo Estudo — Maio 2024 Principais tópicos estudados Juramento seigan “Oração, no Budismo Nichiren, significa firmar o juramento seigan de vencer sem falta.” Sol do tempo sem início “Recitar Nam-myoho-renge-kyo nos habilita a fazer o sol do tempo sem início — nossa natureza de buda inata — brilhar intensamente dentro de nós e iluminar a nossa vida dia após dia. É a fonte máxima de criação de valor.” Significado de fé “Fé significa ter convicção total na incontestável lei da vida, mesmo que não sejamos capazes de percebê-la diretamente.” Recitemos daimoku de forma franca e honesta “Cada desejo, pensamento ou oração que expressamos será acolhido e envolto na ilimitada compaixão do Gohonzon. Recitemos daimoku de forma franca e honesta, ‘considerando tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida’ (cf. CEND, v. I, p. 713).” Espírito de mestre e discípulo “Recitar Nam-myoho-renge-kyo com fé alicerçado no espírito de unicidade de mestre e discípulo é o verdadeiro rugido de leão no Budismo Nichiren. Essa recitação nos habilita a dar plena vazão à imensurável sabedoria e ao poder que possuímos inerentemente.” Frases marcantes “O importante é que nossas orações sejam repletas de forte convicção e determinação de concretizá-las, venha o que vier. Quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo sinceramente, nossas orações alcançam cada canto do universo.” “Nossas orações como praticantes do Sutra do Lótus nos habilitam a trilhar o caminho para a felicidade certa e a enfrentar os desafios do carma com esperança e otimismo.” “A fé no Gohonzon garante que o ‘infortúnio se transformará em boa sorte’ (cf. CEND, v. I, p. 431). Assim como Daishonin declara: ‘O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão’ (Ibidem). Com daimoku, podemos sobrepujar quaisquer obstáculos.” “Quando transformamos nossos problemas em orações, o significado deles muda. Ao convertê-los em orações repletas de determinação e convicção, podemos expandir nossa condição de vida. Nossas provações se tornam a base para realizarmos nossa revolução humana, e até o nosso destino se converte em missão em prol do kosen-rufu.” Personalidades e personagens budistas citados - Nichiren Daishonin - Tsunesaburo Makiguchi - Josei Toda - Shakyamuni Perguntas-guia para as atividades de estudo Quais são os quatro pilares-chave para a vitória no kosen-rufu e na vida? 1) Orações dos praticantes do Sutra do Lótus, 2) orações para transformar veneno em remédio, 3) orações imbuídas do juramento seigan conjunto de mestre e discípulo, e 4) orações para o rissho-ankoku, isto é, a “pacificação da terra”. Qual é a essência do Budismo Nichiren? A essência do Budismo Nichiren é o espírito de unicidade de mestre e discípulo. Mestre e discípulo orando com um juramento seigan em conjunto pelo kosen-rufu representa a essência do Budismo Nichiren. O que é necessário para que as orações sejam eficazes e os desastres desapareçam? Três elementos são requeridos: um bom mestre, um bom praticante e um bom ensinamento (CEND, v. II, p. 143). Qual o significado de orações imbuídas do juramento seigan de mestre e discípulo? Nossas orações se fundamentam na ação para tornar realidade o ideal de Daishonin da “pacificação da terra” e do mundo inteiro por meio da doutrina correta. São orações de indivíduos corajosos empenhados em transformar o destino da humanidade. Como mudar o destino da humanidade? O Nam-myoho-renge-kyo é a lei fundamental que permeia a vida e o universo. Por isso, quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo, nossa vida se funde com essa lei universal e somos capazes de criar valor que conduz à felicidade. Conseguimos produzir esperança e realizar maravilhosas contribuições para a construção de um mundo seguro e pacífico. No topo: Membros da BSGI recitam daimoku (São Paulo, jan. 2024) Foto: BS Notas: 1. Campanha de Fevereiro: Em fevereiro de 1952, o presidente Ikeda, na época consultor do Distrito Kamata de Tóquio, iniciou uma dinâmica campanha de propagação. Ao lado dos membros de Kamata, ele quebrou os recordes anteriores de cerca de cem novas famílias, convertendo 201 novas famílias ao Budismo de Daishonin. 2. Campanha de Osaka: Em maio de 1956, os membros de Kansai, unindo-se em torno do jovem Daisaku Ikeda, que havia sido enviado pelo segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, para apoiá-los, obtiveram um aumento de 11.111 famílias no distrito em apenas um mês. 3. Em março de 2009, o presidente Ikeda ofereceu à Divisão Feminina cinco diretrizes de atuação: (1) Tudo começa com a oração. (2) Avançar em harmonia com nossos familiares. (3) Desenvolver jovens sucessores. (4) Estimar nossa comunidade e nossa sociedade. (5) Compartilhar alegremente nossas experiências na prática da fé. 4. O vapor se condensa num espelho deixado ao ar livre à noite. Afirmava-se que o espelho atraía essa água da Lua. 5. A carta A Oração foi escrita por Nichiren Daishonin em 1272, durante o seu exílio na Ilha de Sado, e acredita-se que tenha sido endereçada ao seu discípulo sacerdote Sairen-bo. Nela, Daishonin declara que é impossível que as orações de um praticante do Sutra do Lótus fiquem sem resposta. 6. Oko Kikigaki [Registro das Preleções]; não traduzido para o inglês ou para o português. 7. “Três mil mundos num único momento da vida na prática”: A doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida”, que constitui o ensinamento fundamental para atingir a iluminação, é subdividida em duas partes: o princípio teórico e a materialização prática desse princípio. Estes são, respectivamente, denominados “três mil mundos num único momento da vida teóricos” e “três mil mundos num único momento da vida na prática”. O princípio teórico baseia-se no ensinamento teórico (primeira metade) do Sutra do Lótus, ao passo que o princípio na prática é revelado no ensinamento essencial (segunda metade) do Sutra do Lótus. Entretanto, nos Últimos Dias da Lei, ambos se enquadram na categoria teórica; a Lei do Nam-myoho-renge-kyo que Nichiren Daishonin revelou é o ensinamento dos “três mil mundos num único momento da vida na prática”. 8. Escuridão fundamental ou ignorância fundamental: A ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que dá origem a todas as demais ilusões e desejos mundanos. Consiste na incapacidade de ver ou reconhecer a verdade suprema da Lei Mística, bem como os impulsos negativos que surgem dessa ignorância. 9. Nichiren Daishonin escreve: “Não obstante, o senhor decidiu se tornar um devoto do Sutra do Lótus. Como resultado, sofreu duras perseguições, mas mesmo assim, veio me ajudar. (...) O senhor não apenas ouviu a Lei, como também a abraçou e, desde então, tem mantido firme fé. Que maravilhoso! Que extraordinário!” (CEND, v. I, p. 335-336) 10. Cf. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 10. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 151-152. 11. No capítulo 21, “Os Poderes Sobrenaturais d’Aquele que Assim Chega”, do Sutra do Lótus, o Buda afirma: “Depois que Aquele que Assim Chega entrar em extinção, devem aceitá-lo, mantê-lo, lê-lo, recitá-lo, explaná-lo, pregá-lo e transcrevê-lo [o Sutra do Lótus], e praticá-lo conforme instruído (LSOC, cap. 21, p. 316). A frase “conforme instruído” muitas vezes é reformulada indiretamente como “praticar conforme o ensinamento do Buda” etc. 12. Transformar veneno em remédio: Princípio que expõe que uma vida dominada pelos “três caminhos” — desejos mundanos, carma e sofrimento — podem ser transformados numa vida repleta das “três virtudes” — corpo do Darma, sabedoria e emancipação — pelo poder da Lei Mística. Em outras palavras, qualquer situação adversa pode ser transformada positivamente por meio do poder da prática budista. 13. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 7. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1987. p. 599. 14. Cf. Ibidem, v. 2, p. 56, 1982. 15. “Três corpos”: Três tipos de corpo que um buda possui. Eles são: (1) corpo do Darma, que indica a verdade fundamental ou Lei para a qual um buda se iluminou; (2) corpo da recompensa, que indica a sabedoria para perceber a Lei, e é assim chamado porque a sabedoria de um buda é considerada a recompensa derivada do incessante esforço e da disciplina; e (3) corpo manifesto, que se refere às ações compassivas de um buda para conduzir as pessoas à felicidade. 16. Nessa carta, redigida em 1277, Daishonin ensina a Shijo Kingo que alguém que permanece inabalável em face dos “oito ventos” é uma pessoa de sabedoria que será protegida pelas divindades celestiais. Na época, colegas samurais usaram a recusa de Shijo Kingo a aceitar uma transferência de suas terras para desacreditá-lo perante seu senhor feudal. 17. “Oito ventos”: Oito condições que impedem as pessoas de avançar no caminho correto para a iluminação. Segundo o Tratado sobre o Sutra do Estágio de Buda, os “oito ventos” são: prosperidade, declínio, desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer. As pessoas são, com frequência, desviadas do caminho pelo apego à prosperidade, à honra, ao elogio e ao prazer (coletivamente conhecidos como os “quatro ventos favoráveis”), ou pelo repúdio ao declínio, à desgraça, à censura e ao sofrimento (que se referem aos “quatro ventos adversos”). 18. Daishonin escreve: “Pessoas sábias são assim chamadas porque não são levadas pelos oito ventos: prosperidade, declínio,  desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer. Não ficam exultantes pela prosperidade nem aflitas pelo declínio. As divindades celestiais certamente protegerão aquele que não se curva diante dos oito ventos” (CEND, v. II, p. 53). 19. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 3. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1983. p. 44. 20. Bodisatvas da terra: Correspondem à imensa multidão bodisatvas que surge no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, e é incumbida pelo buda Shakyamuni de propagar a Lei após a sua morte. No capítulo 21, “Os Poderes Sobrenaturais”, do Sutra do Lótus, Shakyamuni confia ao bodisatva Práticas Superiores, líder dos bodisatvas da terra, a propagação da Lei no mundo saha na era maléfica dos Últimos Dias da Lei. 21. Artigo da edição do Seikyo Shimbun de 7 de abril de 1992. 22. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 4. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1989. p. 61. 23. Quatro continentes: Continentes situados respectivamente a leste, oeste, norte e sul do Monte Sumeru, montanha que, de acordo com a antiga cosmologia indiana, se encontra no centro do mundo. Eles são: Purvavideha, a leste; Aparagodaniya, a oeste; Uttarakuru, ao norte; e Jambudvipa, ao sul.

02/05/2024

Estudo

[69] Promover o avanço do nosso movimento, comprovando os princípios de que “prática da fé é a própria vida diária” e “budismo é a própria sociedade”

Explanação O Budismo Nichiren é uma religião para transformar as circunstâncias. Constitui um modo de vida seguro e infalível. O âmago da nossa prática budista, portanto, consiste em demonstrar provas reais dos princípios de “prática da fé é a própria vida diária” e “budismo é a própria sociedade”. A fé na Lei Mística é o grande caminho para construir a felicidade, a fonte da sabedoria para alcançar a vitória na vida. O Budismo Nichiren é a filosofia da esperança para realizar a revolução humana e a transformação do destino, o farol espiritual para edificar uma sociedade segura e um mundo pacífico. Seja o sábio do princípio da “prática da fé é a própria vida diária. Seja o herói do “budismo é a própria sociedade” — essa é a crença que os membros da Soka Gakkai do Japão e do mundo compartilham e levam a cabo com convicção e orgulho todos os dias. Manter os pés no chão e avançar um passo de cada vez Neste ano [2021], celebramos o 150o aniversário de nascimento do presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi.1 Antes da Segunda Guerra Mundial, Makiguchi sensei declarou que “A suprema essência do budismo reside em demonstrar um modo de vida de máximo valor”,2 que ele denominou de “modo de vida de bem maior”. Acrescentou ainda que o propósito da nossa organização consiste em demonstrar, estudar e guiar outros ao caminho para criar esse supremo valor — a felicidade insuperável — em nossa vida diária, pela maneira como efetivamente vivemos.3 Makiguchi sensei enunciou o lema da educação Soka: “Em vez de caminhar fitando o céu sonhando, certifique-se de manter os pés no chão e avançar um passo de cada vez!”.4 Mantendo firmemente os pés no solo da vida diária, avancemos, de forma constante, vencendo dia a dia. Esse é um caminho repleto de esperança, que conduz a uma vida sólida, um tesouro consistente em contraste com devaneios. Religião é um “código de princípios para a vida” No editorial intitulado Revolução Religiosa, escrito para a primeira edição [julho de 1949] da revista de estudo da Soka Gakkai Daibyakurenge, meu mestre, Josei Toda, declarou: “A religião, originariamente, é um código de princípios para a vida e deve ser uma parte inseparável da nossa vida diária”.5 Durante a Segunda Guerra Mundial, os presidentes Makiguchi e Josei Toda foram presos por se recusar a ceder às exigências das autoridades militaristas do Japão. Tsunesaburo Makiguchi morreu na prisão, ao passo que Josei Toda saiu do cárcere, posteriormente, com vida. Invencíveis diante dessa grande perseguição, mestre e discípulo Soka nos legaram sua poderosa convicção de que a essência do Budismo Nichiren “constitui ampla e fundamental lei da vida”.6 Pelo fato de essa lei ser universal, afirmou Makiguchi sensei, é infalível e pode ser comprovada com sucesso por todos, sem exceção. Isso nos traz à lembrança as palavras de Mahatma Gandhi, o qual declarou que a história de sua vida de luta pela não violência consistia unicamente em suas “experiências com a verdade”7 e que “aquilo que é possível para um é possível para todos”.8 Manifestando a força do budismo em meio às circunstâncias Gandhi também disse: “Minhas experiências [pela não violência] não se limitaram a um espaço restrito, mas abertamente”.9 De modo semelhante, nosso movimento popular budista avançou, não por trás de portas fechadas, mas no mundo real com a comprovação do princípio de que “prática da fé é a própria vida diária” pelos membros. Isso porque, assim como ensina Daishonin, nada supera a prova real” (cf. CEND, v. I, p. 626). A fé na Lei Mística oferece a força para vencer na vida. Recitamos daimoku e entramos em ação e continuamos recitando no decorrer dos nossos esforços. Em todos os recantos do mundo, os membros da Soka Gakkai, a partir de orações imbuídas do juramento seigan pelo kosen-rufu, recitam Nam-myoho-renge-kyo da prática individual e altruística. Reúnem coragem e sabedoria para vencer os desafios cotidianos e propagam a Lei Mística de forma compassiva. Como resultado, a Soka Gakkai está repleta de experiências inspiradoras de membros que estão demonstrando provas sólidas de benefícios da fé e conquistando uma vida transbordante de esperança e de alegria. Estou convicto de que, com isso, eles dão expressão ao espírito do Sutra do Lótus e personificam a verdadeira prática do budismo conforme ensinado por Nichiren Daishonin. Trecho do escrito 1 O Kalpa de Diminuição O capítulo 19, “Os Benefícios do Mestre da Lei”, do Sutra do Lótus, afirma: [As doutrinas que eles pregarem (...)] jamais vão contrariar a realidade fundamental” [cf. LSOC, cap. 19, p. 304]. Tiantai10 comentou sobre isso, dizendo: “Nenhum assunto secular, da vida ou do trabalho, difere de forma alguma da realidade fundamental”.11 A pessoa de sabedoria não é a que pratica o budismo à parte dos assuntos seculares; em vez disso, ela tem compreensão dos princípios que regem o mundo. (CEND, v. II, p. 389)12 Todos os assuntos do cotidiano são consistentes com o budismo Makiguchi sensei sublinhou a passagem acima de O Kalpa de Diminuição em seu exemplar dos escritos de Nichiren Daishonin, acatando-a com profunda seriedade. Na parte anterior a esse trecho, Daishonin escreve que, na era impura do kalpa de diminuição, quando a energia vital das pessoas declina, a sabedoria benéfica do budismo para conduzir as pessoas à felicidade é subjugada e se torna ineficaz, pelo impacto negativo dos “três venenos” — avareza, ira e estupidez.13 Ele também nos adverte que esses males se intensificarão se as pessoas dedicarem oferendas a sacerdotes que, apesar de aparentarem ser pessoas de sabedoria que deixaram o mundo secular, caluniam ativamente o Sutra do Lótus. Na passagem que estamos estudando, Daishonin declara que uma genuína “pessoa de sabedoria” não é aquela que pratica o budismo à parte dos assuntos seculares. Ele esclarece um princípio fundamental do Sutra do Lótus de que “o budismo abarca todos os assuntos seculares” e descreve a verdadeira conduta de uma pessoa de sabedoria. O trecho do Sutra do Lótus que Daishonin cita aqui pertence ao capítulo 19, “Os Benefícios do Mestre da Lei”, que descreve em detalhes o benefício da purificação dos seis órgãos dos sentidos,14 o qual é obtido pelos mestres da Lei (bodisatvas) praticando o Sutra do Lótus. A passagem em questão refere-se especificamente à purificação da mente. Em outras palavras, quando os mecanismos do coração e da mente deles [mestres da Lei (bodi­satvas)] se purificam ao abraçarem e praticarem a Lei Mística, eles passam naturalmente a ensinar e a falar de acordo com os princípios do budismo e perfeitamente alinhados com a realidade fundamental. Isso, sem dúvida, é resultado da purificação dos seis órgãos — que passam por uma profunda transformação interior — por meio de sua prática budista. Por isso, irradiam o brilho da sabedoria budista e conseguem converter suas atividades em esforços pela felicidade e vitória. Religião que não se afasta das circunstâncias O Budismo Nichiren constitui um ensinamento de engajamento ativo na sociedade; olha diretamente para a sociedade e busca melhorá-la. Não é dissociado da realidade ou dos “assuntos seculares”. No entanto, muitos no Japão, no passado e no presente, se apegaram à ideia de que o budismo é diverso ou distante dos assuntos seculares, algo não relacionado com a vida diária. Isso se deve, em parte, ao fato de as escolas budistas estabelecidas considerarem o Buda um ser transcendental, sobrenatural e traçarem uma distinção entre o religioso e o mundo secular de várias maneiras, levando algumas escolas budistas a assumir uma aura de misticismo e de autoridade que utilizaram para se manter acima do mundo secular e para exercer o controle sobre a vida das pessoas. Nichiren Daishonin, em contraste, declara: “A mente dos seres vivos é originalmente o Buda” (OTT, p. 208). O Budismo Nichiren ensina que o Buda não habita algum reino distante afastado do mundo real e que, na verdade, todos nós possuímos inerentemente a nobre condição de vida do estado de buda e podemos trazer à tona do nosso interior esse poder para vencer nossos problemas da vida real. Gravemos, mais uma vez, profundamente estas palavras: “Pessoa de sabedoria não é a que pratica o budismo à parte dos assuntos seculares” (CEND, v. II, p. 389). Este conturbado mundo saha15 em que vivemos é, de fato, atolado em sofrimentos. Porém, reunindo a coragem para estender a mão àqueles que sofrem, evidenciando a compaixão e a sabedoria do budismo e contribuindo efetivamente para a felicidade dos outros é que nos tornamos genuínas “pessoas de sabedoria”. Esse é o modo de vida repleto de orgulho dos bodisatvas da terra. O budismo vivo de Nichiren Daishonin se propõe a enviar um fluxo contínuo de indivíduos com essa característica à sociedade. Os membros da Soka Gakkai comprovam os princípios do budismo com a própria vida Makiguchi sensei atribuía grande relevância às experiências dos membros na prática da fé. Ele citou a história de uma mulher que ultrapassou dificuldades no âmbito familiar e no trabalho para edificar de forma triunfante uma família feliz e harmoniosa admirada por todos os vizinhos. Além do mais, compartilhou a experiência de um homem que, por meio da prática budista, foi capaz de revitalizar sua gráfica, que operava no vermelho por mais de uma década. Makiguchi sensei descreveu esses dramas inspiradores como o “resultado do esforço total de vida ou morte” e comparou-os a diamantes ou pepitas de ouro descobertos na areia.16 Ele via essas experiências dos membros que incorporavam a prática da fé na própria vida diária como “provas reais de uma vida de bem maior” e “evidência da consecução do estado de buda nesta existência”.17 Toda sensei também nos ensinou que, mediante nossos esforços para aplicar a prática da fé na vida diária, ao mesmo tempo em que lidamos com todos os tipos de problemas, podemos estabelecer uma condição de felicidade absoluta na qual o próprio fato de estar vivo já é uma alegria. Nada o deixava mais satisfeito que ouvir relatos de experiência de membros progredindo em sua revolução humana e transformando o destino. Daishonin afirma: “Quando uma pessoa que apresenta provas claras no presente expõe o Sutra do Lótus, também surgem pessoas capazes de crer [no sutra]” (CEND, v. I, p. 535). Makiguchi sensei observou que um dos aspectos ímpares em relação às experiências de fé dos membros da Soka Gakkai é que eles não apenas se empenham para acumular as comprovações de benefícios da prática da fé, mas também buscam ativamente falar sobre elas ao máximo de pessoas possível. A verdade é poderosa. As experiências dos membros da organização ao redor do mundo são tesouros eternos da Soka Gakkai e uma força propulsora para a propagação da Lei Mística. O princípio de “prática da fé é a própria vida diária” também significa que a vida diária equivale à fé. Em outras palavras, que todos os aspectos da nossa vida constituem prática budista. Daishonin orienta calorosamente um de seus dedicados discípulos leigos: “Se continuar vivendo do jeito que vive agora, não há dúvida de que estará praticando o Sutra do Lótus vinte e quatro horas por dia. Considere o serviço prestado a seu senhor feudal como a prática do Sutra do Lótus” (Ibidem, v. II, p. 169). Que prova de felicidade podemos obter praticando o Budismo Nichiren — cujo ensinamento revela a essência do Sutra do Lótus — em meio às realidades da existência cotidiana, com o espírito de que cada momento da nossa vida faz parte de nossa prática budista? Examinemos a questão mais a fundo ao seguirmos para a próxima passagem dos escritos de Nichiren Daishonin que estudaremos. Essa passagem consta numa carta de incentivo para Shijo Kingo na época em que ele enfrentava grandes obstáculos. Eu também transcrevi esse trecho em meu diário18 como fonte de inspiração no período em que estava me empenhando ao máximo como discípulo ao lado do mestre, Josei Toda, para superar os problemas nos negócios dele. Trecho do escrito 2 Os Três Tipos de Tesouro É raro nascer como ser humano. O número de seres dotados de vida humana é tão pequeno quanto os grãos de terra que cabem sobre uma unha. E a vida humana é tão difícil de manter quanto o orvalho permanecer sobre a grama. Contudo, é melhor viver um único dia com honra do que viver 120 anos e morrer na desonra. Viva de maneira que todas as pessoas de Kamakura o elogiem pela diligência com que Nakatsukasa Saburo Saemon-no-jo [Shijo Kingo] serve ao seu senhor feudal, ao budismo e às demais pessoas.19 (CEND, v. II, p. 112) Shijo Kingo ao defrontar-se com uma crise na fé Após Daishonin receber indulto do exílio na Ilha de Sado e voltar para Kamakura, Shijo Kingo fortaleceu sua determinação e insistiu com seu senhor feudal, Ema, para que abraçasse os ensinamentos de Nichiren Daishonin. Entretanto, suas sinceras ações acabaram apenas ofendendo e afastando Ema, que era fiel seguidor do sacerdote Ryokan20 do templo Gokuraku-ji. Colegas invejosos de Shijo Kingo consideraram a ocasião oportuna para desacreditá-lo. Em meios a esses percalços, outro grave incidente sucedeu. Shijo Kingo foi falsamente acusado de provocar um tumulto violento. No sexto mês de 1277, um sacerdote discípulo de Nichiren Daishonin e um sacerdote da escola budista Tendai travaram um debate conhecido como Debate de Kuwagayatsu.21 Vários colegas de Shijo Kingo apresentaram relatos espúrios ao senhor feudal Ema afirmando que Kingo havia irrompido no debate, de forma violenta, para atrapalhá-lo. Ema exigiu que ele renegasse a sua fé no Sutra do Lótus; caso contrário, confiscaria as terras dele. Shijo Kingo viu-se diante da maior crise. Além de redigir uma petição22 em nome de Shijo Kingo para apresentar a Ema a fim de esclarecer a inocência de seu discípulo, Daishonin também orientou seu discípulo rigorosamente: “Jamais desonre o Sutra do Lótus, ainda que se torne o pior dos mendigos” (CEND, v. II, p. 84). Shijo Kingo perseverou com decisão inabalável. Então, um dia, repentinamente, Ema adoeceu. Kingo, médico habilidoso, tratou da doença dele com grande atenção e devoção, reavendo, em virtude disso, as graças do seu senhor feudal. Foi nessa mudança positiva dos rumos dos acontecimentos que Daishonin enviou a carta intitulada Os Três Tipos de Tesouro, na qual consta a passagem que estamos estudando agora. “Este momento é crucial” dizia a mensagem transmitida por essa carta. Expressava a profunda preocupação e o discernimento de Daishonin sobre a natureza humana. Nichiren Daishonin declara quão raro e precioso é nascer como ser humano e manter a vida humana. O número daqueles que o fazem, diz ele, “é tão pequeno quanto os grãos de terra que cabem sobre uma unha” e a vida humana “é tão difícil de manter quanto o orvalho permanecer sobre a grama” (Ibidem, p. 112). Prosseguindo, ele afirma: “É melhor viver um único dia com honra do que viver 120 anos e morrer na desonra” (Ibidem). A felicidade e o valor da vida não são mensurados pela extensão do nosso tempo neste mundo, mas por quão ricos, significativos e plenos de propósito são os nossos dias. Torne-se alguém em quem as pessoas à sua volta confiam Em seguida, Daishonin escreve: “Viva de maneira que todas as pessoas de Kamakura o elogiem pela diligência com que Nakatsukasa Saburo Saemon-no-jo [Shijo Kingo] serve ao seu senhor feudal, ao budismo e às demais pessoas” (CEND, v. II, p. 112). “Servir ao senhor feudal”, no contexto atual, indica construir sólidas relações de confiança com seu superior ou empregador. Significa tornar-se um funcionário extraordinário no ambiente de trabalho ou destacar-se pela excelência no exercício da profissão. Também se refere à nossa conduta como membros da sociedade. “Servir ao budismo” quer dizer praticar resolutamente sem jamais nos afastar, sempre com base na fé na Lei Mística. “Às demais pessoas” diz respeito a qualidades ligadas à capacidade de demonstrar consideração e sincero interesse pelos outros, que nos levam a conquistar o respeito e a confiança dos que se encontram ao nosso redor no âmbito do nosso convívio em sociedade. Essas três frases sintetizam as esferas mais importantes para comprovar que “prática da fé é a própria vida diária” e “budismo é a própria sociedade”. Daishonin nos insta a viver de tal forma que conquistemos o louvor daqueles que nos cercam. Desse modo, de acordo com o princípio de “manifestar a natureza de buda interna e gerar a proteção externa”,23 nossas virtudes emanam naturalmente da nossa vida e produzem o benefício da proteção externa. Suscitar elogios é sinal de respeito e confiança dos que estão à nossa volta e da nossa comunidade. Quando as pessoas de Kamakura viram Shijo Kingo assumir uma posição de destaque no círculo mais próximo do senhor feudal, expressaram sua admiração e louvor: “Em sua imponente estatura, em seu semblante, bem como em sua montaria e os subordinados que o atendem, ninguém se compara a Nakatsukasa Saburo Saemon-no-jo [Shijo Kingo]. Os meninos de Kamakura, todos, reunindo-se na encruzilhada, exclamam: ‘Ah! Eis um sujeito excelente, realmente excelente!’” (WND, v. II, p. 730). Esse era exatamente o tipo de elogio que Daishonin desejava que ele obtivesse. Nichiren Daishonin ensinou a Shijo Kingo que um buda é um “herói do mundo”24 e que “O budismo se preocupa primordialmente com vitória ou derrota” (CEND, v. II, p. 95). Devemos vencer tanto em nossa vida como em nossos esforços na sociedade. Como membros da Soka Gakkai, abraçamos a Lei Mística, pondo os ensinamentos do budismo em prática na sociedade, e mantemos a fé para a vitória absoluta, sempre empregando a “estratégia do Sutra do Lótus” (Ibidem, p. 267). Prossigamos com orgulho em nossa luta como indômitos campeões e invencíveis indivíduos de sabedoria e vençamos infalivelmente. Torne-se o herói que vence as dificuldades diante de seus olhos O Sutra do Lótus descreve as características dos bodisatvas da terra, aos quais Shakyamuni confiou a propagação do sutra nos Últimos Dias da Lei. Referindo-se ao líder deles, Bodisatva Práticas Superiores,25 ele diz: Assim como a luz do sol e da lua pode dissipar totalmente a penumbra e a escuridão esta pessoa, em sua passagem pelo mundo, é capaz de erradicar a escuridão dos seres vivos. (LSOC, cap. 21, p. 318) Os bodisatvas da terra “em sua passagem pelo mundo” — quer dizer que eles são atuantes no mundo secular, na sociedade e na realidade deste mundo saha. Nem é preciso dizer que o lugar onde nos encontramos agora é o local em que alcançamos o estado de buda nesta existência. A prática budista consiste em se engajar na sociedade com base na fé na Lei Mística. Em Os Miseráveis, ao retratar os bravos e perseverantes esforços do jovem Marius em meio a grandes adversidades, o escritor francês Victor Hugo (1802–1885) expressou: “Muitas das grandes façanhas são realizadas no decorrer das pequenas lutas da vida”.26 Victor Hugo prosseguiu, escrevendo que há “Nobres e misteriosos triunfos que outros olhos não veem, que não geram nenhuma fama e não são aclamados por fanfarras. Vida, adversidade, solidão, abandono, pobreza são campos de batalha que têm os seus heróis; heróis desconhecidos, por vezes maiores do que os insignes”.27 As comoventes palavras de Hugo nos fazem lembrar todos os nossos membros lutando intrepidamente contra desafios inimagináveis nestes tempos turbulentos. Na juventude, vivenciei uma batalha semelhante à descrita por Victor Hugo. Quando os negócios de Toda sensei estavam em crise, as pessoas zombavam de mim, perguntando por que nossa prática budista não solucionava nossos problemas. Mas, para mim, não havia outro mestre no kosen-rufu além de Josei Toda. Meu coração permanecia sereno e livre de dúvida. Estava determinado a recitar Nam-myoho-renge-kyo e a lutar com toda a minha energia juvenil e meu compromisso para proteger meu mestre, sem jamais recuar um único passo. Em meu diário, registrei o seguinte na época: “Esforços e adversidades! / Nessa jornada, você cultivará o verdadeiro humanismo”;28 e “Por ter fé / posso experimentar o valor, o bem maior, a mais poderosa energia vital, / e sentir a felicidade que surge da revolução humana”.29 Essa era a minha firme convicção. Acreditava totalmente na veracidade das palavras: “Quando o céu está límpido, a terra se ilumina. De maneira semelhante, quando uma pessoa conhece o Sutra do Lótus, ela compreende o significado de todas as questões seculares” (CEND v. I, p. 395). Repleto de gratidão por aprender e lutar ao lado de tão grande mestre, segui em frente em meio ao turbilhão e ensejei a retumbante vitória da posse de Toda sensei como segundo presidente da Soka Gakkai. O dia 3 de maio [de 2021] assinala o 70o aniversário dessa auspiciosa ocasião. Aqueles dias de luta incessante são a história dourada da minha juventude e a verdadeira prática budista para a revolução humana. Daishonin escreve: “O ferro, quando aquecido e forjado, torna-se uma excelente espada” (Ibidem, p. 320). Exatamente como ele afirma, durante aquela época, construí uma condição de vida indestrutível como o diamante e acumulei incalculável “tesouro do coração” (Ibidem, p. 112). Desde a juventude, venho me empenhando incansavelmente pelo kosen-rufu como discípulo de Toda sensei. Concretizei tudo o que ele idealizou. É precisamente devido a essa luta baseada na unicidade de mestre e discípulo que os alicerces da Soka Gakkai como organização mundial foram assentados. Agora, jovens “Shin’ichis Yamamoto” no mundo todo herdaram esse legado e o estão levando avante. O grande caminho da esperança e da vitória da revolução humana Vitórias verdadeiras são aquelas que alcançamos a cada dia. Sem acumular esses triunfos diários, não pode haver grande vitória na vida. O caminho infalível para a revolução humana e para mudar a sociedade se encontra em nossa capacidade de fazer desabrochar flores de felicidade e de vitória em nossa vida e ampliar o círculo de pessoas que encorajamos nos locais em que realizamos nossas atividades cotidianas. Esse é o caminho para concretizar o ideal de Nichiren Daishonin de “pacificação da terra” — ou seja, a paz mundial. Para tanto, vocês — nobres heróis humanistas que praticam a Lei Mística — não devem ser derrotados. Vençam com fé genuína! Vençam na vida diária! Vençam na sociedade! Vençam na vida! Vençam sempre! Vamos dar a partida! Vamos continuar avançando intrepidamente com harmonia, alegria e boa disposição nesse “grande caminho” (em consonância com o subtítulo) da esperança e da vitória! (Daibyakurenge, edição de janeiro de 2021) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI Resumo Estudo — Abril 2024 Principais tópicos estudados Religião para transformar as circunstâncias “O Budismo Nichiren é uma religião para transformar as circunstâncias. Constitui um modo de vida seguro e infalível. O âmago da nossa prática budista, portanto, consiste em demonstrar provas reais dos princípios de ‘prática da fé é a própria vida diária’ e ‘budismo é aprópria sociedade’.” Prática da fé é a própria vida diária “Antes da Segunda Guerra Mundial, Makiguchi sensei declarou que ‘A suprema essência do budismo reside em demonstrar um modo de vida de máximo valor’.” Budismo é a própria sociedade “O Budismo Nichiren é a filosofia da esperança para realizar a revolução humana e a transformação do destino, o farol espiritual para edificar uma sociedade segura e um mundo pacífico.” Os membros da Soka Gakkai comprovam os princípios do budismo Makiguchi sensei atribuía grande relevância às experiências dos membros na prática da fé. Frases marcantes “A fé na Lei Mística oferece a força para vencer na vida. Recitamos daimoku e entramos em ação e continuamos recitando no decorrer dos nossos esforços.” “Em vez de caminhar fitando o céu sonhando, certifique-se de manter os pés no chão e avançar um passo de cada vez!” “Em todos os recantos do mundo, os membros da Soka Gakkai, a partir de orações imbuídas do juramento seigan pelo kosen-rufu, recitam Nam-myoho-renge-kyo da prática individual e altruística. Reúnem coragem e sabedoria para vencer os desafios cotidianos e propagam a Lei Mística de forma compassiva.” “O Budismo Nichiren constitui um ensinamento de engajamento ativo na sociedade; olha diretamente para a sociedade e busca melhorá-la. Não é dissociado da realidade ou dos ‘assuntos seculares’.” “‘Servir ao senhor feudal’, no contexto atual, indica construir sólidas relações de confiança com seu superior ou empregador. Significa tornar-se um funcionário extraordinário no ambiente de trabalho ou destacar-se pela excelência no exercício da profissão. Também se refere à nossa conduta como membros da sociedade.” Personalidades e personagens budistas citados - Tsunesaburo Makiguchi; - Josei Toda; - Mahatma Gandhi; - Nichiren Daishonin; - Shijo Kingo, discípulo fiel de Nichiren Daishonin; - Senhor feudal Ema; - Ryokan, sacerdote; - Victor Hugo, escritor, ativista e político francês (1802–1885). Perguntas-guia para as atividades de estudo O que significa “o budismo não está dissociado da vida diária”? Nichiren Daishonin, declara: “A mente dos seres vivos é originalmente o Buda ” (OTT, p. 208). O Budismo Nichiren ensina que o Buda não habita algum reino distante afastado do mundo real e que, na verdade, todos nós possuímos inerentemente a nobre condição de vida do estado de buda e podemos trazer à tona do nosso interior esse poder para vencer nossos problemas da vida real. Qual é o comportamento ideal como membro da organização? Como membros da Soka Gakkai, abraçamos a Lei Mística, pondo os ensinamentos do budismo em prática na sociedade, e mantemos a fé para a vitória total, sempre empregando a “estratégia do Sutra do Lótus” (Ibidem, p. 267). Prossigamos com orgulho em nossa luta como indômitos campeões e invencíveis indivíduos de sabedoria e vençamos infalivelmente. Qual é o caminho para a revolução humana? O caminho infalível para a revolução humana e para mudar a sociedade se encontra em nossa capacidade de fazer desabrochar flores de felicidade e de vitória em nossa vida e ampliar o círculo de pessoas que encorajamos nos locais em que realizamos nossas atividades cotidianas. Esse é o caminho para concretizar o ideal de Daishonin da “pacificação da terra” — ou seja, a paz mundial. No topo: Integrantes da Divisão dos Estudantes em atividade artística (Bauru, SP, nov. 2023) Notas: 1. Tsunesaburo Makiguchi nasceu em 6 de junho de 1871. 2. Cf. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 10. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 5. 3. Ibidem. 4. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. In: Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 5. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1982. p. 27. 5.TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 1. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1981. p. 7. 6. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 8. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1984. p. 411. 7. GANDHI, Mahatma. All Men Are Brothers: Autobiographical Reflections [Todos Somos Irmãos: Reflexões Autobiográficas]. KRIPALANI, Krishna (comp. e ed.). Nova York: Continuum, 2000. p. 3. 8. Ibidem, p. 4. 9. Ibidem. 10. Tiantai (538–597), também conhecido como Zhiyi, Tiantai Zhizhe, grande mestre Tiantai e grande mestre Zhizhe. Fundador da escola Tiantai na China. Suas principais obras — Profundo Significado do Sutra do Lótus, Palavras e Frases do Sutra do Lótus e Grande Concentração e Discernimento — foram registradas e compiladas por seu discípulo imediato Zhangan. Em Grande Concentração e Discernimento, Tiantai apresenta o princípio dos “três mil mundos num único momento da vida” e a prática da meditação para compreender esse conceito. 11.Profundo Significado do Sutra do Lótus. 12. A data e o destinatário são desconhecidos. A julgar pelo conteúdo, porém, presume-se que a carta tenha sido enviada a alguém da família do sacerdote leigo Takahashi Rokuro Hyoe subsequentemente à sua morte, por volta de 1276, após a invasão mongol. 13. Avareza, ira e estupidez são consideradas, no budismo, males fundamentais inerentes à vida, que originam o sofrimento humano. São conhecidos como os “três venenos”. 14. Purificação dos seis órgãos dos sentidos: Também conhecida como a purificação dos seis sentidos ou faculdades. Refere-se a purificar os seis órgãos dos sentidos: olhos, orelhas, nariz, língua, pele e mente, tornando possível compreender as coisas corretamente. O capítulo 19, “Os Benefícios do Mestre da Lei”, do Sutra do Lótus, explica que aqueles que mantêm e praticam o sutra adquirem vários benefícios, e que, por meio desses benefícios, os seis órgãos dos sentidos se tornam apurados e puros. 15. Mundo saha: Este mundo, o mundo dos seres humanos, marcado por sofrimentos. Em sânscrito, saha significa terra; deriva-se do radical “suportar” ou “resistir”. Por essa razão, nas versões chinesas dos textos budistas, a palavra saha é traduzida como “resistência”. Nesse contexto, o mundo saha indica um lugar no qual as pessoas devem resistir a todos os tipos de sofrimento. 16. Cf. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 10. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 144. 17. Ibidem, p. 143. 18. Cf. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 77 (2 de dezembro de 1950). 19. A carta Os Três Tipos de Tesouro, datada do décimo primeiro dia do nono mês, foi endereçada a Shijo Kingo. Nela, Nichiren Daishonin escreve sobre o tesouro do coração e o nosso comportamento como seres humanos, ensinando ao seu discípulo a chave para a vitória na vida. 20. Ryokan (1217–1303): Sacerdote da escola Preceitos-Palavra Verdadeira e prior do templo Gokuraku-ji em Kamakura desde 1267. Durante muitos anos, Ryokan perseguiu Nichiren Daishonin e seus discípulos, tanto ostensiva como secretamente. 21. Debate de Kuwagayatsu: Debate realizado em Kuwagayatsu, Kamakura, em 1277, entre o discípulo de Nichiren Daishonin, Sammi-bo, e um sacerdote chamado Ryuzo-bo, que estava sob a égide de Ryokan do templo Gokuraku-ji. Ryuzo-bo foi completamente derrotado por Sammi-bo. Shijo Kingo meramente compareceu ao debate como espectador e não pronunciou uma palavra. No entanto, alegaram ao senhor feudal Ema que Shijo Kingo havia irrompido no debate, acompanhado de vários aliados com armas desembainhadas, e causado tumulto no evento. 22. Petição, conhecida como “Carta de Petição de Yorimoto [Shijo Kingo]”, que Daishonin escreveu para o senhor feudal Ema em nome de Shijo Kingo no sexto mês de 1277. A petição aparentemente nunca foi submetida a Ema. 23. “Manifestar a natureza de buda interna e gerar a proteção externa” (naikun gego) é uma frase de Anotações sobre “Grande Concentração e Discernimento” do grande mestre Miaole. 24. Herói do mundo: Outro nome ou título honorífico de um buda. Referência ao heroísmo de um buda de vencer os desejos mundanos e os sofrimentos de todas as pessoas e conduzi-las à iluminação com suprema sabedoria e profunda compaixão. 25. Bodisatvas da terra: Referência à imensa multidão de bodisatvas que emergem da terra no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, a quem o buda Shakyamuni confia a propagação da Lei Mística após a sua morte. No capítulo 21, “Poderes Sobrenaturais”, do Sutra do Lótus, Shakyamuni incumbe o bodisatva Práticas Superiores, líder dos bodisatvas da terra, de propagar a Lei no mundo saha na era maléfica dos Últimos Dias da Lei. 26. HUGO, Victor. Les Misérables [Os Miseráveis]. Tradução: Julie Rose. Londres: Random House, 2008. p. 560. 27. Ibidem. 28. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 78. (5 de dezembro de 1950). 29. Ibidem, p. 88 (11 de janeiro de 1951).

01/04/2024

Estudo

[68] Sejam vitoriosos na jornada da vida e do kosen-rufu

Explanação Tenho uma missão que é só minha. Você também tem uma a missão que só você pode cumprir.1 Esses são versos do poema Ode à Juventude, que dediquei aos nossos sucessores da Divisão dos Jovens há cinquenta anos, em dezembro de 1970. Como membros da Soka Gakkai que mantêm o maravilhoso ensinamento da Lei Mística, temos a nobre missão de transformar a sociedade por meio da nossa revolução humana. Nosso propósito é “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra” (rissho-ankoku) — ou seja, concretizar a felicidade e a paz para toda a humanidade. Essa era a mensagem que desejava transmitir aos meus jovens amigos que arcariam com a responsabilidade pelo futuro do nosso movimento. Uma revolução interior pacífica e gradativa O poema prossegue: O que as pessoas anseiam para apoiá-las no século 21 não é somente a reorganização dos aspectos externos. Elas desejam uma sólida revolução dentro da vida delas, levada a cabo gradativamente e numa atmosfera de paz, com base na filosofia e crenças de cada indivíduo.2 Uma magnífica epopeia de Ode à Juventude Cinco décadas se passaram desde que compus esse poema. Meus queridos companheiros — tanto aqueles que trabalharam ao meu lado ao longo desses anos quanto aos nossos confiáveis sucessores da Divisão dos Jovens dos dias de hoje — vêm realizando sua prática budista e se empenhando com orgulho para cumprir sua missão ímpar em suas respectivas esferas. Nosso contínuo, firme e inabalável movimento do povo desenvolveu-se em escala global. A maravilhosa “ode à juventude” que cada um de nossos membros compôs no decorrer de meio século edifica uma magnífica epopeia de pessoas comuns, originando uma poderosa correnteza do kosen-rufu mundial. Em vez de buscar mera reforma exterior, é importante que adotemos uma abordagem gradativa, cultivando, de maneira sólida, o solo espiritual das pessoas para produzir e colher o rico fruto da felicidade. Como o grande indiano defensor da não violência Mahatma Gandhi (1869–1948) expressou: “O bem caminha a passo de caramujo”.3 O tradicional espírito imutável da Soka Gakkai Chegou a época em que o verdadeiro valor do nosso movimento popular brilhará cada vez mais intensamente. Portanto, devemos continuar seguindo em frente, sempre em frente, venha o que vier, em nossa trajetória para concretizar a vitória na vida e em nossa eterna jornada da luta conjunta em prol do kosen-rufu como mestre e discípulo, unidos num só coração. Enquanto nos preparamos para dar uma nova partida [com o Ano-Novo de 2021 logo à frente], estudemos os ditos de Nichiren Daishonin e ratifiquemos a importância de manter uma fé resoluta, sólida e contínua. O espírito da Soka Gakkai permanece imutável em meio aos desafios e às novas abordagens da vida cotidiana decorrentes da pandemia da Covid-19. Trecho do escrito 1 Resposta à Monja Leiga Myoshin4 Além disso, [o ideograma chinês] myo [de Nam-myoho-renge-kyo], assim como flores que se tornam frutos e a lua nova que se torna cheia, é um ideograma que se torna um buda. Desse modo, o sutra expressa: “Se uma pessoa for capaz de manter este sutra, ela estará mantendo o corpo do Buda” [LSOC, cap. 11, p. 220]. O grande mestre Tiantai5 diz: “[O Sutra do Lótus...] é, em todos e em cada um desses ideogramas, o Buda verdadeiro.6 O ideograma myo é Aquele que Assim Chega Shakyamuni perfeitamente dotado dos trinta e dois aspectos e oitenta características,7 mas, pelo fato de nossa visão ser deficiente, vemos apenas um ideograma. Por exemplo, é semelhante ao caso de um idoso cuja vista é fraca, e, portanto, não consegue ver que as flores de lótus no lago produziram sementes. E à noite, por causa da escuridão, a pessoa não consegue ver as formas das coisas. No entanto, esse ideograma myo é, em si, um buda. Além disso, o ideograma myo são a lua, o sol, as estrelas, um espelho, vestimentas, alimento, flores, a grande terra, o grande mar. Todos os benefícios reunidos compõem o ideograma myo. Também é a joia da realização dos desejos.8 (WND, v. II, p. 879-880) Sinceros incentivos constantes à monja leiga Myoshin Nessa carta, intitulada Resposta à Monja Leiga Myoshin, Daishonin explica que o simples ideograma myo de Nam-myoho-renge-kyo que recitamos contém benefício imensurável. A monja leiga Myoshin era uma discípula que residia na província de Suruga (atual região central da província de Shizuoka). Acredita-se que ela tenha se tornado monja leiga movida pelo desejo de que seu marido, o sacerdote leigo Takahashi Rokuro, se recuperasse de uma doença. Daishonin posteriormente concedeu a ela outro nome budista, monja leiga Jimyo, (Mantenedora do Myo). Ela também era conhecida como monja leiga de Kubo, em virtude do local para onde se mudou depois da morte do marido. Daishonin enviou muitas cartas a essa discípula e continuou a encorajá-la e a apoiá-la de coração durante o período de luto dela. Em resposta à calorosa preocupação e à atenção dele, Myoshin manteve uma fé forte e pura. A atitude sincera dela em relação à prática budista, enaltecida por Nichiren Daishonin como extremamente admirável (cf. WND, v. II, p. 877),9 faz lembrar as mulheres Soka. “Nosso corpo é o próprio corpo do Buda” Em Resposta à Monja Leiga Myoshin, Daishonin escreve: “Myo, assim como flores que se tornam frutos e a lua nova que se torna cheia, é um ideograma que se torna um buda” (WND, v. II, p. 877). Ele assevera que aqueles que recitam Nam-myoho-renge-kyo atingirão o estado de buda sem falta. O sacerdote leigo Takahashi permaneceu firme na fé até a morte, e Myoshin também continuou se empenhando sinceramente na fé, mesmo após a viuvez e tendo de criar sozinha um filho pequeno. Pelo fato de ela e seu marido recitarem Nam-myoho-renge-kyo, Daishonin garante que ambos com certeza atingirão o estado de buda. Explanando sua asserção de que o ideograma myo se transforma em um buda, Nichiren Daishonin cita o capítulo 11, “Surgimento da Torre de Tesouro”, do Sutra do Lótus, e as obras do grande mestre Tiantai, os quais afirmam, respectivamente, que manter o Sutra do Lótus é o mesmo que manter o corpo do Buda e que cada palavra e cada frase do Sutra do Lótus são o Buda verdadeiro (cf. WND, v. II, p. 879). Contudo, assegura ele, os mortais comuns não veem nada a não ser mero ideograma. Ele compara isso a ser incapaz de ver a forma de uma pessoa no escuro. “No entanto, esse ideograma myo é, em si, um buda” (Ibidem), reitera Daishonin. Em Registro dos Ensinamentos Transmitido Oralmente, ele também expressa: “Manter o Sutra do Lótus consiste em manter a crença no fato de que nosso corpo é o corpo do Buda” (OTT, p. 96). O corpo de cada um de nós, mortais comuns, é o corpo do Buda — esse é o benefício de se manter a Lei Mística. Na mesma carta, Daishonin diz: “Além disso, o ideograma myo são a lua, o sol, as estrelas, um espelho, vestimentas, alimento, flores, a grande terra, o grande mar” (WND, v. II, p. 879-880). Todos os infinitos benefícios do universo, da natureza e dos seres humanos estão contidos no simples ideograma myo. Myo também é descrito como a joia da realização dos desejos, denotando que podemos produzir imensuráveis tesouros conforme nossa vontade. O benefício desfrutado por aqueles que recitam Nam-myoho-renge-kyo e se mantêm inabaláveis na fé é de fato colossal. Trata-se de algo que passamos a perceber com o tempo, pois o verdadeiro benefício da fé na Lei Mística é inconspícuo. Um broto finca sólidas raízes na terra, crescendo gradativamente no decorrer do tempo, tornando-se uma robusta árvore que não se curva com rajadas de ventos ou tempestades. De modo semelhante, por meio da fé resoluta na Lei Mística, cada um de nós gradativamente se desenvolve de forma esplêndida, de um jeito só nosso, produzindo ramos de boa sorte e benefício e fazendo desabrochar magníficas flores de felicidade tanto para nós como para os outros. Toda sensei também descrevia o benefício inconspícuo como alcançar uma condição de felicidade absoluta. Isso significa obter uma condição de vida vasta e ilimitada, na qual o fato de estar vivo é, em si, uma alegria. A continuidade da fé resoluta significa desafiar a nós mesmos a cada dia Na sequência da passagem de Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, que citei antes, Daishonin afirma: “Manter o corpo do Buda significa manter a crença de que fora do nosso próprio corpo não há Buda algum” (OTT, p. 97). É essencial que “mantenhamos o ideograma myo”, com a convicção de que cada um de nós possui a supremamente digna condição de vida do estado de buda. “Manter”, nesse contexto, refere-se à continuidade da fé resoluta até o fim. “Resoluta” significa renovar a determinação a cada dia, desafiar a nós mesmos a cada dia, e avançar, crescer e triunfar a cada dia. Daishonin ensina: “Possuir uma fé como a água significa crer continuamente, sem jamais retroceder” (CEND, v. II, p. 163). Com isso, ele quer dizer que devemos continuar nos lapidando e nos aprimorando com base na fé na Lei Mística. Ele também escreve: “Seja diligente em aprofundar sua fé até o último momento de sua vida. Do contrário, irá se arrepender” (Ibidem, p. 294). Não importando o que aconteça, devemos despertar uma fé cada vez mais forte e seguir em frente de forma tenaz e positiva, de modo que não tenhamos arrependimentos. Aqueles que realizam esforços sinceros e resolutos na fé jamais sucumbirão ao desespero. Fé é a suprema fonte de esperança, pois nos habilita a encontrar significado em cada situação e a evidenciar a sabedoria e a força para dar um passo adiante. O verdadeiro benefício da fé no Budismo Nichiren é esse benefício inconspícuo de edificar uma condição de vida inabalável e indestrutível. Enquanto estava exilado na Ilha de Sado,10 Daishonin declarou: “Eu, Nichiren, sou o homem mais afortunado do Japão atual” (Ibidem, v. I, p. 280). Essa é a condição de vida do Buda dos Últimos Dias da Lei. Nem mesmo a mais dura perseguição poderia suprimir o espírito dele. Nós, da Soka Gakkai, que praticamos os ensinamentos de Nichiren Daishonin e nos dedicamos ao kosen-rufu, estamos dando continuidade a esse espírito. O Budismo Nichiren é a religião que cultiva pessoas sábias e fortes — pessoas de integridade e de caráter extraordinários. É a religião da revolução humana. Ajudando as pessoas a transformar a vida, a Soka Gakkai desenvolveu uma rede de paz, cultura e educação que se estende pelo mundo todo. Trecho do escrito 2 Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente11 Agora, na mente de Nichiren e de seus seguidores, o que é insuperável é o Nam-myoho-renge-kyo. Dentre todas as coisas insuperáveis, é a que detém a posição mais alta. É a [Lei Mística] descrita (...) como uma concentração de joias insuperáveis é o Nam-myoho-renge-kyo, a concentração de joias que representam todos os paramita,12 as dez mil práticas religiosas e as dez mil boas ações de todos os budas das três existências — passado, presente e futuro. Sem trabalho ou dificuldade, sem práticas religiosas ou boas ações, essa concentração de joias insuperáveis pode se tornar nossa por meio da simples palavra “fé” [isto é, por meio da recitação da simples frase Nam-myoho-renge-kyo com fé]. Esse é o significado de fugu jitoku, isto é, “veio a nós sem que a tivéssemos buscado”. O ideograma ji na expressão jitoku (veio a nós sem que a tivéssemos buscado) refere-se aos dez mundos, ou seja, a concentração de joias é conquistada, sem exceção, em cada um dos dez mundos. Isso é conhecido como o verdadeiro aspecto de todos os fenômenos.13 Portanto, essa passagem afirma que o buda Shakyamuni da iluminação perfeita14 não é nada além da carne e do sangue de nós, seres vivos. Devem refletir sobre isso com muita atenção. (OTT, p. 97) Benefícios ilimitados e imensuráveis Estudemos agora essa passagem de Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente a qual afirma que aqueles que permanecem inabaláveis na fé alcançam benefícios ilimitados e imensuráveis. O presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi sublinhou fortemente esse trecho em seu exemplar dos escritos de Nichiren Daishonin que foi confiscado pelas autoridades durante a Segunda Guerra Mundial. No capítulo 4, “Fé e Compreensão”, do Sutra do Lótus, encontramos as palavras: “Essa concentração de joias insuperáveis / veio a nós sem que a tivéssemos buscado” (LSOC, cap. 4, p. 124). O Sutra do Lótus explica, pela primeira vez, que os praticantes dos dois veículos — ouvintes da voz e os que despertaram para a causa — podem atingir o estado de buda.15 Os sutras anteriores os denunciavam rigorosamente e negavam essa possibilidade. Ao ouvirem esse ensinamento, os discípulos dos dois veículos, que haviam praticamente abandonado a esperança de atingir o estado de buda, alegram-se, estimulando Mahakashyapa a exclamar em nome deles: “Essa concentração de joias insuperáveis veio a nós sem que a tivéssemos buscado”. O Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente declara que essa “concentração de joias insuperáveis” é o Nam-myoho-renge-kyo, que contém os benefícios de todos os budas das dez direções e das três existências. Isso porque a Lei Mística se posiciona no ápice de todas as coisas insuperáveis (cf. OTT, p. 59). A “concentração de joias insuperáveis” também indica a condição de vida do estado de buda e nossa própria vida, que possui esse potencial. Todos nós, portanto, possuímos igualmente a joia suprema e insuperável que é a natureza de buda. Estabelecer uma nobre condição de vida de felicidade durante esta existência Daishonin então esclarece o significado da frase “veio a nós sem que a tivéssemos buscado”: “Sem trabalho ou dificuldade, sem práticas religiosas ou boas ações, essa concentração de joias insuperáveis podem se tornar nossa por meio da simples palavra ‘fé’ [isto é, por meio da recitação da simples frase Nam-myoho-renge-kyo com fé]” (OTT, p. 59). A expressão “Sem trabalho ou dificuldade, sem práticas religiosas ou boas ações” não significa meramente sem nenhum esforço ou empenho na prática. Os ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus expunham que a iluminação só poderia ser atingida realizando-se incalculáveis éons de prática budista. Em contraposição, ao revelar a essência do Sutra do Lótus, Nichiren Daishonin esclareceu que qualquer um pode atingir o estado de buda nesta existência. Mantendo a Lei Mística, na qual tanto a causa como o efeito estão presentes simultaneamente (cf. WND, v. II, p. 517),16 obtemos prontamente essas joias insuperáveis “sem trabalho ou dificuldade, sem práticas religiosas ou boas ações” realizadas ao longo de incalculáveis éons em busca da iluminação. Alcançamos imediatamente a condição de vida do estado de buda. Além disso, Daishonin diz: “Essa concentração de joias insuperáveis pode se tornar nossa por meio da simples palavra “fé” [isto é, por meio da recitação da simples frase Nam-myoho-renge-kyo com fé]” (OTT, p. 59). O Budismo Nichiren ensina que o próprio Nam-myoho-renge-kyo é a “prática de ‘abraçar’ é, em si, observar a mente” (juji-soku-kanjin) Abraçando a fé no Gohonzon e realizando nossa prática budista com constância e firmeza, nós nos colocamos no caminho certo para a felicidade e obtemos o insuperável tesouro da iluminação, mesmo sem buscá-lo de forma consciente. Esse tesouro “veio a nós sem que [o] tivéssemos buscado”, significando que não nos é concedido por ninguém. Nós mesmos o obtemos. Por isso, jamais devemos abandonar nossa fé. Dúvida, indolência e arrogância são nossas maiores inimigas. Devemos nos esforçar resoluta e consistentemente em nossa prática budista. Assim, seremos capazes de atingir vasta condição de vida além de nossa imaginação, na qual poderemos “viver felizes e tranquilos” (cf. LSOC, cap. 16, p. 272)17 e desfrutar a “ilimitada alegria da Lei”.18 As experiências de inumeráveis membros da Soka Gakkai ao redor do mundo atestam essa verdade. Fazendo um retrospecto de sua vida, muitos relatam que, ao realizarem a prática com seriedade, conquistaram naturalmente sólidos benefícios, ultrapassando todos os tipos de dificuldades e usufruindo uma condição de vida serena e livre. “Tudo de que preciso vem a mim naturalmente” Toda sensei afirmou: “Minha condição de vida interior neste momento é como se eu estivesse esparramado sobre uma vastidão infinita de nuvens brancas fofinhas no alto do céu. Tudo vem a mim sem eu buscar. Onde conquistei esse benefício? Na prisão, onde passei dois anos. Mas a época hoje é diferente, e vocês não precisam ir para a cadeia. Tudo o que necessitam fazer é devotar sua jovem vida à nobre missão pelo kosen-rufu, trabalhando incansavelmente para concretizar esse objetivo”. Dedicando-nos ao kosen-rufu, podemos desfrutar uma condição de vida de suprema felicidade sem falta. Propagar a filosofia de respeito pela dignidade da vida para o mundo Em última análise, propiciar uma transformação interior na vida das pessoas por meio de diálogos individuais constitui a base para transformar o destino da humanidade. Quando, uma a uma, as pessoas mudam, a base espiritual da sociedade também muda. Nosso movimento da revolução humana consiste em estabelecer a filosofia de respeito pela dignidade da vida na sociedade mediante “uma revolução saudável, pacífica e gradativa delas mesmas [as pessoas]”.19 A Dra. Ela Gandhi, neta de Mahatma Gandhi, teceu comentários sobre as atividades da Soka Gakkai para difundir a filosofia de respeito pela dignidade da vida. Ela observou que a SGI compartilhava de muitos valores que pautaram as ações de Gandhi, como a não violência, a consciência e o espírito de autodisciplina dele.20 Pessoas criteriosas do mundo inteiro depositam grande expectativa em nosso movimento dedicado a desenvolver o potencial positivo de cada indivíduo e a solidariedade entre todas as pessoas. Partindo intrepidamente rumo ao centenário da Soka Gakkai Em todas as partes, estão surgindo jovens para assumir esse desafio de transformar a sociedade por meio da transformação individual. O “jovem sol levanta-se hoje também”.21 Ele ilumina o mundo radiantemente com a compassiva luz do humanismo budista. Nosso objetivo é concretizar o ideal de Nichiren Daishonin de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”, a partir da revolução humana de cada pessoa. Agora que estamos seguindo intrepidamente rumo ao centenário da Soka Gakkai, nossa missão é maior que nunca. Compartilharei os versos finais de Ode à Juventude com meus queridos amigos da Divisão dos Jovens, incumbidos da missão de abrir caminhos para o avanço do kosen-rufu no século 21: Jovens! Sobrevivam! Sobrevivam a todo custo. Como promotores da gloriosa evolução global, façam seu triunfo na história resplandecer. O jovem sol das 8 horas levanta-se hoje também! Levanta-se no ritmo do palpitar do coração dos jovens!22 (Daibyakurenge, edição de dezembro de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI Resumo Estudo — Março 2024 Principais tópicos estudados Myo “Myo também é descrito como a joia da realização dos desejos, denotando que podemos produzir imensuráveis tesouros conforme nossa vontade. O benefício desfrutado por aqueles que recitam Nam-myoho-renge-kyo e se mantêm inabaláveis na fé é de fato colossal. Trata-se de algo que passamos a perceber com o tempo, pois o verdadeiro benefício da fé na Lei Mística é inconspícuo.” Benefícios ilimitados e imensuráveis “A ‘concentração de joias insuperáveis’ também indica a condição de vida do estado de buda e nossa própria vida, que possui esse potencial. Todos nós, portanto, possuímos igualmente a joia suprema e insuperável que é a natureza de buda.” Transformar a sociedade por meio da transformação individual “Nosso objetivo é concretizar o ideal de Nichiren Daishonin de ‘estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra’, a partir da revolução humana de cada pessoa. Agora que estamos seguindo intrepidamente rumo ao centenário da Soka Gakkai, nossa missão é maior que nunca.” Frases marcantes “Tenho uma missão que é só minha. Você também tem uma, a missão que só você pode cumprir.” “Fé é a suprema fonte de esperança que nos habilita a encontrar significado em cada situação e evidenciar a sabedoria e a força para dar um passo adiante.” “Jovens! Sobrevivam! Sobrevivam a todo custo. Como promotores da grandiosa evolução global. Façam seu triunfo na história resplandecer. O jovem sol das 8 horas levanta-se hoje também! Levanta-se no ritmo do palpitar do coração dos jovens!” “Quando, uma a uma, as pessoas mudam, a base espiritual da sociedade também muda. Nosso movimento da revolução humana consiste em estabelecer a filosofia de respeito pela dignidade da vida na sociedade mediante ‘uma revolução saudável, pacífica e gradativa delas mesmas [as pessoas]’”. “O Budismo Nichiren é a religião que cultiva pessoas sábias e fortes — pessoas de integridade e de caráter extraordinários. É a religião da revolução humana. Ajudando as pessoas a transformar a vida, a Soka Gakkai desenvolveu uma rede de paz, cultura e educação que se estende pelo mundo todo. Personalidades e personagens budistas citados - Mahatma Gandhi (1869-1948) Foi o grande nome da luta dos indianos pela independência da Índia; - Tiantai; - Shakyamuni; - Monja leiga Myoshin; - Dra. Ela Gandhi - (neta de Mahatma Gandhi); - Tsunesaburo Makiguchi; - Josei Toda. Perguntas-guia para as atividades de estudo Qual o verdadeiro benefício da fé no Budismo Nichiren? Fazendo um retrospecto de sua vida, muitos [membros da SGI] relatam que, ao realizarem a prática com seriedade, conquistaram naturalmente sólidos benefícios, ultrapassando todos os tipos de dificuldades e usufruindo uma condição de vida serena e livre. Qual a base para transformar o destino da humanidade? É propiciar uma transformação interior na vida das pessoas por meio de diálogos. Quando, uma a uma, as pessoas mudam, a base espiritual da sociedade também muda. Nosso movimento da revolução humana, consiste em estabelecer a filosofia de respeito à dignidade da vida na sociedade mediante “uma revolução saudável, pacífica e gradativa, desi mesmas”. O que significa “manter fé resoluta”? Expressa a continuidade da fé resoluta até o fim. “Resoluta” significa renovar a determinação a cada dia, desafiar a nós mesmos a cada dia e avançar, crescer e triunfar a cada dia. Qual o nosso objetivo rumo ao centenário da Soka Gakkai? Nosso objetivo é concretizar o ideal de Nichiren Daishonin de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”, a partir da revolução humana de cada pessoa. Agora que estamos seguindo intrepidamente rumo ao centenário da Soka Gakkai, nossa missão é maior que nunca. No topo: Desabrochar das flores de lótus no Centro Cultural Campestre da BSGI (Itapevi, SP, jan. 2024) Foto: BS Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Song of Youth [Ode à Juventude]. Songs from My Heart: Poems of Life and Nature [Cânticos do Meu Coração: Poemas sobre a Vida e a Natureza]. Tradução: Burton Watson. Londres: I. B. Tauris, 2015. p. 5. 2. Ibidem, p. 11. 3. GANDHI, Mahatma. The Collected Works of Mahatma Gandhi [Coletânea de Obras de Mahatma Gandhi]. Nova Délhi: Departamento de Publicações do Ministério da Informação e Radiodifusão, Governo da Índia, 1992, v. 10, p. 27, novembro de 1909-Março de 1911. 4. Nichiren Daishonin escreveu essa carta no quinto mês de 1280, em resposta aos sinceros oferecimentos que recebeu da monja leiga Myoshin. Além de compartilhar lembranças do falecido marido dela, Daishonin explica que a Lei Mística é a semente para atingir o estado de buda e, como fonte de todos os benefícios, também é descrito como a “joia da realização dos desejos”. 5. Tiantai (538–597): Também conhecido como Zhiyi, Tiantai Zhizhe, grande mestre Tiantai e grande mestre Zhizhe. Fundador da escola Tiantai na China. Suas preleções foram compiladas em obras como Profundo Significado do Sutra do Lótus, Palavras e Frases do Sutra do Lótus e Grande Concentração e Discernimento. 6. Fonte desconhecida. 7. “Trinta e dois aspectos e oitenta características”: Aspectos físicos extraordinários atribuídos aos budas e bodisatvas. Na maioria dos casos, o termo se refere às qualidades distintas de um buda. 8. “Joia da realização dos desejos”: Joia que tem o poder de satisfazer qualquer desejo, e que simboliza a grandiosidade e a virtude do Buda e das escrituras budistas. 9. Daishonin escreve: “Sua fé, que se fortalece cada vez mais, é admirável, de fato admirável!” (WND, v. II, p. 877). 10. Exílio em Sado: Exílio de Nichiren Daishonin na Ilha de Sado, na costa centro-oeste do Japão, entre o décimo mês de 1271 e o terceiro mês de 1274. Depois da tentativa fracassada de executá-lo em Tatsunokuchi, as autoridades o condenaram no mês seguinte ao exílio na Ilha de Sado, o que equivalia a uma sentença de morte. No entanto, quando as previsões de Nichiren Daishonin sobre conflitos internos e invasão estrangeira se concretizaram, o governo emitiu um indulto no terceiro mês de 1274, e ele retornou a Kamakura. 11. Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente: Dois volumes de preleções que Nichiren Daishonin proferiu sobre algumas das principais passagens do Sutra do Lótus enquanto residia no Monte Minobu. Foram registradas por Nikko Shonin. 12. Paramita: Práticas que os bodisatvas do Mahayana devem realizar para alcançar a iluminação. De modo geral, o termo paramita é interpretado como “perfeição” ou “ter alcançado a margem oposta”, ou seja, ir da margem da ilusão para a margem da iluminação. São comumente divididos em seis ou dez paramita. 13. “Verdadeiro aspecto de todos os fenômenos”: A verdade última ou a realidade que permeiam todos os fenômenos e que não são de modo algum separados deles. Pela explicação dos “dez fatores”, o capítulo 2, “Meios Apropriados”, do Sutra do Lótus, ensina que todas as pessoas são dotadas do potencial para se tornar budas e esclarece a verdade de que todos podem despertar e manifestar esse potencial. 14. Iluminação perfeita constitui o último e mais alto estágio de cinquenta e dois estágios da prática do bodisatva, ou estado de buda. É o estágio na qual se erradica a ignorância fundamental da escuridão. 15. Iluminação das pessoas dos dois veículos: Na primeira metade do Sutra do Lótus, as pessoas dos dois veículos — ouvintes da voz e aqueles que despertaram para a causa — recebem a profecia do buda Shakyamuni de que atingirão o estado de buda em eras futuras. Essa profecia refuta a visão dos ensinamentos do Mahayana provisório, que negavam às pessoas dos dois veículos a possibilidade de atingir o estado de buda, por elas buscarem apenas a salvação própria e não se empenharem para salvar os outros. O Sutra do Lótus afirma que elas praticarão o caminho do bodisatva e atingirão o estado de buda. 16. “Simultaneidade de causa e efeito” (inga guji): Princípio de que tanto a causa como o efeito existe juntos, simultaneamente, num simples momento da vida. “Causa”, nesse contexto, refere-se à prática para atingir o estado de buda, e “efeito”, à consecução do estado de buda. A “simultaneidade de causa e efeito” significa que tanto os nove mundos — do inferno ao bodisatva — e o mundo dos budas são inerentes à vida. 17. No capítulo 16, “A Extensão da Vida”, do Sutra do Lótus, o mundo em que vivemos é descrito como um lugar “onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos” (LSOC, cap. 16, p. 272). Isso significa que o mundo saha, normalmente considerado uma terra de sofrimento, na verdade, é a Terra da Luz Eternamente Tranquila, ou a terra do Buda, onde todos os seres vivos podem experimentar a maior das alegrias. 18. Ilimitada alegria da Lei: A suprema e definitiva felicidade do Buda, o benefício da Lei Mística. Em A Felicidade neste Mundo, Daishonin afirma: “Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar o Nam-myoho-renge-kyo. O sutra diz: ‘...onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos’ [LSOC, cap. 16, p. 272]. A que outro significado essa passagem poderia se referir senão à ilimitada alegria da Lei?” (CEND, v. I, p. 713). 19. IKEDA, Daisaku. Song of Youth, op. cit., p. 11. 20. Com base em uma entrevista veiculada na edição do Seikyo Shimbun de 14 de agosto de 2020. 21. IKEDA, Daisaku. Song of Youth, op. cit., p. 14. 22. Ibidem.

01/03/2024

Estudo

[67] A luta conjunta dos bodisatvas da terra é a fonte de esperança para transformar os Últimos Dias da Lei

Explanação O escritor e poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749–1832) expressou: “Esta Terra é a fonte de todas as minhas alegrias, e este Sol brilha sobre as minhas tristezas”.1 Considerando a Terra como palco, executamos o bailado de nossa missão. Elegendo o Sol como companhia, transmitimos a luz da esperança a todos. É assim que vivemos como membros da Soka Gakkai. O importante é fazermos uso do poder que existe nas profundezas do nosso ser e continuarmos seguindo em frente com sagacidade e força. Neste exato momento, o mundo inteiro está diante de uma grande crise em virtude da pandemia sem precedentes da Covid-19. No entanto, mesmo a peste negra, epidemia que assolou a Europa no século 14, uma vez superada, acarretou a Renascença, grande revitalização e renascimento cultural. Assim é a história da humanidade — respondendo a cada crise com coragem e sabedoria, elevando-se a novas alturas. Acredito firmemente que, não importando quão profunda seja a escuridão, o Budismo do Sol iluminará a humanidade com sua luz resplandecente. Movimento popular unindo o mundo Hoje, os membros da Soka Gakkai atuam em todos os cantos do globo. Eles se empenham confiantes, propagando a filosofia da esperança e da renovação do Budismo Nichiren. De cabeça erguida e a voz entoando alto canções de vitória indômita, avançam a passos largos, assinalando novos progressos em nosso movimento popular sem igual. Nichiren Daishonin com certeza está aplaudindo esta coletividade de pessoas comuns, de bodisatvas da terra, que se encontra em pé de igualdade com a assembleia do Sutra do Lótus. Quão encantados os presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda ficariam se pudessem ver nosso desenvolvimento! Soka Gakkai, organização dedicada a criar “valores humanos” A Soka Gakkai foi fundada em 18 de novembro de 1930. Essa também foi a data da publicação do primeiro volume de Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor], o pináculo de sua filosofia pedagógica compilada com o empenho de seu fiel discípulo, Josei Toda. Naquele dia, o nome Soka Kyoiku Gakkai (literalmente, Sociedade Educacional de Criação de Valor; precursora da Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor]) fez sua estreia pública. As palavras de abertura dessa grande obra, cristalização dos esforços de mestre e discípulo, destacavam: “‘Pedagogia de criação de valor’ constitui um sistema metodológico para cultivar indivíduos capazes de criar valor, que é o propósito da vida”.2 A educação Soka, ou pedagogia de criação de valor, é um sistema para desenvolver pessoas capazes de criar valor. Ela se propõe a elevar e a enriquecer o caráter de cada uma delas para esse fim.3 Como a felicidade reside na criação de valor, a educação Soka se empenha em cultivar pessoas que trabalhem não só pela própria felicidade, como também pela felicidade dos outros. O foco sempre incide no ser humano. Uma vida contributiva, altruística Em Jinsei Chirigaku [Geografia da Vida Humana],4 obra revolucionária de sua juventude, Makiguchi sensei expressou a visão de que a direção futura da humanidade deveria ser a busca daquilo que ele denominava “competição humanitária”. Em contraste com outras formas de competição, segundo explicou, “Os objetivos da competição humanitária não se resumem unicamente a interesse próprio, mas consistem em se esforçar para proteger e aprimorar tanto a própria vida como a dos demais. Em outras palavras, significa escolher caminhos que sirvam e beneficiem os outros e a nós também. Significa engajar-se de modo consciente em uma vida comunitária”.5 Cerca de trinta anos mais tarde, em Sistema Pedagógico de Criação de Valor, Makiguchi sensei discorreu sobre um processo em três etapas, passando de uma vida dependente para uma vida independente e, por fim, para uma vida contributiva.6 A última, vida contributiva, não é outra senão o modo de vida do bodisatva, o espírito da prática altruística ensinada no budismo Mahayana. Durante a Segunda Guerra Mundial, o presidente Makiguchi declarou: “Não existe Buda egoísta que simplesmente acumula benefícios pessoais e não trabalha para o bem-estar dos outros. A menos que efetuemos a prática do bodisatva, não poderemos atingir o estado de buda”.7 Ele proferiu essas palavras um pouco mais de seis meses antes de ser preso, junto com Josei Toda, pelo governo militarista da época da guerra como parte de uma campanha de repressão religiosa. “Chegou a hora de os indivíduos capazes de grande criação de valor, aqueles que incorporam o espírito dos bodisatvas da terra, se apresentarem! — esse foi o objetivo que Makiguchi sensei perseguiu desde a juventude e esclareceu de maneira ainda mais ampla após fundar a Soka Gakkai. Uma coletividade inigualável de bodisatvas no mundo Em 18 de novembro de 1944, Makiguchi sensei morreu numa fria cela de prisão. Por uma misteriosa coincidência, na mesma época, seu discípulo sucessor, Josei Toda, que vinha devotando a vida ao ler o Sutra do Lótus também em cárcere, despertou para sua identidade como bodisatva da terra. “Somos todos bodisatvas da terra que escolheram nascer na era maléfica dos Últimos Dias da Lei, de acordo com nosso juramento pelo kosen-rufu!” Foi graças a essa percepção de Toda sensei que a Soka Gakkai assumiu seu verdadeiro papel como coletividade de “valores humanos” dedicados à prática do bodisatva, desejo de Makiguchi sensei desde a fundação da organização. Além disso, como resultado, conectando-se diretamente a Nichiren Daishonin, “...o único que tomou a iniciativa de conduzir a tarefa confiada aos bodisatvas da terra” (CEND, v. I, p. 404), a Soka Gakkai desenvolveu-se como uma sólida e harmoniosa comunidade de bodisatvas da terra, eternamente devotada a concretizar o kosen-rufu por meio da propagação compassiva da Lei Mística. Nesta edição, iniciaremos estudando uma passagem de Os Cinco Critérios para a Propagação e ratificando que os bodisatvas da terra são especialmente equipados para conduzir as pessoas à iluminação na conturbada era dos Últimos Dias da Lei. Trecho do escrito 1 Os Cinco Critérios para a Propagação Mas os grandes bodisatvas tão numerosos quanto as partículas de pó de mil mundos que emergiram da terra, primeiro, viveram neste mundo saha8 por um período incalculavelmente longo; segundo, eram discípulos do buda Shakyamuni desde o passado muito remoto, quando ele determinou atingir a iluminação pela primeira vez; e, terceiro, esses bodisatvas foram as primeiras pessoas no mundo saha a receber do Buda a semente do estado de buda. Portanto, no que se refere aos laços cármicos do passado que os unem ao mundo saha, eles superam os outros grandes bodisatvas.9 (WND, v. II, p. 550) A missão de propagar a Lei Mística nos Últimos Dias da Lei Nesse escrito, Nichiren Daishonin explica que a Lei Mística — expressa como os “cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo”10 (WND, v. II, p. 549) — é a Lei essencial para a iluminação de todas as pessoas nos Últimos Dias da Lei e que ninguém, a não ser os bodisatvas da terra, a propagará no mundo saha repleto de sofrimentos. O capítulo 21, “Os Poderes Sobrenaturais d’Aquele que Assim Chega”, do Sutra do Lótus, que descreve a grandiosa cerimônia na qual Shakyamuni confia essa tarefa aos bodisatvas da terra, começa com as seguintes palavras: “Nesse momento, os bodisatvas e mahasatvas,11 que haviam emergido da terra, tão numerosos quanto as partículas de pó de mil mundos (...) (LSOC, cap. 21, p. 314). Logo, os “grandes bodisatvas tão numerosos quanto as partículas de pó de mil mundos que Daishonin menciona nessa carta referem-se aos incontáveis bodisatvas da terra liderados pelo bodisatva Práticas Superiores.12 Ele então apresenta três características que os definem. Primeira, eles fazem deste conturbado mundo saha seu lar. Há muito tempo, eles vêm empreendendo ações com base em seu juramento seigan de que este é o local ao qual estão destinados e o palco onde cumprirão sua missão. Segunda, são os discípulos diretos do Buda desde a iluminação dele no remoto passado. Eles vêm se empenhando constantemente ao lado do Buda naquela que poderíamos denominar de jornada eterna da luta conjunta de mestre e discípulo. Terceira, são os bodisatvas que figuravam entre os primeiros de todos os seres vivos do mundo saha a receber do Buda a semente da iluminação no remoto passado. Por sua vez, eles plantam as sementes do estado de buda13 no coração das pessoas dos Últimos Dias da Lei. Assim, assumir intrepidamente a liderança de propagar a Lei Mística, sem se deixar deter por nenhum obstáculo, é a marca registrada dos bodisatvas da terra. O mundo saha é onde cumprimos nossa missão Essa é a maravilhosa natureza dos “verdadeiros discípulos que o Buda manteve ocultos nas profundezas da terra” (cf. CEND, v. I, p. 489). Os bodisatvas da terra compartilham um forte vínculo com o Buda desde o remoto passado. São bodisatvas ligados por um profundo laço cármico e pela missão que escolheram nascer nos Últimos Dias da Lei. Nichiren Daishonin os descreve como “grandes bodisatvas (...) que haviam sido discípulos d’Aquele que Assim Chega Shakyamuni, desde [que ele atingiu pela primeira vez o estado de buda] kalpa de partículas de pó de incontáveis grandes sistemas de mundos no passado. Esses grandes bodisatvas não se esqueceram do Buda por um instante sequer” (Ibidem, p. 434). No Sutra do Lótus, os habitantes do mundo saha são considerados possuidores de capacidade inferior para compreender a Lei e descritos como “dados à corrupção e ao mal, acometidos de extrema arrogância, superficiais em benesses, irascíveis, confusos, aduladores e desonestos, e o coração deles não é sincero” (LSOC, cap. 13, p. 230). No entanto, é neste mundo intensamente desafiador que os bodisatvas da terra surgem com seu juramento de propagar a Lei Mística. O vicejar de lindas “flores humanas” emergidas da terra nos cinco continentes Os bodisatvas da terra são firmes em sua determinação e não têm medo. São pacientes e perseverantes, e invencíveis diante de quaisquer adversidades. Empenham-se corajosamente no diálogo, jamais se deixando intimidar por ninguém. E assim como o lótus crescendo num lago lamacento produz flores puras e imaculadas, eles praticam resolutamente o caminho do bodisatva em meio ao lamaçal e atoleiro deste mundo problemático. É exatamente dessa forma que nossos membros vêm propagando a Lei Mística. A Soka Gakkai é uma coletividade de bodisatvas da terra que entraram em ação, fazendo deste mundo saha o palco de seus esforços. Eles surgiram em todas as partes do globo. Toda sensei estava convicto de que havia chegado o tempo para os bodisatvas emergirem e começarem a trabalhar na concretização do kosen-rufu de comprovação,14 e clamou aos membros com calorosa intimidade: “Meus queridos amigos, bodisatvas da terra, vamos assumir o desafio!”. Referindo-se ao magnífico espetáculo de incalculáveis bodisatvas da terra surgindo na assembleia do Sutra do Lótus, Daishonin escreve que eles “Reuniram-se no ar como uma grande concentração de estrelas” (CEND, v. I, p. 361). Em outras palavras, assemelham-se a deslumbrantes constelações cobrindo o céu noturno, cada estrela resplandecendo com a própria nobreza e brilho. No Sutra do Lótus, encontramos outra belíssima metáfora — a das “flores humanas” (LSOC, cap. 5, p. 142). Assim como miríades de flores desabrocham em esplêndida profusão quando recebem uma chuva revitalizadora, nós também podemos florescer brilhantemente quando nutridos pela “chuva do Darma” do ensinamento do Buda (cf. LSOC, cap. 5, p. 140). Podemos dar plena expressão às nossas qualidades singulares, tão diversas como as flores de “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro” (cf. OTT, p. 200), e produzir abundantes frutos de paz, cultura e educação na sociedade. Hoje, à semelhança das estrelas e do Sol, nossos membros estão propagando a luz da esperança em sua respectiva comunidade e no mundo. Eles desabrocham, com toda a beleza, como “flores humanas”, nobres bodisatvas da terra, nos cinco continentes. Esse é realmente um jubiloso motivo de celebração sem precedentes na história do budismo. Superar o egoísmo é o tema da civilização Um dos temas que o respeitado historiador britânico Arnold J. Toynbee (1889–1975) e eu discutimos em nosso diálogo foi como os seres humanos podem superar o egoísmo. O Dr. Toynbee observou que o “altruísmo, em contraste com o egoísmo, é um tour de force”.15 Ou seja, requer grande esforço, força e engenhosidade. Concordo plenamente com a análise dele. Falei-lhe sobre a condição de vida do bodisatva, que todos nós possuímos inerentemente, descrevendo-a como “o estado de altruísmo — a alegria de ajudar os outros”.16 Como constata Nichiren Daishonin: “Ao acender uma tocha para os outros, a pessoa iluminará o próprio caminho” (WND, v. II, p. 1060). Quando fazemos algo pelos outros, também beneficiamos a nós mesmos; iluminamos tanto o nosso futuro como o dos demais. Beneficiar os outros resulta em beneficiar a nós próprios. Quando nós, praticantes do Budismo Nichiren, oramos e agimos pela felicidade dos outros, expandimos nossa condição de vida e realizamos nossa revolução humana junto com eles. Empenhar-se na prática do bodisatva, portanto, é uma fonte de inigualável felicidade. Cria uma reação em cadeia de alegria. Como afirma Daishonin: “Alegria” significa que tanto a própria pessoa como as outras, juntas, experimentam alegria (...). Tanto a própria pessoa como as outras sentirão a alegria de possuir sabedoria e compaixão” (OTT, p. 146). Essa é a prática essencial do Sutra do Lótus e do budismo Mahayana. Em 1951, ano em que se tornou segundo presidente da Soka Gakkai, Toda sensei escreveu: “Tendo encontrado este auspicioso tempo [o tempo para o kosen-rufu], nós, da Soka Gakkai, firmamos um grande juramento de devoção sem poupar a própria vida e nos levantamos com uma poderosa convicção de que devemos nos engajar num esforço monumental para promover o grande movimento de shakubuku. Quão afortunados somos por avançarmos nesse caminho que conduz ao estado de buda e nos permite degustar a alegria de viver!”.17 De fato, a Soka Gakkai surgiu em consonância com o grande juramento dos bodisatvas da terra. É o mundo dos budas que persistiram em praticar a essência do budismo Mahayana, que consiste em concretizar a felicidade para si e para os outros. Trecho do escrito 2 Wulong e Yilong O sutra [do Lótus, capítulo 2, “Meios Apropriados”] afirma: “Se houver quem ouça a Lei, então, ninguém deixará de atingir o estado de buda” [LSOC, cap. 2, p. 75]. O significado dessa passagem é: se houver cem ou mil pessoas que mantenham este sutra, todas elas, sem exceção, irão se tornar budas.18 (CEND, v. II, p. 366) “Ninguém deixará de atingir o estado de buda” Esse trecho pertence a uma carta, intitulada Wulong e Yilong, endereçada à monja leiga Ueno, mãe de Nanjo Tokimitsu. Nela, Daishonin cita uma passagem do capítulo “Meios Apropriados”, do Sutra do Lótus: “Se houver quem ouça a Lei, então, ninguém deixará de atingir o estado de buda” (LSOC, cap. 2, p. 75). Essas palavras são uma poderosa expressão do juramento seigan original do Buda de habilitar todos os seres vivos a atingir o estado de buda. Daishonin também as menciona como importante prova documental que ratifica que o Sutra do Lótus é o grande ensinamento da iluminação universal. A monja leiga Ueno estava em profundo luto pela morte repentina do seu amado filho caçula. Nesta e em várias outras cartas, Daishonin cita essa mesma passagem do Sutra do Lótus para incentivá-la. Ele também compartilha essas palavras em uma carta enviada à monja leiga Myoichi, que perseverou na prática budista ao longo do período de opressão aos seguidores de Daishonin e da perda do seu marido. Essas palavras aparecem imediatamente após ele encorajá-la com a famosa citação “O inverno nunca falha em se tornar primavera” (CEND, v. I, p. 560).19 Nichiren Daishonin faz menção a essa passagem, mais uma vez, em uma carta à monja leiga Sennichi depois da morte do marido dela, assegurando-lhe que todas “As pessoas que ouvem o sutra, sem uma única exceção, atingirão o estado de buda” (Ibidem, v. II, p. 310). “Ninguém deixará de atingir o estado de buda” — esse foco na felicidade de cada indivíduo compõe o âmago do Sutra do Lótus. O fato de Daishonin oferecer essas palavras a muitas de suas discípulas que enfrentavam adversidades ilustra sua profunda compaixão e determinação de levantar o ânimo delas e impedir que se tornassem infelizes. A vida de cada pessoa é diferente, assim como seus problemas são distintos. Hoje, nossos membros em todo o mundo personificam esse espírito compassivo de, calorosamente, apoiar e demonstrar empatia por aqueles que estão sofrendo e guiá-los à felicidade genuína. Oramos pela felicidade de cada pessoa, encorajando-a e entrando em ação para ajudá-la, enquanto lidamos com nossas próprias dificuldades e tempestades do destino. Por essa razão, a Soka Gakkai foi capaz de edificar um lindo, alegre e harmonioso reino do humanismo budista que poderia ser descrito como um milagre — um reino imbuído do espírito compassivo do Buda. Criar um mundo que valorize cada pessoa A Soka Gakkai consolidou vasta rede popular abrangendo 192 países e territórios e se tornou um movimento religioso mundial. Isso, sem dúvida, se deve à grandiosidade do Budismo Nichiren e ao poderoso benefício do Gohonzon. Mas também é porque valorizamos cada pessoa. Em vez de pensar na humanidade de forma abstrata, encorajamos e estendemos a mão a indivíduos reais, diante dos nossos olhos, que sofrem ou enfrentam adversidades. Alguns deles também se somam a nós na recitação do Nam-myoho-renge-kyo e no empreendimento de ações em prol da felicidade de outras pessoas que fazem parte da vida deles. Nossa rede mundial de bodisatvas da terra foi construída por meio desses incentivos individuais sinceros e consistentes de pessoa a pessoa. Na juventude, eu me tornei discípulo de Toda sensei e recebi dele uma quantidade incrível de incentivos e treinamento pessoal. Em contrapartida, dei tudo de mim para apoiar e encorajar aqueles que encontrei, não importando qual fosse a ocasião ou a circunstância. O budismo — e o Sutra do Lótus, em particular — ensina que todas as pessoas possuem a supremamente nobre natureza de buda e que qualquer uma pode fazê-la brilhar. A vida de cada pessoa é uma torre de tesouro infinitamente preciosa e digna de respeito. Não há uma única pessoa desprovida de dignidade. Em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Nichiren Daishonin expressa: “A Torre de Tesouro não é outra senão todos os seres vivos, e todos os seres vivos nada mais são que a entidade completa do Nam-myoho-renge-kyo” (OTT, p. 230). Despertem para a dignidade inerente à sua vida! Unidos aos companheiros do mundo inteiro, continuem expandindo nossa rede de pessoas que se empenham para revelar seu verdadeiro e mais elevado potencial e para fazer brilhar a dignidade de toda a humanidade!” Essa é a grande odisseia do kosen-rufu, da luta para concretizar o objetivo da iluminação universal. Banir a ignorância fundamental com a “espada afiada” da fé Esse ensinamento de Nichiren Daishonin tem ressonância com o conceito de dignidade que compõe o âmago do princípio dos direitos humanos. A Dra. Donna Hicks, associada do Weatherhead Center for International Affairs (Centro Weatherhead para Assuntos Internacionais), na Universidade Harvard, é uma forte defensora desse princípio. É uma amiga de longa data da Soka Gakkai por meio de sua ligação com Centro Ikeda para a Paz, a Aprendizagem e o Diálogo, em Boston. Em recente entrevista publicada no jornal diário da Soka Gakkai, Seikyo Shimbun, a Dra. Hicks disse: Aprender e falar sobre dignidade nos conduz a um plano mais elevado — alcançamos um nível de consciência mais amplo que aquele em que nos encontrávamos antes. E se você estiver nesse plano mais elevado, enxergará valor em si, nos outros e no mundo à sua volta. Vivenciar essas interconexões significa valer-se de uma preciosa força que poderia eliminar sofrimentos e evitar que os seres humanos brigassem e ferissem uns aos outros. A dignidade desempenha papel essencial na edificação de um mundo pacífico (...). O budismo simplificou da maneira mais bela possível a ideia de revelar nossa natureza humana, revelar nosso profundo valor inerente.20 Bodisatvas da terra são indivíduos de ação que incorporam o espírito do Sutra do Lótus de respeito pelas pessoas. São corajosos heróis que empunham a “espada afiada” da fé21 para aniquilar a ignorância fundamental22 inerente à vida, origem da descrença profundamente arraigada. Combatendo essa natureza maligna inata que causa tanta miséria e infortúnio, eles ensejam o alvorecer da celebração da humanidade e da própria vida e afastam a escuridão de todas as formas de sofrimento. Essa é a missão da Soka Gakkai. Também é por isso que tantas pessoas no mundo todo depositam grande esperança em nosso movimento. Chegou a época em que um número cada vez maior de bodisatvas da terra propaga dinamicamente a luz da esperança em escala global. Junto com os companheiros do remoto passado Certa vez, ofereci este poema aos meus nobres companheiros, bodisatvas da terra: Que cada um de vocês, sem exceção, adorne a vida nesta existência com a felicidade. Mestres e discípulos Soka, convocados por profundos laços místicos, agora se reuniram aqui. Transmitindo a chama da nossa nobre missão para uma pessoa e, então, para outra, prossigamos expandindo nossa grande rede de bodisatvas da terra. O 100º aniversário da Soka Gakkai em 2030 já se encontra à vista. Este mês, em que comemoramos nosso 90º aniversário, assinala o início daquela que será uma década crucial para assegurarmos a base do kosen-rufu mundial como poderosa força para a paz. Mantendo ardentemente o grande juramento seigan dos bodisatvas da terra, continuem seguindo em frente alegremente na jornada da felicidade e da vitória, na jornada da revolução humana e na jornada a luta conjunta de mestre e discípulo — juntos, comigo e com todos os nossos companheiros do remoto passado! (Daibyakurenge, edição de novembro de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Foto registrada por Ikeda sensei da janela do carro quando retornava de Osaka em direção a Tóquio após concluir a 258a visita a Kansai. Enquanto o conjunto habitacional à frente é envolto pelo crepúsculo, as nuvens no céu e no topo do Monte Fuji são tingidas na cor rosa do pôr do sol (Shizuoka, nov. 2007) Foto: Seikyo Press Notas: 1. GOETHE, Johann Wolfgang von. Faust I & II [Fausto I e II]. Tradução: Stuart Atkins (ed.). Goethe’s Collected Works [Coletânea do Obras de Goethe]. v. 2. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1984. p. 43. 2. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. In: Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 5. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1982. p. 13. 3. Ibidem. 4. Tsunesaburo Makiguchi publicou essa obra em outubro de 1903, aos 32 anos. Em contraste com os estudos geográficos tradicionais, reflete as conexões entre o ambiente local e o natural e a vida humana, postulando a existência de uma rica relação de simbiose entre a natureza e os seres humanos. 5. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Jinsei Chirigaku [Geografia da Vida Humana]. In: Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 2. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1996. p. 399. 6. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. In: Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 5. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1982. p. 185. 7. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 10. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 151. Discurso proferido na quinta convenção da Soka Kyoiku Gakkai em 22 de novembro de 1942. 8. Mundo saha: Este mundo, o mundo dos seres humanos, marcado por sofrimentos. Em sânscrito, saha significa “terra”; deriva-se do radical “suportar” ou “resistir”. Por essa razão, nas versões chinesas dos textos budistas, a palavra saha é traduzida como “resistência”. Nesse contexto, o mundo saha indica um lugar no qual as pessoas devem resistir a todos os tipos de sofrimento. 9. Datada de décimo dia do terceiro mês de 1275, essa carta foi endereçada a dois discípulos: Soya Kyoshin e Ota Jomyo. Nela, Daishonin discute a propagação do budismo da Índia para China e para o Japão. Ele aplica o princípio dos cinco critérios para propagação para demonstrar que a Lei, ou o ensinamento supremo a ser disseminado nos Últimos Dias, é a Lei Mística (ou os cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo), que o Buda confiou aos bodisatvas da terra no Sutra do Lótus. 10. Myoho-renge-kyo é escrito com cinco ideogramas chineses, e Nam-myoho-renge-kyo, com sete (nam, ou namu, compreendendo dois ideogramas). Daishonin muitas vezes emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus escritos. 11. Mahasatva: Um “grande ser”, outra designação para bodisatva. 12. Bodisatva Práticas Superiores é o líder dos bodisatvas da terra, os inumeráveis bodisatvas descritos no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, aos quais Shakyamuni confia a missão de propagar a Lei nos Últimos Dias da Lei. Além disso, ele é um dos quatro grandes bodisatvas, junto com Práticas Ilimitadas, Práticas Puras e Práticas Consolidadas. 13. Plantar as sementes do estado de buda: A primeira das três frases sobre semeadura, amadurecimento e colheita, processo pelo qual um buda conduz as pessoas à iluminação, comparado ao crescimento e desenvolvimento de uma planta. Na frase sobre semeadura, o Buda planta as sementes da iluminação no coração das pessoas. O Budismo Nichiren é o budismo da semeadura, concentrando o foco na prática da semeadura, ensinando o princípio fundamental da semente da iluminação ou estado de buda, levando a pessoa a ter fé nele e, então, cultivando essa semente. 14. Kosen-rufu de comprovação: Isso se refere a propagar o ensinamento do Nam-myoho-renge-kyo de Nichiren Daishonin na sociedade. Em outras palavras, consiste em estabelecer a felicidade, a paz e a segurança no mundo real com base na Lei Mística mediante o ato de cada indivíduo levar a cabo sua missão pessoal como bodisatva da terra. 15. TOYNBEE, Arnold J.; IKEDA, Daisaku. Escolha a Vida. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 420. 16. Ibidem, p. 386-387. 17. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 3. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1991. p. 128. 18. Essa carta foi escrita em Minobu, no décimo quinto dia do décimo primeiro mês de 1281, e endereçada à monja leiga de Ueno. 19. Em O Inverno Nunca Falha em se Tornar Primavera, Daishonin escreve: “Aqueles que creem no Sutra do Lótus parecem viver no inverno, mas o inverno nunca falha em se tornar primavera. Desde os tempos antigos, nunca alguém viu ou ouviu dizer que o inverno tenha se convertido em outono ou que uma pessoa que tem fé no Sutra do Lótus tenha se tornado uma pessoa comum. No sutra consta: ‘Se houver quem ouça a Lei, então ninguém deixará de atingir o estado de buda’ [LSOC, cap. 2, p. 75]” (CEND, v. I, p. 560). 20. Artigo do Seikyo Shimbun, de 25 de agosto de 2020. A tradução tem como base a transcrição da entrevista original. 21. Em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Daishonin afirma: “A palavra ‘fé’ é a espada afiada com a qual se enfrenta e vence a escuridão ou a ignorância” (OTT, p. 119-120). 22. Escuridão fundamental ou ignorância fundamental: Ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que dá origem a todas as demais ilusões e desejos mundanos. É a incapacidade de ver ou reconhecer a verdade suprema da Lei Mística, bem como os impulsos negativos que decorrem dessa ignorância.

01/02/2024

Reflexões Sobre a NRH

[109] A história da Perseguição de Atsuhara (Parte 2)

“Se mestre e discípulo possuem pensamentos diferentes, jamais conseguirão realizar algo.”1 Durante a Perseguição de Atsuhara, Nikko Shonin enviou relatórios detalhados sobre o desenrolar dos acontecimentos a Nichiren Daishonin, que, na ocasião, se encontrava no Monte Minobu, e recebeu dele orientações e instruções práticas. Nikko Shonin enfrentou essa perseguição em total união com seu mestre, Daishonin. Em 1278, Gyochi, assistente do reverendo prior do templo Ryusen-ji, na vila de Atsuhara, e seus aliados falsificaram uma diretiva do governo, declarando ilegal a prática do Sutra do Lótus, numa tentativa ardilosa de impedir a propagação dos ensinamentos do budismo. Daishonin declarou que nem sequer precisava ler a diretiva para perceber que era falsa. E, como previsto, em pouco tempo, revelou-se que era uma invenção. Os conspiradores, entretanto, persistiram com suas trapaças. Eles planejaram destruir a união entre os adeptos de Daishonin, semeando a dúvida e a discórdia entre aqueles que nutriam hostilidade e inveja em relação aos seguidores, e astutamente os persuadiram a abandonar a fé e a trair seus companheiros. Seguidores como Ota Tikamasa e Nagasaki Tokitsuna [que abandonaram a fé durante a Perseguição de Atsuhara] guardavam rancor contra Takahashi Rokuro Hyoe, figura-chave entre os seguidores na área de Fuji. Sammi-bo [outro seguidor que abandonou a fé durante essa perseguição] tinha inveja de Nikko Shonin. Por ser veterano dele e por ter estudado no Monte Hiei [onde estava localizado o templo principal da escola Tendai, importante centro budista daqueles dias], ele era muito arrogante e vangloriava-se de seu limitado conhecimento. Sammi-bo não demonstrava nenhum entusiasmo em trabalhar com as pessoas. Apesar de Daishonin tê-lo enviado para a área de Fuji, ele se recusou a servir o novato, Nikko Shonin. Os praticantes podem claramente ser divididos em duas categorias: aqueles que colocam o budismo acima de tudo e os que colocam a si próprios em primeiro lugar. Em todas as épocas, encontramos aqueles que abandonam a fé colocando seus sentimentos e interesses acima do ensinamento budista. Agindo assim, esses indivíduos abrem uma brecha para que as funções da maldade invadam seu coração e sua mente. Daishonin percebia a natureza vil desses indivíduos, descrevendo-os como “covardes, irracionais, gananciosos e incrédulos”.2 Uns após os outros, esses traidores e ingratos, que apareceram entre os seguidores de Daishonin, morreram prematuramente — vários deles foram atirados de seus cavalos. No Gosho, Nichiren Daishonin declara que o destino desses indivíduos era de “punição por sua traição ao Sutra do Lótus”, a qual ele a identifica tanto uma “punição perceptível como individual”.3 Conforme muitos de vocês devem saber, aqueles que abandonam a fé e se esquecem da gratidão em relação à Soka Gakkai — organização que atua em exato acordo com o desejo e a ordem do Buda — encontram o fim mais lamentável. Vinte e um de setembro de 1279 — Gyochi escolheu esse dia porque sabia que muitos camponeses de Atsuhara, seguidores de Nichiren Daishonin, estavam reunidos para ajudar na colheita de arroz nos campos pertencentes a Nisshu (um dos sacerdotes do templo Ryusen-ji, que havia se convertido ao budismo por meio dos esforços de propagação de Nikko Shonin). Gyochi reuniu um grande número de homens, incluindo oficiais do gabinete administrativo do feudo Shimogata, e lançou um ataque surpresa quando todos estavam em plena colheita. Vinte camponeses seguidores de Daishonin foram presos injustamente no gabinete administrativo local. Além disso, ele também preparou uma lista com falsas acusações e a apresentou ao governo militar. E acusou Nisshu de liderar um grupo armado de camponeses, num ataque aos alojamentos dos reverendos priores no templo Ryusen-ji, e de roubar arroz dos campos pertencentes ao templo. Essas acusações não passavam de “um processo forjado designado a ocultar suas próprias ofensas”.4 Instaurar um processo judicial fraudulento contra inocentes a fim de encobrir os próprios crimes constitui um “abuso do direito de mover uma ação judicial”. Os planos malévolos contra a Soka Gakkai em anos recentes seguem esse exemplo. Assim que soube do teor do processo instaurado por Gyochi, Nikko Shonin rascunhou uma carta de petição para as autoridades e a enviou a Nichiren Daishonin. A carta de Nikko Shonin explicava claramente o que havia acontecido e revelava as ações perversas de Gyochi e seus cúmplices. Daishonin acrescentou à primeira metade da petição o fato de que as predições do seu tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra haviam se concretizado, junto com a refutação dos ensinamentos errôneos de Gyochi e de outros clérigos de Ryusen-ji. Com a primeira metade escrita por Nichiren Daishonin e a segunda por Nikko Shonin, esse documento, intitulado Ryusen-ji Moshijo [Petição de Ryusen-ji],5 era uma clara evidência da luta compartilhada por mestre e discípulo. Os vinte camponeses detidos foram imediatamente enviados para Kamakura, sede do governo militar, onde foram submetidos a um interrogatório pelo poderoso Hei no Saemon, subchefe do Posto de Comando Militar. Nenhum deles sucumbiu ao interrogatório desumano ao qual foram submetidos, e nenhum deles cedeu às ameaças, à intimidação e à tortura das autoridades. Por fim, Jinshiro e seus dois irmãos [Yagoro e Yarokuro] — os Três Mártires — deram a vida por sua crença. Esse foi um momento de profundo significado na história dos direitos humanos que jamais poderá ser apagado. Eles morreram como verdadeiros heróis. Como consta no Gosho A Prática dos Ensinamentos do Buda, mesmo que tenhamos de ser decapitados: Shakyamuni, Muitos Tesouros e os budas das dez direções virão imediatamente ao nosso encontro. (...) e as divindades celestiais e as divindades benevolentes erguerão um dossel sobre nossa cabeça e desfraldarão estandartes, elevando-os bem alto. Eles nos conduzirão em segurança até a preciosa Terra da Luz Tranquila.6 Certa ocasião, perguntei ao meu mestre e segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, sobre a morte dos Três Mártires de Atsuhara. Sua resposta foi clara e inequívoca: “Mesmo que sejamos mortos, se nossa morte foi em prol da Lei Mística, então atingiremos infalivelmente o estado de buda. Será como se estivéssemos tendo um sonho breve após nos deitar para dormir, e então caímos num sono profundo e tranquilo”. Não importa a forma como aqueles que dedicam a vida ao kosen-rufu venham a morrer, jamais será uma morte miserável ou infeliz. Conta-se também que, entre os camponeses presos, havia uma mulher, a qual declarou bravamente: “Não se neguem a executar-me só porque sou mulher. Matem-me agora!”. Assim que soube da morte dos Três Mártires, Nichiren Daishonin escreveu a carta Resposta aos Veneráveis (Shonin-to Gohenji), na qual ele clama aos seus seguidores: “Vocês não devem se amedrontar. Tenho certeza de que, se continuarem avançando firmemente, tudo será esclarecido”.7 Essa declaração foi seu rugido de leão. Nanjo Tokimitsu, jovem administrador da região de apenas 20 e poucos anos e um dos seguidores de Nichiren Daishonin, executou essa injunção à carta, unindo-se bravamente na luta por seus companheiros. Ele se tornou alvo da opressão do governo por defender e dar cobertura aos seguidores na região de Atsuhara. Porém, mesmo na pior das circunstâncias, defendeu resolutamente Daishonin e liderou o contra-ataque às autoridades pela causa da justiça. O fato de os seguidores locais terem emergido triunfantes da Perseguição de Atsuhara deveu-se aos esforços intrépidos e tenazes desse jovem que dedicou a vida ao caminho de mestre e discípulo. Durante a Perseguição de Atsuhara, Nichiren Daishonin observou: “No passado e na era atual dos Últimos Dias da Lei, os governantes, os altos ministros e as pessoas que desprezaram os devotos do Sutra do Lótus pareceram estar livres de punição no início, mas, no fim, todos se condenarão à queda”.8 Catorze anos depois, em abril de 1293, sob ordem do governo, guardas cercaram a residência de Hei no Saemon e a incendiaram. O próprio filho mais velho, Munetsuna, tinha denunciado secretamente o pai de conspirar contra o governo. Cercado pelas chamas e pelos guardas, Hei no Saemon não teve outra escolha senão tirar a própria vida, atormentado pela agonia do inferno de incessante sofrimento, na mesma casa onde havia torturado e matado os Três Mártires de Atsuhara. Ao seu lado estava o segundo filho, Sukemune, que havia torturado os camponeses de Atsuhara, alvejando-os com flechas com pontas cegas. Todos os membros da família, outrora tão ilustres e poderosos, pereceram nas chamas. O filho mais velho, que havia traído o pai, foi exilado na Ilha de Sado, e a linhagem de Hei no Saemon foi completamente extinta. O 26o sumo prelado Nichikan Shonin registrou em seu Comentário sobre “A Seleção do Tempo”: “A causa remota [da extinção de Hei no Saemon e sua família] é a ofensa de ter atacado Nichiren Daishonin, enquanto a causa próxima é a ofensa da execução dos Três Mártires na Perseguição de Atsuhara”.9 Em um dos versos da canção da Soka Gakkai Os Três Mártires de Atsuhara consta: Jinshiro, partindo de uma vida para a próxima, Como cerejeiras em flor dispersas pela brisa, Tornou-se célebre como um exemplo de devoção ao kosen-rufu — Como é nobre a vida Deste honrado mártir de Atsuhara. O fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, morreu na prisão com o mesmo espírito dos Três Mártires de Atsuhara. Toda sensei e eu também sustentamos esse espírito. Seguindo os passos do meu mestre, suportei todas as formas de perseguição. Lutar em meio às perseguições e dar a própria vida pela causa que defendemos é nossa fonte de maior orgulho. Os obstáculos conduzem à iluminação. A “devoção abnegada pela propagação da Lei Mística” para a realização do kosen-rufu mundial é a honra eterna dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai [Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda]. No topo: Tsunesaburo Makiguchi (na foto, sentado) e Josei Toda (em pé) publicaram o livro Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor], em 18 de novembro de 1930. A data desse lançamento é considerada o dia da fundação da Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor], que mais tarde se tornou Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor] Foto: Seikyo Press Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 173, 2017. 2. Ibidem, p. 264. 3. Ibidem, p. 263. 4. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 850. 5. Ibidem, p. 849-853. 6. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 415, 2020. 7. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. v. II, p. 831. 8. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 263, 2017. 9. Nichikan Shonin Mondanshu (Comentários de Nichikan Shonin). Tóquio, Seikyo Shimbunsha, 1980. p. 306.

08/01/2024

Estudo

[66] A jornada de mestre e discípulo em prol do kosen-rufu mundial — consolidando a rede global para a paz

Explanação “O que constrói a nova era é a força e a paixão dos jovens.”1 Essas palavras expressam a confiança total que meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, depositava nos jovens. Há sessenta anos, em 2 de outubro de 1960, dei início à odisseia em prol do kosen-rufu mundial como jovem discípulo de Toda sensei, transbordando a força e a paixão herdadas diretamente dele. Como eu tinha me tornado terceiro presidente da Soka Gakkai havia apenas cinco meses, muitos ponderavam se era cedo demais para eu viajar para o exterior. No entanto, a fim de tornar realidade a concepção de kosen-rufu mundial que meu mestre me confiara, seria vital promovermos o avanço do nosso movimento de modo simultâneo no Japão e no mundo. Parti em minha jornada com essa convicção e uma fotografia de Toda sensei guardada no bolso interno do meu paletó. Dialogando sempre com o mestre no meu coração Naquela primeira visita às Américas do Norte e do Sul, fundei vários distritos e comunidades e um distrito geral. Estava determinado a criar em cada continente uma organização para o kosen-rufu firmemente alicerçada no caminho Soka da relação direta entre mestre e discípulo. Mantendo sempre um diálogo com Toda sensei no meu coração, dei continuidade à minha jornada, um passo seguido de outro, visando assentar a base para o desenvolvimento do kosen-rufu mundial. Jovens emergidos da terra são o sol da esperança Hoje, seis décadas depois, abraçando esse mesmo espírito, bodisatvas da terra do mundo inteiro estão avançando a passos largos com renovado vigor, promovendo o kosen-rufu como sucessores do nosso movimento. Apesar dos desafios impostos pela pandemia global da Covid-19, eles entraram em ação, em consonância com seu juramento do tempo sem início. Esses bodisatvas da terra se levantaram para concretizar o ideal de Nichiren Daishonin de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra” (rissho-ankoku), que é, em si, a paz mundial. O futuro será radiante contanto que os jovens cidadãos globais Soka continuem seguindo em frente, juntando força e paixão e, ao mesmo tempo, expandindo os laços de solidariedade. Jovens são resplandecentes sóis da esperança, capazes de romper qualquer adversidade. Neste momento de acelerado crescimento sem precedentes do kosen-rufu mundial, vamos aprender, mais uma vez, sobre o Budismo Nichiren como um ensinamento genuinamente universal pelo bem da humanidade. Examinemos algumas passagens dos escritos de Nichiren Daishonin sobre o espírito de levantar-se só e a indomável rede solidária dos bodisatvas. Trecho do escrito 1 Admoestação a Hachiman2 Nos últimos vinte e oito anos, desde o vigésimo oitavo dia do quarto mês do quinto ano da era Kencho [1253], no signo cíclico mizunoto-ushi, até o presente, décimo segundo mês do terceiro ano da era Koan [1280], no signo cíclico de kanoe-tatsu, eu, Nichiren, não fiz mais nada além de me dedicar exclusivamente a pôr os cinco ou sete ideogramas do Myoho-renge-kyo3 na boca de todos os seres vivos do país Japão. Ao agir assim, demonstrei a compaixão da mãe ao labutar para pôr leite na boca do seu bebê. Além disso, este é o momento exato para tais esforços, pois já entramos no quinto período de quinhentos anos,4 conforme profetizado pelo Buda [em que o Sutra do Lótus seria propagado]. No tempo em que Tiantai e Dengyo5 viveram, o quinto período ainda não tinha começado, mas como um certo número de pessoas já possuía a capacidade necessária [para compreendê-los], aqueles homens propagaram, até certo ponto, [os ensinamentos do Sutra do Lótus.] Mas agora que o quinto período se iniciou, é ainda mais apropriado que tais ensinamentos sejam propagados. Embora haja aqueles que não possuem capacidade para recebê-los contrapondo-se a eles como a água em relação ao fogo, como se poderia deixar de propagá-los [o Sutra do Lótus]? (WND, v. II, p. 931) Aliviar o sofrimento de todas as pessoas Admoestação a Hachiman, assim como A Profecia do Buda, é um escrito que transmite o juramento seigan de Daishonin pelo kosen-rufu mundial e sua convicta declaração a respeito do “retorno do budismo para o oeste”.6 Estudei-o várias vezes com Toda sensei. “O vigésimo oitavo dia do quarto mês do quinto ano da era Kencho no signo cíclico mizunoto-ushi” refere-se à data em que Daishonin proclamou pela primeira vez seu ensinamento, iniciando sua luta para propagar o Nam-myoho-renge-kyo. A asserção “Eu, Nichiren, não fiz mais nada além de” salienta a devoção resoluta pela propagação da Lei Mística de Daishonin. Ao afirmar que se dedicou “exclusivamente para pôr os cinco ou sete ideogramas do Myoho-renge-kyo na boca de todos os seres vivos do país Japão”, ele transmite seu ardente desejo de aliviar o sofrimento de todas as pessoas. E compara esse ato à compaixão da mãe ao prover leite ao filho. O comportamento de Daishonin em realizar shakubuku constitui a expressão de sua grande compaixão, oriunda unicamente do seu desejo de conduzir todos à felicidade. Nesse trecho, Nichiren Daishonin frisa que o tempo apropriado para propagar o Sutra do Lótus chegou. Embora o sutra tenha sido transmitido durante a época dos grandes mestres Tiantai e Dengyo, foi ensinado apenas a um grupo seleto de pessoas com capacidade para compreendê-lo. Nessa carta, porém, Daishonin diz que chegou o momento de tornar o Nam-myoho-renge-kyo [o coração do Sutra do Lótus] acessível a todos — para indivíduos de qualquer capacidade. Trata-se de uma poderosa declaração de que a Lei do Nam-myoho-renge-kyo é o ensinamento fundamental por meio do qual os seres vivos podem atingir o estado de buda e de que ele se empenhou incansavelmente para propagá-lo visando à felicidade de todas as pessoas dos Últimos Dias da Lei. Na passagem que se segue a essa, Daishonin escreve: “Agora, mesmo que a pessoa enfrente as grandes perseguições que o bodisatva Jamais Desprezar7 sofreu, estes [ensinamentos] devem ser propagados; não pode haver dúvida sobre isso” (WND, v. II, p. 931). Pelo fato de o tempo certo ter chegado, com o surgimento de praticantes firmes, inabaláveis diante das perseguições, o kosen-rufu será realizado infalivelmente. O nobre trabalho do Buda, de tornar todas as pessoas felizes, é realizado pela convergência de três elementos: 1) a Lei Mística, o supremo ensinamento para a consecução do estado de buda; 2) o tempo, o qual as pessoas anseiam nas profundezas do seu coração que a Lei se propague; e 3) o surgimento de praticantes corajosos, aqueles que propagam a Lei sem poupar a vida. Por meio dos esforços das “pessoas” que se levantam numa época em que o “ensinamento” e o “tempo” se completam, o budismo se torna uma religião realmente viva. Pelo mesmo princípio, o Budismo Nichiren se disseminou ao redor do mundo graças ao surgimento da Soka Gakkai, organização que está concretizando o decreto do Buda. Em meio aos desafios incomparáveis decorrentes da pandemia da Covid-19, os membros da Soka Gakkai de todos os lugares intensificam suas orações pela paz e pela segurança de seu respectivo país. Eles se devotam incansavelmente a incentivar as pessoas ao redor e constroem uma rede do bem cada vez mais ampla. Desse modo, empreendem uma grandiosa luta ligada diretamente a Daishonin de transformar o destino da humanidade. Ao nos empenharmos em nossa revolução humana mediante nossos esforços acalentando o “Grande Desejo pela Concretização do Kosen-rufu, a Propagação Benevolente da Grande Lei”, 8 expandimos para as pessoas em todo o mundo a esperança e a confiança de que podem, sem falta, transformar veneno em remédio.9 O Dr. Winston Langley, ex-reitor interino da Universidade de Massachusetts, em Boston, observou com profunda simpatia que o movimento de revolução humana promovido pela Soka Gakkai está despertando as pessoas para o potencial inerente à vida, proporcionando-lhes, ainda, a coragem para pô-lo em prática.10 Budismo do Sol iluminando a escuridão dos Últimos Dias da Lei Na parte final de Admoestação a Hachiman, Nichiren Daishonin declara que, assim como o sol nasce no leste e se move para o oeste, seu ensinamento, que surgiu no Japão (no leste), retornará para a Índia (no oeste), país de origem do budismo. Declara ainda que seu Budismo do Sol continuará iluminando a longa escuridão dos Últimos Dias da Lei (cf. WND, v. II, p. 936).11 Nós, da Soka Gakkai, unidos pelos laços de mestre e discípulo, viemos comprovando essas palavras em meio à realidade. O kosen-rufu mundial é o grande juramento seigan da Soka Gakkai. Mesmo no período em que o governo militarista do Japão reprimiu a liberdade de expressão durante a Segunda Guerra Mundial, o presidente fundador Tsunesaburo Makiguchi persistiu proclamando intrepidamente a missão da Soka Gakkai. Parafraseando suas palavras: “A Lei Mística consiste no princípio supremo para a vida, pela qual a humanidade anseia há muito tempo, e é o meio para atingir o estado de buda. Ao experimentarmos a aplicação da Lei Mística em nossa vida, nós, membros da Soka Gakkai, comprovamos seu grande poder e, desse modo, propiciamos a todos fácil acesso a ela. Vamos compartilhar o benefício da Lei Mística com todos e continuar trabalhando até todas as pessoas conquistarem a suprema felicidade inigualável”.12 Na jornada de propagação da Lei Mística, com coragem no coração Toda sensei, que herdou esse legado de seu mestre, compôs o seguinte poema em janeiro de 1952: Vamos, agora, até os confins da Índia, na jornada de propagação da Lei Mística, com coragem no coração. Um mês depois, ele enunciou sua concepção de cidadania global13 para os membros da Divisão dos Jovens durante a Campanha de Fevereiro.14 Em meio a esse esforço para fazer o movimento do kosen-rufu engrenar numa órbita real no Japão, Toda sensei também estava pensando no kosen-rufu mundial e no futuro da humanidade. No verão de 1954, meu mestre me convidou a acompanhá-lo à sua terra natal em Hokkaido. Enquanto contemplávamos o pôr do sol juntos na praia de Atsuta, ele me disse: “Construirei uma sólida base para o kosen-rufu no Japão, mas você abrirá o caminho para o kosen-rufu no mundo todo. Criarei o projeto; você o tornará realidade (...). Você deve fazer isto em meu lugar”. Pouco antes de morrer, Toda sensei me disse que havia sonhado que viajara para o México. Transbordando de profunda compaixão pela humanidade, expressou: “Eles todos estavam aguardando (...), buscando o Budismo de Nichiren Daishonin. Gostaria tanto de viajar para o mundo, para empreender uma jornada em prol do kosen-rufu (...)”. Estou certo de que ele ficaria encantado ao ver o desenvolvimento do kosen-rufu nos dias atuais e os dinâmicos esforços dos nossos jovens sucessores. Posso imaginar seu semblante afetuoso ao me dizer com imensa alegria: “Dai, você conseguiu!”. Ao mesmo tempo, não há satisfação maior para mim, como discípulo, do que poder relatar a ele as magníficas vitórias e conquistas de todos os meus preciosos companheiros, que estiveram ao meu lado na luta conjunta para promover o avanço do kosen-rufu. Trecho do escrito 2 O Grande Mal e o Grande Bem15 Os grandes eventos jamais vêm acompanhados por presságios menores. Quando um grande mal ocorre, um grande bem o sucederá. Como nossa terra já está repleta de grandes calúnias, a grande Lei correta [Nam-myoho-renge-kyo] se propagará sem falta. Acaso algum de vocês tem algo do que se lamentar? Ainda que não sejam o venerável Mahakashyapa,16 deveriam estar todos bailando. Ainda que não sejam Shariputra,17 deveriam estar saltando e bailando. Quando o bodisatva Práticas Superiores [o líder dos bodisatvas da terra]18 emergiu da terra, não o fez bailando? E quando o bodisatva Mérito Universal19 surgiu, a terra tremeu de seis maneiras diferentes. Tenho muito mais para dizer, mas como tempo me apressa, concluo aqui. Voltarei a escrever em outra ocasião. (CEND, v. II, p. 387) “A grande Lei correta se propagará sem falta” A próxima passagem que estudaremos consta no escrito O Grande Mal e o Grande Bem, no qual Daishonin exprime sua firme convicção de que a ocorrência de um grande mal é indício de que o ensinamento do budismo se difundirá infalivelmente. Ele afirma que não devemos nos lamentar diante da adversidade, mas continuar seguindo em frente com coragem indômita. Grandes presságios sempre antecedem grandes acontecimentos, e um grande mal prenuncia a chegada de um grande bem, assevera ele; é em meio a circunstâncias verdadeiramente desafiadoras que a grande Lei se propaga sem falta. Mas isso não se dará por si só, se simplesmente ficarmos parados sem fazer nada. Quando a calamidade ocorre, ela só se torna um indício de um grande bem se a acatarmos como uma oportunidade de crescimento e nos empenharmos com inabalável determinação e esforço para transformá-la em algo positivo. Invocar o coração de um rei leão Em outras palavras, o importante é como reagimos quando ocorre o grande mal, isto é, quando algo ruim acontece. Se decidirmos protagonizar um maravilhoso drama, invocarmos o coração de um rei leão e tomarmos uma atitude com ações intrépidas, poderemos transformar o grande mal em grande bem. No período dessa carta, o Japão estava caluniando a Lei, e os discípulos de Nichiren Daishonin se encontravam num ambiente hostil devido à sua fé. Daishonin assegura que épocas desse tipo representam um indício de que a Lei Mística se propagará amplamente. A grande alegria de encontrar o ensinamento para atingir o estado de buda Em seguida, Daishonin menciona os discípulos ouvintes da voz de Shakyamuni, o venerável Mahakashyapa e Shariputra, e os bodisatvas Práticas Superiores e Mérito Universal. No Sutra do Lótus, Mahakashyapa e Shariputra ouvem o ensinamento de Shakyamuni sobre a iluminação e dançam de alegria ao tomarem conhecimento de que os praticantes dos dois veículos — categoria à qual os dois pertencem como ouvintes da voz — também podem atingir o estado de buda [possibilidade negada a eles nos ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus].20 Quando, no ensinamento essencial (segunda metade) do Sutra do Lótus, Shakyamuni convoca seus discípulos do remoto passado para lhes confiar a missão de propagar esse sutra nos Últimos Dias da Lei, eles surgem na forma de inumeráveis bodisatvas que emergem dinamicamente da terra. Eles são os bodisatvas da terra cujo líder é o bodisatva Práticas Superiores. Aparecem no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus. Um dos ideogramas que formam a palavra “Emergindo” do título do capítulo significa “brotar”. Em algumas transcrições e reproduções do Sutra do Lótus, porém, esse ideograma é substituído por outros de aparência similar denotando “bailar”, resultando no título “Bailando da Terra”. No presente escrito, Daishonin diz: “Quando o bodisatva Práticas Superiores [líder dos bodisatvas da terra] emergiu da terra, não o fez bailando?” (CEND, v. II, p. 387). A maneira como esse bodisatva salta pode ser interpretada como uma exuberante expressão de seu compromisso, orgulho e responsabilidade de ajudar todos os que estão sofrendo nesta era maléfica após a morte do Buda e propiciar a todos a oportunidade de conquistar uma condição de vida de felicidade. Daishonin então se refere a Mérito Universal, observando que, quando esse bodisatva surgiu no capítulo final do Sutra do Lótus, “a terra tremeu de seis maneiras diferentes” (Ibidem). Trata-se de um importante bodisatva cuja chegada instiga Shakyamuni a reiterar o espírito essencial do Sutra do Lótus ao concluir sua pregação. É profundamente significativo o fato de Daishonin enumerar aqui o venerável Mahakashyapa, Shariputra, o bodisatva Práticas Superiores e o bodisatva Mérito Universal. Mahakashyapa e Shariputra personificam a profunda percepção vivenciada pelas pessoas dos dois veículos. Assegurados de sua iluminação futura, eles despertam para a verdade de que sempre estiveram cumprindo o juramento seigan de bodisatva e se empenhando junto com seu mestre do remoto passado. O advento dos bodisatvas da terra, entretanto, mostra onde reside a essência do budismo. Consiste em praticar o eterno caminho do bodisatva, unidos com o Buda do tempo sem início. O bodisatva Mérito Universal representa a “sabedoria universal”. O poder do diálogo baseado nessa sabedoria é vital para o kosen-rufu, isto é, no que se refere a propagar a Lei Mística. A vida daqueles que despertaram para o juramento seigan de bodisatva de lutar pelo bem de outros a se tornar felizes transborda de infinita alegria. A imagem do bailar simboliza essa energia dinâmica, ilimitada e irrefreável. Quando alicerçamos nossa vida no juramento seigan de bodisatva, podemos transformar o grande mal em grande bem. Daishonin nos ensina que, quando despertamos para nossa verdadeira identidade e poder como bodisatvas da terra, não temos nada para lamentar. A ilimitada vitalidade proveniente da dedicação ao juramento de bodisatva hoje se encontra nas ações automotivadas dos membros da Soka Gakkai. Arcando com a missão dos bodisatvas da terra, eles estão tornando o kosen-rufu mundial uma realidade. Isso, por meio de seus alegres esforços para realizar sua revolução humana; por meio de suas contribuições para a paz, cultura e educação, repletos do espírito dinâmico dos bodisatvas da terra; e por meio do poder do diálogo promovido na base da sociedade, fundamentado na sabedoria universal do bodisatva Mérito Universal para despertar as pessoas para a Lei Mística num mundo abarrotado de desconfiança e desrespeito. As expectativas do Dr. Toynbee Meu diálogo com o renomado historiador britânico Arnold J. Toynbee (1889–1975) ocorreu em maio de 1973, totalizando quarenta horas. Quando estava chegando ao fim, perguntei-lhe se tinha algum conselho pessoal para mim. Havia uma razão especial para isso. Durante o meu diálogo com o Dr. Toynbee, Toda sensei sempre estava presente em meus pensamentos. Tentei imaginar como Toda sensei responderia à minha pergunta e a formulei ao Dr. Toynbee com isso em mente. Ele olhou para mim atentamente e disse com grande humildade que seria presunção da parte dele me oferecer algum conselho, uma vez que ele era um acadêmico, e eu, um homem de ação. Então, afirmou que esperava que eu continuasse seguindo o caminho do meio. Acrescentou também: “Acredito que diálogos como este podem desempenhar papel bastante relevante para unir os povos do mundo e as diferentes religiões. Agora estamos tendo um diálogo nipo-britânico. Gostaria de ver um diálogo nipo-russo, russo-americano, [e] sobretudo, um diálogo sino-russo. Se pudéssemos arranjar isto, contribuiria muito para criar uma aproximação. Talvez a Soka Gakkai possa iniciar algumas dessas conversações”.21 O treinamento na “Universidade Toda” se tornou a ponte da paz Nos anos que se seguiram, acatei o conselho do Dr. Toynbee e me empenhei em dialogar com muitos líderes e pensadores ao redor do mundo. Meu mestre também havia me confiado essa missão como discípulo dele. Durante as minhas interlocuções com o Dr. Toynbee, percebi como tudo o que o meu mestre me ensinou na chamada “Universidade Toda” me proporcionou excelente bagagem e fui tomado de profunda gratidão. A Soka Gakkai almeja ser um movimento verdadeiramente global que sirva como ponte para a paz, transcendendo diferenças por meio do diálogo, estreitando laços de amizade e promovendo a inspiração mútua para voos cada vez mais altos. Hoje, nossos jovens sucessores estão levando avante esse trabalho. Estou certo de que tanto Toda sensei como o Dr. Toynbee estão observando alegremente os animados diálogos dos jovens Soka pelo mundo. Filosofia de respeito à vida e o humanismo Soka Na longa jornada do kosen-rufu, um modo de vida consagrado à luta conjunta de mestre e discípulo está em total consonância com o juramento seigan de bodisatva. Quando nos dedicamos ao caminho de mestre e discípulo e ao nosso juramento seigan como bodisatvas da terra, conseguimos evidenciar dentro de nós a poderosa condição de vida do estado de buda. Nossa vida será repleta de sabedoria, coragem e compaixão, que fluirão ilimitadamente desse manancial interior. Hoje, jovens leões Soka estão seguindo com solidez o supremo caminho de bodisatva do Budismo Nichiren. Neste momento em que a humanidade enfrenta terríveis desafios, mais e mais pessoas buscam a filosofia de respeito à vida do Budismo Nichiren e o calor do humanismo Soka. Nosso trabalho como bodisatvas da terra apenas começou. É hora de reunirmos coragem e expandirmos diálogos repletos de esperança. Sigamos avante, junto com os jovens e com o espírito cada vez mais jovem, nossos esforços radiantes para levar paz e segurança para todos! (Daibyakurenge, edição de outubro de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI Resumo Estudo — Janeiro 2024 Principais tópicos estudados Transmissão do budismo para o oeste “No verão de 1954, meu mestre me convidou a acompanhá-lo à sua terra natal em Hokkaido. Enquanto contemplávamos o pôr do sol juntos na praia de Atsuta, ele me disse: ‘Construirei uma sólida base para o kosen-rufu no Japão, mas você abrirá o caminho para o kosen-rufu no mundo todo. Criarei o projeto; você o tornará realidade (...). Você deve fazer isto em meu lugar’.” “Unicidade de mestre e discípulo” (shitei funi) “A fim de tornar realidade a concepção de kosen-rufu mundial que meu mestre me confiara, seria vital promovermos o avanço do nosso movimento de modo simultâneo no Japão e no mundo.” Um grande mal prenuncia a chegada de um grande bem “Quando a calamidade ocorre, ela só se torna um indício de um grande bem se a acatarmos como uma oportunidade de crescimento e nos empenharmos com inabalável determinação e esforço para transformá-la em algo positivo.” Shakubuku “O comportamento de Daishonin em realizar shakubuku constitui a expressão de sua grande compaixão, oriunda unicamente do seu desejo de conduzir todos à felicidade” Frases marcantes “Por meio dos esforços das ‘pessoas’ que se levantam numa época em que o ‘ensinamento’ e o ‘tempo’ se completam, o budismo se torna uma religião realmente viva. Pelo mesmo princípio, o Budismo Nichiren se disseminou ao redor do mundo graças ao surgimento da Soka Gakkai, organização que está concretizando o decreto do Buda.” “A ilimitada vitalidade proveniente da dedicação ao juramento de bodisatva hoje se encontra nas ações automotivadas dos membros da Soka Gakkai. Arcando com a missão dos bodisatvas da terra, eles estão tornando o kosen-rufu mundial uma realidade.” “Quando nos dedicamos ao caminho de mestre e discípulo e ao nosso juramento como bodisatvas da terra, conseguimos evidenciar dentro de nós a poderosa condição de vida do estado de buda. Nossa vida será plena de sabedoria, coragem e compaixão, que fluirão ilimitadamente desse manancial interior.” Personalidades e personagens budistas citados - Dengyo; - Mahakashyapa; - Nichiren Daishonin; - Shariputra (Um dos dez principais discípulos de Shakyamuni, conhecido como o mais notável em sabedoria.); - Shakyamuni; - Tiantai (Conhecido como grande mestre Tiantai, classificou todos os sutras de Shakyamuni em cinco períodos e oito ensinamentos. Apresentou o princípio dos “três mil mundos num único momento da vida”.). Perguntas-guias para as atividades de estudo Qual era a convicção do presidente Ikeda, quando partiu para o exterior após cinco meses de sua nomeação como terceiro presidente? Ele tinha a convicção de que seria vital promover o avanço do movimento pelo kosen-rufu de modo simultâneo no Japão e no exterior. Quais os elementos de convergência capazes de guiar as pessoas à iluminação? São a Lei Mística, o tempo e o surgimento de praticantes corajosos, pessoas que propaguem a Lei com dedicação abnegada. Qual foi o conselho dado por Arnold J. Toynbee ao presidente Ikeda durante o diálogo ocorrido em maio de 1973? Ele disse que esperava que continuasse seguindo o caminho do meio e acrescentou: “Acredito que diálogos como este podem desempenhar um papel bastante relevante para unir os povos do mundo e as diferentes religiões”. No topo: Estudantes apresentam a canção Be Brave! durante a Reunião de Líderes realizada no dia 9 de julho de 2023 Foto: Seikyo Press Notas: 1. TODA, Josei. Seinen-kun [Preceito aos Jovens]. In: Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 1. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1992. p. 58. 2. Nichiren Daishonin redigiu essa obra em Minobu, no décimo segundo mês de 1280 e a endereçou a todos os seus discípulos. No mês anterior, o santuário dedicado ao grande bodisatva Hachiman — considerado a divindade guardiã do governo militar de Kamakura — fora consumido por um incêndio, provocando alarme generalizado. Nesse escrito, Daishonin admoesta Hachiman por negligência em proteger o devoto do Sutra do Lótus. Menciona também o princípio do “retorno do budismo para o oeste”. 3. Myoho-renge-kyo é escrito com cinco ideogramas chineses, e Nam-myoho-renge-kyo, com sete (nam, ou namu, compreendendo dois ideogramas). Daishonin muitas vezes emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus escritos. 4. Quinto período de quinhentos anos: Último dos cinco período de quinhentos anos depois da morte de Shakyamuni, correspondente ao início dos Últimos Dias da Lei. O Sutra da Grande Compilação prediz, de forma detalhada, o curso que o desenvolvimento do budismo assumirá nos dois mil e quinhentos anos, ou nos cinco meio milênios, após a morte do Buda. O quinto período de quinhentos anos indica os primeiros quinhentos anos dos Últimos Dias da Lei e é denominado “era de conflitos e de disputas” ou “a era do conflito”. O sutra prediz que, durante esse período, várias escolas budistas rivais brigarão incessantemente entre si, e o ensinamento de Shakyamuni se tornará obscuro e se perderá. 5. Tiantai (538–597), também conhecido como Zhiyi, Tiantai Zhizhe, grande mestre Tiantai e grande mestre Zhizhe, propagou o Sutra do Lótus na China e estabeleceu a doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida”. Dengyo (767–822), também conhecido como Saicho, foi o fundador da escola Tendai (Tiantai) no Japão. Ele viajou para a China, onde dominou os ensinamentos de Tiantai. 6. Refere-se à transmissão do budismo para o oeste, também conhecido como o retorno do budismo para o oeste. Nichiren Daishonin predisse que seu Budismo do Sol fluiria do Japão para o oeste, retornando para os países pelos quais o budismo inicialmente fora transmitido e se propagaria pelo mundo inteiro (cf. CEND, v. I, p. 420). 7. Bodisatva Jamais Desprezar. Descrito no capítulo 20, “Jamais Desprezar”, do Sutra do Lótus, esse bodisatva — Shakyamuni numa existência anterior — viveu no fim dos Médios Dias da Lei do buda Rei do Som Imponente. Ele se curvava respeitosamente a todos com quem se encontrasse e dizia: “Eu os reverencio profundamente, jamais ousaria tratá-los com desdém ou arrogância. Por quê? Porque todos estão praticando o caminho do bodisatva e infalivelmente atingirão o estado de buda” (LSOC, cap. 20, p. 308). Porém, ele era atacado por pessoas arrogantes, que o agrediam com varas e bastões e atiravam pedras nele. O sutra explica que essa prática se tornou a causa para o bodisatva Jamais Desprezar atingir o estado de buda. 8. Uma das inscrições contidas no Gohonzon de Consagração Permanente (Joju Gohonzon) da Soka Gakkai, consagrado no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. 9. “Transformação de veneno em remédio” refere-se a empregar o poder da Lei Mística para transformar uma vida dominada pelos “três caminhos” — desejos mundanos, carma e sofrimento — numa vida que manifeste as “três virtudes” — corpo do Darma, sabedoria e emancipação. 10. Artigo publicado na edição do Seikyo Shimbun de 2 de fevereiro de 2004. 11. Em Admoestação a Hachiman, Nichiren Daishonin escreve: “A lua se move do oeste em direção ao leste, tal como o budismo da Índia se propagou rumo ao leste. O sol se levanta no leste, prenúncio auspicioso de que o budismo do Japão retornará à terra da lua. A luz da lua não é tão brilhante, pois o Buda ensinou [o Sutra do Lótus na Índia] durante apenas oito anos. A luz do sol é muito mais reluzente, um auspicioso sinal de como o budismo do Japão iluminará a longa escuridão do quinto período de quinhentos anos [Últimos Dias da Lei]” (WND, v. II, p. 936). 12. Cf. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Kachi Sozo [Criação de Valor]. In: Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 10. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 27. 13. O presidente Josei Toda emitiu, pela primeira vez, seu conceito de cidadania global num seminário de estudo da Divisão dos Jovens em fevereiro de 1952. Trata-se da ideia de que todas as pessoas do mundo são membros de uma família global e devem buscar a prosperidade por meio da cooperação e da harmonia mútuas, em vez de se envolverem em conflitos e discriminação. 14. Campanha de Fevereiro: Em fevereiro de 1952, o presidente Ikeda, na época supervisor do Distrito Kamata de Tóquio, iniciou uma dinâmica campanha de propagação. Ao lado dos membros de Kamata, ele quebrou os recordes anteriores de cerca de cem novas famílias mensais por distrito, convertendo 201 novas famílias ao Budismo de Daishonin. 15. Não se sabe com certeza se esse é o texto de uma breve carta ou um fragmento de um texto mais longo. Tampouco a data ou destinatário. A julgar pelo conteúdo, porém, é possível presumir que tenha sido enviada para encorajar os discípulos durante o período em que a sociedade japonesa se encontrava em turbulência após a primeira invasão mongol em 1274. 16. Mahakashyapa: Um dos dez principais discípulos de Shakyamuni. Era conhecido como o mais notável em práticas ascéticas. 17. Shariputra: Um dos dez principais discípulos de Shakyamuni. Era conhecido como o mais notável em sabedoria pela sua compreensão sobre a verdadeira intenção da pregação do Buda. 18. Bodisatva Práticas Superiores é o líder dos bodisatvas da terra, os inumeráveis bodisatvas descritos no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, aos quais Shakyamuni confia a missão de propagar a Lei nos Últimos Dias da Lei. 19. Bodisatva Mérito Universal é descrito no capítulo 28, “Encorajamento do Bodisatva Mérito Universal”, do Sutra do Lótus. Possuidor de imensurável sabedoria, jura proteger o Sutra do Lótus e os devotos desse ensinamento. Ele é a personificação de todas as qualidades superiores do Buda, especialmente no tocante à prática. 20. Iluminação das pessoas dos dois veículos: Na primeira metade do Sutra do Lótus, as pessoas dos dois veículos — os ouvintes da voz e aqueles que despertaram para a causa — receberam a profecia do buda Shakyamuni de que atingiriam o estado de buda em eras futuras. Essa profecia refuta a visão dos ensinamentos do Mahayana provisório, que negavam às pessoas dos dois veículos a possibilidade de atingir a iluminação por estas buscarem apenas a própria salvação sem se preocupar com os outros. O Sutra do Lótus afirma que elas praticarão o caminho do bodisatva e atingirão o estado de buda. 21. Extraído de uma transcrição do diálogo deles.

08/01/2024

Estudo

[65] O benefício da “purificação dos seis órgãos dos sentidos” — conquistar uma vida dinâmica e saudável

Explanação No outono de 1950, numa época em que meu mestre, Josei Toda, e eu estávamos trabalhando arduamente para resolver dificuldades nos negócios dele, registrei em meu diário: “Cada dia é uma oportunidade para realizar a revolução humana. Cada dia deve ter como foco o avanço”.1 O Budismo de Nichiren Daishonin da revolução humana, que aprendi com meu mestre, é um ensinamento de inigualável esperança. Permite-nos viver com renovada energia vital e espírito invencível dia após dia, e transformar todas as adversidades em felicidade e vitória. O meio maravilhoso para extinguir obstáculos físicos e espirituais Nichiren Daishonin escreve: “O meio maravilhoso verdadeiramente capaz de impedir os obstáculos físicos e espirituais dos seres humanos não é outro senão o Nam-myoho-renge-kyo” (CEND, v. II, p. 103). A grandiosa Lei do Nam-myoho-renge-kyo é o princípio essencial para superar as adversidades e os sofrimentos, afirma ele. Aqueles que recitam o rugido de leão do Nam-myoho-renge-kyo e agem com a poderosa energia vital jamais ficam sem saída. Daishonin promete: “A pessoa que vive com base no Sutra do Lótus atingirá o estado de buda com toda a certeza” (Ibidem, p. 38). “Prática da fé para manter a boa saúde e obter longevidade” Todos desejam uma vida realizada e saudável. De fato, “Prática da fé para manter a boa saúde e obter longevidade” é uma das “Cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai”. Em 15 de setembro de 1975, participei de uma convenção do Departamento de Médicos. Dando expressão à minha expectativa de que todos os presentes atuassem como excelentes médicos da Lei Mística, protegendo as pessoas, citei passagens dos escritos de Nichiren Daishonin e discorri sobre os ensinamentos do Buda acerca de doenças do corpo e da mente.2 Posteriormente, 15 de setembro foi designado Dia do Departamento de Médicos. A Lei Mística cura “doenças da mente” causadas pelos “três venenos” As doenças do corpo descritas por Daishonin não dizem respeito apenas a enfermidades físicas, mas também àquilo que hoje identificamos como transtornos mentais. Em contraste, as doenças da mente que ele menciona referem-se especificamente às moléstias causadas pelos assim chamados “três venenos” — avareza, ira e estupidez.3 Tais males resultam da ignorância fundamental inerente à própria vida.4 Somente o budismo pode curar essas doenças da mente ou da essência da vida, e o melhor remédio para tratá-las é o Nam-myoho-renge-kyo. Nesse sentido, como é grandiosa a missão dos integrantes do Departamento de Médicos! Recitando Nam-myoho-renge-kyo, eles não só possuem compassiva expertise médica, mas também o poderoso instrumento de transformação da vida chamado Lei Mística. Sinto-me profundamente grato aos membros do Departamento de Médicos, como também aos do Departamento de Enfermagem e a todos os membros que são profissionais da saúde, os quais se empenham de forma incansável, dia e noite, em meio à atual pandemia da Covid-19. Minha esposa, Kaneko, e eu estamos orando fervorosamente pela saúde e proteção desses preciosos bodisatvas Reis dos Remédios Soka. Prática da fé para triunfar com saúde no âmago da vida Na convenção do Departamento de Médicos, falei sobre a importância de se ir além de uma medicina meramente reativa — de tratar doenças após elas terem aparecido — passando a adotar uma abordagem mais proativa que busque prevenir doenças, tanto físicas como mentais, e promover e melhorar a saúde. Isso representa a visão da construção de uma sociedade saudável alicerçada nos princípios de respeito à vida e à dignidade humana, sociedade que faça da saúde prioridade máxima. Nesta oportunidade, analisemos o papel de nossa fé e prática budistas para triunfar com saúde no âmago da vida. Trecho do escrito 1 A Importância dos Capítulos “Meios Apropriados” e “A Extensão da Vida”5 Seja como for, o sutra conhecido como Sutra do Lótus é o bom remédio para os vários males do corpo e da mente. Portanto, afirma: “Este sutra provê um bom remédio para os males dos habitantes de Jambudvipa. Se uma pessoa enferma for capaz de ouvir este sutra, sua doença será erradicada; ela não conhecerá a velhice nem a morte” [LSOC, cap. 23, p. 330]. Expressa também: “[Uma vez que esses seres vivos ouviram a Lei], desfrutarão paz e segurança na presente existência e boas circunstâncias nas existências futuras” [LSOC, cap. 5, p. 136]. E acrescenta: “Todos os outros que o trataram mal ou com inimizade serão eliminados” [cf. LSOC, cap. 23, p. 329]. Estou copiando e enviando-lhe dois capítulos em especial, o capítulo “Meios Apropriados” e o capítulo “A Extensão da Vida”, para servir à sua proteção. Eu poderia, de fato, copiar o sutra todo, mas no momento estou muito ocupado com outros assuntos; portanto, eu me limitarei a esses dois capítulos. Cuide deles com o máximo zelo — jamais se separe deles. Embrulhe-os cuidadosamente e tenha-os sempre em sua posse. (WND, v. II, p. 747) Companheiros que dão conforto àqueles que lutam contra a doença Nichiren Daishonin redigiu A Importância dos Capítulos “Meios Apropriados” e “A Extensão da Vida” em resposta a uma carta de seu discípulo Ota Jomyo, que lhe havia escrito expressando ansiedade em relação à própria saúde. Ota Jomyo estava com 57 anos, idade tradicionalmente considerada crítica, de infortúnios no Japão. Desde o Ano-Novo até o quarto mês daquele ano, ele não vinha se sentindo bem e estava preocupado. Daishonin começa reconhecendo a inquietação de Ota Jomyo: “O senhor experimentou vários sofrimentos tanto físicos como mentais. (...) Isto [passar por tais sofrimentos], de fato, constitui a fonte primária de nossas aflições” (WND, v. II, p. 746). A calorosa empatia demonstrada por seu mestre deve ter fortalecido muito o ânimo de Ota Jomyo. Nenhum de nós pode escapar dos sofrimentos de envelhecimento, doença e morte. Aqueles que estão lutando contra doenças, ou contra grandes adversidades, muitas vezes se sentem isolados e sozinhos. É por isso que seguimos o exemplo de Daishonin e encorajamos e oramos sinceramente por aqueles que estão enfrentando dificuldades. Os membros da Soka Gakkai que recitam daimoku conosco pela nossa felicidade quando temos problemas são realmente companheiros reconfortantes na jornada da vida. Aliviar o sofrimento e conceder alegria é o primeiro passo para a transformação do destino Na carta que estamos estudando, Daishonin também escreve: “Que ensinamento secreto poderia superar o Sutra do Lótus para afastar todos os perigos e desastres que possam confrontá-lo nesta idade crítica? Pode contar com ele, sem falta! (...) Quanto a esta idade crítica que está atravessando, confie em Nichiren” (WND, v. II, p. 750). Desse modo, ele ameniza a ansiedade e o medo de Ota Jomyo em relação à própria idade crítica e às doenças, incutindo nele a convicção de que poderá gozar de saúde e longevidade. A ideia de “idade crítica e de infortúnios” não se origina dos ensinamentos budistas, mas se trata de uma tradição exclusiva do Japão. Em vez de rejeitá-la, contudo, baseando-se nas “quatro formas de pregação”6 e no preceito “adaptação aos costumes locais”,7 Daishonin vale-se dela para encorajar Ota Jomyo a se empenhar ainda com mais afinco em sua prática budista. Em outra carta, Daishonin incentiva Nichigen-nyo, discípula que havia manifestado preocupação por fazer 33 anos, idade considerada crítica para mulheres, escrevendo: “O infortúnio de seus trinta e três anos se tornará a felicidade de seus trinta e três anos (...). A senhora se tornará mais jovem e sua boa sorte se acumulará” (CEND, v. I, p. 485). Como praticantes do Budismo Nichiren, realizamos diálogos corajosos e inspiradores com o objetivo de aliviar o sofrimento e conceder alegria, despertando as pessoas que estão sofrendo para a natureza de buda inerente. Esforçamo-nos sinceramente para ajudá-las a se revitalizar, a pôr em prática o princípio de “transformação de veneno em remédio”8 e a dar o primeiro passo em sua revolução humana. Quanto maiores os desafios que enfrentamos em decorrência de doenças e adversidades, mais podemos expandir nossa condição de vida e conquistar uma vida dinâmica, saudável e transbordante de boa sorte. “O Sutra do Lótus provê um ‘bom remédio’ para aliviar os sofrimentos do corpo e da mente” Na carta para Ota Jomyo, Daishonin expressa: “Seja como for, o sutra conhecido como Sutra do Lótus é o bom remédio para os vários males do corpo e da mente” (WND, v. II, p. 747). Ele ensina que a Lei Mística é o supremo “bom remédio” para ultrapassar os sofrimentos provocados por doenças e outros distúrbios físicos e mentais. Isso porque a Lei Mística é o princípio fundamental que nos habilita a manifestar a energia vital do estado de buda. Daishonin então cita várias passagens do Sutra do Lótus para salientar o benefício e o poder da Lei Mística. A primeira assegura que o Sutra do Lótus pode eliminar a doença rapidamente: “Se uma pessoa enferma for capaz de ouvir este sutra, sua doença será erradicada; não conhecerá a velhice nem a morte” (LSOC, cap. 23, p. 330). Da perspectiva do budismo, “erradicar a doença” nesse contexto significa eliminar a “maldade da doença” que mina a energia vital da pessoa. A frase “não conhecerá a velhice nem a morte” obviamente não quer dizer que não envelheceremos nem morreremos, mas que os sofrimentos do envelhecimento e da morte não enfraquecerão ou destruirão nosso estado de buda inerente. À medida que formos avançando na idade, nós nos tornaremos cada vez mais vibrantes no espírito, e a chama da nossa fé arderá com intensidade cada vez maior, permitindo-nos concluir nossa vida de forma magnífica. Em seguida, Daishonin cita a passagem “Desfrutarão paz e segurança na presente existência e boas circunstâncias nas existências futuras” (LSOC, cap. 5, p. 136). Isso significa que a vida daqueles que se dedicam ao kosen-rufu trilhará um caminho de abundante boa sorte e benefício, não somente no presente, mas por toda a eternidade. Também encontramos a passagem: “Todos que o trataram mal ou com inimizade serão, do mesmo modo, eliminados” (cf. LSOC, cap. 23, p. 329). Essencialmente, isso quer dizer que conseguiremos vencer todos os obstáculos e funções da maldade que tentarem obstruir nossa felicidade. Quando extraímos uma poderosa energia vital por meio da recitação do rugido de leão do Nam-myoho-renge-kyo, todas as influências negativas se dispersam. Revestem-se de especial significado aqui as palavras “Se uma pessoa (...) for capaz de ouvir este sutra” (LSOC, cap. 23, p. 330). Mas isso não se refere a simplesmente ouvir de forma passiva. O fator fundamental reside em recitar Nam-myoho-renge-kyo com fé resoluta no Gohonzon da prática individual e altruística. Quando ouvimos e possibilitamos que outros ouçam esse poderoso som do Nam-myoho-renge-kyo — que o sutra descreve como “este bom remédio” (LSOC, cap. 16, p. 269) —, o incrível poder benéfico da Lei Mística se manifesta incessantemente. Abraçar o Gohonzon por toda a vida Daishonin diz a Ota Jomyo que copiou e lhe enviou os capítulos “Meios Apropriados” e “A Extensão da Vida”, do Sutra do Lótus, e o instrui a mantê-los consigo sempre. Ele explica que o Nam-myoho-renge-kyo, ensinamento capaz de conduzir todas as pessoas dos Últimos Dias a Lei à iluminação, está implícito no texto do capítulo “A Extensão da Vida”, afirmando: Essa gema de valor inestimável, a doutrina dos três mil mundos num único momento da vida, foi então colocada num invólucro indestrutível como o diamante, os cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo,9 e deixada em benefício de nós, pobres e aflitos seres humanos desta “última era”. (WND, v. II, p. 749) Por meio da nossa prática diária de recitação do Nam-myoho-renge-kyo e do gongyo, em que realizamos a leitura de partes dos capítulos “Meios Apropriados” e “A Extensão da Vida”, nós também mantemos esses capítulos conosco a todo momento. A vida daqueles que prosseguem recitando continuamente o Nam-myoho-renge-kyo está sempre una com os budas e bodisatvas das dez direções, e das três existências, e com as incalculáveis funções protetoras do universo. Seremos protegidos resolutamente, assim como assegura Daishonin ao declarar: Uma vez que os que abraçam o Sutra do Lótus são filhos do buda Shakyamuni, senhor dos ensinamentos, como poderiam Brahma, Shakra, os deuses do Sol e da Lua e as miríades de estrelas deixar de protegê-los dia e noite, de manhã e à noite? (WND, v. II, p. 750) Tanto nos momentos de sofrimento como nos de alegria, em tempos bons ou maus, aconteça o que acontecer, abracemos o Gohonzon com firme oração e vivamos junto com a Lei Mística. Ter a “fé” como fundamento A essência da oração no Budismo Nichiren reside em fazer da “fé nosso fundamento” (cf. CEND, v. II, p. 44). Toda sensei costumava dizer: Jamais hesite, nem por um momento, em sua convicção sobre o benefício da fé no Budismo Nichiren. Porém, por mais forte seja o seu poder de fé, sem o poder da prática, o poder do Buda e o poder da Lei não se manifestarão. Se reunir o grande poder da fé e aplicá-lo em sua prática de recitar e empreender esforços para realizar o shakubuku, o poder do Buda e o poder da Lei não deixarão de aparecer.10 A oração no Budismo Nichiren consiste em uma luta interior. Se alimentar dúvidas e for incapaz de agir, estará se privando de experimentar o enorme poder do Buda. A oração gera o impulso. Nossa recitação deve ser vigorosa. Juntos, recitemos um daimoku revigorante e vibrante — com a voz ressoando num ritmo que lembre um corcel galopando pelo céu — e sigamos avante em nossos esforços pelo kosen-rufu repletos de energia vital e dinamismo. Jovens de diversas localidades do país participam da quarta edição da Academia Índigo Juventude Soka do Brasil (Itapevi, SP, set. 2023) Trecho do escrito 2 Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente11 Ponto 1, sobre os benefícios do mestre da Lei. O Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente afirma: “As palavras ‘mestre da Lei’ indicam o mestre da Lei que realiza as cinco práticas. A palavra ‘benefícios’ (kudoku) indica a recompensa representada pela purificação dos seis órgãos dos sentidos.12 De forma geral, podemos dizer que, hoje, Nichiren e seus seguidores, que recitam o Nam-myoho-renge-kyo, estão efetuando a purificação dos seis órgãos dos sentidos. Portanto, estão agindo como mestres da Lei do Nam-myoho-renge-kyo e possuem grande virtude (toku)”. O elemento ku [significando “mérito”] na palavra kudoku [“benefícios”] indica boa sorte ou felicidade. Refere-se também ao mérito alcançado por eliminar o mal, ao passo que o elemento toku ou doku [significando “virtude”] refere-se à virtude que a pessoa adquire produzindo o bem. Portanto, a palavra kudoku quer dizer atingir o estado de buda na forma que se apresenta. Também significa a purificação dos seis órgãos dos sentidos. Devem compreender que a prática do Sutra do Lótus, como o próprio sutra orienta, consiste em realizar a purificação dos seis órgãos dos sentidos. (OTT, p. 147-148) “Benefícios” indicam uma condição de felicidade indestrutível Essa passagem do Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente elucida os “benefícios do mestre da Lei”. Segundo o capítulo 10, “O Mestre da Lei”, do Sutra do Lótus, um mestre da Lei é alguém que realiza as cinco práticas: abraçar, ler, recitar, expor e copiar o Sutra do Lótus. Daishonin escreve: “Os atos de abraçar o Sutra do Lótus e de recitar o Nam-myoho-renge-kyo abrangem as cinco práticas” (CEND, v. II, p. 93). Conforme essa afirmação, aqueles que recitam e propagam a Lei Mística — ou seja, aqueles que dedicam a vida ao kosen-rufu — são mestres da Lei. Quais são os benefícios que um mestre da Lei recebe? Daishonin declara: “A palavra kudoku quer dizer atingir o estado de buda na forma que se apresenta. Também significa a purificação dos seis órgãos dos sentidos” (OTT, p. 148). Com base no princípio da “possessão mútua dos dez mundos”,13 atingir o estado de buda na forma que se apresenta significa revelar a condição de vida do estado de buda exatamente como somos. A ênfase aqui repousa na expressão “na forma que se apresenta”. Nós, como mortais comuns que passam por adversidades e sofrimentos, podemos atingir o estado de buda da forma como somos. Mesmo que estejamos enfrentando alguma doença ou lidando com outros problemas ou preocupações, ainda assim podemos desfrutar a felicidade absoluta. Os “seis órgãos dos sentidos” se referem a nossos olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e mente. O benefício da “purificação dos seis órgãos dos sentidos” nos habilita a perceber, julgar e agir corretamente, livres da influência de impulsos decorrentes dos desejos mundanos. Permite-nos exercer plenamente o poder do Buda inerente à nossa vida. “Benefícios”, nesse contexto, indicam uma condição de felicidade indestrutível. Estender a mão compassivamente para as pessoas que estão sofrendo e lutar ao lado delas para abrir o caminho da felicidade de si e de outras traduz o espírito daqueles que purificam seus seis órgãos sensoriais. Vidas repletas de sabedoria e de coragem Se nossa vida for impura — ou seja, se ficarmos presos a uma condição de vida baixa —, tudo o que vermos, ouvirmos ou sentirmos será apenas reflexo dessa condição de vida, levando-nos a sofrer tanto física como mentalmente. Enquanto essa condição de vida prevalecer, não conseguiremos extinguir o ciclo de miséria e de sofrimento, e continuaremos envoltos na ignorância fundamental. No entanto, ao polirmos e purificarmos nossa vida por meio da fé na Lei Mística, enxergaremos tudo com perfeita clareza. Daishonin aponta isso, dizendo: “Agora, quando Nichiren e seus seguidores recitam Nam-myoho-renge-kyo, eles veem e compreendem os dez mil fenômenos [todos os fenômenos do universo] como se estivessem refletidos num espelho cristalino” (OTT, p. 149). Quando vencemos a escuridão inerente à nossa vida e evidenciamos nossa sabedoria de buda recitando Nam-myoho-renge-kyo, não abominamos mais a doença ou a morte, mas sim as vemos como aspectos intrínsecos da vida em si. Os “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte — transformam-se em desafios que nos habilitam a alcançar a felicidade e a cumprir nossa missão de vida. Eles se tornarão inspiradores dramas de vitória e de alegria. O benefício da “purificação dos seis órgãos dos sentidos” nos permite converter os “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte — nas “quatro nobres virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.14 Isso significa que podemos transformar tudo em uma oportunidade para criar valor. O Sutra do Lótus ensina que o bodisatva Jamais Desprezar,15 que se manteve inabalável diante de perseguições, demonstrando de forma contínua seu respeito pela natureza de buda em todos com quem se encontrava, obteve os benefícios da “purificação dos seis órgãos dos sentidos” e de “prolongar a vida”.16 Os membros da Soka Gakkai, sem se deixarem intimidar por críticas ou oposições, estão empreendendo diálogos pautados pelo respeito à vida e à dignidade de todas as pessoas. Eles são inigualáveis mestres da Lei que, com certeza, desfrutarão os mesmos benefícios do bodisatva Jamais Desprezar, de purificação dos seis órgãos dos sentidos e de prolongar a vida. O eternamente indestrutível “tesouro do coração” Num perspicaz discurso sobre a natureza da doença, o pensador suíço Carl Hilty (1833–1909) observou que, se permitirmos que o pessimismo e a amargura em relação a um destino implacável saiam de controle, eles poderão nos causar um dano muito maior do que a doença em si.17 Sem dúvida, é verdade que, quando ficamos doentes, podemos nos tornar suscetíveis a ter pena de nós mesmos e a nos entregar ao pessimismo, o que pode amplificar nosso sofrimento. Hilty também observou que, mediante o simples ato de mostrar um exemplo de paciência e de alegria em meio ao sofrimento, de possibilidade de ser feliz mesmo em tais circunstâncias, aqueles que estão lutando contra doenças podem obter conquistas maiores do que pessoas perfeitamente saudáveis.18 Há muitos exemplos de nobres indivíduos que permanecem fortes enquanto enfrentam a doença e utilizam sua experiência para transmitir grande esperança e coragem para muitos outros. Essa é a prova de sua vitória, alcançada trilhando com orgulho o caminho do kosen-rufu, a missão mais maravilhosa que existe na vida. É natural que, conforme formos envelhecendo, em alguns casos, vivenciaremos o declínio físico e as condições crônicas, mas jamais devemos permitir que isso enfraqueça nosso espírito. Daishonin expressa: “Deve se apressar em acumular o tesouro do coração e vencer sua doença o mais rápido possível” (CEND, v. II, p. 221). Em outra carta, ele escreve: “Como o Sutra Vimalakirti e o Sutra do Nirvana ensinam que as pessoas enfermas atingirão sem falta o estado de buda, não seria a doença de seu marido um desígnio do Buda?” (Ibidem, p. 202). O essencial é recitar daimoku fervorosamente e avançar com fé ainda mais forte. Tudo que acontece possui profundo significado. Analisando os fatos da perspectiva da fé e de uma vida dedicada ao caminho do bodisatva, quanto maiores adversidades a pessoa experimentou, maior a sua missão. Trata-se de um modo de vida que considera que “nenhum [tesouro] é mais valioso que o tesouro do coração!” (cf. CEND, v. II, p. 112). Em vez de nos concentrar no “tesouro do cofre” ou no “tesouro do corpo”, empenhemo-nos para cumprir nossa missão com orgulho e otimismo, acumulando o imperecível “tesouro do coração”. Se avançarmos com o nobre anseio de juramento pelo kosen-rufu, obteremos boa sorte e benefício imensuráveis. Retomando a discussão de Daishonin sobre os “benefícios do mestre da Lei”, ele afirma: “Devem compreender que a prática do Sutra do Lótus, como o próprio sutra orienta, consiste em realizar a purificação dos seis órgãos dos sentidos” (OTT, p. 148). Quando vivemos de forma positiva, com o olhar voltado para o futuro e a determinação de nunca desistir diante de obstáculo algum, irradiamos intensamente o brilho de uma condição de vida estabelecida mediante a purificação dos seis órgãos dos sentidos. Oportunidade para construir uma nova era Em resposta à pandemia da Covid-19, que se encontra em andamento atualmente, o Dr. Kevin Clements, estudioso da paz e diretor do Instituto Toda pela Paz, emitiu uma declaração. A seguir, um trecho do texto: Apesar de esta pandemia estar gerando, medo, caos e ansiedade (...), trata-se de uma oportunidade ímpar para amplas perspectivas e oportunidades para construir um mundo mais empático, mais igual, menos temível, menos poluído, e mais sintonizado com a natureza, em vez de antagônico a ela. Este é um momento de possibilidade criativa. Trabalhemos para assegurar que o que faremos emergir desta crise é um mundo apropriado para o restante deste século desafiador.19 Estou de pleno acordo com esta proposta de converter a crise sem precedentes que estamos enfrentando em oportunidade para construir uma nova era. Uma filosofia da dignidade da vida e do respeito por todas as pessoas Os desafios da pandemia da Covid-19, em conjunto com questões como mudanças climáticas, ameaçam a vida, os meios de subsistência e a dignidade das pessoas em toda parte. Mais que nunca, é importante consolidar a solidariedade de ações que transcenda as fronteiras entre as nações para vencer essas mazelas. Uma filosofia de respeito à dignidade da vida, aliada à sabedoria e à ação pautadas no respeito a todas as pessoas, é essencial para construir uma sociedade salutar e um mundo de coexistência. Atualmente, os membros da Soka Gakkai no mundo inteiro, ao mesmo tempo em que lidam com adversidades e turbulências sem precedentes, lutam juntos para compartilhar a luz da esperança e da renovação com todos. Estão agindo com base em seu juramento conjunto pela paz, inspirados pelas palavras de Daishonin: “Se o senhor se importa realmente com a segurança pessoal, deve primeiro orar pela paz e segurança nos quatro quadrantes da terra, não é verdade?” (CEND, v. I, p. 24). Na vanguarda desses esforços estão os nossos jovens bodisatvas da terra, membros da Divisão dos Jovens, que se empenham no diálogo para incentivar e apoiar os outros. Em razão disso, a tradição da Soka Gakkai de prezar cada pessoa, que tem sido transmitida de uma geração para a outra, hoje brilha cada vez mais intensamente. Sociedades saudáveis e solidárias Abraçamos a Lei Mística, o meio maravilhoso para despertar o bem inato nas profundezas da vida das pessoas. Renovemos a decisão de continuar avançando, sábia e alegremente, evocando a natureza de buda em cada pessoa, enquanto nos esforçamos para edificar sociedades saudáveis e solidárias. (Daibyakurenge, edição de setembro de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Em abril de 2008, relembrando seu venerado mestre, Daisaku Ikeda aponta a câmera para o jardim do Auditório Memorial Makiguchi, em Hachioji, Tóquio, onde resplandece o busto do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda Foto: Seikyo Pess Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2015. p. 57. 2. Na ocasião, o presidente Ikeda citou a seguinte passagem da carta Os Dois Tipos de Doença, enviada por Nichiren Daishonin a Shijo Kingo, que se encontrava em Kamakura e que, além de samurai, era médico: “As doenças dos seres humanos podem ser divididas em duas categorias gerais: a primeira compreende as doenças do corpo. As doenças físicas abrangem cento e um distúrbios do elemento terra, cento e um do elemento água, cento e um do elemento fogo e cento e um do elemento vento, totalizando quatrocentos e quatro enfermidades. Esses males podem ser curados com os remédios prescritos por médicos habilidosos como Detentor de Água, Condutor de Água, Jivaka e Bian Que. A segunda categoria diz respeito às doenças da mente, que compreendem os três venenos e as oitenta e quatro mil enfermidades. Somente um buda pode curá-las; assim, estão além do poder de cura das duas divindades e dos três ascetas, e muito mais ainda das habilidades de Shen Nong e Huang Di” (CEND, v. II, p. 184). 3. Avareza, ira e estupidez são consideradas no budismo como males fundamentais inerentes à vida, que originam o sofrimento humano. São conhecidas como os “três venenos”. 4. Ignorância fundamental: Também conhecida como “escuridão fundamental”. Ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que dá origem a todas as demais ilusões e desejos mundanos. A incapacidade de ver ou reconhecer a verdade suprema da Lei Mística, assim como os impulsos negativos que decorrem dessa ignorância. 5. Essa é a resposta de Daishonin a uma carta de Ota Jomyo, que vivia na província de Shimosa (parte das atuais províncias de Ibaraki e de Chiba). Na carta, Ota relata seus recentes sofrimentos físicos e espirituais e sua preocupação em relação à idade em que se encontrava, 57 anos, considerada a “idade crítica e de infortúnios”. Daishonin responde que os variados sofrimentos são inevitáveis, mas que o “Sutra do Lótus é um bom remédio para os vários males do corpo e da mente” (WND, v. II, p. 747). 6. “Quatro formas de pregação”: Também “quatro tipos de ensinamento”. Maneiras de os budas exporem os próprios ensinamentos descritas na obra de Nagarjuna, Tratado sobre Grande Perfeição e Sabedoria. Elas são: (1) ensinar o budismo às pessoas em termos seculares, explicando que os desejos serão realizados, estimulando-as, dessa forma, a abraçar a fé; (2) ensinar o budismo às pessoas de acordo com a capacidade de compreensão de cada uma delas, possibilitando-as acumular mais carma positivo; (3) ajudar as pessoas a abandonar as ilusões e a se libertar dos “três venenos” — avareza, ira e estupidez; e (4) revelar a verdade fundamental de forma direta, conduzindo as pessoas a percebê-la. Comparadas a essa última forma de ensinar, as três primeiras são consideradas meios provisórios. 7. Preceito “adaptação aos costumes locais” (zuiho bini, jap.): Preceito budista que expõe que, em assuntos nos quais o Buda não permitiu ou proibiu expressamente, a pessoa pode agir de acordo com o costume local, contanto que os princípios fundamentais do budismo não sejam violados. 8. “Transformação de veneno em remédio”: Empregar o poder da Lei Mística para transformar uma vida dominada pelos três caminhos dos desejos mundanos, do carma e do sofrimento numa vida que manifesta as três virtudes do corpo do Darma, da sabedoria e da emancipação. Essa expressão consta numa passagem do Tratado sobre Grande Perfeição e Sabedoria, que menciona “um grande médico capaz de transformar veneno em remédio”. 9. Myoho-renge-kyo é escrito com cinco ideogramas chineses, ao passo que Nam-myoho-renge-kyo, com sete (nam, ou namu, compreendendo dois ideogramas). Daishonin muitas vezes emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus escritos. 10. Cf. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 1. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1992. p. 151. 11. Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente: Coletânea de ensinamentos orais de Nichiren Daishonin sobre o Sutra do Lótus proferidos enquanto ele residia no Monte Minobu. Foram anotados e compilados em dois volumes por seu discípulo e sucessor Nikko Shonin. 12. Purificação dos seis órgãos dos sentidos: Também purificação dos seis sentidos ou faculdades. Isso se refere aos seis órgãos sensoriais — olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e mente — tornarem-se puros, possibilitando a compreensão correta de todos os fatos. O capítulo 19, “Os Benefícios do Mestre da Lei”, do Sutra do Lótus, explica que aqueles que abraçam e praticam o sutra adquirem vários benefícios e que, por meio desses benefícios, os seis órgãos dos sentidos tornam-se apurados e puros. 13. “Possessão mútua dos dez mundos”: Princípio que expõe que cada um dos “dez mundos” possui o potencial inerente para todos os dez. “Possessão mútua” significa que a vida não se fixa a um ou outro dos dez mundos, mas pode manifestar qualquer um dos dez — do estado de inferno ao estado de buda — a qualquer momento. O ponto fundamental desse princípio é que todos os seres, em qualquer dos nove mundos, possuem a natureza de buda. Assim, cada pessoa tem o potencial para manifestar o estado de buda, da mesma forma que um buda também possui os nove mundos, não sendo, portanto, separado ou diferente das pessoas comuns.

01/12/2023

Reflexões Sobre a NRH

[108] A história da Perseguição de Atsuhara (Parte 1)

Em 1979, ano em que se encerrou o primeiro ciclo dos “Sete Sinos”, recebemos o Dia 3 de Maio — data que deveria ser comemorada com grande alegria — com a Soka Gakkai enfrentando uma perseguição em prol da Lei. Essa perseguição foi perpetrada por clérigos corruptos, conforme Nichiren Daishonin havia predito: Uma imensurável multidão de sacerdotes, que, usando todos os demais sutras, tratarão de derrubar o devoto [do Sutra do Lótus]. Se ainda assim não der resultado, possuirá um eminente sacerdote que observa os duzentos e cinquenta preceitos e as três mil regras de conduta e, por essa via, irá persuadir o soberano e enganar a consorte real para conseguir que o devoto seja exilado ou que atente contra sua vida.1 Essa foi uma luta entre uma autoridade religiosa corrupta, presa a tradições e aliada a políticos, e uma nova e revigorante força pela verdade e justiça enraizada na vida das pessoas. Em todas as revoluções religiosas da história, isso sempre ficou evidente. As forças retrógradas, não tolerando nenhum movimento popular em ascensão, arquitetam inúmeros planos e esquemas para reprimi-lo. Foi assim nos dias de Shakyamuni e, de forma ainda mais acentuada, nos tempos de Nichiren Daishonin. A época tumultuada antes e depois da minha renúncia como presidente da Soka Gakkai mergulhou muitos de nossos membros na confusão e na dúvida. Nessas circunstâncias, a história da Perseguição de Atsuhara serviu como um guia para mim. Os Três Mártires de Atsuhara foram decapitados em 1279. Então, realmente foi uma coincidência mística que a perseguição cruel do clero contra a Soka Gakkai, uma espécie de “decapitação espiritual”, tenha ocorrido exatamente setecentos anos após esse período. No escrito A Seleção do Tempo, Nichiren Daishonin adverte: “Os monges corruptos que se desenvolvem no corpo de meus ensinamentos são os únicos capazes de destruir as doutrinas que o Buda tanto se empenhou em estabelecer ao longo de três grandes asamkhya de kalpa”.2 A Perseguição de Atsuhara também foi causada por clérigos corruptos. Os templos da escola Tendai da época, que deveriam fazer o máximo para proteger e transmitir os verdadeiros ensinamentos do budismo, transformaram-se em focos de intriga. O espírito do grande mestre Tiantai, fundador da escola Tiantai da China, e o do grande mestre Dengyo, fundador da escola Tendai no Japão, haviam sido perdidos, e os postos mais elevados nos principais templos foram ocupados por descendentes da aristocracia. Os templos deixaram de ser locais de pura prática religiosa, degenerando-se em instituições vazias nas quais a autoridade do manto clerical era usada para controlar e dominar as pessoas. Os clérigos de elevada posição dos mais importantes templos da escola Tendai no distrito Fuji, província de Suruga [que atualmente faz parte da província de Shizuoka, onde a vila de Atsuhara estava localizada] eram todos corruptos incorrigíveis. Assim eram em templos como o Jisso-ji, que Nichiren Daishonin visitou para pesquisar em sua biblioteca de sutras; o Shijuku-in, em que Nikko Shonin estudou e praticou [os ensinamentos do budismo] quando menino; e o Ryusen-ji [na própria vila de Atsuhara, onde ocorreu a perseguição aos seguidores de Nichiren]. O jovem Nikko Shonin criticava rigorosamente as transgressões desses clérigos. Esse é o espírito de Nikko Shonin, que fundou o templo principal Taiseki-ji, e o espírito da Soka Gakkai. Por esse motivo, durante a Segunda Guerra Mundial [apenas uma década após a fundação da Soka Gakkai], nosso primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, advertiu severamente o clero por sua traição aos ensinamentos de Nichiren Daishonin. Makiguchi sensei declarou: “De todas as escolas Nichiren de hoje, a Nichiren Shoshu é a que mais se assemelha à escola Tendai da época de Nichiren Daishonin”. Enquanto Nikko Shonin servia e apoiava Nichiren Daishonin em Izu e em Kamakura com devoção, ele permaneceu registrado como clérigo do templo Shijuku-in e o utilizava como uma base para converter outros clérigos da Tendai. Em 1268, quando estava com 23 anos, Nikko Shonin, em um ato de coragem, apresentou uma petição de 51 artigos ao governo militar, denunciando as transgressões do reverendo prior da Jisso-ji. De acordo com a petição de Nikko Shonin, o reverendo prior negou-se a fazer reparos nos templos, dentre eles o salão principal e a biblioteca de sutras, mesmo quando esses recintos foram seriamente danificados. As ações da seita Nikken, que por capricho destruiu obras arquitetônicas inestimáveis construídas com as sinceras doações de adeptos de coração puro, são ainda mais repreensíveis. Outro artigo da petição acusava o reverendo prior de derrubar uma venerável cerejeira nos terrenos do templo. Nikko Shonin criticava o reverendo prior por cortar cruelmente uma única árvore. Quando soube desse episódio, percebi quanto Nikko Shonin amava cerejeiras, e então doei várias mudas da árvore para ser plantadas no templo principal e para embelezar assim seus terrenos. A seita Nikken, por sua vez, cortou impiedosamente centenas de cerejeiras. Nikko Shonin também advertiu rigorosamente o reverendo prior do templo Jisso-ji por seu comportamento licencioso, mencionando que ele se divertia com prostitutas em seus aposentos e conduzia uma vida devassa. Para piorar: houve a confirmação pela corte de justiça de que o sumo prelado de toda uma escola budista contratou os serviços de uma prostituta! Essa situação deplorável não tem precedentes na história do budismo. Gyochi, assistente do reverendo prior do templo Ryusen-ji e figura central por trás da Perseguição de Atsuhara, era membro da poderosa família Hojo e exerceu sua autoridade impunemente. Ele foi culpado de todas as formas de atos ilícitos e transgressões contra o código clerical da época: apropriou-se do valioso patrimônio do templo em benefício próprio, caçou cervos e outros animais selvagens e envenenou os peixes do lago do templo para vendê-los. Ele se tornou assistente do reverendo prior devido à sua relação com uma família de poder, mas, na verdade, era um vilão cujo comportamento ia além dos limites da decência e do bom senso. Ryusen-ji, como Nichiren Daishonin adequadamente descreveu, estava sob o domínio de “um animal vestido com manto clerical”.3 Após Daishonin retirar-se para o Monte Minobu, Nikko Shonin desempenhou um papel cada vez mais ativo na propagação dos ensinamentos de Nichiren Daishonin no distrito Fuji. Então, gradativamente, ele formou um grupo sólido de seguidores da Lei Mística. Não apenas os três reverendos em Ryusen-ji — Nisshu, Nichiben e Nichizen — se converteram aos ensinamentos de Nichiren Daishonin, um após outro, como também muitos camponeses da vila de Atsuhara, onde Ryusen-ji estava localizado, seguiram o mesmo caminho. Gyochi e outros reverendos de alta posição na área interpretaram isso como uma séria ameaça ao seu poder. Explorando sua autoridade religiosa, eles viviam de forma extravagante com os oferecimentos que recebiam das famílias de samurais da localidade. O aumento do número de seguido- res de Nichiren Daishonin, o qual manteve a supremacia do Sutra do Lótus, ameaçou a autoridade e a sobrevivência daqueles “espíritos famintos devoradores da Lei”.4 Gyochi respondeu formando uma “aliança antilótus” na área para restringir as atividades dos seguidores de Nichiren Daishonin. Juntando forças com os representantes do clã governante Hojo da localidade, as autoridades do gabinete administrativo do feudo Shimogata iniciaram sua perseguição. Juntos, Gyochi e seus comparsas denunciaram os seguidores de Nichiren Daishonin locais, que defendiam o Sutra do Lótus, chamando-os de “não budistas” e de “heréticos”. Eles exigiam que recitassem a Nembutsu [ou seja, o nome do buda Amida, a prática da escola da Terra Pura] — uma contradição incrível, considerando que Gyochi e outros clérigos deveriam sustentar os ensinamentos da escola Tendai, que tinham como base o Sutra do Lótus. A canção da Soka Gakkai Os Três Mártires de Atsuhara (Atsuhara no Sanreshi) diz: Nesses últimos dias, a água é lamacenta: A confusão no budismo é como cordões de cânhamo entrelaçados, O rancor e a futilidade enchem o coração das pessoas Entre os camponeses da vila de Atsuhara Havia bravos jovens que deploravam isso Seus nomes eram Jinshiro de Atsuhara E seus jovens irmãos Yagoro e Yarokuro Embora pouco tempo havia se passado desde que entraram no caminho da fé, Eles avançaram com ardor juvenil e coração puro para propagar os ensinamentos Sua vida é um glorioso hino à Lei Esses três irmãos [Jinshiro, Yagoro e Yarokuro], líderes dos camponeses de Atsuhara que abraçaram a Lei Mística, somente haviam se tornado seguidores de Nichiren Daishonin por volta de 1278. Hoje, na região antes conhecida como Atsuhara, nossos nobres e valentes membros da subprovíncia da Soka Gakkai, Fuji Seigi (Justiça), na província de Shizuoka, empenham-se ativamente em prol do kosen-rufu. Afirma-se que Jinshiro e seus irmãos eram homens de certa cultura e proficientes nas artes militares. Além disso, eram corajosos e íntegros e possuíam um espírito intrépido a quem as pessoas de sua comunidade confiavam e procuravam. A conversão deles exerceu enorme influência sobre os seus conhecidos. “Não tema os poderosos.”5 “Cada um dos senhores deve reunir a coragem do rei leão e jamais sucumbir às ameaças de ninguém”.6 “Digam a elas que se preparem para o pior; que não esperem bons tempos, mas tenham os maus como certos”.7 Por fim, entre as pessoas comuns, surgiram discípulos genuínos que corresponderam às palavras de Nichiren Daishonin, mesmo arriscando a própria vida. Esses heróis do povo corajosamente demonstraram o espírito de “não poupar a própria vida” ensinado no Sutra do Lótus. Esse fato levou o buda Nichiren Daishonin a perceber que havia chegado a época para inscrever o Gohonzon em prol de toda a humanidade para o infinito futuro. A Perseguição de Atsuhara é a história de grandiosos discípulos que apareceram para lutar com o espírito de unicidade de mestre e discípulo. Até aquela ocasião, somente Nichiren Daishonin havia sofrido perseguições. No Gosho, ele escreve: “Se sentissem e compreendessem suas dívidas de gratidão, então, de dois golpes que desferissem em mim, receberiam um em meu lugar”.8 Portanto, a Perseguição de Atsuhara foi uma grande luta na qual os discípulos de Nichiren Daishonin se levantaram pela primeira vez para receber esses golpes. Foto: Getty Images Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 361-362, 2017. 2. Ibidem, v. I, p. 603. 3. Ibidem, v. II, p. 17. 4. Ibidem, v. I, p. 199. 5. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 177. 6. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 263, 2017. 7. Ibidem, p. 264. 8. Ibidem, p. 88.

01/11/2023

Estudo

[64] A Profecia do Buda — jovens fênix, alcem voo para uma nova era!

Explanação “Aos meus jovens amigos, membros da Divisão dos Estudantes (DE) Herdeiro, que almejam herdar e herdarão o futuro! Vocês são as jovens fênix que realizarão o kosen-rufu. Seu crescimento, portanto, é a esperança da Soka Gakkai e o prenúncio de um radiante novo amanhecer para o Japão e para o mundo.” Esse é um trecho de um editorial intitulado Jovens Fênix, Alcem Voo para o Futuro! com o qual contribuí para a revista de estudos da Soka Gakkai, Daibyakurenge, em novembro de 1965. Acredito convictamente que os integrantes da Divisão dos Estudantes1 possuem a grandiosa missão de arcar com o desenvolvimento futuro da Soka Gakkai. Desejo que assumam a responsabilidade por assegurar a consolidação dos alicerces do kosen-rufu. É por essa razão que abri o caminho para eles e continuarei a fazer isso com todas as minhas forças enquanto viver. O prenúncio de um radiante novo amanhecer Hoje, 55 anos depois [explanação originalmente publicada em 2020], gostaria de declarar novamente a vocês — atuais membros da DE-Herdeiro (ensino médio), DE-Esperança (fundamental 2) e DE-Futuro (fundamental 1) — que seu crescimento representa o prenúncio de um radiante novo amanhecer para o mundo inteiro. Isso porque, nesta época em que a humanidade se vê às voltas com o desafio de uma pandemia global, a presença de vocês e seu sólido desenvolvimento inspiram uma nova esperança às pessoas de todos os lugares. Não cedam à derrota, avancem com total confiança! Com certeza, muitos de vocês se sentiram desapontados por não passarem o verão do modo como geralmente fazem devido às restrições impostas pela Covid-19. E sei que alguns estão lidando com situações difíceis todos os dias pelo fato de sua família enfrentar interrupções nos negócios ou no trabalho relacionadas à pandemia. Por isso, peço-lhes: “Jovens fênix, não cedam à derrota!”; “Com o peito estufado, avancem com total confiança!”; “É em momentos desafiadores como estes que se pode alçar voo bravamente em direção ao futuro!”. Ao mesmo tempo em que envio orações pelo seu sucesso nesse sentido, gostaria de estudar algumas passagens dos escritos de Nichiren Daishonin com vocês, meus preciosos jovens amigos que produzirão um futuro mais promissor. Vamos fazer isso como se estivéssemos desfrutando uma conversa descontraída à sombra das árvores. Trecho do escrito 1 A Profecia do Buda2 O sétimo volume do Sutra do Lótus afirma: “Após eu ter entrado em extinção, no último período de quinhentos anos,3 deve propagá-lo [o Sutra do Lótus] amplamente em todo o Jambudvipa [o mundo inteiro], e jamais permitir que ele deixe de existir” [LSOC, cap. 23, p. 330]. Por um lado, é para mim lamentável que mais de 2.220 anos já tenham se passado desde a morte do Buda. Que mau carma é este que me impediu de nascer na mesma época dele? Por que não pude testemunhar o advento das quatro categorias de veneráveis,4 nos Primeiros Dias da Lei, ou de Tiantai e Dengyo5 nos Médios Dias da Lei? Por outro lado, alegro-me com a boa sorte que me permitiu nascer no último período de quinhentos anos e ler estas palavras verdadeiras do sutra. (CEND, v. I, p. 417) A nobre missão daqueles que nasceram nos Últimos Dias da Lei Nesta edição, estudaremos o escrito de Nichiren Daishonin A Profecia do Buda, no qual ele discute a visão do Buda em relação ao futuro. Basicamente, a profecia do Buda é a concretização do kosen-rufu, a ampla propagação da Lei Mística; equivale ao desejo do Buda de trazer paz à humanidade e conduzir as pessoas à felicidade eterna. O budismo originou-se do desejo de aliviar o sofrimento humano no âmbito mais fundamental. Ensina que todos possuem a condição de vida supremamente nobre do estado de buda e podem superar os desafios máximos da vida: os sofrimentos de nascimento, envelhecimento, doença e morte.6 Indivíduos que despertaram para a dignidade da própria vida, assim como para a dignidade da vida dos outros, levantam-se para eliminar a miséria e o infortúnio do mundo. Kosen-rufu consiste no esforço para construir uma sólida rede de pessoas comuns empoderadas e dedicadas a promover um movimento em prol da felicidade e da paz. Shakyamuni7 expôs o Sutra do Lótus para elevar todas as pessoas à mesma condição de vida iluminada que ele havia alcançado. Ele também instruiu que, na era maléfica e impura posterior à sua morte, seus discípulos deveriam propagar o Sutra do Lótus e jamais permitir que deixasse de ser transmitido. Os bodisatvas da terra8 foram os discípulos incumbidos da nobre missão de cumprir fielmente esse desejo do Buda. Em exata conformidade com os ensinamentos do Sutra do Lótus, Nichiren Daishonin surgiu nos Últimos Dias da Lei,9 era assolada pelo mais terrível sofrimento, e ensinou e propagou a grande Lei do Nam-myoho-renge-kyo, a essência do Sutra do Lótus. Suportando perseguições que representavam risco à própria vida, ele abriu o caminho para a iluminação da humanidade pelo futuro eterno. Essa é a razão pela qual nós o reverenciamos como Buda dos Últimos Dias da Lei. Budismo que constrói a era da vitória do povo Nos tempos atuais, os três primeiros presidentes da Soka Gakkai,10 ligados por profundos laços de mestre e discípulo, herdaram esse nobre espírito de Daishonin. Unidos a eles, nossos dedicados membros do mundo inteiro dão tudo de si, dia após dia, em prol da felicidade das pessoas e da paz e para edificar uma sociedade segura e protegida. Essa extraordinária linhagem de humanismo budista consagrada à construção da era da vitória do povo iniciou-se com Shakyamuni e o Sutra do Lótus na Índia e manteve sua continuidade com Nichiren Daishonin e a Soka Gakkai. Nesse sentido, ao estudarmos A Profecia do Buda, aprenderemos sobre a origem do espírito da Soka Gakkai, o qual está diretamente ligado a Daishonin. Estudei esse escrito com meu mestre, Josei Toda, e posteriormente com os membros da Divisão dos Jovens várias vezes ao longo dos anos. Sempre que o leio, fico profundamente emocionado com a infinita condição de vida de Daishonin e seu ardente desejo de aliviar o sofrimento das pessoas. Espero que todos vocês, meus jovens amigos da Divisão dos Estudantes, também gravem esse espírito em seu coração. Espírito de Daishonin contido no título de A Profecia do Buda Daishonin escreveu A Profecia do Buda no quinto mês intercalado11 de 1273, enquanto residia em Ichinosawa durante o seu exílio na Ilha de Sado.12 O título em japonês, Kembutsu Mirai Ki, literalmente significa tornar realidade o que o Buda predisse e deixou como mensagem para o futuro. De um lado, a “profecia”, no título, refere-se à profecia de Shakyamuni, mas, do outro, a verdadeira intenção de Daishonin era revelar a própria profecia. Em primeiro lugar, qual a profecia de Shakyamuni? Não é outra senão a concretização da passagem do capítulo “Os Feitos Iniciais do Bodisatva Rei dos Remédios”, do Sutra do Lótus, citada no início desse escrito: “Após eu ter entrado em extinção, no último período de quinhentos anos, deve propagá-lo [o Sutra do Lótus] amplamente em todo o Jambudvipa [o mundo inteiro], e jamais permitir que ele deixe de existir” [LSOC, cap. 23, p. 330] (CEND, v. I, p. 417). Esta foi a instrução testamental do Buda para que o Sutra do Lótus fosse propagado no mundo inteiro nos Últimos Dias da Lei e para que jamais se permitisse que sua transmissão cessasse. Fazendo alusão a essa passagem, Daishonin, a princípio, afirma que “por um lado, é para mim lamentável” ter nascido nos Últimos Dias da Lei, depois da morte do Buda, pois significava que não poderia se encontrar diretamente com Shakyamuni, que pregou o Sutra do Lótus, ou com os outros grandes mestres que propagaram o ensinamento do Sutra do Lótus (cf. CEND, v. I, p. 417). Mudança de postura de se lamentar para a de se alegrar No entanto, Daishonin observa: “Por outro lado, alegro-me” referindo-se à imensa boa sorte de ter nascido nos Últimos Dias da Lei e testemunhar essas palavras da profecia do Buda sendo concretizadas (cf. Ibidem). À primeira vista, pode parecer que os Últimos Dias da Lei seja uma era deplorável. Daishonin, porém, tem uma opinião diferente. Ele os vê como uma era para se alegrar, na qual o ensinamento do Sutra do Lótus — Nam-myoho-renge-kyo — será propagado, obstáculos serão sobrepujados e o kosen-rufu será realizado. Essa grande mudança de postura de se lamentar para a de se alegrar é muito importante. Decorre da poderosa determinação de Daishonin de propagar resolutamente o ensinamento da Lei Mística [Nam-myoho-renge-kyo] em meio a implacáveis perseguições com o intuito de conduzir aqueles que estão sofrendo à felicidade genuína. Isso nos oferece uma profunda lição. Por exemplo, em vez de simplesmente lamentar quando nos encontramos num ambiente complicado ou em circunstâncias desafiadoras, se mudarmos nossa determinação (ichinen) e assumirmos uma atitude proativa, poderemos transformar a situação. Além disso, quando empreendemos ações não apenas para nós mesmos, mas também para a felicidade de outras pessoas e da melhoria da sociedade, brota dentro de nós a verdadeira alegria. Esse é o significado de desfrutar uma vida de revolução humana. O que torna os membros da Soka Gakkai tão fortes? O que os faz ser tão radiantes e alegres? É seu modo de vida de nobre dedicação ao incomparável objetivo de alcançar a paz mundial, que é em si o kosen-rufu, e não somente à busca da própria felicidade. Hoje, membros de cada país e região, apesar de eles próprios enfrentarem muitos desafios, estendem a mão para incentivar os amigos e companheiros. Algumas pessoas talvez almejem apenas que seus desejos pessoais se concretizem e, passivamente, esperem se tornar felizes. Mas elas podem mudar e se transformar em pessoas que se empenhem de forma alegre e corajosa pela felicidade e pelo bem-estar de outras, com o mesmo espírito do Buda. Esse é o sublime drama da revolução humana, da transformação interior, protagonizado por aqueles que despertam para sua missão como bodisatvas da terra. É o drama que pulsa com o nobre espírito de respeito pela dignidade da nossa vida, bem como pela dignidade da vida dos outros. Sejam sucessores que avançam corajosamente Nichiren Daishonin estava determinado a aliviar o sofrimento de todas as pessoas, sem exceção. Tamanha era a amplitude de sua compaixão. Esse espírito de ilimitada compaixão e tolerância constitui a essência do Budismo Nichiren. Contudo, por mais excelente que seja um ensinamento, sem sucessores para herdá-lo, ele não poderá ser transmitido a muitas pessoas. Em outro trecho de A Profecia do Buda, Daishonin escreve: “Mesmo quando (...) sacerdotes [budistas] partiram do Japão levando alguns sutras para a China, não houve ninguém dessa nação que pudesse abraçar esses escritos e ensiná-los aos demais. Era como se houvesse somente estátuas de pedra ou de madeira vestidas com mantos clericais e carregando uma tigela de mendicância” (CEND, v. I, p. 420). Vocês, meus jovens amigos da DE, são os sucessores, aqueles que “abraçarão e ensinarão” nossos ideais aos demais. Espero que levem adiante o nobre espírito da Soka Gakkai e prossigam avançando intrepidamente no século 21, comprometidos em cumprir a profecia dos dias atuais de concretização do kosen-rufu e de propagação mundial do Budismo Nichiren como religião para o bem do ser humano. Trecho do escrito 2 A Profecia do Buda A Lua surge no oeste e ilumina o lado leste, enquanto o Sol nasce no leste e irradia seus raios para o oeste. O mesmo se aplica ao budismo. Nos Primeiros e nos Médios Dias da Lei, o budismo propagou-se do oeste para o leste, mas, nos Últimos Dias da Lei, percorrerá do leste para o oeste.13 (CEND, v. I, p. 420) Daishonin tornou realidade a profecia de Shakyamuni Em um trecho anterior a essa passagem, Daishonin enfatiza: “Se não fosse por Nichiren, as palavras do Buda se revelariam falsas” (CEND, v. I, p. 420), e “Em todo o Japão, quem exceto Nichiren pode ser chamado de devoto [praticante] do Sutra do Lótus?” (Ibidem). Com essas palavras, Daishonin declara que só ele tornou a profecia de Shakyamuni realidade. Assegura também que o grandioso ensinamento do Nam-myoho-renge-kyo, o âmago do Sutra do Lótus, se propagará pelo mundo todo, concretizando a profecia que não pôde ser cumprida ao longo da história do Budismo de Shakyamuni. A propagação do Budismo de Shakyamuni é comparada aqui à Lua, e a do Budismo de Nichiren Daishonin, ao Sol. Daishonin escreve: “A Lua surge no oeste e ilumina o lado leste, enquanto o Sol nasce no leste e irradia seus raios para o oeste” (CEND, v. I, p. 420). Talvez vocês estejam pensando: “Tanto a Lua como o Sol não nascem no leste e se põem no oeste?” Embora isso seja verdade, a afirmação de Daishonin reflete as ideias do seu tempo. Uma teoria diz que, como a lua parece se mover para o leste pouco a pouco a cada dia, a partir de onde ela surge no céu inicialmente, considerava-se que ela nascesse no oeste e iluminasse o leste. Outra teoria é que se trata de uma metáfora para o fato de a lua nova surgir baixa no lado oeste do céu logo após o pôr do sol e iluminar o leste antes de se esconder rapidamente. Do mesmo modo que a lua aparenta se mover do oeste para o leste, o Budismo de Shakyamuni se propagou do oeste, Índia, conhecida como a terra da lua, para o Japão, no leste. Esse acontecimento é chamado transmissão do budismo para o leste. E assim como o sol nasce no lado leste do céu e se move para o oeste, o grandioso ensinamento de Nichiren Daishonin, Nam-myoho-renge-kyo, se propagará a partir do Japão, país localizado no leste em direção a oeste. Em A Profecia do Buda, Daishonin apresenta a própria profecia: “Digo que o budismo infalivelmente se levantará e se propagará a partir do leste, das terras do Japão” (CEND, v. I, p. 421). Esse fato é denominado retorno do budismo para o oeste. Significa concretizar o kosen-rufu na Ásia e no mundo inteiro, conduzir todas as pessoas dos Últimos Dias da Lei à felicidade por meio dos ensinamentos universais do Budismo Nichiren. A Soka Gakkai concretiza o retorno do budismo para o oeste No verão de 1951, pouco depois da posse como segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda publicou um artigo na revista Daibyakurenge, intitulado “História e Convicção da Soka Gakkai”, no qual cita a passagem anterior, referente ao retorno do budismo para o oeste, dizendo: “A Soka Gakkai demonstra fé absoluta nessas palavras e age para torná-las realidade”.14 E foi a Soka Gakkai que propagou os ensinamentos humanísticos de Nichiren Daishonin para o mundo e concretizou a profecia do Buda de retorno do budismo para o oeste. Dirigindo-se a um grupo de jovens [em 1957, antes da fundação da Divisão dos Estudantes], Toda sensei expressou: “No futuro, devemos construir um mundo pacífico, de cidadania global,15 livre de divisões nacionais ou étnicas — um mundo no qual todos possam experimentar a verdadeira felicidade. Espero que se lembrem do que eu disse aqui hoje e contribuam para alcançar esse sonho, um pouco que seja”. Com essa passagem sobre o retorno do budismo para o oeste de A Profecia do Buda gravada no coração e Toda sensei sempre em meu pensamento, plantei as sementes da Lei Mística e incentivei as pessoas em diversos países. Também falei aos membros da DE sobre a questão do retorno do budismo para o oeste. Na primeira convenção da DE-Herdeiro, realizada em agosto de 1968, com a participação de representantes de todo o Japão, mencionei essa passagem de A Profecia do Buda. Então, instei-os a tentar, em primeiro lugar, dominar um idioma estrangeiro. Estava convicto de que a proficiência em língua estrangeira seria essencial para cultivar líderes para assumir a responsabilidade pela nova era e cidadãos do mundo para edificar a paz na sociedade global. Os jovens presentes naquele dia hoje são atuantes em muitas áreas em vários países. Meu maior desejo é que todos vocês, jovens que estão vivendo nesta nova era global, tenham sonhos, esperanças e ideais ainda mais grandiosos; que façam do estudo prioridade máxima e aprendam tudo o que puderem; e que desenvolvam seu potencial, alçando voo livremente na sociedade e no mundo. Sejam pessoas de coragem, com uma vida profunda Na parte final de A Profecia do Buda, Daishonin menciona as palavras do grande mestre Dengyo: “Descartar o superficial e buscar o profundo é próprio de uma pessoa de coragem” (CEND, v. I, p. 422). Certa ocasião, também dediquei essa passagem, como um princípio norteador, aos membros do Grupo Jovens Fênix16 da Divisão dos Estudantes. Essas palavras nos exortam a rejeitar uma vida superficial, dominada pelas circunstâncias e preocupada somente em buscar prazer pessoal, e, em vez disso, a escolher uma vida nobre e profunda dedicada ao sublime ideal do kosen-rufu e da paz mundial. Essa é a conduta “própria de uma pessoa de coragem”. Além de ser praticante que permanece firme no caminho correto, a pessoa de coragem possui um caráter extraordinário. Seu coração é munido do espírito intrépido e desafiador de um leão de devotar a vida a cumprir o grande juramento pelo kosen-rufu. Rede solidária de pessoas comuns dedicada à construção de uma era de coexistência pacífica Neste momento em que a humanidade continua enfrentando desafios do contexto global, pessoas de todas as esferas expressam esperança e louvor à rede do bem da SGI em 192 países e territórios. O Dr. N. Radhakrishnan, notável ativista indiano dos direitos humanos, disse no passado que a SGI se tornou um maravilhoso movimento com mais de 10 milhões de ardorosos membros. Acrescentou também que ela envia ondas de paz para um mundo no qual muitos países ainda se encontram dilacerados por contendas e serve como excelente exemplo da força de pessoas que se unem por uma causa grandiosa e positiva.17 Hoje, mais que nunca, o mundo necessita intensamente de uma rede solidária de pessoas comuns dedicada à construção de uma era de coexistência pacífica. De fato, a palavra “Soka”, de Soka Gakkai, significa “criar valor”. Nosso desafio como pessoas que abraçam os ideais do humanismo Soka é conseguir empregar nossa sabedoria e criatividade para estabelecer laços de coração a coração entre os indivíduos, não importando quais sejam nossas circunstâncias ou a distância que possa nos separar, e criar novos valores da paz, da dignidade humana e da felicidade. Como jovens fênix de uma nova era, alcem voo repletos de alegria e de dinamismo, numa magnífica jornada pela concretização da paz mundial. Voo excelente e bailar alegre como bodisatvas da terra Gostaria agora de oferecer, mais uma vez, aos integrantes da Divisão dos Estudantes de todos os lugares as palavras com as quais encerrei meu editorial de 1965, Jovens Fênix, Alcem Voo para o Futuro!: “Meus jovens amigos, que vocês sempre mantenham a fé com a pureza de coração, levem avante o verdadeiro espírito da Soka Gakkai e voem e bailem livremente sobre o alicerce construído por seus predecessores com sinceros esforços. Vivam cada dia com alegria, confiantes de que, à medida que vocês crescerem esplendidamente e se levantarem juntos como um único corpo, chegará a época para a concretização do grande juramento pelo kosen-rufu. Oro pelo desenvolvimento de vocês de forma magnífica como jovens bodisatvas da terra que se empenham pelo bem da sociedade, da Lei Mística e de si próprios”. (Daibyakurenge, edição de agosto de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Jovens do continente africano interagem com membros da Divisão dos Estudantes no Auditório Memorial Toda (Tóquio, Japão, set. 2023) Foto: Seikyo Press Notas: 1. A Divisão dos Estudantes (ensino médio) [DE-Herdeiro] foi estabelecida em 7 de junho de 1964; a Divisão dos Estudantes (ensino fundamental 2) [DE-Esperança], em 15 de janeiro de 1965; e a Divisão dos Estudantes (ensino fundamental 1) [DE-Futuro], em 23 de setembro de 1965. As três juntas compreendem a Divisão dos Estudantes. 2. A Profecia do Buda foi escrita no décimo primeiro dia do quinto mês intercalado de 1273, enquanto Nichiren Daishonin residia em Ichinosawa, na Ilha de Sado, onde ficou exilado. Não é endereçada a nenhuma pessoa em particular e pode ser considerada como uma mensagem para todos os discípulos de Daishonin. 3. Último período de quinhentos anos: Indica o último dos três períodos após a morte do buda Shakyamuni. Os primeiros mil anos após a morte dele correspondem aos Primeiros Dias da Lei, os mil anos seguintes, aos Médios Dias da Lei, e o último período de quinhentos anos, ao início dos Últimos Dias da Lei. 4. “Quatro categorias de veneráveis”: Mestres budistas em quem as outras pessoas podem confiar. Apesar de o termo “quatro categorias” referir-se aos quatro níveis de compreensão, a denominação “quatro categorias de veneráveis” é, com frequência, empregada como um termo genérico para esses mestres budistas, independentemente do nível de compreensão. 5. Tiantai (538–597), também conhecido como Zhiyi, Tiantai Zhizhe, grande mestre Tiantai e grande mestre Zhizhe. Propagou o Sutra do Lótus na China e estabeleceu a doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida”. Dengyo (767–822), também conhecido como Saicho, foi o fundador da escola Tendai (Tiantai) no Japão. Ele viajou para a China, onde dominou os ensinamentos de Tiantai. 6. Nascimento, envelhecimento, doença e morte são os “quatro sofrimentos fundamentais”, dos quais nenhum de nós consegue escapar. Os ensinamentos do budismo foram expostos para habilitar as pessoas a ultrapassar esses sofrimentos. 7. Shakyamuni: Também conhecido como buda Gautama, é o fundador do budismo. 8. Bodisatvas da terra: A imensa multidão de bodisatvas que o buda Shakyamuni convoca para propagar o Sutra do Lótus na era maléfica após a sua morte e guiar eternamente todas as pessoas à felicidade. Eles emergem da terra no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, daí o referido título. Cada um deles é um grande bodisatva — de brilho dourado, magnífico e firme em seu propósito — acompanhado por um séquito de amigos e companheiros em número igual às areias de sessenta mil rios Ganges. 9. Os Últimos Dias da Lei indicam o período após a morte de Shakyamuni em que seus ensinamentos perderiam a eficácia e se fossilizariam, e o mundo seria atormentado por disputas e conflito. Nichiren Daishonin surgiu durante essa época e expôs o grandioso ensinamento do Nam-myoho-renge-kyo para aliviar os sofrimentos das pessoas dos Últimos Dias da Lei por toda a eternidade. 10. Três primeiros presidentes da Soka Gakkai: Primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi; segundo, Josei Toda; e terceiro, Daisaku Ikeda. Eles também são conhecidos como os três presidentes fundadores da Soka Gakkai. 11. Mês intercalado: No período pré-moderno, o Japão, assim como a China, registrava datas com base no calendário lunar. O Dia de Ano-Novo no calendário lunar, considerado o início do primeiro mês e da primavera, variava de ano para ano, mas sempre incidia em alguma data entre 21 de janeiro e 19 de fevereiro do calendário solar, ou gregoriano. Como os meses do calendário lunar eram mais curtos que os do solar, era necessário acrescentar um mês extra a certos intervalos, para que o ano lunar correspondesse com precisão às estações. Esse mês é conhecido como mês intercalado e ocorria regularmente cerca de uma vez a cada 33 meses. Nas traduções, esses meses são indicados pela palavra “intercalado”, como em “quinto mês intercalado”. 12. Exílio em Sado: Exílio de Daishonin na Ilha de Sado, na costa oeste do Japão, desde o décimo mês de 1271, após a Perseguição de Tatsunokuchi, ocorrida no décimo segundo dia do nono mês de 1271, até o terceiro mês de 1274. Nos dois anos e cinco meses em que Daishonin permaneceu em Sado, não tinha alimento e vestimentas suficientes e sua vida permaneceu sob constante ameaça dos seguidores do Nembutsu. Durante esse período sombrio, porém, ele redigiu várias importantes obras, dentre as quais Abertura dos Olhos e O Objeto de Devoção para Observar a Mente, e proporcionou incentivos aos seus seguidores. 13. Refere-se ao “retorno do budismo para o oeste”. 14. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu, [Obras Completas de Josei Toda]. v. 3, Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1983. p. 127. 15. O presidente Josei Toda enunciou pela primeira vez seu conceito de cidadania global num seminário de estudo da Divisão dos Jovens em 1952. Trata-se da ideia de que todas as pessoas do mundo fazem parte de uma família global e devem buscar a prosperidade mediante a cooperação mútua e a harmonia, em vez de se envolverem em conflitos e discriminação. 16. Grupo Jovens Fênix: Grupo de Aprimoramento para membros da Divisão dos Estudantes Herdeiro estabelecido em 1966. 17. Traduzido do japonês. RADHAKRISHNAN, N. Ganji Kingu Ikeda; Hiboryoku to Taiwa no Keifu [Mahatma Gandhi, Martin Luther King e Daisaku Ikeda como Defensores da Não Violência]. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 2002. p. 127.

01/11/2023

RDez

ABC do Budismo

O verdadeiro aspecto de todos os fenômenos

Você já deve ter ouvido falar, por diversas vezes, o termo “atingir o estado de buda”. Mas, já parou para pensar como isso é possível? Todos nós possuímos dez estados de vida, sendo que o estado de buda é o mais elevado deles, o mais digno que podemos alcançar. Assim como os demais, o estado de buda se manifesta no dia a dia, inclusive, em meio às adversidades. É um estado de felicidade absoluta em que não somos abalados nem influenciados negativamente por nada! É como se fôssemos um leão, o rei dos animais. É para alcançar esse estado que realizamos, diariamente, o gongyo, em que repetimos por três vezes uma parte do escrito1 O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos, e recitamos Nam-myoho-renge-kyo, que é a Lei que permeia todo o universo. O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos é o nome de uma carta que Nichiren Daishonin escreveu para o discípulo Sairen-bo Nichijo. O “verdadeiro aspecto de todos os fenômenos” nada mais é do que o potencial de buda que existe dentro de nós. Em um dos trechos dessa carta, consta: Agora, não obstante o que aconteça, empenhe-se na fé, torne-se um devoto [praticante] do Sutra do Lótus e continue sendo meu discípulo pelo resto de sua vida. Se tiver a mesma mente de Nichiren, o senhor deve ser um bodisatva da terra. (CEND, v. I, p. 404) A juventude é conhecida por ser uma época com muitas descobertas, novos conhecimentos, decisões a serem tomadas, dificuldades e preocupações. É um turbilhão de sentimentos que fazem parte da nossa vida. Nesses momentos, podemos manifestar desde o estado de inferno até o estado de buda. Em meio a tudo isso, aprendemos no budismo que, por meio da oração, podemos evidenciar uma condição repleta de boa sorte em que não somos influenciados por nada. Vocês já ouviram falar que “não há oração sem resposta”? Isso é verdade! Sendo praticantes, bodisatvas da terra e discípulos de Ikeda sensei, sempre teremos uma resposta, imediata ou não, por essa razão devemos manter a fé pelo resto da vida. Qual é o papel dos bodisatvas da terra? Como afirmou Nichiren Daishonin, nós somos bodisatvas da terra, ou seja, nascemos com a missão de propagar o kosen-rufu neste mundo. Os bodisatvas trabalham em busca da paz mundial pela felicidade de todas as pessoas. Você pode até se perguntar: “Se sou um bodisatva da terra, por que tenho tantos problemas?” É que, ser um bodisatva não significa que nossa vida será tranquila, na verdade, indica que, mesmo vivendo e enfrentando adversidades, temos a oportunidade de transformar nossa vida e a de outras pessoas. Muitas vezes, é no momento que estamos ajudando um amigo a superar um problema que encontramos a solução para o que está nos atormentando. Os bodisatvas da terra são chamados assim porque estão em um caminho contínuo que leva à iluminação (estado de buda). Eles estão constantemente em um processo de despertar. Nós, Sucessores Ikeda 2030, somos diversos, conforme o princípio da “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro”. Temos nossas características e nosso jeito de pensar. Mas temos em comum a oportunidade de praticar o Budismo Nichiren, ter um mestre da vida, que é Ikeda sensei, e, por meio da Soka Gakkai, cultivar e ajudar inúmeros amigos! No livro Vozes para um Futuro Brilhante, sensei cita a seguinte afirmação de Nichiren Daishonin: "Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar o Nam-myoho-renge-kyo".2 Sendo assim, vamos sempre revelar o verdadeiro aspecto que existe em cada um de nós! Notas: 1. Escrito ou Gosho: são cartas em que Nichiren Daishonin, o Buda Original dos Últimos Dias da Lei, escrevia para seus discípulos e seguidores com a intenção de incentivá-los a ter uma fé duradoura para atingir o estado de buda. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 713, 2020.

02/09/2024

Matéria de Capa

Sabedoria e compreensão ilimitadas

Estado de buda Os dez estados de vida ou dez mundos são condições da nossa vida que se manifestam em um determinado momento do dia. Dentro desses estados, existem os mais baixos e os mais elevados. O mais alto é o estado de buda. A palavra "buda" significa "iluminado", ou seja, quando a pessoa consegue ter uma profunda sabedoria e compreensão das coisas. A condição de vida no estado de buda é a felicidade absoluta, aquela que não é influenciada por nada. Pode ser comparada à vida do rei leão que não teme a nada, sejam quais forem as circunstâncias. É importante lembrar que atingir a iluminação não significa se tornar uma pessoa diferente ou especial nem viver em um mundo onde não existem dificuldades, mas, sim, ter uma felicidade inabalável mesmo em meio às adversidades. Pode parecer difícil alcançar esse estado, mas ele pode ser atingido por todos nós por meio do esforço diário, principalmente, na recitação do gongyo e do daimoku. Sobre alcançar o estado de buda, Ikeda sensei disse: “Todos possuem o potencial para atingir o estado de buda e podem chegar a essa elevada condição exatamente como são. O importante é que isso está assegurado no transcorrer desta existência. O Budismo de Nichiren Daishonin mostra claramente o maravilhoso caminho para a iluminação”. (Terceira Civilização, ed. 460, p. 38, dez 2006) Para entender melhor sobre os dez mundos, assista ao vídeo a seguir: Uma mudança de visão No dia a dia, passamos por várias situações que afetam o nosso estado de vida. Como poderíamos, então, alcançar o estado de buda? Os dois exemplos a seguir podem nos ajudar nessa compreensão: Ana estudou para uma prova e tirou uma nota muito boa, porém, não superou a nota de uma colega que estudou mais. Ana fica com raiva e passa o dia todo irritada. Nesse exemplo, provavelmente, Ana está em um estado de vida mais baixo, o de ira, já que estava com raiva e inveja da colega. Agora, como seria se ela estivesse em um estado mais elevado? Ana estudou para a prova, tirou uma nota muito boa e ficou contente com a sua nota e seu esforço. Apesar da nota ser inferior a da colega, ela ainda ficou feliz pela amiga. Além disso, quando chegou em casa, fez daimoku e decidiu que iria estudar mais para a próxima prova. Outro exemplo fácil de compreender os estados de vida é pela bateria do celular. Quando ela está em 1%, retrata o estado de vida mais baixo, o estado de inferno. E, conforme vamos recitando daimoku, vamos “recarregando” em direção ao estado de buda. Independentemente do que passamos no dia a dia, o mais importante é entender que podemos atingir o estado de buda do jeito como somos e onde estamos agora. Para isso, é importante participar das reuniões dos Sucessores Ikeda 2030 e desafiar na recitação diária de gongyo e daimoku. Dica de Conteúdo: Saiba mais sobre o princípio dos dez estados de vida nesta matéria: Teoria dos dez mundos Entre no quiz abaixo e teste seus conhecimentos sobre a matéria Sugestão de dinâmica: Dinâmica do copo com água e areia Em um copo com água, coloque um pouco de areia e misture bem com uma colher. Quando o líquido é agitado, ele fica turvo, o que pode representar os baixos estados de vida. Em seguida, deixe o copo parado para que a areia fique depositada no fundo. Explique que, quando paramos para fazer daimoku, conseguimos nos acalmar, clarear os pensamentos e elevar nosso estado de vida.

02/09/2024

Cápsula do tempo

Declaração pela Abolição das Armas Nucleares

Um dos fatos marcantes na história da Soka Gakkai e na vida do segundo presidente Josei Toda ocorreu no dia 8 de setembro de 1957, em um dia de outono, quando ele proferiu a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares. Nessa ocasião, estava sendo realizado o 4º Encontro Esportivo do Leste do Japão, no Estádio Mitsuzawa, na cidade de Yokohama. Cerca de 50 mil pessoas estavam reunidas. Na declaração, o Sr. Toda afirmou que todos os seres humanos têm o direito inviolável à vida. Declarou ainda a necessidade de eliminar a maldade e a miséria no coração das pessoas que provocam a guerra, que ameaça a própria humanidade. Ao final, Toda sensei clamou aos jovens: “Creio que a missão de cada integrante da Divisão dos Jovens do Japão é difundir essa ideia em todo o mundo”. (Nova Revolução Humana, v. 7, p. 29) Ikeda sensei refletia constantemente sobre as ações concretas que deveria realizar para tornar realidade esse primeiro testamento de seu Mestre. Por isso, a partir de 1970, ele travou diálogos com líderes de grandes nações e com diferentes intelectuais e, desde 1983, passou a apresentar anualmente a Proposta de Paz para a Organização das Nações Unidas (ONU), num total de 40. Em todas as propostas, ele colocou em pauta a abolição das armas nucleares. Além disso, por meio da Soka Gakkai Internacional (SGI), promoveu diversas atividades para conscientizar as pessoas sobre a dignidade e o respeito absoluto à vida. Como jovens, como podemos dar continuidade a essas ações? Podemos encontrar a resposta no volume 7 da Nova Revolução Humana, na página 30: “[...] espero que os jovens da Soka Gakkai, que abraçaram a grandiosa filosofia de vida exposta no budismo, desenvolvam-se brilhantemente como cidadãos e líderes em diversas áreas da sociedade de forma a contribuir de maneira nobre para a realização da paz do mundo e o bem-estar de toda a humanidade. Não devemos nos apegar ao pensamento limitado de ser apenas integrantes de uma associação ou de um grupo religioso, isolando-nos dos demais. Antes de tudo, devemos acalentar a firme convicção de que somos dignos discípulos de Nichiren Daishonin e que, como tais, vamos lutar e salvar a humanidade”. Saiba mais: RDez, ed.177, set. 2016, p. 5. Brasil Seikyo, ed.1.893, maio 2007, p. B5. *** Teste seus conhecimentos com o vídeo Cápsula do Tempo Quiz Show Datas marcantes do mês de setembro Dia 8 • 1957 (67 anos) Declaração pela Abolição das Armas Nucleares. Nessa data, Josei Toda solicitou aos jovens que transmitissem essa ideia para todo o Japão e o mundo. Dia 12 • 1271 (753 anos) Perseguição de Tatsunokuchi. Nichiren Daishonin foi falsamente acusado e sentenciado à decapitação. Entretanto, no momento que o carrasco ia cortar a cabeça de Daishonin, um objeto luminoso surgiu no céu e afugentou os soldados. Dia 21 • 1279 (745 anos) Perseguição de Atsuhara. Perseguição sofrida pelos discípulos de Nichiren Daishonin. Por se negarem a abandonar a fé, vários camponeses foram presos e os irmãos Jinshiro, Yagoro e Yarokuro foram decapitados.

02/09/2024

ABC do Budismo

Estudo do budismo

Nós, da Divisão dos Estudantes, aprendemos que estudar é muito importante, não é mesmo? Quando estudamos, exercitamos nossa mente e ficamos mais espertos, pois descobrimos o porquê das coisas, entendemos sobre a vida e o que acontece ao nosso redor. O mesmo acontece quando estudamos o budismo. Tudo o que Ikeda sensei escreveu e nos ensinou ele aprendeu com o Mestre dele, Josei Toda. A ação de buscar conhecimento sobre os princípios budistas, as cartas escritas por Nichiren Daishonin aos discípulos e o significado do gongyo e do daimoku, por exemplo, é chamado de kyogaku, outro nome para “estudo do budismo”. Estudo do Budismo Nichiren e a vida diária Na Nova Revolução Humana, volume 7, capítulo “Broto”, Ikeda sensei incentiva os participantes do exame de budismo: Alguns dos senhores devem pensar o seguinte: “Por que tenho de estudar os complicados princípios do budismo? Não basta apenas recitar daimoku e obter benefícios?” Da mesma forma como se obtêm grandes benefícios quando se pratica uma correta religião, surgem também os obstáculos e as maldades. Nesses momentos de dificuldades, se não tiverem um correto conhecimento do budismo, acabarão criando dúvidas na prática da fé. Saber o que praticamos, o porquê e o impacto em nossa vida diária nos faz descobrir o valor que temos dentro de nós e o quanto a nossa prática é poderosa. Também podemos explicar e mostrar às pessoas ao nosso redor como manifestar sabedoria e incentivá-las a vencer seus próprios desafios. Uma pessoa culta é aquela que tem muito conhecimento, ou seja, que aprendeu bastante. Sensei nos orienta a nos tornarmos pessoas cultas: Uma mente sagaz e formidável o habilita a discernir entre o certo e o errado sem se deixar distrair por questões periféricas. Além disso, sem ser influenciado por emoções pessoais, distorcidas e insignificantes, você é capaz de se dedicar intrepidamente àquilo que acredita ser justo; consegue avançar com grande bravura e determinação na direção para qual a verdade o guia. Gostaria que, por meio do aprendizado e da cultura, vocês edifiquem e desenvolvam caráter e inteligência sólidos e sejam exemplos notáveis nos dois âmbitos. (Nova Revolução Humana, v. 23, p. 149) Uma vez que nos tornamos curiosos e estudamos, um novo mundo se abre e conseguimos enxergar as coisas de maneira diferente. Em inglês, essa sensação de ficar impressionado como se um novo mundo tivesse se formado e tudo fizesse sentido para você é chamada de mind-blowing. O caminho para a vitória No livro Vozes para um Futuro Brilhante, Ikeda sensei nos orienta a seguir o caminho dos estudos, que também é o caminho para a vitória. O caminho dos estudos é iluminado. Esse caminho pode ser aberto sem falta. Por isso, não importando o que aconteça, jamais percam o espírito de aprender. É preciso continuar a avançar. E o caminho que trilharem é o que se tornará o caminho da missão, o caminho da realização e o caminho da vitória exclusivamente seu. Vocês possuem essa força. Vocês têm essa capacidade. Recitando vibrantemente a Lei Mística, que extrai a ilimitada força inerente à vida, vamos avançar sempre adiante com elevado orgulho pelo caminho do aprimoramento! (Vozes para um Futuro Brilhante, p. 111) Nosso lema eterno como Sucessores Ikeda 2030 – “Em primeiro lugar, vamos nos dedicar aos estudos, cuidar da saúde e zelar pelos pais” –, diz que devemos colocar tanto o estudo do budismo quanto as matérias escolares em primeiro lugar, a ponto de nos tornarmos experts nesses assuntos. Para o estudo do budismo, podemos recorrer aos materiais publicados pela Editora Brasil Seikyo, como o Guia para a Vitória, que mensalmente traz artigos, vídeos, parábolas e relatos que nos ensinam a colocar em prática os termos budistas, e a RDez, que traz assuntos voltados para os Estudantes numa linguagem acessível, além de quizzes sobre as datas importantes para os membros da Soka Gakkai. Você também pode participar das reuniões de palestra para aprender mais sobre o budismo. Quando compreendemos como a prática budista funciona, nossa fé aumenta, nos tornamos plenamente felizes e queremos passar a fórmula adiante. Então, vamos juntos?

01/08/2024

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