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Brasil Seikyo

Conheça o Budismo

Missão: paz e felicidade de todos

Poderia me explicar a respeito do conceito budista de ganken ogo? Ganken ogo significa “carma adotado por desejo próprio”. Explicando melhor, representa o fato de nascer em um mundo de impurezas, como consequência do forte desejo de salvar a humanidade por meio da propagação da Lei Mística. Em outras palavras, indica o desejo da própria pessoa de nascer em uma circunstância desfavorável para transformar sua vida e comprovar os benefícios da prática budista para as demais pessoas. Então, eu mesmo optei nascer aqui no Brasil e passar pelas circunstâncias que encontro? De fato, por meio do conceito de ganken ogo, o budismo ensina que as pessoas, conscientes de sua missão como bodisatvas da terra, manifestaram o desejo de nascer exatamente neste local e nesta situação com o intuito de ultrapassarem suas dificuldades com base na prática da fé para comprovar a grandiosidade do Budismo de Nichiren Daishonin. E assim, por meio dessa comprovação real, poderiam incentivar outras pessoas a praticar também o budismo e a desfrutar benefícios. Em outro sentido, todos os seres humanos nascem com uma missão que somente eles podem concretizar. Portanto, o nascimento de uma pessoa não é mera circunstância do acaso. Mas eu já não poderia ter nascido em uma condição de felicidade? Por exemplo, se uma pessoa que não enfrentou problemas ou dificuldades lhe dissesse que se tornou feliz por meio da prática do budismo, provavelmente suas palavras não tocariam de forma profunda a sua vida. Ao contrário, uma pessoa que enfrentou sérias dificuldades, como problemas financeiros, e as superou por meio da prática budista, transformando a situação e alcançando a felicidade, isso certamente despertaria a curiosidade em todos de saber como ela conseguiu essa mudança em sua vida. Assim, ela comprovaria a veracidade desse ensinamento e incentivaria muitos outros a ultrapassar suas dificuldades com base em seu exemplo. De forma semelhante, quando alguém consegue vencer uma grave doença tornando-se saudável, isso leva coragem e esperança às pessoas. Então, minha transformação pode ajudar outras pessoas? Correto. A transformação da vida de uma pessoa é motivo de grande alegria para as demais, além de encorajar e dar esperança para quem estiver passando pelos mesmos problemas. Não é maravilhoso quando vemos uma família feliz que ultrapassou problemas de desarmonia familiar e se tornou modelo para outras famílias que ainda enfrentam as mesmas aflições? E aqueles que não praticam o budismo acompanham nosso desenvolvimento, e todas as transformações são observadas por eles. Sua vitória será motivo de alegria para todos. Quanto maiores forem as dificuldades enfrentadas na vida, maior será a comprovação dos benefícios da prática da fé. Há alguma passagem das escrituras budistas que menciona o conceito de ganken ogo? No próprio Sutra do Lótus, há citações que ilustram esse princípio. O buda Nichiren Daishonin o cita no escrito Abertura dos Olhos: Com este meu corpo, tenho cumprido as predições do sutra. Quanto mais as autoridades do governo me atacam, maior é a minha alegria. Por exemplo, há certos bodisatvas do Hinayana, ainda não libertos da ilusão, que adotam um carma negativo motivados pelo próprio juramento [ganken ogo]. Se souberem que seu pai ou sua mãe caíram no inferno e estão agonizando, esses bodisatvas voluntariamente criarão o carma apropriado para que também caiam no inferno a fim de compartilhar e tomar para si próprios os sofrimentos dos pais. Nesse sentido, o sofrimento é uma alegria para eles. O mesmo ocorre comigo [ao cumprir as predições].1 Daishonin também enfrentou dificuldades? O buda Nichiren Daishonin nasceu com a missão de revelar a Lei fundamental da vida para a felicidade de toda a humanidade. Durante a sua existência, enfrentou inúmeras adversidades. Ele foi perseguido e atacado, culminando com a Perseguição de Tatsunokuchi, em 12 de setembro de 1271, na qual as autoridades tentaram decapitá-lo. E foi nessa ocasião que ele revelou sua verdadeira identidade de Buda dos Últimos Dias da Lei, conforme consta em outra passagem do escrito Abertura dos Olhos: No décimo segundo dia do nono mês do ano passado, entre as horas do rato e do boi [entre 23 horas e 3 horas], esta pessoa chamada Nichiren foi decapitada. Foi sua alma que chegou a esta Ilha de Sado e, no segundo mês do ano seguinte, cercado pela neve, escreve esta carta para enviá-la aos seus discípulos mais próximos.2 Os membros da Soka Gakkai, desde a sua fundação, vêm se empenhando intensamente em prol da felicidade das pessoas. Porém, ao longo desses anos, também vêm ultrapassando, em torno dos três primeiros presidentes — Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda —, diversas adversidades, como críticas, difamações e injustiças, comprovando a grande vitória e direcionando as pessoas ao verdadeiro caminho da felicidade. Hoje, com Ikeda sensei como eterno mestre da vida, todos estamos nos empenhando com a grande missão de transformarmos as condições adversas da nossa vida para comprovar a grandiosidade do budismo. Então, vamos nos esforçar para pôr em prática o princípio de ganken ogo, buscando a comprovação real da mudança das circunstâncias adversas, contribuindo assim para a felicidade de muitas outras pessoas. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 1.705, 28 jun. 2003, p. A5. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 253, 2020. 2. Ibidem, p. 281-282. *** A pessoa mais feliz do Brasil Veja, a seguir, trechos do capítulo “Desbravadores” do romance Nova Revolução Humana, v. 1, no qual Ikeda sensei incentiva os participantes na fundação do Distrito Brasil durante a sua primeira visita ao Brasil, em 1960, ressaltando a sua missão à luz do princípio de ganken ogo. O budismo elucida um princípio chamado ganken ogo [carma adotado por desejo próprio]. Segundo esse princípio, os praticantes do budismo escolhem, por vontade própria, nascer em circunstâncias desfavoráveis para que possam ajudar os outros. Isso significa que, embora tenhamos acumulado benefícios por meio da prática budista para renascer em circunstâncias favoráveis, escolhemos propositadamente renascer em meio aos que sofrem para propagar a Lei Mística. (...) Por exemplo, se alguém que sempre viveu como uma rainha, sem grandes dificuldades ou problemas, dissesse que se tornou feliz graças à prática do budismo, ninguém lhe daria ouvidos. Contudo, se uma pessoa doente, de família pobre, menosprezada pelos outros, consegue transformar a vida por meio da prática budista, tornando-se feliz e ainda uma líder na sociedade, isso será uma esplêndida prova da grandiosidade do budismo. (...) Ao vencer a situação de grande pobreza, o praticante consegue transmitir esperança a outras pessoas que enfrentam dificuldades financeiras. Ao adquirir boa saúde e vitalidade, alguém que sempre lutou contra a doença consegue acender a chama da coragem no coração daqueles que enfrentam circunstâncias similares. Ao construir um ambiente familiar feliz e harmonioso, alguém que sofreu com desentendimentos no lar se tornará um líder para outros afligidos por problemas de relacionamento familiar. (...) Pode-se dizer que carma é outro nome para missão. Eu sou filho de um pobre beneficiador de algas marinhas. Trabalhei ao lado do Sr. [Josei] Toda durante as amargas provações resultantes da falência da empresa, apesar de estar com a saúde frágil devido à tuberculose. Por ter experimentado dificuldades e sofrimentos como todo mundo, pude assumir a liderança do movimento do kosen-rufu como representante das pessoas comuns. (...) Talvez os senhores estejam pensando que vieram para o Brasil por causa das circunstâncias de cada um. No entanto, a razão não é bem essa. Os senhores nasceram como bodisatvas da terra para realizar o kosen-rufu do Brasil, para conduzir as pessoas deste país à felicidade e para construir aqui a terra da eterna paz e tranquilidade. Ou melhor, os senhores foram escolhidos por Nichiren Daishonin para estarem aqui. Quando se conscientizarem de sua sublime missão como bodisat­vas da terra e dedicarem a vida ao kosen-rufu, o sol que existe dentro dos senhores desde o tempo sem início começará a brilhar. Todas as ofensas que cometeram em vidas passadas serão dissipadas como a bruma e os senhores iniciarão uma vida maravilhosa permeada pela profunda alegria e felicidade. (...) Dessa forma, cabe apenas a cada um de nós cultivar e desenvolver a própria vida. É preciso empunhar a enxada da esperança, plantar as sementes da felicidade e perseverar com tenacidade na prática da fé. As gotas de suor derramadas em prol do kosen-rufu vão se tornar gemas de boa sorte que haverão de dignificar a sua vida para sempre. Por favor, torne-se a pessoa mais feliz do Brasil! Fonte: IKEDA, Daisaku. Desbravadores. Nova Revolução Humana, v. 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 240-242. Dicas de leitura Veja sobre o tema “Missão” no Guia para a Vitória que acompanha esta edição do Brasil Seikyo. Saiba mais sobre a fundação do Distrito Brasil no capítulo “Desbravadores” da Nova Revolução Humana, v. 1. Acesse: https://cile.brasilseikyo.com.br/livro-nrh-um Matéria Carma é Missão publicada na revista Terceira Civilização, ed. 546, fev. 2014, no BS+ ou acessando: https://www.brasilseikyo.com.br/home/terceira-civilizacao/edicao/546/artigo/carma-e-missao/17157 Ilustração: GETTY IMAGES

11/07/2024

Notícias

Eternos laços de amizade

Ontem sonhei que fui ao México. Eles estavam esperando. Todos aguardavam ansiosamente a chegada do Budismo de Nichiren Daishonin. Como eu quero viajar para o mundo, para a jornada do kosen-rufu... Shin’ichi,1 o mundo é seu desafio, seu verdadeiro palco. E o mundo é imenso e vasto.2 Essas palavras do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, registradas no romance Nova Revolução Humana, marcam o anseio do mestre pela atuação do jovem discípulo Daisaku Ikeda no palco da propagação mundial do budismo. Também representam o ponto primordial dos esforços dos integrantes da SGI-México, organização que realizou um intercâmbio com os companheiros da BSGI entre os dias 27 de junho e 1o de julho. O objetivo dos membros mexicanos no evento era compartilhar experiências, renovar o juramento ao Mestre e estreitar os laços de amizade entre os países. O grupo de 39 participantes contou também com a presença de dois representantes de El Salvador. No dia 27, ao chegarem ao Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda, em São Paulo, SP, foram efusivamente recepcionados pelos membros do Brasil e, em seguida, participaram da reunião de abertura em torno dos líderes da BSGI. A atitude amistosa, calorosa e alegre de mexicanos e brasileiros aflorou no encontro, que teve apresentações e boas-vindas, relato de comprovação, direcionamentos e incentivos. No segundo dia de intercâmbio, os representantes fizeram uma visitação às dependências do complexo de prédios da BSGI e da Editora Brasil Seikyo. Participaram também de diálogos em grupos com integrantes dos departamentos das instituições. A natureza exuberante do Centro Cultural Campestre (CCCamp), em Itapevi, SP, foi o cenário para as atividades do terceiro dia, que incluíram o estudo sobre o escrito Estabelecer o Ensinamento para Pacificação da Terra, coordenado pelo Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI. Posteriormente, eles participaram da cerimônia em memória dos entes falecidos no Palácio Memorial da Paz Eterna e partiram para a visitação no CCCamp. À tarde, eles se dividiram em grupos para conhecer as localidades da Sub. Castelo Régis, CGSP, e participar de reuniões de palestra numa animada e incentivadora troca de ideias. Durante uma delas, o presidente da SGI-México, Nereo Ordaz, compartilhou com os presentes seu relato de início da prática budista e enalteceu a luta das mulheres. Ele ressaltou que, apesar de todos os desafios, são elas que mais lutam, mais desafiam e mais vencem. E reforçou quanto a oração das mulheres é forte e infalivelmente atendida pelo Gohonzon. Os membros da SGI-México iniciaram o último dia do intercâmbio no Colégio Soka do Brasil e foram envoltos pela pureza do coração das crianças. Além de realizarem a visitação ao local, aprenderam um pouco mais sobre a educação Soka por meio do diálogo com a coordenação pedagógica e a diretoria do colégio. À tarde, participaram da reunião de encerramento no Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda, que iniciou com um vídeo dos melhores momentos do intercâmbio. Eles também ouviram as palavras de Júlio Kosaka, presidente do conselho de orientação da América Latina e compartilharam vários relatos de impressão. Em suas palavras de cumprimento, Alejandra Garcia, responsável pela Divisão Feminina da SGI-México, e o presidente Nereo Ordaz reforçaram a profunda ligação que o país tem com os brasileiros e convidaram os membros a ir ao México. Miguel Shiratori, presidente da BSGI, afirmou que os integrantes do Brasil, junto com os membros mexicanos, se reencontraram uma vez mais com Ikeda sensei. Ao final, houve uma troca de oferecimentos entre os dois países: enquanto o México homenageou a BSGI com a declamação do poema Brasil, Seja Monarca do Mundo! e com a regência da canção Juntos com Sensei, os brasileiros recitaram um poema do Mestre em espanhol. A reunião encerrou com os ânimos elevados e tanto os integrantes da SGI-México como os da BSGI reconfirmaram a decisão de se dedicar ainda mais em prol do kosen-rufu eternamente junto com o Mestre. Assista: Vídeo sobre o intercâmbio No topo: Momentos memoráveis de mútuo incentivo e aprendizado marcam o intercâmbio cujo foco é o aprofundamento da unicidade de mestre e discípulo Notas: 1. Shin’ichi Yamamoto: Pseudônimo do presidente Ikeda no romance Nova Revolução Humana, de sua autoria. 2. IKEDA, Daisaku. Brisas da Felicidade. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 10, p. 95-113, 2019. Fotos: BS

11/07/2024

Especial

Monarcas de um mundo de paz

Em 22 de julho de 2001, das terras do Japão, nasceu o denso poe­ma Brasil, Seja Monarca do Mundo!, de autoria do presidente Ikeda, delinean­do em versos emocionantes os momentos vividos durante a sua quarta visita ao país em 1993, a história vitoriosa da BSGI e as diretrizes eternas para seus integrantes. Aqueles oito anos de saudade foram preenchidos com riqueza de detalhes. E, de forma inédita, dedicando a denominação “monarca”, um legado deixado por ele e abraçado por todos os membros da organização como eterno modelo de atuação. Desse marco literário, apresentamos alguns destaques, as ações desenvolvidas a partir de então e as perspectivas que se lançam vigorosas em toda a BSGI, com os jovens na vanguarda do movimento de expansão dessa rede solidária de amigos como reais monarcas da paz. Alguns trechos do poema Brasil, Seja Monarca do Mundo! estão espalhados pelas páginas deste Especial. Acompanhe! Ainda se aconchega em meu peito a doce luz do verão de 1993 que banhava Itapevi, cidade vizinha de São Paulo. Ali por fim conheci o castelo do tesouro, o Centro Cultural Campestre com seu exuberante jardim. A filosofia e a amizade ali são flores banhadas pelo orvalho da sinceridade Ainda me recordo quando sugeri aos jovens a quem confiei o futuro: — Vamos dar nome a estas colinas e àquelas montanhas. Eles responderam com sabedoria: — Montanha Mestre e Discípulo! — Colina Pôr do Sol! Foi um momento de perfeita harmonia. Oh! Brasil! Terra natal do meu coração, amigo que me aquece a alma, chão celestial da minha vida! Oh! Brasil! És minha vida! Teu levantar impávido abriu o caminho glorioso do kosen-rufu mundial! Confiança no Brasil Brasil, Seja Monarca do Mundo! foi escrito pelo presidente Ikeda por ocasião da outorga do título de cidadão honorário do município de Itapevi, SP, em uma cerimônia realizada no Memorial Makiguchi de Tóquio, no Japão, em 22 de julho de 2001. O então presidente da BSGI, Eduardo Taguchi, foi quem recebeu de Ikeda sensei esse poema, que destaca o calor da cultura, resultado da mistura de etnias tão presentes, e a alegria de conhecer o Centro Cultural Campestre, em Itapevi. Os versos valorizam ainda os encontros de profundo significado com os companheiros do Brasil e a união na diversidade, característica mantida por todos da organização. Ao ser transmitido aos membros, a emoção de ouvir o poema foi tão grande quanto a determinação de materializar a denominação de “monarca do mundo”, tal qual desejo do Mestre. Monarca de coração! A expressão “monarca”, em poucas palavras, pode ser assim resumida: “monarca” é a tradução do termo original em japonês oujya (lê-se ôu-dya). Ou significa, por si só, “rei”, “majestade”, “soberano”, “monarca” e, ainda, “magnata”. Ele encerra significados de “o mais forte”, “o que se supera”, “brilhante”, “digno”, entre outros. Jya é um ideograma que indica “ser humano”, “pessoa” ou “gente”, “pessoas” e “povo”. Oujya também pode assumir a conotação de “campeão”.1 Com maior profundidade, Ikeda sensei encoraja as pessoas comuns sobre a força que as empodera, conforme afirma: Não existe derrota para aqueles que praticam a Lei Mística. A pessoa que não é derrotada é uma eterna vitoriosa, monarca da felicidade e mestre da vida. Essa é a razão de nossa fé budista e é por isso que continuamos a seguir por esse caminho. Uma autêntica montanha de tesouros e as incontáveis divindades celestiais aguardam alegremente por todos aqueles que avançam”.2 Cinquentenário se torna foco de luta Com esse espírito e profundo sentimento de corresponder a Ikeda sensei, que os componentes da BSGI se lançaram a ler e a se inspirar nas palavras desse poema, e a consolidar, a partir da base, o ambiente para dar vida ao desejo expresso pelo Mestre. Surgiu o movimento do “Bloco Monarca”, com a ampla propagação dos ideais humanísticos do Budismo Nichiren, e pessoas de grande valor foram abraçadas nos encontros e nas visitas. As famílias realizavam seu shakubuku — uma onda contagiante que se desenvolveu nos anos seguintes, voltada para 2010, cinquentenário da BSGI. A luta inesquecível e vitória do Bloco Monarca consolidaram o que o nosso mestre tanto aguardava do Brasil. Nada mais belo do que o reino luminoso da confiança entre os homens. Nada mais respeitável do que o juramento eterno entre mestre e discípulo. Que sejam humanistas de braços fortes em luta solidária com as pessoas deserdadas. Atuem agora e vivam o presente com a certeza de que neste exato instante está se erguendo o futuro. Deixem seus méritos gravados na história de suas contínuas vitórias! A dificuldade no momento presente será a glória em seu futuro! O desbravar do caminho do novo século será proporcional a sua caminhada! Organização de base: onde tudo começa O empenho dos membros para criar ambientes calorosos nos blocos, oferecendo esperança aos que sofrem, adquiriu ainda mais força. Assim, mesmo em tempos de pandemia, as palavras do Mestre dedicadas no poema se tornaram fonte de superação que todos precisavam. Não houve trégua nos encontros. Eles ganharam as telinhas e muitos aprenderam pela primeira vez a utilizar um aplicativo de celular. Nova vitória da resiliência dos companheiros do Brasil, que desbravaram e venceram o duro período de isolamento social. Com o retorno das atividades presenciais, uma poderosa onda jovem vem se expandindo a partir do sentimento de que todos, sem exceção, podem manifestar seu mais elevado potencial e ser absolutamente felizes. Para isso, eles têm como cenário os pequenos encontros nas organizações de base da BSGI. Em uma orientação, o Mestre salienta: As atividades de bloco parecem se realizar num palco pequeno; elas não recebem normalmente o aplauso e a atenção que as grandes reuniões atraem. Mas exatamente pelo fato de o bloco ser pequeno é que se pode oferecer aos seus membros a oportunidade para o diálogo de coração a coração, incentivando o livre e vívido desenvolvimento da amizade.3 Jovens selam juramento Os integrantes da Divisão dos Jovens se mantiveram na vanguarda e, um ano antes da contagem dos cinquenta anos da BSGI, em 3 de maio de 2009, eles se reuniram na emblemática Convenção Cultural dos Jovens Monarcas da Nova Era da BSGI, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, palco da recepção a Ikeda sensei em sua terceira visita em 1984. Foram anos em que, com o apoio das rainhas da felicidade, imbuí­das de “muito mais daimoku”, e dos pilares de ouro da organização, membros da Divisão Sênior, se criou essa oportunidade de os jovens assumirem, uma vez mais, o bastão do kosen-rufu, com o coração ligado ao do Mestre. Em 2010, a consolidação do ideal lançado em honra ao desejo do presidente Ikeda, trechos do poema ganharam vida na Convenção do Brasil Monarca do Mundo, promovida em Manaus, capital do estado do Amazonas, em 21 de novembro — data da comemoração oficial dos cinquenta anos da BSGI Como jubileu de ouro só acontece uma vez, tudo foi feito da forma criativa, conforme destaca o Mestre em seu poema. Nessa celebração, esteve presente o filho de Ikeda sensei e atual vice-presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Hiromasa Ikeda. Na mensagem enviada pelo presidente Ikeda lida no dia da solenidade, ele relembrou os dias de intenso calor no Japão dos idos de julho de 2001 quando escreveu o poema, reforçando seu sentimento: Revivendo em minha mente os sorrisos contagiantes dos meus amados membros do Brasil, pensava profundamente no que fazer para transmitir um pouco mais de alegria e esperança aos senhores, e então decidi transferir para o papel tudo aquilo que estava em meu coração.4 No final, a leitura da mensagem de Ikeda sensei arrancou lágrimas dos participantes ao congratular a todos pela vitória do movimento do Bloco Monarca, enfatizando: E hoje, minha BSGI (...) concretizou todos os blocos monarcas e comprovou um extraordinário crescimento que a tornou literalmente digna do título de Monarca do Mundo! Muito, muito obrigado. Neste momento, quero uma vez mais bradar: “A BSGI é minha vida!”.5 Modelo do kosen-rufu mundial Dessa maneira, o movimento dos 100 mil jovens humanistas atingiu seu maior resultado ao unir jovens de todo o Brasil numa rede solidária que hoje ultrapassa 140 mil conexões, uma a uma, de coração a coração. O ápice foi na Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo, realizada em maio no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Tanto no palco como nos bastidores internos e externos, pulsava o sincero sentimento dos envolvidos de expandir o coração a todos, e o impacto foi grandioso, atingindo até as pessoas que nunca tinham ouvido falar da BSGI e dos ideais de paz da Soka Gakkai. Como sintetiza Ikeda sensei, “A coragem pulsa na sinceridade. A coragem vibra na paixão. A coragem brilha na dedicação”.6 É dessa forma que aos jovens é legada a missão maior de serem “monarcas da paz”, de coração livre e aberto. Ao transmitir-lhes o desejo de que, visando o centenário da Soka Gakkai, “Construam em meu lugar a Soka Gakkai da Força Jovem Brasileira!”,7 o Mestre depositou total confiança ao conclamar: Que o Brasil seja doravante também o supremo modelo para toda a Soka Gakkai. Meus preciosos companheiros do Brasil, que compartilham comigo a mesma missão e o mesmo espírito guerreiro, vençam infalivelmente, coroem a vida com glórias.8 Encerramos com um deles, um forte encorajamento às pequenas grandes ações necessárias ao sonho proposto. “Não faz mal que seja pouco, / o que importa é que o avanço de hoje / seja maior que o de ontem. / Que nossos passos de amanhã / sejam mais largos que os de hoje.” Oh! meus amigos! Por mais distantes que estejamos nunca estamos separados, mais próximo está nosso coração. Percorramos juntos eternamente, sublimes companheiros do kosen-rufu, pela grande estrada dourada de paz e felicidade. Que haja saúde em ti, vanguardista do novo milênio! Que haja vitória em ti, Monarca do kosen-rufu mundial! Que haja perene prosperidade na terra natal de meu coração, Brasil que se ergue soberbo! Leia mais Veja íntegra do poema Brasil, Seja Monarca do Mundo! no BS+ ou acessando: https://www.brasilseikyo.com.br/home/bs-digital/edicao/1617/artigo/brasil-seja-monarca-do-mundo/16429 Assista Vídeo sobre o poema Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.685, 25 jan. 2003, p. C1. 2. Idem, ed. 1.976, 21 fev. 2009, p. A4. 3. Idem, ed 1.716, 20 set. 2003, p. A3. 4. Idem, ed. 2.062, 4 dez. 2010. p. A2. 5. Ibidem. 6. Ibidem. 7. Ibidem. 8. Idem, ed 1.958, 4 out. 2008, p. A2. Foto: BS

11/07/2024

Discurso do presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada

Rumo ao século da paz, criemos a geração dos jovens e da Divisão dos Estudantes

MINORU HARADA PRESIDENTE DA SOKA GAKKAI Verão [japonês] de revolução humana para estabelecer os vínculos com o budismo Sinceras congratulações pela realização da 3ª Reunião de Líderes, cheia de vitalidade para a construção da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial, como também da Reunião Nacional de Líderes da Divisão dos Jovens, do Encontro do Ikeda Kayo Kai e do Encontro da Divisão dos Universitários. Meus sinceros parabéns! No dia de hoje [29 de junho de 2024], estão participando também 260 líderes da nova era, de sessenta países e territórios, que vieram ao Japão para o Curso de Aprimoramento dos Jovens da SGI. Sejam muito bem-vindos de tão longe! No último mês de maio, realizei um encontro com o papa Francisco da Igreja Católica, em Roma. O diálogo foi de aproximadamente trinta minutos. Em particular, em relação aos esforços da Soka Gakkai voltados para a abolição das armas nucleares por mais de meio século, o papa externou palavras fortes de crítica às armas nucleares, ao mesmo tempo em que expressou: “Maravilhoso! Eu também concordo”. Quando falei que a Soka Gakkai vem promovendo o movimento pela paz, tendo como espírito fundamental a passagem inicial do romance Revolução Humana “Não há ato mais bárbaro do que a guerra! Não existe um fato mais trágico do que a guerra!”, o papa manifestou: “É muito importante. Eu concordo. Tenho a mesma opinião”. Estou certo de que o fato de termos alcançado uma profunda concordância em relação à crença na paz possui um enorme significado histórico. Digo isso porque, em 1975, já estava definido um encontro de Ikeda sensei com o papa no Vaticano. O Mestre, que tinha a intenção de promover um diálogo inter-religioso voltado para a paz do mundo, mantinha conversações com as autoridades da Cúria Roma­na, inclusive com o embaixador do Vaticano no Japão, havia oito anos. Como parte desse processo, ele foi encorajado a se encontrar com o papa e recebeu um convite oficial da Cúria Romana. No entanto, pouco antes da viagem, devido à interferência do clero, hipócrita e dogmático, sensei foi forçado a cancelar o encontro. Relembrando aquela época, Ikeda sensei escreve no romance Nova Revolução Humana: “Apesar do [enorme] significado que poderia ter tido para a paz mundial [se aquele encontro tivesse sido realizado]”.1 Na época, eu me envolvi nos preparativos do encontro e, ainda, fui uma das pessoas a me dirigir ao cardeal para explicar o repentino cancelamento daquela reunião. Por isso mesmo, não posso deixar de me sentir profundamente comovido pela concretização da crença na paz de Ikeda sensei depois de cinquenta anos. Gostaria de expressar minha mais sincera gratidão pelos esforços dos membros de todo o mundo, em particular, da Itália e da Argentina, país natal do papa, que vieram conquistando a confiança como bons cidadãos em seu respectivo país e sociedade. Fazendo ecoar altivamente o segundo ciclo dos “Sete Sinos”, para o qual Ikeda sensei apresentou sua perspectiva de criar o alicerce da paz do mundo, desejamos concretizar, sem falta, os ideais do Mestre. Considerando que “uma religião mundial é aquela que, em meio à complicada realidade política, escolhe o caminho das dificuldades, tentando concretizar o próprio senso de valor”, o escritor e teólogo Masaru Sato prevê a chegada de “uma época em que a Soka Gakkai se tornará uma das três maiores religiões do mundo”, depois de superar as perseguições e se transformar num partido da situação, sobrepondo-se à história da reforma religiosa do cristianismo. Na época em que a Soka Gakkai se desafiou na promoção política por meio do seu Departamento Cultural, Toda sensei discutiu sobre o significado do apoio eleitoral em três pontos. O primeiro ponto é de que tal apoio corresponde à atividade de plantio da semente do Buda para estabelecer vínculos com o budismo e à luta para acumular benefícios, transformando o destino da própria pessoa. O segundo ponto é de que se trata do esforço para realizar orientação individual e incentivos por meio de visitas, o qual possibilita enxergar a organização até a sua extremidade. O terceiro ponto é se a pessoa consegue lutar até o fim com sentimento refrescante, manifestando a capacidade que cada indivíduo possui, sem arrependimentos, sem nunca discriminar os benefícios somente com base em “números”. Quando nos lembramos disso, entendemos que a atividade de apoio eleitoral não é, de forma alguma, “distinta das atividades usuais”, mas sim algo que se encontra no dia a dia da organização, pondo em prática nossa crença de que “prática da fé é a própria vida diária”, aplicada ao campo da política. Em outras palavras, a Soka Gakkai será sempre a “organização do shakubuku”. Por essa razão, todas as atividades levam à expansão do plantio das sementes do budismo. Ikeda sensei escreveu em um ensaio: “O ato de se encontrar com as pessoas é revolução humana” e “O ato de conversar com as pessoas é o kosen-rufu”. É realmente como consta nos escritos de Nichiren Daishonin: “As sementes do estado de buda germinam por meio da relação causal”.2 Gostaríamos de tornar este verão [japonês] a estação de um passo de avanço da “minha revolução humana” e do “meu kosen-rufu”, encontrando-nos e conversando com o maior número possível de pessoas, movimentando-nos com leveza no coração, tendo como palco o país inteiro. Certa vez, Ikeda sensei disse aos companheiros de Bunkyo, local em que, desde a sua juventude, se encontrou, em especial, com muitas pessoas, incentivando-as e cultivando-as: “Há pessoas que nunca falaram nem se encontraram comigo. Entre elas, existem aquelas que estão se empenhando e protegendo verdadeiramente a Soka Gakkai. Acredito que a fé dessas pessoas seja verdadeira”. Aqui se encontram a essência da relação de mestre e discípulo e o ponto importante para a construção da “Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”. Não posso deixar de pensar que isso está de acordo com a decisão expressa de Ikeda sensei por ocasião da terceira cerimônia de ingresso na Universidade Soka. Sensei declarou: “Minha maior tarefa daqui para a frente é a educação. Estou determinado a me dedicar para solidificar o período de trinta anos após a minha morte”. O que significa trinta anos após o falecimento de Ikeda sensei? Será o período de badalar o terceiro ciclo dos “Sete Sinos”, depois de encerrar o segundo ciclo dos “Sete Sinos” em 2050, para estabelecer finalmente a filosofia do “respeito pela dignidade da vida” como o espírito da época e do mundo. A questão é se conseguiremos criar ou não “valores humanos” a bailar sobre o verdadeiro palco do kosen-rufu mundial na era atual. E isso depende se, no momento presente, conseguimos desenvolver ou não uma única pessoa que se levanta com a “verdadeira fé”, mesmo sem ter se encontrado diretamente com Ikeda sensei. A “verdadeira fé” só pode ser polida por meio de uma “verdadeira fé”. Fazendo da determinação de Ikeda sensei nosso próprio juramento seigan, vamos abrir decididamente o século da paz, criando, sem falta, a preciosa geração jovem e da Divi­são dos Estudantes como guerreiros do kosen-rufu diretamente ligados ao Mestre. Membros da SGI representantes de sessenta países participam do recente Curso de Aprimoramento dos Jovens da SGI no Japão (Tóquio, 28 jun. 2024) Entre os participantes da Reunião de Líderes da Soka Gakkai estão muitos representantes da Divisão dos Jovens, em especial, da Divisão dos Estudantes Apresentação conjunta das bandas Soka Renaissance Vanguard, do Ongakutai, e Soka Earendel, da Kotekitai na abertura do evento (29 jun. 2024) No topo: Presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, discursa na Reunião de Líderes da Soka Gakkai (29 jun. 2024) Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. v. 21. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 206. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Dai­shonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 385, 2017. Fotos: Seikyo Press

11/07/2024

Incentivo do líder

Decisão é ação

Após 28 anos sendo contra eu e minha irmã praticarmos o budismo da Soka Gakkai, nossa mãe decidiu se converter a esse ensinamento e consagrar o Gohonzon em sua casa. Ela mora no Distrito Federal, e eu estava passando alguns dias de férias por lá. Rapidamente, os líderes daquela localidade se empenharam de uma forma tão generosa que minha mamãe e minha irmã mais nova se tornaram membros da BSGI no dia 30 de dezembro de 2015. Comecei este incentivo citando esse acontecimento de minha vida para demonstrar que, apesar de a organização estar de recesso das atividades naquele período, isso não foi impedimento para que a conversão delas fosse concretizada. O ano 2024 tem sido muito intenso. Exatamente por não termos mais a presença física do nosso mestre, a decisão de seus discípulos tem sido inquebrantável. Dando início à série de encontros comemorativos das divisões, tivemos a estreia com a Divisão dos Estudantes (DE) em abril, seguida da inenarrável Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo em 26 de maio. Em junho, vieram os famosos encontros da Divisão Feminina (DF), a segunda etapa do Kofu e a partida dos representantes do Brasil para o Curso de Aprimoramento dos Jovens da SGI no Japão. Enfim, o primeiro semestre foi repleto de oportunidades. Esse é o movimento pelo kosen-rufu na Soka Gakkai e o retrato fiel do mundo da fé, no qual o tempo é usado de forma inteligente e sábia. O tempo é escasso e inacumulável, tornando-o o recur­so mais valioso de que dispomos, e é nele que construímos nossa vida. Começando o segundo semestre, tradicionalmente, em julho ocorre o famoso recesso escolar ou das atividades da organização. Este mês marca as celebrações do aniversário da Divisão dos Jovens (DJ) a cujos integrantes o presidente Ikeda delegou o futuro do kosen-rufu. Em um episódio da Nova Revolução Huma­na, de autoria de Ikeda sensei, ele orienta: Em qualquer esforço, rapidez é essencial. O desafio está em aproveitar ao máximo o tempo limitado de que se dispõe. O clássico chinês Registros do Grande Historiador afirma: “É difícil achar a oportunidade certa, e fácil perdê-la”.1 Por essa razão, Shin’ichi sempre agia com a convicção de que a hora é agora, jamais adiando ou postergando nada.2 Chegou, portanto, julho, mês de recesso. Devemos, a partir desta orientação do nosso mestre, nos atentar para a acomodação que se instala em nosso ritmo diário sem a rotina de nossas atividades da Gakkai. O distanciamento necessário durante a pandemia da Covid-19 deixou muitas provas do quanto a relação de vida a vida é indispensável para a manutenção da nossa prática da fé e do nosso desenvolvimento. Ninguém consegue fugir da rigorosa lei de causa e efeito exposta no budismo. Por mais que a Soka Gakkai seja alvo de críticas e difamações, mantenham a prática da fé por toda a vida, acreditando nos benefícios imperceptíveis, no Gohonzon e na Gakkai. Com base no Sutra do Lótus, Nichiren Daishonin afirma que “Desfrutaremos paz e segurança na presente existência e boas circunstâncias nas existências futuras”.3 Não há falsidade nas palavras de Daishonin.4 Conforme nosso mestre nos garante a prática da fé por toda a vida, que nosso juramento se perpetue e sigamos sem nenhum arrependimento! Que esse recesso seja restaurador de energias pra concluirmos com muitas vitórias esse “Ano do Descortinar da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”. Andréa Coutinho Vice-coordenadora da Divisão Feminina de coordenadoria Notas: 1. Disponível em: www.cnculture.net/ebook/shi/shiji/032.html. Acesso em: 3 julho 2024. Tradução do chinês. 2. IKEDA, Daisaku. Diplomacia do Povo. Nova Revolução Humana. v. 21. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. 3. Cf. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 66, 2020. 4. IKEDA, Daisaku. Coroa de Louros. Nova Revolução Humana. v. 10. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. Ilustração: GETTY IMAGES

11/07/2024

Conheça o Budismo

Ter e ser um bom amigo

Zen-chishiki é um termo japonês utilizado pelo Budismo de Nichiren Daishonin para se referir a uma “boa influência”. Essa boa influência representa a ação de um “bom amigo”. O termo se aplica muito bem ao budismo porque, como budistas, nosso principal objetivo é ajudar as pessoas a se tornar felizes, ou seja, conduzi-las pelo caminho correto da vida, de modo que elas atinjam a iluminação. Nichiren Daishonin usava esse termo para indicar uma pessoa que encoraja outra ao longo da prática budista e afirmava que encontrar um bom amigo é algo muito difícil. Ele também dizia que o melhor modo de atingir o estado de buda é por meio de um zen-chishiki, um “bom amigo”. Shakyamuni e Ananda No escrito Três Mestres Tripitaka Oram por Chuva, Nichiren Daishonin afirma: Quando uma árvore é transplantada, ainda que soprem ventos fortes, ela não tombará se estiver sustentada por uma firme estaca. Porém, até uma árvore que cresceu no mesmo local de origem poderá tombar se suas raízes forem fracas. Uma pessoa, ainda que fraca, não tropeçará se aqueles que a apoiam forem fortes; ao passo que alguém de força considerável, se estiver sozinho, poderá tombar num caminho sinuoso. (...) O melhor meio para atingir o estado de buda é encontrar um bom amigo. Até onde nossa sabedoria pode nos levar? Se possuímos sabedoria su­ficiente para distinguir o quente do frio, deveríamos procurar um bom amigo.1 Esse trecho ensina que, com o forte apoio do “bom amigo” (zen-chishiki), consegue-se, sem falta, superar dificuldades e provações. Em uma explanação sobre esse tema, o presidente Ikeda cita o episódio do diálogo entre Shakyamuni e seu discípulo Ananda:2 Certa vez, Ananda perguntou a Shakyamuni: “Penso que ter um bom amigo e avançar junto com ele corresponde a ter completado metade do caminho do buda. Essa forma de pensar seria correta?”. Em relação a isso, Shakyamuni respondeu claramente: “Ananda, essa forma de pensar não é correta. Ter um bom amigo e avançar junto com ele não é metade do caminho do buda, mas sim todo o caminho”. Essa é a concisa exposição do que, originalmente, é o exercício budista. Para realizar a correta prática da fé e trilhar ininterruptamente uma vida de genuína vitória, é impreterivelmente necessária a existência do “bom amigo”, ou seja, de um verdadeiro agente positivo.3 Caminho da felicidade Discorrendo sobre o significado do termo zen-chishiki, o Mestre diz: O termo budista chishiki (de zen-chishiki) é originalmente a tradução para o chinês da palavra sânscrita (idioma da Índia antiga) mitrah (“amigo”). [E zen é um kanji (ideograma) que significa “bem” ou “bom”]. Portanto, zen-chishiki indica “pessoas que conduzem outras ao correto budismo”, ou seja, são o “bom mestre”, os “bons companheiros” e os “bons amigos”. Ao citar “até onde nossa sabedoria pode nos levar?”, Daishonin enfatiza que buscar o bom amigo é mais importante do que qualquer outra coisa. Isso porque não existe meio para superar o sofrimento fundamental da vida de “nascimento e morte” a não ser pelo caminho de tornar-se buda. É por criar uma relação cármica com o bom amigo que nos apoia e nos incentiva que conseguimos fortalecer a prática da fé, manifestar a sabedoria para a felicidade e conquistar a absoluta condição de vida de um buda.4 Transformar desafios em oportunidades Um ponto importante é que, em nossas relações diárias, não encontramos apenas bons amigos. Também existem o “mau amigo” (aku-chishiki), ou seja, a pessoa que conduz a outra para um caminho negativo, desviando-a da prática. E, como podemos saber se um indivíduo é um bom ou um mau amigo? Essa é uma tarefa que somente nós próprios podemos cumprir. Precisamos observar se determinada pessoa é alguém que nos encoraja a ter ações positivas e nos incentiva a realizar a prática budista para nossa felicidade e a das demais pessoas; ou se é alguém que apoia ou realiza ações negativas, como impedir a prática budista. Contudo, o mais importante é que, mesmo ao encontrarmos maus amigos, jamais devemos nos permitir ser influenciados por eles. Cada dificuldade com a qual nos deparamos deve ser uma oportunidade para fortalecer nossa prática budista. O ideal é considerarmos tudo (fatos bons e maus) como motivo para aprofundar a fé no Gohonzon, e assim tornar todas as pessoas nossos zen-chishiki porque nos conduzem ao Gohonzon, conforme sensei salienta: No fim, o que determina se são “bons amigos” ou “maus amigos” é a fé da própria pessoa. Por essa razão, é possível transformar tanto a opressão como as perseguições em grandioso impulso no trampolim da fé. Ou seja, mesmo a pior das adversidades não é necessariamente uma maldade. Dependendo da maneira de encarar as adversidades e da determinação das pessoas, essas adversidades poderão se tornar tanto uma maldade ou uma força para aprimorar a fé. Por favor, vençam as maldades intrínsecas no seu coração (...). A força para vencê-las é a recitação do daimoku. A única arma capaz de destruir a ilusão fundamental da vida, ou seja, a escuridão fundamental, é a espada afiada do Nam-myoho-renge-kyo. Vamos lutar sempre com daimoku em primeiro lugar! 5 Encontro de bons amigos A realização da prática diária do gongyo e do daimoku e a participação nas atividades, sobretudo nas reuniões de palestra, abrem as portas do coração para criar laços de amizade e incentivo mútuo. O presidente Ikeda ressalta: Para “atingir o estado de buda nesta existência”, o mais importante e o mais difícil de encontrar é um “bom amigo” (zen-chishiki). As reuniões de palestra Soka são, justamente, esses encontros de bons amigos.(...) Radiantes, essas atividades acontecem no mundo inteiro, superando todas as diferenças e flamejando a chama do princípio filosófico da dignidade da vida no coração dos povos. Elas geram vitalidade e solidariedade às pessoas, que jamais são derrotadas por quaisquer dificuldades da vida ou pelos locais em que vivem. Existe nas reuniões de palestra a ilimitada energia que criará a nova “civilização do diálogo”, tão ansiosamente aguardada pela humanidade.6 Depende de nós Ikeda sensei também afirma: De qualquer forma, é importante compreender que a amizade depende de nós, e não dos outros. Tudo depende de nossa atitude e contribuição. Espero que não sejam amigos somente nas boas ocasiões, pessoas que só ajudam os outros quando a situação está boa, abandonando-os quando surge algum problema. Tornem-se, por favor, uma pessoa de lealdade imutável em todos os momentos.7 Isso significa que, acima de tudo, é importante o esforço para nos tornar zen-chishiki para aqueles que nos rodeiam, conforme sensei incentiva em um diálogo com jovens: Quero que concentrem sua energia em seu treinamento e na edificação de sua personalidade. Tenho certeza de que no futuro, muitos de vocês farão amigos em diversas partes do mundo. Lembrem-se de que o tipo de relação humana que estabelecerem dependerá só de vocês. Não interessa “como os demais são com relação a vocês”, mas sim “como vocês são com relação aos demais”.8 O próprio presidente Ikeda é um exemplo claro de como cultivar belas amizades, pois ele tem amigos em todos os cantos do mundo, alguns deles importantes líderes e pensadores de nosso tempo. Seguindo esse exemplo e aproveitando os laços de amizade e de companheirismo que desfrutamos na família Soka, vamos, cada qual, aprimorar nosso caráter e personalidade para que os outros possam nos considerar verdadeiramente “bons amigos”. Dica de leitura Ter bons amigos, principalmente na juventude, é muito importante. Veja mais sobre os desafios da juventude no Guia para a Vitória que acompanha esta edição do Brasil Seikyo. Ouça Podcast sobre o significado da amizade e dos bons amigos, acessando: https://www.brasilseikyo.com.br/podcast/programa/3/episodio/bons-e-maus-amigos/143 Fontes: RDez, ed. 122, fev. 2012, p. 15. Brasil Seikyo, ed. 1.513, 26 jun. 1999, p. 3. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 625, 2020. 2. Ananda: Um dos dez maiores discípulos de Shakyamuni. Ouviu muitas pregações de Shakyamuni, acompanhando-o diretamente, e é conhecido como o primeiro a ouvir os ensinamentos do Buda. 3. Brasil Seikyo, ed. 2.467, 11 maio 2019, p. B2. 4. Ibidem. 5. IKEDA, Daisaku. Batalha Feroz. Nova Revolução Humana, v. 27. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2021. p. 240. 6. Brasil Seikyo, ed. 2.469, 25 maio 2019, p. B3. 7. IKEDA, Daisaku. Juventude: Sonhos e Esperanças, v. 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2015. p. 56. 8. Brasil Seikyo, ed. 1.407, 22 mar. 1997, p. 3. Ilustração: GETTY IMAGES

20/06/2024

Especial

Mestre e discípulo unidos pela justiça

Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1940, passou a vigorar a Lei dos Grupos Religiosos em todo o Japão. E, no ano seguinte, houve a revisão da Lei de Manutenção da Ordem Pública, a qual tinha como objetivo principal a opressão do pensamento e da religião. Sendo assim, ser contra o talismã xintoísta se tornou motivo de prisão, pois o xintoísmo era a base espiritual do Japão militarista. Os detetives da polícia especial começaram a vigiar a Soka Gakkai em 1942 e, no ano seguinte, todas as reuniões estavam sob os olhares atentos deles. Além disso, o clero estava envolvido, e se uniu aos militares para implantar a unificação dos grupos religiosos. Em junho de 1943, o clero aceitou passivamente o talismã xintoís­ta e, no mesmo mês, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda foram chamados ao templo principal, sendo orientados a seguir as ordens do governo. O presidente Makiguchi então declarou: “Nunca nos inclinaremos ante a Deusa do Sol”. Com essas palavras, ele e Josei Toda saíram do templo. Na volta, bastante indignado com o comportamento do clero, Makiguchi sensei disse: “Não temo a queda de uma religião tanto quanto temo a destruição de toda a nação. Temo a tristeza que isso causaria a Nichiren Daishonin. Não está na hora de admoestar o governo? Do que o clero tem medo? O que acha disso?”.1 Toda sensei ficou em silêncio, não sabia o que responder. Mais calmo, seu mestre perguntou novamente: “O que acha disso?”. Com a voz baixa, mas forte, Josei Toda fez seu juramento ao mestre: “Enquanto eu viver, seguirei o senhor fielmen­te. Estou pronto para morrer por nossa fé”.2 Na manhã do dia 6 de julho de 1943, o presidente Makiguchi foi detido em Shizuoka, onde realizava shakubuku. Ao se despedir da senhora que o acompanhava, confiou-lhe uma mensagem: “Transmita minhas recomendações a Josei Toda”. Porém, Toda sensei também havia sido preso no mesmo dia, em Tóquio. As acusações que caíram sobre eles foram: violação da Lei da Manutenção da Ordem Pública e suspeita de desrespeito ao santuário xintoísta. No dia 11 de outubro de 1943, cerca de duas semanas após o presidente Tsunesaburo Makiguchi ser transferido para o Centro de Detenção de Tóquio, Josei Toda também foi levado para a solitária desse local. Em 18 de novembro de 1944, Makiguchi sensei falece na prisão. Toda sensei só soube do falecimento do seu mestre em 8 de janeiro do ano seguinte. Posteriormente, Josei Toda foi transferido do Centro de Detenção de Tóquio para o Presídio de Toyotama. Dali, foi libertado às 19 horas do dia 3 de julho do mesmo ano. O recomeço da Soka Gakkai Após a sua libertação da prisão e com o objetivo de honrar a vida do seu mestre, Josei Toda deu início à reconstrução da Soka Gakkai. Em 3 de maio de 1951, assume como segundo presidente da organização e sua liderança é marcada pelo esforço da reconstrução e pelo fortalecimento da Soka Gakkai. No ano seguinte, a denominação Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor] foi alterada para Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor]. Toda sensei dizia: “A Soka Gakkai é mais preciosa do que minha própria vida”. Nesse ínterim, em 24 de agosto de 1947, o jovem Daisaku Ikeda converte-se ao Budismo Nichiren e decide ser treinado por Josei Toda, fazendo assim o juramento de acompanhar seu mestre por toda a vida. Sobre a relação de mestre e discípulo, o presidente Ikeda frisa: Agi totalmente de acordo com a intenção do Buda. Nunca tive a ambição de me tornar isto ou aquilo nem de receber nenhum tipo de tratamento especial. Tudo o que queria era proteger Toda sensei e lhe devotar minha vida. Esta era minha oração. Ficaria satisfeito se pudesse deixar um exemplo para as gerações futuras de como um verdadeiro discípulo de Josei Toda, um mestre sem igual, deveria conduzir sua vida.3 Comprovar a verdade e a justiça Com a grande expansão das conversões no Distrito Osaka e em todo o Japão, muitos inimigos se levantaram contra a Soka Gakkai. Em 1957, Daisaku Ikeda foi para Hokkaido a fim de solucionar o incidente com o Sindicato dos Mineradores de Yubari, que promovia uma perseguição discriminatória contra os membros da organização. O fato culminou com o Incidente de Osaka, quando, em 3 de julho de 1957, Ikeda sensei, com menos de 30 anos, foi preso injustamente sob a falsa acusação de fraude eleitoral. Ao ser recepcionado no aeroporto, o presidente Ikeda disse para uma senhora que estava no local: “Está tudo bem. Como a senhora sabe, eu não fiz nada de errado. Não há com o que se preocupar”.4 Ele também comenta: “Doze anos mais tarde, em 3 de julho de 1957, eu, seu discípulo, segui orgulhosamente seus passos: fui preso por um crime que não cometi — uma perseguição enfrentada por propagar a Lei Mística”.5 Interrogatórios do jovem Ikeda Durante a prisão, o presidente Ikeda passou por diversos interrogatórios. Em 9 de julho de 1957, por exemplo, a promotoria o pressionou ainda mais para que admitisse a culpa. Repetidas intimidações foram feitas durante os intermináveis interrogatórios. A promotoria exigia que Ikeda sensei admitisse a culpa, recorrendo-se a chantagens como “Faça logo com que o secretário Ikeda admita, senão faremos uma diligência nas empresas de Josei Toda e na sede da Soka Gakkai. E, conforme a situação, prenderemos o presiden­te Josei Toda”. Essa exigência foi apresentada a Daisaku Ikeda pelo advogado de defesa na manhã do dia 10 de julho. Na mesma noite, ele pensou: A saúde do mestre é frágil. Não posso deixar Toda sensei morrer na prisão como aconteceu ao presidente Makiguchi. Não permitirei que ele seja preso! Devo minha vida a ele. Não importa o que aconteça, vou protegê-lo! Isso significaria descartar a verdade e mentir conforme o desejo do promotor. Não estaria desonrando conscientemente a estimada Soka Gakkai?6 O presidente Ikeda saiu da prisão no dia 17 de julho de 1957. Foram catorze dias em que sofreu pesados interrogatórios e, ao afirmarem que prenderiam o presidente Josei Toda, caso ele não confessasse o crime eleitoral, assinou uma confissão porque jamais deixaria seu mestre retornar injustamente para a prisão. Porém, determinou que faria justiça e provaria a verdade. Naquela tarde, os membros de Kansai fizeram uma grande manifestação com protestos contra a polícia e a promotoria de Osaka. Apesar do temporal que caía sem tréguas, milhares de membros se reuniram no Centro Cívico de Nakanoshima e no entorno, no centro de Osaka. Na ocasião, o presidente Ikeda bradou corajosamen­te: “Vamos lutar com a convicção de que a justiça do budismo prevalecerá no final!”. “Daisaku, você tem uma longa batalha” A primeira audiência no Tribunal de Osaka ocorreu em 8 de outubro de 1957. No total, 64 pessoas foram indiciadas no caso, formando dois grupos: um acusado de compra de votos, e o outro, de solicitação de votos de porta em porta. Dos dez artigos de acusação apresentados no julgamento, Daisaku Ikeda foi acusado por todos os relacionados à solicitação de votos de porta em porta, e o diretor-geral da Soka Gakkai, Tadashi Koizumi, à compra de votos. Em 5 de março de 1958, Ikeda sensei foi ao encontro do presiden­te Josei Toda, para lhe informar sobre a viagem para Osaka, a fim de se apresentar ao julgamento. Acamado, Toda sensei descobriu o cobertor e lhe disse: Daisaku, você está exausto, não está? Como está sua saúde? Você tem uma longa batalha pela frente. Gostaria de tomar seu lugar se pudesse. Você arcou com toda a culpa. É realmente uma pessoa de bom coração. (...) Este julgamento não será uma batalha fácil. Poderá perturbá-lo por mais algum tempo pela frente. Porém, você vencerá no final. Pelo fato de o ouro ser ouro, jamais perde seu brilho, não importa quão enlameado possa estar. Definitivamente, a verdade aparecerá. Apenas lute como homem — com dignidade e coragem.7 Em 2 de abril daquele ano, o presidente Josei Toda falece e, em meio a esse turbilhão, as audiências prosseguiram. Mais que nunca, o juramento do presidente Ikeda permanecia intacto. “Toda sensei, vencemos” Depois de 1.670 dias após a prisão, em 25 de janeiro de 1962, o juiz proferiu sua decisão: “A corte declara o réu, Daisaku Ikeda, inocente”. Em uma viagem ao Egito, o presidente Ikeda recebe um telegrama da sede da Soka Gakkai informando que não houve apelação dos promotores, indicando finalmente a finalização do processo e assinalando a vitória da luta pela justiça. Durante um evento comemorativo do trigésimo aniversário de libertação de Josei Toda, o presidente Ikeda afirmou em seu discurso: Pulsa na Soka Gakkai o indomável espírito de avançar com renovada esperança. À luz das escrituras de Nichiren Daishonin, sabemos que enfrentaremos duras tempestades de perseguições e furiosas ondas de ataques. Contudo, para proteger a liberdade de crença, os direitos humanos e a paz e felicidade do povo, devemos perseverar em nossos esforços. A Soka Gakkai é a fortaleza da paz e dos direitos humanos. É o jardim florido da revitalização das pessoas. É um microcosmo da comunidade humana ideal. Para alcançarmos nossos objetivos, devotarei a vida a proteger e a cuidar da Soka Gakkai com todas as minhas forças. Acredito que este seja o caminho para corresponder ao juramento a Toda sensei.8 A luta incondicional para proteger a Soka Gakkai e os companheiros com base na unicidade de mestre e discípulo marca a trajetória dos Três Mestres Soka e permanece eternamente como modelo de coragem e determinação diante das maldades que tentam impedir o avanço do movimento pelo kosen-rufu e pela felicidade da humanidade. o jovem Daisaku Ikeda é recebido por vários membros de Kansai na saída da Casa de Detenção de Osaka (jul. 1957) Josei Toda, em pé, e Tsunesaburo Makiguchi, sentado; ambos protegeram a legitimidade do budismo perante as imposições do governo militarista japonês durante a Segunda Guerra Mundial Dica de leitura Na série “A Luta dos Três Mestres na Prisão”, publicada na revista Terceira Civilização em suas edições 527 a 531, de julho a novembro de 2012. Notas: 1. Terceira Civilização, ed. 527, jul. 2012, p. 30. 2. Ibidem. 3. Brasil Seikyo, ed. 1.947, 12 jul. 2008, p. A2. 4. Terceira Civilização, ed. 529, set. 2012, p. 36. 5. RDez, ed. 79, jul. 2008, p. 19. 6. Terceira Civilização, ed. 530, out. 2012, p. 30. 7. O julgamento. Revolução Humana. In: Terceira Civilização, ed. 289, set. 1992, p. 2 e ed. 531, nov. 2012, p. 32. 8. IKEDA, Daisaku. Novo Século. Nova Revolução Humana, v. 22. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 24. Ilustrações: Kenichiro Uchida Fotos: Seikyo Press

20/06/2024

Encontro com o Mestre

Triunfam as pessoas que oram com sinceridade

Porto da paz e da justiça A cidade portuária de Yokohama, na província de Kanagawa, é uma localidade que o presidente Ikeda visitou diversas vezes, gravando momentos que ficaram registrados na história do movimento pelo kosen-rufu. Vista do Porto de Yokohama em foto tirada por Ikeda sensei do Centro Cultural de Kanagawa (set. 2017)Em 25 de outubro de 1949, devido à crise financeira, a revista juvenil Shonen Nippon [Meninos do Japão] teve a publicação encerrada. Editada pela empresa de Josei Toda, ela tinha o jovem Daisaku Ikeda como editor-chefe. Enquanto os funcionários ficaram desanimados, Ikeda sensei apoiou fortemente seu mestre, protegendo e encorajando os membros da Soka Gakkai. Dois dias após o anúncio do encerramento da revista, o jovem Ikeda participou de uma reunião com cerca de cinquenta companheiros da organização em Yokohama. Uma forte chuva caía no momento em que o Mestre bradou: “A Gakkai está forte. Toda sensei está forte. Eu também preciso ser forte”. Trinta anos depois, Ikeda sensei enfrentava uma tempestade de ataques maldosos do clero da Nichiren Shoshu, culminando com sua renúncia da presidência da Soka Gakkai em 24 de abril de 1979. Após a reunião comemorativa do Dia 3 de Maio, data em que a renúncia foi comunicada aos membros, ele se dirigiu ao Centro Cultural de Kanagawa, que oferecia vista para o Porto de Yokohama. Lá estava atracado o navio Hikawa Maru cujo processo de restauração havia sido concluído em 1930, ano de fundação da Soka Gakkai. Naquele dia, o Mestre inscreveu os ideo­gra­­mas Kyosen [“Luta Conjunta”], registrando em sua lateral: “Na noite de 3 de maio de 1979. Com a decisão de seguir por toda a minha vida em prol do kosen-rufu com coração inabalável. Acreditando ter verdadeiros companheiros, uno minhas mãos em reverência”. Na tarde do dia 5, atendendo ao convite dos membros locais, Ikeda sensei realizou um passeio de barco ao redor do porto. A em­barca­ção, denominada “Século 21”, pertencia a um integrante da Soka Gakkai. Ao pensar que aquele mar estava ligado ao Oceano Pacífico, o Mestre visualizou o grande oceano do kosen-rufu mundial do século 21. Naquele dia também, ele correu o pincel sobre o papel para inscrever: Seigi [“Justiça”]. No lado inferior direito, registrou: “Sozinho empunho a bandeira da justiça” e jurou: Agora, enfim é o verdadeiro momento decisivo! Não importando em que posição eu seja colocado, lutarei resoluto, mesmo que fique absolutamente sozinho. Com o coração de unicidade de mestre e discípulo, comprovarei sem falta a vitória. Justiça significa trilhar o grande caminho do kosen-rufu até o fim!1 Após a convenção (...) que marcou formalmente a minha renúncia, não retornei à sede da Soka Gakkai em Shinanomachi, mas me dirigi a Kanagawa. Do Centro Cultural de Kanagawa (em Yokohama), olhei para o límpido mar azul que parecia se estender infinitamente. O mar leva a todos os cantos do mundo. Decidi estender a mão ao mundo também. Não precisava me limitar à pequenina nação chamada Japão. Como verdadeiro discípulo de Toda sensei, compar­tilhando de suas convicções e perspectivas, propagaria as ondas do kosen-rufu em todo o mundo. Essa foi minha forte determinação. E, atualmente, a rede de paz e humanismo da Soka Gakkai Interna­cional (SGI) abrange 192 países e territórios. Líderes e pensadores conhecidos mundialmente expressaram sua ilimitada esperança e seu elogio ao movimento popular da SGI. A vitória da SGI foi minha oração e minha vitória. Obrigado! Não tenho palavras para dizer-lhes como me sinto feliz. (...) O daimoku é a base da nossa prática budista. O supremo caminho que leva à felicidade nada mais é que recitar Nam-myoho-renge-kyo. [Nichiren] Daishonin também escreveu: O que chamamos de fé não é nada fora do comum. Fé significa depositar nossa crença no Sutra do Lótus, em Shakyamuni, em Muitos Tesouros, nos budas e bodisatvas das dez direções, nas divindades celestiais e nas divindades benevolentes, e recitar Nam-myoho-renge-kyo do mesmo modo que uma mulher ama seu marido, que um homem sacrifica a vida por sua esposa, que os pais se recusam a abandonar seus filhos ou uma criança se nega a deixar sua mãe.2 Em outras palavras, devemos olhar para o Gohonzon e orar com amor e devoção que sentimos pela pessoa mais querida e importante em nossa vida — para alguns, podem ser os filhos; para os outros, a pessoa amada. [risos] Não tem nada de complicado nisso. (...) As pessoas que oram com seriedade e sinceridade, com uma fé pura e sincera no Gohonzon, triunfam em tudo. Todas as suas orações se concretizam. Quero que vocês da Divisão dos Jovens conheçam verdadeiramente o supremo mundo do espírito que é a fé. Nunca se permitam ser influenciados pelas tendências passageiras e superficiais da época, nem ser enganados, manipulados e tampouco se tornar infelizes. O escritor russo Liev Tolstói (1828–1910) escreveu estas palavras para sua querida filha Alexandra: “A autoperfeição é de longe o objetivo mais importante de sua vida. Uma vida assim nunca se torna monótona, mas cheia de alegria”.3 A prática budista e as atividades da Soka Gakkai são o supremo caminho para polirmos e desenvolvermos nossa vida, e são com certeza a estrada certa para a felicidade. (...) Do ponto de vista da eterna perspectiva do budismo, não há nenhuma necessidade de permitirmos ser perturbados pelos acontecimentos passageiros de menor importância. As pessoas que praticam sinceramente o Budismo de Daishonin vencerão no final. A vitória da Soka Gakkai está garanti­da. Portanto, vamos continuar a avançar com orgulho e convicção! Durante uma reunião de líderes da província de Kanagawa, o Mestre enfatiza: “Uma pessoa certamente vencerá a partir do momento em que manifestar uma forte fé” (12 jun. 1988)No topo: Percorrendo o local sob forte chuva, sensei encoraja os participantes do Festival Musical da Juventude de Kanagawa pela Paz (Estádio de Yokohama, Kanagawa, 9 set. 1984) Fonte: Brasil Seikyo, ed. 1.927, 16 fev. 2008, p. A4. Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Grande Montanha. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-I, p. 107, 2022. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 304, 2017. 3. TOLSTÓI, Liev N. Polnoe Sobranie Sochinenii [Obras Completas]. Moscou: Gosudarstvennoe Izdateljstvo Khudodzestvennoi Literaturyi, v. 76, p. 86, 1956. Fonte: Adaptado de matéria publicada no Seikyo Shimbun de 3 de abril de 2024. Fotos: Seikyo Press

06/06/2024

Encontro com o Mestre

Laço de suprema nobreza

A unicidade de mestre e discípulo inicia-se pelo ato de viver com o mesmo espírito do mestre e de sempre mantê-lo firmemente no coração. É fácil falar sobre o caminho de mestre e discípulo, mas se nosso mestre não estiver em nosso coração, não estaremos praticando o budismo genuinamente. Se pensarem no coração do mestre como algo que existe fora de vocês, as ações e a orientação dele não atuarão mais como um padrão ou modelo interior para vocês. Então, em vez disso, poderão adotar como parâmetro de conduta a maneira como seu mestre os vê ou os avalia. Se isso acontecer, tenderão a se esforçar com afinco se o mestre lhes disser estritamente que o façam, mas poderão diminuir o empenho ou até se tornar calculistas na tentativa de obter a aprovação dele. Dessa forma, não conseguirão aprofundar a fé nem realizar sua revolução humana. E, se os líderes cederem a essa tendência, aniquilarão o verdadeiro espírito do budismo e o puro mundo da fé se transformará num reino de questões mundanas governado por vantagens pessoais e conjecturas. Somente estabelecendo firmemente o grandioso caminho da unicidade de mestre e discípulo no próprio coração, a pessoa consegue promover a perpetuação da Lei. Fonte: IKEDA, Daisaku. Fortaleza de Pessoas Capazes. Nova Revolução Humana, v. 25. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. * * * A unicidade de mestre e discípulo é essencialmente rigorosa. Tudo depende da seriedade com que o discípulo é capaz de aceitar e agir de acordo com cada palavra do mestre. Um verdadeiro discípulo esforça-se para concretizar os objetivos do mestre, sem imitá-lo, mas colocando suas palavras em ação. As pessoas que meramente tentam imitar o mestre, agindo só na aparência, de alguma maneira acabam indo para o caminho errado. Isso realmente aconteceu na época do presidente Toda e continua a acontecer atualmente. Há um caminho para cada discípulo, e esse caminho encontra-se unicamente no esforço de concretizar os ideais do mestre. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 1.548, 18 mar. 2000, p. A3. * * * Que tesouro precioso é a unicidade de mestre e discípulo! Do ponto de vista do budismo, é um laço de suprema nobreza. Se não fosse pelo mestre Tsunesaburo Makiguchi e por seu discípulo Josei Toda — os dois primeiros presidentes da Soka Gakkai —, o renascimento do Budismo Nichiren na era moderna jamais teria ocorrido. Ter um mestre na fé é condição vital para praticar corretamente. Além disso, a Lei se transmite quando os discípulos atuam com o mesmo espírito que o mestre. A unicidade de mestre e discípulo é a base do Budismo Nichiren. Fonte: Terceira Civilização, ed. 503, jul. 2010, p. 46. * * * Quando fazemos da profunda determinação do mestre a nossa própria determinação e nos dedicamos ao máximo, conseguimos vencer qualquer batalha. O Sr. Toda nos garantiu com total convicção: “Dedique a vida ao caminho Soka de mestre e discípulo. Você nunca vai se arrepender disso e sua vida será adornada com a alegria da vitória”. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.035, 15 maio 2010, p. 4. * * * O presidente Toda frequentemente dizia: “A relação de mestre e discípulo não é firmemente estabelecida quando você se tornar um bom discípulo. A relação de mestre e discípulo depende do comprometimento do discípulo”. Quando o discípulo busca o mestre e empenha-se sinceramente para crescer, sua vida e seu espírito ressoam com a vida e o espírito do mestre, e suas capacidades ilimitadas anteriormente ocultas são desvendadas. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 1.652, 18 maio 2002, p. A6. * * * Em qualquer área, o caminho de mestre e discípulo abre um desenvolvimento infindável. Posso afirmar que, se não existisse o treinamento do meu mestre, Josei Toda, não existiria o meu “eu” de hoje. Por isso, “concretizar os sonhos do mestre” foi o sonho de toda a minha existência. Determinei com firmeza que, somente concretizando os sonhos do mestre eu estaria saldando as dívidas de gratidão com ele, deixando-o verdadeiramente feliz. Fonte: IKEDA, Daisaku. Vivam as Doutoras do Cultivo da Felicidade. Flores da Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. * * * O sentimento ardente e sincero dos discípulos sempre será captado pelo mestre. Nada pode se interpor entre mestre e discípulo — caso exista alguma barreira desse tipo, ela reside no coração do próprio discípulo. Fonte: IKEDA, Daisaku. Arco-íris da Esperança. Nova Revolução Humana, v. 19. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. No topo: Ikeda sensei e a Sra. Kaneko observam estátua do primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, no Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio, Hachioji. Este memorial foi construído com o intuito de louvar a nobre existência de Makiguchi sensei, que dedicou a vida a proteger o Budismo Nichiren e a organização. A estátua está instalada como se “observasse” o campus da Universidade Soka (jul. 2001) Foto: Seikyo Press

29/05/2024

Encontro com o Mestre

Uma fé inabalável e pura

Ikeda sensei toca piano para inspirar os companheiros no Centro de Treinamento de Shiga (24 nov. 1981) (Trecho do romance Nova Revolução Humana, v. 27) DR. DAISAKU IKEDA Certa ocasião, [Tsuruko Kaneda] foi para a região de Kanagawa acompanhada de algumas integrantes da Divisão Feminina a fim de participar de uma atividade. No trem de volta, o grupo se encontrou com Shin’ichi [Yamamoto].1 Como havia poucos passageiros no trem, ele disse: Obrigado pelos seus esforços. Aproveitando a oportunidade, vamos estudar o Gosho. As senhoras estão com a coletânea de escritos? Todas a retiraram da bolsa. Por favor, abram na página do escrito Resposta à Monja Leiga Nichigon. Dentro do trem, Shin’ichi Yamamoto começou a explanar esse escrito para Tsuruko Kaneda e outras integrantes da Divisão Feminina: — Nichiren Daishonin diz: “Se a sua oração será ou não respondida, isso dependerá de sua fé; [caso não seja,] de maneira alguma deverá me culpar”.2 Conforme essas palavras, se as orações são ou não concretizadas depende unicamente da profundidade da sua própria fé. Daishonin ainda afirma: “Quando a água é transparente, esta reflete a Lua”.3 A Lua é refletida de maneira bela quando a água é límpida e serena, mas isso não ocorre se a água estiver turva e agitada. Uma pessoa possuidora de fé pura e forte comprova grandiosos benefícios em sua vida da mesma forma que a água cristalina reflete nitidamente a Lua. Entretanto, pessoas de fé fraca são como as águas turvas e agitadas. Assim como não refletem a beleza da Lua, as pessoas não conseguem obter benefícios. Por isso, o importante é perseverar com uma prática da fé pura e vigorosa. Daqui para a frente, certamente diversas tempestades de provações tanto na vida pessoal como na organização as aguardam. Mas, por favor, independentemente do que vier a acontecer, não se afastem jamais da Soka Gakkai e mantenham uma fé cristalina até o fim. Se fizerem isso, sem falta trilharão uma existência de extraordinária vitória. No final, poderão afirmar com todo o orgulho: “Eu fui a pessoa mais feliz do mundo. Minha vida foi maravilhosa!”. “Uma fé cristalina” — essas palavras ficaram profundamente gravadas no coração de Tsuruko e se tornaram a diretriz da sua vida. E por meio da postura de Shin’ichi, que explanava com toda a seriedade o Gosho dentro do trem, ela aprendeu como um líder deve ser. “O responsável interino pelo distrito Shin’ichi Yamamoto também acumula a responsabilidade como secretário da Divisão dos Jovens. Por conta dos constantes desafios e batalhas, com certeza ele pensava em descansar um pouco durante a viagem. No entanto, como se não quisesse deixar escapar essa oportunidade, ele dedicou todo o seu tempo para nós e explanou o Gosho. Líder é aquele que se dedica incansavelmente, de corpo e alma, em prol dos companheiros. Assim eu farei também! Não seria este o caminho para corresponder às expectativas do Mestre?” Notas: 1. Pseudônimo do presidente Ikeda no romance Nova Revolução Humana. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 347, 2017. 3. Ibidem. Fonte: IKEDA, Daisaku. Batalha Feroz. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 27, p. 211, 2019. Manter-se firme O Lago Biwa é o maior do Japão. Às suas margens, o presidente Ikeda incentivou muitos companheiros. Uma veterana da região de Shiga conta que o Mestre a encorajou, bem como aos outros membros de sua organização, dizendo: “Assim como as águas do Lago Biwa se tornam sujas quando ficam estagnadas, a fé também se torna impura quando estaciona. Portanto, mantenham-se firmes, sem hesitar”. Em sua obra Jinsei Chirigaku [Geografia da Vida Humana], Tsunesaburo Makiguchi, educador e primeiro presidente da Soka Gakkai, ressalta a beleza do cenário composto pelo Lago Biwa ao lado do Monte Fuji, afirmando que “A beleza do lago nutre nos jovens uma disposição para voos globais”. O segundo presidente da organização, Josei Toda, expressou: “Gostaria de um dia criar um local de aprimoramento para jovens às margens do Lago Biwa. Tenho certeza de que Makiguchi sensei ficaria feliz com isso”. Inspirado pelas palavras de seus mestres, Ikeda sensei determinou construir um ambiente para o desenvolvimento de jovens líderes que vão liderar a próxima geração. Em setembro de 1971, o tão aguardado Centro de Treinamento de Shiga, localizado na cidade de Yawata, foi concluído às margens do Lago Biwa. No dia 5, com a presença de sensei, realizou-se o primeiro Festival do Lago Biwa nas instalações desse centro. O festival estabeleceu-se como uma tradição ao longo dos anos. Após ser renomeado como Festival do Futuro, tornou-se um evento anual em que os membros da Divisão dos Estudantes se reúnem para reconfirmar seu juramento de crescer pelo kosen-rufu. Em 1981, a região do Lago Biwa foi palco da luta de Ikeda sensei junto com os membros contra os ataques do clero dois anos depois de sua renúncia da presidência da Soka Gakkai. Ali também, em 1989, ele escreveu o manuscrito de sua palestra proferida na Academia de Belas Artes, do Instituto da França, com o título “A Arte e a Espiritualidade no Oriente e no Ocidente”. Superfície cintilante do lago em imagem capturada pelo Mestre com sua câmera (out. 1995) No topo: Ikeda sensei conversa com líderes da Soka Gakkai da região à beira do Lago Biwa (abr. 1989)Fonte: Adaptado de matéria publicada no Seikyo Shim­bun de 10 de fevereiro de 2024. Fotos: Seikyo Press

29/05/2024

Especial

Os quarenta anos da terceira visita de Ikeda sensei ao Brasil

Chegamos ao final da série dedicada aos leitores em celebração das quatro décadas desde a terceira visita de Ikeda sensei ao nosso país, em 1984. Brasil Seikyo retrata os bastidores do inesquecível reencontro do presidente Ikeda com membros brasileiros no 1o Festival Cultural-Esportivo da SGI, fechando um hiato de dezoito anos de espera. Foi uma emoção incontida, que preencheu o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, SP, em duas ocasiões, graças à surpresa proporcionada pelo Mestre. Acompanhe os bastidores da época e como a geração de sucessores se prepara para tomar novamente o Ginásio do Ibirapuera neste mês e unir (ao vivo e por transmissão) os jovens humanistas pela paz! Sensei, o nosso sonho Está realizado Com vossa presença no Brasil... Esse é o verso inicial de Saudação a Sensei, canção-tema do 1o Festival Cultural-Esportivo da SGI, realizado na capital paulista, no dia 26 de fevereiro de 1984. Na véspera, estava marcado o ensaio geral, e, como mística relação de mestre e discípulo, essa ocasião acabou se tornando também o “glorioso dia” para milhares de membros presentes, surpreendidos com a entrada de Ikeda sensei no local. Ao vê-lo dar a volta pela pista, acenando, ninguém conseguia conter as lágrimas. Na Nova Revolução Humana, obra escrita pelo presidente Ikeda durante 25 anos ininterruptos, ele deixa registrado: — Estou imensamente feliz pelo encontro radiante com meus companheiros, nobres emissários do Buda, depois de dezoito anos. Não tenho dúvidas de que este extraordinário festival cultural ficará brilhantemente registrado na história do Brasil e nos anais do kosen-rufu. Imagino como devem ter sido os esforços inacreditáveis, os avanços grandiosos que conquistaram e as belas cooperações de coração a coração. Quero louvar a todos com lágrimas nos olhos, com profunda gratidão, e com o sentimento de cumprimentar e abraçar cada pessoa. Uma grande ovação de alegria irrompeu no ginásio de esportes, ecoando o grito de vitória dos brasileiros: “É pique, é pique, é pique, pique, pique!...”1 Após deixar o ensaio geral no Ginásio do Ibirapuera, o presidente Ikeda participou de um encontro com representantes de cinco países da América do Sul — Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Bolívia. Também estavam presentes 230 membros da Soka Gakkai do Japão, denominados grupo Sakura, e que se apresentariam no festival com uma dança típica japonesa. A torre do juramento se ergue No dia 26, com o coração energizado, os figurantes entraram em harmonia, marchando e tocando músicas, dançando e cantando, num bailar de saudade e renovada determinação. Um ponto primordial da vida, tal qual nos relatam dois integrantes do Grupo 2001, atual Divisão dos Estudantes, em seus depoimentos (veja abaixo). O momento em que a “torre dourada da vitória dos membros do Brasil” [Ginástica Montada] se elevou, uma onda de alegria se espalhou pelo ginásio. Era a felicidade pela vitória que fez todos se levantarem. Após a descida, os 7 mil participantes se reuniram no palco ao som das canções da Gakkai. Ali, a diversidade da cultura do Brasil estava estampada no rosto dos figurantes. Profundamente emocionado com a vitória daquelas pessoas, o presidente Ikeda se levantou e aplaudiu de forma intensa: “Obrigado! Muito obrigado!”. Em seu coração transbordava respeito e gratidão. A canção que encorajou os brasileiros A canção Saudação a Sensei fez estremecer o ginásio. Essa música serviu de encorajamento para os membros do Brasil nos momentos mais difíceis. No dia do festival, não havia quem ficasse parado. Ao final da atividade, o presidente Ikeda disse: — Desejo que façam desta data o ponto fundamental de uma grande história, e sendo bons cidadãos e bons membros da sociedade, tenham uma vida digna que se torne exemplo para todos.2 Mesmo após a saída de Ikeda sensei, a alegria continuava intensa. Mais agendas em São Paulo No dia 27 de fevereiro, foi realizada a Reunião Nacional de Líderes em Comemoração do Jubileu de Prata da BSGI, na Sala Shitei do [antigo] centro cultural. Antes, o Mestre incentivou vários grupos, tirando fotos comemorativas com representantes. Foi um momento histórico também para os membros da Amazônia que ali se encontravam. Membros da BSGI da Amazônia em histórica foto comemorativa com Ikeda sensei (São Paulo, SP, fev. 1984) A partida para Lima, Peru, ocorreu no dia seguinte. A missão de levar o incentivo a todos prosseguia. Após quarenta anos, o palco é dos jovens humanistas A visita do presidente Ikeda em 1984 foi um momento histórico de vitória para os brasileiros. Desde aquele ano, a BSGI avançou na vanguarda do movimento pelo kosen-rufu em direção ao século 21, surpreendendo o mundo com seu desenvolvimento. E, neste mês, ocorre a convenção dos jovens humanistas no mesmo Ginásio do Ibirapuera, selando o movimento dos cem jovens por distrito. Será um novo marco e para o qual todos estão convidados. Confira tudo pelo BS! Fontes: Terceira Civilização, eds. 548, 554, 564, 566 e 567, todas de 2014. Série “Sinfonia da Paz na Grande Terra do Século 21”. Brasil Seikyo, ed. 2.458, 9 mar. 2019, p. A2. Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Juramento Seigan. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-II, 2022, p. 179. 2. Terceira Civilização, ed. 567, nov. 2015, p. 34. *** Um poema para eternizar Três anos depois, em 21 de fevereiro de 1987, Ikeda sensei surpreendeu novamente. Na data de inauguração do Auditório Presidente Ikeda da BSGI, atual Auditório da Paz, do Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda, em São Paulo, foi apresentado o poema A Longa e Distante Correnteza do Amazonas, que dedicou aos membros brasileiros. Nele, o Mestre dedica versos aos veteranos, descreve episódios marcantes na jornada de construção da BSGI, incluindo o festival de 1984, e estabelece diretrizes para o avanço do kosen-rufu. Leia Poema na íntegra na edição 2.360, 18 fev. 2017, p. A6 e A7. Também disponível no BS+ e no site da Editora Brasil Seikyo. Acesse: https://www.brasilseikyo.com.br/home/bs-digital/edicao/2360/artigo/a-longa-e-distante-correnteza-do-amazonas-30-anos/35028 *** Na BSGI, Selma Inoguti é coordenadora da Divisão Feminina (DF) e Edson Tokunaga é vice-coordenador da Divisão Sênior (DS) e coordenador da DS da Coordenadoria-Geral do Estado de São Paulo (CGESP). Ambos integravam o Grupo 2001, precursor da Divisão dos Estudantes (DE), na época da terceira visita de Ikeda sensei ao Brasil. Eles relatam os momentos marcantes vividos desde aquela ocasião. O início de um juramento Edson Tokunaga Na época, eu tinha 12 anos e tive a oportunidade de me encontrar com Ikeda sensei naquele inesquecível festival, ou pelo menos avistá-lo de longe. Naquele momento, nem imaginaria o quanto isso representaria para minha vida. Mesmo sem ter a noção do significado daquele evento, percebia a agitação dentro da organização e ouvia os diversos comentários dos líderes ressaltando a importância daquela visita. Ficaram gravadas em mim a seriedade do desafio na recitação do daimoku, durante a semana e nos fins de semana, e a movimentação para os ensaios que durou meses. Contagiados pela empolgação dos veteranos, nós, as crianças, nos sentíamos ainda mais felizes por estar com outros da mesma faixa etária, embalados por aquele sentimento de fazer parte de algo feito com enorme gratidão ao Mestre. Na véspera do grande dia, inesperadamente, Ikeda sensei nos assistiu. Mesmo sem entender o que significava ter um mestre em nossa vida, lágrimas corriam sem parar. Afinal, era a vitória do discípulo em gratidão ao Mestre. Foram dias de muita emoção. Por me manter na órbita da Soka Gakkai, acumulei diversas comprovações. Seis anos depois, em 1990, como integrante da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) e atuando no Sokahan (grupo de bastidor), fui surpreendido quando os componentes do Grupo 2001, de 1984, foram convocados para uma apresentação no Festival dos Jovens que ocorreria naquele ano e com a expectativa da presença de Ikeda sensei. Todos queriam participar recepcionando o Mestre no grupo horizontal ao qual pertenciam. No entanto, ao tomarmos conhecimento de que o objetivo era que as crianças de 1984, agora jovens, apresentassem o juramento dos jovens do mundo a Ikeda sensei, compreendemos a missão que nos foi confiada. O presidente Ikeda não pôde estar presente. Entendemos, então, que o juramento do discípulo não dependia da presença física dele e fizemos a apresentação como se ele estivesse ali, diante dos nossos olhos. Houve ainda a Convenção da Chuva em 1999, ocasião em que fomos testados pela força da natureza, que nos proporcionou um importante aprendizado de que a semente germina graças à chuva e ela só se desenvolve se conseguir enfrentar as tempestades. Em 2009, mais uma vez, minha vida pôde se renovar por meio do juramento ao Mestre durante a Convenção dos Jovens Monarcas, realizada exatamente no mesmo local, o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Foi um momento inesquecível em que os jovens da BSGI selaram seu juramento a Ikeda sensei. Quanta gratidão! Hoje, na Divisão Sênior (DS) e com uma família maravilhosa que venho construindo, mantenho o mesmo sentimento de seguir eternamente junto com Ikeda sensei, apoiando os companheiros. Aquele encontro de quarenta anos atrás seria apenas mero acaso, mas, por ter sido sustentado por um juramento, tornou-se uma bússola, uma missão de vida, que fez toda a diferença. Essa é minha maior honra! Tokunaga com a esposa, Tatiana, tendo à frente as filhas, da esq. para a dir., Laura e Júlia *** Um brado eterno Selma Inoguti Participei do festival cultural como Pompom-tai, do Grupo Asas da Paz Kotekitai. Lembro-me de que, pulando bem alto, olhando para Ikeda sensei lá na tribuna, determinei: “Ikeda sensei, conte comigo! Quando crescer, vou me esforçar para ser um valor humano!” Mesmo sem enxergá-lo, pois a tribuna estava com a luz apagada, naquele momento, selei meu juramento ao Mestre pelas três existências da vida. Apesar de muito jovem, recordo-me do meu desafio de vencer na prática da fé, e de superar as dificuldades financeiras e de saúde, para participar dos ensaios. Um fato que me marcou foi que, em todos os ensaios e no dia do festival, Ikeda sensei ofereceu uma lata de refrigerante aos participantes. Isso foi um marco de carinho do Mestre conosco e de nossa gratidão a ele. Observava a perseverança e forte determinação dos meus pais e dos companheiros de transformar cada circunstância recitando muito mais daimoku. Cada vitória, para nós, era a causa para a vinda de Ikeda sensei ao Brasil, após dezoito anos. Quanta gratidão em compartilhar esse momento e refletir que são quarenta anos de muitas oportunidades, desafios, mudanças, alegrias e vitórias! Aproveito para manifestar profunda gratidão ao Mestre e à Sra. Kaneko, aos meus pais e familiares, veteranos e amigos, pois foram fundamentais para eu viver todos esses anos de forma digna e feliz. Deixo uma dica para que possamos sempre incentivar os jovens e estudantes, acreditando em seu potencial e inspirando-os com nossa postura e exemplo, conquistando sua confiança. E, em especial neste momento, em que vivemos a grande luta da Juventude Soka neste maio tão significativo. Visando os cem anos da Soka Gakkai e os setenta anos da BSGI, como um legado por todas as existências e pela gratidão eterna a Ikeda sensei e à Sra. Kaneko, meu compromisso e juramento é, em união harmoniosa com as cinco divisões, me esforçar ao máximo para corresponder às expectativas do Mestre, além de cumprir minha missão e contribuir para o desenvolvimento da Divisão Feminina do Brasil e de toda a BSGI. Diante do meu desafio do dia a dia de trabalhar, cuidar da família, atuar na organização, estudar etc., recitar “muito mais daimoku” e realizar uma luta com muita sabedoria, alegria e leveza, sigo me esforçando para ser o “sol do kosen-rufu”, conforme direcionamento do sensei. E, por meio do juramento seigan e do ponto primordial “fé, prática e estudo”, e junto com minhas companheiras de missão, desenvolver uma geração de mulheres fortes, determinadas, de boa sorte, sabedoria, avanço, felicidade e triunfo! Minha eterna decisão é baseada no trecho da mensagem de Ikeda sensei enviada em setembro de 2023, que hoje é o legado e eterno juramento da DF do Brasil: Haja o que houver, imbuídas de ardente coragem e de profunda esperança, avancem em prol da Lei Mística como dignas componentes da Soka Gakkai. E conduzindo as pessoas, com quem compartilham um vínculo, a uma vida triunfante de imensurável benefício e boa sorte, edifiquem a “terra da paz e da felicidade” em sua comunidade local.1 Rumo a 2030, vamos trilhar esse maravilhoso e nobre caminho do kosen-rufu, eternamente junto com Ikeda sensei e com a Sra. Kaneko, bradando em nosso coração: “Shitei funi é a minha vida” e “Avançar é a nossa missão!”. Um forte e carinhoso abraço! Momento em família: Selma está à dir. em pé. Ao seu lado, o irmão Akinori e a cunhada Tatiane. Sentados, a partir da esq., o pai de Tatiane, Adriano; e os pais de Selma, Seiyti e Alice Nota: 1. Cf. Brasil Seikyo, ed. 2.644, 14 out. 2023, p. 13. No topo: O grande final do 1o Festival Cultural-Esportivo da SGI, realizado no Ginásio do Ibirapuera durante a terceira visita do presidente Ikeda ao Brasil (São Paulo, SP, 26 fev. 1984).Fotos: Seikyo Press | BS | Arquivo pessoal

09/05/2024

Relato

Determinar e agir

Meu nome é Philippe Watanabe, tenho 34 anos, sou graduando no curso de ciências ambientais na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e trabalho na Fundação Getulio Vargas (FGV). Depois de participar do grupo Sokahan por onze anos, agora sou membro do grupo Brasil Ikeda Myo-on Kai (BIMOK), que atua nas áreas de sonoplastia e multimídia em atividades da organização. Cresci nos jardins Soka e tenho orgulho das minhas raízes japonesas pelo lado paterno. Mesmo assim, na infância, eu me sentia perdido quanto à minha identidade por ser carioca e filho de japonês. Afinal, não existiam tantas crianças como eu nas escolas onde estudei. Porém, com o acolhimento e a convivência na Gakkai, superei essa questão. Até hoje encontro companheiros da Divisão dos Estudantes que se recordam com saudade dessa época. Inspiração de conduta Antes de eu completar 7 anos, meu pai faleceu, acometido de câncer no intestino. Seu aspecto estava sereno como o de um buda. Com a prática, ele conseguiu prolongar sua vida, pois os homens da família não viviam mais que 40 anos. Suas últimas palavras para mim foram Gambate kudassai, que significa “Esforce-se bastante”. Logo em seguida, apresentei uma disritmia, que me causava convulsões, e tomei remédios controlados por dois anos. Meus pais sempre me apoiaram e se dedicaram com afinco à luta pelo kosen-rufu. Portanto, ultrapassei essa questão como eles, com daimoku e dedicação às atividades da Gakkai. Antes de morrer, meu pai recomendou à minha mãe a se casar novamente; e assim aconteceu, ganhei um segundo pai e uma irmã. Foi um grande aprendizado! Em janeiro de 2009, às vésperas do glorioso 3 de maio, enfrentei também o falecimento dele. Recebemos incentivos diretos de Ikeda sensei e dos demais líderes da SGI, um acalento num momento muito importante. As cinzas dele descansam, junto com as do meu pai biológico, no Palácio Memorial da Paz Eterna, em Itapevi, SP. Persistência e dedicação Em 2017, participei do Curso de Aprimoramento da SGI no Japão com os duzentos jovens do Brasil e, ao retornar, estava desempregado e determinado a ingressar no mercado de trabalho em um novo segmento. Cursava o terceiro período da faculdade e orei para surgirem amplas possibilidades. Após três meses conciliando as reuniões da organização e os afazeres, ingressei como estagiário na FGV. Onze meses depois, fui efetivado em uma vaga na qual continuo a me desenvolver profissionalmente. Esse novo trabalho me proporcionou um plano de saúde e pude fazer exames de rotina. No decorrer de 2019, fui diagnosticado com pólipos no intestino e no reto, realizando 25 sessões de radioterapia, além de quimioterapia via oral. No segundo dia do tratamento, passei muito mal e fui incentivado pela família a ler um dos escritos de Nichiren Daishonin e uma orientação de Ikeda sensei. Minha irmã, Karen, pegou o livro Pode Haver uma História Mais Maravilhosa que a Sua? e pediu para eu escolher uma página. Ao abri-la, havia um trecho do escrito A Prova do Sutra do Lótus com a seguinte explanação do Mestre: O decisivo é a convicção absoluta de que você pode transformar o veneno em remédio, por mais assustadores que sejam os obstáculos. Essa fé inabalável é o fator fundamen-tal para sobrepujar doenças e outras dificuldades na vida e abrir amplamente o caminho para atingir o estado de buda sem falta.¹ Senti imensa alegria e energia, era como se o Mestre estivesse conversando comigo e me incentivando a reagir e a não desistir. Em gratidão, decidi escrever imediatamente para Ikeda sensei relatando que seria vitorioso. Com base na prática diária do gongyo e do daimoku, seguia com a rotina de trabalho, as atividades e os estudos. Enfim, a medicação da quimioterapia foi suspensa e soube que precisaria passar por uma cirurgia para a retirada dos pólipos. Em setembro, recebi a resposta do Mestre, dizendo “Cuide-se bem”. Que alegria! Agora, mais que nunca, estava determinado a vencer. No início de 2020, realizei com sucesso o procedimento cirúrgico, que durou quase dez horas, e a previsão era receber alta em cinco ou seis dias. Porém, surgiram duas complicações. Diante disso, fui incentivado pelos veteranos a ser paciente e perseverante. Durante os dias e horários de visitação e de rotina, minha família e eu fazíamos shakubuku nos enfermeiros, auxiliares e médicos, cumprindo nossa missão como bodisatvas da terra de propagar a Lei Mística. Até uma das funcionárias chegou a recitar gongyo e daimoku conosco e apresentou o Budismo Nichiren a um amigo. Quantas oportunidades! Após treze dias, finalmente tive alta. Era fevereiro de 2020 e, com o início da pandemia, estava preocupado com a minha recuperação e o retorno ao trabalho presencial. Entretanto, como benefício da prática da fé, meu emprego adotou o home office e comecei a exercer minhas funções em casa. Atualmente, utilizo uma bolsa de ostomia, o que me permite ter qualidade de vida. Avanço e vitória Outro divisor de águas foi a primeira edição da Academia Índigo Juventude Soka do Brasil, da qual tive a boa sorte de participar. A partir daí, muitas mudanças ocorreram na organização e no trabalho. Os integrantes da Divisão dos Jovens (DJ) da nossa Sub. Copacabana vêm recitando daimoku semanal e seguem apresentando o budismo para vários amigos, resultando na concretização do movimento dos cem jovens nos oito distritos que a compõem. Que grandiosa vitória! Além disso, tive a imensa felicidade de concretizar shakubuku em um grande amigo de faculdade. Neste momento em que Ikeda sensei se encontra no Pico da Águia, renovo meu juramento de me dedicar por toda a vida ao sublime ideal do kosen-rufu ao lado dele. A todos os jovens que praticam esta Lei, sejam felizes e conquistem imensos benefícios. Obrigado! Encontro do grupo BIMOK da CGERJ promovido em março Com companheiros da Juventude Soka em 3 de maio de 2009 Reunião de partida da nova Sub. Copacabana realizada em janeiro deste ano Com o amigo Victor, a quem apresentou o Budismo NichirenPhilippe Isamu Watanabe, 34 anos, cursa ciências ambientais. É membro do Distrito Ipanema, RM Ipanema, e responsável pela DJ da Sub. Copacabana, CRC, CGERJ. Nota: 1. A Prova do Sutra do Lótus. Pode Haver uma História Mais Maravilhosa que a Sua? São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2018. p. 272. No topo: Philippe na formatura do grupo Sokahan em 2017 Fotos: Arquivo pessoal

09/05/2024

Encontro com o Mestre

Eterna jornada conjunta

DR. DAISAKU IKEDA Uma pessoa que possui o mestre como ponto primordial é forte. Não se esqueça de seu ponto primordial. Porque, desde que não o deixe de lado, você não sairá da órbita da fé pela qual decidiu seguir adiante. Fonte: IKEDA, Daisaku. Citações de Daisaku Ikeda. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. * * * Em seu escrito Florescer e Produzir Grãos, Daishonin declara: Dizem que se um mestre possui um bom discípulo, ambos obterão o fruto do estado de buda, mas, se um mestre cria um mau discípulo, ambos cairão no inferno. Se mestre e discípulo possuem pensamentos diferentes, jamais conseguirão realizar algo.1 Se mestre e discípulo tiverem mentes diferentes, nada poderá ser realizado. No fim, tudo é decidido pelo discípulo. O enorme crescimento da Soka Gakkai até agora foi alcançado por meio da união brilhante e indestrutível da unicidade de mestre e discípulo. Se tiverem profunda consciência da missão de mestre e discípulo de viver uma existência dedicada ao kosen-rufu, jamais terão algo a temer. Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 173, 2017. Fonte: IKEDA, Daisaku. Baluarte Central. Nova Revolução Humana. v. 17. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. * * * A questão mais importante na vida de uma pessoa é quem ela tem como mestre e quem segue como exemplo. Não há felicidade maior do que possuir um mestre da vida. Fonte: IKEDA, Daisaku. Citações de Daisaku Ikeda. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. * * * A relação entre mestre e discípulo é como a da agulha com a linha. O mestre abre o caminho e revela os princípios, enquanto o discípulo prossegue o trabalho do mestre, aplica, desenvolve e concretiza esses princípios. O discípulo também deve seguir adiante e ultrapassar o mestre. O mestre, por sua vez, está pronto a dar tudo de si, até mesmo a própria vida, pelo discípulo. Fonte: IKEDA, Daisaku. A Relação de Mestre e Discípulo é o Coração da Soka Gakkai.Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 3: Kosen-rufu e Paz Mundial.São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. * * * Mestre e discípulo ligados pelo juramento seigan pelo kosen-rufu vivem juntos eternamente, unidos pelo compromisso de lutarem juntos até o fim. Fonte: IKEDA, Daisaku. Atuação Conjunta de Mestre e Discípulo. Vozes para um Futuro Brilhante. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023. * * * O budismo ensina: “Se um mestre possui um bom discípulo, ambos obterão o fruto do estado de buda”.1 A relação de mestre e discípulo é um laço entre duas vidas gerado pela mútua, séria e sincera determinação do mestre comprometido a desenvolver o discípulo de forma a superá-lo, e do discípulo em corresponder de todo o coração à determinação do mestre. Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 173, 2017. Fonte: IKEDA, Daisaku. O Impossível é Possível. Romper Barreiras. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023. * * * A relação mestre-discípulo é a base do budismo. Se compreendermos de fato o caminho de mestre e discípulo, seremos capazes de realizar infalivelmente nossa revolução humana, atingir o estado de buda nesta existência e abrir o caminho para o futuro eterno do kosen-rufu. Fonte: IKEDA, Daisaku. Luz do Sol. Nova Revolução Humana, v. 19. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. * * * Sem a relação de mestre e discípulo, qualquer coisa que realizarmos simplesmente terminará junto com a nossa existência. Não passará de um breve drama e de uma busca por satisfação pessoal. Em contraste, a relação de mestre e discípulo nos habilita a viver uma vida conectada ao grandioso fluxo da humanidade, uma vida comparável a um caudaloso rio, uma vida que faz parte de uma ininterrupta corrida de revezamento. Mestres e discípulos são como atletas numa corrida de revezamento. Eles avançam, passando adiante o bastão ao longo da trilha pela justiça, felicidade e paz de toda a humanidade. Os mestres correm na frente para, depois, transferir o bastão aos discípulos. Fonte: IKEDA, Daisaku. A Relação de Mestre e Discípulo é o Coração da Soka Gakkai. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 3: Kosen-rufu e Paz Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. * * * O presidente Toda sempre dizia que os discípulos devem buscar ultrapassar seus mestres. Somente mestres de pensamento mesquinho exigem que os discípulos os sigam e aceitem tudo o que disserem com obediência cega. Mestres genuínos instigam os discípulos a superá-los, a realizar o que eles não puderam realizar. E discípulos verdadeiros se esforçam ardentemente para fazer exatamente isso. Fonte: IKEDA, Daisaku. A Relação de Mestre e Discípulo é o Coração da Soka Gakkai. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 3: Kosen-rufu e Paz Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. * * * Alinhar nosso coração ao coração do mestre e aprofundar nossa determinação de promover o progresso do kosen-rufu são os fatores fundamentais para estabelecermos um elo sólido com o espírito de “diferentes em corpo, unos em mente”. É com essa união que conseguimos ativar o poder realmente resplandecente da Lei Mística. Fonte: IKEDA, Daisaku. A Relação de Mestre e Discípulo é o Coração da Soka Gakkai.Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 3: Kosen-rufu e Paz Mundial.São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. * * * Se os seguidores leigos e o mestre oram com pensamentos diferentes, suas orações serão tão inúteis quanto tentar acender fogo sobre a água. Fonte: Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin.São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 54, 2017. * * * A unicidade de mestre e discípulo inicia-se pelo ato de viver com o mesmo espírito do mestre e de sempre mantê-lo firmemente no coração. É fácil falar sobre o caminho de mestre e discípulo, mas se nosso mestre não estiver em nosso coração, não estaremos praticando o budismo genuinamente. Se pensarem no coração do mestre como algo que existe fora de vocês, as ações e a orientação dele não atuarão mais como um padrão ou modelo interior para vocês. Então, em vez disso, poderão adotar como parâmetro de conduta a maneira como seu mestre os vê ou os avalia. Se isso acontecer, tenderão a se esforçar com afinco se o mestre lhes disser estritamente que o façam, mas poderão diminuir o empenho ou até se tornar calculistas na tentativa de obter a aprovação dele. Dessa forma, não conseguirão aprofundar a fé nem realizar sua revolução humana. E se os líderes cederem a essa tendência, aniquilarão o verdadeiro espírito do budismo e o puro mundo da fé se transformará num reino de questões mundanas governado por vantagens pessoais e conjecturas. Somente estabelecendo firmemente o grandioso caminho da unicidade de mestre e discípulo no próprio coração, a pessoa consegue promover a perpetuação da Lei. Fonte: IKEDA, Daisaku. Fortaleza de Pessoas Capazes. Nova Revolução Humana, v. 25. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. * * * O kosen-rufu se torna possível quando os discípulos abraçam o mesmo espírito que o mestre. Sem o sólido pilar da relação de mestre e discípulo, é muito fácil ser arrastado pelas próprias emoções e tendências da época, e a pessoa prontamente cede à pressão e desiste quando sua fé é posta à prova. Fonte: IKEDA, Daisaku. A Relação de Mestre e Discípulo é o Coração da Soka Gakkai. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 3: Kosen-rufu e Paz Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. * * * No que se refere a mestres, há os bons e os maus. “Busquem bons mestres! Evitem maus mestres! Tenham a sabedoria para saber diferenciar um do outro. Não sejam enganados!” — essa é a instrução solene de Nichiren Daishonin. Não devemos seguir mestres errôneos; se o fizermos, seremos influenciados negativamente pelos procedimentos incorretos deles. Fonte: IKEDA, Daisaku. A Relação de Mestre e Discípulo é o Coração da Soka Gakkai. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 3: Kosen-rufu e Paz Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. * * * O caminho de mestre e discípulo é crucial para trilharmos o verdadeiro curso do humanismo e do budismo. Fonte: IKEDA, Daisaku. A Relação de Mestre e Discípulo é o Coração da Soka Gakkai. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 3: Kosen-rufu e Paz Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. * * * A força da ligação entre mestre e discípulo não se define pela distância física. Somente aquele que possui o mestre em seu próprio coração pode ser considerado um discípulo com forte ligação. Aí se encontra o grande caminho da unicidade de mestre e discípulo. Fonte: IKEDA, Daisaku. Espírito de Procura. Nova Revolução Humana, v. 27. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. * * * Ter “a mesma mente que Nichiren” é a essência da nossa fé e prática budistas. Os mestres e discípulos Soka, começando pelo presidente fundador, Tsunesaburo Makiguchi, e seu discípulo e segundo presidente, Josei Toda, dedicaram a vida em prol do grande juramento pelo kosen-rufu, de acordo com o espírito de Daishonin. Permanecer fiel ao caminho de mestre e discípulo Soka, portanto, é a prática de ter a mesma mente que Nichiren. Falando de modo concreto, significa manter firmemente nosso mestre no coração o tempo todo. Além disso, não devemos nos considerar separados do mestre; em vez disso, devemos sempre agir e pensar baseando-nos da perspectiva do mestre. Fonte: IKEDA, Daisaku. Alto-Mar. Nova Revolução Humana, v. 22. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. No topo: Dias antes de tomar posse da terceira presidência da Soka Gakkai, o jovem Daisaku Ikeda posa com os retratos dos presidentes Tsunesaburo Makiguchi, à esq., e Josei Toda, à dir., na sede central da organização em Tóquio (Japão, abr. 1960) Foto: Seikyo Press

09/05/2024

Caderno Nova Revolução Humana

“Enfim, chegou a primavera”

PARTE 25 Na tarde do dia 15 de novembro, Shin’ichi Yamamoto partiu do Aeroporto de Takamatsu, em Shikoku, para retornar de avião a Osaka. Depois percorreu as províncias de Wakayama e de Nara, prosseguindo em sua árdua luta. No dia 22, participou da 3a Convenção de Kansai, realizada no Auditório Memorial Toda de Kansai, da cidade de Toyonaka, província de Osaka, e regeu a canção Aa Reimei wa Chikazukeri [Ah, Aproxima-se a Alvorada]. E ainda, após visitar as províncias de Shiga e de Fukui, percorreu Chubu e se empenhou com todas as forças para estender orientações e incentivos também na província de Shizuoka. Shin’ichi só retornou a Tóquio na noite do dia 2 de dezembro. Os integrantes da Divisão Masculina de Jovens haviam realizado no dia 22 de novembro a Reunião Nacional de Líderes da divisão na cidade de Koriyama, província de Fukushima. Eles a denominaram Reunião de Líderes Kurenai, tornando-a um encontro de juramento de luta conjunta de mestre e discípulo para iniciar a jornada rumo ao século 21 juntos com a canção Kurenai no Uta [Canção do Carmesim]. Ah, raiou a manhã carmesim Os fortes brilham como precursores... Os jovens reunidos solidificaram a decisão de seguir abrindo os caminhos espinhosos como precursores do kosen-rufu: “Por piores que sejam as tempestades de provações que enfrentemos, somos os bravos jovens Soka que sobem a íngreme montanha em prol dos companheiros e pelo bem da sociedade! Não seremos derrotados jamais! Nós protegeremos resolutamente o castelo do kosen-rufu construído com devoção pelos pais e mães hoje já idosos!”. Esse coro era o entoar da canção da vitória dos jovens que superaram magnificamente as tempestades da problemática do clero, e se tornou o brado de vitória da vida que se estenderia para o futuro. E, em relação ao nome do autor da letra Kurenai no Uta [Canção do Carmesim], houve uma forte solicitação por parte da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku para que ficasse registrada como “Letra do presidente Yamamoto”, porque fora ele quem a havia composto no final, e assim ficaria para a posteridade. Mais tarde, passou a constar como “Letra de Shin’ichi Yamamoto”. Além disso, Shin’ichi revisou a letra dessa canção em 2005 e alterou a frase “Mães agora já idosas”, da terceira parte, para “Pais e mães agora já idosos”. E em outubro de 2016, por ocasião da Reunião de Líderes da Soka Gakkai, realizada em Shikoku, houve uma solicitação por parte da Divisão dos Jovens de Shikoku de que queriam cantar a frase “Que se reuniram junto ao pai”, da segunda parte, como “Que se reuniram junto ao mestre”, e ao compreender essa aspiração, Shin’ichi concordou. PARTE 26 “Vou correr ao encontro dos companheiros que mais sofreram! Com o sentimento de apertar firmemente a mão de cada um, eu os incentivarei de corpo e alma, do fundo da minha vida!” E foi na tarde do dia 8 de dezembro que Shin’ichi Yamamoto desembarcou no Aeroporto de Oita, em Kyushu. Haviam se passado seis dias desde que ele retornara a Tóquio após concluir sua árdua e intensa viagem de orientação percorrendo localidades como Shikoku, Kansai e Chubu. Sua última visita a Oita ocorreu há treze anos e meio. Ele dizia fortemente a si mesmo que, para edificar uma corrente crescente da vitória do kosen-rufu, não podia deixar escapar o tempo chamado “agora”. Mais que qualquer outra localidade, foram os companheiros da província de Oita que vieram sofrendo como alvo de tratamentos desumanos e cruéis por parte dos sacerdotes de“crença distorcida” que se faziam valer da autoridade dos mantos clericais sob o nome de Shoshin (“crença correta”). Quando os membros iam aos templos para participar em cerimônias como as de oko, os priores, em vez de se utilizarem do Gosho, usavam revistas sensacionalistas que continham matérias caluniosas a respeito da organização para atacá-la: “A Soka Gakkai está errada! É heresia!”. Eles faziam as pessoas que deixaram de ser integrantes da organização cometerem calúnias e ofensas contra os membros da Soka Gakkai, e, a cada vez que isso ocorria, o ambiente era envolto por uma salva de palmas. O prior do templo observava a tudo com um sorriso malicioso. Não havia nada mais perverso. Houve pessoas que se dirigiram até a sede local para denunciar com lágrimas nos olhos que os clérigos lhes ameaçaram e que não realizariam a cerimônia de funeral de seus entes queridos se eles não abandonassem a Soka Gakkai e se tornassem adeptos do templo. Por mais absurdo que fosse esses atos, havia sacerdotes perversos que se utilizam das cerimônias de falecimento para expressar grosserias e ataques ofensivos contra a Soka Gakkai. Eram atos imperdoáveis e abusivos que apenas multiplicavam o sofrimento e a tristeza da família enlutada. Sempre que Shin’ichi recebia comunicações como essas, sentia seu coração dilacerado. Não conseguia conter a angústia e a lástima pelos companheiros. “Não sejam derrotados! Despontará sem falta o amanhecer da vitória!” — bradando assim em seu coração, ele continuou a enviar daimoku para todos. Ao avistarem Shin’ichi, os líderes da região de Kyushu e da província de Oita que estavam no aeroporto gritaram: — Sensei! E então correram ao encontro dele. — Eu lutarei! Será a batalha decisiva de Oita. Agora se iniciará o glorioso drama da grande contraofensiva! O rugido do leão foi lançado. Todos, com brilho nos olhos, menearam a cabeça profundamente em concordância. Cada semblante estava repleto de decisão. O espírito de luta cultivado com incessantes esforços em meio a épocas difíceis torna-se a ilimitada força para uma nova construção. PARTE 27 Quando Shin’ichi Yamamoto estava entrando no carro, no aeroporto de Oita, cerca de trinta membros da Soka Gakkai se aproximaram dele correndo. Havia também pessoas com buquê de flores nas mãos. — Muito obrigado! Sinto muito por tê-los feito passarem por tantos sofrimentos e tristezas. Mas todos vocês enfim venceram! Assim disse Shin’ichi, sorrindo para os membros que estavam com os olhos marejados, e enfatizou: — Sempre com alegria, está bem? Do aeroporto, antes de tudo, dirigiu-se à residência de um membro benemérito e incentivou a família. Na sequência, estava programada a ida à Sede da Paz de Oita, mas ele pediu para ir inicialmente ao Centro Cultural de Beppu, porque Beppu era o local em que poderia ser chamado de “epicentro” da problemática do clero. Na margem da rodovia federal, havia pessoas aqui e ali que acenavam para todos no carro. Ao tomarem conhecimento da ida de Shin’ichi a Oita, devem ter ficado esperando com o sentimento de “Tenho certeza de que passará por aqui. Quero encontrá-lo, mesmo que seja só de relance”. Havia também senhoras que continuavam a acenar, inclinando-se para a frente da cerca de segurança. Shin’ichi ficou tocado com essa sinceridade e bravura: “Todos vieram suportando tudo com perseverança e tenacidade. Vieram vivendo unicamente em prol do kosen-rufu. Os abomináveis sacerdotes do Shoshin-kai vieram maltratando esses nobres filhos do Buda. É algo que jamais poderá ser perdoado. Serão sem falta repreendidos rigorosamente pelo Gohonzon e por Nichiren Daishonin. Jamais me esquecerei dessa imagem de hoje por toda minha vida”. Toda vez que via um companheiro que ficou aguardando-o na beira da estrada, seu sentimento era de unir as palmas das mãos em reverência. Shin’ichi chegou ao Centro Cultural de Beppu antes do sol se pôr. Todas as janelas do centro cultural foram iluminadas, e via-se a silhueta de muitas pessoas. Quando ele desceu do carro, três senhoras idosas se manifestaram: — Ah, sensei! Como queríamos encontrá-lo! — Enfim, cheguei. Como estou aqui, tudo vai ficar bem! Havia cerca de duzentos membros no centro cultural, e na entrada estava afixada uma faixa escrita “Sensei, seja bem-vindo de volta!”. Todos estavam convictos da visita de Shin’ichi ao Centro Cultural de Beppu. Os companheiros de Beppu, que vieram lutando incansavelmente contra o mal, estavam fortemente unidos a Shin’ichi pelo espírito de luta conjunta. PARTE 28 Shin’ichi Yamamoto chamou as pessoas que estavam próximas à entrada do prédio do Centro Cultural de Beppu: — Venham, vamos tirar uma foto! É a comemoração da nova partida de Beppu. Após a foto, ele recitou gongyo junto com elas na sala principal. — É o gongyo da comunicação da vitória dos companheiros de Beppu ao Gohonzon, e pela eterna felicidade dos senhores! Todos oraram com o coração palpitando de alegria e com voz vibrante. Os companheiros aguardavam ansiosamente por esse momento suportando as maldosas investidas dos clérigos indignos. Assim que encerrou o gongyo, Shin’ichi se dirigiu ao microfone. — Peço sinceras desculpas a vocês por tê-los feito passar por muitas angústias por tanto tempo. Originalmente, o caminho de um clérigo deveria ser o de zelar ao máximo pelos filhos do Buda. No entanto, os maus sacerdotes continuaram atormentando os companheiros que vieram correndo incansavelmente em prol do kosen-rufu. É realmente um grande absurdo. Contudo, o budismo nos ensina que são as pessoas que mais sofreram e mais lutaram as que se tornarão as mais felizes. Os senhores derrotaram os obstáculos e as maldades e venceram imponentemente; por isso, não há dúvida de que uma vida de resplandecente esplendor de benefícios se abrirá para os senhores. Enfim, chegou a primavera. Peço que salvem as pessoas que choram pela sua infelicidade e tenham a mais sublime existência. Foi um tempo bastante breve, mas Shin’ichi incentivou a todos empenhando seu sentimento e sua expectativa. E então, ele seguiu para a Sede da Paz de Oita, situada na cidade de Oita. Ao chegar à sede após as 18 horas, ele tirou fotos com membros que se encontravam na entrada. Todos estavam com sorrisos radiantes. Na sede, quatrocentos representantes das divisões da província estavam reunidos. Quando Shin’ichi entrou na sala principal, irrompeu uma grande salva de palmas e ovações. Na sala principal, encontrava-se uma faixa estendida com os dizeres “Chegou a primavera para a família de Oita!”. Representava o sentimento de todos ali. Shin’ichi começou a falar com uma voz repleta de energia: — Vocês venceram. Após meses e anos de longa agonia e sofrimento, derrotaram os vermes das entranhas do leão e, enfim, a justiça prevaleceu sobre o mal! O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida

09/05/2024

Matéria da Divisão Sênior

Consolidar a relação de mestre e discípulo

A jornada de mestre e discípulo é de gratidão e de transformação. Cada passo, cada gesto, é uma oportunidade para demonstrar o respeito e a dedicação que temos pelo caminho que trilhamos juntos. Ao consolidar nossa conexão, não apenas honramos o legado do mestre, mas também fortalecemos nossa própria revolução humana. Nesta matéria, exploraremos, passo a passo, como solidificar essa relação, inspirando-nos na nobreza da gratidão e na busca incessante por resultados significativos na vida diária. Foco no passo a passo Desde a estratégia da oração e ação até a confirmação da vitória, cada passo é uma trajetória de compromisso, responsabilidade e crescimento mútuos. Para consolidar sua ligação com o mestre e transformar a sua vida, listamos dez pontos importantes. Passo 1. Orar e agir: Ore de forma consciente e corajosa, inspirando-se e encorajando-se com determinação para alcançar a vitória. Tudo se inicia com a oração! Em seguida, entre em ação com atitudes concretas no dia a dia. Passo 2. Cultivar a gratidão: Agradeça e honre os mestres que dedicaram a vida em prol do desenvolvimento da nossa organização, construindo uma existência inigualável por meio do kosen-rufu. Passo 3. Buscar e demonstrar comprometimento: Procure agir em harmonia, assumindo responsabilidades e demonstrando comprometimento em todos os aspectos de sua atuação, em todos os campos da vida e da organização. Passo 4. Concretizar (todos os dias) o kosen-rufu: Aja com grande convicção e empenho para concretizar a “profecia de Nichiren Daishonin”,1 consciente de que a realização do kosen-rufu depende de suas ações efetivas e sérias, não apenas da espera passiva. Passo 5. Viver o legado: Desenvolva e multiplique o legado do Mestre, visando à felicidade da humanidade e à paz mundial. “O que o Mestre faria no meu lugar?” Passo 6. Conquistar a prova real: Demonstre a grandiosidade dos mestres por meio de resultados e realizações em sua vida diária. Passo 7. Saber ouvir: Promova a igualdade e rejeite a arrogância e o autoritarismo, dando protagonismo a todos, especialmente às mulheres e aos jovens em reconhecimento pelos esforços deles. Passo 8. Recusar acomodação: Abrace os desafios, evite uma postura de superioridade e se abra para experiências novas, sempre em busca do autoaperfeiçoamento. Passo 9. Cultivar senso de justiça e de coragem: Mantenha a chama da justiça e da coragem ardendo permanentemente em seu coração para trilhar o caminho da unicidade de mestre e discípulo. Tome uma decisão com base no direcionamento do Mestre. Passo 10. Liderar com inspiração: Demonstre, em vez de dizer o que fazer. Lidere, com inspiração, a Divisão Sênior, enfatizando a seriedade no momento presente. Encontro promovido pela Divisão Sênior. Acima, Atividade com membros da RM Cidade Tiradentes Momento-chave da unicidade de mestre e discípulo Na história da Soka Gakkai, episódios marcantes, como a passagem do bastão espiritual do presidente Josei Toda para o jovem Ikeda, ecoam a profunda relação de mestre e discípulo. Inspirados por essa transição histórica, exploramos os dez passos cruciais parasolidificar essa ligação. Cada passo revela uma jornada de comprometimento e crescimento,refletindo a essência da herança espiritual transmitida de mestre para discípulo. No depoimento, a seguir, a Sra. Tizuko Yamaura, veterana da Divisão do Jovens (DJ), que ajudou nos preparativos para a cerimônia de 16 de março de 1958, relata um momento crucial na manifestação desse sentimento: Eu, o Sr. Kashiwabara e o Sr. Morita estávamos no elevador com o Sr. Toda e Daisaku Ikeda [era 10 de março de 1958]. Olhando fixamente para Ikeda, o mestre disse: “Meu trabalho foi concluído com isso [inauguração do Daikodo]. Já posso morrer tranquilo. Então, Daisaku, deixo o resto com você, conto com você!”. Era o momento solene da entrega do bastão espiritual de mestre e discípulo, o instante em que foi definido o herdeiro e sucessor do kosen- rufu.2 E claro, não podemos deixar de citar o dia 14 de agosto de 1947, data em que o jovem Daisaku Ikeda conheceu Josei Toda, ao participar de uma reunião de palestra. Profundamente influenciado pela personalidade de Toda sensei, o presidente Ikeda decidiu adotar o Budismo de Nichiren Daishonin em sua vida apenas dez dias depois, em 24 de agosto. No livro Pilares de Ouro Soka, ele conta sobre a primeira impressão desse encontro: “Embora aquela fosse a primeira vez que nos encontrávamos, o Sr. Toda se dirigiu a mim como se fôssemos velhos conhecidos”.3 Inicie sua jornada agora para fortalecer sua relação de mestre e discípulo, continuamente, com o desejo de aprender. Como assim, desejo de aprender? Novamente, no livro Pilares de Ouro Soka, Ikeda sensei nos direciona: De acordo com um episódio histórico do Romance dos Três Reinos, consta que Liu Bei disse: “Viva de um modo que lhe permita acumular sabedoria”; ao passo que Cao Cao, com orgulho, declarou: “Como amadureci, passei a apreciar mais o mundo do aprendizado”. E Sun Quan enaltecia abertamente aqueles que se esforçavam para se aprimorar mesmo depois de adultos.4 Dessa forma, não nos resta alternativa a não ser aprender fazendo, aprimorando-nos, segundo a segundo, com o sentimento de unicidade com os Três Mestres Eternos, 24 horas por dia. Avante, sênior! Notas: 1. Leia mais no Brasil Seikyo, ed. 2.022, 6 fev. 2010, p. A4 e ed. 2.228, 24 maio 2014, p. B4. 2. Brasil Seikyo, ed. 1.930, 8 mar. 2008, p. B5. 3. IKEDA, Daisaku. Pilares de Ouro Soka: Coletânea de Orientações para a Divisão Sênior. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 84. 4. Ibidem, p. 14. *** Reflexão sobre a matéria Mario Marcio Leite da Silva, vice-coordenador da DS da BSGI Construindo uma profunda e inabalável relação com o Mestre Gostaria de convidar todos a refletir, junto comigo, sobre o significado e a importância da relação de mestre e discípulo de forma prática em nossa vida. No meu caso, essa relação foi construída, passo a passo, ao longo do tempo. Desde criança, sabia que tínhamos um mestre — um grande homem, sábio, forte e vitorioso — a quem podíamos confiar porque nos incentivava a incorporar o Budismo de Nichiren Daishonin em nossa vida. Ouvia meus veteranos, líderes do Grupo 2001, falar sobre as orientações de Ikeda sensei para as crianças. Muitas vezes, eu o imaginava dialogando comigo. Era realmente como se fosse um diálogo em que sensei se colocava diante de mim e me ensinava os caminhos da prática da fé para eu realmente ser feliz. Eu era uma criança muito tímida e insegura. Tinha medo de encarar as pessoas e de lutar pelos meus sonhos, como se não fosse capaz de alcançar a felicidade. No entanto, sempre estive ao lado da minha avó nas atividades, o que me permitiu tomar conhecimento da história e trajetória de Ikeda sensei, com todos os seus desafios e superações. A cada momento, o Mestre se tornava um grande exemplo de força, coragem e determinação para mim. Queria também manifestar aquela força, aquele poder. Minha prática foi ganhando um novo sentido à medida que eu crescia. Com base nas orientações do sensei, fui me desenvolvendo, rompendo a barreira do medo e vencendo aquela extrema timidez e insegurança. Essa relação de mestre e discípulo se desenvolvia dentro do meu coração a cada dia. Não era algo físico, mas espiritual, profundo e místico. Assim eu sentia. Quando lia as orientações de Ikeda sensei, percebia uma grandiosa sinergia com ele e, nesse momento único, nascia uma clara certeza da vitória. Era como se ele falasse: “Levante-se! Vença esta sua barreira! Você é meu discípulo! E é um grande valor!”. Eu me emociono ao recordar essa fase da minha vida. Recentemente, tive a oportunidade de estar com o líder da Divisão Sênior da Soka Gakkai, Sr. Tanigawa, num curso de aprimoramento em Kansai. Diante da pergunta que fizemos sobre o espírito de relatarmos nossa luta na organização e nossas vitórias ao Mestre por meio do hokokusho (comunicado), ele disse as seguintes palavras: “O espírito de procura é a chave para o aprimoramento, o avanço e a vitória. O espírito de procura em reportar ao Mestre deve ser mantido, independentemente de receber ou não a resposta dele. A causa se encontra em manifestar sua decisão ao Mestre. Não são formalidades, mas sim o sincero desejo de reportar a vitória a Ikeda sensei”. Eu também aprendi com os companheiros de Kansai que shitei funi [“unicidade de mestre e discípulo”] está no comprometimento e na decisão de “jamais ser derrotado”, o que fez nascer em mim um novo sentimento e reflexão. Ikeda sensei herdou e dedicou a vida para cumprir o juramento ao seu mestre, Josei Toda. E eu, enquanto discípulo? Já me levantei com o mesmo sentimento? Herdei todo o ensinamento deixado por Ikeda sensei? Ser discípulo é ter o mesmo coração e realizar as mesmas ações do Mestre, pois seu forte desejo é a felicidade de todas as pessoas. É preciso cultivar, a cada dia, a grande árvore da relação de mestre e discípulo, tornando suas raízes profundas e inabaláveis. Agora é a hora do levantar dos genuínos discípulos Ikeda! Relatemos nossas vitórias de avanço e de construção de um “Brasil, Monarca do Mundo”, nação da esperança e Terra da Luz Eternamente Tranquila Vamos juntos perpetuar a história do nosso grandioso mestre. Forte e carinhoso abraço! *** DS de comprovação Ser o melhor no local em que se encontra Lisandro Alves Soares, 42 anos, barbeiro, atua como vice-responsável de comunidade responsável pelo grupo Alvorada de RM. Sou casado com uma mulher de grande e inestimável valor humano e tenho quatro filhas. Em 2016, converti-me ao Budismo Nichiren. São apenas oito anos e parece que se passaram décadas desde a minha conversão. Ao longo desse período, muitas coisas aconteceram. Vencemos, minha família e eu, diversas batalhas. Passamos por dificuldades financeiras, mas sempre nos empenhamos no daimoku e nas atividades da Gakkai. Em 2018, com muito daimoku e esforço, inaugurei meu próprio negócio: abri uma barbearia. Na ocasião, fiz o juramento: “Meu empreendimento será veículo de propagação do kosen-rufu”. Com esse juramento, meu estabelecimento é nutrido pelo verdadeiro espírito de mestre e discípulo por meio dos periódicos e dos livros da Editora Brasil Seikyo (EBS). Munido de muita informação, atuo de acordo com as orientações do Mestre Daisaku Ikeda. Em uma delas, ele diz: Se houver um problema que cause sofrimento às pessoas, considere-o seu e lute destemidamente para solucioná-lo — essa é a conduta de vida de um budista. Os integrantes da Divisão Sênior, ao se conscientizarem de sua missão e se tornarem o cerne e a força propulsora da edificação da sociedade, sua localidade também se desenvolverá, prosperará e será vitoriosa.1 Com esse pensamento e missão em meu coração, empenhei-me, dia após dia, e assim concretizei onze shakubuku, e muitos ainda estão por vir. Com essa alegria em propagar o budismo, vencemos uma grande crise na barbearia em razão da pandemia. Mas, sempre com muito daimoku, a esperança emergiu dentro do meu coração e me dediquei ainda mais às atividades da Gakkai. Hoje, atuo com grande orgulho e tenho plena ciência das minhas responsabilidades Baseando a vida nas orientações do meu mestre, sou considerado um dos melhores barbeiros da localidade, não apenas pelos serviços, mas principalmente por ser uma pessoa que incentiva a todos. Além disso, minha barbearia é um local bem frequentado. Muito, muito obrigado, Ikeda sensei. Vamos avançar sempre mais. Conte comigo! Lisandro em diversos momento com amigos e familiares No topo: Encontro promovido pela Divisão Sênior. Academia da Sub. Triângulo Mineiro Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Hino da Ampla Propagação. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 28, p. 39, 2020. Fotos: Colaboração local | Arquivo pessoal

09/05/2024

Encontro com o Mestre

Construir o castelo dos “valores humanos”

Sinceros parabéns pela realização desta Reunião de Líderes, que marca uma nova partida, neste novo Castelo da Lei em Kansai! [O Centro Ikeda de Kansai havia sido inaugurado em 17 de novembro de 2006.] Nos primeiros dias de nosso movimento, a sede de Kansai ficava num prédio muito antigo que havia sido uma escola de música e foi reformado. Quando muitas pessoas se reuniam ali, o prédio costumava balançar e se agitar tal como um navio no mar. A construção era tão antiga que chegamos a ponto de considerar solicitar às pessoas não virem à sede, a fim de evitar danos à estrutura. Foi por essa razão que quis construir a maior fortaleza da Lei no mundo em Kansai. No ano 1956, em meio à Campanha de Osaka, a entrada da antiga sede de Kansai ficou inundada devido a uma forte chuva. Agradecendo aos zeladores da sede, disse-lhes: “Sei que hoje nosso prédio pode estar velho e em ruínas, mas prometo que no futuro construirei um poderoso bastião de Kansai, transbordante de ilimitada boa sorte, que será um baluarte para milhões de membros. Membros de todo o mundo virão para Kansai”. Exatamente assim, a Kansai se desenvolveu de forma magnífica. Os membros do mundo se reúnem alegremente em Kansai. E os membros de todo o Japão chegam alegremente à região. É a Kansai do mundo. Viva a Kansai do mundo! Viva o castelo de “valores humanos” da Grande Kansai! Assim quero bradar. Parabéns! O grande castelo da paz, cultura e educação está sendo erguido concretamente pela Soka Gakkai em todo o Japão e em todo o mundo. Quero lhes dizer que o alicerce do kosen-rufu mundial foi construído de forma sólida. O mais importante é o kosen-rufu do mundo. A criação da paz e da felicidade está avançando com base na mais grandiosa Lei. Esse é o movimento mais importante. Vamos avançar resolutamente pelo grandioso caminho do kosen-rufu da suprema Lei do mundo, tal como consta nos escritos de Nichiren Daishonin: “Como a Lei é maravilhosa, a pessoa é digna de respeito”.2 Construamos um “castelo de valores humanos” eternamente indestrutível. Acima, o imponente Castelo de Osaka se destaca ao fundo das cerejeiras em plena floração. O Grande Auditório Memorial Ikeda de Kansai, que será inaugurado em 2027, terá visão para o Castelo de Osaka (Japão, 5 abr. 2024)O manuscrito original do romance Revolução Humana está preservado eternamente na sede da Soka Gakkai como um importante tesouro. Escrevi a página de rosto do manuscrito do volume 4 aqui em Kansai. Isso foi no dia 3 de maio de 1980: Este manuscrito da Revolução Humana conta a verdadeira história do grande empreendimento do meu mestre, Josei Toda, em prol do kosen-rufu, registrado com toda a exatidão pelo seu discípulo, Daisaku Ikeda. Não deem crédito a nenhuma palavra de difamação ou de intrigas. Registro profundamente estas palavras para os meus discípulos. O manuscrito está preservado com essas palavras. O tema principal de Revolução Humana, conforme escrevi no prefácio do romance, é: “A grandiosa revolução humana de uma única pessoa um dia impulsionará a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade”. Essa frase constitui o princípio e a verdade eterna do budismo. Uma citação embasada nesse tema foi incluída em uma coletânea de palavras de sabedoria provenientes de diversas culturas e períodos históricos, publicada nos Estados Unidos com o título 1001 Pérolas de Sabedoria. O mundo está atualmente em busca desta grandiosa filosofia da transformação do destino. Na abertura do romance Revolução Humana consta: “Não há ato mais bárbaro do que a guerra! Não existe um fato mais trágico do que a guerra”. E no início do romance Nova Revolução Humana consta: “Nada é mais precioso do que a paz. Nada traz mais felicidade do que a paz. A paz é o primeiro passo para o avanço da humanidade”. A passagem inicial da Nova Revolução Humana foi gravada em muitas placas e monumentos ao redor do mundo, incluindo o Jardim de Cerejeira Ikeda na cidade de Denver, que fica no estado do Colorado, nos Estados Unidos, e o Parque da Paz Ikeda, na cidade de Choibalsan, na Mongólia. Sempre valorizei ao máximo as orientações de Toda sensei. Junto com minha esposa, escrevi tudo o que ouvia do meu mestre, dia após dia. Assim, valorizei as palavras do meu mestre. Por essa razão, Toda sensei depositou tamanha confiança em mim. Guardei cuidadosamente cada palavra, a cada momento, até o fim de sua vida. Toda sensei me incentivou e me treinou com o maior esmero quando eu era jovem, considerando-me como seu principal discípulo. Ele continuou a me treinar até o dia de seu falecimento. De minha parte, dediquei-me de corpo e alma ao meu mestre. Quando a empresa dele faliu, eu parei de estudar à noite para que pudesse me concentrar em apoiá-lo e acabar com a montanha de dívidas em que ele estava. Foram muitas as ocasiões em que ele expressou sua gratidão por meus esforços. E, para compensar a interrupção de meus estudos, ele me deu aulas particula-res. Atualmente, recebo homenagens de importantes instituições acadêmicas do mundo todo. Assim é o sublime caminho de mestre e discípulo no mundo da Lei Mística. [O presidente Ikeda havia recebido até aquele momento 224 homenagens acadêmicas de universidades e outras instituições de ensino superior do mundo inteiro]. Todas as orientações de Makiguchi sensei foram herdadas por Toda sensei, sem nenhuma exceção. Por isso, herdei todas as orientações de Toda sensei, sem exceção. Se não for transmitido esse verdadeiro espírito, mesmo que existam estruturas formais ou organizações, essas se extinguirão. Vamos transmitir esse espírito ao maior número de pessoas possível, fazendo surgir, a partir daí, o tesouro, a força e o pilar da Gakkai. Assim, encerro minhas palavras. Vamos construir, com nossos esforços, o progresso de Kansai e a grande vitória da Soka Gakkai. Caligrafias escritas por Ikeda sensei em 1984, ano em que foram realizados festivais culturais pela paz em várias localidades do Japão tais como Hokuriku e Niigata. A caligrafia “Onda de Valores Humanos”. Caligrafias escritas por Ikeda sensei em 1984, ano em que foram realizados festivais culturais pela paz em várias localidades do Japão tais como Hokuriku e Niigata. A caligrafia “Caminho da Paz”. Leia discurso na íntegra no Brasil Seikyo, ed. 1.926, 9 fev. 2008, p. A3. No topo: Vamos viver até o fim pelo caminho de mestre e discípulo e comprovar uma existência de contínuas vitórias! Ikeda sensei faz o sinal de “V” de “vitória” e incentiva os companheiros durante reunião de líderes da Soka Gakkai realizada no Auditório Memorial Ikeda de Kansai, em Osaka (Japão, nov. 2007) Notas: 1. Essa reunião foi realizada em conjunto com a 32a Convenção da SGI e a 1a Convenção de Kansai, comemorando o 55o aniversário do movimento pelo kosen-rufu de Kansai. Também estiveram presentes 220 representantes da SGI de sessenta países e territórios, os quais estavam participando do Curso de Aprimoramento de Outono da SGI. Essa foi a primeira visita do presidente da SGI a Kansai após sete anos. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 365, 2017. Fotos: Seikyo Press

09/05/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 19 (parte 2)

A Soka Gakkai brilha com a sinceridade do mestre Em abril de 1974, Shin’ichi viajou para o Havaí a fim de encorajar o líder do Território do Pacífico, Hiroto Hirata, que, na época, se recuperava de um ataque cardíaco. Hiroto Hirata recebeu alta do hospital antes de Shin’ichi Yamamoto chegar ao Havaí, mas ainda não havia se restabelecido completamente. No dia 10 de abril, Hirata foi ao Aeroporto de Honolulu recepcionar Shin’ichi. — Sensei! — exclamou Hirata ao avistar Shin’ichi. — Olá, Riki-san! — disse Shin’ichi, chamando Hirata pelo apelido, dirigindo-se depressa ao encontro dele, dando-lhe um forte aperto de mão. Hirata, que já havia pesado mais de 100 kg, estava magro e com uma aparência frágil. Abraçando seu amigo, Shin’ichi expressou: — Riki-san, não deve nos deixar ainda! Estava muito preocupado. Orei por você o tempo todo. Mas fico contente por você estar melhor. Estou muito feliz por vê-lo. — Sensei... — foi tudo que Hirata conseguiu pronunciar. Com um sorriso carinhoso, Shin’ichi lhe disse: — Tudo se resume à recitação do Nam-myoho-renge-kyo. Este é o momento para você vencer o carma por meio da fé e decidir resolutamente dedicar a vida ao kosen-rufu. Isso lhe fornecerá o ímpeto para transformar seu carma. Quando fazemos do kosen-rufu nossa missão e nos empenhamos por esse ideal com todo o nosso ser, a grandiosa energia vital do bodisatva da terra começa a pulsar dentro de nós, habilitando-nos a romper as correntes do carma. (...) Com lágrimas correndo em seu rosto, Hirata afirmou: — Estou bem agora. Sinto ter lhe causado preocupação. Darei o melhor de mim, prometo. Usando vestidos muumuus e camisas aloha, os outros membros havaianos observavam Shin’ichi encorajar Hirata com os olhos marejados de lágrimas também. Todos estavam profundamente emocionados por verem a consideração de Shin’ichi por um deles e perceberem que esse é o mundo de mestre e discípulo da Soka Gakkai. Pelo comportamento de Shin’ichi, eles aprenderam a essência dessa profunda relação no budismo. (Capítulo “Luz do Sol”) Uma missão pela paz mundial Mitsuko Kaneko tinha 14 anos quando Hiroshima foi devastada pela bomba atômica em agosto de 1945, deixando-a gravemente queimada e exposta à radiação. Apesar do seu sofrimento, o encorajamento de sua mãe lhe permitiu viver ao máximo. Casou-se com outro sobrevivente da bomba atômica e teve uma filha. Mais tarde, ao conhecer o Budismo Nichiren, desenvolveu um sentido de missão para estabelecer os alicerces da paz mundial, com base na sua experiência do horror das armas nucleares. Quando tinha cerca de 3 anos, a filha de Mitsuko começou a tropeçar e a cair com frequência. Eles a levaram ao médico, que diagnosticou séria perda de visão, próxima à cegueira. “Não é justo! Por que minha filha tem de sofrer?” — pensou Mitsuko. Dominada pelo sofrimento, amaldiçoou seu destino, questionando “Quanto sofrimento ainda a bomba atômica poderá nos causar?”. Mais ou menos nesse período, uma integrante da Divisão Feminina de sua vizinhança lhe falou a respeito do Budismo Nichiren e Mitsuko ingressou na Soka Gakkai movida pelo desejo ardente de fazer algo para ajudar sua filha. A ideia de transformar o carma e se dedicar ao movimento pelo kosen-rufu, que objetiva a concretização da paz perene para toda a humanidade tocou fundo o seu coração, e ela se atirou de corpo e alma às atividades da Soka Gakkai. Cerca de um ano depois de começar a praticar, o médico que inicialmente havia examinado sua filha perguntou-lhe surpreso se ela levara a criança para ser tratada em algum outro hospital. Aparentemente, a visão da garotinha estava voltando. Conforme foi dando continuidade à prática do budismo, ela percebeu que sua missão como vítima da bomba atômica era transmitir às gerações futuras a mensagem do horror das armas nucleares e auxiliar a construção de uma base eterna para a paz mundial. Ela se tornou membro de um grupo de vítimas da bomba atômica que compartilhava suas experiências com outras pessoas, por exemplo, com alunos do ensino médio que participavam de excursões escolares em Hiroshima. No verão de 1993, o filósofo indiano e ativista dos direitos humanos Dr. N. Radhakrishnan, diretor do Gandhi Smriti and Darshan Samiti (Salão Memorial de Gandhi), visitou Hiroshima, onde se encontrou com Mitsuko Kaneko. Ele lhe perguntou: — Qual sua opinião sobre os Estados Unidos, que lançaram a bomba atômica sobre Hiroshima? Ela respondeu honestamente: — Houve um tempo em que odiei os Estados Unidos por aquilo que fizeram, mas acabei compreendendo o desperdício que é viver na amargura. (...) — O objetivo ao qual escolhemos consagrar nossa vida é muito importante. Dedico-me a trabalhar pela felicidade de todas as pessoas e a concretizar a paz no mundo. O Dr. Radhakrishnan ficou profundamente impressionado pelo fato de Mitsuko ter superado o ódio e estar devotando a vida à paz mundial. — Isso é maravilhoso! — manifestou. Então, virou-se para um integrante da Divisão dos Jovens que estava por perto e observou: — Existe uma fonte de energia inesgotável no coração desta mulher. A esperança do mundo reside lá. (Capítulo “Torre do Tesouro”) (Traduzido da edição do dia 13 de maio de 2020 do Seikyo Shimbun, o jornal diário da Soka Gakkai.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 19 Ilustração: Kenichiro Uchida

25/04/2024

Especial

Carta do Mestre que transforma vidas

O dia 19 de outubro de 1960, data em que o presidente Ikeda desembarcou no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, SP, em sua primeira visita ao Brasil, assinala a fundação da BSGI. Cinco anos depois, as atividades pelo kosen-rufu estavam em ritmo acelerado e o número de integrantes da organização aumentava. Até então, os membros brasileiros só tinham acesso a publicações em japonês e precisavam contar com alguém que as traduzisse. Ficou clara a necessidade de um veículo de comunicação em português trazendo o estudo do budismo e os direcionamentos de Ikeda sensei. Assim, com esse objetivo, foi publicada a primeira edição do boletim informativo Nova Era no dia 3 de maio de 1965, mesma data em que o Mestre havia tomado posse como terceiro presidente da Soka Gakkai, em 1960. A primeira edição do periódico tinha quatro páginas mimeografadas com dimensões de 21 cm por 31 cm. No entanto, a cada mês, o veículo crescia e se aprimorava. A edição de 1o de janeiro de 1966 trazia, pela primeira vez, algumas novidades: imagens, uma ilustração e 21 fotos distribuídas em sete páginas. Além do mais, o tamanho havia aumentado (21 cm x 40 cm), e a qualidade, aprimorada. A edição 13, de 15 de abril, já mostrava no alto da capa o novo nome sugerido por Ikeda sensei: Brasil Seikyo. E a edição 22, de 17 de setembro de 1966, informava que o jornal passaria a ser semanal. Durante a sua jornada, o BS, como passou a ser carinhosamente denominado pelos membros, registrou cada passo do desenvolvimento da BSGI, com destaque para as coberturas especiais das visitas do presidente Ikeda ao Brasil em 1966, 1984 e 1993, marcos essenciais do desenvolvimento do kosen-rufu do país. A primeira visita, em 1960, que representa o ponto primordial da organização, também ganhou as páginas do Brasil Seikyo com a publicação do romance Nova Revolução Humana em série, entre outras matérias. O periódico vem transmitindo a força e a pureza do estudo do Budismo de Nichiren Daishonin para as pessoas, possibilitando-lhes transformar a vida com base nesses ensinamentos budistas. E, principalmente, constituiu-se na carta do Mestre aos discípulos com encorajamento, esperança e sabedoria para enfrentar os desafios diários e construir uma sociedade de paz. Correspondendo à dedicação e à expectativa de Ikeda sensei, os integrantes da BSGI conquistaram inúmeras vitórias que ganharam a forma de vibrantes notícias e emocionantes relatos de comprovação. Nessa trajetória, o BS se desenvolveu e evoluiu para atender às necessidades dos leitores. Por exemplo, em 2019, adotou o formato germânico (28 cm x 43 cm) em sua versão impressa. Além disso, o lançamento do aplicativo de celular BS+, e posteriormente do novo site, entre outras diversas inovações, marcam a consolidação das publicações da Editora Brasil Seikyo (EBS) numa nova etapa: a era digital. Essas opções viabilizam o acesso rápido e prático ao vasto conteúdo, e oferecem recursos como áudios e vídeos, ferramentas de busca e de marcação de matérias. Essa novidade chegou na hora certa, num momento em que a humanidade se deparava com os efeitos da pandemia da Covid-19, fazendo com que os leitores continuassem a ter contato com os incentivos do Mestre, mesmo quando a impressão física do periódico foi suspensa, prezando pela saúde e pelo bem-estar das pessoas. Recentemente, o veículo passou a disponibilizar os suplementos Guia para a Vitória, valoroso apoio para as atividades em geral, e Encarte Kids, destinado aos estudantes. Dessa forma, com jovialidade e dinamismo, ao lado de outras publicações como a revista Terceira Civilização e a RDez, os livros e demais produtos da EBS, o Brasil Seikyo vem se desenvolvendo constantemente para corresponder às expectativas dos leitores, perpetuando e difundindo o legado de Ikeda sensei para a sociedade brasileira e em prol da felicidade da humanidade. Esse progresso é fruto do apoio e da dedicação dos leitores, líderes da organização, colaboradores, coordenadores de periódicos, Mensageiros da Esperança e daqueles que tornam possível ao BS cumprir a sua missão de levar esperança e felicidade a todos os recantos do Brasil. Nossos sinceros agradecimentos! Vamos juntos! Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.000, 22 ago. 2009, p. A1. Momentos marcantes da jornada do BS 3 de maio de 1965, edição 1 Primeira edição do boletim informativo Nova Era. Com periodicidade mensal, era composto por duas folhas mimeografadas. 1o de janeiro de 1966, edição 9 Publicação da primeira foto na edição número 9 do boletim interno Nova Era. O periódico foi impresso em gráfica em tamanho tabloide. Em 15 de março, é noticiada a segunda visita do presidente Ikeda ao Brasil. 15 de abril de 1966, edição 13 Primeira publicação do boletim interno com o nome Brasil Seikyo. 17 de setembro de 1966, edição 22 A BSGI alcança a marca de mais de 10 mil famílias praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin. 1o de janeiro de 1967, edição 1 Comemoração do 7o aniversário da posse presidencial de Daisaku Ikeda com o lançamento de um suplemento em japonês. O boletim interno torna-se efetivamente um jornal com quatro páginas em português e duas em japonês. A identificação do número das edições recomeça. 1o de fevereiro de 1969, edição 100 O BS comemora a centésima edição. 29 de novembro de 1969, edição 140 A obra Revolução Humana é lançada como matéria do Exame de Budismo. Na edição 173, de 22 de agosto de 1970, o jornal começa a publicá-la como série. 15 de fevereiro de 1975, edição 372 Destaque para a cerimônia de fundação da Soka Gakkai Internacional (SGI), ocorrida na ilha de Guam, em 26 de janeiro de 1975. 5 de maio de 1979, edição 564 Anunciada a renúncia do Dr. Daisaku Ikeda da presidência da Soka Gakkai, tornando-se presidente honorário. 25 de fevereiro de 1984, edição 791, a 17 de março de 1984, edição 793 Edições especiais registram a terceira visita do presidente Ikeda ao Brasil. 20 de agosto de 1988, edição 1.000 O Farol e a Bússola da Época e da Sociedade, título da mensagem enviada pelo presidente Ikeda para a edição comemorativa. 10 de fevereiro de 1993, edição 1.210, a 13 de março de 1993, edição 1.218 Edições especiais registram a quarta visita do presidente Ikeda ao Brasil. 27 de novembro de 1993, edição 1.251 Publicação do primeiro capítulo do romance Nova Revolução Humana. 20 de março de 1999, edição 1.500 Mensagem do presidente Ikeda comemorativa das 1.500 edições. 22 de agosto de 2009, edição 2.000 O presidente Ikeda envia mensagem comemorativa com o título Uma Luz de Esperança Expandindo a Rede de Solidariedade pela Paz. 11 de dezembro de 2010, edição 2.063 Inauguração da sede da Editora Brasil Seikyo. 23 de novembro de 2013, edição 2.204 Caderno especial sobre a inauguração do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu, realizada em Shinanomachi, Tóquio, Japão, em 18 de novembro de 2013. 9 de maio de 2015, edição 2.274 O BS comemora cinquenta anos com edição especial. 8 de junho de 2019, edição 2.470 Novo formato germânico (28 cm x 43 cm) com impressão em papel especial. 24 de agosto de 2019, edição 2.480 O BS apresenta a nova plataforma digital da Editora Brasil Seikyo. 30 de novembro de 2019, edição 2.493 Apresentação e lançamento do aplicativo de celular BS+. 30 de abril de 2022, edição 2.609 Retorno da impressão da edição física. 23 de novembro de 2023, edição 2.647 Edição especial sobre o falecimento do presidente Ikeda. Também no mês de maio, veja mais duas importantes comemorações na história da BSGI 15 anos da Convenção dos Jovens da Nova Era Aspecto da memorável convenção promovida no Ginásio do Ibirapuera que selou o juramento de todos pela concretização do kosen-rufu (São Paulo, SP, 3 maio 2009) Em 3 de maio de 2009, cerca de 16 mil jovens de todo o Brasil se reuniram no Ginásio do Ibirapuera em São Paulo, SP. Juntos, selaram o juramento seigan de realizar o shakubuku e dedicar inúmeras vitórias a Ikeda sensei. Pelo telefone, foram transmitidas recomendações do Mestre por intermédio de um secretário: “Estou plenamente ciente de que estão aí presentes pessoas que enfrentaram muitas dificuldades. Estou plenamente ciente de tudo isso! É como se eu estivesse sentado no palco, junto com vocês!”. Fortalecendo a unicidade de mestre e discípulo, os jovens da BSGI deram início a uma nova era da propagação do budismo em terras brasileiras consolidando a denominação dedicada por Ikeda sensei de “Brasil, Monarca do Mundo”. Nesse mesmo ginásio, que também possui um significado inesquecível em relação à terceira visita do Mestre ao Brasil em 1984, será realizada, no dia 26 de maio, a Convenção Comemorativa da Juventude Soka da BSGI, assinalando a vitória no movimento dos 100 mil jovens humanistas. 20 anos de inauguração da sede central da BSGI Fachada do prédio da sede central da BSGI em São Paulo, SP Inaugurada em 1o de maio de 2004, a sede central da BSGI completa vinte anos de existência como núcleo de coordenação das atividades pelo kosen-rufu do Brasil. Localizada na capital paulista, a obra foi concebida como parte do projeto do Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda da BSGI e se tornou a primeira sede central de uma organização da Soka Gakkai no hemisfério sul, coroando os esforços de todos os seus membros, os quais se empenham para maior desenvolvimento da entidade no país. Reconhecendo esses esforços, Ikeda sensei enviou, para a ocasião, uma significativa mensagem em que ele expressa: Solicito a todos que promovam um avanço repleto de esperança em direção à montanha do kosen-rufu, fazendo desta nova sede central uma fortaleza em defesa do bem-estar da comunidade, um castelo em prol da paz e da cultura e uma praça de amizade aberta para a vizinhança e para a sociedade.1 Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.746, 8 maio 2004, p. A8. Fotos: BS | Getty Images

25/04/2024

Conheça o Budismo

Sempre junto com sensei

Um dos princípios fundamentais do budismo é o da “unicidade de mestre e discípulo” (shitei funi, em japonês). No termo shitei funi, shi significa “mestre”, tei, “discípulo” e funi, “unicidade”. É um conceito que explica que não há distinção entre mestre e discípulo, por mais diferente que seja a personalidade de cada um deles. Além disso, essa relação transcende os limites de tempo e de espaço e constitui a mais elevada e fundamental forma de relacionamento humano. Por que o budismo dá importância à unicidade de mestre e discípulo? A resposta fica clara quando entendemos que a Lei Mística é a base de todas as coisas. No budismo, mestre é o Buda, ou a pessoa iluminada para a Lei; o discípulo é a pessoa que busca a iluminação. A diferença entre eles reside apenas na iluminação atingida pelo Buda. Porém, perante a Lei, ambos são iguais e encontram-se unidos. Ikeda sensei afirma: Não há nada mais belo para um ser humano que os laços de mestre e discípulo. Não existe nada mais forte. A relação de mestre e discípulo é a essência do budismo. Mas devemos nos lembrar de que um mestre não é um ser superior; mestre e discípulo são companheiros que se empenham juntos na vida real para alcançar um mesmo ideal.1 Herdar o espírito fundamental Na vida, é essencial ter um mestre capaz de nos orientar como vivermos dignamente. Podemos encontrar, em muitos campos, sobretudo na educação, mestres que procuram ensinar seus conhecimentos teóricos e práticos ligados a determinado aspecto. No budismo, contudo, mestre é aquele que direciona nossa vida à felicidade e se dedica junto com os discípulos pelo supremo ideal da paz mundial e da felicidade da humanidade. Nenhum empreendimento épico pode ser alcançado em uma única geração. Somente quando o espírito do mestre é herdado pelos discípulos e transmitido continuamente a sucessivas gerações é que esse empreendimento é atingido. Vida vitoriosa Que tipo de mestre devemos buscar? Existem muitas pessoas que, iludidas por belas palavras, confiam cegamente em indivíduos que buscam apenas honras e posições. Mesmo sofrendo perseguições, Nichiren Daishonin combateu, de forma incansável, esse tipo de pessoa, não se preocupando com a própria segurança e sim com a felicidade dos seus discípulos. Por sua vez, o presidente Ikeda dedicou a vida com o mesmo espírito de Nichiren Daishonin e, apesar de sofrer inúmeras críticas e ataques infundados, lutou como um verdadeiro leão para proteger seus discípulos de influências negativas. Portanto, como discípulos, devemos nos empenhar para vencer as circunstâncias negativas, construir a verdadeira felicidade e atingir a vitória na vida, correspondendo assim aos anseios do Mestre. Em um discurso, o presidente Ikeda declarou: Quando nos dedicamos firmemente ao caminho de mestre e discípulo, podemos manifestar a sabedoria e a força ilimitadas inerentes à nossa vida. Nada neste mundo é mais forte que a luta unida de mestre e discípulo. Não existe nada mais alegre.3 Três Mestres Soka A relação de mestre e discípulo é o fundamento do avanço da Soka Gakkai ao longo de todos esses anos. Iniciou-se com o professor Tsunesaburo Makiguchi, que possuía o ardente desejo de concretizar os ideais de Nichiren Daishonin. O espírito de Makiguchi sensei foi herdado por Josei Toda que, buscando tornar realidade os desejos do seu mestre, reergueu a organização após a guerra, contando com a ajuda daquele que seria seu sucessor, o jovem Daisaku Ikeda. Esse também, com um espírito de verdadeiro discípulo, se empenhou para realizar as aspirações do seu mestre. E foi por meio desse espírito que a Soka Gakkai se expandiu atualmente para 192 países e territórios, consolidando-se como organização promotora do kosen-rufu mundial, o grande desejo do buda Nichiren Daishonin. Possuir um mestre que direciona as pessoas ao verdadeiro caminho da felicidade é fundamental para que elas atuem de forma sábia em qualquer local, com base nos incentivos que ele oferece. Esse é o motivo pelo qual o budismo enfatiza a importância da relação de mestre e discípulo. Perfeita igualdade Na sociedade em geral, é comum o discípulo ser encarado como alguém subserviente ao mestre. Por isso, muitos podem pensar que a relação de mestre e discípulo é algo ultrapassado. No budismo, entretanto, essa relação tem como base a perfeita igualdade. Em termos práticos, no Budismo de Nichiren Daishonin, e mais especificamente na Soka Gakkai, o discípulo deve agir com o espírito de atuar onde o mestre não pode estar, levando seus ideais a todos os locais. O presidente Ikeda orienta: A relação de mestre e discípulo é essencialmente rigorosa. Tudo depende da seriedade com que o discípulo é capaz de aceitar e agir de acordo com cada palavra do mestre. Um verdadeiro discípulo esforça-se para concretizar os objetivos do mestre, sem imitá-lo, mas pondo suas palavras em ação... As pessoas que meramente tentam imitar o mestre, agindo só na aparência, de alguma maneira acabam indo para o caminho errado. Isso realmente aconteceu na época do presidente [Josei] Toda e continua a acontecer atualmente. Há um caminho para cada discípulo, e este caminho encontra-se unicamente no esforço de concretizar os ideais do mestre.4 Discípulo de comprovação O budismo não escraviza os praticantes com dogmas preconcebidos. Ao contrário, é uma filosofia viva e prática transmitida de pessoa a pessoa, de mestre para discípulo. É dito que os ensinamentos de um mestre somente podem ser transmitidos para um discípulo que mantém puro espírito de procura. Se não fosse assim, o budismo não poderia ser compreendido nem tampouco os ensinamentos de um mestre poderiam fluir continuamente para as novas gerações. O princípio da “unicidade de mestre e discípulo” abre as portas para atingirmos o estado de buda nesta existência, pois nos estimula a concretizar e a superar os ideais do nosso mestre. Portanto, a grandiosidade do mestre se reflete nas ações do discípulo. Em uma orientação, Ikeda sensei enfatiza: O presidente Josei Toda frequentemente dizia: “A relação de mestre e discípulo não é firmemente estabelecida quando você se tornar um bom discípulo. A relação de mestre e discípulo depende do comprometimento do discípulo”. Quando o discípulo busca o mestre e se empenha sinceramente para crescer, sua vida e seu espírito ressoam com a vida e o espírito do mestre, e suas capacidades ilimitadas anteriormente ocultas são desvendadas.6 Juntos eternamente Nos tempos de Nichiren Daishonin, seus ensinamentos foram transmitidos e herdados pelo seu discípulo Nikko Shonin. Nos dias atuais, a Soka Gakkai, sob o direcionamento legado por Ikeda sensei, vem difundindo em uníssono a veracidade do budismo em meio à sociedade. Tornemo-nos, então, verdadeiros discípulos que participam ativamente desse histórico momento do budismo, divulgando os ideais humanísticos desse ensinamento para as futuras gerações. O verdadeiro discípulo, quando encontra seu mestre, sai da condição de ser salvo, da passividade de ser protegido e iluminado por ele; e, em vez disso, assume seu papel de lutar ao lado dele, protegendo-o, enquanto se dedica à missão de salvar as pessoas, assim como Ikeda sensei salienta: Gostaria de reafirmar aqui que o Sutra do Lótus ensina a grande transformação — de discípulos que são conduzidos à iluminação pelo mestre (o Buda) para discípulos que conduzem os outros à iluminação com o mesmo juramento e compromisso de seu mestre. Em outras palavras, a visão do Sutra do Lótus de ajudar todas as pessoas a atingir a iluminação só se completa com o surgimento de discípulos que lutam junto com seu mestre.7 Dessa forma, após Ikeda sensei ter encerrado sua nobre existência em 15 de novembro de 2023, é chegado o momento de os genuínos discípulos assumirem o protagonismo do movimento pelo kosen-rufu, tornando realidade os sonhos do Mestre e construindo com as próprias mãos um mundo de paz e de felicidade. Leia mais Sobre a unicidade de mestre e discípulo no Guia para a Vitória que acompanha esta edição do Brasil Seikyo. No topo: Três Mestres Soka: acima, à esq., Tsunesaburo Makiguchi; à dir., Josei Toda. Ao centro, Daisaku Ikeda Fontes: Brasil Seikyo, ed. 1.650, 4 maio 2002, p. A6. Idem, ed. 1.651, 11 maio 2002, p. A6. Idem, ed. 1.652, 18 maio 2002, p. A6. Terceira Civilização, ed. 598, jun. 2018. Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.583, 9 dez. 2000, p. A3. 2. Ibidem, ed. 2.025, 6 mar. 2002, p. A2. 3. Ibidem, ed. 1.628, 17 nov. 2001, p. A3. 4. Ibidem, ed. 1.548, 18 mar. 2000, p. A3. 5. Ibidem, ed. 1.583, 9 dez. 2000, p. A3. 6. Ibidem, ed. 1.330, 5 ago. 1995, p. 3. 7. Terceira Civilização, ed. 560, abr. 2015, p. 44. Ilustração: Kenichiro Uchida

25/04/2024

Especial

Três de maio de ardente esperança

“Cada passagem dessa data é um momento para mestre e discípulos prometerem, juntos, realizar a ampla propagação da Lei Mística. É o dia para iniciarem uma nova luta em prol da paz mundial e da felicidade da humanidade. Assim será, eternamente!”1 As palavras do presidente Ikeda expressas nessa abertura nos conduzem ao espírito das comemorações dos significativos marcos do 3 de Maio na Soka Gakkai. Ainda mais neste ano (2024), o primeiro após a partida do Mestre, que encerrou serenamente sua existência em 15 de novembro de 2023, aos 95 anos — uma jornada de dedicação abnegada pela causa da paz. Neste especial, trazemos alguns contextos históricos e compartilhamos as expectativas para o 3 de Maio entre nós, brasileiros. O levantar dos genuínos discípulos em assumir o legado de Ikeda sensei, aqui e agora. Profunda relação de juramento Sete anos após a morte do fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, que ocorreu no cárcere por defender suas crenças, Josei Toda, seu fiel discípulo, assume a presidência da Soka Gakkai. Ele, que também havia sido preso, determinou reconstruir a organização e honrar a existência do seu mestre, abrindo a correnteza do espírito Soka. No dia 3 de maio de 1951, em seu discurso de posse, Toda sensei fez uma apaixonada declaração: “Juro converter, por meus próprios esforços, 750 mil famílias enquanto eu viver”. Este foi o imponente juramento de concretizar o kosen-rufu, o movimento para a consecução de uma sociedade de paz. Na época, a Soka Gakkai tinha apenas 3 mil membros. Toda sensei toma posse da segunda presidência (3 maio 1951) O jovem Daisaku Ikeda, que da plateia ouviu aquele brado e abraçou essa causa, acompanhou seu mestre em todas as iniciativas até o falecimento dele, em 2 de abril de 1958. Sobre o período em que compartilharam juntos desafios e vitórias, Ikeda sensei deixou gravado: Ele [Toda sensei] encontrou-me; elevou-me; dele aprendi o correto significado da fé e os verdadeiros ensinamentos do budismo. Além disso, ele me ensinou como alguém pode viver e como os esforços de um ser humano florescem na sociedade. Para mim, sua orientação foi o hino da minha juventude, minha realidade, o mais nobre drama da vida neste mundo.2 3 de maio de 1960 — o levantar do discípulo Com a morte de Josei Toda, muitos na sociedade acreditavam que a Soka Gakkai deixaria de existir. No entanto, ardia no peito do jovem Daisaku Ikeda o juramento de cumprir o legado do seu mestre. Dessa maneira, em 3 de maio de 1960, aos 32 anos, ele assume a terceira presidência da organização. Sra. Kaneko Ikeda ajeita o oribon (enfeite comemorativo) no traje de Ikeda sensei momentos antes da cerimônia de posse (3 maio 1960) Diante de 20 mil membros reunidos no auditório da Universidade do Japão, ele se manifestou com vigorosa energia: “Apesar de jovem, a partir deste dia, assumirei a liderança como representante dos discípulos do presidente Josei Toda e avançarei com vocês rumo à substancial concretização do kosen-rufu”.3 Foi também nesse dia, em 1952, que Daisaku e Kaneko se casaram numa cerimônia simples, mas repleta de inspiração e significados. Presidente Ikeda é carregado pelos participantes celebrando sua posse (3 maio de 1960) O presidente Ikeda rompeu os limites do país, partindo do Japão cinco meses depois, em 2 de outubro de 1960, levando a filosofia da esperança para o mundo, inclusive para o Brasil. Com a fundação do Distrito Brasil, inaugurou-se a fase de desenvolvimento da organização, edificada pelos veteranos que jamais perderam os laços da profunda relação de mestre e discípulo. Ao se levantar para cumprir o juramento de posse de concretizar o objetivo de 3 milhões de famílias prometido ao mestre, não houve um dia sequer de descanso. Na Nova Revolução Humana, obra em trinta volumes escrita pelo Dr. Daisaku Ikeda ao longo de 25 anos ininterruptos, encontramos os bastidores da inigualável luta e vitória conquistada por Ikeda sensei e pelos membros em união plena. Um triunfo do humanismo Soka. No livro consta que, na reunião de líderes realizada em maio de 1965, os resultados foram apresentados ao calor da sincera gratidão. O número de famílias havia saltado de 1,4 milhão para 5,4 milhões, equivalente a um crescimento de 3,8 vezes. A Divisão dos Jovens (DJ) expandiu-se de maneira extraordinária. Os 61 distritos por ocasião da posse agora eram mais de mil. E no exterior houve um aumento de 441 famílias para 50 mil, ou seja, um crescimento de mais de cem vezes. Referindo-se a esse dinâmico progresso, lemos esta afirmação do Mestre: — A Soka Gakkai que realizou esse trabalho sagrado é a verdadeira incorporação viva do Buda. É uma grandiosa Ordem budista harmoniosa de praticantes que têm a fé como espinha dorsal e a compaixão como veia sanguínea, e atua em exato acordo com os ditos dourados do Buda. Nós avançamos com férrea união, empenhando-nos incansavelmente pela felicidade de todas as pessoas. Esse aspecto e força fazem com que nossa organização seja comparável a um sólido encouraçado, maior do mundo, em prol da paz. Quero aqui, chamar esse poderoso navio de “diferentes em corpo, unos em mente”. Tenho a plena convicção de que esta correnteza do kosen-rufu haverá de se expandir do Japão para o mundo inteiro, superando as fronteiras de raças e de nações. A Soka Gakkai não será somente o pilar do Japão, mas a esperança e a luz que orientarão a humanidade no século 21. Esta é a minha convicção.4 A sublime e inédita jornada do kosen-rufu empreendida por Ikeda sensei comprova essa convicção. Empenhando-se na arte do incentivo, ultrapassando as diferenças do idioma e de crenças, a Soka Gakkai avançou. Atualmente, são mais de 12 milhões de membros, espalhados em 192 países e territórios, trilhando o caminho da prática da fé do Budismo Nichiren propagado pela organização, unidos pelo ideal do kosen-rufu. No marco do 3 de maio que se avizinha, nós nos encorajamos com as palavras do Mestre, que contextualiza: O espírito do Dia 3 de Maio é o juramento compartilhado por mestre e discípulo. Esse juramento pessoal de cada um e as ações que cada um realiza para cumpri-lo são, por excelência, a postura que caracteriza um buda. Enquanto essa data de eterno juramento permanecer como sua base, a Soka Gakkai brilhará com uma inesgotável e infatigável força vital do Buda e continuará a desbravar para sempre o caminho da vitória, livre de quaisquer obstáculos.8 E para encerrarmos este especial, em que celebramos os 73 anos da posse do segundo presidente Josei Toda; os 64 anos da posse do presidente Ikeda à frente da Soka Gakkai e os 36 anos de estabelecimento do Dia das Mães da Soka Gakkai, oferecemos um estímulo singular. Trata-se de um poema composto por Ikeda sensei aos 19 anos, poucos dias depois de sua conversão ao budismo, que se deu em 24 de agosto de 1947. A seguir alguns trechos do conjunto intitulado Ardente de Esperança, dedicado por ele especialmente aos jovens que lutam contra as adversidades: Ardente de esperança Avanço em direção às ondas bravias. Mesmo humilde e desprovido de posses, mesmo sendo alvo de zombarias e desprezo, suportarei a tudo com perseverança. Um dia, as pessoas haverão de ver! Mantendo a chama ardente no coração, avance pelo seu caminho com força e justiça. Na trilha das adversidades, ao fitar o grandioso céu e sorrir radiantemente, com serenidade posso avistar o futuro de esperança no topo da montanha. Hoje também hei de avançar!9 *** Mães Soka — sóis da esperança “Mesmo que a chuva caia e o vento sopre, o Sol sempre se levanta. As mulheres Soka, os sóis do kosen-rufu, nunca deixam de progredir.”5 Essa é a confiança depositada nas mulheres pelo presidente Ikeda, que, em 1988, elevou a data comemorativa mais importante da nossa organização, isto é, o dia 3 de maio, ao status de “Dia das Mães da Soka Gakkai”, louvando ao máximo os esforços das integrantes da Divisão Feminina (DF). A frase inspiradora apresentada pelo Mestre encontra-se em um de seus livros dedicados às mulheres, intitulado Flores da Felicidade, volume 3, no qual ele defende que: As ações das mulheres Soka, que encorajam os outros constantemente com seu sorriso inabalável e genuíno, são sem dúvida ações do Buda. Por existirem os membros da Divisão Feminina, a família Soka é brilhante e acolhedora, o kosen-rufu avança sem limites e a prosperidade eterna da Lei Mística é assegurada.6 Ikeda sensei enfatiza uma das principais características das mães Soka, as quais não se abalam pelas tormentas do carma e mantêm o sorriso constante. Ele eterniza essa data no seguinte poema: Que todo dia seja o Dia das Mães da Soka Gakkai! O sorriso das nossas compassivas mães do kosen-rufu, que juraram jamais ser derrotadas, faz com que o sol da felicidade e da vitória surja no coração de todos ao seu redor. 7 No topo: Jovem Daisaku Ikeda observa o retrato de seu mestre, Josei Toda, ao se aproximar do palco da cerimônia de posse como terceiro presidente da Soka Gakkai (3 maio 1960). Fotos: Seikyo PressNotas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.033, 1º maio 2010, p. B6. 2. Idem, ed 2.557, 27 mar. 2021, p. 6-7. 3. Idem, ed 2.413, 31 mar. 2018, p. B1. 4. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 10, 2019, p. 31. 5. Idem. Flores da Felicidade. v. 3. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. p. 47. 6. Ibidem, p. 48. 7. Ibidem, p. 47. 8. Brasil Seikyo, ed. 2.081, 30 abr. 2011, p. A14. 9. Idem, ed. 2.034, 8 maio 2010, p. A2.

25/04/2024

Editorial

Nova partida de vitórias

No início de abril, 24 representantes da BSGI embarcaram rumo ao Japão, as terras do Mestre, Daisaku Ikeda, para participar do Curso de Aprimoramento de Primavera da SGI. Eles se juntaram aos amigos de outros dezessete países para solenizar o Dia 3 de Maio. Foi uma celebração antecipada, ornamentada com um dos cenários mais apreciados por Ikeda sensei: flores de cerejeira e o Monte Fuji. As flores de cerejeira, que tiveram seu desabrochar mais tardio este ano, recepcionaram a todos com sua máxima exuberância, e no trajeto de Tóquio a Kansai, o Monte Fuji se apresentou admirável. Nesta edição do Brasil Seikyo, em primeira mão, acompanharemos as palavras do presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, proferidas na 2a Reunião de Líderes, realizada em Kansai, Japão. Nas páginas que seguem, você, leitor, reconfirmará os importantes marcos a cada 3 de maio, como os 64 anos da posse de Daisaku Ikeda como terceiro presidente, os 59 anos do jornal Brasil Seikyo e da Editora Brasil Seikyo, os 36 anos do Dia das Mães da Soka Gakkai, e os quinze anos do inesquecível juramento seigan no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, SP. O jornal traz também a alegria dos integrantes da Divisão dos Estudantes, a qual comemora aniversário em abril, e abre alas para as vitórias dos jovens rumo ao 26 de maio. Gabriel, relatante do mês, se desenvolve nos jardins Soka, acompanhado pelos pais, e se mostra um grande exemplo de sucessor Ikeda. O grande encontro da Juventude Soka, programado para o dia 26 de maio, sem dúvida, será o levantar de uma nova força jovem que comprovará as palavras do presidente Ikeda registradas no ensaio “Brilho das Quatro Estações, o Coração de Ikeda Sensei”: Mas, se houver uma rede solidária de jovens do mundo que busca a transformação da realidade, acredito firmemente que não haja barreiras intransponíveis, absolutamente. [...] Eu também vim dedicando todas as forças com foco na criação dos jovens. Em resposta, os jovens surgiram em sucessão, cresceram e vieram atuando. Justamente por isso, o mundo da Soka Gakkai se desenvolveu para os cinco continentes. Por meio da revolução humana dos jovens, a sociedade, o país e o mundo podem ser transformados de forma magnífica.1 Desejamos que, por meio dessas páginas, você embarque na correnteza jovem que expande os ideais de paz e o humanismo e renove mais uma vez o significado do Dia 3 de Maio! Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.657, 27 abr. 2024, p. A3.

25/04/2024

Incentivo do líder

Tempo de triunfar

Não nasci em um lar budista, e pratiquei algumas religiões antes de me converter ao Budismo Nichiren. O que me chamou muito a atenção, confesso, foi o calor humano das pessoas e a convicção de que cada indivíduo poderia conquistar todos os seus sonhos do jeitinho que era. Dessa forma, eu me tornei budista aos 10 anos. No início, não gostava de participar das atividades devido à timidez. Contudo, sempre tive o apoio da minha família, dos líderes e de veteranos maravilhosos, que estavam ao meu lado, direcionando-me e se lembrando de mim. Eles me incentivavam a realizar shikai (apresentação), a fazer a matéria, a atuar no momento DE nas reuniões de palestra e nos encontros. Entretanto, algumas vezes eu reclamava e cheguei a me questionar: “De novo? Mas só tem eu aqui?”. Porém, meus pais e veteranos me explicavam, de forma benevolente, sobre a importância de participar das atividades. Foi assim que tive a grandiosa oportunidade de me desenvolver dentro da organização. Ao participar das atividades da organização e do grupo horizontal, aprendi a valorizar a proatividade e adquiri muitas competências, que até então desconhecia. Por exemplo, aprendi noções básicas de como utilizar planilhas, desenvolver formulários, criar vídeos, confeccionar convites e até habilidades de comunicação, liderança, responsabilidades que, às vezes, não dava a devida importância. Depois, compreendi que, principalmente no meio acadêmico e profissional, estes são nossos diferenciais em relação às pessoas da sociedade que não tiveram a chance de receber esse tipo de aprimoramento na Gakkai. E Ikeda sensei nos incentiva: Há várias razões para realizar eventos como este e outras atividades da Gakkai; porém, da perspectiva individual, elas proporcionam oportunidades para desafiarmos e aprimorarmos a nós mesmos, para realizarmos a nossa revolução humana. Exatamente por causa da nossa fé e prática budista, e por sermos ocupados, devemos trabalhar com eficiência ainda maior e efetuar um bom trabalho. Ao nos esforçarmos para estar à altura do desafio, podemos nos tornar pessoas melhores. Por isso, as atividades e os eventos da Soka Gakkai constituem oportunidades para nos aperfeiçoarmos como seres humanos.1 Assim, venho comprovando e aprendendo que a Gakkai nos oferece o treinamento necessário para alcançarmos nossos objetivos de maneira infalível. Entretanto, em alguns momentos, acabei duvidando do meu próprio potencial de concretizar meus sonhos, especialmente por influência das mídias sociais, nas quais comparava minha vida com a das outras pessoas, o que me deixava bastante desmotivada. Foi então que li uma preciosa orientação do presidente Ikeda: Nada é mais forte que os passos firmes e constantes dados na juventude, por mais modestos que possam parecer. Não há necessidade de ser ambicioso demais ou muito apressado. (...) Recite Nam-myoho-renge-kyo com energia e entusiasmos no lugar onde você se encontra agora, e brilhe como sua entidade da Lei Mística exatamente como você é. Siga em frente com liberdade e confiança, sem medo de fracassar.2 Puxa, não é maravilhoso? Como sou muito grata por praticar o budismo. A prática budista não é uma obrigação, mas um direito que nos habilita descobrir o nosso verdadeiro potencial e conquistar nossos objetivos do jeito que somos. Nesse contexto, vamos juntos divulgar para mais jovens os ideais Soka por meio do movimento dos cem jovens por distrito? Não vejo a hora de comemorarmos essa grandiosa luta conjunta de todas as divisões! Encontro vocês na Convenção da Juventude Soka no dia 26 de maio! Até lá! Camila Sayuri Kumata Coordenadora da Divisão Feminina de Jovens de coordenadoria Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Correntezas. Nova Revolução Humana. v. 22. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. p. 93. 2. Idem. Pode Haver uma História mais Maravilhosa do que a Sua? São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 73. Ilustração: Getty Images

25/04/2024

Minha Localidade

Correnteza do kosen-rufu no coração da Amazônia

Oh! Meus jovens heróis de sublime missão, que bailam em chão brasileiro, sejam majestosos como o Amazonas! Sejam imponentes como o Amazonas! e construam o grande rio do eterno kosen-rufu como o Amazonas, que nunca conheceu a interrupção.1 Nesses memoráveis versos do poema A Longa e Distante Correnteza do Amazonas, o autor, presidente Ikeda, expressa toda a sua expectativa na atuação e na vitória dos membros da BSGI. Para os companheiros que vivem na cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, e região, o trecho ganha ainda mais força em seu coração, pois dedicam seus esforços em prol do kosen-rufu tendo como palco o entorno do grandioso rio Amazonas. Na localidade, encontramos duas Regiões Metropolitanas: Amazonas e Manaus. Somam-se a elas as organizações dos estados de Rondônia, Roraima e Acre, para formar a Subcoordenadoria Amazônia Ocidental. Outra passagem do poema, “essa correnteza, nascida de uma gota”, nos remete, a exemplo de algumas cidades do Brasil, aos tempos iniciais da organização manauara, quando as primeiras famílias de imigrantes japoneses chegaram à Amazônia, nos anos 1950 e 1960, acalentando o sonho de uma nova vida e a determinação de desbravar a propagação do Budismo Nichiren. Deixando o Japão para vir trabalhar na lavoura de pimenta e de outras espécies em terrenos abertos no meio da floresta, esses pioneiros enfrentaram diversos desafios, desde as difíceis condições de vida, as doenças e a escassez de recursos até o desconhecimento do idioma e dos costumes locais. Um dos casais que vieram ao país nessa época recebeu das mãos de Ikeda sensei um fukusa (lenço japonês) com o incentivo de que, sempre que o visse, relembrasse de manter a harmonia familiar. Tempos depois, o Mestre também enviou exemplares da revista Daibyakurenge ao casal para que se aprofundasse no estudo do budismo e algas marinhas para que pudesse saborear, amenizando a saudade da terra natal.2 Acalentando o juramento ao Mestre, as famílias se empenharam para transmitir a prática budista a outros imigrantes e também aos brasileiros, atravessando grandes distâncias de barco e necessitando pernoitar, por diversas vezes, nas comunidades mais afastadas. Assim, com muito esforço dos membros ao longo dos anos, o primeiro bloco da BSGI no município foi criado em 1971 e a primeira sede particular para as atividades foi fundada em 1979. Sucederam-se a criação de outras sedes até a atual, em 2015, cuja cerimônia inaugural contou com uma emocionante mensagem de Ikeda sensei, que traz o seguinte encorajamento: Estou plenamente ciente da árdua dedicação com que vieram promovendo o firme avanço do kosen-rufu neste vasto solo do Amazonas ao longo desses anos, sem poupar esforços. (...) No budismo, não existem situações de impasse intransponíveis. Não há nada que supere a força do daimoku. Por meio da fé e da atitude corajosa, certamente haverão de conduzir tudo para a melhor direção. Serão capazes de transformar o carma e realizar a revolução humana. Essa é a grandiosa força da Lei Mística. É motivo de grande incentivo e de orgulho o fato de a sede administrativa do Instituto Soka Amazônia localizar-se em Manaus, próximo ao encontro das águas dos rios Negro e Solimões. A instituição fundada pelo presidente Ikeda é uma organização não governamental sem fins lucrativos de caráter ambiental, afiliada à Soka Gakkai e à Carta da Terra Internacional. Atua pela justiça ecológica e proteção da integridade ecológica da Amazônia, com base no princípio de respeito à simbiose da vida humana e natureza. Está sediado e é responsável pela gestão sustentável da Reserva Particular de Patrimônio Natural Dr. Daisaku Ikeda — RPPN Daisaku Ikeda. Sede do Instituto Soka Amazônia Um evento que marcou a história da organização na localidade foi a Convenção Comemorativa “Brasil Monarca do Mundo” na capital amazonense, celebrando brilhantemente o cinquentenário de fundação da BSGI em 2010. Convenção Comemorativa “Brasil Monarca do Mundo”, promovida na localidade (nov. 2010) Empenhando-se agora na criação das novas gerações que se encarregarão do futuro do movimento pelo kosen-rufu, os membros da BSGI de Manaus e região herdam a tradição de coragem e dedicação sincera dos pioneiros para consolidar uma nova era dos sucessores com a vitória do movimento dos 100 mil jovens humanistas e na Convenção Comemorativa da Juventude Soka em maio. Notas: 1. Terceira Civilização, ed. 505, set. 2010, p. 20. 2. Baseado em matéria publicada no Seikyo Shimbun, edição de 12 de julho de 2015. Representantes da BSGI de Manaus relatam suas experiências Legado de perpetuar o budismo Nasci em Manaus, AM, e sou filho de imigrantes japoneses. Minha família já praticava o Budismo Nichiren quando chegou ao Brasil. Meus pais, Sojiro e Setsuko Otsuka, tornaram-se membros da Soka Gakkai durante o movimento de concretizar 750 mil famílias, lançado pelo segundo presidente da organização, Josei Toda. No Japão, eles tinham boas condições financeiras e eram muito estudiosos. Ao pesquisar sobre a história dos países, minha mãe compartilhou com meu pai a respeito do Brasil, um país com novas oportunidades e sem guerras. Em 1959, enfrentando inúmeras dificuldades na viagem de navio, instalaram-se na capital amazonense com os três filhos, um menino e duas meninas. Sou o quarto filho, nascido em terras brasileiras. Na maternidade em que vim ao mundo, as enfermeiras disseram à minha mãe que lá havia outra senhora japonesa que também tinha dado à luz. Ao se conhecerem, ficou sabendo que a família dessa senhora também era composta por membros da Soka Gakkai e que havia atividades da organização tanto em Manaus como numa colônia japonesa. Meus pais trabalhavam no cultivo de pimenta-do-reino, árvores frutíferas e outros produtos agrícolas. Com muito esforço e baseando-se na prática budista, proporcionaram uma boa base educacional aos filhos, que estudaram em um colégio interno da cidade. Também oraram intensamente para que eu ultrapassasse problemas de saúde na minha infância, como uma séria amidalite. Eles sempre nos incentivaram a orar com fé e a estudar os escritos de Nichiren Daishonin, bem como os direcionamentos de Ikeda sensei, para superar os obstáculos, concretizando nossos sonhos por meio da recitação do daimoku e da ação. A organização em Manaus teve início em 1971. Nesse ano também, meu pai faleceu e fomos morar com o irmão de minha mãe. Ela se esforçou intensamente para que não nos faltasse nada. Em 1975, minha mãe teve a oportunidade de visitar os familiares no Japão. Preocupados com o fato de meu pai ter falecido, eles sugeriram que ela voltasse para a terra natal. Entretanto, com plena convicção, agradeceu-lhes e afirmou, de forma decidida, que seu desejo e objetivo era cumprir sua missão no Brasil. Assim, veio se empenhando ao longo dos anos, conseguindo adquirir uma casa para a família em 1977, vencer diversas questões de saúde e encerrar dignamente sua existência com 102 anos em novembro de 2023, deixando para filhos, netos, bisnetos e demais familiares um legado de harmonia com base no budismo. Eu tive a chance de fazer uma grande luta como jovem da Gakkai e de me encontrar com Ikeda sensei no Centro Cultural Campestre da BSGI em 1993, reconfirmando minha decisão pelo kosen-rufu. Já na Divisão Sênior, morei por três anos no Japão, junto com meu filho Thiago Nobuo, vencendo os desafios da pandemia da Covid-19 e os de uma alergia grave que adquiri nesse período. Manifestei a boa sorte de obter recursos financeiros e conseguir bons médicos que direcionaram meu tratamento da melhor maneira. Hoje, com dois filhos e dois netos, realizei muitos objetivos pessoais e familiares, conhecendo vários lugares e países. Posso afirmar que somos imensamente afortunados por conhecer este maravilhoso budismo graças à dedicação do Mestre, que plantou a semente desse ensinamento ao fundar a BSGI. Minha eterna gratidão a Ikeda sensei, à minha mãe e aos familiares e companheiros por todas as conquistas. Muito obrigado! Takuo Otsuka Responsável pelo Distrito Laranjeiras. Gestor logístico Takuo ao lado dos familiares (sentada à dir., a mãe Setsuko). *** Ser feliz é desafiar a si próprio Meu primeiro contato com o Budismo de Nichiren Daishonin ocorreu em 1970, quando participei de uma atividade da BSGI em Belém, PA. Em 1986, já em Manaus, tive a boa sorte de me casar com um praticante, Yuji Ishii. Dois anos depois, fomos agraciados com o nascimento do nosso tão esperado filho, Shinichi, que veio com muita saúde. Meu esposo e eu participamos intensamente das atividades da organização. Ele sempre teve uma postura muito responsável em relação à prática budista. Eu pude atuar como coordenadora de periódicos, fiz atendimento na sede pela Divisão Feminina e me empenhei em diversas funções, sem deixar de cuidar da família e de realizar visitas aos companheiros. Em 2011, meu marido faleceu, o que desencadeou um período de muitas dificuldades financeiras. Chegamos ao fundo do poço. Mesmo com curso superior, perguntava-me que empresa daria emprego a uma senhora de 60 anos? Fui trabalhar como cozinheira e dona de um pequeno ponto de venda de lanches. Assim fui transformando a situação. No entanto, não tinha tempo para lamentação. O budismo e os incentivos de Ikeda sensei me proporcionaram respaldo para continuar firme na prática budista e ultrapassar as circunstâncias adversas. Tudo se inicia com a recitação do daimoku e, dessa forma, fui superando as angústias e os sofrimentos. “Nada me abaterá!”, assim eu exclamava. Conforme a frase dos escritos de Nichiren Daishonin, “O inverno nunca falhar em se tornar primavera”,1 nossa vida começou a se reerguer. Atualmente, meu filho é graduado em engenharia elétrica, constituiu a própria família e sou avó de duas netas, Ayumi e Naomi, além de ter uma nora maravilhosa, Brenda. Hoje, nós nos dedicamos juntos às atividades em prol do kosen-rufu e tenho uma condição financeira estável e tranquila. Graças aos incentivos dos veteranos, companheiros e, principalmente, do nosso mestre, estou cheia de energia, esforçando-me com muita disposição aos 71 anos e cumprindo meu juramento e minha missão. Esse é o significado de viver, buscando de forma ativa nos desafiar constantemente, como Nichiren Daishonin ensina. Muito obrigada a todos! Muito obrigada, sensei! Sachie Ishii Conselheira da Divisão Feminina da RM Amazonas Sachie, na cadeira, à frente do filho Shinichi, da nora Brenda, e das netas Ayumi, em pé, e Naomi, sentada. No topo: Membros das RMs Amazonas e Manaus durante Gongyo de Ano-Novo realizado no Instituto Soka Amazônia (Manaus, AM, 1o jan. 2024). Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020. FOTOS: BS | Colaboração local | Getty Images

11/04/2024

Novo livro

Sabedoria para a vida

O mês de maio é um período com importantes datas significativas para a história da Soka Gakkai. Uma delas é o 3 de Maio, um dia assinalado com diferentes celebrações, mas principalmente por ser um marco da magnífica relação entre mestre e discípulo, cultivada por toda a existência. Para prestigiar esse momento decisivo rumo ao futuro, chega às mãos dos Cileiros de todo o Brasil o livro Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 3: Kosen-Rufu e Paz Mundial, publicado pela Editora Brasil Seikyo (EBS). A obra é disponibilizada no mês de lançamento aos participantes do Clube de Incentivo à Leitura (CILE) nas versões impressa e digital. Quem não for assinante, poderá adquirir o livro a partir do mês de junho. A série Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz é de autoria do filósofo e humanista Dr. Daisaku Ikeda e, nesse terceiro volume, traz direcionamentos e reflexões a respeito do que é necessário para a consolidação da paz mundial, a partir da revolução humana de cada pessoa. Esclarece que tudo inicia com o levantar de cada discípulo, ao romper as barreiras do seu “eu menor” e despertar para a intrínseca capacidade de ser feliz — o estado de buda —, expandindo essa consciência. Ao longo de 512 páginas, o autor chama atenção para o fato de que cultivar o respeito pela dignidade da vida é o critério primeiro a fim de estabelecermos uma cultura de paz. Além do mais, designa essa responsabilidade aos praticantes do Budismo Nichiren na Soka Gakkai que, dotados de benevolência, assumem o juramento como legítimos bodisatvas da terra, com o objetivo de despertar as pessoas para o potencial inerente delas. Ao se conscientizarem, elas passam a desafiar as circunstâncias com coragem e criam jornadas de vitória. Os textos foram extraídos de vários escritos do Dr. Ikeda, entre eles, o monumental romance Nova Revolução Humana, obra do autor, disponível em trinta volumes; as explanações sobre as preciosas preleções do Sutra do Lótus; trechos de diálogos, prefácios e até entrevistas publicadas no Seikyo Shimbun. No passar das páginas, os leitores se deparam com incentivos de Ikeda sensei, fonte de inspiração para que renovem sua decisão a fim de que, ao perceberem a própria condição de ser feliz, sirvam de estímulo para os outros. Nesse oportuno momento, a obra se torna reduto de coragem e de inspiração, tecendo orientações sobre como aplicar, de forma prática, o humanismo Soka. Além disso, a obra lança luz à capacidade humana para a felicidade, tendo a sabedoria como guia. Ilumine-se. Veja aqui os kits de maio para cada plano do CILE PLANO DIAMANTE Livros são joias preciosas. O Diamante é o plano de assinatura do CILE perfeito para você que gosta de uma experiência completa de leitura no formato físico. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 brinde especial 1 marcador de página Resenha digital e conteúdos extras 52,00/mês + Taxa de entrega PLANO OURO O Ouro é o plano de assinatura do CILE ideal para os leitores que estão iniciando a jornada de incentivo à leitura. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 marcador de página 32,00/mês + Taxa de entrega Confira no Instagram o vídeo spoiler do lançamento de maio ou assista abaixo Quer fazer parte do CILE? Para garantir a sua leitura e receber esta obra no mês de maio, assine o CILE até 30/04/2024 Acesse o site: www.cile.com.br Para os assinantes do CILE Digital, a obra ficará disponível a partir do dia 01/05/2024 em www.ciledigital.com.br Foto: BS

11/04/2024

Especial

Grande vitória da justiça

Em 24 de abril de 1979, Daisaku Ikeda, então com 51 anos, enfrenta uma grande tormenta que viria a marcar profundamente a história do kosen-rufu. Nesse dia, ele é obrigado a renunciar à presidência da Soka Gakkai, tornando-se seu presidente honorário. Dentre os motivos estavam planos do clero da Nichiren Shoshu, aliado a traidores da organização, de afastá-lo da liderança. Conviver com um clero corrompido foi uma constante para os dois primeiros presidentes da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, que se opuseram à decisão dos clérigos, em 1944, de aceitar um símbolo oficial de outra religião, o talismã xintoísta, conforme exigia o governo militar japonês da época. Nessa ocasião, para barrar as ações de ambos, um sacerdote os delatou à polícia. Mestre e discípulo foram presos, junto com outros líderes da Soka Gakkai. Makiguchi sensei faleceu na prisão e Toda sensei saiu, combalido, para reconstruir a organização. Josei Toda, quatro dias antes de falecer, em 1958, e após ter reconstruído a Soka Gakkai, disse, convicto, a seu discípulo Daisaku Ikeda que combatesse quaisquer demonstrações de maldade por parte do clero no futuro. Em 3 de maio de 1960, Ikeda sensei assume como terceiro presidente da Soka Gakkai e inicia imediatamente a batalha para propagar o budismo e fortalecer a organização. E em 1975, torna-se presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI) e solidifica a atuação fora do Japão, por meio de muitos diálogos com personalidades e intelectuais. Tal projeção do líder da SGI incomodava o clero. Ataque das maldades Em 1979, tentando atacar a harmonia entre os membros da Soka Gakkai, surgiam, por todo o Japão, ameaças de que o clero não mais concederia o Gohonzon a eles, não participaria de cerimônias de falecimento e proibiria a peregrinação ao templo principal. Numa organização com quase 10 milhões de membros, essas atividades eram vitais, e Ikeda sensei sabia que isso causaria muita tristeza aos companheiros. “Diante dessas ameaças, o que posso fazer para que os membros pratiquem com tranquilidade?” As ameaças direcionadas a ele eram constantes, sendo a sua renúncia da presidência a opção dada pelo clero. Então, tudo voltaria ao normal, diziam. Ante a enorme pressão, Ikeda sensei ponderou e consultou a diretoria da Soka Gakkai. Os líderes ficaram hesitantes e deram a entender que seria o melhor a fazer. Essa postura passiva chocou-o ainda mais: “Não tenho outra saída. Se não deixar a presidência, quem sofrerá as consequências serão os membros”. Assim, no Centro Cultural de Shinjuku, em Tóquio, no dia 24 de abril de 1979, terça-feira, numa reunião da diretoria da Soka Gakkai, ele renunciou ao cargo de presidente. Espanto e indignação pairavam. Nesse dia, também foi apresentado o quarto presidente da organização, Hiroshi Hojo. A reunião marcava o final do primeiro ciclo dos “Sete Sinos” (sete ciclos de sete anos, de 1930 a 1979, num total de 49 anos). Devido à renúncia, o clima da atividade foi de tristeza. Certo de que tudo seria resolvido, ele disse: “Não mudarei em nada. Não se preocupem. Sou discípulo direto de Josei Toda! A justiça prevalecerá no final!”. No dia seguinte à renúncia, Ikeda sensei afirmou: Chegou a hora de assumir a liderança com liberdade e sem nenhum impedimento. Sem ser restringido pelas limitações cerimoniais ou organizacionais, e segurando bem alto a espada da Lei Mística, começarei a lutar com uma força ilimitada. [...] Por favor, não fiquem desapontados nem preocupados [pelo fato de eu não ser mais presidente], mas empenhem-se sinceramente pelo desenvolvimento da Soka Gakkai e do kosen-rufu.1 Levantar-se pela justiça No dia 3 de maio de 1979, realizou-se a 40a Reunião de Líderes da Soka Gakkai, com a presença dos clérigos. O evento ocorreu de forma monótona. Após a atividade, Ikeda sensei se dirigiu ao Centro Cultural de Kanagawa. Todos pensavam que a Soka Gakkai estava em declínio, mas o Mestre iniciou uma nova fase. E naquele momento crucial, ardia a chama de que aquela situação seria o trampolim para uma nova era do humanismo no Japão e no mundo. Naquele local, ficou registrada a decisão de vitória de Ikeda sensei por meio da palavra “Justiça”, escrita por ele em 5 de maio daquele ano, acompanhada da frase: “Conduzo sozinho a bandeira da justiça”. Pelo bem dos membros, Ikeda sensei aceitou as exigências do clero, mas não ficou parado. Viajou para cidades japonesas a fim de incentivar os membros. Ele comenta: Mesmo nessas circunstâncias, continuei trabalhando com a disposição inabalável de servir os membros e a Soka Gakkai. (...) Calaram minha participação em reuniões e meus discursos. Mas jamais podem me proibir de incentivar os companheiros.2 Essa férrea determinação do Mestre converteu-se em ações sábias. Mesmo sem saber ler partituras, compôs dezenas de músicas e pôs-se a tocar piano. Não era um exímio pianista, mas todos compreendiam sua iniciativa de se fazer entender por meio da linguagem universal da música. Durante os 45 anos desde aqueles acontecimentos, Daisaku Ikeda atuou ativamente como presidente da SGI. Passou a ser reconhecido como um grande agente da paz em nível mundial, tendo recebido títulos de universidades do mundo inteiro e milhares de homenagens. Em 1979, a SGI se fazia presente em 51 países e territórios. Hoje, são 192 países e territórios e mais de 12 milhões de membros. Uma prova real da vitória da justiça da unicidade de mestre e discípulo. Na década de 1990, a Soka Gakkai conquistou a “independência espiritual”, libertando-se das correntes de influências do clero, e alçando voo como religião mundial que concretiza verdadeiramente a propagação do Budismo de Nichiren Daishonin. Com o encerramento da nobre existência de Ikeda sensei, em 15 de novembro de 2023, agora os membros da Soka Gakkai em todo o mundo, tendo os jovens na vanguarda, levantam-se para perpetuar seu legado e concretizar o grande ideal do kosen-rufu. No topo: Durante reunião de líderes da Soka Gakkai, presidente Ikeda mostra caligrafia com a palavra “Justiça”, que escreveu em 5 de maio de 1979 (Tóquio, Japão, 28 out. 2004) Fontes: Brasil Seikyo, ed. 1.904, 18 ago. 2007, p. B5. Idem, ed. 2.032, 24 abr. 2010, p. A6. Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.032, 24 abr. 2010, p. A6. 2. Ibidem. Foto: Seikyo Press

11/04/2024

Relato

A alegria de incentivar os amigos

Em meio aos desafios decorrentes da pré-adolescência, a estudante Ana Takiguti, 12 anos, vem se dedicando a criar memórias de companheirismo com todos que encontra. É algo que aprendeu com os pais, Celso e Marcia, ambos de 47 anos, em uma família estabelecida no município de Americana, estado de São Paulo, e que atua unida na Soka Gakkai. “Desde que Ana nasceu, sempre fizemos questão de proporcionar a ela a vivência dentro da organização, pois sabemos que é o caminho para uma juventude saudável e com propósitos que desejamos que nossa filha siga”, enfatizam os pais. Eles também cresceram nos jardins Soka e atuaram na Divisão dos Jovens (DJ) da localidade até 2005, quando se casaram. Celso é auditor, e Marcia, farmacêutica. Ambos são responsáveis pela regional na organização local. O exemplo que oferecem à filha ganha contornos. De um lado, a filha se desenvolve na lapidação de suas habilidades por si mesma; do outro, experiencia o humanismo construído por laços de amizade sincera. “Eu tinha muita dificuldade em fazer novos amigos, mas dei o primeiro passo e não quero parar”, reforça Ana, que tem suas aventuras nessa área contadas com orgulho nesta edição. Com os pais, Celso e Marcia Carinho e atenção No ano passado, Ana mudou de colégio e teve dificuldade de adaptação no contraturno, às tardes, e onde não tinha por perto os amigos da turma. Incentivada pelos pais, aos poucos foi observando os colegas, dando o primeiro passo na aproximação. Por sorte já tinha a amiga Marina no período letivo normal, que conheceu no antigo colégio e estudavam juntas. Elas se uniram nas conversas e nos trabalhos, fortalecendo ainda mais a amizade. Marina, ao frequentar a casa de Ana, ouviu quando os pais dela recitavam Nam-myoho-renge-kyo e se encantou com o som, querendo saber o que significava, além das curiosidades típicas de meninas da idade. Dessa maneira, a família de Ana abraçou à de Marina. “Estamos dialogando sobre o budismo há cerca de um ano, e minha amiga já participou de algumas reuniões com a mãe. Fico tão feliz”, emociona-se Ana. Com a amiga Marina, a qual incentiva sobre a prática budista Outro fator de desenvolvimento tem sido a participação de Ana nos grupos horizontais da BSGI. Ela se espelha ainda em seus pais, que foram atuantes, quando jovens, nas bandas masculina e feminina da localidade, Taiyo Ongakutai e Asas da Paz Kotekitai, respectivamente. Lideraram esses dois grupos e Celso também fez parte do Sokahan (grupo de bastidor). Junto com Marcia, tornaram-se responsáveis pela Divisão dos Jovens da RM Americana. Ana formou-se recentemente do grupo de aprimoramento (GA) da banda Asas e agora integra o núcleo de dança. “Eu adoro os encontros e ensaios. Tenho aprendido muito sobre companheirismo”, frisa. Durante uma apresentação em desfile cívico pela Asas da Paz Kotekitai No mês da Divisão dos Estudantes, Ana compartilha suas expectativas. A primeira delas é a alegria de estar com a amiga Marina, e as outras colegas que ela vem incentivando, participando juntas nas comemorações da localidade. Aproveita para falar de sua vivência, sonhos que a motivam. Brasil Seikyo: Ana, o que mais gosta na organização? Ana: Das atividades da DE e da banda Asas da Paz Kotekitai, nas quais eu participo do coreográfico. BS: Por que gosta de incentivar os amigos? Ana: Quando incentivo as pessoas, eu me sinto mais solta e livre nas reuniões. Elas me incentivam também. É muito bom! BS: Um sonho a realizar Ana: Estudar na Universidade Soka do Japão. BS: Como vê o futuro? Ana: Eu vou me empenhar para estar bem financeiramente por meio dos estudos, viajar pelo mundo para ver culturas diferentes e provavelmente estudar moda ou psicologia. Se é da DE tem de sonhar alto, né? Ana Takiguti Gonçalves, 12 anos, estudante. Na BSGI, integra a Divisão dos Estudantes Esperança, na RM Americana, CGESP. Orientação de Ikeda sensei que guia a atuação dos pais Criando filhos que amem a SGI O mais importante é ajudá-los a aprender a respeitar e a gostar da Soka Gakkai Internacional (SGI) sem pressioná-los. Como a fé é algo para a vida inteira, já é o bastante o fato de eles compreenderem com o passar do tempo. Não é sábio ser inflexível e tentar forçá-los a praticar. Precisamos ensinar aos nossos filhos o espírito de acalentar e proteger a SGI. Espero que os pais criem os filhos de forma que eles realmente amem a SGI. Se os filhos tiverem esse espírito, com certeza serão pessoas excelentes. Fonte: Um Diálogo sobre a Religião no Século 21, publicado no Brasil Seikyo, ed. 1.569, 26 ago. 2000, p. 3. Ana, aos olhos da responsável pela Divisão dos Estudantes da localidade “Ana é uma menina muito meiga, dona de um coração enorme, muito dedicada a tudo o que faz. É gratificante ver seu desenvolvimento tanto na Gakkai quanto na sociedade. Sou afortunada em atuar com uma estudante tão fofa, realmente um grande ‘valor humano’. A família de Ana é maravilhosa. Os pais, Marcia e Celso, sempre acompanham a atuação dela na Gakkai e apoiam muito os jovens e estudantes de várias formas possíveis, com carona, kit lanche, incentivos, preparativos. Um orgulho só!” Bruna Adrieli Pereira Nagata, responsável pela DE da RM Americana Fotos: Arquivo pessoal

11/04/2024

Matéria Grupo Coração do Rei Leão

Avancem rumo ao brilhante ano 2030

Caros líderes do Grupo Coração do Rei Leão! Esperamos que todos estejam bem de saúde. Agradecemos também todo o apoio em zelar pelo futuro da organização: a Divisão dos Estudantes (DE). Ainda mais agora em abril, período em que comemoramos 33 anos de fundação da amada divisão. Na matéria deste mês, compartilhamos um incentivo de Ikeda sensei que nos remete ao nosso papel como membros do Grupo Coração do Rei Leão em assegurar o futuro da organização. Além disso, gostaríamos de fazer dois convites. O primeiro é sobre a seguinte reflexão: “Qual o meu papel como alicerce rumo a 2030?”. O segundo convite propõe uma ação concreta: “Após a reflexão, que tal agirmos em nossa localidade, junto com os líderes da Divisão dos Estudantes?”. Certa vez, Ikeda sensei nos incentivou em um ensaio: O escritor britânico Robert Louis Stevenson (1850–1894) perguntou: “No palco da vida, quem exerce o papel de ‘a pessoa mais sábia, mais virtuosa e com mais benefícios’?”. Sua resposta foi: “Aquele que executa seu papel sem esperar por recompensa”.1 Os honrados protagonistas da Soka Gakkai são: os líderes da DE, que sempre se dedicam a incentivar os estudantes; os integrantes da Divisão dos Universitários (DUni), os quais orientam e aconselham os mais novos sobre os estudos; os membros da Divisão Sênior (DS) e da Divisão Feminina (DF), responsáveis pelo apoio à Divisão dos Estudantes; e todos aqueles que, de alguma maneira, contribuem para dar suporte às atividades da DE. Aproveito a oportunidade para manifestar, mais uma vez, minha sincera gratidão a cada um de vocês. Em 2030, época em que os atuais integrantes da DE serão os líderes centrais da SGI, diz-se que a taxa de natalidade estará em franco declínio no mundo inteiro. Nesse sentido, os esforços empreendidos por vocês hoje em sua localidade criam uma imensa rede de pessoas valorosas que contribuem diretamente para a formação de um futuro mais sólido e seguro. Em minhas viagens pelo mundo, sempre aproveitei cada instante para me encontrar com os estudantes e incentivá-los. Hoje, muitos deles atuam como líderes da Divisão dos Jovens (DJ) em seu respectivo país. Não há nada que me deixa mais feliz do que ouvir os relatos sobre a atuação dos ex-integrantes da DE que continuam a se desenvolver e a avançar no palco do mundo, repletos de vigor e de energia. Meu coração se enche de entusiasmo só de imaginar como será o ano 2030! Antevejo o aspecto heroico dos membros da DE de hoje, que bailam majestosamente pela paz mundial como herdeiros do espírito Soka! A atuação magnânima desses jovens, os quais se preocupam verdadeiramente com as pessoas e fazem de tudo para incentivá-las e apoiá-las incondicionalmente. Visualizando esse brilhante futuro, continuarei a orar incansavelmente e a empreender sinceros esforços para incentivá-los junto com meus verdadeiros companheiros da fé que fazem do meu coração o seu e não medem esforços para cultivar e criar os preciosos “valores humanos”.2 O Mestre encerra o ensaio com o seguinte poema: Você, que se dedica à criação dos “valores humanos” da justiça em cumprimento ao juramento do infinito passado, será protegido pelas divindades celestiais.3 Lendo essas palavras, não tem como não nos emocionar, quando pensamos na trajetória da vida de Ikeda sensei, do quanto ele se empenhou para desenvolver os “valores humanos” que transformarão e sustentarão uma sociedade pacífica para toda a eternidade. Esses encontros fizeram a diferença na vida de muitos jovens e estudantes que, acalentando no coração as emoções e diretrizes vividas ao lado do sensei, estão construindo uma jornada de vida extraordinária de grande valor. Quanta gratidão! Aqui no Brasil, também, em 1984, centenas de jovens e estudantes viveram esses maravilhosos momentos no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, na quarta visita do presidente Ikeda ao nosso país. E, até hoje, essa legião de jovens vem atuando brilhantemente na liderança do kosen-rufu do Brasil em meio à sociedade. Dentre essas pessoas, muitos são integrantes do Grupo Coração do Rei Leão cuja missão é oferecer apoio, incentivos e proteção para nossos preciosos estudantes. Misticamente, neste ano, no mês de maio e no mesmo local, a Juventude Soka do Brasil realizará uma grande convenção celebrando os quarenta anos da quarta visita do Mestre. Nessa ocasião, os filhos e netos dos participantes de 1984 e a nova geração de jovens e estudantes terão a oportunidade de selar a sagrada relação de vida com Ikeda sensei. Desta vez, agora como integrantes da Divisão Sênior e da Divisão Feminina, nosso papel será incentivar e apoiar nos preparativos para a participação dos estudantes nesse evento em maio, bem como na realização da atividade em todos os distritos que receberão a transmissão simultânea. Visando o glorioso ano 2030, vamos criar a rede de jovens humanistas Ikeda! Um forte e caloroso abraço! Grupo Coração do Rei Leão da BSGI Notas: 1. Cf. STEVENSON, Robert Louis. An Apology for Idlers. In: “Virginibus Puerisque” and Other Papers. Nova York: Current Literature Publishing Co., 1909. p. 111. 2. Leia discurso na íntegra no Brasil Seikyo, ed. 2.154, 3 nov. 2012, p. B2. 3. Ibidem. Foto: Getty Images

11/04/2024

Especial

A vitória é empolgante

No livro Seja a Esperança, Ikeda sensei discorre sobre o que é felicidade e, num trecho, ele compartilha: “A pessoa verdadeiramente feliz é aquela capaz de conduzir todos à felicidade”.1 Ao longo do ano, a Juventude Soka, em todos os cantos do país, vem criando uma atmosfera de vitórias e de conquistas rumo à convenção comemorativa em 26 de maio. Nesta edição, leia sobre o episódio da atuação de Ikeda sensei como staff da Divisão dos Jovens e se inspire no exemplo do Distrito Salvador no movimento dos cem jovens por distrito. Veja também as informações para as localidades prepararem a pré-convenção. E, na próxima edição, não perca detalhes sobre o que será realizado nas organizações nessa data. Vale reforçar que o movimento dos 100 jovens por distrito não acabou. Vamos falar sobre os ideais Soka, pois uma nova e empolgante era surge com a vitória dos jovens da BSGI. Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Seja a Esperança. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 30. As palavras de Shin’ichi estavam embasadas na sua própria experiência. Ele assumiu em março de 1954 o recém-criado cargo de secretário da Divisão dos Jovens e também o planejamento e a condução das atividades da Soka Gakkai. No início, a diretoria mostrava sinais de discordância para quase todas as propostas apresentadas. Não quiseram concordar nem com o Encontro Esportivo da Divisão dos Jovens, que se tornou a origem dos atuais festivais culturais pela paz. À medida que esses eventos foram sendo realizados seguidas vezes, todos vieram a exaltá-los e a torná-los em atividades que simbolizam a Gakkai. Foi a vitória da força e da persistência de um jovem.¹ Força e persistência. Acredito que essas duas palavras representem as características da juventude, e nossa maior referência de jovem persistente e comprometido é o nosso eterno mestre, presidente Ikeda. Há setenta anos, ele foi nomeado coordenador da Secretaria da Divisão dos Jovens da Soka Gakkai, e junto com seu mestre, presidente Josei Toda, esteve na linha de frente da Gakkai, não só do movimento jovem, mas de todas as atividades da organização. Ele se dedicou com sinceridade e foi treinado diretamente pelo presidente Josei Toda, que o ajudou a se fortalecer com sentimento de criar um grande “valor humano” e líder do futuro da Soka Gakkai. Esse período da atuação do presidente Ikeda também lhe proporcionou aprender sobre aspectos da vida de forma ampla. No livro Diário da Juventude, ele registrou um de seus momentos no ano 1954: Domingo, 11 de julho. Tempo chuvoso. À noite, os membros da Secretaria da Divisão dos Jovens ficaram em reunião até meia-noite. Todos esses excelentes jovens serão o eixo da Gakkai e da sociedade japonesa daqui a dez ou vinte anos. Nas montanhas ou nas áreas planas, eles entrarão em ação com bravura.² Como coordenador que liderou outros jovens dessa secretaria, ele também visualizava e cultivava cada jovem como um futuro na Gakkai e na sociedade. Ao lado de cada um deles, o presidente Ikeda se empenhou plenamente sem se preocupar com o reconhecimento ou elogio dos líderes e do presidente Josei Toda. Esse seu genuíno esforço foi o que proporcionou que os caminhos se abrissem, especialmente para os jovens, descortinando uma nova era. O buda Nichiren Daishonin afirmou no escrito Carta de Ano Novo: “A desgraça vem da boca de uma pessoa e arruína-a, enquanto a boa sorte vem do coração e torna a pessoa digna de respeito”.³ A oportunidade que temos hoje de poder atuar nos bastidores da Soka Gakkai, como membros da Juventude Soka, é uma grande boa sorte que amplia nossa condição de vida, tornando-nos jovens de primeira categoria. Vamos continuar aprendendo com o exemplo do sensei, lendo a Nova Revolução Humana, de sua autoria, aplicando suas orientações diariamente e incentivando todos os companheiros neste mesmo movimento. Camila Akama, coordenadora da Divisão dos Estudantes da BSGI Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.442, 3 nov. 2018, p. A2. 2. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 224. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, 2017, p. 405. Distrito Salvador União harmoniosa Qual foi o segredo para se tornar campeão? Essa foi a pergunta que fizemos aos líderes do Distrito Salvador. A resposta é simples, mas de grande significado: oração e ação e o resultado ultrapassou quatrocentos jovens na rede do humanismo Soka. Leia, a seguir, depoimento dos líderes e se inspire! Com o lema da Sub. Bahia “Avançar com Coragem e Alegria”, iniciamos a luta dos cem jovens no distrito como uma grandiosa oportunidade de revolucionar nossa localidade e nossa própria vida. Foram diversos desafios nos últimos anos, pandemia da Covid-19, o desgaste mental e a distância física que nos colocou imersos numa realidade virtual de atividades, mas com a missão de sempre levar esperança ao coração das pessoas. Com o retorno gradativo das atividades presenciais, começamos a desafiar nossos limites, aproveitando cada oportunidade para dialogar com os jovens, expandindo os ideais do humanismo Ikeda e as maravilhosas ações da Gakkai na sociedade. Esses esforços resultaram em um inspirador diálogo dos jovens, repleto de música e incentivos, visitas presenciais e virtuais, apoio incansável da Divisão Sênior e da Divisão Feminina, além da brilhante atuação da Divisão dos Estudantes. Seguimos avançando com um único propósito: cultivar corações conectados e plantando as sementes de esperança no coração das pessoas! Cada jovem lançado é uma forma de gratidão aos nossos mestres, aos nossos veteranos e veteranas. Avante, Distrito Salvador! Avante, BSGI! Os esforços nunca mentem! Líderes da Divisão dos Jovens do Distrito Salvador Encontro dos membros da Comunidade Ribeira Encontro dos membros da Comunidade Uruguai Encontro para convidados e membros da Divisão dos Jovens do Distrito Salvador Fique ligado! JUVENTUDE SOKA DA BSGI ✅ O que é o movimento pré-convenção? Desde março, sugerimos que os distritos realizassem um movimento (de preferência semanal) com os jovens, visando fortalecer a conexão com Ikeda sensei e com a organização de base para a convenção de maio. ✅ Ainda não iniciei o movimento no meu distrito. O que posso fazer? Apresentamos três ações dentro do movimento para que todos os membros se preparem para a convenção: 1. Realizar um diálogo com veterano Sugestão de data: durante o mês de abril.Formato: a critério do distrito (híbrido, presencial ou on-line). 2. Reunir-se para lançar um desafio de daimoku Como sugestão de data, propomos o dia 1º de maio (feriado), o significativo 3 de maio ou o fim de semana de 4 e 5 de maio. O intuito é reunir todas as divisões de forma presencial, mas é possível criar um link para quem não puder participar. O mais importante é envolver todos nessa órbita. O daimoku poderá ser computado por meio de um lindo gráfico, que está disponível em: https://extra2.bsgi.org.br/usuario/v2/grafico/home/ 3. Registrar o aspecto de vitória do distrito em foto Escolha uma foto especial que represente o seu distrito, envolvendo as cinco divisões nessa significativa luta conjunta. Disponibilizaremos um link na página da convenção para compartilhar a foto durante o mês de maio. Prazo de envio: até 15/05 (quarta), às 23h59. Fotos: Colaboração local

11/04/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Viver com o Gosho: volume 18 (parte 3)

No litoral, a madeira é considerada um tesouro, e nas montanhas, assim é considerado o sal. Durante a seca, a água é valorizada como um tesouro, e na escuridão, uma lamparina. As mulheres estimam o marido como tesouro, e os homens olham para a esposa como a própria vida. Oferecimentos em meio à Neve1 A Soka Gakkai brilha com o tesouro do coração Em novembro de 1973, Shin’ichi Yamamoto falou na Convençao de Líderes da Província de Tokushima sobre os maiores tesouros da atualidade. Afirmando ainda que aquilo que as pessoas apreciam como o tesouro mais importante depende do lugar e das circunstâncias em que elas vivem, ele discorreu sobre qual seria o tesouro mais valioso da época atual: — Em todos os lugares do mundo, as pessoas estão sentindo a perda da humanidade e do senso de propósito na vida. Esta também é descrita como uma época atolada em crises intelectuais e filosóficas. Em virtude disso, a humanidade, a esperança e a vitalidade são os tesouros de nossa era. E a filosofia do budismo, na qual as pessoas podem confiar e com a qual podem contar para manifestar esses tesouros, compõe o tesouro mais precioso e fundamental de todos. Todos esses tesouros existem dentro da Soka Gakkai. Basta verificarem a bela e radiante humanidade dos membros que, a despeito de seus próprios problemas e preocupações, oram e empreendem ações pelo bem do próximo. Basta observarem como eles se erguem intrepidamente das profundezas do desespero e da tristeza, evidenciando ardente esperança e vitalidade ao lutar para construir a própria vida e prestar uma contribuição positiva para a sociedade. Para descobrir a fonte desses tesouros, deve-se buscar o Budismo Nichiren, que esclarece a Lei suprema da vida e a filosofia da dignidade humana. Nós, da Soka Gakkai, estamos praticando este budismo e demonstrando provas reais de sua veracidade em nossa vida cotidiana. (Trechos do capítulo “Avanço”) O Sutra dos Reis Benevolentes também diz: “Quando uma nação cai em desordem, são os demônios quem primeiro mostram sinais de violência. Como esses demônios se tornam violentos, as pessoas também ficam perturbadas. Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra2 Derrotar a natureza negativa inerente à vida humana Na reunião geral em dezembro de 1973, Shin’ichi deu orientações em relação à instabilidade na sociedade causada pela crise do petróleo, em que a escalada dos preços do petróleo resultou em conturbações econômicas, sociais e políticas em todo o mundo. Aqui, ele elucida a causa dos problemas que afligem a sociedade contemporânea. Espíritos se referem a demônios que roubam a vida dos outros ou que roubam benefícios.3 Numa linguagem atual, indicam a natureza demoníaca inerente à vida humana, um estado de completo egoísmo. Espíritos violentos denotam funções demoníacas fora de controle. (...) — A nação mencionada por Daishonin possui dois aspectos, o ambiente natural e a sociedade humana. Quando a nação, que compreende o ambiente e os seres humanos, está em tumulto — e, de fato, no período que antecede esse tumulto —, não apenas o ego humano, mas até mesmo uma força ainda mais fundamental, as funções demoníacas da vida começam a se intensificar, transformando-se numa turva corrente subterrânea. Em decorrência disso, o coração e a mente das pessoas ficam desordenados, conduzindo a nação e a sociedade à ruína. Sem um ensinamento que resolva os problemas fundamentais da vida, não se podem sanar a confusão e a discórdia social. É o que torna a missão da Soka Gakkai, que se dedica a propagar a grandiosa filosofia de vida do Budismo Nichiren, tão relevante. Declaro aqui e agora que chegou o momento de nutrirmos a sociedade com um novo e vigoroso movimento em prol do kosen-rufu. (Trechos do capítulo “Avanço”) (Traduzido da edição de 15 de abril de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 18 Notas: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. v. II. Tóquio: Soka Gakkai, 2006. p. 809. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 8, 2017. 3. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, 2004. p. 114. Ilustração: Kenichiro Uchida

23/03/2024

Matéria da Divisão Feminina

“O que importa é o coração” . “Seja sempre sua melhor versão”.

Preciosa amiga, como está? Neste mês, comemoramos o Dia Internacional da Mulher (que são todos os dias) e reconfirmamos nosso eterno juramento com espírito do 16 de Março. Parabéns! O mês de março é recheado de significados, desafios e emoções que nos levam à reflexão sobre o papel fundamental da mulher na sociedade. Também traz à tona a valorização, a autoestima e a compreensão da nossa missão. Como presente e oferecimento de um buquê de gratidão do nosso mestre, dedicamos a você, querida amiga, um trecho do livro Flores da Felicidade,1 volume 3: São os corajosos e dedicados esforços das mulheres que mudam a sociedade, mudam a história e transformam o mundo. Misturando-se em meio às pessoas comuns e unindo o coração de uma pessoa a outra, constroem um jardim perfumado da esperança de viver ao seu redor. Eis a mais suprema filosofia da vida. Espírito de luta contínua O presidente Ikeda, nosso mestre, nos incentiva: Parece que os meses mais frios do ano se foram, e agora aguardamos a chegada da primavera. Sob os cálidos raios do Sol, novos brotos crescem em profusão nas árvores e a paisagem ganha cores mais vivas. A natureza não cessa seu movimento por um instante sequer. Lenta, mas continuamente, a primavera se aproxima cada vez mais. É exatamente como Nichiren Daishonin afirma: “O inverno nunca falha em se tornar primavera”.2 Em breve, as flores primaveris irão desabrochar novamente. As cerejeiras florescem com tanta beleza porque resistem ao extremo rigor do inverno. O mesmo se aplica à vida humana. A vida é uma sucessão de mudanças. É preciso travar uma luta incessante — enquanto observamos, aguardamos e criamos o tempo. Por meio do acúmulo de esforços, podemos fazer com que as “flores da vitória” desabrochem de forma plena em nossa vida. A vitória se encontra nesse esforço contínuo. Sem isso, não podemos desenvolver uma vida realmente grandiosa. Transformando a nossa vida, transformamos a sociedade. Esse é o verdadeiro caminho da fé. Isso requer esforços contínuos e compenetrados em meio à realidade. Nosso estado de vida se desenvolverá proporcionalmente a nossos esforços.3 Transformar o carma em missão Aprendemos que, praticando o Budismo Nichiren, podemos ser felizes nesta existência, transformando nossa condição de vida diariamente e rompendo os grilhões do carma. Sensei afirma: “Não há (...) destino que não possa ser superado por meio da fé”.4 Abraçando o princípio de “carma adotado por desejo próprio” (ganken ogo), os sofrimentos cármicos são erradicados por completo. Esse princípio elucida que, ao mudar a maneira de enxergar o carma, você transforma sua realidade e passa a compreender que a missão que escolheu como oportunidade para evidenciar a força infinita existe dentro de si. Essa mudança se inicia com a mudança fundamental em nossa mentalidade. O presidente Ikeda afirma: “A poderosa determinação de converter carma em missão transforma radicalmente o mundo real”. Mulheres protagonistas da própria história Você conhece a icônica Iris Apfel? Se a conhece, com certeza já é uma grande fã dessa mulher que viveu muito à frente do seu tempo. Caso não a conheça, mergulhe na história inspiradora que vamos apresentar a você. Iris Apfel ditou moda por onde passou e influenciou gerações, para as quais deixou grandes ensinamentos de como viver de forma plena e autêntica. Autora de quatro livros, uma de suas características básicas eram os acessórios maximalistas, sua marca registrada, assim como seu cabelo branco e seu batom vermelho. Ela nasceu no dia 29 de agosto de 1921, dedicou-se à pesquisa, ao empoderamento feminino, ao trabalho e à diversidade. Por anos, trabalhou como designer de interiores (sua primeira profissão). Em 1950, abriu uma empresa têxtil com seu marido, com quem viveu até ele falecer aos 100 anos. A trajetória de Iris Apfel nos leva a fazer várias reflexões sobre o nosso modo de vida: Viver de forma sustentável. Iris Apfel era adepta da moda sustentável, consumidora de brechós, antiquários, bazares beneficentes, feiras e comércios alternativos. Em um de seus desfiles, as roupas eram compostas por materiais reciclados. Ruptura de padrões. Ela se tornou modelo profissional aos 97 anos. Sempre que era questionada sobre estilo, moda ou se a roupa deveria estar de acordo com a idade, ela respondia: “Vestir-se deveria ser divertido”; “É uma oportunidade para brincar”; “Isso faz parte da minha vida porque sou uma pessoa criativa, e acredito que os outros também deveriam se permitir um pouco de criatividade”. Idade não define jovialidade. Diariamente, Iris Apfel ligava para a sua agente e dizia: “O que tens para mim hoje?”. Poucas palavras definem a visão que ela tinha sobre: Arte: diversão.Vida: longevidade.Moda: estilo.Beleza: A que vem de dentro.Trabalhos e pesquisas: Sentido de viver. Agora que você já mergulhou na história dessa mulher inspiradora, que tal trazer seus ensinamentos para a nossa realidade de rainhas da felicidade? Temos muitas coisas em comum com Iris Apfel. E, sem dúvida, tudo o que usamos hoje em termos de cores e a mistura delas é o resultado da decisão dela, uma mulher que, em meados do século passado, optou por se vestir da forma que expressasse sua alegria de viver. Assim, podemos dizer que ela tinha a coragem de viver plenamente “mais um dia feliz”, enfrentando inúmeras adversidades, questões e desafios de todos os âmbitos que surgem na vida de cada pessoa. Mesmo vivendo em uma época em que as mulheres eram criadas para ser donas de casa e mães, ela decidiu não ter filhos e buscou o que a faria feliz! Ao se tornar trendsetter (criadora de tendências) aos 80 anos, deixa para humanidade um legado de sabedoria, alegria e leveza, diversidade e encantamento por tudo o que for bom, belo e bem elaborado. E você, a exemplo da Iris Apfel, tem valorizado sua história e se alegrado com sua trajetória? Eis algumas palavras que podemos relacionar com os direcionamentos da Divisão Feminina: Sabedoria ao compreender que a beleza não é externa, a beleza vai muito além de aparência, a beleza está em seu estilo, e esse estilo tem de ser alegre e representativo, senão não tem graça (podemos extrair a verdadeira sabedoria por meio da recitação de “muito mais daimoku” e conduzir uma vida feliz). Alegria de viver tudo o que a vida oferece de melhor em sua plenitude, abraçando e agradecendo cada oportunidade de aprendizado (podemos extrair a alegria vencendo na prática da fé e fazendo a diferença exatamente no local em que nos encontramos). Leveza não se refere apenas ao tecido de suas roupas, mas ao sentimento que está em sua essência, no sorriso em seu rosto e estampado nas fotos. (Baseado no lema eterno “Shitei-funi é minha vida!”, fazer o seu melhor e vencer a si mesma, pois “o que importa é o coração”.5) Com este maravilhoso exemplo de Iris Apfel, vamos todos os dias nos reinventar, nos influenciar por tudo que há de belo no mundo e nos envolver com tudo e com todos no colorido da vida, sem deixar ninguém para trás! Dica: “O que importa é o coração.” “Seja sempre sua melhor versão”. Forte abraço! Divisão Feminina da BSGI Carma significa ação! Diane Aline Ribeiro, responsável pela Divisão Feminina de comunidade, RM Arujá, CGSP Vejamos o exemplo de uma rainha que aplicou em sua vida o princípio de transformar o carma em missão e conquistou uma condição financeira por meio da recitação de “muito mais daimoku” e da ação corajosa no dia a dia. Entrei no grupo Taiyo em uma época de grande desafio financeiro. Fazia apenas dois anos que havia mudado de cidade, deixando tudo para trás, em busca de resgatar meu casamento. Estava em uma cidade desconhecida, sem família e amigos. Além disso, estava sem trabalhar na minha área, sou formada em administração. No início, não tinha absolutamente nenhuma condição financeira de participar das atividades do grupo. Não dispunha nem mesmo de dinheiro para a condução, porém, possuía a boa sorte de obter uma carona das companheiras. Desafiei muito daimoku, abri cofrinhos, limpei gavetas, juntava cada moeda que podia e consegui atuar. Empreendi uma luta na minha organização de base, incentivando cada membro a realizar o Kofu e a assinar os periódicos, pois, para mim, mesmo não tendo boas condições financeiras, essa contribuição sempre foi prioridade. Recitava daimoku para conquistar um emprego que me permitisse realizar as atividades, ajudar meu esposo a pagar as despesas de casa e ainda poder viajar. Quando o responsável pela comunidade, que trabalhava vendendo café em seu carro, sofreu um infarto e ficou impossibilitado de trabalhar, resolvi auxiliá-lo indo vender o café para que ele não passasse por dificuldades. Porém, após uma semana ajudando-o, sua esposa me chamou para uma conversa. Ela me disse que, devido à idade avançada e ao cansaço, eu seria a pessoa certa para dar continuidade ao trabalho deles. Decidi que, por intermédio do meu emprego, as pessoas não somente se alimentariam, como também fariam amizades e se sentiriam acolhidas e felizes. Acordava de madrugada para recitar daimoku antes de iniciar o serviço e chegava lá sorrindo para todos que passavam pela rua. Aos poucos, fui conquistando mais clientes. Com meu trabalho, comprei um carro, um terreno e matriculei minha filha numa escola particular. Presenteei meu filho com uma moto, realizei (e ainda realizo) viagens, comecei a dividir as despesas de casa com meu esposo e, no segundo semestre deste ano, inicio minha segunda faculdade. Hoje, estamos construindo nossa tão sonhada casa própria que terá até piscina. Posso ir às atuações com tranquilidade, sem precisar quebrar nenhum cofrinho. O melhor de tudo é que posso dar carona, como objetivei inicialmente, e ser incentivada ao longo do caminho pelas companheiras. Sei que tenho muito a transformar, mas a oportunidade de pertencer à Gakkai e a esse grupo maravilhoso me faz querer ser uma pessoa melhor a cada dia. Essa gratidão me motiva a trabalhar ainda mais, levando alegria a todos os que por lá passam. Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Flores da Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo. v. 3, 2024.2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo. v. I, p. 560.3. IKEDA, Daisaku. Diálogo sobre a Religião Humanística. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v, 2, p. 191-1934. Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-II, p. 212, 2022.5. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo. v. II, p. 214, 2017. Fontes de pesquisa: https://www.revistalofficiel.com.br/moda/iris-apfel-estilo-e-identidade https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/icone-da-moda-iris-apfel-morre-aos-102-anos/ https://www.google.com/search?sca_esv=cfa97c458ab2bfe3&rlz=1C1GCEA_enBR1015BR1015&hl=pt-BR&sxsrf=ACQVn08FarfCOacN564Baqlc5xReLEbxQ:1710180317726&q=iris+apfel&sa=X&ved=2ahUKEwj229uS5uyEAxVzj5UCHbHMASIQkc0JegQIBxAB&ictx=3&biw=1366&bih=641&dpr=1 https://www.google.com/search?q=as%20sufragistas%20resumo&udm=2&rlz=1C1GCEA_enBR1015BR1015&hl=pt-BR&sa=X&ved=0CCAQtI8BKAFqFwoTCJDM_8fk7IQDFQAAAAAdAAAAABA2&biw=1366&bih=641&dpr=1#vhid=e0Xu35n9VGFZBM&vssid=mosaic Fotos: Colaboração local

23/03/2024

Encontro com o Mestre

Terra natal do meu venerado mestre. Oh, companheiros da região de Hokuriku!

Quando ouço “Hokuriku”, um brilho se estende em meu coração. Ah, terra natal do meu amado mestre! Oh, nascente da nossa relação de mestre e discípulo Soka, de elevada honra! Mestre e discípulo não são dois, mas unos. Por isso mesmo, meu mestre, Josei Toda, encontra-se sempre junto comigo nas profundezas da minha vida. Além disso, os companheiros de Hokuriku, terra natal do meu mestre, não se afastam nem por um único instante das profundezas do meu íntimo. * * * A Lei Mística é a eterna grande Lei do revivescer. É a força para a sobrevivência. É o motor para o avanço. E é a energia infindável para o desenvolvimento. Mesmo que se defronte com condições tão adversas que façam você pensar “Não aguento mais!”, a “força para sobreviver” e a “força para superar as dificuldades” estão originalmente inerentes de maneira solene ao grande solo da vida. O que faz revivescer essa grandiosa e infindável força é a prática da fé. Pelo princípio de “desejos mundanos são iluminação”, quando se recita a Lei Mística, de forma poderosa e sonora, transforma-se infalivelmente “as dificuldades em alegria”, “a infelicidade em felicidade”, “o destino em missão”. Para nós, que abraçamos essa maravilhosa Lei Mística, jamais haverá impasses na vida e no dia a dia. * * * Meus preciosos amigos de Hokuriku! Por favor, que cada pessoa, junto com muitos companheiros, sobreviva dia após dia, fazendo brilhar intensamente seu coração! Com a certeza de que a vitória e a alegria final estão em nosso próprio interior! Nós possuímos um caminho correto e preciso. Nós possuímos uma fé em que somos unos com o universo. E, ainda, há um majestoso portal, e uma construção grandiosa e ousada de si próprio. Por mais forte que seja a tempestade, nós possuímos o poder absoluto que provoca intensa vibração em direção à felicidade! Nós temos o coração! Nós temos a união! Publicado no Seikyo Shimbun do dia 4 de fevereiro de 2024. No topo: Estende-se uma bela paisagem de área rural. Lá, ao longe, uma cadeia de montanhas brilha na cor azul. Foto tirada por Ikeda sensei em agosto de 1984. No dia 26 daquele mês, o Mestre participa do Primeiro Festival Cultural de Hokuriku pela Paz, na cidade de Kanazawa. Ao apreciar o enorme coral de 50 mil vozes entoando a canção Aa Seigan no Uta [Ah, Canção do Juramento Seigan] de Hokuriku, sensei louvou: “Festival Cultural com Nota Máxima, 200”. Faz um pouco mais de um mês desde o terremoto na península de Noto. Companheiros do Japão e amigos do mundo estão orando pela paz, saúde e mais breve recuperação das vítimas afetadas pela catástrofe. Todos acreditam que vocês se levantarão com o juramento seigan com o mestre em seu coração. Fontes: Este texto tem como base palavras de Ikeda sensei publicadas, respectivamente, no editorial da coletânea de orientações Alvorecer da Vitória, Hokuriku de Juramento Seigan, no ensaio “O Brilho da Vitória — Terra onde Floresce a Missão Soka” e no ensaio “O Castelo da Cerejeira — Hokuriku, a Maré da Nova Era”.

23/03/2024

Encontro com o Mestre

Dia do nascimento de Toda sensei

Se encerrar tudo com a própria existência, sem a relação de mestre e discípulo, será como uma “pequena peça teatral”. Isso se tornará apenas satisfação pessoal. Por outro lado, tal como o fluxo de um grande rio, existe a eterna correnteza da humanidade. É como uma corrida de revezamento, em que se passa o bastão de um para o outro. Essa é a relação de mestre e discípulo. O budismo prega a unicidade de mestre e discípulo. Não é “mestre em posição superior, e discípulo, inferior”. Ambos avançam juntos rumo ao mesmo objetivo. * * * Certa vez, levantei-me com profunda decisão, servindo a Toda sensei. Era a determinação de que eu, como discípulo, romperia os obstáculos e as maldades, extraindo o “coração do rei leão”, para proteger o mestre, que era o “rei leão”. Na prática da “unicidade de mestre e discípulo”, não há impasses. Questionando sempre a si mesmo, “Se fosse o mestre, como ele faria?”, extraia a força e a sabedoria pelo “bem do mestre!”. Esse sentimento abre a sua condição de vida de “coração do rei leão”, e se torna a fonte da coragem para superar as dificuldades e provações. * * * Na vida daqueles que possuem um mestre, não há impasses. Na vida daqueles que possuem um mestre, abre-se a vitória infalivelmente. Não há honra maior do que uma vida que possui um mestre. Esse drama de unicidade prossegue por toda a eternidade. É a ligação daqueles que realizaram o juramento seigan de luta conjunta pelas três existências — passado, presente e futuro. São os eternos companheiros que vieram abraçando continuamente a Lei que permeia as ações dos budas e bodisatvas desde o remoto passado. Vamos juntos percorrer o “grande caminho do discípulo”, o “grande caminho dos sucessores”, o “grande caminho da unicidade”, que resplandecerão por dez mil anos! Publicado no Seikyo Shimbun do dia 11 de fevereiro de 2024. No topo: Suave correnteza do rio Tama. O verde pálido do leito do rio cria uma atmosfera primaveril. Foto tirada por Ikeda sensei a partir do Centro Cultural Ikeda de Ota, em Tóquio, em março de 2016. Ota é a terra natal do presidente Ikeda e o lugar onde ele conheceu seu venerado mestre, Josei Toda. É o local em que estabeleceu a torre dourada do movimento de propagação de fevereiro, subindo ao palco do kosen-rufu como secretário executivo do Distrito Kamata. Fontes: Este texto tem como base palavras de Ikeda sensei publicadas sequencialmente em trechos do artigo “Kosen-rufu e Paz Mundial” da obra Shido Senshu [Seleção de Orientações, parte final), das edições revista Daibyakurenge, respectivamente, de novembro e de agosto de 2015. Nota: A data de nascimento do presidente Josei Toda é 11 de fevereiro de 1900.

23/03/2024

Mensagem

“Façamos de cada 16 de março um dia de renovação do nosso juramento pelo kosen-rufu”

Minhas felicitações pelas revigorantes atividades em comemoração do 16 de Março, Dia do Kosen-rufu! O dia de 16 de março é a data em que os discípulos, aos quais foram confiadas a missão e a total responsabilidade pelo kosen-rufu, se levantam resolutamente. É a oportunidade de despertarmos, ainda com mais vigor e seriedade, para o juramento dos bodisatvas da terra, o próprio coração dos mestres e discípulos Soka — o juramento de eliminar a miséria da face da Terra e de abrir caminho para que todas as pessoas sejam felizes. É a época de dar nova partida em nossa jornada pelo kosen-rufu e pela paz mundial com o espírito de “azul mais azul que o índigo” e com os jovens na vanguarda. Este ano, em particular, marca o 70o aniversário da nomeação de Ikeda sensei como coordenador do staff da Divisão dos Jovens. Neste momento de grande significado, vocês, nossos jovens sucessores, estão se levantando corajosamente em todo o mundo com a determinação de que “Agora é a hora!”. Vocês são um farol da esperança para o kosen-rufu, a sociedade e a humanidade. Nichiren Daishonin diz: “O que importa é o coração”1 e “Esses bodisatvas [que emergiram da terra] são os únicos que foram plenamente forjados em sua determinação”.2 Ao se referir a esta última passagem, Ikeda sensei disse certa vez: “Os jovens bodisatvas da terra que forjam sua determinação por meio da prática do Budismo Nichiren — o caminho mais seguro e grandioso para polir a vida — são os sucessores mais confiáveis de nossa nobre causa”. Cada um de vocês tem uma profunda missão e imensa boa sorte. Por favor, dediquem-se com sinceridade à sua prática diária do gongyo e à recitação do Nam-myoho-renge-kyo, deem o seu melhor nas atividades da Soka Gakkai e continuem a se desafiar em sua revolução humana. Acumulem assim comprovações de que “prática da fé é a própria vida diária” e de que “budismo é a sociedade”. Espero também que lutem de todo o coração como “coordenadores do staff dos jovens da nova era” para expandir seus círculos de confiança e de amizade na amada terra da sua missão. Ikeda sensei afirma: (...) se houver a grande solidariedade dos jovens Soka em prol da paz, cultura e educação, hasteando a grande filosofia do respeito à dignidade da vida e reverberando o daimoku da prática individual e altruística, com certeza é possível iluminar os povos do mundo e irradiar com alegria e sabedoria o dia de amanhã do planeta.3 Correspondendo à grande expectativa do nosso mestre, vamos aproveitar o momento presente para falar com sinceridade e determinação e compartilhar corajosamente o Budismo Nichiren, dando passos largos em nossos esforços para transformar o destino da humanidade! Inspirem e revigorem as pessoas ao redor com seus incentivos! Vivam uma juventude feliz e vitoriosa no lugar em que se encontram neste exato momento! Junto com Ikeda sensei, nosso eterno mestre, façamos de cada 16 de março um dia de renovação do nosso juramento pelo kosen-rufu! Em 16 de março de 2024 Minoru Harada Presidente da Soka Gakkai Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 214, 2017.2. Ibidem, p. 218.3. Brasil Seikyo, ed. 2.411, 17 mar. 2018, p. C2. Foto: Seikyo Press

23/03/2024

Especial

Juventude de valor

Brasil Seikyo inicia esta série com reflexões e orientações de Ikeda sensei direcionados aos jovens (de todas as idades). Nesta edição, um conteúdo voltado para os que vivem os dramas do período juvenil, repleto de conflitos e, muitas vezes, de dúvidas sobre qual caminho seguir. Acompanhe também a continuidade da série nas próximas edições. Triunfe com um sorriso Ao mergulharmos nos anos de juventude de Ikeda sensei, deparamo-nos com suas angústias, principalmente aos 17 anos, quando assistiu ao término da Segunda Guerra Mundial. Sentia-se atormentado pelo vazio espiritual, que falava mais alto que o cenário natural reduzido a cinzas ao seu redor. Ele relembrava a situação de pobreza da família, dos irmãos mais velhos que foram recrutados para os campos de batalha, um deles não retornando com vida. Restrições financeiras e de tempo exigiam que trabalhasse dia e noite, enquanto continuava com os estudos. A saúde não era boa, mas estava determinado a se devotar, de corpo e alma, ao trabalho. Às vezes, ao fazer entregas para a empresa na qual trabalhava, era necessário puxar um carrinho enorme na elegante área de Ginza [Tóquio, Japão]. Também tinha de se virar com uma única camisa, mesmo quando o vento frio do outono começava a soprar. Contudo, ressaltava o Mestre, “Nunca senti a mínima vergonha ou constrangimento por causa disso. Na verdade, encarava minhas adversidades como a história emocionante de um jovem que desafiava as dificuldades com um sorriso, e considerava-as até mesmo como fonte de orgulho”.1 A vida do jovem Ikeda mudou quando ele encontrou seu mestre, Josei Toda, aos 19 anos, entrando para a Soka Gakkai. Com base no juramento feito na juventude de se empenhar pela promoção da paz, junto com seu mestre, ele triunfou sobre tudo. Em novembro último, ele faleceu serenamente, aos 95 anos, deixando o legado de uma vida dedicada à paz, acreditando no precioso potencial dos jovens, incentivando-os sempre. Nas próximas páginas, destacamos alguns trechos de seus incentivos, separados por temas, na expectativa de fazer chegar ao coração da juventude brasileira. Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.322, 7 maio 2016, p. B2. Não temer as dificuldades — De fato, todo o labor na juventude é muito precioso. É como acumular uma fortuna para a vida inteira. O presidente Toda me treinou com rigor, dizendo-me que deveria desafiar todos os tipos de dificuldades na juventude. Quando os negócios dele enfrentaram uma crise terrível, fiquei sem receber salário por muitos meses. Não tinha nem dinheiro para comprar um agasalho adequado para passar o inverno. Muitas vezes, mesmo às duas ou três horas da madrugada, ele me chamava para ir correndo à sua casa. Quanto mais grandioso é o mestre, maior é o rigor com que treina seu discípulo. Eu compreendi que ele agia dessa forma para meu próprio bem. Por isso, sentia profundo orgulho em poder servir ao presidente Toda. Escrevi as seguintes palavras em meu diário: “Mesmo que no futuro tenha de enfrentar uma sucessão de dificuldades, farei da honra de ter servido ao venerado mestre a mais suprema felicidade”. Cheguei à conclusão de que o ser humano evidencia seu real valor somente quando enfrenta os momentos cruciais da vida. Nessas circunstâncias, cultiva um caráter tão forte quanto o aço, saboreia as lágrimas da verdadeira vitória e torna-se capaz de realizar sua revolução humana. Fonte: IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 7, p. 150, 2018. A descoberta da missão, entre lágrimas Diário da minha juventude [Ikeda sensei, aos 21 anos] Quinta-feira, 2 de junho de 1949. Céu claro. Juventude regada a lágrimas. Lágrimas me fizeram descobrir uma força. Lágrimas me fizeram sentir jorrar do fundo do coração uma emoção inexplicável. Juventude, rica em poesia. Juventude, época de paixão e esforço. Agora, nos momentos preciosos da juventude, desejo expressar a obra de arte em minha vida, na literatura, na poesia e na música. Oro para que a impulsividade da juventude não me leve para o caminho errado. Ultrapassar os obstáculos, cumprir minha missão, realizar a grande tarefa de salvar a humanidade, enfim, não há outro caminho senão cultivar uma fé inabalável no Gohonzon. Devo sempre manter na mente a suprema missão. Avançar rumo ao nascer glorioso do sol. Todos se empenham para se destacar e não sou exceção. No entanto, os líderes do futuro devem ser totalmente capazes. Jamais devo esquecer a conduta dos eruditos e sábios do passado. O tempo avança a cada dia. Quero ser alguém que consiga acompanhar esse avanço, ou melhor, alguém que lidere esse avanço! Fonte: Série em quadrinhos inspirada no Diário da Minha Juventude, de autoria do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda. In: Brasil Seikyo, ed. 2.145, 25 ago. 2012, p. A9. Sem se comparar aos outros Em resposta a um jovem que diz fingir ser o que não é para ser aceito e valorizado pelos outros. Sejam vocês mesmos. O budismo ensina que nós podemos brilhar da forma mais radiante com um comportamento natural e sem fingimento. Ser sinceros, dedicados e honestos é a chave. As pessoas íntegras triunfam no final. Vocês têm de pensar por si próprios em vez de ficar sentados esperando que alguém diga o que fazer. Devem tomar a iniciativa em vez de ficarem passivos. Essa simples mudança na atitude pode fazer com que manifestem uma ilimitada sabedoria. Fonte: Seja Você Mesmo. In: Brasil Seikyo, ed. 2.191, 17 ago. 2013, p. D2. Ah, o amor! A preocupação de cada um a respeito de amor e relacionamentos difere. Depende da personalidade, da situação e do ambiente. Não há uma fórmula única para solucionar os problemas de todo mundo. Além disso, todos têm inteira liberdade para se apaixonarem ou se sentirem atraídos por alguém. Não cabe a ninguém mais, além de vocês próprios, decidir com quem sairão ou manterão um relacionamento. O único conselho que gostaria de oferecer sobre o assunto, como um amigo mais velho, é que não deixem seu relacionamento fazê-los perder de vista a busca do tão valioso desenvolvimento pessoal. (...) Um relacionamento saudável é aquele em que duas pessoas se incentivam reciprocamente a atingir seus respectivos objetivos, compartilhando, ao mesmo tempo, esperanças e sonhos. O relacionamento deve ser fonte de inspiração, fortalecimento e esperança para viver da maneira mais plena possível. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.333, 23 jul. 2016, p. B2. Leia mais Destacamos um material bem completo, com treze respostas de Ikeda sensei sobre relacionamento amoroso. As questões incluem dilemas como “Vale a pena abrir mão de tudo para viver um grande amor?”. Além disso, ele oferece orientações sobre como lidar com uma decepção amorosa ou quando o amor não é correspondido e como não cair na armadilha das diversas formas de relacionamento baseadas em modismos. Foi publicado no Brasil Seikyo, ed. 2.123, de 17 mar. 2012, caderno Desafios da Juventude, p. C2. Acesse: https://www.brasilseikyo.com.br/home/bs-digital/edicao/2123/artigo/13-perguntas-ao-presidente-ikeda-sobre-relacionamento-amoroso/27530 A oração ilumina o caminho “Acontece de tudo durante a vida. Há épocas de dificuldades, épocas em que nos encontramos sem saída, épocas em que não podemos enxergar o que se encontra diante de nós. É exatamente por essa razão que precisamos fazer da oração a nossa base na vida. Somente com a espada do daimoku (a recitação do Nam-myoho-renge-kyo) é que podemos derrotar as funções malignas da vida. A oração é esperança. Ela é a alvorada da vida. Ela lança as sementes da felicidade. Aqueles que desafiam o futuro com a oração com certeza verão um contínuo melhoramento na vida.” Fonte: Brasil Seikyo, ed. 1.322, 3 jun. 1995, p. 3. Superando a depressão Em resposta à pergunta de um repórter sobre desafios dos que sofrem com problemas emocionais e psicológicos, sendo um deles a depressão, que dificulta sua interação com outras pessoas. A vida é longa, por isso não há motivos para se apressar. Aqueles que passam por esses problemas psicológicos devem buscar ajuda profissional e receber o devido tratamento sem se preocupar com o tempo. A situação de cada um é diferente. Não existe uma prescrição ou remédio universal que vá curá-los. No entanto, há um ponto que quero deixar claro e enfatizar: vocês, que vivem em prol da Lei Mística, estão destinados a ser felizes! Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.148, 22 set. 2012, p. B2. Emprego e profissão Em resposta à pergunta de um jornalista sobre os momentos em que as pessoas acham não ser seu novo trabalho o que esperavam e questionam se devem permanecer nele, Ikeda sensei pondera: Ao se deparar com essa situação, o importante é não guardar o problema consigo e tomar uma decisão precipitada. Nesses momentos é que se deve buscar o conselho de alguém de confiança. O fato é que nem todos encontram o emprego ideal logo de início. Isso pode lhes causar uma sensação de que seus sonhos estão se distanciando da realidade do trabalho. Embora pareça monótono e sem desafios, domine o básico, pois essa é a maneira de se preparar para o sucesso no futuro. Empreender-se em pequenas tarefas longe dos holofotes é a grande oportunidade para formar e desenvolver seu caráter. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.151, 13 out. 2012, p. B2. Ardente esperança Para fechar essa primeira parte da série “Juventude de valor”, oferecemos um poema composto pelo Mestre aos 19 anos, logo após conhecer o presidente Josei Toda. Essas palavras têm sido grande fonte de inspiração para todos ao longo dos anos. Apreciem! Ardente de esperança, enfrento as ondas bravias. Embora esteja vestido pobremente, e mesmo que os outros zombem de mim ou me ridicularizem, eu manterei a coragem. Apenas me observem vencer! Impelirei a mim mesmo: “Primeiro, trabalhe duro com toda a sua vigorosa força. Mesmo que alguns o desprezem, sorria sempre. Com o coração flamejante, avance firme e seguro pelo caminho que escolheu”. Sorrindo com ardor e serenidade, diante da árdua estrada à minha frente, e hoje novamente avançarei contemplando o céu, que está no alto de um futuro cheio de esperança. Fonte: Lutei e Comprovei a Grandiosidade do Meu Mestre. In: Brasil Seikyo, ed. 2.151, 13 out. 2012, p. B2. Leia mais Sugestões de obras do Clube de Incentivo à Leitura (CILE) da Editora Brasil Seikyo voltadas para os jovens: Seja a Esperança Vozes: Para um Futuro Brilhante Juventude: Sonhos e Esperança Diário da Juventude Acesse o site: www.cile.com.br Para ouvir: Confira podcasts com conteúdos voltados aos jovens: ✅ Jovem, Seja a Esperança da Sociedade! Aqui você vai encontrar poesia, música e reflexões. Publicado em 24 nov. 2021. https://brasilseikyo.com.br/podcast/programa/3/episodio/jovem-seja-a-esperanca-da-sociedade/82 ✅ Ter uma Nobre Juventude Publicado em 2 fev. 2020. https://brasilseikyo.com.br/podcast/programa/4/episodio/11-ter-uma-nobre-juventude/11 ✅ Desafio da Juventude Publicado em 16 out. 2019. https://brasilseikyo.com.br/podcast/programa/4/episodio/1-desafio-da-juventude/1 ✅ Diário da Juventude Publicado em 7 jan. 2022. https://brasilseikyo.com.br/podcast/programa/13/episodio/diario-da-juventude/23 Foto: Getty Images

23/03/2024

Especial

Vida grandiosa dedicada à paz

Josei Toda nasceu no dia 11 de fevereiro de 1900, na cidade de Kaga, província de Ishikawa, Japão. Quando criança, recebeu o nome de Jin’ichi. Em 1902, sua família numerosa, que vivia basicamente da pesca e do transporte, se muda para Hokkaido. Ele era o sétimo filho e foi uma criança muito empenhada nos estudos. Aos 17 anos, inspirado por seu falecido irmão, Sotokichi, Josei Toda decide abraçar a carreira educacional. Ele conheceu seu mestre, Tsunesaburo Makiguchi, primeiro presidente da Soka Gakkai, em 1920. Em 1928, Tsunesaburo Makiguchi abraça o Budismo de Nichiren Daishonin e começa a seguir esse ensinamento. Ao tomar conhecimento dessa filosofia, Josei Toda acompanha seu mestre e inicia a prática budista. Makiguchi percebe proximidade entre sua forma de pensar e o Budismo Nichiren e fortalece a teoria pedagógica à qual vinha se dedicando havia anos. Em 18 de novembro de 1930, Toda sensei lança o primeiro volume da obra Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor], de autoria de Makiguchi, fato que marca a fundação da Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor]. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Toda sensei e Makiguchi sensei foram presos. O governo militar japonês havia imposto como religião oficial o xintoísmo e, após negar veementemente a sua adoção, os líderes da Soka Gakkai foram detidos em julho de 1943. Devido aos maus-tratos e severa desnutrição, Tsunesaburo Makiguchi faleceu na prisão. Um mês antes do cessar-fogo, em 3 de julho de 1945, Josei Toda foi solto e encontrou um Japão devastado pela guerra. Mesmo com o estado de saúde precário, ele decidiu se levantar sozinho para reconstruir a organização, que passa a ser denominada Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor]. Encontro com seu fiel discípulo Em meio à reconstrução da organização, Josei Toda conheceu um jovem que se tornaria seu fiel discípulo e mudaria a história do kosen-rufu mundial: Daisaku Ikeda. O rapaz sofreu com os males da guerra, perdendo o irmão mais velho durante o combate e resolveu buscar uma visão correta da vida. Então, participou de uma palestra da Soka Gakkai em 14 de agosto de 1947, seu primeiro encontro com Toda sensei. Naquele dia, Josei Toda explanou o escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra. Ao término da explanação, o jovem fez uma série de perguntas e, diante das respostas claras e coerentes de Toda sensei, sentiu que poderia confiar nele. Dez dias depois, em 24 de agosto, Daisaku Ikeda se converteu ao Budismo de Nichiren Daishonin. Josei Toda viveu de forma grandiosa e seus feitos ainda impactam as atividades da Soka Gakkai em todo o mundo. Em sua posse como segundo presidente da organização, em 3 de maio de 1951, determinou a expansão da Soka Gakkai e lançou o ousado objetivo de concretizar 750 mil famílias. Na época, a organização possuía pouco mais de 3 mil membros. Caminhando com o jovem discípulo Daisaku Ikeda no Festival dos Jovens, realizado no campo de atletismo da Universidade Nihon (Tóquio, set. 1956) Grandioso legado Entre as ações para alcançar sua meta, iniciou a publicação do jornal Seikyo Shimbun, em 20 de abril de 1951, no qual começou a escrever em série o romance Revolução Humana e lançou a Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin (Nichiren Daishonin Gosho Zenshu), em 28 de abril de 1952, em comemoração dos setecentos anos de fundação do Budismo de Nichiren Daishonin. Em 8 de setembro de 1957, Josei Toda proferiu a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, que se tornou uma diretriz do movimento da Soka Gakkai em prol da paz. Na declaração, ele condena o uso das armas nucleares, considerando-as um “grande mal” que tira da humanidade o direito à vida. Em dezembro daquele ano, Toda sensei concluiu a maior realização de sua existência, concretizando mais de 750 mil shakubuku. No dia 16 de março de 1958, percebendo seu frágil estado de saúde, decidiu realizar uma cerimônia de transmissão do bastão espiritual do kosen-rufu para 6 mil membros da Divisão dos Jovens. Após alcançar suas metas de vida, faleceu serenamente no dia 2 de abril de 1958, em meio às cerejeiras em flor que permeavam o país nessa época. Daisaku Ikeda descreve os sentimentos que se passavam em seu coração no dia da morte do seu mestre: A vida de um grande herói da Lei Mística, uma figura monumental do kosen-rufu, chegou ao fim. Mas sensei deixou uma extensão de sua vida, e está para começar o segundo ato da batalha decisiva para tornar realidade os princípios budistas na sociedade. Eu me levantarei!1 Em outra ocasião, o presidente Ikeda salienta: Ele [Josei Toda] confiava sinceramente em mim, embora eu fosse 28 anos mais novo que ele. “Não posso confiar em ninguém mais a não ser em você”, ele dizia. (...) Sinto profunda e eterna gratidão por meu mestre. Este é o caminho de mestre e discípulo na Soka Gakkai — um belo laço espiritual. Desejo agora transmitir esse espírito aos jovens em quem deposito máxima confiança.2 Ikeda sensei encerrou sua nobre existência em 15 de novembro de 2023 e, conforme ele expressa nessas palavras, assim como se levantou desde a juventude para tornar realidade cada um dos sonhos do seu mestre, Josei Toda, é chegado o momento de os discípulos assumirem a missão pela concretização do kosen-rufu mundial, herdando o legado dos Três Mestres Soka. No topo: Josei Toda em pé ao lado do seu mestre, Tsunesaburo Makiguchi. Fontes: Brasil Seikyo, eds. 2.502 a 2.505, 1o, 8, 15 e 29 fev. 2020, p. 10-13. Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 459.2. Brasil Seikyo, ed. 1.934, 5 abr. 2008, p. A3. Fotos: Seikyo Press

23/03/2024

Relato

A gratidão define a vitória

Uma decisão muda a vida? Com certeza! Quem oferece essa resposta convicta é Joel Bruno dos Santos, 90 anos, residente em Brasília, DF, junto com a esposa, Maria Francisca, 78, e família. Nos idos de 1970, época em que trabalhava como gari na prefeitura local, ele ouviu de um colega que, se recitasse Nam-myoho-renge-kyo, resolveria todos os problemas. Analfabeto, cansado de bater cabeça em busca de melhores condições para a família, agarrou-se a essa prática como “última esperança”, sem mesmo entender o significado. Ao comentar com a esposa em casa, ela achou que ele havia endoidecido de vez. Joel nos conta essa experiência e compartilha os resultados de sua decisão naquele momento crucial, que o transformou no exemplo de homem vitorioso, confiante e de esperança ilimitada. Em dezembro último, ele completou cinquenta anos de Soka Gakkai e diz orgulhosamente que aprendeu a ler para estudar o budismo. Construiu uma família harmoniosa e feliz. “Meus pais são maior orgulho e referência para nós. Transformaram uma história de sofrimentos em alegria ilimitada, com sincero espírito de doação”, resume a filha Mara Rúbia, representando os irmãos. De gari, depois que aprendeu a ler, Joel prestou concurso e atuou como agente de portaria até se aposentar. Vamos conhecer um pouco mais dos bastidores da jornada de vida de Joel dos Santos. A gente não tinha mais pra onde correr. Minha esposa veio logo junto comigo a recitar Nam-myoho-renge-kyo; trouxemos também os quatro filhos. As coisas foram acontecendo. O salário passou a render e a harmonia voltou a reinar em casa. Depois de um ano, recebi meu objeto de devoção, o Gohonzon, e esse dia foi o mais feliz de nossa vida. Ouvi numa reunião que a felicidade somos nós quem a construímos. Para isso, é preciso agarrar essa oportunidade, agir e assumir a responsabilidade. Portanto, tudo o que me orientavam eu fazia. No ano seguinte, 1974, a organização aqui de Brasília estava se movimentando para receber Ikeda sensei, e a luta de daimoku (recitar Nam-myoho-renge-kyo) era intensa. Infelizmente, o Mestre foi impedido de entrar no país, mas seguimos firmes pelos próximos dez anos. Nesse período, aprendi a ler para estudar as escrituras do buda Nichiren Daishonin, os princípios básicos do budismo e as orientações de sensei que saíam no Brasil Seikyo. Eu lia e chorava de emoção, pois sentia que tudo era para mim. Em 1984, finalmente, recebemos o Mestre em Brasília — um encontro inesquecível. Na ocasião, ele lançou a ideia de construirmos uma sede aqui na cidade. Tempos depois, soubemos que ele havia comprado e doado um terreno para construção do maravilhoso centro cultural que temos hoje. Foi aí que despertei para o sentimento de doação. Sempre realizei o Kofu (contribuição voluntária), porém, naquele momento, senti uma profunda gratidão e o real significado dessa participação. Então, veio a decisão, junto com minha esposa, de oferecer uma sede para as reuniões do Distrito Gama, onde atuávamos. Após cinco anos, isso se tornou realidade, depois de muita oração e economias feitas, porque budismo é oração e ação. Vitória! Nos anos seguintes, demos mais um passo, pois a organização foi crescendo e a sede ficou pequena. Determinamos encontrar um novo local, com endereço certo, numa localização privilegiada. Ampliei a recitação do daimoku para três horas e, quando terminava, eu me sentia um gigante. Em 2010, estava aberta nossa sede, nosso bem maior. Foi uma enorme alegria. Hoje, são feitas várias atividades nesse espaço. Não vou parar! Praticar o budismo é um aprendizado para a vida inteira. Além disso, o estudo do budismo e a sincera oração são as bases. Tudo depende da nossa fé, pois há momentos desafiadores. Comigo não é diferente. Nos últimos anos, venci a Covid-19 depois de ter os pulmões comprometidos em 90%. Não é maravilhoso sentir essa profunda fé e transformar veneno em remédio? Sou extremamente grato e feliz pela família harmoniosa que construímos. Em janeiro, minha esposa e eu completamos 62 anos de casados. Dos nossos sete filhos, seis possuem o Gohonzon consagrado no lar. Com os netos na mesma órbita, formam a terceira geração de membros da Soka Gakkai. Com a esposa, Maria Francisca De analfabeto, adquiri a sabedoria para a vida. Adoro estudar o budismo. Mesmo no início, quando mal sabia ler, fiz todos os exames de budismo para participar do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) e hoje sou Grau Médio. Valorizo demais a dedicação do nosso mestre de escrever, durante 25 anos, a obra Nova Revolução Humana, com seus trinta volumes cheios de inspiração para vencermos. Compartilho esse trecho muito especial para toda a minha família: A grandeza do budismo revela-se no princípio de que qualquer destino pode ser transformado, de que a vida pode ser fortalecida a ponto de não se abalar diante das mais severas adversidades e de que todos serão capazes de construir uma vida de absoluta felicidade.1 Reunido com os filhos na celebração de sessenta anos de casamento Momento após encontro de daimoku com alguns jovens da localidade. “Apoiar sempre” Joel Bruno dos Santos, 90 anos, aposentado. Na BSGI, é conselheiro de distrito na RM DF SUL, CGRE. Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. v. 5. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 54. Assista Ao vídeo do relato do Sr. Joel Fotos: Arquivo pessoal

23/03/2024

Caderno Nova Revolução Humana

A relação entre mestre e discípulo rompe qualquer maldade

PARTE 13 A exposição das ações de Shin’ichi em prol da paz planejada e executada pelos jovens de Shikoku tornou-se um facho de luz que iluminou um novo caminho do kosen-rufu. Se agir somente quando é solicitado, não haverá o desbravar do futuro. Lançar-se ativa e continuamente aos desafios ponderando sempre “O que está obstruindo o avanço?”; “Quais são as questões da época e da sociedade?” — eis onde se encontra o novo caminho. “A revolução, ou o que se pode chamar de melhorias, é certamente o trabalho dos jovens que surgiram no novo mundo” — são palavras de Shiki Masaoka, literato que é o orgulho de Shikoku — também chamado “Terra da Poesia”. Shin’ichi Yamamoto chegou ao Centro de Treinamento de Shikoku, vindo de Tokushima, pouco depois das 17 horas do dia 10. Nessa noite, participou da reunião de líderes comemorativa do Dia de Kagawa (10 de novembro), realizada no centro de treinamento. Ele chegou ao seu assento reservado avançando em meio a forte salva de palmas. Os companheiros estavam todos cheios de disposição. Mesmo sofrendo com as palavras e ações dos sacerdotes malignos da Nichiren Shoshu, que tentavam separar mestre e discípulos Soka, eles se reuniram alegremente agora, com magnífica vitória e superação. De fato, havia chegado o momento da nova partida em que ressoava a gloriosa canção da vitória. Em seus cumprimentos, Shin’ichi declarou com voz alta: — Assumirei a liderança uma vez mais! Não quero lhes causar mais preocupações ou dificuldades. Peço às pessoas que conhecem meu coração que lutem juntas comigo! Esse foi o brado do leão que rompeu os grilhões de ferro. Uma estrondosa salva de palmas perdurou longamente. Em seu coração ardia a chama do firme e resoluto juramento: “Se os laços entre mestre e discípulos Soka forem fortes, sem falta é possível romper quaisquer maldades. Não podemos mais permitir que obstruam o avanço da Soka Gakkai — a organização que existe pela ordem e pelo desejo do Buda — por meio da tirânica autoridade dos mantos clericais. Agora é o momento da contraofensiva!”. Seja o que for, não podemos permitir que o espírito de mestre e discípulo Soka seja extinto. Isso porque, se isso ocorrer, o caminho do kosen-rufu será bloqueado. Naturalmente, a condução da organização deve ser realizada tendo como centro o presidente Eisuke Akizuki e de comum acordo com todos. O que ele quis enfatizar e transmitir por meio das próprias ações, também para os jovens do futuro, é o caminho fundamental de mestre e discípulo Soka. PARTE 14 Shin’ichi Yamamoto, que participou da reunião de líderes comemorativa do Dia de Ka-gawa no Centro de Treinamento de Shikoku, em seguida fez os acertos com os líderes centrais de Shikoku. O dia seguinte, 11 de novembro, também foi de intensas atividades e sem descanso. Shin’ichi incentivou os membros reunidos no centro de treinamento e inspecionou o novo Centro Cultural de Shikoku, cujas obras estavam em andamento em Chokushicho, na cidade de Takamatsu. Ele ainda recitou gongyo com os membros que foram ao seu encontro no Auditório de Takamatsu, situado ao lado, e tocou piano para incentivá-los. Ao retornar para o centro de treinamento, uma reunião de diálogo com funcionários e líderes centrais de Shikoku o aguardava: — Declarei aqui em Shikoku que lideraria novamente o kosen-rufu como um leão Soka. Abrirei as cortinas da construção da nova era a partir daqui. Isso porque Shikoku é a terra da vanguarda. Quero que sempre se lembrem dessa história dourada. Com certeza o significado disso se tornará cada vez mais profundo e grandioso com o passar do tempo. As palavras de Shin’ichi transbordavam de ardente disposição e convicção. Na noite desse dia 11, os coordenadores da Divisão dos Jovens e da Divisão Masculina de Jovens das respectivas províncias de Shikoku reuniram-se no centro de treinamento e fizeram os acertos para o diálogo com Shin’ichi, que aconteceria no dia seguinte. Nesse meio-tempo, uma sugestão foi apresentada: — No diálogo de amanhã, penso que deveríamos mostrar ao Yamamoto sensei a disposição da Divisão dos Jovens de Shikoku e tranquilizá-lo de que “o futuro de Shikoku está assegurado”. Para tanto, que tal compormos uma canção que expresse nossa decisão e disposição e cantá-la para sensei? Todos concordaram plenamente. — O importante nessa canção é compô-la unindo nossas forças, e gostaria que cada um dissesse as palavras que acreditam que não poderiam faltar na letra. Palavras como “suor da juventude” e “este caminho” que vinham à mente dos participantes foram sendo escritas no quadro branco. Com base nelas, empenharam-se na composição da letra, e a canção da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku de três estrofes com quatro versos cada foi concluída próximo do raiar do sol. Todos estavam imbuídos de seriedade. O que fascina nos jovens é a paixão obstinada com que eles se lançam a algo que decidiram, e é isso que rompe as barreiras do impossível e abre o novo caminho. PARTE 15 Chegou o dia 12, quando enfim aconteceria a reunião de diálogo de Shin’ichi Yamamoto com os representantes da Divisão dos Jovens de Shikoku. Pela manhã, Tomohiro Suginuma, do Ongakutai de Shikoku, que seria o responsável pela composição da música, chegou ao centro de treinamento. Até então, ele havia ajudado a elaborar canções como a da província de Shikoku, Warera no Tenchi [Nossa Terra], e da Divisão dos Estudantes Herdeiro, Seigi no Sousha [Corredores da Justiça]. Ao ver a letra, Suginuma propôs mudar de quatro versos para seis, inclusive para transmitir um novo sentido e ideia. Os membros que elaboraram a letra também sentiram que somente com aquelas palavras não conseguiam expressar totalmente seus sentimentos. Eles começaram a reescrever a letra. Demorou muito mais do que imaginaram. Contudo, a letra ficou pronta perto do meio-dia e a música também foi concluída à tarde. Na tarde desse dia, 12, Shin’ichi participou da reunião de líderes comemorativa do Dia de Ehime (11 de novembro), realizada no centro de treinamento, e falou sobre a “alegria” exposta no Sutra do Lótus. — “Alegria” é o sentimento de grande júbilo. Para nós, seria a grande alegria que emerge da nossa vida ao ouvir a suprema Lei chamada Nam-myoho-renge-kyo. Daishonin afirmou que “alegria é a prática da fé” e “prática da fé é alegria”. É por meio da Lei que podem superar quaisquer dificuldades, atingir o estado de buda nesta existência e estabelecer a condição de vida de suprema felicidade. E ainda, conseguem salvar as pessoas por todo o futuro, eternamente. Se tiverem convicção disso, não conseguirão conter o inesgotável sentimento de gratidão e de grande alegria que transbordam do seu ser por terem se encontrado com a Lei Mística. Pode-se dizer que esta vida de alegria e de entusiasmo já é, em si, a condição de vida de grande felicidade. E ao sentir essa alegria, não conseguirão deixar de falar da Lei Mística para as pessoas, e passarão a realizar shakubuku e propagar o budismo de forma espontânea, por iniciativa própria. Isso fará com que acumulem cada vez mais benefícios. Kosen-rufu é a propagação dessa alegria. E a propagação do budismo é um comportamento natural proporcionado pela alegria da fé. Desejo que registrem profundamente no coração que alegria é algo que emana do âmago da vida mediante a recitação de daimoku com seriedade e em meio às ações proativas em que se assume corajosamente a responsabilidade pelo kosen-rufu. PARTE 16 Shin’ichi Yamamoto queria deixar assinalado que a Soka Gakkai é a legião da alegria formada por pessoas comuns, e que a força motriz das atividades da organização é a alegria de cada pessoa. No final, ele conclamou: — Vamos iniciar, juntos, a grande marcha da alegria tendo como slogan “Prática da fé é alegria”! Antes das 18 horas, a reunião de diálogo teve início no centro de treinamento contando com a participação de aproximadamente oitenta representantes da Divisão dos Jovens de Shikoku e cerca de dez líderes da província de Ehime. Um dos assuntos abordados foi como realizar atividades enquanto integrantes da Divisão dos Jovens, e quando os assuntos basicamente se encerraram, Okimitsu Owada se ergueu e disse: — Sensei! Nós fizemos a canção da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku! Gostaríamos muito que a ouvisse. Os olhos de Owada e dos jovens, que eram a maioria ali presente, estavam um pouco vermelhos e inchados. Shin’ichi pensou: “Todos devem ter passado a noite em claro para compô-la...”. Então, ele disse: — Entendi! Qual é o nome da canção? — É Reimei no Uta [Canção do Amanhecer]. Shin’ichi falou, sorrindo: — Se for algo como, “Ah, chegou a hora do amanhecer”, se for uma letra um tanto quanto óbvia, que qualquer um pensaria, não dará um ar de algo novo. Desse jeito, a alvorada estará longe. Imediatamente lhe foi entregue uma folha com a letra e do toca-fitas ouviram-se vozes cantando a música: Ah, a hora do amanhecer chegará Vanguardistas, corram, decidindo que agora é o momento... — Mas não é exatamente “Ó, hora do amanhecer...”? Todos caíram na risada. Shin’ichi observou a letra e comentou: — É uma boa canção. Porém, dá a impressão de que apenas juntaram palavras bonitas. Quando ele disse isso em tom de brincadeira, os jovens deram um sorriso amarelo, visivelmente constrangidos. Eles sentiram que sensei tinha percebido claramente como havia sido o processo de elaboração da música. O coordenador da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku, Tanji Takahata, se manifestou: — Por favor, gostaríamos que o senhor fizesse alterações para que ela tenha alma! Era um olhar imbuído de seriedade. Shin’ichi sentiu a disposição de um jovem que acalentava o desbravar de uma nova era. Shikoku também pode ser denominada “País da Aspiração”. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustração: Kenichiro Uchida

23/03/2024

Especial

Cada dia é o “16 de Março”!

No início de 1958, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, tinha a saúde debilitada, inspirando cuidados médicos constantes. Mesmo assim, ele se empenhou com o forte desejo de realizar uma cerimônia que servisse como prelúdio do kosen-rufu, um preparativo para o futuro. Ele sabia que não mais teria condições para liderar o intenso movimento pela paz e, portanto, necessitava treinar os jovens com o intuito de fortalecê-los como seus sucessores na grande batalha humanística. O momento certo se apresentou quando o primeiro-ministro do Japão, após alguns encontros com o presidente Josei Toda, manifestou o desejo de visitar o templo principal ao participar da peregrinação de 200 mil membros, que seria realizada pela Soka Gakkai. A data: 16 de março. A cerimônia do Dia 16 de Março foi decidida no dia 8 daquele mês, e a convocação para os participantes, feita três dias depois. Para o jovem Daisaku Ikeda, a cerimônia era um teste. Além de cuidar dos detalhes, estava à frente do movimento de peregrinação diária de 7 mil membros durante todo o mês. Para a viabilização da atividade, era preciso verificar o transporte, a comunicação rápida para os 6 mil jovens convocados, a organização da reunião e os acertos da recepção do primeiro-ministro e comitiva. No dia a dia, o jovem Ikeda trabalhava pela manhã em Tóquio, viajava 130 quilômetros para se apresentar ao presidente Josei Toda e retornava à noite, viajando no trem noturno. Ele ainda respondia ao processo judicial do Incidente de Osaka sob a falsa acusação de violação da lei eleitoral. Devido à árdua rotina, o jovem estava exausto e todos ficaram receosos, pois achavam que ele poderia tombar a qualquer momento. Em seu coração, no entanto, ardia o desejo de corresponder ao mestre. Assim, usava todas as forças para seguir com os companheiros, adotando uma atitude destemida capaz de transformar o ambiente, contagiando a todos. A chegada dos jovens A chuva gelada havia parado de cair na noite anterior à realização da cerimônia. Porém, pela manhã, havia nuvens e o frio ainda era intenso. Milhares de jovens de Tóquio, de Kansai e de diversas outras localidades do Japão chegaram no meio da madrugada. Cada grupo era recebido calorosamente pelos demais, o que aquecia o coração dos participantes. Naquela manhã gelada, os jovens saborearam uma sopa de leitão, denominada tonjiru, preparada para eles. Havia quem experimentasse esse prato pela primeira vez. Enfim, todos compreenderam a solicitação de trazer tigela e hashi.1 Aquecidos pelo gesto carinhoso do presidente Josei Toda, os jovens trocavam abraços, aperto de mão, conversavam e sorriam juntos. Era uma alegre visão do triunfo futuro. O desafio de preparar a sopa de leitão. Os jovens se emocionaram com o sentimento do mestre. No entanto, não imaginavam o significado por trás do preparo daquela sopa. Antes de definir a programação da atividade, o presidente Josei Toda tomou uma série de providências, visando ao bem-estar de todos. A primeira delas foi oferecer uma sopa de leitão. Alguém havia sugerido bolinhos de arroz. Porém, Toda sensei, citando uma obra chinesa sobre a estratégia dos generais, disse: “O necessário para os jovens que chegarão de madrugada é algo quente”. Mesmo com o corpo fragilizado por causa do processo de cura da doença, o presidente Josei Toda se empenhou para tomar todas as providências e conseguir os ingredientes para a sopa. A cozinha foi montada ao lado do prédio no qual ele liderava as atividades. Assim, acompanhou os detalhes do preparo Cancelamento da visita do primeiro-ministro Às 8 horas da manhã do dia 16 de março, 6 mil jovens se reuniram em dois grandes blocos, formando um corredor. Todos estavam prontos para receber instruções relativas à visita do primeiro-ministro japonês, que participaria da cerimônia. Daisaku Ikeda e os líderes da Divisão dos Jovens (DJ) foram ao encontro de Toda sensei nos aposentos dele no templo principal. Instantes depois, o telefone toca; era o primeiro-ministro. Dentro do quarto, eles ouviram a voz vigorosa do presidente Josei Toda: “O que quer dizer com não poderá vir? Entende o que significa quebrar uma promessa? Seis mil jovens estão aguardando a sua vinda. São jovens de coração puro! Vai enganá-los?”. O primeiro-ministro disse que havia um problema diplomático e, por essa razão, não poderia ir, desculpando-se pela ausência. Furioso, Josei Toda respondeu: “Não estou dizendo para pedir desculpas a mim. Deve se desculpar com os jovens! Como ficará a sincera dedicação deles, que se prepararam para se encontrar com o senhor?”.2 Durante a ligação, uma pessoa do templo, sem verificar se estavam usando o telefone, virou a chave que intercambiava a linha telefônica entre o lado do templo e o do prédio onde estava o presidente Josei Toda. Só existia uma linha telefônica que servia a ambos. Por isso, a ligação do primeiro-ministro caiu. Mais tarde, soube-se que o motivo da ausência era a intromissão de pessoas próximas e políticos do mesmo partido. Após colocar o telefone no gancho, Josei Toda permaneceu calado por um tempo e depois disse: “Mesmo que ninguém venha, realizaremos uma grande cerimônia com os jovens!”. Treinar em cada detalhe O presidente Josei Toda afirmou: “Os jovens estão esperando. Pois bem, eu os incentivarei. Realizarei a cerimônia de transferência do bastão espiritual do kosen-rufu!”. Então, chamou o jovem Ikeda e iniciou os preparativos finais. O discípulo conduziu o mestre até o local em que se encontrava uma liteira. Ao vê-la, Toda sensei esbravejou com uma voz que parecia um trovão: “A liteira de onde Komei liderava era algo pequeno, sendo carregada por duas pessoas na frente e duas atrás. Não se consegue lutar com algo tão grande assim!”. Essa rigorosidade era uma constante no mundo particular dos dois. A liteira construída com sinceridade Toda sensei pensou na sopa para seus discípulos. Por outro lado, o jovem Daisaku Ikeda se preocupou com a locomoção segura do seu mestre, em decorrência da dificuldade dele de andar. Foi preparada então uma liteira, na qual Josei Toda seria carregado pelos jovens até o local da cerimônia. A ideia de construir uma liteira surgiu da história do grande estrategista chinês Shokatsu Komei, que liderou a batalha de Gojoguen sentado numa cadeira de quatro rodas. Na tarde de 15 de março, a liteira ficou pronta. Ao vê-la, o jovem Ikeda afirmou: “É um tanto grande. Mas ficou boa”. Em seguida, entrou no prédio onde estava o presidente Josei Toda para comunicá-lo que havia construído a liteira. Alguns líderes chegaram a rir devido ao tamanho dela, mas o jovem Daisaku Ikeda não se abalou. Quando saiu do prédio, ele pagou as despesas de construção da liteira e disse aos jovens que a construíram: “Estou muito agradecido pelos seus esforços. Está tudo bem. Toda sensei subirá nela, sem falta. Afinal, foi construída com a sinceridade dos discípulos que pensaram nele” “Sensei, compreendi muito bem”, disse o jovem Ikeda. Então, o presidente Josei Toda respondeu de repente: “Compreendeu? Está bem!”. E, no mesmo instante, voltou a ter sua feição de alegria. Sorrindo, subiu na liteira. Aquele instante foi uma obra-prima da unicidade de mestre e discípulo. Josei Toda tinha uma sensibilidade aguçada e sabia dos sentimentos do seu discípulo. O que mais queria era treiná-lo sobre cada detalhe até o último momento. Estavam em perfeita sintonia. Da liteira, Toda sensei conduziu a cerimônia com toda a dignidade. Os rapazes que o carregavam irradiavam felicidade, e em sua fronte brilhavam douradas gotas de suor. A programação da cerimônia Às 12h40, o jovem Ikeda anunciava o início da reunião. Sua voz era tão firme, vibrante e cheia de determinação, que se expandia e parecia balançar as árvores em volta do auditório. A importância da cerimônia podia ser sentida por meio da voz do jovem Ikeda, mestre de cerimônia. Para os participantes, não importava a ausência do primeiro-ministro. Daisaku Ikeda conduzia a reunião atento a cada movimento do seu mestre, que ficava totalmente tranquilo quando seu discípulo estava por perto. O discurso de Josei Toda fechou a cerimônia: A Soka Gakkai é a monarca do mundo religioso. Isso significa sermos o monarca do pensamento e o monarca da filosofia. E mais, é sermos o monarca das pessoas e o monarca da paz, que seguirão liderando a sociedade e o mundo. É também sermos o monarca da justiça e o monarca da vitória, que triunfarão sobre tudo. Nós temos a missão de concretizar, de qualquer maneira, o kosen-rufu. E é justamente essa missão que eu quero confiar a vocês no dia de hoje. Deixo o futuro em suas mãos. Conto com vocês para realizar o kosen-rufu!.3 Ao refletir sobre esse discurso, o presidente Ikeda comenta: “Era um grito da vida de Toda sensei. Uma profunda emoção, como se um raio tivesse atravessado o coração de 6 mil jovens. Por alguns instantes, o ambiente foi tomado por um solene silêncio”. A cerimônia encerrou-se por volta das 14h30. O presidente Josei Toda subiu novamente na liteira e foi conduzido pelo jovem Ikeda. Os discípulos se concentraram novamente na frente do auditório para se despedir do mestre com uma grande salva de palmas. O Monte Fuji, que no período da manhã teve o cume encoberto pela névoa da primavera, abriu-se claramente. Após o término da reunião, Toda sensei disse: “Gostaria de percorrer todo o Japão nesta liteira construída sinceramente por vocês”. Aspecto da cerimônia do dia 16 de março de 1958, com a participação de cerca de 6 mil jovens, liderada pelo segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, e conduzida pelo discípulo Daisaku Ikeda Desde os preparativos até a conclusão da cerimônia do Dia 16 de Março, os jovens testemunharam a atuação conjunta de mestre e discípulo. A reunião foi um teste dado pelo mestre para a nova geração de discípulos. O desempenho do jovem Daisaku Ikeda, que assumiu a responsabilidade por todo o evento, demonstrou, na prática, o que era ser o modelo de força jovem da Soka Gakkai. Sua atuação, inspirada na unicidade de mestre e discípulo, é o espírito imortal da nossa organização. O legado de Josei Toda Semanas depois, no dia 2 de abril, Toda sensei faleceu após encarregar seus discípulos do cumprimento do kosen-rufu. Em especial, o jovem Daisaku Ikeda dedicou-se incansavelmente a concretizar todos os ideais do seu mestre. Tornou-se, enfim, o terceiro presidente da Soka Gakkai no dia 3 de maio de 1960, dando continuidade ao grandioso legado de Josei Toda e propagando o budismo pelo mundo. Em relação ao Dia 16 de Março, o presidente Ikeda comenta: Dezesseis de Março é o ‘eterno dia da verdadeira causa’, onde se levantam os discípulos. Para mim, todos os dias são a partida com um novo objetivo, e todos os dias são “16 de Março”. Cada dia é um dia de renovado juramento seigan. Cada dia é o “16 de Março!” Seguindo o modelo do dia “16 de Março”, passei totalmente o bastão do espírito da Soka Gakkai aos jovens. Jovens que eu sempre amarei! Jovens em quem sempre confiarei! O século 21 é de vocês. Sua época chegou. Não tenho dúvidas de que sua época chegou.4 Decorridos 66 anos da histórica cerimônia de 16 de março de 1958, os jovens da Soka Gakkai no mundo levantam-se para cumprir os ideais de Ikeda sensei, que faleceu serenamente no dia 15 de novembro de 2023, aos 95 anos. No Brasil, os integrantes da Juventude Soka empenham-se, entre outras frentes, no movimento de levar a 100 mil jovens de todo o país o humanismo com base no Budismo de Nichiren Daishonin para a criação de um mundo de paz e de respeito à dignidade de cada pessoa. No topo: Em primeiro plano, jovem Daisaku Ikeda, à esq., ao lado do seu mestre, Josei Toda, em atividade realizada em Shizuoka, Japão (mar. 1958) Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.507, 14 mar. 2020, p. 6 e 7. Notas: 1. Pauzinhos utilizados para comer. 2. Terceira Civilização, ed. 511, mar. 2011, p. 62. 3. Ibidem, p. 63. 4. Ibidem, p. 64. Fotos: Seikyo Press

07/03/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 18 (parte 2)

Gloriosos crisântemos perfumados de sinceridade Em novembro de 1973, Shin’ichi visitou a província de Ehime, onde os membros locais, liderados pelos entregadores do Seikyo Shimbun, se esforçaram arduamente para aumentar o número de leitores do jornal. Ao mesmo tempo, eles se empenharam para cultivar belos crisântemos em vasos em casa, que levaram para o Centro Cultural de Matsuyama a fim de criar um jardim especial para receber Shin’ichi. Em maio, logo após iniciarem sua intensa campanha para ampliar o quadro de assinantes, os entregadores começaram a plantar crisântemos depois de discutir a ideia com os distribuidores locais. A maioria não tinha experiência no cultivo dessa flor, mas regaram as plantas com paciência, orando por elas e dedicando-lhes cuidados num esforço para presentear o presidente Yamamoto com enormes e belos crisântemos. As plantas de alguns entregadores sofreram ataques de insetos e eles tiveram de reiniciar todo o processo a partir das mudas. Mas, por mais desafiadora que fosse a situação, não desistiam. Os crisântemos se desenvolveram e começaram a brotar, nutridos pelo amor e carinho dos entregadores. Encorajados e inspirados pelo crescimento de suas flores, os entregadores, por sua vez, devotavam esforços ainda maiores para expandir o número de leitores do Seikyo Shimbun, labutando com todas as forças. Os crisântemos floriram esplendidamente, tornando-se símbolos da vitória monumental daqueles heróis sem louros. Aqueles que se esforçam ao máximo sentem o sabor da verdadeira alegria, vitalidade e realização. Ansiosos para mostrar a Shin’ichi as flores que haviam cultivado, os membros levaram os vasos de casa para a sede regional. Alguns até tinham dado nome às suas plantas como Pioneira, Amizade, Daimoku etc. A sinceridade deles era ainda mais bela que as flores. Brancos, amarelos, lilases, roxos — Shin’ichi admirou os crisântemos coloridos expostos, e apontando para as flores na segunda e terceira fileiras, mais difíceis de serem observadas, disse: — Aquelas têm nomes lindos. As placas indicavam “Luta Conjunta” e “Kosen-rufu”. Como flores, não exibiam as formas mais perfeitas, e esta era a razão pela qual os líderes locais as haviam colocado numa posição menos visível. Mas naquelas flores imperfeitas Shin’ichi sentiu a sinceridade dos que trabalharam com tanto afinco para cultivá-las. (Capítulo “Avanço”) *** Desejo inabalável pela felicidade dos nossos amigos Em janeiro de 1974, Shin’ichi participou da Convenção da Divisão dos Jovens. Mikako Kitsukawa, líder da Divisão Feminina de Jovens, compartilhou as dificuldades mais comuns das jovens que procuram a felicidade fora de si próprias e explicou como podem ultrapassar esses obstáculos por meio da sua prática budista. O esforço de nos transformarmos em pessoas fortes, dinâmicas e de visão ampla denomina-se revolução humana. Mikako Kitsukawa declarou que esse, em si, era o propósito da fé. Ela observou também que querer ter bons amigos, mas evitar um envolvimento próximo com os outros por medo de ser magoado é sinal da desconfiança profundamen-te arraigada das pessoas. Na sequência, disse: — Se não conseguirmos acreditar na bondade dos outros, assim como em nosso próprio potencial e força, nós nos tornaremos covardes e alienados. No entanto, o budismo ensina que todos, igualmente, possuímos uma identidade resplandecente e que a condição de vida do estado de buda existe dentro de nós. Com base nesse princípio, nossa divisão se consolidou, com confiança, apoio e incentivos mútuos, como uma rede de jovens que irradiam um brilho incomparável. (...) Nossa preocupação genuína pelos outros resultará naturalmente em diálogos budistas. A amizade nos leva a compartilhar o budismo com os outros, o que, por sua vez, faz essa amizade ficar sólida e duradoura. Esta revigorante interação de vida a vida alicerçada na firme convicção na fé revitaliza a sociedade contemporânea, repleta de desconfiança e de suspeita. A Soka Gakkai e o presidente Shin’ichi Yamamoto nos ensinaram o caminho supremo e inigualável para a felicidade e a esperança. Como integrantes da Divisão Feminina de Jovens, determinemos enfrentar qualquer adversidade em prol da felicidade de nossos amigos. Considerando tal esforço nossa maior alegria, compartilhemos ativamente o Budismo Nichiren com os outros! (...) Como integrantes da Divisão Feminina de Jovens, é extremamente importante assumirem o desafio de compartilhar o Budismo Nichiren com os outros, pois isso criará uma base sólida para si como budista e edificará sua boa sorte. Os esforços para propagar o budismo nem sempre produzem frutos imediatos. Mas se continuarem conversando sobre o assunto com seus amigos, plantando as sementes do estado de buda na vida deles e cultivarem laços de amizade duradoura, chegará o dia em que eles despertarão para a fé no Budismo Nichiren. Não há necessidade de apressar os fatos. O importante é o nosso desejo de que nossos amigos sejam felizes, e então ter coragem de falar a eles sobre o budismo. Essa coragem se transformará em compaixão. Também é essencial para o futuro do kosen-rufu que todos da Divisão Sênior e da Divisão Feminina cuidem de nossos rapazes e moças e os apoiem, e que deem o máximo de si para promover o desenvolvimento deles. (Capítulo “Voo Dinâmico”) (Traduzido da edição de 8 de abril de 2020 do Seikyo Shimbun, o jornal diário da Soka Gakkai.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 18, Ilustração: Kenichiro Uchida

07/03/2024

Especial

Orar, suportar e vencer

Façamos a seguinte analogia. Pelas leis de trânsito, todo cidadão, ao completar 18 anos, pode tirar a carteira de motorista. Entretanto, para adquirir esse documento, antes precisa submeter-se às aulas teóricas e práticas, passar nos exames obrigatórios e, caso seja aprovado, tirar a habilitação. Nesse processo, ou como em qualquer outro, temos a importância de uma pessoa que nos ensina. Essa relação se assemelha ao bom amigo e veterano. Essa comparação pode ser utilizada no movimento da Juventude Soka do Brasil de ampliar a filosofia do humanismo Ikeda em cada localidade, culminando na consolidação dos cem jovens humanistas por distrito. A fim de conquistar uma vitória, precisamos definir os caminhos que levarão à sua realização. Em um discurso de Ikeda sensei, ele incentiva os membros da região de Tohoku: “Buda é chamado de ‘Aquele que Consegue Suportar’.” “Não me permito ser derrotado!” — os companheiros de Tohoku evidenciaram esse espírito invencível com o risco da própria vida. Todos os companheiros acumularam o “infinito tesouro do coração” com a corajosa prática da fé e fizeram surgir as “montanhas de benefício” em todos os cantos de Tohoku. Assim, denomina-se buda alguém corajoso que “consegue suportar” os diversos sofrimentos no mundo saha onde as dificuldades e os sofrimentos são muitos. Mesmo tendo enfrentado obstáculos e perseguições, o Buda dos Últimos Dias da Lei mostrou por meio do próprio exemplo que “Mesmo diante de tudo isto, ainda não fui desencorajado”.1,2 Ao se aproximarem do mês de maio, quando será realizada a Convenção Comemorativa da Juventude Soka, as organizações, em união e transmitindo encorajamentos, realizam encontros e visitas rumo à concretização dos cem jovens por distrito. Afinal, o movimento humanístico da BSGI e a relação de mestre e discípulo nos ensinam a vencer, sem sombra de dúvida. A seguir, vamos conhecer o exemplo de dinamismo, união e coragem de algumas organizações. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 5, 2017. 2. Brasil Seikyo, ed. 2.369, 29 abr. 2017, p. A2. *** Você quer conhecer o budismo? Foi uma atuação intensa, mas prazerosa. Estávamos unidos, pois não foi só uma atuação da Divisão dos Jovens e sim de todos. Temos muito a agradecer. Willian Wander Rocha de Sant’Anna, responsável pela DE da RM Litoral do Paraná, Sub. Leste do Paraná Nas imagens, integrantes da Juventude Soka da RM Litoral do Paraná realizam movimento dos cem jovens por distrito, com encontros, diálogos e até um luau. Também não poderiam faltar as visitas, feitas desde novembro *** Prezar cada ser humano O segredo para o Distrito Margarida, RM Campo Grande, ter sido o primeiro da Coordenadoria Rio Oeste (CRO) a fechar os cem jovens foi a união. Entre os doze distritos pertencentes à Sub. Campo Grande, incluindo o Distrito Margarida, sete já concretizaram o objetivo. “Este movimento realmente está fazendo a diferença na nossa localidade. Estamos cada vez mais encorajados e unidos. Podem ter certeza de que daremos continuidade à luta. Nossa missão é prezar cada ser humano.” Tainá Adailma, responsável pela Divisão dos Jovens da Sub. Campo Grande *** Concretizar os sonhos do Mestre Carinhosamente, chamamos o Distrito Leopoldina de Distrito dos Sonhos do Mestre, o lugar onde pulsa o coração de Ikeda sensei. Aqui, tenho a oportunidade de vivenciar outras realidades, de me desafiar ainda mais e de fazer a minha revolução humana. Sempre tive uma fé muito forte, participei e participo das atividades assiduamente, agora principalmente como responsável. Durante esses anos de prática, obtive inúmeros benefícios e vitórias na minha vida e hoje estou relatando a mais recente conquista, a concretização dos cem jovens por distrito! Quando esse objetivo foi lançado, junto com as outras líderes, fizemos uma reunião com as integrantes da Divisão Feminina do distrito. Então, traçamos um plano de luta e visualizamos os jovens presentes em nossa localidade, e, em especial, demos maior foco nos jovens que não têm participado das atividades. Assim, nós nos dividimos, e cada uma se comprometeu a entrar em contato com uma quantidade de jovens, imbuída do sentimento de não deixar ninguém para trás e resgatar aqueles que se afastaram em virtude da pandemia. A intenção era dialogar com esses jovens e convidá-los para uma atividade em formato de confraternização. A ideia era criar um ambiente em que eles se sentissem confortáveis e felizes naquele momento. Após uma árdua luta de visitas, com o apoio das outras divisões, nosso encontro foi um sucesso! A atividade contou com membros, convidados e até os jovens que não estavam participando, totalizando pouco mais de quarenta pessoas, das quais mais da metade era composta por jovens e estudantes. Como resultado de toda essa atuação, em um mês, atingimos 66 jovens no distrito e objetivamos a concretização dos cem! No decorrer do ano, continuamos a luta, mas não focamos na concretização dos cem jovens. Sabíamos dessa importância, porém, em razão de outras demandas, não demos prioridade. No dia 18 de novembro último, quando soube do falecimento de Ikeda sensei, fiquei muito triste e, ao mesmo tempo, meu coração foi tomado pelo sentimento de gratidão. Naquele momento, em forma de agradecimento ao Mestre, manifestei a decisão de concretizar os cem jovens no distrito. Conversei com as demais líderes e elas abraçaram essa luta! Em uma semana, quando estávamos prestes a atingir o objetivo, nós nos sentíamos muito felizes, pois faltavam apenas dez jovens. Decisão renovada, ultrapassaríamos as adversidades e o Distrito Leopoldina concretizaria esse objetivo. Com o apoio das líderes e com o objetivo de conectar todos os jovens ao coração do Mestre, nós nos levantamos e fomos à luta! Novamente, com muito daimoku e com o espírito de não deixar ninguém para trás, entramos em contato, incentivamos e fomos ao encontro dos companheiros buscando conectá-los à órbita da Soka Gakkai. Após a atividade da Divisão dos Estudantes, atingimos nosso objetivo, concretizamos a luta dos cem jovens por distrito e eu pude dedicar essa vitória em agradecimento ao meu mestre. Alcançamos a marca dos cem jovens, mas a luta nunca para. Agora, nosso compromisso é concretizar os duzentos jovens no Distrito Leopoldina até o dia 3 de maio de 2024! Laura Deiques Garcia, responsável pela DFJ da Comunidade Imperatriz,Distrito Leopoldina, RM Porto Alegre Norte Assista a entrevista que a Laura concedeu para a RDez *** Ir ao encontro das pessoas “Um por todos, todos por um.” Assim os integrantes da Sub. Norte Fluminense, no Rio de Janeiro, promoveram um encontro que envolveu os jovens da localidade em visitas, com o apoio da Divisão Sênior e da Divisão Feminina. Para se ter uma ideia, a fim de que os jovens da Sub. recebesse uma visita, foram formados grupos que cobriram as regiões de Campos de Goytacazes, Macaé, Rio das Ostras, Unamar e Arraial do Cabo. Um grupo, por exemplo, levou cerca de três horas para ir ao encontro dos jovens. Ao final, realizaram uma reunião de encerramento, com total alegria e disposição, rumo à concretização dos cem jovens por distrito. Fotos: Colaboração local

07/03/2024

Caderno Nova Revolução Humana

“O inverno nunca falha em se tornar primavera”

PARTE 9 No dia 8 de novembro, Shin’ichi Yamamoto se dirigiu para Kansai após participar de um festival esportivo familiar da organização de Shinjuku, em Tóquio. À noite, ele transmitiu incentivos na reunião de responsáveis pelas regiões metropolitanas e de subcoordenadorias no Centro Cultural de Kansai, e ainda dialogou com líderes representantes. “Gostaria que Kansai se tornasse o eterno e inesgotável ‘manancial das contínuas vitórias’, ou melhor, ela tem de se tornar!” — ao pensar assim, a chama de seu coração ardeu. No Auditório Tokushima de Shikoku estavam sendo realizadas desde o dia 7 as atividades comemorativas de inauguração do auditório em torno do diretor-geral Kazumasa Morikawa. Os companheiros de Tokushima haviam feito os preparativos para receber Shin’ichi e aguardavam a visita dele. No entanto, Shin’ichi recebera várias solicitações de encontro com personalidades e de participação em atividades, e estava difícil de acertar a agenda. Tokushima havia recebido a comunicação da sede da Soka Gakkai de que “Yamamoto sensei decidiu ir a Tokushima e está ajustando a sua programação, mas ainda não definiu quando poderá comparecer ao auditório”. Na província de Tokushima também, os companheiros derramaram lágrimas de indignação e de revolta por incontáveis vezes devido ao tratamento cruel dos maus sacerdotes. A batalha da contraofensiva bradando pela justiça da Soka Gakkai prosseguia. O que sustentava a todos era o “juramento de mestre e discípulo” pelo kosen-rufu. Por isso mesmo, eles receberam as atividades comemorativas de inauguração com aspecto de satisfação por terem lutado imponentemente até o fim, e queriam, de qualquer maneira, dar uma nova partida juntos com Shin’ichi. Contudo, não houve a participação de Shin’ichi também no dia 8. Era tarde do dia 9. Iniciou-se a reunião de gongyo comemorativo de inauguração do Auditório de Tokushima. Não se via a figura de Shin’ichi. O gongyo foi iniciado sob a liderança do diretor-geral Kazumasa Morikawa. Os participantes fizeram a leitura do sutra e a recitação do daimoku, pensando: “A visita de sensei a Tokushima foi anunciada também no Seikyo Shimbun. Quando sensei chegará?” A programação da reunião de gongyo prosseguiu. Então, chegou o momento das orientações do diretor-geral Kazumasa Morikawa, que também logo terminou. Pouco tempo depois, a porta dos fundos da sala se abriu. Era Shin’ichi. Ele disse: — Enfim, cheguei! Vim cumprir minha promessa! Uma grande ovação de alegria irrompeu no auditório. Ele foi caminhando para a parte da frente da sala em meio aos participantes, dirigindo-lhes algumas palavras. O coração do mestre e o coração dos discípulos se tornaram um só, e sua chama ardeu forte, dando início à “Batalha de Shikoku”, que delinearia uma nova história. PARTE 10 Shin’ichi Yamamoto havia partido de Osaka no voo da tarde desse dia 9 e, assim que aterrissou no Aeroporto de Tokushima, foi diretamente para o Auditório de Tokushima para participar da reunião comemorativa de inauguração. Ele liderou o gongyo, orientou de maneira informal e conclamou fortemente: — Conduzam uma prática da fé corajosa, com a convicção de que “o inverno nunca falha em se tornar primavera”!1 Todos renovaram a decisão. No rosto de cada um resplandeceu o sol do sorriso. Shin’ichi realizou ainda sua primeira visita ao Centro Cultural de Tokushima (atual Sede da Paz de Tokushima) que ficava a cerca de vinte minutos de carro dali, e retornou à noite para participar novamente da reunião de gongyo comemorativo de inauguração do Auditório de Tokushima. Além de realizar incentivos com todas as suas forças, ele agradeceu pelos esforços dos companheiros e se dirigiu ao piano com o anseio de que todos descortinassem uma nova era de Tokushima. E então tocou sete composições, incluindo Atsuhara no San’resshi [Os Três Mártires de Atsuhara]. Na reunião de gongyo, o Coral Uzushio, da Divisão Feminina de Jovens (DFJ), e o Coral Wakagusa abrilhantaram a auspiciosa atividade comemorativa. Nela, o Coral Wakagusa apresentou Ode à Alegria da Nona Sinfonia, de Beethoven, cantando as partes 1 e 2 em japonês e a parte 3 em alemão. E foi na atual cidade de Naruto, província de Tokushima, que foram executados, pela primeira vez na Ásia, todos os movimentos da Nona Sinfonia. Na Primeira Guerra Mundial, as tropas japonesas capturaram a cidade chinesa de Qingdao, protegida pelas tropas alemãs. Os soldados alemães foram transferidos como prisioneiros para o Japão e cerca de mil deles ficaram confinados no Campo de Prisioneiros da Guerra de Bando, construído na província de Tokushima. Toyohisa Matsue, diretor desse campo, recebeu-os calorosamente como bravos guerreiros que lutaram dignamente pela pátria e proporcionou-lhes um ambiente livre, empenhando-se num tratamento repleto de calor e de respeito humano. Os moradores dessa cidade, que também possuíam essa característica de tratar bem os visitantes, se familiarizaram e aceitaram os soldados alemães. Os soldados alemães, com o desejo de corresponder a esse tratamento, ensinaram aos japoneses coisas como fabricação de pães e bolos, cultivo de hortaliças como o tomate, técnicas de zootecnia e esportes como o futebol. Pode-se dizer que, qualquer que seja a época, a condição mais importante como cosmopolita é ter um coração aberto. A verdadeira internacionalização começa a partir da convicção de que todas as pessoas são, igualmente, existências nobres, e cultivar o sentimento de seguir expandindo o companheirismo e a amizade. PARTE 11 Em junho de 1918, foi realizada a apresentação da Nona Sinfonia pelos soldados alemães no Campo de Prisioneiros da Guerra de Bando. Beethoven introduziu a música vocal no quarto movimento dessa sinfonia, utilizando o poema Ode à Alegria, do poeta alemão Friedrich Schiller. Todos os indivíduos se tornarão irmãos — assim como afirma o tema da Nona Sinfonia, a ressonância da canção de louvor aos seres humanos e a melodia da amizade ecoaram a partir das terras de Tokushima. E naquele momento, eram as mulheres Soka que cantavam a canção com entusiasmo e orgulho: Oh, nuvens vagantes deste extenso céu azul Os pássaros cantam nos bosques, nas florestas... Enquanto exaltava com efusivos aplausos, Shin’ichi Yamamoto sentia como se estivesse ouvindo o brado da vitória dos companheiros de Tokushima, que repeliram a opressão dos sacerdotes malignos. O próprio fato de a chama da alegria de viver pela missão em prol do kosen-rufu. — Nichiren Daishonin afirma: “Myo significa ‘reviver’, ou seja, ‘retornar à vida’”.1 Por isso, nunca haverá impasses para nós, que abraçamos esta Lei Mística. Por piores que sejam as circunstâncias com as quais nos deparemos, conseguiremos sem falta transformar a situação, sair dessa condição e iniciar um avanço evidenciando uma energia vital vibrante e abundante. Assim sendo, não existe, para nós, nem a desistência nem a desilusão. Originalmente, vocês próprios são o supremo Buda. A essência dessa fé é cultivar esta convicção. Acreditem em si mesmos, vivam em prol do kosen-rufu com autoconfiança e sigam estendendo as luzes da felicidade da Lei Mística para sua localidade. Nesse dia, Shin’ichi seguiria para Kagawa, e até o último instante antes da partida ele incentivou os membros representantes. A vitória ou a derrota significam empenhar todas as forças a cada instante. Ele disse: — “Tokushima” é um nome maravilhoso, que significa “ilha de benefícios” e “ilha onde se reúnem pessoas de elevada virtude”. Por favor, façam surgir a partir desta ilha os novos ventos do kosen-rufu de Shikoku! PARTE 12 Shin’ichi Yamamoto, que partiu às 14h30 do Auditório de Tokushima, foi de carro ao Centro de Treinamento de Shikoku, situado na cidade de Aji, província de Kagawa. Depois de aproximadamente uma hora, com o desejo de permitir que o condutor do veículo descansasse um pouco, fez uma parada numa cafeteria à beira da estrada. Nesse momento, Okimitsu Owada, coordenador da Divisão de Jovens de Shikoku que o acompanhava desde Shikoku, disse a Shin’ichi: — Gostaria que tivesse a oportunidade de dialogar sem falta com os representantes da Divisão dos Jovens de Shikoku. Shin’ichi respondeu imediatamente: — Compreendi. Vamos programar. Ele queria corresponder sinceramente ao sentimento compenetrado e direto desse jovem. O diálogo ficou definido para a tarde do dia 12. Shin’ichi tinha forte expectativa no espírito resoluto dos jovens de Shikoku. Em outubro daquele ano, Owada tinha ido ao encontro de Shin’ichi, que estava no Centro de Treinamento de Nagano, e expressou decididamente o sentimento de criar novos ventos do kosen-rufu a partir de Shikoku: — Falarei de forma franca e direta. Acredito que é justamente agora, em que persiste uma situação em que o senhor quase não pode aparecer nos periódicos, que é importante o espírito de mestre e discípulo. Nós desejamos construir um pavilhão de exposições em Shikoku, que apresentará as obras e ações do senhor em prol da paz. Mesmo gaguejando um pouco, foi uma súplica imbuída de sentimento e paixão. Shin’ichi queria valorizar esse coração: — Compreendi bem o sentimento de vocês. Ponderem no que fazer para transmitir esperança aos companheiros e conversem bem com os coordenadores de Shikoku e com os demais líderes. Os jovens de Shikoku começaram a pesquisar os registros das ações e atividades promovidas por Shin’ichi pela paz. Eles iniciaram com a Declaração pela Normalização das Relações Diplomáticas entre Japão e China, pronunciada em 1968 para não isolar a China do mundo e, paralelamente, seus esforços contínuos para visitar a União Soviética e a China em pleno período de Guerra Fria a fim de estender a ponte da amizade e evitar os perigos do conflito sino-soviético; a busca do caminho para a paz, promoven-do contínuos diálogos com personalidades como o secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger, e os secretários-gerais da ONU, entre outros. Com a pesquisa veio à tona claramente a verdade de que as ações de Shin’ichi transpunham quaisquer diferenças de ideologia. “Vamos transmitir com orgulho os passos registrados pelo nosso mestre em prol da paz! — assim eles mostraram essas realizações de Shin’ichi em forma de exibição das atividades para a paz no Centro de Treinamento de Shikoku. O número de visitantes dessa mostra, inaugurada no dia 3 de outubro e encerrada em 3 de novembro, superou 61 mil pessoas. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020. 2. Ibidem, p. 155. Ilustrações: Kenichiro Uchida

07/03/2024

Especial

Juramento de 26 de Janeiro, Dia da SGI

Na significativa fundação da Soka Gakkai Internacional (SGI), em 1975, reuniram-se na ilha de Guam membros de 51 países e territórios. Atualmente, a rede solidária do movimento popular Soka com base no Budismo de Nichiren Daishonin se estende para 192 países e territórios. Como presidente da SGI, em meio às ações visando ao fortalecimento das Nações Unidas e à paz do mundo, Ikeda sensei enviou à ONU suas Propostas de Paz por quarenta anos consecutivos a cada 26 de janeiro, Dia da SGI. Ao recebermos esse significativo dia do ponto primordial, o jornal Seikyo Shimbun publicou a declaração do presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada. MINORU HARADA, PRESIDENTE DA SOKA GAKKAI Criar o futuro da humanidade construindo um mundo sem armas nucleares Ikeda sensei escreveu propostas de paz por quarenta anos consecutivos O desafio de enfrentar assuntos globais, herdando o espírito dos três primeiros presidentes A Soka Gakkai Internacional foi fundada no dia 26 de janeiro de 1975 em Guam. Naquela ocasião histórica, na conclusão de seu discurso, Ikeda sensei clamou a todos: “Em vez de buscarem aclamação ou glória pessoal, espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística no mundo. Farei o mesmo”.1 Então, levantando-se na vanguarda, Ikeda sensei continuou mantendo diálogo com líderes e intelectuais de cada país para evitar que tragédias como aquelas das duas grandes guerras mundiais voltassem a acontecer. Ao mesmo tempo em que lutava para interromper o aprofundamento dos conflitos e das divisões no mundo, o Mestre expandiu a correnteza para edificar a cultura de paz por meio da rede solidária do povo. Não permitir que ocorra uma terceira guerra mundial Nessa luta, o número de diálogos com os líderes e intelectuais do mundo realizados por Ikeda sensei alcançou mais de 1.600, dos quais mais de oitenta se transformaram em livros publicados. A primeira dessas obras foi lançada em 1972 e é composta pelo diálogo com o “pai da integração europeia”, o conde Richard Coudenhove-Kalergi (1894–1972). Após o primeiro encontro com o presidente Ikeda, em 1967, época em que a Guerra do Vietnã se intensificava, o conde Coudenhove se engajou no diálogo com ele por diversas vezes. Certa ocasião, alertando a todos que se as divisões no mundo continuassem avançando, a Terceira Guerra Mundial poderia levar à destruição definitiva de todas as civilizações, o conde Coudenhove-Kalergi declarou: “Somente uma nova onda religiosa é capaz de mudar essa tendência e salvar a humanidade. Por isso, a Soka Gakkai é uma grande esperança”.2 Não posso deixar de pensar que essas palavras foram proferidas pelo fato de ele [conde Coudenhove] ter sentido fortemente a vigorosa disposição de Ikeda sensei de continuar percorrendo todas as partes para cumprir o ardente desejo do seu mestre, Josei Toda, de “acabar com a miséria da face da Terra”. Um episódio que ilustra a espinha dorsal dessa crença de Ikeda sensei é descrito no livro A Sabedoria do Sutra do Lótus. Houve um acontecimento durante a compilação das explanações do presidente Ikeda, em especial sobre o escrito A Seleção do Tempo (publicado em 1964), em meio à eclosão de crises intensas, como a de Berlim em 1961, um ano depois de sua posse como terceiro presidente, e a dos mísseis de Cuba em 1962. Ao se dedicar com todas as forças para captar o espírito de Nichiren Daishonin de cada passagem daquele escrito, considerando o mundo contemporâneo, o trabalho de compilação chegou à frase: “Com isso, grandes lutas e disputas sem precedentes tomarão conta de Jambudvipa”.3 Em relação a esse trecho, alguns membros do Departamento de Estudo do Budismo pensavam que ela poderia ser interpretada como a ocorrência da Terceira Guerra Mundial. Porém, Ikeda sensei a rejeitou de maneira categórica: Se a Terceira Guerra Mundial ocorrer, toda a raça humana será dizimada pelas armas nucleares. Deve a humanidade ser sujeita a um sofrimento mais cruel e terrível que já houve? Deixar que isso aconteça demonstra uma falta de benevolência abominável como budista! Vamos decidir agora que é sobre a Segunda Guerra Mundial a que Daishonin está se referindo quando falou em “grandes lutas e disputas sem precedentes”. Aconteça o que acontecer, não podemos permitir que ocorra outra guerra mundial. (...) Vamos alcançar definitivamente o kosen-rufu — o sonho da paz e da felicidade duradouras para a humanidade.4 Exatamente de acordo com essa convicção, em meio à intensificação dos conflitos da Guerra Fria, Ikeda sensei realizou sua primeira viagem para a China e a União Soviética em 1974, no ano anterior à fundação da SGI. Após a sua primeira viagem à China no mês de junho, começaram imediatamente os preparativos para a primeira visita à União Soviética. Houve vozes de preocupação e de críticas impiedosas em relação à sua visita a países comunistas, mas a convicção de Ikeda sensei continuou inabalável. O que me move a ir para a União Soviética é o desejo de fazer tudo o que estiver ao meu alcance para impedir uma terceira guerra mundial. Por essa razão, seguirei para lá após a minha visita à China e, então, para os Estados Unidos. Como emissário de Nichiren Daishonin, vou munido de uma filosofia de paz e do respeito pela vida, determinado a abrir as cortinas de uma nova era de paz mundial.5 Crença na concretização do Tratado de Proibição de Armas Nucleares Sem se intimidar com as tempestades de críticas, as quais tinham como cenário as crescentes tensões da Guerra Fria, Ikeda sensei realizou sua primeira visita à União Soviética (setembro de 1974) e, após a nova viagem à China (dezembro de 1974), rumou para os Estados Unidos logo no início do novo ano, em 6 de janeiro. Na época, ele entregou na sede das Nações Unidas um “abaixo-assinado pela abolição das armas nucleares com 10 milhões de assinaturas”, coletadas pela Divisão dos Jovens. No dia 26 de janeiro, dirigiu-se à reunião de fundação da SGI na ilha de Guam, a qual foi palco de violentas batalhas durante a Guerra do Pacífico. Com o estabelecimento da SGI, em 1975, Ikeda sensei passou a enviar mensagens de paz ainda com mais força para o mundo. No discurso proferido na Convenção da Soka Gakkai, realizada em Hiroshima no mês de novembro daquele ano, ele enfatizou a necessidade de as nações não serem as primeiras a utilizar as armas nucleares como um dos temas prioritários para alcançar a abolição dessas armas. Em maio de 1978, apresentou uma proposta para a Primeira Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre Desarmamento (SSOD-I), na qual reiterou seu apelo de longa data para a proibição de fabricação, teste, armazenamento e uso de armas nucleares por qualquer nação e, por fim, para erradicá-las da face da Terra. Esse apelo de Ikeda sensei era algo que se alinhava totalmente com o Tratado de Proibição de Armas Nucleares (TPAN), que entrou em vigor tempos depois, em janeiro de 2021. Em junho de 1982, ele apresentou uma proposta também para a Segunda Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre Desarmamento (SSOD-II). E, em janeiro de 1983, encaminhou sua primeira Proposta de Paz anual para a Organização das Nações Unidas (ONU), no Dia da SGI. Desde essa ocasião até 2022, enviou anualmente à ONU suas Propostas de Paz, num total de quarenta edições. O pilar da primeira Proposta de Paz foi o problema das armas nucleares. Até a 40ª proposta, junto com as discussões sobre diversos temas globais, como interrupção de conflitos, direitos humanos, questões humanitárias e meio ambiente, o assunto recorrente em quase todos os debates foi a proibição das armas nucleares com sugestões concretas para abrir o caminho para a abolição de tais armas. Ikeda sensei defendeu consistentemente um tratado que proibisse as armas nucleares em suas propostas de paz anuais, como também, em todas as outras oportunidades. E, finalmente, em 7 de julho de 2017, o Tratado de Proibição de Armas Nucleares foi adotado pelas Nações Unidas. No mês seguinte ao dessa adoção, no dia em que se completavam setenta anos de seu primeiro encontro com Toda sensei (14 de agosto), Ikeda sensei descreveu seu sentimento em relação a esse tratado. Nas minhas propostas concretas para a abolição das armas nucleares, vim atribuindo especial importância a estes quatro itens: A sociedade civil deve se unir em rede solidária e levantar sua voz contrária às armas nucleares. Colocar a natureza desumana das armas nucleares no centro das discussões sobre desarmamento. Avançar na criação do tratado no fórum das Nações Unidas. Garantir que a voz das vítimas sobreviventes da bomba atômica (hibakusha) seja gravada no espírito fundamental desses tratados. A partir do lançamento de sua iniciativa da Década do Povo pela Abolição Nuclear, em 2007, a SGI vem colaborando com muitas entidades, tais como a Campanha Internacional pela Abolição das Armas Nucleares (Ican), expandindo a rede solidária de cidadãos que atuam em prol da paz. No contexto dos esforços contínuos da sociedade internacional para promover atividades alinhadas com os quatro pontos acima, o Tratado de Proibição de Armas Nucleares (TPAN) foi finalmente adotado com a aprovação de 122 Estados que votaram a favor. O fato de registrar a história do cumprimento de minha promessa com o mestre naquele dia no Estádio de Mitsuzawa [onde Toda sensei anunciou sua Declaração pela Abolição de Armas Nucleares] é uma honra insuperável como discípulo. Misticamente, a assinatura de cada país do Tratado de Proibição de Armas Nucleares está programada para a mesma época do 60º aniversário da Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas no próximo mês de setembro [de 2017].6 A convicção de Ikeda sensei em suas repetidas ações de luta conjunta de mestre e discípulo desde a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares de Toda sensei está condensada também na conclusão de sua última Proposta de Paz, publicada em 2022. Almejamos herdar essas palavras como base da missão social da Soka Gakkai e expandir nossas ações para cumprir, juntos, um compromisso com Ikeda sensei. A natureza desumana das armas de destruição em massa não se limita às consequências catastróficas de seu uso. Não importa quantas pessoas lutem por um mundo e por uma sociedade melhores, ou por quanto tempo, uma vez que o intercâmbio de forças nucleares começar, tudo será em vão. A realidade da era nuclear é que estamos obrigados a viver na constante companhia do pior — o mais incompreensível e absurdo — perigo imaginável. O compromisso da SGI pela abolição das armas nucleares vem desde a declaração do presidente Josei Toda de 1957 clamando por ela. No meio da corrida armamentista entre os Estados com armas nucleares, a União Soviética havia testado com sucesso um míssil balístico intercontinental (ICBM) no mês anterior [agosto], criando uma realidade na qual todas as partes do mundo estavam expostas à possibilidade de um ataque nuclear. Em face dessa aterradora realidade, Josei Toda frisou que o uso das armas nucleares por qualquer Estado deveria ser absolutamente condenado, expressando sua indignação pelo pensamento que justifica a posse delas: “Quero expor e extirpar as garras ocultas nas profundezas dessas armas”. Recordo-me, como se fosse ontem, da indignação do meu mestre com a natureza desumana dessas armas, que podem nos arrancar o significado e a dignidade da nossa vida e destruir o funcionamento da sociedade humana da raiz aos galhos. Como seu discípulo, determinado a tornar realidade a visão do meu mestre, senti sua ira justa nas profundezas do meu ser. Com a convicção de que o destino da humanidade não pode ser transformado sem que se resolva o desafio das armas nucleares, o mal fundamental da civilização moderna, vim consistentemente tratando dessa questão em minhas propostas de paz anuais desde 1983 e me empenhando pela proibição das armas nucleares. Muitas décadas depois, o TPAN, um tratado que ressoa o espírito da declaração de Josei Toda, entrou em vigor, e seu primeiro encontro dos Estados-membros está para ser realizado. O estágio crucial dos esforços para abolir as armas nucleares foi enfim atingido, objetivo tão entusiasticamente perseguido por tantas pessoas no mundo, começando pelos hibakusha — as vítimas dos bombardeios de Hiroshima e de Nagasaki e os impactados pelo desenvolvimento e pelos testes dessas armas ao redor do globo. Completar essa tarefa é a forma de cumprir nossa responsabilidade com o futuro. Firme nessa crença, a SGI continuará a avançar, aumentando a solidariedade da sociedade civil com especial foco nos jovens, rumo à criação de uma cultura de paz na qual todos desfrutem o direito de viver na mais autêntica segurança.7 Vamos transmitir essas palavras como os valores fundamentais da missão social da Soka Gakkai, e como nosso compromisso com Ikeda sensei de trabalharmos juntos para cumpri-las. Divulgar propostas concretas como SGI Junto com o apelo de Ikeda sensei declarado na fundação da SGI, a defesa da “competição humanitária” de Makiguchi sensei e o espírito do Toda sensei que pulsa em sua Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, façamos dessa passagem da última proposta de paz de Ikeda sensei a base do movimento pela paz da Soka Gakkai. E, trabalhando juntos com pessoas e entidades que pensam da mesma forma, vamos objetivar a concretização de um “mundo sem armas nucleares e sem guerras”. A SGI se compromete a continuar divulgando ideias e propostas para a solução de diversos desafios que a humanidade enfrenta, tais como de proteção ao meio ambiente, dos direitos humanos, de crise climática e de vários problemas humanitários, além da abolição das armas nucleares e da prevenção de guerras. Certa vez, Ikeda sensei referiu-se às seguintes palavras de Toda sensei como inspiração que sustentava seus esforços para continuar publicando as propostas de paz: Para a paz da humanidade, é importante apresentar propostas concretas e agir assumindo a liderança visando à sua realização. Mesmo que tais propostas não sejam aceitas e realizadas de imediato, elas se tornam faíscas pelas quais se espalham as chamas da paz. Teorias abstratas são sempre vazias e fúteis. Mas propostas concretas se tornam “pilares” para sua realização e “telhados” para proteger a humanidade.8 Como discípulos de Ikeda sensei, devemos participar, por pouco que seja, da “batalha pela paz e pelo humanismo” dos três primeiros presidentes [Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda]. Como portadores da “cultura de paz”, desejamos agir no palco de nossa missão e expandir uma vigorosa rede de solidariedade do povo para mudar a trágica história de miséria humana pelo ilimitado futuro. Às vésperas do 30o aniversário da Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, foi realizada a Exposição sobre a Ameaça Nuclear. Na abertura da exibição, Ikeda sensei discorre sobre a sua crença de que o ato de continuar transmitindo sobre a tragédia das armas nucleares é sua “missão, responsabilidade e obrigação como japonês, pacifista e budista, e, ao mesmo tempo, um direito extraordinário” No topo: Ikeda sensei palestra no Centro de Intercâmbio Cultural e Técnico entre o Oriente e o Ocidente, no Havaí, em 26 de janeiro de 1995. Às vésperas, no dia 17, ocorre o Grande Terremoto de Hanshin-Awaji (Terremoto de Kobe), e Ikeda sensei adia sua partida, dedicando todos os seus esforços para encorajar as vítimas. No dia 24, anuncia sua Proposta de Paz, e parte do Japão na noite do dia 25. Assim, as propostas de paz anuais foram escritas em meio a esse tipo de contexto Traduzido e adaptado do Seikyo Shimbun de 26 de janeiro de 2024. Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 21, p. 38, 2019.2. SAITO, Koichi. Shashin: Ikeda Sensei o ou [Daisaku Ikeda: Um Diário Fotográfico]. Tóquio: Editora Kodansha, 1969. p. 97.3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 566, 2020.4. IKEDA, Daisaku. A Sabedoria do Sutra do Lótus. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 190, 2021.5. Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 20, p. 129-130, 2019.6. IKEDA, Daisaku. Uketsugareru Heiwa no Kokoro: Gensuibaku Kinshi Sengen to Kanagawa [Herdando o Espírito da Paz — A Declaração pela Abolição das Armas Nucleares e Kanagawa], publicada na edição de 8 set. 2017 do jornal Seikyo Shimbun.7. Idem. Transformar a História Humana com a Luz da Paz e da Dignidade. In: Terceira Civilização, ed. 645, maio 2022.8. Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-II, p. 169, 2022. Fotos: Seikyo Press

22/02/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 18 (parte 1)

Apreço pelos entregadores do Seikyo Shimbun Desde o outono de 1972, Shin’ichi Yamamoto passou a visitar com mais frequência o Seikyo Shimbun até que, finalmente, mudou seu escritório principal para o edifício do jornal. Seu objetivo primordial era incentivar e fazer parte da formação de cada um dos funcionários, em especial, dos repórteres. Depositando grande esperança e expectativa no crescimento deles, Shin’ichi procurou todas as oportunidades para inspirá-los e encorajá-los. (...) O presente seguinte de Shin’ichi ao jornal foi um bronze de um entregador de jornal. A estátua de cerca de 1,20 metros de altura retratava um menino carregando jornais enrolados em baixo do braço. Obra do renomado escultor japonês Ikuhisa Koganemaru, havia sido exibida sob o título “Herói sem Coroa” na segunda “Exposição Terceira Civilização” patrocinada pela Soka Gakkai. Shin’ichi explicou sua decisão de oferecer o presente: — Os entregadores são a verdadeira força do jornal nos bastidores. Quando chove, eles se molham, e quando neva, tremem de frio, mas dia após dia eles se levantam nas primeiras horas da manhã para entregar os jornais. O Seikyo Shimbun é o que é em virtude dos esforços constantes e incansáveis deles. Desejo oferecer-lhes meu máximo louvor, e por isso gostaria que esta estátua de bronze fosse mantida aqui nos escritórios do jornal. Os repórteres foram pegos de surpresa pelas palavras de Shin’ichi. Constataram que a certa altura haviam começado a fazer pouco caso do fato de o jornal ser, na verdade, entregue em mãos. Percebendo o sentimento deles, Shin’ichi prosseguiu: — É especialmente importante que vocês, repórteres, não se esqueçam de ser gratos aos esforços daqueles que entregam o jornal. Nos jornais comuns, pode ser que os redatores simplesmente escrevam seus artigos sem pensar em questões como ampliar o número de leitores ou a forma de distribuição, mas como repórteres do Seikyo Shimbun, sua atitude deve ser diferente. É essencial que, além de redigir matérias, vocês assumam o protagonismo nos esforços de aumento de assinaturas, ouçam atentamente a opinião dos leitores e demonstrem o mais elevado respeito por todos os entregadores do jornal. Essa postura representa uma revolução no mundo do jornalismo. Shin’ichi deu à estátua do entregador de jornal o nome “Mensageiro do kosen-rufu”, e optou-se por instalá-la em frente ao edifício do Seikyo Shimbun. No dia 29 de dezembro de 1973, realizou-se a cerimônia de descerramento da estátua com a participação de representantes de funcionários do Departamento Comercial, representantes dos entregadores e filhos de alguns distribuidores locais. Muitos funcionários do Departamento Comercial chegavam ao escritório mais de uma hora antes do expediente todas as manhãs para orar fervorosamente pela segurança daqueles que estivessem distribuindo e entregando o jornal. Shin’ichi vinha observando em silêncio a dedicação deles. (Capítulo “O Rugido do Leão”) Saldar nossas dívidas de gratidão Em novembro de 1973, Shin’ichi convidou seu querido professor do ensino fundamental, Kohei Hiyama, para a Reunião Geral de Líderes da Província de Tochigi. — Você se tornou um homem excelente. Sempre me sinto feliz e orgulhoso ao ouvir sobre suas atividades. Li alguns de seus livros. Você manteve um diálogo com o Dr. Toynbee. Ser tratado com tal respeito por seu querido professor deixava Shin’ichi constrangido. Ele respondeu: — Sim. Conversamos seriamente em prol do futuro da humanidade. Fico muito comovido pelo fato de estar acompanhando meu trabalho tão de perto, e impressionado com sua gentileza e carinho por um de seus alunos, mesmo após todos estes anos. (...) — Muito obrigado por ter vindo me ver hoje, Sr. Hiyama. Sou o que sou graças ao senhor. Tenho orgulho de ter sido seu aluno e continuarei me esforçando para prestar uma contribuição positiva à sociedade. Nunca me esquecerei de quanto lhe devo. Shin’ichi se curvou com todo respeito. Emocionado por ver o homem excelente que seu ex-aluno havia se tornado, o Sr. Hiyama sorriu e disse: — Por favor, cuide bem da saúde e continue dando o máximo de si. Embora não pareça ter muito tempo para descansar... Shin’ichi ficou comovido ao ver a preocupação que o Sr. Hiyama ainda demonstrava pelo seu bem-estar. Shin’ichi cultivava um forte senso de gratidão não somente pelo Sr. Hiyama, mas por todos seus professores. Esse sentimento, de fato, não se limitava aos professores, estendia-se a todos que o haviam ajudado durante sua vida. Vinha de sua fé como budista. Um ensinamento fundamental do budismo é o princípio da origem dependente. Em outras palavras, a ideia de que nada existe sozinho, de que todos os fenômenos surgem de relações mutuamente interdependentes, em resposta a várias causas e condições. Nada existe de forma isolada. Tudo está interligado de modo intrínseco, exerce e recebe influência numa relação recíproca. (Capítulo “Gratidão ao Mestre”) Publicado no Seikyo Shimbun de 7 de maio de 2020. Assista Vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 18 Ilustração: Kenichiro Uchida

22/02/2024

Editorial

Como despertar o brilho da vida?

Neste mês de fevereiro, completamos cem dias desde o falecimento de Ikeda sensei. Muitas homenagens em sua memória ainda acontecem no mundo inteiro, e as atividades da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial têm criado um verdadeiro levantar dos discípulos. Todos os grandes marcos da existência de Ikeda sensei ganham um novo significado. Um deles é a recente passagem do 26 de janeiro, Dia da SGI. Nesta edição do Brasil Seikyo, você acompanha importante declaração do presidente Harada sobre a data (veja nas p. 3 a 5 desta edição). No trecho final, ele cita as seguintes palavras de Ikeda sensei: Para a paz da humanidade, é importante apresentar propostas concretas e agir assumindo a liderança visando à sua realização. Mesmo que tais propostas não sejam aceitas e realizadas de imediato, elas se tornam faíscas pelas quais se espalham as chamas da paz. Teorias abstratas são sempre vazias e fúteis. Mas propostas concretas se tornam “pilares” para sua realização e “telhados” para proteger a humanidade.1 E o presidente Harada conclama: Como discípulos de Ikeda sensei, devemos participar, por pouco que seja, da “batalha pela paz e pelo humanismo” dos três primeiros presidentes [Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda]. Como portadores da “cultura de paz”, desejamos agir no palco de nossa missão e expandir uma vigorosa rede de solidariedade do povo para mudar a trágica história de miséria humana pelo ilimitado futuro.2 A disposição de se doar é uma ação presente na Soka Gakkai e demonstrada pelos Três Mestres. Nesse sentido, Brasil Seikyo traz matéria especial sobre gratidão, elemento indispensável para ações de dedicação abnegada em prol do kosen-rufu, e exemplos de organizações que põem em prática esse espírito. No romance Nova Revolução Humana consta: O budismo ensina que o que mais importa é o coração. Aqueles que têm gratidão são felizes, sua vida é rica em vitalidade e alegria, são dinâmicos e alegres e têm imensa boa sorte. Por outro lado, aqueles que não têm gratidão são infelizes, e têm o coração obscurecido e pobre. Estão sempre descontentes, são cheios de inveja e ressentimento e vivem se lamentando. Desta forma, isolam-se dos demais e gradativamente acabam com toda esperança e boa sorte. Eles destroem a própria felicidade e entram em um estado de vazio e desespero. Pessoas arrogantes e que carecem de gratidão também são infelizes e solitárias. É o espírito da gratidão que dá origem a uma vida brilhante.3 Leia matéria na íntegra nas p. 10 e 11, e um pouco mais sobre o espírito de doação na editoria Conheça o Budismo. Desejamos que este jornal desperte o brilho da vida em cada leitor e que se torne portador da cultura de paz. Ótima leitura! Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-II, p. 169, 2019.2. Brasil Seikyo, ed. 2.653, 24 fev. 2024, p. 3.3. Idem. Estrela Guia. Nova Revolução Humana, v. 13. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019.

22/02/2024

Especial

A extraordinária força de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei

O caminho do diálogo humanístico que ultrapassou barreiras, transcendendo civilizações para transformar o “século das guerras” no “século sem guerras” Nesta quarta parte da série, apresentamos a trajetória de ações e de diálogos promovidos por Ikeda sensei pela paz do mundo, carregando a tocha do pacifismo herdada de Toda sensei, após ter vivido uma juventude em meio à guerra. Dr. Toynbee: diálogo pelo bem da posteridade “A grandiosa revolução humana de uma única pessoa um dia impulsionará a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade”.1 Essas palavras do prefácio do volume 1 do romance Revolução Humana constituem a essência da obra, assim como também de sua continuação, a Nova Revolução Humana. Ao mesmo tempo, o excerto é uma declaração do propósito ao qual Ikeda sensei dedicou a própria vida. “Não há ato mais bárbaro do que a guerra! Não existe um fato mais trágico do que a guerra!”.2 Ikeda sensei começou a escrever a Revolução Humana em 2 de dezembro de 1964 nas terras de Okinawa, região do Japão escolhida por ter sido o palco da mais terrível batalha terrestre durante a Segunda Guerra Mundial e um local em que inúmeras pessoas sofreram intensamente. Ikeda sensei também foi um jovem que sofreu com as consequências da guerra. Dr. Toynbee, terceiro, da esq. para a dir., e Dr. Ikeda, à dir., passeiam pelo parque. No diálogo entre ambos, o historiador comenta: “Pude passar um tempo de máximo valor. Como estudioso, não poderia me sentir mais feliz” (Londres, Inglaterra, 9 maio 1972) Juventude sob a guerra Ikeda sensei nasceu em 1928, no atual distrito de Ota, em Tóquio, e viveu a infância no “período no qual o Japão todo se mostrava interessado, até demais, pelo rumo que a guerra tomava”.3 Quando ele tinha 9 anos, a Guerra Sino-Japonesa eclodiu e, às vésperas de completar 14 anos, a Guerra do Pacífico teve início. Por esse motivo, seus quatro irmãos mais velhos foram sucessivamente convocados para o serviço militar. Sua família teve de deixar a casa onde morava devido a uma evacuação forçada, e o local para onde se mudou também acabou sendo incendiado por ataques aéreos. Após a derrota do país na guerra, sensei e sua família receberam o comunicado da morte do irmão mais velho na frente de batalha, momento em que viu sua mãe chorando copiosamente. Nessa época, sofria também com a própria saúde, acometido de tuberculose e com a sombra da morte perseguindo-o constantemente, tanto em relação a seu corpo quanto ao ambiente ao redor. “Eu odiava a guerra. Eu odiava os líderes que levaram o povo à guerra”, declarou certa vez. No verão do ano em que completou 17 anos, a guerra terminou, com a derrota do Japão. Da mesma forma que muitos jovens, sensei se questionava: “O que devo fazer para que essa história nunca mais se repita?”. Em meio a essas circunstâncias, ele teve um encontro com um senhor de meia-idade na noite do dia 14 de agosto de 1947. Era uma reunião de palestra da Soka Gakkai para a qual havia sido convidado. Aquele senhor, chamado Josei Toda, realizava a explanação do escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra [de Nichiren Daishonin]. “Que tipo de vida é o modo correto de viver?”; “Que tipo de pessoa pode ser considerada um verdadeiro patriota?”; “O que o senhor acha do imperador?”. A essas três perguntas, Josei Toda forneceu respostas claras e concisas. Além disso, como diziam, era alguém que enfrentou o cárcere por resistir aos militares naquela guerra. “Posso confiar nessa pessoa”, esse era o sentimento de Ikeda sensei e, assim, ele se converteu ao budismo dez dias depois desse encontro, tornando-se discípulo de Josei Toda. No escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra consta: “Se o senhor se importa realmente com a segurança pessoal, deve primeiro orar pela paz e segurança nos quatro quadrantes da terra, não é verdade?”4 O início da caminhada do Mestre na prática budista se tornou também o primeiro passo rumo à paz mundial. Declaração à sociedade Às vésperas de completar 30 anos, Ikeda sensei escreveu em seu diário a própria jornada de vida de dez em dez anos, do passado ao futuro: Até os dez: Minha infância num lar de produtores de algas. Até os vinte: Cultivei meu senso de missão e lutei contra a maldade da doença. Até os trinta: Dedicação à prática da fé e ao estudo do budismo; lutar para eliminar a maldade da doença. Até os quarenta anos: Aperfeiçoarei o estudo do budismo e minha prática budista. Até os cinquenta anos: Farei minha declaração à sociedade. Até os sessenta anos: Consolidarei o alicerce do kosen-rufu no Japão.5 A saúde de Daisaku Ikeda era tão frágil que os médicos diziam que ele “não viveria até os trinta anos” e, na ocasião em que escreveu o diário, registrou somente até os sessenta anos. No dia 8 de setembro de 1968, sensei, que havia completado oito anos de sua posse como terceiro presidente da Soka Gakkai, fez uma grandiosa “declaração à sociedade” direcionada ao mundo todo. Era a Proposta de Normalização das Relações Diplomáticas Sino-Japonesas, apresentada na 11a Convenção da Divisão dos Universitários. Naquele dia, completavam-se onze anos desde que Josei Toda proferira sua Declaração pela Abolição das Armas Nucleares. Com o agravamento da Guerra Fria e a grande revolução cultural da China, as relações sino-japonesas se arrefeciam mais que nunca. No passado, ocorreram incidentes nos quais políticos que se empenharam para restabelecer a amizade entre os dois países haviam sido assassinados. Em meio a essa difícil situação social, por que Ikeda sensei apresentou uma proposta pondo em risco a própria vida? “Eu não tenho escolha, eu sou budista. A missão social do praticante budista é trabalhar pela paz mundial e pela felicidade de todas as pessoas”.6 Esse era seu verdadeiro sentimento. Ao tomar conhecimento da proposta, o jornalista Liu Deyou do jornal Guang Ming Daily a transmitiu imediatamente para a China. Essa notícia chegou também ao primeiro-ministro Zhou Enlai, que tinha plenos poderes diplomáticos na época. A proposta despertou reações negativas tanto no Japão como em outros países, e começou a surgir um sentimento de revolta e de alerta, gerando até ameaças. No entanto, o estudioso da literatura chinesa Yoshimi Takeuchi demonstrou seu apoio comentando que “havia uma esperança”. Também Kenzo Matsumura, influente autoridade do mundo político, afirmou que a proposta “conquistou um milhão de aliados”. Dessa forma, houve grande apoio de pessoas que desejavam o avanço nas relações entre os dois países. Em setembro de 1972, o Partido Komei, fundado por Ikeda sensei, atuou como intermediário no processo de normalização das relações diplomáticas entre o Japão e a China em decorrência do apreço do governo chinês à proposta do presidente Ikeda e da confiança depositada nele pelo primeiro-ministro Zhou Enlai. Por ocasião do falecimento do presidente Ikeda [em 15 de novembro de 2023], o Ministério das Relações Exteriores da China comentou (por intermédio da secretária de imprensa Mao Ning) que “O velho e bom amigo de confiança e de respeito da China” havia falecido e que “Desejamos que a ‘ponte dourada’ criada por ele continue eternamente pelo futuro”. Esse comentário reflete um cenário histórico de mais de meio século de relações. No dia 30 de maio de 1974, Ikeda sensei pisou pela primeira vez em território chinês. Naquela ocasião, ainda não havia voo direto para esse país. Ele partiu de Hong Kong, na época uma colônia britânica, e viajou de trem até a fronteira, atravessando uma ponte férrea a pé em direção à China. A programação durou cerca de duas semanas e, em um desses dias, uma menina lhe perguntou: “O que o senhor veio fazer aqui na China?”. Sensei respondeu: “Eu vim me encontrar com você!”. Em meio ao seu desafio para mudar a época rumo à paz e à coexistência dos povos, os olhos de Ikeda sensei estavam sempre voltados para cada pessoa comum do povo. O bastão da amizade A oportunidade para a segunda visita à China surgiu ainda naquele ano. O encontro com o primeiro-ministro Zhou Enlai se concretizou no dia 5 de dezembro de 1974, na última noite do período da estada de Ikeda sensei no país. O primeiro-ministro Zhou Enlai, à esq., e o presidente Ikeda mantêm um encontro único na vida. O primeiro-ministro, que participa do encontro controlando um problema de saúde, confia o futuro da amizade sino-japonesa a Ikeda sensei (Hospital 305, Pequim, 5 dez. 1974) Na época, o primeiro-ministro estava em um leito de hospital, acometido de um câncer que se espalhou por todo o corpo. Apesar de os médicos e as pessoas à sua volta se oporem devido ao seu estado de saúde, o primeiro-ministro rejeitou tais recomendações e fez questão de participar do encontro. Zhou Enlai se aproximou caminhando lentamente e, segurando as mãos de Ikeda sensei, disse: “Eu queria encontrá-lo a todo o custo”; “O presidente Ikeda vem propondo diversas vezes que é imprescindível desenvolver a relação de amizade entre os povos da China e do Japão. Isso me deixa muito feliz”; “Os últimos 25 anos do século 20 serão um período extremamente importante para o mundo”, afirmou o primeiro-ministro. Em resposta à forte determinação de Zhou Enlai de construir a amizade, Ikeda sensei dedicou-se de corpo e alma para a realização de intercâmbios educacionais e culturais com os jovens. Recebeu, por exemplo, na Universidade Soka, o primeiro grupo chinês de estudantes bolsistas do governo japonês após a normalização das relações diplomáticas, custeando as despesas deles. Historiador de renome mundial “Ficarei feliz se pudermos realizar uma significativa troca de opiniões”. No ano seguinte à apresentação da Proposta de Normalização das Relações Diplomáticas Sino-Japonesas, uma carta chegou a Ikeda sensei. O remetente era o Dr. Arnold J. Toynbee, gigante dos estudos sobre a história do século 20. O encontro especial entre os dois se concretizou em maio de 1972 na residência do Dr. Toynbee, na Inglaterra. Na época, a Guerra do Vietnã se encontrava em uma situação delicada e crescia a ameaça do uso de armas nucleares. Naquele ano, um relatório do Clube de Roma, com o tema “Os Limites do Crescimento”, chocava o mundo indicando que o planeta atingiria seu limite de recursos em cem anos. O Dr. Toynbee já vinha mantendo forte interesse pelo budismo e considerando-o como uma religião de alto nível que indicava o caminho para superar as crises da civilização contemporânea. Ele concentrou sua atenção na figura de Ikeda sensei como um líder do “budismo vivo”. Mais um encontro foi realizado em maio do ano seguinte, em 1973, totalizando cerca de quarenta horas de diálogos nas duas ocasiões. Assim, os dois concluíram a obra Escolha a Vida, que já foi traduzida e publicada em 31 idiomas, tornando-se um “livro didático da humanidade”. No último dia do encontro, em 1973, a TV inglesa noticiou intensamente a reunião de cúpula entre a União Soviética e o primeiro-ministro da Alemanha Ocidental. Assistindo a tais reportagens, o Dr. Toynbee comentou: “Talvez o nosso diálogo seja modesto. Entretanto, a conversa entre nós dois é pelo bem da posteridade da humanidade. É esse tipo de diálogo que cria o eterno caminho da paz”. Ao término do encontro, ele afirmou: “O senhor, que é mais jovem, amplie ainda mais esse tipo de diálogo para unir a humanidade. Com os russos, com os americanos, com os chineses”. Além disso, solicitou a uma pessoa que entregasse a Ikeda sensei um pedaço de papel com nomes de alguns eminentes intelectuais, como o microbiologista dos Estados Unidos Dr. René Dubos e o fundador do Clube de Roma, Dr. Aurelio Peccei, expressando seu desejo de que, se possível, pudesse se encontrar com eles também. Mantendo diálogos sobre as perspectivas para o século 21 com essas pessoas e com outros intelectuais do mundo, Ikeda sensei foi construindo as pontes da paz com as próprias ações e não apenas com palavras. Vou me encontrar com as pessoas Em 8 de setembro de 1974, cinco meses depois de sua visita inicial à China, sensei fez sua primeira viagem à União Soviética. Era o país que liderava o movimento socialista, dividindo o mundo em dois com a “cortina de ferro”. Da mesma forma que em relação à Proposta de Normalização das Relações Diplomáticas Sino-Japonesas, houve forte reação negativa à ida de Ikeda sensei a um país que “negava a religião”. Em resposta a isso, ele declarou o motivo pelo qual realizava aquela viagem: “É porque lá existem pessoas”. Além de personalidades proeminentes como o reitor da Universidade de Moscou Rem Khokhlov e o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura Mikhail Sholokhov, sensei conversou com pessoas comuns da cidade, tais como uma senhora encarregada das chaves do hotel, um senhor e seu neto que pescavam, e com jovens estudantes da Universidade de Moscou, registrando muitas lembranças. Era como se derretesse o gelo no coração das pessoas. No último dia de sua estada, o primeiro-ministro soviético Aleksey Kosygin, com quem se encontrou no Kremlin, lhe questionou: “Qual é a sua ideologia básica?”. Sensei respondeu de imediato: “É a ideologia da paz, da cultura e da educação. A base fundamental disso é o humanismo”. O primeiro-ministro afirmou: “Valorizamos muito esse princípio. Nós, da União Soviética, também deveríamos pôr em prática esse pensamento”. Então, Sensei fez a seguinte pergunta: “A União Soviética atacará a China?”. Na época, o confronto entre a China e a União Soviética se intensificava tanto quanto a disputa entre os Estados Unidos e a União Soviética. O primeiro-ministro respondeu: “Não temos intenção de atacá-la”. Quando sensei lhe perguntou se poderia transmitir essas palavras ao governo da China, o primeiro-ministro soviético respondeu afirmativamente. Essa declaração foi transmitida para a cúpula do governo chinês por ocasião da segunda visita de Ikeda sensei à China, realizada três meses depois. “O primeiro-ministro chinês Zhou Enlai deu grande importância a essa informação”, comentou Kong Fan Feng, ex-presidente do Centro de Pesquisas Zhou Enlai da Universidade de Nankai, da China. Em janeiro do ano seguinte, 1975, Ikeda sensei encontrou-se com o secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger para dialogar. Percorrendo os Estados Unidos, a China e a União Soviética, o Mestre desenvolveu a diplomacia de cidadão comum para a paz e a prevenção da guerra nuclear. Encontro com o líder do novo pensamento As atividades pela paz iniciadas concretamente por Ikeda sensei na década de 1970 começaram a se desenvolver ainda mais depois de sua renúncia como terceiro presidente da Soka Gakkai, tornando-se seu presidente honorário, em 24 de abril de 1979. Ikeda sensei, que já havia se tornado presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI) em 26 de janeiro de 1975, apresentou uma proposta de abolição das armas nucleares por ocasião da 2a Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas para o Desarmamento, realizada em junho de 1982. Em janeiro de 1983, comemorando o Dia da SGI, em 26 de janeiro, anunciou sua Proposta de Paz, intitulada Nova Proposta para a Paz e o Desarmamento. A partir de então, enviou propostas de paz anualmente até 2022. No fim do ano seguinte à queda do Muro de Berlim, ocorrida em novembro de 1989, ficaram claros os estratagemas do clero da Nichiren Shoshu. Apesar dessas artimanhas, as atividades de construção da paz de Ikeda sensei passaram a ser realizadas em escala ainda maior, criando pontes de diálogo entre civilizações e religiões. Entre as décadas de 1980 e de 1990, ele manteve encontros com líderes e chefes de Estado, como os presidentes Richard von Weizsäcker, da Alemanha; Nelson Mandela, da África do Sul; e Fidel Castro, de Cuba; além dos primeiros-ministros Rajiv Gandhi, da Índia; Lee Kuan Yew, de Singapura; e Mahathir bin Mohamad, da Malásia. Ele, ainda, estreitou laços de amizade com Rosa Parks, ativista do movimento pelos direitos huma-nos nos Estados Unidos; com o músico Yehudi Menuhin; o cientista Dr. Linus Pauling; e o economista Dr. John Kenneth Galbraith. Em especial, por ocasião do falecimento de Ikeda sensei, a mídia japonesa, bem como a de outros países, noticiou amplamente a amizade de Ikeda sensei com o ex-presidente da União Soviética Mikhail Gorbatchev. O primeiro encontro de sensei com o líder soviético se deu em 27 de julho de 1990, no Kremlin, em Moscou. Gorbatchev punha em ação a perestroika (reforma) que visava reconstruir a sociedade dilapidada do país. Ele havia declarado o fim da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, durante a Conferência de Cúpula de Malta, realizada no mês de dezembro do ano anterior, e tinha tomado posse como primeiro presidente da União Soviética. As primeiras palavras ditas por Ikeda sensei nesse encontro foram: “Hoje, vim ‘brigar’ com o presidente. Vamos dialogar francamente sobre quaisquer assuntos, soltando faíscas! Pelo bem da humanidade, do Japão e da União Soviética!”. Diante dessas palavras inesperadas, Gorbatchev respondeu com um sorriso: “Entendi, vamos lá!”. O diálogo foi acalorado, com mais de uma hora de duração, sobre o significado e a situação da perestroika e a expectativa nos jovens, entre outros. Primeiro encontro do presidente Ikeda com Mikhail Gorbatchev, à dir., no Kremlin, em Moscou (27 jul. 1990) No encontro, Gorbatchev declarou: “O novo pensamento da perestroika é como um único ramo da árvore da filosofia do presidente Ikeda”. O presidente Gorbatchev expressou ainda, de forma clara, sua intenção de visitar o Japão na primavera do ano seguinte. Na mesma noite, essa declaração foi noticiada no Japão como manchete principal. Conforme prometido, em abril de 1991, o presidente Gorbatchev cumpriu a primeira visita ao Japão como chefe de Estado da União Soviética e, reservando um tempo em sua agenda lotada, encontrou-se novamente com Ikeda sensei. Mesmo após a renúncia de Gorbatchev como presidente, deram continuidade ao intercâmbio envolvendo seus familiares e publicaram uma obra em forma de diálogo, intitulada Nijusseiki no Seishin no Kyokun [Lições do Espírito do Século 20]. Foram realizados dez encontros ao todo. Na Universidade Soka, ao lado dos pés de cerejeira, que simbolizam a amizade com o casal Zhou Enlai (“Cerejeira Zhou” e “Cerejeira Casal Zhou”), foi plantada a “Cerejeira Casal Gorbatchev” por Mikhail Gorbatchev e esposa, junto com Ikeda sensei e esposa. Hoje, a bela árvore encontra-se em plena floração [dezembro de 2023]. Alegria tanto em vida como na morte Além dos diálogos com líderes e intelectuais do mundo, Ikeda sensei dedicou esforços na realização de palestras em universidades e instituições acadêmicas. Ele justifica essa decisão: “A humanidade pode se unir e se fundir nas universidades. O estudo transcende as nações, os sistemas e os grupos étnicos”. Na mais renomada instituição de ensino superior norte-americana, Universidade Harvard, sensei foi palestrante convidado por duas vezes. A primeira palestra, em 1991, teve como tema “A Era do Soft Power e a Filosofia Interiormente Motivada”. Em setembro de 1993, na segunda palestra, sensei discorreu sobre conceitos budistas a respeito da vida e da morte em seu discurso “O Budismo Mahayana e a Civilização do Século 21”. Ikeda sensei discursa pela segunda vez na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, a convite da instituição. A palestra foi intitulada “O Budismo Mahayana e a Civilização do Século 21” (24 set. 1993) Sensei afirmou que, na raiz do caos da civilização moderna, que gera as guerras, existe a arrogância do ser humano que evita e esquece a questão da morte. Citando a filosofia da “alegria tanto em vida como na morte” pregada no budismo Mahayana, apresentou a perspectiva da construção de uma civilização humana que tenha como base a dignidade da vida e o diálogo aberto. Ao término da palestra com duração de cerca de quarenta minutos, o local foi tomado por um profundo clima de admiração e forte salva de palmas. Depois desse evento, Ikeda sensei continuou transmitindo sua grandiosa visão humanística direcionada para a transformação do destino da humanidade, realizando palestras na Universidade de Moscou (pela segunda vez); na Universidade de Bolonha, na Itália; na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos; na Universidade de Havana, em Cuba; e no Instituto de Estudos Contemporâneos Rajiv Gandhi, da Índia; entre diversas outras. Trilhando eternamente o caminho da paz Em janeiro de 1998, quando Ikeda sensei completou 70 anos, ele registrou em um ensaio: Se fosse para registrar no papel tudo o que realizei desde os meus sessenta anos até os dias de hoje [janeiro de 1998], bem como o que almejo para a próxima década, escreveria: Até os setenta anos: O estabelecimento dos princípios de um novo humanismo. Até os oitenta anos: A conclusão da base do kosen-rufu mundial. A partir de então, de acordo com a Lei Mística e a natureza imperecível da vida exposta no budismo, estou determinado a liderar o kosen-rufu por toda a eternidade.7 Hoje, levantam-se, diante de nós, novos desafios, embora alguns deles sejam também antigos, tais como a questão das armas nucleares, os conflitos étnicos e a crise climática. Entretanto, os meios e os princípios para a solução dessas questões estão indicados na voz, nos diálogos e nas ações de Ikeda sensei. O restante depende somente das ações confiadas aos jovens sucessores. No topo: Ikeda sensei, terceiro a partir da esq., assinala seu primeiro passo na China no dia 30 de maio de 1974. Caminha a pé da estação Lo Wu, em Hong Kong, que era uma colônia britânica, até Shenzhen, China Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 17, 2021. 2. Ibidem, p. 21. 3. IKEDA, Daisaku. Minhas Recordações. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2021. p. 45. 4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 24, 2020. 5. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 423. 6. Idem. Ponte Dourada. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 13, p. 36, 2019. 7. Terceira Civilização, ed. 355, mar. 1998, p. 20. Fotos: Seikyo Press

10/02/2024

Especial

A extraordinária força de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei

“Espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística no mundo. Farei o mesmo.”Nesta terceira parte da série, vamos viajar junto com o Mestre seguindo a trajetória de como a solidariedade Soka se expandiu para 192 países e territórios. Sentindo no coração as palavras do Mestre No salão, já estavam reunidos 158 representantes de 51 países e territórios. Por volta das 11 horas da manhã do dia 26 de janeiro de 1975, o casal Ikeda chegou ao imponente edifício do Centro Internacional de Comércio, localizado não muito distante do aeroporto de Guam. Nesse local, estava prestes a ocorrer a Conferência Mundial para a Paz, que marcaria a fundação da Soka Gakkai Internacional (SGI). Ikeda sensei profere seu discurso de posse como presidente da SGI Ikeda sensei foi até o livro de assinaturas, posicionado na entrada do salão. Pegou a caneta, escreveu seu nome e, no espaço destinado à nacionalidade, registrou: “Mundo”. Da perspectiva do budismo, que prega a igualdade e a dignidade de todos, não há diferenças entre países ou etnias. No âmago do coração de Ikeda sensei ressoavam as palavras do seu falecido mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, que havia mencionado o “nacionalismo global” ao longo de sua vida. Durante a conferência, ao assumir a presidência da SGI, Ikeda sensei declarou: “Em vez de buscarem a aclamação ou glória pessoal, espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística no mundo. Farei o mesmo”.1 Ikeda sensei participa da Conferência Mundial para a Paz (ilha de Guam, 26 jan. 1975)Uma entusiástica salva de palmas ecoou em resposta, como expressão de apoio e de decisão compartilhada por todos. O fato de estarem reunidos naquele momento e naquele local, cada qual tendo abraçado a Lei Mística, era, em si, a evidência de como Ikeda sensei havia plantado as sementes do incentivo pelo mundo desde que assumiu como terceiro presidente da Soka Gakkai [em 3 de maio de 1960]. Não sejam derrotados A primeira vez que a expressão “kosen-rufu mundial” apareceu em destaque como manchete do Seikyo Shimbun foi em 5 de outubro de 1960. Isso ocorreu três dias após Ikeda sensei embarcar em sua primeira viagem pela paz partindo do Aeroporto Internacional de Haneda, em Tóquio. Nessa época, as viagens internacionais ainda eram incomuns, e o número de membros no exterior era bastante reduzido. Como os companheiros do Japão daquele período de pouca vivência prática sobre o “mundo” devem ter sentido o coração palpitar com grande expectativa! Com certeza, vários amigos imaginaram o cenário no qual Ikeda sensei, que havia provocado a grande onda de propagação do shakubuku pelo Japão, finalmente a expandiria por todo o mundo. Foto comemorativa com os companheiros que recepcionaram a comitiva de Ikeda sensei no aeroporto de Chicago durante a visita dele aos Estados Unidos ( 8 out. 1960) No entanto, o que sensei buscou valorizar, antes de tudo, foi o ato de ouvir as pessoas. As reuniões de palestra realizadas em cada localidade que visitava eram principalmente conduzidas de forma a ouvir as perguntas e as dúvidas dos membros. Em uma reunião realizada em Honolulu, Havaí, uma jovem senhora, nascida na região nordeste do Japão, disse: “Quero voltar para o Japão”. Ela havia se casado com um soldado americano que serviu na Guerra da Coreia e se mudou para o Havaí, terra natal dele. No entanto, a vida lá não era como havia sonhado devido a barreiras linguísticas, dificuldades econômicas e violência doméstica. A mulher tremia e chorava copiosamente enquanto dizia: “Não sei o que fazer”. Entre as participantes havia outras mulheres que viviam experiências semelhantes e que também deixavam escapar soluços e lágrimas, compartilhando do mesmo sofrimento. O Mestre anuiu com a cabeça em sinal de profunda empatia e disse em tom sereno: “A senhora deve ter sofrido muito. Deve ter sido realmente muito difícil. Mas a senhora tem o Gohonzon, não é mesmo? A fé é o poder para sobreviver”. Ele expressou sinceras palavras de incentivo com base no princípio budista de “transformação do carma” e concluiu: “Ao conquistar a felicidade, isso não se limitará apenas a uma questão pessoal; mas também inspirará todas as outras mulheres japonesas que vivem aqui no Havaí a se revigorar. Por esse motivo, você não deve ser derrotada pela tristeza”. Havia mulheres com histórias parecidas também na cidade de São Francisco, cujos relatos sensei ouviu atentamente e a quem dedicou sinceros incentivos de todo o coração. Ele também deixou três diretrizes para todas: “Obter cidadania e ser boa cidadã”, “obter carteira de motorista” e “falar inglês fluentemente”. Não busque um ideal em algum lugar distante. Estabeleça suas raízes na realidade da sociedade e viva a fim de conquistar a confiança e a felicidade no lugar em que se encontra neste momento. Essa era a sua mensagem. “Você” é importante Nas reuniões de palestra realizadas no Brasil, sensei disse a todos de forma amistosa: “Fiquem à vontade para perguntar qualquer coisa. Eu vim aqui exatamente para isso”. Quando um imigrante agricultor de meia-idade perguntou “Estou endividado devido a uma colheita fraca. O que eu devo fazer?”, em resposta, sensei lhe fez uma série de perguntas como “Há algum problema com fertilizantes?” e “Qual a relação entre o tipo de solo e a variedade plantada?”. Ele ensinou de maneira atenciosa o modo de ser de um verdadeiro praticante budista: “O budismo é um ensinamento da mais suprema razão. Portanto, a força de sua fé deve se manifestar no estudo, no planejamento, na criatividade e nos esforços redobrados”.2 O que ele enfatizou aos companheiros durante a sua viagem por nove cidades entre os Estados Unidos, Canadá e Brasil não foi “Vamos propagar os ensinamentos” ou “Vamos aumentar o número de membros”. Ele se propôs a declarar continuamente: “O importante é que você se torne feliz” e “É importante que você persevere na fé”. A jornada pela paz começou com o ato de acender a “chama da coragem” no coração dos companheiros que estavam perdendo a esperança de viver e daqueles que lutavam arduamente contra as adversidades: Embora tais esforços pudessem parecer insignificantes e muito distantes da paz mundial, o alicerce para esse objetivo encontra-se apenas no ser humano. Shin’ichi sabia perfeitamente que a paz jamais poderia ser criada sem antes revitalizar todos os indivíduos e estabelecer a verdadeira felicidade na vida de cada um.3 As convicções e ações de Ikeda sensei não mudaram, mesmo durante as visitas de incentivo em outros países e localidades. Em janeiro de 1961, apenas três meses depois da primeira viagem, ele seguiu para Hong Kong, Sri Lanka, Índia, Mianmar, Tailândia e Camboja. Então, a partir de 4 de outubro do mesmo ano, ele percorreu a Europa, visitando a Dinamarca, Alemanha, Holanda, França, Reino Unido, Espanha, Suíça, Áustria e Itália. Em junho de 1983, durante a sua viagem da França para a Holanda [atual Países Baixos], em uma parada, Ikeda sensei desembarca na estação sul de Bruxelas, na Bélgica. Ele se dirige aos companheiros reunidos na plataforma e diz: “Vamos realizar uma reunião de palestra! Será a primeira reunião de palestra aqui!”. O tempo de parada é de apenas sete minutos. Mesmo após o trem começar a se locomover com maior velocidade, sensei assiste benevolentemente os companheiros até perdê-los de vista Mesmo em países onde ainda não havia nenhum membro da Soka Gakkai, ele prosseguiu recitando daimoku em seu coração com o desejo de que este penetrasse naquele solo e que despontassem ali, sem falta, os bodisatvas da terra. Em janeiro de 1962, sensei visitou o Oriente Médio e, em 1964, viajou para a Europa Oriental e o norte da Europa. Na época em que a SGI foi criada, em 1975, ele já havia plantado as “sementes do incentivo”, as “sementes do kosen-rufu” e as “sementes da paz” em 36 países e territórios. Superando as tempestades Não houve nenhum lugar onde o kosen-rufu tenha se espalhado facilmente. Muito pelo contrário, sempre houve uma série de dificuldades enfrentadas. Na Ásia, nos lugares em que o Japão invadiu durante a Guerra do Pacífico, a simples menção de “religião japonesa” já provocaria uma tempestade de críticas por conta do preconceito e da visão errônea. Em Taiwan, as organizações da Soka Gakkai receberam a ordem de dissolução por parte do governo em 1963; e em 1964, o governo sul-coreano tomou medidas para proibir a propagação dos ensinamentos da Soka Gakkai, rotulada nesses países como “organização antinacionalista”. Nas décadas de 1960 e de 1970, regimes militares foram sendo estabelecidos em sucessão nos países das Américas Central e do Sul. As atividades da Soka Gakkai continuaram a ser realizadas em meio a situações de alerta, com restrições de aglomerações, e também as visitas de Ikeda sensei foram impedidas. Sensei enviava mensagens e cartas de incentivo aos líderes da organização de cada país e território. Quando ficava sabendo da vinda de algum companheiro ao Japão, reservava um tempo em meio à sua agenda atarefada para encontrá-lo e encorajá-lo pessoalmente, com o sentimento de que aquela era uma oportunidade única na vida. Às vezes, ele abraçava o companheiro calorosamente afirmando: “Não se preocupe, estou com você, então tudo vai ficar bem”. Outras vezes, principalmente para os jovens, ele enfatizava a essência do espírito da Soka Gakkai, dizendo: “Primeiro, aguente firme por cinco anos sem se afastar. Agora é a hora de sofrer. Se você não se tornar um verdadeiro leão, não será capaz de realizar o kosen-rufu!”. O que era consistente na ação de sensei era a paixão de “Vou reerguer esta pessoa! Não vou permitir que esta pessoa seja infeliz!”. Sob a Guerra Fria entre o Oriente e o Ocidente, sensei enviou repetidamente mensagens aos companheiros do exterior, alertando-os: “Não sejam influenciados pelo sistema político”. Em 1981, na Alemanha ainda dividida em Oriental e Ocidental, ele falou sobre a razão da existência da SGI. O capitalismo está em um impasse. O socialismo também está sem saída. Mas nós não estamos tentando discutir sobre cada sistema. Não importa qual o sistema político da sociedade, nosso movimento budista começa focando e iluminando cada indivíduo que se faz presente exatamente neste local. Um por um, os companheiros foram se levantando em seu respectivo país e território e foram somando esforços para contribuir pelo bem da sociedade como bons cidadãos. A simpatia pelo movimento da SGI e a confiança na organização continuaram a crescer ano após ano. Diversos governos locais, assim como universidades, passaram a conceder títulos de cidadania honorária e títulos acadêmicos honorários em reconhecimento à notável liderança de Ikeda sensei. Em fevereiro de 1987, sensei recebeu a Ordem Nacional da República Dominicana. Em uma reunião com os membros locais, ele expressou seu sincero sentimento: “Se possível, gostaria de dividir esta medalha em pedaços menores e entregá-los a cada um de vocês individualmente. Porque todos os senhores realmente vieram se esforçando em meio às dificuldades”. Então, disse: “O importante é que todos se tornem felizes. Ao receber essa homenagem, isso facilitará a realização de atividades da Soka Gakkai neste país. Minha medalha é fazer os membros felizes”. Sensei incentiva afetuosamente os amigos de Togo, na África, que não mediram esforços para ir ao encontro do Mestre no Japão (Hachioji, Tóquio, out. 2002) Shin’ichi Yamamoto da nova era Em 1993, quando a Soka Gakkai quebrou as correntes de ferro que a prendiam à seita herética que conspirou para sua destruição e alçou voo em direção à Renascença Soka — sensei percorreu a América do Norte, a América do Sul e a Ásia ao longo de três meses. Foi em meio a isso que ele iniciou sua batalha da escrita, a qual definiu como “Uma luta feroz contra o tempo limitado da vida”. Era a serialização da obra Nova Revolução Humana, que passou a ser publicada no Seikyo Shimbun em 6 de agosto daquele ano. “Vocês venceram!” — assim sensei incentivou de todo o coração os jovens amigos das bandas feminina Asas da Paz Kotekitai e masculina Taiyo Ongakutai em sua terceira visita ao Brasil, concretizada após uma espera de dezoito anos (Brasília, DF, fev. 1984).O volume 1 desse romance abre com o personagem Shin’ichi Yamamoto iniciando sua jornada pelo kosen-rufu e tendo em seu coração o sonho que lhe foi confiado por seu venerado mestre, Josei Toda: “Você deve ir para o mundo”. “Nada é mais precioso do que a paz. Nada traz mais felicidade do que a paz. A paz é o primeiro passo para o avanço da humanidade”,4 afirma ele. A solidariedade Soka de pessoas comuns que abarcava 115 países e territórios quando a publicação em série foi iniciada chegou a 192 países e territórios. Após a conclusão do volume 30, em 6 de agosto de 2018, a legião de “Shin’ichi Yamamoto da nova era” se expandiu ainda mais e, atualmente, o número de companheiros no exterior está próximo de 3 milhões. As vozes ouvidas nos cinco continentes em louvor ao movimento pela paz, cultura e educação promovido pela Soka Gakkai não cessam. A SGI-Taiwan, que já tinha sido alvo de opressão no passado, foi condecorada com o Prêmio de Contribuição Social Religiosa por 21 anos consecutivos pelo Ministério de Assuntos Internos, comprovando o reconhecimento de sua notável contribuição para a sociedade taiwanesa. Mesmo na Coreia do Sul, são muitas e contínuas homenagens concedidas a Ikeda sensei e à Sra. Kaneko por organismos do governo e por instituições locais dos mais variados segmentos. “Obrigado! Estou muito feliz! Finalmente consegui vir até aqui!” Em sua primeira visita à sede central da SGI-Coreia do Sul, em Seul, sensei enaltece os companheiros que vieram superando inúmeras adversidades Em julho de 2016, o acordo religioso firmado entre o Instituto Budista Soka Gakkai da Itália e o governo da República Italiana, entrou em vigor. Além disso, naquele mesmo ano, a SGI-Alemanha foi reconhecida como “entidade jurídica de direito público” e deu sua nova partida como “Soka Gakkai da Alemanha”. Em setembro de 2023, sensei conclamou em sua mensagem dedicada aos companheiros do mundo inteiro, em especial aos jovens de 44 países e territórios que foram ao Japão participar do Curso de Aprimoramento da SGI: “Sensei! Deixe o kosen-rufu em nossas mãos!” — com esse juramento no coração, jovens líderes de 44 países e territórios vão ao Japão no último mês de setembro para participar do Curso de Aprimoramento dos Jovens da SGI (Shinanomachi, Tóquio) Junto com os “Shin’ichi Yamamoto” do mundo que se desenvolvem ilimitadamente, façamos o juramento de garantir a vitória e a prosperidade do Castelo dos Grandes Monarcas da Soka Gakkai, de cor dourada, a concretizar, sem falta, a transformação do destino da humanidade.5 As “sementes da paz chamada Lei Mística” que sensei semeou ao longo de sua vida não se limitam aos 54 países e territórios que ele visitou pessoalmente. Por meio da luta conjunta de mestre e discípulo com os preciosos amigos da unicidade que formam um só corpo, essas sementes foram de fato sendo plantadas no mundo inteiro, fazendo com que desabrochassem as flores humanas emergidas da terra. No topo: em fevereiro de 1979, sensei diz a cerca de quarenta companheiros reunidos em Délhi, Índia: “Assim como o fluxo do rio Ganges começa com uma única gota d’água, cada um de vocês é uma das gotas que formarão o grande rio do kosen-rufu da Índia”. Atualmente, a SGI-Índia é composta por mais de 270 mil pessoas. Nota: 1. IKEDA, Daisaku. SGI. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 21, p. 38, 2019.2. Idem. Desbravadores. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 21, p. 38, 2019.3. Idem. Alvorecer. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 47, 2019.4. Ibidem, p. 9.5. Brasil Seikyo, ed. 2.643, 23 set. 2023, p. 5. Fotos: Seikyo Press

24/01/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 17 (parte 2)

Cartas imbuídas de incentivos do coração Shin’ichi refletia sobre o mês de janeiro de 1953, quando o presidente Josei Toda o nomeou líder da Primeira Corporação da Divisão Masculina de Jovens e ele se encontrava em meio à intensa luta para concretizar o sonho do seu mestre de alcançar 750 mil famílias associadas. Ao mesmo tempo, Shin’ichi também se dedicava integralmente para manter os negócios do presidente Josei Toda em funcionamento, e era extremamente ocupado no trabalho. Somando-se a isso, dentro da Soka Gakkai, ele não exercia apenas a função de líder da Primeira Corporação da Divisão Masculina de Jovens, mas era responsável por treinar os jovens da organização como um todo. Além disso, em abril, foi nomeado líder interino do Distrito Bunkyo. Essa organização se encontrava estagnada nos esforços de propagação e era uma dos distritos com pior desempenho na Soka Gakkai nesse aspecto. Shin’ichi estava cada vez mais assoberbado de tarefas, e até mesmo conseguir achar tempo para participar das reuniões da Primeira Corporação estava se tornando um desafio. Contudo, ele refletia: “A verdadeira luta começa agora. Qualquer um pode participar das atividades da Soka Gakkai se tiver bastante tempo. A prática budista genuína significa encontrar tempo numa agenda já lotada e se empenhar com todas as forças. Não recuarei um passo e não serei derrotado”. Determinação é a fonte de vitalidade e sabedoria ilimitada. Nenhuma adversidade é páreo para a decisão férrea daqueles que se dedicam dando o máximo de si em prol do kosen-rufu. Todas as tribulações e dificuldades se transformam em suave brisa para estimular a chama do espírito guerreiro deles. A agenda de Shin’ichi estava tão lotada que não conseguia se encontrar pessoalmente com os membros como gostaria. Portanto, empregava cada momento livre para escrever cartas de incentivos a eles. Se algum estivesse enfrentando problema, Shin’ichi o convidava a vir à sua casa, mesmo que fosse no meio da noite, e oferecia orientações sinceras. Tal era sua exaustão por sua dedicação total que, quando finalmente se arrastava até a cama à noite, o cansaço o impedia de dormir. Oração e determinação o sustentavam todos os dias. “Se não der tudo de mim agora, os planos de Toda sensei não darão em nada e eu me arrependeria pelo resto da vida. Não posso permitir que isso aconteça!”, ponderava. A Primeira Corporação se desenvolveu de forma constante, e no fim de setembro de 1953 já tinha aumentado para mais de seiscentos jovens, quase o dobro do tamanho em relação a quando Shin’ichi assumiu a liderança em janeiro. Seus integrantes estavam muito contentes com esse rápido avanço, mas se considerando o objetivo final de 750 mil famílias associadas, cada feito alcançado até então representava apenas o começo. (...) Nichiren Daishonin registrou: “Além disso, palavras escritas são seu próprio corpo e mente. São o corpo e a mente de todos os seres vivos que continuam pelas três existências”.1 Shin’ichi infundiu todo o seu ser nos cartões que enviou aos líderes de grupo da Primeira Corporação, dedicando-se para despertar o ânimo deles. Alguns líderes receberam várias mensagens, uma seguida de outra. Tocados pelos esforços dele para ajudá-los a romper a negatividade, pois sabiam o que ele estava realizando a despeito de sua agenda extremamente abarrotada, renovaram a decisão de vencer a qualquer custo. Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 423, 2019. (Trechos do capítulo “Castelo do Povo”) *** Esforço e sabedoria para obter boa saúde Em junho de 1973, durante a sua viagem à província de Gifu, localizada na região de Chubu, no Japão, Shin’ichi visitou a Redação da filial de Gifu do Seikyo Shimbun e encorajou os funcionários. Shin’ichi bateu à porta e a abriu. Descobriu vários jovens se dedicando com afinco diagramando páginas do jornal e redigindo artigos. Muito obrigado pelo trabalho árduo de vocês — disse. Havia dois funcionários da filial e seis correspondentes. Talvez por estarem muito ocupados com suas atribuições jornalísticas na preparação para a reunião de líderes da província, todos aparentavam estar exauridos. — Parecem cansados. A saúde é muito importante em nossos esforços em prol do kosen-rufu. Sempre utilizem a sabedoria e cuidem bem da saúde — recomendou Shin’ichi. (...) — Vocês têm muitas coisas para fazer. Mas como o tempo é limitado, acabam reduzindo o tempo de sono. Isso certamente faz parte de ser jovem, mas se estragarem a saúde nesse processo, os seus esforços serão em vão. Dormir menos do que o necessário é causa de doenças e acidentes. Se ficarem doentes ou se machucarem, prejudicarão sua família e os companheiros, bem como a sociedade como um todo. Subestimar esses fundamentos básicos da vida é uma forma de negligência e até arrogância. — O segredo é dar tudo de si em todos os instantes e trabalhar de maneira eficiente. Muitas pessoas passam os dias distraídas ou trabalhando sem interesse ou entusiasmo. Mas é melhor viver com o espírito de que este é o último momento de sua vida e dar o melhor de si consistentemente para fazer tudo o mais depressa possível. A energia para viver dessa maneira advém da recitação fervorosa do gongyo e do daimoku. O período da manhã é especialmente importante. (...) (Trechos do capítulo “Campos Verdejantes”) (Traduzido da edição de 12 de março de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 17 No topo: Ilustração jovem Daisaku Ikeda em estação de trem Ilustração: Kenichiro Uchida

24/01/2024

Mensagem

“Agora é a hora de nos levantar resolutamente como honrados discípulos”

Estimados companheiros do mundo todo, que zarparam com bravura rumo ao “Ano do Descortinar da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”! Como discípulos diretos de Ikeda sensei, a quem ele confiou o bastão espiritual do kosen-rufu, iniciamos nossa jornada eterna de mestre e discípulo imbuídos de ardente e renovada decisão. Toda sensei disse certa vez a Ikeda sensei: “O mundo é vasto. [Em muitos países] ainda há pessoas que choram angustiadas e crianças se encolhendo em meio ao fogo cruzado das guerras. Você deve iluminar a Ásia e o mundo inteiro com a luz da Lei Mística. Deve fazer isso em meu lugar”. Em conformidade com o testamento do seu mestre, Ikeda sensei plantou as sementes da Lei Mística no mundo, cultivou-as até se transformarem em frondosas árvores e edificou o esplêndido desenvolvimento do kosen-rufu mundial de hoje. E no ano passado, na parte final de sua explanação de Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, publicada antes de seu falecimento, sensei expressou seus profundos sentimentos: “Agora, diante da nova partida da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial, gostaria de dedicar aos jovens emergidos da terra que compartilham meu espírito as palavras do meu venerado mestre: ‘Faça isso em meu lugar’”. Mais que nunca, agora é a hora de nos levantar resolutamente como honrados discípulos e extensões de Ikeda sensei para iluminar as pessoas e a sociedade com os raios benevolentes de coragem e esperança e soprar a leve brisa do incentivo para a revitalização da vida. Com o ardente desejo de mestres e discípulos Soka de “eliminar a miséria da face da Terra” e o eterno juramento seigan do Buda de que “o kosen-rufu mundial é a paz mundial”, vamos viver fortemente em prol desse compromisso por toda a vida e fazer deste mundo de guerras e de divisões um paraíso de paz e harmonia, cumprindo plenamente a missão dos emergidos da terra de “transformar o destino da humanidade”. Agora, neste ano, com os jovens na vanguarda, vamos unir as pessoas por meio dos diálogos embasados na amizade e na confiança, e fazer com que as flores da paz e da felicidade desabrochem plenamente em cada canto do planeta. O próximo ano marca o 50º aniversário da SGI, e em sete anos, em 2030, celebraremos o centenário da Soka Gakkai. Neste importante cenário, vamos abrir corajosamente o caminho para significativas vitórias em nossa vida e em nosso movimento pelo kosen-rufu, demonstrando nossa ilimitada gratidão ao nosso mestre, Daisaku Ikeda! No ano novo de 2024 Minoru Harada Presidente da Soka Gakkai Foto: Seikyo Press

14/12/2023

Notícias

Tributo ao grande mestre

Em 3 de março de 1993, durante a quarta visita de Ikeda sensei ao Brasil, ele recebeu a “Medalha Comemorativa do Centenário de Assis Chateaubriand”, no Museu de Arte de São Paulo (Masp). Após trinta anos, a OFBHI realiza o concerto comemorativo com o tema “Concerto de Mestre e Discípulo — Um Tributo ao Grande Mestre Daisaku Ikeda”. A manhã de 10 de dezembro ficará registrada como o retorno da orquestra aos grandes palcos para divulgar os ideais humanísticos da organização e do presidente Ikeda. Os 95 integrantes apresentaram canções variadas, entre elas, as de autoria do professor Amaral Vieira, da Soka Gakkai e de Ikeda sensei. Em 1991, por meio da Associação de Concertos Min-On, o presidente Ikeda doou um piano para o Masp. O mesmo instrumento foi utilizado agora para tocar Sons da Inovação, de Amaral Vieira. “A apresentação é um tributo ao fundador da orquestra e grandioso mestre, manifestando toda a nossa gratidão e decisão em continuarmos cumprindo a missão a nós delegada”, compartilha Fabio Ikeda, coordenador da OFBHI. Amaral Vieira, musicista e consultor técnico da orquestra, expressou seu sentimento a Ikeda sensei: “Sabemos que nosso corpo tem uma duração limitada, mas nossa energia é eterna, principalmente a energia do presidente Ikeda. Então, esse concerto foi uma homenagem que a orquestra e a BSGI prestam a essa figura que tanto fez pelo nosso país, tanto fez pela humanidade. Representa a convicção de Ikeda sensei de que a música tem um poder transformador nas pessoas”. No topo: Concerto comemora os trinta anos de fundação da orquestra ocorrida em 1993 Foto: BS

14/12/2023

Especial

A extraordinária força de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei

O descortinar do kosen-rufu a partir de um encontro místico A vida de Ikeda sensei se encerrou aos 95 anos. Ela foi uma prova incontestável de quão grandiosa pode ser uma jornada quando se abraça com a vida o caminho de mestre e discípulo da Lei Mística. A esplêndida trajetória dele será narrada em seis partes neste especial intitulado A Extraordinária Força de Mestre e Discípulo — Os 95 Anos da Vida de Ikeda Sensei. Esta primeira parte tem como tema “A Honra dos Discípulos de Josei Toda”. Descreve a juventude resiliente e a devoção abnegada pela propagação da Lei de Ikeda sensei desde o encontro com seu venerado mestre, Josei Toda, até a sua posse como terceiro presidente da Soka Gakkai. Em busca da grande árvore Naquele instante, iniciou-se um movimento popular sem precedentes, o qual tinha como base a revolução humana de um único indivíduo que contribui para a construção da paz mundial. Em 14 de agosto de 1947, Ikeda sensei teve seu encontro do destino com Toda sensei. Nesse dia, a convite de uma colega da época do ensino fundamental, Ikeda sensei participou de uma reunião de palestra no bairro de Ota, Tóquio. Ao chegar ao local, Toda sensei explanava o escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra. Em meio à sociedade devastada do pós-guerra, Ikeda sensei, com 19 anos e em busca de um “modo de vida correto”, foi tocado pela personalidade do seu venerado mestre. Naquele momento, ele decidiu dedicar a vida para servir ao mestre em seu coração: “Eu seguirei este mestre. Eu trilharei este caminho”. O que comoveu Ikeda sensei em particular foi o fato do seu mestre ter enfrentado e resistido ao militarismo japonês, inclusive ficando preso. Durante a reunião, Ikeda sensei expressou sua gratidão por meio de um poema que acabara de criar: “Ó viajante! / De onde vens? / e para onde irás? / (...) A grande árvore / eu procuro / que nunca se abalou / na fúria da tempestade. / Neste encontro ideal, / sou eu quem / surge da terra!”. Ao ouvir esse poema, que tinha relação com o “bodisatva da terra” mencionado no Sutra do Lótus, seu mestre sorriu gentilmente. Dez dias depois, em 24 de agosto, Ikeda sensei se converteu ao budismo. Assim foi descortinado o início do drama “revolução humana é a própria paz mundial”. O ideal em meio à adversidade Em 3 de janeiro de 1949, Ikeda sensei ingressou na editora Nihon Shogakkan, dirigida por Toda sensei. Ele começou a trabalhar na edição da revista juvenil Boken Shonen [Aventura dos Meninos] (depois renomeada Shonen Nippon [O Japão dos Meninos]) e, em maio, tornou-se editor-chefe. No entanto, devido aos impactos da recessão econômica pós-guerra, em outubro do mesmo ano, anunciou-se o encerramento da publicação de Shonen Nippon. Em busca da recuperação, seu mestre fundou uma cooperativa de crédito. Contudo, em agosto do ano seguinte (1950), decidiu-se pela paralisação das operações. Ikeda sensei registrou em seu diário: “Mais uma vez, avançarei junto com (Toda) sensei para a próxima construção. Somente isso. Sempre adiante, eternamente em frente”. Em 24 de agosto do mesmo ano, coincidindo com o terceiro aniversário de sua conversão ao budismo, seu mestre anunciou a intenção de renunciar ao cargo de presidente da Soka Gakkai. Enquanto algumas pessoas simplesmente viravam as costas, insultando-o e deixando-o, Ikeda sensei foi o único a apoiá-lo firmemente e a permanecer ao seu lado. No auge da crise, Toda sensei compartilhou com Ikeda sensei suas ideias sobre o lançamento do jornal Seikyo Shimbun e a fundação de uma universidade. A partir do outono de 1950, Toda sensei iniciou a explanação e o estudo dos escritos de Nichiren Daishonin para alguns representantes, em especial, para Ikeda sensei. Em fevereiro do ano seguinte, passou a explanar também obras clássicas de várias épocas e origens. Os estudos de domingo se transformaram em aulas particulares para Ikeda sensei que abrangiam ampla gama de disciplinas acadêmicas. Essas explanações e esses estudos na “Universidade Toda” continuaram até 1957. Anos mais tarde, Ikeda sensei passou a ser agraciado com inúmeras honrarias acadêmicas de diversas universidades e instituições de ensino. Ele sempre expressou sua profunda gratidão ao seu mestre, afirmando que “Tudo é resultado da instrução inspiradora que recebi na Universidade Toda”. A relação que compartilha sofrimentos e alegrias Os desafios da reorganização da cooperativa de crédito eram imensos. Toda sensei estava em uma situação na qual poderia ser processado por alguns credores ou até ir para a prisão. No entanto, em fevereiro de 1951, houve uma reviravolta nos acontecimentos. Um comunicado do Ministério das Finanças indicava que, mediante consenso entre os membros, a cooperativa poderia ser dissolvida. Em 11 de março desse mesmo ano, a cooperativa foi dissolvida e, durante uma assembleia extraordinária da Soka Gakkai, seu mestre fez a seguinte declaração: “Agora é o outono da ampla propagação da nação. Já se vislumbram os sinais da propagação na Ásia Oriental. Finalmente chegou o momento para os guerreiros da Soka Gakkai, que abraçaram a missão budista, avançarem na vanguarda”. Ikeda sensei, jubilante com o rugido do leão do seu mestre, lançou-se ao desafio de promover diálogos junto com seus companheiros. E, liderando o movimento vanguardista da expansão do budismo, solenemente celebrou a posse de Toda sensei como segundo presidente da Soka Gakkai, em 3 de maio desse ano. Toda sensei compôs um poema e registrou-o no verso de uma das fotos comemorativas de sua posse, e presenteou seu jovem discípulo: Como é mística essa relação cármica em que, juntos, compartilhamos sofrimentos e alegrias no presente e também no futuro. A prova do discípulo Durante a cerimônia de posse como segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda proclamou que faria a propagação do budismo para 750 mil novas famílias. Presidente Josei Toda no dia de sua posse presidencial, em 3 de maio de 1951A quantidade de membros da organização na época era de cerca de 3 mil. Todos consideraram a declaração de Josei Toda uma fábula, tanto que alguns líderes até pensaram: “Toda sensei com certeza pretende viver muito”. A expansão avançava a passos lentos. Em dezembro de 1951, o movimento de propagação tinha atingido 466 famílias em todo o país. A meta de 750 mil famílias parecia um futuro muito distante. Quem quebrou essa “barreira” foi Ikeda sensei. No ano seguinte, em janeiro de 1952, ao ser nomeado secretário do Distrito Kamata, ele concretizou a expansão do budismo para 201 famílias em apenas um mês, em fevereiro. A partir daí, a Soka Gakkai ganhou ímpeto e avançou. O ano 1953 foi um período em que a campanha de propagação acelerou consideravelmente dentro da história da Soka Gakkai. Foi lançado o objetivo de realizar shakubuku em 50 mil famílias durante o ano, e este foi alcançado. A força motriz desse espantoso crescimento foi a luta incansável empreendida por Ikeda sensei. Em janeiro desse mesmo ano, ele tinha sido nomeado líder da primeira legião da Divisão Masculina de Jovens e alcançou uma expansão de três vezes do número de “valores humanos” em seu grupo ao longo do ano. Em abril, foi nomeado responsável interino pelo Distrito Bunkyo, transformando-o de um distrito decadente em distrito de primeira classe. Sensei continuou a conquistar “provas incontestáveis da vitória como discípulo” em várias localidades. Em agosto de 1955, tendo como palco Sapporo, ele concretizou uma expansão recorde de 388 famílias em apenas dez dias. E em maio do ano seguinte, em Osaka, ele estabeleceu um marco dourado indestrutível da propagação de 11.111 novas famílias. No mês de julho, surpreendeu o mundo com uma virada espetacular no resultado das eleições, algo considerado inimaginável. De outubro em diante, ele liderou a campanha de propagação em Yamaguchi durante 22 dias, conseguindo expandir a quantidade de famílias da localidade na época em cerca de dez vezes. O juramento de lutar pelos direitos humanos O novo movimento humanístico da Soka Gakkai, que constrói a felicidade das pessoas comuns e a paz mundial, agora envolve o mundo inteiro. A fonte que alimenta essa grande corrente é o forte juramento de Ikeda sensei de lutar pelos direitos humanos durante o Incidente de Osaka, ocorrido em 1957, bem como a luta dos presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda na prisão, na época da guerra. Foi em 3 de julho de 1957 que sensei foi detido injustamente e preso sob a falsa acusação de violação das leis eleitorais. A justiça somente foi comprovada, após extensa batalha judicial que durou quatro anos e meio, em 25 de janeiro de 1962. Centro Cívico de Osaka, localizado em Nakanoshima, é reconhecido como uma construção de importância histórica (foto de Daisaku Ikeda, nov. 2007). Neste local, em 17 de julho de 1957, ocorreu a Convenção de Osaka, da qual Ikeda sensei participou, logo após a sua libertação da prisão. Na ocasião, ele bradou seu rugido de leão: “Quem vence no final é aquele que mantém a fé por toda a vida!” Ikeda sensei detalhou as tramas, o contexto e o significado do Incidente de Osaka em relação à história da Soka Gakkai no volume 11 do romance Revolução Humana. A serialização do volume 11 da Revolução Humana no Seikyo Shimbun se encerrou em outubro de 1991. No mês seguinte, a Soka Gakkai conquistou a “independência espiritual” da Nichiren Shoshu. Em seguida, 1992 foi designado “Ano da Renascença Soka”, marcando o alçar voo da Soka Gakkai como religião mundial. Ikeda sensei compartilhou sua reflexão, dizendo: “Tenho a profunda sensação de que a jornada do kosen-rufu registrada no volume 11 foi uma época de torrentes turbulentas percorrendo os vales que, no fim, moldaram a grande correnteza da ‘Renascença Soka’”. Os eventos de 1957, especialmente o Incidente de Osaka, determinaram o curso do movimento pelo kosen-rufu mundial no “Ano da Renascença Soka” de 35 anos depois, e ainda até os dias de hoje. Uma batalha para acabar com a natureza do mal “Embora tenha surgido em todo o mundo um movimento reivindicando a proibição dos testes com armas nucleares, meu desejo é ir além e atacar o problema pela raiz. Quero exibi-las e arrancar as garras escondidas na parte mais profunda dessas armas.” Em 8 de setembro de 1957, durante o Festival da Juventude, realizado no estádio Mitsuzawa, em Yokohama, ressoou o vigoroso rugido do leão do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda. “Proponho que a humanidade aplique, em cada caso, a pena de morte a toda pessoa responsável pelo emprego de armas nucleares, independentemente de qual país for, seja vencedor, seja perdedor”, declarou. O mundo estava em meio à Guerra Fria, na época, e havia uma escalada na corrida armamentista com base na lógica da “dissuasão nuclear”. Testes nucleares estavam ocorrendo de forma repetida. Pelo fim das armas nucleares, capazes de destruir a humanidade num instante, Toda sensei proferiu a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares como primeiro testamento aos jovens. Como praticante do budismo que considera a dignidade da vida como a mais sublime que existe, seu mestre era contra a pena de morte. No entanto, ele enfatizou a condenação à pena de morte para categorizar como mal absoluto a mente demoníaca daqueles que desejavam possuir e utilizar as armas nucleares. Em novembro do mesmo ano, dois meses após o anúncio de sua declaração, Toda sensei planejava visitar Hiroshima. Contudo, sua saúde já estava muito debilitada e, na manhã da partida, ele desmaiou em sua casa. Ikeda sensei se recorda dos fatos dessa época: “Quão profundos eram os sentimentos de (Toda) sensei em relação à terra arrasada de Hiroshima! Ele estava determinado a ir a Hiroshima, destruída pelas garras da função demoníaca, que são as armas nucleares, mesmo que isso custasse a sua vida”. “O espírito do meu mestre, que desejou ir a Hiroshima, mesmo pondo em risco a própria vida, jamais se apagará do meu peito por toda a minha existência. Não, na verdade, isso se tornou o ponto primordial das minhas ações.” Toda sensei planejava participar da convenção da Divisão Feminina de Jovens cujo tema era a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares. Nessa atividade, Ikeda sensei participou como representante do mestre e conclamou a todas as integrantes da divisão que sucedessem o espírito da declaração. Ao longo de sua vida, Ikeda sensei defendeu o espírito da declaração por meio de diálogos com líderes e pensadores do mundo e em suas Propostas de Paz, e se dedicou de corpo e alma a tornar realidade a abolição das armas nucleares. Em 2017, passados sessenta anos da declaração, o Tratado de Proibição de Armas Nucleares (TPAN) foi adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o apoio de 122 países. Em 2021, ele entrou em vigor com a ratificação de cinquenta países. A monarca do mundo religioso Em março de 1958, Toda sensei disse a Ikeda sensei: “Vamos realizar uma cerimônia que servirá de ensaio geral para o kosen-rufu, um preparativo”. A evento foi realizado em 16 de março, reunindo 6 mil jovens vindos de todos os cantos do país. Estava prevista a participação do primeiro-ministro japonês da época, mas isso não se concretizou devido a interferências escusas. Toda sensei ficou muito indignado por essa quebra de compromisso com os jovens, mas decidiu promover uma “grande solenidade junto com os jovens”. Em dezembro do ano anterior, Toda sensei, que havia concretizado o grande desejo e a missão de sua vida — a propagação do budismo para 750 mil famílias —, já se encontrava numa condição em que não conseguia mais calçar sapatos de couro. Mesmo assim, ele declarou que a Soka Gakkai era a monarca do mundo religioso e delegou o futuro aos jovens. Após o 16 de Março, Toda sensei enfatizou a Ikeda sensei: “Jamais recue na luta contra a maldade”. Ele instruiu rigorosamente que lutasse até o fim contra as forças que tentavam perturbar e impedir o avanço da Soka Gakkai. Ikeda sensei repetiu reiteradamente esse testamento como firme diretriz para a Divisão dos Jovens e para toda a Soka Gakkai. No dia 2 de abril de 1958, Toda sensei encerrou sua nobre vida de abnegada devoção pela propagação da Lei, aos 58 anos. Em 29 de abril do mesmo ano, Ikeda sensei correu a caneta sobre o papel: “Vamos lutar, para provar ao mundo a grandiosidade do mestre. Vou lutar e avançar em linha reta. Lutarei resolutamente. Superarei as ondas furiosas dos obstáculos. Entrarei na juventude do ensino essencial”. Com o coração da unicidade Após a morte de Toda sensei, espalharam-se calúnias, tais como “A Soka Gakkai irá se desintegrar no ar”. Quanto mais as tempestades de críticas se intensificavam, mais inflamava o espírito de luta de Ikeda sensei. Ele escreveu em seu diário: “Decidi dedicar minha vida inteira a declarar para o mundo o ideal do presidente Toda, seu último desejo, e a me empenhar para torná-lo realidade. Esta é minha única missão neste mundo”.1 Após a morte de Josei Toda, com o espírito de unicidade com o venerado mestre, Ikeda sensei assumiu toda a responsabilidade pelo kosen-rufu e continuou a enviar incentivos aos amigos. No dia 3 de maio de 1960, sensei assumiu como terceiro presidente da Soka Gakkai. E para tornar realidade o ideal do kosen-rufu do seu mestre, ele parte em sua viagem para o mundo. Após o término da solenidade de posse transbordante de alegria do terceiro presidente, jovens congratulam Ikeda sensei, lançando-o ao alto (auditório da Universidade do Japão, em Tóquio, 3 maio 1960) Ikeda sensei disse: “Se vocês protegerem o espírito de ‘mestre e discípulo’, sem falta despontarão líderes maravilhosos”. “Eu tenho certeza desse futuro”. No topo: jovem Ikeda, que nessa época atua como editor-chefe da revista Boken Shonen [Aventura dos Meninos], depois renomeada Shonen Nippon [O Japão dos Meninos] junto com o professor Josei Toda Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 478. Fotos: Seikyo Press Publicado no Seikyo Shimbun do dia 20 de novembro de 2023.

14/12/2023

Matéria Grupo Coração do Rei Leão

Como perpetuar o sentimento de mestre e discípulo?

Um dos questionamentos comuns de líderes da Divisão dos Estudantes sempre foi como perpetuar o sentimento de mestre e discípulo entre as gerações de jovens e estudantes que viveriam numa época em que sensei não estaria mais em vida. Para nossa tristeza, essa época chegou. Nosso querido mestre, aos 95 anos, transcendeu sua nobre existência, deixando um legado inesquecível na história da humanidade. E, daqui em diante, qual o nosso papel e de que forma devemos atuar para que as próximas gerações vivam e sintam sensei no coração e nas ações? Considerando os fatos e as turbulências sociais que estão ocorrendo, torna-se ainda mais relevante nos empenhar ao máximo na criação de valor na Divisão dos Estudantes e na Divisão dos Jovens, visando um futuro de paz. Cabe aos que estão vivendo na órbita do Mestre se lançarem à missão de lutar, mais que nunca, pelo fim da miséria humana, tornando os jovens a força propulsora da Soka Gakkai na sociedade, tendo sempre como ponto primordial a relação de mestre e discípulo. Um jovem líder do Japão relatou durante um curso de aprimoramento da SGI que, no episódio do festival de 1990 no Brasil, Ikeda sensei não pôde participar, apesar da luta dos jovens para chamar o Mestre. Os jovens ficaram tristes, porém se levantaram para realizar um festival maravilhoso. Esse movimento tocou o coração do Mestre que ficou muito sentido por não poder ir ao festival, pois percebeu que os jovens estavam se esforçando para encontrá-lo. Naquele momento, pegou uma bandeirinha e ficou andando na sala fazendo o pique-pique e falando Banzai! [‘Viva!’] para os jovens do Brasil. Quase ninguém viu isso, mas percebi quanto o coração dos jovens do Brasil estava próximo ao de Ikeda sensei e, depois disso, senti quanto a Divisão dos Jovens do Brasil cresceu. Que magnífico relato! Mesmo não vivendo a mesma época que os presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, conhecemos e lutamos pelos mesmos ideais de paz e de educação pelos quais eles tanto sonhavam devido à luta do discípulo de perpetuar o sentimento dos mestres. Agora chegou o nosso momento de, por meio da nossa postura e das vitórias, mostrar a grandiosidade de Ikeda sensei e fazer brotar na vida das pessoas o verdadeiro juramento do discípulo de corresponder eternamente ao Mestre. Nossa missão é ainda mais grandiosa por mantermos e transmitirmos fielmente os ideais e direcionamentos de sensei atuando com sinceridade e gratidão com o espírito de “O que o Mestre faria agora?” e “Como ele agiria nesta situação?”. O presidente Ikeda mencionou Johann Wolfgang von Goethe, o qual afirmou que “Um bom professor extrai o melhor dos seus alunos e as ações deles, por sua vez, ramificam-se infinitamente”.1 E o próprio sensei concluiu que “Expandir ilimitadamente novas vitórias e agregá-las às notáveis realizações do mestre constitui a honrosa luta do discípulo”.2 Portanto, cabe aos discípulos Ikeda dar continuidade à “história de vitórias e de conquistas na qual o drama de mestre e discípulo brilhará com intensidade cada vez maior pelo mundo e pelo futuro” em busca da concretização do kosen-rufu. Matéria elaborada pelo Grupo Coração do Rei Leão da Coordenadoria Norte-Oeste Paulista (CNOP) Notas: 1. GOETHE, Johann Wolfgang von. Winckelmann and His Age. In: Essays on Art and Literature. GEAREY, John. (ed.). Tradução: Ellen von Nardroff e Ernest H. von Nardroff. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, v. 3, p. 114, 1994. Goethe’s Collected Works. 2. Brasil Seikyo, ed. 2.413, 31 mar. 2018, p. B1- B4. Foto: GETTY IMAGES

09/12/2023

Especial

“Oh! Brasil! Terra natal do meu coração”

O Dr. Daisaku Ikeda encerrou sua nobre existência dedicada à humanidade no dia 15 de novembro e, desde essa data, os membros da Soka Gakkai em todo o mundo prestam homenagens com profunda gratidão e renovam a decisão de cumprir o juramento de concretizar o kosen-rufu infalivelmente. No Brasil também, os integrantes da BSGI unem-se para reafirmar: “Sensei, conte conosco!”. Determinação cultivada ao longo de décadas de uma relação que se aprofunda a cada palavra de encorajamento do Mestre posta em prática, a cada dificuldade superada com suor e lágrimas, e a cada vitória alcançada e compartilhada com os companheiros. No poema Brasil, Seja Monarca do Mundo! cujas primeiras linhas compõem o título deste Especial, Ikeda sensei expressa suas expectativas em relação à atuação dos membros da BSGI. Em outro trecho, ele solicita: Oh! meus amigos! Por mais distantes que estejamos nunca estamos separados, mais próximo está nosso coração. Percorramos juntos eternamente, sublimes companheiros do kosen-rufu, pela grande estrada dourada de paz e felicidade.1 Sensei nos relembra que a “unicidade de mestre e discípulo” (shitei funi) é uma relação que transcende a distância física, o tempo e a própria morte. Eterniza-se por meio das ações do discípulo para concretizar e perpetuar os ideais do mestre. Brasil Seikyo traz, a seguir, um breve panorama sobre como esses sinceros laços de vida entre Ikeda sensei e os membros da BSGI se desenvolveram ao longo das décadas, superando grandes ondas de adversidades para consolidar uma organização com importante missão para o futuro da humanidade. “Contudo, eu irei” Essa frase imortal de Ikeda sensei marca o inabalável espírito de fundação da BSGI. Em 1960, em sua primeira viagem ao exterior, o Mestre estava com a saúde debilitada e, mesmo assim, viajou para Estados Unidos, Canadá e Brasil com sua comitiva. Deixando o Brasil como o último e mais importante destino, ele não recuou. A decisão de vir ao país, independentemente da situação de sua saúde, deu início à grandiosa unicidade de mestre e discípulo com os brasileiros. Durante a reunião de fundação do Distrito Brasil, Ikeda sensei declarou: Reunião de fundação do Distrito Brasil, o primeiro a ser criado fora do Japão (20 out. 1960) — O Brasil tornou-se agora, fora do Japão, o país pioneiro do movimento pelo kosen-rufu mundial. Aqui existe um potencial ilimitado. Como pioneiros da paz e da felicidade, solicito aos senhores que abram o caminho do kosen-rufu do Brasil em meu lugar. Por favor, façam o melhor que puderem. Conto com os senhores!2 Luz do alvorecer Em 1966, o Brasil vivia sob regime militar e os cinco dias da segunda visita de Ikeda sensei transcorreram sob constante vigilância policial em consequência de informações distorcidas sobre a Soka Gakkai. O Mestre encorajou os membros da BSGI a vencer as dificuldades e a se empenhar para conquistar a confiança na sociedade por meio da própria comprovação da prática budista. Líderes da BSGI recitam daimoku com Ikeda sensei em sua segunda visita ao Brasil (mar. 1966) Em visita ao Rio de Janeiro, Ikeda sensei incentivou pioneiros da localidade: — É fundamental que não se esqueçam da decisão de avançar, de crescer e de vencer a cada dia. Assim, criarão uma magnífica história na vida, sem motivos para se arrependerem mais tarde. Para isso, é importante que perguntem a si mesmos: “o que eu posso fazer agora?”, “como devo atuar no dia de hoje?” Com isso em mente, mantenham sempre o desafio de dedicar-se ao máximo em prol do kosen-rufu.3 Reencontro emocionante Em 1974, seria realizada uma viagem de Ikeda sensei aos Estados Unidos e ao Brasil. A BSGI programou a realização de um festival cultural para recebê-lo. Porém, a emissão do visto de entrada ao país foi negada: o governo brasileiro estava temeroso em função de uma denúncia anônima de que havia um indivíduo perigoso na comitiva. Foram dezoito anos de espera até o reencontro dos membros brasileiros com o Mestre. Finalmente, em 19 de fevereiro de 1984, Ikeda sensei desembarcou no Aeroporto de Congonhas em São Paulo, em sua terceira visita ao Brasil. Ele viajou para Brasília, capital federal, onde manteve audiências com o presidente da República e outras autoridades. Nos intervalos desses compromissos, encontrou-se com os membros e os incentivou calorosamente. Momentos inesquecíveis durante a segunda visita do Mestre ao Brasil com integrantes da organização de Brasília, DFEm São Paulo, no dia 25 de fevereiro, o presidente Ikeda apareceu inesperadamente no Ginásio de Esportes do Ibirapuera, onde seria realizado o 1o Festival Cultural-Esportivo da SGI, no dia 26. Os milhares de figurantes e integrantes da organização que estavam no local ficaram surpresos e muito felizes. Quando ele surgiu no ginásio e começou a dar a volta na pista olhando para os membros que lotavam as arquibancadas, uma forte manifestação de alegria e um turbilhão de vozes estremeceram o espaço. Todos aguardavam por esse grande momento. Surpreendendo a todos, Ikeda sensei surge no ensaio geral do Festival Cultural-Esportivo realizado no Ginásio do Ibirapuera (25 fev. 1984) Depois de percorrer o ginásio com os braços erguidos, ele pegou o microfone e externou seu profundo sentimento a todos. Em coro, os figurantes e os espectadores cantaram com altivo orgulho Saudação a Sensei. Essa canção encorajou os companheiros do Brasil nos momentos mais difíceis, incentivando-os a desafiar os próprios limites. Foi a música que criou a forte solidariedade e o companheirismo entre os valorosos membros de todos os recantos das terras brasileiras. Cerca de três anos após a sua terceira visita, em 21 de fevereiro de 1987, o Mestre dedicou aos membros do Brasil um significativo poema intitulado A Longa e Distante Correnteza do Amazonas, no qual descreve a história de desafios e de vitórias da BSGI. Em um trecho, ele relembra o momento do reencontro em 1984: Foi realmente como uma tempestade me envolvendo... Um turbilhão de ardente paixão e emoção... É pique! É pique! É pique! É hora, é hora, é hora... 25 de fevereiro de 1984, ensaio geral do Grande Festival Cultural do Brasil... O brado audaz da vida dos jovens do paraíso do samba estremeceu o imenso Ginásio de Esportes. Sorrisos, lágrimas, vozes jubilosas de vocês, deles e delas, pareciam preencher o intervalo de 18 anos vividos, dia após dia, com intensa ansiedade. Este espetáculo por mim jamais será esquecido.4 Direcionamentos marcantes Trecho da mensagem de Ikeda sensei comemorativa do cinquentenário da BSGI Neste momento é chegado o importantíssimo “tempo” da arrancada rumo ao futuro do kosen-rufu. Solicito que, daqui para a frente, os senhores abram um majestoso caminho da vitória por todo o Brasil a partir do bloco que assumiram como missão de sua vida e da comunidade com a qual possuem profunda relação cármica, incentivando e desenvolvendo ainda mais os valores humanos, que são a nova esperança.5 * * * Trecho da mensagem de Ikeda sensei comemorativa dos sessenta anos de fundação da BSGI A vitória dos senhores é a minha própria vitória. A felicidade dos senhores é a minha própria felicidade. Por mais que estejamos fisicamente distantes, por vivermos pelo kosen-rufu em torno do Gohonzon, nosso coração está sempre próximo e fortemente conectado. Daqui em diante também, minha esposa e eu enviaremos daimoku com todas as forças para que conquistem uma vida vitoriosa com saúde e longevidade, exalando o aroma dos benefícios e da boa sorte.6 Consolidação para o futuro Em 9 de fevereiro de 1993, Ikeda sensei desembarcou no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, ocasião em que foi recebido por inúmeras personalidades, entre elas o então presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Austregésilo de Athayde. Na época, o Dr. Ikeda foi acolhido como sócio correspondente da ABL e recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em sua quarta visita, recebeu distintas homenagens de São Paulo e do Paraná. No Centro Cultural Campestre, em Itapevi, SP, participou da Convenção Sul-Americana da SGI, da 16ª Convenção da SGI e de vários outros eventos. Nos dias em que esteve em terras brasileiras, Ikeda sensei direcionou o avanço do kosen-rufu do Brasil e do mundo, estabelecendo o ritmo de avanço da organização para todo o futuro. Durante a Convenção da SGI, o Mestre incentivou: O budismo que praticamos revela a suprema dignidade e a verdadeira igualdade da vida de todas as pessoas. Nosso movimento pelo kosen-rufu consiste em nos respeitar mutuamente, fazendo florir a bela flor da “paz” e da “felicidade” dentro da nossa vida e na vida dos nossos amigos. É esse o nosso objetivo. (...) Aqueles que possuem o coração rico e benevolente prezam as pessoas, criam “valores humanos” e tornam a si próprias pessoas felizes. Aqueles com espírito pobre desprezam as pessoas com as lamentações e calúnias, levando-as a cair em desgraça, além de se tornar infelizes. Devemos ter sempre um coração rico e belo, e envolver carinhosamente nossos amigos com a melodia da sinfonia da felicidade.8 BSGI Monarca Em 22 de julho de 2001, os membros da BSGI receberam, com muita emoção e nova decisão, o poema Brasil, Seja Monarca do Mundo!, de autoria do Dr. Daisaku Ikeda, que se tornou uma clara bússola para a atuação dos discípulos brasileiros no movimento pelo kosen-rufu. Em um trecho do poema consta: Não faz mal que seja pouco, o que importa é que o avanço de hoje seja maior que o de ontem. Que nossos passos de amanhã sejam mais largos que os de hoje. Que sejam humanistas de braços fortes em luta solidária com as pessoas deserdadas. Atuem agora e vivam o presente com a certeza de que neste exato instante está se erguendo o futuro.7 A mais nobre missão Trecho da mensagem de Ikeda sensei comemorativa dos trinta anos de sua quarta visita ao Brasil Então, avançando corajosamente pelo grande caminho do kosen-rufu de profunda missão, junto com a Gakkai e os companheiros, vamos continuar transmitindo incentivos com o espírito de prezar uma única pessoa e sem deixar ninguém para trás! E, em nossa terra do juramento, vamos construir a grande rede da felicidade e da paz! Rumo ao centenário de fundação da Soka Gakkai em 2030, com os jovens de altivo orgulho de genuínos emergidos da terra na vanguarda, conto com todos para que promovam, em união harmoniosa e alegre, o modelo de avanço número um do mundo!9 Trecho da mensagem de Ikeda sensei comemorativa do dia 18 de novembro (2023) Daishonin afirma: “Meu desejo é que todos os meus discípulos façam um grande juramento”. Justamente por vivermos um momento de provações no mundo inteiro, que possamos recitar, de forma intensa, daimoku do rugido do leão e, juntos, com renovada decisão, devotar a vida em prol do “grande juramento pelo kosen-rufu”! E, com os jovens na vanguarda, vamos todos, imbuídos da energia vital juvenil dos bodisatvas da terra, expandir corajosamente a rede da esperança e da paz Dedico aos senhores palavras do meu venerado mestre, Josei Toda: “As ladeiras das dificuldades fazem com que a fé se fortaleça e a condição de vida se aprofunde. Quanto mais ladeiras das provações transpusermos na vida, mais a felicidade, os valores humanos e a vitória aumentarão”. Haja o que houver, peço que avancem sempre com harmonia e alegria!10 No topo: presidente Ikeda e sua esposa, Kaneko, cumprimentam membros do Brasil durante um passeio no Centro Cultural Campestre da BSGI em sua quarta visita ao país (fev. 1993) Fotos: Seikyo Press Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.572, 17 jul. 2021, p. 8. / 2. IKEDA, Daisaku. Desbravadores. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 243, 2019. / 3. Idem. Luz do Alvorecer. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 11, p. 27, 2017. / 4. Disponível em: https://extra2.bsgi.org.br/extranet/estudo/poemas/a-longa-e-distante-correnteza-do-amazonas/#top, Acesso em: 6 nov. 2023. / 5. Brasil Seikyo, ed. 2.054, 9 out. 2010, p. A1. / 6. Idem, ed. 2.535, 10 out. 2020, p. 3. / 7. Idem, ed. 2.572, 17 jul. 2021, p. 8. / 8. Idem, ed. 2.628, 11 fev. 2023, p. B3. / 9. Idem, ed. 2.636, 10 jun. 2023, p. 3. / 10. Idem, ed. 2.647, 23 nov. 2023, p. 11.

07/12/2023

Notícias

Grupo Zenshin em nova fase

No dia 31 de outubro, ocorreu a tão esperada live do Zenshin, com o tema “Uma Nova Fase Inspira uma Nova Versão! ReprogrAME-SE e Crie Conexões”. Realizada via YouTube, com a participação dos membros do Zenshin e da Divisão Feminina (DF) de todo o Brasil, o encontro atingiu 5,6 mil pontos de conexão. O objetivo era agradecer a nobre dedicação de cada integrante do grupo, apresentar a nova estrutura de líderes e os direcionamentos da nova fase do Zenshin. Depois de as líderes expressarem eterna gratidão às companheiras por avançarem juntas ao longo dos anos, a programação seguiu com Meiry Hirano, coordenadora-geral da DF, que apresentou as novas líderes do Zenshin da BSGI e de coordenadoria-geral. Como nova fase inspira nova versão, foram delineados os planos de atuação do grupo para 2024, baseados nas diretrizes “União, Oração, Apoio e Respeito” e na leitura dos livros Flores da Felicidade, volume 2, e Nova Revolução Humana. A nova coordenadora do Zenshin, Ana Lídia Oliveira, iniciou suas palavras agradecendo às companheiras e compartilhou algo muito especial: uma grande consideração do Mestre recebida na véspera da live, em resposta ao comunicado dessa significativa partida. Foi um momento magnífico e de muita emoção para todas. Ana Lídia relatou um pouco de sua vida e a firme decisão rumo aos vinte anos do grupo em 19 de fevereiro de 2025, no mesmo ano em que a Soka Gakkai comemora 95 anos, e a BSGI, 65. Ela convidou as participantes a se unir ao movimento de “cem dias de daimoku” em união com a Divisão Feminina no período de 19 de novembro próximo a 27 de fevereiro de 2024. Selma Inoguti, coordenadora da DF da BSGI, agradeceu a todas, em especial às formandas. Destacou essa nova fase, encorajando as veteranas e novatas para que lutem em conjunto rumo aos vinte anos do grupo Zenshin. Reforçou que a palavra “avanço” representa a própria vida de Ikeda sensei, e bradou “Vamos avançar juntas com o Zenshin!”. O presidente da BSGI, Miguel Shiratori, incentivou sobre a grande missão de todas, independentemente das circunstâncias. Conforme ele declarou, o budismo que praticamos expõe claramente os ensinamentos que inspiram nossa esperança. Disse que, ao despertamos para nossa missão, nós nos tornamos infinitamente fortes, sendo inspiração para as outras pessoas. Ao final, ressaltou a importância do papel das mulheres e solicitou para que orem pela paz mundial e pela felicidade de todos e transmitam esse humanismo, essa luz de esperança, para a sociedade. A live proporcionou momentos únicos e de grande emoção, em que cada participante renovou seu juramento: “Shitei funi é a minha vida!” e “Avançar é a nossa missão!”. Algumas localidades já realizaram em sintonia encontros com nova restruturação, como a Sub. Minas Norte e Sub. Minas Sul, reunidas no último dia 5, entre outras. No topo: print comemorativo da atividade do Zenshin, assistida por companheiras do grupo e da DF de todo o país Foto: Colaboração local

09/11/2023

Especial

Sublime caminho de mestre e discípulo

O dia 18 de novembro é marcado por diversos significados. Além dos 93 anos de fundação da Soka Gakkai, celebram-se dez anos de inauguração do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu e quatro anos do Centro Mundial Seikyo da Soka Gakkai. Também nessa data, em 1944, falecia o primeiro presidente da organização, Tsunesaburo Makiguchi. A história da Soka Gakkai, iniciada em 1930, foi escrita com o empenho resoluto de seus fundadores, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda. Anos depois, coube a Daisaku Ikeda assumir a terceira presidência da organização, em 3 de maio de 1960, dando continuidade ao legado dos mestres antecessores e ampliando a correnteza do kosen-rufu em nível mundial. Primeiros passos O primeiro contato de Tsunesaburo Makiguchi com o Budismo de Nichiren Daishonin aconteceu em 1928, quando ele conheceu Sokei Mitani, diretor do Colégio Kenshin (atual Colégio Mejiro), de Tóquio. Na época, Makiguchi era diretor de uma escola de ensino fundamental 1 e, naquele encontro, Mitani explicou o tema central do pensamento budista com base no tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra, escrito por Nichiren Daishonin, em 1260. Makiguchi encontrou no debate entre o viajante e o anfitrião, descrito nessa obra, as respostas que tanto buscava. Seu interesse em se aprofundar no pensamento budista foi tão grande que o diálogo com Mitani se repetiu por dez dias seguidos até Makiguchi tomar a decisão de abraçar o budismo. Nas suas anotações, ele descreve que não seguia nenhuma religião até então e que estava à procura de uma que valesse a pena. Estudou as filosofias cristãs, o xintoísmo e outras escolas budistas, mas nenhuma dessas doutrinas foi convincente aos seus olhos. “Não há nenhuma contradição com os princípios científicos e filosóficos que sustentam a nossa vida diária!” — assim comenta o educador sobre as suas primeiras considerações em relação ao Budismo Nichiren. Ele observou que, no processo de avaliação da veracidade de uma religião com base nas “três provas” — documental, teórica e real —, definidas no budismo, havia correspondência com as razões lógica, científica e filosófica. Além disso, o objeto de devoção da fé não eram deuses nem budas personificados, mas uma lei pela qual as pessoas atingem as mesmas qualificações de um buda. Abraçar a fé no Budismo Nichiren foi uma transformação radical no modo de vida do veterano professor de quase 60 anos, uma alegria que ele considerou indescritível. Nessa ocasião, Makiguchi participava de um grupo de estudos formado por professores, em sua maioria jovens, organizado informalmente e comprometido em reformar a sociedade por meio da educação. Eles compartilhavam um sentimento de frustração diante da sociedade extremamente autoritária. Numa tarde de fevereiro de 1929, ele foi se encontrar com um daqueles jovens, Josei Toda, que morava no bairro de Meguro, em Tóquio, para expor o projeto de publicar sua teoria de educação. “Qual é o objetivo de sua teoria educacional?” — perguntou Josei Toda. “É a criação de valor!” — respondeu Makiguchi. “Vamos chamá-la então de sistema pedagógico de criação de valor!” — propôs Josei Toda e assim nasceu a educação Soka. Em 18 de novembro de 1930, Makiguchi sensei publicou a obra Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. Na página de créditos constava o nome de Tsunesaburo Makiguchi, como autor, o de Josei (na época, Jogai) Toda, como editor, e a denominação da Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor] como editora. Assim surgiu no mundo o nome da predecessora da Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor] cuja fundação ocorreu pelas mãos de duas pessoas: Tsunesaburo Makiguchi, como mestre, e Josei Toda, como seu fiel discípulo. Dessa pequena vereda originou-se a grande correnteza do kosen-rufu mundial, hoje presente em mais de 192 países e territórios. À medida que Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda se aprofundavam no budismo, eles se convenciam cada vez mais de que a prática dessa filosofia, com ensinamentos que asseguravam a transformação da sociedade pela mudança do indivíduo, era o meio para alcançar uma reforma social fundamental que tanto ansiavam. Então, a Soka Kyoiku Gakkai transcendeu os aspectos pedagógicos que antes a norteavam e se tornou um movimento pela felicidade das pessoas com a promoção do Budismo de Nichiren Daishonin. Juntos, Makiguchi sensei e Toda sensei viajavam por todo o Japão realizando reuniões e incentivando os membros. Verdadeira missão Em meio à Segunda Guerra Mundial, o governo japonês impôs a religião do Estado, o xintoísmo, à população, e também se tornou intolerante à divergência de opiniões. Tsunesaburo Makiguchi se opôs firmemente a essas ações repressivas. Por isso, em 1943, ele, Josei Toda e outros discípulos foram presos. Diante da forte pressão, os dois permaneceram inabaláveis. Makiguchi sensei, mantendo sua crença até o fim, morreu no cárcere em 1944. Toda sensei foi libertado em julho de 1945. Com o falecimento do seu mestre, Josei Toda decidiu reconstruir a organização devastada pela guerra, nomeando-a Soka Gakkai. Em 1947, numa pequena reunião de palestra, ele conheceu o jovem Daisaku Ikeda que, aos 19 anos, se tornou seu abnegado discípulo e sucessor. Passou-se uma década, e com a morte de Josei Toda, Ikeda sensei encarregou-se de expandir o budismo para fora do Japão, difundir os ideais de paz, cultura e educação da organização e consolidar a Soka Gakkai como religião mundial. As teorias de Makiguchi sensei sobre a educação criadora de valor inspiraram um crescente número de pesquisas e projetos inovadores no mundo inteiro e originaram a grandiosa Soka Gakkai de hoje. Isso só foi possível porque Toda sensei e Ikeda sensei assumiram para si seus ideais humanísticos e se mantiveram inabaláveis para cumprir o juramento em prol da felicidade da humanidade. O espírito de fundação da organização pulsa na eterna unicidade de mestre e discípulo, como o presidente Ikeda enfatiza: O Sr. Toda advertiu rigorosamente: “Quando o espírito de fundação é esquecido, surgem divisões e facções, as lutas pelo poder proliferam e reina a desordem. Manter e fortalecer o espírito de mestre e discípulo — o ponto primordial da Soka Gakkai — são a essência e o fundamento de nossa organização dedicada à ampla propagação do Budismo Nichiren”. Nosso espírito de fundação não é abstrato ou simbólico. Na verdade, o espírito de fundação de nossa organização e o espírito de mestre e discípulo são absolutamente idênticos. São uma única coisa. (…) A nobre vida de um bodisatva da terra pulsa vibrantemente nas profundezas de nosso ser. Nós podemos extrair e manifestar essa pura e poderosa energia vital orando com um profundo juramento e empreendendo ações corajosas. Conforme diz um verso da Canção da Revolução Humana, “Temos uma missão a cumprir aqui neste mundo”. Todos vocês, sem exceção, nasceram neste planeta com uma preciosa missão. Declaro que a construção de uma nova Soka Gakkai começa com a dinâmica energia vital dos bodisatvas da terra.1 Atualmente, com os jovens na vanguarda, a Soka Gakkai caminha a passos largos em diversas frentes na sociedade para a construção de um mundo pacífico com base nos princípios humanísticos do Budismo Nichiren e na eterna unicidade de mestre e discípulo visando seu auspicioso centenário em 2030. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.491, 16 nov. 2019, p. 6 e 7. Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.882, 10 mar. 2007, p. A5. *** Humanismo é a essência da Soka Gakkai Trecho de discurso do presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, proferido no Gongyokai Comemorativo do 57o Aniversário de Fundação da Soka Gakkai, realizado em Tóquio, no dia 18 de novembro de 1987. DR. DAISAKU IKEDA O espírito de mestre e discípulo que unia o presidente Tsunesaburo Makiguchi e o presidente Josei Toda é o ponto inicial eterno da Soka Gakkai. Celebramos o aniversário de fundação da Soka Gakkai com um crescimento sem precedentes. Tudo começou com o levantar resoluto de Makiguchi sensei, na época mais tumultuosa de todas, seguido por Toda sensei, que entrou em ação com a ardente paixão de um rei leão. Como terceiro presidente, eu também me lancei à ação com o espírito de mestre e discípulo. O desenvolvimento sólido de hoje e a base duradoura que construímos para o futuro são frutos do solene caminho de mestre e discípulo estabelecido pelos três primeiros presidentes. Esse caminho é a fonte do espírito da Soka Gakkai, a essência fundamental de nossa organização. Como membros da Soka Gakkai — genuínos e audazes bodisatvas da terra —, espero que despertem para o significado real do que vem a ser praticar o caminho de mestre e discípulo por toda a vida. Não tive a honra de me encontrar com o presidente Makiguchi. Pelos retratos e pelas fotografias de Makiguchi sensei, alguns de vocês podem ter a impressão de que se tratava de uma pessoa altiva ou até intimidante. Mas todos os que o conheceram de fato atestam com carinho o imenso coração e a compaixão que ele possuía. Um célebre episódio que vem sendo transmitido através dos tempos revela que, em uma noite gelada de inverno, uma mãe carregando uma criança nas costas se preparava para voltar para casa após uma reunião de palestra. Makiguchi dobrou pessoalmente algumas folhas de jornal e forrou o casaco que envolvia o bebê, dizendo que isso proveria uma camada extra para protegê-lo do frio. Essa história oferece um lindo retrato da personalidade terna dele. Outra pessoa relembra a imensa consideração de Makiguchi pelos outros. Certa vez, em uma reunião de palestra, quando a mulher que havia oferecido a residência para a atividade foi à cozinha pôr a chaleira no fogo, Makiguchi disse-lhe, amavelmente: “Não se preocupe em nos servir chá. Por favor, venha e junte-se à conversa”. O exemplo dele demonstra preocupação pelos amigos e genuíno humanismo. Tais qualidades podem ser descritas como o espírito fundamental e o âmago da Soka Gakkai. São o manancial da força e do belo espírito da organização — tão raros no mundo atual. São qualidades que jamais devemos perder. Participantes da 15a Reunião de Líderes da Soka Gakkai (Tóquio, Japão, 2 set. 2023) No topo: ilustração mostra Tsunesaburo Makiguchi, à dir., e seu discípulo, Josei Toda, à esq., na época de lançamento da obra Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor], que marca a fundação da Soka Gakkai em 18 de novembro de 1930 Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.393, 28 out. 2017, p. B3. Ilustração: Kenichiro Uchida Foto: Seikyo Press

09/11/2023

Encontro com o Mestre

Soka Gakkai de Força Jovem Mundial avança rumo à propagação benevolente

Mensagem do presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda para a 16ª Reunião de Líderes da Soka Gakkai rumo ao centenário em 2030, comemorativa do Dia da Fundação da Soka Gakkai, em 18 de novembro; do 10º aniversário do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu; e da partida rumo a 2024, “Ano do Descortinar da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”. A atividade foi realizada no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu, em Shinanomachi, Tóquio, no dia 1º de novembro de 2023. O Nam-myoho-renge-kyo é o som do respeito à “dignidade da vida” e à “harmonia universal” Ao recebermos o “mês de fundação da Soka Gakkai” que também é o mês de falecimento do mestre fundador, Tsunesaburo Makiguchi, na prisão, expresso meus sinceros agradecimentos pelos esforços nobres, corajosos e incansáveis de todos os meus preciosos companheiros que tornaram possível celebrarmos com orgulho o 10º aniversário da inauguração do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. E para assinalar a partida rumo a 2024, “Ano do Descortinar da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”, quero lhes oferecer três caligrafias horizontais, como expressão da minha profunda gratidão e grande esperança. A primeira caligrafia é Sekai-no Tomo [“Amigos do Mundo”]. Sekai-no Tomo [“Amigos do Mundo”] registrada no passado. A rede solidária dos membros da Soka Gakkai resplandece nos cinco continentes Em torno deste Auditório do Grande Juramento (Daiseido), os cidadãos do mundo da Soka Gakkai de 192 países e territórios se reuniram em orações do juramento seigan e lutaram com a união de “diferentes em corpo, unos em mente”. Quão extraordinário é o grandioso avanço do movimento pela paz, cultura e educação nesses dez anos! Em especial, o número de membros fora do Japão no mundo inteiro, que era de 1,75 milhão em 2013, atualmente, se expandiu para quase 3 milhões pelos cinco continentes. Relembrando esse número “3 milhões”, meu venerado mestre, Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, ao concretizar o empreendimento de sua vida de 750 mil famílias [no fim de 1957], perguntou-me: “Daisaku, você será capaz de alcançar 3 milhões de famílias nos próximos sete anos?”. Esse número seria o próximo grande indicador para o movimento pelo kosen-rufu no Japão. Então, prometi-lhe: “Sim, eu o farei! Sinto-me ainda mais determinado. Sou seu discípulo; concretizarei infalivelmente esse objetivo”.1 Com a união de todos os seus discípulos, realizamos tal objetivo em cinco anos, e não em sete. Hoje, queremos comunicar orgulhosamente a criação desta magnífica floresta de torres de tesouro da revolução humana, perto de 3 milhões de “Amigos do Mundo” a Nichiren Daishonin, Buda dos Últimos Dias da Lei, a Makiguchi sensei e a Toda sensei, diante do Joju Gohonzon da Soka Gakkai que contém a inscrição “Grande Desejo pela Concretização do Kosen-rufu, a Propagação Benevolente da Grande Lei”. A próxima caligrafia é Sekai Heiwa [“Paz Mundial”]. Sekai Heiwa [“Paz Mundial”] por meio da qual o presidente Ikeda demonstra seu desejo: “Jovens, ressoem para o futuro, o sino da esperança da canção triunfal da paz”. Há 750 anos [em 1273], em meio à grande perseguição do Exílio em Sado, Nichiren Daishonin declarou no escrito A Prática dos Ensinamentos do Buda: Quando todas as pessoas recitarem o Nam-myoho-renge-kyo, o vento não mais vergará os galhos das árvores e a chuva não mais cavará a terra. O mundo será como foi nas eras de Fu Xi e Shen Nong.2 Nesta existência, as pessoas serão libertadas dos infortúnios e aprenderão a arte da longevidade. Estejam certos de que chegará a época da revelação da verdade de que tanto a pessoa quanto a Lei jamais envelhecem e jamais morrem.3 O Nam-myoho-renge-kyo que recitamos é o som do mais elevado respeito à “dignidade da vida” e à “harmonia universal”. Além disso, ele é a força fundamental para impulsionar a “segurança e tranquilidade da terra” e a “paz mundial”. Visualizando o futuro dos dez mil anos e mais, por toda a eternidade, dos Últimos Dias da Lei, Nichiren Daishonin nos ensinou o grande caminho do diálogo para a realização da verdadeira paz e prosperidade em todas as partes com base nos princípios de vida do budismo. Os três primeiros presidentes da Soka Gakkai e seus discípulos vieram trilhando persistentemente esse caminho com o coração do rei leão. E, agora, a “Soka Gakkai de Força Jovem Mundial” é a grande rede solidária que se empenha no desafio da transformação do destino da humanidade com a convicção de que, “quando um grande mal ocorre, um grande bem o sucederá”,4 manifestando a grandiosa energia vital do primeiro sol do amanhecer e elevando alto o princípio filosófico dos “três mil mundos num único momento da vida”. Misticamente, os jovens Soka que compartilham o meu espírito, ligados com profunda relação cármica, escolheram nascer justamente nesta época do descortinar. Oro e acredito que, infalivelmente, haverão de ressoar os sinos da esperança da canção triunfal da paz agora e rumo ao futuro. Por último, apresento a caligrafia Warerawa Sachi-no-shiro no Nakama [“Nós Somos os Companheiros do Castelo da Felicidade”]. Essa é uma caligrafia dedicada originalmente aos companheiros de Shinjuku, em Tóquio, principal bastião onde se localiza a sede central da Soka Gakkai. Nessa ocasião, ela recebeu uma nova moldura. Em 1984, Ikeda sensei registra o tema do Festival Cultural Comemorativo de Shinjuku: Warerawa Sachi-no-shiro no Nakama [“Nós Somos os Companheiros do Castelo da Felicidade”] O Sutra do Lótus prega que cada um de nós, bodisatvas da terra, “vinha acompanhado de uma comitiva tão numerosa quanto os grãos de areia de sessenta mil rios Ganges”.5 É, de fato, conforme os versos “Como somos bodisatvas que emergimos da terra, temos muitos companheiros com os mesmos ideais nesse mundo”.6 Assim como Daishonin afirma no Gosho, citando o Sutra do Lótus, “As sementes do estado de buda germinam por meio da relação causal [causas e relações externas]”.7 Nos próximos sete anos até o centenário de fundação da Soka Gakkai [em 2030], desejo que, com grande sabedoria cultivem os relacionamentos com o Budismo de Nichiren Daishonin, despertando, de forma ainda mais majestosa, a natureza de buda em maior número de pessoas em todo o mundo. Assim, de forma alegre e corajosa, vamos trazer muitos novos amigos para se reunir conosco no castelo da felicidade onde juntos possamos fazer brilhar a sabedoria e a compaixão! Na conclusão da minha mensagem, gostaria de ler a passagem dos escritos “A vida é limitada; não devemos poupá-la. O que, afinal, devemos aspirar é à terra do buda”.8 Interpretando esse último trecho como “Afinal, o que devemos aspirar é o kosen-rufu e a paz mundial”, vamos gravar profundamente essa mensagem de Nichiren Daishonin em nosso coração! Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu se eleva do complexo da sede central da Soka Gakkai como a academia básica do kosen-rufu mundial. São dez anos desde a sua conclusão. Os membros do mundo inteiro se reúnem e renovam seu juramento seigan de mestre e discípulo No topo: participantes da 16a Reunião de Líderes da Soka Gakkai, realizada no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu (Tóquio, 1 nov. 2023) Publicado no Seikyo Shimbun do dia 2 de novembro de 2023. Notas: 1. Esse diálogo ocorreu em 10 de fevereiro de 1958, conforme descrito no capítulo “Vanguarda”, do volume 2, da Nova Revolução Humana. 2. Fu Xi e Shen Nong são reis lendários que reinaram em uma sociedade ideal da China antiga. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 411, 2020. 4. Ibidem, v. II, p. 387, 2017. 5. The Lotus Sutra and Its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, 2009. p. 252. 6. Uma paráfrase de um verso da canção Ningen Kakumei no Uta [Canção da Revolução Humana] diz: “Como somos bodisatvas que emergimos da terra, temos uma missão a cumprir nesse mundo”. 7. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 385, 2017. 8. Ibidem, v. I, p. 223, 2020. Fotos: Seikyo Press

09/11/2023

Caderno Nova Revolução Humana

“Tudo começa a partir de uma única pessoa”

PARTE 49 Dos três jovens, uma integrante da Divisão Feminina de Jovens disse: — Iniciei minha prática há um ano. Na cidade onde moro, só eu pratico o budismo. Para ir ao local da reunião de palestra leva algumas horas. Mesmo nessas condições é possível ampliar o círculo de compreensão sobre o budismo na localidade? Shin’ichi respondeu de imediato: — Não se preocupe. Afinal, você está lá, não é mesmo? Tudo começa a partir de uma única pessoa. Deve se tornar uma pessoa admirada em sua localidade. Se tiver uma única árvore de grandes proporções, as pessoas se reunirão em torno dela nos dias de intenso calor para se refrescar e nos dias de chuva para se proteger dela. Se você que abraçou o budismo for admirada e confiada por todos, tal como a grande árvore, esse fato em si trará a simpatia das pessoas pelo budismo e resultará na propagação dos ensinamentos. Por favor, desenvolva a si mesma como uma grande árvore. Torne-se uma valorosa grande árvore da localidade. Quando o trem se aproximava da estação de Sceaux, onde se localiza a sede de Paris, o poema havia sido totalmente concluí-do, e o título ficou definido como Dedico aos Meus Amados Jovens da Lei Mística da França. Quando a comitiva chegou à sede, os membros iniciaram imediatamente a tradução do poema. Realizando os acertos com Eiji Kawasaki, presidente do conselho de orientação da Europa, Shin’ichi propôs: — Que tal estabelecermos o dia de hoje em que se realiza a Primeira Reunião de Representantes da Divisão dos Jovens como o “Dia da Divisão dos Jovens da França”? O Sr. Kawasaki poderia consultar a todos? Nesse dia, na sede de Paris, foi promovido o Festival Cultural da Amizade, e no segundo dia, o Conselho Superior da França. Além disso, às 17h30, foi realizada em alto astral a Reunião de Representantes da Divisão dos Jovens. Quando Kawasaki transmitiu a proposta de Shin’ichi para definir o dia 14 de junho como o “Dia da Divisão dos Jovens da França”, houve enorme salva de palmas em concordância. Em seguida, um líder da Divisão Masculina de Jovens da França apresentou o poema Dedico aos Meus Amados Jovens da Lei Mística da França. PARTE 50 A poderosa voz da leitura do poema ressoava pelo local. Todos sentiram o brado da alma de Shin’ichi. Os olhos dos jovens da França brilhavam, e ardiam as chamas da decisão rumo à jornada da nova era: Neste momento, levantam-se aqui duzentos jovens. Vocês, jovens, em pé no topo da montanha do segundo ato do kosen-rufu da França, demonstrem a canção triunfal e a altiva aclamação. Rumo à data indicada de 14 de junho de 2001 — esse é o dia. Assim terminou a leitura do poema. Após um segundo de silêncio, os aplausos de emoção e de juramento se estenderam por todo o recinto. Nesse dia, no coração dos jovens da França ficou gravado de forma clara o objetivo da vida e do kosen-rufu, o ano de 2001. Quando se possui um objetivo, o sol brilha no grande céu do futuro, e surge um belo arco-íris da esperança. Se possuir um objetivo na vida, aflora a força em cada passo da caminhada. Shin’ichi posou para uma foto comemorativa junto com todos os participantes, felicitou-os pela nova partida e os incentivou: — Vamos, inicialmente, objetivar o futuro daqui a vinte anos. Por favor, em prol da paz e da felicidade das pessoas, capacitem-se polindo e fortalecendo a si mesmos com perseverança. A base para vencer em tudo está em não ser derrotado por si próprio. “A forte perseverança é o único caminho para a conquista dos objetivos”.1 Essa é a máxima do poeta Schiller, o qual indica o ponto mais importante para se conquistar a vitória na vida. Também em Paris, Shin’ichi dedicou toda a força aos diálogos sobre a prática da fé. Em especial, com os jovens, ele procu-rou criar várias oportunidades para falar sobre os pontos fundamentais da prática da fé, bem como sobre o modo de viver de um budista. Ele desejava desenvolver a todos como grandiosos seres humanos de valor a se encarregar pelo século 21. Por isso, com o sentimento de devotar a própria vida, realizou sucessivos diálogos com total seriedade. Em um dos diálogos, ele disse: — O budismo prega que todos são nobres pessoas de missão a se responsabilizar pelo kosen-rufu e são bodisatvas da terra. Quando a pessoa desperta para essa missão, manifesta a maior e a mais elevada capacidade. PARTE 51 O kosen-rufu se realiza com a força da união. Nessa união, o ponto importante e decisivo está em que tipo de concepção de ser humano as pessoas possuem. Por essa razão, Shin’ichi pensou em falar sobre união, voltando à concepção do ser humano pregada no budismo de que todos são pessoas de missão. — Embora todos tenham igualmente a missão pelo kosen-rufu, os respectivos papéis concretos variam de indivíduo para indivíduo. Por exemplo, para se levantar uma casa, há pessoas que trabalham na construção do alicerce, outras na carpin-taria e algumas no acabamento interior. Uma bela casa é concluída quando cada pessoa se empenha com responsabilidade em seus respectivos afazeres. O grande empreendimento do kosen-rufu também é realizado reunindo pessoas com os mais diversificados papéis que unem suas forças, cada qual manifestando sua personalidade nas respectivas posições e áreas de atuação. Mesmo que haja diferenças de posição e de área de atuação, não significa absolutamente qualquer superioridade ou inferioridade como ser humano. Portanto, os membros devem avançar respeitando mutuamente suas características e personalidades, e incentivando-se e fortalecendo os laços da fé. Esse é o aspecto de união budista chamada “diferentes em corpo, unos em mente”. Na Soka Gakkai existe a estrutura organizacional, mas isso não passa de uma questão funcional para promover as atividades de forma racional. Consequentemente, o cargo é uma posição funcional e não indica, em absoluto, qualquer classificação do ser humano. Porém, a função é acompanhada de responsabilidade. Por isso mesmo, o líder enfrenta mais dificuldades e preocupações que as outras pessoas. É importante que os membros respeitem os líderes que se dedicam em prol de todos, cooperem com eles e os protejam. Em seguida, referiu-se à atitude de um líder: — Aos líderes, solicito que sejam magnânimos e compreensivos com todos, e tenham flexibilidade no coração, sem nunca se perderem no sentimentalismo. Se o líder estiver sempre tenso, com aspecto de estar sendo perseguido e sufocado por algo, não é possível conduzir os membros de forma alegre e apropriada. Quem sofre são os membros. Daqui para a frente, as características mais almejadas de um líder são a tolerância e o calor humano. Quanto conseguir elevar sua personalidade será a própria comprovação do poder da fé. Por favor, observem o próprio interior e, com a disposição de desenvolver a si mesmos, elevem sua condição de vida, recitando daimoku e se empenhando na prática budista. PARTE 52 Ele enfatizou também a importância das pequenas reuniões: — Outro ponto importante é realizar constantemente as pequenas reuniões. Mesmo que haja ocasiões em que os membros não se reúnam, deve-se estreitar os laços de confiança e de amizade, incentivando a todos, esclarecendo suas dúvidas e dialogando até a perfeita compreensão. A exemplo das ondas do mar que batem nas rochas desgastando-as, a persistência em promover pequenas reuniões mês após mês e ano após ano faz com que se crie a força da união e do avanço. Nessa repetição, de forma estável e constante, onde ninguém consegue enxergar, encontra-se a linha vital que determina a vitória ou a derrota. Ele prosseguiu: — A Resistência Francesa (La Résistance) contra o nazismo é muito conhecida. Desejo que avancem com o movimento de resistência contra a degradação e a maldade inerentes ao próprio coração. E, para transformar a infelicidade do mundo em felicidade, por favor, desenvolvam a Resistência (La Résistance) do budismo. Pelo bem da amada França, tornem-se o pilar da comunidade, confiado e querido por todos, resplandecendo o brilho de sua personalidade em meio à realidade da vida diária! Durante um mês, desde o dia 16 de maio, quando Shin’ichi chegou à Europa vindo da União Soviética, ele realizou diálogos sobre a prática da fé em todos os locais visitados, além de incentivar e orientar devotando a própria vida. Esse era o único meio concreto para abrir a nova era do kosen-rufu da Europa. A construção do futuro inicia-se pela criação de pessoas. Além disso, ele pensava firmemente: “O Budismo Nichiren é uma religião mundial. Assim sendo, a maré do kosen-rufu no século 21 deve ser provocada em cada região do mundo”. Na manhã do dia 16 de junho, Shin’ichi recebeu a visita do reitor honorário da Universidade Paris-Sorbonne, Alphonse Dupront, e de sua esposa, com o qual já mantinha uma amizade antiga, nas dependências do hotel em que estava hospedado. Nesse encontro, dialogou e trocou opiniões sobre cultura europeia e educação universitária. Na tarde desse dia, o avião com a comitiva de Shin’ichi decolou do aeroporto Charles de Gaulle rumo a Nova York, Estados Unidos. A jornada do kosen-rufu é uma estrada a ser desbravada sempre com um novo espírito de luta. É uma estrada de desafio a ser percorrida sempre com um novo tema. É uma luta constante em que não se permite um único momento de hesitação ou de estagnação. Nos olhos de Shin’ichi resplandecia brilhantemente o novo continente da esperança do kosen-rufu que se estendia para o século 21. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Nota: 1. Friedrich Schiller Die Gedichte [Os Poemas de Friedrich Schiller]. JOCHEN GOLZ, Herausgegeben von (ed.). Editora Insel Verlag. Ilustrações: Kenichiro Uchida

11/10/2023

Notícias

Nova fase de vitórias

“O inverno nunca falha em se tornar primavera.”1 A frase de Nichiren Daishonin retrata a decisão dos membros da RM Guarulhos e da RM Itapegica que, ao longo de 23 anos sem uma sede regional própria, desempenharam uma atuação digna que culminou na inauguração, no último dia 27 de agosto, do novo castelo da localidade. O Dr. Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), enviou significativa mensagem que será a diretriz da organização local. Em um trecho, ele frisa: Recordo-me, com saudade e com carinho, da ocasião em que o avião aterrissou no Aeroporto Internacional de Guarulhos há trinta anos. (...) Esta sede é o castelo do tesouro da “virtude invisível e recompensa visível” de todos os senhores que vieram trabalhando arduamente em prol do kosen-rufu, das pessoas e da comunidade local, repletos de paixão pela nobre missão dos emergidos da terra.2 Os líderes das duas RM, na ocasião, manifestaram seus agradecimentos e a decisão de que, a partir da inauguração, uma nova história na vida de cada membro despontará, como a propagação do budismo, o diálogo e a felicidade de todos: “Fiquem tranquilos que cumpriremos a missão de Guarulhos e de Itapegica!”. Miguel Shiratori, presidente da BSGI, participou da inauguração e, em seus cumprimentos, enalteceu a atuação de todos, principalmente dos veteranos da organização, e salientou a importância da coragem e da decisão deles, que, no decorrer dos anos, jamais desistiram. “Todos tiveram várias intempéries ao longo dos 23 anos, e a manifestação dessa decisão está contida no dia de hoje. Ao praticarmos o Budismo de Nichiren Daishonin, nada se perde. Tudo tem um significado. Busquem entender e pôr em ação”. Shiratori também falou sobre a importância da oração resoluta com base na relação de mestre e discípulo. “Permanecer na órbita de Ikeda sensei é a chave para a vitória. Estabeleçam uma meta clara na vida pessoal e organizacional e façam da mensagem de Ikeda sensei o novo direcionamento para a sua existência. Esta sede representa o brilho dourado da vida de cada membro. A partir de agora, pulsa uma nova coragem e decisão”, concluiu Shiratori. Os grupos de apresentação da Juventude Soka e um coral das duas RM com mais de sessenta vozes finalizaram a cerimônia. Representantes renovam decisão “Tive a chance de me desenvolver na Divisão dos Jovens e de atuar em um grupo horizontal. Agora, é um orgulho ser membro da Divisão Sênior. Hoje foi um dia muito emocionante, por todas as oportunidades como jovem e de ver a cristalização desse ideal. O grande objetivo, a partir daqui, é contribuir para a criação de valores humanos e da Divisão dos Jovens.” Adriano Yosimoto, responsável pela comunidade “Estou muito emocionada com a inauguração desta sede. Pratico o budismo há mais de quarenta anos e participei de todos os momentos do desenvolvimento da organização. Hoje, mais uma vez, sinto enorme gratidão, pois não desistimos, e esse espaço, apoiando os jovens, será o local de desenvolvimento. Estou muito feliz, gratidão. Atuarei muito mais para que novas pessoas conheçam a nossa organização, e, como o Sr. Shiratori comentou, minha decisão é ser vitoriosa ainda mais nos próximos cinco anos.” Jaiza Nascimento de Figueiredo, consultora da DF de regional“Minha decisão é de aprimorar, cada vez mais, a minha atuação e que essa sede seja o castelo da localidade. Hoje é a vitória de todos e para mim é uma alegria estar aqui neste momento. Nos últimos meses, no distrito em que atuo, realizamos estudos, visitas e dialogamos sobre a importância de termos uma sede. A partir de agora, uma nova fase de vitórias.” Henrique Sergio Viana, responsável pela DMJ de distrito “Não tínhamos local para os ensaios da Asas da Paz Kotekitai e esta sede será perfeita para os encontros. Ela será acolhedora e meu coração está transbordante de alegria. Minha decisão é fazer meu juramento seigan todos os dias. Foi falado sobre os próximos cinco anos e minha determinação é estar formada em engenharia de produção e contribuir para a sociedade, além de intensificar minha atuação na localidade e no grupo horizontal.” Sofia Soares de Carvalho, responsável pela DFJ de comunidade Mensagem enviada pelo presidente Ikeda Sinceros parabéns pela tão aguardada nova sede regional de Guarulhos! Recordo-me, com saudade e com carinho, da ocasião em que o avião aterrissou no Aeroporto Internacional de Guarulhos há trinta anos. No dia de hoje, envio efusivos aplausos de felicitações com o sentimento de trocar forte aperto de mão, de coração a coração, com cada um dos senhores. Esta sede é o castelo do tesouro da “virtude invisível e recompensa visível” de todos os senhores que vieram trabalhando arduamente em prol do kosen-rufu, das pessoas e da comunidade local, repletos de paixão pela nobre missão dos emergidos da terra. Nos escritos de Nichiren Daishonin consta: “Pássaros que se aproximam do Monte Sumeru adquirem tons dourados” (WND, v. II, p. 671). Por favor, fazendo brilhar sua vida dourada, com aspecto jovem, em torno desta nova sede, avancem de forma ainda mais harmoniosa e prazerosa, em união de “diferentes em corpo, unos em mente”. E assim, vamos expandir mais e mais a rede de solidariedade da paz e da esperança! Junto com minha esposa, estou enviando daimoku, orando pela boa saúde e tranquilidade, pelo imensurável benefício e boa sorte e pelo glorioso triunfo dos senhores e de seus familiares. Viva Itapegica! Viva Guarulhos! Viva o Brasil! Desfrutem sempre excelente disposição! 27 de agosto de 2023 Daisaku Ikeda Presidente da Soka Gakkai Internacional Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020. Fotos: BS

06/09/2023

Notícias

“Viva Bauru! Viva o Brasil!”

Setembro é o mês da primavera e, em especial, para os membros da RM Bauru. Os três primeiros dias deste período ficaram gravados na vida de cada integrante que participou da inauguração do centro cultural da organização local, um sonho acalentado por todos. O sorriso dos membros refletiu a cristalização da vitória tão almejada ao longo dos anos. Todos, sem exceção, manifestavam a alegria e a decisão de que uma nova história estava sendo registrada. Na sexta-feira, 1o de setembro, junto com Miguel Shiratori, presidente da BSGI, os líderes centrais da localidade realizaram diálogos com foco no futuro da organização. No sábado, visitas familiares e reuniões em pequeno grupo foram promovidas. No período da tarde, os jovens da RM fizeram o plantio comemorativo de uma azaleia na entrada da sede, o qual representa a força da Juventude Soka para a expansão da amizade, da confiança e do espírito de não deixar ninguém para trás. Plantio comemorativo representando a Juventude Soka Direcionamento claro No domingo, o sol dourado já brilhava no céu e aquecia o coração dos membros, os quais, vindos de diversas cidades da região, lotaram o Auditório Mestre e Discípulo da nova sede. Eles foram recepcionados pelo sorriso gentil das integrantes da Divisão Feminina da localidade que enaltecia o acontecimento. O Dr. Daisaku Ikeda, presidente da SGI, enviou mensagem para ocasião (leia abaixo). Nela, ele denomina o centro cultural de “novo castelo da Lei do centro-oeste paulista”. Em um trecho, Ikeda sensei menciona: Expresso meu sincero desejo de que este centro cultural seja o nobre ‘castelo da vitória’ e o ‘castelo da glória’ dos senhores, enviando efusivos aplausos de felicitações com o sentimento de apertar calorosamente a mão de cada um dos senhores. Eduardo Komori, responsável pela RM Bauru, bradou aos presentes: “Enfim, chegou o grande dia. A inauguração do Centro Cultural de Bauru”, arrancando aplausos. Abordando os próximos passos da organização, pontuou os objetivos da localidade: “Hoje, nossa inauguração marca uma nova etapa. Nosso foco será o estudo do budismo, a perfeita relação de mestre e discípulo, pois, quando ensinamos o budismo para as pessoas, conseguimos compreender a nossa vida. A essência da prática do budismo existe no ato de fazermos o shakubuku. Sol dourado de Bauru O Centro Cultural de Bauru será palco da última Reunião Nacional de Líderes (RNL) de 2023, em novembro. Nesse sentido, Miguel Shiratori, presidente da BSGI, além das felicitações pela inauguração, incentivou os participantes a vencer cada qual suas questões e a conquistar os benefícios da prática da fé. “Aqui é a cristalização da vida de todos os senhores. A partir da mensagem de Ikeda sensei, fazer com que a localidade de Bauru seja vitoriosa. Praticar o Budismo Nichiren é evidenciar a melhor capacidade e conquistar a suprema vitória. Vamos ler e reler a preciosa mensagem e edificar uma vida mais alegre e feliz. Vamos vencer nosso drama pessoal e em 18 de novembro, na RNL que será em Bauru, que o Brasil reconheça a grandiosidade do centro-oeste paulista. Pratiquemos com alegria e união harmoniosa rumo à vitória absoluta. O importante é nunca desistirmos tendo essa convicção, pois somos praticantes do Budismo Nichiren, membros da Soka Gakkai. Vamos vencer, vamos comprovar e conduzir as pessoas à felicidade”, reforça Shiratori. A conquista de um sonho é a partida para novos triunfos “Minha decisão para os próximos cinco anos será me desenvolver como ser humano com base na prática da fé e poder espelhar minhas vitórias da vida pessoal a todos ao meu redor, contagiando o maior número de pessoas para que entrem nessa onda do humanismo Soka!” Taisly Mazza da Silva, responsável pela DE de RM “A inauguração do nosso centro cultural proporcionará muita alegria e orgulho para todos os membros. Historicamente, o sonho de construir uma sede própria surgiu em 1988 com o nosso primeiro local em Bauru. Ultrapassamos várias questões. Mas, sempre com daimoku, incentivo e diálogo, vencemos passo a passo cada uma delas. No dia de hoje, inicia-se uma nova etapa com muito mais vigor.” Tokuzi Imasato, consultor de RM “A inauguração do nosso centro cultural representa, para mim, a paixão pela Gakkai e o esforço perante o desafio para essa conquista. Minha decisão é me desenvolver ainda mais como ser humano e atuar como digno ser humano e discípulo Ikeda.” Danton Melo de Assis, vice-responsável pela DMJ de bloco “O centro cultural, para mim, representa um lugar em que eu possa fortalecer a minha fé no budismo. Jamais vou desistir de praticar o budismo e sempre vou me esforçar para aprender cada vez mais.” Louise Trindade Consalter, membro da DE-Esperança Mensagem enviada pelo presidente Daisaku Ikeda Sinceros parabéns pela inauguração do tão aguardado Centro Cultural de Bauru, novo castelo da Lei do centro-oeste paulista! Tenho pleno conhecimento de que, desde a minha primeira visita ao Brasil na década de 1960, os senhores vieram promovendo, ao longo dos anos, o avanço consistente do kosen-rufu nesta vasta localidade, sem poupar esforços. Expresso meu sincero desejo de que este centro cultural seja o nobre “castelo da vitória” e o “castelo da glória” dos senhores, enviando efusivos aplausos de felicitações com o sentimento de apertar calorosamente a mão de cada um dos senhores. Nos escritos de Nichiren Daishonin consta: “Pássaros que se aproximam do Monte Sumeru adquirem tons dourados” (WND, v. II, p. 671). Por favor, fazendo brilhar sua vida dourada, com aspecto jovem, em torno deste novo centro cultural, avancem, de forma ainda mais harmoniosa e prazerosa, em união de “diferentes em corpo, unos em mente”. E assim, vamos expandir mais e mais a rede de solidariedade da paz e da esperança! Junto com minha esposa, estou enviando daimoku, orando pela boa saúde e tranquilidade, pelo imensurável benefício e boa sorte e pelo glorioso triunfo dos senhores e de seus familiares. Viva Bauru! Viva o Brasil! Desfrutem sempre excelente disposição! Em 3 de setembro de 2023 Daisaku Ikeda Presidente da Soka Gakkai Internacional Confira vídeo com depoimentos dos membros de Bauru Bauru sediará a 9ª Reunião Nacional de Líderes (RNL) que acontecerá em novembro. Confira a decisão da localidade Fotos: BS

06/09/2023

Terceira Civilização

Mural

Seja bem-vindo ao Mural da TC!

Publique suas impressões sobre a revista no Facebook ou no Instagram com a #terceiracivilizacao para aparecer aqui! Nada melhor que uma seleção especial de músicas para acompanhar uma boa leitura. A TC prepara uma playlist com recomendações de trilha sonora para você. Acesse pelo link: Missão pelo kosen-rufu

03/10/2024

Capa

Missão pelo kosen-rufu

As pessoas desejam a paz. Isso é senso comum. Esse conceito deixa de ser abstrato quando nos deparamos com o que o presidente Ikeda conceitua o kosen-rufu: “Um movimento revolucionário que tem por objetivo fazer com que o espírito da compaixão budista se torne a base da sociedade”.1 Quando aplicado, esse conceito nutre a nossa vida de coragem, esperança, benevolência e a conduz a vitórias. Dessa forma, nossa vida se torna inspiração para as pessoas ao redor. É nesse cultivo de pessoas de valor que se assenta o objetivo da fundação da Soka Gakkai, que chegou ao Brasil em 1960, num outubro repleto de significados. Vamos revisitar, nesta edição, fatos históricos e conceitos e expandir nossa consciência para tudo que podemos concretizar, se estivermos assentados em terra firme. Unidos e firmes O Budismo de Nichiren Daishonin data do século 13 e surge como resposta aos sofrimentos da vida de indivíduos que reverberam na situação da própria humanidade. Daishonin foi um verdadeiro poeta. Dentre as suas cartas enviadas aos seus discípulos, encontramos uma passagem do tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra que atravessa os tempos: “Uma mosca azul pode viajar muitas milhas se estiver presa à cauda de um puro-sangue e a hera consegue subir trezentos metros se estiver enroscada num alto pinheiro”.2 A natureza traz suas lições e nos inspira. Ao observar a hera, uma espécie de planta comum na botânica, notamos que aparenta ter um aspecto frágil. Apesar de sua capacidade de crescer rapidamente, ela não possui estrutura para se firmar. Contudo, suas raízes lhe permitem se agarrar a troncos, por exemplo, que a levam às alturas. Assim é na vida. Nós também temos uma imensa capacidade de desenvolvimento, mas o cotidiano desafiador nos fragiliza, e por vezes a impressão é de que não conseguimos sair do lugar. Com tantas questões pessoais, fica difícil ainda ajudar o outro e vislumbrar a paz do mundo inteiro. Com esse exemplo da hera, extraímos a primeira analogia: o Buda apresenta sua clara confiança no poder humano para a transformação, com base na recitação do Nam-myoho-renge-kyo, estabelecido por ele para possibilitar que pessoas comuns sejam protagonistas da própria vitória. Ikeda sensei afirma: Com fé na Lei Mística, podemos nos libertar livremente nos céus da nossa missão (...) e junto com os companheiros de fé caminhar na grande terra da boa sorte e construir uma rede em expansão de felicidade.3 Em prol de uma missão A segunda relação que podemos fazer com a hera é a de que, ao nos agarrar à missão pelo kosen-rufu, nossa vida se expande na mesma proporção desse grandioso propósito. Essa missão é sustentada pela sólida estrutura de nossa organização BSGI. Nichiren Daishonin faleceu e seus ensinamentos ficaram restritos a explanações em templos no Japão. Cerca de sete séculos depois, em 1930, o ideal do kosen-rufu tão almejado por Daishonin ganhou força pelas mãos e pelo coração dos educadores Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, que criaram a Soka Gakkai. Depois, foi herdado por Daisaku Ikeda, um jovem que, aos 19 anos, abraçou essa oportunidade de levar a semente da esperança para o mundo. Atualmente, essa prática transformadora é realidade para cerca de 12 milhões de pessoas, em 192 países e territórios. Exemplos nutridos por uma “vida contributiva” tal qual denominou Makiguchi sensei em sua obra Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. Uma visão de paz que se tornou real: Hoje, pessoas de todos os cantos estão revivescendo por meio da prática budista que extrai o poder benéfico da recitação do Nam-myoho-renge-kyo. O comportamento como ser humano dessas pessoas toca o coração daqueles à sua volta, ao passo que a alegria que experimentam por intermédio da prática se espalha, inspirando outros a se levantar na fé também.4 Para chegar a essa condição de organização como uma das vozes mais proeminentes em defesa da paz, a Soka Gakkai, desde a sua fundação, vem promovendo o movimento para ensejar uma era na qual a religião realmente atenda às necessidades do ser humano. Como exalta o presidente Ikeda: [Somos] praticantes que têm a fé como espinha dorsal e a compaixão como veia sanguínea, e [atuamos] em exato acordo com os ditos dourados do Buda. Nós avançamos com férrea união, empenhando-nos incansavelmente pela felicidade de todas as pessoas. Esse aspecto e força fazem com que nossa organização seja comparável a um sólido encouraçado, maior do mundo, em prol da paz.5 E qual tem sido a maneira de fazer desabrochar flores humanas repletas de força? A essência da força Ikeda sensei relembrava sempre o que havia aprendido com seu mestre, Josei Toda. Ele dizia que o kosen-rufu, na era atual, seria concretizado mediante o diálogo de pessoa a pessoa, de vida a vida. Ikeda sensei partiu para o mundo, agarrado à missão de criar laços de pessoas sofridas com o budismo, com os ideais de solidariedade, regando o árido solo do coração delas. O Budismo Nichiren enfim saiu das fronteiras do Japão em 2 de outubro de 1960, com a primeira viagem ao exterior do presidente Ikeda, que desembarcou no Brasil, mesmo doente, para fundar a BSGI, em 19 de outubro daquele ano. Não por mero acaso o dia 2 de outubro é considerado Dia da Paz Mundial. Na base de todo esse desenvolvimento, o cultivo de vida a vida por meio do sincero diálogo se torna a prática essencial dos membros, tendo como nutrientes o tripé “fé, prática e estudo”. Abraçando a concreta filosofia que não exclui, respeita e empodera as pessoas, todas são estimuladas a vencer no dia a dia, transformando as condições adversas em oportunidades e aprendizados — um processo chamado “revolução humana”. E, consequentemente, os demais companheiros se unem em busca de inspirar mais e mais pessoas. Ikeda sensei contextualiza: O kosen-rufu inicia-se com a grande revolução humana de uma única pessoa. Em primeiro lugar, deve-se realizar decididamente uma mudança pessoal — uma revolução do próprio ser. Se mesmo uma única pessoa fizer sua revolução humana, a felicidade se espalhará entre aqueles que estão ao seu redor, assim como a água molha a terra seca. Uma esfera de paz e felicidade se formará ao redor dessa pessoa.6 Portanto, um dos aspectos do kosen-rufu é a reforma do coração. O Mestre alerta que devemos ter uma postura de seriedade na fé: Se nos deixarmos vencer pelas funções negativas e nos entregarmos à lamentação, nosso coração perderá a vitalidade. A mais sutil alteração em nosso coração pode ocasionar resultados drasticamente diferentes.7 Ele nos ensina a expandir nosso coração a partir de três perspectivas: o “coração altruísta, ou que se dispõe a beneficiar os outros”; o “coração desafiador”; e o “coração convicto”.8 O coração altruísta Ikeda sensei explica que, “O fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi”, em sua obra Soka Kyoikugaku Taikei, “conclamou que nos afastássemos dos dois extremos — uma vida dependente, na qual a pessoa se escora totalmente nos outros, e uma vida independente, na qual a pessoa é centrada em si — e tomássemos o rumo do que ele denominou ‘vida contributiva’”.9,10 Essa filosofia e esse compromisso de fazer uma contribuição positiva para a sociedade e promover a prosperidade e o bem-estar mútuos são a força motivadora e a fonte de orgulho dos membros da Soka Gakkai, frutos de esforços contínuos para encontrar e conversar com os outros e ajudá-los a elevar sua consciência e cultivar sabedoria. Estão em plena conformidade com os ditos dourados do Buda ao defenderem que “ao acender uma chama para os outros, a pessoa iluminará o próprio caminho”.11 Isso porque, assim como elucida nosso mestre, quando nos preocupamos com o bem-estar dos outros e lhes estendemos uma mão amiga, não estamos apenas agindo para ajudá-los, mas também adquirindo boa sorte para nós mesmos. Esse é o tesouro de um coração altruísta. O coração que desafia O drama da revolução humana não é nem mais nem menos que a história da vitória de cada membro que se mantém invencível, mesmo diante de monumentais barreiras de dificuldades e adversidades, e demonstra provas reais de benefícios da prática do Budismo Nichiren com espírito e coração desafiador. Refere-se à conduta de que, mesmo que não obtenhamos de imediato resultados visíveis dos esforços que efetuamos em nossa prática budista, o “coração” ou espírito de continuar desafiando a nós próprios, determinados a não ser derrotados pelas dificuldades ou adversidades, é um sinal de que já vencemos. Muitos com certeza se identificarão com aquilo que vivenciamos e então poderemos lhes transmitir coragem e esperança. O coração convicto “O inverno nunca falha em se tornar primavera”12 — são palavras que membros do mundo inteiro gravaram no fundo do coração e nutrem como fonte de esperança em sua prática budista. Com certeza, não há palavras que expressem de maneira mais sucinta a essência da revolução humana. Nelas, podemos sentir intensamente o coração de Daishonin — sua convicção de que infalivelmente superaremos qualquer obstáculo e atingiremos o estado de buda nesta existência. Nossos esforços para dialogar sobre o budismo e realizar shakubuku sempre começam com um primeiro passo corajoso, pondo em movimento ondas de transformação interior. Comprovações reais O resultado dessa atitude vê-se nos diversos relatos de comprovação que preenchem de renovada esperança os participantes dos encontros nas organizações de base da BSGI pelos recantos do país. As reuniões nos blocos e nas comunidades são verdadeiros jardins de onde brotam flores humanas com esses atributos de um coração que nada teme, e avançam unindo mais e mais pessoas a essa órbita. Em outro de seus escritos, Nichiren Daishonin afirma que “Assim como plantas e árvores de todos os tipos brotam da terra, os vários ensinamentos do Buda são todos propagados pelas pessoas”.13 A força que impulsiona e cria renovado avanço é encontrada na explanação do Mestre que nos encoraja à ação: Tudo depende das pessoas. A Soka Gakkai é a grande terra que nutre e cultiva o potencial das pessoas. Desenvolvendo ilimitadamente os bodisatvas da terra, abram um futuro brilhante e positivo para a humanidade.14 A paz é missão aqui e agora Conforme aprendemos com Ikeda sensei, o kosen-rufu provoca um ambiente no qual o ser humano brilha ao máximo como digno ser humano, interage com os outros por meio do diálogo e estabelece e amplia elos de amizade e de confiança. Para isso, nós nos nutrimos do poder revitalizador da prática do Nam-myoho-renge-kyo, construindo nossa fortaleza interior com um coração altruísta, um coração que desafia e um coração convicto. Citando seu mestre, Josei Toda, Ikeda sensei assim elucida: Naquela reunião, Toda sensei explicou que revolução religiosa significa revolução humana, dizendo: “De maneira simples, revolução humana não quer dizer se tornar outra pessoa; consiste em edificar uma vida plena de felicidade e contentamento. Revolução religiosa não é uma batalha contra outras religiões; em vez disso, devemos travar uma luta para vencer os desafios da vida cotidiana, nos tornar felizes e ajudar os outros a serem felizes também. Esse é o nosso propósito”.15,16 Com a consciência de que a realização do kosen-rufu, ou seja, a “pacificação da terra” com base nos princípios budistas, é o supremo objetivo do Budismo de Nichiren Daishonin, é que foi criada a Soka Gakkai, na qual seus integrantes são estimulados a se dedicar a uma vida contributiva, fazendo de seu exemplo de conduta inspiração para os demais. Outubro marca o Dia da Paz Mundial, pois no dia 2 desse mês, em 1960, nosso mestre partiu para o mundo com o objetivo de fazer do budismo da revolução humana realidade para povos sofridos. Em um trecho do livro O Pastor Batista e seu Mestre Budista, de autoria do Dr. Lawrence Edward Carter, encontramos: Sinto-me inspirado pela capacidade de Daisaku Ikeda de alcançar muito além dos limites de sua pequena nação insular e difundir sua mensagem pelo mundo todo. Ele nos convida a sair de trás das cercas que confinam nosso coração e nossa mente. Mostra-nos que, para trabalhar pela paz, devemos estar dispostos a sair da caixa — acadêmica, classe, cultura, dieta, étnica, gênero, ideologia, idioma, nacionalidade, raça, religião e orientação sexual — para buscar a verdade.17 O Dr. Carter é pastor da igreja batista e diretor da Capela Internacional da Faculdade Morehouse, berço educacional do líder do movimento pelos direitos civis norte-americano Dr. Martin Luther King Jr. A assertiva do Dr. Carter expressa no trecho nos remete ao próprio fundamento do budismo, que se originou da iniciativa de Shakyamuni de divulgar a verdade para a qual ele próprio havia despertado. Os esforços do buda Shakyamuni para propagar esse ensinamento iniciaram-se quando ele visitou cinco velhos amigos. Shakyamuni conversou com eles longamente e, para começar, um deles compreendeu sua mensagem. Então, os demais a compreenderam sucessivamente. Assim, despertaram [para o seu ensinamento], um após outro. Não houve barreira que não fosse transposta pelo Mestre, que se dedicou ao diálogo sem fronteiras por mais de sete décadas, até o seu falecimento em 15 de novembro de 2023, aos 95 anos. Nesse tempo todo, agarrados ao firme tronco da unicidade de mestre e discípulo, seus discípulos vêm acolhendo corações invadidos pelas ervas daninhas da falta de esperança e de angústias, oferecendo apoio a fim de que sejam capazes de revitalizar a vida por meio da prática da fé. O que fazemos pelo outro Assim como aprendemos com Ikeda sensei, cada um de nós ganha força para, tal como a hera, crescer e se desenvolver muito além do que acharia possível. Isso é o que se comprova nas manifestações de pessoas que vêm se desafiando e vencendo, sendo felizes como jamais imaginariam em razão de praticarem esse budismo e cumprirem juntos o juramento de propagar a Lei, construindo o kosen-rufu. De forma simples, kosen-rufu é a alegria da união, da vitória e da empatia. E nós nos inspiramos a seguir adiante, deste exato instante, acolhendo a pessoa diante de nós. Uma existência sem arrependimento é adornada pela grata honra de nos empenhar por aqueles que mais precisam. O que deixaremos de legado? Essa é a reflexão para qual nos convida o Mestre: Tudo passa. Tanto as inebriantes alegrias como os dilacerantes sofrimentos se desvanecem como um sonho. No entanto, gostaria de afirmar que a lembrança de termos vivido ao máximo a própria existência jamais desaparece. As lembranças de termos nos dedicado sinceramente ao kosen-rufu são especialmente eternas. Tudo o que permanece e adorna a nossa vida no fim é o que fizemos ou a forma como contribuímos para o mundo durante a nossa existência, sabendo quantas pessoas ajudamos a se tornar felizes e quantas pessoas nos são gratas por termos ajudado a transformar a vida delas para melhor.18 Com nossas raízes fincadas na prática do budismo e na luta em prol do kosen-rufu dentro da Soka Gakkai, façamos das palavras de Ikeda sensei nosso alicerce pela paz do mundo: Budismo é ação. Vamos ser os primeiros a agir, a nos mover! O entusiasmo e o vigor se manifestam na vida quando nos dedicamos ao kosen-rufu — o sol da alegria desponta!19 No topo: Getty Images Notas: 1. Discurso do presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, publicado no Brasil Seikyo, ed. 1.999, 15 ago. 2009, p. A3. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 17, 2020. 3. Brasil Seikyo, ed. 2.402, 13 jan. 2018, p. B4. 4. IKEDA, Daisaku. Budismo de Harmonia e Esperança: Rumo à Era do Humanismo. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. p. 121. 5. Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 10, p. 31, 2019 6. Brasil Seikyo, ed. 1.553, 22 abr. 2000, p. C2. 7. Idem, ed. 2.431, 11 ago. 2018, p. B4. 8. Ibidem 9. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. In: Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. Tóquio: Daisanbunmei-sha, v. 5, p. 185, 1982. 10. Brasil Seikyo, ed. 2.431, 11 ago. 2018, p. B2. 11. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. v. II. Tóquio: Soka Gakkai, p. 1060. 12. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020 13. Ibidem, p. 63. 14. Brasil Seikyo, ed. 2.402, 13 jan. 2018, p. B4 15. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, v. 4, p. 394, 1984. 16. Brasil Seikyo, ed. 2.431, 11 ago. 2018, p. B1. 17. CARTER, Lawrence Edward. O Pastor Batista e seu Mestre Budista. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. p. 227. 18. Brasil Seikyo, ed. 2.254, 6 dez. 2014, p. B3. 19. Brasil Seikyo, ed. 2.253, 29 nov. 2014, p. A2

03/10/2024

Na prática

Vamos “emergir das profundezas da terra”, onde nos encontramos neste momento!

Por que nascemos? Por que passamos por diversas questões neste mundo cheio de dificuldades? Esses são questionamentos comuns, principalmente entre aqueles que mais sofrem. Em uma de suas explanações para os jovens, Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, reflete sobre essas perguntas e responde que “Nascemos neste mundo para realizar o trabalho do Buda”.1 Ele esclarece que enfrentamos duras circunstâncias para conduzir à iluminação aqueles que estão sofrendo e que essa é a missão escolhida pelos bodisatvas da terra. Nesta edição, vamos fazer uma profunda reflexão sobre como podemos desfrutar a vida com alegria e esperança, mesmo diante de dificuldades, e ainda conduzir as pessoas à plena felicidade e à transformação da sociedade. Inquietação do jovem Ikeda Após a derrota do Japão na guerra, os mais velhos passaram a viver em letargia, totalmente perdidos em meio à verdadeira miséria que as famílias enfrentavam. Já a maioria dos jovens tinha vitalidade e ansiava por um novo caminho. Em busca de conhecimento, reuniam-se em grupos com interesses comuns para ler e debater sobre livros, e outros se encontravam para ouvir música. “Eles começavam a se movimentar espontaneamente como se fossem as ervas daninhas que no solo congelado do inverno são as primeiras a germinar”.2 Daisaku Ikeda era um desses jovens e fazia parte de um grupo de aproximadamente vinte pessoas entre 20 e 30 anos. Eles estavam ávidos por assuntos relacionados às ciências humanas, que estudavam áreas como cultura, arte, política, economia e filosofia. Ikeda sensei detalhou as circunstâncias da sociedade e de sua vida naquela época: A pobreza das pessoas só piorava com a inflação desenfreada, e o peso da derrota na guerra pesava forte sobre os ombros de cada cidadão. Por exemplo, em relação ao preço oficial do arroz distribuído, a situação era tal que, no final desse ano, ele estava 25 vezes mais caro do que o valor aplicado em dezembro do ano em que a guerra encerrara e, no ano seguinte, subiria abruptamente para 60 vezes. A minha vida também não estava fácil. Contudo, não sei se era minha natureza inata, ou se eu tinha agregado uma vitalidade em meio à multidão; de qualquer forma, as dificuldades da vida não me incomodavam.3 Quem são os bodisatvas da terra “Bodi” significa “sabedoria do Buda”, e “satva”, “seres sensíveis” e “valor”. A palavra “bodisatva” quer dizer “Ser que aspira ao estado de buda e realiza ações altruísticas visando atingir esse objetivo. A característica predominante dos bodisatvas é a compaixão, visto que postergam a própria entrada no nirvana para conduzir os outros à iluminação”.4 Os bodisatvas da terra literalmente surgem no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus. Esse capítulo separa o ensinamento teórico, que são os primeiros catorze capítulos, do ensinamento essencial, que corresponde aos últimos catorze. Um dos aspectos que representa essa diferenciação é o juramento dos bodisatvas, discípulos do Buda, de se esforçarem eternamente para conduzir as pessoas à iluminação neste mundo repleto de sofrimentos. O Sutra do Lótus descreve que a terra de todos os bilhões de terras do mundo saha tremeu e se abriu, e dela emergiram milhares, dezenas de milhares, milhões de bodisatvas. Assim, a “terra” representa a condição de vida inerente a todas as pessoas, sem discriminação. Essa chegada deles foi tão impressionante que surpreendeu os bodisatvas do ensinamento teórico, incluindo Maitreya, que pergunta quem eles são e por que surgiram. Shakyamuni responde que são seus discípulos a quem ele tem ensinado e convertido desde o passado distante. “Sou eu quem surge da terra” Também causou furor entre os participantes o “surgimento” de Ikeda sensei em seu primeiro encontro com Josei Toda. Naquela conjuntura da vida do jovem Ikeda, descrita no início desta seção, vendo quão interessado ele era por filosofia e pelas questões humanas, dois amigos o convidaram para a ir a uma reunião na qual Toda sensei faria uma explanação. Em 14 de agosto de 1947, ele participa de sua primeira reunião na Soka Gakkai. O jovem Ikeda não conhecia essa história sobre o surgimento dos bodisatvas da terra ou mesmo a expressão “bodisatvas da terra”, mas recitou um poema que finalizou com os seguintes versos: Neste encontro ideal, sou eu quem surge da terra! Os participantes da reunião aplaudiram, porém, no íntimo, estavam boquiabertos, exclamando “Que jovem diferente!”. Josei Toda ficou radiante quando ouviu esse último verso.5 O jovem Daisaku Ikeda foi embora naquele dia e, em meio às questões da própria vida, ele descreve o que realmente o preocupava: Vendo as pessoas sofrendo e se lamentando diante daquela situação calamitosa eu não podia permanecer em um estado de dormência espiritual sem manifestar compaixão e simplesmente ignorar. Foi justamente no momento crucial, quando eu estava avançando do estado de dormência ideológica para o estado de insônia espiritual, que eu pude encontrar o meu mestre da vida.6 “Vendo as pessoas sofrendo e se lamentando diante daquela situação calamitosa eu não podia permanecer em um estado de dormência espiritual sem manifestar compaixão e simplesmente ignorar.” — na prática, isso é o que significa ser bodisatva da terra. Naturalmente, passar a ensinar o budismo Todas as pessoas transpõem montanhas e vales no decorrer da vida. O que as diferenciam são seu comportamento e sua reação ao longo da jornada. No início da organização, os veteranos ensinavam os fundamentos da prática do Budismo de Nichiren Daishonin para os novos membros e os apoiavam enquanto eles mesmos enfrentavam dificuldades, como dívidas, doenças, desarmonia familiar. Aqueles que estavam dando os primeiros passos na prática da fé não conseguiam ainda apresentar o budismo para as pessoas e apenas concordavam com os mais experientes. No entanto, ao continuarem participando das atividades da Soka Gakkai, a vida de cada um deles se enchia de energia vital e esperança. Seguindo o exemplo daqueles que os acompanhavam, estudavam o budismo, aprofundavam a fé e, naturalmente, passavam a falar sobre a alegria e a convicção na prática da fé. Assim, espontaneamente, começavam a ensinar o budismo para os amigos. Dessa forma, eles despertavam para a condição de bodisatva da terra, que cumpre a nobre missão de propagar os ensinamentos de Nichiren Daishonin. O presidente Ikeda conta que essas pessoas estavam mais preocupadas com os sofrimentos dos amigos e com o futuro do país do que com as próprias doenças ou problemas financeiros. Por isso, eles oravam de coração pela felicidade do outro e pela paz mundial. “No íntimo já haviam atingido um vasto e indestrutível estado da vida. Essa transformação fundamental mudou drasticamente a realidade da vida diária e lhes trouxe grande benefício e felicidade”.7 O destino é a missão A vida de Ikeda sensei e dos membros da Soka Gakkai é a representação do que é ser um bodisatva da terra — pessoas encarregadas da missão pelo kosen-rufu. A partir desses exemplos, percebemos que a nossa vida, assim como a de pessoas comuns com sofrimentos e frustrações, também pode manifestar o comportamento de bodisatva da terra. De que maneira? Enquanto nos dedicamos aos fundamentos do exercício budista — fé, prática e estudo —, não nos deixamos vencer pelas dificuldades, como Ikeda sensei explica: Pode-se dizer que os sofrimentos são condições indispensáveis para cumprir a missão dos emergidos da terra. Por isso, o destino é, em si, a missão. Por piores que sejam as tempestades do destino, não há absolutamente nada que não possa ser superado.8 Mas não devemos parar por aí! Ao vermos as pessoas sofrendo e se lamentando, precisamos lhes apresentar esse caminho. O bodisatva da terra aflige-se com o problema do outro e do mundo, sente profunda compaixão e, então, propaga os ensinamentos de Nichiren Daishonin. Essa é a sua missão. Encontro dos bodisatvas da terra Hoje, a Soka Gakkai, presente em 192 países e territórios, vive a verdadeira expressão de encontro dos bodisatvas da terra. Seus membros dialogam, acreditando na própria identidade de bodisatva da terra e na de todos os outros, com a consciência de que as pessoas merecem o mais profundo respeito. Em meio às questões que a sociedade enfrenta, os jovens brotam do rico solo dos nossos blocos e nossas comunidades e, tal qual Ikeda sensei na tenra idade, buscam se conectar a um ideal em prol da paz do mundo. De agora em diante, cultivando esses jovens valores, vamos decidir, uma vez mais, viver com a postura de um verdadeiro bodisatva da terra, como Ikeda sensei incentiva: Quando o sol nasce, a escuridão se dissipa. A vida dos bodisatvas da terra é como o sol. O surgimento de um único bodisatva da terra ilumina e revitaliza a localidade. A partir daí é que a luz da expansão se propaga. Agora é hora de recitar Nam-myoho-renge-kyo para romper a estagnação e a resignação. Vamos demonstrar um renovado “emergir das profundezas da terra”, onde nos encontramos neste momento! Construam um palácio de felicidade e uma rede de bodisatvas da terra. Estabeleçam a cidade eterna em sua nobre e valiosa terra.9 Notas:1. Terceira Civilização, ed. 576, ago. 2016, p. 6.2. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 186-187, 2022.3. Idem. Minhas Recordações. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022, p. 98.4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 896, 2020.5. Cf. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 206-207, 2022.6. IKEDA, Daisaku. Minhas Recordações. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022, p. 98.7. Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 13, p. 87-88, 2019.8. Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-I, p. 345, 2022.9. Terceira Civilização, ed. 576, ago. 2016, p. 6. Fotos: Brasil Seikyo Ilustrações: Getty Images

01/08/2024

Série

Os livros da minha juventude

Tradução dos extratos do livro The Books of My Youth [Os Livros da Minha Juventude] A AMIZADE ENTRE ROSSI E BRUNO Aprendi algumas lições importantes com Rossi e Bruno e com o estilo de vida deles. Se os jovens da minha época enfrentassem o mesmo destino dos dois, quantos poderiam suportar uma opressão tão severa? Embora a revolução política a qual Rossi e Bruno dedicaram a vida fosse muito diferente da revolução religiosa que pretendíamos, aplaudi a esplêndida devoção ao povo. Ao lermos essa obra, meus treze amigos e eu confirmamos a decisão de viver como Rossi e Bruno. É realmente maravilhoso que, ao lermos um livro juntos, possamos unir nosso coração e criar laços de camaradagem mais fortes que os laços de sangue. Após todos nós lermos o livro, encontramo-nos com Toda sensei para compartilhar nossas impressões. De acordo com meu diário, fez um tempo bom naquele dia: quinta-feira, 8 de fevereiro de 1951. Naquela noite, fiz a seguinte anotação: Às 19 horas, quatorze jovens revolucionários da religião reuniram-se, audazes, sob a liderança do nosso mestre, Toda sensei. O encontro de hoje, solene e vibrante, durou mais de três horas. Havia uma profunda seriedade em todos os participantes. [...] Em seguida, os participantes dialogaram sobre o livro Cidade Eterna. Eu disse que as revoluções podem ser divididas em três grandes categorias: política, econômica e religiosa. Comentei que esse livro descreve uma revolução política semelhante à Restauração Meiji do Japão. As revoluções comunistas são de natureza econômica. A revolução que nós estamos tentando realizar é mais fundamental: uma revolução religiosa. Em outras palavras, uma revolução verdadeiramente pacífica e sem derramamento de sangue.1 Minha anotação no diário era simples: breve nota para meu registro pessoal, escrita quando eu tinha apenas 23 anos. Não consegui expressar tudo o que eu queria dizer, pois o encontro daquela noite foi verdadeiramente memorável. Toda sensei deu palestras sobre o escrito Recebimento das Três Grandes Leis Secretas,2 de Nichiren Daishonin. Embora seu público fosse um pouco mais de uma dúzia de jovens, ele falou apaixonadamente sobre a jornada para a propagação do Budismo Nichiren, e suas palavras penetraram fundo no nosso coração. Toda sensei provavelmente sentiu a profundidade da nossa decisão de dedicar a vida a essa revolução religiosa da era moderna. Naquela noite, apenas três meses antes de tomar posse como segundo presidente da Soka Gakkai, ele devia estar seriamente determinado a assumir essa responsabilidade. Ikeda sensei na juventude LAÇO ETERNO ENTRE MESTRE E DISCÍPULO A edição japonesa de Cidade Eterna que Toda sensei me deu foi traduzida por Shukotsu Togawa. Segundo o exemplar, foi publicado em 20 de julho de 1930, pela editora Kaizosha. Togawa, nascido em Kumamoto3 em dezembro de 1870, foi um estudioso da literatura inglesa. Ainda jovem, apaixonado por literatura, tornou-se um dos editores de uma conhecida revista literária chamada Bungakukai, lançada em janeiro de 1893. Foi colega de Toson Shimazaki e Kocho Baba, importantes figuras literárias japonesas da época. Após se formar no departamento de inglês da Universidade de Tóquio, lecionou no ensino médio antes de se tornar professor na Universidade Keio. Hall Caine, romancista britânico, escreveu e publicou Cidade Eterna em 1901 com base em suas observações e experiências enquanto vivia na Itália. Togawa leu o romance logo depois de publicado e o achou tão cativante que, com a ajuda de um amigo, começou a traduzi-lo. Devido às condições do mercado editorial do Japão naquela época, parece que ele não conseguiu publicar o livro inteiro, apenas uma versão resumida com metade ou até um terço do tamanho do original. Caine foi autor de best-sellers na Europa e nos Estados Unidos, mas não era muito conhecido no Japão, possivelmente em razão de sua perspectiva socialista e cristã. A decisão de Togawa de publicar apenas uma versão resumida também pode ter sido por cautela em querer evitar a censura ideológica do governo. No prefácio da edição de 1930, Togawa escreveu: “Os últimos trinta anos mudaram tudo. O que eu considerava raro e progressista no livro quando foi publicado pela primeira vez é agora muito comum e normal. Muitos dos assuntos e eventos sugeridos no livro já são a nossa realidade. Hoje em dia, inclusive, são frequentemente expressas opiniões muito mais radicais. Deve-se notar, entretanto, que este livro é uma obra de ficção. Não afirma uma opinião. Ao mesmo tempo, é totalmente diferente das ficções atuais que enfatizam a consciência de classe. O objetivo principal deste romance, porém, é sempre entreter”. Claramente, o tradutor não via Cidade Eterna como uma obra de ideias revolucionárias perigosas. Roma, a capital italiana, com seus monumentos e ruínas é testemunha do passado da cidade e é chamada carinhosamente de Cidade Eterna — La Città Eterna, em italiano Quando Toda sensei leu a obra pela primeira vez, ele tinha acabado de completar 30 anos. Eu me pergunto o que ele pensou sobre o romance então. Como meu mestre estava se dedicando a uma revolução religiosa, havia uma chance de ser preso no futuro. Ele tinha de estar preparado para enfrentar a perseguição. Suspeito que, à medida que sua determinação se fortaleceu, pensamentos sobre Rossi e Bruno passaram pela sua cabeça. Mais tarde, Toda sensei e seu mestre, Tsunesaburo Makiguchi, foram presos pelo governo militarista do Japão. A vida na prisão foi tão severa que ainda é muito comentada na Soka Gakkai. Os que foram presos naquela época renunciaram às suas convicções e abraçaram o dogma militarista ou foram submetidos a duros interrogatórios e tortura e enfrentaram a morte por desnutrição. Os companheiros de Toda sensei, com quem ele conversava todos os dias sobre o budismo, desistiram da fé e o abandonaram um por um. Isso deve tê-lo feito se sentir incrivelmente sozinho. Na época de sua libertação, quase dois anos depois, a Soka Gakkai estava destroçada. Mesmo agora, quando penso no meu mestre sozinho, corajoso entre as ruínas do Japão pós-guerra, acalentando a promessa de realizar uma revolução sem derramamento de sangue para a felicidade do povo, lembro-me de Rossi e Bruno e do amor que partilhavam como companheiros revolucionários. Notas:1. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019, p. 102.2. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 988. 3. O distrito de Kumamoto fica em Kyushu, a maior ilha da região sudoeste do Japão. No topo: Ikeda sensei no Coliseu (Roma, Itália, jan. 1963) Fotos: Getty Images/ Seikyo Shimbun

01/08/2024

Editorial

Com força e paixão, alcance seus objetivos e construa um mundo melhor

O segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, declarou que a força e a paixão são os componentes essenciais para estabelecer um novo impulso de avanço. Fatos significativos da história atestam o pensamento de Toda sensei. Seja na área do conhecimento, seja na luta por uma causa, a força e a paixão são determinantes para alcançar um objetivo. Entre as incontáveis personalidades detentoras desses dois elementos, citamos Charles Chaplin, ator, dançarino, diretor e produtor inglês. Também conhecido por Carlitos, foi o mais famoso artista cinematográfico da era do cinema mudo. Ficou notabilizado por suas mímicas e comédias do gênero pastelão. Ainda com 11 anos, trabalhava em diversos lugares e não se permitia ser derrotado. E, mesmo diante da dura realidade, acalentava o sonho de ser o melhor ator do mundo. Leia mais na página 44. Ao tomarmos conhecimento da biografia de grandes personagens que desempenharam papéis cruciais para a humanidade, todos, em comum, principiaram na juventude a aspiração de sempre seguir em frente pelo seu ideal. Por isso, Toda sensei confiou aos jovens, possuidores da força e da paixão, a missão de conduzir o progresso do kosen-rufu. Assim, na juventude, Ikeda sensei encarregou-se de importantes responsabilidades para transformar em realidade as convicções do seu mestre, Josei Toda. A mais notável de todas foi a expansão do Budismo Nichiren para o mundo. Atualmente, os discípulos Ikeda, sobretudo os integrantes da Juventude Soka, assumiram, com força e paixão, a missão de suceder os ideais de Ikeda sensei, levar felicidade para todas as pessoas e a concretizar uma era de paz. Neste mês de julho, comemorativo dos 56 anos da Terceira Civilização, a equipe editorial, arrebatada com força e paixão, segue com o mesmo intento e ímpeto da primeira publicação em 1968: fazer das palavras e convicções de Ikeda sensei um farol de coragem e de esperança. Com isso, a matéria de Capa relembra os momentos da Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo e divulga as diretrizes de atuação dos líderes da Divisão dos Jovens da BSGI. Confira também a seção Na Prática e saiba como a expressão “O inverno nunca falha em se tornar primavera” pode imprimir novo vigor às pessoas que enfrentam profundos desafios. Com entusiasmo festivo, desejamos que a leitura desta edição o inspire a fazer florescer a coragem, a sabedoria e a força para alcançar seus objetivos e contribuir, à sua maneira, para a concretização de um mundo melhor! Excelente leitura! Redação Foto: BS

01/07/2024

Capa

A esperança é brasileira

Nova geração Os jovens sempre estiveram à frente de movimentos que mudaram a época. Em muitos casos, a voz deles não foi ouvida, mas sim suprimida. Um cenário que se alterou na segunda metade do século 20, conforme contextualiza o mestre em história Rainer Sousa. “A ­partir da década de 1960, intensas manifestações culturais e políticas juvenis indicavam que o papel do jovem começava a ter outro lugar”.1 Ele cita como exemplos o movimento hippie, o movimento punk e outras manifestações culturais. As mudanças acompanharam o clima social dos países e a visão de mundo de cada período. As definições de cada geração foram estabelecidas por determinadas letras: X (1960 a 1980), Y (1980 a 1995) e Z (1995-2010). A atual geração recebeu o nome Alpha em referência à primeira ­letra do alfabeto grego, uma geração nascida (e a nascer) totalmente no ­século 21, rodeada de tecnologia e bas­tante conectividade. Conectar os jovens pela paz “O que constrói a nova era é a força e a paixão dos jovens.”2 Essas palavras, cheias de energia, iniciam o Preceito aos Jovens, escrito pelo segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, em 1951. Com a força e a paixão dos jovens, Toda sensei visualizava ser possível a consecução de uma sociedade mais justa e igualitária para todos. Lançou o olhar e o ­coração para o século 21, e quem abraçou essa causa foi seu jovem e fiel discípulo ­Daisaku Ikeda. “Cada palavra, e cada verso desse preceito, ainda resplandece no fundo de meu coração”,3 enfatizava Ikeda,­ que mais tarde se tornou presidente da Soka Gakkai e levou a semente da esperança para 192 países e territórios. A prática do Budismo Nichiren expandiu-se e hoje adorna de coragem e sabedoria a vida de mais de 12 milhões de pessoas. Ikeda sensei partiu serenamente em novembro de 2023, aos 95 anos, mas não sem antes deixar um legado aos jovens. Ele elucida: “Paixão” é a nossa conduta, canalizada com a máxima intenção e força para salvar a pessoa amiga, e o desejo apaixonado de realizar o kosen-rufu. “Força” é “fé, prática e estudo” para nos desenvolver e nos capacitar com o poder de ação; é o poder de realização.4 Os jovens da BSGI, organização criada pelas próprias mãos de Ikeda sensei há quase 64 anos, vêm de geração em geração expandindo o kosen-rufu, exercitando a empatia e transformando ambientes com energia e solidariedade. O movimento de envolver os jovens nos ideais de paz da Soka Gakkai atingiu um resultado expressivo. Aqui, no Brasil, dezenas de milhares de jovens humanistas compõem hoje uma rede multicor, diversa e criativa. Trata-se de uma demonstração do quanto um nobre ideal na juventude é capaz de transformar o ambiente a partir da construção de uma personali­dade individual longe do egoísmo, aderente à empatia. Assim como o presidente Ikeda afirma:5 A alegria da juventude se encontra no pulsar da esperança de construir, abrir e acreditar no futuro; é a plenitude da vida que proporciona um novo desafio de forma radiante, sem se abalar diante de quaisquer sofrimentos ou fracassos; é o ressoar da alma que compartilha as alegrias e os sofrimentos com o amigo de forte laço criado em meio a um brilhante encontro. É o orgulho de edificar a base sólida de uma existência de vitoriosa felicidade, com regularidade e sinceridade. Foi com essa alegria que a Juventude Soka brasileira tornou o dia 26 de maio de 2024 o ápice desse movimento de expansão e de solidariedade, que tomou de vibração o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Essa é a voz da juventude que se revela sensível às pessoas, com o desejo de conectar, acolher e evoluir juntos. Nova era dos jovens humanistas se apresenta a que vem A Divisão dos Jovens da BSGI foi fundada por Ikeda sensei em 1984, quando ele fez sua terceira visita ao país. Nesses quarenta anos, pequenos núcleos foram surgindo com o propósito único da criação de pessoas valorosas. Como exemplo, na Divisão dos Estudantes (DE) — que inclui grupos conhecidos como Futuro, Esperança e Herdeiro —, os membros são estimulados a criar sonhos, a desenvolver habilidades e a crescer no rico solo da educação e da cultura. Além de participarem dos grupos horizontais da BSGI, que oferecem um ambiente de desenvolvimento em diversas frentes, como corais, bandas, orquestra, dança e atuação nos bastidores. Com os incentivos e direcionamentos recebidos nas atividades da organização e com as orientações do Mestre e dos veteranos, os integrantes da Divisão dos Jovens passam a ocupar espaço no ambiente profissional e nas relações ­humanas. Eles compreendem a vida com a percepção do budismo, em que na juventude se tornam protagonistas de suas conquistas, atuando com coragem e esperança. E mais, os encontros da BSGI possibilitam ao jovem estabelecer profundos laços de amizade e de confiança. Com isso, valorizam a diferença e entendem que a união é a que, de fato, os torna fortes. Tudo isso sempre com base na prática budista. Esses jovens são alegres, contagiantes e autênticos. Com a soma do aprendizado humanístico, eles se integram aos demais jovens da sociedade, inspirando-os para construir, juntos, uma nova era de paz tão almejada pela humanidade. É a juventude que transforma! Ao expandirem essa consciência, de uma pessoa a outra, do Brasil para o mundo, assumem o papel de vanguarda da materialização dos sonhos do Mestre, que eleva essa condição quando declama: Se em todo o mundo os jovens Soka se levantarem, seu brado de luta ecoará alto nos céus.6 É na prática a disposição de se empenhar a todo custo em prol da felicidade de uma única pessoa — esse é o objetivo fundamental do budismo, que existe em meio à realidade com o propósito de inspirar e contagiar a vida de um único ser humano. Acompanhe nas próximas páginas os melhores momentos da Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo! Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo O Brasil se uniu num só coração. Na arena do Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, um palco e um telão superior davam visão geral aos cerca de 11 mil jovens participantes de várias regiões do país. Da América Latina, foram 39 representantes de dez países — Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Venezuela. Por transmissão on-line, foram registrados cerca de 10 mil pontos, locais em que membros, familiares e amigos se reuniram para se conectar à alegria e à vibração da vitória dos jovens. A dedicação durante meses de ensaios e preparativos valeu cada momento, e a diretriz do dia era celebrar a força e paixão juvenis, assim como a vitória da esperança. De camisetas coloridas, refletindo a característica diversa que cada representante se permitia vestir, os espectadores e aqueles que se apresentaram no palco formavam a preciosa Juventude Soka brasileira. Esses jovens desejam um mundo de paz e não querem ficar de braços cruzados. Acreditam na força e na paixão dos jovens capazes de transformar a época e o mundo, pois têm um mestre que os incentiva e sempre confiou neles. Esse grandioso mestre esteve nessa mesma arena do Ibirapuera, em 1984, e as cenas dessa visita, que uniu ainda mais os membros do Brasil a ele, foram projetadas no telão no decorrer da Convenção dos Jovens. Foi uma lembrança e renovado juramento dos jovens, os quais se fizeram ouvir com a emoção da canção Saudação a Sensei, entoada em uníssono. Não há nada mais sublime que a valiosa relação de mestre e discípulo, reforçada nas palavras do presidente da BSGI, Miguel Shiratori, ao citar que, naquele local, há quarenta anos, Ikeda sensei estabeleceu o ponto primordial do kosen-rufu do Brasil. Agora, uma vez mais, o juramento se renova! Depoimentos Kauan Oliveira Andrade tem 10 anos, de São Paulo, membro da Divisão dos Estudantes Futuro (CNSP, CGESP). Foi sua ­primeira participação em evento dessa magnitude, e chegou coroado de sensações. Ele ressalta: “Valeu muito a pena participar. Os ensaios com os outros estudantes foram bons, fiz novos amigos. Estou muito feliz e jamais vou me esquecer deste dia.” Raphaela Macedo participou da convenção acompanhada dos quase 90 ­jovens do Rio Grande do Sul, que, a despeito das possibilidades mais óbvias de não comparecerem, em razão da situação desafiadora com a qual a região sofria, venceram e emocionaram o público. Ela é responsável pela Divisão dos Estudantes da Subcoordenadoria Rio Grande do Sul e nos conta sobre a luta até chegar esse dia e sobre a sua determinação renovada: “Foi uma luta diária contra os obstáculos e as maldades, mas me desafiei ainda mais no daimoku e fiz reverberar a convicção de que não há nada que supere o ­poder da oração e a união dos companheiros. Assim, fui dissipando diariamente o medo e, com coragem e esperança, incentivando cada estudante e cada jovem. Sinto que tudo o que vivemos dentro da Gakkai é inexplicável e único. Essa oportunidade só é possível pela grandiosidade de termos um mestre da vida. Nessa convenção, com certeza, o cuidado com cada pessoa, a atenção aos detalhes, o respeito à diversidade e o abraço caloroso de cada companheiro tocaram profundamente a todos. Meu coração ­retornou para casa mais forte e valente. Sensei, conte comigo! O kosen-rufu do Rio Grande do Sul está garantido!” Marco Antonio Costa Secca é do Rio de Janeiro, responsável pela Divisão Masculina de Jovens (DMJ) de distrito (CSMRJ), e afirma que tudo começou quando foi selecionado para a quarta Academia Índigo Juventude Soka, realizada em São Paulo. Voltou decidido a vencer no movimento dos cem jovens por distrito e determinado a levar o máximo de jovens possível para a convenção. Como foi esse desfecho, Marco? “Tive muita resistência, vários obstácu­los, mas, enfim, vitória. E ainda ajudei um jovem a receber Gohonzon e a se inscrever para a convenção. Estou decidido a comprovar com minha própria vida que o Budismo Nichiren funciona, é real, e que ter um mestre na vida faz toda a diferença. E, por meio da minha comprovação e postura, demonstrar para a nova juventude quem foi Ikeda sensei.” Liz Elizabeth participou da convenção vinda do Paraguai, onde atua como responsável pela Divisão Feminina de Jovens de distrito. Junto com 38 companheiros da América Latina, que se desafiaram para vir assistir ao evento, Liz era só vibração. Ela externa seu compromisso: “A convenção teve um grande impacto na minha vida. Foi um momento maravilhoso e extraordinário! Posso dizer com certeza que Ikeda sensei está no coração de cada participante. Além disso, ­comprometo-me a transmitir a todos os meus colegas e amigos não budistas para que conheçam a essência do Budismo ­Nichiren e o maravilhoso espírito de mestre e discípulo. Amigos do Brasil, muito obrigada!” Karolliny Celestino Santos da Silva, de Sorocaba, SP, apoiou os estudantes durante a apresentação na convenção. Atualmente, ela é vice-responsável pela Divisão Feminina (DF) de distrito e levou consigo a bagagem de ter participado na conhecida “Convenção da Chuva”, realizada em 1999. Aqui, ela fala do seu sentimento: “Eu era bem nova e atuava pelo Taiga, grupo de dança das jovens da BSGI. Aquele festival marcou totalmente a minha vida. Para a convenção em São Paulo, partiram dois ônibus da minha localidade, transportando jovens representantes que também integraram as apresentações. Acredito que ver tantos jovens ­reunidos com um único propósito seja esse o caminho, especialmente nesta época que estamos vivendo. Após o falecimento de Ikeda sensei, isso se torna ainda mais significativo, com a juventude se movimentando para fazer prosperar a nossa organização.” Vamos juntos criar a era da esperança do mundo Bem-vindos ao mês dos jovens! Nada como refletirmos sobre “força e paixão dos jovens”, características descritas pelo segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, como fundamentais para a concretização do kosen-rufu neste período tão especial. Estamos vivenciando essa força e paixão neste exato momento com a nova Juventude Soka ­brasileira, diversa e criativa, após a luta que consolidou a rede de mais de 140 mil jovens humanistas e resultou na Convenção Juventude Soka do Brasil Esperança do Mundo, ocorrida no último dia 26 de maio. Essa força e essa paixão da juventude estão provocando um novo modelo de expansão do humanismo Soka na sociedade brasileira. Um dos principais temas da Juventude Soka nos últimos anos tem sido o avanço na luta pela Agenda 20-30, baseada nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU). Esse movimento visa concretizar a missão social da Soka Gakkai por meio da mudança e da transfor­mação de cada indivíduo, ­começando pelo próprio jovem. O que precisamos fazer e mudar para transformar a época em que vivemos de modo a permitir que as pessoas se tornem genuinamente felizes? Além do potencial imensurável dentro de nós, temos a expectativa e a confiança dos eternos mestres da Soka Gakkai, assim como o exemplo dos nossos veteranos. Em 2024, a ­Divisão dos Jovens da BSGI completou quarenta anos de fundação, que ocorreu a ­partir do encontro do Mestre com jovens que também buscavam criar uma nova era no Brasil. Após essas quatro décadas e olhando para a história do nosso país e de nossa organização, podemos observar que isso foi possível. A força da nossa organização advém da união de “diferentes em corpo, unos em mente” das pessoas. Essa unicidade de mente não significa que todas devem pensar da mesma forma, mas sim agir e lutar juntas em prol do mesmo objetivo. Mais que nunca, este é o momento de materializarmos o juramento que realizamos no dia 26 de maio a partir de ações concretas visando 2030 e os próximos quarenta anos. Vamos dar um passo no movimento de 100 mil jovens humanistas com a concretização do nosso shakubuku, conduzindo mais um jovem ao caminho da revolução humana. E vamos cultivar nosso bloco como o local em que se encontram as pes­soas mais e vamos cultivar o nosso bloco como o local onde se encontram as pessoas mais felizes, onde todos se desenvolvem como “valores humanos”. Fazendo emanar essa força e paixão dos jovens, vamos juntos criar, mais uma vez, a nova era: a era da esperança do mundo. Líderes da Juventude Soka do Brasil Vídeo da Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo Fotos: BS Notas: 1. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/sociologia-juventude.htm. Acesso: 8 jun. 2024. 2. Brasil Seikyo, ed. 2.109, 26 nov. 2011, p. A3. 3. Ibidem. 4. Ibidem. 5. Idem, ed. 2.194, 7 set. 2013, p. B2. 6. Idem, ed. 2.109, 26 nov. 2011, p. A3.

01/07/2024

Capa

Deixe o sol entrar

O Budismo Nichiren é considerado o “Budismo do Sol”, representativo do conceito de que não importando a escuridão da vida, a iluminação é um direito de todos. A escuridão se manifesta na falta de energia vital para agir diante dos infortúnios, superar perdas e encarar as fases da vida e seus de­safios. Por vezes, nós nos sentimos aprisionados em nosso eu menor, fraco e sem esperança. Nesta edição, vamos tratar do poder da oração, concentrando-nos no Nam-myoho-renge-kyo, a essência do Sutra do Lótus, estabelecido por Nichiren Daishonin, sábio do século 13. Vamos aprender também como usufruir essa prática para nos libertar das amarras do destino e alçar revigorados voos rumo à felicidade. Acalentar desejos e aspirações É normal o ser humano, mesmo aquele que diz não ter nenhuma religião, ­acalentar desejos e aspirações. O ­Budismo Nichiren surgiu como resposta para preencher o vazio entre os desejos e a realidade, tendo como base a lei do ­universo, chamada, Nam-myoho-renge-kyo, que, em síntese, é a Lei Mística. Para melhor entendermos essa Lei, ao tomarmos como base várias leis da física, aplicáveis ao nosso dia a dia, observamos que elas não foram inventadas, e sim reveladas por estudiosos, fundamentados em uma força e relação preexistentes. Exemplo simples disso é a eletricidade, presente em praticamente tudo ao nosso redor: na lâmpada acesa, na energia que alimenta o computador, no celular. Nem dá para dizer a origem da eletricidade, já que ela sempre esteve por aí na natureza. Relâmpagos são descargas naturais da ­atmosfera em direção ao solo, e os homens das cavernas viram isso de um jeito bem visual com o descobrimento do fogo. O que se sabe é que, com a evolução, se chegou ao ­modelo atual. No século 13, Nichiren Daishonin, depois de estudar anos a fio os sutras, proclamou o Sutra do Lótus, o “rei dos sutras”, como o ensinamento maior de Siddhartha Gautama, ou Shakyamuni (século 6 a.E.C). Myoho-renge-kyo é o título do Sutra do Lótus, ou a Lei que rege o universo. Daishonin incorporou o “Nam”, estabelecendo seu ensinamento como forma de abrir o caminho para que as pessoas comuns, de todas as épocas, assumissem as rédeas do seu carma e se tornassem absolutamente felizes. Daishonin identificou a existência de uma lei que rege a vida e revelou-a como Nam-myoho-renge-kyo. Normalmente nos referimos ao Nam-myoho-renge-kyo como daimoku (título) do Sutra do Lótus. Vale reforçar que a simples tradução dos ideogramas não expõe a profundidade da Lei em sua totalidade. Fornece apenas uma ideia ­superficial. O Nam-myoho-renge-kyo só pode ser realmente compreendido quando posto em prática na própria vida. E mesmo não entendendo o significado de Nam-myoho-renge-kyo, o efeito é imediato aos que praticam com coração sincero. Assemelha-se ao ato natural de um bebê ao nascer, procurando pelo leite materno para se nutrir. Manifestar a condição de buda está ao alcance de todos, pois o Nam-myoho-renge-kyo é o catalisador desse processo. Dessa maneira, o modo budista de ser consiste em recitar Nam-myoho-renge-kyo e agir com a convicção da vitória, para transformar angústia em renovada esperança, e encarar os problemas e transformá-los. Ser livre para voar Para uma compreensão mais profunda do poder do Nam-myoho-renge-kyo agindo em nossa vida, libertando-nos de todos os sofrimentos, Nichiren Daishonin utiliza a metáfora do pássaro enga­­i­ola­­do. Nos escritos consta: Para ilustrar, quando um pássaro engaiolado canta, os que estão voando livres pelo céu são atraídos pelo chamado dele. Então, rodeado pelos demais, o pássaro engaiolado se esforça para se libertar. Quando recitamos a Lei Mística, nossa natureza de buda é ativada e emerge infalivelmente.1 De acordo com essa metáfora, por mais que cante, o pássaro não é feliz enquanto permanece prisioneiro. Ao ouvirem seu canto, os pássaros livres se reúnem ao redor da gaiola e o aprisionado se esforça para sair. Hoje, essa simbologia refere-se à condição das pessoas que vivem aprisionadas na gaiola chamada escuridão fundamental, na qual se sentem incapazes de ser felizes e acreditam não ter forças para transformar as circunstâncias. Quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo por nós e para os outros, “Com esse único som”, diz Daishonin, “convocamos e manifestamos a natureza de buda de (...) todos os demais seres vivos. Esse benefício é imensurável e ilimitado”.2 Essa é a tradução de uma energia vital que nos capacita a nos tornar livres, encarando os problemas e transformando-os, conquistando a felicidade plena. Ao falar sobre a expressão “buda”, alvo de muitas dúvidas de membros e simpatizantes, o ­pre­sidente Ikeda enfatiza: Não existem budas que ficam sofrendo eternamente na pobreza. Também não existem budas cruéis ou malvados, como não existem budas fracos que são derrotados na vida. “Buda” é outro nome para uma pessoa que está determinada a vencer, não importa o que aconteça.3 Partindo dessa explicação, o Mestre complementa: Atingir o estado de buda não significa nos tornarmos alguém ou algo diferente do que somos. Depois de alcançar a iluminação, Shakyamuni não se transformou num super-homem — ele era e continuou a ser sempre um ser humano. Tornar-se buda não quer dizer que todos os sofrimentos da vida desapareçam. Vida nenhuma é livre de sofrimentos. Enquanto estivermos vivos, estaremos ­envolvidos numa constante batalha contra adversidades.4 Ação resoluta No cerne da ativação do poder do daimoku (recitação do Nam-myoho-­renge-kyo), para atingirmos essa condição da natureza de buda, assim como lemos, não há efeito sem causa. Faz-se primordial realizar uma prática constante, com a certeza da vitória. Não há milagres. O budismo praticado na Soka Gakkai garante é um processo de reforma interior, chamado “revolução humana”, pelo qual “saímos da gaiola”, dedicando-nos à nossa felicidade e à do outro, persistindo na prática da fé com confiança. O Nam-myoho-renge-kyo não é uma meditação contemplativa, mas uma oração prática, ativada com um coração ­determinado a vencer. Assim ensina ­Ikeda sensei: A oração é essencial. Jamais se esqueçam de que tudo se inicia a partir da oração. Se nos esquecermos disso e falharmos em transformar a nossa vida, os discursos eloquentes e os argumentos críticos serão teoria sem fundamento, distantes sonhos e pura ilusão. Tanto a fé como o espírito da Soka Gakkai surgem da firme oração em querer mudar nossa realidade do presente momento. No Budismo de Nichiren Daishonin, a oração por si só não é suficiente. Assim como uma flecha atirada ao seu alvo contém a força máxima do atirador, nossa oração também possui todos os nossos esforços e ações. A oração sem ação representa apenas um simples desejo e a ação sem oração não produz nenhum resultado.5 Sair da prisão Tudo se resume a oração e ação. Nós extraímos a força desse budismo, que revela a forma criativa de viver. Nessa acepção, entendemos que temos a chance de voar rumo aos nossos sonhos, mas, para isso, precisamos transformar alguns ciclos. O primeiro é o ciclo gerado pela negatividade, tão forte em nossos dias. Com a negatividade, a energia vital enfraquece. É como se estivéssemos na gaiola com portinholas abertas, mas sem coragem para sair. Aí estão as oportunidades perdidas, e a autossabotagem conta alto nessa estatística. O presidente Ikeda pondera: Egoísmo, lamentação, dúvida, desonestidade, presunção, arrogância são as causas da própria infelicidade e as de outras pessoas. Quando nos permitimos ser governados por atitudes negativas como essas, somos iguais a um avião que perdeu a direção num denso nevoeiro. Não conseguimos enxergar nada com clareza. A diferença entre o bem e o mal, o certo e o errado, fica confusa. Mergulhamos nós mesmos no nevoeiro e nossos passageiros — nossos amigos e os outros ao redor — na infelicidade.6 Absorvemos, portanto, que a falta de sabedoria cega a percepção de que somos nós que geramos aquele ambiente. Mesmo acreditando que não somos os causadores, como nossa energia vital está mais fraca, nós nos tornamos suscetíveis e reagimos em “harmonia” com aquela negatividade. Como reverter? Ao recitarmos daimoku, manifestando o poder da fé e da prática, nossa energia vital é fortalecida e adquirimos uma condição de bem-estar, força e esperança renovada. Essa condição instanta­neamente influencia, de forma positiva, as pessoas ao redor e as circunstâncias num círculo virtuoso de harmonia e paz. Essa energia vital é a nossa revolução humana, que significa experimentar a força da vida livre e criativa, isto é, a liberdade para transformar as circunstâncias de acordo com nossos desejos. Essa revolução humana gera uma condição de vida em que se desfruta “a maior das alegrias”. Exatamente como defendia Nichiren Daishonin: “Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar o Nam-myoho-renge-kyo”.7 A alegria, uma vez sentida, de imediato é irradiada por todos ao redor, desencadeando um processo de transformação da sociedade por meio da própria determinação e da atitude das pessoas. Esse é o objetivo maior da Soka Gakkai, o kosen-rufu, que vem sendo promovido em 192 países e ­terri­tórios, levando esse Budismo do Sol para o coração das pessoas, libertando-as do sofrimento. O Nam-myoho-renge-kyo preenche as 24 horas do mundo. É persistir até conseguir A prática budista demanda árduo esforço e dedicação, mas ela nos permite experimentar a grandiosa alegria da revolução humana, que jamais seria possível numa vida de completa comodidade. Essa é a razão pela qual Daishonin adverte rigorosamente a não nos esquecer das promessas que firmamos em relação à fé nos momentos cruciais. É confiar no daimoku recitado, conscientes de que a causa foi feita e de que obteremos as respostas às nossas orações infalivelmente. Assim também nos ensina Ikeda sensei, que trilhou uma jornada de vida em prol da paz. Ele encerrou sua existência em novembro de 2023, aos 95 anos, não sem antes nos deixar a fórmula da vitória diante das tempestades. A vida pede uma vida livre Nessa edição, destacamos as oportunidades que surgem quando determinamos abrir as portas do coração, ­iluminando a escuridão evidenciada na forma de desesperança ou de questões que nos afligem, a ponto de nos manter engaiolados no sofrimento. A oração é nossa “arma” mais poderosa, e a recitação do Nam-myoho-renge-kyo é consolidada no Budismo Nichiren como o caminho dessa jornada de vitórias acessível às pessoas comuns. Se recitarmos daimoku de todo o cora­ção e continuarmos a empreender esforços para desafiar nossa situação, seguramente venceremos no final. Essa é a garantia desse budismo revolucionário. “Nosso objetivo é esta única palavra: vitória”, enfatiza Ikeda sensei.8 O Nam-myoho-renge-kyo nos empodera de sabedoria, porém é neces­sário se permitir recebê-la. Assim como o pássaro que canta, mas permanece prisioneiro, não importando o que façamos, nada vai mudar enquanto estivermos presos na escuridão. Por isso, é preciso vencer a negatividade. Orar e agir, contando com o humanismo Soka presente nos pequenos, mas poderosos, blocos da BSGI em todo o país. Com base no diálogo de vida a vida e do estímulo ao estudo e à prática da fé resolutos, conquistamos o impulso para avançar pelos céus da esperança. Nichiren Daishonin, em muitos dos seus escritos, nos brinda com a poesia da convicção, a qual nos enche de confiança. Deixamos aqui, no fechamento desta matéria, uma passagem de seus ensinamentos, com a expectativa de tornar possível o voo à liberdade de mais e mais pessoas: Se recitar Nam-myoho-renge-kyo, haverá alguma ofensa que não possa ser erradicada? Haverá algum benefício que não possa se manifestar? Esta é a verdade. Deve acreditar nela e aceitá-la.9 Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 136, 2020. 2. Ibidem. v. II, p. 150, 2017. 3. Brasil Seikyo, ed. 1.222, 17 abr. 1993, p. 4. 4. Ibidem, ed. 2.404, 27 jan. 2018, p. B3. 5. Brasil Seikyo, ed. 2.237, 2 ago. 2014, p. B1. 6. Brasil Seikyo, ed. 2.274, 9 maio 2015, p. B2. 7. Brasil Seikyo, ed. 2.237, 2 ago. 2014, p. B1. 8. Brasil Seikyo. ed. 1.726, 6 dez. 2003, p. A3. 9. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 135, 2020. Oração de quem nada teme Tatiana Tojal, responsável pela Divisão Feminina de comunidade, RM Penha, CCLP A vida é feita de sonhos e desafios para alcançá-los, e no budismo aprendemos a não ceder quando o destino nos diz não. Há seis anos, eu mesma vivenciei um desses episódios. Ser mãe era algo que batia forte em meu coração. Após uma cirurgia no endométrio e contrariando previsões médicas da possibilidade de uma gravidez natural, eis a primeira comprovação: engravidei aos 42 anos. Dias depois de realizar um ultrassom, com apenas 27 semanas de gestação, a equipe sinalizou possível parto prematuro. Ao entrar na sala de parto, ouvi: “Seu filho pode nascer morto e, se você tiver hemorragia, vamos tirar seu útero, tudo bem?”. Acenei sim com a cabeça, porém, no coração, estava determinada: “Gohonzon, agora é a hora. Chegou o momento de mostrar a força da Lei”. Pedro nasceu e chorou, o primeiro alívio. Meu marido, Marcelo, que estava do lado de fora da sala, entrou rapidamente. Eu lutava contra a hemorragia, enquanto meu bebê, entubado, já estava a caminho da UTI neonatal. Só pude vê-lo no outro dia. Pedro nasceu em 6 de abril de 2018, pesando 870 g. Eu faço aniversário no dia 7 do mesmo mês, e foi o melhor presente. Estávamos ali para comprovar a força da Lei Mística, esse Nam-myoho-renge-kyo poderoso que nos blinda do medo. Tinha muitos motivos dessa convicção. Conheci o Budismo aos 10 anos, quando minha mãe trouxe o Gohonzon para casa. Cresci dentro da organização, participei do Grupo 2001 (precursor da Divisão dos Estudantes), fui uma jovem destemida que atuou nos dois festivais culturais e na Convenção da Chuva. Foram marcos que nutriram minha juventude e minhas escolhas. Aprendi que “não existe oração sem resposta”. Pedro passou 57 dias na UTI, período em que seus rins e coração quase pararam. Com base no daimoku, vencemos e fomos para casa. Isso já faz seis anos. Meu guerreiro não tem nenhuma sequela da prematuridade. Ele é um menino extremamente carinhoso e adora participar das atividades da Divisão dos Estudantes. Iniciei um projeto social chamado “Um Colo para a Mamãe” que ajuda as crianças que estão na UTI neonatal, e levo comigo orientações do Mestre para que possa incentivá-las. Meu coração é só gratidão. Há um poema de Ikeda sensei que me enche de emoção. Nele consta: “A oração das mães não conhece limites. / Elas desconhecem o impasse. / Também não têm covardia / nem dúvida. No âmago da oração firme e resoluta arde a chama da ­coragem / que expulsa o desespero e a resignação. / A oração da Lei Mística / é o juramento seigan de vencer absolutamente”.1 Muito obrigada! Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.327, 11 jun. 2016, p. B1. O que significa Nam-myoho-renge-kyo Nam: Devotar-se, dedicar-se. É uma abreviação de namu (do sânscrito), e traz o sentido de uma prática em que lutamos pela nossa felicidade e pela felicidade do outro, baseados no ensinamento do Buda. Myoho: “Lei Mística”, literalmente. A Lei, ou realidade fundamental, é descrita como myo (místico), porque é infinitamente profunda e transcende todos os conceitos ou formulações da mente humana. “Myo” tem alguns significados, como “abrir” ou “reviver”. Nota-se, ­portanto, que, ao praticar essa Lei, avida se abre para renovadas oportunidades e conquistas. Renge: Flor de lótus. Utilizada como símbolo da simultaneidade da lei de causa e efeito. Isso porque, diferentemente de outras plantas, a flor e a semente ­germinam ao mesmo tempo. Assim, a recitação do Nam-myoho-renge-kyo cria a causa instantânea da vitória a ser manifestada. Kyo: É a tradução japonesa da palavra “sutra”, ou seja, o ensinamento do buda Shakyamuni. Pelo fato de seu ensinamento ter sido difundido pela pregação — ou seja, ele usou a própria voz —, a palavra kyo é algumas vezes interpretada como “som”; ou como a voz compassiva que busca ajudar as pessoas. “Kyo” é também indicativo de “Aquilo que é eterno, que se propaga pelas três existências [passado, presente e futuro]”.

03/06/2024

Especial

Jornada de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei

O sonho dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai para a educação se expande pelo mundo rumo ao eterno futuro O valor que um ser humano cria na vida se encontra em sua missão e em seus árduos esforços A última parte desta série destaca a dedicação de Ikeda sensei para fundar as escolas do sistema de educação Soka no Japão e no mundo visando à criação de “valores humanos” que protegem a paz e contribuem para a sociedade. Em 1930, o professor Tsunesaburo Makiguchi, então diretor de uma escola de ensino fundamental, escreveu o livro Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. O professor Josei Toda também trabalhou arduamente na edição e publicação dessa obra. Nessa época, o mundo era assolado pela depressão econômica e o Japão estava sendo controlado pelo militarismo. Na página de créditos, no final do livro, a data de impressão é registrada como dia 15 de novembro, junto com a data de publicação de 18 de novembro. Misticamente, o pai da educação Soka [Tsunesaburo Makiguchi] encerrou sua sublime existência no dia 18 de novembro na prisão [em 1944], e Ikeda sensei, que criou o grande castelo da educação Soka, partiu para o Pico da Águia no dia 15 de novembro [de 2023]. A rede da educação Soka construída por Ikeda sensei, que herdou o desejo dos mestres Makiguchi e Josei Toda, se expandiu amplamente em escala global. Ele fundou as escolas Soka em Tóquio e em Kansai, as quais abrangem do ensino fundamental ao médio. Na sequência, criou a Universidade Soka, que hoje mantém intercâmbios com 251 universidades em 67 países e territórios, assim como a Faculdade Feminina Soka, o palácio da educação das mulheres. Posteriormente, fundou a Universidade Soka da América, no descortinar do novo século, em 2001. Com relação ao ensino básico, a primeira instituição a ser fundada foi a Escola Soka de Educação Infantil de Sapporo, no Japão, seguida pelas escolas Soka em Hong Kong, Singapura, Malásia e Coreia do Sul. O Colégio Soka do Brasil se desenvolveu e atualmente engloba desde a educação infantil até o ensino médio. E, em agosto de 2023, foi realizada a cerimônia de ingresso da primeira turma do Colégio Internacional Soka da Malásia. Conto com você, Daisaku O sonho da construção do grande castelo da educação Soka foi confiado pelo mestre ao discípulo em meio a circunstâncias extremamente adversas. Em 16 de novembro de 1950, Toda sensei disse em um refeitório para estudantes de uma universidade em Tóquio: “Devo construir a Universidade Soka para o bem do mundo no futuro. No entanto, pressinto que não conseguirei edificá-la. Assim, conto com você, Daisaku. Construa a melhor universidade do mundo!”.2 Três meses antes, Toda sensei havia recebido uma ordem de suspensão de seus negócios e estava em uma situação financeira difícil. Enquanto seus funcionários se afastavam sucessivamente, Ikeda sensei era o único que continuava lutando ao seu lado. Naquele dia, o jovem Ikeda, com 22 anos, gravou profundamente no coração as palavras do seu mestre. Estabelecer uma escola também era o objetivo de Makiguchi sensei. Com o ardente desejo do seu venerado mestre e do mestre predecessor em seu coração, Daisaku Ikeda desenvolvia, sem que ninguém soubesse, um plano para a criação do sistema de educação desde o ensino infantil até a universidade. No dia 5 de abril de 1960, um mês antes de sua posse como terceiro presidente [da Soka Gakkai], Ikeda sensei visitou, acompanhado de sua esposa, Kaneko, um terreno em Kodaira, Tóquio, onde possivelmente poderia ser construída a Escola Soka. Naquele momento, tomou a decisão de adquiri-lo. Em 30 de junho de 1964, Ikeda sensei anunciou oficialmente o plano de fundar a Universidade Soka: “Gostaria de criar grandes ‘valores humanos’ e extraordinários líderes capazes de contribuir para a paz do mundo”. Logo após, foi constituída uma comissão para o estabelecimento da universidade e o início do processo de construção. Qual é a finalidade da educação? Em 1968, foi realizada a inauguração do Colégio Soka de Tóquio, uma escola masculina dos ensinos fundamental 2 e médio e, em 1971, foi a vez da Universidade Soka. Era uma época afligida por confrontos universitários e, com o intuito de iluminar com as chamas da esperança o mundo universitário que estava num impasse, a abertura desse centro da educação humanística foi antecipada em dois anos. A fim de obter fundos para a universidade, Ikeda sensei intensificou ainda mais seus esforços na escrita de livros e trabalhou arduamente nos manuscritos, alocando os royalties das obras para o fundo. Além disso, contou com o apoio de muitas pessoas que simpatizavam com o ideal da educação. Vários indivíduos se ofereceram para fazer sinceras doações, expressando o desejo de participar do empreendimento, enquanto outros empenharam tempo e esforço na limpeza e na preparação do terreno onde seria construída a universidade. Sempre que possível, sensei falava para os alunos da Universidade Soka que ali era uma “universidade erguida pelo povo”, construída com as mãos de pessoas comuns e anônimas. Essa observação se baseava na convicção de que “o objetivo de estudar em uma universidade era para servir e contribuir em prol das pessoas que não tiveram tal oportunidade”, enquanto na sociedade havia a tendência de se considerar que “o fato de ingressar em uma boa universidade e empregar-se em uma boa empresa” representava a felicidade. Na inauguração da Universidade Soka, sensei ofereceu uma estátua de bronze como presente. Em sua base, está registrado: “Qual é a finalidade de polir a sabedoria? Não se esqueçam disso”; “Somente em meio aos árduos esforços e à missão é que se cria o valor da existência”. Rumo ao século 21 e além Após a inauguração dos colégios e da universidade, Ikeda sensei interagiu com os grupos de estudantes, mostrando um exemplo de educação humanística com a própria atitude. Algumas vezes, jogava tênis ou tênis de mesa com eles. Em outras, pescava ou, ainda, compunha poemas junto com os alunos. Houve ocasiões em que os convidou para uma refeição em um restaurante de estilo ocidental para ensinar-lhes a etiqueta básica à mesa. Ele dizia para os professores: “A educação consiste em continuar proporcionando bons estímulos e prover boas recordações”. Sensei continuou a proteger e observar os alunos com desempenho escolar insatisfatório, como também os que abandonaram os cursos. Entre eles, surgiram muitos companheiros que lutaram arduamente no caminho de suas missões, tornando-se, por exemplo, professores universitários. No Colégio Soka de Tóquio, onde se reúnem alunos oriundos de diversas regiões do Japão, Ikeda sensei propôs a realização de um evento às vésperas das férias de verão para que tais estudantes, vindos de longe, colecionassem boas recordações. Assim, começou o Festival da Glória, que se tornou uma atividade tradicional da instituição. Sensei participou sucessivamente durante 24 anos, passando horas e horas com os alunos do colégio. Será que posso assistir à aula junto com vocês? Ao chegar ao local do festival, que estava sendo realizado pela segunda vez, em 17 de julho de 1969, Ikeda sensei se dirigiu imediatamente ao espaço destinado aos alunos. Incentivou com carinho os que estavam sentados nas proximidades, perguntando o nome e a cidade de origem de cada um deles. Aplaudiu com entusiasmo as apresentações de música folclórica e as peças teatrais criativas que se desenvolveram no palco. Sensei clamou: “Acredito que, no início do século 21, haverá muitos alunos dessas primeiras duas turmas que se tornarão presidentes de empresas ou altos executivos, jornalistas, cientistas, artistas, médicos e, enfim, pessoas atuando maravilhosamente nas mais diversas áreas”. Assim, ele propôs que todos ali presentes se reunissem novamente no primeiro 17 de julho do século 21. “Aguardando o ano 2001 com muita expectativa, vou abrir o caminho e cuidar de cada um de vocês nos bastidores. Essa é a minha vida e maior alegria”. Desenvolver e vencer para ir ao encontro do fundador! — essa agradável recordação se tornava um grandioso juramento dos alunos. Do século de guerras rumo ao século sem guerras, os olhos do Mestre, que se dedicava à educação, estavam sempre voltados para o século 21 e além. Estarei eternamente junto com vocês! A primeira visita oficial de Ikeda sensei à universidade depois da inauguração foi para atender o sincero convite dos estudantes para o Primeiro Festival da Universidade Soka. Sensei visitou as barracas de comida e se admirou com a exposição criada com muita dedicação pelos alunos da instituição: “Pesquisaram muito bem. Não foi fácil, não é?”. Reconhecendo os esforços dos estudantes, ele visitou a exposição por mais de três horas. Ele tinha conhecimento do empenho de todos que se envolveram nos preparativos até de madrugada. Além disso, no Segundo Festival Takiyama (em julho de 1973), organizado pelos estudantes que residiam nos alojamentos, ele visitou o campus durante a programação de três dias, incentivando cada estudante que encontrou. Na festa do bonodori (dança típica japonesa), realizada no último dia do evento, Ikeda sensei tocou um tambor por tanto tempo e com tanta força que a sua mão chegou a descamar. Com frequência, sensei falava aos professores: “Vocês devem valorizar os estudantes mais que os próprios filhos”. E, de fato, a cada movimento, ele demonstrou o espírito de “estudantes em primeiro lugar”, afirmando: “A universidade que mais valorizar os estudantes se tornará a melhor universidade do mundo. Essa é a fórmula”. No terceiro festival da Universidade Soka, realizado em outubro do mesmo ano, uma celebração foi preparada com cerca de setecentos convidados, incluindo altos executivos de empresas e pessoas relacionadas com o mercado de trabalho. “Muito prazer, sou Daisaku Ikeda, fundador. Quando nossos estudantes o procurarem em busca de trabalho, por favor, conto com o senhor”. Ao entregar seu cartão de visitas para cada pessoa que encontrava, Ikeda sensei curvava-se profundamente enquanto fazia esse pedido. Apesar de não estar tão bem de saúde, ele percorreu o ginásio de esportes por cerca de duas horas encharcado de suor. Estava determinado a se encontrar pessoalmente com os representantes das empresas para pedir-lhes apoio aos estudantes da primeira turma da Universidade Soka que haviam decidido ingressar na escola recém-construída. Observando esse aspecto do fundador, os alunos da primeira turma se sentiram inspirados. Ao começarem a busca por emprego, havia empresas que não os aceitavam pelo fato de eles não serem formados em universidades de renome. Mesmo assim, continuavam resolutos: “De minha parte, não há problemas. Porém, depois de mim, estão vindo muitos brilhantes sucessores. Por favor, conto com vocês para os formandos do próximo ano”. Embora tivessem dificuldade para encontrar emprego em decorrência da recessão causada pela crise do petróleo, os formandos da primeira turma receberam ofertas de reconhecidas empresas, alcançando uma taxa de 100% de alunos empregados. A tradição de alta taxa de empregabilidade continua até hoje. Pensando globalmente Em suas viagens pela paz, Ikeda sensei sempre trazia cartões-postais e lembranças dos países visitados para oferecê-los aos alunos dos colégios Soka.Assim, foi cultivando neles o sentimento de cidadania global. Em maio de 1973, ao viajar para a Europa a fim de realizar, entre outras atividades, um diálogo com o historiador Arnold J. Toynbee, Ikeda sensei adquiriu uma boneca francesa em Paris. Ele a denominou Sonoko (filha do colégio) e a ofereceu à Escola Feminina Soka, que havia sido inaugurada naquele ano. Em 1982, essa instituição se tornou o Colégio Soka de Kansai e deu nova partida como escola para meninos e meninas, da mesma forma que o Colégio Soka de Tóquio. Por intermédio do fundador, os alunos dos colégios Soka sentiam o mundo mais próximo deles. Mais de 5 mil intelectuais de diversos países já visitaram os Colégios Soka de Tóquio e de Kansai, entre os quais pessoas de renome que estabeleceram amizade com Ikeda sensei, como o fundador da União Pan-Europeia, conde Coudenhove-Kalergi; o historiador de artes René Huyghe; e o mundialmente renomado ilustrador de livros infantis Brian Wildsmith. Apresentando grandes pensadores e ilustres personalidades de todos os tempos e lugares, Ikeda sensei falou sobre o significado de uma vida correta aos alunos dos colégios e da Universidade Soka. Em 20 de novembro de 1997, o ex-presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, e sua esposa visitaram o Colégio Soka de Kansai. Nessa ocasião, sensei apresentou a fábula Jovem Imperador, de Tolstói. Três vozes chamam o jovem imperador que assumiu uma posição de grande poder. A primeira voz diz a ele que sua responsabilidade se resume a manter o poder que lhe foi concedido. A segunda voz diz que ele deve fugir adequadamente de suas responsabilidades. E, por último, a terceira voz diz: “Cumpra a sua responsabilidade como ser humano, e não como imperador! Aja pela felicidade das pessoas que sofrem!”. Então, sensei declarou: “Quero afirmar que o herói que escolheu o terceiro caminho como líder humanista foi o Dr. Gorbachev”. Em um ensaio, Ikeda sensei registrou: “É preciso que surjam líderes capazes de tomar medidas com base em um pensamento de escala global, e não embasadas na pequenina régua do Japão. É para isso que sempre digo que o ‘palco de vocês é o mundo’ e sigo criando oportunidades para que os alunos do colégio e da Universidade Soka possam ter contato com líderes do mundo, com a arte e com homens da cultura de primeira categoria”. Tesouro insubstituível Qual é o sonho do sensei? Essa pergunta foi feita por uma aluna do Colégio Soka de Kansai durante um diálogo de sensei com os estudantes que se formariam no dia 28 de fevereiro de 2000. Com uma dose de humor, ele disse: “Sou tão atarefado que mal tenho tempo de pensar em sonho, pois estou pensando sobre o mundo todo”. Ikeda sensei contou, então, que seu sonho, de corpo e alma, é concretizar os ideais do seu venerado mestre. E completou, expressando toda a sua expectativa: “Meu maior sonho é que, no futuro, vocês se tornem líderes e excelentes doutores, tanto no nome como na prática”. Por considerar os livros de assinatura e as coletâneas de formatura dos alunos dos colégios Soka e da Universidade Soka como seus tesouros insubstituíveis, sensei veio valorizando e mantendo-os próximos de si. Orando pela vitória e pela felicidade dos ex-alunos, continuou incentivando-os. Sensei redigiu o poema: Como meu coração se estimula ao saber da dinâmica atuação dos amigos formandos Soka. Como dói meu coração quando ouço uma triste comunicação. É impossível entender esse sentimento sem ser seu fundador. Estarei eternamente junto com vocês! Serei eternamente seu aliado! No coração de Ikeda sensei havia sempre um amigo da educação Soka. E no coração dos ex-alunos, sensei continua vivendo. O sonho do Mestre se amplia de forma contínua para o mundo e para o futuro indefinidamente, assim como os laços da educação Soka. No topo: Inaugurada em 1992 como a primeira instituição de ensino Soka fora do Japão, a Escola Soka de Educação Infantil de Hong Kong é altamente valorizada como uma das melhores da localidade. Na foto, Ikeda sensei cumprimenta os alunos (Hong Kong, maio 1993) Foto: Seikyo Press Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 17, p. 79, 2022. 2. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 10, p. 199, 2020.

03/06/2024

Artigos

Com o juramento seigan de Ikeda sensei em nosso íntimo

O dia 3 de maio é o Dia da Soka Gakkai. É também o Dia das Mães da Soka Gakkai, ocasião que enaltece ao máximo as mulheres Soka. Foi no ano 1972, em Paris, França, que recebemos essa data. Referindo-se à história do kosen-rufu, Ikeda sensei nos disse: “É o ano-novo da Gakkai”. Sensei registrou solenemente o profundo significado dessas palavras na caligrafia Gogatsu Mikka (3 de maio), inscrita em Kansai no ano seguinte à sua renúncia como presidente da Soka Gakkai. Na lateral da caligrafia central, ele enumerou as datas “3 de maio”, que se tornaram o ponto de inflexão, tais como o 3 de maio de 1951, quando Toda sensei assumiu como segundo presidente; o 3 de maio de 1960, quando Ikeda sensei se levantou como terceiro presidente; e o 3 de maio de 1979. Ele acrescentou: “Esse é o dia do ponto primordial da nossa Soka Gakkai”. Nichiren Daishonin expressou sua decisão: “Declaro aqui: Não importa que os deuses me abandonem. Não importa que eu tenha de enfrentar todas as perseguições. Ainda assim, darei a vida em prol da Lei”.1 Os três primeiros presidentes da Soka Gakkai [Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda] gravaram essa passagem dos escritos [do Buda] no fundo de sua vida, e viveram até o fim com a devoção abnegada pela propagação da Lei. A determinação de herdar diretamente o juramento seigan de Nichiren Daishonin, superando quaisquer grandes dificuldades, nada mais é que o ponto primordial da Soka Gakkai, o qual devemos gravar em nossa vida. Badalando o sino da relação de mestre e discípulo Foi Ikeda sensei, logo após o falecimento de Toda sensei, quem estabeleceu o 3 de maio como dia do eterno ponto de partida para todos os membros. O presidente Ikeda proporcionou um raio solar de esperança à Gakkai, que estava envolta por nuvens escuras, ao apresentar a concepção dos “Sete Sinos” que se tornaria um novo indicador do avanço do kosen rufu. Ele converteu em sua própria decisão as palavras de Toda sensei de que a Soka Gakkai registraria um grande passo de avanço a cada sete anos. Anos mais tarde, Ikeda sensei compartilhou com seus discípulos sua visão desde a primeira metade do século 21, da edificação do alicerce da paz, até o fim do século 23, da criação da cultura humana que valoriza a dignidade da vida como espírito global. É por essa razão que nós podemos receber o primeiro 3 de maio após o falecimento de Ikeda sensei com plena esperança e convicção. O ato de concretizar os ideais do Mestre deve ser a nossa decisão como discípulos para saldar as dívidas de gratidão com ele. No dia 3 de maio de sua posse como terceiro presidente, o Mestre registrou: “Ultrapassando a fronteira da vida e da morte, inicia-se a batalha da Lei por toda a vida na presente existência”. Vamos, nós também, badalar o sino da vitória da relação de mestre e discípulo, ultrapassando a barreira da vida e da morte, e abraçando o grande juramento de mestre e discípulo! No topo: Durante a Reunião de Líderes da Soka Gakkai, comemorativa dos cinquenta anos de sua posse como terceiro presidente, Ikeda sensei apresenta a caligrafia Gogatsu Mikka (3 de maio) (Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio, abr. 2010). No final da inscrição lateral, ele acrescentou: “Registrado no dia 3 de maio de 1980” e “Com o coração refrescante. Mãos postas” Foto: Seikyo Press Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 293, 2020.

02/05/2024

Especial

Jornada de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei

“Espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística no mundo. Farei o mesmo” Na primeira página do jornal Seikyo Shimbun comemorativo do aniversário de fundação da Soka Gakkai, edição do dia 18 de novembro de 2023, foram publicados poemas compostos por Ikeda sensei e dedicados a todos os companheiros. No dia 20 daquele mesmo mês, foi divulgada a mensagem que sensei dedicou aos estudantes do Colégio Soka e, no dia 21, o artigo para a seção Gosho para o Futuro. Por meio da escrita, o Mestre continuou incansavelmente a ressoar seu rugido do leão até o último instante, até as chamas de sua vida se extinguirem. Nesta quinta parte da série, acompanharemos a jornada da batalha das palavras que sensei travou ao longo de sua existência, às vezes com o pseudônimo Ho Goku e, outras, como poeta laureado. “Com ardente fé, registrarei palavras ilimitadamente” Assim Ikeda sensei escreveu em certa ocasião: “Não pouparei a vida para incentivar os amigos. Contudo, existem limitações na quantidade de pessoas com quem posso me encontrar pessoalmente. Então, vou encorajá-las pela força da caneta. A vida humana é transitória, mas o alcance das palavras é infinito. Vou perpetuar a filosofia do budismo, que é universal e ultrapassa épocas, a fim de deixar para a posteridade a veracidade da relação de mestre e discípulo”. Sem dúvida, era essa a determinação de Ikeda sensei por trás de suas ações. A batalha das palavras começou ainda na juventude, quando foi rigorosamente treinado pelo presidente Josei Toda. Sob o nome de Shin’ichiro Yamamoto Era 3 de janeiro de 1949, um dia após completar 21 anos, quando Ikeda sensei se apresentou pela primeira vez para trabalhar na editora Nihon Shogakkan, dirigida por seu venerado mestre. Em maio do mesmo ano, ele se tornou editor-chefe da revista juvenil Boken Shonen [Aventura dos Meninos] (posteriormente Shonen Nippon [O Japão dos Meninos]). Ele se lançou de corpo e alma nesse trabalho determinado a fazer dessa publicação “a maior revista juvenil do Japão”. Tratava-se de uma pequena editora localizada no bairro de Nishikanda, em Tóquio, e ele sozinho era responsável por muitas funções, tais como planejamento de séries e solicitação e recebimento de matérias, ilustrações e diagramações. Quando não encontrava redatores ou escritores disponíveis, ele próprio escrevia, com o pseudônimo de Shin’ichiro Yamamoto, biografias de personalidades como o educador Johann Heinrich Pestalozzi (1746–1827) e o médico Edward Jenner (1749–1823). No entanto, devido à recessão do pós-guerra provocada pela política de contração financeira denominada Dodge Line, os empreendimentos editoriais do presidente Josei Toda entraram em crise. A empresa mudou sua estrutura de negócios para uma cooperativa de crédito e Ikeda sensei teve de se afastar do trabalho editorial. Todavia, essa cooperativa também se deparou com um impasse no verão de 1950, momento em que Toda sensei se viu em uma situação crítica. Foi em meio a essas circunstâncias que mestre e discípulo conversaram sobre os planos de fundar um jornal. Nessa época, Toda sensei esclareceu ao jovem Daisaku Ikeda por que os seguidores de Nichiren Daishonin conseguiram superar tamanha sequência de grandes dificuldades: “Nichiren Daishonin continuou a incentivar cada um (de seus seguidores) escrevendo cartas e mais cartas incansavelmente. É por essa razão que, independentemente das provações impostas pela vida ou pela sociedade, nenhum deles foi derrotado. Daisaku, vamos criar um jornal que incorpore esse espírito de Daishonin e torná-lo grandioso!”. Graças à intensa luta de Ikeda sensei nos bastidores, a situação ruim nos negócios de Toda sensei foi superada e ele tomou posse como segundo presidente da Soka Gakkai no dia 3 de maio de 1951. Pouco antes, em 20 de abril, foi publicada a primeira edição do Seikyo Shimbun. O venerado mestre empenhou-se pessoalmente para escrever artigos para o jornal. Ele redigiu a matéria principal da primeira página da edição inaugural, intitulada O que é a Fé?, e contribuiu para a coluna denominada Suntetsu [Epigramas]. O discípulo também empunhou a caneta e se dedicou de corpo e alma. O treinamento de Toda sensei era rigoroso. Ele dizia: “Isso não vai tocar o coração das pessoas!”; “O propósito da matéria não está claro!”. Sob a liderança do presidente Josei Toda, Ikeda sensei não apenas se tornou excelente “guerreiro do kosen-rufu”, como também aprimorou sua habilidade com a “espada da caneta”. Myo Goku e Ho Goku Toda sensei também escreveu um romance em série com o pseudônimo Myo Goku. O título era Revolução Humana. O personagem principal, Gankutsuo [conde de Monte Cristo], é baseado em Josei Toda e surge a partir da segunda metade do livro. A obra se encerra com a cena em que ele atinge a iluminação na prisão, para onde havia sido levado junto com o presidente Tsunesaburo Makiguchi. Nesse cenário, desperta para a sua condição de bodisatva da terra. Quem escreveria sobre a outra parte da vida de Toda sensei, quando Gankutsuo se levantasse sozinho pelo kosen-rufu para vingar a morte do seu mestre Makiguchi na prisão e convocasse 750 mil bodisatvas da terra? Revolução Humana e Nova Revolução Humana — redigindo a verdade sobre o venerado mestre e a Soka Gakkai Houve três momentos cruciais que fizeram com que Ikeda sensei decidisse escrever um romance biográfico sobre o seu mestre. Primavera de 1951: Toda sensei lhe mostra o manuscrito do seu romance Revolução Humana. Agosto de 1954: Acompanha seu mestre em uma viagem à cidade natal dele, a Vila Atsuta (naquela época), em Hokkaido. Agosto de 1957: A conversa que tiveram no último verão que ele passou com Toda sensei em Karuizawa, Nagano. “Eu sou o único capaz de registrar a verdade sobre o meu mestre. Acredito que essa seja a expectativa dele em relação a mim e à minha missão como seu discípulo” — assim Daisaku Ikeda jurou resolutamente em seu coração. Em maio de 1960, o discípulo se tornou o terceiro presidente da Soka Gakkai. Durante a cerimônia do sétimo aniversário de falecimento do presidente Josei Toda, em abril de 1964, Ikeda sensei anunciou que escreveria o romance biográfico do seu venerado mestre, Revolução Humana. Quatro anos haviam se passado desde a sua posse presidencial. Em 1962, ele já tinha concretizado o desejo do seu mestre de 3 milhões de famílias na Soka Gakkai e o dinâmico avanço da organização prosseguia sob a liderança do jovem presidente. Ikeda sensei começou a escrever o romance no dia 2 de dezembro de 1964, em Okinawa. A publicação em série no Seikyo Shimbun foi iniciada em 1º de janeiro de 1965. Seu pseudônimo era Ho Goku. Traçando um paralelo com os princípios budistas, “Myo” representa o mestre, e “Ho”, o discípulo. Era o início da história de mestre e discípulo que se estenderia por mais de meio século. Em meio à batalha feroz Publicar um romance em série no jornal é, em si, um trabalho realmente árduo. Ainda mais em meio ao intenso dia a dia, correndo de leste a oeste em prol do kosen-rufu e da paz”, escreveu Ikeda sensei. Mesmo assim, ele não deixou de desenvolver as ideias para o livro e de enfrentar a página branca diante de si durante as viagens às localidades do Japão e ao exterior. Por volta do fim de novembro de 1969, a questão da obstrução da liberdade de expressão e de publicação [no Japão] eclodiu. Sensei se levantou na dianteira para atrair a pressão para si. A publicação do capítulo inicial, “Septingentésimo Aniversário”, do volume 6, no Seikyo Shimbun começou no dia 9 de fevereiro de 1970. A princípio, estava programada para o dia 11 de fevereiro, aniversário de Toda sensei, mas foi antecipada devido aos fortes pedidos dos leitores que desejavam que a série fosse retomada quanto antes, como relatado em um artigo. Havia a previsão de não publicá-la aos sábados e aos domingos, mas, atendendo aos anseios dos leitores, ela somente deixou de ser veiculada aos domingos. Enquanto a grande nau Soka Gakkai avançava em meio às ondas turbulentas sob a firme e dedicada direção de Ikeda sensei, ele continuou escrevendo pensando unicamente nos companheiros. Nos dias em que não estava bem de saúde e não tinha forças para segurar a caneta, ele ditava o conteúdo, o qual era gravado em fitas. No manuscrito do capítulo “O Estopim”, do volume 9, há uma observação na margem superior: “Como estou um pouco indisposto, ditei o texto e pedi à minha esposa que o anotasse por mim”. A pequena escrivaninha que sua esposa utilizou nessa época passou a ser chamada de “mesa Kaneko”. Contudo, mesmo a série que vinha sendo continuada com tanto esforço e tenacidade precisou ser interrompida por um tempo. Em abril de 1979, sensei teve de renunciar ao cargo de terceiro presidente da Soka Gakkai. Membros que se afastaram da fé e traidores se uniram a clérigos malignos e conspiraram para tentar apagar o espírito de mestre e discípulo. Ikeda sensei teve seus movimentos e ações restringidos e suas orientações e artigos sumiram das páginas do Seikyo Shimbun. Para os companheiros, foram dias em que se sentiram vagando na escuridão da noite. “Preocupo-me com os companheiros se as coisas continuarem assim. Vou incentivá-los. Vou encorajá-los. Vou retomar a publicação em série da Revolução Humana. Enfrentarei sozinho as consequências disso”, determinou Ikeda sensei. Em julho do ano seguinte, 1980, sensei decidiu reiniciar a publicação da Revolução Humana, a qual havia sido interrompida por dois anos, e começou a escrever o volume 11. Houve ocasiões em que, devido à forte indisposição, ele ditou o conteúdo para o jornalista responsável enquanto permanecia deitado. Cada uma dessas palavras se tornou uma luz de esperança aos companheiros, acendendo e espalhando a chama da coragem para a contraofensiva e a grande virada sobre as maldades. Liderando para sempre O romance Revolução Humana foi concluído em 11 de fevereiro de 1993, data em que se comemorava o 93º aniversário de nascimento de Josei Toda. A sequência da obra, intitulada Nova Revolução Humana, começou a ser redigida em 6 de agosto, quando Ikeda sensei estava em Karuizawa, local em que ele e seu mestre passaram juntos o último verão. A publicação em série no Seikyo Shimbun começou em 18 de novembro desse mesmo ano. No prefácio do volume 1, sensei escreveu: Assumi a responsabilidade da Nova Revolução Humana como a obra da minha existência. Determinei escrever ininterruptamente, aplicando o máximo de habilidade para eternizar o caminho genuíno e adamantino de mestre e discípulo. Comprometo-me também a relatar as glórias conquistadas pelos preciosos filhos do Buda, que avançam orgulhosamente pelo ideal da paz mundial exatamente como Nichiren Daishonin ensinou.1 Mas não havia somente o romance para escrever. Em janeiro de 1998, iniciou-se a publicação da série de ensaios “Reflexões sobre a Nova Revolução Humana”. O título da primeira parte era Renovando a Cada Dia. Nela, refletindo após os seus 80 anos, sensei registrou: “A partir de então, de acordo com a Lei Mística e a natureza imperecível da vida exposta no budismo, estou determinado a liderar o kosen-rufu por toda a eternidade”.2 No dia 6 de agosto de 2018, Ikeda sensei repousou a caneta depois de terminar de escrever o romance Nova Revolução Humana e, em 8 de setembro, a série de trinta volumes teve sua veiculação concluída no Seikyo Shimbun. O número total de partes da Revolução Humana e da Nova Revolução Humana publicadas no jornal somaram 7.978. Foram mais de 20 mil folhas de papel manuscritas, cada uma com 400 caracteres, em média, que registraram o marco dourado do mais longo romance divulgado em série num jornal da história do Japão. No último volume, 30-II, é descrita a cena em que sensei conclama todos os participantes da Reunião de Líderes da Soka Gakkai realizada em novembro de 2001: Por favor, desejo que vocês, da Divisão dos Jovens, herdem e sucedam sem falta o solene espírito de mestre e discípulo dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai. As pessoas que assim fizerem serão vitoriosas no final.3 O local era o Auditório Memorial Toda, em Tóquio (nesse mesmo salão, foi realizada a cerimônia de funeral de Ikeda sensei pela Soka Gakkai em 23 de novembro de 2023). Os ensaios foram publicados ao longo de 25 anos, de 1998 a 2023. A última edição foi entregue aos leitores no dia 15 de novembro, dia em que sensei partiu para o Pico da Águia. No final desse artigo, sensei escreveu: O alicerce da força jovem mundial está firme. Reunindo cada vez mais a força e a paixão dos jovens emergidos da terra, vamos expandir o jardim da paz e edificar o castelo de “valores humanos” visando à criação de valor da felicidade do povo de todo o planeta.4 Fazendo do Seikyo Shimbun o principal campo de batalha Fazendo do Seikyo Shimbun meu principal campo de batalha, eu me dediquei incansavelmente à batalha das palavras, empunhando a caneta decidido a deixar gravada para sempre a verdade da unicidade de mestre e discípulo Soka com o sentimento de escrever cartas de incentivo para cada um dos companheiros.” Essa é a inscrição gravada no “Monumento ao Triunfo de Mestre e Discípulo do Seikyo Shimbun”, instalado no Centro Mundial Seikyo da Soka Gakkai. O Seikyo Shimbun se tornou realidade graças à existência de Ikeda sensei. Ele não só atuou pessoalmente na redação de matérias, como também dedicou sinceros esforços na formação de jornalistas. Um sociólogo especializado em religião disse certa ocasião: “Toda vez que vejo o Seikyo Shimbun é como se eu conseguisse ouvir a voz do presidente Ikeda a direcionar a equipe editorial, dizendo: ‘Será que esta matéria realmente motivará os membros? Será que ficarão felizes e satisfeitos?’”. Em diversas partes do romance Nova Revolução Humana constam referências à missão do Seikyo Shimbun. Nelas também são retratadas cenas nas quais sensei incentiva jornalistas e funcionários. Há um episódio no capítulo “Castelo do Debate”, do volume 10, que narra o momento desafiador em que o jornal passa a ser diário. O presidente Shin’ichi Yamamoto [pseudônimo de Ikeda sensei na obra] analisa o conteúdo e tece comentários rigorosos, porém, calorosos: A abordagem inicial está muito simples. (...) É importante cativar o interesse dos leitores logo no início. (...) Um relato de experiência tem de ter vida e movimento. (...) De toda forma, a vida de um jornal está na exatidão das informações.5 Ele não desenvolveu apenas jornalistas. Ele incutiu o “espírito Seikyo” em todos os funcionários que sustentavam a vida do jornal, desde o pessoal do departamento fotográfico, os repórteres e revisores até os responsáveis pela publicidade, pelo transporte e pela distribuição. E qual é a marca registrada do Seikyo? Sensei deixou gravado: “Em primeiro lugar, deve ser sempre um jornal institucional do kosen-rufu cujo teor desperte nos leitores a disposição de se levantar e atuar em prol da paz e da felicidade da humanidade. Em segundo, deve ser um jornal no qual todos possam aprender verdadeiramente o que é o budismo. Em terceiro, deve ser uma carta de incentivo que ofereça coragem e esperança aos leitores”. E o exemplo foi estabelecido por meio das palavras e ações de Ikeda sensei. Hoje, a versão eletrônica do Seikyo Shimbun é acessada em 220 países e territórios. Sob a coordenação de Ikeda sensei, o ardente desejo de Toda sensei de que o Seikyo se tornasse um jornal lido tanto no Japão quanto no mundo virou realidade. O Seikyo Shimbun continua a promover o debate das palavras como um “jornal do ser humano”, exatamente como sensei o criou com as próprias mãos. Será eternamente o jornal de mestre e discípulo que transmite, acima de tudo, a verdade desta sublime relação e leva coragem e esperança a todos. Incentivar uma única pessoa Além dos romances e ensaios, com sua caneta, sensei confeccionou inúmeras canções, citações e extensos poemas. Ele diz: “Tentei escrever da maneira mais apropriada possível para cada pessoa, com um sentimento ardente de que, por meio desse escrito, meus amigos superassem, de alguma maneira, suas dificuldades, crescessem como pessoa a seu modo e adquirissem forte autoconfiança”. Em julho de 1976, sensei passou a se dedicar à elaboração de novas canções da Soka Gakkai. Nessa época, os ataques à organização por parte de alguns meios de comunicação e de clérigos começavam a surgir. A Canção da Revolução Humana, que nasceu nesse período, tornou-se a canção espiritual dos discípulos Ikeda que juravam se dedicar à eterna batalha conjunta de mestre e discípulo, assim como a Canção dos Companheiros representava o sentimento dos discípulos de Josei Toda. Em 1978, quando os ventos furiosos da problemática do clero se intensificaram, canções das divisões e de várias localidades nasceram uma após a outra: canção da Divisão dos Universitários, Kofu ni Hashire [Corra pelo Kosen-rufu]; canção da Divisão dos Estudantes, Corredores da Justiça; canção de Tóquio, Aa Kangeki no Doshi Ari [Ah, Companheiros de Emoção]; canção de Tohoku, Aoba no Chikai [Juramento das Folhas Verdes]; canção de Chubu, Kono Michi no Uta [Canção desta Estrada]; canção de Chugoku, Jiyu no Sanka [Ode aos Emergidos da Terra], e canção de Kansai, Josho no Sora [Céu de Contínuas Vitórias]. Com essas canções, a determinação de Ikeda sensei, com certeza, continuará a despertar em todos os companheiros o espírito de luta pela justiça. O impacto do título de poeta laureado A interação humana por meio da poesia não se limita aos membros da organização. Os poemas de Ikeda sensei tocam o coração das pessoas e transpõem fronteiras entre países, grupos étnicos e religiosos. Um dos motivos que levaram Sethu Kumanan, presidente do conselho da Universidade Feminina Soka Ikeda, da Índia, a fundar a instituição foi o fato de ele ter lido o poema Mãe, de autoria de Ikeda sensei, em uma publicação que recebeu do Dr. Krishna Srinivas. O president Kumanan disse que, naquele momento, sentiu um impacto muito forte, como se tivesse visto um raio. O Dr. Srinivas foi secretário-geral da Academia Mundial de Artes e Cultura, que concedeu o título de Poeta Laureado a Ikeda sensei, e presidente da Sociedade Intercontinental de Poesia Mundial, que homenageou o Mestre com o prêmio Poeta Laureado do Mundo. “Mestre é aquele que transmite força e felicidade ao discípulo quando ele mais precisa” A definição da concessão do título de Poeta Laureado a Ikeda sensei ocorreu no dia 1º de julho de 1981. O presidente do conselho, Sethu Kumanan, ressaltou: “Decidi que o professor Ikeda seria meu mestre no exato instante em que li seu poema. Os poetas se conectam imediatamente entre si. (...) Os poemas dele dão força para todas as pessoas, sem distinção. Entendi que mestre é aquele que transmite força e felicidade ao discípulo quando ele mais precisa”. A primeira canção da Soka Gakkai que Ikeda sensei compôs após receber esse título foi Kurenai no Uta [Canção do Carmesim] e o primeiro poema extenso foi Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21. Ambas são criações da luta conjunta entre sensei e os jovens das localidades em que havia muito sofrimento devido à opressão e à perseguição do clero. Nelas, o Mestre conclamou os jovens a se levantar. O poema Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21 foi criado em meio à feroz batalha da contraofensiva para incentivar os companheiros de Oita, em 10 de dezembro de 1981. Na sala do administrador da Sede Regional da Paz de Oita, cinco jovens anotavam freneticamente aquilo que Ikeda sensei ditava. Eles se empenharam ao máximo para passar a limpo as anotações enquanto sensei se dirigia para um diálogo com membros representantes da província. Ao retornar do encontro, sensei perguntou com forte ímpeto: “Como ficaram as anotações?”. A Reunião de Líderes da Divisão dos Jovens de Oita, na qual o poema seria apresentado, estava prevista para se iniciar às 19 horas. Não havia tempo. Os participantes da atividade não paravam de chegar e o início da reunião foi antecipado em uma hora. Mesmo assim, sensei persistiu em seu trabalho para lapidar e aprimorar o poema com toda a sua vida. E quando terminou de ditar as alterações, a reunião de líderes já tinha começado. Compor poemas era uma batalha e cada um deles era o brado irreprimível da alma. O que é ser jovem? O que é a esperança? O que é a verdade? É lutar até o fim Na batalha da Lei em prol do amigo Chamada kosen-rufu...6 Agora, a bandeira dessa batalha da Lei foi finalmente confiada às mãos daqueles que viverão no século 21. No topo: No Aeroporto Internacional de Veracruz, no México, sob o olhar afetuoso da Sra. Kaneko, Ikeda sensei não desperdiça nenhum momento para escrever palavras de incentivo aos companheiros (jun. 1996). Foto: Seikyo Press Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Prefácio. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 7, 2019. 2. Terceira Civilização, ed. 355, mar. 1998, p. 20. 3. IKEDA, Daisaku. Juramento Seigan. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-II, p. 348, 2022. 4. Brasil Seikyo, ed. 2.647, 25 nov. 2023. 5. IKEDA, Daisaku. Castelo do Debate. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 10, p. 41-42, 2020. 6. Trecho da canção embasada no poema Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21.

02/05/2024

Capa

Rota da esperança

Agarrar o leme de um nobre propósito O mestre existe para o discípulo manifestar o seu melhor. Quando nos sintonizamos ao coração do nosso grandioso mestre, Daisaku Ikeda, evidenciamos essa mesma energia e força. Alguns exemplos na história ilustram essa proposição. Um deles vem do norueguês Roald Amundsen (1872–1928), o primeiro explorador a chegar ao polo sul, proeza que realizou em 1911, após várias tentativas. Aos 16 anos, em 1889, Amundsen testemunhou o feito heroico de Fridtjof Nansen (1861–1930), pioneiro das expedições polares do seu país, que havia conseguido fazer, com êxito, a travessia da Groenlândia, e daí não parou mais. Anos depois de fincar a bandeira da Noruega no polo sul, Amundsen avançou para o polo norte, atingindo essa meta poucos anos antes de morrer. Em um discurso proferido em 2012, Ikeda sensei nos apresenta essa rica história de Amundsen, uma jornada que ganhou as páginas de obras literárias e, mais recentemente, em 2019, foi abordada no filme Amundsen, O Explorador.1 Além do espírito desbravador, a busca constante pelo planejamento de ações e a união do grupo de expedição são referências ­fortalecidas nas obras. Nansen foi o ­­­mestre que ­inspi­rou Amundsen, apoiando-o para que triunfasse, entrando para a história. E sobre a relação de mestre e dis­cípulo no budismo? Daisaku Ikeda revela, com seu exemplo de vida, os bastidores da grandiosa nau que abraçou desde os 19 anos, vivendo ao lado do seu mestre, Josei Toda; aprendendo com ele e cristalizando os sonhos dele. Ikeda sensei nos apresenta esse laço diamantino como fonte de uma vida sem arrependimentos, firme ao leme de um nobre propó­sito. Ele enfatiza: Em meio a uma sociedade na qual se defronta com o turbilhão de dificuldades dos “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte —, nosso movimento de diálogos segue abrindo a rota da felicidade e da paz das “quatro virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza — não só para si, como para os outros. Quanto mais altas as ­ondas bravias da época, nosso grande ­navio Soka avançará com ainda mais impo­nência e vigor.2 Essa assertiva nos auxilia na rota da esperança almejada por todos. A vida é efêmera e está em constante mutação. Com um mestre que nos guie por meio de seu exemplo, não se colocando numa posição superior, mas sim do nosso lado e estimulando nosso desenvolvimento, conquistamos uma existência adornada pelas “quatro virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza. Para melhor entendimento desse conceito, selecionamos um trecho do livro Século da Saúde: Sabedoria para Conquistar a Boa Saúde e Longevidade, de autoria do pre­sidente Ikeda, no qual ele explana: Examinemos agora cada uma das quatro virtudes. “Eternidade” denota que a condição do estado de buda inerente à vida do Buda e de todos os seres vivos é eterna, abarcando as “três existências” — do passado, presente e futuro. “Felicidade” consiste numa condição de bem-estar livre de sofrimento. “Verdadeiro eu” indica que o estado de buda é o “eu” original, uma força autônoma que nada é capaz de destruir. “Pureza” quer dizer que, por mais impura e corrupta a época, nossa vida funciona de forma pura, como um manancial cristalino fluindo livremente. Essas “quatro virtudes” constituem uma condição de vida suprema de felicidade absoluta e também poderia ser descrita como os cativantes aspectos de um caráter bem lapidado.3 Sócrates e Platão Os aspectos de um caráter bem lapidado podem ser conferidos no segundo exemplo histórico que apresentamos na figura de Sócrates e de Platão. Sócrates (469 a.E.C–399 a.E.C) é conhecido até hoje como expoente do pensamento filosófico mundial. É dele a célebre frase “Conheça-te a ti mesmo”. Todo o conhecimento de Sócrates, que morreu aos 70 anos, injustamente, teria ficado apenas no passado se não fosse por Platão (428 a.E.C–348 a.E.C), o jovem que o seguiu durante nove anos e, nos cinquenta anos seguintes à morte do seu mestre, dedicou-se a manter a lisura dos propósitos dele. Ikeda sensei também faz referência a essa relação cristalina protagonizada por ambos em vários artigos e ensaios, e uma delas consta na Nova Revolução Humana. Ele reforça a visão de Platão na lapidação de pessoas capazes: A água corre sempre para um nível mais baixo. Da mesma forma, se o homem não polir seu caráter, não poderá evitar a decadência causada pelo peso da ambição. Por essa razão, Platão refletia em seguida sobre a saúde e a harmonia da alma e conduzia as pessoas a voltar os olhos para o interior de si mesmas.4 Vitória compartilhada Na base desse processo de mudança interior e na visão de mundo defendido na Soka Gakkai, chamado “revolução humana”, em que rompemos a concha do ego, está o juramento do discípulo de se tornar absolutamente feliz, enquanto se empenha em fazer feliz quem está à sua frente. Aqui reside a tradução da “unicidade de mestre e discípulo” (shitei funi, em jap.) na Soka Gakkai. Ikeda sensei pondera sobre essa importância, mostrando-nos traços de sua relação com seu mestre. Ele constantemente relembrava: Atuo dialogando no meu coração, todos os dias, com meu mestre, Josei Toda, onde ele está sempre presente. Minha base é o Gosho (escrituras de Nichiren Daishonin), e foi Toda sensei quem o leu com seu corpo, por meio de suas ações. “Se fosse o sensei, o que faria nessa situação?”, “Minha ação de hoje está de acordo com o espírito do sensei?”, “Se sensei me visse agora, ficaria feliz ou triste comigo?” — sempre me perguntava. E vim encorajando a mim mesmo determinando que realizaria sem falta uma luta vitoriosa e traria alegria ao meu mestre. Essa é a fonte da minha coragem. É a força motriz da contínua vitória. Shitei funi é viver fazendo do coração do mestre o seu próprio, e começa com o mestre existindo solenemente no coração, em todos os momentos e em qualquer situação.5 Acompanhando esse raciocínio, observamos que a unicidade de mestre e discípulo é o mais profundo laço de existência, fortalecido por um juramento compartilhado. Uma frase dos escritos de Nichiren Daishonin elucida que “Se um mestre possui um bom discípulo, ambos obterão o fruto do estado de buda”.6 No livro Romper Barreiras, obra que traz importante diálogo entre Daisaku Ikeda, Herbie Hancock e Wayne Shor- ter, Ikeda sensei pondera: “A relação de mestre e discípulo é um laço entre duas vidas gerado pela mútua, séria e sincera determinação do mestre comprometido a desenvolver o discípulo de forma a superá-lo, e do discípulo em corresponder de todo o coração à determinação do mestre”.7 O Mestre nos encoraja, ressaltando: “Quando um belo espírito compartilhado flui pelo coração de mestre e discípulo, e entre amigos, um infinito horizonte se revela diante de nós”.8 Eis por que no budismo a relação de mestre e discípulo é inquebrantável. No período contemporâneo do advento do buda Nichiren Daishonin, fundador do budismo do século 13, ele e seus discípulos protagonizaram jornadas de desafios e de vitórias tendo como base perpetuar seu ensinamento. Daishonin deixou seus escritos como um mapa de navegação segura diante das intempéries do destino. Com os Três Mestres Soka — Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda —, a integridade dos princípios do Buda foi mantida, mesmo diante da perseguição contra a própria vida, como no caso do presidente fundador da Soka Gakkai, Makiguchi sensei, que morreu no cárcere. Ikeda sensei, que aos 19 anos abraçou a causa da paz junto com Josei Toda, sobrepujou tempestades inimagináveis e triunfou como mestre da sabedoria. ­Durante 25 anos, Ikeda sensei se dedicou a narrar o seu “diário de bordo”, o romance Nova Revolução Humana, com relatos de indivíduos comuns, que se descobriram “construtores de sua embarcação da vida”, sedimentando a real tradução da unici­dade com o mestre que os guia em segurança pelo mar da existência. A unicidade de mestre e discípulo envolve fé, determinação e ação para construirmos juntos histórias de vida gloriosas, visualizarmos o horizonte com esperança e, por meio da benevolência, conduzirmos a vida com tranquilidade, tanto a nossa quanto a de todos ao redor. A Soka Gakkai Internacional (SGI), presente em 192 países e territórios, se empenha para tornar realidade o movimento pelo kosen-rufu, ou seja, uma sociedade guiada pela união de pessoas comuns, solidárias e empoderadas. Dentro desse processo, no qual cada uma delas realiza sua revolução humana em meio aos ventos bravios do carma, elas assumem, junto com o presidente Ikeda, o leme da propagação desse modelo de vida em que nada é capaz de tirá-las da rota da felicidade. Então, na base da nossa organização — formada pelas comunidades e pelos ­blocos da BSGI —, surgem vários indivíduos que se levantam como “Shin’ichi Yamamoto” (pseudônimo do Dr. Daisaku Ikeda na obra Nova Revolução Humana). Por essa razão, praticamos o Budismo Nichiren, o budismo de ação, no qual cada pessoa segura o leme do próprio destino, adquirindo força e coragem para navegar com confiança pelos mares revoltos da vida. Portanto, a prova real é vital. Ikeda sensei reflete sobre esse sentimento: Como discípulos, portanto, e importante que evidenciemos provas reais para que possamos declarar com orgulho ao mestre: “‘Eu venci!’. Isso é unicidade de ­mestre e discípulo. Por ter tomado tal ­decisão, pude dar vazão à minha força total, e assim, consegui manifestar coragem e sabedoria. Quando nos levantamos como discípulos com a ardente determinação de corresponder ao nosso mestre no kosen-rufu, a mesma condição de vida intrépida dele passa a pulsar em nossa própria vida. Isso significa que, quando vivemos com a consciência de que mestre e discípulo são unos, manifestamos a condição de vida dos bodisatvas da terra, que no distante passado juraram cumprir a grandiosa missão pelo kosen-rufu com o mestre deles. Teremos uma força incomparável”.9 Ação como discípulo Ao trazer à memória novamente os direcionamentos de Josei Toda, seu eterno mestre, o presidente Ikeda explica como podemos manifestar essa condição de vida dos bodisatvas da terra. Nosso mestre relembra a sincera preocupação e dedicação de Toda sensei em relação aos membros que enfrentavam situações angustiantes e sofrimentos. Josei Toda se empenhava de corpo e alma na orientação de vida a vida, estendendo grandiosos incentivos a cada companheiro com a determinação absoluta de jamais permitir que alguém se tornasse infeliz. “Aqui está o ponto essencial da existência da Soka Gakkai, a ação na prática de mestre e discípulo”,10 frisa Ikeda sensei, orientando-nos. Ele diz: Fazendo do coração do mestre que anseia a paz mundial o nosso próprio ­coração, devemos orar pela felicidade dos companheiros que sofrem com as adversidades da vida e lançarmo-nos em meio às pessoas comuns do povo. Um dia dedicado ao kosen-rufu, orando e promovendo o diálogo juntos, se tornará uma recordação dourada da nossa vida.11 Não há alegria maior Com as explanações e reflexões apresentadas nesta matéria, aprendemos sobre a unicidade de mestre e discípulo, relação que não se rompe nem mesmo com a morte. Como vimos, começou pela jornada de Amundsen, explorador norueguês que entrou para a história ao chegar aos polos sul e norte. Depois, a atenção se voltou para a jornada de vida de Ikeda sensei. Por meio dessa trajetória do Mestre em prol do humanismo, ficou ­evidente a definição da relação de mestre e discípulo vista no budismo e na visão contemporânea do mapa de navegação ­acessível hoje para uma vida plena, a ­despeito dos ventos fortes aos quais todos estamos sujeitos ao longo do caminho. É importante lapidarmos constantemente nosso caráter, conquistando um brilho único, da forma como somos, e influenciando positivamente nosso ambiente familiar, trabalho e toda a sociedade. Não há alegria maior que ter um mestre da vida. Ikeda sensei consolida seu sentimento: A vida é uma contínua “expedição ao desconhecido”. Há momentos em que somos assolados por imprevisíveis tempestades. No entanto, é em meio a essa árdua luta que se encontra a saída para a colossal vitória. Desde que não se perca de vista os objetivos, não haverá nenhum dia em vão. Todos eles serão valiosos e transbordantes de esperança e de desenvolvimento.12 Quanto à relação cristalina dos filósofos Sócrates e Platão, Ikeda sensei ressalta: “Depois da morte de Sócrates, um novo Sócrates nasceu na pessoa de Platão. Fui para o presidente [Josei] Toda o que Platão foi para Sócrates, portanto, posso entender muito bem a relação entre esses dois filósofos gregos”, afirma.13 Ele define com propriedade: “Não poderíamos dizer que mestre e discípulo são os melhores e mais incomparáveis companheiros, que compartilham do mesmo ideal e lutam para torná-lo realidade?”14 Avançar aqui e agora É para a nova geração, os jovens, que essa grandiosa missão alicerçada nos profundos laços da unicidade de mestre e discípulo se reveste de vibrantes significados, especialmente neste mês de maio. Ao conectar 100 mil jovens humanistas aos ideais de paz defendidos no Budismo Nichiren, os integrantes da Juventude Soka do Brasil avançam firmes, ancorados no sentimento de corresponder ao Mestre, sem largar a mão de ninguém. Em sua análise sobre a jornada de Amundsen, Ikeda sensei comenta o fato de o navio cedido por Nansen e utilizado pelo jovem explorador em sua primeira tentativa na Antártida chamar-se Fram (veleiro tipo escuna cujo nome significa “para a frente, avançar”). Nosso mestre contextualiza: O discípulo assumiu o navio que seu mestre havia utilizado em sua aventura, e partiu rumo ao oceano do novo sonho, a terceira expedição dessa nau. Quão magnífica é essa viagem fabulosa de mestre e discípulo! Os jovens de coragem serão esses desbravadores que desafiarão a abertura de ­novas rotas. Esse é o “Navio Avanço” de supremo orgulho, que desconhece a interrupção.15 Em recente orientação, o presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, fortalece a missão grandiosa dos discípulos Ikeda, jovens de todas as idades, dizendo que “(...) Se buscarmos o Mestre em nosso coração e renovarmos nosso juramento pelo kosen-rufu, uma nova e poderosa energia vital passará a emanar abundantemente de nós. Isso, em si, é o espírito jovem, o espírito de saldar nossa dívida de gratidão. Abracemos e compartilhemos esse espírito com todos em nossa respectiva comunidade”.16 Ikeda sensei deixou essa existência serenamente em novembro último, mas seu legado ganha continuidade pelas mãos dos jovens herdeiros. Isso dá vida ao que ele sempre ansiou. Assim, para concluir esta matéria, compartilhamos um trecho de um de seus ensaios, com a expectativa de que seja fonte de inspiração para os leitores nos acompanhar, junto com o Mestre, em direção ao horizonte azul de esperança, força e coragem: A força e a paixão juvenis, que ­aquecem o coração das pessoas e impulsionam o avanço da sociedade, sem dúvida ­conti­nuam sendo de vocês, a esperança dos povos. Por isso mesmo, nossa SGI Jovem deve zarpar rumo à nova e grande navegação em prol do kosen-rufu com os jovens na liderança. Vamos ao imenso oceano da nova era! Oh, jovens, com sua força e paixão, coragem e sabedoria, descortinem a nova alvorada da esperança do mundo! Por existir a Divisão dos Jovens, mestre e discípulo vencerão.17 No topo: Presidente Josei Toda, à direita, acompanhado de seu jovem discípulo, Daisaku Ikeda, em março de 1958 (Shizuoka, Japão) Foto: Sekyo Press Notas: 1. AMUNDSEN, o Explorador. Direção: Espen Sandberg. Roteiro: Ravn Lanesskog. Produção: Espen Horn, John M. ­Jacobsen, Kristian Strand Sinkerud. Noruega: Motion Blur Film/SF Studios, 2019 (2h05). 2. Brasil Seikyo, ed. 2.158, 1º dez. 2012, p. B2. 3. IKEDA, Daisaku. Século da Saúde: Sabedoria para ­Conquistar a Boa Saúde e Longevidade. São Paulo: Editora  Brasil Seikyo, 2023. p. 71. 4. IKEDA. Daisaku. Nova Revolução Humana, v. 6. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 80. 5. Brasil Seikyo, ed. 2.138, 7 jul. 2012, p. B2. 6. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo,  v. II, p. 173, 2017. 7. IKEDA, Daisaku; HANCOCK, Herbie; SHORTER, Wayne. Romper Barreiras. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 104. 8. Ibidem. 9. IKEDA. Daisaku. Nova Revolução Humana, v. 26. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 290-291. 10. Brasil Seikyo, ed. 2.313, 27 fev. 2016, p. A2. 11. Ibidem. 12. Brasil Seikyo, ed. 2.158, 1 dez. 2012, p. B2. 13. Idem. ed. 2.340, 17 set. 2016, p. C1. 14. IKEDA, Daisaku. Citações de Daisaku Ikeda. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 49. 15. Brasil Seikyo, ed. 2.158, 1º dez. 2012, p. B2. 16. Terceira Civilização, ed. 666, fev. 2024, p. 6-9. 17. Brasil Seikyo, ed. 2.158, 1º dez. 2012, p. B2.

02/05/2024

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Jovens sucessores emergidos da terra, resplandeçam!

“A primavera finalmente chegou. A brisa suave, os brotos verdes, a bruma — tudo isso nutre minha vida”.1 Eis um trecho que Ikeda sensei registrou em seu diário no dia 1o de março de 1954. Como alter ego do seu mestre, trabalhava exaustivamente correndo por todos os lados. Seu estado febril não cessava. Porém, o jovem revolucionário de 26 anos dialogava com a natureza, imbuído do seu rico espírito poético e visualizava o futuro. Era a grande flor de um monarca da natureza humana que desabrochava sobre uma determinação esmagadora tal como descrita na passagem “Não nos preocupamos com nosso corpo nem com nossa existência; ansiamos somente pelo caminho insuperável”.2 Naquela época, Toda sensei dizia-lhe: “Daisaku, não se esqueça. Tudo se define na terceira geração. O importante é a terceira geração!”. Adicionalmente, ele nomeou Ikeda sensei como coordenador do staff da Divisão dos Jovens com o sentimento de “conto inteiramente com você”. Neste mês [março de 2024], recebemos os setenta anos desde essa nomeação. Ikeda sensei, que conhecia o real sentimento do seu mestre, ultrapassou a categoria de “líder da Divisão dos Jovens” e levantou-se com a consciência de “força motriz para a propulsão da Soka Gakkai”. Pode-se dizer que esse senso de responsabilidade é a origem do espírito a ser gravado pelos jovens sucessores emergidos da terra. “A Soka Gakkai se encontra no seu interior” Os incentivos de Ikeda sensei se resumiam sempre a “aproximar-se da pessoa”, a “conhecer a situação” e a “respeitar a individualidade”. Além disso, ele tinha o aspecto de uma pessoa em constante busca, que aprofundava os próprios pensamentos a partir do contato com os jovens. Na primavera, no mês de março, de 1974, Ikeda sensei deslocou-se para uma visita de orientações nas Américas do Norte e Central. Em uma sessão de perguntas e respostas, realizada na Flórida, Estados Unidos, um jovem questionou sobre uma característica do budismo. Sensei enfatizou que “O homem não existe em prol da religião, mas a religião é que existe pelo bem do ser humano”. Ele afirmou que o Budismo Nichiren realizou essa intenção. Desde essa ocasião, o presidente Ikeda passou a transmitir a visão de “religião pelo bem do homem” como o princípio essencial do budismo. Na verdade, após o término daquela sessão de perguntas e respostas, Ikeda sensei nos disse: “As perguntas e respostas do dia de hoje foram muito importantes. Lembrem-se disso”. Foi um momento em que seu próprio pensamento já existente se tornou ainda mais claro por meio daquela conversa com os jovens. Mesmo depois de meio século, revive uma vívida emoção. Em um ensaio escrito por ocasião da passagem do dia 16 de março, Ikeda sensei clamou a todos para a consciência como protagonista, afirmando: “A Soka Gakkai se encontra no seu interior”. Agora é o momento de brilhar com a disposição de que “Eu sou o Shin’ichi Yamamoto a criar a Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”. Assim, vamos iluminar calorosamente a comunidade local e o mundo, tal como as flores da primavera que desabrocham orgulhosamente ultrapassando o rigoroso inverno! No topo: O futuro de esperança se expande a partir do diálogo com os jovens. Durante uma visita de orientações nas Américas do Norte e Central há meio século, Ikeda sensei conversa informalmente sentando-se no meio dos estudantes (Estados Unidos, março de 1974). Foto: Seikyo Press Notas: 1. IKEDA, Daisaku: Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 191. 2. The Lotus Sutra and its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 233.

01/03/2024

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Com espírito jovem! Em união e solidariedade com nossos jovens!

No mundo todo, nossos companheiros transbordam de ardente entusiasmo para compartilhar o Budismo Nichiren com seus amigos. Com certeza, a origem desse espírito remonta à histórica Campanha de Fevereiro,1 liderada pelo jovem Daisaku Ikeda. Ou seja, a campanha de 1952, na qual ele deu início a um avanço colossal, que conduziria à conquista do objetivo estabelecido pelo seu mestre, Josei Toda, de alcançar 750 mil famílias afiliadas à organização. Ele conclamou aos membros: “Assinalemos fevereiro, mês de nascimento do presidente Josei Toda, com um aumento significativo no número de membros!”. A paixão de um único jovem se alastrou para cada canto da organização e fez história. O jovem Daisaku Ikeda visitou uma casa após outra, ouvindo com atenção os problemas das pessoas, estreitando laços de coração a coração e despertando cada uma delas para a própria missão como bodisatva da terra. Trata-se de uma fórmula para a vitória que nós, como discípulos de Ikeda sensei, devemos determinar resolutamente continuar implementando no futuro. Em 11 fevereiro de 1993, aniversário natalício do presidente Josei Toda, Ikeda sensei redigiu o epílogo da Revolução Humana durante uma viagem ao Brasil, no qual registrou: “Minha missão como discípulo dele foi a de proclamar ao mundo as magníficas realizações de meu mestre”.2 Nesse mesmo dia, na solenidade de outorga de título de doutor honorário [conferida a ele pela Universidade Federal do Rio de Janeiro], num discurso proferido diante dos principais pensadores de vários campos, ele expressou o desejo de dedicar aquele laurel a Toda sensei. Foi, sem dúvida, uma declaração da vitória de mestre e discípulo. Fiquei profundamente emocionado ao ouvir tais palavras. *** Ao realizar atividades ao lado do presidente Ikeda, sempre sentia que seu espírito era o de um jovem cuja vida sempre esteve una com a do seu mestre. Certa vez, ele escreveu: “Até hoje, estou sempre dialogando o tempo todo com meu mestre. Em minha mente, posto-me diante dele como o jovem que eu era”.3 De modo semelhante, se buscarmos o Mestre em nosso coração e renovarmos nosso juramento pelo kosen-rufu, uma nova e poderosa energia vital passará a emanar abundantemente de nós. Isso, em si, é o espírito jovem, o espírito de saldar nossa dívida de gratidão. Abracemos e compartilhemos esse espírito com todos em nossa respectiva comunidade. Nichiren Daishonin expressa: “Para que as orações sejam eficazes e os desastres desapareçam da nação, três elementos são requeridos: um bom mestre, um bom praticante e um bom ensinamento”.4 Jamais devemos nos esquecer de que por termos encontrado um bom mestre é que conseguimos encontrar um bom ensinamento. É por estarmos nos empenhando para concretizar os ideais de nosso mestre que podemos romper a concha das nossas próprias limitações e manifestar nossa energia vital inerente. Este é o momento para todos nós nos levantar como bons discípulos em união e solidariedade com os jovens, com o objetivo de expandir amplamente o quadro de jovens da organização, convictos de que a vitória é o verdadeiro caminho dos discípulos, assim como ensinou o presidente Ikeda! No topo: Cerimônia de outorga do título de doutor honoris causa ao presidente Ikeda pela renomada Universidade Federal do Rio de Janeiro. O certificado é entregue em mãos pelo reitor Nelson Maculan (segundo, à esq.). O reitor disse: “Receber (o senhor) como integrante de nossa instituição é para nós a máxima alegria e glorifica a universidade” (Rio de Janeiro, fev. 1993) Foto: Seikyo Press Notas: 1. Campanha de Fevereiro: Em fevereiro de 1952, o presidente Ikeda, na época consultor do Distrito Kamata de Tóquio, iniciou uma dinâmica campanha de propagação. Ao lado dos membros de Kamata, ele quebrou os recordes anteriores de cerca de cem novas famílias, convertendo 201 novas famílias ao Budismo Nichiren. 2. SGI Newsletter, ed. 3.232. 3. The Wisdom for Creating Happiness and Peace [Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz], p. 27-28. 4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 143, 2017.

01/02/2024

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Agora é hora de avançar com espírito de gratidão

Todo Ano-Novo me traz à mente uma recordação que tenho de Ikeda sensei. Há trinta anos [em 1994], ele participou das Cerimônias de Gongyo de Ano-Novo na sede da Soka Gakkai, em Shinanomachi, Tóquio, no dia 1o de janeiro, e no Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio, em Hachioji, no dia 2. Em ambas as ocasiões, ele não se limitou a conceder incentivos, mas também reservou um tempo antes e depois das reuniões para cumprimentar e falar com os membros, estabelecendo valiosos vínculos com eles. Lembro-me de que cerca de 2 mil pessoas participaram ao longo dos dois dias. Aquelas interações eram muito mais que simples conversas. O presidente Ikeda me disse certa vez: “Com o pensamento de que talvez eu jamais veja a pessoa novamente, trato cada encontro como se fosse o último momento de minha vida”. Fiel a essas palavras, ele empenhou esforços incondicionais para encorajar cada pessoa ali presente, determinado a inspirá-la a empreender ações e continuar a praticar o Budismo Nichiren por toda a vida. O presidente Ikeda compareceu às Cerimônias de Ano-Novo no ano seguinte e no outro também. Dando tudo de si a cada momento, interagia sinceramente e estreitava laços de coração a coração com tantas pessoas quanto pudesse. Ele nos mostrou, por meio da própria conduta desde o início do ano, que o diálogo de pessoa a pessoa é a força motriz para o progresso. *** Durante a juventude, o presidente Ikeda visitava a casa do seu mestre, Josei Toda, no Dia de Ano-Novo para transmitir seus cumprimentos e dar a partida do ano junto com ele. Esse espírito permaneceu imutável mesmo após a morte de Toda sensei. Na Reunião Nacional de Líderes da Soka Gakkai, realizada no dia seguinte ao do falecimento do seu mestre, Ikeda sensei disse: “Acredito que Toda sensei continuará vivo eternamente na Soka Gakkai, no coração de cada um de nós, seus discípulos”. A melhor maneira de demonstrarmos gratidão ao nosso mestre, declarou ele, é travar uma luta sobre a qual possamos lhe relatar com orgulho: “Sensei! Veja quanto fizemos o kosen-rufu avançar!”. Hoje, mais uma vez, lutarei! Hoje, mais uma vez, vencerei! Sempre começando com esse juramento ao seu mestre, o presidente Ikeda construiu a Soka Gakkai, transformando-a na organização mundial que ela representa hoje. Ikeda sensei estreitou profundos laços de vida com cada um de nós — laços eternos. Ele continua vivo em nosso coração. Agora, ao darmos a partida neste “Ano do Descortinar da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”, pavimentando o caminho para o triunfal centenário de fundação da Soka Gakkai, sigamos em frente com o espírito de demonstrar nossa gratidão ao mestre! O Sutra do Lótus afirma: “As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres”.1 Gravando essas palavras no coração, registremos juntos um histórico de crescimento monumental, de modo que possamos declarar com orgulho ao nosso mestre: “Veja quanto fizemos o kosen-rufu avançar!”. No topo: Vista noturna do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu, em Shinanomachi (Tóquio, Japão) Foto: Seikyo Press Nota: 1. The Lotus Sutra and Its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, cap. 7, p. 178.

08/01/2024

Especial

Jornada de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei

Parte 1: A honra dos discípulos de Josei Toda A vida de Ikeda sensei se encerrou aos 95 anos. Ela foi uma prova incontestável de quão grandiosa pode ser uma jornada quando se abraça com a vida o caminho de mestre e discípulo da Lei Mística. A esplêndida trajetória dele será narrada em partes neste especial intitulado Jornada de Mestre e Discípulo — Os 95 Anos da Vida de Ikeda Sensei. Esta primeira parte tem como tema “A Honra dos Discípulos de Josei Toda”. Descreve a juventude resiliente e a devoção abnegada pela propagação da Lei de Ikeda sensei desde o encontro com seu venerado mestre, Josei Toda, até a sua posse como terceiro presidente da Soka Gakkai. Em busca da grande árvore Naquele instante, iniciou-se um movimento popular sem precedentes, o qual tinha como base a revolução humana de um único indivíduo que contribui para a construção da paz mundial. Em 14 de agosto de 1947, o jovem Ikeda se encontrou pela primeira vez com Josei Toda, e esse episódio foi determinante para a vida dele. Nesse dia, a convite de uma colega da época do ensino fundamental, Ikeda sensei participou de uma reunião de palestra no bairro de Ota, Tóquio. Ao chegar ao local, Toda sensei explanava o escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra. Em meio à sociedade devastada do pós-guerra, Ikeda sensei, com 19 anos e em busca de um “modo de vida correto”, foi tocado pela personalidade de Josei Toda. Naquele momento, ele decidiu dedicar a vida para seguir Toda sensei em seu coração: “Eu seguirei este mestre. Eu trilharei este caminho”. O que comoveu Ikeda sensei em particular foi o fato do seu mestre ter enfrentado e resistido ao militarismo japonês, inclusive ficando preso. Durante a reunião, Ikeda sensei expressou sua gratidão por meio de um poema que acabara de criar: “Ó viajante! / De onde vens? / e para onde irás? / (...) A grande árvore / eu procuro / que nunca se abalou / na fúria da tempestade. / Neste encontro ideal, / sou eu quem / surge da terra!”. Ao ouvir esse poema, que tinha relação com o “bodisatva da terra” mencionado no Sutra do Lótus, seu mestre sorriu gentilmente. Dez dias depois, em 24 de agosto, Ikeda sensei se converteu ao budismo. Assim foi descortinado o início do drama “revolução humana é a própria paz mundial”. O ideal em meio à adversidade Em 3 de janeiro de 1949, Ikeda sensei ingressou na editora Nihon Shogakkan, dirigida por Toda sensei. Ele começou a trabalhar na edição da revista juvenil Boken Shonen [Aventura dos Meninos] (depois renomeada Shonen Nippon [O Japão dos Meninos]) e, em maio, tornou-se editor-chefe. No entanto, devido aos impactos da recessão econômica pós-guerra, em outubro do mesmo ano, anunciou-se o encerramento da publicação de Shonen Nippon. Em busca da recuperação, seu mestre fundou uma cooperativa de crédito. Contudo, em agosto do ano seguinte (1950), decidiu-se pela paralisação das operações. Ikeda sensei registrou em seu diário: “Mais uma vez, avançarei junto com (Toda) sensei para a próxima construção. Somente isso. Sempre adiante, eternamente em frente”. Em 24 de agosto do mesmo ano, coincidindo com o terceiro aniversário de sua conversão ao budismo, seu mestre anunciou a intenção de renunciar ao cargo de presidente da Soka Gakkai. Enquanto algumas pessoas simplesmente viravam as costas, insultando-o e deixando-o, Ikeda sensei foi o único a apoiá-lo firmemente e a permanecer ao seu lado. No auge da crise, Toda sensei compartilhou com Ikeda sensei suas ideias sobre o lançamento do jornal Seikyo Shimbun e a fundação de uma universidade. A partir do outono de 1950, Toda sensei iniciou a explanação e o estudo dos escritos de Nichiren Daishonin para alguns representantes, em especial, para Ikeda sensei. Em fevereiro do ano seguinte, passou a explanar também obras clássicas de várias épocas e origens. Os estudos de domingo se transformaram em aulas particulares para Ikeda sensei que abrangiam ampla gama de disciplinas acadêmicas. Essas explanações e esses estudos na “Universidade Toda” continuaram até 1957. Anos mais tarde, Ikeda sensei passou a ser agraciado com inúmeras honrarias acadêmicas de diversas universidades e instituições de ensino. Ele sempre expressou sua profunda gratidão ao seu mestre, afirmando que “Tudo é resultado da instrução inspiradora que recebi na Universidade Toda”. A relação que compartilha sofrimentos e alegrias Os desafios da reorganização da cooperativa de crédito eram imensos. Toda sensei estava em uma situação na qual poderia ser processado por alguns credores ou até ir para a prisão. No entanto, em fevereiro de 1951, houve uma reviravolta nos acontecimentos. Um comunicado do Ministério das Finanças indicava que, mediante consenso entre os membros, a cooperativa poderia ser dissolvida. Em 11 de março desse mesmo ano, a cooperativa foi dissolvida e, durante uma assembleia extraordinária da Soka Gakkai, seu mestre fez a seguinte declaração: “Agora é o outono da ampla propagação da nação. Já se vislumbram os sinais da propagação na Ásia Oriental. Finalmente chegou o momento para os guerreiros da Soka Gakkai, que abraçaram a missão budista, avançarem na vanguarda”. Ikeda sensei, jubilante com o rugido do leão do seu mestre, lançou-se ao desafio de promover diálogos junto com seus companheiros. E, liderando o movimento vanguardista da expansão do budismo, solenemente celebrou a posse de Toda sensei como segundo presidente da Soka Gakkai, em 3 de maio desse ano. Toda sensei compôs um poema e registrou-o no verso de uma das fotos comemorativas de sua posse, e presenteou seu jovem discípulo: Como é mística essa relação cármica em que, juntos, compartilhamos sofrimentos e alegrias no presente e também no futuro. A prova do discípulo Durante a cerimônia de posse como segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda proclamou que faria a propagação do budismo para 750 mil novas famílias. A quantidade de membros da organização na época era de cerca de 3 mil. Todos consideraram a declaração de Josei Toda uma fábula, tanto que alguns líderes até pensaram: “Toda sensei com certeza pretende viver muito”. A expansão avançava a passos lentos. Em dezembro de 1951, o movimento de propagação tinha atingido 466 famílias em todo o país. A meta de 750 mil famílias parecia um futuro muito distante. Quem quebrou essa “barreira” foi Ikeda sensei. No ano seguinte, em janeiro de 1952, ao ser nomea­do secretário do Distrito Kamata, ele concretizou a expansão do budismo para 201 famílias em apenas um mês, em fevereiro. A partir daí, a Soka Gakkai ganhou ímpeto e avançou. O ano 1953 foi um período em que a campanha de propagação acelerou consideravelmente dentro da história da Soka Gakkai. Foi lançado o objetivo de realizar shakubuku em 50 mil famílias durante o ano, e este foi alcançado. A força motriz desse espantoso crescimento foi a luta incansável empreendida por Ikeda sensei. Em janeiro desse mesmo ano, ele tinha sido nomeado líder da primeira legião da Divisão Masculina de Jovens e alcançou uma expansão de três vezes do número de “valores humanos” em seu grupo ao longo do ano. Em abril, foi nomeado responsável interino pelo Distrito Bunkyo, transformando-o de um distrito decadente em distrito de primeira classe. Sensei continuou a conquistar “provas incontestáveis da vitória como discípulo” em várias localidades. Em agosto de 1955, tendo como palco Sapporo, ele concretizou uma expansão recorde de 388 famílias em apenas dez dias. E em maio do ano seguinte, em Osaka, ele estabeleceu um marco dourado indestrutível da propagação de 11.111 novas famílias. No mês de julho, surpreendeu o mundo com uma virada espetacular no resultado das eleições, algo considerado inimaginável. De outubro em diante, ele liderou a campanha de propagação em Yamaguchi durante 22 dias, conseguindo expandir a quantidade de famílias da localidade na época em cerca de dez vezes. O juramento pela luta dos direitos humanos O novo movimento humanístico da Soka Gakkai, que constrói a felicidade das pessoas comuns e a paz mundial, agora envolve o mundo inteiro. A fonte que alimenta essa grande corrente é o forte juramento de Ikeda sensei de lutar pelos direitos humanos durante o Incidente de Osaka, ocorrido em 1957, bem como a luta dos presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda na prisão, na época da guerra. Foi em 3 de julho de 1957 que sensei foi detido injustamente e preso sob a falsa acusação de violação das leis eleitorais. A justiça somente foi comprovada, após extensa batalha judicial que durou quatro anos e meio, em 25 de janeiro de 1962. Ikeda sensei detalhou as tramas, o contexto e o significado do Incidente de Osaka em relação à história da Soka Gakkai no volume 11 do romance Revolução Humana. A serialização do volume 11 da Revolução Humana no Seikyo Shimbun se encerrou em outubro de 1991. No mês seguinte, a Soka Gakkai conquistou a “independência espiritual” da Nichiren Shoshu. Em seguida, 1992 foi designado “Ano da Renascença Soka”, marcando o alçar voo da Soka Gakkai como religião mundial. Ikeda sensei compartilhou sua reflexão, dizendo: “Tenho a profunda sensação de que a jornada do kosen-rufu registrada no volume 11 foi uma época de torrentes turbulentas percorrendo os vales que, no fim, moldaram a grande correnteza da ‘Renascença Soka’”. Os eventos de 1957, especialmente o Incidente de Osaka, determinaram o curso do movimento pelo kosen-rufu mundial no “Ano da Renascença Soka” de 35 anos depois, e ainda até os dias de hoje. Uma batalha para acabar com a natureza do mal Toda sensei e Ikeda sensei participam do Festival da Juventude, realizado no estádio de atletismo de Mitsuzawa, em Yokohama (8 set. 1957) "Embora tenha surgido em todo o mundo um movimento reivindicando a proibição dos testes com armas nucleares, meu desejo é ir além e atacar o problema pela raiz. Quero exibi-las e arrancar as garras escondidas na parte mais profunda dessas armas.” Em 8 de setembro de 1957, durante o Festival da Juventude, realizado no estádio Mitsuzawa, em Yokohama, ressoou o vigoroso rugido do leão do segundo presiden­te da Soka Gakkai, Josei Toda. “Proponho que a humanidade aplique, em cada caso, a pena de morte a toda pessoa responsável pelo emprego de armas nucleares, independentemente de qual país for, seja vencedor, seja perdedor”, declarou. O mundo estava em meio à Guerra Fria, na época, e havia uma escalada na corrida armamentista com base na lógica da “dissuasão nuclear”. Testes nucleares estavam ocorrendo de forma repetida. Pelo fim das armas nucleares, capazes de destruir a humanidade num instante, Toda sensei proferiu a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares como primeiro testamento aos jovens. Como praticante do budismo que considera a dignidade da vida como a mais sublime que existe, seu mestre era contra a pena de morte. No entanto, ele enfatizou a condenação à pena de morte para categorizar como mal absoluto a mente demoníaca daqueles que desejavam possuir e utilizar as armas nucleares. Em novembro do mesmo ano, dois meses após o anúncio de sua declaração, Toda sensei planejava visitar Hiroshima. Contudo, sua saúde já estava muito debilitada e, na manhã da partida, ele desmaiou em sua casa. Ikeda sensei se recorda dos fatos dessa época: “Quão profundos eram os sentimentos de (Toda) sensei em relação à terra arrasada de Hiroshima! Ele estava determinado a ir a Hiroshima, destruída pelas garras da função demoníaca, que são as armas nucleares, mesmo que isso custasse a sua vida”. “O espírito do meu mestre, que desejou ir a Hiroshima, mesmo pondo em risco a própria vida, jamais se apagará do meu peito por toda a minha existência. Não, na verdade, isso se tornou o ponto primordial das minhas ações.” Toda sensei planejava participar da convenção da Divisão Feminina de Jovens cujo tema era a Declara­ção pela Abolição das Armas Nuclea­res. Nessa atividade, Ikeda sensei participou como representante do mestre e conclamou a todas as integrantes da divisão que sucedessem o espírito da declaração. Ao longo de sua vida, Ikeda sensei defendeu o espírito da declaração por meio de diálogos com líderes e pensadores do mundo e em suas Propostas de Paz, e se dedicou de corpo e alma a tornar realidade a abolição das armas nucleares. Em 2017, passados sessenta anos da declaração, o Tratado de Proibição de Armas Nucleares (TPAN) foi adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o apoio de 122 países. Em 2021, ele entrou em vigor com a ratificação de cinquenta países. A monarca do mundo religioso Em março de 1958, Toda sensei disse a Ikeda sensei: “Vamos realizar uma cerimônia que servirá de ensaio geral para o kosen-rufu, um preparativo”. A evento foi realizado em 16 de março, reunindo 6 mil jovens vindos de todos os cantos do país. Estava prevista a participação do primeiro-ministro japonês da época, mas isso não se concretizou devido a interferências escusas. Toda sensei ficou muito indignado por essa quebra de compromisso com os jovens, mas decidiu promover uma “grande solenidade junto com os jovens”. Em dezembro do ano anterior, Toda sensei, que havia concretizado o grande desejo e a missão de sua vida — a propagação do budismo para 750 mil famílias —, já se encontrava numa condição em que não conseguia mais calçar sapatos de couro. Mesmo assim, ele declarou que a Soka Gakkai era a monarca do mundo religioso e delegou o futuro aos jovens. Após o 16 de Março, Toda sensei enfatizou a Ikeda sensei: “Jamais recue na luta contra a maldade”. Ele instruiu rigorosamente que lutasse até o fim contra as forças que tentavam perturbar e impedir o avanço da Soka Gakkai. Ikeda sensei repetiu reiteradamente esse testamento como firme diretriz para a Divisão dos Jovens e para toda a Soka Gakkai. No dia 2 de abril de 1958, Toda sensei encerrou sua nobre vida de abnegada devoção pela propagação da Lei, aos 58 anos. Em 29 de abril do mesmo ano, Ikeda sensei correu a caneta sobre o papel: “Vamos lutar, para provar ao mundo a grandiosidade do mestre. Vou lutar e avançar em linha reta. Lutarei resolutamente. Superarei as ondas furiosas dos obstáculos. Entrarei na juventude do ensino essencial”. Com o coração da unicidade Após o término da solenidade de posse transbordante de alegria do terceiro presidente, jovens congratulam Ikeda sensei, lançando-o ao alto (auditório da Universidade do Japão, em Tóquio, 3 maio 1960) Após a morte de Toda sensei, espalharam-se calúnias, tais como “A Soka Gakkai irá se desintegrar no ar”. Quanto mais as tempestades de críticas se intensificavam, mais inflamava o espírito de luta de Ikeda sensei. Ele escreveu em seu diário: “Decidi dedicar minha vida inteira a declarar para o mundo o ideal do presidente Toda, seu último desejo, e a me empenhar para torná-lo realidade. Esta é minha única missão neste mundo”.1 Após a morte de Josei Toda, com o espírito de unicidade com o venerado mestre, Ikeda sensei assumiu toda a responsabilidade pelo kosen-rufu e continuou a enviar incentivos aos amigos. No dia 3 de maio de 1960, sensei assumiu como terceiro presidente da Soka Gakkai. E para tornar realidade o ideal do kosen-rufu do seu mestre, ele parte em sua viagem para o mundo. Ikeda sensei disse: “Se vocês protegerem o espírito de ‘mestre e discípulo’, sem falta despontarão líderes maravilhosos”. “Eu tenho certeza desse futuro”. Fotos: Seikyo Press Nota: 1. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 478.

08/01/2024

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Comprovemos convictamente a força do Budismo Nichiren

A compaixão de Nichiren Daishonin, Buda dos Últimos Dias da Lei, era infinitamente profunda e amável. Recordo-me claramente das comoventes palavras que ele escreveu para um discípulo que enfrentava uma doença: Quando me contaram (...) que fora acometido dessa doença, dia e noite, de manhã e à noite, reportei o assunto ao Sutra do Lótus, de manhã e à noite implorei às divindades do céu azul. E hoje recebo a informação de que se curou da doença. Poderia haver notícia mais feliz do que essa?1 A Soka Gakkai é o reino onde esse espírito de grande compaixão e carinho pulsa forte e calorosamente. Nosso primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, afirmou que, ao comprovar o benefício de praticar o Budismo Nichiren, nós, da Soka Gakkai, possibilitamos que qualquer um entenda facilmente a Lei suprema pela qual a humanidade tanto anseia para viver plenamente — ou seja, a Lei Mística para atingir o estado de buda nesta existência. Declarou também que nunca devemos parar de efetuar esforços até que tenhamos compartilhado esse benefício com todos e os ajudado a alcançar uma felicidade inigualável.2 Em consonância com a poderosa convicção de Makiguchi sensei, nossos membros, desde a fundação da organização,3 acumularam infindáveis provas de realização de revolução humana e de transformação do carma. Essas conquistas foram obtidas enfrentando e superando com bravura todos os tipos de sofrimento e de adversidade — tais como doenças, dificuldades financeiras e discórdias interpessoais — com base na prática firme e constante de recitar Nam-myoho-renge-kyo e ensinar os outros a fazer o mesmo. Os membros compartilham suas experiências repletas de alegria nas reuniões de palestra ao redor do globo. Hoje, esses relatos de comprovação não só aparecem estampados nas páginas do Seikyo Shimbun e de outras publicações impressas, mas também são disponibilizados instantaneamente para o mundo por várias plataformas on-line. Certa ocasião, numa reunião de palestra, um jovem que tinha acabado de iniciar a prática perguntou a Toda sensei sobre a atitude correta na fé. A resposta do meu mestre foi simples: “Você precisa ter a convicção de alguém que comprova”. Incentivando calorosamente o rapaz, prosseguiu explicando: “Isso significa ter convicção de que comprovará a grandiosidade da Lei Mística com seu corpo, sua vida e todo o seu ser”. O budismo ensina que os problemas e as dificuldades que enfrentamos em nossa vida se devem ao princípio de “adotar voluntariamente o carma apropriado”.4 São provações que assumimos de bom grado como bodisatvas da terra para ajudar e conduzir à iluminação aqueles com quem possuímos laços cármicos. Com essa profunda consciência, uma força ilimitada emana de dentro de nós, permitindo que ultrapassemos qualquer obstáculo. O mês seguinte ao do Incidente de Osaka5 [agosto de 1957], lancei-me a uma nova campanha pela vitória do povo, ao lado dos meus queridos e dedicados membros do bairro de Arakawa,6 em Tóquio. Do começo ao fim, proclamei meu desejo de que cada um deles se tornasse feliz sem falta e minha firme convicção de que realizar grandes esforços em prol do kosen-rufu é a única maneira de conseguir isso. Nenhuma atividade da Soka Gakkai jamais é desperdiçada. Todas são para nosso próprio benefício e, ao mesmo tempo, contribuem para a felicidade das outras pessoas, para a prosperidade da sociedade e, em última análise, para a paz mundial. Prontos para assumir os desafios com o coração de um rei leão, sigamos em frente com confiança e dignidade! Juntos com a Soka Gakkai, que se encontra em perfeita sintonia com os ditos dourados de Daishonin, vamos abrir caminhos por meio da oração e converter tudo em vitória. No topo: Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu, inaugurado em novembro de 2013, completa dez anos de estabelecimento (Tóquio, Japão) Foto: Seikyo Press Notas: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 1034. 2. Traduzido do japonês. Consulte MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi], v. 10, Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 27. 3. A Soka Gakkai foi fundada em 18 de novembro de 1930. 4. “Adotar voluntariamente o carma apropriado”: Refere-se aos bodisatvas que, apesar de qualificados a receber as puras recompensas da prática budista, abrem mão delas e selam o juramento de renascer num mundo impuro para salvar seres vivos. Eles propagam a Lei Mística enquanto passam pelos mesmos sofrimentos daqueles que nasceram no mundo maléfico devido ao carma. O termo deriva da interpretação de Miaole sobre relevantes passagens do capítulo 10, “O Mestre da Lei”, do Sutra do Lótus. 5. Incidente de Osaka: Episódio em que o presidente Ikeda, na época coordenador da Secretaria da Divisão dos Jovens, foi detido e indevidamente acusado de violação da lei eleitoral num pleito complementar da Câmara Alta em Osaka, em 1957. Ao final do processo judicial, que se arrastou por mais de quatro anos, ele foi totalmente inocentado de todas as acusações em 25 de janeiro de 1962. 6. Numa campanha de aproximadamente uma semana no bairro de Arakawa, em agosto de 1957, o presidente Ikeda liderou os integrantes de lá na obtenção de um aumento de 10% de membros, com o acréscimo de mais de duzentas novas famílias.

01/11/2023

Estudo

[63] A Herança da Suprema Lei da Vida — a humanidade aguarda o crescimento de vocês

Explanação Cada um de vocês, integrantes da nossa Divisão dos Estudantes (DE), é a luz de esperança para a humanidade e um tesouro do mundo. Vocês são os protagonistas do século 21 que abrirão o caminho para um futuro mais auspicioso. São os Corredores da Justiça que contribuirão para a construção da era da vitória do povo que chamamos de kosen-rufu e paz mundial. Existem três razões que me fazem ter a certeza disso. A primeira é que a Lei Mística que vocês abraçam desde tão jovens é a Lei fundamental do universo por meio da qual todas as pessoas podem se tornar felizes. É a fonte para criar ilimitado valor. Como praticantes do Budismo Nichiren, vocês podem manifestar livremente o potencial colossal da vida. A segunda é que vocês todos são bodisatvas da terra1 que emergiram bailando neste mundo, com a missão de propagar a Lei Mística e construir uma rede de felicidade. A terceira é que pessoas ao redor do mundo, inclusive seus familiares e membros da localidade, depositam fé no potencial de vocês; elas estão orando por vocês e aguardando ansiosamente pelo seu crescimento. “Oh, sejam os pilares da nossa era!” Quero que todos vocês se tornem extraordinários líderes do kosen-rufu e da sociedade, corajosos defensores das nobres pessoas comuns. Com esse desejo em mente, compus a canção da Divisão dos Estudantes Corredores da Justiça.2 O verso “Oh, sejam os pilares da nossa era!” expressa minha confiança no brilhante sucesso e na vitória de vocês. Isso porque o futuro do kosen-rufu depende inteiramente de vocês, nossos jovens sucessores. Dar um intrépido passo avante, valorizando o momento presente A juventude é o maior de todos os tesouros. Também é um período de muitos problemas e de dificuldades. Mas, não importando qual seja a sua situação ou mesmo que as coisas não saiam como esperavam, como estão praticando o Budismo Nichiren agora, o caminho diante de vocês é radiante e repleto de possibilidades. Com certeza, no futuro, vocês poderão abrir as asas e voar livremente. Do contrário, os ensinamentos do budismo seriam mentira. Portanto, com espírito invencível, tentem aproveitar ao máximo o presente e dar um intrépido passo avante. Recitem Nam-myoho-renge-kyo com seriedade, estudem com afinco e fortaleçam a si próprios. A fé na Lei Mística lhes fornece o poder para vencer na vida. Uma promessa do infinito passado para surgir na era de dificuldades É profundamente significativo o fato de vocês estarem praticando o Budismo Nichiren numa época em que a humanidade enfrenta grandes crises. Shakyamuni, fundador do budismo, deixou isso claro no remoto passado, ao declarar que seus discípulos “assegurarão que a Lei perdure por muito tempo” (LSOC, cap. 11, p. 216). No Sutra do Lótus, ele promete que a Lei Mística será transmitida eternamente no futuro por pessoas como vocês, meus jovens amigos, que surgirão numa era conturbada — quando a mente das pessoas estiver distorcida e confusa — para permanecer ao lado das pessoas e trabalhar pela felicidade delas. Nesta oportunidade, estudaremos a carta A Herança da Suprema Lei da Vida, que se aprofunda nesse princípio. Trata-se de um escrito de Nichiren Daishonin muito importante, que estudei com brilhantes integrantes da DE no passado [março de 1966]. Vamos aprender juntos sobre a missão daqueles que abraçam a Lei Mística, o laço de mestre e discípulo e a relevância da organização Soka Gakkai. Trecho do escrito 1 A Herança da Suprema Lei da Vida3 Todos os discípulos e seguidores leigos de Nichiren devem recitar Nam-myoho-renge-kyo com o espírito de diferentes em corpo, unos em mente, transcendendo todas as diferenças que possam haver entre si,4 tornando-se inseparáveis como o peixe e a água.5 Esse laço espiritual é a base para a transmissão universal da Lei suprema da vida e da morte. Aqui reside o verdadeiro objetivo da propagação de Nichiren. Quando estiverem unidos assim, até o grande desejo da ampla propagação [ou o grande juramento pelo kosen-rufu] poderá ser concretizado. (CEND, v. I, p. 226) Sairen-bo, que se tornou discípulo de Nichiren Daishonin na Ilha de Sado Daishonin escreveu essa carta para Sairen-bo,6 sacerdote que se tornou seu discípulo no período em que ambos viviam em exílio na Ilha de Sado. Em meio a essas circunstâncias adversas, Sairen-bo também suportou grandes dificuldades ao lado de Daishonin. Essa carta representa a resposta de Nichiren Daishonin à pergunta de Sairen-bo sobre o significado do ensinamento extremamente importante da “herança da suprema Lei da vida e da morte”. A “herança da suprema Lei da vida e da morte” é o ensinamento para a iluminação de todas as pessoas A “suprema Lei da vida e da morte” refere-se à verdade fundamental relativa à nossa existência, que passa pelo infinito ciclo de nascimento e de morte.7 “Herança” indica a essência do budismo transmitida do Buda para todas as pessoas do futuro, assim como a linhagem familiar é passada dos pais para os filhos. Em outras palavras, a “herança da suprema Lei da vida e da morte” é a transmissão, do Buda para a humanidade, da Lei ou ensinamento supremo que habilita as pessoas a atingir o estado de buda. Daishonin começa essa carta afirmando que a “suprema Lei da vida e da morte” — o ensinamento supremo para aliviar os sofrimentos de nascimento e de morte — é o Nam-myoho-renge-kyo. Ele declara que os cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo8 constituem a Lei fundamental e eterna e o ensinamento para a iluminação de todas as pessoas transferida de Shakyamuni para os bodisatvas da terra durante a magnífica Cerimônia no Ar na assembleia do Sutra do Lótus.9 Sem dúvida, quando Sairen-bo tomou conhecimento dessa verdade essencial do budismo, deve ter ficado impressionado e profundamente emocionado. O Gohonzon do Nam-myoho-renge-kyo O daimoku do Nam-myoho-renge-kyo que recitamos todos os dias não é outro senão a Lei suprema da vida e a Lei fundamental do universo. O Gohonzon do Nam-myoho-renge-kyo que recitamos não é outro senão a sublime condição de vida do estado de buda que Nichiren Daishonin personificou. Quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo ao Gohonzon, o som da Lei Mística alcança o estado de buda do universo, assim como a natureza de buda dentro de nós, fazendo emergir a compaixão, a sabedoria e a coragem inatas. Ela nos enche de força para enfrentar as dificuldades, fortalece nossa energia vital e nos torna imbatíveis. Capacita-nos a empregar nossa sabedoria e nosso intelecto, coloca-nos no caminho certo para a boa sorte e o benefício, e permite que avancemos rumo à vitória. O verdadeiro propósito da nossa prática budista é elevar nossa condição de vida. Nichiren Daishonin revelou o Nam-myoho-renge-kyo — a suprema Lei da vida e da morte — para que todas as pessoas que vivessem nos Últimos Dias da Lei10 atingissem uma felicidade indestrutível. A Soka Gakkai é a única organização que está propagando amplamente os grandiosos ensinamentos humanísticos do Budismo Nichiren no mundo atual. O desenvolvimento sem precedentes do kosen-rufu mundial foi concretizado por meio das orações e dos esforços incansáveis no diálogo dos avós e pais de muitos de vocês, unidos em espírito com os três primeiros presidentes da Soka Gakkai. Quão admirável e digna de respeito é uma vida dedicada a recitar Nam-myoho-renge-kyo e a trabalhar pelo kosen-rufu! Vocês, jovens bodisatvas da terra, estão levando avante essa nobre tradição Soka. Cada um de vocês possui a missão de ajudar os outros a se tornar felizes. Semear as sementes da felicidade e da paz no nosso mundo é a maneira pela qual vocês transmitirão a “herança da Lei suprema da vida e da morte”. Fé para herdar a Lei Nessa carta, Nichiren Daishonin apresenta três pontos fundamentais em nossa prática budista para herdar a “herança da suprema Lei da vida e da morte”. Primeiro, ter convicção na verdade de que nossa vida é una com a Lei Mística. Segundo, manter uma firme e inabalável fé que jamais abandone a Lei Mística em nenhuma existência por toda a eternidade (cf. CEND, v. I, p. 226). E o terceiro é a união de “diferentes em corpo, unos em mente”. As palavras “todos os discípulos e seguidores leigos de Nichiren” (Ibidem) podem ser interpretadas como uma referência à verdadeira relação de mestre e discípulo e à organização comprometida em concretizar o kosen-rufu. Pois, sem a luta conjunta de mestre e discípulo, a “herança da suprema Lei da vida e da morte não pode ser transmitida corretamente. Além disso, somente uma organização de indivíduos unidos no espírito de “diferentes em corpo, unos em mente” e imbuídos do espírito de mestre e discípulo pode assegurar a vitória na luta entre o Buda e as funções da maldade e abrir o caminho do kosen-rufu. A atitude apropriada para os discípulos que se empenham pelo kosen-rufu Na passagem que estamos estudando, Daishonin esclarece o espírito de que seus discípulos necessitam ao se empenharem pelo kosen-rufu. Ele diz que eles devem “transcender todas as diferenças que possam haver entre si”, tornando-se “inseparáveis como o peixe e a água” e trabalhar juntos “com o espírito de diferentes em corpo, unos em mente” (cf. CEND, v. I, p. 226). “Transcender todas as diferenças que possam haver entre si” quer dizer eliminar qualquer sentimento de discriminação ou antagonismo. Também consiste no desafio de realizar um esforço constante para superar a tendência humana para o egocentrismo. “Inseparáveis como o peixe e a água” significa que podemos alcançar grandes feitos juntos, respeitando-nos como seres humanos preciosos e insubstituíveis e apoiando-nos e confiando uns nos outros. Na frase “com o espírito de diferentes em corpo, unos em mente”, “diferentes em corpo” denotam que todos possuem personalidade, qualidade e circunstâncias singulares. “Unos em mente” significam que compartilhamos um senso de propósito e de valores. Aproveitando ao máximo nossas diferentes características e habilidades, encorajamo-nos mutuamente e trabalhamos juntos para nosso objetivo comum — o kosen-rufu. Uma organização ideal de “diferentes em corpo, unos em mente” Nossa maravilhosa união de “diferentes em corpo, unos em mente” em prol do kosen-rufu ilustra o ideal da harmonia e da cooperação humana. Porque somos uma organização de diversos indivíduos que transcendem diferenças de etnia, idioma e cultura para se unir com base em sua humanidade comum. Respeitamos, aprendemos e ajudamos uns aos outros. Não toleramos nenhuma forma de bullying ou discriminação que menospreze o valor ou a dignidade de uma pessoa. A Soka Gakkai criou uma organização ideal de “diferentes em corpo, unos em mente”. Meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, também a concebia como uma organização que detinha a chave para a felicidade da humanidade. Para alguns de vocês, a palavra “organização” talvez evoque uma sensação de restrição. No entanto, nem mesmo o aprendizado e a prática de esportes podem ser feitos sozinhos. Exigem algum tipo de organização, como uma escola ou um clube. Organizações são indispensáveis para a vida humana. A organização Soka Gakkai existe para nos ajudar a praticar o Budismo Nichiren e alcançar a felicidade. Por outro lado, organizações que perdem o senso de propósito ou de direção podem levar as pessoas a sofrer. Os objetivos de uma organização ou a maneira como ela tenta alcançá-los são cruciais. A Soka Gakkai é uma organização que valoriza o indivíduo e almeja habilitar cada pessoa a se tornar feliz. A Soka Gakkai implementa um movimento para concretizar a paz mundial e a felicidade de todos, propagando a filosofia de respeito à dignidade da vida no mundo inteiro. Encontra-se em perfeita sintonia com o desígnio do Buda, cumprindo o desejo de Nichiren Daishonin de realizar o kosen-rufu mundial. Nesse sentido, ela se originou com Nichiren Daishonin, Buda dos Últimos Dias da Lei. O presidente Josei Toda costumava dizer que a Soka Gakkai, organização do kosen-rufu, era mais importante que sua própria vida. Temos a missão de servir como um modelo de solidariedade para a sociedade global. Uma religião que une as pessoas Como a pandemia da Covid-19 ainda continua, posso imaginar a frustração que vocês, meus jovens amigos, devem estar sentindo por terem de suportar várias restrições à sua liberdade. Entretanto, a escuridão é mais profunda pouco antes do amanhecer. E assim como Daishonin nos assegura, “O inverno nunca falha em se tornar primavera” (CEND, v. I, p. 559). Vocês poderão ultrapassar qualquer problema ou dificuldade sem falta. Quanto mais árduo o desafio, mais poderão crescer e desenvolver suas habilidades. Concentrar o foco em sobrepujar divisões, unir pessoas e edificar a solidariedade com certeza se tornará uma atitude essencial na sociedade a partir de agora. O Dr. Bryan Wilson (1926–2004), eminente estudioso da sociologia da religião com quem tive a satisfação de realizar vários diálogos, descreveu a Soka Gakkai como um movimento que está fortalecendo os laços entre as pessoas no momento em que o tecido da sociedade se encontra ameaçado e esgarçado. Também conversei com o renomado cientista Linus Pauling (1901–1994) em diversas ocasiões. Ele louvou calorosamente nosso movimento de diálogo voltado a proporcionar encorajamento para as pessoas com base no respeito à dignidade da vida. E disse que o mundo tinha a sorte de ter a Soka Gakkai. Vivemos num período em que nosso movimento Soka ilumina o mundo cada vez mais intensamente com a luz da esperança e da coragem. Trecho do escrito 2 A Herança da Suprema Lei da Vida O ouro não pode ser queimado pelo fogo nem corroído pelas águas, mas o ferro é vulnerável a ambos. O sábio é como o ouro, enquanto o tolo é como o ferro. O senhor é como o ouro puro porque abraça o “ouro” do Sutra do Lótus. (...) Devem ter sido os laços cármicos do distante passado que o levaram a se tornar meu discípulo numa época como esta. Shakyamuni e Muitos Tesouros,11 com certeza, compreenderam esta verdade. A declaração do sutra de que “As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres” [LSOC, cap. 7, p. 178], não pode, de maneira alguma, ser falsa. (CEND, v. I, p. 226) “O senhor é como o ouro puro” Ao se tornar discípulo de Nichiren Daishonin, que, na época, enfrentava duras perseguições, Sairen-bo estava se enveredando por um caminho difícil. Por essa razão, Daishonin demonstra sua calorosa preocupação, escrevendo: “O senhor tem seguido Nichiren e, como resultado, passa por sofrimentos. Aflijo-me profundamente ao pensar em sua angústia” (CEND, v. I, p. 226). Correspondendo ao compassivo incentivo de seu mestre, Sairen-bo se manteve inabalável e perseverou como discípulo. Esse é o motivo pelo qual Daishonin o louva, afirmando: “O senhor é como o ouro puro” (Ibidem). Mestre e discípulo nascem juntos A relação de mestre e discípulo constitui um laço espiritual formado a partir da decisão do discípulo. É uma relação que enriquece e aprofunda a vida das pessoas em todos os sentidos. Trata-se de algo com o qual muitos líderes com quem dialoguei ao longo dos anos manifestaram total concordância. Toda sensei comentou: “Daishonin diz que mestre e discípulos sempre nascem juntos sem falta. À luz dessas palavras, sinto imensa gratidão por todos vocês. Nascemos juntos neste mundo por causa da promessa que fizemos no passado”.12 Seguir o caminho de mestre e discípulo no budismo é solene, profundo, infinito e eterno. O laço de mestre e discípulo é eterno Para ilustrar o laço cármico de mestre e discípulo, Daishonin cita para seu leal discípulo Sairen-bo uma passagem do Sutra do Lótus: “As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres” (LSOC, cap. 7, p. 178). Essa passagem destaca a sublime essência do Sutra do Lótus — de que o laço de mestre e discípulo não se limita a esta existência, de que mestre e discípulo sempre nascem juntos, existência após existência, e empreendem, incessantemente, ações para conduzir as pessoas à felicidade. Juntos, empenham-se para transformar o lugar onde quer que estejam numa terra do buda e auxiliar todas as pessoas a mudar o destino. Essa é a promessa e o juramento seigan deles do infinito passado. O laço de mestre e discípulo baseado na Lei Mística transcende os limites da vida e da morte e é eterno, perdurando pelo passado, presente e futuro. Toda sensei fez alusão a esse mesmo trecho do Sutra do Lótus para descrever o vínculo com seu mestre Tsunesaburo Makiguchi.13 Hoje, membros da SGI no mundo todo estudam e dão continuidade a esse espírito de mestre e discípulo. Uma maravilhosa ligação de alegrias e de sofrimentos compartilhados Para celebrar o ensejo de sua posse como segundo presidente da Soka Gakkai em 3 de maio de 1951, Toda sensei dedicou a mim o seguinte poema: Agora e no futuro também, juntos, compartilhando alegrias e sofrimentos. Que mística relação! Seis décadas se passaram desde que me tornei terceiro presidente da Soka Gakkai como discípulo direto de Toda sensei [em 3 de maio de 1960]. Todos vocês, membros da Divisão dos Estudantes que surgiram na época atual, são jovens de profunda missão, ligados por uma profunda relação cármica, a quem confio tudo. Bodisatvas da terra escolhem o tempo apropriado para nascer, com o intuito de demonstrar a grandiosidade da Lei Mística. Conscientes do laço de mestre e discípulo, seus veteranos na fé são guiados por forte senso de missão. Em virtude disso, mantiveram-se invencíveis diante das adversidades da vida. Eles ultrapassaram sofrimentos cármicos como dificuldades financeiras e doenças, conduziram vidas de supremo valor e abriram caminhos para o magnífico desenvolvimento do kosen-rufu que presenciamos atualmente. Meus jovens amigos, bailem nesse palco brilhante com ousadia. O ato de vocês se levantarem e entrarem em ação contribuirá para que nossa rede de esperança ilumine o futuro da humanidade e se expanda ainda mais ao redor do mundo. Valorizar cada indivíduo diante dos nossos olhos O Budismo Nichiren é uma religião viva de transformação da realidade. Valorizando a pessoa que está diante de nós, acreditamos no potencial de cada indivíduo. A Soka Gakkai é o mundo do incentivo e da confiança. Nossos esforços com esse espírito fortalecem e aprofundam os laços entre cidadãos globais. O verdadeiro valor do Budismo Nichiren como religião humanística evidencia ainda mais intensamente seu brilho quando a sociedade enfrenta turbulências. O esperançoso movimento Soka continuará enriquecendo o século 21 para que ele se torne verdadeiramente o século da vida. Vocês, meus jovens amigos, desempenharão papel vital e admirável na edificação da “nossa era”, na qual ressoe a canção do triunfo do humanismo. (Daibyakurenge, edição de julho de 2020) Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI No topo: Ikeda sensei agradece a todos os membros e integrantes dos grupos horizontais o sincero apoio durante a estada na capital do Brasil (Brasília, DF, fev. 1984) Foto: Seikyo Press Notas: 1. Bodisatvas da terra: Referência aos inumeráveis bodisatvas que o buda Shakyamuni convoca para propagar o Sutra do Lótus na era maléfica após a sua morte e para guiar eternamente todas as pessoas à felicidade. Eles emergem da terra no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, daí o referido título. Cada um deles é um grande bodisatva — de brilho dourado, magnífico e firme em seu propósito — acompanhado por um séquito de amigos e companheiros em número igual às areias de sessenta mil rios Ganges. 2. Corredores da Justiça: O presidente Ikeda compôs essa canção em 1978 para a Divisão dos Estudantes Herdeiro, e revisou a letra em 2010, que posteriormente se tornou a canção da Divisão dos Estudantes. A terceira estrofe diz o seguinte: “Com a missão e o orgulho desta era, / Vocês, de ardente paixão, / São os corredores do estandarte da vitória, / São os corredores que expandem os círculos das flores / Oh, sejam os pilares da nossa era!”. 3. A frase “transcendendo todas as diferenças que possam haver entre si” poderia ser traduzida literalmente como “sem nenhum pensamento sobre si ou o outro, sobre isto ou aquilo”. Não se trata de uma negação da individualidade, mas de um apelo para que se transponham as lacunas entre as pessoas originadas do egocentrismo. 4. A frase “inseparáveis como o peixe e a água” deriva-se de uma famosa passagem do clássico chinês San Kuo Chih (História dos Três Reinos) sobre um incidente histórico no qual o governante Liu Bei, tendo obtido os préstimos do hábil ministro Zhuge Liang (Kongming) realiza importantes atividades possibilitando, ao mesmo tempo, que Kongming manifeste plenamente suas habilidades. 5. A Herança da Suprema Lei da Vida foi escrita por Nichiren Daishonin em 1272, em Tsukahara, durante o seu exílio na Ilha de Sado, e endereçada a Sairen-bo, que também estava exilado lá. 6. Sairen-bo: Ex-sacerdote da escola budista Tendai que, por razões desconhecidas, havia sido exilado na Ilha de Sado. Lá, ele encontrou Nichiren Daishonin e se converteu aos ensinamentos dele. 7. O budismo ensina que nossa vida passa por um ciclo contínuo de nascimento e de morte. No Sutra do Lótus, porém, esse ciclo não é caracterizado pela ilusão e pelo sofrimento, mas por um permanente estado de felicidade. 8. Myoho-renge-kyo é escrito com cinco ideogramas chineses, ao passo que Nam-myoho-renge-kyo se escreve com sete (nam, ou namu, compreendendo dois ideogramas). Daishonin muitas vezes emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus escritos. 9. Cerimônia no Ar: Uma das três assembleias descritas no Sutra do Lótus, na qual toda a multidão é suspensa no espaço, acima do mundo saha. Ela se estende do capítulo 11, “Torre de Tesouro”, ao capítulo 22, “Transferência”. Os pontos centrais dessa cerimônia são revelar a iluminação original do Buda [Shakyamuni] no remoto passado e transferir a essência do sutra aos bodisatvas da terra, que são liderados pelo bodisatva Práticas Superiores. 10. Os Últimos Dias da Lei são o período após a morte de Shakyamuni no qual os ensinamentos dele perdem seu poder benéfico. Trata-se de uma era de incessantes conflitos. Nichiren Daishonin surgiu nesse período e revelou o grandioso ensinamento do Nam-myoho-renge-kyo, que conduz as pessoas dos Últimos Dias da Lei à felicidade por toda a eternidade. 11. Muitos Tesouros: Buda descrito no Sutra do Lótus. O buda Muitos Tesouros aparece na Cerimônia no Ar, sentado dentro de sua torre de tesouro, para atestar a veracidade dos ensinamentos de Shakyamuni no sutra. 12. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 7. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1987. p. 472. 13. Para dar um exemplo, na cerimônia em memória do presidente Makiguchi, Toda sensei disse: “Com sua vasta e ilimitada benevolência, o senhor permitiu-me acompanhá-lo até na prisão. Graças a isso, li com minha própria vida a passagem do Sutra do Lótus: ‘habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres’. Como resultado desse benefício, entendi o verdadeiro significado do ensinamento dos bodisatvas da terra e, ainda que fosse uma pequena parte, compreendi o significado do Sutra do Lótus com minha vida. Poderia existir felicidade maior que esta?”.

02/10/2023

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Façamos a canção da vitória ecoar a partir de nossa comunidade

A base do altar budista que se encontra no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu abriga pedras coletadas em 192 países e territórios e em cada uma das 47 províncias do Japão. Logo receberemos o 10o aniversário da conclusão do auditório. Nichiren Daishonin afirma: “Para que as orações sejam eficazes e os desastres desapareçam da nação, três elementos são requeridos: um bom mestre, um bom praticante e um bom ensinamento”.1 Acatando com total seriedade essas palavras, ao longo da década passada, nós, da Soka Gakkai — trilhando o caminho de mestre e discípulo e seguindo fielmente os ensinamentos do Buda dos Últimos Dias da Lei —, efetuamos dinâmicos avanços na concretização de nossas orações individuais e na propagação compassiva da Lei Mística nas terras de nossa missão. A força propulsora por trás disso são, inquestionavelmente, as comunidades da Soka Gakkai. Oro com o mais profundo respeito e gratidão pelos membros de nossa família Soka das comunidades de todo o Japão e do mundo inteiro, capitaneadas por nossos admiráveis líderes de comunidade da Divisão Sênior e da Divisão Feminina. Gostaria de celebrar com vocês a década de magníficas vitórias que cada comunidade assinalou. Em uma de suas cartas, Daishonin transmite o terno desejo de se encontrar novamente com os irmãos Ikegami, escrevendo: “[Nessa ocasião], ficarei tão feliz que mal conseguirei falar”.2 Isso demonstra como ele valorizava seus encontros com os discípulos. Nossas reuniões de palestra são imbuídas do espírito de carinho e preocupação de Daishonin. Em Kansai, durante a época pioneira do nosso movimento, uma líder de comunidade da Divisão Feminina recém-nomeada me perguntou, com sinceridade e seriedade, como ela deveria encarar sua nova responsabilidade. Expressando minha gratidão e louvor pelos seus dedicados esforços, expliquei-lhe que ela não precisava fazer nada fora do comum, simplesmente recitar daimoku, orar pela felicidade de cada membro, e incentivá-lo com carinho e consideração. Ao proceder dessa forma, disse-lhe, esse mesmo espírito se propagaria por toda a comunidade. Esse é o significado de “O corpo e a mente dela permeiam todo o mundo dos fenômenos num único momento”.3 Eu a instei a promover o kosen-rufu com confiança e coragem, começando por encorajar e dialogar com as pessoas em seu ambiente imediato. A parte em versos do capítulo “A Extensão da Vida”, do Sutra do Lótus, que recitamos no gongyo, termina com palavras que exprimem o pensamento, ou a preocupação, constante do Buda: “Medito constantemente: ‘Como posso conduzir as pessoas ao caminho supremo e fazer com que adquiram rapidamente o corpo de um buda?’”4,5 Citando essa passagem, meu mestre, Josei Toda, declarou que o desejo de conduzir as pessoas à felicidade é o pensamento constante que os membros da Soka Gakkai compartilham com Nichiren Daishonin, Buda dos Últimos Dias da Lei. Façamos o gongyo todos os dias com o espírito de estar tomando uma nova decisão no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. Recitemos daimoku pela felicidade de cada membro da nossa comunidade e de toda a humanidade, e oremos para concretizar a paz e a prosperidade na sociedade por meio da propagação dos princípios de afirmação da vida preconizados pelo Budismo Nichiren. Recitando o rugido de leão do Nam-myoho-renge-kyo imbuídos do grande juramento pelo kosen-rufu, iluminemos nosso planeta e o futuro com a radiante luz da Lei Mística! Nossos nobres membros se alegram e dançam sabendo que o princípio de “emergir da terra”6 está vivo em sua comunidade, benefícios florescem com exuberância. No topo: Participantes do Curso de Aprimoramento da Divisão dos Jovens da SGI, realizado no Auditório Memorial Toda, em Tóquio (Japão, set. 2023) Foto: Seikyo Press Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 143, 2017. 2. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 1498. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 384, 2020. 4. No gongyo, a passagem diz: “Mai ji sa ze nen. I ga ryō shu jō. Toku nyū mu jō dō. Soku jō ju bus-shin”. 5. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 556, 2017. 6. Em O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos, Daishonin escreve: “No início, somente Nichiren recitou o Nam-myoho-renge-kyo, mas depois, duas, três, cem pessoas o seguiram, recitando e ensinando aos outros. Assim também será a propagação no futuro. Isso não significa ‘emergir da terra’?” (Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 404, 2020).

02/10/2023

RDez

Cápsula do tempo

Grupo Justiça Soka da Unicidade de Mestre e Discípulo

Membros bradam seu juramento na Convenção (São Paulo, maio 2009). Foto: Brasil Seikyo Vocês já perceberam que o dia 3 de maio possui vários significados para nós, membros da BSGI? O principal deles é a relação de mestre e discípulo. Nessa data, aconteceu a posse do segundo e do terceiro presidentes da Soka Gakkai, em 1951 e 1960, respectivamente. Também no dia 3 de maio, só que em 2009, dezesseis mil jovens do Brasil reuniram-se no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, para consolidar o solene encontro de mestre e discípulo na Convenção Cultural dos Jovens Monarcas da Nova Era da BSGI. A atividade começou às 9 horas e contou com as apresentações das bandas Asas da Paz Kotekitai do Brasil e Taiyo Ongakutai, do Grupo Taiga, do Coral Esperança do Mundo e da Orquestra Filarmônica Brasileira do Humanismo Ikeda que, ao final, realizou as inesquecíveis apresentações de Ode ao Mestre e Saudação a Sensei. Durante a convenção, o secretário pessoal do presidente Ikeda telefonou e transmitiu as seguintes palavras em nome dele: Parabéns por esta maravilhosa convenção dos jovens. Estou muito feliz em assistir ao ânimo de todos vocês. Estou conseguindo enxergá-los perfeitamente. Estou plenamente ciente de que enfrentaram muitas dificuldades. É como se eu estivesse sentado no palco, junto com vocês!1 Todos que se reuniram aqui hoje são Grupo Justiça Soka da Unicidade de Mestre e Discípulo. Os nomes de todos os jovens aqui reunidos serão eternamente gravados no Memorial Makiguchi de Tóquio, no Japão.2 Emocionados, os jovens deixaram o ginásio com o espírito da unicidade de mestre e discípulo ainda mais fortalecido, com o coração repleto de esperança e coragem e determinados a concretizar o kosen-rufu do Brasil. O comunicado também foi passado a todos os companheiros que estavam nos bastidores orando intenso daimoku pelo total sucesso da atividade. Este ano, no próximo dia 26 de maio, em comemoração dos 40 anos da terceira visita do presidente Ikeda ao Brasil, da fundação da Divisão dos Jovens da BSGI, dos 25 anos da Convenção da Chuva e dos 15 anos da Convenção dos Jovens da Nova Era da BSGI, será realizada, no mesmo Ginásio do Ibirapuera, a Convenção Comemorativa da Juventude Soka, que contará com a participação de jovens de todo o Brasil. Será o mais esperado festival desde a convenção de 2009! Saiba mais: Brasil Seikyo, ed. 2.465, 27 abr. 2019, p. A8.Brasil Seikyo, ed. 2.130, 5 maio 2012, p. C4.Brasil Seikyo, ed. 2.082, 7 maio 2011, p. B8.RDez, ed. 90, 1º jun. 2009, p. 6 e 12. Teste seus conhecimentos com o vídeo Cápsula do Tempo Quiz Show Datas marcantes do mês de maio Dia 1 • 2004 (20 anos) Inauguração da Sede Central da BSGI, a primeira da SGI localizada no Hemisfério Sul. Dia 2 • 1993 (31 anos) Fundação do grupo Flora, que promove ações sobre o meio ambiente em atividades internas e externas da BSGI e realiza monitorias no Centro Cultural Campestre. Dia 3 • 1951 (73 anos) Posse de Josei Toda como segundo presidente da Soka Gakkai. Dia 3 • 1960 (64 anos) Posse de Daisaku Ikeda como terceiro presidente da Soka Gakkai. Na época, ele tinha 32 anos. Dia 3 • 1965 (59 anos) Primeira publicação do boletim Nova Era, antecessor do jornal Brasil Seikyo. Tinha quatro páginas em tamanho A4 e sua edição era mensal. Dia 3 Dia das Mães da Soka Gakkai. Foi estabelecido em 1988 pelo presidente Daisaku Ikeda para louvar o nobre empenho das integrantes da Divisão Feminina. Dia 5 • 1976 (48 anos) Dia dos Sucessores da Soka Gakkai. A data renova a decisão dos jovens sucessores de herdar a bandeira da justiça sem jamais temer a nada. Dia 6 • 1962 (62 anos) Fundação da banda masculina Taiyo Ongakutai no Brasil. Tem como objetivo promover a paz e transmitir esperança e coragem por meio da música. Dia 12 • 1261 (763  anos) Exílio de Nichiren Daishonin em Izu, Japão. As falsas acusações contra Daishonin surgiram por causa do aumento no número de seguidores. Notas:1. https://www.brasilseikyo.com.br/home/rdez/edicao/90/artigo/o-encontro-do-mestre-e-os-discipulos-do-brasil/4795. Acesso em: abr. 2024.2. https://extra2.bsgi.org.br/impressos/online/ler/112264/. Acesso em: abr. 2024.

01/05/2024

Matéria do mês

Um só coração

“É um pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para a humanidade.”1 Essa foi a fala do primeiro homem ao pisar na Lua, Neil Armstrong (1930-2012), para os colegas que o observavam do centro espacial na Terra. Esse fato, ocorrido em 20 de julho de 1969, deu início a uma nova era na exploração espacial e abriu caminho para a Estação Espacial Internacional que existe hoje. Em 2024, o mundo celebrará 55 anos da primeira vez que o homem pousou em outro corpo celeste. Para esse feito, foram necessárias diversas comunicações entre o astronauta e a Terra. E um dos meios utilizados para isso foram as ondas de rádio. Mesmo não podendo vê-las, eles estavam conectados. No budismo, aprendemos que mestre e discípulo também possuem essa conexão invisível. Mesmo distante, sempre ligados Apesar da distância física ou da impossibilidade de encontrar o Mestre, nossa relação com ele é muito forte e profunda. Isso porque somos ligados pelo juramento e pelo nobre ideal do kosen-rufu. No livro Vozes para um Futuro Brilhante, o terceiro presidente da Soka Gakkai, Daisaku Ikeda, afirma: No budismo, embora mestre e discípulo sejam indivíduos diferentes, o coração é um só. Não há superior ou inferior. É isso que chamamos de inseparável. Mestre e discípulo são inseparáveis. Por isso eles avançam infinitamente juntos. (Vozes para um Futuro Brilhante, p. 329) Estaremos para sempre ligados, mas para que esta conexão não caia nem tenha ruído, às vezes, temos que fazer alguns ajustes, assim como temos que mexer nos cabos e nas antenas dos aparelhos eletroeletrônicos. Com base nesse ponto, a RDez separou algumas dicas no vídeo a seguir: Presidente Ikeda junto com a Divisão dos Estudantes (Japão) Manter e transmitir para o eterno futuro Assim como nós, o presidente Ikeda também teve seu mestre Josei Toda que, por sua vez, foi sucessor de Tsunesaburo Makiguchi, primeiro presidente da Soka Gakkai. Partindo desse ponto, a Soka Gakkai foi construída a partir da relação de unicidade de mestre e discípulo. Nosso mestre afirmou: “A verdadeira relação de mestre e discípulo é permeada pela perpetuidade”.2 Ou seja, para que essa relação perdure pelo eterno futuro é necessário cultivá-la em nós e nos outros. Essa importante missão nos foi confiada pelo Mestre. É ele quem nos ensina o modo correto para colocá-la em ação: [...] foi graças a Toda sensei que pude conhecer o budismo, aprender o que é uma vida correta e viver até o dia de hoje. Por meio do meu venerado mestre, pude evidenciar o meu melhor e o máximo de minhas forças. Para saldar as grandes dívidas de gratidão para com o meu mestre, enquanto ele viveu, eu o apoiei e o protegi com o sentimento de devotar minha vida a ele. E após o seu falecimento, eu me dediquei inteiramente aos companheiros da Soka Gakkai que o meu mestre mais prezava. (Vozes para um Futuro Brilhante, p. 320) Da mesma forma, em gratidão ao Mestre, vamos nos dedicar em prol da nossa felicidade e da de nossos amigos e familiares rumo à Convenção Comemorativa da Juventude Soka. Partiu perpetuar a relação de mestre e discípulo! Confira no quiz o quanto você entendeu da matéria: *Dicas RDez Que tal escutar um podcast com contos e incentivos do Mestre para estreitar a relação com ele? Para acessar, clique aqui . O mestre orienta Este é um jogo baseado no “o Mestre mandou”, no qual uma pessoa é eleita como mestre e dá os comandos para o restante do grupo. Como a ideia é colocar em prática o que aprendemos nesta matéria, vamos propor situações do dia a dia e fazer com que os Estudantes achem a forma como o Mestre orientaria. Exemplo: “O mestre orientou fazer daimoku” ou “O mestre orientou abraçar os pais”. Assim, podemos agir com o mesmo coração e ideais do Mestre! Ao finalizar a brincadeira, dialogue com os Estudantes e leia um incentivo do presidente Ikeda. Uma sugestão é o capítulo Relação de Mestre e Discípulo do livro Vozes para um Futuro Brilhante. Notas:1. HANSEN, James R. First Man: The Life of Neil A. Armstrong (O Primeiro Homem: A Vida de Neil Armstrong). Nova York: Simon and Schuster, 2005, p. 493.2. IKEDA, Daisaku. Vozes para um Futuro Brilhante. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023, p. 319.

01/05/2024

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Mês de abril

Saiba, em um minuto, o que você encontrará na edição de abril: Do Mestre para você Corredores da Justiça Descubra como expandir seu potencial interior por meio da literatura. Faróis da Esperança Ler livros abre nosso mundo para ilimitadas possibilidades. Quero aprender! Matéria do mês Espírito jovem, ativar! Saiba como acionar e desenvolver seu poder aqui. Quentinhas O que rolou Inspire-se nas atividades criativas e cheias de desafios das localidades. DIY Dez Comemore a fundação da Divisão dos Estudantes com uma musse de chocolate com coco. Trending Topics Entenda o que é e como acolher as pessoas com transtorno do espectro autista. Relato Dez Conheça o relato da Geovanna, que alcançou todos os seus objetivos, e do Gabriel, que leu 40 livros e ajudou um amigo a cultivar o hábito da leitura. Aprenda mais sobre o budismo Contos e Parábolas Aprenda com Digo como ser mais confiante e brilhante. Cápsula do Tempo Teste seus conhecimentos sobre a inauguração do Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda. ABC do Budismo Na parte 3, você conhecerá a infância e a adolescência do terceiro presidente da Soka Gakkai, Daisaku Ikeda. Diversão Passatempo Divirta-se com os jogos deste mês! Teatro com recortes Recorte e monte os personagens. Encarte KIDS Acesse o suplemento do jornal Brasil Seikyo de abril.

01/04/2024

ABC do Budismo

Em quem você se inspira?

Em Kung Fu Panda, Naruto e Harry Potter, os protagonistas se inspiraram em seus instrutores para crescerem dentro da trama. No Budismo Nichiren, nós também aprendemos o quanto é importante e necessário ter um mestre para orientar os discípulos a fim de se desenvolverem. Quando nos deixamos ser treinados por um mestre, entendemos que todos os seres humanos têm grande valor. Essa relação se caracteriza como “unicidade de mestre e discípulo”, em japonês, shitei funi. Enquanto o ideograma “shi” representa mestre e “tei”, discípulo, “funi” significa unicidade, ou seja, uma relação entre pessoas diferentes que se dedicam ao mesmo objetivo — no nosso caso, de levar esperança e paz para a humanidade. Um grande exemplo dessa relação é observada nos três primeiros presidentes da Soka Gakkai. Sem se colocar em condição de superioridade, Tsunesaburo Makiguchi treinou o discípulo Josei Toda e, juntos, promoveram o kosen-rufu do Japão por meio dos ensinamentos da Lei Mística. Mais tarde, Josei Toda tornou-se mestre de Daisaku Ikeda que, por sua vez, empenhou-se pela expansão dos ideais de paz, cultura e educação para o mundo. Nós, Sucessores Ikeda 2030, consideramos o presidente Ikeda como nosso mestre. E agora, mais do que nunca, nossa missão é sucedê-lo e levar adiante todos os seus esforços para as futuras gerações. A pergunta é: como? Concretizar os ideais do Mestre Cada um dos três presidentes possuía um jeito próprio de conduzir a missão do kosen-rufu. Da mesma forma, para realizar os nossos sonhos e os de Ikeda sensei, devemos atuar conforme as nossas características. Sobre isso, o presidente Ikeda declara: Um verdadeiro discípulo empenha-se para concretizar os objetivos do Mestre sem imitá-lo, mas pondo suas palavras em ação. As pessoas que meramente tentam imitar o Mestre agindo só na aparência vão para o caminho errado. [...] Há um caminho para cada discípulo e esse caminho encontra-se unicamente no esforço de concretizar os ideais do Mestre. (Brasil Seikyo, ed. 1.548, 18 mar. 2000, p. A3) É por meio da nossa postura que se reconhece a unicidade com o Mestre. Se o discípulo vence, o Mestre também vence. Quando isso acontece, estabelecemos uma relação indestrutível com sensei que permeia o passado, o presente e o futuro. Cientes disso, vamos nos esforçar em prol da nobre missão do kosen-rufu atuando conforme nossas características e sempre tendo como base os incentivos do Mestre. Ilustrações: Brasil Seikyo

08/01/2024

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Mês de janeiro

Saiba, em um minuto, o que você encontrará na edição de janeiro: Mensagens Recado de Ano-Novo do presidente da BSGI Assista ao vídeo que o Sr. Miguel Shiratori gravou com alguns Estudantes para incentivá-los em 2024. Recado de Ano-Novo da Juventude Soka do Brasil Veja o que os líderes da Divisão dos Jovens da BSGI prepararam para os Estudantes. Mensagem do presidente da Soka Gakkai Leia a mensagem enviada pelo presidente Harada. Do Mestre para você Corredores da Justiça O que existe em comum entre o bambu e a amizade verdadeira? Descubra aqui. Faróis da Esperança Inicie o ano novo no ritmo do universo com estas orientações do Mestre. Matéria do mês Avançar com determinação Saiba o que fazer para persistir o ano todo e conquistar seus objetivos. Quentinhas O que rolou Veja a criatividade nas reuniões da DE das localidades. Trending Topics Fique por dentro dos principais eventos de 2024. Relato Dez Inspire-se na vitória de Marianna, que passou pelos desafios no vestibular. Aprenda mais sobre o budismo Contos e parábolas Conheça a história do general que realizou algo impossível! Cápsula do Tempo Saiba mais sobre o nascimento do presidente Daisaku Ikeda. ABC do Budismo Entenda o significado de “unicidade de mestre e discípulo” e como levar adiante a luta do Mestre. Diversão Passatempo Chegaram os jogos interativos! Divirta-se com esta novidade. Teatro com Recortes Corte os personagens da parábola deste mês e monte um teatro na atividade! Encarte KIDS Veja o novo suplemento do jornal Brasil Seikyo.

08/01/2024

Mensagem

“Agora é a hora de nos levantar resolutamente como honrados discípulos”

Estimados companheiros do mundo todo, que zarparam com bravura rumo ao “Ano do Descortinar da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial”! Como discípulos diretos de Ikeda sensei, a quem ele confiou o bastão espiritual do kosen-rufu, iniciamos nossa jornada eterna de mestre e discípulo imbuídos de arden­te e renovada decisão. Toda sensei disse certa vez a Ikeda sensei: “O mundo é vasto. [Em muitos países] ainda há pes­soas que choram angustiadas e crianças se encolhendo em meio ao fogo cruzado das guerras. Você deve iluminar a Ásia e o mundo inteiro com a luz da Lei Mística. Deve fazer isso em meu lugar”. Em conformidade com o testamento do seu mestre, Ikeda sensei plantou as sementes da Lei Mística no mundo, cultivou-as até se transformarem em frondosas árvores e edificou o esplêndido desenvolvimento do kosen-rufu mundial de hoje. E no ano passado, na parte final de sua explanação de Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, publicada antes de seu falecimento, sensei expressou seus profundos sentimentos: “Agora, diante da nova partida da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial, gostaria de dedicar aos jovens emergidos da terra que compartilham meu espírito as palavras do meu venerado mestre: ‘Faça isso em meu lugar’”. Mais que nunca, agora é a hora de nos levantar resolutamente como honrados discípulos e extensões de Ikeda sensei para iluminar as pessoas e a sociedade com os raios benevolentes de coragem e esperança e soprar a leve brisa do incentivo para a revitalização da vida. Com o ardente desejo de mestres e discípulos Soka de “eliminar a miséria da face da Terra” e o eterno juramento seigan do Buda de que “o kosen-rufu mundial é a paz mundial”, vamos viver fortemente em prol desse compromisso por toda a vida e fazer deste mundo de guerras e de divisões um paraíso de paz e harmonia, cumprindo plenamente a missão dos emergidos da terra de “transformar o destino da humanidade”. Agora, neste ano, com os jovens na vanguarda, vamos unir as pessoas por meio dos diálogos embasados na amizade e na confiança, e fazer com que as flores da paz e da felicidade desabrochem plenamente em cada canto do planeta. O próximo ano marca o 50º aniversário da SGI, e em sete anos, em 2030, celebraremos o centenário da Soka Gakkai. Neste importante cenário, vamos abrir corajosamente o caminho para significativas vitórias em nossa vida e em nosso movimento pelo kosen-rufu, demonstrando nossa ilimitada gratidão ao nosso mestre, Daisaku Ikeda! No ano novo de 2024Minoru HaradaPresidente da Soka Gakkai

08/01/2024

Matéria do mês

Ikeda sensei, conte comigo!

Em 15 de novembro de 2023, aos 95 anos, nosso mestre Daisaku Ikeda finalizou sua nobre existência. Em uma orientação, ele afirmou: “A vida e a morte são unas. Os entes queridos e os familiares falecidos estão sempre juntos de nós, dentro do nosso coração”.1 Da mesma forma, sensei estará para sempre em nosso coração e viverá por meio de nossas orações, ações e vitórias. Foram 76 anos dedicados à paz e à felicidade da humanidade. Agora, chegou a vez de os Sucessores Ikeda 2030, a divisão que carrega o nome do Mestre, levantarem-se unidos para assumir esse legado. Para entender como dar continuidade aos esforços do presidente Ikeda, primeiro, temos que conhecer a trajetória de vida dele. Daisaku Ikeda conversa com Josei Toda um mês antes do falecimento de seu mestre (Japão, mar. 1958) Início da valorosa jornada Daisaku Ikeda nasceu em 2 de janeiro de 1928, em Tóquio, num Japão envolto pelo pós-guerra e pela distorção do que era certo e errado. Mesmo assim, ele tinha muitos sonhos e, graças às diversas experiências da infância, construiu um caráter correto. Ao ver o povo japonês sofrendo por causa dos bombardeios atômicos, começou a procurar um caminho que o conduzisse a uma vida valorosa. Estudava grandes clássicos da literatura e lia obras de diversos filósofos, mas, em seu coração, ele ainda sentia um vazio. Foi quando seus amigos o convidaram para participar de uma palestra sobre filosofia. Nessa ocasião, em 14 de agosto de 1947, conheceu seu mestre da vida Josei Toda. A postura e as palavras daquele senhor o impressionaram: “É isso! O que essa pessoa está dizendo é verdade! Eu consigo confiar nela!”.2 A partir desse dia, o jovem Ikeda decidiu ser discípulo de Josei Toda e, dez dias depois, em 24 de agosto, recebeu seu Gohonzon. Assim, sua jornada na “Universidade Toda” iniciou. A rigorosidade de Toda sensei era encarada como um grande treinamento por Daisaku Ikeda. Cada orientação o incentivava a polir e avançar como um grande líder. Foram dez anos de intensa instrução sobre budismo, desafios da vida diária, liderança, política, economia, direito, ciências e outras disciplinas. No livro Vozes para um Futuro Brilhante, Ikeda sensei disse: Por meio do meu venerado mestre, pude evidenciar o meu melhor e o máximo de minhas forças. Para saldar as grandes dívidas de gratidão para com o meu mestre, enquanto ele viveu, eu o apoiei e o protegi com o sentimento de devotar minha vida a ele. (Vozes para um Futuro Brilhante, p. 320) Nessa época, a saúde de Ikeda sensei era debilitada devido a graves problemas pulmonares. Os médicos diziam que ele não chegaria aos 30 anos. Mas isso não o impediu de cumprir suas responsabilidades e proteger seu mestre. Cerimônia de posse de Daisaku Ikeda como terceiro presidente da Soka Gakkai realizada no auditório da Universidade Nihon (Tóquio, maio 1960). A partida do Mestre e a grande decisão Um grande elo de confiança foi criado entre o mestre e o discípulo, mas, em 2 de abril de 1958, Daisaku Ikeda herdou por completo a luta de Josei Toda. Ao saber da notícia do falecimento de Toda sensei, uma grande tristeza e um vazio tomaram conta do coração do jovem Ikeda. Porém, mesmo arrasado, ele manifestou: A vida de um grande herói da Lei Mística, uma figura monumental do kosen-rufu, chegou ao fim, mas sensei deixou uma extensão da sua vida. Está para começar o segundo ato da batalha decisiva para tornar realidade os princípios budistas na sociedade. Eu me levantarei! (Diário da Juventude, p. 459) O juramento de concretizar sem falta o majestoso ideal do Mestre o levou a tomar posse como terceiro presidente da Soka Gakkai, em 3 de maio de 1960, e a expandir a filosofia da dignidade da vida para o mundo. No dia 2 de outubro do mesmo ano, Ikeda sensei embarcou para sua primeira viagem internacional. Foi nessa ocasião que ele conheceu o Brasil. A cada passo, sua gratidão pelo Mestre aumentava e uma rede de amizade e esperança crescia por meio de diálogos em prol da paz. No decorrer dos anos, Daisaku Ikeda expandiu a Soka Gakkai para 192 países e territórios, criou instituições educacionais, estabeleceu importantes empreendimentos, dialogou com diversas personalidades, palestrou em renomadas universidades e escreveu várias obras e propostas de paz que foram reconhecidas mundialmente. Como resultado de seus esforços, honrou o juramento feito ao Mestre e hoje milhões de discípulos têm a oportunidade de desfrutar os benefícios da prática da fé. Daisaku Ikeda cumprimenta aluno do Colégio Soka na cerimônia de formatura (Japão, mar. 2003). Agora é a nossa vez! Cientes do grandioso legado deixado pelo sensei, chegou a hora de nos levantarmos, assim como o jovem Ikeda fez após o falecimento de seu mestre. No romance Nova Revolução Humana, o presidente Ikeda orientou: “Se houver um núcleo de jovens, ou melhor, se houver um único discípulo verdadeiro, o kosen-rufu poderá ser realizado infalivelmente”.3 A ação agora é se esforçar em prol dos objetivos sem jamais permitir que sentimentos contrários bloqueiem o trilhar do caminho de mestre e discípulo. É encarar e vencer os desafios com alegria e levar esperança por meio do diálogo com os amigos, conforme fez o Mestre. Dessa forma, acumularemos boa sorte e o legado do Mestre viverá para sempre. Vamos, juntos, como se estivéssemos de mãos dadas, nos esforçar para levar adiante o nobre empenho do presidente Ikeda e criar uma nova história do kosen-rufu. Dicas de livros Para conhecer a grandiosa trajetória do Mestre, acesse os livros Pé de Romã,  Diário da Juventude ou os trinta volumes da Nova Revolução Humana no CILE. Por favor, desejo que vocês, da Divisão dos Jovens, herdem e sucedam sem falta o solene espírito de mestre e discípulo dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai. As pessoas que assim o fizerem serão vitoriosas no final. Esse é o caminho fundamental para a vitória da Soka Gakkai no século 21, bem como o caminho para cumprir o juramento seigan pelo kosen-rufu. E é o grande caminho para a construção da paz mundial duradoura. (Nova Revolução Humana, v. 30-II, p. 348) Notas:1. Brasil Seikyo, ed. 2.173, 29 mar. 2013, p. B2.2. IKEDA, Daisaku. Seja a Esperança. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022, p. 109.3. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022, v. 30-II, p. 347. Fotos: Seikyo Press

01/12/2023

Editorial

Propagar o ideal de Ikeda sensei

Querido leitor e familiares, A Editora Brasil Seikyo (EBS) manifesta o mais profundo sentimento de pesar pelo falecimento do grandioso mestre, Daisaku Ikeda. Em meio à tristeza com a notícia de sua partida, nosso coração se encontra junto com o dos senhores. Exercendo seu papel como fontes de comunicação, os periódicos da EBS têm a difícil tarefa de transmitir a notícia do falecimento de Ikeda sensei. Mas, justamente por termos um mestre da vida, essa missão se expande para o eterno compromisso de louvar a sua inigualável existência dedicada à felicidade das pessoas. Assim, nosso desejo é que cada leitor receba esta edição como o registro da nobre vida do Mestre para toda a eternidade. A origem do ideal da batalha das palavras para transmitir a verdade e a justiça que sustenta a Editora Brasil Seikyo começou com Ikeda sensei. São 58 anos protegidos e observados pelo Mestre, que fundou a EBS em 3 de maio de 1965. E neste ano (2023) marcado pela retomada das atividades presenciais, após os desafios globais, renovamos nosso objetivo e nossa missão de transformar vidas e inspirar o mundo. Tudo foi idealizado e acompanhado pelo Mestre, de forma que nossas publicações foram regularmente reportadas a ele, o qual enviou considerações a todos os comunicados. A edição 262, foi enviada a Ikeda sensei e ele respondeu: “Entendido”. Essa resposta marca o ciclo, até o último momento, da relação do Mestre com os discípulos por meio dos periódicos da Editora Brasil Seikyo. Que o coração de Ikeda sensei sempre percorra as comunidades e os blocos de toda a BSGI por meio dessa relação cristalizada! No início do capítulo “Gratidão”, volume 28, da Nova Revolução Humana, Ikeda sensei afirma: Por que componho? Para acender a chama da esperança no coração dos amigos imersos na dor e na tristeza e para fazer com que a coragem se transforme em labaredas flamejantes! Para fazer com que ecoem no coração desta e daquela pessoa a harmonia do hino ao ser humano e, juntos, trilharmos o grande caminho da justiça!1 Ikeda sensei sempre escreveu com esse desejo expresso na Nova Revolução Humana e nós, da equipe da editora, temos o compromisso de registrar e perpetuar esse legado em nossos veículos. Faremos desta publicação um verdadeiro marco do renovar da missão de levar esperança e coragem aos leitores. Essa missão só estará completa com seu papel, leitor e discípulo, de fazer o ideal do Mestre em prol do kosen-rufu se propagar amplamente. Que a leitura desta RDez acalente seu coração e que a jornada do Mestre apresentada aqui o inspire diversas e diversas vezes a pôr em prática seus ideais para a edificação de um glorioso futuro rumo ao centenário de fundação da Soka Gakkai e para a posteridade. Vamos juntos bradar nosso “muito obrigado, Ikeda sensei”! Nota:1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 28, p. 107, 2020.

01/12/2023

Matéria do mês

Vamos construir nosso castelo Soka!

Dez anos da inauguração do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu Uma forte chuva caía nas ruas de Tóquio. Sem um carro ou mesmo um guarda-chuva para se protegerem, Josei Toda e Daisaku Ikeda tiveram de caminhar embaixo da tempestade. A visão de seu mestre totalmente encharcado apertava o coração do jovem sucessor. Após alguns passos, a sede do Supremo Comando das Forças Aliadas ergueu-se diante deles. O enorme prédio fez com que o discípulo lembrasse do sonho de Josei Toda de construir um edifício que pudesse servir como sede da Soka Gakkai. — Sensei, sinto muito por caminhar assim nesse frio. No futuro, comprarei um carro para que possa ir para todos os cantos. Também construirei prédios magníficos para o kosen-rufu. Pode contar comigo!1 Toda sensei sentiu profundamente a decisão sincera do jovem e sorriu feliz. Alguns anos depois, sob a liderança do presidente Ikeda, a Soka Gakkai se expandiu para 192 países e territórios e uma nova sede começou a ser construída. A cada dia, o prédio tomava forma com o que havia de mais moderno na arquitetura e no design. Foi então que, em 2013, no dia 18 de novembro, data da fundação da Soka Gakkai, o Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu, também chamado de Daiseido, foi inaugurado. O prédio se tornou um marco na concretização do juramento do discípulo. Este mês, comemoramos dez anos deste grande castelo Soka. Para se aprofundar no assunto e entender o real significado desta construção e como ela se relaciona conosco, bem como curiosidades, é só continuar lendo. Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu se ergue em meio às cerejeiras (Japão). Foto: Seikyo Press Tour pelo local Localizado no bairro de Shinanomachi, em Tóquio, no Japão, o Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu fica próximo das demais sedes e prédios de grande significado para a Soka Gakkai. Caminhando a pé por um minuto da estação de trem de Shinanomachi, você se depara com a imponente construção. De imediato, avista-se o portão sul (Kosen-mon). Ao longo da fachada, há oito grandes pilares que simbolizam os oito ideogramas chineses do Sutra do Lótus — “Demonstrar respeito ao devoto do Sutra do Lótus tal como faria ao Buda”2 — que representam o espírito Soka de prezar cada membro da Soka Gakkai como se fosse o Buda. Em frente ao portão sul, há uma bela praça que foi inaugurada em 1 de novembro de 2016. Ali, é possível apreciar as flores da estação. Indo para o lado norte do Daiseido, você encontra o portão Soka que dá acesso ao pátio norte. No local, há dois monumentos: o primeiro recebeu o nome de “Canção da Revolução Humana”, pois conclama a luta conjunta de mestre e discípulo, o caminho a ser seguido pelos jovens e a missão dos bodisatvas da terra;3 o segundo é um poema de Ano-novo escrito por Josei Toda em 1955: A jornada da ampla propagação da Lei Mística é longa; vamos nos incentivar mutuamente e juntos avançar.4 Agora que já conheceu a área externa, partiu adentrar no prédio. Por dentro do auditório O Daiseido possui sete andares. Eles foram construídos sobre uma base forte de 22 metros de profundidade, um cuidado do sensei para que o prédio se mantenha em pé e possa ser utilizado como abrigo em caso de terremoto. Ao passar pela entrada, você chega no hall Kosen. Uma curiosidade: o piso que reveste toda a parte térrea é de pedra brasileira. Terceiro andar Subindo o elevador direto para o terceiro andar, você chega no Auditório do Grande Juramento. No teto, é possível vislumbrar o desenho das asas de uma fênix. Elas simbolizam o zarpar do Budismo de Nichiren Daishonin como religião mundial. Neste local está consagrado o Joju Gohonzon, que possui a inscrição “Grande Desejo pela Concretização do Kosen‑rufu, a Propagação Benevolente da Grande Lei”. Foi diante desse Gohonzon que Josei Toda e Daisaku Ikeda oraram pelo estabelecimento do Budismo de Nichiren Daishonin como religião mundial. A base do oratório é constituída por pedras das 47 províncias do Japão e também dos 192 países e territórios em que há praticantes do Budismo Nichiren. Juramento Neste auditório, membros do mundo inteiro se reúnem para realizar o gongyo de juramento. Neste solene momento, as pessoas renovam suas decisões. Além disso, é possível assistir à reunião do gongyo de juramento sem saber falar japonês, pois ela é traduzida simultaneamente para vários idiomas. Você também pode realizar seu juramento neste grandioso local. Independentemente das circunstâncias atuais, não há limites para sonhar e tornar cada sonho realidade! Vamos desafiar a tudo e conhecer pessoalmente este maravilhoso castelo Soka! Foto: Getty Images Manter vivo o espírito Soka Agora que já conhecemos um pouco do Daiseido, eis a pergunta que não quer calar: qual é o significado dele para nós? Para descobrir, assista ao vídeo. Como vimos no vídeo, temos a grandiosa missão de proteger e construir o castelo Soka em nossa vida por meio das nossas vitórias. Este é o nosso juramento! Com base nesse ponto, na mensagem de inauguração do Daiseido, o Mestre orientou: “Este é meu juramento” — fazendo arder ainda mais fortemente a chama desta decisão, vamos nós, da família Soka, junto a este grande palácio do juramento pelo kosen-rufu, nos comprometermos mutuamente a adornar nossa vida com a conquista de uma indestrutível existência de grandes vitórias e plena realização, superando resolutamente todas as adversidades com união harmoniosa e vivacidade. (Brasil Seikyo, ed. 2.203, ed. 16 nov. 2013, p. A1) Com essa orientação em mente, desejamos que você decida construir o castelo Soka em sua vida e fazer seu juramento pessoalmente no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. *Dicas RDez Nesta matéria, fizemos um pequeno tour pelo Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. Se bateu curiosidade para saber mais sobre os demais andares do prédio, acesse o site. No dia que você for conhecer este imponente castelo Soka pessoalmente, vai precisar levar uma carta de apresentação emitida pela BSGI. Para solicitá-la, acesse aqui, digite o código de membro e a senha. Ao acessar a página da Extranet, clique em Centro Administrativo, Cadastro de Membros e, depois, Carta de Apresentação. Faça a solicitação, no mínimo, vinte dias antes da viagem. Desde o princípio [...] a organização Soka Gakkai procedeu da relação de mestre e discípulo. Por isso, para manter intensamente vivo o espírito Soka, o caminho de mestre e discípulo deve ser transmitido e perpetuado eternamente. Esse caminho origina-se do esforço do discípulo para aprender o espírito e a prática do Mestre. (Nova Revolução Humana, v. 23, p. 237) Notas:1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 22, p. 13, 2019.2. No Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Nichiren Daishonin afirmou: “Neste capítulo (28º), o buda Shakyamuni revelou o ponto mais importante que desejava expressar. Ele pregou o Sutra do Lótus por um período de oito anos e a mensagem que deixou para os seres vivos nesta era dos Últimos Dias da Lei totalizou oito ideogramas” (OTT, p. 781).3. Brasil Seikyo, ed. 2.210, 11 jan. 2014, p. B2.4. Terceira Civilização, ed. 584, abr. 2017, p. 46.

01/11/2023

ABC do Budismo

Unicidade de mestre e discípulo

Fala, pessoal! O Soundtrack está na área. Nesses últimos dias, refleti sobre a minha trajetória e os desafios enfrentados e percebi o quanto os ensinamentos do Mestre foram superimportantes nesses momentos. É isso mesmo: assim como o Naruto tem o Jiraiya, o Goku tem o mestre Kami e as Tartarugas Ninja têm o mestre Splinter, o Soundtrack aqui tem o mestre Daisaku Ikeda. Ele também é o sensei dos demais integrantes dos Sucessores Ikeda e a nossa grande fonte de inspiração! Essa relação que temos com o Mestre tem um nome: shitei funi que, em português, significa unicidade de mestre e discípulo. Profundo significado Quando ouvimos o termo “mestre e discípulo”, temos a impressão de que esse tipo de relacionamento é coisa das antigas, não é? Entretanto, no mundo das artes, dos esportes e das universidades, principalmente, a existência de um mentor é quase que obrigatória e se faz necessária para que o aprendiz obtenha conhecimento e técnicas para demonstrar todo o seu potencial. Além disso, a escolha de um mestre correto influencia na direção e no desenvolvimento do indivíduo. Por isso, quando estamos falando da nossa vida, a presença do Mestre se torna ainda mais importante. Por essa razão, o budismo enfatiza a relação de mestre e discípulo. Sobre isso, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, afirma: Tudo o que precisamos na vida é de um mestre. Somente os seres humanos podem escolher e seguir um mestre. Na busca do caminho de mestre e discípulo, podemos aprender qual é o maior tesouro para os seres humanos. (Brasil Seikyo, ed. 1.350, 13 jan. 1996, p. 3) Dentro da Soka Gakkai, os ideais de transmitir felicidade para todas as pessoas através dos ensinamentos do Budismo de Nichiren Daishonin iniciaram com o primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, que os transmitiu para seu discípulo Josei Toda que, por sua vez, foram herdados por Daisaku Ikeda. Agora chegou a nossa vez de herdar o espírito dos três Mestres Soka e incentivar as pessoas a serem felizes também! Conectar-se ao coração do Mestre A unicidade de mestre e discípulo é um sentimento muito particular e profundo que precisa ser cultivado diariamente pelo discípulo por meio do espírito de procura ao Mestre. Um meio para isso é conhecer a trajetória de vida do presidente Ikeda, ler seus incentivos e suas orientações e aplicá-los no cotidiano. Outra sugestão é, quando surgir um obstáculo, você se perguntar: “O que o Mestre faria agora?” Na Nova Revolução Humana, o presidente Ikeda conta: Inicialmente, aprendi sobre o budismo com Josei Toda. A fé não ocorreu primeiro e, sim, meu encontro com ele. A fé veio mais tarde. Estou explicando isso porque acredito que, assim como a humanidade do caráter de Josei Toda foi o elemento decisivo na minha relação com o budismo, a preocupação com o bem-estar da humanidade deveria ser o ponto de partida de tudo na sociedade. (Nova Revolução Humana, v. 22, p. 48-49) Dito isso, gostaria de propor um desafio a vocês: listem três desafios que estão enfrentando neste momento. A próxima etapa é buscar na história de vida de Ikeda sensei alguma orientação sobre esses desafios. Podem pedir ajuda ao responsável da localidade, buscar nos impressos, na RDez ou nos livros. Tenho certeza de que haverá algo escrito especialmente para vocês. E aí, aceitam o desafio? Um forte abraço e até a próxima! Ilustrações: Getty Images

02/10/2023

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