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Nova Revolução Humana

Abrir o caminho para a paz

PARTE 13 Dirigindo-se por último ao microfone, Shin’ichi Yamamoto elogiou o evento como “festival cultural de brilho, som e força da paz” e expressou sinceros agradecimentos aos convidados, entre eles os governadores das províncias de Gifu e de Aichi. Então, proferiu breves palavras de cumprimento: — Para uma existência plena e significativa, é importante voltar sempre ao ponto fundamental e analisar qual caminho avançar. Significa analisar diversas questões, por exemplo, “Como viver minha existência?”, “Qual é o real propósito da minha vida?”, “Quais são os princípios para a realização da paz?”. Em outras palavras, é crucial possuirmos uma sólida base filosófica. Quero afirmar que, quem avança rumo ao ideal da paz, dialogando sobre essas questões com muitos amigos e pondo em prática essa filosofia, juntos, no dia a dia, somos nós, membros da Soka Gakkai. Uma imensa salva de palmas reverberou como se ecoasse no Monte Kinka [próximo ao estádio], onde o Castelo de Gifu se localiza. Ele prosseguiu: — Desde a antiguidade, as religiões verdadeiramente capazes de empoderar as pessoas sempre foram alvos de calúnias e de críticas. Porém, espero que os senhores, que buscam criar a paz perene no século da vida, iniciem um avanço imponente rumo ao século 21, ultrapassando corajosamente todos os tipos de obstáculos que surgirem. Por favor, tornem-se pessoas de confiança em seu local de trabalho, na escola, no lar e na comunidade social. Essa é a forma de demonstrar a grandiosidade do Budismo Nichiren e abrir o caminho para a paz. A chuva começava a cair como se esperasse o término do Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Chubu. Observando o aspecto dos jovens participando de forma vibrante, Shin’ichi estava convicto de que um indestrutível castelo dourado Soka havia sido construído em Chubu. Edificar uma fortaleza invencível do kosen-rufu em Chubu, localizado no meio do caminho entre Tóquio e Kansai, era um “juramento de mestre e discípulo” compartilhado entre Shin’ichi e seu mestre, Josei Toda. Na juventude, Shin’ichi Yamamoto ofereceu um poema ao seu mestre: Bravos heróis, levantem-se agora! Construam agora, com coragem, o castelo dourado, a fortaleza de Chubu. Josei Toda retribuiu imediatamente com o poema: Forças do Buda, avancem agora! Sem temor! Minha expectativa, do levantar da fortaleza de Chubu! Esse desejo de mestre e discípulo se realizava agora de forma esplêndida. Foi um festival cultural que marcou uma história de grande vitória. PARTE 14 Nos dias 18 e 19 de setembro, foi promovido de forma magnífica o 2o Festival Cultural pela Paz Mundial com o tema “A Renascença da Paz” no Estádio de Beisebol Seibu Lions, na cidade de Tokorozawa, província de Saitama. Fazia um ano e três meses desde a realização do 1o Festival Cultural pela Paz Mundial em junho do ano anterior na Arena Rosemont Horizon, próxima à cidade de Chicago, Estados Unidos. Desta vez, o 2o Festival Cultural pela Paz Mundial aconteceu à noite em um estádio externo, reunindo 40 mil membros da Divisão dos Jovens, incluindo 3 mil representantes da SGI de 37 países e três territórios. Shin’ichi Yamamoto participou da sessão do dia 19 de setembro. O festival realizado com um público de 30 mil pessoas, incluindo 12 mil convidados de diversos segmentos da sociedade, foi um espetáculo de sons e de luzes que retratava o hino da paz mundial, como também o juramento de torná-lo realidade. Nesse dia, desde a manhã, a chuva era inconstante, ora mais forte, ora mais fraca. Pouco depois das 16h30, uma hora antes do início do festival, Shin’ichi desceu do carro usando traje social no campo chuvoso do estádio. Desejava manifestar sincera gratidão aos jovens figurantes, entre os quais os participantes do painel humano. Ele percorreu o campo do estádio em meio à chuva que persistia, sem ao menos utilizar guarda-chuva. O estádio foi envolto por gigantesca ovação. Enquanto caminhava, acenava e cumprimentava respeitosamente a todos em sinal de gratidão, parando diversas vezes. Ao receber o microfone das mãos de um jovem da comissão organizadora, Shin’ichi clamou: — Muito obrigado pelos seus esforços! Por favor, façam de tudo para não se resfriarem. Muitíssimo obrigado! A fala de Shin’ichi não era nada pretensiosa. Suas palavras pareciam vir de um pai que se preocupava com seus amados filhos. Obviamente, o sucesso do Festival Cultural pela Paz Mundial era importante. Todos vieram se empenhando nos ensaios visando aquele dia, vários meses atrás, enfrentando a estação chuvosa e os dias de calor escaldante do verão. E Shin’ichi veio orando com seriedade para o sucesso do evento. Todavia, para ele, era ainda mais importante que os jovens não adoecessem nem se envolvessem em acidentes. Afinal, eram preciosos jovens sucessores, tesouros da Soka Gakkai e porta-estandartes da paz mundial. PARTE 15 O Festival Cultural pela Paz Mundial apresentou, entre outras, uma dança rítmica das integrantes da Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro, repletas de esperança, com o tema “Olhos Brilhantes”, e o grupo de ginástica dos componentes da Divisão dos Estudantes Esperança e Herdeiro, com o tema “Levantando Voo”, que demonstrava a força jovem movimentando-se dinamicamente rumo ao futuro. O painel humano horizontal da Divisão Masculina de Jovens preencheu o campo do estádio com os ideogramas “Ondas de Paz”, expressando o juramento de edificar a paz perene. Os meninos e as meninas da Divisão dos estudantes Futuro apresentaram uma dança rítmica, enquanto jogavam enormes bolas para o alto, expressando um grande sonho rumo ao infindável futuro. O “Balé com Tochas” da Divisão Feminina de Jovens começou com uma única tocha acesa, seguida de duas, três, cinco até completar seiscentas belas chamas que bailaram como “Luzes da Paz”. Na parada da SGI, os membros do exterior, que tinham viajado ao Japão, marcharam juntos, cantando e sorrindo, inclusive com os companheiros da Irlanda e da Inglaterra, cujos países se encontravam em constante conflito por disputa de zonas exclusivas para pesca. Assim diziam os versos da canção da SGI March toward the 21st Century [Marcha para o Século 21]: A estrada por onde trilhamos é longa, Mas com esperança em nosso coração, nós continuaremos Marchando rumo à vitória, No século 21 Para esse festival cultural, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Javier Pérez de Cuéllar, com quem Shin’ichi havia se encontrado no mês anterior, no dia 24 de agosto, também enviou sua mensagem: Nestes tempos difíceis, em que a divisão e a desordem caracterizam a situação internacional, é de suma importância renovar a decisão de rumar aos ideais consagrados na Carta das Nações Unidas. A humanidade mantém a ONU como mecanismo internacional que possibilita a preservação da paz e a promoção do desarmamento. Mas esse mecanismo só será eficaz se a humanidade se comprometer seriamente a utilizá-lo, envolvendo-se inteiramente para o fortalecimento da autoridade desse organismo. Caso contrário, não há como evitar o caminho de uma destruição global, sem que ninguém consiga impedi-la. Ele enfatizou que uma organização não governamental (ONG) como a Soka Gakkai Internacional (SGI) tem papel extremamente significativo na criação do apoio de cidadãos do mundo às Nações Unidas e na concretização do objetivo de paz e desarmamento. E manifestou sua convicção de que esse festival cultural se tornaria o multiplicador da força internacional em direção a esse objetivo. Shin’ichi estava decidido a expandir os laços de solidariedade do povo em prol da paz, transcendendo as fronteiras entre as nações, e a empenhar ainda mais esforços para apoiar as Nações Unidas, um parlamento de toda a humanidade. PARTE 16 O Festival Cultural pela Paz Mundial foi realizado não somente nas regiões de Kansai e de Chubu, mas também em cada província do Japão, criando uma nova correnteza do movimento para desenvolver a consciência do valor e da importância da paz. O ano de 1982 foi para a Soka Gakkai um período sem precedentes em que se marcou um passo ainda maior na promoção do movimento em prol da paz mundial. Foram realizados seminários dos jovens promovidos pela Conferência dos Jovens pela Paz e pelo Comitê dos Universitários pela Paz, como também uma série de palestras organizadas pelo Comitê das Mulheres pela Paz. A segunda mostra de As Mulheres e a Guerra do Pacífico, e diversas exposições com foco na história de cada região, tais como A Batalha de Okinawa e seus Cidadãos e A Guerra e o Povo de Tokushima, foram alguns dos exemplos de movimentos pela paz enraizados na base de cada localidade. Em abril, a Conferência dos Jovens da Soka Gakkai pela Paz e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados patrocinaram a campanha de arrecadação de fundos para ajuda aos refugiados da Ásia em cerca de 650 locais do Japão. A Divisão dos Jovens, em conjunto com o Centro de Informações das Nações Unidas, montou a exposição Nós e as Nações Unidas exibida no Salão da Paz da Cidade de Nagasaki. Em 7 de junho, foi realizada na sede das Nações Unidas em Nova York a segunda sessão especial sobre desarmamento na Assembleia Geral das Nações Unidas. Como organização não governamental filiada à ONU, a Soka Gakkai Internacional apoiou esse evento enviando uma delegação de cinquenta representantes a Nova York, incluindo trinta pessoas vítimas da bomba atômica de Hiroshima e de Nagasaki. O grupo copatrocinou um fórum no qual esses sobreviventes do bombardeio compartilharam suas experiências. Conduziu também uma reunião de intercâmbio com representantes de ONGs americanas antinucleares. Além disso, a exposição Ameaça Nuclear no Mundo Atual (mais tarde, com a nova denominação Armas Nucleares: Ameaça no Mundo Atual), organizada pela Soka Gakkai em cooperação com o Departamento de Informações Públicas da ONU e as cidades de Hiroshima e de Nagasaki, foi apresentada no saguão público do edifício da Assembleia Geral das Nações Unidas, iniciando quatro dias antes da assembleia e prosseguindo até o encerramento da sessão especial de desarmamento. As pessoas do mundo desconhecem as terríveis consequências de um ataque nuclear real. O Japão é o único país a sofrer um ataque nuclear em uma guerra, e experimentou diretamente a tragédia e o horror da bomba atômica com um número gigantesco de vítimas. Por isso mesmo, a missão vital do país se encontra em trabalhar pela extinção das armas nucleares da face da terra. O ganhador do Prêmio Nobel de Física Albert Einstein expressou sua convicção: “Se tivermos a coragem de decidirmos pela paz, teremos paz”.1 Somente o ser humano possui o poder de livrar o mundo da guerra. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

20/02/2025

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 26 (parte 1)

A confiança é construída com o ato de cumprir o que prometemos Em outubro de 1977, enquanto visitava Atsuta, Hokkaido, Shin’ichi Yamamoto visitou uma mercearia gerida por Toru e Tomi Motofuji, casal que atuava, respectivamente, como líder de bloco da Divisão Sênior e da Divisão Feminina em Morai, Atsuta. Naquele momento, Toru, veio correndo do fundo da loja, exclamando: — Sensei! Tomi perdeu a fala. — Vim cumprir a promessa que fiz há dezessete anos. Economizei dinheiro para poder comprar tudo o que vocês têm na loja! — disse Shin’ichi, sorrindo. Toru, olhou para Shin’ichi com cara de quem não estava entendendo nada. — Sua promessa de dezessete anos atrás? — Correto. Em 1960, quando vim a Atsuta estender minha consideração a todos após me tornar presidente da Soka Gakkai, prometi que visitaria sua casa. — Ah! — disse Toru, ao se lembrar subitamente. Tomi também olhou surpresa para Shin’ichi. Confiança se constrói com promessas cumpridas. Para conquistarmos a confiança, é importante cumprir as promessas, mesmo que as pessoas a quem as fizemos se esqueçam, pois só assim consolidaremos nosso próprio rumo, princípios e caráter. Shin’ichi comprou vários produtos na pequena loja dos Motofuji. (...) Tomi pôs-se a embalar ativamente as compras de Shin’ichi em caixas de papelão. O rosto sorridente de Toru pouco a pouco foi assumindo uma expressão de profunda emoção. Ele pensou: “O presidente Yamamoto veio até a minha loja apesar de ser tão ocupado, por causa de uma promessa feita há dezessete anos. E está comprando tudo isso para nos incentivar. Existe no mundo outra pessoa assim?”. Quando Shin’ichi terminou a compra, disse ao casal: — Uma loja pequena como esta talvez não lucre como um grande supermercado, mas desempenha papel vital para as pessoas da localidade. Por favor, finquem raízes na comunidade como uma robusta árvore de importante presença. O sucesso da loja e a felicidade de vocês serão a prova da vitória na fé. Virei novamente. Cuidem-se bem! As palavras dele despertaram Toru. Percebendo que a loja não existia só para sustentar sua família, mas também para apoiar as pessoas da localidade, sentiu um profundo senso de missão. (Capítulo “Atsuta”) Vitoriosos são aqueles que fazem do kosen-rufu sua prioridade máxima Em novembro de 1963, Shin’ichi participou da cerimônia de inauguração e consagração do Gohonzon da Sede Regional de Matsuyama, a primeira sede da Soka Gakkai na província de Ehime. Um breve encontro com Shin’ichi após a reunião levou Naokazu Hanyu a fazer um profundo juramento. Em suas considerações na ocasião [durante seu discurso na cerimônia], Shin’ichi salientou que as sedes da Soka Gakkai são fortalezas para a criação de “valores humanos” e fortalezas da compaixão que conduzem as pessoas à iluminação. Incentivou os membros a se esforçarem com a determinação de ajudar a todos a conquistarem a felicidade e de concretizar o kosen-rufu em Matsuyama. Quando estava partindo, ele trocou apertos de mãos com os participantes. Naokazu Hanyu, que já era membro havia um ano, também estava presente. Shin’ichi segurou firmemente a mão de Naokazu e, olhando nos olhos dele, disse: — Confio-lhe Matsuyama! Respondendo ao aperto de mão de Shin’ichi com a mesma firmeza, Naokazu afirmou veementemente: — Darei o máximo de mim! Ele prometeu a si mesmo: “Selei um compromisso e um juramento pessoal com o presidente Yamamoto. Devo me certificar de que não se tornem palavras vazias. Assumirei a responsabilidade pelo kosen-rufu em Matsuyama!”. Com essa determinação, empenhou-se incansavelmente. Ele e sua esposa, Misako, foram os primeiros líderes da Divisão Sênior e da Divisão Feminina da comunidade, e depois do distrito, na região, na época pioneira, abraçando o kosen-rufu e a organização como prioridade máxima deles. (...) Percebendo que os membros se incomodavam por não possuírem um centro de atividades local, os Hanyu abriram sua casa para reuniões. Na época, eles moravam no andar de cima do estabelecimento comercial deles e os participantes das reuniões tinham de entrar pela loja. Ao tomar conhecimento de que havia um fluxo constante de pessoas entrando e saindo, um fiscal tributário apareceu para fazer uma inspeção. Ele julgava que Naokazu devia estar lucrando muito mais do que declarava. Mas, quando Naokazu tirou seu livro-caixa, o fiscal não quis examinar e foi embora, pois percebera que, apesar de muitos visitarem a loja, estavam se dirigindo ao andar superior, e saíam sem comprar nada, pois estavam lá para participar de reuniões. Em seu trabalho, Naokazu sempre se esforçava para atender aos clientes da melhor forma, e adotava a mesma postura em relação aos membros. (...) Durante o período em que os Hanyu atuaram como líderes da Divisão Sênior e da Divisão Feminina de comunidade, muitos integrantes de sua organização se tornaram campeões do kosen-rufu da mais alta categoria. O Distrito Ehime, ao qual pertenciam, tinha mais de dez comunidades, mas com frequência mais da metade dos resultados de propagação advinha da comunidade dos Hanyu. (...) [Muitos anos depois, em 1978] Quando Shin’ichi agradeceu ao casal Hanyu pelo empenho em prol dos membros da localidade, Naozaku lhe respondeu: — Por favor, não há de quê. Apesar de ser turrão e franco por natureza, meus negócios estão indo bem. Recebi muitos benefícios. Passei a compreender profundamente que, quando nos esforçamos pelo kosen-rufu e pela felicidade dos companheiros da organização, somos protegidos infalivelmente. Eu é que devo lhe externar meus agradecimentos e gratidão. Shin’ichi percebeu nas palavras de Naokazu o espírito de doar com alegria. De livre vontade, ele oferecera seu tempo e recursos em prol da Lei, da Soka Gakkai e dos membros. (Capítulo “Estandarte da Lei”) Veja vídeo da série "Aprender com a Nova Revolução Humana", volume 26. (Traduzido da edição de 10 de fevereiro de 2021 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.)

20/02/2025

Caderno Nova Revolução Humana

Cultivar a paz aqui e agora

PARTE 9 O movimento da Soka Gakkai pela paz é baseado na ação de edificar as “Defesas da paz na mente dos homens”,1 conforme consta no preâmbulo da Constituição da Unesco, estabelecendo no coração das pessoas o princípio budista de respeito à dignidade da vida. O Budismo Nichiren, que incorpora a essência do Sutra do Lótus, nos mostra como revelar o estado de buda inerente aos seres humanos, extinguindo o mal e criando o bem na própria mente. Assim, indica o rumo para estabelecer a felicidade de si próprio e a felicidade dos outros. Os membros da Soka Gakkai põem esse ensinamento em prática no dia a dia em que cada um desafia sua revolução humana e a transformação do destino repleto de sofrimentos. E como protagonistas da edificação da sociedade, vêm expandindo os laços de solidariedade embasados na filosofia de respeito à dignidade da vida. Paz não é meramente ausência de guerra. A verdadeira paz é aquela em que todos do planeta Terra sintam, de fato, felicidade e alegria de viver, libertando-se do medo e da ansiedade causados pela ameaça das armas nucleares, da fome, da pobreza e da discriminação, que intimidam o ser humano. Os membros da Soka Gakkai possuem a experiência de ter uma vida realmente repleta de alegria e felicidade. Em suas palavras de cumprimento, o coordenador-geral de Kansai, Koichi Towada, manifestou a decisão de contribuir ainda mais para a paz visando um mundo livre de armas nucleares e da tragédia da guerra, fazendo daquele Festival Cultural pela Paz dos Jovens uma nova e refrescante partida. Em seguida, apresentou a mensagem do secretário-geral das Nações Unidas, Javier Pérez de Cuéllar, enviada ao presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Shin’ichi Yamamoto, para a ocasião. O secretário-geral escreveu: — “Ao tomarmos conhecimento da contribuição de uma organização não governamental japonesa como a Soka Gakkai em promover a paz do mundo e o desarmamento, sentimo-nos bastante encorajados. (...) Tenho profunda gratidão pelos esforços do presidente da SGI e da Soka Gakkai em divulgar amplamente aos povos e aos governos do mundo os perigos da corrida armamentista”. Nas discussões entre os Estados-membros das Nações Unidas, referentes à priorização da proteção dos interesses próprios de cada nação, há uma realidade de pouco avanço nas negociações pelo desarmamento e pela eliminação de armas nucleares. As organizações não governamentais possuem um importante papel para romper tais impasses, expandindo os laços de solidariedade de pessoas contra a guerra e criando uma poderosa onda de mudanças da época. No ano anterior, em 1981, a Soka Gakkai foi registrada como organização não governamental no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e no Departamento de Informação Pública das Nações Unidas (DPI). No dia 26 de janeiro de 1982, sétimo aniversário de fundação da SGI, foi criado o Comitê da Paz da Soka Gakkai, e com isso se iniciou um movimento concreto em prol da paz de forma ainda mais ampla. O budismo existe para proteger os seres humanos. Portanto, proteger a paz é nossa missão como budista. No Festival Cultural pela Paz dos Jovens, o prefeito de Hiroshima, Takeshi Araki, e o prefeito de Nagasaki, Hitoshi Motoshima, proferiram seus cumprimentos representando cerca de 5.500 convidados que assistiram ao evento. O prefeito Motoshima, por sua vez, manifestou admiração valorizando sobremaneira os esforços da Soka Gakkai por vários anos em prol da paz, desde a época da Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, do segundo presidente Josei Toda. Citou iniciativas como a publicação de testemunhos dos sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima e de Nagasaki, e o abaixo-assinado clamando pela abolição das armas nucleares. PARTE 10 O prefeito Hitoshi Motoshima observou que os esforços de Shin’ichi Yamamoto ao desejar a paz mundial e a felicidade da humanidade realizando diálogos com numerosos líderes mundiais, tais como com o primeiro-ministro soviético Aleksey Kosygin, o secretário de Estado dos Estados Unidos Henry Kissinger e o primeiro-ministro chinês Zhou Enlai são a chave para a concretização da paz. Ele prosseguiu: — Vamos prometer um ao outro que jamais uma terceira bomba atômica seja jogada em qualquer parte do nosso planeta — que Nagasaki seja o último local do mundo a sofrer um ataque com armas nucleares! (...) Conclamo a todos que, por favor, tomem a vanguarda do movimento em prol da paz em cada região do Japão! Então, o prefeito Araki falou sobre a afirmação de Shin’ichi Yamamoto: — “O Japão, único país do mundo vítima de guerra por bombardeio atômico, possui a missão de se tornar o pioneiro mundial rumo à total abolição das armas nucleares”. Araki disse ainda que essa afirmação retratava uma filosofia prática de ações embasadas no sentimento de paz de Hiroshima e de Nagasaki e suas experiências deveriam ser conhecidas por todo o mundo. Declarou categoricamente: — O maior desejo da humanidade, de estabelecer a paz perene no mundo, deve ser criado em torno do forte laço de solidariedade entre os povos, de interação de coração a coração dos seres humanos com a mútua descoberta da natureza do bem que brilha nas profundezas de cada ser. E prosseguiu dizendo que, nesse sentido, desejava louvar e aplaudir os esforços da Divisão dos Jovens da Soka Gakkai na promoção das atividades em prol da paz e cultura. PARTE 11 No Festival Cultural pela Paz dos Jovens, após os cumprimentos do presidente da Soka Gakkai, Eisuke Akizuki, Shin’ichi Yamamoto recebeu o microfone. Manifestando profunda gratidão aos figurantes e aos convidados, falou sobre o pensamento da Soka Gakkai em relação à paz. — A paz é o desejo de toda a humanidade. Tendo como base a Lei correta e os princípios do Budismo Nichiren, viemos avançando unos em mente rumo à paz. E daqui para a frente, continuaremos avançando ainda mais firmemente. Mesmo que surjam diversas calúnias e críticas, temos de superá-las e avançar como uma gota de uma grande correnteza a realizar o mais importante objetivo da paz, o grande desejo da humanidade. Meus amigos, confio-lhes esta tarefa! Ao expor sua expectativa de que continuassem contribuindo no ambiente de trabalho e na localidade, conclamou: — Meu desejo é que tornem a Soka Gakkai uma organização ainda mais amada e confiada que hoje! Shin’ichi ofereceu o seguinte poema aos jovens de Kansai: Oh, Kansai! de céu claro e terra iluminada. Os cem mil bravos heróis da paz criaram história! O 1o Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Kansai tornou-se o levantar do sol para anunciar o novo amanhecer da paz alicerçada nas pessoas comuns. E, em meio à emoção, fecharam-se as cortinas. O sumo prelado da Nichiren Shoshu, Nikken Abe, era um dos convidados do festival. Cerca de dois dias após o término do evento, o clero ordenou que Shin’ichi fosse imediatamente ao templo principal. Shin’ichi alterou seu plano de visitar as províncias de Quioto e de Shiga, localizadas em Kansai, e, junto com Akizuki, dirigiu-se ao templo principal no dia 25 de março. Quem os aguardava com aspecto furioso, tal como asura, era Nikken, que disparou a falar com arrogância. Era a respeito de um trecho da Declaração pela Paz, proferida pelos membros da Divisão dos Jovens no festival cultural: “Elevando amplamente o Budismo de Nichiren Daishonin como eixo espiritual da época e do mundo”. Ele afirmava que “elevar” algo originalmente grandioso como o Budismo de Daishonin era totalmente desrespeitoso. Sem dúvida, uma colocação que se prendia meramente à semântica. Era óbvio que, para qualquer ouvinte, o verdadeiro sentido daquelas palavras é o juramento para tornar amplamente o budismo a base espiritual da época e do mundo. Para o espelho de uma mente distorcida, tudo parece distorcido. PARTE 12 Nikken se queixava também das palavras de cumprimento de Shin’ichi Yamamoto no 1o Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Kansai. Ele indagava por que Shin’ichi se referiu a ele como “sumo prelado Nikken Shonin” e não como “sua santidade, o sumo prelado”. Assistindo àquele espetacular e emocionante festival cultural, longe de pensar em agradecer aos jovens, Nikken convocou Shin’ichi e Akizuki ao templo principal somente para lhes dizer isso. Eles estavam simplesmente chocados com a postura de profunda arrogância de Nikken, que demonstrava ciúme e expunha sua verdadeira natureza ostentando seu autoritarismo. Mesmo assim, a atitude de Shin’ichi de manter a união harmoniosa entre clérigos e adeptos pelo bem do kosen-rufu não mudava nenhum pouco. “Agora é o momento da nova construção da paz e cultura!”, pensou. Com esse espírito, no dia 29 de abril, em comemoração dos trinta anos do kosen-rufu da região de Chubu,2 70 mil jovens se reuniram para realizar de forma magnífica o 1o Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Chubu, no Estádio de Esportes de Gifu. Revertendo a previsão de tempo “nublado seguido de chuvas”, observava-se extenso céu azul. O festival cultural se iniciou com a entrada da bandeira das Nações Unidas, da bandeira da paz da Soka Gakkai e da bandeira da Soka Gakkai de Chubu ao estádio, seguida do hasteamento delas. A partir daí, desenrolou-se uma deslumbrante imagem de harmonia humana: magníficas danças a celebrar a juventude, músicas alegres e empolgantes e muitas outras apresentações repletas de paixão e de energia provindas de jovens unidos em um só propósito. O vice-diretor do Centro de Informações das Nações Unidas, Nobuaki Oda, proferiu seus cumprimentos representando os convidados: — O festival cultural do dia de hoje me fez sentir profundamente que a paz não é algo a ser criado em algum lugar distante deste mundo, mas sim em nossa própria volta, neste exato local. Esse é o espírito do presidente da SGI que tenho testemunhado em suas contribuições para as Nações Unidas, e me traz forte emoção. Ele também disse que naquele ano seria realizada uma sessão especial pelo desarmamento (de 7 de junho a 10 de julho de 1982) na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A apresentação do Festival Cultural pela Paz dos Jovens nessa mesma época representava grande expectativa para as Nações Unidas. O dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht (1898–1956) afirmou em sua Canção da Solidariedade que a “União é a chave para a vitória”. Para realizar o grande ideal da paz, é necessária a mobilização da força e da paixão dos jovens. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.Ilustrações: Kenichiro Uchida

06/02/2025

Aprender com a Nova Revolução Humana

Viver com o Gosho: volume 25 (parte 3)

Ensinar algo a outra pessoa é como lubrificar as rodas de uma carruagem a fim de que girem, ainda que esta seja pesada, ou como pôr um barco na água para que navegue sem dificuldade. O Rico Sudatta1 Nutrir e incentivar os jovens por meio do nosso próprio exemplo Em 11 de março de 1977, Shin’ichi Yamamoto visitou a província de Fukushima e falou detalhadamente aos líderes sobre os fundamentos do incentivo e treinamento aos jovens para o bem do futuro. Desenvolver jovens resulta em um futuro radiante e dourado. Esse foi o motivo pelo qual Shin’ichi abordou a questão em detalhes com os líderes de província. — Não somente nos esforços de propagação, mas também em todas as atividades, é importante deixar bem claro o propósito e confirmá-lo com os envolvidos. Isso permite que todos evidenciem seu potencial pleno e avancem sem se desviar do caminho. Seria pertinente lembrar, contudo, que não podemos simplesmente explicar aos jovens, os quais não possuem experiência prévia em divulgar os ensinamentos de Nichiren Daishonin, sobre o significado da propagação, incentivá-los a se esforçar ao máximo e esperar que obtenham êxito. (...) Precisamos lhes mostrar, com o nosso próprio exemplo, como apresentar o budismo a outras pessoas. Uma maneira eficaz seria os veteranos na fé, membros da Divisão Sênior e da Divisão Feminina que tiveram êxito em explicar o Budismo Nichiren aos outros, relatarem suas experiências. Também é necessário levar os jovens conosco, por vezes, quando formos falar sobre o budismo com os outros, ensinando-lhes em meio à prática budista real, um exemplo de como fazê-lo. Proporcionando-lhes a oportunidade de nos observar em ação, eles pensarão: “Entendi. É assim que se faz. Consigo fazer isso. Quero tentar!”. Quando as pessoas julgam que algo está além de sua capacidade, hesitam em agir. Mas se pensarem que são capazes de realizar, elas agirão. (...) Incentivos e orientações servem para identificar o que está nos detendo, remover o obstáculo e despertar nossa coragem. (Capítulo “Luz da Felicidade”) Aceitar é fácil; manter é difícil. Porém, para se atingir o estado de buda é necessário manter a fé. A Dificuldade de Manter a Fé2 Levando uma vida exemplar dedicada ao kosen-rufu Em 5 de janeiro de 1977, a terceira parte da explanação de Shin’ichi sobre O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos foi publicada no Seikyo Shimbun. — O princípio essencial e imutável do kosen-rufu sempre será o espírito de levantar-se só. Nichiren Daishonin, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda levantaram-se sós bravamente. (...) Falando mais claramente, o espírito de levantar-se só significa cada um de nós assumir total responsabilidade pela propagação da Lei Mística na família, na comunidade e em todos os ambientes. Todos nós possuímos um relacionamento com familiares, parentes e amigos que é particular a cada um de nós. Da perspectiva da Lei Mística, esses vínculos são a órbita da nossa missão, e são laços profundos que ligam nossa vida com a dos outros. (...) É o que torna o princípio de levantar-se só tão relevante. Devemos ter em mente que nos encontramos neste local e neste momento como emissários do buda Nichiren Daishonin. Como bodisatvas da terra, devemos nos levantar, cada qual onde estiver, e agir. Jamais se esqueçam de que essa é a única maneira de se realizar o kosen-rufu. Em nossa vida cotidiana, apresentar o budismo às pessoas representa uma atividade comum e, ao mesmo tempo, extremamente desafiadora. Pelo fato de as pessoas à nossa volta nos conhecerem tão bem, fingimento ou simulação não funcionam. Só nos resta nos empenhar diligentemente com honestidade, sinceridade, perseverança e intensa paixão, demonstrando provas reais. Nesses esforços reside o verdadeiro significado da nossa prática budista. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 353, 2020. 2. Ibidem, v. I, p. 492, 2017. Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 25: Ilustração: Kenichiro Uchida Traduzido da edição de 17 de novembro de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.

06/02/2025

Livros

Luta de contínuas vitórias ao lado do Mestre

REDAÇÃO Se fôssemos resumir os eventos narrados no décimo volume da série Revolução Humana em uma única frase, esta poderia muito bem ser: “tornar possível o impossível”. O volume a ser lançado pela Editora Brasil Seikyo e disponibilizado aos assinantes do Clube de Incentivo à Leitura (CILE) em março descreve os bastidores de uma das mais importantes movimentações de propagação do Budismo Nichiren nos primórdios da Soka Gakkai. Ao ser enviado por seu mestre a Osaka, região de Kansai, Shin’ichi Yamamoto (pseudônimo do autor, Daisaku Ikeda, na obra) abraça com todo o seu ser a tarefa de impulsionar o kosen-rufu e promover a “pacificação da terra” na localidade. Para isso, ele se dedica incansavelmente à orientação aos líderes e membros para a realização do shakubuku, ao despertar da consciência dos novos membros e ao estabelecimento do estudo do budismo como base para a vida diária. O ano é 1956, e a Soka Gakkai, após a sua decisão de apresentar seis candidatos às eleições para a Câmara Alta no Japão, lança-se à campanha com esforços coordenados para divulgar os valores de paz, cultura e educação na sociedade e levar ao Parlamento do Japão pessoas que, de fato, representassem os interesses do povo. A grande vitória do movimento de propagação que culmina na designação de “Kansai de Contínuas Vitórias” e a eleição de três dos seis candidatos membros da Soka Gakkai, duas vitórias até então inimagináveis, colocam a organização em posição de destaque na sociedade. Ao atrair essa atenção, a Soka Gakkai também começa a enfrentar perseguições e a ameaça da opressão, trazendo à tona a discussão sobre a transformação do carma de um país e questões como justiça, dignidade da vida e mudança social. A série Revolução Humana precede cronologicamente a Nova Revolução Humana e terá, ao todo, doze volumes. Enquanto a Nova Revolução Humana narra a trajetória de Daisaku Ikeda a partir de sua posse como terceiro presidente da Soka Gakkai e sua partida rumo à realização do kosen-rufu mundial, a Revolução Humana traz um rico registro da luta de Ikeda sensei ao lado do seu mestre desde o período pós-guerra no Japão visando à reconstrução e ao estabelecimento da organização até a posse do jovem presidente em 1960. Para receber o livro físico em casa (plano Ouro ou Diamante) ou ter acesso à versão digital pelo CILE Digital antecipadamente, assine o CILE até 28 de fevereiro. Veja aqui os kits de março para cada plano do CILE PLANO DIAMANTE Livros são joias preciosas. O Diamante é o plano de assinatura do CILE perfeito para você que gosta de uma experiência completa de leitura no formato físico. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 card colecionável 1 brinde especial 1 marcador de página Resenha digital e conteúdos extras 59,00/mês + Taxa de entrega PLANO OURO O Ouro é o plano de assinatura do CILE ideal para os leitores que estão iniciando a jornada de incentivo à leitura. Nele você recebe mensalmente: 1 livro lançamento 1 marcador de página 39,00/mês + Taxa de entrega Assista ao vídeo sobre o livro Revolução Humana, volume 10. Confira no Instagram o vídeo spoiler do lançamento de março Quer fazer parte do CILE? Para garantir a sua leitura e receber essa obra no mês de março de 2025, assine o CILE até 28/02/2025. Acesse o site: www.cile.com.br Para os assinantes do CILE Digital, a obra ficará disponível a partir do dia 01/03/2025 em www.ciledigital.com.br Fotos: BS | Reprodução

06/02/2025

Nova Revolução Humana

Esperança e juramento pelo kosen-rufu

Parte 1As portas da nova era são abertas pelos jovens. Quando jovens talentos se desenvolvem em sucessão e exercem sua capacidade, há o eterno progresso da organização, da sociedade e do país. É por essa razão que Shin’ichi Yamamoto dedicou toda a sua alma focando sempre no crescimento deles. A condição essencial para o pleno desenvolvimento dos jovens como sucessores do kosen-rufu reside, acima de tudo, em conquistar a convicção inabalável na prática da fé. E também está em se conscientizar sobre a profunda missão como bodisatvas da terra, com o aprimoramento de si próprios ao cultivar uma nobre personalidade. Portanto, é de suma importância buscar o crescimento como ser humano, incorporando valores tais como senso de desafio, persistência e responsabilidade. Shin’ichi veio sugerindo a realização de festivais culturais em cada região e província, tendo-os como centro nesses campos de atuação para esse desenvolvimento. O festival cultural é o palco da canção do povo que expressa o dinamismo e a alegria da vida conquistados com a prática da fé. É também um pequeno diagrama de cooperação humana que retrata a beleza e o poder da união manifestados pela confiança e pela amizade. Além disso, é um festival da esperança em que se demonstra o juramento pelo kosen-rufu, ou seja, pela paz mundial. Kansai foi a vanguardista dos festivais culturais da Soka Gakkai que alçava voo rumo ao século 21. Em 22 de março de 1982, foi realizado o 1o Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Kansai no Estádio de Esportes de Nagai, de Osaka. Naquela região, havia a história do Festival Cultural da Chuva de Kansai, no Estádio de Beisebol Hanshin Koshien, no ano de 1966, que provocara uma grande emoção em todas as pessoas do Japão e do mundo. Na época, assessores próximos ao primeiro-ministro da China, Zhou Enlai, que sob seu direcionamento pesquisavam a Soka Gakkai, também ficaram admi­rados ao assistirem ao filme daquele evento cultural. Um deles foi a tradutora Lin Liyun, que serviu como intérprete no encontro do primeiro-ministro com Shin’ichi [em 1974]. Ela afirmou: — Fiquei realmente impressionada com o aspecto maravilhoso dos jovens completamente enlamea­dos que realizavam alegremente as apresentações. Senti na minha vida que a Soka Gakkai é uma entidade alicerçada na multidão, e tenho agora consciência de que é uma organização de grande importância para a amizade sino-japonesa. Os integrantes da Divisão dos Jovens (DJ) de Kansai se desafiavam com a disposição para criar um novo palco de abundantes emoções no aspecto artístico com o forte espírito da Soka Gakkai capaz de superar aquele evento cultural. Parte 2Em novembro de 1981, ano anterior ao 1o Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Kansai, Shin’ichi visitou Osaka para participar da 3a Convenção de Kansai. Na ocasião, os jovens de Kansai disseram a Shin’ichi: — Faremos do Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Kansai do próximo mês de março o palco a registrar para o mundo que “Aqui se encontra a Soka Gakkai e a sólida relação de mestre e discípulo Soka!”. E eles afirmaram: — Cem mil jovens o aguardam! Shin’ichi sentiu a paixão dos jovens flamejante como o sol. O evento estava previsto para dois dias, 21 e 22 de março. Porém, devido às intensas chuvas, a apresentação do dia 21 foi cancelada. Shin’ichi chegou a Osaka nesse dia, e imediatamente se dirigiu à reunião das comissões para incentivar os participantes que deveriam estar desapontados. Para o dia, os jovens de Kansai estavam dispostos a desafiar a apresentação de extrema dificuldade de levantar a torre humana de seis andares. Em abril do ano anterior, no encontro da amizade familiar em Tóquio, Japão, os componentes da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) do bairro de Koto haviam feito tal façanha. Porém, num grandioso festival seria um desafio inédito. Shin’ichi, que recebera essa comunicação, os incentivou: — É provável que muitos estejam bastante desapontados pelo cancelamento de hoje; entretanto, a apresentação de dificuldade extrema da torre de seis andares por dois dias seguidos seria uma crueldade, com correria e, inclusive, risco de acidente. Portanto, foi bom ter chovido hoje. Aguardo o dia de amanhã. A regra férrea para um festival cultural é a absoluta segurança. Será totalmente irreparável se houver um acidente. Os jovens de Kansai se conscientizaram disso e determinaram o êxito da torre de seis andares. Eles decidiram sem falta levantá-la sem nenhuma eventualidade. Para tanto, estudaram e pesquisaram minuciosamente para evitar acidentes e se empenharam juntos na recitação do daimoku com toda a seriedade. Os participantes da torre humana foram selecionados entre pes­soas com experiência em compe­tições de ginástica e iniciaram um condicionamento físico básico. Dia após dia, eles se exercitaram para fortalecer o corpo, principalmente as pernas, com corrida e flexões. Nos locais externos de ensaio, os membros da Divisão Sênior (DS) e da Divisão Feminina (DF) das proximidades se empenharam voluntariamente na limpeza, recolhendo pedaços de vidro e de pedras com o sentimento de não permitir que os participantes se machucassem. Budismo é razão. Conforme consta no Gosho: “Sua prudência e sua coragem costumeiras”,1 o sucesso total decorre do extremo cuidado nos preparativos em todos os aspectos. Ilustração de Kenichiro Uchida Parte 3Um céu azul esperançoso surgia na “Kansai de Contínuas Vitórias”. Às 13h30 do dia 22, abriram-se as cortinas do Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Kansai com a marcha pela paz de 10 mil jovens recém-convertidos ao budismo. Os novos membros que decidiram dedicar sua juventude honrosa em busca do modo verdadeiro de vida seguindo o caminho Soka marchavam orgulhosamente. Esse aspecto emocionou os companheiros, que concretizaram a propagação com dedicados diálogos budistas num ambiente hostil de críticas e de difamações da problemática do clero. Uma nova força impulsiona o descortinar de um renovado futuro. Após a entrada da bandeira das Nações Unidas e da bandeira da paz da Soka Gakkai, um coral misto de 2 mil vozes entoou a canção Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21, embasada num poema dedicado por Shin’ichi Yamamoto aos jovens, enquanto uma coreografia do balé da Divisão Feminina de Jovens (DFJ) com vestidos brancos preenchia todo o campo. Seguiram-se apresentações esplêndidas e heroicas dos anjos da paz da Kotekitai, da ginástica rítmica da Divisão dos Estudantes Herdeiro, da dança da Divisão Feminina de Jovens, do vigoroso grupo de dança dos integrantes da Divisão dos Universitários (DUni) em traje típico japonês (hakama), da “história dos trinta anos da Soka Gakkai de Kansai”, narrada com um fundo musical e painel humano, da ginástica dos membros da Divisão dos Estudantes Futuro e da Divisão dos Estudantes Esperança, do balé da Divisão Feminina de Jovens, do Ongakutai, do grupo Taiko de Contínuas Vitórias, entre outras. Por fim, chegou a ginástica montada da Divisão Masculina de Jovens. Quatro mil componentes da divisão preencheram o campo bradando fortemente. Ao som das músicas da Soka Gakkai, tais como Kurenai no Uta [Canção do Carmesim] e Gen-ya ni Idomu [Desafio a Novas Fronteiras], seguiram-se diversas formações, uma gigantesca onda humana, o lançamento do foguete humano e oito torres humanas de cinco andares. Então, ao centro, iniciou-se a formação da torre de seis andares. Eram sessenta jovens no primeiro andar, vinte no segundo, dez no terceiro, cinco no quarto, três no quinto e um no sexto. Nos ombros dos que estavam em pé do primeiro andar subiram 39 integrantes. Se o primeiro andar balançasse, não haveria como sustentar os de cima. Depois, subiram os do segundo andar, que se entrelaçaram em círculo, agachados. Sucessivamente foram se formando os demais andares para, finalmente, aguardar a subida do sexto andar. — Lá vou eu! Iniciou-se, assim, o drama do desafio rumo ao limite. Todos pos­suíam plena convicção cultivada pelos intensos treinamentos diários dos quais eles se dedicaram. Parte 4Os componentes do segundo andar ficaram em pé com dezenove outros integrantes nas costas. Ao se levantarem, seus pés se cravaram nas costas daqueles do primeiro andar. Se não conseguissem se posicionar de pé perfeitamente, acabariam desequilibrando as pessoas dos andares de acima, levando-as à queda. Então, eles se levantaram cerrando os dentes. Na sequência, levantaram-se o terceiro e o quarto andares. O corpo de todos tremia em minúsculos movimentos. No alto, sobrevoava um helicóptero para filmagens com seu barulho característico. O vento das hélices foi mais intenso que se imaginava. A torre balançava e as pessoas que estavam em volta recitavam daimoku no coração. Enfim, o helicóptero se afastou. Levantou-se, então, o quinto andar. O som dos tambores do Ongakutai reverberava, e por fim o jovem do sexto andar tentou se levantar, mas ele se abaixou e segu­rou nas costas do companheiro abaixo. Houve nova tentativa de se levantar. O público estava boquiaberto, com todos olhando para o topo da torre. “Levante-se! Confie em nós e levante-se!” — esse era o brado, no íntimo, dos jovens que o sustentam. — Força, você consegue! — surgiu uma voz na plateia. O jovem respirou fundo, olhou bem alto para o céu e se levantou de uma só vez. Em pé, no topo, ele abriu os braços. Uma grande ovação e salva de palmas ecoaram pelos céus do Estádio de Esportes de Nagai. Na arquibancada, surgiu o painel huma­no que retratava os ideogramas “Espírito de Kansai” em cores vivas. Shin’ichi Yamamoto também saudou com uma vigorosa salva de palmas. No topo da torre, o jovem bradou algo como: — Conseguimos, Koji!. A voz desaparecia em meio à intensa ovação e era impossível ouvi-lo, mas era um grito do fundo da sua alma. O jovem se chamava Hiroyuki Kikuta e Koji era o nome de um amigo, membro da Divisão Masculina de Jovens, chamado Koji Ueno, que falecera havia cinco dias. Os dois trabalhavam juntos na mesma empresa de obras para abastecimento de água e estava prevista também a participação de Ueno na ginástica montada desse Festival Cultural pela Paz dos Jovens. Porém, no dia 17 de março, ele havia falecido devido a uma doença repentina. Assim, era o desafio de Kikuta carregando a vontade de vencer do amigo. A torre de seis andares erguida pelos jovens era, sobretudo, uma bela torre dourada da amizade, indestrutível por toda a eternidade. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. No topo: Kenichiro Uchida

17/01/2025

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 25 (parte 1)

O espírito de luta pelo kosen-rufu que se acendeu em meio à chuva Em julho de 1957, Shin’ichi Yamamoto, na época coordenador de staff da Divisão dos Jovens, foi preso em Osaka sob falsas acusações, acontecimento que mais tarde ficou conhecido como Inciden­te de Osaka. Em resposta a esse fato, os membros do Distrito Bunkyo que viviam em Hamadori, Fukushima, reforçaram a determinação e os esforços para obter uma grande vitória na campanha de propagação que Shin’ichi tinha iniciado para alcançar “10 novas famílias por grupo”.1 Um dos membros da área de Hamadori era um homem que havia perdido o emprego no mês anterior, quando a empresa para a qual trabalhava foi à falência. Seus dois filhos tinham a saúde frágil, e sua vida era difícil. Nesse período, ele viajou aproximadamente 20 quilômetros até a casa de um amigo para lhe apresen­tar o Budismo Nichiren. Ele ficou tão envolvido em falar sobre o budismo que acabou perdendo o último trem para voltar para casa. Sem alternativa, pôs-se a caminhar seguindo a linha do trem. As derradeiras palavras que o amigo lhe disse na conversa que tiveram sobre o budismo realmente o acertaram em cheio: — Antes de vir à casa de outra pessoa falar sobre o budismo, você deveria conseguir um emprego. E se a fé e a prática desse budismo são tão maravilhosas, por que seus filhos vivem doentes? (...) Durante toda a conversa, o amigo sorria ceticamente e se expressava com sarcasmo. Voltando para casa naquela noite, o homem sentiu uma amargura lancinante e ele não pôde conter o pranto. Enquanto as lágrimas caíam, sentiu gotas d’água batendo em seu rosto. Chovia e, infelizmente, não tinha um guarda-chuva. A chuva se intensificou. (...) Depois de caminhar por duas horas, de repente lembrou-se de um incentivo oferecido por Shin’ichi na reunião do Distrito Bunkyo: “Have­rá ocasiões em que serão atacados ou sofrerão calúnias e insultos ao tentarem compartilhar este budismo com os outros. Talvez passem por muitos tipos de experiên­cias amargas. Mas tudo é exatamente como o Sutra do Lótus e as escrituras de Nichiren Daishonin predizem. Simplesmente cerrem os dentes, decidam não ser derrotados e continuem tentando. Trata-se de uma oportunidade para expiar as ofensas do passado. Isso e a transformação do seu carma são o propósito da prática budista. Assim que tiverem certeza disso, todos os seus sofrimentos se transformarão em imensa alegria. Ao se recordar da orientação de Shin’ichi, o homem refletiu: “O que será que o coordenador Yamamoto está fazendo neste exato momento? Ele já está detido sob custódia há vários dias. Prova­velmente esteja sendo submetido a duros interrogatórios todos os dias. Ele não tem permissão para sair e não pode entrar em contato com sua família livremente. Apesar disso, ele está se pronunciando em defesa da verdade da Soka Gakkai e travando uma batalha de vida ou morte na prisão. Em comparação a ele, como é afortunada a minha situação! Se eu for fraco e me permitir ser derrotado, estarei decepcionando o coordenador Yamamoto. Não me deixarei abater! (...) Começou a chover ainda mais forte. No entanto, o homem pôs-se a andar a passos largos e vigorosos, cantando canções da Soka Gakkai para manter o ânimo sob a chuva. A determinação de concretizar o kosen-rufu ardia radiante, forte e intensamente no coração dele. (Capítulo “Luz da Felicidade”) Uma organização de pessoas comuns dignas de respeito A partir do outono de 1956, uma campanha de propagação em grande escala, denominada Campanha Yamaguchi, sob a liderança de Shin’ichi, estava bem encaminhada. Um grande número de membros foi fortemente inspirado por ele a se levantar. Em uma reunião de palestra em Hofu, província de Yamaguchi, Shin’ichi respondeu às perguntas dos participantes, muitos dos quais expressaram quanto estavam passando por diversas dificuldades. À medida que Shin’ichi foi tecendo suas considerações, as dúvidas se dissiparam e a luz de esperança e da revitalização tomou conta do ambiente. Após Shin’ichi ter respondido a maior parte das perguntas, um homem de bigode, figura influente na localidade que havia sido trazido por um amigo, afirmou em tom condescendente: — Diferentemente das outras pessoas aqui, não tenho dificuldades financeiras. Na realidade, o único problema que enfrento é tentar pensar em qual será meu próximo empreendimento de sucesso. Poderia me oferecer umas dicas sobre isso? O homem se expressava em tom de superioridade e de arrogância, de maneira extremamente rude. O semblante de Shin’ichi fechou-se momentaneamente, sur­preendendo os demais participantes. Sua voz potente reverberou pelo recinto: — A Soka Gakkai é aliada do povo, daqueles que estão sofrendo. Pessoas obcecadas por superficialidades como aparência, status e títulos nunca compreenderão genuinamente o coração da Soka Gakkai ou o budismo. O empresário bem-sucedido foi pego de surpresa pelas palavras diretas de Shin’ichi e pestanejava como se estivesse atordoado. Shin’ichi passou a falar num tom mais ameno: — A maioria dos membros aqui sofre com problemas financeiros ou doenças. Porém, estão tentando arduamente superar essas adversidades. Além de terem de lidar com as próprias dificuldades, esforçam-se ao máximo todos os dias para ajudar outras pessoas a alcançarem a felicidade, apesar de enfrentarem zombarias e chacotas. (...) Com frequência, a sociedade em geral põe em primeiro lugar fatores como dinheiro, posição social e fama, perdendo de vista o tesouro do coração. Mas o único modo de se ter uma vida verdadeiramente feliz é acumular o tesouro do coração. O budismo nos ensina a polir nosso interior até ele brilhar e a construir um eu que jamais seja derrotado. A Soka Gakkai almeja propagar este budismo e eliminar a miséria e o infortúnio do mundo (...) Quando finalizou, a sala irrompeu em aplausos e muitas pessoas que estavam lá como convidadas dos membros externaram o desejo de se converter, inclusive o empresário, que fora convencido pela explanação de Shin’ichi. (...) O empresário declarou com incon­tido entusiasmo: — Fiquei realmente surpreso. Jamais esperava presenciar esse tipo de mensagem. Ele é um rapaz impressionante. Cada palavra tocou fundo no meu coração, com uma força capaz de me derrubar. Senti-me como se tivesse de me esco­rar com os braços para trás para não ser arrastado por um vendaval. Essa filosofia deve ser grandiosa! (Capítulo “Luta Conjunta”) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 25, dando o play no vídeo acima ou clicando aqui.

17/01/2025

Nova Revolução Humana

O grande caminho da vitória do ser humano

Parte 85 No final da tarde do dia 14 em que foi realizada a Convenção da Divisão dos Jovens da Província, Shin’ichi Yamamoto participou da atividade com o coração exultante e ansioso por se encontrar com os companheiros sucessores após visitar o quinto benemérito de Akita desde que chegou à localidade. Ao surgir na sala da reunião, ele tirou fotos comemorativas com os participantes em duas sessões, com os membros da Divisão Masculina de Jovens e os da Divisão Feminina de Jovens, congratulando-os pela criação da “Primeira Turma do Grupo 2001”. Depois, ele se dirigiu ao microfone com o sentimento de lhes delegar todo o futuro: — Como utilizará o tempo é um importante tema da vida. Alguém disse: “Se será ou não um vencedor na vida dependerá de como utilizará da melhor forma o tempo das 18 às 20 horas após deixar o trabalho”. Dedicar esforços no trabalho é natural, mas depois do horário do trabalho certamente farão diferença significativa na vida as ações concretas que realiza com base naquilo que acredita. No nosso caso, esse horário é o das reuniões da Soka Gakkai. Essas atividades são pela eterna felicidade e pela prosperidade tanto de si como dos outros; elas são um caminho para contribuir para a sua localidade e também para edificar a paz indestrutível. Nelas, existem a alegria da vida e a descoberta do significado de viver. Elas também são um empreendimento para ligar os seres humanos de vida a vida, rompendo as paredes da solidão da sociedade atual. Sem jamais sair da órbita das atividades da Soka Gakkai, vamos lutar por toda a vida até o fim! As palavras de Shin’ichi ganharam ainda mais força: — Não tenho outra opção a não ser delegar a vocês, da Divisão dos Jovens, o kosen-rufu da próxima era. Nos dez anos seguintes, receberemos essa época de grandes mudanças. Por isso, gostaria de solicitar que estudassem e se esforçassem com todo o coração e fortalecessem a si mesmos. Em especial, peço que estudem com afinco e gravem na vida o budismo que é a filosofia de vida. Pessoas que são consideradas de primeira cate­goria sem falta tiveram seus árduos desafios e precisaram empreender esforços e pesquisas muito maiores que os demais para alcançar essa condição. Gostaria que vocês também pusessem em prática o grande budismo, que é a base de tudo, e estudem-no profundamente, como filósofos das pessoas comuns e líderes do povo. É aí que se encontra o verdadeiro caminho da vitória do ser humano. Nessa ocasião, sem dúvida, foi plantada no coração dos jovens de Akita e de Tohoku a semente do juramento de dar infalivelmente o “brado da vitória” no século 21. Parte 86 Se os jovens surgirem bailando vigorosamente no palco do kosen-rufu, por mais que a era mude, o grande rio Soka sem falta percorrerá eternamente em direção ao futuro aumentando cada vez mais seu fluxo. Shin’ichi Yamamoto bradava em seu coração: “Oh, jovens! Delego-lhes a Soka Gakkai. Delego-lhes o kosen-rufu. Delego-lhes o mundo. Delego-lhes o século 21!”. O escritor Shuugorou Yamamoto escreveu: “O que tem potencial para crescer, vai crescer mesmo que seja em meio à mais terrível nevasca”.1 Shin’ichi tinha certeza de que aqueles jovens ali reunidos se levantariam como líderes do novo século e expandiriam o laço de amizade e de confiança na sociedade! E que eles formariam inúmeras legiões de valorosos seres humanos que assumiriam o kosen-rufu! Nichiren Daishonin afirmou: “Mes­mo uma simples semente, quando plantada, se multiplica”.2 Shin’ichi continuou a espalhar as sementes da decisão, do juramento e da coragem para os jovens. Era um trabalho árduo em que exigia empenho de corpo e alma. Mas, sem isso, não existiria um futuro de esperança. O jardim de “flores humanas” se estende na mesma medida da seriedade e da força dedicadas ao crescimento das pessoas e quantas conseguiu desenvolver. No dia 15 seguinte, Shin’ichi realizou uma reunião de gongyo com a participação de representantes das províncias de Akita e de Oita, comemorando o estabelecimento do intercâmbio entre as duas províncias como coirmãs, e então deixou o Centro Cultural de Akita. No caminho em direção ao aeropor­to, ele solicitou que passassem na frente da sede de Akita, onde estava sendo promovida a mostra sobre as ações pela paz de Shin’ichi. Quando o ônibus em que ele estava se aproximou da frente da sede, uma dezena de jovens o aguardava com uma faixa grande estendida. “Sensei, muito obrigado!” — as palavras, escritas em vermelho, encheram-lhe os olhos. Shin’ichi abriu um sorriso e acenou entusiasticamente. Todos gritavam: — Muito obrigado! — Akita lutará sem falta! — Por favor, venha novamente! Os jovens também acenavam sem parar. Foi um diálogo de vida a vida de um intercâmbio que durou alguns instantes através da janela do ônibus, mas se tornou uma cena sublime e inesquecível. Shin’ichi sentiu que esses seis dias vividos em Akita brilhariam resplandecentemente na história do kosen-rufu como mais um extraordinário drama de contínuo ataque. Parte 87 No dia 7 de fevereiro, mês seguinte ao da viagem de orientação para Akita, Shin’ichi Yamamoto visitou a província de Ibaraki, sem qualquer descanso. Ibaraki também era uma localidade em que as tempestades dos ataques insanos contra a Soka Gakkai por parte dos sacerdotes do Shoshin-kai incidiram continuamente com força e violência. Nesse meio-tempo, na organização de Kashima, uma intensa batalha de ofensivas e defensivas prosseguia. Nas cidades de Kashima, Itako, Ushibori, Hasaki, era crescente o número de membros da Soka Gakkai que, enganados pelos sacerdotes maldosos, abandonaram a organização e se tornaram seguidores do templo. As críticas e difamações contra a Soka Gakkai eram repetidas também durante as cerimônias mensais de oko e em outras cerimônias como funerais. Mesmo assim, os companheiros vieram suportando tudo com perseverança. Em fevereiro de 1979, em Kamisu, da localidade de Kashima, inaugurou-se um templo construído e doado pela Soka Gakkai. Os companheiros tinham esperança de que pelo menos ali eles ouviriam palavras genuínas a respeito da fé, sem deturpações. No entanto, por ocasião da cerimônia de consagração do Gohonzon desse templo, o que se ouviu do prior que o assumira foram palavras ofensivas chamando a Soka Gakkai de herética. A sinceridade desejando o kosen-rufu e a união harmoniosa entre o clero e os adeptos havia sido ultrajada. Em outras localidades como Ryugasaki e na região norte do Monte Tsukuba (posteriormente cidade de Tsukuba) também as críticas e calúnias contra a Soka Gakkai se tornavam cada vez mais incisivas. Para os companheiros, o que mais os deixava tristes era que amigos com quem até pouco tempo conversavam juntos a respeito de viver pelo kosen-rufu agora, sem perceberem que estavam sendo manipulados e enganados pelos maus sacerdotes, se perderam na fé e foram se transformando a ponto de se tornarem irreconhecíveis. “O certo e o errado se tornarão claros em breve!”; “Sem falta compro­varemos a justiça Soka!” — assim, jurando a si próprios, os companheiros se empenharam ao máximo pelo kosen-rufu com a decisão de chamar a “primavera” para a sua terra natal. Nessa época, uma canção que todos cantaram muitas e muitas vezes foi a da província chamada Gaika no Jinsei [Vida da Canção do Triunfo], composta e oferecida por Shin’ichi em outubro de 1978. Oh, você, mesmo que agora seja sofrido, Um dia soprará o vento dourado do kosen-rufu Vamos fazer ressoar alto até os céus o brado da vitória, Da canção da glória e da alegria Ah, existem bravos heróis em Ibaraki!... O coração de Shin’ichi Yamamoto podia ser sentido em cada verso da canção. “Vamos ser bravos heróis! Não seremos derrotados jamais!” — essa foi a decisão que emergiu no coração de todos. Ilustração de Kenichiro Uchida Parte 88 Na tarde do dia 7 de fevereiro de 1982, após visitar a Sede da Divisão Feminina de Mito, Shin’ichi Yamamo­to foi ao Centro Cultural de Ibaraki, localizado na cidade de Mito, e participou do encontro de representantes da província comemorativo de inauguração. Nessa ocasião, ele externou o desejo de se encontrar com o máximo possível de companheiros nessa visita à localidade, estabelecer objetivos de esperança e dar partida rumo ao novo século. No dia 8 seguinte, participou da Reunião de Líderes da Província Comemorativo da Inauguração do Centro Cultural de Ibaraki. Em suas palavras, ele falou sobre as razões fundamentais que levaram algumas pessoas a abandonar a fé apesar de serem líderes da Soka Gakkai: — Uma característica em comum das pessoas que permitiram que sua fé fosse contaminada e deteriorada é que possuíam forte presunção. Podemos dizer que essa arrogância foi a maior das causas. Na verdade, arrogância e covardia e indolência são duas faces de uma mesma moeda. Além disso, uma pessoa arrogante não assume a responsabilidade em relação ao kosen-rufu e tenta se esquivar do trabalho duro ou dos novos desafios. Por essa razão, não avança nem se desenvolve. Como resultado disso, a fé se estagna, o coração é tomado pelo egoísmo e transborda de insatisfação e de ressentimento. São muitos os casos em que isso gera ações para obstruir e impedir o avanço do kosen-rufu. Além do mais, pes­soas arrogantes quase sempre são negligentes na recitação do gongyo. Inebriadas por sua insolência, menosprezam os fundamentos da fé. Existem aquelas que, ao se tornarem líderes enquanto jovens e se verem numa posição de orientar os outros, passam a alimentar a ilusão de que possuem força, tornam-se prepotentes e olham com desdém para os demais ao redor. No entan­to, ninguém é admirável porque possui uma função. Uma pessoa é admirável quando se empenha e se esforça ao máximo para cumprir sua missão e a responsabilidade delegada. A função é uma posição, e não se pode esquecer que todos possuem uma missão. Só é possível impulsionar o avanço do kosen-rufu quando pessoas das mais diversas funções e posições unem o coração e se dedicam ao máximo dando o seu melhor. As funções na Soka Gakkai não indicam de forma alguma uma relação de pessoas de cima para baixo. Vim observando muitos membros ao longo de mais de trinta anos. O que posso concluir disso é que “pessoas ardilosas” não se mantêm por muito tempo. “Pessoas astutas” sem falta se deparam com o impasse. Significa que “pessoas interesseiras” acabam sendo facilmente levadas pelas circunstâncias do momento. No final, as verdadeiras vencedoras na vida são aquelas de forte espírito de procura, as de fé contínua e consistente e as que vieram consolidando firmemente a base de sua vida diária. Parte 89 Shin’ichi Yamamoto participou da reunião comemorativa de fundação do Centro Cultural de Ibaraki também no dia 9 e incentivou os 2 mil companheiros que vieram de Mito, de Kashima e de Hitachi. Ele declarou: — Outra denominação para o buda é “herói do mundo”. Porque ele é uma pessoa que conduz corajosamente as pessoas do povo neste mundo. Por isso, nós, que somos discípulos do buda Nichiren Daishonin, acima de tudo, temos de ser líderes fortes que conquistam a confiança em meio ao mar revolto da realidade da sociedade. Outro nome para o buda é “tolerância”. Ou seja, nascendo no mundo saha das cinco impurezas, um lugar para suportar os sofrimentos, ele enfrenta e tolera o mal e age com compaixão. Se pensar em todas as grandes perseguições sofridas por Daishonin, nossas dificuldades são ainda muito pequenas. Fé é perseverança. Se são discípulos de Nichiren Daishonin, devem se levantar com uma fé inabalável diante de tudo. Peço para que, enfrentando e suportando com perseverança a tempestade chamada realidade, elevem alto a bandeira da vitória na vida. No dia 10, ele se dirigiu até a cidade de Hitachi e participou da reunião de gongyo comemorativo do quinto aniversário da sede de Hitachi. Na ocasião, Shin’ichi sugeriu: — Dizem que esse local passou a ser conhecido como Hitachi (“Levantar do Sol”) após o segundo daimyo [“Grande Nome”] de Mito, Tokugawa Mitsukuni, observar o esplêndido cenário do nascer do sol no horizonte sobre o mar dessa região. Com base nisso, estava pensando em alterar a grafia da Coordenadoria Hitachi atual (grafia antiga) para aquela com o significado de “Levantar do Sol”, o que os senhores acham? Todos responderam com uma entusiástica salva de palmas de alegria. No dia 11, ele posou para uma foto comemorativa no Jardim do Sol Nascente das dependências do Centro Cultural de Ibaraki com os 3.500 participantes da Convenção da Divisão dos Jovens da Província realizada de maneira resplandecente nesse local. E junto com esses membros, fundou o Grupo Ano 2000 Masculino de Ibaraki e o Grupo Ano 2000 Feminino de Ibaraki. Nesse mesmo dia, Shin’ichi visitou pela primeira vez a sede de Kashima, localidade bastante assolada pelas tempestades da problemática do clero, realizou um solene gongyo comemorativo do aniver­sário de nascimento do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, e ainda participou do conselho de representantes da região de Kashima promovido em Hokota. No dia seguinte, 12 de fevereiro, passando por Ishioka, participou de uma reunião de gongyo comemorativo do terceiro aniversário do Centro Cultural de Tsuchiura, tirou fotos com os participantes do lado de fora e continuou a incentivar os companheiros sem desperdiçar um segundo sequer. Os companheiros venceram. O sol da canção do triunfo surgiu no horizonte. A corrida impetuosa de Shin’ichi prosseguiu, e o brado da vitória da luta conjunta de mestre e discípulo ecoou em todas as localidades do Japão. Fim do capítulo “Brado da Vitória”. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. No topo: Ilustração de Kenichiro Uchida (Seikyo Shimbun)

14/12/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Viver com o Gosho: volume 24 (parte 3)

Quando estava vivo, ele era um buda em vida, e agora é um buda em morte. Ele é um buda tanto em vida quanto em morte. Esse é o significado da doutrina fundamental chamada atingir o estado de buda na forma que se apresenta. O Inferno é a Terra da Luz Tranquila1 Experimentando a alegria na vida e na morte Em 1976, Shin’ichi Yamamoto visitou sua mãe, Sachi, que estava adoecida e estudou os ensinamentos de Nichiren Daishonin junto com ela. Deitada na cama, Sachi assen­tiu, com os olhos brilhando enquanto ouvia seu filho falar. Aquela foi a primeira e a última vez que ele explanou o budismo para sua mãe. Embora sua mãe tivesse saído da condição crítica, Shin’ichi sentia que ela não tinha muito tempo de vida. Por isso, quis aproveitar a oportunidade para lhe falar a respeito da visão budista da vida e da morte. (...) Aqueles que se empenham incan­savelmente em prol do kosen-rufu são budas em vida; conseguem viver com grande alegria sem serem vencidos pelas adversidades, não obstante quais sejam elas. E depois de morrerem, tornam-se budas em morte. Esse é o grandioso ensinamento sobre atingir o estado de buda na forma que se apresenta. Vida é alegria e morte é alegria. Podemos vivenciar a eternidade com alegria absoluta. Recite Nam-myoho-renge-kyo até o fim de sua vida, fazendo o seu ser brilhar como um magnífico pôr do sol, colorindo tudo com tons dourados. As mães Soka, que vivem como emissárias do Buda, estão sempre junto ao sol da vitória e da felicidade pelas três existências. Quando acabou de falar, pegou a mão dela, que correspondeu ao gesto com um forte aperto. (...) No dia seguinte, Sachi disse aos familiares: “Tive minha cota de contrariedades e sofrimentos na vida, mas venci. Meu maior desejo sempre foi que meus filhos contribuíssem para a sociedade de forma positiva, e um deles tem realmente conseguido fazer a diferença. Isso me faz muito feliz”. (Capítulo “Ode às Mães”) No início, somente Nichiren recitou o Nam-myoho-renge-kyo, mas depois, duas, três, cem pessoas o seguiram, recitando e ensinando aos outros. O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos2 O espírito de levantar-se só é um princípio fundamental para concretizar o kosen-rufu Em 5 de janeiro de 1977, a terceira parte da explanação de Shin’ichi sobre O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos foi publicada no Seikyo Shimbun. — O princípio essencial e imutável do kosen-rufu sempre será o espírito de levantar-se só. Nichiren Daishonin, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda levantaram-se sós bravamente. (...) Falando mais claramente, o espírito de levantar-se só significa cada um de nós assumir total responsabilidade pela propagação da Lei Mística na família, na comunidade e em todos os ambientes. Todos nós possuímos um relacionamento com familiares, paren­tes e amigos que é particular a cada um de nós. Da perspectiva da Lei Mística, esses vínculos são a órbita da nossa missão, e são laços profundos que ligam nossa vida com a dos outros. (...) É o que torna o princípio de levantar-se só tão relevante. Devemos ter em mente que nos encontramos neste local e neste momento como emissários do buda Nichiren Daishonin. Como bodisatvas da terra, devemos nos levantar, cada qual onde estiver, e agir. Jamais se esqueçam de que essa é a única maneira de se realizar o kosen-rufu. Em nossa vida cotidiana, apresentar o budismo às pes­soas representa uma atividade comum e, ao mesmo tempo, extremamen­te desafiadora. Pelo fato de as pessoas à nossa volta nos conhecerem tão bem, fingimento ou simulação não funcionam. Só nos resta nos empenhar diligentemente com honestidade, sinceridade, perseverança e intensa paixão, demonstrando provas reais. Nesses esforços reside o verdadeiro significado da nossa prática budista. (Capítulo “Proteção Plena”) (Traduzido da edição de 21 de outubro de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) No topo: Ilustração de Kenichiro Uchida Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 24, no BS+ ou no site clicando aqui. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 477, 2017. Conheça mais detalhes da obra clicando aqui. Se quiser ler a versão digital basta acessar a biblioteca gratuita do Cile Digital clicando aqui. 2. Ibidem, p. 404.

14/12/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 24 (parte 2)

Rumo à era da revolução humana Em 1977, com o objetivo de fortalecer os blocos (equivalentes aos distritos de hoje), os líderes de todos os níveis concentraram suas atividades nas reuniões de palestra feitas por bloco. Quando os líderes centrais retornavam à sede da Soka Gakkai depois de participar das reu­niões de palestra, Shin’ichi muitas vezes lhes perguntava quantos membros haviam comparecido, e, principalmente, se as componentes da Divisão Feminina de Jovens demonstravam entusiasmo. Shin’ichi sentia-se muito feliz quando lhe diziam que as integrantes da Divisão Feminina de Jovens do bloco haviam apresentado alegremente relatos sobre seus estudos, experiências pessoais ou atividades. Certa ocasião, ele observou: — Fico contente em ouvir isso. Significa que a nossa organização tem um futuro brilhante. Uma das razões pelas quais a Soka Gakkai cresceu até o ponto que constatamos hoje é o fato de termos valorizado consistentemente os jovens e possibilitado que atuassem na linha de frente da organização, treinando-os. A época está mudando rapidamente. A essência fundamental da nossa fé não se altera, mas o modo como a conduzimos e o estilo da nossa organização precisam se adaptar ao tempo. (...) Devemos acompanhar as mudanças em nossa sociedade e aprender com os jovens sobre novas formas de pensar. (...) Shin’ichi estava sempre pensando no futuro, principalmente no século 21, de todos os ângulos possíveis. (...) O presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, que estabeleceu a teoria de valor, salientou a importância de se advertir sobre as consequências negativas, na forma de perda ou castigo, decorren­tes de não se criar valor dentro de si. O segundo presidente, Josei Toda, para conscientizar a população em geral sobre a grandiosidade do budismo, no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, ressaltou que o budismo é o caminho para se vencer a pobreza, a doença e os conflitos familiares, e deu ênfase ao poder do Gohonzon. No nosso caso, a pergunta é “O que as pessoas buscam no budis­mo hoje, e que aspecto do budismo devemos destacar quando o divulgamos aos outros?”. Ao travar diálogos francos e sinceros com os jovens, Shin’ichi Yamamoto sentia que os indivíduos, a sociedade e o mundo buscavam a revolução humana — o processo para se tornar uma pessoa forte de coração e encarar os sofrimentos da vida positivamente — e estavam depositando grande expectativa no Budismo Nichiren e na Soka Gakkai. Embora fosse visível que as pessoas ainda vissem o budismo como um meio para solucionar questões como dificuldades financeiras ou doen­ças, ele notava que os jovens em particular tinham o foco voltado para a transformação pessoal e do seu modo de vida. Ele percebia a aproximação da era da revolução humana. (Capítulo “Educação Humanística”) A consideração e o diálogo fomentam a confiança Shin’ichi mudou-se da casa da família para os apartamentos Aoba, no bairro de Ota, em Tóquio, depois de ter começado a trabalhar para Josei Toda em 1949. Nessa época, sempre fez esforços sinceros para estabelecer amizades com seus vizinhos. Na juventude, Shin’ichi sempre era atencioso e se esforçava ao máximo para cumprimentar a todos de maneira alegre e radiante. Ele acreditava que não era coincidência todos residirem no mesmo prédio, mas um sinal de que possuíam uma ligação profunda; portanto, queria valorizar seus vizinhos e tentar fazer amizade com eles. Ele chamava as crianças que moravam no apartamento ao lado para brincar em sua casa. Além disso, conversava com os pais delas sobre o budismo, pois desejava que aquela família se tornasse feliz e, de fato, depois de algum tempo, iniciaram a prática. Shin’ichi realizava reuniões de palestra em seu apartamento. Ele convidava vários moradores do condomínio e das vizinhanças para participar. Alguns, com o tempo, começavam a praticar este budismo. (...) Shin’ichi residiu no apartamento de Aoba por três anos. Em maio de 1952, casou-se com Mineko, e (...) então, mudaram-se para o Edifício Shuzanso em Sanno, no bairro de Ota. Era um prédio de dois andares com telhado vermelho, com aproximadamente dez unidades. Shin’ichi e Mineko alugaram um apartamento de seis tatames (9,18 m²) no primeiro andar. (...) Tanto o filho mais velho, Masahiro, como o segundo, Hisashiro, nasceram enquanto moravam no apartamento em Shuzanso. Foi nesse período também que Shin’ichi exerceu responsabilidades enormes como coor­denador da Secretaria da Divisão dos Jovens da Soka Gakkai. Após se mudarem para o Edifício Shuzanso, Shin’ichi foi imediatamente se apresentar aos vizinhos, oferecendo-lhes seu cartão de visita. Ele almejava construir relacionamentos harmoniosos com todos eles. (...) Muitas pessoas os visitavam naquele apartamento. Shin’ichi dissera a Mineko: “Não importando quem venha nos visitar, cumprimente-o calorosamente e, ao se despedir, ofereça-lhe esperança de presente”. (...) Em algumas ocasiões, essas conversas prosseguiam até altas horas da noite. No dia seguinte, Mineko dirigia-se à casa dos vizinhos e se desculpava: “Peço-lhes que me perdoem por ter tido visitas até tarde ontem à noite. Espero que não tenhamos feito muito barulho”. Seja aonde for, consideração sincera e diálogo são o caminho para fazer desabrochar as flores da amizade e amadurecer os frutos da confiança. (Capítulo “Farol”) (Traduzido da edição de 13 de outubro de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai). No topo: Ilustração de Kenichiro Uchida Assista Veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 24, acima.

06/12/2024

Nova Revolução Humana

Vencer os obstáculos e conflitos

Parte 81 A família de Joryo Komatsuda consagrou o Gohonzon numa pequena cabana que se tornou sua moradia provisória. Então, todos se empenharam na recitação de daimoku. Também prosseguiram em sua luta pela propagação e pelo incentivo aos membros percor­rendo de bicicleta as trilhas entre os arrozais. Com o tempo, conseguiram recons­truir a casa. Entre os membros da Soka Gakkai de sua família surgiram muitas pessoas de inestimável valor que contribuíam para a sociedade, tais como um diretor de colégio do ensino médio e algumas pessoas que assumiram altos cargos de responsabilidade em órgãos públicos. Mesmo dentro da Soka Gakkai, a maioria atua­va como líder na organização. Toshihisa Komatsuda, coordenador da província, também era um desses líderes. O segredo de Joryo na criação de “valores humanos’ estava em cuidar ao máximo daqueles a quem realizou shakubuku até que eles caminhassem com os próprios pés. Ele sempre dizia aos mais novos na prática da fé: — É nossa responsabilidade fazer gongyo junto, criar e desenvolver a pessoa a quem fizemos o shakubuku até que ela realize seu shakubuku sozinha. Ou seja, shakubuku é cuidar até que a pessoa aprenda realmente com a vida, na ação, a prática individual e a prática altruística. Shin’ichi Yamamoto ouvira em detalhes a história de Joryo Komatsu­da, que foi a semente inicial determinante do kosen-rufu de uma família e da localidade, por intermédio de um líder de Akita. Soube que Joryo já estava com 84 anos. Shin’ichi ponderou profun­damen­te: “O grande desenvolvimento da Soka Gakkai foi edificado graças à existência de inúmeros heróis anônimos como ele que, enfrentando dificuldades e sofrimentos inimagináveis, vieram estabelecendo e expandindo fortes laços de confiança com familiares, irmãos, parentes e amigos da localidade, por meio da sinceridade e perseverança”. Após expressar seu mais profun­do respeito à emocionante luta dos companheiros dos primórdios da Soka Gakkai durante a reunião de gongyo com participação livre, Shin’ichi sugeriu que os participantes da reunião do período da manhã fossem denominados Grupo Fubuki (Nevasca) e, a do período da tarde, de Grupo Rambu (Bailar em meio à Tempestade). Uma grande salva de palmas da alegria parecia não querer cessar. Após o término da atividade, realizou-se novamente a sessão de foto comemorativa no parque diante do centro cultural. A neve já havia cessado há algum tempo. O coordenador da província, Komatsuda, liderou o brado de três vivas: — Viva! Viva! Viva! O vigoroso brado conclamando a vitória bailou no céu. Shin’ichi compôs um poema em comemoração desse dia: Os companheiros de Akita que orgulhosamente lutam pelo kosen-rufu com alegria e espírito de procura em meio ao gélido vento, brilham resplandecentemente. Parte 82 Na noite do dia 13, após o término das reuniões de gongyo com participação livre, Shin’ichi Yamamo­to participou do Conselho Superior da Divisão dos Jovens da província, realizado na cidade de Akita. No dia seguinte, estava prevista a Convenção da Divisão dos Jovens da Província. Ele destinou grande parte do tempo para ouvir opiniões e solicitações dos jovens líderes. Entre os assuntos, falou-se também na consolidação dos grupos de criação de valor para construir uma correnteza consistente do kosen-rufu da localidade. Surgiu a proposta de realizar uma conferência rural mundial em Akita. Shin’ichi concordou com a ideia e, estampando um sorriso no rosto, começou a dizer: — Esse tipo de ideia é importante. A questão da alimentação é um problema sério para o mundo. Realmente chegou a hora e a vez de Tohoku, que sempre veio destinando sua força na agricultura. Em vez da hegemonia de grandes metrópoles como Tóquio, visualizar soluções para as importantes questões enfrentadas pela humanidade a partir das zonas rurais e interiores e lançar para o mundo — daí também se poderá desbravar um novo futuro para Akita. Os jovens devem sempre ponderar “Qual a questão que mais aflige a todos?”; “O que é necessário para impulsionar o desenvolvimento da nossa localidade?”. E elaborando planos flexíveis, buscar estratégias e soluções inovadoras. Se pensarem que é impossível, não poderão mudar nada. Porém, se decidirem que conseguirão sem falta, e forem incansáveis em sua busca, invencíveis em seus desafios e mantive­rem acesa a paixão para perseverar nas tentativas e erros, então conseguirão mudar a época. Essa é a missão dos jovens. Shin’ichi continuou a falar com o sentimento de lhes delegar a missão do futuro: — Tanto Tohoku como Hokkaido são ilhas famosas por sua produção de arroz, mas antigamente se dizia que era difícil cultivá-lo em regiões gélidas como essas. Depois de muita busca por variedades mais adequadas e selecionadas durante longos anos e dedicados esforços é que existe o “agora”. Entre os membros da República Dominicana, existe uma pessoa que queria produzir um doce à base de arroz parecido com o que existe no Japão e após muitas tentativas e adaptações, enfim ele obteve sucesso. Por exemplo, se for Akita, é importante também pensar sobre o que fazer com a neve. Se conseguirem utilizá-la de maneira positiva, Akita poderá se transformar de modo extraordinário. Devem encarar cada um dos temas com todo o seu ser. Só se consegue abrir uma saída para o futuro com uma luta decisiva, de vitória ou de derrota. Se estabelecerem a firme determinação de que solucionarão a questão sem falta, seu próprio potencial se expandirá ilimitadamente. Então se abrirá uma nova porta. Ilustração de Kenichiro Uchida Parte 83 Shin’ichi Yamamoto prosseguiu dizendo: — Sempre que pensarem em rea­lizar ou reformar algo, certamen­te se depararão com uma espessa parede de obstáculos e de conflitos. Aliás, a realidade é cheia de inconsistências. Entretanto, não há outro caminho a não ser avançar por ela, dia a dia, com sabedoria e persistência. Mais ainda pelo kosen-rufu mundial, que é um caminho novo, totalmente inexplorado. É a construção em meio a uma infinidade de dificuldades. Pensem que vocês não têm ninguém com quem contar e devem se levantar sós! Todos devem se tornar o “Shin’ichi Yamamoto”. Se vocês se levantarem com essa consciên­cia, o século 21 será um século de ilimitada esperança. Vamos fazer da Convenção da Divisão dos Jovens da Província de amanhã o encontro que selará esse zarpar rumo ao novo século. No Seikyo Shimbun do dia seguinte, 14 de janeiro, ocupando as páginas 2 e 3, um grande título saltava aos olhos: O Bailar sob a Neve dos Orgulhosos Amigos de o “Inverno Nunca Falha em se Tornar Primavera” de Akita. E em cada página, utilizando todo o espaço, estavam publicadas as fotos comemorativas registradas no dia anterior. No dia 14, nevou forte e sem interrupção e a temperatura ficou abaixo de zero o dia todo. No Centro Cultural de Akita, Shin’ichi compôs seguidamente vários poemas para oferecer aos beneméritos e escreveu com pincel o nome dos distritos. A vida resplandece em dourado quando se dedica de corpo e alma a cada instante do dia. Ele incentivou também Joryo Komatsuda, o qual atuara como o primeiro responsável pela comunidade de Ota, da região distrital de Senboku, e sua esposa, Miyo, que foram ao seu encontro no centro cultural. — Estou orando pela saúde e longevidade do casal. O fato de ambos desfrutarem boa saúde e disposição será o orgulho de todos. Por favor, zelem pelos nossos companheiros. Então, ele se dirigiu a Kamakura (cabana de neve) feita pelos membros da localidade, como do Distrito Sanno, em um dos cantos do parque existente na frente do centro cultural. Kamakura é um evento tradicional realizado principalmente na região de Yokote no dia 15 de janeiro em que se constrói uma gruta de neve. Enquanto escrevia incentivos com pincel, ele viu da janela os membros empenhados animadamen­te na construção de Kamakura em meio à incessante neve. Shin’ichi ficou emocionado com a nobre, sincera e afetuosa consideração dos companheiros que se dedicavam a essa árdua tarefa com o desejo de que ele conhecesse essa tradição peculiar ao inverno de Akita. Ele queria corresponder a essa sinceridade com todo o seu coração. Parte 84 Shin’ichi Yamamoto expressou seu sentimento de gratidão aos companheiros, que estavam empenhados na construção de Kamakura, em forma de poemas, registrou-os num cartão especial e ofereceu a eles. Essa bondade dos amigos em construir Kamakura se tornará em canção da primavera em Akita. Shin’ichi entrou na Kamakura junto com a esposa, Mineko. — Com licença... O interior tinha o espaço de cerca de quatro tatames e meio talvez. Haviam colocado um carpete e velas para iluminar. Shin’ichi disse à pessoa que os acompanhava: — Desde criança, eu tinha o desejo de entrar numa Kamakura. Estou realmente feliz por ter concretizado esse sonho. Quando apreciava um preparado de saquê doce, ouviram vozes graciosas cantando do lado de fora. Cai a neve, chuva de neve... Eram membros do coral misto da Divisão dos Estudantes Futuro da localidade. — Muito obrigado! Shin’ichi cumprimentou-os com aperto de mãos e tirou foto junto com eles. E na sequência tirou fotos com os componentes da Divisão dos Estudante Esperança e também com as integrantes da Divisão Feminina de Jovens que tinham vindo da província de Iwate. Louvando os companheiros que tinham construído a Kamakura, ele os denominou “Grupo Kamakura”. Ter sincera consideração e se empenhar para isso se tornar um novo ponto de partida, mesmo com um rápido encontro de um instante — esse é o espírito do incentivo. Akita, que veio sendo considerada a província dos “Notáveis do Mar do Japão”, os “Notáveis de Tohoku” na Soka Gakkai, estava agora para alçar um grande voo rumo ao futuro. Na noite do dia 14 de janeiro, em meio à neve, 1.500 representantes da província se reuniram com disposição e alegria no Centro Cultural de Akita, onde Shin’ichi se encontrava, para a realização da 1a Convenção da Divisão dos Jovens da Província. Nessa ocasião, entre outras atividades, foi anunciado que seriam rea­lizados em Akita a 1a Conferência Mundial dos Jovens da Área Rural em setembro e, em maio do ano seguinte, o Festival Esportivo da Amizade, utilizando um local ao ar livre. Além disso, foi comunicado que, por sugestão de Shin’ichi, todos os participantes da atividade desse dia seriam considerados membros da “Primeira Turma do Grupo 2001”, com o compromisso de avançarem visando o dia 3 de maio de 2001. A cada anúncio, todos sentiam o coração palpitar com entusiasmo, e estendendo suas asas de esperança, renovaram sua decisão. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. No topo: Ilustração de Kenichiro Uchida

06/12/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 24 (parte 1)

Demonstrar gratidão pelos nossos pais é um aspecto fundamental da nossa humanidade Em setembro de 1976, a mãe de Shin’ichi Yamamoto, Sachi, faleceu serenamente, devido à idade, rodeada por familiares que recitavam daimoku. Shin’ichi permaneceu ao lado da mãe até pouco antes de ela falecer. Ao saber da morte dela, foi imediatamente à frente do Gohonzon recitar gongyo e dedicá-lo a ela. Enquanto orava, muitas recordações de sua mãe vieram-lhe à memória. A mãe dele havia se sacrificado para criar uma família numerosa. Como forma de manifestar sua imensa gratidão pelos esforços dela, Shin’ichi planejava passeios ou viagens para que ela pudesse desfrutá-los enquanto ainda tivesse saúde. Ela gostava de fazer aqueles passeios e de se encontrar com membros da Gakkai nos lugares aonde ia. O que o deixava mais feliz, acima de tudo, era ver o sorriso no rosto de sua mãe. Uma mãe cria os filhos com amor infinito. Crianças pequenas podem dar muito trabalho e ser bastante dependentes. Entretanto, quando os filhos crescem, é a vez deles de saldar as dívidas de gra­tidão demonstrando muito carinho por sua mãe. Perder esse senso de gratidão significa perder o aspecto mais importante de um verdadeiro ser humano. Quando Sachi, a mãe de Shin’ichi, vinha à sede da Soka Gakkai, muitas vezes usava um haori (casaco formal tradicional japonês de comprimento médio) preto, que ela mesma havia costurado. Respei­tando a sede como a principal fortaleza do kosen-rufu e local sagrado em que estava gravado o espírito dos sucessivos presidentes da organização, ela considerava mais do que natural se vestir de maneira formal ao visitá-la. Jamais passava pela sua cabeça receber tratamento especial ou tirar proveito do fato de seu filho ser o presidente da organização. Em abril de 1975, ano que antecedeu a morte dela, Shin’ichi teve a oportunidade de ver sua mãe pela primeira vez após um longo tempo, no templo principal, com as cerejeiras totalmente floridas. Com a infinidade de atividades programadas, todavia, eles tiveram apenas uns poucos minutos para conversar. Shin’ichi ofereceu à sua mãe, que adorava flores, um colar feito com ramos de cerejeira. Ele o colocou em volta do pescoço dela, e ela lhe agradeceu várias vezes sorrin­do encantada ao ver as belas flores que lhe foram ofertadas. No momento da partida, desejando reiterar ainda mais sua gratidão, Shin’ichi ofereceu-se para carregar sua mãe no íngreme trajeto que tinham diante de si. Ele se curvou para que pudesse subir em suas costas, mas ela disse embaraçada: — Estou bem, muito bem. Não posso deixá-lo me carregar. — Não, mãe, eu é que quero fazer isso — insistiu. Ela cedeu e lhe agradeceu, permitindo que a levasse. A mãe dele sempre tivera estatura pequena, mas, com a idade, parecia ainda menor e mais leve. — Ufa! Está muito pesada! — gracejou Shin’ichi, fingindo gemer por causa do peso dela e fazendo-a rir com despreocupada alegria. Ele nunca se esqueceu da sensação de aconchego dela quando a carregou em suas costas naquele dia. (Capítulo “Ode às Mães”) Prestar atenção aos aspectos básicos evita acidentes Em uma noite no fim do outono de 1976, Shin’ichi decidiu verificar várias instalações da Gakkai na área ao redor da sede central antes de voltar para casa depois do trabalho, pois sabia que incêndios eram frequentes no inverno no Japão. Nesse momento, encontrou dois membros do Gajokai (grupo da Divisão Masculina de Jovens responsável por proteger os centros culturais da Soka Gakkai) e sugeriu que fizessem juntos inspeções às instalações. Shin’ichi executou uma inspeção detalhada, certificando-se, inclusive, de que os queimado­res do fogão das instalações da cozinha e as luzes e os aparelhos elétricos nas salas que não estavam sendo utilizadas se encontravam desligados. Na parte externa, ele direcionou a luz de uma lanterna para a base das plantas e das flores em frente ao prédio, para ter certeza de que nenhum material perigoso havia sido depositado ali. (...) — Vocês podem achar que é exagero, mas caso viesse a aconte­cer algum acidente pelo fato de deixarem escapar algo, seria tarde demais. Olhos que percebem as mínimas coisas podem evitar os maiores acidentes. Para preveni-los, todos devem considerar a questão com cuidado, definir a relação básica de itens que precisam ser checados e, depois, segui-la assiduamente. (...) Estabelecido um procedimento-padrão, é necessário segui-lo fielmen­te sem pular etapas ou ignorar partes dele. Caso permitam que se transforme em mera formalidade e percam o foco, o descuido virá em seguida. Esse é o maior perigo. (...) Shin’ichi continuou a falar com os dois jovens membros dos Gajokai enquanto inspecionavam a área ao redor da sede. — A partir de agora até o fim do ano é a época em que acontecem não somente muitos incêndios, mas também crimes como fraudes e roubos. Alguns, entretanto, tendem a pensar que esse tipo de coisa só acontece com os outros, não supondo jamais que eles próprios poderiam se converter em vítimas. Na verdade, esse é o primeiro sinal de descuido, e essa maneira de raciocinar os torna vulneráveis. Embora nas reuniões re­co­mende­mos aos membros que tomem cuidado para não se envolverem em acidentes de trânsito, há muitos casos nos quais as pessoas dizem para si mesmas: “Eu sei disso”, e não prestam atenção de fato. O que vocês deveriam fazer nessas ocasiões é se lembrar de ser ainda mais precavidos e sugerir o mesmo àqueles que estão ao redor. (...) Shin’ichi passou pelo prédio do Seikyo Shimbun com os dois integrantes do Gajokai, no trajeto de volta para casa, que ficava nas imediações. Sua esposa, Mineko, estava na porta de entrada para recebê-lo. Ela lhes agradeceu educadamente. Quando estavam partindo, Shin’ichi disse-lhes: — Muito obrigado por me acompanharem hoje. Tenham como objetivo a proteção e a segurança plenas. Eu também vou orar fervorosamente por isso todos os dias. Não posso fazer a ronda com vocês todas as vezes, mas em meu coração estou sempre com vocês. Compartilhamos da mesma missão. Por favor, protejam nossa sede em meu lugar. Guardem nossos centros culturais e nossas sedes regionais. Zelem por nossos membros. Vamos nos encontrar novamente. Naquela noite, Shin’ichi e Mineko oraram intensamente para que os componentes do Gajokai não se resfriassem e cumprissem com todo o vigor sua respectiva missão evidenciando seu ilimitado potencial. (Capítulo “Proteção Plena”) (Traduzido da edição de 13 de outubro de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 24, no BS+ ou no site www.brasilseikyo.com.br, clicando no "play" do vídeo acima ou aqui.

22/11/2024

Nova Revolução Humana

Atitude resoluta e sincera

Parte 77 Na reunião de líderes da província de Akita, Shin’ichi Yamamoto falou a respeito do que é a “mais profunda recordação da vida”: — Cada pessoa possui os mais variados tipos de recordação. Normalmente, eles vão sendo esquecidos com o passar dos anos. Contudo, as lembranças dos exercícios budistas, mesmo que tenham ou não consciência delas, ficarão gravadas para sempre, por todo o futuro, como as mais sublimes recordações. Isso porque as atividades pelo kosen-rufu, do ponto de vista do princípio de causa e efeito, são uma jornada em direção à felicidade eterna, e ficarão registradas no âmago da vida como uma recordação de alegria e de dinâmico avanço. É exatamente como afirma nos escritos de Nichiren Daishonin: “Recite o Nam-myoho-renge-kyo com atitude resoluta e sincera, e recomende com veemência aos outros que façam o mesmo; isso permanecerá como a única lembrança de sua existência neste mundo humano”.1 Relembrando sua própria atua­ção como substituto do responsável pelo Distrito Bunkyo e sua luta em Kansai onde concretizaram 11.111 shakubuku em um mês, ele explicou que é correndo com todas as forças diariamente pelo kosen-rufu que as lembranças douradas que solenizam a vida são construídas. Nesse dia, ele disse aos líderes de Akita: — Conversando com as pes­soas que visitavam o centro cultural, muitas externaram o desejo de fazer com que seus membros do distrito e da comunidade pudessem participar também da reunião de gongyo comemorativo. Então, que tal realizarmos amanhã uma reunião com participação livre? Todos menearam a cabeça em concordância com o rosto corado de alegria. — Então está decidido. Até agora foram reuniões de líderes de distrito e acima, mas a partir de amanhã todos os que desejarem podem participar. Agora será decisivo. Não faz mal que sejam mais duas ou três reuniões de gongyo. Como terei conselho pela manhã, eu me juntarei aos participantes no final das sessões da manhã e tirarei foto comemorativa com eles. A comunicação a respeito da realização da reunião de gongyo com participação livre se espalhou rapidamente. Parte 78 Na manhã do dia 13, a neve que caía desde a noite anterior persistia. Os companheiros de Akita chegavam ao centro cultural repletos de disposição e ânimo mesmo em meio à con­tínua neve vindos de localidades como Noshiro, ao noroeste da província, e Omagari, na região central da província. Nós, que nos reunimos nesta batalha pela Lei do kosen-rufu nos campos de neve sob a tempestade... Esse é um dos versos da canção da província Rampu [Bailar em meio à Tempestade] que os companheiros de Akita vieram cantando de acordo com a ocasião. Na manhã do dia 13, Shin’ichi Yamamoto recitou gongyo com os membros das comissões no Centro Cultural de Akita, participou do conselho em um local da cidade, e pouco depois do meio-dia se dirigiu para o parque diante do centro cultural onde seria registrada a foto comemorativa. Nesse local estavam reunidos com muita alegria e disposição os participantes das duas sessões da reunião de gongyo que foram rea­lizadas pela manhã que tirariam foto comemorativa com Shin’ichi. A neve continuava a cair, mas todos estavam cheios de entusiasmo. Pensando bem, nesses últimos anos, os companheiros de Akita viveram dias difíceis em que tiveram de suportar muita coisa cerrando os dentes. Uma tática usual dos sacerdo­tes maldosos era condicionar sua participação nas cerimônias de funeral com o desligamento do solicitante da Soka Gakkai. Além disso, em cerimônias em que havia a participação de parentes não praticantes, eles criticavam sem parar e repetiam calúnias e difamações contra a organização. E no final, ainda lançavam absurdos como “O falecido não atingiu a iluminação!”. Eram ações de extrema crueldade, frieza e absoluta insensibilidade, impensáveis para um ser humano. Haviam suportado e superado tudo, e agora estavam para iniciar uma nova jornada rumo ao século 21 junto com Shin’ichi. No coração de todos os preciosos companheiros apenas vinha à tona a alegria de que “enfim havia chegado a primavera”. Shin’ichi chegou trajando uma jaqueta branca sob a neve. A temperatura era de 2 graus negativos. Grande ovação e forte salva de palmas das 1.500 pessoas reunidas se espalharam. Ele subiu no palanque que tinha sido providenciado e pegou o microfone. — Muito obrigado pelos seus esforços, mesmo em meio à neve! — Nós estamos bem! — ouviu-se uma resposta cheia de energia. — Esse aspecto forte e vigoroso dos senhores é o próprio espírito daquele verso da Canção da Revolução Humana que diz: “Enfrentando nevascas, avancemos intrepidamente”. Hoje, como uma declaração da grande vitória de Akita, vamos cantar, juntos, a Canção da Revolução Humana! Um grande coro repleto de entusiasmo e paixão ecoou como se derretesse a neve. Oh, levante-se, eu também me levantarei! Cada qual em seu palco do kosen-rufu, levante-se só. Shin’ichi também cantou com todos. No coração dos membros ardeu alto a chama do espírito de luta. Era a orgulhosa canção da vitória de mestre e discípulo Soka. Parte 79 Shin’ichi Yamamoto deu mais uma sugestão em relação à dispo­sição de luta dos companheiros de Akita: — Comemorando a grande batalha e a grande vitória dos senhores, vamos dar nosso “brado da vitória”! Todos responderam ao seu chamado com o forte brado: — Ôoooo! Então, o “brado da vitória”, que poderíamos chamar de grande declaração da vitória do povo, ecoou pela terra da neve. — Hei, hei, ôoooo...! Socando o céu com força e o punho da mão direita fechado, todos expressaram a vitória com o máximo de sua voz e do seu corpo. A persistente neve parecia até uma dança de pétalas de flores brancas fazendo parecer uma comemora­ção das divindades celestiais. O fotógrafo do Seikyo Shimbun, que estava dentro do cesto no alto de um guindaste, registrou a imagem desse instante. Shin’ichi conclamou a todos: — Por favor, cuidem-se bem! Não fiquem gripados. Vamos nos encontrar novamente! Na tarde desse dia, a partir de pouco depois das 13h30, realizou-se a terceira reunião de gongyo com participação livre do dia. Nessa ocasião também, Shin’ichi se dirigiu ao microfone após liderar o gongyo. Além de reconfirmar que na prática do Budismo de Nichiren Daishonin o princípio “fé, prática e estudo” é fundamental, ele enalteceu que as atividades da Soka Gakkai existem para isso. E enfatizou que é na ação prática das atividades da organização que se encontram o exercício budista, a transformação do destino e a conquista do estado de buda na presente existência. Pelo fato de existirem muitos educadores de destaque na Soka Gakkai da província de Akita, foi anunciada a fundação do Clube de Educadores de Akita, formado por representantes do Departamento Educacional, após a deliberação feita no conselho. E ele externou sua expectativa de que esse grupo se tornasse um pilar da contribuição para a localidade. Além disso, citando a localidade de Ota, da região distrital de Senboku, onde o kosen-rufu estava mais avançado dentro do Japão, ele focou na luta dos companheiros dos primórdios da Soka Gakkai que foram a sua força propulsora, e louvou os árduos e dedicados esforços até aquele momento e os incentivou com todo o seu coração. “O que fazer para que cada localidade evidenciasse o melhor de sua característica e desenvolvesse ainda mais o kosen-rufu” — era isso que Shin’ichi ponderava a todo o momento dos mais diferen­tes ângulos. Porque essa é a conduta de um líder que assume a responsabilidade pelo kosen-rufu. Parte 80 Quem veio atuando como primeiro responsável pela comunidade de Ota, da região distrital de Senboku, foi Joryo Komatsuda. Ele ouviu a respeito do budismo em 1953 quando seu quinto filho, que estudava numa universidade em Tóquio, retornou para visitar a terra natal. A esposa de Joryo, Miyo, tinha uma saúde frágil, e seus netos, filhos do seu filho mais velho morreram um após o outro; sua nora também havia falecido de septicemia depois de três anos de casado. Embora fosse proprietário de um extenso e tradicional campo dourado de plantação de arroz herdado dos ancestrais, seu coração era nebuloso. Intrigado com a sucessão de acontecimentos infelizes em sua vida, Joryo soube do princípio de causa e efeito elucidado pelo budismo e ingressou na Soka Gakkai junto com a esposa e o filho mais velho, embora não estivesse completamente convencido. Ele foi o primeiro membro da Soka Gakkai que surgiu nas proximidades da cidade de Ota (posteriormen­te, parte da cidade de Daisen), província de Akita. A esposa, que começou a recitar gongyo, dia a dia foi recuperando a saúde, e dentro da casa, em que pairava um ambiente sombrio, passaram a ecoar alegria e risadas. Ele fortaleceu sua convicção em relação à fé observando a postura forte, radiante e intrépida dos membros da Soka Gakkai que os visitavam, mesmo cada qual enfrentando suas próprias dificuldades e seus desafios. Não se contendo de vontade de falar sobre o budismo para as pessoas, a primeira pessoa a quem ele fez shakubuku foi seu primo em primeiro grau. Os pais de sua esposa também iniciaram a prática budista. Sempre que arrumava tempo, ele saía para fazer shakubuku com sua esposa trajando chapéu de tecido de fibra de bambu e capa de palha. Eles tinham muitos parentes na região. O elo da propagação foi se estendendo de um parente a outro e para conhecidos. Assim, em 1959, foi fundada uma comunidade na localidade de Ota, e Joryo foi nomeado seu responsável. Cerca de dez anos após a sua conversão, 47 famílias de paren­tes tinham se convertido [ao budismo] e, num raio ao sul da província, havia cerca de 4.700 famílias de membros da Soka Gakkai. Entretanto, nem tudo foram épocas de calmaria. Em 1963, quando estava fora, chegou até ele a informação de que sua casa havia sido totalmente consumida pelo fogo. Ele perdeu a casa e a mobília herdada por gerações desde os ancestrais. Ouviu vozes de crítica e desconfiança dizendo: “Você não falou que era um ensinamento supremo e que seriam protegidos sem falta?!”. Joryo sorriu e disse cheio de orgulho: — Não se preocupe. Está tudo bem. Nós temos o Gohonzon! O sol da convicção que brilha dentro do coração espanta as nuvens escuras da insegurança e da dúvida que cobrem as pessoas ao redor. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 66, 2020.

22/11/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Viver com o Gosho: volume 23 (parte 3)

___ Portanto, primeiro devo aprender sobre a morte e, então, sobre outras coisas.1 ____ Estabelecendo a felicidade indestrutível pelas três existências Em julho de 1976, Shin’ichi Yamamoto discursou sobre os quatro sofrimentos do nascimento, envelhecimento, doença e morte em uma reunião da Divisão Feminina de Jovens em que representantes de todo o Japão participavam. — Nenhum de nós pode evitar a morte. (...) Quando conversei com o historiador britânico Arnold J. Toynbee (1889–1975), ele observou com emoção que todos os seres humanos morrem e que devemos enfrentar a dura realidade do nascimento e da morte nesta existência, mas despende­mos nosso tempo em diversão social, enganando a nós mesmos e recusando-nos a encarar esse fato. Essa era a razão pela qual, afirmou ele, desejava falar comigo, um líder budista, sobre o budismo. Sem uma solução fundamental para a morte, não podemos ter uma visão adequada da vida nem dos valores sólidos, tampouco apreciar a verdadeira felicidade na vida. (...) — O Budismo Nichiren oferece uma solução fundamental para o problema da morte. Se dedicarem a vida ao kosen-rufu, não apenas alcançarão um estado de felicidade indestrutível nesta existência, como também poderão trilhar eternamente a grandiosa estrada da felicidade na vida pelas “três existências” — passado, presente e futuro. (...) Contanto que se dediquem ao kosen-rufu e pratiquem a fé assiduamente, sua vida estará unida à lei fundamental do universo, a Lei Mística, e vocês serão capazes de superar tranquilamente todos os sofrimentos. Uma subcorrente de benefícios flui dentro da vida daqueles que praticam este budismo com seriedade. Mesmo que soprem ventos implacáveis e o sol inclemente arda sobre eles, no fim esses praticantes serão ricamente nutridos e verão a felicidade frutificar. (Capítulo “Empenho Resoluto”) ___ Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar o Nam-myoho-renge-kyo. A Felicidade neste Mundo2 ___ O daimoku é a força motriz para superar todas as dificuldades Em 24 de agosto de 1976, Shin’ichi participou de uma reunião para representantes da cidade de Kokubu (que hoje é a cidade de Kirishima), perto do Centro de Treinamento Geral de Kyushu. Ao encorajar os membros, ele enfatizou a importância de fazer da fé o nosso alicerce por toda a vida. No Sutra do Lótus consta a afirmação: “[Os que ouvem a Lei] desfrutarão paz e segurança na presente existência e boas circunstâncias nas existências futuras”.3 Todavia, vários obstáculos surgem no caminho do kosen-rufu, e a vida é uma batalha contra o nosso próprio destino cármico. “Desfrutar de paz e segurança na presente existência” não significa que a vida será sempre navegar em águas calmas, sem nenhum problema ou desafio. Essas palavras descrevem uma condição de vida na qual, mesmo ao vivenciarmos dificuldades e provações tão implacáveis como ondas furiosas, somos capazes de superá-las com coragem e serenidade, sem jamais recuar um passo. Triunfar corajosamente na vida, haja o que houver, é o verdadeiro significado de “desfrutar de paz e segurança na presente existência”. O que importa é sermos capazes de sentir em nossos anos finais que nossa vida foi de paz e segurança na presente existência, após termos triunfado sobre as tempestades de adversidades que porventura possam ter marcado os anos anteriores. Para tanto, jamais devemos nos afastar da Soka Gakkai ou abandonar o Gohonzon, não importando o que aconteça, e devemos continuar recitando Nam-myoho-renge-kyo e nos empenhando corajosamente em prol do kosen-rufu enquanto vivermos. (...) Não obstante quanto estejamos sofrendo, devemos despertar nossa fé no Gohonzon e orar com o espírito de que “não vou ser derrotado”. Se formos capazes de fazer isso, a coragem para enfrentar as adversidades brotará de dentro de nós, e nos tornaremos revigorados e repletos de alegria. O caminho para solucionar nossos problemas se abrirá diante dos nossos olhos. Oração firme e constante é o fator essencial. Ore intensamente todos os dias, mesmo que os outros estejam observando ou não — essa é a força propulsora para tudo. (Capítulo “Empenho Resoluto”) (Traduzido da edição de 16 de setembro de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) No topo: Ilustração de Kenichiro Uchida. (Seikyo Press) Notas: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 759, 2006. 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 713, 2017. 3. The Lotus Sutra and Its Opening and Closing Sutras [O Sutra do Lótus e Seus Sutras de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 136, 2009; Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 66, 2020. Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 23, no BS+, clicando no "play" do vídeo acima ou aqui.

08/11/2024

Caderno Nova Revolução Humana

O desabrochar das flores da felicidade

Parte 73 Após o término da recitação do gongyo na residência dos Sato, Shin’ichi Yamamoto falou à família em tom sereno: — O Sr. Koji foi realmente uma pessoa de natureza boa e de fervorosa prática da fé. Um grande benemérito. Então, ele direcionou o olhar para todos. — Por intermédio do Sr. Koji, foi solidamente edificada a base da boa sorte da família Sato. Daqui para a frente, herdando essa prática da fé, vocês devem continuar a fazer desabrochar as flores da felicidade por toda a eternidade. Mesmo que recebam o bastão da sucessão na dianteira, não poderão cruzar a linha de chegada se não continuarem a correr. As pessoas que ficaram têm a responsabilidade de seguir mostrando comprovações que façam as demais pessoas ao redor dizerem, com todos os sentidos: “É realmente a família Sato!”. Começará finalmente de agora em diante o segundo capítulo da família Sato. Vamos juntos iniciar um novo avanço. Na noite desse dia 11, Shin’ichi participou da conferência de responsáveis pela província, realizada no Centro Cultural de Akita. Foram apresentados então como ficariam as instalações da Sede da Divisão Feminina da Província e o plano de construção de um centro cultural também ao sul da província, o que deixou a reunião repleta de alegria. Dirigindo-se ao microfone, Shin’ichi seguiu citando a forma de viver de um verdadeiro praticante: — Isso não é algo especial. Acontecem diversas coisas na vida. No entanto, é preciso manter pensamento, sentimento e determinação (ichinen) de “aconteça o que acontecer, eu me voltarei para o Gohonzon e seguirei recitando daimoku”, e continuarei a me empenhar animadamente nas atividades da Soka Gakkai de maneira firme e segura. E mais que qualquer outra coisa, um verdadeiro praticante é justamente a pessoa que decide ter como eixo da sua vida o kosen-rufu e sobrevive em prol da Lei tendo como base o Gosho. — Houve até agora pessoas que atuaram de forma esplêndida por um período, mas se afastaram da prática da fé e se voltaram contra a Soka Gakkai. Ao observar com cuidado pessoas assim, vê-se que possuíram invariavelmente características em comum, como o fato de serem mimadas e terem fortes sentimentos pela fama e fortuna, autocomplacência e vaidade. — No final, elas vieram apenas utilizando tanto a prática da fé como a organização somente para proveito próprio. Mesmo que se comportem habilmente, a verdadeira natureza delas acaba sendo desmascarada. Assim são a rigorosidade da Lei Mística e o mundo da prática da fé. Parte 74 Shin’ichi Yamamoto seguiu falando de forma franca sobre os seus sinceros sentimentos aos companheiros de Akita, que vieram superando diversos ventos e neves de dificuldades: — Eu vim sendo enganado pelas pessoas. Também fui utilizado e colocado em armadilhas. Sabia da existência de pessoas desse tipo dentre aqueles que se intitulavam discípulos. Havia pessoas que me diziam “Aquele homem tem segundas intenções, por isso é melhor se afastar dele rapidamente”. Mesmo assim, vim me relacionando com essas pessoas com coração aberto e envolvendo-as de maneira compreensiva. Conhecendo seus íntimos e suas reais intenções, vim dialogando tenazmente tentando despertá-las para a prática da fé. Por diversas vezes apontei rigorosamente essa natureza delas e vim acumulando orientações. Por quê? É pelo fato de o mestre ser aquele que, mesmo sendo enganado várias vezes, acredita no discípulo e se empenha dedicando todas as suas forças pela revivescência dele. No entanto, caso essa pessoa manifeste sua natureza maligna e cause sofrimento aos companheiros, que são os filhos do Buda, tente conturbar a união harmoniosa da Soka Gakkai e aja para destruir o kosen-rufu, ela já terá se tornado inimiga do Buda. Não haverá outra forma senão combatê-la exaustivamen­te. Não pode haver hesitação ou demora nisso. Quanto mais artimanha uma pessoa usa, mais inquieta ela se torna. Para esconder sua má índole, ataca freneticamente os outros. Essa é a percepção dos mais de trinta anos da minha vida religiosa. No entanto, tudo será sentenciado conforme a regra da vida denomina­da “princípio de causa e efeito”. Esse conceito de “causa e efeito” é inexorável. É justamen­te essa convicção de um budista. Viemos nos dedicando de forma ininterrupta em prol do kosen-rufu, para a paz no mundo e para a felicidade das pessoas. Porém, os maus sacerdotes não conseguem compreen­der esse rigoroso fato. Nichiren Daishonin assim cita como as pessoas más viam o buda Shakyamuni dotado dos trinta e dois aspectos e oitenta características: “No entanto, as pessoas más o viam como acinzentado, outros o viam com fuligem e outros como inimigo”.1 Aos olhos distorcidos, tudo se reflete de modo deturpado. O coração deformado por inveja, ódio e precon­ceito não consegue refletir sobre a verdade da Soka Gakkai. Por isso, eles vivem chamando a Soka Gakkai de herética. Ser odiado pelo mal é a prova de ser da justiça. Parte 75 A orientação de Shin’ichi Yamamoto, transbordante de paixão e de sentimento, se encerrou. O coração dos companheiros de Akita estava repleto de orgulho e de decisão como os “Notáveis do Mar do Japão”. Ao se deslocar para o fundo da sala de reunião a fim de deixar o local, ele dirigiu um sorriso a uma senhora que ali se encontrava. Era Tomiko Sekiya, orientadora da Divisão Feminina da Regional Tazawa. Em janeiro de 1979, quando Shin’ichi visitou o Centro Cultural de Mizusawa, na província de Iwate, ela havia participado de uma reunião de diálogo como representante da província de Akita e relatado os ataques absurdos contra a Soka Gakkai impetrados pelos sacerdotes e seguidores do templo em sua localidade. E em fevereiro de 1978, para impedir que os membros da Soka Gakkai participassem da cerimônia de oko realizada no templo, adeptos diretos dessa instituição enxotaram-nos na porta de entrada. Contudo, Tomiko atravessou a barreira, dizendo-lhes: “Vocês não têm autoridade para me impedir de entrar aqui”. Então, foi o prior do templo quem gritou com ela: “Fora daqui!”. Ela lhe questionou resolutamente por quê. “Porque a Gakkai é herética” — foi a resposta. Imediatamente, ela retrucou: “E por que a Gakkai é herética?”. Ela não recuou nenhum passo para declarar a justiça da organização. “O ataque das maldades já se iniciou!” — sentiu Tomiko, que correu para incentivar os demais membros da Soka Gakkai. Muitos companheiros foram se levantando diante das palavras altivas de grande convicção em relação à organização e logicamente consistentes com o princípio de “refutar o errôneo e revelar o verdadeiro” dessa simples integrante da Divisão Feminina. Haviam se passado três anos desde aquele encontro em Mizusawa. Shin’ichi disse a Tomiko: — Muito obrigado por seus dedicados esforços, mesmo sem ter veteranos com quem contar. Quem está protegendo a Soka Gakkai são pessoas que, independentemente do que aconteça, se levantam com a mesma decisão que a minha de assumir a total responsabilidade de fazer com que todos sejam felizes. É isso que significa levantar-se do lado da Soka Gakkai. Pessoas que se tornam meras espectadoras ou críticas da organização, em vez de viverem como protagonistas que assumem sua responsabilidade, são covardes. E quem logo critica a Soka Gakkai seguindo sem reflexão o que a sociedade diz é secto das críticas e opiniões públicas. A senhora manteve sua convicção até o fim. Venceu de forma esplêndida. Muito obrigado! Parte 76 Shin’ichi Yamamoto imbuiu força em sua voz para falar a Tomiko Sekiya: — Agora é hora da nova partida. Vamos avançar juntos visando o dia 3 de maio de 2001 e o século 21! — Sim! Nessa época estarei com 81 anos. E certamente viverei com saúde até lá. Será que po­derei me encontrar novamente com o senhor? Shin’ichi respondeu-lhe, sorrindo: — Ainda há quase vinte anos pela frente. Vamos nos encontrar várias e várias vezes. Jamais me esquecerei de alguém que, no momento crucial, se empenhou com todas as forças e lutou em prol do kosen-rufu. Seu nome ficará registrado na história do kosen-rufu e resplandecerá brilhantemente. Dias depois, ele enviou um poe­ma para Tomiko: Emergidos da terra vivendo juntos até o século. No dia seguinte, 12 de janeiro, realizou-se uma reunião de líderes da província comemorativa da inauguração do Centro Cultural de Akita. Nessa ocasião, participavam também representantes da província de Oita que tinham superado e vencido as provações da problemática do clero. E, ainda, duas províncias estabeleceram um laço de intercâmbio como “irmãs” e anunciaram que edificariam a “ponte de arco-íris do kosen-rufu”. Akita, por sua vez, reconfirmou a partida elevando as bandeiras da “construção do distrito” e da “plenitude das reuniões de palestra”. Nesse dia, Shin’ichi disse em suas palavras de incentivo: — Meus únicos desejos são: “Que todos vivam com saúde e tenham uma vida estável. Que todos tenham uma existência maravilhosa”. Gostaria que se lembrassem de que a prática da fé é exatamente para isso e que “fé é vida diária”. Para que existem a prática da fé e as atividades da Soka Gakkai? É, sem dúvida, pelo kosen-rufu e para “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”, mas o objetivo fundamental disso é a felici­dade de si próprio. É por meio da ação prática em prol do kosen-rufu e de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”, junto com a recitação do daimoku, que existem o dinâmico avanço da própria vida, a alegria, a revolução humana e a transformação do destino. Além disso, as atividades diárias da Soka Gakkai são o caminho para desabrochar as flores da felicidade em nosso lar, no nosso bloco, na comunidade e na nossa localidade. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. No topo: Ilustração de Kenichiro Uchida Nota: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 1079, 2006.

08/11/2024

Nova Revolução Humana

Belo brilho da vida

Parte 69 Agora, os companheiros de Akita venceram superando a “tempestuosa problemática do clero”, ocasionada pelos sacerdotes do Shoshin-kai, e receberam Shin’ichi Yamamoto em meio ao “céu límpido de alegria”. Justamente por isso, ao ouvirem a denominação Seiten Hiroba (“Espaço Céu Límpido”), não apenas Toshihisa Komatsuda, mas todos os que estavam próximos não esconderam a alegria. Foi realizada ao entardecer desse dia na cidade de Akita a conferência de representantes de Tohoku. Nessa reunião, foram minuciosamente comunicados os tratamentos implacáveis e desumanos dos sacerdotes do Shoshin-kai nos templos como os de Omagari e de Noshiro. Num dos templos, ao se solicitar uma cerimônia em memória do falecido, aproveitando com unhas e dentes essa chance, [o reverendo] veio investindo dizendo para a pessoa sair da Soka Gakkai, caso quisesse que ele fosse realizá-la. Não havia como ceder a uma intimidação como essa. O responsável pelo Grande Bloco (atual responsável pela comunidade) liderou a oração (doshi) olhando de lado para as pessoas que abandonaram a organização e compareceram em parte para zombar dos membros da Soka Gakkai, os quais recitaram solenemente gongyo e daimoku com a voz unida, de forma magnificente. Em outro templo, uma senhora, que perdeu uma pessoa da família, lutava contra a tristeza ao ouvir do reverendo palavras cruéis que pareciam não ser ditas por um clérigo. Na conferência de representantes, avaliou-se a possibilidade de enviar líderes para incentivar os companheiros dessas duas localidades. — Ao pensar nas dificuldades de vocês até agora, meu peito parece se dilacerar. Como suportaram tudo tão tenazmente. Vocês que mantiveram a justiça em prol do kosen-rufu deverão receber uma grande exaltação do buda Nichiren Daishonin. De qualquer forma, quero que os líderes abracem amplamente a todos e os protejam até o fim. Para tanto, o importante é prestar máxima atenção. Às vezes, acontece de o ser humano ser influenciado pelos sentimentos e acabar magoando os outros devido à maneira de falar sem cuidado. No entanto, no mundo da prática da fé, jamais pode acontecer de se levar os companheiros a abandonar a organização por palavras e ações descuidadas ou que machuquem. A base é seguir relacionando-se com os companheiros com o sentimento de respei­tar o Buda. Desejo que tenham uma profunda consciência de que nossa Soka Gakkai é justamente o mundo de um rico bom senso onde se pode polir o caráter e respeitar cada pessoa. Parte 70 Shin’ichi Yamamoto, após concluir a conferência de representantes de Tohoku e retornar ao Centro Cultural de Akita, recitou gongyo com os membros das comissões e tirou foto comemorativa com os integrantes da Divisão dos Jovens. Nesse dia, chegaram ao centro cultural cerca de mil pessoas, as quais ele as incentivou de todo o coração. E ainda, ao ouvir que muitos companheiros estavam recitando daimoku em sua residência para o grande sucesso das atividades, Shin’ichi lhes enviou daimoku de gratidão. Então, anos depois viria a ser fundado o Grupo da Orientação a Akita na Neve. No dia seguinte, 11 de janeiro, o céu estava totalmente azul desde a manhã. Era tanto que os raios de sol chegavam a ofuscar com seu brilho. Então, na parte da manhã, Shin’ichi seguiu no ônibus da Soka Gakkai junto com os líderes da coor­denadoria de Tohoku e da província de Akita para a Sede de Akita. Essa sede é o castelo da Lei que veio sendo utilizado como local central da província até a conclusão do Centro Cultural de Akita no fim do ano passado. Ali, desde o Ano-Novo e durante um mês estava sendo realizada a exposição Ações em Prol da Paz que apresentava o caminho trilhado por Shin’ichi para a promoção da paz mundial. Shin’ichi foi até o centro cultural para se encontrar com os membros da Divisão dos Jovens, os quais vinham realizando os preparativos abdicando de desfrutar até o período de fim e início de ano, e para lhes transmitir seu sentimento de gratidão. — Sou grato pelos seus esforços! Vocês se empenharam muito. Ele direcionou a voz aos membros responsáveis pela condução do evento e por guiar os visitantes e passou a apreciar a exibição. Em seguida, Shin’ichi dialogou com representantes durante um almoço e depois visitou a residência de um membro benemérito. Era a casa do falecido Koji Sato, que atuou como primeiro responsável pelo Distrito Akita, chamado de “o notável do Mar do Japão”. Koji Sato se converteu ao budismo em 1953, aos 39 anos. Seu irmão caçula, que fora morar em Tóquio, iniciou a prática da fé. Com a propagação do budismo feita por ele, no ano anterior, com exceção de Koji, os quatro irmãos e irmãs se converteram em seguida. Observando a Soka Gakkai, Koji pensou: “A Soka Gakkai está atraindo tantos jovens. Gostaria sem falta de me encontrar pes­soalmente com seu presidente e ouvir suas palavras”. E assim, ele procurou o segundo presidente da organização, Josei Toda. Após conversarem, Toda sensei disse, prevendo a atuação de Koji: — Confio-lhe Akita! Tocado por esse espírito e caráter, ele respondeu espontaneamente: “Sim. Vou me esforçar em Akita”. É a ressonância de vida com vida que move as pessoas. Ilustração Kenichiro Uchida Parte 71 Ao se converter, Koji Sato se empenhou seriamente nas atividades da Soka Gakkai. Ele possuía originalmen­te uma personalidade séria. Nessa época, Akita pertencia à Comunidade Yaguchi, do Distrito Kamata, e os sogros de Shin’ichi Yamamoto, Yoji Haruki e Akiko, atuavam respectivamente como responsável pela comunidade e responsável pela Divisão Feminina de distrito. Os dois se revezavam e viajavam todos os meses num trem noturno por doze horas para transmitir continuamente orientações e incentivos em Akita. E assim, cuidadosamente com o coração, foram ensinando a Sato e aos demais membros cada um dos pontos fundamentais da prática da fé. Eles também percor­reram juntos a localidade oferecendo incentivos individuais e fazendo shakubuku, bem como exortaram a importância de seguir falando sobre os princípios do budismo citando o Gosho com convicção. Os amados companheiros de modos simples e sinceros de Akita assimilaram esses fundamentos tal qual a areia [seca] absor­ve a água e foram rapidamente adquirindo força. A transmissão da prática da fé é realizada justamente pela ação. Os membros mais novos aprendem e se desenvolvem tendo como modelo as ações dos veteranos. Em 1954, um ano após a conver­são de Sato, surgiu o Grande Bloco Akita com uma fileira de oitocentas famílias. Então, o bloco se desenvolveu e se tornou o Distrito Akita, em 1956, tendo Sato como seu responsável. A irmã mais nova dele Tetsuyo Sato foi então nomeada responsável pela Divisão Feminina de distrito. Koji Sato trabalhava no ramo de perfuração exploratória para fontes termais. Por não haver água potável confiável o suficiente no templo principal do clero, Josei Toda solicitou-lhe no Ano-Novo de 1955 que fizesse perfuração exploratória para encontrar um veio d’água subterrâneo. A pesquisa para localizar reserva de água subterrânea na área interna do templo principal vinha sendo realizada de tempos em tempos desde a era Meiji, mas a conclusão dos geólogos era de que “não existe veio d’água”. Ano a ano, cada vez mais, muitos membros da Soka Gakkai visitavam esse local e, com a prosperidade do clero, tornou-se uma questão urgente assegurar água potável. Sato perfurou aproximadamente 200 metros da área que havia visualizado por cerca de três meses, mas não localizou o veio d’água subterrâneo. Josei Toda orientou-o rigoro­samen­te: “Encontre-a sem falta para salvaguardar o clero e proteger os companheiros, que são os filhos do Buda. Sato sentiu grande emoção pela sincera devoção de Toda sensei, que, por desejar o kosen-rufu, zelava até pelo clero. Ele orou esforçadamente. Parte 72 Koji Sato acumulou sério daimoku com pensamento, sentimento e determinação (ichinen) resolutos. Certo dia, ao começar perfurar outro local, com apenas cerca de 26 metros, a água subterrânea jorrou, como se fosse uma dádiva da natureza. Era uma fonte farta e ininterrupta que fornecia aproximadamente 216 litros de água de boa qualidade por minuto. Com isso, foi possível construir um sistema de abastecimento de água na área interna do templo principal. Durante toda a sua vida, Sato não perdoou os maus sacerdotes que pisotearam a Soka Gakkai, a qual veio se dedicando ininterruptamente para defender e proteger o clero. Shin’ichi Yamamoto visitou o Centro Cultural de Aoyama em janeiro de 1979, três meses antes de ele renunciar ao cargo de presidente, e dialogou com representantes de Tohoku. Havia também entre essas pessoas a imagem de Sato e de sua irmã Tetsuyo. Há dois anos, Sato foi diagnosticado com câncer de pulmão, e lhe disseram: “Terá três meses de vida, no máximo um ano”. Shin’ichi, apertando firmemente a mão de Sato, disse-lhe: — Enquanto mantiver a prática da fé, não haverá nada a temer. Sobreviva com todas as forças a cada dia. E o sol nascente se tornará em breve o sol poente. Peço que adorne a vida tal qual o radiante e solene sol poente. Assim como o sol que ilumina as pessoas, deixe incentivos que resplandeçam por toda a eternidade no coração dos companheiros. Koji Sato se levantou como uma fênix. Tomou iniciativa de percorrer até a residência dos membros para oferecer orientação indivi­dual. Tocado pelos seus incentivos, muitos companheiros sentiram o sangue fervilhar para “refutar o errôneo e revelar o verdadeiro” (haja kensei). Todos juraram mutuamente proteger de forma impreterível o castelo Soka. Uma existência de luta emana um belo brilho. Sato cerrou as cortinas da sua existência de 66 anos. Ele faleceu após mostrar a comprovação de prolongar a vida por três anos depois de receber o diagnóstico de câncer. Representando Shin’ichi, sua esposa, Mineko, e seu filho fizeram uma visita de condolências à família. Shin’ichi havia lhe presenteado com uma bengala havia algum tempo. Conforme o forte desejo de Sato, ele foi colocado no caixão vestido de fraque e segurando em mãos a bengala. Disseram que esse desejo foi movido pelo sentimento de “partida para a marcha do kosen-rufu da próxima existência”. Havia se passado um ano e oito meses a partir de então. Foram os últimos anos de vida tal qual um pôr do sol dourado. Shin’ichi, que visitou a família Sato, recitou gongyo com a viúva, Mieko, a irmã Tetsuyo e com os familiares, oferecendo oração em memória dele. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. No topo: ilustração de Kenichiro Uchida

24/10/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 23 (parte 2)

Shin’ichi completou a Canção da Revolução Humana em julho de 1976. Ele queria compor uma canção da vida que inspirasse todos os membros a construir uma nova era da cultura e do humanismo. Ao compor a Canção da Revolução Humana, Shin’ichi empenhou-se arduamente para tentar encontrar uma maneira de expressar e transmitir o profundo despertar espiritual de Josei Toda na prisão, em relação à sua identidade como bodisatva da terra. Foi com base nesse despertar que Toda sensei, sozinho, dedicou a vida ao kosen-rufu. Como escreve Nichiren Daishonin: “Se tiver a mesma mente que Nichiren, o senhor deve ser um bodisatva da terra”.1 Esse despertar é o ponto inicial da convicção da Soka Gakkai, organização que está em total conformidade com o desejo e desígnio do Buda, diretamente ligada a Daishonin e dedicada ao kosen-rufu. Ter consciência da missão dos bodisatvas da terra significa compreender o verdadeiro propósito da vida — nascer com a missão de lutar pela felicidade dos outros — e pô-la em prática. Trata-se da fonte para criar o valor supremo na vida. É a força que ativa o estabelecimento do eu maior que abarca todas as pessoas e, de fato, toda a humanidade, por meio da transformação da condição de vida mesquinha do eu menor, que se preocupa apenas com os próprios interesses e preocupações, no desejo de ajudar os outros. Em outras palavras, dedicar-se à missão dos bodisatvas da terra é o caminho da revolução humana. Em virtude do clima de desampa­ro e depressão, e a predominante incapacidade dos jovens de compreender o verdadeiro significado da vida, Shin’ichi quis emitir um vigoroso apelo aos jovens sobre o propósito da existência. Ele expressou essa ideia na segunda estrofe da canção: “Se somos realmente bodisatvas da terra, / então, temos uma missão a cumprir neste mundo”. No fim de 1976, para comemorar o aniversário de 49 anos de Shin’ichi, que ocorreria em 2 de janeiro do ano seguinte, um monumento com a inscrição “Canção da Revolução Humana” foi erigido e inaugurado no terreno da sede da Soka Gakkai. O monumento foi oferecido por membros que, como discípulos de Shin’ichi, desejavam manifestar a determinação de cumprir a missão como bodisatvas da terra. A Canção da Revolução Humana foi uma obra conjunta de mestre e discípulo. É um hino da vida. Posteriormente à letra da canção inscrita no monumento, Shin’ichi acrescentou: “Dedico ao meu mestre, Josei Toda, de seu discípulo, Shin’ichi Yamamoto”. (Capítulo “Coragem”) Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Dai­shonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 404, 2020. “Criação de valor” — um termo criado por mestre e discípulo O dia 18 de novembro, designado como Dia da Fundação da Soka Gakkai, é a data em que foi publicado o primeiro volume de Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor] de Tsunesaburo Makiguchi, em 1930. Essa obra inovadora nasceu de um diálogo entre mestre e discípulo. Em um dia de inverno, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda conversavam noite adentro, sentados em volta de um braseiro na casa do Sr. Toda. (...) Imediatamente após confidenciar a Toda sensei que desejava publicar suas teorias pedagógicas, Makiguchi sensei admitiu que as perspectivas não eram favoráveis: — Mas não é sensato publicar um livro que não venderá nada e só vai gerar prejuízo financeiro. — Sensei, eu cuidarei disso! — respondeu Toda sensei convictamente. — Mas, Josei Toda, isso custará muito dinheiro. — Não se preocupe. Não sou rico, mas tenho 19 mil ienes. Investirei tudo com muito prazer. Na época, o salário inicial de um professor do ensino fundamental girava em torno de 50 ienes. Para implementar a teoria pedagógica do seu mestre, a fim de assegurar que a filosofia pedagógica dele fosse preservada, Josei Toda, que operava a instituição particular Jishu Gakkan, estava disposto a investir tudo o que tinha. (...) Makiguchi sensei olhou aten­tamen­te para Toda sensei e, então, assentiu com a cabeça: — Está bem. Se está tão decidido, sigamos adiante com isso! Os olhos de Makiguchi brilhavam intensamente. Ele acrescentou suavemente, como se falasse consigo: — Bem, então, que nome devo dar a ela? — Qual é o propósito da sua teoria pedagógica? — indagou Josei Toda. — Resumindo: “criar valor” — respondeu Tsunesaburo Makiguchi. — Deixe-me pensar. “Ética para a Criação de Valor” e “Teoria Educacional para a Criação de Valor” soam longas demais. — disse Josei Toda. — Sim, não expressam o significado corretamente, e algo como “Educação Criativa” também não o capta muito bem. — disse Makiguchi. Com o rosto afogueado de entusiasmo, Josei Toda disse: — Sensei, que tal se utilizássemos os primeiros ideogramas sozo (criação) e kachi (valor) para formar a palavra soka e chamá-la de “pedagogia de criação de valor”? — Sim, é um ótimo nome! — Então, vamos definir como “pedagogia de criação de valor”. Já era meia-noite. Por meio do diá­logo de mestre e discípulo, cunhou-se o termo “criação de valor”. (Capítulo “Empenho Resoluto”) (Traduzido da edição de 8 de setembro de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai). No topo: ilustração de Kenichiro Uchida Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 23, no BS+ ou no site clicando aqui.

24/10/2024

Nova Revolução Humana

Qual é o seu juramento?

Parte 65 A província de Akita vista do céu era um belo mundo alvo e prateado. Após cerca de uma hora de voo de Tóquio, o avião com Shin’ichi Yamamoto e comitiva pousou no Aeroporto de Akita pouco depois das 14 horas do dia 10 de janeiro de 1982. Fazia dez anos desde a sua última viagem de orientação a Akita, sem dar ouvidos às vozes ao redor que diziam: “Seria mesmo necessário ir em pleno inverno?”. O motivo de ele decidir ir a Akita foi porque os companheiros vinham sendo alvo de intensa perseguição por parte dos sacerdo­tes do Shoshin-kai, a ponto de se dizer “Oita do oeste” e “Akita do leste”. Justamente por isso, ao receber o Ano-Novo e passar o período das festividades, voou para Akita coberta de neve com o sentimento de estar com todos “quanto antes”. Ele trocou cumprimentos com os líderes da província que o recepcionaram e saiu do aeroporto. Os ventos que sopravam eram tão gélidos que pareciam cortar o rosto. Cerca de oitenta membros aguardavam por ele na área coberta do estacionamento. Se fosse possível, ele queria ir correndo ao encontro de todos, apertar a mão de cada um e louvar sua brava luta. No entanto, pensando em não causar incômodo aos demais usuários do aeroporto, resolveu apenas lhes dizer: — Vamos nos encontrar em breve! Shin’ichi entrou no carro e seguiu para o Centro Cultural de Akita (atual Centro Cultural Central de Akita), o qual tinha sido inaugurado no fim do ano anterior em Sannonumatamachi da cidade de Akita. Ao olhar pela janela do carro, o grande solo coberto de neve brilhava de forma resplandecente refletindo os raios do sol que atravessavam os vãos entre as nuvens. Disseram-lhe que no dia anterior havia nevado intensamente desde antes do raiar do sol. Quando o veículo circulou por algum tempo, ele percebeu a presen­ça de cerca de quarenta pessoas em frente a um posto de gasolina. O vice-presidente Susumu Aota, responsável pela organização da região nordeste do país, disse: — São membros da Soka Gakkai. Todos se esforçam muito. Shin’ichi meneou a cabeça em silêncio, pediu para parar o carro e começou a caminhar em direção aos amigos de forte espírito de procura. A água das poças formadas sobre o asfalto com neve derretida penetrava em seus sapatos de couro. Mas, ao pensar que os companheiros ficaram aguardando por ele em meio aos ventos gélidos e cortantes, não se permitia ficar parado. — Muito obrigado por seus esforços em meio a esse frio! Todos o ovacionaram. Eles tinham a expressão séria e ao mesmo tempo radiante, como se dissessem: “Enfim, chegou este dia!”. Quanto maior a quantidade de lenhas de dificuldade, mais arden­tes e brilhantes são as chamas da alegria. Parte 66 Havia seniores com a barra das calças dentro de botas de borracha e senhoras de botas e com chapéu de lã. Por ser domingo, também estavam presentes crianças com as bochechas avermelhadas acompanhando os pais. Tomando cuidado para não escorregar na neve, Shin’ichi Yamamoto abriu amplamente os braços e caminhou em direção a eles envolvendo-os com seu sorriso: — Muito obrigado! Todos estão bem? Desculpe-me pelos transtor­nos e pelas preocupações que causei. De agora em diante também, protegerei todos os senhores. Peço que tenham vida longa e se tornem felizes. Será uma nova partida de hoje em diante. Vamos nos esforçar juntos! Ele passou a mão na cabeça das crianças e seguiu apertando a mão dos seniores. Havia pessoas que lhe comunicavam sua situação no trabalho ou sobre a saúde. Foi uma “reunião de palestra na rua”. Então, todos posaram para uma foto comemorativa juntos. Algum tempo depois de o carro voltar a rodar, avistou-se um grupo de pessoas de pé na beira da estrada. Shin’ichi novamente solicitou para parar o veículo, desceu, proferiu palavras de incentivo e tirou foto junto com elas. O fotógrafo do jornal Seikyo Shimbun continuou a apertar o disparador decidido a não perder nenhuma oportunidade. Essa situação se repetiu várias vezes, e ao se aproximar da esquina da quadra 2 de Ushijimani, havia um grupo de aproximadamente oitenta pessoas. Eram membros do grupo que recitava daimoku pelo pleno sucesso das atividades e pelo bom tempo. “Com certeza, sensei vai passar por esta rua. Vamos sair e recepcioná-lo lá fora!” Shin’ichi desceu rapidamente do carro. Surpresos, todos abriram um largo sorriso de alegria. — Hoje, vim até aqui para me encontrar com os senhores! Vamos registrar uma foto comemorativa do dia de hoje! Quero comemorar a vitória dos senhores, que passaram por momentos de sofrimento e de revolta. Os senhores estão sempre em meu coração. A todo o momento, eu lhes envio daimoku. Sei que também estão me enviando daimoku. Assim é a ligação de mestre e discípulo. Mesmo que não possamos nos encontrar sempre, nosso coração está unido. Então, uma integrante da Divisão Feminina disse: — Sensei! Nós estamos bem. Independentemente do que falem de nós, nossa convicção na fé nunca será abalada. Porque somos discípu­los do sensei. Nós somos leões! Ilustração de Kenichiro Uchida Parte 67 Ao prosseguir em seu trajeto com o carro, algumas centenas de metros depois do cruzamento, havia mais um grupo de pessoas em frente a uma oficina de automóveis. Ali também, Shin’ichi Yamamoto desceu e iniciou uma “reunião de palestra na rua”. Dentre essas pessoas, havia líderes da localidade que, lutando bravamente contra os que estavam do lado do templo instigando os membros da Soka Gakkai a se desligar da organização, protegeram os companheiros e vieram incentivando-os. Trocando forte aperto de mãos com eles, Shin’ichi louvou essa árdua batalha: — Tenho recebido uma comunicação detalhada me informando que os senhores vieram se empenhando em intensa batalha da contraofensiva com obstinada determinação de proteger os companheiros. É por existirem pessoas que lutam com todas as forças em meu lugar, com o mesmo sentimento que o meu, que a Soka Gakkai é forte. Essa é a própria imagem da união de “diferentes em corpo, unos em mente”. Existem pessoas que, quando algo acontece, logo seguem a opinião dos outros e criam dúvidas sobre a fé e criticam a Soka Gakkai. Agindo assim, um dia terão grande arrependimento. Em sua mente veio o trecho de Abertura dos Olhos: Eu e meus discípulos, ainda que ocorram vários obstáculos, desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de buda. Não duvidem, mesmo que não haja proteção dos céus. Não lamentem a ausência de segurança e tranquilidade na vida presente. Embora tenha ensinado dia e noite a meus discípulos, eles nutriram a dúvida e abandonaram fé. Os tolos tendem a esquecer o que prometeram quando chega o momento crucial.1 Shin’ichi prosseguiu dizendo: — Os senhores não foram derrotados. Continuaram lutando no “momento crucial” e venceram. Essa resoluta batalha brilhará resplandecentemente na história do kosen-rufu. Um radiante sorriso se abriu no rosto de todos. Até chegar ao Centro Cultural de Akita, Shin’ichi realizou diálogos de incentivo com os companheiros por nove vezes. O coordenador de Tohoku, Akio Yamanaka, que estava no carro de Shin’ichi junto com o vice-presidente Susumu Aota, viu de perto essas ações e sentiu profundamente em seu coração: “Sensei incentiva incansavelmente os companheiros de maneira decisiva para despertar o es­pírito do leão em cada um. Esse é o cora­ção do sensei e da Soka Gakkai. Eu também zelarei pelos companheiros e os incentivarei do fundo do meu coração!”. A transmissão do espírito não é algo que se faz apenas com palavras. Ela acontece por meio das ações, ensinando e mostrando como se faz. Parte 68 Uma multidão aguardava por Shin’ichi Yamamoto no Centro Cultural de Akita. No jardim, havia sido instalado um monumento com a palavra Akita Zakura (“Cerejeira Akita”) com a caligrafia de Shin’ichi, e os preparativos para a sua inauguração e o plantio comemorativo estavam prontos. Ao chegar ao centro cultural, Shin’ichi procedeu à inauguração do monumento e realizou o plantio banhado pelos raios do sol que passavam pelas frestas das nuvens, e também tirou foto comemorativa com todos. Quando ele inspecionava a área interna do centro cultural, o responsável pela província, Toshihisa Komatsuda, solicitou-lhe que desse nome ao espaço em frente à entrada principal. — Soube que ontem nevou, mas hoje está fazendo tempo bom. Que tal Seiten Hiroba (“Espaço Céu Límpido”)? Tanto as tempestades como as nevascas sem falta cessam em algum momento, e o dia ensolarado chega. E fazer com que seja assim é fé. Komatsuda, com um sorriso, disse: — O “céu límpido” é o nosso juramento. Dez anos antes, em julho de 1972, a península japonesa foi atingida por fortes chuvas. Até o dia 9, data em que Shin’ichi estava em Sendai em sua orientação a Tohoku, ocorreram deslizamentos de terra na área de Shikoku, em Kyushu, ocasionando a morte de quase duzentas pessoas e deixando várias desaparecidas. Foi o “Temporal de Julho de 1972”. Caiu uma intensa chuva também em Akita, e houve danos causados pela inundação devido ao transbordamento de rios ao norte da província. Em Akita, estava programado o registro de uma foto comemorativa com Shin’ichi no dia 12. No entanto, devido ao temporal, não houve outra forma senão cancelá-lo. Mas, após concluir as sessões de foto comemorativas na província de Yamagata, Shin’ichi entrou na província de Akita no dia 11. “Com certeza todos estão abatidos por terem sido atingidos pela inundação. Por isso, irei a Akita de qualquer maneira, independentemen­te dos obstáculos, e incentivarei as pessoas que estão passando pelas piores dificuldades” — esse era seu sentimento. Ao chegar à sede de Akita, ele perguntou mais detalhes dos danos provocados pelo temporal nas respectivas localidades da província, e rapidamente tomou providências como o envio de líderes e incentivos às vítimas. Também participou das reuniões realizadas na sede e frisou sobre a prática da fé de “transformação de veneno em remédio”. Nesse dia já não chovia mais, e o céu foi envolto por um belo pôr do sol avermelhado. A partir de então, para os companheiros de Akita, o céu límpido e o pôr do sol avermelhado se tornaram símbolos da superação da adversidade chamada “temporal”. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. No topo: Ikeda sensei se encontra com membros de Akita. Ilustração de Kenichiro Uchida Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Dai­shonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 296, 2020.

10/10/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 23 (parte 1)

Vencer a doença encorajado pelo espírito do fundador A Escola de Educação Infantil Soka de Hong Kong foi inaugurada em 1992. Todos os dias, desde a sua abertura, a diretora Wong Sui Yok, que foi fundamental para modelar a escola, cumprimentava as crianças. Logo na entrada, pela manhã, ela as cumprimentava com um grande sorriso, assim como no fim do dia, quando se despedia da mesma forma. Aproximadamente, seis anos depois que a instituição começou a funcionar, porém, ela não pôde estar lá. Foi diagnosticado que Wong Sui estava com câncer. A diretora Wong havia gravado no fundo do coração palavras que expressavam seu sentimento mais íntimo: “A Escola de Educação Infantil Soka de Hong Kong é minha vida”. Esse era um dos lemas que Shin’ichi Yamamoto havia escrito no papel japonês pendurado na parede da sala dos professores. Wong Sui foi internada para ser submetida a uma cirurgia. Embora se sentisse mal por isso e lamentasse ficar longe dos alunos e da escola que incorporava a vida do seu fundador, não havia como evitar. Na condição em que se encontrava, acometida de câncer, ela se sentia inútil e sem esperança. (...) Mesmo depois da cirurgia por causa do câncer, a diretora Wong Sui passou por um tratamento doloroso. O médico disse-lhe: “Você precisa pensar em algo que a faça feliz, de modo que possa suportar o mal-estar e vencer a doença”. A diretora Wong visualizou-se completamente recuperada e rece­bendo novamente seus alunos com um sorriso todas as manhãs quando eles chegassem à escola. Bastou isso para deixá-la feliz. Também se imaginou de pé na entrada da escola ao lado do fundador, Shin’ichi Yamamoto. Ela se sentiu banhada pela luz da esperança. “Meus alunos e o presiden­te Yamamoto estão esperando por mim”, pensou. “Vou me dedicar em prol das crianças por toda a minha vida, como representante do presidente Yamamoto. Jamais serei derrotada! Vencerei o câncer e voltarei a receber e me despedir dos alunos na entrada da escola!” Ter um propósito nobre na vida faz com que uma força ilimitada emane das profundezas do seu ser. Depois de um tempo, a diretora Wong de fato superou o câncer e lá estava ela novamente na entrada da escola. Todos os dias ela oferecia aos alunos a flor do seu melhor sorriso, com o sentimento de que estava de pé ao lado de Shin’ichi. Em dezembro de 2000, Shin’ichi visitou Hong Kong e reuniu-se com representantes dos formandos das três primeiras turmas da Escola de Educação Infantil Soka de Hong Kong, e tirou uma foto comemorativa com eles. — Estou feliz por poder vê-los — disse ele. Vocês são meu orgulho e tesouro. Os integrantes das duas primeiras turmas a se graduar já estavam no segundo ano do ensino fundamen­tal 2. Shin’ichi estava impressionado por ver quanto haviam crescido. Também se emocionou ao imaginar o desenvolvimento futuro deles. Um representante dos alunos presenteou Shin’ichi com um buquê de flores. — Muito obrigado! — agradeceu. Vocês estão tão grandes. São todos adultos agora! Assistindo à conversa do fundador com ex-alunos da escola, lágrimas escorreram pelo rosto da diretora Wong. Eram a cristalização do amor dela pelos alunos e da alegria de estar viva. (Capítulo “O Futuro”) ______ Uma vida de aprendizado constante brilha com a vitória Em março de 1980, a Divisão de Ensino por Correspondência da Universidade Soka formou a sua primeira turma. Entre os primeiros graduados estava Shoko Imai, que havia perdido a audição em ambos os ouvidos como resultado de um acidente na escola de en­sino fundamental. Durante o ensino médio, sua audição deteriorou-se ainda mais, o que constituiu um grande desafio para seus estudos e acarretou não poder prosseguir para uma faculdade. No entanto, Shoko Imai manteve sempre um forte desejo de conti­nuar a aprender. Anos mais tarde, quando já era casada e tinha três filhas, Shoko tomou conhecimento do programa de ensino por correspondência da Universidade Soka e decidiu entrar e deixar suas filhas orgulhosas. O exemplo que damos como pais é a melhor educação que podemos proporcionar aos nossos filhos. Ao ser aceita para o curso por correspondência, ela estudava intensamente ao mesmo tempo em que cuidava das filhas e da casa. Porém, desde a época do acidente muitos anos atrás, as dores de cabeça e no ouvido persistiam, e quando se sentava à escrivaninha por mais de trinta minutos para estudar sentia náusea extrema. Quando isso acontecia, ela se deitava e perseverava nos estudos. (...) Shoko às vezes se preocupava com o fato de que dar continuidade ao curso por correspondência talvez estivesse além de sua capaci­dade. Sempre que esses pensamentos surgiam, ela se recordava da ocasião em que o fundador de sua escola, Shin’ichi Yamamoto, apareceu repentinamente na sala durante as suas primeiras aulas presenciais de verão. “Apesar de tão ocupado”, pensou, “o presidente Yamamoto veio à nossa classe e, com gotas de suor na testa, nos encorajou com toda sua força”. Por causa do problema auditivo, não sabia o que ele havia dito, mas pela expressão do rosto de Shin’ichi dirigindo palavras repletas de intensidade aos alunos, sentiu seu imenso compromisso e expectativa em relação a eles. Isso foi um incentivo inestimável para ela. Naquela aula presencial, Sho­ko chorou de emoção. Através da cortina de lágrimas que cobria seu olhar, tinha a impressão de que Shin’ichi estava olhando diretamen­te para ela. (...) Ela desejava corresponder ao incentivo dele de alguma forma, e decidiu que o melhor caminho para isso seria se formar no curso por correspondência em quatro anos e comunicar sua vitória a ele. (...) Durante as aulas presenciais, ela prestava muita atenção ao que os instrutores escreviam na lousa, e esforçava-se ao máximo para acompanhar as aulas apesar de não poder ouvir. Os colegas a ajudavam mostrando-lhe suas anotações. E agora, ela finalmente havia conseguido se formar com sucesso. Quando Shin’ichi soube da vitoriosa história de Shoko, enviou-lhe um livro seu de poemas autorais para comemorar sua graduação. Um deles continha os seguintes versos: É fácil educar os outros, difícil é educar a si próprio. Permanecer no caminho correto da vida enquanto viver e continuar a educar a si mesmo é a estrada da revolução humana.1 (Capítulo “Luz do Saber”) (Traduzido da edição de 8 de setembro de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Nota: 1. YAMAMOTO, Shin’ichi. Kofu Sakura — Ya­mamo­to Shin’ichi Shishu [Cerejeiras do Kosen-rufu — Coletânea de Poemas de Shin’ichi Yamamoto]. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1980. p. 116. Tradução do japonês. Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 23, no BS+ ou no site clicando aqui .

10/10/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

O incentivo é a linha vital da Soka Gakkai

Em novembro de 1975, Shin’ichi visitou a Prefeitura de Hiroshima. Durante a viagem, ele fez uma visita repentina e não programada a Kure, a mais de uma hora de carro da cidade de Hiroshima, onde conduziu três sessões de gongyo. Pôde incentivar os membros de Kure, que tinham recitado daimoku fervorosamente na expectativa de sua visita, mesmo que fossem apenas para avistá-lo de dentro do seu carro no trajeto a Hiroshima. O carro em que Shin’ichi estava viajando seguia às pressas para Hiroshima de modo que ele pudesse chegar a tempo para a reunião no Centro Cultural de Hiroshima, que se iniciaria às 19 horas. No caminho, ele viu aproximadamente dez pessoas paradas à beira da calçada em frente a uma floricultura. Pareciam estar procurando alguém. Eram mulheres, homens e vários estudantes do ensino médio. — Devem ser nossos membros. Poderia, por favor, parar o carro um instante? — disse Shin’ichi ao motorista. O grupo não tinha conseguido chegar à Sede Regional de Kure a tempo de participar das sessões de oração, e estavam esperando na rua, com a esperança de ao menos acenar para Shin’ichi quando ele passasse. De repente, para a surpresa de todos, um carro preto estacionou diante deles. A janela se abriu e revelou o rosto sorridente de Shin’ichi. Os membros gritaram de alegria. Uma das jovens estudantes ofereceu-lhe um ramalhete de lírios que ela estava segurando. Eles o haviam trazido para Shin’ichi. Shin’ichi recebeu as flores e disse: — Muito obrigado! Jamais me esquecerei de sua sinceridade. Encontremo-nos novamente! Pouco depois, os membros foram presenteados com doces oferecidos por Shin’ichi. Alguns metros à frente, o carro de Shin’ichi se deparou com um grupo de mulheres que estavam num ponto de ônibus. Para um observador comum, eram apenas mulheres esperando a condução. Entretanto, Shin’ichi passou instruções pelo rádio aos líderes que seguiam no carro de trás: — Há cinco membros no ponto de ônibus. Por favor, entregue-lhes um conjunto com um juzu e um lenço de seda para embrulhá-lo. Quando os líderes chegaram lá com os presentes, deram de cara com cinco mulheres esperando o ônibus, assim como Shin’ichi havia dito, e todas eram membros da Soka Gakkai. Os líderes ficaram pasmos. Todos os membros da Soka Gakkai são preciosos filhos do Buda. São bodisatvas da terra. O nobre esforço do kosen-rufu se processa a partir do ato de enaltecê-los, incentivá-los e encorajá-los. Por essa razão, Shin’ichi se dedica verdadeiramente a iluminá-los com seus incentivos nunca ignorando nem um único e precioso membro. Por essa razão, Shin’ichi dedicava-se de corpo e alma para iluminá-los com a luz do encorajamento, jamais deixando passar despercebido nem um único precioso membro. E é por isso que identificou imediatamente que aquelas mulheres eram membros da Soka Gakkai. O incentivo é a linha vital da Soka Gakkai. Shin’ichi estava determinado a fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para transmitir a todos os líderes esse espírito de proteger os membros. (Capítulo “Tesouro da Vida”) (Traduzido da edição de 12 de agosto de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) No topo: Dr. Daisaku Ikeda, presidente da SGI escreve dedicatória aos membros. Foto: Seikyo Press.

16/09/2024

Nova Revolução Humana

Triunfaremos sem falta no final

Parte 57 Shin’ichi disse com uma voz convicta: — À luz dos sutras e do Gosho, se vivermos em prol do kosen-rufu e nos empenharmos na realização do shakubuku, não há dúvida de que as perseguições nos confrontarão. Todas as perseguições que viemos enfrentando até agora surgiram por termos praticado a fé no Sutra do Lótus. No entanto, como revelado em Abertura dos Olhos, as perseguições são em si iluminação. A fé é a força que possibilita lutar pelo kosen-rufu, invocar o surgimento das perseguições e fazer disso um trampolim para o grande salto para uma existência majestosa e insuperável felicidade. E ainda, mesmo que todos os planos e as alternativas se esgotem e se acontecer de serem derrotados na vida ou no cotidiano, nós temos o Gohonzon. Desde que não sejamos vencidos na fé, triunfaremos sem falta no final. Ou melhor, faremos com que todas as dificuldades e os sofrimentos se tornem riquezas da nossa vida como preciosas experiências úteis. Não se pode afirmar que uma vida de segurança e tranquilidade seja necessariamente feliz. E mais, não é por sofrer perseguições que se é infeliz. Quando se constrói um eu forte que não é derrotado por nada, independentemente do que aconteça, consegue-se superar as violentas ondas das provações de forma imperturbável, como se estivesse desfrutando o balanço das ondas. É para isso que existem a fé e o exercício budista. Por essa razão, não importando quão grandes sejam as perseguições que venham a ocorrer, sem se deixarem levar pelo sentimentalismo, tenham até o fim uma vida de convicção, de alegria e de vivacidade. Falando em Kumamoto, a canção Tabaruzaka [Ladeira Tabaru] é muito conhecida, e na vida existem diversas ladeiras. No caminho do kosen-rufu também há caminhos tortuosos “que não conseguem ser transpostos”. No entanto, nós, que vivemos em prol da missão pelo kosen-rufu, precisamos superar de qualquer maneira as íngremes ladeiras do destino. Essa batalha é a vida em si; ela é a fé. Não se permitam ficar desencorajados diante de pequenos aclives. Na canção Tabaruzaka [Ladeira Tabaru] consta: “Belo garoto, pleno sobre o cavalo, com a espada de sangue na mão direita e as rédeas na mão esquerda”. Nós desejamos confiar tudo da próxima era aos bravos e vigorosos sucessores da Divisão dos Jovens que têm “a compaixão na mão direita e a grande filosofia da vida na mão esquerda”. Concluindo suas palavras, ele disse: — Oro do fundo do coração para que os companheiros de Jonan e de Amakusa trilhem uma vida de boa sorte e de glória, empenhando-se cada vez mais no exercício budista e ainda com mais união. Ilustração: Kenichiro Uchida Parte 58 Com o término das palavras de Shin’ichi Yamamoto, uma grande salva de palmas se estendeu por todo o salão. Entre os aplausos, muitos membros de Jonan e de Amakusa, com o rosto corado e lágrimas nos olhos, contendo o desejo de se levantarem, permaneceram aplaudindo por algum tempo com forte decisão. A reunião de gongyo com participação livre cerrou as cortinas em meio a grande emoção. Ao deixarem o Centro Cultural de Kumamoto, os participantes seguiram para o Parque Icchobata, situado a cerca de dois minutos a passos rápidos. Estava programado o registro de uma foto comemorativa por sugestão de Shin’ichi. No parque havia sido montado um andaime. Como seria uma foto com cerca de 1.500 pessoas, era preciso tirá-la de um lugar alto para todos caberem nela. Shin’ichi chegou quando todos já estavam reunidos no parque. O clima lembrava uma agradável primavera. — Então, vamos tirar uma foto juntos! Os senhores suportaram tudo, lutaram e venceram. São verdadeiros leões. Vamos tirar essa foto comemorativa da resplandecente partida de hoje. E solicitarei para que a foto seja publicada bem grande no Seikyo Shimbun. Ouviu-se uma forte ovação de alegria. Shin’ichi propôs a todos: — Os senhores conseguiram transpor admiravelmente a íngreme ladeira de provações e alcançaram a “primavera da vitória”. Vamos, juntos, cantar com orgulho a canção Tabaruzaka [Ladeira Tabaru]! Era uma canção do orgulho da terra natal que podia ser chamada de “canção do coração” de Kumamoto. O coro forte e compassado ecoou para o céu. A chuva cai torrencialmente, pessoas e cavalos se molham Difícil de transpor, Tabaruzaka Belo garoto, pleno sobre o cavalo, Com a espada de sangue na mão direita e as rédeas na mão esquerda Ponderando profundamente sobre as orientações de Shin’ichi proferidas durante a reunião, todos cantaram ao máximo com o juramento: “De agora em diante também, vamos transpor absolutamente a tudo, quaisquer que sejam as íngremes ladeiras da dificuldade!”. Os olhos dos companheiros brilhavam com ardente decisão. A decisão é a força que extrai a máxima potência. Parte 59 As vozes repletas de entusiasmo e transbordantes de alegria do coro do Tabaruzaka se espalharam pelo céu claro. Na mente dos companheiros que cantavam entusiasticamente, lembranças dos dias árduos de perseverança e de batalhas de ofensivas e defensivas contra os sacerdotes malignos iam e vinham. No entanto, agora, todos sentiam profundamente a alegria da vitória. Shin’ichi Yamamoto cantou junto, gritando várias vezes dentro do coração “Obrigado! Obrigado!”, pela brava luta dos preciosos amigos de Kumamoto. Até conquistar a vitória Não permitirei que as pulgas comam este precioso corpo Quando encerraram o coro, Shin’ichi propôs: — A canção da vitória retumbou altivamente. Agora, nós conseguimos transpor admiravelmente a Tabaruzaka. Vamos dar três vivas! Serão vivas comemorando a grande vitória de vocês e a partida de Kumamoto rumo ao século 21. Todos ergueram os braços com todo o orgulho e gritaram querendo fazer com que sua voz chegasse ao céu. — Viva! Viva! Viva! O fotógrafo registrou esse instante. Essa foto tirada em Kumamoto foi publicada no Seikyo Shimbun do dia 17 com destaque, utilizando as páginas 2 e 3. Era mais uma obra-prima da canção da vitória do kosen-rufu desenhada pelas mãos de pessoas anônimas do povo. Nesse dia, Shin’ichi dedicou poemas aos representantes de Jonan e de Amakusa. Nobres são os amigos que suportam a todo custo as tempestades do sul do castelo da Lei Mística Não me esquecerei do sorriso dos anciãos e dos jovens que vivem imponentemente pelo kosen-rufu em Amakusa Foi em 16 de dezembro que Shin’ichi retornou a Tóquio após encerrar a sua viagem de orientações de nove dias em Kyushu. E, no dia 22, participou da reunião de gongyo realizada no Centro de Treinamento de Kanagawa, e se reuniu com representantes das áreas de Odawara, de Kanagawa, de Gotemba e de Shizuoka. Nessas localidades também, os membros da Soka Gakkai foram ofendidos e receberam tratamentos desumanos dos maus sacerdotes. Contudo, os companheiros que vivem pelo juramento de mestre e discípulo jamais se deixaram ser derrotados. Mestre e discípulo são o pilar do espírito. Parte 60 Em seu coração, Shin’ichi Yamamoto havia decido percorrer todo o país para incentivar os companheiros que vieram sendo maltratados por distúrbios provocados pelos sacerdotes do Shoshin-kai e, juntos, zarpar rumo ao século 21. Odawara e Gotemba localizam­-se, respectivamente, nas províncias de Kanagawa e de Shizuoka, mas, no período Edo, ambas eram localidades do domínio de Odawara. E ainda, os companheiros dessas duas localidades tinham o orgulho de terem o “Monte Fuji, o maior do Japão”. Em agosto de 1975, quando os membros de Odawara realizaram o “Encontro dos Campos de Hakone”, convidaram representantes de Gotemba. E, no “Encontro de Amizade da Família Gotemba”, promovido em setembro, representantes de Odawara também foram convidados. Mesmo com o início das furiosas ventanias da problemática do clero, eles vieram se incentivando mutuamente e avançando com vigor pelos íngremes caminhos do kosen-rufu. “Quem nos ensinou a fé foi a Soka Gakkai!” “É como consta nos escritos: ‘Demônios surgirão sem falta. Se isso não acontecesse, não haveria maneira de saber que esse é o ensinamento correto’.1 Nós não seremos derrotados!”. Todos os companheiros haviam se reunido no Centro de Treinamento de Kanagawa após terem trilhado imponentemente pelo caminho de mestre e discípulo. O céu estava límpido em esplêndido azul. A imagem do Monte Fuji coberto de neve aparecia nitidamente ao fundo das crateras vulcânicas de Hakone. Abraçando os ombros uns dos outros, todos cantaram a canção Fuji no Yama [A Montanha Fuji]. Com o cume acima das nuvens Observa de cima as montanhas das quatro direções... Assim como o solene e imponente Monte Fuji — essa era a disposição dos companheiros de Odawara e de Gotemba. Nesse dia, Shin’ichi dedicou alguns poemas: Montanha Fuji de ofuscante armadura de neve branca. Observando-a, que nós também assim sejamos. Infinitamente, ilimitadamente, em prol da ampla propagação. Não tema nem mesmo o mais íngreme pico do mundo. No fim do ano também, Shin’ichi visitou as organizações de Itabashi, Koto, Setagaya e Edogawa, em Tóquio, e ele ainda foi até o Centro Cultural de Kanagawa. Consta nos escritos sagrados: “Não conseguirá extrair fogo da pederneira se desistir no meio da tentativa”.2 É realizando uma luta sem descanso, dedicando-se de corpo e alma, que se consegue abrir o caminho do kosen-rufu. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. No topo: Ilustração de Kenichiro Uchida. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 524, 2020. 2. Idem, p. 336

16/09/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 22 (parte 2)

Construir uma organização humanista por meio dos laços de confiança Em setembro de 1975, Shin’ichi participou da reunião inaugural do grupo de treinamento da Divisão Feminina de Jovens, Seishun (Grupo Primavera da Juventude). Ele respondeu às questões dessas integrantes e, consciente de que estava confiando o futuro a essas jovens, dedicou toda a sua energia para incentivá-las. As jovens continuaram a fazer perguntas sobre como ajudar a organização a progredir e outros assuntos, todas focadas resolutamente no kosen-rufu. Shin’ichi sentiu esperança e força em relação ao futuro. (...) Depois de responder a todas as demais indagações das jovens e falar sobre como impulsionar o progresso do movimento promovido por elas no âmbito organizacional, Shin’ichi disse-lhes de coração: — Uma organização é uma rede de relacionamentos humanos. Precisamos criar laços com cada membro individualmente dentro da nossa organização. Se os relacionamentos se restringirem apenas ao contexto de líderes e membros, nossa organização será fraca. Quando realmente nos importarmos com aqueles com quem entramos em contato como se fossem nossos irmãos, a organização será verdadeiramente humana. O caminho para torná-la forte reside em nos empenharmos para estreitar laços de confiança com todos os outros. Tornem-se o tipo de pessoa de quem todos gostem de ter ao lado para apoiá-los para superar problemas, incentivá-los e dar-lhes esperança. É o que eu sempre fiz. Esforço-me ao máximo, consistentemente, para estabelecer vínculos fortes com cada associado da Soka Gakkai. Encorajo centenas e milhares de membros a cada dia, um por um, individualmente. Essa ligação torna a Soka Gakkai forte. Se esse laço solidário entre indivíduos se perder, acabaremos trabalhando com objetivos contrários e a Soka Gakkai perecerá. Peço-lhes que jamais se esqueçam desse ponto crucial. (...) Todas as jovens olhavam atentamente para Shin’ichi, com os olhos brilhando. Ele sorriu e continuou: — Muito bem, tiremos uma foto juntos. Ela será uma prova preciosa do nosso juramento. Shin’ichi solicitou que se alinhassem na frente e posicionou-se na fila de trás. Ouviu-se o disparo do obturador e seguiu-se o clarão do flash. Depois de a fotografia ter sido tirada, ele olhou para as jovens e disse: — Mesmo que todas as outras pessoas desapareçam, estarei bem contanto que restem vocês. Expandirei o número de associados para 10 milhões novamente. Façamos isso juntos. Não obstante o que aconteça, jamais deixem de praticar este budismo. (Capítulo “Alto-Mar”) O incentivo é a linha vital da Soka Gakkai Em novembro de 1975, Shin’ichi visitou a Prefeitura de Hiroshima. Durante a viagem, ele fez uma visita repentina e não programada a Kure, a mais de uma hora de carro da cidade de Hiroshima, onde conduziu três sessões de gongyo. Pôde incentivar os membros de Kure, que tinham recitado daimoku fervorosamente na expectativa de sua visita, mesmo que fossem apenas para avistá-lo de dentro do seu carro no trajeto a Hiroshima. O carro em que Shin’ichi estava viajando seguia às pressas para Hiroshima de modo que ele pudesse chegar a tempo para a reunião no Centro Cultural de Hiroshima, que se iniciaria às 19 horas. No caminho, ele viu aproximadamente dez pessoas paradas à beira da calçada em frente a uma floricultura. Pareciam estar procurando alguém. Eram mulheres, homens e vários estudantes do ensino médio. — Devem ser nossos membros. Poderia, por favor, parar o carro um instante? — disse Shin’ichi ao motorista. O grupo não tinha conseguido chegar à Sede Regional de Kure a tempo de participar das sessões de oração, e estavam esperando na rua, com a esperança de ao menos acenar para Shin’ichi quando ele passasse. De repente, para a surpresa de todos, um carro preto estacionou diante deles. A janela se abriu e revelou o rosto sorridente de Shin’ichi. Os membros gritaram de alegria. Uma das jovens estudantes ofereceu-lhe um ramalhete de lírios que ela estava segurando. Eles o haviam trazido para Shin’ichi. Shin’ichi recebeu as flores e disse: — Muito obrigado! Jamais me esquecerei de sua sinceridade. Encontremo-nos novamente! Pouco depois, os membros foram presenteados com doces oferecidos por Shin’ichi. Alguns metros à frente, o carro de Shin’ichi se deparou com um grupo de mulheres que estavam num ponto de ônibus. Para um observador comum, eram apenas mulheres esperando a condução. Entretanto, Shin’ichi passou instruções pelo rádio aos líderes que seguiam no carro de trás: — Há cinco membros no ponto de ônibus. Por favor, entregue-lhes um conjunto com um juzu e um lenço de seda para embrulhá-lo. Quando os líderes chegaram lá com os presentes, deram de cara com cinco mulheres esperando o ônibus, assim como Shin’ichi havia dito, e todas eram membros da Soka Gakkai. Os líderes ficaram pasmos. Todos os membros da Soka Gakkai são preciosos filhos do Buda. São bodisatvas da terra. O nobre esforço do kosen-rufu se processa a partir do ato de enaltecê-los, incentivá-los e encorajá-los. Por essa razão, Shin’ichi se dedica verdadeiramente a iluminá-los com seus incentivos nunca ignorando nem um único e precioso membro. Por essa razão, Shin’ichi dedicava-se de corpo e alma para iluminá-los com a luz do encorajamento, jamais deixando passar despercebido nem um único precioso membro. E é por isso que identificou imediatamente que aquelas mulheres eram membros da Soka Gakkai. O incentivo é a linha vital da Soka Gakkai. Shin’ichi estava determinado a fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para transmitir a todos os líderes esse espírito de proteger os membros. (Capítulo “Tesouro da Vida”) (Traduzido da edição de 12 de agosto de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 22, no BS+ clicando aqui. No topo: Ilustração de Kenichiro Uchida. Seikyo Press.

13/09/2024

Especial

Destemido brado pela paz

Era noite de 7 de setembro de 1957 e somente Josei Toda se encontrava na sede da Soka Gakkai. O segundo presidente da organização estava mergulhado em profundos pensamentos a respeito da questão da bomba atômica e da crise entre os blocos de países capitalistas e comunistas, tendo os Estados Unidos e a União Soviética como centro. O horror da destruição e do sofrimento causados pelo lançamento das bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e de Nagasaki, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, decretou não apenas a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, mas intensificou a corrida armamentista por artefatos nucleares no mundo. Testes incessantes, com arsenais cada vez mais poderosos, eram feitos em diversos pontos do planeta. A sensação era de que uma nova guerra mundial poderia começar. E a quantidade de armamentos atômicos já era tão grande que o mundo poderia ser dizimado em questão de horas. Foi na prisão, onde Josei Toda e seu mestre, Tsunesaburo Makiguchi, permaneceram encarcerados durante dois anos por se oporem à guerra e defenderem a liberdade religiosa, que surgiu a ideia de preparar uma declaração. Com o desenvolvimento dos tristes fatos observados depois que foi libertado (em 3 de julho de 1945), Toda sensei focou sua indignação na declaração contra as armas nucleares. O jovem Daisaku Ikeda, à esq., dialoga com seu mestre durante o Encontro Esportivo dos Jovens do Leste do Japão (8 set. 1957) Testamento aos jovens O dia seguinte, 8 de setembro de 1957, seria o momento do tão aguardado Encontro Esportivo dos Jovens do Leste do Japão, o “Festival da Juventude”. O pensamento sobre as bombas atômicas lançadas sobre as cidades japonesas doze anos antes fez o sangue de Josei Toda ferver e o levou a refletir também sobre o limite da própria existência. Por várias vezes, nos anos anteriores, ele havia adoecido gravemente. Esse pressentimento do fim da própria vida só aumentou seu carinho pelas pessoas. Ele pensou: “Deixarei esta declaração como principal testamento dedicado aos jovens”.1 Em 1957, Daisaku Ikeda era um discípulo consciente, fortalecido diariamente por dez anos, do momento em que se convertera ao Budismo de Nichiren Daishonin. Ele respirava e vivia ao lado do seu mestre, Josei Toda. Havia entendido completamente o conceito de mestre e discípulo embasado na profunda filosofia budista. Exatamente às 9 da manhã daquele 8 de setembro foi iniciado o encontro esportivo. Mais de 50 mil jovens lotavam o Estádio de Desportos de Mitsuzawa. Desde muito cedo, os membros chegavam à estação de Yokohama e entravam nos ônibus que os levariam ao estádio. Um ônibus a cada quarenta segundos. Nessa média, rapidamen­te os participantes chegavam e aguardavam ansiosos o evento. A expectativa geral era sobre a possibilidade de ocorrer um tufão exatamente naquele dia. Mas Josei Toda desejava ardentemente que o clima estivesse agradável para que seus discípulos desfrutassem momentos tranquilos. E assim foi. O dia estava particularmente quente e o sol brilhava com radiância. O tufão enfraqueceu e se dissipou. O encontro iniciou com a cerimônia de abertura, que teve um desfile com representantes dos jovens sendo conduzidos pelos integrantes das bandas Ongakutai e Kotekitai. Contou também com o juramento dos atletas participantes, as palavras de líderes e as competições esportivas, que, em determinado momento, tiveram integrantes de todas as divisões. Trajado bem à vontade, com boné de beisebol, camisa esportiva e sandálias, Toda sensei, em certo momento, parou à beira do gramado para observar de perto a movimentação. Sentiu grande alegria. Depois, fitou o céu límpido. Seus olhos foram ofuscados pela luz do sol. Imediatamente, relembrou a data em que a bomba de Hiroshima fora lançada: “Naquele dia, o sol também brilhava intensamente”, pensou, mordendo os lábios com certa ira. Ações por um mundo pacífico Ao final das competições, as equipes vencedoras foram apresentadas. Após as palavras do líder da Divisão dos Jovens, chegou a vez de Josei Toda falar. Ele se declarou contra as armas nucleares, bradando ser a missão dos jovens erradicar o impulso dos seres humanos que as constroem. Em um trecho da declaração, o líder afirma: Como já venho dizendo há muito, a próxima era será sustentada pelos jovens. Não preciso salientar que a missão de nossa vida é o kosen-rufu. Esse é um empreendimento que devemos conquistar infalivelmente, mas, diante das notícias de testes da bomba atômica e de hidrogênio que têm agitado o mundo, quero deixar bem clara minha posição em relação a essas questões. Se são meus discípulos, gostaria que herdassem esta minha mensagem e que propagassem pelo mundo o significado de seu conteúdo. Mesmo que neste momento esteja sendo realizado no mundo inteiro um movimento para abolir os testes nucleares, o meu desejo é atacar o problema pela raiz, ou seja, cortar as garras ocultas exatamente na origem. (...) Digo isso porque nós, cidadãos do mundo, temos o direito inviolável à vida. Todo indivíduo que tentar colocar esse direito em perigo merece ser chamado de criatura diabólica, um ser abominável, um monstro. Mesmo que um país conquiste o mundo por meio de armas nucleares, o conquistador deverá ser considerado um demônio, a expressão suprema do mal. Creio que a missão de cada membro da Divisão dos Jovens do Japão é difundir essa ideia em todo o mundo.2 Daisaku Ikeda, como discípulo imediato de Josei Toda, sentiu o corpo estremecer ao ouvir a declaração. Dizia a si mesmo na forma de um solene juramento: “Concretizarei a todo custo o testamento de meu mestre”. A partir de então, ele começou a planejar, com toda a seriedade, como propa­gar a ideologia de Josei Toda pelo mundo. Conforme pressentira, seu mestre faleceu sete meses depois, em 2 de abril de 1958. Sua declaração foi traduzida em ações por Daisaku Ikeda e deu origem às iniciativas concretas da Soka Gakkai para exterminar a miséria do coração huma­no, não mais somente no campo religioso, mas com a promoção da cultura e da educação. Hoje, os membros da organização realizam diversas iniciativas para o fim das guerras e a eliminação das armas nucleares. Na essência desses esforços, com base nas palavras de Toda sensei, encontra-se o conceito da revolução humana, a mudança profunda na vida de cada pessoa, a única capaz de assegurar a paz genuína e duradoura. Fontes:Brasil Seikyo, ed. 2.617, 27 ago. 2022, p. 10-11.Terceira Civilização, ed. 469, set. 2007, p. 8-11. Notas:1. Terceira Civilização, ed. 292, dez. 1992, p. 11.2. Brasil Seikyo, ed. 1.906, 8 set. 2007, p. B5. *** Exposição promovida pela Soka Gakkai alerta para a ameaça das armas nucleares no mundo atual (Hiroshima, Japão, ago. 2012) Esforços pelo desarmamento A abolição das armas nucleares é um dos principais focos das atividades de promoção da paz realizadas pela Soka Gakkai no Japão e no mundo, tendo como ponto primordial a declaração proferida pelo presidente Josei Toda em 8 de setembro de 1957. O Dr. Daisaku Ikeda atendeu ao chamado do seu mestre e, desde 1983, encaminhou Propostas de Paz anualmente à Organização das Nações Unidas (ONU), apresentando sugestões concretas para várias questões que desafiam a humanidade, incluindo a eliminação das armas nucleares. Em uma delas, sugeriu quatro pontos para nortear os esforços pelo desarmamento nuclear: 1. Edificar a solidariedade na sociedade civil para a oposição às armas nucleares por meio da voz ativa; 2. Enfatizar a desumanidade das armas nucleares nas discussões pela abolição; 3. Promover a adoção de acordos internacionais no foro das Nações Unidas; 4. Garantir que as vozes das vítimas de armas nucleares (hibakusha) reflitam no espírito fundamental de tais acordos. Os integrantes da Soka Gakkai têm empreendido esforços constantes para despertar a opinião pública e criar uma rede global de pessoas dedicadas à paz por meio de iniciativas como palestras, campanhas, expo­sições, coleta de assinaturas, além de parcerias e participações em eventos promovidos pela ONU e por instituições dedicadas à abolição das armas nucleares. Saiba mais Conheça as iniciativas da Soka Gakkai pela paz e pelo desarmamento acessando: https://www.sokaglobal.org/in-society/action-on-global-issues.html. Coleção com os trinta volumes do romance Nova Revolução Humana publicados em português pela Editora Brasil Seikyo Bússola para a humanidade Ikeda sensei concluiu o romance Nova Revolução Humana em 8 de setembro de 2018 Há seis anos, em 8 de setembro de 2018, foi publicada no Seikyo Shimbun a última parte do capítulo “Juramento Seigan”, do volume 30, do romance Nova Revolução Humana (NRH), de autoria do Dr. Daisaku Ikeda. Foram mais de 6 mil partes divulgadas nas páginas do periódico, as quais foram compiladas na forma de livros em diversos idiomas e países. A data marcou também os 61 anos desde que o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, proferiu sua Declaração pela Abolição das Armas Nucleares no Encontro Esportivo dos Jovens do Leste do Japão, em 1957. A NRH descreve o drama da própria transformação do ser humano, detalha os passos da jornada pelo kosen-rufu mundial e eterniza a profunda unicidade de mestre e discípulo, base do avanço da Soka Gakkai e do budismo. O romance narra também fatos marcantes da trajetória dos discípulos, perpetuando suas vitórias por meio da prática da fé. Na manhã de 6 de agosto de 1993, no Centro de Treinamento de Nagano, em Karuizawa, Japão, Ikeda sensei deu início à Nova Revolução Humana. Em seu prefácio, encontramos: Mestre e discípulo são inseparáveis. Assim, meu mestre segue junto comigo, em meu coração, enquanto percorro o mundo abrindo o caminho para um caudaloso rio de paz e felicidade. A grandiosidade de um rio demonstra a imponência de sua nascente. Inspirei-me para escrever a Nova Revolução Humana — como continuação da Revolução Humana — em razão de o kosen-rufu ter alcançado tamanho progresso mesmo depois do falecimento de meu mestre; e esse fato serve como prova genuína de sua grandiosidade. Além disso, para que a posteridade conheça a essência do Sr. Toda, concluí que seria preciso registrar o caminho que seus discípulos e sucessores seguiram.1 Em novembro de 2023, Ikeda sensei encerrou sua nobre existência e a Nova Revolução Humana se consolida como o guia da prática da fé para a transformação da vida e da sociedade, uma base perene para que os discípulos avancem com gratidão e confiança pela jornada da concretização do kosen-rufu com o Mestre sempre no coração. Nota:1. IKEDA, Daisaku. Prefácio. Nova Revolução Humana, v. 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 6. No topo: Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, profere sua histórica Declaração pela Abolição das Armas Nucleares. Fotos: Seikyo Press

22/08/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Aprender com a Nova Revolução Humana

O juramento ao mestre torna-se nossa base de desenvolvimento Por volta de 1975, a Soka Gakkai estava em meio a um grande movimento para renovar e construir novos centros culturais. Quando Shin’ichi Yamamoto refletiu sobre as instalações da organização, lembrou-se de um diálogo com Toda sensei ocorrido em 1949. Certo dia, Josei Toda e Shin’ichi Yamamoto estavam indo a pé até Hibiya, no centro de Tóquio. Chovia. Contudo eles não tinham guarda-chuva nem podiam chamar um táxi. Olhando para seu mestre encharcado até os ossos, Shin’ichi sentiu uma dor pungente no coração. A sede do Supremo Comando das Forças Aliadas erguia-se diante deles. Olhando para aquele edifício impressionante, Shin’ichi disse: — Sensei, sinto muito por caminhar assim nesse frio. No futuro, comprarei um carro para que possa ir para todos os cantos. Também construirei prédios magníficos para o kosen-rufu. Pode contar comigo! Josei Toda sentiu profundamente a decisão sincera do seu discípulo e sorriu feliz. (...) Toda sensei desejava construir um prédio grande, uma sede espaçosa para os membros o mais depressa possível, e se sentia péssimo por sua incapacidade de fazê-lo. Sem ter consciência do sentimento dele, alguns líderes se queixavam de que a situação era desesperadoramente incômoda sem uma construção com a finalidade específica de servir como sede, e que se deveria construir sem demora um belo edifício que deixasse o público impressionado. O Sr. Toda respondia com firmeza: “Não precisamos de um prédio. Isso é apenas algo superficial. Qualquer lugar onde eu esteja é a sede. Isso deve bastar, concorda? Primeiro, empregue mais tempo pensando em como fortalecer a organização”. (...) “Gostaria de construir prédios da Soka Gakkai como este por todo o Japão”, disse Josei Toda a Shin’ichi. Shin’ichi gravou aquelas palavras em seu coração. E hoje, há várias instalações magníficas, muito maiores que a primeira sede, em muitos locais espalhados por todo o Japão. (Capítulo “Novo Século”) Inspirar um amigo com uma carta sincera Em julho de 1975, membros do distrito recém-criado na Nicarágua receberam um aplauso especial quando participaram do desfile na Reunião Geral Nacional dos Estados Unidos, que se realizou em Honolulu, Havaí. Kiyoko Yamanishi, líder da Divisão Feminina da Nicarágua, escreveu uma carta de agradecimento a Shin’ichi ao retornar para seu país. Após voltar para casa, Yamanishi escreveu uma carta de agradecimento a Shin’ichi. Em resposta, Mineko redigiu uma longa carta em nome do marido, que se encontrava ocupado. Nela, escreveu: “Fiquei feliz em receber sua carta. Foi maravilhoso vê-la tão bem no Havaí. E dada a diferenças nas circunstâncias, acredito que levar um grupo de cinco membros da Nicarágua ao festival deve ser considerado equivalente a reunir quinhentas pessoas do Japão. Reconhecendo ser essa a primeira vez que os membros da Nicarágua participam de um desfile da Soka Gakkai, meu marido e eu aplaudimos com lágrimas nos olhos”. Shin’ichi havia solicitado a Mineko que transmitisse seu sentimento na carta em resposta à carta de Yamanishi; portanto a carta de Mineko também era dele. Eles sempre trabalhavam desse modo, juntos, em prol do kosen-rufu, e Mineko já havia escrito muitas cartas no lugar de Shin’ichi. Em sua correspondência para Yamanishi, Mineko prosseguiu: “Nossa organização na Nicarágua encontra-se agora no estágio mais crucial e difícil, a fase da construção da base. Por favor, não tenha pressa e construa um forte alicerce, trabalhando firmemente. Isso é o mais importante. Leve o tempo que for preciso e finque alicerces sólidos, trabalhando continuamente, sem apressar as coisas. Isso é o mais importante. Cuide-se bem e realize as atividades prazerosamente. Temos imenso respeito e admiração por seus diligentes esforços como eixo da união entre os membros”. (...) Mineko descreveu os esforços de Shin’ichi, bem como a maneira como os membros do Japão encaravam as atividades. “Com a crise econômica agravando-se cada vez mais, os membros estão empreendendo ações com a convicção de que esta é a oportunidade perfeita para comprovar a eficácia da nossa prática, e estão se empenhando em dialogar sobre o budismo com ainda mais energia”. Então, Mineko, concluiu transmitindo recomendações suas e de Shin’ichi ao marido de Yamanishi e a todos os membros da Nicarágua, acrescentando que eles estariam orando pela saúde e prosperidade de sua família. Yamanishi leu a carta com os olhos cheios de lágrimas. Sentia que o presidente Yamamoto e sua esposa Mineko compreendiam as circunstâncias que ela e os membros da Nicarágua enfrentavam, e que Shin’ichi pensava neles mesmo estando tão distantes. Era reconfortante saber que ele e Mineko estavam sempre zelando por ela e pelos membros. Yamanishi determinou que daria o melhor de si e a carta proporcionou-lhe um novo vigor. Palavras que vêm do coração têm o poder de inspirar. (Capítulo “Correntezas”) (Traduzido da edição de 12 de agosto de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Foto: Kenichiro Uchida

22/08/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Viver com o Gosho: volume 21 (parte 3)

Uma rede de vitórias A Primeira Conferência para a Paz Mundial, realizada em Guam, marcou o estabelecimento da Soka Gakkai Internacional (SGI), e esse foi um momento histórico no avanço do kosen-rufu mundial. O sol da paz despontou. Abriram-se as cortinas de novos horizontes para o kosen-rufu mundial. Em 26 de janeiro de 1975, (...) 158 membros representando 51 países e territórios se reuniram no prédio do Centro do Comércio Internacional de Guam para a Primeira Conferência para a Paz Mundial. No evento, deu-se a fundação da Soka Gakkai Internacional (SGI), entidade internacional composta por organizações afiliadas espalhadas pelo mundo inteiro; e por solicitação de todos os presentes, Shin’ichi Yamamoto foi nomeado presidente da instituição. Assinalava-se um momento histórico e decisivo para a edificação do século da vida e da paz. Para consolidar a paz perene para a humanidade, precisamos instilar no coração das pessoas o espírito de compaixão pelos seres vivos, de acordo com o princípio budista da “inviolabilidade da vida”, que se baseia no reconhecimento de que todas as formas de vida possuem inerentemente a condição de vida inigualável e supremamente nobre do estado de buda. A esse processo denominamos kosen-rufu. Nichiren Daishonin expressa: “Com certeza, a ampla propagação da Lei [kosen-rufu], um dia se concretizará em todo o Jambudivpa [o mundo inteiro]”.1 Nesse trecho, ele declara que o kosen-rufu mundial definitivamente é algo possível. Isso, é óbvio, não significa que podemos ficar sentados ociosamente e esperar que as coisas aconteçam. O avanço monumental do kosen-rufu só pode ocorrer se aqueles que praticam os ensinamentos de Nichiren Daishonin se empenharem com sinceridade genuína para tornar realidade as predições dele. (...) As pessoas que se reuniram em Guam eram líderes em sua respectiva localidade, campeões que haviam se levantado para lutar pelo kosen-rufu com base num firme senso de missão. Eram pioneiros dos ideais Soka. Cada um deles havia se oferecido voluntariamente com a decisão de trabalhar de mãos dadas para construir a SGI, tornando-a uma fortaleza da paz capaz de unir os povos do mundo. (Do Capítulo “SGI”) Esforçar-se mais que nunca Em 3 de maio de 1975, houve o evento comemorativo do 15º aniversário da posse de Shin’ichi como terceiro presidente da Soka Gakkai. Nesse dia, seu discurso incluía o seguinte incentivo e juramento: — Em nossa longa jornada pelo kosen-rufu, teremos dias de chuvas e de tempestades. Algumas vezes, venceremos nossas batalhas; em outras, perderemos. Mas ganhar nunca deve implicar arrogância e vaidade, e perder jamais deve levar à subserviência. Independentemente do que aconteça, continuemos avançando juntos, intrépida, constante e alegremente pelo caminho da nossa missão. Quanto mais rápido nosso avanço, mais fortes serão os ventos contrários. Portanto, à medida que a Soka Gakkai for crescendo, será mais que esperado que várias provações e atribulações estejam nos aguardando. Em algum momento, uma grande perseguição completamente inesperada com certeza surgirá. Esse é motivo pelo qual Daishonin adverte que “Demônios surgirão sem falta. Se isso não acontecesse, não haveria maneira de saber que esse é o ensinamento correto”.2 Essas palavras poderiam ser consideradas proféticas. (...) — Não obstante as circunstâncias, venha o que vier, eu me esforçarei vinte, trinta ou até cinquenta vezes mais do que venho fazendo até agora para apoiar vocês e a Soka Gakkai. Esse é o papel do presidente. Acredito ferreamente que o presidente existe em benefício de vocês. Aconteça o que acontecer, não importando quais dificuldades possam surgir, por vocês, darei tudo de mim, mesmo que isso signifique avançar apenas um ou dois passos. Continuarei avançando sinceramente pelo kosen-rufu, pela paz mundial e pela felicidade da humanidade. (Capítulo “Ressonância”) (Traduzido da edição de 15 de julho de 2020 do Seikyo Shimbun). No topo: Kenichiro Uchida Notas: 1. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 816.2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Dai­shonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 524, 2020. *** Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 21, clicando aqui.

08/08/2024

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“Vencedor é alguém que não é derrotado por si mesmo”

Parte 49 Ao ficar em pé ao lado de Hironori Nonaka, Shin’ichi Yamamoto disse-lhe tocando seu ombro: — Viva com força. Não existe ninguém que não possua uma missão. Vencedor é alguém que não é derrotado por si mesmo. Nonaka sentiu que ouvia pela primeira vez palavras que não eram para confortá-lo, e sim incentivos que inspiravam a vida. Além disso, no dia seguinte, chegou às suas mãos um buquê de rosas enviado por Shin’ichi. Com as rosas em mãos, Nonaka agradeceu do fundo do coração por ter vivido até aquele momento para receber esse dia. O jovem obteve o diagnóstico de distrofia muscular antes de ingressar no ensino fundamental e o médico lhe disse que seria difícil viver até o sexto ano. Ele frequentou a escola da clínica onde estava internado e cursou o ensino médio por correspondência. Na clínica em que estava, dezenove amigos faleceram seguidamente. Ao receber os incentivos de Shin’ichi, ele decidiu: “Talvez minha vida seja curta. Mas quero viver ao máximo cada dia e cumprir até o fim a minha missão” — a maneira de viver de Nonaka, que mesmo possuindo uma desvantagem chamada doença, procurava avançar rumo ao futuro com seriedade, força e entusiasmo e emocionava profundamente os amigos da mesma geração. Ele recebeu a solicitação de uma escola de ensino médio da província para fazer um discurso no festival cultural e, com o título “Coragem de Viver”, fez seu relato de luta contra a doença e dos planos e das decisões contidos em seu coração. Seu depoimento provocou uma grande comoção. Na reunião de gongyo com participação livre no Auditório Shiragiku, Shin’ichi recitou gongyo junto com os participantes, e depois os orientou de maneira informal: — O Budismo de Nichiren Daishonin é necessário e indispensável para quaisquer gerações. Pode-se dizer que a imagem de um avião decolando para o grande céu é a representação da época da juventude, e o aspecto da estabilidade do voo, o avançar sereno e seguro pelo céu, é a época do sênior. É provável que haja fortes sacudidas e impactos ao serem envolvidos por turbulências durante o voo. Assim sendo, para que voem com segurança e cheguem ao destino chamado “felicidade”, são necessários combustível suficiente e fortes turbinas que suportem a viagem, ou seja, uma grande energia vital. A fonte disso é justamente a prática da fé. Também é importante possuir instrumentos adequados para avançar sem erros e sem se desviarem da rota, ou seja, um princípio filosófico certo e seguro, isto é, o princípio filosófico chamado “budismo”. Parte 50 Shin’ichi Yamamoto prosseguiu em suas palavras: — O avião que está voando na rota aérea chamada “vida” uma hora chegará ao momento da aterrissagem. Afirma-se que a aterrissagem é o processo mais difícil de um voo. Em outras palavras, em termos de existência, são os anos da sua conclusão aqueles em que se conseguirá ou não posicionar de fato na pista de pouso para atingir o estado de buda nesta existência. O mais importante é como se vive este momento de conclusão geral e soleniza a vida. Desejo que os senhores, mesmo ficando mais velhos, desfrutem seus dias empenhando-se com paixão e energia em prol do kosen-rufu e pela felicidade das pessoas, imbuídos do espírito e da disposição de um jovem. É espírito de procura, desafio e juventude por toda a vida! Ele concluiu, dizendo: — Tanto as flores de crisântemo que adornavam a sala como as flores da entrada da sala e as colocadas perto da janela estão impregnadas da consideração sincera de todos os senhores. Quero enviar aplausos como expressão de minha gratidão e louvor a esse árduo e dedicado trabalho. Se possível, ficaria feliz se as mantivessem assim até o Ano-Novo, para alegrar as pessoas que virão ao auditório. Nesse dia, Shin’ichi compôs e ofereceu alguns poemas. Para a Divisão Feminina de Jovens da província de Kumamoto: Assim como o crisântemo branco, as jovens possuem os olhos brilhantes diante do entardecer avermelhado. Para os companheiros de Takeda da província de Oita, ele dedicou os versos: Nas ruínas do castelo onde se ouve a melodia do luar, alegra-me o rosto feliz dos amigos de Takeda. Foi pouco antes das 18 horas que a comitiva de Shin’ichi chegou ao Centro Cultural de Kumamoto, na cidade de Kumamoto, vindo do Auditório Shiragiku, de Aso. Sem tempo para descanso, a reunião de diálogo com os líderes da província já o aguardava. Ao término dessa atividade, ele disse aos responsáveis pela província: — Se houver residências ou lojas de membros que os senhores acham bom eu visitar para incentivar, por favor, digam sem cerimônia. Quero ir ao maior número possível de casas e me encontrar com o maior número possível de companheiros. Para realizar um grande voo, é crucial encontrar cada um dos companheiros, ouvir suas angústias e dúvidas e dialogar até que se sintam convencidos do fundo do coração. E depois devemos inspirar a vida dos amigos por meio da convicção na fé. A orientação individual é um diálogo decisivo de vitória ou de derrota para revivescer o ser humano a partir do seu interior mais profundo. Parte 51 No dia 13 de dezembro, ao meio-dia, Shin’ichi Yamamoto realizou diálogo com cerca de cinquenta representantes das divisões numa cafeteria administrada por um membro da Soka Gakkai. Depois conheceu a Sede da Divisão Feminina de Minami-Kyushu e, em seguida, retornou ao Centro Cultural de Kumamoto, onde tirou uma sequência de fotos comemorativas com as pessoas que estavam no local. À noite, participou da reunião de líderes de província que comemorava o quinto aniversário do Centro Cultural de Kumamoto, realizada nessa sede. Nessa reunião de líderes, o responsável pela província, Koichiro Hiraga, anunciou que aconteceria o festival cultural em maio do próximo ano e apresentou a Declaração de Kumamoto, a qual tinha o significado de um juramento de partida rumo ao novo século. Durante a reunião, Shin’ichi exaltou a dedicada luta dos companheiros da província de Kumamoto, em especial os das áreas de Minamata, Yatsushiro, Hitoyoshi, Arao, Amakusa e Aso, e enalteceu a importância de sintonizar o coração em prol do kosen-rufu: — Não é exagero dizer que, no processo de desenvolvimento do movimento pelo kosen-rufu, o que deve ser priorizada é a sintonia do coração de todos. O majestoso desenvolvimento sem precedentes que a Soka Gakkai conquistou, naturalmente, deve-se aos poderes do Buda e da Lei contidos no Gohonzon, mas também se deveu ao fato de todos terem sintonizado o coração e terem avançado vigorosamente rumo ao kosen-rufu em sua respectiva localidade. Para seguir promovendo as atividades, o importante são as reuniões de conselho. Porém, pode ser que, por existirem diversas formas de pensar, seja difícil entrar em consenso. Nesses momentos, deve-se sempre retornar ao ponto primordial do “para quê?”. Por exemplo, para transportar sem incidentes ou acidentes um grande número de passageiros, a tripulação dos aviões, como o piloto, executa suas tarefas tendo em mente a segurança em primeiro lugar. Caso force alguma situação ou se aventure em manobras arriscadas, poderá ocasionar um desatre. Nossas atividades também têm como objetivo transportar muitos companheiros, que são filhos do Buda, de forma segura, sem incidentes ou acidentes, até o palácio da indestrutível felicidade. Para isso, é necessário ponderar sempre como fazer para que todos trilhem alegremente a sua vida e o dia a dia, vendo de uma perspectiva geral. É por sintonizarem os corações em um único coração embasados nesse senso de objetivo que se conseguem realizar conselhos profícuos e também concretizar os objetivos. — Toda sensei com frequência dizia: “As pessoas que não conseguem se sintonizar na fé sem falta ficará para trás”. É uma orientação que devemos ter sempre em mente. Parte 52 E como houve casos de líderes da Soka Gakkai que tumultuaram a organização em meio à problemática do clero, Shin’ichi Yamamoto citou pontos em comum com esse fato: — Até agora, houve uma parcela de líderes, os quais se autoproclamavam ser muito próximos a mim ou eram discípulos especiais, que causou problemas a todos. Na verdade, eles tentaram criar falsas imagens de si usando a mim como meio para ludibriar os companheiros. Estou em contato com vários membros todos os dias, mas tenho a consciência de que vim orientando e incentivando cada um de maneira imparcial. Não existe uma ligação diferenciada em termos de fé. Se forçasse, eu até poderia dizer que o ex-presidente Kiyoshi Jujo e o atual presidente Eisuke Akizuki são as pessoas próximas a mim a quem confiei tudo. Por isso, gostaria que não fossem enganados por alegações como “Sou muito próximo do presidente Yamamoto. Nós temos uma ligação especial”. Quero que sejam capazes de desmascarar esse tipo de afirmação em si que denotam intenções ocultas suspeitas. A base da união para a promoção do kosen-rufu são, para sempre, as forças em torno do presidente. Declaro isso também pensando no futuro. Shin’ichi ainda orientou citando a frase “Uma pessoa, ainda que fraca, não tropeçará se aqueles que a apoiam forem fortes; ao passo que alguém de força considerável, se estiver sozinho, poderá tombar num caminho sinuoso”.1 — Para professar a fé até o fim, é importante a existência dos bons amigos e dos bons companheiros. Mesmo uma pessoa fraca não tombará se tiver alguém forte que a apoie. Contudo, mesmo que tenha uma força considerável, sozinha, ela poderá tombar no meio do caminho tortuoso. Concluo minhas palavras solicitando que todos, sem exceção, escalem a montanha do kosen-rufu do século 21 por meio do forte laço de incentivos dos companheiros. Encerrada a reunião de líderes de província, Shin’ichi visitou a Redação do Seikyo Shimbun da filial Kumamoto, existente nas dependências do Centro Cultural de Kumamoto. Ele queria ver a primeira impressão do jornal do dia seguinte, em que seria publicada a foto comemorativa tirada nas ruínas do Castelo de Oka. Dentro do ônibus, no trajeto de Takeda a Aso, ele havia solicitado ao repórter encarregado da matéria que a foto fosse editada no maior tamanho possível. Ilustrações: Kenichiro Uchida Nota:1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 625, 2020. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

08/08/2024

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Nobreza do ser humano

PARTE 45 Os membros chegavam um após o outro lotando o recinto principal das ruínas do Castelo de Oka. Um sênior subia galantemente as escadarias de pedra vestido de terno. Um jovem caminhava com toda a disposição carregando uma pessoa idosa nas costas. Uma senhora caminhava a passos rápidos com suor brotando na testa. Os sorrisos trocados uns com os outros também eram radiantes. Shin’ichi Yamamoto desceu do carro no meio do caminho, e ao começar a subir para a cidadela externa da ruína do castelo, cerca de uma dezena de membros da Divisão Masculina de Jovens o aguardava. Eram os bravos jovens que lutaram até o fim para proteger os companheiros durante as investidas dos clérigos maldosos. Shin’ichi apertou firmemente as mãos de cada um e lhes transmitiu incentivos. Ao chegar ao recito principal da ruína, aproximadamente trezentas pessoas estavam reunidas. Quando viram Shin’ichi, irrompeu uma grande salva de palmas e ovações. — Vim aqui para me encontrar com os senhores. E vim para dar a partida rumo ao século 21 junto com os nobres e preciosos companheiros. Então, vamos tirar juntos uma foto comemorativa. Será a foto comemorativa da grande vitória dos membros de Takeda que ficará registrada na história do kosen-rufu. Dentre as pessoas reunidas, havia também algumas crianças. Na primeira fila, um menino de cerca de 2 anos estava no colo da avó. Shin’ichi pensou: “Não há dúvida de que essa cena é como a obra-prima da alma da canção do triunfo do povo, que ficará gravada para sempre nesse pequeno coração”. O fotógrafo do Seikyo Shimbun olhou pelo visor da câmera. Havia pessoas demais e não cabiam na foto. Sem alternativa, ele tirou a foto subindo nos ombros de outro fotógrafo. O semblante de todos os companheiros, que ultrapassaram as nuvens escuras das árduas e sofridas batalhas, estava radiante e iluminado. O céu azul se estendia tanto sobre a cabeça como no coração deles. O fotógrafo apertou o botão. Shin’ichi falou: — Já que viemos até aqui nas ruínas do Castelo de Oka, que tal cantarmos todos juntos a música Kojo no Tsuki [A Lua sobre o Castelo em Ruínas]! Com a regência do secretário da província Takeo Yamaoka, o grande coro começou a cantar. Shin’ichi também cantou com toda a sua força. Na primavera, festival das flores, no interior do castelo E no copo de saquê que circula entre as pessoas está refletido o brilho da lua... Ondas de emoção envolviam o coração dos companheiros. Desde que se mantenha a fé, sem falta despontará o sol da vitória. PARTE 46 Takeo Yamaoka, que regia a música Kojo no Tsuki [A Lua sobre o Castelo em Ruínas], tinha ido diversas vezes às terras de Takeda para protestar resolutamente contra a desumanidade dos sacerdotes e para percorrer a região a fim de incentivar os membros. Ele se recordou dos tempos difíceis em que teve de se manter firme e inabalável e também dos incentivos dedicados de corpo e alma por Shin’ichi Yamamoto, e não conseguia conter a ardente emoção que emanava de dentro de si. Budismo é vitória ou derrota. E o princípio místico de causa e efeito também é claro e rigoroso. Os nobres filhos do Buda que vieram avançando rumo ao kosen-rufu suportando e resistindo às tempestades de obstáculos e de maldades estufaram o peito de orgulho e cantaram entusiasticamente com o rosto corado. Cantando junto com todos, Shin’ichi conclamou em seu coração: “Vocês venceram! Como bravos generais do kosen-rufu, protegeram muito bem o castelo da justiça. Agora, é hora da nova partida! Vamos iniciar, juntos, a nova jornada. Rumo àquele cume do século 21!”. A canção se encerrou. — Muito obrigado! Ao dizer isso e elevar os braços formando um “v” como se louvasse a vitória dos companheiros de Takeda, ouviu-se em resposta o brado de Banzai! [“Viva!”]. — Banzai! Banzai! Banzai! Todos bradaram levantando as mãos com vigor. As vozes, em uníssono, propagaram-se pelo grande céu. Foi verdadeiramente o brado de vitória que anunciava o amanhecer da era do povo. — Jamais me esquecerei do dia de hoje, por toda a minha vida. Por favor, cuidem da saúde! Quando Shin’ichi começou a caminhar, a multidão de membros o seguiu conversando alegremente. O sol do inverno parecia sorrir no alto do céu. Após caminhar um pouco, ele reteve os passos e disse: — Hoje, eu também tirarei fotos dos senhores, que são os bravos generais de Takeda. E vou gravar o rosto de cada um dos senhores em minha vida, para sempre. Por favor, alinhem-se na escadaria. Shin’ichi direcionou a câmera que portava, pensando em fotografar a paisagem, e pressionou o disparador. O semblante de todos continha sorriso de plena satisfação. As ruínas do castelo sob o luar vieram observando continuamente a efemeridade do mundo que repete o ciclo da prosperidade e do declínio. E agora, essas ruínas, resplandecendo sob os raios do sol e com o sopro dos ventos da felicidade e da eternidade, tornou-se o castelo da alegria e da esperança onde retumba a canção da vitória. PARTE 47 Após registrar a imagem dos membros na câmera, Shin’ichi Yamamoto retornou para o estacionamento onde havia o restaurante. Era para mudar de ônibus e seguir para Kumamoto. O entorno do ônibus foi se enchendo de pessoas que vinham descendo das ruínas do castelo. Shin’ichi entrou em meio às pessoas e lhes dirigiu palavras: — Tenham vida longa! Tornem-se felizes sem falta! Incentivou cada pessoa, trocou apertos de mãos e entrou no ônibus. Então, o veículo começou a se mover. — Boa viagem, sensei! — Muito obrigado por tudo! — Oita não será derrotada! Todos bradavam enquanto acenavam para Shin’ichi. Shin’ichi também acenou vigorosamente de dentro do coletivo que balançava. O ônibus foi se distanciando e chegou a uma curva. Shin’ichi mudou para a janela do lado oposto, e continuou a acenar. Embora não fosse visível aos olhos, entre ele e os companheiros existia forte ligação. Era um laço de confiança, um laço de juramento do remoto passado e o laço de mestre e discípulo do kosen-rufu. Shin’ichi seguiu viagem visando a primeira visita ao Auditório Shiragiku, situado em Asomachi (posteriormente, parte da cidade de Aso), província de Kumamoto. O ônibus atravessou a fronteira da província com Oita, e avançou pelo sopé do Monte Aso. Passado um tempo, avistou três pipas bailando no céu. Conforme se aproximava, viu que nelas estavam escritas respectivamente: “Alvorecer”, “Leão” e “Jovem Águia”. Shin’ichi disse: — Com certeza eles estão empinando aquelas pipas do Auditório Shiragiku. O veículo passou pela entrada principal do auditório às 14 horas. Da janela se podia ver os jovens que empinavam as pipas do terreno vazio localizado em frente ao portão. Um deles vestia uniforme escolar. Deveria ser aluno do ensino médio. Ao descer do ônibus, Shin’ichi disse aos líderes que o recepcionaram: — Desculpe-me por todas as preocupações e sofrimentos que causei. Mas agora é hora de iniciar o combate! Em Kumamoto também, os membros da Soka Gakkai vieram lutando incansavelmente, mesmo sendo expostos às tempestades de calúnias e de difamações lançadas pelos clérigos maldosos e às perseguições totalmente injustas. A velocidade do avanço do kosen-rufu aumenta ainda mais quando se supera e vence as batalhas contra as tropas do mal que tentam destruir o kosen-rufu. PARTE 48 Sem entrar imediatamente no Auditório Shiragiku, Shin’ichi Yamamoto posou para fotos com os membros locais, agradeceu pelos seus dedicados esforços e conversou brevemente com eles. Também chamou o estudante do ensino médio que empinava pipa e incentivou-o do fundo do coração. Era aluno do terceiro ano de uma escola de ensino médio mantida pela província, e se chamava Yuto Honma. — Vi as pipas! Estavam bem visíveis mesmo de longe. Deve ter passado frio. Obrigado! Peço que você também baile serenamente pelo grande céu do futuro. Assim dizendo, entrou no auditório. A reunião de gongyo com participação livre estava sendo conduzida com a presença do presidente Eisuke Akizuki. Ao entrar na sala durante a reunião, Shin’ichi avistou um jovem numa cadeira de rodas e, antes de tudo, foi ao seu encontro. Ele era Hironori Nonaka, estudante do primeiro ano do ensino médio, que estava internado em uma casa de repouso devido à distrofia muscular. Por conta da doença, ele não tinha esperanças e levava dias de angústia e de sofrimento, mas ao ouvir um relato de um membro da Divisão Masculina de Jovens que havia superado a meningite purulenta, ele se levantou decididamente e começara a se empenhar com seriedade na prática budista. Sua mãe, Fumino, ao ver o filho recitar firmemente daimoku, decidiu: “Eu também vou receber o Yamamoto sensei em Kumamoto com resultado de shakubuku”. Até então, Fumino evitava falar sobre o budismo para pessoas que sabiam que ela tinha um filho com distrofia muscular. Ela pensava que não conseguiria convencer essas pessoas sobre os benefícios do Gohonzon. Porém, incentivada pelo aspecto do filho, acompanhada da filha, ela falou com coragem sobre o budismo a uma mulher que também tinha o filho com a mesma doença internado em uma clínica. Então, ela obteve uma resposta inusitada. A mulher lhe disse: “Fiquei emocionada com o seu jeito de falar com entusiasmo, alegria e convicção a respeito da grandiosidade da fé, apoiando o filho que luta contra a doença sem nunca se deixar abater”. E então ela decidiu se converter. Não existe vida sem problemas. Pode-se dizer que viver significa travar uma “batalha contra as preocupações ou o carma”. O importante é, independentemente do que aconteça, não se afastar jamais do Gohonzon. É ter coragem, esperança, orar resolutamente e continuar a lutar. As pessoas veem nessa postura a força, o brilho e a nobreza como ser humano, e sentem empatia e são tocadas por esse modo de viver. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida

11/07/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 21 (parte 2)

Gratidão e juramento brotam da melhor das medalhas de honra Em 3 de maio de 1975, foi realizado um evento comemorativo para celebrar o 15º aniversário da posse de Shin’ichi como terceiro presidente da Soka Gakkai. Por proposta de Shin’ichi, uma cerimônia foi promovida para premiar os membros que tinham se dedicado ao avanço do kosen-rufu chamado Prêmio Soka de Realizações Extraordinárias, entre outras distinções. Shin’ichi pretendia edificar a sólida tradição de enaltecer e homenagear membros que estivessem se esforçando firmemente ao seu lado para apoiar o kosen-rufu e a Soka Gakkai. (...) Os esforços inconspícuos daqueles que se empenham sinceramente pelo kosen-rufu florescerão sem falta, transformando-se em benefícios imensos. Isso está de acordo com a rigorosa lei de causa e efeito que opera sobre todas as formas de vida, assim como o budismo ensina. Shin’ichi sentiu que condecorar aqueles que lutavam de corpo e alma pelo kosen-rufu seria uma forma de manifestar louvor, admiração e profunda gratidão por seus esforços, em consonância com o princípio de que, apesar de a dedicação deles não ser percebida pelos outros, os budas e os bodisatvas observavam tudo. (...) O segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, também sempre estava pensando em como poderia louvar e encorajar os discípulos que estavam dando tudo de si em prol do kosen-rufu. (...) Ocasionalmente, também escrevia poemas enaltecendo e encorajando aqueles que haviam efetuado contribuições notáveis. (...) Quando abandonou a escola noturna para poder apoiar os empreendimentos de Josei Toda, que atravessavam um período de grande instabilidade, ele se ofereceu para instruir Shin’ichi pessoalmente sobre ampla gama de assuntos. Mais tarde, Shin’ichi se referiria carinhosamente a essa instrução como “Universidade Toda”. Ele estudou com afinco e absorveu cada lição transmitida por seu mestre. Um dia, após Shin’ichi ter terminado um curso, Toda sensei apanhou uma flor de um vaso sobre a sua mesa e a colocou na lapela do seu discípulo. — Este é seu prêmio por concluir este curso com máximo louvor. Fez um ótimo trabalho. Gostaria de lhe oferecer um relógio de ouro, mas isto é tudo o que tenho. Sinto muito, vai ter de se contentar com isto — declarou. A flor representava o elogio mais sincero das profundezas do coração daquele grande mestre do kosen-rufu. Para Shin’ichi, aquela flor era a medalha de honra mais esplêndida que poderia existir no mundo. Profundamente emocionado, sentiu-se a pessoa mais afortunada sobre a face da Terra. Anos mais tarde Shin’ichi viria a ser agraciado com medalhas nacionais de diversos países e seria condecorado com mais de duas centenas de títulos acadêmicos1 de universidades e instituições de ensino superior do mundo todo, algo sem precedentes. Ele estava firmemente convicto de que, à luz da lei de causa e efeito que rege a vida, a causa fundamental por trás desse reconhecimento residia na gratidão que sentira ao aceitar aquela flor que seu mestre lhe dera e na determinação que ela suscitou dentro dele de realizar um esforço ainda maior. (Capítulo “Ressonância”) Nota: 1. Na época em que o capítulo “Ressonância” foi escrito, o presidente Ikeda havia recebido duzentos títulos de doutor honoris causa e cátedras de universidades de todo o mundo. Em 2022, este total atingiu quatrocentas honras acadêmicas. A “coroa de louros do aprendizado” Em 27 de maio de 1975, a Universidade Estatal de Moscou realizou uma cerimônia na qual conferiu a Shin’ichi o título de doutor honoris causa. O reitor Rem Khokhlov levantou-se e anunciou: — A Universidade Estatal de Moscou decidiu conceder o título de doutor honorário ao presidente Shin’ichi Yamamoto. Iniciaremos agora a cerimônia de outorga. (...) — Este título é concedido em reconhecimento às enormes contribuições do presidente Yamamoto para a paz e a educação. A proposta inicial de se conceder um título de doutor honorário a Shin’ichi foi apresentada ao Conselho de Docentes pelo Departamento de Filosofia da universidade. O Departamento de História e o Instituto dos Países Asiáticos e Africanos, filiados à universidade, apoiaram a proposta, que, então, foi adotada por todo o conselho de docentes. — O presidente Yamamoto é um notável ativista dedicado ao bem-estar social e à paz, filósofo e autor de muitos livros. Em suas obras, ele sugere que a tarefa mais importante que temos diante de nós hoje é a construção de um novo sistema de valores para nortear as relações humanas. (...) Em seguida, o reitor Khokhlov entregou o diploma a Shin’ichi. Foi o primeiro título de doutor honorário que ele recebeu de uma instituição acadêmica universitária, configurando uma profunda e significativa coroa de louros do saber. (...) Em seguida, uma estudante procedeu à entrega de um ramalhete de flores a Shin’ichi, e os alunos do curso de música da universidade começaram a tocar o Quarteto de Cordas Nº 2 de Tchaikovsky. Enquanto ouvia a majestosa apresentação, Shin’ichi pensou em seu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, e disse a ele em seu coração: “Sensei! Acabo de receber o título de doutor honorário da Universidade Estatal de Moscou, uma das instituições de ensino superior mais renomadas do mundo. Isso se deve inteiramente ao treinamento que recebi do senhor. Como seu discípulo, dedico esta honra a você. Também quero dividi-la com todos os membros da Soka Gakkai, que vêm apoiando meus esforços pela paz e pela educação”. Impelido unicamente pelo seu desejo de concretizar os ideais do seu mestre, Shin’ichi viera se empenhando arduamente pela paz mundial, alinhado às orientações de Josei Toda. Como resultado disso, agora estava recebendo o título de doutor honorário da Universidade Estatal de Moscou. Shin’ichi sentia a profunda força prodigiosa e mística do caminho de mestre e discípulo Soka. Também estava exultante porque ao receber aquela láurea pôde apresentar provas concretas da grandiosidade do seu mestre. (Capítulo “Coroa de Joias”) (Traduzido da edição de 8 de julho de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Leia mais Sobre a Universidade de Moscou e os motivos que levaram a homenagear o presidente Ikeda com o título de doutor honoris causa em matéria da revista Terceira Civilização. Acesse: https://brasilseikyo.com.br/home/terceira-civilizacao/edicao/627/artigo/1-universidade-de-moscou/999558556 Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 21 Ilustração: Kenichiro Uchida

11/07/2024

Caderno Nova Revolução Humana

“Dificuldades são alegria”

PARTE 41 No dia 11 seguinte, Shin’ichi Yamamoto também se empenhou em conversar com os companheiros que chegavam à Sede da Paz de Oita desde a manhã e tirou fotos com eles, não tendo outro pensamento que não fosse incentivá-los. Em comemoração do reencontro com o Oita Hyakunanajuninkai [Grupo dos Cento e Setenta de Oita], no dia 9, e com o futuro promissor do Oita Nijuisseiki Kai [Grupo Século 21 de Oita], das Divisões Masculina e Feminina de Jovens, ambos os grupos fundados no dia anterior, ele seguiu escrevendo caligrafias comemorativas, uma após a outra: — Não há mais ninguém a quem devo escrever e enviar? Ainda deve haver outras pessoas que se mantiveram firmes e se esforçaram de forma perseverante, mesmo sofrendo com a problemática do clero. E, ao ouvir dos líderes da província o nome dos companheiros que lutaram dedicadamente, Shin’ichi se voltava de imediato para o diluidor de tinta de carvão sumi, e corria a pena em cada cartão especial, consagrando cada nome sob a forma de “Cerejeira Fulano” e “Montanha Beltrano”. No período da tarde, ele visitou uma sede particular da cidade de Oita e dialogou com representantes da província. Nessa ocasião, consultaram-no a respeito da canção de Oita, que estava sendo elaborada. Além de ele fazer ajustes na letra, deu sugestões sobre a melodia. À noite, realizou-se a reunião de gongyo com participação livre na Sede da Paz de Oita. Lá também, Shin’ichi liderou a recitação de gongyo e se empenhou com todas as forças para proferir incentivos e orientações aos participantes. Ele mencionou o fato de existirem muitos personagens históricos entre os nativos de Oita. — Sorin Otomo converteu-se ao cristianismo e deixou bens culturais para a civilização ocidental. O confucionista do final da era Edo, chamado Tanso Hirose, abriu a academia Kangien e deixou muitos discípulos. Rentaro Taki deixou músicas magníficas, e Yukichi Fukuzawa deixou uma universidade. Agora, o que devemos deixar como praticantes budistas? Devemos propagar para o mundo inteiro o Nam-myoho-renge-kyo, a grande Lei da vida revelada por Nichiren Daishonin, e transmiti-lo para toda a eternidade. Na vida, para quantas pessoas cada qual conseguiu ensinar a Lei Mística, que abre o caminho da felicidade absoluta para todas as pessoas? Eis nossa missão a ser cumprida neste mundo. Esse único ponto é o caminho para recebermos os elogios do buda Nichiren Daishonin e criarmos nossa eterna recordação da própria existência e também o maior mérito e honra como budistas. Saibam que a essência de um praticante se encontra no ato de se levantar com essa convicção. PARTE 42 Desejando a felicidade de todos, Shin’ichi Yamamoto disse: — Não me incomodo nem um pouco em ser exposto às tempestades de críticas. Estou consciente e preparado desde o início para isso. Meu único desejo é que vocês trilhem uma existência de felicidade banhados pelos grandes benefícios do Gohonzon, essa será minha maior alegria. Ou melhor, fazer com que isso se torne realidade será a prova de que cumpri minha responsabilidade. Continuarei a orar com todas as forças para que ninguém, nem mesmo uma única pessoa, fique doente ou sofra acidentes. Esse era seu mais sincero sentimento. A reunião de gongyo se tornou uma atividade em que se desenhou um afetuoso e intenso intercâmbio de corações. O dia seguinte seria, enfim, o da partida de Oita para Kumamoto. Nessa noite, Shin’ichi disse aos líderes centrais de Oita: — Queria ir de alguma forma a Takeda amanhã. Quero me encontrar com os membros de lá antes de ir para Kumamoto, pois são os companheiros que mais sofreram e derramaram lágrimas de indignação e revolta. Na manhã do dia seguinte, 12 de dezembro, Shin’ichi dialogou com líderes de Kyushu e de Oita, vislumbrando o kosen-rufu dessas localidades a partir daquele momento. E, ao ouvir as diversas comunicações, expressou seu sentimento mais sincero: — Ao pensar nos companheiros que vieram sofrendo até agora, minha vontade é visitar todos de casa em casa para incentivá-los. Porém, isso é muito difícil, até mesmo por conta da agenda. Então, solicito que, em meu lugar, incentivem as pessoas com as quais não pude me encontrar desta vez. Quero que transmitam meu sentimento a elas. De qualquer forma, peço que zelem e protejam até o fim cada um dos membros, os nobres filhos do Buda que vieram lutando em prol do kosen-rufu até hoje. Peço que sempre tenham em mente que esta é a importante missão dos líderes. Uma multidão de membros foi à Sede da Paz de Oita, com o desejo de se encontrar com Shin’ichi mesmo de relance. Ele recitou gongyo junto com essas pessoas e se dirigiu para Takeda às 10 horas num ônibus da sede da Soka Gakkai. O motivo de utilizar o ônibus para o deslocamento foi para aproveitar o tempo de traslado e realizar acertos e trabalhos no caminho. Kosen-rufu é uma batalha contra o tempo. PARTE 43 A cidade de Takeda se situava na região sudoeste da província de Oita, e tinha prosperado no passado como cidade do entorno do Castelo de Oka. O secretário da província Takeo Yamaoka, que acompanhava Shin’ichi Yamamoto no ônibus, falou sobre o Castelo de Oka. Conta-se que esse castelo foi edificado em 1185 por Ogata Saburo Koreyoshi, que se aliou a Genji [do clã Minamoto] e conquistou um notável resultado na batalha de perseguição a Heishi [clã Taira]. Ele o construiu para receber Yoshitsune, irmão mais novo e desafeto de Minamoto no Yoritomo. Circundado por montanhas e tendo as correntes do rio Shirataki ao sul e do rio Inaba ao norte, esse platô marcado por profundos vales acidentados se tornava assim uma fortaleza natural, transformando-o num castelo invencível. No entanto, nunca aconteceu de se receber Yoshitsune nesse local, e Koreyoshi foi posteriormente preso e exilado. A consideração em relação a Yoshitsune acabou não dando frutos. No século 14, o castelo se tornou residência do clã Shiga. Conta-se que, de 1586 ao ano seguinte, na guerra de Hosatsu, quando as grandes tropas de Shimazu atacaram o Castelo de Oka, o jovem lorde do castelo Shiga Chikatsugu lutou bravamente e o protegeu até o fim, enquanto os castelos ao entorno foram sendo derrotados uns após os outros. Com a abolição dos domínios feudais e o estabelecimento de províncias na era Meiji, o Castelo de Oka foi demolido, ficando sem a residência fortificada, mas se diz que as paredes de pedra firmes em que crescem os musgos faz recordar os tempos passados. E afirma-se que o compositor Rentaro Taki, que passou a infância em Takeda, transportou seu pensamento para as ruínas do Castelo de Oka para criar a famosa canção Kojo no Tsuki [A Lua sobre o Castelo em Ruínas]. Diz-se que na cidadela externa das ruínas do castelo há uma estátua de Rentaro Taki e, no recinto principal da ruína, existe um monumento com o manuscrito da letra dessa música, de autoria de Bansui Doi, gravada em pedra. Shin’ichi disse com uma expressão de profunda emoção: — A construção do Castelo de Oka também foi uma prova da fidelidade de Ogata Koreyoshi a Yoshitsune. É uma bela história. A brava luta de Shiga Chikatsugu se iguala à valente luta dos companheiros de Takeda. Da janela do ônibus, entrevia-se as paredes de pedra das ruínas do Castelo de Oka erigidas em meio às árvores. Shin’ichi compôs um poema: Observando o Castelo de Oka da “Lua sobre o castelo em ruínas”, louvo a luta em prol da Lei dos companheiros de Takeda. Os bravos generais de Takeda lutaram resolutamente contra a tirania das autoridades dos mantos clericais, e abriram a era da religião em prol do povo. PARTE 44 O ônibus parou no estacionamento das ruínas do Castelo de Oka. Quando Shin’ichi Yamamoto desceu do ônibus, vários companheiros correram em sua direção chamando-o: — Sensei! — Obrigado! Vim me encontrar com os senhores, os grandes heróis do povo! Todos apertaram firmemente a mão que ele lhes estendia. A mão de Shin’ichi também adquiria força. Lágrimas transbordavam involuntariamente dos olhos de um sênior robusto. A imagem dele que chorava sem conseguir se conter era a expressão da suprema alegria de ter suportado e resistido a todo custo o tratamento cruel e maldoso dos clérigos perversos e por ter enfrentado e vencido absolutamente. Shin’ichi dialogou almoçando com cerca de cinquenta representantes da localidade no restaurante que havia no estacionamento, e deu ouvidos às comunicações e aos relatórios de todos. Eles contaram que os membros locais estavam reunidos no recinto principal da ruína do castelo. — Entendi, então vou ao encontro deles! Ele entrou num carro com mais dois representantes de líderes locais, e foi incentivar os companheiros reunidos. No trajeto, eles começaram a contar para Shin’ichi: — Nós viemos apoiando com todas as forças o prior do templo daqui, para se dedicar à proteção da Lei. No começo, ele falava sobre a harmonia entre clero e adeptos, mas mudou completamente de atitude e passou a criticar e a atacar a Soka Gakkai. E nos bastidores, incitava nossos companheiros a abandonar a organização. Numa comunidade, dentre as 45 famílias de membros, 32 famílias abandonaram a Soka Gakkai de uma só vez. Foi uma imensa tristeza e sofrimento. Contendo a ira e a revolta, foram visitar a casa dos membros nas montanhas para incentivá-los de todo o coração e com esforço movido pela decisão: “Não permitirei que mais nenhum companheiro se afaste da legião da justiça Soka!”. O sênior de mais idade que se sentou ao seu lado mordeu os lábios e disse: “Isso não pode ser obra de um ser humano...”. Shin’ichi meneou a cabeça em concordância e, sorrindo, disse-lhe: — Acabamos causando muito sofrimento ao senhor, não é? Muito obrigado por ter resistido firmemente e por ter feito Takeda se reerguer novamente. Obrigado! Shin’ichi abaixou a cabeça na direção dele. Ouviu-se o soluçar incontido do sênior. Quanto mais rigorosas forem as provações do inverno, maior será a alegria da chegada da primavera. É o princípio “dificuldades são alegria”. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida

04/07/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 21 (parte 1)

Lançar sementes da paz da Lei Mística em todo o mundo Em 26 de janeiro de 1975, representantes de 51 países e territórios reuniram-se em Guam para a Primeira Conferência para a Paz Mundial. Nesta importante reunião, a Soka Gakkai Internacional (SGI) foi oficialmente estabelecida com Shin’ichi Yamamoto como seu presidente. A voz eufórica do mediador ressoou ao anunciar que Shin’ichi proferiria seu primeiro discurso como presidente da Soka Gakkai Internacional. Aplausos e aclamações tomaram conta do recinto. — Parabéns! Muito obrigado! — exclamou ao se levantar para se dirigir ao púlpito. Ele sorriu para todos os participantes e externou seus sinceros agradecimentos aos membros de Guam, que deram suporte aos preparativos da conferência. (...) — Talvez se possa dizer que se trata de uma pequena conferência, uma reunião de pessoas anônimas de vários países e territórios. Entretanto, acredito que o encontro de hoje resplandecerá intensamente na história por séculos no futuro, e o nome de vocês, sem dúvida, ficará gravado não apenas na saga da propagação mundial do budismo, mas também na história da humanidade.(...) Dando continuidade, assinalou que a predominância da lógica do lucro e do poder militar, político e econômico na sociedade contemporânea representava um obstáculo para a paz e uma fonte de tensão constante no mundo. Frisou que uma filosofia religiosa superior teria o poder de sobrepujar os impedimentos à paz, unir a sociedade e abrir um caminho perene para a paz. Shin’ichi citou uma passagem da Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin: “Se o espírito de ‘diferentes em corpo, unos em mente’ prevalecer entre as pessoas, elas alcançarão todos os seus objetivos”.1 Em seguida, salientou que, se os povos de todas as nações trabalhassem juntos, em união, com base no princípio da “inviolabilidade da vida”, a paz perene seria alcançada impreterivelmente. (...) Shin’ichi imprimiu uma paixão cada vez maior em suas palavras: — O sol do Budismo Nichiren começou a despontar no horizonte. Em vez de buscarem aclamação ou glória pessoal, espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística no mundo. Farei o mesmo. Às vezes, assumirei a liderança na linha de frente; outras, estarei ao seu lado; e, em outros momentos, zelarei por vocês nos bastidores. Sempre os apoiarei de todo o coração. Shin’ichi encerrou clamando ardentemente aos participantes: — Como bravos, compassivos e dedicados discípulos de Nichiren Daishonin que se devotam inteiramente à verdade e à justiça, vivam de modo positivo e edificante, lutando pela prosperidade do seu respectivo país, pela felicidade das pessoas e pela preciosa existência da própria humanidade. Tão logo as palavras de Shin’ichi foram traduzidas para vários idiomas, o recinto explodiu em salva de palmas. (Capítulo “SGI”) Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 646, 2020. Assista Vídeo do discurso do presidente ikeda na fundação da SGI. Acesse: https://www.daisakuikeda.org/sub/audio-visual/videos/sgi-estab-ikeda-video.html Vamos reafirmar a nossa humanidade partilhada Em fevereiro de 1975, Shin’ichi dialogou intensamente por muitos dias com vários líderes políticos e intelectuais, criando profundos laços de amizade. Alguns dos principais líderes da Divisão dos Jovens, observando os esforços de Shin’ichi em prol da diplomacia civil, aproveitaram a oportunidade para lhe perguntar sobre o tema durante um diálogo. Durante uma conversa com vários líderes dos jovens, um deles perguntou: — As pessoas com quem manteve diálogo em anos recentes advêm de vários campos e países. No que se refere ao aspecto ideológico, abrangem líderes tanto de nações socialistas como democráticas, assim como adeptos de várias religiões. Além disso, depois desses encontros, todos eles expressam profundo respeito e confiança pelo senhor. Que tipo postura devemos ter para conquistar a simpatia e boa vontade de pessoas de ideologias e valores tão diversos? — Diferenças entre pessoas são fato. Elas são o que torna cada pessoa única. (...) Por essa razão, devemos não apenas reconhecer que as pessoas são diferentes, mas também respeitar e aprender uns com os outros. Essa deve ser nossa perspectiva básica. Portanto, independentemente de qual seja sua crença, sempre devemos respeitar primeiro os outros como seres humanos — respondeu Shin’ichi com um sorriso.(...) Em primeiro lugar, somos todos seres humanos vivendo nesta Terra. Em segundo, todos vivemos da melhor forma que podemos, enfrentando a realidade de nascimento, doença, envelhecimento e morte, e desejando a felicidade e a paz. Tendo em mente esses pontos em comum, devemos ser capazes de reconhecer os ideais comungados por todos: o respeito à dignidade da vida, que é o direito inviolável de toda a humanidade à vida, e o direito de ser feliz. Desse modo, a guerra é totalmente inaceitável. Essa convicção na inviolabilidade da vida é sustentada pela filosofia de Nichiren Daishonin de que todos os seres vivos são intrinsecamente budas. (...) O propósito de Shin’ichi ao buscar o diálogo era reiterar esses elementos comuns a todos, não obstante quem fosse a pessoa com quem estivesse falando, e criar uma afinidade pela paz. Seu objetivo era construir alianças com pessoas de todas as nacionalidades, para proteger a dignidade da vida. (Capítulo “Diplomacia do Povo”) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 21 Ilustração: Kenichiro Uchida

04/07/2024

Caderno Nova Revolução Humana

“Fé errônea”, “fé insana” e “fé correta”

PARTE 37 No poema, Shin’ichi Yamamoto ressaltou a imutável órbita Soka: “Não devem se esquecer jamais de trilhar para sempre junto com o povo”. E ele afirmou que a bandeira da vitória da revolução humana tremula onde, mesmo sendo perseguidos por quaisquer autoridades ou poder, se continua superando e vencendo essas grandes perseguições. Além disso, tendo como objetivo o “3 de Maio de 2001”, solicitou que gravassem no coração que a vitória ou a derrota do segundo capítulo do kosen-rufu seriam decididas nessa hora e que continuassem a se empenhar nos árduos exercícios budistas. Foi um trabalho sério e decisivo com os jovens de unicidade que anotavam tudo, determinados a não perder nenhuma única palavra. A partir das 16 horas, Shin’ichi realizaria uma reunião de diálogo com membros representantes. — Vamos continuar a partir daqui, depois que eu retornar! E assim ele se dirigiu apressadamente para o local da atividade. Os jovens começaram a passar a limpo o poema. Tão logo retornou, às 17h30, Shin’ichi fez uma revisão e depois voltou a ditar a continuação. Novas palavras foram sendo tecidas umas após as outras. Às vezes, reescrevia mais da metade do papel pautado de treze linhas. As margens brancas ficavam cheias de anotações e vez ou outra foi necessário escrever até no verso das folhas. O horário do início da reunião de líderes da Divisão dos Jovens na qual seria apresentado o poema se aproximava instante a instante. Pouco depois das 18 horas, foi declarada a abertura da reunião de líderes. Iniciou com o coro da canção Kurenai no Uta [Canção do Carmesim], e a programação seguiu com os cumprimentos de líderes da Divisão dos Jovens da província, da vice-secretária da Divisão Feminina de Jovens (DFJ) enviada de Tóquio e do coordenador da Divisão dos Universitários (DUni). O ditado da correção só terminou quando a programação da atividade chegou às palavras de cumprimento do vice-presidente. — Está pronto! Vamos, agora! Tragam quando terminarem de passar a limpo. Na sala onde ocorria a atividade, as palavras do vice-presidente já haviam se encerrado e logo o relógio marcaria 19 horas. Foi neste instante que Shin’ichi surgiu. Irrompeu uma grande salva de palmas e ovações. Era a partida triunfal da Divisão Masculina de Jovens, bravia e vigorosa, que lutou e venceu a batalha contra as perseguições dos sacerdotes perversos, e da Divisão Feminina de Jovens, de pureza e de forte fé, que jamais se deixou abater diante de nada. O semblante dos bravos jovens que lutaram incansavelmen­te em meio às árduas dificuldades e abriram o caminho da vitória era radiante e belo. O manancial da grande alegria flui onde há uma corajosa luta pelo kosen-rufu. PARTE 38 Na Reunião de Líderes da Divisão dos Jovens da província de Oita, Shin’ichi Yamamoto recitou gongyo junto com os participantes e orou pelo desenvolvimento e pela felicidade cada vez maior dos jovens que protegeram a justiça até o fim. Na outra sala, o poema ainda continuava a ser passado a limpo. Um dos jovens que estavam com a caneta na mão disse: — Não temos mais tempo. Vamos acabar não conseguindo apresentá-lo. Não terminamos de passar a limpo, mas vamos entregá-lo assim mesmo. Eles foram correndo para a sala da reunião. Ao microfone, Shin’ichi falou sobre a nobreza da vida que abraça o Gohonzon, e disse que, em termos de fé, havia a “fé errônea”, a “fé insana” e a “fé correta”. A fé para buscar fama e fortuna, aproveitando-se da Soka Gakkai, é a “fé errônea”; a fé que ignora a razão, o bom senso e a sociabilidade é a “fé insana”. E declarou que ter bom senso, viver em prol do kosen-rufu, tendo como base as ações firmes e constantes da fé, da prática e do estudo, e mostrar a comprovação da vitória da fé na sociedade, no trabalho e no cotidiano correspondem à “fé correta”. Também falou a respeito da forma de viver a juventude: — Juventude é uma época de muitas preocupações e angústias, sendo natural se depararem com impasses e ficarem abatidos. É justamente nesses momentos que, sem tirar os olhos da realidade, é preciso se dirigir ao Gohonzon com a decisão: “Eu sairei desta situação por meio da prática da fé. Superarei a tudo com a recitação de daimoku”. É em meio a esse desafio que existe tanto a transformação do destino como a revolução humana. São esses árduos esforços que se tornarão preciosos tesouros muito raros de serem obtidos na juventude. Sem uma árdua luta na juventude, ou seja, sem as “tarefas de preparação do solo”, não haverá o autodesenvolvimento e o desabrochar da vida nem se poderá desfrutar o outono de conclusão de sua existência. O poeta alemão Friedrich Hölderlin disse: “Toda alegria nasce da dificuldade. / e é somente na dor / que se cria o supremo bem que alegra o meu coração, / a gentileza humana”.1 Shin’ichi concluiu suas palavras: — Quero confiar todo o futuro do século 21 a vocês, da Divisão dos Jovens de hoje. Desejo que vivam até o fim, junto com a Soka Gakkai, essa época dourada da juventude, e solenize de forma magnífica sua existência. Afirmo claramente que não existe caminho da vitória da vida que supere o grande caminho Soka. PARTE 39 Shin’ichi Yamamoto anunciou no final de suas orientações: — Compus um poema com o sentimento de que se torne a nova diretriz rumo ao século 21. Terminei de ditá-lo agora há pouco. Vou solicitar que apresentem para todos. O vice-coordenador da Divisão Masculina de Jovens, nascido em Oita, Koji Murata, que ficou até o último momento passando o texto a limpo, levantou-se e começou a declamar o poema: — “Por que se escala uma montanha? / Porque aí se encontra uma montanha / — assim disse um famoso alpinista...” Por um instante, na mente de Murata surgiu a imagem de Shin’ichi, que ditava cada palavra como se inserisse nela a sua vida e foi incansável em suas revisões e correções para lapidar o poema tudo com o sentimento de “Pelos jovens!”. Ele continuou declamando os versos com ardente emoção em seu peito diante do coração do mestre. — “Meus jovens discípulos! / Vivam, vivam e sobrevivam a todo o custo / em prol da grande Lei, eterna e imortal, / em prol da missão sublime herdada nesta vida”. A leitura prosseguiu, imbuindo força em cada uma das palavras. — “Tenho certeza. / A era vindoura / aspira e aguarda tais jovens líderes. / Uma pessoa / sem fé e sem filosofia / é como um navio sem bússola. / A era está mudando, / instante a instante, / da era material / para a era espiritual, / e desta para a era da vida.” Como não tinham terminado de passar a limpo, ao chegar à segunda metade, teve de ler o manuscrito repleto de anotações. Para não ler errado, Koji Murata continuou declamando o poema com o máximo de atenção e cuidado: — “Meus caros jovens, / em constante contato com o povo, / nas manhãs e no entardecer, / vivam com ele / numa calorosa comunicação. / Além disso, / palpitando e vibrando junto com o povo, / espero que se tornem / jovens líderes da nova era.” — “Eu confio em vocês. / E conto com vocês. / E eu os amo.” Os jovens ouviam atentamente com o rosto sério e repleto de emoção. Fitando cada um dos participantes, Shin’ichi Yamamoto bradava em seu coração: “Agora, destas terras de Oita, descerrou-se a cortina para o avanço rumo ao novo século. A partir daqui se iniciou a nova história da Soka Gakkai invencível”. PARTE 40 Era um poema longo. A voz do jovem que o lia, mesmo rouca, transbordava de energia: — “No curso de vida significativo, / verdadeiro e repleto de plenitude, / torna-se necessário / o grandioso budismo / e a fé em seus ensinamentos. / Saibam que o máximo orgulho de vocês / está no bailar de sua juventude, / abraçando o Budismo de Nichiren Daishonin.” — “A montanha do século 21 está próxima...” Transportando seus pensamentos para o novo século no qual se eleva o sol da manhã da vitória humana e ecoam os brados de vitória dos companheiros Soka, Shin’ichi Yamamoto ouvia compenetrado a declamação: — “O século 21 é todo de vocês. / É a alvorada de vocês. / O autêntico palco de sua luta — / o palco da conclusão da grande obra. / Três de maio de 2001. / Este é o dia / da escalada ao sublime objetivo / Meu e de vocês. / Nesse dia, / não se esqueçam, / é a decisão do segundo estágio do / kosen-rufu. / A vitória ou a derrota.” A declamação se encerrou. O título do poema é Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21. Houve uma explosão de aplausos que perdurou por um longo tempo sem cessar. Eram aplausos do juramento de viver até o fim trilhando o grande caminho de mestre e discípulo. Foi a magnificente e imponente partida dos jovens Soka. Quando os aplausos cessaram, Shin’ichi disse: — Este poema1 será publicado na íntegra no jornal Seikyo Shimbun de amanhã. A partir destas terras de Oita, vou transmiti-lo para o Japão inteiro. Gostaria que todos gravassem esse significado profundamente no coração. E penso também em fundar o Oita Danshibu Nijuisseiki Kai [Grupo Século 21 da Divisão Masculina de Jovens de Oita] com os componentes da Divisão Masculina de Jovens reunidos aqui hoje, e o Oita Joshibu Nijuisseiki Kai [Grupo Século 21 da Divisão Feminina de Jovens de Oita], com as integrantes da Divisão Feminina de Jovens. O que vocês acham? Novamente irrompeu uma salva de palmas em concordância com transbordante alegria. A vida dos jovens que bradaram incansavelmente pela justiça Soka e venceram o mal pulsava com entusiasmo, e em seu coração ardia a grande paixão escarlate. Na vitória existe a alegria. Transborda de vitalidade para o avanço. Aqui se encontra o fator maior para conquistar uma nova vitória. Vitória, vitória e vitória — assim é a marcha Soka. “Justiça é a vitória daqueles que são corretos” — são as palavras do grande escritor Romain Rolland. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Assista ao vídeo com a canção Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu doSéculo 21 inspirada no poema de mesmo nome. Notas: 1. HÖLDERLIN, Friedrich. Sämtliche Werke [Coletânea de Obras de Hölderlin]. BEISSNER, Friedrich (ed.). Stuttgart: J. G. Cottasche Buchhandlung, v. 1, p.184, 1946. 2. O poema Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21 foi revisto pelo presidente Daisaku Ikeda para ficar registrado como uma nova “diretriz para o século 21”, e apresentado no jornal Seikyo Shimbun do dia 22 de março de 1999. Ilustrações: Kenichiro Uchida

20/06/2024

Caderno Nova Revolução Humana

“Vencedores são aqueles que mantêm a fé até o fim”

PARTE 33 Na volta da reunião de diálogo na cafeteria, o carro em que Shin’ichi Yamamoto estava passou em frente ao Parque Atlético de Osu, da cidade de Oita. Nesse local também havia um magnífico campo de beisebol. Shin’ichi disse ao líder que o acompanhava: — Que tal realizar um festival cultural de Oita naquele campo de beisebol? Vamos reunir os jovens e mostrar à sociedade o admirável aspecto de seu desenvolvimento, e também o aspecto da alegria de abraçar a fé e da união das pessoas do povo. Quando Shin’ichi retornou à Sede da Paz de Oita, um grupo de homens da faixa etária de 30 anos a pouco menos de 50 anos o aguardava em frente à entrada lateral. Eram os membros do Oita Hyakunanajuninkai (Grupo dos Cento e Setenta de Oita). Shin’ichi havia prometido tirarem, juntos, uma foto comemorativa. Eles foram os jovens que atuaram nos grupos de bastidores há 21 anos, em dezembro de 1960, ano da posse de Shin’ichi, quando ele visitou Oita e participou da Reunião de Fundação do Distrito Oita, realizada num ginásio esportivo administrado pela província. Shin’ichi não tinha como deixar de agradecer pela sincera e árdua dedicação deles em atuar diligentemente desde cedo, expostos aos ventos gelados, como a “força da sombra”. “Quero que mantenham a fé por toda a vida e vivam até o fim pela sua missão. A vida praticamente é decidida na faixa dos 20 a 30 anos. Por essa razão, quero que tenham os próximos dez anos como meta e lutem nos jardins do kosen-rufu para lapidar a si mesmos, para elevar sua condição de vida e para avançar” — assim orientou Shin’ichi na época. Eles se comprometeram a se encontrar novamente após dez anos. E cumpriram essa promessa em Fukuoka, em outubro de 1970. Nessa ocasião, Shin’ichi propôs: “Que tal formarmos um grupo com esses membros?”. Então, ele deu o nome de Grupo Hyakunanajunin; depois o renomeou como Oita Hyakunanajuninkai. E passados onze anos a partir de então, eles estavam se reunindo em torno de Shin’ichi pela terceira vez. Todos tinham se tornado pilares da confiança na sociedade e tinham se desenvolvido como líderes centrais que assumiam a responsabilidade pela Soka Gakkai. Uma vez firmado um laço, zelar, cuidar dele com uma perspectiva de longo prazo e incentivar sempre que possível — é assim que se desenvolvem os “valores humanos”. Shin’ichi estava feliz. Ele conclamou: — Vamos agora visar o século 21! Todos se posicionaram para a foto com uma decisão renovada. Solidificar o juramento de mestre e discípulo é edificar uma órbita segura da vida rumo ao futuro. PARTE 34 Shin’ichi Yamamoto participou da reunião de líderes de província comemorativa do terceiro aniversário de inauguração da Sede da Paz de Oita, promovida em suas dependências, na noite do dia 9. O encontro da nova partida, realizado após terem vencido a adversidade chamada “problemática do clero”, foi descortinado com o grande coro da canção Ningen Kakumei no Uta [Canção da Revolução Humana]. Essa canção foi justamente a que veio impulsionando e inspirando o espírito da Soka Gakkai. Levante-se, eu também me levantarei Levante-se só, cada qual em seu palco do kosen-rufu... Durante essa reunião, ao ser anunciado que, conforme sugestão de Shin’ichi, maio de 1982 seria o “Mês de Oita”, e também que, em comemoração do 3 de Maio, Dia da Soka Gakkai, e do 20 de Maio, Dia de Oita, seria realizado nesse mês o festival cultural com a participação de 30 mil pessoas, uma estrondosa salva de palmas ainda mais intensa ressoou por todo o salão. Foi adotada também a Declaração de Oita, formada por cinco tópicos. Nela constava: “Nós nos levantaremos conforme o testamento do Buda dos Últimos Dias da Lei, Nichiren Daishonin, e avançaremos unidos pela sagrada batalha para refutar o errôneo e estabelecer a verdade hasteando a bandeira de ‘Oita de harmonia’”. Estavam ainda manifestadas decisões tais como a de se honrarem mutuamente e se protegerem uns aos outros como companheiros emergidos da terra, e a de se dedicarem ao florescimento do ensinamento correto tendo como orgulho essa existência em que “compartilham sofrimentos e alegrias juntos com o supremo líder da realização do kosen-rufu”. Esse era um juramento de luta conjunta em resposta a Shin’ichi que, no dia anterior, havia conclamado: “Uma vez mais, iniciarei a grande batalha do kosen-rufu! Criarei a verdadeira Soka Gakkai. Senhores, lutem junto comigo também!”. Uma grande salva de palmas irrompeu em concordância à declaração. Após superarem e vencerem a época mais difícil das árduas batalhas contra a dominação dos sacerdotes perversos que tentavam separar o mestre e os discípulos do kosen-rufu, todos estavam com o coração transbordando de alegria por bradar a luta conjunta de mestre e discípulo e declarar a vitória de Oita. Todos sentiam profundamente que havia chegado uma nova era. E no coração deles ardia a esperança de promover com grande sucesso, sob a liderança dos jovens, o festival cultural da vitória do povo com alegria e dinamismo que emanam da fé, e de dar a partida do movimento pela expansão da rede de solidariedade da paz. PARTE 35 Na reunião de líderes da província de Oita, Shin’ichi Yamamoto agradeceu do fundo do coração a brava luta dos companheiros: — Os senhores promoveram a batalha pelo kosen-rufu na sociedade atual e se empenharam resolutamente na realização do shakubuku. Quando Toda sensei assumiu como segundo presidente da Soka Gakkai, o número de membros não passava de cerca de 3 mil pessoas. No entanto, por meio da ação de “devoção abnegada pela propagação da Lei” dos nossos companheiros, a legião do kosen-rufu se espalhou para o mundo inteiro. Quem tornou realidade o princípio de “emergir da terra”, mencionado por Nichiren Daishonin, foi a Soka Gakkai, e foram os senhores. Então, Shin’ichi citou a frase: — “No quarto volume do Sutra do Lótus consta esta afirmação: ‘Se alguém dissesse uma só palavra para amaldiçoar as pessoas leigas, os monges ou as monjas que mantêm e pregam o Sutra do Lótus, sua ofensa seria ainda mais grave que a de insultar o buda Shakyamuni face a face durante todo um kalpa’”.1 Daishonin afirma claramente dessa forma. O que acontecerá com aqueles que caluniam as pessoas que se empenham na concretização do shakubuku? Está rigorosamente exposto aqui. Além do mais, os senhores vieram realizando doações e se devotando ao clero desejando o seu desenvolvimento, mesmo em meio a condições de dificuldade. Se caluniarem esses filhos do Buda, certamente serão julgados e sentenciados rigorosamente pelo princípio místico de causa e efeito do budismo. O incidente do Shoshin-kai foi um trabalho da maldade que tentou obstruir o kosen-rufu, e podemos dizer que foi uma perseguição. É por existirem as perseguições que podemos aprofundar a fé. Uma prática da fé pacífica somente de benefícios não proporciona a transformação do destino nem possibilita atingir o estado de buda nesta existência. As perseguições são imprescindíveis e necessárias para se empenhar no exercício budista, transformar o destino e abrir uma condição de vida de indestrutível felicidade. Sofrer perseguições é a prova da justiça do budismo. Nichiren Daishonin afirma: “Fortaleçam sua fé dia após dia e mês após mês”.2 Gostaria que gravassem firmemente em seu coração que, naturalmente, dar continuidade à fé é essencial, mas o importante é ter a capacidade de manter a perseverança para avançar sempre, tanto na vida diária como em todos os outros aspectos da vida. Budismo é vitória ou derrota. Peço que mantenham uma fé vigorosa, vivam com sabedoria, dediquem-se com seriedade ao trabalho, lapidem seu caráter e trilhem até o fim uma vida de felicidade. A vitória ou a derrota só podem ser determinadas observando sua existência inteira. Vencedores são aqueles que mantêm a fé até o fim. PARTE 36 Na noite de 10 de dezembro estava programada a reunião de líderes da Divisão dos Jovens da província de Oita. Durante a manhã desse dia, Shin’ichi Yamamoto participou de discussões sobre as atividades futuras com os líderes centrais da província. No início da tarde, visitou a sala da zeladoria da Sede da Paz de Oita. Além do zelador, incentivou as integrantes da Divisão Feminina que vieram se dedicando ao kosen-rufu de Oita desde os primórdios da Soka Gakkai. Na ocasião, também estava presente o líder da Divisão dos Jovens que fora enviado da sede central da Soka Gakkai como responsável pela coordenação de todas as atividades na localidade. Ele lhe transmitiu que os jovens de Oita queriam iniciar o avanço rumo ao século 21 anunciando o Poema da Justiça, que continha a decisão pela nova partida na reunião de líderes que se realizaria mais tarde nesse dia. Fazia exatamente trinta anos desde que o venerado mestre, Josei Toda, anunciou o Preceito aos Jovens, que se inicia com a famosa frase “O que constrói a nova era é a força e a paixão dos jovens”. Shin’ichi também ponderava deixar uma nova diretriz aos jovens. — Pois bem, vou compor e dedicar-lhes! Ao dizer assim, ele começou a ditar. Em seu coração brilhava o espírito de luta repleto de emoção: — “Por que se escala uma montanha? / Porque aí se encontra uma montanha / — assim disse um famoso alpinista...” Os líderes da Divisão Masculina de Jovens e da Divisão Feminina de Jovens que estavam no local começaram a anotar apressadamente. As palavras pareciam jorrar continuamente da boca de Shin’ichi. — “Nós, agora, estamos prestes a escalar / a montanha do século 21 — / a montanha do kosen-rufu. / Meus caros jovens!/ Agitando a bandeira da justiça da / Lei Mística, / escalem / com coragem e bravura, / a montanha do século 21...” Então, ele enfatizou a importância de se escalar passo a passo “a montanha da realidade que se enfrenta dia a dia” para poder escalar a “montanha do século 21”, e conclamou a todos para conquistar a vitória em tudo no dia de hoje. Também disse que a força motriz para isso são “gongyo e daimoku” e, independentemente do que ocorresse, não se permitissem ser derrotados jamais, contidos nas palavras “prática da fé”. Foi um ditado imbuído da oração “Que todos se tornem grandes valores humanos do século 21!”. “O que educa os valores humanos é o grandioso bem” — são palavras de Tanso Hirose, educador de Oita. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Dai­shonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 13, 2017. 2. Ibidem, p. 263. Ilustrações: Kenichiro Uchida

06/06/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 20 (parte 2)

Ligados por eternos laços de confiança Em dezembro de 1974, na noite anterior ao regresso ao Japão após a sua segunda visita à China, Shin’ichi recebeu uma mensagem do primeiro-ministro Zhou Enlai pedindo para que se encontrasse com ele. Embora Zhou Enlai estivesse gravemente doente e seus médicos fossem contra o encontro, esse se realizou devido ao forte desejo do primeiro-ministro de se encontrar com Shin’ichi. O primeiro-ministro Zhou enalteceu os esforços consistentes de Shin’ichi para fortalecer a amizade sino-japonesa: — Presidente Yamamoto, o senhor vem salientando a necessidade de cultivar relações fraternas entre os povos dos dois países, a despeito das dificuldades envolvidas. Fico extremamente contente com isso. A amizade bilateral é nosso desejo mútuo. Empenhemo-nos por isso juntos. (...) Os olhos do primeiro-ministro Zhou se comprimiram como se contemplassem ao longe, e ele disse em tom nostálgico: — Há mais de cinquenta anos, parti do Japão quando as cerejeiras estavam floridas. Assentindo com a cabeça, Shin’ichi sugeriu: — Entendo. Então venha visitar o Japão novamente na estação das cerejeiras. — Gostaria muito, mas temo que seja impossível — disse com um sorriso melancólico. Ouvir isso fez o coração de Shin’ichi doer. (...) Finalmente, Shin’ichi decidiu expressar o que estava pensando: — Precisamos nos manter saudáveis por muitos anos, primeiro-ministro Zhou. A China é um país fundamental para a concretização da paz mundial. Em benefício de sua nação e de seus 800 milhões de habitantes…1 O primeiro-ministro pareceu reunir todas as suas forças e começou a dizer: (...) — Os últimos 25 anos do século 20 serão um período crucial para toda a humanidade. Será necessário que os povos do mundo cooperem e auxiliem uns aos outros de igual para igual. — Penso que isso seja absolutamente verdadeiro — endossou Shin’ichi. Ele sentiu que estava ouvindo sobre o último desejo do primeiro-ministro. O diálogo havia se estendido por quase trinta minutos. Se fosse possível, Shin’ichi ficaria conversando com o primeiro-ministro Zhou para sempre, mas ele simplesmente não podia permitir que o encontro se prolongasse mais. — Prometo que levarei sua opinião ao conhecimento das pessoas apropriadas no Japão. E gostaria de lhe agradecer profundamente o fato de ter reservado tempo para me receber. (...) Essa ocasião foi a única vez que Shin’ichi e o primeiro-ministro Zhou se encontraram. Contudo, a amizade deles produziu um juramento eterno e laços de confiança imperecíveis. O espírito do primeiro-ministro fora totalmente incutido no coração de Shin’ichi. (Capítulo “Laços de Confiança”) Nota: 1. Atualmente a população da China é de aproximadamente 1,4 bilhão de habitantes. Caminhos para a paz Em janeiro de 1975, durante uma visita aos Estados Unidos, Shin’ichi encontrou-se com o secretário de Estado Henry Kissinger. Shin’ichi ansiava dialogar extensamente com o secretário Kissinger em prol da paz mundial, para juntos tentarem descobrir um novo rumo para a humanidade. Kissinger tinha uma personalidade racional e aberta e dava pouca importância para formalidades vazias. Era um observador com uma mente aguçada, que sempre assimilava a essência da questão abordada; portanto, a conversa avançou em ritmo acelerado. Quando Shin’ichi perguntou a Kissinger qual a sua opinião sobre o tratado de paz e de amizade entre Japão e China, o diplomata americano respondeu imediatamente que era favorável ao acordo e, a seu ver, deveria ser consumado. Durante o encontro, Kissinger indagou a Shin’ichi: — Permita-me inquirir-lhe com franqueza, a quem consagra sua lealdade no que se refere às potências mundiais? A pergunta de Kissinger era claramente motivada pelo fato de Shin’ichi ter visitado a China e a União Soviética e se encontrado com os líderes desses países e agora estar conversando com ele nos Estados Unidos. Shin’ichi respondeu sem hesitar: — Não somos filiados nem ao Bloco Ocidental nem ao Oriental. Tampouco somos aliados da China, da União Soviética ou dos Estados Unidos. Somos uma força de paz, e aliados da humanidade. Era nesse humanismo que Shin’ichi se baseava resolutamente, e esse era o posicionamento primordial da Soka Gakkai. Kissinger sorriu. Parecia entender as convicções de Shin’ichi. Durante o restante do diálogo, discutiram tópicos como o conflito árabe-israelense, as relações sino-americanas e americano-soviéticas, e as Conversações sobre Limites para Armas Estratégicas. A interlocução prosseguiu num clima de congraçamento de ideias e o desejo comum de vislumbrar caminhos para a paz. (Capítulo “Laços de Confiança”) (Traduzido da edição de 9 de junho de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Assista O vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 20

06/06/2024

Notícias

Mães, sóis da felicidade

Mães são fortes. As mães são grandiosas. O kosen-rufu existe porque as mães existem. Oh, mães, brilhem como o sol da felicidade!1 O trecho acima encontra-se no romance Nova Revolução Humana, escrito pelo Dr. Daisaku Ikeda. Nele, Ikeda sensei expressa profunda gratidão e reconhecimento às mães da Soka Gakkai. Em consonância com esse sentimento do Mestre, foi realizada uma cerimônia em memória das mães que dedicaram esforços em prol do kosen-rufu, no Palácio Memorial da Paz Eterna, no Centro Cultural Campestre, em Itapevi, SP, no dia 12 de maio. A sessão solene também pres­tigiou as mães que seguem percorrendo a jorna­da de sua revolução humana, transmitindo sabedoria, bondade e amor a todos com quem se encontram. Os participantes, tanto aqueles presentes no Centro Cultural Campestre quanto os que acompanharam a transmissão pela internet, apreciaram a apresentação do grupo de cordas da Camerata Ikeda, da Orquestra Filarmônica Brasileira do Humanismo Ikeda (OFBHI), que executaram duas canções. Além disso, ouviram incentivos de Selma Inoguti, coordenadora da Divisão Feminina (DF) da BSGI, e de Miguel Shiratori, presidente da organização. Em suas palavras, Selma Inoguti demonstrou solidariedade aos membros do Rio Grande do Sul por esse momento que estão vivendo. Em seguida, ela relembrou o episódio narrado no capítulo “Ode às Mães”, no qual Ikeda sensei descreve o momento do falecimento de sua mãe: Tenho certeza de que Daishonin a receberá de forma calorosa e a elogiará sinceramente. Continuarei a saldar minha dívida de gratidão com você, e com todas as nobres mães do mundo, dedicando toda a minha vida ao kosen-rufu. Muito obrigado, Mãe!2 Ao finalizar, Selma ressaltou: “Mãe é mãe e é um laço para as três existências. O maior desejo de uma mãe é que seus filhos sejam felizes. Independentemente se for mãe solo ou mãe de pet, manifestemos nossa profunda gratidão e coloquemos como um eterno juramento em nossa vida de ‘Conte comigo. Vou viver essa existência da melhor forma em sua homenagem’”. Miguel Shiratori, presidente da BSGI, iniciou seus incentivos dizendo que, na cerimônia, estenderam as orações aos companheiros, vítimas da fatalidade ocorrida no Rio Grande do Sul, para a mais breve superação desse momento dramático que estão vivenciando. Em suas palavras, ele destacou a importância da prática do budismo: “Como membros da SGI, um grande movimento de pessoas dedicadas à paz, estamos nos esforçando continuamente para transformar o destino de toda a humanidade, no nível mais profundo, de uma vida de tristeza e tragédia para uma vida de ilimitada alegria”. Shiratori compartilhou também um incentivo de Ikeda sensei, no qual ele frisa: Os laços de vida a vida cultivados na presente existência não são cortados ou extintos com a morte. Embora sejam invisíveis como as ondas de rádio, esses laços duram eternamente. Com esta profunda convicção, embora a tristeza da perda persista, não haverá sensação de solidão.3 No topo: presidente da BSGI, Miguel Shiratori, incentiva participantes da cerimöniaNotas: 1. IKEDA, Daisaku. Contínua Felicidade. Nova Revolução Humana. v. 29. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. 2. Idem. Ode às Mães. Nova Revolução Humana. v. 24. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. 3. Cf. Brasil Seikyo, ed. 2.425, 30 jun. 2018, p. E1-E3. Assista Ao vídeo com poema de Ikeda sensei, exibido na cerimônia, em homenagem às mães. Confira poe­ma no Brasil Seikyo, ed. 2.635, 27 maio 2023, p. 4.Foto: BS

29/05/2024

Caderno Nova Revolução Humana

“Se possui um coração de leão, não haverá nada a temer”

PARTE 29 Shin’ichi Yamamoto prosseguiu citando uma frase dos escritos de Nichiren Daishonin: — “Os maus amigos empregarão palavras sedutoras, enganarão, bajularão e irão falar com astúcia e, dessa forma, controlarão a mente das pessoas ignorantes e desinformadas e destruirão a mente do bem que existe nela”.1 “Maus amigos” são os maus sacerdotes que expõem ensinamentos errôneos, iludem e desorientam as pessoas e obstruem o exercício budista. Daishonin diz que eles enganam com palavras doces e também adulam as pessoas que tentam viver em prol do kosen-rufu; e, com hábeis palavras, ludibriam-nas chamando de “mal” o que é do “bem”, fisgam seu coração e destroem sua prática da fé. Os senhores também vieram sendo atormentados impiedosamente pelos maus reverendos. De um lado, eles caluniavam a Soka Gakkai como herética e, do outro, diante de pessoas que consideravam presas fáceis, enchiam-nas de elogios, bajulavam e ludibriavam astutamente e as conduziam a abandonar a prática da fé. Esse é o método utilizado pelos “maus amigos”. A verdadeira natureza desses maus amigos mostra arrogância e egoísmo. Se for atrás disso, naturalmente acabará por se desviar do correto caminho da fé. Para se viver pelo kosen-rufu, um ponto importante é saber desmascarar com perspicácia esses “maus amigos” que destroem a pura e sincera fé. No círculo dos senhores, certamente deve haver pessoas que, apesar de terem se empenhado juntos na fé até agora, acabaram sendo enganadas pelos maus sacerdotes e abandonaram a Soka Gakkai. Creio que devem ter ido diversas vezes até elas e tentado convencê-las a não se afastar da organização que existe conforme o desejo e a ordem do Buda. No entanto, mesmo que elas tenham decidido continuar como membros da Soka Gakkai, foram novamente ludibriadas, mudaram a decisão e deixaram a organização. Sei perfeitamente que os senhores têm experimentado muito sofrimento e tristeza por conta disso. Houve pessoas que ficaram com os olhos cheios de lágrimas, talvez por se recordarem da raiva e da frustração que sentiram nesses momentos. Shin’ichi declarou ainda: — O budismo expõe a “transformação de veneno em remédio”. Esse é o ensinamento que consegue transformar infortúnios em felicidade. Da mesma forma que a pipa sobe para o alto do céu por existirem os ventos, é por se enfrentar dificuldades e provações que se consegue expandir amplamente a condição de vida e bailar livremente no grande céu da felicidade. O dinamismo do budismo existe nesse drama de transformação. PARTE 30 À medida que falava, Shin’ichi Yamamoto imbuía mais força em suas palavras. — Nichiren Daishonin declara ainda: “Não tenho a intenção de reverter meu curso agora, nem jamais censurarei [aqueles que me perseguiram]. Pessoas más também serão boas amigas para mim”. 2 Não importando quanto sua vida tivesse sido uma sucessão de perseguições, ele estava consciente desde o início, decidido e preparado. Independentemente das grandes perseguições que enfrentasse, afirma que nunca reverteria a sua decisão e tampouco alimentaria ódio por alguém. O que é mais importante para conseguir cumprir até o fim a missão pelo kosen-rufu, assumida no remoto passado, atingir o estado de buda na presente existência e conquistar uma condição de vida de indestrutível felicidade? É o levantar na fé, com consciência e decisão. Quando se decide no coração, e se possui um coração de leão, não haverá nada a temer. E nesse momento, até mesmo os piores malfeitores que os fizeram sofrer sem piedade, todos se tornarão “bons amigos”. Isso porque é com a conscientização do que está por vir, com a decisão de confrontar e lutar contra as grandes adversidades, que se lapida e fortalece a própria fé e conquista a transformação do destino. Os senhores de Oita passaram por terríveis dificuldades com a problemática. Mas isso se tornará a força de impulsão para o próximo salto. Uma vez mais, reiniciarei a grande batalha pelo kosen-rufu. Criarei a verdadeira Soka Gakkai. Senhores, lutem juntos comigo! — Sim! Vozes fortes e repletas de decisão ecoaram alto. Os companheiros de Oita, que mais passaram por sofrimentos, levantaram-se resolutamente junto com Shin’ichi. Na reunião de diálogo, houve também a feliz comunicação de que praticamente não havia membros da Divisão Masculina de Jovens que se afastaram da Soka Gakkai por conta da problemática com o clero. Como se inclinasse o corpo para a frente, Shin’ichi disse com ar de satisfação: — É mesmo? Isso é algo extraordinário. Se os jovens estiverem firmes, o futuro de Oita será sólido. Quero deixar alguma diretriz aos jovens para que se torne um incentivo para o avanço. Estava programada em Oita a realização da reunião de líderes da Divisão dos Jovens da província dois dias depois, em 10 de dezembro. PARTE 31 Mesmo depois da reunião de diálogo, Shin’ichi Yamamoto se empenhou em conversar e discutir vários assuntos com alguns líderes da província, e ofereceu suas anotações a dois representantes. A primeira foi registrada na sede do Seikyo Shimbun após a entrevista coletiva realizada nesse jornal na noite de 24 de abril de 1979, dia em que anunciou sua renúncia ao cargo de presidente da Soka Gakkai. Continha anotações a respeito desse acontecimento. A outra havia sido escrita num hotel em Miyazaki, localidade que estava em visita na noite de 4 de dezembro de 1977, data em que se deflagrou a problemática do clero, e ele relatou seu estado de espírito. Nela estava escrito: Aconteceu a problemática do clero. É amarga e dolorosa, como se espetassem agulhas no coração. Por que eles pisoteiam e atacam de modo insano nossos apelos? Nós que buscamos avançar em união com o clero e os adeptos em prol do kosen-rufu? Por que fazem repetidos ataques aos filhos do Buda, que dão o sangue pela realização do grande shakubuku e estão exaustos na batalha contra os “três poderosos inimigos”...? Para mim, é algo totalmente incompreensível. Conhecendo os sentimentos de tristeza, ira, desolação e dor dos nobres e amados filhos do Buda, são dias de imensa tristeza e sofrimento. Esse foi o estopim em Oita... Entregando esses escritos, Shin’ichi reforçou: — Este é o meu coração. Os companheiros da Soka Gakkai são a minha vida. A missão de um líder é proteger os membros até o fim. Se esse tipo de situação se repetir no futuro, quero que, portando esses escritos, sejam os primeiros a se levantar em prol dos filhos do Buda e pelo kosen-rufu. Oita, que mais sofreu, possui a missão de ser a pioneira da luta para refutar o errôneo e estabelecer a verdade. O semblante dos companheiros de Oita brilhava com a chama da decisão. No dia seguinte, Shin’ichi visitou uma cafeteria administrada por um membro, e dialogou com representantes da Divisão Feminina (DF). Ele orientou as jovens líderes da Divisão Feminina sobre a maneira de se relacionar com as veteranas: — Mesmo numa família acontecem problemas entre noras e sogras. É natural que aconteçam divergências de opinião entre as líderes veteranas e as mais jovens na Divisão Feminina. É superando isso, unindo e sintonizando os corações que haverá tanto a revolução humana de cada uma como também o desenvolvimento do kosen-rufu. PARTE 32 Com uma expressão séria, as integrantes da Divisão Feminina aguardavam as palavras seguintes de Shin’ichi Yamamoto: — As jovens líderes da Divisão Feminina possuem ardente disposição e espírito de desafio em relação ao desconhecido, e as veteranas possuem um pensamento cultivado em meio a rica vivência e experiência. Para que os dentes das engrenagens de ambas se encaixem perfeitamente para avançar de maneira fluida, também é necessária a existência de uma pessoa que atue como óleo lubrificante. Por exemplo, seria uma pessoa que, em termos de geração, estaria entre as duas. Aquela que compreenderia plenamente o pensamento delas e se empenharia para fazer com que as aspirações de ambas sejam canalizadas. E isso se aplica também a uma relação de mãe e filha ou entre nora e sogra, mas as líderes jovens não devem refutar de imediato o que as líderes veteranas dizem. É importante ter a postura de inicialmente dizer “Sim” e ouvi-las com sinceridade. Feito isso, ao julgarem que existem outras formas de pensamento, então externem suas opiniões. Se discordarem de pronto sem dar ouvidos ao que a outra tem a dizer, tomando uma postura de quem já formou unilateralmente uma opinião, e se vocês se expressarem de forma rude e áspera, a outra pessoa não terá disposição para ouvir suas palavras. Em vez disso, se ouvi-la meneando gentilmente a cabeça, a outra pessoa se sentirá valorizada. Quanto mais veteranas se tornarem, mais essa tendência se fortalecerá. Conseguir perceber as sutilezas do coração humano, lidar com sabedoria e possuir essa habilidade são uma importante condição que se requer de um líder. Ao se entrar num novo estágio de avanço, surgem líderes jovens; e com a troca de gerações, a imagem de líder do kosen-rufu tende a mudar muito. Nesses líderes, busca-se a habilidade de saber extrair a força de todos e ser um maestro que consegue harmonizar a organização como um todo. Não é preciso dizer que, para ser líder da Soka Gakkai — organização religiosa do kosen-rufu —, os requisitos são capacidade de propagação e de orientação, proatividade, iniciativa e exemplo para os demais. Além disso, algo de maior importância é o próprio comportamento como ser humano; ou seja, deve possuir aspectos como sinceridade, seriedade, bom senso, dedicação e consideração com as pessoas, e quanta confiança é capaz de conquistar. A fé transparece na natureza humana de uma pessoa. Uma vez que a Soka Gakkai é a religião da revolução humana, a condição maior de um líder é justamente o brilho do seu caráter, em que as pessoas ao redor digam “Nós podemos ficar tranquilos só pelo fato de ele estar presente”. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 634, 2017. 2. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin], v. II, p. 432. Tóquio: Soka Gakkai: 2006. Ilustrações: Kenichiro Uchida O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

29/05/2024

Caderno Nova Revolução Humana

“Enfim, chegou a primavera”

PARTE 25 Na tarde do dia 15 de novembro, Shin’ichi Yamamoto partiu do Aeroporto de Takamatsu, em Shikoku, para retornar de avião a Osaka. Depois percorreu as províncias de Wakayama e de Nara, prosseguindo em sua árdua luta. No dia 22, participou da 3a Convenção de Kansai, realizada no Auditório Memorial Toda de Kansai, da cidade de Toyonaka, província de Osaka, e regeu a canção Aa Reimei wa Chikazukeri [Ah, Aproxima-se a Alvorada]. E ainda, após visitar as províncias de Shiga e de Fukui, percorreu Chubu e se empenhou com todas as forças para estender orientações e incentivos também na província de Shizuoka. Shin’ichi só retornou a Tóquio na noite do dia 2 de dezembro. Os integrantes da Divisão Masculina de Jovens haviam realizado no dia 22 de novembro a Reunião Nacional de Líderes da divisão na cidade de Koriyama, província de Fukushima. Eles a denominaram Reunião de Líderes Kurenai, tornando-a um encontro de juramento de luta conjunta de mestre e discípulo para iniciar a jornada rumo ao século 21 juntos com a canção Kurenai no Uta [Canção do Carmesim]. Ah, raiou a manhã carmesim Os fortes brilham como precursores... Os jovens reunidos solidificaram a decisão de seguir abrindo os caminhos espinhosos como precursores do kosen-rufu: “Por piores que sejam as tempestades de provações que enfrentemos, somos os bravos jovens Soka que sobem a íngreme montanha em prol dos companheiros e pelo bem da sociedade! Não seremos derrotados jamais! Nós protegeremos resolutamente o castelo do kosen-rufu construído com devoção pelos pais e mães hoje já idosos!”. Esse coro era o entoar da canção da vitória dos jovens que superaram magnificamente as tempestades da problemática do clero, e se tornou o brado de vitória da vida que se estenderia para o futuro. E, em relação ao nome do autor da letra Kurenai no Uta [Canção do Carmesim], houve uma forte solicitação por parte da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku para que ficasse registrada como “Letra do presidente Yamamoto”, porque fora ele quem a havia composto no final, e assim ficaria para a posteridade. Mais tarde, passou a constar como “Letra de Shin’ichi Yamamoto”. Além disso, Shin’ichi revisou a letra dessa canção em 2005 e alterou a frase “Mães agora já idosas”, da terceira parte, para “Pais e mães agora já idosos”. E em outubro de 2016, por ocasião da Reunião de Líderes da Soka Gakkai, realizada em Shikoku, houve uma solicitação por parte da Divisão dos Jovens de Shikoku de que queriam cantar a frase “Que se reuniram junto ao pai”, da segunda parte, como “Que se reuniram junto ao mestre”, e ao compreender essa aspiração, Shin’ichi concordou. PARTE 26 “Vou correr ao encontro dos companheiros que mais sofreram! Com o sentimento de apertar firmemente a mão de cada um, eu os incentivarei de corpo e alma, do fundo da minha vida!” E foi na tarde do dia 8 de dezembro que Shin’ichi Yamamoto desembarcou no Aeroporto de Oita, em Kyushu. Haviam se passado seis dias desde que ele retornara a Tóquio após concluir sua árdua e intensa viagem de orientação percorrendo localidades como Shikoku, Kansai e Chubu. Sua última visita a Oita ocorreu há treze anos e meio. Ele dizia fortemente a si mesmo que, para edificar uma corrente crescente da vitória do kosen-rufu, não podia deixar escapar o tempo chamado “agora”. Mais que qualquer outra localidade, foram os companheiros da província de Oita que vieram sofrendo como alvo de tratamentos desumanos e cruéis por parte dos sacerdotes de“crença distorcida” que se faziam valer da autoridade dos mantos clericais sob o nome de Shoshin (“crença correta”). Quando os membros iam aos templos para participar em cerimônias como as de oko, os priores, em vez de se utilizarem do Gosho, usavam revistas sensacionalistas que continham matérias caluniosas a respeito da organização para atacá-la: “A Soka Gakkai está errada! É heresia!”. Eles faziam as pessoas que deixaram de ser integrantes da organização cometerem calúnias e ofensas contra os membros da Soka Gakkai, e, a cada vez que isso ocorria, o ambiente era envolto por uma salva de palmas. O prior do templo observava a tudo com um sorriso malicioso. Não havia nada mais perverso. Houve pessoas que se dirigiram até a sede local para denunciar com lágrimas nos olhos que os clérigos lhes ameaçaram e que não realizariam a cerimônia de funeral de seus entes queridos se eles não abandonassem a Soka Gakkai e se tornassem adeptos do templo. Por mais absurdo que fosse esses atos, havia sacerdotes perversos que se utilizam das cerimônias de falecimento para expressar grosserias e ataques ofensivos contra a Soka Gakkai. Eram atos imperdoáveis e abusivos que apenas multiplicavam o sofrimento e a tristeza da família enlutada. Sempre que Shin’ichi recebia comunicações como essas, sentia seu coração dilacerado. Não conseguia conter a angústia e a lástima pelos companheiros. “Não sejam derrotados! Despontará sem falta o amanhecer da vitória!” — bradando assim em seu coração, ele continuou a enviar daimoku para todos. Ao avistarem Shin’ichi, os líderes da região de Kyushu e da província de Oita que estavam no aeroporto gritaram: — Sensei! E então correram ao encontro dele. — Eu lutarei! Será a batalha decisiva de Oita. Agora se iniciará o glorioso drama da grande contraofensiva! O rugido do leão foi lançado. Todos, com brilho nos olhos, menearam a cabeça profundamente em concordância. Cada semblante estava repleto de decisão. O espírito de luta cultivado com incessantes esforços em meio a épocas difíceis torna-se a ilimitada força para uma nova construção. PARTE 27 Quando Shin’ichi Yamamoto estava entrando no carro, no aeroporto de Oita, cerca de trinta membros da Soka Gakkai se aproximaram dele correndo. Havia também pessoas com buquê de flores nas mãos. — Muito obrigado! Sinto muito por tê-los feito passarem por tantos sofrimentos e tristezas. Mas todos vocês enfim venceram! Assim disse Shin’ichi, sorrindo para os membros que estavam com os olhos marejados, e enfatizou: — Sempre com alegria, está bem? Do aeroporto, antes de tudo, dirigiu-se à residência de um membro benemérito e incentivou a família. Na sequência, estava programada a ida à Sede da Paz de Oita, mas ele pediu para ir inicialmente ao Centro Cultural de Beppu, porque Beppu era o local em que poderia ser chamado de “epicentro” da problemática do clero. Na margem da rodovia federal, havia pessoas aqui e ali que acenavam para todos no carro. Ao tomarem conhecimento da ida de Shin’ichi a Oita, devem ter ficado esperando com o sentimento de “Tenho certeza de que passará por aqui. Quero encontrá-lo, mesmo que seja só de relance”. Havia também senhoras que continuavam a acenar, inclinando-se para a frente da cerca de segurança. Shin’ichi ficou tocado com essa sinceridade e bravura: “Todos vieram suportando tudo com perseverança e tenacidade. Vieram vivendo unicamente em prol do kosen-rufu. Os abomináveis sacerdotes do Shoshin-kai vieram maltratando esses nobres filhos do Buda. É algo que jamais poderá ser perdoado. Serão sem falta repreendidos rigorosamente pelo Gohonzon e por Nichiren Daishonin. Jamais me esquecerei dessa imagem de hoje por toda minha vida”. Toda vez que via um companheiro que ficou aguardando-o na beira da estrada, seu sentimento era de unir as palmas das mãos em reverência. Shin’ichi chegou ao Centro Cultural de Beppu antes do sol se pôr. Todas as janelas do centro cultural foram iluminadas, e via-se a silhueta de muitas pessoas. Quando ele desceu do carro, três senhoras idosas se manifestaram: — Ah, sensei! Como queríamos encontrá-lo! — Enfim, cheguei. Como estou aqui, tudo vai ficar bem! Havia cerca de duzentos membros no centro cultural, e na entrada estava afixada uma faixa escrita “Sensei, seja bem-vindo de volta!”. Todos estavam convictos da visita de Shin’ichi ao Centro Cultural de Beppu. Os companheiros de Beppu, que vieram lutando incansavelmente contra o mal, estavam fortemente unidos a Shin’ichi pelo espírito de luta conjunta. PARTE 28 Shin’ichi Yamamoto chamou as pessoas que estavam próximas à entrada do prédio do Centro Cultural de Beppu: — Venham, vamos tirar uma foto! É a comemoração da nova partida de Beppu. Após a foto, ele recitou gongyo junto com elas na sala principal. — É o gongyo da comunicação da vitória dos companheiros de Beppu ao Gohonzon, e pela eterna felicidade dos senhores! Todos oraram com o coração palpitando de alegria e com voz vibrante. Os companheiros aguardavam ansiosamente por esse momento suportando as maldosas investidas dos clérigos indignos. Assim que encerrou o gongyo, Shin’ichi se dirigiu ao microfone. — Peço sinceras desculpas a vocês por tê-los feito passar por muitas angústias por tanto tempo. Originalmente, o caminho de um clérigo deveria ser o de zelar ao máximo pelos filhos do Buda. No entanto, os maus sacerdotes continuaram atormentando os companheiros que vieram correndo incansavelmente em prol do kosen-rufu. É realmente um grande absurdo. Contudo, o budismo nos ensina que são as pessoas que mais sofreram e mais lutaram as que se tornarão as mais felizes. Os senhores derrotaram os obstáculos e as maldades e venceram imponentemente; por isso, não há dúvida de que uma vida de resplandecente esplendor de benefícios se abrirá para os senhores. Enfim, chegou a primavera. Peço que salvem as pessoas que choram pela sua infelicidade e tenham a mais sublime existência. Foi um tempo bastante breve, mas Shin’ichi incentivou a todos empenhando seu sentimento e sua expectativa. E então, ele seguiu para a Sede da Paz de Oita, situada na cidade de Oita. Ao chegar à sede após as 18 horas, ele tirou fotos com membros que se encontravam na entrada. Todos estavam com sorrisos radiantes. Na sede, quatrocentos representantes das divisões da província estavam reunidos. Quando Shin’ichi entrou na sala principal, irrompeu uma grande salva de palmas e ovações. Na sala principal, encontrava-se uma faixa estendida com os dizeres “Chegou a primavera para a família de Oita!”. Representava o sentimento de todos ali. Shin’ichi começou a falar com uma voz repleta de energia: — Vocês venceram. Após meses e anos de longa agonia e sofrimento, derrotaram os vermes das entranhas do leão e, enfim, a justiça prevaleceu sobre o mal! O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida

09/05/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Viver com o Gosho: volume 19 (parte 3)

Jamais busque este Gohonzon fora de si mesma. O Gohonzon existe apenas dentro do corpo de pessoas como nós, mortais comuns, que abraçam o Sutra do Lótus e recitam o Nam-myoho-renge-kyo. O Aspecto Real do Gohonzon1 O Gohonzon é um espelho límpido que reflete a nossa vida Em 28 de abril de 1974, dia que marca o aniversário do estabelecimento do ensinamento de Nichiren Daishonin, Shin’ichi Yamamoto discorreu sobre o significado do Gohonzon em uma reunião geral, realizada na região de Hokuriku. O Buda não existe em algum lugar distante, isolado da nossa vida. E as pessoas não são servas de deuses ou divindades. Nossa vida é, por origem, dotada da condição supremamente nobre denominada estado de buda; é uma entidade do Nam-myoho-renge-kyo. Entende-se, portanto, que nossa própria vida é o objeto de reverência fundamental, e o Gohonzon, o mandala inscrito por Nichiren Daishonin, atua como um espelho límpido para refletir e revelar o Nam-myoho-renge-kyo interior.(...) O Budismo Nichiren, que considera a vida o objeto de reverência máxima, é o ensinamento supremo da inviolabilidade da vida. Como tal, constitui a fonte de um novo humanismo. As pessoas, com frequência, defendem a paz e a inviolabilidade da vida, mas a vida humana é muito facilmente pisoteada e sacrificada em nome do país, de ideologias ou de diferenças religiosas, ou em decorrência de ódio, inveja ou discriminação. Por mais que as pessoas afirmem que a vida é preciosa, se elas não se basearem na convicção fundamental de que a vida merece respeito máximo, então é muito provável que a vida se torne um simples meio para um fim. (...) O ensinamento budista que declara que o estado de buda reside em nossa vida e que a vida é o objeto de reverência fundamental compõe uma base sólida para estabelecer o princípio da inviolabilidade da vida e dá origem a uma filosofia de paz e humanismo. (Capítulo “Torre do Tesouro”) Não deve haver discriminação entre os que propagam os cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo nos Últimos Dias da Lei, sejam homens, sejam mulheres. Se não fossem bodisatvas da terra, não seriam capazes de recitar daimoku. O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos2 Todas as pessoas são bodisatvas da terra com uma profunda missão Em fevereiro de 1974, durante um diálogo com dois líderes em Okinawa, Shin’ichi explicou, com maior profundidade, o tema do romance Revolução Humana, enfatizando a importância de despertar para a missão pelo kosen-rufu. Por serem bodisatvas da terra, podem recitar o Nam-myoho-renge-kyo e iniciar a luta pelo kosen-rufu nos Últimos Dias da Lei. (...) Não importa qual carma estejamos manifestando agora, somos na realidade bodisatvas da terra. De fato, assumimos nosso carma voluntariamente para que pudéssemos nascer nesta era maléfica e atuar em prol do kosen-rufu. Talvez vocês olhem para os companheiros que estão sofrendo com problemas como doenças ou dificuldades financeiras e pensem que, provavelmente, eles não poderiam ser bodisatvas da terra. Entretanto, ninguém pode evitar problemas. A questão é que, uma vez que despertamos para a missão do kosen-rufu e passamos a nos empenhar por ela, a condição de vida do bodisatva da terra e a sublime condição de vida do Buda brotam poderosamente das profundezas do nosso ser. Budas jamais são derrotados por infortúnios ou problemas. Eles transformam todos os seus sofrimentos em alegria, expandem seu estado de vida e realizam sua revolução humana. E é por meio desse processo que transformam seu carma. Foram os bodisatvas da terra que, na assembleia do Sutra do Lótus, receberam a missão do kosen-rufu nos Últimos Dias da Lei. [E Nichiren Daishonin, o Buda dos Últimos Dias da Lei, surgiu como a manifestação do líder dos bodisatvas da terra, o bodisatva Práticas Superiores.] Quando assumimos para nós essa missão, manifestamos a condição de vida inerente ao estado de buda aliada às “quatro virtudes” e aos quatro elementos representados pelos quatro líderes dos bodisatvas da terra. É o que nos permite transformar fundamentalmente nossa vida, realizar nossa revolução humana e transformar o carma. (Capítulo “Torre do Tesouro”) Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 92, 2017. 2. Ibidem, v. I, p. 404, 2020. (Traduzido da edição de 20 de maio de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 19 Ilustração: Kenichiro Uchida

09/05/2024

Caderno Nova Revolução Humana

Romper as nuvens da escuridão

PARTE 21 Ah, raiou a manhã carmesim... Ouvindo a gravação da canção Kurenai do Uta [Canção do Carmesim], Shin’ichi Yamamoto ponderou profundamente sobre o significado da letra e conclamou aos jovens em seu coração: “Rompendo as nuvens, eleva-se o sol de cor púrpura. O céu se tinge de carmesim instante a instante, e a manhã do renascer desponta. ‘Carmesim’ é o sol do passado sem início que arde em nosso coração. É o fervoroso espírito de luta que anseia descortinar a nova era! É o resplendor da energia vital jovem!”. Ó, bravos e fortes jovens Soka, que se lançam à vanguarda em direção ao kosen-rufu mundial como os raios do alvorecer do sol! A alvorada que anuncia o auspicioso “século da vida” ressoou fortemente nesse momento, e chegou a gloriosa manhã. Glória é a luz da felicidade e da vitória alcançada com um desafio intrépido e incansável. Jovens, não temam! Avancem sempre adiante rompendo as “ondas insolentes” e todos os obstáculos e maldades. Kosen-rufu é uma batalha entre a justiça e o mal. Nada garante que a justiça vença infalivelmente. Há situações em que o mal prospera. Por isso, budismo é vitória ou derrota. Nós, que vivemos pela missão como emergidos da terra e empunhamos a bandeira da justiça do budismo, não podemos de forma alguma ser derrotados. Temos a responsabilidade de vencer absolutamente. Bodisatvas da terra representam nosso povo Soka. Eles surgiram intencionalmente na era maligna manchada pelas cinco impurezas dos Últimos Dias da Lei. Despontaram bailando neste mundo para polir a si mesmos em meio aos sofrimentos, às dificuldades e à tenacidade, atuando no palco do drama da vitória da vida provando o grande poder benéfico do budismo. Haverá época em que as tempestades do carma soprarão violentamente. Não existe vida sem dificuldades ou sofrimentos. No entanto, no momento em que lutarem imbuídos da chama da coragem para cumprir a missão pelo kosen-rufu, o arco-íris da esperança despontará no céu e os sofrimentos se transformarão em alegria. O ser humano se torna infeliz por si próprio ao se acovardar, deixar de se desafiar, abandonar a esperança e se resignar. Nós estamos em concordância com a Lei fundamental chamada “Lei Mística” e, manifestando plena energia vital, nós nos movemos pelo kosen-rufu solucionando e superando cada uma das questões que surgem à nossa frente. E tudo isso é para fazer brilhar o melhor de cada um, para edificar a felicidade tanto individual como de todos os demais e para ecoar altivamente o grito de vitória do povo, ostentando orgulhosamente o estandarte do povo com transbordante alegria no coração. PARTE 22 Shin’ichi Yamamoto seguiu ponderando sobre a letra da canção Kurenai no Uta [Canção do Carmesim]: Reprovando as pessoas influenciáveis por elogios e críticas da sociedade... Mestre e discípulos Soka desprezam o modo de vida que muda de atitude rapidamente conforme a situação de forma inconsequente. Eles avançam continuamente pelo sublime caminho da convicção e da fé. Esse é o verdadeiro “caminho do ser humano”. Quando o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, foi preso e encarcerado durante a opressão do governo militar, pessoas que o admiravam como grandioso educador e pensador mudaram completamente de postura e o difamaram e o ofenderam dizendo sem escrúpulos: “Eu fui enganado por Tsunesaburo Makiguchi”. E no pós-guerra, quando as empresas do presidente Josei Toda entraram em colapso, pessoas que tinham recebido tantos favores e ajuda se esqueceram da gratidão e não pouparam calúnias e insultos contra ele. Não se permitam ser influenciados ou abalados com as palavras desse tipo de indivíduo. Devem avançar imponente e serenamente pelo “resplandecente verdadeiro caminho” da convicção no kosen-rufu. Nós temos o mais elevado orgulho de trilharmos pelo grande caminho de mestre e discípulo. Vamos compor, juntos, o poema de juramento de pai e filho. Enquanto existirem vocês, jovens, estarei tranquilo. Quero que, fazendo de mim um modelo, superem-me e se desenvolvam como grandes árvores. Com todo o meu respeito, quero reverenciá-los e louvá-los. Ó, vocês, que se desenvolvem amplamente no extenso céu no novo século! Em prol do futuro, lapidem a si próprios, fortaleçam-se, labutem, estudem e assumam bravamente as tarefas mais árduas com alegria. Não há dúvida de que “o suor dourado da juventude” se tornará um tesouro que os consagrará por toda a eternidade. Já consigo ver o resplandecente arco-íris da glória sobre a copa das árvores que crescem vicejantes com suas folhas novas rumo ao amanhã! Agora, ó, jovens asas! Partam bailando vigorosamente além da linha do horizonte! Bailem, bailem incansavelmente, para abrir o brilhante novo século da dignidade da vida e a era da eterna ode ao ser humano. Descortinem sem falta o palco da grande vitória do século 21 por meio da força e da paixão dos jovens Soka. O bastão da sucessão está em suas mãos. PARTE 23 Na noite do dia 14 de novembro, Shin’ichi Yamamoto, após mais de vinte revisões, falou aos jovens como se fizesse uma declaração: — É isso, vamos fechar com esta letra! A Kurenai no Uta [Canção do Carmesim] está concluída! É a canção do espírito dos jovens! Ah, raiou a manhã carmesim Os fortes brilham como precursores Ah, soe o sino que anuncia a aurora Ó insolente ondas, o que farão? Os partidários do mal não prosperarão A justiça dos emergidos da terra é a bandeira do povo Reprovando as pessoas influenciáveis por elogios e críticas da sociedade Por este resplandecente íngreme caminho da virtude Somos aqueles que se reuniram junto ao pai Ó meus filhos, admiro-os como frondosas árvores que se tornarão Ah, suor dourado da juventude Que surja o arco-íris sobre o azul anil do juramento Protejam até o fim o castelo do kosen-rufu Edificado pelas mães agora já idosas No horizonte deslumbrante, surgem irrompendo Ó, jovens asas, com leveza e frescor Bailem, bailem incansavelmente Para sempre, juntos, rumo ao novo século Mineko disse ao marido, Shin’ichi: — Nesta canção está contido tudo o que gostaria de dizer aos jovens, não é? — Isso mesmo... Os componentes da Divisão Masculina de Jovens cantando Kurenai no Uta [Canção do Carmesim] e as integrantes Divisão Feminina de Jovens (DFJ) entoando Midori no Ano Michi [Aquele Caminho Verdejante] avançarão visando o século 21. Midori no Ano Michi [Aquele Caminho Verdejante] é a canção da Divisão Feminina de Jovens que havia sido anunciada há oito dias, em comemoração dos trinta anos de fundação da divisão. Depois que recebeu também uma forte solicitação para aprimorar essa canção, o presidente Shin’ichi Yamamoto revisou e melhorou a letra e ainda deu opiniões acerca da música. “Verde” é o resplendor da juventude irradiado por uma vida jovem e refrescante. Dante Alighieri falou a respeito da juventude: “É o portal e o caminho para ingressarmos numa existência do bem”. PARTE 24 A conclusão da nova canção da Divisão Feminina de Jovens, Midori no Ano Michi [Aquele Caminho Verdejante] foi anunciada no jornal Seikyo Shimbun com a publicação da partitura e da letra no dia 6 de novembro. Pétalas de cerejeiras que se esvoaçam em meio à névoa da primavera No bailar das cerejeiras, as amigas também bailam Que sejam envoltas pelas guirlandas da felicidade Que sejam envoltas Trilhando aquele caminho verdejante Mesmo no rigor do calor do verão Em breve chegará o outono das folhas vermelhas E ainda o inverno com a geada, o que fazer? O que fazer? E então um dia vem, nossa canção da primavera Cantemos esta canção, a canção de pai e filha Em breve neste caminho, as jovens Terão asas para o caminho do mundo Terão asas Voam com asas, como anjos Que surja agora o arco-íris naquele céu Dez dias após ser anunciada a canção Midori no Ano Michi [Aquele Caminho Verdejante], em 16 de novembro foi publicada no Seikyo Shimbun a nova canção da Divisão Masculina de Jovens (DMJ), Kurenai no Uta [Canção do Carmesim]. Ambas se tornaram canções que transmitiam novas sensações e faziam palpitar o coração, adequadas para essa nova era. Kurenai no Uta [Canção do Carmesim] foi uma canção tecida pelo espírito de unicidade de mestre e discípulo de Shin’ichi e dos membros da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku, mas no final o texto original elaborado inicialmente por eles praticamente não tinha qualquer rastro. Porém, como o autor da letra permaneceu com o nome “Companheiros da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku”, Shin’ichi quis louvar a disposição e o esforço deles. Durante a sua estada em Shikoku, surgiu também Aisuru Tokushima [Amada Tokushima], a canção da província de Tokushima. Shin’ichi, que havia recebido uma solicitação de todos para melhorar a música, fez a revisão e se empenhou de corpo e alma para lapidá-la. Amigos do mundo também, venham agora A alegria das terras de Tokushima São turbilhões como os redemoinhos de Naruto... O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida

25/04/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 19 (parte 2)

A Soka Gakkai brilha com a sinceridade do mestre Em abril de 1974, Shin’ichi viajou para o Havaí a fim de encorajar o líder do Território do Pacífico, Hiroto Hirata, que, na época, se recuperava de um ataque cardíaco. Hiroto Hirata recebeu alta do hospital antes de Shin’ichi Yamamoto chegar ao Havaí, mas ainda não havia se restabelecido completamente. No dia 10 de abril, Hirata foi ao Aeroporto de Honolulu recepcionar Shin’ichi. — Sensei! — exclamou Hirata ao avistar Shin’ichi. — Olá, Riki-san! — disse Shin’ichi, chamando Hirata pelo apelido, dirigindo-se depressa ao encontro dele, dando-lhe um forte aperto de mão. Hirata, que já havia pesado mais de 100 kg, estava magro e com uma aparência frágil. Abraçando seu amigo, Shin’ichi expressou: — Riki-san, não deve nos deixar ainda! Estava muito preocupado. Orei por você o tempo todo. Mas fico contente por você estar melhor. Estou muito feliz por vê-lo. — Sensei... — foi tudo que Hirata conseguiu pronunciar. Com um sorriso carinhoso, Shin’ichi lhe disse: — Tudo se resume à recitação do Nam-myoho-renge-kyo. Este é o momento para você vencer o carma por meio da fé e decidir resolutamente dedicar a vida ao kosen-rufu. Isso lhe fornecerá o ímpeto para transformar seu carma. Quando fazemos do kosen-rufu nossa missão e nos empenhamos por esse ideal com todo o nosso ser, a grandiosa energia vital do bodisatva da terra começa a pulsar dentro de nós, habilitando-nos a romper as correntes do carma. (...) Com lágrimas correndo em seu rosto, Hirata afirmou: — Estou bem agora. Sinto ter lhe causado preocupação. Darei o melhor de mim, prometo. Usando vestidos muumuus e camisas aloha, os outros membros havaianos observavam Shin’ichi encorajar Hirata com os olhos marejados de lágrimas também. Todos estavam profundamente emocionados por verem a consideração de Shin’ichi por um deles e perceberem que esse é o mundo de mestre e discípulo da Soka Gakkai. Pelo comportamento de Shin’ichi, eles aprenderam a essência dessa profunda relação no budismo. (Capítulo “Luz do Sol”) Uma missão pela paz mundial Mitsuko Kaneko tinha 14 anos quando Hiroshima foi devastada pela bomba atômica em agosto de 1945, deixando-a gravemente queimada e exposta à radiação. Apesar do seu sofrimento, o encorajamento de sua mãe lhe permitiu viver ao máximo. Casou-se com outro sobrevivente da bomba atômica e teve uma filha. Mais tarde, ao conhecer o Budismo Nichiren, desenvolveu um sentido de missão para estabelecer os alicerces da paz mundial, com base na sua experiência do horror das armas nucleares. Quando tinha cerca de 3 anos, a filha de Mitsuko começou a tropeçar e a cair com frequência. Eles a levaram ao médico, que diagnosticou séria perda de visão, próxima à cegueira. “Não é justo! Por que minha filha tem de sofrer?” — pensou Mitsuko. Dominada pelo sofrimento, amaldiçoou seu destino, questionando “Quanto sofrimento ainda a bomba atômica poderá nos causar?”. Mais ou menos nesse período, uma integrante da Divisão Feminina de sua vizinhança lhe falou a respeito do Budismo Nichiren e Mitsuko ingressou na Soka Gakkai movida pelo desejo ardente de fazer algo para ajudar sua filha. A ideia de transformar o carma e se dedicar ao movimento pelo kosen-rufu, que objetiva a concretização da paz perene para toda a humanidade tocou fundo o seu coração, e ela se atirou de corpo e alma às atividades da Soka Gakkai. Cerca de um ano depois de começar a praticar, o médico que inicialmente havia examinado sua filha perguntou-lhe surpreso se ela levara a criança para ser tratada em algum outro hospital. Aparentemente, a visão da garotinha estava voltando. Conforme foi dando continuidade à prática do budismo, ela percebeu que sua missão como vítima da bomba atômica era transmitir às gerações futuras a mensagem do horror das armas nucleares e auxiliar a construção de uma base eterna para a paz mundial. Ela se tornou membro de um grupo de vítimas da bomba atômica que compartilhava suas experiências com outras pessoas, por exemplo, com alunos do ensino médio que participavam de excursões escolares em Hiroshima. No verão de 1993, o filósofo indiano e ativista dos direitos humanos Dr. N. Radhakrishnan, diretor do Gandhi Smriti and Darshan Samiti (Salão Memorial de Gandhi), visitou Hiroshima, onde se encontrou com Mitsuko Kaneko. Ele lhe perguntou: — Qual sua opinião sobre os Estados Unidos, que lançaram a bomba atômica sobre Hiroshima? Ela respondeu honestamente: — Houve um tempo em que odiei os Estados Unidos por aquilo que fizeram, mas acabei compreendendo o desperdício que é viver na amargura. (...) — O objetivo ao qual escolhemos consagrar nossa vida é muito importante. Dedico-me a trabalhar pela felicidade de todas as pessoas e a concretizar a paz no mundo. O Dr. Radhakrishnan ficou profundamente impressionado pelo fato de Mitsuko ter superado o ódio e estar devotando a vida à paz mundial. — Isso é maravilhoso! — manifestou. Então, virou-se para um integrante da Divisão dos Jovens que estava por perto e observou: — Existe uma fonte de energia inesgotável no coração desta mulher. A esperança do mundo reside lá. (Capítulo “Torre do Tesouro”) (Traduzido da edição do dia 13 de maio de 2020 do Seikyo Shimbun, o jornal diário da Soka Gakkai.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 19 Ilustração: Kenichiro Uchida

25/04/2024

Caderno Nova Revolução Humana

Vamos ter uma suprema existência

PARTE 17 Fitando os jovens, Shin’ichi Yamamoto disse: — Se esse é o desejo de vocês, eu os apoiarei. Posso então fazer umas alterações? Em uníssono, todos responderam “Sim!”. — Então, vamos juntos criar uma canção sublime que possa ser cantada para sempre! De imediato, Shin’ichi passou para o estudo e a lapidação da letra da canção: — Inicialmente, sobre a introdução “Ah, a hora do amanhecer chegará”, a palavra “amanhecer” já vem sendo muito utilizada tanto nas canções da Soka Gakkai como nos hinos de alojamentos estudantis. Numa canção, o início é muito importante. O primeiro verso é o que decidirá a vitória ou a derrota. É necessária uma imagem de cor nítida e resplandecente tal como um feixe de luz do sol ou da lua se estendendo amplamente. Acho que a imagem desta canção pode ser a da coloração carmesim. Que tal colocarmos no começo da letra “Ah, a manhã carmesim despontou”? O título da canção será Kurenai no Uta [Canção do Carmesim]. Queria fazer com que a melodia também fosse algo alegre, forte e que, conforme ela avançasse, evidenciasse um frescor ainda nunca antes visto nas canções. Por exemplo, que tal se fosse assim? Shin’ichi cantarolou uns acordes. Tomohiro Suginuma, encarregado da elaboração da música, registrou imediatamente a partitura. Com isso, a ideia da música também ficou definida. — Quero que crie uma música nova que siga na vanguarda do tempo, considerando as já existentes até agora. Desejo que se torne uma canção que as pessoas se sintam inspiradas e felizes só de ouvi-la. Dizendo de forma clara e direta, não quero que seja uma música que fique se alternando agitadamente e transmita inquietude, mas que seja magnânima e imponente. E vamos fazer com que se torne uma canção que todos sintam vontade de cantá-la, em vez de serem obrigadas a entoá-la. A reunião de diálogo se tornou na atividade de composição da canção. — Vamos também pensar mais e trabalhar as palavras “tempestades de obstáculos e de maldades”. Que tal se colocarmos “Ó, prepotentes obstáculos e maldades”? O importante numa letra é que não fique dependendo de expressões comuns que vieram sendo utilizadas, e somar contínuos esforços em busca de ideias criativas e inovação. O kosen-rufu que objetivamos e o princípio de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra” possuem aspectos não compreensíveis nas concepções existentes até agora. Isso porque é algo totalmente novo, sem precedentes. Assim sendo, para representá-los, é imprescindível uma nova forma de expressão. PARTE 18 Shin’ichi Yamamoto seguiu revisando a letra dialogando com os jovens. Por meio da elaboração da canção, ele tentava ensinar aos jovens o coração da Soka Gakkai e desenvolver neles a consciência como sucessores Soka. — Vamos mudar o verso da terceira estrofe “Do kosen-rufu, que seria edificado pelos pais e pelas mães” para “Edificado pelas mães agora já idosas”. Dessa forma, creio que surge uma imagem mais concreta. Quero incluir na palavra “mães” tanto os pais como as pessoas que edificaram a Soka Gakkai em seus primórdios. Este é um ponto de suma importância. Agora, a organização possui um magnífico centro de treinamento, e também maravilhosas sedes regionais em todas as localidades. A Soka Gakkai se tornou de fato a maior organização religiosa do Japão. Mas, até chegarmos aqui, houve muitas árduas e angustiantes batalhas e dramas emocionantes de muitos companheiros veteranos, a começar pelo pai e pela mãe de vocês. Mesmo sendo menosprezados como “pobres” e “doentes” e lutando contra os preconceitos e as ofensas ocasionados por mal-entendidos, eles se dedicaram à propagação sem recuar um único passo, com esforço e elevada disposição. Não importando o sofrimento e a tristeza que experimentassem, os companheiros tinham uma grande esperança. Era a convicção de que os filhos sucessores, ou seja, vocês, se desenvolveriam de maneira admirável e digna, e se tornariam extraordinários líderes do kosen-rufu e da Soka Gakkai. Por isso mesmo, independentemente do que ocorresse, conseguiram se esforçar e continuar na batalha com o sentimento de “Esperem e verão!” e “Não serei derrotado jamais!”. Nunca devem trair as expectativas desses pais e mães. Se ignorarem esse sentimento deles, serão ingratos. Peço a vocês que se tornem alguém que os companheiros dos primórdios da Soka Gakkai elogiem como “Magníficos sucessores que se desenvolveram em sucessão. Isso sim, é o nosso maior orgulho!”. Shin’ichi corrigiu toda a letra, da primeira à terceira estrofe. O número de alterações chegou a mais de trinta. — Eu ainda vou pensar mais. Pela Divisão dos Jovens, quero deixar uma sublime canção que será cantada e herdada para toda a eternidade. Concluirei uma música que se tornará a prova da declaração da contraofensiva do kosen-rufu. Nesse dia, ele se dedicou à revisão da letra até tarde da noite. E ponderou profundamente sobre cada uma das palavras com o sentimento de embutir nelas a sua alma. PARTE 19 Na tarde do dia 13, Shin’ichi Yamamoto participou da reunião de gongyo comemorativo dos 25 anos de fundação do Distrito Aichi, promovida no auditório do Centro de Treinamento de Shikoku. Na visita a Kochi, realizada há três anos com o desejo de se encontrar com os companheiros da província e incentivá-los, Shin’ichi também chegou ao Centro de Treinamento de Kochi, próximo ao Cabo Ashizuri, e se dedicou a orientar e incentivar aqueles nesse local. Esses membros haviam superado várias dificuldades e se reuniram ali com o espírito elevado. Na reunião de gongyo comemorativo, citando frases como “Sem as adversidades, não existiria devoto do Sutra do Lótus”,1 Shin’ichi reconfirmou que era natural se deparar com grandes perseguições no caminho do kosen-rufu, e falou sobre a postura da prática da fé: — É justamente no momento das dificuldades que se conhece a essência da fé de uma pessoa. Existem pessoas que traíram companheiros, revelando seu coração covarde, e fogem. Há também pessoas que decidem em seu coração que “Agora é o momento da verdade” — e se levantam resolutamente. Essa diferença é definida pela trajetória de como veio polindo e fortalecendo a fé no dia a dia. Não há como estabelecer uma fé forte e destemida de um dia para o outro. Pode-se dizer também que o empenho contínuo e diário nas atividades da Soka Gakkai é para manter a fé inabalável nos momentos de adversidades com coragem. Nós somos mortais comuns, não passamos de pessoas do povo. Por essa razão, somos humilhados e perseguidos. No entanto, o que propagamos é a mais sublime e elevada Lei chamada “Lei Mística” e, por essa razão, podemos realizar sem falta o kosen-rufu. Além disso: “A Lei não se propaga por si mesma. Por ser propagada pelas pessoas, tanto a Lei como as pessoas tornam-se dignas de respeito”.2 Portanto, “as pessoas de propagação” que expandem a suprema Lei conseguem trilhar uma suprema existência. Ser injuriado infundadamente e sentir raiva e revolta em prol do kosen-rufu e da Soka Gakkai se tornarão tudo em eterna boa sorte. Sem sermos aturdidos por palavras e ações de baixo nível, vamos ter até o fim uma suprema existência em exato acordo com os princípios do budismo! Uma estrondosa salva de palmas irrompeu no auditório. Tanto Tokushima como Kagawa, Ehime e Kochi se levantaram. Shikoku se tornou a pioneira da batalha da contraofensiva. PARTE 20 Nesse dia 13, em que foi realizada a reunião de gongyo de Kochi, Shin’ichi Yamamoto incentivou, além dos participantes da atividade, os membros de cada uma das divisões e integrantes dos grupos de bastidores, e ainda tirou fotos comemorativas com muitas pessoas. Também continuou a lapidar a letra e a canção Kurenai no Uta [Canção do Carmesim] nos intervalos entre esses momentos. A cada alteração da letra, ele comunicava os jovens. Tomohiro Suginuma, responsável pela composição da música, havia começado a elaborá-la com base naquilo que Shin’ichi cantarolou na reunião de diálogo, e conseguiu lhe dar uma forma, a princípio. No final da tarde do dia 13, quando Shin’ichi vistoriava as dependências do centro de treinamento e deu uma olhada no auditório, viu os membros cantando em coro a canção com as alterações para gravar numa fita cassete. Após ouvir o coral por algum tempo, ele transmitiu sua impressão ao compositor Suginuma: — Parece que a música está um pouco difícil. Vamos deixá-la mais fácil de cantar e mais agradável. À noite, chegou às mãos de Shin’ichi a fita cassete com a música gravada. Ao ouvi-la, ele disse: — Ficou excelente! A música está bem assim. Desse jeito, agora é a letra que está perdendo para a música. Vamos melhorá-la ainda mais! Shin’ichi trabalhou a letra ainda com mais dedicação. No dia 14, ele ouviu a fita com a canção no Centro de Treinamento de Shikoku, e também durante a sua visita ao Centro Cultural de Shikoku e à Sede da Divisão Feminina de Shikoku, e continuou lapidando a letra. E mesmo à noite, quando foi ao banho coletivo com representantes da Divisão Sênior (DS) e da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) de Shikoku, ele ainda continuou pensando na melhoria da letra da canção. Os componentes da Divisão Masculina de Jovens do Japão haviam externado o anseio de que essa canção não fosse apenas da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku, mas que pudesse ser cantada amplamente no país inteiro como canção da divisão. — Se for assim, vamos torná-la algo ainda mais extraordinário. Após o banho também, ele continuou revendo cada trecho, cada palavra, sempre se perguntando: “Não há nenhum outro ponto para corrigir?”; “Não há nada mais para melhorar?”. O processo de criação é uma batalha contra o próprio coração que tenta se conformar e ceder facilmente. É vencendo esse coração e seguir somando esforços, desafios e reflexões em busca de alternativas até o extremo que se abrem os novos caminhos. Shin’ichi queria ensinar aos jovens sucessores esse espírito de luta de uma criação. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, 2020, p. 33. 2. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 856. Ilustrações: Kenichiro Uchida

11/04/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 19 (parte 1)

Recusar-se a ser derrotado é a própria vitória Em fevereiro de 1974, Shin’ichi Yamamoto visitou a província de Okinawa para oferecer orientação e encorajamento aos membros. Durante a sua primeira visita à ilha de Miyako, ele realizou uma cerimônia em memória dos falecidos de guerra, assim como dos antepassados dos habitantes da ilha. Em uma atividade de plantio, uma palmeira foi plantada em homenagem a Morimasa Ibe, membro pioneiro que tinha sido líder de grupo em Miyako. Também encorajou calorosamente a Toki, viúva de Ibe. No entanto, o preconceito em relação à Soka Gakkai entre os ilhéus era muito forte. Quando Ibe tentava realizar uma reunião de palestra, algumas vezes seus vizinhos se postavam do lado de fora e ficavam batendo canos de metal para atrapalhar a atividade. Mesmo assim, ele se mantinha determinado a possibilitar que seus conterrâneos se tornassem felizes, e se recusava a desistir. Contanto que estejamos firmemente decididos, nenhuma barreira pode nos deter. Com o tempo, o número de membros da Soka Gakkai na ilha aumentou para cerca de trinta famílias, e foi fundado um grupo no lado leste da ilha. Porém, em julho de 1967, Ibe pegou um resfriado que acarretou complicações e, então, sua morte repentina. Ele tinha apenas 46 anos e estava no auge da vida. Deixou a esposa, Toki, e sete filhos, o mais novo somente com 2 anos e 4 meses. Toki não sabia o que fazer. Influenciados pelas crenças tradicionais da ilha, os vizinhos diziam que aquilo havia acontecido pelo fato de ela e o marido cultuarem “deuses da ilha principal”, aproveitando-se da morte de Ibe para intensificar os ataques à Soka Gakkai. Muitos na comunidade evitavam Toki, e seus filhos sofriam bullying na escola. Derramando lágrimas amargas, Toki decidiu que não seria derrotada. Toki trabalhava ao limite de suas forças, perseverando na prática budista, com o objetivo de realizar o sonho do marido de levar a felicidade a todos em Miyako. Então, na cerimônia em memória dos falecidos, ela recebeu a notícia de que o presidente Yamamoto plantaria uma árvore em tributo ao seu marido. A emoção tomou conta dela. Depois da cerimônia, Shin’ichi disse-lhe com carinho e convicção: — Sei como está sendo difícil para você. Tudo o que Toki conseguia fazer era tentar conter as lágrimas. Shin’ichi prosseguiu: — Sei que a situação ainda deve ser muito árdua, mas você já venceu. Recusar-se a ser derrotada é, em si, a vitória. Por favor, pense nesta árvore como se fosse seu marido e viva cada ano que passa com plena esperança ao lado dos filhos. Tenho certeza de que seu marido está zelando por todos. Se você se mantiver fiel à fé até o fim, infalivelmente se tornará feliz. Esta vida é um grande drama concebido para tal propósito. Toki chorava sonoramente. — Você ficará bem. Não se preocupe com nada. Você tem o Gohonzon. Estarei orando por você — garantiu Shin’ichi. Enxugando as lágrimas, Toki ergueu a cabeça e assentiu, com o brilho de uma nova determinação em seu olhar. (...) A vida ainda era complicada para ela e sua família, mas Toki já não sentia medo. Um magnífico arco-íris de esperança fulgurava em seu coração. (Capítulo “Arco-íris da Esperança”) *** O apreço é a fonte da felicidade Em março, Shin’ichi visitou o Peru, onde os membros da Soka Gakkai, liderados pelo diretor-geral Vicente Seiken Kishibe, mudaram muito a percepção da Soka Gakkai na sociedade por meio de sua luta constante. Na tarde de 22 de março, Shin’ichi resolveu dar um passeio por Lima. Desejava ver a capital do Peru e observar o modo como o povo vivia... Ao se deparar com uma loja de roupas, Shin’ichi entrou. — Quer comprar roupas? — perguntou Kishibe. — Sim, quero comprar algumas para o senhor — respondeu Shin’ichi. Percebendo o terno velho e surrado que Kishibe estava usando e a falta de um dente da frente, Shin’ichi ficou com muita pena do diretor-geral. Imaginou que, apesar de tocar um estúdio fotográfico e uma papelaria, a vida dele provavelmente não fosse fácil. Com um orçamento apertado, devia ter economizado ao máximo para guardar algum dinheiro para viajar pelo Peru a fim de visitar os membros. Doar alegremente o próprio tempo e recursos em prol do kosen-rufu constitui a nobre atitude de um bodisatva. Esse espírito de fé com certeza se manifesta como infinita boa sorte e benefícios. Shin’ichi disse sorrindo: — O senhor lutou arduamente e deu tudo de si para trabalhar pela felicidade dos membros aqui do Peru em meu nome. Em sinal do meu profundo respeito e consideração, gostaria de presenteá-lo com um terno novo. Por favor, escolha um que lhe agrade. — Oh, não, não posso aceitar — recusou-se Kishibe, sentindo-se tomado ao mesmo tempo por imensa gratidão e vergonha. — Ainda não atendi às suas expectativas. Lamento terrivelmente esse fato. Não mereço ganhar esse presente do senhor — acrescentou. — É um pequeno gesto de sincero apreço. Veja como um presente de seu irmão mais novo do Japão. Por favor, não pense mais nisso. — observou Shin’ichi em tom de leve reprimenda. Em seguida, procurou um terno que se assentasse bem em Kishibe. — Sensei, por favor, não é necessário... — interveio Kishibe, com lágrimas brotando em seus olhos. Porém, desistiu e simplesmente agradeceu e curvou-se com profunda gratidão: — Muito obrigado. Já que faz tanta questão. Pessoas modestas são naturalmente repletas de gratidão. O espírito de gratidão faz surgir um profundo sentimento, que se torna fonte da felicidade. (Capítulo “Canção do Triunfo”) (Traduzido da edição do dia 13 de maio de 2020 do Seikyo Shimbun, o jornal diário da Soka Gakkai.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 19, Ilustração: Kenichiro Uchida

11/04/2024

Caderno Nova Revolução Humana

A relação entre mestre e discípulo rompe qualquer maldade

PARTE 13 A exposição das ações de Shin’ichi em prol da paz planejada e executada pelos jovens de Shikoku tornou-se um facho de luz que iluminou um novo caminho do kosen-rufu. Se agir somente quando é solicitado, não haverá o desbravar do futuro. Lançar-se ativa e continuamente aos desafios ponderando sempre “O que está obstruindo o avanço?”; “Quais são as questões da época e da sociedade?” — eis onde se encontra o novo caminho. “A revolução, ou o que se pode chamar de melhorias, é certamente o trabalho dos jovens que surgiram no novo mundo” — são palavras de Shiki Masaoka, literato que é o orgulho de Shikoku — também chamado “Terra da Poesia”. Shin’ichi Yamamoto chegou ao Centro de Treinamento de Shikoku, vindo de Tokushima, pouco depois das 17 horas do dia 10. Nessa noite, participou da reunião de líderes comemorativa do Dia de Kagawa (10 de novembro), realizada no centro de treinamento. Ele chegou ao seu assento reservado avançando em meio a forte salva de palmas. Os companheiros estavam todos cheios de disposição. Mesmo sofrendo com as palavras e ações dos sacerdotes malignos da Nichiren Shoshu, que tentavam separar mestre e discípulos Soka, eles se reuniram alegremente agora, com magnífica vitória e superação. De fato, havia chegado o momento da nova partida em que ressoava a gloriosa canção da vitória. Em seus cumprimentos, Shin’ichi declarou com voz alta: — Assumirei a liderança uma vez mais! Não quero lhes causar mais preocupações ou dificuldades. Peço às pessoas que conhecem meu coração que lutem juntas comigo! Esse foi o brado do leão que rompeu os grilhões de ferro. Uma estrondosa salva de palmas perdurou longamente. Em seu coração ardia a chama do firme e resoluto juramento: “Se os laços entre mestre e discípulos Soka forem fortes, sem falta é possível romper quaisquer maldades. Não podemos mais permitir que obstruam o avanço da Soka Gakkai — a organização que existe pela ordem e pelo desejo do Buda — por meio da tirânica autoridade dos mantos clericais. Agora é o momento da contraofensiva!”. Seja o que for, não podemos permitir que o espírito de mestre e discípulo Soka seja extinto. Isso porque, se isso ocorrer, o caminho do kosen-rufu será bloqueado. Naturalmente, a condução da organização deve ser realizada tendo como centro o presidente Eisuke Akizuki e de comum acordo com todos. O que ele quis enfatizar e transmitir por meio das próprias ações, também para os jovens do futuro, é o caminho fundamental de mestre e discípulo Soka. PARTE 14 Shin’ichi Yamamoto, que participou da reunião de líderes comemorativa do Dia de Ka-gawa no Centro de Treinamento de Shikoku, em seguida fez os acertos com os líderes centrais de Shikoku. O dia seguinte, 11 de novembro, também foi de intensas atividades e sem descanso. Shin’ichi incentivou os membros reunidos no centro de treinamento e inspecionou o novo Centro Cultural de Shikoku, cujas obras estavam em andamento em Chokushicho, na cidade de Takamatsu. Ele ainda recitou gongyo com os membros que foram ao seu encontro no Auditório de Takamatsu, situado ao lado, e tocou piano para incentivá-los. Ao retornar para o centro de treinamento, uma reunião de diálogo com funcionários e líderes centrais de Shikoku o aguardava: — Declarei aqui em Shikoku que lideraria novamente o kosen-rufu como um leão Soka. Abrirei as cortinas da construção da nova era a partir daqui. Isso porque Shikoku é a terra da vanguarda. Quero que sempre se lembrem dessa história dourada. Com certeza o significado disso se tornará cada vez mais profundo e grandioso com o passar do tempo. As palavras de Shin’ichi transbordavam de ardente disposição e convicção. Na noite desse dia 11, os coordenadores da Divisão dos Jovens e da Divisão Masculina de Jovens das respectivas províncias de Shikoku reuniram-se no centro de treinamento e fizeram os acertos para o diálogo com Shin’ichi, que aconteceria no dia seguinte. Nesse meio-tempo, uma sugestão foi apresentada: — No diálogo de amanhã, penso que deveríamos mostrar ao Yamamoto sensei a disposição da Divisão dos Jovens de Shikoku e tranquilizá-lo de que “o futuro de Shikoku está assegurado”. Para tanto, que tal compormos uma canção que expresse nossa decisão e disposição e cantá-la para sensei? Todos concordaram plenamente. — O importante nessa canção é compô-la unindo nossas forças, e gostaria que cada um dissesse as palavras que acreditam que não poderiam faltar na letra. Palavras como “suor da juventude” e “este caminho” que vinham à mente dos participantes foram sendo escritas no quadro branco. Com base nelas, empenharam-se na composição da letra, e a canção da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku de três estrofes com quatro versos cada foi concluída próximo do raiar do sol. Todos estavam imbuídos de seriedade. O que fascina nos jovens é a paixão obstinada com que eles se lançam a algo que decidiram, e é isso que rompe as barreiras do impossível e abre o novo caminho. PARTE 15 Chegou o dia 12, quando enfim aconteceria a reunião de diálogo de Shin’ichi Yamamoto com os representantes da Divisão dos Jovens de Shikoku. Pela manhã, Tomohiro Suginuma, do Ongakutai de Shikoku, que seria o responsável pela composição da música, chegou ao centro de treinamento. Até então, ele havia ajudado a elaborar canções como a da província de Shikoku, Warera no Tenchi [Nossa Terra], e da Divisão dos Estudantes Herdeiro, Seigi no Sousha [Corredores da Justiça]. Ao ver a letra, Suginuma propôs mudar de quatro versos para seis, inclusive para transmitir um novo sentido e ideia. Os membros que elaboraram a letra também sentiram que somente com aquelas palavras não conseguiam expressar totalmente seus sentimentos. Eles começaram a reescrever a letra. Demorou muito mais do que imaginaram. Contudo, a letra ficou pronta perto do meio-dia e a música também foi concluída à tarde. Na tarde desse dia, 12, Shin’ichi participou da reunião de líderes comemorativa do Dia de Ehime (11 de novembro), realizada no centro de treinamento, e falou sobre a “alegria” exposta no Sutra do Lótus. — “Alegria” é o sentimento de grande júbilo. Para nós, seria a grande alegria que emerge da nossa vida ao ouvir a suprema Lei chamada Nam-myoho-renge-kyo. Daishonin afirmou que “alegria é a prática da fé” e “prática da fé é alegria”. É por meio da Lei que podem superar quaisquer dificuldades, atingir o estado de buda nesta existência e estabelecer a condição de vida de suprema felicidade. E ainda, conseguem salvar as pessoas por todo o futuro, eternamente. Se tiverem convicção disso, não conseguirão conter o inesgotável sentimento de gratidão e de grande alegria que transbordam do seu ser por terem se encontrado com a Lei Mística. Pode-se dizer que esta vida de alegria e de entusiasmo já é, em si, a condição de vida de grande felicidade. E ao sentir essa alegria, não conseguirão deixar de falar da Lei Mística para as pessoas, e passarão a realizar shakubuku e propagar o budismo de forma espontânea, por iniciativa própria. Isso fará com que acumulem cada vez mais benefícios. Kosen-rufu é a propagação dessa alegria. E a propagação do budismo é um comportamento natural proporcionado pela alegria da fé. Desejo que registrem profundamente no coração que alegria é algo que emana do âmago da vida mediante a recitação de daimoku com seriedade e em meio às ações proativas em que se assume corajosamente a responsabilidade pelo kosen-rufu. PARTE 16 Shin’ichi Yamamoto queria deixar assinalado que a Soka Gakkai é a legião da alegria formada por pessoas comuns, e que a força motriz das atividades da organização é a alegria de cada pessoa. No final, ele conclamou: — Vamos iniciar, juntos, a grande marcha da alegria tendo como slogan “Prática da fé é alegria”! Antes das 18 horas, a reunião de diálogo teve início no centro de treinamento contando com a participação de aproximadamente oitenta representantes da Divisão dos Jovens de Shikoku e cerca de dez líderes da província de Ehime. Um dos assuntos abordados foi como realizar atividades enquanto integrantes da Divisão dos Jovens, e quando os assuntos basicamente se encerraram, Okimitsu Owada se ergueu e disse: — Sensei! Nós fizemos a canção da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku! Gostaríamos muito que a ouvisse. Os olhos de Owada e dos jovens, que eram a maioria ali presente, estavam um pouco vermelhos e inchados. Shin’ichi pensou: “Todos devem ter passado a noite em claro para compô-la...”. Então, ele disse: — Entendi! Qual é o nome da canção? — É Reimei no Uta [Canção do Amanhecer]. Shin’ichi falou, sorrindo: — Se for algo como, “Ah, chegou a hora do amanhecer”, se for uma letra um tanto quanto óbvia, que qualquer um pensaria, não dará um ar de algo novo. Desse jeito, a alvorada estará longe. Imediatamente lhe foi entregue uma folha com a letra e do toca-fitas ouviram-se vozes cantando a música: Ah, a hora do amanhecer chegará Vanguardistas, corram, decidindo que agora é o momento... — Mas não é exatamente “Ó, hora do amanhecer...”? Todos caíram na risada. Shin’ichi observou a letra e comentou: — É uma boa canção. Porém, dá a impressão de que apenas juntaram palavras bonitas. Quando ele disse isso em tom de brincadeira, os jovens deram um sorriso amarelo, visivelmente constrangidos. Eles sentiram que sensei tinha percebido claramente como havia sido o processo de elaboração da música. O coordenador da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku, Tanji Takahata, se manifestou: — Por favor, gostaríamos que o senhor fizesse alterações para que ela tenha alma! Era um olhar imbuído de seriedade. Shin’ichi sentiu a disposição de um jovem que acalentava o desbravar de uma nova era. Shikoku também pode ser denominada “País da Aspiração”. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustração: Kenichiro Uchida

23/03/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 18 (parte 2)

Gloriosos crisântemos perfumados de sinceridade Em novembro de 1973, Shin’ichi visitou a província de Ehime, onde os membros locais, liderados pelos entregadores do Seikyo Shimbun, se esforçaram arduamente para aumentar o número de leitores do jornal. Ao mesmo tempo, eles se empenharam para cultivar belos crisântemos em vasos em casa, que levaram para o Centro Cultural de Matsuyama a fim de criar um jardim especial para receber Shin’ichi. Em maio, logo após iniciarem sua intensa campanha para ampliar o quadro de assinantes, os entregadores começaram a plantar crisântemos depois de discutir a ideia com os distribuidores locais. A maioria não tinha experiência no cultivo dessa flor, mas regaram as plantas com paciência, orando por elas e dedicando-lhes cuidados num esforço para presentear o presidente Yamamoto com enormes e belos crisântemos. As plantas de alguns entregadores sofreram ataques de insetos e eles tiveram de reiniciar todo o processo a partir das mudas. Mas, por mais desafiadora que fosse a situação, não desistiam. Os crisântemos se desenvolveram e começaram a brotar, nutridos pelo amor e carinho dos entregadores. Encorajados e inspirados pelo crescimento de suas flores, os entregadores, por sua vez, devotavam esforços ainda maiores para expandir o número de leitores do Seikyo Shimbun, labutando com todas as forças. Os crisântemos floriram esplendidamente, tornando-se símbolos da vitória monumental daqueles heróis sem louros. Aqueles que se esforçam ao máximo sentem o sabor da verdadeira alegria, vitalidade e realização. Ansiosos para mostrar a Shin’ichi as flores que haviam cultivado, os membros levaram os vasos de casa para a sede regional. Alguns até tinham dado nome às suas plantas como Pioneira, Amizade, Daimoku etc. A sinceridade deles era ainda mais bela que as flores. Brancos, amarelos, lilases, roxos — Shin’ichi admirou os crisântemos coloridos expostos, e apontando para as flores na segunda e terceira fileiras, mais difíceis de serem observadas, disse: — Aquelas têm nomes lindos. As placas indicavam “Luta Conjunta” e “Kosen-rufu”. Como flores, não exibiam as formas mais perfeitas, e esta era a razão pela qual os líderes locais as haviam colocado numa posição menos visível. Mas naquelas flores imperfeitas Shin’ichi sentiu a sinceridade dos que trabalharam com tanto afinco para cultivá-las. (Capítulo “Avanço”) *** Desejo inabalável pela felicidade dos nossos amigos Em janeiro de 1974, Shin’ichi participou da Convenção da Divisão dos Jovens. Mikako Kitsukawa, líder da Divisão Feminina de Jovens, compartilhou as dificuldades mais comuns das jovens que procuram a felicidade fora de si próprias e explicou como podem ultrapassar esses obstáculos por meio da sua prática budista. O esforço de nos transformarmos em pessoas fortes, dinâmicas e de visão ampla denomina-se revolução humana. Mikako Kitsukawa declarou que esse, em si, era o propósito da fé. Ela observou também que querer ter bons amigos, mas evitar um envolvimento próximo com os outros por medo de ser magoado é sinal da desconfiança profundamen-te arraigada das pessoas. Na sequência, disse: — Se não conseguirmos acreditar na bondade dos outros, assim como em nosso próprio potencial e força, nós nos tornaremos covardes e alienados. No entanto, o budismo ensina que todos, igualmente, possuímos uma identidade resplandecente e que a condição de vida do estado de buda existe dentro de nós. Com base nesse princípio, nossa divisão se consolidou, com confiança, apoio e incentivos mútuos, como uma rede de jovens que irradiam um brilho incomparável. (...) Nossa preocupação genuína pelos outros resultará naturalmente em diálogos budistas. A amizade nos leva a compartilhar o budismo com os outros, o que, por sua vez, faz essa amizade ficar sólida e duradoura. Esta revigorante interação de vida a vida alicerçada na firme convicção na fé revitaliza a sociedade contemporânea, repleta de desconfiança e de suspeita. A Soka Gakkai e o presidente Shin’ichi Yamamoto nos ensinaram o caminho supremo e inigualável para a felicidade e a esperança. Como integrantes da Divisão Feminina de Jovens, determinemos enfrentar qualquer adversidade em prol da felicidade de nossos amigos. Considerando tal esforço nossa maior alegria, compartilhemos ativamente o Budismo Nichiren com os outros! (...) Como integrantes da Divisão Feminina de Jovens, é extremamente importante assumirem o desafio de compartilhar o Budismo Nichiren com os outros, pois isso criará uma base sólida para si como budista e edificará sua boa sorte. Os esforços para propagar o budismo nem sempre produzem frutos imediatos. Mas se continuarem conversando sobre o assunto com seus amigos, plantando as sementes do estado de buda na vida deles e cultivarem laços de amizade duradoura, chegará o dia em que eles despertarão para a fé no Budismo Nichiren. Não há necessidade de apressar os fatos. O importante é o nosso desejo de que nossos amigos sejam felizes, e então ter coragem de falar a eles sobre o budismo. Essa coragem se transformará em compaixão. Também é essencial para o futuro do kosen-rufu que todos da Divisão Sênior e da Divisão Feminina cuidem de nossos rapazes e moças e os apoiem, e que deem o máximo de si para promover o desenvolvimento deles. (Capítulo “Voo Dinâmico”) (Traduzido da edição de 8 de abril de 2020 do Seikyo Shimbun, o jornal diário da Soka Gakkai.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 18, Ilustração: Kenichiro Uchida

07/03/2024

Caderno Nova Revolução Humana

“O inverno nunca falha em se tornar primavera”

PARTE 9 No dia 8 de novembro, Shin’ichi Yamamoto se dirigiu para Kansai após participar de um festival esportivo familiar da organização de Shinjuku, em Tóquio. À noite, ele transmitiu incentivos na reunião de responsáveis pelas regiões metropolitanas e de subcoordenadorias no Centro Cultural de Kansai, e ainda dialogou com líderes representantes. “Gostaria que Kansai se tornasse o eterno e inesgotável ‘manancial das contínuas vitórias’, ou melhor, ela tem de se tornar!” — ao pensar assim, a chama de seu coração ardeu. No Auditório Tokushima de Shikoku estavam sendo realizadas desde o dia 7 as atividades comemorativas de inauguração do auditório em torno do diretor-geral Kazumasa Morikawa. Os companheiros de Tokushima haviam feito os preparativos para receber Shin’ichi e aguardavam a visita dele. No entanto, Shin’ichi recebera várias solicitações de encontro com personalidades e de participação em atividades, e estava difícil de acertar a agenda. Tokushima havia recebido a comunicação da sede da Soka Gakkai de que “Yamamoto sensei decidiu ir a Tokushima e está ajustando a sua programação, mas ainda não definiu quando poderá comparecer ao auditório”. Na província de Tokushima também, os companheiros derramaram lágrimas de indignação e de revolta por incontáveis vezes devido ao tratamento cruel dos maus sacerdotes. A batalha da contraofensiva bradando pela justiça da Soka Gakkai prosseguia. O que sustentava a todos era o “juramento de mestre e discípulo” pelo kosen-rufu. Por isso mesmo, eles receberam as atividades comemorativas de inauguração com aspecto de satisfação por terem lutado imponentemente até o fim, e queriam, de qualquer maneira, dar uma nova partida juntos com Shin’ichi. Contudo, não houve a participação de Shin’ichi também no dia 8. Era tarde do dia 9. Iniciou-se a reunião de gongyo comemorativo de inauguração do Auditório de Tokushima. Não se via a figura de Shin’ichi. O gongyo foi iniciado sob a liderança do diretor-geral Kazumasa Morikawa. Os participantes fizeram a leitura do sutra e a recitação do daimoku, pensando: “A visita de sensei a Tokushima foi anunciada também no Seikyo Shimbun. Quando sensei chegará?” A programação da reunião de gongyo prosseguiu. Então, chegou o momento das orientações do diretor-geral Kazumasa Morikawa, que também logo terminou. Pouco tempo depois, a porta dos fundos da sala se abriu. Era Shin’ichi. Ele disse: — Enfim, cheguei! Vim cumprir minha promessa! Uma grande ovação de alegria irrompeu no auditório. Ele foi caminhando para a parte da frente da sala em meio aos participantes, dirigindo-lhes algumas palavras. O coração do mestre e o coração dos discípulos se tornaram um só, e sua chama ardeu forte, dando início à “Batalha de Shikoku”, que delinearia uma nova história. PARTE 10 Shin’ichi Yamamoto havia partido de Osaka no voo da tarde desse dia 9 e, assim que aterrissou no Aeroporto de Tokushima, foi diretamente para o Auditório de Tokushima para participar da reunião comemorativa de inauguração. Ele liderou o gongyo, orientou de maneira informal e conclamou fortemente: — Conduzam uma prática da fé corajosa, com a convicção de que “o inverno nunca falha em se tornar primavera”!1 Todos renovaram a decisão. No rosto de cada um resplandeceu o sol do sorriso. Shin’ichi realizou ainda sua primeira visita ao Centro Cultural de Tokushima (atual Sede da Paz de Tokushima) que ficava a cerca de vinte minutos de carro dali, e retornou à noite para participar novamente da reunião de gongyo comemorativo de inauguração do Auditório de Tokushima. Além de realizar incentivos com todas as suas forças, ele agradeceu pelos esforços dos companheiros e se dirigiu ao piano com o anseio de que todos descortinassem uma nova era de Tokushima. E então tocou sete composições, incluindo Atsuhara no San’resshi [Os Três Mártires de Atsuhara]. Na reunião de gongyo, o Coral Uzushio, da Divisão Feminina de Jovens (DFJ), e o Coral Wakagusa abrilhantaram a auspiciosa atividade comemorativa. Nela, o Coral Wakagusa apresentou Ode à Alegria da Nona Sinfonia, de Beethoven, cantando as partes 1 e 2 em japonês e a parte 3 em alemão. E foi na atual cidade de Naruto, província de Tokushima, que foram executados, pela primeira vez na Ásia, todos os movimentos da Nona Sinfonia. Na Primeira Guerra Mundial, as tropas japonesas capturaram a cidade chinesa de Qingdao, protegida pelas tropas alemãs. Os soldados alemães foram transferidos como prisioneiros para o Japão e cerca de mil deles ficaram confinados no Campo de Prisioneiros da Guerra de Bando, construído na província de Tokushima. Toyohisa Matsue, diretor desse campo, recebeu-os calorosamente como bravos guerreiros que lutaram dignamente pela pátria e proporcionou-lhes um ambiente livre, empenhando-se num tratamento repleto de calor e de respeito humano. Os moradores dessa cidade, que também possuíam essa característica de tratar bem os visitantes, se familiarizaram e aceitaram os soldados alemães. Os soldados alemães, com o desejo de corresponder a esse tratamento, ensinaram aos japoneses coisas como fabricação de pães e bolos, cultivo de hortaliças como o tomate, técnicas de zootecnia e esportes como o futebol. Pode-se dizer que, qualquer que seja a época, a condição mais importante como cosmopolita é ter um coração aberto. A verdadeira internacionalização começa a partir da convicção de que todas as pessoas são, igualmente, existências nobres, e cultivar o sentimento de seguir expandindo o companheirismo e a amizade. PARTE 11 Em junho de 1918, foi realizada a apresentação da Nona Sinfonia pelos soldados alemães no Campo de Prisioneiros da Guerra de Bando. Beethoven introduziu a música vocal no quarto movimento dessa sinfonia, utilizando o poema Ode à Alegria, do poeta alemão Friedrich Schiller. Todos os indivíduos se tornarão irmãos — assim como afirma o tema da Nona Sinfonia, a ressonância da canção de louvor aos seres humanos e a melodia da amizade ecoaram a partir das terras de Tokushima. E naquele momento, eram as mulheres Soka que cantavam a canção com entusiasmo e orgulho: Oh, nuvens vagantes deste extenso céu azul Os pássaros cantam nos bosques, nas florestas... Enquanto exaltava com efusivos aplausos, Shin’ichi Yamamoto sentia como se estivesse ouvindo o brado da vitória dos companheiros de Tokushima, que repeliram a opressão dos sacerdotes malignos. O próprio fato de a chama da alegria de viver pela missão em prol do kosen-rufu. — Nichiren Daishonin afirma: “Myo significa ‘reviver’, ou seja, ‘retornar à vida’”.1 Por isso, nunca haverá impasses para nós, que abraçamos esta Lei Mística. Por piores que sejam as circunstâncias com as quais nos deparemos, conseguiremos sem falta transformar a situação, sair dessa condição e iniciar um avanço evidenciando uma energia vital vibrante e abundante. Assim sendo, não existe, para nós, nem a desistência nem a desilusão. Originalmente, vocês próprios são o supremo Buda. A essência dessa fé é cultivar esta convicção. Acreditem em si mesmos, vivam em prol do kosen-rufu com autoconfiança e sigam estendendo as luzes da felicidade da Lei Mística para sua localidade. Nesse dia, Shin’ichi seguiria para Kagawa, e até o último instante antes da partida ele incentivou os membros representantes. A vitória ou a derrota significam empenhar todas as forças a cada instante. Ele disse: — “Tokushima” é um nome maravilhoso, que significa “ilha de benefícios” e “ilha onde se reúnem pessoas de elevada virtude”. Por favor, façam surgir a partir desta ilha os novos ventos do kosen-rufu de Shikoku! PARTE 12 Shin’ichi Yamamoto, que partiu às 14h30 do Auditório de Tokushima, foi de carro ao Centro de Treinamento de Shikoku, situado na cidade de Aji, província de Kagawa. Depois de aproximadamente uma hora, com o desejo de permitir que o condutor do veículo descansasse um pouco, fez uma parada numa cafeteria à beira da estrada. Nesse momento, Okimitsu Owada, coordenador da Divisão de Jovens de Shikoku que o acompanhava desde Shikoku, disse a Shin’ichi: — Gostaria que tivesse a oportunidade de dialogar sem falta com os representantes da Divisão dos Jovens de Shikoku. Shin’ichi respondeu imediatamente: — Compreendi. Vamos programar. Ele queria corresponder sinceramente ao sentimento compenetrado e direto desse jovem. O diálogo ficou definido para a tarde do dia 12. Shin’ichi tinha forte expectativa no espírito resoluto dos jovens de Shikoku. Em outubro daquele ano, Owada tinha ido ao encontro de Shin’ichi, que estava no Centro de Treinamento de Nagano, e expressou decididamente o sentimento de criar novos ventos do kosen-rufu a partir de Shikoku: — Falarei de forma franca e direta. Acredito que é justamente agora, em que persiste uma situação em que o senhor quase não pode aparecer nos periódicos, que é importante o espírito de mestre e discípulo. Nós desejamos construir um pavilhão de exposições em Shikoku, que apresentará as obras e ações do senhor em prol da paz. Mesmo gaguejando um pouco, foi uma súplica imbuída de sentimento e paixão. Shin’ichi queria valorizar esse coração: — Compreendi bem o sentimento de vocês. Ponderem no que fazer para transmitir esperança aos companheiros e conversem bem com os coordenadores de Shikoku e com os demais líderes. Os jovens de Shikoku começaram a pesquisar os registros das ações e atividades promovidas por Shin’ichi pela paz. Eles iniciaram com a Declaração pela Normalização das Relações Diplomáticas entre Japão e China, pronunciada em 1968 para não isolar a China do mundo e, paralelamente, seus esforços contínuos para visitar a União Soviética e a China em pleno período de Guerra Fria a fim de estender a ponte da amizade e evitar os perigos do conflito sino-soviético; a busca do caminho para a paz, promoven-do contínuos diálogos com personalidades como o secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger, e os secretários-gerais da ONU, entre outros. Com a pesquisa veio à tona claramente a verdade de que as ações de Shin’ichi transpunham quaisquer diferenças de ideologia. “Vamos transmitir com orgulho os passos registrados pelo nosso mestre em prol da paz! — assim eles mostraram essas realizações de Shin’ichi em forma de exibição das atividades para a paz no Centro de Treinamento de Shikoku. O número de visitantes dessa mostra, inaugurada no dia 3 de outubro e encerrada em 3 de novembro, superou 61 mil pessoas. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020. 2. Ibidem, p. 155. Ilustrações: Kenichiro Uchida

07/03/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 18 (parte 1)

Apreço pelos entregadores do Seikyo Shimbun Desde o outono de 1972, Shin’ichi Yamamoto passou a visitar com mais frequência o Seikyo Shimbun até que, finalmente, mudou seu escritório principal para o edifício do jornal. Seu objetivo primordial era incentivar e fazer parte da formação de cada um dos funcionários, em especial, dos repórteres. Depositando grande esperança e expectativa no crescimento deles, Shin’ichi procurou todas as oportunidades para inspirá-los e encorajá-los. (...) O presente seguinte de Shin’ichi ao jornal foi um bronze de um entregador de jornal. A estátua de cerca de 1,20 metros de altura retratava um menino carregando jornais enrolados em baixo do braço. Obra do renomado escultor japonês Ikuhisa Koganemaru, havia sido exibida sob o título “Herói sem Coroa” na segunda “Exposição Terceira Civilização” patrocinada pela Soka Gakkai. Shin’ichi explicou sua decisão de oferecer o presente: — Os entregadores são a verdadeira força do jornal nos bastidores. Quando chove, eles se molham, e quando neva, tremem de frio, mas dia após dia eles se levantam nas primeiras horas da manhã para entregar os jornais. O Seikyo Shimbun é o que é em virtude dos esforços constantes e incansáveis deles. Desejo oferecer-lhes meu máximo louvor, e por isso gostaria que esta estátua de bronze fosse mantida aqui nos escritórios do jornal. Os repórteres foram pegos de surpresa pelas palavras de Shin’ichi. Constataram que a certa altura haviam começado a fazer pouco caso do fato de o jornal ser, na verdade, entregue em mãos. Percebendo o sentimento deles, Shin’ichi prosseguiu: — É especialmente importante que vocês, repórteres, não se esqueçam de ser gratos aos esforços daqueles que entregam o jornal. Nos jornais comuns, pode ser que os redatores simplesmente escrevam seus artigos sem pensar em questões como ampliar o número de leitores ou a forma de distribuição, mas como repórteres do Seikyo Shimbun, sua atitude deve ser diferente. É essencial que, além de redigir matérias, vocês assumam o protagonismo nos esforços de aumento de assinaturas, ouçam atentamente a opinião dos leitores e demonstrem o mais elevado respeito por todos os entregadores do jornal. Essa postura representa uma revolução no mundo do jornalismo. Shin’ichi deu à estátua do entregador de jornal o nome “Mensageiro do kosen-rufu”, e optou-se por instalá-la em frente ao edifício do Seikyo Shimbun. No dia 29 de dezembro de 1973, realizou-se a cerimônia de descerramento da estátua com a participação de representantes de funcionários do Departamento Comercial, representantes dos entregadores e filhos de alguns distribuidores locais. Muitos funcionários do Departamento Comercial chegavam ao escritório mais de uma hora antes do expediente todas as manhãs para orar fervorosamente pela segurança daqueles que estivessem distribuindo e entregando o jornal. Shin’ichi vinha observando em silêncio a dedicação deles. (Capítulo “O Rugido do Leão”) Saldar nossas dívidas de gratidão Em novembro de 1973, Shin’ichi convidou seu querido professor do ensino fundamental, Kohei Hiyama, para a Reunião Geral de Líderes da Província de Tochigi. — Você se tornou um homem excelente. Sempre me sinto feliz e orgulhoso ao ouvir sobre suas atividades. Li alguns de seus livros. Você manteve um diálogo com o Dr. Toynbee. Ser tratado com tal respeito por seu querido professor deixava Shin’ichi constrangido. Ele respondeu: — Sim. Conversamos seriamente em prol do futuro da humanidade. Fico muito comovido pelo fato de estar acompanhando meu trabalho tão de perto, e impressionado com sua gentileza e carinho por um de seus alunos, mesmo após todos estes anos. (...) — Muito obrigado por ter vindo me ver hoje, Sr. Hiyama. Sou o que sou graças ao senhor. Tenho orgulho de ter sido seu aluno e continuarei me esforçando para prestar uma contribuição positiva à sociedade. Nunca me esquecerei de quanto lhe devo. Shin’ichi se curvou com todo respeito. Emocionado por ver o homem excelente que seu ex-aluno havia se tornado, o Sr. Hiyama sorriu e disse: — Por favor, cuide bem da saúde e continue dando o máximo de si. Embora não pareça ter muito tempo para descansar... Shin’ichi ficou comovido ao ver a preocupação que o Sr. Hiyama ainda demonstrava pelo seu bem-estar. Shin’ichi cultivava um forte senso de gratidão não somente pelo Sr. Hiyama, mas por todos seus professores. Esse sentimento, de fato, não se limitava aos professores, estendia-se a todos que o haviam ajudado durante sua vida. Vinha de sua fé como budista. Um ensinamento fundamental do budismo é o princípio da origem dependente. Em outras palavras, a ideia de que nada existe sozinho, de que todos os fenômenos surgem de relações mutuamente interdependentes, em resposta a várias causas e condições. Nada existe de forma isolada. Tudo está interligado de modo intrínseco, exerce e recebe influência numa relação recíproca. (Capítulo “Gratidão ao Mestre”) Publicado no Seikyo Shimbun de 7 de maio de 2020. Assista Vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 18 Ilustração: Kenichiro Uchida

22/02/2024

Caderno Nova Revolução Humana

Concretizar um passo de avanço do kosen-rufu

PARTE 5 Na noite de 18 de julho, em que Kiyoshi Jujo faleceu, realizou-se o velório dele pela família; e no dia 19 seguinte, ocorreu a cerimônia de funeral. Além disso, na noite do dia 23, o velório foi conduzido pela sede da Soka Gakkai, e solenemente no dia seguinte, 24, foi realizada a cerimônia de falecimento pela sede da organização no Auditório Memorial Toda de Tóquio, em Sugamo. Shin’ichi Yamamoto participou de todas as cerimônias e ofereceu daimoku em memória de Jujo. Na noite de 24 de julho, Shin’ichi ainda recitou gongyo com membros de oito países e territórios do Sudeste Asiático no Centro Cultural de Shinjuku, onde recordou as realizações de Kiyoshi Jujo e dialogou sobre as perspectivas do kosen-rufu do Oriente. Não havia descanso na atuação de Shin’ichi. No dia 25, ele empreendeu seu terceiro diálogo com o Dr. Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, em busca de um caminho para a concretização da paz no mundo. Nessa mesma data, ele ainda participou da nova partida da Reunião Nacional de Líderes, realizada no Auditório Memorial Toda de Tóquio. E felicitou do fundo do coração o novo zarpar da Soka Gakkai sob a liderança do novo presidente, Eisuke Akizuki, e externou sua expectativa: — Desejo que, com alegria, disposição e harmonia, concretizem um passo de avanço rumo ao kosen-rufu. E do dia seguinte até a primeira metade do mês de agosto, visitou Nagano e se empenhou dedicadamente no incentivo aos membros. Já no dia 17 de agosto, encontrou-se com o secretário-geral adjunto da Organização das Nações Unidas (ONU), Yasushi Akashi, no Centro da Amizade Internacional de Shibuya (atual Centro da Amizade Internacional de Tóquio), e dialogaram a respeito de assuntos como o 24 de outubro, Dia da ONU, e o papel do Japão no planejamento da promoção da paz mundial e do desenvolvimento da cultura. A ONU precisava ter força para que cada país somasse esforços na promoção do diálogo em posição de igualdade em torno das Nações Unidas e avançasse em direção à concretização da paz mundial — essa era a afirmação consistente de Shin’ichi. Ele disse claramente ao secretário-geral adjunto Akashi: — Nós dedicaremos todas as forças para apoiar a ONU. Isso porque acreditamos que é missão das religiões que pregam a dignidade da vida edificar a paz do mundo e proteger o ser humano da fome, da pobreza e da doença. Como romper a realidade de infelicidade das pessoas e concretizar a felicidade? É a partir desse ponto que se iniciou a luta de Daishonin para “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”. A missão religiosa de um budista se completa com o estabelecimento dessa missão social desse princípio de “estabelecer do ensinamento para a pacificação da terra”. PARTE 6 Shin’ichi Yamamoto somaria dezoito encontros com Akashi, secretário-geral adjunto da ONU. Nesse período, contribuindo para as Nações Unidas, a Soka Gakkai promoveu em diversas localidades do mundo exposições como Armas Nucleares: Ameaça ao Nosso Mundo, Guerra e Paz e Rumo ao Século da Humanidade: Uma Visão Geral dos Direitos Humanos no Mundo de Hoje. E ainda, em 1992, Akashi, que havia se tornado representante especial do secretário-geral da ONU da Autoridade Provisória das Nações Unidas no Camboja (Untac), solicitou apoio para a captação de rádios usados. A Divisão dos Jovens da Soka Gakkai desenvolveu a “Voice Aid”, uma campanha de ajuda de rádios para o Camboja, e arrecadou e doou mais de 280 mil rádios. Isso foi uma grande contribuição para as primeiras eleições gerais realizadas nesse país após a guerra civil. No final de agosto de 1981, Shin’ichi voou para Honolulu, Havaí, para participar de atividades como a 2a Convenção da SGI. Nesse encontro, que reuniu 7.500 representantes de diversos países e territórios, ele fez um discurso comemorativo no qual declarou no final: — Desejo que a SGI faça do Budismo de Nichiren Daishonin a sua base fundamental e avance ainda mais vigorosamente pela grande rota da paz, da cultura e da educação. E gostaria que juntos déssemos um apoio ainda maior à Organização das Nações Unidas. E durante essa estada, visitou o East-West Center, situado no campus da Universidade do Havaí, onde se empenhou em diálogos que tinham como pensamento fundamental a filosofia de paz e de harmonia do budismo. Nosso juramento seigan como praticantes budistas é o princípio de que “kosen-rufu é a concretização da paz e da felicidade da humanidade”. Do dia 10 a 16 de outubro, o clero da Nichiren Shoshu realizou a Grande Cerimônia dos 700 Anos do Falecimento de Nichiren Daishonin. Shin’ichi havia sido designado responsável pela comissão dos eventos comemorativos pelo sumo prelado Nittatsu, responsabilidade esta que foi mantida, mesmo com a posse de Nikken. Desejando estabelecer a harmonia entre clero e adeptos em prol do kosen-rufu, ele se dedicou de corpo e alma com total sinceridade para cumprir suas atribuições. Todas as atividades foram realizadas de modo solene e majestoso, e a Grande Cerimônia cerrou suas cortinas com pleno êxito. Por outro lado, os sacerdotes do Shoshin-kai, grupo que teve cerca de duzentos integrantes punidos por “terem provocado desordem interna e por indisciplina”, passaram a fortalecer o tom de suas críticas contra o clero da Nichiren Shoshu. Então, em janeiro de 1981, eles denunciaram Nikken e o clero no tribunal, e o confronto se intensificou, transformando-se numa batalha cada vez mais acirrada e intensa. PARTE 7 Os sacerdotes do Shoshin-kai foram sendo banidos do clero da Nichiren Shoshu um após o outro. Falando da boca para fora sobre o kosen-rufu, eles rotularam como “herética” a Soka Gakkai, a única organização que veio promovendo verdadeiramente o kosen-rufu, e continuaram a maltratar os membros, os nobres filhos do Buda, e ainda atuaram para destruir a harmonia entre clero e adeptos. E no final de tudo, acabaram se afastando da correnteza do grande rio do kosen-rufu e desapareceram, afundando no curso nebuloso de hostilidades, ciúmes e ira. O clero, no final, puniu mais de 180 sacerdotes do Shoshin-kai com o banimento da Nichiren Shoshu. Além do mais, entrou com “pedido de desocupação de imóvel” (templo) contra os sacerdotes priores na justiça e travou uma longa disputa nos tribunais. Durante esse período, a Soka Gakkai protegeu consistentemente o clero da Nichiren Shoshu e empenhou todos os esforços para a prosperidade dessa instituição. Os sacerdotes do Shoshin-kai, que foram punidos com a expulsão e se viram acuados, prosseguiram com seus ataques ao clero da Nichiren Shoshu e continuaram a caluniar e a difamar a Soka Gakkai. Contudo, os membros da Soka Gakkai desenvolveram uma convicção forte e inabalável: “Quem de fato veio promovendo o kosen-rufu em exato acordo com o testamento de Nichiren Daishonin por meio da ‘devoção abnegada pela propagação da Lei’ foram somente os mestres e discípulos Soka. À luz dos escritos de Nichiren Daishonin, fica claro quem está certo e quem está errado”. Então, diante da postura de Shin’ichi Yamamoto, que iniciou a batalha da contraofensiva para proteger os membros e partiu para percorrer o Japão todo e o mundo, sem se preocupar em se tornar alvo de todos os ataques, os companheiros renovaram a decisão de se levantarem e de se unirem a ele. Não importando quão densas sejam as trevas ou quão violentas sejam as tempestades, no instante em que o leão se levanta resolutamente, o sino que anuncia a alvorada ressoa pelo céu e o amanhecer dourado desponta. No momento em que mestre e discípulo unem o coração, quebram os grilhões de ferro e dão um passo adiante, as cortinas da vitória já foram descerradas. Shin’ichi ainda tinha jurado fortemente em seu coração de que percorreria as localidades que vieram sendo assoladas com a problemática do clero e, louvando e agradecendo a árdua luta dos companheiros Soka, juntos dariam partida rumo à gloriosa vitória. O lugar para o qual Shin’ichi desejava ir mais que qualquer outro era Shikoku. Ele queria corresponder à corajosa disposição dos amigos de Shikoku que, no momento que ele fora colocado numa situação em que nem sequer poderia participar de reuniões livremente, foram ao seu encontro no navio Sun Flower 7, dizendo: “Se ele não pode se encontrar conosco, somos nós que iremos ao seu encontro!”. PARTE 8 No Seikyo Shimbun do dia 6 de setembro foi noticiado que em novembro seriam realizadas atividades comemorativas de inauguração do Auditório de Tokushima, e que estava prevista a participação de Shin’ichi Yamamoto. O anúncio prévio do comparecimento de Shin’ichi em uma atividade era algo excepcional, e era a manifestação de sua forte decisão de que enfim formaria a grande legião de companheiros de todo o Japão para dar início à nova marcha de avanço. E ao participar da cerimônia de abertura do 11o Festival da Universidade Soka no dia 31 de outubro, ele proferiu um discurso com o tema “Reflexões sobre a História e os Homens: Opressão e Vida”. Nele, Shin’ichi discorreu sobre Sugawara no Michizane; o poeta Man’yo, Kakinomoto no Hitomaro; Rai San’yo; e Takeda Shoin; os quais deram abertura para a Restauração da Era Meiji — todos eles tiveram uma vida de perseguições e árduas dificuldades, e deixaram para a posteridade grandiosos legados que resplandecem na história. Falou ainda sobre o nobre modo de viver das pessoas que mantiveram até o fim sua convicção em meio às tempestades, como Qu Yuan, poeta e político do Período dos Reinos Combatentes; Sima Qian, que escreveu a grande obra Registros do Historiador, ambos na China; Mahatma Gandhi, grande alma da Índia; o extraordinário poeta Victor Hugo; o filósofo Jean-Jacques Rousseau; e o pai da pintura moderna Paul Cézanne, do Ocidente. Então, ele refletiu que as grandes realizações estão, em parte, destinadas a ser alvo de perseguições e a enfrentar árduas dificuldades. As pessoas que concretizaram grandiosos feitos históricos estenderam firmemente suas raízes no grande solo do povo. Por isso, as autoridades que governam em cima do sacrifício do povo inflam a sensação de perigo e se consomem nas chamas do ciúme e da inveja que emanam da ambição e da autopreservação e tentam a todo custo eliminar os líderes do povo. Ele transmitiu que este era um esquema das perseguições. E falou sobre suas convicções dando ainda mais ênfase: — Eu também, como budista e como um cidadão do povo, vim sendo alvo de uma sucessão de calúnias totalmente infundadas e de perseguições. Mas, embora possa parecer presunção, à luz do “esboço estrutural das perseguições”, as perseguições são, justamente, o próprio orgulho e a honra dos budistas. Penso ser a suprema glória da vida. Aproveito esta oportunidade para declarar que a história da posteridade sem falta julgará rigorosamente a verdade dos fatos. Shin’ichi quis deixar registrada junto com os amados estudantes da Universidade Soka a declaração da vitória direcionada para o futuro. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida

22/02/2024

Caderno Nova Revolução Humana

Com coragem, promover uma grandiosa vitória

PARTE 1 Um extenso e ilimitado céu azul da esperança se estende no coração de um jovem, e nesse coração arde um incandescente sol da paixão. Nele se encontra a fonte de onde jorra a coragem e emana a criatividade infinita. Os jovens são os protagonistas da nova era. Quais são suas aspirações? Com que seriedade eles estão se dedicando aos estudos, atuando com determinação e lapidando a si mesmos? — todo o futuro depende disso. Após retornar das viagens à União Soviética, à Europa e à América do Norte, Shin’ichi estava fortemente decidido que era o momento certo para destinar todas as forças na criação e no desenvolvimento dos jovens. Na noite do dia 10 de julho de 1981, foi realizada com grande entusiasmo a Convenção da Divisão dos Jovens Comemorativa dos 30 Anos de Fundação da Divisão Masculina de Jovens e da Divisão Feminina de Jovens, no Centro Cultural de Kansai, em Osaka, terra de contínuas vitórias. Depositando sua mais sincera expectativa e esperança pelo revigorado avanço e atuação desses jovens líderes da geração subsequente, Shin’ichi enviou um longo telegrama de felicitação: O caminho está sendo aberto, instante a instante. O palco de vocês, jovens, aproxima-se instante a instante. Dedicando toda a minha força e energia, sem me importar em perder a vida por isso, quero fazer com que subam no glorioso palco do kosen-rufu. Ninguém deve recuar, ninguém deve se permitir ser intimidado, ninguém deve se subestimar. A nossa Divisão dos Jovens da Soka Gakkai chegou aos seus 30 anos. E “levantar-se aos 30 anos” são palavras do “antigo sábio”. “Ó, jovens, levantem-se” — esse era o brado de sua alma. Rumo ao ano de 2001, que nesses vinte anos, os quais podemos dizer que são o verdadeiro palco, de grande agitação e turbulências — esta época maravilhosa — vocês possam construí-la juntos comigo, com bravura e brio. Para que as pessoas os louvem para sempre, admirados e encantados com tal feito. Enfrentar e superar cada uma das questões que surgem diante dos olhos, eis o caminho da fulgurante vitória do novo século. PARTE 2 O telegrama de felicitações de Shin’ichi Yamamoto encerrava-se da seguinte maneira: Tanto os jovens dos Estados Unidos como os jovens da Alemanha, bem como os jovens da Itália, e também os jovens da França, da Inglaterra, do Sudeste Asiático, todos se levantaram em prol da verdadeira paz. Concluo minha mensagem, orando e aguardando pela maravilhosa união, pelo extraordinário desenvolvimento e pela esplêndida história de sucessivas vitórias dos meus verdadeiros companheiros da Divisão dos Jovens do Japão. Shin’ichi desejava que, em prol do princípio de que “kosen-rufu é a própria paz mundial”, os jovens Soka sobre a face da terra se unissem lado a lado e expandissem o princípio filosófico do renascimento humano da dignidade da vida como vanguardistas desse movimento. Correspondendo a esse chamado, como juramento dos jovens, estava hasteada na parte de trás do salão uma faixa horizontal com os dizeres: “Começou a nova história do kosen-rufu —Vamos promover com coragem o avanço da vitória rumo ao ano de 2001!”. E no Brasil, situado do outro lado do planeta, foi realizada no dia 11, a partir das 16 horas (horário local), na cidade de Foz do Iguaçu, a cerca de 20 quilômetros da grande queda d’água do Iguaçu, a 1a Convenção da Divisão Masculina de Jovens da América do Sul, que reuniu um total de mil membros do Brasil, Paraguai, Chile, Uruguai, Argentina e Bolívia. Houve companheiros que participaram viajando por oitenta horas de ônibus fretado vindos de Belém, a maior cidade portuária da região amazônica. Shin’ichi enviou palavras de felicitações também para essa atividade: “De qualquer forma, o palco do século 21 será de vocês. Oro e aguardo do fundo do coração para que, atravessando todos os tipos de dificuldades, vocês recitem daimoku em voz alta, destaquem-se nos respectivos locais de trabalho, valorizem sua existência, zelem pela vida diária e se aprimorem no estudo do budismo, passo a passo, e mais outro passo, registrando na história da América do Sul seu grande desenvolvimento e sua árdua luta”. Os jovens da América do Sul também se levantaram com vigorosa disposição ao chamado de Shin’ichi. Descortinava-se a era dos jovens. PARTE 3 Houve um comunicado de falecimento repentino. À 0h53 do dia 18 de julho, o presidente Kiyoshi Jujo faleceu devido a um infarto do miocárdio, em sua residência, no bairro de Shinanomachi. Ele tinha 58 anos. No dia anterior, Kiyoshi Jujo havia participado, junto com Shin’ichi Yamamoto, da convenção da Área Kita Tama, realizada no campo do Colégio Soka, na cidade de Kodaira, Tóquio. Na sequência, ele foi ao festival Eikosai, tradicional evento do ensino fundamental 2 e do ensino médio do Colégio Soka. À noite, Shin’ichi convidou os líderes centrais como Kiyoshi Jujo e Eisuke Akizuki para ir à sua casa e juntos recitaram gongyo. Ao encerrar o daimoku e Shin’ichi transmitir a todos que os jovens do mundo estavam demonstrando um notável desenvolvimento, Jujo disse feliz e sorrindo: “O século 21 é muito promissor”. A conversa se animou. Após sair da casa de Shin’ichi por volta das 22 horas, Jujo ainda dialogou com alguns líderes centrais antes de retornar à sua residência. Recitou daimoku em sua casa, tomou banho e foi repousar, mas disse que não estava se sentindo bem. Em seguida, como se estivesse dormindo, faleceu serenamente. A nomeação de Jujo para presidente ocorreu em meio ao levantar das furiosas ondas da problemática do clero. Ele precisou conduzir o leme da Soka Gakkai obstinadamente, numa situação em que Shin’ichi havia se tornado presidente honorário e não podia nem sequer comparecer às reuniões ou proferir orientações. E ainda, as preocupações em relação às providências a serem tomadas contra as artimanhas de Tomomasa Yamawaki, o qual tentou manipular a Soka Gakkai a bel-prazer e foi preso em janeiro daquele ano por suspeita de extorsão, o consumira psicológica e fisicamente de modo contínuo. Embora tivesse uma saúde muito boa, o desgaste desses últimos dois anos havia fustigado penosamente seu corpo. Para Shin’ichi, Jujo foi um companheiro que veio lutando junto com ele desde que eram jovens. Em março de 1954, quando Shin’ichi foi nomeado secretário da Divisão dos Jovens, ele foi membro da secretaria. Jujo era cerca de cinco anos mais velho que Shin’ichi, mas seguiu respeitando-o como veterano da prática da fé e, juntos, se levantaram à frente de todas as batalhas. E para Shin’ichi, ele era um “companheiro de luta” de confiança com quem veio compartilhando dificuldades e alegrias da batalha pelo kosen-rufu. Quando Shin’ichi foi nomeado terceiro presidente, Jujo o escolheu como seu mestre, e veio se esforçando para ser um modelo de discípulo. Ele tinha profunda consciência de que é na relação de mestre e discípulo que estava a chave para promover o grande desenvolvimento do kosen-rufu e tornar eterna a Soka Gakkai. PARTE 4 É provável que o falecimento de Kiyoshi Jujo aos 58 anos tenha sido prematuro. De fato, pode ter sido cedo. Contudo, com certeza ele devotou sua existência ao kosen-rufu, cumpriu totalmente sua missão e cerrou as cortinas de sua batalha em prol da Lei Mística neste mundo. Formado pela Academia Naval Japonesa, Jujo cantou muito a canção Douki no Sakura [Cerejeira dos Companheiros]. Foi um fim de vida bastante consoante com seu modo de ser, como as flores de cerejeiras se esvoaçam ao vento depois de máximo esplendor. Nos escritos de Nichiren Daishonin consta: “Após um breve momento, retornaremos ao domínio do sonho dos nove mundos, de nascimento e morte”.1 É um trecho que diz que nós, que abraçamos o ensinamento correto, depois que morrermos, após curto espaço, nasceremos novamente neste mundo e seguiremos atuando pelo kosen-rufu. Shin’ichi, que foi na manhã do dia 18 à residência dos Jujo fazer uma visita de condolências, incentivou a viúva, Hiroko: — Foi uma existência magnífica, concluída como bravo general do kosen-rufu. Não há dúvida de que Nichiren Daishonin o está louvando, e que o venerado mestre, Josei Toda, também o receberá de braços abertos. Peço que supere a tristeza, herde o espírito do seu falecido marido, e viva ao máximo pelo kosen-rufu também por ele. Essa postura será, sem dúvida, a mais suprema realização em memória dele. Peço-lhe que crie todos os seus filhos como dignos “valores humanos” do kosen-rufu. A felicidade da família do seu ente querido é o mais sublime caminho para saldar as dívidas de gratidão com ele. Na tarde do dia 18, com o falecimento de Kiyoshi Jujo, foi realizada uma reunião extraordinária da diretoria. Nessa ocasião, o vice-presidente Eisuke Akizuki foi indicado para assumir como quinto presidente da Soka Gakkai, e a sua nomeação foi aprovada por unanimidade. Akizuki tinha 51 anos e havia se convertido ao budismo em 1951. Ele contribuiu para a fundação da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) nos primórdios da Soka Gakkai, atuou como coordenador da Divisão Masculina de Jovens, coordenador da Divisão dos Jovens (DJ), e também trabalhou com edição do jornal Seikyo Shimbun, no qual exerceu o cargo de gerente da Divisão de Redação e de editor-chefe. Assumiu ainda funções centrais da organização como secretário-geral e vice-presidente. Shin’ichi salientou que, sendo o sereno e compenetrado Akizuki, se podia esperar que ele evidenciasse ainda mais a sua força como eixo central da Soka Gakkai a qual tinha alcançado um grande desenvolvimento, e impulsionaria um sólido avanço adequado à nova era. Ele próprio também jurou fortemente em seu coração que zelaria ainda mais por todos e os apoiaria com todas as suas forças, muito mais que até então. Nota: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin], v. II. Tóquio: Soka Gakkai, 2006. p. 860 Ilustração: Kenichiro Uchida

10/02/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Viver com o Gosho: volume 17 (parte 3)

Uma espada é inútil nas mãos de um covarde. Resposta a Kyo’o 1 Coragem é a chave para a vitória Em agosto de 1957, Shin’ichi Yamamoto falou aos membros do Distrito Arakawa, em Tóquio, sobre a chave para o avanço da propagação do Budismo Nichiren. — Depois de conversar com alguém apenas uma vez, talvez a gente se veja tirando conclusões precipitadas de que a pessoa não foi receptiva e de que a tentativa não vai dar em nada. Mas a mente está sempre se modificando, minuto a minuto, e se pode mudá-la por meio de esforços perseverantes para dialogar. Complementou ainda: — Algumas vezes, precisamos ponderar se o erro não está em nossa maneira de nos expressar. Por exemplo, se dissermos a uma pessoa com problemas familiares que poderá superar uma doença por meio da prática budista, não despertaremos o interesse dela. Do mesmo modo, não será muito producente afirmar a alguém que está lutando contra a doença que a fé budista ajuda a ter sucesso no trabalho. Empregar sabedoria significa determinar como conquistar a compreensão do outro. (...) Shin’ichi deu continuidade às suas considerações afirmando que a sabedoria deveria ser acompanhada da coragem de colocá-la em ação: — Como registrou Nichiren Daishonin: “A espada é inútil nas mãos de um covarde”.2 A espada do Sutra do Lótus, que é fonte de ilimitada sabedoria, não terá força se formos covardes. Espero que tenham a coragem de desafiar e vencer suas fraquezas pessoais, como a tendência de fugir do que não gostam e dar desculpas para justificar sua covardia ou negatividade. Esse é o segredo para a revolução humana e para a vitória. (Trechos do Capítulo “Castelo do Povo”) Todos os discípulos e seguidores leigos de Nichiren devem recitar Nam-myoho-renge-kyo com o espírito de diferentes em corpo, unos em mente, transcendendo todas as diferenças que possam haver entre si,3 tornando-se inseparáveis como o peixe e a água. Esse laço espiritual é a base para a transmissão universal da Lei suprema da vida e da morte. A Herança da Suprema Lei da Vida4 Avançando com base na unicidade de “diferentes em corpo, unos em mente” Durante a sua quinta visita à província de Fukui, localizada no centro-norte do Japão, em junho de 1973, Shin’ichi refletia sobre o significado da unicidade no Budismo Nichiren, ao mesmo tempo em que encorajava os líderes a se unir uns aos outros e a fazer de Fukui um modelo para toda a organização Daishonin conclama a seus seguidores que transcendam “todas as diferenças que possam haver entre si”; em outras palavras, que deixem para trás a ideia de que sua vida não tem relação alguma com a dos outros. Isso significa superar a tendência egoísta de pensar somente nos próprios interesses, sem levar os outros em consideração e vê-los com apatia ou antagonismo. Quando o sentimento das pessoas pertencentes a uma organização está dividido dessa maneira, a verdadeira herança do budismo não pode ser transmitida. Esta é a razão pela qual Daishonin adverte repetidamente em seus escritos contra esse tipo de comportamento. “Inseparáveis como o peixe e a água” indica a profunda percepção de que a vida de cada um está indissoluvelmente ligada à dos outros integrantes da organização e profundamente interconectada. Trata-se de uma metáfora para ilustrar o apoio e o respeito mútuos que os membros, que possuem a missão comum de realizar o kosen-rufu, devem cultivar entre si. “Diferentes em corpo, unos em mente” denota cada um evidenciar ao máximo seus talentos e dons exclusivos, avançando, ao mesmo tempo, em união rumo ao nobre objetivo do kosen-rufu. Em suma, Nichiren Daishonin esclarece que a herança da Lei Mística que flui em sua própria vida é transmitida por meio da união de “diferentes em corpo, unos em mente” e, assim, pulsa na vida de cada pessoa que se dedica ao grande desejo do kosen-rufu. (Trechos do o Capítulo “Campos Verdejantes”) Assista vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 17 Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 43, 2021. 2. Ibidem. 3. A frase “transcendendo todas as diferenças que possam haver entre si” pode ser interpretada literalmente como “sem pensar no ‘eu’ ou nos outros, nisto ou naquilo”. Essa declaração não deve ser vista como negação da individualidade, mas como exortação a superar as diferenças originadas do egocentrismo. 4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 226, 2021. (Traduzido da edição de 18 de março de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Ilustração: Kenichiro Uchida

10/02/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 17 (parte 2)

Cartas imbuídas de incentivos do coração Shin’ichi refletia sobre o mês de janeiro de 1953, quando o presidente Josei Toda o nomeou líder da Primeira Corporação da Divisão Masculina de Jovens e ele se encontrava em meio à intensa luta para concretizar o sonho do seu mestre de alcançar 750 mil famílias associadas. Ao mesmo tempo, Shin’ichi também se dedicava integralmente para manter os negócios do presidente Josei Toda em funcionamento, e era extremamente ocupado no trabalho. Somando-se a isso, dentro da Soka Gakkai, ele não exercia apenas a função de líder da Primeira Corporação da Divisão Masculina de Jovens, mas era responsável por treinar os jovens da organização como um todo. Além disso, em abril, foi nomeado líder interino do Distrito Bunkyo. Essa organização se encontrava estagnada nos esforços de propagação e era uma dos distritos com pior desempenho na Soka Gakkai nesse aspecto. Shin’ichi estava cada vez mais assoberbado de tarefas, e até mesmo conseguir achar tempo para participar das reuniões da Primeira Corporação estava se tornando um desafio. Contudo, ele refletia: “A verdadeira luta começa agora. Qualquer um pode participar das atividades da Soka Gakkai se tiver bastante tempo. A prática budista genuína significa encontrar tempo numa agenda já lotada e se empenhar com todas as forças. Não recuarei um passo e não serei derrotado”. Determinação é a fonte de vitalidade e sabedoria ilimitada. Nenhuma adversidade é páreo para a decisão férrea daqueles que se dedicam dando o máximo de si em prol do kosen-rufu. Todas as tribulações e dificuldades se transformam em suave brisa para estimular a chama do espírito guerreiro deles. A agenda de Shin’ichi estava tão lotada que não conseguia se encontrar pessoalmente com os membros como gostaria. Portanto, empregava cada momento livre para escrever cartas de incentivos a eles. Se algum estivesse enfrentando problema, Shin’ichi o convidava a vir à sua casa, mesmo que fosse no meio da noite, e oferecia orientações sinceras. Tal era sua exaustão por sua dedicação total que, quando finalmente se arrastava até a cama à noite, o cansaço o impedia de dormir. Oração e determinação o sustentavam todos os dias. “Se não der tudo de mim agora, os planos de Toda sensei não darão em nada e eu me arrependeria pelo resto da vida. Não posso permitir que isso aconteça!”, ponderava. A Primeira Corporação se desenvolveu de forma constante, e no fim de setembro de 1953 já tinha aumentado para mais de seiscentos jovens, quase o dobro do tamanho em relação a quando Shin’ichi assumiu a liderança em janeiro. Seus integrantes estavam muito contentes com esse rápido avanço, mas se considerando o objetivo final de 750 mil famílias associadas, cada feito alcançado até então representava apenas o começo. (...) Nichiren Daishonin registrou: “Além disso, palavras escritas são seu próprio corpo e mente. São o corpo e a mente de todos os seres vivos que continuam pelas três existências”.1 Shin’ichi infundiu todo o seu ser nos cartões que enviou aos líderes de grupo da Primeira Corporação, dedicando-se para despertar o ânimo deles. Alguns líderes receberam várias mensagens, uma seguida de outra. Tocados pelos esforços dele para ajudá-los a romper a negatividade, pois sabiam o que ele estava realizando a despeito de sua agenda extremamente abarrotada, renovaram a decisão de vencer a qualquer custo. Nota: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 423, 2019. (Trechos do capítulo “Castelo do Povo”) *** Esforço e sabedoria para obter boa saúde Em junho de 1973, durante a sua viagem à província de Gifu, localizada na região de Chubu, no Japão, Shin’ichi visitou a Redação da filial de Gifu do Seikyo Shimbun e encorajou os funcionários. Shin’ichi bateu à porta e a abriu. Descobriu vários jovens se dedicando com afinco diagramando páginas do jornal e redigindo artigos. Muito obrigado pelo trabalho árduo de vocês — disse. Havia dois funcionários da filial e seis correspondentes. Talvez por estarem muito ocupados com suas atribuições jornalísticas na preparação para a reunião de líderes da província, todos aparentavam estar exauridos. — Parecem cansados. A saúde é muito importante em nossos esforços em prol do kosen-rufu. Sempre utilizem a sabedoria e cuidem bem da saúde — recomendou Shin’ichi. (...) — Vocês têm muitas coisas para fazer. Mas como o tempo é limitado, acabam reduzindo o tempo de sono. Isso certamente faz parte de ser jovem, mas se estragarem a saúde nesse processo, os seus esforços serão em vão. Dormir menos do que o necessário é causa de doenças e acidentes. Se ficarem doentes ou se machucarem, prejudicarão sua família e os companheiros, bem como a sociedade como um todo. Subestimar esses fundamentos básicos da vida é uma forma de negligência e até arrogância. — O segredo é dar tudo de si em todos os instantes e trabalhar de maneira eficiente. Muitas pessoas passam os dias distraídas ou trabalhando sem interesse ou entusiasmo. Mas é melhor viver com o espírito de que este é o último momento de sua vida e dar o melhor de si consistentemente para fazer tudo o mais depressa possível. A energia para viver dessa maneira advém da recitação fervorosa do gongyo e do daimoku. O período da manhã é especialmente importante. (...) (Trechos do capítulo “Campos Verdejantes”) (Traduzido da edição de 12 de março de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 17 No topo: Ilustração jovem Daisaku Ikeda em estação de trem Ilustração: Kenichiro Uchida

24/01/2024

Caderno Nova Revolução Humana

Novo alvorecer do kosen-rufu

PARTE 76 Às 17 horas do dia 25 de junho (horário local), Shin’ichi Yamamoto deixou o aeroporto internacional de Toronto, despedindo-se de cerca de 150 membros, e voou num avião cerca de uma hora e meia, desembarcando em Chicago, Estados Unidos. Em Chicago, estava prevista para o dia 28 a realização do 1º Festival Cultural pela Paz Mundial, a mais importante atividade dessa visita aos Estados Unidos. Essa seria uma festividade para descortinar uma nova etapa do kosen-rufu mundial; de fato, um novo zarpar da Soka Gakkai como religião mundial. Shin’ichi aceitou também dar entrevista à imprensa local em Chicago. Além disso, nessa cidade, valorizando altamente as ações de Shin’ichi pela paz, o prefeito emitiu um comunicado oficial determinando o período de 22 a 28 de junho, data da realização do festival cultural pela paz, como a semana louvando o nome de Shin’ichi. Ele clamou à população da cidade para que desse as boas-vindas a Shin’ichi e aos participantes do festival cultural pela paz. Os líderes do Japão que faziam parte da comitiva comentavam entre si: — Realmente, chegou a época do kosen-rufu mundial! A maior prova é esse aspecto de enorme expectativa pelo movimento da SGI aqui na América onde os jovens atuam vigorosamente e seus membros promovem atividades de contribuição social, prezando os jovens. — Infelizmente, no Japão há um sentimento de um país insular em que as pessoas não conseguem enxergar os novos movimentos populares com visão correta e, ainda, têm ciúmes do progresso deles. Mas a época está em rápida transformação. Com sentimento estreito e limitado, o país acabará sendo esquecido pelo mundo. — Desde a prisão de Tomomasa Yamawaki, em janeiro, por suspeita de extorsão, ficou claro que o conteúdo de suas calúnias e difamações contra a Soka Gakkai utilizando parte da imprensa era totalmente infundado. Nossa missão é continuar declarando a verdade sobre a Soka Gakkai, agora mais que nunca. No dia 27, foi realizada a cerimônia de inauguração do quinto templo no território americano, doado pela Soka Gakkai, e localizado na periferia de Chicago. A cerimônia foi conduzida pelo sumo prelado Nikken e Shin’ichi participou da solenidade. Shin’ichi continuava desejando o avanço do kosen-rufu com a harmonia entre clérigos e leigos. O grande desejo da realização do kosen-rufu era sempre o único e imutável espírito que pulsava na Soka Gakkai. PARTE 77 No dia 28 de junho foi realizado o histórico 1o Festival Cultural pela Paz Mundial que alçava voo rumo ao século 21. No Rosemont Horizon (posterior Allstate Arena), local do evento, na região metropolitana de Chicago, reuniram-se cerca de 20 mil pessoas, entre as quais, representantes de embaixadas de dezessete países nos Estados Unidos, convidados de diversas áreas e membros representantes de vários países em que a SGI se encontrava. A canção tema Sol do Amanhecer é entoada em coro, indicando a manhã do século da vida. Jovens que parecem ter despertado do sono começam a dançar dinamicamente vestidos com uniforme branco. O palco tinha sido construído em quatro módulos. Além do palco central, havia outros em sua frente e nas laterais. Utilizando livremente esses espaços, os membros americanos realizam seguidas apresentações de música e de dança representativas da América Latina, da África, do Leste e do Oeste Europeu, do Oriente Médio e da Ásia. Os membros vieram ensaiando danças típicas de cada país, dia após dia. Os companheiros de Nova York, que apresentaram a dança da Rússia, dedicaram-se com a disposição de aproximar o coração deles ao coração das pessoas da União Soviética. Eles diziam que à medida que se empenhavam nos ensaios, começavam a sentir uma grande amizade com as pessoas desconhecidas da União Soviética, superando as barreiras da ideologia e da etnia. A cultura possui o poder de ligar os corações e unir uma pessoa a outra. O grupo de intercâmbio da amizade vindo do Japão apresentou canções folclóricas e dança típica japonesa. O Ongakutai (banda musical masculina) do Japão também abrilhantou o evento. Quando o grupo de coral da Soka Gakkai entoou com toda a força a canção Ifu Dodo no Uta [Canção do Imponente Avanço], os olhos das senhoras pioneiras da América ficavam marejados, relembrando a árdua luta delas nas épocas iniciais. Os integrantes da Divisão Masculina de Jovens da província de Nagano apresentaram a ginástica montada, preenchendo todo o palco, e levantaram a torre humana de cinco andares. Vozes de espanto ressoaram pelo local, com aclamação de todo o público. Enquanto ainda continuava a comoção, dois grupos, um em cada palco lateral, apresentaram, respectivamente, danças típicas da Palestina e de Israel. Ao término da atuação, algumas pessoas de ambos os lados se aproximaram do palco central. Por um momento, hesitaram. Mas, como se encorajassem a si mesmas, caminharam até o centro e trocaram forte aperto de mãos. Surgiu uma grande salva de palmas no recinto. A paz era o desejo e a oração de todos os participantes. PARTE 78 O festival cultural entrou para a fase de apresentações de música e de dança do país promotor, os Estados Unidos: dança do velho oeste com trajes com chapéu de caubói, dança havaiana, além das danças Charleston, swing e sapateado. Joviais e animadas danças americanas foram apresentadas em sucessão. De repente, no palco escuro, um holofote aponta para um casal de jovens. Ouve-se uma vigorosa voz recitando o poema composto por Shin’ichi Yamamoto, intitulado Dedico aos Meus Amados Jovens Emergidos da Terra da América: Estados Unidos da América, onde pessoas de variados estados se reúnem em federação. Na fusão e na solidariedade de múltiplas etnias dessa América está contido o diagrama básico da paz do mundo. Quando a leitura terminou, o ambiente foi tomado por uma grande salva de palmas repleta de decisão. Ali transbordava o sentimento dos membros em provocar as ondas da paz mundial a partir da América. Na final, o palco foi inteiramente tomado pelos participantes. Portadores das bandeiras de cada país — da Argentina, da Austrália e de outros — avançaram à frente e faziam tremulá-las altivamente. Eles exaltavam o ideal dos Estados Unidos da América de cooperação humana, reunindo pessoas de todo o mundo e demonstravam a decisão. Na ala reservada aos convidados, representantes de cada país aplaudiam de pé. As ondas de aclamação se expandiam por todo o local e as vozes alegres ressoavam, envolvendo e entrelaçando o público. Foi um maravilhoso festival cultural pela paz mundial que desenhava o aspecto de que o globo terrestre é um só, e o mundo, o único. Descortinou-se, assim, de forma radiante e altiva, um novo capítulo do kosen-rufu mundial da Soka Gakkai, tocando as trombetas da partida dessa jornada. Por maior que seja o poder, ele jamais conseguirá interromper essa grande corrente marítima do kosen-rufu mundial, pois o “kosen-rufu de Jambudvipa [o mundo inteiro]” é a vontade e o testamento do buda Nichiren Daishonin. Na realização desse grande juramento seigan do Buda encontra-se o significado do surgimento da Soka Gakkai na atualidade, como também nossa grande missão desde o remoto passado. PARTE 79 Emissoras de televisão e mais de trinta órgãos de comunicação fizeram reportagem sobre o festival cultural pela paz mundial. A rede ABC exibiu a matéria imediatamente após o término dos espetáculos em seu programa jornalístico. Citou que o evento foi realizado com o propósito da paz mundial e do respeito à vida cujos participantes eram todos amadores. Os membros entrevistados por emissoras de televisão diziam com peito inflado: “O movimento da Soka Gakkai contribui para paz do mundo, extraindo de cada pessoa a máxima potencialidade como ser humano”. No dia seguinte, 29 de junho, a emoção do Festival Cultural pela Paz Mundial se espalhou pela cidade de Chicago. Na tarde desse dia, sob um céu límpido que pairava sobre a cidade, o festival cultural foi reapresentado na praça em frente à prefeitura de Chicago. Essa reapresentação visava manifestar a gratidão pela colaboração inestimável da cidade de Chicago e de seus cidadãos. Ali se aglomeraram cerca de 10 mil cidadãos, a começar pelos convidados de diversas áreas, entre os quais quinhentas pessoas de um lar de idosos. Todo o público ovacionou as apresentações: a atuação da banda musical masculina Ongakutai, as danças típicas da Itália, da Coreia do Sul, da Hungria, da Índia, a majestosa exibição de taiko (tambor japonês) e a hábil demonstração usando escadas pelo grupo de intercâmbio do Japão, a música tema Sol do Amanhecer pela orquestra, o voo do “homem foguete”, a ginástica montada, entre outras. Um convidado que assistia às apresentações ao lado de Shin’ichi Yamamoto disse com sorriso no rosto: — Fiquei emocionado. Muito obrigado pela maravilhosa cultura! Envolta pela sinfonia de louvor e de ovação, a Soka Gakkai iniciou um novo zarpar rumo ao século 21 das terras americanas. De Chicago, Shin’ichi voou para seu último destino, Los Angeles, onde desembarcou em 1o de julho. Nesse dia, a Academia Mundial de Artes e Cultura, cujo diretor administrativo era o poeta Krishna Srinivas, decidiu outorgar o título de poeta laureado a Shin’ichi. O certificado posteriormente entregue avalia seus poemas como “obra poética proeminente”. Shin’ichi Yamamoto achava essa expressão exagerada. Ele jurou em seu coração: “Eu vim escrevendo poemas com o sentimento de oferecer coragem, esperança e força para viver ao coração dos amigos, indicando o correto caminho do ser humano. Para corresponder à expectativa desse título, vou dedicar ainda mais esforços para criar obras poéticas e proporcionar o brilho do encorajamento!”. PARTE 80 Envolvido em árduas batalhas em prol da paz e da felicidade das pessoas, ele continuou a compor poemas. Em meio à agenda repleta de intensos afazeres, procurava algum tempo livre para criar os versos. Várias dessas obras poéticas foram anotadas por outras pessoas enquanto ele ditava o conteúdo. Posteriormente, a Academia Internacional de Poetas, da Índia, concedeu-lhe a condecoração Poeta Emérito Internacional (em 1991); e a Sociedade Intercontinental da Poesia Mundial, a de Poeta Laurea-do do Mundo (em 1995), de Poeta dos Povos do Mundo (em 2007) e de Poeta da Paz Mundial (em 2010). Após concluir toda a sua programação nos Estados Unidos, Shin’ichi desembarcou no novo Aeroporto Internacional de Tóquio em Narita (posterior Aeroporto Internacional de Narita) pouco depois das 16 horas, pelo horário japonês, do dia 8 de julho. No aeroporto, o sorriso do presidente da Soka Gakkai, Kiyoshi Jujo, o aguardava. Essa viagem teve duração de 61 dias em que visitou oito lugares, desde a União Soviética, passando pela Europa e chegando à América do Norte, realizando uma jornada pela paz dando volta completa pelo hemisfério norte. Ao mesmo tempo em que promoveu encontros e diálogos em prol do intercâmbio pela paz e cultura com importantes autoridades e intelectuais de cada país, Shin’ichi se dedicou de corpo e alma para incentivar os membros desejando o avanço do kosen-rufu mundial. A começar pelo 1o Festival Cultural pela Paz Mundial, continuou incentivando os membros com força total em todas as atividades, tais como Conferência de Representantes da Europa, reuniões de diálogo e de estudo dos escritos de Nichiren Daishonin em cada país, convenções, reuniões de gongyo e intercâmbios. Shin’ichi Yamamoto também lutou com todas as suas forças para deixar uma diretriz eterna para o futuro. Sem desperdiçar um único momento sequer do seu tempo, em Paris, por exemplo, escreveu poema dedicado aos jovens da França dentro do metrô, durante a sua loco-moção. Foram dias de batalhas intensas e ininterruptas. Porém, para tornar o século 21 o “século da paz” e o “século da vida”, não havia alternativa a não ser avançar. Para criar o amanhecer de uma nova era, ele aguardou o momento e criou a época. Cada dia e cada instante eram de uma luta séria de vitória ou de derrota. Sem uma batalha de vida ou de morte, não há a verdadeira construção nem a glória. Graças a essa árdua batalha, por fim, o sino do alvorecer da época da canção triunfal começou a badalar altivamente. Agora, nos céus do leste começou a subir serenamente o sol do novo capítulo a abrir o amanhecer do kosen-rufu mundial. Fim do capítulo “Sino do Alvorecer” e do volume 30-I. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida

24/01/2024

Caderno Nova Revolução Humana

“O Buda observa a tudo”

PARTE 71 A revista Seikyo Graphic havia sido deixada por Ota no restaurante chinês para que a proprietária e os funcionários vissem a grandiosidade da Soka Gakkai. Uma das funcionárias disse a Shin’ichi: — Em relação ao presidente Yamamoto, já ouvimos bastante por intermédio da Sra. Ota, vimos sua foto na revista e o conhecemos muito bem. Fico feliz em conhecê-lo pessoalmente. Shin’ichi trocou aperto de mãos com todos e se despediu deixando o nome do hotel em que estava hospedado. Nesse dia, ao retornar da viagem, Ota se dirigiu ao restaurante chinês levando alguns presentes e soube que foi procurada por Shin’ichi e comitiva. Ela duvidou disso, pensando: “Não é possível que Yamamoto sensei, presidente da Soka Gakkai, tenha vindo me procurar, eu que sou uma desconhecida”. De toda forma, foi até o hotel onde a comitiva estava hospedada. Junto com sua esposa, Mineko, Shin’ichi a recebeu calorosamente. Então, Ota relatou que estava um pouco perdida, sem saber o que fazer, por ter sido pedida em casamento por um canadense. Shin’ichi a incentivou dizendo que a felicidade não era algo que se encontrava em algum lugar distante, mas sim dentro do próprio coração. A prática da fé era justamente para extrair essa felicidade. Ao se empenhar firmemente na fé, com certeza conquistaria a felicidade, sejam quais fossem as circunstâncias. — Portanto, mesmo que os sofrimentos sejam enormes, jamais deve abandonar a fé. Deve se empenhar na prática da fé até o final, com perseverança, com humildade e de forma concreta onde quer que esteja, em qualquer lugar do mundo. A felicidade se encontra no caminho do kosen-rufu. Alguns anos depois, Ota se casou com esse canadense e se mudou para o Canadá. E agora, Shin’ichi dialogava com Miki Carter, seu nome de casada, com seu esposo e com o filho dele, o administrador da pista de esqui. Shin’ichi se sentia muito feliz pelo fato de aquela senhora ter persistido na prática da fé com base nas orientações daquela ocasião. As sementes plantadas dezessete anos antes haviam desabrochado como flores no Canadá, após superar um período de ventanias e de nevascas. Ao continuar plantando as sementes chamadas “incentivo”, ampliam-se os jardins do kosen-rufu. PARTE 72 Shin’ichi disse a Miki Carter: — Por favor, daqui em diante, continue se empenhando na prática da fé, tal como a água corrente. A continuidade é a condição primordial para se atingir o estado de buda nesta existência. É por isso que Nichiren Daishonin afirma em seus escritos: “Aceitar é fácil; manter é difícil. Porém, para se atingir o estado de buda é necessário manter a fé”.1 Viva em prol da felicidade das pessoas, rumo ao ideal do kosen-rufu. Aí se encontra também a própria felicidade. A escritora canadense Lucy Maud Montgomery deixou registrado: “Por existir um ideal, a vida é grandiosa e maravilhosa”.2 No dia seguinte, 24 de junho, Shin’ichi visitou a sede regional de Toronto, localizada na King Street West, nessa cidade. Recitou gongyo com cerca de 150 representantes e orou pela boa saúde e felicidade de todos. Ele declarou: — Com convicção, esperança e coragem, gostaria que avançassem tendo como lema “jamais abandonar a fé, por toda a vida”. Na sequência, junto com os membros, ele visitou as cataratas do Niágara Vinte e um anos antes também, havia visitado esse local. Mas, observar a paisagem das quedas d’água produzindo um barulho estrondoso e uma enorme neblina era sempre algo majestoso. Ele admirou as cataratas por algum tempo e as registrou também em fotos. Na mente de Shin’ichi voltaram as lembranças daquele dia quando contemplou o arco-íris formado nas cataratas: “Águas volumosas correm de forma incessante e caem vigorosamente. É por essa razão que se cria uma neblina, e sob a luz do sol, forma-se o arco-íris. Da mesma maneira, no caminho do kosen-rufu, a vida das pessoas que continuam avançando diariamente de forma ininterrupta com volumoso espírito de luta em seu coração é dinâmica, e em seu topo resplandece sempre o arco-íris da esperança”. Analisando o arco-íris do kosen-rufu do Canadá que se desenvolveu a partir de uma única pessoa, Shin’ichi sentia profundamente que “ações são, em si, a alegria” e “ações são, em si, a esperança”. A comitiva visitou também a Casa de Laura Secord, considerada a heroína da independência canadense. Essa residência, que se tornou o palco da história, estava localizada a cerca de 15 quilômetros das cataratas do Niágara. PARTE 73 Em 1813, continuava a guerra entre os Estados Unidos e a Inglaterra devido ao domínio inglês sobre uma região da América do Norte (parte do Canadá). Queenston, onde ficava a residência de Laura Secord, também se tornou um local de sangrentas batalhas. O marido dela lutou como soldado inglês e acabou ferido. A Casa de Secord foi tomada pelo Exército americano e utilizada como hospedagem pelos oficiais. Certo dia, ela acabou ouvindo, casualmente, sobre um plano de invasão do Exército americano às bases inglesas. Se o plano fosse bem-sucedido, a península do Niágara cairia nas mãos do Exército americano. “Preciso transmitir essa informação ao Exército britânico!” Porém, a base do Exército britânico se localizava a mais de 30 quilômetros. Seu esposo ainda não havia se recuperado dos ferimentos. Então, Laura decide que iria pessoalmente levar tal comunicação. Ela caminhou desesperadamente pelos bosques onde nem havia trilhas. E ainda era território inimigo. Para uma mulher caminhar a pé sozinha, a intranquilidade e as dificuldades devem ter sido enormes. Graças à valiosa informação transmitida por ela, o Exército britânico se preparou plenamente contra a invasão e o Exército americano não conseguiu conquistar a vitória. Laura salvou o Exército britânico do perigo iminente por meio de uma ação ao custo da própria vida, mas por longo tempo suas contribuições não foram reconhecidas. Mesmo após a morte do marido, que havia se tornado uma pessoa com deficiência física na guerra, ela continuou sua luta contra as ondas bravias da sociedade. Laura Secord só recebeu atenção em 1860 quando o príncipe Albert Edward (posterior Edward VII) da Inglaterra visitou o Canadá. Na ocasião, o príncipe disse que primeiro ouviria sobre a árdua luta dela. Laura já estava com 85 anos. E, mesmo depois, até a sua morte aos 93 anos, sua vida simples continuou da mesma forma. A casa dela era um pequeno sobrado branco feito de madeira. Parece que fora restaurado em 1972, mas a lareira e a chaminé construídas em tijolos, como também a máquina de tear manual, faziam-nos sentir a vida simples do passado. Sentindo profunda emoção, Shin’ichi Yamamoto disse aos membros da comitiva: — Conclusivamente, o trabalho de uma única mulher protegeu o Exército britânico e o Canadá. Uma única pessoa é realmente importante. É como se diz: “Uma única pessoa que luta desesperadamente vence um exército”. PARTE 74 Ele disse à sua esposa, Mineko, que estava ao seu lado: — O modo de vida de Laura Secord se assemelha ao das integrantes da Divisão Feminina da Soka Gakkai, não é? Para salvar o Exército britânico, ela agiu bravamente. Havia forte convicção e coragem. E, mesmo tendo sido uma pessoa que prestou enorme contribuição, nunca demonstrou arrogância ou poder. Apoiou o esposo, e como mãe criou silenciosamente os filhos. É realmente o próprio modo de vida das componentes da Divisão Feminina. Concordando, Mineko respondeu com sorriso no rosto: — De fato. Por trás de um grande movimento da história, há muitos casos de esforço e dedicação da mulher. Porém, raramente essa situação é reconhecida. — Sim, eu também penso que seja exatamente assim. É por isso que, em todos os lugares que eu vá, tento procurar os heróis e as heroínas em meio às pessoas comuns do povo, como se utilizasse uma lanterna para iluminar as raízes de um capinzal. Shin’ichi disse, ainda, aos membros da comitiva: — São realmente muitas as pessoas que, mesmo anônimas, dedicam esforços pelo kosen-rufu com o sentimento de dar a vida em prol da paz e da felicidade das demais. É algo místico e maravilhoso. A cada dia, fortaleço a convicção de que a Soka Gakkai é onde se reuniram os budas e os bodisatvas da terra. Com o sentimento de focalizar e homenagear essas pessoas, mesmo por pouco, venho tomando ações tais como realizar plantio comemorativo com o nome dos companheiros meritórios de cada localidade e de gravar o nome dos membros em placas de bronze nos centros culturais. O líder não deve, jamais, avaliar as pessoas pelas suas funções na organização ou suas posições sociais. Deve, sim, verificar e discernir de vários ângulos, quem são as pessoas que mais empreenderam esforços pelo kosen-rufu, com suor e devoção. Em especial, deve se manifestar máximo respeito por aquelas de mérito dos bastidores, valorizando-as, admirando-as e anunciando-as a todos. Somente o profundo sentimento de gratidão com as pessoas que lutam arduamente nos bastidores traz o calor humano à organização. Quando isso deixar de acontecer, a organização se tornará fria e burocrática. PARTE 75 Mesmo que não sejam admirados ou homenageados, à luz do princípio de causa e efeito da vida chamado Lei budista, os esforços pelo kosen-rufu se tornam integralmente benefícios e boa sorte. O Buda observa a tudo. Esse é o princípio de “iluminar claramente o obscuro” (myo-no-shoran). Portanto, do ponto de vista da fé individual, é essencial que se lute exaustivamente, encarregando-se com coragem dos árduos esforços em prol do kosen-rufu, da Lei e dos companheiros, considerando-os como prática budista, e consciente de sua própria convicção, independentemente de as pessoas observarem ou não. Acima dessa premissa, o líder deve reconhecer e louvar o esforço de todos, e se preocupar em como homenageá-los para que os membros sintam alegria e se dediquem à prática da fé com boa disposição. A comitiva de Shin’ichi saiu para os jardins da Casa de Laura Secord onde prosseguiu a conversa. — A vitória do Exército britânico se deu graças à colaboração dedicada com a própria vida de uma senhora do povo chamada Laura. Da mesma forma, todo movimento só alcança o sucesso se houver simpatia, aprovação, apoio e colaboração das pessoas do povo. Na promoção do kosen-rufu também, é de suma importância valorizar sempre as pessoas à sua volta e a sociedade, e estender profundas raízes na comunidade local, prestando contribuição a ela. Portanto, pode-se dizer que a amizade e a atenção com a vizinhança no dia a dia e a contribuição para a comunidade local são condições indispensáveis para promover o kosen-rufu. Com atitude de se distanciar da sociedade e da comunidade local, não haverá, de forma alguma, o desenvolvimento do kosen-rufu. Além disso, ela criou seus filhos, cuidando do esposo que havia se ferido. Um ponto importante como ser humano é o modo de vida com pé no chão que não despreza a base fundamental da vida familiar. Essa é a força das pessoas do povo. Quando essas pessoas se levantam, pode-se mudar a sociedade pela raiz. Nosso movimento pelo kosen-rufu visa realizar isso de forma concreta em meio à própria realidade. Os protagonistas desse movimento são as integrantes da Divisão Feminina. Shin’ichi disse essas palavras dirigindo o olhar para Teruko Izumiya. Com brilho nos seus grandes olhos pretos, ela concordava com a fisionomia repleta de decisão. Com essa visita de Shin’ichi, o Canadá alçava voo rumo a uma nova etapa do kosen-rufu mundial. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 492, 2020.2. MONTGOMERY, L. M. Anne de Avonlea. Tradução: Yuko Matsumoto. Editora Shueisha. Ilustrações: Kenichiro Uchida

11/01/2024

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 17 (parte 1)

Permanecer fiel ao caminho de mestre e discípulo No dia de Ano Novo de 1973, durante uma reunião de líderes de divisão, Shin’ichi Yamamoto respondeu a uma pergunta de um líder da Divisão Masculina de Jovens sobre como deveriam abordar as atividades da Divisão dos Jovens na segunda fase do kosen-rufu, o pleno início de uma era em que a sociedade estaria de acordo com os princípios do budismo. Na reunião de líderes, Isamu Nomura, coordenador da Divisão Masculina de Jovens, perguntou a Shin’ichi: — Com o início do segundo capítulo do kosen-rufu, a Soka Gakkai instaurará um movimento multifacetado que se estenderá à sociedade. O que devemos ter em mente ao rumarmos para essa direção? (...) Shin’ichi afirmou sem hesitar: — Seguir o caminho de mestre e discípulo. A resposta de Shin’ichi não foi a que Nomura estava esperando. O rapaz pensara que, como a Soka Gakkai estava prestes a se firmar num movimento que abarcaria todas as esferas da sociedade, a primeira tarefa seria cultivar pessoas talentosas em vários campos. Percebendo o ar de perplexidade visível que atravessou por instantes o rosto de Nomura, Shin’ichi disse: — Você deve estar se perguntando o que a unicidade de mestre e discípulo tem a ver com isso, não é mesmo? É como a relação entre as forças centrífuga e centrípeta. A voz de Shin’ichi era branda, porém firme. — Incrementar um movimento que propague amplamente os ideais do budismo na sociedade é como a força centrífuga. Quanto mais intensa se tornar essa força centrífuga, mais importante será ter uma força centrípeta focada no budismo. E o ponto central desta força centrípeta é a unicidade de mestre e discípulo. Ele continuou: — Ultimamente, os integrantes da Divisão dos Jovens vêm expressando sua decisão de demonstrar suas habilidades na sociedade, e estão se tornando cada vez mais conscientes da importância da contribuição social. Isso é maravilhoso. Mas se vocês se esquecerem do objetivo fundamental e ficarem obcecados em obter prestígio e sucesso, provavelmente acabarão fazendo pouco caso do mundo da fé. E, se começarem a julgar as pessoas somente com base na posição social e menosprezarem as pessoas simples, terão anulado todo o propósito. O caminho de mestre e discípulo é crucial para que trilhemos o verdadeiro curso do humanismo e do budismo. Mas as pessoas hoje em dia tendem a considerar essa relação feudal e antiquada. Nomura assentiu, demonstrando ter compreendido. — Na realidade, essa é a fonte da infelicidade do mundo atual. Seja no campo acadêmico, na arte marcial ou em qualquer outra arte, quando se estuda e se busca dominá-la, necessita-se de um mestre, um guia. Um mestre é especialmente indispensável para se aprender sobre o budismo, que ensina o verdadeiro valor da vida e a maneira apropriada de viver. Não possuir um mestre nesse âmbito significa não ter um exemplo concreto de como viver como ser humano — acrescentou Shin’ichi. (Trechos do capítulo “Baluarte Central”) *** Pelo bem de minhas queridas estudantes Desde a inauguração da Escola Feminina Soka em 2 de abril de 1973, Shin’ichi visitou a instituição em várias ocasiões para incentivar as alunas. Daquele período em diante, embora estivesse ocupado com as visitas aos membros em outros países, em outubro de 1974, finalmente ele pôde regressar. Enquanto visitava as alunas que residiam no alojamento Tsukimi, o telefone tocou. — Alô, Alojamento Tsukimi. Meu nome é Shin’ichi Yamamoto, em que posso ser útil? — Como? Sr. Yamamoto? Era uma mãe ligando para a filha, que estava cursando o ensino fundamental 2. Ela ficou confusa por uma pessoa estranha atender ao telefone, mas, ao perceber que, como fundador da escola, era bastante provável que o Sr. Yamamoto estivesse no campus para participar do Festival da Esperança que se daria dali a dois dias, ela supôs que pudesse se tratar dele. — Oh! Sensei! Muito obrigada por tudo o que tem feito por minha filha! — agradeceu. Shin’ichi solicitou a um dos zeladores que chamasse a estudante para atender à ligação e, nesse ínterim, continuou conversando com a mãe: — Sei que deve se sentir solitária com sua filha longe, na escola, mas ela está se empenhando ao máximo. A Escola Feminina Soka está lhe proporcionando uma educação da mais alta categoria. Quando ela estiver com 40 ou 50 anos, os frutos deste excelente ambiente se tornarão evidentes. Por favor, fique sossegada e deixe por nossa conta. Shin’ichi quis tranquilizar aquela mãe. Quando nos sentimos confiantes, sentimo-nos revigorados e fortalecidos. Por isso, o trabalho de um líder consiste em tranquilizar as pessoas. (Trechos do capítulo “Esperança”) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 17

11/01/2024

Caderno Nova Revolução Humana

Convicção, esperança e coragem

PARTE 67 Para outubro desse ano estava prevista a visita de Shin’ichi Yamamoto ao Canadá durante a sua viagem de orientações para a América do Norte. Porém, logo antes da partida do aeroporto de Chicago, houve problemas técnicos e ele foi obrigado a suspender a viagem para o Canadá. Ao pensar nos companheiros que o aguardavam, sentiu uma dor no seu coração. Nessa ocasião, Shin’ichi enviou um poema waka à presidente do conselho orientador, Teruko Izumiya: Impossível esquecer, você se levantou nas terras do Canadá. Finalmente chegou o amanhecer do kosen-rufu. Além disso, convidou representantes do Canadá para o seu próximo destino em Los Angeles, e criou momentos para dialogar. Nesse grupo, encontrava-se junto com Teruko Izumiya o seu esposo, Hiroshi Izumiya. Era um cavalheiro educado de aparência gentil. Dizia ter a mesma idade de Shin’ichi. Com um forte aperto de mãos, Shin’ichi o felicitou do fundo do coração pela decisão de iniciar a prática budista, e tirou uma foto junto com ele. Nos olhos de Teruko, que observava a fisionomia do marido, brilhavam as lágrimas. Passados oito meses a partir de então, realizou-se a visita de Shin’ichi ao Canadá. E, desta vez, o casal Izumiya recebeu a comitiva no aeroporto de Toronto. Durante a sua estada em Toronto, Shin’ichi se empenhou para se movimentar junto com Hiroshi Izumiya. Seu desejo era que ele, que ocupava a função de diretor-geral do ponto de vista administrativo da entidade oficial do Canadá, aprendesse com sua vida o espírito de proteger os membros. E para Teruko, presidente do conselho orientador, que veio abrindo o caminho do kosen-rufu como líder central da organização, Shin’ichi disse: — Se não fosse o apoio do seu esposo, creio que não teríamos chegado até aqui. Foi graças a ele que a organização do Canadá se desenvolveu de forma tão grandiosa. Quando as pessoas alcançam sucesso em algo, tendem a pensar que foi graças à sua capacidade. Mas, por trás de algum sucesso, sempre existem esforços de muitas pessoas. Quando o indivíduo não se esquece desse ponto e consegue viver com humildade e sentimento de gratidão a todos é que se pode tornar um líder de contínuas vitórias. Em 22 de junho, segundo dia de visita ao Canadá, foi realizada a convenção comemorativa dos vinte anos do kosen-rufu do país, reunindo cerca de mil membros participantes em um grande salão de hotel na cidade de Toronto. Foi um encontro que marcou uma nova partida, repleta de esperanças, rumo ao novo século. PARTE 68 Nessa reunião, Shin’ichi manifestou a alegria de estar no Canadá depois de 21 anos, relatando algumas lembranças de sua primeira visita. Ele citou a importância de uma única pessoa se levantar. — “Zero” multiplicado por qualquer número, mesmo que enorme, é sempre “zero”. Mas se o fator multiplicador for “um”, inicia-se a partir daí um desenvolvimento ilimitado. A história do kosen-rufu do Canadá começou com o levantar resoluto da Sra. Izumiya, presidente do conselho orientador, e se desenvolveu de forma extraordinária, chegando hoje a reunir cerca de mil membros. Tudo se inicia a partir de uma única pessoa. Quando esse único indivíduo ensina e transmite o princípio da felicidade denominado “Lei Mística” para as pessoas, criando-as como leões que superam a si próprios, constrói uma fileira de “valores humanos”. Esse é o significado de “emergir da terra”.1 Tornar real cada passagem dos escritos de Nichiren Daishonin, como essa, é missão da nossa Soka Gakkai. E assim se pode ler o Gosho com a própria vida. Em seguida, Shin’ichi citou os encontros e diálogos realizados com autoridades governamentais e intelectuais da União Soviética e de cada país que visitou durante essa viagem. — Nesses encontros, continuei bradando que o mais importante para a humanidade é a paz. O budismo, que prega a igualdade de todas as pessoas como possuidoras do estado de buda, é o princípio filosófico que sustenta o respeito à dignidade da vida e é a base fundamental da ideologia da paz. Ao mesmo tempo, aí pulsa o espírito de tolerância e de compaixão com outras pessoas. Fundamentalmente, não há como essa ideologia deixar de confrontar os poderes que louvam a guerra, subordinam o povo e conduzem as pessoas à morte. Por essa razão, na época da Segunda Guerra Mundial, a Soka Gakkai sofreu opressão do governo militarista que promovia a guerra tendo como sustentação espiritual o xintoísmo do Estado. Não sou político nem diplomata, nem uma pessoa do mundo da economia. Entretanto, como cidadão comum e ser humano, continuo promovendo diálogos visando à concretização da paz tendo como base o budismo. Tenho a convicção de que o caminho certeiro para a paz se encontra no fortalecimento dos laços de solidariedade da amizade que ultrapassam as fronteiras entre nações, compartilhando o espírito do budismo que prega que os seres humanos são todos iguais e de incomparável dignidade com as pessoas dos mais variados países. PARTE 69 Quando as raízes são profundas e firmes, os ramos e as folhas se desenvolvem. O mesmo acontece com o movimento pela paz. Há muitas pessoas que desejam a paz e bradam por ela. Porém, um movimento sem uma filosofia que sirva como raiz é efêmero. O movimento pela paz da nossa Soka Gakkai possui como raiz uma grandiosa filosofia chamada budismo que elucida o respeito à vida. Do ponto de vista dos princípios do budismo, que considera cada ser humano como “Buda”, não é possível de forma nenhuma tirar das pessoas o direito à vida. Aos olhos do budismo, que prega a igualdade de todas as pessoas e sua incomparável dignidade, ultrapassando as fronteiras de ideologia, de etnia, de nação e de religião, não há discriminação nem desprezo por outros. E ainda, para o budismo, que ensina a compaixão, não há qualquer forma de exclusão de pessoas de quaisquer categorias. Shin’ichi estava fortemente convencido de que o ato de continuar plantando esse princípio de respeito à dignidade da vida, isto é, a semente da paz chamada “Lei Mística” no coração das pessoas, nada mais era que a ação prática do kosen-rufu. Essa era a própria base da paz mundial. Na sequência, ele disse que o objetivo da vida era a felicidade no verdadeiro sentido. Para tanto, era imprescindível solucionar a questão da “morte”. O Budismo de Nichiren Daishonin resolveu fundamentalmente essa grande questão e elucidou de forma clara os princípios de eternidade da vida e de causa e efeito. Ao se levantar embasado nesse budismo, pode-se estabelecer uma inabalável concepção de vida, fazendo surgir a capacidade e a sabedoria para superar as dificuldades e adversidades, e criar a condição de felicidade absoluta. Ao fazer desse dia uma nova partida rumo aos próximos vinte anos, Shin’ichi concluiu sua fala desejando que todos levassem uma vida plena de satisfação como uma bela e límpida família Soka. No final da convenção foi cantada a música favorita deles. Vinte componentes da Kotekitai subiram ao palco e iniciaram a apresentação. Os membros tinham vindo de Vancouver, de Calgary e de Montreal para participar do evento. A apresentação da Kotekitai com a participação de membros de todo o Canadá acontecia pela primeira vez. A líder desse grupo era Karen, a filha mais velha do casal Izumiya. Uma nova geração estava se criando. Todos os membros da plateia se levantaram e se entrelaçaram ombro a ombro. Uma grande onda formada pelas pessoas balançava de um lado para o outro. As vozes que cantavam a música expandiam alegremente como o som das marés. PARTE 70 No dia 23, pouco mais de mil membros se reuniram na cidade de Caledon, nas cercanias de Toronto, onde foi realizado radiantemente o intercâmbio cultural da amizade com o grupo vindo do Japão. O local ficava em uma colina envolta por árvores, e no inverno diz ser utilizado como pista de esqui. O verde dessa pista, sob o brilho dos raios solares, era deslumbrante. O intercâmbio foi promovido na forma de uma festa ao ar livre, e as pessoas participavam enquanto almoçavam. Enfim, descortinava o minifestival cultural com a atuação do coral dos meninos e das meninas do Canadá. O grupo de intercâmbio do Japão entoou as canções japonesas Atsutamura [Vila de Atsuta] e Konomichi-no-uta [A Canção dessa Estrada], uma música da região de Chubu. Foram apresentadas também danças ao ritmo de músicas como uma variante de Sakura [Cerejeira] e Takedabushi [Canção de Takeda]. Enquanto isso, os companheiros do Canadá apresentaram uma dança folclórica de Quebec, como também a canção Morigasaki Kaigan [Praia de Morigasaki], entoada por membros que eram músicos. As integrantes da Divisão Feminina cantaram a canção Kofu-ni-hashire [Corra pelo Kosen-rufu] em coro. Seguiram-se apresentações repletas de paixão e de emoção. Ao se levantar para os cumprimentos, Shin’ichi Yamamoto manifestou sua gratidão, dizendo: — Maravilhosos corais, apresentações de elevado teor artístico, o bailar sincero das danças e outras fizeram-me viver um momento de sonhos. Então, ele apresentou uma proposta de construir o Centro Cultural do Canadá e expressou sua expectativa de que aqueles mil membros se tornassem o sol e, contribuindo para o bem da comunidade local, abrissem um vasto futuro do kosen-rufu do Canadá. Naquele dia, tanto antes como depois do minifestival cultural, ele conversou com muitos membros e os encorajou. Agradeceu também ao administrador da pista de esqui que havia oferecido o local para a realização da atividade. O ato de manter diálogo amplia a relação com o budismo. A madrasta desse administrador era membro da organização. Ela era integrante da Divisão Feminina a quem Shin’ichi havia incentivado por ocasião de sua visita a Teerã, Irã, em 1964. Naquela ocasião, Shin’ichi e comitiva procuraram por uma senhora, membro da Soka Gakkai, chamada Miki Ota, administradora de um restaurante chinês. Porém, de acordo com a proprietária do estabelecimento, ela já havia deixado o trabalho por ter encerrado o contrato e naquele momento estava viajando. Foi quando uma funcionária iraniana, ao ver Shin’ichi, se espantou e trouxe um álbum de fotos dos fundos do restaurante. Era a revista Seikyo Graphic. Ela abriu algumas páginas e encontrou uma foto de Shin’ichi. Então, com sorriso no rosto, apontou para a foto, e admirada, disse: Mister Yamamoto!. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Nota: 1. Cf. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 404, 2020. Ilustrações: Kenichiro Uchida

14/12/2023

Aprender com a Nova Revolução Humana

Viver com o Gosho: volume 16 (parte 3)

Cada elemento — a cerejeira, a ameixeira, o pessegueiro, o damasqueiro — em sua própria entidade, sem sofrer qualquer mudança, possui os três corpos eternamente dotados [do Buda] (...) Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente1 Fazer brilhar o nosso melhor Em 2 de janeiro de 1972, antes da primeira reunião geral de vários grupos universitários formados em diversas universidades do Japão, Shin’ichi Yamamoto falou com um grupo de membros estudantes e encorajou um jovem em particular. — Não posso deixar de notar que, embora pareça ter uma índole gentil, também é um pouco medroso. Estou enganado? — É verdade — respondeu Yamaguchi em voz baixa. — A menos que evidenciemos os melhores aspectos de nosso caráter e tendências interiores, esses fatores muitas vezes podem se transformar em causas de infelicidade. Podemos considerar nossa personalidade como uma manifestação de nosso carma, que pode determinar nosso estado mental e felicidade na vida — observou, então, Shin’ichi. As palavras de Shin’ichi prenderam a atenção dos jovens. Eles ouviam com grande interesse enquanto ele prosseguia. — As pessoas possuem diferentes traços de caráter e de personalidade. Algumas possuem uma natureza vulnerável e são facilmente influenciadas pelos outros, ao passo que outras se enraivecem rapidamente. Umas sempre se depreciam, enquanto outras ficam amuadas o tempo todo. E algumas criticam e reclamam constantemente. Falando de modo geral, muitos fatores contribuem para a formação de nossa personalidade — genética e características herdadas, bem como ambiente familiar e outras experiências ao longo de nosso crescimento. Tudo isso, no entanto, tem forte ligação com o nosso carma; ou seja, o acúmulo de nossos atos, palavras e pensamentos no decorrer de existências prévias. Como resultado, alguns têm o infortúnio de possuir um tipo de personalidade que atrai apenas fracasso e ruína para a própria vida. (Trechos do capítulo “Coração e Alma”) Por exemplo, a jornada de Kamakura a Kyoto leva doze dias. Se viajar onze dias e parar quando estiver faltando apenas um dia, como poderá admirar a Lua sobre a capital? Carta para Niike2 Buscando o kosen-rufu ao longo da nossa vida Em janeiro de 1972, Shin’ichi visitou Koza (parte da atual cidade de Okinawa). Durante a sua visita, ele participou de uma sessão de fotos comemorativas e incentivou os membros. Ele compartilhou as seguintes palavras com uma integrante idosa da Divisão Feminina. Não há formatura nem aposentadoria da fé. De fato, viver significa continuar lutando. Entrar em contato com os mais idosos de Okinawa, que realizavam firmemente a prática da fé apesar da idade avançada, fizera o espírito de luta de Shin’ichi arder ainda mais. — As pessoas de mais idade possuem grande força. A enorme experiência de vida delas fornece-lhes uma sabedoria fundamental em relação à vida. Elas também têm uma extensa rede de amigos e conhecidos. Quando essas pessoas realizam esforços diligentes em prol do kosen-rufu, conseguem demonstrar muitas vezes a capacidade dos jovens — prosseguiu falando à mulher diante dele. — Avancemos juntos com a determinação de compartilhar o budismo com todos que conhecemos. (...) Em outras palavras, para atingir o estado de buda nesta existência, devemos trilhar o caminho da fé sem parar, até o último momento. Nascemos neste mundo como bodisatvas da terra que trabalham pelo kosen-rufu, pela felicidade do próximo e pela prosperidade da sociedade, por toda a vida. (Trechos do capítulo “Coração e Alma”) (Traduzido a partir da edição do jornal diário da Soka Gakkai, Seikyo Shimbun, 12 de fevereiro de 2020.) Assista Veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 16 Notas: 1. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, 2004, p. 200. (Cf. Terceira Civilização, ed. 488, abr. 2009, p. 21.) 2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 294, 2017. Ilustração: Kenichiro Uchida

14/12/2023

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 16 (parte 2)

Prevendo o reconhecimento global Em maio de 1972, Shin’ichi respondeu ao pedido do historiador britânico Arnold J. Toynbee para que fosse visitá-lo em sua casa em Londres com o intuito de iniciar um diálogo que abrangeria diversos tópicos. Ele visitou Toynbee em sua residência mais uma vez no mês de maio seguinte e, no último dia de sua estada, pediu ao estudioso algum conselho pessoal que pudesse lhe oferecer. O Dr. Toynbee fixou o olhar em Shin’ichi e respondeu com suavidade que sentia ser um tanto quanto impertinente da parte dele, um acadêmico, oferecer conselhos a Shin’ichi, uma pessoa de ação e líder de uma organização budista de tamanho vulto. Shin’ichi sentiu-se constrangido por tão grande consideração e tocado pela modéstia de Toynbee. O historiador então acrescentou que havia algo que ele presumia poder afirmar, ou seja, que ele e Shin’ichi pareciam concordar sobre o tipo de vida que um ser humano deveria viver. O caminho do meio defendido por Shin’ichi, avaliou ele, era com certeza o melhor curso a ser seguido. Cada palavra emitida por Toynbee era carregada de significado, e Shin’ichi tinha a impressão de que o estudioso estava passando o bastão a ele, pedindo-lhe que prosseguisse em seu lugar. Deste modo, o diálogo histórico chegara ao fim. — Muito obrigado, Dr. Toynbee. Minha sincera gratidão. Podemos tirar uma fotografia para comemorarmos este ensejo? — propôs Shin’ichi. Toynbee concordou e o fotógrafo, que estava de prontidão, clicou várias fotos. Enquanto tomavam o chá servido pela Sra. Toynbee, Shin’ichi disse ao historiador: — Sinto-me como se hoje fosse minha formatura na Universidade Toynbee. Quando o intérprete traduziu o comentário de Shin’ichi, Toynbee soltou uma cordial gargalhada. — Como aluno seu, que nota me daria? — interpelou Shin’ichi. Com um sorriso, o Dr. Toynbee disse que daria a Shin’ichi um A. Dando continuidade, especificou que a letra A derivava do desenho da cabeça de um boi, com os chifres voltados para baixo. Acrescentando que a letra expressava poder, força de vontade e determinação, o Dr. Toynbee alegou que ela possuía um enorme significado. (Trechos do capítulo “Diálogo”) Ansiando com esperança para o futuro Em julho de 1972, o Japão foi atingido por chuvas torrenciais, resultando em perda generalizada de vidas e muitos danos materiais. Uma sessão de fotos comemorativa que Shin’ichi havia planejado participar na província de Akita precisou ser cancelada, mas, mesmo assim, em 11 de julho, foi até lá para incentivar os membros locais em apoio aos esforços de socorro que ele próprio havia iniciado. — Lamento muito saber que aqueles que foram atingidos pela enchente. Estendo-lhes minhas mais sinceras condolências. O importante é o que farão de agora em diante. Ficarão desencorajados e se permitirão cair no desespero? Ou irão considerar esta situação uma oportunidade para mostrar a prova real da fé e se levantar novamente com coragem, determinados a não se dar por vencidos? A determinação interior é que define a nossa felicidade ou infelicidade. Shin’ichi prosseguiu falando enfaticamente: — No decorrer da vida, estamos fadados a nos deparar com todos os tipos de adversidades, não somente desastres naturais, mas acontecimentos como falência, desemprego, doença, acidentes e a morte de entes queridos. Nenhuma vida é totalmente tranquila. Na realidade, ela consiste numa infindável série de provações e tribulações, e não seria exagero afirmar que, de fato, vida é enfrentar dificuldades. A questão, então, se refere a “como não nos deixar vencer por essas provações e adornar nossa vida com vitórias?” O budismo ensina o conceito da “transformação de veneno em remédio”. Segundo esse princípio, podemos transformar até mesmo as piores circunstâncias em benefício e felicidade, por meio da fé. Precisamos ter inteira convicção nisto. De outro ponto de vista, esse princípio está dizendo que, para se obter o remédio do estado de buda, da felicidade absoluta, temos de triunfar sobre o veneno do sofrimento. Em outras palavras, o sofrimento é a semente que possibilita que a flor da felicidade desabroche. Como tal, não devemos temer as adversidades. Em vez disso, devemos enfrentá-las com coragem. Somos todos bodisatvas da terra, que possuem a condição vital do estado de buda e que surgimos neste mundo para conduzir as pessoas dos Últimos Dias da Lei à iluminação. Nunca ficaremos num beco sem saída. A infelicidade não é causada por circunstâncias adversas. Ela é causada pelo nosso próprio desespero e negatividade. (Trechos do capítulo “Esvoejar”) (Traduzido da edição de 12 de fevereiro de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal da Soka Gakkai.) Assista veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 16 Ilustração: Kenichiro Uchida

07/12/2023

Caderno Nova Revolução Humana

Despertando para a sua missão de bodisatva

PARTE 63 Partindo de Nova York, Shin’ichi Yamamoto chegou ao aeroporto internacional de Toronto (posterior aeroporto internacional Pearson de Toronto), no Canadá, pouco depois de 16 horas (horário local) do dia 21 de junho. No aeroporto, tendo à frente o diretor-geral do Canadá, Lou Hiroshi Izumiya, e sua esposa, a presidente do conselho de orientadores, Eli Teruko Izumiya, um grande número de membros recepcionou a comitiva com um buquê de flores e bandeiras do Canadá. A ida de Shin’ichi ao Canadá ocorria 21 anos depois de outubro de 1960, ocasião em que ele visitou Toronto durante a sua primeira viagem ao exterior. Relembrando aquela vez, a única pessoa que recebeu a comitiva no aeroporto foi Teruko Izumiya, que ainda não era convertida. Em março daquele ano, Teruko Izumiya havia se casado com um canadense, descendente de japoneses de segunda geração, Hiroshi Izumiya, que trabalhava em uma empresa comercial. E, em abril, ela se mudou para o Canadá. Na manhã do dia em que Shin’ichi desembarcaria nesse país, ela recebeu uma carta aérea de sua mãe, que era membro da Soka Gakkai no Japão. Nela constava sobre a visita do presidente Yamamoto ao país e pedia para que ela recebesse sem falta a comitiva no aeroporto. A princípio, ela ficou na dúvida se deveria ir, pois não se sentia muito bem devido à gravidez. Além disso, tinha receio de que fizessem shakubuku nela. A mãe relatava-lhe sobre benefícios da prática, mas ela os sentia como superstição e algo antiquado. Assim, tinha certa resistência à prática budista. Ao mesmo tempo, sentia que se não fosse ao aeroporto seria ingrata com a mãe, desprezando a vontade dela. E assim, resolveu dirigir-se até lá. Shin’ichi expressou profunda gratidão por ela tê-los recebido e conversou sobre a situação do seu lar, entre outros assuntos. Falou sobre o porquê da importância da prática religiosa na existência de uma pessoa, explicando que o budismo era a lei da vida. Um ano e sete meses depois, ela que tinha saúde frágil decidiu por si só iniciar a prática budista, desejando ser saudável. Não queria causar preocupações ao marido por causa da saúde e tinha o sentimento de tranquilizar a mãe com a sua conversão. Quando a semente da Lei Mística é plantada no coração, no momento propício, com certeza ela acaba germinando. O importante é criar nas pessoas do seu convívio a relação com o Buda, plantando a semente. PARTE 64 A pintora e escritora canadense Emily Carr manifesta sua disposição: “Eu me levanto só” e “Com minhas próprias pernas, resolutamente”.1 Ao iniciar a prática budista, Teruko Izumiya começou a realizar reuniões sozinha. Com base no jornal Seikyo Shimbun que recebia do Japão, ela promovia diálogos sobre o budismo com as pessoas que conhecera, visitando-as. Para participar de atividades da organização, era precioso viajar longas distâncias de ônibus ou de avião, ultrapassando as fronteiras entre países, chegando a cidades como Buffalo e Nova York, Estados Unidos. O marido apoiava a prática dela, muitas vezes conduzindo-a de carro nas viagens. Porém, ele não queria praticar o budismo. Hiroshi Izumiya, seu esposo, nascera em 1928, nas ilhas Vancouver, Canadá. Seu pai, originário da província de Wakayama, havia se mudado para o Canadá onde vivia com a família como pescador. Em 1941, com o início da Guerra do Pacífico, o Japão se tornou um país inimigo do Canadá, que era colônia da Inglaterra. No ano seguinte, os japoneses foram presos em um campo de detenção localizado nas Montanhas Rochosas do Canadá. Na época do rigoroso inverno, a temperatura chegava a menos de 20 graus Celsius negativos. Alguns jovens japoneses chegaram a manifestar aspiração em pertencer ao Exército canadense como forma de demonstrar lealdade a esse país. Esses foram considerados traidores, e entre os próprios japoneses começaram a existir rusgas, rompendo a fraternidade entre eles. A guerra chegava ao fim. Porém, os japoneses não possuíam mais casas para as quais retornar. Assim, eles foram forçados a decidir entre a volta ao Japão e a mudança para o lado leste. O pai de Hiroshi já passava dos 70 anos e possuía o sentimento de encerrar a vida no Japão. Dessa forma, a família retornou para a província de Wakayama, terra natal do seu pai. Mais tarde, Hiroshi mudou-se para Tóquio. Ele decidiu pela continuidade do curso superior e passou a se dedicar aos estudos trabalhando no comércio localizado em uma base das forças de ocupação. Esforçou-se em estudar a língua japonesa que não era tão familiar para ele e, por fim, conseguiu ser aprovado para prosseguir com seus estudos no curso de economia da Universidade Keio. Após a formatura, passou a trabalhar em um banco de capital estrangeiro, porém começou a cultivar o desejo de voltar para o Canadá e trabalhar ajudando a estreitar as pontes da amizade com o Japão. Assim, ele foi trabalhar em uma empresa japonesa com filial em Toronto. As pessoas que sofreram com a guerra possuem a missão de viver pelo bem da paz. PARTE 65 Em 1960, a empresa onde Hiroshi Izumiya trabalhava estabeleceu-se como entidade jurídica oficial no Canadá. Naquele ano, ele se casou com Teruko, a qual conheceu no Japão. Na primavera do mesmo ano, ela se mudou para o Canadá, e quando da primeira visita de Shin’ichi Yamamoto àquele país, recebeu a comitiva no aeroporto de Toronto. Teruko, que se converteu ao budismo algum tempo depois, passou a manifestar o sentimento de viver em prol do kosen-rufu do Canadá. Embora o esposo a apoiasse nas atividades da organização, o fato de ele não praticar o budismo era uma preocupação para ela. Em outono de 1964, ela foi ao Japão e visitou a sede da Soka Gakkai em busca de Shin’ichi, levando uma adorável menina pelas mãos chamada Karen. Era a filha que quatro anos antes o recebeu em Toronto ainda na barriga da mãe. Certamente, para Teruko, que começou a praticar o budismo no Canadá, havia muitos sofrimentos e tristezas. Com lágrimas nos olhos, ela começou a falar. Meneando a cabeça diversas vezes ao ouvi-la, Shin’ichi disse-lhe então com uma voz firme: — O dia a dia deve estar repleto de coisas difíceis. Mas à luz dos sutras e dos escritos de Nichiren Daishonin, a senhora se encontra nas terras do Canadá, como bodisatva da terra, por ter feito por si mesma seu juramento seigan no remoto passado de promover o kosen-rufu. Despertando para essa missão de bodisatva da terra, deve decidir que vai cumpri-la até o fim. Tenha a convicção de que esta é a existência mais nobre e aí se encontra a suprema alegria e plenitude, como também a mais elevada felicidade. As pessoas possuem os mais variados destinos. A vida é um período em que não se sabe o que acontecerá. E mesmo as pessoas que pareçam ser as mais afortunadas não conseguem solucionar a questão do envelhecimento, da doença e da morte, e guardam no coração a intranquilidade e os sofrimentos. Nós estamos trabalhando em prol de um empreendimento sagrado, sem precedentes, que nunca ninguém conseguiu realizar, de ensinar sobre como estabelecer o caminho da inabalável felicidade absoluta na vida e promover a transformação do destino da sociedade, do país e da humanidade. Pensando dessa forma, não é natural que surjam muitas dificuldades e sofrimentos? A ilusão acovarda as pessoas. Deve estabelecer claramente sua decisão no fundo do coração. Quando fizer isso, nascerá uma coragem e uma força ilimitadas. PARTE 66 Quando a decisão é firmemente estabelecida no coração, cria-se um eixo do modo de viver. Essa única pessoa se torna o eixo da organização e inicia-se o giro da engrenagem do kosen-rufu. Shin’ichi disse ainda para Teruko Izumiya a respeito do marido dela: — Não deve falar ao seu esposo como se quisesse lhe impor a fé. Como boa esposa, deve edificar um lar feliz. O que demonstrará a grandiosidade da prática da fé será seu comportamento e seu modo de vida como esposa e como ser humano. Se continuar a se relacionar com seu marido de forma sábia e sincera, desejando a harmonia familiar, com certeza chegará o dia em que ele praticará o budismo. Teruko Izumiya aceitou essa orientação com todo o seu ser. Ela se naturalizou canadense e decidiu que dedicaria a vida ao Canadá e enterraria seus ossos na grandiosa terra das folhas avermelhadas e das flores humanas. Mesmo nos momentos mais tristes e sofridos, ela jamais se lamentou ao esposo. Aceitando tudo para si mesma, nos momentos de sofrimento, apenas recitava devotadamente daimoku ao Gohonzon. Como esposa, protegeu a família, e como mãe, criou seus três filhos. Sempre radiante, desbravou o caminho do kosen-rufu do Canadá com todo o vigor. O círculo da propagação do budismo também se expandiu concretamente. O marido de Teruko, Hiroshi, resolveu se converter em março de 1980. Ela lhe disse pacientemente até tarde da noite: “Quero ser feliz junto com você, empenhando-nos na prática do budismo”. Era justamente a época em que ele havia perdido duas irmãs mais velhas que tanto amava seguidamente por causa de uma doença. Defrontava-se assim com a difícil questão chamada destino da vida. Recordava-se, também, de sua vida no campo de prisioneiros na infância devido à guerra. Quando se defronta com situações absurdas que parecem ser difíceis de serem superadas pelas próprias forças, as pessoas as classificam como “destino” ou como “fatalidade” causadas por seres transcendentais. O budismo investiga as causas desses acontecimentos por meio da lei de causa e efeito na vida, e elucida o caminho da transformação. Dezoito anos depois de sua esposa, ele decidiu trilhar o caminho da Soka Gakkai. Nessa noite, pela primeira vez, o casal recitou junto o gongyo. Do lado de fora caía uma forte neve. Na sala, dentro de casa, reinava alegria e lágrimas quentes escorriam pelo rosto de Teruko. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Nota: 1. BRAID, Kate. No ni Sumu Tamashii no Gaka Emily Carr [Emily Carr, a Artista cuja Alma Vive nos Campos]. Tradução: Masae Ueno. Editora Shunju sha. Ilustrações: Kenichiro Uchida

07/12/2023

Rede da Felicidade

Sempre ao lado do mestre

Nesta edição, Brasil Seikyo encerra a publicação da série Rede da Felicidade e agradece a todos que a acompanharam, especialmente os coordenadores de periódicos (CP), que se empenharam nestes últimos três anos para a realização dos encontros de estudo. Doravante, os CP poderão continuar suas atividades utilizando como base as matérias do mês do novo encarte do BS, Guia para a Vitória, a partir de janeiro de 2024. Nestes trechos do romance Nova Revolução Humana, de autoria do presidente Ikeda, Shin'ichi Yamamoto [pseudônimo do autor no romance] incentiva jovens da Soka Gakkai dos Estados Unidos sobre a relação de mestre e discípulo. DR. DAISAKU IKEDA O dia estava glorioso. O mar cintilava à luz do sol e soprava uma brisa refrescante. Olhando para o céu azul, Shin’ichi disse para Mineko: — Tenho certeza de que Toda sensei estaria muito feliz. Era 2 de abril de 1974. Por volta das 14 horas, Shin’ichi participou de uma cerimônia lembrando o 16o aniversário de falecimento do seu mestre, Josei Toda, no prédio da sede da Soka Gakkai da América em Santa Mônica, Califórnia. Essa era a primeira vez que esse tipo de cerimônia em tributo ao presidente Josei Toda era celebrado no exterior. Apesar de desejar ardentemente concretizar o kosen-rufu em toda a Ásia e no restante do mundo, ele morreu sem jamais sair do Japão. Portanto, Shin’ichi sentia imensa satisfação por conduzir uma cerimônia em memória do seu mestre nos Estados Unidos. A relação de mestre e discípulo é a base do budismo. Se compreendermos de fato o caminho de mestre e discípulo, seremos capazes de realizar infalivelmente nossa revolução humana, atingir o estado de buda nesta existência e abrir o caminho para o futuro eterno do kosen-rufu. Portanto, Nichiren Daishonin afirma: “Se mestre e discípulo tiverem propósitos diferentes, não conseguirão realizar nada”.1 Shin’ichi estava preocupado em encontrar uma maneira de exprimir a noção de mestre e discípulo e transmitir esse espírito aos membros americanos, muitos dos quais procediam de contextos culturais diferentes do Japão e de outras partes da Ásia. (...) A cerimônia pelo 16o aniversário da morte de Josei Toda celebrada no prédio da sede da Soka Gakkai da América também representou uma ocasião para se oferecer orações em memória dos antepassados dos membros e dos falecidos que dedicaram a vida ao kosen-rufu. Shin’ichi Yamamoto liderou a todos na solene recitação do sutra. (...) Durante a leitura do sutra e recitação do Nam-myoho-renge-kyo, ele e os demais participantes ofereceram incenso em memória dos falecidos. Na sequência, um líder da organização americana proferiu palavras de cumprimento, e depois foi a vez de Shin’ichi falar. Expressando sua alegria pela realização daquela cerimônia em memória do seu mestre nos Estados Unidos, Shin’ichi relembrou fatos sobre Josei Toda: — Esteja eu onde estiver, a orientação de Toda sensei, seu espírito de leão, nunca sai da minha mente, nem por um instante sequer. E ao me empenhar para realizar o kosen-rufu de acordo com a visão dele, qual seja a situação, pergunto-me constantemente o que ele faria. Shin’ichi desejava transmitir aos membros que o mestre é o exemplo a se seguir na vida e que o caminho de mestre e discípulo é o caminho da realização do kosen-rufu. Prosseguindo, ressaltou: — Estou certo de que vocês, que nunca se encontraram com Toda sensei gostariam de saber mais a respeito dele. No passado, houve alguns que, apesar de terem se encontrado com ele diversas vezes e recebido orientação e incentivos dele pessoalmente, não foram capazes de se dedicar ao kosen-rufu com total devoção e sinceridade e acabaram abandonando a fé. Conhecer de fato Toda sensei significa aprendermos de que maneira ele punha em prática sua fé no Budismo Nichiren e nós próprios fazermos o mesmo. Toda sensei vive no coração daqueles que agem assim. A essência de sua vida se reflete naqueles que ativamente dedicam a vida a lutar pela paz e pela concretização do kosen-rufu. Como discípulos do grande líder do kosen-rufu, Josei Toda, firmemos o juramento de assinalar este 2 de abril como o dia de profundo e significativo avanço em nossa vida, em nossa fé e em nosso movimento pelo kosen-rufu. O Sutra do Lótus afirma: “As pessoas que ouviram a Lei / habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, / e constantemente renasceram em companhia de seus mestres”2.3 Aqueles que assumem para si o espírito do mestre e se dedicam de corpo e alma pelo kosen-rufu estão sempre perto do seu mestre. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Fonte: IKEDA, Daisaku. Luz do Sol. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 19, p. 169-172, 2019. Notas: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. I, p. 909. 2. The Lotus Sutra and its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 178. 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 5, 2017.

24/11/2023

Caderno Nova Revolução Humana

Semear a esperança

PARTE 61 Por volta das 16 horas, quando Shin’ichi deixava a Casa de Whitman, realizava-se num auditório de uma escola do ensino médio, localizada na cidade de Nova York, um intercâmbio da amizade entre Japão e Estados Unidos pelos membros americanos junto com os do grupo de intercâmbio vindo do Japão. O coral de Nova York entoava as canções Sukiyaki [Olhando para o Céu] e Morigasaki Kaigan [Praia de Morigasaki], em japonês. Também foram apresentados balé e dança, enquanto o grupo de intercâmbio do Japão correspondia com músicas folclóricas de diversas regiões e com dança típica japonesa. Foram momentos de intercâmbio cultural para tranquilizar o coração de todos. Além disso, foi anunciado o poema de Shin’ichi Dedico aos Meus Amados Jovens Emergidos da Terra da América. A voz do jovem que o lia em inglês ressoava pelo ambiente: No mundo enfermo do dia de hoje, o continente americano, também, balançará da mesma forma e cairá enfermo? América, sempre a terra da aspiração de todo o mundo, refrescante e símbolo da liberdade e da democracia. No poema, Shin’ichi afirmava que os jovens que abraçaram a Lei Mística possuíam a missão de revitalizar a América e o mundo. Recitando altivamente a Lei Mística, e, cravando os pés no grande solo da sociedade, estendendo as raízes, fazendo desabrochar as flores, pelo bem daquela pessoa, pelo bem dessa pessoa, pelo bem da pessoa daquela cidade, pelo bem daqueles amigos longínquos, devem continuar transmitindo, apressando-se em dialogar. Declarou também que a América, formada por pessoas dos mais variados tipos, é o mundo em miniatura. Nessa fusão e solidariedade de diferentes etnias se encontrava o diagrama da paz mundial. A paz da humanidade não é algo que se encontra em local longínquo. Ela se inicia a partir do comportamento de si próprio em conseguir superar a visão distorcida, a discriminação, o ódio e a hostilidade e confiar e respeitar as pessoas à sua volta. PARTE 62 Shin’ichi clamou: Mesmo que haja diferenças de opinião, vocês que avançam sem se esquecerem do único ponto, do objetivo certeiro! Hoje também, estudem. Hoje também, movimentem-se. Hoje também, trabalhem. E, hoje também, avancem um passo cheio de significado. Amanhã também, avancem um passo radiante. Fundindo-se diariamente com a mais nobre Lei Mística, Tal como a flor de lótus que floresce em meio ao pântano da sociedade, subam a ladeira limpando o suor que escorre, rumo à nobre perfeição de si mesmo. Prática da fé é não temer a nada. É não ser influenciado por nada. É a força para superar tudo. É a fonte para solucionar tudo. É o motor para a mais prazerosa jornada da vida para superar vitoriosamente tudo. Shin’ichi queria transmitir a todos que a construção da nova era chamada de kosen-rufu só poderia ser realizada por meio do acúmulo do avanço concreto, dia após dia, um passo após o outro. Essa luta se inicia a partir do domínio sobre si mesmo, isto é, a batalha da revolução humana. Concluiu o poema declarando que ele confiava aos jovens o bastão da sucessão. Eu confiei a vocês todas as ações em prol do kosen-rufu, pois acredito em todos os herdeiros. Devem caminhar, agora, por todos os cantos do mundo. Eu acredito em vocês, na criação de um grande caminho a partir de uma pequena estrada. Por isso, eu sou prazerosamente feliz. O local foi envolto por uma grande salva de palmas. Os jovens dos Estados Unidos se levantaram gravando essas palavras no fundo da alma. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

22/11/2023

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 16 (parte 1)

As dificuldades na juventude se tornam nossos maiores tesouros na vida Ao longo do ano 1972, “Ano da Comunidade” da Soka Gakkai, Shin’ichi Yamamoto visitou diversas regiões do Japão e tirou muitas fotos comemorativas com os líderes das localidades. Em janeiro, durante um diálogo com líderes de Shinjuku, em Tóquio, Shin’ichi incentivou cada líder, especialmente os membros da Divisão Masculina de Jovens, os quais estavam lutando com dificuldades no caminho da juventude. Uma das decisões que tomei na juventude foi que, tendo resolvido dedicar a vida ao kosen-rufu, jamais me queixaria disso, não importando o que acontecesse. Ideias construtivas são importantes, mas reclamações e lamúrias não levam a lugar algum. Quanto mais damos voz a nossos pensamentos negativos, pior nos sentimos e mais perdemos a vontade de agir. Além disso, reclamar é como alardear que somos deploráveis, fracos e incapazes e deprecia nosso valor e caráter. As lamúrias também desanimam as pessoas ao nosso redor, enfraquecendo o entusiasmo e a energia delas para avançar. Portanto, apaga nosso benefício e boa sorte. Daishonin afirma que quando as dificuldades surgem “O sábio se alegra, ao passo que o tolo recua”.1 Enfrentemos tudo o que surgir à nossa frente com compostura e empreendamos ações vigorosas e audazes. (...) Encontrando-se diante dos membros da Divisão dos Jovens, a quem considerava tesouros da Soka Gakkai, Shin’ichi não podia deixar de encorajá-los de todo o coração: — Talvez alguns de vocês morem em um apartamento que não receba luz solar ou em um quarto minúsculo e apertado. O mesmo ocorreu comigo quando era jovem, particularmente durante a época em que os negócios do presidente Josei Toda estavam afundando e a Soka Gakkai corria o risco de se desintegrar. Eu voltava para casa totalmente exausto, mas o lugar era gelado e não havia nada para comer. Não tinha nem uma xícara de chá para me aquecer. Contudo, lutava com ímpeto e bravura ao lado do presidente Josei Toda. Esforçava-me até o limite de minhas forças todos os dias, trabalhando e lutando tão arduamente que, às vezes, sentia vontade de chorar de agonia. Mas prosseguia, dia após dia, com resoluto desejo de vencer e criar uma sólida série de vitórias. Essas adversidades se tornaram o maior patrimônio de minha vida. (...) Ter metas futuras mantém o sol da esperança ardendo em nosso coração. Contanto que tenhamos esperança, jamais nos veremos desencorajados ou num impasse. (Trechos do capítulo “Coração e Alma”) Estabelecendo um estado interior de suprema felicidade No fim de janeiro, Shin’ichi visitou a região de Okinawa, onde participou de uma sessão de fotos comemorativas no local em que seria construído o Centro Cultural de Nago. A atividade foi seguida por apresentações musicais, incluindo um recital de koto2 tocado por Katsuyo Naka, uma jovem que havia perdido a visão e que Shin’ichi a incentivara três anos antes. Quando Katsuyo encontrou-se com Shin’ichi, ainda estava lutando contra a dor e tristeza da perda que sofrera. Ela nunca se esquecera do que Shin’ichi lhe dissera naquela oportunidade: — Asseguro-lhe que, se perseverar com fé até o fim, você se tornará infalivelmente feliz. Algumas pessoas, ao vivenciar uma série de acontecimentos infelizes, decidem que são desafortunadas e incapazes, e apagam a chama da esperança em seu coração. Mas essa atitude em si compõe uma fonte de miséria. Ser incapaz de enxergar não significa ter uma vida infeliz. Abra os “olhos” da fé, os “olhos” do coração e viva de forma vigorosa e positiva. Se conseguir agir assim, levará esperança e coragem a um número incontável de pessoas. Por favor, torne-se um farol para muitas e muitas pessoas. Ao escutar essas palavras, Katsuyo sentiu o sol da esperança surgir em seu coração. Desde que havia ingressado na Soka Gakkai, vinha se empenhando com seriedade na fé, desejando transformar seu carma. O incentivo de Shin’ichi a ajudara a perceber que sua cegueira, na verdade, havia possibilitado que cumprisse sua nobre missão na vida. À noite, após receber a orientação de Shin’ichi, Katsuyo voltou para casa e começou a orar. Ela sentiu uma alegria genuína brotando de seu interior. Ela refletiu: “Sou cega, mas por causa disso pude encontrar o Gohonzon. E, além disso, possuo minha voz e posso falar a outras pessoas sobre o budismo e orar. Também tenho pernas que me permitem me deslocar e realizar atividades. Como sou afortunada!” (Trechos do capítulo “Coração e Alma”) (Traduzido a partir da edição do jornal diário da Soka Gakkai, Seikyo Shimbun, de 12 de fevereiro de 2020.) Assista Veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 16, Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 666, 2020. 2. Koto é um instrumento musical tradicional japonês semelhante à cítara. Ilustração: Kenichiro Uchida

09/11/2023

Caderno Nova Revolução Humana

“Lágrimas não combinam com o sol”

PARTE 57 Na tarde do dia 19, foi realizado na cidade de Glen Cove, estado de Nova York, o encontro dos representantes da Área Nordeste com a presença de Shin’ichi Yamamoto. Nessa data, reuniram-se cerca de duzentas pessoas vindas de Boston, da Filadélfia e de cidades na fronteira com o Canadá, além dos membros de Nova York. No local de realização da atividade, a sala onde estava consagrado o Gohonzon era pequena e a oração foi recitada por diversos grupos. Em todos os grupos, Shin’ichi liderou o gongyo. Os diálogos foram realizados sob as árvores. Com suor no rosto, ele prosseguiu conversando com os membros, colocando-se no meio deles. Ao observar uma senhora com fisionomia um pouco triste, ele a incentivou dizendo: — Não há dúvida de que se persistir na prática da fé, poderá varrer a escuridão de quaisquer tipos de sofrimento e levar uma vida feliz. Se recitar firmemente daimoku e se dedicar às atividades da organização, a senhora reluzirá como o sol. Será capaz de iluminar a família e a comunidade local. Lágrimas não combinam com o sol. Torne-se uma pessoa radiante, com sorriso no rosto. Depois do diálogo, todos apreciaram uma apresentação de música suave. Nova York é uma cidade cultural representativa do mundo, e entre os membros também havia músicos famosos. Uma banda musical formada por instrumentistas de nível internacional tocou músicas como Kojo no Tsuki [Luar do Castelo] e Over the Rainbow [Além do Arco-íris]. Esses membros sempre participavam das atividades da organização de base e por iniciativa própria realizavam visitas familiares. Nos dias das reuniões, ajudavam a carregar cadeiras para servir aos membros. Quando Shin’ichi ouviu isso, ele disse: — É um ato nobre. Fico realmente feliz. Esse é o verdadeiro aspecto da Soka Gakkai. Diante do Gohonzon, o cargo na organização como também a posição e a fama na sociedade nada têm a ver. Na prática budista não há nenhuma categoria especial. Todos são iguais. Quanto se dedicou arduamente à prática da fé é quanto será feliz e transformará seu destino. O mundo da Soka Gakkai é aquele em que todos se respeitam mutuamente como filhos do Buda. Na Soka Gakkai existe a verdadeira cooperação humana. PARTE 58 Na sequência do encontro de representantes que começara às 13 horas foi realizada uma reunião de diálogo com cerca de trinta líderes centrais a partir das 17 horas. Shin’ichi disse: — Soube que o estado de Nova York possui o lema I Love New York [“Eu Amo Nova York”]. Amar a sua cidade e a sua localidade é algo maravilhoso. O kosen-rufu da localidade também se inicia a partir desse espírito. Ele declarou que desejava que todos avançassem com respeito e confiança mútuas, estabelecendo mais um lema: I Love New York Soka Gakkai [“Eu Amo a Soka Gakkai de Nova York”]. Essa era a chave para criar a união, a condição indispensável para promover o kosen-rufu. Shin’ichi dialogou ainda com os representantes da Divisão dos Jovens (DJ). Todos eram membros que se empenharam nas comissões de preparativos. Surgiram diversas perguntas, sem reservas, dos jovens. Houve também solicitações de diretrizes. Ele se sentia feliz pelo abundante espírito de procura dos jovens que se encarregariam da próxima geração. Na verdade, desde a manhã de 17 de junho, um dia depois de sua chegada a Nova York, Shin’ichi já vinha trabalhando na composição de um poema com o desejo de oferecê-lo como diretriz aos jovens da América. No dia seguinte ao do diálogo com os jovens, na manhã de 20 de junho, o poema foi revisado e concluído. Na tarde desse dia, ele visitou a casa onde havia nascido o grande poeta Walt Whitman, localizada em Long Island, na periferia de Nova York. No dia 16, quando Shin’ichi chegou a Nova York, vindo de Paris, os jovens haviam lhe entregue uma coletânea de críticas de Whitman junto com uma tradução para o japonês e com uma carta onde se lia: “Por favor, visite sem falta a casa onde nasceu Whitman”. Ele queria corresponder à sinceridade dos jovens. A casa do poeta ficava em meio a um extenso gramado verde com diversas árvores. Era um sobrado de construção sólida que parecia hospedar o espírito pioneiro. Na mente de Shin’ichi veio o poema Pioneiros! Ó, Pioneiros!1 de Walt Whitman. É um poema magnânimo que se aplica também ao espírito Soka do caminho do desbravar do kosen-rufu. Shin’ichi ainda extraiu muita coragem desses versos. Um excelente poema desperta esperança e proporciona força de viver. PARTE 59 No andar de baixo da Casa de Whitman havia o quarto onde ele nasceu, a sala de visita e a cozinha. Na cozinha estavam expostas uma máquina de produzir velas e de assar pães, além de um enorme vasilhame de água e uma haste para transporte sobre os ombros. Demonstravam o aspecto de uma vida autossuficiente em uma região selvagem. No quarto do andar superior, havia diversas relíquias, tais como réplicas de manuscritos, retratos, diário da época daquela trágica Guerra da Secessão, e outras. Havia também uma carta de Ralph Waldo Emerson sobre o poema Folhas de Relva [Leaves of Grass, em inglês]. Essa obra reformista rompeu a formalidade, que no início foi de má reputação, com alguns pouquíssimos admiradores. Dentre eles, Emerson observou cuidadosamente o poema de Whitman, elogiando-o profundamente. Quanto mais reformista o caminho de um pioneiro, mais árdua e solitária é essa estrada. Não é fácil para as pessoas compreenderem algo sem exemplos anteriores. O kosen-rufu e o “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra” (rissho ankoku) que almejamos são um novo movimento religioso sem precedentes na história da humanidade. Trata-se do movimento para abrir o potencial infindável inerente a cada pessoa, com eixo na revolução humana, visando à criação de uma época e de uma sociedade pelo povo e para o próprio povo. Por isso, é desnecessário dizer que a obtenção de sua correta compreensão exige um longo tempo. O avanço do kosen-rufu é uma caminhada gradual da expansão concreta do círculo de simpatia por meio de persistentes diálogos e de divulgação dos ensinamentos budistas alicerçada em suas próprias ações, no seu modo de vida e na sua personalidade. E ainda, deve-se ter plena ciência de que nessa caminhada são esperadas tempestades de ondas bravias de críticas, difamações, perseguições e opressões devido à falta de compreensão. Walt Whitman escreveu: “Vamos partir! Superando as árduas batalhas! O ponto de chegada vitoriosa não pode ser apagado”.2 Para Shin’ichi, Whitman era um dos poetas mais admirados desde a sua juventude. Em particular, Folhas de Relva era uma obra muito próxima a ele. Shin’ichi se lembrava de ter enviado certa vez essa passagem do poema para um membro da Divisão Masculina de Jovens de Shin’etsu, clamando para que ele iniciasse um novo desbravar rumo ao kosen-rufu. O espírito daquele que experimentou uma árdua batalha emite um brilho diamantino. PARTE 60 Em decorrência de uma pneumonia, Whitman morreu aos 72 anos, em março de 1892. Seu funeral não foi realizado com a presença de clérigos religiosos. Os amigos o louvaram e se despediram dele lendo trechos de escrituras budistas e de obras de Platão. A rejeição a cerimônias realizadas sob autoritarismo religioso era o desejo do poeta. No prefácio da primeira edição de Folhas de Relva, ele registrou: “Um novo grupo de sacerdotes deverá surgir e conduzir o homem”. Em março de 1992, seriam realizadas comemorações pelo centenário de falecimento do poeta Walt Whitman. A Associação Walt Whitman da América enviou um convite a Shin’ichi Yamamoto para o evento. Devido à sua impossibilidade de participar, ele encaminhou um poema dedicado ao seu admirado poeta do povo Walt Whitman, intitulado Tal Como o Sol que se Levanta. Em um dos trechos, Shin’ichi escreveu: Ninguém é propriedade de alguém nem seu escravo. A política, o estudo, a arte, a religião são em prol do ser humano; são em prol do povo. Esmagando a visão racial distorcida, e destruindo a barreira das classes sociais, para propiciar a compreensão da liberdade e da igualdade à pessoas, o poeta prosseguiu compondo com dedicação, ao limite de suas forças. Oh, esses versos são a declaração do homem da nova era! Ele amou o povo mais do que ninguém. Ou melhor, ele próprio foi por toda a vida, o orgulhoso povo sem louros. Visitando a Casa de Whitman, Shin’ichi imaginava a época do Renascimento Americano. E jurava em seu coração que, no desenvolvimento do novo movimento de renascença da vida chamado kosen-rufu, ele também continuaria a escrever poemas de encorajamento, de esperança e de coragem para as pessoas por toda a vida. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Notas: 1. Coletânea de Poemas de Walt Whitman. Tradução: Seigo Shirotori. Editora Yayoi Shobo. 2. WHITMAN, Walt. Folhas de Relva. Tradução: Saika Tomita. Editora Daisanbunmeisha. 3. Idem. Folhas de Relva. parte 1. Tradução: Masayuki Sakamoto. Editora Iwanami Shoten. Ilustrações: Kenichiro Uchida

09/11/2023

Caderno Nova Revolução Humana

Límpida correnteza

PARTE 53 Após cruzar o Oceano Atlântico, o avião com a comitiva de Shin’ichi Yamamoto aterrissou no aeroporto internacional John F. Kennedy, em Nova York, pouco antes das 15 horas do dia 16 de junho de 1981 (horário local). Era uma visita a Nova York depois de seis anos. Em Nova York, o prior do templo local da Nichiren Shoshu, que havia sido transferido para lá, realizou de forma astuta seguidas críticas à Soka Gakkai. A organização acabou sendo perturbada por pessoas que foram influenciadas pelo clérigo, e seus membros estavam com dificuldades de se unirem. Shin’ichi decidira em seu coração que se encontraria com todos e transmitiria a cada um deles o orgulho e a convicção da Soka Gakkai de se empenhar pela missão dos emergidos da terra. Além disso, o kosen-rufu nos Estados Unidos estava mais adiantado na costa oeste, como em Los Angeles. O desenvolvimento na costa leste, por exemplo, em Nova York, era doravante um importante tema. Para tanto, ele queria criar “valores humanos”. Tanto nesse dia como no seguinte, ele realizou seguidas orientações, dialogando diversas vezes com os líderes centrais da Área Nordeste onde pertencia Nova York: — A América é o continente da liberdade. Por isso, é essencial respeitar a vontade de todos. Os líderes não devem impor unilateralmente suas opiniões. Devem sempre conduzir a organização trocando opiniões com as pessoas. Quando elas forem conflitantes, não devem ser levados pelo sentimentalismo nem criar hostilidade. Devem retornar ao ponto primordial do Gohonzon e do kosen-rufu e recitar daimoku juntos unindo o coração. O buda Nichiren Daishonin afirma em seus escritos: “Budismo é razão”. Assim, mesmo para se apresentar as diretrizes de atividades, deve-se fundamentar na “razão”1 para que todos compreendam plenamente. Procurem se preocupar sempre em discorrer os assuntos de forma racional. A “razão” se torna a força para convencer todas as pessoas. Nesse sentido também, procurem polir suas capacidades com o estudo do budismo. Quando os escritos de Nichiren Daishonin se enraizarem no modo de vida de cada um, os sentimentos de desprezar, de odiar, de invejar ou de caluniar os companheiros deixarão de existir, e poderão unir o coração. Os escritos são uma referência para si, e um espelho para seu modo de vida. Portanto, antes de criticar as pessoas, é preciso analisar seus pensamentos e sua conduta com base nos escritos de Nichiren Daishonin. Isso é ser budista. PARTE 54 Considerando que havia muitos líderes de origem japonesa nos Estados Unidos, Shin’ichi também pensou em transmitir alguns pontos a serem observados com atenção na promoção das atividades do dia a dia: — Em especial, aos líderes japoneses, gostaria que prestassem atenção para não agir com o mesmo senso do Japão. A América é o continente de múltiplas etnias, e tanto o modo de pensar como o senso de valor das pessoas são variados. Portanto, mesmo em questões básicas consideradas premissas, é necessário obter concordância, confirmando item a item. O modo de pensar do tipo “subentendido, sem falar” ou “transmissão de pensamento” como na sociedade japonesa pode causar mal-entendido. Shin’ichi se referiu ainda à importância de unir o coração na promoção do kosen-rufu mundial: — Gostaria que os membros não só da América, mas de todos os países, observassem e respeitassem as respectivas leis, os hábitos e os costumes, e conduzissem as atividades em harmonia como bons cidadãos. Como consta nos escritos de Nichiren Daishonin, “Se o espírito de ‘diferentes em corpo, unos em mente’ prevalecer entre as pessoas, elas alcançarão todos os seus objetivos”.2 Os companheiros de fé devem unir o coração, acelerar e eternizar a correnteza do kosen-rufu mundial. A força motriz desse movimento pelo kosen-rufu é a relação de mestre e discípulo Soka. Consequentemente, é essencial que os líderes não centralizem os membros em si, mas os orientem para que todos consigam caminhar pela grande estrada de mestre e discípulo. Para tanto, o próprio líder deve se enfileirar à correnteza verdadeira da Soka Gakkai manifestando o límpido e refrescante espírito de procura. A atitude de centralizar em si próprio é comparável a uma poça d’água que se afastou da límpida correnteza. A água vai se tornando turva e, no final, acaba secando. Assim, é impossível conduzir os membros para o grande oceano da paz e da felicidade. Além disso, se não ajustar a engrenagem ao eixo do kosen-rufu, a rotação acaba se interrompendo. E, mesmo que continue o movimento, será uma rotação em falso. Portanto, vamos sempre nos alinhar com a correnteza verdadeira da Soka Gakkai, ajustando os dentes da engrenagem e acertando o ritmo. Esse deve ser o sentimento do líder que avança em prol do kosen-rufu. A Soka Gakkai está recebendo a época de alçar um grande voo como religião mundial. Ele sentia profundamente que, para tanto, a condição mais importante encontrava-se na atitude de se levantar na fé pelo kosen-rufu e de edificar a inabalável união de “diferentes em corpo, unos em mente”. PARTE 55 No início da tarde do dia 18, na qualidade de representante da Editora Seikyo Shimbun, Shin’ichi visitou a Associated Press, localizada no Rockfeller Center, em Manhattan. Após visitar as dependências da companhia, Shin’ichi manteve diálogo com seu presidente Keith Fuller. Conversaram trocando opiniões sobre variados assuntos, tais como as questões raciais, o papel e a responsabilidade da imprensa, entre outros. Shin’ichi afirmou que transmitir corretamente os fatos para o mundo era a “mais elevada estratégia para a paz”, e enalteceu o esforço e a luta daquela empresa jornalística. Salientou também a preocupação de se criar uma sociedade exclusivista em que, ao se defrontar com situações de crescente intranquilidade como na economia, o homem valoriza mais os ganhos imediatos em detrimento da ideologia, e o sentimentalismo sobre a razão. Shin’ichi enfatizou que, para se elevar a consciência das pessoas para a contribuição social, era necessária uma verdadeira religião que tornasse as pessoas senhoras de sua mente e que não fossem levadas somente pelo seu sentimentalismo. O presidente Fuller meneou a cabeça e demonstrou concordância com a afirmação de Shin’ichi. Após a visita à Associated Press, Shin’ichi visitou a sede regional de Nova York localizada na Park Avenue South, também em Manhattan. Era uma sede pequena no andar térreo de um edifício com apenas oitenta cadeiras. Ao tomarem conhecimento da visita dele, um grande número de membros se reuniu e o local ficou completamente lotado: — Good afternoon! (Boa tarde!) Fico feliz em encontrá-los. Orando pelo kosen-rufu de Nova York, como também pela boa saúde e felicidade de todos e prosperidade de suas famílias, vamos recitar juntos o gongyo. Ele orou profundamente desejando que os membros de Nova York, sem exceção, conduzissem plenamente sua fé, edificassem uma condição de felicidade indestrutível e se desenvolvessem como pilares da confiança na sociedade. Em seguida, discorreu sobre o ponto fundamental da prática da fé, isto é, o grandioso poder do Nam-myoho-renge-kyo, e a importância da recitação do daimoku. A oração ao Gohonzon é a base da prática da fé. A organização e as atividades da Soka Gakkai existem para ensinar esse ponto às pessoas. Essencialmente, o vigor para desenvolver o kosen-rufu, o desafio para transformar o destino e o empenho para criar a união surgem do ato de cada pessoa se levantar com absoluta convicção ao Gohonzon devotando firme oração.PARTE 56 Shin’ichi orientou com base nos escritos de Nichiren Daishonin: — Nos escritos consta: “E quando, nesses quatro estados de nascimento, envelhecimento, doença e morte, recitamos Nam-myoho-renge-kyo, fazemos com que eles exalem a fragrância das quatro virtudes”.3 Há pessoas que vivem chorando pela infelicidade, envoltas pelas nuvens negras do seu destino. Aliás, talvez essa seja a condição da maioria das pessoas. Porém, com a recitação do Nam-myoho-renge-kyo, nós podemos varrer essas nuvens negras dos sofrimentos com a brisa perfumada da eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza. Além disso, o “Nam-myoho-renge-kyo é a maior das alegrias”.4 Na vida existem diversos prazeres. Mas essa passagem dos escritos assegura que o fato de recitar Nam-myoho-renge-kyo, despertando para a consciência de que é o próprio Buda, é a maior de todas as alegrias. A alegria de conquistar o que tanto desejava ou de obter fama e reputação é algo que vem de fora. Essa alegria é apenas momentânea e não é de forma alguma perene. Em contrapartida, quando se dedica à recitação do daimoku, abre-se um grandioso palácio em sua própria vida, e emerge a suprema condição do seu interior, isto é, das profundezas do seu coração, tal como a fonte de uma correnteza. Essa é a maior das alegrias que surge do seu interior. E ainda, essa fonte de alegria não cessa mesmo diante das mais severas provações e adversas condições. Nos escritos de Nichiren Daishonin também consta: “O meio maravilhoso verdadeiramente capaz de impedir os obstáculos físicos e espirituais dos seres humanos não é outro senão o Nam-myoho-renge-kyo”.5 As divindades celestiais e as divindades benevolentes e todos os budas das dez direções e das três existências prometeram proteger sem falta a todos nós que recitamos Nam-myoho-renge-kyo. Portanto, a recitação do daimoku é o meio maravilhoso para impedir quaisquer dificuldades, possibilitando-nos viver plenamente, apreciando a suprema felicidade em nossa existência. Convictos de que a suprema existência de plena satisfação se encontra no ato de viver até o fim junto com o Gohonzon e na recitação do daimoku, dediquem-se à prática budista e procurem polir a própria vida. Não sejam pessoas influenciadas pelas palavras e pelas ações de outras que mudam de opinião ao sabor dos ventos. Sejam pessoas que se devotam à recitação do daimoku capazes de afirmar: “Adoro recitar daimoku”. Pessoas que recitam daimoku possuem um coração radiante como o céu azul. São pessoas felizes e de grande alegria. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 99, 2019. 2. Idem, v. I, p. 646. 3. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, 2004, p. 90. 4. Ibidem, p. 211. 5. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 103.

26/10/2023

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 15 (parte 2)

Os alunos da Universidade Soka são a minha vida No outono de 1973, no dia da abertura do festival estudantil da Universidade Soka, foi oferecida uma recepção para líderes empresariais e representantes da imprensa. Ao chegar, Shin’ichi imediatamente passou a cumprimentar os convidados individualmente, trocando cartões de visita e tomando a iniciativa de se aproximar deles para conversar. Todas as vezes que entregava seu cartão a alguém, curvava-se e dizia: — Sou Shin’ichi Yamamoto. Obrigado por ter vindo, no ano que vem, nossos graduados estarão buscando emprego. Eles compõem a primeira turma da Universidade Soka. Portanto, espero que os apoie e lhes ofereça qualquer conselho que possa ter. (...) Shin’ichi agia com seriedade. Sabia que se os estudantes tivessem cursado escolas mais estabelecidas, teriam maior vantagem ao procurar emprego e provavelmente obteriam colocação na empresa de sua escolha. Ele também tinha plena consciência de que os jovens haviam optado pela escola que ele havia fundado apesar do fato de que possivelmente não viriam a gozar de tais benefícios. Esse era o motivo pelo qual desejava se encontrar diretamente com líderes empresariais e solicitar sinceramente o auxílio deles para apoiar os graduados da Universidade Soka. Ele sentia que esse era seu dever como fundador da universidade e tinha o forte compromisso de cumpri-lo. (...) Shin’ichi circulou pela sala na tentativa de se encontrar com cada um dos setecentos convidados presentes. Conforme ia se movimentando, conversando com todos, transpirava abundantemente. Alguns poderiam questionar por que ele estava se empenhando a tal ponto, mas um novo caminho não pode ser aberto sem esforçar-se por inteiro. Para abrir um caminho à frente requer-se uma mudança de mentalidade. Shin’ichi perguntou a um dos convidados: — Assistiu a algum dos Festivais Universitários Soka? Estou curioso para saber a sua opinião sincera. — Na maioria dos eventos dessa espécie nos últimos tempos, vale tudo, contanto que seja entretenimento. Mas este foi diferente. Em diversos casos era notório que os estudantes haviam estudado os temas escolhidos para sua exposição e apresentaram suas conclusões de maneira franca. Também percebi o forte anseio deles por justiça social, e é assim que os estudantes deveriam ser. Aguardo com expectativa que os graduados da Universidade Soka venham a ocupar seus lugares na sociedade — respondeu o convidado. — Muito obrigado por suas amáveis palavras. Eu as transmitirei aos estudantes. Os alunos da Universidade Soka são a minha vida. Todos eles possuem um cora-ção puro e um potencial infinito. Por favor, auxilie-os no futuro. (Trechos do capítulo “Universidade Soka”) Agarre o momento! Em junho de 1971, Shin’ichi visitou Hokkaido para participar da inauguração do Centro de Treinamento de Onuma (atual Centro de Treinamento de Hakodate). Na noite anterior à cerimônia de inaugura-ção, levaram-no para um passeio de carro para conhecer a área ao redor. Olhando além das montanhas, seus olhos foram atraídos por uma luz radiante. Shin’ichi olhou pela janela novamente e deu um suspiro. Através de uma brecha nas nuvens, ele avistou um majestosa lua cheia cintilando intensamente. (...) Era uma obra-prima criada pelo Universo. “Este é o momento!, pensou Shin’ichi. Ele pediu ao motorista que encostasse e apanhou uma máquina fotográfica no assento próximo ao seu. (...) Ele então abriu a janela traseira do carro e pressionou o obturador perfeitamente ciente da importância de captar o momento. Tanto no desenvolvimento do kosen-rufu como em todos os outros aspectos da vida, era crucial vencer em cada conjuntura. Seja encorajando os membros, seja empenhando-se em seu trabalho, Shin’ichi sempre e esforçava ao máximo, como se esse fosse o último momento de que dispunha. A vida em si é apenas uma série de momentos. Por isso, uma vitória no presente está inextricavelmente ligada à vitória total. (...) Nesse exato instante, um fotógrafo do Seikyo Shimbun de uns vinte e poucos anos, que vinha no carro de trás, correu ao encontro do presidente Yamamoto. Pedindo ao motorista que desligasse o motor, o fotógrafo virou-se para Shin’ichi e disse: — Sensei, apoie os dois cotovelos no peitoril da janela. Isso evitará que sua câmera trema. (...) Olhando pelo visor, Shin’ichi observou uma faixa dourada do luar projetada do luar sobre a superfície do lago. Quando o vento soprava, as ondulações douradas dançavam e tremeluziam. O som do obturador sendo pressionado ecoava intermitentemente através do silêncio. Shin’ichi foi conduzido a outra parte do lago e continuou fotografando até esgotar vários rolos de filme. Se as fotos ficassem boas, planejava oferecê-las de presente aos membros. Desejava encorajar aqueles que trabalhavam com tanto afinco dia e noite em prol da sociedade e da felicidade do próximo, compartilhando com eles a beleza efêmera da natureza. (Trechos do capítulo “Florescimento”) (Traduzido a partir da edição do jornal diário da Soka Gakkai, Seikyo Shimbun, de 15 de janeiro de 2020.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 15, Ilustração: Kenichiro Uchida

11/10/2023

Especial

Desbravar os caminhos para a paz

O fim da década de 1950 foi tumultuado e decisivo para a Soka Gakkai. O grande sonho do segundo presidente da organização, Josei Toda, havia sido alcançado. O que parecia distante e impossível aconteceu. A Soka Gakkai, então com mais de 750 mil famílias, estava em franco desenvolvimento sob a forte liderança de Josei Toda. Mas, inesperadamente, em 2 de abril de 1958, ele faleceu. O grande ideal do kosen-rufu estava, aparentemente, ameaçado com a morte do mestre e líder principal do movimento. A imprensa e muitos setores da sociedade duvidavam que seria possível alguém liderar a organização tal como ele. No entanto, seu discípulo, Daisaku Ikeda, ainda tão jovem e enfrentando bravamente inúmeros desafios e perseguições, assumiu a presidência da Soka Gakkai em 3 de maio de 1960. Em um ensaio, ele relata: Escrevi em meu diário: “Lutarei para provar ao mundo inteiro a grandiosidade do meu mestre. Seguirei sempre adiante. Avançarei resolutamente, vencendo as ondas bravias de obstáculos e maldades”. (...) O último desejo de Toda sensei — “Depois que eu me for, confio tudo a você” — não deixou meus pensamentos por um breve momento sequer.1 Exatamente 152 dias após tomar posse, partiu, em 2 de outubro, para sua primeira viagem ao exterior. Junto com ele estavam seis líderes da Soka Gakkai. Em seu bolso, havia uma foto do mestre Toda. Em seu coração, o juramento de ser um agente ativo da paz mundial por meio da propagação dos ideais humanísticos do Budismo Nichiren. Naquela época, a humanidade sofria com o tormento da chamada Guerra Fria (1941 a 1997) — conflito entre os blocos capitalista e socialista liderados pelos Estados Unidos e pela ex-União Soviética — assinalado pela produção massiva de armas nucleares. No avião, ele não conseguia deixar de se lembrar das fortes palavras de Josei Toda quando este lhe contou que sonhara ter ido ao México: Eles estavam esperando. Todos aguardavam ansiosamente a chegada do Budismo de Nichiren Daishonin. Como eu quero viajar pelo mundo numa jornada pelo kosen-rufu... Shin’ichi, o mundo é seu desafio, seu verdadeiro palco. O mundo é vasto.2 Nessa sua primeira viagem, Ikeda sensei visitou nove cidades de três países, iniciando no Havaí, na cidade de Honolulu, e, depois, respectivamente, para Estados Unidos (São Francisco, Seattle e Chicago); Toronto, no Canadá; Nova York e Washington, novamente nos Estados Unidos; São Paulo, Brasil; e retornou à América do Norte, desta vez para Los Angeles. Depois de 23 dias de viagem, voltou ao Japão no dia 25 de outubro. Durante a visita ao Brasil, o presidente Ikeda desafiou a própria condição precária de saúde para cumprir o propósito de fundar o Distrito Brasil, o primeiro fora do Japão, no dia 20 de outubro. E o dia 19, data de sua chegada ao país, é considerado o Dia da Fundação da BSGI. A vitória nesse empreendimento só foi possível pelo forte desejo de Daisaku Ikeda de corresponder ao seu mestre, Josei Toda. Essa determinação inabalável tornou-se a pedra fundamental para a expansão do budismo em nível mundial. Em seu respectivo país, os membros da SGI têm se levantado para garantir a perenidade do movimento em prol do kosen-rufu, comprovando na própria vida a prática budista e contribuindo para a transformação social em busca de um mundo pacífico. Contribuir para a paz e para o entendimento entre as pessoas está ao alcance de todos. Conheça iniciativas de dois integrantes da BSGI para promover essas ações na sociedade por meio da cultura e da arte: Amigos dos livros Eu me chamo Leila, moro em Jundiaí, SP, sou mãe do Yuki Cabral Mori, de 8 anos, e casada com André Arevalos Mori, meu shakubuku recente. Vitória! Estou há 32 anos no ambiente Soka e todos os dias são recomeço para mim. Depois que me tornei mãe, meu sentimento de retribuir todo carinho recebido na organização desde criança e de contribuir para as futuras gerações passou a ser ainda mais forte. Aprendemos que a paz é um movimento que depende de cada um de nós, agindo no local de atuação. No condomínio onde moro, tenho promovido um encontro que denominamos “Seus Livros Merecem Novos Leitores”. É um ambiente incrível, de troca e de estreitamento dos laços de amizade. Até agora foram dois encontros, e, no último, ouvimos sobre os bastidores de uma editora, compartilhados por nossa apoiadora e amiga Sevani de Matos Oliveira, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Foi maravilhoso ver o encantamento das crianças. O desejo só se fortalece. Construir a paz aqui e agora. Leila Marques Cabral, 47 anos, responsável pela Divisão Feminina da Comunidade Eloy Chaves, RM Jundiaí, CGESP. Livros expostos no encontro e, no detalhe, Leila, à esq., e a amiga Sevani *** Música transformadora No livro Romper Barreiras, o presidente Ikeda lembra que a música “tem um poder imensurável de unir os corações humanos no nível mais profundo”.3 Com a Manaus Brass Band, tivemos a chance de comprovar essa citação, porque, em sua formação, a diversidade socioeconômica e técnica dos músicos participantes não foi empecilho para atingirmos um trabalho de excelência nesse projeto que tenho a oportunidade de coordenar. Durante nossos ensaios, jamais deixamos de citar a verdadeira importância da música no coração do público que aprecia nosso trabalho: evocar sentimentos positivos; desenvolver a mente, provocar a sensação de bem-estar; promover o relaxamento; buscar o equilíbrio e, consequentemente, a paz. Naturalmente, mesmo em pequenas proporções, nós nos transformamos em atores principais para a paz no século 21, pois, com nossa arte, podemos colaborar com o processo de transformação interior e aprimoramento de cada cidadão e incentivá-lo a realizar a própria revolução humana. Sidinei da Silva Rosa, 56 anos, responsável pelo Distrito Parque Dez, RE Amazonas, CRE Oeste Sidinei, ao centro, com a Manaus Brass Band em evento realizado no Instituto Soka Amazônia Notas: 1. Terceira Civilização, ed. 422, out. 2003, p. 7.2. IKEDA, Daisaku. Alvorecer. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 10, 2019.3. IKEDA, Daisaku; HANCOCK, Herbie; SHORTER, Wayne. Romper Barreiras: Um Diálogo sobre Música, Budismo e Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. p. 135.Fotos: Seikyo Press / Arquivo pessoal

21/09/2023

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 15 (parte 1)

Magníficos vencedores na vida Em janeiro de 1974, Shin’ichi Yamamoto foi à província de Kagoshima para se reunir com os membros que compareceram ao Primeiro Encontro da Amizade de Minamata no antigo Centro de Treinamento de Kyushu, em Kirishima. Ciente de que muitos padeciam de doenças acarretadas pela contaminação decorrente da indústria química local, desejava fazer tudo o que pudesse para encorajá-los. — Sejam bem-vindos a Kirishima! Estava aguardando ansiosamente encontrá-los. Cada um de vocês aqui hoje triunfou sobre si mesmo, jamais retrocedendo diante do carma nem se permitindo ser vencido pelo desespero. Sei disso perfeitamente. Todos vocês são magníficos vencedores! Tornem-se cada vez mais fortes e conduzam sua vida à plenitude. A voz de Shin’ichi deixava transparecer profunda emoção: Tenho certeza de que alguns de vocês estão padecendo de doenças provocadas pela contaminação. Mas o fato de continuarem a viver vigorosamente, sem ser derrotados, é uma fonte de esperança para as outras pessoas e uma prova da força do budismo. — Por terem sofrido tanto, possuem o direito de se tornar felizes. Vocês são aqueles que irão transformar nossa sociedade. Empenhemo-nos juntos e esmaguemos a natureza demoníaca que permeia o universo e a vida humana e que gerou essa contaminação! — Sim! — responderam eles com muito entusiasmo. — Que tal darmos três vivas para celebrar os corajosos esforços e a vitória magnífica de vocês? — sugeriu Shin’ichi. — Viva! Viva! Viva! — exclamaram os membros erguendo os braços. O brado empolgante deles ecoou pelo céu de Kirishima. (...) Shin’ichi continuou encorajando os membros de Minamata assiduamente. (...) O estrago causado pela poluição não findou com a admissão de culpa da indústria química e o pagamento de substanciais indenizações às vítimas. O drama das pessoas afetadas pela contaminação por mercúrio persistia. Era, portanto, crucial oferecer às vítimas coragem para continuar vivendo e esperança em relação ao futuro, um esforço que exigia uma rede de apoio humano. Além disso, para se obter a solução do problema da poluição em seu âmago seria necessário reexaminar os valores da sociedade moderna e estabelecer uma nova filosofia humanista. Essa era a missão da Soka Gakkai. (Trechos do capítulo “Revitalização”) “Primeiro, vença com a mente, e, então, com a habilidade” O Grêmio de Beisebol da Universidade Soka foi fundando no mesmo ano da inauguração oficial da universidade em 1971. Em maio de 1975, o time foi convidado para um jogo amistoso entre o corpo docente da Universidade Soka e o das Escolas Soka de Ensino Fundamental 2 e Médio. No evento, Shin’ichi Yamamoto ofereceu-lhes a seguinte orientação: Imbuído de amplas expectativas em relação ao futuro deles, Shin’ichi observou: — Espero que se tornem um time cujo dinamismo seja admirado e apreciado por todos. A Universidade Soka e o grêmio de beisebol ainda estão em seu estágio inicial, e tenho certeza de que estão enfrentando muitas adversidades. Passar por tais dificuldades, entretanto, é de fundamental importância para o crescimento de vocês. (...) Um dos membros do grêmio indagou: — O que devemos fazer quando um jogo está indo mal para nós e estamos “levando uma verdadeira surra?” Shin’ichi respondeu: Quando estiverem numa encrenca desse tipo, devem se reunir, todos, e renovar a decisão de dar o melhor de si. Isso vale tanto para o beisebol quanto para a vida. Quando se é derrotado em qualquer batalha, isso, na verdade, ocorre porque já se deixaram derrotar por si mesmos antes que o oponente o faça. Não devem se permitir sucumbir à pressão ou às circunstâncias adversas. Essa é a hora de renovar o compromisso de vencer e de acender a chama da vontade de vencer. Quando a partida terminou, Shin’ichi sugeriu: Vamos treinar juntos? Rebaterei a bola para vocês. Os integrantes do grêmio perseguiam cada tacada de Shin’ichi, agarrando com firmeza a bola em jogo. A cada defesa, Shin’ichi gritava: — Excelente! Boa jogada! Os membros do grêmio talvez estivessem, na verdade, defendendo as sinceras esperanças e expectativas do fundador da escola deles. Alguns até tinham lágrimas nos olhos ao apanhar as bolas rebatidas por Shin’ichi. O som da bola batendo no taco ecoou pelo local por um longo tempo. Os membros do grêmio estavam determinados a vencer e a corresponder às expectativas de Shin’ichi. Na temporada de primavera da segunda divisão que tinha acabado de se iniciar, o Grêmio de Beisebol da Universidade Soka, encorajado pelos incentivos de Shin’ichi travou um bom combate e conquistou o seu primeiro campeonato na liga. Posteriormente, naquele mesmo ano, subiu para a primeira divisão. Para alegria ainda maior deles, o campo de beisebol do campus ficou pronto. Na temporada de primavera de 1977, eles venceram o campeonato da primeira divisão e disputaram o Campeonato Nacional de Beisebol Universitário. Infelizmente, foram eliminados nas semifinais, mas o time, cujo treinador também era um aluno, cativou as pessoas pelo espírito esportivo e esforços vigorosos. Depois disso, o Grêmio de Beisebol da Universidade Soka prosseguiu, estabelecendo uma história notável, vencendo vários campeonatos da liga, bem como mantendo excelente desempenho no certame nacional. Alguns integrantes do grêmio até mesmo se tornaram jogadores profissionais de beisebol. (Trechos do capítulo “Universidade Soka”) (Traduzido a partir da edição do jornal diário da Soka Gakkai, Seikyo Shimbun, de 15 de janeiro de 2020.) Assista Se você é assinante digital, veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 15

21/09/2023

Rede da Felicidade

Superar tudo com determinação

[Após a Segunda Guerra Mundial, diversas famílias mudaram-se do Japão para outros países em busca de condições melhores de vida, entre elas estavam integrantes da Soka Gakkai, que também objetivavam contribuir para o movimento pelo kosen-rufu nesses locais. Entretanto, muitas encontravam situações desafiadoras e enfrentavam inúmeras dificuldades.] Hiroto Muraki era um dos remanescentes na República Dominicana. Ele chegou em 1957 com sua esposa e alguns parentes. Quando ainda estava no Japão, vendera sua casa, o campo de plantações, os móveis e tudo o que podia ser negociado. Sua decisão era radicar-se definitivamente nas terras dominicanas. (...) O local do assentamento ficava próximo da fronteira com o Haiti, a 330 quilômetros a noroeste de Santo Domingo, capital da República Dominicana. O terreno que recebeu era cinco vezes menor do que a área prometida e ficava a mais de cinco quilômetros da colônia de imigrantes. Era uma área de terra vermelha, ressequida e dura como pedra. Ará-la com enxadas parecia uma tarefa impossível. Após muito esforço, conseguiu arar apenas um terço da área recebida. Entretanto, a primeira plantação não produziu quase nada devido ao intenso calor e à falta de água. Hiroto Muraki só conseguiu colher um pouco de tomate. Embora existisse um sistema precário de irrigação, a água era racionada e distribuída em horários preestabelecidos. Quando chegava sua vez de receber a água, ele aguardava sem dormir. Numa dessas ocasiões, a água não chegou. Ele resolveu então seguir pelo canal de irrigação para verificar o que havia acontecido. O vizinho havia desviado o canal para usufruir da água de Hiroto. Todos estavam numa situação precária, entre a vida e a morte. Não tinham mais condições de cumprir os acordos ou pensar nos outros. Hiroto ficou triste ao saber que o coração de seus companheiros havia ficado tão árido quanto aquelas terras. A disputa por água, que era uma questão de sobrevivência, gerou brigas e conflitos entre vizinhos e parentes. (...) Nessa situação de desesperança, Hiroto escreveu uma carta à sua mãe no Japão, dizendo que pretendia voltar quanto antes, apesar de ter-lhe dito na partida que seria um homem bem-sucedido dentro de dez anos. Após algum tempo, ele recebeu uma carta com a resposta da mãe. Ela contava-lhe que havia ingressado na Soka Gakkai e que estava praticando o budismo: “O Gohonzon tem um poder extraordinário. Se você recitar também o Nam-myoho-renge-kyo, poderá encontrar o caminho para a felicidade. Por isso, tente mais uma vez, empenhando-se na recitação do daimoku”. Hiroto não acreditou inicialmente que uma religião pudesse resolver seus problemas e melhorar sua vida. Entretanto, ao reler várias vezes a carta, o sentimento e a preocupação da mãe pela felicidade dele penetraram em seu coração. Além disso, Hiroto não tinha outro meio para mudar o rumo de sua vida. Começou então a recitar o daimoku sem saber seu significado. Ao orar por dez a vinte minutos, sentiu-se aliviado. Com esse resultado, decidiu empenhar-se com seriedade na recitação do daimoku. Isso aconteceu em 1962. Depois de algum tempo, a sogra de Hiroto, que sofria de problemas estomacais, também iniciou a prática budista. Porém, em vez de melhorar, as dores tornaram-se mais intensas. A vizinhança logo comentou que a sogra de Hiroto adoecera por causa de uma religião estranha. Hiroto indignou-se com isso e escreveu para a mãe, transmitindo-lhe que não praticaria mais o budismo. Depois de alguns dias, recebeu uma carta do irmão que também era praticante: “Sua situação é comparável a um cano que ficou sem ser utilizado por longo tempo. Quando abrir a torneira, ele despejará inicialmente somente água suja com ferrugem. Porém, depois de deixar escorrer a água por algum tempo, toda a sujeira do encanamento terá saído, dando lugar à água limpa. Isso acontece também com nossa vida quando começamos a praticar o budismo. Se persistirmos em nossos esforços, apesar dos obstáculos, com certeza, alcançaremos a vitória”. Hiroto refletiu sobre as palavras do irmão e continuou a se empenhar na prática. Algum tempo depois, sua sogra já estava com a saúde recuperada e todos da família começaram a recitar o gongyo e o daimoku. Certo dia, um cavalheiro dominicano apareceu em seu armazém e comprou um refrigerante. Era o prefeito de uma cidade vizinha, que fez uma proposta a Hiroto. — Você não poderia produzir mudas de arroz em suas terras? As terras da minha cidade são impróprias para esse tipo de cultivo e tenho comprado mudas em outros locais. Hiroto respondeu que seu maior problema era a falta de água para irrigar sua plantação, e que se resolvesse esse problema poderia aceitar a proposta de trabalho. O prefeito prometeu que tomaria providências para melhorar o sistema de irrigação e que Hiroto poderia iniciar o trabalho de arar a terra. Com essa inesperada proposta e com abundância de água para irrigar o solo, Hiroto teve sucesso no cultivo de mudas de arroz, obtendo várias safras por ano. Ele teve de contratar mais de vinte empregados para atender à demanda. Enfim, conseguira ver uma luz no fim do túnel. Era o primeiro benefício da prática da fé. [Com o dinheiro que juntou com a produção de mudas de arroz, ele transferiu-se no final de 1962 para uma região mais populosa onde predominava a produção de arroz. Abriu um comércio de alimentos e produziu também um doce de arroz muito apreciado no Japão.] Os japoneses que experimentaram a dura realidade nas colônias de imigrantes reconheceram no sucesso de Hiroto a importância da prática da fé e começaram gradativamente a abraçar o budismo. Ao mesmo tempo, apesar de em meio às adversidades, descobriram um novo significado na vida: “Nós temos a missão de ensinar o budismo às pessoas desta terra a fim de conduzi-las à felicidade. E é justamente para cumprir essa missão que viemos para cá. Por isso, aconteça o que acontecer, jamais seremos derrotados pelas adversidades. Vamos vencer infalivelmente toda e qualquer dificuldade”. Eles descobriram que tanto a felicidade como a infelicidade são definidas, antes de tudo, no âmago da vida. Isso é chamado no budismo de determinação. Com o esforço de Hiroto e demais companheiros, trinta das 120 famílias de imigrantes japoneses iniciaram a prática budista. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. No topo: ilustração mostra Hiroto Muraki, à frente, à esq., dedicando-se ao cultivo de arroz na República Dominicana juntamente com os demais trabalhadores locais Fonte: IKEDA, Daisaku. Arando a Terra. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 11, p. 133-144, 2021. Ilustração: Kenichiro Uchida

21/09/2023

Caderno Nova Revolução Humana

Jovens que vivem o kosen-rufu

PARTE 45 Victor Hugo sofreu com a opressão do presidente Charles Louis-Napoléon (posterior Napoleão III), que se tornava um ditador, e foi forçado ao exílio. Durante o exílio, ele anunciou o livro Napoleão, o Pequeno, que descrevia o impeachment do presidente, e concluiu sua grande obra Os Miseráveis, em atitude semelhante a Dante Alighieri, o qual escreveu A Divina Comédia ao ser deportado de Florença. O fato de eles terem produzido suas obras-primas em meio à mais terrível circunstância deve estar relacionado com o forte espírito de combate contra as maldades. Em uma vida afiada pela decisão de realizar uma luta de vida ou de morte contra as maldades, surge com clareza o discernimento do que é certo e errado do ser humano, do bem e do mal, da verdade e da falsidade. E a ira contra a maldade se torna a paixão pela justiça. O retorno de Victor Hugo à pátria, a França, só ocorre após a queda de Napoleão III, dezenove anos depois de ser deportado, aos 68 anos. Suas criações literárias aumentaram ainda mais. A disposição dele era a de um jovem. A pessoa não envelhece somente com o passar dos anos. No momento em que se perde a esperança e abandona seus ideais, o espírito envelhece. Victor Hugo registrou: “Meu pensamento é o de sempre avançar”.1 Observando o registro das contribuições de Victor Hugo no Senado, Shin’ichi sentiu como se a brisa da revitalização soprasse no local. Nessa ocasião, ele pensou: “Para deixar à posteridade os extraordinários trabalhos desse grande escritor, Victor Hugo, como também a vida de lutas desse herói, devo contribuir de alguma forma, realizando, por exemplo, exposições”. Dez anos depois, em 1991, essa ideia se tornou realidade. Recebendo o apoio de vários amigos, foi inaugurado o Centro Literário Victor Hugo na cidade de Bièvres, ao sul de Paris. O Castelo de Roches, onde foi instalado esse centro literário, é um local que Victor Hugo visitou diversas vezes. Nesse espaço aberto ao público estão expostos valiosos objetos tais como manuscritos, relíquias e documentos que representam o espírito do grande escritor. É um castelo literário que ilumina o futuro com a luz do humanismo de Victor Hugo. PARTE 46 Após a visita ao Senado francês, Shin’ichi dialogou com o seu presidente, Alain Poher, na residência oficial dele, o qual possuía forte interesse pela Soka Gakkai. Diz-se que ele desejava criar uma nova oportunidade para que pudessem conversar amigavelmente. O presidente mencionou sua simpatia pelos intercâmbios culturais e pela paz, como também pelos encontros com importantes personalidades de diversos países visitados por Shin’ichi naquela ocasião, de situações sociais totalmente distintas, tais como a União Soviética e a Bulgária. Para a paz, é importante o intercâmbio com países de diferentes culturas e sistemas. Porém, em geral, as pessoas têm a tendência de se afastar desse tipo de intercâmbio. Por isso mesmo, as ações de Shin’ichi chamavam a atenção do presidente do Senado francês. No diálogo, Shin’ichi expressou resumidamente suas convicções em relação à paz: — Há pessoas que falam da paz e do respeito à vida somente para autopromoção e, muitas vezes, de forma teórica. Mas aquelas que desejam sinceramente a paz e os jovens de pureza estão observando atentamente com visão aguçada. O mais importante é quanto agiu na prática e de verdade. Estou me movimentando com essa convicção. Se não for assim, é impossível provocar a verdadeira onda de paz nos jovens que se responsabilizarão pela era vindoura. Luto com toda a seriedade. Na época da Segunda Guerra Mundial, a Soka Gakkai sofreu uma violenta opressão do governo militarista. Em virtude disso, o primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, morreu na prisão, e o segundo presidente, Josei Toda, e diversos líderes foram presos. Particularmente, eu também perdi meu irmão na guerra e senti na pele a tragédia da devastação. É por essa razão que estou me dedicando para realizar o pacifismo com a crença no budismo que é a filosofia do respeito à dignidade da vida, com o sentimento de construir um mundo livre de guerras. O diálogo se intensificava. O presidente relatou sua experiência na Resistência Francesa (La Résistance). Os assuntos tratados foram desde a concepção da personalidade do ex-presidente da França Charles de Gaulle até o modo de vida do ser humano. A troca de opiniões acabou se estendendo por cerca de três horas. A convicção do presidente era de que “o ser humano deveria ajudar uma pessoa menos favorecida que ele próprio”. As vozes de simpatia pela paz se expandiam novamente. PARTE 47 Em Paris, paralelamente aos diálogos com autoridades e intelectuais, Shin’ichi Yamamoto se empenhava com todas as forças no incentivo aos membros. No dia seguinte à chegada a Paris, em 11 de junho, ele participou de um diálogo sobre a prática da fé com os membros jovens da França; no dia 12, visitou a sede de Paris e incentivou as pessoas que ali se reuniram para a reunião de gongyo, e realizou um diálogo. No dia 13, participou do Festival Cultural da Amizade na sede de Paris, seguido do descerramento da placa comemorativa dos vinte anos do kosen-rufu da França e do Gongyo Comemorativo. No dia 14, participou do Conselho Superior de Líderes da França. Durante a sua estada em Paris, realizou ainda diversas sessões de fotos comemorativas com os membros, além de participar pessoalmente de visitas familiares. Sentindo que aquele era o momento visando o grande voo no século 21, ele estava decidido a transmitir a cada pessoa o espírito da Soka Gakkai e os pontos primordiais da prática da fé, principalmente aos jovens. Na manhã do dia 14, saindo do hotel em que se hospedava, Shin’ichi caminhava pela avenida que margeava os jardins das Tulherias nas proximidades do Museu do Louvre. Ele iria tomar metrô e trem para se dirigir à sede de Paris, localizada na cidade de Sceaux. No dia anterior também, havia se deslocado de trem. Queria conhecer as condições em que os membros se empenhavam nas atividades do dia a dia. Ao descer a escadaria da estação das Tulherias do metrô, Shin’ichi disse aos líderes que o acompanhavam: — Hoje, na sede de Paris, será realizada a Primeira Reunião de Representantes da Divisão dos Jovens, não é? Visando a nova partida dos jovens, gostaria de lhes dedicar um poema. Você poderia, por favor, anotar o que vou ditar? Mesmo que fosse um pequeno intervalo de tempo, ele queria utilizá-lo de forma proveitosa em prol do kosen-rufu. Chegando à plataforma, começou a ditar: Neste momento, vocês se levantaram como pioneiros do sublime e grandioso movimento chamado kosen-rufu pelos dez mil anos. Levantaram-se hasteando alto a bandeira da vida, a bandeira da justiça, a bandeira da liberdade. O século 21 é o mundo de vocês. O século 21 é o palco de vocês. PARTE 48 No interior do metrô também prosseguia o ditado. Os membros acompanhantes se esforçavam para anotar no caderno. Na estação Châtelet, a terceira a partir de Tulherias, fizeram baldeação para a Linha B rumo à periferia. O ditado continuava na esteira rolante e enquanto aguardavam o trem. Neste momento, a sociedade entrou na época do caos, tal como o sol do entardecer que se põe. Por isso, neste momento, nós entoamos a letra e a música do renascimento da paz e da cultura, tal como o novo sol que se levanta. Ampliando o círculo de amigos, numerosos e refrescantes. Às pessoas idosas, às pessoas que sofrem, às pessoas que buscam, às pessoas que se afundam na tristeza, lançando o brilho no coração de todas as pessoas, revitalizando a alegria em todas as pessoas, nós avançamos, sem nenhuma interrupção. Em suas pálpebras surgia o aspecto heroico dos vigorosos jovens que vivem pelo kosen-rufu da nova era. O novo mundo aguarda ansiosamente, o aspecto de vocês montados no cavalo branco, segurando a compaixão na mão direita e a filosofia na mão esquerda. Logo após terem feito baldeação para o segundo trem, o ditado de Shin’ichi terminou. De fato, foram cerca de dez minutos. Os membros acompanhantes se apressaram para passar a limpo as anotações feitas às pressas. Shin’ichi fez a revisão e as correções do poema. Nesse momento, ouviram-se vozes dizendo: Sensei!. Três membros franceses da Divisão Masculina de Jovens e da Divisão Feminina de Jovens estavam em pé diante dele. Eles falaram que iriam para a sede de Paris, vindos da região da Bretanha, distante algumas centenas de quilômetros. — Muito obrigado pelos esforços. Estão vindo de longe. Não estão cansados pela longa viagem? O sentimento de valorizar os jovens manifestava-se em palavras. Os jovens são a esperança e o tesouro da sociedade. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Nota: 1. HUGO, Victor. Noventa e Três. parte 2. Tradução: Kozo Sakakibara. Editora Ushio Shuppan Sha.Ilustração: Kenichiro Uchida

21/09/2023

Aprender com a Nova Revolução Humana

Viver com o Gosho: volume 14 (parte 3)

Eu e meus discípulos, ainda que ocorram vários obstáculos, desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de buda. Não duvidem, mesmo que não haja proteção dos céus. Não lamentem a ausência de segurança e tranquilidade na vida presente. Embora tenha ensinado dia e noite a meus discípulos, eles nutriram a dúvida e abandonaram a fé. Abertura dos Olhos1 Obstáculos são as melhores ferramentas para aprimorar nossa vida Em dezembro de 1969, Shin’ichi Yamamoto viajou de Osaka para a província de Mie. Ao chegar à Sede Comunitária da Soka Gakkai de Matsusaka, aproximadamente quatrocentos membros o aguardavam. Declamando uma passagem de Abertura dos Olhos, ele proferiu as seguintes palavras de incentivo: (…) É por isso que nossa prática diária do Budismo Nichiren é tão fundamental. É importante manter uma fé que flui como a água, com perseverança e serena determinação. Precisamos polir e fortalecer nossa vida e cultivar a total convicção na fé. Quando conseguirmos isso, poderemos manifestar força no momento crucial. Procurando despertar-lhes determinação, continuou: — No nível individual, “momento crucial” é aquele em que vocês ou alguém que amam é acometido de grave doença ou sofre um acidente inesperado, ou quando perdem o emprego ou os negócios. Acontecimentos assim são a manifestação de seu carma proveniente do infinito passado e servem de oportunidade para transformar seu destino. Ter a fé desafiada é outro exemplo de “momento crucial”, como quando a Soka Gakkai foi perseguida ou teve algum problema. O único caminho para a felicidade é criar uma condição de vida indestrutível como o diamante e fazê-la brilhar. Dificuldades são as melhores ferramentas para aprimorar a vida. As épocas de grande perseguição são oportunidades para transformarmos o carma e a nossa condição de vida. É por essa razão que precisamos ter coragem para enfrentar esses ataques bravamente. Não devemos ser covardes. (…) (Trechos do capítulo “Vendaval”) É por meio da palavra escrita que o Buda salva os seres vivos. Carta para Renjo2 Grande esperança em relação à missão do Seikyo Shimbun Desde a sua fundação, o Seikyo Shimbun havia se desenvolvido de forma monumental, e em setembro de 1970, um ano antes do 200 aniversário, ocorreu a cerimônia de inauguração do novo prédio. Nos dez anos passados desde que se tornara presidente da Soka Gakkai, Shin’ichi não deixou de pensar no jornal nem por um momento. Sentindo o cheiro de tinta fresca ao folhear as páginas do jornal todas as manhãs, ele e sua esposa, Mineko, oravam pela segurança das pessoas que faziam a entrega do Seikyo Shimbun em todo o país. Enquanto lia o Seikyo Shimbun a cada manhã, Shin’ichi Yamamoto pensava na edição do dia seguinte, imaginando qual seria a matéria de primeira página, qual o tema do editorial e que tipo de artigos seriam apresentados. Ele considerava o desenvolvimento do jornal, ao qual Josei Toda havia se dedicado de corpo e alma para criar, como sua missão e responsabilidade pessoais. Assim, havia vezes em que aconselhava a equipe do jornal, e sempre que o departamento editorial lhe requisitava um artigo, esforçava-se ao máximo para atender, não importando o quanto estivesse ocupado. Nichiren Daishonin escreveu: “É por meio da palavra escrita que o Buda salva os seres vivos”.3 Da mesma forma, o papel do Seikyo Shimbun de transmitir corretamente os princípios do budismo é de extrema importância. Além do mais, com a abundância de informação disponível no mundo moderno, não é incomum que as pessoas fiquem tão saturadas que não conseguem nem pensar em estabelecer seu próprio senso de valores. Portanto, nós precisamos de algum tipo de padrão filosófico por meio do qual possamos julgar o mundo que está ao nosso redor. A missão do Seikyo Shimbun é cumprir essa diretriz. (Trechos do capítulo “Rio Caudaloso”) (Traduzido a partir da edição do jornal diário da Soka Gakkai, Seikyo Shimbun, de 18 de dezembro de 2019.) Assista Vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 14 Ilustração: Kenichiro Uchida Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 296, 2020. 2. Ibidem, v. II, p. 410, 2017. 3. Ibidem.

06/09/2023

Especial

Escreva sua revolução humana

Quando o presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, repousou a caneta sobre a mesa após terminar de redigir o último capítulo do volume 30, “Juramento Seigan”, do romance Nova Revolução Humana (NRH), haviam se passado 25 anos desde que ele iniciara essa verdadeira batalha de palavras. Era 6 de agosto de 2018, e o local, o mesmo do início da obra, o Centro de Treinamento de Nagano, em Karuizawa, Japão. Alguns dias depois, em 8 de setembro, foi veiculada, no jornal Seikyo Shimbun, a parte final da grande obra literária da vida de Ikeda sensei. Conforme Brasil Seikyo publicou na matéria sobre as três décadas desde que o Mestre começou a escrever a NRH (ed. 2.639, 15 jul. 2023), o dia 6 de agosto de 1993 marcava os 48 anos do lançamento da bomba atômica em Hiroshima. Era a expressão do profundo desejo de Ikeda sensei de que o destino trágico de guerras da humanidade fosse transformado em um futuro de paz e de respeito à dignidade da vida. Em meio à sua intensa agenda de atividades e de compromissos, dedicando cada momento a incentivar os companheiros e a impulsionar o avanço do kosen-rufu, ele ultrapassou os desafios, triunfando até sobre o próprio limite do tempo para completar o romance. Escreveu as primeiras linhas aos 65 anos e concluiu a obra com 90 anos. A força para cumprir essa tarefa monumental nasceu do solene juramento de registrar a grandiosidade e os ideais de seu mestre, Josei Toda, para as futuras gerações. Em 14 de agosto de 1957, exatamente dez anos após conhecer Toda sensei em uma reunião de palestra, Ikeda sensei decidiu dar continuidade à escrita do romance Revolução Humana, iniciada por seu mestre, missão finalizada em novembro de 1992. No posfácio do volume 30-II da NRH, o presidente Ikeda declara: Meu profundo desejo é que os membros da Soka Gakkai façam da conclusão do romance Nova Revolução Humana um novo ponto de partida, levantando-se como “Shin’ichi Yamamoto”, e escrevam sua própria história brilhante da revolução humana, empenhando-se pela felicidade dos amigos por meio de ininterruptas ações indomáveis.1 Sobre esse sentimento do Mestre, o presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, salienta: Para nós, discípulos, não é exagero dizer que este momento de solene registro histórico da conclusão do romance Nova Revolução Humana é o ponto de partida do juramento seigan para iniciarmos a continuidade de sua narrativa com nosso próprio comportamento e ação. (...) Revolução Humana e Nova Revolução Humana são o límpido espelho a iluminar o futuro. Com seus próprios passos, sensei indicou o rumo para que os discípulos continuassem vencendo na vida pessoal e no movimento pelo kosen-rufu por todo o eterno futuro. Além disso, Revolução Humana e Nova Revolução Humana são o portal do diálogo com o Mestre.2 A fim de corresponder sinceramente aos anseios de Ikeda sensei, os integrantes da Soka Gakkai pelo mundo dedicam-se a escrever uma nova história de vitórias em sua vida com base nos direcionamentos do Mestre contidos nas duas obras. No Brasil também, os membros da BSGI têm se empenhado em seu estudo, tanto individualmente como nas organizações de base e em outras atividades, e aplicado o precioso conteúdo na vida para vencer os desafios pessoais, comprovar a prática budista na sociedade e triunfar como discípulos. Membros do Distrito Independência em encontro virtual de estudo da obra de Ikeda senseiOs componentes do Distrito Independência, em São Paulo, por exemplo, adotaram o estudo da Nova Revolução Humana como uma de suas principais atividades. No início da pandemia da Covid-19, promoveram os encontros de forma virtual, utilizando os volumes 30-I e 30-II da NRH, e encontraram nessa iniciativa a força, a coragem e a determinação para avançar em meio à realidade diária. Além disso, os participantes enriqueceram o diálogo revezando-se na apresentação de interessantes pesquisas sobre as personalidades, os lugares e outros aspectos dos trechos abordados. Recentemente, concluíram o estudo dos dois volumes. Uma das participantes mais assíduas, Andreia Jacob Oliveira, integrante da Divisão Feminina (DF), comenta: “Os encontros de estudo da NRH são ótimas oportunidades para compreendermos a luta de Ikeda sensei e para trocarmos ideias, contribuindo com nosso ponto de vista e aplicando o que aprendemos em nosso dia a dia”. Da mesma forma, por todo o país, vêm sendo realizadas atividades semelhantes e, em especial, a Juventude Soka adotou como alicerce de sua atuação o estudo da Nova Revolução Humana. A geração atual é a primeira a ter contato com a versão completa dessa obra de Ikeda sensei e, portanto, possui não somente a oportunidade de se aprofundar no estudo dela e de pôr em prática esse aprendizado, como também carrega a missão de transmitir às demais gerações a importância desse inestimável romance para o bem da humanidade. Leia mais Sobre a jornada empreendida por Ikeda sensei para escrever as obras Revolução Humana e Nova Revolução Humana no Brasil Seikyo, ed. 2.639, 15 jul. 2023. No topo: Capas de volumes da Nova Revolução Humana em português. Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Posfácio. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-II, p. 359. 2020. 2. Brasil Seikyo, ed. 2.435, 15 set. 2018, p. A3.Foto: Colaboração local / BS

24/08/2023

Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 14 (parte 1)

Jovens revolucionários dedicados ao kosen-rufu Em 1969, o movimento estudantil que havia se espalhado pelas universidades do Japão aumentou, acarretando violentos confrontos com a polícia e fazendo muitas vítimas. Os manifestantes tinham ampla gama de objetivos, mas, de forma geral, os protestos buscavam a liberdade acadêmica e a mudança institucional, além de abordar questões políticas e de injustiças sociais. Isso levou os integrantes da Divisão dos Universitários (DUni) da Soka Gakkai a tentar, desesperadamente, entender quais reformas eram realmente necessárias para a transformação da sociedade. Diante desse cenário, Shin’ichi Yamamoto manteve a seguinte interlocução com os membros da DUni: Após liderar os participantes na recitação do sutra, Shin’ichi dialogou com eles. Um estudante perguntou: — Qual a melhor maneira de construirmos uma sociedade melhor? Eles sentiam necessidade de uma reforma social que acabasse com a opressão por parte das autoridades governamentais e acreditavam firmemente que esse era o caminho correto para os que são conscientes, mas não que a sociedade passaria por uma reforma com manifestações estudantis nem com levantamento de barricadas nos campi das universidades. Estavam também cientes de que, embora os estudantes reivindicassem a reforma social enquanto se encontravam na escola, depois de se formarem e entrarem para o mercado de trabalho não teriam outra escolha a não ser seguir o regulamento da empresa. O que significava que havia uma grande possibilidade de eles se tornarem parte da estrutura social que sustentava a opressão contra a qual se opunham. Nesse sentido, muitos integrantes da Divisão dos Universitários estavam preocupados em como executar seus ideais reformistas. Shin’ichi respondeu: — Não há necessidade de entender a revolução com base apenas em exemplos históricos como a Revolução Francesa ou a Revolução Russa. É superficial pensar que se pode construir uma nova sociedade seguindo os mesmos métodos das revoluções do passado, e está simplesmente fora da realidade imaginar uma reforma agitando bastões de madeira ou empregando a violência. A imagem do revolucionário que emprega táticas assim está ultrapassada. (...) — E eu mesmo não desejo ver nem um único jovem sendo ferido! — disse ele enfaticamente. “Somente o Budismo Nichiren consegue derrotar o egoísmo e sua natureza maligna e criar uma era em que prevaleça o humanismo — é uma batalha para vencer a escuridão fundamental de nossa vida. Nichiren Daishonin escreveu: “A espada afiada que corta a escuridão fundamental inerente na vida não é outro senão o Sutra do Lótus”.1 A solução está em realizar o kosen-rufu, um movimento em que cada pessoa revela a nobre condição de vida do estado de buda por meio da prática budista e transforma sua existência, pois é uma revolução abrangente embasada na revolução do indivíduo. O propósito é que define os métodos. No momento em que se emprega a violência, mesmo o mais nobre dos ideais fica maculado. Qualquer desumanidade ou contradição que surgir na busca da reforma reflete que tipo de sociedade aparecerá após o término da batalha. (Trechos do capítulo “Coragem e Sabedoria”) Aprimorar nossa vida na “escola da juventude” Em julho de 1969, a banda feminina Fuji Kotekitai da Soka Gakkai viajou para os Estados Unidos para uma apresentação conjunta com a banda feminina americana para celebrar a Sexta Convenção da Soka Gakkai da América. As jovens do grupo se esforçaram arduamente para esse evento, encorajando-se mutuamente e obtendo um extraordinário desenvolvimento pessoal. Logo a banda começou a ser mais do que um espaço onde as jovens podiam polir seus talentos musicais, passando a ser como uma escola, onde elas cultivavam amizades e espírito do trabalho em equipe, polindo também o caráter. Shoko Odano, que viajou para os Estados Unidos com a banda e posteriormente foi nomeada como sua terceira responsável, era uma jovem que havia aprendido tanto o espírito da Soka Gakkai como um modo humanístico de viver graças ao seu envolvimento com o grupo musical. Odano entrara para a banda por incentivo da irmã mais velha quando estava no primeiro ano do ensino médio. Recebeu logo em seguida a responsabilidade de entrar em contato com várias outras integrantes para comunicar sobre os horários e locais dos ensaios. Ela percebeu então que algumas meninas que faziam parte de sua lista não compareciam, mesmo apesar de ela ter telefonado. Isso a deixava um tanto chateada, mas, como achava que havia cumprido sua tarefa ao avisá-las, então era problema delas se não participavam. Sendo ela mesma uma pessoa independente e autossuficiente, não gostava de interferir nos assuntos dos outros nem que os outros interferissem nos seus. (...) Mas, ao saber de que forma as outras integrantes da banda lidavam com essa mesma responsabilidade, ela ficou surpresa. Quando alguém com quem elas haviam entrado em contato deixava de comparecer ao ensaio, elas ficavam profundamente preocupadas. Direcionavam suas orações para essa questão, recebiam orientação das líderes da banda e até mesmo iam até a casa da pessoa para incentivarem-na. (...) Não há nada que se compare ao sentimento de criar uma bela e inspiradora apresentação. Creio que todas que entram para a banda feminina têm essa aspiração, e quero mesmo que possamos alcançar juntas o nosso objetivo. É por isso que jamais desistirei. Mesmo que ninguém não diga nada se eu me esforçar menos, eu saberei que estarei prejudicando a mim mesma. Cada pessoa possui uma missão, e a verdadeira união nasce quando ela se levanta e cumpre plenamente a sua própria missão. É assim também que se cria uma nova história. (Trechos do capítulo “Missão”) Ilustração: Kenichiro Uchida Nota: 1. The Writings of Nichiren Daishonin [Escritos de Nichiren Daishonin]. v. I. Tóquio: Soka Gakkai, 2006. p. 138. Assista Veja o vídeo da série "Aprender com a Nova Revolução Humana", volume 14

10/08/2023

Caderno Nova Revolução Humana

Força e diálogo para criar a época

PARTE 33 Sob a referência da justiça divina, a Divina Comédia, de Dante, descreve o resultado cruel no mundo após a morte decorrente da inveja, da enganação, da arrogância, da violência, da mentira, da traição, entre outras. Pode-se dizer que é uma obra literária de luta contra todos os tipos de males que conduzem o homem à infelicidade. Por mais que conquiste posição social, fama ou fortuna, enquanto não resolver a questão da morte, o ser humano não consegue estabelecer a felicidade nem o verdadeiro modo de viver. Pode-se dizer que a distorção da época atual é resultado da busca desenfreada pelos desejos de curto prazo, fugindo da questão mais importante do ser humano que é a morte. Shin’ichi tinha forte convicção de que a nova Renascença da vida só aconteceria a partir do despertar das pessoas para a grande Lei da eternidade da vida chamada budismo. Shin’ichi criou, ainda, um momento de diálogo com os jovens, dirigindo-se até as colinas de Fiesole, na periferia de Florença: — O budismo dá uma grande importância ao diálogo. Está no extremo oposto da submissão das pessoas por meio do poder e do autoritarismo religioso. Shakyamuni elucidou a Lei pelo diálogo. E Nichiren Daishonin também deu a máxima importância ao diálogo. A reunião de palestra da Soka Gakkai também é realizada herdando esse espírito. Bem, se tiverem algo que queiram saber, perguntem sem cerimônias. Com brilho nos olhos, os jovens perguntaram a Shin’ichi sobre temas como teoria de Dante, princípios da “unicidade da vida e seu ambiente” (esho-funi) e “simultaneidade de causa e efeito” (inga-guji). Quando diminuíram as perguntas, Shin’ichi disse avistando a cidade que se estendia no horizonte: — Certamente virá o dia em que as chamas da Lei Mística brilharão nas janelas de muitas casas que enxergamos daqui. A época do kosen-rufu já chegou. Agora é o momento de todos se levantarem sós munidos de coragem. Quando Toda sensei tomou posse como segundo presidente da Soka Gakkai, o número de membros não passava de 3 mil. Porém, os jovens que despertaram para a missão de luta conjunta de mestre e discípulo se levantaram e, em menos de sete anos, a Soka Gakkai concretizou o empreendimento da vida do mestre, de 750 mil famílias praticantes. Essa foi a vitória do resoluto diálogo. Nós tínhamos a grande convicção no budismo. Todos se empenharam no estudo do budismo e falaram com raciocínio lógico sobre os princípios de forma clara. Havia uma abundante paixão. O diálogo une os corações e se torna a força para criar a época. PARTE 34 Na tarde do dia 2 de junho, Shin’ichi Yamamoto despediu-se de cerca de cem membros que se juntaram na estação central de Florença, e embarcou no trem com destino a Milão. No lado de fora das janelas, via-se o rosto de muitos jovens que pareciam relutar a despedida. Em um diálogo sem palavras, Shin’ichi trocava os olhares através do vidro com o sentimento de “conto com vocês; é a época de vocês”. O trem começou a se movimentar. Todos acenavam intensamente. Seus olhos estavam marejados. Shin’ichi também continuou acenando. Quando os jovens se levantam, o portal do futuro se abre. Observando a cidade de Florença, ele sentiu como se ouvisse o altivo ressoar do sino do alvorecer, anunciando a Renascença do século da vida. Os jovens daquela época cresceram vigorosamente e passaram a contribuir enormemente em prol da sociedade italiana. Em julho de 2016, 35 anos depois, o governo da República da Itália e o Instituto Budista Italiano Soka Gakkai firmaram o acordo de cooperação religiosa Intesa. Essa era, de fato, a prova da confiança da sociedade. Shin’ichi chegou a Milão e, no dia 3, visitou Carlo Maria Badini, superintendente do Teatro alla Scala que se orgulha pela sua tradição e história de mais de duzentos anos. E, conduzido pelo superintendente, realizou uma visita de cortesia ao prefeito Carlo Tognoli no prédio da prefeitura de Milão, localizado em frente ao teatro. Na verdade, estava prevista para outono daquele ano a apresentação no Japão do Teatro alla Scala a convite da Associação de Concertos Min-On e de outras associações. Essa apresentação que reúne um total de cerca de quinhentos integrantes seria numa escala sem precedentes. Seguindo à exibição da Ópera Estatal de Viena, realizada no ano anterior, havia uma enorme expectativa dessa apresentação no Japão do mais proeminente grupo de ópera do mundo. Na ocasião do encontro, o prefeito Tognoli outorgou a medalha de prata da cidade para Shin’ichi. E, também, no Teatro alla Scala, dialogou com o superintendente Badini e com o diretor artístico Francesco Siciliani. O superintendente afirmou: — Enaltecendo plenamente o valor do nome do Teatro alla Scala como também da Associação de Concertos Min-On, entidade musical de âmbito internacional, realizaremos a melhor apresentação. Em sua fisionomia, notava-se uma decisão incomum para a apresentação no Japão. A tradição não é criada meramente pela passagem dos anos. Os seguidos desafios de sempre fazer o melhor, sem compromisso, cultivam o nobre acúmulo de experiências ano após ano. PARTE 35 O superintendente prosseguiu: — Sem o esforço do presidente Yamamoto, essa apresentação não seria realidade. Relembrando, as negociações para realizar a apresentação do Teatro alla Scala no Japão haviam sido iniciadas pelo diretor responsável pela Min-On, Eisuke Akizuki, há dezesseis anos quando ele visitou o teatro. Não havia exemplo anterior de uma apresentação convidando todo o grupo do Scala nem no Japão nem na Ásia. Quando tomavam conhecimento da intenção da Min-On em convidar o Teatro alla Scala, invariavelmente as pessoas do mundo cultural e artístico do Japão zombavam dizendo ser um sonho. Elas afirmavam que era impossível a Associação de Concertos Min-On ou a Soka Gakkai trazerem esse grande teatro de ópera, o melhor do mundo. Mas Shin’ichi disse a Akizuki: — Não precisa se preocupar. Sinto no Teatro alla Scala o espírito de altivo orgulho em contribuir sempre para a prosperidade da música. Não é possível que músicos herdeiros dessa tradição não se interessem pela Min-On que promove um novo e grandioso movimento musical do povo. Exatamente de acordo com essa convicção de Shin’ichi, o Teatro alla Scala manifestou concordância pela apresentação no Japão, chegando finalmente a ponto de firmar um contrato provisório. Todavia, o falecimento do superintendente da época e o afastamento do seu sucessor devido a uma doença fizeram com que o assunto não avançasse. Como fundador da Min-On, Shin’ichi veio sempre se empenhando em apoiar nos bastidores e, finalmente, foi definida a apresentação do Teatro alla Scala no Japão em outono de 1981. Desafiar persistentemente com o sentimento de avançar corpo a corpo a cada barreira encontrada. O acúmulo dessas ações faz com que se realizem empreendimentos considerados impossíveis pelas pessoas e se crie uma nova história. No dia seguinte, 4 de junho, Shin’ichi foi convidado pela Editora Mondadori e dialogou com o diretor de publicações educacionais e com outros. Essa era a maior empresa de publicações da Itália e havia um plano para editar as obras provenientes do diálogo de Shin’ichi com intelectuais do mundo em língua italiana, razão da visita desse dia. Mais tarde, essa editora publicou a Sabedoria do Sutra do Lótus, obtendo grande repercussão. Essa publicação se tornou uma força para divulgar os ideais, cultivar o diálogo espiritual e desenvolver a cultura. PARTE 36 Ao final da tarde do dia 4, Shin’ichi Yamamoto reuniu-se com cerca de cinquenta representantes jovens e estudantes na sala de conferências do hotel em que estava hospedado e realizou um diálogo sobre a prática da fé. Respondendo às perguntas dos membros, ele transmitiu orientações e incentivos. Um dos assuntos enfatizados foi o de que, mesmo com uma reforma do sistema, era imprescindível realizar a transformação da vida de si próprio. Ainda que se crie um maravilhoso sistema, quem o administra é o próprio ser humano. Se não houver o estabelecimento da filosofia da revolução humana capaz de controlar o desenfreado egoísmo, não haverá a prosperidade social no sentido verdadeiro. Shin’ichi queria que os jovens se levantassem como “cavaleiros da revolução humana” para abrir o século da vida. Além disso, na Itália, o número de membros jovens era expressivo. Assim, considerando também o pedido dos pais para que ele falasse sobre a concepção de casamento, Shin’ichi se referiu a essa questão. — Desnecessário dizer que, no casamento, o mais importante é a própria intenção. Todavia, não se pode negar que, pelo fato de ser jovem, a experiência na vida ainda é escassa e haja certa imaturidade. Portanto, gostaria de lhes afirmar que é importante receber aconselhamentos dos pais e veteranos próximos, e realizar o casamento no qual as pessoas ao redor os felicitem. Além disso, ao se casar, a pessoa compartilhará alegrias e sofrimentos por toda a vida. Na jornada da vida, não se sabe que tipo de destino e provações nos aguarda. Para que consigam superá-los a dois, além do amor, é necessário avançar com um objetivo de vida comum embasado em uma ideologia, uma filosofia e, principalmente, uma fé. Se ambos forem praticantes deste budismo, procurem se esforçar diligentemente e criem um relacionamento para polir mutuamente a fé e a personalidade. Se em virtude do namoro acabarem se distanciando da organização, perderem a alegria da fé e deixarem de progredir e se desenvolver, vocês se tornarão infelizes. Budismo é fonte da energia para superar as ondas bravias da vida. O caminho para construir a felicidade indestrutível se encontra na linha de frente das atividades da organização. O suor escorrido em prol do kosen-rufu converte-se em preciosa boa sorte, e cada passo dessa caminhada transforma nosso destino e abre a jornada da vida de alegria e de felicidade. Shin’ichi enfatizou que, por isso mesmo, jamais se deve apagar as chamas da fé. O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Ilustrações: Kenichiro Uchida

10/08/2023

Terceira Civilização

Reflexões Sobre a NRH

[112] Osaka, grande capital do povo japonês (parte 1)

Nossos companheiros do mundo inteiro sentem enorme admiração por Kansai. Não, é muito mais que admiração, eles ficam maravilhados! Nossos membros de Tóquio também nutrem profunda gratidão pelos companheiros de Kansai por sua amizade e seu apoio entusiástico. Kansai é forte! Osaka é forte! Nossa grande Kansai de eternas vitórias é um reino invencível das pessoas, uma organização invicta, inigualável no mundo todo. Os membros de Kansai possuem o espírito de mestre e discípulo. Ninguém jamais poderá romper os laços espirituais que me unem a eles: nosso compromisso de lutar apaixonadamente para realizar o kosen-rufu. Nós jamais permitiremos que as mãos sujas do autoritarismo toquem nesse precioso laço. Tudo começa e termina com a relação de mestre e discípulo. Esse é o espírito que a vitoriosa organização de Kansai criou. *** Quando Josei Toda se tornou segundo presidente da Soka Gakkai, em 1951, uma das primeiras coisas que eu disse a ele foi: “Para o desenvolvimento do kosen-rufu do Japão no futuro, deveríamos dar prioridade à criação de um distrito em Osaka, capital do povo”. Toda sensei respondeu no mesmo instante: “Está bem. Se é assim que pensa, Daisaku, vá para Osaka e estabeleça esse distrito”. Nossa organização em Kansai nasceu dessa união espiritual entre mestre e discípulo. Na época, tínhamos membros somente em Osaka e ainda assim em um número muito pequeno. Os líderes da Soka Gakkai jamais haviam sonhado em estabelecer um distrito nessa localidade. Porém, Toda sensei anunciou que concretizaria a meta de 750 mil famílias, e eu era seu discípulo. Assim sendo, pensei muito, com o entusiasmo e idealismo de um jovem, sobre o que seria necessário para propagar amplamente o Budismo de Nichiren Daishonin. Foi isso que me impeliu a sugerir-lhe a criação de um distrito em Kansai. Tóquio é a capital política e administrativa do Japão e Osaka, ou melhor, toda a Kansai, é a capital econômica. Se conseguíssemos estabelecer uma base forte para o kosen-rufu nessa localidade, suas ondas se propagariam para outras regiões, como Tyugoku, Shikoku, Kyushu e, consequentemente, para o Japão inteiro. [Nota do editor: Em 1951, quando o pre­sidente Josei Toda declarou que atingiria a meta de 750 mil famílias, o total de membros da Soka Gakkai chegava a pouco mais de três mil, distribuídos em doze distritos. Em agosto de 1952, haviam somente quarenta membros em Osaka.] No ano seguinte, 1952, foi fundado o primeiro distrito em Osaka. Visitei a localidade em 14 de agosto desse ano e Toda sensei chegou no dia seguinte para iniciar a campanha de propagação regional de verão e dar o primeiro passo para o pleno desenvolvimento da nossa organização em Osaka. Eu mantinha o presidente Josei Toda informado dia e noite; ao mesmo tempo, empenhava-me com afinco para atingir a vitória. Os membros de Kansai se uniram com elevado ânimo e se lançaram à campanha. Os olhos deles resplandeciam de vida, esperança e convicção. *** O presidente Josei Toda deixou bem claro seu propósito de ir para Osaka: “Vamos livrar Osaka da doença e da pobreza!”. Essa foi uma solene declaração para enxugar as lágrimas de infelicidade e sofrimento dos olhos do povo de Osaka. Fiz do juramento de Toda sensei meu próprio juramento. Para atingir esse objetivo, teria de me dedicar diligentemente à propagação da Lei Mística, transmitindo coragem a muitas pessoas para que pudessem conduzir uma vida feliz. O objetivo de uma verdadeira religião é livrar as pessoas das amarras do sofrimento. Uma religião viva as ajuda a transformar a miséria em felicidade. Uma religião não deve funcionar como simples fonte de consolo ou de comiseração nem como ópio, que serve de fuga da realidade. Em resposta a essa determinação, indivíduos fortes e corajosos que tinham despertado para um novo modo de vida e que haviam chegado a uma nova consciência social, levantaram-se para lutar pela reforma e pela melhoria da comunidade a qual pertenciam. Como cidadãos, possuíam o direito de construir uma sociedade que servisse às suas necessidades. “Devemos fazer de Osaka, uma cidade de pessoas honestas e batalhadoras, a capital da felicidade de um povo cheio de boa vontade.” Essa era a minha determinação como um jovem leão de 28 anos que, desde o início de 1956, havia assumido ativamente a liderança na construção da organização de Kansai de contínuas vitórias. Junto com os membros dessa localidade, lancei-me à batalha da fé e do kosen-rufu para atingir esse grande objetivo. [Nota do editor: Em janeiro de 1956, o jovem Ikeda foi incumbido pelo presidente Josei Toda da tarefa de liderar as atividades no Distrito Osaka, centradas nas reuniões de palestra. Em maio desse ano, ele e os membros da localidade atingiram, em um mês, o recorde de propagação sem precedentes na história do movimento pelo kosen-rufu.] Vista da cidade de Osaka, em Kansai, Japão. Foto: Getty Images. Além disso, em julho do mesmo ano, seriam realizadas as eleições para a Casa dos Conselheiros (Câmara Alta) e a liderança da sede da Soka Gakkai havia decidido lançar o próprio candidato na região de Osaka. Lançar ou não um candidato, essa foi uma decisão difícil para os líderes da sede. Todos pensavam que seria uma disputa da qual não sairiam vitoriosos. Tanto dentro como fora da Soka Gakkai, muitos diziam que era um passo precipitado e condenado ao fracasso. Porém, assegurei ao meu mestre: “Não importam os obstáculos que enfrentaremos, prometo ao senhor que triunfaremos. Sensei, eu lhe trarei a vitória!”. Naquele ano de 1956, no dia do aniversário de Josei Toda (11 de fevereiro), compus um poema para ele, expressando minha determinação. Toda sensei respondeu com a rapidez de um raio. Enquanto eu viver, jamais me esquecerei dessa troca poética entre mestre e discípulo. Ofereço o poema que dediquei ao meu mestre, agora com novo significado, aos nossos companheiros de Kansai: O castelo Kinshuque edificamos agoraem Kansaiserá eternamente indestrutívelbarrando as tropas do mal. Permitam-me também compartilhar com vocês os versos que o presidente Josei Toda dedicou-me em resposta: Alegria em contemplaro castelo Kinshuedificado pelo meu discípulocom a prática do shakubuku. Continua. Na parte final deste ensaio, Ho Goku [pseudônimo do presidente Ikeda como autor do romance Nova Revolução Humana] descreve as ações tomadas para conquistar o objetivo lançado por seu mestre. No topo: Mapa do Japão. Foto: Getty Images.

03/02/2025

Encarte Especial

Nova Revolução Humana em Fotos

Antes do meio-dia de 14 de janeiro, Shin’ichi e sua esposa, Mineko, estavam em uma sala no Centro Cultural de Kanagawa olhando para o porto. Nuvens brancas flutuavam no céu azul e o mar brilhava em azul profundo. Através de binóculos, Shin’ichi viu um navio branco avançando em direção ao cais. Um sol laranja brilhante estava estampado no casco e havia pessoas no convés. Era o grande navio de passageiros Sunflower 7. Fazendo lentamente uma curva que levantou ondas, ele seguiu em direção ao píer de Osambashi, em Yokohama. Naquele dia, cerca de oitocentos membros de Shikoku [a menor das quatro principais ilhas do Japão] chegaram ao Centro Cultural de Kanagawa para ver Shin’ichi depois de um dia inteiro de viagem em navio fretado. Na data anterior, o tempo piorou e havia nevado tanto em Tóquio como em Yokohama. A baixa pressão atmosférica se movia em direção à costa leste do Japão e havia a previsão de mares agitados. Falou-se até em cancelamento dessa viagem. Entretanto, os companheiros de Shikoku disseram: “Iremos de qualquer jeito!”. Assim zarparam em direção às ondas furiosas. Na noite da partida, Shin’ichi orou daimoku com toda a seriedade para que todos chegassem sãos e salvos. Ele queria que eles criassem uma alegre história do kosen-rufu. Ter histórias pessoais ligadas ao grande drama do kosen-rufu enriquece nossa vida. (Nova Revolução Humana, v. 30-I, p. 171-172) Foto: Seikyo Press / Ilustração: Kenichiro Uchida No topo: Em 14 de janeiro de 1980, Ikeda sensei recepcionou os membros de Shikoku na chegada ao porto de Yokohama a bordo do navio Sunflower 7

03/02/2025

Encarte Especial

Nova Revolução Humana em Fotos

Havia algum tempo que Shin’ichi sentia vividamente a necessidade de estabelecer uma organização internacional fundamentada nos ensinamentos de Nichiren Daishonin visando à concretização da paz mundial e à felicidade e à prosperidade de toda a humanidade. Até então, para possibilitar que as organizações da Soka Gakkai de diversos países e regiões pudessem coadunar esforços e trabalhar juntas para a consolidação da paz e da felicidade humana com base no budismo, a Conferência Europeia da Soka Gakkai, a Liga Pan-Americana e o Conselho Cultural Budista do Sudeste Asiático haviam sido estabelecidos. Tencionando dar um passo além, pensou em implementar uma organização internacional unificada — a Soka Gakkai Internacional — que congregaria membros do mundo inteiro. Os problemas do mundo contemporâneo, entre eles, a ameaça da guerra atômica, a degradação ambiental, a discriminação, a pobreza e a fome — eram, todos, questões que transcendiam fronteiras nacionais e regionais e cuja solução exigia a cooperação do mundo como um todo. Shin’ichi imaginou que o início do ano seguinte, 1975 — que celebraria o 45o aniversário do estabelecimento da Soka Gakkai —, seria a ocasião ideal para fundar essa nova organização internacional. Naquele momento, firmando no coração o juramento de concretizar a paz mundial, surgiu em seu pensamento a ideia de que Guam, palco de um cruel derramamento de sangue na última guerra, seria o lugar perfeito para isso. (Nova Revolução Humana, v. 19, p. 217-218) No topo: Dr. Daisaku Ikeda, presidente da SGI, observa pôr do sol em Guam (Estados Unidos, jan. 1975) Foto: Seikyo Press / Ilustração: Kenichiro Uchida

14/01/2025

Encarte Especial

Nova Revolução Humana em fotos

O ano de 1977 assinalava o 20o aniversário da Campanha de Yamaguchi, um movimento de propagação de ampla escala liderado por Shin’ichi em outubro e novembro de 1956 e em janeiro de 1957, que se converteu numa façanha de ouro na história do kosen-rufu. Membros que tinham conhecidos em Yamaguchi reuniram-se de todo o Japão para tomar parte, com muita energia, na propagação do Budismo Nichiren. As campanhas de propagação de 1956 e 1957 ampliaram o número de membros na província de Yamaguchi de cerca de quatrocentas famílias para quase dez vezes mais. Nos vinte anos subsequentes, Yamaguchi realizou avanços extraordinários, e os membros eram repletos de forte espírito de pioneirismo. A experiência de dar tudo de si, devotando-se de corpo e alma numa luta, torna a pessoa forte. Nesse processo, os membros ganham consciência do poder da sincera oração e da ação fervorosa. Essa consciência cultiva neles o senso de responsabilidade e missão de abrir um novo caminho para o kosen-rufu e os capacita a construir uma base eterna para sua fé budista. Foto: Seikyo Press / Ilustração: Kenichiro Uchida

03/10/2024

Na prática

Fazer surgir o brilho da vida com a “Prática da fé para vencer as dificuldades”

No Estudo desta edição, Ikeda sensei faz a seguinte provocação: Alguns de vocês, meus jovens amigos, podem estar se perguntando por que têm de enfrentar dificuldades, quando se supunha que, praticando o budismo, receberiam benefícios. Talvez pensem que seja melhor nem começar a praticar.1 Vamos entender por que passamos por problemas, mesmo praticando o Budismo de Nichiren Daishonin, e como ultrapassá-los com base na diretriz da Soka Gakkai “Prática da fé para vencer as dificuldades” Por que eu? Uma famosa fábula conta que, certa vez, uma barra de metal acertou em cheio uma pedra. Assustada, a pedra perguntou? — Por que você me castiga? Não me maltrate, deve ter me confundido com outra. Nunca ninguém me quis mal. A barra então respondeu: — Se tiver paciência, verá que fruto maravilhoso sairá de você. A pedra então suportou com serenidade e viu surgir de dentro si o maravilhoso fogo.2 Assim como a pedra e angustiado pelas circunstâncias, você pode estar se perguntando: “Por que eu?”. Por que, mesmo praticando o budismo, passo por isso? Na fábula, a pedra estava sofrendo com os golpes por uma finalidade: extrair fogo de si. Da mesma forma, as adversidades pelas quais passamos também têm um propósito. Elas são oportunidades para extrair o melhor da nossa vida, a transformação do nosso ser. É em meio às dificuldades que podemos evidenciar a condição de vida do estado de buda e abrir esse caminho para as pessoas. Reação diante do problema A teoria é essa. Mas como mudar a condição de vida de “Por que eu?” para “Sim, eu!”? O primeiro aspecto é a reação diante das questões. Qual comportamento melhor o caracteriza diante de um problema: 1. Desiste e se conforma, afinal, você é uma pessoa sem sorte. 2. Esquiva-se porque, com o tempo, tudo se resolve. 3. Lamenta e chora no ombro de quem se dispõe a ouvi-lo. 4. Nutre ressentimento e culpa o outro e as circunstâncias. Essas são atitudes comuns de quem está atravessando uma questão difícil. A prática do budismo ensina e oferece meios para conduzir a vida em todos os momentos com coragem, ânimo e vitalidade. Assim, não podemos nos permitir ficar apenas nos queixando, alimentando o medo ou presos ao conformismo. No entanto, reconhecer que existe o problema e que a chave para solucioná-lo está em suas mãos e que cabe a você encontrá-la constitui um passo importante para transformar uma postura passiva em uma atitude proativa. Com relação à nossa reação diante dos problemas, Ikeda sensei enfatiza: Da perspectiva da nossa fé e prática budista, devemos responder às dificuldades e às provações ativando o poder da nossa fé e prática, extraindo desse modo os poderes do Buda e da Lei. Essa maneira de reagir aos problemas nos permite “acumular ilimitado e indestrutível ‘tesouro do coração’”3 e desenvolver a capacidade de ajudar muitas pessoas a se tornarem felizes.4 Como orar para o problema A diretriz da Soka Gakkai de que estamos tratando é “Prática da fé para vencer as dificuldades”. “Prática da fé” significa orar daimoku. Depois de ativarmos o poder da nossa fé e prática, como o presidente Ikeda ressalta, nosso próximo passo é recitar Nam-myoho-renge-kyo. Nesses momentos, podem surgir incertezas sobre como orar e o que pensar para conseguir vencer aquela dificuldade. Ikeda sensei é claro e direto: Não há necessidade de complicar demais as coisas. Vocês precisam apenas se sentar diante do Gohonzon e então orar com honestidade e naturalidade por qualquer que seja o problema que estiver incomodando vocês ou causando-lhes sofrimento.5 Ele ainda afirma: Espero, portanto, que orem pela solução de seus problemas ao Gohonzon. Quando transformamos problemas em oração e recitamos Nam-myoho-renge-kyo, a coragem brota de dentro de nós e a esperança começa a brilhar em nosso coração.6 Somos aliados dos que sofrem Quando assumimos uma postura proativa diante da dificuldade e recitamos daimoku com forte fé ao Gohonzon, manifestamos essa coragem e esperança descritas pelo nosso mestre para lutar contra as adversidades. Essa alegria advém da elevada condição de vida conquistada. Agora, vamos ao segundo aspecto sobre qual é a verdadeira causa para passarmos por dificuldades. Os praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin, ao evidenciarem o estado de buda, enxergam a real natureza das questões de sua vida como meios para cumprir sua missão de bodisatvas da terra. Eis a resposta para a questão de “Por que tenho de enfrentar dificuldades, mesmo praticando o budismo”. Ikeda sensei explica: Para os praticantes do Sutra do Lótus, conquistar a vitória não se restringe ao seu próprio benefício. Constitui o nobre desafio de abrir o caminho da vitória para os amigos que estão lutando contra problemas e incontáveis outras pessoas que virão depois deles nas futuras gerações. Toda sensei dizia: “O Budismo de Nichiren Daishonin é um ensinamento que habilita aqueles que estão diante de adversidades a conquistar a felicidade. Não há ninguém tão forte quanto alguém que enfrentou e venceu árduas dificuldades. Uma pessoa assim pode se tornar um verdadeiro amigo e aliado dos que realmente estão sofrendo”.7 Carma é outro nome para missão Vamos conhecer a história de uma pessoa que, diante de um comovente drama, se desafiou na prática do budismo e cumpriu sua missão. Uma jovem senhora veio do Japão para o Brasil com a família para trabalhar na lavoura. Ainda com os filhos pequenos, o marido ficou doente e morreu. Num momento de muita tristeza e desespero, ela conheceu o budismo. A pessoa que lhe apresentou a prática budista falou que a origem do sofrimento dela eram as ofensas que havia cometido em outras existências. Assim, ela só sentia angústia por não saber se seria capaz de suportar seu pesado carma. Quando ela contou sua história para Ikeda sensei, ele esclareceu que isso era apenas um aspecto desse amplo e profundo ensinamento, mas que nem tudo se restringe ao carma. Então, disse que o Budismo de Nichiren Daishonin vai além dessa noção superficial de causalidade e ensinou sobre o princípio de “carma adotado por desejo próprio” (ganken ogo). Esse princípio explica que os praticantes do budismo, embora tenham acumulado boa sorte para desfrutar uma vida de benefícios, escolhem nascer em circunstâncias desfavoráveis para cumprir a missão de propagar a Lei Mística. E, incentivando a jovem senhora, elucidou: Por exemplo, se alguém que sempre viveu como uma rainha, sem grandes dificuldades ou problemas, dissesse que se tornou feliz graças à prática do budismo, ninguém lhe daria ouvidos. Contudo, se uma pessoa doente, de família pobre, menosprezada pelos outros, consegue transformar a vida por meio da prática budista, tornando-se feliz e ainda uma líder na sociedade, isso será uma esplêndida prova da grandiosidade do budismo. A senhora não concorda que isso levaria outros a querer praticar o budismo também? Ao vencer a situação de grande pobreza, o praticante consegue transmitir esperança a outras pessoas que enfrentam dificuldades financeiras. Ao adquirir boa saúde e vitalidade, alguém que sempre lutou contra a doença consegue acender a chama da coragem no coração daqueles que enfrentam circunstâncias similares. Ao construir um ambiente familiar feliz e harmonioso, alguém que sofreu com desentendimentos no lar se tornará um líder para outros afligidos por problemas de relacionamento familiar. Da mesma forma, se conseguir se tornar feliz e criar seus filhos de maneira que se tornem excelentes pessoas neste país, cujo idioma sequer fala, a senhora se tornará um exemplo reluzente que inspira outras mulheres que também perderam o marido. Mesmo aqueles que não praticam o budismo irão admirá-la e procurá-la em busca de conselhos. Como vê, quanto maior e mais profundo o sofrimento, mais magnífica será a prova dos benefícios da prática budista. Pode-se dizer que carma é outro nome para missão. Eu sou filho de um pobre beneficiador de algas marinhas. Trabalhei ao lado de Toda sensei durante as amargas provações resultantes da falência da empresa, apesar de estar com a saúde frágil devido à tuberculose. Por ter experimentado dificuldades e sofrimentos como todo mundo, pude assumir a liderança do movimento do kosen-rufu como representante das pessoas comuns.8 Depois do caloroso e esclarecedor incentivo, aquela mulher antes atormentada e sem enxergar uma saída bradou cheia de entusiasmo: — Sim! Eu serei a pessoa mais feliz! Na sequência desse diálogo inspirador entre a mulher e Ikeda sensei na reunião de palestra, ele anunciou a fundação do Distrito Brasil, em outubro de 1960. É graças aos esforços de pessoas anônimas, como essa jovem senhora, que desde a fundação da organização desafiaram seus problemas e dramas e, com isso, inspiraram outras a fazer o mesmo, que hoje praticamos o budismo e celebramos os 64 anos da nossa vitoriosa BSGI! “Eu venci! Nós vencemos!” Nascemos para usufruir uma vida feliz e inspirar os outros a trilhar este mesmo caminho. Com uma reação proativa diante das questões e forte oração, podemos vencer até os mais desafiadores problemas. Nossa reação e oração estão assentadas na sólida base da filosofia budista que nos ensina que essa é nossa nobre missão. Ikeda sensei nos orienta: Na carta para os irmãos Ikegami, Nichiren Daishonin escreve: “Quando uma rocha é submetida ao fogo, ela simplesmente se transforma em cinzas, mas o ouro se torna ainda mais puro”.9 Essa é uma expressão da profunda confiança de Daishonin nos irmãos. Ele está dizendo que, como praticantes do Sutra do Lótus, eles já são pessoas de “ouro”; portanto, devem se desafiar para superar as dificuldades e fazer sua vida brilhar com força, intensidade e amplitude, assim como o “ouro puro”.10 Vamos decidir também fazer nossa vida brilhar como o “ouro puro”, suplantando todos os obstáculos e ensinando ao outro a “Prática da fé para vencer as dificuldades”. Juntos, vamos bradar: “Eu venci! Nós vencemos!”. No topo: Getty Images. Notas: 1. Terceira Civilização, ed. 674, out. 2024, p. 56 2. Adaptado de VINCI, Leonardo da. Fábulas e Alegorias. Seleção e tradução: Bruno Berlendis de Carvalho. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, p. 34 3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 112, 2017. 4. Terceira Civilização, ed. 605, 19 jan. 2019, p. 50-65 5. Brasil Seikyo, ed. 2.068, 22 jan. 2011, p. A3. 6. Terceira Civilização, ed. 605, jan. 2019, p. 50-65. 7. Ibidem. 8. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 241, 2021 9. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 520, 2020. 10. Terceira Civilização, ed. 674, out. 2024, p. 56-57

03/10/2024

RDez

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Mês de maio

Saiba, em um minuto, o que você encontrará na edição de maio: Do Mestre para você Corredores da Justiça O que determina a verdadeira grandeza de uma pessoa? Quero descobrir! Faróis da Esperança Com as orientações do Mestre, entenda como ultrapassar as dificuldades e os contratempos. Matéria do mês Um só coração Conheça uma conexão que ultrapassa o tempo e o espaço e que nos torna seres humanos melhores. Quentinhas O que rolou Inspire-se com as atividades comemorativas da Divisão dos Estudantes. Trending Topics Descubra os grupos horizontais e os departamentos da Divisão dos Jovens que estarão envolvidos na Convenção Comemorativa da Juventude Soka. Relato Dez Assista ao relato da Mizuki, que conta como entrou na Universidade Soka do Japão, e do Gustavo, que participou da fase seletiva da Olimpíada Internacional de Física e Astronomia no exterior. Aprenda mais sobre o budismo Contos e Parábolas O que a agulha e a linha têm a ver com a relação de mestre e discípulo? Quero entender. Cápsula do Tempo Teste seus conhecimentos sobre a Convenção Cultural dos Jovens Monarcas da Nova Era da BSGI realizada em 2009. ABC do Budismo Aprenda sobre o espírito de fundação da Divisão dos Estudantes no Japão. Diversão Passatempo Venha brincar com os jogos do mês. Jogo da memória Divirta-se com os personagens do Contos e Parábolas. Encarte KIDS Acesse o suplemento do Brasil Seikyo de maio.

01/05/2024

Cápsula do tempo

Teste seus conhecimentos sobre o dia 8 de setembro de 2018

Presidente Ikeda escreve a Nova Revolução Humana com o sentimento de encorajar a todos (Japão, abr. 2009). Foto: Seikyo Press O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, começou a escrever a Nova Revolução Humana em 6 de agosto de 1993, no Centro de Treinamento de Nagano, em Karuizawa, Japão, exatamente 48 anos depois que a bomba atômica foi lançada em Hiroshima. O romance é um registro do espírito da Soka Gakkai e da relação de mestre e discípulo e detalha todos os passos da história do kosen-rufu. Em 18 de novembro do mesmo ano, a obra começou a ser publicada diariamente no Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai no Japão. Nessa época, Ikeda sensei estava com 65 anos. Sobre o desafio de escrever em meio às intensas atividades no Japão e no mundo, o presidente Ikeda comentou: Cada dia se tornou uma batalha de vida ou morte em que dedicava todas as minhas forças. Lembrando-me dos preciosos companheiros que se empenham bravamente na fé, no Japão e no mundo, extraía as palavras do fundo da minha vida e me dedicava à elaboração e à revisão do texto com o sincero sentimento de enviar uma carta de incentivo a cada pessoa. Era também uma tarefa que realizava dialogando em meu íntimo com o Mestre. A voz do Mestre ecoava em minha mente: “Transmita o espírito Soka para a posteridade! Cumpra a sua missão nesta existência!”. O cansaço se dissipava e emanava a coragem. (Nova Revolução Humana, v. 30-II, p. 353-354) No dia 8 de setembro de 2018, após 25 anos de intensa dedicação e desafiando o limite da sua existência, sensei concluiu a obra composta de 30 volumes no mesmo local em que a iniciou. No posfácio, ele encoraja a todos para que se levantem como Shin’ichi Yamamoto1 e escrevam a própria história brilhante da revolução humana empenhando-se pela felicidade dos outros.2 *** Teste seus conhecimentos com o vídeo Cápsula do Tempo Quiz Show Datas marcantes do mês de setembro Dia 8 • 1957 (66 anos) Declaração pela Abolição das Armas Nucleares Dia 12 • 1271 (752 anos) Perseguição de Tatsunokuchi Dia 21 • 1279 (744 anos) Perseguição de Atsuhara Saiba mais: https://www.brasilseikyo.com.br/home/bs-digital/edicao/2434/artigo/legado-para-a-eternidade/36574 https://www.brasilseikyo.com.br/home/bs-digital/edicao/2639/artigo/legado-perene-para-o-futuro-da-humanidade/999561654 Notas:1. O personagem do presidente Ikeda na Nova Revolução Humana é Shin’ichi Yamamoto.2. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. Editora Brasil Seikyo: São Paulo, v. 30-II, p. 359, 2020.

30/08/2023

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NRH, v. 5, cap. 3: Vitória — Parte 8

885 min.

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