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Especial

Mestre e discípulo unidos pela justiça

Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1940, passou a vigorar a Lei dos Grupos Religiosos em todo o Japão. E, no ano seguinte, houve a revisão da Lei de Manutenção da Ordem Pública, a qual tinha como objetivo principal a opressão do pensamento e da religião. Sendo assim, ser contra o talismã xintoísta se tornou motivo de prisão, pois o xintoísmo era a base espiritual do Japão militarista. Os detetives da polícia especial começaram a vigiar a Soka Gakkai em 1942 e, no ano seguinte, todas as reuniões estavam sob os olhares atentos deles. Além disso, o clero estava envolvido, e se uniu aos militares para implantar a unificação dos grupos religiosos. Em junho de 1943, o clero aceitou passivamente o talismã xintoís­ta e, no mesmo mês, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda foram chamados ao templo principal, sendo orientados a seguir as ordens do governo. O presidente Makiguchi então declarou: “Nunca nos inclinaremos ante a Deusa do Sol”. Com essas palavras, ele e Josei Toda saíram do templo. Na volta, bastante indignado com o comportamento do clero, Makiguchi sensei disse: “Não temo a queda de uma religião tanto quanto temo a destruição de toda a nação. Temo a tristeza que isso causaria a Nichiren Daishonin. Não está na hora de admoestar o governo? Do que o clero tem medo? O que acha disso?”.1 Toda sensei ficou em silêncio, não sabia o que responder. Mais calmo, seu mestre perguntou novamente: “O que acha disso?”. Com a voz baixa, mas forte, Josei Toda fez seu juramento ao mestre: “Enquanto eu viver, seguirei o senhor fielmen­te. Estou pronto para morrer por nossa fé”.2 Na manhã do dia 6 de julho de 1943, o presidente Makiguchi foi detido em Shizuoka, onde realizava shakubuku. Ao se despedir da senhora que o acompanhava, confiou-lhe uma mensagem: “Transmita minhas recomendações a Josei Toda”. Porém, Toda sensei também havia sido preso no mesmo dia, em Tóquio. As acusações que caíram sobre eles foram: violação da Lei da Manutenção da Ordem Pública e suspeita de desrespeito ao santuário xintoísta. No dia 11 de outubro de 1943, cerca de duas semanas após o presidente Tsunesaburo Makiguchi ser transferido para o Centro de Detenção de Tóquio, Josei Toda também foi levado para a solitária desse local. Em 18 de novembro de 1944, Makiguchi sensei falece na prisão. Toda sensei só soube do falecimento do seu mestre em 8 de janeiro do ano seguinte. Posteriormente, Josei Toda foi transferido do Centro de Detenção de Tóquio para o Presídio de Toyotama. Dali, foi libertado às 19 horas do dia 3 de julho do mesmo ano. O recomeço da Soka Gakkai Após a sua libertação da prisão e com o objetivo de honrar a vida do seu mestre, Josei Toda deu início à reconstrução da Soka Gakkai. Em 3 de maio de 1951, assume como segundo presidente da organização e sua liderança é marcada pelo esforço da reconstrução e pelo fortalecimento da Soka Gakkai. No ano seguinte, a denominação Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor] foi alterada para Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor]. Toda sensei dizia: “A Soka Gakkai é mais preciosa do que minha própria vida”. Nesse ínterim, em 24 de agosto de 1947, o jovem Daisaku Ikeda converte-se ao Budismo Nichiren e decide ser treinado por Josei Toda, fazendo assim o juramento de acompanhar seu mestre por toda a vida. Sobre a relação de mestre e discípulo, o presidente Ikeda frisa: Agi totalmente de acordo com a intenção do Buda. Nunca tive a ambição de me tornar isto ou aquilo nem de receber nenhum tipo de tratamento especial. Tudo o que queria era proteger Toda sensei e lhe devotar minha vida. Esta era minha oração. Ficaria satisfeito se pudesse deixar um exemplo para as gerações futuras de como um verdadeiro discípulo de Josei Toda, um mestre sem igual, deveria conduzir sua vida.3 Comprovar a verdade e a justiça Com a grande expansão das conversões no Distrito Osaka e em todo o Japão, muitos inimigos se levantaram contra a Soka Gakkai. Em 1957, Daisaku Ikeda foi para Hokkaido a fim de solucionar o incidente com o Sindicato dos Mineradores de Yubari, que promovia uma perseguição discriminatória contra os membros da organização. O fato culminou com o Incidente de Osaka, quando, em 3 de julho de 1957, Ikeda sensei, com menos de 30 anos, foi preso injustamente sob a falsa acusação de fraude eleitoral. Ao ser recepcionado no aeroporto, o presidente Ikeda disse para uma senhora que estava no local: “Está tudo bem. Como a senhora sabe, eu não fiz nada de errado. Não há com o que se preocupar”.4 Ele também comenta: “Doze anos mais tarde, em 3 de julho de 1957, eu, seu discípulo, segui orgulhosamente seus passos: fui preso por um crime que não cometi — uma perseguição enfrentada por propagar a Lei Mística”.5 Interrogatórios do jovem Ikeda Durante a prisão, o presidente Ikeda passou por diversos interrogatórios. Em 9 de julho de 1957, por exemplo, a promotoria o pressionou ainda mais para que admitisse a culpa. Repetidas intimidações foram feitas durante os intermináveis interrogatórios. A promotoria exigia que Ikeda sensei admitisse a culpa, recorrendo-se a chantagens como “Faça logo com que o secretário Ikeda admita, senão faremos uma diligência nas empresas de Josei Toda e na sede da Soka Gakkai. E, conforme a situação, prenderemos o presiden­te Josei Toda”. Essa exigência foi apresentada a Daisaku Ikeda pelo advogado de defesa na manhã do dia 10 de julho. Na mesma noite, ele pensou: A saúde do mestre é frágil. Não posso deixar Toda sensei morrer na prisão como aconteceu ao presidente Makiguchi. Não permitirei que ele seja preso! Devo minha vida a ele. Não importa o que aconteça, vou protegê-lo! Isso significaria descartar a verdade e mentir conforme o desejo do promotor. Não estaria desonrando conscientemente a estimada Soka Gakkai?6 O presidente Ikeda saiu da prisão no dia 17 de julho de 1957. Foram catorze dias em que sofreu pesados interrogatórios e, ao afirmarem que prenderiam o presidente Josei Toda, caso ele não confessasse o crime eleitoral, assinou uma confissão porque jamais deixaria seu mestre retornar injustamente para a prisão. Porém, determinou que faria justiça e provaria a verdade. Naquela tarde, os membros de Kansai fizeram uma grande manifestação com protestos contra a polícia e a promotoria de Osaka. Apesar do temporal que caía sem tréguas, milhares de membros se reuniram no Centro Cívico de Nakanoshima e no entorno, no centro de Osaka. Na ocasião, o presidente Ikeda bradou corajosamen­te: “Vamos lutar com a convicção de que a justiça do budismo prevalecerá no final!”. “Daisaku, você tem uma longa batalha” A primeira audiência no Tribunal de Osaka ocorreu em 8 de outubro de 1957. No total, 64 pessoas foram indiciadas no caso, formando dois grupos: um acusado de compra de votos, e o outro, de solicitação de votos de porta em porta. Dos dez artigos de acusação apresentados no julgamento, Daisaku Ikeda foi acusado por todos os relacionados à solicitação de votos de porta em porta, e o diretor-geral da Soka Gakkai, Tadashi Koizumi, à compra de votos. Em 5 de março de 1958, Ikeda sensei foi ao encontro do presiden­te Josei Toda, para lhe informar sobre a viagem para Osaka, a fim de se apresentar ao julgamento. Acamado, Toda sensei descobriu o cobertor e lhe disse: Daisaku, você está exausto, não está? Como está sua saúde? Você tem uma longa batalha pela frente. Gostaria de tomar seu lugar se pudesse. Você arcou com toda a culpa. É realmente uma pessoa de bom coração. (...) Este julgamento não será uma batalha fácil. Poderá perturbá-lo por mais algum tempo pela frente. Porém, você vencerá no final. Pelo fato de o ouro ser ouro, jamais perde seu brilho, não importa quão enlameado possa estar. Definitivamente, a verdade aparecerá. Apenas lute como homem — com dignidade e coragem.7 Em 2 de abril daquele ano, o presidente Josei Toda falece e, em meio a esse turbilhão, as audiências prosseguiram. Mais que nunca, o juramento do presidente Ikeda permanecia intacto. “Toda sensei, vencemos” Depois de 1.670 dias após a prisão, em 25 de janeiro de 1962, o juiz proferiu sua decisão: “A corte declara o réu, Daisaku Ikeda, inocente”. Em uma viagem ao Egito, o presidente Ikeda recebe um telegrama da sede da Soka Gakkai informando que não houve apelação dos promotores, indicando finalmente a finalização do processo e assinalando a vitória da luta pela justiça. Durante um evento comemorativo do trigésimo aniversário de libertação de Josei Toda, o presidente Ikeda afirmou em seu discurso: Pulsa na Soka Gakkai o indomável espírito de avançar com renovada esperança. À luz das escrituras de Nichiren Daishonin, sabemos que enfrentaremos duras tempestades de perseguições e furiosas ondas de ataques. Contudo, para proteger a liberdade de crença, os direitos humanos e a paz e felicidade do povo, devemos perseverar em nossos esforços. A Soka Gakkai é a fortaleza da paz e dos direitos humanos. É o jardim florido da revitalização das pessoas. É um microcosmo da comunidade humana ideal. Para alcançarmos nossos objetivos, devotarei a vida a proteger e a cuidar da Soka Gakkai com todas as minhas forças. Acredito que este seja o caminho para corresponder ao juramento a Toda sensei.8 A luta incondicional para proteger a Soka Gakkai e os companheiros com base na unicidade de mestre e discípulo marca a trajetória dos Três Mestres Soka e permanece eternamente como modelo de coragem e determinação diante das maldades que tentam impedir o avanço do movimento pelo kosen-rufu e pela felicidade da humanidade. o jovem Daisaku Ikeda é recebido por vários membros de Kansai na saída da Casa de Detenção de Osaka (jul. 1957) Josei Toda, em pé, e Tsunesaburo Makiguchi, sentado; ambos protegeram a legitimidade do budismo perante as imposições do governo militarista japonês durante a Segunda Guerra Mundial Dica de leitura Na série “A Luta dos Três Mestres na Prisão”, publicada na revista Terceira Civilização em suas edições 527 a 531, de julho a novembro de 2012. Notas: 1. Terceira Civilização, ed. 527, jul. 2012, p. 30. 2. Ibidem. 3. Brasil Seikyo, ed. 1.947, 12 jul. 2008, p. A2. 4. Terceira Civilização, ed. 529, set. 2012, p. 36. 5. RDez, ed. 79, jul. 2008, p. 19. 6. Terceira Civilização, ed. 530, out. 2012, p. 30. 7. O julgamento. Revolução Humana. In: Terceira Civilização, ed. 289, set. 1992, p. 2 e ed. 531, nov. 2012, p. 32. 8. IKEDA, Daisaku. Novo Século. Nova Revolução Humana, v. 22. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 24. Ilustrações: Kenichiro Uchida Fotos: Seikyo Press

20/06/2024

Encontro com o Mestre

Laço de suprema nobreza

A unicidade de mestre e discípulo inicia-se pelo ato de viver com o mesmo espírito do mestre e de sempre mantê-lo firmemente no coração. É fácil falar sobre o caminho de mestre e discípulo, mas se nosso mestre não estiver em nosso coração, não estaremos praticando o budismo genuinamente. Se pensarem no coração do mestre como algo que existe fora de vocês, as ações e a orientação dele não atuarão mais como um padrão ou modelo interior para vocês. Então, em vez disso, poderão adotar como parâmetro de conduta a maneira como seu mestre os vê ou os avalia. Se isso acontecer, tenderão a se esforçar com afinco se o mestre lhes disser estritamente que o façam, mas poderão diminuir o empenho ou até se tornar calculistas na tentativa de obter a aprovação dele. Dessa forma, não conseguirão aprofundar a fé nem realizar sua revolução humana. E, se os líderes cederem a essa tendência, aniquilarão o verdadeiro espírito do budismo e o puro mundo da fé se transformará num reino de questões mundanas governado por vantagens pessoais e conjecturas. Somente estabelecendo firmemente o grandioso caminho da unicidade de mestre e discípulo no próprio coração, a pessoa consegue promover a perpetuação da Lei. Fonte: IKEDA, Daisaku. Fortaleza de Pessoas Capazes. Nova Revolução Humana, v. 25. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. * * * A unicidade de mestre e discípulo é essencialmente rigorosa. Tudo depende da seriedade com que o discípulo é capaz de aceitar e agir de acordo com cada palavra do mestre. Um verdadeiro discípulo esforça-se para concretizar os objetivos do mestre, sem imitá-lo, mas colocando suas palavras em ação. As pessoas que meramente tentam imitar o mestre, agindo só na aparência, de alguma maneira acabam indo para o caminho errado. Isso realmente aconteceu na época do presidente Toda e continua a acontecer atualmente. Há um caminho para cada discípulo, e esse caminho encontra-se unicamente no esforço de concretizar os ideais do mestre. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 1.548, 18 mar. 2000, p. A3. * * * Que tesouro precioso é a unicidade de mestre e discípulo! Do ponto de vista do budismo, é um laço de suprema nobreza. Se não fosse pelo mestre Tsunesaburo Makiguchi e por seu discípulo Josei Toda — os dois primeiros presidentes da Soka Gakkai —, o renascimento do Budismo Nichiren na era moderna jamais teria ocorrido. Ter um mestre na fé é condição vital para praticar corretamente. Além disso, a Lei se transmite quando os discípulos atuam com o mesmo espírito que o mestre. A unicidade de mestre e discípulo é a base do Budismo Nichiren. Fonte: Terceira Civilização, ed. 503, jul. 2010, p. 46. * * * Quando fazemos da profunda determinação do mestre a nossa própria determinação e nos dedicamos ao máximo, conseguimos vencer qualquer batalha. O Sr. Toda nos garantiu com total convicção: “Dedique a vida ao caminho Soka de mestre e discípulo. Você nunca vai se arrepender disso e sua vida será adornada com a alegria da vitória”. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.035, 15 maio 2010, p. 4. * * * O presidente Toda frequentemente dizia: “A relação de mestre e discípulo não é firmemente estabelecida quando você se tornar um bom discípulo. A relação de mestre e discípulo depende do comprometimento do discípulo”. Quando o discípulo busca o mestre e empenha-se sinceramente para crescer, sua vida e seu espírito ressoam com a vida e o espírito do mestre, e suas capacidades ilimitadas anteriormente ocultas são desvendadas. Fonte: Brasil Seikyo, ed. 1.652, 18 maio 2002, p. A6. * * * Em qualquer área, o caminho de mestre e discípulo abre um desenvolvimento infindável. Posso afirmar que, se não existisse o treinamento do meu mestre, Josei Toda, não existiria o meu “eu” de hoje. Por isso, “concretizar os sonhos do mestre” foi o sonho de toda a minha existência. Determinei com firmeza que, somente concretizando os sonhos do mestre eu estaria saldando as dívidas de gratidão com ele, deixando-o verdadeiramente feliz. Fonte: IKEDA, Daisaku. Vivam as Doutoras do Cultivo da Felicidade. Flores da Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. * * * O sentimento ardente e sincero dos discípulos sempre será captado pelo mestre. Nada pode se interpor entre mestre e discípulo — caso exista alguma barreira desse tipo, ela reside no coração do próprio discípulo. Fonte: IKEDA, Daisaku. Arco-íris da Esperança. Nova Revolução Humana, v. 19. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020. No topo: Ikeda sensei e a Sra. Kaneko observam estátua do primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, no Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio, Hachioji. Este memorial foi construído com o intuito de louvar a nobre existência de Makiguchi sensei, que dedicou a vida a proteger o Budismo Nichiren e a organização. A estátua está instalada como se “observasse” o campus da Universidade Soka (jul. 2001) Foto: Seikyo Press

29/05/2024

Especial

Três de maio de ardente esperança

“Cada passagem dessa data é um momento para mestre e discípulos prometerem, juntos, realizar a ampla propagação da Lei Mística. É o dia para iniciarem uma nova luta em prol da paz mundial e da felicidade da humanidade. Assim será, eternamente!”1 As palavras do presidente Ikeda expressas nessa abertura nos conduzem ao espírito das comemorações dos significativos marcos do 3 de Maio na Soka Gakkai. Ainda mais neste ano (2024), o primeiro após a partida do Mestre, que encerrou serenamente sua existência em 15 de novembro de 2023, aos 95 anos — uma jornada de dedicação abnegada pela causa da paz. Neste especial, trazemos alguns contextos históricos e compartilhamos as expectativas para o 3 de Maio entre nós, brasileiros. O levantar dos genuínos discípulos em assumir o legado de Ikeda sensei, aqui e agora. Profunda relação de juramento Sete anos após a morte do fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, que ocorreu no cárcere por defender suas crenças, Josei Toda, seu fiel discípulo, assume a presidência da Soka Gakkai. Ele, que também havia sido preso, determinou reconstruir a organização e honrar a existência do seu mestre, abrindo a correnteza do espírito Soka. No dia 3 de maio de 1951, em seu discurso de posse, Toda sensei fez uma apaixonada declaração: “Juro converter, por meus próprios esforços, 750 mil famílias enquanto eu viver”. Este foi o imponente juramento de concretizar o kosen-rufu, o movimento para a consecução de uma sociedade de paz. Na época, a Soka Gakkai tinha apenas 3 mil membros. Toda sensei toma posse da segunda presidência (3 maio 1951) O jovem Daisaku Ikeda, que da plateia ouviu aquele brado e abraçou essa causa, acompanhou seu mestre em todas as iniciativas até o falecimento dele, em 2 de abril de 1958. Sobre o período em que compartilharam juntos desafios e vitórias, Ikeda sensei deixou gravado: Ele [Toda sensei] encontrou-me; elevou-me; dele aprendi o correto significado da fé e os verdadeiros ensinamentos do budismo. Além disso, ele me ensinou como alguém pode viver e como os esforços de um ser humano florescem na sociedade. Para mim, sua orientação foi o hino da minha juventude, minha realidade, o mais nobre drama da vida neste mundo.2 3 de maio de 1960 — o levantar do discípulo Com a morte de Josei Toda, muitos na sociedade acreditavam que a Soka Gakkai deixaria de existir. No entanto, ardia no peito do jovem Daisaku Ikeda o juramento de cumprir o legado do seu mestre. Dessa maneira, em 3 de maio de 1960, aos 32 anos, ele assume a terceira presidência da organização. Sra. Kaneko Ikeda ajeita o oribon (enfeite comemorativo) no traje de Ikeda sensei momentos antes da cerimônia de posse (3 maio 1960) Diante de 20 mil membros reunidos no auditório da Universidade do Japão, ele se manifestou com vigorosa energia: “Apesar de jovem, a partir deste dia, assumirei a liderança como representante dos discípulos do presidente Josei Toda e avançarei com vocês rumo à substancial concretização do kosen-rufu”.3 Foi também nesse dia, em 1952, que Daisaku e Kaneko se casaram numa cerimônia simples, mas repleta de inspiração e significados. Presidente Ikeda é carregado pelos participantes celebrando sua posse (3 maio de 1960) O presidente Ikeda rompeu os limites do país, partindo do Japão cinco meses depois, em 2 de outubro de 1960, levando a filosofia da esperança para o mundo, inclusive para o Brasil. Com a fundação do Distrito Brasil, inaugurou-se a fase de desenvolvimento da organização, edificada pelos veteranos que jamais perderam os laços da profunda relação de mestre e discípulo. Ao se levantar para cumprir o juramento de posse de concretizar o objetivo de 3 milhões de famílias prometido ao mestre, não houve um dia sequer de descanso. Na Nova Revolução Humana, obra em trinta volumes escrita pelo Dr. Daisaku Ikeda ao longo de 25 anos ininterruptos, encontramos os bastidores da inigualável luta e vitória conquistada por Ikeda sensei e pelos membros em união plena. Um triunfo do humanismo Soka. No livro consta que, na reunião de líderes realizada em maio de 1965, os resultados foram apresentados ao calor da sincera gratidão. O número de famílias havia saltado de 1,4 milhão para 5,4 milhões, equivalente a um crescimento de 3,8 vezes. A Divisão dos Jovens (DJ) expandiu-se de maneira extraordinária. Os 61 distritos por ocasião da posse agora eram mais de mil. E no exterior houve um aumento de 441 famílias para 50 mil, ou seja, um crescimento de mais de cem vezes. Referindo-se a esse dinâmico progresso, lemos esta afirmação do Mestre: — A Soka Gakkai que realizou esse trabalho sagrado é a verdadeira incorporação viva do Buda. É uma grandiosa Ordem budista harmoniosa de praticantes que têm a fé como espinha dorsal e a compaixão como veia sanguínea, e atua em exato acordo com os ditos dourados do Buda. Nós avançamos com férrea união, empenhando-nos incansavelmente pela felicidade de todas as pessoas. Esse aspecto e força fazem com que nossa organização seja comparável a um sólido encouraçado, maior do mundo, em prol da paz. Quero aqui, chamar esse poderoso navio de “diferentes em corpo, unos em mente”. Tenho a plena convicção de que esta correnteza do kosen-rufu haverá de se expandir do Japão para o mundo inteiro, superando as fronteiras de raças e de nações. A Soka Gakkai não será somente o pilar do Japão, mas a esperança e a luz que orientarão a humanidade no século 21. Esta é a minha convicção.4 A sublime e inédita jornada do kosen-rufu empreendida por Ikeda sensei comprova essa convicção. Empenhando-se na arte do incentivo, ultrapassando as diferenças do idioma e de crenças, a Soka Gakkai avançou. Atualmente, são mais de 12 milhões de membros, espalhados em 192 países e territórios, trilhando o caminho da prática da fé do Budismo Nichiren propagado pela organização, unidos pelo ideal do kosen-rufu. No marco do 3 de maio que se avizinha, nós nos encorajamos com as palavras do Mestre, que contextualiza: O espírito do Dia 3 de Maio é o juramento compartilhado por mestre e discípulo. Esse juramento pessoal de cada um e as ações que cada um realiza para cumpri-lo são, por excelência, a postura que caracteriza um buda. Enquanto essa data de eterno juramento permanecer como sua base, a Soka Gakkai brilhará com uma inesgotável e infatigável força vital do Buda e continuará a desbravar para sempre o caminho da vitória, livre de quaisquer obstáculos.8 E para encerrarmos este especial, em que celebramos os 73 anos da posse do segundo presidente Josei Toda; os 64 anos da posse do presidente Ikeda à frente da Soka Gakkai e os 36 anos de estabelecimento do Dia das Mães da Soka Gakkai, oferecemos um estímulo singular. Trata-se de um poema composto por Ikeda sensei aos 19 anos, poucos dias depois de sua conversão ao budismo, que se deu em 24 de agosto de 1947. A seguir alguns trechos do conjunto intitulado Ardente de Esperança, dedicado por ele especialmente aos jovens que lutam contra as adversidades: Ardente de esperança Avanço em direção às ondas bravias. Mesmo humilde e desprovido de posses, mesmo sendo alvo de zombarias e desprezo, suportarei a tudo com perseverança. Um dia, as pessoas haverão de ver! Mantendo a chama ardente no coração, avance pelo seu caminho com força e justiça. Na trilha das adversidades, ao fitar o grandioso céu e sorrir radiantemente, com serenidade posso avistar o futuro de esperança no topo da montanha. Hoje também hei de avançar!9 *** Mães Soka — sóis da esperança “Mesmo que a chuva caia e o vento sopre, o Sol sempre se levanta. As mulheres Soka, os sóis do kosen-rufu, nunca deixam de progredir.”5 Essa é a confiança depositada nas mulheres pelo presidente Ikeda, que, em 1988, elevou a data comemorativa mais importante da nossa organização, isto é, o dia 3 de maio, ao status de “Dia das Mães da Soka Gakkai”, louvando ao máximo os esforços das integrantes da Divisão Feminina (DF). A frase inspiradora apresentada pelo Mestre encontra-se em um de seus livros dedicados às mulheres, intitulado Flores da Felicidade, volume 3, no qual ele defende que: As ações das mulheres Soka, que encorajam os outros constantemente com seu sorriso inabalável e genuíno, são sem dúvida ações do Buda. Por existirem os membros da Divisão Feminina, a família Soka é brilhante e acolhedora, o kosen-rufu avança sem limites e a prosperidade eterna da Lei Mística é assegurada.6 Ikeda sensei enfatiza uma das principais características das mães Soka, as quais não se abalam pelas tormentas do carma e mantêm o sorriso constante. Ele eterniza essa data no seguinte poema: Que todo dia seja o Dia das Mães da Soka Gakkai! O sorriso das nossas compassivas mães do kosen-rufu, que juraram jamais ser derrotadas, faz com que o sol da felicidade e da vitória surja no coração de todos ao seu redor. 7 No topo: Jovem Daisaku Ikeda observa o retrato de seu mestre, Josei Toda, ao se aproximar do palco da cerimônia de posse como terceiro presidente da Soka Gakkai (3 maio 1960). Fotos: Seikyo PressNotas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.033, 1º maio 2010, p. B6. 2. Idem, ed 2.557, 27 mar. 2021, p. 6-7. 3. Idem, ed 2.413, 31 mar. 2018, p. B1. 4. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 10, 2019, p. 31. 5. Idem. Flores da Felicidade. v. 3. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. p. 47. 6. Ibidem, p. 48. 7. Ibidem, p. 47. 8. Brasil Seikyo, ed. 2.081, 30 abr. 2011, p. A14. 9. Idem, ed. 2.034, 8 maio 2010, p. A2.

25/04/2024

Especial

Vida grandiosa dedicada à paz

Josei Toda nasceu no dia 11 de fevereiro de 1900, na cidade de Kaga, província de Ishikawa, Japão. Quando criança, recebeu o nome de Jin’ichi. Em 1902, sua família numerosa, que vivia basicamente da pesca e do transporte, se muda para Hokkaido. Ele era o sétimo filho e foi uma criança muito empenhada nos estudos. Aos 17 anos, inspirado por seu falecido irmão, Sotokichi, Josei Toda decide abraçar a carreira educacional. Ele conheceu seu mestre, Tsunesaburo Makiguchi, primeiro presidente da Soka Gakkai, em 1920. Em 1928, Tsunesaburo Makiguchi abraça o Budismo de Nichiren Daishonin e começa a seguir esse ensinamento. Ao tomar conhecimento dessa filosofia, Josei Toda acompanha seu mestre e inicia a prática budista. Makiguchi percebe proximidade entre sua forma de pensar e o Budismo Nichiren e fortalece a teoria pedagógica à qual vinha se dedicando havia anos. Em 18 de novembro de 1930, Toda sensei lança o primeiro volume da obra Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor], de autoria de Makiguchi, fato que marca a fundação da Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor]. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Toda sensei e Makiguchi sensei foram presos. O governo militar japonês havia imposto como religião oficial o xintoísmo e, após negar veementemente a sua adoção, os líderes da Soka Gakkai foram detidos em julho de 1943. Devido aos maus-tratos e severa desnutrição, Tsunesaburo Makiguchi faleceu na prisão. Um mês antes do cessar-fogo, em 3 de julho de 1945, Josei Toda foi solto e encontrou um Japão devastado pela guerra. Mesmo com o estado de saúde precário, ele decidiu se levantar sozinho para reconstruir a organização, que passa a ser denominada Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor]. Encontro com seu fiel discípulo Em meio à reconstrução da organização, Josei Toda conheceu um jovem que se tornaria seu fiel discípulo e mudaria a história do kosen-rufu mundial: Daisaku Ikeda. O rapaz sofreu com os males da guerra, perdendo o irmão mais velho durante o combate e resolveu buscar uma visão correta da vida. Então, participou de uma palestra da Soka Gakkai em 14 de agosto de 1947, seu primeiro encontro com Toda sensei. Naquele dia, Josei Toda explanou o escrito Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra. Ao término da explanação, o jovem fez uma série de perguntas e, diante das respostas claras e coerentes de Toda sensei, sentiu que poderia confiar nele. Dez dias depois, em 24 de agosto, Daisaku Ikeda se converteu ao Budismo de Nichiren Daishonin. Josei Toda viveu de forma grandiosa e seus feitos ainda impactam as atividades da Soka Gakkai em todo o mundo. Em sua posse como segundo presidente da organização, em 3 de maio de 1951, determinou a expansão da Soka Gakkai e lançou o ousado objetivo de concretizar 750 mil famílias. Na época, a organização possuía pouco mais de 3 mil membros. Caminhando com o jovem discípulo Daisaku Ikeda no Festival dos Jovens, realizado no campo de atletismo da Universidade Nihon (Tóquio, set. 1956) Grandioso legado Entre as ações para alcançar sua meta, iniciou a publicação do jornal Seikyo Shimbun, em 20 de abril de 1951, no qual começou a escrever em série o romance Revolução Humana e lançou a Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin (Nichiren Daishonin Gosho Zenshu), em 28 de abril de 1952, em comemoração dos setecentos anos de fundação do Budismo de Nichiren Daishonin. Em 8 de setembro de 1957, Josei Toda proferiu a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, que se tornou uma diretriz do movimento da Soka Gakkai em prol da paz. Na declaração, ele condena o uso das armas nucleares, considerando-as um “grande mal” que tira da humanidade o direito à vida. Em dezembro daquele ano, Toda sensei concluiu a maior realização de sua existência, concretizando mais de 750 mil shakubuku. No dia 16 de março de 1958, percebendo seu frágil estado de saúde, decidiu realizar uma cerimônia de transmissão do bastão espiritual do kosen-rufu para 6 mil membros da Divisão dos Jovens. Após alcançar suas metas de vida, faleceu serenamente no dia 2 de abril de 1958, em meio às cerejeiras em flor que permeavam o país nessa época. Daisaku Ikeda descreve os sentimentos que se passavam em seu coração no dia da morte do seu mestre: A vida de um grande herói da Lei Mística, uma figura monumental do kosen-rufu, chegou ao fim. Mas sensei deixou uma extensão de sua vida, e está para começar o segundo ato da batalha decisiva para tornar realidade os princípios budistas na sociedade. Eu me levantarei!1 Em outra ocasião, o presidente Ikeda salienta: Ele [Josei Toda] confiava sinceramente em mim, embora eu fosse 28 anos mais novo que ele. “Não posso confiar em ninguém mais a não ser em você”, ele dizia. (...) Sinto profunda e eterna gratidão por meu mestre. Este é o caminho de mestre e discípulo na Soka Gakkai — um belo laço espiritual. Desejo agora transmitir esse espírito aos jovens em quem deposito máxima confiança.2 Ikeda sensei encerrou sua nobre existência em 15 de novembro de 2023 e, conforme ele expressa nessas palavras, assim como se levantou desde a juventude para tornar realidade cada um dos sonhos do seu mestre, Josei Toda, é chegado o momento de os discípulos assumirem a missão pela concretização do kosen-rufu mundial, herdando o legado dos Três Mestres Soka. No topo: Josei Toda em pé ao lado do seu mestre, Tsunesaburo Makiguchi. Fontes: Brasil Seikyo, eds. 2.502 a 2.505, 1o, 8, 15 e 29 fev. 2020, p. 10-13. Notas: 1. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 459.2. Brasil Seikyo, ed. 1.934, 5 abr. 2008, p. A3. Fotos: Seikyo Press

23/03/2024

Especial

Tsunesaburo Makiguchi: protagonista da transformação social pela criação de valor

Tsunesaburo Makiguchi (1871–1944), primeiro presidente da Soka Gakkai, foi um reformista social. Suas ideias de transformação da sociedade tinham como base sua teoria de valor, ou seja, a noção de que o propósito da vida humana é a criação de valor. O campo de atuação dele foi a educação e, posteriormente, a religião. A época em que Makiguchi viveu coincidiu com a Restauração Meiji (1868-1912), período de grandes transformações da sociedade japonesa. Esse tempo representou o fim do xogunato (governos militares) de Tokugawa e a centralização do poder político na figura do imperador. Essa era foi marcada por significativas transformações no Japão, tanto na área política como também social e econômica. Como resultado de tais mudanças, houve o desmantelamento do antigo regime feudal, seguido da modernização e da industrialização do país e sua abertura para o Ocidente. Do ponto de vista da organização política, um fato marcante foi a promulgação da primeira Constituição do Japão em 1889 (Constituição Meiji), instituindo uma monarquia constitucional, permitindo a formação de partidos políticos e a realização de eleições (limitadas). O sistema legislativo era bicameral, composto por uma câmara baixa, em que os representantes eram escolhidos por meio de eleições, e uma câmara alta com representantes diretamente nomeados. O primeiro-ministro e seu gabinete não eram escolhidos pela coalização dominante no parlamento, mas sim por meio de um conselho de anciãos, que assessoravam diretamente o imperador na sua tomada de decisões. O imperador era o chefe de Estado e, além de suas funções oficiais, tinha papel social importante como símbolo de unificação nacional. Ao longo do período, ideias nacionalistas ganhavam relevância crescente e se manifestavam de diferentes maneiras. Instituições e autoridades militares passaram a ocupar importantes funções governamentais em razão do êxito japonês em campanhas de expansão territorial contra a China (1894-1895), Rússia (1904-1905) e nações ocidentais que ocupavam o sudeste asiático na Coreia, Manchúria, Indochina e em Taiwan. No campo da educação, o cunho nacionalista estava presente na codificação do Édito Imperial sobre Educação (Kyoiku Chokugo) de 1890, no qual se mencionava que o papel da educação era o de formar cidadãos com valores como lealdade, obediência e harmonia social. Em certo trecho, esse decreto imperial afirmava que “em caso de ocorrência de uma grave emergência, deve-se, com sentimento de justiça, dar prioridade ao público (Estado) e, por extensão, salvaguardar o destino da família imperial”. Makiguchi se posicionou contrário a essa visão nacionalista, pois entendia que o papel da educação deveria ser voltado à criação de “valor humano”, ou seja, que o conhecimento deve buscar a felicidade e ser relevante para a vida e as atividades cotidianas. Ele publicou textos e livros expondo sua oposição à visão oficial, propondo reformas do sistema educacional japonês e detalhando sua filosofia do processo pedagógico e educacional. Se a educação foi o campo de atuação em grande parte da vida de Makiguchi, no período final de sua existência, após conhecer o Budismo de Nichiren Daishonin — aos 57 anos, em 1928 —, ele voltou sua atenção para a religião. Makiguchi encontrou nos ensinamentos de Nichiren Daishonin o fundamento para sua teoria de valor: a partir da transformação individual propiciada pela prática budista, é possível almejar uma vida em que a busca da felicidade plena seja atingida. A visão nacionalista da época também estava presente no campo da religião, sob a forma da instituição do xintoísmo do Estado como religião oficial. De acordo com essa doutrina, o povo japonês deveria aceitar a fé no xintoísmo e adorar o imperador. À medida que o esforço de guerra japonês durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) aumentava, também se intensificava a pressão para se unificar as instituições religiosas em torno da religião oficial com a aceitação do talismã xintoísta. Esse episódio ainda teve um efeito marcante na vida de Makiguchi e de seu discípulo, Josei Toda, porque, pela recusa em aceitar esse talismã, ambos foram presos em 1943 sob a acusação de violação das leis de Preservação da Paz e de Segurança Nacional. Makiguchi, inclusive, acabou morrendo no cárcere. O encontro de Makiguchi com o budismo foi fundamental tanto para ele próprio como para a propagação desse ensinamento. Pode-se dizer que o budismo, antes e depois desse encontro, é radicalmente distinto. Até então, as seitas budistas eram cerimoniosas, enfatizando os cultos aos falecidos e antepassados, com suas práticas e rituais restritos aos templos. Havia pouca conexão do budismo com a vida cotidiana das pessoas e, em particular, com o alívio do sofrimento humano. Makiguchi, por sua vez, viu a conexão entre sua teoria de valor e o Budismo de Nichiren Daishonin e percebeu que a propagação desse ensinamento era a forma de as pessoas buscarem a felicidade na vida, entenderem sua missão e, com isso, transformarem a sociedade e o país. A criação da Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor], em 1930, precursora da Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor], deu forma institucional à atuação de Makiguchi e de Josei Toda pela criação de valor. A vida de Makiguchi foi marcada pela coerência e pela coragem. Coerência, pois, tudo o que realizou estava embasado em sua teoria de criação de valor. E coragem, para desafiar o espírito da época, sobretudo o crescente nacionalismo e militarismo, dedicando a própria vida em prol da justiça e da liberdade das pessoas. Esse espírito permanece vivo entre nós e, como membros da organização que ele fundou junto com Toda sensei, nos faz lembrar diariamente da nossa missão como budistas de lutar por uma sociedade mais justa e igualitária. No topo: Ilustração retrata o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi Nota: 1. Comissão de Estudos sobre Consciência Política da BSGI: Grupo criado para a pesquisa e a produção de materiais que versam sobre cidadania e política à luz dos princípios budistas, dos escritos de Nichiren Daishonin e das publicações oficiais da Editora Brasil Seikyo.Fontes: Meiji Restoration. Encyclopedia Britannica. Disponível on-line em: https://www.britannica.com/event/Meiji-Restoration . MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Educação para uma Vida Criativa. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1998. Brasil Seikyo, ed. 2.538, 7 nov. 2020, p. 6-7. Terceira Civilização, ed. 590, 14 out. 2017, p. 18. Ilustração: Kenichiro Uchida

21/09/2023

Terceira Civilização

Reflexões Sobre a NRH

[109] A história da Perseguição de Atsuhara (Parte 2)

“Se mestre e discípulo possuem pensamentos diferentes, jamais conseguirão realizar algo.”1 Durante a Perseguição de Atsuhara, Nikko Shonin enviou relatórios detalhados sobre o desenrolar dos acontecimentos a Nichiren Daishonin, que, na ocasião, se encontrava no Monte Minobu, e recebeu dele orientações e instruções práticas. Nikko Shonin enfrentou essa perseguição em total união com seu mestre, Daishonin. Em 1278, Gyochi, assistente do reverendo prior do templo Ryusen-ji, na vila de Atsuhara, e seus aliados falsificaram uma diretiva do governo, declarando ilegal a prática do Sutra do Lótus, numa tentativa ardilosa de impedir a propagação dos ensinamentos do budismo. Daishonin declarou que nem sequer precisava ler a diretiva para perceber que era falsa. E, como previsto, em pouco tempo, revelou-se que era uma invenção. Os conspiradores, entretanto, persistiram com suas trapaças. Eles planejaram destruir a união entre os adeptos de Daishonin, semeando a dúvida e a discórdia entre aqueles que nutriam hostilidade e inveja em relação aos seguidores, e astutamente os persuadiram a abandonar a fé e a trair seus companheiros. Seguidores como Ota Tikamasa e Nagasaki Tokitsuna [que abandonaram a fé durante a Perseguição de Atsuhara] guardavam rancor contra Takahashi Rokuro Hyoe, figura-chave entre os seguidores na área de Fuji. Sammi-bo [outro seguidor que abandonou a fé durante essa perseguição] tinha inveja de Nikko Shonin. Por ser veterano dele e por ter estudado no Monte Hiei [onde estava localizado o templo principal da escola Tendai, importante centro budista daqueles dias], ele era muito arrogante e vangloriava-se de seu limitado conhecimento. Sammi-bo não demonstrava nenhum entusiasmo em trabalhar com as pessoas. Apesar de Daishonin tê-lo enviado para a área de Fuji, ele se recusou a servir o novato, Nikko Shonin. Os praticantes podem claramente ser divididos em duas categorias: aqueles que colocam o budismo acima de tudo e os que colocam a si próprios em primeiro lugar. Em todas as épocas, encontramos aqueles que abandonam a fé colocando seus sentimentos e interesses acima do ensinamento budista. Agindo assim, esses indivíduos abrem uma brecha para que as funções da maldade invadam seu coração e sua mente. Daishonin percebia a natureza vil desses indivíduos, descrevendo-os como “covardes, irracionais, gananciosos e incrédulos”.2 Uns após os outros, esses traidores e ingratos, que apareceram entre os seguidores de Daishonin, morreram prematuramente — vários deles foram atirados de seus cavalos. No Gosho, Nichiren Daishonin declara que o destino desses indivíduos era de “punição por sua traição ao Sutra do Lótus”, a qual ele a identifica tanto uma “punição perceptível como individual”.3 Conforme muitos de vocês devem saber, aqueles que abandonam a fé e se esquecem da gratidão em relação à Soka Gakkai — organização que atua em exato acordo com o desejo e a ordem do Buda — encontram o fim mais lamentável. Vinte e um de setembro de 1279 — Gyochi escolheu esse dia porque sabia que muitos camponeses de Atsuhara, seguidores de Nichiren Daishonin, estavam reunidos para ajudar na colheita de arroz nos campos pertencentes a Nisshu (um dos sacerdotes do templo Ryusen-ji, que havia se convertido ao budismo por meio dos esforços de propagação de Nikko Shonin). Gyochi reuniu um grande número de homens, incluindo oficiais do gabinete administrativo do feudo Shimogata, e lançou um ataque surpresa quando todos estavam em plena colheita. Vinte camponeses seguidores de Daishonin foram presos injustamente no gabinete administrativo local. Além disso, ele também preparou uma lista com falsas acusações e a apresentou ao governo militar. E acusou Nisshu de liderar um grupo armado de camponeses, num ataque aos alojamentos dos reverendos priores no templo Ryusen-ji, e de roubar arroz dos campos pertencentes ao templo. Essas acusações não passavam de “um processo forjado designado a ocultar suas próprias ofensas”.4 Instaurar um processo judicial fraudulento contra inocentes a fim de encobrir os próprios crimes constitui um “abuso do direito de mover uma ação judicial”. Os planos malévolos contra a Soka Gakkai em anos recentes seguem esse exemplo. Assim que soube do teor do processo instaurado por Gyochi, Nikko Shonin rascunhou uma carta de petição para as autoridades e a enviou a Nichiren Daishonin. A carta de Nikko Shonin explicava claramente o que havia acontecido e revelava as ações perversas de Gyochi e seus cúmplices. Daishonin acrescentou à primeira metade da petição o fato de que as predições do seu tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra haviam se concretizado, junto com a refutação dos ensinamentos errôneos de Gyochi e de outros clérigos de Ryusen-ji. Com a primeira metade escrita por Nichiren Daishonin e a segunda por Nikko Shonin, esse documento, intitulado Ryusen-ji Moshijo [Petição de Ryusen-ji],5 era uma clara evidência da luta compartilhada por mestre e discípulo. Os vinte camponeses detidos foram imediatamente enviados para Kamakura, sede do governo militar, onde foram submetidos a um interrogatório pelo poderoso Hei no Saemon, subchefe do Posto de Comando Militar. Nenhum deles sucumbiu ao interrogatório desumano ao qual foram submetidos, e nenhum deles cedeu às ameaças, à intimidação e à tortura das autoridades. Por fim, Jinshiro e seus dois irmãos [Yagoro e Yarokuro] — os Três Mártires — deram a vida por sua crença. Esse foi um momento de profundo significado na história dos direitos humanos que jamais poderá ser apagado. Eles morreram como verdadeiros heróis. Como consta no Gosho A Prática dos Ensinamentos do Buda, mesmo que tenhamos de ser decapitados: Shakyamuni, Muitos Tesouros e os budas das dez direções virão imediatamente ao nosso encontro. (...) e as divindades celestiais e as divindades benevolentes erguerão um dossel sobre nossa cabeça e desfraldarão estandartes, elevando-os bem alto. Eles nos conduzirão em segurança até a preciosa Terra da Luz Tranquila.6 Certa ocasião, perguntei ao meu mestre e segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, sobre a morte dos Três Mártires de Atsuhara. Sua resposta foi clara e inequívoca: “Mesmo que sejamos mortos, se nossa morte foi em prol da Lei Mística, então atingiremos infalivelmente o estado de buda. Será como se estivéssemos tendo um sonho breve após nos deitar para dormir, e então caímos num sono profundo e tranquilo”. Não importa a forma como aqueles que dedicam a vida ao kosen-rufu venham a morrer, jamais será uma morte miserável ou infeliz. Conta-se também que, entre os camponeses presos, havia uma mulher, a qual declarou bravamente: “Não se neguem a executar-me só porque sou mulher. Matem-me agora!”. Assim que soube da morte dos Três Mártires, Nichiren Daishonin escreveu a carta Resposta aos Veneráveis (Shonin-to Gohenji), na qual ele clama aos seus seguidores: “Vocês não devem se amedrontar. Tenho certeza de que, se continuarem avançando firmemente, tudo será esclarecido”.7 Essa declaração foi seu rugido de leão. Nanjo Tokimitsu, jovem administrador da região de apenas 20 e poucos anos e um dos seguidores de Nichiren Daishonin, executou essa injunção à carta, unindo-se bravamente na luta por seus companheiros. Ele se tornou alvo da opressão do governo por defender e dar cobertura aos seguidores na região de Atsuhara. Porém, mesmo na pior das circunstâncias, defendeu resolutamente Daishonin e liderou o contra-ataque às autoridades pela causa da justiça. O fato de os seguidores locais terem emergido triunfantes da Perseguição de Atsuhara deveu-se aos esforços intrépidos e tenazes desse jovem que dedicou a vida ao caminho de mestre e discípulo. Durante a Perseguição de Atsuhara, Nichiren Daishonin observou: “No passado e na era atual dos Últimos Dias da Lei, os governantes, os altos ministros e as pessoas que desprezaram os devotos do Sutra do Lótus pareceram estar livres de punição no início, mas, no fim, todos se condenarão à queda”.8 Catorze anos depois, em abril de 1293, sob ordem do governo, guardas cercaram a residência de Hei no Saemon e a incendiaram. O próprio filho mais velho, Munetsuna, tinha denunciado secretamente o pai de conspirar contra o governo. Cercado pelas chamas e pelos guardas, Hei no Saemon não teve outra escolha senão tirar a própria vida, atormentado pela agonia do inferno de incessante sofrimento, na mesma casa onde havia torturado e matado os Três Mártires de Atsuhara. Ao seu lado estava o segundo filho, Sukemune, que havia torturado os camponeses de Atsuhara, alvejando-os com flechas com pontas cegas. Todos os membros da família, outrora tão ilustres e poderosos, pereceram nas chamas. O filho mais velho, que havia traído o pai, foi exilado na Ilha de Sado, e a linhagem de Hei no Saemon foi completamente extinta. O 26o sumo prelado Nichikan Shonin registrou em seu Comentário sobre “A Seleção do Tempo”: “A causa remota [da extinção de Hei no Saemon e sua família] é a ofensa de ter atacado Nichiren Daishonin, enquanto a causa próxima é a ofensa da execução dos Três Mártires na Perseguição de Atsuhara”.9 Em um dos versos da canção da Soka Gakkai Os Três Mártires de Atsuhara consta: Jinshiro, partindo de uma vida para a próxima, Como cerejeiras em flor dispersas pela brisa, Tornou-se célebre como um exemplo de devoção ao kosen-rufu — Como é nobre a vida Deste honrado mártir de Atsuhara. O fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, morreu na prisão com o mesmo espírito dos Três Mártires de Atsuhara. Toda sensei e eu também sustentamos esse espírito. Seguindo os passos do meu mestre, suportei todas as formas de perseguição. Lutar em meio às perseguições e dar a própria vida pela causa que defendemos é nossa fonte de maior orgulho. Os obstáculos conduzem à iluminação. A “devoção abnegada pela propagação da Lei Mística” para a realização do kosen-rufu mundial é a honra eterna dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai [Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda]. No topo: Tsunesaburo Makiguchi (na foto, sentado) e Josei Toda (em pé) publicaram o livro Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor], em 18 de novembro de 1930. A data desse lançamento é considerada o dia da fundação da Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor], que mais tarde se tornou Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor] Foto: Seikyo Press Notas: 1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 173, 2017. 2. Ibidem, p. 264. 3. Ibidem, p. 263. 4. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 850. 5. Ibidem, p. 849-853. 6. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 415, 2020. 7. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. v. II, p. 831. 8. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 263, 2017. 9. Nichikan Shonin Mondanshu (Comentários de Nichikan Shonin). Tóquio, Seikyo Shimbunsha, 1980. p. 306.

08/01/2024

Editorial

Não se abale no primeiro revés

O século 19 (1801-1900) compreende uma das épocas de importantes acontecimentos para a humanidade, entre os quais revoluções e descobertas que impactam a vida de milhares de pessoas até os dias de hoje. Podemos destacar a invenção da primeira máquina fotográfica moderna pelo francês Louis Jacques Daguerre, em 1816; e a criação do automóvel a combustão, pelo alemão Karl Benz, em 1886. Já no Brasil, ilustres personalidades nasceram nesse período, como os escritores Machado de Assis, Aluísio Azevedo e José de Alencar. Para os membros da Soka Gakkai, um homem ilustre também faz parte dessa rica etapa histórica. Ele é Tsunesaburo Makiguchi, primeiro presidente da organização, que nasceu em 6 de junho de 1871, na vila de Arahama, atual província de Niigata, um pequeno porto na costa oeste do Japão. A trajetória de vida de Makiguchi sensei é um verdadeiro enredo de longa-metragem instigante. Sua infância foi marcada por angustiantes dramas. Todavia, ele nunca se abalou por esse terrível revés, e na juventude pôde se dedicar com afinco à educação, tornando-se um brilhante professor. Mas foi durante o período como primeiro presidente da Soka Gakkai que um fato determinou a existência desse notável ser humano. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), todos os cidadãos japoneses foram obrigados a abraçar o xintoísmo como religião única para a nação. Porém, Tsunesaburo Makiguchi e seu discípulo, Josei Toda, como principais líderes da Soka Kyoiku Gakkai (predecessora da Soka Gakkai), não aceitaram essa imposição. Por defenderem a liberdade religiosa, foram submetidos ao cárcere em 6 de julho de 1943. Após dezessete meses de confinamento, em 18 de novembro de 1944, o presidente Makiguchi falece aos 73 anos na prisão. Sobre a grandiosidade de Makiguchi sensei, o presidente Ikeda ressaltou que “Em virtude de seu elevado coração, a cela escura e fria da prisão tornou-se um lugar seguro e agradável onde não havia nada com o que se preocupar”,1 e ainda: Ele realmente atingira um estado de espírito sereno e imperturbável — refletindo os princípios budistas “o inferno é a terra da luz tranquila” e “desejos mundanos são iluminação” (...). Essa era a magnificente fé e estado de vida do fundador da Soka Gakkai. Makiguchi sensei foi uma pessoa que incorporou profundamente os ensinamentos de Nichiren Daishonin. Quando ponderamos sobre o que ele suportou, todos os sofrimentos parecem pequenos. Não existe orgulho maior do que ser sucessor de Makiguchi sensei.2 E para relembrar esse grande educador, que neste mês completaria 152 anos, a Matéria de Capa da edição apresenta com detalhes a vida e a obra de Makiguchi sensei. Além disso, traz uma explicação de como a coragem oriunda da prática budista é fator decisório para enfrentarmos o “medo paralisante”. Com certeza, foi com essa mesma determinação e coragem, que vimos até aqui, que o presidente Ikeda publicou no dia 27 de abril no Seikyo Shimbun sua Proposta para a Conferência de Cúpula do G7 em Hiroshima, na qual discorre sobre a crise na Ucrânia e sobre não ser o primeiro [Estado] a utilizar armas nucleares. Leia íntegra da publicação na seção Especial da revista. Assim como os Mestres Soka evidenciaram força e coragem para enfrentar os gatilhos do “medo” e construíram uma vida permeada de profundo valor, desejamos que a leitura da Terceira Civilização de junho provoque em você, leitor, ainda mais segurança para afrontar os desafios cotidianos e o inspire a despertar o protagonismo para a construção de um mundo melhor. Excelente leitura! Redação Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 2.302, 5 dez. 2015, p. B4. 2. Ibidem.

01/06/2023

RDez

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Mês de fevereiro

Saiba, em um minuto, o que você encontrará na edição de fevereiro: Do Mestre para você Corredores da Justiça Por que é importante criar raízes sólidas na juventude? Descubra aqui. Faróis da Esperança Saiba como manter um bom ritmo matinal com as orientações do sensei. Matéria do mês Eu transformo meu ambiente! Entenda a profunda relação que existe entre a vida e o ambiente e como influenciá-la positivamente. Quentinhas O que rolou Veja o que os Estudantes realizaram nas reuniões de palestra das suas localidades. DIY Dez Aprenda a fazer um cronograma de estudo e se organize para a volta às aulas. Relato Dez Conheça os desafios e os esforços de Laura para sua localidade alcançar os 100 jovens por distrito. Aprenda mais sobre o budismo Contos e Parábolas O que podemos aprender com a flor de lótus, a coruja e as abelhas? Quero saber! Cápsula do Tempo Teste seus conhecimentos sobre a terceira visita do presidente Ikeda ao Brasil. ABC do Budismo Confira a jornada do primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi. Diversão Passatempo Divirta-se com os jogos interativos deste mês aqui. Teatro com recortes Corte os personagens do conto desta edição e monte um teatro na atividade! Encarte KIDS Acesse o suplemento do jornal Brasil Seikyo de fevereiro.

01/02/2024

ABC do Budismo

A vida dos Três Mestres – parte 1

Estamos cada vez mais próximos do tão aguardado ano de 2030, quando a Soka Gakkai irá comemorar 100 anos de existência! Para nós, que somos os Sucessores Ikeda 2030, é muito importante chegarmos neste ano com muita saúde e disposição e como agentes positivos na sociedade – isso significa ser um Sucessor Ikeda na prática! Neste mês, vamos conhecer um pouco sobre a vida de Tsunessaburo Makiguchi,  primeiro presidente da Soka Gakkai. Primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi. Foto: Seikyo Press Curiosidades: Seu nome completo era Choshichi Watanabe. Mais tarde, adotou o sobrenome Makiguchi, que era de seu padastro e, aos 21 anos, mudou seu nome para Tsunesaburo.1 Nasceu em 6 de junho de 1871 na Vila Arahama, na cidade de Kashiwazaki, na província de Niigata. Trabalhou como office-boy2 na delegacia de polícia de Otaru. Estudou na Escola Normal de Hokkaido,3 onde formou-se em 1893, e logo após iniciou sua carreira como professor. Em 1903, já morando em Tóquio, publicou seu livro Jinsei Chirigaku (Geografia da Vida Humana). Makiguchi conheceu o jovem Josei Toda em 1920 na Escola de Ensino Fundamental Nishimachi.4 No final da década de 1920, encontrou o Budismo Nichiren, “cujos ensinamentos deram os toques finais em sua teoria de valor”.5 Sua meta pedagógica era: “A felicidade é o objetivo da vida humana e, como tal, também deve ser o propósito da educação”.6 Transformar a sociedade por meio da educação No romance Nova Revolução Humana, o Dr. Daisaku Ikeda escreveu a sua trajetória de vida em prol da felicidade das pessoas. Ele também detalhou a jornada do professor Makiguchi. No volume 25, o presidente Ikeda registrou: Makiguchi edificou um histórico de realizações no campo da educação, entre as quais, a elevação da taxa de frequência, a melhoria no ambiente educacional e o aprimoramento no desempenho acadêmico. Além disso, empreendeu sinceros esforços para reformar o sistema de ensino, com propostas como a da adoção do sistema de meio período escolar e a de qualificação de diretores de escolas do ensino fundamental por meio de exames. (Nova Revolução Humana, v. 25, p. 310) Makiguchi tinha o grande desejo de transformar a sociedade por meio da educação e abraçou esse objetivo com ações embasadas na criação de valor. Esse foi seu grande legado. O presidente Ikeda continua: Makiguchi desejava, mais que tudo, ajudar as crianças em situação de carência (...) a encontrar a felicidade. Esse é o ponto inicial da educação Soka e também o que Makiguchi sensei almejava para a Soka Gakkai. Gostaria que todos vocês conhecessem o sentimento que pulsava no coração do presidente Makiguchi de eliminar o sofrimento e a miséria de todas as pessoas. (Ibidem, p. 312) Atualmente, as obras e as teorias de Makiguchi sensei sobre a educação criadora de valor inspiram várias pesquisas e projetos inovadores em todo o mundo e deram origem ao que hoje é a Soka Gakkai. Que boa sorte a nossa poder conhecer um pouco sobre o primeiro presidente e dar continuidade à sua jornada como membro dessa grandiosa organização! No próximo mês, vamos saber mais sobre Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai. Não percam! Notas:1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. Editora Brasil Seikyo: São Paulo, v. 25, p. 300, 2019.2. Profissional responsável por realizar entregas de documentos e correspondências e auxiliar nas atividades logísticas gerais de uma empresa.3. Atual Faculdade de Educação de Hokkaido.4. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. Editora Brasil Seikyo: São Paulo, v. 25, p. 311, 2019.5. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu (Coletânea de Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi). Tóquio: Daisanbunmei-sha, v. 6, p. 381, 1983. Tradução do japonês.6. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. Editora Brasil Seikyo: São Paulo, v. 25, p. 309, 2019.

01/02/2024

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