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Discurso do Presidente da SGI

A incomparável nobreza de uma vida dedicada ao Kossen-rufu

Discurso proferido na 3ª Reunião de Dirigentes de regional

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08/02/1997

A incomparável nobreza de uma vida dedicada ao Kossen-rufu
Muito obrigado por terem vindo de tão longe para participarem desta reunião e pelos seus incansáveis esforços diários.

De acordo com o filósofo grego Antístenes(c.445-365 a.C.), a maior conquista para um ser humano é poder "morrer feliz".1. Existem muitas pessoas, independentemente da fama ou de riqueza, que morrem num estado de grande sofrimento.

No início do século XVII, considerava-se que a Espanha dominava metade do mundo. Porém, apesar de todas as honras e glórias mundiais que lhe eram atribuídas, consta que o rei espanhol FelipeIII (1578-1621) disse em seu leito de morte: "Oh! Quem me dera eu nunca tivesse reinado...De que adianta toda a minha glória se tenho muito mais tormento em minha morte?"2. Nesta declaração podemos discernir uma das verdades da vida.

A vida de todas as pessoas é governada pela inexorável lei de causa e efeito.

Nitiren Daishonin observa que se uma pessoa cai num estado de sofrimento infernal após a morte, "mesmo um trono ou o título de general não significam nada. Uma pessoa não é diferente de um macaco na coleira atormentado pelos guardas do inferno."(The Major Writings of Nichiren Daishonin, vol.I, pág.254.)

Com essas palavras benevolentes porém rigorosas, Daishonin está nos pedindo que nos empenhemos na fé para que não encontremos um final assim tão deplorável.

A posição e a fama são ilusões. Buscar essas coisas, pensando que elas tornam uma pessoa feliz, é como perseguir uma miragem.

Em contraste, como são nobres as vidas daqueles que, apesar de não desfrutarem fama nem reconhecimento na sociedade, devotam suas vidas a trabalhar pela felicidade e bem-estar dos outros e pela Lei! Como são felizes aqueles que vivem com convicção, aqueles que no fim de seus dias podem declarar: "Estou satisfeito com que conquistei!" ou "Eu fiz o melhor que pude". Todos nós somos seres humanos, nesse sentido, somos todos iguais. A única diferença real encontra-se na condição de vida das pessoas. A nossa condição de vida continua após a morte por toda a eternidade. Portanto, assim como Daishonin diz, "somente a fé é o que importa". (Ibidem, pág.246.)

Um firme comprometimento com as próprias crenças

Já que hoje há vários membros da Itália, gostaria de falar sobre algo relacionado a esse país.

Por volta da mesma época em que o Rei Felipe III da Espanha viveu, o filósofo, astrônomo e matemático italiano Giordano Bruno(1548-1600)foi preso e condenado à morte pela Inquisição de Roma pelo suposto crime de heresia contra a doutrina reconhecida pela Igreja. Ele morreu como um mártir por suas convicções.

Nota do editor: Bruno expôs a teoria de um universo infinito, rejeitando o tradicional pensamento da astronomia de que a Terra era o centro, o qual formava a posição oficial da Igreja sobre a natureza do universo naquela época. Isso o levou a um conflito com as autoridades clericais, que o acusaram de herético por suas crenças não-ortodoxas. Ele foi levado para a Inquisição de Roma em 1593 e após sete anos de julgamento foi setenciado à morte. Durante todo o julgamento ele negou que suas teorias fossem de alguma forma incompatíveis com a concepção cristã de Deus e da criação, mas seus argumentos foram em vão. Queimando vivo em 1600, ainda hoje ele é considerado um símbolo da liberdade intelectual.

Os mártires são encontrados em todas as religiões. Tenho pago o preço máximo ao sustentar sua fé e convicções, eles são o maior orgulho de uma religião. Essa dedicação altruísta é a verdadeira essência da religião.

Tsunessaburo Makiguti e Jossei Toda, o primeiro e o segundo presidentes da Soka Gakkai, respectivamente, também arriscaram suas vidas pela fé no ensino de Daishonin. Eu também pratiquei com o desejo de dar minha própria vida pela fé. Jamais, em nenhum momento, pensei em receber algum lucro ou benefício pessoal. Ao contrário, venho me dedicando sinceramente ao budismo e ao Kossen-rufu.

A Soka Gakkai e a SGI se desenvolveram porque as pessoas estão praticando com esse espírito. É por isso que triunfamos em qualquer empreendimento. É por isso que desfrutamos a firme proteção de Daishonin. E é por isso que nosso movimento teve essa grande expansão global.

Firme coragem diante da injustiça

Bruno disse aos oficiais da Inquisição que o haviam condenado à morte: "Talvez o seu medo de transmitir-me a sentença seja maior do que o meu em recebê-la." Em outras palavras, ele questionou a moral deles em sentenciarem-no à morte e a firmeza de sua convicção religiosa. Ela salientou que no fundo de seus corações sabiam que Bruno estava certo e eles profundamente errados.

Ele tinha a forte convicção de bradar quando era falsamente acusado. E fazia isso com extraordinária energia e determinação. Ser dócil diante da injustiça é covardia. A Soka Gakkai jamais deve se submeter obedientemente à injustiça. Quando vemos algo errado ou injusto, devemos ter coragem para bradar.

Bruno demonstrou uma extraordinária força interior. Mesmo quando estava sendo queimado na fogueira, ele não emitiu um gemido. Tinha a firme convicção de que sua alma "ascenderia ao céu" assim como a fumaça do fogo que consumia seu corpo elevava-se para o alto. Sua fé permitiu-lhe observar com domínio de si o desarrazoado estado da sociedade em sua época.

Da mesma forma, enquanto compreendemos com tranqüilidade o que está acontecendo ao nosso redor, vamos escrever um drama do Kossen-rufu corajoso e cheio de esperança.

Viver e morrer feliz

Uma enfermeira que cuidou de muitos pacientes terminais fez a seguinte observação: "No final, as pessoas simplesmente morrem da mesma forma como viveram." Portanto, morrer feliz é extremamente difícil. E uma vez que a morte é o "acerto de contas" final para a vida de uma pessoa, é nesse momento que o nosso verdadeiro eu aparece.

Nós praticamos a fé para vivermos felizes e também para morrermos felizes. Aqueles que tem fé na Lei Mística não terá uma morte infeliz. Uma vez perguntei ao presidente Toda sobra a morte dos três mártires de Atsuhara,3. que foram executados por terem-se recusado a renunciar sua fé no Budismo de Daishonin. Ele respondeu:

"Mesmo que fôssemos assassinados ou executados, se a nossa mente for em prol da Lei Mística, então sem falha atingiremos o estado de Buda. É como sonhar logo depois de adormecer, e então cair num sono profundo."

Aqueles que perderam suas vidas pela Lei Mística renascerão rapidamente. Eles retornarão com vigor e determinação, cheios de boa sorte e benefícios. Nitiren Daishonin nos assegura que é exatamente isso o que acontece.

Nota do editor: Nitiren Daishonin escreveu no Gosho: "O Ensino Essencial Afirmado por todos os Budas do Passado, Presente e Futuro": "Tenho alcançado a Terra da Luz Eternamente Tranqüila, no espaço de um momento retornará para o meio do sonho do nascimento e da morte dos nove mundos." (Gosho Zenshu, pág.574.)

O Buda Original não mente. Portanto, não temos nada a temer nem com o que nos preocupar. Espero que também considerem da mesma forma o falecimento de nossos companheiros que perdem suas vidas em acidentes ou em outras circunstâncias inesperadas.

O cenário imutável das falsas acusações e da perseguição

Consideremos o caso de Sacco e Vanzetti, imigrantes italianos residentes nos Estados Unidos que foram vítimas de falsas acusações e executados.4. Nicola Sacco e Bartolomeu Vanzetti eram trabalhadores comuns - um era sapateiro e o outro era vendedor ambulante de peixes - que o governou rotulou de "anarquistas". Uma vez que a liberdade de pensamento e de crença eram direitos protegidos pela constituição, as autoridades não poderiam acusá-los de sustentarem idéias "indesejáveis". Eles então lançaram mão da tática ilícita de incriminá-los falsamente por uma crime que não cometeram, prendendo os dois por uma falsa acusação de assassinato. Esse é um fato verídico que aconteceu há setenta anos. Esses foram os meios usados para fazer com que inocentes parecessem criminosos.

Pessoas em todo o mundo sentiram-se ultrajadas com esse caso totalmente inventado contra Sacco e Vanzetti. Muitos acreditavam que eles seriam absolvidos e fizeram um apelo unido pela sua libertação. Mas foi em vão; no final Sacco e Vanzetti foram executados [em 23 de agosto de 1927]. Como podem ser desumanos aqueles que estão no poder!

Pouco antes de morrer, Vanzetti fez uma observação sobre o seu destino e o de Sacco nestas palavras que se tornaram famosas:

"Se não fosse por isso[a nossa prisão e condenação por falsas acusações], talvez eu vivesse(sic) toda a minha vida conversando com homens desprezíveis nas esquinas. Talvez eu morresse(sic) sem ser percebido, desconhecido, um fracasso. Agora não somos um fracasso. Esta é a nossa carreira e o nosso triunfo. Jamais em toda a minha vida poderíamos esperar realizar tamanho trabalho pela tolerância, pela justiça, pela compreensão do homem pelo homem assim como estamos fazendo afora por acaso. Nossas palavras, nossas vidas, nossas dores - nada! O fato de tirarem nossas vidas - as vidas de um bom sapateiro e de um pobre vendedor - tudo! Este último momento pertence a nós - esta agonia é o nosso triunfo!"5.

Vanzetti observou quanto suas vidas seriam diferentes se eles não tivessem sido perseguidos. Ele declarou que não eram perdedores, mas vitoriosos cujo grande sucesso era demonstrar ao mundo a injustiça perpetrada pela arrogância do poder e contribuir de alguma forma, mesmo que pouca, para a promoção da compreensão entre a humanidade.

Quando a sentença de morte foi transmitida, Vanzetti também disse:

"Estou tão convicto de que estou certo que se vocês me executassem duas vezes, e se eu pudesse renascer mais duas vezes, faria a mesma coisa que fiz."6.

Ele tinha certeza de que estava certo; de que não havia cometido nenhum crime. Portanto, ele diz que se eu pudesse viver novamente viveria da mesma forma, mesmo que isso significasse ser executado de novo. Essa é a altiva declaração de um verdadeiro vitorioso.

Como é determinada a verdadeira grandiosidade? Sacco e Vanzetti eram dois trabalhadores. Não tinham posição de destaque na sociedade. Não tinham nada. Mas tinham convicção. A verdade estava ao seu lado. Com freqüência, a verdadeira grandiosidade encontra-se nas pessoas comuns. É por isso que as pessoas merecem o maior respeito. Esse é o espírito da democracia, e o espírito do budismo.

O budismo ensina, com o exemplo do Bodhisattva Jamais Desprezar(Fukyo, em japonês), que não devemos menosprezar ninguém. Essa é a essência do budismo. Nitiren Daishonin ensina que a "suprema transmissão" do budismo significa conceder aos amigos e companheiros que estão se empenhando pelo Kossen-rufu o mesmo respeito e reverência que demonstrariam a um Buda(cf. Gosho Zenshu, pág.781.)

A vida neste mundo é evanescente, a fé é eterna

Uma vez que decidimos dedicar nossas vidas ao budismo, não temos nenhuma razão ou necessidade de reclamar das circunstâncias. Daishonin ensina que abraçando a Lei Mística, realmente "transformamos as pedras em ouro"

Na escritura "Sobre o Comportamento do Buda", Nitiren Daishonin diz: "Cada um de vocês deve ter a profunda convicção em seus corações de que sacrificar suas vidas pelo Sutra de Lótus é como trocar pedras por ouro ou sujeira por arroz."(The Major Writings of Nichiren Daishonin, vol.I, pág.176.)

Dedicando nossas vidas ao budismo podemos transformá-las em "ouro". Mesmo que nos achemos ineficientes e indignos, nossas vidas começam a brilhar com uma extraordinária radiância - e permaneceremos assim eternamente. É por isso que Daishonin pede que nos empenhemos sinceramente em nossa prática da fé.

Nossa passagem neste mundo é curta; passa num instante. Dedicando-nos sinceramente à fé nesta existência, podemos atingir o eterno estado de Buda. Portanto, será para nosso própria benefício nos empenharmos o máximo possível na fé agora, enquanto ainda podemos. Às vezes, acontece de as pessoas ficarem doentes e então se arrependerem de não terem feito mais quando podiam.

Todos morrem. Quase nenhum de nós que está aqui hoje ou dos bilhões de pessoas neste planeta que estão vivas neste momento ainda viverão daqui a cem anos. Essa é uma dura realidade que nada pode mudar. Quando reconhecemos profundamente essa verdade, torna-se impossível para nós desperdiçarmos nossas vidas.

Como podemos criar o máximo valor em uma curta existência? Aqueles que abraçam a Lei Mística sabem a resposta. A nossa fé e prática do Budismo de Nitiren Daishonin nos capacita, no curso desta existência, a solidificarmos o estado de Buda em nossas vidas e estabelecermos um estado de eterna felicidade. Esse é o objetivo de nossa fé na Lei Mística, o objetivo da nossa prática budista.

Uma fé forte e sincera é importante

A benevolência de Daishonin não conhece limites. Mas, ao mesmo tempo, ele também é muito rigoroso. No Gosho, ele diz:

"Mesmo entre meus discípulos, aqueles cuja fé é fraca estão destinados no momento final a experimentarem o sofrimento do inferno Aviti. Mas se isso acontecer, eles não deverão ter nenhum ressentimento contra mim[porque eu sempre os adverti sobre isso]." (Gosho Zenshu, pág.537.)

Podemos chamar de "aqueles cuja fé é fraca" as pessoas que, embora aparentem abraçar o ensino de Daishonin, nada fazem de concreto pelo Kossen-rufu. Essas pessoas praticam a fé apenas na aparência. Daishonin declara que mesmo que as pessoas abracem o Gohonzon, se a sua fé for fraca, se explorarem a organização para seus próprios interesses, ou se falharem em agir num momento crucial, então elas sofrerão muito nos últimos momentos de suas vidas.

Nitiren Daishonin também diz:

"Apesar de haver muitas pessoas que desejam ajudar-me, muitas delas são covardes e outras, mesmo tendo uma forte determinação, não podem agir além de suas intenções." (The Major Writings of Nichiren Daishonin, vol.I, pág.171.)

Aqui ele se refere às pessoas de fraca determinação ou àquelas que são cheias de boas intenções mas que falham entrar em ação. Essas pessoas também sofrerão no final da vida. Por não querer ver isso acontecendo com seus seguidores é que Daishonin , em sua imensa benevolência, pede-nos sinceramente que nos empenhemos na fé.

O rigoroso "julgamento" da morte é transmitido a todas as pessoas. A morte poderia ser considerada como o "julgamento final". "O Julgamento Final", de Miquelângelo, também relata um acerto de contas final sombrio e rigoroso com a humanidade. Mas o julgamento do budismo não é como o que nos é imposto de fora. É um julgamento que nos transmitimos a nós mesmos de acordo com a rigorosa lei de causa e efeito que opera em nossa vidas.

A nossa existência nesse mundo pode ser comparada a um sonho. A questão de maior importância e de eterna relevância é como enfrentamos a morte, o inevitável destino de todos os seres vivos. Pois, diante da morte, os fatores externos tais como a posição social ou o cargo na organização não significam nada. Tudo depende da fé, do estado de vida.

Há pessoas que foram dirigentes da Soka Gakkai ou da SGI, mas que posteriormente abandonaram a sua fé e traíram os companheiros. Invariavelmente descobriremos que esses dirigentes caíram em desaprovação por parte dos membros porque cometeram atitudes indecentes, são egoístas, tentaram explorar a organização, causaram problemas com dinheiro, ou guardaram rancor contra a organização por não terem sido nomeados para cargos mais altos. Em conseqüência disso, essas pessoas não podem mais permanecer no puro mundo da fé e o abandonam por conta própria. Assim como consta no Gosho, seu fim será realmente rigoroso. Aqueles que lutam pelo Kossen-rufu com um comprometimento puro e sincero, mesmo que não sejam reconhecidos pela sociedade, com certeza experimentarão uma imensa felicidade no capítulo final de suas vidas e poderão fazer uma grandiosa partida para a próxima existência.

Os covardes nada podem conquistar

Recentemente, o famoso fotógrafo japonês Yoshikazu Shirakawa disse: "Uma vez que as pessoas deixam o medo apoderar-se delas, nunca conseguirão nada. Uma vez que se permitirem ficarem amedrontadas, jamais serão bem-sucedidas."

Não devemos ser covardes. Daishonin adverte seus seguidores continuamente: "Os discípulos de Daishonin não conseguirão conquistar nada se forem covardes."(Ibidem, vol.IV, pág.128.)

Shirakawa também observou: "Todos os meus alunos que foram impedidos de continuar comigo - mesmo em meio às lágrimas - tornaram-se excelentes."

Ele naturalmente falava do mundo da fotografia , mas é exatamente o mesmo no budismo. As palavras das pessoas do mais alto calibre realmente ressoam com uma profunda universalidade.

O "segredo" de um mestre

Quando um samurai, um mestre do judô proveniente da Província de Ki(atual Província de Wakayama), foi solicitado por seus sucessores a revelar o seu "segredo" ele respondeu: "Não há nenhum segredo em particular. Vocês devem se atirar contra seu oponente e fazer o que for preciso para vencer. Esse é o segredo."

O magnata da indústria japonesa, Konosuke Matsushita(1894-1989), com quem conversei diversas vezes , descreveu a "chave para o sucesso" em um de nossos diálogos da seguinte forma: "As pessoas pensam que os negócios significam às vezes obter lucros e outras, perder. Mas que não implicam empreender uma batalha total. Não se pode alcançar a vitória às vezes vencendo outras vezes perdendo. Deve-se continuar a vencer. Deve-se continuar a ter lucro. Esse é o caminho de um verdadeiro homem de negócios."

Essas são as observações de dois indivíduos que foram "mestres" em seus respectivos campos. A questão é que o único caminho para concretizar o verdadeiro sucesso é empreender uma batalha completa e sincera para alcançar seus objetivos.

Quem são os sábios em uma época contaminada

Nitiren Daishonin diz que no mundo impuro dos Últimos Dias da Lei os líderes espirituais dignos de serem chamados de "sábios" ou de "pessoas dignas" desaparecerão. E, no lugar deles, o mundo ficará cheio de pessoas de espírito mesquinho que buscam ativamente prejudicar os outros e que se preocupam apenas em proteger seus próprios interesses. As coisas são exatamente como Daishonin disse. A sociedade de hoje reflete as suas palavras.

Daishonin escreveu: "É o curso normal das coisas que quando os Últimos Dias da Lei chegarem, todas as pessoas sábias e dignas desaparecerão, e somente os caluniadores, os bajuladores, os que dão apunhaladas pelas costas e os de princípios desonestos encherão a terra."(Ibidem, vol.VI, pág.239.) Os "caluniadores" indicam as pessoas que dizem mentiras para causar a ruína dos outros. Os "bajuladores" são as pessoas que lisonjeiam aqueles que estão no poder. Os que "dão punhaladas pelas costas" referem-se às pessoas que demonstram ser agradáveis mas que por trás derrubam as pessoas. Os de "princípios desonestos" correspondem àqueles que distorcem a razão e a lógica para que se adeqüem aos seus propósitos.

Hoje gostaria de esclarecer exatamente quem Daishonin distingue como sábios num mundo impuro.

Simplesmente são os seus seguidores leigos que se empenham sinceramente para propagarem a Lei Mística que Nitiren Daishonin valoriza como pessoas sábias e dignas.

Por exemplo, para uma de suas discípulas, uma mulher comum que não possuía títulos e vivia em Kamakura, Daishonin concedeu o nome budista de Nitimyo Shonin(Nitimyo, a sábia; Ibidem, vol.III, pág.52.) Creio que Nitimyo Shonin representa os membros da Divisão dos Senhores de hoje. Preocupada com o bem-estar de Daishonin, Nitimyo Shonin fez uma longa viagem de Kamakura para visitá-lo em seu exílio na Ilha de Sado. À dificuldade de sua jornada junta-se ainda o fato de ela ter levado consigo sua filha pequena.

Em "Carta a Nitimyo Shonin", Daishonin relata a dificuldade da jornada de Kamakura até Sado da seguinte forma: "De Kamakura, na Província de Sagami, até a Província no norte onde se encontra Sado é uma jornada de mais de mil ri por montanhas traiçoeiras e mares revoltos. O vento e a chuva faziam investidas violentas e inoportunas; ladrões faziam emboscadas nas montanhas e piratas aguardavam no mar. As pessoas em cada estágio por onde passavam e em cada pasto eram tão bestiais quanto os cachorros ou os tigres..."(Ibidem.)

Nitimyo Shonin fez essa viagem no auge da dura perseguição das autoridades contra Daishonin. Muitos dos seguidores de Daishonin, tanto bonzos como leigos ficaram tão amedrontados ante a possibilidade de serem perseguidos que regrediram na fé ou até mesmo a abandonaram. Mas Nitimyo Shonin perseverou tenazmente em sua fé. Daishonin elogiou muito seu espírito e ações, e deu-lhe esse respeitável nome de Nitimyo Shonin.

Daishonin também escreveu em "carta a Nitimyo Shonin": "A senhora é sem dúvida a primeira devota do Sutra de Lótus dentre as mulheres do Japão. Portanto, seguindo o exemplo do Bodhisattva Fukyo, eu lhe concedo o nome budista Nitimyo Shonin."(Ibidem.)

Aqueles que se levantam nos momentos cruciais são dignos de respeito

A integridade de uma pessoa é testada no momento crucial. É através das ações de uma pessoa numa situação de adversidade que a sua verdadeira essência é revelada. Daishonin discerniu isso perfeitamente. Não foi durante épocas em que tudo estava bem que ele concedia títulos de "sábios" aos seus discípulos, mas sim em, épocas de adversidades. Ele foi realmente um grande buda.

A respeito daqueles que abandonam a fé nos momentos cruciais ele diz o seguinte em "Abertura dos Olhos": "É comum nos tolos esquecerem nas horas cruciais o que prometeram nas horas normais."(Ibidem, vol.II. pág.180.) Esse é o caminho daqueles que abandonaram a fé e que se voltaram contra seus companheiros.

Em honra a sua sincera fé, Daishonin chamou Ota Jomyo, um seguidor que vivia na Província de Shimosa(parte das atuais Províncias de Tiba e Ibaraki), de Jomyo Shonin(sábio Jomyo; Gosho Zenshu, pág.1002.) Em outro Gosho, Daishonin o elogia dizendo: "Como é maravilhoso que o senhor acalente este sutra mais do que sua própria vida!"(Ibidem, pág.1015.) Essa era a ilimitada devoção à fé do Ota Jomyo.

Abutsubo, um seguidor que se converteu ao ensino de Daishonin na Ilha de Sado e desse momento em diante o apoiou sinceramente fornecendo-lhe alimento e outras necessidades durante todo o exílio, foi chamado por Daishonin de Abutsu Shonin"7. (Abutsu, o Honrado; The Major Writings of Nichiren Daishonin, vol.I, pág.30.). Abutsubo, apesar de sua avançada idade, realizou posteriormente árduas jornadas da Ilha de Sado até o Monte Minobu para visitar Daishonin em diversas ocasiões. Seu espírito de procura é como o dos membros de hoje do Grupo Muitos Tesouros(Taho-kai). Daishonin referiu-se a Konitibo(também conhecida como Koniti-ama) como Koniti Shonin(Koniti, a Honrada; Gosho Zenshu, pág. 934.); um seguidor que viva em Okitsu, na Província de Suruga(parte da atual Província de Shizuoka), ele chamou de Joren Shonin(Joren, o Honrado; Gosho Zenshu, pág.1434.); e um seguidor que vivia em Kamakura foi chamado de Myomitsu Shonin(Myomitsu, o Honrado; The Major Writings of Nichiren Daishonin, vol.V, pág.203.) E chamou Nanjo Tokimitsu de Ueno Kenjin(Ueno, o Digno, Gosho Zenshu, pág.1561.)

Todos eram pessoas sem nenhuma posição na sociedade. Eram pessoas que lutaram e superaram dificuldades em prol da fé. Era para pessoas como essas que Daishonin concedia os títulos de "sábio", "honrado" e "digno". A descrição "pessoas leigas e comuns" aplica-se da mesma forma a todos nós. Como é maravilhoso que o Buda Original chegou ao ponto de homenagear e elogiar indivíduos como esses! Esse é o Budismo de Nitiren Daishonin. Nisso se encontra o verdadeiro espírito de Sakyamuni.

Daishonin com certeza zela pelos esforços daqueles que dedicam suas vidas para concretiza o Kossen-rufu. Todos os budas e bodhisattvas das três existências e das dez direções nos protegem sem falha. Esta é realmente uma fonte de grande alegria.

Um louvor àqueles que se dedicam com altruísmo

Não há um único exemplo no Gosho em que Daishonin se refira aos seus discípulos sacerdotes pelo título de "sábio" ou "honrado".

Em uma escritura, no entanto, ele diz "Que sábio!"(The Major Writings of Nichiren Daishonin, vol.III, pág.206.) ao elogiar um comportamento de um bonzo chamado Nitiguem. Nitiguem tomou a dianteira dentre os discípulos de Daishonin, suportando os ataques e lutando altruisticamente para proteger seus seguidores. Uma crônica posterior registrada pelo 4ºsumo prelado Nitido também indica que Daishonin deu aos bonzos Nisshu e Nitiben, que desempenharam um papel significativo na proteção aos seus seguidores durante a Perseguição de Atsuhara, o título honorífico de Shonin(o Honrado).8.

Em todos os caso, Daishonin não louvou esses indivíduos porque eram bonzos, mas sim porque lutaram arduamente pela Lei Mística e pelas pessoas. Ser um bonzo que ocupa uma posição elevada não torna a pessoa automaticamente "sábia", nem ter fama torna uma pessoa "digna". A verdadeira nobreza de uma pessoa é determinada por sua índole e por suas ações. E a essência do Budismo de Nitiren Daishonin é elogiar e respeitar essas pessoas de índole e de ações verdadeiramente nobres.

Vocês que estão lutando pelo Kossen-rufu são as pessoas mais dignas de respeito e as mais admiráveis de todas.

A atitude muda tudo

Gostaria de contar-lhes um episódio. Três homens estavam empenhados em carregar um monte de tijolos de um lugar para outro.

Uma pessoa chegou e perguntou a um dos homens:

- O que você está fazendo?

Ele respondeu:

- Estou apenas carregando esses tijolos para lá.

Respondendo a mesma questão, o segundo homem disse:

- Estou construindo um muro com esses tijolos.

A terceira pessoa disse:

- Estou construindo um palácio. É por isso que estou carregando estes tijolos um de cada vez.

O homem que fez a pergunta ficou surpreso com a diferença de pensamento entre pessoas que aparentemente estão engajadas em uma mesma atividade. Ele pensou consigo: "Somente a terceira pessoa está se empenhando com o orgulho de que está construindo um palácio. Para ela, obviamente, desempenhar é o mesmo que construir o 'palácio' de sua própria vida."

As nossas atividades diárias não podem ser glamourosas ou sempre excitantes, mas através de cada esforço que fazemos estamos construindo um "palácio de pessoas" que durará eternamente. E estamos construindo o "palácio da vida" em nosso próprio ser - um palácio que adornaremos com os mais preciosos tesouros do coração.

Estou sempre grato pelos seus esforços diários. Do fundo do meu coração desejo agradecer-lhes e elogiar cada um de vocês. Vamos unir nossas energias para criarmos um eterno "caminho da vitória", um eterno "castelo da glória", um eterno "monumento global". Vamos nos empenhar para criarmos uma eterna "história do humanismo" em todas as eras que virão.

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