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Caderno de Estudo

INTRODUÇÃO E CENÁRIO HISTÓRICO

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25/10/2003

INTRODUÇÃO E CENÁRIO HISTÓRICO
Nitiren Daishonin escreveu esta carta a Nanjo Tokimitsu em 28 de fevereiro de 1282, no Monte Minobu, quando se aproximavam seus últimos dias. De fato, em 13 de outubro desse mesmo ano, sua vida agitada, porém grandiosa, chegou ao fim. Esta é uma das diversas cartas que Daishonin enviou aos seus estimados discípulos no último ano de sua vida. No final do ano anterior, ele havia dito em uma carta enviada à mãe de Tokimitsu: “Em virtude de minha saúde estar se debilitando, deixei de responder àqueles que me escreveram.” Porém, conforme a presente carta, sua profunda benevolência e consideração pelos discípulos não haviam sofrido a menor alteração. Apesar do estado de sua saúde, Daishonin escreveu, a pincel, palavras de encorajamento a Tokimitsu, para que ele superasse a enfermidade que sofria. Isso comprova a dedicação de Tokimitsu ao Verdadeiro Budismo e o apreço que Nitiren Daishonin tinha por ele.

Nanjo Tokimitsu nasceu em 1259 e, apesar de jovem, já era sucessor do seu falecido pai quando recebeu esta carta, como lorde de uma área denominada Ueno, que englobava uma vasta parte das encostas do Monte Fuji, e na qual hoje se encontra o Templo Principal Taissekiji.

Sendo seguidor do Verdadeiro Budismo desde a infância, Tokimitsu atuou como um dos líderes dos seguidores leigos da época. Especialmente quando ocorreu a Perseguição de Atsuhara, em 1279, ele dedicou todo o seu ser à proteção dos adeptos, sob a liderança de Nikko Shonin, apesar de estar com apenas 21 anos de idade. E assim, por sua extraordinária colaboração, Nitiren Daishonin chamou-o de “Sábio de Ueno”. Ele recebeu mais de trinta cartas de Daishonin — número superior ao de qualquer outro discípulo.

Na época em que recebeu esta carta, Nanjo Tokimitsu estava com 24 anos e sofria de uma grave doença. Com o encorajamento de Daishonin, superou a doença e conseguiu viver por muitos anos, vindo a falecer em 1332.

A carta é tradicionalmente conhecida como “A prova do Sutra de Lótus”, porque nela os budas dão crédito à verdade do sutra. Entretanto, é também chamada de “Oração pela vida perante uma doença fatal”, devido à doença que Tokimitsu enfrentava. Na carta, Nitiren Daishonin assegura a iluminação a Tokimitsu, por estar defendendo o Sutra de Lótus diante do ataque das autoridades, mencionando a concordância de todos os budas do Universo em relação à iluminação daqueles que crêem neste sutra. Por outro lado, Daishonin afirma que, como tudo indicava que Tokimitsu chegaria à iluminação, os demônios e as maldades tentariam desesperadamente impedir que isso ocorresse. Daishonin apresenta então um desafio e uma ordem a estes demônios e maldades para que deixassem de atormentar seu estimado discípulo.

EXPLANAÇÃO DE TÓPICOS

O ensino dourado acima indica que os benefícios de ter servido no passado a dezenas de bilhões de budas são tão grandes que, mesmo não tendo acreditado somente no Sutra de Lótus e conseqüentemente nascido pobre e humilde, essa pessoa pode crer novamente neste sutra.

Na parte inicial desta escritura, Daishonin incentiva e encoraja Nanjo Tokimitsu, demonstrando-lhe a grande boa sorte de abraçar o Sutra de Lótus (Gohonzon) nos Últimos Dias da Lei, como conseqüência de ter servido a dezenas de bilhões de budas em existências passadas. Entretanto, um possível questionamento é quanto ao porquê do surgimento de inúmeras dificuldades na vida diária, já que se trata de uma pessoa de grande boa sorte por ter abraçado o Gohonzon. O próprio Nanjo Tokimitsu vivia uma condição de vida extremamente difícil em termos financeiros, além de ter sido acometido de uma gravíssima doença.

Exatamente em resposta a esta possível dúvida, Daishonin ensina que “mesmo não tendo acreditado somente no Sutra de Lótus e conseqüentemente nascido pobre e humilde, essa pessoa pode crer novamente neste sutra”. Nesta frase, Daishonin se refere àqueles que serviram a dezenas de bilhões de budas em existências prévias, mas que cometeram o pecado da calúnia ao Sutra de Lótus ou ao Gohonzon, vindo a nascer como “pobre e humilde” na presente existência. Porém, o ponto importante é que por meio desta difícil realidade, conhecida como relação inversa com o Sutra de Lótus, a “pessoa pode crer novamente neste sutra”. Em outras palavras, mesmo que uma pessoa tenha nascido “pobre e humilde” como conseqüência de uma grave calúnia ao Gohonzon, por ter servido a dezenas de bilhões de budas em existências passadas, pela relação inversa, ela será capaz de abraçar novamente o Gohonzon e praticar o Verdadeiro Budismo.

Por isso, quando analisamos o fato de termos abraçado o Gohonzon, reconhecemos o profundo benefício que adquirimos por ter servido a dezenas de bilhões de budas em existências passadas. O Budismo de Nitiren Daishonin ensina que o estado de Buda existe em cada um dos seres humanos. A ação concreta de promover o Chakubuku e as atividades, para que as pessoas desenvolvam sua própria natureza de buda equivale a servir a dezenas de bilhões de budas. Na verdade, tanto o passado como o futuro estão contidos no momento presente. Conscientes desse ponto, devemos nos empenhar na prática da fé, em todos os momentos de nossa vida.

Miao-lo afirma: “É como aquele que cai ao solo, levanta-se outra vez.” Uma pessoa pode cair no solo da calúnia, mas deve se levantar novamente desse mesmo solo. Aqueles que caluniam o Sutra de Lótus cairão no solo dos três maus caminhos, da Tranqüilidade ou da Alegria, mas podem ser salvos pelo Sutra de Lótus e alcançar finalmente o estado de Buda.

Conforme mencionado por Daishonin no trecho anterior da escritura, uma pessoa nasce pobre e humilde e experimenta dificuldades devido à calúnia ao Sutra de Lótus ou ao Gohonzon. Nesta frase, o Buda Original ensina que, justamente por isso, o pecado da calúnia pode ser eliminado servindo e louvando o Gohonzon. Da mesma forma que uma pessoa que cai ao chão não tem outro recurso senão levantar-se, não existe outra maneira de tornarmo-nos felizes senão com a sincera fé no Gohonzon. Nós dedicamos ao Gohonzon do fundo de nosso coração porque reconhecemos nossas dificuldades como resultado da calúnia a ele.

Basicamente, podemos atribuir a causa dos vários sofrimentos desta vida à calúnia ao Gohonzon cometida em nossas existências passadas. Por esse motivo, devemos compreender que somente a fé no Gohonzon poderá modificar as raízes da causa do nosso carma. A prática da fé nos permite não somente mudar nosso carma, como também obter grandes benefícios do estado de Buda.

Agora, quando tudo indica que o senhor atingirá infalivelmente a iluminação, o Demônio do Sexto Céu e outros demônios estão tentando ameaçá-lo com esta enfermidade. A vida neste mundo é limitada. Não tenha o menor receio.

Esta passagem contém um princípio muito importante a ser aplicado em nossa vida diária. As maldades testavam a fé de Tokimitsu. Tais maldades indicam, na verdade, as forças negativas e as funções da vida humana. Portanto, se permitirmos ser derrotados por elas, acabaremos perdendo a oportunidade de mudar nosso carma e ficaremos à mercê dos efeitos cármicos. Pelo contrário, se a pessoa decidir desafiá-los e avançar com base na prática da fé, conseguirá transformá-los em funções positivas para sua própria vida. Quando as forças funcionam contra a vida humana, conduzindo-a para a infelicidade, são denominadas de maldades ou demônios. Por outro lado, se funcionam a favor, são chamadas de funções protetoras. Claramente, a natureza dessas forças depende unicamente da fé de cada pessoa.

Diante de uma doença, por exemplo, se ficarmos pensando por que ela surgiu apesar de praticarmos, estaremos na realidade nos entregando à duvida e às forças dos males e dos demônios. Porém, se entendermos que estamos diante de um teste da própria fé e conseguirmos nos empenhar com uma renovada e fortalecida determinação, com toda a certeza seremos capazes de eliminar as forças negativas e superar a doença. Se imaginarmos que nosso despertador da fé está tocando quando cairmos doentes, estaremos no caminho certo. Pelo contrário, se alimentarmos dúvidas sobre a fé, estaremos tomando a direção errada.

Por outro lado, em uma situação como esta, é fundamental sentirmos gratidão ao Gohonzon compreendendo o quanto amenizarmos o efeito cármico por meio da prática da fé. Se, ao contrário, ficarmos simplesmente lastimando a doença sem uma reflexão da nossa atitude na fé, agravaremos ainda mais o efeito cármico.

Portanto, vencendo a doença por meio da fé, podemos mudar o carma e obter a eterna vida do estado de Buda. Assim, Daishonin incentiva Tokimitsu a mudar seu carma e a atingir o estado de Buda, sem permitir ser derrotado pelo medo da morte.

Evidentemente, diante de uma doença, devemos buscar o melhor tratamento médico possível. Porém, além de qualquer tratamento médico, principalmente se a doença for considerada incurável, não podemos deixar de fortalecer nossa convicção na prática da fé ao Gohonzon.

Devemos também observar que este princípio é aplicável não somente a doenças, mas a todos os aspectos de nossa vida diária. Não importando o que nos aconteça, é vital termos uma atitude positiva na fé; se algo feliz acontece, devemos nos voltar com alegria ao Gohonzon, e se encontramos algo triste, devemos orar ao Gohonzon para transformar a infelicidade em felicidade. Por fim, lembremo-nos que o ponto mais importante na compreensão deste princípio é colocá-lo em prática por meio de uma oração devotada ao Gohonzon.

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