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Caderno de Estudo

O inverno nunca falha em se tornar primavera

Aqueles que creem no Sutra de Lótus são como o inverno; o inverno nunca falha em se tornar primavera. Desde os tempos antigos jamais se ouviu que o inverno tenha se transformado em outono ou que um devoto do Sutra de Lótus tenha se transformado em uma pessoa comum. No sutra consta: “Se há pessoas que ouvem a Lei, nenhuma delas falhará em atingir a iluminação”. As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 336

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25/07/2009

O inverno nunca falha em se tornar primavera

Matéria para a Reunião de Palestra do mês de Agosto e outras atividades

Resumo e Cenário Histórico

Esta carta foi escrita em maio de 1275, um ano após ter regressado do exílio à Ilha de Sado, já no Monte Minobu. Por ter sido enviada para a monja leiga Myoiti, que vivia em Kamakura, o escrito é conhecido também como “Carta a Myoiti-ama”.

Quatro anos antes, Daishonin havia sido alvo da Perseguição de Tatsunokuti e exilado na Ilha de Sado. Esses fatos culminaram com a cruel investida contra os seguidores de Daishonin em Kamakura. Entre eles, estavam Myoiti e o seu marido, que tiveram suas terras confiscadas. No entanto, o casal persistiu resolutamente na prática da fé do Sutra de Lótus e foram genuínos discípulos de Daishonin, lutando ao seu lado até o fim.

Infelizmente, o marido da monja leiga faleceu antes de Daishonin obter o perdão que pôs fim ao exílio. A Myoiti coube, então, criar os dois filhos, um dos quais estava doente. Ela própria se encontrava com a saúde extremamente debilitada. E, mesmo em meio às circunstâncias tão adversas, a monja leiga continuou a prestar sincero apoio a Daishonin. Enviou, por exemplo, um serviçal para ajudá-lo durante a permanência dele tanto em Sado como também em Minobu. Daishonin escreveu a carta em resposta ao presente de um manto que recebera dessa fiel seguidora.

De toda forma, na época, a monja leiga Myoiti enfrentava circunstâncias adversas que poderiam ser comparadas a um rigoroso inverno. Daishonin escreveu esta carta com o profundo desejo de que ela fosse feliz e atingisse o estado de Buda, sem falta, procurando dispersar quaisquer sentimentos de pesar e aflição que a monja leiga pudesse abrigar. Em sua explanação desse escrito, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, comenta: “Daishonin encoraja Myoiti várias vezes, decidido a tocar o coração da seguidora e a dissipar a escuridão e ilusão sem deixar uma única sombra de dúvida. É um trecho que denota a luta séria e apaixonada de um mestre determinado a zelar pela discípula”. (Terceira Civilização, edição no 487, março de 2009, pág. 58.)

Explanação

Esta passagem é certamente uma das mais famosas dos escritos de Nitiren Daishonin. Utilizando-se desse princípio imutável da natureza de que o inverno se transforma em primavera, nunca em outono, Daishonin afirma que os que praticam a Lei Mística, o grande ensino da iluminação, com certeza se tornarão budas e não ficarão no estado ilusório de uma pessoa comum, não-iluminada. Este é também um princípio universal da vida. Significa que as pessoas comuns, que triunfam sobre todos os desafios no curso da prática budista, infalivelmente se tornarão budas.

Cabe ressaltar, porém, que o devoto do Sutra de Lótus citado nesta passagem indica alguém que se dedica à prática budista não somente para a sua própria felicidade, mas também para possibilitar outros a manifestarem o estado de Buda inerente.

É essencial compreender que é justamente o rigor do inverno que torna genuína a alegria da primavera. Somente quando superamos as provações do inverno por meio do poder da fé conseguimos desfrutar a primavera do triunfo.

Em sua explanação, o presidente Ikeda descreve o fenômeno do desabrochar das flores de cerejeira cujos botões se formam no verão, e permanecem em estado latente durante o outono. Esses botões necessitam experimentar o frio do inverno porque esse clima ativa o processo de crescimento que os levará a florescer, etapa conhecida como “quebra da latência”. O frio é necessário ao desenvolvimento dos brotos. Estes, uma vez que despertam do estado latente, começam a se dilatar com a elevação da temperatura na primavera e então florescem. Assim, o inverno funciona para ativar o poder inerente ou o potencial latente. O presidente Ikeda afirma então que este princípio se aplica também à vida e à prática budista. Todos os seres vivos possuem a semente do estado de Buda, também conhecida como natureza de Buda. Esta semente contém um potencial tão vasto e ilimitado quanto o Universo. Quando resistimos e superamos as dificuldades do inverno e saímos vitoriosos por meio de nossa prática da Lei Mística, podemos fazer com que as flores brilhantes da vitória se abram radiantes em nossa vida. Se, em meio ao rigor do frio, deixarmos de lutar ou de avançar na fé, duvidando do poder da Lei e negligenciando a prática, terminaremos com resultados incompletos. A chave para a nossa vitória se encontra na intensidade e na paixão com que nos desafiamos no inverno, na sabedoria com que utilizamos esse período, e em quão significativamente vivemos cada dia com a convicção de que a primavera chegará, sem falta.

O Sutra de Lótus ensina a importância de superar os “invernos da vida”. Daishonin nos assegura: “O inverno nunca falha em se tornar primavera”. Nossos constantes esforços para transformar o inverno em primavera é o caminho essencial para um crescimento insuperável e uma vida plena. Se avançarmos por este caminho, dedicando-nos ao máximo, podemos ativar o estado de Buda nesta existência e desfrutar uma gloriosa primavera, repleta de boa sorte e benefícios pelas três existências — passado, presente e futuro.

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