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Encontro com o Mestre

4.9 O inverno sempre se transforma em primavera

Sabedoria para criar a paz e a felicidade [10]

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11/10/2014

4.9 O inverno sempre se transforma em primavera
INTRODUÇÃO

Nichiren Daishonin encoraja a monja leiga Myoichi afirmando que “O inverno nunca falha em se tornar primavera” (CEND, v. I, p. 559). Nesta seção, o presidente Ikeda nos ensina que os invernos da vida são oportunidades para nos fortalecermos até a chegada de uma bela primavera. Ele afirma ainda que aqueles que abraçam o correto ensinamento do budismo entram em harmonia com o ritmo da vida e do universo, e estão garantidos a vivenciar uma primavera de vitória que brilha por toda a eternidade.

Discurso do presidente Ikeda

proferido na 28ª Reunião Nacional de Líderes realizada em 29 de abril de 1990 no Ginásio Central da Universidade Soka em Hachioji, Tóquio.

Nichiren Daishonin declara: “O inverno nunca falha em se tornar primavera” (CEND, v. I, p. 559). Aqueles que acreditam no Sutra do Lótus parecem estar mergulhados no inverno, diz ele, mas o inverno certamente os conduzirá ao caminho da primavera.

Essas palavras de Daishonin possibilitam a inúmeros indivíduos encontrarem seu caminho a seguir em direção à primavera do renascimento — a primavera da vida. Elas são uma de nossas eternas diretrizes, e sua mensagem, sem dúvida, continuará a transmitir infinita esperança a bilhões de pessoas em todo o mundo, que estão em busca da verdadeira felicidade. Vamos então considerar a infinita compaixão de Daishonin expressa nessas palavras.

Essa frase é parte de uma carta de incentivo enviada à monja leiga Myoichi. Seu marido fora uma pessoa de forte fé. Após a Perseguição de Tatsunokuchi, ele foi banido de sua localidade por causa de sua fé nos ensinamentos de Daishonin. Aqueles que seguem a direção correta são frequentemente perseguidos — este é um triste caminho que encontramos no mundo corrupto, um ato constante que observamos em todos os países e em todas as épocas. Enquanto Daishonin estava exilado em Sado, o marido de Myoichi faleceu, porém esteve firme em sua fé até os momentos finais de sua vida. Ele deixou a esposa, frágil e de certa idade, um filho doente e uma filha.

Daishonin estava plenamente ciente da situação da monja leiga. Em sua carta, ele imagina quão seu marido devia estar angustiado por tê-la deixado sozinha com os filhos, preocupado com o que lhes aconteceria sem sua presença, e também nervoso sobre o destino de Daishonin (CEND, v. I, p. 560).

Conforme mencionei, o marido de Myoichi faleceu quando Daishonin ainda estava exilado em Sado, uma ilha de rigoroso inverno e de onde poucos retornavam com vida. Seu coração devia estar aflito por Daishonin.

Ao pensar em seu corajoso discípulo que falecera em meio à severa adversidade, Daishonin diz:

“Talvez seu marido deva ter sentido que algo iria realmente acontecer e que este sacerdote [Nichiren] passaria a ser muito respeitado. Quando fui exilado, contrariando as expectativas de seu marido, ele deve ter questionado por que o Sutra do Lótus e as dez filhas demônios deixaram isso ocorrer. Se ainda estivesse vivo, ficaria feliz em ver que Nichiren recebeu o indulto!” (CEND, v. I, p. 560)

Assim como essa passagem e outras cartas indicam, muitos discípulos de Daishonin esperavam que ele conquistasse uma posição de aclamação e honra. No entanto, sua vida na realidade fora cheia de inúmeras perseguições. Foi difamado e ridicularizado em toda a nação e alvo de duras acusações. Dentre seus seguidores, havia aqueles que tinham expectativa de elevar suas reputações junto com a de Daishonin, porém, quando suas esperanças foram frustradas, abandonaram a prática budista e se juntaram aos que se opuseram a Daishonin. Eles conspiraram com as autoridades e começaram a tramar nos bastidores para prejudicar os outros praticantes e seguidores.

Mesmo em meio a tudo isso, o marido de Myoichi permanecera firme e verdadeiro em suas convicções. Talvez tenha sonhado com o retorno triunfante de Daishonin e se revoltado com a traição mesquinha desses discípulos.

Nichiren Daishonin sabia absolutamente de tudo, principalmente o que se passava na mente de seus discípulos. Recusou-se a se unir à maldade e à injustiça e se dedicou a lutar contra as perseguições.

Por essa razão, ele escreve que o falecido marido de Myoichi ficaria certamente satisfeito com o retorno seguro de Daishonin de Sado — um feito que ninguém esperava naquela época. Essa passagem transmite de forma poderosa o desejo do Buda de que seu fiel discípulo, que se levantou junto a ele diante das mais severas adversidades, presenciasse sua vitória e seu regozijo.

Na mesma carta, Daishonin escreve que o marido de Myoichi ficaria feliz em ver que a predição de Daishonin sobre a invasão dos mongóis se tornara realidade, e dessa forma comprovou a verdade de seus ensinamentos. Embora uma invasão estrangeira seja um acontecimento trágico para um país, a reação demonstrada por esse discípulo era simplesmente uma questão da natureza humana. É isso o que Daishonin quis dizer com a passagem “Assim são os sentimentos das pessoas comuns” (CEND, v. I, p. 560).

A monja leiga Myoichi pôde até ouvir a voz de Daishonin dizendo: “Estaremos juntos nos momentos de alegria e nos de sofrimentos”.

As palavras do Buda “O inverno nunca falha em se tornar primavera” foram escritas em referência às circunstâncias como as que são descritas. Ele diz a ela: “Seu marido faleceu no ‘inverno’, mas a ‘primavera’ acabou de chegar. O inverno nunca falha em se tornar primavera. Viva sua vida com a máxima plenitude. Aqueles que permanecem verdadeiros às suas convicções certamente manifestarão o estado de buda. Você jamais deixará de ser feliz. Seu marido com certeza está observando você e sua família”.

Além disso, com profunda preocupação e compaixão, Daishonin garante a Myoichi que ele está pronto para cuidar dos filhos dela se necessário (CEND, v. I, p. 560). Esse ilimitado carinho e o calor humano são o sangue que percorre as veias do Budismo de Nichiren Daishonin de grande benevolência. Não há sequer um pequeno indício de autoritarismo. Que maravilhoso!

As palavras “O inverno nunca falha em se tornar primavera” também podem ser lidas como a expressão da própria convicção e a prova real de Daishonin que experimentou uma primavera da vitória após resistir à mais severa circunstância durante o exílio na ilha de Sado.

Nichiren Daishonin sofreu perseguição após perseguição, julgamentos que não poderiam ser suportados sem a força do estado de buda. Alguém sujeito a tais perseguições muito provavelmente cairia enfermo, teria um sério colapso, cometeria suicídio ou acabaria assassinado. Daishonin, no entanto, venceu cada uma das adversidades, e sobreviveu. Para o bem da humanidade, ele revelou o Budismo dos Três Grandes Ensinamentos Fundamentais para o eterno futuro dos Últimos Dias da Lei. Devemos ter pleno entendimento de sua imensa compaixão.

A monja leiga Myoichi ficou profundamente tocada pela mensagem de Daishonin na qual ele clama a seus discípulos a observar a sua vitória de “O inverno nunca falha em se tornar primavera” e a adotar essa mesma postura na vida.

Nós também devemos alcançar nossa própria “primavera da felicidade” — não somente para nós mesmos, mas para o bem de todos os membros que vêm lutando ao nosso lado por vários anos. É importante que sejamos um exemplo para que aqueles que vierem logo após possam nos observar, alegrar-se e dizer: “Que maravilhoso! Aqueles que continuam a praticar o Budismo de Nichiren Daishonin se tornam pessoas excepcionais e conquistam a felicidade!”

Ao longo da última década, conquistei a “primavera da vitória” que ninguém poderia imaginar. E isto é graças ao comprometimento de fazer tudo pelo bem do kosen-rufu e pelos meus amados membros.

Os veteranos têm a responsabilidade de comprovar a vitória para o bem de seus membros que se dedicam incansavelmente pela causa do kosen-rufu. Quando digo vitória, não me refiro a aspectos externos de sucesso ou honras superficiais. A verdadeira vitória existe em compreender, como ser humano e praticante do Budismo de Nichiren Daishonin, quão maravilhoso é cumprir alegre e confiantemente a missão nesta existência mesmo sem reconhecimento.

A primavera é o momento em que as flores desabrocham. Mas para que floresçam, elas precisam do inverno. O que aconteceria se não houvesse o inverno?

No outono, as plantas que se resguardam no inverno, se preparam para entrar no período de dormência ou de recarga. Elas começam o processo de guardar energia para a primavera. Se houver um repentino aquecimento durante a dormência no inverno e forem despertadas, os botões que aguardam a chegada da primavera começam a florescer antes do tempo, e quando o frio do inverno retorna, eles murcham e morrem. Para que isso não aconteça, as plantas não desabrocharão até que o frio do inverno passe por completo. Esta é a “sabedoria” das plantas que as permite florescer na primavera.

A vida e a prática budista também seguem esse princípio. O inverno da adversidade é o momento de recarregarmos nossa bateria e nos prepararmos para a chegada da bela primavera. No inverno da vida, a eterna e indestrutível força para manifestar o estado de buda está armazenada, e a energia vital, tão vasta quanto o universo, é fortalecida ainda mais. Tanto a força como a energia vital crescem à medida que enfrentam os desafios. Por isso, aqueles que praticam o correto ensinamento do budismo experimentarão, sem falta, a chegada da primavera.

No entanto, se nas dificuldades do inverno — o momento em que fortalecemos nossa fé —, questionamos por que precisamos passar por essas situações, consequentemente deixamos de acumular boa sorte. Assim não chegamos a lugar algum e não conseguimos edificar uma vida de plena satisfação. O aspecto crucial são a forma e o sentimento com que encaramos o inverno de nossa vida, acreditando firme e convictamente que a primavera chegará. Na essência da natureza, o florescer da primavera sempre acontece quando o tempo certo chega — esse é o ritmo da vida e do universo.

É nítido que muitas pessoas ainda se encontrem em meio ao rigoroso inverno quando chegam ao fim de sua existência. Para evitar tal situação, devemos alinhar a nossa vida ao ritmo do universo e nos prepararmos para a chegada da primavera. Nossa prática budista embasada na fé da Lei Mística nos possibilita viver essa existência de plena realização.

Nesse sentido, a fé na Lei Mística age como asas que nos levam à eterna felicidade. A cada dificuldade que superamos, acumulamos mais boa sorte e elevamos nosso estado de vida. E, ao manifestarmos o estado de buda nesta existência, alçamos o voo pelo vasto céu da vida na condição de suprema felicidade e realização por toda a eternidade. Este é o ensinamento do budismo, bem como o ritmo da vida.

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