Caderno Nova Revolução Humana
BS
Capítulo “Ilha da Vitória”
Volume 28, Partes 25 a 28
15/09/2018
PARTE 25
Taichi Sada, que foi atingido em cheio por uma pedra que caíra do penhasco, perdeu a consciência e foi levado de emergência para um hospital da ilha principal. Ele estava com várias fraturas no crânio. No entanto, misticamente, não tinha sofrido nenhum ferimento que pusesse em risco sua vida.
“Por que tenho de passar de novo por uma coisa destas, mesmo fazendo a prática?”— esse foi o pensamento que passou, a princípio, pela sua cabeça. Mas então logo veio à mente a expressão tenju kyoju “amenização do efeito cármico”. Esse princípio budista afirma que, por meio da fé, é possível transformar o carma acumulado de outras existências e receber seu efeito de forma amenizada na presente existência.
“O fato de sofrer ferimentos na cabeça repetidamente com certeza deve ser um carma negativo que carrego desde existências passadas. Na verdade, era para eu ter perdido a vida, mas graças à minha prática da fé, fui salvo por duas vezes! Sobrevivi porque tenho a missão de realizar o kosen-rufu!”
Seu coração ficou repleto de alegria e gratidão pelo Gohonzon.
Em questão de um mês ele teve alta do hospital e em pouco tempo estava ainda mais disposto que antes.
Sada dedicou seus esforços na administração da hospedaria e a quantidade de hóspedes aumentava ano a ano.
A cada relato de comprovação de benefícios da fé que somava, mais crescia o número de pessoas que iniciavam a prática.
Então, em 1972, ele fez uma grande reforma na hospedaria e fundou o hotel “número 1 de Teuri” com mais de trinta quartos.
Paralelamente, dentre as pessoas incentivadas por Sada, desenvolveram-se vários “valores humanos” em sucessão que assumiriam o kosen-rufu da ilha. Um deles foi Kozo Morizaki, que viria a atuar como o primeiro responsável de distrito de Teuri e, anos mais tarde, fundou o museu local Terra Natal de Teuri.
A luta dos companheiros de Teuri era comunicada também a Shin’ichi Yamamoto.
Ele disse a um líder do Departamento das Ilhas Remotas:
— Nas ilhas, não há outra forma de abrir o caminho do kosen-rufu sem ser pela comprovação. Tudo é definido pelo resultado real na vida de cada membro da Gakkai. Por isso, os relatos de comprovação de benefícios da fé são importantes. Acima disso, quanto os membros da Soka Gakkai se dedicam e contribuem para a ilha e para sua localidade e conquistam a confiança das pessoas é extremamente importante. Esses são os aspectos que determinarão a conclusão do kosen-rufu.
PARTE 26
Mesmo que falemos em ilhas habitadas, a magnitude delas são das mais variadas. Assim como existem ilhas como a de Sado, que possuem mais de 850 km2 de área onde vivem cerca de 20 mil famílias, também existem ilhas de pequenas dimensões onde a população é de algumas dezenas de famílias ou menos.
Kashima, situada a 20 quilômetros a oeste do porto de Uwajima, província de Ehime, é uma pequena ilha de cerca de 3 quilômetros de perímetro. Em 1978, sua população era de 74 famílias e 225 habitantes. Na ilha, havia somente uma escola de ensino fundamental 1, e para continuar os estudos no ensino fundamental 2 era necessário sair dali e morar em algum alojamento escolar.
Ali também havia surgido 21 famílias de membros da Soka Gakkai. Significava que quase 30% das famílias que ali viviam eram membros. Podemos dizer que é uma das localidades onde o kosen-rufu mais avançou.
Uma das pessoas que vinham promovendo o kosen-rufu de Kashima era Matsue Hamahata, responsável pela Divisão Feminina de comunidade. Ela iniciara a prática budista em 1964 por intermédio de um membro da organização da ilha quando lutava contra uma doença. Numa ilha pequena, todos mantêm uma relação próxima. Contudo, quando Matsue começou a realizar shakubuku, a postura das pessoas mudou de maneira abrupta.
Na ilha, as raízes dos antigos costumes eram profundas. Quando alguém iria se submeter a uma cirurgia em decorrência de uma doença, as pessoas se reuniam no santuário xintoísta e rezavam juntas; era um costume conhecido como okomori. Ao verem Matsue, que se associara à Soka Gakkai, passar a se empenhar no shakubuku, os habitantes talvez tenham sentido que isso abalaria a ordem social da localidade.
Aumentou o número de pessoas que não respondiam a seus cumprimentos. Dentre elas, as que lhe diziam veladamente: “Perdoe-me. Mas se eu ficar conversando contigo, vão pensar que me juntei a vocês”.
Outras, apesar de concordarem com o que ouviram a respeito do budismo, não conseguiam se decidir a ingressar na Gakkai, e se explicavam:
— Acho que é um bom ensinamento, mas enquanto eu estiver aqui não poderei praticá-lo. Quando sair daqui, poderei fazer essa prática.
Quanto menor a ilha, mais profundas e fortes são as relações entre as pessoas. Elas precisam se ajudar mutuamente em todos os aspectos para viver. Para que as pessoas pudessem compreender os propósitos da Soka Gakkai em meio a essa realidade, conquistar a confiança no dia a dia era uma condição de extrema importância para os praticantes.
PARTE 27
Matsue Hamahata trabalhava como apoio de serviços domésticos como limpeza, lavagem de roupas e preparo de refeições com indicação das pessoas da ilha. Sua dedicação, atenção e seu esmero em relação ao trabalho foram sendo cada vez mais reconhecidos e valorizados.
Com o tempo, foi aumentando o número de pessoas que iniciaram a prática dizendo: “Se é a religião da Sra. Hamahata...”.
Ao seu redor sempre se expandia uma alegre roda de risos e conversas.
A área de atuação de Matsue, responsável pela Divisão Feminina de comunidade, abrangia as ilhas vizinhas Tojima e Hiburishima. Dentre elas, o barco que ia para Hiburishima saía uma vez por dia de Kashima às 14 horas, e chegava às 16h30. O retorno da embarcação só acontecia no dia seguinte. O barco balançava muito. Houve um fim de ano em que a navegação ficou interrompida durante quase uma semana devido às condições ruins do tempo.
As reuniões maiores aconteciam na ilha principal de Uwajima. Por causa dos horários do navio, mesmo para participar das atividades à noite era necessário sair da ilha pela manhã. Por outro lado, após o término da reunião, já não havia embarcação para retorno, então ela só conseguia voltar no dia seguinte. Por conta disso, a chama do seu espírito de procura ardia ainda mais quando estava em Uwajima, e ela aproveitava ao máximo a estada e absorvia tudo o que pudesse.
Numa ilha pequena, a influência de uma única pessoa é extremamente grande. A decisão, o aspecto, a conduta de uma única pessoa determinam o próprio kosen-rufu. E pode acontecer de, ao romper as barreiras de uma adversidade, provocar de uma só vez um grande avanço em relação à compreensão a respeito da Soka Gakkai.
Matsue se tornou uma grande força propulsora do kosen-rufu das ilhas.
“Não há outra forma de concretizar o kosen-rufu da minha localidade a não ser pelas minhas próprias mãos” — foi por meio do surgimento contínuo de companheiros imbuídos dessa consciência que o kosen-rufu das ilhas remotas avançou rapidamente. Esse é um princípio eterno e imutável em qualquer que seja a localidade.
Kashima também era muito visitada pelos líderes da ilha principal de Uwajima. Embora se fale em consciência da missão, é imprescindível que exista a ligação de vida a vida por meio dos incentivos e das orientações aos companheiros.
Mesmo que se plantem sementes, se as deixarmos ao relento, elas podem ser comidas por pássaros ou simplesmente apodrecer.
É em meio ao dedicado e minucioso esforço de destinar incansáveis incentivos que as sementes se tornam brotos que se desenvolvem como verdadeiros heróis que se levantam sós.
PARTE 28
Na convenção do Departamento de Ilhas Remotas estava programada a participação de membros vindos das Ilhas Tokara, província de Kagoshima. As Ilhas Tokara são ilhas vulcânicas que se alinham no mar, a cerca de 200 quilômetros ao sul do porto de Kagoshima. São doze ilhas que se situam entre Yakushima e Amami shima, como a de Kuchinoshima e Nakanoshima, e elas compunham a “vila” Toshimamura, da distrital Kagoshima
Na Soka Gakkai, fundou-se a Comunidade Toshima agregando a Toshimamura e ainda a “vila” Mishimamura – formadas pelas ilhas Takeshima, Iojima e Kuroshima, situadas a 40 quilômetros ao sul e sudoeste da península de Satsuma. Em março de 1964, Hirotaka Ishikiri foi nomeado responsável de comunidade.
A partir de então, ao longo de catorze anos, ele visitou e percorreu essas ilhas para incentivar os companheiros mesmo morando na cidade de Kagoshima.
Hirotaka se converteu em outubro de 1956, quando estava com 41 anos.
Nascido e criado em Kagoshima, ele trabalhou com pesca e fabricação de sorvete, mas não teve sucesso. Num momento em que carregava uma grande dívida, ouviu a respeito da Soka Gakkai por intermédio de um conhecido. Ele se interessou pelo fato de ser uma religião que prega o princípio da causa e efeito da vida e não um ensinamento regido pelo misticismo, e iniciou sua prática. Após a sua conversão, passou a se empenhar com assiduidade e entusiasmo nas atividades da Gakkai, e realizou vinte shakubuku.
As dificuldades financeiras continuavam como antes, mas no ano seguinte ao de sua conversão, ele visitou Osaka com o objetivo de realizar shakubuku. Nessa ocasião, encontrou-se com o secretário da Divisão dos Jovens, Shin’ichi Yamamoto, que também estava em Osaka, e trocaram cartões de visita. Em julho desse mesmo ano, ele soube que Shin’ichi, que havia atuado como responsável máximo da campanha para a eleição de suplente da Câmara Alta da área distrital de Osaka, fora preso injustamente acusado de violar as leis eleitorais. E então recebeu um cartão-postal de Shin’ichi após ser libertado da prisão.
Nele estavam registradas palavras vigorosas que diziam para ele viver sem qualquer arrependimento dedicando -se até o fim pela missão do kosen-rufu, não se permitindo ser abalado diante de nada. Hirotaka ficou profundamente emocionado: “Num momento que ele próprio se encontra em meio a mais terrível das adversidades, está se preocupando e incentivando um homem como eu, um fracassado nos negócios, um soldado derrotado, com quem se encontrou uma única vez na vida! Então é esse o coração da Soka Gakkai!?”.
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