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Relato

Extrair o melhor de si

Determinado a conquistar os objetivos, Reiner fez do budismo seu alicerce

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10/08/2019

Extrair o melhor de si

Aos 14 anos, decidi que queria ser ator e, aos 18, com a ajuda da família, me mudei de Minas Gerais para o Rio de Janeiro para estudar artes cênicas.

Meus pais arcavam com minhas despesas e eu vivia confortável. No entanto, quando eles se separaram, foi decretada a falência da empresa da família. Assim, do dia para a noite eu não tinha mais com quem contar financeiramente. Caí num profundo sofrimento. Foi quando uma pessoa sensível e benevolente me apresentou o budismo, e a partir daquele instante passei a compreender a grandiosidade da minha vida. 

 

Não desistir

Quem me apresentou essa maravilhosa filosofia foi Izzy Chavarri. Quando ouvi que podia transformar o veneno em remédio, abracei a prática budista como uma chance de mudança. Eu dividia um quarto e sala com mais quatro colegas em Copacabana, passei por muitas dificuldades e por diversas vezes contei com a ajuda dos amigos para comer. 

Segui praticando o budismo e então percebi que, além de fazer daimoku, precisava agir em prol dos meus sonhos e desejos. 

Consegui um emprego para me bancar o mínimo, dando aula de teatro numa escola; e na organização, em pouco tempo me tornei líder de bloco e atuava com empenho pelo desenvolvimento da localidade.

Em casa, meus amigos e eu resolvemos deixar o apartamento. Sem ter aonde ir, fui morar na comunidade Chapéu Mangueira. 

Senti que mais obstáculos viriam pela frente. Entretanto, descobri que lá era um lugar comum, com pessoas comuns como eu. Consagrei meu Gohonzon na microcasa de 20 metros quadrados e não tinha absolutamente nada além do oratório. Para dormir, estendia roupas no chão simulando um colchão.

Não desanimei. Recebi apoio dos líderes e, visualizando transformar aquela condição, recitava daimoku todos os dias, até mesmo ao descer e subir a ladeira de onde morava ao chegar e sair de casa. 

 

Renovar a decisão

Nesse período, uma questão com minha mãe me abalou muito. Com depressão e problemas com a bebida, ela sofreu uma queda da janela do segundo andar de um prédio e ficou com sequelas gravíssimas. Fiquei sem chão e me senti desamparado, pois ela era minha base; uma mulher de garra e valores inabaláveis, além de amorosa e compreensiva. 

Achei que deveria voltar para Minas Gerais e cuidar dela, tendo assim de abrir mão dos meus sonhos. Caí num terrível dilema.

Recitando daimoku, refleti que se voltasse para lá não teria condição financeira para amparar minha família; sobretudo, eu me tornaria infeliz.

Decidi permanecer no Rio e continuei batalhando com a meta de vencer infalivelmente. Determinei que trabalharia com grandes profissionais que admirava.

Tempos depois, surgiu a oportunidade de participar de um espetáculo do Departamento de Artistas da BSGI. Atuei oferecendo meu máximo, o mais profissional possível, já que o objetivo do grupo era inspirar os membros da organização. 

Mal sabia que, no final de uma das apresentações, meu telefone tocaria e eu seria convidado para fazer Tim Maia — Vale-tudo, o Musical, que ficou ficou três anos em cartaz, com direção do renomado João Fonseca. Estava muito feliz! Obtive o dinheiro de que precisava para me reerguer financeiramente e pude ajudar minha mãe e minha família como queria. E, assim como havia determinado no início da prática budista, consegui fazer parte de um grande espetáculo com um profissional de destaque no meio artístico. Essa foi a maior comprovação de que somente somos derrotados quando desistimos. 

 

Avançar ainda mais

Em 2014, resolvi que daria mais um passo em minha carreira, e o objetivo era fazer parte do musical Cantando na Chuva, da Cláudia Raia. Primeiro, precisaria me lapidar muito no sapateado, e para isso passei quatro anos fazendo aulas particulares. 

Chegou o período da audição e no teste dei o meu melhor. Vitória! O papel era meu! Lembro-me de que, no fim da seleção, Cláudia me perguntou se eu estava disposto a me aperfeiçoar e confiante respondi que sim, ofereceria o meu melhor, pois sou budista e não desisto nunca. 

Em paralelo, direcionava minhas orações para conseguir dar aulas de teatro musical em universidades ou instituições de ensino das artes cênicas, até que recebi uma proposta para ser sócio de uma nova escola. A parceria não deu certo, e sem nada temer, resolvi seguir com meus planos. Montei o Centro de Estudo e Formação em Teatro Musical (CEFTEM), onde não só eu, mas todos os professores e funcionários são orientados a olhar o ser humano em primeiro lugar, pois estamos numa escola humanística. 

Eu me sinto realizado. Em gratidão, compartilho o budismo com quem encontro e sinto imensa alegria pelas mais de vinte pessoas que iniciaram a prática com o meu apoio. Meu desejo é que todos possam evidenciar coragem para mudar a própria realidade e conquistar uma vida digna, assim como fiz.

Não tenho a menor dúvida de que foi com o apoio dos amigos da organização e com as orientações do presidente Ikeda que consegui alcançar todos os objetivos. E é a prática budista que me dá segurança e força para avançar sem medo e sonhar alto.

Reiner Tenente tem 39 anos, é ator, educador e membro da DS da RM Centro, CSMRJ, CGERJ.

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