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Caderno Nova Revolução Humana

Contínua esperança

Capítulo "Frescor". volume 29

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18/12/2019

Contínua esperança

Parte 13

Enfim, as reuniões de gongyo com participação livre comemorando a inauguração do centro cultural foram realizadas em várias sessões até o final da tarde. Shin’ichi liderou o gongyo e proferiu palavras de cumprimento em todas elas. Ele também entrava no meio da multidão para trocar apertos de mão, e ainda tocou piano atendendo a pedidos.

Em todas as sessões, ele disse:

— Sinto muito por minha ausência ultimamente. Mas eu lhes envio firme daimoku diariamente, orando pela boa saúde e longevidade, como também pela paz e segurança de todos de Iwate. Meu coração está sempre junto com os senhores.

A cada vez, ele transmitiu aspectos da prática da fé de vários ângulos.

— Rei leão nada mais é que aquele que nunca se esquece da palavra “coragem”. Haja o que houver, avancem bravamente com base na forte oração ao Gohonzon e protejam os membros e os amigos da sua localidade. Esse é o comportamento de um budista.

— A prática da fé é a própria vida diária. Mesmo que seja uma vida simples, de bom senso, despreocupada, trilhar uma existência à sua maneira transbordante de boa sorte é o aspecto da vitória da prática da fé. O caminho para a eterna juventude se encontra na atitude de iniciar um novo desafio de forma prazerosa e manifesta energia vital, com a disposição de “recomeçar agora a prática da fé” e “recomeçar agora minha vida”. Por favor, tornem-se os “pilares da localidade”!

Ele continuou suas orientações citando a seguinte passagem do escrito de Nichiren Daishonin O Inverno Nunca Falha em se Tornar Primavera: “Suponha que um casal tenha sete filhos e um deles caia doente. Apesar de os pais amarem todos os filhos igualmente, eles se preocupam mais com o que está doente”.1

— A compaixão do Buda é a mesma para todos os seres vivos. Porém, essa compaixão do Buda é aquela que se preocupa em especial com a pessoa em situação mais dolorosa. Por essa razão, a proteção do Gohonzon é ainda maior para os senhores que se empenham admiravelmente na fé dentro de circunstâncias extremamente rigorosas. Não há dúvida de que estarão cobertos pela grandiosa compaixão e pela benevolência. Tenham convicção nisso. Por favor, conquistem extraordinários benefícios e sejam envolvidos por imensurável boa sorte. O fato de os senhores se tornarem felizes, comprovando os resultados da prática da fé, trará a primavera da grande vitória a Iwate.

As chamas da paixão dos membros de Iwate se inflamavam ao clamor impetuoso de Shin’ichi desejando a felicidade de todos. O brado verdadeiramente sério e sincero ressoa na alma das pessoas.

 

Parte 14

Shin’ichi cumprimentou seguidamente os participantes das reuniões de gongyo realizadas nos períodos da manhã e da tarde. Suas mãos acabaram inchando de vermelhidão.

Resfriando as mãos na sala de administração, Shin’ichi se preparava para a reunião de líderes da província de Iwate, comemorativa do início da primavera, programada para a noite. Porém, logo foi informado do início da reunião de fundação da primeira turma do Grupo Futuro de Iwate. Era um grupo de criação de seres humanos de valor formado por algumas dezenas de membros da Divisão dos Estudantes (DE) dos níveis Esperança e Herdeiro. Shin’ichi saiu imediatamente da sala de administração afirmando que se encontraria com os missionários do futuro, e tirou foto comemorativa com os membros.

Depois, participou da reunião de líderes comemorativa do início da primavera.

Após a recitação do gongyo e os cumprimentos dos coordenadores da província e da região, e do vice-presidente, Shin’ichi assumiu o papel de mestre de cerimônias:

— Boa noite! [em dialeto popular da região] Hoje, vamos conduzir esta atividade com alegria. Como este encontro é o da família Soka de Iwate, não é necessário nos prender a formalidades. Vamos promovê-lo de forma autêntica. Creio que já estejam cansados de ouvir palavras dos líderes centrais. Portanto, vamos realizá-lo na forma de “reunião de palestra”. Por favor, algum responsável pelo distrito poderia falar algo como palavras de cumprimento representando a todos?

Encorajado por Shin’ichi, um responsável pelo distrito falou sobre suas perspectivas. Em seguida, cerca de dez pessoas, uma vice-responsável pela Divisão Feminina (DF) de distrito, um líder de comunidade, de bloco e da Divisão dos Universitários (DUni), dirigiram-se ao microfone. Algumas manifestavam vigorosas decisões, enquanto outras relatavam benefícios da prática da fé.

Shin’ichi se manifestava entusiasticamente a cada pessoa que falava, ora meneando a cabeça em concordância, ora aplaudindo de pé ou respondendo “Extraordinário! É isso mesmo!”. O local foi sendo envolvido por um clima harmonioso, agradável, com gargalhadas em alguns momentos, unindo o coração das pessoas.

Finalmente, chegou o momento das orientações de Shin’ichi.

— Entre as pessoas, quem é a mais admirável? O fato de ser líder não significa ser importante. A pessoa mais admirável é quem recita daimoku. É quem se dedica intensamente à propagação e ao shakubuku, desejando a felicidade das pessoas. É quem percorre todos os cantos para incentivar os membros. Esses são os indivíduos
mais nobres e admiráveis, verdadeiros discípulos do Buda. Ou seja, são os senhores que se dedicam diariamente ao kosen-rufu, derramando suor e lágrimas.

 

Parte 15

No Sutra do Lótus consta: “Não há segurança no mundo tríplice. É como uma casa em chamas”.2 Pode-se dizer que, na sociedade real, um centímetro à frente já se encontra sempre em trevas. Ela é cruel e insensata. O budismo existe para edificar um indivíduo que não seja derrotado por nada, estabelecer um palácio em sua própria vida e concretizar a felicidade. De certa forma, a existência é para ser vivida ultrapassando os diversos sofrimentos e desilusões uns após outros. Porém, diante desses sofrimentos, há pessoas que perdem a esperança e acabam se frustrando. Desejo que os senhores, que abraçaram o Gohonzon, mesmo que se encontrem no abismo do desespero, levantem a cabeça e vivam pela missão, tal como a fênix, assumindo os princípios de “desejos mundanos são a iluminação” e de “sofrimentos da vida e da morte são o nirvana”. Gostaria que incentivassem e envolvessem os membros que estão sofrendo, e caminhassem juntos pela estrada da felicidade.

Por fim, Shin’ichi enfatizou:

— A Soka Gakkai existe para que as pessoas possam viver bem umas com as outras. É o laço de relacionamento humano que encoraja e anima os amigos, fazendo florescer a felicidade no grande solo dos corações congelados. Pelo bem do kosen-rufu e da sociedade, assim como pela nossa felicidade e a de outras pessoas, não podemos permitir que esse nobre mundo harmonioso da fé seja destruído!

Todos renovaram sua decisão, conscientizando-se de sua missão. Em meio aos ventos gélidos, começaram a dar novos passos pelo kosen-rufu da localidade, com vigor e de peito erguido.

Nas atividades realizadas nos dias 11 e 12, houve a participação de um grande número de membros vindos de Kuji, Miyako, Kamaishi, Ofunato, Rikuzen-takada e Sanriku.

Entre eles, havia um líder de comunidade da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) de 26 anos, vindo de Ka-
maishi, que se chamava Yuji Motofuji. Ele se converteu ao budismo com a família durante a infância. Perdeu o pai quando cursava o terceiro ano do ensino fundamental 1. Ao concluir o ensino fundamental 2, começou a trabalhar numa construtora e a frequentar o ensino médio num curso de meio período. Ele já estava há mais de dez anos no emprego, mas a situação da empresa não era satisfatória. Além disso, o trabalho pesado havia criado problemas em sua coluna. Não via esperanças e vislumbrava um futuro sombrio. Porém, ao participar da reunião de gongyo em Mizusawa, despertou para sua missão. As nuvens que envolviam seu coração se dissiparam.

Quando se levantam as chamas da missão, resplandece o sol em seu íntimo.

 

Parte 16

Motofuji visualizou o kosen-rufu de Kamaishi e de Sanriku em seu coração. Então, refletindo sobre o que fazer para conseguir seu objetivo, resolveu que daria o primeiro passo a começar pelas tarefas que estivessem ao seu alcance: “Vou realizar a distribuição do jornal Seikyo Shimbun para o bem dos companheiros da localidade!”.

Assim, ele se empenhou no trabalho e nas atividades da Soka Gakkai com bastante motivação; e pouco tempo depois se casou. No entanto, ocorreram sucessivas adversidades, como a falência da construtora, sua internação e a cirurgia dos seus sogros, as quais ele foi superando uma a uma, sempre com base na recitação do daimoku. Conquistou um emprego numa grande empresa de equipamentos pneumáticos e também participou do grupo de bombeiros voluntários pensando na contribuição para a sociedade. Motofuji costumava conversar com a esposa, Fukuyo:

— Como membros da Soka Gakkai, vamos viver pela felicidade das pessoas da comunidade local!

Fukuyo também havia participado de atividades no Centro Cultural de Mizusawa com a presença de Shin’ichi Yamamoto e tinha recebido incentivos dele.

Motofuji admirava o poeta e escritor de contos infantis, natural de Iwate, Kenji Miyazawa. Dentre as obras do autor, sentia-se especialmente atraído pelo poema Ameni-mo Makezu [Sem Ser Derrotado pelas Chuvas]:

Se houver uma criança doente no leste, / vá [até lá] e cuide dela. / Se houver uma mãe cansada no oeste, / vá [até lá] e carregue o fardo de arroz das costas dela para ela”.3

Conquista-se simpatia de quem se dedica às pessoas que estão sofrendo, aproximando-se delas, vivendo de forma simples e despretensiosa sempre com resoluta decisão de não ser dominado pelas chuvas, pelas ventanias, pela neve ou pelo intenso calor do verão. Determinando esse modo de vida em seu coração, Motofuji se esforçava pelo kosen-rufu de Sanriku. Exerceu ainda a função de responsável pelo distrito. As palavras de Shin’ichi “Seja o pilar da localidade” não
saíam de seus ouvidos. Gravando em seu coração a passagem dos escritos de Nichiren Daishonin “Confio ao senhor a propagação do budismo em sua província”,4 continuou a agir fervorosamente.

No dia 11 de março de 2011 ocorreu o grande terremoto seguido de tsunami em Tohoku. A região de Sanriku foi atingida por esse desastre. Em Kamaishi, onde morava Motofuji, bairros inteiros também foram engolidos pelas enormes ondas. Havia edifícios nos quais o tsunami atingiu até o quarto andar.

Mesmo se contorcendo de agonia pela adversidade do grande tsunami, Motofuji continuou se desafiando. Enquanto existir a prática da fé, haverá luz.

 

Parte 17

Na ocasião dessa tragédia, Yuji Motofuji era o coordenador da província que abrangia as áreas de Otsuchi, Kamaishi, Ofunato e Rikuzen-takada, onde os danos causados por essa catástrofe foram intensos.

Naquele dia, ele trabalhava numa região do interior, mas em sua casa, em Kamaishi, estavam a sogra com deficiência visual, a esposa, a filha e uma neta que ainda era bebê. O celular não funcionava e era enorme a sua preocupação com a segurança da família e dos membros. Primeiro, ele tentou ir até a sua residência, mas a locomoção era impossível, pois o tráfego havia sido interrompido. Na manhã seguinte, finalmente, conseguiu chegar à sua casa. O tsunami havia atingido até a poucos metros da residência, que estava intacta, e a família estava segura. Ele apenas agradeceu ao Gohonzon. Porém, sem tempo para sentir alívio, saiu imediatamente junto com a esposa, Fukuyo, que era coordenadora da Divisão Feminina da província, para verificar a segurança dos membros.

A cidade estava inteiramente em ruínas, cheia por escombros e as ruas haviam desaparecido. Entretanto, eles precisavam se encontrar com os membros. Então, caminharam pelas montanhas, que ficavam atrás da casa, e seguindo por trilhas avançaram pela densa mata. A neve que havia caído no dia anterior dificultava ainda mais os passos. Ultrapassando árvores e rochas caídas, e passando novamente pelos escombros da cidade, depois de mais de duas horas, conseguiram chegar ao centro de apoio que havia sido instalado lá.

Ao verificarem a lista de pessoas alojadas em cada abrigo, constataram que havia o nome de membros da Soka Gakkai e se dirigiram para esses locais. Novamente, caminhando obstinadamente em meio aos escombros, Motofuji e Fukuyo conseguiram visitar, nesse dia, cinco abrigos onde estavam vários membros da organização. Os abrigados chegaram ao alojamento somente com a roupa do corpo, passaram a noite daquele jeito e estavam abatidos e exaustos ao extremo. Diante de tamanha crueldade, Motofuji perdeu a fala. Ele só conseguia chorar junto com eles, segurando-lhes as mãos dizia apenas “Ainda bem! Ainda bem!”. Mesmo assim, os companheiros demonstravam satisfação e aos poucos os olhos deles recuperavam o brilho.

No encontro de vida a vida, o nobre sentimento é transmitido e une os corações. Nenhuma eloquência supera a ação.

Havia membros da Soka Gakkai que, apesar de serem vítimas da tragédia, trabalhavam intensamente cuidando das pessoas. Pareciam demonstrar a força da fé e o brilho do espírito da organização.

 

Parte 18

Ao visitar os alojamentos, Motofuji soube que muitas pessoas haviam perdido a vida. Um veterano com quem realizara atividades junto com ele há apenas uma semana também estava entre os falecidos. O sofrimento das pessoas — casal que perdeu o filho; crianças que perderam os pais; esposa, o marido, ou este, a esposa — era tão grande que às vezes Motofuji se sentia mal pelo fato de sua família inteira ter se salvado. Porém, ele jurou dedicar-se em prol de todas as pessoas. Após deixar os abrigos, Motofuji ingressou no voluntariado do corpo de bombeiros local e trabalhou sem medir esforços, por exemplo, em transporte de suprimentos de mantimentos e outras atividades.

Muitos membros da Soka Gakkai tiveram sua casa arrastada pelo tsunami, mas, mesmo nos abrigos, eles se dedicavam com coragem ajudando na limpeza do local ou na cozinha. Ali pulsava a filosofia budista de coexistência em que a própria felicidade do indivíduo existe em meio às ações desejando a felicidade dos demais.

Entre esses companheiros da organização, além de Motofuji, havia muitos que eram da época em que se encontraram com Shin’ichi Yamamoto no Centro Cultural de Mizusawa, em janeiro de 1979.

Logo que ocorreu o grande terremoto e tsunami em Tohoku, no dia 11 de março, a Soka Gakkai imediatamente montou um “centro operacional de planejamento de desastres” em sua sede central, nas províncias e nas regiões. Assim, iniciou as atividades de socorro e apoio às vítimas em escala nacional.

O Centro Cultural de Tohoku, localizado no distrito de Miyagino na cidade de Sendai, província de Miyagi, e também as sedes de cada região afetada pela tragédia serviram de abrigo e acolheram muitos desabrigados. O Centro Cultural de Kamaishi, na cidade de Kamaishi, onde reside Motofuji, também abrigou cerca de quarenta pessoas da vizinhança.

Ao tomar conhecimento dessa catástrofe e dos danos imensos, com profunda dor no coração, Shin’ichi enviou palavras de encorajamento aos companheiros das localidades afetadas: “Junto com minha esposa, estou enviando forte e vigoroso daimoku para que a proteção dos budas e dos deuses celestiais surjam solenemente na vida de cada um dos senhores, preciosos amigos. Nichiren Daishonin declara: ‘Myo significa ‘reviver’’.5 Reunindo agora o invencível ‘poder da fé’ e o ‘poder da prática’, vamos manifestar o extraordinário ‘poder do buda’ e o ‘poder da Lei’ para superar, sem falta, esses sofrimentos e dificuldades!”.

 

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

 

 

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