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Rede da Felicidade

A força da juventude

Incentivos extraídos do romance Nova Revolução Humana

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Dr. Daisaku Ikeda

23/06/2022

A força da juventude

Depois das considerações iniciais de um líder da Divisão dos Jovens de Kyushu, a coordenadora da Divisão Feminina de Jovens, Mikako Kitsukawa, assumiu a tribuna e falou sobre o plano de expansão da rede de jovens. A Divisão Feminina de Jovens é a flor da Soka Gakkai. Sua presença repleta de frescor e energia proporciona coragem a todos. Quando componentes da Divisão Feminina de Jovens se fortalecem, uma luz radiante banha a organização.

Shin’ichi percebia o brilho resplandecente do humanismo no nobre aspecto das jovens que se devotavam com seriedade à práti­ca budista pelo desejo de possibilitar que todas as pessoas alcançassem a felicidade. O historiador e pensador escocês Thomas Carlyle escreveu: “No bravo ato de sofrer pelos outros (...) reside a nobreza”.1

Se a Divisão Feminina de Jovens for forte e sólida, o futuro da Soka Gakkai estará garantido. Portanto, Shin’ichi ouviu atentamente as palavras de Mikako Kitsukawa com a profunda decisão de dedicar tudo de si para o desenvolvimento das jovens.

Kitsukawa inicialmente mencionou as reuniões de comunidade que vinham sendo mantidas, dizendo:

— O tema dessas reuniões é “Jovens e Trabalho”. Numa das comunidades, discutiram tendências recentes que predominavam entre as moças, como a aversão ao trabalho e aos esforços árduos e a propensão de buscar a aprovação das outras pessoas e ao mesmo tempo se fechar para os outros. A conclusão a que chegaram foi que elas hoje estão se tornando cada vez mais egocêntricas e que essa é a razão pela qual não conseguem cultivar amizade com outras mulheres. A triste realidade é que, apesar de desejarem realmente fazer amizade com pessoas a quem possam abrir seu coração, o medo de serem magoadas as impede de fazê-lo.

Na raiz desse comportamento estava a crença de que a felicidade vem de fora. Entretanto, felicidade é algo que cada um de nós deve construir no coração, por meio de nossos próprios esforços. A felicidade não pode ser alcançada sem se esforçar por ela. Goethe asseverou:

Aquele que passa a vida em folguedos

nunca logrará prosperar.

Aquele que não consegue dominar a si mesmo

para sempre um escravo será.2

Além disso, não há vida livre de sofrimento. Por mais deslumbrante que a vida de algumas pes­soas possa parecer, todos possuem seu quinhão de problemas e preo­cupações. Pode-se navegar por águas calmas por um tempo, mas nunca para sempre. Sofrimento é uma parte inevitável de estar vivo. A infelicidade decorre de ser derrotado por esse sofrimento, perder a esperança e sucumbir ao desespero. A única maneira de se evitar isso é edificar um espírito forte e amplo, que não seja vencido por nenhuma adversidade. Quanto maiores os problemas e as dificuldades, maior a felicidade que experimentamos quando, finalmente, os superamos. De fato, é exatamente no processo de desafiar nossos problemas que a alegria com sentimento de realização pulsa em nossa vida, e um grande manancial de felicidade brota dentro de nós. O esforço de nos transformarmos em pessoas fortes, dinâmicas e de visão ampla denomina-se revolução humana. Mikako Kitsukawa declarou que esse, em si, era o propósito da fé.

Ela observou também que querer ter bons amigos mas evitar um envolvimento próximo com os outros por medo de ser magoado é sinal da desconfiança profundamente arraigada das pessoas. Na sequência, disse:

— Se não conseguirmos acreditar na bondade dos outros, assim como em nosso próprio potencial e força, nós nos tornaremos covardes e alienados. No entanto, o budismo ensina que todos, igualmente, possuímos uma identidade resplandecente e que a condição de vida do estado de buda existe dentro de nós. Com base nesse princípio, nossa divisão consolidou com confiança, apoio e incentivos mútuos uma rede de jovens que irradiam um brilho incomparável. Acredito que este seja o momento para, juntamente com o presidente Yamamoto, expandirmos vastamente nossa aliança pela paz e felicidade no âmbito de toda a sociedade. Qual a resposta de vocês?

Uma grande salva de palmas estremeceu o ginásio.

A líder da Divisão Feminina de Jovens da Soka Gakkai, Mikako Kitsukawa, expressou-se com uma voz clara e confiante:

— Quando nos empenhamos sinceramente para ouvir e compreen­der os problemas e sofrimentos de outras pessoas, formamos fortes laços de amizade com elas. Nossa preocupação genuína pelos outros resultará naturalmente em diálogos budistas. A amizade nos leva a compartilhar o budismo com os outros, o que, por sua vez, faz essa amizade ficar sólida e duradoura. Essa revigorante interação de vida a vida alicerçada na firme convicção na fé revitaliza a sociedade contemporânea, repleta de desconfiança. A Soka Gakkai e o presidente Shin’ichi Yamamoto nos ensinaram o caminho supremo e inigualável para a felicidade e a esperança. Como integrantes da Divisão Feminina de Jovens, determi­nemos enfrentar qualquer adversidade em prol da felicidade de nossos amigos. Considerando tal esforço nossa maior alegria, compartilhemos ativamente o Budismo Nichiren com os outros!

Os aplausos vigorosos das moças ecoaram pelo auditório, expressando a concordância e a decisão pessoal delas. Shin’ichi aplaudiu também, louvando silenciosamente a dedicação pura e singela dessas jovens.

Nichiren Daishonin diz: “A filha abre o portal”.3 Sem dúvida, os esforços das jovens para ampliar seu círculo de amizades e divulgar o budismo para outras pessoas abrem amplamente o portal do kosen-rufu.

Como integrantes da Divisão Feminina de Jovens, é extremamente importante assumirem o desafio de compartilhar o Budismo Nichiren com os outros, pois isso criará uma base sólida para si como budista e edificará sua boa sorte.

Os esforços para propagar o budismo nem sempre produzem frutos imediatos. Mas se continua­rem conversando sobre o assunto com seus amigos, plantando as sementes do estado de buda na vida deles e cultivarem laços de amizade duradoura, chegará o dia em que eles despertarão para a fé no Budismo Nichiren. Não há necessidade de apressar os fatos. O importante é o nosso desejo de que nossos amigos sejam felizes, e então ter coragem de falar a eles sobre o budismo. Essa coragem se transformará em compaixão.

Também é essencial para o futuro do kosen-rufu que todos da Divisão Sênior e da Divisão Feminina cuidem de nossos rapazes e moças e os apoiem, e que deem o máximo de si para promover o desenvolvimento deles. Daishonin, extremamente feliz por verificar que seus seguidores Abutsu-bo e a monja leiga Sennichi haviam criado o filho como um maravilhoso sucessor, declara: “Sem sombra de dúvida, não há tesouro maior que um filho!”.4 O futuro do kosen-rufu depende inteiramente de nossa capacidade de cultivar jovens que possam nos suceder em nosso nobre empreendimento.

Em particular, quando as moças apresentam o Budismo Nichiren aos amigos ou amigas, com frequência precisam conquistar a compreensão dos pais deles ou delas. É crucial que todos da Divisão Sênior e da Divisão Feminina as auxiliem nesse aspecto.

Desde os primórdios da Soka Gakkai, as comunidades e distritos que exibiam um crescimento admi­rável eram aqueles nos quais os componentes da Divisão Sênior e da Divisão Feminina valorizavam os jovens como um grande tesouro e criavam o caloroso ambiente da família Soka. As atividades de propagação também eram efetuadas com a união de forças de todas as divisões e do trabalho conjunto harmônico.

Quando os praticantes da Divisão Sênior e da Divisão Feminina possuem uma mente aberta tolerante e incentivam e apoiam os jovens, estes se sentem acolhidos e conseguem participar das atividades com liberdade e confiança. Com sua rica experiência de vida, os integrantes da Divisão Sênior e da Divisão Feminina também podem oferecer conselhos úteis para os jovens que estiverem enfrentando vários tipos de problema. Esse apoio permite que desenvolvam seu potencial.

O orador seguinte da convenção foi o coordenador da Divisão Masculina de Jovens, Isamu Nomura, que se referiu à missão da Divisão dos Jovens no “Ano da Sociedade”, conforme a Soka Gakkai havia designado 1974. Nomura começou expondo que a sua divisão dera uma partida vigorosa naquele ano, que de certa forma era uma continuação do anterior, o “Ano dos Jovens”. Discorrendo sobre o significado do tema mais recente, afirmou:

— De modo simples, o ponto central do “Ano da Sociedade” se resume no quanto cada um de nós conseguirá propagar, em nossa comunidade e sociedade, os ensinamentos do Budismo Nichiren, que estão se firmando como o pensamento de nossa era, e torná-los o tesouro espiritual de todas as pessoas. Em outras palavras, o “Ano da Sociedade” é um período para empreender esforços para pôr o Budismo Nichiren em prática na sociedade.

Sentado no palco, Shin’ichi olhava para Nomura e assentia. Charles William Eliot, eminente ex-presidente da Universidade Harvard, declarou: “Buscamos capacitar fazedores, realizadores, [pessoas] cujas bem-sucedidas carreiras sejam subordinadas ao bem público”.5 Era o mesmo espírito com que Shin’ichi se dedicara a desenvol­ver os jovens desde que assumira como terceiro presidente da Soka Gakkai. (...)

Após propor que a Divisão dos Jovens prestasse uma contribuição concreta no “Ano da Sociedade” convertendo-se na força propulsora por trás do movimento das reuniões de palestra da Soka Gakkai, Nomura passou a falar sobre a importância de se proteger a constituição pacifista do Japão. Na Reunião Nacional de Líderes de dezembro do ano anterior, Shin’ichi havia feito alusão a confiar aos jovens a missão de manter a integridade da constituição pacifista. A Divisão dos Jovens subsequentemente discutira o assunto e decidira priorizá-lo.

Os jovens da Soka Gakkai eram particularmente sensíveis às questões referentes à paz. Observando a realidade social, sabiam que proteger a vida e abrir o caminho para a paz perene eram suas principais responsabilidades como budistas. (...)

Depois das observações do líder da Divisão dos Jovens e de um vice-presidente da Soka Gakkai, era hora de Shin’ichi falar. Ele iniciou comunicando que, para propa­gar amplamente o Budismo do Sol de Nichiren Daishonin, estava decidido a viajar extensivamente pelo mundo para incentivar os membros e promover intercâmbios culturais na base da sociedade. Em seguida, sugeriu que a inflação galopante do Japão era indício de problemas inerentes a uma sociedade que havia feito do lucro máximo seu objetivo maior, e apontou a necessidade premente de uma revolução espiritual e uma reorientação de valores.

Destacando a importância de se possuir aspirações nobres, disse:

— Desde a revolução industrial, a sociedade se esqueceu do instinto natural dos seres huma­nos de buscar ideais elevados e, em vez disso, concentra-se em adquirir bens materiais. O ideogra­ma chinês que representa a palavra “esquecer” é composto por dois elementos, que significam “coração” e “destruir”. Para mim, simboliza a ideia de que se esquecer da importância de ter aspirações elevadas conduz à morte do espírito humano. Uma sociedade que perde suas aspira­ções humanísticas se torna fria, assolada pela insensibilidade, dogmatismo e ignorância.

Shin’ichi considerava as reu­niões de palestra locais para revitalizar o espírito humano e desejava que, mediante esforços da Divisão dos Jovens, se tornassem “fóruns humanos” que inspirassem todos os que participassem delas.

Depois de afirmar que também pretendia designar aquele como o “Ano da Construção do Verdadeiro Caráter Humano”, Shin’ichi enunciou as diretrizes para avançar a passos largos e dinâmicos no futuro:

— Quando chegar o século 21, a maioria de vocês estará na faixa dos 50 anos. Nesse período, sua geração estará no comando, confiante e segura, cada um desempenhando papel de liderança no local de trabalho e tendo alcançado plena maturidade como ser humano. Vocês são realmente pessoas do século 21. Embora possam estar enfrentando muitos desafios agora, espero que continuem perseverando com o olhar voltado para o futuro e se esforcem para realizar sua revolução humana.

Ele também recomendou aos jovens que se dedicassem à causa da verdade e da justiça, expressando:

— É crucial que aqueles que trilham o caminho da fé nunca percam o senso de justiça. Diz-se com frequência que aqueles que são tolerantes com todas as pessoas — com as boas e as más, indistintamente — possuem a mente aberta, mas se tolerarmos a injustiça e a corrupção, nós próprios nos corromperemos. Isso vai contra tudo em que acreditamos. No mundo da fé, jamais devemos transigir em face do mal e da corrupção. Se o fizermos, perderemos nosso senso de justiça e acabaremos nos tornando pessoas apáticas, que vivem à margem da vida.

Em seguida, Shin’ichi discorreu sobre o significado do treinamento. Afirmou:

— Sem treinamento, não podemos edificar uma base sólida para nossa vida. Não obstante que dificuldades ou adversidades possamos encontrar, é essencial recitar Nam-myoho-renge-kyo, recusando-nos a desanimar, e utilizar nossos problemas para nos tornar mais fortes. É esse o significado do princípio budista “sofrimentos de nascimento e morte são nirvana”.

As palavras dele viriam a se transformar num importante ponto de referência para nortear aqueles jovens por toda a vida.

 

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22ª Convenção da Divisão dos Jovens (DJ), realizada em Kyushu

 

No topo: ilustração retrata Shin’ichi Yamamoto incentivando os participantes da convenção a cumprir sua missão pelo kosen-rufu como jovens

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Ilustrações: Kenichiro Uchida 

Fonte:

IKEDA, Daisaku. Luz do Alvorecer. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 18, p. 235-247, 2019.

Notas:

1. CARLYLE, Thomas. Past and Present [Passado e Presente]. ALTICK, Richard D. (ed.). Nova York: New Yor University Press, 1965. p. 181.

2. GOETHE, Johann Wolfgang von. Zahme Xenien [Epigramas Gentis]. In: Lust auf Goethe [Pendor por Goethe]. SCHREINER, Manfred (comp.). Munique: Domino Verlag Brinek GmbH, 1999. p. 66.

3. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 884.

4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 303.

5. SMITH, Richard Norton. The Harvard Century: The Making of a University to a Nation [O Século de Harvard: A Construção de uma Universidade para uma Nação]. Cambridge: Harvard University Press, 1998. p. 29.

 

 

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