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Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 2

Nesta continuação da série publicada no Seikyo Shimbun, trechos selecionados do romance.

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Dr. Daisaku Ikeda

30/06/2022

Momentos inesquecíveis: volume 2

Eternizar o legado do mestre

No dia 18 de julho de 1960, Shin’ichi Yamamoto realizou sua primeira viagem a Okinawa, que outrora fora o centro do Reino de Ryukyu e ainda estava sob ocupação americana na ocasião. Visitou os campos de batalha da Segunda Guerra Mundial ao sul da ilha e concluiu a viagem nos memoriais da guerra nas Colinas de Mabuni, onde a Batalha de Okinawa finalmente se encerrou.

Agora, a grandiosa correnteza da paz posta em movimento por Josei Toda produzia esplêndidas ondas de felicidade que serpenteavam pelas atormentadas ilhas de Okinawa — ondas douradas e prateadas refletindo a alegria e a esperança dos membros.

Shin’ichi cogitou que logo teria de começar a trabalhar no romance biográfico que estava planejando escrever havia algum tempo, como um registro permanente das nobres realizações de seu mestre. Todavia, tinha uma promessa a cumprir: a concretização do desejo do presidente Josei Toda de alcançar a marca dos 3 milhões de famílias na organização. Antes de iniciar o trabalho da narrativa, Shin’ichi queria informar o sucesso na consecução desse objetivo ao presidente Josei Toda no sétimo aniversário da morte dele.

Josei Toda era um homem de ação. Shin’ichi sentia que não poderia exprimir o espírito de seu mestre num livro a menos que ele próprio empreendesse uma luta em prol do kosen-rufu e estabelecesse uma base inabalável para a paz mundial. Isso porque uma obra escrita é uma expressão de seu autor, um reflexo de seu estado de vida interior. Subitamente ocorrera a Shin’ichi que Okinawa seria o lugar mais apropriado para começar a redigir seu manuscrito, uma vez que havia homenageado o sétimo aniversário da morte de seu mestre com uma brilhante vitória. Depois de apreciarem os monumentos, os membros locais se reuniram ao redor dele.

— Séculos atrás, acalentando a esperança de tornar aquelas ilhas uma ponte com o restante do mundo, o rei de Ryukyu, Sho Taikyu1 encomendou a confecção do “Sino da Ponte para Todos os Países” e mandou pendurá-lo no salão principal do Castelo de Shuri. O espírito da paz reside em Okinawa. É missão de vocês se colocar na vanguarda da construção de uma ponte para o mundo com esse mesmo espírito — observou Shin’ichi.

Capítulo “Vanguarda”, p. 72-73

Nota:

1. Rei Sho Taikyu (1415–1460): Sexto rei da dinastia Ryukyu. Sob o reinado dele, as Ryukyus (ilhas de Okinawa) praticaram um comércio ativo com os países asiáticos vizinhos. O “Sino da Ponte para Todos os Países”, encomendado por ele, era feito de bronze e tinha 154,5 cm de altura e pesava cerca de 600 kg.


Luta contra impasses

Em 22 de julho de 1960, na Segunda Convenção da Divisão Feminina, realizada em Tóquio, Shin’ichi discorreu sobre a batalha interior constante que devemos travar contra a estagnação.

Shin’ichi Yamamoto, em seguida, descreveu sua vivência na juventude:

— O período de luta angustiante de Toda sensei para reerguer seus negócios após a guerra também foi a época mais penosa de minha vida. Minha saúde era extremamente debilitada, meu salário estava continuamente atrasado e eu me esforçava além do limite dia após dia. Certa vez, deixei escapar algumas palavras de derrotismo na presença de Toda sensei. Nunca me esquecerei da repreensão severa dele: “Shin’ichi”, disse ele, “fé é uma batalha interminável contra impasses. É uma luta entre o Buda e as funções demonía­cas; entre as forças negativas e as positivas. Esse é o significado da frase ‘O budismo se refere à vitória’”. Todos encontram um impasse em algum ponto da vida. Uns podem se ver sem saí­da no trabalho. Um casal talvez se veja num impasse no relacionamento e alguns no que diz respeito à criação dos filhos, ao relacionamento com outras pes­soas, nas atividades de propagação, ou no estudo dos ensinamentos budistas. O poder do Gohonzon, porém, é imensurável, tão vasto quanto o próprio Universo. Nossa vida também possui um potencial infinito. Tudo depende do fato de permitirmos ou não que nossa determinação entre num impasse. Se compreen­dermos verdadeiramente esse ponto, o caminho da vitória já estará aberto” — assegurou.

E finalizou: 

— Caso se sintam de mãos atadas, lancem o desafio de superar a própria fraqueza, invocando o grande poder da fé. Toda sensei dizia que é assim que se “descarta o transitório para revelar o verdadeiro” em nossa vida. No longo curso de nossa vida, ocasionalmente podemos sentir vontade de desistir da fé e simplesmente nos divertir, livres de qualquer responsabilidade. Ou podemos ficar doentes ou mergulhar no sofrimento pela morte de alguém que amamos. Essa é a nossa luta contra os obstáculos dos desejos mundanos, da doença e morte. A relevância máxima do budismo repousa em sobrepujar tais impasses recitando daimoku, alcançar um estado de felicidade absoluta e consolidar a vida mais significativa possível. Portanto, espero que, quando encontrarem uma dificuldade, a considerem uma luta contra um impasse, um embate contra obstáculos e, decidindo que esse é momento de vencer, construam seu caminho na vida, desafiando o destino de frente.

15

Capítulo “Aprimoramento”, p. 81-82


Transcender conflitos

No curso ao ar livre do Suiko-kai, um grupo de aprimoramento da Divisão Masculina de Jovens, rea­lizado em Inubosaki, na província de Chiba, Shin’ichi respondeu às perguntas dos participantes.

— O impasse entre Oriente e Ociden­te está se agravando cada vez mais. Poderíamos considerar uma manifestação do desastre dos conflitos internos descritos por Nichiren Daishonin? — indagou um jovem.

— Sim, penso que possamos analisar desse modo. Em decorrência dos progressos nos meios de transporte e comunicação, o mundo está cada vez menor. A Terra agora é comparável a um extenso país. Nesse sentido, poderíamos dizer que o confronto Oriente-Ocidente corresponda ao “desastre do conflito interno” a que se referia Daishonin em sua época — respondeu Shin’ichi.

E acrescentou:

— Chegou a hora dos que abraçam o Budismo de Nichiren Daishonin assumirem uma posição em prol da paz mundial e da felicidade de todas as pessoas. A chave para a paz no futuro repousa em uma filosofia humanística que restaure o foco no ser humano e transcenda as barreiras de diferenças ideológicas. Como budistas, contribuir para o mundo deverá ser uma preocupação crescente na vida de todos nós. (...) Por mais sofisticados que sejam os sistemas sociais ou o ambiente globalizado de um país, esses aspectos não são suficientes para solucionar problemas espirituais, tais como superar o sofrimento humano e estimular o desejo de autoaprimoramento e o espírito de independência. A contínua rejeição à religião só levará à estagnação e à desolação es­piritual. Portanto, qualquer país seriamente preocupado com a melhor maneira de desenvolver e elevar o espírito humano será forçado a reconhecer a premente necessidade de uma religião genuína.

E afirmou:

— Por esse motivo, é importante que iniciemos diálogos com os líderes de cada país. Quando se constrói a confiança e a empatia por meio do diálogo, é possível abrir os olhos das pessoas ao budismo naturalmente. Em três décadas, tenho certeza que compreenderão o que quero dizer.

21

Capítulo “Aprimoramento”, p. 103-104


Nossas ações diárias são manifestações da fé

Em 9 de novembro de 1960, depois da reunião de fundação do Distrito Kofu, Shin’ichi realiza um diálogo com um pequeno grupo de pessoas e responde às perguntas de uma integrante da Divisão Feminina de Jovens.

Uma líder da Divisão Feminina de Jovens perguntou a seguir:

— Minha mãe não pratica. Por isso, sempre que volto para casa e vejo o rosto dela, minha alegria diminui. O que devo fazer?

— Praticamos o Budismo de Nichiren Daishonin para tornar nosso lar radiante e alegre. Que sentido há, então, em você voltar para casa e ficar taciturna e desanimada? Além do mais, se quiser que sua mãe comece a praticar este budismo, terá de mudar. Você pode pregar a doutrina budista altivamente para a sua mãe quanto desejar, mas a verdade é que ela sempre a verá apenas como filha. Portanto, em vez de gastar tempo ministrando sermões para ela, será muito mais válido se tornar uma filha tão doce e atenciosa, que a deixe realmente impressionada. Por exemplo, se viajar para Tóquio para participar de uma reunião de líderes ou algo assim, deve ser amável o bastante para comprar uma pequena lembrança para ela. E, ao chegar a casa, poderia cumprimentá-la respeitosamente e expressar sua sincera gratidão por ter cuidado de tudo enquanto você esteve fora.

E assegurou-lhe:

— A fé não tem nada de extraor­dinário. Suas ações e conduta diá­rias são manifestações da fé. Se você se tornar uma filha de quem sua mãe realmente possa se orgulhar, a ponto de afirmar: “Ela está se saindo realmente muito bem. Tenho tanto orgulho dela!”, garanto-lhe que ela abraçará a fé. A imagem que sua mãe tem de você determinará se conseguirá fazê-la iniciar a prática.

25

Capítulo “Empenho Corajoso”, p. 176

A confiança inicia-se pelo ato de cumprir promessas

Depois de sua nomeação como presidente da Soka Gakkai, Shin’ichi passou a dedicar cada minuto de seus dias à luta para concretizar o kosen-rufu. Isso significava que raramente tinha tempo para passar com sua esposa e filhos pequenos.

Shin’ichi sempre se esforçava para cumprir as promessas que fazia aos filhos.

Por desejar jantar com a família pelos menos uma ou duas vezes por ano, prometera se reunir com eles uma noite qualquer. Mas compromissos de trabalho o impediam de voltar para casa em tempo hábil para isso. Deste modo, decidira se encontrar com a família para comer num restaurante a cerca de dez minutos de distância da sede da Soka Gakkai. No dia marcado, contudo, surgiram várias providências, instruções e acertos inesperados a serem deliberados e o acréscimo de uma reunião à noite em sua agenda. Restaram-lhe apenas vinte ou trinta minutos para se dirigir ao restaurante, jantar com sua família e retornar à sede. Mesmo assim, Shin’ichi foi ao encontro deles. Pôde passar só cinco ou dez minutos com eles antes de ter de se levantar e ir embora.

A confiança entre pais e filhos inicia-se pelo ato de cumprir promessas. Certamente, algumas vezes, as promessas inevitavelmente são quebradas. Mas quando os pais se empenham sinceramente para fazer valer aquele trato de alguma forma, a criança compreen­de e aprecia esse esforço. É isso que edifica laços de confiança.

Ao observar Shin’ichi tendo de ir embora apressadamente, Mineko disse às crianças:

— Papai é tão atarefado que, na verdade, não tinha tempo para estar conosco, mas manteve a promessa e fez o que pôde para vir aqui mesmo só um pouquinho. Temos muita sorte, não é?

Um trabalho de equipe bem entrosado entre marido e mulher constitui uma parte importante da criação dos filhos.

25

Capítulo “Estandarte do Povo”, p. 279

(Traduzido da edição do jornal Seikyo Shimbun do dia 14 de novembro de 2018.)

Ilustrações: Kenichiro Uchida

 

 

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