Especial
BS
A joia preciosa da felicidade
O ensinamento revelador para o despertar da “maior das alegrias”
Redação
15/12/2022
Há um encantamento natural dos que têm acesso às escrituras de Nichiren Daishonin, sábio budista que viveu no século 13. São a poesia da vida, revelando, de forma prática e direta, o âmago das questões que afligem o ser humano. Por vezes, ele se utiliza de fenômenos e mutações da natureza; em outras, recorre a parábolas. Uma delas é pano de fundo do tema do Especial da edição, trazendo elementos para aprofundar o entendimento sobre o processo de revolução humana a que todos são convidados a experimentar na Soka Gakkai, em busca de uma vida de plena realização. Trata-se de uma religião humanística que visa à felicidade de cada pessoa, que, uma vez empoderada, possa inspirar os demais ao seu redor. A esse processo dinâmico é dado o nome de kosen-rufu.
Vamos à parábola, narrada no capítulo 8 do Sutra do Lótus. Segue a história de um homem que, ao visitar um amigo, é recebido com várias garrafas de vinho. Ele se embriaga e cai adormecido. O amigo, tendo de sair com urgência, costura antes de partir uma joia de valor incalculável no forro da roupa do visitante. Este, não percebendo que possuía a joia, passa por dificuldades, vivendo sempre na penúria. Tempos mais tarde, ele reencontra o amigo, e só então descobre que durante todo aquele período tivera em seu poder uma pedra preciosa.
Não é difícil imaginar os dois sentimentos vividos pelo pobre homem: a alegria de descobrir um tesouro que mudaria sua vida, e a segunda, provavelmente, a sensação de frustração por não ter encontrado antes. São apenas probabilidades, sentimentos que só quem experimenta um momento similar a esse pode dizer. Aqui, vamos à interpretação primordial da descoberta.
Sobre a “parábola da joia escondida no manto”, o presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Daisaku Ikeda, comenta que, do ponto de vista do budismo, para Nichiren Daishonin, a alegria do pobre, quando descobriu que possuía uma pedra de valor inestimável, representa “A alegria que experimentamos quando compreendemos pela primeira vez que nossa vida sempre abrigou o estado de buda, ou seja, o Nam-myoho-renge-kyo é a maior das alegrias”.1
No romance Nova Revolução Humana, de autoria de Ikeda sensei, ele elucida mais alguns componentes desse inestimável tesouro. Um deles é revelador, em especial aos iniciantes da prática da fé budista, dizendo que “A joia é uma alegoria para o estado de buda, condição de suprema felicidade, existente no coração de cada um dos senhores. Essa condição de vida pode se manifestar por meio da oração ao Gohonzon e das ações em prol do kosen-rufu.2
Outro se configura num ponto de observação diante das dificuldades, inevitáveis no decorrer da existência, igualmente para os veteranos. “Se, apesar de praticarmos o budismo, não conseguirmos entender isso e ficarmos imersos na tristeza, estaremos agindo como o homem da parábola”,3 pondera.
O ser humano comum é um buda. Isso é difícil de compreender. Se não acreditarmos que possuímos a natureza de buda, ela permanecerá eternamente escondida, é o que ensina o Mestre. Um buda se reconhece, portanto, na conquista do equilíbrio interior. E como evidenciar essa condição?
Para que as pessoas comuns evidenciassem sua joia da felicidade, Nichiren Daishonin revelou o Nam-myoho-renge-kyo, oração que realizada com sinceridade e seriedade abre o portal da coragem, da esperança e da sabedoria. São poderes de transformação que existem em nossa vida, muitas vezes calados em decorrência de tanto sofrimento e angústia experimentados. O budista aprende a dar voz e vida a essa força interior, um equilíbrio conquistado e que se torna a base da superação da doença, da desarmonia familiar, das questões financeiras.
É essa sensação vivenciada por aqueles que praticam esse mantra pela primeira vez, apresentado na maioria pelas pessoas que já comprovaram em sua vida essa dinâmica da transformação. Os desencorajados pelo sofrimento sentem uma renovada esperança, jamais vista, brotar do coração. O medo se transforma em força de ação. Ou mesmo para aqueles que, em sua busca de uma filosofia de vida que faça sentido, encontram no budismo praticado na Soka Gakkai respostas para suas questões mais íntimas. Mesmo sem total compreensão do seu significado, experenciam mudanças positivas na vida.
Alegria na dificuldade?
Passamos a outro importante indicador da verdadeira postura de quem deseja se desamarrar das correntes do carma. Muitos dizem que os budistas estão sempre alegres. Parece estranho para alguns, mas a ciência dessa conduta está em entendermos com a vida o significado de “O Nam-myoho-renge-kyo é a maior das alegrias”.4 O presidente Ikeda reforça:
Isso quer dizer que o grandioso poder benéfico do budismo possibilita transformar até mesmo sofrimentos e tristezas em esperança e alegria. O sofrimento e a alegria são, afinal, uma única condição. Portanto, a pessoa que consegue vislumbrar esperança e alegria dentro de sofrimentos e tristezas será vencedora na vida.5
Ser feliz pela certeza da vitória
Com o estudo do budismo e o engajamento das atividades de base, nosso nível de compreensão é cada vez maior. Passamos a entender que, embora sejamos budas, nascemos como mortais comuns com a missão de mostrar a prova real dessa prática por meio da nossa superação. Essa é a conduta diante da doença, das perdas financeiras, dos objetivos ainda não concretizados. De fato, se desde o início tivéssemos tudo, boa saúde e riquezas, então as outras pessoas não compreenderiam o poder do Nam-myoho-renge-kyo, a Lei Mística do universo, conforme Ikeda sensei afirma: “A prática da fé é uma luta contínua contra as maldades e buda é o nome que se dá às pessoas que mantêm essa luta.”6
O futuro é aqui
Nosso mestre constantemente nos incentiva a viver com disposição e vitalidade, unidos ao movimento pela felicidade de si e do outro; com o espírito jovial, independentemente da idade, ampliando cada vez mais as fileiras dos que desejam um mundo de paz, baseando a vida na oração e na ação.
Um reforço especial vem para eles, os jovens que herdarão o futuro. Em 2018, o presidente Ikeda enfatiza em uma mensagem com o título que “O alicerce do futuro da Soka Gakkai é sólido por existirem os jovens”. Passados cinco anos, o mundo ainda é de incertezas, mas não para os membros da BSGI, neste momento em que se abrem infinitas possibilidades de um novo ano estimulado por grandiosos objetivos. Trazemos aqui essa inspiração para todos. O Mestre brada:
Meu desejo é que cada jovem desperte para a suprema condição do estado de buda oculta em seu próprio coração, e com ação dinâmica de “maior das alegrias”, criem um novo valor manifestando coragem, sabedoria e compaixão invencíveis diante de quaisquer circunstâncias. E assim, vamos mudar a sociedade e o mundo passo a passo, elevando a condição de vida de toda a humanidade. Vamos transformar até mesmo o destino do próprio país. Este é o grandioso movimento da revolução humana que é, ao mesmo tempo, o kosen-rufu.7
Não há buda que não vença a tudo, pois sua vida irradia felicidade mesmo nos momentos de severas intempéries. E se você estiver conhecendo o budismo só agora, não se preocupe. Budismo é daqui para a frente, com a certeza da vitória construída hoje, no exato local em que está. Bem-vindo, 2023, “Ano dos Jovens e do Triunfo”! Que possamos adornar cada dia de pensamentos, de palavras e de ações na órbita da maior das alegrias!
A recitação do daimoku é a base da prática do Budismo de Nichiren Daishonin. Na foto, integrantes da Sub. Congonhas, CNSP, em atividade no Auditório da Paz da BSGI (São Paulo, out. 2018)
Amplie sua compreensão:
Sobre o Nam-myoho-renge-kyo
Na próxima edição do BS, confira a série Conheça o Budismo com material completo sobre o tema.
As escrituras de Nichiren Daishonin
Imagine que toda essa sabedoria do Buda, tesouro da humanidade, estava fadada a ficar fechada em templos após a morte dele. Setecentos anos depois, com a fundação da Soka Gakkai em 1930, o acesso ao Gosho (escritos) é hoje realidade não só para membros da organização, como para os interessados no tema sabedoria para a vida; e ainda mais acessível para leitura e compreensão por meio das explanações de Ikeda sensei. Impressas estão hoje disponíveis as coletâneas 1 e 2, e pelo CILE digital, leitura na palma da mão. Confira em www.cile.com.br
Parábola e complementos
Se você quer saber mais e gosta de ouvir, o link abaixo é de um podcast que, além de trazer na íntegra a parábola, oferece um precioso adendo sobre a fé.
Acesse: https://brasilseikyo.com.br/podcast/programa/3/episodio/16-fe-a-preciosa-joia-do-coracao/16
Notas:
1. Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 788.
2. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 185-186.
3. Ibidem.
4. Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 788.
5. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 29, p. 203
6. Ibidem, v. 11, p. 240.
7. Brasil Seikyo, ed. 2.411, mar. 2018, p. C2.
Ilustração: GETTY IMAGES
Foto: BS
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