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Aprender com a Nova Revolução Humana
BS
Momentos inesquecíveis: volume 10
Nesta continuação da série publicada no Seikyo Shimbun, trechos selecionados do romance.
Dr. Daisaku Ikeda
23/03/2023
Monarcas sem coroa
O jornal da Soka Gakkai, Seikyo Shimbun, foi publicado pela primeira vez em 20 de abril de 1951, com circulação inicial de algumas edições por mês, mas a periodicidade foi se ajustando ao longo do tempo, conforme o crescimento da organização, até se tornar diário em 15 de julho de 1965.
Os colaboradores da distribuição do jornal ficaram muito felizes em receber e entregar diariamente o Seikyo Shimbun na casa dos assinantes. Pouco antes da mudança, uma reunião de distribuidores do jornal foi realizada nas localidades com a finalidade de explicar o novo esquema de distribuição. Os participantes estavam radiantes e com o peito inflado de orgulho por servir diariamente ao kosen-rufu por meio da distribuição do jornal.
* * *
Sempre que Shin’ichi ouvia a respeito do esforço abnegado dos colaboradores da distribuição do Seikyo Shimbun, enviava a todos um profundo daimoku em gratidão por esse grande apoio. Ele orava todas as manhãs para que os distribuidores cumprissem a tarefa sem nenhum acidente.
Pelo fato de os membros que atuavam na distribuição terem de acordar mais cedo que os demais, Shin’ichi recomendou aos líderes que encerrassem as atividades da noite o mais breve possível.
Muitas vezes, principalmente quando chovia ou nevava, Shin’ichi acordava de madrugada preocupado com o bem-estar dos distribuidores. Nesses dias, passava a noite recitando daimoku com total seriedade, pensando nos companheiros que distribuíam o Seikyo Shimbun em todas as localidades do Japão.
Desde que o Seikyo Shimbun passou a ser diário, Shin’ichi propôs várias ideias para incentivar os membros que colaboravam em sua distribuição. Uma delas foi a publicação de um jornal mensal com diretrizes, incentivos e relatos de experiência desses colaboradores. A primeira edição do periódico foi lançada em julho de 1966. A pedido dos associados, Shin’ichi denominou-o Mukan [Sem Coroa], considerando os distribuidores como “monarcas sem coroa” do povo. Os colaboradores que entregavam o jornal eram monarcas do castelo do debate que não buscavam méritos ou reconhecimento. Eles percorriam todas as manhãs as ruas rumo às casas dos membros com o elevado orgulho de ser um bodisatva da terra e de lutar como tal.
(Trechos do capítulo “Castelo do Debate”)
Atitude sincera fortalece a harmonia humana
Em agosto de 1965, eclodiram protestos em Watts, bairro predominantemente afro-americano de Los Angeles, que se estenderam por vários dias e acarretaram violência generalizada, destruição e 34 mortes. Apesar da situação, Shin’ichi visitou os Estados Unidos conforme o programado, comparecendo a um festival cultural em 15 de agosto em Etiwanda, localizado vários quilômetros ao leste de Los Angeles. Depois do encerramento do festival, estava cumprimentando a equipe de apoio do evento quando um jovem afro-americano veio falar com ele.
No rosto de cada um [dos jovens participantes da apresentação no festival cultural de Etiwanda] estava estampada a convicção de que era possível criar um mundo de igualdade de raças e etnias, abolindo as discriminações e os preconceitos. (...)
Quando eclodiu o conflito racial, os membros se organizaram para alojar em sua casa os companheiros que residiam em zonas de maior agitação e planejaram um esquema de transporte dos figurantes até o local de ensaios utilizando carros particulares. Essa solidariedade e união entre os companheiros deu um brilho mais radiante às apresentações.
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No percurso até o carro, Shin’ichi apertou a mão de cada um dos jovens do grupo de apoio, agradecendo-os pelo esforço e cumprimentando-os pelo sucesso do evento.
Com o rosto corado, os jovens retribuíam os cumprimentos apertando com vigor a mão de Shin’ichi.
Quando o presidente Yamamoto estava se dirigindo para o carro, um jovem afro-americano se aproximou e disse algumas palavras. Shin’ichi apertou a mão do rapaz e pediu a Nagayasi Masaki que servisse de intérprete.
— Muito obrigado por ter vindo à América num momento em que Los Angeles está enfrentando a revolta racial. Por sua atitude de vir ao meu país numa situação tão crítica, aprendi o que é coragem e qual deve ser a disposição de um líder que consagra a vida em prol da paz mundial. Eu me sinto muito fortalecido. Com toda a certeza, construiremos com nossas mãos uma sociedade norte-americana de harmonia entre os seres humanos, banindo de nossa terra as desavenças entre raças e etnias. Por favor, presidente Yamamoto, pode ficar tranquilo e conte com os jovens norte-americanos.
No rosto emocionado do jovem, vários fios de lágrimas escorreram dos seus olhos.
Shin’ichi disse sorrindo:
— Muito obrigado! Fico feliz em ouvir essas palavras. Diante de sua decisão de lutar pelo kosen-rufu, posso dizer-lhe que cumpri o objetivo da minha viagem aos Estados Unidos. O importante é que uma pessoa se levante pela própria iniciativa e compartilhe o meu sentimento. Do mesmo modo como um grande rio começa a partir de uma gota d’água, a correnteza da paz da América iniciará a partir de você. Conto com você para o bem da América!
Os dois trocaram novamente um forte aperto de mãos.
(Trechos do capítulo “Brisas da Felicidade”)
Pilares de ouro Soka, este é o momento para se levantarem!
Em 5 de março de 1966, Shin’ichi dá a seguinte orientação na cerimônia de fundação da Divisão Sênior realizada na sede da Soka Gakkai em Tóquio.
Shin’ichi imprimiu mais vigor em sua voz:
— Os integrantes da Divisão Sênior estão na fase de dar os toques finais na própria vida. Gostaria que aplicassem a capacidade que todos possuem e que cultivaram ao longo da vida em prol do kosen-rufu. Daishonin disse: “Já que de uma forma ou outra a morte sobrevirá, o senhor deveria estar disposto a oferecer a vida ao Sutra do Lótus. Pense nesse oferecimento como uma gota de orvalho que se reintegra ao oceano, ou como uma partícula de pó que retorna à terra”.1 Daishonin afirma, portanto, que ninguém pode escapar da morte e, por isso mesmo, deve dedicar a vida à grandiosa Lei chamada Sutra do Lótus. Assim, recomenda a todos que devotem a vida ao kosen-rufu. Esse ato equivale a unir nossa vida ao grande universo, tal como o orvalho que se junta ao oceano ou o grão de areia com o solo. Uma existência passa rapidamente e o tempo que podemos viver com saúde é ainda mais limitado. Além disso, o tempo de atuação como membro da Divisão Sênior é muito curto. Se não se levantarem agora, quando então se levantarão? Se não atuarem agora, quando lutarão? Será daqui a dez anos? Ninguém pode garantir em que situação estarão nessa época. Por isso, agora é o momento de ouro da nossa vida. É o precioso tempo da nossa ilimitada existência. Digo isso porque não quero que tenham remorsos no fim da vida.
* * *
— O presidente Tsunesaburo Makiguchi começou a praticar o budismo aos 57 anos, e o presidente Josei Toda levantou-se sozinho em prol do kosen-rufu quando foi libertado da prisão aos 45 anos. Ambos se levantaram pelo ideal do kosen-rufu na idade de um integrante da Divisão Sênior. Isso faz parte da tradição da Soka Gakkai. Eu também sou integrante da Divisão Sênior. Por favor, levantem-se com coragem junto comigo, com base no espírito da Gakkai. Sejamos pilares de ouro que sustentam o grande castelo Soka.
* * *
No fim da reunião, Shin’ichi curvou-se cumprimentando as pessoas e caminhou em direção à porta. Então, repentinamente ele parou, voltou-se para todos e, com o punho cerrado e o braço erguido, bradou:
— Vamos lutar juntos! Vamos construir uma nova história! Vamos viver lutando em prol da Lei!
Erguendo o braço com firmeza, todos responderam afirmativamente em uníssono. O espírito de luta invadiu o coração, e as lágrimas escorreram pelo rosto dos participantes.
(Trechos do capítulo “Coroa de Louros”)
(Traduzido da edição do jornal Seikyo Shimbun do dia 17 de julho de 2019.)
Nota:
1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 269, 2017.
Ilustrações: Kenichiro Uchida
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