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Asas para o futuro

Um jardim na República Dominicana

Matéria a ser utilizada no Dia do Sucessor Ikeda 2030 pela DE‑Esperança e DE-Herdeiro

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04/11/2017

Um jardim na República Dominicana
Digam os nomes dos países que vocês se lembram, como se viajassem livremente pelo mundo. Conseguem se lembrar de quantos? Existem muitos países, não é verdade?

Minha jornada ao redor do mundo começou há 55 anos. Hoje em dia, o movimento da SGI em prol da paz, cultura e educação se expandiu para 192 países e territórios.

Em qualquer lugar, em situações desafiadoras e frequentemente fora dos holofotes, nossos membros estão lutando fervorosamente pelo bem das pessoas e da sociedade. Estou sempre ansioso para conhecer a maior quantidade desses verdadeiros heróis para demonstrar minha gratidão e elogiá-los sinceramente por seus esforços inabaláveis e, junto com eles, trabalhar para abrir o caminho de um futuro de paz e prosperidade.

Um dos países que visitei há 28 anos, em fevereiro de 1987, foi a República Dominicana, a Joia do Caribe. Um país onde o coração das pessoas cintila assim como o diamante.

A República Dominicana ocupa aproximadamente dois terços da segunda maior ilha caribenha chamada Hispaniola e possui cerca de 10 milhões de habitantes.

É um lugar bonito com céu azulado, praias com areia branca cintilante sob os raios do sol, com um oceano transparente como cristal... e com pessoas amigáveis e de coração afetuoso. É realmente um paraíso maravilhoso. Desse país também saíram muitos jogadores de beisebol talentosos, inclusive o time da casa venceu o clássico mundial de beisebol em 2013.

Em 1492, o explorador Cristóvão Colombo (1451–1506) foi o primeiro europeu a chegar ao que hoje conhecemos como República Dominicana. A cidade construída pelos colonos no ano seguinte se tornou a capital do país, Santo Domingo.

Essa cidade prosperou como colônia espanhola, e muitas construções desse período ainda existem. O primeiro hospital e a primeira universidade das Américas foram construídos em Santo Domingo, e o centro colonial da cidade foi nomeado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como Patrimônio Mundial da Humanidade.

O Japão possui um relacionamento especial com a República Dominicana, pois os japoneses que emigraram para lá trabalharam duro para ganhar a confiança das pessoas da localidade.

Após a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial, muitos cidadãos emigraram para

as Américas — principalmente para a

Central e do Sul — e alguns foram para a República Dominicana.

Embora lhes dissessem que encontrariam terras cheias de riquezas, ao chegarem se depararam com campos sem irrigação, os quais eram praticamente impossíveis de cultivar. A situação era tão grave que alguns entraram nas matas para encontrar bananas e laranjas e evitar morrer de fome. Mais de 80% dos emigrantes japoneses, que foram chamados de “pessoas abandonadas”, decidiram deixar a República Dominicana.

O movimento pelo kosen-rufu do país começou com apenas alguns pioneiros, membros da Soka Gakkai que permaneceram lutando para sobreviver. Com o primeiro ato do kosen‑rufu da Soka Gakkai oficializado em 1966, o próximo ano [2016] marcará o 550 aniversário do movimento da SGI nessa localidade!

Naquele tempo, os associados da organização utilizavam algumas reproduções de publicações que vinham do Japão até que ficassem desgastadas. Eles reconfirmaram entre si a missão pelo kosen-rufu da República Dominicana. Como bons cidadãos, perseveraram sinceramente criando raízes na comunidade e contribuindo para a sociedade.

No ano seguinte ao estabelecimento do primeiro ato do kosen-rufu da organização, conheci e dialoguei com um integrante da República Dominicana que visitava o Japão na primavera, quando as flores de cerejeira estavam desabrochando. Com lágrimas em seu rosto queimado de sol, ele falou das dificuldades dos praticantes de lá. Chorando junto com ele em meu coração, disse ao nobre pioneiro: “Plantem as raízes da fé no solo da República Dominicana e desenvolvam um eu tão forte e inabalável como uma poderosa árvore. As coisas podem ser difíceis para vocês agora, mas é certo que chegará a hora de vivenciarem um brilhante desabrochar da primavera. Avancem em harmonia e unicidade, abraçando-se de forma sincera".

Esse associado se tornou líder central do nosso movimento e, trabalhando em conjunto com seus colegas, demonstrou a prova de sua fé budista na sociedade. Eventualmente ele também lidera a associação local dos residentes japoneses.

Em fevereiro de 1987, esse companheiro

veio me receber na chegada ao aeroporto perto de Santo Domingo. Colocando meu braço em seu ombro, eu o encorajei dizendo:

“Tudo está bem agora. Sei o trabalho duro que você realizou todos esses anos”.

Muitos membros que acenavam pequenas bandeiras também estavam lá para me cumprimentar. O grupo de pífano e de tambor começou a tocar, e os olhos dos integrantes da Divisão dos Estudantes brilhavam.

Com o princípio de “diferentes em corpo, unos em mente”, os membros da República Dominicana se tornaram pessoas capazes e felizes como flores que desabrocham radiantemente. Em um céu noturno, limpo pela chuva, a lua cheia luminosa e as estrelas brilhantes sorriram para nós.

Nichiren Daishonin diz: “O inverno nunca falha em se tornar primavera” (CEND, v. I, p. 560). Os que permanecem firmes na fé e na prática budistas sempre triunfarão no fim.

Assim que encontrava um momento livre nessa visita, que durou quatro dias, olhava pela janela do hotel e avistava o mar cor de esmeralda cintilando sob a luz do sol tropical ao longe. Logo embaixo da janela havia um lindo jardim, bem cuidado, onde um jardineiro trabalhava duro.

O coração de todos brilha em lugares onde as pessoas estão ocupadas no trabalho, executando diligentemente seus deveres fora dos holofotes. Elas são verdadeiras campeãs. Pressionei silenciosamente o obturador da minha câmera com um espírito de profundo respeito e reverência, pensando nos membros na República Dominicana.

Naquela viagem em 1987, conheci o então presidente Joaquín Balaguer (1907–2002). Era um homem modesto, conhecido como “o presidente sem uma conta de poupança”. Líder com um espírito de servir, nos fins de semana voava centenas de quilômetros de helicóptero para visitar vilarejos regionais e ouvir sinceramente as necessidades e desejos dos moradores. Como resultado, ele sabia praticamente o nome de todos os vilarejos do seu país. Ele também era um poeta de renome desde a juventude. Ávido leitor, cultivou suas habilidades de escrita de poesia e genuíno amor pela humanidade. Aos 14 anos publicou uma coletânea de poesias e recebeu um prêmio literário aos 17 anos. Ele frequentou uma universidade, mas estudou basicamente por si só, pois a instituição ficava muito longe e ele também tinha de trabalhar, motivos pelos quais era bem difícil frequentar as aulas regularmente.

Porém, toda vez que conseguia um tempo para os estudos, aproveitava-o ao máximo. Obteve notas excelentes e ganhou a oportunidade de estudar na França. Com o passar dos anos, tornou-se advogado, jornalista e político.

Como presidente, liderou a República Dominicana do caos produzido pela

guerra civil para a estabilidade e a prosperidade — ato que foi apresentado como algo extraordinário. Encontrei-me com Balaguer seis meses depois de sua reeleição, em 1986, logo após um período de pausa na carreira política.

Ele também trabalhou arduamente para proteger o meio ambiente, e atualmente florestas exuberantes e campos agrícolas enchem as terras. Sua visão nessa área ganhou o reconhecimento de líderes por todo o mundo.

Durante o nosso encontro, recitei o poema Independência, que o presidente Balaguer havia composto na juventude:

Independente e orgulhoso sempre fui,

Pois meu coração nunca se rendeu.

Nunca, nunca, desejei me encarcerar.

[...]

Busquei apenas independência e livre-arbítrio

para ser completamente um homem.1

Viva fiel a si mesmo e avance com orgulho! — o clamor do espírito jovial ressoa nesta frase.

Por causa de uma catarata nos olhos e dos anos de trabalho excessivo, o presidente Balaguer ficou cego. Nunca me esquecerei de sua expressão feliz e calma quando recitei seu poema em japonês e o intérprete depois lia em voz alta em espanhol. Parecia que havia um brilho de lágrimas nos olhos.

Em outro poema, ele escreveu:

Nada pode rasgar minha bandeira;

Embora o carvalho possa se dobrar,

Nunca range;

Ele escuta as músicas dos pássaros

em seus ramos.2

Para viver de acordo com o juramento, aqueles que seguram firmes essa bandeira da convicção nunca se queixam ou se lamentam diante de qualquer dificuldade. Não importa quão adversas sejam as situações em que se encontrem, eles permanecem e nunca abandonam os que dependem deles.

Aqueles que continuamente seguem o caminho de seus ideais da juventude ao longo da vida serão vitoriosos. Assim, aprendam com suas dificuldades e continuem se esforçando. Mesmo em meio aos sofrimentos, cantem alegremente uma música exaltando a vida!

Após meu encontro com o presidente Balaguer, fui premiado com a Grande Cruz da Ordem de Cristóvão Colombo. Depois, voltei para meu alojamento e imediatamente mostrei a medalha para os membros da República Dominicana que estavam esperando por mim. Foi realmente um prêmio em reconhecimento pelas realizações deles, e por isso eu queria concedê-lo a cada um.

Aqueles que mais sofreram merecem ser os mais felizes. Aqueles que se esforçaram ao máximo desfrutarão a maior glória e vitória. Aqueles que se empenharam são capazes de evidenciar seu máximo potencial. Esse é o mundo da Lei Mística, o funcionamento solene da lei de causa e efeito que permeia a vida e o universo.

Aqueles que vivenciaram o sofrimento na pele podem são empáticos e compreendem melhor o sofrimento das outras pessoas. Durante o terremoto de 2010 no país vizinho, Haiti, os associados da República Dominicana foram os primeiros a ajudá-los.

Além disso, encorajando os membros em Cuba, eles estão harmoniosamente engajados nos esforços pela paz.

"A virtude invisível e a recompensa visível", escreveu Nichiren Daishonin (WND, v. I ,p. 907). Esforços invisíveis definitivamente produzirão recompensas imensuráveis.

Diferentes flores desabrocham de diversas maneiras e em diferentes momentos. O mesmo se aplica a nós. Como budistas, todos os nossos esforços eventualmente florescerão como benefício, então não há necessidade de sermos ansiosos ou impacientes.

Criem flores de sucesso, felicidade e

vitória – as flores de suas próprias missões únicas florescerão e trarão sorrisos para aqueles ao seu redor. Serão flores brilhantes que anunciam a chegada da primavera na sociedade e no mundo.

Fevereiro é o mês em que a chegada da primavera é celebrada no antigo calendário lunar. No frio amargo destes últimos dias de inverno, posso imaginar quanto todos vocês se esforçam cada vez mais em seus estudos e atividades extracurriculares, visando a primavera da vitória. Estou especialmente orando daimoku para a saúde e o sucesso de vocês que se preparam arduamente para o vestibular.3

O pensador dominicano Pedro Henríquez Ureña (1884–1946) enfatizou a importância de tentar: “O esforço imperfeito é melhor do que a inércia”.4

Se os outros veem ou não, realizar esforços concretos certamente os tornam mais fortes.Os esforços são a “raiz” ou a base da juventude. Mesmo que as pessoas não os percebam, esses esforços estão lenta e absolutamente cultivando sua mente e seu corpo, para que tenham um caráter excepcional.

Aqueles que nunca desistem são verdadeiros vencedores. Os que continuam lutando até o fim são grandes especialistas na arte da felicidade.

Onze de fevereiro é o 1150 aniversário de nascimento do meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda. Ele costumava dizer aos jovens: “Vivam a vida corajosamente!”.

Eu digo a vocês: “Vivam este momento único de sua juventude com ousadia e confiança! Continuem se esforçand0 ao máximo, determinados a vencer, não importando o que aconteça!”.

Consegui viajar para 54 países e territórios e ainda existem muitos mais que gostaria de visitar. Estou confiante de que vocês, meus jovens sucessores, cultivarão amizades profundas e fortalecerão nossa rede de paz em todos os lugares em meu nome, mesmo nos países em que nunca estive. Esse pensamento me deixa muito feliz.

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