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Diálogo Sobre a Filosofia Budista

Unicidade de Mestre e Discípulo

2ª E ÚLTIMA PARTE

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01/09/2005

Unicidade de Mestre e Discípulo
CLÁUDIO ROMAN MARTTUCI: Ter o presidente Ikeda como mestre da nossa vida é algo extraordinário, por ele ser aquele que nos ensina uma “boa doutrina” e nos ajuda a nos tornar um “bom praticante”. Esta é a prova de que, realmente, ele é um “bom mestre”.

MEIRY SAYURI NINOMIYA HIRANO: Por isso, viver nesta mesma época que ele é motivo de grande alegria. Isto é dito constantemente, mas nem sempre compreendemos sua grandiosidade. Pela sua coragem, sabedoria e benevolência, pessoas do mundo inteiro o tem procurado para dialogar sobre diversos assuntos. Mesmo aos 77 anos, o presidente Ikeda não mede esforços para incentivar, conversar e ir ao encontro das pessoas, com o sentimento de encorajá-las para que vençam as dificuldades da vida, uma a uma, com base na suprema Lei Mística.

RENATA SANTORO BONIFÁCIO: É verdade. Tudo o que sou hoje, que venho conquistando em minha vida, tem sido graças a seus constantes incentivos. Tive uma infância muito difícil. Entre os inúmeros desafios, enfrentei problemas de desarmonia familiar e acabei me distanciando do meu pai. Por isso, sentia um grande vazio e era difícil visualizar o futuro. Mas quando lia as orientações do presidente Ikeda, via fotos suas de encontros com várias pessoas, sempre buscando criar momentos agradáveis para cada uma delas, sentia a esperança brotar e uma grande alegria preenchia meu coração. Ele se tornou para mim uma referência de alguém possuidor de grandes sonhos e objetivos. Sabendo de todas as dificuldades que ele também enfrentou, principalmente problemas de saúde, por ter um único pulmão, mas mesmo assim venceu, sentia que eu também seria capaz de superar minhas dificuldades. Ele se tornou um mestre que, nos momentos difíceis, estava sempre do meu lado, mesmo não sendo fisicamente. Suas orientações, mensagens e ensaios que nos chegam constantemente fazem com que ele se torne muito presente em nossa vida. Era isso o que eu sentia. Acredito que na vida de um jovem é fundamental ter um mestre porque ele nos coloca no caminho correto, não só na prática da fé como na vida. Ele nos ajuda a polir nosso caráter, nossa personalidade e a cultivar ideais essenciais desde a infância.

JEFFERSON CUSTÓDIO DA SILVA: Nasci em uma família praticante do budismo. Mas, apesar disso, acabei me afastando da prática por um período. Minha mãe e os líderes da organização constantemente me incentivavam a retornar. Porém, durante muitos anos eu fugi, pois achava que na organização havia muita cobrança e formalidades, coisas com as quais não me identificava. O que me fez retornar foram as dificuldades que eu enfrentava e também as orientações do presidente Ikeda. Isso fez com que eu desenvolvesse uma grande admiração e curiosidade por ele. Pensava: como ele consegue abraçar a todos, valorizando, ao mesmo tempo, cada pessoa? Suas ações era algo que ia além da relação que eu tinha com as pessoas ao meu redor. Mediante sua postura exemplar, resolvi retornar à prática. A partir de então, passei a compreender mais profundamente que todo o direcionamento dado pela organização era exatamente para termos condições de realizar as mesmas coisas que ele, estimulando cada pessoa a evidenciar seu potencial.

MEIRY: Encorajar as pessoas é uma virtude que todos podem desenvolver. Mas o verdadeiro mestre é aquele que ensina seus discípulos a se libertarem da escuridão fundamental da vida, ou seja, da ilusão e da constante busca pelos desejos mundanos, para atingirem uma condição de vida que nada é capaz de abalar. Isto, na verdade, é o estado de Buda. Portanto, somente um mestre que despertou para esse estado pode ensinar outras pessoas a fazerem o mesmo.

RENATA: Sim. Mesmo enfrentando também muitas perseguições e dificuldades, o presidente Ikeda veio se dedicando para fazer o sorriso brotar no rosto daqueles que viviam sem esperanças, sempre buscando elevar suas virtudes. Na sociedade, muitas vezes, observamos exatamente o contrário disso: quando alguém descobre suas qualidades, sente-se ameaçada e faz de tudo para ressaltar seus defeitos a fim de tentar prejudicá-lo. É por isso que muitas pessoas hoje acabam entrando em diversos conflitos consigo mesmas. Tenho certeza de que quando uma pessoa tem um mestre que eleva suas virtudes, seguramente supera essas contradições da sociedade de forma muito mais tranqüila.

MARTTUCI: O presidente Ikeda é o maior exemplo disso. Quando ele percebe que alguém está constrangido com algo ou que, de certa forma, está sofrendo, imediatamente toma as providências necessárias. Presenciei isso quando participei de um dos cursos de aprimoramento da SGI no Japão. Na ocasião, fomos convidados para jantar com o mestre. Obviamente a refeição era a mesma para todos, só que uma das pessoas não estava acostumada com os pratos que seriam servidos. O presidente Ikeda ficou sabendo disso e tomou as providências necessárias, com o intuito de não constrangê- la. Que atitude extraordinária, não é? Pode ser muito simples, mas nós também recebemos muitas comunicações no dia-a-dia. Porém, que providências tomamos? Geralmente, pensamos que alguém deve fazer algo. Qual a importância de ter um mestre na vida? Para mim, é exatamente para aprender esses simples atos que fazem toda a diferença na vida das pessoas.

MEIRY: É verdade. É uma questão de muita boa sorte ter um mestre como ele. Como foi dito, é mais fácil encontrar pessoas que nos censuram ou nos rebaixam do que as que enxergam nossas virtudes, elevando- as e fazendo-nos acreditar nelas. O presidente Ikeda faz isso a todo instante. Dessa forma, como não sentir gratidão e até mesmo emoção ao falar de sua pessoa? Viver a relação de mestre e discípulo é o caminho mais seguro para a felicidade. Nós fortalecemos essa relação nas atividades da organização. Há muitos jovens que não são criados em condições favoráveis. Para não serem levados por más influências é fundamental cultivarem boas relações. Exatamente por isso, é importante que os pais levem os filhos para os locais das atividades, e não apenas esperem que a organização vá até eles. Sem dúvida, as atividades são ótimas oportunidades para os jovens estabelecerem uma sólida base para a vida. Comprovo isso dia a dia com minha filha, de 10 anos. O sentimento de querer corresponder ao mestre que ela vem desenvolvendo é um grande orgulho para mim. Estar envolvido com as atividades da organização desde cedo faz com que o jovem cresça com uma base muito forte, sendo sempre conduzido pelo mestre. É muito nítida a diferença dos jovens que possuem e os que não possuem um mestre. O presidente Ikeda, com sua ampla visão de futuro, está sempre nos incentivando a superar nossos limites, para o nosso crescimento e desenvolvimento.

RENATA:Vale ressaltar que ele é um ser humano como qualquer outro, que tem também suas virtudes e defeitos. Porém, possui uma condição de vida tão elevada que todos os seus defeitos se anulam. É exatamente dessa forma que precisamos nos tornar. É isso o que ele espera de nós, não é?

JEFFERSON: Com certeza. Por isso, a todo instante, não podemos apenas falar do mestre, mas comprovar sua grandiosidade com nossas atitudes. A todo momento precisamos pensar se nossas ações fariam o mestre feliz. Se eu fizer algo que o deixará triste, então esta minha atitude não condiz com a de um verdadeiro discípulo.

MARTTUCI: O trecho da Declaração da Divisão dos Jovens da BSGI, “se a posteridade há de julgar meu mestre, por minha qualidade será julgado o supremo líder do mundo”, expressa exatamente isto. Nesta declaração está contido o comprometimento de comprovar os ensinos e a grandiosidade do mestre. Por isso, ela é nossa maior obra-prima. Alguns interpretam isso como idolatria. Porém, não é uma questão de idolatria, mas de respeito, de compartilhar ideais. A idolatria é cega, exagerada. Todo sentimento que extrapolamos torna-se prejudicial, foge à razão. Quando só falamos do mestre e não comprovamos o que ele nos ensina em nossa vida, isso sim é idolatria.

RENATA: A verdadeira unicidade de mestre e discípulo é, portanto, quando ambos caminham juntos pelos mesmos ideais. É uma relação que transcende tempo e espaço. Por isso, é um erro pensar que ela só existe se os discípulos estão perto fisicamente do mestre.

TERCEIRA CIVILIZAÇÃO: Como podemos estreitar os laços de mestre e discípulo e corresponder aos ideais do mestre?

RENATA: Por experiência própria, acredito que a melhor maneira de estreitar esses laços é por meio da leitura de suas orientações e, além disso, procurar agir de forma que deixe o mestre feliz, como já dito. Há muitos jovens que se preocupam por não conseguir compreender o que é unicidade de mestre e discípulo, e acabam se cobrando por isso. Mas penso que cada um tem uma maneira de compreender, não existe uma receita. O importante é o espírito de procura, o empenho diário. É interessante cultivar isso desde a infância. Na Divisão dos Estudantes, em particular, temos realizado diversos eventos com o intuito de mostrar a vida do mestre e como ele superou suas dificuldades, como ser humano comum. Assim, muitos estudantes se identificam e se fortalecem com o exemplo do mestre.

MARTTUCI: Exato. Por que, então, é tão importante corresponder aos anseios do mestre? Porque nesses anseios estão contidas todas as diretrizes para a construção da verdadeira felicidade e para o estabelecimento de uma sociedade de cultura e paz. Corresponder aos anseios do mestre é viver o ensinamento do Buda Original. Na escritura “Como aqueles que aspiram inicialmente ao Caminho podem atingir o estado de Buda por meio do Sutra de Lótus” consta: “Um bom praticante é aquele que não fica na dependência de pessoas de eminência nem despreza pessoas de posição humilde, que não depende do amparo de seus superiores nem menospreza seus inferiores, que, não se sujeitando às pressões de outrem, sustenta o Sutra de Lótus entre todos os vários sutras. Uma pessoa assim o Buda chamou de a melhor de todas as pessoas.”1 Tsunessaburo Makiguti foi para Jossei Toda a melhor pessoa. E assim foi Jossei Toda para Daisaku Ikeda. Cabe a cada um de nós buscar continuamente corresponder ao máximo aos anseios do nosso mestre. É isso o que nossos veteranos tem nos ensinado

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