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Senso de Missão

Ilumine a sociedade com a luz da benevolência

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12/11/2016

Senso de Missão

Quando o esforço não produz resultados

Ao pregar o Sutra do lótus, o buda Shakyamuni se dirigiu aos discípulos eruditos e contou a história do buda Excelência da Grande Sabedoria Universal [Daitsutisho, em japonês], que foi o responsável pelo início de uma nova era na terra chamada “Bem Constituída”.

O povo dessa terra havia chegado num impasse. Vivia em meio a uma espiral negativa, trilhando um caminho que partia “das trevas para as trevas”. As pessoas estavam presas a formas antiquadas de pensamento e ao sentimento de impotência. Tudo o que elas faziam para se libertar do sofrimento causava ainda mais sofrimento.

Em meio a esse caos, disposto a conquistar a perfeita sabedoria, o buda Excelência da Grande Sabedoria Universal renunciou ao mundo secular e se dedicou às práticas meditativas. Após um longo período, venceu os desejos mundanos. Sua mente e seu corpo permaneceram “imóveis” e, dessa forma, ele destruiu as forças malignas inerentes à sua vida e conquistou uma condição de paz e tranquilidade, mas... não atingiu a iluminação!

Sem compreender o que havia acontecido, insistiu e continuou a conduzir a prática com perfeição, mantendo seu corpo e sua mente inalteráveis. Entretanto, por alguma razão, seus esforços não produziam o efeito esperado. Apesar de ele ter eliminado o sofrimento de sua vida, não conseguia se sentir absolutamente feliz.

Sobre ele não ter se tornando um buda, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, comenta: “Considera-se que a declaração de que ele ‘destruiu as forças da maldade’ significa que havia vencido fundamentalmente os desejos mundanos. Mas atingir a iluminação não significa apenas superar os desejos mundanos. Esse é somente um aspecto da iluminação. A verdadeira iluminação é inseparável da benevolência e da sabedoria para conduzir as pessoas à felicidade” (Brasil Seikyo, ed. 1.399, 25 jan. 1997, p. 3).

A benevolência e a sabedoria surgem do comprometimento que temos com a Lei Mística. O fato de elas não se manifestarem indicava que ele não estava alinhado com a Lei. Além disso, por mais que tenha se esforçado, sua prática possuía uma motivação egocêntrica e seu objetivo de evitar os sofrimentos refletia o medo de enfrentar as dificuldades.

Finalmente, a iluminação

Excelência da Grande Sabedoria Universal começou a ouvir os anseios das pessoas que desejavam o surgimento de um buda que as conduzisse à felicidade. Decidido a se tornar esse buda que luta ao lado do povo, em meio à realidade cotidiana, comprometeu-se a realizar a função da Lei Mística de despertar as pessoas para a felicidade absoluta e, assim, manifestou benevolência e sabedoria. Por fim, ele conquistou a suprema iluminação — a perfeita união com a Lei.

O presidente Ikeda descreve essa suprema iluminação ao dizer: “A iluminação do Buda não se encontra na ‘erradicação’ dos desejos mundanos, mas sim em impregná-los de benevolência e sabedoria. É uma questão de transformar o rio poluído pelos desejos mundanos, pelo carma e pelo ‘sofrimento em uma pura correnteza de benevolência e sabedoria’ e de transformar ‘ondas negativas’ da vida em ‘ondas de benevolência’. Aqueles que alcançam isso possuem um estado de vida perfeitamente tranquilo e sereno no sentido de que não são perturbados pelos desejos mundanos; ao mesmo tempo, sua vida têm um vigoroso dinamismo. O estado de vida do Buda é como o oceano. Não importando quanta agitação haja na superfície, suas profundezas ficam em absoluta calma e tranquilidade. E a vida do Buda vibra constantemente com ‘ondas de benevolência’. O Buda é chamado de ‘Enviado’ porque as atividades da Lei Mística ‘enviam’ ou se manifestam de uma forma direta e genuína em sua vida. ‘Esta é a iluminação do Buda em perfeita união com a Lei Mística’” (Brasil Seikyo, ed. 1.399, 25 jan. 1997, p. 3).

Ele se tornou um buda ao unir sua vida com a Lei Mística. Essa união acontece quando o ser humano estabelece uma relação de comprometimento ou juramento seigan com a Lei. O estado de buda foi alcançado devido ao seu senso de missão e a coragem de enfrentar os sofrimentos e convertê-los em combustível para a iluminação.

Os dezesseis príncipes

O buda Excelência da Grande Sabe­doria Universal tinha dezesseis filhos, todos príncipes. Ao saber que o pai havia se iluminado, esses príncipes pediram a ele para expor a Lei.

Além dos dezesseis filhos, uma multidão de seres, inclusive os reis Brahma de todo o universo, se uniu aos príncipes com o mesmo pedido. Em resposta, o buda Excelência da Grande Sabedoria Universal expôs a doutrina das quatro nobres verdades e da cadeia de doze causas. Porém, esses ensinamentos representam uma verdade parcial. Em resumo, tais ensinamentos esclarecem que as pessoas atingem a paz e a tranquilidade por meio da extinção dos desejos mundanos [sofrimentos] e, por essa razão, apenas a condição de erudição é conquistada.

Ao ouvirem a doutrina exposta pelo Buda, os dezesseis príncipes não ficaram satisfeitos e imploraram para saber a verdadeira causa de sua iluminação. No momento certo, atendendo ao desejo de seus filhos, ele expôs o Sutra do Lótus.

Maravilhados com o ensinamento, os dezesseis príncipes decidiram trilhar o caminho da unicidade de mestre e discípulo e se comprometeram a ensinar o mesmo Sutra do Lótus às demais pessoas.

Cada um dos dezesseis príncipes instruiu incontáveis seres. Esses seres, por sua vez, se comprometeram também a ensinar o Sutra do Lótus. Assim, existência após existência, renasceram em várias terras com o príncipe que fora seu mestre. É nessa parte da história que consta um conhecido trecho do Sutra do Lótus que diz: “Habitado aqui e lá em várias terras do Buda, renascendo constantemente em companhia de seus mestres” (LS, cap. 7, p. 140).

Depois de contar a história, Sha­kyamuni revela ser ele o décimo sexto príncipe. O Buda revela ainda que as pessoas de erudição que ouviam a história naquele momento e que se tornariam seus discípulos após o falecimento dele seriam os seres que ele havia instruído na terra do buda Excelência da Grande Sabedoria Universal.

Essa história foi contada aos discípulos porque eles insistiam em acreditar que a iluminação significava extinguir os desejos mundanos [sofrimentos] e entrar num estado de perfeita calma e tranquilidade, isolados da sociedade.

Tal como diz o ativista dos direitos humanos, o japonês Shozo Tanaka, “Qual a utilidade para o mundo [você] se retirar para as montanhas e se tornar um sábio? Acredito que se você for um sábio no tumulto da sociedade ou em meio ao conflito e a lutas desonestas — sendo aprimorado, lapidado, aperfeiçoado em meio a estas provações e desafios — naturalmente enriquecerá a sociedade” (TC, ed. 578, out. 2016, p. 58).

Shakyamuni relatou a iluminação do buda Excelência da Grande Sabedoria Universal para indicar aos ouvintes que vencer os desejos mundanos não significa exatamente atingir a suprema iluminação. Sua intenção era abrir os olhos das pessoas para o fato de que a suprema iluminação existe somente na unicidade de mestre e discípulo. E que uma nova era se inicia a partir do forte senso de missão, do compromisso de realizar na sociedade o ideal altruísta ensinado pelo mestre.

A era atual

Já que o forte compromisso de construir uma nova era a partir de si mesmo é o primeiro passo para mudar positivamente a realidade, é preciso conhecer o terreno onde construiremos essa nova realidade. Ou seja, antes de iniciar uma nova jornada, é necessário saber qual é o ponto de partida.

A realidade atual se assemelha à terra “Bem Constituída” do buda Excelência da Grande Sabedoria Universal. Não é preciso ressaltar os diversos problemas que caracterizam o período em que vivemos. Crise política, econômica, moral, filosófica, ideológica, ambiental. Está claro que a sociedade global se encontra num momento crítico e a construção de uma nova era se faz urgente.

A informação mais importante é saber que não é por acaso que as pessoas se sentem impotentes diante dos diversos problemas da sociedade. Existe algo na raiz da era atual que desconecta o ser humano do meio em que vive e cria a ilusão de que suas ações individuais não têm nenhum efeito na transformação da sociedade. Também trilhamos um caminho que parte “das trevas para as trevas”. As ações que visam libertar a sociedade do sofrimento causam ainda mais sofrimento. O exemplo mais grave é o das armas atômicas que visam à proteção de uma nação em detrimento da destruição do planeta. Outro exemplo é o desenvolvimento econômico da sociedade gerando a destruição do meio ambiente.

Num discurso para jovens americanos, o presidente Ikeda falou sobre a obra A Era Atual, do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard, cujo argumento essencial é explicar que “uma época em que as pessoas não têm paixão [senso de missão] e se voltam para seu interior será dominada pela inveja. Quando a inveja está enraizada na vida das pessoas, elas tentam derrubar as outras que se destacam numa tentativa de nivelar a ‘geografia humana’, por assim dizer” (Brasil Seikyo, ed. 1.399, 25 jan. 1997, p. 3).

Por ser a inveja a expressão mais crítica do egoísmo e da covardia, as ações destrutivas dos invejosos têm como objetivo eliminar as pessoas de bem que se destacam e têm condições de mudar a situação por meio da benevolência e da sabedoria. Se as pessoas de bem carecem de um forte senso de missão, elas são literalmente destruídas ou sucumbem ao medo, permanecendo inertes. Dessa forma, a sociedade entra em colapso, pois os indivíduos são nivelados por baixo, no nível da inveja que, nesse ponto, é aceita com naturalidade e até mesmo estimulada como impulso positivo para o sucesso e o crescimento pessoal. Nesse momento, devido à falta de paixão, as pessoas de bem também vão ceder à inveja e rapidamente não existirão pessoas de valor que transformarão a sociedade. Nesse cenário, a apatia resultante do sentimento de impotência e o medo vão prevalecer gerando o caos social, com origem no coração egoísta e invejoso de cada pessoa que abriu mão de sua responsabilidade de transformar a sociedade.

Um cidadão japonês fez a seguinte observação acerca da dificuldade de se encontrar pessoas de bem que possuem forte senso de missão: “O mundo está atualmente num estado lastimável. Os políticos fogem da responsabilidade e gastam todo o seu tempo tentando apenas proteger sua posição. A inveja e a irresponsabilidade, a apatia e a crueldade reinam. Com o país nessa dificuldade, haverá pessoas que vivem com apaixonada devoção a ideais elevados?” (Ibidem).

Essas palavras refletem a falta que faz à sociedade pessoas que dedicam a própria vida por um ideal que transcende interesses egoístas. Afinal, é a sabedoria dessas pessoas que nutrem a sociedade com benevolência.

A importância da benevolência

Afirmar que a benevolência é a chave para a transformação da sociedade pode parecer simplório diante dos graves problemas enfrentados pela humanidade. Para alguns, soa como uma visão escapista, utópica ou mesmo uma postura passiva de não enfrentamento da realidade. Mas isso não é verdade.

A benevolência desperta, motiva e une as pessoas em prol de uma causa que realiza o bem comum. Isso é possível porque, ao despertar nas pessoas a sabedoria benevolente, cria-se uma solidariedade baseada em nossa humanidade comum. Essa “humanidade comum” é a verdade mística que revela que a vida de cada pessoa é o todo, sendo, portanto, digna do mais profundo respeito.

O presidente Ikeda afirma: “Ao mesmo tempo que respeitamos profundamente as diferentes etnias e culturas, devemos criar uma solidariedade fundamental em nossa humanidade comum. Se não houver essa solidariedade, não haverá futuro para a raça humana. A diversidade não deve produzir conflitos no mundo, mas riqueza. E o humanismo do Sutra do Lótus [a vida individual é o todo], que encontra expressão concreta na benevolência, é a chave para isso” (A Sabedoria do Sutra do Lótus, v. 2, p. 95).

Há um episódio na vida de Mahatma Gandhi que ilustra esse ponto. Certa vez, quando uma importante conferência política estava para se iniciar, Gandhi procurava por algo ansiosamente. Ao ser questionado sobre o que estava procurando, Gandhi respondeu: “Perdi meu lápis”.

A conferência estava para começar, e a pessoa que lhe fez a pergunta ofereceu outro lápis. Mas ele disse “Não posso perder aquele lápis”, e continuou a procurá-lo. Quando finalmente o encontrou, as pessoas notaram que era um velho toquinho de lápis que media uns 3 centímetros. Aquele lápis era fundamental porque havia sido doado ao movimento de Gandhi por uma criança. Tal episódio retrata o espírito e a consideração com que ele tratava cada pessoa, não importava quem.

“No movimento pela independência da Índia, como Mahatma Gandhi conseguiu fazer com que tantas pessoas entrassem em ação?”, pergunta o presidente Ikeda.

Ele mesmo responde: “Acredito que a causa fundamental se encontra em seu caráter, polido por sua sincera dedicação e por seus tenazes esforços em prol da verdade. Seu caráter iluminava o coração das pessoas. Somente quando respeitamos a individualidade de cada um, partilhamos as alegrias e as tristezas uns dos outros e inspiramos coragem e esperança uns nos outros é que podemos nos unir em solidariedade. É esse espírito de harmonia e esse senso de inspiração que tornam possível um verdadeiro movimento popular” (A Sabedoria do Sutra do Lótus, v. 2, p. 97).

Comprometimento

Uma pessoa benevolente é feliz porque se dedica à felicidade dos outros. Ele não pensa somente no outro, mas também em si. Possuidora de uma sabedoria profunda, ela é capaz de conciliar sua felicidade pessoal com a felicidade do outro. Isso só é possível quando esse indivíduo possui forte senso de missão.

A natureza de buda que existe nas profundezas da vida humana é o desejo pela felicidade de si e do outro. O ser humano deseja a felicidade para todas as pessoas de maneira instintiva. Porém, quando é influenciado por alguma força externa, caso não tenha forte senso de missão, acaba permitindo que esse desejo instintivo seja ocultado pelos desejos mundanos.

“Esse desejo fundamental pode ser descrito como uma aspiração ou o desejo pela felicidade de si e dos outros”, esclarece o presidente Ikeda. “A simplicidade exata disso pode não parecer reveladora, uma vez que é algo que as pessoas compreendem em algum nível; mas fazer desse espírito o espírito motriz e fundamental é de fato extremamente difícil. Isso porque os obstáculos na forma de desejos mundanos, ignorância, ambição, ciúme, egoísmo e um espírito de divergência impedem as pessoas de assim fazer. Para basearmos nossa vida completamente nisso, portanto, precisamos de um mestre” (Brasil Seikyo, ed. 1.399, 25 jan. 1997, p. 3).

É com um mestre que cultivamos em nós forte comprometimento de viver por um ideal altruísta e aprendemos a respeito de uma fé correta, capaz de vencer a negatividade que oculta a natureza de buda.

Nova era

Para se tornar uma pessoa com senso de missão, possuidora da sabedoria para iluminar a sociedade com a luz da benevolência, é preciso se comprometer com a construção de uma nova era a partir de si e com base na unicidade de mestre e discípulo.

Nova era se refere ao esforço de tornar o “respeito absoluto à dignidade da vida” como princípio norteador da sociedade. É o “esforço”, e não somente o “ponto de chegada” resultante desse empenho. A realização desse propósito é responsabilidade de todo ser humano. Cada pessoa cria uma nova era para si ao se tornar um farol que guia a sociedade em direção ao porto seguro do respeito da grandeza da vida humana.

Na filosofia budista, a expressão “vida humana” não se limita somente às pessoas. Refere-se ao ser e seu ambiente, que são inseparáveis. Essa expressão revela que o ser humano individual, o ambiente em que vive, as outras pessoas e demais seres viventes são uma única entidade. Isso não significa que cada ser é uma parte que, somada às outras, forma o universo. A visão budista diz que cada ser vivente é o “todo universal”. Essa é a correta percepção da vida adquirida por aqueles que manifestam a iluminação.

No diálogo A Sabedoria do Sutra do Lótus consta: “Para alguns, talvez seja difícil compreender tal princípio. Provavelmente, isso se deve ao fato de estar além do raciocínio comum que diz que um conjunto de partes forma um todo. Porém, essa suposição se torna limitada em comparação à profunda visão budista que expõe que a parte, ou o fragmento, é o próprio todo” (Brasil Seikyo, ed. 1.514, 10 jul. 1999, p. 3).

A implicação prática dessa visão é a percepção de que “a vida de cada pessoa é tão valiosa quanto o universo, é una com a vida do universo e tem a mesma importância”, tal como afirma o presidente Ikeda (Brasil Seikyo, ed. 1.577, 28 out. 2000, p. 3).

O líder da SGI ainda diz: “O conceito de verdadeiro aspecto, visto da perspectiva de que a parte é o todo, com certeza transcende nosso raciocínio comum. É por isso que esse conceito é considerado impenetrável ou ‘místico’” (Brasil Seikyo, ed. 1.514, 10 jul. 1999, p. 3).

Por ser místico, essa sabedoria não é transmitida de uma pessoa para outra por meio de uma relação intelectual, e sim por uma relação de comprometimento [unicidade de mestre e discípulo]. Ou seja, por ser “sabedoria”, e não mero conhecimento, ela não é compreendida apenas lendo livros, por meio de teorias ou por uma prática focada em realizar interesses egocêntricos. É preciso se comprometer e viver com o mesmo propósito ensinado por essa visão. E esse propósito é a benevolência budista — a expressão mais profunda do respeito à dignidade da vida humana.

A benevolência nasce da sabedoria que compreende que a vida do indivíduo é o todo. Dessa forma, tudo na vida de uma pessoa benevolente, até mesmo o sofrimento e a negatividade, são combustíveis para produzir iluminação.

Liberte seu poder interior

Outro ponto fundamental é saber que o Gohonzon do Nam-myoho-renge-kyo é a expressão concreta dessa “verdade mística” ou visão a respeito do verdadeiro aspecto da vida humana como o “todo universal”.

Esse é um ponto essencial, pois despertar para essa verdade mística não traz ao indivíduo somente sabedoria, libera na mesma proporção o potencial ilimitado da vida universal que existe dentro dele. Ou seja, com base na “sabedoria acerca dessa verdade”, a pessoa acredita que sua vida é o todo, desperta em si esse poder universal infinito. Esse é o processo da iluminação resultante da troca da fé pela sabedoria.

Vamos repetir esse processo no contexto da prática budista de um integrante da SGI: com base na “sabedoria acerca dessa verdade” [Gohonzon], a pessoa “acredita que sua vida é o todo” [fé no Gohonzon como espelho da própria vida], “desperta em si esse poder universal” [iluminação].

Ter uma correta fé no Gohonzon é tomar “emprestada” a sabedoria de Nichiren Daishonin e usá-la para despertar em si a mesma iluminação conquistada por ele. Essa fé correta pressupõe praticar com o mesmo espírito que o dele [agir com benevolência em meio à sociedade].

Quando um praticante budista, motivado por sua fé no Gohonzon, se compromete a viver com o mesmo propósito ensinado por essa visão [benevolência], manifesta a iluminação de maneira concreta na vida diária [kosen-rufu], e a partir de si mesmo, de seu sólido senso de missão, constrói uma nova era para a sociedade.

Conclusão

Vimos que a benevolência surge da percepção de que a vida humana é o todo e, por isso, todas as formas de vida são dignas do mais supremo respeito. Mesmo que não seja possível chegar a essa percepção por meio de uma relação intelectual, podemos fazê-lo por meio de uma fé comprometida com o kosen-rufu que, em outras palavras, significa praticar e propagar o budismo com a mesma “fé comprometida” ou senso de missão do mestre.

Como explica o presidente Ikeda: “Nós podemos incorporar essa benevolência e propagá-la por todo o mundo, se nos dedicarmos ao shakubuku. (...) Certamente é difícil para nós, pessoas comuns, manifestarmos espontaneamente essa benevolência; não obstante, em vez disso, podemos nos armar de coragem. Quando praticamos e propagamos com coragem a Lei da benevolência, esse esforço equivale a empreender uma ação benevolente. Esses esforços naturalmente conduzirão ao desenvolvimento de relações humanas positivas, baseadas na benevolência e no amor que se propagam de um indivíduo a outro. Nosso desafio está em infundir a cálida correnteza da benevolência no mundo da escuridão fundamental e em nos empenhar incansavelmente para criar um mundo em que as pessoas sintam empatia umas pelas outras com base no ensinamento budista da origem dependente, que explica a inter-relação entre todas as coisas” (Explanação Abertura dos Olhos, p. 293).

A benevolência é a expressão da iluminação do mestre e a prática do discípulo. Mesmo que seja difícil sentirmos a benevolência espontaneamente, podemos ter a coragem de adotar a luta do mestre como a nossa e praticar a benevolência em meio à realidade cotidiana.

A coragem substitui a benevolência quando agimos com forte senso de missão. Portanto, vamos iluminar a sociedade com a luz da benevolência por meio do nosso esforço em cumprir o juramento de lutar ao lado do Mestre em prol do kosen-rufu.

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