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Crônica

Tesouro invisível

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12/11/2016

Tesouro invisível
“Olhar para trás após uma longa caminhada pode fazer perder a noção da distância que percorremos, mas se nos detivermos em nossa imagem, quando a iniciamos e ao término, certamente nos lembraremos o quanto nos custou chegar até o ponto final, e hoje temos a impressão de que tudo começou ontem.” Guimarães Rosa

Nasci numa boa e humilde família, recebi boa educação e bons valores sobre a vida. Desde muito cedo aprendi quanto o esforço conduzido pela boa sorte nos transforma. Comecei a trabalhar aos 12 anos. Devido ao desemprego do meu pai, consegui meu primeiro emprego numa barraca de frutas na feira. Lembro-me com muito orgulho da alegria estampada no olhar da minha mãe quando eu chegava em casa com sacolas de frutas, verduras e legumes, o que por algum tempo garantia nosso sustento e minha satisfação em poder fazer a diferença.

Logo aos 14 anos já estava no meu segundo emprego, era office-boy numa grande empresa em São Paulo. Fiz grandes amigos, me diverti muito e aprendi ainda mais. Aos 20 anos, consegui iniciar o tão sonhado curso de direito numa universidade no interior de São Paulo. Trabalhava na capital, pois precisava custear os estudos, e viajava cerca de 150 quilômetros todos os dias de casa até o trabalho e depois para a faculdade. Foram dias de pouco sono e lazer, mas de muito esforço e valor. Adorava o curso e sonhava um dia me tornar excelente advogado.

Por essa razão, assim que pude, solicitei minha transferência para o departamento jurídico na empresa em que trabalhava. No entanto, ela foi negada, e eu teria de me contentar com o trabalho no departamento de comunicação.

Meu trabalho todos os dias era ler os principais jornais do país e montar um apanhado de recortes que eram lidos pela diretoria. Eu me esforçava ao máximo para compreender e analisar os textos. Aos poucos fui percebendo a sutil diferença que os jornais faziam na abordagem de uma mesma matéria e quanto o toque de quem escrevia os textos fazia a diferença. Mas, sinceramente, não tinha esperança de aplicar aquilo na vida. Pensava que cada dia fora da área jurídica seria prejudicial para minha carreira e confesso que essa angústia me acompanhou durante um bom tempo.

Em meio a isso, desafiava na prática budista individual, como também nas atividades da organização. Nessas ocasiões, lembrava-me dos preciosos incentivos do presidente Ikeda: “Faça o seu melhor hoje. Acumule boa sorte!”.

Em 2001, comecei a trabalhar na BSGI e, em setembro de 2009, fui informado que passaria a trabalhar na Editora Brasil Seikyo. Recordei-me, então, de tudo aquilo que aprendi e vivi. Após dez anos, todo o trabalho que tive e empreendi fez sentido. Graças às minhas experiências, pude entender melhor a dinâmica da empresa e dos profissionais da área jornalística e assim contribuir da melhor forma para o cumprimento da minha atual missão profissional.

Hoje, compreendo perfeitamente o significado de acumular boa sorte. Ao observar aquele passado com as lentes de agora, percebo que todo esforço valeu a pena. É preciso ter convicção e fazer o que tem de ser feito da melhor maneira possível.

Resolvi relatar esse episódio a você, caro leitor, com o desejo de dividir um grande aprendizado. Na vida tudo tem um significado. A vitória é determinada pelo modo como se encara o desafio à frente. Portanto, realize sua tarefa dignamente, por mais simples que pareça, e acumule boa sorte — o tesouro invisível. Viva com a esperança de que seu futuro está sendo construído por você com as cores e o pincel que utiliza aqui e agora. Seja a melhor versão de si mesmo a todo momento. E como diria o poeta Fernando Pessoa: “Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes”.

Ricardo Shin-iti Miyamoto

Redação

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