marcar-conteudoAcessibilidade
Tamanho do texto: A+ | A-
Contraste
Cile Logotipo
Reflexões Sobre a NRH

[21] Três de Maio e o espírito da Soka Gakkai

Por Ho Goku1

download do ícone
ícone de compartilhamento

11/11/2017

[21] Três de Maio e o espírito da Soka Gakkai
Nessa data, um intrépido leão se levantou. No dia 3 de maio de 1951, nosso mestre, Josei Toda, tomou posse como segundo presidente da Soka Gakkai. Um forte rugido pela propagação do budismo e em prol da paz mundial e felicidade de toda a humanidade reverberou por todo o país: “Darei minha vida pela propagação do budismo! Prometo concretizar, com meus próprios esforços, a conversão de 750 mil famílias durante a minha existência!”.

Ele não disse “com nossos esforços”, mas “com meus próprios esforços”. Quando a cerimônia de posse terminou, os membros ergueram Toda sensei e começaram a lançá-lo para o ar tomados de alegria. O entusiasmo era tanto que os óculos dele quase caíram.

Imediatamente, corri para ampará-lo e protegê-lo no meio daquele alvoroço. Prometi, sob quaisquer circunstâncias, proteger meu mestre, uma pessoa indispensável ao movimento pelo kosen-rufu. Ainda me lembro vividamente do peso do seu corpo em meus braços enquanto o amparava naquele dia.

Toda sensei nunca dependia dos outros. Katsu­tane Baba, que era responsável pelo Distrito Tsukiji, em Tóquio, Japão, durante os primórdios do nosso movimento, escreveu sobre o Sr. Toda na revista de estudos da Soka Gakkai, Daibyakurenge:

“Quando ele viu como nosso progresso estava lento, falou rigorosamente aos líderes: ‘Se os senhores não encaram a realização do kosen-rufu com seriedade, então podem deixar o cargo e ir embora! Não precisamos de covardes aqui. Amanhã, basta prender um folheto descrevendo os benefícios do Gohonzon em uns cem cães e soltá-los por toda a Tóquio! Eu mesmo me encarregarei do restante do movimento pelo kosen-rufu!’”.

Determinado a dar prosseguimento ao trabalho deste grande mestre, levantei-me resolutamente como seu discípulo. Muitos outros jovens, um após outro, seguiram meu exemplo e fizeram o mesmo, comprovando o brado de nosso mestre: “Jovem, basta que um se levante! Então, dois, três o seguirão infalivelmente!”. Sob a liderança inspiradora de Toda sensei, nós, jovens, geramos o ímpeto para a concretização de 750 mil famílias.

União não é apenas estar juntos ou apoiar-se uns nos outros. A verdadeira união está na luta conjunta de indivíduos corajosos que partilham e põem em ação o “espírito de levantar-se só”. Nessa união reside a chave para atingir o empreendimento sem precedentes do kosen-rufu.

***

O desejo mais acalentado pelo Sr. Toda era o surgimento de jovens a quem pudesse confiar a missão do kosen-rufu quando não mais estivesse ali. Ele costumava entoar a Canção dos Companheiros, e quando chegava à estrofe “Não poupo minha vida / Mas onde estão os jovens porta-estandartes?”, olhava fixamente para mim. Seus olhos pareciam dizer: “Conto com você depois que eu partir. Você está me entendendo?”.

***

O magnífico céu azul parecia brilhar eternamente. Passaram-se dois anos desde o falecimento de Toda sensei. No dia 3 de maio de 1960, tomei posse como terceiro presidente da Soka Gakkai. Daquele momento em diante, assumi a liderança sem interrupção, enfrentando tempestades e ventos bravios, encerrando em meu coração a promessa de Nichiren Daishonin: “Não importa que os deuses me abandonem. Não importa que eu tenha de enfrentar todas as perseguições. Ainda assim, darei a vida em prol da Lei” (CEND, v. I, p. 293). Também nunca me esquecerei das seguintes palavras do meu mestre: “O kosen-rufu será atingido sem falta se houver um único jovem disposto a dar a vida por esta causa”. Dia após dia, enfrentei várias dificuldades e perseguições, mas sempre conduzi destemidamente nosso movimento, considerando a perseguição como a mais suprema honra.

A Soka Gakkai estava sendo duramente atacada por todos os lados quando chegou o dia 3 de maio de 1970 — meu décimo ano como presidente. O mesmo ocorreu no dia 3 de maio de 1979 — data que marcaria o início dos meus vinte anos como presidente.

Entretanto, poucos dias antes, renunciei à presidência e me tornei presidente honorário da Soka Gakkai. Por trás de tudo isso estavam os esquemas de alguns conspiradores — um grupo de membros e sacerdotes traiçoeiros que desejavam meu afastamento e, uma vez que a organização estivesse sem líder, eles a manipulariam em benefício próprio.

A Reunião Geral de Líderes de Regional no dia 3 de maio daquele ano foi realizada no ginásio da Universidade Soka, em meio aos ataques, insultos e difamações que só podiam ser descritos como pura loucura. Os líderes centrais da Soka Gakkai não conseguiam esconder a incerteza e a ansiedade. Mostravam-se hesitantes receosos em me aplaudir, com medo de ofender os reverendos presentes. Aquela foi realmente uma cena triste; não, pior, foi lamentável.

Quando deixei o ginásio após a reunião e me dirigi por um corredor que dava para o outro prédio, um grupo de integrantes da Divisão Feminina gritou para mim: “Sensei!”. Algumas daquelas senhoras trouxeram seus filhos com elas. Estava claro que haviam esperado por mim durante horas. Havia lágrimas em seus olhos. “Muito obrigado!”, eu disse em voz alta. “Espero que todas estejam bem!”. Acenei vigorosamente para elas e as encorajei com todo o meu ser.

Nesse momento, pensei: “E agora, quem irá proteger essas pessoas tão boas? Quem irá se empenhar pela felicidade delas? O que acontecerá se ‘animais trajados com mantos clericais’, cruéis e indiferentes, começarem a ditar ordens a essas pessoas?”.

***

Depois dessa reunião, não voltei para a sede da Soka Gakkai em Shinanomachi. Fui direto para o Centro Cultural de Kanagawa. Fiz isso porque havia determinado que iniciaria uma nova luta a partir desse local em Yokohama, do qual se tinha o panorama de um porto da paz se estendendo para o mundo inteiro.

No dia 5 de maio, imaginando o rosto do meu mestre, registrei minha promessa em forma de caligrafia. Escrevi uma única palavra: “Justiça”. Sabia que minha verdadeira batalha estava apenas começando. Independentemente das circunstâncias em que me encontrava, lutaria resolutamente, mesmo que estivesse sozinho. Determinei firmemente em meu coração que triunfaria — com base no verdadeiro espírito de unicidade de mestre e discípulo.

***

Quase duas décadas se passaram. A cidade de Kanagawa daqueles dias permanece tão vívida em minha mente como se fosse ontem: o porto se estendendo para o mundo; o belo Parque Yamashita repleto de pessoas a caminhar e a apreciar a paisagem; e os elegantes membros do [grupo] Sokahan correndo de um lado para o outro, com o coração sereno, mas com inabalável determinação.

Minha promessa daquele dia de assumir a liderança na abertura de um segundo capítulo do movimento pelo kosen-rufu, de desembainhar a “espada da Lei”, a “espada preciosa da fé”, e com ela cortar todas as adversidades e triunfar infalivelmente sobre o mal era o maior dos compromissos.

Hoje, pessoas do mundo inteiro depositam grandes expectativas na SGI e apoiam e aplaudem calorosamente nossos empreendimentos.

Três de Maio é um dia em que um brilhante arco-íris irrompe da sombria tempestade de intrigas, resplandecendo em matizes de vitória e glória. É o dia em que nós, defensores da nobre causa do kosen-rufu, nos levantamos para uma nova partida em nossa jornada ao longo do indestrutível caminho dourado do budismo que se estende por toda a eternidade.

Compartilhar nas