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Desperte para o propósito da sua vida

Cumpra a missão como bodisatva da terra e vença qualquer desafio

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17/03/2018

Desperte para o propósito da sua vida

Qual caminho tomar?

Uma famosa obra infantil publicada pela primeira vez em 1865, na Inglaterra, conta a história de Alice, uma garotinha que, correndo pelo jardim atrás de um coelho, cai na toca dele e entra em outro mundo: “o país das maravilhas”.

O livro que já inspirou adaptações para o cinema e para a TV tem uma cena clássica em que Alice está perdida, andando por aquele lugar desconhecido, quando encontra um gato no alto de uma árvore, e pergunta:

— Por favor, queria saber qual caminho tomar?

— Bom, isso depende do lugar aonde quer ir.

— Ora, isso não importa...

— Então não importa que caminho tomará.

Esse diálogo deu origem à máxima “Quem não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve”. É verdade! O propósito é a bússola que o guia pelo caminho para a conquista dos seus objetivos.

Pode parecer uma discussão abstrata, mas questionar-se a respeito do caminho que quer tomar é fundamental diante de qualquer esfera e, por que não dizer, da nossa própria vida.  

As pessoas têm propósitos distintos enquanto realizam a mesma atividade. Por exemplo, no mesmo ambiente profissional, todos estão trabalhando, mas com propósitos diversos — obter reconhecimento pessoal, sustentar a família, e por aí vai. Essa diferença entre a intenção que eles têm ao trabalhar impacta diretamente no empenho, na satisfação e até no sucesso da tarefa que desempenham.

O mundo dos negócios nos prova com números os efeitos positivos de ter um propósito. Os criadores de uma empresa americana de artigos infantis, ao avaliarem para que ela tinha sido fundada, chegaram à conclusão de que a razão de sua criação era cuidar dos pais, que se desdobravam para equilibrar múltiplas tarefas, enquanto também cuidavam dos filhos. E assim estabeleceram como propósito We cradle those, who cradle them [“Cuidamos daqueles que cuidam dos outros”]. Fabricar carrinhos de bebês era sua atividade-fim. A assimilação de “para que faziam isso” fez aumentar o faturamento em 28%.

Quando você responde “para quê” está tomando esta ou aquela atitude, encontra o propósito de ter escolhido este ou aquele caminho. O presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, disse certa vez: “Gosto de perguntas que começam com ‘para quê?’. Para que você estuda? Para que persevera? Para que você existe? Essas perguntas são mais importantes quando pensamos sobre os nossos sonhos e o futuro” (Brasil Seikyo, ed. 2.112, 1º jan. 2012, p. B1).

O propósito do budismo

Para que, então, existe a religião? Em sua explanação do escrito Carta para Shimoyama, Ikeda sensei conta que Shakyamuni e Nichiren Daishonin buscaram incessantemente esclarecer qual o propósito da religião, e afirma que “a religião existe para a felicidade das pessoas” (TC, ed. 595, mar. 2018, p. 48).

Guiados pelo propósito de fazer as pessoas felizes, Sha­kyamuni fundou o budismo e Nichiren Daishonin revelou o Nam-myoho-renge-kyo como a essência da prática dessa religião. Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, primeiro e segundo presidentes da Soka Gakkai, também estavam orientados por esse mesmo propósito quando fundaram a organização. 

Logo, o propósito do budismo praticado dentro da Soka Gakkai é a felicidade de todos.

Aquela empresa de artigos infantis fazia carrinhos de bebê com o propósito de cuidar dos pais, para que pudessem assim cuidar dos filhos. Da mesma forma, a Soka Gakkai promove diversas atividades que estimulam o diálogo, o estudo, a cultura com o propósito de fazer as pessoas felizes. Essa é a essência que liga Shakyamuni, o senhor dos ensinamentos, e a Soka Gakkai da qual somos hoje associados.

Para que praticar uma religião?

As pessoas têm diferentes motivações também para buscar ou não uma religião. Existe uma infinidade de razões que movem o ser humano a exercitar a fé: problemas de relacionamento humano, questões financeiras, de saúde. Invariavelmente, para a pessoa que está sofrendo, ultrapassar os problemas é ser feliz.

Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, oferecia orientações individuais para aqueles que estavam enfrentando duras questões na vida diária. Ele se dedicava a incentivar calorosamente as pessoas que, atordoadas por seus problemas, chegavam a questionar se seriam felizes um dia”. 

Diante dessa questão, Ikeda sensei afirma: “O presidente Josei Toda ouvia as profundas angústias de todos e, demonstrando empatia como se os sofrimentos deles fossem seus, ele os incentivava de um modo capaz de tocar o coração e inspirá-los a ativar o grande poder da fé e da prática. ‘Você vai conseguir’, assegurava a cada um. ‘Se praticar esta fé, infalivelmente será feliz. Torne-se um campeão do espírito. Viva de forma plena e com o orgulho de ser um valoroso membro da Soka Gakkai’” (Brasil Seikyo, ed. 2.361, 25 fev. 2017, p. B3).

O propósito fundamental do budismo é tornar todas as pessoas felizes e, como assegurado pelo presidente Josei Toda, “se praticar esta fé, infalivelmente será feliz”.

União de propósitos

Não há problema em praticar o budismo recitando daimoku para ultrapassar seus problemas ou para alcançar objetivos individuais. Mas a essência dos desejos pessoais está em questionar a si mesmo “para que quero isso?”.

Quando Ikeda sensei disse que gosta de perguntas que começam com “para quê”, ele continuou dizendo: “Se seus sonhos são apenas para si mesmo, eles tendem a terminar em vão, resultando somente em egoísmo ou desobediência, isto é, uma existência solitária. Viver para as pessoas, os pais, a sociedade, a justiça e a paz — esses sonhos construídos sobre a extensão desses objetivos de vida são genuinamente grandes sonhos” (Brasil Seikyo, ed. 2.112, 1º jan. 2012, p. B1).

Então, o que não faz sentido é praticar o budismo buscando apenas a própria felicidade ou ter desejos que impedem a felicidade do próximo. Se o propósito dessa religião é a felicidade de todas as pessoas, seus objetivos pessoais têm de estar alinhados a isso.

Em sua explanação do escrito Carta para Shimoyama, Ikeda sensei ensina: 

Devemos traçar uma clara distinção entre crentes e praticantes. Embora seja incontestável que alguém que creia [na Lei Mística] terá suas orações respondidas e muitos benefícios, isso isoladamente não constitui a prática de bodisatva. Não existe algo como um buda egocêntrico que simplesmente acumula benefícios pessoais e não trabalha para o bem-estar do próximo. A menos que realizemos a prática de bodisatva, não poderemos atingir o estado de buda. Dedicar-se a fazer o bem às pessoas com o sentimento de um pai é o que o torna um verdadeiro crente, ou melhor, o verdadeiro praticante. (TC, ed. 595, mar. 2018, p. 62)

Verdadeiro praticante

Agora você já está preparado para responder “para que pratica o budismo”. 

Quando entende em seu interior que suas ações, que compreendem a prática budista — recitar diariamente o Sutra do Lótus e o Nam-myoho-renge-kyo, ir às reuniões, fazer e receber visitas familiares, realizar o shakubuku —, são definitiva e exclusivamente para o bem das pessoas, passa a viver todos os dias com um propósito. Você sabe que esse propósito ultrapassa o âmbito da religião, não existe somente no exercício budista, mas em sua conduta e nas ações e tarefas diárias como ser humano.

A vida do verdadeiro praticante do budismo não é uma sucessão de fatos aleatórios, e sim uma sequência de escolhas conscientes com objetivos essenciais, porque você vive todos os momentos para cumprir seu juramento pela felicidade das pessoas.

A missão dos bodisatvas da terra

Despertar para a missão como bodisatva da terra está além de tomar consciência disso e estabelecer uma elevada condição de vida, são suas ações genuínas e espontâneas pelo bem do próximo.

No romance Nova Revolução Humana, o presidente Ikeda descreve sobre os vários momentos difíceis que os membros da Soka Gakkai enfrentaram, ao viverem em prol do seu juramento, e sobre a altivez que mantinham em seu coração:

Os companheiros que despertavam para a nobre missão de promover o kosen-rufu visitavam tanto as pes­soas humildes como as pes­soas socialmente privilegiadas para explicar o budismo com toda a convicção. Entretanto, muitas vezes as visitas terminavam em uma discussão acalorada. Ouviam até mesmo desaforos: “Venham falar sobre felicidade quando resolverem seus próprios problemas!” ou “Vou acreditar em suas palavras quando curarem suas doenças!”.

Essas pessoas eram também ameaçadas com baldes de água, caso não fossem embora. Outras vezes eram simplesmente barradas de entrar, se o assunto fosse o budismo. Apesar desses entraves, ninguém desanimava. Pelo contrário, fortaleciam cada vez mais a coragem de propagar o budismo, a convicção na prática da fé e a esperança de se tornarem felizes. Assim, todos manifestavam a atitude de um bodisatva da terra e de emissário do Buda.

Embora enfrentassem dificuldades, estavam mais preocupados com os problemas dos outros e com o futuro do Japão e do mundo. Na verdade, haviam criado imperceptivelmente uma condição de vida baseada em uma resolução muito mais forte do que seus problemas pessoais. Essa mudança interior gradativamente gerou a melhoria nas circunstâncias diárias e os benefícios da prática budista cristalizavam-se na jornada em direção à felicidade. As pessoas aprendiam que viver em prol do kosen-rufu junto com um mestre era o caminho direto para a revolução humana e para a transformação do destino rumo à felicidade absoluta. Compreendiam também que a participação nesse grandioso empreendimento era um privilégio concedido aos membros da Soka Gakkai. (Brasil Seikyo, ed. 1.750, 5 jun. 2004, p. A7).

“Aqueles que mais sofreram merecem ser os mais felizes”

Essas pessoas que iniciaram a prática enfrentando duras adversidades na vida, ao se dedicarem a um bem maior, ultrapassaram naturalmente as questões pessoais. A Soka Gakkai também é prova desse glorioso triunfo. Antes identificada como uma organização de pobres e doentes, hoje desfruta prestígio e reconhecimento no Japão e no mundo, porque se manteve inabalável em seu propósito.

Os bodisatvas da terra são nobres pessoas que desafiam a si mesmos e buscam incansavelmente a felicidade do próximo. Esse é o propósito do verdadeiro praticante do budismo, não apenas ao realizar gongyo e participar das reuniões, mas ao se levantar todas as manhãs, no encontro com cada pessoa, dentro da família e no local de trabalho. E assim como a empresa de artigos infantis obteve extraordinário crescimento ao distinguir seu propósito e atuar com base nele, praticar o budismo — recitando diariamente Nam-myoho-renge-kyo e empreendendo ações pela felicidade de si e das pessoas — turbinará o potencial de benefícios em sua vida.

Ikeda sensei conta o exemplo de uma senhora que demonstrou com a própria vida o valor de não perder de vista seu propósito em meio às mais intensas dificuldades:

Uma integrante da Divisão Feminina, mãe de seis filhos, que reside num pequeno porto de pesca, no nordeste de Hokkaido, perdeu o marido e depois um amado filho, que faleceu repentinamente num acidente. Mesmo passando por essas tragédias, não se permitiu ser derrotada. Ela relata que todas as manhãs entrega o jornal Seikyo Shimbun, com 

a Canção da Revolução Humana reverberando no coração. Um trecho dessa música afirma: “Uma vez que surgimos como bodisatvas da terra / Temos uma missão a cumprir neste mundo”.

Essa senhora construiu amplo círculo de confiança e de amizade em sua localidade, permitindo que muitas pessoas criassem laços com o Budismo Nichiren. E também criou cinco filhas como excelentes mulheres. Ela diz sorrindo: “Por causa das dificuldades que enfrentei, fui capaz de despertar para essa mais sublime missão. Por gratidão, quero ensinar a Lei Mística para mais e mais pessoas. Propagar o Budismo Nichiren é a fonte da felicidade”. (TC, ed. 541, 14 set. 2013, p. 4)

Seu propósito de vida

A Alice [no país das maravilhas] estava completamente perdida sem saber que caminho tomar, e pior, sem saber nem ao menos aonde queria chegar. Os praticantes do budismo têm um claro caminho, o de mestre e discípulo, e enxergam exatamente aonde querem chegar, à realização do kosen-rufu.

O presidente Ikeda incentiva: 

Uma existência vivida de forma grandiosa tem desafios grandiosos também. E por existirem tais desafios é que conseguimos expandir enormemente nosso estado de vida. Liev Tolstói (1828– -1910), famoso escritor russo de um espírito gigante, disse que quando se via num impasse procurava se lembrar qual era o propósito de sua vida. Por sempre retornar a esse ponto, conseguia então observar as adversidades com calma e superá-las. “Quando as pessoas despertam para a sua verdadeira missão na vida, podem vencer qualquer desafio”. Esta era sua determinação. Todos nós nascemos neste mundo com a nossa própria missão, que é única e insubstituível. Ao aprofundarmos a consciência sobre nossa missão, nosso coração também se torna amplo e profundo. 

Se nos dedicarmos fortemente a essa missão, nossa vida se fortalecerá da mesma maneira. (TC, ed. 541, 14 set. 2013, p. 4)

Vamos despertar todos os dias sem perder de vista nosso propósito, ao praticarmos o budismo e vivermos como bodisatva da terra: conduzirmos todas as pessoas ao caminho da felicidade.

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