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Reflexões sobre a Nova Revolução Humana - Por Ho Goku¹

No Ano da Gloriosa Vitória, TC continua a republicar a série Reflexões sobre a Nova Revolução Humana — originalmente veiculada no jornal Seikyo Shimbun de 1998 a 2004. Nela, o presidente Ikeda revela o fundo de cena dos fatos relatados no romance Nova Revolução Humana, compartilha momentos pessoais e do convívio particular e expressa seu mais puro sentimento com relação ao seu mestre, Josei Toda, cultivado em meio à luta pelo kosen-rufu.

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17/03/2018

Reflexões sobre a Nova Revolução Humana - Por Ho Goku¹

[26] - Democracia e budismo

Existe verdadeira democracia no Japão? Qual tem sido a resposta do nosso governo ante à recente crise financeira? Preocupa-se em proteger os interesses dos grandes e poderosos à custa dos fracos e indefesos. E quanto à classe burocrática? Carece por completo do espírito de servir e tende a considerar-se superior, pondo o povo em um plano inferior. E nossos políticos? Dizem uma coisa e fazem outra; em tempo de eleição, aparentam prestar louvores à soberania do povo, quando na realidade não poderiam estar mais desinteressados do bem público; a única coisa que realmente lhes interessa é o benefício pessoal. O que acontece com a imprensa? Há determinados setores de procedimento vergonhoso que se associam àqueles no poder e que difundem, sem o menor escrúpulo, notícias pré-fabricadas que violam os direitos humanos.

As pesquisas mostram que quase 70% do povo japonês acredita que o país está seguindo na direção errada; a sociedade impotente e resignada está convencida de que nada do que diga ou faça mudará a situação. Setecentos anos atrás, Nichiren Daishonin escreveu: “Vivemos numa era de conflitos, em que as pessoas sentem que há muito pouco a fazer” (The Major Writings of Nichiren Daishonin, v. VI, p. 281). Essas palavras também se aplicam ao Japão atual.

Em 1946, logo após a Segunda Guerra Mundial, a editora do Sr. Toda, Nihon Shogakkan, publicou no Japão um dos primeiros livros sobre a questão da democracia. O primeiro volume da obra foi intitulado Minshushugui Daikoza [Um Estudo Abrangente sobre Democracia]. Na época, a palavra “democracia” estava em voga no Japão. Todo mundo proclamava sua importância e depositava grandes esperanças no que ela podia fazer pelo país. Porém, não existia verdadeira compreensão do conceito de “povo” como soberano, e o termo “democracia” considerava a vida como algo abstrato e dissociado da realidade.

Toda sensei sabia que, se o povo não estivesse bem informado e devidamente instruído, a democracia se degeneraria em um governo demagogo, que nutriria a sociedade com propósitos distorcidos resultando na violação dos direitos humanos. No livro A República, Platão descreveu cinco tipos de governo, sendo o primeiro deles o do rei-filósofo. Em sua classificação, a democracia ocupa o penúltimo lugar, porque se os indivíduos que formam o Estado democrático carecem de autodisciplina e de cultura, essa forma de governo pode, em nome da liberdade, transformá-los em escravos de seus próprios desejos.

O presidente Josei Toda se preocupava muito com essa possibilidade, e por um longo tempo ponderou em como poderia assegurar que a democracia japonesa se tornasse real e duradoura. Por isso, decidiu publicar a obra Um Estudo Abrangente sobre Democracia.

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O primeiro volume da série analisava os princípios e a história da democracia. Nele constava o ensaio “A Democracia nos Estados Unidos”, escrito por um professor universitário, que destacava o seguinte: “A democracia genuína se baseia em uma crença e em um compromisso essencialmente religioso por natureza”. Essa é uma percepção aguçada. A verdadeira democracia só é possível com uma filosofia que eleve e enobreça cada indivíduo para que então esses seres independentes, com seus espíritos enriquecidos, se unam pela causa comum do bem-estar mútuo.

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O Sr. Toda costumava dizer com frequência que o Budismo de Nichiren Daishonin era a forma suprema de democracia. O Buda enfatizou a importância das pessoas comuns ao afirmar que “O rei considera o povo como se este fosse seus pais” (Gosho Zenshu, p. 1554), e dizia àqueles no poder que atuassem como “os braços e as pernas do povo” (Ibidem, p. 171). A essência do budismo está em reconhecer o nobre buda em cada pessoa.

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Um mês depois da publicação desse primeiro volume e a pedido do Sr. Toda, o autor do ensaio mencionado anteriormente proferiu uma palestra para sacerdotes instrutores no templo principal. Toda sensei dedicou-se ao máximo para que os sacerdotes da Nichiren Shoshu não ficassem para trás na marcha do tempo. Pouco depois da guerra, o sumo prelado Nichijun Shonin também escreveu sobre democracia e religião, criticando duramente e chamando de inimiga da democracia “qualquer religião que insultasse a dignidade do indivíduo e procurasse iludir as pessoas”. No entanto, longe de acatar as palavras do sumo prelado, a maioria dos reverendos fez exatamente o que ele tanto havia condenado.

A seita Nikken proclama sem o menor constrangimento a superioridade absoluta dos clérigos sobre os adeptos e desdenha as pessoas que se empenham incansavelmente para propagar os ensinamentos de Daishonin pela paz e pela felicidade de todos; essa atitude a torna “inimiga da democracia” a qual se referiu o sumo prelado Nichijun Shonin.

Ao longo dos anos, a Soka Gakkai veio propagando a filosofia da felicidade do Budismo de Nichiren Daishonin entre as pessoas que moram nos lugares mais distantes e carentes da sociedade, que têm suportado doenças, pobreza e sofrimentos indescritíveis, e lhes tem levado a luz da esperança e da coragem. Esses amigos que despertaram para a própria missão por meio da fé continuam realizando grandes contribuições à sociedade como construtores de uma nova era.

A era do povo será a de pessoas fortes e sábias, de verdadeiros líderes que atuam na sociedade. Numa era em que a democracia existe apenas como nome, como ocorre aqui no Japão, nós, membros da Soka Gakkai, geramos um movimento em prol da genuína democracia.

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Por isso, as pessoas de poder que desejam controlar o povo farão de tudo para difamar a Soka Gakkai e derrubá-la. Será que as pessoas não se dão conta de que estão tentando derrubar o pilar do Japão? Em anos recentes, temos observado em muitas regiões sinais de um retrocesso ao nacionalismo, à crença de que as pessoas existem para o bem da nação-Estado. Jamais devemos nos esquecer de que o nazismo alemão teve origem na constituição democrática de Weimar. Sem uma base filosófica verdadeiramente humana, a democracia é extremamente frágil.

É por essa razão que a Soka Gakkai deve triunfar.

[27] - As atividades dos nossos companheiros da Divisão Sênior

Muitos depositam grande confiança e têm elevada expectativa nos membros da Divisão Sênior (DS), os “pilares do kosen-rufu”. E as integrantes da Divisão Feminina (DF), as “mães do kosen-rufu”, expressam abertamente o que esperam deles.

“Por que os componentes da Divisão Sênior são tão desanimados?” — perguntam. Digo a elas que os membros da DS são animados, só que não demonstram. Querem surpreender a todos no final com brilhantes realizações, como um homem pacato que se transforma num herói no auge de um grande drama.

Outras ainda perguntam: “Por que são tão acomodados?”; Por que relutam em atuar?”. Eu lhes digo que os integrantes da DS não são acomodados, e sim prudentes. Não querem desperdiçar seus esforços, pois sabem da importância de aguardar o momento propício.

“Por que eles são tão acanhados?” — indagam. “Por que não falam mais alto?” Então eu lhes respondo que não são acanhados, apenas estão refletindo. Gostam de escolher as palavras com cuidado por consideração às pessoas, evitando comentários sem significado.

Eu também sou membro da Divisão Sênior, e compreendo perfeitamente o sentimento e as circunstâncias dos meus estimados companheiros.

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Diversos integrantes da DS estão enfrentando incríveis desafios. Pensam na felicidade dos familiares, suportam com integridade os ventos da recessão econômica, ficam se torturando buscando soluções e trabalham duas vezes mais que outras pessoas para se sobressair no trabalho.

Porém, muitas vezes, as esposas e os filhos desses membros não têm a oportunidade de presenciar esse seu lado. E quando num de seus raros dias livres querem descansar tranquilamente em casa, são criticados por “ficar o dia inteiro sentados, sem fazer nada”.

Os que são pais têm de tolerar o distanciamento e as gozações dos adorados filhos que chegaram à adolescência. Sempre que o orçamento aperta, os gastos do papai são os primeiros a serem cortados. Se ele se queixa, a esposa dispara a falar: “Por que não para de fumar?”; “Por que não bebe menos?”; “Isso também fará bem à sua saúde”.

Às vezes, incluir um argumento racional pode aumentar as já pesadas pressões.

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No entanto, mesmo sob essas circunstâncias, é maravilhoso ver os membros de nossa Divisão Sênior se esforçarem arduamente nas atividades da Soka Gakkai, devotando-se em prol do budismo, da sociedade e dos amigos.

O ideograma japonês que representa a palavra “homem” denota “vigor”. Nichiren Daishonin tinha 50 anos quando enfrentou a Perseguição de Tatsunokuchi e revelou seu verdadeiro eu como Buda dos Últimos Dias da Lei. Shijo Kingo, que o defendeu nesse momento crucial, acabava de passar dos 40 anos.

Foi também por volta dessa idade que Shijo Kingo percorreu o longo trajeto para visitar Nichiren Daishonin em seu exílio na Ilha de Sado, em busca de orientação e prosseguiu na luta para comprovar a justiça e o poder do budismo, apesar das circunstâncias adversas, pois seu feudo havia sido confiscado. Nesse sentido, Shijo Kingo foi um membro pioneiro da Divisão Sênior, mais que da Divisão dos Jovens (DJ).

Séculos mais tarde, Tsunesaburo Makiguchi abraçou os ensinamentos de Nichiren Daishonin aos 57 anos. Sua própria busca intelectual e filosófica o conduziu ao Budismo de Daishonin e ao início de uma intensa jornada pelo kosen-rufu. Josei Toda tinha 45 anos quando compreendeu na prisão que sua missão era concretizar a ampla propagação dos ensinamentos de Nichiren Daishonin.

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No romance Revolução Humana (escrito sob o pseudônimo Myo Goku), Toda sensei explica por meio do personagem principal, Gan, como uma pessoa pode revelar seu verdadeiro potencial. Nessa cena, Gan desperta para a fé no Budismo de Nichiren Daishonin e comprova no trabalho a força de sua convicção. São suas as seguintes palavras:

“Como as pessoas se tornam fortes mediante simples mudança de postura! Elas podem dizer a si mesmas: ‘É muito difícil, acho que não conseguirei fazer isso ou “Deixem comigo. Eu farei isso”. Só uma linha tênue separa esses dois pensamentos. Porém, uma coisa eu lhes digo, se vocês se dedicarem de corpo e alma, evidenciarão habilidades que não tinham, ou melhor, revelarão um potencial que sempre possuíram, mas nunca manifestaram.

O avanço dinâmico começa com uma determinação positiva; e o esforço incessante é a chave para abrir caminho e superar as próprias limitações. A fé é um processo interminável de desafio a nós próprios.

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Os membros da DS são a base da Soka Gakkai. São os últimos atletas na corrida de revezamento do kosen-rufu, aqueles que decidem nossa vitória ou nossa derrota.

Eles são leões. Sua presença indomável oferece segurança àqueles ao redor. Em sua voz vibra uma convicção que transmite coragem e conduz as pessoas à vitória.

Meus heroicos amigos! Meus nobres companheiros na luta pelo kosen-rufu! A batalha decisiva que anuncia a aurora do século 21 já começou. Finalmente, nosso momento chegou.

Se não nos levantarmos agora para o desafio, então quando o faremos? Se não lutarmos hoje, então quando começaremos?

A vida é uma batalha contra o tempo limitado que temos na Terra. Qual terá sido o propósito da nossa vida se não cumprirmos nossa missão? Se abandonarmos nossos sonhos, por mais que tentemos nos justificar, no final só haverá arrependimento e sensação de vazio.

Nichiren Daishonin escreveu: “Não passe a vida em vão para se arrepende por dez ou mil anos futuros” (Gosho Zenshu, p. 970).

Vamos montar em nossos corcéis brancos e galopar destemidamente pelas extensas pradarias da nossa missão, empunhando alto a bandeira do kosen-rufu.

[28] - Às graciosas integrantes da Divisão Feminina de Jovens

No mês de julho, que marca a fundação da Divisão Feminina de Jovens, gostaria de compartilhar algumas orientações de Toda sensei e algumas considerações minhas.

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O presidente Josei Toda dizia com frequência às integrantes da Divisão Feminina de Jovens: “Todas vocês que abraçaram a fé neste budismo na juventude estão praticando hoje para desfrutar uma vida feliz no futuro. Porém, a verdadeira vitória nesse aspecto só começará a se tornar evidente a partir dos 40 anos”.

Mesmo que sejam felizes e tenham boa posição na adolescência e aos 20 anos, é impossível saber como será sua vida mais tarde. O casamento, os filhos, o trabalho e todos os fatos da vida são verdadeiros desafios.

Para ter saúde e boa sorte aos 40 e aos 50 anos e um senso de propósito e de êxito nos empreendimentos cotidianos, é vital que construam durante a juventude uma base firme por meio da prática budista, pois tudo o que é construído sobre uma base fraca desmorona.

A felicidade não é determinada pela aparência, beleza, riqueza ou posses, mas pela capacidade de mudar o carma e pelo acúmulo de boa sorte

na vida.

O presidente Josei Toda costumava dizer, com tom benevolente de pai: “A juventude por si só é bela. Jamais devem se esquecer de que todas as jovens são belas exatamente do jeito como são”.

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Ele também ensinava às jovens que a base sólida obtida com o estudo do budismo as tornava filósofas. A filosofia é, em essência, a sabedoria que nos ajuda a conduzir uma vida melhor. Essa filosofia, esse conhecimento que adquirimos com a prática budista, se converte em fonte de infinito vigor que fazemos fluir livremente para enfrentar os desafios; e também comprovamos que avançamos pelo caminho que conduz à felicidade e à realização genuínas. Espero que nunca se esqueçam disso

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Assim sendo, por favor, tenham a certeza de que aquelas que perseveram na fé sempre triunfam no final.

É lamentável que se sintam envergonhadas porque as pessoas sabem que são membros da SGl, ou temam ser ridicularizadas por esse motivo. Superar as dificuldades na juventude possibilita desenvolver e fortalecer uma personalidade que brilha com eterna boa sorte.

Seria triste terminar a vida em desgraça ou debilitadas pela doença ou pelas dificuldades financeiras. Eis por que é fundamental que não desperdicem essa fase tão importante da vida.

Certa vez, o primeiro-ministro Zhou Enlai escapou por pouco de ser assassinado. Sua esposa, Deng Yingchao, ao ser informada, imediatamente lhe escreveu numa carta: “Em uma situação como esta, deve lutar e vencer os inimigos. Não sou o tipo de pessoa que se amedronta ante um aviso de perigo. Quando penso no bem do povo e na grande e gloriosa tarefa na qual estamos engajados, algo sem precedentes na história, enfrento esta ameaça com calma”.

Nós, membros da SGl, também abrigamos um nobre objetivo: nosso grande sonho do kosen-rufu, a ampla propagação dos princípios e ideais do Budismo de Nichiren Daishonin pela paz e felicidade de todos os seres humanos.

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Muitas jovens cometem o erro de pensar que o casamento é o único meio para serem felizes. O casamento é um acontecimento natural da vida.

Entretanto, muitas mulheres derramam lágrimas de sofrimento e arrependimento por terem se lançado a uma relação desastrosa, ignorando os conselhos dos amigos e da família. Algumas ficam tão cegas de amor que sem pensar abandonam a fé. Isso é algo que gostaria que tivessem sempre em mente.

Ninguém pode viver ilhado. Só descobrimos e revelamos nosso maravilhoso potencial quando temos à nossa volta pessoas de bem e amigos de confiança que nos apoiam e veteranos respeitáveis a quem podemos recorrer em busca de um bom conselho.

Por essa razão, por favor, cultivem a sabedoria. Esse é o propósito da fé.

Espero que sempre se lembrem da importância de praticar junto com a SGl, uma organização da mais perfeita união.

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Com frequência, o presidente Makiguchi aconselhava e encorajava as integrantes da Divisão Feminina de Jovens enquanto retornava de trem para casa após participar das reuniões de palestra. “Vocês podem ensinar para as pessoas a grandiosidade do Budismo de Nichiren Daishonin no local de trabalho com seu comportamento exemplar. Em especial, sejam gentis com os funcionários mais jovens.”

Como os presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda ficariam felizes se pudessem ver as maravilhosas realizações dos nossos membros da Divisão Feminina de Jovens no Japão e no mundo inteiro.

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No Gosho, Nichiren Daishonin escreveu: “Uma mulher que abraça o Sutra do Lótus não apenas supera todas as mulheres, mas também ultrapassa todos os homens!” (END. v. V, p. 190) Espero que as componentes da nossa Divisão Feminina de Jovens empreendam esforços conscientes para conduzir a juventude, e a vida inteira, com sabedoria e integridade, sempre em direção à verdadeira felicidade.

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