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Espírito invencível: sejam campeões que jamais são derrotados

[34] Dedico aos meus amados jovens Parte 2 [de 5]

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01/02/2021

Espírito invencível: sejam campeões que jamais são derrotados

Explanação

Nos primórdios do nosso movimento, um dos livros que nós, da Divisão dos Jovens (DJ), estudamos com o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, foi Cidade Eterna, de Hall Caine. O romance narra uma cena em que um dos protagonistas, David Rossi, diz a seus amigos que aqueles que se moldam por meio de adversidades e sofrimentos são os mais fortes.1

Aqueles que ousam encarar as adversidades com um espírito invencível, em vez de evitá-las ou fugir da situação, são os verdadeiros vencedores da vida.

A Divisão dos Jovens da Soka Gakkai é um agrupamento de leões

Nichiren Daishonin foi um magnífico rei leão, e nós, da Soka Gakkai, herdamos esse coração do rei leão. Os integrantes da Divisão dos Jovens — sucessores do nosso movimento — são, portanto, um agrupamento de leões diretamente ligados a Daishonin.

No budismo, a expressão “rei leão” é empregada como metáfora para a grandiosa condição de vida do buda. Um leão nunca é derrotado por nada, ele sempre vence. Leão é outro nome para aqueles que são imbatíveis. As palavras “espírito invencível” expressam, de forma sucinta, essa condição de vida admirável.

Em 1953, há 65 anos, como líder interino do Distrito Bunkyo, instiguei os membros daquela organização a se empenhar com orgulho, confiança e espírito invencível. Eles se levantaram em resposta ao meu chamado, e esse pequeno distrito, cujo crescimento começou a estagnar, subiu para o primeiro lugar, como o melhor resultado do país, e se tornou o “majestoso Bunkyo”.

Decisão imperturbável produz realizações monumentais

Outro exemplo de obtenção de vitórias com um espírito invencível é a Campanha de Fevereiro do ano anterior, 1952. Fazendo meu o espírito de Toda sensei, lutei sinceramente, determinado a dar uma guinada para a concretização do objetivo tão acalentado por ele de converter 750 mil famílias. Eu tinha 24 anos na época.

Nos anos iniciais do nosso movimento, havia ainda uma grande dose de más interpretações e preconceito em relação à Soka Gakkai. Os membros que visitavam as pessoas para dialogar sobre o budismo muitas vezes eram menosprezados com insultos ou recebiam como resposta um jorro de água ou sal. No entanto, eles seguiram em frente com espírito de luta imperturbável, visitando uma casa após outra para realizar shakubuku. Quanto maiores as dificuldades enfrentadas, mais intensamente ardia dentro deles a chama da fé.

Eu louvava de todo o coração aqueles que davam tudo de si para propagar o budismo para outras pessoas. Citando os escritos de Nichiren Daishonin, eu lhes assegurava que, independentemente de qual fosse o resultado, todos os esforços deles lhes trariam benefícios maravilhosos e que haviam feito um trabalho incrível.

Embora muitos deles estivessem lutando contra o destino que se manifestava em forma de dificuldades financeiras, doenças e outros desafios, eles se recusavam a ser derrotados. Foi com esses esforços que vivenciavam benefícios oriundos da fé e os relatavam com muito entusiasmo para os demais. A vida daquelas pessoas irradiava o brilho de um espírito invencível. As realizações monumentais imortalizadas nos anais do kosen-rufu são a cristalização da luta inesquecível de pessoas conscientes como essas.

Primeiro ponto essencial: acreditar em si mesmo

Neste momento, com o desejo de encorajar os jovens que estão assumindo intrepidamente objetivos desafiadores na vida e no kosen-rufu, gostaria de explorar a fundo o que significa possuir um espírito invencível, que constitui a essência do Budismo Nichiren e o âmago do espírito da Soka Gakkai.

O primeiro ponto essencial para se manter um espírito invencível é acreditar em si mesmo — possuir uma fé absoluta em sua natureza de buda inerente. Esse é o requisito primordial para quem quer se tornar um intrépido praticante de espírito invencível. Comecemos reconfirmando esse princípio.

Trecho do escrito 1

Atingir o Estado de Buda nesta Existência2

Contudo, mesmo que recite e acredite no Myoho-renge-kyo, se pensa que a Lei existe fora de seu coração, o senhor não está abraçando a Lei Mística, mas um ensinamento inferior. “Ensinamento inferior” refere-se a outros preceitos além deste sutra [Sutra do Lótus], que são meios provisórios. Nenhum desses meios ou ensinamentos provisórios conduz diretamente à iluminação e, sem um caminho direto à iluminação, o senhor não conseguirá atingir o estado de buda, mesmo que pratique existência após existência por incontáveis kalpa. Dessa forma, atingir o estado de buda nesta existência seria impossível. Assim, quando o senhor recita myoho e pronuncia renge, deve ter a profunda fé de que Myoho-renge-kyo é sua própria vida. (CEND, v. I, p. 3)

Uma vida de glórias, perseverando no drama de reviravolta

Atingir o Estado de Buda nesta Existência é um escrito de Nichiren Daishonin, inspirador e repleto de esperança, que revela claramente o caminho para todas as pessoas atingirem o estado de buda nesta existência. Daishonin promete que, não importando como possam ser ou ter sido nossas circunstâncias no presente ou no passado, ao recitarmos Nam-myoho-renge-kyo, abriremos em nossa vida o caminho da felicidade que perdurará por toda a eternidade.

Nossa vitória ou derrota na vida não é decidida na metade do caminho. Não importando com que tipo de adversidades nos deparemos, contanto que continuemos a recitar Nam-myoho-renge-kyo e a dedicar a vida ao kosen-rufu, transformaremos tudo de maneira positiva, de acordo com o princípio budista de “transformação de veneno em remédio”.3 A verdadeira glória na vida é obtida ao perseverarmos no drama de reviravolta diante das dificuldades. Esse é o caminho direto para atingir o estado de buda nesta existência.

Acreditar sempre em seu próprio potencial

A fé no Budismo de Daishonin inicia a partir do despertar para o fato de que a sublime condição de vida do buda existe dentro de cada um de nós.

Sendo assim, o Budismo Nichiren não consiste numa “fé dependente”, na qual nossas orações são um apelo por ajuda de alguma força externa. Na verdade, constitui um esforço para acreditar sempre em nosso próprio potencial e manifestar nosso estado de buda inerente. Por essa razão, Daishonin aponta: “Fortaleçam sua fé dia após dia e mês após mês” (CEND, v. II, p. 263).

Ao prosseguir, Nichiren Daishonin diz que se buscarmos a Lei fora do nosso coração, não atingiremos o estado de buda, por mais que recitemos daimoku; ao contrário, nossa prática se transformará em “algo austero, angustiante e sem fim” (CEND, v. I, p. 4).

Buscar a Lei fora do nosso coração significa procurar as causas e os efeitos da felicidade e da infelicidade fora da nossa própria vida. Isso inclui atribuir a responsabilidade ou culpa a outras pessoas ou circunstâncias. Também se refere à dúvida que surge quando algo terrível ou inesperado ocorre, fazendo-nos hesitar na fé, ter medo, lamentar a situação ou nos ressentir dos outros.

Possuímos a mesma condição de vida que Daishonin

Pessoas com um espírito invencível nunca são pessimistas, nem mesmo quando as coisas não acontecem como elas esperavam. Toda sensei certa vez disse a algumas integrantes da Divisão Feminina de Jovens (DFJ): “Devem ter orgulho de possuir dentro de vocês a mesma condição de vida que Nichiren Daishonin. Mantenham nobreza de espírito e triunfem na vida. Jamais se depreciem”.

O Budismo Nichiren nos permite vencer os problemas da vida com confiança, sem desanimar, sentir pena de nós mesmos, ou pensar “Não sirvo para nada!” ou “Não consigo!”. O poder da Lei Mística nos habilita a vencer resolutamente a escuridão fundamental, ou ignorância fundamental,4 que tenta enfraquecer nossa imensuravelmente nobre vida.

Em outras palavras, recitar daimoku é uma batalha contra a escuridão ou a ignorância que encobrem a verdade de que nós próprios somos budas. Assim, torna-se necessária uma séria dedicação. Por meio da recitação do daimoku, superamos as dúvidas e rompemos a concha do nosso eu menor. Nam-myoho-renge-kyo é o poder fundamental capaz de transformar até tristeza em fonte de criatividade.

Nichiren Daishonin afirma: “(...) quando o senhor recita myoho e pronuncia renge, deve ter a profunda fé de que Myoho-renge-kyo é sua própria vida” (CEND, v. I, p. 3). A prática da recitação do daimoku representa um esforço para retornarmos à nossa essência verdadeira e original e para ativarmos a energia vital inata da qual somos dotados desde o tempo sem início, reunindo profunda fé e orando com determinação.

Enquanto esteve preso injustamente durante a Segunda Guerra Mundial, Toda sensei acumulou profundas orações recitando daimoku e obteve a clara compreensão de que Buda é a própria vida e que ele próprio era um bodisatva da terra.

Posteriormente, ele nos explicou, de maneira acessível, a atitude básica que devemos manter em nossas orações, dizendo: “Devem determinar que a sua própria vida é Nam-myoho-renge-kyo!”.5

Todos são preciosos companheiros insubstituíveis

Aqueles que acreditam resolutamente que são entidades da Lei Mística não têm medo de nada.

Durante a inesquecível viagem de orientações para Akita em meio à neve, em janeiro de 1982, participei de uma convenção da Divisão dos Jovens e compartilhei honestamente meus pensamentos com os jovens sucessores daquela localidade, que estavam dando continuidade aos passos dos nossos dedicados pioneiros. Eu lhes disse: “Independentemente do fato de terem pensado nisso ou não, confio totalmente em vocês como meus discípulos”.

Até hoje, meu sentimento não mudou o mínimo sequer. Não importando o que os outros possam dizer, cada um de vocês é um precioso membro da Soka Gakkai insubstituível dotado de uma grande missão em relação ao kosen-rufu; cada um de vocês é um nobre companheiro capaz de expandir a relação com o Buda ao seu círculo de amigos. Acredito nos jovens e oro com a esperança de que se levantem e ajam em prol do kosen-rufu sem falta, não obstante o que aconteça.

Não há necessidade de se deixarem levar pelos elogios e pelas críticas dos outros. Simplesmente sigam em frente com alegria e confiança no caminho de sua missão ímpar, de acordo com o princípio da “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro”. Empenhem-se de modo que seja fiel àquilo que você é, condizente com a postura de um membro da Divisão dos Jovens e um jovem sucessor da Soka Gakkai.

Trecho do escrito 2

Abertura dos Olhos6

Declaro aqui: Não importa que os deuses me abandonem. Não importa que eu tenha de enfrentar todas as perseguições. Ainda assim, darei a vida em prol da Lei. (...) Sejam quais forem os obstáculos que eu deva enfrentar, enquanto as pessoas de sabedoria não provarem que meus ensinamentos são falsos, jamais desistirei! Todos os outros sofrimentos nada mais são para mim que poeira lançada ao vento.

Eu serei o pilar do Japão. Eu serei os olhos do Japão. Eu serei a grande nau do Japão. Este é o meu juramento, e jamais renunciarei a ele! (CEND, v. I, p 293)

Segundo ponto essencial: juramento seigan pelo kosen-rufu

Quando me tornei terceiro presidente da Soka Gakkai aos 32 anos, gravei profundamente em minha vida essa passagem do escrito Abertura do Olhos, que exprime o grande juramento seigan de Nichiren Daishonin.

A determinação de jamais esquecer ou abandonar nosso juramento pelo kosen-rufu é vital para mantermos um espírito invencível. É imprescindível permanecermos fiéis ao nosso juramento e continuarmos nos desafiando para cumpri-lo, a despeito dos obstáculos com os quais nos deparemos. O espírito do juramento seigan é o segundo ponto essencial para manifestar o espírito invencível que se encontra no âmago do Budismo Nichiren.

Ao descrever nessa passagem sua decisão e disposição diante de qualquer obstáculo, Daishonin tenta aniquilar as dúvidas que se arraigaram no coração dos discípulos. É como se ele estivesse dizendo: “Em virtude do meu juramento seigan de concretizar o kosen-rufu por todo o eterno futuro dos Últimos Dias da Lei, não me importa se as divindades celestiais e divindades benevolentes me abandonarem. Não me importa se ocorrerem perseguições. Desde o início estive preparado para dar a vida por esse juramento”. Esse compromisso de jamais abandonar a fé é a própria essência de um genuíno praticante do Sutra do Lótus, o epítome de um espírito invencível.

Condição una com o estado de buda ao se levantar pelo juramento

Desde que proclamou seu ensinamento pela primeira vez, em 1253, Daishonin sobrepujou uma série de grandes perseguições, que culminaram com o “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” (hosshaku kempon), revelando-se como Buda dos Últimos Dias da Lei por ocasião da Perseguição de Tatsunokuchi.7 Ele expressa: “Sobrevivi até mesmo à Perseguição de Tatsunokuchi e saí ileso de outras severas perseguições. A esta altura, o rei demônio já deve estar completamente acovardado” (GZ, p. 843).8

Para Daishonin, até mesmo perseguições que punham sua vida em risco não passavam de “poeira lançada ao vento” (CEND, v. I, p. 293). Nem as funções da maldade mais poderosas conseguiam fazer com que ele quebrasse o juramento seigan acalentado em seu coração. É com esse espírito que ele manifestou seu juramento de libertar as pessoas do sofrimento: “Eu serei o pilar do Japão. Eu serei os olhos do Japão. Eu serei a grande nau do Japão” (Ibidem). Consiste no grande juramento seigan de abrir o caminho para kosen-rufu e para todas as pessoas atingirem a iluminação por todo o eterno futuro.

Nichiren Daishonin declara expressamente: “Este é o meu juramento, e jamais renunciarei a ele!” (Ibidem). Se assumirmos para nós esse juramento do Buda e vivermos sem nunca abandonarmos a fé, conquistaremos a condição una com o estado de buda. Seremos capazes de evidenciar uma coragem imbatível, infinita sabedoria, imensurável compaixão e força ilimitada.

Shijo Kingo — uma pessoa de espírito invencível

Externando sua confiança em Shijo Kingo, que lutou para proteger seus amigos de prática budista e liderou esforços em prol do kosen-rufu apesar de ele próprio estar enfrentando enormes adversidades, Daishonin escreveu: “Ele é um homem que nunca se deixa derrotar e que dá grande valor aos amigos” (CEND, v. II, p. 221).

No coração de Shijo Kingo ardia uma determinação inabalável — recusar-se a recuar um único passo em prol dos companheiros da fé e pela Lei Mística. Foi por causa da fé correta nos ensinamentos de Nichiren Daishonin que ele [Shijo Kingo] foi difamado pelas pessoas do seu círculo, atraiu o desagrado do
seu senhor feudal e se viu na pior das situações. Porém, mesmo assim seguiu as orientações de Daishonin, e com sinceridade e perseverança, reconquistou a confiança do senhor feudal, recebendo terras três vezes maiores que a do antigo feudo e obtendo uma vitória retumbante.

Empreender uma luta pelo kosen-rufu não é algo separado ou diverso dos nossos esforços individuais para nossa revolução humana e a transformação do próprio destino. Ao contrário, quando vivemos com obstinada dedicação ao nosso juramento seigan em prol da Lei, dos nossos companheiros de prática e pelo kosen-rufu, evidenciamos um espírito invencível que nem sabíamos que possuíamos e ativamos o grandioso poder do Buda dentro da nossa vida.

O ponto primordial do espírito invencível de contínuas vitórias

“Jamais ser derrotado!” — o ponto primordial desse espírito invencível de Kansai foi o Encontro de Osaka, em 17 de julho de 1957.9 O evento se deu no Centro Cívico de Nakanoshima, na noite da minha libertação de uma prisão injusta. No encontro, fui breve em minhas considerações, declarando: “No fim, o ensinamento do budismo e aqueles que se empenharem com tenacidade na fé, abraçando firmemente o Gohonzon, infalivelmente se sagrarão vitoriosos!”.

O espírito de não ser derrotado por nenhum obstáculo, de repelir cada ataque e abrir amplamente novos caminhos para o desenvolvimento e triunfo do kosen-rufu — esse é o espírito invencível dos mestres e discípulos Soka.

Toda sensei posteriormente dedicou-me um poema:

Vencer e perder

fazem parte da vida humana,

mas oro ao Buda

pela vitória final.

Budismo é vitória ou derrota, e é por essa razão que mestres e discípulos budistas devem continuar lutando até o fim. Não obstante que sucessos ou contratempos vivenciemos ao longo do caminho, a essência da “estratégia do Sutra do Lótus” (CEND, v. II, p. 267) é o recurso que possibilita que conquistemos a vitória suprema.

É um motivo de imensa alegria para mim o fato de esse sólido compromisso e consciência terem sido herdados não apenas pelos membros da Divisão dos Jovens de Kansai, mas pelos jovens Soka em âmbito mundial. O alicerce do espírito invencível de contínuas vitórias hoje está sendo construído no mundo inteiro.

Desfrutar uma existência insuperável

Em novembro de 1978, período em que a Soka Gakkai estava sendo assolada por obstáculos implacáveis [decorrentes da primeira problemática do clero], clamei aos jovens que assumissem a responsabilidade pelo futuro: “Viver de forma indômita é vitória eterna. Mais que vencer, não ser derrotado representa, na verdade, a maior das vitórias”.

Não ser derrotado significa ter coragem para encarar o desafio. Não importando quantas vezes sejamos derrubados, o importante é continuarmos nos reerguendo e dando um passo — ou mesmo meio passo — adiante. Daishonin declara: “Por ter exposto este ensinamento, fui exilado e quase morto. É como afirma o ditado: ‘O bom conselho agride os ouvidos’. Mesmo diante de tudo isto, ainda não fui desencorajado” (CEND, v. II, p. 5).

Mesmo se grandes dificuldades ou obstáculos se levantarem, devemos manter o espírito de “Ainda não fui desencorajado” (Ibidem). Essa força, esse espírito invencível, é a essência do Budismo Nichiren.

“Espere e verá!”

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Soka Gakkai foi perseguida pelas autoridades militaristas do Japão. A voz do meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, tremia de indignação ao falar o que sentiu ao saber que seu mestre, Tsunesaburo Makiguchi, primeiro presidente da nossa organização, havia morrido na prisão: “Nunca, em minha vida, experimentei dor igual. Naquele momento, disse a mim mesmo: ‘Espere e verá! Comprovarei ao mundo se meu mestre estava certo ou errado. Se fosse adotar um pseudônimo, eu me chamaria conde de Monte Cristo. Com esse espírito, alcançarei algo grandioso de modo que possa retribuir ao meu mestre’.”10

O romance O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, termina com as simples palavras “Esperar e ter esperança”.11

Aqueles que sabem de verdade o que significa perseverar são munidos de sabedoria e força para criar um futuro de vitórias. Os bodisatvas da terra são heróis da esperança que possuem o “poder da forte perseverança” (LSOC, cap. 15, p. 256). São guerreiros da propagação da Lei Mística nesta era turbulenta, pessoas com habilidade para perseverar em prol de um grande propósito. A vitória é a prova da força subjacente aos bodisatvas da terra.

Essa é a razão pela qual nada pode derrotar os mestres e discípulos Soka que se dedicam à concretização do juramento seigan dos bodisatvas da terra. Todos nós nascemos para vencer, cada qual cumprindo sua própria missão desde o remoto passado; nós infalivelmente demonstraremos a prova real da vitória.

Uma vida dedicada ao cumprimento da missão pelo kosen-rufu

Na difícil situação econômica do período após a Segunda Guerra Mundial, quando os negócios de Toda sensei atravessavam uma crise terrível, anotei o seguinte em meu diário:

Na sociedade existem os vencedores e os perdedores. Não há como medir a boa sorte nem a falta dela. No entanto, mesmo que alguém triunfe, esse entusiasmo não durará para sempre. Porém, uma pessoa que tem consciência de si mesma, ainda que sofra alguma derrota temporária, poderá continuar avançando e construir um futuro mais vasto, profundo e grandioso que aquela que venceu numa circunstância inicial. O importante é não sermos vencidos em nosso espírito, e avançarmos passo a passo confiantes em nossa vitória final.

Ainda hoje, essa minha crença continua imutável.

Pessoas conscientes de si mesmas são aquelas que despertaram para o juramento conjunto de mestre e discípulo, para a sua missão como discípulas. São pessoas cujo senso de propósito de vida e a missão pelo kosen-rufu tornaram-se unos.

Jovens Soka — protagonistas de uma epopeia do povo

Espírito invencível é o mesmo que o juramento seigan de mestre e discípulo. Espírito invencível é outro nome para a condição do estado de buda. Espírito invencível é a força propulsora da vitória do ser humano.

Contanto que um espírito invencível pulse vibrantemente na Soka Gakkai, continuaremos escrevendo a história do triunfo do povo pelo eterno futuro dos Últimos Dias da Lei. Vocês, nossos jovens sucessores, são os protagonistas dessa epopeia do povo. Nosso espírito invencível é o segredo para as vitórias do amanhã.

Com o orgulho de dedicar a vida ao grande juramento seigan de mestre e discípulo, vamos nos unir na construção de uma gloriosa história de conquistas brilhantes que resplandecerão para todo o sempre!

(Daibyakurenge, edição de fevereiro de 2018)

Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI

Notas:

1. Cf. CAINE, Hall. The Eternal City (Cidade Eterna). Nova York: D. Appleton and Company, 1901. p. 67.

2. Redigido em 1255, Atingir o Estado de Buda nesta Existência ensina que recitar Nam-myoho-renge-kyo é o caminho direto para alcançar o estado de buda nesta existência.

3. “Transformação de veneno em remédio” significa empregar o poder da Lei Mística para transformar uma vida dominada pelos três caminhos dos desejos mundanos, carma e sofrimento, numa vida que manifesta as três virtudes do corpo do Darma, corpo da recompensa e corpo manifesto. A frase “transformação de veneno em remédio” consta de uma passagem do Tratado sobre Grande Perfeição e Sabedoria, de Nagarjuna, que menciona “um excelente médico capaz de transformar veneno em remédio”. A obra Profundo Significado do Sutra do Lótus do grande mestre Tiantai diz: “O fato de as pessoas dos dois veículos receberem a profecia de sua iluminação no Sutra do Lótus indica que [esse sutra] pode transformar o veneno em remédio”.

4. Escuridão fundamental ou ignorância fundamental: A ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que dá origem a todas as demais. A incapacidade de ver ou reconhecer a verdade, especialmente, a verdadeira natureza da vida.

5. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, v. 2, p. 467, 1982.

6. O escrito Abertura dos Olhos foi concluído em Tsukahara, na Ilha de Sado, no segundo mês de 1272, e endereçado a todos os discípulos de Daishonin. Revela que ele possui as “três virtudes” de soberano, mestre e pais nos Últimos Dias da Lei.

7. Perseguição de Tatsunokuchi e Exílio em Sado: No décimo segundo dia do nono mês de 1271, as autoridades prenderam Nichiren Daishonin e o levaram a um lugar chamado Tatsunokuchi, nas cercanias de Kamakura, onde tentaram executá-lo na escuridão da noite. Quando a tentativa de execução fracassou, ele foi mantido em detenção na residência do subcomandante militar de Sado, Homma Rokuro Saemon-no-jo, em Echi (parte da atual província de Kanagawa). Após um período de cerca de um mês, enquanto o governo discutia o que fazer com ele, Daishonin foi exilado na Ilha de Sado, o que equivalia a uma sentença de morte. Entretanto, quando suas predições de conflito interno e invasão estrangeira se materializaram, o governo emitiu um indulto em março de 1274 e ele voltou para Kamakura.

8. Oko Kikigaki [Registro das Preleções]; não incluído nos volumes I e II de WND.

9. Encontro de Osaka: Encontro da Soka Gakkai em protesto à detenção injusta do presidente Ikeda, na época coordenador da Secretaria da Divisão dos Jovens da Soka Gakkai, pela Promotoria do Distrito de Osaka, por um fato relacionado ao Incidente de Osaka. Foi realizado no Centro Cívico de Nakanoshima no dia 17 de julho de 1957, data da libertação do presidente Ikeda, após duas semanas de interrogatórios nas mãos das autoridades.

10. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, v. 4, p. 230, 1989.

11. DUMAS, Alexandre. The Count of Monte Cristo (O Conde de Monte Cristo). COWARD, David (ed.). Oxford: Oxford University Press, 1990. p. 1095.

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