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Alpinistas que escalaram o Everest

Heróis que superaram adversidades - Parte 19

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Redação

08/01/2024

Alpinistas que escalaram o Everest

“Por que escalar a montanha?”

“Porque ela está lá.”

Essas são as famosas palavras creditadas ao alpinista britânico George Mallory, ditas durante uma entrevista com um jornalista.

A “montanha” em questão é o Everest, a mais alta do mundo. Seu pico, que atinge a altitude de 8.848 metros, é chamado “terceiro polo do mundo”, depois do Ártico e da Antártida. Por muito tempo, essa importante elevação permaneceu inexplorada, considerada impossível de escalar.

A epopeia de desafiar o Everest iniciou por volta de cem anos atrás. Após o término da Primeira Guerra Mundial, a Grã-Bretanha enviou a primeira expedição para a montanha em 1921, com George Mallory, então com 34 anos, entre os integrantes.

Mallory, alpinista de primeira categoria, havia aprimorado suas habilidades no Winchester College e na Universidade de Cambridge. Contudo, mesmo para esse experiente montanhista, o Everest, erguendo-se diante de seus olhos, parecia ser “o senhor de todos, vasto em supremacia incontestada e isolada”.

A dificuldade de escalar o Everest transcendia qualquer imaginação. Além da batalha terrível contra o mal ocasionado pela extrema altitude e pelo mau tempo, havia enormes picos rochosos que bloqueavam o caminho de maneira brusca. Em uma carta, Mallory descreve a realidade dessa situação: “Há pouca esperança de conseguir chegar ao pico. Mas é claro que continuaremos avançando como se estivéssemos prestes a alcançá-lo”. “Continuaremos com a máxima esperança até o fim.”

O que impulsionava o alpinista a persistir, mesmo diante de um cenário desesperador? Era sua busca insaciável, a crença indomável de que “quanto mais difícil e perigoso o caminho, maior a vitória” a ser conquistada.

Após semanas de reconhecimento da montanha, Mallory finalmente descobre uma rota para o cume. Na segunda expedição realizada no ano seguinte, em 1922, ele estabeleceu novo recorde de ponto mais alto alcançado. Todavia, durante a terceira expedição, em 1924, Mallory e seu companheiro, prestes a chegar ao topo, não retornaram da escalada.

Após extensa busca, o corpo do alpinista foi encontrado 75 anos depois do seu desaparecimento (em 1999).

Até hoje, permanece um mistério se ele conseguiu ou não atingir o cume do Everest. No entanto, o espírito pioneiro e corajoso dele continua a ser solenemente herdado pelos alpinistas das gerações seguintes.

Em 1953, a Grã-Bretanha enviou sua nona expedição para o Himalaia.

Os membros escolhidos para o desafio da montanha foram Edmund Hillary, da Nova Zelândia, e Tenzing Norgay, um xerpa (guia) local. O Everest, que vinha repelindo obstinadamente as investidas da humanidade, foi confrontado por dois jovens de nacionalidade e experiências distintas. Desde a primeira tentativa de Mallory, haviam se passado 32 anos.

Aos 20 anos, Hillary ficou fascinado pelas montanhas da Ilha Sul da Nova Zelândia durante uma viagem, e começou a praticar alpinismo. Ele ganhou experiência escalando um famoso pico em seu país.

A partir de 1951, engajou-se nas expedições inglesas para o Everest. Nesse ano, o desafio foi malogrado, mas ele não conhecia a palavra “desistir”.

“Everest, você não vai mudar, mas eu vou melhorar... Vou conquistar você”, disse.

Por outro lado, Tenzing era de uma aldeia montanhosa localizada no sopé sul do Everest. Para ajudar no sustento da humilde família, ele trabalhava como guia e transportador de cargas para as equipes de alpinistas que vinham da Europa e fez carreira como excelente xerpa.

Eram 6h30 do dia 29 de maio de 1953. Os dois alpinistas deixaram o último acampamento em direção ao pico. Eles atravessaram a “Zona da Morte”, onde a concentração de oxigênio é apenas um terço do solo, assolados pelo frio extremo e pelas fortes ventanias.

“Não é a montanha que conquistamos, mas a nós mesmos”, afirma Edmund Hillary.

Às 11h30, depois de superar uma batalha de vida ou morte de cinco horas desde a partida, Hillary e Tenzing finalmente alcançaram o topo do Everest. Eles trocaram apertos de mão e tapas nas costas, comemorando a alegria da conquista. Entre eles, havia um belo “laço de companheirismo” que cintilava com o brilho prateado.

Tenzing disse posteriormente: “Na montanha existe amizade. Não existe nada que una mais os seres humanos que a montanha. Por mais difícil que seja o lugar, você pode segurar a mão do outro e interagir mutuamente”. A maior força para a escalada do Everest estava na “amizade” e na “união” entre eles.

O mundo vibrava com esse feito histórico. Hillary foi agraciado com o título de “Sir” pela família real britânica, enquanto Tenzing era aclamado como herói tanto pelo Nepal como pela Índia.

Mais tarde, surgiu um acalorado debate sobre “qual dos dois subiu primeiro no topo da montanha”, mas ambos sempre deram a mesma resposta: “Nós pisamos o topo juntos”.

Reflexões do presidente Ikeda

Anos mais tarde, em gratidão aos xerpas, que escalaram a montanha junto com os dois alpinistas, Hillary construiu escolas e instalações médicas no vilarejo onde os montanheses moravam. Além disso, até falecer em 2008, ele trabalhou para proteger o meio ambiente na Cordilheira do Himalaia.

Em 2003, ele presenteou Ikeda sensei com um livro autografado.

O presidente Ikeda visitou o Nepal pela primeira vez em 31 de outubro de 1995. Em meio aos seus muitos compromissos, ele conheceu o subúrbio de Katmandu, capital do Nepal, e tirou fotos do Himalaia, que se mostrou imponente diante de um magnífico pôr do sol. Nessa ocasião, ele conversou com crianças de uma aldeia próxima que se reuniram perto dele.

Ele lhes disse:

Este é o país onde o Buda (Shakyamuni) nasceu. O Buda cresceu observando o imponente Himalaia. Ele se esforçou para se tornar alguém majestoso como aquelas montanhas. E fez de si uma pessoa vitoriosa de altivo orgulho. Vocês são como ele. Vocês moram em um lugar extraordinário. Sem falta, poderão se tornar pessoas grandiosas.

Essa cena pareceu uma bela obra-prima.

Em uma orientação em que sensei compara a “montanha” ao kosen-rufu, citando as palavras de George Mallory, consta:

“Como obter o melhor de tudo? É preciso conquistar, alcançar, chegar ao topo; é preciso conhecer o fim para se convencer de que consegue vencê-lo, para saber que não há sonho que não deva ser desafiado.”
É por desafiar com coragem a montanha de árduas provações que consegue revelar a força oculta dentro de si. Escalar a montanha do kosen-rufu — esse é um grande empreendimento magnífico e majestoso do Buda, que eleva a condição de vida da humanidade ao nível mais sublime. Por mais difíceis e escarpados que sejam os penhascos que enfrente, a força ilimitada do Buda jamais deixará de ser evidenciada pelos mestres e discípulos de unicidade que devotam a vida pela Lei Mística.2

E, em relação ao sucesso de Hillary e de Tenzing na primeira chegada ao cume do Everest, sensei disse que os aspectos mais importantes foram “preparativos”, “abandono dos preconceitos”, “obsessão do líder” e “amizade incondicional”. Ele ressaltou: “A questão é que, em qualquer desafio, a pessoa que se prepara antes leva vantagem. Para vencer, devemos realizar os preparativos com toda a energia e da melhor forma. Ninguém consegue se igualar a uma pessoa preparada e determinada a vencer”.3

Vamos, agora, iniciar nossa escalada rumo ao topo da canção do triunfo do povo a partir do 3 de Maio do juramento!

Nós continuaremos a avançar. Enquanto houver uma montanha que almejamos. Enquanto existir uma montanha para ultrapassar.

Clique no linke e leia série de incentivos do presidente Ikeda sobre as montanhas do Himalaia. Monte Everest 

Foto: Getty Images

Notas:

1. Discurso do presidente Ikeda. In: Brasil Seikyo, ed. 1.692, 22 mar. 2003, p. A3.

2. Mensagem de Ikeda sensei enviada para a 54ª Reunião de Líderes da Nova Era, em 3 de dezembro de 2011.

3. Discurso de Ikeda sensei proferido na 25ª Reunião de Líderes. In: Brasil Seikyo, ed. 1.692, 5 fev. 2003.

Materiais de pesquisa:

ROBERTSON, David. George Mallory. Tradução: Michiko Natsukawa. Sanyosha.

HILLARY, Sir Edmund. Hillary Autobiography. Tradução: Ichiro Yoshizawa. Kusashisha.

HILLARY, Edmund. My Everest. Tradução: Saburo Matsukata e Tatsumi Shimada. Asahi Shimbun.

HUNT, John. Everest Climbing. Tradução: Asahi Shimbun. Asahi Shimbun.

YASUKAWA, Shigeo. Sekai no Yane ni Idonda Hitobito. Sa-e-ra Shobo.

CLARK, Ronald W. Daitozanka no Rekizo. Tradução: Hiroshi Sugita. Gendai Ryoko Kenkyusho.

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