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Prefácio de Ikeda sensei para a nova edição de Nichiren Daishonin Gosho Zenshu (Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin)

Lancemos a grande luz da infindável criação de valor para a paz e a coexistência na sociedade global

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Daisaku Ikeda

24/11/2021

Prefácio de Ikeda sensei para a nova edição de Nichiren Daishonin Gosho Zenshu (Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin)

Leia, na íntegra, o prefácio escrito pelo presidente Daisaku Ikeda para a nova edição do Nichiren Daishonin Gosho Zenshu (Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin), que foi supervisionado por ele e lançado no Japão em 18 de novembro de 2021, mesmo dia que a Soka Gakkai comemorou 91 anos de fundação.

Prefácio de Ikeda sensei para a nova edição de Nichiren Daishonin Gosho Zenshu (Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin)

Nova edição do Nichiren Daishonin Gosho Zenshu (Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin)

Prefácio

Nós, da Soka Gakkai, trilhamos eternamente o grande caminho do Gosho como base.

Lendo essa preciosa escritura indestrutível que Nichiren Daishonin, o Buda dos Últimos Dias da Lei, registrou para o bem de todos os seres vivos, persistimos realizando o grande desejo da ampla propagação benevolente.

Por termos o Gosho como base, não nos curvamos diante dos “três obstáculos e quatro maldades” nem dos “três poderosos inimigos” e, com o sentimento de “o sábio se alegra”, não interrompemos o avanço.

Por termos o Gosho como base, realizamos tudo com a união de “diferentes em corpo, unos em mente”, respeitando a diversidade da “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro” e reverenciando-nos como budas.

Por termos o Gosho como base, lançamos a grande luz da infindável criação de valor para a “igualdade e dignidade da vida”, para a “felicidade e tranquilidade das pessoas” e para a “paz e coexistência na sociedade global”.

A Soka Gakkai caminha eternamente com o Gosho como base

No prefácio do Nichiren Daishonin Gosho Zenshu, publicado pela Soka Gakkai no dia 28 de abril de 1952 em comemoração do 700o aniversário de estabelecimento do Budismo de Nichiren Daishonin, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, citou logo no início a passagem final de O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos: “Empenhe-se nos dois caminhos da prática e do estudo. Sem prática e estudo não pode haver budismo. Deve não só perseverar como também ensinar aos outros. Tanto a prática como o estudo surgem da fé. Empregue o máximo de sua capacidade ao ensinar os outros, mesmo que seja uma única sentença ou frase”.1

Esse fato nada mais era que a determinação de Toda sensei de dialogar, propagar e colocar em prática os ensinamentos exatamente de acordo com as palavras de Daishonin.

Na verdade, essa passagem dourada foi lida com a própria vida pelo primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, que a sublinhou em seu exemplar do Gosho (na época, edição publicada pela editora Ryogonkaku). Mesmo tendo sido preso pela opressão durante a guerra, Makiguchi sensei escreveu em uma carta enviada a sua família: “Essa calamidade é apenas uma pequena fração perto do que Daishonin sofreu”. Durante os interrogatórios, firmemente resoluto, ele afirmava enfaticamente que o Budismo Nichiren “é a suprema lei do mais elevado valor para a vida do ser humano”.

No centro da perseguição pela lei, Makiguchi sensei deixou o exemplo do “espírito de não poupar a própria vida” e da “devoção abnegada pela propagação da Lei” com o “coração do rei leão”, tal como descrito nos sagrados ensinamentos. Ao mesmo tempo, ele estabeleceu o modelo de “prática da fé é a própria vida diária” e “budismo é a própria sociedade” que é uma tradição na Soka Gakkai.

O meu venerado mestre, Toda sensei, sucedeu o predecessor que faleceu no martírio. Ele levantou as chamas da grandiosa convicção de que “eu sou um bodisatva da terra” a partir da iluminação alcançada na prisão. E, então, levantando-se só nos campos devastados do pós-guerra, hasteou a bandeira do grande desejo da propagação da Lei Mística. Depois de superar provações na reconstrução da Soka Gakkai, a primeira medida tomada pelo mestre após a sua posse como segundo presidente foi, justamente, o empreendimento da publicação do Gosho Zenshu.

Abraçando firmemente esse Gosho, o mestre e o discípulo Soka se uniram em um só corpo, promoveram o avanço pelos “dois caminhos da prática e do estudo” acendendo as chamas da ilimitada coragem e esperança para a revolução humana e a transformação do destino no coração de cada pessoa que passava por angústias e sofrimentos.

Paralelamente, visando a realização do rissho ankoku, criaram uma multidão de valores humanos com a convicção no altruísmo ao povo, na contribuição social e na criação da paz, enviando-os para cada área da sociedade como uma torrente vigorosa.

O Dr. Arnold J. Toynbee, o mais proeminente historiador do século 20, avaliou-nos com as seguintes palavras: “O milagre da reconstrução da Soka Gakkai no pós-guerra foi um empreendimento espiritual que se equipara ao sucesso material do povo japonês no campo econômico”.

O precioso tesouro escrito que se tornou a força propulsora desse “empreendimento espiritual” foi justamente o Gosho.

O retorno do budismo para o Oeste é o orgulho da Soka Gakkai

O fato de ter colocado em prática o “retorno do budismo para o Oeste”, profetizado no Gosho, e realizado a visão futurística do “kosen-rufu de todo o Jambudvipa” é motivo de orgulho do mestre e discípulos Soka.

O Gosho já foi traduzido para mais de dez idiomas. Hoje, o cenário em que homens e mulheres de todas as idades estudam mutuamente o Gosho e se incentivam tornou-se comum no dia a dia de pessoas de todas as partes dos cinco continentes.

O Gosho está sendo lido amplamente, ultrapassando as barreiras da cultura e do idioma, de raças e etnias, de nacionalidade e civilização, e colocado em ação na família, na localidade e na sociedade com vivacidade. Dessa forma, a rede de bons cidadãos do mundo vem se expandindo.

Estou certo de que esse fato é uma verdadeira e grandiosa comprovação que retrata a legitimidade e a universalidade do Budismo Nichiren.

Uma das características comuns a uma religião mundial se encontra no fato de possuir uma sagrada escritura como alicerce da fé e fazer dela a base fundamental e o orgulho dos fiéis.

“Não paro de orar obstinadamente para propagar esta valiosa escritura para toda a Ásia e para todo o mundo” — esse ardente desejo do meu venerado mestre, registrado na publicação do Gosho, tornou-se realidade.

O sorriso de satisfação do venerado mestre e do mestre predecessor não se afasta do meu coração.

O precioso escrito que abre o caminho da “eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza”

O Gosho é a escritura da esperança e da justiça e a escritura sagrada para a felicidade das pessoas.

O Gosho é a escritura do juramento de mestre e discípulo e a escritura sagrada para a vitória dos jovens.

O Gosho é a escritura da sabedoria e da coragem e a escritura sagrada para a paz da etnia global.

Ao abrirmos o Gosho, reverbera o rugido do leão que rompe a natureza maligna que faz as pessoas sofrerem.

Ao lermos o Gosho, ouvem-se os sons da batida do coração de grande compaixão do Mestre que abraça e conduz os jovens em busca de uma correta existência.

Ao reverenciarmos o Gosho, jorram autoconsciência e confiança no potencial inerente do tamanho do grande universo intrínseco à vida humana.

Quão forte, majestoso e profundo pode se tornar um único ser humano!

Quão bela e calorosa é a maneira como uma vida pode se relacionar com outra!

Quão sábia e rica é a forma como a sociedade e o país podem prosperar!

Com o mais elevado “comportamento como ser humano”, com a prova real do “budismo de vitória ou derrota” de seus discípulos e à luz dos profundos princípios de “possessão mútua dos dez mundos”, “três mil mundos num único momento da vida”, “desejos mundanos são a iluminação”, “transformação do veneno em remédio”, “unicidade de si e de outros” e “unicidade da vida e seu ambiente”, entre outros, Nichiren Daishonin nos oferece intermináveis incentivos.

Por isso, por mais rigorosos que sejam os sofrimentos do “nascimento, envelhecimento, doença e morte” com os quais nos defrontemos, o contato com o Gosho faz com que o brilho do sol do tempo sem início se levante em nosso interior. Exatamente de acordo com a diretriz da esperança — “o inverno nunca falha em se tornar primavera” —, pode-se abrir o caminho do renascimento da “eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza”.

Jornada de unicidade pelo futuro dos dez mil anos

Faz setenta anos desde que Toda sensei manifestou o desejo de publicar o Gosho. No prefácio, o mestre escreveu: “Prometo envidar os melhores esforços para as futuras revisões”.

Misticamente, nesta época auspiciosa em que recebemos o 800o aniversário natalício de Nichiren Daishonin e os 750 anos desde que “abandonou o transitório e revelou o verdadeiro” (hosshaku kempon) na Perseguição de Tatsunokuchi, todas as condições se amadureceram e pudemos cumprir a promessa ao venerado mestre com a publicação da nova edição do Gosho. Este é um fato que não pode deixar de ser celebrado.

Para esta nova edição, solicitei à Comissão de Publicação, que reuniu os melhores talentos, que levasse em conta a precisão, a facilidade de leitura e a tradição da Soka Gakkai. Graças à meticulosa consideração deles, a diagramação foi aprimorada com o aumento no tamanho das letras, a melhoria na pontuação, no espaçamento entre linhas e parágrafos e no ajuste dos ideogramas para a linguagem atual, entre outras, o que tornou o texto mais amigável a todos.

Além disso, o notável avanço nas pesquisas de manuscritos e de notas pessoais da época refletiu concretamente no resultado final. Foi possível ainda incluir 32 novos escritos que a 70 anos atrás não tinham sido descobertos ou tornados públicos.

É muito provável que, no futuro, surjam novos resultados por meio de pesquisas literárias desenvolvidas por perspicazes estudiosos. Essa é também a nossa expectativa. Talvez sejam descobertos novos textos. Quanto à adoção ou não dessas descobertas, gostaria de confiá-las aos sucessores do “azul mais azul que o anil”.

O Gosho exalta a igualdade de todos os seres vivos, elucida a filosofia da coexistência e da harmonia e a filosofia da tolerância e da compaixão. Não é exagero afirmar que o Gosho é o tesouro imortal capaz de extrair a “sabedoria que opera de acordo com as mudanças das circunstâncias” (zuien-shinnyo-no-chi) no desafio dos problemas globais, tais como guerras, epidemias, miséria, desastres naturais, mudança climática, entre outros, e elevar e unir toda a humanidade. Desejo, do fundo do coração, que os preciosos amigos emergidos da terra avancem bailando alegremente pela jornada da unicidade de mestre e discípulo do juramento seigan pelos “dez mil anos e mais, por toda a eternidade”, rumo à pacificação da terra e do mundo por meio do estabelecimento do ensinamento correto.

Para concluir, quero expressar minha sincera gratidão a todos que se empenharam para a publicação desta nova edição.

3 de maio de 2021

No dia em que se completam 70 anos da posse presidencial do venerado mestre Josei Toda

Daisaku Ikeda

Nota:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 405-406, 2020.

Fotos: Seikyo Press

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