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Elevando alto a bandeira da “pacificação da terra”

Ensaio da série “Irradie a Luz da Revolução Humana” publicado no Seikyo Shimbun de 21 de fevereiro de 2023

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03/03/2023

Elevando alto a bandeira da “pacificação da terra”

Espírito invencível diante das dificuldades. Flores da amizade para a comunidade local

Fevereiro, mês de aniversário de nascimento de Nichiren Daishonin, como também do mestre Josei Toda.

Acredito que o bailar heroico dos discípulos Soka, que atuam rumo ao kosen-rufu e à “pacificação da terra” em cada localidade do Japão e em cada país, seja o maior ato de retribuição à gratidão ao buda Nichiren Daishonin e ao mestre Josei Toda.

As ondas do diálogo dinâmico visando à nova Campanha de Fevereiro, promovidas neste mês [fevereiro de 2023], desde o norte, em Hokkaido, Tohoku, Kanto, Tóquio, Tokaido, Shin’etsu, Chubu, Hokuriku, Chugoku, Shikoku, até o sul, em Kyushu e em Okinawa, estão envolvendo todo o arquipélago japonês.

É realmente o tradicional mês de fevereiro. A origem da Grande Kansai também está relacionada à Campanha de Fevereiro do Distrito Kamata que nós a desenvolvemos com a determinação de saldar as dívidas de gratidão no ano 1952. Sem perder a oportunidade da mudança do Sr. Giichiro Shiraki para Osaka por motivo de trabalho, Toda sensei o nomeou responsável em exercício pelo Distrito Osaka. Ainda no mês de fevereiro, o Sr. Shiraki concretizou sua primeira propagação [do budismo], marcando o passo inicial para a edificação do castelo do povo em Kansai.

No mês de fevereiro depois de um ano, Toda sensei entregou a bandeira do Distrito Osaka ao responsável pelo distrito, Shiraki. Ao mesmo tempo, a Divisão Masculina de Jovens e a Divisão Feminina de Jovens de Kansai também iniciaram oficialmente as atividades.

Então, faz setenta anos desde que tremulou a bandeira do juramento seigan de mestre e discípulo para eliminar a miséria das amadas pessoas comuns de Kansai, como também de todo o povo. A palavra Josho (“contínuas vitórias”) tornou-se o lema dos membros do mundo inteiro.

Quais razões levaram à construção do tão imponente castelo Kinshu de boa sorte?

Certa vez, conversamos a respeito na reunião de líderes centrais da SGI-Estados Unidos.

A conclusão foi a seguinte:

  1. Em Kansai, há harmonia, mais que em qualquer outro lugar.
  2. Há um ambiente familiar no qual todos se expressam livremente sobre qualquer assunto. Por isso, são alegres e refrescantes.
  3. Sopra sempre uma brisa primaveril de confiança.
  4. No íntimo dos companheiros pulsa sempre o espírito Soka.

É realmente o aspecto da união harmoniosa, tal como afirma esta passagem:

Todos os discípulos e seguidores leigos de Nichiren devem recitar Nam-myoho-renge-kyo com o espírito de diferentes em corpo, unos em mente, transcendendo todas as diferenças que possam haver entre si, tornando-se inseparáveis como o peixe e a água. Esse laço espiritual é a base para a transmissão universal da Lei suprema da vida e da morte.1

Trata-se de uma passagem de um escrito redigido por Daishonin em Sado, no décimo primeiro dia do segundo mês de 1272.

Quanto piores as adversidades que surgiam, nossa família Kansai veio enfrentando-as e se incentivando mutuamente “transcendendo todas as diferenças que possam haver entre si, tornando-se inseparáveis como o peixe e a água”.

Quanta contribuição prestaram para a reconstrução após o Grande Terremoto de Hanshin (sismo de Kobe), tornando-se os pilares da sociedade e da comunidade local!

Nós viemos fortalecendo e aprofundando cada vez mais as ligações de vida, da unicidade de mestre e discípulo, e da “união de diferentes em corpo, unos em mente”, conectadas pela Lei Mística, fazendo-as pulsar junto com os jovens sucessores.

Expressando sentimentos de condolências

O grande terremoto ocorrido na Turquia e na Síria no dia 6 deste mês [fevereiro de 2023] levou à extensa destruição de construções, tirando um grande número de vidas humanas. Ao mesmo tempo em que expresso meus profundos sentimentos de condolências às vítimas, oro todos os dias pela total segurança e pelo bem-estar das pessoas afetadas pela tragédia e daquelas que estão prestando assistência.

Como membro da mesma cidadania global, quero continuar orando ainda mais intensamente pela paz e segurança do mundo.

O avanço da América do Sul em trinta anos

As palavras de confiança oferecidas a nós pelo presidente da Academia Brasileira de Letras, Austregésilo de Athayde, que contribuiu para a redação da minuta da Declaração Universal dos Direitos Humanos, voltam a reviver: “É importante falar que a felicidade de todas as pessoas do mundo não é construída com a força, mas sim por meio de algo superior que é a razão. A entidade que mais apela por isso é a Soka Gakkai Internacional”.2

Foi em fevereiro de 1993 que o presidente nos recebeu de forma tão calorosa, parecendo até que ele tivesse incorporado a figura de Toda sensei, da mesma geração que ele. E foi em meio à minha histórica viagem à América do Sul.

Os companheiros de todos os países — Colômbia, Brasil, Argentina, Paraguai, e Chile, este último se tornou o 50o país a ser visitado por mim — estavam repletos de decisão pela ampla propagação benevolente.

Foi a época em que começava o voo da Renascença Soka depois de romper os grilhões do clero herético.

A partir de então, passaram-se trinta anos. A rede de solidariedade dos emergidos da terra da Argentina cresceu seis vezes em relação à daquela ocasião. No Paraguai, mais que triplicou; e no Chile, quintuplicou. Foi um progresso extraordinário.

Elevando alto a bandeira da “pacificação da terra”

“Agora é hora do avançar, sem temor!” Incentivo aos amados membros da Kansai de Contínuas Vitórias (Centro Memorial Ikeda de Kansai, Osaka, nov. 2007)

Na Colômbia, onde foi fundado o distrito por ocasião da minha visita, os membros continuam se desafiando com o objetivo de criar uma legião de mil jovens.

O Brasil, que se levanta como Monarca do Kosen-rufu Mundial, está cada vez mais animado, visando à concretização de 100 mil membros da Divisão dos Jovens.

Nichiren Daishonin afirma: “Como é gratificante! O senhor uniu-se a um amigo na sala de orquídeas e ficou de pé como a artemísia que cresce entre o cânhamo”.3

Exatamente de acordo com esse sublime espírito, os amigos Soka emergidos da terra de todos os lugares estão se lançando com alegria e coragem ao diálogo do rissho ankoku [“estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”].

Por mais que o redemoinho de ressentimentos e de turbulências se intensifique, a amizade da “sala de orquídeas”, que veio sendo amplamente conectada com sinceridade e honestidade por nós, mestres e discípulos, é indestrutível. Estou certo de que o amanhã da paz e da felicidade da sociedade global será aromatizado com a fragrância do respeito à dignidade da vida.

Fincando as raízes no grande solo

Já se passaram mais de três anos desde que a humanidade foi atingida pela pandemia do coronavírus, algo sem precedentes. Quem, afinal, veio apoiando os preciosos membros, com todas as forças, protegendo solenemente o castelo do brilho da boa sorte do povo, em meio a uma crise nunca antes experimentada?

Não são outros senão os líderes da organização de base, a começar pelos responsáveis de comunidade e pelas responsáveis pela Divisão Feminina de comunidade. Dentro de circunstâncias totalmente inimagináveis, de mudanças e de restrições, eles continuaram incentivando os preciosos amigos com base na sabedoria e na criatividade oriundas da forte oração. Por mais que lhes agradeça, ainda é insuficiente. Minha esposa e eu estamos enviando daimoku com o sentimento de alcançar uma comunidade após outra.

Admirada como “mãe do movimento pelos direitos civis americanos”, Rosa Parks louvou um jovem que lhe perguntou sobre como contribuir em prol da sociedade: “Pelo fato de fazer essa pergunta, você já está contribuindo. Você está pensando no que pode fazer pelo bem das pessoas da posição que ocupa no mundo. Todos os que pensam em contribuir para o bem da sociedade podem fazê-lo”.4

Em minha mente surge a imagem de seriedade e de compaixão das pessoas que se dedicam aos incentivos, caminhando de forma constante e segura, mantendo estreito relacionamento entre os líderes principais e os com função de vice, em prol dos companheiros de cada comunidade e de cada bloco. Com essa oração, voz e comportamento, reavivam a vida de cada pessoa e fazem prosperar a terra em que desde o remoto passado desejou e prometeu cumprir sua missão. São realmente pessoas de valor.

Em meio à euforia da notícia sobre o lançamento de satélite artificial, Toda sensei disse em seus últimos anos de vida, analisando-a da ótica da majestosa filosofia de vida capaz de iluminar o próprio universo: “O importante é aquilo que está aos seus pés. Aconteça o que acontecer, deve-se levantar firmemente no grande solo da realidade hasteando a bandeira da Lei Mística, deixando de lado a volatilidade”.

Aquele que valoriza o lugar onde se encontra e contribui persistentemente de forma sólida e inteligente em prol do budismo em seu país é a pessoa responsável, mais confiável, pela felicidade da comunidade local.

Nós vamos superar

Relembrando, foi também há trinta anos que me encontrei com a Sra. Parks pela primeira vez.

Nós a recepcionamos com a canção que inspirou o movimento pelos direitos civis. We Shall Overcome [Nós Vamos Superar] — ecoando esse indomável espírito de luta, a Sra. Parks e os demais batalharam para criar a época em que resplandecesse o respeito e a igualdade entre as pessoas.

Ao ter como ponto de partida a ação corajosa da Sra. Parks de bradar “Não” à injustiça da discriminação racial nos ônibus públicos, iniciou-se o “movimento de boicote aos ônibus” em dezembro de 1955. Por mais de um ano a partir de então, ela continuou heroicamente esse movimento, com perseverança, até conquistar a vitória na Suprema Corte dos Estados Unidos, que julgou inconstitucional a segregação racial nos ônibus.

Esse acontecimento se deu na mesma época da nossa Campanha de Osaka em que pessoas anônimas de Kansai descobriram a esperança de viver e se tornaram protagonistas da mudança social.

Elevando alto a bandeira da “pacificação da terra”

Recepção à mãe do movimento pelos direitos civis, Rosa Parks, sob as vozes de We Shall Overcome (Universidade Soka da América, Los Angeles, jan. 1993)

O que pulsa nesse movimento popular Soka também é o espírito de jamais recuar que ressoa com a voz da canção que enfrenta os sofrimentos com a disposição de “Nós vamos superar”. Em outras palavras, é o “espírito invencível”.

Uma existência em que não seja derrotada

Originalmente, o “espírito invencível” já aparece no Genji Monogatari [Contos de Genji]. É uma expressão transmitida há mais de mil anos.

Nichiren Daishonin registra essa expressão em seus escritos, transmitindo à monja leiga Toki, a qual se encontrava enferma, que o exímio médico Shijo Kingo também estava preocupado com a saúde dela. E demonstra profunda confiança a Shijo Kingo, afirmando: “Ele [Shijo Kingo] é um homem que nunca se deixa derrotar [espírito invencível] e que dá grande valor aos amigos [companheiros da fé]”.5

Em um mundo conturbado onde conflitos não cessavam, Shijo Kingo comprovou o “espírito invencível” de vencer na sociedade pelo bem do mestre e dos companheiros, enquanto os discípulos de Daishonin enfrentavam obstáculos e maldades.

Há um acontecimento inesquecível. Logo depois do Incidente de Osaka, ao retornar para a minha casa no distrito de Ota, em Tóquio, uma senhora benemérita dos primórdios do kosen-rufu de Kansai recitava daimoku junto com minha esposa. Corrigindo sua postura, essa senhora me disse: “Renovei minha decisão para toda a minha vida. Definitivamente não podemos ser derrotadas! A Gakkai deve avançar firmemente com vitórias. Esse é o verdadeiro Soka”.

Minha esposa também determinou desfrutar uma existência em que não seja derrotada fossem quais fossem as circunstâncias.

Pode-se dizer que espírito invencível é a força para suportar sempre com habilidade. Nós devemos manifestar a força básica de um bodisatva da terra elucidada no Sutra do Lótus: “Firmes na intenção e no pensamento, com o poder de grande perseverança”.6

Hoje, nossos companheiros de todas as partes, de Kansai, de Tohoku, de Kyushu, e de outras, estão avançando com o coração do rei leão, expressando, cada qual com o próprio dialeto local: “Não posso ser derrotado!”.

Avançando passo a passo

O que cria o jogo da virada, tornando possível o impossível, é sempre a união com espírito invencível.

Cada vez que ouço sobre a situação do norte do Japão onde ainda persiste o rigoroso frio, recordo-me dos jovens da Divisão Masculina de Jovens e da Divisão Feminina de Jovens das localidades de neves profundas, tais como a de Hokkaido, Tohoku, Shin’etsu, Hokuriku e Chugoku, entre outras, que se levantaram brilhantemente correspondendo à minha posse como terceiro presidente.

As jovens de Hokkaido dialogavam sobre o romântico futuro, abrindo o mapa da região e fixando pequenas bandeiras indicando: “Aqui também, vamos criar os laços do grupo Kayo!”.

Nós vamos hastear cada vez mais alto as bandeiras da esperança, da convicção e da criação de valor da revolução humana que são, em si, a “pacificação da terra”.

E vamos juntos continuar a fazer aquilo que estiver ao nosso alcance, da melhor forma possível, rumo à concretização do grande desejo do kosen-rufu, da sociedade e da vida, sem perder a oportunidade!

Esse acúmulo passo a passo dessa pequena, mas ao mesmo tempo grande luta conjunta de mestre e discípulo, levará certamente ao ponto de chegada da vitória triunfal da linda canção da primavera.

Notas:
1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 226, 2020.
2. ATHAYDE, Austregésilo de; IKEDA, Daisaku. Diálogo — Direitos Humanos no Século 21. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2018. p.197.
3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 23, 2020.
4. Rosa Parks no Seishun Taiwa [Diálogo da Juventude de Rosa Parks]. Tradução: Tomoko Takahashi. Editora Ushio.
5. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 221, 2020.
6. Lotus Sutra and its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 256.

No topo: Flores da ameixeira vermelha desabrocham no rigoroso frio. Os pássaros pulam de galho em galho como se conversassem com as flores, comunicando: “A primavera não tarda”. Foto tirada por Ikeda sensei em Tóquio, fev. 2021
Fotos: Seikyo Press

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