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Esho-funi: Um olhar budista sobre as queimadas no Brasil

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Redação

18/09/2024

Esho-funi: Um olhar budista sobre as queimadas no Brasil

Você já teve a experiência de viajar de carro com as janelas abertas numa estrada a céu aberto e, de repente, chegar em um trecho ladeado por árvores repletas de folhas vicejantes? Percebemos nitidamente a mudança do ar, não é mesmo?

Infelizmente, o que estamos vivenciando em todo o país é o oposto dessa sensação. As queimadas estão se intensificando e já atingimos o dobro de ocorrências em comparação com o mesmo período de 2023. Da mesma forma que no ano anterior, Mato Grosso, Pará e Amazonas são os estados mais afetados pelo fogo, porém, a fumaça atinge também as Regiões Sul e Sudeste.

Dados recentes do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) informam que, em agosto, o número total de focos de incêndio atingiu a marca de 38.266 na Amazônia e a área queimada no Pantanal ultrapassou os 2,5 milhões de hectares no período entre 1º de janeiro e 31 de agosto de 2024.

Segundo dados da IQAir, empresa suíça de tecnologia de qualidade do ar, no último dia 9, quatro municípios do Brasil estavam com os maiores níveis de poluição do mundo: Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Campinas (SP) e São Paulo (SP). E no dia 10, a capital paulista registrou a pior qualidade do ar do planeta!

Outra consequência das queimadas é o aumento no preço de alguns alimentos, como feijão e carne.

A situação é alarmante e a previsão para os próximos dias não é otimista, pois uma massa de ar quente e seca está cobrindo a maior parte do país.

No budismo, aprendemos sobre o princípio esho-funi, que significa “a inseparabilidade da vida e do meio ambiente”. De acordo com esse ensinamento, “a pessoa que realiza as atividades vitais” (shoho) e o “ambiente em que o corpo se sustenta” (eho) “são dois, mas são unos e inseparáveis” (funi). Isso significa que o modo como pensamos e agimos afeta o nosso entorno e, em larga escala, atinge toda a Terra.

No livro Escolha a Vida, um diálogo entre Daisaku Ikeda e Arnold Toynbee, há um capítulo que trata sobre esho-funi:

A civilização científico-tecnológica moderna deu rédea solta à ganância humana — é, na verdade, resultado da ambição material desenfreada — e a menos que todos nós percebamos esse fato com a máxima clareza e baseemos nossos julgamentos nesta percepção, seremos incapazes de parar a destruição do nosso ambiente natural e a possível aniquilação da humanidade. (...) Na tentativa de conquistar o mundo natural, os seres humanos alteraram o ritmo básico e estabelecido da natureza. Agora, tendo sofrido pelas ações humanas, que a puseram à beira da destruição, a natureza está se rebelando contra a humanidade.¹

Essas palavras foram proferidas por Daisaku Ikeda no dia 5 de maio de 1972, portanto, há mais de 50 anos!

No capítulo “Campos Verdejantes” do volume 17 da Nova Revolução Humana, que reúne acontecimentos de 1973, encontramos o seguinte incentivo de Shin’ichi Yamamoto:

Preservamos o meio ambiente ao plantar árvores, mas é essencial plantar no coração das pessoas a filosofia budista de prezar o ambiente. Espero que os membros de Hokkaido, região com vastos tesouros naturais, assumam a liderança desse empreendimento nesta verdejante Terra da Luz Eternamente Tranquila. Na segunda etapa do kosen-rufu, nós, como budistas, devemos novas contribuições à sociedade.²

Com esses e outros episódios que foram registrados, podemos afirmar que, desde seu início, a Soka Gakkai, na figura dos Três Mestres, prioriza a preservação do meio ambiente. Retornando ao momento presente, é urgente que intensifiquemos nossas ações para colaborarmos de forma efetiva para a melhoria do nosso ambiente e para que tenhamos a alegria de sentir o frescor de um ar puro conscientes da nossa missão de influenciar positivamente o local em que nos encontramos.

Algumas dicas para o dia a dia:

  • Aumente a ingestão de água potável e procure locais mais frescos.
  • Evite atividades físicas em áreas abertas.
  • Evite ficar próximo de focos de queimadas (quando possível).
  • Mantenha janelas e portas fechadas para se proteger da fumaça e evite esforço.
  • Não jogue pontas de cigarro no chão; descarte-as em lixos adequados.
  • Nunca provoque queimada propositalmente, mesmo que seja para se desfazer de folhas secas.
  • Procure alternativas seguras e sustentáveis para descartar o lixo.
  • Em caso de foco de incêndio, comunique imediatamente o Corpo de Bombeiros (193).
  • Em ambientes fechados, umidifique o ar: pode ser com uma toalha molhada dentro de uma bacia ou com um aparelho próprio.
  • Apoie projetos de conservação do meio ambiente, como o Instituto Soka Amazônia. 

No topo: Getty Images.

Notas:

1. TOYNBEE, Arnold J., IKEDA, Daisaku. Escolha a Vida. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 50, 2024. Para saber mais sobre o livro, clique aqui.

2. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 17, p. 304, 2017. Para saber mais sobre o livro, clique aqui. 

Referências:

https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2024/09/09/aumento-de-100percent-numero-de-queimadas-no-brasil-dobra-em-um-ano.ghtml/. Acesso em: 11/09/2024.

https://www.instagram.com/p/C_vLpQLsOLZ/?igsh=MWRkcWRjOTAwMjE0Zw%3D%3D/. Acesso em: 11/09/2024.

https://www.instagram.com/p/C_t6jiFIc-K/?igsh=dGtjYmdjcnJtM3Jy&img_index=1/. Acesso em: 11/09/2024

https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2024/09/09/secas-e-queimadas-deixam-a-comida-do-brasileiro-mais-cara.htm?utm_source=the_news&utm_medium=newsletter&utm_campaign=10-09-2024&_bhlid=e18a5dd2e06e99c69394571ef7b656b8084d95bc/. Acesso em: 11/09/2024.

https://www.greenpeace.org/brasil/blog/o-brasil-esta-em-chamas/?entrypoint=p4_banner/. Acesso em: 11/09/2024.

https://www.instagram.com/p/C_5ivYSxkGC/?igsh=MWVnczI5ejNkcGYybA==. Acesso em: 18/09/2024. 

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