Brasil Seikyo
Por clique para buscar
EntrarAssinar
marcar-conteudoAcessibilidade
Tamanho do texto: A+ | A-
Contraste
Cile Logotipo
Estudo

[14] Kosen-rufu da localidade

ícone de compartilhamento

Departamento de Estudo do Budismo

29/04/2021

[14] Kosen-rufu da localidade

Capítulo 1: Trechos do Gosho

Aprendendo com os Escritos de Nichiren Daishonin: Os Ensinamentos para a Vitória - Matéria atualizada a partir da revista Terceira Civilização, ed. 524, abr. 2012, p. 66 - Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda

Parte final: Criando uma grandiosa corrente mundial do kosen-rufu na era das pessoas

[5] A Seleção do Tempo

Trecho do escrito

Vejam o que ocorrerá! Quando dezenas de milhares de navios de guerra do grande reino da Mongólia cruzarem o mar para atacar o Japão, todos, do imperador à pessoa mais simples do povo, abandonarão os templos budistas e os santuários das divindades e elevarão a voz para recitar em coro: Nam-myoho-renge-kyo, Nam-myoho-renge-kyo!

(...)

Os sacerdotes eminentes do Japão, com certeza, logo tentarão dizer: “Namu Nichiren Shonin (Devoção ao Venerável Nichiren)!” Porém, o mais provável é que só terão tempo de dizer “Namu!” Que lamentável, que lamentável!

Nos textos seculares lemos: “Venerável é aquele que compreende totalmente o que ainda está para acontecer”. E nos escritos budistas consta: “Venerável é aquele que conhece as três existências — passado, presente e futuro”.

Em três oportunidades fui distinguido por possuir tal conhecimento (CEND, v. I, p. 604).

(...)

Então, [Hei no Saemon-no-jo] Yoritsuna perguntou: “Quando o senhor acha que os mongóis atacarão?”.

Respondi: “As sagradas escrituras não indicam o momento. Mas os sinais demonstram que a fúria dos céus é extrema. Diria que o ataque será iminente. É provável que ocorrerá antes do fim deste ano”.

Não obstante, não fui eu, Nichiren, quem fez essas três importantes declarações. Em todas as vezes, foi o espírito d’Aquele que Assim Chega Shakyamuni que se valeu do meu corpo. E tendo experimentado isso pessoalmente, mal posso conter minha alegria. Esta é a doutrina de suma importância dos três mil mundos num único momento da vida, exposta no Sutra do Lótus (CEND, v. I, p. 605).

(...)

Pequenos cursos d’água se unem para formar o grande oceano, e minúsculas partículas de pó se acumulam para formar o Monte Sumeru. Quando eu, Nichiren, abracei pela primeira vez a fé no Sutra do Lótus, eu era como uma única gota d’água ou uma única partícula de pó em todo o Japão. Mais tarde, porém, quando duas, três, dez e, então, cem, mil, dez mil e um milhão de pessoas recitarem o Sutra do Lótus e transmitirem-no aos demais, formarão um Monte Sumeru da iluminação perfeita, um oceano do grande nirvana. Não busquem nenhum outro caminho para atingir o estado de buda! (CEND, v. I, p. 605).

(...)

O oitavo volume do Sutra do Lótus afirma: “Nas eras futuras, aqueles que aceitarem e abraçarem, lerem e recitarem este sutra... Seus desejos não serão em vão e, nesta existência, obterão a recompensa da boa sorte”. Também consta nesse sutra: “Se houver alguém que faça oferecimentos a eles e os louve, nesta existência, essa pessoa obterá uma recompensa visível por isso”. Nestas duas passagens estão contidas as palavras “nesta existência, obterão a recompensa da boa sorte” e “obterá recompensas benéficas nesta existência”. Cada uma dessas declarações, no original em chinês, compreende oito ideogramas. Se estes dezesseis ideogramas carecerem de significado, e se Nichiren não receber nenhuma grande recompensa nesta existência, então, essas palavras douradas d’Aquele que Assim Chega cairão na mesma categoria das mentiras infundadas de Devadatta, e o testemunho do buda Muitos Tesouros para confirmar sua veracidade não será diferente das falsas declarações de Kokalika. Assim, nenhuma das pessoas que caluniam o correto ensinamento jamais seria condenada ao inferno Avichi, e não haveria budas das três existências! Mas, como seria possível algo semelhante?

Por essa razão, digo a vocês, meus discípulos, experimentem praticar conforme o Sutra do Lótus ensina e empenhem-se sem poupar a vida! Testem a veracidade do budismo agora! (CEND, v. I, p. 609).

Explanação

O Budismo Nichiren é um ensinamento humanístico. Ele permite que encontremos uma esperança suprema dentro de nós mesmos — esperança que é representada pela infinita nobreza de nossa vida. Encontramos a suprema esperança em nossa vida, assim como esperança luminosa na vida das outras pessoas.

Baseados no espírito fundamental da empatia e da preocupação com os outros, despertamos para nossa missão de construir um mundo melhor, caracterizado pelo respeito à dignidade da vida e à dignidade humana. E começamos a trilhar esse caminho de transformação e criação de valor enquanto confrontamos corajosamente a rea­lidade mais difícil. Esse é o espírito demonstrado pelos bodisatvas da terra, descrito no Sutra do Lótus. Uma transformação interna na vida de uma pessoa gera a mudança de incontáveis pessoas e, por fim, transforma o mundo inteiro. A missão dos bodisatvas da terra é pôr isso em movimento e espalhar uma corrente contínua de valor positivo e de esperança. O importante é a pessoa despertar e agir agora.

Os Últimos Dias da Lei são a época em que a Lei pura do buda Shakyamuni fica obscurecida e se perde. Nessa ocasião, o buda Nichiren Daishonin levantou-se destemidamente como uma pessoa de sabedoria e reconheceu a calúnia contra a Lei como a raiz das calamidades e dos problemas que assolavam o Japão.

Daishonin foi um sábio que arriscou a própria vida para repreender as autoridades dominantes da época, advertindo que, se essa calúnia permanecesse descontrolada, as duas calamidades restantes previstas nos sutras — as calamidades dos conflitos internos e a invasão estrangeira — ocorreriam sem falta. Acima de tudo, ele foi um devoto do Sutra do Lótus, que lutou persistentemente para libertar as pessoas do sofrimento e transformar a era maligna por propagar amplamente o ensinamento do Nam-myoho-renge-kyo — o grande remédio para curar a aflição da calúnia contra a Lei em seu nível fundamental.

No escrito A Seleção do Tempo, Daishonin proclama que ele, como uma pessoa de incansáveis esforços para propagar o Sutra do Lótus conforme o Buda ensina, é “o supremo devoto do Sutra do Lótus em todo o território de Jambudvipa [o mundo inteiro]” (CEND, v. I, p. 576) e o precursor em propagar amplamente a Lei Mística pelo mundo.

Esse escrito revela que Daishonin entendeu e incorporou o ensinamento do budismo e é o grande mestre, ou o Buda dos Últimos Dias da Lei, que abre o caminho para a iluminação de todas as pessoas nesta era conturbada.

Os que são merecedores de respeito e admiração não são os estudiosos arrogantes, as autoridades religiosas ou os políticos influentes. Quem merece respeito são as pessoas de genuína sabedoria e coragem que dedicam sua existência ao ensinamento e à transmissão dos meios verdadeiros pelos quais as pessoas superam quaisquer sofrimentos. A Seleção do Tempo esclarece a real medida de um ser humano.

Desde que estabeleceu seu ensinamento (aos 32 anos), Daishonin atentou-se a transformar o Japão, que estava dominado por sacerdotes despreparados que sucumbiram à influência de funções da maldade — ou, como consta no Sutra do Lótus, estavam “possuídos por demônios do mal”.1 Esses sacerdotes colocaram o mundo inteiro num caminho de impiedosa calúnia contra a Lei e todo o país numa direção de graves calúnias contra a Lei. Ele travou uma luta contra os ataques dos “três poderosos inimigos”,2 que aconteceram em rápida sucessão; mas Daishonin triunfou sobre todos.

Quando escreveu essa carta (em 1275), as profecias de Daishonin, de conflitos internos e de invasão estrangeira, haviam se realizado. Essa série de eventos o fez ser libertado do injusto exílio na Ilha de Sado. As autoridades, até então baseadas em pontos de vista distorcidos, passaram a admirar Daishonin e tentavam mostrar-lhe uma atitude conciliatória.

Como não compreendiam o coração da Lei Mística — o ensinamento de respeito para o valor sagrado da vida e a dignidade humana —, eles falharam ao abraçar o ideal de Daishonin da pacificação da terra por meio do estabelecimento do ensinamento do budismo (rissho ankoku). Os sacerdotes ignoraram as sinceras objeções de Daishonin, que ofereceu uma visão em que os soberanos colocariam o bem-estar e o interesse das pessoas em primeiro lugar, abrindo caminho para a criação de uma sociedade próspera e pacífica. As autoridades da época estavam apenas interessadas em medidas paliativas para lidar com a ameaça iminente de outra invasão mongol.

Elas estavam elaborando um programa de defesa nacional, no qual também contavam com o apoio dos sacerdotes das escolas budistas já estabelecidas. Como Daishonin continuou a censurar as autoridades e a denunciar o curso de suas ações, a perseguição contra seus discípulos se intensificou.

Em A Seleção do Tempo, percebemos o desejo de Nichiren Daishonin de transmitir a seus discípulos, que permaneceram ao seu lado durante a crise, a missão para a qual ele despertou como bodisatva da terra e sua contínua batalha contra os três poderosos inimigos. Apenas na constante luta altruística de Daishonin para propagar a Lei Mística encontramos o caminho para a revolução humana individual. Nessa luta está o sentido para transformar a sociedade que está repleta de ira e de sofrimento.

Encontramos também o caminho para transformar o carma da humanidade, possibilitando a todas as pessoas romper a escuridão fundamental inerente e perceber um mundo onde todos são felizes.

Vejam o que ocorrerá! Quando dezenas de milhares de navios de guerra do grande reino da Mongólia cruzarem o mar para atacar o Japão, todos, do imperador à pessoa mais simples do povo, abandonarão os templos budistas e os santuários das divindades e elevarão a voz para recitar em coro: Nam-myoho-renge-kyo, Nam-myoho-renge-kyo!

(...)

Os sacerdotes eminentes do Japão, com certeza, logo tentarão dizer: “Namu Nichiren Shonin (Devoção ao Venerável Nichiren)!” Porém, o mais provável é que só terão tempo de dizer “Namu!” Que lamentável, que lamentável! (CEND, v. I, p. 604).

A traiçoeira influência da calúnia contra a Lei

O propósito do Budismo Nichiren é estabelecer o ensinamento do Sutra do Lótus visando à pacificação da terra e instituir os ideais de respeito pelo valor sagrado da vida e a dignidade humana. E, baseado nisso, atingir a felicidade de todas as pessoas e o florescimento de sociedades pacíficas.

O Buda deseja guiar todos os seres humanos na direção do supremo bem e ajudá-los a manifestar o mesmo estado de felicidade absoluta indestrutível que ele conseguiu. Esse profundo desejo é elucidado com grande simplicidade e clareza no Sutra do Lótus. Abraçar e apoiar este sutra é tomar medidas com o mesmo espírito do Buda que transborda vibrantemente na vida de cada um.

Em contraste, caluniar o Sutra do Lótus representa o repúdio ao desejo do Buda de guiar todas as pessoas à iluminação [shakubuku]. Esse comportamento é influenciado por forças negativas inerentes à vida — ou “demônios do mal” — que tentam destruir a bondade inata das pessoas e acabar com sua felicidade. A calúnia corrompe a vida das pessoas e intensifica impulsos e desejos ilusórios, tornando-as egoisticamente preocupadas com a busca de fama, fortuna e posição social.

Por sua vez, isso origina um ambiente onde ninguém tem o menor escrúpulo ao sacrificar a felicidade dos outros pela própria. Num mundo onde o humanismo está escasso e prevalece o desrespeito à vida, não haverá apenas desordem e batalhas internas, mas um conflito incessante com as outras sociedades.

Essa introspecção é incorporada em várias passagens do sutra, advertindo que a calúnia contra a Lei é a causa fundamental de todas as calamidades e que, se permanecer impune, conduzirá à guerra e à destruição da nação.

Naturalmente, a última coisa que Daishonin pretendia era ver suas profecias se tornando reais e o bem-estar sendo perturbado. Ele havia feito essas previsões como uma advertência para a nação mudar de rumo antes que fosse tarde e as pessoas estivessem mergulhadas num terrível sofrimento. Por essa razão, Daishonin era o venerável que advertiu o mundo sobre “o que ainda está para acontecer” (CEND, v. I, p. 604).

A fim de despertar essas vidas envenenadas pela calúnia contra a Lei, Daishonin se declara como um sábio cuja única preocupação é salvar a nação da destruição. Ele ainda afirma que, quando as pessoas são fisicamente confrontadas com a ameaça da morte e veem a ruína da nação, elas determinam juntar as mãos em súplica como devotos do Sutra do Lótus, a quem anteriormente haviam desprezado e ignorado, e recitam Nam-myoho-renge­-kyo uníssona.

Mas ele nota que até os sacerdotes iminentes que tomaram a liderança ao persegui-lo — os chamados sábios falsos arrogantes, ou o terceiro dos três poderosos inimigos — despertaram o desejo de procurar ajuda e tentaram dizer: “Namu Nichiren Shonin” (Devoção ao Venerável Nichiren)!”. É provável que eles só vão ter tempo para proferir esta única palavra: “Namu (Devoção)!” Eles seguiriam o mesmo caminho de Devadatta3 que, antes de dar seu último suspiro e cair no inferno, proferiu “Namu (Devoção)!” e não “Namu Buda (Devoção ao Buda)!” Assim como ele, eram dignos de pena (cf. CEND, v. I, p. 604).4 Aqui, Daishonin destaca a ofensa da calúnia contra a Lei cometida por sacerdotes iminentes de sua época.

Entretanto, esses sacerdotes estavam formando uma relação inversa, ou relação tambor venenoso,5 com o ensinamento do budismo. Como aqueles que perseguiram o bodisatva Jamais Desprezar6 no Sutra do Lótus, esses falsos sábios arrogantes, depois de experimentarem o grande sofrimento por caluniar a Lei, despertariam e alcançariam a máxima verdade da existência, o mais alto e mais importante ensinamento de todos.

Depois de explicar esse princípio, Daishonin esclarece que ele é um sábio. E fortalece essa afirmação resumindo as três ocasiões em que ganhou distinção ao fazer profecias precisas enquanto advertia o governo.

Nos textos seculares lemos: “Venerável é aquele que compreende totalmente o que ainda está para acontecer”.7 E nos escritos budistas consta: “Venerável é aquele que conhece as três existências — passado, presente e futuro”.8

Em três oportunidades fui distinguido por possuir tal conhecimento.

(...)

Então, [Hei no Saemon-no-jo] Yoritsuna perguntou: “Quando o senhor acha que os mongóis atacarão?”.

Respondi: “As sagradas escrituras não indicam o momento. Mas os sinais demonstram que a fúria dos céus é extrema. Diria que o ataque será iminente. É provável que ocorrerá antes do fim deste ano”.

Não obstante, não fui eu, Nichiren, quem fez essas três importantes declarações. Em todas as vezes, foi o espírito d’Aquele que Assim Chega Shakyamuni que se valeu do meu corpo. E tendo experimentado isso pessoalmente, mal posso conter minha alegria. Esta é a doutrina de suma importância dos três mil mundos num único momento da vida,9 exposta no Sutra do Lótus (CEND, v. I, p. 604-605).

Três oportunidades de distinção: a vitória da verdade sobre a opressão

A frase “Em três oportunidades fui distinguido” refere-se às previsões de Daishonin durante as suas três renúncias perante as autoridades. Foram distinções que ele adquiriu com sua perspicaz sabedoria decorrente da profunda compaixão e do senso de responsabilidade para aliviar o sofrimento das pessoas da Terra. Para mim, eles transmitiam elevada dignidade espiritual com a qual Daishonin se pronunciou audaciosamente, como um ser humano único, pelo que ele acreditava ser correto, sem fazer reverência ou bajular quem estivesse no poder.

As três ocasiões que fizeram Daishonin ganhar distinção, seus três pronunciamentos, são resumidas da seguinte forma:

A primeira vez foi quando ele apresentou o tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra (em 1260) para o poderoso regente aposentado Hojo Tokiyori.10 Daishonin levou o tratado ao escritório do sacerdote leigo Yadoya Saemon Mitsunori, assessor de Tokiyori e oficial no governo militar de Kamakura, para o qual ele disse: “Por favor, aconselhe Sua Senhoria a abandonar a devoção ao Zen e ao Nembutsu. Se este conselho não for aceito, conflitos eclodirão dentro do clã governante e o Japão será atacado por uma nação estrangeira” (CEND, v. I, p. 604).

A segunda vez ocorreu durante a censura de Nichiren Daishonin quando da Perseguição de Tatsunokuchi (em 1271). Hei no Saemon-no-jo,11 subchefe do Posto de Comando Militar, levou um grande número de soldados fortemente armados para prender Daishonin, que declarou com voz calma:

Nichiren é o pilar e a viga mestra da nação. Ao livrar-se de mim, estará derrubando o pilar do Japão! De imediato, todos sofrerão a “calamidade da revolta dentro do próprio reino”, ou conflitos entre os senhores próprios e também “a calamidade da invasão estrangeira”. As pessoas de nossa terra serão mortas pelos invasores, e muitas delas serão capturadas como reféns. Todos os templos do Nembutsu e do Zen, tais como o Kencho-ji, o Jufuku-ji, o Gokuraku-ji, o Daibutsu-den e o Choraku-ji serão reduzidos a cinzas, e seus sacerdotes, levados à Praia de Yui para serem decapitados. Se não agirem assim, o Japão será certamente arrasado!.12 (CEND, v. I, p. 604-605)

Nichiren Daishonin denunciou a loucura que Hei no Saemon-no-jo estava cometendo como soberano. Executar Daishonin seria como derrubar o pilar do Japão. Ele ainda declara que quem tinha de ser decapitado por uma grave ofensa eram os perversos sacerdotes do Nembutsu, do Zen e de outras escolas, que estavam levando a nação à ruína com seus ensinamentos errôneos, e não ele, que se esforçava para salvar o país basea­do no ensinamento do Sutra do Lótus.

Com certeza, a declaração de Nichiren Daishonin para outros sacerdotes “serem decapitados” deve ser entendido como uma metáfora proibindo a calúnia contra a Lei. Em Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra, Daishonin escreve que “os oferecimentos aos monges caluniadores são proibidos”13 (CEND, v. I, p. 23).

Naquela época, Hei no Saemon-no-jo era um conselheiro de confiança do jovem governante Hojo Tokimune. Como subchefe do Posto de Comando Militar, serviu como líder efetivo do governo militar. O fato de Daishonin censurar destemidamente essa poderosa figura comprova seus incansáveis esforços e a prontidão para pôr a própria vida em risco por suas crenças.

A terceira vez ocorreu durante um encontro de Nichiren Daishonin com Hei no Saemon-no-jo após ser perdoado do exílio na Ilha de Sado e ter retornado a Kamakura (em 1274). Numa completa reviravolta de seus confrontos anteriores, Hei no Saemon-no-jo mostrou uma atitude diferenciada em relação a Daishonin. Ele fez uma clara tentativa de obter­ o apoio de Daishonin, oferecendo-lhe a construção de um templo, caso concordasse em orar em nome do governo para a derrota do exército mongol. Essa proposta veio exatamente de quem até aquele momento perseguiu ferozmente Daishonin e seus discípulos. A aparência respeitosa de Hei no Saemon-no-jo acobertava a ameaça de que sérias consequências aguardavam Daishonin se ele rejeitasse essa proposta.

A natureza fundamental desse tirano não havia mudado em nada. Nichiren Daishonin não aceitou a oferta dizendo categoricamente: “Pode parecer que, por ter nascido nos domínios do governante, eu deva segui-lo em minhas ações. Porém, jamais o seguirei em meu coração” (CEND, v. I, p. 605). Essas conhecidas palavras foram incluídas numa publicação da Unesco, intitulada The Birthright of Man, uma coleção de citações inspiradoras para comemorar o 20º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos (em 1968).14 Esse indomável anúncio de liberdade espiritual resume o próprio coração do buda Nichiren Daishonin, que lutou incansavelmente para a felicidade das pessoas contra a natureza demoníaca da autoridade.

Daishonin recusou-se a se submeter às repressivas autoridades de sua época. Na verdade, ele ousou afirmar claramente em censura que, se o governo continuasse dependendo das orações da escola Palavra Verdadeira para derrotar as forças mongóis, a nação seria destruída. Esse fato estava de acordo com o princípio budista da ofensa retornar ao seu autor.15

O coração dos iluminados na mais alta verdade da Lei Mística não é controlado por ninguém, nem pela mais poderosa autoridade secular. Mesmo que seu espírito pareça por um tempo algemado e oprimido pelo poder, essas pessoas travam incessante luta interior que rompe todas as correntes e lhes permite alcançar a brilhante vitória espiritual neste mundo.

Esse triunfo da dignidade humana e do valor sagrado da vida é o que conduz a uma terra próspera e pacífica, baseada no ensinamento do budismo.

As profecias de Daishonin: expressão da sabedoria do Buda

O propósito das profecias de Daishonin era iluminar a realidade presente, baseada nas sábias palavras do buda Shakyamuni — as palavras dos sutras. Contemplando sinceramente o presente à luz de várias passagens do sutra, é possível enxergar a profunda sabedoria contida lá.

No pós-escrito de Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra, Daishonin diz: “Este meu tratado agora é comprovado pelos fatos. Mas isso não se deve somente à capacidade de Nichiren. Com certeza, tudo ocorreu em resposta às palavras verdadeiras do Sutra do Lótus” (CEND, v. I, p. 31). Ele afirma que a precisão das previsões em seu tratado simplesmente se deve ao fato de elas estarem baseadas nas “palavras verdadeiras” expostas no Sutra do Lótus — o poder das palavras de genuína sabedoria expressas pelo Buda. Portanto, não é exagero dizer que as profecias articuladas por Daishonin são uma manifestação da sabedoria do buda.

Após citar os três acontecimentos que o fizeram ganhar distinção, Daishonin afirma que não eram profecias feitas por ele. Na verdade, “Em todas as vezes, foi o espírito d’Aquele que Assim Chega Shakyamuni que se valeu do meu corpo” (CEND, v. I, p. 605).

Aqui, o “espírito d’Aquele que Assim Chega Shakyamuni” pode ser visto como a condição de vida do Buda da Lei Mística, fonte da iluminação de Shakyamuni e dos budas das dez direções.

Em outras palavras, Daishonin ganhou distinção por prever o futuro corretamente em razão de seu estado de buda expresso em palavras e ações imbuídas de compaixão, sabedoria e coragem para guiar todas as pessoas­ à felicidade. Ele exclama: “E tendo experimentado isso pessoalmente, mal posso conter minha alegria” (CEND, v. I, p. 605).

No que diz respeito a levar adiante essa condição de vida do Buda, ele diz: “Esta é a doutrina de suma importância dos três mil mundos num único momento da vida, exposta no Sutra do Lótus” (CEND, v. I, p. 605).

Baseado nesse reconhecimento, o “espírito d’Aquele que Assim Chega Shakyamuni” também pode ser interpretado como o espírito sensível para cuidar da felicidade e do bem-estar de todos os seres vivos, o qual Shakyamuni ensinou e sintetizou.

No Sutra do Lótus, encontramos a passagem:

Mas agora este mundo tríplice

é todo o meu domínio,

e os seres que nele vivem

são todos meus filhos.

Agora, este lugar

está repleto de sofrimentos e provações.

Eu sou o único

capaz de resgatar e proteger os demais.16 (LSOC, v. 3, p. 105-106)

O buda Shakyamuni desejava a felicidade e a segurança de todas as pessoas e de todas as nações. Por isso, ele expôs o Sutra do Lótus, um ensinamento da iluminação universal. Os devotos ou praticantes do Sutra do Lótus se esforçam para fazer do espírito do Buda seu próprio espírito e traduzi-lo em ações.

Daishonin viveu de acordo com a essência do Sutra do Lótus — o próprio coração do Buda — e incorporou as três virtudes de soberano, mestre e pais ao proteger, guiar e cuidar das pessoas. Por essa razão, ele é reverenciado como o Buda dos Últimos Dias da Lei.

Pequenos cursos d’água se unem para formar o grande oceano, e minúsculas partículas de pó se acumulam para formar o Monte Sumeru.17 Quando eu, Nichiren, abracei pela primeira vez a fé no Sutra do Lótus, eu era como uma única gota d’água ou uma única partícula de pó em todo o Japão. Mais tarde, porém, quando duas, três, dez e, então, cem, mil, dez mil e um milhão de pessoas recitarem o Sutra do Lótus e transmitirem-no aos demais, formarão um Monte Sumeru da iluminação perfeita,18 um oceano do grande nirvana.19 Não busquem nenhum outro caminho para atingir o estado de buda! (CEND, v. I, p. 605).

Esforçar-se pelo kosen-rufu é o caminho para manifestar o estado de buda

O kosen-rufu— a ampla propagação da Lei Mística — é posto em prática quando uma pessoa corajosa desperta para o ensinamento do budismo, se levanta e triunfa sobre todos os obstáculos para alcançar esse objetivo.

Como indicado pela luta de Daishonin, sendo “o supremo devoto do Sutra do Lótus em todo o território de Jambudvipa [o mundo inteiro]” (CEND, v. I, p. 576) e seu comportamento como pessoa de sabedoria, criar uma terra de paz e prosperidade, baseada no ensinamento do budismo, começa com a transformação interior na vida de cada pessoa.

Assim como miríades de gotas d’água se juntam para formar um grande oceano ou minúsculas partículas de poeira se acumulam para formar uma enorme montanha, incontáveis indivíduos, juntos, formam um grande movimento ou uma imensa onda. Tudo começa com uma única pessoa. A paixão e o comprometimento dessa pessoa inspirarão outra pessoa e mais outra para se unir com a mesma determinação e visão. Por sua vez, inspirarão muitas outras pessoas — seus grupos crescerão constantemente em tamanho e força.

O Sutra do Lótus é um ensinamento para a iluminação das pessoas que tem o poder de romper a escuridão fundamental de todas e despertá-las para sua natureza de buda inerente. Quando os praticantes do Sutra do Lótus realizam o shakubuku, iluminam a escuridão em torno deles, assim como o Sol. Como resultado, segundo Daishonin, esses praticantes despertarão “duas, três, dez e, então, cem, mil, dez mil e um milhão de pessoas” (CEND, v. I, p. 605), que se unirão a eles em seus esforços e despertarão inumeráveis pessoas. Juntos, como partículas de poeira ou gotas d’água, formam um “Monte Sumeru da iluminação perfeita, um oceano do grande nirvana” (CEND, v. I, p. 605).

Quando a sabedoria e a compaixão da Lei Mística se espalharem pela Terra e os princípios humanísticos do Sutra do Lótus forem abraçados como valores humanos universais, veremos a construção de sociedades onde prevalecerá a paz duradoura.

Nichiren Daishonin ensina que o “Monte Sumeru da iluminação perfeita” e o “oceano do grande nirvana” serão formados por meio do surgimento de multidões nobres que lutam com o mesmo espírito invencível do primeiro devoto. Ele nos ensina ainda que não devemos procurar outro caminho para atingir o estado de buda senão o de criar uma grande onda do kosen-rufu, que começa com a revolução humana de cada pessoa.

Somente podemos evidenciar nosso estado de buda inerente por meio de esforços para concretizar o grande desejo (daigan) do Buda para a felicidade humana e para a paz mundial.

No escrito A Seleção do Tempo, portanto, Daishonin exorta seus discípulos a se juntar a ele na luta em prol do kosen-rufu, o que permite manifestar uma sublime condição de vida.

O oitavo volume do Sutra do Lótus afirma: “Nas eras futuras, aqueles que aceitarem e abraçarem, lerem e recitarem este sutra... Seus desejos não serão em vão e, nesta existência, obterão a recompensa da boa sorte”. Também consta nesse sutra: “Se houver alguém que faça oferecimentos a eles e os louve, nesta existência, essa pessoa obterá uma recompensa visível por isso”. Nestas duas passagens estão contidas as palavras “nesta existência, obterão a recompensa da boa sorte” e “obterá recompensas benéficas nesta existência”. Cada uma dessas declarações, no original em chinês, compreende oito ideogramas. Se estes dezesseis ideogramas carecerem de significado, e se Nichiren não receber nenhuma grande recompensa nesta existência, então, essas palavras douradas d’Aquele que Assim Chega cairão na mesma categoria das mentiras infundadas de Devadatta, e o testemunho do buda Muitos Tesouros para confirmar sua veracidade não será diferente das falsas declarações de Kokalika. Assim, nenhuma das pessoas que caluniam o correto ensinamento jamais seria condenada ao inferno Avichi, e não haveria budas das três existências! Mas, como seria possível algo semelhante?

Por essa razão, digo a vocês, meus discípulos, experimentem praticar conforme o Sutra do Lótus ensina e empenhem-se sem poupar a vida! Testem a veracidade do budismo agora! (CEND, v. I, p. 609)

Abrindo o grande caminho para o kosen-rufu sem poupar a própria vida

Ao concluir o escrito A Seleção do Tempo, Nichiren Daishonin incentiva seus discípulos a se levantar junto com ele e a se dedicar, sem poupar a vida, à realização do shakubuku, que é um decreto do Buda. Daishonin deseja que seus discípulos compartilhem suas experiên­cias ao vivenciarem a condição ilimitada de vida manifestada por aqueles que propagam o Sutra do Lótus, ou seja, que concretizam o shakubuku.

Nichiren Daishonin cita a seguinte passagem do Sutra: “Aquele que consegue aceitar e manter este sutra é, da mesma forma, o mais importante de todos os seres vivos” (cf. LSOC, v. 23, p. 327). Ele nos diz que se nos esforçarmos corajosamente em nossa prática budista, com orgulho dessas palavras de louvor do Buda, receberemos uma grande recompensa na presente existência, ou seja, a mesma condição de vida do Buda, assim como ensinado no sutra. E ele nos estimula a nos aplicar fervorosamente e provar isso a nós mesmos.

Nichiren Daishonin travou uma destemida batalha para provar que o Sutra do Lótus é o ensinamento mais importante do Buda. “Filho de uma pessoa da plebe” (CEND, v. II, p. 272), ele lutou bravamente por meio de inúmeras perseguições apenas pela felicidade do povo. Ao ler o Sutra do Lótus com a própria vida, Daishonin revelou seu inerente estado de buda; em outras palavras, um estado de felicidade absoluta e indestrutível. Ele desejava ardentemente que seus discípulos manifestassem o mesmo estado expansivo de ser, um estado tão vasto quanto o universo, e saboreassem a boa sorte ilimitada e o benefício. Ele os convidou a conseguir isso por si mesmos. No final desse escrito, Daishonin cita as passagens do Sutra do Lótus: “Seus desejos não serão em vão e, nesta existência, obterão a recompensa da boa sorte” e “Se houver alguém que faça oferecimentos a eles e os louve, nesta existência, essa pessoa obterá uma recompensa visível por isso” (LSOC, v. 28, p. 365) (CEND, v. I, p. 609).

Daishonin diz que, se ele fosse incapaz de alcançar a grande recompensa de manifestar o estado de buda, significava que Shakyamuni e os budas na assembleia do Sutra do Lótus, que afirmaram que todas as pessoas poderiam fazê-lo, eram ainda mais mentirosos que Devadatta. E isso, é claro, não poderia ser o caso. Ele escreve: “Por essa razão, digo a vocês, meus discípulos, experimentem praticar conforme o Sutra do Lótus ensina e empenhem-se sem poupar a vida!” (CEND, v. I, p. 609).

Para superar os sofrimentos e as perseguições, Nichiren Daishonin demonstrou sabedoria e compaixão insuperáveis. Ele, verdadeiramente, estabeleceu dentro de si a imponente condição de vida do Buda dos Últimos Dias da Lei. Como Daishonin mostrou por meio do próprio exemplo, aqueles que praticam o Sutra do Lótus infalivelmente receberão grande benefício e boa sorte. Portanto, encoraja seus discípulos a lutar com o mesmo juramento que ele. Daishonin está essencialmente clamando: “Meus discípulos, pratiquem o Sutra do Lótus como o Buda ensina, evidenciem elevada condição de vida e adornem a vida com vitórias!”.

Por que é importante para o devoto do Sutra do Lótus lutar com o espírito de não poupar a própria a vida? Porque os Últimos Dias da Lei são uma era maléfica, repleta de calúnia contra a Lei, e porque a propagação do ensinamento do budismo envolve a batalha contra os “três poderosos inimigos”, especificamente, o terceiro e o mais poderoso: “falsos sábios arrogantes”, como previsto no sutra. Daishonin fala de “os sacerdotes eminentes que fingem observar os preceitos e adotam a aparência de homens sábios” (CEND, v. I, p. 610).

Em outras palavras, falsos sábios arrogantes são altos sacerdotes que parecem ser irrepreensíveis em sua conduta. Eles aparentam ter sabedoria e amplo respeito na sociedade. Mas, na realidade, caluniam o ensinamento do budismo e perseguem seus praticantes.

Por outro lado, o devoto do Sutra do Lótus — Nichiren Daishonin — é uma pessoa comum, “uma pessoa de classe baixa e de modesta formação” (CEND, v. I, p. 610). Por essa razão, as autoridades dominantes e a população em geral depositam sua confiança nos falsos sábios arrogantes, enquanto desprezam o verdadeiro devoto do Sutra do Lótus. Não só eles não conseguem seguir as afirmações superiores do devoto, como buscam ativamente acabar com ele.

Sem um verdadeiro juramento, não há como perseverar na luta para propagar o ensinamento do budismo nos Últimos Dias. Entretanto, a menos que essa luta seja empreendida, o ensinamento do Sutra do Lótus ficará obscurecido e se perderá, e os Últimos Dias da Lei permanecerão para sempre envoltos pela escuridão.

Da mesma forma, se uma única pessoa atua com desânimo e é derrotada, será intensificada a escuridão da época. Durante a existência de Nichiren Daishonin, apareceram discípulos que responderam sinceramente ao seu chamado para se dedicar à realização do shakubuku, sem poupar a própria vida. Discípulos, como o samurai Shijo Kingo20 e os irmãos Ikegami,21 lutaram contra a influên­cia traiçoeira de falsos sábios arrogantes. Esses fiéis discípulos desenvolveram uma forte fé para enfrentar os ataques das tempestades de obstáculos.

Muitos agricultores discípulos de Daishonin lutaram contra a perseguição do governo junto com Nikko Shonin, discípulo direto do Buda. Todos eram praticantes leais, incluindo os Três Mártires de Atsuhara,22 que se recusaram ser derrotados por qualquer dificuldade ou ameaça. Essas lutas enfatizam que o Budismo Nichiren é um ensinamento do juramento compartilhado entre mestre e discípulo.

Grande batalha “para” e “em” prol das pessoas

Desde a sua fundação em 1930, a Soka Gakkai e seus três primeiros presidentes — Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e eu — unidos pelos laços de mestre e discípulo, vêm realizando esta grande luta iniciada por Nichiren Daishonin. Luta esta em que as pessoas são o foco e também as protagonistas.

O primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, percebeu que a missão do Budismo Nichiren para a humanidade é permitir que as pessoas se libertem do sofrimento e alcancem a genuína felicidade. Ele se levantou, sem poupar a vida, dedicando-se abnegadamente à propagação da Lei e, por fim, morreu por suas crenças. Makiguchi disse: “Toda a humanidade anseia pela Lei Mística da iluminação, a suprema Lei da vida. Se, por meio de nossos esforços [para provar sua validade], essa Lei for acessível a todos, as pessoas, naturalmente, compartilharão seus benefícios com os outros e os ajudarão a atingir a felicidade absoluta”.23

Ele também declarou: “Devemos orientar o país na direção de um grande bem.24 Isso é como fazer um pouso diante do inimigo. Ninguém se juntou à Soka Gakkai quando conduzimos nossos esforços de propagação no passado falando com várias pessoas. Mas, começando com um único companheiro dez anos atrás, nosso movimento já cresceu fenomenalmente. A razão disso é que nos baseamos completamente na fé e demonstramos a prova real do benefício de nossa prática budista um ao outro. Observando o progresso que fizemos até este ponto, acredito que, no futuro, por meio de nossas ações dedicadas, contribuiremos positivamente para o bem-estar da família e da sociedade e alcançaremos o kosen-rufu”.25

O segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, discípulo e sucessor que lutou ao lado de Tsunesaburo Makiguchi, afirmou: “Se você é um jovem que está genuinamente preocupado com seu país e deseja a felicidade do povo, deve primeiro, você mesmo, procurar a essência sublime da revolução humana [a de trabalhar para a felicidade de todas as pessoas­ com base na fé no budismo Nichiren]. Você, jovem, deve batalhar e triunfar sobre os três poderosos inimigos, bem como sobre os três obstáculos e as quatro maldades,26 e seguir adiante com coragem e vigor”.27

Toda senseiafirmou: “O Budismo Nichiren é o sol do mundo, dissipando a escuridão que envolve a humanidade”. Eu também dei minha vida para difundir em todo o mundo esta luta espiritual sem precedentes de abnegada propagação da Lei Mística. Desde o início do nosso movimento, inúmeros membros, corajosamente, levantaram-se com o mesmo juramento que eu, e juntaram-se nesta grande luta em prol do kosen-rufu. Esta batalha “para” e “em” prol das pessoas, que foi posta em ação por Nichiren Daishonin, vive hoje na Soka Gakkai por si só.

O Sutra do Lótus descreve os bodisatvas da terra emergindo no mesmo instante da terra de todos os bilhões de terras do mundo saha (LSOC, v. 15, p. 252).

Refletindo às palavras do sutra, bodisatvas da terra estão emergindo simultaneamente em muitos países. Cresce o número de indivíduos corajosos que transformarão o carma da humanidade. A previsão de Daishonin da propagação universal da Lei tornou-se realidade. Quando desenvolvermos altíssimas montanhas de pessoas capazes que contribuem positivamente para a humanidade e vastos oceanos de pessoas comuns que trabalham em conjunto para a felicidade de todos, o Budismo Nichiren se tornará uma filosofia que ilumina a humanidade. Nós, os devotos do Sutra do Lótus, temos de criar esta grande onda do kosen-rufumundial.

Nossos membros são cidadãos do mundo que defendem e praticam uma filosofia para alcançar a genuína felicidade humana. Eles difundiram círculos de confiança e de entendimento como seres humanos e trabalham juntos para unir o mundo enquanto valorizam a sua localidade. Os campeões do nosso movimento Soka são indivíduos de insuperável humanidade.

O tempo chegou! Líderes e pensadores de diversas áreas ao redor do mundo estão louvando a rede da SGI de cidadãos globais. No século 21, nossa responsabilidade é expandir e solidificar este grande movimento.

Gostaria de compartilhar com vocês, meus amigos do Japão e do mundo, minha alegria por ter a sorte de viver nesta época.

Agora é a hora de mostrar a brilhante prova real do kosen-rufu mundial por meio da leitura com nossa vida das palavras de Daishonin: “Experimentem praticar conforme o Sutra do Lótus ensina e empenhem-se sem poupar a vida! Testem a veracidade do budismo agora!” (CEND, v. I, p. 609).

Juntos, vamos seguir nesta grande e altruís­tica batalha para elevar a condição de vida da humanidade.

Isso conclui a explanação do escrito A Seleção do Tempo.

Confio o futuro do kosen-rufu mundial em sua totalidade aos meus amados membros da Divisão dos Jovens, neste ano [2010] do 50ºaniversário do kosen-rufu mundial.

(Daibyakurenge, edição de agosto de 2010)

Capítulo 2: Trechos da Nova Revolução Humana

NRH, cap. “Justiça”, v. 27, p. 181

— O kosen-rufu existe da árdua dedicação de todos os senhores, que nasceram com a missão pelo kosen-rufu e são na verdade filhos do Buda e dos bodisatvas da terra. Por isso, por piores que sejam as provações que venham a enfrentar daqui para a frente, jamais acontecerá de não conseguirem vencê-las. Não há como não serem felizes. Independentemente do que aconteça, por favor, jamais se esqueçam desta convicção.

E continuou:

— Os senhores foram incumbidos por Nichiren Daishonin a realizar o kosen-rufu da localidade. Os elos das pessoas com o budismo se expandirão na mesma medida do empenho dos senhores no diálogo com elas. Os caminhos do kosen-rufusurgirão na mesma proporção dos passos dos senhores pela felicidade das pessoas. A quantidade de Castelos do Tesouro da Felicidade erigidos dependerá das bandeiras da vitória da propagação fincadas por meio do suor e das lágrimas dos senhores. Conto com os senhores na concretização do kosen-rufu da Vila Hakusan e da província de Mie.

Dizendo isso, Shin’ichi curvou-se profundamente, como se reverenciasse o Buda.

NRH, cap. “Hino da Ampla Propagação”, v. 28, p. 38-39

A época da conclusão do kosen-rufu da localidade será quando os membros da Divisão Sênior se envolverem ativamente no local em que vivem. Esse era o pensamento de Shin’ichi.

Na Soka Gakkai, desde a época pioneira, a força propulsora das atividades na localidade vinha principalmente das mulheres. Em meio à correria das tarefas domésticas e à criação dos filhos, elas se dedicavam ao máximo nas atividades da Soka Gakkai, contribuíam para a vizinhança e mantinham intercâmbio com as pessoas, ampliando assim a base de confiança na localidade.

Mas no século 21 chegará enfim o tempo de a Divisão Sênior emergir efetivamente para atuar na localidade. Com o ímpeto da Divisão Sênior, construam uma sólida organização, e ainda, encarem e solucionem os diversos problemas que a sociedade local tem, edificando o castelo da cooperação humana.

Antigamente, muitas pessoas viam a aposentadoria do trabalho como “restante da vida”. De agora em diante, encarem-na como “vida concedida” e utilizem-na para levar esperança e vitalidade à localidade, com base na força cultivada ao longo dos anos.

Budismo é sociedade, e kosen-rufu da localidade é contribuição social. Cada um deve pensar em como pode contribuir em prol das pessoas e do local em que vive, tomando ações resolutas. É dessa maneira que se expande a felicidade na sociedade e se constrói o kosen-rufu.

Nichiren Daishonin afirma: “Os vários sofrimentos de toda a humanidade são os sofrimentos de uma única pessoa, Nichiren” (OTT, p. 138).

Se houver um problema que cause sofrimento às pessoas, considere-o seu e lute destemidamente para solucioná-lo — essa é a conduta de vida de um budista.

Os integrantes da Divisão Sênior, ao se conscientizarem de sua missão e se tornarem o cerne e a força propulsora da edificação da sociedade, sua localidade também se desenvolverá, prosperará e será vitoriosa.

NRH, cap. “Hino da Ampla Propagação”, v. 28, p. 81-82

A intensidade do avanço do movimento pelo kosen-rufu será diferente em cada localidade. Por exemplo, a vida cotidiana e as relações humanas em uma grande metrópole, com sua superpopulação, e aquelas em vilarejos e ilhas afastadas, onde há poucas famílias, são diferentes. É necessário pensar qual a melhor maneira de promover a compreensão do budismo e a forma de fazer atividades da Soka Gakkai com base nessas condições específicas.

Nichiren Daishonin disse: “Confio ao senhor a propagação do budismo em sua província” (CEND, v. II, p. 385). Quem deve assumir a responsabilidade pelo kosen-rufu de um local são as pessoas que nele habitam.

Mesmo que o modo de realização das atividades se diferencie atendendo às características de cada localidade, isso não deixa de estar de acordo com o princípio fundamental de promover o kosen-rufu.

Em primeiro lugar, o importante é ter a decisão de concretizar o kosen-rufuda localidade custe o que custar. Se cada um não tiver a determinação e a atitude de levantar-se só e transformar sua localidade num jardim da felicidade, mesmo que passem dezenas de anos ou mais, não conseguirão mudar nenhuma situação ou realidade.

Em segundo, os membros da Soka Gakkai devem conquistar a confiança das pessoas em sua localidade. É cultivando o solo da confiança que os diálogos também frutificam. A confiança é a base das relações humanas.

Em terceiro, cada um deve comprovar em sua vida os resultados da prática da fé.

Revolução financeira, superação do carma de doença, construção de um lar harmonioso são, naturalmente, importantes comprovações.

Tornar-se alguém que não é assolado pelas adversidades por possuir um coração forte e inabalável, não é derrotado, lapida seu caráter e é amado e respeitado por todos é uma resplandecente prova real.

Em meio ao avanço com decisão, confiança e comprovação dos membros é que se constrói o grande caminho do kosen-rufu de uma localidade.

Capítulo 3: Trechos do Diálogo sobre Religião Humanística

DRH, cap. “A Perseguição de Atsuhara”, v. 3, p. 145-146

Pres. Ikeda: Correto. Esse estágio final da batalha de toda uma vida de Daishonin em prol da Lei testemunhou o surgimento de uma correnteza ininterrupta de discípulos que se uniram a ele com o intuito de dedicar a vida pelo grande desejo do kosen-rufu. Foi nesse período que a comunidade de verdadeiros discípulos se expandiu de um pequeno grupo para um número significativo de pessoas.

Saito: Portanto, o kosen-rufu significa fundamentalmente recitar o Nam-myoho-renge-kyo e ensinar os outros a fazerem o mesmo, transmitindo-o de pessoa a pessoa. Em A Seleção do Tempo, em que Daishonin esclarece que os Últimos Dias da Lei representam o “tempo” em que o Nam-myoho-renge-kyo se propagaria amplamente, ele também declara:

Pequenos cursos d’água se unem para formar o grande oceano, e minúsculas partículas de pó se acumulam para formar o Monte Sumeru. Quando eu, Nichiren, abracei pela primeira vez a fé no Sutra do Lótus, eu era como uma única gota d’água ou uma única partícula de pó em todo o Japão. Mais tarde, porém, quando duas, três, dez e, então, cem, mil, dez mil e um milhão de pessoas recitarem o Sutra do Lótus e transmitirem-no aos demais, formarão um Monte Sumeru da iluminação perfeita, um oceano do grande nirvana. Não busquem nenhum outro caminho para atingir o estado de buda! (CEND, v. I, p. 605)

Pres. Ikeda: O caminho correto do kosen-rufureside na recitação e transmissão do Sutra do Lótus. Em outras palavras, primeiro a pessoa se levanta e começa a recitar o daimoku do Sutra do Lótus, com o desejo de continuar a prática não importando o que aconteça; então, ela o transmite para uma outra. Esse ato é o caminho para [a própria pessoa e as outras] atingir o estado de buda.

Morinaka: Daishonin diz que esse processo de propagação de pessoa a pessoa representa o princípio de “emergir da terra” (CEND, v. I, p. 404).

Pres. Ikeda: É verdade. O kosen-rufu avança com o surgimento de corajosos bodisatvas da terra dedicados à propagação da Lei Mística. Os esforços diligentes de um indivíduo de forte determinação servem para despertar e inspirar todos ao seu redor, e levá-los a conscientizar muitos outros.

Os bodisatvas da terra não surgem simplesmente de algum lugar. Quando as pessoas com quem nos encontramos começam a praticar o budismo e, por iniciativa própria, levantam-se na prática individual e altruística, com base na crença inabalável de que todos podem atingir o estado de buda, elas se revelam como bodisatvas da terra. O kosen-rufué uma batalha para aumentar as fileiras de defensores do humanismo, os bodisatvas da terra.

Portanto, o princípio de “emergir da terra” indica os esforços para transmitir esse espírito de uma pessoa a outra. Kosen-rufusignifica mais e mais pessoas rejubilando-se: “Eu sou um buda! E você também é um buda!” Isso representa a expansão de um grande movimento de despertar interior e, nesse processo, não podemos deixar de louvar esse maravilhoso caminho de felicidade e do bem e de denunciar a arrogância e o mal.

DRH, cap. “A Perseguição de Atsuhara”, v. 3, p. 151

Pres. Ikeda: Até o momento, somente Daishonin havia combatido e vencido os três poderosos inimigos — leigos arrogantes, ignorantes do budismo; sacerdotes arrogantes e presunçosos; e sacerdotes arrogantes respeitados como sábios. Mas a partir de então, eles começaram a surgir na província de Suruga e a agir para destruir a solidariedade entre os seguidores. Foi em 1279, no auge da Perseguição de Atsuhara, que esses poderosos inimigos se revelaram totalmente.

No final do escrito A Seleção do Tempo, Daishonin declara: “Por essa razão, digo a vocês, meus discípulos, experimentem praticar conforme o Sutra do Lótus ensina e empenhem-se sem poupar a vida! Testem a veracidade do budismo agora!” (CEND, v. I, p. 609). Nikko Shonin foi um dos primeiros a responder a esse brado, conforme visto em seus esforços abnegados, sem poupar a própria vida, para propagar os ensinamentos de Daishonin. Como resultado dessa luta que expressava o espírito de unicidade de mestre e discípulo, muitas outras pessoas abraçaram a fé nos ensinamentos de Daishonin, incluindo guerreiros, agricultores e mulheres. Muitos clérigos de outras escolas que se converteram ao Budismo de Daishonin também se levantaram com Nikko Shonin pela reforma religiosa. O vigor e o dinamismo com que essas diferentes pessoas apareceram em cena faz-me lembrar do surgimento dos bodisatvas da terra no capítulo “Emergindo da Terra” do Sutra do Lótus.

Os seguidores de Daishonin em Atsuhara, que se levantaram firmemente em meio à tempestade de autoritarismo e arrogância, devem ter extraído grande força de Nikko Shonin. Seu exemplo de coragem, sem dúvida, encheu-os com insuperável orgulho pela religião que haviam escolhido e os inspirou a se empenharem alegremente na prática budista.

DRH, cap. “A Perseguição de Atsuhara”, v. 3, p. 151-152

Pres. Ikeda: No final, tudo depende de nossa determinação. Se não tivermos a determinação de impulsionar resolutamente o kosen-rufu, não seremos capazes de banir o mal.

A Soka Gakkai é uma reunião de bodisatvas da terra dinâmicos e atuantes que emergiram das fileiras de pessoas comuns. Daishonin diz: “Quando o bodisatva Práticas Superiores emergiu da terra, não o fez bailando?” (CEND, v. II, p. 387).

Quando despertamos para o nosso poder inato como bodisatvas da terra, uma força e uma capacidade infinitas são evidenciadas. Agora é o momento de nos levantar para cumprir nossa missão como esses nobres bodisatvas e evidenciar plenamente nosso imenso potencial.

Notas:

1. Refere-se à passagem do capítulo 13, “Encorajamento à Devoção”, do Sutra do Lótus: “Demônios do mal possuirão os outros” (LSOC, v. 13, p. 23). Significa que forças negativas entrarão na vida das pessoas, fazendo-as insultar aqueles que abraçam e protegem o ensinamento do budismo, para obstruir sua prática budista. Em A Seleção do Tempo, Daishonin escreve: “Sacerdotes eminentes possuídos por esses demônios malignos enganarão o governante, os ministros deste e as pessoas comuns e farão com que caluniem e insultem esse homem sábio, que o ataquem com varas, bastões, pedras e pedaços de telha, que o condenem ao exílio ou à morte” (CEND, v. I, p. 566).

2. “Três poderosos inimigos”: Três tipos de pessoas arrogantes que perseguem os que propagam o Sutra do Lótus na era maléfica posterior à morte do buda Shakyamuni. São descritos no capítulo 13, “Encorajamento à Devoção”, do Sutra do Lótus. O grande mestre Miaole, da China, classifica os “três poderosos inimigos” em: (1) leigos arrogantes; (2) sacerdotes arrogantes; e (3) sábios falsos e arrogantes.

3. Devadatta: Primo de Shakyamuni que, a princípio, foi discípulo do Buda. Porém, devido à arrogância, tornou-se inimigo de Shakyamuni e cometeu diversos atos de maldade extrema, como atentar contra a vida do Buda. Acredita-se que, como resultado das más ações, tenha caído vivo no inferno.

4. Daishonin escreve: “Os monges perversos e arrogantes descritos no Sutra do Lótus, no início, armaram-se com espadas e bastões para agredir o bodisatva Jamais Desprezar. Porém, mais tarde, eles juntaram a palma das mãos arrependidos de seu erro. Devadatta feriu o buda Shakyamuni, fazendo-o sangrar; contudo, quando esse primo perverso do Buda estava no leito de morte, exclamou: ‘Namu (Devoção)!’ Se pudesse ter gritado ‘Namu Buda (Devoção ao Buda)!’, teria escapado de cair no inferno. No entanto, as ações que havia cometido foram tão graves que ele somente conseguiu dizer ‘Namu’, e não foi capaz de pronunciar a palavra ‘Buda’ antes de morrer. Os sacerdotes eminentes do Japão, com certeza, logo tentarão dizer: ‘Namu Nichiren Shonin (Devoção ao Venerável Nichiren)!’ Porém, o mais provável é que só terão tempo de dizer ‘Namu!’ Que lamentável, que lamentável! (CEND, v. I, p. 604)

5. Relação do tambor venenoso: Relação inversa ou formada pela rejeição. Uma relação estabelecida com o Sutra do Lótus pela oposição ou pela calúnia contra ele. Mesmo que uma pessoa se oponha ao Sutra do Lótus quando este é ensinado, constituirá uma relação com ele em virtude da oposição e, consequentemente, manifestará o estado de buda. “Tambor venenoso” é um tambor mitológico, encharcado de veneno. A expressão é uma referência à declaração que consta no Sutra do Nirvana de que, quando o tambor é tocado, todos aqueles que ouvem seu som morrem, até mesmo os que não estão prestando atenção nele. De modo semelhante, quando o ensinamento do budismo é pregado, tanto aqueles que o abraçam como os que são contra ele recebem igualmente as sementes do estado de buda, e mesmo os que se opõem atingirão a iluminação. Com base nessa analogia, a “morte” que resulta do ato de ouvir o ensinamento do budismo é a morte da ilusão ou dos desejos mundanos. Essa metáfora é usada para ilustrar o benefício de existir até mesmo uma relação inversa com o budismo.

6. Bodisatva Jamais Desprezar: Descrito no capítulo 20, “Bodisatva Jamais Desprezar”, do Sutra do Lótus, esse bodisatva — Shakyamuni numa existência anterior — se curvaria em reverência a todos que ele encontrava. Entretanto, foi atacado por pessoas arrogantes, que batiam nele com varas, bastões e lhe atiravam pedras. O sutra explica que a prática de respeitar a natureza dos outros budas tornou-se a causa para que o bodisatva Jamais Desprezar manifestasse o estado de buda. Aqueles que perseguiam esse bodisatva caíram no inferno de incessantes sofrimentos. Devido à conexão que formaram com o budismo por meio de suas ações, após terminarem de expiar suas ofensas, encontraram-se com o bodisatva Jamais Desprezar, mais uma vez, e alcançaram o estado de buda.

7. Textos seculares: Imagina-se que faça referência à obra chinesa Garden of Explanations [Jardim de Explicações] (Shuo Yuan). A mesma passagem é citada no tratado chinês Elementos Essenciais do Governo na Era Zhenguan.

8. Essa passagem é encontrada na obra de Tiantai, Grande Concentração e Discernimento, e em outros escritos budistas.

9. “Três mil mundos num único momento da vida”: Uma doutrina desenvolvida pelo grande mestre Tiantai (538-597), da China, baseada no Sutra do Lótus. O princípio de que todos os fenômenos estão contidos num único momento de vida, e que um único momento de vida permeia os três mil mundos da existência, ou todos os fenômenos do mundo.

10. Hojo Tokiyori (1227–1263): Regente aposentado do governo militar de Kamakura. Ao aposentar-se, tornou-se um sacerdote leigo no templo Zen Rinzai de Saimyo-ji em Kamakura, o qual ele construiu.

11. Hei no Saemon-no-jo (m. 1293): Também conhecido como Hei no Saemon-no-jo Yoritsuna. Oficial de liderança no governo Hojo. Foi governante do Japão durante o período Kamakura. Ele serviu a dois governadores sucessivamente, Hojo Tokimune e Hojo Sadatoki, e exerceu grande influência como subchefe do Posto de Comando Militar. Colaborou ainda com Ryokan e outros sacerdotes na perseguição a Daishonin e a seus discípulos, e desempenhou papel-chave na Perseguição de Atsuhara. Após a morte de Daishonin, Hei no Saemon-no-jo estava envolvido na conspiração contra o governo e foi condenado à morte junto com seu segundo filho, Sukemune. Os dois morreram na residência de Saemon em Kamakura, local em que os Três Mártires de Atsuhara foram executados. Seu filho mais velho, Munetsuna, foi exilado na Ilha de Sado, consequentemente isso pôs fim à linhagem de Hei no Saemon.

12. Daishonin menciona queimar os templos e a execução dos sacerdotes a fim de impressionar Hei no Saemon-no-jo com a gravidade da ofensa de caluniar o ensinamento do Sutra do Lótus. Ele convocou o governo para interromper a ajuda aos sacerdotes das escolas Zen e Nembutsu que contradisseram os ensinamentos do buda Shakyamuni. Se isso não fosse cumprido, advertiu ele, o Japão veria a destruição.

13. Daishonin escreve: “Certamente não tenho intenção de censurar os filhos do Buda. A repulsa que sinto é unicamente pelo ato de caluniar a Lei. De acordo com os ensinamentos budistas, nos tempos anteriores ao de Shakyamuni, os monges caluniadores eram sentenciados com a pena de morte. Mas, desde a época de Shakyamuni, Aquele que Consegue Suportar, os oferecimentos aos monges caluniadores são proibidos, conforme ensinam os sutras. Mas se os quatro tipos de budistas dentro dos quatro oceanos e das dez mil terras deixassem de oferecer donativos aos monges maléficos e passassem para o lado do bem, como então poderiam surgir mais problemas ou desastres para nos afligir?” (CEND, v. I, p. 23)

14. HERSCH, Jeanne (ed.). Birthright of Man: A Selection of Texts. Paris: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization, 1969. p. 127.

15. O Sutra do Lótus contém a passagem: “Suponha que alguém tente prejudicá-lo / com maldições e ervas venenosas. / Pense no poder desse Percebedor dos Sons / e as maldições retornarão para quem as lançou!” (LSOC, v. 25, p. 345). A expressão “as maldições retornarão para quem as lançou” significa que aqueles que procuram fazer o mal ao devoto do Sutra do Lótus receberão os efeitos negativos de suas ações.

16. Essa é a passagem do capítulo 3, “Analogia e Parábola”, do Sutra do Lótus, e indica que o Buda possui as três virtudes de soberano, mestre e pais. “Agora este mundo tríplice é todo o meu domínio” refere-se à virtude de soberano; a frase “os seres que nele vivem são todos meus filhos” corresponde à virtude de pais; e “Eu sou o único capaz de resgatar e proteger os demais” mostra a virtude de mestre.

17. Na cosmologia indiana, o Monte Sumeru é um pico muito alto que está no centro do mundo.

18. A iluminação perfeita constitui o último e mais alto estágio de cinquenta e dois estágios da prática de bodisatva, ou estado de buda. É o estágio na qual se erradica a escuridão fundamental.

19. O grande nirvana representa o estado sublime de iluminação do Buda, absolutamente calmo e imperturbável, e dotado de profunda compaixão e sabedoria.

20. Shijo Kingo (1230–1300): Um dos principais seguidores de Nichiren Daishonin. Como samurai, ele serviu à família Ema, uma ramificação do clã dominante Hojo. Shijo Kingo era conhecedor da medicina e de artes marciais. Ele se converteu aos ensinamentos de Nichiren Daishonin por volta de 1256. Quando Daishonin foi levado a Tatsunokuchi para ser decapitado em 1271, ele o acompanhou, disposto a morrer ao seu lado.

21. Irmãos Ikegami: Principais discípulos de Nichiren Daishonin. O irmão mais velho, Munenaka, foi duas vezes deserdado pelo pai, que era seguidor de Ryokan. Esse sacerdote era chefe do templo Gokuraku-ji da escola Palavra Verdadeira e hostil a Daishonin. Ao mesmo tempo, seu pai tentou persuadir o irmão mais novo, Munenaga, a abandonar sua fé nos ensinamentos de Nichiren Daishonin e tomar o lugar de seu irmão como o chefe da família. Apesar dessas adversidades, os irmãos perseveraram na prática budista. O pai, mais tarde, desistiu de deserdar Munenaka, e se tornou discípulo de Nichiren Daishonin.

22. Três Mártires de Atsuhara: Três irmãos — Jinshiro, Yagoro e Yarokuro — que foram presos e decapitados durante a Perseguição de Atsuhara. Em 1278, a propagação dos ensinamentos de Nichiren Daishonin avançava rapidamente na área próxima ao Monte Fuji, tendo a liderança de Nikko Shonin, discípulo direto do Buda. Irritados com a crescente propagação, outros templos planejaram derrubar os discípulos de Daishonin. No vigésimo primeiro dia do nono mês de 1279, vinte agricultores, todos discípulos de Nichiren Daishonin, foram presos sob falsas acusações de roubar arroz. Destes, os três irmãos foram executados por se recusar a renunciar à sua fé.

23. Traduzido do japonês. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. Tóquio: Daisanbunmei-sha, v. 10, p. 27, 1987.

24. Teoria de valor: refere-se ao mais alto tipo de valor. Tsunesaburo Makiguchi definiu essa teoria como “valor do bem”, “valor do belo” e “valor do benefício”.

25. Ibidem, p. 147-148.

26. “Três obstáculos e quatro maldades”: Vários obstáculos e adversidades que tentam impedir a prática budista. Os “três obstáculos” são: (1) obstáculo dos desejos mundanos; (2) obstáculo do carma, que pode se manifestar na forma de oposição do cônjuge ou dos filhos; e (3) obstáculo da retribuição, também interpretado como obstáculos causados pelas pessoas às quais o praticante deve obediência, como governantes e pais. As “quatro maldades” são: (1) maldade dos cinco componentes; (2) maldade dos desejos mundanos; (3) maldade da morte; e (4) maldade celestial.

27. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda] Tóquio: Seikyo Shimbunsha, v. 1, p. 267, 1981.

Compartilhar nas