Experiência & Comportamento
BS
Tornando-se um jovem de intrépido espírito de luta
Neste final de semana em que a DMJ comemora seus 52 anos no 2º Encontro dos Jovens, nada melhor do que o relato de um integrante dessa divisão que vem se empenhando em prol do Kossen-rufu e comprovando a veracidade do budismo na própria vida.
05/07/2003

E&C: Sabemos que você já nasceu em uma família budista. Como foi sua infância?
Elmo: Enfrentei muitas dificuldades juntamente com meus pais. Sofríamos diversos problemas, como crises financeiras constantes que levavam meu pai ao consumo de álcool e, como conseqüência, gerava brigas em casa. Além disso, ele não conseguia parar em nenhum serviço. Trabalhou com costura, depois foi vender bolos e doces para bares em beira de estrada, o que não deu certo, e ainda tentou montar um bar, que também não teve sucesso, retornando à costura. Para nos alimentarmos, minha mãe comprava bengala e fazia omeletes para render e dividia entre nós. Às vezes juntava tudo o que tinha na geladeira para fazer uma sopa. Ela conta que várias vezes foi ao nosso quarto e encostava o ouvido em nossa barriga para ver se não estava roncando de fome. Quando tinha alguma comida faltava gás e íamos recolher gravetos para fazer fogo. Minha mãe plantava chuchu, couve ou cebolinha no fundo da casa para fazer mistura. Foi em meio a essas condições que passei parte da minha infância. Nessa época, a prática da família não tinha muita consistência, oscilava muito.
E&C: Em que momento vocês se agarraram à prática para superar as dificuldades e quais os benefícios que vem conquistando como um budista que teve a oportunidade de mudar a vida na juventude?
Elmo: Em 1979 meu irmão teve de ser submetido a uma cirurgia delicada decorrente de um problema no nascimento. Isso uniu toda a família intensificando a prática diária e nas atividades. Assim, a cirurgia foi bem sucedida.
Alguns anos depois, mudamos para Recife a convite de meu avô e tios que já moravam lá havia alguns anos. Vendemos tudo o que tínhamos para comprar as passagens de ônibus. Chegando lá, fomos morar em uma casa muito simples, feita de barro e madeira. Com a ajuda dos parentes, começamos a vender pastéis em feiras. Na época eu tinha 9 anos, e comecei a trabalhar cedo para ajudar minha família. No período de dois anos mudamos de casa três vezes. Todo esse sofrimento fazia meu pai beber constantemente. Por várias vezes eu e meus irmãos tivemos de buscá-lo, caído na calçada completamente bêbado.
Moramos também no interior do estado de Pernambuco, em Garanhuns, a cerca de duzentos quilômetros da capital, onde ficamos por cinco anos e chegamos a realizar várias atividades com aproximadamente seis famílias, uma luta de pioneiro. Além disso, participávamos freqüentemente das atividades em Recife. Nessa época já não passávamos necessidade graças à essa dedicação nas atividades e à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo. Assim, apesar de morar bastante distante da capital, toda a família começou a assumir novas funções na organização, sendo necessário retornar a Recife. Novamente vendemos quase tudo e manifestando o carma negativo perdemos tudo em péssimas negociações na tentativa de abrir uma lanchonete. Tivemos de começar do zero novamente. Com uma forte oração de vencer infalivelmente, quando tudo parecia perdido surgiu uma pessoa que queria vender um pequeno restaurante e não pediu garantia nenhuma, só a palavra. Era incrível como as coisas se encaixavam com a prática! Dessa forma, nos estabilizamos por cerca de três anos e foi a época em que eu mais me empenhei na organização, chegando a ser nomeado responsável pela DMJ de uma comunidade em Recife.
Em meados de 1991 decidi que chegara a hora de retornar a São Paulo. Por praticamente um ano e meio fiquei morando de favores em casas de parentes, fazendo bicos de dia e de noite e participando esporadicamente nas atividades. No final de 1992 recebi uma proposta para trabalhar no Japão. Isso me causou um grande sofrimento, pois me senti como se abandonasse o barco. Reunindo coragem e determinação para criar uma nova história, fui ao Japão. Passei cerca de quatro anos lá. Nesse período, como trabalhava intercalando semanas de noite e de dia, participava de poucas atividades. Mas sempre procurava realizar a prática diária, apesar do cansaço por trabalhar até dezoito horas por dia. Nessa época, conheci uma moça maravilhosa, a Cristina, que mais tarde se tornou minha esposa. Sempre a incentivei a recitar Daimoku, mas ela tinha muitas dúvidas e resistia bastante. Mais um grande objetivo na minha vida: mostrar a grandiosidade do budismo para ela.
Voltei ao Brasil juntamente com a Cristina no final de 1996, e tinha duas alternativas: comprar uma pequena casa em um bairro afastado do centro ou tentar a sorte em um negócio, deixando o sonho da casa própria para o futuro. Com a ajuda de um primo que trabalhava com cosméticos, resolvemos abrir um comércio nesse ramo. Saí à procura de um ponto para abrir o negócio. Foram mais de dois meses percorrendo vários bairros de São Paulo. Um dia desci na estação Brigadeiro do metrô e fui andando pela calçada no sentido Jabaquara cerca de seis quilômetros procurando imóveis comerciais para alugar. Na tentativa de saber informações sobre um imóvel, procurei um orelhão que só tinha um pouco mais à frente em uma praça. Quando ia fazer a ligação, deparei-me diante de um outro ponto comercial. Nesse momento senti um “estalo” e tive a certeza de que era ali que deveria montar o negócio. Gastei em reformas, pagamento do ponto e instalações, sobrando muito pouco para adquirir as mercadorias para vender. Tive de comprar fiado praticamente metade do estoque. Determinei “sair do vermelho” em pelo menos três meses, pois tinha de mostrar a força do Daimoku para minha noiva, que entrava comigo nessa empreitada. Recitei então ainda mais Daimoku. No dia da inauguração, a surpresa: o faturamento diário que eu estimava para depois de três meses consegui no primeiro dia de funcionamento. Inacreditável, fechei o primeiro mês bem. Como é maravilhoso o poder do Nam-myoho-rengue-kyo. Realmente não há oração sem resposta.
Mas nessa época me senti um ingrato, pois usufruía a boa sorte adquirida anteriormente, mas não me dedicava adequadamente às atividades em prol da felicidade das pessoas. Renovei então minha decisão de atuar mais firmemente nas reuniões. Nesse período, realizei meu grande desejo de me casar na Sede Social Josho logo após sua retomada no final de 1998.
Graças aos incentivos dos dirigentes da Região Metropolitana Esperança pude atuar firmemente assumindo novas funções na organização até janeiro de 2000. No início desse ano transferi-me para a RM Saúde, pois consegui realizar o sonho de comprar um apartamento, próximo ao local do trabalho.
No dia 6 de junho de 2001 ganhei meu maior tesouro: minha filha Raissa.
Em setembro de 2001, um momento maravilhoso e emocionante: no dia 29, minha esposa, juntamente com minha filha, converteu-se ao budismo. Quanta alegria!
Nessa nova organização tive a oportunidade de atuar em várias funções, dedicando-me ao máximo nas atividades.
Ainda no fim de 2001 concluí com grande vitória meu curso superior em Administração de Empresas.
No ano passado realizei outro grande sonho: a participação no Curso de Aprimoramento dos Jovens no Japão, ocasião em que, junto com os demais membros do grupo, encontramo-nos com o presidente Ikeda em duas oportunidades e o grupo recebeu a denominação do mestre de Kin Mai (Bailar Dourado). Nesse encontro firmei meu juramento de jamais abandonar a prática e de me tornar, como membro da DMJ, a força propulsora para a realização efetiva do Kossen-rufu do Brasil.
Atualmente, posso proporcionar conforto à minha família e atuar nas atividades com muita tranqüilidade. Essa é minha maior alegria!
Meus pais e irmão estão com ótima saúde, bem financeiramente e desfrutando de harmonia familiar, buscando tornar-se a Família-Monarca, conforme a diretriz da BSGI deste ano. Para isso, todos vem se dedicando com afinco à prática da fé.
Ainda no ano passado, concretizei três Chakubuku que estão atuando de forma extraordinária na organização.
E&C: Qual a sensação de ver pessoas que você apresentou receberem o Gohonzon para caminharem rumo à verdadeira felicidade?
Elmo: Jamais me esquecerei do aspecto radiante de cada um, com lágrimas de alegria no momento em que receberam o Gohonzon. Foi um dos momentos mais marcantes da minha vida. Quando lembro disso, lágrimas escorrem em meu rosto e meu coração se enche de alegria e disposição para uma nova batalha. Meu mais profundo desejo é que mais pessoas possam experimentar as maravilhas da prática budista e possam se tornar verdadeiramente felizes.
E&C: Na verdade, pode-se dizer que todos esses benefícios que vem recebendo foram graças à coragem de seus pais no início. Qual seu sentimento por eles hoje?
Elmo: Gratidão! Gostaria de agradecer profundamente a meu pai, meu grande herói, e à minha mãe, a mais corajosa e carinhosa “leoa”, por ter me dado a vida e proporcionado uma grande formação apesar de todas as dificuldades.
Aproveitando os agradecimentos, não poderia deixar de citar também minha amada esposa e filha por toda a paciência e dedicação comigo, pois me apóiam em tudo. E, principalmente, ao presidente Ikeda, por ter fincado em solo brasileiro esse maravilhoso budismo sacrificando a própria vida.
Gostaria de bradar para todas as direções: Eu venci! E continuarei vencendo por toda minha vida, pois tenho uma família maravilhosa, o Gohonzon insuperável e o grande mestre da vida.
E&C: Para você, o que é ser um “DMJ de Intrépido Espírito de Luta”?
Elmo: É ter o mesmo espírito empreendedor do mestre. É aquele que abre novos caminhos, vencendo as dificuldades e protegendo as demais divisões, que se lança para provocar ondas, possibilitando o avanço de cada pessoa. Mas para tudo isso tem de ser aquele que mais recita Daimoku.
E&C: Finalizando, neste final de semana está tendo início o Encontro dos Cem Mil Jovens Cidadãos do Mundo em comemoração da fundação da DMJ e, na semana que vem, da DFJ. Qual seu sentimento com relação à essa atividade?
Elmo: O de buscar a vitória de qualquer forma e poder oferecê-la ao mestre, como ele mesmo manifestou na mensagem enviada para o Encontro Nacional de Líderes deste ano: “A atuação e a vitória de vocês é a minha maior alegria.” Boa sorte a todos no 2º Encontro!
Compartilhar nas