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Discurso do Presidente da SGI
O diálogo com base na confiança e na amizade é a chave para o Kossen-rufu (2)
Discurso do Presidente da SGI
O diálogo com base na confiança e na amizade é a chave para o Kossen-rufu (1)
Discurso do Presidente da SGI
BS
O diálogo com base na confiança e na amizade é a chave para o Kossen-rufu (2)
27/05/2006

Uma mensagem para as futuras gerações
Encerramos a publicação em série de meu diálogo com o falecido Dr. Joseph Rotblat, físico nuclear conhecido mundialmente e ganhador do Prêmio Nobel. O Dr. Rotblat, que faleceu em 31 de agosto de 2005, esteve profundamente comprometido com nosso diálogo e concluiu sua parte pouco antes de falecer. De acordo com sua assistente, Sally Milne, ele terminou verificando cuidadosamente a última parte do manuscrito em agosto, enquanto passava por um tratamento num hospital de Londres. Contaram-me que ele estava muito contente por poder concluir nosso diálogo. Foi seu último brado pela paz mundial e de certa forma seu testamento final.
O diálogo, intitulado “Em busca da paz global — no 50o aniversário do Manifesto Russell-Einstein”, foi publicado em série na revista Ushio, da Soka Gakkai.
Em várias ocasiões durante a publicação da série, o Dr. Rotblat expressou seu ardente desejo de que os jovens do mundo lessem nosso diálogo. Ele estava transmitindo uma mensagem para as futuras gerações por meio de nossas palavras — que serão publicadas em livro no Japão em breve. Já recebi o prefácio para o livro escrito pelo Dr. Robert Hinde, professor emérito da Universidade Cambridge e presidente das Conferências Pugwash no Reino Unido.
O Dr. Hinde era amigo de longa data do Dr. Rotblat e um grande acadêmico humanista que está dando continuidade à missão de paz do amigo. Ele mesmo perdeu seus irmãos e vários amigos na Segunda Guerra Mundial e trabalhava junto com o Dr. Rotblat para acabar com a guerra e eliminar as armas nucleares. Ao falar de meu diálogo com o Dr. Rotblat, o Dr. Hinde disse ter ficado profundamente impressionado com ele e que tinha a intenção de lê-lo muitas vezes mais. Ele o considerou uma obra de grande valor.
No prefácio para a edição japonesa, escreveu: “É muito significativo que, apesar da diferença de geração e de culturas e com as diversas orientações filosóficas, eles [Rotblat e Ikeda] concordem tanto de muitas formas, especialmente na ênfase na necessidade de valores humanos básicos”. E, para encerrar, ele declara: “Estou convicto de que as pessoas de minha geração, que sofreram com a guerra, acharão este livro tão comovente quanto eu achei e, o que é ainda mais importante, ele será uma inspiração para que pessoas de todas as idades façam o máximo para servir à humanidade”. Sou muito grato pela profunda compreensão do Dr. Hinde.
Gostaria de compartilhar com vocês uma declaração que o Dr. Rotblat fez dando uma ênfase especial durante nosso diálogo. Esse ativista pela paz destacou várias vezes a importância da solidariedade, da construção de redes formadas por pessoas com o mesmo pensamento. Se trabalharmos juntos, disse ele, podemos mudar o mundo. Pode levar tempo, mas no final estamos destinados a triunfar, concluiu.
O Dr. Rotblat e muitos outros pensadores de toda a Europa dedicaram a vida à busca de um mundo pacífico e livre de guerras no qual a dignidade e a pureza da vida fossem rigorosamente respeitados. Vamos empenhar esforços ainda maiores para expandir nossa rede compromissada com o bem e a felicidade da humanidade para concretizarmos esse nobre objetivo.
Compartilhando com o mundo a filosofia da revolução humana
Vocês, membros da SGI-Europa, enquanto resistem a incontáveis tempestades de obstáculos e vencem todos os tipos de dificuldades, estão se empenhando incansavelmente para abrir um novo caminho para seus amigos e sua comunidade. Vocês são realmente a esperança da Europa.
O Budismo de Nitiren Daishonin ensina que os homens e as mulheres são fundamentalmente iguais e que também possuem os mesmos direitos. Conforme Daishonin declara:
“Não deve haver nenhuma discriminação entre aqueles que propagam os cinco caracteres do Myoho-rengue-kyo nos Últimos Dias da Lei, sejam homens ou mulheres. Se não fossem Bodhisattvas da Terra, não poderiam recitar Daimoku”. (WND, pág. 385.)
As mulheres que abraçam a Lei Mística e que se empenham com toda seriedade pelo Kossen-rufu são infinitamente nobres e sua vida brilha de ilimitada felicidade. Em outra passagem de seus escritos, Daishonin elogia uma de suas discípulas [Nitiguenyo, esposa de Shijo Kingo], dizendo: “A senhora é a principal dentre todas as 2.994.830 mulheres do Japão”. (Gosho Zenshu [GZ], pág. 1.188.) E em outro escrito, ele declara: “A mulher que abraça [o Sutra de Lótus] não apenas excede todas as outras mulheres como também supera todos os homens”. (WND, pág. 464.) As mulheres que abraçam a fé na Lei Mística possuem uma missão realmente imensa.
Os extremos esforços das mulheres da SGI na Europa
Em total acordo com as palavras de Daishonin, é a força das mulheres que tem sustentado o avanço do movimento da Soka Gakkai.
Nossos membros das Divisões Feminina e Feminina de Jovens na Europa também têm realizado esforços extremos. Um exemplo é o de Setsuko Maestle, responsável da Divisão Feminina de regional da SGI-França que está aqui conosco hoje. Nunca me esquecerei de como ela trabalhou duro quando atuou como coordenadora da Divisão Feminina de Jovens da SGI-Bélgica. No ano passado, ela se formou com as mais altas honras na Universidade Paris-Sud, tendo estudado e ao mesmo tempo criado os três filhos. Eu e minha esposa ficamos muito contentes em saber dessa maravilhosa notícia.
Nossos membros das Divisões Feminina e Feminina de Jovens de toda a Europa estão demonstrando uma incrível prova real na comunidade e também em toda a sociedade. Gostaria de apresentar-lhes hoje algumas delas.
Os extremos esforços das mulheres da SGI na Europa
Em primeiro lugar, a vice-presidente da SGI do Reino Unido (SGI-UK), Sue Thornton, que é também ex-coordenadora da Divisão Feminina (diretora do programa de administração teatral num importante conservatório musical e de teatro); a coordenadora da Divisão dos Jovens, Fiona Harrow (funcionária do Ministério do Interior do governo britânico); e a coordenadora da Divisão Feminina de Jovens, Jennie Peters-Smith (gerente de atendimento a clientes e contas de um banco internacional). Na SGI-Alemanha, temos a coordenadora da Divisão de Médicos e vice-coordenadora da Divisão Feminina, Barbara Krausnick (psiquiatra) e a responsável da DF de distrito Carola De-decker, que foi coordenadora da Divisão dos Jovens (advogada). Na SGI-França, temos a coordenadora da Divisão de Médicos e vice-secretária da Divisão Feminina, Marie Ange Duclos, que também foi coordenadora da Divisão Feminina de Jovens (especialista em câncer). Na SGI-Itália, temos a vice-responsável da Divisão Feminina de coordenadoria, Corrao Francesca (professora universitária). Na SGI-Hungria, a coordenadora da Divisão Feminina Eniko Vecsey (advogada). E na SGI-Bélgica, a coordenadora da Divisão Feminina de Jovens, Joelle Troeder-Leblond (advogada).
Há ainda muitas mulheres mais em nossas organizações SGI em toda a Europa que estão atuando nos papéis principais em seus respectivos países, brilhando como cintilantes estrelas do Kossen-rufu e da sociedade. Desejo a todas elas meus melhores votos por seu contínuo sucesso.
Um juramento pela paz feito no Muro de Berlim
Como todos sabem, quando visitei a Europa pela primeira vez há 45 anos, em outubro de 1961, o Muro de Berlim havia acabado de ser construído. [A construção do muro iniciou-se em agosto de 1961.] Observando aquele rígido símbolo da Guerra Fria, orei profundamente pela paz na Europa e no mundo todo, e jurei em meu coração engajar-me no diálogo para unir a humanidade.
A Europa foi o ponto de partida de meus diálogos com importantes pensadores do mundo e sua publicação na forma de livro. Dialoguei com o pensador austríaco e proponente da unificação européia, o conde Richard Coudenhove-Kalergi (1894–1972); o notável historiador do século XX, Arnold J. Toynbee (1889–1975); o industrial italiano e fundador do Clube de Roma, Aurélio Peccei (1908–1984); o historiador de arte francês René Huyghe (1906–1997), que protegeu com toda dedicação os grandes tesouros artísticos da França durante a Segunda Guerra Mundial; o famoso sociólogo britânico da religião, Bryan Wilson 91926–2004); e a historiadora de arte búlgara Azinia Djourova.
Extraindo nossas capacidades
No próximo mês (fevereiro de 2006), serão realizados os Jogos Olímpicos de Inverno em Turim, na Itália. Recordo-me ternamente de que o Dr. Peccei era de Turim.
A cidade de Turim nomeou o presidente Ikeda como cidadão honorário em maio de 2005. O presidente da SGI recebeu mais de 420 homenagens desse tipo de cidades e municípios em todo o mundo.
O Dr. Peccei foi também um brilhante empresário e consultor de economia. Quando enfrentou certa vez a tarefa de reconstruir uma empresa que estava com problemas, ele sugeriu o estabelecimento de novos e desafiadores objetivos como a chave para sua renovação. O resultado foi que ele conseguiu restabelecer o moral e a motivação dos empregados. O Dr. Peccei acreditava firmemente que as pessoas são o melhor patrimônio de qualquer empresa.3 Como valorizava as pessoas e também sabia o quanto era difícil administrar uma grande organização, ele apreciava e admirava profundamente as realizações da Soka Gakkai.
Ao falar de sua experiência em mudar a situação dessa empresa com problemas, o Dr. Peccei disse: “Isso confirmou minha convicção de que na maioria das operações humanas a linha entre a criação e a frustração, entre a melhoria e a decadência, entre a evolução e a involução, encontra-se na forma como a capacidade humana é desenvolvida, é empregada e colocada em prática”.4
As pessoas não podem mais ser simplesmente tratadas como muitas peças de uma máquina e exploradas pelos poderosos. Conforme nosso mundo vai ficando cada vez mais complexo e turbulento, o foco deve se voltar para a revolução humana de cada indivíduo.
Em nosso diálogo, o Dr. Peccei proclamou: “Há dentro de nós uma riqueza prodigiosa de capacidades que não se desenvolveram nem foram utilizadas”.5 Ele também disse que, como seres humanos, “devemos em primeiro lugar vencer nosso entusiasmo pelas revoluções materiais”.6 Ele confiou suas esperanças no futuro numa revolução humana que extraísse nossa capacidade.
Este “Ano dos Jovens e do Dinâmico Avanço” é de fato o “Ano do Dinâmico Avanço da Europa”. Quero que cada um de vocês, em primeiro lugar, faça com que seu sol interior brilhe ainda mais, e que acumulem com toda alegria os ilimitados tesouros do coração, enquanto objetivam o 50o aniversário do movimento em prol do Kossen-rufu da Europa, em 2011. Estou convicto de que quando cada um de vocês iluminar sua comunidade e a sociedade com a prova real de sua revolução humana, uma nova renascença cultural do século XXI irá se descortinar.
O budismo é o ensino da gratidão
Recordo-me com carinho da visita que fiz à cidade eterna de Roma, há 45 anos. Sêneca, filósofo romano da antiguidade, escreveu muito sobre a importância da gratidão. Uma vida de gratidão é bela. Uma vida de ingratidão é vergonhosa. Nossa atitude com relação às dívidas que temos com os outros por sua gentileza e seu apoio podem ter um impacto decisivo no curso de nossa vida.
O imperador Augusto, da antiga Roma, cujas realizações também foram muito valorizadas pelo historiador Arnold Toynbee, certa vez ajudou um pobre homem chamado Gneus Lentulo, que posteriormente tornou-se cônsul e um dos homens mais poderosos do império. De acordo com Sêneca, Lentulo “devia todo seu progresso ao divino Augusto”.7 Porém, Lentulo, longe de demonstrar gratidão, manifestou apenas sua insatisfação. Sêneca escreveu: “Ele costumava fazer constantes reclamações, dizendo que Augusto o havia tirado dos estudos; que não havia recebido dele tanto quanto havia perdido entregando-se à prática da eloqüência”.8
A arrogância pode colocar nossa vida na rota da ruína. Quanto mais alta a posição da pessoa e quanto mais pesada sua responsabilidade, ainda mais importante se torna chamarmos sua atenção se ela se tornar arrogante e autoritária.
Lentulo teve um fim miserável. Sob o próximo imperador, ele foi forçado a se suicidar e toda sua riqueza foi confiscada.
Falando ainda mais sobre o tema da gratidão, Sêneca escreveu: “[Algumas pessoas] falam mal daqueles que as trataram bem”,9 e “A ingratidão é realmente um vício abominável, é intolerável”.10 Ele também observou com aguçada percepção: “A causa [da ingratidão] será tanto uma opinião muito elevada de si próprio e a fraqueza moral que leva os mortais a admirarem a si próprio e suas ações, ou a cobiça, ou a inveja”.11 Presunção, cobiça, inveja — são certamente características de todas aquelas pessoas ingratas que traíram a Soka Gakkai.
Sêneca acreditava firmemente na importância de pagar as dívidas de gratidão: “Há muitos tipos de homens ingratos... Ingrato é o homem que nega ter recebido um benefício, quando ele realmente recebeu; ingrato é aquele que finge não ter recebido nada; e também é ingrato aquele que não retribui; mas o mais ingrato de todos é o homem que se esqueceu de um benefício”.12
Ele disse ainda: “A porta deve ficar fechada para todas as desculpas, para impedir o ingrato de se refugiar e utilizá-la para encobrir seu repúdio à dívida”.13
Quando faço uma reflexão, vejo que todos os amigos que fiz na Europa são pessoas de sólida integridade e lealdade e que nunca trairiam um amigo. São pessoas de excelente caráter que se mantiveram fiéis às suas convicções, não importando o que as pessoas dizem. Meus amigos na Europa estão entre os maiores tesouros de minha vida.
Nitiren Daishonin também enfatizava repetidas vezes a importância da gratidão. O budismo ensina a humanidade fundamentada na gratidão. Assim, não devemos permitir que as pessoas que se esqueceram, que ignoram ou que traem suas dívidas de gratidão continuem a agir dessa forma.
Uma fortaleza de esperança na Europa
Este mês (janeiro de 2006), será realizada uma Cúpula da SGI-Europa no Centro de Treinamento da SGI-Europa em Trets, no sul da França, próximo do sopé do Monte Santa Vitória. Trets é um local do qual guardo várias lembranças ternas. Participarão membros de 28 países nessa cúpula, e o diretor-geral da SGI, Yoshitaka Ohba, a coordenadora da Divisão Feminina, Kayoko Asano, e a vice-coordenadora Noriko Oguma, e também o diretor executivo da Divisão Européia da SGI, Masaru Uchiyama, irão do Japão até lá para participar. Por favor, transmitam minhas melhores recomendações a todos os participantes.
No ano passado, foi formado um novo Conselho Executivo de Estudo da SGI-Europa (presidido pelo coordenador do Departamento de Estudo da SGI, Katsuji Saito), e foram realizados exames de grau Superior. No outono, serão realizados os exames de Admissão em toda a Europa, em quatro idiomas — inglês, alemão, francês e italiano. Estou orando para que seja um grande sucesso.
Em uma carta intitulada “A Essência Real de todos os Fenômenos”, Daishonin escreveu:
“Exerça-se nos dois caminhos da prática e do estudo. Sem eles, não pode haver budismo. Deve não somente perseverar na fé, mas também ensinar aos outros. Tanto a prática como o estudo surgem da fé. Ensine aos outros com o melhor de sua habilidade, mesmo que seja uma única sentença ou frase”. (WND, pág. 386.)
Tenho certeza de que todos vocês conhecem essa famosa passagem, mas espero que a gravem mais uma vez no coração. Daishonin escreveu essa carta para seu discípulo, o monge Sairembo, que era uma pessoa de extraordinário estudo e erudição.
O mundo está sedento por nossa grandiosa filosofia da revolução humana. Sua missão é compartilhá-la com os outros. Falem aos outros sobre o budismo com sinceridade e convicção, empregando suas próprias palavras.
Espero que vocês, meus amigos da Europa, criem um brilhante legado de prática e de estudo que sirva como inspiração e exemplo para todo o mundo. Por favor, construam uma fortaleza de eterna esperança.
Obrigado pela presença no dia de hoje! Quando retornarem para casa, por favor, transmitam minhas melhores recomendações a todos os nossos membros, a quem amo tão ternamente.
Empenhem-se com orgulho e vigor, e vamos nos encontrar novamente!
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